ano 4 - nº 26 dez/14-jan/15
o uza
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Péssima qualidade nos serviços de voz e dados leva usuários a avaliar o telefone fixo como o melhor e mais eficiente atualmente na região. em 2015, isso pode mudar. Saiba mais sobre a rede fibra ótica que começa a funcionar a partir de janeiro
editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)
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ano 4 - nº 26 - DEZ/2014 - JAN/2015 Diretor de redação e editor
Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com
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Diretora Comercial
Anne Stella
9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com
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redação Ivana Dias secretária de redação
Carol Freitas
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colaboração
Rui Rezende ilustração
Júlio César
edição de arte
Leilson Soares
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Karine Magalhães Revisão
Aderlan Messias Impressão
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3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras
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Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa
Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória
Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797
A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.
Revista A, a revista
U
m dia, descobre-se que o quatro não é apenas um número, é uma cadeira de pernas para cima, espelhada e divertida. Descobre-se, também, que não é permanência, é referência em uma estrada sem fim enfileirada de números.
É uma viagem que começou lá no zero – aliás, antes do zero, antes do -10, até! Aí, pega-se esta edição, a 26ª desde o início de 2010, e descobre-se que a Revista A continua seu compromisso com a qualidade editorial, material e jornalística. Continua a apostar no conteúdo, para instigar a capacidade reflexiva do sujeito social. Por isso acreditamos que a cadeira esconde um número por trás de suas pernas magras, por isso acreditamos em novas formas de olhar, no inusitado, na surpresa. Essa edição que completa quatro anos da Revista A traz uma reportagem especial sobre o perfil do usuário das telecomunicações em Barreiras e a qualidade desses serviços. A parceria com o Instituto Insight, iniciada ano passado, agregou força ao conteúdo informativo e veio nos ajudar a ler e analisar a realidade na qual estamos inseridos. Dessa forma, a pesquisa realizada para esta reportagem releva o quanto estamos aquém do exercício da cidadania. Ou por pouco acreditar nas instituições legalmente constituídas para defender o cidadão, ou por não acreditar no valor e cumprimento das leis, ou por não ter a mínima paciência para acompanhar o marasmo dos processos judiciais. De qualquer forma, vale acreditar, se mexer, se levantar e seguir em frente. Foi com essa atitude que chegamos a esta edição, a esse conceito ímpar de revista na região Oeste. A entrevista com Razia segue na mesma direção da persistência; a árvore solitária protegida por um arco-íris na fotografia de Rui Rezende, também; o alfaiate Leônidas sobre sua máquina de costura alada, cujo sujeito metafísico inspirou o amigo e jornalista Anton Roos a transformar seus alfarrábios em livro; a capoeira do Mestre Tall a açoitar nas portas do poder público para reivindicar direitos ululantes... Enfim, tudo isso traduz o espírito dessa revista especial de aniversário, que celebra a luta, a estética, a arte, a cultura e a vida. Tudo isso é você, tudo isso é para você. Parabéns! Vida longa a Revista A, a revista. Cícero Félix, editor
índice colunas 14 | Ponto crítico, por Fernando Machado 20 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 24 | Exclamação, por Karine Magalhães 30 | Opinião, por Ricardo Menna Barreto 59 | Impressões, por Anton Roos 63 | Saia Lápis, por Anne Stella 17 | A Miscellanea Teatro: Entre o voo e a dança Luto: Reticências aos heróis Exposição: O nascimento de Cristo por Juliano Francisco Manifestação: Ocupe a praça, com e sem chuva O Personagem: Leônidas sob medida 27 | economia & mercado Odontologia: O negócio é empreender na formação pessoal Negócios: Parceria que deu certo 33 | agromagazine Meio Ambiente: Resultados das APPs são apresentados em Barreiras Feira: BFS é lançada na Fenagro, em Salvador 2015/2016: Associações elegem nova diretoria 36 | entrevista: luiz razia A fórmula agora é Indy 42 | capa Vou-me embora pro passado 52 | um lugar Especial Oeste: Coisas da natureza 55 | cult Cultura: O jogo da capoeira mudou Música: Algo de novo no conteúdo Agenda: Já pintou o verão 65 | social
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leitor
Canais Revista A
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Entrevista: “Nordeste inventado estimula discriminação” Boas falas Gilson, parabéns! Informar para combater o preconceito e a discriminação cotidianos, pois o racismo, infelizmente, está expresso em uma sociedade estratificada, na qual os negros têm menos oportunidades. Para combater o racismo no Brasil só mesmo mudanças estruturais profundas e inclusivas de fato! Parabéns pela entrevista! Tiago Moreira Lúcida e precisa a sua entrevista, caro Gilson! Parabéns!. Paulo Roberto Baqueiro Brandão Bom o conteúdo da entrevista. Melhor ainda para o público que essa revista atinge. O racismo aqui no Oeste da Bahia é duas vezes o brasileiro. Inclui o racismo negro mas, inclui também, o racismo da identidade diáspora em relação as populações originárias do Oeste. Valney Dias Rigonato Falar de racismo e discriminação é sempre complexo, mas você conseguiu de forma sucinta nos mostrar as várias formas desse mal que corroe nosso país há séculos. Parabéns! Carla Fabiana Alves Nascimento
Praça modelo de Barreiras Tem que fazer uma reportagem sobre a praça da Juventude, quatro vezes maior que essa, seria um ótimo local para prática de esportes e lazer, mas o dinheiro foi parar no bolso de algum político de Barreiras. Thiago Sobutka
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fotos: c. félix
NAPOLEÃO MACEDO/REPRODUÇÃO
memória alunos de escola pública participam de dia esportivo em faculdade Cerca de 60 alunos do Colégio Municipal Otávio Mangabeira participaram nas modalidades de futebol society e basquetebol nas dependências da Faculdade São Francisco de Barreiras no fim de novembro.
reprodução
CEMAC promove Mostra Cultural em luís eduardo magalhães O Centro Educacional Maria Cardoso Ferreira – CEMAC promoveu no início de novembro a Mostra Cultural CREARE CEMAC. A mostra apresentou uma programação diversificada com exposição de quadros, fotografias e palestras.
reprodução
primeiro festival de audiovisual DO OESTE é realizado em barreiras O primeiro Festival de Audiovisual da região Oeste aconteceu na praça Castro Alves em Barreiras. A mostra contou com a apresentação de mais de 20 filmes, entre curtas de ficção e documentários. O evento foi organizado pela Faculdade São Francisco de Barreiras com apoio da Revista A e Cordeiro Comunicação.
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Nos anos 50... Longe dos tradicionais bailes carnavalescos que aconteciam nos clubes, a dupla de amigos José Félix e Mano Brito caminhavam pelas ruas de Barreiras do domingo de carnaval até a terça-feira com penicos nas mãos. Vestidos com roupas remendadas, faziam a a alegria das pessoas por onde passavam com a atitude irreverente de comer nas bacias usadas para depositar excrementos. A graça da brincadeira era a seriedade deles fazendo isso.
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.crític
por fernando machado
Sem terra
A
pós aprovar em primeira votação, a Câmara de Municipal de Luís Eduardo Magalhães rejeitou, no último dia 21, a doação de um terreno para construção do campus da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) na cidade. A àrea em questão, cedida por um empresário local, atendia aos requisitos estabelecidos por uma comissão de técnicos da própria instituição, criada especialmente para cuidar da instalação das estruturas acadêmicas no município. A Ufob havia solicitado à prefeitura de Luís Eduardo Magalhães um terreno com pelo menos 60 hectares..
Magistrado suspeito O terreno que deveria ser doado à Ufob havia sido cedido pelo agronegociante João Franciosi, que o transferiu à prefeitura de Luís Eduardo Magalhães. A doação da àrea para universidade foi duramente criticada na Câmara Municipal, sobretudo pelo vereador Eltinho (PP). Dentre os argurmentos, a edilidade alegou que a area é distante do centro urbano, que o local não possui infraestrura alguma e que somente o proprietário da gleba seria beneficiado. Há alguns anos, Franciosi denunciou Eltinho à Justiça por fraude em licitações e apropriação indébita contra sua empresa.
Vitória pirríca Elton Alves de Almeida, o Eltinho, foi eleito vereador pelo PP, partido do prefeito Humberto Santa Cruz. Curiosamente, no início do mês, o jovem de 28 anos foi alçado ao cargo de presidente da Câmara de Vereadores de Luís Eduardo Magalhães. Porém não com o apoio do atual gestor do município, mas sim com a colaboração do deputado Oziel Oliveira, principal adversário de Santa Cruz. Eltinho teve a colaboração de todos os colegas do bloco de oposição na Casa liderado por Oziel, obtendo nove dos quinze votos possíveis.
Com jeito O vereador Carlos Tito, atual presidente da Câmara de Barreiras, continuará chefiando o legislativo municipal nos próximos dois anos. Tito é o primeiro presidente reeleito da história do parlamento local. Os vereadores Digão Sá (vice-presidente), Gilson Rodrigues (primeiro-secretário) e Lúcio Carlos (segundo-secretário) completam a mesa diretora biênio 2015/2016. Habilidoso e metodista, Carlos Tito recebeu dezessete votos dos colegas, tendo, inclusive, o apoio de nove parlamentares da base de sustenção do prefeito Antonio Henrique. Em seu quarto mandato, o filho do pintor Carloman e da professora Lurdinha transita como ninguém entre opositores e govenistas.
Solitária cadeira Antonio Henrique Junior foi diplomado deputado estadual no último dia 15, num evento fechado na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/BA), em Salvador. Toinho, como é popularmente conhecido, terá a àrdua missão de representar a região no parlamento estadual. Atualmente três deputados defendem os interesses do Oeste na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, Kelly Magalhães, Herbert Barbosa e Oziel Oliveira, mas, a partir do próximo, só restará ao novato reclamar em favor do povo das barrancas dos rios Grande, Preto e Corrente.
Pança cheia O vice-governador eleito da Bahia, João Leão, se escalou como ministro do próximo governo da presidente Dilma Rousseff. Leão avisou ao palácio do Planalto, inclusive, que estava disposto a ocupar a pasta dos Transportes na cota do seu partido, o PP. Na última semana o “bonitão” apresentou uma desculpa inusitada. Segundo Leão, sua esposa, Tereza Leão, foi contra a ideia, “pois ficaria solitária na Bahia”. Provérbio luso-brasileiro informa que “macaco, quando não pode comer banana, diz que está verde”.
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abordo
sua majestade Um dia ela acordou da terra e começou a subir, subir, subir... entre uma rala cabeleira e careca de folhas, espantada de flores, foi passando a vida. Um dia a cidade entrou em seu quintal e ela ficou à margem. Bom que às vezes alguns olhos a tiram para dançar numa pintura de paisagem. Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net
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miscellanea eventos, design, tendência, moda...
a ave O ator Agamenon de Abreu na apresentação do espetáculo solo baseado em poema de Jorge de Lima
TEATRO
entre
o voO
e a dança
“Verão Cênico” traz a Barreiras espetáculos que unem dança, teatro e circo texto REDAÇÃO foto C.FÉLIX
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miscellanea
O
jogo de texturas, cores, luzes, sons e representação deu vida ao espetáculo “A Ave” no Teatro do Sesc – Barreiras no fim do mês de novembro. Inspirado no poema homônimo do literato alagoano Jorge de Lima, um jovem escritor vivido pelo ator baiano Agamenon de Abreu, narrou a experiência do encontro de um escritor com uma ave antropomorfa encontrada morta na praia. Levado pela curiosidade a fim de desvendar mais sobre aquele ser e o que lhe tirou a vida, o escritor acaba por descobrir coisas inimagináveis sobre si mesmo. Escrito pela dramaturga Ilma Nascimento, o solo promoveu à plateia uma reflexão sobre os medos e conformismos de uma sociedade cada vez mais afastada da essência humana. Pouco antes da apresentação, o público também apreciou no hall do teatro espetáculo “As maravilhas do mundo da dança”. A performance artística com vários estilos de dança misturados com acrobacias de solo e em dupla foram realizadas pelos palhaços Bogoña e Partituro. As apresentações fizeram parte da programação da temporada Verão Cênico, que aconteceu pela primeira vez na cidade. O projeto é realizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) e visa a difusão e o acesso em rede de teatro, circo e espaços cênicos baianos. Nesta edição, passou por 18 cidades de todos os seis macroterritórios da Bahia.
entrada Os palhaços Partituro e Bogoña apresentaram “As maravilhas do mundo da dança” no hall do teatro antes da peça “A ave”
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divulgação
reprodução/andré costa
LUTO
reticências aos heróis texto GUSTAVO RIBEIRO
M
anoel dizia ter um quintal maior que o mundo. Manoel dizia isso e tantas outras coisas... Palavras que num casamento ingênuo e sensível nos fazem enxergar que sim: “Poesia é voar fora da asa”. E voou Manoel... O Manoel dos caramujos, dos nadas e dos infinitos. O matogrossense Manoel que também é de Barros, encerrou em novembro de 2014 a sua participação física no universo e nos presenteou com poesia que não cabe no mundo e que não cabe em nós, pelo simples fato de um dia não ter cabido dentro deste grande poeta das coisas miúdas.
