Revista A ed. 24

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miscellanea IBOTIRAMA, ENDEREÇO DA MÚSICA E POESIA PRESENTE SUSTENTÁVEL SÉRIE PASSA A PUBLICAR A PARTIR DESTA EDIÇÃO REPORTAGENS SOBRE RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS

um lugar RUI REZENDE RECUPERADO E COM TODO GÁS cult ABRAÇAÇO: CAETANO VELOSO EM BARREIRAS

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milagre À ESPERA DE UM

ano 4 - nº 24 ago-set/2014

o uza

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com mais de 90 mil eleitores, o maior colégio eleitoral do oeste tem baixo índice de escolaridade e pouco interesse pela política, mas espera melhorias em tudo, revela pesquisa do instituto insight






editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

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ano 4 - nº 24 - ago-set/2014 Diretor de redação e editor

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com

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Diretora Comercial

Anne Stella

9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com

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redação Gabriela Flores secretária de redação

Carol Freitas

8826.5620 e 9174.0745 freitas.caarol@gmail.com

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colaboração

Rui Rezende ilustração

Júlio César

edição de arte

Leilson Soares

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Karine Magalhães Revisão

Aderlan Messias Impressão

Coronário Editora e Gráfica Tiragem

3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras

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3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra

Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.

Transfere para o morto

C

como ele não podia se defender, botaram na sua conta todos os pecados e culpas dos sobreviventes. Isto absolvia o morto, porque todo morto é desculpado e santificado depois que morre, e, consequentemente, absolvia os vivos, porque ficavam livres do fardo dos pecados e culpas. Terminado o enterro do responsável, todos ficaram aliviados. O provérbio acima sintetiza uma atitude frequente em nosso meio: a transferência de responsabilidade. O que eu tenho a ver com isso? com o semáforo da esquina que está quebrado? com o gasto ilícito do dinheiro público? com os políticos? com a administração viciada? com as famílias que moram debaixo da ponte? com o esgoto que passa na minha porta? com o dependente de nossas cracolândias? com a criança que dorme ao relento? com o lixão? com o alimento que sai do lixão? Tudo! A responsabilidade é de todos! Essa responsabilidade coletiva, compartilhada, social é tema da reportagem de capa e da primeira matéria da série “Presente Sustentável”, projeto que a Revista A lança a partir desta edição para discutir atitudes, hábitos, exemplos e iniciativas que contribuem para uma vida melhor no planeta. Pesquisa encomendada pela revista ao Instituto Insight revela uma condição perversa do eleitorado barreirense, que se posiciona meio alheio ao processo político, desinteressado da coisa pública; mas, ao mesmo tempo à espera de um milagre: a melhora de tudo. “Pouco conhecimento é igual a pouca especificidade”, explica o cientista político Sávio Menna Barreto. O filósofo e doutor em linguística, Bosco Pavão, aponta: “Todos nós – educadores, professores – somos culpados por tudo isso também”. Somos uma engrenagem de responsabilidades. O projeto Coleta Seletiva e Solidária, de Luís Eduardo Magalhães, abre a série “Presente Sustentável”. Referência em economia solidária no Estado, retirou catadores do lixão, criou condições dignas de trabalho e tem formado uma massa social mais responsável, preocupada com o destino dos resíduos sólidos produzidos por ela mesma. A entrevista com Regiane Relva Romano, especialista mundial em tecnologias de varejo, é um alerta grave para o que está acontecendo com o uso equivocado das redes sociais, dos dispositivos móveis e de toda a parafernália tecnológica de comunicação e informação. A privacidade, meu amigo, minha amiga, não nos pertence mais. Mas, lembre-se, a responsabilidade é nossa também. Agora, se só se faz reclamar, transferir para o outro a responsabilidade e a culpa pelo lixo na rua, para o poder público a inércia da administração, para a política a corrupção entranhada na sociedade; é o mesmo que transferir para o morto tudo de ruim que existe. Assim somos todos absolvidos, com qualidade de vida cada vez mais precária. Mas, absolvidos, e hipocritamente felizes. Cícero Félix, editor



índice colunas 14 | Ponto crítico, por Cícero Félix 20 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 24 | Exclamação, por Karine Magalhães 32 | Opinião, por Inês Coelho 57 | Impressões, por Anton Roos 17 | A Miscellanea Festival de Ibotirama: Endereço da música e poesia Vídeo: Artesãs do Rio de Ondas são tema de documentário Celebrando Barreiras: Grupo realiza segunda edição Competição: Pedro Henrique é revelação no Rally dos Sertões O Personagem: O olhar de Eulina Seca: Baixo nível do São Francisco e dragagem para hidrovia 29 | economia & mercado Novos negócios: Geração saúde aquece mercado de academias Design de interiores: Tendência duradoura 35 | agromagazine Colheita 2013/2014: Safra boa, preço nem tanto Soja Plus: Convênio garante formação continuada 36 | entrevista: regiane romano Privacidade, isto não te pertence mais 40 | presente sustentável Como formar uma sociedade reciclável 46 | capa À ESPERA DE UM MILAGRE 50 | um lugar Rui Rezente: Fortalecido e renovado / Minutos antes 55 | cult Livros: Escritores de LEM Agenda: Uma noite de muitos abraços 60 | Gastronomia Bares, restaurantes e lanchonetes em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães 65 | social

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leitor

Canais Revista A

contato@revistaa.net

Capa - Olíbia Mais que merecida! Tia Olibia é perfeita em tudo o que faz! Cada receitinha deliciosa... Parabéns tia! Amanda Quinteiro Sou suspeito em falar, mas essa capa foi mais que merecida! Parabéns minha querida mãe Olibia Maria! Gabriel Barbosa Bié Parabéns Tia Olibia! Fruto de muito trabalho, dedicação e amor!!! Kelly Karine Castro

Coluna Ponto Crítico Bem didático esse gráfico na edição 23 da r.a, sobre o ciclo de eleição e reeleição de parentes através do uso da máquina pública (nosso dinheiro desviado)! Lembremos que, além de parentes diretos, temos “agregados”, a exemplo do caso na última eleição, em que Juju elegeu o marido e a puxa-ovários. Paula Vielmo

Errata O leitor Cláudio Foleto, jornalista, técnico em agropecuária e especialista em gestão ambiental e botânica, esclareceu que a foto publicada na edição passada (E) é uma Cordia glabrata, da família Boraginaceae. É popularmente conhecida como: freijó, freijorge, claraíba, louro-preto, louro-branco. O nome muda de acordo com a região. O ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) é o da foto ao lado (D), enviada pelo próprio Cláudio Foleto.



caiunarede www.revistaa.net fotos: reprodução

c. félix

saudades

Queimadas deste ano já superam as de 2013

Após 25 anos de sua morte, raul seixas continua entre nós

Uma equipe com 14 homens do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Ibama, e cinco homens do Corpo de Bombeiros apagaram o fogo na madrugada do dia 20 de agosto, que se alastrava desde o dia 18 na Serra da Bandeira em Barreiras. Quatro focos foram combatidos até a data.

Há 20 anos, o Brasil perdia a alegria de Mussum

Qual o lugar mais arretado do Oeste que você conheceu

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O internauta Diego Gil escolheu a Lagoa Azul, em São Desidério. Ele participou da interatividade promovida pela Revista A e ganhou a votação no facebook com 68% dos votos.

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Marcos Rabelo Leite (2) fotografou no Boqueirão, entre Santa Rita de Cássia e Barra; Hélio Passos (3) escolheu a Ilha do Ranchão, em Correntina, e para Ignacio Solanich (4), o lugar é na Serra Pintada, em São Félix do Coribe. Participe você também! Confira o regulamento no site www.revistaa.net e envie sua foto para contato@revistaa.net, ela pode ser publicada próxima edição da Revista A.

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Colaboração do internauta Envie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

candidato à presidência morre em acidente

FAAHF realiza Semana Acadêmica e ENICOB

A queda de um jatinho na cidade de Santos, em 13 de agosto, litoral sul de São Paulo, resultou na morte de Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência da República. Depois de ser deputado estadual, federal, e diversos cargos políticos, o economista pernambucano concorria pela primeira vez ao cargo mais importante da política brasileira.

De 18 a 22 de agosto, aconteceu na Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira, a Semana Acadêmica Faahf Educação e o VI Encontro de Iniciação Científica do Oeste da Bahia – ENICOB. Foram realizadas palestras, feiras, minicursos, oficinas, fóruns e painéis entre os cursos, acadêmicos e estudantes do 3º ano do ensino médio.

c. félix

foi-se o nosso

DOM QUIXOTE

Ariano Suassuna estava internado desde 21 de julho, no Recife, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. Foi operado, mas não resistiu e faleceu no dia 23. O escritor era membro da Academia Brasileira de Letras desde 1989 e autor de livros como o Romance d’A Pedra do Reino e O Auto da Compadecida. No início do ano passado, na edição 15, a Revista A publicou uma resenha sobre uma aula espetáculo do escritor paraibano em João Pessoa. Veja texto no link: http://migre.me/lATXS

memória Anos 1970... ...esquina da rua Rui Barbosa com 24 de Outubro. Hoje, tem o laboratório Santa Rita. Sob a curiosa placa da época, os barreirenses Evilásio, Benjamim e Chicão. Acabavam de chegar de São Paulo, influenciados pelas mudanças de comportamento e de atitudes transgressoras de uma época que experimentava uma revolução da indústria cultural. Deram novos ares à vida norturna da cidade. Se descobriram empreendedores e montaram a primeira boate e a primeira pizzaria da cidade. Depois, inauguraram o bar Noturno, que fez sucesso até meados dos anos 1980.

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.crítico Quem sabe um novo trânsito daqui a dois anos texto c.félix

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á estava mais que na hora da prefeitura de Barreiras tomar a iniciativa de buscar melhorias para o trânsito da cidade. Entre agosto e início deste mês substituiu os semáforos do principal corredor de tráfego, implantou um novo, consertou outros que há meses não funcionavam e mudou o sentido de fluxo de veículo de uma rua. Tudo feito em menos de um mês. No entanto, todas as mudanças sugeridas por estudo do Detran-BA – substituição de todos os semáforos antigos, adequação e implantação das sinalizações horizontal e vertical –só devem ser concluídas em 2016, período eleitoreiro para prefeitos e vereadores. Aliás, como este, cujo filho do prefeito concorre a uma cadeira na Assembleia do Estado. As ações devem custar aos cofres públicos R$ 4,3 milhões (R$ 3 milhões com os semáforos e R$ 1,3 milhões com sinalizações), mas o investimento não garante um trânsito melhor. Os semáforos, chamados de inteligentes por ajustarem automaticamente o tempo e sincronia

fotos: c.félix

“Essa proposta do trânsito é para até 2016. Tem várias etapas, tem várias ações. Agora, nós contratamos a empresa só dos semáforos”. CARLOS AUGUSTO PAÊ vice-prefeito de Barreiras

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entre si, de acordo com o fluxo de trânsito, não oferecem acessibilidade aos deficientes visuais. Aliás, acessibilidade quase não existe nas ruas da cidade, principalmente nos pontos de semáforos, com raras e inadequadas rampas. Isso sem falar que as pessoas, naturalmente, precisam aprender a usar as pouquíssimas faixas de pedestres sinalizadas nas proximidades da feira central. A frota de veículos em Barreiras (excetuando-se caminhões, tratores e motocicletas), passou de 11 mil para 31 mil, entre 2005 e 2013 (IBGE). Só no primeiro semestre deste ano foram emplacados na cidade 1284 veículos. Isso quer dizer que a saída do tráfego de caminhões pesados do centro, durante o horário comercial nas ruas, ajudou, mas o trânsito continua um caos. E muito por desleixo do próprio poder público, que faz vista grossa para a ocupação irregular das praças por vendedores de carros, não fiscaliza nem educa o condutor e nem pretende implantar Zona Azul. Assim, todos estacionam e dirigem como querem, justificando a má educação e a negligência como natural diante da desordem já instalada. Teoricamente, o trânsito da cidade foi municipalizado em 2011, na gestão anterior. Mas, efetivamente, nunca funcionou. Falta pessoal técnico, tecnologia e infraestrutura. O departamento de trânsito só tem seis agentes, precisa de 30, no mínimo; precisa de pátio, setor de reclamações, conselho para julgar infrações, software e equipamentos para registro de multas, viaturas e sistema interligado ao DetranBA. “Daqui a uns seis, sete meses, vamos contratar uma empresa para trabalhar nessa municipalização de trânsito”, disse o vice-prefeito, Carlos Augusto Paê. Ou seja, em meados de 2015, às vésperas de mais um ano de eleição.


projeto Novos semáforos, alteração de sentidos e sinalização fazem parte de estudo que quer dar outra direção ao centro de Barreiras.

izo santos

Novo Sentido De Tráfego

SEMÁFOROS SUBSTITUÍDOS

NOVOS SEMÁFOROS

Pelo menos sete ruas terão o sentido do tráfego alterado: Getúlio Vargas, Marechal Deodoro, José Bonifácio, 19 de Maio, Guiomar Porto, Aroldo de Andrade, Rui Barbosa e Barão de Cotegipe. Mas até agora, apenas a Barão de Coregipe passou a ter sentido único, da 24 de Outubro até a Capitão Manoel Miranda.

