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Não vale sentir culpa, p. 09, e Esportes: a Chapel para sempre na memória

Por Paula Veneroso Fotos: Fernanda Caires

PROGRAMA DE ESPORTES DO COLÉGIO CRESCE E JÁ ABSORVE 70% DOS ALUNOS, COM A MAIORIA PRATICANDO DUAS OU MAIS MODALIDADES ESPORTES: A CHAPEL PARA SEMPRE NA MEMÓRIA

Quando convidados a falar sobre seus melhores momentos na Chapel, quase todos – alunos e ex-alunos – se referem aos esportes. Se o colégio sempre apoiou as atividades físicas, dedicando contínuos e crescentes investimentos em profissionais, materiais e infraestrutura, nos últimos três anos tal empenho se intensificou. E o resultado disso pode ser conferido diariamente. Assim que as aulas terminam, começa a movimentação de alunos, professores e técnicos no campo de futebol e nas quadras poliesportivas, anunciando o início dos treinos extracurriculares. Além dos já tradicionais esportes praticados pelos Trojans, estudantes do High School (7º ao 12º ano), há três anos foi implantado o Young Trojans, um programa de atividades esportivas com capacidade para absorver a totalidade dos estudantes do 3º ao 6º ano do Elementary School – até então destinado a alunos do 3º ao 6º ano, o programa cresceu e, no início de 2022, passou a incluir também alunos do 1º e do 2º ano. “Antes, a participação dos alunos do Ensino Fundamental nas atividades extracurriculares era limitada pelo número de vagas oferecidas pelas empresas parceiras ou professores autônomos que prestavam esse serviço”, explica Bruno Pereira, diretor de esportes e idealizador do programa,

que chegou à Chapel em 2018 e, desde então, vem focando seu trabalho em ampliar a participação dos alunos nas atividades físicas e esportivas. Dedicação esta que tem rendido frutos: hoje, 70% dos estudantes da Chapel praticam pelo menos uma atividade esportiva em caráter extracurricular.

O Young Trojans oferece futebol de campo, basquete, vôlei e cheerleading, tanto masculino, quanto feminino. “Quando o projeto foi colocado em prática, nosso objetivo imediato era aumentar o número de meninas participando das atividades esportivas coletivas. Havia um bom número de garotas fazendo ginástica ou balé, mas pouquíssimas fazendo futebol ou basquetebol, por exemplo. Esse objetivo foi alcançado rapidamente, e já é praticamente igual o número de meninos e meninas participando das modalidades coletivas”, explica Mr. Pereira. Outras metas eram fazer com que as crianças adquirissem conhecimentos e criassem intimidade com os esportes nos quais irão competir no HS: “É sobre preparar os alunos para ter sucesso. E isso não significa apenas vencer; o sucesso pode ser alcançado pela satisfação em representar o colégio em competições ou mesmo pela participação em um jogo amistoso. Mas, para isso, é preciso estar preparado técnica, física e emocionalmente”, complementa. Mais que isso, segundo ele, a ideia por trás do programa vai além dos benefícios proporcionados pelas atividades físicas e esportivas, um dos maiores objetivos é reforçar nos alunos o senso de pertencimento: “Esses momentos ficam registrados permanentemente na memória deles. Sempre recebemos depoimentos de ex-alunos afirmando o quanto o esporte foi importante na sua formação e na construção de lembranças afetivas da vida escolar”, avalia.

Comunidade esportiva

O Young Trojans permitiu que o sentimento de fazer parte da comunidade esportiva da Chapel, o qual sempre existiu entre os alunos do High School, fosse expandido para o Elementary, e isso cada um sente de imediato quando veste a camisa da Chapel para participar dos jogos amistosos ou dos festivais esportivos. “Esses eventos são uma espécie de preparação para as crianças ganharem experiência e poderem desfrutar de todos os valores que o esporte oportuniza: trabalho em equipe, resiliência e persistência são alguns deles. Além disso, para o atleta desempenhar um bom papel, ele precisa se comprometer com os treinos, se relacionar com os outros, se comunicar bem e, ainda, aprender a liderar e ser liderado”, afirma o diretor.