Já Bolaños não precisou de um quintal maior que o mundo, bastou-lhe um barril no pátio da vila. O mexicano Roberto Bolaños, que viveu Chaves, tal qual Manoel, voou e entre nós deixou a pergunta: “E agora, quem poderá nos defender?”... O super-herói mais humano de todos os tempos, mesmo hoje depois da ruptura irreparável entre ator e personagem, continua a defender crianças de todas as idades em todos os lugares do mundo.
reprodução
O tempo - alheio aos nossos heróis da TV e dos livros - passou despercebido e como sempre, ao por um ponto final na presença dos heróis, não percebeu a força da arte, da vida desses dois seres humanos iluminados, que acima de tudo trouxeram a este ponto, que sempre tem tudo para ser final, outros dois pontos, escritos por suas obras, pelas histórias que agora se perpetuam nas reticências da memória. Seu Lunga Outro ícone emblemático da nossa contemporaneidade que nos deixou recentemente foi Seu Lunga. Intolerante e ligeiro nas respostas, o cearence acabou por incorporar ao folclore brasileiro um personagem cujas zangas caiu no humor.
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Desenrola por aderlan messias
CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito
Holocausto do português nas redes sociais
O
século XXI tem sido de grandes avanços para a sociedade, um deles é a internet. Nela é possível, em tempo real, acompanhar os acontecimentos do Brasil e do mundo, bem como conectar-se às redes sociais e falar com familiares, amigos e colegas, mediante troca de mensagens, vídeos e fotos. Esse século tem sido marcado por mudanças comportamentais, vez que os relacionamentos interpessoais estão cada vez mais virtuais. O tempo cessou. A comunicação hoje decorre, na maioria das vezes, nas redes sociais. Basta um amigo fazer aniversário, ou passar em um processo seletivo, e publicar tais informações nas redes, para chover ‘curtidas’ e recadinhos felicitando o que há de melhor. Comum ainda é sair com os amigos e perceber-se sozinho, vez que cada um se isola no bate-papo dos aplicativos do celular. Como se não bastasse, fator agravante está na forma como as mensagens são redigidas. Há um verdadeiro holocausto do português. Escrever errado nas redes sociais tornou-se um vício grave que, se não corrigido, respingará na vida profissional do indivíduo. As justificativas infundadas para tais erros estão na ideia de que o objetivo maior é a velocidade da informação, logo não haveria preocupação com o português escrito. Velozes são e devem ser as informações, o que dá o direito de abreviar palavras, a exemplo de ‘vc’ (você), ‘pq’ (porque), ‘tb’ (também), ‘blz’ (beleza), e tantas outras, mas não dá o direito de escrever ‘voçê’ (você), ‘concerteza’ (com certeza), ‘picina’ (piscina), ‘ancioso’ (ansioso), ‘porisso’ (por isso), ‘agente’ (a gente – sentido de nós), ‘geito’ (jeito), ‘serto’ (certo), ‘falão’ (eles falam), bem como mania de engolir os erres dos verbos no infinitivo, como ‘vai manda’ (vai mandar), ‘vou envia’ (vou enviar). Essas e outras palavras foram observadas por mim na rede social facebook de amigos e alunos, quando esses publicaram fotos e textos. Em algumas delas tive o desprazer de ser marcado pelo emissor, não sabendo ele que estava furioso com os erros. Queria eu acreditar que esses erros fossem apenas descuido do emissor, o que não são! Eles são reais. Constantemente tenho a infelicidade de encontrá-los nos textos escritos dos meus alunos que já estão no ensino superior, ou mesmo de amigos graduados. As redes sociais têm deixado as pessoas
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com preguiça de pensar e de pesquisar. É aí que acontece o holocausto do português: juntam e/ou separam palavras que não existem; trocam letras; utilizam concordâncias indevidas. Quando se vê tantos erros com frequência publicados, é possível assimilá-los como se corretos fossem, pois a memória capta aquilo que vê, e armazena. Assim, é preciso ter cuidado não somente com o que escreve, mas, também, com o que se lê. Para quem almeja ser um profissional respeitado no mercado de trabalho, é necessário, antes de tudo, respeito à língua escrita. Ainda que esteja em um ambiente relaxado, informal, não se descuide do seu idioma, pois aquilo que se escreve no facebook é visto por todos que fazem parte da sua rede de relacionamento. Seja um defensor do português! Não permita que amigos assassinem a gramática sem dó nem piedade. Também não seja deselegante ao falar do assunto.
fernando machado
joaney tancredo
miscellanea BARREIRAS SOB A REDOMA Fim de tarde de 20 de novembro. Fernando Machado registra o momento em que dois arco-íris desenham uma redoma sobre a cidade, a lembrar a bandeira de Pernambuco
EXPOSIÇÃO
o nascimento de cristo por juliano Francisco MANIFESTAÇÃO
ocupe a praça, com e sem chuva reprodução
Desde o dia 5 de dezembro o artesão barreirense Juliano Francisco expõe presépios confeccionados por ele ao longo de 11 anos de dedicação à arte. Também conhecidos como lapinhas, os presépios contam a história do nascimento do menino Jesus e dão um clima natalino a qualquer ambiente. A exposição “Presépios: a história do nascimento de Jesus recontada na arte” apresenta diversas roupagens, já que as lapinhas são feitas à mão com palha de milho, cabaças e vegetação nativa. Apesar da simplicidade das matérias primas, as obras são muito ricas em detalhes. Juliano é estudante de pedagogia na Uneb e já ganhou diversos concursos natalinos com sua arte em Barreiras. A exposição acontece no Sesc e é aberta ao público.
Nem a chuva impediu a programação do último sábado de novembro na praça do Coreto. Ponto de encontro de amigos e desconhecidos, o #Ocupe a Praça contemplou manifestações artísticas diversificadas. A segunda edição do evento contou com exposição de desenhos, varal fotográfico, feira de troca e adoção de livros. Também teve apresentação de capoeira do grupo Esquiva e as bandas Quase Urbanus e Capitão Caverna que animaram o público presente.
miscellanea O personagem
LEテ年IDAS
SOB MEDIDA
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Um dos poucos alfaiates de Barreiras, Leo supera crescimento e velocidade da produção industrial de confecções e segue a pilotar sua máquina de costura.texto ivana dias foto c.félix
E
ntre fita métrica, tecido e botões, Leônidas da Silva Silveira exerce a profissão de alfaiate desde os 15 anos. Leo, como é conhecido na José Bonifácio, avenida que o viu crescer, começou levar a sério ofício na década de 70. “Sempre depois da escola ia ajudar meu tio, que também era alfaiate, conhecido também por modista, coisa que hoje em dia poucas pessoas sabem o que é. No início eram apenas mandados de menino, pregar um botão, ajudar com uma barra de calça. Com o tempo ele me ensinou a cortar e costurar e assim comecei a exercer a profissão, nunca me imaginei fazendo outra coisa”, disse Léo. Leo afirma que na época em que iniciou a costurar, existiam mais profissionais na cidade. Atualmente, recorda-se apenas de mais dois. Algumas pessoas se espantam com um homem pilotando na máquina de costura. O crescimento da produção industrial de confecções acabou por levar a escassez da profissão. Sua especialidade é produzir calças e camisas do vestuário masculino, tudo à moda antiga, com o auxílio da fita métrica, tesoura, giz e seu caderno de anotações de medidas. E assim costura suas próprias roupas, o criador e a criatura. Algumas tentativas para algo mais elaborado, como um terno, não deram certo. Costureira? “É quem faz roupa de mulher. Por mais que elas tentem não conseguem fazer roupa masculina”, fala, com 44 anos de profissão que lhe dão credibilidade para prestar serviços a algumas lojas da cidade. “Sempre tenho ajustes para fazer”. Sem escala de trabalho, de domingo a domingo, enquanto e quando houver trabalho, Léo segue a costurar, entre várias sacolas de roupas e tecidos de clientes. Algumas foram esquecidas por desconhecidas razões. Mas ele as guarda. Lá tornam-se figurantes de um cenário em que a única satisfação do personagem principal é agradar o seu cliente.
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Exclamação
karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.
fotos: ANNE STELLA
por karine magalhães
CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes
Duelo fashion com a it girl Gabi Batista!
Pluralistic fashion!
fotos: REPRODUÇÃO
Nova York, Londres, Milão e Paris hospedaram, mais uma vez, as semanas internacionais de moda, exibindo coleções para a temporada Primavera/Verão 2015. As maiores grifes de luxo em atuação desfilaram suas linhas “prêt-à-porter” (pronto para vestir, em tradução livre do francês) e apostaram, sobretudo, em uma
mulher que sabe ser elegante, sem deixar o conforto e a simplicidade de lado. Tendências que podem fazer parte do seu closet já! Para compor esse novo visual, algumas influências muito familiares estão em alta: Sandálias gladiadoras que vestem a perna Chloé; a setentista na Gucci; Boho para Alberta Ferratti; Gypsy no Roberto Cavalli; e um clima disco na Tom Ford. A icônica Chanel traz o escapismo com seu normcore sem perder o glamour! Também trago aqui uma curadoria de estilo com a it girl Gabriela Batista, para celebrar essa new age, que esbanja estilo ao se vestir. Acesse mais no www.revistaa.net.
Boho para Alberta Ferratti Gladiadoras da Chloé
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Disco na Tom Ford
Gypsy no Roberto Cavalli Chanel: normcore glam
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Sempre acompanhando as últimas tendências a Zhagaia tem apostado nas cores cítricas em suas coleções, sendo possível mesclar diversas tonalidades e criar um look moderno com o chamado color block ou criar ponto de luz em tons terrosos e pasteis. Já para as camisas sociais ela apostou nos mesclados. Presente no guarda-roupa masculino, a coleção é uma excelente opção de presente para ele!
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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.
ODONTOLOGIA
o negócio
é empreender na formação pessoal Marcos começou a trabalhar com odontologia ainda na adolescência. Hoje, é médico dentista na Europa e implantodontista com mestrado fora do país.texto IVANA DIAS foto c.félix
F
ilho do meio de um casal de dentistas que chegou a Barreiras no início da década de 90, Marcos Vinicius de Araújo Pires, escolheu a profissão dos pais para seguir carreira. Nascido na região da Chapada Diamantina, na cidade de Utinga (BA), em 1980, começou a trabalhar muito cedo. Hoje, é médico dentista na Europa e implantodontista com mestrado fora do país - e um empreendedor profissional nato, que não se cansa de buscar conhecimento. Iniciou sua jornada de trabalho quando adolescente, no cargo de técnico de equipamentos odontológicos. Marcos trabalhava ao lado de sua mãe, Dra. Enaide Pires, que na época, era coordenadora da Odontologia na Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras. “Aprendi por curiosidade, prestando assistência técnica aos poucos consultórios odontológicos das redes pública e privada da cidade e região”, lembra Pires, reflexivo. Seu pai morreu pouco depois que eles chegaram na cidade, em uma complicação cirúrgica. Com esforço, conciliava o horário de trabalho e estudos. Assim que terminou o segundo grau foi fazer odontologia na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais. Ali, começava sua formação acadêmico-profissional. Concluída a graduação especializou-se em implantes dentários pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO/MG). O período universitário trouxe mudanças não só para a vida profissional, Marcos vivenciou novas experiências. Entre elas, a iniciação nos movimentos de militância política estudantil, na época da graduação, quando foi eleito curador do Conselho Universitário, representando o corpo discente. Nesse período conheceu a mineira de Belo Horizonte (MG) Fabiana Zschaber, na época estudante de medicina, com quem se casou e tiveram três filhos: Mariana, Marcos e Mateus. Depois, foram morar em Portugal, onde viveram quatro anos. Pires aproveitou o período para estudar na Universidade de Coimbra e revalidar o diploma de odontologia para medicina dentária. Concluiu, ainda, o
currículo Natural da Chapada Diamantina, o baiano Marcos Vinicius graduouse em odontologia pela Universidade Estadual de Montes Claros - MG (Unimontes), especializou-se em implantes dentários (ABO/MG), fez mestrado em Portugal e hoje se especializa em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial em Campinas/SP
mestrado integrado na Universidade Cespu, no Porto. “Conhecemos parte da Europa e com essa oportunidade de aperfeiçoamento profissional, retornamos para barreiras com mais conhecimento e maturidade”, conta. Chegando em Barreiras, retomaram suas atividades no serviço público e privado. Marcos, exercendo a odontologia e, sua esposa, medicina em neurologia. Hoje, faz especialização em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial, em Campinas (SP), e atende em um consultório particular e em ambiente hospitalar juntamente com sua equipe, na qual fazem parte seu irmão médico ortopedista José Barbosa Pires e um médico anestesista. Marcos atende nas áreas da cirurgia avançada de nível hospitalar de média e alta complexidade, implantes dentários e próteses. Além da dedicação pela profissão, Pires divide o seu tempo com a família, aulas de sanfona e o interesse pela política. De certa forma, sente a necessidade de contribuir publicamente com o desenvolvimento da cidade que escolheu para viver. “Acho que aos poucos isso vem se concretizando. Tive a honra de receber o convite para presidir o Partido Social Cristão de Barreiras (PSC). Assim, estarei diretamente envolvido na política local, pois acredito que só a política tem o poder de mudar e transformar as pessoas e a sociedade em que vivemos”.
