cult
REVISTA
CENTENÁRIO FAZENDA CAIÇARA: BERÇO DE LUIZ GONZAGA COMEMORAÇÃO CAPOEIRISTAS MARCAM ENCONTRO PARA CELEBRAR DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
miscellanea
Festival de Lençóis
FREJAT, ANA MAMETTO E ORQUESTRA SINFÔNICA DA BAHIA DÃO ESPETÁCULO NA CHAPADA DIAMANTINA
“O mercado é preconceituoso com a classe C” Waldez Luiz Ludwig, PSICÓLOGO E
CONSULTOR DE GESTÃO EMPRESARIAL
Isa Bessa:
EU SUBO NO PALCO E CANTO Anestesiologista com “tom chique” e voz afinada, Isa já fez sucesso em uma famosa casa de fado em Portugal. Hoje, aposentada das seringas e dos palcos, dedica-se à administração dos negócios. Com uma determinação invejável, garante: “a paixão é que move o mundo”.
OUZA EDITORA
ANO II - Nº 13 - OESTE DA BAHIA - NOV /2012 R$ 9,99
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Ouza Editora Ltda. Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16 Tel.: (77) 3611.7976 - Centro - Barreiras (BA)
REVISTA
reva.bahia@gmail.com
ANO II - Nº 13 NOV/2012 DIRETOR DE REDAÇÃO E DE ARTE
Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com
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DIRETORA COMERCIAL
Anne Stella
9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com
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EDITOR
Anton Roos
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SECRETÁRIA DE REDAÇÃO
Carol Freitas
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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Leilson Castro ILUSTRAÇÃO
Júlio César EDIÇÃO DE ARTE
Klécio Chaves CONSULTORIA DE MODA
Karine Magalhães REVISÃO
Rônei Rocha e Aderlan Messias IMPRESSÃO
Coronário Editora e Gráfica TIRAGEM
4 mil exemplares ASSINATURAS/CONTATOS COMERCIAIS Barreiras
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9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra
Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa
Gisele: (77) 9127.7401 Luís Eduardo Magalhães
Tizziana: (77) 9199.5585 / Anton: (77) 9971.7341 / Rodrigo: (77) 9994.5981 Santa Maria da Vitória
Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797
A r.A já obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.
EDITORIAL
Sair para comprar picolé clichê sim, mas o calor que tem feito em Barreiras e em todo Oeste baiano está insuportável. O velho “vou pegar um ar fresco e já volto” está em desuso. Ninguém se arrisca a abrir a porta para deixar o conforto da sala ar-condicionada e fritar sob o sol escaldante. A ordem é não derreter, enquanto a chuva não chega para refrescar as cabeças ainda quentes em vista do resultado deixado pelas urnas em 07 de outubro. A onda de calor, talvez seja propícia para uma boa revisada em todos aqueles velhos conceitos que insistem em não nos deixar virar a página e viver algo diferente. A propósito, a ideia de mudar está ligada quase que uterinamente ao conceito de evolução, de mudança. Sair do lugar comum e abrir a porta, mesmo sob um calor de 40º para comprar um picolé em pleno meio dia. Arriscar-se e não ter medo de novos desafios. Quem disse que é preciso esperar pelo primeiro badalar do ano novo para operar uma mudança de vida, de trabalho, de guarda-roupas, de amor, está enganado. Não existe hora mais apropriada para a mudança que o hoje. Pensando por esse lado, e tendo em mente a máxima do “evoluir é preciso”, reservamos para a última edição do ano, no próximo mês de dezembro, o prazo para operar a nossa. Tentem não derreter e verão. Antes disso, no entanto, a edição nº 13 de r.A, longe de qualquer associação com o azar ou má sorte, traz em sua matéria de capa a história da doutora Isa Bessa, anestesiologista, cantora, empresária, mãe, mulher e, acima de tudo, um exemplo de vida. O bom humor e descontração da doutora, aliás, é como um refresco depois de quatro edições discutindo os desafios que os prefeitos eleitos das cinco cidades mais populosas da região terão pela frente a partir de 1º de janeiro. Esta edição também marca o início de uma nova etapa para r.A, que quer chegar a outras regiões da Bahia. Conferimos o tradicional Festival de Lençóis, conversamos com o “Barão Vermelho” Frejat e fizemos um ensaio fotográfico com o capoeirista Ailton Carmo dos Santos, conhecido pela atuação no filme “Besouro”, de 2009. Ele conversou sobre a prática do esporte como forma de diminuir as diferenças sociais e o Dia da Consciência Negra, a ser comemorado no próximo dia 20 de novembro. Por fim, dos sertões pernambucanos recontamos a história do “rei do Baião”, Luiz Gonzaga que este ano completaria 100 anos. Uma edição tão quente quanto esses dias escaldantes. Oportunidade, talvez única, para abrirmos a porta para comprar um picolé.
Da redação
C.FÉLIX
54 Doutora em si bemol maior
ÍNDICE
CAPA
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A história da anestesiologista cantora e administradora apaixonada
A MISCELLANEA
21 .
Festival de Lençóis: Frejat em mais uma dose Almoço beneficente: Rotary Club promove costelão em Barreiras Patrícia Guerra: LEM elege sua miss Desenrola a língua, por Aderlan Messias Exclamação, por Karine Magalhães
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MODA HOMEM
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ECONOMIA & MERCADO
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JOVEM EMPREENDEDOR
.
.
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Zhagaia
Abertura de empresa: Dilema sobre tipo societário e regime tributário Responsabilidade Social: Luz Moto investe R$ 50 mil e adota praça Indústria: Empresário do setor têxtil buscas parcerias no exterior Investimento: Residencial Faroupilha é lançado no mercado imobiliário
Elisângela Machado
De funcionária à dona do próprio negócio
Taisa Juliani
Paixão pelo que faz
42 ENTREVISTA Waldez Luiz Ludwig .
“Falta educação para inovação”
46 ARTIGO Eleições 2012: Aos eleitores e eleitos 48 CIDADE Trânsito em LEM: Pausa no caos .
.
59
A UM LUGAR
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A CULT
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SOCIAL: GELO, LIMÃO E AÇÚCAR
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A SOCIETY
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.
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Buracão: Um paraíso chamado Chamada Diamantina Cultura popular: Fazenda Caiçara, aqui nasceu o Rei do Baião Comemoração: Capoeiristas se reúnem para celebrar Dia da Consciência Negra Curso: Arte e filantropia, uma combinação de sucesso Preservação: O guardião da memória de Guarany por Tizziane Oliveira
O registro social da região
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@leitor
reva.bahia@gmail.com
C.FÉLIX
Sobre a edição 12 Vi um exemplar desta revista no hotel que fiquei em Samavi. Adorei a programação visual e a qualidade da impressão e as matérias! Parabéns. Maximo Brito Filho
A r.A está de parabéns pela matéria sobre as eleições em Barreiras. Foi uma forma de acrescentar informações importantes ao leitor a respeito das condições da cidade e das intenções dos candidatos. Antonia Freitas
Frejat, ex-Barão Vermelho, antes do show no Festival de Lençóis
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Parabéns ao competente jornalista amigo, Cícero Félix, o eterno Prêmio Esso do jornalismo paraibano, por mais uma brilhante edição da r.A. Qualidade é o forte dessa equipe. Abraços a todos da equipe. Orlando Angelo
Ouza Editora
Parabéns à r.A, pela coluna “Desenrola a Língua”. É bom ter contato com esclarecimentos relacionados à nossa língua materna, que às vezes nos prega cada peça, não é? Sempre ouço uns “pra mim fazer...” soa tão ruim. Bela iniciativa, afinal de contas não são todos que têm uma gramática na cabeceira da cama. Joaney Tancredo
A revista consegue ser leve e intensa ao mesmo tempo. Eu me encantei quando a li pela primeira vez! Tem conteúdo de qualidade e é feita de um excelente material. Parabéns à equipe! Madalena Souza
VERSÃO DIGITAL E EDIÇÕES ANTERIORES
issuu.com/cicero_felix
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abordo
ESPECIAL LENÇÓIS
Seção “A bordo” lança um olhar diferente sobre Lençóis, palco de um dos festivais mais badalados da Bahia. Berço de uma arquitetura colonial e de uma imensa e desafiante beleza natural, a cidade da Chapada Diamantina é um convite à paz, harmonia, tranquilidade e cultura.
E AGORA? Calango suspenso. Avaliador, ele aguarda o momento certo para se perder no emaranho de galhos na vegetação rasteira. Ao lado, moça posa como se estivesse presa do lado de fora da janela do “Pàdé Café Emporium”. “Um expresso, por favor”, diz enquanto lança uma olhar sobre o vazio.
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FOTOS: C.FÉLIX
SÍMBOLO Lampião colonial espalhado pela cidade resiste ao tempo. Retrata uma época de diamantes e outras pedras preciosas da cidade e da região
ARTISTAS A arte não escolhe espaço nem lugar. Acima, grafitagem sobre porta de casa em ruínas. Ao lado, “Los Hijos del Viento”, artistas de rua da Colômbia em uma de suas apresentações durante o festival, “com a roupa encharcada e alma repleta de chão, todo artista tem de ir aonde o povo está”.
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A
presentes
Zaad Exclusive Eau de Perfum O BOTICÁRIO (77) 3611-5467
Sapatênis Zaghaia ZAGHAIA (77) 3611.8270
Óculos Carrera ÓTICAS DINIZ (77) 3613.3567
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Cam
ICÃ 86 8 OUT O B ) 3611.5 7 (7
Suporte para Vinho BURITIS PRESENTES (77) 3611.8531
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TEXTOS REDAÇÃO
> COMUNICAÇÃO, CURIOSIDADES, DESIGN, EVENTOS, NEGÓCIO, POSTCARD, TECNOLOGIA, TENDÊNCIA, ETC... <
FESTIVAL DE LENÇÓIS
FREJAT,
EM MAIS UMA DOSE texto/fotos C.FÉLIX
Sob pingos acanhados de uma indecisa garoa, o público se espremeu, vibrou, dançou, cantou, sorriu e pediu “outra dose”. Assim vieram “Bete balanço!”, “Exagerado”, “Por você” e vários outros sucessos que marcaram a banda carioca Barão Vermelho, nascida no início dos anos 1980 e estacionada desde 2005. No palco estavam Frejat e banda. Era a segunda noite do 14º Festival de Lençóis, que movimentou a bucólica cidade da Chapada Diamantina entre os dias 11 e 13 de outubro.
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miscellanea FOTOS: C.FÉLIX
Barão Vermelho de volta com Cazuza
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oberto Frejat nasceu no Rio de Janeiro em 21 de maio de 1962. Ajudou a fundar a banda Barão Vermelho, que está de volta em uma turnê iniciada no dia 20/10 na capital carioca para celebrar os 30 anos de lançameto do primeiro disco da banda. O CD traz uma música inédita cantada por Cazuza. Confira o rápido bate-papo da r.A com Frejat antes de seu show no Festival de Lençóis. Depois do movimento pop/rock dos anos 1980, surgiu algo que possa ser considerado um movimento musical? Ah, eu acho que a música brasileira tá constantemente se renovando. Não necessariamente com o rock, eu acho que até tem uma geração de rock depois da gente. Tem Cachorro Grande, tem a Pitty, mas eu acho que a música brasileira tem de se renovada constantemente com outros nomes numa praia, numa outra mistura que tem o rock também, mas não tão presente como na geração da gente que o rock era um elemento de corte, de fricção e de ruptura mesmo. Como foi abrir um show de Eric Clapton? Olha, na verdade foi muito bom pra minha carreira porque eu tava lançando o meu primeiro disco e foi uma oportunidade de abrir uma turnê que vinha um público muito maior que talvez não iria pra assistir um show meu. Agora eu, particularmente, não achei os shows dele, da turnê muito bons. Eu achei que ele estava num momento completamente desestimulado. Eu tinha assistido ele em 1990 num show inesquecível e eu percebo que de lá pra cá ele tem estado muito desestimulado. Se não tiver um bom guitarrista do lado dele tocando, ele faz um feijão com arroz, agora ,quando pinta um garoto que dá uma cutucada nele, aí ele toca bem. Então ele tá precisando ficar com a garotada junto dele. Daí ele apresenta pra gente o que a gente quer ver dele. Lembranças de Cazuza... Ah, são muitas! Essa aí é difícil de responder. A amizade, especialmente, as risadas, as gargalhadas juntos, rir, se divertir das coisas. A gente agora tá voltando com uma música inédita do primeiro disco do Barão que a gente regravou com a formação original, um momento bonito, a gente ouvindo a voz dele gravando. Foi uma coisa muito bacana. 22
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A Praça Horácio de Mattos recebeu na 2ª noite do festival a Orquestra Sinfônica da Bahia com a diva Ana Mametto (ao lado com Roberto Mendes), Margareth Menezes e outros artistas baianos em uma homenagem ao centenário de Jorge Amado
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Frejat subiu ao palco disposto a proporcionar, literalmente, uma “Noite de prazer”. E todos cantaram. Cláudio Zoli: “A noite vai ser boa, de tudo vai rolar. De certo que as pessoas querem se conhecer. Se olham e se beijam numa festa genial...”. De longe, o melhor show do festival. Em entrevista a r.A (veja ao lado), Frejat falou do atual momento da música brasileira, de suas impressões e emoções ao abrir o show de Eric Clapton em 2001, um dos maiores guitarristas da história. Na época, o ex-líder do Barão Vermelho lançava seu disco solo “Amor pra recomeçar”. E recomeçar – melhor: celebrar! -, é o tônico da vez. Há pouco tempo uma gravação inédita de Cazuza foi achada e Frejat e os outros ex-Barão resolveram dar uma nova roupagem à música. “A gente ouvindo a voz dele gravando... foi uma coisa muita bacana”, disse. A música vai estar presente no disco inaugural do Barão Vermelho, que está sendo remasterizado e lançado para comemorar o primeiro vinil da banda, gravado há 30 anos. Uma turnê com o título “+ 1 Dose”, que iniciou no último dia 30 de outubro no Rio, vai complementar as homenagens. O festival Na primeira noite da 14ª edição do Festival, que teve como tema “Música, Arte e Sustentabilidade”, subiram ao palco crianças e adolescentes do Projeto Ciranda Cultural de Lençóis, Dão e Carvana Black com um soul de arrepiar e Síndrome do Rock. A Banda Spectro, terceira apresentação da noite, tirou o fôlego do
RUI REZENDE/REPRODUÇÃO
Foto de Rui Rezende, que estava em exposição durante o festival e compõe o livro “Chapada Diamantina: Um paraíso desconhecido”
público com um tributo a Pink Floyd. Os acordes dramáticos da guitarra do lendário David Gilmour eram tão vivos que houve quem se perguntasse: “será playback?”. Que nada! Pink Floyd incorporou no Spectro e Lençóis parou para escutar uma das mais intrigantes produções rock’n’roll. Família Grão de Luz e Griô, com a participação toda especial do poeta e rapper Gog, do DF, abriram a segunda noite do Festival. O discurso politizado e de protesto do rap provocou a plateia. O estilo é um dos poucos a se engajar em questões sociais. Aliás, música engajada parece ter ficado no anos 1960, 1970... no movimento de MPB dos anos de chumbo da política brasileira, no rock pop do final dos anos 1970 e início dos 1980. E por falar nisso, Frejat, contemporânea dessa época, foi a atração mais contagiante da noite. “Com todo respeito a esse lado do palco, mas este outro tem 21 anos tocando juntos”, disse, durante o show, referindose ao tecladista Maurício Barros e ao baixista Bruno Magliari. Logo no início, alertou: “esse é um show para dançar, curtir, cantar; pra se divertir!”. Antes de Frejat, Luiza Possi subiu ao palco com seu som pop. Apesar de sua voz cativante e performance sensual, o show não foi empolgante. Talvez, pelo repertório. O encerramento da segunda noite ficou por conta da banda Arte Final. A terceira e última noite do festival foi marcada por uma homenagem ao centenário do imortal Jorge Amado, com o concerto “Amado Amar”, executado pela Orquestra Sinfônica da Bahia, com participações mais que especiais de Margareth Menezes, Carla Visi, Gerônimo, Roberto Mendes, Cláudia Cunha e Ana Mametto, mestre de cerimônia da apresentação. Aliás, Ana Mametto, que fez baking vocal para Daniela Mercury e Carlinhos Brown e vem sendo considerada a nova diva da música baiana. Sua presença de palco, sensualidade, brasilidade e evocação às divindades afros lembram a saudosa Clara Nunes. A voz e o balançar das cadeiras dentro do vestido vermelho desafiam qualquer poeta e dispensam comentários. O reggae da Banda Zóis, de Lençóis, fechou o Festival com chave de ouro. Aliás, a apresentação de várias bandas da cidade foi marca deste festival. Valorizar, preservar e estimular a cultura local é sustentabilidade. NOV/2012
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FOTOS: C.FÉLIX
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ALMOÇO BENEFICENTE
Rotary Club Promove Costelão em Barreiras
DIVULGAÇÃO
No dia 21 de outubro o Rotary Club Barreiras Rio de Ondas promoveu o Costelão Rotariano. O evento realizado na Magnum contou com a presença de centenas de pessoas. A venda dos ingressos teve como objetivo arrecadar fundos para financiar os projetos sociais desenvolvidos pela associação. O Rotary Club é uma associação sem fins lucrativos que presta serviços em suas comunidades e promove a paz e a boa vontade no mundo. Em Barreiras, o Rotary já realizou doações de bibliotecas para escolas da rede municipal de ensino, entregou 20 bicicletas para a Polícia Militar fazer ronda nas escolas públicas e já promoveu a doação de mudas de plantas nativas. Juntamente com as ações, o Rotary faz um acompanhamento continuado da utilização das doações, desenvolvendo planos de gerenciamento e manutenção.