Dos 11 pontos de semáforos espalhados pela cidade, apenas os da Severino Vieira até Clériston Andrade/Antônio Carlos Magalhães (3, 4, 6, 7, 8 e 9) foram substituídos. O projeto prevê a substituição de todos. Os semáforos 11 e 13, que há meses estavam parados, voltaram a funcionar.

Até agora, apenas um (foto) novo semáforo foi instalado e entrou em operação, no cruzamento das ruas Benedita Silveira com Rui Barbosa (5). De acordo com o projeto, mais dois devem ser implantados na rua Coronel Magno, nos cruzamentos com a Capitão Manoel Miranda (12) e José Bonifácio (1).

obras e você, tudo a ver... no período da eleição

saneamento O esgotamento sanitário realizado pela Embasa e orçado em R$ 109 milhões deve ser finalizado em 2015, com as estações de tratamento e de elevação prontas para entrar em operação. As obras foram retomadas em novembro do ano passado e recentemente entraram em ritmo acelerado. Concluídas, elas vão atender apenas a 80% dos domicílios da cidade

Na última coluna publiquei comentário de um amigo sobre as eleições para deputados e a relação de sangue, entre eles, o chefe do Executivo de plantão. Esta semana o encontrei nas proximidades do “Bar de Manel Viana” e ele soltou: “Coisa boa é eleição. Por mim, teria todo ano”, disse. “Está vendo a cidade? Obra de saneamento no Centro - logo no Centro que chama atenção logo de todo o mundo; asfalto pros lados da Vila Regina – o governo tá desembolsando mais de dois milhões, moço!; agora essas sinaleiras; Minha Casa Minha Vida; presídio...”, nesse momento parou. “Olhe... se a eleição durasse mais uma coisinha de tempo, era capaz de até a UPA sair. O diacho é que quando a eleição acaba, o cartaz que a gente tem com o político vai simbora com voto e tudo. O jeito é esperar outra eleição. Fui”, disse e saiu resmungando com destino à José Bonifácio.

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abordo

em brasa O horizonte arde como se refletisse a labareda do sol e entra com melancolia pelos olhos que espiam o fim do dia na BR-242/020, entre Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Mais uma pintura diária no cerrado central brasileiro.

Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net

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miscellanea eventos, design, tendência, moda...

paulo gabiru O paulista radicado em Bom Jesus da Lapa, lenda entre os cantadores nordestinos, venceu o 38º FEMPI com “Gato escaldado”

i bo tir ama FESTIVAL

endereço da música e da poesia Única cidade do Brasil a realizar 38 edições consecutivas de festival competitivo de música reverencia cancioneiro e atrai participante estrangeiro.texto/ foto C.FÉLIX ago-set/2014

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miscellanea

FOTOS: C. FÉLIX

Entrevista: TERENCE LESSA

Um dos prefeitos mais jovens da região, Lessa (à direita, entregando o troféu de 1º lugar a Paulo Gabiru, vencedor do 38º Fempi) diz que investir em cultura é possibilitar a inclusão social e reduzir a pobreza. E mais: “Não se pode fazer cultura sem o uso contínuo da educação”. Veja abaixo trechos da entrevista.

38º fempi “Canção da solidão maior”, de Saulo Fagundes (à direita na foto ao lado), ganhou o prêmio de Melhor Letra e ficou em segundo lugar na classificação geral. “Alma poeta” , de Igor Reis Monteiro, ficou em quarto e conquistou o prêmio de Melhor Intérprete com Tereza Raquel

À

s margens do Velho Chico, no último agosto, sons de toda natureza, do cancioneiro popular ao jazz refinado, encerraram mais um Festival de Música de Ibotirama. Inspirado nos festivais que aconteciam no Rio de Janeiro e São Paulo a partir de 1965, foi concebido pelo grêmio estudantil do Colégio Cenecista e realizado pela primeira vez em agosto de 1977. Hoje, é referência nacional. É o único festival competitivo de música no Brasil em atividade com 38 edições consecutivas.

O FEMPI completou 38 anos de realização ininterrupta. Você tem 31 anos. O que isso representa para a pessoa e para o prefeito Terence Lessa?

Há vantagem em investir na cultura. Os efeitos são significativos na redução de pobreza e promoção da igualdade social”, disse o prefeito Terence Lessa, que tem apenas 31 anos. Quando ele nasceu, o festival já existia há sete anos. Após a apresentação das músicas concorrentes, Carlos Vilela animou o público e participantes no primeiro dia do festival, etapa eliminatória. Xangai encerrou o segundo dia, 16 de agosto, etapa final. Paulo Gabiru, paulistano radicado em Bom Jesus da Lapa, venceu com a música “Gato escaldado”.

Durante a semana em que acontece, a cidade respira clima festivo, musical e poético. No cais, o Covil do Bagre e outras barracas fervilham de músicos, poetas, cantores, admiradores, amantes e conversas transversais. O festival integra uma série de ações que celebram o aniversário da cidade: 56 anos de emancipação política. Este ano começou no dia 9 de agosto, com shows de calouros. No dia 14 aconteceu o 28º Festival de Poesia de Ibotirama, outra festa singular no Brasil. O Festival de Música, com competidores entre 12 e 70 anos, encerrou a semana cultural. “A maioria dos municípios do país atravessa dificuldades financeiras, poderíamos usar isso como desculpa e priorizar outros segmentos.

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Sou de uma geração que nasceu respirando a música, a poesia, já que nossa terra iniciou o festival em 1977, bem antes da minha “chegada”. Ibotirama, para a nossa sorte - e isso é motivo de muito orgulho para todos nós! -, não se deixou levar pela febre da cultura de massa, que assola a maioria das regiões brasileiras. Como gestor, é uma responsabilidade muito grande. Imagine você estar no comando de eventos que ao longo de décadas escreveram e continuam escrevendo a história cultural da nossa terra, da nossa gente e que são referências para o Brasil inteiro? A prefeitura publica mensalmente um guia de bolso com programação de oficinas, cursos, produção de vídeos, teatro, música e etc. Podemos dizer que Ibotirama está na dianteira de apoio à cultura na região? Procuro não comparar. A gente fala dos festivais de forma especial, porém, todas as ações culturais do município são detalhadamente discutidas e avaliadas para serem aplicadas. Talvez esteja aí a razão maior do nosso sucesso. Seja no teatro, na música, oficinas, cursos, produção de vídeos e outros. Além dos bairros, os trabalhos são levados à zona rural, através das escolas e grupos que fazem parte da secretaria de Cultura com o objetivo de despertar principalmente nos jovens o interesse pela arte. Há vantagem de investir em cultura?

atrações Carlos Vilela e Xangai no encerramento dos dois dias do festival

Há vantagem em investir na cultura. Os efeitos são significativos na redução de pobreza e promoção da igualdade social. E a escola é um dos importantes vetores nesse trabalho. Não se pode fazer cultura sem o uso contínuo da educação. É uma parceria imprescindível. Nossas escolas, nossos profissionais da educação estão engajados e são grandes responsáveis pelos positivos resultados que estamos obtendo.


divulgação

EM LUÍS EDUARDO MAGALHÃES

artesãs do rio de ondas são tema de vídeo documentário As biojoias em capim-dourado e sementes nativas do cerrado confeccionadas pela Assossiação Caliandra, ganharam design diferenciado que encantam o mundo. O trabalho desenvolvido desde 2005 e principal alternativa de renda das artesãs do Assentamento Rio de Ondas em Luís Eduardo Magalhães, é tema do documentário “Artesãs do Cerrado”. O filme foi dirigido pelo produtor Carlos Adelino Loiola Rosa, que há 12 anos reside no Oeste e pela jornalista, Cátia Andreia Dörr, roteirista do curta-metragem. O curta com duração de 10 minutos é uma produção independente e 100% regional, que destaca o modo de vida local e valoriza a cultura do oeste da Bahia, com trilha sonora do barreirense, Martiniano Silva de Carvalho, da Banda Nau de Papel. reprodução

NA CASTRO ALVES

grupo realiza 2ª edição do celebrando barreiras No dia 7 de setembro, a praça Castro Alves foi palco para arte, música, história, voluntariado e ação social na segunda edição do Celebrando Barreiras, organizado pelo grupo Salve Barreiras. A programação contou com exposição de artistas plásticos, divulgação de literatura de cordel, caminhada pelo Centro Histórico com a pesquisadora Ignez Pitta, apresentações musicais, teatrais e exposição de estandes. Foram arrecadados alimentos, roupas, brinquedos e materiais de limpeza para doação a instituições de assistência social local.

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Desenrola por aderlan messias

CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito

Latim: o português modificado da gente

E

m meados do século VIII a.C., na região da Itália central, Rômulo funda a cidade de Roma. Consta-se na sua lendária fundação dois recém-nascidos, Rômulo e Remo, abandonados às margens do Rio Tibre, que foram resgatados por uma loba que os amamentou. Posteriormente foram adotados por um casal de camponeses. Adultos, regressaram à cidade natal de Alba Longa. Um episódio fratricida leva Rômulo a matar Remo, ficando aquele conhecido como o primeiro rei de Roma. É nesse contexto histórico que adentra a nossa língua-mãe: o latim, conhecido hoje como o português modificado da gente. Ele foi a língua falada pelo povo que habitava a região do Lácio, primeira cidadela de Roma, situada na Península Itálica. Com a intensa conquista dos romanos por novos territórios, a marca linguística foi se difundindo. Há que se registrar que a língua-mãe ganha grande destaque com a efetiva expansão do Império Romano, propagada por soldados, gladiadores, colonos, comerciantes, plebeus, escravos, migrantes etc. Estes falantes, pertencentes ao latim vulgar, contribuíram para a origem das línguas neolatinas ou românicas, a exemplo do português, espanhol, catalão, francês, italiano, dentre outras. Hoje o português é o latim modificado, e, ainda que se afirme ser morta a língua-mãe, percebe-se que ela está constantemente presente nas propagandas, no discurso jurídico e religioso, ou seja, o latim que você pensa que não sabe, e sabe! Quem nunca usou um sabonete lux (luz); leu uma dedicatória constando a expressão in memoriam (em memória); ou disse ser o habitat (aquele que habita) natural do animal; foi ao campus (campo) da universidade; ou ainda usou a expressão a priori (antes); a posteriori (depois); quorum (número); idem (o mesmo); ? Sob este olhar é possível apontar a importância histórica do nosso idioma, a influência que o Latim exerce ainda hoje no meio midiático, em que a preocupação é convencer os consumidores e, por conta disso, busca forte retórica da persuasão criando slogans e marcas de produtos. Um exemplo ilustrativo são as meias lupo, do latim lupus, que significa lobo, animal, dando a conotação da perfeição que sugere a peça do vestuário. Como se não bastasse o meio midiático, o latim tem sido prestigiado, também, pelo campo jurídico. Juristas, advogados, procuradores costumam usar jargões e expressões latinas com o mero objetivo de impressionar, impactar o leitor, seja para

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conferir um certo charme linguístico ao documento, demonstrar erudição, ou prezar pela própria tradição. Assim, é comum ao operador do Direito fazer uso de expressões como “Dura lex sed lex”, que quer dizer, “a lei é dura, mas é a lei”. Em 2013 tivemos a presença da Vossa Santidade ao Brasil, o papa Francisco I, aquele que é tido pelos católicos como o sucessor de São Pedro. Pois bem, quem não se lembra da sua eleição ao pontificado? O mundo inteiro acompanhou o “Habemus papam” (temos um papa) anunciado da varanda da Basílica de São Pedro por um dos cardeais, para indicar aos cristãos de Roma e do mundo que um novo papa foi eleito. Após o anúncio, papa Francisco I deu a sua primeira bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo). Dadas estas observações, o doloroso idioma da flor do Lácio, como traz Olavo Bilac em seu poema, “A última flor do Lácio”, está mais vivo do que nunca. Por estar vivo que Machado de Assis assim afirma: “sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom viso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitações e de agradecimento.”


divulgação

EM LUÍS EDUARDO MAGALHÃES

CTG Sinuelo dos Gerais sedia maior Rodeio Crioulo Entre os dias 14 e 17 de agosto, o CTG Sinuelo dos Gerais foi sede do maior Rodeio Crioulo Interestadual desde a sua fundação. Além das tradicionais provas campeiras, o rodeio também sediou o 11º Encontro Esportivo do Planalto Central e a 22ª edição do Festival Gaúcho de Arte e Tradição do Planalto Central (FEGARP). De 13 a 20 de setembro, o CTG realizou a Semana Farroupilha.

COMPETIÇÃO

EM BARREIRAS

pedro henrique é revelação no rally dos sertões

protestos na aula inaugural do curso de medicina da ufob

O jovem piloto Pedro Henrique conquistou no último mês mais dois títulos para sua carreira: sagrou-se vice-campeão na categoria Júnior pela Federação Internacional de Motociclismo e ganhou o prêmio de Piloto Revelação do Rally dos Sertões 2014. Pedro Henrique tem 18 anos, é filho do também piloto Paulo Henrique e tem vários títulos na bagagem. Entre eles o de Campeão Brasileiro de Quadriciclo Graduado de 2014 Este ano ficou em 1º lugar no TransBahia e o 3º no Cerapió. Esta foi a primeira vez que o piloto participou do Rally dos Sertões, pela QuaTrilha do Cerrrado Rally Team, de Barreiras.