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economia&mercado NEGÓCIOS
parceria
que deu certo Escritório de contabilidade instalado há mais de duas décadas em Barreiras aumenta leque de serviços e aposta em capacitação para garantir qualidade.texto IVANA DIAS foto ANNE STELLA
H
á 26 anos a Escongel Contabilidade acompanha o desenvolvimento da região Oeste. Fundada em 1988, além de prestar serviços contábeis em geral, o escritório se especializou em auditoria fiscal, perícia, planejamento tributário e implantação e controles de rotinas internas. A expansão das atividades se deu, em parte, pela sociedade entre Keiko Ueda e Carlos André da Silva Prado, que entrou no escritório como colaborador e hoje é sócio. Ueda foi uma das primeiras profissionais graduadas na área contábil a desenvolver a atividade em Barreiras. Ela que fundou a Escongel. Anos mais tarde, Prado se integrou a equipe. “A partir desse momento começamos a desenvolver novas atividades e captar novos clientes”, recorda Prado, enfatizando que a sociedade já dura 15 anos. Um dos principais desafios encarados pelos sócios foi fortalecer a estrutura empresarial. “A Escongel trabalha em função do aprimoramento da gestão e consolidação empresarial de seus clientes, no intuito de garantir de forma célere e eficiente o aperfeiçoamento contínuo dos serviços personalizados de recursos humanos, tributos, auditoria, perícia e contábeis, para que resulte na melhoria da estrutura organizacional”, explicou Ueda, que foi eleita pelos colegas neste mês de dezembro ao cargo de delegada regional de contabilidade. Para atender a necessidade do mercado cada vez mais competitivo, a equipe, formada por 23 profissionais, passou por cursos de capacitação e treinamento. Essa iniciativa de reciclar e qualificar os colaboradores veio aperfeiçoar a relação com o cliente, que quer agilidade na troca de informação para tornar mais eficientes as tomadas de decisões. Em 2009, a Escongel ganhou o prêmio Empreendedorismo Sucesso, em São Paulo, e hoje já tem filial em Luís Eduardo Magalhães. Há alguns meses os sócios decidiram abrir um empreendimento com foco no empresariado rural e nas micro e pequenas empresas. “A carência nesse setor despertou a necessidade de criar uma empresa especializada em gestão e controle de recursos financeiros, especifi-
TENDÊNCIA
EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SÃO ABORDADOS EM EVENTO EM BARREIRAS As startups são empresas jovens e extremamente inovadoras em qualquer área ou ramo de atividade e procuram desenvolver um modelo de negócio escalável e repetível. Tal modelo adotado com sucesso pela
Leilão:
uma nova alternativa de investimento Você já pode ter percebido que os preços dos imóveis subiram muito nos últimos anos e também já imaginou o quanto seria interessante voltar no tempo e comprar com o dinheiro de hoje o imóvel para morar ou até mesmo investir com o preço que ele custava a anos atrás. Pena que não é possível voltar no tempo. Porém, o LEILÃO é uma alternativa para comprar um bem com preços muito diferentes do de mercado. Os leilões têm se tornado populares e ocorrem com uma maior frequência do que nos últimos tempos na região oeste da Bahia. Hoje em dia, temos diversos tipos de leilões presenciais e online, que tendem a oferecer melhores oportunidades e mais seriedade com esse tipo de negócio. Porém, tenho duas notícias uma boa e uma má: a boa é que no leilão é possível comprar um imóvel que custa até 60% do valor de mercado. Leilões da caixa, bancos privados e judiciais você pode comprar bens com descontos de até 40%. E a má: comprar em um leilão não é tão fácil quanto comprar em uma imobiliária, pois é necessário saber o funcionaSÓCIOS HÁ 15 ANOS Keiko Ueda, eleita recentemente delegada regional de contabilidade e o professor Carlos André Prado, diretores da Escongel, fundada 1988 pela Ueda, em Barreiras. A empresa também tem filial em Luís Eduardo Magalhães
mento, regras, direitos e deveres do investidor. Existem algumas dicas que você pode seguir para participar de leilões: Dê preferência a leilões presenciais, o contato com o leiloeiro é muito importante.
camente no que se refere as boas práticas de governança corporativa”, explicou Prado. Social Paralelamente aos serviços do setor contábil, a Escongel desenvolve uma ação de responsabilidade social que já completou sete anos. A iniciativa surgiu a partir de alguns funcionários que queriam ajudar instituições carentes. A Escongel incorporou a ideia e passou a escolher uma instituição diferente todo ano, alternando entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. “É escolhida aquela que está mais necessitada. Geralmente acontece no mês de outubro, quando entregamos os materiais arrecadados entre clientes, colegas e amigos e realizamos um dia diferente, com brincadeiras e lanche para as crianças”, disse Ueda.
Antes de comprar ou dar seu lance é muito importante que vá visitar o bem para saber se existe algo diferente do que foi anunciado. Você pode considerar também a opção de participar de um leilão judicial. Avalie bem o investimento a ser realizado, para que seus lances sejam feitos dentro de seus limites. E não se deixe levar pela emoção do momento. Seja firme em suas ações. Estabeleça uma faixa de investimento, lembre-se: você irá ter custos ao longo do processo de compra. Verifique ou se informe se o imóvel está ou não ocupado. Contrate um especialista em consultoria de leiloes pois ele irá te ajudar a não cometer erros. Quem der o maior lance será o vencedor, des-
indústria da tecnologia na década de 1990, durante o primeiro boom da internet, tem em seu histórico empresas como Google, Apple Inc., Facebook, Yahoo!, Microsoft, entre outras. O termo que parecia mais uma modinha da época se consolidou e virou tema de evento realizado pela Univeridade Federal do Oeste da Bahia em Barreiras. O Startup Spring promoveu palestras, minicursos, oficinas e reuniu especialistas, estudantes, empresários e interessados no tema para discutir esse tipo de negócio e mostrar como ele pode ser difundido na região.
de que respeite as condições e formas de pagamento contidas no edital. Bons negócios!
Eder Batista Regis Leiloeiro Público Oficial, Administrador de Empresas, Consultor de leiloes judiciais e extrajudiciais e professor da UNEB campus XVII e UFOB. batistaregisleiloes@yahoo.com.br
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economia&mercado
Opinião Quando o consumidor vira produto
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li Pariser, em sua obra “O Filtro Invisível – o que a internet está escondendo de você” (Rio de Janeiro: Zahar, 2012), cita uma jocosa frase que sintetiza a problemática da privacidade na internet hoje: “Se você não está pagando por alguma coisa, você não é o cliente; você é o produto à venda” (A. Lewis). Possivelmente você, amigo leitor, usuário de serviços gratuitos na internet – como e-mails, redes sociais, etc. – já se questionou sobre como essas empresas lucram oferecendo tais serviços. Decerto não há dúvidas de que uma das principais fontes de lucros dessas empresas é a publicidade. A receita do Facebook, para citar apenas um exemplo privilegiado, em 2014, saltou 61%: de 1,81 bilhão, para 2.91 bilhões de dólares, em comparação ao mesmo trimestre (abril-junho) de 2013. Somente as receitas de publicidade saltaram 67%, totalizando 2,68 bilhão de dólares, conforme informações disponibilizadas por dailymail.co.uk. Esses elevados números nos levam a concluir que o Facebook fatura (e muito...) com seus desinformados usuários – ainda que de “forma indireta”. Ou seja, a “gratuidade” do serviço prestado por redes sociais é ilusória. O poder das redes sociais na internet possibilitou o surgimento do social commerce (comércio social eletrônico), um novo formato de e-commerce (comércio eletrônico), sobretudo quando empresas, percebendo o enorme potencial comercial de redes sociais, aumentaram sua presença na web, criando desde “links” até páginas web nessas redes. No entanto, a vulnerabilidade do consumidor nesse novo cenário comercial tornou-se mais saliente, especialmente pelo fato que grande parte dos consumidores-internautas ignora que seus dados possuem conteúdo econômico. Em outras palavras e sendo mais direto: os dados dos consumidores dispostos na rede mundial de computadores são passíveis de comercialização. A partir daí, a privacidade e a intimidade dos consumidores ganham novos contornos, devendo receber maior atenção dos juristas. O direito à privacidade e à intimidade foi determinado pela Constituição Federal de 1988, que estabeleceu em seu art. 5º.: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
por Ricardo menna barreto
Doutorando em Ciências Jurídicas pela Universidade do Minho (PT), mestre e Graduado em Direito, autor do livro “Direito & Redes Sociais na Internet e professor da FASB
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Recentemente, com a aprovação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14), a privacidade do internauta apareceu estabelecida como um de seus princípios jurídicos basilares: “Art. 3º. A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: II – proteção da privacidade”. É importante destacar que o Marco Civil da Internet também se preocupou com a defesa do consumidor, prevendo-a expressamente em seus art. 2º, V e art. 7º, XIII. Essa preocupação do legislador com a problemática da privacidade na internet exige, daqui para frente, uma observação cada vez mais atenta dos operadores jurídicos em relação aos mecanismos dispostos na rede mundial de computadores para a violação da intimidade e da vida privada dos usuários. Com efeito, não me parece exagerado demais afirmar que o comércio oculto desses dados pessoais por empresas ainda desencadeará o receio dos consumidores pelo fim da privacidade. Retomando a frase de Lewis apresentada no início dessa reflexão, se o consumidor não paga pelo Facebook, ele possivelmente é o produto à venda: vendem-se desde seus atos de usuário (“curtir”), até seus dados. Isso, porque tudo o que circula na rede tem valor.
