ano 5 - nº 27 mar/15
o uza
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JOÃO DO BIRIBA,
o pen drive humano ele almoça e janta música, já tocou mais de 12 horas sem parar e ao longo do tempo viu seu nome mudar por capricho do desenvolvimento tecnológico
editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)
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ano 5 - nº 27 - mar/2015 Diretor de redação e editor
Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com
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Diretora Comercial
Anne Stella
9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com
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secretária de redação
Carol Freitas
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colaboração
Rui Rezende ilustração
Júlio César
edição de arte
Leilson Soares
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Karine Magalhães Revisão
Aderlan Messias Impressão
Coronário Editora e Gráfica Tiragem
3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras
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Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa
Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória
Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797
A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.
c.félix
redação Ivana Dias e Cátia Döor
Apenas otimistas
V
encidos quatro anos, lançamos a primeira edição do 5º ano, com muita disposição para oferecer jornalismo criativo, estético e incorrigivelmente otimista, como Cândido de Voltaire. O ar de bluesman que paira sobre a imagem do nada bluesman João do Biriba, envolvido no distinto universo musical do artista, tempera a reportagem de capa. “Não ando muito na mídia”, confessa. Pior para a mídia.
De pouco riso, João do Biriba aparenta indiferença até mesmo na hora de fazer humor. Já foi chamado de bruto, mas, diz que é apenas “autêntico”. Vive da música há 40 anos. O fato de tocar o dia inteiro sem parar e sem repetir músicas (a menos que seja um pedido) lhe rendeu o apelido de “O pen drive humano”. Essas e outras histórias são desfiadas por Biriba em sua prosa maneira, quase preguiçosa e bastante curiosa. A produção de um documentário sobre o Boi Jaú, de Angical, também é assunto desta edição, que traz inúmeros registros de manifestações culturais populares - de reisado a carnaval, de Iemanjá a Nossa Senhora das Candeias. São registros que trazem em seu cerne, sobretudo, o testemunho da resistência da força cultural dos povos, e merecem todas as deferências e apoio. Por isso somos incorrigivelmente otimistas. Por isso somos todo apoio ao Clube de Choro de Barreiras, inaugurado recentemente; por isso que, assim como nosso entrevistado Carlos Costa, acreditamos e apoiamos a vinda do Senac para a cidade; por isso chegamos a primeira edição do 5º ano com alegria e credibilidade. Boa leitura, Cícero Félix, editor
índice fotos: c.félix
colunas 13 | Ponto crítico, por Fernando Machado 24 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 33 | Exclamação, por Karine Magalhães 37 | Opinião, por Inês Coelho 59 | Impressões, por Anton Roos 63 | Saia Lápis, por Anne Stella 17 | A Miscellanea Cinema: O boi vem aí Fé: A esperança ainda arde Cultura popular: Encontro de reisado Semana Santa: Receita de pescador O personagem: “Não é querendo ser bom...”
48 | capa João do Biriba, simplesmente 54 | um lugar Especial Oeste: Coisas da natureza
27 | economia & mercado Salão de beleza: Gestão com estilo 33 | agromagazine Encontro: Cultivares mais resistentes na Passarela Desenvolvimento: Reunião define implantação de agência 44 | entrevista: Carlos costa Senac se prepara para se instalar em Barreiras
56 | cult Música: 3º Clube de Choro da Bahia é inaugurado em Barreiras Agenda: Rock’n Roll All Night 64 | social
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leitor
Canais Revista A
contato@revistaa.net
Capa: Vou-me embora pro passado Essas operadoras brincam com a nossa paciência! Já passou da hora de ter mais respeito com os consumidores e prestarem um serviço digno dos valores que cobram. Excelente matéria da r.a! Trouxeram o assunto com a criticidade necessária pra um problema tão recorrente no Oeste e, tenho certeza, que em todo o país também. Enquanto essa problemática não é resolvida, temos que gritar, processar e mostrar nossa indignação com essas empresas que perdem o limite da falta de respeito. Joaquim Gonçalves Além de todo o problema com sinal que enfrentamos na região, ainda temos que lidar com o despreparo de atendentes e até mesmo o desrespeito de desligarem o telefone na nossa cara. Parabéns pela matéria, r.a! Gustavo Bento
Entrevista Luiz Razia Sucesso pro Razia nessa nova empreitada. Muito bom termos um representante do Oeste no automobilismo. Esperança é muito importante e ele está dando exemplo! Desistir, jamais! Bruno Vicente
O jogo da capoeira mudou A família do mestre Tall é um exemplo de amor pela capoeira! Ele é sensacional! Ótimo professor e excelente pessoa! A capoeira ajuda em vários sentidos e tem que ser reconhecida e incentivada! Parabéns mestre Tall e todos os mestres da região por manter viva essa chama africana! Parabéns r.a por incentivar a continuidade desse esporte através da comunicação! Juliana Bonfim Guimarães
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caiunarede www.revistaa.net
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NAPOLEÃO MACEDO/REPRODUÇÃO
fotos: REPRODUÇÃO
memória
Lem realiza 1ª oficina de cinema A oficina “Aprendendo a ler imagens em movimento” aconteceu entre 09 e 14 de março, das 19h às 22h, no Centro de Artes e Esportes Unificados (Ceus), e contou com a participação do cineasta paraibano, Kennel Rógis.
Sesc Barreiras exibe filme Irmã Dulce No dia 21 de fevereiro o Teatro do Sesc em Barreiras virou sala de cinema. Na data foi exibido o primeiro longa metragem sobre a trajetória de Irmã Dulce, freira baiana que dedicou sua vida aos pobres e doentes e que ergue umas das mais impressionantes instituições sociais do Brasil.
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mais diálogo entre a Igreja e sociedade A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou no dia 18 de março a Campanha da Fraternidade 2015. O tema escolhido para este ano foi Fraternidade: Igreja e Sociedade e o lema “Eu vim para servir”. A ideia é aprofundar, a partir do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade como serviço ao povo brasileiro.
Igreja Santa Teresinha Conta-se que a primeira igreja católica de Barreiras foi levantada em 1891 para comemorar a emancipação política da cidade. 34 anos depois, a Igreja Santa Teresinha, localizada no centro histórico, deixou de ser a única da cidade já que em 1925 aconteceu a inauguração da Igreja São João Batista, atual catedral. Hoje em dia a Igreja Santa Teresinha realiza somente pequenas celebrações.
.crític
por fernando machado, comunicador social e editor do blog ZDA
Jovencídio: o enfrentamento à violência como matriz política de Barreiras
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ão diferente do restante do país, em Barreiras, no Oeste da Bahia, a violência é identificada como uma das maiores preocupações dos habitantes. Os dados de 2015 apontam que o município está entre as cidades mais violentas do Brasil, com 21 assassinatos em dois meses e meio - um homicídio a cada quatro dias. Se esta estatística for mantida, ao final do ano Barreiras terá 84 vítimas fatais para um grupo de 100 mil habitantes, uma das maiores taxas do mundo. Em relação aos jovens, os números são ainda mais alarmantes: 14 das 21 pessoas mortas entre 1º de janeiro e 23 de março tinham entre 15 e 29 anos. Curiosamente, boa parte desses crimes se distingue das motivações criminosas de outros centros urbanos do Brasil: não têm ligação direta com o tráfico de drogas ou com o crime organizado, mas sim com os conflitos entre grupos formados por jovens. De acordo com a Polícia Militar da Bahia (10º BPM), Barreiras possui 40 gangues armadas com aproximadamente três mil jovens. Assim, a visão fria que se tem é que esta parcela da população - na transição da adolescência para a vida adulta - busca tão somente a autoafirmação como homens e mulheres, mas tem adotado condutas violentas. Dessa maneira torna-se essencial desenvolver iniciativas que atuem com o
objetivo de canalizar a energia que exala dos jovens e preencha seu tempo com atividades esportivas. Todos os exemplos exitosos no âmbito da segurança pública têm o esporte como a mais poderosa ferramenta de enfrentamento da violência. O esporte auxilia no processo de desenvolvimento educacional, social e de saúde do ser humano. Os jovens, quase sempre carentes de valores éticos e morais, encontram nas atividades esportivas o incentivo a essas conquistas aliadas ao sentimento de cooperação, amizade e convivência fraterna. O ideal seria que Barreiras pudesse adotar o esporte, aliado ao acompanhamento técnico-científico, gerenciamento de equipamentos e a realização de eventos esportivos contínuos, com o conjunto das estratégias de prevenção da violência e segurança pública, unindo-se aos esforços de repressão no sentido de diminuir substancialmente o número de homicídios e atos violentos entre jovens, bem como estimular a cultura de paz a fim de humanizar e permitir a fraterna relação entre moradores de diversos bairros do município. Diante dessa perspectiva, formatamos o projeto Brincar e Viver, que propõe desenvolver atividades esportivas de recreação para serem aplicadas nas comunidades das zonas urbana e rural de
Mapa do projeto dividido por área e com indicação de implantação de equipamentos esportivos
Barreiras, que, apesar de ter cerca de 140 mil habitantes, tem apenas 7 praças esportivas de livre acesso ao público (um para cada 20 mil pessoas). Apenas uma delas tem plenas condições de uso - na Praça da Acessibilidade. Esse projeto vem, sobretudo, preencher a lacuna de políticas públicas de prevenção a violência no município. O projeto prega o comprometimento público através da parceria entre governos, sociedade civil, empresas privadas e universidades no sentido de massificar o esporte comunitário - atividade barata e de rápido resultado. Para tanto, seria necessário construir 64 novas praças de esportes e reformar as seis existentes. As novas praças esportivas seriam distribuídas por todo o município, gerenciadas pela comunidade e monitoradas por educadores e profissionais de diversas áreas. Isto faria com que Barreiras tivesse, pelo menos, 10 mil jovens praticando atividades esportivas diariamente. O custo total para implantação do projeto é de R$ 5 milhões, e mais de R$ 300 mil por ano de custeio - menos de 2% do valor total do orçamento da prefeitura de Barreiras para 2015. Os planos arquitetônico, de execução e de gerenciamento social foram apresentados ao prefeito Antônio Henrique e a Câmara de Vereadores. O prefeito alegou ‘carência de recursos’ e a edilidade a ‘falta de vontade política’. A visão míope do governo municipal, prática habitual no restante do país, é que violência se combate com repressão - chicote e chumbo, ou seja, com mais violência. Esta política tem sido empregada há décadas, desde a ditadura militar, mas não vem demonstrando eficácia. Tanto que o problema se agrava a cada ano. O enfrentamento deste fenômeno precisa ser encarado como matriz política de governo, agindo verticalmente e envolvendo todas as áreas do poder público; da saúde a educação, do esporte a cultura, da infraestrutura a geração de emprego e renda. Portanto, este é o desafio do governo a ser iniciado hoje, agora, para que no futuro próximo, Barreiras possa voltar a ser uma cidade feliz e, seus jovens, consigam chegar a velhice com paz e tranquilidade.
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abordo
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O domingo de 22 de março amanhece sem vontade de amanhecer em Barreiras. As serras do Mimo (ao fundo) e da Bandeira, que circundam o vale onde a cidade está encravada, desaparecem em tufos de nuvens compridas. Enquanto dissipam-se sem pressa, indiferentes, o dia repousa em remelas debaixo de um cobertor que cheira a guardado e a madrugada segue quase solitária em bicicletas silenciosas.
