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Pesquisa Revista a / Insight
um ano depois... ano 3 - nº 20 dez/2013
Pesquisa avalia gestão de 2013 dos prefeitos de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras e confirma a acentuada diferença administrativa, mas é muito mais que isso...
r$ 9,99
ÚLTIMA VEZ QUE ME VI FOI ONTEM” ZECA BAHIA cult “AA ARTE DESNUDA DE PEDRITA E SEU ATELIÊ reportagem Ibiraba: tudo passou por aqui Um contorno enrolado análise KöLLN: “Governo sem entrevista VANIR foco, agronegócio em crise” Infográfico
editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)
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ano 3 - nº 20 - dez/2013 Diretor de redação e editor
Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com
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Gisele: (77) 9127.7401 Luís Eduardo Magalhães
Dávila Kess: (77) 9173.6997 / Mônica Zanotto: (77) 9969.9679 Santa Maria da Vitória
Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797
A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.
Voos fora da asa
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embro de um vídeo que assisti no qual o professor desafiou a turma a explicar o movimento do pêndulo de um relógio. “Ele vai e volta”, respondeu um aluno na bucha. Os demais concordaram. Reflexivo e misterioso, o professor respondeu: “O pêndulo sempre vai, nunca volta. Não voltamos o tempo, estamos sempre em um tempo diferente. O pêndulo está sempre em um segundo diferente, correndo para não perder o presente e marcar presença no futuro quase ao mesmo tempo”, respondera, não exatamente com essas palavras. A resposta do professor foi recebida com estranhamento. Estamos muito presos a materialidade, à superficialidade dos objetos, ao óbvio e dificilmente conseguimos enxergar e pensar além daquilo que se concebeu como natural. Definitivamente, o óbvio é nosso fim. Mas é óbvio também que o óbvio não é tão óbvio assim. Mesmo sendo ululante muitas vezes. Há duas definições de poesia magistrais, em minha opinião. Uma delas é de Pinto do Monteiro, um dos maiores poetas repentistas da Paraíba: “Poesia é tirar de onde não tem e colocar onde não cabe”. A partir de outra contemplação, o poeta matogrossensse Manoel de Barros definiu: “Poesia é voar fora da asa”. Com esta edição, completamos exatamente três anos de Revista A. Não é um número expressivo, reconheço. Mas quando se trata de um produto editorial com este perfil e no interior, é um número significavo sim. Foram 20 edições tentando voar fora da asa, montado no pêndulo do relógio para tirar de onde não tinha e colocar onde não cabia. Em resumo, seguimos à risca a recomendação de Ego, crítico culinário de Ratatouille: “Surpreenda!”. Se não conseguimos, ao menos tentamos em todas as edições. E nesta não poderia ser diferente. Para começar, a matéria de capa com a pesquisa de avaliação de governo municipal, estadual e intenção de voto para governador e deputados. Encomendada pela Revista A ao instituto Insight, talvez seja a primeira pesquisa na história do Oeste realizada a partir de um veículo de comunicação com o objetivo exclusivo de provocar o debate e expor o que a população pensa e sente em relação à política nas duas maiores cidades da região. Matéria oportuna, em nossa avaliação, uma vez que estamos fechando o ano de uma gestão iniciada em janeiro de 2013 e prestes a entrar em mais um ano eleitoral. Trazemos também, a análise em um infográfico com as imprudências na criação do contorno viário, um “armengue” político para dar resposta a uma antiga reivindicação. Tem também Ibiraba, comunidade às margens do Velho Chico fundamental para o desenvolvimeno do Oeste até os anos 1970 e hoje tenta reescrever seu nome na história. Tem também retrospectiva de 20 fatos que marcaram 2012, a arte de Pedrita, a música de Zeca Bahia, uma vovó muito doida e, sobretudo, muito empenho para oferecer a você um conteúdo especial produzido com ética, respeito e critério. Bem-vindo a mais um voo fora da asa. Obrigado a todos os parceiros desse vôo. Um ótimo 2014 e boa leitura. Cícero Félix, editor