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agromagazine agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.
divulgação
FEIRA
bfs É LANÇADA NA FENAGRO, EM SALVADOR
pra que serve O projeto de APPs surgiu da necessidade de estabelecer limite com as veredas e preservar as nascentes dos rios
A maior feira de tecnologia agrícola do NorteNordeste foi lançada no Parque de Exposições de Salvador, durante a 27ª Fenagro. Com 85% dos espaços já comercializados, a 11ª Bahia Farm Show promete manter a vertente constante de crescimento de volume de vendas. A feira será realizada entre os dias 2 e 6 de junho, no município de Luís Eduardo Magalhães. c.félix
MEIO AMBIENTE
Resultados das APPs são apresentados em Barreiras
reeleito Júlio Busato foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia
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Desde setembro de 2013, cerca de mil pontos de limites de área de preservação foram identificados e georeferenciados em aproximadamente 50 mil quilômetros.texto REDAÇÃO
associações ELEGEM NOVA DIRETORIA
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Entre outubro e novembro, duas das maiores instituições do agronegócio do Oeste, a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), realizaram eleição para o próximo biênio. Celestino Zanella foi eleito o novo presidente da Abapa. O conselho diretor foi formado por Luis Carlos Bergamaschi e Paulo Massayoshi Mizote, aos cargos de 1º e 2º vice-presidente, respectivamente. Pela Aiba, Júlio Cézar Busato foi reconduzido à presidência. Isabel da Cunha, ex-presidente da Abapa, e Odacil Ranzi, foram eleitos para a primeira e segunda vice-presidência, respectivamente. Em dezembro, o produtor de algodão João Carlos Jacobsen, assumiu a presidência da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) – uma das maiores produtoras de plumas do país, para o biênio 2015/2016.
s resultados do projeto de Áreas de Preservação Permanente (APPs) foram apresentados em uma reunião, pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), juntamente com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), com apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), em novembro, no auditório da Abapa. As APPs são desenvolvidas em veredas localizadas em nove municípios do oeste da Bahia, onde são praticadas a cultura do algodão e acessórias. Desde setembro de 2013, data do lançamento do projeto, cerca de mil pontos de limites de APPs em veredas, foram identificados e georeferenciados, em quase 50 mil quilômetros. Foram instalados ainda, concretos com a identificação e as coordenadas geográficas de cada ponto nos limites das áreas de preservação permanentes, que servirão de base para um
memorial descritivo que fora submetido à análise das prefeituras dos nove municípios que participam do projeto - Baianópolis, Barreiras, Cocos, Correntina, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério. O projeto de APPs surgiu da demanda em determinar e estremar limites das APPs em veredas da região. Além de contribuir para a preservação de nascentes e margens dos rios, de maneira a promover a prática sustentável da produção do algodão e de outras culturas. “Quando falamos de sustentabilidades estamos falando de responsabilidade em todos os níveis. É uma política que engloba todas as ações e esse projeto faz parte de uma delas. Estamos nos antecipando, para que o produtor tenha tranquilidade para trabalhar”, disse o diretor de meio ambiente da Aiba, José Cisino Lopes.
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informe publicitário
o fascínio do design Arquitetos, designers e lojista de Barreiras visitam novo complexo da S.C.A., no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul
Visitar a sede da S.C.A. em pleno Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves – RS) é programa imprescindível àqueles que respiram design, arquitetura e decoração de interiores. O novo complexo temático de cinco mil metros quadrados parece flutuar em meio à paisagem verde e sedutora da serra gaúcha. Além de inovar ao abrir as portas do design em um dos principais destinos turísticos do país, a S.C.A. surpreende ao lançar sua Coleção 2014/2015. As novas linhas de cozinhas Effetto, dormitórios Bravo!, Grafismi Reflexos, além da versátil cartela de divisores internos para cozinhas e closets, e das novas cores de vidro, só faz aumentar o fascínio por essa grife moveleira. A nova fase da empresa vem a confirmar sua tradição e solidez. O empreendimento, de arquitetura arrojada, alia design de alto padrão a elementos como a pedra e o vidro, que representam a essência da S.C.A.
Ligiane Kuffel (arquiteta), Guilherme Bastos (arquiteto), Marcelo Bastos (lojista), Isabela Cruciol (arquiteta), Severo Ramos (designer de interiores), Gilmar Manfroi (diretor comercial da fábrica), Dulce Aguiar (arquiteta) e Ruth Regis (designer de interiores)
Os arquitetos parceiros do showroom da S.C.A. em Barreiras (BA) participaram do Giro S.C.A., e puderam conhecer de perto as boas novas do Grupo SCA. Além disso, aproveitaram as maravilhas culturais e gastronômicas de uma das regiões mais ricas do país.
1_Frentes em TS podem remeter à pedra e ao aço corten, o efeito é rústico e natural.
2 e 3_Puxadores Filo e Integrato, exclusivamente desenhados para a Effetto S.C.A. 36
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Minimalismo Gourmet NOVA EFFETTO S.C.A. A Effetto é uma coleção configurada, pensada nos mínimos detalhes para os amantes do minimalismo e da tecnologia industrial. Aqui o grande diferencial está relacionado aos acabamentos, considerados o grande diferencial dessa linha de cozinhas e ambientes gourmet. A Coleção Effetto explora com sucesso a combinação de diferentes materiais como o alumínio e vidro – em uma gama de terrosos a off whites – e faz uma composição acertada ao remeter ao aço corten, a pedra e ao cimento. Tanto a cor como a textura imprimem com naturalidade esse efeito, tão em alta na atualidade da arquitetura de interiores. Outro elemento que marca essa coleção é o modelo de portas e puxadores exclusivamente desenvolvidos para ela. A alta exigência estética e funcional já conhecida nas cozinhas da grife S.C.A., acresceu a esse lançamento modelos totalmente diferenciados. Na Effetto o puxador Filo é usado nos armários superiores e fica sutil, embutido e praticamente imperceptível através de um leve filete em alumínio. Já nos armários inferiores o modelo Integrato é incorporado à frente do mobiliário, que além de identidade marcante, favorece ao conforto de uso. Descubra toda essa inovação em cozinhas e espaços gourmet.
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3 1_A Bravo! S.C.A. traz portas de alumínio e vidro com detalhes em couro, tecidos e tramas. O crochê e o chevron são algumas das estrelas do leque de novos acabamentos.
2_Organizadores para gavetas em couro, acabamento impecável e praticidade no manuseio. Um luxo! 3_Organizadores para gavetas em couro e feltro, até duas alturas e variadas composições.
Desfile no Closet BRAVO! S.C.A. O universo da moda dita a essência da nova Coleção de dormitórios 2014/2015 da grife S.C.A.. A Coleção Bravo! permite um resgate de sensações, uma experiência sensorial oportunizada por tecidos como o crochê e o chevron, pelo couro natural, o matelassê, além dos novos grafismos. O desfile sofisticado de tendências sai das passarelas diretamente para a casa, ou melhor, para o closet. A linha, exclusiva e configurada a partir de muita pesquisa da equipe de desenvolvimento da empresa, tem como ponto alto uma rica variedade de acabamentos, texturas e cores. Esses revestimentos de grande apelo tátil trazem a memória e o romantismo do crochê, a surpreendente informalidade do chevron, passando pela elegância do couro natural, do tradicional matelassê, até as delicadas estampas de grafismo. A Bravo! desfila com facilidade do clássico ao contemporâneo. A novidade desponta com uma gama de sete novas cores de perfis de alumínio e onze cores de vidro, combinadas com os cinco nobres materiais, grandes diferenciais dessa Coleção. Ainda, a nova linha de organizadores em couro e feltro, agrega glamour ao interior dos armários S.C.A.. Amplamente configuráveis, trazem divisões perfeitas para a quantidade certa de acessórios. Roupas íntimas, maquiagens, óculos, joias e relógios, ficam protegidos e dispostos lindamente, em uma distribuição perfeita. Realmente, Bravo!
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Rodovia BR 242, Km 1,5 -Novo Horizonte Fone: (77) 3612-4173 - Barreiras BA E-mail: diretoria@scabarreiras.com.br Site: sca.com.br
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entrevista
luiz razia
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A fórmula agora é Indy Em dezembro de 2012, Luiz Razia era a mais nova esperança de um piloto brasileiro na F1. Ele já estava até em treinamento quando recebeu a notícia, em Barcelona, que seus investidores haviam desistido. O sonho de ir para a F1 chegava ao fim. Hoje, ele avalia a categoria mais cobiçada pelos pilotos como um negócio extremamente agressivo. “As equipes que têm pouco dinheiro se matam para sobreviver e as grandes querem manter o poder”. Vicecampeão da GP2 e campeão da Fórmula 3000 Sul-Americana, o jovem barreirense de 25 anos que coleciona troféus desde 2002 agora quer ir para a Fórmula Indy. Este ano, até a metade do Indy Lights ocupava o 2º lugar no campeonato, mas terminou em 5º por motivos alheios. Mesmo assim, foi um resultado positivo que pode carimbar sua passagem para a Fórmula Indy. Veja entrevista abaixo. texto/foto C.FÉLIX
Você se sente frustrado por não ter ido para a F1? Foram muitos anos de dedicação e trabalho duro para chegar àquele ponto. Em 2012 eu fui vice-campeão da GP2 e apenas quatro brasileiros foram até hoje: Nelson Piquet, Bruno Sena e Lucas Digrassi, eu fui o quarto. Então, chegar a um nível desse e tentar de tudo para conseguir um patrocínio e, felizmente, conseguir dois investidores que queriam nos apoiar na F1 - naquele momento, foi o meu auge! Eu lembro que quando a gente assinou o contrato eu estava realmente muito feliz. Pela primeira vez ia ser um piloto oficial, já estava fazendo as práticas de treinos, simuladores e tudo. Quando a gente estava em Barcelona fazendo os treinos lá, chegou a notícia que nossos dois investidores estavam com muitas dificuldades em continuar esse processo do contrato. A maioria dos pilotos que estão na F1 levam, de certa forma, patrocínio e esse era o meu caso. A gente tinha esses dois investidores e eles acabaram furando
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esse contrato. Como categoria, a F1 é um negócio muito agressivo, no qual as equipes que têm pouco dinheiro se matam para sobreviver e as equipes grandes querem manter o poder. Isso é tão escancarado que tanto a equipe Marussia quanto a Caterham estão em extremas dificuldades. A Marussia acabou fechando esse ano. Esse mercado agressivo dificulta muito a vida dos pilotos porque eles têm que levar patrocínio. Você ainda tem esperanças de voltar para a F1? A gente nunca diz nunca. Eu acho que se tivesse um convite, obviamente eu não ia negar. A F1 é o top do automobilismo, é onde está tudo de melhor no mundo. Mas, se eu conseguir me consolidar na Indy, acharia difícil voltar a me aventurar, porque eu sei como funciona... Depois que você estiver nos EUA, tendo um contrato com uma equipe de dois anos, vendo que vai se estabilizar e jogar tudo isso por uma coisa que você já sabe como funciona, eu não sei se me arriscaria novamente. Depois, você participou do Gran Turismo. Então, 2013 foi um ano de transição para mim. Corri de GT, consegui algumas vitórias, pódio, foi um ano bem legal, mas eu queria dar um rumo para a minha carreira, queria buscar outro mercado que ainda estivesse crescendo. Aí, em 2014, eu procurei a Indy Lights, nos EUA, que é outro tipo de automobilismo, com outras categorias. O automobilismo americano tem sustentabilidade sozinho, não depende do mundo, não faz corrida na Ásia ou no Japão, como a F1. É só mercado americano, e é todo sustentável. É um mercado que gera muito dinheiro, tem muito patrocinador. As diferenças entre as equipes são muito menores porque eles usam o mesmo carro para todas as equipes, o mesmo chassi, que é da Lara (empresa italiana que fabrica chassi). Você quer sair da Indy Lights para a Fórmula Indy. A equipe que você correu na Light não poderia ser a sua equipe na Indy? Poderia. Eu acho que é uma grande oportunidade. Eles viram meu potencial - tanto nas corridas de rua quanto no circuito misto – e gostaram. Estão trabalhando intensamente para me colocar na equipe deles. Já tem um piloto fechado e outro carro está disponível. Eles estão procurando me colocar na equipe sem eu levar patrocínio nenhum, sendo pago pela equipe. Se fosse na F1, não teria nem conversa. Lá, há essa possibilidade. É um mercado sustentável que eles têm os próprios investidores. Eles caçam talentos. Como foi seu desempenho na Indy Lights? Eu fiquei em 5º lugar. Foi um ano que parecia que ia ser bem melhor e por alguns acontecimentos acabou não sendo tão agradável. Mas, se você olhar num contexto geral, vai ver que foi um campeonato muito bem disputado porque eu não conhecia as pistas, não conhecia o carro, não conhecia os EUA. Era a primeira vez que eu estava indo lá para correr e morar - foi tudo muito novo pra mim! Até a metade do campeonato, em Indianápolis, eu era o segundo no campeonato, a cinco pontos atrás do primeiro. Aí vieram três corridas com problema: em uma me
