Mundo Vale ed.01

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ANO 1 - Nº 1 - DEZ /2012 R$ 7,99

O UZA

Pra você que sabe como vale ser bem informado

SABOR & SAÚDE

CEIA DE NATAL: CORDEIRO SUBSTITUI O PERU

Fazenda Caiçara e a infância de Gonzagão

cult

ECONOMIA & MERCADO

FRANQUIAS: MERCADO CRESCENTE, OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS

EU GOSTO DE JUAZEIRO E ADORO PETROLINA

Jorge de Altinho, a música que ajudou a revelar este pedaço do sertão para o Brasil e os versos que foram modificados


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EDITORIAL

Ouza Editora Ltda. Sala 16

, 1.111 Av. Clériston Andrade (BA) - Centro - Barreiras

Tel.: (77) 3611.7976

/2012 ANO 1 - Nº 1 DEZ

O DIRETORA DE REDAÇÃ

Juliana Souza

gmail.com juliana.mundovale@ ISMO DIRETOR DE JORNAL

Cícero Félix

sousa.cfelix@gmail.c REPORTAGEM

om

Amorim, los Laerte, Elizângela Augusto Pessoa, Car lo Vasconcelos Luciana Passos e Pab ILUSTRAÇÃO

Júlio César REVISÃO

Rônei Rocha IMPRESSÃO

Gráfica Coronário Editora e TIRAGEM

3 mil exemplares IAIS CONTATOS COMERC Petrolina (87) 3202.6778 Juazeiro

(74)

155 9199.7725 / 3611-0

afia da Língua dece a Nova Ortogr os A Mundo Vale já obe sabiliza pelos conceit pon res se não e a Portugues assinadas. emitidos nas colunas

Ao leitor

F

im de ano. Clima de confraternização, celebração e novos projetos. Sim, novos projetos. Por que não? Daqueles que chegam como um presente. É assim que chega o primeiro número da revista Mundo Vale; como um presente ao público leitor e ao mercado regional, embalado com muito capricho e oferecido a quem a gente quer bem. Trata-se de um produto com projeto gráfico-editorial ousado, qualidade indissociável da marca Ouza, que há dois anos edita a “Revista A” e a “Agro Magazine”, na região Oeste da Bahia. Mundo Vale pretende abrir espaço para abordagens sobre empreendedorismo, agronegócio, comportamento, cultura, turismo, estética, moda, decoração, design, arquitetura. O veículo apresenta o Vale do São Francisco sob um olhar de crença em tudo que você vê como vocação e potencial, um verdadeiro mundo de oportunidades. Mundo Vale já começa “quente”, ao embalo de um dos ritmos mais genuínos do Nordeste: o forró. Jorge Altinho (foto), autoridade no assunto, olindense apaixonado pela região polarizada por Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), é quem dá o tom desta edição. Aliás, Jorge de Altinho veio do Recife exclusivamente para ceder essa reportagem para Mundo Vale. Você vai se surpreender e se divertir com as histórias que ele conta, principalmente sobre uma composição com Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, inclusive, também está presente nesta edição. O repórter-fotográfico Augusto Pessoa foi a Exu registrar o ambiente bucólico no qual Luiz passou boa parte de sua infância, na Fazenda Caiçara. A reportagem sobre as carrancas do São Francisco, de Carlos Laerte, e o ensaio sobre a Gruta de Patamuté, em Curaçá (BA), de Marcos Santiago, são outros aperitivos especiais desta edição, que foi planejada e feita pensando em você. Embora nessa época exista uma recomendação quase “oficial” de que devemos nos planejar para o próximo ano, nós, da Ouza Editora, entendemos que planejamento deve ser encarado como algo permanente, independentemente do período. E nosso planejamento inclui você, que é especial. Nós sabemos como vale ser assim. Bem vindo ao Mundo Vale! Tim tim!


ÍNDICE

9 | MUNDO MIX Geraldo Azevedo: Fundamental é ser feliz Desenrola Galera: por Mary Ann Saraiva CRIAção: por Ninfa Tavares Arquitetura: Como construir no Vale 19 | ECONOMIA & MERCADO Negócios: Franquias: oportunidade de negócios Empreendedorismo: No vapor dos sonhos, ao sabor do vinho Caprinovinocultura: Integração entre caatinga e pastagens irrigadas 26 | ENTREVISTA: WALDEZ LUIZ LUDWIG: “O mercado é preconceituoso com a classe C” 29 | SABOR & SAÚDE Gastronomia: Ceia regional. Sai o peru, entra o cordeiro Estética: Celulite, flacidez e gordura? Lipoaspiração: Linda! Com segurança! Prevenção: Cuidados no verão Tim tim: por José Figueiredo 36 | CAPA: JORGE DE ALTINHO 39 | EDITORIAL DE MODA MASCULINO 46 | UM LUGAR Paulo Afonso: Canyon de São Francisco 48 | CULT Cultura popular: Carrancas, da proa ao imagin[ario

Ensaio fotográfico: Gruta de Patamuté

Memória: Aqui nasceu Luiz Gonzaga

62 | SER TÃO por Raquel Benevides 64 | SOCIAL


a abordo

Lago de Sobradinho

CARLOS LAERTE

FOTOS: MARCOS SANTIAGO

O pescador Seu Pedro, em um barco de rabeta, deu carona ao fotógrafo da Mundo Vale para produção desta edição.

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FOTOS: JULIANA SOUZA

GRUTA DE PATAMUTÉ Registro “high tech” da entrada do interior da gruta. Na época de forte estiagem, a vegetação da caatinga desenha um horizonte rústico

O VALE Os verdes parreirais produtivos encantam os visitantes no distrito de Vermelhos, um dos maiores produtores de uva e vinho do município sertanejo de Lagoa Grande (PE). Ao lado, Vinícola Ouro Verde (Casa Nova) Miolo Wine Group, que recebe mais de 1000 visitantes por mês. Abaixo, crianças observando o processo de tratamento e embalagem de mangas na Fazenda Fortaleza, Casa Nova (BA). A dinâmica do processo no packing house atraiu os olhares dos pequenos

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euquero

3 4 1 5

2 1 Caixa de vinhos

4 Camiseta, cinto e bermuda

2 Velas aromรกticas Avatim

5 Garrafas estilizadas

CASA DO VINHO (87) 3861.8072

KASA AROMAS (74) 3613.4899

3 Cofre

DONA IDEIA (87) 3861.7552

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HERING (87) 3861.2089

ROGร RIO SILVA rrogeriosilva41@gmail.com


mundo mundomix eventos, design, tendência, moda...

GERALDO AZEVEDO

Fundamental É SER FELIZ foto MARCOS SANTIAGO texto JULIANA SOUZA

É

mesmo! Foi assim, cantando “O Princípio do Prazer”, que Geraldo Azevedo começou o show do dia 27 de outubro, na Concha Acústica, em Petrolina (50 anos da Emissora Rural). E é assim que ele renova o convite de “acordar o amor” nos admiradores de seu talento que o prestigiam a cada reencontro na terra natal. Quando ele chega, a sensação é de um encontro com um velho e querido amigo. Há os que o conhecem desde os tempos do Jatobá, com quem as conversas são mais íntimas. Ele faz questão de receber cada um! E, ainda, há aqueles que, mesmo sem essa convivência de infância, se orgulham por tê-lo como conterrâneo ou vizinho.

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mundomix HIAGO GARCIA Recentemente, o garoto de 17 anos conquistou a medalha de prata no Campeonato SulAmericano de Menores de Atletismo, em Mendonza, na Argentina. O próximo desafio é a Copa Brasil, no próximo ano. Mas nada se compara à ideia de participar das Olímpiadas no Brasil

Pausa para o cidadão Geraldo Azevedo: “A Ilha do Fogo é do povo! A ilha do povo é do Fogo! Nós não estamos na ditadura!” E os aplausos somaram-se ao posicionamento contrário à ocupação da Ilha do Fogo pelo Exército Brasileiro, desde 03 de setembro. “Fiquei chocado. É a nossa praia”, disse ele, lembrando – saudoso – que é da época em que havia um gerador de energia na Ilha – entre Petrolina e Juazeiro – que funcionava só até às 21h. O assunto abriu caminho para outro alerta em forma de canção. “Salve São Francisco” é o nome do mais recente álbum de Geraldo Azevedo, onde, através de parcerias com outros artistas, ele exalta e faz lembrar a importância de preservação do Velho Chico: “... Olho d’água, beira de rio Vento, vela a bailar Barcarola do São Francisco Me leve para o mar ...” Viva ao centenário de Luiz Gonzaga! “... Riacho do Navio Corre pro Pajeú O rio Pajeú vai despejar No São Francisco ...” Ai que saudade d’ocê, Geraldo! Amigo, conterrâneo, vizinho, já estamos ansiosos pelo cumprimento da promessa que você deixou no fim do show: “... Amor não chora Eu volto um dia ...”

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OSCAR MUÑOZ BADILLA

A brisa daquele sábado quebrava o calor da época. Concha Acústica lotada! No palco, ele retribuía o carinho, fosse calando, num solo de “Bicho de Sete Cabeças” ou colocando todo mundo pra cantar “Dia Branco”, mudando versos: “... Numa praça na beira do mar Em Petrolina, em qualquer lugar E neste dia branco ...”

FUTURO

De olho nas Olímpiadas de 2016

Q

uando ele deu os primeiros passos em Brasília, cidade onde nasceu, sua família nem imaginava como ele iria tão longe. Os passos inseguros e curtos de menino se transformaram, com o tempo, em passadas firmes, largas e rápidas. Na adolescência, já morando em Petrolina, ele conheceu o atletismo vendo a amiga Tatiane praticar o esporte. Resolveu tentar e se encantou! A paixão e dedicação pelo esporte já lhe renderam a participação em sete campeonatos nacionais e três internacionais; foram três medalhas de ouro, uma de prata e o recorde pernambucano de atletismo na categoria Sub-17. Tudo isso em apenas três anos dedicados ao esporte. O último feito desse garoto de 17 anos foi a conquista da medalha de prata no Campeonato Sul-Americano de Menores

de Atletismo, realizado no fim de outubro/12 em Mendoza, Argentina. O segundo lugar foi garantido com um tempo de 47 minutos e 41 segundos, em 10 km de prova. O próximo desafio será a Copa Brasil 2013, em que já irá disputar em uma nova categoria, a Sub-19. O ano que vem será mesmo decisivo para Hiago Garcia, que deve intensificar os treinos de 5 horas diárias para tentar marcar presença nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Para ele garantir a participação na competição precisa ainda alcançar o índice de classificação olímpico. “Não vai ser difícil conseguir essa classificação, me sinto preparado e estou treinando muito para isso. Vou realizar esse sonho e chegar aos 50 km de marcha participando das Olimpíadas!”, comenta Hiago Garcia. E quem duvida que esse atleta dará mais essa larga passada?


REPRODUÇÃO

REALITY SHOW

Fazenda de verão Depois de Anamara Barreira (ex-BBB), outra juazeirense apareceu em rede nacional de TV através de mais um reality show. A estudante Gabriela Novaes passou 17 dias confinada no programa Fazenda de Verão, da Rede Record, mas foi a segunda eliminada e não continuou na disputa por 1 milhão de reais. Com 22 anos, um jeito brincalhão e falando o que pensa, Gabriela fez amizades, mas protagonizou cenas de discussão acirrada na casa. Já fora do reality, ela admitiu: “Sou um pouquinho grossa mesmo”. O pouco tempo de participação no programa não deve render faturamentos semelhantes aos de Anamara, que, depois do BBB 10, posou para a revista Playboy e ainda lucra com a presença em alguns eventos por aí.

EXPOSIÇÃO

De volta ao passado DIVULGAÇÃO

Já pensou que analisar as mudanças nos veículos pode ser uma forma divertida de vislumbrar o passar dos tempos? Para os apaixonados por quatro rodas, nada mais instigante do que se deparar por uma antiguidade automobilista, em alguns casos revivendo lembranças e, em outros, descobrindo um pouco mais sobre a história. Foi assim para as mais de 10 mil pessoas que circularam na orla de Petrolina, nos últimos dias 16 e 17 de novembro, durante o 5º Encontro Nordestino de Fuscas e Carros Antigos. Destaque para o Ford Deluxe que protagonizou cenas do filme “Gonzaga: de pai para filho”, exposto ao lado de mais de 150 carros antigos. O encontro, além de aguçar a curiosidade e acalmar os corações de apreciadores do automobilismo, também estimula o “Antigomobilismo”, ou seja, a atividade cultural de preservação do patrimônio histórico automotivo. Participaram do evento 17 clubes das cidades de Salvador, Maceió, Arapiraca, entre outras do Nordeste. Quem não pode ir até as margens do Rio São Francisco conferir esses objetos de artes móveis, terá uma nova chance de manter viva a história do fusquinha, o veículo mais popular do Brasil e de outros exemplares da história automobilística do país. A oportunidade será em maio do ano que vem, quando acontece o 3º Encontro Regional de Fuscas e Carros Antigos de Petrolina.

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Desenrola

MARY ANN SARAIVA Professora de Pré-Vestibular, Universidade e Pósgraduação. Tem Mestrado em Biologia pela UFPE e é sócia-diretora do BioS

galera

por MARY ANN SARAIVA

COMPORTAMENTO

Sucesso em 2013!

A

o se aproximar um novo ano, fazemos e refazemos planos. Avaliamos acertos e erros. E, nesse contexto, quando se tem como foco, para 2013, o ingresso numa universidade ou a aprovação em concurso, essa é a hora de planejar, de estabelecer metas. Nos dois casos, há muito mais concorrentes do que vagas disponíveis. Então, você só pode alcançar a sua meta de aprovação se tiver clareza das etapas que precisa vivenciar para atingir seu objetivo maior: sucesso profissional. Mesmo que você tenha que investir mais que um ano de estudo, o importante serão as dezenas de anos de felicidade que terá quando atingir seu objetivo. Não há receita mágica para ser aprovado em vestibular ou concurso público. Para essa aprovação são necessários: preparo intelectual, equilíbrio emocional, organização e perseverança. Para implementar sua aprovação, veja abaixo algumas dicas:

ONDE ESTUDAR? Essa escolha é parte importante de seu sucesso. Investir em cursos rápidos e, às vezes, de baixo custo, pode parecer o suficiente. Mas aprendizagem sólida e contextual exige o estudo direcionado por professores experientes e que façam parte de uma instituição séria, com um histórico de aprovação real, principalmente, nos dois últimos anos. Só os mais preparados têm as melhores chances.

