Revista A, ed 17º

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ano 3 - nº 17 jun-jul/2013

ouza

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cult Barco Escola: atracado na esperança Aumenta adeptos do slackline em Barreiras

O

homem enciclopédia da Barra

entrevista PELA 1ª VEZ NA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA, carlos tito FALA sobre a relação com O EXECUTIVO E DIz que certos políticos o vergonham

SÓCRATES TEIXEIRA DO NASCIMENTO Referência histórica para pesquisa da cidade que deu origem ao Oeste baiano, o barrense brinca: “Só sei que nada sei”

economia&mercado TADEU BERGAMO: “EMPREENDER NA EDUCAÇÃO É UM BOM NEGÓCIO” A GALINHA QUE VEIO PRIMEIRO: UM NEGÓCIO COM RECEITA DE SUCESSO HÁ MAIS DE TRÊS DÉCADAS NA NANICA




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revista da b ahia

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Ouza Editora Ltda. Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16 Tel.: (77) 3611.7976 - Centro - Barreiras (BA)

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ano 3 - nº 17 jun-jul/2013 Diretor de redação e de arte

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com

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Diretora Comercial

Anne Stella

9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com

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editor

Anton Roos

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redação

Gabriela Flôres (77)

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secretária de redação

Carol Freitas

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ilustração

Júlio César

edição de arte

Klécio Chaves

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Karine Magalhães Revisão

Rônei Rocha e Aderlan Messias Impressão

Coronário Editora e Gráfica Tiragem

3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras

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9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra

Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401 Luís Eduardo Magalhães

Anton Roos: (77) 9971.7341 Dávila Kess: (77) 9173.6997 / Mônica Zanotto: (77) 9969.9679 Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.

O mês do início da mudança

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ueremos todos que as manifestações realizadas recentemente no país representem, pelo menos, o início de uma mudança para um país melhor, social e politicamente. Parafraseando a peça publicitária de uma grande concessionária do ramo automobilístico: “a melhor arquibancada do Brasil é a rua”. E é. Provas não faltam. Este mês de junho comprovou isso. O brasileiro está cansado do fisiologismo e da corrupção política, indignado com a injustiça e muita pizza, perplexo com os gastos exorbitantes para a realização da Copa das Confederações. Até os festejos juninos, comumente a estrela do mês e o primeiro lugar no ranking de fonte noticiosa da mídia, foram ofuscados pelas chamas da fogueiras que os manifesantes acenderam com resto de pavio (quero dizer: paciência) que tinham. Especialistas ainda não conseguem explicar tudo isso, mas algo está fora de ordem. Nossa torcida, portanto, é por uma ordem melhor, com gols de justiça e avanços sociais. Junho também foi aniversário de Santa Maria da Vitória e de Barra. Aliás, a matéria de capa desta edição é com o barrense Sócrates Teixeira do Nascimento (foto), homem que não é o filósofo, muito menos o jogador de futebol da década de 1980, mas, além de carisma, é uma fonte inesgotável de boas e divertidas histórias. “O Oeste começou na Barra”, diz ele, remontando a origem da centenária cidade “capital” da civilização ribeirinha do imponente São Francisco. Junho é também o mês de Zacarias, o homem que vende de tudo que estiver na sua “visão de conhecimento” e, mesmo com as agruras da falta de educação, é o retrato de um país gigante e inquieto que parece estar despertando. Zacarias é Brasil. Carlos Tito, presidente da Câmara de Vereadores de Barreiras, também. Em entrevista exclusiva, o vereador fala sobre seu modelo de gestão, que tem priorizado a transparência e o diálogo com o executivo. Tito diz, ainda, ter vergonha do comportamento de políticos que só lembram da população 90 dias antes das eleições. As opiniões de Tito, certamente, vão na mesma direção da indignação geral da população brasileira. Estamos todos indignados... Do editor



índice 19 | A Miscellanea Xangai: “Eu não tenho coragem de cantar porcaria” Música: O bom momento da sanfona Obituário: Morre Zé de Castro, um dos maiores empreendedores de Barreiras Opinião: O Oeste na contramão do desenvolvimento (C.Félix) O governo não entendeu o recado das “ruas” (A.Roos) Desenrola a língua: por Aderlan Messias O personagem: Quem quer correr o risco de amanhecer milionário? Fashion Cult: por Dávila Kess Exclamação: por Karine Magalhães 33 | economia & mercado Artigo/Emerson Cardoso: Quantos EUA cabem em um planeta? Ensino Superior: Empreender na educação é um bom negócio Empreendedorismo: Foi a galinha que veio primeiro Negócios da Moda: Grego invade Barreiras Transamérica Barreiras: Uma rádio que se reinventa 44 | entrevista: Carlos Tito “É uma vergonha!” 48 | capa Sócrates, o homem enciclopédia 54 | um lugar Rui Rezente: O tempo não para 56 | cult Educação: Atracado na esperança Estilo: Equilíbrio e concentração Agenda: Eu quero é rock! 64 | social Gelo, Limão e Açúcar: por Tizziana Oliveira


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leitor

Canais Revista A

leitor@revistaa.net

Variação de preço da gasolina em Barreiras “O preço varia e a qualidade também, existem postos vendendo gasolina, gasolina com água e também água com gasolina. Muitas vezes, o barato pode sair caro. Valeu a reportagem, aliás quero parabenizar a equipe da revista pela última edição.” Thiago Sobutka

“E Hiroshima voltou à estante de livros” “Muito bom, Anton! Adorei! Realmente, o hábito da leitura, ou melhor, da boa leitura, não se encontra facilmente por aí. O livro da moda, aquele da bolsa da moça, também me foi indigesto (nada contra o gênero). Uma jogada editorial “inteligente”, porém machista e apelativa. Pois bem, sobre Hiroshima, deu vontade de ler. Me empresta? (brincadeirinha)” Inês Coelho

Sertanejo apela e erotiza geração “Oportuna reportagem da r.a. As letras (?) são promíscuas, as rimas ridículas e a música uma bela b... A mulher é erotizada e sempre está bêbada numa festa em busca de um garanhão para terminar a noite em um carro ou na cama de um motel. Na Bahia a assembleia legislativa reagiu e aprovou lei proibindo o financiamento público de atrações que desvalorizem mulher. O exemplo da Bahia com o pagodão seboso poderia ser aplicado no Brasil com os pseudo sertanejos.” Poty Lucena

Falta de entretenimento cultural em Barreiras “Falta principalmente incentivo no esporte, na cultura da região (São João), turismo, falta tudo! Uma vergonha, a cidade está morta no tempo!” Thiago Danilo de Souza

Protesto contra invasão do Colégio Polivalente “Poxa, profundo orgulho dessa estudantada!!! Reivindicar sempre, e essa reivindicação é muito justa e legítima. Os interesses públicos, coletivos, não devem ser sobrepostos por interesses privados. FORA RETROCESSO SOCIAL!!” Paula Vielmo

Votação do veto do prefeito ao projeto de lei que proíbe a Embasa de cobrar taxa de 80% “Parabéns pela reportagem. Poucas vezes presenciei um jornalismo de tanta qualidade praticado em Barreiras e Região.” Cathy Rodrigues

Errata A grafia correta da entrevistada da edição 16 é Ignez Pitta. A foto da página 19, do Costelão de LEM é do fotógrafo Rui Rezende


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caiunarede

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o perigo dos anabolizantes Conseguir músculos avantajados leva tempo e é preciso um treinamento contínuo. Mas, muitos adeptos da malhação acabam seguindo por um caminho mais rápido e fazem uso dos anabolizantes. O educador físico e fisiculturista Augustinho Lima Figueiredo, alerta sobre o perigo deste uso. Menu Seções/Miscellanea

Eu não tenho o rabo preso com ninguém.Você é que tem o rabo preso, eu não.”

bFS: R$ 671 milhões em negócios Feira agropecuária que aconteceu em Luís Eduardo Magalhães entre os dias 28/05 e 01/06 superou as expectativas e bateu novo recorde de negócio. “Esta foi a melhor Bahia Farm Show de todos os tempos”, declarou Júlio César Busato, presidente da Aiba. Menu Seções/Miscellanea

Do vereador Lúcio Carlos (PMDB), em resposta ao seu colega Agnaldo Júnior (PT do B), que o acusou de ter “dois pesos e duas medidas”. “O senhor elogiou o prefeito Antônio Henrique outro dia e agora é contra ele”, em audiência na Câmara Municipal de Barreiras no dia 13/06

divulgação

Menu Seções/Miscellanea

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SOS rios grande e de ondas

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sertanejo apela e erotiza geração

Diferente das canções com melodia simples e melancólica do sertanejo que surgiu na década de 1920 e das modas de viola, o sertanejo universitário faz uso da guitarra, bateria e de letras que normalmente retratam consumo de bebidas alcoólicas e a traição para animar o público. Menu Seções/Cult

Principal afluente da margem esquerda do Rio São Francisco, o Rio Grande hoje é depósito de grande parte do esgoto produzido por Barreiras. O biólogo Valmir Dâmaso de Almeida Júnior reclama da negligência do poder público e da falta de consciência da população. Menu Seções/Miscellanea

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ufob: os desafios e as oportunidades da nova universidade Universidade Federal do Oeste vai criar 765 cargos públicos e Jacques Miranda (foto), diretor do ICADS fala sobre a transição da UFBA para UFOB. Menu Seções/Miscellanea

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abordo

BR-135, a rodovia do esquecimento Era para ajudar o desenvolvimento regional e encurtar distâncias, mas o trecho entre São Desidério e Correntina, no Oeste baiano, está inacabado. Por aqui, começamos o diário de bordo fotográfico desta edição. Confira outros registros dessa nova viagem.

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abordo

diário de um repórter

O Corrente texto/fotos C.FÉLIX

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o final de maio, eu e o jornalista Anton Roos fomos a Santa Maria da Vitória conhecer mais sobre o Rio Corrente, que já passa na cidade carregando as densas águas do Rio Formoso. Ciceroneados pelo alpinista Leonardo Rosa, subimos de barco em companhia dos fotógrafos Marco Athayde e Rosa Tunes e de dois tripulantes Torquato e Girozinho. O Rio Corrente é, sem dúvida, um dos mais belos da extensa bacia hidrográfica da região. Os altos paredões que formam o vale por onde o rio desce remontam a pré-história, com suas rochas em degradê em tons de terra e cinza. Algumas árvores sem folhas, aparentemente mortas, são sentinelas a riscar a paisagem turquesa do céu que se alonga quando começamos a subir o olhar pelas paredes. Durante a navegação, encontramos jovens deitados sobre boias e, mais à frente, um solitário pescador também numa boia. Seu braço é a vara de pesca e ele é a própria extensão da natureza, do rio, da vida do rio. Alguns animais também integram a cena e se misturam com a vegetação ciliar lá longe. Eles também são a extensão do rio, pedaços do rio em movimento sobre cascos. Lembro que, da última vez que subi o Corrente, com Cláudio Foleto e Bujica Matos, fomos espectadores da secular labuta da lavagem de roupa nas margens do rio. Trabalho ainda muito comum em toda

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a região. Ouvimos histórias engraçadas engolidas pela correnteza do tempo. Uma das lavadeiras confessou-nos que havia gente na cidade que só admitia que as roupas fossem lavadas ali, no Rio Corrente. Leonardo Rosa escolhe um ponto do paredão para fazer rapel. Anton incorpora o homem das cavernas e é quase uma lâmpada florescente a iluminar a escuridão da cavidade da rocha. É um contraste, é verdade. Mas, até o contraste parece natural, próprio do ambiente. Tudo comunga, tudo é comunhão, dentro de um ciclo permanente. E quando a noite começa a derramar sobre o dia o seu breu, sobram os vultos, nossas vozes e as águas batendo no casco do barco. Retornamos para São Félix do Coribe. Ou seria para Santa Maria da Vitória? O que separa uma da outra? Nada. Um rio, uma corrente as une. Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net



euquero

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3 4 1 Coffee Man Passione Des. Col么nia, 100ml 2 Sapatilha 100% Couro Lilica Ripilica com pedrarias e Short 3 Casaco Brocado Elementais o botic谩rio (77) 3611.5467

Lilica & tigor (77) 3612.3626

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elementais (77) 3612.5243

4 Porta Maquiagem 5 Jaqueta Missbella

igabeleza (77) 3611.0639

Missbella (77) 3611.4616


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miscellanea gabriela flores

eventos, design, tendência, moda...

eu não tenho coragem de cantar porcaria texto/foto GABRIELA FLORES

Na reinauguração do Trapiche, Xangai fala sobre o atual cenário musical e diz que está vacinado contra “a permissividade doentia” que aliena as pessoas. Confira a breve entrevisa

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miscellanea

Antes do show de reinauguração do Trapiche, em Barreiras, o baiano Eugenio Avelino, mais conhecido como Xangai, fez uma avaliação do cenário musical atual e soltou o verbo. “Deus me deu a consciência de que, através da música, envio mensagens por meio de uma poesia boa. Isso serve para a evolução do meu semelhante e a minha própria evolução”, revela Xangai. Acompanhe a rápida entrevista antes de embalar o público com sucessos que marcaram sua carreira Qual a importância das músicas que você canta para o cenário musical hoje em dia? Se isso é qualidade ou não, a questão é que eu não tenho coragem de cantar porcaria. Eu tenho o melhor público do Brasil. Eu, assim como alguns outros gatos pingados, mantenho acesa essa veracidade da realidade que é disseminada na mídia nacional. A minha música atinge o coração e a consciência das pessoas. O que você acha das músicas que estão tocando nas rádios hoje? Não sei responder. Eu não conheço. E nem preciso procurar saber o que se passa nas rádios hoje em dia. É uma permissividade doentia que partem das camadas da direção do país, até a alienação. O povo fica sujeito à massificação bandida e doentia que atinge as pessoas por osmose. Eu sou vacinado contra esse tipo de coisa. Você acredita que os jovens estão perdendo a oportunidade de conhecer a beleza das canções que você canta? A minha música nunca vai ser diminuída. O pequeno público é o melhor que existe. A massa que fica sujeita ao engodo, são pessoas que, infelizmente, têm tomado uma atitude de gado. Tangido para um lado e para o outro e colocado nas carretas. Parece que não têm vontade própria. Os artistas até que não são ruins, só o que eles fazem não é bom. Só se preocupam em ganhar dinheiro.