O elegante e misterioso engraxate de LEM É impossível não notar sua presença. Trajado a caráter, com paletó, gravata e com os sapatos sempre brilhantes, Fábio ganha a vida engraxando sapatos em Luís Eduardo Magalhães. A aposta em um visual diferenciado chama a atenção e fazem dele um personagem da história da pujante cidade. Infelizmente, após termos feito as fotos com ele, não consiguimos agendar horário para fazer uma matéria completa. O telefone de contato que Fábio nos deu não completava ligação.
Companhia Teatro de Tábuas leva ‘barco’ para Praça
FASB
Acadêmicos participam de congresso sobre ciências criminais em Salvador Um grupo de estudantes de Direito da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB) esteve em Salvador entre os dias 18 e 20 de Outubro, onde participou do congresso “Novas Teses das Ciências Criminais”. O evento reuniu especialistas da área, do Brasil e do exterior. Aderlan Messias, professor de Criminologia da FASB, presidiu a mesa de encerramento do congresso que tratou sobre as mudanças do Código Penal. A iniciativa agradou os acadêmicos. Para Sandra Husein, são experiências como esta que fazem a diferença e tornam os acadêmicos futuros profissionais mais competentes.
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CULTURA
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A noite do último domingo de Outubro foi diferente para os moradores de Luís Eduardo Magalhães, que tiveram a oportunidade de assistir o espetáculo “Arca da Mata” da Companhia Teatro de Tábuas. A peça é parte do Projeto Lendas Brasileiras 2012 que tem como objetivo resgatar algumas lendas populares brasileiras e fundi-las em um musical. Apresentado ao ar livre, o espetáculo já passou por várias cidades do país. A ideia é promover o espírito coletivo das festas folclóricas do Brasil. A estrutura utilizada chamou a atenção. Um barco de 10 metros de comprimento foi instalado no meio da praça para acomodar os artistas.
REPRODUÇÃO
LEM elege sua miss Luís Eduardo Magalhães tem uma nova miss: Patrícia Guerra, de 18 anos, estudante da Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira (FAAHF) A escolha aconteceu na noite da sexta-feira, 26 de Outubro, em festa realizada no auditório do Hotel Saint Louis. Quatorze candidatas concorreram ao título. Patrícia agora vai representar o município no Miss Bahia 2013 que acontece no mês de janeiro em Salvador.
ESPORTE
Exposição itinerante divulga prática do Judô em Barreiras Um estande montado na Praça Castro Alves contou a história e a evolução do Judô no Brasil. A exposição, realizada em cinco cidades do interior baiano, teve por objetivo promover o Campeonato Mundial por Equipes realizado em Salvador entre os dias 26 e 28 de outubro. A tour contou ainda com aulas práticas de Judô em algumas escolas da cidade. Promovido pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e a Confederação Brasileira de Judô a iniciativa aproveita o bom momento do esporte no país, que nos Jogos Olímpicos de Londres conquistou três medalhas no esporte, sendo uma de ouro e duas de bronze.
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DESENROLA A LÍNGUA
ADERLAN MESSIAS Professor Universitário. Licenciado em Letras Vernáculas (UNEB), Bacharel em Direito (FASB) e Especialista em Psicopedagogia (FASB).
por ADERLAN MESSIAS decodetroia@hotmail.com decodetroia.blogspot.com
Onde Hoje acordei pensando no que escrever. Pensava, pensava, e nada. Cheguei a pensar na deusa Atena, aquela que sempre deu aos mortais ideias inteligentes e sábias. Claro que muitos são os assuntos a serem tratados nesta coluna, mas queria algo que fosse especial neste momento, que estivesse bem impregnado na fala, como também na escrita da maioria dos brasileiros. Pensamento em vão quando, de repente, uma aluna do curso de direito me liga desesperada como se o mundo fosse acabar hoje. A respiração estava ofegante e trêmula. Tudo não passava de uma preocupação exagerada chamada monografia. Ao atender a ligação questionei em que poderia ajudá-la. Ela disse que o prazo da monografia expirava e que não conseguia avançar na produção textual. Depois de longa conversa a tranquilizei sugerindo algumas técnicas de estudo e produção de textos. No final da ligação disse a mim: “Queria que o senhor fosse meu orientador da monografia, onde pudesse me auxiliar na parte do conteúdo, como também da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)”. Disse “ótimo!” A fala da aluna contribuiu para que eu encontrasse o tema que precisava para escrever a coluna. Ela empregou indevidamente o advérbio onde. onde
A deusa da Sabedoria não me deu o pensamento que queria para aquele exato momento, mas o desespero de minha aluna, sim. Tenho certeza que você, leitor, já tropeçou e tem tropeçado neste vocábulo. É o bendito onde. É muito comum as pessoas utilizarem de forma indevida. É o exemplo da fala da aluna. Onde não pode assumir nenhuma outra função se não for de lugar. Veja como é diferente: “Queria que o senhor fosse meu orientador da monografia, [em] que pudesse me auxiliar na parte do conteúdo como também da ABNT.” Observa-se, leitor, que nesta sentença não ocorre o valor circunstancial de lugar, logo não há logicidade em usar o vocábulo onde. Outro dia, lendo em um destes blogs, vi a crítica de um professor acerca de uma propaganda que empregava inadequadamente o onde. Dizia o seguinte: “Conheça ainda nosso Plano de Fidelidade, onde concedemos descontos de até 10 fretes gratuitos.” Ora, desde quando onde se refere a lugar, nesta frase? A coerência existiria se substituísse o onde por que. “Conheça ainda nosso Plano de Fidelidade, que concede descontos de até 10 fretes gratuitos.” De tanto corrigir este equívoco, fui batizado pelos meus alunos de professor “Onde”. Pensando bem, até que ficou legal! [rs] O que não dá mesmo é encarar o uso deste advérbio no lugar que não lhe compete. Fala sério, né!?! Algum leitor curioso possivelmente esteja se perguntando agora. E o aonde? Os gramatiqueiros como Pasquale apontam que aonde é a combinação da preposição A com o advérbio onde, que exprime o destino de uma pessoa ou coisa e se emprega como adjunto adverbial de verbos dinâmicos, ou seja, aqueles que indicam movimento em direção a algum lugar. Exemplo: ““Aonde vai o nobre advogado?” Ao contrário do onde que corresponde a verbos estáticos, que indicam permanência em algum lugar. ““Onde trabalha o advogado?” Viram como é fácil? Vamos exercitar para não mais errar! Um abraço a você que é meu leitor assíduo. Até a próxima coluna.
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EXCLAMAÇÃO
@ituau_Karine karine.beniciomagalhaes www.uaumais.com.br
por KARINE MAGALHÃES
KARINE MAGALHÃES é consultora de moda, trabalhou na renomada Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide (todas em Brasília) e também em cerimoniais com Cristina Gomes. Atualmente faz consultoria de moda para r.A e Uaumais.
Rodarte
FOTOS: REPRODUÇÃO
La Sieber
Uptrend! Confira o que vai influenciar a moda alto verão 2013.
Ear cuff é tendência!
Sucesso nos anos 90, o brinco que envolve toda a orelha estão de volta, e prometem agradar aos mais diferentes estilos. Pode começar a procurar o seu!
Jeans, status de coisa fina!
Para o verão 2013, fique de olho em peças em que o material tem jeito de vintage, sem lavagem.
Lara Bingle
Barriga de fora!
presente em todas as passarelas PFW verão 2013.
Miu Miu
Balenciaga
Bolsa da temporada! Alça deslocada.
Balmain
Chanel 28
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Chanel
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moda homem: Zhagaia
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consultoria de moda KARINE MAGALHÃES e SOCORRO ZHAGAIA fotos C.FÉLIX
Zhagaia
A moda masculina está mais casual, solta, com combinações um tanto livres, mesmo no trabalho. O estilo preppy está presente outra vez na coleção. As modelagens da alfataria continuam slim fit, sem perder o conforto e a elegância. A cartela de cores aterrissa dos tons pastéis aos mais vivos, principalmente nas polos. O azul, a cor preferida deles, chega em todos os tons: do clarinho ao índigo. Zhagaia, um estilo que satisfaz homens refinados, sedutores e sofisticados.
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moda homem: Zhagaia
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INFORMAÇÕES ZHAGAIA Rua Profª Guiomar Porto, 145 (Pça. Castro Alves) - Barreiras (BA) (77) 3611.8270 Shopping Center Rio de Ondas - Barreiras (BA) (77) 3612.3737 Rua Clériston Andrade, Qd. 19, Lj. 16 - Centro - Luís Eduardo Magalhães (77) 3628.5914 Shopping Conquista Sul - Vitória da Conquista (77) 3083.9493
Ficha técnica
LOOKS/PRODUÇÃO: SOCORRO ZHAGAIA // MODELO: LUÍS CÉSAR // DIREÇÃO e FOTOGRAFIA: C.FÉLIX
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economia&mercado > CARREIRAS, CONSUMO, NEGÓCIOS, ETC. <
ABERTURA DE EMPRESA
DILEMA
sobre tipo societário e regime tributário texto CARLOS ANDRÉ PRADO *
Os empreendedores em sua grande maioria possuem dificuldades em determinar o tipo societário que deseja formalizar seu negócio e o regime de tributação a ser utilizado para exploração da atividade empresarial. No dia a dia dos escritórios contábeis é muito comum a procura de informações pelos novos empreendedores, quanto ao tipo societário e regime tributário que melhor se adapta a suas necessidades e tipo de atividade econômica a ser explorada.
A legislação brasileira atualmente estabelece três formas de personificação jurídica: Sociedades Simples, Sociedades Empresarias e o Empresário Individual. Os regimes de tributação definem a forma de apuração dos tributos pela exploração da atividade econômica. Essa tributação poderá incidir sobre o faturamento quando optado pelos regimes do Simples Nacional ou Lucro Presumido. Quando se tratar de tributação pelo resultado econômico ajustado pela legislação fiscal, o regime será o Lucro Real. A escolha errada do tipo societário e do regime tributário a ser utilizados pelos novos empreendimentos podem acarretar em altos custos de formalização e operacionalização, fazendo com que, por vezes, oportunidades de negócios e captação de recursos sejam perdidas. Vejamos abaixo os modelos de personalidade jurídica e regimes de tributação.
Tipo societário
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Sociedade Simples
As principais características são o registro no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas e a exploração de atividades tidas como não empresariais (as sociedades entre profissionais de cunho regulamentado cuja personificação na forma de empresa se dá pelo desenvolvimento da intelectualidade de seus sócios e colaboradores). São exemplos: sociedades entre Advogados, Médicos, Contadores ou Engenheiros, cooperativas, associações. Esta forma jurídica está regulamentada entre os artigos 997 a 1.038 do Código Civil de 2002.
Sociedades Empresarias
O registro na Junta Comercial do Estado e a exploração de atividades empresarias, como comércio, indústria e serviços em geral são suas principais características. Essa forma jurídica pode ser constituída como sociedade limitada, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade anônima, sociedade em comandita por ações.
Empresário Individual
São pessoas físicas que, isoladamente, exploram a atividade empresarial que não demanda grandes operações ou captações de recursos para sua operacionalidade. Esta forma jurídica é registrada na Junta Comercial do Estado. Recentemente entrou em vigor a lei n° 12.441/11, que introduziu a figura jurídica do Empresário Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Agora, esse empresário possui imunidade dos bens pessoais e o capital social não pode ser inferior a 100 (cem) salários mínimos.
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Regime tributário
O Simples Nacional
Tem como principal característica o limite de faturamento anual de R$ 3,6 milhões, possui alíquotas que variam entre 4% a 22,9%, a depender da atividade e faturamento bruto acumulado no ano.
O Lucro Presumido
A característica principal é a limitação do faturamento de R$ 48 milhões no ano e possui alíquotas de 9% a 15%, incidente sobre uma base de cálculo presumida sobre o faturamento bruto acumulado no trimestre, mas pode variar de 1,6% a 32% a depender da atividade econômica explorada.
O Lucro Real
Sua principal característica é a incidência tributária do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro líquido do exercício, ajustado pelas adições e exclusões determinadas pela legislação tributária.