COMO ESTUDAR? Para alguns o melhor é o estudo individual, para outros, o estudo em grupo (que não pode ser bate papo). A fim de fixar temas importantes, faça esquemas. O ato de escrever exercita áreas da memória e faz parte da fixação da aprendizagem. Resolva provas de anos e/ou concursos anteriores. As questões serão outras, mas o estilo da banca avaliadora será o mesmo. Leia atualidades e assista a jornais.

QUANTO TEMPO ESTUDAR? O suficiente para aprender. Organize um horário de estudo. Divida seu tempo em sessões de 1 hora de estudo, com intervalos de 5 ou 10 minutos para descanso. Alterne entre matérias que gosta e outras com que tem menor afinidade. Contemple todo o programa e dedique-se, inclusive, a temas que não gosta. Isso será seu diferencial.

AUTOESTIMA Observe seu rendimento fazendo simulados e testes. Se você estuda sério, não tem o que temer. Acredite em seu potencial.

E MAIS... Alimente-se bem. O funcionamento do corpo exige uma dieta balanceada. Beba bastante água, que é fundamental para os neurônios. Evite refrigerantes, café e chá verde depois das 18h. Esses alimentos são fontes de cafeína e podem dar insônia. Durma bem. Os neurofisiologistas explicam que o sono é imprescindível para sedimentar a memória. Ou seja, você só memoriza o que estudou com uma boa noite de sono. Pratique exercícios aeróbicos que auxiliam na oxigenação do cérebro e aumentam a liberação de endorfinas, neurotransmissores que dão uma sensação de bem-estar.

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CRIAção por NINFA TAVARES

CONECTADO facebook: ninfatavares.kyiokosangalo e-mail: ninfatavares@hotmail.com NINFA TAVARES Ex-modelo, fashion designer, consultora e empresária de moda (NTKS)

FOTOS: REPRODUÇÃO

É dia de festa

O branco é sempre elegante e atemporal. Nesse fim de ano, pode usar sem medo: rendas, transparências, brilhos, longos ou curtos. Da praia ao baile... e cores para celebrar 2013!

ACESSÓRIOS

Um de cada vez

Muita atitude para usar os “maxi”. Mas não vale misturar tanto. Uma peça de cada vez!

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COMBINE

Cropped Top

Ela está nas passarelas. Combine com saias e calças de cintura alta. Antes, corra pra academia e nada de umbigo de fora!

FLÁVIO DE ANDRADE

COLOR

Temperatura 40 Graus

Os anos 80 voltam à moda através das cores fluorescentes. Em roupas ou acessórios, essas cores dão o tom da estação verão. DEZ/2012

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mundomix ARQUITETURA

PROJETOS DE TOM AZEVEDO

Como construir no Vale

Está pensando em construir a casa própria? Já pensou na montagem do projeto? E as cores? Pois bem, em locais com altas temperaturas, como o Vale do São Francisco, a dica dos arquitetos para quem vai construir é a de sempre optar por projetos que abusem da ventilação, como possibilidade importante de renovação de ar interior, além do conforto térmico. As sugestões dos profissionais são importantes para uma boa harmonia entre espaços, cores, funcionalidades entre as partes da casa e seus materiais. Confira as dicas de quem traduz a necessidade e o gosto pelo bem viver! texto LUCIANA PASSOS

COMEÇO Para garantir que a casa saia do jeito que você sonhou, o planejamento é essencial. Segundo o arquiteta Sandra Guimarães, um dos primeiros passos antes de iniciar a obra é identificar o nascente e o poente do terreno. “Isso quer dizer que a partir da posição do sol, vamos poder distribuir os cômodos da casa, as janelas e portas de forma que a incidência solar possa ser a menor possível, principalmente em locais muito frequentados pela família”. Segundo Sandra, em uma planta padrão de uma casa, por exemplo, as salas e quartos costumam ser planejados para o nascente, onde a incidência de luz solar é menor. Já cômodos como áreas de lazer e banheiros costumam ser localizados no poente. A cozinha, que antes era pouco visitada, tem se tornado uma ala nobre da casa onde as pessoas costumam receber familiares e amigos. Essa nova roupagem acabou por influenciar a sua localização em um espaço também de destaque na casa. “A cozinha virou mais um ambiente de visita da casa com as pessoas, cada vez mais, gostando de cozinhar”, diz a arquiteta.

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LUZ E VENTILAÇÃO E quem pensa que o sol forte característico da região é somente um vilão, está enganado. Segundo Sandra, ele é um dos elementos naturais essenciais para garantir iluminação para a casa. “Todo projeto precisa unir beleza e funcionalidade, logo temos que aproveitar os recursos que a nossa região oferece e sol, temos de sobra. Então, a ideia é criar um projeto onde se possa valorizar a iluminação natural, com menos paredes e mais janelas e portas, sem precisar acender a luz durante o dia, o que vai garantir ao morador uma economia de energia”. Para conseguir mais ventilação e diminuir a exposição dos cômodos ao sol, a dica é apostar na ampliação e nos caimentos dos telhados e beirais. No caso de uma casa térrea, a construção de alpendres, além de um visual bonito, ajuda nesta proteção. “Existem também materiais para proteção solar, como pergolados, mantas de subcobertura do telhado (fina manta de alumínio colocada entre a ripa e o caibro), manta impermeabilizante para lajes com uma cama de alumínio, isopor nas paredes e na laje ou ainda vermiculite, um mineral aplicado na massa do reboco. Outra dica é a colocação de janelas e portas que possibilitem a ventilação cruzada, onde o ar consegue circular pelos cômodos”, afirma o arquiteto Tom Azevedo.

SEM MUROS Cada vez mais comuns nas cidades, as casas sem muros, típicas de condomínios, têm possibilitado ousar mais por conta dos tamanhos dos terrenos. A maioria tem dois pavimentos (térreo e superior), três quartos, sendo um suíte, e varandas na parte de cima. Na parte de baixo, garagem para dois carros, sala de estar, jantar, som e tv, copa, cozinha com ilha, área de serviço completa, área de lazer com piscina e escritório. Este tipo de projeto possibilita atender as necessidades dos usuários, com amplas opções. Neste tipo de ambiente, Tom afirma que a preferência é por espaços generosos, abertos, com jardins e as áreas de lazer bem integradas à casa. “A planta livre possibilita maior integração entre os ambientes internos, já que as paredes não constituem barreiras aos ventos”.


MARCOS SANTIAGO

DIVULGAÇÃO

CORES As cores das paredes e telhados são elementos importantes e que podem influenciar também no conforto da casa. Uma pesquisa divulgada pela GBC (Green Building Council) constatou que a pintura de telhados e lajes superiores com cores claras, reduz a temperatura no interior das edificações em cerca de 6ºC, pois o branco reflete até 90% dos raios solares, enquanto a telha cerâmica comum absorve essa mesma porcentagem de calor. “Além da cor, a natureza e a espessura do material utilizado refletem de maneira diferente a radiação solar, como também o tempo da sua absorção e da transferência dessa energia”, revela Azevedo. Segundo Sandra, atualmente o mercado oferece uma infinidade de cores e o ideal para a região são as mais claras. No entanto, ela afirma que é possível utilizar uma cor mais escura em uma parede que não receba tanto sol.

VENHA O VERDE O verde é mais um elemento que pode ser bastante explorado nas residências locais. As plantas conseguem garantir um ambiente mais bonito e arejado.

SANDRA GUIMARÃES E TOM AZEVEDO Arquitetos traduzem a expectativa dos moradores da região em projetos que respeitem as características do lugar, aproveitando o que há em abundância no Vale, como a luz solar. O conforto térmico merece atenção nos projetos por causa das altas temperaturas no sertão

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economia&mercado & &mercado CARREIRAS, CONSUMO, NEGÓCIOS, ETC.

NEGÓCIOS

FRANQUIAS:

oportunidade de negócios

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risco de qualquer negócio existe e é inevitável, mas torná-lo menor é o desejo de 10 entre 10 empreendedores. Por isso, muitos têm preferido investir em franquias, uma modalidade de negócio em que o empresário adquire o direito de usar a marcar de uma empresa, além da sua infraestrutura e tecnologia. Assim fez Juliana Modesto, quando decidiu abrir, em Petrolina, uma franquia da francesa 5àSec, uma das maiores no setor de conservação e limpeza do mundo. Ela, que se formou em enfermagem e antes trabalhava na gestão de unidades de saúde, quis arriscar com segurança numa marca de sucesso e ter um retorno, embora não rápido, mas garantido. “Já conhecia o mercado e percebi a carência desse tipo de serviço no momento. Fiz um curso do SEBRAE para aprimorar meu lado empreendedor, o que me ajudou muito a caminhar nos negócios. Tive medo de arriscar, mas a vontade de empreender falou mais alto. Fiz planos de negócios e um estudo para que a experiência fosse bem sucedida”. A loja de Juliana possui seis funcionários que foram treinados pra trabalhar de acordo com os padrões de qualidade e serviços da franquia. A empresária está satisfeita com o investimento e, desde que abriu a loja, sentiu um crescimento de cerca de 30% na utilização dos seus serviços. Empolgada com o mercado, ela acabou abrindo uma segunda franquia na mesma cidade; a Safe Clean é especializada em limpeza e impermeabilização de estofados, tapetes e cortinas. Os serviços são prestados na casa do cliente, diferencial que a primeira empresa não tem. “Está prevista uma segunda unidade da 5àSec em Juazeiro da Bahia para o próximo ano e, posteriormente, quero abrir mais uma loja da Safe Clean em Petrolina”, diz. O crescimento das cidades e o aumento populacional evidenciam um público cada vez mais exigente e em busca de serviços de qualidade, como

Um emprego certo, com salário todo fim de mês é o sonho de quase todo brasileiro. “Quase” porque outra grande parte de profissionais está preferindo ganhar a vida investindo no próprio negócio. Mas, para ter o cliente como patrão e poder lucrar mais do que num emprego comum, é necessário planejamento, ou seja, o empresário precisa detalhar o investimento e o que terá que arriscar pra chegar lá e tornar o projeto realidade. texto ELIZÂNGELA AMORIM fotos MARCOS SANTIAGO

EXPANSÃO Empolgada com o sucesso da franquia, Juliana Modesto já abriu a segunda loja na cidade. Sumaia Barcelar (D), estimulada pelo marido, deixou o serviço público e investiu também em franquias DEZ/2012

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economia&mercado & &mercado

os oferecidos em grandes centros. Isso tem estimulado o investimento na modalidade de franquias na região. Alessandro Barcelar apostou no setor de fragrâncias e aromas, e optou por uma franquia baiana, a Avatim, que tem sede em Ilhéus. “Comecei sendo representante comercial da Avatim e senti a aceitação do público local. Distribuía pra toda região, até que convenci a empresa a abrir uma loja. A marca está crescendo e quero seguir esse modelo de sucesso”, afirma Alessandro, que conta com o comando da esposa na administração dos negócios. Sumaia Barcelar embarcou com o marido nesse sonho de ter o próprio negócio. Deixou o emprego público na prefeitura da cidade e assumiu o comando da empresa em Juazeiro. A empresária está feliz com o resultado e está terminando os preparativos para abrir uma loja exclusiva em Petrolina. “O prédio está sendo reformado e será uma loja linda como nosso cliente merece”, conta Sumaia, que espera um aumento de cerca de 50% nas vendas dos produtos com a abertura da nova loja.

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O QUE REVELAM OS NÚMEROS Os números da Associação Brasileira de Franchising (ABF) são uma prova de como as franquias estão crescendo e caindo no gosto de empreendedores: a cada 36 horas, uma nova franquia surge no mercado brasileiro e, em 2012, esse mercado cresceu 15%, cerca de 100 milhões a mais que no ano anterior. Outra boa notícia é que as franquias de grandes marcas estão apostando mais no interior do Brasil e decidindo investir não só nas capitais dos estados. O alvo são cidades como Petrolina e Juazeiro que têm entre 100 mil a 300 mil habitantes. As franquias vêm seguindo os passos dos shoppings centers que também apostam nesse público interiorano, ávido por novidades. A Associação MICROFRANQUIAS As microfranquias têm investimento inicial de até R$ 50 mil. Elas já representam 17% do total de marcas e 4% do faturamento do setor (R$ 3,7 bilhões)

Brasileira de Shopping Centers afirma que em 2012 foram inaugurados no país 38 centros comerciais e, destes, 24 estão em cidades de médio porte, em polos econômicos como os do Vale do São Francisco. Para ser um franqueado é preciso muito mais que ter a vontade de investir numa história de sucesso, é necessário cumprir exigências das franqueadoras e pagar para usar sua marca, sua história. Ao assinar o contrato de franquia, o empresário recebe o direito de comercializar produtos e a marca do franqueador, utilizando seus métodos de trabalho, sua tecnologia e estratégia do negócio, ou seja, os franqueados seguem um plano de negócio elaborado pela franquia. INFORMAÇÃO Quem é candidato a franqueado conta com informações disponíveis no site da Associação Brasileira de Franchising (ABF): www.portaldofranchising.com.br


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EMPREENDEDORISMO

FOTOS: ACERVO PESSOAL

No vapor dos sonhos, ao sabor do vinho

Foi sobre as águas do Velho Chico que um menino do sertão viu nascer um sonho: subir e descer o rio a bordo de uma embarcação, conhecendo pessoas, lugares, costumes e crenças. O pai era timoneiro e ganhava a vida transportando alimentos entre cidades baianas, como Sento-Sé, Remanso até Bom Jesus da Lapa, no Oeste ds Bahia. E, ainda garoto, Luiz Rogério Rocha decidiu que iria abraçar essa paixão e viver no embalo das águas doces do rio São Francisco. fotos MARCOS SANTIAGO texto PABLO VASCONCELOS