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Elisângela Rocha

g.flores

targino gondim Jovem discípulo de Luiz Gonzaga abriu a festa do Sítio Grande, em São Desidério

MÚSICA

O bom momento da sanfona texto Ana Lúcia Souza

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inda por volta dos seis ou sete anos, Targino Gondim era levado pelo pai aos shows de Luiz Gonzaga em Juazeiro, fato do qual se admira muito. “Fico feliz porque conheci Luiz Gonzaga ainda quando era molequinho e meu pai me levava para ver o show dele. A gente via seu Luiz e meu pai falava com ele como fã”, disse. Natural de Salgueiro (PE), mudou-se para Juazeiro (BA) ainda pequeno. Desde o início da carreira, o jeito simples e a qualidade das músicas, a maioria delas compostas com a sanfona ao peito, fez o artista conquistar a confiança do público e a admiração de tantos artistas como Dominguinhos, de quem é amigo e compartilha composições. “Ele viu que eu não estava brincando de ser sanfoneiro e que eu tinha alguma coisa a mostrar para o público. A gente foi despertando e amadurecendo cada vez mais nossa amizade. Temos músicas juntos e a gente sempre se encontrava no palco”, disse o sanfoneiro, lembrando do amigo que está hospitalizado desde o ano passado. O primeiro sucesso de Targino ganhou notoriedade ao ser gravado por Gilberto Gil. “Gil é um gênio, um dos maiores artistas do Brasil. Ele e Luiz Gonzaga são os dois nomes que tenho por influência. Em 2000, quando ele fez a trilha

sonora do ‘Eu, tu, eles’ e gravou ‘Esperando na janela’, o Brasil ganhou com isso e nós ganhamos o Grammy Latino com esse forró”, relembra. O futuro da sanfona para Targino é algo do qual ele fala com entusiasmo. Desde os 12 anos, quando começou a tocar os primeiros acordes, não parou mais. Forte influenciador da cultura do instrumento, ele idealizou em Juazeiro o Festival Internacional da Sanfona, que terá sua terceira edição. O evento, considerado o maior dessa natureza no país, já contou com a participação de nomes nacionais e internacionais, a exemplo de Dominguinhos, Osvaldinho, Renato Borguethi, os italianos Mirco Patarini e Antonio Spaccarotella, o argentino Hector Del Curto, o americano Frank Marocco e orquestras sanfônicas. “A sanfona nunca esteve tão bem e a gente nunca esteve tão bem servido de música e de sanfoneiros. Têm meninos de 12, 13 anos que estão tocando maravilhosamente como nunca tinha se visto na época de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, e a cada ano se descobre mais”. Targino conta que recebeu um convite da Rede Globo para dirigir crianças em uma minissérie que será filmada em Juazeiro. “Estou levando pra lá uma orquestra de sanfoneiros mirins de 8 a 12 anos. Todos tocam e sabem mostrar serviço”.


reprodução

OPINIÃO

O Oeste na contramão do desenvolvimento texto C.FÉLIX

MORRE ZÉ DE CASTRO, UM DOS MAIORES EMPREENDEDORES DE BARREIRAS O empresário José Gomes de Castro morreu aos 89 anos na madrugada do dia11 de junho, de falência múltipla de órgãos, no Hospital do Oeste em Barreiras. O patriarca da família Castro sofria de Parkinson e teve complicações decorrentes de um vômito, que gerou insuficiência respiratória. Após ficar um período na ventilação mecânica desencadeou infecções maiores nos órgãos, e consequentemente a paralisação dos rins. Nascido em 24 de maio de 1924, Zé de Castro era natural da região da Chapada Diamantina no município de Picos, hoje Palmares. Casou-se com Leopoldina Castro, com quem teve nove filhos e 21 netos. Chegou em Barreiras em 1964 e acompanhou o desenvolvimento do município, tornando-se um empresário sucedido e pioneiro no comércio de cimento, atacado e varejo sendo responsável por construir o primeiro supermercado do município. Não aderindo ao antigo meio de transporte mais utilizado na época, o navio a vapor, o empresário mudou o paradigma local e utilizou o próprio caminhão para trafegar por estradas recém-abertas na região. “Sua diversão era trabalhar e foi isso que ele ensinou para todos os filhos, todos os netos. Hoje toda a família é grata a ele, por ter sido esse grande homem, ajudando a gente nesses 89 anos”, afirmou o vereador e neto de Zé de Castro, Digão Sá. Zé de Castro sempre trabalhou fazendo grandes negócios, e deixava os filhos na linha de frente dos empreendimentos, assim ele fez com a Salomé Veículos, a primeira empresa da família, com o Supermercado Castro, o Castro Atacadista, loteamentos, o Cimento Tocantins e com a transportadora logística. A grande paixão de Zé de Castro sempre foi viver entre as fazendas que possuía. As suas últimas atividades foram com a pecuária, compra e venda de gado, transporte, locação de pastos na região..

A

presença do governador no Oeste é sempre uma novidade. Mais pela sua presença, é bem verdade. O Hospital do Oeste, inaugurado em 2006, foi a última obra de expressão do Estado na região. De lá para cá, a presença do Estado por aqui é tão discreta que quase não se nota. Exceto pelo foguetório e alarde que o chefe do executivo estadual provoca. Na penúltima vez em que esteve aqui, em abril, o governador Jaques Wagner prometeu que a Ferrovia Oeste Leste sai até 2014. Promessa ratificada pelo baiano e atual ministro dos Transportes, César Borges. É ver para crer. A obra foi licitada em 2010 e sua conclusão estava prevista para 2012. Estamos em 2013 e apenas 7% do projeto andou. No dia 28 de maio, o governador esteve em Barreiras. Visitou as obras da ponte da Prainha, que dá acesso à UFBA, e inaugurou a nova sede do Corpo de Bombeiros com um caminhão autobomba emprestado do grupamento de Salvador. O do subgrupamento do Oeste está quebrado há mais de ano a espera de conserto. A questão é: e se a capital precisar por algum motivo alheio de seu caminhão de volta? A sede do Corpo de Bombeiros era uma reivindicação de mais de 30 anos. Houve uma procissão de prefeitos, outros políticos e autoridades disputando espaço para se aproximar do “Salvador” (título próprio para homem da capital) Jaques Wagner e agradecer pela obra. Se o governo do Estado continuar com a mesma celeridade, o presídio regional deve ser construído em Barreiras por volta de 2040. E olha que a verba já foi liberada pelo Ministério da Justiça. Uma autoridade política me confessou: “Vai ser muito difícil o governo construir esse presídio. Não pelo recurso para levantar a obra, mas por sua manutenção, que deve chegar a meio milhão de reais por mês”. Em Luís Eduardo Magalhães, Jaques Wagner abriu a Bahia Farm Show, elogiou a disposição dos empresários do agronegócio e disse que “era bom trabalhar aqui”. A declaração, certamente, ficou perdida no ar e muita gente está até agora tentando entendê-la. Ou não, como diria o filósofo Caetano. Na ocasião, o governador assinou um decreto que criou um fundão para investimentos na região em infraestrutura e um documento autorizando o Derba licitar a implantação e pavimentação de 56,5 quilômetros da Rodoagro. Assim, de promessas e pequenas e mascaradas ações, o governo do Estado vai marcando sua presença na região e recebendo aplausos, sorrisos, cumprimentos e tapinhas nas costas. Em novembro do ano passado, 16 prefeitos, dezenas de vereadores e o deputado João Leão participaram do 1º Fórum dos Prefeitos do Oeste, em Luís Eduardo Magalhães. O evento, que tinha por objetivo fortalecer o bloco político da região para pressionar os governos do Estado e Federal por obras, resultou em uma carta com 28 reivindicações, publicada na edição 14. Do total, o que temos de concreto é a assinatura da ordem para licitação das obras da Rodoagro e a criação da Ufob. De resto, uma penca de discurso para todo lado. Ou a Umob, com seu presidente e mais novo líder político do Oeste, Humberto Santa Cruz, também vice-presidente da União dos Municípios da Bahia, e a sociedade civil organizada se mobilizam e mudam a postura subserviente em relação ao governo ou vamos continuar na contramão do desenvolvimento, à espera das migalhas que nos são oferecidas sempre nos anos eleitorais. Aliás, é bom começar a estender as mãos, ano que vem tem eleição.

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miscellanea

em são paulo Mais de 60 mil manifestantes bloqueiaram a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira na maior cidade do país no dia 17 de junho

marcelo camargo/abr

OPINIÃO

O governo não entendeu o recado das ‘ruas’ texto ANTON ROOS

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erça-feira, 18 de junho. As imagens transmitidas pela televisão são praticamente iguais as da noite anterior. Os comentários também. Vagos, evasivos e pouco esclarecedores. A prefeitura de São Paulo, maior cidade do país, a bola da vez. Alvo de momento do manifesto que tomou conta do Brasil e trouxe a população de volta às ruas, passados mais de 20 anos do movimento que culminou com o impeachment do presidente Fernando Collor. Enquanto tentava-se explicar o óbvio com a irritante insistência em se delegar exclusivamente à tarifa do transporte público toda a carga de culpa pelo movimento, um dos comentaristas, num lampejo de rara lucidez em meio a tanta obviedade, diz: “O governo não entendeu o recado que está vindo das ruas”. E

marco athayde

mais: incitou o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ministros, Prefeitos e quem mais de direito a descruzar os braços e agir. Sim, agir. Conjugar o verbo. Deixar a zona de conforto dos gabinetes e da leniência. De fato, o país precisa de um chacoalho. Ainda maior que este. Quiçá já não esteja passando da hora de um grande ato político, sob pena de o estado perder as rédeas. O contexto preocupa. Além de não estar entendendo, quiçá não esteja o governo se sentindo acuado, com medo. Imberbe e sem saber que atitude tomar perante a onda crescente de protestos. Cômico é pensar que, independente da esfera, o governo é sempre o primeiro a vomitar com ar de superioridade a máxima da democracia, vestida em traje de gala e tergiversando entre a teoria e prática, como se isto fosse, para sempre e amém, o suficiente. Está provado que não é e que, a alcunha de “pátria de chuteiras” hoje não passa de um jargão criado pelo mestre Nelson Rodrigues, em tempos que não voltam mais. Muito mais que o despertar do gigante, como pregam alguns, o movimento que se espalhou pelos quatro cantos do continente verde e amarelo reflete um sentimento comum entre a maioria. É o grito do basta. Dos confins do Acre um manifestante sintetiza em poucas palavras aquilo que o governo insiste – ou se faz de desentendido – em não entender: “O mais importante é que todos nos escutem. Eles precisam saber que existimos e que estamos indignados com o que tem acontecido pelo país. Todo mundo deve perceber que existe essa massa que não é cega, que quer mudança, sabe o que quer e não é uma massa alienada. O gigante acordou e vamos mantê-lo acordado. Vamos nos mobilizar e mudar a corrupção e tudo que tem acontecido”. Há esperança. O Brasil se levantou porque estava cansado de tanta morosidade e patifaria política e administrativa. Todos. De norte a sul, leste a oeste, inclusive, nas duas principais cidades da região: Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Que a civilidade prevaleça e que o protesto não seja apenas de ocasião. Viva o povo brasileiro, hoje, amanhã e sempre e não somente nestes dias históricos de junho de 2013.

FESTA JUNINA

JABORANDI HOMENAGEIA O PADROEIRO SANTO ANTÔNIO Entre os dias 13 e 16 de junho aconteceu o 17º Arraiá de Santo Antônio no município de Jaborandi. O festejo homenageia o padroeiro da cidade e já é tradição desde emancipação do município no ano 1975. A população Jaborandense prestigiou a autêntica quadrilha de interior. Com vestuário típico dos festejos juninos, as quadrilhas esbanjaram beleza tanto na dança quanto nas alegorias. A festa contou com muitas atrações musicais entre elas: Canindé, Forró Boys, Forró Saborear, Forró Mastruz com Leite, Banda Gyll Show, Trio Forronejo, Forró Bota Rasgada, Randal e Rangel, Duarte Oliveira, Banda Fénix, Dio do Acordeon e Jânio & Jairo.

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miscellanea O personagem

Quem querco correr o ris cer de amanhe? milionário Antônio para o cearense o, at n or d e d en V . Ele iste tempo ruim nhos Zacarias não ex ia vendendo so d or p as or h redo trabalha 12 perança. “O seg es e a ez el b a, de riquez uele que amar”, e ai daq cl re ão n é a d da vi .texto/foto C.FÉLIX não correr risco e começa no ba or admirável, el te en di pe ex ono de um hum o ina manhã e só term epl m co tente às oito da e, ad id . Aos 66 anos de s às oito da noite nio Zacarias do tô An o, nh ju de ês m ! e st rte ne so s tado rte - muita egria e vende so al e r go vi a nj Santos esba r Literalmente! co de amanhece quer correr o ris em qu e, de nt a ge xim ha ro - Min quando se ap quer? – dispara, milionário? Quem ssoas. aços um grupo de pe carias carrega m a nos bolsos, Za s e de ad id ss ce Ora nas mão or ne fazer a a sorte para satis o ta en m ali a, de jogos de toda ss bairros onde pa los Pe . ês Não gu a. fre aposta do , de esperanç elhor, de riqueza m ro de tu fu io êm um pr sonho de o um grande que tenha tirad m ué , ng os ni nh so de a lembr ntinua a vender o mente. Mas co de uns suas mãos e nã nhoada e atrás ca largo, barba es so rri so nato. u or se ed m co ncia de vend tuam sua elegâ ar na nt pi e qu óculos que acen O isa. alquer tipo de co do ga ar pr - Vendo tudo, qu m co r quise vendo! Se você que O . er nd minha frente eu ve i se eu se quiser vender to eu eu sei comprar, de conhecimen ão vis ha in m na ar in rm nome te eu de m você ndi a assinar não sei ler. Apre Só . e do lh tu u o Vo . nd ve ma escola os. Nunca fui nu o ia nd te en já depois dos 56 an idade eu m três anos de diz – u de e m dizer melhor: co us que De je. Foi um dom para os que entendo ho egável aptidão in a su m co ito fe tis i na sa o, orgulhos ade, comprava bo m 10 anos de id co , Eu ci– s. tro pa cio negó frigorífico. Fui a abastecer um i era minha região pr dinheiro. Meu pa ha mem que tin me a pr e nt nado por um ho tinha ge ha condições. Eu 0 30 0, 20 pobre e não tin 0, prar 10 nheiro preu com patrocinar de di