índice 23 | retrospectiva 2013 oeste 31 | A Miscellanea Luto: Eterno Madiba Balé de Natal: O quebra-nozes Solidariedade: Em nome da alegria Desenrola a língua, por Aderlan Messias O personagem: Vovó doidona Exclamação, por Karine Magalhães 45 | economia & mercado Educação: Humanismo, gestão além de resultados financeiros Reabertura: Cais & Porto, o melhor espaço entra no cardápio de Barreiras de novo Inauguração: Bentec, mais que projetos de móveis, projetos de vidas Opinião: UFOB para o desenvolvimento Sustentável, por Iracema Veloso
52 | entrevista: vanir kölln Governo sem foco, agronegócio em crise 58 | esporte Chegou de Fininho 62 | análise Um contorno enrolado 64 | capa PESQUISA DE AVALIAÇÃO DE GOVERNO 72 | reportagem Ibirada, tudo passava por aqui 82 | um lugar Rui Rezente: Por dentro do Itaguari 84 | cult Música: A última vez que me vi foi ontem, Zeca Bahia Impressões, por Anton Roos Artes: A arte desnuda de Pedrita Agenda: Ivete, 20 anos de sucesso 92 | social Gelo, Limão e Açúcar, por Tizziana Oliveira
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leitor@revistaa.net
Capa (Luiz, sem economia) Quero parabenizar a r.a pela excelente matéria na edição 19, que traz como capa Luiz José Bastos, empresário de grande visão futurista acreditou no potencial da região Oeste. Naquela época ele estava começando mas apostou alto. Montou uma loja em frente ao Banco do Brasil - era moderna, estilo de capital! Montou também lojas em outras cidades da nossa região. Depois, inaugurou uma outra loja bem mais moderna. Não ficava atrás de nenhuma capital. Teve uma visão maior ainda colocando uma nova loja para onde Barreiras iria crescer. É importante ressaltar que Luiz da Economia tinha outros empreendimentos em Barreiras e sempre deu grande contribuição ao desenvolvimento de nossa região. Empresário competente em tudo que faz, homem simples que Barreiras admira. Roberto Carvalho Sou assinante da revista desde que conheci em meados de janeiro ou fevereiro deste ano. Todos os meses, leio e percebo que a cada mês, vocês vêm melhorando consideravelmente as matérias e o layout da revista, mas este mês para mim vocês superaram; a matéria sobre Dona Odeliza ficou perfeita e o espaço Opinião em que Emerson escreveu - sem palavras, fantástico! Fico muito feliz, pois tenho hoje em minha região uma revista neste porte, PARABÉNS, PARABÉNS e novamente Parabéns a todos da equipe! Antonio Marcos
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caiunarede 60% das ruas de Barreiras não são pavimentadas
Incômodo… Poeira… Terra… E quando chove muita lama… Ao andar pelas ruas de Barreiras é impossível não se deparar com ruas assim, sem pavimentação. A maioria do município está desse jeito. É o que afirmou o ex-secretário de infraestrutura de Barreiras, Maurício Aguiar Fernandes, quando disse em entrevista à Revista A, que aproximadamente 60% da cidade não é pavimentada e nem existe previsão de quando pode conseguir realizar obras nos trechos que ainda não foram beneficiados com ações de asfaltamento.
anne stella
Segundo ele, “não se empresta dinheiro para pavimentar onde não tem saneamento, não se financia apenas a pavimentação”, ou seja… Um problema influencia diretamente o outro. Ele aponta alguns lugares que são citados como problema, por não estarem pavimentados. “Morada da Lua, Loteamento São Paulo e Bairro Aratu, são pontos críticos de inundação que temos, lá pode acontecer a pavimentação por ter esgotamento sanitário em boa parte dos bairros, o que falta é a ligação do esgotamento nesses trechos”, disse ele. Tag: pavimentação
Sede dos bombeiros, em Barreiras, é invadida pela água Costumamos pedir ajuda ao Corpo de Bombeiros quando no período de chuva nossa casa é invadida pela água. Mas, o que dizer quando a situação é contrária? Quem pode socorrer os bombeiros, agora que no período de chuva a sede da corporação mais parece um rio? Sempre que chove forte na cidade, aparecem os problemas de infraestrutura, já que a cidade não tem projeto adequado para a captação e drenagem das águas pluviais, que seria uma forma de levar a água da chuva até o Rio Grande. Com isso, várias ruas do centro da cidade são invadidas pela água. Tag: bombeiros
