Revista A edição 23

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ano 4 - nº 23 jun-jul/2014

ouza

r$ 9,99

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entrevista

iracema veloso: a ufob está no caminho do futuro

cult

livro de rui rezende sobre o oeste começa a ser editado

mãe do sabor Hotel Paraíso das Corredeiras, a tentação do cerrado

barreirense da gema, Olíbia Barbosa dá exemplo de superação, faz sucesso como empreendedora e renova suas energias no amor familiar

ilustres, desconhecidos e abandonados

Poder público ignora e símbolos arquitetônicos que impulsionaram o desenvolvimento de Barreiras estão em ruínas






editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

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ano 4 - nº 23 - jun-jul/2014 Diretor de redação e editor

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com

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Diretora Comercial

Anne Stella

9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com

(77)

redação Gabriela Flores secretária de redação

Carol Freitas

8826.5620 e 9174.0745 freitas.caarol@gmail.com

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colaboração

Rui Rezende ilustração

Júlio César

edição de arte

Leilson Soares

Consultoria de moda

Karine Magalhães Revisão

Aderlan Messias Impressão

Coronário Editora e Gráfica Tiragem

3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras

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3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra

Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.

Precisamos ser mais cantadores

“S

ó é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue de seus mortos e a certeza de luta de seus vivos”. Esta frase do escritor François Silvestre faz questão de estar nesta revista. Há tempos ela insiste com isso, como se tivesse vontade própria. E pior (ou melhor?) é que tem. Depois que ela foi declamada por Vital Farias, no disco Cantoria gravado com Geraldo Azevedo e Elomar, perdeu o freio. Saiu desembestada entrando pelas bocas e ideias de muita gente, como a querer reforçar a necessidade de que as pessoas precisam valorizar suas raízes. Um homem sem referências é apenas um sujeito; com referências é uma vida, uma história, uma trajetória, um passado no presente, um futuro do passado. Nossas referências nesta edição não são cantadores nem cantadoras, mas com certeza trazem no peito o cheiro, suor e cor desta terra chamada Barreiras, que se espalha voluntariamente pelo Oeste como se não tivesse fronteira. Depois da ressaca da Copa do Mundo, competição que muita gente trocaria por uma amnésia dupla com dois cubos de gelo, logo logo chega a eleição para presidente, governador e deputados. Outra pedrada! Outro porre! Principalmente quando olhamos as referências históricas de nossos candidatos, em particular aos que almejam uma cadeira no legislativo. Nas duas últimas décadas, pelo menos, sempre teve um candidato parente do prefeito de Barreiras ou Luís Eduardo Magalhães. O assunto é tema da coluna “Ponto crítico” e dá pano pra manga. Nossa capa é um doce, com perdão do trocadilho a essa mulher que deu outro sabor ao paladar da região. Dona de uma lanchonete delicatessen e buffet com mais de 20 anos na região, Olíbia (foto) tem referências fortes, forjadas por uma vida cheia de vieses, de dores, alegrias, paixões, amores e muitas emoções – daquelas em que as lágrimas rolam aos borbotões pela face e se despedaçam no chão. Olíbia foi um presente para esta edição! A reportagem sobre o deszelo e abandono sofridos por prédios que representam referências na história do desenvolvimento da região é um crime. Os prédios em ruínas, que lembram um filme de terror, se impõem no espaço a chamar atenção para o que estamos fazendo com o nosso passado, nossas referências. Felizmente, alguns conseguem perceber o aceno e reagem. Assim temos louváveis iniciativas particulares. Mas é preciso reunir muito mais força. É preciso que o poder público saia dessa letargia antes que Barreiras acabe simplesmente como a “Terra-do-já-teve”, dos escritores Luiz Hespanha e Cláudio Wanderley. Precisamos ser mais cantadores na multidão - pra lá do sentido figurado! Boa leitura! Cícero Félix, editor



índice colunas 14 | Ponto crítico, da redação 20 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 22 | Exclamação, por Karine Magalhães 55 | Impressões, por Anton Roos 17 | A Miscellanea Festa Centenária: Da guerra à tradição junina Religião: 20 quilômetros de penitência Forró da Lua: De marca maior Literatura de luto: João Ubaldo deixa órfão o povo brasileiro Chorinho: Mário Sérgio no Vieirinha No Oeste: Rede Bahia transmite em HD para quatro cidades 25 | ensaio de moda Pai Zhagaia 29 | economia & mercado Visita: Fieb rumo à interiorização Ampliação: Moldura do tamanho do seu conforto Opinião: Lei da Palmada, um retrocesso na punição ao agressor 34 | agromagazine Mais que necessidade: Núcleo da Embrapa instalado no Oeste Parceria público-privada: Patrulha quer recuperar 350 km de estradas em 2014 37 | entrevista: iracema veloso Ufob a caminho do futuro 40 | Reportagem Ilustres, desconhecidos e abandonados 44 | capa OLÍBIA, COM SABOR DE EMOÇÃO 48 | TURISMO O paraíso é aqui 50 | um lugar Rui Rezente: Corredeiras do salto 52 | cult Teatro: Aplausos! Livro: Rui Rezende começa a editar livro sobre o Oeste Agenda: Festival de Inverno aquece o público 58 | Gastronomia Bares, restaurantes e lanchonetes em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães 62 | social Gelo, Limão e Açúcar, por Tizziana Oliveira

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leitor

Canais Revista A

leitor@revistaa.net

Revista A, edição 22 Gostaria de parabenizá-los pelo trabalho. Obrigada pelas revistas que eu ganhei quando estive em Barreiras. Gostei muito de conhecê-los. Beijo e muito mais sucesso pra vocês! Márcia Mayumi Me surpreendo a cada edição da r.a, é uma revista melhor que a outra! Sou assinante e adoro ler o que vocês produzem. Material de qualidade com respeito ao leitor e muita ética. A equipe está de parabéns. Vocês conseguem valorizar as pequenas coisas e trazer sempre assuntos muito interessantes. Muito sucesso! Paulo Carvalho

Errata Publicamos na edição 22, na seção “A borto”, a foto de um tamanduá-mirim (ao lado), ou meleta, e não tamanduábandeira, como dizia no texto.



caiunarede www.revistaa.net

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Colaboração do internauta Envie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

reprodução

fotos: Rosane ferreira

Queremos mais participações das pessoas, e que notem a importância desse projeto!” Disse o Bispo Dom Luiz Cappio , que esteve em Barreiras no dia 16 de junho para discutir em palestra sobre o projeto de criação do Estado do São Francisco.

CPI DA TELEFONIA CHEGA A BARREITAS Em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Barreiras no dia 11 de junho, membros da Comissão Parlamentar de Inquérito da Telefonia (CPI) se reuniram para discutir sobre os principais problemas relacionados às operadoras de telefonia da cidade.

Morre Plínio de Arruda Sampaio Dia 08 de julho, aos 83 anos, o ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio faleceu no Hospital Sírio Libanês. Plínio fazia tratamento de um câncer nos ossos e estava internado há mais de um mês.

14 anos depois, metrô de salvador é inaugurado A operação assistida do metrô de Salvador se iniciou no dia 11 de junho. A cerimônia de inauguração contou com a presença da presidente Dilma Roussef e do governador Jaques Wagner. A partir do dia 15 de setembro, quando começará a fase comercial, o percurso de 7,3 km entre as estações Lapa e Retiro será feito em 18 minutos.

arte urbana no palácio das artes Estudantes da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB) deram início no dia 5 de junho a uma intervenção artística urbana na Praça Castro Alves em Barreiras, que consiste em grafitar todas as paredes do Palácio das Artes com desenhos produzidos pelos próprios estudantes, artistas locais e de outras regiões.

memória

Há 74 anos... Inaugurado em 1940 na Serra da Bandeira, o aeroporto de Barreiras tinha quatro pistas de pouso. Foi utilizado como base aérea dos EUA na 2ª Guerra Mundial. Depois virou um importante ponto de apoio para a aviação civil, com voos e decolagens comerciais diários. Naquele período, chegavam a Barreiras filmes da atualidade, jornais de circulação nacional, revistas. Em 1946 a cidade podia ser considerada uma ilha de modernidade. Com a construção de Brasília, o aeroporto foi desmontado para atender à capital federal e até hoje não conseguiu recuperar o seu prestígio. Há anos espera por reforma e ampliação para poder receber aeronaves de grande porte e mais opções de voos .

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1 O internauta Fernando Queiroz não perdeu tempo! Fotografou o lugar mais arretado do Oeste, participou da interatividade promovida pela Revista A e ganhou a votação no facebook. Ele mandou uma foto do Rio São Francisco, em Barra e teve 56% dos votos. Fernando é pintor e mora em Barra. Participe você também! Confira o regulamento no site www.revistaa.net e envie a foto do lugar mais arretado do Oeste que você já conheceu!

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O internauta Hélio Passos enviou uma foto do amanhecer na Igreja São João Batista em Barreiras

O internauta Georgetown Botelho escolheu o por-do-sol no cais da cidade de Barreiras para fotografar

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O internauta Izo Santos clicou o entardecer na Igreja São João Batista em Barreiras jun-jul/2014

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.crítico

a ordem é descondicionar

De prefeito, deputado parente e eleição todo mundo sabe um pouco texto c.félix

“E

ntramos no século XXI e continuamos muito ocupados. Sequer percebemos o que se repete há pelo menos duas décadas, em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, nas eleições para deputados”, refletia um amigo. “Assim, não teremos representatividade que preste, nunca! O deputado eleito é sempre parente do prefeito, que dá o maior apoio à eleição e é o maior cabo eleitoral, com corpo, alma e o que puder fazer com a máquina administrativa. E, como sempre, sempre dá pra fazer algo por esse ente querido. E bote querido nisso!”. De acordo com sua avaliação, a administração pública é sustentada por um discurso institucionalizado. Uma gestão dura quatro anos; no primeiro é preciso colocar a casa em ordem, que demora algo em torno de 12 meses quando, enfim, já é possível respirar e algumas migalhas de ações começam a surgir; aí já estamos no ano de eleição para deputado, e ano de eleição – todo mundo sabe! – é difícil, o sistema trava, as coisas não andam, as obras emperram... é tanta coisa que o segundo ano também não é fácil, é um começo, e como todo começo precisamos de apoio, precisamos eleger

Advogado rebate declaração de Eliana Calmon Na edição anterior da Revista A, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, personalidade respeitada e admirada inclusive por mim -, usou um termo infeliz para justificar, ou melhor, tentar justificar a impunidade existente em nosso país. Atribuiu a ausência de punição ao conhecimento, preparo e inteligência de alguns advogados “maquiavélicos”. O termo, a meu ver, foi mal

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o deputado nosso parente, para enfim fortalecer a cidade, a região e tal, trazer obras pra gente... “Realmente, não tem como a prefeitura funcionar nos dois primeiros anos”, penso. No terceiro ano vem a ressaca da eleição de deputado. Se o parente candidato ao legislativo ganhou, temos alegria no prato, se não, apenas uns caroços de feijão – e pra ser feliz! Em qualquer uma dessas situações, uma coisa é certa: o terceiro ano não vai ser fácil, tem umas dívidas do ano passado que... olhe, administrar não é fácil. No início do quarto ano, enfim, a prefeitura começa a fazer uma coisinha aqui, outra ali. É a prefeitura ressurgindo como uma fênix. E nem mais acreditava que existia! Mas ela existe, ela existe e... Opa! Estamos em ano eleitoral de novo, e agora pra prefeito. Salve a reeleição. Depois de fazer todo esse desenho do ciclo político municipal e sua vinculação com a eleição para deputado, meu amigo fez uma grande pausa. Em seguida, após longa pausa, perguntou: “Tu acha que alguém entende ou acredita numa coisa dessas, em pleno século XXI? Eu acho que tô é ficando louco”, disse e foi por aí.

empregado pelo caráter universalmente pejorativo. Não é culpa dos advogados se a impunidade impera em nosso país. A culpa é das leis e, na pior das hipóteses, poderia ser atribuída até a alguns juízes, que são de fato os responsáveis pelo julgamento. O advogado pede, argumenta, mas quem decide é o juiz de acordo com as leis existentes. Não pode ser o advogado considerado maquiavélico pelo simples fato de ser conhecedor da lei ou, melhor dizendo, das brechas da lei e dos caminhos tortuosos de um processo. Francisco Pondé de Góes é advogado


PREFEITOS E ELEIÇÃO PARA DEPUTADOS Veja abaixo as duas últimas décadas de gerações de deputados eleitos quando seus parentes eram prefeitos em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.

BOLETIM BARREIRAS jul/2014

Antônio Henrique é prefeito de Barreiras quando...

...seu cunhado, SAULO PEDROSA, é eleito deputado federal, em 1998. Saulo é irmão de ANTÔNIA PEDROSA, eleita deputada estadual em 2002 e esposa do novamente prefeito Antônio Henrique, que é adversário de Oziel. OZIEL é eleito em 2000 o primeiro prefeito do recém-criado município de Luís Eduardo Magalhães. Ele é casado com Jusmari Oliveira, que já era deputada quando o marido foi eleito. JUSMARI é reeleita a deputada estadual em 2002 com o auxílio do marido Oziel, que é reeleito para prefeito em 2004 e vai ajudar a mulher a ser eleita para deputada federal, em 2006.

Senadinho dá apoio aos romeiros do Cantinho do Senhor dos Aflitos No meio do mandato, Jusmari se candidata e vence a eleição para prefeito de Barreiras, em 2008, e ajuda o marido OZIEL a ser eleito deputado federal em 2009.

Em 2012 Jusmari perde a reeleição de prefeito para ANTÔNIO HENRIQUE que agora, na eleição deste ano... ...quer eleger seu filho ANTÔNIO HENRIQUE JÚNIOR a deputado estadual.

