“GUERRA“
No luto da paz, o homem sonhou com um tanque e acordou chorando
Pelas feridas de ontem os mais verdadeiros “vomitavam monstros” querendo aliviar o coração
Gostaria de escrever como um bom deus Não foi possível...
Reencarnei na selva de um só coração de pedra Como pedra, pesei a vida Parte de uma estratégia de sobrevivência Nada colori, nem pintei Borrei com cuspe minha existência E pulei do abismo sobre o corpo de um hiato
Nos costumes da decência, revisitei a estrada Sem preces prontas, decorei uma bíblia de solidões Raso como o chão, dobrei a manga da camisa em três partes Uma em forma de asfalto A outra como forca E da terceira rasguei um pedaço que me serviu de papel de carta
Óleos tocaram na superfície E delgada expressão se fez no corpo Cobrindo as rosas com lençóis de mel Abelhas traziam dores
Tropas desceram na montanha sem cor Burcas tapavam o clitóris Covas serviram de refúgio Louças vazias de afetos
Sem p贸, com n贸, sem flor, com uma s贸 l谩grima Os soldados voltavam pro inferno
“GUERRA” de Paulo Emilio Azevedo design e fotografía Filipe Itagiba
realização