Numa rodada de jogos amistosos, os alunos vivem experiências que independem dos resultados assinalados pelo placar. Jogar com os colegas do colégio, aprender a serem bons anfitriões ao receberem os jogos em casa, socializar com culturas diferentes são alguns exemplos de vivências pré e pós jogo que marcam os anos escolares de maneira muito positiva. “Essa interação é muito prazerosa, eles reveem amigos de outros colégios, encontram vizinhos

De Young Trojan a Junior Varsity

Quando o aluno inicia o 7º ano, ele pode vir a integrar as equipes esportivas da categoria Junior Varsity (JV), que reúne os jogadores de até 14 anos de idade. Integrante da São Paulo High School League (SPHSL) – liga esportiva que reúne escolas americanas e britânicas –, a Chapel sempre participou dos festivais esportivos propostos pela entidade. Até 2018, não havia campeonatos para a categoria JV, que só disputava amistosos. No entanto, a partir daquele ano, a SPHSL passou a organizar um campeonato semestral para as equipes JV. O diretor de esportes explica que se trata de uma competição na qual as cinco escolas internacionais integrantes da liga – Chapel, PACA (Pan American Christian Academy), St. Paul’s School, Graded School e EAC (Escola Americana de Campinas) – jogam entre si, em turno único. Além dessa competição, as equipes JV disputam também o tradicional torneio Little 8, que acontece no acampamento NR, próximo a Campos de Jordão (SP). Desse evento, participam, além das escolas da SPHSL, mais três de fora do Estado: a EARJ (Escola Americana do Rio de Janeiro), a British School, também do Rio de Janeiro, e a EAB (Escola Americana de Brasília).

A implementação do Young Trojans nitidamente aumentou o número de alunas interessadas em fazer parte das equipes femininas para disputar esses torneios. “Depois dele, nós conseguimos, pela primeira vez, ter um número altíssimo de meninas do 7º ano

PROGRAMA DE BASQUETE DA NBA INTEGRA YOUNG TROJANS

Aparceria firmada entre a Chapel e a NBA Basketball School – braço educativo da liga mais importante de basquete do mundo –, implementada para os alunos que participam do programa esportivo Young Trojans, está no seu terceiro ano. “A metodologia e a missão do programa da NBA, nos seus pilares pedagógicos, são muito alinhadas à Missão e aos Valores da Chapel. Foi por esse motivo que firmamos a parceria”, conta o diretor de esportes da Chapel, Bruno Pereira. Nesse programa, os alunos percorrem níveis de aprendizado individuais, o que o torna personalizado: “Dentro de uma mesma turma com níveis diferentes de aprendizado, o professor consegue diferenciar suas ações para atingir todos os alunos”, explica o diretor. Para isso, os professores passam por treinamento presencial e remoto e também frequentam, semestralmente, cursos de atualização oferecidos pela NBA.

DE ATLETA A EDUCADOR: O PERCURSO DE BRUNO PEREIRA

Jogador de basquete na juventude, Bruno Pereira integrou as equipes de base do clube Esperia, em São Paulo, e atuou pelo time da cidade de Guarulhos (SP) antes de iniciar a graduação em Odontologia, em Campinas, curso que não concluiu. “Depois de dois anos, tive certeza de que deveria voltar para o esporte e ingressei na PUC de Campinas para cursar Educação Física. A partir daquele momento, eu voltei às minhas origens”, revela. Trabalhando com esporte desde o início da graduação, em pouco tempo foi de estagiário a professor assistente. “Meu trabalho é esporte e educação, formação de crianças, formação de indivíduos”, comenta o professor, que construiu sua carreira dentro de colégios.

Depois de atuar doze anos em colégios brasileiros e internacionais na região de Campinas, mudou-se para a capital e ingressou no St. Francis College, onde permaneceu até se inscrever para o cargo que ocupa hoje na Chapel. “Foi com muito orgulho que recebi o convite para trabalhar aqui e ele aumenta a cada dia. Hoje, posso dizer que sou fã incondicional da Chapel School”, comenta. Ele diz que é amor mesmo: “Eu recebo muito apoio aqui e tenho um excelente relacionamento com todos, alunos, colegas, diretores, funcionários, e isso tudo só faz esse amor aumentar”, comemora.

A porta da sua sala está sempre aberta para receber alunos, conversar sobre jogos, organizar treinos extras, ouvir desabafos e compartilhar sucessos. “O período de intervalo dos alunos nunca é o meu, porque gosto de estar aqui para atender as necessidades deles”, afirma o professor, que nunca abriu mão da sala de aula e sempre buscou se aperfeiçoar profissionalmente: já fez duas especializações (nas áreas de Esporte na Escola e de Educação Física Escolar) e, atualmente, cursa o mestrado em Educação Internacional.