*CARLOS ANDRÉ PRADO é contador, professor, perito, especialista em direito tributário e finanças corporativas
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economia&mercado
IN LOCO
Fundador da Chilli Beans inicia visita a franqueados por Barreiras O empresário Caito Maia, fundador da marca de óculos de sol Chilli Beans esteve em Barreiras para a primeira de uma série de visitas que fará em algumas cidades do nordeste entre setembro e outubro. O objetivo: conhecer a realidade das franquias da marca espalhadas pela região e saber um pouco mais das necessidades do público consumidor destas cidades. Aos 43 anos, Caito revela que o nome da marca é fruto de uma grande paixão: a pimenta. “Tenho uma coleção com mais de 400 potes de pimenta em casa”, conta. A aposta deu tão certo que atualmente a marca não para de crescer. Com uma produção diferente das demais marcas do ramo, a “marca da pimenta” produz dez óculos por semana, em uma escala de até quatro cores diferentes e ainda produz cinco relógios por semana utilizando materiais variados como aço inoxidável, alumínio, couro, silicone e fibra de carbono. “No fim do ano, se contarmos quanto foi produzido, acabamos fazendo mais de um óculos por dia”, afirma Caito. Com mais de 400 pontos de venda, dentre lojas e quiosques no Brasil e em alguns países como Portugal, Estados Unidos e Angola, para 2013 estão previstas as inaugurações em Nova York, Las Vegas e São Francisco, além de cerca de cem unidades no Brasil até o fim de 2012. “Até as Olimpíadas no Rio, teremos mil pontos pelo país!” afirma o apimentado criador da marca, empolgado por terem pontos de venda em todo o Brasil: “Temos loja até no Acre!”
Responsabilidade social: Luz Motos investe R$ 50 mil e “adota praça” A Luz Motos aproveitou o projeto “Adote uma Praça” e investiu R$ 50 mil para reformar a praça localizada ao lado da ponte de cimento na Rua Severino Vieira, que antes era ocupada por entulho e mata. O termo do projeto estabelece que durante dois anos a empresa seja responsável pela reforma e manutenção da praça. O local receberá o nome do Deputado Luiz Braga em homenagem ao pai dos donos da Luz Motos. O projeto “Adote uma Praça” foi desenvolvido para dar qualidade de vida e conscientizar o cidadão de que deve contribuir para a melhoria e desenvolvimento do ambiente da sua cidade. Previsto na Lei Municipal nº 896/2010, Decreto nº 32/2011 e Instrução Normativa nº 01/2011, o projeto é realizado por vários parceiros com o apoio da administração publica municipal.
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CONFECÇÃO
Loja de roupas e acessórios femininos aposta em ‘Plus Size’ Mais de 100 convidados prestigiaram a inauguração da loja Danzer, de roupas femininas e acessórios, no dia 8 de outubro. Manga Rosa, Jean Darrot, Nectarina e Fruta Cor são algumas das marcas de roupas à venda na loja, inclusive em tamanhos “Plus Size” (GG). A loja fica na Rua Paraíba, quadra 89, lote 1, sala 1, no Centro Comercial São Francisco, em frente à loja Dantas. As proprietárias são Carin Danzer e Fabiene Silva. GASTRONOMIA
Mais dois restaurantes são inaugurados no Oeste Luís Eduardo Magalhães ganhou duas novas opções noturnas: o empresário Gleison dos Santos Alves inaugurou no dia 11 de outubro o restaurante “Na Chapa”. No cardápio, pratos variados, destacando-se a Picanha na Chapa, especialidade da casa. O horário de funcionamento é a partir das 18h, de segunda a segunda, e no sábado e domingo das 11h às 15h. O restaurante está localizado na Rua Paraná, ao lado do Colégio (Cemo). Na mesma noite foi inaugurado o Honorio’s Caldos. O estabelecimento fica na Rua Mato Grosso, esquina com a Clériston Andrade, no Centro, e oferece uma grande variedade em caldos, lanches e sucos. FOTOS: MAYCO SÉRGIO
CAROL FREITAS
Caito Maia, ao centro de camisa preta com gravura, visitou a loja de Barreiras na Alameda das Grifes
Simone Jacobsen e Sérgio Brentano, gerente de laboratório da Abapa: “Instituição tem investido para oferecer melhores serviços aos cotonicultores”
TECNOLOGIA
Abapa no ranking mundial em análise de fibra do algodão Três equipamentos de HVI da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) avaliados no Round Test, teste internacional que qualifica o desempenho de medição e a qualidade dos resultados de análise da pluma obtiveram resultado acima da média mundial. Entre 148 inscritos, os equipamentos da Abapa ficaram na terceira, 19ª e 25ª posição.“Durante os últimos meses a Abapa tem investido pesado tanto em qualificação profissional como em equipamentos para oferecer aos cotonicultores da Bahia o que há de melhor em laboratório de análise de fibras de algodão. A análise de HVI é essencial para o produtor conhecer a qualidade do seu algodão e é exatamente isso que fornecemos aos cotonicultores”, comemorou Sérgio Brentano, gerente de laboratório da Abapa.
DIVULGAÇÃO
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Rubens Sá, há cinco anos investe no mercado têxtil na região Oeste
INDÚSTRIA
Empresário do setor têxtil busca parcerias no exterior Após cinco anos de atuação no mercado têxtil em Luís Eduardo Magalhães, a empresa Tescla, do empresário Rubens de Sá, tenta inserção no mercado internacional. Entre os dias 23 e 25 de outubro, Sá participou do XVI Encontro Internacional de Negócios do Nordeste (EINNE), em Salvador. Essa é a primeira vez que Sá participa de uma rodada de negócios voltada à exportação. A intenção é fechar parcerias com compradores internacionais e começar, já a partir de 2013 a exportar o que é produzido na empresa. “Já temos países interessados em nossos produtos. Queremos o mercado lá fora. Também queremos ser vistos”, diz. Participaram do encontro importadores da África, Ásia, Europa, América do Norte, América Central e América Latina. O EINNE integra as comemorações dos 40 anos do Sebrae. MODA ÍNTIMA
EXPANSÃO
Grupo Dourado deve abrir franquia da loja ‘Scala’ em breve
Fiorio inicia reforma para ampliar loja em Barreirinha
O Grupo Dourado é responsável por trazer as melhores marcas para Barreiras, a exemplo de Giraffas, Pink Biju, Spoleto e Chocolates Brasil Cacau. Referência na oferta de produtos e serviços, a organização aposta na qualidade com preços acessíveis para todos. Agora chegou a vez de ser uma referencia no ramo de moda íntima. Em breve, uma loja da Scala será inaugurada. A franquia oferece peças sem costura para não marcar as roupas é marca registrada da loja.
Há mais de uma década no mercado de tecidos, enxovais, papel de parede e percianas, a Fiorio Tecidos inicia uma reforma que vai ampliar de 500 m2 para 1.400 m2. Mas o projeto, assinado pela arquiteta Dulce Aguiar, não para por aí. A ideia é retrabalhar o nome da loja, uma vez que a palavra “tecido” leva o consumidor a pensar que este é o único produto do estabelecimento, quando eles trabalham com um mix amplo para casa, móveis, cama, mesa e banho. De acordo com o administrador Augusto Fiorio a loja ficará pronta em 2013.
INVESTIMENTO
Prédio “Residencial Farroupilha” é lançado no mercado imobiliário No dia 25 de Setembro foi realizado no Cais e Porto o coquetel de lançamento do mais novo empreendimento da WF Empreendimentos na cidade de Barreiras, o Residencial Farroupilha. Além de todo o conforto e sofisticação oferecidos em quatro apartamentos por andar (ao todo são quinze andares), o residencial conta com duas vagas de garagem por apartamento, salão de festas com ambiente gourmet, brinquedoteca, academia de ginástica, salão de jogos, piscina com área de churrasco e quatro elevadores, sendo dois sociais panorâmicos e dois de carga. O residencial apresenta mais dois diferenciais: a energia solar nas áreas comuns, que diminui o custo do condomínio e colabora com o meio ambiente e um endereço estrategicamente escolhido em uma das melhores localizações da cidade. Localizado no centro de Barreiras, o Residencial Farroupilha oferece não só a facilidade e praticidade da sua localização, mas também a bela vista do Cais e do Vale do Rio Grande oferecida aos moradores.
MORADIA
LEM sedia 2º Feirão da Casa Própria do Oeste Baiano A Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães (ACELEM) em parceria com a Caixa Econômica Federal promoveu no sábado e domingo, 27 e 28 de outubro no Quatro Estações Hall a primeira feira da Casa Própria de Luís Eduardo e a segunda do oeste baiano. A Feira reuniu imobiliárias, construtoras, lojas de materiais de construção, decoração, móveis planejados, dentre outras.
JOVEM
EMPREENDEDOR
DE FUNCIONÁRIA À DONA DO PRÓPRIO NEGÓCIO texto CAROL FREITAS
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Quem vê a mulher bem sucedida que Elisângela se tornou nem imagina que antes de ser a empreendedora de sucesso que é, ela teve uma vida muito simples e cheia de dificuldades. Primeira das quatro filhas de uma professora leiga e um pequeno agricultor, Elisângela Machado de Souza, 29, foi criada no seio de uma família tradicional por uma mãe amorosa e um pai um tanto ríspido. Desde criança, mostrava interesse em estudar e ter uma vida diferente da vida do campo. A mãe foi uma grande incentivadora, ensinando-a da alfabetização à quarta série e depois dando apoio para que a filha fosse estudar fora para concluir os estudos e ir atrás de um futuro melhor. Já o pai, muito conservador, achava que a filha deveria ser mãe de família e não deu o mesmo apoio. O caminho até o próprio negócio não foi nada fácil. Antes de chegar onde chegou, Elisângela trabalhou em lava-jato, foi doméstica, garçonete, e depois de passar em uma seleção, começou a trabalhar na, até então, maior vidraçaria da cidade. Após o rápido crescimento na empresa, decidiu abrir seu próprio negócio. Os contatos adquiridos, aliado a uma pitada de sorte ajudaram na hora de montar sua própria vidraçaria. “No mesmo mês que decidi sair do meu emprego, um cliente vidraceiro tinha decidido ir embora e precisava vender todos os equipamentos da vidraçaria (mesa de corte, lixadeira, furadeira, caixa de ferramentas). Adquiri todo aquele material. Este foi um grande passo em meu empreendimento. Com todos aqueles instrumentos, conquistar o mercado seria uma questão de tempo” conta. O controle das contas e os pagamentos dos seus débitos em dia também fizeram muita diferença. A empresária precisou pedir empréstimo no banco para investir no empreendimento e antes mesmo do prazo final de pagamento, a dívida já estava quitada.
NO MÊS QUE DECIDI SAIR DO EMPREGO, UM CLIENTE VIDRACEIRO DECIDIU IR EMBORA E PRECISAVA VENDER SEUS EQUIPAMENTOS DA VIDRAÇARIA. ADQUIRI TUDO. ESTE FOI UM GRANDE PASSO PARA O MEU EMPREENDIMENTO.” 38
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NOME
ELISÂNGELA MACHADO IDADE 29 anos FORMAÇÃO ACADÊMICA Administradora de Empresas EMPRESA Cristalis Design em Vidros CARGO Proprietária
Para Elisângela, o bom tratamento e a atenção aos clientes são peças fundamentais e foram fatores que contribuíram para sua ascensão no mercado. “Ao cliente era dado o espaço para falar o que estava achando do atendimento, da mercadoria e da mão de obra, através da ordem de serviço, levada pelo técnico montador. Sugestões e críticas construtivas sempre foram recebidas por todos nós da Cristális.” Conhecer o mercado também foi uma ferramenta chave para deslanchar o negócio, já que ela precisava ter preços competitivos e prazos diferenciados. “Os preços eram bastante favoráveis, pois tínhamos fornecedores desde a época que comecei a trabalhar na primeira vidraçaria, com isso obtinha prazos diferenciados. Comprava para 30, 60 e 90 dias, dividia para o cliente com 60% de entrada e saldo 30 e 60 no cheque ou cartão”, relembra. Para que a loja crescesse, o espírito empreendedor falou mais alto e Elisângela fez uma reforma no local. Colocou mais salas na parte administrativa e ampliou o depósito de mercadorias. Para ter mais novidades no estoque, Elisângela começou a viajar e renovar suas peças, trazendo temperas e novos fornecedores de ferragens. A decisão agregou diferencial no mercado de Barreiras com vidros especiais e perfis diferenciados. A reforma na loja e a mudança no nome para Cristalis Desing em Vidros, foram consequências.
JOVEM
EMPREENDEDOR
NOME
TAISA JULIANI IDADE 25 anos FORMAÇÃO ACADÊMICA Veterinária EMPRESA Planeta PET e Cão Q Mia CARGO Proprietária
PAIXÃO PELO QUE FAZ texto/foto ANTON ROOS
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A paixão de Taisa Juliani, 25, pelos animais vem da infância, quando ela passava boa parte do tempo na fazenda dos pais em Barreiras, onde nasceu. A afinidade com os bichinhos, em especial cães e gatos, a fez não ter dúvidas sobre a profissão que deveria escolher: a veterinária. “É algo que já se nasce gostando, não que se aprende a gostar”, reflete. Há dois anos, depois de formada, Taisa voltou para a região e com ajuda dos pais deu início ao seu primeiro empreendimento, a clínica veterinária pet shop Planeta PET. “Embora minha família more toda em Barreiras eu achei o campo mais promissor em Luís Eduardo”, justifica a jovem empresária sobre a escolha do local pra iniciar o negócio. Taisa conta que não fez pesquisa de mercado. Simplesmente resolveu arriscar. Apostar para colher os frutos no futuro. Dois anos depois de inaugurar a primeira loja a aposta parece ter dado certo. Há três meses, também com a ajuda dos pais, a jovem empresária adquiriu outro estabelecimento, a Cão Q Mia, loja especializada em estética animal, uma das grandes paixões da veterinária. “Foi depois que me formei que comecei a me interessar por estética animal. Não fiz nenhum curso, foi quebrando a cara mesmo, participando de feiras em outras cidades do sudeste e sul do país. As novidades estão lá”, revela a jovem, sempre atenta aos lançamentos em produtos e serviços relacionados ao cuidado com os bichinhos. A atenção redobrada é facilmente explicável. “Os clientes são muito exigentes”, diz a empresária, reforçando a necessidade em proporcionar as novidades do mercado pet e oferecer um serviço de qualidade. “Os proprietários tratam seus cães e gatos como
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se fossem filhos”, continua. Ela mesma tem três cachorrinhas e confessa: “são como se fossem minhas filhas”. No entanto, nem tudo foram flores na trajetória da jovem empresária. As dificuldades, principalmente no primeiro ano da Planeta PET, quase fizeram com que Taisa desistisse. “Na faculdade a gente lida praticamente só com os bichinhos e aí, de repente, a gente se vê com a responsabilidade de cuidar de funcionários e toda burocracia que envolve estar a frente de uma empresa”, desabafa. “Não desisti por paixão”, completa a jovem empresária, reiterando o sonho de breve expandir os negócios e montar uma terceira loja. Por falar em sonhos, Taisa diz que não pretende parar de estudar. O próximo passo é cursar Administração. O curso, segundo ela, é parte do projeto de expansão dos negócios. “Vai me ajudar bastante. Na graduação tem muito pouco espaço para aulas de gestão e empreendedorismo”, diz. O segredo para ter conquistado seu espaço e hoje dispor de uma carta de clientes fiel é simples: uma boa dose de sorte e capital para investir e dar o pontapé inicial. “Tem de ter sorte de entrar num lugar legal, um ponto interessante e, ao mesmo tempo, ter um capital pra poder construir uma estrutura suficiente pra oferecer um serviço e produtos de qualidade. Eu sempre tento buscar o que há de mais novo no mercado, mesmo porque os clientes exigem. Eles querem a cama mais bonitinha, o xampu melhor, a ração melhor”, finaliza Taisa.