Quando você mostra um bom trabalho, há boas oportunidades do mercado americano te pegar” 40
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bateram, outra, num oval, eu não terminei e, por fim, em outra o cara me tirou da corrida. Então eu caí para quinto. Fiz dois, três pódios no final e acabei naquela posição. Mas, se eu tivesse continuado a linha de trabalho que eu estava até a metade do campeonato, com certeza teria ficado entre os dois primeiros. Todo mundo que esteve ao redor falou que eu fui muito rápido durante o ano, mostrei muito potencial, que eu merecia muito mais que esse resultado. Automobilismo é assim, não se ganha tudo na vida. O que deu para passar foi que grandes pessoas que estão envolvidas, perceberam meu talento, minha dedicação, e isso está impulsionando para o ano que vem. Seu desempenho deste ano já não garantiria a equipe? Não. Isso seria uma mentira dizer que garante. Quando você mostra um bom trabalho, há boas oportunidades do mercado americano te pegar. É isso que eu estou torcendo e esperando. E enquanto não acontece essa decisão você está negociando com outras equipes? Eu tenho um manager que cuida disso pra mim, o Rick Gorne. Ele está em conversa com outras equipes, sim. Ele é bem relacionado lá dentro. Como seria voltar a correr no autódromo Nelson Piquet? Se eu conseguisse correr de Indy, seria uma realização enorme, porque, mesmo sem apoio ou patrocínio forte, eu teria feito as duas pontas do automobilismo mundial, que é andar no F1 e na Fórmula Indy. As duas categorias mais tops que têm hoje em fórmula. Não são muitos pilotos que conseguiram fazer isso, poucos pilotos só. Poucas pessoas daqui do Brasil viram o carro de Indy de perto e ele é lindo, grande, tem muita potência (quase 700 cavalos), é super tecnológico, novo (foi acabado de lançar em 2011). Então, além de ter o prazer de guiar um carro desse nível, andar numa categoria desse nível e ainda correr no Brasil numa pista que eu tive um bom histórico, seria uma fase de muita realização pessoal pra mim. Você teria um plano B caso chegasse 2015 e você não conseguisse correr na Indy? É difícil pensar isso, a gente tem sempre esperança que dê certo. Mas um plano B eu não teria, acho que está bem encaminhado o plano A. As pessoas estão se mexendo para acontecer e de alguma forma vai acontecer. Eu prefiro não pensar num plano B, porque aparece também. Se você não consegue uma coisa, outra coisa vai aparecer, então é melhor focar mesmo no A, e acabou. Como é um piloto fazer jornalismo? É bem interessante. Muita gente não sabe, mas eu comecei a fazer vídeo pela internet. Eu mesmo filmava, editava e colocava no Youtube. Aí eu comecei a pegar uma audiência legal de pessoas que gostavam da parte técnica de F1. Eu falava muito de coisas que as pessoas não veem na TV. Como funciona um DRS, um botão do volante, porque tem aquele botão, como são feitas as trocas de pneus, porque o piloto fez aquela escolha, os dados técnicos da pista e tal. Eram coisas bem mais técnicas e direcionadas para os amantes do automobilismo e da F1. O Autoesporte viu isso e um dos produtores me convidou para fazer esse material pra eles. A gente fez uns carros na Europa, o pessoal gostou do conteúdo e o
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produtor falou para fazer sobre os supercarros e aí pegou. É comum no meio dos pilotos esse conhecimento tão técnico? Eu acho que é bem particular. Você tem sempre aquele aluno que é bom em matemática, que é bom em história, geografia e acho que piloto é a mesma coisa. Você tem um cara que é muito técnico, um cara que sabe o parafusinho, que vai no câmbio até o que está acontecendo na engenharia do carro, as evoluções e tudo mais. Você tem aquele piloto que tem bastante talento, mas não quer saber de nada da engenharia, aquele piloto que é muito inteligente, que talvez até não seja bom tecnicamente, mas é bom de corrida, entende de estratégia, tem o piloto político. Tem de tudo. Eu me considero um piloto bastante técnico. Eu sei bastante de engenharia, até porque meu pai foi um grande mecânico engenheiro, dono de equipe. Então, eu sempre me mantive muito informado com a parte técnica. Sou um piloto muito arrojado também, não espero, enfio o carro, esse tipo de coisa. Você é um incentivador de kart no Brasil? Modéstia a parte, eu fiz meu nome dentro do automobilismo, muita gente reconhece, porque é difícil ter os resultados que eu tive: fui campeão de kart, campeão de Fórmula 3, vice-campeão de Fórmula 3000, fui vice da GP2, andei de F1, de GT e em todas as categorias que eu passei eu fiz pódio. Então, eu sou uma referência para molecada que está começando, como quando eu era moleque, eu olhava para o Antonio Pizzonia, o Luciano Burti -, esse pessoal que estava no auge naquela época. A geração anterior já olhava o Sena, o Nelson. Para mim, é mais que uma obrigação fazer eventos de kart, que é a base do automobilismo. Eu fiquei muito amigo do dono do Beto Carreiro e ele falou para fazermos um evento de kart. O primeiro evento deu 57 pilotos. A gente não esperava ter feito tanto sucesso. Foi bastante legal, teve serviço de açaí, café de graça, um lounge para os pilotos. Eu fiz a minha parte social, incentivando o pessoal a andar de kart por um preço bem acessível, dando exposição aos pilotos amadores e oportunidade para eles fazerem nome. Esse foi o primeiro evento (há duas semanas atrás). Este ano eu fiquei muito ocupado até agosto e de agosto até novembro eu toquei vários projetos que eu tenho em mãos. Você tem algum projeto para Barreiras? Não é algo que está na minha cabeça. Mas, com certeza seria um enorme prazer estar envolvido em algum projeto, como na construção de um kartódromo de patamar internacional, porque não adianta construir um kart, fazer um asfalto e colocar pneu lá. Não é isso. É para fomentar! Vamos fazer um kartódromo de, sei lá, 800m de asfalto (considerado oficial para a Confederação Brasileira), fazer uma estrutura grande com box, para receber campeonatos brasileiros e internacionais. Juntar investidores num projeto desse e, dentro desse kartódromo, fazer vários campeonatos, eventos, provas de bicicleta, de corrida, de kart, fomentar o esporte mesmo. Você pode fazer um evento de test drive, por exemplo, uma corrida de rua, corrida de bike com rampas e tal, campeonato brasileiro e baiano de kart. Muita coisa pode ser fomentada por um kartódromo, só que precisa ter uma estrutura, certo patamar internacional. Não é difícil fazer isso, basta ter dois, três investidores que gostem do automobilismo, que querem investir num kartódromo e fazer. Não custa nada falar com alguns dos nossos grandes empresários. Porque dá retorno, autódromo no Brasil hoje tem evento o ano inteiro. Não só evento de automobilismo, mas têm vários outros tipos de coisa que podem ser feitas também.
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Vou-me EMBORA pro passado
Dificuldade para realizar chamada, falhas, interrupções, baixa velocidade e queda de conexão são alguns dos motivos cotidianos da insatisfação dos usuários de telecomunicações em Barreiras que avaliam o telefone fixo melhor - pelo menos para voz - do que o móvel. No entanto, pouquíssimos formalizam as queixas contra as operadoras. Saiba mais sobre esse consumidor e o futuro da conexão de voz e dados a partir de 2015 texto C.FÉLIX
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domingo da família Silva de Oliveira era para ser apenas mais um domingo, até Arnou sofrer um sério acidente. Uma das cerâmicas que ele assentava no banheiro caiu e causou-lhe um profundo corte na perna. Seu genro Pedro Henrique Flores, que na hora via TV na sala, levou o sogro para o Hospital do Oeste. No trajeto, tentou ligar quatro vezes para uma pessoa que conhecia no HO. Foi em vão. Felizmente, assim que chegou ao hospital Arnou foi encaminhado para a sala de sutura. Mais calmo, após colocar o carro no estacionamento, Pedro começou a ligar para sua mulher. Foram oito tentativas sem sucesso. Decidiu ligar para a “Sogrona”. Piorou: foram 85 tentativas em aproximadamente 30 minutos para conseguir falar com ela. - Um absurdo isso! Se eu não estivesse em casa iria sangrar mais um monte, até ser socorrido por um vizinho ou até minha sogra conseguir me ligar ou até alguém conseguir ligar para o Samu – reclama Pedro, lembrando que o sogro perdeu cerca de dois litros de sangue e vai ter que fazer uma cirurgia para recuperar os ligamentos. Esta dificuldade de Pedro com o telefone celular móvel já virou rotina em todo Brasil. De acordo com relatório da Anatel, esta modalidade liderou com 41% as reclamações sobre os serviços de telecomunicações entre janeiro e setembro deste ano. A telefonia fixa ficou em segundo lugar, com 32%. No entanto, em Barreiras, ainda é a que funciona melhor, pelo menos para 68% dos barreirenses, conforme pesquisa com 142 entrevistados realizada entre os dias 5 e
absurdo Print screen da tela do celular de Pedro no dia do acidente com seu sogro. Ele só conseguiu falar com sua sogra 85 tentativas depois
6 de dezembro pelo Instituto Insight. Toda tecnologia empenhada na telefonia celular móvel não conseguiu superar a eficiência do modelo anterior. A pesquisa, encomendada pela Revista A para avaliar a qualidade dos serviços de voz e dados e traçar o perfil dos usuários de telecomunicações em Barreiras, apresenta certas curiosidades. A maioria reclama do preço e da qualidade dos serviços, mas poucos formalizam as queixas juridicamente. Para 48% dos entrevistados, o sinal das quatro operadoras que atuam na cidade é péssimo e ruim - Claro e Vivo são as piores, com 70% e 69% respectivamente. No entanto, desde que o Procon foi inaugurado em Barreiras, em maio deste ano, só foram registradas 700 queixas sobre as telecomunicações, menos de 1% dos usuários da cidade. E detalhe: as queixas são referentes a cobranças indevidas na fatura. Sobre a qualidade de sinal quase não há reclamação. “As pessoas ficam receosas de fazer reclamações e preferem ficar com o problema. Fui informada pelo departamento jurídico da Vivo que são poucas as reclamações em relação ao sinal. Então, temos que ter um número significativo para uma solução imediata”, explicou Doralice Farias de Sousa, coordenadora do Procon em Barreiras. E ela tem razão. Pedro, por exemplo, ficou revoltado contra a Vivo, mas não foi a nenhum órgão de defesa do consumidor reclamar. Soltou o verbo nas redes sociais e ponto.
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Neste ano, o país contava com pouco mais de 1 milhão de telefones para uma população de mais de 70 milhões de habitantes. Mais de 900 concessionárias de serviços telefônicos operavam no país. Em agosto, é editada a Lei 4.117, do Código Brasileiro de Telecomunicações. Esta lei possibilitou a criação do sistema nacional de telecomunicações e definiu o relacionamento entre o poder concedente e o concessionário no campo das telecomunicações.
Implantado o sistema de Discagem Direta à Distância (DDD) entre São Paulo e Santos através de um cabo coaxial. O presidente da República, Getúlio Vargas, assina o decreto que regulamenta a criação do Código Brasileiro de Telecomunicações.
Criada a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel). Início do processo de modernização das telecomunicações e constituição do Fundo Nacional de Telecomunicações (FNT), que fornecia recursos para a Embratel a partir de uma tarifa cobrada em todos os serviços de telecomunicações.
1958 O Brasil quebra o modelo monopolista estatal de telecomunicações, que predominou em todo o mundo, até nos EUA, com a diferença de que lá era privado, e exercido pela AT&T até 1984. Aprovada a Lei 9.295 (Lei específica ou Lei Mínima), que abria o mercado para os serviços de telefonia móvel da banda B, entre outros serviços. No dia 16 de julho é aprovada a Lei 9.472 (Lei Geral de Telecomunicações, LGT), que define as linhas gerais do novo modelo institucional e cria um órgão regulador independente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
1962
1931 1881 1877
1965
1995
telefonia no Brasil
1996 1997
Regras, reclamações, justificativas e promessas
A
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té o fim deste ano a Agência Nacional de Telecomunicações deve anunciar novas metas para pressionar as empresas de telefonia celular a melhorar a qualidade dos serviços. Se as operadoras não se adequarem, elas serão penalizadas. De acordo com as novas regras, 95% das chamadas de voz devem ser completadas e no máximo 2% delas podem registrar falhas ou interrupções. Já para os serviços de dados, 98% de tentativas de acesso à rede devem funcionar. A tolerância máxima para falhas na conexão é de 5%. Por esses parâmetros as quatro operadoras que atuam na cidade (Claro, Oi, Tim e Vivo) estariam dentro das margens, no que se refere à conexão de voz. Só a Vivo apresenta uma taxa de desconexão acima da média. Em relação ao acesso de dados via tecnologia 2G e 3G, todas apresentam problemas na conexão ou na queda de conexão. Na opinião dos entrevistados, o serviço de dados são os piores prestados pelas operadoras Claro e Vivo, que mais uma vez lideram as
Após decisão do Conselho de Estado, foi concedida à “Telephone Company do Brasil”, através do Decreto nº 8065, de 17 de abril de 1881, a permissão para explorar a telefonia na cidade do Rio de Janeiro, seus subúrbios e na cidade de Nitéroi. A comunicação com a capital se dá por um cabo submarino. Foi a primeira emrpesa a explorar os serviços de telefonia no Brasil com fins comerciais.
