Madonna by Minsane 2008

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UM PALCO CHEIO DE LUZ QUEM ESSA GAROTA AINDA VAI SER?

UM CORPO QUE NÃO CAI

AS RECEITAS DA BOA FORMA DA RAINHA

SOLTA O BATIDÃO, DEEJAY! OS PRÓXIMOS PASSOS

O SURREALISMO MUSICAL DE MADONNA O QUE ELA E SALVADOR DALÍ TÊM EM COMUM?

WHAT IT FEELS LIKE FOR FERNANDA? CONVERSAMOS COM A FÃ MAIS POLÊMICA DO BRASIL



Words A palavra da redação__04

Impressive Instant Madonna deveria perder um pouco de peso?__06

Super Pop A diva não pára; e o MInsane também não!__10

Something to Remember O surrealismo musical de Madonna__12

Express Yourself

What it feels like for Fernanda?__18

Nobody Knows Me Um palco cheio de luz__22

Spotlight Solta o batidão, Deejay!__32

More Madonna ofusca seus personagens no cinema__36

Vogue She gave good face__40

Expediente Editor e Jornalista Responsável: Rodrigo Ferrari (MTB 42139/SP) Projeto Gráfico, Direção de Arte, Editoração Eletrônica e Arte Final: Christian Sousa - The Red ((design&web)) Colaboração Gráfica Átila Oliveira e Henrique Eder Colaboradores: Jack Morais, Átila Oliveira e Paty Prudente Créditos das fotos (em ordem albabética): Alberto Tolot, Alek Keshishian, Brian Aris, Bruce Webber, Craig Mc Dean, Dah Len, Dave Hogan, David La Chapelle, Deborah Feingold, Fabrizio Ferri, Gary Heery, Guilles Bensimon, Helmut Newton, Herb Ritts, Jean Baptiste Mondino, Koto Bolofo, Lorenzo Agius, Luis Sanchis, Mario Testino, Patrick Demarchelier, Peggy Sirota, Peter Lindbergh, Pierre & Gilles, Rankin, Regan Cameron, Solve Sundsbo, Steven Klein, Steven Meisel, Tim Walker e Wayne Maser A revista Madonna by MInsane é uma publicação idealizada pelo Madonna Insane Fan Club - MInsane. Todo conteúdo publicado é de responsabilidade do Madonna Insane Fan Club. Todos os direitos reservados, sendo proibida a reprodução de qualquer matéria sem autorização prévia.

MInsane Coordenadora-Geral: Paty Prudente Coordenador de Design e Criação: Christian Sousa Orkut: Rafael Hohenfeld Colunista: Átila Oliveira Redação: Ricardo Cazelato Equipe de Criação: Natália Vieira Blog: Juninho Barim Madrinha: Marina Person - MTV

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AP AL A RE VR DA A ÇÃ DA O

E sta

edição da revista Madonna By Minsane é mesmo especial. No mesmo ano em que Madonna completa 25 anos de carreira e 50 de vida, o Minsane completa 13 anos de existência. Na cultura judaica, é com essa idade que se atinge a maioridade.

E foram anos de muito trabalho, de muito amor à Madonna e de muitas conquistas também. No ano passado, fomos reconhecidos como o fãclube oficial da loira no Brasil. Mais do que uma honra, isso é reconhecimento de nosso profissionalismo e dedicação. E olha que esse trabalho é mais complicado do que se imagina, e feito sempre com muito carinho. Produzir então um especial em comemoração a esta data demandou um grande trabalho de neurônios (e dedos, pois hoje é tudo no computador!). Falar de Madonna para quem não é fã é fácil. Reunir no mesmo espaço uma legião com mais de 23 mil associados (alguns até de fora do Brasil) e emitir opiniões, comentários e críticas, é colocar a cara a tapa e a cabeça a prêmio. E esse é mesmo o nosso intuito. Madonna não suporta mediocridade, como ela mesma já disse. Seria mediocridade acreditar que um grupo tão heterogêneo tivesse a mesma opinião sobre aspectos diversos da carreira da diva. Talvez a maioria das pessoas não concorde com algumas (ou várias, ou todas) as opiniões expressas nas páginas seguintes. E, a cada um que quiser comentar, argumentar, enfim, expor seu ponto de vista, o canal de comunicação está constantemente aberto, seja através do mailing list, pelo fórum, ou através do contato da coordenação. Pois, acima de tudo, lembramos que o Minsane é feito pelos seus associados e que seu maior objetivo não é organizar eventos, dar notícias fresquinhas ou se aproveitar da artista para auto-promoção; é fomentar e promover um debate contínuo sobre a obra de Madonna e suas idéias. Aproveitem a leitura!

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UM CORPO QUE NÃO CAI

M adonna,

em uma apresentação na casa de shows Koko Club, em Londres, após realizar várias coreografias de forma sublime, faz uma pausa para beber água. Ela está mostrando as músicas do então recém-lançado Confessions On A Dance Floor. Poucos meses antes, a cantora havia caído de um cavalo e fraturado diversos ossos. Depois de cantar, ironicamente, Let It Will Be, Madonna se vira para a platéia e diz, “Desculpem... Eu me sinto um pouco fora de forma hoje, ok? É que não gosto muito de cair de cavalos”. O animal que Madonna não conseguiu controlar jamais poderia imaginar que a fera ferida tem uma capacidade de recuperação quase sobrenatural. Desde que Madonna surgiu e espantou o mundo com suas apresentações cheias de danças sensuais, também despertou as mais diversas opiniões sobre sua aparência. Quase sempre, negativas. A garota que acabava de conquistar o sucesso queria aproveitá-lo e isso significava comer bem - e muito. Madonna não esconde que passou muita dificuldade antes da fama e fotos da época mostram isso. Mas criticar Madonna é literalmente cutucar a onça, ou a leonina, com vara curta. Madonna aprendeu rápido que, para ser a número um, tinha que ser impecável em tudo, tanto na forma quanto no conteúdo.

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E a partir daí, criou para si mesma uma aura de novidade. A cada álbum novo, a cada turnê, lá vinha ela, sempre diferente. Ora loira, ora morena. Madonna queria confundir seus críticos, ao mesmo tempo em que desdenhava deles. E desde o clipe de Papa Don’t Preach, no qual usou uma roupa extremamente colante ao corpo, ela nunca mais deixou de se dedicar à boa forma física. Pessoas que seguem esse estilo de vida - de atleta - correm o risco de se tornarem escravas dos exercícios físicos, o chamado “over training”. Durante certo tempo, Madonna foi assim. Extremamente tonificada e adepta ferrenha de uma dieta macrobiótica, ela era somente músculos. De 1986 a 1995, Madonna não saía da academia e corria quilômetros. Depois, percebeu que um corpo arredondado, ainda que forte, seria o mais apropriado para uma mulher chegando próximo aos 40 anos e prestes a ser mãe. A ioga entrou em sua vida e acompanhou a fase de sua primeira gestação, que lhe trouxe também desejos de comer coisas que ela se proibia, como doces, por exemplo. Mesmo assim, Madonna continuou escolhendo bem o que colocava no prato, e como seguia uma rotina de exercícios há bastante tempo, garantiu manter a beleza e energia por muitos anos. Ela já não é tão rigorosa em relação à dieta; come um pouco de peixe e aves. Mas não abre mão de litros de água e outro fator que a faz ter controle quase total sobre sua forma: ela varia bastante os exercícios. Depois da musculação, da corrida e da ioga, vieram a bicicleta e o pilates. Hoje, a cantora segue as regras do “cross training”, ou seja, mantém sua rotina de malhação alternando as modalidades que pratica: ioga, pilates, natação, musculação, bicicleta, corrida, caratê e equitação. Mas o tempo passa e tratamentos estéticos, no caso de uma estrela, são mais que necessários. Madonna não toca no assunto, mas basta mostrar algumas fotos para especialistas que eles são unânimes em afirmar: a cantora já fez várias pequenas cirurgias plásticas. Nenhuma extremamente radical, mas, desde 2001, Madonna