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miscellanea REPRODUÇÃO
eventos, design, tendência, moda...
CINEMA
O BOI VEM AÍ GRUPO DE BARREIRAS PRODUZ DOCUMENTÁRIO SOBRE UMA DAS MANIFESTAÇÕES MOMESCAS MAIS GENUÍNAS DO OESTE: o BOI JAÚ DE ANGICAL texto GUSTAVO RIBEIRO
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REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
miscellanea
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inda é silêncio em Angical quando os foguetes começam a estourar no céu. É um chamado, e a criançada toda sai correndo pelas ruas de paralelepípedos fazendo a vida pacata, acostumada a anoitecer em conversas nas portas das casas, imergir numa noite mágica. É assim que começa a folia do Boi Jaú, manifestação cultural registrada este ano em audiovisual para o documentário “Jaú – O abre-alas”, projeto idealizado pelo Blog ZDA, Produtora de Conteúdo Ôpa e Revista A. O alegórico Boi Jaú ganha vida com o soar das marchinhas tocadas por um hoje pequeno grupo de músicos, daqueles que trazem consigo a lira angicalense. E não só o boi ganha vida, a cidade toda se engrandece, pessoas de todas as idades saem de suas casas e em cortejo seguem existindo atrás do Boi, do vaqueiro, da mula, da música... Seguem atrás do fôlego para a existência de sua própria arte e cultura. O filme documentário tem por objetivo proteger a memória e manifestação dessa expressão artístico-cultural que, assim como diversas outras em todo o Brasil, perdem força a cada ano. Isso significa um ganho social não apenas para o país e a região, mas, principalmente, para os angicalenses. Dos mais velhos, acostumados ao Boi Jaú e sua sinfonia a romper o silêncio da cidade há anos, aos bebês de colo que, nos braços dos pais, aprendem a sentir desde cedo o carinho e o amor por essa manifestação cultural que abre-alas para o carnaval. Sem data para lançar, o filme ainda está em fase de pesquisa exploratória e logo entrará em edição. De acordo com o cronograma de concepção do documentário, é possível que no próximo ano, o Boi Jaú abra o carnaval do Oeste em uma tela de cinema.
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fotos: C.FÉLIX
Carnaval cultural E por falar em folia, o carnaval cultural de Barreiras mostrou mais uma vez que vem crescendo a cada ano. O bloco Netos de Momo bateu recorde de público e deu um banho de colorido e alegria ao centro histórico a partir do início da tarde de domingo de carnaval. Apesar do calor de rachar, o barreirense vestiu sua fantasia e foi atrás da banda de sopro do bloco debaixo do sol inclemente. Jovens e foliões de outrora dividiram espaço nas ruas estreitas e encerraram o desfile na praça Landulfo Alves. O “Bloco da Rola”, que sai duas vezes durante os festejos momescos, também foi estrela no carnaval cultural. Puxado por um minitrio, os foliões com mortalhas coloridas dançaram e cantaram marchinhas que atravessam gerações e continuam a fazer sucesso em todo o carnaval. mar/2015
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fé acesa Enquanto o cais da cidade ainda ferve em homenagem à Iemanjá, no final do dia 2 de fevereiro, outro movimento religioso se manifesta nas portas e janelas das casas de ruas como a professora Guiomar Porto e José Bonifácio (foto à direita). Velas enfileiradas e solitárias queimam em nome de Nossa Senhora das Candeias, a santa da purificação 20
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ressoados na margem do rio para se deparar com as luzes das velas que há gerações vêm mantendo viva a tradição.
RENOVAÇÃO PELO FOGO
a esperança ainda arde texto REDAÇÃO fotos c.félix
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Tal devoção se originou no nascimento de Cristo, quando após 40 dias do parto Maria foi levada para se purificar. Naquela época esse ato era comum. Depois de parir, as mulheres eram consideradas impuras e necessitavam ir ao templo apresentar-se diante do sacerdote e oferecer o sacrífico para voltar à condição “normal”. A princípio para o sacrifício, considerado ato de purificação, era montado um altar com lenha para queimar um carneiro. Com a evolução dos tempos, o sacrifício oferecido passou a ser feito com o acender das velas, queimar o velho para que surja o novo. Essa tradição já foi forte em Barreiras, principalmente nas ruas do centro histórico da cidade, como na avenida José Bonifácio.
odo rio vai dar no mar e, no dia 2 de fevereiro, enquanto o Rio Grande recebe a missão de conduzir os barcos enfeitados que levam as oferendas dos membros dos terreiros à Iemanjá, os católicos aguardam o sol apagar atrás da serra para acenderem na frente das suas casas a sua expressão de fé.
No entanto, o desenvolvimento de novas culturas enfraqueceu o movimento e a cada ano o número de velas diminui em Barreiras, diferente das cidades circunvizinhas como São Desidério, Angical e Catolândia, onde os moradores ainda conseguem manter aceso um grande número de velas.
O cortejo à rainha dos mares, que acontece no cais de Barreiras há 22 anos, contracena com outra manifestação religiosa, centenária, em devoção a Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz, da Purificação, ou da Candelária. Basta se afastar um pouco dos batuques
A igreja católica, desde a época do bispado de Dom Ricardo Weberberguer (in memorian), realiza na data uma missa festiva na Catedral São João Batista, seguida de uma procissão iluminada por velas, em devoção à santa das Candeias.
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gabriela fagundes
c.félix
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noite de autógrafos O jornalista Anton Roos, em Luís Eduardo Magalhães, e o fotógrafo Rui Rezende, no lançamento em Barreiras
PRODUTOS EDITORIAIS
jornalista E Fotógrafo lançam livros no Oeste O último mês do ano de 2014 foi marcado pelo lançamento de dois livros: “Oeste da Bahia: um novo mundo”, de Rui Rezende e a “A gaveta do alfaite”, de Anton Roos. O primeiro traz registros fotográficos da região feitos durante três anos de expedição de Rezende. Algumas imagens são acompanhadas de narrativas poéticas assinadas pelo jornalista e professor da Ufob, Cícero Félix. “A gaveta do alfaiate”reúne 40 crônicas do cotidiano. O cotidiano prosaico do autor gaúcho radicado em Luís Eduardo Magalhães é matéria-prima de suas incursões filosóficas e, às vezes, cômicas. Roos faz parte de um grupo de jovens escritores da cidade que começam a dar um novo enredo a produção literária da região. “Oeste da Bahia: um novo mundo”já foi lançado em várias cidades da região. “A gaveta do alfaiate”só foi lançado em LEM, mas em breve será lançado em outras cidades. Os dois autores são colaboradores da Revista A. CINEMA
marco athayde
Filme produzido em santa maria da vitória ganha prêmios em Gramado Durante a Semana de Integração Universitária (9 a 13/3) promovida pela Ufob, foi exibido no campus de Santa Maria da Vitória o premiado curta de ficção “Carranca”, produzido na cidade em 2013 por Marcelo Matos e Wallace Nogueira. O filme conquistou dois kikitos no Festival de Cinema de Gramado (RS): melhor ator para Guilherme Silva e, de melhor atriz, para Rafaela Souza. Ambos estiveram presentes na exibição do filme que inaugurou o cineclube da universidade “Devir Cinema”, coordenado pela professora Nedelka Inês Solis Palma. mar/2015
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Desenrola por aderlan messias
Deixa a língua falar
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linguagem é fator determinante para os humanos que detêm a faculdade de se comunicar por meio de uma língua. A eles competem exprimir os estados mentais mediante sistema de sons vocais. A língua, por sua vez, é um conjunto de signos caracterizados pela socialização de hábitos intrínsecos do falante. Mesmo com esta construção linguística, ainda se tem a ideia equivocada de que existe uma única língua portuguesa correta de se falar, aquela que é ensinada nas escolas e universidades, determinada exclusivamente pela gramática. Ora, como pensar em uma língua uniforme se ela é determinada pelo meio em que o falante está inserido? Como exigir de um agricultor, de um pedreiro, de um homem simples que não teve, por algum motivo, acesso à educação de qualidade um falar formal estabelecido pelas regras gramaticais? Não haverá comunicação? Óbvio que sim! Outra questão que tem deixado muitas pessoas na escuridão do conhecimento linguístico é acreditar que determinada região do país fala correto e que as demais falam errado. É mito tal afirmação. Todos falamos a mesma língua, mas com dialetos diferentes, a exemplo do dialeto caipira, do nordestino, do gaúcho etc. Os desavisados precisam entender que vivemos a unidade na diversidade e a diversidade na unidade. Além de a língua ser determinada pelo nível social, econômico e cultural, valendo-se da variação linguística diastrática; de que cada região tem a sua identidade linguística, conhecida como variação diatópica; tem-se, ainda, a variação linguística diafásica, aquela em que o falante adequa a sua linguagem conforme o contexto. Não compete, por exemplo, um advogado, um médico, um pedagogo fazer uso de uma linguagem técnica, formal em uma situação de informalidade. Bagno, renomado linguista, diz que a língua é como um guarda-roupa: veste-se conforme o ambiente; fala-se conforme o ambiente. É preciso cautela quando se diz em adequar a linguagem ao contexto. Raquel de Queiroz (1910-2003), escritora, já dizia “é ótimo falar a linguagem coloquial, mas não precisa abusar. Afinal, não é preciso falar como um analfabeto para que os analfabetos nos entendam. Basta falar de modo claro e singelo para que a comunicação aconteça entre os interlocutores”. Fica evidente, com isso, que o ato comunicativo, para ser eficiente basta fazer uso adequado do nível de linguagem, em consonância com as exigências situacionais de comunicação. Caso contrário, haverá ruído no processo comunicativo.
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CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito
Dê-me um cigarro diz a gramática do professor e do aluno e do mulato sabido mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira dizem todos os dias: deixa disso camarada, me dá um cigarro. Oswald de Andrade (1890-1954)
Como perceptível, as variações linguísticas ou dialetos, decorrem das influências sociais, geográficas e de contexto, logo, não há que se falar errado, mas diferente. A gramática não pode mais engessar o falante. Ela coloca-o em uma camisa-de-força, daí afirma o escritor Luís Fernando Veríssimo que “a gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda”, pois a fala é livre, espontânea e direta. No contexto da escrita, que se difere da fala, o contato é indireto, logo exige elaboração precisa e objetiva, linguagem formal e condizente às regras gramaticais. Por fim, fica-se a reflexão de Marouzeau (1878-1964): “a língua é como um prato num restaurante selfservice. As mesmas opções de alimentos estão disponíveis para todos os clientes, mas eles preencherão os pratos conforme sua vontade, gosto e necessidade. Igualmente, a língua é a mesma para todos os falantes de um determinado lugar, mas eles a utilizam conforme suas sensibilidades e necessidades de expressão”.
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intercâmbio cultural Pesquisador Dominique Fasion debate ccom grupos de reisados em encontro no Sesc de Barreiras. Em sua fala, ele se disse supreso e feliz com tantos crianças e jovens envolvidas com a tradição milenar que chegou ao Brasil catravés dos jesuítas.