Pelo segundo ano consecutivo, o Senadinho desenvolve ação na madrugada da romaria do Cantinho do Senhor dos Aflitos. No dia 2 de julho, uma barraca com toda estrutura foi montada para dar assistência ao romeiro que caminha em média 20 quilômetros. De meia-noite até 4h da manhã aproximadamente foram distribuídos 2 mil lanches. 1,2 mil águas, 1 mil caldos e 2 mil cafezinhos, como forma de apoio a essa manifestação cultural genuinamente barreirense. Esta ação só foi possível devido ao apoio e colaboração de amigos, empresários e autônomos. O Senadinho agradece a todos que acreditam na força coletiva para promover as transformações sociais.

Cultural! Vem aí o Senadinho E-mail: senadinho.barreiras@gmail.com Facebook: Senadinho Barreiras

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abordo c. félix

c.féix

florido de paz Discreto, às margens da BR-242, entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães o ipê-branco contrasta suavemente com azul do horizonte. Ao meio de uma vegetação meio amarronzada, ele impõe a bandeira da paz com suas flores, com seu caule que se ramifica tortuosamente pelo ar. É um surpreendente conforto para o vijante sua presença ali, na beira da estrada, acenando timindamente através do vento. Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net

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miscellanea eventos, design, tendência, moda...

FESTA CENTENÁRIA

da guerra

À tradição junina Criada para celebrar a vitória do Brasil na guerra contra o Paraguai, apresentação dos fortes em Barra é a maior atração do São João da região. texto REDAÇÃO foto RUI REZENDE

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miscellanea RELIGIÃO

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m 1892, o capitão do Exército Brasileiro e filho de Barra, dr. Augusto Torres visitava sua terra natal quando presenciou uma queima de busca-pés. Animado, disse: “Estouro assim, só ouvi na tomada do Forte Curuzú na Guerra do Paraguai!”. A partir daquele dia, o São João do lugar nunca mais foi o mesmo. São mais de 100 anos de estouro de canhão, faíscas rasgando no ar e malabarismos com as “espadas”, no dia 23 de junho, quando as agremiações conhecidas como “fortes” desfilam nas ruas da cidade. Elas foram criadas para homenagear os 100 combatentes barrenses que lutaram na guerra entre Brasil e Paraguai. O primeiro clube (Curuzú), foi criado em 1984, o segundo (Humaitá), em 1896 e, tempos depois, Riachuelo e muitos anos depois o Ataí. Este ano, cerca de 10 mil busca-pés foram queimados na apresentação dos fortes. Eles são manuseados pelos soldados de cada clube, para evitar acidentes. O espetáculo pode ser assistido pelo turista em lugares especiais. Apesar de ser conhecida como “guerra de espadas”, trata-se apenas de uma apresentação pacata, cuja disputa está apenas na beleza do desfile de cada clube. Não tem nada a ver com a que acontece em Cruz das Almas.

ensaio Veja outras fotos no menu Ensaios/Temático www.revistaa.net

20 QUILÔMETROS DE PENITÊNCIA Os faróis e as velas iluminam o caminho. Carros e pessoas disputam espaço na romaria que começa à meia-noite. Fé, esperança, penitência em um caminho de terra batida onde cantos e orações se fazem ouvir em homenagem ao Senhor dos Aflitos. O dia da Independência da Bahia, 2 de julho, tem um significado especial para os barreirenses. É quando acontecem romaria e festa do povoado Cantinho. A caminhada começa da Igreja Matriz e se estende por cerca de 20 km, madrugada adentro, até chegar à capela. Depois de um celebração simbólica, os fiéis se deitam pelas calçadas, alpendres, pelos cantos da casa religiosa ou se esquentam em torno de velas fumegantes. Na manhã, às 7h horas, acontece a missa principal. A tradicional romaria religiosa acontece há 294 anos e atrai católicos de toda a região, que vão ao local para pagar promessas ou renovar a fé. De acordo com a Diocese de Barreiras, a imagem do Senhor dos Aflitos chegou ao Brasil em 1710, trazida por uma família de portugueses e, em 1720, foi construída a capela para os romeiros venerarem a imagem.

FORRÓ DA LUA

de marca

maior

Com 20 anos de carreira, Adelmário Coelho se apresentou no tradicional Forró da Lua, em Barreiras, no dia 23 de maio. Em entrevista à Revista A, ele disse que não tem preconceito, mas é indiscutível a qualidade musical de um Luiz Gonzaga, um Trio Nordestino. Para Adelmário, o forró vive um cenário melhor do que há 30, 40 anos. “A mídia focou o forró de uma forma positiva e ele acabou despertando interesse”, defende.

“Todo mundo tem espaço e vez. O público é o grande juiz. Agora você pode assistir meu show com sua filha de 1, 2, 3, 5 anos sem ter constrangimento nenhum”.

ADELMÁRIO COELHO

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André Conti

LITERATURA DE LUTO

jOÃO UBALDO DEIXA ÓRFÃO O POVO BRASILEIRO

O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, 73 anos, não resistiu à embolia pulmonar no dia 17 de julho. Autor de “Viva o povo brasileiro”, “Sargento Getúlio”, “O Sorriso do Lagarto”, publicava suas crônicas semanalmente em vários jornais brasileiros. Algumas de suas obras foram adaptadas para e televisão. Em 1999, com Cacá Diegues, escreveu o roteiro de “Deus é brasileiro”., baseado em seu conto “O santo que não acreditava em Deus”. João Ubaldo ocupava a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Seu último texto pode ser lido no link http://zip.net/bfn4J0. CHORINHO

mário sérgio no vieirinha O grupo formado por Andrade, Nonato, Mário Sérgio e Hiltinho deram ao Vieirinha, no dia 13/06, um clima especial com execuções de clássicos do choro e da MPB.

NO OESTE

REDE BAHIA: TRANSMISSÃO EM HD PARA QUATRO CIDADES A TV Oeste lançou oficialmente o sinal digital em Barreiras. O evento aconteceu em 20 de maio. Contou com a presença do presidente da Rede Bahia, Antônio Carlos Magalhães Júnior, a acionista da TV Renata Magalhães, o jornalista José Raimundo, representantes políticos e convidados. Com isso, o sinal da programação passou a ser transmitido em HD para quatro cidades da região: Barreiras, Barra, Bom Jesus da Lapa e Luís Eduardo Magalhães.

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Desenrola por aderlan messias

CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito

O espírito da coisa

A

lguém já ouviu expressões do tipo: “Que coisa feia”!; “Esta coisa é do arco da velha”; “Uma coisa é falar, outra é escrever”; “A reunião tratou de coisa séria”; “Político quando está na oposição é uma coisa, quando assume o poder, a coisa muda de figura”? Pois bem! Como se vê, a palavra ‘coisa’ é bastante utilizada pelos falantes brasileiros para representar uma infinidade de coisas. Isso mesmo! Ela é considerada palavra-ônibus pelos estudiosos do léxico, tendo em vista a carga signficativa que traz, sobretudo na conversação espontânea dos interlocutores. Uma análise mais atenta leva-nos a perceber que “coisa” assume a condição de palavra polissêmica, vez que existem diversos significados, considerando os aspectos de uso pelos falantes de todas as regiões do país. O seu emprego não está apenas numa linguagem popular permeada de gírias. Ela se faz presente até mesmo nos textos científicos. A título de exemplificação, é possível destacar a obra de Michel Foucault, “As palavras e as coisas”; o pensamento aristotélico quando diz que “há três coisas que inspiram confiança na personalidade: o bom-senso, o bom caráter e a boa vontade”. Um significado curioso e que marca a história do Brasil, está na carta do Descobrimento, escrita por Pero Vaz de Caminha, em 1500, ao descrever os nativos: “Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas”; [...] então estiveram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem raspadas e feitas”. Fico imaginando as coisas que aonteceram e que não foram expostas nesta carta. Se o vocábulo “coisa” é palavra-ônibus, logo serve para tudo. Se serve para tudo, obviamente pode ocupar lugar em quase todos os contextos. Assim, quem não garante que Caminha não tenha pensado, ao menos dito que “as coisas das índias estavam bem raspadas e feitas”? Segundo os dicionários Aurélio e Hauaiss, este verbete tem mais de quarenta sentidos registrados, um deles, refere-se aos órgãos genitais externos de ambos os sexos. Mais ainda, em Portugal a palavra “coisa”, pode assumir a condição de verbo “coisar”, referindo-se ao ato sexual. Este conceito ratifica a possibilidade de substituição da palavra “vergonhas”, por “coisas”. Vejo que este é um trabalho edótico, que compete ao estudioso na investigação histórico-filoló-

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gica que visa a reconstituição do texto original; e por que não ao meus alunos de crítica textual? Fica o desafio. Uma reflexão interessante encontra-se no livro “Coisas de Português” (2006, p.20), do jornalista Franciscarlos Diniz “Se você aceita qualquer coisa, logo se torna uma coisa qualquer, uma coisa-à-toa. Se as pessoas foram feitas para serem amadas e as coisas para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Por isso, faça a coisa certa e não se esqueça o mandamento: Amarás a Deus sobre todas as coisas”. Agora pense você, leitor, quantas vezes faz uso da palavra “coisa” no seu dia a dia! Passe a observar a partir de agora, e veja quantos significados diferentes ela assume na sua comunicação. Este é um treino para verificar o espírito da coisa.



Exclamação

karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

Étnico chique

fotos: Reprodução

por karine magalhães

CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes

Os nativos do deserto americanos e dos pOlos inspiram o decorativismo do momento. Destaco aqui o grafismo dos povos lapões da Pucci, navajos deluxe da Etro e da grife brasileira Lilly Sarti. Essa última estará nas araras da Maison Caroline (Lojas de Barreiras e Lem) a partir de setembro.

X-tudo, updates da próxima estação! A coleção mais quente do ano começa a chegar nas araras a partir de agosto no Brasil e no mesmo mês, desembarca o inverno no hemisfério norte. Temos um mix de duas temporadas em que a individualidade fala mais alto, sugerindo muito mais do que tendências e sim novas possibilidades fashion. Em sintonia com esse novo movimento as grifes se superam seja aqui ou lá... com suas coleções desfiladas em materiais rústicos, tecnológico, artesanais. Valorizando o pop art, étnico e culturas dos povos, tudo com muito luxo! Acesse www.revistaa.net/exclamacao.

Junk food

Os estilistas de peso apontaram na moda seu apetite para as guloseimas do fast-food, supermercados... Jeremy Scortt, conhecido por seu estilo irreverente, apresentou uma coleção bem humorada na italiana Moschino, em Milão e a coleção teve de tudo. O que deu mais buxixo? O mix de alfaiataria às cores e ao ícone do McDonald’s. Deu a louca no estilista e ele brilhou em sua estreia. Karl Lagerfeld já é conhecido por seus cenários e locações, levou o pop art ao extremo ao transformar o Grand Palais em hiper-mercado no desfile da Chanel. Sua apresentação é sempre magnífica, impressionante, chamam tanta atenção quanto a roupa e os acessórios, que são os motivos finais.

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Bermuda Match point

O tênis sai das quadras e academias para entrar nos looks de alfaiataria, lady like enfim no closet das fashionistas na próxima estação! E a palavra de ordem é, quanto menos convencional melhor...

São alternativas cool. As minis calças, frequentam do escritório ao coquetel em versões social e luxuosa. Aposte nessa ideia!


DESIGN CENTER

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modaZhagaia

pai zhagaia jun-jul/2014

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ZHAGAIA MENSWEAR diego malheiros modelo// socorro zhagaia produção/looks// c.félix fotografia// CHARLES OLIVEIRA assistente//

Barreiras Luís Eduardo Magalhães Rua Profª Guiomar Porto, 145 - Pça. Castro Alves Rua Clériston Andrade, Qd. 19, Lj. 16 - Centro (77) 3611.8270 (77) 3628.5914 Shopping Center Rio de Ondas (77) 3612.3737

Vitória da Conquista Shopping Conquista Sul (77) 3083.9493 Site: zhagaia.com.br Facebook: Zhagaia Menswear


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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

fotos: c.félix

havan à todo vapor começa a contratar colaboradores O esqueleto da primeira Havan do Nordeste, em Barreiras, já começa a dar forma à unidade da rede que caracteriza-se pelo modelo de mega lojas de autoatendimento, com mais de 100 mil itens de produtos nacionais e importados, em vários setores. No dia 3 de julho a loja iniciou a seleção para contratação de 100 colaboradores. A previsão de inauguração do empreendimento em Barreiras é para meados do segundo semestre deste ano, e deve gerar mais 100 empregos diretos.

novo empreendimento Carlos Gilberto Farias e representantes do Sistema visitaram durante o dia as obras da nova unidade que está sendo construída em Barreiras, com investimentos de R$ 12,9 milhões

VISITA

fieb rumo

à interiorização Novo presidente da Fieb visita Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e diz que vai se empenhar em resolver problemas de infraestrutura da região. texto GABRIELA FLORES foto C.FÉLIX

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m junho, há apenas dois meses no cargo, o presidente da Federação da Indústria do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Gilberto Farias, visitou Barreiras, vistoriou as obras da unidade do Sistema Fieb e foi Luís Eduardo Magalhães para encontros políticos e empresariais. A obra está em fase de terraplanagem e tem previsão de execução de 12 meses com investimento orçado em R$ 12,9 milhões. O complexo vai funcionar na avenida das Turbinas e vai abrigar serviços realizados pelo Sesi, Senai e IEL. As casas do Sistema Fieb oferecem serviços de educação, qualificação profissional, capacitação empresarial, apoio à inovação e saúde/segurança do trabalhador. Para Farias, essa oportunidade de preparação técnica profissional nas distintas áreas, favorece a instalação de novas empresas na cidade, fortalecendo a economia local. “Essa formação de mão de obra será voltada para a vocação da região, o agroindústria. Vamos agregar valores”. Por outro lado, a deficiência de energia elétrica da região afasta investidores em áreas têxteis, por exemplo, o que poderia verticalizar a produção do algodão. Farias falou que a Fieb tem o dever de procurar soluções para o problema.