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N

o fim da década de 90, com a criação de novas estradas ligando as cidades, o transporte de cargas pelo rio não era mais tão rentável, já que os consumidores tinham pressa em receber as mercadorias e optaram pelo transporte rodoviário. A barca Núbia começou a navegar então por outras rotas e os passeios às ilhas fluviais nos fins de semana se tornaram a principal atividade de Luiz Rogério e seu pai, Luiz Raimundo Pereira. Eles tinham outros dois barcos que faziam a travessia de passageiros entre Juazeiro e Petrolina. O tempo passou e o espírito empreendedor falou mais alto. Luiz Rogério viu que era hora de conduzir as embarcações com seus próprios braços. Comprou um barco e, sozinho, passou a fazer a travessia entre as duas cidades. Durante o dia, as embarcações de pai e filho se cruzavam pelo caminho. Rogério abriu mão dos passeios turísticos, deixando essa exclusividade para o pai. “Quando meu pai parou de realizar os passeios, em 2008, eu vi que era hora de resgatar meus planos e voltar a trabalhar com o turismo. Fiz parcerias com a Bahiatursa, órgão promotor do turismo ligado ao governo do estado da Bahia, e com a Vinícola Ouro Verde, em Casa Nova. Foi quando surgiu o Vapor do Vinho”, fala Rogério com um brilho nos olhos e uma alegria incontida, como quem narra o nascimento de um filho. No dia 30 de abril de 2011 a barca Rio dos Currais fez seu primeiro percurso, nomeado Vapor do Vinho – uma alusão às primeiras embarcações a vapor que navegaram sobre o rio e ao enoturismo, que, a partir de então, ganhou ainda mais visibilidade. O passeio é um sucesso, único roteiro enoturístico da Bahia, atraindo gente de todos os lugares para conhecer as belezas do Vale do São Francisco. “Para mim é uma satisfação enorme saber que tem pessoas que saem de suas cidades só para conhecer o Vapor do Vinho. A maioria dos visitantes é de outros estados. Já tivemos que recusar pedidos por não poder atender a demanda. Com duas embarcações podemos transportar até 260 passageiros e, em alguns fins de semana, havia mais de 400 turistas querendo fazer o

O PASSEIO O comandante Rogério conduz os turistas ao passeio que dura o dia inteiro, entre visitas a vinícola e pontos curiosos às margens do rio São Francisco. Durante a navegação, os turistas conhecem a eclusagem, uma espécie de elevador para a embarcação, em Sobradinho

passeio”, disse Rogério, lembrando que nem sempre foi assim. Sem nenhum vestígio de arrependimento, ele conta que algumas vezes realizou o passeio para apenas cinco pessoas e até para um único casal. Mas não pensou em desistir. “O Vapor do Vinho é minha vida. Faço esse passeio com tanto amor e dedicação que não me preocupo só com números. É claro que o lucro é importante para manter o negócio, mas o meu foco é a satisfação de trabalhar no que gosto e poder proporcionar aos meus passageiros um passeio inesquecível”, disse.

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economia&mercado & &mercado A evolução dos negócios

Depois de romper a parceria com o pai, em 2001, Rogério comprou sua primeira embarcação: a Mestre Hermírio. Um ano depois, comprou a barca Velho Chico e usava as duas para transportar os passageiros entre Juazeiro e Petrolina - Atualmente são quatro barcos realizando esse trabalho. Mais tarde, no ano de 2008, a barca batizada de Rio dos Currais foi adquirida e, com ela, Rogério passou a realizar os passeios fluviais. Hoje a “transportadora turística”, como prefere chamar, ainda tem uma van, um micro-ônibus, um ônibus e duas embarcações que fomentam o enoturismo. Mas já está nos planos do visionário a aquisição de mais seis ônibus e revitalização de, pelo menos, outras duas barcas para atender a demanda que vem aumentando. Rogério tem ainda planos que envolvem parcerias com escolas públicas e particulares da região para promover aulas de educação e consciência ambiental a bordo das embarcações, oferecendo aos estudantes a oportunidade de conhecer de perto as belezas e carências do São Francisco. A visitação às dunas do Velho Chico está sendo planejada em outro projeto. E ele ainda sonha em poder realizar passeios mais longos, de pelo menos 10 dias, em um roteiro que sai de Juazeiro e segue até à cidade de Pirapora, em Minas Gerais, fazendo paradas em algumas cidades ribeirinhas para pernoitar e conhecer a cultura local.

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O VAPOR DO VINHO O passeio começa em terra firme. Sai de Juazeiro, passa por Petrolina, segue pela BR 235 até um atracadouro no porto do balneário de Chico Periquito, em Sobradinho. A bordo da Rio dos Currais – uma embarcação de dois andares – os visitantes conhecem a eclusagem, uma espécie de elevador que deixa a embarcação num nível quase 30 metros mais alto para que possa seguir viagem pelo lago do Sobradinho, que é um dos maiores do mundo. A viagem é “regada” a vinhos espumantes, comidas regionais e poemas. Sim! Poemas! Há hora que entra em cena o poeta empreendedor. A primeira parada é na Fazenda Fortaleza, onde os turistas conhecem parte do processo de produção de frutas. O tour continua até à Vinícola Ouro Verde, em Casa Nova, onde é apresentada a sequência de elaboração de vinhos, desde o plantio de videiras até o engarrafamento das bebidas. Para finalizar o passeio, degustação. Os visitantes voltam, por terra, ao ponto de onde partiram em Juazeiro e Petrolina. QUANDO ACONTECE? O roteiro é realizado todos os sábados, com saída de Juazeiro e Petrolina. É preciso agendar o passeio previamente pelo telefone (74) 8805.1809. QUANTO CUSTA? O investimento é de R$ 90 por pessoa. Estão inclusos os transportes rodoviário e fluvial, e a degustação dos vinhos espumantes e demais bebidas produzidas na vinícola. QUAL A DURAÇÃO DO PASSEIO? O passeio começa às 8h e termina por volta das 17h.


CAPRINOVINOCULTURA

Integração entre caatinga e pastagens irrigadas texto MARCOS ROGÉRIO CIPRIANO*

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*MARCOS ROGÉRIO CIPRIANO é presidente da ACCOSSF (Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Sertão do São Francisco)

FOTOS: DIVULGAÇÃO

mercado da carne ovina está crescendo a passos largos em função da grande aceitação deste produto pela sociedade brasileira, notadamente, o da região Nordeste. Isto se reflete no surgimento de vários pontos de vendas e restaurantes especializados, principalmente nos grandes centros urbanos. Paralelamente, aparecem as construções e a implantação de abatedouros, frigoríficos e curtumes, específicos para carnes, vísceras e peles de ovinos na região, caracterizando como uma forte sinalização de estímulo e garantia para o desenvolvimento do respectivo setor produtivo. Assim, há necessidade de práticas alternativas que permitam ao produtor ofertar cordeiros para o abate, capazes de atender às necessidades do mercado de carne, tanto em termos quantitativos quanto qualificativos (Embrapa/ Caprinos: Circular Técnica Nº 28). Um sistema de integração sequeiro/irrigação para produção de caprinos e ovinos pode viabilizar o abate dos animais com seis a sete meses de idade e é mais competitivo que o sistema tradicional da caatinga, onde os animais vão para o abate com dois ou mais anos (Embrapa/ Semi-árido: Instruções Técnicas Nº 70). A prática da terminação de cordeiros em confinamento constitui-se numa alternativa ímpar que deve ser disponibilizada e recomendada especialmente para o semiárido do Nordeste brasileiro (Embrapa/Caprinos: Circular Técnica Nº 28). Portanto, uma integração entre os produtores que criam nas áreas de sequeiro (caatinga) e produtores que possuem pastagens irrigadas no

Vale do São Francisco, pode ser o modelo de produção para transformarmos o Sertão do São Francisco no maior produtor brasileiro de carnes caprinas e ovinas. Só vamos atingir o mercado consumidor se pudermos garantir regularidade na oferta, padronização de carcaças, precocidade dos animais, acabamento e quantidade. Os centros de terminação são uma alternativa. Acreditamos que este modelo de produção seja o mais indicado, pois contempla tanto o empresário quanto o pequeno produtor. Cabe ressaltar que a terminação em pastagens cultivadas possui algumas limitações: disponibilidade de terra fértil e água em abundância para irrigação, papel do empresário. O pequeno produtor não quer mais só sobreviver no campo, ele quer progresso econômico, social e cultural, quer ser inserido no agronegócio. Muitos pregam que o Brasil será o celeiro mundial, irá produzir comida para o resto do mundo. Logo, o criador de caprinos e ovinos da caatinga exige que seja inserido nesse processo, dando a sua contribuição, produzindo cabritos e cordeiros que serão terminados e enviados para os mais diversos mercados consumidores.

PERSPECTIVA A integração pode ser o modelo de produção para transformar o Sertão do São Francisco no maior produtor brasileiro de carnes caprinas e ovinas

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entrevista WALDEZ LUDWIG

“O mercado é preconceituoso com a classe C” texto/foto C.FÉLIX

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psicólogo Waldez Ludwig, palestrante e educador corporativo é contundente quando o assunto é inovação, criatividade: “No Brasil, somos treinados para não sermos criativos desde o primeiro grau”. Há uns 15 anos dedicando-se exclusivamente a palestras, Ludwig falou sobre os novos parâmetros de competitividade, a baixa qualidade de atendimento e o preconceito do mercado com a classe C.

Como o senhor classificaria a comunicação dentro de um planejamento estratégico para o mercado? Tem que encarar a dimensão da comunicação de forma ampla. Você tem a comunicação externa, que é a comunicação ao cliente, aos fornecedores, ao meio ambiente, à sociedade. O fato de você existir tem que ser comunicado. E tem a comunicação interna, que é o endomarketing, que são os recursos de comunicação interna para o alinhamento de todos os funcio26

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nários, de todos os colaboradores. Isso é um drama das empresas: o alinhamento. Não se percebe que a comunicação serve pra alinhar. Alinhar em relação à missão da empresa, em relação à visão da empresa, às metas, objetivos, diretrizes, tudo tem que ser comunicado. No caso do serviço público - que é um problema gravíssimo! – a questão da comunicação externa é um problema muito grave. Muito pouco se fez em comunicação externa, mas muito se fez em publicidade governamental. Eu brinco com o pessoal dos tribunais, das procuradorias. Quando eu dou palestras a eles pergunto: “quanto por cento da população brasileira sabe o que significa Ministério Público?” Zero. Só quem trabalha no Ministério Público sabe o que é Ministério Público. Ninguém do povo sabe isso, nem classe A, nem B, nem C. Eu brinco com eles assim: “faz uma pesquisa e pergunta o que é a Procuradoria Geral da União, ou Procuradoria Geral do Estado”. Ninguém tem a menor ideia do que seja isso. Então, há uma


falha de comunicação gravíssima dos governos em relação aos seus cidadãos. Isso acontece com as empresas também; as empresas não dão a devida magnitude que deve ser dada a dimensão da comunicação. Claro que ela tem que estar no plano estratégico, ela tem que ser um plano integrado de comunicação, mas não pode ser dissociado de um plano estratégico global porque as coisas se ligam: marketing se liga com a comunicação, recursos humanos se ligam com a comunicação, acionistas se ligam com a comunicação - no caso até por obrigação de leis, às vezes. No caso de sociedade anônima, por exemplo, a comunicação é um ponto fundamental e além de tudo legal. Você é obrigado a se comunicar se você tem uma sociedade anônima. Por que de modo geral se coloca a comunicação dentro de um plano de negócio como algo secundário, o último item? De maneira geral, sim. Algumas empresas não, claro. Algumas empresas sabem da importância e sabem da essência. Não podemos generalizar, dizer que todos fazem assim, que todos colocam em último lugar, também não é verdade. Se eu for falar com o pessoal de recursos humanos, eles dizem que em último lugar o pessoal deixa os recursos humanos. Primeiro, vem o faturamento, tem finanças, marketing e tal e o RH vem em último colocado. Não é só o marketing que fica em último lugar. Agora você tem razão: é muito raro você encontrar um sistema formalizado de gestão da comunicação dentro das empresas, ter um plano e um modelo sistematizado dizendo que a comunicação vai ser feita assim, assim; nós vamos utilizar tais ferramentas, tais instrumentos de comunicação interna e externa. Isso é muito raro de se encontrar. Muitos ainda confundem despesa com investimento quando o assunto é marketing e publicidade. Por quê? Treinamento, por exemplo, é visto como despesa e a gente sabe que é puro investimento. A preocupação é muito grande com o faturamento de custos, portanto um menos o outro dá o lucro e a ênfase fica dada no faturamento de custos. Não se percebe que os custos são altos porque não tem comunicação, porque não tem treinamento, e o faturamento está baixo porque tá faltando treinamento. Tem que se entender que tudo isso está interligado. Muitas vezes um empresário se considera inovador, mas tem comportamento conservador. Por quê? Não se pode generalizar. Não são só os empresários. A maioria dos empregados também se dizem inovadores e não são. A maioria dos funcionários diz que inova, mas os patrões não deixam. É mentira. Eles não inovam nada, não tem a menor vontade de inovar. Então não é uma questão de patrão, de empresário ou de empregado, é uma questão genérica. Falta educação para inovação, criatividade. No Brasil, nós somos treinados para não sermos criativos desde o primeiro grau, desde o ensino básico. Você não pode criar. Você tem que andar na fila, que sentar naquele lugar. O aluno que resolver ter algumas ideias será punido porque ele tem algumas ideias meio estranhas, diferentes. Você tem um modelo que não privilegia a inovação de forma geral e isso se reflete no futuro, claro, no empresário e no indivíduo que trabalha. Alguns empresários tentam, modestamente, incentivar

a inovação e não conseguem, por uma questão também de formação. Outros não aceitam, outros dizem que a ideia é maluca - mal sabem eles que as ideias malucas é que são as boas! Tem uns que matam as ideias já no início. O funcionário diz “chefe, tive uma ideia!”, aí o chefe manda por a ideia no papel. Quando você manda colocar uma ideia no papel, você mata a ideia na hora. Ninguém tem paciência, nem sabe escrever, às vezes, a ideia. A ideia tem que ser falada mesmo, tem que ser discutida. Tem outras maneiras de eliminar ideias também. Uns falam “essa ideia não passa no jurídico” ou então “meu avô já tentou isso e não deu certo”. Há uma cultura da não inovação, de manter as coisas como estão, de conservadorismo mesmo. A questão é você querer crescer, não é “está dando certo então vamos manter as coisas como estão”. Tá dando certo, mas você tá do mesmo tamanho há quarenta anos. Há quarenta anos que você não contrata mais ninguém. Então, você tem que investir maciçamente pra crescer, tem que contratar mais gente, tem que dá mais emprego pras pessoas, você tem que ter mais qualidade. O investimento não é simplesmente porque deu certo até aqui. O Eike Batista deu certo até aqui, mas mesmo assim ele continua jogando bilhões na rua. O brasileiro, de maneira geral, tem essa coisa de “deu pra cerveja, tá bom”. Por isso que o Brasil tem uma poupança muito pequena em relação, por exemplo, aos japoneses. Os japoneses produzem muito mais que a capacidade deles de consumir, então a poupança deles é muito maior que a nossa. É o grau de poupança de uma população que faz o desenvolvimento, não é o grau de renda que faz o desenvolvimento. Não adianta ter um PIB fabuloso e ter uma poupança baixa. O PIB cresceu, mas quanto foi para investimento e quanto foi para consumo? Qualidade, preço baixo e satisfação do cliente não são mais diferencial competitivo hoje? Definitivamente, não. A definição de qualidade mudou, não é mais só satisfação de clientes, embora comece a ser um diferencial de novo, a satisfação do cliente. O Brasil teve um processo de melhoria da qualidade muito bom nos últimos 15 anos, eu diria nos últimos 20 anos, com toda a moda da ISO 9000 e tal. Especialmente da indústria, que melhorou muito a qualidade dos seus produtos mas os serviços caíram vertiginosamente. A qualidade, hoje, do Brasil foi perdida. Serviços e atendimentos são lamentáveis de maneira geral. Pouquíssimos serviços com qualidade hoje, pouquíssimos atendimentos com qualidade hoje. Eu estou falando de hotéis, restaurantes, companhias telefônicas, aéreas, de ônibus, serviços públicos. Todo tipo de serviço de atendimento teve uma queda vertiginosa na realidade. Então, vai voltar a ser um diferencial à medida que alguém conseguir recuperar um pouco da qualidade, um pouquinho que seja da qualidade que nós tínhamos conseguido. Preço, claro que não é diferencial. A briga hoje está acontecendo em preço. Quando você cai a qualidade do atendimento, a sua briga fica por preço e aí, quando a briga é por preço, não tem diferencial entre eles. Todos estão cobrando uma porcaria, todos estão cobrando muito barato. As companhias aéreas estão aí de prova, as passagens aéreas estão baratíssimas e elas estão falindo. O consumidor está de fato mais exigente? Não. O pior é isso. O pior é que a desculpa das empresas é esfarrapada. A desculpa é que “a gente está sendo obrigado a atender a classe C”. Esse advento da classe C trouxe para o consumo gente não exigente? Preconceito contra a classe C! Acham que porque a classe C viaja de chinelo havaiana no avião pode ser mal atendido. É lamen-