CULTURA POPULA
— Ô de casa! — Ô de fora! — Maria, vai vê quem é! — É os cantadô de reis! texto REDAÇÃO fotos c.félix
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om a cantiga acima foi aberto o 1º Encontro de Reisados do Sesc Barreiras, dentro do Projeto Mandala Cultural. O propósito é promover o intercâmbio cultural e sensibilizar a sociedade para a riqueza das manifestações populares da região. Antes da apresentação dos grupos de reis, o pesquisador Dominique Fasion fez um relato das descobertas que fez em três anos de estudo sobre o assunto. Ele explicou que essas manifestações são milenares e chegaram ao Brasil através dos jesuítas, espalharam-se – não como algo homogêneo -, e ganharam o território nacional. Fasion destacou ainda a importância dos mais novos para a permanência da tradição e articulou o diálogo e a troca de informações entre os grupos da Boa Sorte (Barreiras), Congado de Angical e Capelinha de Todos os Santos (Santa Luzia, Barreiras). O encontro do Sesc aconteceu no dia 11 de janeiro. Dois dias antes, em Correntina, foi realizado na Praça do Fórum o Encontro de Ternos e Reisados, para celebrar a forte tradição reiseira do município. Participaram os reisados de Lauzinha, da Cabeceira Grande, de Brejo dos Aflitos, da Boa Vista e de Mundim de João de Adão. Além desses grupos se apresentaram também os ternos dos Camponeses e do Arigó.
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fotos: c.félix
CAMPANHA DE NATAL
revista a e parceiros levam AMOR E alegria a crianças de creche Com a missão de levar a magia do Natal para crianças carentes, a Revista A realizou a quarta edição da campanha “É tempo de solidariedade e amor”, no dia 17 dezembro de 2014. O evento é fruto da parceria com a InCorpe, Moldura Minuto e Depyl. Cerca de 140 alunos com idade de 2 a 5 anos, da Creche Sagrado Coração de Jesus, foram brindadas com espírito de fraternidade. Papai Noel, que fez a entrega de presentes e lanches, foi uma atração à parte.
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SEMANA SANTA
Receita de pescador texto IVANA DIAS fotos c.félix
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Semana Santa é uma tradição religiosa católica que celebra a paixão, morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Durante todo o período de Quaresma, assim como na Sexta-feira Santa, algumas tradições ainda são mantidas pelos católicos, como não comer carne vermelha. Essa tradição ocorre desde o início do século IV e é mantida até os dias atuais, assim como jejuar na Sexta-feira da Paixão. E para quem não quer deixar de seguir esse legado, apresentamos uma sugestão de peixe assado na brasa, preparado pelo pescador e culinarista, Paulo Gary de Almeida Coité, conhecido por Poca, o especialista em preparar peixes. Neto de pescador, Poca pesca desde menino, aos 10 anos. “Sempre acompanhei meu avô e meu pai às pescarias. Esse é meu hobby até hoje, pratico pescaria em quase todos os finais de semana”, disse. Ele costuma pescar na Macambira, município de Cotegipe. Lá, segundo Poca, o dourado, surubim, piranha, curimatã e piau são fáceis de achar, principalmente entre os meses de setembro e março. O dourado usado na receita de Poca pesa dois quilos, porém, conversa de pescador ou não, ele diz já ter pescado dourado com até sete quilos. Na época, explica, havia mais peixes nos rios. “Teve um pescador que pegou um com 12 quilos, no rio Grande”, conta como a reforçar um espanto. Durante as pescarias, Poca começou a preparar os pescados. Aos poucos, acabou se tornando um especialista no preparo de peixes. Confira, então, a receita du cheff.
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ESPECIALISTA Neto de pescador, Poca começou a cozinhar nos ranchos de pescaria. Hoje, é frequentemente contratado para preparar peixes
PREPARE PARA SERVIR Essa receita de peixe assado foi feita com um dourado, de cerca de 2 quilos. Segundo o culinarista Poca, o dourado pode ser substituído pelo Piau ou Tucanaré. O sabor fica por conta do molho temperado com 4 colheres de sopa de tempero completo (que pode ser comprado pronto no mercado), suco de 2 limões, 1 copo de 500 ml de extrato de tomate e azeite de oliva a gosto. Deixe o peixe no molho por 30 minutos antes de assar na brasa. Acrescente mais azeite quando estiver assando. Deixe assar por 30 a 40 minutos. Sirva com arroz branco e salada.
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miscellanea O personagem
“não é querendo ser bom...”
Ele aprendeu o ofício de sapateiro com o pai, no Ceará. Está no ramo há quase 25 anos. Mas, sua disposição para fabricar sandálias diminuiu. Uma das últimas que fez só veio dar defeito quatro anos depois. Com essa qualidade fica difícil sobreviver da arte. texto ivana dias foto c.félix
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u sou um consertador de calçados”, é assim que Francisco José do Nascimento, apelidado de Ceará, conceitua sua profissão. Nascido em Crateús (CE), o sapateiro chegou a Barreiras, em 1983, junto com sua família. O ofício de sapateiro herdou do pai, apesar da tentativa de ter uma profissão em outra área. Primeiro, observou. Depois, começou a ajudar e em seguida iniciou o trabalho profissionalmente. Assim, Ceará está há quase 25 anos ramo e se orgulha em dizer que, além de consertar, também sabe fabricar calçados. “Não é querendo ser bom, não. Porque bom pra mim é Deus. Mas sapateiro é aquele que sabe fabricar e consertar”, garante Ceará, a confessar sua predileção pela produção de calçados. “Se eu pudesse só fabricava. Consertar é fácil. Fabricar que é bom, porque você está fazendo uma coisa com criatividade”. Cuidadoso, costura à mão, com agulha que ele mesmo faz e com linha encerada. Atento às demandas do mercado feminino de calçados, explica que a cor da moda agora é o azul, em vários tons. Ceará considera a durabilidade de seus produtos como um dos principais diferenciais. “Minhas sandálias têm garantia de oito meses a um ano. Fiz uma para um homem e, depois de quatro anos, deu um defeitozinho na fivela, que rasgou e eu consertei. Com mais três anos ele quebrou a sandália. Eu concertei e disse que não consertava mais, porque desse jeito... sete anos e até hoje ele tem a sandália!”, lembra com humor. Supersticioso, esclarece que geralmente começa o conserto ou fabricação de um sapato ou sandália sempre pelo pé direito, apesar de ser canhoto. “Não gosto de pegar no pé esquerdo, fico todo perdido e isso já tem muitos anos”. A profissão do artesão sapateiro atravessa séculos, mas aos olhos de Ceará o futuro não é promissor. “Os sapateiros estão acabando... Produção tem, mas eles não querem fazer serviços mais complicados, querem fazer serviços mais simples. Por isso eu faço tudo! Eu faço é com amor e gosto, não é a ambição de ganhar dinheiro não. É amor a profissão”. Ceará se declara um sujeito feliz, principalmente com a profissão, mas nunca imaginou ser assunto de uma matéria jornalística, o que o deixou excitado. Durante a entrevista, sempre que chegava alguém a procura de seus serviços, ele pedia para voltar mais tarde. “Tô fazendo uma reportagem”, dizia ele, duplamente feliz.
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miscellanea c.félix
FESTIVAL
flores COM PERFUME DE SOLIDARIEDADE Entre janeiro e fevereiro, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães receberam pela primeira vez o Festival das Flores de Holambra. O evento itinerante reuniu mais de 200 espécies de plantas – ornamentais, carnívoras, frutíferas e flores; as plantas ornamentais foram trazidas do Paraná e as flores da cidade de Holambra, no interior de São Paulo. A ideia do evento veio junto com a parceria do viveiro Dani Luz, do Paraná, que organizou o projeto e trouxe as mudas para comercializá-las, no intuito de contribuir com a Fundação Caritas de Assistência a Pessoa Carente, Escola Lar de Emanuel e Entidade de Acolhimento. De acordo com a organização mais de 10 mil pessoas visitaram o festival e cerca de 6 mil mudas foram vendidas.
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WEB
youtube chega a uma década O compartilhamento de vídeos nunca mais foi o mesmo desde a criação do youtube.com, há exatos 10 anos, quando Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim registraram o domínio do site que foi ao ar em maio de 2005. Projetado na garagem da casa de Hurley, com a intenção de solucionar um problema comum entre os amigos – a dificuldade de baixar vídeos que gravavam . O registro da visita de Karim a um zoológico, “Me at the Zoo”, foi o primeiro vídeo publicado para consumo interno. O lançamento oficial aconteceu em dezembro. O YouTube possui mais de um bilhão de usuários mensais que sobem mais de 300 horas de vídeo, por minuto. Ano passado, faturou mais de U$$ 1,1 bilhão só em publicidade nos EUA - o país é único que supera o Brasil em termos de visualizações.
Exclamação Mosaico fashion! A temporada feminina de Inverno 2016, internacional, teve início em Nova York (12.02), passando por Londres, Milão e finalizando em Paris (11.03), período em que o mundo voltou os olhos para as tendências que já conquistaram adeptos no mundo inteiro. O que se viu foi uma obsessão pelo pop, pelo contemporâneo com perfume clássico, expressões artes glamorosas, pretinhos nada básicos, pouco se importaram para os “limites” do que é comercial. A arte e o respeito às criatividades dos designers falaram mais alto! Aqueles que não suportam, drink milk! I’m in love...
Mini mania viraram hits dos fashionistas! Releituras de modelos ícones em versões reduzidas da Fendi tiram o fôlego dos fashionistas renomados como Daniela Falcão, Alexa Chung, Olivia Palermo, Karla Deras... Selecionei três modelos em miniaturas que entraram para o rol de clássicos da marca. “Deus, me dê Fendi!”.
fotos: REPRODUÇÃO
fotos: ANNE STELLA
por karine magalhães
CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria consultoria de moda personalizada.
Art Day Elementais Tive o prazer de participar com a coluna Exclamação do café intimista do preview de inverno 2015 Elementais, inspirado no street art e nas estampas, pinturas e shapes do Hemisfério Norte. A recepção ficou por conta das empresariais e sócias Jânzia Gomes e Naura Figueiredo. Quem também passou por lá para conferir as novidades e não me escapou para Get the look foi a queridíssima Bruna Fioranvante. Veja mais imagens na social do site www.revista.net.
Jeremy Scott traz Looney Tunes com toque de Hip Hop para o inverno 2016 da Moschino! Jeremy Scott continua a criar peças divertidas e traz Pernalonga, Patolino e Frajola para a coleção de outono-inverno 2015/16. O estilista da Moschino não abandonou sua série de referência pop, dessa vez com uma temática lúdica com estampas de Looney Tunes, que apareceram em peças bem esportivas, que lembrava camisetas de basquete, futebol americano e beisebol. Algumas padronagens remetiam a grafites tendo as correntes como ponto alto de vários looks.
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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.