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freqüenta clínicas ou recebe a visita de cirurgiões estéticos em sua casa ou hotéis. Além de usar os mais diversos tratamentos para manter a jovialidade da pele, como aplicações de laser, oxigenoterapia e cremes caríssimos, ela muito provavelmente faz aplicações de botox e usa da bioplastia - uma técnica menos agressiva de cirurgia plástica - para manter a jovialidade do Mas o tempo passa e tratamentos no caso rosto. Essas aplicações quase nãoestéticos, necessitam que de uma estrela, são mais que necessários. Madonna o paciente fique internado, coisa que Madonna já não toca no assunto, mas basta declarou que odeia fazer -ficarmostrar em um algumas hospital fotos para especialistas que eles são unânimes - e deixam marcas escuras ou amareladas naem afirmar: a cantora várias dias). pequenas cirurgias pele (que somem já emfez poucos A única plásticas. Nenhuma extremamente radical, mas, recomendação, além de descanso, é que não se desde 2001, Madonna freqüenta clínicas ou recebe a use maquiagem por cima da aplicação. Daí as visita de cirurgiões estéticos em sua casa ou hotéis. fotos que aparecem na mídia mostrando Madonna

com Além alguns de usar“machucados”. os mais diversos tratamentos para manter a jovialidade da pele, como aplicações de Além do corpo, da pele do rosto e pescoço, laser, oxigenoterapia e cremes caríssimos, ela muito existem as... mãos! Os musculosos braços provavelmente faz aplicações de botox e usa de da Madonna, principalmente suas mãos, de sofrem bioplastia -euma técnica menos agressiva cirurgia muitas Bem, aMadonna fazdoexercícios plástica críticas. - para manter jovialidade rosto. Essas físicos há mais de 20 anos, ela tem e aplicações quase não necessitam que veias o paciente fique músculos atleta. Em relação às mãos,que a diva internado, de coisa que Madonna já declarou odeia ainda reluta técnicas não muito bem fazer -ficar emem umusar hospital - e deixam marcas escuras comprovadas e se mantém ou amareladasde na rejuvenescimento pele (que somem em poucos dias). A única recomendação, descanso, é que adepta apenas de laseralém parade tirar manchas de não se use maquiagem por cima da aplicação. Daíela as não fotos idade. Quanto às muitas veias que possui, que aparecem na mídia pode fazer nada, e nemmostrando vai fazer.Madonna Ah, sim, com ela alguns faz: usa“machucados”. luvas, em algumas ocasiões, mas só se combinam com o figurino. Além do corpo, da pele do rosto e pescoço, existem as... mãos!reclamou, Os musculosos braços de Madonna, e Madonna há algum tempo, do principalmente suas mãos, sofrem muitas críticas. preconceito por causa da idade. “Nossa sociedade Bem,sofre Madonna fazpor exercícios físicos há mais de 20 não apenas causa do racismo e sexismo, anos,também ela tem veias e músculos de atleta. Em relação mas sofremos por causa do edaísmo. A às mãos, a diva ainda reluta em usar técnicas não partir do momento em que você tem uma certa muito bem comprovadas de rejuvenescimento e se idade, não lhe permitem que você seja ousada, mantém adepta apenas de laser para tirar manchas não aprovam que você queira ser atraente. O de idade. Quanto às muitas veias que possui, ela não que é isso? É uma regra? Então o que você tem pode fazer nada, e nem vai fazer. Ah, sim, ela faz: que fazer,em depois de atingir certa idade, usa luvas, algumas ocasiões, mas só se apenas combinam morrer?” Ela é humana e claro, tem o direito a com o figurino. envelhecer. A questão é como envelhecer. E nisso, há bem. algum tempo, do preconceito Madonna reclamou, se sai muito por causa da idade. “Nossa sociedade não sofre apenas por causa do racismo e sexismo, mas também sofremos por causa do edaísmo. A partir do momento

Sempre criticam a cantora porque ela se sobressai em diversos pontos quando se trata de manter a beleza. Desde fotos em que aparece magra demais ou boatos de que estaria aplicando injeções de vitaminas em si mesma. Quanto às fotos, ninguém consegue ser glamuroso em tempo integral. Quanto aos boatos, eles se desmentem quando vemos Madonna cada vez mais bela, seja em uma festa ou apresentação. Ela não enveredou pelo caminho da auto-deformação, como Michael Jackson. Ela não se transformou numa montanha de músculos. Madonna hoje mantém

o mesmo corpinho de quando tinha 27 anos, época em que começou a malhar. Já tarde, como viria a reclamar. Deve ser por isso que a idade, para ela, também vai chegar bem atrasada. Como a diva nunca pára, feito cavalo indomável, deve ser difícil alcançá-la.

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A DIVA NÃO PÁRA; E O MINSANE TAMBÉM NÃO!

O universo

Madonna é imensurável. Que fã pode afirmar com toda a certeza conhecer todas as fotos, os números de vendagens de cada single, o número de figurinos de cada turnê ou, mais complicado ainda, as músicas não-lançadas e b-sides da carreira da loira? Felizmente estamos na era da informação e todas essas informações estão a poucos cliques de distância, embora esse conteúdo online seja muito disperso e muitas vezes pouco confiável. O MInsane mantém um trabalho de reunir e organizar constantemente todo esse material e torná-lo disponível a associados e todos os internautas amantes da cantora. Com a colaboração da coordenação e de todos os associados, a galeria de imagens do MInsane já atingiu a inigualável marca de 20.000 fotos, entre ensaios oficiais, fotos artísticas e de bastidores, catálogos e até os ora amados e ora odiados flagras dos paparazzi. A coordenação está sempre trabalhando para trazer diferenciais cada vez melhores e, por isso, já tratou de desenvolver uma galeria de vídeos que contará com todos os clipes oficiais, remixes, entrevistas e performances ao vivo, entre outros itens.

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Entre os outros preparativos para oferecer mais ainda aos associados, foi desenvolvido o projeto 25 by MInsane, cujo ponto de partida foi o hotsite temático em comemoração a todos os anos de carreira da musa e uma série de suvenires para celebrar a data. São itens que podem ser baixados, como marcadores de página, ou adquiridos pelo MInsane Shopping, como pôsteres e camisetas. Todos os artigos foram criados com design exclusivo para o MInsane.

Acesse: -

25 by MInsane 25 by MInsane Collection Manifesto MInsane MInsane Videos Gallery Blogs Gallery MInsane Shop

Por falar em design, você, leitor, já reparou que o logotipo do MInsane nestas páginas e na homepage está diferente? Este é a nova identidade visual do fã-clube. E como toda comemoração tem sempre que ter um presente, a coordenação criou uma promoção cultural para entregar uma série de 11 CDs com remixes de canções de todas as fases da Madonna. Para participar, é só abusar da criatividade e responder “O que você diria a Madonna por seus 25 anos de carreira?” no e-mail 25byminsane@minsane.com.br, até o dia 29 de abril. Além disso, um novo hotsite foi desenvolvido como um verdadeiro manifesto para trazer Madonna ao Brasil na próxima turnê. E tem mais, o MInsane acaba de lançar um espaço para os ‘blogueiros’ do mundo todo. Se você tem um blog sobre Madonna, faça parte da nossa galeria. Sugestões são sempre bem-vindas. Fiquem atentos, pois ao longo do ano mais novidades serão anunciadas!

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O SURREALISMO MUSICAL DE MADONNA

H á 10 anos,

em 1998, Madonna lançava o seu álbum mais surreal. Depois de vários anos sem lançar um disco de músicas totalmente inéditas, a diva nos traz uma obra-prima musical. Na primeira vez em que ouvi Ray of Light, senti como se estivesse adentrando nas pinturas surrealistas do grande mestre Dalí. Cheio de sons, ritmos, detalhes, formas, tudo reunido harmonicamente e interpretado por uma voz mais doce, forte e afinada. Ouso afirmar que cada música de Ray of Light é a interpretação musical de pinturas de Salvador Dalí, o representante máximo do surrealismo. Ouso ainda mais pedir aos caros leitores que peguem seu cd Ray of Light para ouvir enquanto lêem este artigo e comprovar o que escreverei a seguir.

