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Três gerações, uma história

Por

Maurício Oliveira

Fotos:

Fernanda Caires

TRÊS GERAÇÕES,

ESTUDAR NA CHAPEL, UMA TRADIÇÃO QUE UNE UMA HISTÓRIA

AVÓ, TRÊS FILHAS E (POR ENQUANTO) TRÊS NETOS Esta seção da Inside Chapel é normalmente dedicada ao perfil de um ex-aluno ou ex-aluna do colégio, mas desta vez vai ser um pouco diferente: será o perfil de uma família. Trata-se do relato de uma ligação profunda com a instituição, iniciada há quase 70 anos. Contar essa história significa, também, homenagear muitos outros casos semelhantes em que a experiência de estudar na Chapel vem sendo transmitida de mães e pais para filhas e filhos. A jornada que contaremos aqui começou em 1953, com o casamento, em São Paulo, do espanhol Vicente Vázquez Fernandez com a cubana Mary Cid Vázquez. Ele havia chegado ao país aos 30 anos, a trabalho, e ela havia se mudado com a família na adolescência. Os dois se conheceram durante uma festa de casamento na comunidade espanhola da cidade. As duas primeiras filhas do casal, Henrietta, nascida em 1954, e Charlotte, em 1957, foram matriculadas na Chapel, que estava ainda em seus primeiros anos de funcionamento – as aulas eram dadas por freiras que moravam no segundo andar do prédio. A instituição havia sido fundada em 1947 como uma escola católica para crianças de famílias americanas residentes em São Paulo. Aos poucos, ela foi se abrindo para estudantes com pais de outras origens. A escolha pela Chapel se deu principalmente em virtude da visão cosmopolita de Mary. “Minha mãe queria um ensino que combinasse a formação religiosa com a experiência internacional. Encontrou isso naquela jovem escola que dava os

primeiros passos”, lembra Charlotte, que permaneceu por quatro anos na Chapel, enquanto Henrietta ficou por oito anos.

Incentivo ao raciocínio

O casal decidiu, então, mudar-se para o Canadá. As meninas continuaram os estudos em Toronto, sem qualquer problema de adaptação, por conta do pleno domínio do idioma inglês e da base sólida construída na Chapel. Tudo indicava que a sequência da vida delas se daria por lá – o que de fato ocorreu na trajetória de Henrietta, que hoje mora nos Estados Unidos. Ela é professora de colégio público em Raleigh, na Carolina do Norte, certificada para dar aula em qualquer estado do país.

O destino de Charlotte foi diferente, no entanto. Com a morte do pai, ela veio ao Brasil, aos 20 anos, para cuidar das questões relacionadas ao inventário. O plano original era voltar ao Canadá, mas aqui ela conheceu José Eduardo, com quem se casaria seis meses depois.

O casal teve três filhas: Carla, Débora e Mônica, nascidas com diferença de apenas um ano entre elas – respectivamente, em 1980, 1981 e 1982. Charlotte fez questão de matriculá-las na Chapel, pois compartilhava da mesma visão que havia impulsionado a mãe a escolher a instituição. “É um tipo de ensino que ajuda a raciocinar, a buscar a compreensão verdadeira do conteúdo”, ela avalia.

Experiência multicultural

As três meninas iniciaram a trajetória escolar em 1985 e cumpriram toda a formação na Chapel. “Acho que o principal ganho para as minhas filhas foi a exposição a diversas culturas, fator essencial para que desenvolvessem uma visão ampla de mundo. Aprendi com a minha mãe que isso é o mais importante”, diz Charlotte.

Aos 41 anos, a primogênita Carla recorda com carinho do cotidiano no colégio, mas principalmente dos eventos especiais, como a formatura do 12th grade. “Guardo o senior yearbook, todo assinado, e também os music programs. Tenho os vídeos e vira-e-mexe os assistimos. Todos os eventos eram bem cuidados e nos sentíamos muito importantes.”

Carla ingressou em Administração na Pontifícia Universidade Católica (PUC), mas depois de seis meses decidiu mudar para o mesmo curso na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), seguido pela pós em Marketing na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “O domínio de inglês foi um enorme diferencial no momento de buscar os primeiros empregos, ainda durante a universidade”, ela descreve.