“Tivemos uma reunião com a presidência da Chesf em relação às indústrias já instaladas na Bahia. Com todos esses estudos já realizados sobre o potencial energético, a federação pode tentar dar celeridade discutindo com as bancadas do governo. Tomar frente ao parlamento, porque para essas coisas não têm partido, trata-se de atendimento a uma região”, disse. Fundada há 66 anos, a Fieb teve atuações importantes ao longo de sua história, como a campanha “O petróleo é nosso”, nos anos 1950, e a participação para garantir a implantação do Polo Petroquímico na Bahia, nos anos 1970. A Federação representa a indústria, responsável por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, com 7.300 empresas que empregam mais de 400 mil trabalhadores.

O projeto da Havan em Barreiras segue o padrão nacional da rede, com estacionamento coberto para 500 vagas, 22 check-outs, área de alimentação e esteira rolante. A fachada reproduz os traços de arquitetura da Casa Branca (sede do governo americano), além de uma réplica da estátua da Liberdade, com 35 metros de altura, características do empreendimento em todo o Brasil. O pedestal já está montado.

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AMPLIAÇÃO

moldura

do tamanho do seu conforto moldura minuto Barreiras Av. Coronel Magno, 214 - Centro (77) 3612.3422 Luís Eduardo Magalhães Rua Castro Alves, 1232 - Centro (77) 3628-0684 E-mail: mm.barreiras@molduraminuto.com.br Site: www.molduraminuto.com.br

Franquia Moldura Minuto amplia loja de Barreiras e faz atendimento em domicílio para oferecer conforto e comodidade ao cliente. texto/fotos REDAÇÃO

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naugurada há quatro anos em Barreiras, franquia da Moldura Minuto amplia sua loja, oferece conforto e atende melhor o cliente. O espaço, sonorizado com suave música ao fundo, está mais discontraído com os vãos e as exposições dos produtos em paredes laterais. Em um ambiente climatizado o cliente pode conhecer as novidades em quadros, esculturas e telas, acompanhando sempre as tendências da Casa Cor São Paulo. O proprietário Renan Felipe Kuhn explica que todo o trabalho de medição e instalação é feita por profissionais capacitados. “Se o cliente preferir, vamos até a sua casa ou empresa. Tiramos as medidas e fotos para a criação grátis do projeto de composição de quadros personalizados”. Para compras acima de R$ 700,00 a instalação é grátis. A proposta da loja em emoldurar emoções e criatividade caiu mesmo no gosto do oestino. Há poucos meses a franquia, há quinze anos no mercado nacional, abriu outra unidade em Luís Eduardo Magalhães. “Esse é o grande diferencial da loja. Transformamos sentimentos em obra de arte, não é apenas colocar uma moldura em um quadro. É transformar uma lembrança, uma parte da história em algo físico, real, palpável. É emocionante presenciar o momento em que nossos clientes recebem o objeto emoldurado e ver nos olhos de cada um a satisfação e a alegria”, conclui Renan.

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Opinião

por SILVANA RIBEIRO DE GÓES

Advogada e sócia do escritório de advocacia Brandão, Pondé, Ribeiro & Mena Barreto Advogados Associados; Pós-Graduada em Direito Civil e Mestranda em Direito do Trabalho.

Lei da Palmada, um retrocesso na punição ao agressor

I

ndependente da polêmica gerada por esta Lei no sentido de que deve ou não o Estado interferir no seio familiar, a controvérsia no mundo jurídico reside em outra seara, isto é, na efetividade desta Lei. Para os leigos em geral, talvez a aprovação desta Lei venha dar algum alívio ou acalanto a quem assiste indignado o noticiário diário. Isso porque a violência contra a criança virou rotina. Ressaltando que somente chegam aos noticiários aquelas agressões graves que muitas vezes levam a vítima à morte. E a violência contra a criança comove, choca e traz uma sensação de revolta, e estes sentimentos fazem muitas vezes nascerem leis que nem de longe atingem o resultado esperado. A Lei nº 13.010 de 2014, inicialmente conhecida como Lei da Palmada, foi aprovada “a toque de caixa” em razão da morte brutal do menino Bernardo ocorrida em abril deste ano, e que acabou por ser rebatizada de Lei Menino Bernardo. A questão é que ao aprovar esta Lei de forma rápida, sem maiores aprofundamentos nos estudos jurídicos e nas consequências desta para a sociedade, embora já estivesse há muito tempo tramitando (parada) no Congresso Nacional, a aprovação desta Lei trouxe, na verdade, um retrocesso na defesa da integridade física dos menores. Muito se engana quem acredita que agora os agressores serão de fato punidos. A Lei na verdade alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Porém a Lei é subjetiva!! E o que isso quer dizer? Isso quer dizer que a sua aplicação vai depender de interpretação do julgador, e dá margem para debates e diversos entendimentos e não acrescenta em nada à legislação já vigente. Ela não é clara, e, embora inicialmente levasse o nome de Lei da Palmada, o texto legal não diz a palavra palmada, e nem outra que se assemelhe; na tramitação no Congresso Nacional o texto proposto pelo executivo sofreu uma alteração, a palavra “dor” foi trocada por “sofrimento físico”, e assim passou a ser proibido “castigo físico” que cause “sofrimento físico” ou “lesão”, e com isso ficou ainda mais subjetiva. Contudo, há que se perceber que todas essas condutas já eram tipificadas pelo Código Penal vigente, como maus-tratos, lesão corporal, infanticídio, entre outros, e também pelo próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, que embora tenha mais de 20 anos até hoje não foi integralmente implementado e cumprido pelos próprios governantes. A exemplo do total abandono em que vivem, ou melhor, sobrevivem os Conselhos Tutelares.

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Ademais, a Lei Menino Bernardo não expressa punição ao agressor, e sim tratamento. Resultado: todo o agressor, em sendo preso e processado por agredir fisicamente uma criança, sendo bem orientado juridicamente, irá invocar em seu benefício a aplicação das sanções previstas na nova Lei, e o julgador terá que ignorar o que já determina o nosso Código Penal, que é severo; isso, é claro, se for mesmo aplicado. O fato é que o Brasil tem um histórico em aprovar leis movido apenas pela comoção social. Este País já possui leis demais, o problema é que essas leis, na sua maioria, não são cumpridas, o que gera na população a falsa sensação de estar vivendo em uma terra sem lei; o que ocorre na verdade é a impunidade. E a questão da impunidade é muito mais profunda do que se pensa. Falta estrutura para a investigação e elucidação dos crimes, o processo criminal é moroso e penoso, muito por culpa não do Código Penal, mas sim do nosso Código de Processo Penal, datado de 1941, com infindáveis recursos que atrasam o cumprimento da pena, isso quando não ocorre o instituto da prescrição, em que o agressor se isenta de cumprir a pena, isso tudo aliado a falta de estrutura do nosso Judiciário. O que aconteceu com o Menino Bernardo pode ter sido uma brutalidade, um assassinato, mas não um simples castigo físico que resultou em morte. A realidade é que a simples aprovação desta Lei, que equivocadamente leva o seu nome, pois o episódio terrível que lhe resultou a morte em nada se enquadra no texto desta Lei, nem de longe vai impedir que novos casos como estes se repitam. E segue o Judiciário, mais uma vez, com a árdua tarefa de ficar interpretando leis.


INFORME PUBLICITÁRIO

Laboratório da Abapa inova com Sistema de Condicionamento Rápido Por conta da crescente exigência dos diversos clientes dos mercados, nacional e externo, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), com o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), está desenvolvendo no Laboratório de Análise de Fibras, em Luís Eduardo Magalhães, o projeto de implantação do Sistema de Condicionamento Rápido (SCR), com previsão de funcionamento para agosto, com o objetivo de diminuir o prazo de entrega dos resultados de HVI para 24 horas após o recebimento das amostras. Para a presidente da Abapa, Isabel da Cunha, esse investimento dará ao produtor mais agilidade nos resultados das análises das amostras. “Com o melhor tempo de resposta para resultados das análises, o produtor poderá negociar no mercado de forma mais ágil, mais seletiva, cativando novos clientes e rentabilizando melhor sua produção. É o que já está acontecendo com muitos produtores no Brasil e no mundo”, disse Isabel. O condicionamento rápido das amostras está sendo sistematicamente utilizado em grandes unidades de classificação principalmente nos Estados Unidos, onde o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) instalou o sistema em todos os laboratórios de classificação do país desde o final da década 90.

Com o melhor tempo de resposta para resultados das análises, o produtor poderá negociar no mercado de forma mais ágil, cativando novos clientes e rentabilizando melhor sua produção” Isabel da Cunha

Funcionamento Segundo o gerente de Laboratório da Abapa, Sérgio Alberto Brentano, o SCR é o condicionamento “ativo” das amostras, que com a utilização de uma esteira acoplada a exaustores, as amostras são acomodadas dentro de cestos que percorrem toda sua extensão, forçando a passagem de ar climatizado da sala (20 ºC e 65 % umidade) acelerando a troca de vapor de água, permitindo o algodão chegar ao equilíbrio em poucos minutos. Enquanto que o condicionamento “passivo” consiste em deixar as amostras simplesmente expostas ao ar ambiente do laboratório até que a troca de vapor de água com o ar condicionado ambiente permita a fibra chegar à faixa de umidade desejada, o que demora de 24 a 48 horas.

Resultados A Análise de fibra é uma prática que tem impacto direto no valor comercial do algodão e consequentemente no resultado financeiro do produtor. Nesse contexto, a classificação instrumental (HVI) possibilita ao produtor selecionar sua fibra por parâmetros de qualidade diferenciados e agregar valor, oferecendo a seus clientes, as diversas opções de sua produção.


agromagazine agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.

fotos: c.félix

dia de campo do algodão: pesquisa e prevenção A Abapa realizou no dia 28 de junho, no campo experimental da Fundação Bahia, o maior evento técnico da cotonicultura do Estado da Bahia, em Luís Eduardo Magalhães: Dia de Campo do Algodão 2014. A presidente da Abapa, Isabel da Cunha, destacou a importância do acontecimento para o produtor. O Dia de Campo apresenta resultados de pesquisa sobre produtividade, combate a pragas, novas cultivares, tecnologias genética e transgênica, sistema de manejo. Para o presidente da Fundação Bahia, é preciso refletir sobre o uso defensivos e sobre a busca incessante de novas tecnologias de combate a pragas. “Daqui a pouco criamos uma superlagarta”, disse. Veja entrevista ao lado.

“É uma oportunidade para o produtor ficar inteirado sobre o desenvolvimento das pesquisas e das inovações do setor” ISABEL DA CUNHA Presidente da Abapa

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MAIS QUE NECESSIDADE

núcleo da embrapa instalado no oeste

“A

Fundação Bahia não tem projeto apenas para os grandes produtores, tem para a agricultura familiar, pequeno e médio produtor”, disse o presidente Ademar Marçal. A fundação está como novos projetos e, entre eles, o de barganhar junto ao governo federal a instalação de um núcleo da Embrapa em Luís Eduardo Magalhães. Veja abaixo a preocupação de Marçal sobre o uso indiscriminado de defensivos e as alternativas para saber conviver com certas pragas e preservar os inimigos naturais de outras.

Como anda a parceria entre a Fundação Bahia e a Embrapa? Em 1997 criamos a Fundação Bahia e fizemos parceira com a Embrapa na pesquisa de algodão e soja. Aliás, a Embrapa foi a grande responsável pelo crescimento agrícola no país. E o ministro Alisson Paolinelli foi o grande fomentador da Embrapa, há cerca de 40 anos. A gente sempre tentou trazer a Embrapa aqui para a região, embora ela sempre tenha estado presente através da Embrapa Cerrado, Embrapa Londrina desenvolvendo variedades para se adaptar à realidade de cada região. Em função

de tudo que aconteceu ao longo dos anos, do aumento das pragas - da vinda da helicoverpa, do bicudo -, a gente conseguiu agora trazer um projeto maior do que a gente vinha realizando, que é um chamado núcleo. Vamos montar a estrutura da Embrapa aqui na região em parceria com a Fundação Bahia. Esse núcleo vai se dedicar à pesquisa de algodão, soja, milho, pecuária. É realmente um grande projeto de crescimento, de desenvolvimento, de sustentabilidade. Mas isso não é só para o Oeste da Bahia. Esse núcleo também vai fomentar o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com uma


A serviço do produtor Ademar Marçal e técnicos discutem com produtores, no Dia de Campo do Algodão em Luís Eduardo, sobre as pesquisas em melhoramento de algodão, qualidade e características de novas cultivares e controle de pragas

central aqui na Bahia. Então, existe um volume muito grande de pesquisadores voltados e preocupados em ver de que forma se resolve os problemas daqui no Oeste da Bahia. Tem previsão da instalação desse núcleo? Já está acontecendo. Estamos toda semana em Brasília com o presidente da Embrapa, dr. Maurício, que também concorda e nos apoia. Ele é também o grande responsável por esse projeto que está nascendo. Em sua fala para os produtores, o senhor manifestou preocupação com o bicudo. Esta praga já não está controlada? Nós falamos o seguinte, a helicoverpa, sem dúvida trouxe grandes prejuízos para o produtor não só do Oeste da Bahia, como para o produtor de todo o Brasil. E não só no algodão, mas em outras culturas também. Portanto, ela acendeu a luz no fundo do túnel. Foi o sinal de alerta. Como nós vamos baixar custo de produção com a helicoverpa? Ah, tudo bem, nós podemos conviver com a helicoverpa e ter altíssimas produtividades, como a gente convive com outras pragas. Mas isso é aumentar os custos, e isso é uma bomba relógio. O que os outros países do mundo fizeram para baixar o custo e diminuir as outras pragas? Eliminar o bicudo... Como assim? Infelizmente o bicudo do Brasil não foi eliminado. A gente convive com ele. Uns anos com mais bicudo, outros anos com menos bicudos. Ele vai ser o grande vilão de toda a história, de tudo isso aí. Porque se você eliminar o bicudo lá no início da cultura você vai usar produtos mais seletivos e com isso você está preservando os inimigos naturais, que são predadores de pragas. O bicudo só come maçã, ele se multiplica de forma assustadora. Com o aumento de aplicação de defensivos para controlar as pragas, você não acaba criando uma “super lagarta”: Exatamente. Você cria uma lagarta resistente aos defensivos que a gente tem hoje. Então, se você tem uma eliminação do bicudo, vai preservar as moléculas de defensivo por mais tempo. O uso indiscriminado, por exemplo, das moléculas que a gente tem hoje para matar as pragas, vai fazer com que elas desapareçam do mercado e aí nós vamos matar com o quê? Então, o grande desafio é saber usar esses defensivos que já existem, para que a gente tenha vida longa produzindo algodão ou soja, milho ou qualquer cultura. E o bicudo é o grande vilão de tudo isso, se nós eliminarmos o bicudo, obviamente fica muito mais fácil controlar as outras pragas.