Imagem peregrina marca o encerramento do ano da fé No último domingo de novembro, a Imagem Peregrina do Divino Pai Eterno visitou a cidade de Barreiras. Na ocasião, o reitor do Santuário Basílica de Trindade (GO) e Missionário Redentorista, Pe. Robson de Oliveira celebrou a Santa Missa campal no Parque de Exposição Engenheiro Geraldo Rocha. O evento marcou o encerramento do Ano da Fé na Diocese de Barreiras. E iniciou as comemorações para a celebrações dos 35 anos da Diocese de Barreiras, comemorado em maio de 2014. Tag: imagem peregrina
Filho de vereadora é executado a tiros em Barreiras Crime com todos os traços de frieza e vingança… Essas foram as características que marcaram a morte do jovem, Caio Crisóstomo Macedo Antônio, 18 anos. Caio era filho da vereadora de Barreiras, Karlúcia Macedo. Segundo a polícia, dois homens chegaram numa motocicleta, sacou uma pistola ponto 40 e efetuou vários disparos contra ele. A polícia disse ainda que Caio não teve tempo de reagir. Já o amigo Alcides Galvan Neto, foi encaminhado para o Hospital do Oeste, passou por procedimento cirúrgico e foi liberado no dia seguinte. A polícia continua investigando o crime. Tag: morte 20
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Para marcar a publicação da 20ª edição da Revista A, selecionamos 20 notícias que aconteceram até novembro na região. Foram fatos que tiveram considerável repercussão na sociedade ou que, de alguma forma, refletiram no cotidiano e na cidadania da população.
barreiras: Sem carnaval, mas com festa Assim que assumiu o 3º mandato como prefeito de Barreiras, em janeiro, Antônio Henrique causou polêmica: anunciou que não seria realizado o Carnaval de 2013. “A cidade está doente, repleta de problemas de infraestrutura e de dívidas”. Só realizaria carnaval em 2014. A população criticou. Depois, acabou havendo consenso de que fora uma decisão acertada. Seria melhor cuidar da cidade. Seis meses depois, com a cidade em circunstâncias semelhantes ao do início do ano, a prefeitura realiza a ExpoBarreiras. Cobra ingressos em alguns dias e não presta contas à população.
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fotos: reprodução
retrospectiva
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Razia: da F-1 para gran turismo
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assassinato de padre choca sociedade
Serrano e lem: parceria sem sucesso Este ano, a cidade de Luís Eduardo Magalhães adotou o time do Serrano (de Vitória da Conquista) para inaugurar o estádio municipal. O time fez a pré-temporada e preparação para os jogos do Campeonato Baiano. A estreia foi contra o Atlético de Alagoinhas, em janeiro, mas o sonho de entrar para o Baianão e competir com Bahia e Vitória acabou cedo. Na 8ª rodada de classificação, ainda no primeiro turno, o Serrano foi eliminado pelo Bahia de Feira. A esperança de Luís Eduardo ser uma das cidades relacionadas para jogos no campeonato, também, não saiu do vestuário.
Em fevereiro, a região Oeste vibrou com a notícia de que teria um barreirense nas pistas de Fórmula 1. Um dos patrocinadores que o brasileiro Luiz Razia (acima) levou para a Marussia não efetuou o pagamento de uma das parcelas na data combinada. Resultado: 23 dias depois de ser anunciado como novo piloto da F-1 o contrato foi rescindido. O barreirense foi parar em um torneio europeu de carros esportivos de alto desempenho, mas não desistiu de vez da F-1.
A população de Angical ficou chocada com o episódio e chamou atenção de toda região. O pároco da cidade Raimundo Reinan Valette, de 52 anos, foi assassinado de forma cruel no dia 10 de março. Ele estava dentro do quarto quando foi abordado por bandidos e morto a pedradas e facadas. Três homens foram considerados suspeitos. Rodrigo Gabriel da Silva Sousa, de 18 anos, conhecido por Soró, confessou o crime. Soró vivia na casa paroquial e disse que matou para roubar. Um menor de 12 e outro de 17 anos também foram apreendidos. Rodrigo Grabriel fugiu do complexo policial em abril, entre os 38 presos que fugiram do local, e foi recapturado em agosto. Ele está à disposição da justiça.