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bois e pagar na porteira do curral. De tudo eu entendo um pouco. Sei fazer todo tipo de conta na memória. Se o senhor comprar 10 jogos de cada um aqui eu já vou centralizando na memória: aqui é tanto, aqui é tanto, aqui é tanto, dou o total e passo troco. Ah! com três anos de idade eu já passava o troco. Só vim me perder num troco hoje, depois da idade. Tive problemas de saúde muito sérios: colesterol, diabetes. Tive um tratamento de “hansenia”. Tudo isso faz parte pro “cabra” ir ficando com a mente mais cansada. Zacarias mora na Vila Brasil com um dos três filhos. Os outros dois moram em Exu, no Ceará. Nasceu em Juazeiro do Norte e, depois de muitos desentendimentos com a mulher, resolveu separar e mudou-se para Barreiras, há 26 anos. - Trabalhei na Fribasa (já fechou)... inventei venda de tudo quanto foi coisa, tudo o que foi de mercadoria eu vendi. Comecei com carrinho de mão, “adispôis” fui pra Tocantins com mil “resta” de alho. Depois que vendi o alho comprei queijo e vim pra Barreiras. Fiz um comércio com queijo por 12 anos, até sofrer um acidente de moto - eu dirigia moto. Daí apareceu muito pepino de doença em mim e eu fui me tratar. Encerrei o comércio do queijo, mas, já tô voltando de novo. Quando eu me acidentei eu entregava seis mil quilos de queijo por mês. Trabalhava com 14 “frizo” de 530 litros. O trabalho com o queijo era muito puxado. Apesar de estar começando a negociar com o produto de novo, vai ser “coisa pequena”. - Quando um home tá numa posição que nem eu tô, ele tem que pegar qualquer coisa. Só num pode tá parado. Hoje eu num tenho condição de tocar um comércio então eu tenho que me agarrar com qualquer coisa que venha pela frente, menos vender droga e nem ofender o povo, né. Mas só paro em casa pra almoçar e dormir. Agora se der a hora de almoçar e eu tiver aqui, almoço aqui mesmo. Quando a gente quer sobreviver tem que dar o pulo de toda maneira. Eu acho que o dom de Deus é a melhor coisa. E esse dom de vender que tenho foi desde o nascimento. Já fui vaqueiro, encarregado de uma fazenda. Eu trabalhei de corretor de armazém, também. Eu comprava de cinco a seis mil quilos de cereais por dia. É brincadeira? A falta de leitura já atrapalhou, perdi de ganhar alguma coisa. Mas agora também num quero mais estudar. Tenho ambição, sim. Mas ambição pra ganhar o que é alheio, não. Pra ganhar a vida, sim. Trabalho noite e dia se for preciso. Quando eu trabalhava no frigorífico eu ganhava um dinheiro porque fazia hora extra. Durante a conversa, Zacarias não para de olhar para os lados, para o relógio. Precisa vender. É um sujeito inquieto. Tem a necessidade constante de vender e revela que vende até cosmético também. “A propaganda é a alma do negócio”, diz. Tem que propagar tudo o que vende, alimentando o sonho, a possibilidade de melhora. E o segredo é não reclamar. - Vou seguindo minha vida do jeito que Deus quer. Sou feliz demais, demais, demais. O senhor não vai ficar com um jogo, não? Num quer correr o risco de ficar milionário? – diz, e cai na risada, precisa ir.

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Desenrola por aderlan messias

CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor universitário, licenciado em Letras Vernáculas, bacharel em Direito e especialista em Psicopedagogia

Guerra dos gêneros

A

presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.605 de 2012 que obriga as instituições públicas e privadas de todo o país a flexionar o gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, designando a profissão e o grau obtidos. Àquelas já diplomadas, podem requerer gratuitamente a emissão de outro diploma com a retificação do gênero. Muitos especialistas no assunto não têm visto esta mudança como algo benéfico à língua portuguesa, uma vez que se confunde o título com o tratamento à pessoa. A predominância do masculino sempre foi uma tradição no idioma. Prova disso são as cantigas trovadorescas do século XII. Os poetas que faziam as cantigas de amor utilizavam o vocábulo “senhor” também para mulher, já que neste período não havia a forma feminina “senhora”. Minha missão aqui não é, em hipótese alguma, apontar uma guerra de gêneros, muito menos um sentimento de professor machista, mas o que se vê na referida lei é a contrariedade no desenvolvimento da língua, se seguirmos à risca o que ela determina. Assim, é possível dizer “Joana é bacharela em Direito”, mas não “Joana é estudanta de Direito”.

Presidenta, parenta, clienta, viajanta, agenta, doenta, todas...

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Todos, brasileiros, parente, presidente, bacharel, trabalhadores...

Outro indicativo que é alvo de discussão diz respeito à flexão do gênero presidente para presidenta. Se presidente é o particípio presente que indica ação, terminado em “nte”, deduz-se que todos no mesmo contexto flexionarão. O que não é verdade, a exemplo de estudanta, amanta, representanta, tenenta, crenta, delinquenta, ouvinta, comedianta, e tantas outras. E agora? Na dúvida, consulte o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa [VOLP]. O parágrafo que inicia esta coluna apresenta presidenta no feminino, de forma intencional, embora o comum seja presidente [a presidente]. Bechara e Cegalla, dois grandes nomes da gramática, sinalizam que o termo “presidenta” é correto, mesmo que suscite dúvidas e protestos. Outros apontam “presidente” como invariável. Clássicos da literatura como Machado de Assis e Alexandre Herculano trazem em suas narrativas “presidenta, parenta, clienta” como flexão do masculino. Tais vocábulos são encontrados na gramática. Ainda que “presidenta” seja correto, não dá o direito do falante [ou seria falanta?] empregar viajanta, agenta, doenta. Como se não bastasse, a confusão não para por aí. Com o advento do movimento feminista, tornou-se uma obsessão, nos discursos políticos, sobretudo petistas, as expressões “todos” e “todas”, “trabalhadores” e “trabalhadoras”, “brasileiros” e “brasileiras”. Quem disse que os termos “todos”, “trabalhadores” e “brasileiros” não servem para os dois gêneros? “Todos”, por exemplo, é uma palavra que pode fazer referência a “ouvintes”, como “todas” a “pessoas”. Este exagero torna-se desagradável aos ouvidos do receptor que mais parece um cd ralado. A objetividade na oratória faz a diferença na transmissão da mensagem. A discussão acerca da flexão de gêneros vem desde o governo Juscelino Kubitschek, que obrigava o uso feminino em cargos públicos, mas que acabou não pegando. O que se vê hoje é que a nova lei chegou para ficar. Logo, atente-se para o limite da flexão de gênero e veja se a palavra, pela gramática [conceituada] varia ou não.


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CONECTADO

Fashion Cult

facebook: agenciaimmagine site: www.agenciaimmagine.com.br e-mail: agenciaimmagine@gmail.com Dávila kess É estilista por formação, graduada em Design de Moda e pós-graduada em Moda: Produto e Comunicação. Atualmente trabalha na Agência IMMAGINE.

por dávila kess

Floral print

revisitado para aquecer o inverno fotos: REPRODUÇÃO

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m meio à estação mais fria do ano, estampas florais apresentam-se como tendência, das passarelas às ruas, exalando dramaticidade e romantismo ao look! Para quebrar a sisudez dos tons escuros obrigatórios do inverno, uma tendência marcante vem aquecendo as vitrinas: As flores! Elas invadiram as passarelas, revistas e nossos guarda-roupas neste Inverno 2013, trazendo um ar romântico e muita feminilidade. O floral sempre é uma aposta para as temporadas de Primavera/Verão e isso todos já sabem, mas na temporada de Inverno 2013 internacional ela dominou o cenário modal e no Brasil a tendência chegou para ficar. Nas passarelas internacionais a tendência tomou força com as estampas florais menos óbvias de Dolce&Gabanna, McQ Alexander McQueen, Balmain, Valentino, Suno, Cacharel, entre outras. Compostas por tons escuros, inspiradas no luxo e na elegância dos dias frios, as flores, com pegada retrô reinaram absolutas e as variedades de estampas vão de texturas às rendas, às superfícies metálicas, às aplicações e bordados – retratando o barroquismo com uma riqueza incrível de detalhes inspirados nos trajes das damas ricas de outrora. É importante ressaltar a grande presença do bordado Ponto Cruz nesta tendência, que boa parte das peças apresentadas nos desfiles de grifes famosas utilizou o emprego desta arte na confecção das flores. A cartela de cores que prevalece são os tons mais sérios e sóbrios, tonalidades escuras, trazendo um ar aristocrata e misterioso aos dias frios, predominando deste modo a elegância em refinados jardins, distribuindo flores para o Inverno 2013.


c.félix

“SENADINHO”

GRUPO DE AMIGOS SE MOBILIZA E Dá EXEMPLO DE CIDADANIA Criado há mais de dois anos, o grupo “Senadinho” vem dando exemplos de cidadania e mostrou que a força popular vale mais do que o discurso político. O grupo já colocou abaixo as paredes de um antigo curtume na Vila Xurupita. O local era usado para consumo de droga e há tempos a comunidade do bairro pedia a derrubada e limpeza do entulho. As ações não pararam por aÍ. No dia 09 de junho, cerca de 30 integrantes do grupo se reuniram no cais de Barreiras para limpar a margem do rio Grande. O objetivo foi sensibilizar a sociedade para a necessidade de consciência ambiental. A segunda limpeza aconteceu no dia 15 de junho. rosa tunes

17º ENCONTRO

Capoeiristas do oeste se encontram em santa maria Santa Maria da Vitória, no Oeste do estado, sediou nos dias 14 e 15 de junho o 17º Encontro de Capoeiristas, idealizado pela Associação de Capoeira Camarada. O encontro contou com apresentações de maculelê, dança de roda e uma palestra com Mestre Maximo, que passou dois anos na França pesquisando as origens da capoeira. “A capoeira é um estado profundo de democracia” disse. Para o Mestre a Capoeira não observa quem é protestante, católico, quem é do Axé ou dos terreiros de umbanda. “Capoeira é a reunião de todas as pessoas que querem contribuir e viver em harmonia”, resume. O encontro contou também com a presença do ator Ailton Carmo, protagonista do filme “Besouro”.

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Exclamação por karine magalhães

CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na renomada Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide (todas em Brasília) e também em cerimoniais com Cristina Gomes. Atualmente, presta consultoria à Maison Caroline.

Radar fashion! As clutches da Diane Von Fursrtenberg são hits da estação!

Paixão pela guerra, as lanças de batalha trazem formas alongadas e pontiagudas para a família e o movimento das dunas do deserto pode ser visto nas pedras olho de tigre. Os tons vibrantes são incorporados dos trajes e pinturas egípcias e esmaltam os metais, enquanto os cristais azuis, verdes, roxos e amarelos representam a elegância da realeza. Os desenhos geométricos constroem os degraus das pirâmides e carregam o peso da cripta que aprisionou o amor entre Aida e Radamés.

fotos: reprodução

As clutches deixaram de ser coadjuvantes e ganharam o destaque na produção do look.

Estou In Love pela coleção Resort, linha AIDA desenvolvida pela Designer Camila Klein!

Get the look preview verão 2014!

fotos: Karine magalhães

Em pleno inverno, o assunto são as tendências para o próximo verão! No início do mês participei em São Paulo do lançamento Preview de verão 2014 Le Lis Blanc e John John e separei alguns looks muito inspiradores das meninas que estavam nos ciceroneando.

Lygia Linard, Talita, Cassandra, Paula Afrange e Talita 30

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INFORME PUBLICITÁRIO

A MAIS NOVA REFERÊNCIA DE MODA INFANTIL DO OESTE Barreiras e região ganharam, desde maio, a mais nova referência em moda infantil. Foi inaugurada, no centro da cidade, a franquia Lilica & Tigor, marcas com mais de 20 anos no mercado que caíram no gosto da garotada pelo jeito divertido de vestir meninos e meninas. Além de confecção, a nova loja oferece ainda uma grande variedade de produtos: óculos, calçados, acessórios, bonés, bolsas. Tudo com a grife que já está no imaginário da criançada. Aliás, nos dois dias de inauguração, os mascotes recepcionaram os clientes durante todo horário comercial.

Rua Capitão Manoel Miranda, S/N Centro - Barreiras (BA) (esquina com a Rua Coronel Magno)

Telefone: (77) 3612 3626 32

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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

ARTIGO

Quantos EUA cabem em um planeta? texto EMERSON CARDOSO*

S

e formos buscar a etimologia da palavra desenvolvimento, de maneira surpreendente, já vamos peregrinar pelo contraditório. O conceito fala de negação (des) daquilo que está envolvido ou protegido. Seu significado remete, na maioria das vezes, a ideia de progresso econômico, produção de bens ou crescimento material. Pode vir rotulada de sustentável, social, humana ou local, mas com veemência o que prevalece é a busca pelo desenvolvimento econômico, a riqueza das nações ou hegemonia tecnológica. No discurso, ninguém se opõe a um país desenvolvido com riqueza nacional equanimemente distribuída e com educação, saúde, moradia acessíveis a todos os extratos sociais. É como buscar o melhor dos mundos com um mínimo de conflito. O problema tem sido construir essa agenda coletivamente e que atenda interesses tão divergentes. É necessário descobrir os atalhos entre o sonho e o real, entre a intenção e a ação. O ex-secretário geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Javier Pérez de Cuéllar, salientava que “nossas formas de desenvolvimento baseados na expansão contínua do consumo material não são viáveis nem prorrogáveis ao infinito. Não apenas elas dilaceram o tecido de que as culturas são feitas como também ameaçam a biosfera e a sobrevivência da humanidade...” Dentro desse contexto, externo uma inquietação: Será que as economias dos países ricos estariam dispostas a diminuir seu crescimento econômico para salvar o planeta? O líder indiano Mahatma Gandhi já denunciava que “se a Inglaterra pegou os recursos do planeta para alcançar sua prosperidade, quantos planetas necessitará a Índia?” Os estudiosos, técnicos, cientistas já dimensionaram a capacidade instalada da terra. Passamos do limite! O que acontecerá, por exemplo, quando os países em desenvolvimento chegarem ao mesmo nível de consumo dos Estados Unidos? É possível? As nações continuam obcecadas pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) que representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período específico. Esse indicador continua a mensurar riqueza e muitas vezes é associado ao desenvolvimento de um país.