É PRECISO TER SORTE PARA ENTRAR NUM LUGAR LEGAL, TER UM PONTO INTERESSANTE E CAPITAL PRA PODER CONSTRUIR UMA ESTRUTURA SUFICIENTE PRA OFERECER UM SERVIÇO E PRODUTOS DE QUALIDADE.”
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Tomografia Computadorizada Multislice A tomografia computadorizada tem várias aplicações no campo do diagnóstico médico. É possível obter imagens de virtualmente todas as partes do corpo humano, com nitidez e precisão, utilizando-se Raios-X, que atravessam a região de interesse de estudo, sendo adquiridas imagens na forma de finos cortes. A técnica Multislice permite que vários cortes sejam obtidos simultaneamente, reduzindo o tempo de estudo e a exposição do paciente à radiação. Processadas de forma digital, os corte são reconstruídas em diversas espessuras, ângulos e planos, inclusive 3D, permitindo um olhar diferenciado sobre a anatomia e patologia do paciente. Buscando a excelência na realização de diagnóstico por imagem, a CDI investiu em tecnologia e conhecimento. Seu avançado Tomógrafo Multislice de última geração é capaz de realizar exames com rapidez e exatidão, garantindo mais conforto e segurança aos seus pacientes, através da utilização da menor dose de radiação necessária ao diagnóstico.
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FALTA EDUCAÇÃO PARA INOVAÇÃO O psicólogo Waldez Ludwig é contundente quando o assunto é inovação, criatividade: “No Brasil, somos treinados para não sermos criativos desde o primeiro grau”. Há uns 15 anos dedicando-se exclusivamente a palestras, Ludwig participou do X Seminário Regional de Marketing em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Em entrevista exclusiva para a r.A, ele falou sobre os novos parâmetros de competitividade, a baixa qualidade de atendimento e o preconceito do mercado com a classe C. texto/foto C.FÉLIX
Como o senhor classificaria a comunicação dentro de um planejamento estratégico para o mercado? Tem que encarar a dimensão da comunicação de forma ampla. Você tem a comunicação externa, que é a comunicação ao cliente, aos fornecedores, ao meio ambiente, à sociedade. O fato de você existir tem que ser comunicado. E tem a comunicação interna, que é o endomarketing, que são os recursos de comunicação interna para o alinhamento de todos os funcionários, de todos os colaboradores. Isso é um drama das empresas: o alinhamento. Não se percebe que a comunicação serve pra alinhar. Alinhar em relação à missão da empresa, em relação à visão da empresa, às metas, objetivos, diretrizes, tudo tem que ser comunicado. No caso do serviço público - que é um problema gravíssimo! – a questão da comunicação externa é um problema muito grave. Muito pouco se fez em comunicação externa, mas muito se fez em publicidade governamental. Eu brinco com o pessoal dos tribunais, das procuradorias. Quando eu dou palestras a eles pergunto: “quanto por cento da população brasileira sabe o que significa Ministério Público?” Zero. Só quem trabalha no Ministério Público sabe o que é Ministério Público. Ninguém do povo sabe isso, nem classe A, nem B, nem C. Eu brinco com eles assim: “faz uma pesquisa e pergunta 42
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o que é a Procuradoria Geral da União, ou Procuradoria Geral do Estado”. Ninguém tem a menor ideia do que seja isso. Então, há uma falha de comunicação gravíssima dos governos em relação aos seus cidadãos. Isso acontece com as empresas também; as empresas não dão a devida magnitude que deve ser dada a dimensão da comunicação. Claro que ela tem que estar no plano estratégico, ela tem que ser um plano integrado de comunicação, mas não pode ser dissociado de um plano estratégico global porque as coisas se ligam: marketing se liga com a comunicação, recursos humanos se ligam com a comunicação, acionistas se ligam com a comunicação - no caso até por obrigação de leis, às vezes. No caso de sociedade anônima, por exemplo, a comunicação é um ponto fundamental e além de tudo legal. Você é obrigado a se comunicar se você tem uma sociedade anônima. Por que de modo geral se coloca a comunicação dentro de um plano de negócio como algo secundário, o último item? De maneira geral, sim Algumas empresas não, claro. Algumas empresas sabem da importância e sabem da essência. Não podemos generalizar, dizer que todos fazem assim, que todos colocam em último lugar, também não é verdade. Se eu for fa-
WALDEZ LUIZ LUDWIG lar com o pessoal de recursos humanos, eles dizem que em último lugar o pessoal deixa os recursos humanos. Primeiro, vem o faturamento, tem finanças, marketing e tal e o RH vem em último colocado. Não é só o marketing que fica em último lugar. Agora você tem razão: é muito raro você encontrar um sistema formalizado de gestão da comunicação dentro das empresas, ter um plano e um modelo sistematizado dizendo que a comunicação vai ser feita assim, assim; nós vamos utilizar tais ferramentas, tais instrumentos de comunicação interna e externa. Isso é muito raro de se encontrar. Muitos ainda confundem despesa com investimento quando o assunto é marketing e publicidade. Por quê? Treinamento, por exemplo, é visto como despesa e a gente sabe que é puro investimento. A preocupação é muito grande com o faturamento de custos, portanto um menos o outro dá o lucro e a ênfase fica dada no faturamento de custos. Não se percebe que os custos são altos porque não tem comunicação, porque não tem treinamento, e o faturamento está baixo porque tá faltando treinamento. Tem que se entender que tudo isso está interligado. Muitas vezes um empresário se considera inovador, mas tem comportamento conservador. Por quê? Não se pode generalizar. Não são só os empresários. A maioria dos empregados também se dizem inovadores e não são. A maioria dos funcionários diz que inova, mas os patrões não deixam. É mentira. Eles não inovam nada, não tem a menor vontade de inovar. Então não é uma questão de patrão, de empresário ou de empregado, é uma questão genérica. Falta educação para inovação, criatividade. No Brasil, nós somos treinados para não sermos criativos desde o primeiro grau, desde o ensino básico. Você não pode criar. Você tem que andar na fila, que sentar naquele lugar. O aluno que resolver ter algumas ideias será punido porque ele tem algumas ideias meio estranhas, diferentes. Você tem um modelo que não privilegia a inovação de forma geral e isso se reflete no futuro, claro, no empresário e no indivíduo que trabalha. Alguns empresários tentam, modestamente, incentivar a inovação e não conseguem, por uma questão também de formação. Outros não aceitam, outros dizem que a ideia é maluca - mal sabem eles que as ideias malucas é que são as boas! Tem uns que matam as ideias já no início. O funcionário diz “chefe, tive uma ideia!”, aí o chefe manda por a ideia no papel. Quando você manda colocar uma ideia no papel, você mata a ideia na hora. Ninguém tem paciência, nem sabe escrever, às vezes, a ideia. A ideia tem que ser falada mesmo, tem que ser discutida. Tem outras maneiras de eliminar ideias também. Uns falam “essa ideia não passa no jurídico” ou então “meu avô já tentou isso e não deu certo”. Há uma cultura da não inovação, de manter as coisas como estão, de conservadorismo mesmo. A questão é você querer crescer, não é “está dando certo então vamos manter as coisas como estão”. Tá dando certo, mas você tá do mesmo tamanho há quarenta anos. Há quarenta anos que você não contrata mais ninguém. Então, você tem que investir maciçamente pra crescer, tem que contratar mais gente, tem que dá mais emprego NOV/2012
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» pras pessoas, você tem que ter mais qualidade. O investimento não é simplesmente porque deu certo até aqui. O Eike Batista deu certo até aqui, mas mesmo assim ele continua jogando bilhões na rua. O brasileiro, de maneira geral, tem essa coisa de “deu pra cerveja, tá bom”. Por isso que o Brasil tem uma poupança muito pequena em relação, por exemplo, aos japoneses. Os japoneses produzem muito mais que a capacidade deles de consumir, então a poupança deles é muito maior que a nossa. É o grau de poupança de uma população que faz o desenvolvimento, não é o grau de renda que faz o desenvolvimento. Não adianta ter um PIB fabuloso e ter uma poupança baixa. O PIB cresceu, mas quanto foi para investimento e quanto foi para consumo?
Qualidade, preço baixo e satisfação do cliente não são mais diferencial competitivo hoje? Definitivamente, não. A definição de qualidade mudou, não é mais só satisfação de clientes, embora comece a ser um diferencial de novo, a satisfação do cliente. O Brasil teve um processo de melhoria da qualidade muito bom nos últimos 15 anos, eu diria nos últimos 20 anos, com toda a moda da ISO 9000 e tal. Especialmente da indústria, que melhorou muito a qualidade dos seus produtos mas os serviços caíram vertiginosamente. A qualidade, hoje, do Brasil foi perdida. Serviços e atendimentos são lamentáveis de maneira geral. Pouquíssimos serviços com qualidade hoje, pouquíssimos atendimentos com qualidade hoje. Eu estou falando de hotéis, restaurantes, companhias telefônicas, aéreas, de ônibus, serviços públicos. Todo tipo de serviço de atendimento teve uma queda vertiginosa na realidade. Então, vai voltar a ser um diferencial à medida que alguém conseguir recuperar um pouco da qualidade, um pouquinho que seja da qualidade que nós tínhamos conseguido. Preço, claro que não é diferencial. A briga hoje está acontecendo em preço. Quando você cai a qualidade do atendimento, a sua briga fica por preço e aí, quando a briga é por preço, não tem diferencial entre eles. Todos estão cobrando uma porcaria, todos estão cobrando muito barato. As companhias aéreas estão aí de prova, as passagens aéreas estão baratíssimas e elas estão falindo. O consumidor está de fato mais exigente? Não. O pior é isso. O pior é que a desculpa das empresas é esfarrapada. A desculpa é que “a gente está sendo obrigado a atender a classe C”. Esse advento da classe C trouxe para o consumo gente não exigente? Preconceito contra a classe C! Acham que porque a classe C viaja de chinelo havaiana no avião pode ser mal atendido. É lamentável isso. O argumento é que ninguém viajava de avião, agora todo mundo pode visitar a avó em Belém. Eles tratam mal quem pagou baratinho e quem pagou alto também vai ser mal tratado porque eles não têm como tratar bem quem pagou muito. O advento da classe C é genial! Tem um lado espetacular, mas tem um lado preconceituoso. O mercado sempre foi elitizado. Quem andava de avião há 15, 10 anos? Há 10 anos só ricos andavam de avião. As mulheres usavam roupas especiais pra voar. Agora, não! Agora a bisavó do sertão entra no avião com a trouxa na cabeça. Isso tem um lado bom, porque antes ela passava 3 dias de ônibus, agora ela vai de avião. O Brasil está ganhando muito 44
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dinheiro com isso e podia está fazendo diferenciais com outros diferenciais. Mas, estão falindo com os aviões lotados e dizem que o problema é o custo: 42% dos custos é com combustível e o combustível é em dólar. Mas sempre foi em dólar, isso nunca mudou! Então é muito difícil. Realmente, tem uma queda do atendimento muito grande. Esses atendimentos telefônicos ao consumidor são lamentáveis. Você liga, tem que falar com o computador durante horas e é atendido por um estagiário que não sabe do negócio, que é terceirizado, que defende a empresa de telemarketing. Realmente os serviços são lamentáveis neste momento. O Brasil perdeu muito. A burocracia e morosidade do sistema de defesa do consumidor não desestimulam a busca pelos direitos? Tem razão. A quantidade de reclamações ficou tão grande que os PROCONs não dão conta. São milhares e milhares de reclamações diárias contra as companhias telefônicas, por exemplo. Não tem juiz que dê conta. Eu concordo contigo, acaba desestimulando. Eu mesmo não reclamo mais de nada, porque todas as vezes que eu reclamei ninguém deu satisfação. Aliás, tem um lado curioso: se você reclama é considerado um chato e é mais mal tratado ainda. Quem mandou reclamar? Tomara que aqui funcione melhor do que em outros lugares. Mas isso é uma conjuntura muito grande. No caso de serviço de telefonia, tem empresa que veio pra cá pra fazer muito dólar pra salvar a empresa no país de origem. “Vamos remeter os lucros, vamos explorar aqueles caras. A gente faz um serviço péssimo lá pra fazer um serviço bacana aqui, no nosso país”. Então ainda tem esse componente de imperialismo, esse modelo de colonialismo. Quando tem indústria de automóvel monta aonde? Aonde tem um pobre? Um bem pobre? Bota a fábrica lá. Como fidelizar o cliente? A fidelização é uma regra daquelas universais, não muda. A fidelização acontece quando você surpreende a pessoa. Um casal de namorados se apaixona numa mesa de bar porque ele mandou um bilhetinho pra ela por baixo da mesa, não porque ele pagou a conta, não foi porque ele é bacana, não foi porque ele é lindo, foi porque ele deu uma surpresinha. Enquanto tiver surpresa, a paixão persiste. A gente fala muito que a paixão acaba e o amor fica, né? É exatamente por isso, porque a surpresa acaba. Fica aquela coisa igual que alguns chamam de amor, outros chamam de amizade. Mas a paixão acaba. E por que a paixão acaba? Porque dá um trabalho medonho fazer surpresa todo dia. Todo dia tem que catar uma florzinha, fazer uma surpresinha. Dá um trabalho medonho. Nos negócios é a mesma coisa. Quando o cliente é surpreendido por alguma
O ADVENTO DA CLASSE C É GENIAL! TEM UM LADO ESPETACULAR, MAS TEM UM LADO PRECONCEITUOSO. O MERCADO SEMPRE FOI ELITIZADO. QUEM ANDAVA DE AVIÃO HÁ 15, 10 ANOS? SÓ RICOS.
