Revista a edição 22

Page 1

ano 4 - nº 22 abr-mai/2014

ouza

r$ 9,99

www.revistaa.net

entrevista ricardo menna barreto: mestre em direito digital discute marco civil da internet

cult

São João: o ano inteiro de Remelexo “A descoberta das Américas” em Barreiras

buona terra

Descendente de família italiana, o gaúcho Júlio Busato se considera “um cara de visão no futuro”. Chegou no Oeste em 1988 e de lá para cá ampliou a área de cultivo familiar de 850 para 40 mil hectares






editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

www.revistaa.net

ano 4 - nº 22 - abr-mai/2014 Diretor de redação e editor

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com

(77)

Diretora Comercial

Anne Stella

9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com

(77)

redação Alyne Miranda e Rosane Ferreira secretária de redação

Carol Freitas

8826.5620 e 9174.0745 freitas.caarol@gmail.com

(77)

ilustração

Júlio César

edição de arte

Leilson Soares

Consultoria de moda

Karine Magalhães Revisão

Rônei Rocha e Aderlan Messias Impressão

Coronário Editora e Gráfica Tiragem

3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras

(77)

3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra

Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.

Plural que espalha singularidades

N

esta edição dedicamos várias matérias sobre o agronegócio, assunto que desde a última publicação passou a ter uma editoria independente na revista. Estamos ainda no processo de colheita e no período de realização da segunda maior feira de tecnologia agrícola do País, que há 10 anos acontece em Luís Eduardo Magalhães. Portanto, nada mais oportuno que trazer na capa desta edição um inquestionável representante do desenvolvimento agrícola do Oeste baiano: Júlio César Busato (foto), presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Gaúcho de Casca e descendente de italianos, Júlio veio para o Oeste no final dos anos 1980 e daqui não saiu mais. Criou raiz. Encontrou as condições favoráveis para o projeto de agricultura irrigada e uma região com infraestrutura extremamente precária. “Uma dificuldade terrível! Não tinha estrada, hospital, escola, água, luz”. Da fazenda em Roda Velha para Barreiras demorava no mínimo cinco horas. Nos últimos 30 anos a expansão agrícola se intensificou e hoje é uma das fronteiras agrícolas brasileiras mais eficientes do mundo, com o uso de tecnologia de precisão. Não é à toa que a feira Bahia Farm Show cresceu 170% nos últimos cinco anos e estima um volume de negócio em torno R$ 1 bilhão, cerca de R$ 400 milhões a mais que em 2013. Por outro lado, os investimentos na infraestrutura da região não acompanharam o mesmo ritmo. Produzimos o melhor algodão do mundo, mas, perdemos competividade no mercado internacional devido aos altos custos de logística, burocracia, politização das iniciativas públicas. Este assunto abre a editorial do agronegócio, que se encerra com a palestra de Vanir Kölln na Conferência Internacional sobre Soja Responsável. Mas, esta edição não é só agronegócio. É arte, também. É o colorido das roupas juninas da quadrilha Remelexo Cearense, que se prepara para o São João; é o Sonora Brasil, projeto do Sesc que forma ouvintes musicais; e é também polêmica, como o Marco Civil da Internet, debatido pelo professor Ricardo Menna Barreto. Como sempre, uma revista plural que espalha singularidades em cada página. Boa leitura. Cícero Félix, editor



índice

colunas 18 | Ponto crítico, da redação 26 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 32 | Exclamação, por Karine Magalhães 21 | A Miscellanea Música: Há boa música no fim do túnel Artes: “Seu Nêgo” é homenageado no Salão de Artes Visuais Fisiculturismo: Katão: melhor aos 40 O personagem: Quem fala muito...Canta rap Estética: Você com sobrancelhas perfeitas Saúde: Vacinar, a melhor prevenção 41 | economia & mercado Empreendedorismo: Indústria inova com fabricação de iogurte Opinião: Não precisamos de heróis 44 | agromagazine Logística: O alto custo da falta de infraestrutura Safra 2014/2015: Café no Oeste baiano deve registrar média de 40 sacas po hectare Inauguração: Brasil na dianteira da preservação ambiental no mundo 53 | entrevista: Ricardo Menna barreto Offline ou online, direitos são iguais 56 | capa JÚLIO BUSATO, DE 850 A 40 MIL HECTARES 62 | um lugar Rui Rezente: Preservar e produzir 64 | cult Cultura: Remelexo, o ano inteiro de São João Impressões, por Anton Roos Festa: Zeca Bahia e entrega de prêmios em festa da revista A Agenda: A bola vai rolar 72 | Gastronomia Bares, restaurantes e lanchonetes em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães 76 | social Gelo, Limão e Açúcar, por Tizziana Oliveira

8

abr-mai/2014


abr-mai/2014

9




leitor

Canais Revista A

leitor@revistaa.net

Revista A, 3 anos Parabéns à r.a pelos seus 3 anos de excelência. Revista de altíssimo nível que enobrece a nossa região. Parabéns pelas reportagens, muitas vezes corajosas, mas que são o reflexo de um bom jornalismo, sério, consistente e independente. Muitos e muitos anos de existência! Silvana Ribeiro de Góes O olhar sensível e inteligente da r.a tem feito toda a diferença para a nossa região! Inês Coelho As pessoas deveriam valorizar mais ainda a r.a, tão cuidadosamente produzida! Está cada vez mais de parabéns. Poucas regiões tem a oportunidade de ter um veículo de informação tão bem elaborado! Ana Paola Cadore Parabéns, professor Cícero Félix e equipe, pelo excelente e inquestionável trabalho na região! Cátia Andreia

Achados e guardados de Hermes Não tenho palavras. Falar o quê? Se eu pudesse postar as minhas lágrimas de felicidades faria sem ter nenhuma vergonha de fazê-lo. Eu já sabia dos guardados do Hermes, mas ainda não tinha visto e nem lido nada a respeito, já que os meus amigos santamarienses são meio que mudos quando preciso de um feedback deles. Graças à Deus essa reportagem belíssima trouxe-me à luz do que eu precisava saber há muito tempo, mas ainda estava meio que sem saber para quem pedir. Eu já sabia do potencial dos irmãos Novais, dos irmãos Sá, dos irmãos Neves. Ao irmão Hermes um abração do tamanho do cerrado! Sem as macambiras, é claro. À revista meus parabéns! Quero assinar para receber todas as edições. O Hermes faz parte dos Guardados no meu coração. João Nogueira da Cruz Parabéns à r.a pela qualidade de suas oportunas reportagens. Tenho lido sempre esta revista e, agora, maravilhado com a reportagem que fala sobre os Guardados de Hermes, museu que revela um pouco da história do município e região. Novais Neto É um orgulho vê-lo assim reconhecido! Da minha parte e, posso também adiantar, da parte de todos os seus amigos santamarienses, estamos maravilhados. Á r.a Parabéns! Arlete Rui Moraes




abr-mai/2014

15


Encontre a notícia Digite a tag na ferramenta de busca do site para localizar sua informação.

Roraty na luta pela implantação de centro de oncologia no oeste O Rotary Club Barreiras Rio de Ondas, em parceria com órgãos públicos e privados lançaram a campanha “Mais Vida, tratamento já”. A manifestação aconteceu na praça Castro Alves, no Centro da cidade. O objetivo foi chamar a atenção da sociedade e de autoridades políticas para a implantação de um centro público de oncologia no Oeste da Bahia. “Não podemos admitir que pessoas percam suas vidas simplesmente porque a cidade de Barreiras ou o Oeste não dispõe de uma instituição pública de Oncologia”, disse Deiva Beatriz Jaskulsk. Durante a mobilização foram realizadas palestras sobre câncer de mama, pele, últero e próstata. Serviços de checagem de pressão arterial e glicemia foram oferecidos à população.

Colaboração do internauta Envie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

FOTOS: reprodução

caiunarede www.revistaa.net

paulo goulart + 13/3/2014

josé wilker + 05/4/2014

garcía márquez + 17/4/2014

Jair rodrigues + 8/5/2014

Em menos de três meses, quatro ases, quatro coringas dão adeus à vida Congresso de iniciação científica Com o tema “Qualidade e Sustentabilidade”, a Faculdade São Francisco de Barreiras realizou durante quatro dias o 12º Congresso de Iniciação Científica. Foram ofertados 100 minicursos, 20 palestras. Cerca de 100 trabalhos apresentados.

?

conheceu cê vo e qu te es O do o d ta e rr Qual o lugar mais a a edição da Revista A. et, ela pode ser publicada próxim a.n ista rev o@ tat con a par o fot Envie sua

1

2

3

O internauta Diego Gil estava saindo de Barreiras, na direção a Brasília e o colorido no horizonte chamou sua atenção. Não deu outra. Pegou a câmera e click! Daí, resolveu participar da interatividade promovida pela Revista A e nos encaminhou esta foto. Ela concorreu com as fotos de Carlos Adelino (2) e Renato Miranda (3) e teve a preferência de 78% dos votantes. Parabéns, Diego!

16

abr-mai/2014


REPRODUÇÃO: FOTO MACEDO

memória Há pelo menos 42 anos... A igreja que carrega o nome do padroeiro de Barreiras, São João Batista, passou por várias décadas até chegar ao término de sua construção. As obras foram iniciadas em 1893, logo no final do governo do 1º prefeito da cidade, o coronel Martiniano Ferreira Caparrosa. Com as paredes já a um metro e meio de altura, Caparrosa faleceu e as obras foram paralisadas. Só foram retomadas em quase três décadas depois, com a chegada do padre Luís Vieira de Portugal, em 1919. Seis anos mais tarde a catedral de Barreiras foi inaugurada. Abaixo, a igreja sendo reformada recentemente e, ao lado, em meados dos anos 1970, com andaimes emprestados do 4º Batalhão de Engenharia e Construção. O exército chegara na região em 1972 para construir a BR-242 e 020 até Brasília.

C.FÉLIX

abr-mai/2014

17


.crítico

a ordem é descondicionar

As perversas irmãs siamesas chamadas Improbidade e Corrupção texto/foto c.félix

A

ex-ministra Eliana Calmon e pré-candidata ao senado pelo PSB deve incomodar bastante gente quando solta o verbo. Literalmente sem meias palavras. Em 2010, já como corregedora nacional de justiça, declarou que havia “bandidos de toga”. Por pouco não foi crucificada pelos seus pares, por ser insensível à ética singular que rege o corporativismo do judiciário. Hoje, diz que foi mal interpretada, mas não alivia: “a gestão do judiciário é péssima”. Em abril, esteve em Barreiras para conferir palestra sobre a Lei de Improbidade Administrativa e Combate à Corrupção, e adiantou: tudo isso só funciona com inclusão social e ética na política. Então vai demorar. Dos Anões do Orçamento (1989) pra cá, cerca de R$ 40 bilhões pegaram o rumo do sumidouro e ficou por isso mesmo – algumas prisões temporárias e nada do dinheiro retornar. Punição real, tal qual aquela que é aplicada para o ladrão de galinhas, nada. Os casos de corrupção são tão frequentes no Brasil que perdeu a graça e virou comemoração. Com pizza, é claro!

“Quanto mais preparado, mais inteligente, maquiavélico é o advogado, mais ele consegue burlar a punição através da formalidade”. ELIANA CALMON

“O processo penal brasileiro é elitizado. Se eu tenho bons advogados, o formalismo favorece o réu. Quanto mais preparado, mais inteligente, maquiavélico é o advogado, mais ele consegue burlar a punição através da formalidade. O direito formal, o direito positivado é um dos grandes inimigos do combate à corrupção”, disse Calmon. O pior que esse enredo vem de longe. E a indignação também. Em 1914, o jurista Rui Barbosa disparou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Não sei se essa frase de Rui Barbosa é uma reflexão sobre um defeito ético cultural do brasileiro, se é sobre a ineficiência de punição dos órgãos competentes ou se tem algo mais ou se é tudo junto. O certo é que a corrupção no Brasil é generalizada e está enraizada nos três poderes. “Agora, no poder judiciário ela é perniciosa. Porque lá é a última trincheira da cidadania, é o último lugar onde se vai buscar a recuperação do direito. Se nós não contarmos com seriedade dentro do judiciário estamos perdidos”, avaliou a ex-ministra. Pelo menos temos a Lei de Improbidade Administrativa. Aliás, não se sabe até hoje como essa lei passou pelo Congresso Nacional. O que importa é que passou. Palmas! Mas, ainda tem muito camarada aí fazendo vistas grossas para ela. Em compensação, outro bocado está comendo dobrado.

18

abr-mai/2014

JUSTIÇA FEDERAL CASSA PREFEITO DE BARREIRAS No início de maio, a Justiça Federal decretou a perda da função pública do prefeito de Barreiras, Antônio Henrique de Souza Moreira, e suspendeu os seus direitos públicos por cinco anos. Ele teria cometido improbidade na gestão dos recursos públicos provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) em 2001. Pesa ainda contra o prefeito contratações de serviços desvinculados de licitação, fracionamento de despesas e desvio de finalidade na aplicação de recursos. Ele entrou com recurso e continua em pleno exercício do mandato.

A prefeita anterior, Jusmari Oliveira, foi cassada três vezes em sua gestão. O último processo foi dias antes de encerrar o mandato.