A aula inaugural do curso de medicina da Ufob, em Barreiras, foi marcada por diversas reinvindicações. Estavam na pauta dos alunos a construção do restaurante universitário, contratação de professores, estruturação para atender às necessidades de vários cursos e melhorias na assistência estudantil. Criada há um ano e três meses, a Ufob conta com 29 cursos distribuídos entre os 5 campi na região Oeste (Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória), mestrado em Ciências Ambientais com 25 vagas anuais, e um total de 1490 alunos matriculados. Recentemente, a Ufob realizou concurso para docentes e técnicos.

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miscellanea O personagem

O olhar de eulina

Mãe de 16 filhos espalhados pelo mundo, moradora de uma ilha do Rio São Francisco, não admite definições. Se expressa com uns, alguns, por aí, e lança os indefinidos olhos adiante.texto/ foto c. félix

O

olhar distante, as marcas do sol, da luta, da dor, do riso, do tempo se acumulam na pele tostada de Eulina. Nascida Arlinda Souza Barbosa, por alguma razão e em algum momento de sua vida, passou a ser chamada de Eulina e se distanciou de Arlinda, que só existe mesmo no documento. Sua voz quase não sai. É um sopro rouco, oco quando fala. Está com 62 anos e teve 16 filhos. Alguns moram com ela, outros estão espalhados pelo mundo. “Uns dez”, diz, pouco preocupada com as certezas. Estão no mundo e pronto. São do mundo. Costuma andar com uma varinha pela ilha. Os diachos dos cachorros lhe apoquentam o juízo. Com a varinha eles não se dão bem, está escrito no riso tímido de Eulina. Ela e o punhado de filhos moram na maior ilha do Rio São Francisco, no município de Ibotirama. O rio não está mais o mes-

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mo. Nem Eulina é mais a mesma. Um dia foi menina, mocinha, mulher. Foi um bocado de coisa, fez um bocado de coisa, mas nunca aprendeu a juntar as letrinhas, uma encangada com a outra, com um significado medonho de grande. Acorda às cinco da manhã, às vezes às seis, come uma coisinha aqui, outra ali, vai pra roça, espia o rio... assim Eulina vai vivendo. Não é uma vida vidona, é uma vida assim, fraca. - Pobre a gente né não! A gente é fraco, pobre é o cão – diz com humor e depois silencia. De repente, solta: “Eita! Vou embora, deixei a panela de arroz no fogo”. Eulina some entre as árvores, se encanta nos matos. Lá de longe escuto um latido seguido de um “ai” na linguagem de cachorro. Eulina se foi. Seu olhos ficaram comigo. Estão distantes, postos em um horizonte turvo, enigmático.


c.félix Ronaldo Antonio Maciel / reprodução

sem chuva Volume da água cai e bancos de areia crescem e se expandem ao longo do São Francisco, como em Ibotirama (acima) e Bom Jesus da Lapa

HIDROVIA

BAIXO NÍVEL DO SÃO FRANCISCO FAZ GOVERNO INVESTIR EM DRAGAGEM O baixo nível das águas da Represa Três Marias, em Minas Gerais, já é sentido por toda extensão do Rio São Francisco. Os bancos de areia no leito do rio crescem e se multiplicam. Em Ibotirama, algumas colunas de sustentação da ponte sobre o rio estão totalmente descobertas. A situação, que já preocupava ribeirinhos e pescadores agora começa a chamar atenção das autoridades. Recentemente, a draga Matrichan foi deslocada de Pirapora, cidade mineira que corre o risco de racionamento de água devido ao baixo volume do Velho Chico, para Ibotirama. O objetivo é desobstruir um trecho de 610 quilômetros para facilitar o escoamento das safras agrícolas que usam o transporte fluvial. De acordo com o secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia, Carlos Costa, serão investidos R$ 5,2 milhões na Hidrovia do São Francisco. Cada chata (embarcação larga e pouco funda) que trafega na hidrovia retira 26 caminhões de 56 toneladas da rodovias, disse o secretário. No entanto, se a estiagem e a falta de cuidado com o rio continuarem, a dragagem não vai ajudar muito. E não adianta o governo fazer preces para São Pedro. O rio, inicialmente, precisa de muito mais que água.

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Exclamação por karine magalhães

CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

Graal fashion!

Artes e culturas influenciam o melhor da moda da estação e comprovam que é um casamento perfeito. Elas ganham fortes apelos junto às massas e grandes marcas nacionais, pelas mãos dos fashionistas. Não é de hoje que obras e culturas inspiram estilistas. O Vestido Mondrian, inspirado por Yves Saint Laurent em 1995 talvez seja o exemplo mais óbvio dessa referência em relação entre um e outro. Preparei um street style no restaurante Dom Mariano em Luis Eduardo Magalhães para mostrar que arte e cultura para vestir vendem! fotos: Rodrigo Martini

Vanessa Reginnato

Gypsy

Pedro Fagundes

Murillo Gemelli

Há algumas temporadas que o estilo inspirado nos nômades ciganos de vários continentes ganham produções incríveis no meio fashion!

Joao Leonardo Machado

Dobradinha Fashion!

Diego Lauck

Quem acessa blogs de street style já deve ter percebido que os caras lá fora curtem muito dobrar a barra da calça. E aqui na região também, comece a reparar! Assim como dobrar as mangas da camisa deixa um ar despojado, o mesmo acontece com a calça (weekend style). O comprimento da dobra pode variar: três dobras geralmente são o suficiente, mas não é regra. Duas opções legais são a barra terminando na altura do cano da bota ou tênis; no caso de mocassim, pode ser acima do tornozelo.

Lázaro Resende, em novo espaço! Há 05 anos atendendo it.girls e It.woman cool em Luis Eduardo Magalhães, Lázaro celebrizou-se sendo inovador em designer de sobrancelhas, make & hair e especialista em noivas! Agora, ele atende em Barreiras e em novo endereço em LEM: Rua Paraná 275, Centro – 77 9927.2727

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Camila Carvalho

Babados! De volta ao passado, o midi dos anos 50 volta com força em vários comprimentos nessa estação. Beth Maciel já aderiu à tendência. Outro detalhe é a estampa inspirada nos balneários italianos!


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BARREIRAS ago-set/2014

BOLETIM E-mail: senadinho.barreiras@gmail.com Facebook: Senadinho Barreiras

1º Senadinho Cultural

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urante aproximadamente seis horas da noite de 8 de agosto, a Praça Duque de Caxias foi palco para apresentações de capoeira, música, poesia e teatro; exposições de fotografia, artes plásticas e feira de artesanato. O 1º Senadinho Cultural foi realizado pelo Senadinho Barreiras com apoio de inúmeros parceiros. A ideia foi promover e estimular a solidariedade através das expressões artísticas. Antes e durante a confraternização foram arrecadados alimentos e distribuídos com entidades carentes da cidade. Com os recursos doados pelos patrocinadores foi possível fazer perfuração de poço artesiano no Lar de Emmanuel, comprar instrumentos musicais para a fundação de uma escola de percussão para crianças e jovens no Barreiras I e um bebedouro de inox para escola do Projeto Catavento. Tudo isso é pouco diante do que é possível fazer. Mas é uma demonstração de que o poder da transformação social está no esforço que começa no individual e se consolida no coletivo. Nossas atitudes transformam o mundo e com arte e amor incondicional, espontaneamente solidário, o resultado é mais vibrante, colorido e sonoramente confortável. Obrigado a todos!

PARCEIROS DO 1º SENADINHO CULTURAL

www.revistaa.net

CASA CENTRO

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ÓTICAS SÃO LUIS

LEQUIP

CONSULT CONTABILIDADE


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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

NOVOS NEGÓCIOS

GERAÇÃO SAÚDE

aquece mercado de academias

Números de empreendimentos no setor cresce e o Brasil só perde para os Estados Unidos. O segmento movimenta R$ 2,45 bilhões e gera 317 mil empregos formais.texto redação

barreiras sedia congresso internacional de direito

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Discussões acadêmicas e intercâmbio cultural entre os participantes estrangeiros farão parte da primeira edição do Congresso Internacional de Direito em Barreiras, que trabalhará temáticas constitucional, penal e processual penal entre os dias 22 e 24 de outubro, no ginásio da FASB.

crescimento das academias de ginástica no Brasil, nos últimos anos, tem feito com que o país caminhe rumo à liderança mundial nos negócios voltados para a prática de atividade física. Atualmente, o país só tem menos empresas nesse segmento que os Estados Unidos, que contam com 29.960 empreendimentos, contra os 21.760 negócios brasileiros. A preocupação com o corpo saudável e atlético movimenta um mercado bilionário. Recente estudo realizado pelo Sebrae demonstra que as 21.760 academias brasileiras têm 2,8 milhões de alunos matriculados. O segmento gera aproximadamente 317 mil empregos formais para profissionais de educação física e movimenta cerca de R$ 2,45 bilhões por ano. O crescimento de 29% em três anos representou a criação de 4.948 novos negócios no período. Barreiras e região também acompanham esse crescimento. O empresário Walter Clério da Silva Junior, que abriu um empreendimento há um ano na área, está satisfeito e aposta em mais investimentos. “Sempre tive o sonho de abrir um negócio próprio e o ramo fitness me pareceu potencialmente viável. Existe grande concentração de clientes nos horários de pico, o que impõe a necessidade de aumento de espaço físico”, afirma. Apesar dessa alavancada, o Brasil ainda ocupa a 10ª posição mundial no que diz respeito à receita das academias, o que aponta para um baixo nível de maturidade na gestão dos empreendimentos. “As micro e pequenas empresas precisam ter foco em produtividade para minimizar custos, aumentar a lucratividade e o nível de competitividade. Além disso, elas devem estar atentas às novas tendências, às inovações do mercado e ao ambiente legal dos negócios para aproveitarem

o potencial de crescimento desse setor nos próximos anos”, ressalta Luiz Barretto, presidente do Sebrae. Das academias do país, 99,75% são micro ou pequenas empresas. No total, 68% (14.805) das empresas desse setor estão concentradas em seis estados, sendo três da região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), dois da região Sul (Rio Grande do Sul e Paraná) e um da região Nordeste (Bahia). São Paulo é o campeão nacional em número de academias com 6.349 empreendimentos. anne stella

O curso de Direito da Faculdade São Francisco de Barreiras, em parceria com a Rede Latinoamericana de Faculdades e Escolas de Direito, promove o evento, que já tem confirmados palestrantes de renome nacional e internacional como: Amilton Bueno de Carvalho, Guilherme Camargo Massaú, Francisco Gómez-Sánchez Torrealva, Salah Khaled Jr e Rômulo de Andrade Moreira. Os interessados poderão se inscrever até o dia 3 de outubro no campus da FASB. Para os acadêmicos da faculdade que participaram do Congresso de Iniciação Científica 2014, o investimento é de R$ 30. Para os demais será de R$ 60. Acadêmicos de outras instituições vão investir R$ 80, e os profissionais da área que desejarem participar, R$ 100.

perspectiva Empresário mineiro Walter Junior abriu uma academia em Barreiras há um ano e hoje já sente necessidade de ampliar o espaço para atender a demanda

A Faculdade São Francisco de Barreiras ingressou formalmente na Rede Latinoamericana de Faculdades e Escolas de Direito em 2013. A entidade reúne 23 instituições de ensino superior da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru.

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economia&mercado

DESIGN DE INTERIORES

tendência

duradoura

Planejamento é essencial, explica designer sobre como projetar um ambiente, e alerta: o projeto precisa durar mais tempo e continuar moderno. texto/fotos REDAÇÃO

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ão há nada melhor do que chegar em casa e encontrar um ambiente moderno e confortável que lhe traga uma sensação de “como é bom estar em casa”. Cada objeto em harmonia para dar um ar de sofisticação combinando perfeitamente com a personalidade dos moradores. Mas nada disso seria possível sem um planejamento bem feito. A designer de interiores, Fernanda Mascarenhas, dedica boa parte do seu trabalho ao planejamento. Conhecer bem os clientes é fundamental para que o projeto seja um sucesso. “O primeiro passo é sempre escutar o que o cliente quer. Depois eu meço o ambiente a ser trabalhado e vejo o que ele comporta dentro daquilo que o cliente sonha e precisa. O planejamento é essencial para garantir o sucesso do projeto, por isso é que eu dedico boa parte do tempo a ele”, disse Fernanda.

fernanda mascarenhas Barreiras Rua Coronel Magno, 214 - Centro (ao lado da Moldura Minuto) (77) 3612.3422 / 9825.8117

De olho sempre nas tendências do momento, Fernanda sabe que nem tudo que está na moda pode se adequar a um projeto. Tudo é sempre muito discutido com o cliente para que a harmonia não seja quebrada no ambiente. “Eu não deixo meus clientes na mão. Eu acompanho até o final. Tem tendências que funcionam só em mostras de decoração e são passageiras. Eu não sigo apenas tendências atuais, eu sigo as tendências que vão durar por mais tempo. O projeto tem que durar muitos anos, mas que ele sempre fique chique e moderno”, explica Fernanda, que recentemente transferiu seu escritório para um novo endereço em Barreiras, no Centro.