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A Metamorfose de Narcisoi abre a viagem musical de Madonna. Logo na primeira canção (Drowned World/Substitute For Love), Madonna declara que não é mais a mesma. Ela olhou-se nas águas límpidas do lago e decidiu que era hora de se reinventar (mais uma vez), de ‘metamorfosear-se’ – “and now I find I’ve changed my mind”ii. E convida a todos os seus fãs e admiradores a viajar com ela. Mas, para seguir nesta viagem, têm que se transformar também, e ir ao fundo do oceano para lavar sua alma – “gonna swim to the ocean floor. So that we can begin again. Wash away all our sins”iii - e ir em busca dos seus desejos. Como o Homem de Compleição Enferma Escutando o Barulho do Mariv, desejando sair da sua forma petrificada e alcançar o mar, o fundo do mar e, assim, a luz. A luz que ilumina e nos faz deixar a loucura do dia-a-dia para trás e, à nossa frente, apenas o horizonte iluminado, como o d’A Mesa Solarv. Onde o universo inteiro se resume nesse horizonte de paz, de tranqüilidade, que faz-nos sentir como se estivesse em casa – “and I feel like I just got home”vi. Chegar em casa, longe de todas as insanidades do mundo e lhe encontrar, ver seu corpo nu e admirá-lo e te imaginar Nua Sobre um Chão de Rosasvii – “moist warm desire. Fly to me”viii. Chegar em casa e poder admirar o seu semblante forte, sua sensualidade, sentir o doce perfume que exala do seu corpo, de suas costas nuas e, assim, poder viajar na sua pele, no seu sexo. E Madonna vai mais longe. A cada faixa, ela penetra cada vez mais fundo no íntimo humano. Ela quer mais, quer tocar sua pele, beijála, tocá-la. Torná-lo O Grande Masturbadorix de seus sentimentos. Ela quer que você queira mais, sempre mais – “why do you leave me wanting more?”x – e se conheça tão profundamente que possa chegar ao que realmente importa. E na busca pelas ruínas antropomórficas, Gradivaxi/Madonna encontra muito mais. Ela encontra o mais importante dos sentimentos, aquele capaz de transformar o passado e acabar com a escuridão em nossos corações: o amor. Na sua busca incessante, finalmente, ela encontra o que de fato é necessário: amor – “love is all we needxii”. E ao encontrar o amor, ela encontra o paraíso, pois foi o que o sábio disse e ela segue o sábio e quer que também o sigamos, quer que levantemos vôo, assim como ela

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levantou e, Um Segundo Antes de Despertarxiii, deixou os julgamentos para trás e seguiu em frente, observando e aprendendo – “watching the signs as I go”xiv. E ela foi longe para aprender, voltou anos e anos até chegar às Reminiscências Arqueológicasxv das línguas mais antigas. Ela descobriu o sânscrito e sobre ele, meditou. “Vande”xvi. E Madonna avisa aos ‘desantenados’: saia o mais rápido possível deste Sonoxvii letárgico e deixe o amor lhe encontrar também. Se você sustenta suas crenças no que apenas você vê – “You´re so consumed with how much you get. You waste your time with hate and regret”xviii - está na hora de acordar, de esquentar seu coração, deixar a dor morrer e aprender a dizer adeus. A viagem musical está quase no fim e é preciso dar adeus às Memóriasxix que persistem em enfraquecer e fechar seu coração. Então, diga adeus ao passado e dê espaço ao que está por vir – “freedom comes when you learn to let go”xx. Às vezes, o que se procura está diante dos olhos, mas a chance não é dada e o objeto de desejo torna-se Invisívelxxi. Às vezes, o que precisamos é muito simples. E Madonnaxxii a encontrou em uma pequena estrela – “my life, my soul”xxiii, em uma estrela dentro dela mesma. E nela, encontrou a si mesma, encontrou a verdadeira Madonna. E valeu a pena fazer toda esta viagem, ir ao céu e ao fundo do oceano. Ir à floresta, ao cemitério, fugir do trânsito e do silêncio e ainda assim, continuar correndo, pois a viagem nunca termina. É sempre um Jogoxxiv cheio de peças e obstáculos a serem vencidos. Sempre temos mais a aprender e Ray of Light é assim, um álbum que sempre tem mais a entender. Ray of Light é uma viagem sem fim. Surreal e sem fim. “I tasted the rain, I tasted my tears. I cursed the angels, I tasted my fears and the ground gave way beneath my feet and the earth to me in her arms”xxv. Christian Sousa é coordenador de design e criação do Minsane

Ray of Light é o sétimo álbum de Madonna e foi lançado no começo de 1998. O principal produtor do disco foi William Orbit, acompanhado por Patrick Leonard, antigo colaborador de Madonna. O álbum revolucionário foi muito bem recebido pela crítica mundial e tornou-se um dos sucessos comerciais mais importantes de sua carreira. Ray of Light é uma mensagem de Paz. O álbum vendeu 16 milhões de cópias ao redor do mundo. E, segundo a Billboard, foi o segundo álbum mais vendido em 1998. Frozen foi o primeiro single lançado e tornou-se o oitavo de Madonna a alcançar o número 1 na lista de singles do Reino Unido e o segundo na Billboard. Depois, veio Ray of Light. A música foi baseada no tema de 1971: Sepheryn, da dupla Curtis & Muldoon. Já na década de 90, Orbit e Christine Leach conheceram a música e a gravaram e foi assim que Madonna descobriu a letra e adorou. Fez algumas alterações na letra e a gravou para o álbum. E todos eles – Curtis, Muldoon, Orbit, Christine e Madonna aparecem no encarte como autores da música. Então, depois do estrondoso sucesso da faixa Ray of Light, veio Drowned World/Substitute for Love. Seguido do single de The Power of Goodbye. Alcançou o 11º lugar na lista da Billboard. Nothing Really Matters foi o último single lançado, mas que não teve grande sucesso na lista da Billboard, apesar de ser uma das melhores faixas do álbum. O álbum foi extremamente bem recebido pela crítica e foi um marco na carreira musical de Madonna. Recebeu vários prêmios, incluindo o Grammy de 1999, no qual o álbum recebeu seis indicações e ganhou em quatro categorias: Melhor Álbum Pop, Melhor Vídeo Single (Ray of Light), Melhor Single Dance Gravado (Ray Of Light) e Melhor Encarte. Ray of Light ganhou ainda prêmios no MTV Video Music Awards, levando seis estatuetas (Vídeo do Ano - Ray Of Light, Melhor Vídeo Feminino - Ray Of Light, Melhor Direção - Ray Of Light, Melhor Edição de Vídeo - Ray Of Light, Melhor Coreografia - Ray Of Light e Melhor Efeito Especial – Frozen) e outros prêmios internacionais na Dinamarca, Hungria, Polônia, no MTV Europe Music Awards e no Canadá. No Brasil, Ray of Light recebeu duas certificações. A primeira, em 1999, Disco de Ouro com 100 mil cópias vendidas e depois, em 2005, disco de Platina, com 125 mil cópias vendidas. E nos EUA recebeu 4x platina. A música Has To Be foi incluída na versão japonesa do álbum, que tem 14 faixas. No resto do mundo, Madonna fez questão de deixá-lo com 13 músicas - número de sorte.