7

cidades do Oeste tiveram prefeitos cassados nos dois últimos anos

Metade dos parlamentares têm pendências criminais A informação foi dada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, à revista Congresso em Foco. São quase 300 parlamentares federais alvos de inquérito ou ação penal no Supremo. Para julgar todos esses casos seriam necessários mais de sete anos. “A falta de resultado do processo penal gera frustração, que deixa na população o sentimento de impunidade”, disse Janot. O que é pior? Saber que todos esses representantes têm pendências judiciais ou se o julgamento vai durar quase um década? Pior é saber que quase nenhum vai ser condenado.


abr-mai/2014

19


c. félix

abordo

vai um abraço? De aparência meiga, o tamanduá-bandeira pode ser encontrado entre a América Central e América do Sul, mas está em extinção. Sua capacidade olfativa é 40 vezes maior que a do homem. As longas garras nas patas dianteiras servem para cavar formigueiros, cupinzeiros e cravar nos predadores que aceitam seu abraço nada amigável. Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net

20

abr-mai/2014


miscellanea eventos, design, tendência, moda...

MÚSICA

HÁ BOA MÚSICA NO FIM DO TÚNEL

Sesc traz a Barreiras projeto que forma ouvintes de músicas não-comerciais e leva bom público ao teatro na apresentação de Duo Cancionâncias. texto/fotos c.félix

abr-mai/2014

21


miscellanea

D

iante da ditadura musical imposta pela indústria fonográfica e do entretenimento, promovida principalmente pelas rádios e TVs abertas, há resistências no fim do túnel. Uma delas é o projeto “Sonora Brasil”, que trouxe ao Sesc de Barreiras o “Duo Cancionâncias”, no 1º de maio. A dupla, formada pela soprano Manuela Camargo e o violonista Cyro Delvizio, interpretou peças da obra de Edino Krieger sobre textos, inclusive, do poeta baiano Castro Alves, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade. O foco do Sonora Brasil deste ano, aliás, é “Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea”. Natural de Brusque (SC), Krieger foi crítico musical, produtor, criador da BMBC e um dos mais respeitados compositores brasileiros. Sua dedicação à música brasileira ao longo de sua carreira traduz o espírito do projeto Sonora Brasil, que está em sua 17ª edição e a cada ano cumpre sua louvável missão de formar ouvintes musicais – e com que qualidade! A apresentação no teatro do Sesc de Barreiras confirma, no mínimo, que há na cidade público para música não comercial. Isso sem falar do próprio teatro, moderno, confortável e capaz de receber espetáculo das mais exigentes companhias para 300 pessoas. Há tempos Barreiras precisava de um espaço como esse. A única sala de teatro que a cidade dispunha, no Centro Cultural Rivelino Silva de Carvalho, está fechada há quase dois anos esperando por uma reforma que não chega. A inauguração do Sesc, no final do ano passado, foi a redenção para uma sociedade carente de eventos da natureza do Sonora Brasil que, felizmente, ainda vai trazer para Barreiras o Octeto do Polyphonia Khoros (31/05), Quinteto Brasília (24/10) e Quarteto Belmonte (16/11). Uma imperdível alternativa diante das persistentes e sofríveis opções oferecidas pelos produtores de eventos da cidade.

22

abr-mai/2014

“seu nêgo”

é homenageado no salão de artes visuais Pela primeira vez, Barreiras recebe o Salão de Artes Visuais. São obras de 21 artistas na exposição que acontece no Mercado Caparrosa até o dia 22 de junho. O salão, promovido Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), homenageia Dilson Dias de Almeida, “Seu Nêgo” , artista radicado em Barreiras. Suas obras passeiam pelo imaginário do folclore brasileiro.


ensaio

os lamen tado res Veja ensaio digital com as fotos no menu Ensaios/TemĂĄtico no link www.revistaa.net

FOTOS: C. FÉLIX

abr-mai/2014

23


miscellanea FISICULTURISMO

Katão melhor aos 40 Já tinha estabelecido um limite: parar aos 40. Com essa idade não teria mais tanta disposição para os treinos e dedicação para competir. De repente, chega os 40 e... Augustinho de Lima Figueiredo, o Katão, se viu na melhor forma. Resultado, pelo segundo ano consecutivo foi vice-campeão em fisiculturismo na modalidade 90 quilos Arnold Class Brasil, realizado em abril, no Rio de Janeiro. Seu interesse pelo esporte vem de cedo, das revistas, dos desenhos de He-man, dos filmes de Arnold Schwarzenegger. Desejava ser igual aos seus heróis. E foi melhor: foi real. Ao longo de sua carreira conquistou quatro vezes o Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo; duas vezes o Sul Americano; oito vezes o Baiano; oito vezes o Norte-Nordeste; uma vez a Copa do Brasil e o 7º lugar no Mundial da Coreia. “Hoje, com 41 anos, se perguntarem quanto tempo mais vou competir, eu realmente não sei”, conta. Apoio da mulher para ganhar novos prêmios não falta, nem a inspiração das duas pequenas filhas. Por isso ele já começa a pensar na próxima etapa do Arnold Class, que acontece em novembro, novamente no Rio de Janeiro.

24

abr-mai/2014

ROSANE FERREIRA

colecionador de troféus Com mais de 20 prêmios na carreira e 41 anos nas costas, quando alguém pergunta se vai parar, ele responde que não sabe, mas que não tem dúvida da excelente forma em que se encontra

c. félix


REPRODUÇÃO

CAMPEONATO DE REGULARIDADES

PEDRO HENRIQUE é campeão brasileiro Depois de três dias de competição entre Juazeiro e Lauro de Freitas, Pedro Henrique vence o Rally Transbahia e sagra-se campeão brasileiro de regularidades na categoria quadriciclos, modalidade graduado. “Esta competição do Transbahia foi uma das edições mais técnicas de todas as que competi. A variedade de terreno e a grande quantidade de laços, balaios e ‘pegadinhas’ marcaram a prova. Os dois primeiros dias foram excelentes para a minha equipe, a Quatrilha do Cerrado. O último dia foi melhor ainda”, comemorou Pedro, que ficou em 3º lugar no Cerapió, em janeiro, seguido do pai Paulo Henrique, seu grande incentivador.

DIVULGAÇÃO

Natural de Feira de Santana Pedro veio morar em Barreiras quando tinha 4 anos de idade. Apesar das boas colocações nos campeonatos, não perde a concentração nos estudos. Atualmente cursa Engenharia Mecânica em Cotagem (BH).

AULAS DE VOO

curso tem aula inaugural de formação de pilotos na aba Teve início o curso de formação de piloto promovido através da parceria entre a Associação Barreirense Aerosportiva (ABA) e o Aero Centro Aerovias. O curso está sendo ministrado pela comandante Ana e terá carga horária de 100 horas, das quais 30 são de aula prática. As aulas acontecem às terças, quartas e quintas-feiras. Estiveram presentes na aula inaugural o presidente da ABA, diretor do Aero Centro, representante da ANAC, pilotos e alunos. Mais informações: (77) 9943.9113.


Desenrola por aderlan messias

CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor universitário, licenciado em Letras Vernáculas, bacharel em Direito, especialista em Psicopedagogia e pós-graduando em Criminologia

...E quando a crase vira crise

A

edição passada apresentou reflexões acerca da crase sem crise. Hoje a discussão permeia ao contrário: quando a crase vira crise. Isso decorre de uma série de regrinhas que o sujeito precisa conhecer para fazer uso correto de seu emprego. Corriqueiramente recebemos e-mails de amigos e de colegas de trabalho em que entre um parágrafo e outro de um enunciado nos deparamos com a crase em crise. Ela tem sido a campeã dos equívocos. Agora, quem nunca errou o uso da crase em algum momento, que atire a primeira pedra! Óbvio que ela tem driblado até mesmo conhecedores da língua portuguesa, pois seria pretensão demais desvendar todas as lendas e sanar todas as raivas que permeiam este instigante e necessário acento. Entretanto, não justifica dizer que permanecer no erro seja normal. Na dúvida, recorra sempre a uma boa gramática. Ela deve ser uma arma a favor da comunicação escrita clara e objetiva. Recentemente tive a felicidade de visitar o mosteiro de São Jerônimo em Lisboa-Portugal, e lá me deparei com o requintado túmulo de um dos maiores nomes da língua portuguesa: Camões. Digamos que você, assim como eu, seja um apaixonado pela literatura camoniana e gostaria de ter a inspiração deste poeta para escrever. Qual frase adequaria a este contexto? a) Escrevo a Camões; ou b) Escrevo à Camões. Se sua resposta foi a letra “b”, correto, pois a função da crase nesta sentença denota que você escreveria tal qual Camões. A letra “a” indica que você escreveria uma correspondência, talvez uma carta ou e-mail além-túmulo, endereçada ao poeta, o que seria irrisório pensar que fosse receber a mensagem. Enquanto não aprendemos por osmose, o jeito é estudar as regras. Assim, não se esqueça das condições para sua existência: o termo regente, que exige a preposição “a”, e o termo regido, palavra feminina que admite artigo “a(s)”. Observe a estrutura das sentenças dadas e veja quando o emprego do sinal gráfico é obrigatório, opcional ou proibido: a) Crase obrigatória: em locuções adverbiais femininas de tempo, modo, lugar. Exemplos: Cheguei às dez horas; Leu o texto às pressas; Voltaremos à vila em breve. Em locuções prepositivas [à + palavra feminina + de] e conjuntivas [à + palavra feminina + que]. Exempos: Ele saiu à procura de ajuda; Esfriava à medida que escurecia. b) Caso opcional: com pronomes possessivos; com nomes de mulher; com a palavra ‘até’. Exemplos: Ele se dirigiu à [a] minha irmã; Eu me refiro à [a] Patrícia; A estrada vai até à [a] praia.

26

abr-mai/2014

c) Crase proibida: com palavras masculinas; com verbos; com essa, esta cuja; com pronomes pessoais [inclusive os de tratamentos]; no ‘a’ singular +palavra plural; entre palavras repetidas; com nomes de cidades [sem especificativo]; com palavra casa [sem especificativo]; com a palavra terra [no sentido oposto e ‘água’]. Exemplos: Escreva o texto a lápis; Ela começou a gritar; Dou valor a essa vitória; Obedeço a ela, não a V. Sª; Referia-se a pessoas ricas; Estávamos frente a frente; Iremos a Curitiba; Chegamos cedo a casa; O náufrago chegou a terra. Atente-se para estes três últimos exemplos: cidade, casa e terra especificados, recebem crase. Exemplos: Iremos à bela Curitiba; Chegamos cedo à casa de meus amigos; A espaçonave voltará à Terra em um mês; Sempre sonhou voltar à terra em que nasceu. Estes exemplos foram ilustrados pelos professores Emília Amaral, Mauro Ferreira, Ricardo Leite e Severino Antônio, no livro Novas palavras. Aproveite para mentalizá-las, pois elas estão sempre presentes em concursos.



28

abr-mai/2014



miscellanea O personagem

quem fala muito... canta rap Há 12 anos em Luís Eduardo Magalhães, o cearense de Juazeiro do Norte, conhecido como Velho do Cinturão, virou um ícone popular pela maneira de vender cantando rap. Mas a empolgação com a popularidade acabou gerando alguns prejuízos. Bem que sua mulher alertou. texto/foto c.félix

“T

em gente que mal olha para mim e começa a rir”, conta José Alves Queiroz, 67 anos. Ora chamado de “Velho do Cinturão”, ora de “Alemão do Cinturão”, o cearense de Juazeiro do Norte mora em Luís Eduardo Magalhães há 12 anos e já virou patrimônio imaterial do folclore da cidade. Trabalhou de pedreiro e pintor até começar a vender cintos cantando rap, estilo que aprendeu assistindo TV. “Eu olhava e acompanhava aquele sistema, fazendo o movimento. Desde menino escutava cantadores de coco, embolada, viola... Mas repentista é uma coisa, o rap é outra: o modo de falar, de fazer o leriado no corpo. Mas imita um pouco, né?!”, tenta explicar. Inquieto, às 7h da manhã já está “no mundo”, carregado de cinturão nas costas, uma bolsa com guarda-chuva, meias, boné e o bom humor ritmado na ponta da língua: “Cidadão, eu não sou ladrão/ eu vendo é cinturão/ pra comer o pão/ ajude o cearencin pra comprar um franguin/ só tá comendo zoião/ você tem bom coração/ compre o cinto em minha mão/ pra eu pegar o feijão”. Aos poucos, o estilo irreverente ganhou a simpatia da cidade e o Velho do Cinturão ficou famoso, fama ratificada por alguns vídeos feitos com celular que pararam no YouTube. Empolgado com o “sucesso”, decidiu se candidatar a vereador. A partir daí, incorporou um novo verso ao seu rap diário: “Alemão, vote no homem do cinturão/ que pior não fica não”. A 15 dias da eleição, olhou para uma mangueira carregada de frutas que havia em frente ao portão de sua casa e disse para a mulher: “É o seguinte: tô bombando na internet, só tá