Depois de fazer carreira em multinacionais, na área de vendas e marketing, Carla decidiu iniciar uma nova atividade, em confeitaria. Em 2018, foi para Madri, na Espanha, fazer um curso nessa área na célebre Le Cordon Bleu. Voltou ao Brasil depois de dois anos, período que incluiu uma passagem também pela Áustria. “Durante essa viagem, reencontrei amigos da época da

Chapel. Foi muito bacana perceber como esses vínculos são fortes.”

Lembranças afetivas

Apesar de todos os benefícios acadêmicos proporcionados pela experiência na Chapel, Carla considera que o mais importante foi mesmo a vivência multicultural. “Tive muitas amizades que foram embora, pois eram filhos de pais expatriados. Como manter contato naquela época não era tão fácil como hoje, isso certamente me ajudou a aprender a lidar com despedidas e a valorizar o presente, sem me preocupar muito com o futuro.”

Além dos laços afetivos, o grupo de ex-colegas da Chapel forma uma poderosa rede de contatos profissionais, pois uma das características históricas do colégio é originar uma grande diversidade na escolha das carreiras. Além do mais, no caso de três irmãs com idades tão próximas umas das outras, as amizades iam além da sala de aula e se estendiam aos colegas e às colegas das irmãs. “Quem estudou na Chapel numa mesma época certamente tem muitas afinidades”, diz a irmã do meio, Débora, 40 anos.

Para ela, colocar as filhas Isabella e Sophia (de 13 e 11 anos) na Chapel foi uma decisão natural. “Acredito muito nos valores da Chapel e tenho certeza de que esse é o aspecto que mais fará diferença na vida delas. O fundamental é que sejam pessoas generosas e de bons princípios, e isso se constrói pela combinação entre os ensinamentos passados em casa e no colégio.”

Ela lembra de muitos momentos compartilhados com as irmãs nos anos estudantis, como as idas e vindas de ônibus. “Íamos um tanto sonolentas pela manhã, mas na volta era uma festa. Fazíamos muitas amizades.” Quando as filhas entraram no colégio, foi inevitável uma viagem ao passado. “Até hoje, quando chego à Chapel, os ambientes despertam lembranças de situações e de pessoas”, conta Débora – que se formou em Publicidade e iniciou o curso de Moda, mas interrompeu a carreira enquanto as filhas eram pequenas. Agora planeja o retorno, talvez numa área diferente.

Tradição familiar

A caçula Mônica, 38 anos, é diretora de marketing da Nespresso no Brasil, cargo que assumiu há poucos meses – nova etapa de uma carreira que já incluiu passagens pela BIC, Nestlé e Gympass. A exemplo de Carla, ela fez Administração pela Faap, com pós no Insper.

As experiências profissionais de Mônica a levaram a morar na Suíça e na Malásia. Quando estava na Nestlé, responsável pelo marketing da marca NESCAU, desenvolveu junto com a agência Ogilvy Brasil o projeto “Meninas fortes”, para incentivar a prática de esportes pelas meninas. A campanha foi premiada no festival de publicidade de Cannes, em 2017, com o Glass Lion, categoria dedicada ao reconhecimento de trabalhos que promovam a equidade de gênero.

Para Mônica, o incentivo às atividades físicas é uma das fortalezas da Chapel. “Havia não apenas uma estrutura fantástica, como também o estímulo ao esporte tanto para as meninas quanto para os meninos, algo que julgo ter tido um impacto muito grande na minha formação pessoal e profissional.”

Algumas das amizades mais próximas mantidas por ela são herança do tempo da Chapel. “É uma relação que acaba sendo diferente daquelas acontecidas depois, já na vida adulta, porque crescemos juntos, passamos por alegrias, tristezas, perrengues, brigas, amadurecimento. É nessas amizades que eu encontro o ombro amigo, o senso mais forte de pertencimento e uma conexão profunda. É como se fôssemos da mesma família.”

Esses vínculos têm sido ainda mais reforçados pelo fato de que vários integrantes dessa turma hoje estão com filhos pequenos. No caso de Mônica, são dois meninos, Thomas e Matheus, de quatro e dois anos – o mais velho já está na Chapel, dando sequência à tradição familiar.

Um chamado à prática

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