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Bem-Estar | COMO CURAR AS FERIDAS DO PASSADO

COMO CURAR AS FERIDAS DO PASSADO

Curar feridas emocionais do passado não é uma tarefa fácil, uma vez que se trata de retomar experiências vividas que foram dolorosas. Porém, embora não seja muito encorajador voltar a experimentar as emoções negativas vividas, é um passo essencial se desejamos desfazê-las definitivamente. As marcas mais profundas são gravadas “em chamas”, mas temos a habilidade de superá-las.

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Claro que seus sentimentos são genuínos e muito fortes. Muitas vezes são justos, e a maioria das pessoas, se vivesse a mesma situação, provavelmente sentiria a mesma coisa. Mas uma coisa é certa: acumular ódio, ressentimento e dor não é saudável tanto para você quanto para os outros.

 Se você se apegar a esses fatos do passado, vai reviver essa situação angustiante repetidas vezes. E se sua mente estiver focada nesses pensamentos, será difícil ter experiências novas, reconfortantes ou curadoras.

Não se esqueça de que, enquanto o trauma ainda estiver presente, qualquer coisa fará com que ele venha à tona e evitará que você seja feliz. Na realidade, trata-se de uma decisão muito corajosa que permite, a quem escolhe levá-la adiante, apagar lamentos passados que, como fantasmas, seguem condicionando sua vida atual. 

Para curar as feridas do passado é necessário parar com a autopiedade, nada de ficar com pena de si próprio, não pensar constantemente sobre o que aconteceu, e sim viver o momento presente, vivê-lo plenamente, concentrar sua mente no presente e definir suas metas, sonhos, objetivos para o seu futuro e buscá-los, construí-los.

Em algum momento as decisões ou atitudes que você tomou ajudaram você a sobreviver em uma situação horrível. Você se protegeu como qualquer outra pessoa faria, mas chegou a hora de mudar a abordagem. Você não precisa mais de autopiedade ou pena. É hora de modificar o ângulo do problema. Não fique em casa lembrando do ontem. Viva o hoje e invista no futuro. Você é mais forte e capaz do que pensa.

Substitua o sofrimento pelo aprendizado e pela determinação. Reflita, analise o que aconteceu, mas não remoa. Refletir, analisar, pensar tem que levar a uma conclusão, é um ato de aprendizado. O que a situação lhe ensinou? O que você aprendeu? Transforme essa experiência em atitudes para o seu presente.

Lembre-se que o ato de pensar é como caminhar, faz você sair de um ponto, da estagnação, e não só ir em frente, mas sim construir a sua vida. Já remoer é ficar parado, é afundar cada vez mais num buraco, é morrer de pouco em pouco. Pensar sobre as lições aprendidas, certamente o tornarão mais sábio, mais forte, mais poderoso, mais ousado. Na próxima vez que você tiver que passar por algo ruim ou deprimente, terá as ferramentas certas para superar da melhor maneira.

É fato que, quando se está triste, magoado, deprimido, frequentemente não se tem coragem de fazer nada. Muitas vezes prefere passar o fim de semana inteiro na cama assistindo filmes românticos, ouvindo música triste ou chorando... e isso não é a melhor opção. É importante que, quando você se sentir mal, faça algo que mude esse sentimento, por exemplo, faça algo que você gosta. Tanto lhe ajudará a colocar a sua energia numa ação produtiva, como lhe trará o prazer pelo ato agradável, e fará você enxergar que você é realizador, é criador e isso melhora e muito a sua autoestima. Deste modo, se fortalece suas virtudes e sua alma, e se sente fortemente recompensado.

Além disso, o agir (e ainda mais com o que gosta) habitualmente traz ideias novas, pensamentos novos e lembranças de coisas muito boas feitas no passado. Isso mostra a você mesmo que o seu passado é muito mais amplo e com experiências de vida positivas em número muito maior do que aquela coisa ruim.

Muitas vezes é fundamental e natural pedir ajuda e, ao mesmo tempo, oferecer ajuda a quem precisa. Isso permite ver a beleza que habita dentro de todas as pessoas, incluindo em si mesmo, o que o dará a confiança necessária para se relacionar de maneira amigável e abandonar o medo e o julgamento definitivamente. Realmente não é fácil pedir ajuda, especialmente se o traíram no passado. Mas buscar ajuda tem muitos benefícios.