30

abr-mai/2014


dando eu na internet, tô estourado, eu tô sendo o Tiririca 2, só tá dando eu pra vereador...”. Daí pegou um serrote. - Zé, se eu fosse você deixava pra fazer isso depois de saber do resultado. - Vou serrar e jogar fora – respondera e saiu para cima da mangueira, como um Dom Quixote furioso. Enquanto serrava, ouvia o juízo dizer: “É. Todos os vereadores que entram lá [na Câmara] – mesmo que seja um carro velho -, têm um carro. Esse pé de manga vai atrapalhar eu entrar com meu carro. É melhor cortar logo”. Resultado: a candidatura do Velho do Cinturão foi impugnada porque ele não sabia ler nem escrever. “Nem política, nem eleição, nem carro, nem o pé de manga, nem nada.” - Tá vendo? Se você tivesse deixado o pé de manga, pelo menos a gente ia comer manga –lamentou a mulher. Essa não foi a primeira vez que a empolgação acabou dando prejuízo ao Velho do Cinturão. Uma vez, dando entrevista para uma TV, disse que faturava em torno de R$ 200 por dia, quando na verdade chegava a faturar no máximo R$ 100. Ao ver a reportagem, um empresário que costumava lhe dar uma cesta básica por mês cancelou a doação. “Já tá ganhando muito”. - Bem que minha mulher disse: quem fala muito dá bom dia a cavalo. Há dois anos entrou na escola. “Dizem que papagaio velho não aprende a falar, mas eu já desenvolvo algumas palavras, sei divulgar umas letras”, diz, animado. Outro dia, foi convidado por uma diretora de escola para fazer um verso sobre racionamento de água. “Eu disse: Cidadão, eu sou lá do sertão,/ água lá é difícil, meu irmão./ Quando usar a torneira,/ não deixe aberta, não,/ água é muito preciosa,/ saia dessa situação, meu irmão. Aí gostaram e fizeram a peça”. Em certas ocasiões, o modo irreverente de negociar melhora as vendas. “Um dia, em Roda Velha, um cara perguntou quanto era o cinto. Eu disse: ‘Sem rap é R$ 20, com rap é R$ 25’. Ele comprou com rap”, diz, contando que a mulher é quem mais gosta quando ele vende bem. “Ela fica numa alegria só. A gente se abraça e tem até aquele variadozinho. Agora, no dia que eu não vendo, ela fica estressada. Pergunta logo: ‘Trouxe dinheiro?’. Eu digo ‘trouxe não’. Ela diz: ‘Então vai vender seu cinturão’”. Apesar de ter o desejo de ser vereador frustrado, ainda sonha com o cargo. “Eu fui uma pessoa sofrida, eu sei o que é uma criança criada sem pai. Certa vez minha mãe falou ‘Zé, o que temos é cebola com farinha e sal, é comer isso aí e esperar a morte chegar’. Ainda bem que a gente não morreu”, lembra. “Eu vou me candidatar de novo. Estou estudando à noite e não desisti do meu sonho, pra correr atrás de projetos pra beneficiar pessoas carentes”, diz, com olhar sério que dura apenas alguns segundos. - Eu faço poesia pras pessoas darem risada – diz, enquanto coloca os cintos no ombro. Precisa vender. Lembra que logo logo vai trabalhar com produtos da Copa e se despede declamando em rap uma poesia de João Grilo, personagem do paraibano Ariano Suassuna, do Auto da Compadecida: “João Grilo foi um cristão/ que nasceu antes do dia,/ criou-se sem formosura,/ mas tinha sabedoria/ e morreu antes da hora/ pelas artes que fazia...”

abr-mai/2014

31


Exclamação por karine magalhães

CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

Arte de vestir!! Eu acredito na máxima “Para frente é que se anda” por isso trouxe nesta edição inspirações que vão reger o verão 2014/15. Coleções riquíssimas em estilo. Bauhaus, estampas, artistas, florestas, muito midi e tops com proporções e tamanhos inesperados. A mulher é forte, ela pode, mais do que nunca, sair das passarelas para a vida real! Mais na coluna www.revista.net/exclamacao. fotos: Reprodução

Kits Brasil Camila Klein Torcedor chic veste a camisa do time, bota o chapéu, pinta a cara, xinga, sofre e sai rouco de tanto torcer!

Bauhaus

A escola de artes plásticas e arquitetura fundada na Alemanha em 1919 influencia a moda com padrões e cortes geométricos. Os tons que ditam esse conceito são azul, amarelo, branco, vermelho, passando a ideia de modernidade. As cores são fortes e em blocos.

Midi quero já!

O comprimento abaixo do joelho veio para ficar. O shape que privilegia o corpo feminino, aparece em diferentes propostas, mas sempre com uma visão moderna e super sexy.

32

abr-mai/2014

Artsy

Pop Style

Looks informais com imagens divertidas. O movimento que começou a dar as caras nos anos 60, tem como maior objetivo demonstrar em obras, a massificação da cultura popular capitalista, tudo aquilo que é muito explorado pela mídia. Que tal?

Moda e arte sempre andaram juntas, no próximo verão 2014/15 esse affair foi elevado em alta intensidade com cores vibrantes e desenhos gigantescos e traz a gostosa sensação de estar vestindo uma obra de arte contemporânea.


abr-mai/2014

33


34

abr-mai/2014


euquero

10x

para ele...

R$ 6 ,

90

Neste Dia dos Namorados, escolha o presente certo para o seu amor, escolha Zhagaia Menswear

,90 10xR$ 5

10x

R$

10x R$

15,90

11,90

abr-mai/2014

35


36

abr-mai/2014


miscellanea

ESTÉTICA

VOCÊ

com sobrancelhas perfeitas Depyl Action inova e passa a oferecer serviços especializados de design de sobrancelhas em um confortável e glamuroso espaço com atendimento personalizado texto redação fotos Anne Stella

U

m olhar poderoso e marcante começa com a aparência das sobrancelhas. Pensando nisso, a Depyl Action trouxe para Barreiras um serviço que já é um sucesso: Camarim Look. Design simétrico com pinça para corrigir falhas, acerto de tom através de pigmentação e atendimento personalizado, agendado em um espaço glamoroso – tudo isso é o Camarim Look. A designer Daniella Damasceno explica que desenhar sobrancelhas não significa apenas tirar os excessos e alinhá-las, é preciso levar em conta formato do rosto, sobrancelhas e olhos. “Às vezes, tem que se considerar também a tendência, sem perder a harmonia, é claro! Hoje, por exemplo, as sobrancelhas arqueadas demais estão em desuso. Tem-se usado mais retas e um pouco arqueadas nas pontas. Enfim, depende do formato do rosto”, explica. Há três anos em Barreiras, a Depyl Action é referência em vários tipos de depilação feminina e masculina com toda discrição, controle de qualidade e higiene. O material usado é 100% natural, à base de mel e própolis e os utensílios são descartáveis.

A Depyl Action dispõe de uma linha completa e exclusiva de produtos para tratamento facial, maquiagem, sabonetes, hidratantes, creme iluminador, corretivo facial, entre outros. Para quem sabe o quanto vale estar de bem consigo mesmo, especialmente através da estética, conferir os serviços da Depyl Action é um convite a viver de bem com a vida.

Depyl Action Rua Guiomar Porto, 392 - Barreiras - Centro (77) 3613.2788 www.depyl.com.br

abr-mai/2014

37


38

abr-mai/2014


miscellanea SAÚDE

VACINAR,

a melhor prevenção Infectopediatra alerta para as doenças infecciosas sazonais, chama atenção para o calendário de vacinação e explica o que é a vacina DTP acelular texto redação fotos c.félix

previne - Centro de Vacinas / Resp. Técnica: Isabele Lucena (CRM 18591) Funcionamento: de 8h às 18h, de segunda-feira a sexta-feira e de 8 às 13h aos sábados Rua Princesa Isabel, 563 - Barreiras - Centro (77) 3611.6444

D

e repente, pequenas bolhas começam a surgir na pele da criança. É a inconveniente catapora dando o ar da graça. Mas, sem graça nenhuma. Coça e incomoda muito. Sofre a criança, sofrem os pais. E pior: ainda é contagiosa. “Para evitar os transtornos causados pela doença, só tem uma saída: vacinar antes que o vírus se instale”, explica a infectopediatra Isabele Medeiros de Lucena. A maioria das doenças infecciosas são imunopreviníveis, por isso existe o cartão de vacinação nas clínicas particulares e nos postos de saúde. “A diferença é que o calendário das clínicas é ampliado e oferece outras opções, como vacina para hepatite A. A HPV, por exemplo, que entrou agora nos postos, só está vacinando meninas entre 11 e 13 anos, mas na Previne as maiores de 13 anos já podem fazer a vacina. A prevenção sempre é o melhor remédio”, diz. Isabele Lucena é a responsável técnica pela clínica Previne, única em Barreiras a fazer aplicação particular de vacina. Há cinco anos na cidade, a Previne importa vacinas do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O transporte é realizado através de um rigoroso controle de segurança que garante a temperatura ideal para a vacina não perder suas propriedades preventivas. A Previne trabalha também com a vacina DTP acelular, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche (tríplice bacteriana). “Este tipo de vacina causa menos reações adversas, como febres e dores intensas”, explica a infectopediatra.

doenças sazonais “Agora, está chegando a catapora. Em julho se intensifica e vai até dezembro”, esclareceu a doutora Isabele


40

abr-mai/2014


economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

EMPREENDEDORISMO

com fabricação de iogurte

Empresária de Wanderley investiu em fábrica de laticínios e hoje, com 22 rótulos para produtos, transformou sua cidade em referência na pecuária leiteira.texto/fotos LUCIANE SOUZA

E

m 1998, no município Wanderley, distante 130 quilômetros de Barreiras, nasceu a pequena indústria familiar de laticínios Nobreza. Com 100% do leite captado de pequenos e médios produtores da região, produzia requeijões e queijos tipo frescal artesanalmente. Nessa época, não tinha nenhum rótulo (informações sobre qualidade em padrões oficiais) e comercializava seus produtos nas feiras. Hoje, com 22 rótulos para produtos lácteos, produz requeijão, manteiga com sal, queijos mussarela, minas frescal e coalho; creme de leite fresco, bebida láctea e iogurte, o mais novo item produzido pelo laticínio nos sabores morango e ameixa. Toda produção é distribuída nos mercados de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, explica a empresária Sonia Elisa Maroso Andrade.

ambição e meta Empresária que há oito anos conseguiu 22 rótulos para produtos quer expandir a produção de iogurte de 700 litros por dia para 1 500 em pouco mais de seis meses

Há oito anos construiu o laticínio, baseado nas normas do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), estabelecido pelo Ministério da Agricultura. A partir daí providenciou a marca dos produtos, que tem as cores da bandeira do estado da Bahia e uma coroa de três pontas, representando a família da empresária. Com o laticínio Nobreza, a pacata cidade de Wanderley passou a ser referência na pecuária leiteira, dando aos produtores perspectiva sólida de comercialização. Atualmente, o município é responsável pela produção média de 11 mil litros de leite todos os dias. Destes, 6 mil vão para o laticínio. Diariamente são produzidos 500 kg de queijo mussarela, principal item da empresa, e 150 kg manteiga. Semanalmente, cerca de 300 kg minas frescal e coalho, feitos por encomenda, são distribuídos. A fabricação do iogurte é uma novidade que começou neste mês de maio e já existe uma demanda para o produto nos municípios de Riachão das Neves, São Desidério, Cristópolis, Baianópolis, Angical, Barreiras e LEM. “A meta é montar parcerias com entregadores de frios para vender esses produtos em todo o estado”, disse a empresária. Atualmente, o laticínio fabrica 700 litros de iogurte por dia. Mas, daqui a seis meses ela quer fabricar e depois passar para 1 500. A ideia de fazer o iogurte surgiu dentro do Sebrae, em um momento em que ela estava desesperada, devido a escassez do leite provocado pela seca. Daí descobriu que o iogurte poderia ser feito de leite em pó, com o mesmo sabor e qualidade e, melhor: sem encarecer o produto final. Sônia, que começou como microempresa e hoje se enquadra em Empresa de Pequeno Porte (EPP) acredita que o crescimento do seu empreendimento começou graças ao seu esforço, persistência e principalmente a partir do apoio do Sebrae.

c.félix

INDÚSTRIA INOVA empresária de barreiras ganha prêmio mulher de negócios Filha de professora e agricultor, desde cedo teve que conciliar estudo e trabalho. Assim, sempre foi a vida de Elisângela Machado Souza, empresária do ramo de vidraçaria que ganhou o Prêmio Mulher de Negócios, na categoria Pequenos Negócios. Formada em Administração, a empresária sempre reconheceu o esforço de seus colaboradores e colocou em prática a filosofia de que é fundamental ouvir o cliente sobre o atendimento. “As críticas são bem recebidas e só fazem a Cristalis Designer em Viddros crescer ainda mais”, comentou.

edifício da solare une modernidade e sofisticação Inspirado em uma das mais charmosas capitais da Europa, o edifício Copenhague une modernidade e sofisticação. Localizado no bairro Renato Gonçalves, em Barreiras, o empreendimento da Solare Construtora foi lançado oficialmente em abril, mas já vendeu todas as unidades, prova do sucesso e qualidade dos imóveis construídos pela Solare.

abr-mai/2014

41


economia&mercado

Opinião

por emerson cardoso

Mestre em Gestão Social e Desenvolvimento Territorial; pós-graduado em Adm. de Empresas e Desenvolvimento de Pessoas e Bacharel em Ciências Contábeis