Proponho descortinar um novo conceito para o PIB, no qual a riqueza das nações esteja também associada à inclusão dos chamados capitais naturais, humanos, à sustentabilidade e preservação ambiental. As principais economias mundiais precisam ser provocadas e questionadas sobre a possibilidade do “crescimento zero”. Sim. Crescimento zero. Alguns países atingiram um determinado nível de riqueza e hegemonia econômica que seria necessário apenas manter o patamar de crescimento e assegurar que não haverá mais déficit ecológico. Pode até parecer utópico, mas é necessário. Caso contrário, vamos extinguir do planeta terra a única espécie animal de primata bípede do gênero “homo” ainda viva: os “homo sapiens”. Os indicadores sociais, por sua vez, têm demonstrado que o desenvolvimento das forças produtivas através de um padrão industrial capitalista do tipo individualista-consumista não atendem na mesma velocidade os anseios dos menos favorecidos. Em pleno século XXI as pessoas ainda morrem de fome, não têm acesso à saúde ou educação de qualidade, além de padecerem por falta de condições dignas de sobrevivência. “O que existe no mundo basta para satisfazer as necessidades de todos, porém não à cobiça dos homens”, volto a profetizar Gandhi pelo discurso tão atual e acrescento: Tecnologicamente evoluímos muito. Chegamos à lua. Agora só falta chegar ao coração do homem. *Emerson Cardoso, mestrando em Gestão Social e Desenvolvimento Territorial pela UFBA; pós-graduado em Adm. de Empresas e Desenvolvimento de Pessoas – Fundação Cairu; Bacharel em Ciências Contábeis pela UFBA

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economia&mercado ENSINO SUPERIOR

EMPREENDER NA EDUCAÇÃO

é um bom negócio texto/foto C.FÉLIX

H

á 14 anos, a Faculdade São Francisco de Barreiras (Fasb) iniciou suas atividades e, a partir daí, começou a sua contribuição para o desenvolvimento da região Oeste. Instalada em Barreiras, a Fasb já formou mais de 3 mil profissionais, oferece 12 opções de cursos e mantém projetos sociais que vêm, aos poucos, mudando a realidade de muitas pessoas. Em entrevista à r.a, o matemático Tadeu Sérgio Bergamo, diretor-presidente da mantenedora da Fasb, Instituto Avançado de Ensino Superior de Barreiras (IAESB), fala dos desafios futuros da instituição. “Nós não desistimos do curso de medicina. Parece que muita gente não entendeu que junto com o nosso curso estaria vindo mais um hospital para a região, com 110 leitos”, explica. A Fasb tem a maior biblioteca da região, infraestrutura física educacional e projeto pedagógico que têm rendido, ano após ano, boas avaliações do Ministério da Educação. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

Como o senhor avalia a contribuição da Fasb, em seus 14 anos, para a transformação da realidade da região? Quando chegamos aqui havia duas instituições de ensino superior, e a Fasb se inseria nesse mercado como uma nova opção. Uma faculdade que já se iniciava com a concepção moderna de educação. Nós procuramos captar uma clientela que tivesse interesse, acima de tudo, de se tornar empresário. A maioria dos empreendimentos de Barreiras, na época, precisava importar mão de obra. A própria implantação da Fasb não foi diferente disso. A grande quantidade dos servidores, principalmente professores foram buscados em outras regiões. Barreiras era uma cidade que precisava de ensino superior, mas não tinha se preparado para isso. Passados 14 anos, nós já temos uma parcela de professores egressos da própria faculdade. Continuamos ainda, em algumas áreas, buscando gente em outros estados. Mas mantemos um programa grande de qualificação, especialmente de mestrado e doutorado. A contribuição da Fasb para transformação dessa realidade, na consolidação de Barreiras como um polo educacional - eu entendo que isso ainda não está consolidado - foi decisiva porque nós percebemos a carência em várias áreas. Na de comunicação social, por exemplo, não existia nada parecido aqui. Sempre nos preocupamos com a tecnologia da informação. Uma das nossas ênfases de administração era em análise de sistemas. Com o encerramento das ênfases nós fomos procurar um curso superior em tecnologia da informação e investimos na área da saúde. Se hoje temos uma realidade difícil, sem a Fasb essa realidade seria pior. Podemos até dizer que o problema da saúde é mais um problema de gestão. Nós já formamos uma grande quantidade de enfermeiros, temos uma parcela significativa de fisioterapeutas. Sobre isso você não tem mais essa carência. Mas ainda há muita carência. As instituições de Barreiras são muito jovens. A mais antiga é a UNEB, que está aqui há apenas 28 anos. Comparado com cidades que têm instituições há mais de 100 anos, o universo de pessoas é diferente. Barreiras vai usufruir desse benefício daqui a 15 anos. Aí ela vai estar de fato com uma enorme parcela de pessoal qualificado para colocar a cidade em índices profissionalmente competitivos.

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FASB EM NÚMEROS Veja abaixo quantos alunos já foram formados por curso e as atuais opções Administração 623 agronomia 86 ciências contábeis

436

2.443

alunos matriculados

direito 574

3.330 alunos formados

educação física

85

enfermagem 457 fisioterapia 219 pedagogia 572 psicologia 68 jornalismo 56 publicidade 154

NOVOS CURSOS

Cursos temporariamente desativados

gestão da tecnologia da informação produção audiovisual

Tecnolólogos

gestão financeira

O poder público foi parceiro dessa transformação? Em alguns momentos, sim, foi parceiro com alguns programas de bolsas de estudos. Mas o poder público de Barreiras não é tão diferente do que vemos em todo o país. Alguns municípios investem


TADEU BERGAMO “A Fasb, em seus 14 anos, teve importante constribuição na mudança da realidade de Barreiras”

permanentemente na formação de profissionais e aí veem professores, advogados, publicitários, contadores, administradores, psicólogos fazendo parte das equipes dos Cras. As prefeituras começaram a enxergar o potencial da faculdade e algumas têm mantido programas de apoio a seus munícipes para que possa ter mais tranquilidade no seu grupo de trabalho e atender melhor os programas sociais que o governo federal exige. Tirando isso, o apoio no sentido de trazer novos cursos, auxilio de infraestrutura, nunca! A instituição já conhecia a realidade da região e não veio programada para depender desse tipo de apoio. Ela se programou para ser autossuficiente. A Fasb desistiu do curso de medicina? A questão do curso de medicina começou em 2005. A Fasb foi a primeira a falar que Barreiras precisava do curso. Isso está documentado, está provado. A primeira de nossas visitas ocorreu em 2006, quando ninguém ainda falava ou imaginava que Barreiras tivesse potencial para isso. Nesse processo, nós já tivemos muitos avanços e muitos reverses, mas continuamos com esperança. Entendemos que a região, agora, com a UFOB, tem um curso de medicina, falta ser implantado. Sabemos que é uma dificuldade muito grande, mas continuamos com o nosso projeto, que não é apenas o curso de medicina, mas um hospital universitário com 110 leitos. O foco é esse. Parece que muita gente não entendeu que junto com o nosso curso estaria vindo mais um hospital para a região. Quando se diz que a faculdade estaria desistindo do curso de medicina, ela estaria desistindo também da criação de mais um hospital na região. Mas não desistimos, não. Quantos alunos ingressam na Fasb por ano? Em média 800 ingressantes por ano. Não só de Barreiras. Nós temos hoje um acesso de mais 80 municípios e não só do estado da Bahia. Temos alunos do Tocantins, Goiás, Minas Gerais que vêm fazer o vestibular na Fasb pelo nosso portfólio de cursos e não porque é mais perto de casa. A Fasb se preocupa com a questão da proposta

pedagógica. Isso tem se refletido especialmente nas avaliações feitas pelo MEC in loco. Nós temos todos os cursos bem avaliados, em todas as dimensões de avaliação. Hoje, inclusive, mesmo com toda essa infraestrutura que temos, não é na infraestrutura nossa melhor nota. Faz oito anos que nós investimos na elaboração pedagógica e os resultados estão aparecendo. A infraestrutura é mais simples. Você contrata um engenheiro e um grupo de pessoas, mas a proposta pedagógica você só constrói com engajamento, envolvimento, com convencimento... Hoje, a gente percebe que a maioria das pessoas está envolvida nesse processo. Hoje há mais interesse dos jovens em entrar no ensino superior? Eu acredito que a mídia contribui muito para a disseminação desse conceito da necessidade de você estar qualificado. As grandes empresas antigamente traziam profissionais de fora e hoje já procuram esses profissionais aqui. Isso só se deu porque as pessoas daqui hoje têm oportunidade de concorrer. Pessoas que se prepararam e se preparam para concorrer a esses postos que estão sendo abertos. Isso, aliás, é um ponto decisivo para uma empresa escolher se instalar na cidade A ou B. Nesse aspecto, nós também ajudamos qualificando essas pessoas. E isso muda a realidade social. Veja a contribuição do curso de Direito para isso. Quando eu cheguei aqui estávamos implantando o curso de Direito e antes de formar a primeira turma criamos o núcleo de prática jurídica. Era impressionante a quantidade de pessoas que buscavam a chamada assistência jurídica gratuita. A prefeitura precisa destinar parte dos seus recursos para advogados para atender essa demanda de pessoas que são excluídas de tudo. Graças à abertura do núcleo da Fasb, essa demanda praticamente desapareceu. Os núcleos atendem hoje, em média, 400 pessoas por mês. São mais de 4 mil atendimentos por ano. Hoje, nós temos a câmara de conciliação na área do Direito da Família e isso retirou das prefeituras e das câmaras de vereadores essa demanda que exigia muitos recursos. E as faculdades assumiram esse papel através dos núcleos de práticas jurídicas. Quais os programas sociais desenvolvidos pela instituição? O Núcleo de Prática Jurídica é só um dos mecanismos que nós temos para inserção social. Temos o Balcão da Justiça, em parceria com o Tribunal de Justiça da Bahia; mantemos uma parceria com a Pastoral Carcerária; uma clínica de psicologia, uma clínica de fisioterapia credenciada pelo SUS. Com tudo isso a Fasb mostra como é possível aliar o desenvolvimento acadêmico ao desenvolvimento social. Temos ainda o projeto da Universidade da Melhor Idade, que consegue dar condições para as pessoas com mais de 50 anos entender esse mundo moderno. Eles têm a oportunidade, dentre outras coisas, de se iniciarem na educação da informação, criam e-mails para se comunicar com netos, filhos e amigos. A alfabetização tecnológica dessas pessoas é o grande objetivo desse programa. Todos os profissionais que participam desses projetos trabalham voluntariamente. Ninguém ganha nada para isso. Recentemente foi lançada a primeira publicação científica de Direito da região. Isso mesmo. É uma revista com artigos de renomados pensadores da área. No segundo semestre deve sair a segunda edição. É uma forma de mostrar que Barreiras tem potencial para desenvolver coisas que são desenvolvidas em qualquer outra cidade do mundo.

Leia a entrevista na íntegra no site, na seção Economia & Mercado www.revistaa.net

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economia&mercado

EMPREENDEDORISMO

Foi a galinha que veio primeiro

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Da provocação de um amigo, Dona Almira transformou um simples prato em um negócio que tem mais de três décadas de tradição na zona rural de Barreiras. A galinha da Nanica virou atração turística e está despertando interesse do poder público, que quer identificar as potencialidades da região para trabalhar o turismo estrategicamente.texto/foto C.FÉLIX

“T

em muito lugar que vende galinha aqui em Barreiras, mas igual a esta daqui, nenhuma”, declarou o empresário Fábio Souza. Ele é cliente frequente do restaurante de Jailson, o último de cinco em uma estrada de terra que começa na BR-242. Todos são da mesma família e têm a mesma especialidade: galinha caipira com pirão. O prato, uma iguaria comum na casa de Dona Almira, virou negócio e colocou a Nanica, pequena comunidade na zona rural barreirense, no roteiro gastronômico da região. Vez por outra, Dona Almira e Seu Ananias Novais recebiam Chico Régis, um amigo da família que, toda vez que visitava o casal, pedia: “Ô tia Mira, faça uma galinha daquela que só a senhora sabe fazer”. O homem comia de lamber os dedos. Até que um dia provocou: “A senhora devia era botar um negócio”. Desse suspiro de frase do degustador “oficial” nasceu uma oportunidade de negócio que já dura mais de três décadas. A iguaria começou a ser encomendada e ela servia às vezes na cozinha, às vezes na sala. “Foi a galinha que veio primeiro. Aqui era ela, o esposo, os cinco filhos homens e as duas filhas – todo mundo ajudando. Uns iam casando, iam chegando as noras, ajudando... Eu mesmo casei com Jailson e tenho 17 anos que vivo aqui. Dona Almira me ensinou a fazer essa galinha, eu aprendi e faço até hoje”, conta Ana Novais. Ela mora na casa em que Dona Almira e Seu Ananias viveram. A demanda aumentou e a casa teve que ser reformada. A cozinha cresceu, salão e banheiro foram construídos, mesas foram colocadas no terreiro sob a sombra das árvores e a necessidade se transformou numa realidade empreendedora. Ana não consegue precisar quantas vende por semana. Nos fins de semana vende uma média de 20 galinhas, mas é relativo. “Só no Dia das Mães nós vendemos 50”, Ana e Jailson têm ajuda de mais quatro pessoas aos sábados e domingos, além dos filhos Ananias e Joice que também dão suporte no atendimento. Entre os ajudantes está a concunhada de Ana e o cunhado Jaelce, o caçula de Dona Almira. O restaurante, na verdade era dele que, impossibilitado de tocar o negócio, repassou para o irmão Jailson. Mas o nome “Bar do Jaelce” continua na placa em frente da casa. “Não tem problema, é tudo família”, diz Ana. Do outro lado da estrada a placa “Bar e Restaurante da Tonha e Besouro” anuncia um outro estabelecimento da família Novais. Besouro é o apelido de Jailton, filho de Dona Almira. É um dos mais velhos e tem cinco filhos com Antônia Novais, a Tonha. “Ajudei Dona Almira durante 28 anos”, conta Tonha que explica que Zé não gosta muito de falar, fica só atendendo ou concentrado atrás do balcão. Eles vendem em média 30 galinhas por final de semana.

em família Seu Ananias e Dona Almira, no alto, e no aniversário da matriarca na sala onde foi servida a primeira galinha. Abaixo, as duas noras Ana e Tonha, herdeiras de uma receita de sucesso

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economia&mercado Os restaurantes da Ana e Tonha funcionam a semana toda no almoço e jantar. “O pessoal vem sempre. Geralmente à noite ligam antes, encomendam. Eles gostam muito, mas num tem segredo, não, essa galinha. Vai sal com alho, cebola roxa, coentro seco moído, açafrão com corante. Na verdade, o segredo é o carinho e o amor que a gente tem em fazer cada prato”, diz Tonha, satisfeita. A galinha é servida com arroz, pirão e salada de tomate e cebola. Uma inteira custa R$ 65 e serve até seis pessoas. Além desses dois restaurantes tem mais três na Nanica com a mesma especialidade: dois de sobrinhas e outro de um cunhado de Dona Almira. Todos eles compram galinha de outras regiões. “A gente compra de Cristópolis, tem umas que vêm do Riachão. Eles abastecem a gente. Cada restaurante pega de um canto. Mas num falta galinha, não. É muito difícil. E se faltar a gente tem uma reserva aqui no terreiro”, explica Ana, justificando sua pequena criação para casos emergenciais: “Daqui que um pintinho fique no ponto demora uns seis meses”. Dona Almira morreu em 2006, ia completar 70 anos. Pouco tempo depois Seu Ananias também faleceu. Dos sete filhos, só dois herdaram o tino para o negócio com a famosa iguaria da Nanica, um lugar agradável e convidativo. “Pelo menos de 15 em 15 dias eu venho aqui. A comida é boa, o ambiente é tranquilo e a gente está em harmonia com a natureza”, declara Fábio Souza, a apreciar o saboroso negócio que nasceu do “sopro” de uma frase.