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Obra de Salvador Dalí - A Metamorfose de Narciso. 1937, óleo sobre tela. Londres: Tate Gallery. ii ‘e agora, eu encontrei, eu mudei minha mente’ – Drowned World/Substitute for Love. Álbum Ray of Light, 1998. iii ‘vamos nadar até o fundo do oceano. Então, poderemos começar de novo. Lavar todos os nossos pecados’ – Swin. Álbum Ray of Light, 1998. iv Obra de Salvador Dalí - Homem de Compleição Enferma Escutando o Barulho do Mar. 1929, óleo sobre painel. Rio de Janeiro: Museu Castro Maya. v Obra de Salvador Dalí - A Mesa Solar. 1936, óleo sobre painel. Roterdã: Museu Boymans-Van Beuningen. vi ‘e eu me sinto como se estivesse em casa’ – Ray of Light. Álbum Ray of Light, 1998. vii Obra de Salvador Dalí – Nua Sobre o Chão de Rosas. 1942, óleo sobre tela. Yokohama, Yokohama Museum of Art. viii ‘úmido e quente desejo. Voe até mim’ – Candy Perfume Girl. Álbum Ray of Light, 1998. ix Obra de Salvador Dalí – O Grande Masturbador. 1929, óleo sobre tela. Madri: Museu Nacional Reina Sofia. x ‘por que você me deixou querendo mais?’ – Skin. Álbum Ray of Light, 1998. xi Obra de Salvador Dalí – Gradiva Encontra as Ruínas Antropomórficas. 1931, óleo sobre tela. Madri: Museu Thyssen-Bornemisza. xii ‘amor é tudo que precisamos’ – Nothing Really Matters. Álbum Ray of Light, 1998. xiii Obra de Salvador Dalí – Sonho Causado pelo Vôo de uma Abelha em Redor de uma Romã, um Segundo Antes de Despertar. 1944, óleo sobre tela. Madri: Museu Thyssen-Bornemisza. xiv ‘observando os sinais enquanto sigo em frente’ – Sky Fits Heaven. Álbum Ray of Light, 1998. xv Obra de Salvador Dalí – Reminiscência Arqueológica d’O Ângelus de Millet. 1933, óleo sobre painel. São Petersburgo (Flórida): Museu Salvador Dalí. xvi ‘paz’ – Shanti/Ashtangi. Álbum Ray of Light, 1998. xvii Obra de Salvador Dalí – O Sono. 1937, óleo sobre tela. Sussex: Coleção Edward James. xviii ‘Você está consumido com o quanto você pode ter. Você perde seu tempo com ódio e arrependimento’ – Frozen. Álbum Ray of Light, 1998. xix Obra de Salvador Dalí – A Persistência da Memória ou Relógios Moles. 1931, óleo sobre tela. Nova Iorque: Museu de Arte Moderna. xx ‘liberdade vem quando você aprende a deixar ir’ – The Power of Good-Bye. Álbum Ray of Light, 1998. xxi Obra de Salvador Dalí – O Homem Invisível. 1929-1933, óleo sobre tela. Madri: Museu Nacional Reina Sofia. xxii Obra de Salvador Dalí – Madonna de Port Lligat. 1949, óleo sobre tela. Milwaukee: Coleção Marquette. xxiii ‘minha vida, minha alma’ – Little Star. Álbum Ray of Light, 1998. xiv Obra de Salvador Dalí – O Jogo Lúgubre. 1929, óleo e colagem sobre cartão. Coleção Particular. xv ‘Eu provei a chuva, eu provei minhas lágrimas. Eu amaldiçoei os anjos, eu provei meus medos E o solo cedeu embaixo dos meus pés E a terra me carregou em seus braços’ – Mer Girl. Álbum Ray of Light, 1998. i

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WHAT IT FEELS LIKE FOR FERNANDA?

I nfluência

é palavra chave quando se fala em Madonna. Toda sua obra é permeada por referências não só da música, mas de todo o mundo da arte. Natural, então, que ela própria seja uma verdadeira biblioteca de alusões e, conseqüentemente, inspiração para as mais diversas artistas. Entre as famosas que já se declararam fãs de Madonna estão cantoras de várias idades que seguem correndo atrás dos calcanhares da musa. O exemplo mais óbvio é Britney Spears, a fã/imitadora que conseguiu beijar a loura em rede mundial e teve a carreira e vida pessoal totalmente bagunçadas depois do feito No Brasil, a lista é extensa. Daniela Mercury, Adriana Calcanhoto, Claudia Leite, Ana Carolina, Wanessa Camargo, Renato Russo e Ivete Sangalo foram alguns dos famosos que interpretaram canções da diva nos palcos ou se inspiraram na identidade visual ‘madônnica’ para nortear seus próprios álbuns. Nada mais natural que essas artistas se inspirem na mulher mais bem sucedida do mundo da música. Como buscamos sempre alternativas não convencionais e longe do lugar comum, convidamos uma personalidade fora do meio musical para nos brindar com suas opiniões sobre Madonna. E a escolha foi uma celebridade que nem gosta muito de ser classificada assim para esta edição. Ela faz declarações controversas, tem uma dedicação à arte sem fim, um espírito livre de preconceitos e um jeito de expor suas opiniões com um certo deboche que demonstra personalidade forte e desapego ao politicamente correto. Quem isso lembra? Ganha uma garrafa de água da Cabala quem arriscar Madonna, mas estamos falando de Fernanda Young. Tão multimídia quando Madonna (Fernanda é escritora, apresentadora, atriz, roteirista e fã assumida), ela faz questão de uma coisa: sempre citar em seus livros a cantora, também homenageada no batismo de uma de suas filhas, Cecília Madonna. Uma de suas muitas tatuagens é o refrão de What it feels like for a girl.

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Fernanda carrega em seu âmago a essência de quem acompanha e compreende as lições de Madonna. A obra da escritora segue a cartilha do ídolo: boa parte de sua exposição na mídia é devido à sua personalidade peculiar, sua obsessão com cultura pop, seu visual único e sua opinião forte e afirmações inesperadas. Mais conhecida pelo grande público pelo grande sucesso Os Normais, da Rede Globo, e por apresentar programas como Saia Justa e, atualmente, o talk-show Irritando Fernanda Young, Fernanda já escreveu oito livros entre romances e poesia. Seu tempo é dividido entre família (é casada com o escritor Alexandre Machado, tem duas filhas e dois gatos), trabalho, malhação, jogging, balé clássico e tem como hobby a fotografia, especialmente auto-retratos. O mais recente trabalho de Fernanda no cinema foi a comédia de humor negro Muito Gelo e Dois Dedos D’Água, dirigida por Daniel Filho. Em junho deste ano, estreará no teatro a adaptação de seu primeiro romance, Vergonha dos Pés. Como colunista da revista Claudia, Fernanda ‘endereçou’ uma de suas ‘cartas’ à Madonna. Além de declarar seu fanatismo e listar as canções que mais mexeram com sua vida, a escritora criticou, sarcasticamente, a suposta ‘britanização’ da artista. Em entrevista à Madonna By MInsane, Fernanda fala sobre ser fã, as inspirações de Madonna em sua vida e o assédio da mídia. Madonna By MInsane - Quando e como foi que você se tornou fã? Fernanda Young - Quando a vi pela primeira vez, eu tinha 13 para 14 anos. Fiquei muito impressionada. Like a Virgem me deu uma estranha consciência de que ser virgem era algo muito erótico. Cheguei a me vestir como ela, nessa época, mas, como me identificava com o movimento punk, acabei me distanciando. Com 19, 20 anos, assumi que era fã. Aos 23, assisti o show dela, no Rio. E serei sua fiel observadora para sempre. MBM - Você tem alguma fase ou álbum favorito? Qual? FY - Gosto muito de Bedtime Stories. Mas acho que em Ray of Light ela estava mais linda do que nunca. A obra de Fernanda Young Livros 1996 - Vergonha dos Pés - Ed. Ediouro - RJ 1997 - A Sombra das Vossas Asas - Ed. Objetiva 1998 - Cartas para Alguém Bem Perto - Ed. Objetiva 2000 - As Pessoas dos Livros - Ed. Objetiva 2001 - O Efeito Urano - Ed. Objetiva 2004 - Aritmética - Ed. Ediouro - RJ 2005 - Dores do Amor Romântico (poesias) - Ediouro - RJ 2007 - Tudo que Você Não Soube - Ediouro - RJ Televisão Como atriz e apresentadora 1989 - Yaya Garcia – mini-série 1991 - O dono do mundo - Jurema (atriz) 2002 a 2003 - Saia Justa (apresentadora) 2006 a 2008 (em abril entra no ar a quinta temporada)- Irritando Fernanda Young (apresentadora) Como roteirista 1995 - A comédia da vida privada 2001 a 2003 - Os normais (seriado) 2004 – Os Aspones (seriado) 2005 - Supersincero (quadro do Fantástico) 2006 - Minha nada mole vida (seriado) 2007 - O Sistema (seriado)

MBM - Que ensinamentos da Madonna você utiliza no seu trabalho ou na vida? FY - Liberdade. Ela me ensinou a ter coragem, a não aceitar o “second best”. Também aprendi a ser disciplinada. Comecei a fazer exercícios físicos por causa dela. MBM - Que face você mais admira - a cantora ou a personalidade política da diva em relação a qualquer tema? FY - Acho Madonna a personalidade mais genial do século passado e, por enquanto, do atual. Ela tem uma força de comunicação única, e a usa para instigar a liberdade. Tudo nela me interessa.