VOCABULÁRIO ESPORTIVO DA CHAPEL

Fique por dentro das siglas e termos usados nas atividades atléticas do colégio:

Varsity

Equipe principal do colégio. Na Chapel, equivale aos times sub-19, formados por alunos do 10º ao 12º ano.

Junior Varsity (JV)

É como são chamadas as equipes sub-14, formadas por alunos do 7º ao 9º ano.

Trojan

É o mascote das equipes do High School da Chapel, representado por um guerreiro troiano. O Trojan é um lutador valente, que não esmorece mesmo diante das maiores adversidades. É comum se referir aos atletas como trojans.

Young Trojans

Programa esportivo do Elementary School (1º ao 6º ano) capaz de absorver a totalidade dos alunos. Mediante inscrição semestral, o aluno pode participar de alguma modalidade esportiva individual ou coletiva até cinco dias na semana, logo após o término das aulas regulares.

Big 8

Torneio de 6 dias das equipes Varsity (sub-19) de escolas internacionais, dividido em dois dias e meio para a disputa de uma modalidade (por exemplo, basquete) e dois dias e meio para outra modalidade (por exemplo, futebol). O torneio conta com cerimônias de abertura e encerramento e acontece no acampamento NR.

Little 8

Torneio de 6 dias das equipes Junior Varsity (sub-14) de escolas internacionais, dividido em dois dias e meio para a disputa de uma modalidade (por exemplo, basquete) e dois dias e meio para outra modalidade (por exemplo, futebol). O torneio conta com cerimônias de abertura e encerramento e acontece no acampamento NR.

NR

Acampamento onde são disputados os torneios esportivos Big 8 e Little 8. O resort NR se localiza em Santo Antônio do Pinhal (SP), próximo a Campos do Jordão.

SPHSL – São Paulo High School League

Liga esportiva que reúne escolas americanas e britânicas e é responsável pela organização do tradicional campeonato SPHSL, com jogos sediados nas escolas em turno e returno. O torneio é disputado semestralmente pelas equipes da Chapel, Graded, PACA, EAC e St. Paul’s nas categorias Varsity e, desde 2018, Junior Varsity. No primeiro semestre do ano acontecem as apresentações de cheerleading e os torneios de futebol e basquete. No segundo semestre, além das apresentações de cheerleading, são disputados os torneios de futsal, softball e vôlei.

inscritas na categoria JV, conseguindo formar times com aproximadamente trinta alunas”, comemora Mr. Pereira. Por conta disso, a Chapel acabou colaborando com uma mudança no torneio Little 8: paralelamente ao torneio principal – cujas equipes são formadas pelos alunos mais velhos, de 14 anos –, foi organizado um outro, apenas com alunos mais novos, de 12 e 13 anos. “Isso não acontecia. Antes, o aluno mais novo só viajava para o torneio se ele fosse um atleta acima da média. Com o programa, que é totalmente inclusivo, todo aluno matriculado na Chapel vai ter a oportunidade de disputar um torneio”, explica. Com o apoio da direção do colégio, sempre que acontece um jogo dos alunos da equipe principal da modalidade, Mr. Pereira agenda, na mesma semana, jogos dos mais novos: “Queremos que todos passem pelas mesmas experiências e que, de fato, dentro do colégio, se preparem não só como atletas, mas também como cidadãos, porque tais vivências são responsáveis pela formação da personalidade, do caráter e das habilidades socioemocionais que tanto prezamos”.

De Junior Varsity a Varsity

Ao completarem 15 anos de idade, os atletas passam a competir pela categoria Varsity, que participa do campeonato da SPHSL e do torneio Big 8 - Season 1 and Season 2 - (disputado por oito escolas americanas do Brasil). O campeonato da São Paulo High School League é o torneio mais longo. Realizado em dois turnos, tem a duração de um semestre. Nesse período, os times participam de jogos na Chapel e em outros colégios antes de disputarem as fases semifinal e final. Em um semestre acontecem as competições de futebol de campo e basquete, enquanto no outro são disputados futsal, softball e vôlei.

“Os torneios são curtos, com duração de três ou quatro dias, porém muito intensos, disputados no acampamento NR”, explica Mr. Pereira.