Potenciais do turismo regional

apreciador Pelo menos de 15 em 15 dias o empresário Fábio Souza (no alto) frequenta o restaurante de Jaelce. As mesas debaixo das árvores, a tranquilidade do lugar é convidativo

onde fica

O restaurante mais distante fica a 11 quilômetros do Centro de Barreiras, pela BR-242, destino Salvador. É recomendado ligar antes para fazer a reserva da galinha

Destino Luís Eduardo Magalhães

BR 135

Restaurantes da Nanica

BRs 020/242

BR 242

BARREIRAS

disk galinha caipira RESTAURANTE DE JAELCE/JAILSON (77) 9807.0487 / 9812.8990

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RESTAURANTE DE TONHA E (77) 9121.5953 / 9946.3693

Destino Salvador

Principal atrativo gastronômico de Barreiras, a galinha da Nanica pode se transformar, de fato, em um produto turístico. “Estamos fazendo um levantamento para iniciar um estudo de identificação das potencialidades de nossa região. E a Nanica, com certeza, é uma reserva gastronômica com inegável potencial turístico”, disse Carlos Augusto Barbosa “Paê”, vice-prefeito e secretário de Indústria, Comércio, Minério e Turismo do município. “O Sebrae, certamente, pode ajudar na organização financeira (controles e formação de preço), na manipulação e conservação dos alimentos, no atendimento ao cliente. A galinha da Nanica, e não só da Nanica, é um atrativo turístico. Todos os barreirenses levam visitantes ou parentes para saborear essa iguaria. Em Petrolina não tem o ‘bodódromo’? Por que não poderíamos ter algo assim aqui?”, provoca Emerson Cardoso, gerente regional do Sebrae em Barreiras. Os aspectos gastronômicos, históricos e culturais da região são pouco explorados. A riqueza dos recursos naturais, o carnaval e a feira agropecuária ganham todas as atenções. “Não aproveitamos bem nossos potenciais turísticos. Precisamos revitalizar o centro histórico, qualificar os serviços de hotelaria, bares, restaurantes. Explorar o turismo rural. Vamos adotar um selo de qualidade que valorize a cultura local, nossos produtos genuínos. E a gastronomia, com certeza, precisa de atenção”, enfatizou Paê. De acordo com o secretário, os estudos para o desenvolvimento estratégico turístico do município devem começar em um mês. Os grandes desafios para a gestão e o desenvolvimento sustentável da atividade são a estruturação e a organização da oferta turística, apontam as diretrizes da cartilha do Programa de Regionalização do Turismo do governo federal. Em linhas gerais, a regionalização turística deve promover a cadeia produtiva, qualificar os profissionais e serviços, fomentar o empreendedorismo para criar oportunidades de investimento e apoiar a promoção e comercialização dos produtos turísticos, recomenda a cartilha.


FOTOS: C;FÉLIX

negócios da moda

Grego invade Barreiras Só na região central são pelo menos 10 trailers. Um não muito longe do outro e vendendo o mesmo lanche. O popular churrasco grego, definitivamente, caiu no gosto do barreirense. E melhor ainda: tornou-se uma atraente oportunidade de negócio, e não é de hoje. Que o diga José Patrício Neto, 63 anos, pioneiro na venda do lanche. Ano passado ele fez até cruzeiro pela costa brasileira com o que faturou em seu trailer. Mas até chegar a essa condição, Patrício teve que empenhar muita criatividade e espírito empreendedor. “Ninguém conhecia o churrasco de grego aqui em Barreiras. Até as pessoas compreenderem demorou um bocado”, explica o pernambucano que morou boa parte da vida no Paraná e em 1990 mudou-se para Barreiras e montou o negócio, inspirado em uma notícia que viu na televisão. “Estava passando a Porta da Esperança, um programa de Sílvio Santos. Uma pessoa tinha pedido a máquina de fazer o churrasco grego. Prestei atenção naquilo, fiquei interessado e aprendi a fazer”. Como Patrício já tinha experiência em cozinha de restaurante e açougue, trabalhar com o espeto giratório não seria tão difícil. O que foi mais desafiador, provavelmente, foi conquistar o paladar do barreirense. Hoje, já são vários trailers vendendo o quitute, mas o pioneiro é o “campeão”. Pelo menos é isso que Patrício declara: “Sou o campeão de vendas”. Ele não revela quantos lanches vende por noite para “não despertar atenção de ninguém”, mas já são 23 anos no mercado. “Estou extremamente feliz com meu salário”, diz numa gargalhada só, enquanto afia a faca para aprontar mais um lanche. Há uns quinhentos metros dali, também com um jaleco branco, Valdenir Catarino coloca em prática o que aprendeu com o ex-sogro Patrício. Paranaense, Catarino já mora há 15 anos em Barreiras e há quatro trabalha em seu próprio trailer na Avenida Clériston Andrade. Por noite ele vende entre 50 e 60 lanches e não reclama do negócio. Ronilson Campos também está feliz com o empreendimento. Ele tem 24 anos e há seis meses entrou no ramo do churrasco grego. Sua esposa, a bióloga Samara Ferreira o ajuda. Campos era office-boy e há tempos pensava em ter seu próprio negócio. Quando soube que seu primo queria vender o trailer, Campos conversou com a mulher e agarrou a oportunidade.

proliferação Hoje, só na região central são pelo menos 10 trailers vendendo o sanduíche trazido por Patrício Neto há 23 anos para a região. A distância entre eles, às vezes, não passa de 10 metros

World Tennis

LILICA & TIGOR

Inaugurada loja especializada em tênis

Moda infantil tem novo endereço em Barreiras

O empresário Humberto Júnior (Igacenter Supermecados e Igabeleza) inaugurou recentemente a franquia World Tennis. É a primeira rede de loja especializada em tênis no Brasil. A franquia trabalha com as marcas mais conhecidas do ramo e oferece modelos para a prática de futebol, corridas e para aventuras. Tudo isso sem abrir mão da estética, da beleza, das cores fortes e bem combinadas e alegres.

G.FLORES

G.FLORES

Reportagem complena no site, menu Economia e Mercado www.revistaa.net

A franquia Lilica Ripilica & Tigor, conhecida mundialmente, agora está em Barreiras. A loja traz as últimas tendências da moda infantil para meninas e meninos. Roupas e calçados que vão deixar as crianças ainda mais bonitas. Além desta loja, foi inaugurada também a franquia da Le Biscuit. A nova loja de departamentos oferece peças de decoração, brinquedos, eletrodomésticos, artesanato, etc.

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economia&mercado

programação A Transamérica é a FM mais ouvida da cidade e entre programas e quadros oferece mais de 12 opções para os ouvintes e patrocinadores c.félix

TRANSAMÉRICA BARREIRAS

Uma rádio que se reinventa

Implantada há dois anos, emissora lança novos produtos para fortalecer a participação do ouvinte durante as transmissões diárias.texto redação MAIS INTERATIVIDADE Transamérica de Barreiras lança software exclusivo para que o ouvinte possa acessar a rádio a partir de dispositivos móveis baseados em sistema iOS e Android Sistema de envio de mensagem usado em duas ocasiões especiais (ouvintes ganharam passagens para assistir a show de Luan Santana e Fernando Sorocaba) revelaram o sucesso do SMS Emissora vai realizar micro show ao vivo, com presença de ouvinte no estúdio garagem

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pertecem à classe C

ouvintes no brasil fonte: ipos marplan

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pertecem à classe A e B O maior percentual de ouvintes está na faixa 25 a 34 anos nas classes A e B.

A

primeira mídia eletrônica do mundo continua com vigor impressionante. Pesquisa divulgada no último semestre do ano passado revela que a rádio ainda possui uma grande audiência no país, resultado de criatividade aliada à tecnologia. A Transamérica Barreiras, no ar há dois anos, tem se reinventado a cada dia como novos produtos e mostra por que esse tipo de mídia, efetivamente, não tem fronteiras. “O consumidor de rádio, tanto o ouvinte quanto o anunciante, estão antenados com as transformações sociais e são exigentes. O público de Barreiras pedia uma mídia de rádio mais moderna, com uma qualidade musical diferenciada. Então migramos da Líder FM, no mercado há décadas, para a Transamérica, que atendia a essas necessidades. Mas a gente não pode parar. É preciso estar sempre criando”, explicou Sávio Barreto, diretor geral da emissora. A rádio lançou recentemente três novos produtos para tornar a sua programação ainda mais atraente e dinâmica: um software exclusivo da Transamérica Barreiras para as mídias móveis (celulares, smartphones, tablets) baseadas em iOS e Android; SMS (Short Message Service) para ações diárias e o Estúdio Garagem, para a realização de pequenos shows com a presença do ouvintes premiados. “Queremos estar mais próximos de nossos ouvintes. Não importa onde ele estiver, nem se ele está com um aparelho de rádio ou o celular. Queremos que ele participe, por isso criamos essas ferramentas para fortalecer a interatividade”, justificou Leandro Cabral, gerente administrativo. A Transamérica Barreiras abrange cerca de 300 mil habitantes na região Oeste da Bahia e pode ser ouvida pela internet. Frequentemente recebe mensagem de ouvintes dos cinco continentes. Em sua 8ª edição, o Superbrands Award, órgão internacional presente em mais de 80 países, destaca a marca Transamérica como a rede de FM mais lembrada no Brasil.


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entrevista

carlos tito três legislaturas depois... ...enfim, ele passou e fazer parte da mesa diretora da Câmara Municipal de Barreiras, e como presidente. Com a experiência de quem está no quarto mandato, ele fala muito à vontade sobre política, relação com o executivo e com seus colegas

É uma

vergonha!

texto/fotos C.FÉLIX

V

ereador por quatro mandatos, agora, pela primeira vez, Carlos Tito Marques Cordeiro compõe a mesa diretora da Câmara Municipal de Barreiras, e como presidente. Em seu primeiro mandado foi eleito com 820 votos, no último, foi com 1559 votos. Formado em direito e com apenas 36 anos, o mestrando em Direito Público não faz parte da base aliadada do governo municipal, mas sua atuação como líder do legislativo tem recebido elogios de todos os lados. Recentemente sancionou uma lei de sua própria autoria que proíbe a Embasa de cobrar pela taxa de 80% de esgoto no município. Em entrevista à r.a, Tito reclama da pouca atuação do Ministério Público e da Ordem do Advogados do Brasil em defesa do interesse da coletividade e dos políticos oportunistas. “A renovação dos mandatos partidários com a utilização da máquina pública para eleger os candidatos que só lembram da população nos 90 dias de campanha po-

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lítico-partidária é uma vergonha!”, desabafou. Sobre o executivo ele diz que busca sempre o diálogo, mas que há tensão constante, “, porque há uma disputa permanente no aspecto partidário entre os próprios vereadores”. Confira a seguir trecho da entrevista. Há inconstitucionalidade ou não em o legislativo discutir a taxa tarifária da Embasa? Não há lei no Município de Barreiras – nem estadual, aprovada pela assembleia legislativa - que tenha instituído a chamada “taxa de esgoto” ou “tarifa de esgoto” ou qualquer nome que queiram dar para essa cobrança. Não há inconstitucionalidade porque quem é competente para legislar sobre sua política tarifária municipal é a Câmara Municipal de Barreiras. No momento em que não há uma lei municipal que tenha instituído a taxa de esgoto, no percentual de 80% ou mesmo uma lei estadual, a cobrança é indevida, é ilegal. No momento em que o próprio poder público executa a cobrança e o consumidor se vê obrigado a pagar, só


recorrer ao poder judiciário para coibir esse ato arbitrário, ilegal, por parte da própria administração pública. Desde 1º de junho de 2001 a Embasa vem cobrando em Barreiras a chamada taxa de esgoto por força de um decreto estadual - e decreto não é lei! Na primeira sessão os vereadores aprovaram o projeto, o prefeito vetou, depois os vereadores derrubaram o veto e o prefeito tinha 48 horas para sancionar. Como ele não sancionou, eu, como presidente da Câmara, sancionei. A Embasa não poderá mais cobrar essa taxa de 80%. Eu não sou contra a cobrança da taxa de esgoto, por si só. Nós temos que ter a responsabilidade de entender que todo serviço público, especialmente o essencial, deve ser remunerado. Mas não da maneira como está sendo cobrado, de forma abusiva. O sistema de Barreiras foi construído com recursos federais e em contrapartida da própria prefeitura de Barreiras a fundo perdido. A Embasa, que atualmente explora os sistemas, não tem um real investido nos sistemas do centro histórico, Vila Brasil, Vila Dulce, Conjunto Habitacional Rio Grande, Loteamento São Paulo, Ribeirão e Barreiras 1. Portanto não há por parte dessa concessionária, investimento nesses sistemas que tenham que caracterizar um índice na taxa de esgoto que venha amortizar os investimentos realizados. O senhor é responsável por uma lei de proteção ao patrimônio histórico e ambiental que já tem 10 anos e nunca entrou em vigor. É uma lei de 2003, que previa a identificação de todo patrimônio artístico, histórico e natural da nossa cidade para que se tenha um controle com relação à preservação, às reformas, a toda garantia da preservação da nossa história. Essa lei já está em plena eficácia há 10 anos e nenhum dos três últimos prefeitos de Barreiras teve compromisso com a história da nossa cidade . Nos últimos 10 anos tivemos um prejuízo irreparável. 100% de todas as obras e construções antigas que fazem parte de forma intrínseca da história de Barreiras, do nascimento da nossa cidade, estão se perdendo. São diversos prédios construídos em locais que existiam obras que representavam a história da nossa cidade. Outro fato também: a mudança do nosso plano diretor urbano para se permitir a construção de grandes edifícios, descaracterizando absurdamente o nosso centro histórico. É necessário corrigir esse absurdo de forma urgente, nos aspecto legal, porque no aspecto físico, a construção que ali existia já foi destruída. No local onde é o centro cultural foi destruído o chamado “Dragão Social” que era um clube social histórico, certamente do ano de 1993, 1994 que deu lugar ao novo prédio. Eu penso que desde ali se começou a destruição da história de Barreiras. O próprio poder público promovendo a devastação, a destruição da história da nossa cidade. Portanto já podemos observar um grande escritório de advocacia que provocou a destruição de uma casa que era um comércio antigo, no coração do centro histórico na praça Landulfo Alves. Esse prédio não se harmoniza com o ambiente histórico Mercado Caparosa. Não harmonização, como diz a historiadora Ignez Pitta.