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agromagazine divulgação

BSF em números

em formosa Estrada da Estrondo: 78 quilômetros de recuperação concluídos. A linha dos pivôs, em São Desidério, é a próxima etapa da patrulha

A maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte/ Nordeste, realizada entre os dias 27 e 31 de maio, fechou suas contas contabilizando novos recordes:

R$ 1,02

bilhão

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

Patrulha quer recuperar 350 km de estradas em 2014 Cerca de 350 quilômetros de estradas vicinais dos núcleos produtores de algodão em 2014 devem ser recuperadas pela Patrulha Mecanizada. Desenvolvida pela Abapa e viabilizada com recursos provenientes do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e através de parceria público-privada com produtores e prefeituras, a patrulha está em operação desde janeiro. A Patrulha Mecanizada

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integra o Projeto de Conservação dos Recursos Naturais da Lavoura de Algodão e Escoamento da Produção. A logística precária para a entrada de insumos e escoamento da produção, sempre foi um dos principais problemas enfrentados pelos produtores. “Com a recuperação das estradas vicinais minimizamos esse gargalo na produção e promovemos a preservação do meio ambiente, através da conservação das águas pluviais no lençol freático”, disse Isabel da Cunha, presidente da Abapa. Recentemente a patrulha concluiu 78 quilômetros da estrada da Estrondo. A próxima estrada a ser recuperada é a linha dos pivôs do município de São Desidério.

em volume de negócios

71 mil

visitantes nos cinco dias

A Bahia Farm Show de 2015 acontece do dia 2 a 6 de junho.


entrevista

iracema veloso

UFOB

a caminho do futuro currículo Formada em nutrição e doutora em Saúde Pública, Iracema iniciou sua carreira docente no Centec. Natural de Salvador, trabalhou 20 anos com alimentação coletiva na iniciativa privada. Em meados de 1990 ingressou na Ufba até exercer o cargo de pró-reitora de Planejamento. Em julho de 2013 foi nomeada a reitora pro tempore da Ufob

A senhora assumiu a reitoria da UFOB em 17 de julho de 2013 e no dia 12 de agosto do mesmo ano os alunos ocuparam as dependências da instituição e ficaram acampados por 40 dias. Que balanço a senhora faz das condições da UFOB de quando começou essa paralisação até os dias atuais? Um balanço provisório das ações desenvolvidas nesse primeiro ano de gestão da UFOB mostra muitas conquistas mediante o trabalho desenvolvido e, ao mesmo tempo, nos orienta na continuidade de um percurso para se construir uma Universidade forte com a identidade do oeste baiano. Nesse sentido, posso sinalizar, por exemplo, duas dimensões: a acadêmica e a administrativa. Hoje, presido os dois Conselhos da Universidade: o Conselho Universitário, órgão máximo de deliberação colegiada responsável pela formulação da política geral da universidade e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, órgão de deliberação sobre matéria acadêmica. Quanto ao movimento dos estudantes que reivindicava docentes, infraestrutura de laboratórios, dentre outras coisas, foi um processo importante visto que eu pude conhecer a universidade a partir dos problemas apresentados pelos estudantes. Desde então, estamos trabalhando de forma intensiva e com muita dedicação para resolver os problemas junto à comu-

A Universidade Federal do Oeste da Bahia foi criada há um ano. Avançou em inúmeros pontos, acadêmicos e administrativos. Mas, atrair e fixar docentes na região continua sendo o maior desafio. Recentemente, realizou concurso para docentes e apenas 42 de 81 vagas foram preenchidas. No cargo de reitora pro tempore desde julho do ano passado, a professora Iracema Santos Veloso disse que vai realizar novo concurso e que os municípios também precisam ajudar a criar condições atraentes para a vinda dos docentes. Na entrevista abaixo: a professora faz um balanço positivo do primeiro ano e traça metas para um futuro promissor, principalmente através das políticas institucionais de ações afirmativas. Em toda sua fala, fica claro: a Ufob está só começando. texto/foto C.FÉLIX

nidade acadêmica. Sempre assumo essas situações em uma perspectiva dialógica, pois os problemas precisam ser enfrentados. Se não podemos resolver todos os problemas, devemos encaminhar as soluções. Recebemos o apoio da UFBA e da Secretaria de Educação Superior do MEC. Por exemplo, para se equipar um laboratório é preciso passar por um processo licitatório. Além do mais, devemos considerar que a universidade foi implantada com o corpo técnico administrativo que havia anteriormente no ICADS (Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável) quando o campus ainda era uma unidade acadêmica da UFBA. A ampliação da infraestrutura administrativa está sendo implantada aos poucos. Hoje, já estão em funcionamento as pró-reitorias, as superintendências e os Centros Multidisciplinares. A demanda de trabalho foi e é muito grande, mas enfim a equipe tem conseguido resolvê-la com muita dedicação. Investimos na aquisição de livros, mobiliário, veículos, equipamentos de informática, áudio e vídeo, etc. Hoje, todos os nossos auditórios estão equipados.

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entrevista

iracema veloso

Adaptamos a Unidade Administrativa do antigo Colégio Padre Vieira para acomodar a Reitoria. É evidente que não resolvemos todos os problemas, mas eu diria que já avançamos muito. Temos políticas de ações afirmativas. Por exemplo, como ainda não construímos o restaurante universitário (a criação do projeto do prédio já está licitada), vamos fornecer refeições aos estudantes no campus. Já temos contrato com a empresa vencedora da licitação para fornecer 400 almoços e 100 jantares, diariamente. Com a finalização da infraestrutura de acesso ao campus, estamos ampliando a iluminação interna e as condições necessárias para permitir o funcionamento dos cursos da universidade nos três turnos. Quais têm sido os principais desafios da Ufob? O primeiro desafio tem sido atrair docentes para a nossa universidade. Realizamos o concurso e em algumas áreas não tivemos candidatos inscritos. O segundo desafio é fixar o docente. Agora, não só fixar em Barreiras, mas em Barra, em Santa Maria da Vitória, em Luís Eduardo Magalhães e em Bom Jesus da Lapa. E o que se precisa para fixar docentes? Os municípios do interior do país apresentam, em geral, alguns problemas de infraestrutura que podem afastar o docente, muitas vezes titulado numa capital. A distância dos grandes centros, aliada aos problemas de infraestrutura urbana e à maior dificuldade de acesso a atrações culturais (cinema, teatro, eventos musicais, dentre outros entretenimentos) dificulta a fixação desses profissionais. Felizmente, esse panorama já está mudando. Por exemplo, a região já conta com o teatro do Sesc, em Barreiras, entidade com a qual temos parceria! Estamos atuando para oferecer à nossa comunidade peças de teatro, atrações musicais, etc. Em junho, quando completamos um ano de criação da universidade, trouxemos a peça “A descoberta das Américas”. Obviamente, precisamos contar também com a iniciativa dos municípios para ampliar essa oferta de atrações culturais. Outro ponto a ser considerado na fixação docente é a questão acadêmica. A universidade precisa oferecer uma estrutura adequada de apoio ao desenvolvimento das atividades de pesquisa, fortalecendo assim a publicação científica e consequentemente a pós-graduação. A UFOB recentemente foi contemplada pelo CNPq com 55 bolsas em nível de iniciação científica cujos estudantes vão apoiar os docentes diretamente na realização das pesquisas. Estamos trabalhando para equipar os laboratórios dos cursos de graduação e pós-graduação. Investimos R$ 1 milhão de reais na aquisição de livros para todos os campi, contemplando todos os cursos; estamos adquirindo livros eletrônicos - uma universidade multicampi, com 17 cursos funcionando e mais 13 começando em setembro, não pode trabalhar somente com livro impresso. Outro desafio é garantir o ingresso do maior número possível de estudantes das escolas públicas da região em nossa Universidade. Para isso, precisamos fortalecer o ensino médio por meio de parcerias com as Secretarias de Educação do Estado e dos Municípios. A universidade é pública, gratuita e é para eles. Temos projetos para trabalhar com os

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Esse embate entre telecoms, provedores e usuários está, em certo sentido, longe de acabar. A lei é simbólica, sua eficácia ou não será de fato comprovada é na aplicação professores nas licenciaturas que serão ofertadas tanto na modalidade presencial quanto à distância. Almejamos, ainda, ampliar a oferta de cursos de pós-graduação. A instituição já oferece um mestrado em Ciências Ambientais, que tem qualificado muitos profissionais, inclusive nossos egressos da graduação. Todavia, precisamos avançar com a criação de novos cursos de especialização lato sensu e novos programas de mestrado e doutorado de forma a contribuir para a formação de profissionais especializados, não somente para a Universidade, mas para atender a região, o Estado e o País. Recentemente foi realizado concurso para docentes e não houve inscrito para algumas áreas. Como os cursos vão funcionar, principalmente nos novos campi? Já realizamos esse levantamento. De uma forma geral, para o primeiro semestre, estamos equacionando os problemas. Estabelecemos acordo de cooperação técnica com a UFBA e estamos realizando contatos para viabilizar a oferta dos componentes curriculares das áreas em que não tivemos aprovados. Por outro lado tivemos, em algumas áreas, mais aprovados que a quantidade de vagas ofertadas. Os professores que foram aprovados já estão sendo convocados. Já publicamos diversas nomeações no Diário Oficial. O próximo passo é abrir um novo concurso, o que pretendemos que ocorra ainda este ano. Tem sido comum muitos professores pedirem redistribuição depois do período probatório. Que estratégia a universidade está adotando para evitar a evasão dos professores? Como citado anteriormente, além do investimento na infraestrutura acadêmica, a estratégia que estamos adotando agora – não só para os docentes, mas para todos os servidores que estão ingressando – é integrá-los, tanto na universidade como na região. Está programado um curso, cujo primeiro módulo consiste em apresentar a universidade e a região Oeste aos novos servidores. Vamos levá-los para conhecer todos os campi, porque a universidade é uma só, é um grande complexo, em cinco cidades. Desejamos que todos conheçam as belezas e riquezas naturais da região, a exemplo das grutas e cachoeiras, e a história dos municípios, mostrando suas potencialidades. Contamos com o apoio dos dirigentes dos municípios para alcançarmos este importante objetivo.


Com essas ações, esperamos também orientar nossos docentes nos seus estudos, nas suas pesquisas e nas inter-relações que podem ser feitas entre os estudos que eles já desenvolvem e a realidade da região Oeste. A UFOB adotou o Sisu como forma de ingresso na universidade e teve que fazer a segunda chamada. A senhora não acha que o ingresso via o tradicional vestibular seria mais apropriado para UFOB nesses primeiros anos de instituição? Eu acho que o Enem veio para democratizar o acesso à universidade pública. Todos têm a oportunidade, independentemente de ter ou não condições financeiras para fazer prova em qualquer canto do país. O Enem veio resolver essa questão. O Sisu está sendo aperfeiçoado e, para isso, existem muitas reuniões entre as universidades e a equipe do MEC/Sisu. Na inscrição o candidato pode optar por duas universidades. Além disso, é um trabalho interessante, porque é coletivo, todas as universidades federais, inscritas no Sisu, participam desse processo conjuntamente sob a orientação do MEC. Todas, realizam segunda, terceira ou mais chamadas para o preenchimento de suas vagas. Essa política prevê que todas as vagas sejam preenchidas, oportunizando o ingresso de candidatos do Estado e da região. Outra vantagem: o custo do vestibular é muito alto e o SISU é gratuito. Acredito nesse sistema e não vejo nenhum problema nessa forma de acesso ao ensino superior. Enquanto houver vaga e aluno aprovado, vamos convocar. É preciso que os aprovados fiquem atentos às listas de chamadas e datas de matrícula. Nossa expectativa é preencher todas as vagas da UFOB. Quais as metas da universidade para os próximos anos? Primeiro consolidar todos os nossos cursos, os que já tínhamos e os cursos que vêm agora. A meta é também ampliar. Estamos iniciando os novos campi com dois cursos, porém a infraestrutura que está sendo implantada comporta um número maior. Por esse motivo pretendemos ampliar a oferta a médio prazo. A meta é consolidar: ter docente para todos os cursos, ter todas as vagas preenchidas e não ter evasão discente. Vai ser muito importante se iniciarmos o primeiro semestre com 45 estudantes numa turma e chegarmos ao segundo semestre com os mesmos 45 frequentando. Isso vai ser uma grande vitória, porque no Brasil inteiro, nas universidades públicas, a evasão discente tem se mostrado preocupante. Por isso nós vamos trabalhar com programas de tutoria. Temos programas de ações afirmativas para os alunos que não conseguem se manter na universidade: auxílio alimentação, moradia, bolsas de iniciação científica e outros projetos através dos quais eles podem ser contemplados com bolsas. E outra grande meta da universidade é a construção dos nossos campi definitivos. Hoje, estamos iniciando as atividades nos novos campi em escolas públicas cedidas pelos municípios, as quais estamos adaptando às nossas necessidades. Daremos continuidade à elaboração dos documentos institucionais, inclusive o plano diretor para nortear a ocupação do espaço físico da universidade. A comunidade universitária está discutindo o Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI), que é o documento que contém as diretrizes acadêmicas da universidade. A partir dessas diretrizes, construiremos os projetos pedagógicos dos 13 novos cursos. A direção dos Centros Multidisciplinares e os colegiados dos cursos, com o apoio da Pró-Reitoria de Graduação e Ações Afirmativas, estão revisando os projetos pedagógicos dos 17 cursos já existentes. Iremos, em breve, iniciar as discussões para a elaboração do nosso Plano de Desenvolvimento Institucional para os próximos 5 anos.