coisa agradável, ele fica com você, ele fideliza com você. E a dificuldade é a mesma, você tem que manter a surpresa, uma surpresa hoje, uma surpresa amanhã. Não é cartão de fidelidade, isso não existe. Eu mesmo tenho três cartões de fidelidade de companhia aérea, logo eu não sou fiel a nenhuma. Vamos fidelizar o cliente? Surpresinha, todo dia surpresinha. Por que há tanta reclamação de que os negócios estão sempre ruins? É um vício. Eu não sei por que, mas isso é um vício. Eu escrevi isso acho que uns três, quatro dias atrás, por conta de um e-mail que eu recebi questionando se há crise ou não na área de palestras. E eu disse claro que não, porque quando há uma crise muito grande, a demanda por palestras aumenta e quando não há crise, a demanda também aumenta. Então palestra é um negócio fabuloso, porque se está em crise melhora o negócio e se não está em crise melhora o negócio. Se está em crise melhora porque o pessoal tem que vender mais. Aí eles te contratam pra dar palestra pra incentivar os caras a vender e tal. Se não está em crise, ele tem bala pra te pagar, ele vai torrar dinheiro. E quando é que se instala uma queda da demanda? Quando tem uma crise besta como essa de agora, que não é uma crise medonha e também não é falta de. É uma crise que gera muito mais incerteza do que maus negócios. Então, na verdade, quem reclama está com medo, com incerteza, porque hoje ele ouve a notícia de que a Europa acabou e amanhã ele ouve que a Europa foi salva. No outro dia ele ouve que as bolsas caíram vertiginosamente e se acabou tudo. Aí a pessoa fica com medo, fica na incerteza e investe menos. A incerteza é a pior coisa, porque na incerteza você fica paralisado, você fica atônito e investe pouco. O Bill Gates ensinou isso para as pessoas na Microsoft. Quando está tudo bem você deve mexer em tudo. A Microsoft estava maravilhosa há uns quatro, cinco anos. Ela estava no seu ápice e ele fez a maior reforma que podia ser feita na empresa naquele momento. Perguntaram a ele o porquê e ele respondeu: “Agora é o momento de mexer! Porque eu estou bem. Não vou esperar estar mal pra mexer”. Você tem que inovar quando está bem, porque se você está bem, inova e dá um salto. Agora, se você esperar cair, aí não tem jeito, já é tarde. Tem uma hora que já é tarde para inovar. O negócio não é inovar, depende do ponto em que você está. Dependendo do ponto em que você está na curva, já é tarde, não adianta mais inovar, porque você vai jogar dinheiro fora e vai falir do mesmo jeito. A Nokia é um exemplo pro mundo. Quando um produto chega no pico de vendas, ela tira do mercado. A Apple também! O Ipad estava vendendo muito, eles colocaram o Ipad2. O Iphone5, por quê? O Iphone4 estava vendendo muito. Quando está bem você tem que ir em frente, mas quando está ruim, já é tarde, não adianta inovar. É a curva de qualquer negócio. Qualquer negócio vai e volta. Tem o ponto de inovação e o ponto que já é tarde. NOV/2012
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ELEIÇÕES 2012
AOS ELEITORES E ELEITOS texto C.FÉLIX
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a edição 8 da r.A publicamos dados levantados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIEP) que mostravam que a corrupção custava R$ 51 bilhões aos cofres públicos. Foi a matéria inicial da série de reportagens Eleições 2012, que levou ao leitor um raio-X socioeconômico dos municípios mais populosos do Oeste e Médio São Francisco (Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Santa Maria da Vitória, Barra e Bom Jesus da Lapa). Apesar do amadurecimento do sistema eleitoral e do próprio eleitor, conforme constatou a presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, desembargadora Sara Silva de Brito, não seria exagero se nos enxergasse como adolescentes dentro desse processo democrático. E, bem provável, com uma educação política e formação de caráter pouco consistentes. É verdade que ao longo dos anos diminuímos o número de analfabetos e de miseráveis, principalmente nas duas últimas décadas, quando o país começou a gozar de uma condição econômica menos refém das intempéries cambiais dos países desenvolvidos. Reconhecemos, talvez, o quanto somos um país rico, e em todos os aspectos. Mas lemos apenas uma média de quatro livros por ano e 8,6% da população com 15 anos ou mais é analfabeta. Isto significa 12,9 milhões de brasileiros que não lê nem escreve. E no Nordeste a situação é pior: 15,3% da população com 10 anos ou mais está nessa situação. Das cinco cidades abordadas na série Eleições 2012, o índice de analfabetismo de três delas (Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa e Barra) passa dos 20%, superando a média da região. Barreiras e Luís Eduardo Magalhães estão na média nacional. Independente dessa variação entre esses municípios, o candidato eleito recentemente, quer seja na situação de reeleito ou de primeiro pleito, deve implementar 46
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políticas educacionais mais efetivas, que possam, de fato, ajudar a transformar a realidade dos seus municípios. É claro que só olhar para a educação não é solução. Como estudar de barriga vazia, doente e mal assistido? Na última edição, o bispo da Diocese de Barreiras, Dom Josafá Menezes, disse que não podia exigir muito do homem porque ele era frágil (sem educação, sem água, sem luz e sem comida é uma presa fácil) e a corrupção fazia parte da cultura brasileira. De fato. Não passou de tolo aquele que acreditou que nessa eleição não haveria compra de voto, que todos os candidatos estavam realmente comprometidos com um programa social e que o cidadão e a democracia seriam respeitados. Portanto, passado mais uma vez por esse processo, muitas vezes incoerente e conflituoso, espero que esse adolescente cresça, encare a política com responsabilidade e cobre de seus representantes o direito de uma gestão compartilhada e transparente; e que o político reconheça sua função pública e coloque o interesse das ações para a sociedade, acima de seus interesses particulares e de grupos.
Capa de todas as edições da série Eleições 2012, que abordou a realidade socioeconômica dos municípios de Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa, Barra, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras
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PAUSA NO CAOS Menos de um mês depois de inaugurada, sinalização horizontal e vertical do trânsito de Luís Eduardo Magalhães transformou a rotina dos motoristas texto/foto ANTON ROOS
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impressão de quem não conhecia ou passava muito tempo sem vir a Luís Eduardo Magalhães encarar seu trânsito, até pouco atrás, rendia as mais destoantes comparações: “é melhor dirigir em São Paulo que nas ruas de Luís Eduardo”; “o trânsito daqui parece o da Índia”; “LEM é a Paraguai brasileira”. De fato, dirigir na cidade, tida como “Capital do Agronegócio”, era tarefa das mais inglórias. Além de paciência, era preciso contar com a sorte para não ser vítima do seu caótico trânsito. A mudança de comportamento dos motoristas e na forma irresponsável com que se dirigia tem uma razão: a implantação de semáforos em sete dos principais 48
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Em pleno meio-dia, motoristas aguardam sinal abrir em um das vias mais movimentadas de LEM
cruzamentos da cidade e a orientação do tráfego em vias de mão única. Como num passe de mágica, a partir da ligação do primeiro semáforo na tarde de 03 de outubro, a ordem destronou o caos que até então reinava soberano. A região central da cidade foi toda ela sinalizada, horizontal, com a colocação de faixas de pedestres e verticalmente, com a implantação de placas de advertência, regulamentação e indicativas. Para o advogado Mário Machado Junior, a novidade apenas fez aflorar aquilo que todo motorista já sabe. “Todos nós motoristas temos no nosso consciente e por extensão no subconsciente as regras e as práticas comuns do trânsito. Quando viajamos para outras cidades, como Barreiras, não nos atrapalhamos com o trânsito de lá. Isso acontece pelo simples fato de estarmos praticando o que já sabemos, aqui em Luís Eduardo o que ocorre é exatamente isso”, opina. A dedução é lógica e simples: ao motorista que possui sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) presume-se também que conheça as leis de trânsito e o sentido de mão e contra mão. “O consciente coletivo já está caracterizado”, resume o advogado e motorista em Luís Eduardo Magalhães. O suposto caos no trânsito da cidade e de sua vizinha, Barreiras, já foi tema de reportagem na edição nº 07 de dezembro de 2011. Aquela época o sistema de trânsito de LEM não passava de um projeto aguardando para sair do papel. A municipalização saiu em fevereiro deste ano e desde então, o poder público municipal tem autonomia para atuar, inclusive, na BR 020/242 que corta a cidade ao meio. Duas rotatórias foram construídas e tem contribuído para melhorar o trafégo de veículos de quem mora ou passa pela cidade todos os dias. As medidas, embora não tenham poder para erradicar os acidentes e a imprudência, pelo menos, contribuem para deixar a cidade com cara de cidade. Luís Eduardo Magalhães não deixará de crescer e o número de veículos circulando pelas ruas, avenidas e pela rodovia que atravessa a cidade deve aumentar ainda mais. Para se ter uma ideia, entre 2005 e 2010, segundo dados do IBGE, o contingente de veículos praticamente quadriplicou, passando de 5.480 para 19.881. Logo, para que a pausa no caos se transforme numa interrupção definitiva, os investimentos em mobilidade urbana, tanto do município, estado ou federação devem também aumentar.
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Pode não parecer, mas a anestesiologista Isa Urbano Bessa, com seu “tom chique” e voz afinada, já arrancou aplausos efusivos em uma famosa casa de fado em Portugal. Poderia até ter arriscado uma carreira artística, mas preferiu cantar em outro espaço, no da medicina. Por lá, anestisiou uns 30 anos, até aposentar as seringas. Hoje, dedica-se apenas a adminitração dos negócios. Com uma determinação invejável, garante: “a paixão é que move o mundo”. Doutor Davi que o diga, que a escuta cantar há mais de três décadas, totalmente apaixonado.
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texto/fotos C.FÉLIX
ual o seu tom? – perguntou Carlô, com o sax na mão. - Si bemol maior – respondeu a cantora. Após a introdução dedilhada por Vieirinha, Isa Bessa começou a cantar “Nossos momentos”, de Haroldo Barbosa e Luiz Vieira. Sua voz afinada e doce encheu o salão da AABB. No entanto, Isa estava nervosa, se tremia toda e não encarava o público. Cantava de lado. “Olhe pra plateia”, disse alguém ao seu ouvido antes que ela começasse a segunda das quatro músicas que ia cantar. Era um recado de seu marido, que estava logo na frente do palco. “Ai, meu Deus. Tô toda arrepiada e esse homem ainda pede pra eu cantar olhando pra ele. Eu vou desafinar”, pensou. Depois, venceu o medo e se virou para a plateia. Na pista, Sebastião Ferreira e Marina Castro dançavam elegantemente. “Nossa! Eu tô cantando pra esse povo chique dançar?!”, alegrou-se, mas talvez não tanto quanto o seu marido, Davi Bessa. Dias antes, ela teria confessado a ele: “sabe qual é o meu tom? Não é ré menor, nem ré maior e nem “re médio”, que é o tom dos médicos. É si bemol maior. Meu canto é chique!” Agora, lá estava ela com seu canto chique. Que voz, que interpretação! Sua mulher era uma estrela! E, melhor ainda, em si bemol maior! Foi uma apresentação e tanto. Isa Bessa não cabia em si. Não era a primeira vez que cantava em público. Vez por outra reunia uns casais de amigos para uma “cantoria” no antigo e famoso La Rose, na rua das Palmeiras. Frequentemente, era acompanhada pelo piano de Bosco Pavão, o dono do estabelecimento. Lá, para os amigos, soltava a voz. Eram encontros “maravilhosos” regados a vinho do Porto. Agora, em um palco de um clube, e mais lotado, compondo a atração principal!?! Era novidade. Sentiu-se a própria Dalva de Oliveira. Outra vez, de férias em Lisboa, Davi e Isa Bessa decidiram ir a uma típica casa de fado. Acabaram na Parreirinha de Alfama, uma das mais clássicas da cidade, cuja dona, a portuguesa Argentina Santos, é uma das divas do estilo musical português. Em um determinado momento, o guitarrista se aproximou de um casal ao lado de Davi e Isa. A conversa se espalhou e, ao saber que se tratava de brasileiros, o gajo dedilhou Chão de Estrelas, de Orestes Barbosa. - Conheces? – perguntou. - Adoro – respondeu Isa. - Queres cantar? NOV/2012
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Isa comentou com Davi que o rapaz havia “cutucado o cão com vara curta” e acenou que sim. - Qual o tom? Lá vinha a história do tom outra vez. Seria si bemol maior? Não quis arriscar, preferiu cantarolar uma frase para o músico descobrir. Pronto! De olhos fechados, profundamente apaixonada, Isa começou a cantar em um tom que até hoje não sabe qual era. A acústica do lugar era perfeita. Só a guitarra portuguesa e a voz de Isa cortavam o silêncio. O ambiente era aconchegante, a iluminação romântica, com penumbras que favoreciam as silhuetas. Isa se sentiu à vontade, quase só, envolvida no universo da música: “...a porta do barraco era sem trinco,/ e a lua, furando o nosso zinco,/ salpicava de estrelas nosso chão./ e tu, tu pisavas nos astros, distraída,/ sem saber que a aventura desta vida/ é a cabrocha, o luar e o violão”. Um forte aplauso trouxe Isa, enrubescida, de volta para a realidade. Sentiu um misto de vergonha e alegria. Quanto aplauso! Teria arrasado na interpretação? “Ah, a música brasileira. Que maravilha a música brasileira”, suspirou.