Não se preocupe em dar passos que, de início, parecem serem passos de bebê. Tentar fazer tudo de uma só vez fará com que você se sinta sobrecarregado, mudanças dramáticas são insustentáveis. Faça pequenas mudanças. Você não precisa curar 100% para melhorar a qualidade de sua vida, a cura emocional não é tudo ou nada.

Seja paciente e persistente. Ninguém fica cada vez mais forte, cada vez mais saudável constantemente. É provável que o progresso dê dois passos à frente e um passo atrás. Isso não é um fracasso, é uma realidade. E expectativas realistas combinadas com paciência e persistência levarão a um progresso.

Não caia naquela postura de que o tempo cura. O tempo não cura nada. O que você escolhe fazer com esse tempo é que faz toda a diferença. Precisa-se de tempo, porque nada é imediato, mas o que resolve são atitudes, é ação.

Priorize o autocuidado. Trabalhar na cura requer energia, tempo e, às vezes, dinheiro, para uma boa terapia, e/ ou bons e corretos medicamentos. Mas lembre-se que os medicamentos que rapidamente aliviam os sofrimentos (como por exemplo os medicamentos alopáticos), geralmente apenas maquiam o seu exterior; ajudam, mas apenas por um momento; aliviam, mas não te levam para o caminho da cura.

Você precisa prestar atenção aos seus sentimentos e sensações. Reserve um tempo para ouvir e cuidar-se bem. Lembre-se sentimentos, emoções, tanto os bons, como os ruins, são em primeiro lugar, mensageiros do seu interior, mostram como você reage a vida, como a vida lhe toca.

Processar seus sentimentos sobre o passado geralmente é doloroso, mas é fundamental. Sentimentos ruins, e dolorosos são fontes de doenças, restringem o desenvolvimento da pessoa, sugam energia, limitam o desenvolvimento dos seus talentos. Tentar evitar o que aconteceu no seu passado não funciona. Você fugirá de você mesmo. Esses sentimentos tendem a permanecer, às vezes adormecidos ou entorpecidos por um tempo, mas acabam voltando à consciência com mais sofrimento e limitações.

Quando cometemos um erro, é fundamental saber como se perdoar para seguir adiante com nossa vida de uma maneira positiva e saudável. Se perdoar não significa omitir o erro nem o esquecer. Para que o perdão seja genuíno, é necessário se responsabilizar pelo ocorrido e implementar um processo de introspecção que nos leve a corrigir o erro mediante comportamentos reparadores (externos ou internos). Perdoar a si mesmo exige um processo de introspecção, no qual nos tornamos conscientes de nossos atos, das consequências e dor gerados, pedimos perdão e assumimos a mudança de comportamento necessária para não repetir a situação. 

Perdoar os outros pela dor que nos causaram e pedir perdão por nossos comportamentos errados são atos necessários e imprescindíveis para limparmos nossa parte negativa e, com isso, nos aproximar de nossa verdadeira natureza essencial.

Louise Hay, autora motivacional e fundadora da Casa Hay, uma casa de publicações literárias, nos fala nos seguintes termos a respeito do perdão de si mesmo: “(...) Me perdoo por ter carregado essa carga durante tanto tempo, por não ter sabido me amar a mim mesma nem aos outros. (...) Continuo com meu trabalho de limpar as partes negativas de minha mente e deixar o amor entrar (...).”

Entenda o seguinte: os fatos do passado não precisam ser modificados para o sofrimento terminar. Quando se trabalha a dor do passado, como uma mágoa, por exemplo, a pessoa está aprendendo como agir, com lidar com aquele sentimento. Muitas vezes algo vivido doeu, ficou marcado, muitas vezes petrificado, porque naquele momento a pessoa não tinha recursos internos para lidar com a situação, com a emoção. A meta não é apagar o passado, nem mesmo maquiá-lo ou escondê-lo de si mesmo. O objetivo primordial é entender os sentimentos e adquirir ferramentas para lidar com ele, enfim, aprender com a vivência, como viver melhor, ser um ser melhor, desenvolver todo o seu potencial e construir a sua vida. Ser o protagonista da sua vida, e não um passageiro.

Texto por Dr. Carlos Ranzani

Médico Homeopata e Psicanalista

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