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economia&mercado

Opinião

por inês coelho

Consultora em gestão e desenvolvimento humano​em Luís Eduardo Magalhães (BA), coach com certificação internacional e pedagoga com especialização em psicopedagogia e psicologia da Educação

O poder das cores, na hora da compra

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ocê já parou para pensar no quanto as cores exercem influência sobre nossa decisão de compra? Observe estes dados estatísticos retirados do blog KISSmetrics:

9A cor pode ser responsável por 60% da aceitação ou rejeição de um produto ou serviço. 984,7% dos consumidores acham que a cor é mais importante que muitos outros fatores ao escolher um produto. 993% das pessoas decidem pelo aspecto visual para comprar, 6% consideram a textura e 1% decide pelo som ou pelo cheiro. 9As pessoas fazem um julgamento subconsciente sobre um ambiente ou produto dentro de 90 segundos após a visualização inicial. Em torno de 62% e 90% dessa avaliação é baseada somente nas cores. 9Anúncios em cores são vistos 42% mais frequentemente que os mesmos anúncios em branco e preto. 9Cores podem melhorar em 73% a compreensão, entre 55% e 68% o aprendizado e em 40% a leitura. 92 em cada 3 consumidores não comprarão um grande produto desejado se este não estiver em sua cor favorita. 9Azul é a cor favorita dos homens (57%) e das mulheres (35%). 9Mulheres conseguem diferenciar até 5x mais cores do que os homens. Por que isso acontece? Inúmeros estudos apontam para a existência de forte relação entre as cores e as emoções. Veja só: quando um negócio não está prosperando ou está à beira da falência, diz-se que “está no vermelho”; para alguém furioso, dizemos que está “roxo de raiva”; quando queremos nos referir à nobreza da linhagem de uma família, falamos que fulano tem “sangue azul”; há dias em que levantamos e enxergamos o mundo cor-de-rosa; em outros, porém, tudo parece cinza. Que motivos nos levam a associar cores a sentimentos e emoções? Esse é um assunto que a psicologia estuda há décadas e ainda causa controvérsias. De qualquer forma, é bastante aceita e difundida a ideia de que as cores estimulam sensações e que, inclusive, produzem alterações em nosso organismo. Conforme Milton Correia Jr., em “A Lógica da Cor” (Ed. 470 Revista Planeta), a cor nada mais é que luz, ou seja, fótons que são emitidos por determinados átomos em processos naturais ou artificiais. Quando refletida nos objetos, a luz é traduzida em cores que são assimiladas pelo nosso corpo e mente. Aí, por meio de uma variedade de ondas com diferentes potências, atuam sobre os centros nervosos e suas ramificações. Sofre-se, então, inúme-

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ras interferências, não somente no curso das funções orgânicas, mas também nas atividades sensoriais. Em comunicação e marketing isso é amplamente considerado, já que a linguagem da cor é um meio atrativo que atua sobre o subconsciente dos consumidores, desencadeando impulsos e desejos, permitindo sua utilização alinhada com os objetivos estratégicos das empresas. Não haveria de ser à toa que a cadeia McDonald’s de lanchonetes usa vermelho, amarelo e laranja na decoração das suas lojas e na comunicação visual, pois se tratam de cores quentes e vibrantes que estimulam o metabolismo e aumentam o apetite. Além das reações físicas diretamente desencadeadas pelas cores, também há que se considerar as questões culturais. Na Itália, no Brasil e em vários outros países, o branco é a cor usada para casamentos. Já em algumas culturas orientais, o branco é a cor do luto e funerais. Algumas cores também podem estar representando tendências de moda e comportamento. Portanto, é bom ter cuidado com a fonte e atualização dos infográficos disponíveis nas bibliografias e na internet. As referências norte americanas, por exemplo, podem não ser tão fidedignas ao público latino. Além disso, as influências regionais também precisam ser levadas em conta, como aquelas relacionadas à cultura local, clima e até a possíveis associações das cores escolhidas com questões de cunho político ou religioso. Enfim, o poder das cores tem sido cada vez mais levado em conta nos mais variados âmbitos. E, nos tempos atuais, com tantos produtos disputando o dinheiro e a atenção do consumidor, que empresa arriscaria negligenciar o uso eficaz das cores como ferramenta indispensável para captar a sua atenção? Marie Loiuse Lacy, em “O Poder das Cores no Equilíbrio dos Ambientes” (Ed. Pensamento) destaca que diferentes tons de azul com amarelo são muito utilizados no interior e fachada de estabelecimentos comerciais. Conforme ela, costumamos associar o azul com a segurança e a honestidade e o amarelo com a escolha certa. Portanto, vale lembrar que, quando na posição de consumidores, diante de tão poderosas influências, é



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agromagazine agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.

c.félix

área A área plantada nesta safra foi 15% maior que a anterior. Só o Oeste cultiva 308 mil hectares do total de 320 mil hectares em todo o Estado

SOJA PLUS

Convênio garante formação continuada COLHEITA 2013/2014

safra boa, preço nem tanto Segundo maior produtor de algodão do Brasil, Bahia deve fechar safra com 1,2 milhão de tonelada. Preço médio da arroba está próximo do mínimo determinado pelo governo.texto REDAÇÃO

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rodutores estimam que a colheita da safra 2013/2014 do algodão, encerrada no dia 15 de setembro, chegue a 1,252 milhão de toneladas, 498 mil toneladas só de pluma. A área plantada teve um incremento de 15% em relação à safra anterior. “A expectativa média de colheita é de 260 arroba por hectare”, disse Isabel da Cunha, presidente da Associação Baiana dos Produtores do Algodão (Abapa). O otimismo da safra, no entanto, esbarra no preço do produto no mercado. “Os preços não estão correspondendo à produção. A soja não foi muito boa, o milho também não e o algodão viria pra compensar. Mas, os preços estão deixando a desejar”, disse o produtor Paulo Schmidt. Com as recentes baixas, o preço médio da arroba está próximo do mínimo determinado pelo governo, R$ 54,90. “Hoje o preço está baixo, mas boa parte dos contratos foi fechado há um ano. Então, temos perspectivas de receber preços justos por essa safra”, disse João Carlos Jacobsen, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

O Programa Fitossanitário da Abapa ajudou no controle e monitoramento de pragas e doenças. Mesmo assim, o bicudo foi mais preocupante que a helicoverpa, que na safra anterior causou um prejuízo milionário na região. Se todos os produtores colaborarem, os índices de bicudo e do número de aplicações durante a safra 2014/2015 serão reduzidos, disse Isabel da Cunha. A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil, com 320,5 mil hectares, dos quais 308 mil são cultivados no Oeste. A maior parte da produção é exportada para Ásia, principalmente para China, Indonésia, Coreia do Sul e Vietnã, países que mais consomem algodão no mundo. O que fica no mercado interno é praticamente consumido no Nordeste.

Palestra sobre “Qualidade de Vida no Trabalho” estreia o Programa Soja Plus na Bahia, no início deste mês. Criado a partir de um convênio entre a Associação Baiana de Irrigantes (Aiba) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o programa vai atender 250 produtores de nove municípios do Oeste, na primeira etapa. O programa oferece formação continuada através de cursos teóricos e disponibiliza ferramentas de gestão como manuais, kits de primeiros socorros, vídeos e placas de sinalização. Sobre o caráter da capacitação, a instrutora da Abiove, Marly Morais, disse que “essas orientações objetivam adequar as atividades da fazenda, de maneira que cumpram as exigências do mercado e diminuam os índices de acidentes de trabalho e de meio ambiente”.

“Não é possível aplicar uma legislação urbana no campo. O campo tem suas peculiaridades, depende do tempo, do clima e de outros fatores, tanto para plantar, quanto para colher. E esses momentos não esperam”. Neri Geller Ministro da Agricultura em visita ao Oeste, sobre a Legislação Trabalhista do Brasil


entrevista

regiane romano

PRIVACIDADE,

isto não te pertence mais

A sociedade perdeu a noção do limite, vive sob um encantamento tecnológico e acha que pode tudo no universo digital. Situação que preocupa a professora Regiane Relva Romano, especialista mundial em tecnologias de varejo. Palestrante do 1º Encontro Regional de Líderes, realizado no Sesc de Barreiras, ela alertou sobre o risco da superexposição na web e o uso das redes sociais nos negócios. texto/foto C.FÉLIX

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currículo Doutora em Administração de Empresas, na área de concentração Administração da Tecnologia da Informação, pela FGV-EAESP, Regiane é escritora e membro do Comitê Europeu de RFID/Internet OfThings

O aumento de vendas de computadores no Brasil significa redução no número de analfabetos digitais? Infelizmente nós estamos apenas formando usuários de redes sociais que não têm a menor noção do que estão fazendo lá. Eu convivo com muitos estudantes jovens. Eles escrevem qualquer coisa, palavrão, comentários desnecessários, agridem pessoas e nem imaginam que por trás daquilo ali tem um ser humano que precisa ser respeitado. Vender não quer dizer que você está dando acesso a essa inovação, a essa nova era da informação. O principal, antes de qualquer coisa, é investir na educação. Se você não tiver um público educado, no sentido da palavra, não vai adiantar de nada dar pra ele o melhor computador, porque ele não vai conseguir extrair dali nada daquilo que realmente a tecnologia poderia lhe oferecer. Eu vivo falando para os meus alunos: “Saiam dessa rede social, aproveitem esse espaço”. Nós colocamos rede WiFi no campus da universidade e ao invés de eles usarem para pesquisar, se comunicar, fazer alguma coisa útil, ficam o tempo inteiro da aula no whatsapp falando mal do professor, da roupa do colega, falando mal de não sei quê, fazendo piadinha que não chega a lugar nenhum. Digo a eles que isto é o que eu chamo de “usurpadores do tempo”. Isto rouba o seu tempo e o tempo é o único recurso que não volta mais. Você perde dinheiro, recupera; você perde o tempo, não recupera. Tempo é vida. Eu sempre falo para a minha filha ter cuidado com isso. Hoje, você tem acesso a uma informação que é uma delícia. Você quer saber de qualquer coisa, lugar, qualquer informação, vai até um buscador, digita o que quer e imediatamente tem vídeos, textos, artigos acadêmicos. Vocês têm acesso a um novo mundo, mas o que vocês fazem? Nem leem! Os novos detestam leitura. Eles vão lá, fazem Control +C, Control + V, montam o trabalho escolar sem ler e sem fazer nada e entregam para o professor. Então, agora, Beatriz quer morrer comigo. Eu falo: “Bia, já terminou a lição? Me conte sobre o trabalho.” Ela responde: “Ai mãe, o trabalho já está pronto, já mandei”. Não, você fez Control+C, Control+V do que estava na internet. Pra mim só estará pronto quando você conseguir me contar o trabalho inteiro, porque aí transformou dados em informação e informação em conhecimento. Empreendedores e consumidores estão antenados com a evolução tecnológica? Eles estão encantados com a tecnologia e quando você está encantado não olha com profundidade, nem para o lado bom, nem para o lado ruim da tecnologia. O encantamento é tanto que você conta sua vida! E eles ainda falam: “Mas eu não publiquei lá, eu coloquei no inbox”. Mal sabem que por trás daquilo ali tem um mecanismo gigantesco para capturar todos os seus movimentos através do que você escreve, fala, dos vídeos e fotos que você posta, das pessoas que estavam naquela cena. Presta atenção no facebook. Tire uma foto de vários amigos que você tem no facebook, imediatamente ele pega sua biometria facial sozinho. Você acha que é sozinho? Não! Tem uma parafernália de tecnologia por trás disso para descobrir exatamente como você funciona, como as pessoas que estão ao seu redor funcionam e, a partir daí, te oferecer produtos customizados. O final de tudo é vender. Então não pense que tudo que é de graça. Não tem nada de graça. Há uma queixa generalizada na região Oeste da Bahia sobre o serviço de telefonia móvel e internet. Como implantar aqui todas essas tecnologias e inovações das quais a senhora fala em suas palestras?