SALÃO DE BELEZA
Gestão
com estilo Salão criado pelo mineiro Weder e o baiano Binho há mais de duas décadas investe na formação de pessoal e aposta no respeito e conforto para fidelizar clientes.texto IVANA DIAS foto c.félix
sócios Binho (em pé) e Weder viajam todos os anos país afora para atualizar conhecimentos e compreender a evolução do mercado de beleza
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mineiro Weder Costa chegou a Barreiras no ano de 1987, sete anos depois Binho retornou para a Bahia, e juntos construíram uma história de trabalho no segmento de salão de beleza, que se consolidou na cidade e região. Filho de cabelereiros, Weder estudava para o vestibular de odontologia, quando decidiu fazer um curso de cabelereiro, para ocupar o tempo livre. Tudo aconteceu naturalmente em Brasília, onde morava na época. Em dois meses já estava dentro do salão trabalhando de assistente e logo em seguida, como profissional iniciante. Binho Lopes trabalhava com pintura automotiva em uma oficina. No mesmo período passou na aeronáutica e foi recrutado, mas, por questões financeiras, começou a fazer freelance aos finais de semana no salão de sua irmã, também em Brasília. Hoje, a área não é mais a mesma daquela época. “O número de salões é grande em relação a 1987. No entanto, de lá pra cá, acho que faltou investimento, comprometimento e reciclagem por parte dos profissionais”, diz Weder. Para Binho o desenvolvimento tecnológico veio facilitar, mas o acesso fácil aos novos produtos trouxe muitos riscos. “Antigamente, para fazermos um determinado trabalho demorava muito tempo e alguns produtos tinham algumas restrições, como as colorações que tinham chumbo em sua composição. Hoje, não tem e é possível fazer em 15 minutos com aquecedor. Comprávamos produtos de farmácia, hoje existem mil metros quadrados de loja de cosmético a disposição da população. O leque de produtos e de marcas é muito grande, mas torna-se perigoso quando aliada a falta de conhecimento. É perigoso ter danos com o cabelo e a saúde do cliente, por isso, é importante ter conhecimento sobre a química do produto e sobre as reações químicas de um para outro”, frisou. Oferecer serviços com qualidade é a missão da marca Weder & Binho, que investe constantemente no aprimoramento de sua equipe, atualmente formada por 24 colaboradores. “Periodicamente trazemos técnicos de algumas linhas para fazer reciclagens com a equipe do salão, propomos viagens para eles. Quando vamos ao exterior, compartilhamos com nosso pessoal as informações que apreendemos lá fora”, conta Binho. Para Weder e Binho, estar no mercado há mais de duas décadas não é resultado apenas de um modelo de administração. É preciso dedicação, respeito e comprometimento com o cliente para poder fidelizá-los. É preciso saber ouvi-los. Sobre o futuro da profissão e os serviços oferecidos pelos salões de beleza, eles afirmam que as mudanças continuarão, tanto na estrutura quanto na diversidade de produtos. “Há uma série de coisas que estão acontecendo no país, no sentido de evolução nesse segmento. São salões mais modernos, com novas estruturas, com mais conforto”, explica Weder, que ressalta a necessidade de mudança na legislação trabalhista para a melhor administração do empreendimento. “Há apenas dois anos a nossa profissão foi reconhecida, antes os cabelereiros eram registrados na categoria ‘serviços gerais’. Isso trará muitas mudanças na estrutura dos salões. No entanto, legalizaram mas não deram coordenada nenhuma. Com a quantidade de encargos, os grandes tendem a reduzirem a estúdios com o mínimo de profissionais”, enfatizou.
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economia&mercado
Opinião
por INÊS COELHO
Somos todos negociadores
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inda que a gente nem perceba, estamos sempre negociando alguma coisa. Gostemos ou não, somos todos negociadores. É natural e espontâneo. As pessoas diferem entre si e usam a negociação para lidar com as suas diferenças. Os casais negociam onde vai ser o jantar, a mãe negocia sobre a salada no prato do filho, a escola negocia o bom desempenho dos alunos, os políticos negociam suas estratégias para o próximo pleito eleitoral. Enfim, “a negociação é um meio básico de conseguir o que se quer de outrem. É uma comunicação bidirecional concebida para chegar a um acordo, quando você e o outro têm alguns interesses em comum e outros opostos”. Este conceito foi extraído do livro “Como Chegar ao Sim” (título original: Getting to Yes), que se baseou num projeto de negociação da Harvard Law School. A primeira edição é de 1991, de Roger Fischer e Willian Ury e reeditado em 1994 quando foi adicionada a participação de Bruce Patton - todos eles, respeitados professores da Universidade de Harvard. A obra foi muito bem aceita no Brasil, sendo considerada por muitos como um clássico, figurando como o livro mais recomendado para uma primeira leitura sobre negociação. Trata-se de uma leitura imperdível, de linguagem clara e objetiva, que vem auxiliar na dissolução de toda espécie de conflitos. Nesta obra é oferecida uma estratégia comprovadamente eficaz, ou seja, uma receita testada e aprovada internacionalmente, com ampla aplicação, desde negociações domésticas até as questões diplomáticas mais delicadas como negociações de paz entre nações. Pra quem ainda não conhece, ou gostaria de relembrar, faço aqui uma pequena abordagem sobre o método, resumindo-o em quatro tópicos: 1) Separe as Pessoas do problema - Eis aí um aspecto que exige maturidade. Deixar de tomar as coisas em termos pessoais é o principal desafio proposto. Os autores pedem que se tenha sempre em mente que do “outro lado” da negociação estão seres humanos como você, que têm emoções, valores profundamente arraigados, antecedentes dife-
onsultora em Gestão & Desenvolvimento Humanoem LEM (BA), coach com certificação C internacional ICI/RJ e pedagoga especializada em Psicopedagogia e Psicologia da Educação (USP/SP.)
rentes e pontos de vista imprevisíveis. Encarar o mundo apenas na sua perspectiva pessoal é uma pré-condenação para qualquer negociação. Cuidado para não confundir as próprias percepções com a visão da realidade. Seguem algumas dicas: Seja sensível, ponha-se no lugar do outro; não deduza a intenção do outro a partir dos próprios medos; não culpe o outro por seu problema; discuta as percepções de cada um; surpreenda a percepção do outro com atitudes e ou falas amigáveis; dê ao outro a chance de participar do processo; torne a proposta compatível com os princípios do outro; esteja atento às emoções presentes (suas e do outro); não reaja a explosões emocionais; desenvolva habilidades de comunicação; seja bom ouvinte e registre tudo o que está sendo dito; mostre que existe um foco, um objetivo e, acima de tudo, enfrente problemas e não pessoas. 2) Concentre-se nos Interesses, não nas posições – o que define o problema são os interesses, então concilie interesses. Grave bem: para cada interesse geralmente existem diversas formas de satisfazê-los e não somente aquela forma que está à mostra. Portanto, muitas vezes é possível satisfazer ambos os interesses, pensando em outras opções. 3) Invente Opções de ganhos mútuos - Numa disputa as pessoas tendem a acreditar que sabem a resposta e que sua opinião deve prevalecer. Neste sentido são trabalhados alguns pontos principais: cuidado com o julgamento prematuro; existem outras opções, não limite-se a uma única; as “fatias do bolo” não são “fixas”, ou seja, mais para o outro, não necessariamente significa menos para você; o problema do outro nem sempre é apenas do outro, lembrando que o interesse pessoal míope leva o negociador a conceber tão somente posições partidárias, argumentos partidaristas e soluções unilaterais. 4) Insista em Critérios objetivos e éticos – Na elaboração dos critérios, insista em padrões justos, em procedimentos justos, em elaboração conjunta (o outro deve ser coautor) e seja acessível às ponderações. Outra super dica deste capítulo: você pode ceder pela argumentação, mas jamais ceda pela pressão. Como se pode perceber, desmentindo o senso comum - ou o que ensinam outras linhas de pensamento – o melhor negociador, conforme tem demonstrado sucesso deste método, não é aquele que é hábil em tirar vantagem do lado oposto. Inversamente, as características que compõem um excelente negociador são principalmente a honestidade e a habilidade pela busca de um acordo que satisfaça ambos os lados. Sendo assim, dentro desta linha de pensamento, só há vantagens em nos tornarmos todos bons negociadores.
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agromagazine agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.
DESENVOLVIMENTO
reunião define implantação de agência para matopiba A implantação da agência de desenvolvimento do Matopiba foi pauta da reunião (foto) entre a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, do presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Busato, da iniciativa privada e das instituições de pesquisa e ensino e, secretários estaduais da Agricultura e da Indústria e Comércio dos Estados que representam o Matopiba – Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, no dia 16 de março, em Brasília. A agência de desenvolvimento deverá promover a inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica do Matopiba. Para o secretário da Agricultura da Bahia, Paulo Câmera, o trabalho a ser realizado pela agência deve pensar o desenvolvimento da região como um todo. “O pilar central será a agricultura, mas entendemos que é preciso abranger questões sociais, de infraestrutura e forcar também, na concepção de desenvolvimento de toda a região”, pontuou Câmera.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Durante a reunião Julio Busato apresentou contribuições da região Oeste para formatação da agência e ressaltou que atualmente o produtor baiano é o que mais produz, mais gasta e menos ganha. “Precisamos mudar esta equação e isto se muda com a implantação de ferrovias como a Fiol, com a reativação da Hidrovia do São Francisco, com a recuperação e ampliação da rede de estradas estaduais e federais e com uma estrutura portuária eficiente. Também precisamos da ampliação da rede de energia elétrica no oeste baiano para aumentar a quantidade de pivôs de irrigação e atrair agroindústrias para a região”, disse Busato.
transferência de tecnologia Passarela da Soja e do Milho apresentou técnicas de manejo fisiológico e nutricional do milho e da soja e discutiu os desafios da produção das culturas frente às adversidades climáticas
ENCONTRO
Cultivares mais resistentes na na passarela Desenvolvida através de parceria entre Fundação BA e Embrapa as plantas têm ampla resistência a nematoides e tolerância a adversidade climáticas.texto REDAÇÃO
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s novas variedades foram apresentadas na Passarela da Soja e do Milho 2015, no campo experimental da Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação Bahia), em Luís Eduardo Magalhães. O objetivo do encontro, que está em sua 16ª edição, é realizar a transferência de conhecimento sobre as tecnologias do agronegócio para produtores, gerentes de fazenda, associações, instituições de pesquisa, estudantes e consultores e empresas parceiras. Cerca de 1.200 pessoas participaram da Passarela e conheceram as cultivares BRS 7980 (convencional) e BRS 8280 RR, desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Fundação Bahia. As duas cultivares são materiais de ampla resistência a nematoides, tolerantes às adversidades climáticas e têm elevada produtividade, segundo a Embrapa. Além disso, ainda se enquadram nos grupos de maturidade 7.9 a 8.2, que abrangem grande parte do mercado de sementes de soja no bioma Cerrado. A produtividade média da BRS 8280 RR, na área
de produção do Oeste baiano, foi de 64 sacas/ ha na safra 2013/14. A BRS 7980 alcançou 60 sacas/ha. Segundo o presidente da Fundação Bahia, Ademar Marçal, o BRS 7980 é o único material no mercado atual que, além de ter boa produtividade, é praticamente resistente a 100% dos nematoides que atacam a região. Com utilização do material BRS 7980, algumas áreas que não produziam mais obtiveram resultados satisfatórios e atingiram uma produção acima de 50 sacas/ha, mesmo com muitas adversidades climáticas. “Esse material é uma solução para grandes áreas que têm nematoides”, enfatizou Marçal. A Passarela da Soja e do Milho foi realizada no dia 7 de março com apoio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Além das novas cultivares, foi apresentado no encontro estudos sobre melhoramento da soja; técnicas de manejo fisiológico e nutricional do milho e da soja; do milho em consórcio com espécie de cobertura. Foi discutido, também, os desafios da produção nas culturas de soja e milho frente às adversidades climáticas.
carlos adelino
A Revista A iniciou, na edição 24, a publicação de uma série de reportagens sobre ações que valorizem os bons hábitos de consumo e o compartilhamento coletivo da responsabilidade social. Porque pensar o futuro é preservar o presente.