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reportagem

Ilustres, desconhecidos e abandonados

1942 Frigorífico Sertaneja

Patrimônios arquitetônicos que impulsionaram o desenvolvimento regional em meados do século passado resistem em ruínas à falta de reconhecimento de valor histórico e ao desrespeito do poder público municipal.

m texto/fotos C.FÉLIX

aior polo de comércio, serviços e educação superior, 3º IDH da Bahia e destaque nacional como futura metrópole brasileira, a centenária Barreiras padece de referências publicamente conhecidas, respeitadas e preservadas. A Usina Elétrica e o Matadouro, dois de seus principais símbolos arquitetônicos do século passado, que representam um marco do desenvolvimento do Oeste, estão abandonados pela prefeitura. Construída por Geraldo Rocha em 1928, a Usina Hidrelétrica deu a Barreiras o status de segundo município do Estado a ter energia elétrica. A partir daí, teve início a industrialização no município. Hoje, a usina parece um fantasma aprisionado ao passado, uma distante lembrança quase que apagada totalmente da memória. O prédio octogenário é um famoso desconhecido dos barreirenses, por trás de frondosas mangueiras. Só suas paredes estão de pé e a memória de seu valor histórico, desmoronou. “Estamos buscando fontes de recursos para a revitalização da Usina. Estamos, inclusive, abertos a propostas que possibilitem uma parceria público/privada”, foi tudo o que disse

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Construído em 1942 por Geraldo Rocha, através de recursos do governo de Getúlio Vargas. Tinha capacidade para abater 5 mil animais por mês. Fabricava embutidos (produtos elaborados com carne ou órgãos comestíveis), farinha de osso e sabão. Produzia também carne de charque, que era exportada para o Rio de Janeiro, Europa e Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Depois desse período entrou em decadência e, sem nenhuma manutenção, acabou se esfacelando e virou ruínas.


1928 usina hidrelétrica

Obra também do engenheiro Geraldo Rocha. A Usina Hidrelétrica, funcionava a partir da água do “canal do rego”, que trazia águas do Rio de Ondas. Nesse período tem início a industrialização na cidade. Barreiras passa a ser a segunda do Estado a ter energia elétrica. Em 1964, o governo militar assume o controle da hidrelétrica. Dois anos mais tarde ela deixa de fornecer energia e as indústrias fecham as portas. Barreiras entra em recessão, só voltando a se recuperar na década seguinte e a usina é abandonada.

há dois governos atrás Projeto elabora pela arquiteta Viviane Konzen em 2007, no governo de Saulo Pedrosa. A fachada seria padronizada e no interior do prédio um espaço multifuncional. O projeto foi engavetado e os toldos e placas sobre a fachada causam confusão visual

o vice-prefeito Carlos Augusto Barbosa “Paê”, quando questionado sobre projetos da prefeitura para prédios históricos da cidade. O Frigorífico Sertaneja, popularmente conhecido como Matadouro, segue o mesmo destino de abandono. Construído também pelo empreendedor e engenheiro Geraldo Rocha, em 1942, chegava a abater 5 mil cabeças de gado por mês. Fabricava embutidos e carne de charque, que eram exportados para o Rio de Janeiro, Estados Unidos e Europa. Na época, o aeroporto de Barreiras recebia aeronaves internacionais e voos regulares da Panair. Depois desse período, o Matadouro entrou em decadência. Sem nenhuma manutenção o prédio foi se esfacelando até se tornar ruínas. Para dar outra vida ao local, o prefeito Saulo Pedrosa inaugurou em 2007, ao lado das ruínas, um Complexo Poliesportivo com piscina, campo de futebol e quadra de areia, para estimular o esporte entre crianças e jovens carentes. Dois anos depois o projeto foi vencido pela incompetência da administração pública e acabou abandonado. Portas, sanitários, pias, motor de piscina; tudo foi roubado. “Nos últimos anos não houve uma política pública direcionada para a manutenção do local”, explica o vice-prefeito, garantindo que o complexo vai ser reativado através de um convênio firmado entre a prefeitura e o Ministério dos Esportes, no valor de R$ 575 mil. Paê não fala em datas, mas disse que a licitação para a contratação dos serviços está sendo preparada pela secretaria de Infraestrutura. O Mercado Caparrosa, outro patrimônio de época de Barreiras, há anos vive em decadência, subutilizado por lojas e bares. Em 2007, Saulo Pedrosa autorizou a elaboração de um projeto de restauração a arquiteta Viviane Konzen. As obras ficariam em torno do R$ 300 mil e o projeto foi engavetado. No governo seguinte, foi apresentado à administração de Jusmari e acabou na gaveta outra vez. Só recentemente, e isso para receber a exposição dos Salões de Artes Visuais da Bahia, o prédio passou por algumas ações emergências de pintura, limpeza e conserto de alguns pontos do telhado. “Pretendemos finalizar a sua revitalização ainda neste ano. Para tanto estamos na busca de recursos, tanto públicos quanto privados. Além do mercado, a secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico está produzindo um projeto para a praça Landulfo Alves”, disse o vice-prefeito. De longe, os projetos da prefeitura chegam a ser estimulante, mas quando se olha para o relatório de prestação de contas do ano passado e deste primeiro quadrimestre, perde-se o ânimo. De R$ 406 mil previstos no orçamento para construção de complexos esportivos, nenhum centavo foi gasto. Mas foram gastos mais de R$ 3 milhões para realizar a Expoagro em 2013. Não se sabe quanto foi gasto na deste ano, nem quanto custou aos cofres públicos o carnaval.

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reportagem

iniciativas “É preciso equilibrar os esforços da valorização do patrimônio entre poder legislativo e executivo, comunidade e os interesses privados. É necessário que a população se organize e sinalize o interesse por esse tipo de projeto para que então a Prefeitura estabeleça uma política pública voltada para estes locais”, declarou Paê. Realmente, a mobilização e conscientização social é fundamental, mas a prefeitura não precisa esperar alguém se manifestar para proteger e preservar o patrimônio público. Aliás, a prefeitura, como mantenedora dos bens públicos, deveria assumir a dianteira de preservação dos patrimônios históricos, dos espaços urbanos. Porém, dá péssimo exemplo. Em seu próprio site, não disponibiliza um link com informações sobre a cidade. Nele, Barreiras não existe. Não tem história, nunca teve prefeito, nunca teve um governador de estado. Barreiras não existe para o site da prefeitura. Contudo, algumas iniciativas populares e privadas, como as do grupo Salve Barreiras e da empresa Sertaneja S.A. aos pouco vêm resgatando a autoestima do barreirense. Construído em 1919, o prédio da Sertaneja, símbolo do centro histórico e principal cartão postal da cidade, vem passando por um denso processo de reabilitação. De acordo com Sávio Barreto, gerente da empresa, “esse projeto não busca apenas restaurar um prédio antigo, mas também despertar na cidade de Barreiras, na sua população as sensações de participação, orgulho e pertencimento há muito esquecidas por seus habitantes”. Em maio, para celebrar o aniversário do município, o Salve Barreiras, criado por uma arquiteta e duas jornalistas com o objetivo de integrar o barreirense ao ambiente da cidade, promoveu o “1º Celebrando Barreiras”. Teve passeio pelo centro histórico guiado pela historiadora Ignez Pitta, música, oficina de fotografia e exposições de imagens e de artes plásticas.

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fotos: acervo pessoal

Salve Barreiras Criado por três amigas barreirenses (Kalyne Menezes, Alyssa Hopp, nas fotos acima, e Luiza Carvalho), o Salve Barreiras surgiu com o propósito de reinventar o espaço público e de tornar a cidade mais humana e agradável. O grupo atua em dois projetos prioritários: Cidade Colorida e Adote Barreiras. O primeiro pretende revitalizar o Centro Histórico da cidade, com ações sob aspectos visuais. O segundo pretende estimular a adoção de espaços públicos por pessoas físicas e jurídicas privadas. Quem quiser participar do grupo pode acessar o site salvebarreiras.com, clicar no link “Junte-se a nós” e fazer o cadastro.

“Tivemos uma excelente receptividade de toda sociedade. Empresários, entidades do terceiro setor e iniciativa privada abraçaram a causa do Salve Barreiras como uma causa pela nossa cidade, da maneira como ela deve ser: apartidária, apolítica e de união de nós, moradores, por uma cidade mais humana e com mais qualidade”, avaliou Kalyne Menezes uma das integrantes do grupo. A recuperação e valorização do patrimônio histórico também foi tema de trabalhos de conclusão de cursos de três jovens arquitetas barreirenses (ver quadro). A primeira, Chaliny Matutino, defendeu a recuperação do Matadouro. “O trabalho parte do pressuposto da necessidade do município prover espaços adequados para atender as potencialidades agropecuárias e turísticas. Propõe a restauração do imóvel e prevê a instalação de um Cine Teatro e área para exposições e palestras”. O projeto de Dayse Silva Andrade, um Centro de Convenções, complementa o de Chaliny Matutino, embora tenham sido desenvolvidos sem nenhum vínculo. A obra de Dayse seria erguida no terreno baldio que fica em frente ao Matadouro. Ela explica que este tipo de equipamento traria à cidade uma grande visibilidade. “Um Centro de Convenções seria capaz de agregar valor à nossa potencialidade econômica e agrícola. A inserção de um complexo como este iria fortalecer de forma exponencial a consolidação desta região como destaque nacional na produção de grãos e de outros serviços a ele agregado”. A terceira arquiteta faz parte do Salve Barreiras. Luiza Carvalho está atualmente desenvolvendo o projeto de reabilitação do prédio da Sertaneja. Seu trabalho de conclusão de curso na Itália teve como tema a “Valorização do Centro Histórico de Barreiras”. Em outro curso feito no Brasil apresentou um trabalho sobre o Restauro do Mercado Caparrosa e a revitalização das praças Landulfo Alves e Coronel Antônio Balbino. Como se vê, iniciativas individuais, populares e empresariais não faltam. O que falta, efetivamente, é iniciativa do poder público em preservar a história e memória de uma cidade símbolo de desenvolvimento. Sob pena de um dia ser lembrada apenas como a “Terra-do-já-teve”, de Luiz Hespanha e Cláudio Wanderley.


c.félix

1919

PROPOSTAS QUE NASCERAM NA FACULDADE

sertaneja

Arquitetas filhas de Barreiras apresentam alternativas para recuperar monumentos históricos em trabalho de conclusão de curso. MATADOURO

RESTAURAÇÃO O trabalho final de Chaliny Matutino, na FACIPLAC (DF), teve como objetivo apresentar proposta de restauro do Matadouro. O projeto defendido no início do ano passado propunha um espaço multifuncional com cine teatro, área para exposições e biblioteca. Isso viria conferir novo social a um bem arquitetônico e trazer uma nova dinâmica cultural à cidade”.

reabilitação traz novidades e prédio deve voltar a funcionar em 2016 Os primeiros restauros começaram há cerca de dois anos para solucionar problemas de infiltração que poderiam gerar falhas estruturais no prédio. Agora está na fase de adequação do projeto arquitetônico interno. Estima-se que no primeiro semestre de 2016 o prédio da Sertaneja esteja pronto. CENTRO DE CONVENÇÕES Dayse Andrade, formada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Ufba), propõe a construção de um Centro de Convenções na área em frente ao Matadouro. Este equipamento iria fortalecer de forma exponencial a consolidação desta região como destaque nacional na produção de grãos e outros serviços a ele agregados”.

CENTRO HISTÓRICO

CENTRO HISTÓRICO Luiza Carvalho defendeu no curso de Arquitetura Sustentável no Politécnico de Turim, na Itália, o projeto de Valorização do Centro Histórico. No outro curso que fez na UnB (DF), apresentou um trabalho sobre o Restauro do Mercado Municipal de Barreiras e Revitalização das praças Landulfo Alves e Coronel Antônio Balbino. Detalhes no link http://zip.net/bln41f A ideia é resgatar o vínculo de pertencimento do morador à cidade de Barreiras.”.

O prédio foi inaugurado em 1919, pelo barrense Geraldo Rocha, engenheiro que também construiu o Matadouro e a Usina Hidrelétrica. No espaço funcionou o primeiro cinema de Barreiras (Cine Teatro Ideal) e a primeira usina de beneficiamento de arroz e milho. Segundo a arquiteta Luiza Carvalho, o empreendimento de propriedade da Sertaneja S.A. deve ser utilizado com funções comerciais e de lazer. “O interessante desse projeto é seu caráter público/privado que o edifício terá com o resgate do pátio central. Lá vai funcionar como sala de estar, área de convivência ao ar livre, com área para exposição. Tem ainda um terraço com vista para o pôr-do-sol do Rio Grande. Mas nenhuma dessas intervenções fará inferência nas fachadas, que serão mantidas integralmente”. O modelo da ação arquitetônica aplicada ao prédio da Sertaneja é chamado de retrofit. Trata-se de uma solução em que busca-se preservar ao máximo o patrimônio, porém sem a rigidez do restauro. “As alterações mais significativas serão feitas no interior, principalmente para adequar o ambiente à legislação vigente”, explicou o gerente da Sertaneja, que adiantou que a pintura da fachada vai ser escolhida através de uma votação popular. A data para o concurso ainda não foi definida.