D. Pedro II ordena a instalação de linhas telefônicas interligando o Palácio do Quinta da Boa Vista às residências dos seus Ministros, através dos serviços de montagem da “Western and Brazilian Telegraph”, e inaugurava a telefonia no Brasil.
Acompanhe o desenvolvimento da telefonia no Brasil, inaugurada no Império por D. Pedro II, em 1877. Veja as mudanças na legislação das telecomunicações e as implementações tecnológicas que já nascem obsoletas, a exemplo da geração 4G de telefonia móvel que entrou em funcionamento este ano e daqui a dois anos já deve perder espaço para a geração 5G. No entanto, muitos usuários no Brasil ainda estão na segunda geração.
insatisfações, uma com 82% e outra com 71% ,de péssimo e ruim. A Tim foi a melhor avaliada, com 76% de bom e ótimo. “Estamos há dois anos com problemas que atingem a região Oeste. Ano passado enviamos ofício a Anatel e obtivemos apenas uma resposta técnica. Os problemas continuaram – até pioraram! – E os prejuízos aumentaram”, argumenta Rider Castro, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras. Ele não consegue quantificar as perdas do mercado local devido aos problemas da telefonia, mas alerta que as pessoas precisam engrossar a fila de reclamações no Procon. Por outro lado, as operadoras garantem prestar serviços com qualidade e apresentam cifras bilionárias de investimentos no setor. Mas nem todas são específicas quantos aos investimentos na região. A Claro disse que investiu mais de R$ 35 milhões em fibra ótica na Bahia e que atende 360 municípios no estado com tecnologias 2G, 3G e 4G. Com certeza esse investimento em fibra não foi na região oeste. Em se tratando de dados em 2G, a operadora está de acordo com as regras na Anatel, mas em 3G está 9% abaixo da taxa de conexão exigida pela agência reguladora e acima da taxa de queda. A Tim foi menos precisa ainda. Informou apenas que cobre os municípios de Cocos, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Santa Maria da Vitória e Barreiras, a única cidade
Inaugurada em Brasília a primeira operadora da Banda B (concorrentes privadas ao monopólio estatal que existia até então). A entrada de operadoras na Banda B foi o pontapé inicial da abertura do mercado de tefonia móvel, possibitado pela Lei Mínima.
1997
A Telesp Celular lança o primeiro sistema digital de telefonia celular.
1993
1G
2G
O sistema é implantado também em Brasília, Campo Grande, Belo Horizonte, Goiânia e São Paulo.
1991
Rio de Janeiro é a primeira cidade brasileira a contar com telefonia móvel celular.
1990
A telefonia celular de fato é introduzida no país, com o sistema AMPS americano, padrão que tornou possível a aplicação comercial dos aparelhos.
gerações
3G
2014
1984
4G
É o sinal de telefonia analógico. Foi popularizado na década de 1980, mas quase não foi utilizado para tráfego de dados, apesar de permitir velocidades semelhantes à conexão discada. Usa padrão AMPS. Começou a funcionar na década de 1990, com a implantação do sinal digital. Até hoje é utilizado em várias partes do mundo. Ele utiliza principalmente o GSM (Global System for Mobile Communications). Para internet móvel, no entanto, já está bastante defasado. A maioria dos usuários brasileiros da internet móvel estão nesta geração. Ela usa principalmente as tecnologias WCDMA ou CDMA e oferece velocidades mínimas de 200 kbps, segundo padrão do IMT-2000, mas promete velocidades muito superiores. O WCDMA inclui as tecnologias HSPA e a evolução HSPA+, também comercializado no Brasil sob a alcunha de 3G+. O primeiro prevê velocidades de até 14 Mbps, o segundo chega até 21 Mbps. No Brasil, no entanto, os planos mais comuns são de 1 Mbps Esta geração começou a funcionar no início deste ano. As operadoras tiveram que correr para para conseguir cumprir os prazos da Anatel para implantação da tecnologia no Brasil, antes da Copa do Mundo. Promete revolucionar a velocidade de dados no país e utiliza a tecnologia LTE, que prevê tráfego de dados em até 100 Mbps.
quantidade de aparelhos e linhas 2006
99,92 milhões
de telefones celulares habilitados
2014
279,39 milhões de
linhas ativas de telefonia móvel Teledensidade:
137,47 linhas por 100 habitantes canais para reclamações
ANATEL Central de Atendimento Telefônico: 1331 e 1332 (exclusivo para pessoas com deficiência auditiva) Atendimento eletrônico: www.anatel.gov.br PROCON BARREIRAS Atendimento Telefônico: (77) 3613-9576 / 3612-9579 Atendimento eletrônico: www.barreiras.ba.gov.br procon@barreiras.ba.gov.br
fontes:ministérios das comunicações/sites olhardigital.uol.com.br e guiadocelular.com
com serviços 2G e 3G. Nas duas tecnologias, abaixo das regras da Anatel. A assessoria da Oi informou que de janeiro a outubro a companhia investiu R$ 166 milhões e instalou mais de 28 mil portas de acesso à internet banda larga no estado. “Referente à região de Barreiras, a Oi trabalha na instalação de fibra ótica”, respondeu a operadora, que está trazendo a fibra de Guanambi por postes. Em meados do ano passado a obra chegou à comunidade de Javi, no município de Muquém de São Francisco, e está lá emperrada até hoje. Problemas com licença ambiental embargaram a obra mas, segundo a empresa, isso já foi resolvido. No entanto, a obra não andou mais. Em nota, a Vivo disse que “tem feito investimentos para ampliar a rede de telefonia móvel na Bahia, especialmente na região Oeste”. Agora, está trazendo um link de fibra ótica de Campos Belos (GO). A previsão é que as obras sejam concluídas no início de 2015, e que a fibra funcione até janeiro, em Luís Eduardo Magalhães e, em Barreiras, até março. A Vivo está presente em 56 municípios com prefixo 77, dos quais 54 são com tecnologia 3G. Tem cerca de um 1 milhão de linhas na região, o que representa 40% do mercado. Entre 2011 e 2014, investiu R$ 24,3 bilhões no setor, principalmente
CPI adota TAC para acompanhar problemas na bahia Para apurar a má qualidade dos serviços de telecomunicações, foi instalada no Brasil a Comissão Parlamentar de Inquérito da Telefonia. Na Bahia, a AL criou uma caravana itinerante para discutir o assunto. No relatório final da CPI, ficou decido que a comissão vai adotar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que, além de enfrentar problemáticas estruturantes, vai acompanhar sistematicamente os ajustes entre a AL, as representações do Ministério Público, do Procon e da Seinfra, de modo a garantir o cumprimento das cláusulas em benefício dos consumidores baianos.
em “ampliação de cobertura e capacidade de rede e nos sistemas e processos que permitem garantir melhor qualidade de serviço”. No início deste mês, foi multado pela Anatel em mais de R$ 1 milhão por não atender normas de Serviço de Atendimento ao Consumidor. O desenvolvimento das novas tecnologias e a decisão da justiça em proibir que as operadoras vendessem celulares bloqueados, deu mais autonomia para o consumidor fazer suas escolhas. Por sua vez, para fidelizar e atrair novos clientes, as empresas de telefonia investiram em planos e promoções tentadoras. De modo que os usuários passaram a ter mais de um celular e até uma linha de cada operadora, tanto para se beneficiar das promoções como para expandir a cobertura do serviço de voz e dados, uma vez que nem todas as operadoras cobrem todas as áreas. Em Barreiras, 57% dos usuários têm pelo menos dois chips de operadoras diferentes. O que parecia ser uma vantagem para o consumidor, se transformou em problema. Sem capacidade técnica para atender a crescente demanda, o serviço de telefonia móvel perdeu qualidade. E o serviço de dados - com a criação dos smartphones e a popularização das redes sociais -, se já não tinha qualidade, piorou.
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PESQUISA INSIGHT Realizada entre os dias 5 e 6 de dezembro com 142 entrevistados, pesquisa realizada pelo Instituto Insight traçou o perfil do usuário de serviços de conexão de voz e dados, e sua avaliação sobre esses mesmos serviços. A pesquisa tem 95% de intervalo de confiança.
perfil Qual a operadora que você utiliza?
37%
Claro e Vivo
23%
Claro
13%
Vivo
6%
Tim Vivo e Oi
4%
Claro e Oi
4%
Vivo e Tim Todas
Fazer ligações
57% utilizam pelo menos
8%
Claro e Tim
duas operadoras
43% utilizam apenas uma operadora
1% 2% Para que você usa mais seu celular?
32% 28%
Redes sociais Fazer ligações e redes sociais
23%
Fazer ligações, enviar mensagens e redes sociais Fazer ligações, enviar mensagens
12% 3%
Jogos
1%
Não opinou
1% Que tipo de internet você usa?
11% nenhuma 52%
32% móvel e fixo
móvel
5% fixo
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luís eduardo magalhães vai virar cidade digital
A
avaliação
Como você avalia o sinal de sua operadora?
Como você avalia serviço de internet de sua operadora?
péssimo ruim
13% 15%
2% 10% 39%
Claro
7%
regular
42%
31%
Oi
6%
7%
7%
27%
40%
Vivo
33%
22% Vivo
38%
28% 30% Tim
15% 2% 5%
32% Tim
48%
10% 2% 12%
44% Como você avalia o preço cobrado pelas operadoras?
Qual telefone funciona melhor?
2%
17% nenhum
9% móvel
16%
67%
5%
6% móvel e fixo
11%
Oi
11%
não opinou
40% muito cara
bom ótimo
26% 56%
41%
Claro
cidade de Luís Eduardo Magalhães está prestes a obter acesso digital de qualidade em quase toda a área urbana. A partir de junho de 2015, o município oferecerá acesso a internet de alta velocidade para usuários em logradouros públicos e simplificará a integração dos diversos órgãos municipais, com o projeto Cidade Digital. O projeto prevê para abril a instalação de 60 quilômetros de fibra ótica distribuídos em forma de anel pelos diferentes bairros da cidade, que serão integrados à internet por meio do sistema Wimax. A instalação da rede ótica em LEM custará R$ 2,4 milhões e permitirá a redução dos gastos da Prefeitura com ligações telefônicas através da utilização do sistema de telefonia VOIP (Voice over Internet Protocol – Voz sobre IP), similar ao Skype (via rádio e fibra ótica). De acordo com o diretor da Hiamina Consultoria, empresa que desenvolveu o projeto, “a ideia é cercar a cidade para melhor aproveitar o sinal da rede. Vai reforçar também o sinal que já existe na cidade”, disse Werther Brandão. O projeto consiste basicamente, em instalar o anel de fibras óticas na cidade e os aparelhos que permitirão a transmissão via rádio, dos sinais de internet, para logradouros públicos, especialmente as praças dos bairros Santa Cruz, Jardim Paraíso, Mimoso I e do Jardim das Acácias. Para ter acesso à rede ótica, basta o morador apresentar o IPTU quitado e comprar uma antena USB com cabo, que custa entre R$ 150 e R$ 600, que deve ficar diretamente ligada ao computador. Tanto a administração pública, quanto a população terão vantagens com a implantação do sistema. Os órgãos públicos poderão ter redes interligadas e, com isso, o aumento da eficiência e maior controle sobre os recursos públicos. Ao final do dia pode-se obter a dimensão exata de tudo que foi utilizado, por cada segmento do poder público. O servidor da rede poderá ser a própria Prefeitura. Com a implantação do sistema de telefonia VOIP, estima-se uma economia em R$ 20 mil por mês para o município. Já existem pontos de transmissão via rádio nas praças Albano José Lauck no Jardim Paraíso, Gerson Hoffmann no Mimoso I e na praça em frente à Prefeitura. Esses pontos ganharão o reforço do anel ótico, sem que haja necessidade de equipamento. Haverá algumas restrições para evitar o uso indiscriminado e o roubo de sinal. A cada duas horas de uso o sinal cai. Apenas uma hora depois aquele computador poderá acessar novamente a internet.