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livre de embalagens
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Sistema implantado no Oeste da Bahia é referência mundial em logística reversa de defensivos agrícolas. Cerca de 20 mil toneladas de embalagens vazias retornaram para a indústria desde o início do projeto. texto/fotos CÁTIA dörr
uem trafega pela BR 020, sentido Luís Eduardo Magalhães - Barreiras, na altura do quilômetro 868, nem imagina que ali está a maior central de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas do país em volume de recebimento. Um trabalho de logística reversa criado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) administrado em conjunto com a Associação do Comércio de Insumos Agrícolas (Aciagri), desde o ano de 2003. A produção de alimentos em escala no Brasil a partir da década 60 não só mostrou a vocação do país para a agricultura, como também exigiu do agricultor mais seriedade no negócio. O aumento no investimento, com insumos e defensivos agrícolas trouxeram uma série de responsabilidades socioambientais e sustentáveis, principalmente com o uso de defensivos. Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) em 1999 indicava que 50% das embalagens vazias de defensivos
agrícolas no Brasil naquela época eram doadas ou vendidas sem qualquer controle; 25% tinham como destino a queima a céu aberto, 10% eram armazenadas ao relento e 15% eram simplesmente abandonadas no campo. O cenário muda a partir do ano de 2000, com instituição da lei federal (9.974) que exige de cada um dos agentes atuantes na produção agrícola do país o cumprimento de seu papel no processo de recolhimento e destinação final das embalagens vazias de defensivos agrícolas. Para o presidente da Aciagri, entidade que representa as revendas de defensivos agrícolas no Oeste da Bahia, Adilson Gonçalves de Campos, a legislação atribuiu a cada elo da cadeia de defensivos agrícolas (agricultores, fabricantes, canais de distribuição e ao poder público), responsabilidades compartilhadas para o funcionamento do Sistema Campo Limpo. “Agora, cada um tem sua responsabilidade. O produtor em devolver as embalagens vazias e lavadas; as revendas, no caso
logística reversa Criado pelo inpEV e administrado em conjunto com a Aciagri, projeto tem parceria com nove empresas localizadas em cinco Estados. A unidade do Oeste fica às margens da BR-020, entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, e deve processar 3,5 mil toneladas de embalagens vazias
da Aciagri, em oferecer o local para o recebimento dessas embalagens, os fabricantes em promover a destinação final e adequada - trabalho realizado pelo inpEV - e ao governo, fiscalizar a devolução das embalagens, bem como, o armazenamento das embalagens nas propriedades”, explica Campos. Na Bahia, o trabalho de fiscalização é da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). O agricultor de Luís Eduardo Magalhães, Arlei José de Freitas, ainda recorda com eram destinadas as embalagens de defensivos agrícolas na propriedade. “Antes, nós destruíamos as embalagens da própria fazenda e aquelas de agroquímico que se dava para ‘reutilizar’ transformávamos em vasilhas utilizadas na própria oficina da propriedade, mas de modo geral todo mundo queimava”, lembra. Treze anos após a implantação do Sistema Campo Limpo, Freitas vê uma nova cultura de organização consolidada nas propriedades. “O produtor quer ser correto, e a implantação do Sistema criou uma nova cultura de descarte na propriedade, separando de for-
aciagri em números
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revendas associadas
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centrais Sistema Campo Limpo
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mil toneladas aproximadamente foram processadas
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ma correta as embalagens”, enfatiza Arlei, que por safra destina a Central de Barreiras entre 800 a 1.000 embalagens vazias, em um sistema de agendamento de entrega eletrônico sintonizado com o inpEV. Segundo o órgão, hoje, cerca de 94% das embalagens plásticas primárias (que entram em contato direto com o produto) e 80% do total de embalagens vazias de defensivos agrícolas que são comercializadas têm destino certo. No Oeste da Bahia, a média é um pouco maior que a nacional, revela Campos. “O produtor daqui sabe da importância do trabalho de logística reversa. Nós acreditamos que 95% das embalagens de defensivos agrícolas comercializadas na região são devolvidas nas centrais de forma correta pelo produtor”, conta. Atualmente, a Aciagri gerencia três centrais de Sistema Campo Limpo nos municípios de Barreiras, Roda Velha (São Desidério) e Rosário (Correntina), além de outros três postos localizados estrategicamente nas regiões agrícolas da Coaceral, Panambi e Campo Grande, recolhendo mais de 3 mil toneladas de embalagens anualmente. Do início do projeto até janeiro de 2015, a Aciagri já havia destinado cerca de 20 mil toneladas de embalagens vazias para a reciclagem, o que representa cerca de 90% de todo o material recolhido na região nordeste do país.
agricultores atendidos
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Até 2008, o Oeste contava apenas com a Central Sistema Campo Limpo Barreiras, então gerenciada operacionalmente pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e o inpEV. Somente depois desse período que se expandiram as novas centrais e os pontos de coletas, hoje administradas pela Aciagri, com a participação de recursos do inpEV e do próprio Sistema. “O inpEV entra com 80% dos recursos para a edificação das centrais e dos postos e a Aciagri ajuda com o restante. No dia a dia das centrais, os recursos são do próprio Sistema Campo Limpo, com a venda das embalagens vazias. Quando as receitas não atingem o total de despesas, esse recurso é rateado entre a Aciagri e o inpEV”, explica Campos. Em 2015, a meta da Associação é processar 3,5 mil toneladas. Para atender os pequenos produtores rurais, a Aciagri conta ainda com o projeto de coleta itinerante, realizado duas vezes ao ano. A iniciativa beneficia àqueles agricultores que enfrentam dificuldades no armazenamento das embalagens nas propriedades e no transporte até os postos de recolhimento ou centrais. “A coleta itinerante conta com o apoio da ADAB com a locação de caminhão coletor e das secretarias municipais de agricultura e meio ambiente na divulgação e mobilização do projeto entre os agricultores”, destaca Campos. Hoje, a coleta itinerante atende principalmente a produtores dos municípios do Vale do Rio Grande. À frente dos trabalhos da Aciagri desde 2006, Adilson não esconde o prazer em se dedicar as atividades da entidade e revela que a falta de infraestrutura na região Oeste ainda é o grande desafio para se atingir a totalidade do projeto. “Nós colocamos centrais e postos de recolhimento nos locais mais remotos, sem energia e estradas. No Posto da Coaceral, por exemplo, o acesso é muito ruim e não se tem energia. Lá é um local que merecia uma central”. A falta de estrada e de energia se soma a inúmeras outras dificuldades, como a contratação de pessoal. “Ninguém quer trabalhar num local sem energia, sem estrada, longe de tudo. Se nós tivéssemos melhores estradas, certamente teríamos mais postos de recolhimentos e centrais distribuídas no Oeste da Bahia, diminuindo os custos no processamento das embalagens”, explica.
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reciclagem produz 17 tipos de artefatos
“Agora, cada um tem sua responsabilidade: o produtor, as revendas, os fabricantes e o governo” Adilson Campos Presidente da Aciagri
“A implantação do Sistema criou uma nova cultura de descarte na propriedade,” ARLEI DE FREITAS Agricultor
Após o compactamento das embalagens vazias nas centrais, o material é enviado para a reciclagem. Atualmente, o inpEV mantém parcerias com nove empresas, estrategicamente localizadas em cinco Estados: Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. A partir desta reciclagem são produzidos 17 diferentes artefatos, em especial os de uso industrial, todos orientados e aprovados pelo inpEV. São eles: recipallet, suporte para sinalização rodoviária, cruzeta de poste, caixa para descarga, caçamba plástica para carriola, caixa para massa de cimento, caixa de bateria automotiva, roda plástica para carriola, embalagem para óleo lubrificante, ecoplástica triex, barrica plástica para incineração, conduite corrugado, duto corrugado, caixa de passagem para fios e cabos elétricos, tubo para esgoto, tampa agro Recicap e barrica de papelão. O Brasil é líder e referência mundial em logística reversa de defensivos agrícolas. Em segundo lugar vem a França, com 77%, seguida pelo Canadá, com 73%. Os Estados Unidos vêm em 9º lugar, com 33%, segundo dados do inpEV.
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entrevista
carlos costa
perfil Natural de Petrolina (PE), o engenheiro agrônomo Carlos Henrique Souza Costa chegou a Barreiras em 1972. Empresário do ramo de confecções, já ocupou vários cargos dentro da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras (CDL). Hoje, é delegado distrital e presidente do Sindilojas Oeste, cuja função prioritária é negociar junto ao sindicato do comerciário a comissão coletiva do trabalho que acontece anualmente
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Senac se prepara para se instalar em Barreiras Inaugurado há pouco mais de um ano, o Sesc de Barreiras é símbolo de uma das maiores conquistas do comerciário da região. Outro equipamento do Sistema S (conjunto de instituições mantidas pela iniciativa privada através das contribuições sociais) deve chegar a Barreiras a médio prazo e vai oferecer cursos de graduação e pós-graduação. Ainda não tem data para o Senac começar a funcionar, mas a expectativa sobre a sua inauguração é esperada com ansiedade. Principalmente por Carlos Henrique Souza Costa, presidente do Sindicado dos Lojistas do Comércio (Sindilojas) no Oeste da Bahia, que representa cerca de 30 cidades. Costa foi um dos articuladores da vinda do Sesc e agora está empenhado em trazer o Senac, que deve ajudar a sanar um dos maiores problemas enfrentados pelo empregador: a qualificação profissional. Ele defende a instalação de um shopping center na cidade, vê o ano de 2015 com certa cautela, mas acredita na união do setor. Veja a entrevista a seguir. texto/foto C.FÉLIX
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O senhor foi um dos principais articuladores para trazer o Sesc à Barreiras. Comerciário e o comerciante já assimilaram a importância desse equipamento? Muitos comerciários ainda não têm ideia do que é o Sesc e muitos empregadores, que deveriam informar aos seus comerciários, algumas vezes não informam. Porque o Sesc é o clube do comerciário e tem obrigação de dar qualidade de vida e bem estar a todos os comerciários - lazer, cultura, educação, esporte, assistência médica odontológica e etc. No Sesc, o comerciário entra nesse processo sem pagar nada. Ele tem direito a associar e filiar como dependente seus pais, esposa/esposo e filhos. Mas aos poucos, graças à Deus, as coisas estão mudando. O Sesc já tem mais de 5 mil carteirinhas de comerciários filiados e seus dependentes. Os comerciantes estão começando a ter uma visão diferente sobre a importância do Sesc em Barreiras. Há previsão de instalação e funcionamento do Senac? Onde será e o que funcionará nessa unidade? O mesmo movimento que nós começamos no Sesc estamos fazendo agora com o Serviço Nacional do Aprendizado Comercial (Senac), com o apoio do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), Carlos Andrade. Estamos em fase de implantação, inclusive o presidente nos fará uma visita em abril, para definirmos a instalação. O Senac é voltado para a capacitação dos funcionários do comércio, uma entidade do Sistema S, dirigido e administrado pelo comércio de bens e serviços e ainda com o tributo que pagam pela folha de pagamento que exige essas entidades. Estamos fazendo parceiras, para alugar salas no prédio da Sertaneja, aqui no Centro. Além de uma parceria muito forte, com o Sindicato Patronal Rural, através do presidente Moisés Schmidt, porque eles têm uma cozinha rural, que foi criada pela Abapa. Além de parceria com o Senac, Senar e Sindicato do Comércio de Barreiras. Iremos iniciar com os cursos de culinária para profissionais de restaurantes, donas de casa e para a população em geral, com o propósito de melhorar gradativamente o comércio e todos aqueles que fazem os programas de restaurantes, lanchonetes e hotéis. O que representaria a instalação do Senac para o município? O Senac vem com a proposta de cursos de capacitação. Com as parcerias vamos começar com cursos de culinária, além de gestão de caixa e estoquista - tudo dirigido ao comércio e turismo com praticamente custo zero. A grande diferença que o Senac tem - inclusive o Senai que é da indústria também já está nesse processo -, são os cursos de graduação e pós–graduação, que atenderão a custo muito pequeno à toda classe trabalhadora e população em geral.
