Fundos de Pensões – impacto da crise nas rentabilidades de longo prazo No ano de 2008, os mercados financeiros foram afectados, em primeiro lugar, pela crise no mercado de crédito imobiliário de pior qualidade (subprime mortgage) nos EUA que, por sua vez, afectou o sector financeiro a nível mundial e, numa fase posterior, contagiou a economia real. Esta crise provocou um aumento significativo da aversão ao risco que se traduziu em fortes perdas nos mercados accionistas e no mercado das obrigações emitidas por empresas. Após 5 anos em que os Fundos de Pensões registaram rentabilidades médias anuais acima dos 8%1, assistiu-se, em 2008, a uma queda vertiginosa e generalizada, a acompanhar a tendência dos mercados accionistas. O ano de 2008 terminou com uma perda de 14,7%, o que posiciona como o pior ano para os Fundos de Pensões portugueses desde a sua criação em 1987. Se analisarmos as rentabilidades históricas desde 1994, (ano em que iniciámos o estudo SEMP Serviço de Medição de Performance) verificamos que, para além de 2008, existiram apenas dois anos em que os fundos de pensões registaram rentabilidades negativas (próximas de -3%) que foram os anos de 2001 e 2002. Estes anos, como devem estar recordados, foram afectados pela crise tecnológica e pelo 11 de Setembro. Apesar dos Fundos de Pensões terem registado rentabilidades negativas em 2001, 2002 e 2008, a rentabilidade média anualizada para os últimos 15 anos é próxima de 6%, sendo a rentabilidade real (líquida de inflação homóloga) positiva na ordem dos 3% anuais. Os activos que mais contribuíram positivamente para a rentabilidade alcançada durante o ano 2008, foram os investimentos em Imobiliário Directo (9%) e as Obrigações de Taxa Fixa (10%). Por outro lado, as Acções tiveram um contributo bastante negativo na rentabilidade, registando perdas na casa dos dois dígitos tanto nas Acções Europeias, como nas Acções Não-Europeias (-35%). Outro aspecto importante que o estudo SEMP permite analisar é a evolução da carteira média de activos financeiros dos Fundos de Pensões. Durante o ano de 2008 verificou-se uma redução do investimento em acções (também devido à desvalorização destes activos) por contrapartida de Obrigações e Imóveis. A carteira média dos Fundos de Pensões portugueses em 31 de Dezembro de 2008 foi a seguinte: Obrigações de Taxa Fixa: 26.7% Obrigações de Taxa Variável: 23.4% Acções: 19.3% Imobiliário e Investimentos Alternativos: 17.5% Liquidez: 13.1% 92% dos activos sob gestão são denominados em euros e 8% são investimentos não-Euro.
Março de 2009 Watson Wyatt International Limited 1
A rentabilidade média ponderada anualizada no período móvel 2003-20007 foi de 8,1%