32%
normal
68% fixo
26% caro
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2015:
o ano da fibra ótica no oeste Ao que tudo indica, 2015 tem tudo para ser o ano da solução para os problemas de telecomunicação na região, com a chegada da tão esperada fibra ótica. A promessa de implantação da banda larga de alta velocidade na região vem de longe, e a que mais parecia real, até então, era da operadora Oi, que em 2012 assinou convênio com o governo do estado e garantiu implantar a rede até o final daquele ano. As obras estão paralisadas até hoje, no Javi. Há alguns meses, no entanto, as esperanças foram renovadas e a fibra, enfim, dá sinais de que logo logo estará de fato e de direito no Oeste já no início de 2015. A responsável por este empreendimento é a Vivo. Veja no infográfico informações sobre o que a fibra pode oferecer e detalhes do projeto. A rede subterrânea é mais cara, porém mais segura, por não estar exposta a certas situações de risco, como queimadas
Rede da Vivo Esta rede vem de Campos Belos (GO), passa por Combinado (TO), Aurora do Tocantins (TO), Lavandeira (TO), Taguatinga (TO), Luís Eduardo Magalhães (BA), até chegar em Barreiras (BA). É uma rede subterrânea e terá 16 pares de fibras. Cada par consegue atender até 100 mil pessoas. Dos 16, um vai ser usado pela Oi e outra pela Vivo. Não se sabe como serão negociados os 14 pares restantes com outros clientes, inclusive concorrentes como a GVT.
Segurança e redes conectadas A parceria entre as operadoras Vivo e Oi vai além do uso da fibra que está vindo de Campos Belos. A ideia é conectar esta rede à que vem de Brumado. Com isso, caso uma das duas se rompa, a outra pode suprir o sinal. Caso as duas venham cair as antenas vão buscar sinal nos satélites.
BA
Caixas para passagem dos cabos já foram instaladas em Barreiras
TO Etapas
A implantação do duto significa 40% da obra que, antes de iniciar os testes de funcionamento, ainda vai passar por três etapas:
Campos Belos (GO) 50
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GO
instalação de caixas subterrâneas ao longo do duto; lançamento da fibra ótica no duto e; fusões.
Luís Eduardo Magalhães
Situação atual
Já foram instalados 320 quilômetros de dutos às margens das estradas. Nas áreas urbanas, inclusive na de Barreiras, já foram instaladas caixas por onde o cabo vai passar. Depois será preciso espalhar a rede por toda a cidade.
Por dentro da fibra O que é fibra ótica Estrutura de vidro cilíndric a, transparente e flexível, com dimensões microscópicas, similares às de um fio de cabelo. Perm ite o tráfego de dados e voz com velocidades muito próxima s à da luz, um milhão de vezes maior que o cabo metálico ou coaxial. A fibra oferece maior estabilidade de sinal, não sofrendo inte rferências eletromagnéticas ou que das de transmissão. Atualmente não existem outros meios físicos de transmissão com sua qualidade e capacidade de transmissão.
Tipos de fibra Monomodo
Ideal para envio de informa ções a longas distâncias. Teoricamente , este dipo de fibra pode ligar dois transmissore s a uma distância de 80 quilômetros.
Entre março e maio de 2013 a empresa colocou postes às margens das estradas e fez o cabeamento aéreo. A rede aérea é mais barata, porém é mais vulnerável a problemas como queimadas e queda de árvore
Multimodo
Mais barato que o anterior. Recomendado para distâncias de no máx imo 300 metros sem perdas. São mais usad as em redes domésticas.
Rede da Oi
Velocidade Tecnicamente, ela não apre senta perda de dados e sua taxa padrão de transmissão gira em torno de 10 Gbp s. Para
o consumidor, a Vivo tem disponível pacotes de 50, 100 e 200 Mgbps.
Faltam154 quilômetros de obra para conectar uma rede a outra e oferecer mais segurança aos usuários
Previsão LEM:
janeiro de 2015
Barreiras:
fevereiro de 2015
projeto e arte: opa! produtora de conteúdo e revista a
Sai de Brumado através de rede aérea e passa por Caetité, Guanambi, Igaporã, Riacho de Santana, Bom Jesus da Lapa, Santa Maria da Vitória, Santana, Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho, Brejolândia e está no Javi, distrito de Muquém de São Francisco. Em março de 2012 a operadora assinou um convênio com governo do estado e disse que iria oferecer banda larga de alta velocidade através de fibras óticas e sem fio com a internet 3G para a cidade de Barreiras.
Comunidade de Javi, Muquém de São Francisco
Barreiras
Sem previsão para ficar pronta
Situação atual
Até agora já foi implantado cerca de 600 quilômetros de cabos em postes às margens das estradas. A obra foi paralizada no Javi por falta de licença ambiental. O problema já foi superado, mas a obra não andou mais. Oi e Vivo negociam a conclusão do trecho, cujo prazo é indefinido.
fontes:vivofibra.com.br / tecnomundo.com.br
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umlugar
especial Oeste
foto RUI REZENDE
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coisas da natureza Uma ponta do arco colorido parece brotar da terra cujo horizonte não tem fim. Com isso, a árvore solitária não é mais uma árvore solitária, é a companhia indissociável da beleza, da paisagem pincelada por uma artista que tem vários nomes, mas um basta: natureza.
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cult
em família Mestre Tall (com o berimbau na mão), ao lado da esposa Damares e seus três filhos: única família de capoeiristas de Barreiras
música, literatura, artesanato, agenda,
cultura
O jogo
da capoeira
a
mudou
O tempo passou e os desafios e preconceitos mudaram. Atualmente mestres e capoeiristas lutam pela profissionalização do esporte que, apesar de ser reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, ainda é muito marginalizado.texto IVANA DIAS fotos C.FÉLIX
capoeira originou-se no século XVII e foi desenvolvida como forma de socialização e solidariedade entre africanos escravizados. Atualmente, representa um dos maiores símbolos da cultura brasileira, presente em todo território nacional e em mais de 160 países. O que lhe proporcionou o título de Patrimônio Cultural Brasileiro, em 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e, mais recentemente, o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Apesar dos honrosos títulos, o esporte ainda sofre com o preconceito, desvalorização, falta de profissionalização e, sobretudo, falta de apoio do poder público.
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cult cultura
“Eu aprendi capoeira para ensinar meus filhos, meu incentivo é a minha família. Na prática, esses títulos não trouxeram muitas mudanças, principalmente para Barreiras. Aqui, não temos um ginásio para realizarmos um evento. Houve a votação de um projeto na Câmara de Vereadores para criação do ‘Dia da Capoeira’ que não saiu do papel; além de uma lei municipal, que institui aulas de capoeira nas escolas, e que também nunca aconteceu. A única cultura que dá certo aqui é do algodão, da soja, do milho, mais nenhum outro tipo de cultura”, conta Gilmar do Nascimento Ribeiro de Jesus, conhecido por Mestre Tall. Em 1985, ele fundou a Academia Esquiva. O espaço foi o berço de criação de seus quatro filhos, dos quais, só três moram em Barreiras - Mayara, Mayana e Rogério -, Naziel mora em outra cidade. Todos iniciaram na roda de capoeira aos três anos e têm a mesma opinião do pai: falta reconhecimento profissional. “Há alguns anos o preconceito estava na falta de reconhecimento cultural - a capoeira era vista como uma atividade de pessoas que não tinham valor na sociedade. Atualmente, está na falta de reconhecimento da capoeira como profissão. A lei municipal que garante aulas de capoeira no currículo escolar não é cumprida”, reclama Rogério, que é professor de Educação Física. No dia 4 de dezembro, Mayara participou com o pai do 2º Ciclo de Seminários “Salve a Capoeira”, em Bom Jesus da Lapa, promovido pelo IPHAN, para discutir a valorização e a profissionalização da capoeira como esporte. Ela elogiou a ação do órgão estadual, principalmente porque isso pode garantir aposentadoria aos mestres, futuramente. No entanto, ressaltou que o processo é lento, mas que só vai valer para os grupos já existentes, que trabalham com seriedade. “Será como um processo de licitação. Para que o projeto dê certo, será necessário nos organizar administrativamente”, explicou. Família unida joga capoeira unida O barreirense Mestre Tall começou a jogar capoeira aos 12 anos e recorda-se com orgulho das competições em que participou ao longo de sua trajetória. “De 1981 até a década de 90, participei da ‘Grande Roda’, um evento que reúne mestres de todo o país. Quando eu participava acontecia anualmente em Brasília, cheguei a ser vice-campeão. Hoje, acontece no Pará”, conta o mestre. “Os competidores eram selecionados por idade, independente de peso e altura, como acontece hoje em dia. Bastava ser maior de idade. Em uma das vezes, competi com o Mestre Pança, pelo nome dá para imaginar o resultado, pois eu só tinha 62 kg. Voltei para Barreiras sentindo muitas dores”, lembra em sorrisos. Mas dessas viagens ele não trazia apenas dores e machucados, trazia também medalhas e certificados que estão guardados com muito orgulho. Mas, seu maior orgulho é a família. Casou-se com a paulista Damares, que chegou à cidade com os pais em 1975. Ela já se considera barreirense e fala do esporte com muita gratidão. “Temos o privilégio de ser a única família capoeirista de Barreiras”, diz, a destacar que seus filhos, hoje, já são professores. “A academia tem cerca de 200 alunos, com idade a partir de 2 anos. Nós ensinamos brincando, mas ensinamos o que é o certo”, enfatiza o mestre. O amor pela capoeira é tão grande, que as irmãs Mayara, conhecida na roda por professora Topázio e, Mayana, a professora Beija-Flor, estão grávidas de quatro e oito meses respectivamente e ainda assim continuam a jogar capoeira. “Quando eu descobri que estava grávida eu parei porque era uma fase mais delicada. Mas aos três meses e meio retornei, e só agora aos oito meses é que diminui o ritmo, pois sinto o peso da barriga, que já está enorme”, disse Mayana. Um fato curioso é que não só a esposa e filhos de mestre Tall são capoeiristas, os agregados também – os genros conheceram a família na academia e a nora, que não conhecia capoeira, passou a praticar. Essa é uma regra na casa do mestre. “Para entrar na família tem que gostar de capoeira, quem está de fora tem que entrar”.
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cult música
algo de novo no conteúdo Durval Lelys declara que em nova fase musical tem mais liberdade e que as músicas antigas do Asa de Águia, agora, têm algo a mais. texto THIARA REGES foto JOÃO BATISTA
E
m carreira solo, depois de 27 anos no Asa de Águia, Durval Lelys confessa que agora tem maior liberdade para expressar sua arte. Apaixonado pelo surf, motos e praticante de Swasthya Yoga, um dos ícones do axé music está a todo vapor produzindo músicas para o carnaval do próximo ano. Confira abaixo a entrevista do cantor, guitarrista e compositor baiano cedida especialmente para a Revista A.
Como você tem lidado com esse novo momento da sua carreira? Muita coisa mudou? Este é um processo de continuidade. Eu tenho uma carreira sólida de 27 anos no Asa de Águia e mais oito anos de Banda Pinel. Agora vou dar uma amplitude maior às músicas, levando aos meus fãs uma gama maior de opções. E, pessoalmente, eu terei maior liberdade de expressão na minha arte. Como fica sua relação com o Carnaval 2015? O que o público pode esperar? A mesma de sempre, porque eu vou carregar todo o repertório antigo. A maioria das músicas é minha, assim como a banda que continua comigo, que contém grande parte dos músicos do Asa de Águia. Obviamente, todo este conteúdo não vai passar despercebido nunca, afinal de contas todos nós somos Asa. Ele vai estar sempre presente, inclusive nos blocos Coco Bambu e Me Abraça. O que a sua nova música de trabalho “Ver o Que Restou” representa nesse seu novo projeto e qual a inspiração para composição? A liberdade de expressão. A gente tem que sempre olhar para frente e ver o que existe de bom. Ver o Que Restou é uma paródia entre o amor e a relação que eu tive na minha vida com a música. Ver o Que Restou sempre transmite o essencial.
Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com
anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital
O salva-vidas da sunga e boné vermelho significado do y “É o símbolo da alegria, porque ele define uma abertura, uma descontração, caminhos a seguir, braços abertos, liberdade...”