Precisamos é que os empresários comecem a se reunir para mostrar que juntos podemos vencer todas as dificuldades” 46
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Essa é uma forma de alavancar a união. Os cursos de capacitação são gratuitos, mas os de graduação e pós terão uma taxa pequena, apenas para manutenção. A falta da mão de obra qualificada ainda é o principal obstáculo para o empregador? Esse é o gargalo! Por isso fomos buscar o Senac, porque é um serviço que vai representar o comércio, por meio de suas demandas de necessidades e deficiências nos setores. Como fortalecer o comércio local competindo com preços mais atrativos do comércio eletrônico e dos grandes centros? Essa é uma posição que devemos tomar em conjunto e muitos estabelecimentos não provocam essa discussão. Muitas vezes as pessoas criticam, mas não participam do processo. Aí é onde entra a CDL, a Associação Comercial e o Sindiloja Oeste para juntos tentarmos mostrar que o comércio de Barreiras é forte e é uma das cidades que têm a maior perspectiva de ganho no Brasil. Um exemplo é a vinda da Havan - entre o Norte e Nordeste aportou aqui -, além de outros exemplos que acreditaram no potencial do comércio da cidade. O que precisamos é que os empresários comecem a se reunir para mostrar que juntos podemos vencer todas as dificuldades. O senhor acredita que o Oeste comporta um shopping center? Barreiras é uma cidade polo que converge o movimento do comércio para cá. Só na jurisdição do Sindilojas são 30 cidades, mais de 1,4 milhão de habitantes. Nem todo o comprador vem pra cá, mas temos consumidores de estados próximos como o Tocantins, Piauí, Goiás, norte de Minas. Então temos aqui na região um potencial muito forte que flui para Barreiras. As pessoas achavam que Barreiras não suportava o Atacadão e a Havan, mas é a realidade. O que mudaria no cenário do comércio local? A tendência é muito boa. Estamos hoje em um processo de quebra de vitrines, apesar do esforço da PM e Polícia Civil para manter a segurança. As pessoas estão colocando todas as lojas com grades. Hoje, é um comércio que recuou no progresso. Quantas pessoas desenharam a sua fachada com um profissional designer, arquiteto e agora têm que colocar grades. Temos grades em casa e agora no comércio, vivemos uma situação de incerteza no País. Mas eu vejo o shopping, independente da questão de segurança, de grande importância para o comércio de Barreiras e das cidades vizinhas. Um shopping com muitos atrativos, com loja ampla é certeza de sucesso. Quais as perspectivas para o comércio este ano? Eu sou otimista, tão otimista que acreditei no Sesc desde o início e acredito no Senac agora, que está praticamente consolidado. Sempre acreditei no fortalecimento do comércio de Barreiras. Mas, 2015 é de repensarmos. Todas as informações que temos dos setores financeiros econômicos é de uma ano de dificuldades, de recessão, mas acreditamos que Deus existe e nos dará condição de resolver toda essa situação. Primeiro, unindo todo o movimento do comércio. Segundo, acreditando que iremos fazer um comércio mais forte em Barreiras, e, terceiro, que Barreiras é uma cidade forte em todos os setores. Seja no comércio de portas, nos serviços, na indústria, nos setores agrícola e pecuária. O comércio de Barreiras é muito importante e acredito que unidos iremos vencer.
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ez por outra um avião rasga o céu e some no horizonte. Fica o rastro do ronco do motor como uma longa cauda que custa se desvanecer. Lá embaixo, na casa 19 do Povoado de Conquista, próximo do aeroporto da Associação Barreirense Aerodesportiva (ABA), os acordes da guitarra transformada em “pau elétrico” se misturam aos sons das aeronaves. João Batista da Silva Filho, o João do Biriba -, mora ali há quatro anos e não se incomoda. “Os aviões não atrapalham minha concentração. Eu estou montando um estúdio aqui. É pra trabalhar mais à noite, porque quase não tem movimento”, explica, mas é mais uma justificativa. Bandejas de ovos forram as paredes do pequeno estúdio sem porta, que recebe luz dos vãos do telhado. Em um pedestal com sinais de ferrugem, o microfone “profissional” descansa protegido por uma tela de tecido semitransparente improvisado com arame. Filho do saxofonista João Batista da Silva, vulgo Biriba, começou a se envolver com a música ainda adolescente. Em meados dos anos 1970, tocou com os irmãos na banda criada pelo pai, Biriba Boys, que perdurou por décadas. “Depois, eu passei a tocar na noite. Então, Jones do trio elétrico anunciava: ‘Hoje tem seresta em tal lugar com João do Biriba Boys’. Aí foi pegando João do Biriba Boys e ficou só João do Biriba”, lembra. No entanto, o apelido herdado do pai acabou dando lugar a outros, que foram se sucedendo ao longo do tempo como sinônimos do desenvolvimento tecnológico. Foi chamado de “MD”, “MP10” e, agora, vive sob o nome de “pen drive humano”. Não se sabe de quantos gigabytes, mas já chegou a tocar mais de 12 horas seguidas.
“Eu almoço e janto música. Se você me der o número de um telefone e eu não anotar, não sei depois, porque só tem música aqui. Eu não costumo cantar lendo - armazeno tudo. Eu canto um dia todo. Uma vez fui tocar no Tocantins, comecei ao meio-♥dia e só parei duas horas da manhã, tomando água de vez em quando - nunca bebi! Fumei um tempo, mas parei”, confessa, como que arrependido. “Nunca fiz outra coisa a não ser tocar. Agradeço muito a Deus porque consigo manter minha família com música, aqui em Barreiras. Eu tenho meu público. Não ando muito na mídia, mas sempre estou pronto - a hora que vier, estou pronto!”.
O músico
Eu já fui melhor, porque com essa idade tem isso e aquilo. Mas, antes, eu ouvia a música duas, três vezes e já tocava. Hoje já não tô mais assim. Você vai lá na internet, tira e pronto. Mas não demora muito tempo pra eu decorar uma música não, só se eu não quiser. As pessoas pensam até que eu fico inventando música ou então que são minhas. Eu toco muito a vontade, sem muita coisa. O simples chega mais fácil. Tanto que o “Parabéns” está aí há 500 anos e ninguém mudou nada. Você tem que se fazer entender. A minha finalidade é só lhe agradar, então eu toco simples e chego até você. Mas músico não é quem toca, é quem gosta de música. Tem gente que não toca nada e é músico, porque gosta, sente. Meu filho, que ajeita a prateleira de música, me ajuda no ritmo, no estúdio. Então tem ligação, está dentro. Mas eu não quero que ele seja músico, não. Com a minha cabeça, o meu jeito de viver é bom demais. Eu não sei como seria a cabeça de meu filho como músico. Se eu tivesse certeza que ele ia fazer o que eu faço, ficaria muito feliz, mas eu não sei. A gente só sabe da gente. Tem músico que entra em muitos caminhos errados. O artista tem muitos caminhos tortuosos. Se você não tiver o pé no chão se perde na primeira esquina. Eu comecei a tocar com uns 14 anos e aí veio o tempo das namoradas e tudo. Aí eu parei de estudar e depois que eu entrei na música mesmo eu decidi que a música tinha que me dar tudo que eu quisesse, porque eu tinha largado tudo. Por isso eu nunca entrei em onda errada de música. O que
eu falo eu cumpro. Já levei muito cano, mas não dei cano a ninguém. Há uns cinco anos toco essa guitarra. Eu tocava bateria e o rapaz, violão. Ele me deixou subitamente... mas eu sempre tocava o violão em casa pra pegar os tons das músicas. Aí tive que passar para o violão, como eu não tinha um violão bom no momento e a guitarra era mais baixinha, fiquei com ela. Mas era muito pesada e mandei cortar, fazer igual o pau elétrico. Uma guitarra pesa uns três, quatro quilos. Ficar com ela pendurada o tempo todo é pesado. Aí eu passei uns 30 dias de manhã, de tarde e de noite; levantava de madrugada pra pegar música. Apesar de ter muita música, eu pegava a que o povo mais gostava de ouvir e tal. Depois que eu toquei sozinho me soltei.