A equipe de cheerleading se apresenta em ambos os semestres, sempre acompanhando ora as equipes de basquetebol ora as de futsal e se apresentando nos torneios Big 8.

Segundo o diretor de esportes, o grande diferencial da Chapel é manter um calendário esportivo fixo, que é divulgado com antecedência. “Assim que o ano letivo começa, a família já fica sabendo quais serão os dias de jogo, o horário, o local – se dentro ou fora do colégio – e, assim, consegue organizar sua rotina”, explica o diretor, ressaltando que a comunicação com alunos e pais é constante. “Cumprir o calendário envolve ainda muita responsabilidade, não apenas sob o aspecto esportivo, mas, sobretudo, pelo comprometimento que o atleta deve ter tanto com a sua equipe quanto com seu próprio

desempenho acadêmico, tão valorizado na Chapel”, pontua.

Orquestra afinada

A fim de que o programa esportivo seja capaz de absorver a totalidade dos alunos ao mesmo tempo em que mantém a qualidade do serviço prestado, há uma extensa e precisa organização, envolvendo vários setores do colégio: equipes de segurança, de manutenção e limpeza, serviço de alimentação, professores e técnicos. “Em questão de vinte minutos, encerramos um dia de aula regular para começar um período de atividades extracurriculares, em que todos os espaços esportivos são utilizados simultaneamente, estando perfeitamente adequados para cada faixa etária e modalidade”, esclarece Mr. Pereira. No campo de futebol, por exemplo, são desenhados mini campos, mais adequados para os alunos mais novos, de sete a doze anos. Para tanto, o colégio dispõe de gols menores e bolas mais leves que, assim como todos os equipamentos, são apropriados para cada faixa etária. “No período de treino do Young Trojans conseguimos ter de quatro a seis campos de futebol funcionando simultaneamente, cada um com dois professores, atendendo alunos de uma mesma faixa etária, dividida entre meninos e meninas. “Chegamos a ter quinze professores trabalhando ao mesmo tempo, todos contratados especialmente para o programa. Sempre que alguma turma aumenta, a Chapel contrata mais professores auxiliares, a fim de manter a qualidade do serviço prestado às famílias”, conta.

O mesmo acontece com as outras modalidades. Nas quadras, a altura das redes de vôlei e das tabelas profissionais de basquete, por exemplo, é regulada de acordo com a idade dos estudantes. “Aqui na Chapel, não aplicamos o esporte de adulto para a criança, por isso todos os ambientes e os equipamentos são adequados para que nossos alunos possam experimentar o sucesso e sintam prazer em praticar as atividades. Quando o período do Young Trojans termina, tudo é novamente readequado para receber os alunos do High School. É assim que o esporte vai permanecer na vida deles”, finaliza Mr. Pereira.

TROJANS: A ORIGEM DA MASCOTE* DA CHAPEL

Prestes a completar 60 anos de idade, a mascote esportiva da Chapel foi idealizada por Robert Wong, então aluno do 8º ano, em 1962. Ele conta que se inspirou nos ensinamentos do padre Thomas Delaney, responsável, à época, pela paróquia do colégio e técnico do time de basquete: “Ele nos falava da importância de sermos corajosos; dizia que tínhamos que lutar sempre, com fervor, energia e paixão”. O ex-aluno se recorda das competições esportivas como importantes momentos de aprendizagem. “Nessas disputas, aprendíamos que, mais do que ganhar ou perder, o objetivo maior era atuarmos em equipe e adquirirmos disciplina. Isso nos tornou uma equipe coesa, unida, que tentava errar o menos possível e que levava a sério os fundamentos do esporte. Tínhamos garra, no sentido de espírito de luta”, conta Mr. Wong.

Foi baseado nesses princípios que ele sugeriu a imagem do soldado troiano como mascote. Mesmo sendo uma voz discordante – afinal, a tendência entre as escolas americanas era escolher animais como mascotes de times –, sua ideia foi aceita. “Eu dizia que nossa mascote deveria ser uma figura humana, dotada dos atributos de energia e força que o padre Thomas ressaltava. Foi então que sugeri ‘trojans’, que eram soldados muito habilidosos, fortes e corajosos, bastante disciplinados. Eu até fiz o desenho, o rosto de um soldado com capacete”, recorda.

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