Cinema Como roteirista 2002 - Bossa Nova 2003 - Os Normais - O Filme 2004 - Muito Gelo e Dois Dedos D’Água Teatro 2008 (estréia em junho) – Vergonha dos Pés (adaptação do seu primeiro romance)

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MBM - Como é ser fã de uma artista que canta numa língua estrangeira? FY – É indiferente. Somos um país acostumado ao inglês. Isso não me constrange, nem me dificulta em nada. MBM - Você já passou por algum tipo de preconceito por ser uma fã tão declarada? FY - Muito preconceito. Pensam que sou uma fã histérica, uma ignorante, uma sem noção. Não ligo. Os cães ladram e a caravana da Madonna continua passando. MBM - Como foi batizar sua filha com o nome da diva? Seu marido concordou ou houve discussão? FY - Não houve discussão. Alexandre (Machado, marido de Fernanda) compreende o valor de Madonna e a minha filha adora. MBM - Por que você cita Madonna em todos os seus livros? FY - Porque creio que me dá sorte.

MBM - Na sua opinião, porque alguns críticos torcem o nariz para Madonna, sendo que ela é a mulher mais bem-sucedida da história da música? FY - Burrice e/ou inveja.

MBM - Madonna já teve alguma atitude que tenha chocado você? Qual? FY - Chocado não. Mas não aprecio o tal hábito inglês da caça. E acho esse papo de Cabala meio chato. MBM - Existe algo que você não goste - ou não concorde - no trabalho de Madonna? O que seria? FY - Adoro tudo. Mas assumo que de fato ela não é uma boa atriz. Entretanto, torço para que ela faça muitos filmes. MBM - O que você imagina que Madonna responderia à sua carta endereçada a ela? FY - Não imagino que ela responderia cartas de desconhecidos, e compreendo isso. Foi um abuso de minha parte dar palpites na vida dela. MBM - O que você diria se estivesse cara a cara com ela? FY - Thank you. MBM - Como você avalia a evolução da Material Girl à pessoa espiritualizada que ela é hoje? FY - Acho todo o percurso pertinente. O exercício do espírito não prejudicou o seu trabalho, ao contrário. MBM - Como é para você ver que Madonna escolheu para casar um homem que a trata como uma mulher comum? FY - Acho inteligente. É horrível conviver com

pessoas que nos vêem como um ídolo. Ser ídolo é um saco.

MBM - Você acha que alguém conseguirá tomar o posto da Madonna? Quem? FY - Não. MBM - A vida pessoal de Madonna, na sua opinião, é marketing ou não? Como por exemplo adotar um garoto órfão do Malauí - ela fez isso para aparecer ou porquê queria mais um filho? FY - Não acho que seja marketing. Ela é muito inteligente, saberia escolher outra investida para chamar atenção. Ela é uma boa mãe, e sabe que educar não é uma coisa fácil. MBM - O que você acha da mídia que invade a privacidade das celebridades em busca de notícias (tendo como base também a sua própria experiência)? FY - Uma grosseria alimentada pela natureza perversa do ser humano. MBM - Você arrisca alguma previsão sobre os próximos passos de Madonna? FY - Surpreender-nos. MBM - Você gostaria de deixar algumas mensagem para os fãs de Madonna? Qual? FY - Sejam livres como a nossa musa.

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UM PALCO CHEIO DE LUZ

C hegar aos

Paralelo a isso, a loira foi se especializando em desenvolver uma linha de comunicação que se aproveitava da mídia para catapultar sua imagem e de quebra levar as vendas de discos e ingressos de shows a recordes.

50 anos é uma idade significativa para qualquer mulher. Atingir a maturidade conciliando as tarefas como mãe e esposa, tempo para manter-se em forma e ainda conduzir uma carreira bem-sucedida não é fácil. Some-se a isso um desejo de evoluir espiritualmente e fazer o mundo inteiro parar para pensar além do próprio umbigo. Entendeu por que ninguém supera Madonna? Nesse ano, a loira completa 25 anos de carreira e meio século de vida com uma trajetória sem igual nos campos da arte. Foi no longínquo 1983 que a então desconhecida Madonna lançou seu primeiro hit Everybody, cujo single não apresentava foto da cantora, pois a idéia era confundir o público e fazer acreditar que se tratava de uma nova negra na música. Nos anos seguintes, ironicamente, foi o uso preciso da imagem que levou Madonna ao topo e a consagrou como a mulher mais poderosa da música. Numa época em que ainda não se sabia como trabalhar a linguagem do videoclipe, os artistas da época expandiam a técnica de simplesmente gravar os cantores dublando as canções e Madonna foi um dos expoentes a criar uma nova forma e dar o tratamento de curta-metragem aos clipes.

Dona de um QI muito acima da média e de um tino para os negócios que já a tornaram exemplo de empresária, Madonna sempre soube como conduzir sua arte de forma a agradar um público heterogêneo suficiente para não se apoiar num único gênero. Se por um lado sua música sempre teve o apelo do pop, suas canções mesclaram influências de muitos outros movimentos. Ela foi capaz de se antecipar às tendências e ter a percepção para o que estaria na moda antes da moda chegar. Ou melhor, foi capaz de se apropriar das tendências para que todos ainda pensassem que ela é quem as havia criado. Quantas pessoas do grande público sabem que os passinhos de Vogue foram ‘emprestados’ dos clubes noturnos gays de Nova Iorque ou que Ray Of Light é uma regravação da canção Sepheryn, dos anos 70? Seja na cena underground, na alternativa, na intelectual, no mundo pop ou no fashion, Madonna transita entre todos eles se fazendo presente e parte de cada um. Assim, temos sua versão cult, dançante, romântica, engajada, ambiciosa, maternal e tantas outras que só o tempo dirá. E essa percepção aguçada é um casamento perfeito entre talento e outro elemento mais importante: conhecimento. Não é à toa que ela consegue identificar o que as pessoas vão querer ouvir em seguida. O maior investimento que Madonna fez quando começou a ganhar dinheiro foi justamente em cultura. E é essa bagagem cultural que a diferencia. Oras tomando como inspiração pérolas do cinema