*** Chegamos à casa de doutora Isa às 17h30, como havíamos combinado. Uma moça nos atendeu e pediu para esperar um pouco. “Ela já vem”, disse. Um quadro de Bosco Pavão dá um clima diferente às paredes brancas da sala. Do lado direito duas máscaras de Veneza emolduradas, denunciando o gosto pelos antigos carnavais. Um aparelho de som chama atenção. É moderno e ao mesmo tempo retrô. Tendência vintage. Mas não é só no design. O aparelho, além de entrada para USB e CD, toca vinil! O velho e bom bolachão. Doutora Isa atravessa uma sala e, com seu humor ímpar, nos cumprimenta. Ela irradia muita energia positiva. É elétrica. Não sei se isso se deve à origem. É filha de paraibanos do Alto Sertão (Catolé do Rocha), nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, cresceu em Recife, Pernambuco, casou-se com um cearense, morou em Brasília e, desde 1978, vive em Barreiras, neste Oeste baiano. - Vamos sentar aqui – disse, informando que já está vindo suco e bolo. Ela é anestesista – melhor, anestesiologista, termo atual para designar quem é especialista na área. Exerceu a profissão por mais 30 anos. Hoje, o único vínculo com a medicina é o Conselho, do qual ela é delegada. Agora, só se dedica à administração das clínicas da família e das lojas de cosméticos e perfumaria em Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Formosa do Rio Preto. Doutora Isa gesticula muito, “fala com as mãos”, como ela define. No meio da conversa desvia o olhar para um lado, para outro, para cima, como se quisesse agarrar algo que quer escapulir. Depois fita direto, incisiva, segura. Lembra que foram morar em Brasília, mas doutor Davi, que assim como ela trabalhava no Hospital das Forças Armadas, queria ir para outro lugar, que fosse mais tranquilo e oferecesse uma qualidade de vida melhor para sua família. Escolheram Barreiras. - Quando a gente casou, minha mãe disse: “A partir de agora minha filha, sua família é seu marido e seus filhos. Nós somos seus parentes. Acompanhe seu marido. Se ele for pro Acre, vá com ele. E não 54
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Com as amigas, em um dos carnavais em Barreiras, na década de 1980
fique com frescura, com saudade. Quando puder vir, venha. Mas acompanhe seu marido”. A gente veio de Veraneio de Recife. Tinha ido pra lá de férias. Era só barro de Ibotirama até aqui. A gente parou em um lugar pra comprar umbu. Eu chupava umbu e pensava: “será que minha vida vai ser azeda igual a esse umbu?”. De outro lado, Davi pensava: “pra onde tô levando minha mulher e meu filho?”. Eles traziam Diego, o primeiro dos três filhos do casal. Barreiras, com cerca de 25 mil habitantes, ia passar a contar com 13 médicos. A princípio, a falta de infraestrutura da cidade era desanimadora, mas a hospitalidade do povo foi um alento. - A gente estava com muita vontade de trabalhar, de crescer. Tinha origem humilde, não tinha dinheiro. Pra divertimento tinham as serestas, as leituras e o Rio de Ondas. Aqui não tinha onde comprar um livro e se chovesse não chegava revista na banca. Tinha um caminhão que trazia frutas na sexta-feira de tarde, vindo de Brasília. Mas se tivesse chovendo na serra do Rosário ele não passava e a gente ficava sem frutas. A vida cultural se resumia às serestas. Eu gostava de cantar desde solteira. Daí a gente fez um grupo aqui em Barreiras. Um cantava, outro cantava e Davi era a plateia. Ney Melo tocava muito pra eu cantar, mas ele não gostava muito de tocar em seresta. Era muito sistemático. Se tivesse uma pessoa conversando ele parava de tocar. Só sei que teve um jantar dançante na AABB pra angariar fundos pra construir uma piscina e o nosso grupo foi convidado. As mesas foram vendidas a preço de ouro pra gente cantar pra esse povo dançar. Eram quatro músicas pra cada um. Daí Carlô me chamou e disse: “Doutora, a senhora se lembre. Quando eu perguntar qual é o seu tom a senhora responda: si bemol maior. Este é seu tom”. Um momento inesquecível, em meados dos anos 1980: o pai (E) de Isa, Luiz Gonzaga ao centro, Davi e os filhos Diego e Davi Filho
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“Fique longe de um negócio chamada Diretório Acadêmico, porque eu não tenho parente coronel. Se você se envolver em política estudantil, vai ficar presa lá nos porões da ditadura porque eu não vou ter como te tirar”, dissera o pai de doutora Isa quando ela entrou na FESP (Faculdade Estadual de Pernambuco), em Recife, aos 17 anos. Era o governo Médici, período mais duro do Regime Militar. Vários primos dela haviam sido presos em 1968. - Eu tinha medo de ir no DA até pra fazer a carteirinha de estudante – relembra, emendando que não pode desabrochar muito na época. As pessoas eram vigiadas demais, mesmo no lazer. Isto sem falar na rígida educação familiar. – Uma vez eu ia sair com Davi e minha mãe com uma minissaia. Daí meu pai me chamou e disse: “Isa, minha filha, seu vestido encolheu e você não percebeu. Semana que vem você vai na costureira e pede a ela pra colocar as mangas no cumprimento”. Daí tive que trocar o vestido. Nossa criação era rígida, mas ao mesmo tempo era com muito amor. Nunca nos faltou nada. Assim também eu criei meus filhos, Diego, Davizinho e Isabela, a caçula. Cobrei demais deles. No começo, lutei muito contra as dificuldades. Eu era funcionária pública. Então eu dizia pra eles: essa roupa aqui é de ir pra aniversário, essa é da tarde, esse tênis é de jogar bola, essa roupa é de ir pra fazenda. Quando a roupa de aniversário ia ficando feia, comprava mais duas ou três e a do aniversário passava pra da tarde. Sempre existiu uma disciplina, até nisso... Agradável, a conversa vai se estendendo. Doutora Isa não economiza nas palavras. Nesse momento, doutor Davi chega e nos cumprimenta. Pergunta se pode ficar e se senta à mesa. São 36 anos de casamento e muito amor. Os olhos cúmplices de um seguem os do outro. A paixão parece ignorar o tempo, como no romance “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel Garcia Marquez, autor colombiano preferido da doutora. - Quando meus filhos foram fazer medicina lá fora, eu disse pra Davi que não ia acompanhá-los, senão ia perder uma parte muito boa da vida com ele. Eu achei mais fácil preparar meus filhos pra sair só do que sair com eles e deixar meu marido só. Meus meninos iam bater asas e voar, e eu? E se
nesse meio tempo a gente - sei lá! - se desinteressasse, se perdesse no meio do caminho? Não que a nossa relação seja frágil, mas eu sempre fui adepta àquela coisa do orai e vigiai em tudo. Eu acho que no meu casamento, a minha ausência ia ser muito ruim pra nós dois, pra minha vida. Porque eu não posso viver a vida dos meus filhos, eu tenho que viver a minha e orientar a vida deles. A doutora continua falando sobre os filhos, dos seus ensinamentos. Apesar de bastante disciplinada, pragmática e metodológica, não vive presa às regras a todo tempo, a modelos pré-determinados. O importante é se sentir bem. - Às vezes parece que Isabela é minha mãe. Tem hora que ela fica: “mãe, essa sua roupa está muito estampada”. Eu digo: Isabela eu não estou estampada, eu sou estampada! Você é tom sobre tom. Você é beginho com café com leite, com marronzinho! Eu não sou! Eu gosto é de flor, eu gosto é de coisa assim, colorida. Eu sou colorida, Isabela! Aí na época que eu fumava, eu dizia vamos ali menino fumar escondido de Isabela! Ela gosta de Smirnoff ice. Aquilo parece um remédio de verme que eu tomava quando era criança. Aí eu mando ela ficar com o “remédio de verme” dela e me deixar com o meu champagne. Ela é muito assim. Eu até dei a ela o livro “Não leve sua vida tão a sério”, de Hugh Prather. Falei pra ela: você leva a vida a sério demais. Eu sou muito responsável, mas eu sou também muito irreverente. Eu faço umas coisas que às vezes me questiono se eu estou girando bem. Tenho umas passagens meio maluquetes e eu acho ótimo. Eu sou assim. Eu sou uma pessoa que sobe no palco e canta.
A paixão entre Isa e Davi parece ignorar o tempo, como no romance “O amor nos tempos do cólera”, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, autor preferido da doutora, que adora literatura
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Isa por Isa Eu me considero uma pessoa de muito bom humor, eu faço gozação comigo mesma, antes dos outros gozarem de mim eu já gozo. Eu gosto das coisas bem feitas. Ou eu faço uma coisa pra sair bem feita ou eu prefiro dizer que não posso fazer. Pra mim não tem tempo ruim, tudo se dá um jeito e na hora das grandes decisões, dos grandes estresses, eu sempre acho que você tem que ter a cabeça no lugar. Não adianta você se desesperar. Vê o problema, o que dá pra fazer primeiro pra amenizar o prejuízo, pra evitar o leite derramado. Depois das decisões tomadas e das coisas resolvidas, aí eu relaxo, aí eu choro, eu deixo a sensibilidade aflorar.
Isa por Davi Isa, que eu chamo de filha, pra mim é uma namorada, uma noiva, uma esposa. Sendo que essa esposa é minha amante, é minha mulher, é a minha conselheira e é aquela que divide todas as coisas dela comigo, inclusive é aquela que me acompanha em todos os lugares que eu vou. Então, é muito difícil eu definir quem é ela porque ela veio como uma complementação minha e talvez sem ela eu não fosse o que eu sou. É difícil definir, mas é tudo. É a pessoa que eu brigo, discuto, a gente chega num consenso, é uma pessoa que em muitos momentos tem mais visão do que eu, às vezes enxergando bem mais distante. Eu não digo nem que ela é meu espelho porque o espelho daria minha imagem e ela é mais do que minha imagem.
Há quatro anos, aproximadamente, doutora Isa deixou de anestesiar. Foi uma decisão difícil. Faltava coragem quando pensava no esforço que o pai fizera para ela se formar. Um dia seu pai, que estava lhe visitando, percebeu que ela andava exausta e questionou: “minha filha, num já está na hora de você deixar isso, não?”. Pronto. Era o que ela queria ouvir. Agora iria se concentrar apenas na administração dos negócios. Conciliar atividade cirúrgica com gestão das empresas estava complicado. - Davi nunca foi muito de mexer com papéis. Quando a clínica era pequena eu mesma mexia com o faturamento. Mas o movimento foi aumentando e ficando difícil e tive que formar equipes pra me auxiliar. Hoje, chegou ao ponto que a clínica precisa de um diretor, de uma equipe de gestão. Quando “O Boticário” começou a profissionalizar os donos das lojas, eu fiz cursos de RH, financeiro, estoque, desenvolvimento pessoal. Isso me empolgou e eu pude trazer essa experiência pra gestão da clínica. Sabe, eu gostei de gestão. Eu sempre fui muito mandona. Eu até acho que aqui em casa é tudo muito matriarcal. Não sei se é porque Davi tem muita admiração por mim. Quando ele turra, ele turra mesmo, mas confia muito no que eu faço e nossas coisas são muito combinadas. Agora nas decisões na condução da família eu sempre fui muito firme, eu sempre bati o martelo. Muitas vezes ele diz que eu sou muito dura, mas eu digo que não pode fazer corpo mole com esses meninos não, senão eles montam na gente. Sempre fui muito de delegar, de ter uma agenda. Sempre fui muito de tomar iniciativa, de liderar, de correr atrás. Quando eu era mais nova, éramos 7, eu trocava menino de escola, ia pra reunião de pais e mestres, ensinava dever de casa, botava de castigo. Era tudo eu! Então eu fui criada assim, mamãe criou a gente muito independente e sabendo fazer tudo. De bordar a tratar um peixe a gente sabe fazer. Eu não tenho isso! Se é pra ir pra cozinha, eu vou. Mas eu gosto de cozinhar por esporte, por amor, com um avental de chef toda metida, com um vinhozinho, as coisas fluem melhor. Já é noite. Três horas se foram e nem nos demos conta do tempo. Vez por outra doutor Davi complementa uma informação da mulher. Daí ela lembra que Davi, muito apaixonado, resolveu fazer uma serenata na sexta-feira. No sábado pela manhã o pai de Isa falou: “diga àquele seu namorado que quando ele quiser fazer uma serenata, faça do sábado pro domingo. Se ele não trabalha no sábado, eu trabalho. A propósito, diga também que ele traga alguém para cantar! Ele canta péssimo!”. A gargalhada é geral. Doutor Davi reconhece que se sai melhor como plateia. Depois, faz-se um silêncio. Doutora Isa recomeça num tom nostálgico: - Eu sinto saudades do centro cirúrgico, eu gosto de urgência, eu gostava muito da “pauleira”, como diz Diego. Trabalhei numa época muito improvisada. Hoje, graças a Deus, a gente tem excelentes profissionais. Se eu fosse recomeçar teria grandes instrutores. Esses meninos novos estão chegando muito bem preparados. Mas eu fiquei feliz, fiquei em paz por ter deixado a anestesia no momento que eu deixei. Quem não gostou foi Diego. “Quando eu chego a senhora não vai fazer anestesia pra mim?”, disse ele que, assim como o pai, também é ortopedista. Mas ainda fiz uma meia dúzia pra ele. Caminhamos para encerrar o bate-papo quando doutora Isa reflete: “eu acho que a paixão é que move o mundo. Não é o amor, é a paixão. O amor consolida”. Cito um livro do terapeuta Roberto Freire: “sem tesão não há solução”. - Eu acho que é isso mesmo: sem tesão não há solução. Terminamos? Então pronto, vamos tomar um vinho, agora. Vamos. Quem sabe com um pouco mais de conversa a gente consiga compreender melhor quem é a “cantora”, doutora e administradora Isa Bessa. Mas suspeito que seja um esforço em vão. “É muito difícil definir quem ela é”, alertou doutor Davi. E ele tem razão. COLABORAÇÃO: CAROL FREITAS NOV/2012
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BURACÃO
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texto/foto AUGUSTO PESSOA
om cidades tombadas pelo patrimônio histórico, algumas das mais belas paisagens do Nordeste, rica cultura popular e um passado repleto de história e aventura, o Parque Nacional da Chapada Diamantina, no sul da Bahia, é um dos mais visitados do Brasil e de longe o mais procurado por aventureiros no Nordeste. No extremo sul do parque, depois de passar pela bela cidade de Mucugê, um destino pouco conhecido dos turistas vem encantando os exploradores mais dispostos. Acessível por um canion alagado, a cachoeira do Buracão é a principal atração de Ibicoara, uma das últimas cidades da chapada. Quem se aventura por ali, no entanto, não se arrepende. Para muitos, a emoção de atravessar o canion nadando é tão intensa quanto a visão da queda d’água de 120 metros de altura. Formas estranhas esculpidas pela água nas paredes do canion conferem um aspecto surreal ao lugar, aumentando ainda mais o clima de mistério que faz do Buracão um lugar, no mínimo, especial.
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música, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular
Hoje transformada em museu, a Casa Grande da Fazenda Caiçara foi berço da revolucionária Bárbara de Alencar, primeira presa política do Brasil
CULTURA POPULAR
Aqui nasceu o
REI DO BAIÃO Fazenda Caiçara, 13 de dezembro, dia de Santa Luzia, município de Exu, Pernambuco. Nesta data, no ano de 1912, “nascia uma estrela, costurada num belo e tradicional chapéu de couro” REPRODUÇÃO
texto/fotos AUGUSTO PESSOA especial de Exu, Pernambuco
Aos 8 anos de idade, Gonzaga substituiu um sanfoneiro e tocou para um público pela primeira vez
uiz Gonzaga, o Rei do Baião, nasceu em 1913, no lado pernambucano da Chapada do Araripe, bem na divisa com o Ceará. As formações rochosas e o intenso verde dão à região o título de “oásis sertanejo”, um refrigério em meio à vasta e quente caatinga que domina parte do Nordeste brasileiro. Na antiga Fazenda Caiçara, que viu nascer, em 1760, a revolucionária Bárbara de Alencar - primeira presa política do Brasil e uma das mulheres mais influentes de sua época - também nasceu, 150 anos depois, o mais influente músico do interior brasileiro. Era 13 de dezembro de 1912, dia de Santa Luzia, e seu Januário e dona Santana não tiveram dúvidas na hora de batizar a criança na pia batismal da Igreja Matriz de Exu: Luiz, um sertanejo como tantos outros nascidos naquelas bandas, mas que trazia em si a grandeza da cultura popular em sua mais autêntica expressão. No terreiro da fazenda, com apenas 8 anos de NOV/2012
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FOTOS: AUGUSTO PESSOA
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Única chave da Igreja de São Joao Batista do Araripe, construída em 1868 pelo Barão de Exu, na Vila Araripe, onde Gonzagão passou a adolescência
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idade, Gonzaga tocou para um público pela primeira vez, substituindo um sanfoneiro. No ano em que o velho “Lula” faria um século de vida, as homenagens se multiplicam pelo país afora e confirmam o que se diz ainda hoje pelos mais distantes recantos do sertão pernambucano: “No dia 13 de dezembro, na antiga casa da Fazenda Caiçara, nascia uma estrela, costurada num belo e tradicional chapéu de couro”. Bem próximo da Fazenda Caiçara, está a Vila do Araripe, onde Gonzagão passou sua adolescência. O que chama a atenção de imediato é a Igreja de São João Batista do Araripe, construída em 1868 pelo Barão de Exu e eternizada nas músicas de Luiz Gonzaga. O lugar parece ter parado no tempo e preserva construções centenárias que só aumentam o clima de volta ao passado. Morando ao lado da Igreja, uma senhora tem a missão de guardar em casa a única - e enorme - chave que existe. Do outro lado fica a casa do Barão de Exu, que possui até uma senzala em seu terreno, herança do triste tempo em que escravos eram usados nos engenhos e casas de farinha da região. A casa em que Luiz Gonzaga viveu dos 12 aos 18 anos foi demolida esse ano para dar espaço a um relicário da memória do sanfoneiro que colocou a pequena Exu no mapa da música mundial. Alguns moradores lembram e relembram diariamente das noites de forró em que o jovem Luiz Gonzaga juntamente com seu pai Januário animavam as festas da região. O lugar mantém a mesma áurea dos velhos tempos, com selas de cavalos encostadas nas árvores e um silêncio quebrado apenas pelo canto dos pássaros. Luiz Gonzaga cresceu nesse universo, ajudando o pai a consertar sanfonas ou mesmo trabalhando na roça, de onde retirou boa parte da inspiração para cantar a saga do agricultor nordestino em aproximadamente 200 discos lançados numa carreira de mais de quatro décadas. Embora sendo o terceiro artista mundial a receber o NOV/2012
‘’Cachorrinho da RCA’’, prêmio entregue anteriormente apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, e tenha cantado para os presidentes Eurico Gaspar Dutra e José Sarney, além do Papa João Paulo II, o verdadeiro reconhecimento do valor de sua obra veio em 1984, quando Luiz Gonzaga foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os melhores da Música Popular Brasileira. Para os poucos moradores da Fazenda Araripe, as lembranças do Luiz sertanejo são bem mais familiares que as notícias que chegavam pelo rádio. Muito se fala por ali da época junina, quando a Igreja, em homenagem à São João Batista, era especialmente enfeitada e o forró corria solto durante vários dias. Em 1968 Gonzaga lança o disco São João do Araripe, onde uma composição se torna sucesso e eterniza uma das mais sinceras homenagens do artista à sua terra natal. “Meu Araripe”, uma parceria com João Silva, revela com a simplicidade da sua poesia todo o amor que Luiz cultivava pela sua origem:
Meu Araripe, meu relicário Eu vim aqui rever meu pé de serra Beijar a minha terra Festejar seu centenário Quero louvar Os grandes desse lugar Luiz Pereira, Dona Bárbara de Alencar E o Barão que não sai da lembrança Que mandou buscar na França São João e Baltazar
Homenagens aos 100 anos de Gonzaga Para coroar o centésimo aniversário do nascimento do maior sanfoneiro brasileiro em todos os tempos, estreou nas salas de cinema de todo país no final de outubro o longa metragem “Gonzaga, de Pai para Filho”, do diretor Breno Silveira, o mesmo de “2 Filhos de Francisco”. O filme conta a história de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião e aborda a relação entre o velho Gonzagão e o filho Gonzaguinha. No carnaval deste ano a Unidos da Tijuca desfilou pela Sapucaí com enredo em homenagem “Seu Lula”. O músico Jorge do Altinho, parceiro de Gonzagão, também homenageou o rei com o lançamento de um disco chamado “100 anos de Gonzagão”, mesmo nome da exposição que passou pelas principais capitais brasileiras.