O problema é que não é só aqui. Vocês não estão sozinhos. Em São Paulo está um inferno a telefonia digital. Eu sinto informá-los que não é um problema local. Aqui o meu celular funcionou - eu consegui baixar um monte de coisas da internet-, até melhor do que em São Paulo, por incrível que pareça. São Paulo a gente tem zonas que não pega nada. Então, esqueça essas dificuldades. Elas estão aí. Como você consegue fazer, mesmo com essas dificuldades, que as coisas aconteçam? Tenha planos de contingência. Se o 3G não funciona, coloca fibra óptica, se a fibra óptica não funciona, coloca outra tecnologia e, se nada disso funcionar, opere localmente. Quando ela voltar, você alimenta os dados. A senhora incentiva o uso e coloca as redes sociais como um forte aliado para determinadas inovações no comércio, mesmo com toda falta de privacidade. Isso não parece incoerente? Não. Eu coloco ali o que eu quero que as pessoas saibam a respeito da Regiane. Eu quero que todo mundo saiba que eu estou hoje aqui em Barreiras. Mas eu não quero que elas saibam, por exemplo, que eu fiquei de cama na semana passada porque tive um sério problema de saúde. Porque isso é um problema meu. As pessoas perderam a noção do limite, de contar a sua vida, de se expor como se elas estivessem conversando com um amigo muito próximo, com um amigo íntimo e ali não tem nada de intimidade. Eu estou em todas as redes sociais, só que se você observar meu comportamento nas redes sociais, eu publico aquilo que eu acho que, primeiro, vá agregar para o próximo. Agora, se eu estou com problema com o meu marido, problema meu! Eu não tenho que ir para a rede social ficar contando a minha vida particular. Observe as redes sociais. Parece que está uma psiquiatria, um instituto de psicologia. Todo mundo pedindo ajuda pelas redes sociais, direta ou indiretamente. Não é esse papel. Outro problema das redes sociais é a bolha da felicidade. Todo mundo é perfeito e feliz e, na verdade, a vida não é assim para ninguém. Todo mundo tem seus momentos bons e ruins, todo mundo precisa aprender a viver nessa selva que nos colocaram. Eu tive um aluno que se matou no ano passado, no último semestre do curso. Quase morri de chorar. O menino me seguia nas redes sociais, me contava que tinha ido passear com a namorada, que tinha ido ao teatro, ao cinema e tal. De repente, discutiu com a namorada. No mesmo dia perdeu o emprego. Daí foi até um prédio comercial, subiu no último andar e pulou. Aí você vai olhar a rede social dele, só tinha alegria: ele brincando, na balada, nos restaurantes. Só felicidade! Era uma máscara social. Por trás, o menino precisava de ajuda. Todo mundo olhava aquela fachada e pensava que a vida dele era perfeita. Estamos vivendo uma nova ética com a expansão tecnológica? É isso que representa para senhora o Marco Civil da Internet? Algumas, mas não todas. Na verdade, as pessoas ainda não entendem o conceito da ética, da moral. Vai além da tecnologia, vai para a

Os novos detestam leitura. Eles vão lá, fazem Control+C, Control+V, montam o trabalho sem ler e sem fazer nada e entregam para o professor.”

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parte do respeito, o que está faltando é a consciência de que eu não posso invadir o seu espaço. As pessoas acham que podem tomar conta de tudo e vão atropelando os outros, não se preocupam muito em saber se aquela pessoa vai se sentir ofendida, se não vai. Às vezes eu recebo uns comentários totalmente desnecessários na rede social e ainda a pessoa fica insistindo: “Você não curtiu meu comentário”. Fulano, eu não tenho que curtir aquilo que eu não gostei. Morreu a filha de uma ex aluna minha, todo mundo curtiu ela colocando lá “Hoje enterro da minha filha”. Pelo amor de Deus, quem curte a morte de uma menininha de nove anos? O que que é curtir? As pessoas estão se perdendo no virtual e no físico. Não é um problema virtual, é moral, social. É um problema que parte da educação básica. A gente tem que acabar com o jeitinho brasileiro. Eu detesto essa lei de Gerson: para se dar bem, você tem que fazer alguém se dar mal. Pra quê? Pra você se dar bem, você tem que ser honesto, digno; você tem que ser ético, íntegro. As pessoas falam: “Ah, mas todo mundo faz”. “Eu não sou mãe de todo mundo”, digo pra minha filha. Eu sou mãe da Beatriz, eu não quero saber de todo mundo. “Mãe, todo mundo foi mal na matéria tal”. Problema de todo mundo! Eu quero saber de você, você tem que estudar, cumprir o que está estabelecido. Você só estuda, portanto você tem que fazer a sua parte. Se você não está conseguindo, como sua mãe tenho que te ajudar a estudar, dar recursos, trazer professores que entendam da matéria. Tenho que pegar a tecnologia e colocar você para assistir aula virtual, tenho que tirar a tecnologia da sua mão quando você se perde e fica jogando seu tempo fora. Então, falta a mãe, o pai. Tem mãe e pai que não cuidam das crianças. Eu sou virtual, mas coitada da minha filha! As lojas estão ficando mais inteligentes, os consumidores mais vulneráveis e o apelo ao consumo mais fantasioso. Onde vamos parar? Eu acho que é um repensar desse consumismo desenfreado. Menos é mais. Quando você vai ficando velho, que já é o meu caso, como eu trabalho desde os 9 anos de idade, estou com 45 anos, praticamente daqui a pouco estou me aposentando e eu fico repensando: tudo vale a pena? Eu preciso ter o melhor carro do ano, o melhor celular, o melhor notebook, o melhor, o melhor, o mais, o mais? Ou eu tenho que pensar agora em ser, ao invés de ter? Eu estou nessa fase, mas a maioria ainda está encantada com o ter. Essa é a parte boa de ficar velho. Você não liga mais para o que os outros vão pensar, vão achar. Isso é o que a idade e a experiência trazem para você e é o que eu tento explicar para a minha filha. “Bia, você tem certeza que precisa de seis camisetas, uma de cada cor? Quantas Beatrizes tem aqui? Só tem uma. Você precisa desse tanto de sapato, desse tanto de maquiagem?” Você tem que começar a olhar os menos favorecidos, mas, não olhar com dó. Olhar com o olhar de como eu posso fazer para trazê-lo até esse mundo, para acessar essas informações. Eu pego no pé de minhas sobrinhas como se fossem minhas filhas. Minha irmã tem um mapa de vida diferente do meu. Eu amo estudar e, graças a Deus, ela terminou o colégio. E as minhas sobrinhas, eu fico no pé, porque se seguirem o mesmo modelo da mãe (não estou dizendo que é o modelo certo ou o errado), eu só falo para elas que estudem porque isso ninguém tira da cabeça delas. Se elas tiverem conhecimento, vão ter uma arma transformadora do futuro. Então eu pego no pé com nota, com trabalho e elas morrem de medo. Quando eu chego, elas me mostram as notas que tiraram, eu digo que não me interesso pela nota, me interesso pelo conhecimento. O que eu quero é que elas aprendam a aprender e transformem esse aprendizado em conhecimento para mudar a vida.

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PRESENTE SUSTENTÁVEL A partir desta edição, a Revista A começa a publicar a série “Presente Sustentável”. Trata-se de um conjunto de matérias sobre meio ambiente, hábitos de consumo e responsabilidade compartilhada. Na reportagem a seguir, você vai conhecer o projeto “Coleta Seletiva Solidária”, de Luís Eduardo Magalhães. Com apenas 14 anos e 74 mil habitantes, a cidade estimula o descarte consciente e promove a inclusão social.

como formar

uma sociedade reciclável

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Implantado há três anos, projeto tirou catadores do lixão, ajudou a criar uma associação, cedeu galpão, comprou equipamentos e vem conscientizando a população sobre o manejo responsável do resíduos sólidos gerados pelo consumo.texto/fotos C.FÉLIX

erminou no dia 2 de agosto o prazo de quatro anos para a extinção dos lixões nas 5.570 cidades brasileiras. Apenas 2.202 tomaram medidas para garantir o destino adequado do lixo. É pouco provável que o governo federal venha aplicar multas e afastar prefeitos, conforme prevê a legislação, mas todo município deve se voltar para a gestão dos resíduos sólidos. “Isso sempre foi um problema mundial e pouca gente pega realmente para resolver. Demanda soluções complexas, sistêmicas, participação de todos os setores da sociedade, de mudança de hábitos, postura, consumo”, explicou Fernanda Aguiar, secretária de Meio Ambiente e Economia Solidária de Luís Eduardo Magalhães. Há cinco anos ela começou a trabalhar a problemática do município que, apesar de não estar entre os 2.202 que tratam o lixo adequadamente, virou referência na Bahia em inclusão social através da coleta seletiva.

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Quando o lixão de Luís Eduardo Magalhães foi criado, ficava a quilômetros da área urbana. Hoje, em seu entorno, espalham-se loteamentos autorizados e depois embargados pelo poder público. Mas pouco se respeita o embargo e, sem ter mais como crescer horizontal, o lixão cresce verticalmente. Em agosto de 2009, assim que Fernanda Aguiar assumiu a secretaria foi investigar a situação e movimentação no lixão. Cinco pessoas viviam ali a catar material. Às vezes levavam um primo, amigo, criança. A secretaria cadastrou os cinco e passou a fiscalizar o lugar com apoio do Conselho Tutelar. No início de 2010 a secretária convidou-os para uma conversa na qual eles foram informados que a partir daquele dia começava a contagem regressiva para eles abandonarem o lixão. Mas quando isso viesse a acontecer eles teriam uma alternativa de trabalho: ou varrição de rua (desejo manifestado por todos) ou o Projeto da Coleta Seletiva Solidária. A ideia só agradou a alguns e a secretária chegou até a ser ameaçada de morte e intimidada com um incêndio no lixão.


“Foi o projeto mais difícil

que trabalhei nesses cinco anos. Você lida com pessoas que estavam excluídas da sociedade. Eles não queriam se relacionar com as pessoas, conversar com as pessoas na rua. Eles não queriam pedir o material. Eles estavam confortáveis no processo de isolamento do lixão, convivendo só com os vendedores. São pessoas muito carentes de atenção, alimentação, de tudo...”, conta Fernanda. Gilvan Alves dos Santos, 61 anos, um dos catadores que vivia no lixão, lembra que foi reticente para aquela reunião. Veio de Xique-Xique há 13 anos e, como estava com a idade avançada e não sabia ler nem escrever, foi parar no lixão. “Eu achava bom. Dava pra viver. Mas o prefeito num achava que ali era lugar de homem de bem viver e tirou a gente de lá”. Como pouca adesão dos catadores, a secretaria divulgou o projeto na rádio e convocou interessados. Cada um ia ter um carrinho (desenhado pelos próprios participantes do projeto), farda e crachá. Um calendário de coleta e uma cartilha orientando a população para evitar que o material reciclável fosse descartado no lixão seriam elaborados. No dia 23 de maio de 2011, o projeto foi inaugurado com 15 catadores, que assinaram um termo de conduta se comprometendo em não adquirir produto de furto, não consumir bebida alcóolica durante o trabalho e ser cortês com a comunidade. No dia seguinte, apenas 10 comparecem para trabalhar. Outros, para devolver o carrinho, farda e crachá. Eles não acreditavam no projeto que, aos poucos, foi crescendo. A prefeitura alugou um caminhão para ajudar na coleta da cidade e cedeu um terreno para os catadores realizarem a triagem do material. Em 2013, o superintendente do Conselho de Economia Solidária da Secretaria Estadual de Emprego, Renda e Esporte (Setre) conheceu o projeto, impressionou-se e firmou um convênio que, somado à contrapartida do município, chegou a R$ 1 milhão. A prefeitura construiu um galpão e, com os recursos do Setre, adquiriu 10 carrinhos motorizados, carrinho elevador para carregar fardos, prensa para papelão, plástico e outra para alumínio, triturador de papel e de vidro, containers e esteira. Resultado, o projeto virou referência no Estado da Bahia. No Dia Mundial do Meio Ambiente (5/06) a Central de Triagem da Coleta Seletiva Solidária foi inaugurada e, com um mês de operação,

integração Para a secretária de Meio Ambiente e Economia Solidária, Fernanda Aguiar, retirar os catadores do lixão foi muito difícil. Eles não queriam se relacionar com outras pessoas, vivam ‘confortáveis’ no isolamento. Hoje, o excatador Gilvan (foto acima) é presidente da associação e ganha em média, R$ 700 por mês, assim como os demais associados

contabilizou a coleta e a comercialização de 10 toneladas de material reciclável. Isto sem o uso de todos os equipamentos da central, embora eles tenham passado por treinamento oferecido pela empresa fornecedora. O que não é suficiente. “Estamos na última fase do convênio com a Setre, que é a capacitação dos catadores. A gente vai chamar uma pessoa do Movimento Nacional dos Catadores para trazer sua experiência: quantas horas por dia vamos ligar a esteira, como vamos usar a prensa, a operação do sistema da triagem”, explica a secretária, que ajudou a constituir juridicamente a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis formada pelos integrantes do projeto. Passo fundamental para que a prefeitura firmasse um contrato anual com a associação para a realização da coleta, triagem e destinação final do material reciclável, no dia 26 de agosto. No ato da assinatura, o prefeito Humberto Santa Cruz estranhou quando Gilvan dos Santos, presidente da associação, colocou a digital no do-

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PRESENTE SUSTENTÁVEL

centro de triagem A prefeitura construiu um galpão e, com os recursos do Setre, adquiriu carrinhos motorizados, carrinho elevador para carregar fardos, prensa para papelão, plástico e outra para alumínio; além de triturador de papel e de vidro, containers e esteira. Até o momento, todos os equipamentos não foram usados, ainda falta muita mão de obra e capacitação - apenas Gilvan sabe operar as máquinas. A secretária disse que a estrutura ainda está passando por uns ajustes e que em breve realizará processo de seleção para novos catadores. Atualmente cada um tira, em média, R$ 700 por mês