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mudo alemão da década de 20, oras em trabalhos de artistas pop e até mesmo em figuras históricas, sempre há mais no trabalho dela do que se vê na superfície. Para entender o trabalho de Madonna em toda sua complexidade, é preciso ir mais além e estudar. Ou simplesmente curtir a música, pois ela sabia que, se fizesse um trabalho 100% ‘cabeça’ não atingiria o grande público. Nos seus shows mais recentes, não foi a tecnologia que permitiu mover os telões por todo o palco que criaram a atmosfera certa e surpreenderam a todos; foram as imagens mostradas neles. No filme Party Monster, baseado na história real do produtor de festas dos anos 80 Michael Alig, há uma cena na qual o protagonista recebe as dicas de como ser um bom DJ. Uma das regras mais valiosas é: “Madonna sempre funciona”. O original, em inglês, “Madonna always works”, pode também ser entendido como “Madonna sempre trabalha”. E a frase é enigmática, pois se há uma coisa que pode ser dita da musa sem medo de errar é que ela é workaholic ao extremo. A diferença entre ela e as outras tantas cantoras ‘one hit singers’ (artistas que lançam uma única música de sucesso e caem no esquecimento) do período foi o tino comercial. Assim que tomou as rédeas da carreira e dispensou seu empresário, a loira fez a diferença. Desde a fase True Blue que se diz que ela não é a mesma. Ainda bem! Ela sabia que não podia continuar cantando apenas para adolescentes e se enchendo de penduricalhos, ou estaria fadada ao esquecimento em breve. E a partir dessa primeira troca de personagens é que houve a grande diferença em sua maneira de se relacionar com os fãs, com a mídia e com o mercado. A atriz mais indicada ao Framboesa de Ouro (sátira do Oscar, que escolhe os piores do mundo do cinema) é também a maior especialista na criação de personagens do mundo da música. E foram esses tantos personagens, essa reinvenção constante, que a mantiveram no topo. Em todos esses anos houve muitas Madonnas, todas com a essência da Diva, mas tão diferentes em forma

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que foram capazes de sempre surpreender mesmo os fãs que a acompanham com maior assiduidade. Cortes (e cores) de cabelo, figurino, piercings falsos, tatuagens de henna, foram só embalagens para as muitas mensagens que ela quis espalhar pelo mundo. A grande sacada foi conseguir imprimir o tom político à sua arte sem deixar contanto que isso atrapalhasse o apelo comercial, o que contribui justamente para que mais pessoas possam ouvi-lo. Ciente do poder dos fãs, Madonna conseguiu arrebanhar pessoas das mais diferentes culturas e seguir a máxima de dar ao público o que ele quer, ainda que tivesse de mostrar a ele o que é. O mais incrível foi ter aprendido a fazer isso sem abrir mão de seu próprio gosto. Pois se tem algo que ela não faz é abaixar a cabeça e fazer o que a gravadora manda. Essa ousadia tem um preço e poderia ter prejudicado a carreira da diva, mas, de alguma forma, ela sempre conseguiu sair de cada situação mais fortalecida do que entrou. A já proclamada ‘rainha dos escândalos’ coordenou para que cada uma dessas circunstâncias fosse uma instalação de arte. O fato é que, tirando a conturbada fase do casamento com o ator Sean Penn, todos os ditos escândalos de Madonna foram dentro dos limites da arte. A loira nunca foi presa por dirigir embriagada, ou fazer sexo em público, e não há um registro sequer dos boatos de que recrutava garotos de programa dos bairros latinos. Não. Cada escândalo foi pensado para, de alguma forma, contribuir com sua arte. Tanto que nenhum deles foi escondido. E o mais lembrado é, sem dúvida, a relação da estrela com o sexo, desde o início da carreira. Depois de videoclipes altamente sensuais para os padrões dos anos 80, ela ainda teve a coragem de expor tudo o que os norte-americanos fazem e sonham em fazer em um livro de fotografias eróticas e videoclipes com suas fantasias mais secretas. Em 2003, o beijo a três, dado em Britney Spears e Cristina Aguilera, foi transmitido para que o mundo todo visse.

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Curioso é saber que sua vida pessoal é uma das mais reservadas. Mais intrigante ainda é saber que a pessoa que herdou de Lady Di o título de celebridade feminina mais fotografada no mundo preza sua privacidade. E mais do que isso, a mulher que enfiou o dedo na ferida e dividiu com o mundo suas fantasias sexuais mais íntimas é, no fundo, careta. Não come carne, não fuma, não usa drogas e faz dietas especiais o tempo todo. Além disso, é uma mãe nos moldes antigos que não quer criar ‘pestinhas’ e, mesmo tendo dinheiro para mimar sua cria como ninguém mais, impõe limites na educação dos três. Usar aspectos que teoricamente pertencem à sua vida pessoal como marketing foi uma das estratégias mais arriscadas e sem exemplos à altura da estrela. As agruras íntimas de cada celebridade em qualquer parte do mundo sempre foram sua ruína. Os chamados ‘furos’ da imprensa sensacionalista (seja cobrindo astros em ascensão ou já na decadência) costumam muito mais afundar as carreiras do que projetá-las para o topo. Por isso Madonna procurou dosar o que seria divulgado. Suas ‘pitadas de intimidade’ foram um prato cheio para a mídia e os fãs. Seria coincidência ou sorte apenas? Bem, se isso não foi planejado, Madonna é uma das mulheres de maior sorte no planeta. Para quem não acredita no tino da loira para os negócios, fica o questionamento: será que acasos são capazes de manter uma pessoa no topo por tanto tempo? É claro que este resultado foi fruto de um planejamento oras minucioso, oras aparentemente fora de foco, mas sempre mirando na criação do mito em torno de sua pessoa. O olhar da artista parece dizer constantemente, com o perdão da expressão, “sim, eu sou fodona”. Essa segurança nos gestos, seu aparente descaso com o que pensam dela, podemos dizer que até um certo deboche e ironia com o que a cerca, é que inspira tantos fãs ao redor do mundo. Se pensarmos bem, Madonna não é parte de nenhuma das chamadas minorias (é branca, rica, norte-americana e atualmente vive num dos bairros mais elegantes de Londres), mas de alguma forma serve como modelo

para o movimento feminista, negros, gays, adolescentes com problemas e mesmo para os menos afortunados. Todos querem ser e vencer como Madonna. Não há estrela que tenha suas performances mais lembradas do que ela. Quem, mesmo que não acompanhe a carreira da diva, não se lembra do sutiã em forma de cone e da simulação de masturbação na Blond Ambition Tour? E qual drag queen que nunca dublou Vogue pelo menos uma vez? A famosa história da garota que chegou com míseros trinta e cinco dólares nos bolsos e uma mala de viagem em Nova Iorque e, de lá para cá, passou vinte e cinco anos arrebanhando não apenas fama e fortuna, mas uma legião de seguidores, já foi desmentida por várias pessoas próximas da musa, mas nunca por ela mesma. Alimentar essa fábula cosmopolita, a idéia de que suas origens não foram nobres e que ela tinha menos oportunidades na vida do que uma pessoa de classe média-alta (o mais próxima da realidade), é a forma de dizer a todos “vocês podem, se eu consegui, vocês também conseguem”. Talvez seja por isso que ela é a mestra em criar tendências, em criar moda. Seus cortes de cabelo, suas roupas, tudo é imitado por dois motivos: o óbvio bom-gosto que transborda de sua personalidade e faz escolhas acertadas, mas, acima disso, a convicção com que mostra cada novidade em sua aparência e no seu trabalho. Ela sempre sabe o que quer e os caminhos a trilhar para atingir seus objetivos. Pode parecer falsidade que uma pessoa assuma posturas distintas em diferentes âmbitos, mas o mais impressionante é sua capacidade de imprimir seu toque pessoal a tudo, sem abandonar sua essência. Afinal, é tudo fingimento ou jogo de marketing? Como Madonna mesma disse, “I have a cage, it’s called the stage(...). At least my cage is filled with light” (“Tenho uma jaula, chamada de palco (…). Pelo menos minha jaula é preenchida com luz”). Precisa dizer mais?

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1991: Exibicionista. Lançar um documentário que teoricamente mostrava apenas os bastidores da turnê, mas de fato invadia sua intimidade, foi o melhor truque para expor sua vida pessoal de maneira controlada. Pois foi a própria que aprovou tudo e escolheu o que poderia ou não ser mostrado, deixando algumas passagens mais polêmicas para dar aquele gostinho de que estaria expondo suas fragilidades.