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FIOL fora dos trilhos
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Com o slogan “A Bahia quer, o Brasil precida”, o I Seminário FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) realizado em Barreiras em abril, foi mais um pirotecnismo político. Foi dito que a obra ficaria pronta em 2014. Previsão à parte, as obras andaram e andam a passos lentos e corre o risco de parar. O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou, no início de novembro, a paralisação de quatro obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre elas o trecho da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) que vai de Caetité (centro-sul) a Barreiras (extremo-oeste). O projeto básico é deficiente. A obra está orçada em R$ 7 bilhões e 1.527 quilômetros de extensão para ligar o Oeste baiano, na divisa com o Tocantins, ao Porto Sul, em Ilhéus.
A primeira maternidade da Rede Cegonha no Oeste foi inaugurada em abril, em Bom Jesus da Lapa. A Maternidade Municipal Carmela Dutra tem capacidade para realizar até oito partos diários. O programa Rede Cegonha visa garantir atendimento de qualidade a todas as brasileiras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde a confirmação da gestação até os dois primeiros anos de vida do bebê. A maternidade possui 14 leitos, cinco camas para parto normal e três centros cirúrgicos para cesarianas. O governo do estado investiu R$150 mil em equipamentos e o município arcou com a infraestrutura.
Bahia Farm Show e mais um recorde Entre fim de maio e início de junho, a tecnologia agrícola foi destaque mais uma vez em Luís Eduardo Magalhães. O volume de vendas realizadas na 9ª edição do evento superou as expectativas. Durante os cinco dias de feira que reuniu cerca de 200 expositores e 480 marcas de produtos, somente as instituições financeiras presentes no evento movimentaram R$ 671 milhões, ultrapassando o volume total previsto pelos organizadores que era de R$ 650 milhões. Recorde também no número de visitantes: 63 mil pessoas.
com Taxa, sem saneamento A Câmara Municipal de Barreiras promulga, no mês de junho, o Projeto de Lei 1029/13 que suspende cobrança da Embasa de taxa de esgoto de 80% no município. A empresa alegou que a cobrança do percentual era constitucional. O impasse jurídico levou a Embasa a argumentar que as obras de saneamento foram paralisadas por isso, uma vez que os financiadores necessitavam de garantias para o empréstimo, e a taxa era essa garantia. Curiosamente a obra foi paralisada desde o início do ano, data incompatível com a publicação da Lei, derrubada mês passado por uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia. Agora a Embasa diz que vai continuar as obras.
fots: c.félix
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O gigante acordou e apanhou
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enfim, construída a ponte da prainha
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criada a universidade federal do oeste
O ano foi marcado por manifestações. Começou em Porto Alegre (RS) e se espalhou por várias cidades do país. Os protestos que pediam redução das tarifas do transporte coletivo ganhou outra dimensão. Em Barreiras, as pessoas foram às ruas pedir melhoras nos setores públicos, principalmente, na saúde, educação e transportes. Foram realizadas três manifestações. Na segunda, no início de julho, manifestantes fecharam a ponte Aylon Macedo por horas e sofreram com a truculência da polícia.
Depois de quase três anos de manifestações e paralisações das atividades da UFBA (atual UFOB) cobrando a construção de uma nova ponte, ela, enfim, foi construída. Funciona desde julho e custou R$ 4 milhões, segundo o Departamento de Infraestrutura e Transportes da Bahia (Derba).
O trâmite do projeto de lei que criou a Universidade Federal do Oeste Baiano (UFOB), foi concluído em junho, no Congresso Nacional. Em julho, Iracema dos Santos Veloso foi empossada como a primeira reitora da nova universidade, desmembrada da UFBA. Barreiras será a sede da nova instituição, que terá ainda quatro campi nas cidades de Bom Jesus da Lapa, Barra, Santa Maria da Vitória e Luís Eduardo Magalhães.
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nordeste sedia Congresso espeleologia Em julho Barreiras recebeu o 32º Congresso Brasileiro de Espeleologia. Pela primeira vez o evento foi realizado no nordeste. O evento contou com a presença de espeleólogos estrangeiros e brasileiros. No decorrer do congresso aconteceram excursões científicas pela região.
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cidades sem prefeitos
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Presídio preso em trapalhada
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Greves parAm barreiras
Três cidades do Oeste (Riachão das Neves, Correntina e Muquém do São Francisco) passaram boa parte do ano na dúvida de quem assumiria a prefeitura. Foram muitas liminares e cassações emitidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Muquém foi a última cidade baiana a ter o prefeito empossado, em setembro. A cidade ficou noves meses governada pelo presidente da Câmara de Vereadores.