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capa

com

sabor de emoção

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Barreirense da gema, com todos os temperos desta terra de rios com águas transparentes, de árvores gigantes rompendo o ar como aroma se espalhando no tempo e de árvores rasteiras e resistentes como um sabor que marca toda uma vida. E que vida essa de Olíbia Maria Souza Barbosa! Para muitos, Tia Olíbia. Talvez pelos seus 14 anos como alfabetizadora em uma escola da cidade. Mas sua vocação não era para sala de aula, era para a cozinha. Assim, nasceu sua lanchonete delicatessen e buffet há 23 anos. Embora seja um empreendimento de comprovado sucesso, seu grande orgulho mesmo foi superar os horizontes desfavoráveis de sua humilde vida e tornar-se uma mulher de virtudes admiráveis, uma mãe para além de seus filhos, uma filha para todas as vaidades de mãe, um exemplo para todos, com receita simples e muito valiosa. texto/fotos c.félix

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u já fui muito louca. Hoje, sou mais comedida – reflete Olíbia Maria Souza Barbosa, dona da Doçura, lanchonete delicatessen e buffet mais antigo de Barreiras que, por muito tempo, também atendeu a Luís Eduardo Magalhães. Ela lembra que no final de fevereiro de 2001, faltando algo em torno de uma semana para inaugurar o Hotel Saint Louis, recebeu uma ligação de Jacob Lauck solicitando um buffet para 800 pessoas. - Num dá não, Jacob. Está muito em cima – respondera. - Contrate uma força-tarefa – encerrou Jacob. A festa foi um sucesso. Mas, por volta de 4h da manhã, no meio da estrada já de volta para Barreiras, a luz de reserva do combustível acendeu. Olíbia ficou aflita. Por sorte, encontrou um posto logo à frente. Acordaram o frentista. - O carro é a álcool – disse ela. O rapaz tentou ligar a bomba e nada. - Vixe. Só tá funcionando a de gasolina. Olíbia arregalou os olhos, fitou seus funcionários e disse: “Coloque a gasolina, mesmo. Seja o que Deus quiser!”. Felizmente, o carro funcionou sem problemas e todos chegaram a Barreiras sãos e salvos. Depois, com um misto de humor e excitação, Olíbia contou a façanha para Giovana Borges que, impressionada, contou para o marido, Beto Sabbá. Este, na primeira oportunidade que encontrou Olíbia, disse: “Soube de sua peripécia e vim te dizer uma coisa: a gente só dá valor a vida quando tem medo. Não faça isso mais não!”. A frase ficou martelando na cabeça de Olíbia. Aquela era apenas mais uma das loucuras que fazia entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Chegava a ir até quatro vezes por semana na cidade vizinha. O ritmo era descompassado. Era uma carga muito pesada. Hoje, ela comemora: “Ainda bem que apareceu gente lá pra trabalhar com isso”.

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capa às quartas-feiras Tradicionamente, Olíbia reúne filhos, netos e toda parentada para o almoço em família. A reunião, que é sagrada para ela, acontece também em outros dias

Olíbia é a primogênita dos cinco filhos de dona Julinda Mariano de Souza. Foi a única a herdar o dom da culinária da mãe. - Mamãe cozinha nessas fazendas. Apesar das limitações, fazia tudo direitinho, as bandejas bem arrumadas... ela gosta muito de cozinhar. Aprendi muito com essa convivência. Desde que meus filhos eram pequenos eu preparava empadinha disso e daquilo pros lanches. Fazia bolo e eu mesma ficava admirada. Sempre foi assim. A fama de quituteira, aos poucos, se espalhou. Era professora da alfabetização e, no aniversário de uma de suas alunas – filha de uma amiga sua -, preparou algumas coisas. Um comeu, outro comeu, veio elogios, curiosidades e a história correu a cidade. - Eu nem de longe imaginava trabalhar com alimento, eu gostava de alfabetizar! Um dia, cheguei em casa e tinha Dona Lourdes - de Dr. Reginaldo Melo, que é veterinário -, e ela falou: “Oi, Olíbia. Eu vim aqui porque me disseram que você está fazendo salgados pra festa”. Eu falei: “Dona Lourdes, de jeito nenhum. Eu só faço pra casa, pra meus filhos e tal. Eu não sei fazer assim não”. Aí ela insistiu. Eu tinha uma amiga que trabalhava na Direc e indiquei Nilza Reis, que já tinha trabalhado com buffet em Salvador. Nilza foi na casa dela, combinou tudo e fez uma divisão. Eu faria umas coisas e ela faria outras. Daí eu comecei a ver que eu levava jeito pra coisa. Daí foi surgindo fazer uma torta, um salgadinho... Casada há 13 anos com Gabriel Barbosa do Santos, decidiu erguer um prédio na casa onde nascera com o auxílio delicado de uma parteira - era a casa de sua avó. Na época, a cidade começava a crescer aceleradamente, principalmente com a vinda dos sulistas e a expansão do agronegócio na região. Era comum construir prédio para alugar. Mas aquele Gabriel decidiu não alugar. - Ele disse que era melhor a gente abrir alguma coisa. Eu disse que só se fosse uma lanchonete. Eu já estava envolvida com o negócio, já estavam surgindo encomendas. Daí abrimos com a cara e na raça, sem muito conhecimento comercial, orientação... sem nada. Só na vontade mesmo de fazer e vencer. Hoje, a Doçura tem 23 anos de mercado...

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Tinha 22 anos quando casou com Gabriel, natural de Ribeira do Pombal. Ele era representante de revenda de máquinas e veio para cidade dar assistência ao 4º BEC. - Casar com essa idade, naquele tempo, era casar velha – diz com meio sorriso. – Tivemos três filhos: Leo (que tem a idade do nosso casamento), 36 anos, Gabriel Jr. e Guilherme, que se formou em piloto e a vida vai... – conta, reflexiva. - Você sempre quer dar ao seu filho aquilo que você não teve. Tudo que eu fiz e faço até hoje é só pensando no melhor para os meus filhos. Vivo para meus filhos, sou apaixonada por eles. Às vezes, quando você não recebe, acha que nem tem pra dar. Eu me questionava se eu ia conseguir criar meus filhos para que eles, lá na frente, caminhassem com suas próprias pernas. Mas, me sinto uma pessoa vitoriosa em ter conseguido conduzir meus filhos da forma que a gente conseguiu, eu e Gabriel. A gente vê pessoas cheias de tanta coisa, mas não tiveram a felicidade de ter filhos como nós tivemos – conta, com a voz embargada. A mãe de Olíbia era dona do Hotel Carajá, onde hoje é o Procon, no centro histórico da cidade. Tivera cinco filhos, cada um com pai diferente. - Apesar de ter sido mãe solteira, mamãe soube conduzir a gente. Graças a Deus ninguém pegou rumo errado na vida, e isso é fruto da criação de Dona Julinda. Ela teve uma vida complicada. Não é fácil criar cinco filhos sozinha como ela criou... Olíbia reconhecia o esforço da mãe e sabia quem era o seu pai desde menina, mas a falta do nome dele em seus documentos... - Sofri muito, principalmente quando ia preencher documento e só tinha nome de mãe, porque não fui registrada. Quando o coronel Jaime era comandante aqui, fomos – eu, Antônia Pedrosa e Dr. Osório – indicados para receber a medalha Amigo da Polícia. Veio a aprovação e o coronel mandou sua filha para preencher o histórico. Quando eu imaginava que tinha o lugar de preencher com o nome do pai e eu não tinha... você não tem noção – conta, sem conseguir evitar as lágrimas. – Eu enrolei, enrolei e ficava sem saber. Um dia, a filha dele me pegou de surpresa e eu disse: “Eu não fiz isso ainda porque eu não tenho pai na minha certidão, então eu não quero”. Aí mudou o de todo mundo, ninguém teve pai na hora da apresentação. Isso tem uns 10 anos. Na época, o meu pai ainda não vinha em casa. Quando eu fiz 50 anos, ele veio aqui. Agora nos vemos com frequência, é uma novela, recuperando o tempo perdido. Ele falou para um amigo nosso que nunca pensou que tinha uma filha tão maravilhosa...


A semana de Olíbia tem dias com 26 horas. As festas em Barreiras hoje demoram mais que em Brasília. Um casamento que lá dura quatro horas, aqui dura seis, sete... - Eu canso de chegar de festa e abro a porta de minha casa e fico olhando o dia amanhecer. Venho feliz, realizada, deu tudo certo, não faltou comida. A preocupação de quem trabalha com comida é agradar e deixar acabar a comida, é uma vergonha! A vida é muito corrida. Mas o fato de morar aqui em Barreiras e, acima de tudo, ter um marido e filhos compreensivos, é muito bom, embora eles achem que eu trabalho demais, mas não é?! - No domingo, eu gostaria que ela não chegasse nem perto da cozinha – argumenta Gabriel, alegando que esse é o desejo dos filhos também, mas parece não adiantar. - Adoro juntar meus filhos aqui em casa no domingo e cozinhar pra eles – defende. Dos 23 anos de Doçura, Olíbia saiu de Barreiras para fazer curso de culinária uma única vez, em Goiânia. Voltou praticamente do jeito que foi. - Tudo é questão de interesse, de pesquisa, de pessoas amigas que te passam receitas. Sabe uma pessoa que já me ajudou muito e que eu tenho muita gratidão? Foi Maíra, de Humberto Santa Cruz. Eu era professora das filhas dela, como a babá de Humberto até hoje é viva, ela ia pro Rio de Janeiro fazer muitos cursos e Maíra me passava muita coisa. Tem muita coisa que eu faço que é receita dela. A Nilza Reis, que hoje mora em São Paulo, também me ajudou muito. Hoje, quando eu não sei, vou atrás, pesquiso. Eu dormia em cima de livros, de revistas de culinária. Se você quiser alguma coisa tem que estudar. Uma coisa que aprendi e costumo dizer para uma moça que trabalha comigo que tem que ter delicadeza para mexer uma panela, para fazer uma coisa. Às vezes a grosseria desmancha a beleza e o sabor do prato. Cozinhar é uma coisa que vem de dentro. E muito mais... É preciso estar atento ao tempo, ao meio; em cada tempo, em cada meio, sabores e paladares têm suas peculiaridades. O cardápio, de quando Olíbia começou a cozinhar para hoje, mudou. O paladar é diferente. Tem outras exigências. Até a maneira de se fazer comida, hoje, é diferente. - É óbvio que eu não sou sozinha, há um conjunto de pessoas que eu ensinei. Agora tenho que estar lá dentro. As tarefas são divididas. Tem gente que trabalha com salgados, outras com doces, mas toda a parte de buffet sou eu que faço. Não tem jeito, tenho que estar com a mão na massa. Leo cuida da parte administrativa. Não me envolvo. Mas se é uma coisa que faço e gosto é botar a mão na massa. Tenho o maior prazer. Trabalho porque gosto...

- Sabe, eu sempre quis dizer para Dr. Reginaldo Melo e Dona Lourdes que tudo começou com eles, que eles foram meus primeiros clientes... mas nunca tive coragem, sou muito chorona – pausa, com os olhos embotados fitando o teto em busca do passado, de justificativas para vida, para si. – Eu acho que sou chorona assim porque sou do signo de câncer. Embora Gabriel Júnior seja de signo diferente é chorão que nem eu. Leo e Guilherme são durões. Eu, não. Tudo me toca... é impressionante. No dia 21 de julho Olíbia fez 58 anos. Sua rotina, apesar de não ter mais as loucuras de antes, não é menos intensa. De quando abriu a Doçura, em 1991, para cá, a população residente de Barreiras passou de 90 para 150 mil. - Quando a gente começou, lá atrás onde é a cozinha era um pequeno salão de festas. Hoje, é a cozinha, e já está pequena pra atender a demanda. A cidade cresceu muito. Apesar de faltar ainda muita infraestrutura, Barreiras tem tudo pra estourar, principalmente com a vinda do curso de medicina da Ufob. Mas, eu sei que vai chegar o tempo que eu não vou ter mais o pique de trabalho que eu tenho. Espero passar isso pra Leo, que ele seja meu sucessor. Ainda não me sinto cansada, o cansaço é naquele momento, no outro dia a gente sacode a poeira e dá a volta por cima. No outro dia é vida nova. Apesar do otimismo, Olíbia acredita que se tivesse um salão de festas o desgaste seria menor. Com isso se sentiria realizada, mas também não tem certeza. - A gente não pode é perder a esperança em nada. Pra tudo há hora certa – diz, apesar de achar que não consegue falar muito de si. Depois, reflexiva, comenta: – Sei que sou uma pessoa comprometida com meu trabalho, meus filhos, meu marido, minha empresa, meus funcionários. Eu não me sinto uma patroa, me sinto mãe. Muitos, aliás, me chamam de mãe. A gente tem essa afetividade. Eu sozinho não iria a lugar nenhum. Preciso de todo mundo. Eles estão juntos comigo em todos os momentos, sem cara feia. Trabalham com o maior prazer. Eles jogam junto comigo! Nunca deixei nada subir à minha cabeça. Dinheiro a gente precisa, mas ele não vem na frente. Preciso dele para sobreviver, mas não para estar acima de qualquer coisa.