O grande responsável pela nossa situação é a ausência de uma verdadeira representatividade política. Agora, acima de tudo, falta compromisso, independente de termos ou não representantes residentes aqui na região”

O presídio vai sair ou não? Ele pode até ser construído um dia. Agora, com relação à política de segurança do atual governo, eu não acredito. Hoje, a grande maioria dos policiais civis fazem o trabalho de carcereiros porque o próprio governo do estado, através da Secretaria de Segurança Pública, bem como a Secretaria de Administração Penitenciária, não promove os investimentos mínimos que Barreiras precisa: destacar agentes penitenciários, pessoal de apoio, material administrativo, combustível, veículos. O complexo policial de Barreiras deve apenas manter presos provisórios e não presos condenados, muito menos na quantidade absurda que se tem hoje, inclusive de forma sub-humana, de forma desrespeitosa, indigna. Um estado que não faz investimentos mínimos em um complexo policial, imagine em um grande presídio. A própria área foi doada pelo município de Barreiras com autorização da Câmara por três vezes, por ter perdido os prazos três vezes. Essa discussão vem há mais de década e o governo do estado não se movimenta em efetivamente construir o presídio que, diga-se de passagem, atenderia a 100% do Oeste da Bahia. Por que não faz? O governo do estado não tem interesse em manter um investimento elevado em segurança, em alimentação, em fardamento, capacitação. Quem faz um investimento raquítico na manutenção de uma delegacia, certamente não tem o desejo de fazer um elevado investimento mensal para se estabelecer uma política de segurança correta. Portanto mesmo com a construção do presídio no futuro, as fugas continuarão, a superlotação continuará. Com essa política atual, a sociedade continuará a presenciar essas barbáries. Dom Luiz Cappio disse uma vez sobre o Oeste e Médio São Francisco: “Nós não existimos”. Por que o governo do estado olha tão pouco para essa região? Infelizmente eu vejo que o Oeste da Bahia não tem tido sorte historicamente com os seus representantes. A representatividade local, tanto na assembleia legislativa quanto no congresso nacional, sempre foi raquítica. Hoje são mais de 1 milhão de habitantes, mais de 400 mil eleitores que deveriam realmente pensar em fortalecer a representação política da sua região. Agora, pela ausência de bons nomes, a nossa representatividade sempre tem sido depositada em representantes que moram em outras regiões. Essa é uma realidade! O grande responsável pela nossa situação é a ausência de uma verdadeira representatividade política. Agora, acima de tudo, falta compromisso, independente de termos ou não representantes residentes aqui na região. No momento em que um governador, 63 deputados estaduais e 34 federais são eleitos, e mais três senadores em representação do estado da Bahia, eles deveriam sim, atuar de forma harmônica priorizando as regiões mais carentes que é o nosso caso do Oeste da Bahia. Existe muita propaganda de uma região rica, de exploração de tecnologia de ponta para a grande agricultura, como um todo, em diversas culturas, mas essa realidade é para poucos. A desigualdade social do Oeste da Bahia é gritante. O próprio município de Barreiras tem hoje pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Imagine a realidade de municípios mais pobres. Há municípios que não recebem água potável de qualidade, a grande maioria não possui a infraestrutura de rede coletora de esgoto. Os lixões tomam conta de todos os municípios do oeste da Bahia, que não conta com um único aterro sanitário dentro das especificações que a própria legislação federal impõe. O prazo está chegando ao final esse ano, para que todos os municípios brasileiros se adequem e no Oeste da Bahia nenhum município está no prazo. A gente vê ausência de compromisso.

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entrevista

carlos tito

A postura da Câmara tem surpreendido, principalmente com as audiências públicas e os convites aos representantes do poder executivo para falar de certas áreas. Como o senhor avalia tudo isso? É a primeira vez que eu componho a mesa diretora. Eu penso que estamos primando por essas ações e atos legislativos no sentido de entender que a transparência é mais que a nossa obrigação. Instituímos um diário oficial impresso pela primeira vez na história do poder legislativo de Barreiras; uma ouvidoria pelo telefone 0800.075.8101, que funciona 24h de segunda a segunda para ouvir a nossa população com relação aos serviços públicos municipais ou mesmo de outras esferas de poder; reestabelecemos o site da câmara, com a facilitação de acesso à publicação do Diário Oficial e de todos os atos administrativos online; e também o fortalecimento da tribuna popular - toda quarta-feira, uma autoridade, um secretário, um presidente de associação, uma autoridade estadual, um cidadão que represente qualquer instituição da nossa sociedade, possa vir para prestar esclarecimentos não só para os vereadores, mas para a população representada pelos vereadores. Estabelecemos e franqueamos a todas as rádios de Barreiras a possibilidade de transmitirem na íntegra as sessões plenárias da Câmara. Atualmente apenas a rádio Nova FM faz a transmissão na íntegra. Com isso, temos realizado várias audiências públicas em horários diferentes das sessões bem como durante as sessões com a utilização da tribuna popular. Com relação aos secretários (os de educação e de saúde não compareceram por duas vezes, mas nós iremos reiterar os convites) não tem sido satisfatória da forma objetiva e pragmática que deve ser o debate do legislativo com o executivo. A utilização da tribuna popular é um momento para se questionar, cobrar soluções e conhecer o planejamento dessas pastas e fazer prestação do serviço público, e não para fazer a chamada política partidária. Eu vejo também que há um desvirtuamento da própria atuação legislativa, de vereadores que fizeram suas campanhas prometendo defender exclusivamente o interesse público, mas que defendem exclusivamente seus interesses particulares, familiares e partidários, esquecendo totalmente da população e dos eleitores que o elegeram. Há tensão entre a câmara e o poder executivo? Essa mesa diretora tem buscado se pautar de forma que a gente consiga cumprir as obrigações institucionais sem estabelecer essa chamada tensão política ou qualquer postura desrespeitosa perante o poder executivo. A nossa postura será sempre de diálogo, visando o bem comum. Não haverá por parte da Câmara de Vereadores, perante o poder executivo, ações de retaliação ou de travamento de projetos que visem o bem da população. Mas essa tensão sempre existe, porque há uma disputa permanente no aspecto partidário entre os próprios vereadores, então a tensão é interna e externa.

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dia histórico Na tribuna, em discurso no dia 05/06, na sessão em que o projeto de lei contra cobrança da taxa de esgoto da Embasa foi aprovado

Como o senhor avalia a ação do Ministério Público no projeto que pretendia reajustar tarifa do transporte público na cidade? A câmara já tinha levantado a resistência de grande parte dos moradores ao Projeto de Lei 002, que buscava reajustar a tarifa do transporte coletivo. Mas, independente disso, o MP fez valer a sua competência de instigar o poder judiciário, através da vara da fazenda pública, na qual já vinha tramitando uma ação civil pública, e conseguiu uma liminar obrigando o prefeito a se abster de promover qualquer promoção na propositura de reajuste tarifário do transporte coletivo. O MP notificou a Câmara da decisão e determinou o trancamento, a suspensão da tramitação do projeto de lei. Se houvesse uma atuação maior da OAB e do MP em defesa do interesse da coletividade, em relação à omissão dos poderes, eu tenho certeza que a nossa população seria mais respeitada e o compromisso seria mais posto em prática pelos nossos governantes. O poder acaba corrompendo políticos e órgãos representativos? A política sadia não é ruim para a população. Uma política partidária, sadia, correta, que visa o bem comum é muito oportuna, seria muito importante que essa política estivesse permanente na OAB, no MP, no poder judiciário - por mais que não seja possível a atuação partidária por parte dos magistrados. Que a chamada política social, políticas públicas, atendessem verdadeiramente o bem comum e não a perpetuação, a renovação dos mandatos partidários com a utilização da máquina pública para eleger os candidatos que só lembram da população nos 90 dias de campanha político-partidária. O que é uma vergonha! Vamos instruir a câmara com os mecanismos mínimos de acompanhamento da execução orçamentária, porque a câmara precisa verdadeiramente fazer cumprir o seu papel, não só de legislar. Eu acredito que o Brasil não precisa de mais leis, Brasil é um país de muitas leis. Tem um filósofo que diz que um país de muitas leis é um país de pouca moral. Precisa-se de bons gestores para se fazer cumprir as leis já existentes. Hoje, como presidente da Câmara, eu vejo claramente e estou convencido

Se houvesse uma atuação maior da OAB e do MP em defesa do interesse da coletividade, a nossa população seria mais respeitada


que existem soluções para praticamente todas as demandas sociais. O que falta é compromisso dos gestores públicos. Eu tiro pela Câmara que tem um orçamento de R$ 585mil e a gente vê que tem condição de dar solução para todos os investimentos necessários para a câmara no aspecto de imobiliário, de equipamentos, de condições para o bom funcionamento do poder legislativo, inclusive com devolução de recursos. Faremos ainda esse ano, a devolução de recursos economizados aqui na câmara para investimentos em obras e ações públicas, porque a Câmara não pode executar obras externas. Então, a gente vê claramente que há soluções, sim. Isso eu tô falando do poder legislativo, agora vamos olhar para o poder executivo, com orçamento de quase R$ 250 milhões por ano. O município, hoje, adimplente com todos os órgãos estaduais e federais. Portanto, com toda capacidade que depende do gerenciamento e administração do seu prefeito e dos seus secretários em buscar milhões de reais em investimentos a fundo perdido ou mesmo por meio de financiamentos que hoje o governo federal possibilita aos municípios. Tem toda uma condição institucional, técnica, financeira e capacitacional em dotar nossa cidade da estrutura mínima que ela precisa. Falta isso, falta ação política, gerenciamento, falta competência na busca, o que não é fácil por conta da burocracia que é estabelecida. Mas a gente vê que tem soluções, falta coragem e compromisso para fazer. A sociedade também não é negligente a partir do momento que se ausenta dos debates políticos e sociais? Eu desejo que a sociedade como um todo participe desse engajamento com a coisa pública. Objetivamente, eu vejo que há partes da sociedade, especialmente as faculdades, os formadores de opinião, a própria imprensa, que deveriam sim ter uma participação mais ativa e destacando aqui a sociedade civil organizada. As associações de bairro, a própria OAB, o MP, os conselhos comunitários; esses sim têm uma responsabilidade maior, uma vez que a gente sabe que a grande parte da nossa população é alienada, por diversos motivos. Então não dá pra cobrar de pessoas de pouca cultura, de pessoas desassistidas, de pessoas que mal têm o que comer ou mesmo oferecer aos seus familiares uma boa alimentação de qualidade; pessoas desempregadas, pessoas sem educação formal. Portanto não dá para cobrar dessas pessoas uma atuação que a gente entende que deva ser desses formadores de opinião. Estes, sim, que têm a condição de colocar a cara na tela, se mobilizar e se insurgir contra essas mazelas que o próprio poder público coloca na sociedade. Leia a entrevista na íntegra no site, no menu Entrevistas www.revistaa.net

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Sócrates,

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O nome é uma homenagem de seu pai ao filósofo grego. Mas não é o que entendem. Quando as pessoas descobrem o seu nome, lembram mesmo é do jogador de futebol que marcou história com a camisa 8 do Corinthians e da Seleção Brasileira, em meados da década de 1980. Mera coincidência. Sócrates ignora o boleiro, embora, assim como o jogador, também seja doutor. Não porque se formou em medicina, ou chegou à formação plena da academia. É doutor em conhecimento. Mas quando lhe perguntam sobre as coisas da Barra ele parafraseia o grego: “eu mesmo, só sei que nada sei”, diz, deixando escapar um sorriso. Isso é apenas uma brincadeira. Sócrates é um contador de histórias nato. De boas histórias. Imbuído de notável curiosidade, é uma referência histórica para a cidade que praticamente deu origem ao Oeste baiano há mais de dois séculos. Técnico em contabilidade e exfuncionário do Banco do Nordeste, o homem que não é o filósofo, muito menos o jogador de futebol, está mais para uma enciclopédia, uma verdadeira e grande enciclopédia.texto ANTON ROOS fotos C.FÉLIX

o início da década de 1960 não havia um palmo de asfalto ligando as cidades do Oeste baiano. Pavimento mesmo só depois do Golpe de 1964 e da vinda do 4º Batalhão de Engenharia e Construção para Barreiras, alguns anos mais tarde. À época, a região sofria com a malária, doença que tinha se alastrado desde a Amazônia e aos poucos afastava quem quer que fosse aportar na região, seja por terra ou pelas águas do rio São Francisco - muito embora a “era” da navegação fluvial estivesse próxima do fim. Era difícil imaginar algum morador desse período que não tivesse contraído a doença. Foi nessa época que se desencadeou, no país, em parceria com o governo americano, uma intensa campanha de erradicação da malária. No velho Oeste baiano, a centenária Barra foi a responsável por sediar os trabalhos da campanha. Entre os mais de 100 funcionários encarregados para o serviço, um jovem de nome Sócrates, à época na faixa dos vinte e poucos, cuidava da parte administrativa. Técnico em contabilidade, ele era funcionário do Governo Federal como todos outros, muitos deles eivados à recém-criada Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam). “As equipes saíam da Barra numa caminhonete queixo dura e um tambor de gasolina na carroceria porque não tinha posto de combustível na região”, lembra. Sócrates deixaria Barra, sua cidade natal, alguns anos depois, em 1967, após ser aprovado em concurso do Banco do Nordeste. Nos quase trinta anos que ficou longe da Barra, nunca deixou que o cordão umbilical fosse cortado. “Sempre me interessei pelas coisas da Barra”, diz. Nesse tempo reuniu arquivos, histórias e se tornou uma espécie de referência, quase uma enciclopédia ambulante, ainda que o termo não lhe seja de todo grado. “Sou apenas uma pessoa curiosa. Não sou

expert em coisa nenhuma”, trata de desmistificar, entre risos, o homem que carrega no nome a homenagem ao filósofo grego e no imaginário da maioria a lembrança do jogador de futebol que brilhou com a camisa da Seleção Brasileira do Sport Club Corinthians Paulista, entre o final da década de 1970 e meados de 1980. “Antigamente, quando eu falava meu nome parecia que só eu tinha esse nome no mundo. Aí apareceu o jogador e todo mundo passou a associar meu nome ao dele, quando, na verdade, meu pai me batizou assim por causa do filósofo”, explica Sócrates, que também carrega na carteira de identidade o sobrenome Teixeira do Nascimento. Hoje, aos 76 anos, divide-se entre as nuances do historiador com o trabalho na prefeitura de Barra, onde é assessor do prefeito, e, claro, com às vezes de avô – enquanto conversávamos na varanda de sua casa, Sócrates trabalhava em um pequeno barco feito de bambu, pedido de um dos netos.