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cumento. Desde que o projeto foi implantado a prefeitura matriculou os catadores na Educação de Jovens e Adultos, além de doar uma cesta básica todo mês, inscrevê-los no programa Minha Casa Minha Vida e dar assistência à saúde. Mas Gilvan não levou os estudos a sério. “No ano que vem, na renovação do contrato, o senhor pode ter certeza que eu vou escrever meu nome aí. Eu sou uma onça!”, disse Gilvan ao prefeito. “Pintada!”, completou o prefeito. “Não! Preta!”, respondeu em gargalhada Gilvan. Com o contrato, a associação vai receber mensalmente R$ 30 mil para o aluguel de três caminhões, manutenção dos equipamentos, gasolina, água e luz da Central. Este é o primeiro convênio na Bahia entre uma prefeitura e uma associação de catadores para desenvolvimento da coleta seletiva e economia solidária. “Luís Eduardo Magalhães foi reconhecida nacionalmente por especialistas e órgãos federais. Nosso objetivo está sendo alcançado, que é a promoção da qualidade de vida. Os trabalhadores foram retirados do lixão e agora passam a desenvolver atividades com retorno financeiro através da associação”, disse Jenny Pompe, coordenadora do Conselho de Economia Solidário da Setre. Hoje, cada um dos nove associados tira, em média, R$ 700 por mês com a venda do material coletado e há uma lista na secretaria do Meio Ambiente com 95 interessados em se integrar ao projeto. Eles devem passar por entrevista e qualificação até o início de outubro. Há cerca de três anos, dois novos projetos foram agregados à Coleta Seletiva Solidária: Recicla Saúde e Recicla Santa Cruz. Ambos acontecem nas feiras livres nos bairros do Jardim das Acácias e no Santa Cruz, sábados


lixão ainda é problema Não deveria existir mais, mas não se acaba por decreto. O prazo dado pelo governo federal acabou e 60% das cidades brasileiras não se adequaram às regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos. No de Luís Eduardo Magalhães não existe mais catadores, ainda recebe muito material reciclável e está em crescimento vertical. Para piorar a cidade engoliu o lixão, antes a quilômetros de distância da zona urbana. Hoje, fica entre loteamentos e está entre disputas judiciais

e domingos, respectivamente. O caminhão do projeto fica estacionado ao lado da feira recebendo o material reciclável, que é pesado e convertido em moeda que pode ser trocada por frutas e verduras nas bancas. Ao final da feira, as fichas são recolhidas e trocadas por dinheiro. A secretaria tem divulgado o projeto em jornais, blogs e em breve deve estar na TV. A população tem colaborado, mas é preciso maior participação. “Como eu disse inicialmente, a coleta seletiva, para funcionar, demanda mudança de hábitos, comportamento, consumo. A questão ambiental não é responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente, não é da ONG ambientalista. É responsabilidade de todos os seres humanos que vivem no planeta Terra, nossa única casa. Ou nós entendemos, compreendemos que nós precisamos mudar nossos hábitos ou nós vamos sofrer as consequências de qualquer jeito, e elas virão de qualquer forma. O dano ambiental não respeita limite político. Um dano ambiental nos EUA pode nos atingir? Pode!”, disse Fernanda Aguiar.

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Pesquisa Revista a / Insight

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Com mais de 90 mil eleitores, Barreiras é o maior colégio eleitoral do Oeste e sonho de muitos candidatos. Com baixo índice de escolaridade e pouco interesse pela política, a maioria não lembra de uma obra sequer realizada na cidade pelo governo federal ou estadual. As informações são de uma pesquisa encomendada pela Revista A ao Instituto Insight para conhecer o perfil e expectativas do eleitor barreirense às vésperas da eleição para presidente, governador, senador e deputado.

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perfil do eleitor

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N

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Não são tantas as obras da União e Estado em Barreiras, ao longo das últimas décadas, pelo menos. Pelas características potenciais da região, chega-se até a argumentar que há um déficit. A maioria da população com direito a voto sequer se lembra de uma obra. Foi isso que constatou a pesquisa realizada entre os dias 21 e 23 de agosto pela Revista A e o Instituto Insight, em Barreiras, maior colégio eleitoral do Oeste baiano, com 91 mil eleitores. À pergunta sobre que obra dos governos federal e estadual na cidade lhe vinha à mente primeiro: 81% respondeu não lembrar de nada do primeiro, e 59% disse o mesmo do segundo. Para 77%, o Estado não cumpre com suas obrigações na região, 49% diz que o governo federal é pouco atuante. A pesquisa foi realizada com 266 pessoas e 95% de confiabilidade. Os números, de certo modo, refletem indiferença da população à política, ao político, à coisa pública. Há pouco interesse pelo assunto, direitos e deveres. A única certeza é que naquele meio tem maçã podre – aliás, o meio é uma macieira quase toda podre: improbidade, demagogia, prevaricação, corrupção. Vale salientar, inclusive, que a corrupção no Brasil é generalizada, permeia os três poderes e acaba frequentemente na pizzaria. É quase impossível acreditar no político, na política. E como acreditar na sociedade, que é quem garante a concessão? “Os políticos são o que nós projetamos para eles. Quando a gente fala de política em sala de aula, parece que está falando coisa de outro planeta, parece que não pertence aos alunos. Eles estão numa alienação que os gregos antigamente os chamariam de idiotas. No sentido de que eles não participam politicamente das coisas da cidade, não ligam para nada. Apenas para sua vidinha particular, sua barriga. Ninguém está ligando para o coletivo”, explicou o professor universitário, filósofo e doutor em linguística, Bosco Pavão. Dois equipamentos públicos inaugurados em 2006, em Barreiras, foram indispensáveis para o desenvolvimento da cidade e região: a Universidade Federal da Bahia - transformada em Universidade Federal do Oeste ano passado -, e o Hospital do Oeste. O primeiro por promover a formação profissional em nível superior e o segundo por ser o maior hospital de alta complexidade da região. Contudo, a Ufob foi lembrada apenas por 2% dos entrevistados e o HO, por 6%, e foi a obra mais lembrada do governo do estado. O contorno viário, oficializado pela prefeitura como “anel viário”, foi a mais citada do governo federal, com 14%. “Era uma aspiração de mais de 20 anos. Passou pela expectativa de mais de uma geração de barreirenses. Tudo isso faz o contorno ser o mais lembrado. A maioria traduz as verbas federais empregadas na cidade apenas através de grandes obras. A Ufob, em si, foi uma conquista não apenas para Barreiras. Agora, o povo sente os buracos, a falta da casa própria e de luz de maneira mais contundente do que a falta de educação pública de nível superior, que ainda é muito distante para parte da população”, explicou o cientista político Sávio Menna Barreto.

escolaridade

5%

ensino superior

43%

ensino médio

sexo 44%

ensino fundamental

51%

49%

8%

não alfabetizado

23% 23%

idade

16%

16%

11% 9% 2% 40 a 49 50 a 59 + de 60 16 a 17 18 a 24 25 a 29 30 a 39

renda

36%

48%

14%

1%

Até 1 sal. mínimo

De 1 a 3 sal. mínimo

De 3 a 5 sal. mínimo

De 5 a 10 sal. mínimo

lembra de alguma obra

59% 41% lembram

81% 19% lembram

m não lembra obra do de nenhuma governo federal

14% Anel Viário 9% Minha Casa Minha Vida Esgotamento Sanitário 6% 2% Ferrovia Luz para todos 6% UFBA (UFOB) 2% 8% Outros

m não lembra obra do de nenhuma governo estadual 4% Hospital 3% Ferrovia 2% HO Anel viário 2% 2% Escolas 2% Estradas 5% Outros


ENTREVISTA//

BOSCO PAVÃO, filósofo e doutor em linguística

“Ordem não dá progresso pra ninguém” Por que esse desinteresse pela política? Os políticos são o que nós projetamos para eles. Quando a gente fala de política em sala de aula, parece que está falando coisa de outro planeta, parece que não pertence aos alunos. Eles estão numa alienação que os gregos antigamente os chamariam de idiotas. No sentido de que eles não participam politicamente das coisas da cidade, não ligam para nada. Apenas para sua vidinha particular, sua barriga. A felicidade dele é uma felicidade particular. Eu sempre falo pros meus alunos que o ‘eu’ ficou muito valorizado a partir de Descartes, com o ‘eu penso, logo existo’. Tudo se voltou para o eu. Ninguém está ligando para o coletivo. De quem é a responsabilidade por isso? Todos nós – educadores, professores – somos culpados por tudo isso também. Porque a preocupação da gente é que o aluno passe com o mínimo de nota para o vestibular, para o concurso, qualquer coisa... A gente não está preocupado em formá-lo como cidadão, com a questão ética, que não é só uma questão moral. É uma totalidade! A prestação de bons serviços para a comunidade, a preocupação com o bem público... A própria justiça não é preocupada com o bem público - a nossa justiça é patrimonialista. Ou seja: já vem toda uma estrutura voltada para esse particular. Nada é coletivo. E a política é e deve ser coletiva. Mas, infelizmente, para os políticos não é bom que se formem cidadãos. Que diferença há na política da década de 1960 e hoje? Na minha época a nossa preocupação era bastante ideológica. A gente não estava preocupado com o diploma, se preocupava

com o conhecimento, com o coletivo. O próprio processo de globalização fez com que a gente minimizasse isso e ficasse voltado apenas para o consumo: “eu sou aquilo que eu consumo”. Aí o próprio movimento intelectual vai enfraquecendo. De repente veio uma democracia sem preparo do povo. Democracia requer diálogo, ideias contrárias. Não é porque você é de um partido e eu sou de outro que não vou querer saber o que o seu partido pensa. É importante que um saiba o que o outro pensa, pra discutir, pra dar ideias melhores. Isso é o processo dialético. Agora, não se conversam, cada um acha que está na sua certeza. Se não há diálogo, não há evolução. A própria juventude da universidade era dinâmica, fazia movimentos, agia o tempo todo. Você vivia a pulsação dentro da universidade do que estava na sociedade. Hoje, não tem mais nada. O pessoal vem aqui como quem vai no supermercado, pegar conhecimento para passar num concurso, para se dar bem num concurso. O que significou os movimentos de junho do ano passado? Um movimento que muita gente condenou - as chamadas arruaças. Eu falo sempre pros meus alunos: sem arruaça, é procissão. Se não houver protesto, é procissão! É necessário o quebra-quebra. Tudo começa na nossa bandeira: “Ordem e progresso”. Ordem não dá progresso pra ninguém, só dá progresso para alguns. Ao meu entender, a desordem que faz gerar um progresso. Então, foi um movimento um pouco fogo de palha, sem muita ideologia. Tinha pessoas insatisfeitas, mas não deu em nada porque não gerou nada politicamente. Não teve ganho político nenhum, porque a política é necessária. A gente que fez da política uma coisa ruim...

expectativa do eleitor

Infraestrutura governo federal

56%

esperam melhorias em geral 30% Pavimentação 7% Estradas 5% Saneamento 2% Outros

governo estadual

55%

esperam melhorias em geral 30% Pavimentação 6% Estradas 5% Saneamento 9% Outros

Saúde

32%

esperam melhorias em geral 28% Profissionais de saúde 25% Mais hospitais 3% Gestão e organização 12% Outros

59%

esperam mais profissionais 25% Melhorias em geral 3% Gestão e organização 3% Mais hospitais 10% Outros

Educação

34%

esperam mais escolas 29% Melhorias em geral 22% Mais profissionais 5% Melhores salários 10% Outros

32%

esperam mais escolas 29% Melhorias em geral 24% Mais profissionais 4% Melhores salários 11% Outros

Emprego e renda

45%

esperam melhoria salarial 27% Melhorias em geral 24% Mais empregos 1% Curso e capacitação 3% Outros

46%

esperam melhoria salarial 26% Melhorias em geral 22% Mais empregos 3% Mais empresas 3% Outros

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ENTREVISTA//

SÁVIO MENNA BARRETO, cientista político

“A educação política está ausente nas escolas” Por que o Contorno Viário é a obra mais lembrada pelos entrevistados? Era uma aspiração de mais de 20 anos. Passou pela expectativa de mais de uma geração de barreirenses. Tudo isso faz o contorno ser o mais lembrado. A maioria traduz as verbas federais empregadas na cidade apenas através de grandes obras. A Ufob, em si, foi uma conquista não apenas para Barreiras. Agora, o povo sente os buracos, a falta da casa própria e de luz de maneira mais contundente do que a falta de educação pública de nível superior, que ainda é muito distante para parte da população. O que significa “melhorias em geral”? Pouco conhecimento é igual a pouca especificidade nas respostas.. É generalização: tudo precisa melhorar e nada em sua totalidade está funcionando bem. Há um sentimento geral de desamparo e de desagrado com o atendimento do governo às necessidades básicas, de tal forma que a tendência do povo é generalizar os problemas com a resposta “melhorias em geral”. Como você avalia o nível de escolaridade do eleitorado? O eleitorado no Brasil está mais qualificado. Mas isso não tem vindo através da educação política, ausente nas escolas, mas, principalmente através da comunicação informal gerada pelas redes sociais. As mídias têm possibilitado que informações relevantes sobre os candidatos e partidos cheguem mais rapidamente a mais pessoas. Agora, quando temos maioria de eleitores sem ensino formal consolidado, as chances de haver manipulações dos candidatos junto a estas pessoas é maior. É o antigo e conhecido voto de cabresto. A manipulação das pessoas em época de eleições é comprovadamente maior em eleitores de baixa escolaridade, não apenas pela intimidação, mas pelas conhecidas trocas entre eleitores e candidatos. O que você acha da transformação do Oeste em um Estado? A propositura de criação do novo estado surge com mais força a cada momento em que o dinheiro não é investido no Oeste da Bahia. Entretanto, precisamos separar bem o que é uma demanda legítima do povo - e que pode trazer resultados positivos - e o que é uma articulação política de alguns que querem o novo estado apenas para gerar novas cadeiras na Câmara Federal, no Senado, e em toda a máquina pública que se criará diante de um novo Estado Federativo. Importante que não confunda-se aqui a legítima atitude política com a barata politicagem.

