Tales Frey
(Catanduva-SP, Brasil, 1982)
Tales Frey é artista transdisciplinar representado pela Galeria Verve de São Paulo e pela Shame Gallery de Bruxelas, é pós-doutorando pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, onde é professor e Investigador Auxiliar. Tem doutorado em Estudos Teatrais e Performativos pela Universidade de Coimbra, Mestrado em Teoria e Crítica da Arte e especialização em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e graduação em Direção Teatral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Apresentou criações autorais em diferentes contextos: The Kitchen e na Judson Memorial Church em Nova York, Musée des Abattoirs em Toulouse, Athens Museum Of Queer Arts (AMOQA) em Atenas, MACRO – Museo d’Arte Contemporanea di Roma, Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, Fundação Theatro Municipal de São Paulo – Praça das Artes, SESC SP, MIS SP – Museu da Imagem e do Som de São
Paulo, BienalSur em Buenos Aires, TSB Bank
Wallace Arts Centre em Auckland, Galeria Labirynt na Polônia, Defibrillator Gallery em Chicago, Galleria Moitre em Turim, Kuala Lumpur 7th Triennial – Barricade na Malásia, The Biennial 6th Bangkok Experimental Film Festival na Tailândia, entre outros.
Tem obras em acervos públicos e privados, dentre eles: Akureyri Art Museum na Islândia, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Museu Bienal de Cerveira, MUNTREF em Buenos Aires, Pinacoteca João Nasser, Museu de Arte de Goiânia, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Recebeu Prêmio Aquisição na XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira 2017, Menção Honrosa no 17º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Guarulhos em 2021, Menção Honrosa na II Bienal Internacional de Arte Gaia 2017, Melhor Figurinista no Aldeia FIT 2006.
Hilda de Paulo
(Inhumas-GO, Brasil, 1987)
Hilda de Paulo é artista, pesquisadora, escritora e curadora independente, travesti terceiro-mundista defensora do transfeminismo como metodologicamente decolonial e autora do projeto Arquivo Gis, programadora do Queer Lisboa e Queer Porto, membra fundadora da Cia. Excessos e da eRevista Performatus.
Atualmente, é doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em Portugal. Foi curadora adjunta das exposições “Ana Mendieta: Silhueta
em Fogo” e “terra abrecaminhos” (2023) no Sesc Pompeia (São Paulo-SP, Brasil), bem como da coordenação, da idealização do programa paralelo e da organização editorial de “terra abrecaminhos”. Ao lado de Tales Frey, foi curadora da Mostra Performatus I (2014) na Central Galeria de Arte (São PauloSP) e da Mostra Performatus II (2017) no Sesc Santos (Santos-SP, Brasil), bem como da exposição “ÁguaAr” (2015), de Suzana Queiroga, no Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (Guimarães, Portugal), entre outras.
06.04 11.05.2024
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Provador Mapa da Exposição
“Os saberes dominantes são derrubados [...] como desmaia um corpo que se deixa beijar até a mordida de uma amante vampira.”
— Paul B. Preciado
Tales Frey prova sapatos de salto alto. Como exercício artístico e modo de vida, o artista subverte os códigos – ou os roteiros culturais que dialogam com o imaginário social – da masculinidade e da feminilidade – e também das práticas sexuais – em suas icônicas e emblemáticas (re)construções queer para questionar a ação das disciplinas dominantes de normalização que produzem e impõem formas específicas de subjetivação na ficção política encarnada que somos – mesmo nos deixando vistas por vezes em estado de tensão, indispostas, enfurecidas e destituídas por conta de não pertencermos à norma. Com o percurso multifacetado de quase duas décadas, Frey reafirma, antes de tudo, uma forma muito própria sua de se articular no espaço da criação, em que se sucede e se justapõe o seu corpo como material primário – potência política de vida – em múltiplas mídias, desde os vídeos e fotografias às esculturas cinéticas, performances, desenhos, indumentos e instalações.
Em Provador, o gesto fabulatório do artista contesta o que é tido por normal, natural e verdadeiro dentro do ordenamento cisheteropatriarcal do nosso dia a dia, mostrando que a dimensão dispositiva da vida não é somente resultado dos efeitos discursivos sobre o sexo-gênero-desejo, e ressalta, assim, a potência política transformadora de determinados corpos e identidades que são lidos cotidianamente como “anormais” e atravessados constantemente pela cansativa regulação normativa. Por isso, é importante localizar que o sujeito-artista de enunciação é uma bicha, porque parte da imagem e
consciência de seu corpo para produzir formas de representação queer solo ou em conjunto com outros corpos de múltiplos outros marcadores identitários, e não é à toa que vemos nos muitos registros documentais de suas performances algumas pessoas da audiência se sentindo autorizadas quase sempre a interpelar explicitamente o(s) corpo(s) do(s) artista(s) numa tentativa de corrigi-lo(s), como é o caso do espectador quase queimando com um isqueiro a bunda do artista em Por Favor, Não Tocar (2015) em Portugal, bem como o dos homens profetizando e ameaçando dar um soco na dupla de performers durante a apresentação de Be (On) You (2016) no México, e o do transeunte querendo dar um tiro nos cinco performers em O Corpo Nunca Existe em Si Mesmo – Variante I (2018) no Brasil, entre outros exemplos.
Na sala de exposição do Maus Hábitos, o salto alto é reapropriado pelo artista como reviravolta epistemológica na videoperformance Il Faut Souffrir pour Être Belle (2018), na documentação da performance Calçado (2024), no desenho Passo III (2024) e na escultura Stiletto Dance (2024). Em síntese, essas metáforas queer evocadas por Frey –juntamente com a intervenção de parede Transbordamento (2024) – respondem às diversas questões que emergem do nosso tempo, servindo como instrumento basilar de conceitualização de outras formas de organização dos corpos e de suas práticas sociais, bem como de ferramenta teórica para compreender a construção social e a fabricação histórica e cultural das diferenças diante da tal suposta verdade ontológica.
1) Il Faut Souffrir pour Être Belle, 2018. Videoperformance, 2’03”
2) Stiletto Dance, 2024. Escultura
3) Transbordamento, 2024. Intervenção sobre parede
4) Passo III, 2024. Desenho
5) Calçado, 2024. Colagem
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Vista de topo Planta da Galeria
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