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HOTEL

é aqui! o paraíso

Hotel Fazenda Paraíso das Corredeiras oferece esportes radicais, espaço para competições e muita tranquilidade às margens do Rio do Meio, em Santa Maria da Vitória.texto/fotos redação

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im de semana ou feriado. Você quer fazer um programa diferente. Quer ir para um lugar onde tenha rio, mas não é apenas para tomar banho. Quer radicalizar, fazer um rafting, descer de tirolesa e, depois de um almoço requintado ao som de águas cristalinas, deitar em uma rede e se entregar ao prazer do descanso. O destino para quem procura tudo isso e muito mais está a 145 quilômetros de Barreiras, às margens do Rio do Meio, e se chama Hotel Fazenda Paraíso das Corredeiras. Construído em meio à vegetação do Cerrado, o hotel dispõe de uma infraestrutura ímpar na região para quem busca tranquilidade ou quer promover um pequeno evento em um ambiente descontraído e confortável. O Paraíso das Corredeiras dispõe de apartamentos amplos, com ar-condicionado, frigobar - todos com varanda externa; piscinas, píer, redários,

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restaurante, bar, carta de vinhos. Sua culinária vai de pratos tradicionais a requintados, com um café da manhã reforçado para o dia de lazer. O som das águas em corredeira batendo sobre as pedras é um convite à contemplação do movimento da natureza. Mas, vale lembrar que o hotel também foi estruturado para práticas de esportes radicais, circuitos de competição, trilhas para motos e quadriciclos (disponíveis para locação). De acordo com o casal de proprietários, Moacir e Tatiane, em breve eles vão oferecer também arvorismo, escalada, paintball e animais para montaria. Quem não quiser ir de carro, pode ir de avião. Desde que seja de pequeno porte, que possa pousar e decolar na pista de 1,1km.


rui rezende

rui rezende

radical Além de espaço para pequenos eventos corporativos ou não, o hotel oferece equipamentos para esportes radicais como rafting, tiroleza e circuito para competições. Além de trilhas para motos e quadriciclos. Em breve terá arvorismo, escalada, paintball e animais para montaria

como chegar

Pode-se chegar ao hotel de avião (há uma pista de 1,1km), ou de carro, pela BR-135. Veja abaixo as distâncias: De Barreiras para o hotel são 145 quilômetros. Sete quilômetros depois da comunidade de Inhaúmas entrar à direita e seguir sempre à direita. Sete quilômetros depois de deixar a BR-135 chega-se à porteira de entrada.

BARREIRAS

SÃO DESIDÉRIO

De Correntina para o hotel são 35 quilômetros, somando os 28 da cidade para a entrada na BR-135 e de lá para o hotel.

BR 135

131km 7km 7km 28km Inhaúmas

Hotel Fazenda Paraíso das Corredeiras reservas (77) 3488.2946 / 9990.7820 @ paraisodascorredeiras@gmail.com

* CORRENTINA

Apesar de ficar bem próximo a Correntina, o hotel está localizado no município de Santa Maria da Vitória.

conforto Pista para pouso e decolagem, salões amplos, apartamentos duplos e triplos, bar, restaurante, piscinas natural e artificial, redário e píer

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umlugar

especial Oeste

foto RUI REZENDE

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corredeiras do salto O rio Itaguarí nasce no extremo Oeste baiano próximo à divisa com os estados de Minas Gerais e Goiás, dentro do Parque Nacional Grandes Sertões Veredas. O registro se refere a corredeiras no município de Cocos. Como um menino travesso, desembestado ao vento, serpenteia por um corredor de paredões, pedreiras e vegetação, até molhar-se todo e misturar-se às águas do rio Carinhanha.

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cult música, cinema, artesanato, agenda,

teatro

a pL aus os

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Um dos equipamentos públicos culturais mais representativos das últimas décadas, o Teatro do Sesc é uma espetáculo para Barreiras. texto/fotos GABRIELA FLORES e CÍCERO FÉLIX

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nfim, Barreiras tem de fato um teatro, e as cortinas já foram abertas. Inaugurado há pouco mais de seis meses, o Teatro do Sesc foi um dos mais significativos equipamentos públicos instalado na cidade nas últimas décadas. Com capacidade para 300 pessoas, três camarins, salas para ensaio e exposição, o teatro é dos mais modernos da Bahia. Para o doutor em Artes Cênicas Eduardo Cavalcanti Bastos, que esteve na cidade para fazer o recente concurso da Universidade Federal do Oeste, a casa tem uma das melhores caixas acústicas que conheceu. Ele foi ao espetáculo “A descoberta das Américas”, no início de junho, trazido pela universidade para celebrar um ano de sua fundação. Desde maio, o teatro tem sido palco para o projeto Sonora Brasil 2014, que tem ainda apresentação do Quinteto Brasília (DF), em 24/10, e Quarteto Belmonte (RJ), em 16 de novembro. Neste mês de julho, a UFOB, em parceria com Sesc, vai trazer o espetáculo “Um caso de língua”, que discute as peculiaridades da língua portuguesa ao longo da história com bastante humor (ver coluna ao lado).

novinho Em funcionamente há cerca de seis meses, o Teatro do Sesc é um dos mais modernos da Bahia e dispõe de uma ampla galeria para exposiões


fotos: divulgação

todos e uma língua A Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), em parceria com o SESC, traz para Barreiras o espetáculo “Um caso de língua”, que acontece nos dias 25 e 26 de julho no Teatro do SESC às 19h. A peça recebeu em 2007 o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. A peça faz uma abordagem inédita sobre a construção da Língua Portuguesa no Brasil a partir de suas matrizes linguísticas mais importantes. Urias Lima, que recebeu em 2008 o Prêmio Braskem de Teatro na categoria de Melhor Ator, invoca inicialmente um personagem meio índio, meio bicho do mato que, balbuciando sons ininteligíveis, ilustra o processo de construção/formação da língua através da necessidade humana de comunicação verbal. Oposto Enquanto o Teatro do Sesc orgulha o barreirense, não se pode dizer o mesmo do Centro Cultural de Barreiras Rivelino Silva de Carvalho, inaugurada em 1996 pelo então prefeito Saulo Predosa. O novo prédio foi motivo de festa para a cidade, mas já nascia com problemas. Não apresentava nenhuma espécie de acessibilidade para portadores de necessidades especiais - seu acesso é através de uma escada -, nem dispositivos de segurança adequados para casos de emergência. Externamente, a estranha estética da fachada já chamava atenção pela inexplicável assimetria dos espaços entre os vãos das colunas. No entanto, a cidade agradeceu pelo empreendimento que, desde ano passado, está fechado.Depois do acontecido na boate Kiss, em Santa Maria (RS), em janeiro do ano passado, as autoridades locais despertaram para o risco de acontecer uma tragédia e fecharam a Casa de Cultura. Na verdade, o equipamento já estava sucateado. Até agora, não se sabe se a prefeitura vai reformá-la e nem quando vai habilitá-la. Enquanto isso, vamos ao Teatro do Sesc. E com muito prazer!

Durante o espetáculo, outros sujeitos vão surgindo na pele do artista e manifestando a língua em várias situações, em vários lugares sociais. Aos poucos, vai apresentando as várias possibilidades do idioma, como se quisesse initerruptamente responder ao poeta “o que quer e o que pode essa língua”. “Um caso de língua” é a segunda peça teatral que a Ufob traz em menos de dos meses põe em prática o projeto da instituição de fomentar o desenvolvimento crítico e cultural da sociedade. A entrada é franca. Para os artistas locais e demais interessados, será oferecida nos mesmos dias do espetáculo uma oficina de consciência corporal. As inscrições podem ser feitas pelo endereço oficinadearte@ufob.edu.br.

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cult livro

Alisson Souza

rui rezende começa a editar livro sobre o Oeste Quarto livro do baiano de Amargosa resume mais de três anos de pesquisas e excursões pelos 35 municípios à margem esquerda do Rio São Francisco na Bahia. texto GABRIELA FLORES

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ão horas debruçadas sobre as fotos. O processo de seleção é meticuloso. Rui para, olha, examina, reconstrói o percurso que fez para conseguir aquele resultado, ou que foi pego de surpresa pelo voluntário momento, e seleciona. “Esta vai para o livro“, diz. . Fotógrafo profissional e autor de três livros sobre Cairu, Tinharé e Chapada Diamantina, Rui Rezende já começou a fazer a edição das fotos que vão compor sua mais nova obra: “Oeste, um novo mundo”. O livro deve ser publicado em novembro. É resultado de três anos de excursões pelos 35 municípios à margem esquerda do rio São Francisco, no estado da Bahia. Foram milhares de registros sobre seus moradores, cultura, religião, cotidiano, economia, meio ambiente, geografia. “Todas as fotos são inéditas, embora tenha sido difícil segurar a vontade mostrá-las. Está chegando a hora do livro ir para a gráfica. A emoção começa a bater forte, é como parir um filho. Daqui a alguns meses ele chega”, diz, animado. Rezende assina a seção “Um lugar” desta revista e começou a fotografar o Oeste em meados de 2010. De lá para cá, a região passou a ser um desafio para suas lentes. “Fiquei impressionado com as planícies que iam além de meus olhos. Não conhecia nada assim. Não imaginava as maravilhas e os encantos que o Oeste baiano escondia”. O livro traz também curtos textos que se manifestam em um misto de literatura poética, histórica e jornalística, assinados pelo jornalista e professor universitário, Cícero Félix, edi-


Impressões

autorretrato

por anton roos e-mail antonroos@gmail.com

anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

Eu mereço tua risada

Chris Duk

C

em campo Por terra, ar e água. Flagrante do trabalho do fotógrafo Rui Rezende durante suas viagens pela região oestina

tor da Revista A, publicação bimestral que circula a região há quatro anos. O convite foi feito a partir da observação feita por Rui sobre o trabalho que Cícero Félix vem fazendo no Oeste nesse período. “A linguagem dele é leve, simples e emociona. Seu modo ‘de olhar estrangeiro’, como ele diz, surpreende. Seu ângulo de leitura é uma espécie de complemento subjetivo de minha leitura fotográfica”. Aprovado pela Lei Roaunet, que incentiva a cultura através de políticas de benefícios fiscais, “Oeste, um novo mundo” será patrocinado pela Galvani Fertilizantes, que há 20 anos está instalada na região. Para Rezende, a aposta neste projeto traduz exatamente o espírito da Galvani. “Ela acreditou e acredita no Oeste, senão não estaria aqui há mais de duas décadas. Portanto, a Galvani agrega valor a esse projeto. Quando a gente faz um trabalho desse é porque também acredita na região. O registro fotográfico também é documento, história, gente, cultura, vida. O livro une a região, mexe com a autoestima. Aguarde”, conclui Rui, ansioso por ver o livro pronto.

om a filha bebê nos braços a se fartar de leite materno, ela se pôs a rir em profusão do que eu havia acabado de dizer. Não era propriamente uma piada já que nem cacoete para piadista eu tenho. As palavras que disse eram a mais pura e letal realidade. A minha realidade. Um misto do meu passado e presente. Oxalá, que não faça parte do meu futuro. Assim espero. Assim anseio. Uma realidade tão ridícula e improvável que consegue ser cômica. Soar engraçada e transformar meu desabafo num poema épico infinito e desbotado. Quase sem esperança. Tudo que disse tem amparo num verbo que, por pouco – ao menos nos últimos seis anos – não desaprendi a conjugar: Eu confio, tu confias, ele confia e blá, blá, blá. Por isso não foi pesaroso tampouco traumático dizer tudo que disse, mesmo soando tão cômico e engraçado. Era como se eu merecesse aquelas risadas. Não fosse pela confiança e amizade de longa data provável que nunca as tivesse recebido. Apenas vislumbrei naquele reencontro após tanto tempo uma oportunidade de ouvir ou tentar provar para mim mesmo que não preciso mais carregar o fardo que carrego e que talvez esteja passando da hora de seguir em frente. Mais cedo enquanto dirigia até o local de nosso encontro imaginava se não seria, afinal, aquela a chance perfeita para desabafar, afinal, havia bancado o conselheiro dela tantas outras vezes. Não hesitei. Ansiava que ela tocasse no assunto e aliviado, deixei que as palavras fluíssem a ponto de formar o cenário no qual estacionei minha carruagem e, por ora, venho tendo homérica dificuldade de abandonar. A constatação, embora simples, pode perpetuar feridas, muitas vezes, incuráveis: às vezes precisamos que alguém nos ria na cara sem um pedido formal de desculpas. Não o riso do deboche, mas o riso do ridículo que muitas vezes

nos submetemos sob aquela falsa esperança de que um dia tudo será diferente, ou, na pior das hipóteses, como antes. Pois aprendam: não será. Quando uma pessoa de confiança ri na tua cara é porque você mesmo já não crê num final feliz para aquela velha e mumificada história. O que lhe falta, a essa altura, talvez seja tão somente coragem para assumir que o fim chegou antes que você tenha se dado conta. É. O fim chegou e eu não me dei conta. Ela riu. Talvez possa apenas preservar as lembranças remotas de um tempo que não mais voltará. Aquele mesmo que recordamos, eu e a amiga diante do portão enferrujado e com a madrugada a nos lamber os beiços, já com o bebê devidamente acomodado no berço desfrutando dos sonhos mais puros e angelicais. - Tu lembras aquela vez que tomamos um banho de chuva voltando pra casa? – arrisquei. - Sim. Éramos felizes e não sabíamos – respondeu ela, recordando ainda outros momentos de um período quase mágico de nossas vidas. Quiçá não tenha sido por isso que com o olhar fixo no horizonte deserto da rua desejamos intimamente sermos tele-transportados para as histórias que vivenciamos quando tudo que minutos antes eu havia desabafado teve início e agora parecia tão óbvio ter chegado ao fim. Quando fui embora, antes mesmo que girasse a chave na ignição, tive de aceitar minha ingenuidade, afinal de contas, eu mereço tua risada.