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penas 5% dos eleitores barreirenses declararam estar no ensino superior, 44% no fundamental e 43% no médio. Completam o perfil educacional da pesquisa 8% de não alfabetizados. De longe, esses números preocupam, principalmente se verificada a faixa etária do grupo de entrevistados: 89% têm entre 16 e 59 anos, intervalo de idade de pessoas economicamente ativas, de pessoas que já deveriam ter, no mínimo, o ensino médio completo. É esse quadro social que escolhe os representantes políticos da cidade, do país, com 36% recebendo até um salário mínimo e 48%, de um até três. Que barriga vazia não forma cidadão, é certo, mas educação também não garante formação de indivíduo consciente, politizado. A educação, infelizmente, não tem proporcionado melhor compreensão do mundo para o indivíduo. “Todos nós – educadores, professores – somos culpados por tudo isso também. Porque a preocupação da gente é que aluno passe com o mínimo de nota para o vestibular, para o concurso, qualquer coisa... A gente não está preocupado em formá-lo como cidadão”, disse Pavão. A cidadania é condição legítima para manifestar, reivindicar, protestar, questionar, eleger. Se, para os políticos não é bom que se formem cidadãos, para a população é bom que se tenha mais e melhores serviços de educação. No entanto, a condição salarial dos professores é uma preocupação para poucos. Os entrevistados esperam mais escolas, melhorias em geral, mais professores e, por último, melhores salários. No mínimo, entendem que a educação pública local e regional está carente. Ou por falta de ações diretas dos governos na área ou pelas condições da própria cidade, também carente, principalmente de infraestrutura, eficiência na administração, transparência, coerência e organização. Em relação à expectativa na área da saúde, há mais esperança de hospitais e postos do governo federal, 28%. Apenas 3% esperam a mesma coisa do Estado. Eles ainda querem mais profissionais e melhorias em geral. Sobre emprego e renda: melhorias salariais e, novamente, melhorias em geral e mais empregos; infraestrutura, melhorias em geral lidera, com valores acima de 50%. “Pouco conhecimento é igual a pouca especificidade”, disse Barreto. Para ele, há também um sentimento geral de desamparo, desagrado com o atendimento dos governos às necessidades básicas. Tudo isso contribui para a generalização: “tudo precisa melhorar e nada em sua totalidade está funcionando bem”. Mas de alguma forma funciona, e, sem dúvida alguma precisa melhorar. É preciso acreditar nisso, senão seremos sempre cúmplices de uma realidade que perversamente prioriza o egoísmo e beneficia o político em pele de cordeiro.


contorno viário Obra mais lembrada pelos entrevistados sequer foi inaugurada, apesar de constar ao lado da ponte sobre o Rio Grande uma placa datada de outubro de 2013. A aspiração de 20 anos representa um dos mais recentes descasos políticos com a coisa pública. Sem as mínimas condições para o tráfego de veículos pesados, no trecho que deveria ter um entroncamento da BA-447 com BR-242 o asfalto já não existe mais. Os caminhões circulam pelo contorno desde o dia 10 de fevereiro deste ano, quando a prefeitura de Barreiras passou a proibir o tráfego desses veículos pela cidade no horário comercial

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umlugar

especial Oeste

rui,

Beto Oliveira

foto RUI REZENDE

fortalecido e renovado

texto c.FÉLIX

Foram nove dias em coma, seis cirurgias e 42 dias internado, depois do grave acidente aéreo

reprodução

sobre uma fazenda entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. O fotógrafo Rui Rezende, editor da coluna “Um lugar” da Revista A, fazia uma das últimas sessões de fotos para compor seu livro sobre o Oeste quando o avião pilotado por Ana Maíra Moraes caiu. Ela continua internada, no Hospital do Subúrbio, em Salvador, mas com quadro estável. Já em casa, Rui Rezende se recupera com fisioterapias e o carinho dos filhos. Só deve voltar a caminhar daqui a três meses, mas sua cabeça já está há mil. “Meu corpo é que precisa de tratamento”, disse. O lançamento de seu 4º livro, “Oeste, um novo mundo”, foi adiado para o início de 2015. Todos os municípios, à margem esquerda do Rio São Francisco, a partir de Casa Nova, foram fotografados por Rui Rezende em suas expedições pela região. “Agora, com o acidente, o livro passa a ter novos significados. A beleza, a curiosidade, a sensibilidade, tudo isso existe. Mas o percurso para esse resultado foi alterado. O livro é o renascimento, um recomeço. E tem tudo a ver com a região: guerreira, forte e bela”. Rui não se recorda dos detalhes do acidente, mas de uma coisa não tem dúvida: a vida é aprendizado constante. Poucos dias depois de retornar do coma induzido, gravou um áudio no qual dizia: “A gente só está nesse mundinho aqui para aprender, e ai daquele que não aprender! Quem não aprende de uma maneira, aprende de outra, e nesse momento eu estou aprendendo da maneira que me foi colocado. E garanto a vocês que vou sair muito mais fortalecido”. Agora, enquanto retoma o trabalho de seleção de imagens para o livro do Oeste, Rui planeja fazer uma exposição com fotos produzidas ao longo dos seus 15 anos de trabalho profissional. “Estamos chegando na primavera, e esse é um momento especial da natureza. Daí me veio a ideia de fazer uma exposição com imagens que pudessem traduzir um pouco a minha história e a nova vida que me foi concedida por Deus.”

modelo paradise A aeronave ficou toda destruída após perder altitude, colidir o trem de pouso com uma F-4000 e cair ao lado de um pipa, que ajudou a combater um princípio de incêndio. Acima, Rui com o equipamento que estava consigo na hora do acidente

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minutos antes...


O tempo. Pêndulo incorrigível que nunca volta, vive em um movimento contínuo de sempre ir, a devorar dias, noites e momentos que parecem eternizados, momentaneamente eternizados. Rui Rezende e a pilota Ana Maíra estavam deslumbrados com a natureza que cobria a terra de branco; assistiam ao sincronismo das aparentemente minúsculas máquinas a riscar o solo da boa safra; a luz ideal; tudo parecia conspirar para a conclusão tranquila de mais um trabalho produtivo quando, de repente, o tempo não deu tempo para corrigir o incorrigível e o avião espatifou-se sobre o branco. Agora, Rui e Ana vivem um novo tempo, e desse novo tempo olham para o registro dessa plantação de algodão e pensam em coisas que não podemos pensar. Que bom que o tempo não para!

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cult

música, cinema, artesanato, agenda,

livros

Em um mundo cada vez mais digital, jovens escritores de Luís Eduardo Magalhães se reúnem para lançar ainda este ano seis livros, que vão da literatura fantástica a crônicas do cotidiano. texto/fotos REDAÇÃO

à

ape nas escri tores s 10h da manhã de domingo a televisão da lanchonete da Praça Central de Luís Eduardo Magalhães exibe mais um episódio do seriado mexicano Chaves. O volume alto, aparentemente parece não incomodar os seis jovens sentados em volta de uma mesa a poucos metros dali. Com idade entre 16 e 35 anos eles irão lançar, no mês de novembro, uma série de seis livros pela editora independente EX!, através de uma parceria com uma associação de jovens do município. A reunião serve para traçar metas e definir prazos para as próximas ações do grupo antes do lançamento. A editora é ideia do jovem escritor Alec Silva, autor da coletânea de histórias curtas (“Zarak, o Monstrinho”, Multifoco, 2011), um conto numa antologia sobre répteis cuspidores de fogo (“Dragões”, Draco, 2013) e um romance autobiográfico fantástico (“A Guerra dos Criativos”, independente, 2013). Na pauta do encontro daquela manhã os últimos ajustes antes da participação do grupo na I Mostra de Moda, Arte e Decoração (MMAD), onde ministraram uma roda de conversa sobre literatura. Alec é o mais exigente. Com duas novas obras engatilhadas: Colisão, prevista para ser lançada em versão virtual em setembro e “O Cubo das Eras”,

que contará com parte de sua história se passando em Luís Eduardo Magalhães. “‘O Cubo das Eras’ é uma jornada contra a natureza humana, na qual três jovens podem decidir se a humanidade se elevará a posição divina ou encontrará, de maneira trágica, a extinção resultante de uma ambição doentia”, diz o autor, fazendo menção a um trecho da sinopse do livro. “Quero dedicação máxima de todos. Apesar de todas nossas dificuldades, precisamos pensar com profissionalismo”, aponta. Quem também faz parte do time é o jornalista Anton Roos, que assina a coluna Impressões na Revista A e se prepara para o lançamento do seu primeiro livro de crônicas batizado de “A gaveta do alfaiate”. O livro, segundo o autor, reúne algumas das crônicas que escreveu para o Jornal Classe A e para a própria revista, ambos de circulação em Luís Eduardo Magalhães e região Oeste da Bahia. “Muitas pessoas sempre me incentivaram a reunir algumas dessas crônicas em um livro. Aproveitei alguns textos perdidos nos meus blogs e outros que mantinha sob sigilo no meu computador”, conta Anton. Completam o time de escritores o poeta Issaac Guedes, autor de “Colheita Poética”; Ricardo Haseo, de “Clamor pelo Sangue – O Olho da Penumbra”; o ilustrador Jardel Reis, com o livro “Papel, Caneta e uma Mente Azul” e o menino prodígio do grupo, Guilherme Araújo, autor do romance “Segredos Trancados”. Com 16 anos, Guilherme conta que começou a escrever aos 14. “O que escrevo é sempre algo que nunca irei viver, gosto de desafiar meus próprios personagens. ‘Segredos Trancados’ é um exemplo disso”, avisa. Quando a reunião termina Alec nega a carona e segue em outra direção. Jardel, o ilustrador do grupo o acompanha. “Quero mostrar algumas coisas para os desenhos do livro”, conta. Os demais, cada um segue para um lado. Não tardará e eles poderão dizer em alto e bom som que são escritores. Escritores numa cidade do interior.

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Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com

anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

Homens precisam de desenho

Q

uem disse que homem não pode ter amigas está enganado. É raro, é verdade, mas é possível e às vezes dá certo. Eu tenho amigas. Não enchem os dedos de uma mão, mas são pessoas de confiança, até mais que os homens da outra mão. Eu mesmo já fui da opinião que homens e mulheres não podiam ser amigos de jeito nenhum. Puro preconceito. Porque homem que é homem está sempre com segundas intenções e blá, blá... Besteira. Os homens são sim, limitados. Restritos, embora nós tenhamos nos acostumado a dizer que essa limitação é sinônimo de praticidade. Balela. Toda essa suposta prática não passa de desculpa para o fato de não entendermos nada sobre as mulheres. O fato é que nós, homens, só conseguimos pensar com apenas e tão somente um compartimento – diga-se de passagem, pequeno – aberto, bem diferente delas, que, em segundos, tem quatro, cinco, dez vagões escancarados e o pensamento tão à frente da gente, que em milésimos de segundo nos transformam em bebês de colo que recebem aulas de matemática avançada numa sexta-feira à noite. Somos tão bobos, mas tão bobos, que o máximo que conseguimos dizer é que as mulheres são complicadas. O mais engraçado é que elas não nos entendem e nós as achamos complexas demais. Vai entender. Aliás, Os homens precisam, como se convencionou dizer, de desenho. Simples. Só a explicação, o beicinho fazendo birra, os “nãos” que significam “sims” não adiantam. Precisamos de um desenho para nos auxiliar no entendimento das maiores trivialidades, até mesmo em relação às amizades que dão certo com mulheres. Quando revelei a uma amiga, por exemplo, que ela era de minha total confiança, a reação foi quase cômica. Piorou, quando disse que ela era minha confidente.

- Estou lisonjeada. Sou quase sua amiga gay – respondeu-me ela, antes de cair na gargalhada. Confesso que não entendi e já faz uma semana. Talvez seja algo como o preconceito que tentei eliminar no início desse texto, só que em sentido inverso. Porque, no fundo, elas também não conseguem admitir verdadeiras amizades com homens e sentem dificuldade em lidar com isso. Acreditam que amizades são aquelas que as acompanham ao toalete e podem, numa situação de aperto, emprestar o rímel, o esmalte, o batom ou simplesmente as olhar com um sorriso amarelo no rosto e dizer: - Tá linda amiga, vai lá e arrasa. Não. A amizade entre um homem e uma mulher é diferente e não necessariamente significa que uma das partes seja homossexual ou que o homem esteja sendo gentil apenas para deixá-la confortável o suficiente para ir pra cama com ele. Nada disso. Amizades entre homens e mulheres deveriam servir para as professoras de matemática avançada darem mais atenção aos gugus dadás dos bebês de colo e para os bebês de colo fazerem essas mesmas professoras entender que o chorinho dentro do carrinho é um pedido de colo ou que o melhor da vida é chafurdar-se nos peitos da mãe bebericando um leitinho morninho de vez em quando. Mas... Ainda há a hipótese remota de eu estar completamente louco e a amiga que suspeito ter, não ser de fato, uma amiga. Porque, segundo o dicionário, confidente é aquele a quem confiamos os mais secretos pensamentos e isso lá é responsabilidade das grandes. Algo que para o imaginário feminino só é realmente possível com alguém que vá com ela ao banheiro para lhe dar dicas de maquiagem ou apenas para criticar o look da garota da mesa ao lado. E, talvez, eu não me enquadre nesse perfil e continue, como todos os homens, precisando de um desenho de vez em quando.