A estátua trazida da Europa ainda hoje está na Igreja. Luiz Gonzaga foi uma das mais completas e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de acordeão, zabumba e triângulo, levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Nos arredores da Fazenda Caiçara e da Vila do Araripe, pequenos vilarejos resguardam verdadeiros patrimônios históricos e culturais. Celeiros, artesãos, músicos e brincantes populares compõem esse vivo relicário da tradição cultural nordestina que revela, ainda, uma forte gastronomia caracterizada pelo baião-de-dois com pequi e pela galinha de caipira, pratos típicos em toda a extensa região da Chapada do Araripe. Terra também marcada pelo cangaço, o Sertão do Pajeú é um território que conquista o visitante pela beleza quase rupestre de seus atrativos. Saindo um pouco da zona rural, é possível ainda visitar a cidade de Exu, onde um grande museu em homenagem ao Rei do Baião guarda diversos objetos que pertenceram ao músico e boa parte da quilométrica discografia do “Velho Lula”, como Luiz Gonzaga é carinhosamente chamado pelo povo sertanejo. A marca da família está em cada sítio, em cada festa de final de semana em que o autêntico forró pé-de-serra é a trilha sonora obrigatória de arrasta-pés madrugada adentro.
Para visitar A“Casa Grande da Fazenda Caiçara” fica a 15km de Exu. Vias de acesso: PE-122 (rodovia Asa Branca), sentido Exu-Bodocó. Após 6km, tomar a estrada vicinal que dá acesso a Moreilândia, percorrendo mais 9km. Em frente ao cemitério, entrar à direita, e seguir até o museu. Atrativo: A Casa da Caiçara, a mais antiga da região do Araripe, data da primeira metade do século XVIII e foi construída pelo português Leonel Alencar Rêgo, onde viveu com sua família. Nesse casarão nasceu a grande heroína do Ceará, Bárbara Pereira de Alencar, conhecida como a primeira mulher republicana do Brasil e o Barão do Exu, Gualter Martiniano de Alencar Araripe. Atualmente a casa funciona como museu. Na Vila da Fazenda Araripe está a antiga Igreja, a Casa do Brão de Exu e a casa de taipa onde Luiz Gonzaga passou parte da adolescência.
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música, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular
COMEMORAÇÃO
LUTA
CONTRA O PRECONCEITO No dia 20 de novembro Lençóis receberá capoeiristas de toda a região da Chapada Diamantina para comemorar o Dia da Consciência Negra
texto GABRIELA FLORES fotos C.FÉLIX
Ailton Carmo dos Santos, ator que deu vida ao personagem principal do filme “Besouro”, é um dos idealizadores do evento 66
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Rogério Nascimento, filho do mestre Tall, da academia Esquiva, vem desenvolvendo a prática da capoeira na escola, em Barreiras. Ele deve levar um grupo para Lençóis para celebração do Dia da Consciência Negra
GABRIELA FLORES
ascido na cidade, Ailton sempre quis mostrar o potencial das raízes negras por isso viu no filme uma grande oportunidade para passar os valores que o esporte leva aos praticantes. “A capoeira mostra um novo caminho, tira as pessoas da rua, do mundo das drogas e ensina a ser alguém a partir de um grande exemplo que é o professor, o mestre”, explica o ator, que usa a capoeira como arma contra o preconceito. Em Barreiras, juntamente com a Academia Esquiva, do mestre Rogério Nascimento, Ailton desenvolveu um projeto que leva a prática da capoeira para as escolas. O objetivo é aproximar os jovens das heranças brasileiras. “Assim como nós, a capoeira é afrodescendente. O brasileiro é uma mistura de raças, dentre elas, a negra”, explica o capoeirista barreirense. O relacionamento entre a Academia Esquiva e o ator de “Besouro” vêm de longa data. O mestre Gilmar Ribeiro de Jesus, conhecido como Tall, era professor do mestre Cascudo que posteriormente transformou Ailton em um grande lutador de capoeira. Em novembro os dois vão se reencontrar e assim comemorar juntos o dia da Consciência Negra no Brasil. A data (20 de novembro) não foi escolhida por acaso, nesse mesmo dia em 1695 morria o mais conhecido guerreiro e líder do maior quilombo que existia, Zumbi dos Palmares. A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu a comemoração no calendário escolar. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, proporcionando o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país. A luta servia para os escravos se defenderem da caça do capitão do mato quando estavam em fuga. Com chutes, rasteiras, cabeçadas e impressionantes saltos, por ser considerada perigosa, a luta chegou a ser proibida por lei na época que aboliram a escravatura. Os praticantes, no entanto, não deixaram a cultura morrer. Escondidos da polícia, mestres capoeiras davam aula para os jovens descendentes de escravos. Hoje a capoeira é considerada um esporte de exibição de golpes sem contato físico que requer agilidade para não machucar o oponente. Com a exposição e visibilidade de “Besouro” nas salas de ci-
nema, Ailton teve muitas oportunidades para divulgar a arte ensinada a ele pelo mestre Cascudo. Nas cidades que passou para divulgar o filme, atraia atenção da mídia em uma roda de capoeira. Três anos depois o ator sabe que o preconceito ainda existe. “Em muitos lugares que chego e não me conhecem, me tratam com ignorância, mas quando descobrem quem eu sou me tratam diferente”, relata Ailton. Com entusiasmo, o ator e capoeirista sabe que a batalha é dura, mas ainda assim pretende usar o esporte para aproximar os brasileiros.
“Besouro”: o negro ainda é visto com preconceito O que você acha que a Capoeira pode contribuir em prol desenvolvimento social para jovens e adolescentes? Primeiramente um caminho interessante. A capoeira traz pra todas as pessoas que a praticam ou estão ao seu redor um novo caminho, tira as pessoas da rua, do mundo das drogas e ensina a ser alguém a partir de um grande exemplo que é o professor, o mestre. A capoeira ensina a criança a ter um grande exemplo, ser um bom cidadão. Como você vê o negro hoje na sociedade brasileira? O negro hoje ainda é visto com preconceito, muitos lugares aonde eu chego ainda hoje que não me viram no filme, na tv, que não me conhecem, me tratam com ignorância, mas quando descobrem quem eu sou me tratam diferente. Quando você é um negro desconhecido você é mal tratado, com ar de preconceito e quando você é um negro famoso, as pessoas te tratam bem. Mas graças a Deus a capoeira está entrando nas escolas e muita coisa está mudando. Como você foi descoberto para interprestar o personagem principal de Besouro? Eu morava na Bélgica, na época com meu irmão e desenvolvia um trabalho lá com a capoeira. Neu mestre recebeu um e-mail com um convite do João Daniel Tequino como ele mandou pra várias academias no Brasil pedindo os 20 melhores capoeiristas de cada grupo pra fazer o teste do filme e dentro do meu grupo meu mestre achou que eu tava entre os 20 e mandou eu vir pro Brasil fazer o teste. Eu fiz 9 testes, passei por 2700 capoeiristas. Minha intenção não era ser o Besouro, eu queria ser só mais um capoeirista ali na roda de capoeira. Eu vim fazer esse teste porque quando eu era criança eu vi um filme de Capoeira feito nos Estados Unidos onde o protagonista era branco chamado Esporte Sangrento. Eu falei com minha mãe que um dia eu ia mostrar o potencial de um negro mostrando nossa própria cultura e essa era uma oportunidade. NOV/2012
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cult FOTOS: TIZZIANA OLIVEIRA
música, cinema, livros, teatro, artes plásticas, cultura popular
ARTE TROPIA, N A L I F E o s s e c u s e d ação CURSO
Duarts, ao centro, com os alunos que participaram das aulas de pintura entre os dias 13 e 16 de outubro, no atelier de Léia Maria Puton e Noemia Schimitt. Abaixo, o artista de Campo Grande (MT) mostra a técnica de pintura de flores
n i b m o c a m u
O
atelier de pintura Interart de propriedade das artistas Léia Maria Puton e Noemia Schimitt promoveu entre os dias 13 e 16 de outubro um workshop de pintura em tela com o renomado pintor Silvio Duarte da Silva, mais conhecido no meio como “Duarts”. O curso faz parte do projeto “A arte fazendo a sua parte”, idealizado pelo artista e implantado em Luís Eduardo Magalhães e região pelo atelier. “O que foi produzido pelos alunos durante o workshop fará parte de uma exposição que faremos no mês de novembro”, conta Léia. A ideia é aliar a arte à filantropia. Quem for à exposição poderá ajudar as crianças atendidas pela Associação dos Moradores do Aracruz (AMA), pois além da exposição com as telas das alunas do curso, uma tela feita pelo professor Duarts será destinada a leilão. O dinheiro revertido será doado a associação. 68
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“Quando conhecemos a história daquelas crianças e o trabalho desenvolvido pela AMA achamos justo fazer algo do tipo, pois a associação ajuda um grupo grande de crianças carentes da cidade”, pontua Léia. Para Duarts, a relação da arte com o trabalho social é natural. “Somos artistas e nada mais justo que fazer da pintura um meio de melhorar a qualidade de vida de quem mais necessita”, explica. Natural de Campo Grande (MT), Silvio começou a pintar aos 8 anos. Aos 35, tem na pintura sua profissão e hoje ministra aulas em dois ateliers em São Paulo e Mato Grosso, além dos inúmeros workshops que promove Brasil a fora. Duarts é também curador de artes plásticas para exposições
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! Vera no exterior do College Art. Em 2013, após curadoria do artista, Léia foi convidada a expor seu trabalho no 18º Circuito Internacional de Arte Brasileira que acontece no mês de maio em local ainda indefinido. Para Luís Eduardo Magalhães, Duarts trouxe o melhor da sua técnica, em especial para a pintura de flores, paisagens e animais. O workshop deu tão certo que o artista já tem data para voltar. Entre os dias 30 de novembro e 05 de dezembro, Silvio realiza outro workshop para turmas de 10 alunos no atelier Interart. “A exemplo do que aconteceu nesse primeiro workshop, a depender da procura podemos estender o curso em um dia”, comenta Léia. A programação, no entanto, começa alguns dias antes, no dia 27 de novembro, com uma aula destinada ao “Estudo das Rosas”. No dia 28 de novembro, o Hotel Solar sedia um vernissage com as obras pintadas nesse primeiro workshop, exclusivo para alunos e convidados. No dia 29 de novembro, a mesma exposição será aberta ao público.
Klauck
INFORMAÇÕES Entre os dias 30 de novembro e 05 de dezembro outro workshop será realizado em Luís Eduardo Magalhães. ATELIER INTERART Rua Piauí, Quadra 59, Lote 08 - Centro Luís Eduardo Magalhães (BA) (077) 3628.0360 / 3628.2363
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Guarany e a cultura do imaginário do povo ribeirinho texto WASHINGTON ANDRADE
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consenso entre os interessados que o mestre Guarany figura como a maior expressão artística de Santa Maria da Vitória. Sua arte popular é conhecida e admirada pelo mundo, sobretudo, pelo fascínio místico que suas carrancas expressam. Produtor de uma estética extremamente particular, Guarany revela o universo simbólico e cultural do imaginário dos povos ribeirinhos do Vale do São Francisco, apagado pela predominância das embarcações a vapor na segunda metade do século XX. Sua primeira carranca foi produzida em 1901 com o propósito de criar figuras assombrosas para espantar as criaturas místicas que porventura pudessem trazer perigo para as embarcações. Em 1940, ele encerra o ciclo genuíno de produção de carrancas para as proas das embarcações do Rio São Francisco e inicia sua fase artística propriamente dita. Até aquele ano, foram produzidas cerca de 80 peças. A década de 1960 foi o período de revelação do potencial artístico do escultor. Em 1968, o mestre Guarany recebe o título de Membro Honorário da Academia Brasileira de Belas Artes. Nos anos 1970, participa do II Festival of African Culture (FESTAC) – O impacto da cultura africana no Brasil – em Lagos na Nigéria. Na década de 1980, o projeto “Guarany 80 anos de Carrancas” expõe suas carrancas em vários estados brasileiros e no Distrito Federal: no Museu da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ); no Museu de Arte de São Paulo (MASP); no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA); e no Teatro Nacional de Brasília (DF). Mestre Guarany foi homenageado por Carlos Drummond de Andrade com o poema Centenário em 1982 ,quando Guarany completou cem anos, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Naval Tamandaré, a mais alta honraria concedida pelo Ministério da Marinha. Diversos trabalhos científicos foram desenvolvidos para conhecer melhor o universo artístico do escultor, dentre eles: Carrancas do São Francisco – Paulo Pardal, no Ministério da Marinha (RJ); Navegantes da Integração de Zanone Neves – UFMG; A Época de Ouro do Corrente, de Avelino Fernandes de Miranda – UCG; A Mão Afro-brasileira, de Emanoel Araújo – Ministério da Cultura – Brasília; Rio São Francisco: o Rio da Integração Nacional, de Donald Pearson – Codevasf. Vários museus no Brasil e no mundo dispõem em seus acervos peças do Mestre Guarany, tais como: Museu da Inconfidência – Ouro Preto (MG); Museu Nacional do Folclore Edson Carneiro (RJ); Museu de Arte Naval – Paris – França; Museu do Homem – Cidade do México – México; Museu de Arte Moderna – Salvador (BA); Museu de Arte de São Paulo (SP); Museu de Arte Popular – Belo Horizonte (MG); Museu Afro-Brasileiro de Lagos – Nigéria – África; Fundação Castro Maya (RJ), além de acervos particulares como a coleção do professor Paulo Pardal; Coleção Roberto Burle Marx (RJ) e a Coleção de José de Carvalho (RJ). Do ponto de vista do audiovisual, há o documentário Carrancas do São Francisco, Da Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), 1974. Entre as produções recentes, podemos citar o vídeo-documentário do cineasta Keliton Xavier, Carrancas do Corrente, Faculdade de Tecnologia e Ciência (BA); e Corrente das Águas: O Vale (en)cerrado, de Leandro Caetano, UFG. * Historiador e professor da rede Estadual de Educação da Bahia
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Acima, o professor Jairo Rodrigues na homenagem ao mestre Guarany no seu centenário na segunda Semana de Arte e Cultura, em 1982. Abaixo, em foto atual, Jairo com a carranca Bitazáro
PRESERVAÇÃO
GUARDIÃO da memória
Professor de história em Santa Maria da Vitória, Jairo Rodrigues, tem o acervo mais genuíno do escultor Guarany, único a produzir carrancas para proas das embarcações no vale do São Francisco texto C.FÉLIX fotos/reprodução ROSA TUNES
E
m um mundo forjado por bits e bytes, cujas fronteiras geográficas se dissiparam para dar vez a um modelo de globalização e democratização tecnocráticas e de cultura efêmera, preservar a memória de um povo não parece tarefa fácil. Mas em Santa Maria da Vitória, no extremo Oeste da Bahia, o professor de história, Jairo Rodrigues, encara esse desafio com prazer. Hoje ele tem o acervo mais genuíno do santamariense, Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, um dos escultores mais significativos da cultura ribeirinha do Velho Chico.