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entrevista

WALDEZ LUDWIG

tável isso. O argumento é que ninguém viajava de avião, agora todo mundo pode visitar a avó em Belém. Eles tratam mal quem pagou baratinho e quem pagou alto também vai ser mal tratado porque eles não têm como tratar bem quem pagou muito. O advento da classe C é genial! Tem um lado espetacular, mas tem um lado preconceituoso. O mercado sempre foi elitizado. Quem andava de avião há 15, 10 anos? Há 10 anos só ricos andavam de avião. As mulheres usavam roupas especiais pra voar. Agora, não! Agora a bisavó do sertão entra no avião com a trouxa na cabeça. Isso tem um lado bom, porque antes ela passava 3 dias de ônibus, agora ela vai de avião. O Brasil está ganhando muito dinheiro com isso e podia estar fazendo diferenciais com outros diferenciais. Mas, estão falindo com os aviões lotados e dizem que o problema é o custo: 42% dos custos é com combustível e o combustível é em dólar. Mas sempre foi em dólar, isso nunca mudou! Então é muito difícil. Realmente, tem uma queda do atendimento muito grande. Esses atendimentos telefônicos ao consumidor são lamentáveis. Você liga, tem que falar com o computador durante horas e é atendido por um estagiário que não sabe do negócio, que é terceirizado, que defende a empresa de telemarketing. Realmente os serviços são lamentáveis neste momento. O Brasil perdeu muito. A burocracia e morosidade do sistema de defesa do consumidor não desestimulam a busca pelos direitos? Tem razão. A quantidade de reclamações ficou tão grande que os PROCONs não dão conta. São milhares e milhares de reclamações diárias contra as companhias telefônicas, por exemplo. Não tem juiz que dê conta. Eu concordo contigo, acaba desestimulando. Eu mesmo não reclamo mais de nada, porque todas as vezes que eu reclamei ninguém deu satisfação. Aliás, tem um lado curioso: se você reclama é considerado um chato e é mais mal tratado ainda. Quem mandou reclamar? Tomara que aqui funcione melhor do que em outros lugares. Mas isso é uma conjuntura muito grande. No caso de serviço de telefonia, tem empresa que veio pra cá pra fazer muito dólar pra salvar a empresa no país de origem. “Vamos remeter os lucros, vamos explorar aqueles caras. A gente faz um serviço péssimo lá pra fazer um serviço bacana aqui, no nosso país”. Então ainda tem esse componente de imperialismo, esse modelo de colonialismo. Quando tem indústria de automóvel monta aonde? Aonde tem um pobre? Um bem pobre? Bota a fábrica lá. Como fidelizar o cliente? A fidelização é uma regra daquelas universais, não muda. A fidelização acontece quando você surpreende a pessoa. Um casal de namorados se apaixona numa mesa de bar porque ele mandou um bilhetinho pra ela por baixo da mesa, não porque ele pagou a conta, não foi porque ele é bacana, não foi porque 28

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“O brasileiro, de maneira geral, tem essa coisa de “deu pra cerveja, tá bom”. Por isso que o Brasil tem uma poupança muito pequena em relação aos japoneses, por exemplo”

ele é lindo, foi porque ele deu uma surpresinha. Enquanto tiver surpresa, a paixão persiste. A gente fala muito que a paixão acaba e o amor fica, né? É exatamente por isso, porque a surpresa acaba. Fica aquela coisa igual que alguns chamam de amor, outros chamam de amizade. Mas a paixão acaba. E por que a paixão acaba? Porque dá um trabalho medonho fazer surpresa todo dia. Todo dia tem que catar uma florzinha, fazer uma surpresinha. Dá um trabalho medonho. Nos negócios é a mesma coisa. Quando o cliente é surpreendido por alguma coisa agradável, ele fica com você, ele fideliza com você. E a dificuldade é a mesma, você tem que manter a surpresa, uma surpresa hoje, uma surpresa amanhã. Não é cartão de fidelidade, isso não existe. Eu mesmo tenho três cartões de fidelidade de companhia aérea, logo eu não sou fiel a nenhuma. Vamos fidelizar o cliente? Surpresinha, todo dia surpresinha. Por que há tanta reclamação de que os negócios estão sempre ruins? É um vício. Eu não sei por que, mas isso é um vício. Eu escrevi isso acho que uns três, quatro dias atrás, por conta de um e-mail que eu recebi questionando se há crise ou não na área de palestras. E eu disse claro que não, porque quando há uma crise muito grande, a demanda por palestras aumenta e quando não há crise, a demanda também aumenta. Então palestra é um negócio fabuloso, porque se está em crise melhora o negócio e se não está em crise melhora o negócio. Se está em crise melhora porque o pessoal tem que vender mais. Aí eles te contratam pra dar palestra pra incentivar os caras a vender e tal. Se não está em crise, ele tem bala pra te pagar, ele vai torrar dinheiro. E quando é que se instala uma queda da demanda? Quando tem uma crise besta como essa de agora, que não é uma crise medonha e também não é falta de. É uma crise que gera muito mais incerteza do que maus negócios. Então, na verdade, quem reclama está com medo, com incerteza, porque hoje ele ouve a notícia de que a Europa acabou e amanhã ele ouve que a Europa foi salva. No outro dia ele ouve que as bolsas caíram vertiginosamente e se acabou tudo. Aí a pessoa fica com medo, fica na incerteza e investe menos. A incerteza é a pior coisa, porque na incerteza você fica paralisado, você fica atônito e investe pouco. O Bill Gates ensinou isso para as pessoas na Microsoft. Quando está tudo bem você deve mexer em tudo. A Microsoft estava maravilhosa há uns quatro, cinco anos. Ela estava no seu ápice e ele fez a maior reforma que podia ser feita na empresa naquele momento. Perguntaram a ele o porquê e ele respondeu: “Agora é o momento de mexer! Porque eu estou bem. Não vou esperar estar mal pra mexer”. Você tem que inovar quando está bem, porque se você está bem, inova e dá um salto. Agora, se você esperar cair, aí não tem jeito, já é tarde. Tem uma hora que já é tarde para inovar. O negócio não é inovar, depende do ponto em que você está. Dependendo do ponto em que você está na curva, já é tarde, não adianta mais inovar, porque você vai jogar dinheiro fora e vai falir do mesmo jeito. A Nokia é um exemplo pro mundo. Quando um produto chega no pico de vendas, ela tira do mercado. A Apple também! O Ipad estava vendendo muito, eles colocaram o Ipad2. O Iphone5, por quê? O Iphone4 estava vendendo muito. Quando está bem você tem que ir em frente, mas quando está ruim, já é tarde, não adianta inovar. É a curva de qualquer negócio. Qualquer negócio vai e volta. Tem o ponto de inovação e o ponto que já é tarde.


sabor&saúde GASTRONOMIA, ENOLOGIA, BEM-ESTAR...

MIA RONO GAST

a i e C ional. reg ÇÃO REDA texto O G IA SANT al é a RCOS s MA e Nat

d para noite únem ias a da i e r e c e s A líc odos s, de uque t iar, junto m ost e c c o o ã re s sã o t as ocasi izar e ap a r sp salad atern s. Algun o, as b ais m m confr o a l dos ômic tados: o n m o u r t é ixar o gas gus iás, i é de izar te de ru, al u n e q e p a m al .O tão meira egion s e uges ssado s a s . Que tal r eru a a igo p m m o , a r e aos onais o e ousa i o c nal? i d d n tra regio s, enta e lad a s i d e r r l á p a ulin arãe ion a, a l da c hef Guim tradic ia natalin a i r, c n e re anha do c sua c a um dife comp dica a o! a a h i r l É n í a i fam mv eiro! o nco p d b a r r b o C oz e um il de e arr Pern ue suger q foto

PERNIL DE CORDEIRO DO VALE INGREDIENTES 3 kg - pernil de cordeiro 750 ml - vinho branco seco do vale 150 ml - azeite virgem 01 molho - Alecrim Fresco 95g - sal marinho 25g - pimenta do reino 20g - pimenta rosa 01 kg - maçã 01 kg - batata inglesa pequena 100g - queijo do reino 100g - queijo parmesão 100g - creme de leite fresco Hortelã fresca Alho Melaço Serve até oito pessoas.

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, u r e p o Sai ra o ent deiro cor

Para garantir um bom aroma ao cordeiro é preciso deixar a carne descansar numa marinada. Para prepará-la, use o sal marinho, azeite, vinho, alho, pimentas e o alecrim, esta última especiaria vai garantir o destaque dos aromas próprios do cordeiro. Deixe a carne repousar por 12 horas, depois pré-aqueça por um período de duas horas. Em seguida, quando perceber o aspecto dourado do cordeiro, pincele um pouco de melaço, o que vai garantir a finalização e manutenção da cor da peça, salpique a hortelã cortada em pequenas tiras, o ingrediente vai realçar o perfume da carne.

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Na segunda fase de preparo do prato, corte as batatas e as tempere com sal, pimenta rosa e alecrim, leve-as para assar por 45 minutos e acrescente à travessa uma mistura feita com a junção do queijo e do creme fresco.

Na terceira etapa de preparo, é preciso colocar a maçã (sem caroços) em uma assadeira e temperá-la com pimenta, sal e vinho branco; leve ao forno por 30 minutos. Para montar o prato coloque o pernil em um refratário e decore com as batatas e o creme de queijo, colocando a maçã nas pontas da travessa com uvas e ramos de alecrim. DEZ/2012

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sabor&saúde

MARCOS SANTIAGO

ESTÉTICA

texto REDAÇÃO

Quando o assunto é acabar com celulite, flacidez e gordura, não há uma só mulher que não se interesse. Celebridade ou não, praticamente todas já perceberam um furinho ou uma gordurinha na pele. Para realizar o sonho de se livrar dessa aparência indesejável, chegou à região um novo aliado: o tratamento Bella Shape. A grande diferença do Bella Shape em relação aos outros tratamentos é a combinação de quatro poderosas tecnologias num só equipamento, usadas ao mesmo tempo. “Com isso, conseguimos mais resultados em menor tempo”, diz a dermaticista Juliana Martins.

COMO FUNCIONA LASER + RADIOFREQUÊNCIA + ROLLER + VACCUM = BELLA SHAPE Laser: estimula o metabolismo, ativação celular, reabsorção de edemas, aumenta o aporte de oxigênio; Radiofrequência: proporciona um aquecimento interno na derme profunda e estimula o metabolismo. Sua função principal é a estimulação dos fibroblastros para produzir colágeno e elastina; Roller: a massagem dos rolos oferece uma agradável sensação ao mesmo tempo em que estimula a circulação, auxiliando na eliminação dos edemas e líquidos. Vaccum: movimentação que se obtém com a sucção, aumentando o fluxo sanguíneo e linfático. Elimina resíduos, ajudando a soltar as camadas cutâneas e subcutâneas da pele. INDICAÇÃO Celulite, gordura e flacidez: 10 sessões , 2 sessões por semana (cada sessão dura 40 minutos) RESULTADO Pele renovada: redução do tamanho das células gordurosas, ativação da circulação, eliminação de toxinas, melhor produção de colágeno. CONTRAINDICAÇÕES Apenas as mulheres grávidas não podem se submeter ao tratamento.

BELLASHAPE (Juliana Martins, dermaticista) Rua Aristarco Lopes, 557 - Centro - Petrolina (PE) (087) 3861.9852

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INVESTIMENTO Combinação de quatro tecnologias em um mesmo aparelho fornece melhores resultados em menor tempo, esclarece Juliana Martins, dermaticista

HANNAH LIMA

Celulite, flacidez e gordura?