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cult agenda

MÚSICA

fotos: Reprodução

Festival de Inverno aquece o público

P

elo 10º ano consecutivo Vitória da Conquista será o berço da boa música e vai aquecer o público no inverno. O Festival de Inverno Bahia preparou uma grande festa para comemorar a data especial. Após Ira!, Natiruts e Os Paralamas do Sucesso, a organização do evento confirmou a participação de Skank ,CPM 22 e Luan Santana, que será realizada entre os 29 e 31 de agosto no Parque de Exposições Teopompo de Almeida. Os diferentes estilos musicais são para justamente agradar os diferentes gostos dos turistas e população local. Esta é a segunda vez que a banda mineira Skank se apresenta no festival. Já o grupo CPM 22 faz sua primeira apresentação no palco do Festival de Inverno Bahia. Depois de um recesso de 7 anos, o Ira! está de volta e vai matar a saudade dos fãs. As seis atrações irão se apresentar no palco principal do evento. Os ingressos já estão à venda e podem ser comprados na loja oficial do festival, no piso térreo do Shopping Conquista Sul, em Vitória da Conquista, na sede antiga da CDL, Travessa do Triunfo, nº 45 – Centro, ou site oficial do evento. As entradas individuais custam entre R$ 44 e R$ 130, os passaportes variam entre R$ 97 e R$ 292 e podem todos ser parcelados em até 6x nos cartões de crédito.

festival gastronômico em lem

A cidade de Luís Eduardo Magalhães sediará o I Festival de Gastronomia e Cultura do Oeste da Bahia nos dias 03 e 06 de Setembro. Com o propósito de valorizar a gastronomia e formatar a identidade gastronômica da cidade, o festival contará com a presença de mais de 12 chefes de cozinha, dentre eles, alunos e professores da Escola de Gastronomia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica de Salvador. Depois do festival a intenção é que os pratos, sejam aqueles desenvolvidos ou adaptados a partir de matéria prima local, sejam comercializados nos bares e restaurantes da região. O evento acontecerá no Espaço de Eventos Nossa Senhora Aparecida.

festival de Música e poesia em ibotirama

A cidade de Ibotirama realiza no dia 14 de agosto a etapa nacional do “XXVIII Festival de Poesia” e nos dias 15 e 16, a etapa nacional do “XXXVIII Festival de Música Popular”. O evento realizado pela prefeitura municipal na praça de eventos, comemora os 56 anos de emancipação política da cidade e visa criar novos talentos, valorizar e incentivar a música popular e a arte poética. O festival é reconhecido nacionalmente e já trouxe para a cidade atrações de renome como Flávio Venturine. Além da contribuição para o enriquecimento cultural da cidade e região, haverá a premiação de mais de R$ 45 mil para os melhores colocados.

Maria Bethânia: Meus quintais O 51º álbum da cantora – irmã de Caetano – versa em tons plácidos sobre um Brasil rural, caboclo, terra de índios e tribos. Sem ornamentos orquestrais, Bethânia se eleva ao dar voz a um Brasil distante dos centros urbanos. A inserção de um texto de Clarice Lispector em uma das faixas do disco aprofunda o mergulho nessas águas banhadas com o toque contemporâneo da guitarra slide de João Gaspar. Inspirado, Chico César também faz o disco ir avante, com dois temas sobre o universo indígena, “Xavante” e “Arco da Velha Índia”. Já a sertaneja “Lua Bonita” ilumina a saudade que Bethânia sente da mãe, Dona Canô (1907–2012), evocada também na regravação de “Mãe Maria”.

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Literatura

Stephen King: Sob a redoma Um campo de força se materializa subitamente em uma cidade do Maine, isolando do resto do mundo as pessoas sob a redoma. A mais recente obra do mestre do horror Stephen King narra os conflitos, ações e reações dos presos, que em meio ao caos também se perguntam quem ou o que está por trás do acontecimento. Entre quem leu a opinião é unânime: o livro é excelente mesmo beirando as mil páginas.

Marcel Souto Maior: Kardec - a biografia A biografia investiga a vida do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec. O que transformou o cético em referência fundamental de uma religião? O que o convenceu a acreditar que os mortos estavam vivos e se comunicavam através de médiuns? O que o fez enfrentar adversários ferrenhos da Igreja e da imprensa para levar ao maior número de leitores sua fé na sobrevivência do espírito? Foi em busca de respostas para estas perguntas que o autor, biógrafo de Chico Xavier, saiu a campo. O resultado de sua pesquisa é um retrato do homem que virou símbolo de uma doutrina para milhões de seguidores e ajudou a transformar o Brasil no maior país espírita do mundo.

Mark Twain: Diários de Adão e Eva O livro é uma espécie de diário íntimo do primeiro casal, dividido em duas partes ‘Fragmentos do diário de Adão’e ‘Diário de Eva’- acrescidos dos contos ‘Solilóquio de Adão’, ‘Autobiografia de Eva’e ‘Passagens do diário de Satã’. As duas primeiras partes descrevem, do ponto de vista pessoal dos personagens, as novas (literalmente) condições de vida no Paraíso logo após a Criação, incluindo as primeiras impressões de Adão sobre o trabalho divino e sobre sua nova companheira e vice-versa; enquanto os contos trazem as experiências da maturidade e da vida depois do Éden, além das considerações de um observador privilegiado; Satã (aqui reinventado como alguém capaz de ajudar, a partir de sua enorme experiência, o jovem e ingênuo casal). Vale pela curiosidade do tema.

se liga! No dia 09 de agosto Barreiras recebe o I Torneio de Xadrez do SESC. A realização é do próprio SESC e do Clube de Xadrez de Barreiras. A capital federal Brasília vai se trans-

formar na capital do Rock nos dias 30 e 31 de agosto com a realização de mais uma edição do Festival Porão do Rock, no estacionamento do Estádio Mane Garrincha. jun-jul/2014

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bares, restaurantes e lanchonetes

'% f

Barreiras

1

china do oeste

Restaurante. Especialidade: Culinária japonesa e chinesa. Funcionamento: de segunda a domingo das 11h às 15h e das 18h às 23h.

2 3

comida de boteco

1 BR -0 20

Bar e restaurante. Especialidade: gastronomia regional. Funcionamento: todos os dias, a patir das 10h. Domingo e segunda até as 14h.

Principais bairros desta área: Barreirinhas e Morada Nobre

/2 42

5/ -13 BR

Balalaika

/ 020

242

Rua Nunes, 140, São Pedro

3612.1330

Confraria da Cerveja

Rua Fco. Macedo, s/n - M. Nobre

3611.3448

Rua Oonono

nonon

doçura

Lanchonete. Especialidade: doces, salgados, tortas e buffets coorporativos e sociais. Funcionamento: de terça a sábado, a patir das 10h. Segunda, a partir das 14h.

Tapiocaria Delícias da Bahia Rua São Bernado, 83 - Barreirinhas

3611.8256

Casa de Maria

Pq. Exp. Eng. G. Rocha - Barreirinhas

Galinha do Afonso

9993.2428

Rua Maurício Pereira, 211, M. Nobre

3611.3502

Ponte Ciro Pedrosa

Comida de Boteco

Rua Paraíba, 117 - Barreirinhas

9142.0585

Trapiche

Rua Amazonas, s/n, Barreirinhas

9990.8525

Ponte Aylon Macedo

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dom’q chopp

Bar e restaurante. Especialidade: buffet variado durante a semana. Funcionamento: de terça a domingo a patir das 12h.


los pampas

SPOLETO

Restaurante e churrascaria. Especialidade: churrascaria. Funcionamento: de domingo a sexta das 11h às 15h.

2

Franquia de massas. Especialidade: culinária italiana. Funcionamento: todos os dias das 11h às 23h30.

Bode e Cia

Rua J. Nogueira, 148 - Bela Vista

3612.0063

Dom’q Chopp

Rua Profa G. Porto, 471- Centro

Boliche Strike & Cia

3612.0815

Rua Camaçari, 88 - Centro

Lilia Doces e Salgados

3613.1312

Av. Cleriston Andrade, 619B - Centro

3611.4472

Bode Assado

Rua Ant. Coité Filho, 380 - O. Branco

3611.7304

Cais & Porto

Av. Presidente Vargas, 483 - Centro

3612.4812

J ua

R

Bar do Vieirinha

osé

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nif

Bo

Centro Histórico

Delícia Gourmet

Los Pampas

Av. ACM, 924, Centro

Supremo

Rua Profa G. Porto, 65 - Centro

Giraffas

Ru

3612.0500

sa

ce l

Barb

be

Isa

Ruy osa

3611.1790

Av. ACM, 596, Centro

rin aP

Rua

Av. Benedita Silveira, 20, Centro

3613.0872

íb

n Rua A

3611.4442

Bobs

Av. ACM, 131, Serra do Mimo

3612.7249

osa

rb es Ba al Alv

China do Oeste

Rua Aníbal Alves Barbosa

3611.7528 / 3021.1900

Hotel Morubixaba

Av. ACM, 2024, Novo Horizonte

3612.7006

Doçura

Subway

Av. Benedita Silveira, 50, Centro

3611.3820

Rua M. Hermes, 158 - Primavera

3612.0580

Spoleto

BR -13 5

Rua M. Hermes, 158, Centro

3 subway

Franquia norte-americana de restaurante. Especialidade: sanduíches. Funcionamento: todos os dias das 11h às 23h

trapiche

Espaço cultural, bar e restaurante. Especialidade: feijoada e galinha caipira aos sábados. Funcionamento: de quarta a sexta a patir das 18h. Sábado, a partir das 18h.

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'% f

bares, restaurantes e lanchonetes Luís eduardo magalhães

boi na brasa

Restaurante e Pizzaria. Especialidade: churrascaria. Funcionamento: todos os dias e a noite de quarta a domingo.

dOCE CAFÉ

Lanchonete. Especialidade: Doces e salgados. Funcionamento: de segunda a sexta das 13h30 às 20h30 e aterça a domingo. Sábado das 14h às 20h:30.

dom mariano

Restaurante e petiscaria. Especialidade: gastronomia brasileira. Funcionamento: de segunda a sábado das 11h45 às 14h e das 18h às 0h.

Hashi Culinária Oriental

Yakinori

Rua Clériston Andrade, 622 - Centro

Rua Rui Barbosa, 766 - Centro

3639.8183

3628.4604

Doce Café ônia

Avenida JK

Subway

Rua Pernambuco, 371- Centro

urata

3628.0144

3628.4714

Panorama Bar e Rest.

R. Flamboyant, 111 - Jd. Primavera

3628.3126

/ 242 BR-020

Rua Se

rgipe

3639.0522

M Av. Kichiro

R. José C. de Lima - Q6/L1/6 - Jd. Primavera

Rua Rond

Boi na Brasa

osso Rua Mato Gr

R. Rua Barbosa, 1661, Q89L1/2 - Centro

Restaurante Saint Louis Rua JK, 976, Q5L3/4 - Jd. Paraíso

3628.7700

Sabor e Arte

Sabor Caipira

R. José C. de Lima, 1270 - Jd. Primavera

R. José C. de Lima, 565 - Centro

3628.7432

3628.6130

Espetinho do Gaúcho Rua Pará, 95 - Q3/L11 - Centro

3628.3837

Dom Mariano

Rua Clériston Andrade, 1092 - Centro

3639-8132



Tizziana Oliveira

CONECTADO e-mail: tizzib@gmail.com facebook: tizzianaoliveira twitter: @tizzioliveira

Gelo, Limão e Açúcar

JUNIOR FERRARI

UAU MAIS

Rotary Club sob nova direção

Ensaio Uau

Enquanto fazia mais uma troca de look para o ensaio Uau, a estudante de Direito Débora Kerber, 17 anos, 1,70m e 63kg, confere o caimento do look. “Adorei esse vestido com essa sandália”, diz ela muito simpática. “Tenho uma boa relação com meu corpo. Procuro me alimentar bem e ir à academia pelo menos três vezes na semana. Mantenho uma rotina saudável, mas sem muita neura”, revela Débora.

Mayco Sergio

A diretoria que irá presidir o Rotary Club de Luís Eduardo Magalhães no período 2014/2015 tomou posse em cerimônia no dia 05 de julho. A diretoria empossada é formada por Jair Francisco (presidente), Adilton dos Santos Gomes (vice-presidente), Marcelo Rossato (secretário), Ângela Miki Murata Tsukamoto (tesoureira),Renato João Sulzbach (protocolo), os presidentes de comissões: Adilton Santos Gomes (administração), Edno Toshikazu Ogawa (quadro associativo), Reginaldo Luís Arita (projetos humanitários), Talvani Chiapetti (fundação rotária) e Marçal Eiji Tsukamoto. O evento contou com a presença de autoridades e membros da organização.

Me caiu os butiá do bolso...

By Andreza

Inaugurada recentemente ,a loja By Andreza moda fitness invadiu o mercado feminino e veio para ficar! A dica é sobre modelitos lindos de roupas para a academia! Gosto de olhar para o espelho na hora mais difícil do exercício e enxergar uma mulher bem arrumada e moderna. É assim que eu gosto de me vestir. A loja é focada em roupas de academia, porém vocês encontram lingeries, biquínis, peças de dormir, roupas femininas e muito mais! By Andreza fica situada anexo ao Carpe Diem Spa Urbano. #apaixonadapelaloja

Marina será o nome da segunda filha do casal Marcos Akama e Fernanda Fischer. Fernanda está grávida de oito meses. O casal entrou em contagem regressiva para ver o rostinho da filha. O parto está previsto para o dia 12 de agosto.

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ARQUIVO PESSOAL

A doce espera de Marina



social

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expoagro 2014

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