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cult agenda

MÚSICA fotos: Reprodução

Novos CDs Cevisa e Promessa de Cera: Cordeis, Maracatus e Baião A banda tipicamente lapense esteve em Barreiras para apresentar sua mais recente produção: “Cordeis, Maracatus e Baião”. Cevisa, cantor que reúne apresentações em vários festivais e várias premiações na bagagem, iniciou sua carreira como intérprete em 1982. É natural de Bom Jesus da Lapa e já apresentou uma turnê pela Europa, quando fez parte do grupo Som das Águas. Em julho de 2004, começou parceria com a banda Promessa de Cera, com quem gravou seu último CD, projeto que mostra o resultado das suas observações de ritmos, trejeitos e costumes dos nordestinos e recebe influência de gêneros da música popular brasileira como o pop e o rock.

Carlos Villela: Tempos

Uma noite de muitos abraços texto REDAÇÃO

A

confirmação do show de Caetano Veloso em Barreiras é assintomática. Se um show ansiado há tempos pelo casto e – talvez – seleto público fã de boa música em toda região, a tardia vinda do homem que inventou a Tropicália para o oeste denota o quão gigante é a Bahia. Quiçá não valha nem mensurar a passagem na obscura década de 1980 de Gilberto Gil por Santa Maria da Vitória. Caetano vem distribuir abraços ao povo do oeste. Aqui divulga seu mais recente disco “Abraçaço”, obra em que procura sua própria reinvenção. Oportunidade para que possamos brindar a abertura de uma nova fase na programação artística e cultural de toda região. Que possamos, abençoados pelo pausado trote vocal de Caetano, iniciar uma era de diversidade, brindados, é claro, pelos mais de 40 anos de carreira do músico que se apresenta na cidade no dia 11 de outubro.

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Cantador da genuína poesia popular, Carlos Villela foi um dos artistas convidados para se apresentar no XXXVIII Festival de Música Popular de Ibotirama. O compositor com sucessos gravados nas vozes de Flávio José, Genival Lacerda, Santanna, Jorge de Altinho, Targino Gondim, dentre outros, traz em seu novo CD, composições próprias e parcerias com grandes nomes da música baiana como Anchieta Dalí e Zeca Bahia. Treze faixas compõem o repertório dançante, com o autêntico forró pé-de-serra ritmado pela sanfona e a zabumba.

Reginaldo Bello: Todos os sonhos O cantor, poeta, compositor, orientador musical e radialista ibotiramense lançou em fevereiro deste ano seu mais recente trabalho, o CD “Todos os Sonhos”. Reginaldo foi um dos fundadores do Festival de Música Popular de Ibotirama e um dos maiores vencedores, até meados dos anos 1990, quando deixou de concorrer. O quarto disco do artista possui 12 composições em parceria com Carlos Araújo e participação de Larissa Ferreira, ambos também de Ibotirama. O lançamento do próximo CD de Reginaldo, “Canto Brasileiro”, está previsto para dezembro deste ano.


fotografia

Sebastião Salgado: Exposição Gênesis em Brasília

A exposição Gênesis é resultado de oito anos de trabalho percorrendo o planeta em busca da vida que ainda permanece intocada e preservada

Após registrar fome, guerra, êxodos, o fotógrafo Sebastião Salgado volta-se para a natureza e para as populações tradicionais no trabalho“Gênesis”. Na jornada fotográfica, que começou com o envolvimento pessoal com a questão ambiental, ele mostra com a imagem, que o homem faz parte da natureza, por mais que se esqueça. E, para sobreviver, precisará se lembrar disso. A exposição tem cinco módulos que circulam pelo mundo e já foram vistos, segundo as contas de Salgado, por dois milhões de visitantes. Em parceria com a esposa, Lélia Salgado, o trabalho mostra lugares de difícil acesso e onde a natureza e os costumes tradicionais permanecem praticamente intocados. Entre os locais visitados estão a Antártica, as Ilhas Galápagos, o Congo, a Uganda, os Estados Unidos e o Brasil. Aos 70 anos, Salgado está convencido de que, se o homem não se reconectar com a natureza, ele vai caminhar rumo à extinção“Para construir cidades, aeroportos, tantas coisas, deixamos para trás danos enormes. Estamos vendo os efeitos disso, como na cidade de São Paulo, a queda nas reservas de água”, disse em recente entrevista. A exposição conta com 245 imagens nas duas galerias e 52 nos painéis externos, ao ar livre, e pode ser visitada no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, entre 3 de setembro até 20 de outubro.

se liga! São Desidério será palco para mais uma edição da Festa da Paz. Neste ano a festa acontece nos dias 18 a 21 de setembro. A festa conta com atrações de renome no cenário nacional como Aline Rosa, Leonardo, Calcinha Preta, Psirico e Padre Fábio de Melo. A animação das crianças será comandada pela dupla de palhaços

Patati e Patatá. Dia 13 de setembro Barreiras recebe o humorista Thiago Carmona com o show “Humor de Boteco”. O evento acontece no Boteco Crioula. A cantora Paula Fernandes se apresenta na casa de show Quatro Estações Hall em Luís Eduardo Magalhães no dia 3 de outubro.

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bares, restaurantes e lanchonetes

'% f

Barreiras

1

comida de boteco

Bar e restaurante. Especialidade: gastronomia regional. Funcionamento: todos os dias, a patir das 10h. Domingo e segunda até as 14h.

2 3

confraria da cerveja

1 BR -0 20

Bar e Restaurante. Especialidade: rodízios durante a semana. Funcionamento: de segunda a sábado, a partir das 19h.

Principais bairros desta área: Barreirinhas e Morada Nobre

/2 42

5/ -13 BR

Balalaika

/ 020

242

Rua Nunes, 140, São Pedro

3612.1330

Confraria da Cerveja

Rua Fco. Macedo, s/n - M. Nobre

3611.3448

Rua Oonono

nonon

doçura

Lanchonete. Especialidade: doces, salgados, tortas e buffets coorporativos e sociais. Funcionamento: de terça a sábado, a patir das 10h. Segunda, a partir das 14h.

Tapiocaria Delícias da Bahia Rua São Bernado, 83 - Barreirinhas

3611.8256

Casa de Maria

Pq. Exp. Eng. G. Rocha - Barreirinhas

Galinha do Afonso

9993.2428

Rua Maurício Pereira, 211, M. Nobre

3611.3502

Ponte Ciro Pedrosa

Comida de Boteco

Rua Paraíba, 117 - Barreirinhas

9142.0585

Trapiche

Rua Amazonas, s/n, Barreirinhas

9990.8525

Ponte Aylon Macedo

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dom’q chopp

Bar e restaurante. Especialidade: buffet variado durante a semana. Funcionamento: de terça a domingo a patir das 12h.


morubixaba

lilia doces e salgados

2

Restaurante. Especialidade: cozinha contemporânea, internacional. Funcionamento: de segunda a domingo das 12h às 15h e de segunda a sábado das 19h às 23h.

Restaurante, buffet e pizzaria. Especialidade: Pizzas. Funcionamento: de terça aos domingo a partir das 18h. Segundas-feiras até as 18h.

Bode e Cia

Rua J. Nogueira, 148 - Bela Vista

3612.0063

Dom’q Chopp

Rua Profa G. Porto, 471- Centro

Boliche Strike & Cia

3612.0815

Rua Camaçari, 88 - Centro

Lilia Doces e Salgados

3613.1312

Av. Cleriston Andrade, 619B - Centro

3611.4472

Bode Assado

Rua Ant. Coité Filho, 380 - O. Branco

3611.7304

Cais & Porto

Av. Presidente Vargas, 483 - Centro

3612.4812

J ua

R

Bar do Vieirinha

osé

o

áci

nif

Bo

Centro Histórico

Delícia Gourmet

Los Pampas

Av. ACM, 924, Centro

Supremo

Rua Profa G. Porto, 65 - Centro

Giraffas

Ru

3612.0500

sa

ce l

Barb

be

Isa

Ruy osa

3611.1790

Av. ACM, 596, Centro

rin aP

Rua

Av. Benedita Silveira, 20, Centro

3613.0872

íb

n Rua A

3611.4442

Bobs

Av. ACM, 131, Serra do Mimo

3612.7249

osa

rb es Ba al Alv

China do Oeste

Rua Aníbal Alves Barbosa

3611.7528 / 3021.1900

Hotel Morubixaba

Av. ACM, 2024, Novo Horizonte

3612.7006

Doçura

Subway

Av. Benedita Silveira, 50, Centro

3611.3820

Rua M. Hermes, 158 - Primavera

3612.0580

Spoleto

BR -13 5

Rua M. Hermes, 158, Centro

3 subway

Franquia norte-americana de restaurante. Especialidade: sanduíches. Funcionamento: todos os dias das 11h às 23h

trapiche

Espaço cultural, bar e restaurante. Especialidade: feijoada e galinha caipira aos sábados. Funcionamento: de quarta a sexta a patir das 18h. Sábado, a partir das 18h.

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'% f

bares, restaurantes e lanchonetes Luís eduardo magalhães

boi na brasa

Restaurante e Pizzaria. Especialidade: churrascaria. Funcionamento: todos os dias e a noite de quarta a domingo.

dOCE CAFÉ

Lanchonete. Especialidade: Doces e salgados. Funcionamento: de segunda a sexta das 13h30 às 20h30 e aterça a domingo. Sábado das 14h às 20h:30.

dom mariano

Restaurante e petiscaria. Especialidade: gastronomia brasileira. Funcionamento: de segunda a sábado das 11h45 às 14h e das 18h às 0h.

Hashi Culinária Oriental

Yakinori

Rua Clériston Andrade, 622 - Centro

Rua Rui Barbosa, 766 - Centro

3639.8183

3628.4604

Doce Café ônia

Avenida JK

Subway

Rua Pernambuco, 371- Centro

urata

3628.0144

3628.4714

Panorama Bar e Rest.

R. Flamboyant, 111 - Jd. Primavera

3628.3126

/ 242 BR-020

Rua Se

rgipe

3639.0522

M Av. Kichiro

R. José C. de Lima - Q6/L1/6 - Jd. Primavera

Rua Rond

Boi na Brasa

osso Rua Mato Gr

R. Rua Barbosa, 1661, Q89L1/2 - Centro

Restaurante Saint Louis Rua JK, 976, Q5L3/4 - Jd. Paraíso

3628.7700

Sabor e Arte

Sabor Caipira

R. José C. de Lima, 1270 - Jd. Primavera

R. José C. de Lima, 565 - Centro

3628.7432

3628.6130

Espetinho do Gaúcho Rua Pará, 95 - Q3/L11 - Centro

3628.3837

Dom Mariano

Rua Clériston Andrade, 1092 - Centro

3639-8132



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social

Rafaela, Mônica, Camila,Dra Isa, Lidiane, Sirleide e Daniele

Adriano,Dr Davi, Gleigison, Ronimarkes e Vitor

Vitor e Gabriela

Mariana, Dra Clarissa, Luiza Dra Isa,Dr Davi, Dra Isabela Dr Davi Júnior, Laura e Dra Danielle Bessa

o boticário

No dia 06 de agotso, O Boticário promoveu um coquetel de reinauguração da sua loja, agora em novo formato.

Dilzete,Nathali,Jéssica e Angela

Nathali,Neide,Elisangela,Keilha,Vanessa,Lili,Maria e Janaina

Janaina, Nathali e Luzia

Eduarda e Tatiana

Elisangela, Madry e Neide

carmen steffens

A loja Carmen Steffens realizou no dia 07 de agosto um desfile para apresentar a nova coleção primavera\verão 2015. ago-set/2014

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social

Francisco, Clebert, Martiniano e Adams

Juliana

Carlos, Cícero e Zeca Bahia

Clara e Allice Magda, D. Alzira, Rita, Bruna e Ariane

Lais e Reginaldo

Kalyne, Maricelle,Allice e Anita

Marcia e Valdemar

Lara,Luiza, Luana,Ieda e Dirce

Thais, Kauana, Kalyne, Lais e Allice

Rider, Digão, Zé de Sá e Dó Miguel

Nara e Cristiana

Lucília e Vieirinha

Isabele e Poty

Allice e Adry

Elementais

Anna Darck e Lais

A loja Elementais proporcionou ano dia 01 de setembro, um coquetel para clientes e amigos conhecerem a nova coleção verão 2015.

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Elisangela, Dr Renato, Carlos Renato e Elis Carla

Valério, Fabrícia, Marden, Jakeline e Tadeu

Lucy, Dr Rilton, Simone e Leticia


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