É o que a gente tem que observar daquele final, o que ficou de bom para que você possa transmitir esta alegria para as pessoas que gostam de você. Como tem percebido a receptividade do público e principalmente dos fãs nesse novo momento de carreira? Muito boa! Não percebi nenhuma mudança nem polêmicas, porque as pessoas estão vendo o que viram no passado, acrescido a algo novo no conteúdo, que para mim, como disse, é um processo de continuidade do meu trabalho. Você e sua equipe já estão em estúdio preparando um novo CD ou DVD? Qual a previsão de lançamento? Acabei de gravar um CD acústico e irei disponibilizá-lo em breve aos meus fãs. Ele está sendo masterizado nos Estados Unidos. Estou produzindo músicas para o carnaval de 2015 e, com relação aos CDs, ainda está em discussão se irá sair ou não, a depender da coletânea que a gente fizer até final de dezembro. Para fechar, defina Durval Lelys em uma palavra. Alegria! Aliás, o Y que estou carregando na minha camisa é o símbolo da alegria, porque ele define uma abertura, uma descontração, caminhos a seguir, braços abertos, a liberdade de uma motocicleta, uma taça, um drink, um brinde à vida. E foi por isso que investi nele.
A
morena era miúda, meio sem graça, e estava quase escondida na cadeira. Como se fosse, a qualquer instante, ser engolida. Sugada para um compartimento oculto entre o tecido e a madeira envernizada. A cadeira, a propósito, era uma daquelas de veraneio que não levamos a praia, mas abrimos garbosamente na frente de casa para tomar chimarrão, comer pipoca ou, apenas, observar a vida seguir seu rumo diante do nosso nariz. Bem assim. Quiçá, enquanto nos deleitamos com o passar preguiçoso do tempo a observar as nuvens – primeiro – brancas, se tornarem cinza e depois escuras e você, meio que imberbe, não ter escapatória e, num rompante de nada melhor a dizer, simplesmente, colocar pra fora: - É, acho que vai chover. E choveu. Antes. Não enquanto a morena miúda esteve sentada ao meu lado. É possível, não dá pra descartar a hipótese, que as nuvens passaram do branco pro cinza e depois para uma escuridão medonha, por culpa dela. Sim. Do desânimo com que ela se prostrava meio que pedindo para ser sugada para dentro da cadeira. Para um universo paralelo quem sabe. Porque ela era só desânimo. Com direito a mão segurando o queixo e olhar vago e distante. Triste de se ver. Tanto que me arrisquei, sabe-se lá por que motivo e a indaguei: - Tá triste? A interrogação ganhou vida porque de certa forma era preciso que eu questionasse a morena miúda e, por qualquer que seja a razão, tentasse extrair dela, todo aquele desânimo. Tipo o salvavidas de sunga e boné vermelho que se lança ao mar para socorrer o idoso desatento e acaba, por obrigação de ofício, tendo de fazer boca-a-boca nos lábios já enrugados e começando a ficar tão
roxos que a sombra da foice da Dona Morte por pouco não se eterniza a areia da praia. E ela, a morena miúda: - Sim. Com o idoso desatento começando a regurgitar toda água engolida no fatídico mergulho que não deu certo, eu, o salva vidas de sunga e boné vermelho, acho por conveniente que poderia continuar aquele diálogo, afinal, as nuvens nos céus eram de uma negritude alarmante e, grosso modo, não havia nada que pudesse perder ali, sentado a dois, talvez três palmos da morena miúda. Foi então que eu disse: - Sabe, não vale a pena. E ela riu. Sim. A morena miúda riu. E ainda olhou para mim e pela primeira vez percebi que ela não seria engolida pela cadeira, nem ficaria presa num universo paralelo. Ela precisava apenas de alguém para conversar, mesmo que um estranho de cabelos ralos, barba aparada e dentes separados na frente que em nada lembrava um salva-vidas de sunga e boné vermelho. O importante no entanto é que antes de encerrar a conversa, prolongada por cinco, talvez dez minutos, a morena miúda me olhou meio que de lado e disse, com todos dentes brancos a mostra: - Você me fez rir. Acho até que só não agradeceu por esquecimento. Puro esquecimento.
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cult agenda
música
LIVRO
JÁ PINTOU O VERÃO texto CAROL FREITAS
P
op, rock, reggae, punk, samba, sertanejo, rap, forró, MPB. A mistura de gêneros musicais é marca registrada do Festival de Verão Salvador que, em 2015, será realizado pela 17ª vez. Para esta, que promete ser uma edição inovadora, já se vê diversas mudanças, a começar pelo período da festa, que foi reduzido para três dias. Segundo os organizadores, foi uma vontade pública apresentada através de pesquisa. Além dessa redução, o festival conta também com a inserção de um espaço para esportes radicais dentro da arena de música eletrônica - que deixa de ser uma tenda e recebe DJS locais, nacionais e internacionais. Para 2015, a festa promete acolher um público ainda mais amplo com outra novidade: o Palco Sensações, um espaço conceitual e alternativo que envolve música, moda, cultura e arte. A área já tem atrações confirmadas como Tom Zé, Ana Cañas, Marcelo Jeneci, Russo Passapuso e Teatro Mágico. Paralelo ao palco, haverá também manifestações artísticas de grafiteiros, VJs, e a Alameda Sensações, uma feira de moda e arte, com diversas marcas confirmadas. O tradicional palco principal também garante muita animação com os artistas nacionais e internacionais que se apresentam para várias tribos. Os norte-americanos Kesha e a banda Sublime with Rome já estão presentes na grade. Além deles, um encontro que reúne Arlindo Cruz, Jorge Aragão e Maria Rita tem gerado muita expectativa para os amantes do samba. Cláudia Leitte, Harmonia do Samba, Ivete Sangalo, O Rappa, Capital Inicial e Aviões do Forró já são figuras carimbadas para os três dias da festa que acontece de 22 a 24 de janeiro no Parque de Exposições de Salvador. fotos: reprodução
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anton roos: A gaveta do alfaiate Amante da bibliografia do poeta e escritor alemão, Charles Bukowski, o jornalista Anton Roos lança o seu primeiro livro. Publicado pela EX! Editora, “A gaveta do alfaite”reúne em 252 páginas algumas das crônicas que Anton escreveu enquanto repórter e editor do Jornal Classe A durante os anos de 2009 e 2013 e da r.A – onde ainda assina uma coluna bimestral – e outras inéditas. Ao total são 40 crônicas recheadas de dilemas bucólicos, de incertezas da vida, tudo tão único e especial no mundo do escritor.
Rui Rezende: Oeste da Bahia: um novo mundo O livro “Oeste da Bahia: um novo mundo” traz registros das excursões do fotógrafo baiano Rui Rezende pelos 35 municípios à margem esquerda do Rio São Francisco, no estado da Bahia. As imagens foram recolhidas ao longo dos quase quatro anos de pesquisas, viagens e cliques. Algumas fotos são acompanhadas de curtas narrativas a partir do olhar poético e jornalístico do professor Cícero Félix, que é também editor da r.A. Rui é natural de Amargosa, interior da Bahia e trabalha com fotografia há 19 anos. Desde 2012, assina a coluna “Um Lugar” da r.A – seção voltada para exposição de olhares diferentes sobre a realidade dos lugares, costumes e pessoas da região Oeste. O livro é a quarta obra do fotógrafo, que já publicou “Cairu Cidade do Sol”, “Encantos de Tinharé” e “Chapada Diamantina, um paraíso desconhecido”.
cinema
Paulo Henrique Fontenelle: Cássia
Cássia Rejane Eller. Uma poderosa força inquieta no palco, a timidez em pessoa fora dele. É essa a imagem da cantora mostrada nas duas horas do documentário “Cássia”, de Paulo Henrique Fontenelle. Um dos grandes nomes da música brasileira, Cássia Eller marcou a década de 1990 e chocou o país com sua morte precoce, em 2001. O longa também aborda questões mais delicadas, como drogas, as relações extraconjugais, o sensacionalismo em torno de uma suposta overdose que teria causado a morte de Cássia e a disputa pela guarda de Chicão, filho da cantora, que ela sempre expressou que queria que fosse criado por Eugênia. Apesar de já ter sido exibido pela primeira vez no início do mês de outubro no Cinépolis Lagoon, pela mostra Première Brasil do Festival do Rio, o filme será lançado no dia 22 de janeiro.
Colin Trevorrow: Jurassic World
O trailer lançado no final do mês de novembro deixou os fãs dos parques dos dinossauros em frenesi. A Ilha Nublar agora é um parque temático real de dinossauros, como inicialmente previsto por John Hammond no primeiro filme. Domesticados, os dinossauros realizam shows acrobáticos e podem passear bem perto dos humanos. Desta vez, a equipe chefiada pela doutora Claire (Bryce Dallas Howard) passa a fazer experiências genéticas com esses seres, de forma a criar novas espécies. Uma delas logo adquire inteligência bem mais alta e se torna uma grande ameaça para a existência humana. O longa dirigido por Colin Trevorrow promete muita aventura e ficção científica na estreia que está prevista para o dia 11 de junho.
Paul Tibbitt: Bob Esponja - Um Herói Fora D’água
A criançada pode reencontrar o personagem de desenho animado nas telonas no dia 5 de fevereiro. O perigoso pirata Alameda Jack (vivido por Antonio Banderas) finalmente encontra o livro mágico onde todos os planos malignos que se escreve, se tornam realidade. Mas para ter esse poder, ele precisa recuperar a última página do livro que está no fundo do mar em posse do “lendário herói”conhecido como Bob Esponja. Jack elabora um plano onde o habitat de Bob é destruído e para salvar a Fenda do Biquini a todo custo, Bob e os amigos Patrick, Sirigueijo, Lula Molusco e Plâncton decidem buscar ajuda fora da água. A animação em 3D promete muita aventura e boas risadas com as trapalhadas do “Calça Quadrada”e sua turma.
se liga! Dia 31 de dezembro acontece a celebração de ano novo no Hotel Fazenda Paraíso das Corredeiras em Santa Maria da Vitória com
as bandas Holywood House e Power trio. Dia 1 de janeiro acontece a Lavagem do Cais em Barreiras com a banda Parangolé.
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Saia Lápis
Anne Stella Libriana de 30 anos e 2 filhas. Administradora da Revista A e apaixonada por moda, fotografia e tendências.
fotos: Anne stella
por Anne stella
CONECTADO facebook: annestella e-mail: annestellax@hotmail.com
Colmeia de texturas e cores O Projeto Colmeia fez um belíssimo desfile no primeiro dia do Fashion Weekend em Barreiras, com peças produzidas artesanalmente por artesãs locais. As peças se destacaram pelas escolhas das cores e texturas.
“EnKantados”
Planeta da criança
A loja Enkantário, comandada por Nayara Braz e Késia Lopes inovou no Fashion Weekend trazendo o ator João Pedro Rufino para o desfile e depois no lounge da loja para fazer fotos e interagir com os convidados. O ator global esbanjou simpatia e encantou a todos!
A abertura do desfile da Planet Kids no segundo dia do Fashion Weekend surpreendeu e animou os presentes com a apresentação de dois garotos que dançaram hip hop. A loja comandada por Luciene Santana e Regiane Matos apresentou lindas peças para o guarda-roupa infanto juvenil.
Maison do luxo
Com o styling de Karine Magalhães, a Maison Caroline apresentou na passarela do Fashion Weekend looks em tecidos sedosos, rendas e tramas em tricô. Um desfile cheio de elegância e muito glamour. Karine arrasa!
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social
Thays, Ana, JP Rufino, Milene e Nívia
Dra. Clarissa e JP Rufino
JP Rufino, Milena e Mel
Naiara, Maria Lucia, JP Rufino, Gessica, Talber e Breno
Lucca, Fabiola, JP Rufino, Lara e Junior
enkantário
A loja infantil Enkantário desfilou no primeiro dia do Fashion Weekend (06/11) com a presença do ator Global João Pedro Rufino.
Guilherme, Patricia e João Emilio
Luiza, Ivoneide e Izadora
Lorena e Júlia
Irla, Josué, Gean e Manu
Planet kids
A loja infantil Planet Kids apresentou sua coleção de verão 2015 com desfile no segundo dia do Fasihion Weekend (07/11). dez/2014 - jan/2015
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social
Tatiane, Giovanna e Claúdio
Confraternização do grupo Oeste Debate
Dilson, Cida e Bruno
Luciene e Val
Dua Borges, Bartira e Géssica
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