Continua a dúvida sobre a destinação da verba do presídio de Barreiras. Em setembro o Diretor Nacional de Políticas Penitenciárias do Ministério da Justiça, Fabrício Neto, deu a notícia de que a verba havia sido transferida para Luís Eduardo Magalhães. O Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia, Nestor Duarte, informou que houve equivoco na informação: a verba não seria transferida, haveria um acréscimo no número de vagas e na estrutura prisional da região. Enquanto não se resolve sobre o quê e onde, ficamos com a frágil segurança das simples cadeias transformadas em presídios nas cidades. As fugas na de Barreiras são incontáveis.
2013 foi um ano de greves na região Oeste. No mês de setembro, quatro setores ficaram de braços cruzados: servidores públicos e professores municipais, bancários e funcionários dos Correios. Os efeitos da greve dos professores municipais vão se estender até o próximo ano: o calendário escolar vai até final janeiro.
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São Desidério, 1º na produção agrícola Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em setembro colocou São Desidério no primeiro no ranking dos municípios de maior valor de produção agrícola do país em 2012. Segundo a pesquisa, o polo baiano chegou a R$ 2,3 bilhões, 35,2% a mais que em 2011. A cidade foi responsável por 12,4% da colheita brasileira de algodão e por 48,9% da produção baiana. O município também foi, ano passado, o 11º no ranking nacional da soja.
diocese de Barra faz 100 anos Em outubro a Diocese de Barra completou 100 anos e a estátua de São Francisco foi colocada na entrada da cidade. O primeiro bispo da diocese, Dom Augusto Álvaro da Silva, depois nomeado cardeal primaz do Brasil, fundou o Colégio Santa Eufrásia de Barra para formação de professoras e catequistas. A cidade foi berço da educação do Oeste e Sertão baianos. O atual bispo, Dom Luiz Flávio Cappio, se tornou símbolo da luta pela preservação do Rio São Francisco, que margeia a cidade e é principal fonte de renda da população.
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lem ganha Procon e Transporte coletivo A primeira unidade do Procon (Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor) na região Oeste da Bahia foi inaugurada em outubro, na cidade de Luís Eduardo Magalhães e já está atendendo. O município caçula do Oeste inaugurou também o transporte coletivo. Recebeu em novembro uma frota de ônibus novos, da empresa Stadtbus Transportes Ltda., vencedora da licitação para atuar no município por 10 anos. Curiosamente, Barreiras, a cidade da qual Luís Eduardo Magalhães foi desmembrada, o transporte coletivo funciona sem licitação, já solicitada pelo Ministério Público desde 2010. Como se não bastasse, o primeiro projeto do Executivo este ano enviado à Câmara foi de reajuste da tarifa dos transportes coletivos. O projeto não chegou a ser votado, o MP derrubou antes.
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fechado para balanço: Eletrovarão
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Muitos clientes da Compra premiada Eletrovarão se assustaram ao chegar à empresa para retirar a moto quitada e encontrar o aviso “fechada para balanço”. O pior estava por vir. No mesmo mês de outubro advogados da empresa entraram com pedido de falência. A empresa com 11 filiais na Bahia, 16 mil clientes cadastrados e mais de 6 mil pessoas premiadas, causou prejuízo de aproximadamente R$ 30 milhões. No complexo policial de Barreiras, mais de 1500 pessoas registraram queixa. O proprietário da empresa desapareceu.