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capa
O artista, os fãs
Eu tenho uns fãs, mas não misturo as coisas não. A mulher que eu beijo é só a minha. Beijo pra mim é uma coisa sublime, eu pego na mão das pessoas e pronto. Uma vez fui tocar em LEM e estava arrumando o som aí chegou um fã, desses que a gente não conhece e disse: ‘João do Biriba, você aqui! Vou te levar na casa da minha sogra, que eu só falo em você lá’. Aí eu fui. Ele: ‘Minha sogra, olha aqui João do Biriba!’. Aí a sogra perguntou: ‘Quem diabo é João do Biriba?’. Fui embora! A gente canta aqui e pra baterem palmas dá um trabalho danado. Outro dia estava tocando no Vieirinha e me aplaudiram. Chega estranhei. O artista está tocando e ninguém aplaude, aí vem alguém cantando tudo errado e eles batem palma. Às vezes chega alguém bêbado, fora do tom e o povo aplaude. O povo não vê qualidade, vê status. Se você for um doutor - pode errar! - que eles aplaudem. Mas eu já me acostumei com isso. O profissional tem o seu lugar. Não é qualquer um que chega e tira você de lá. Outro dia, um cidadão chegou e eu estava cantando. Eu canto do meu jeito, não imito ninguém e estou aí há 40 anos. Se estou aí, está dando certo. Aí, quando eu terminei de cantar ele disse que tinha uma parte que Jessé e Elis Regina faziam de outro jeito. Eu disse: ‘João do Biriba canta desse jeito’. Se ia agradar era outra coisa. Agora, quando me pedem uma música que eu não sei tocar, no dia seguinte eu vou atrás dela pra aprender. E na outra vez que eu encontro a pessoa, canto pra pessoa ver. Isso é um capricho meu. Eu não sou muito de conversar, sou muito fechado, mas eu consigo agradar. Já gravei CD - e tem até uma boa saída. Mas sou muito murcho, não vou atrás. Até costumo dizer que eu nunca fiz sucesso. Fico na minha. Acredito que a mídia que tem que ir atrás do artista, não você ter que ficar mendigando. A minha mídia é feita boca-a-boca. Eu, meu irmão, que é contrabaixista, um guitarrista e um tecladista pegamos um carnaval no ABCD. Todo o dia a gente começava às 11h e parava às 4h da manhã. No último dia, paramos às 7h30. Quando eu tentei levantar do banco, não estava sentindo isso aqui meu. Mas ninguém registrou nada. Nos anos 1970 a banda de apoio aqui era a nossa. Eu já acompanhei Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Waldick Soriano, Wanderleia, Roberto Muller, Diana, José Roberto, José Augusto; esses cantores todos que passaram aqui na época. Tem tempo que eu faço show o mês todo. É muito difícil eu ficar sem trabalhar, embora ninguém saiba. Sempre você me encontra nessas chácaras, de manhã, madrugada. Estou trabalhando direto, não importa o dia. Às vezes eu já estou até dormindo e me ligam. Às vezes alguém ficou na mão e eu vou. Eu dependo disso, não posso ficar botando banca. A coisa mais errada que eu acho é o artista procurar o sucesso e, depois que tem, diz que não tem privacidade. 52
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Pela noite
Eu já vi de tudo. Já aconteceu de estar tocando e assassinarem uma pessoa ali, perto de mim. Outra vez, em LEM, eu tocava à noite em uma casa de show e de dia eu fazia numa pastelaria. Eu fazia até umas 6, 7h. Depois, ia tomar banho pra tocar à noite. Estava tocando uma música do “É o Tchan” e o povo dançando. Aí chegou uma morena assim, arrumadinha, e cantei: ‘A nova nega do Tchan...’ Aí ela pulou dentro e quebrou mesmo. Todo mundo afastou e deixou ela dançando. O marido chegou e meteu a mão nela. As mulheres caíram de tapa nesse cara. Ele apanhou mais do que bateu (risos). Tem tanta coisa... Já toquei em brega, circo, velório, enterro. Já toquei em cima de caixa d’água. Eu tinha maior fascínio por brega. Depois que eu passei a tocar lá, conheci a história e nunca mais quis tocar em brega. Ali é a morada do Satanás. A vida ali é louca. Da porta pra cá é uma coisa, da porta pra dentro, outra coisa. É briga a toda hora, confusão, droga, arma. As músicas que mais toquei na vida: ‘A dama de vermelho’ e ‘Meiga senhorita’. A que eu mais gosto - por causa do tempo que eu vivi – é ‘O mais importante é o verdadeiro amor’, com Márcio Greyck. Eu era menino e ouvia muito essa música. Ela ficou na memória, considero a música da minha vida. Mas não tenho estilo preferido. Eu era de banda, já toquei tudo o que você pensar. Gosto muito do estilo nordestino porque sou ligado a Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, mas sou chegado num reggae também. Agora depois que passei a tocar sozinho, sou mais de tocar coisa nossa. A gente tem muita coisa bonita pra mostrar. Eu não gosto é do bêbado. O bêbado não é aquele que está bebendo, é aquele que está indagando. Aquele chato. Nem quem bebe gosta. A conversa com quem está bebendo é ‘sim’ e acabou. Não adianta contestar senão você briga com ele a noite toda. Às vezes o cara pede uma música e eu canto. Depois, vem reclamar que eu não cantei. Aí eu canto de novo e às vezes chamo, quando é gente conhecida: ‘Ei, fulano! Presta atenção, estou cantando a música aqui’. As pessoas me têm como bruto, mas eu não sou bruto. Antigamente eu respondia em cima da lata, agora deixo pra lá. Eu não sou bruto, sou autêntico.
De Batista a Biriba
Nasci no Padre Vieira antigo. Meu pai era funcionário público, professor de artes lá. O filho do diretor, Lindomar Seabra – quem construiu o colégio e depois doou – era muito amigo de meu pai e conseguiu esse emprego pra ele. Meu pai passou a morar lá dentro. Lá dentro tem uma casa que tinha uma escola de nome Robélia Pondé. Eu nasci lá, dentro do ginásio. Alcyvando era parceiro do meu pai, João Cafoba também foi contemporâneo do meu pai. Ele tocava trompete e depois de uns anos começou a compor músicas. Só me casei uma vez, há cinco anos, que é com essa mulher que eu estou agora. Casei com 50 anos. A gente já estava juntos há 22. Casamento pra mim sempre foi bobagem, nunca tive a intenção. Com ela tenho um filho, mas tenho mais três filhos com mães diferentes - do tempo que eu era boy (risos). Mas eu já sou avô, tenho um neto e uma neta. Uma filha já se formou - essa que me deu a neta - e outro faz História, na Unopar. Eu só estudei até o ginásio, que hoje é o primeiro grau (na verdade, ensino fundamental). Eu sou simples. Sou humilde até onde eu posso. Não sou bobo, não estou aqui pra ser besta. Sou muito a favor de dividir. Eu acho que se esse mundo dividisse seria outro mundo. Se você comprar tem que pagar. Todo mundo tem um sonho de ter um carro novo, né? Pois eu tenho sonho de ter um carro antigo, arrumado, eu sou pelo avesso. Quando eu vejo um carro antigo e arrumado fico doido!
Derrame
O amanhã é obscuro para mim. Ninguém sabe do amanhã. A única certeza mesmo é que nós vamos morrer, então o que eu estou fazendo é me cuidar. Perdi muito peso. Eu estava com 93kg e agora estou com 77kg. Estou fazendo dieta, caminhando todos os dias de manhã. Me cuidando e deixando na mão do Maior - ele que resolve. Medo de morrer todo mundo tem. Deixa acontecer. Todo homem tem algo que não terminou. Aí quando você se vê num momento desses pensa no que deveria ter feito e quer fazer. Mas tudo se ajeita, uma hora as coisas se encaixam.
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umlugar
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foto RUI REZENDE
Gêiseres de Tatio As colunas de vapor irrompem de fendas da Terra a alturas superiores a de um poste de concreto. Chegam a até 10 metros com uma temperatura em torno de 80oC. Os gêiseres de Tatio ficam no Deserto do Atacama, no Chile. O espetáculo natural acontece antes do amanhecer, a um frio abaixo dos 10oC. É preciso ter paciência para adaptar-se ao clima do local, a 4.200 metros acima do nível do mar.
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choro
bem-vindo Fundado há menos de dois meses, o Clube de Choro de Barreiras já reúne cerca de 20 músicos e quer expandir ações para formar ouvintes do estilo que caracteriza a primeira música urbana típica do Brasil.texto C.FÉLIX /IVANA DIAS/
idealizador Antes de liderar a fundação do Clube de Choro de Barreiras, Mário Sérgio fundou o de Santo Antônio de Jesus, em 2010, e o de Cruz das Almas, em 2013
cult
cultura, literatura, artesanato, agenda,
música
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ndiferente ao ambiente de instrumentos tradicionais do choro, a guitarra de Hiltinho desfila suas peripécias elétricas com tanta desenvoltura que parece até nativa do estilo musical criado no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Era 24 de fevereiro. Noite histórica para o Oeste. Naquela noite, acontecia a primeira roda de choro do recém-criado Clube de Choro de Barreiras. Hiltinho dividiu o palco com Paulo Francisco e seu debochado clarinete e flautas; Nonato e as platinelas de seu pandeiro a sambar; Hamilton Pamplona na cadenciada marcação do tantan. Renan no sax-tenor com seu machucado de “Sapato novo”; Diogo, sério a distribuir acordes no violão base; Raniere a experimentar o seu 7 cordas; Gil Pamplona com suas pegadas de violão bossa nova e Mário Sérgio no “cavacolim”. Este último, o principal articulador para a fundação do Clube. Analista técnico de banco, Mário Sérgio retorna a Barreiras depois de passar sete nos entre Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas. Nas duas cidades, também fundou o clube de choro - em 2010 e 2013, respectivamente. “Rodas de choro existem em vários lugares na Bahia. Mas clube oficial, mesmo, só existe em Santo Antônio, Cruz das Almas e, agora, aqui”, conta, orgulhoso. As reuniões musicais acontecerão todas as terças-feiras, a partir das 20h30, no Clube do ABCD, na rua Coronel Magno. Os intervalos entre uma música e outra são marcados por explicações e curiosidades sobre um compositor ou a música e por declamações de poesia. A entrada é gratuita, mas o grupo pede voluntariamente a doação de alimento nos dias de apresentação. As doações serão entregues a Creche Lar de Emanuel. Qualquer músico que queira participar do Clube de Choro é só entrar em contato com o grupo pelo Facebook ou ir às apresentações no ABCD. Cerca de 20 músicos já participam do projeto, que também vai levar música semanalmente ao Lar dos Idosos. Outra proposta do projeto é celebrar anualmente o Dia Nacional do Choro, que acontece no dia 23 de abril e marca o aniversário de nascimento de Pixinguinha. Este ano, a apresentação está programada para às 20h no próprio ABCD. Na ocasião, haverá exposição de artes e feira de artesanato, em parceria com o Sesc. A entrada será um quilo de alimento não perecível.
fotos: c.félix
fundação do 3º clube de choro da bahia Veja quem esteve presente na fundação do Clube de Choro de Barreiras, no dia 23 de fevereiro no Palácio das Artes: Anne Stella Xavier, Cícero Félix, Diogo Afonso, Diva Bonfim, Eduardo Rebouças, Fabíola Pinto, Gil Pamplona, Hudson Alves, Iracema Matos, Lélia Rocha, Mário Sérgio Araújo, Nonato Pandeirista, Oseias Saldanha, Paulo Francisco, Raniery Dlacerda e Renan Juchem. primeira apresentação Em 24 de fevereiro, grupo fez a primeira apresentação, no ABCD, local onde o Clube de Choro se reunirá todas às terças-feiras, a partir das 20h30
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Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com
anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital
Ah, se tu soubesses
A
A lembrança mais vívida daquela noite é ter ficado sem palavras, gaguejado e até perdido a respiração por instantes. Tudo por causa, única e exclusivamente, de uma mulher. Não uma simples mulher. Mas uma mulher digna de um aumentativo, com letras garrafais, ou talvez, em proporções megalomaníacas, rabiscada no céu azul com o rastro de uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. Intensa e cheia de adrenalina. Mulherão. Um tremendo de um mulherão, diga-se. Com M maiúsculo e tudo que se tem direito. Digna de aplausos até. E urros. E tudo o mais que a empolgação permitir. Porque, aquela morena não caminhava. Definitivamente. Juro. Ela deslizava. Flutuava. Chamar de desfile, e eu cogitei usar o verbo, é quase caso de internação. Porque era muito mais que isso. O que aquela morena fez quando entrou no ambiente interno da pizzaria foi, ao menos para mim, um espetáculo. Um show. Medido, talvez, pela desenvoltura das pernas lisas e torneadas imprimindo um compasso impiedoso. Único. Apaixonante. Ela usava um vestido que cobria uns dois palmos das coxas. Exuberante. Combinação perfeita com a cor da pele. Denotava liberdade. E como era bela. E como estava longe de ser vulgar. Muito longe. Uma mulher como aquela mesmo que estivesse nua não seria vulgar. Nunca, nunquinha. E o salto. Ela estava de salto e aquilo a deixava ainda mais imponente. Charmosa. Meu Deus, que mulher, que mulher. Nem tenho condições de recordar sobre o que conversava. Sei apenas que conversava. Argumentava e gesticulava e tinha ouvintes atentos. Que me olhavam e esperavam que eu os desse as palavras corretas.