Não precisamos de heróis

F

iquem tranquilos. No Brasil nós já temos respostas e soluções para tudo. Quando começarem os programas eleitorais dos mais diversos candidatos ou correntes ideológicas, isso ficará ainda mais claro. Nesse momento uma nova política pública deve estar nascendo. Vários homens engravatados e fechados em amplas salas com ar-condicionado, regados a muitos cafezinhos, constroem mais um projeto de governo, através de um arcabouço de programas/ações voltados para setores específicos da sociedade. Políticas públicas são as decisões governamentais que influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. A palavra de ordem é decisão. Em administração, decidir é um processo cognitivo pelo qual se define um plano de ação avaliando diversas variáveis (econômica, social, ambiental) para uma determinada situação-problema. Todo processo decisório referenda o ato de escolher a melhor alternativa com vistas alcançar o objetivo proposto. Portanto, muito além da falta de vontade política para resolver as questões complexas do nosso país, falta, principalmente, decisão política e ferramentas eficazes de gestão. É fundamental entendermos o papel do gestor público e a importância de concentrar seus esforços na qualidade da prestação dos serviços, em que as metas e respectivos resultados devem estar relacionados aos interesses sociais. A formulação de uma boa política pública só pode ser validada quando colocada em prática e que reflita os reais desígnios porque foi estabelecida. Neste contexto, política pública é uma política de Governo ou de Estado? De quatro em quatro anos nos apresentam um Plano de Governo... O Brasil precisa de mais... Precisa de um Projeto de Nação que seja efetivamente legitimado entre as partes contempladas e deve ser passível de instrumentos de gestão. Necessário ir além das esferas partidárias, pois em tese, todos almejam o bem-estar social, crescimento econômico, emprego, renda, erradicação da pobreza... Assim, mais do que um presidente, governador e/ou prefeito, necessitamos de um verdadeiro gestor, cuja empresa é o Estado. Eis a questão, o problema é o modelo da gestão pública ou o perfil do “gestor” que designamos para tal função? Aumentar os investimentos em educação de 5 para 10% do PIB (Produto Interno Bruto) - significa o quê? Sem eficiência na gestão pública, aumentar recursos não resolve o problema. Quem é o responsável pela eminente ameaça de falta d´água em São Paulo? A mãe natureza? Imagino que muitos estão culpando São Pedro pela má distribuição das chuvas... Foi deficiência ou falta de planejamento? Recentemente uma revista de grande circulação nacional publicou que o maior entrave para

42

abr-mai/2014

competitividade brasileira é a nossa baixa produtividade... Alguma novidade? Quais são as ações que estão sendo realizadas para resolver a questão? Qual o prazo? Será que ninguém da esfera acadêmica alertou sobre isso? Em gestão, é necessário comprometer as partes envolvidas no processo decisório. O fato mais recente desse descompasso na vida pública, talvez seja a realização da copa do mundo. Será que a população brasileira está convencida da relevância desse evento para o país? Por que questionam sobre os investimentos realizados e os destinos desses recursos? Na escala de necessidades, o que é prioridade? É imprescindível planejar, executar, medir e avaliar... Princípios básicos da administração. Não podemos continuar pagando caro pela ineficiência pública que se materializa nas filas dos hospitais, na falta de professores, no escândalo da corrupção ou na elevada carga tributária... “Infeliz do povo que precisa de heróis...” Nada mais contemporâneo do que às sábias palavras do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Em pleno século XXI, ainda buscamos o salvador da pátria ou pai dos pobres. Devemos fugir do mito... Chega!!! Não precisamos de heróis, precisamos de gestores.


abr-mai/2014

43


agromagazine agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.

LOGÍSTICA

o alto custo

da falta de infraestrutura O País que produz o melhor algodão do mundo perde para o Paquistão por causa do preço. E apesar do agronegócio corresponder cerca de 25% do Produto Interno Bruto, a ausência de políticas públicas eficientes diminuem a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo texto/foto c.félix

A

balança comercial brasileira do agronegócio subiu de US$ 10,8 bilhões de saldo, em 1989, para US$ 82,9 bilhões em 2012, contribuindo sobremaneira para o equilíbrio das contas externas do país. No entanto, o setor tem patinado no marasmo, burocracia, falta de infraestrutura e politização das ações administrativas do poder público. Resultado, o país produz o melhor algodão do mundo mas perde para o Paquistão no mercado internacional por causa do preço. “Nossa logística é muito cara. O transporte de longa distância, a armazenagem, a distribuição; portos em péssimas condições e paralisados. A gente gasta muito para conseguir colocar nosso algodão lá fora. O porto australiano demora uma semana para colocar o produto dele na Ásia e nós levamos três meses. Isso sem falar da burocracia”, disse João Carlos Jacobsen, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e diretor da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Em palestra na Faculdade São Francisco de Barreiras sobre os desafios da cotonicultura no Oeste da Bahia, Jacobsen reclamou da malha de transporte no país. Com o incentivo à instalação da indústria de caminhões no Brasil, no governo Juscelino Kubistchek, as ferrovias foram esquecidas e os investimentos canalizados para modal rodoviário. A distância entre Oeste baiano e Santos (SP) é de 1 600 quilômetros, quando poderia ser apenas 890 quilômetros se, na prática, o porto de Salvador funcionasse. Mesmo assim, a região é a segunda maior produtora do país e tem o melhor algodão do mundo. “O Mato Grosso está a nossa frente. Porém, conseguiríamos ser mais competitivos se a gente embarcasse aqui em Salvador. Seríamos mais competitivos se a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) saísse do papel e virasse realidade. Mas no Brasil as coisas são feitas a passos de tartaruga. Aqui as coisas demoram muito”, desabafou Jacobsen. Os 1 527 quilômetros de extensão da FIOL, ligando Figueirópolis (TO) a Ilhéus (BA), passando pelo Oeste baiano, deveriam ter sido entregues em 2012 pelo cronograma do projeto. A obra atrasou e o custo aos cofres públicos passou dos R$ 4,3 bilhões orçado inicialmente para algo em torno se R$ 7 bilhões. Em abril de 2013, empresários do Oeste e políticos se reuniram em Barreiras para discutir o assunto e pressionar os órgãos legais. Na ocasião o ministro dos Transportes, César Borges, declarou que a obra seria entregue até dezembro de 2014. Tudo não passou de promessa. Só agora em abril o Tribunal de Contas da União liberou os trechos 6 e 7 para construção. O mais provável é que apenas metade da obra seja construída no prazo dado pelo ministro. Isso se não houver mais paralisações.

JOÃO CARLOS JACOBSEN “O porto australiano demora uma semana para colocar o produto dele na Ásia e nós levamos três meses. Isso sem falar na burocracia”

44

abr-mai/2014


Cerca de 12 mil quilômetros conectando a cadeia produtiva através das ferrovias Norte e Sul (FNS), Oeste e Leste (FIOL), Centro-Oeste (FICO, chamada também de Transcontinental), Pantanal e Transnordestina). No entanto, mapa da estatal Valec mostra que pouquíssimo trecho está em operação, e menos ainda em construção.

reprodução

MALHA DOS SONHOS

fiol Construção de ponte do Lote 2 da Ferrovia Oeste-Leste

MUQUÉM DO SÃO FRANCISCO PETROLINA

legenda

trANSPORTE FLUVIAL VIA RIO SÃO FRANCISCO

Capital Cidade Pátios, Polos e Terminais Portos Em operação

Trecho de 610 quilômetros entre Muquém de São Francisco e Petrolina demora cerca de 18 dias, quando deveria ser 5.

Construído/ Obra complementar para licença de operação EVTEA1 concluído Em construção EVTEA1 em licitação Em estdudo EVTEA1 Estrada de Ferro Carajás Projetos Futuros Transnordestina

De 72 mil toneladas de caroço de algodão que deveriam ter sido levadas entre abril de 2013 e abril deste ano, apenas 23 mil toneladas foram pelo rio, o restante foi por rodovias.

1 EVTEA - Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental

“Você anda pelo Nordeste e passa por um monte de ferrovia abandonada. Isso não existe no resto do mundo. As ferrovias dos outros países continuam funcionando e crescendo. No Brasil, não. Nós fomos abandonando, largando pra lá”, lamenta Jacobsen. Enquanto isso, para amenizar os transtornos de falta de infraestrutura e diminuir os custos da produção no Oeste, uma parceria público-privada entre a Associação dos Produtores de Algodão da Bahia (Abapa), produto-

res e prefeituras entrou em ação. A ideia é, ao menos, recuperar as estradas vicinais para facilitar o transporte dos produtos. A parceria que teve início em 2013 beneficia nove municípios da região. Ano passado foram recuperados cerca de 100 quilômetros. Este ano a Abapa estima que 350 quilômetros sejam recuperados. Para Jacobsen, essa ação além de promover ganho econômico, representa benefício social.

abr-mai/2014

45



agromagazine hidrovia: alternativa viável e carente Recentemente, agricultores empresários e poder público se mobilizaram em torno de outra alternativa para facilitar o escoamento da produção, reduzir os custos e tornar os produtos brasileiros mais competitivo: hidrovia. Os presidentes da Aiba, Abapa, Icofort (empresa que realiza transporte de cargas pelo São Francisco desde 2007), secretário da Indústria Naval e Portuária e prefeitos de Muquém do São Francisco e Ibotirama fizeram um dia de mobilização para mostrar a importância do transporte hidroviário no Brasil. A mobilização, que aconteceu no dia 9 de maio, foi marcada por um carregamento de 2 400 toneladas de caroço de algodão de Muquém do São Francisco para Petrolina. O trecho de 610 quilômetros poderia ser feito em cinco dias, mas leva cerca de 18. “Temos tido dificuldade em cumprir os prazos com nossos clientes devido o assoreamento e a existência de pedrais que têm provocado diversos danos às embarcações, inclusive o naufrágio de um empurrador”, disse Décio Barreto, presidente da Icofort. De acordo com dados da Icofort, de 72 mil toneladas de caroço de algodão que deveriam ter sido levadas

reprodução

dia de mobilização Autoridades se reúnem em Muquém do São Francisco chamando atenção para aproveitamento do transporte fluvial. Dia foi marcado por carregamento de 2,4 mil toneladas de caroço de algodão para Petrolina

entre abril de 2013 e abril deste ano, apenas 23 mil toneladas foram pelo rio, o restante foi por rodovias. O Ministério dos Transportes investiu R$ 3,7 milhões na manutenção do São Francisco em 2013 e deve investir mais R$ 9 milhões para rever o assoreamento. O edital de licitação para a dragagem do rio foi lançado no último mês. Um estudo detalhado está em curso no ministério para retirar pedras do rio. Mas isso só deve começar a acontecer a partir de 2015. Até lá, a hidrovia que representa uma redução de frete em torno de 20% no sistema logístico do Oeste da Bahia é apenas mais alternativa longe de ser ideal.

abr-mai/2014

47


48

abr-mai/2014


agromagazine fotos: reprodução

SAFRA 2014/2015

café no oeste BAIANO deve registrar média de 40 sacas por hectare Com 35% de área colhida, a Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé) vem registrando uma pequena queda em relação ao histórico de produtividade da região. “Há algum tempo a Abacafé vinha registrando uma média de 45 sacas por hectare. Esta safra deve ficar em torno de 40, devido a algumas renovações de área”, explicou Glauber de Castro, vice-presidente da entidade.

C. FÉLIX

De acordo com dados divulgados recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o país deverá colher 44,57 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado. O resultado representa uma redução de 9,33%, ou 4,58 milhões de sacas quando comparado com a produção de 49,15 milhões de sacas obtidas no ciclo anterior, reflexo do baixo volume pluviométrico no sudeste do país.

PROJEÇÃO

informa fnp: safra 2013/14 da soja VAI SER DE 87,4 MILHÕES de toneladas A consultoria Informa Economics FNP divulgou no início de maio que “o aumento na estimativa deve-se a ajustes na produtividade da soja em alguns estados, como Maranhão, Tocantins e Rio Grande do Sul”. A estimativa pelo Ministério da Agricultura é um pouco menos: 86,08 milhões de toneladas. De qualquer forma, os dois números superam a produprodutividade 2012/13, que foi de 81,5 milhões.

abr-mai/2014

49


50

abr-mai/2014


agromagazine INAUGURAÇÃO

Brasil na dianteira

da preservação ambiental no mundo

Ú

nico produtor da conferência RT9, Vanir Antonio Kölln, disse haver equívoco na interpretação estrangeira sobre a preservação ambiental brasileira. “Nós somos um País exemplo para o mundo. Querem nos imputar algo que não é verdadeiro”, defendeu. Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (BA), Kölln proferiu palestra com foco nas vocações e potencialidades da agricultura no Brasil e a soja no primeiro dia da conferência, em Foz do Iguaçu. Apenas 39% do território é ocupado pelo agronegócio. Deste percentual, 11% é de reserva florestal e 28% é para a agropecuária, cuja soja ocupa apenas 2,7% dessa área. Mesmo com esse número aparentemente tímido, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja do mundo. Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2010). Em sua palestra, Vanir apresentou todos esses dados para reforçar o potencial agrícola do país, e de forma ambientalmente responsável. “Nós estamos, sem dúvida, na dianteira. Somos influentes da dignidade ambiental no mundo. Recolhemos 96% de vasilhames de lixos tóxicos. O Japão recolhe 70%, os americanos 60%. Temos um código florestal que causa espanto ao estrangeiro”, disse. Há dois anos, o Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães foi procurado por uma cooperativa holandesa que agrega 23 mil sócios e indústrias em todo o mundo que transforma a soja em inúmeros produtos. “Os europeus cobravam da cooperativa uma explicação sobre a forma como o Brasil produzia a soja, uma vez que havia muita difamação sobre o processo. Eles vieram e fomos nas áreas plantadas. Ficaram pasmos com as reservas, a legislação. Na Holanda quase não há reserva. As pequenas que têm são do governo, reflorestadas. Quando eles olharam as reservas, as APPs pensavam que aqui também era do governo. Dissemos que não, que eram dos fazendeiros e tal”, contou.

reprodução

A defesa foi feita pelo presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, Vanir Kölln, na Conferência Internacional sobre Soja Responsável (RT9). texto/foto CÍCERO FÉLIX

em foz do iguaçu Maior evento sobre soja reuniu especialistas de todo mundo entre 7 e 8 de maio. Vanir foi um dos palestrantes

Depois dessa visita, a cooperativa holandesa convidou Kölln para participar da 8a Conferência Internacional sobre Soja Responsável, na China. “Eles queriam que explicássemos tudo isso no evento para tirar essa imagem fictícia dos produtores rurais do Brasil”. Agora, Kölln participa novamente do evento produzido pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS). Mais uma vez, discute sobre ocupação do solo brasileiro, a contribuição da agricultura na economia brasileira, que representa 22% do PIB e gera 37% de emprego. Kölln falou ainda o sistema sindical patronal rural e destacou os principais desafios do agricultor. “Dentro da porteira, melhorar a eficiência produtiva. Fora da porteira, agir politicamente”, finalizou.