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INFORME PUBLICITÁRIO

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sabor&saúde LIPOASPIRAÇÃO

Linda! Com segurança! Avaliação feita, exames prontos, saúde em dia! Quem quer ficar com o corpo em ordem contando com a ajuda da lipoaspiração, precisa se cercar de toda segurança para a realização da cirurgia. texto REDAÇÃO

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lipoaspiração consiste na retirada de gordura através de cânulas metálicas introduzidas no subcutâneo por pequenas incisões. O tamanho da área a ser tratada e o volume retirado é que determinam o porte da intervenção. Mas antes, o paciente deve realizar uma avaliação clínica detalhada e uma série de exames complementares (avaliações cardiológicas, exames laboratoriais e ultrassonográficos) que atestarão a sua possibilidade de submeter-se à lipoaspiração. Lipoaspiração não é cirurgia para emagrecer, e sim para tratar lipodistrofias localizadas. Ela não será a melhor opção em pessoas com grande excesso de peso ou com grande flacidez cutânea. A lipoaspiração, quando bem indicada, pode oferecer excelentes resultados e uma imensa satisfação para o paciente. O Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece que até 7% do peso corpóreo do paciente pode ser retirado numa lipoaspiração úmida; o que equivale a cerca de 3-4 kg em uma pessoa de 70 kg. Ela não irá emagrecer! A recuperação pós-operatória dependerá do porte da intervenção realizada. Em geral, lipoaspirações pequenas e médias permitem um retorno imediato para casa com o uso de malhas compressivas. Procedimentos maiores podem requerer internações mais prolongadas e até o uso de drenos. Nos primeiros dias após a cirurgia, devem ser evitados grandes esforços físicos, assim como deve ser evitado o sol devido a equimoses que podem apresentar-se nas áreas lipoaspiradas.

LIPOLASER: TECNOLOGIA QUE AJUDA A lipolaser ou laserlipólise consiste na introdução de uma fibra óptica através de uma pequena incisão, por onde passará o feixe de laser. São utilizados comprimentos de onda de laser que possuem grande afinidade pela com água e oxihemoglobina, auxiliando na coagulação dos vasos sanguíneos, diminuindo o sangramento. O laser causará a destruição da gordura sem causar danos a outros tecidos. Depois, é introduzida uma cânula de lipoaspiração que removerá a gordura destruída. “Como na lipoaspiração convencional, a lipolaser pode ser aplicada em praticamente todas as regiões que tiverem indicação de tratamento, sendo mais bem empregada em casos em que desejamos uma maior retração cutânea. O laser ajuda a diminuir os excessos cutâneos e flacidez”, explica o cirurgião plástico, José Amandio.

CONFIANÇA NO PROFISSIONAL

MARCOS SANTIAGO

Um cirurgião plástico passa, no mínimo, cinco anos em treinamento (2 anos de cirurgia geral e 3 de cirurgia plástica) para estar capacitado a fazer esse tipo de procedimento e tratar possíveis complicações ou intercorrências. Certifique-se que o médico a quem você vai recorrer é capacitado e credenciado junto a órgãos responsáveis para realizar a cirurgia. Uma conversa franca e aberta com o seu cirurgião permitirá um conhecimento maior sobre a intervenção, seus resultados, suas limitações, riscos e complicações. A cirurgia só será considerada bem sucedida se o resultado obtido corresponder às expectativas reais apresentadas pelo cirurgião e compreendidas pelo paciente.

AMANDIO: “O laser ajuda a diminuir os excessos cutâneos e flacidez”, explicou o cirurgião , destacando o uso da tecnologia para melhores resultados estéticos

CLÍNICA BELLA FORMA (José Amandio Fernandes Filho, cirurgião plástico) Rua Aristarco Lopes, 557 - Centro – Petrolina (87) 3861.9852

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sabor&saúde PREVENÇÃO

Cuidados no verão A chegada do verão coincide com o período de férias e costuma ser aproveitado pela criançada com muito banho de rio, piscina e mar. Mas para garantir a diversão durante todo o período de folga, os pais precisam redobrar a atenção com a saúde dos pequenos. texto MARCOS SANTIAGO texto LUCIANA PASSOS

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omuns nesta época de temperaturas mais altas, as doenças gastrointestinais, causadas pela ingestão de alimentos contaminados ou mal conservados são as vilãs da estação. Entre os sintomas de intoxicação alimentar estão vômito, diarreia e apatia. O cuidado na preparação e conservação dos alimentos é essencial para evitar infecções. O ideal é que os alimentos sejam mantidos em locais frescos, sem exposição ao calor para que não estraguem. Quando for consumir é importante confirmar a qualidade. “Os pais podem substituir os alimentos enlatados e em conserva pelos naturais”, sugere o médico pediatra, Alexandre Mota, alertando para que a alimentação das crianças seja rica em frutas e verdura, evitando as frituras e gorduras. Neste período de sol forte, é preciso proteger ainda a pele e manter o organismo da criança hidratado. Segundo a otorrinolaringologista, Karine Lustosa, o ideal é consumir de 2 a 3 litros de líquidos por dia, que inclui água, sucos de frutas, água de coco, entre outros. A falta de água no organismo pode vir a levar à desidratação. Dentre os sinais clássicos da doença estão: lábios e língua secos, falta de elasticidade da pele e diminuição da urina. Se a criança apresentar esses sintomas o ideal, alertam os especialistas, é já começar a hidratação em casa, antes mesmo de chegar ao médico, com a velha receita do soro caseiro: 1 copo de água para 1 colher (sopa) de açúcar e 1 colher (sobremesa) de sal. A diarréia é mais um sintoma que merece atenção, já a criança pode vir a desidratar rapidamente. “Nas crianças, a mucosa resseca mais rápido, além disso elas dificilmente dizem que estão com sede. Então a oferta de líquido deve ser frequente”, alerta a médica. A pele, um dos órgãos mais expostos aos raios solares, precisa de cuidados específicos. O uso do protetor solar neste pe-

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CONSELHO A médica otorrinolaringologista diz que o ideak é consumir de dois a três litros de água por em períodos com sol forte. Alexandre Mota, pediatra, sugere os naturais, aos enlatados. As dicas tanto servem para crianças como para adultos

ríodo é essencial. Outra dica é tomar vários banhos por dia para que a pele se mantenha livre de infecções. Para as crianças menores de um ano, locais como praia ou piscina não são muito indicados. No entanto, se não puder evitar, mantenha o bebê à sombra, sempre protegido com chapéu de abas e roupas. A exposição ao sol deve ser evitada entre 10h e 16h. Nesse período, em especial de 12h às 16h, há maior incidência de radiação ultravioleta B (UVB), principal responsável por queimaduras e alterações que podem levar ao câncer de pele. Banhos em piscinas, rios os mares exigem atenção especial com os ouvidos para evitar inflamações. A especialista Karine Lustosa explica que após o banho é preciso secar bem os ouvidos das crianças com uma toalha de tecido ou papel. “O uso do cotonete para limpeza do ouvido deve ser evitado, principalmente porque as pessoas não têm noção da profundidade do conduto e podem provocar lesões ou até mesmo uma perfuração da membrana timpânica, ocasionando sérias consequências”, declara a médica, que alerta para em casos de dor nunca pingar nenhum tipo de medicação sem que seja indicada por um profissional.


Tim tim

CONECTADO e-mail: rivertopwines@hotmail.com JOSÉ FIGUEIREDO Sommelier e viticultor. Autor e apresentador do vídeodocumentário “Vinhos Brasileiros de Qualidade” e autor do livro “Ensolarado Sertão, Magníficos Vinhos”

por JOSÉ FIGUEIREDO

ESPUMANTES

Diferentes borbulhas

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s festas de fim de ano estão batendo à porta e nos pedem vinhos espumantes. Largamente utilizados nas comemorações ou confraternizações, cotidianamente seus estampidos soam e, a cada segundo, cerca de 80 rolhas deixam suas gaiolas voando pelos ares no planeta. Desta forma, anualmente, aproximadamente dois bilhões e meio de garrafas de vinhos espumantes liberam suas borbulhas para deleite dos diferentes consumidores, nos quatro cantos do mundo. Seus rótulos informam os sabores em uma nomenclatura muito particular, que vale muito a pena saber:  Extra Brut - literalmente seco;  Brut - seco, sem doçura;  Sec - ligeiramente doce;  Demi Sec – adocicado;  Doux - bastante doce. Esta nomenclatura francesa, adotada mundialmente, é altamente justificável, uma vez que a França é o berço dos vinhos espumantes. Conta-nos a História que, na Idade Média, a Igreja foi detentora de uma grande parte dos vinhedos europeus. Ainda em 800 d.C, no império de Carlos Magno, imperador cristão, a Igreja foi beneficiada com uma parte de toda a produção agrícola. O clero estimulou a viticultura, fornecendo ajuda técnica e concedendo privilégios celestiais em troca de resultados extraordinários nos vinhedos. O dízimo de uma colheita de feno era infinitamente inferior ao de uma colheita de uva ou de uma produção de vinhos. Todavia, esta também foi a grande colaboração para o descobrimento dos espumantes. Don Pierre Pérignon, monge benediti-

no que viveu de 1638 a 1715, foi nomeado, em 1668, tesoureiro da Abadia da pequena comunidade champanhês de Hautvillers. De paladar apuradíssimo, o histórico abade provocou uma revolução de qualidade nos 10 hectares de propriedade de sua abadia, assim como nos vinhedos dos leigos das aldeias vizinhas. Desta forma, seus diferenciados vinhos começaram a conquistar prestígio nos círculos elegantes. Eram potentes néctares carregados de borbulhas, levando-o, em certa ocasião, a ‘blasfemar’ enquanto degustava um de seus lotes prediletos: “Estou bebendo o céu. Estou bebendo estrelas”. Na Itália, coube a Carlo Gancia, em 1865, no vilarejo de Canelli, Piemonte, criar o primeiro vinho espumante, abrindo caminho para a industrialização deste vinho naquele país. Era o nascimento dos famosos Asti. Foram estes vinhos espumantes que aterrissaram no sul do Brasil na década de setenta do século passado, junto a tantos outros produtores de diferentes origens e métodos, influenciados pela forte imigração das indústrias multinacionais de bebidas. Neste mesmo período, o nordeste brasileiro descortinava suas veredas para os plantios de uvas de mesa e, tão logo, deu o passo para as uvas viníferas. Diferentes movimentos conduziram a brilhantes vinhos nordestinos, elaborados no ensolarado Vale do São Francisco, ainda nos princípios da década de 1980. Virada do milênio, agosto de 2001, as primeiras borbulhas são domadas e engarrafadas no Vale. Era o Asti, nomenclatura própria do norte da Itália, posteriormente substituída no Brasil por Vinho Espumante Moscatel. Porém, o Vale do São Francisco, não é apenas Moscatel. Há espumantes de todas as cores e sabores, entre estes, o propalado Rosé. Que as festas cheguem, porque as adegas do Vale do São Francisco, cada uma com seu estilo, estão repletas de qualidade e sofisticação engarrafadas. Prepare um balde com gelo e água. Deixe o espumante descansar enquanto busca as taças... E venham o discreto soar do sair da rolha e as tulipas se encontrando, carregadas de finas e diferentes borbulhas, em um feliz “tim tim”.

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Sou doido por Juazeiro, sou louco por Petrolina�

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texto JULIANA SOUZA fotos MARCOS SANTIAGO

hegue perto de alguém em outra cidade - nem precisa dizer de onde é - e cante só um trechinho: “Eu gosto de Juazeiro...” e deixe o complemento para a companhia. Mesmo que a pessoa ao seu lado não saiba onde ficam Juazeiro e Petrolina, muito provavelmente, ela vai completar o verso: “... e adoro Petrolina”. A música (Petrolina-Juazeiro) que tem mais de 30 anos, gravada primeiro pelo Trio Nordestino, foi uma das composições de Jorge de Altinho que mais fizeram sucesso em todo o Brasil. A canção foi feita na época em que o compositor pernambucano morou em Petrolina, na década de 70. Entre uma margem e outra do rio São Francisco, este olindense que carrega outra cidade no sobrenome artístico, encantou-se pelas belezas do sertão, incrementou um repertório de sucesso e ajudou a levar o nome dessas duas cidades pelo país afora.

O início

Ele chegou numa quarta-feira, aceitando o convite da nossa redação para revelar curiosidades sobre essa música tão representativa para a região, contar como foi sua passagem pelo sertão, falar sobre as novidades que implantou no forró quando se lançou cantor, mostrar a homenagem aos 100 anos de Luiz Gonzaga e matar a saudade de pessoas queridas que deixou por aqui. No caminho entre o aeroporto e o hotel, já se mostrou um contador de causos, observou a mudança que o progresso econômico pontuou em alguns lugares e, passando pela ponte, escapou: “Eita, como eu atravessei essa ponte com o violão nas costas!”. Mas até chegar às andanças sertanejas, houve um caminho percorrido no agreste de Pernambuco. - Minha família saiu de Olinda quando eu tinha cinco anos de idade para morar em Altinho, na região de Caruaru. Aos 10 anos de idade, na escola, eu já fazia minhas primeiras músicas. Lembro de ouvir Renato e seus Blue Caps: “Menina linda eu te adoro...” e ter a certeza de que era a música que eu queria pra minha vida. Meu pai não gostava da ideia, mas minha mãe achava que eu tinha jeito. Com 15 anos, eu já participava de banda de baile, inspirado na Jovem Guarda. O nome artístico surgiu quando eu comecei a cantar em rádios por Belo Jardim e Caruaru. O povo perguntava: Jorge de quê? Jorge de Altinho. E assim ficou.

A vinda para o Sertão

Com 22 anos, Jorge deixou Altinho, os amigos, as bandas de baile e filarmônicas, o futebol, para morar no Sertão. Ou nos sertões, como ele faz questão de dizer. E a região o inspirou em composições ligadas às raízes sertanejas. - Conheci os sertões Central, do Moxotó, do Pajeú, do Araripe e do São Francisco. Encontrei Luiz Gonzaga nessa época - mas o Rei do Baião merece um capítulo a parte. Trabalhava como concursado na Secretaria de Transportes e Comunicação do Estado de Pernambuco e pude viajar por todos esses lugares. Adorei o que vi por aqui; era outro jeito de cantar, de viver, culinária diferente, vegetação diferente. E quando conheci o São Francisco, decidi ficar. Virei chefe local do órgão ligado à repetidora de televisão em Petrolina. Foi onde comprei o primeiro carro, um fusquinha (já era playboy... risos...). Morei uns quatro anos. Tinha uma turma boa: Jurandir, Anchieta, Malan, Ednaldo Fonseca, Beto Possídio e outros bons amigos. Saíamos fazendo festas na região. Especial atenção de Jorge tem a família de dona Hilda Azevedo, que morava com treze filhos na rua do Coliseu. Jorge juntou-se à casa cheia como um filho do coração adotado por ela, durante o tempo que ficou por aqui.