Mas como? Diante do que via, não tinha condição alguma de proferir uma única frase que fizesse sentido. E por isso me calei e pedi um tempo para respirar e me deixar encantar. Meu coração, que ainda teima em bater e me pregar peças baratas de vez em quando, parou e acelerou e vice-versa. Minhas bochechas ficaram rubras e a voz desapareceu. Arrisco, que se do resultado daquele papo, estivesse em jogo o destino da humanidade, teríamos virado pó. Todos nós. Farelos de história. Porque aquela morena me jogou no chão, ou na parede, e talvez, tenha me empurrado desfiladeiro abaixo e me desconcertado por inteiro. Enquanto ela vinha, e ela vinha na direção de onde estava nossa mesa eu tive a certeza que me apaixonaria por ela, se é que já não estivesse. Totalmente atordoado. Um bobo alegre que observa e já não tem adjetivos suficientes para descrever o que assiste. E ela passa e olha, com olhos de jabuticaba madura e a impressão tão pura de quem está encabulada. De novo: Meu Deeeus. Que bela mulher. Lamento e talvez, o que esteja fazendo é tentando pedir desculpas pelo ultraje de não ter tirado os olhos dela em nenhum segundo. E ter contado os segundos até ela sair do banheiro e retornar de onde ela veio. Deslizando. Ah, eu era o cachorrinho que abana o rabo de felicidade. Não consegui tirar os olhos e, agora o pensamento, daquela mulher. A mais linda e poderosa mulher que vi em 2015. E nem sei seu nome. Nem onde trabalha e talvez, nunca mais a veja, porque prefiro caducar com a dúvida de que ela, talvez, estivesse acompanhada. Homem de sorte. Ah, se tu soubesses morena.
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fotos: reprodução
rock’n roll all night texto CAROL FREITAS
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ão Paulo será palco mais uma vez do Monsters of Rock no Brasil. O Festival que faz a alegria dos fãs do bom e velho rock’n roll surgiu em 1980, em Castle Donington, na Inglaterra e após 3 anos, a franquia cresceu tanto que se espalhou pela Europa e em seguida pelas Américas. Em 1994, com a banda Kiss como chamariz, o Monsters of Rock teve edições no Chile, na Argentina e no Brasil. No Pacaembu em São Paulo, além de Kiss, se apresentaram as bandas Black Sabbath, Slayer, Suicidal Tendencies e os brasileiros Viper, Dr. Sin, Raimundos e Angra. A sexta edição do evento vem com mais força
do que nunca. Agora composto somente por bandas internacionais, o festival acontecerá em 25 e 26 de abril e será liderado por Ozzy Osbourne no sábado e Kiss no Domingo. “I Wanna Rock N Roll All Night”, “We are one”, “Mr. Crowley”, “Shot In the Dark” e “Crazy Train” são sucessos garantidos nas duas noites de evento na Arena Anhembi. Judas Priest também fará uma apresentação em cada dia. O festival ainda contará com gigantes como Motörhead, Black Veil Brides, Rival Sons, Primal Fear, Accept, Unisonic, Yngwie Malmsteen, Steel Panthere e Manowar para garantir o máximo de Rock que São Paulo já viu.
jay combo e csm: 1o Ato: Íntimo/coletivo A convite de Jay Combo (João Sardenberg), músicos de Salvador, Barreiras, Brasília e São Paulo gravaram o primeiro CD do projeto musical íntimo coletivo. A bolacha repleta de músicas inéditas inspiradas em Beatles, Bruno Mars, Amy Winehouse e Caetano e Gil foi lançado em 30 de janeiro na capital baiana. “Acredito que a principal característica desse projeto é a pluralidade. Participaram filhos de maestros, de pastores, pessoas que cresceram em Heavy Metal, coral de igreja evangélica, gente do pop,
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do mpb, do axé, do rock, do reggae, do sertanejo, gente que toca canções líricas em orquestras, até gente que não entende nada de música e é puramente diletante”, afirmou Sardenberg. O projeto que demorou um ano para ser concluído, apesar de íntimo, por parte do criador, acabou se tornando coletivo, já que cada canção demonstra independência de acordo com a subjetividade de cada músico. Segundo Sardenberg, esse é o primeiro ato de mais dois que virão e um “EPílogo” que finalizará o projeto em 2018.
cinema
Joss Whedon: Vingadores 2 – A era de Ultron Os super-heróis Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro retornam mais uma vez para proteger o planeta, quando Tony Stark tenta construir um programa de manuntenção da paz que não dá certo. Com a ajuda de Nick Fury e a agente Maria Hill, o grupo de super-heróis tem de derrotar Ultron, um terrível e perigoso vilão tecnológico, que quer destruir a raça humana. No embate, eles contam com a ajuda de Feiticeira Escarlate, Mercúrio, e Visão. O longa que teve orçamento da produção estimado em US$ 250 milhões promete muita aventura e tecnologia para os fãs da franquia. O primeiro trailer de Os Vingadores 2 caiu na internet em outubro de 2014 e em uma semana teve 50 milhões de visualizações, se tornando o trailer mais assistido do ano. A estreia está prevista para 23 de abril.
James Wan: Velozes & Furiosos 7 Dom, Brian, Letty e o resto da equipe tiveram a chance de voltar legalmente para os Estados Unidos e recomeçarem suas vidas, mas a tranquilidade do grupo é destruída quando Ian Shaw, um assassino profissional, quer vingança pela morte de seu irmão Owen Shaw (morto em um embate com a equipe). Agora, os amigos precisam lutar pela sobrevivência no filme que promete muita ação e velocidade. Devido a morte do ator Paul Walker em um acidente de carro em novembro de 2013, o roteiro de Velozes & Furiosos 7 teve de ser parcialmente reescrito. Walker já tinha filmado a maior parte de suas cenas, mas a produção também conta com o trabalho dos irmãos do ator, Caleb e Cody, e o uso de computação gráfica para concluir a participação dele na franquia que estreia em 02 de abril.
Win Wenders e Juliano Salgado: O sal da terra Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado levaram para a telona a história e a sensibilidade do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Considerado um dos maiores fotógrafos da atualidade, Salgado viveu muitas histórias que não aparecem nas fotografias. O documentário de quase duas horas conta um pouco da longa trajetória de Sebastião Salgado e apresenta seu ambicioso projeto “Gênesis”, expedição que tem como objetivo registrar, a partir de imagens, civilizações e regiões do planeta até então inexploradas. O documentário recebeu um prêmio especial na mostra Un Certain Regard em Cannes 2014, foi filme de abertura do Festival do Rio 2014 e também foi indicado ao Óscar 2015 como melhor documentário. A estreia acontece no Brasil em 26 de março.
se liga! Dia 02 de maio acontece o Sertão Festival em Luís Eduardo Magalhães com o cantor Gustavo
Lima e participação das duplas Cléber e Cauan, Marcelo Lima e Alessandro e Kleo Dibah e Rafael.
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Saia Lápis por Anne stella
CONECTADO facebook: annestella e-mail: annestellax@hotmail.com Anne Stella Libriana de 30 anos e 2 filhas. Administradora da Revista A e apaixonada por moda, fotografia e tendências.
Brilho e mistérios do universo Os efeitos metalizados e os tons de prata vistos nas passarelas internacionais acabam de aterrissar na nova coleção outono/inverno de O Boticário.. Make B. Universe Collection traz para a maquiagem todo o mistério do universo, junto com o brilho, as cores e efeitos da poeira cósmica. São 19 itens para compor o look, além de uma fragrância e três acessórios, desenvolvidos nas cores prata, azul cobalto e roxo vinho.
Novo comando
A Elementais Barreiras está com nova direção! As empresárias Jânzia Gomes e Naura Figueiredo assumiram a franquia na cidade. Sucesso para as novas empreendedoras!
Clube do chá!
Mary Kay realizando sonhos!
Adlacy Frota comemorou em dose dupla! A representante da Mary Kay brindou a conquista do seu 2° carro rosa e seu aniversário entre familiares e amigos!
A Provanza está com uma irresistível novidade, toda quarta- feira tem o clube do chá! Uma ótima opção pra encontrar os amigos e colocar o papo em dia, saboreando um delicioso chá com um bolo maravilhoso!
Confraternizando
Carla Carvalho, franqueada da Santa Lolla Barreiras, proporcionou às clientes e amigas um brinde a 2014 e desejando um ótimo 2015 a todos!!
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Janzia, Cida e Simonica
Janzia, Naura e Roberta
Weska,Simonica,janzia e Ligia
Jânzia, Larissa e Simônica
Janaina e Vanessa
Elementais
Reinauguração da franquila em Barreiras.
Tania, Vanessa e Noely
Ana Dark,Albeli,D. Iêda, Adlaci e Adileda
Vanessa e Andressa
carmen steffens Lançamento da coleção Outono / Inverno 2015 da franquia em Barreiras.
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Adlacy e Isabella
Adlacy frota
Juliana, Ana, Gilka,Jean,Bruna,Gustavo, Thais,Aline e Adlacy
A diretora de vendas da Mary Kay Adlacy Frota comemorou seu aniversário e a conquista de mais um carro da rede.
Aaron, Anton e Adelar
Cláudio, Anton e Marina
Thais, Julieta,Maria Constança, Andre e Luis Marcieli, Anton e Daniel
Marcos,Yohana e Moacir
Tatiana e Luiza
luz autos
Anton e Thauana
Gutemberg e Anton
Thays e Anton
ANTON ROOS
Inauguração da concessionária em Barreiras.
Lançamento em Luís Eduardo Magalhães do livro “A gaveta do alfaiate”
Cristiana e Edinora
Allice, Ione e Dejane
santa lolla Sanya e Carla
A loja preparou um coquetel de confraternização da franquia em Barreiras.
Xica e Maiara
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social
Cicero,Edvaldo e Rui
Fernanda, Rui e Renan
Júlia e Rui
Diva e Rui
rui rezende
Lançamento em Barreiras do livro “Oeste da Bahia: o novo mundo” do fotógrafo Rui Rezende.
Encontro dos paraibanos em Barreiras
Francisco
Luiz, Roberta e Marcelo
Roni e Leizer
Nalvinha, Rui, Nildinha, Cornélio, Manito e Genivaldo
Tito,Marcelo Karlúcia e Demir
Janete e Fogaça
Manito, Arabela, Icara e Ilka
Lara e Digão
Giovani Mani e amigos no bloco Netos de Momo em Barreiras
Cordeiro e Célia
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