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artistas nacionais invadem festa no Oeste Festa, diversão e um misto de ritmos passaram pelo Oeste baiano durante o ano de 2013. Para quem gosta do pop curtiu Chiclete com Banana (no primeiro shows depois de anunciada a saída de Bell Marques da banda), Cláudia Leite, Aviões do Forró, Bruno e Marrone e Michel Teló. O barreirense Saulo Fernandes voltou à terra natal para lançar a carreira solo depois de substitui Ivete Sangalo por 11 anos na Banda Eva. Os oestinos assistiram ainda a dois shows de Jota Quest, em LEM e São Desidério. O público cativo da MPB curtiu Xangai e Antônio Carlos e Jocafi, em Barreiras, e Flávio Venturini em Ibotirama. dez/2013
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Nada de novo... Manhã de sexta-feira, 24 de outubro. Mulheres e crianças tentam vencer a seca na comunidade de Macambira, entre Bom Jesus da Lapa e Ibotirama. Como diria o poeta russo Maiakóvski, “nada de novo há no rugir das tempestades”. Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net
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eterno madiba
(1918-2013)
Nelson Mandela foi o primeiro negro presidente da África do Sul. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz e inspirou líderes do mundo todo com seu ideal de justiça e igualdade texto redação
M
orreu no último dia 6, na residência onde morava em Johannesburg, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. O herói da luta antiapartheid tinha 95 anos, e ficou internado de junho a setembro, devido a uma infecção pulmonar, provavelmente vinculada às sequelas de uma tuberculose adquirida durante o período de detenção na prisão de Robben Island (ilha de Robben), onde ficou 18 anos preso (dos 27 anos que ficou detido), de 1964 a 1982. Hoje, a ilha virou um ponto turístico. Libertado em 1990, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993 por sua atuação nas negociações de paz que instalaram uma democracia multirracial na África do Sul, ao lado do último presidente do regime do apartheid, Frederik de Klerk. Conhecido como “Madiba” pelos sul-africanos, foi considerado um dos maiores heróis da luta dos negros pela igualdade de direitos no país, principalmente pelo fim do apartheid, vigente entre 1948 a 1993. Mandela foi o primeiro presidente negro de seu país (1994-1999), tornando-se um líder de consenso que soube conquistar o coração da minoria branca. A última aparição pública do ex-presidente aconteceu na cerimônia de encerramento da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul. No sorteio da edição de 2014, realizado no dia de seu falecimento, na Bahia, a Fifa fez homenagem a Mandela. ORIGEM Rolihlahla Madiba Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, no clã Madiba no vilarejo de Mvezo, antigo território de Transkei no sudeste da África do Sul. Filho de Henry Gadla Mphakanyiswa, que era chefe do vilarejo e teve quatro mulheres e 13 filhos. Mandela nasceu da terceira mulher. Tornou-se o primeiro membro da família a frequentar uma escola, onde lhe foi dado o nome inglês “Nelson”. A partir de então, muita história fez parte da vida do homem que com jeito simples conquistava a todos por onde passava, desde o mais simples empregado, ao maior posto do poder nacional.
divulgação/fundação nelson mandela
eventos, design, tendência, moda...
fotos: mayco sérgio
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BALÉ DE NATAL
O quebra-nozes Um dos maiores clássicos natalinos do mundo, conhecido desde 1892, foi apresentado no último sábado de novembro pela escola Ballet Ebateca, no Espaço de Eventos Quatro Estações, em Luís Eduardo Magalhães.
“O quebra-nozes” é um espetáculo que mistura ballet com jazz e conta a história de Clara, uma menina que ganha do padrinho um presente de Natal diferente: um boneco quebra-nozes vestido de soldado. Clara se apaixona pelo boneco e, numa noite, depois de brincar bastante com ele, a garota adormece e sonha com uma aventura em um mundo mágico. Estiveram no elenco da montagem da Ebateca Camila Puton, no papel de Clara, e Carlos Júnior Doerner, como o boneco quebra-nozes. Apresentaram-se 60 bailarinas sob a direção artística da professora Marcela Bettin. Para Paloma Accioly Juliani, diretora de produção da escola, o evento foi um sucesso.