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capa A música

A composição Petrolina-Juazeiro trás detalhes curiosos que só mesmo os mais atentos conseguem observar. Cantando, poucas pessoas se dão conta de que o autor narra cada cidade estando no lado oposto. - Era fim de tarde e eu estava no Vaporzinho, que ficava na beira do rio, em Juazeiro, com a turma de amigos, quando comecei a fazer os primeiros versos: “Na margem do São Francisco nasceu a beleza E a natureza ela conservou Jesus abençoou com sua mão divina Pra não morrer de saudades vou voltar pra Petrolina”. Pedi uns guardanapos ao garçom, anotei e guardei no bolso. À noite, já em casa, antes de dormir, percebi o papel no bolso e guardei pra terminar a letra no outro dia. Aí me preocupei em falar bem de Juazeiro, como tinha começado falando bem de Petrolina. Lembrei de como a gente gostava de ir pra Juazeiro, tocar violão nos bares Primavera, Ki Sabor... E fiz: “Do outro lado do rio tem uma cidade Que na minha mocidade eu visitava todo dia Atravessava a ponte, ai que alegria Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia”. Pronto! E agora? Preciso finalizar senão vai ficar indo e voltando, sem fim. Pensei em coisas que lembrassem as duas: o vapor, as carrancas, o trem tinha estações nas duas. E por aí foi… - Quando você diz que “gosta” de Juazeiro e “adora” Petrolina, você quer dizer que tem um sentimento maior por uma do que por outra? - Algumas pessoas acham isso, mas não é verdade. Quando eu escrevi essa música, usei “sou doido por Juazeiro, sou louco por Petrolina”. Mas quando Lindu do Trio Nordestino foi gravar, achou que soaria melhor de outro jeito. Aí, gravou do jeito que todo mundo conhece. Nunca percebi nenhuma repercussão negativa por parte do pessoal de Juazeiro por causa disso, não. A música fala tão bem das duas! Todo mundo entendeu que não há diferença.

FAMÍLIA Dona Hilda Azevedo (de cabelos brancos) e parte da família com quem Jorge de Altinho morou em Petrolina. Sempre que pode ele vem fazer uma visita 38

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EU GOSTO DE PETROLINA E ADORO JUAZEIRO Certa vez, durante uma entrevista de rádio, um radialista questionou o “gostar” e o “adorar”, e Jorge fez outra letra, de improviso, recitou na hora pra mostrar que não tinha diferença de sentimentos entre as duas cidades. “Na margem do São Francisco nasceu a beleza E a natureza ela conservou Jesus abençoou com seu poder milagreiro Pra não morrer de saudade vou voltar pra Juazeiro Do outro lado do rio tem uma cidade Que na minha mocidade eu visitava todo dia Atravessava a ponte onde tudo se ilumina Chegava em Pernambuco na querida Petrolina Hoje me lembro Que no tempo de criança Esquisito era a carranca E o apito do trem Mas achava lindo Quando a ponte levantava E o vapor passava No gostoso vai e vem Juazeiro Petrolina Petrolina Juazeiro Meu coração apaixonado O tempo inteiro Eu gosto de Petrolina E adoro Juazeiro”

Mal recebida

O sucesso de Petrolina-Juazeiro surpreendeu o próprio autor, que perdeu as contas de quantas vezes ela foi regravada. Jorge destaca, além da interpretação do Trio Nordestino, as de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Fagner. - Quando Geraldinho gravou com Elba, brincou comigo: “Essa música era minha, rapaz! Você roubou a música da minha terra” (risos...). Alceu colocou a música num disco muito bonito, Forró de Todos os Tempos, e Fagner gravou comigo para incluir no meu primeiro DVD (Ao vivo - 2008). Ele não podia estar presente no dia da apresentação e sugeriu que eu cantasse tudo, menos Petrolina-Juazeiro, que ele gravaria comigo no estúdio, pedindo para inserir imagens das duas cidades. Fizemos isso! Mas o sucesso encobriu outro fato curioso: - Quando eu mostrei a música a Lindu, ele disse que era melhor gravar uma música falando de amor, porque essa música só interessava aos habitantes dessas cidades. A irmã de Lindu morava em Petrolina, o esposo dela trabalhava na rede ferroviária, perto de onde eu trabalhava ali nas salas do Hotel Grande Rio. Eles pediram que Lindu gravasse para fazer uma homenagem às duas cidades. Ele gravou. No mesmo disco, tinha outra composição minha, Chamego Proibido (com Lindolfo Barbosa): “...Eu quero ser seu amor/o seu amor escondido/eu quero ser seu amor/o seu amor proibido...”, mas a que marcou mesmo foi Petrolina-Juazeiro.


Outras cidades

- Depois de Petrolina-Juazeiro, fiz uma em homenagem a Maceió. Aliás, Alagoas é um estado onde eu trabalho muito. Até mais do que em Pernambuco. Queria mostrar o lado bonito de Maceió e fiz Amor Maceió. Não teve a mesma repercussão, mas foi muito bem aceita também. E ofereci outra música falando de cidade ao Trio Nordestino. Lindu disse: “Não. Pelo amor de Deus, Petrolina-Juazeiro fez sucesso, mas não é difícil, é impossível duas músicas homenageando cidade darem certo”. Como, nessa época, eu somava umas dez composições de sucesso gravadas pelo Trio, já tinha direito de pedir que gravasse. Era minha cidade referência, Caruaru, onde eu comecei minha história e convenci o Lindu. E Capital do Forró foi um estouro – acabei dando um título muito forte à cidade. Sobre Altinho, eu já fiz, mas tenho uma guardada. Guardei pra velhice (risos...). Mas acho que depois do São João vou lançar essa música. Digo depois do São João, porque ela não é forro. É meio “roqueada”, fala das coisas da infância, dos lugares... Muito bonita!

Inovação

- Quando você se lançou cantor no começo da década de 80, propôs uma inovação no forró, usando os metais, instrumentos de sopro e outras novidades pra época. Por quê? - Minhas primeiras músicas de sucesso (Forró Quentão, Chamego Proibido, Separação, Amor Demais, Fole de Ouro e outras) tocavam entre 4h e 6h da manhã, era a hora do tirador de leite. E me incomodava quando eu perguntava aos amigos: vocês ouviram minha música nova? E o pessoal dizia que não, porque a turma mais jovem acordava mais tarde e os programas que tocavam as músicas nas rádios AMs já tinham acabado. Eu precisa achar um jeito de mostrar a música nordestina em outros horários, mostrar à juventude, em FMs. Quando eu fui convidado pra fazer meu primeiro disco, eu disse que tinha a proposta de fazer um disco diferente, mas sem perder a autenticidade, os elementos básicos da música de Luiz Gonzaga. Apenas, para atrair o jovem, queria tocar uma música mais urbana, que pudesse entrar na rádio num horário melhor e propus usar instrumentos que os jovens gostam, como bateria, guitarra, baixo e os metais. Depois de Confidências (“Eu tenho um segredo menina cá dentro do peito...”), com Petrúcio Amorim, a gente conseguiu. Como dizia Gonzaga: “Você enrolou eles!”.

Luiz Gonzaga: tí (tio) Luiz

Jorge de Altinho conheceu Luiz Gonzaga no começo da década de 70, quando o Rei do Baião quis conhecer o compositor de uma música que homenageava seu Januário. A música era Fole de Ouro, que Gonzaga dizia ser uma das mais bonitas homenagens que o pai havia recebido. Quando Jorge começou a cantar com as inovações, “o velho começou a olhar diferente, mas encontrei com ele no Rio, fui almoçar com ele e eu disse: a minha intenção é boa. É trazer um gênio como o senhor pra perto do público jovem, pra esse povo não lhe esquecer, nem esquecer o baião, dar continuidade ao que o senhor faz”. Ele começou a aceitar e foi o início de uma boa amizade. Jorge chamava Luiz Gonzaga de Tí (tio) Luiz. Foram parceiros de gravadora (RCA Victor) durante 10 anos e, juntos, gravaram quatro músicas, que soam na boca de Jorge com um jeito bem próprio do velho Lua cantar: “Menina já estou/apaixonado por você...” “Dou-lhe uma rasteira/lhe castigo na esteira/não lhe solto mais...” “Cumpadre, eu quero beber/eu pago/cumpadre, tem um cigarro?/tome logo um...” - A última participação dele numa música minha foi interessante. Eu estava no estúdio gravando e ele chegou: - Por que num me chamou? Eu num sirvo mais não? - Mas eu já abusei tanto o senhor. Já gravou três músicas comigo. - Pois eu vou entrar aí pra dar, pelo menos, uns aboios. E foi assim, brincando o tempo todo da música: - “Eu quero ver amanhecer/deixa o dia clarear...” E ele fica no meio da música: - Ôôi. Tem muito nego bebo no salão. DEZ/2012

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capa - Era dia de inauguração de energia elétrica do distrito (hoje cidade) de Granito. Quando terminou a inauguração, tinha um forrozinho numa casa e, na entrada da casa, tinha um bêbado que nem entrou nem ficou de fora; encostou de um lado da porta, botou a mão em cima e ficou só o lugar pra gente passar por baixo do braço dele. Gonzaga passou e eu passei atrás. Já do outro lado da porta, Gonzaga virou e disse: “Tu sentisse o que eu senti?” Eu, disfarçadamente, disse: “O que, ti Luiz?” “O caba tá com uma catinga de suvaco da gota”. Dei uma risada... na volta, na fazenda, ele entrou e eu fiquei no alpendre. Pensei um pouquinho e falei pra ele: “Ti Luiz, eu fiquei pensando naquele negócio que aconteceu no forró. Aquilo dá musica. Vamos fazer uma música? A gente não tá fazendo nada”. Ele foi lá dentro, pegou a sanfona, trouxe um gravador, sentou-se num batente. Eu peguei um lápis e um papel. Eu iniciei: “Eu tava passeando lá em Novo Exu (ele gostava de chamar Novo Exu porque dizia que o antigo era triste, lembrava briga de família). Vi um forrozinho quente pra chuchu”. Agora é sua. Aí ele fez: “Tinha que ter muque pra entrar ali. Eu entrei de duque com a Amaroli”. Eu disse: “tá me enrolando, que eu nunca vi uma mulher com nome de Amaroli”. Ele disse: “tem a menina da farmácia que é Amaroli”. E era mesmo. Eu lembrei de Camarão: “Quem tava tocando era Camarão Aquele burrego tem parte com o cão” Aí, o velho fez: “Quando foi chegando o Mané Gambá Todo mundo foi gritando Esse aí não dá” Aí, eu: “Segura, segura o Mané Gambá Segura esse sujeito Não deixa ele entrar” E ele completou: “Segura, segura o Mané Gambá Se ele entrar nesse forró Ninguém pode mais dançar”

REPRODUÇÃO

Causos

RECONHECIMENTO Jorge de Altinho recebeu o título de cidadão petrolinense em 1999, em solenidade na Câmara Municipal.

Ficou uma música interessante. Saiu no disco Capim Novo. Quando eu peguei esse disco, fui ouvir em Altinho com a turma. E vi que bonito não tinha sido o que a gente fez; bonito foi o que ele criou de pureza dentro do disco. Quando começa a puxar a sanfona, ele faz: “Deixe Mané Gambá em paz, homi. É a única herança que ele tem; é o cheirinho que Deus lhe deu. Ele vai ficar cheiroso. Vamos dar um banho de raspa de juá nele.” (risos...)

Homenagem: 100 anos de Gonzaga

- Esse ano eu fiz um CD especial em homenagem a Luiz Gonzaga (Jorge de Altinho – 100 anos de Gonzagão), cantando músicas dele e disponibilizei tudo pra baixar no meu site (www.jorgedealtinho.com. br). Foi um presente pra mim mesmo e para os amigos. E fiz uma música pra homenageá-lo fora do convencional, meio country, que vai estar no DVD que eu vou lançar em março do ano que vem. Gonzaga merece todo nosso reconhecimento. Ele colocou o Nordeste no mapa do Brasil e nunca abandonou seu sotaque, suas vestimentas, seu jeito de ser.

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Jorge de Altinho se despede da reportagem falando de novos projetos: DVDs, CDs, composições guardadas, vontade de continuar “fazendo” São João. E, como quem deu um quê de inovação e surpresa no começo da carreira, deixa a expectativa de que pode voltar ao Sertão. Dessa vez com um olhar empreendedor fora do meio artístico. Ele faz meio segredo sobre o negócio de logística e refrigeração que mantém perto do Porto de Suape, no litoral pernambucano. Pelo jeito, ele tem novos sertões a descobrir. Mas essa é uma outra história...


modahomem

SO FIS TI CA DO O editorial de moda masculina da Mundo Vale traduz um jeito elegante e casual de se vestir. Homens modernos precisam ter peças chaves em seus cabides. Com elas é possível ir da reunião a uma viagem de negócio ou de lazer. fotos C.FÉLIX texto KARINE MAGALHÃES


modahomem Os blazers da estação têm formas modernas, estão mais alinhados e justos no corpo. Camisa slim cai bem com a calça social e gravata, como também com calça jeans e tênis. Calça jeans, aliás, é clássica, atemporal e pode ser usada com tudo.

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Propostas criadas com o espírito de aventura e liberdade sem perder a sofisticação, seguindo as tendências da moda internacional.

FICHA TÉCNICA LUÍS CÉSAR modelo// SOCORRO ZHAGAIA produção/looks// C.FÉLIX fotografia// ZHAGAIA (BARREIRAS/BA) loja// KARINE MAGALHÃES consultora de moda//

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umlugar

Paulo Afonso

foto DRIELE MUTTI

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Canyon do São Francisco A ação da natureza deixa o turista deslumbrado com o canyon do rio São Francisco. O profundo vale emoldurado pelas paredes rochosas é um caminho de descobertas entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. Saindo de Paulo Afonso (BA), um passeio de catamarã sobre as águas de tom esverdeado conduz o visitante para experiências inesquecíveis. Em alguns trechos, a embarcação para; hora de um banho refrescante. Por terra, a vista pode ser a da ponte metálica Dom Pedro II, que liga os estados da Bahia e Alagoas (BR 110).

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Carrancas, da proa ao imaginĂĄrio

cult mĂşsica, cinema, literatura, agenda, cultura popular... 48

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DE GUARANY A ANA DAS CARRANCAS À direita, as peças inconfundíveis da “Dama do Barro”. Ao lado, Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, escultor que mais produziu carrancas em 40 dos 60 anos que durou o período de produção dos carranqueiros para as barcas do médio São Francisco, “uma barca sem a figura de proa era como um homem sem gravata”

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FOTOS: REPRODUÇÃO

Segundo Paulo Pardal, que escreveu o livro “Carrancas do São Francisco” - o maior estudo já feito acerca deste assunto, as carrancas “são as peças de arte popular mais originais e as únicas de solução genuinamente brasileira em nosso vasto folclore artístico”.