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 Apesar do domingo, Sócrates está com a agenda aparentemente cheia. Sugere adiar a conversa. Está também dando os retoques finais numa cartilha comemorativa pelo centenário da Diocese de Barra, que acontece em outubro, e ainda tem o barco do neto aguardando alguns ajustes. Ele espera uma pessoa que está ajudando na edição do material, mas ela não aparece e aos poucos as histórias surgem, uma a uma. Duas horas se passam, mas não são quase nada para tanto o que falar. “Barra tem muita história. Dá até pra contar ao redor de uma fogueira”, brinca. A infância e a juventude ajudaram a despertar o interesse pelas “coisas da Barra”, como ele mesmo faz questão de frisar. Dos cinco filhos, quatro nasceram na cidade. A caçula, não. Sócrates teve 10 irmãos, todos nasceram na Barra, “de parto normal”, salienta com orgulho. Daí, talvez, a ligação tão íntima com a cidade, sua história e personagens. Rindo, Sócrates lembra dos famosos cinco Bs que todo barrense sabe de cor: brasileiro, baiano, barrense, barranqueiro e bairrista. “As famílias da Barra são muito bairristas. Transmitia-se esse gosto pela cidade, pelas origens. Os professores tinham um gosto pelo ensino bastante acentuado”, resume ao tentar explicar as razões de ser como é. Nas duas últimas grandes enchentes do Rio São Francisco, Sócrates morava em Barreiras. Era gerente do Banco do Nordeste. Em 1979, a força da natureza foi tanta que a água invadiu as ruas e casas. Quatro anos depois, em 1983, o cais já contava com a proteção cimentada que permanece até hoje. As enchentes, aliás, são citadas como um dos motivos do declínio da cidade, após um longo período de ascensão. “Ao longo de sua história, Barra passou por momentos de prosperidade, estagnação e até de regresso em seu desenvolvimento”, conta. Para dar detalhes, é preciso voltar ao Século XVII, quando chegaram os primeiros colonizadores lá pelos idos de 1670. De lá pra cá, Barra foi arraial, povoado, vila e, por fim, cidade, em 16 de junho de 1873. A data é motivo de controvérsia. Ele explica que neste dia Barra deixou a condição de vila para se tornar oficialmente cidade. “A emancipação se deu em 1753, com a fundação da Vila São Francisco das Chagas do Rio Grande do Sul”, corrige. Em seus primeiros dias, era a criação de gado a força motriz da economia local. Várias famílias se instalaram na Barra, caso da família Mariani, que até hoje mantém fortes origens por todo Oeste. O casarão dessa família, inclusive, continua de pé, na comunidade quilombola de Torrinha. “No início da colonização o papel da Barra era produzir gado pra alimentar os mineiros que trabalhavam em Minas Gerais. Através do São Francisco o gado era levado pra alimentar esses trabalhadores. Esse período foi cha-

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mado de civilização do casco do boi”, explica. As enchentes já nesse período eram problemas. Por vezes travavam a prosperidade, trazendo enormes prejuízos. E em outras, até alguns benefícios. “Depois que acabavam as enchentes as terras molhadas serviam para plantar – eram os lameiros, onde se cultivava a mandioca, o milho e etc. No entanto, os currais e pastagens eram praticamente todos levados pelo rio”, complementa. A pecuária foi grande até meados do Século XX. Houve famílias com mais de 10 mil, algumas com até 15 mil cabeças de gado. “Desde o ciclo do casco do boi a pecuária se desenvolveu intensivamente na margem do São Francisco. Só que era um gado ruim e criado solto. Não existia pastagem artificial. Havia época em que tinha de se dividir o rebanho pra saber de quem era o gado”, recorda.

 “A revolução não planejou nada para Barra, pelo contrário, deixou isso aqui tudo esquecido”, afirma Sócrates com convicção. As palavras saem quase como um lamento. “Barra só veio receber uma estrada de rodagem no fim do século, enquanto todas as outras cidades que eram inferiores a Barra, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Barreiras, receberam estradas”. O golpe militar de 1964 pode ser considerado também quase como um divisor de águas, afinal, foi a partir daí que a navegação fluvial perdeu a força e Barra, por pouco, não caiu no isolamento completo. Até então Barra era o portal de entrada do Oeste. Durante anos foi pelo Velho Chico que toda a região era abastecida. Nas primeiras três décadas do Século XX a navegação fluvial dividiu atenções com a carnaúba, que até a Primeira Guerra Mundial tinha um valor comercial muito alto e era facilmente encontrada na região por ser uma planta de adaptação rápida ao clima semiárido e por oferecer possibilidades de atividades econômicas mesmo durante o período de estiagem. Tratava-se, portanto, de importante alternativa na composição da renda familiar das comunidades rurais. Sócrates não titubeia: “era a salvação do sertanejo. A partir da carnaúba se produzia uma cera, conhecida como a “Rainha das Ceras”. “Se colhia a palha, batia e tirava o pó. O pó se transformava em cera e a palha em artesanato. O tronco se usava pra fazer curral, casas, telhados - tinha uma utilidade imensa”, explica, enaltecendo o alto poder de exportação de sua matéria prima na época. Barra vivia seu momento de prosperidade. Navios, vapores ou gaiolas, como também eram chamados, iam e viam pelas águas do Velho Chico, de Pirapora (MG) a Juazeiro (BA) e vice-versa, e também no Rio Corrente até Santa Maria da Vitória; no Rio Preto, acima de Formosa e, claro, no Rio Grande até Barreiras. Era um tempo de bonança. “Esse conjunto de vias navegáveis dava condição de você ter um comércio ativo. Não tinha estrada de rodagem, a única estrada de ferro que tinha era em Juazeiro, por isso a ligação se completava pelo Rio São Francisco”. Em resumo, saía-se do Rio de Janeiro até Belo Horizonte pelo trem de ferro, da capital mineira até Pirapora e de lá se embarcava nos vapores – que passavam por Barra! - até Juazeiro, para tomar o trem de ferro até Salvador, Petrolina ou Recife. A era da navegação fluvial foi tão importante que além do transporte de mercadorias, durante a Segunda Guerra Mundial serviu para o transporte de tropas. Por exemplo: quem era recrutado no interior de Minas Gerais, Mato Grosso ou Goiás vinha por essa via, porque o governo queria evitar o transporte pelo litoral. “Ao invés de vir de navio pelo litoral para Recife, de onde se embarcava para a Itália, o governo preferia evitar essa via por causa dos bombardeios que os navios brasileiros estavam sofrendo dos submarinos alemães”, logo após o presidente Getúlio Vargas ter confirmado apoio brasileiro aos aliados contra o poderio de Adolf Hitler.


capa

 Após duas horas de conversa quase ininterrupta, a pergunta parece inevitável: - Sócrates, o historiador trai a história a partir do momento que ele faz a interpretação dos fatos? - Geralmente a história é alterada. Às vezes com exageros, às vezes com esquecimento de fatos e episódios. Você precisa sentar, imaginar e pensar um pouco. Tem episódios que eu assisti aqui na Barra que eu não posso contar - episódios até traumatizantes que redundaram até em prisões. Não conto esses casos, porque não tenho interesse de que sejam publicados. Tem histórias que não iria relatar jamais”.

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ALGUMAS HISTÓRIAS QUE SÓCRATES CONTARIA AO REDOR DE UMA FOGUEIRA Em 1930, quando Getúlio foi eleito pela primeira vez presidente do Brasil inaugurou-se uma fase de profundas mudanças no país. O país saía do período da Coluna Prestes. Os tenentes descobriram um Brasil que não tinha ideia que existia apoiando Getúlio na revolução. Era o início da construção de um Brasil diferente. Barra foi uma das cidades escolhidas. Foi construído um aeroporto e implantado uma linha do Correio Aéreo Nacional. A propósito, um dos primeiros desastres aéreos do país ocorreu na Barra, com um avião militar, com a morte de três oficiais, no início da década de 1940.

Barão do Cotegipe, figura histórica, morador de Barra em seus primórdios e que mais tarde batizou uma das cidades da região, poucas pessoas conhecem. Ele foi um dos principais conselheiros do imperador, trabalhou na Lei dos Sexagenários, do Ventre Livre e da Lei Áurea, mas teve divergências com a Princesa Isabel, pois achava que o Brasil não deveria libertar os escravos de uma vez só, como ocorreu. Toda economia do país era do braço escravo. Quando a princesa assinou a Lei Áurea essa turma toda ficou desempregada, muitos fazendeiros não tinham como pagar os trabalhadores e os “ex-escravos”, sem ter o que fazer, foram para as periferias. Barra chegou a receber de uma vez 600 escravos, isso tudo para uma só fazenda. Ainda hoje vê-se resquícios desse período em alguns povoados de Barra, como as quilombolas de Porto Alegre, Juá, Curralinho, etc. Existe uma participação do braço escravo no desenvolvimento da Barra naquele período.

Com o Golpe de 64 houve uma tendência pra se eliminar a navegação fluvial e ferroviária. As ferrovias do Brasil entraram em decadência e a navegação do São Francisco acabou. Barra não tinha estrada de rodagem, porque não foi incluída nos planos rodoviários, nem federais e nem estaduais. Esses planos beneficiaram Barreiras e Ibotirama, mas Barra ficou de fora e perdeu esse mercado. Aqui, havia uma concentração de caixeiro viajante. Eles se concentravam na Barra. Os hotéis perderam a condição de manter seus hóspedes. Existiam de 8 a 10 Postos Aéreos. Aqui era a integração. O garimpeiro saia da Barra no teco-teco e ia para Gilbués (PI) buscar diamante e para Gentio do Ouro (BA) buscar o ouro, aqui ele negociava com os pedristas que vinham do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife. Foi um período em que a Barra perdeu. A educação era de uma vitalidade impressionante, era o único lugar que oferecia estudo de internato, nas décadas de 1940 e 1950. O corpo docente de um colégio aqui era formado por pessoas de um conhecimento fabuloso, juízes, promotores, bancários, padres, freiras.

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umlugar

especial Oeste

foto RUI REZENDE

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O tempo não para A dinâmica da vida é perseguir o pêndulo do relógio, que avança o tempo a cada tic, a cada tac, a cada sol se esticando em sombra, a cada lua mutante pendurada no firmamento. O tempo ignora a tecnologia, o homem e brinca com a vida. Segue puxando um moinho, lentamente, irracionalmente, como animais a prensar a cana de açúcar de um rudimentar engenho na zona rural de Barra. Que barra de tempo!

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cult música, cinema, artesanato, agenda, educação... 56

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Atracado na

esperança

Sobrevivente dos áureos tempos das navegações no Brasil, o velho vapor São Salvador aguarda no cais de Ibotirama os trâmites da burocracia para, enfim, retornar às águas e dar sentido à inscrição “Barco Escola” acima da cabine do comandante. texto ANTON ROOS foto C.FÉLIX

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dos tempos de navegação do são francisco Durante 35 anos o São Salvador ficou desativado em Pirapora (MG). Em 2004, através do projeto “Navegar é Preciso”, foi reformado

s primeiras luzes do dia são preguiçosas. O velho vapor balança pesadamente, graças ao rio que se esforça pra dizer bom dia. A pequena onda que bate no casco do São Salvador o faz bocejar. Acordar para um novo amanhecer, embora, dali ele não vá sair, pelo menos, tão cedo. Neste mês de junho faz três anos que o velho barco está ancorado, sem ir nem vir, recebendo cada vez menos visitas, esperando que, breve, tudo se resolva, a burocracia usada como argumento tenha fim e ele possa voltar a ter alguma serventia. Entre 2009 e 2010, o São Salvador fez duas viagens, uma para Bom Jesus da Lapa e outra para Barra, onde, ancorado em comunidades ribeirinhas foi palco de atividades voltadas à educação ambiental. O principal ponto da discordância está em um suposto erro cometido pelo engenheiro naval responsável pelo projeto náutico que autoriza o São Salvador a navegar. Segundo este documento onze pessoas, contando com a equipe de manutenção e apoio do barco, em número de sete, são toda tripulação permitida para qualquer viagem que o velho vapor fizer. Ou seja, na teoria apenas quatro pessoas – professores, instrutores ou o que for – podem participar das viagens do Barco Escola pelas comunidades ribeirinhas de Ibotirama e região. É pouco e o Poder Público de Ibotirama sabe disso. Segundo Silvano Almeida, Secretário de Relações Institucionais da Prefeitura está se buscando recursos para que o velho vapor volte a funcionar como de direito. “Sabemos que ele precisa de adequações”, resume, lembrando que o município já deu entrada em um novo projeto de reforma e outros projetos para angariar novos parceiros. Durante 35 anos o São Salvador permaneceu desativado em Pirapora (MG). Foi somente em 2004, através do projeto “Navegar é preciso” que foi reformado. Este processo durou quatro anos e teve um custo apro-