O Mestre Guarany, como é carinhosamente chamado na cidade, viveu até os 103 anos e produziu cerca de 80 carrancas. Até 1945, lembra Jairo, elas adornavam as proas das embarcações. Depois dessa data, devido as leis que proibiam a navegação à vara e remo por considerar trabalho semi escravo, a produção de carrancas de Guarany se destinou a colecionadores. “É a chamada segunda fase da arte de Guarany. E tem a terceira fase ainda, que foi a da velhice, quando ele começou a pintar, dar nome as carrancas e assinar as peças. Porque as primeiras carrancas ele não identificava, ele nem sabia que estava fazendo arte, não tinha consciência disso. Só foi ter consciência depois dos 80 anos”. Jairo conviveu com Guarany desde a infância, principalmente pela proximidade familiar: seu tio se casou com uma filha do carranqueiro. Mas só na adolescência, Jairo, que hoje cultiva um bigode curvado para cima nas pontas a la Salvador Dali e cavanhaque ralo e espetado para baixo devido habituais puxões, reconheceu o valor do artista conterrâneo. “Eu saí daqui com 16 anos. Fui morar em Belo Horizonte. Depois, saí de lá e fui pra Salvador. Eu já tinha lido muito sobre Guarany. Em 1975, teve uma matéria do Fantástico com Marília Gabriela entrevistando Guarany aqui, em Santa Maria. Cara, isso foi demais! A partir daí, de 1975 até 1985, os últimos 10 anos da vida dele foi assim de uma amizade considerada. Eu conquistei a confiança dele no sentido de ele me confessar histórias de sua da vida. Foi uma convivência de compartilhar assuntos ligados a arte e tudo mais”. Desse laço de amizade nasceu um guardião, um defensor inconteste da obra Guarany. Em seu acervo, boa parte doada em vida pelo próprio mestre, encontram-se certidões, diplomas, fotografias, livros sobre o artista, clipagem de jornais (Folha de S.Paulo, O Globo, entre outros) e revistas em cinco idiomas, ferramentas e a carranca Bitazáro, produzida por Guarany na década de 1960. “Esse acervo é de alto valor histórico. Registra uma etapa importante da produção cultural do Vale do Corrente. E Guarany é um ícone disso tudo. Se esse acervo for colocado de forma decente, dentro dos padrões que deve ter um memorial histórico - e eu pretendo que seja em um futuro próximo! -, nós vamos fazer jus a importância Ferramentas e documentos, como que Guarany representa para a cultura, não o título de Membro só do Vale do São Francisco, mas de todo o Honorário da país. Ele foi o único carranqueiro no Brasil Academia Brasileira de Belas Artes, fazem que produziu carrancas de fato usadas em parte do acervo proas de barcas”. NOV/2012
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AGENDA CINEMA
007, F
50 anos e novo filme de dois filmes na pele de Bond: Cassino Royale (2006) e Quantum of Solace (2008). O novo filme de Bond é intenso e recheado de cenas de ação, mas novamente não consegue emplacar. 2012 tende a ser lembrado pelos 50 anos da série e não pelo lançamento do 23º filme da franquia. O personagem nasceu dos livros de Ian Flaming, que lançou a primeira novela, Cassino Royale (que só virou filme 53 anos depois), em 1953. Depois deste, vieram outros livros e dois contos protagonizados por James Bond, que serão relançados em comemoração ao cinquentenário. Para homenagear os 50 anos de 007 nos cinemas, além da estreia de Operação Skyfall – o filme chegou aos cinemas brasileiros no dia 25 de outubro - diversos eventos especiais foram e estão sendo realizados ao longo do ano. Um box especial reunindo todos os filmes do espião, um jogo com diversas missões numa mesma história, e o relógio usado por Bond estão entre eles.
DIVULGAÇÃO
oi em 1962, no filme 007 Contra o Satânico Dr. No que a célebre frase: “Meu nome é Bond, James Bond” foi dita pela primeira vez, dando início a franquia mais bem sucedida da história do cinema e ajudando a criar um dos personagens mais intrigantes das telonas em todos os tempos. 50 anos depois, mesmo sem o glamour e empatia de Sean Connery, chega às salas de cinema de todo mundo o 23º filme da série, novamente estrelado por Daniel Craig, o sexto a interpretar o agente especial. Os outros foram: George Lazemby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosman. Operação Skyfall, no entanto, nasce à sombra da data comemorativa e longe de reverter a insossa impressão deixada por Craig nos fãs da série, depois
Se liga! Shows
A lendária banda de hard rock americana Kiss faz três shows no Brasil em novembro. Gene Simmons, Paul Stanley e trupe se apresentam nos dias 14, em Porto Alegre, 17, em São Paulo e 18 no Rio de Janeiro. No dia 14 de novembro, na área externa do Estádio Mané Garrincha em Brasília, o francês David Guetta é a pedida. Hits como “Geting Over” e “When Love Takes Over” são algumas das canções que devem fazer parte do repertório.
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TRÊS filmes que você não pode perder MOSCOU CONTRA 007 (1963) No segundo filme da série, o vilão usa uma garota russa - interpretada pela atriz italiana Daniela Bianchi - e um suposto decodificador para atrair 007 para uma armadilha. Embora não seja lembrado com tanto afinco pelos fãs fiéis da série, vale a pena ser visto e revisto. 007 VIVA E DEIXE MORRER (1973) Começa a era Roger Moore, com uma aventura em Nova York. Como bondgirl, a bela atriz britânica Jane Seymour, que depois fez sucesso nas telas no açucarado romance Em Algum Lugar do Passado (1980) ao lado de Christopher Reeve. A música-tema é de Paul McCartney e só ela já vale o filme. Um clássico eterno. 007 UM NOVO DIA PARA MORRER (2002) Neste filme 007 atinge o ápice com seu charme e tecnologia, o carro invisivél é um marco no cinema mundial. O filme em determinado momento presta homenagem a outros filmes da franquia como no trecho em que o vilão crava: “Os diamantes são eternos meu caro Bond”. Se não bastasse o filme foi lançado no ano em que a série completou 40 anos de existência e, para desgosto dos fãs, foi o último filme de Pierce Brosman.
A cantora Marisa Monte se apresenta em Brasília no dia 17 de novembro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Os ingressos variam de R$ 120 a R$ 250. No dia 30 de novembro a cidade de Barreiras vai cair no samba de Dudu Nobre. Em mais uma visita a cidade, o cantor e compositor vai alegrar a noite dos fãs e apreciadores da boa música. Suas canções já foram gravadas por grandes nomes da música brasileira. Sucessos como “A Grande Família” e “Chegue Mais” embalaram sua carreira. O show deve acontecer no Bartira Fest.
DIVULGAÇÃO
LITERATURA
“Um Rio de Histórias” é lançado em Barra D
epois de lançar o livro Um rio de histórias em São Desidério, no mês de fevereiro, as “meninas do rio”, como ficaram conhecidas as jornalistas Ana Lúcia Souza, Jaqueline Bispo e Luciana Roque (foto) lançaram a obra em Barra. A festa de lançamento aconteceu no dia 13 de outubro no Centro Cultural Avelino de Freitas. Um rio de histórias é o resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, concluído pelas autoras em 2009, na Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB). Mais detalhes sobre o livro através do e-mail: umriodehistorias@gmail.com
A AUTOBRIOGRAFIA, de Neil Young Lenda do rock e do folk, criador do Buffalo Springfield, líder da banda Crazy Horse, parceiro de Crosby, Nash e Stills, um dos maiores guitarristas de todos os tempos e um dos músicos mais influentes de sua geração. Esse é Neil Young, canadense que ao longo do último meio século, construiu uma carreira de sólido sucesso nos Estados Unidos e no resto do planeta. O lançamento mundial desta autobiografia, no entanto, revela uma personalidade multifacetada - para muito além do que os fãs de sua música poderiam imaginar. Vale a pena conferir.
NÔMADE, Ayan Hirsi Ali
Em seu novo livro, Ayaan Hirsi Ali, reconhecida crítica do islã, defensora dos direitos das mulheres e autora do best-seller Infiel, conta a história de sua viagem aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor e de sua tentativa de finalmente criar raízes em algum lugar. Nesta história da transição da vida tribal à cidadania plena em uma democracia ocidental, Ayaan relata as reviravoltas em sua vida após o rompimento com a família, que a renegou quando ela renunciou ao islã depois do Onze de Setembro. De forma comovente, a escritora somali relata sua reconciliação com a mãe e os primos e com o pai no leito de morte. NOV/2012
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HELENA OGRODOWCZYK
GELO, LIMÃO EAÇÚCAR
tizzib@gmail.com
Tizziana Oliveira ESTONTEANTE!
A gaúcha leonina, Ana Caroline Balin de 18 anos posou para as lentes da fotógrafa Kika. Seu projeto para o próximo ano é ingressar na área de advocacia, na qual está cursando faculdade. Seu hobby é a música e maquiagem.
A doce espera de Pedro Alexandre
NEIVA SEHN
Pedro Alexandre é o nome do bebê, primeiro filho do casal Milena Antonelli Silva Verneck Romanoff e Anderson Verneck Romanoff. Milena está grávida de oito meses. Os papais estão radiantes. O parto está previsto para o dia 21 de novembro. A fotógrafa Helena Ogrodowczyk fez o book do casal.
Divas Shoes: Bom gosto e requinte!
Para os apaixonados por sapatos, algo primordial não pode faltar, o conforto e qualidade. Por isso, a empresária Aparecida Lima Shirabe inaugurou a loja “Divas Shoes” em Luís Eduardo, com coquetel para clientes, no dia 2 de outubro. Cida optou por uma loja multimarcas, em vez de uma franquia, e impressionou o público com tamanha ousadia no design moderno e urbano semelhante à lojas de capitais brasileiras. Sucesso. 74
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Belíssima!
OSVALDO FILHO
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RODRIGO MARTINI
Produzida por Karen Capeleto – Hairstyle, a noiva Renata Andrea Joner casou-se no final de julho com Thiago Parry. A cerimônia religiosa aconteceu na igreja Nossa Senhora Aparecida (Matriz). O Studio Karen Capeleto Beauty está localizado junto com a Fisio Corpus.
Me caiu os butiá do bolso! O NOVO CHIQUE! Romantismo e criatividade; itens essenciais para uma decoração simples e linda. Ao invés de jarros padronizados, potes de vidro, garrafas de vinho reaproveitadas, entre outras, são preenchidas por singelas flores do campo ou cerrado, sem gastar muito. A decoração com garrafas e flores está em alta, uma ideia inovadora, sustentável, já que as garrafas que iriam para o lixo passarão a enfeitar a casa!
Filha de Verônica e Adelar Fontana, Tatiane Fontana esbanja simpatia e beleza! Aos 18 anos, cursa Administração de Empresas na Faahf. “Sinto saudade dos meus amigos, em especial da Elisa Astolfi, que é como uma irmã para mim”, disse Tati. O figurino de Tati é da loja Harumi, acessórios e sapatos loja Divas Shoes.
REPRODUÇÃO
Puro Glamour...
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COLABORAÇÃO: TIZZIANA OLIVEIRA, ROSA TUNES, PÉRICLES MONTEIRO E MARCO ATHAYDE
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1 Híbera, Dariane e Silvana; 2 Igor, Getúlio e Vikor ; 3 Rider, Dr. Paulo e Dr. Brancildes; 4 Equipe G5 Imóveis. Corretores e Estagiários; 5 Caio e Roberta; 6 Danielle e Fatima; 7 Daiane, Dariane, Alexandra e Getúlio; 8 Fabio e Paula; 9 Fernando e Graziela; 10 Carlos,Gilberto, Gil, Charles e Cal; 11 Aparecida e Harumi; 12 Dartagnan, Cícero e Alexandre; 13 Virginia e Andrea
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1 Ruth, Herli, Fátima, Amarildo, Brigda e Hibera ; 2 Jhenny, Charles e Rossanne; 3 Rafaela e Hugo; 4 Renata e Ruth; 5 Carmem e Carlos; 6 Luma, Marciano e Anelise; 7 Ivonete, Viviane, Fátima e Lu; 8 Thialla, Nilda e Tuanny; 9 Daiane, Elizabeth e Hélia; 10 Leia e Duarts; 11 Cristiane, Bia e Raissa; 12 Giovana e Fabio; 13 Ailton e Ana Cássia
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1 Filipe, Fabricio, Fernanda, Ian e Érica; 2 Mari, Carin e Carla; 3 Viviane e Vinicius; 4 Fabiana e Michel; 5 Fabiane, Vitória, Eliane; 6 Rafaela, Cesar, Jonnhy e Durval; 7 Herli e Viviani 8 Josué e Fátima; 9 Marciano, Marcio e Marcelo; 10 Gioconda e Amanda; 11 Camila, Carin e Jovi; 12 Eliana e Sônia; 13 Rodrigo e Tizziana
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por Júlio César
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