Renascimento

fotos/texto CARLOS LAERTE

inguém sabe ao certo quando surgiram, de onde vieram, nem quantas eram, mas acredita-se que as figuras de olhos esbugalhados, bocarra escancarada, expressão carregada e uma tremenda cara feia - popularmente conhecidas como as Carrancas do São Francisco, já fazem parte do imaginário dos beradeiros do Velho Chico, desde meados do século XIX. Esculturas zooantropomorfas - meio homem, metade animal - as carrancas figuravam, a princípio, nas proas dos barcos para afastar o medo do desconhecido e afugentar os lendários Nego D’água e Minhocão - duendes do rio. Barqueiros, remeiros, ribeirinhos e beradeiros acreditavam que as figuras de proa davam poderes humanos e sobrenaturais às barcas, salvaguardando-as das tempestades, desgraças outras e até anunciando, com três gemidos, quando o perigo dos naufrágios era iminente. A partir de 1950, com o crescente interesse pelas canoas sergipanas a vela e a motor, as carrancas começaram a desaparecer das proas das barcas, estas que também tiveram o mesmo triste fim. Os motores a explosão fizeram rolar pelas margens do rio bonitas peças de proa, que passaram a ocupar lugares menos nobres como moirão de cerca e fogueiras de São João. Em 1956 praticamente não havia mais carrancas na proa das barcas do São Francisco. Hoje, elas ocupam um espaço privilegiado, enquanto figura mística, ornamental e objeto de decoração dos mais marcantes, no vasto e rico artesanato nacional, além de figurar também, entre as crendices populares, como mágico e poderoso amuleto para afastar o mau olhado.

Na década de 60, o almirante Aristides Pereira Campos Filho encomendou a Guarany duas peças para decorar os dois primeiros empurradores da Companhia de Navegação do São Francisco, da qual era presidente àquela época. Além disso, a Companhia adotou uma carranca estilizada como símbolo, logotipo. O estudioso Paulo Pardal considerou estes dois gestos como uma espécie de renascimento para as carrancas que, em madeira, barro e pedra, tiveram um surto de produção em série logo a partir do início dos anos 70. Elas saíram das águas direto para as casas dos ribeirinhos e daí para o mundo. Aproveitando também este novo tempo, destacaram-se, respectivamente em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), artesãos como Ana das Carrancas, com magistrais peças de barro e olhos vazados, e Jordélio, dono das mais belas soluções em pedra de vários tamanhos. Com o aumento da procura, principalmente nas lojas de artesanato das principais cidades nordestinas, a maioria dos escultores abandonou a originalidade, passando a criar peças iguais, frias, monótonas e sem muita expressividade, inspiração e domínio técnico. Por outro lado, alguns artesãos ainda mantêm a tradição elaborando suas criações com beleza e originalidade, a exemplo de Francisco Soares dos Santos, Vanilson Soares e Paixão. Na Oficina do Artesão Mestre Quincas, em Petrolina, a procura por carrancas é muito significativa, principalmente durante a realização de grandes eventos, a exemplo do São João e da Feira Nacional de Agricultura Irrigada – Fenagri, quando a cidade recebe um grande fluxo de turistas. Cerca de seis carranqueiros se revezam na produção das peças, em vários tamanhos, que seguem também diretamente para feiras de artesanato, como Feincartes, evento de porte internacional no próprio município e a Fenearte, no Recife.

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cult cultura popular

De pai pra filho

Seja na produção de peças em madeira ou utilizando a pedra e o barro, os artesãos vão se renovando e passando a arte de pai para filho, a exemplo de Júnior Guarany, neto do Mestre Guarany, que vive e trabalha em Santa Maria da Vitória, no oeste baiano e, no caso de Ana das Carrancas, de mãe para filhas. As herdeiras de Dona Ana Leopoldina, Maria da Cruz e Ângela Lima, receberam os primeiros ensinamentos ainda mocinhas e, desde a morte da “Dama do Barro”, em outubro de 2008, elas levaram adiante a técnica e produzem um trabalho com as mesmas características que transformaram uma simples louceira em uma das mais admiradas ceramistas do país. As filhas de Dona Ana também coordenam os trabalhos do Centro de Arte e Cultura Ana das Carrancas, em Petrolina, que realiza regularmente oficinas, cursos e exposições. Mas nem tudo é realização e contentamento neste mundo de artes e artesãos. Conhecido em Juazeiro como o maior carranqueiro do Vale do São Francisco, Paulo Queimado já chegou a produzir 80 carrancas por semana tendo apenas, como ajudantes, os próprios filhos. Hoje, depois de 32 anos de produção artesanal, ele está fora da profissão e sobrevivendo da produção de móveis. “Parei de fazer carrancas simplesmente por que as leis proíbem a retirada da Imburana verde na Caatinga. Como não quero trabalhar na ilegalidade e não tenho condições para pagar as altas multas cobradas nas apreensões, deixei de lado, há dois anos, uma das coisas que mais gostava de fazer na minha vida, ser carranqueiro”. “Princípio da aliança entre a navegação e a poesia viva”, como bem definiu o poeta Carlos Drummond de Andrade, as carrancas seguem rio abaixo, lua acima, o caminho da simplicidade, pureza, equilíbrio e majestade. O espírito inquieto, supersticioso e místico do povo brasileiro se encarrega da universalidade, a mesma mágica que transforma simples artesãos em escultores e que não deixa ninguém indiferente diante de uma carranca.

FOTOS: CARLOS LAERTE

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EM SÉRIE Na Oficina do Artesão Mestre Quincas, em Petrolina, a alta procura por carrancas requer uma produção em série

“DAMA DO BARRO” Ângela Lima, com o filho no colo, herdou da mãe Ana das Carrancas o gosto pela arte e com a irmã Maria da Cruz, coordenam cursos, oficinas, exposições no Centro de Artes


cult

ensaio

Gruta de

Patamuté A romaria do Sagrado Coração de Jesus da Gruta de Patamuté, em Curaçá (BA), atrai romeiros desde o início do século passado, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro. Várias histórias contornam o surgimento da religiosidade no local. Infelizmente, a imponência da gruta não consegue sensibilizar o visitante para preservação histórica e natural. fotos MARCOS SANTIAGO texto C.FÉLIX

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FALTA PRESERVAÇÃO Garrafas e outro objetos são encontrados espalhados pela entrada da gruta, que tem uma “boca” de 15 metros de altura e 20 metros de largura, aproximadamente

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PRECES O altar de madeira com a imagem do Sagrado Coração no centro do salão, com suas dezenas de velas acesas, é o principal ponto de manifestação da fé cristã

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cult memória

Aqui nasceu o

Rei do Baião

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Fazenda Caiçara, 13 de dezembro, dia de Santa Luzia, município de Exu, Pernambuco. Nesta data, no ano de 1912, “nascia uma estrela, costurada num belo e tradicional chapéu de couro”. texto/fotos AUGUSTO PESSOA

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uiz Gonzaga, o Rei do Baião, nasceu no lado pernambucano da Chapada do Araripe, bem na divisa com o Ceará. As formações rochosas e o intenso verde dão à região o título de “oásis sertanejo”, um refrigério em meio à vasta e quente caatinga que domina parte do Nordeste brasileiro. Na antiga Fazenda Caiçara, que viu nascer, em 1760, a revolucionária Bárbara de Alencar - primeira presa política do Brasil e uma das mulheres mais influentes de sua época - também nasceu, 150 anos depois, o mais influente músico do interior brasileiro. Era 13 de dezembro de 1912, dia de Santa Luzia, e seu Januário e dona Santana não tiveram dúvidas na hora de batizar a criança na pia batismal da Igreja Matriz de Exu: Luiz, um sertanejo como tantos outros nascidos naquelas bandas, mas que trazia em si a grandeza da cultura popular em sua mais autêntica expressão. No terreiro da fazenda, com apenas 8 anos de idade, Gonzaga tocou para um público pela primeira vez, substituindo um sanfoneiro. No ano em que o velho “Lua” faria um século de vida, as homenagens se multiplicam pelo país afora e confirmam o que se diz ainda hoje pelos mais distantes recantos do sertão pernambucano: “No

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FOTOS:AUGUSTO PESSOA

NA FAZENDA Sela pendurada em uma árvore e um silêncio quase eterno selado pela Igreja de São Joao Batista do Araripe, presença constante nas músicas de Gonzagão. Nesse ambiente ele passou boa parte de sua infância

dia 13 de dezembro, na antiga casa da Fazenda Caiçara, nascia uma estrela, costurada num belo e tradicional chapéu de couro”. Bem próximo da Fazenda Caiçara, está a Vila do Araripe, onde Gonzagão passou sua adolescência. O que chama a atenção de imediato é a Igreja de São João Batista do Araripe, construída em 1868 pelo Barão de Exu e eternizada nas músicas de Luiz Gonzaga. O lugar parece ter parado no tempo e preserva construções centenárias que só aumentam o clima de volta ao passado. Morando ao lado da Igreja, uma senhora tem a missão de guardar em casa a única - e enorme - chave que existe. Do outro lado fica a casa do Barão de Exu, que possui até uma senzala em seu terreno, herança do triste tempo em que escravos eram usados nos engenhos e casas de farinha da região. A casa em que Luiz Gonzaga viveu dos 12 aos 18 anos foi demolida esse ano para dar espaço a um relicário da memória do sanfoneiro que colocou a pequena Exu no mapa da música mundial. Alguns moradores lembram e relembram diariamente das noites de forró em que o jovem Luiz Gonzaga juntamente com seu pai Januário animavam as festas da região. O lugar mantém a mesma áurea dos velhos tempos, com selas de cavalos encostadas nas árvores e um silêncio quebrado apenas pelo canto dos pássaros. Luiz Gonzaga cresceu nesse universo, ajudando o pai a consertar sanfonas ou mesmo trabalhando na roça, de onde retirou boa parte da inspiração para cantar a saga do agricultor nordestino em aproximadamente 200 discos lançados numa carreira de mais de quatro décadas. Embora sendo o terceiro artista mundial a receber o ‘’Cachorinho da RCA’’, prêmio entregue anteriormente apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, e tenha cantado para os presidentes Eurico Gaspar Dutra e José Sarney, além do Papa João Paulo II, o verdadeiro reconhecimento do valor de sua obra veio em 1984, quando Luiz Gonzaga foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os melhores da Música Popular Brasileira. Para os poucos moradores da Fazenda Araripe, as lembranças do Luiz sertanejo são bem mais familiares que as notícias que chegavam pelo rádio. Muito se fala por ali da época junina, quando a igreja em homenagem a São João Batista, era especialmente enfeitada e o forró corria solto durante vários dias. Em 1968, Gonzaga lança o disco São João do Araripe, onde uma composição se torna sucesso e eterniza uma das mais sinceras homenagens do artista a sua terra natal. “Meu Araripe”, uma parceria com João Silva, revela com a simplicidade da sua poesia todo o amor que Luiz cultivava pela sua origem: Meu Araripe, meu relicário Eu vim aqui rever meu pé de serra Beijar a minha terra Festejar seu centenário Quero louvar Os grandes desse lugar Luiz Pereira, Dona Bárbara de Alencar E o Barão que não sai da lembrança Que mandou buscar na França São João e Baltazar 58

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A estátua trazida da Europa ainda hoje está na igreja. Luiz Gonzaga foi uma das mais completas e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sanfona, zabumba e triângulo, ele levou a alegria das festas juninas e do forró, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país. Nos arredores da Fazenda Caiçara e da Vila do Araripe, pequenos vilarejos resguardam verdadeiros patrimônios históricos e culturais. Celeiros, artesãos, músicos e brincantes populares compõem esse vivo relicário da tradição cultural nordestina que revela, ainda, uma forte gastronomia caracterizada pelo baião-de-dois com pequi e pela galinha caipira, pratos típicos em toda a extensa região da Chapada do Araripe. O Sertão do Pajeú é um território que conquista o visitante pela beleza quase rupestre de seus atrativos. Saindo um pouco da zona rural, é possível ainda visitar a cidade de Exu, onde um grande museu em homenagem ao Rei do Baião guarda diversos objetos que pertenceram ao músico e boa parte da quilométrica discografia do “Velho Lua” (por causa do rosto arredondado), como Luiz Gonzaga é carinhosamente chamado pelo povo sertanejo. A marca da família está em cada sítio, em cada festa de fim de semana, onde o autêntico forró é a trilha sonora obrigatória em arrasta-pés madrugada adentro.


Discípulos

FOTOS:REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

Targino Gondim

Flávio Baião

Desde muito cedo eu ouvia as canções de Luiz, com meu pai tocando e ouvindo os discos dele. Herdei do meu pai o gosto pela sanfona e pelo trabalho do Rei. Aos 12 anos de idade fiz o meu primeiro contato musical com a sanfona e queria ser igualzinho a Luiz Gonzaga na minha futura carreira de artista. Luiz Gonzaga é tudo que tem vida no sertão! É a alegria e tristeza do povo, é a feira, o radinho de pilha, os padres, os cangaceiros....ele é a síntese mais perfeita do sertão! Todos os meus trabalhos, shows e tudo o mais tem a marca de Luiz. Tenho a nítida impressão de que essa marca irá permanecer comigo para sempre! Acho que a obra de Luiz Gonzaga nunca esteve tão presente como nos dias de hoje. E não é apenas por se tratar dos festejos do seu centenário, mas da necessidade dos artistas e do público em revisitar sua obra. A música de Luiz é atual, moderna, serviu de base para quase tudo o que temos nos dias de hoje na MPB. Viva Luiz !”

Desde a minha infância eu tive a felicidade de participar de festas juninas regadas de músicas de Luiz Gonzaga. Isso foi me influenciando musicalmente, comecei a tocar alguns instrumentos como zabumba e triângulo, ainda menino. Mais tarde, o violão, contrabaixo, nunca esquecendo daquele que, pra mim, foi a maior fonte de inspiração. Toquei alguns instrumentos, mas não me completava, faltava algo. Foi aí que veio a sanfona. No São João de 1986 de Juazeiro-BA, eu tive a felicidade de assistir ao show do mestre Gonzaga, onde ele fazia uma turnê pelo nordeste apresentando o sobrinho, Joquinha Gonzaga, como seu seguidor. Logo após o show fui apresentado ao Sr. Luiz, nos cumprimentamos, o que para mim foi uma honra, algo que me marcou muito, foi realmente especial. Eu costumo dizer que a obra de Luiz Gonzaga já foi eternizada”.