Área de ocupação da agricultura no Brasil e a soja

outras ocupações 61%

39%

11%

reservas e APPs

28%

agricultura e pecuária

2,7% apenas de soja

Mesmo com esse número aparentemente tímido, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja do mundo

fonte: ibge (2006), censo agropecuário, mma, incra e conab

abr-mai/2014

51


52

abr-mai/2014


entrevista

ricardo menna barreto

perfil Mestre em direito, professor da Faculdade São Francisco de Barreiras, editor-chefe da revista Campo Jurídico (Fasb) e membro do Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico (IBDE), Ricardo Menna Barreto é autor do livro “Redes Sociais na Internet e Direito: a proteção do consumidor no comércio eletrônico”, publicado em 2012

A presidente Dilma sancionou recentemente o Marco Civil da Internet. O que significa isto para a sociedade? O Marco Civil da Internet, sancionado pela Presidente Dilma em 23 de abril de 2014, cristaliza um significado ímpar para a sociedade brasileira. Trata-se, como vem sendo falado no campo midiático e até mesmo no jurídico, de uma verdadeira “Constituição da Internet”. Há muito precisávamos de uma lei que estabelecesse os princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, pois desde a segunda metade da década de 1990 temos uma “realidade virtual” paralela ao nosso “mundo físico”. Tal fato exige uma postura diferenciada dos operadores do direito que, por diversas vezes, viram-se em dificuldades na aplicação e interpretação do direito vigente para essas problemáticas virtuais. Agora, com o Marco Civil da Internet, o cenário muda um pouco, embora dificuldades interpretativas devam surgir entre os operadores jurídicos nos próximos anos, pelo menos até compreendermos e fixarmos os sentidos velados nessa lei.

Offline ou online,

direitos são iguais Desde o dia 23 de abril, quando a presidente Dilma sancionou o Marco Civil da Internet, o Brasil passou a ser uma referência mundial no que diz respeito à normatização na web. Empresas de telecomunicações espernearam, teóricos afirmaram se tratar mais da ampliação do poder judicialista, internautas gritaram dizendo ser censura, mas... nada adiantou. Para o professor Ricardo Menna Barreto, autor de “Redes Sociais na Internet e Direito: a proteção do consumidor no comércio eletrônico”, há muito precisávamos de uma lei que estabelecesse direitos e deveres para o uso da internet. Para ele foi acertadíssima as palavras da presidente no ato da sanção do marco: “direitos que são garantidos offline têm de ser garantidos online”. Veja, ao lado, o que fala o mestre em direito sobre o assunto.

Trata-se apenas da “ampliação do poder judicialista do Estado”, como definiu o sociólogo Muniz Sodré? Entendo ser muito mais que isso. O cenário de transformação sócio-tecnológica que vivemos desde o advento da Internet, exigia a criação de uma lei específica regulando a matéria. E veja: tal exigência não emanava somente do meio jurídico, mas era uma reivindicação social no sentido mais amplo. Ora, o Marco Civil já vinha sendo discutido, há alguns anos, por especialistas (sociólogos, juristas, economistas, políticos, teóricos da comunicação...) abertamente com a sociedade. Este fato, por si só, nos mostra que o Marco Civil não se tratou de uma iniciativa normativa proveniente do sistema político, ou do sistema jurídico. Foi uma exigência da sociedade. Tal exigência surge no momento em que a Internet cria uma espécie de “suporte material para o individualismo em rede”, como sugeriu Manuel Castells, importante sociólogo espanhol. Ou seja, a Internet vem sendo a base para a estruturação de relações sociais complexas, estabelecendo novos padrões de sociabilidade que repercutem diretamente no Direito. As redes sociais, como o Facebook, são um ótimo exemplo disso. Muniz Sodré possivelmente se refere a alguns pontos específicos (e problemáticos) do Marco Civil, que, em meio a muitas discussões, a Política ampliou seu papel, interferindo negativamente no Direito. Mas entendo que devemos pensar o Marco Civil da Internet mais amplamente. Os provedores serão fiscalizados? Como? O Poder Judiciário tem mecanismos para acompanhar o cumprimento dessa “Constituição da Internet”? Creio que o Poder Judiciário encontrará, gradativamente,

texto/foto C.FÉLIX

abr-mai/2014

53


entrevista

ricardo menna barreto

mecanismos para o cumprimento do Marco Civil. Já há uma experiência prévia dos operadores jurídicos com diversos pontos que permeiam as relações virtuais. Agora, fiscalizar o cumprimento dessa lei, propriamente, é muito difícil. Mas firmá-la semanticamente, nos casos concretos, isso sim é possível. Tudo, a meu ver, depende de uma concreta abertura dos operadores do direito para essa realidade cibernética que se descortina e que vem sendo evitada por setores mais conservadores do pensamento jurídico. O marco quer a neutralidade da rede, acesso igual a todo tipo de conteúdo. As empresas de telecomunicações querem vender pacotes com acessos limitados a redes sociais. Como resolver esse embate? Conteúdo pré-definido limita a liberdade do usuário? Impede o surgimento de novos provedores de conteúdo digital? Os chamados “Princípios Basilares” do Marco Civil da Internet são três: i) a proteção à privacidade; ii) a neutralidade de rede e iii) a garantia da liberdade de expressão. Ou seja, a neutralidade da rede é mesmo um dos pontos de maior relevância do debate envolvendo o Marco Civil. O papel das empresas telecons nesse debate foi muito negativo a meu ver. Ficaram tentando influenciar a discussão por questões de cunho econômico, empatando em diversos aspectos a aprovação do Marco Civil, o qual transcende esse ponto do debate. Creio que esse embate entre telecoms, provedores e usuários está, em certo sentido, longe de acabar. A lei é simbólica, sua eficácia ou não será de fato comprovada é na aplicação. O projeto garante o sigilo e inviolabilidade do fluxo de comunicações e o acesso a dados pessoais necessita de ordem judicial. Hoje, a rede funciona também com um leitor de comportamento, traçando perfil do consumidor e facilitando estratégias ações comerciais. Isso não seria uma espécie de invasão de privacidade também? Ou o marco se estende a esse debate? Nesse ponto o que me preocupa é a invasão de privacidade do internauta-consumidor por mecanismos sorrateiros (como cookies ou flash cookies). Essas ferramentas são, geralmente, plantadas nos navegadores, permitindo a estruturação posterior de bancos de dados, traduzindo aspectos da personalidade, revelando comportamentos e preferências dos internautas e permitindo, até mesmo, que se trace um perfil psicológico de usuários da Internet. Logo, a partir de técnicas como essa, pode-se detectar facilmente hábitos de consumo, os quais têm grande importância para a propaganda e para o comércio eletrônico. Portanto, nesse contexto ardiloso de invasão de privacidade, empresas deveriam jogar limpo, servindo-se de práticas leais de informação, fornecendo aos consumidores um maior controle sobre suas próprias informações. Isso fortaleceria, consequentemente, a confiança no comércio eletrônico e, em sentido amplo, na Internet. Porém, como não é isso que ocorre, temos agora mais uma ferramenta jurídica (o Marco Civil da Internet), para provocarmos mudanças mais efetivas nesse cenário social. Creio que a eficácia do Marco Civil, no que se refere à invasão de

Esse embate entre telecoms, provedores e usuários está, em certo sentido, longe de acabar. A lei é simbólica, sua eficácia ou não será de fato comprovada é na aplicação 54

abr-mai/2014

privacidade, será fortalecida por uma interpretação conjunta com nosso Código de Defesa do Consumidor e com a Constituição Federal. E quando a empresa usar ou negociar seu e-mail com outras empresas, por exemplo, para enviar publicidade? Vai haver regulação de e-marketing? Esse tipo de conduta por parte de empresas, especificamente, não está contemplada no Marco Civil. Mas, essa prática, de venda de mailings contendo e-mails de consumidores, deve, a meu ver, ser duramente combatida, por tratar-se de verdadeiro ilícito. Uma coisa é o consumidor oferecer seus próprios dados pessoais para um estabelecimento, confiando-os para a formação de um cadastro. Isso é o que chamamos no Direito do Consumidor de Cadastro de Consumo, tem previsão legal no Código de Defesa do Consumidor. Agora, outra coisa bem diferente, é esses dados serem repassados, ou pior, comercializados, sem autorização do consumidor. Em nenhum momento o projeto cita dispositivos móveis. Isso não deixa brecha para confusão, esperteza? Em verdade, quando o Marco Civil da Internet trata de computadores, ou mesmo de outros dispositivos, utiliza outra terminologia, mais geral: “terminal”. Isso acontece porque, enquanto lei, o Marco Civil tem a preocupação de prolongar-se no tempo, vencendo eventuais obstáculos semânticos. Por “terminal” a lei entende “qualquer dispositivo que se conecte à internet” (art. 5º, II), ou seja, entram aí desde computadores em geral (desktops e notebooks) até celulares, smartphones, tablets, entre outros. A conceituação do Marco Civil se estende também à diversas expressões, tais como Internet, Endereço IP, Registro de Conexão, entre outras. Caso não houvesse o vazamento da espionagem nos EUA, esse marco teria caminhado até aqui ou ele influenciou o processo? O vazamento da espionagem por parte dos EUA foi determinante nesse contexto, influenciando o processo de aprovação da lei. A Presidente Dilma ficou notoriamente afetada com as denúncias de espionagem, fazendo de Edward Snowden uma figura ímpar nesse cenário. Vale destacar, no entanto, que o Marco Civil da Internet, enquanto Projeto de Lei, não só já existia, como já havia sido largamente debatido quando as denúncias de Snowden chegaram ao conhecimento público. Existe este tipo de regulação em outros países? Com essas características e amplitude, exatamente, não. Existem legislações específicas sobre comércio eletrônico, assinatura digital, cibercrimes, etc. O Marco Civil da Internet, portanto, coloca o Brasil em lugar de destaque em termos de normatização. No encontro (NETMundial) com autoridades do mundo inteiro, que Dilma sancionou simbolicamente o Marco Civil, destacou-se a necessidade de que outros países busquem essa lei como modelo para criar normatizações semelhantes, dado o avanço normativo do texto brasileiro. Tanto isso é verdade que há uma versão em inglês do Marco Civil da Internet disponível no site do evento. Nesse encontro, a Presidente Dilma acertou nas palavras ao afirmar que “direitos que são garantidos offline, têm de ser garantidos online”. Esse é o ponto. Aí está o reconhecimento de que vivemos simultaneamente em dois mundos, um físico e outro virtual. Muitos operadores jurídicos sequer se deram conta disso (pior: alguns são cegos à própria cegueira). Com essa “Constituição da Internet” aprovada, resta agora um acompanhamento e uma abertura dos operadores do direito para que provoquemos alguma mudança efetiva na realidade social. Confira a entrevista na íntegra no endereço: www.revistaa.net/entrevistas


abr-mai/2014

55


capa

De 850 a

40 mil hectares

Descendente de família italiana, o gaúcho Júlio Busato é um dos empresários do agronegócio mais bem sucedidos no Oeste baiano. Presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), chegou na região em 1987 e se considera “um cara de visão no futuro e com vontade de construir”. Nega pretenções na política e reclama da infraestrutura. Estima que a safra 2012/2013 nos 2,2 milhões de hectares de terras cultivadas chegue a R$ 8 bilhões, mas que há ainda 4 milhões de terras para serem incorporadas. texto/fotos c.félix

­—A

no passado conseguimos produzir 37 sacos de soja por hectare, com uma seca terrível. Este ano, colhemos entre 45 e 47 sacos. Mas temos lavouras que não faltaram chuvas e colhemos até 83 sacos por hectare. A safra de 2012/2013 (incluindo algodão, milho, café) deve chegar a R$ 8 bilhões – explica Júlio Cezar Busato. Atual presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), veio para o Oeste com o pai em 1988. No mesmo ano fizeram o primeiro plantio na região em uma área de 850 hectares arrendada pela família. Hoje são 14 fazendas distribuídas em 40 mil hectares de área de plantio. Há meses tentamos entrevistar Júlio Busato. No lançamento do Bahia Farm Show 2014 (27/03), ele sugeriu: “Passe um dia comigo pelas fazendas”. No dia marcado, manhazinha, fui para a ABA (Associação Barreirense Aerodesportiva). Depois de aguardar uns 20 minutos, ele aparece – estava em reunião numa sala de outro angar. Trocamos algumas palavras e subimos no Cirrus SR22, confortável monomotor com quatro lugares. - Esta é minha filha Isabela, ela vai com a gente. Faz agronomia na Uneb – apresentou o pai orgulhoso ao ver a filha trilhando seu caminho. Júlio concluiu o curso de agronomia exatamente no ano em que veio para Bahia, em 1988, pela Universidade do Passo Fundo. Até essa época, pilotava tudo quanto era trator na fazenda do pai. Agora, pilota avião. Para minha surpresa, tem mais de 3 mil horas de voo. Isto explica a tranquilidade do primeiro pouso em uma pista de terra, alguns minutos depois, na fazenda Campo Grande, em São Desidério.