A seguir, alguns dos personagens mais importantes que Madonna encarnou em sua carreira nos últimos 25 anos:

1983-84: Adolescente. Apesar de já ter 25 anos, sua estréia foi cantando em grande parte para atrair o público adolescente. Por isso surgiu vestindo o que as teens usavam na época. 1985: A garota pseudomaterialista. Talvez o único personagem que Madonna tentou encarnar ‘às avessas’, fazendo uma crítica justamente à sociedade consumista, mas acabou por carregar o título até hoje.

1992: A Exibicionista 2. Nos anos 80, o então casal Pean processou as revistas que mostraram fotos de Madonna nua tiradas antes da fama. Anos depois, a própria tirou a roupa em banheiros de cinemas pornô gay e até na praia para lançar um livro sobre fantasias sexuais sadomasoquistas. Vai entender...

1986: Provavelmente a fase com facetas mais variadas. Foi dançarina de peep show, adolescente grávida, latina erradicada nos EUA e até mocinha apaixonada dos anos 50.

1993: A mega star. De cabelo Joãozinho, a diva fez sua maior turnê (em número de países visitados) e encarnou da Dominatrix a Marlene Dietrich, passando por negra falsa, com direito a peruca black power.

1987: Mulher de malandro. Não foi bem isso que ela tinha planejado para a carreira, mas foi como a imprensa tratou de expô-la, na única fase em que o personagem não condizia com o que a diva gostaria de ser associada. 1988: Marilyn Monroe. Apesar dos vários ensaios inspirados pela eterna diva do cinema e do clipe Material Girl terem sido lançados em outros anos, foi neste que Madonna mais se aproximou do tipo de personagem que Marilyn mais interpretava: garotas sensuais que deixam transparecer uma falta de inteligência que na verdade não têm para se aproveitar dos homens e conseguirem o que querem. 1989: Phoenix. Foi sua ressurreição depois do fim do primeiro casamento. Sua primeira grande reaparição com um álbum que ainda é referência. 1990: Show Girl. Todo o conceito de show ao vivo foi revisto com a Blond Ambition Tour. Para esta turnê foi criada uma tecnologia que ainda nem existia para poder tornar realidade o que Madonna visualizava.

1994-95: Alternativa e elegante. Essa fase foi o maior passo da estrela em direção ao amadurecimento musical. Antes disso, sua maior influência era o pop e, a partir do lançamento de Bedtime Stories, passou a ser a cena alternativa mesclada à cena cult. 1996: Mãe. Este foi um ano de amadurecimento enquanto mulher, depois do anúncio da gravidez. 1997: A atriz. O sucesso de Evita finalmente a elevou ao nível de estrela bem-sucedida também no mundo do cinema, objetivo perseguido há anos. 1998-99: Diva zen e gueixa. Explorou a imagem do oriente (do Japão à Índia), inspirada pelo seu envolvimento com a cabala e pelo livro ‘Memórias de uma Gueixa’. Sua voz foi trabalhada para atingir notas em canções com uma dose espiritual muito maior. 2000: Cowgirl eletrônica. Quando todos os fãs pensaram que nada superaria a fase Ray Of Light, ela mostrou que tem gás para o século 21 com Music.

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2001: Esposa. O desejo de ter um casamento tradicional, na igreja, de véu e grinalda, com o homem de sua vida, foi finalmente consumado. Fotos da cerimônia são raríssimas, ao contrário do primeiro casamento, literalmente invadido pela imprensa em helicópteros. 2002: Bond Girl. A estratégia para despistar a imprensa do mal resultado do Swept Away foi focar nas entrevistas sua participação (ínfima e irrelevante) no 20° filme do agente secreto 007 e a interpretação da canção-título Die Another Day. Nenhum jornalista caiu nessa. 2003: Che Guevara. Depois de se consagrar como o maior ícone feminino do mercado fonográfico norte-americano, Madonna revelou seu lado mais político e criticou diretamente o American Way of Life. O público não gostou e isso afetou as vendas do disco American Life. 2004: Esther. Este foi o nome que adotou em seus estudos na Cabala, num ano em que a sua espiritualidade melhor mesclou e fez as pazes com o passado na Re-Invention Tour. Surpresa para quem acreditava que canções como Material Girl e Burning Up não seriam mais performadas ao vivo.

Discografia 1983 1984 1986 1987 1987 1989 1990 1990 1992 1994 1995 1996 1998 2000 2000 2001 2003 2003 2005 2006 2007 2008

- Madonna - The First Album - Like a Virgin - True Blue - You Can Dance - Who’s That Girl - Like a Prayer - I’m Breathless - Immaculate Collection - Erotica - Bedtime Stories - Something to Remember - Evita - Ray of Light - Sobrou Para Você - Music - GHV2 - American Life - Remixed & Revisited - Confessions on a Dancefloor - I’m Going to Tell You a Secret - Confessions Tour - Hard Candy (lançamento dia 29.04)

2005: Matrona. De todas as faces da cantora, a que as pessoas menos esperavam ver era dela cuidando de galinhas no interior da Inglaterra, como uma mulher comum. Agnetha Faltskog (vocalista do ABBA). Não foi só um sample do grupo sueco que foi utilizado em Hung Up; foi todo um conceito de disco music revitalizado e uma recuperação das vendas da qual ninguém acreditava ser possível naquela altura da carreira. 2006: Tony Manero (protagonista de Embalos de Sábado à Noite). A promessa de fazer do mundo uma enorme pista de dança no estilo da boate Studio 54 foi cumprida. 2007: Angelina Jolie. Além de adotar uma criança de um país sub-desenvolvido, Madonna focou seus esforços em ações de caridade, e fez sua aparição triunfal em um evento para salvar o planeta do aquecimento global. 2008: ? Tudo o que foi divulgado até agora garante que o apelo do próximo álbum (e, conseqüentemente, turnê, clipes etc) será a música negra. Segundo a própria, ela faz música negra desde que começou sua carreira. Mas só ela sabe qual Madonna vem por aí!

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SOLTA O BATIDÃO, DEEJAY!

E ssa não é

uma frase nova na carreira de Madonna. Simples e funcional, ela sabe que assim é o Pop. A ordem foi dada em Everybody, Into The Groove, Vogue, Music e em boa parte do seu último álbum, Confessions On a Dancefloor (2005, Warner Music). Pensando nisso, o que será que vem por aí? Há um ano, nossa intuição diria que seria algo totalmente oposto ao trabalho anterior. Talvez algo mais melódico, introspectivo. Nada festivo. Esse seria o caminho natural, fazendo uma análise de sua discografia. Porém... Num ano de comemorações (25 anos de carreira e 50 de idade), não seria nada coerente fugir para debaixo das cobertas. A ordem continua sendo “solta o som, DJ”. E bem alto, porque estamos no Mundo Pop e ele adora números redondos. A parceria de quase oito anos com o produtor Stuart Price dava sinais de que estariam trabalhando em novas canções já durante a Confessions Tour (2006). O “casal” parecia estar firme até então, mas Madonna sempre contraria as leis do Pop e mexe no time, sem medo de vaias. Sempre foi assim. A promiscuidade musical da Rainha acompanha seus constantes desejos de mudança. A(s) bola(s) da vez? Os produtores de R&B, Hip-hop e Rap mais bombados do momento: Timothy “Timbaland” Mosley (Timbo ou Tim, para os íntimos), Pharrel Williams, Danja e Akon, entre outros. O namoro com o estilo voltou a acontecer através do álbum FutureSex / LoveSounds (2006, Jive / Zomba Records), que Timbo produziu para Justin Timberlake. Madonna ouvia incansavelmente o disco

no carro, em casa, na academia, enfim, era algo contagiante e que ela não conseguiu explorar tão bem em seu Bedtime Stories (1994, Maverick/ Warner Music), um dos álbuns preferidos dela. O som de Timbaland parece ser a base do novo álbum, explorando poucos e eficientes elementos para fazer “a casa cair” em qualquer ocasião. Apesar, ou por conta disso, a escolha específica de Tim por Madonna venha causando um certo mal estar entre os fãs. O que ele teria a oferecer depois de ser sugado por Timberlake, Missy Elliot, Jay-Z, Beyoncé, 50 Cents, Björk, Rihanna, Pussycat Dolls, Nelly Furtado, entre outros? Stuart, o “traído”, diz que não conseguiu oferecer o que Madonna esperava: “algo diferente”. Os produtores teriam a incumbência de ouvir o primeiro disco dela e traduzir aquela “vibe” para os dias de hoje. Stuart empacou na primeira parte... Em agosto de 2007, “vaza” The Beat Goes On, parceria dela com Pharrel Williams. A faixa, que seria um embrião da proposta, mistura instrumentos acústicos e eletrônicos ao batidão e traz a marca Madonna impregnada nos versos e na pegada. A música deu caldo antes do acabamento final, assim como Candy Shop, que vazou no mês seguinte. Resultado: Pharrel continua. E se Justin co-produziu o disco que ela amou ouvir, então, está dentro também. E, assim, foi-se armando o time. Madonna é craque em explorar o melhor da equipe e sabe como ninguém alimentar a competição - quem não quer trabalhar com A Rainha?