CIDADÃO PETROLINENSE Luiz Gonzaga recebeu o título de cidadão petrolinense em 1977. A solenidade foi realizada durante o dia no antigo Cine Massangano. À noite, ele fez show na Concha Acústica

SERVIÇO Casa Grande da Fazenda Caiçara e Fazenda Araripe Distância de Exu: 15 km Vias de acesso: PE-122 (rodovia Asa Branca), sentido Exu-Bodocó. Após 6km, tomar a estrada vicinal que dá acesso a Moreilândia, percorrendo mais 9km. Em frente ao cemitério, entrar à direita e seguir até o museu.

Raimundinho do Acordeon

“Luiz Gonzaga influenciou a minha carreira com sua voz e aquele modo de demonstrar sua satisfação quando estava grudado na sanfona! Eu ouço seu Luiz por toda minha vida, por isso a influência dele nas minhas músicas vem das primeiras sílabas criadas por mim. Eu sempre homenageio Luiz Gonzaga em minhas músicas: “A moda de Luiz” , “No Museu do Gonzagão” são um exemplo disso. Eu estive com Luiz Gonzaga em dois momentos inesquecíveis da minha vida! O primeiro encontro foi no restaurante Andrade, casa onde eu me apresentava tocando forró em São Paulo e o segundo encontro foi em Juazeiro-BA, minha cidade natal, quando eu participei do seu show tocando triângulo, em junho de 1986. Seu Luiz é mito imortalizado pela a arte que ele veio ao mundo anunciar, por isso, jamais será esquecido pelas futuras gerações!” DEZ/2012

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cult

SE LIGA!

agenda

MÚSICA

Os baianos do Araketu são atração no dia 16 de dezembro no Depósito Dancing de Juazeiro.

Salve São Francisco

Filho de Petrolina (PE), Geraldo Azevedo teve sua infância e adolescência lavadas pelo rio São Francisco. O rio que nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, segue em direção à Bahia, alcança Pernambuco, faz divisa natural entre Sergipe e Alagoas até desaguar no Oceano Atlântico. Ao longo dos seus 2.880 km de extensão, espalha o verde pelo sertão, tornandose parte indivisível da alma brasileira. É o Velho Chico, como é carinhosamente conhecido, o grande homenageado do “Salve São Francisco”, projeto de Geraldo Azevedo, lançado em CD e DVD pela Biscoito Fino.

Já no dia 17 de dezembro a cantora gospel Aline Barros se apresenta no Petrolina Hall em Petrolina.

O cantor nunca se eximiu em dizer que o lançamento deste trabalho representa a realização de um grande sonho. Afinal, o rio fez parte de sua infância e ainda está vivo em sua memória. Além do mais, a importância do São Francisco para o país é imensa. “O rio é o grande oásis do sertão brasileiro, por onde ele passa deixa um rastro de verde. Você quando se afasta dele, encontra logo o sertão brabo. Ou seja, o rio representa a vida”, define. “Toda vez que eu volto aqui ao São Francisco eu percebo como é importante falar da água, porque a água hoje é um problema do mundo, do planeta. Os países fazem guerra por causa do petróleo, mas a gente vive sem ele. Mas sem a água não há vida”, continua. Na hora de escalar os artistas que iriam interpretar as canções Geraldo contou com a ajuda de Gabriela Azevedo, sua filha e produtora executiva, além de Robertinho de Recife, que participa em diversas faixas. Robertinho também tocou vários instrumentos e atuou como produtor musical, convocando músicos experientes para abrilhantar ainda mais essa homenagem, como é o caso de Lui Coimbra, Daneila Spielman e Firmino, para citar alguns. A escolha seguiu o critério afetivo-geográfico - todos os artistas são de estados alcançados pelo São Francisco, em um tributo emotivo e artístico ao rio que integra o nordeste num tecido de culturas, saberes e viveres, numa verdadeira prece pela sua existência. Entre os destaques estão Dominguinhos, Ivete Sangalo, Djavan e Fernanda Takai. Dirigido por Lara Velho, o DVD “Salve São Francisco” traz como pano de fundo uma espécie de colcha de retalhos com imagens do povo, dos bichos e da natureza pelas margens, das carrancas ao folguedo das crianças, do artesanato à culinária.

Quem também estará em Petrolina é a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. O show da dupla acontece no dia 21 de dezembro na Arena do Iate Clube.

A animação será completa dos dias 22 e 23 de dezembro com mais uma edição do Verão do Pernalonga. As atrações desse ano são Aviões do Forró, Timbalada, Filhos de Jorge e Parangolé. A festa acontece na Chácara Bougainville em Juazeiro Como aperitivo para o Carnaval 2013, entre os dias 24 e 27 de janeiro Juazeiro realiza seu tradicional “Carnaval de Juazeiro”. Atrações confirmadas para a folia: Asa de Águia, Filhos de Jorge, Luiz Caldas, Harmonia do Samba, Black Style, A Bronca, Psirico O Country Club de Juazeiro sedia no dia 27 de janeiro a Feijoada do Dadau, com participação de Margareth Menezes, Alan Cleber, Samba Direito, Swing & Samba, Rogério Leal

LIVRO

Adzamara Amaral lança “Sento Sé, Memórias de uma Cidade Submersa”

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Livro reportagem narra por meio das memórias dos próprios moradores, a inundação da cidade para garantir a construção da barragem de Sobradinho. As cidades de Pilão Arcado, Casa Nova e Remanso também fazem parte da narração. Ao todo, Adzamara dedicou sete meses à pesquisa e escrita da obra. A curiosidade e o estímulo da jornalista para escrever o livro surgiram de suas próprias memórias da infância. Adzamara cresceu ouvindo histórias, lendas e causos sobre a inundação da cidade de Sento Sé, quando visitava o povoado de Brejo da Brásida, terra natal de seus pais. “O que mais me marcou, no processo de produção do livro, foram as falas das pessoas sobre o dia em que saíram da cidade. Muitos entrevistados começavam a chorar ao lembrar os momentos em que deixaram seu lar, recordando cenas de suas casas sendo derrubadas diante de seus olhos. Tive a oportunidade de entrevistar pessoas que me fizeram mergulhar num tempo passado”, conta a jornalista.


LIVRO

JORGE AMADO: Seara Vermelha Escrito em 1946, quando Jorge Amado era deputado federal pelo Partido Comunista, Seara vermelha narra a luta dos sertanejos do Nordeste contra a fome e pela dignidade humana. A ação se desloca do sertão nordestino aos confins da selva amazônica, do Mato Grosso ao Rio de Janeiro e São Paulo. Acontecimentos cruciais da história do país, como a Revolução onstitucionalista de 32 e sobretudo o Levante Comunista de 35, sem falar do cangaço e das revoltas místicas, são retratados de modo vivo e pulsante neste romance de amplo fôlego, que é também uma narrativa de extrema e dolorosa atualidade.

AYAN HIRSI ALI: Nômade Em seu novo livro, Ayaan Hirsi Ali, reconhecida crítica do islã, defensora dos direitos das mulheres e autora do best-seller Infiel, conta a história de sua viagem aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor e de sua tentativa de finalmente criar raízes em algum lugar. Nesta história da transição da vida tribal à cidadania plena em uma democracia ocidental, Ayaan relata as reviravoltas em sua vida após o rompimento com a família, que a renegou quando ela renunciou ao islã depois do Onze de Setembro. De forma comovente, a escritora somali relata sua reconciliação com a mãe e os primos, e com o pai no leito de morte.

CD

RITA LEE: Reza Após anunciar a aposentadoria dos palcos, a vovó do rock brazuca Rita Lee, 64 anos, lançou um novo disco de inéditas. Reza é um álbum moderno, com intervenções cirúrgicas de música eletrônica ao longo de suas 14 faixas e letras épicas como em Divagando: “Quanto tempo ainda tenho no mundo? / Milênios? / Milésimos de segundo?”, ou na sugestiva Tô um lixo, em que escancara: “Parei de fumar / Parei de beber / Parei de jogar / Dinheiro tanto faz / A cabeça tá um jazz”.

ZECA BALEIRO: O disco do ano Sem lançar disco de inéditas desde 2008, Zeca Baleiro lançou este ano uma coleção de canções que não desapontaram fã nenhum. Quem gosta do Zeca baladeiro e romântico vai se deliciar com “Nada Além”, coescrita com o líder do Barão Vermelho, Frejat. “Mamãe no Face” é um tango estilizado que explica o título do álbum e faz graça com a crítica musical do país. Outro acerto bem-humorado é “Meu Amigo Enock”. Em suma, as situações patéticas do cotidiano seguem sendo o prato preferido do maranhense.

CABRUÊRA: Nordeste Oculto Dois anos depois do lançamento do excelente Visagem (2010), a banda paraibana Cabruêra retorna com um novo trabalho. Nordeste Oculto, faz parte de um amplo projeto de artes integradas que une a música da banda, o trabalho fotográfico de Augusto Pessoa e textos do citarista Alberto Marsicano. Musicalmente o disco mantém a mesma linha dos quatro primeiros trabalhos com uma mescla do mais tradicional música nordestina, com elementos que vão do experimentalismo da música progressiva ao peso do rock. A banda já iniciou a turnê do seu novo álbum, que está disponível para donwload no link www.overmundo. com.br/banco/nordeste-oculto-cabruera.

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Ser Tão

CONECTADO www.raquelbenevides.com.br facebook: cerimonial.raquelbenevides e-mail: raquelbenevides@hotmail.com

RAFAEL BENEVIDES

por RAQUEL BENEVIDES

Pedro Braz e Patrícia Reis

A vida reaproximou os dois, que vivem um amor intercontinental. Ele, em Portugal. Ela, em Brasília. A união do casal foi feita numa romântica e rústica cerimônia às margens do rio São Francisco, em Petrolina, no mês de novembro.

GO MARCOS SANTIA

SÍMBOLO DE FÉ E PROTEÇÃO, VAI E VOLTA NO MUNDO FASHION!

Ana Paula e César

Mês de dezembro especial para o casal Ana Paula Cardoso e César Homero, que casa-se na Igreja Matriz, em Petrolina. Eles reservaram um tempo, durante os preparativos, para um ensaio descontraído às margens do Velho Chico. Para a cerimônia, o tom escolhido pela noiva dará um toque de paixão na decoração. Seu vestido, by La Novia, de Salvador, foi escolhido em clima de muita emoção. 62

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O crucifixo se tornou acessório fashion, presente em colares, brincos, pulseiras – de diversos materiais – além de estar estampado e bordado em peças de vestuário. Ele também é um acessório presente em alguns casamentos. É muito comum ver noivas com terço e buquê na mão entrando na igreja. Elas podem levá-lo amarrado ao pulso, ao caule do buquê ou apenas segurando em suas mãos. É importante prestar atenção ao tamanho e às pedras que serão usadas. O modelo do vestido da noiva, os acessórios que ela usará no grande dia e até a altura da própria noiva devem ser considerados antes da escolha! Com toda certeza, é uma peça linda que pode ficar como recordação e também ser símbolo familiar, passando de geração em geração.


Noite da sapateira

Graça Araújo reuniu uma turma de petrolinenses para passear por Portugal. Foram oito dias do mês de outubro em terras lusitanas, onde contaram com as dicas de turismo do casal Gal Rocha e Virgílio Manoel. Entre outros locais, a turma passou por Lisboa, Óbidos, Nazaré, Porto, Fátima e Cascais. Graça já está organizando o segundo tour por Portugal. A foto foi feita num restaurante que serve sapateira, crustáceo “primo” do caranguejo que conhecemos.

Brinde

Assessores e cerimonialistas do Nordeste se reuniram no Recife para atualizar os conhecimentos na área. Entre os palestrantes, o consultor de etiqueta Fábio Arruda. Na foto, um brinde com o empresário João Santos que promoveu a marca Rio Sol durante o evento.

Lançamento

RAFAEL BENEVIDES

O delegado da Polícia Federal e professor titular da FACAPE, Márcio Alberto, com a esposa Aline Telles e o filho Antônio Neto, lançou no mês de novembro o livro “Inquérito Policial - Uma análise jurídica e prática da fase pré-processual”. Foram três lançamentos distintos na região de Juazeiro/Petrolina, Aracaju/SE e Brasília/DF.

ISSO VALE A noiva e suas madrinhas devem combinar as cores de seus vestidos para que não haja coincidência de cores, principalmente com os trajes das mães dos noivos, que têm prioridade na escolha da sua cor. Além de evitar constrangimentos, o altar de um enlace fica um luxo!

ISSO NÃO VALE

Humberto Jr. e Rafaela

Clássico e com uma atmosfera vintage foi o casamento de Humberto Júnior e Rafaela, realizado em outubro, na catedral de Petrolina. A delicadeza estava nos detalhes, como o buquê de broches da noiva, feito pela mãe. Na foto, o casal ladeado pelos pais Humberto e Tânia (noivo), Napoleão e Rosângela (noiva).

As mães dos noivos não devem vestir cores chamativas, estampas, preto, branco ou bege claro demais. E nem pensar em vestir as mesmas cores. Cada uma deve ter a sua cor e modelo. Madrinhas também não devem vestir preto, branco ou bege claro! Lembrem-se: quem chama atenção no altar são os noivos!

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social

vale

Família Khoury nos 90 anos de dona Lea

Betinha e Juarez Canejo, Patrícia Coelho

Adriana Tanuri

Carlota Ferreira, Noeli Mota e Dadau Barbosa Mozart Araújo e Bárbara Cavalcanti Equipe 9ideia

Gisa Ramos, Lucas e Franz Ferreira Kátia Sekitani, Rodrigo Caravalho (ex-BBB), Beto Binga e Cléa Barbosa 64

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Veridianna Corlett, Bianca Garziera com Flávia Alessandra


Kelma Nunes, Luana Lopez, Juliana Lopez, Késia Nunes Tarcísio Teles, Mariana Clemente e Eisla Araújo

Luciana Coelho Margarete Araujo, Larissa Pinheiro, Nara Gomes Patriota, Sandrine Gomes e Anny Gomes

Késia Araújo, Anne Gomes e Soraide Cavalcanti

Nilton Sales, Ninfa tavares, Adriana Raimundo, lilian Bastos,Ercilia Dantas,Renata Valverde,Cecilia Valverde e Alcione Melo

Dayse Lucy, Taluhama Pinheiro e Luana Trindade

Laila Duarte e Bruno Lopes

Ugo Cesar, Vânia Correia e Maurício da Costa Leite

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Humor

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por Júlio César


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