56

abr-mai/2014


abr-mai/2014

57


capa - Seis meses antes de concluir o curso superior, falei pro meu pai: “Quando eu me formar ou eu vou pra Bahia ou pro Mato Grosso. Ele respondeu: “Por quê, se você tá tomando conta da fazenda aqui e estamos produzindo muito? Não precisa você ir”. Daí eu disse: “Pai, nós plantamos 80 hectares, mas daqui a 10 anos nós não vamos conseguir tirar o sustento de nossas famílias com 80 hectares”. O meu irmão mais velho, Roberto, já estava casado e tinha uma filha. Eu já estava casado também e tinha um filho recém-nascido. Meu irmão Marcos ia casar e tinha também André. Então não tinha como. Viemos conhecer a Bahia em 1987. Meu pai se encantou por aqui. Fui conhecer o Mato Grosso também. Mas nossa opção foi pela Bahia. A ideia era fazer a cultura irrigada e aqui era mais propício. Descendente de família italiana, Júlio nasceu em Casca, no Rio Grande do Sul. Seu bisavô era agricultor na Itália e veio com um irmão para o Brasil após a Primeira Guerra Mundial. Seu avô investiu em pecuária e produção de erva-mate. Nos anos 1970, seu pai, que já gerenciava a fazenda, iniciou o plantio de soja. Júlio, muito jovem, ajudava no que podia. Arrancando soja de mão, capinava, fazia colheita de trilhadeira. Depois, veio a mecanização: tratores, colheitadeiras. Máquinas que em nada se comparam com as utilizadas no campo atualmente.

***

Mal descemos do avião, entramos em uma caminhoneta que estava a nossa espera. A situação do plantio é conferida frequentemente in loco. Enquanto dirige, Júlio conversa com o agrônomo. Confirma o tipo de semente de algodão plantada ali, acolá. Para o carro em um ponto, desce e adentra a plantação. Anda uns 20 metros, arranca um pé de algodão, chama Isabela e explica algo. “Show de bola. Devia ser toda roça assim!”, comenta. Em seguida, define a aplicação de alguns produtos na área e volta para o carro. À frente, me convida para dar uma volta em um trator que considera um dos mais modernos do mundo. Tem ar-condicionado, piloto automático, painel digital, GPS. “Olha a suspensão dessa máquina! É mais macia que da caminhonete”, comenta. São várias máquinas iguais àquela nas fazendas. A tecnologia de precisão mudou a realidade da produção agrícola. - Antes, para capinar 5 mil hectares você precisava de 1 200 homens. Hoje, para 20 mil hectares você precisa apenas de 200 homens – explica. Ressalta ainda que a tecnologia reduziu a quase zero o risco de prejuízo nas lavouras. - Então quando o agricultor diz que a safra foi ruim, é que ele ganhou pouco? – pergunto. - Quando ele não ganha nada ou quando perde. Existem horas em que você entra com 10 e sai com 8. E você tem que estar preparado para isso. Felizmente, a nossa tecnologia não tem nos deixado perder. Temos saído no zero a zero ou com pequeno ganho. Mas que o risco existe, existe. Sobre a seca e a helicoverpa dos dois últimos anos ele não explica se houve perda ou empate. Mas, garante: “A região perdeu quase R$ 2 bilhões e eu tenho certeza que fez muita falta no comércio, na economia local”. As fazendas da família Busato plantam predominantemente algodão, soja, milho e feijão. Do total da área de plantio das 14 fazendas, só 4,6 mil hectares têm produção irrigada. Os pivôs começaram a ser instalados em 1992. Na época, a situação da região era desanimadora.

58

abr-mai/2014

- Uma dificuldade terrível! Não tinha estrada, hospital, escola, água, luz. Demorava cinco horas da Fazenda Busato I (primeira adquirida pela família) até Barreiras, de Toyota. Se não atolasse! Júlio faz parte de uma geração de sulistas que migraram para o Oeste baiano a partir dos anos 1970, depois que se descobriu que era possível tornarem férteis as “inférteis” terras do cerrado. - O grande mérito que nós, agricultores, tivemos, foi criar uma tecnologia a base do zero. Temos a maior produtividade de algodão e soja irrigada do mundo. E como isso aconteceu? Nós nos reuníamos, falávamos de experiências que deram certo, deram errado. Aí começamos a trazer pessoas de fora para dar palestras: pesquisadores da Embrapa, de universidades; consultores e técnicos de empresas, agrônomos. Esse mesclado de gente criou essa tecnologia que hoje está aí.


“FERRAMENTA DE TRABALHO” Assim Júlio Busato , piloto com mais de 3 mil horas de voo, define o avião. Sem ele, seria impossível visitar as 14 fazendas em uma semana. O planejamento administrativo de uma fazenda é complexo e o acompanhamento in loco é fundamental e a vista aérea, muita vezes, indispensável

***

Já no avião, depois de almoçar, Júlio reclama das legislações brasileiras e suas aplicações. Aponta para uma vereda lá embaixo e explica que é uma APP (Área de Proteção Ambiental) ocupada por um agricultor. “Está vendo os animais pastando, roça aberta no meio da mata? Isso não pode”. A legislação é rigorosa com uns e frouxa com outros, são pesos e medidas diferentes para cada um, reclama. Logo chegamos à Fazenda Warpol. Júlio alinha o avião ao lado de outro do seu irmão André, o mais novo dos quatro. André está coordenando a colheita da soja. Um dos operadores das ultramodernas colheitadeiras não sabe ler nem escrever, explica Júlio. “Ele é muito inteligente. Está há muito tempo com a gente”. Encontramos o gerente da fazenda e repetimos a mesma inspeção feita na propriedade anterior. O sol castiga e prefiro aguardar no carro em alguns momentos. Júlio me chama. “Vamos fazer uma foto aqui. Essa plantação está muito bonita”. Os elogios são extensivos à estrutura da fazenda: refeitório climatizado, cozinha, padaria, oficina mecânica que atende todas as fazendas. A hora está adiantada, temos que ir a duas fazendas e ainda voltar para Barreiras. A dificuldade em encontrar tempo na agenda de Júlio é compreensiva. Principalmente depois que assumiu a presidência da Aiba. - A associação não te paga salário e te toma um monte de tempo (tempo que você não tem!) e te causa um monte de transtorno. Não é fácil, mas é de uma necessidade enorme. Depois de umas rasantes para conferir a plantação e um pouso confortável na Fazenda Brilhante, acontece o inesperado: o avião atola na lateral da pista na hora de estacionar. Aquilo foi inusitado. “É fácil tirar”, tranquilizou Júlio. Logo chegou o gerente em uma caminhonete e partimos para as plantações. Desta fez, a inspeção é muito rápida. Temos que desatolar o avião e ir para outra fazenda.

Com uma pá, o funcionário de Júlio desenterra os dois trens de pouso paralelos. Júlio e Isabela entram no avião. Eu e o rapaz vamos empurrar o avião. A força da hélice gera uma ventania que nos joga para trás. Enfim, o avião consegue sair da areia. O rapaz rola pelo chão de um lado e eu saio correndo, quase rolado, para o outro. Ufa! Entro no avião e vamos à Fazenda Busato I. Ali, toda a plantação é irrigada. - Os pivôs não comprometem os rios? – pergunto. - As pessoas que não conhecem a agriculta irrigada acham que qualquer um a qualquer hora pode colocar um pivô. É um grande erro. Existe um controle de outorgas de água que é feito pelo Estado. Então, para instalar um pivô, tenho que ir ao Estado solicitar a instalação na cidade tal, coordenada tal, rio tal. É feito um estudo em cima disso pra ver se o rio suporta e se não vai causar nenhum problema. Essa política é extremamente necessária para mantermos nossos rios. Agora a Aiba tem dados que mostram que a menor vazão dos rios do Oeste aconteceu em 1947. E na época, não havia nenhum pivô. Hoje, são 130 mil hectares de agricultura irrigada que consomem 100 m3 de água por segundo. Não podemos ter desperdício de água. Cada hectare irrigado equivale a três hectares não irrigados. São duas safras por ano com produtividade garantida. O agronegócio do Oeste é responsável por cerca de 5% do PIB baiano. Dos R$ 15 bilhões produzidos na região, R$ 8 bilhões vêm da atividade agrícola. - Há 27 anos Luís Eduardo Magalhães era apenas um posto de gasolina. De Barreiras para o Rosário era o único lugar que se tinha para abastecer e almoçar e se transformou na cidade que é hoje. Então o crescimento veio muito rápido. Antes era só soja. Depois veio o milho, feijão, café. Mudou muito. Há necessidade de o governo investir mais na região, principalmente em infraestrutura. Precisamos de um porto, da FIOL, de transporte para levar nosso produto pelo rio, da ligação com a Ferrovia Transnordestina, da BR-020, BR-135... Tudo está para ser construído, e está sendo. A questão é em quanto tempo. Precisamos que isso aconteça daqui a três, quatro anos. O que vai nos salvar é a nossa competitividade. Mas, como nós seremos competitivos se o americano consegue colocar uma tonelada de soja lá no meio Oeste dele, até o porto, por 25 dólares e nós colocamos uma tonelada de algodão até o porto por 80 dólares? Se a gente não resolver essa questão da logística, da infraestrutura, vai ficar difícil. Nós temos hoje 2,2 milhões de terras sendo cultivadas, e mais 4 milhões para serem incorporadas. São áreas que vão ser de irrigação, pecuária, energia eólica. A gente precisa pensar no futuro.

***

Já está escurecendo quando chegamos a Barreiras. Vamos para o escritório. Isabela diz que o pai pode ficar com o carro dela, um Palio, e liga para alguém pedindo uma carona. Júlio diz que não tem carro, sempre está pedindo um emprestado a alguém. A filha reclama. Ele responde “Meu carro é o avião. O avião é minha ferramenta de trabalho”.

abr-mai/2014

59


capa

Tomamos uma água e, descansados, iniciamos um bate-papo. Pergunto se o dia a dia dele é assim. - Existem demandas demais na associação. Eu não imaginava quanto tempo teria que dispor. Agora, estamos aqui. Passamos o dia juntos, são 20h20 e ainda não terminamos. Amanhã, às 6h começa tudo de novo. Eu tenho utilizado muito o fim de semana, é quando vou às minhas fazendas. Mas, se eu assumi a associação é porque achei necessário, e não é isso que vai me desestimular. Se eu tiver que trabalhar mais, eu vou trabalhar mais. Nos 23 anos de Aiba, Júlio é o primeiro presidente eleito da associação. experiência Até então, o presidente era conduzido Quando jovem, arrancava soja com a mão. A ao cargo a partir de uma indicação. Permecanização chegou e revolucionou o campo. Mas gunto se houve algum racha entre os nada se compara às máquinas utilizadas atualmente agricultores para deflagrar seu interesse em presidir a associação. - Não houve briga, guerra ou troca de grupo. O que houve foi que pela primeira vez, em um momento, duas pessoas quiseram ser presidentes da Aiba. - Já dá pra fazer uma avaliação dessa gestão? - Eu acho que a proposta da nossa diretoria era tentar buscar mais produtores para participar da associação. Felizmente conseguimos. Hoje, nosso produtor não está participando tanto quanto a nossa gestão gostaria, mas está participando mais do que nas gestões anteriores. Outro ganho que aconteceu nessa gestão foi uma maior aproximação entre a Aiba e outras associações como a Embrapa, a Fundação Bahia, sindicatos. Nós fundamos o Conselho de Entidades e nos reunimos todo mês para discutir assuntos de interesses de todos e ver aonde cada entidade pode apoiar a outra nos trabalhos em conjunto. Agora o grande legado dessa gestão - que não é só da AIBA, mas de várias associações -, foi a criação do Programa Fitossanitário. Ele teve uma importância enorme nessa guerra que nós tivemos contra a helicoverpa e agora contra a mosca branca. Este ano a nossa perda não chegou a R$ 1 milhão. E vamos melhorar o programa para reduzir cada vez mais essa perda. - Você tem alguma pretensão a cargo político? - Não. Eu estava bem cuidando da minha fazenda, plantando, colhendo. Houve essa necessidade de me envolver com a associação e vim tentar ajudar a resolver uns problemas. Mas não me vejo envolvido com política. Daqui a pouco estarei muito feliz em passar o cargo para outra gestão e voltar para minhas fazendas. - Mas como presidente da Aiba você não deixa de ser político. - A Aiba tem associados em 11 municípios. Então nós temos que defender os interesses de nossos associados nas questões que são comuns a todos. Essa é minha função, a função dessa diretoria. É tentar, junto ao governo ou com quem quer que seja, trazer soluções para resolver esses problemas que estão atrapalhando nosso crescimento ou causando perdas e insegurança. Por isso precisamos trabalhar junto ao governo, seja ele qual for. A Aiba hoje conseguiu ter uma cadeira no Ministério da Agricultura. Toda semana temos um representante levando demandas, projetos, soluções. Eu acho que é assim que nós vamos construir uma região mais forte, mais rica, melhor. - Como um homem tão ocupado arranja tempo para a família? - Tempo a gente arruma. Minha filha tá na faculdade. Meu filho já está formado e trabalha conosco. Às vezes minha esposa viaja comigo. A gente tenta coordenar de forma que não haja desgaste na família. - Você é feliz? - Eu acho que sou. E acho que a busca da felicidade é pela forma como você está com sua família, saúde e realizações.