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contraste O barco que deveria despertar a consciência ambiental dos ribeirinhos do São Francisco está atracado entre dois canais de esgoto. De acordo com o secretário de Relações Institucionais, Silvano Almeida, a prefeitura já pediu providências à Embasa e recorreu até ao Ministério Público, mas até agora o problema não foi resolvido


ximado de R$ 1,5 milhão. À época foram parceiros do projeto do “Barco Escola”, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), os Ministérios da Integração e Meio Ambiente e a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba). Na chegada à Ibotirama houve festa, fogos de artifício e muita badalação. Entre 2009 e 2010 o Barco Escola realizou algumas viagens pelas comunidades ribeirinhas e cidades do entorno do grande rio. O detalhe é que tais viagens foram todas feitas as custas de licenças provisórias, o que, não é mais permitido pela Marinha Brasileira, mais uma razão para a insistência de Silvano em dizer que o barco o projeto do Barco Escola carece de adequações. Em linhas gerais, o projeto era grandioso, mas a sua execução, quase uma missão impossível. O custo de manutenção é muito alto. Silvano explica que a princípio a ideia era que outras prefeituras ajudassem a arcar com o montante. “No projeto inicial, de 2004, as prefeituras vizinhas seriam parceiras, mas muitos desses municípios deram pra trás e custo ficou inteiro pra gente. Isso onerou muito. Manter a tripulação não é algo barato. Mesmo ele parado, tem uma rotina de manutenção que precisa ser feito”, explica. Só para se ter uma ideia, na situação atual, as despesas com o São Salvador variam de R$ 10 a R$ 16 mil, tudo pago com recursos municipais. Aposentado, o professor Severino Gomes da Silva é um dos grandes entusiastas do Barco Escola. Esteve nas duas viagens que o velho vapor fez entre agosto de 2009 e julho de 2010. “Cheguei a dormir no chão do convés”, lembra. Numa delas para Bom Jesus da Lapa em junho de 2010, foram 16 dias, contando a ida e a volta, mais o trabalho junto as comunidades ribeirinhas. Professor Severino lembra com saudades. Torce para que logo o São Salvador volte a ser o que foi, mesmo que por tão pouco tempo. A missão do Barco Escola é a educação ambiental voltada para o desenvolvimento da leitura além da revitalização da cultura popular. No seu interior ainda existem indícios desse período. A biblioteca, quase vazia, já foi grande. Os volumes foram retirados para manter a conservação, alega o secretário de Relações Institucionais da Prefeitura. A história das navegações e de toda reforma do São Salvador também está lá, registrada em fotos, que também fazem menção aos dias em que o riso e a presença das crianças era constantes e o São Salvador um “gigante” à serviço da educação..

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Equilíbrio e concentração

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A altura da cintura, eles se concentram em busca de equilíbrio em uma fita de 50 mm. Apesar de pouco conhecido em Barreiras, o slackline é praticado no município há aproximadamente um ano e tem conquistado mais adpetos.texto Ana Lúcia Souza foto C.FÉLIX

parceiro de tiago Charles Schwaickardt foi um dos responsáveis por trazer o slackline a Barreiras. Ele demorou semanas para conseguir se equilibrar na fita e não sabe mais viver sem o esporte

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ma fita com cerca de 15 metros de comprimento por 50 mm de largura é esticada na base de duas árvores fortes com o auxílio de uma catraca tensionadora. O “treewear” faz os cuidados de proteção contra o desgaste da fita e da árvore. A partir da montagem desses equipamentos está pronta a estrutura para a prática do slackline. Há um ano em Barreiras, um grupo de 70 pessoas aderiu ao slackline. O esporte desafia o equilíbrio e é realizado sobre uma fita de nylon, estreita e flexível e geralmente praticado a partir de uma altura de 30 centímetros do chão. O fisioterapeuta Tiago Belizario Henke integra o grupo denominado “Cerrado na fita slackline” que se reúne para treinar semanalmente no Parque de Exposições Engenheiro Geraldo Rocha, um dos únicos locais disponíveis devido à ausência de áreas verdes, e que oferece o mínimo de estrutura física para a prática do esporte. O grupo quer promover o esporte na região Oeste. “Conhecemos o esporte através da internet e aos poucos fomos treinando e evoluindo até chegarmos ao ponto de arriscarmos movimentos diferentes, com os devidos cuidados de segurança, realizando todas as modalidades que o esporte nos oferece”, disse o Tiago.


prática O fisioterapeuta Tiago Belizario Henke diz que conheceu o esporte através da internet e hoje já realiza movimentos complexos sobre a fita

Estímulo à concentração, consciência corporal, velocidade de reação e coordenação são benefícios físicos e mentais adquiridos a partir da prática do slackline. A partir desse esporte derivaram o trickline (manobras acrobáticas de saltos sobre a fita), longline (em fitas com comprimento maior do que 25 metros), waterline (prática sobre a água) e o highline (slackline com alturas superiores a cinco metros e com os materiais de segurança mais específicos). “O slackline é mais que um esporte. Se tornou um estilo de vida nos proporcionando melhor equilíbrio entre o corpo e mente. Como nós mesmos sempre repetimos: slackline é vida. Mesmo que você caia, levante-se e continue seu caminho, a persistência leva a perfeição”, emendou Tiago. Mais foto na seção Cult www.revistaa.net

saiba mais

O esporte teve origem em meados dos anos 80, quando escaladores da Califórnia nos Estados Unidos esticaram uma corda entre duas árvores ou pedras e tentaram caminhar de uma ponta a outra com extremo equilíbrio. A brincadeira divertida passou a ser difundida adquirindo cultura e técnicas, até tornar-se moda e receber o nome de Slackline.

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cult

Acompanhe a programação diária pelo site: www.revistaa.net

agenda

música

eu quero é rock Veteranos do Black Sabbath divulgam novo disco em outubro com três shows no país

Três grandes festivais e mais um punhado de shows vão animar os brasileiros amantes dos rock´n roll no segundo sementes de 2013. Além do Rock in Rio e Planeta Terra, o ano vai ser marcado também pelo retorno do festival Monsters of Rock, que há 15 anos não acontecia em terras tupiniquins. O start se dá com o show dos alemães do Avantasia, um projeto musical de Metal Opera liderado por Tobias Sammet, no dia 29 de junho em São Paulo. O ex-The Smiths Morrissey será o próximo a se apresentar no Brasil, com shows em São Paulo (30/07), Rio (04/08) e Brasília (02/08). Em setembro, sete dias de música transformarão a cidade maravilhosa na Capital do Rock em mais uma edição do Rock in Rio, este ano com gigantes como Iron Maiden, Metallica, Bon Jovi e Muse. As atrações não param por aí. São mais de 50 bandas e artistas, entre eles, velhos conhecidos e novos destaques do rock´n roll, como Bruce Springsten, Slayer, Helloween, John Mayer, Alice in Chains, Sebastian Bach, Florence and The Machine, The Offspring e 30 Seconds to Mars.

Alguns dos artistas do RiR, como Iron Maiden, Sebastian Bach e Bon Jovi também farão shows em outras capitais do país. Pena que Brasília tenha ficado de fora dessa. Seguindo a programação, em outubro, três cidades brasileiras (Porto Alegre, São Paulo e Rio) vão receber o velho Black Sabbath, com três integrantes da formação original divulgando um novo disco de estúdio, o que não acontecia há 34 anos. Para abertura os veteranos contarão com a trupe de Dave Mustaine, o Megadeth. Pra fechar – até o momento a lista - o festival Monsters of Rock volta a acontecer no Brasil durante os dias 19 e 20 de outubro. Algumas das atrações confirmadas são Slipknot, Whitesnake, Aerosmith e Limp Bizkit. Os velhinhos do Whitesnake e Aerosmith se apresentam também em Brasília, no novo Mané Garrincha, no dia 23 de outubro. Em novembro o Planeta Terra, fecha a conta. Beck e Blur já confirmaram presença e muitos outros nomes serão confirmados em breve. Dezenas de motivos para comemorar o Dia Mundial do Rock, no próximo 13 de junho.

CD

Apanhador Só: Antes que tu conte outra Quem esperava por uma sequência natural ao pop feliz e rebuscado do disco de estreia de 2010 foi, literalmente, pego de surpresa. A nova bolacha dos gaúchos da Apanhador Só vai contra todas as tendências e em quase nada lembra seu debut. A esquisitice sonora foi tanta que, roga a lenda, a banda foi procurada antes do disco ser prensado para confirmar que a introdução de “Mordido” é exatamente do jeito que é, cheia de barulhos estranhos e de difícil, senão rara, assimilação. Em “Lá em casa tá pegando fogo” há flertes com algumas maluquices feitas por figuras como Tom Zé em algum momento da sua trajetória musical. “Despirocar”, primeiro single e vídeo clipe, depois de algumas audições ganha em força e se torna um dos destaques, com grandes chances de se tornar em breve um clássico. Vale ainda destacar a genial “Líquido Preto” e a certeira “Torcicolo”. Baita disco de uma baita banda.

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LIVRO

dan brown: Inferno Roberto Langdon está de volta depois do sucesso atemporal de O Código da Vinci e Anjos e Demônios. Agora no coração da Itália o professor de Simbologia de Harvard, é arrastado para um mundo angustiante centrado em uma das obras literárias mais duradouras e misteriosas da história O Inferno, de Dante Alighieri. Numa corrida contra o tempo, Langdon luta contra um adversário assustador e enfrenta um enigma engenhoso que o arrasta para uma clássica paisagem de arte, passagens secretas e ciência futurística. Tendo como pano de fundo o sombrio poema de Dante, Langdon mergulha numa caçada frenética para encontrar respostas e decidir em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos seja destruído.

André Timm: Insonia

Em seu livro de estreia o escritor gaúcho apresenta uma narrativa instigante e até assustadora tamanha sua capacidade de fisgar o leitor da primeira a última linha. A medida que as tramas dos diferentes contos vão se entrelaçando, a teia é formada e a história a fazer sentido. O autor constrói um edifício onde cada tijolo ficcional permite a verossimilhança da existência dos personagens com a nossa. Durante a leitura, impossível não acreditarmos na máxima: a arte imita a vida. Quem não ler Insônia se furtará da aprendizagem do ofício de se fazer excelente literatura. Acesse: www.andretimm.com para mais detalhes. CD

Getsemani: Zhadok

Depois de lançar o primeiro vídeo clipe do novo trabalho, a expectativa pelo lançamento de Getsemani só aumentou. “Cada Passo”é uma porrada com variações entre o progressivo e o hard rock e peça perfeita pra descrever o segundo disco da banda luiseduardense. O que eles não esperavam era que fossem ter problemas contratuais com a gravadora o que atrasou o lançamento. Para amenizar a espera, a banda liberou em seu site uma versão digital do disco por R$ 12. Basta imprimir o boleto pagar e receber um link para download do disco. Destacam-se também: “Cruz”e “Posso ver”.

se liga! Durante os dias 29 de junho a 07 de julho Barreiras é sede da ExpoAgro, com shows de Frank Aguiar, João Neto & Frederico, Michel Teló, João Lucas & Marcelo, Victor & Leo e Maria Cecília & Rodolfo. São Desidério confirmou os nomes das bandas Aviões do Forró e Jota Quest e da cantora Cláudia Leite como algumas

das atrações da tradicional Festa da Paz, que acontece este ano durante os dias 20, 21 e 22 de setembro no Coliseu da Paz. Barreiras e Luís Eduardo também recebem artistas de expressão nacional: Chiclete com Banana toca em Barreiras no Nana Fest (14/09) e Jorge & Mateus farão a festa no LEM Fest Folia, que acontece de 18 a 20 de outubro em LEM.

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Tizziana Oliveira

CONECTADO e-mail: tizzib@gmail.com facebook: tizzianaoliveira twitter: @tizzioliveira

Gelo, Limão e Açúcar

Garota Uau Mais A paranaense, Bianca Campos, de 17 anos posou para as lentes da fotógrafa Kika. Bianca posou para o ensaio com a produção do Studio Mademoiselle, Kass Acessórios, Calçados Divas Shoes e roupas Lucky Store. Bianca mora há sete anos em Luís Eduardo, e sua paixão são seus cachorros.

O “debut” de Natasha

A comemoração dos 15 anos da simpática canceriana, Natasha Holnik, no CTG Sinuelo dos Gerais no dia 22 de junho, reuniu amigos, familiares e muita emoção, principalmente dos pais Rudi Holnik e Zilma Gaspio. Natasha fez ensaio com a fotógrafa Helena Ogrodowczyk para comemorar seu aniversário.

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fOTO:rodrigo martini

fOTO:helena Ogrodowczyk

(77) 3628.3531

À espera de Antônio

Erika Bosquê Janjacomo está grávida de oito meses e radiante. O parto está marcado para final de julho. Ela posou para a fotógrafa Helena. “Antônio já é muito amado e esperado por todos da família e amigos” disse Erika. O papai Wagner de Proença Janjacomo está ansioso para conhecer o filho.

Em foco!

Raiene Cirqueira, 21 anos, é destaque desta edição. A sinceridade e o olhar são os pontos fortes da jovem. “Gosto do meu trabalho, de pintar as unhas, de sorrir...amo sorvete e ajudar ao próximo. Minhas paixões são a minha família e meu marido, momento de descontração, abraços e risadas”, disse ela. Raiene trabalha na Clínica Imunoped, como Secretária Administrativa.

fOTOs:reprodução

Me caiu os butiá do bolso...

“Quitutes da Bia”

Bia Müller, assessora e cerimonial de eventos - com ênfase em casamentos - inaugurou seu site no final de maio, www.biamuller.com.br. No site ela dá dica de decorações, eventos sociais, look do dia, receitas, viagens entre outros. Bia está sempre inovando no cardápio, montando a decoração, recebendo convidados e permanecendo até o final do evento. Além de eventos sociais, ela também organiza coquetéis, casamentos, inaugurações de lojas, aniversários, chá de bebê, chá de lingerie, 15 anos, bodas!

www.tenislem.com.br

(77) 3639 0194 jun-jul/2013

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social

anne stella anne stella

péricles monteiro

péricles monteiro

Kalyne, Vana e Carol

Maiara e Laura

Adriana, Sandra, Neide, Aline e Mariana

fotos: mayco sérgiO

Silvia e Almir

Luiz Alberto e Neia

Eliandra, Nara e Eliana Milionário e José Rico, e Marquinhos

Camila, Liliam e Lucivania

Lilia e João Antônio

Rute e Osmar

Maybe, Tamires, Tiago e Lazaro

Fabio e Bia

Eder e Iara

Lurdinha e Mario

Patricia e Pedro Marcia e Leandro

Rodrigo, Karen, Andressa, Paula, Alessandra e Angelica Milionário, Fatima, Josue Lourenço e e José Rico 66

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Crislaini e Caio

Alexandre e Monalisa

Camila, Caroline, Charles, Lucélia e Livia


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