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É através dessa orquestração que ela consegue resultados surpreendentes a cada projeto. Pelas prévias, a competição pode trazer muitos graves na batida, sons crus, quase tribais, contrastando com referências orientais e falsetes na voz. Nos versos, letras fáceis. Na atitude, muita sensualidade. No visual, o urbano-chique irá envolver figurinos, cenários e toda a programação visual projeto. Ah! E segue a Madonna loira, porque a morena poderia ser confundida com a Nelly Furtado... Sim, voltando à música. A escolha de parceiros já “famosos”, neste momento, talvez seja o motivo do estranhamento de alguns. Madonna não descobriu Timbaland, ele já era um nome no mercado. Estamos condicionados a ver A Rainha conduzindo a corte, mas dessa vez, ela está se deixando conduzir, apesar de dar as cartas. Rendeu-se ao “grito da galera”, mesmo que esse grito não ecoe por todos os cantos do planeta. Quando desejou “algo diferente”, isso presumia a hipótese da rejeição, é claro. Porém, de quantas tormentas ela já saiu ilesa? Enfim, aprovada ou não, sua arte sempre causa curiosidade. É sempre cheia de referências, e sempre serve como referência. Senão hoje, amanhã.

o trio: Justin Timbarlake, Timbaland e Pharrel Williams

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MADONNA OFUSCA SEUS PERSONAGENS NO CINEMA

A s amarguras

que Madonna passou em 25 anos de carreira tentando em vão se consagrar também como atriz não foram suficientes para a loira desistir da sétima arte. Sua mais recente inclusão nesse campo, contudo, foi atrás das câmeras, na direção da comédia Filth and Wisdon (ainda sem título em português). A crítica que já assistiu ao filme na mostra paralela do Festival Internacional de Cinema de Berlim está dividida e ainda não se sabe como o público reagirá. Mas de duas coisas todos temos certeza: ele será recebido com a mesma frieza e com o nariz torcido, como tudo que a artista fez nesta área, e levará mais um indicação ao Framboesa de Ouro, não importa qual seja o resultado final. Verdade seja dita: como atriz, Madonna é uma excelente cantora. Tanto que sua única atuação respeitada até hoje foi encarnando a eterna primeira-dama da Argentina, Eva Perón, no musical Evita. Foi quando ela ganhou seu primeiro (e único) prêmio relevante nesta área. O ‘truque’ do diretor Alan Parker foi rodar o filme todo como um enorme videoclipe em longametragem. E de videoclipes Madonna entende como ninguém. Foi ela quem praticamente os inventou. Dirigir a estrela em um musical, então, foi mel na chupeta. Nenhum outro diretor conseguiu conduzi-la a uma atuação convincente. E muitos são os fatores: falta de talento por parte dela, e a grande personagem Madonna, impossível de ser abandonada quando a vemos numa tela. Seus esforços para criar um mito em torno de sua personalidade tiveram um sucesso tão grande que hoje é impossível desvencilhar sua imagem e acreditar que quem está ali é outra pessoa que não seja a própria. Por isso suas únicas atuações memoráveis, excluindo-se Evita, foram em papéis menores, mais participações especiais do que protagonistas. O diretor Wayne Wang, de Sem Fôlego (Blue In The Face), por exemplo, acertou na mosca ao escalála para fazer uma mensageira de telegramas cantados em 1994, numa das cenas mais engraçada desta comédia. Outra de suas

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Elspeth, de Grande Hotel – Uma Comédia Cinco Estrelas (Four Rooms), que atrai todas as atenções sempre que abre a boca. Na comédia Uma Equipe Muito Especial (A League Of Their Own), Madonna estava determinada a interpretar a irmã caçula da protagonista, um papel com ‘carga dramática’ mais pesada. Acabou (para felicidade dos fãs!) com o papel de Mae Topa-Tudo, que basicamente era uma versão mais debochada de si mesma e com participação menor na trama, mas que brilhava por si só. Roubou a cena, mesmo estando ao lado de estrelas como Geena Davis e Tom Hanks. Se por um lado a loira carece de talento para interpretar, por outro, compensa por ser ela mesma uma figura que o público adora ver na tela. Sua última ponta ‘de destaque’ foi no filme de James Bond, Um Novo Dia Para Morrer (Die Another Day), como Verity. Pode-se dizer tendo este filme como um dos melhores exemplos que a relação de Madonna com o cinema é mesmo de amor e ódio, pois suas canções, quando fazem parte da trilha dos filmes, são garantia de boas vendas de CDs. A cançãotítulo Die Another Day foi inclusive indicada ao Globo de Ouro. O filme, entretanto, foi o motivo da aposentadoria de Pierce Brosnam do papel, por ser considerado o mais avacalhado da história do personagem-título. Ainda no campo da trilha, duas de suas das interpretações ganharam Oscar de melhor canção, Sooner or Later e You Must Love Me, mas nenhuma delas era de sua autoria. Temos ainda American Pie, I’ll Remember, This Used To Be My Playground, Into The Groove, Crazy For You, Beautiful Stranger, Live to Tell e Who’s That Girl? a acrescentar a esta lista de sucessos que foram temas de cinema. Mas, por enquanto, suas performances em filmes não-musicais como protagonista foram sempre um fiasco. Podemos atribuir em parte a culpa a ela mesma por ter escolhido roteiros errados, com personagens fracas.

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As comédias dos anos 80, por exemplo, só ficaram para a história por ter a participação da diva, ou teriam sido esquecidas como tantas outras que se juntaram ao acervo de lixo de Hollywood. Não foi à toa que ela criticou a cidade no álbum American Life. Nas entrelinhas, Madonna mandou uma mensagem de que não se importava com a indústria do cinema. Ela havia acabado de lançar Destino Insólito (Swept Away), dirigida pelo marido Guy Ritchie. Verdade seja dita: a obra foi criticada e condenada antes mesmo de ter sido finalizada. Porém, não mudou a opinião de ninguém depois que a viram concluída. Ser casada com um diretor de sucesso e protagonizar seu único filme mal recebido pelo público e pela crítica é mesmo um paradoxo. Ao que parece, fazer dupla com seus maridos nunca funcionou para a loira no cinema. Surpresa de Shangai (Shangai Surprise), no qual contracenou com Sean Penn, também foi um dos primeiros tropeços da Diva no cinema, ainda lá na década de 80. Ao mesmo tempo, quando aliou-se o talento de Guy com a linguagem de videoclipe, em What It Feels Like For A Girl, ou no comercial de cinco minutos gravado para a BMW, o resultado não podia ter sido melhor. Vamos torcer para que esta influência tenha sido muito positiva e para que os inúmeros ataques que Madonna sofreu nesta área tenham contribuído para que ela aprimorasse sua visão artística nesta arte. Afinal, ser diretora de cinema é uma face da artista que poucos viram até agora. É só aguardar para ver!

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