umlugar

especial Oeste

foto RUI REZENDE

62

abr-mai/2014


preservar e produzir Do alto, um desenho aparentemente irregular, sem poesia ou forma definida sobre uma superfície mãe, fértil, geradora de alimento e de riquezas. Suas linhas ora suavemente arqueadas, ora repentinamente sinuosas, barram em um verde de todos os tons de área de preservação permanente. A produção e a preservação - um sob a vigília do outro, em um enredo marcado por desentendimentos, paixões, progresso, direitos e deveres.

abr-mai/2014

63


c.félix

remelexo o ano inteiro de são joão Quadrilha formada há 37 anos por cearences que vieram para Barreiras com o 4º BEC, em 1973, se prepara desde janeiro para se apresentar na maior festa nordestina que acontece em junho e sonham com o hexacampeonato municipal de quadrilhas. texto/foto ROSANE FERREIRA

cult música, cinema, artesanato, agenda,

cultura

64

abr-mai/2014

j

á dá para ouvir o arrastar da chinela na cidade. É um vai pra lá e um vem pra cá, corrige aqui e ali. Falta pouco mais de 20 dias para começar a maior festa nordestina, mas, para os integrantes da quadrilha Remelexo Cearense já é São João. A pentacampeã municipal está nos últimos ajustes dos bordados da saia e do acerto dos passos. “Nem dá para acreditar que já se passaram 37 anos”, suspira a professora Antônia Lúcia, diretora do grupo. “Lucinha”, como é conhecida, veio com a família de Crateús (CE) para Barreiras em 1973, com o 4º Batalhão de Engenharia e Construção. O exército vinha com a missão de construir a BR-242/020, ligando Ibotirama a Brasília. Na época foi criado um bairro para acolher as famílias de soldados, oficiais e administradores do 4º BEC, “Vila dos Funcionários”. Chamado também de “Bairro dos Cearenses”. Com o passar dos anos ela e os amigos criaram um grupo de quadrilhas para se apresentar nas festas juninas que aconteciam na Vila. Assim nasceu a Remelexo Cearense e, posteriormente, outros grupos do gênero. Surgiram, então, os concursos e convites para apresentação em outras cidades. O vestido de chita com armações e pesado foi substituído por um mais leve e curto para dar mais flexibilidade, as calças ficaram mais leves e o chinelo de couro, confortável. Há 20 anos Lucinha deixou de dançar, mas continua no grupo coordenando e resolvendo os problemas de logística, para que essa cultura não se perca. Com 51 anos, e principal referência da quadrilha, conta que não é fácil manter acesa a chama junina em Barreiras. “Necessitamos de tecidos, verbas para pagar as costureiras, transportes para viagens para participar de concursos em vários lugares... Tudo muito dispendioso. Estamos sempre buscando patrocínio, mas, infelizmente o que conseguimos não é o suficiente. Fazemos rifas, bazar e outras ações para conseguir nos manter”, conta preocupada.


reprodução

“a descoberta das américas” no Sesc/Barreiras Vista por cerca de 300 mil pessoas, a peça representada por Júlio Adrião chega, enfim, a Barreiras. “A Descoberta das Américas” já passou por palcos de várias cidades brasileiras, de Portugal, Angola e Cabo Verde. Será encenada no Sesc nos dias 6, 7 e 8 de junho. O texto foi escrito em 1992 pelo italiano Dario Fo, ganhador do Nobel de Literatura em 1997. Trata da descoberta do novo mundo por Johan Paddan, personagem que tem relações inusitadas com índios. A performance no monólogo que tem duração de uma hora rendeu a Júlio Adrião o Prêmio Shell (RJ) de Melhor Ator, em 2005. A peça já foi apresentada mais de 400 vezes, nos últimos oito anos.

pentacampeã municipal Uma das fundadoras e coordenadora da quadrilha, Lucinha se orgulha da história do grupo, que este ano terá como tema “Mulher macho, sim sinhô”. Ao lado, o puxador Adailton, que se casou com uma das integrantes da família e diz que até conhecer a Remelexo era um homem incompleto. “Se não fosse a Remelexo, o que seria da minha vida?”, pergunta

Durante sua permanência em Barreiras, Adrião vai ministrar durante o dia a oficina “O ator no solo narrativo – uma metodologia”, para compartilhar com os interessados suas experiências na interpretação intrigante desse personagem de Dario Fo. serviço

Peça

A Descoberta das Américas Data/hora: 6, 7/6 às 19h e 8/6 às 18h Local: Teatro Sesc/Barreiras Informações: (77) 3611.6610 / 3613.4409

O grupo, que começou com apenas 24 integrantes, tem 68 dançarinos e 20 administradores. Apresenta-se durante todo o ano, mas, em junho a agenda é intensa. Os ensaios começam em janeiro e todos dão duro de segunda a quinta-feira, no Club Fortaleza, localizado no próprio bairro. As roupas, sandálias, e o repertório já estão quase prontos, para incorporar o tema deste ano, “Mulher macho, sim sinhô”, que será apresentado no arraiá realizado todo ano pela quadrilha na Vila dos funcionários no dia 7 de junho. Essa data foi escolhida para que o grupo tenha disponibilidade para participar de outros arraiás que acontecem durante todo o mês de junho no Brasil. “Em todo o tempo de existência da Remelexo, recebemos vários troféus. Em cada um tem o nosso suor lavrado. Foram noites de sono perdidas. Às vezes os meninos tinham que se apresentar em outras cidade e já chegavam em cima da hora, sem tempo para comer ou até tomar banho. Participei de cada instante com o coração nas mãos, mas sabia que nos sairíamos bem”, conta. Durante esses 37 anos, a Remelexo uniu casais, formou famílias, brincou, dançou; foi conselheira, responsável por construir novas histórias, aumentar a autoconfiança de garotos que entravam tímidos e saíam com atitude e determinação para encarar uma nova vida. “Se não fosse a Remelexo o que seria da minha vida? Eu vivia em outra cidade, tinha outras ocupações, mas não era completo. Hoje, me considero feliz. Tenho uma família linda e sou grato por fazer parte desse grupo que mudou minha história”, resume Adailton, puxador da quadrilha, que casou com uma das integrantes do grupo há oito anos. O fruto desse relacionamento é Maria Cecília, que já ensaia os passos do pai.

Oficina

O ator no solo narrativo – Uma metodologia Data/hora: 6, 7 e 8/6, 10 às 13h Local: Teatro Sesc/Barreiras Inscrições: Ufob (77) 3614.3500 / 3612.0363

abr-mai/2014

65



Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com

anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

A morte do meu celular

N

ão sou da geração dos celulares tijolões. Sou da seguinte, em que o hábito e necessidade de ter um pequeno aparelho telefone ainda não se faziam tão obrigatórias como são hoje. Era uma moda, em vias de se tornar uma tendência, um vício, um utensílio básico para qualquer um, até entre as crianças. Naqueles dias, dizia-se, ainda com certo ar blasé: - Que chique, fulano tem celular. Os aparelhos eram caros e não dispunham de muitos atrativos como os de hoje. O interesse neles jazia no simples fato de você estar transportando um telefone móvel para todo canto e não na interatividade com as redes sociais, na máquina fotográfica com qualidade similar as melhores digitais do mercado, mapas para navegação móvel, editores de texto tão bons quanto os de um notebook, capacidade para armazenar vídeos de alta resolução, jogos, e etecetera. Os celulares exerciam a mais simples das funções. Fazer e receber ligações. A inclusão de mensagens de texto ao pacote ecoou como um divisor de águas nas relações humanas. Era o máximo conversar sem abrir a boca usando um mínimo aparelhinho de bolso. Rápido, instantâneo e prático. De tão pequenos que eram, os celulares vinham com uma espécie de tampa. Para atender as ligações era preciso levantar a dita cuja. Tive um celular desses. Morreu numa manhã de março. Quatro anos atrás. Assim que acordei e estava no banheiro com cara de zumbi, entre o sagrado primeiro xixi do dia, o lavar as mãos e o escovar os dentes. Nesse meio tempo, vibrou o telefone. Odeio ringtones com músicas. Evito-os. Zonzo e com o xixi pela metade, resolvo que atender o chamado era uma opção válida, embora perigosa. Eis meu erro. O telefone saltitou da minha mão tão logo iniciei a tentativa de levantar a maldita tampinha. Escorregou entre os dedos, como um sabonete molhado e mergulhou no vaso ainda vibrando. Inconsciente dos meus próprios atos

e ainda com a braguilha aberta, estiquei a mão para dentro da latrina, resgatei o telefone, abri a tampa e como que se tomado por uma estranha sensação de loucura, disse: - Alô! Precisei de segundos para retomar a consciência. Ri alto. Com a mão encharcada de xixi e o telefone ensopado e pingando e imprestável. Por mais boa vontade que tivesse o contato da urina com os circuitos internos do pobre telefone o destruíram. Uma das mortes mais horrendas que um telefone celular pode ter, com toda certeza. Troquei o dito por um, à época, com acesso à internet. Um espetáculo. Meu pai quando o viu pela primeira vez disse: - Mas é um notebook em miniatura. Não era e nunca foi. Meu celular novo era a prova que a tecnologia não avança, atropela. Não tardou para ele ficar obsoleto. Um cara quadrado com um teclado similar a de um computador. Só. Até o dia que ele simplesmente parou de fazer ligações depois de cair de uma altura de metro e meio e quicar como uma bola de tênis quadrada quicaria. Ao observar a tela trincada e sem vida conclui: era chegada a hora de trocá-lo. A questão era: por qual aparelho. Minha prima comprou um i-Phone. Coisa fina. Os novos celulares estão percorrendo caminho inverso ao que já foram. Estão cada vez maiores. Mal cabem no bolso. Não quero um telefone que mal consiga carregar no bolso. A adesão a um celular de última geração é um convite para se mergulhar cada vez mais no mundo virtual. Estar conectado às 24 horas do dia. Cegamente. Sem vida social. De posse do celular mais moderno, que amanhã não vá mais servir pra nada. Tecnologia morta. Meu primeiro celular morreu. Meu segundo também. O terceiro, breve, precisará de bengalas.

abr-mai/2014

67


cult festa

Zeca Bahia e entrega de prêmios em festa da Revista A

p

texto REDAÇÃO

ara celebrar o sucesso do concurso de redação “Oeste, te quero mais...” e entregar os prêmios aos vencedores, a Revista A realizou no dia 21 de março um show com Zeca Bahia e uma exposição fotográfica no Espaço Cultural Trapiche. O evento reuniu profissionais da comunicação, empresários, assinantes, leitores e outros convidados. Com a missão de integrar a região, a revista vem há três anos produzindo material jornalístico. Desta forma, compartilha as peculiaridades das cidades através de reportagens e fotos que sintetizam a riqueza natural, cultural, memória arquitetônica, miscigenação e manifestação de fé no Oeste e Médio São Francisco. Algumas das fotos de nove cidades, produzidas entre 2010 e 2013 por Cícero Félix, Rui Rezende e Cláudio Foleto, estão nos painéis fotográficos expostos inicialmente no Trapiche. De lá, a exposição já passou pela Faculdade São Francisco de Barreiras e até o final de maio fica na Universidade Federal do Oeste da Bahia. Depois, segue para o Sesc, ainda em Barreiras, e para a Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira, em Luís Eduardo Magalhães.

68

abr-mai/2014


“A história de um povo, de uma região, não é construída apenas pelos ‘heróis’ legitimados pelos reconhecidos processos de seleção oficiais. A história é construída, sobretudo, pelo caboclo da roça com a pele singrada pelos rios de horas do tempo; pela mulher guerreira que, apesar de sua extensa jornada diária, ri da má sorte e dá vazão à sua beleza diante de um espelho irônico”, explicou um dos fotógrafos e diretor de redação da revista, o jornalista Cícero Félix.

apoio

abr-mai/2014

69


cult agenda

Literatura

a bola Vai rolar À

s vésperas da segunda Copa do Mundo realizada no Brasil, reunimos alguns livros que tratam exclusivamente do tema. O primeiro é Enciclopédia das Copas do Mundo, de Luiz Fernando Baggio. Dividido em três partes, o autor inicia traçando um paralelo entre os acontecimentos mundiais e os eventos dentro de campo durante toda a história. Há também relatos sobre as principais partidas, os jogadores que marcaram as edições das Copas e ainda curiosidades ímpares e fotografias de cada edição do maior evento do mundo de futebol. Em seguida, o leitor tem a sua disposição o resultado de uma pesquisa sobre as estatísticas das Copas. O autor estudou o desempenho dos países participantes, os gols, técnicos, jogadores, árbitros, cidades, estádios, entre outras informações, para fornecer ao leitor o mais rico banco de dados sobre as Copas do Mundo. A obra traz ainda dois apêndices especiais - com informações sobre as cidades-sede escolhidas e a tabela completa da Copa do Mundo de 2014. O segundo livro é História das Camisas de Todos os Jogos das Copas de Rodolfo Rodrigues. Resultado de uma pesquisa inédita e ricamente ilustrado, o livro traz o uniforme utilizado pelas Seleções em todos os jogos das Copas do Mundo. Organizado cronologicamente, os capítulos apresentam a ficha com o resumo de cada Copa, curiosidades das camisas e dos jogos, os uniformes partida a partida e a tabela com o desempenho de cada equipe. O terceiro é Copa do Mundo – Paixão sem limites, de Rodrigo Chiaverini, livro que traz aos leitores aspectos de cada uma das copas, de 1930 até 2010, pelo olhar de um torcedor apaixonado por futebol..

70

abr-mai/2014


Literatura

Mário Rodrigues Filho: As coisas incríveis do futebol - As melhores crônicas de Mário Filho’ Ao longo de 200 páginas a obra reúne crônicas escritas pelo autor no Globo Sportivo nas décadas de 40 e 50. Elaboradas no estilo despojado e humorístico que o consagraria e faria escola no jornalismo brasileiro, elas abordam os temas centrais da era de ouro do futebol brasileiro - os grandes jogadores e partidas, a história dos clubes, a consolidação do futebol como esporte no Brasil, os ‘sururus’, as confusões e brigas dos torcedores, o abrasileiramento do futebol, além das histórias mais pitorescas do mundo futebolístico.

Michel Laub: O segundo tempo No dia 12 de fevereiro de 1989, Grêmio e Internacional entraram no gramado do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, para aquele que ficou conhecido como o mais importante confronto da história do esporte gaúcho - o chamado Gre-Nal do século. Na arquibancada, um garoto de quinze anos divide-se entre a atenção aos lances do campo e um dilema dar ou não a Bruno, o irmão caçula sentado ao seu lado, a notícia que vai mudar radicalmente a vida de ambos. Desde as primeiras linhas, este breve e original romance deixa claro que não trata propriamente de futebol, mas de suas relações com o universo dos afetos. Falar do que aconteceu numa partida real, sequência construída com os instrumentos às vezes inconfiáveis da memória, é refletir ficcionalmente sobre uma experiência íntima.

André Sant’Anna: O paraíso é bem bacana Em ‘O Paraíso é bem bacana’, André Sant’Anna aciona em velocidade máxima o carrossel de lugares-comuns que fazem o tecido da mente - todos estão igualmente presos às frases e ideias fixas que os definem e os esgotam. ‘O Paraíso é bem bacana’’é uma obra que traz a imagem invertida das mais caras fantasias brasileiras e culmina num ato extremo e solitário do anti-herói Mané em pleno Olympiastadion de Berlim.

se liga! No dia 06 de junho os veteranos do Capital do Rock. No dia 26 de julho Rock nacional, Ira! e Frejat se apresen- vai rolar a 14a edição da Fantasy em tam em Brasília no festival Brasília Barreiras.

abr-mai/2014

71


bares, restaurantes e lanchonetes

'% f

Barreiras

1

comida de boteco

2

Bar e restaurante. Especialidade: gastronomia regional. Funcionamento: todos os dias, a patir das 10h. Domingo e segunda até as 14h.

3

delícia gourmet

1 BR -0 20

Bar e restaurante. Especialidade: rodízio de filé. Funcionamento: todos os dias das 11h às14h30 e de terça a domingo a partir das 18h.

Principais bairros desta área: Barreirinhas e Morada Nobre

/2 42

5/ -13 BR

Balalaika

/ 020

242

Rua Nunes, 140, São Pedro

3612.1330

Confraria da Cerveja

Rua Fco. Macedo, s/n - M. Nobre

Rua Oonono

nonon

3611.3448

doçura

Lanchonete. Especialidade: doces, salgados, tortas e buffets coorporativos e sociais. Funcionamento: de terça a sábado, a patir das 10h. Segunda, a partir das 14h.

Tapiocaria Delícias da Bahia Rua São Bernado, 83 - Barreirinhas

3611.8256

Casa de Maria

Pq. Exp. Eng. G. Rocha - Barreirinhas

Galinha do Afonso

9993.2428

Rua Maurício Pereira, 211, M. Nobre

3611.3502

Ponte Ciro Pedrosa

Comida de Boteco

Rua Paraíba, 117 - Barreirinhas

9142.0585

Trapiche

Rua Amazonas, s/n, Barreirinhas

9990.8525

Ponte Aylon Macedo

72

abr-mai/2014

dom’q chopp

Bar e restaurante. Especialidade: buffet variado durante a semana. Funcionamento: de terça a domingo a patir das 12h.


los pampas

PORTA DO SOL

Restaurante e churrascaria. Especialidade: churrascaria. Funcionamento: de domingo a sexta das 11h às 15h.

2

Restaurante. Especialidade: Culinária oriental. Funcionamento: todos os dias das 11h30 às 14h30.

Bode e Cia

Rua J. Nogueira, 148 - Bela Vista

3612.0063

Dom’q Chopp

Rua Profa G. Porto, 471- Centro

Boliche Strike & Cia

3612.0815

Rua Camaçari, 88 - Centro

Lilia Doces e Salgados

3613.1312

Av. Cleriston Andrade, 619B - Centro

3611.4472

Bode Assado

Rua Ant. Coité Filho, 380 - O. Branco

3611.7304

Cais & Porto

Av. Presidente Vargas, 483 - Centro

3612.4812

J ua

R

Bar do Vieirinha

osé

o

áci

nif

Bo

Centro Histórico

Delícia Gourmet

Los Pampas

Av. ACM, 924, Centro

Av. ACM, 131, Serra do Mimo

3612.7249

Supremo

3613.0872

Rua Profa G. Porto, 65 - Centro

3611.4442

Ru

Giraffas

rin aP sa be l

Barb osa

3611.1790

Isa

Ruy

Av. Benedita Silveira, 20, Centro

3612.0500

ce

Rua

Bobs

Av. ACM, 596, Centro

Subway

Rua M. Hermes, 158 - Primavera

3612.0580

Hotel Morubixaba

Av. ACM, 2024, Novo Horizonte

3612.7006

Doçura

Av. Benedita Silveira, 50, Centro

3611.3820

Porta do Sol

Rua Café Filho, 61, Primavera

BR -13 5

3611.7332

3 subway

Franquia norte-americana de restaurante. Especialidade: sanduíches. Funcionamento: todos os dias das 11h às 23h

trapiche

Espaço cultural, bar e restaurante. Especialidade: feijoada e galinha caipira aos sábados. Funcionamento: de quartas às sextas-feiras, a patir das 18h. Sábado, a partir das 18h.

abr-mai/2014

73


'% f

bares, restaurantes e lanchonetes Luís eduardo magalhães

boi na brasa

Restaurante e Pizzaria. Especialidade: churrascaria. Funcionamento: todos os dias e a noite de quarta a domingo.

dom mariano

yakinori

Restaurante e petiscaria. Especialidade: gastronomia brasileira. Funcionamento: de segunda a sábado das 11h45 às 14h e das 18h às 0h.

Restaurante. Especialidade: gastronomia asiática. Funcionamento: de terça a domingo, a partir das 19h.

Hashi Culinária Oriental

Yakinori

Rua Clériston Andrade, 622 - Centro

Rua Rui Barbosa, 766 - Centro

3639.8183

3628.4604

Doce Café ônia

Avenida JK

Subway

Rua Pernambuco, 371- Centro

urata

3628.0144

3628.4714

Panorama Bar e Rest.

R. Flamboyant, 111 - Jd. Primavera

3628.3126

/ 242 BR-020

Rua Se

rgipe

3639.0522

M Av. Kichiro

R. José C. de Lima - Q6/L1/6 - Jd. Primavera

Rua Rond

Boi na Brasa

osso Rua Mato Gr

R. Rua Barbosa, 1661, Q89L1/2 - Centro

Restaurante Saint Louis Rua JK, 976, Q5L3/4 - Jd. Paraíso

3628.7700

Sabor e Arte

Sabor Caipira

R. José C. de Lima, 1270 - Jd. Primavera

R. José C. de Lima, 565 - Centro

3628.7432

3628.6130

Espetinho do Gaúcho Rua Pará, 95 - Q3/L11 - Centro

3628.3837

Dom Mariano

Rua Clériston Andrade, 1092 - Centro

3639-8132



Tizziana Oliveira

CONECTADO e-mail: tizzib@gmail.com facebook: tizzianaoliveira twitter: @tizzioliveira

Gelo, Limão e Açúcar

William Moro

Magia e amor Isis Alexia Carneiro Trento comemorou seus 15 anos com muita simpatia em um ensaio lindo com a fotografa Kika. A paranaense que mora em Luís Eduardo há cinco anos gosta de cozinhar, receber amigas em sua casa e sonha em viajar pelo mundo. “Pretendo prestar vestibular para Direito, fazer cursos fora do país, aprender um pouquinho de outras culturas e ter algo a mais para oferecer na minha profissão”, conta Isis. KIKA

O estilo “Helena” de ser! Para acompanhar essa gata exuberante, tem que ser corajoso: ela adora esportes. Helena Maria Ogrodowczyk, fotógrafa, ama esportes e não esconde essa paixão. A gaúcha diz que para manter a forma pratica atividade física 5 vezes na semana, além de muay thai e pedalar. Para manter esse corpo de dar inveja, requer uma alimentação rica em proteínas e frutas, evitando frituras, refrigerantes, doces e farináceos. “Para um homem me conquistar precisa gostar de praticar atividade física, ser carinhoso, companheiro, ter atitude e se entregar ao amor sem medo, viver intensamente”, admite Helena.

76

abr-mai/2014


O segredo de Flavinha

Helena Ogrodowczyk

Flávia Miranda da Silva, 1,64cm e 64kg bem distribuídos, aguça a curiosidade das mulheres que se perguntam como ela consegue? “Eu mantenho uma relação muito séria com o meu corpo. Devido à saúde, estética e a minha profissão. Gosto de ser e dar o exemplo para as minhas alunas. Determinação é a palavra ideal para definir essa relação! Sou adepta a musculação. Amo puxar ferro”, conta Flavinha. A educadora física ministra aulas como o jump e de ritmos na Academia da Cris. Seu sonho é que a felicidade sempre reine!

Unhas de Porcelana Ilma Mendonça

(77) 99848007

Em foco! Com 18 anos e muito carisma, a paranaense Bianca Campos, com perdão do clichê, e de arrasar quarteirão. A gata estudante de Direito posou com desenvoltura para as lentes de Neiva. Ela fez ensaio para By Andreza, e veste Duzani Lingerie.

(77)9997-3022 (77)3628-3338

Me caiu os butiá do bolso... Unhas de porcelana

(77) 9956-1005 (77)3628-1330

reprodução

Belas e cheias de elegância, as unhas postiças são uma forte aliada da mulher que deseja estar linda a todo instante. Uma tendência que já conquistou as mulheres, são super lindas e deixam o visual arrasador. Práticas e resistentes, não precisam de visitas semanais à manicure, o esmalte não descasca e elas estão sempre maravilhosas. As unhas de porcelana são feitas de resina acrílica em pó, duram o tempo que a pessoa quiser, precisando de manutenção regular. A cola para as unhas não danifica as unhas.

Barreiras (77) 3611-8279 LEM (77)3628-5357


social

três anos da rádio Transamérica em barreiras No dia 26 de abril de 2014 foi comemorado o aniversário de três anos da Rádio Transamérica Barreiras. Clientes e ouvintes participaram da festa comandada por Márcia Mayumi, apresentadora da Rede Transamérica, que veio de São Paulo para o evento. Na oportunidade, a emissora lançou o “Estúdio Garagem”, programa em que o artista se apresenta ao vivo do estúdio da rádio com a presença de ouvintes convidados. A banda Baião de 2 inaugurou o programa e durante duas horas tocou vários sucessos.

78

abr-mai/2014


DEPYL ACTION

Coquetel em comemoração ao Dia Internacional da Mulher na Depyl Action no dia 08 de março.

mAISON cAROLINE

Coquetel de lançamento da coleção de inverno 2014 Le lis Blanc, John John e Camila Klein na Maison Caroline, no dia 06 de abril.

ELEMENTAIS

Coquetel de lançamento da coleção de inverno 2014 na Loja Elementais, no dia 10 de abril. abr-mai/2014

79


social

fELIPE EDUARDO

Aniversário de 1 ano de Felipe Eduardo, filho de Silvano Xavier e Luzia Luz Xavier, no Kstello, dia 19 de abril.

SOLARE EMPREENDIMENTOS Coquetel de lançamento do Edifício Copenhague, no dia 24 de abril. 80

abr-mai/2014


Lauro, Emerson, Edival e Luis Henrique

Maria Angélica, Popó e Maria Cardoso

Cleia,Divina, Verana, Leonardo, Diana, Deili, Erica, Nelma e Aderlan

Popó, Adriano, Fábio, Humberto, Carlos e Dani

David e Cris

Letícia, Anna, Regina, Catarina, Clébio, Gabriela e Rose

abr-mai/2014

81


82

abr-mai/2014


abr-mai/2014

83



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.