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Leonardo: “Vivo apaixonado” O goiano e estrela do sertanejo, Leonardo, se apresentou na noite do dia 7 na 3ª edição do “Baile do Fazendeiro”, no Quatro Estações Hall, em Luís Eduardo Magalhães. O artista, que conta com mais de 35 milhões de CDs e DVDs vendidos em quase 30 anos de carreira, apresentou seus grandes sucessos e músicas de seu 17º CD, intitulado “Vivo apaixonado”. Leonardo iniciou a carreira ao lado do irmão Leandro e está na estrada há duas décadas. Já vendeu mais de 30 milhões de discos com canções que hoje fazem parte da cultura musical do país, como “Pense em mim”, “Eu juro”, “Um sonhador”, “Entre tapas e beijos” e “Não aprendi dizer adeus”. São 17 CDs e 3 DVDs lançados. Recentemente, ao comemorar 50 anos de idade, Leonardo lançou a biografia “Não aprendi dizer adeus” que conta sua história desde a infância. O Baile do Fazendeiro é uma espécie de confraternização do setor produtivo do agronegócio na região e teve, além de Leonardo, a participação especial de Pedro Eduardo, um dos finalistas do The Voice Brasil. Foi a segunda vez que o artista revelado pelo programa global se apresentou na cidade. A noite ainda teve o sertanejo de João Pedro. SÃO DESIDÉRIO
rodney martins
Biblioteca comemora 50 anos com projeto de incentivo à leitura O incentivo à leitura foi destaque da comemoração dos 50 anos da Biblioteca Municipal Dom Ricardo Weberberger, em São Desidério, no final de outubro. Um documentário com depoimentos e fotografias em homenagem aos ex e atuais funcionários foi exibido antes da realização da 3ª edição do projeto “Clube da leitura”, com sarau sobre a obra “Quando a fé é a inspiração”, de Autina Macêdo Paiva, natural de São Desidério. Conhecida como Tio Neta, Autina faleceu em 2011 e faz parte de fértil safra de autores são-desiderianos. “A equipe se empenhou em registrar e recuperar a história desse espaço. Isso aqui se confunde com a história da cidade também”, disse Ana Lúcia Souza, coordenadora da biblioteca, que realizou sorteios de livros com os presentes após o sarau. comemoração Ex e atuais funcionários são homenageados no dia do aniversário da biblioteca. Acima, prefeito Demir Barbosa presenteia aluna com livro: “Iniciativas como esta atraem as pessoas para a leitura”
“Vivemos em uma era digital. Os livros foram esquecidos. Iniciativas como esta atraem as pessoas para a leitura. Dediquem mais tempo aos livros. É um hábito prazeroso”, declarou Demir Barbosa, prefeito do município. A biblioteca foi criada em 7 de outubro de 1963, quando o primeiro prefeito, Abelardo Alencar, firmou um convênio com o Instituto Nacional do Livro (INL). A sede própria foi inaugurada em 19 de setembro de 1995 no mandato de Felisberto Ferreira dos Anjos. Localizada na praça Juarez de Souza, no centro da cidade, a biblioteca tem uma exposição permanente com objetos que pertenceram ao bispo que emprestou o nome ao lugar: Dom Ricardo Weberberger.
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miscellanea FOTOS: C.FÉLIX
BALÉ DE NATAL SOLIDARIEDADE
Em nome da alegria Pelo terceiro ano consecutivo, a Revista A realiza a campanha “É tempo de presentar solidariedade e amor”, na Creche Municipal Sagrado Coração de Jesus, em Barreiras. A ação de solidariedade, que presenteou mais de 70 crianças, teve como parceiros as empresas InCorpe, Moldura Minuto, Depyl Action e muitos papais e mamães noéis que adotaram os cartões. “Ficamos muito felizes. É compensador ver o sorriso no rosto das crianças. Quando elas veem o Papai Noel é uma felicidade só. Sabemos que não é muito, diante de tantas necessidades, mas é um gesto importante. Principalmente para a idade delas. E dar carinho nunca é demais”, disse Anne Stella, diretora e administradora da Ouza Editora Ltda., empresa que edita a Revista A.
realizados Depois da distribuição de brinquedos e lanches para mais de 70 crianças, educadores da creche e Papai Noel posam com a idealizadora da campanha, Anne Stella (de camiseta branca, ao centro): “Ficamos muito felizes. É compensador ver o sorriso no rosto das crianças”
realização
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apoio
O baiano camisa nove do Flamengo, natural de Bom Jesus da Lapa, tem motivo de sobra para comemorar o 2013. Recentemente ele foi campeão da Copa do Brasil e artilheiro da competição com oito gols. Com o resultado, Hernane quebra um tabu na Gávea: é a primeira vez que o Flamengo levantou a taça e com o maior goleador do torneio. Além de terminar o ano campeão, o “Brocador”, como é apelidado pelos torcedores, é o primeiro artilheiro no novo Maracanã. Hernane começou a carreira no futebol na categoria de base do São Paulo e, depois de passar por vários times, a exemplo do Paraná e Mogi-Mirim, chegou ao Flamengo, em 2012.
Simplesmente Hernane
REPRODUÇÃO
DIVULGAÇÃO
ESPORTE
EDUCAÇÃO
Campus do IF Baiano é inaugurado em Bom Jesus da Lapa A cidade de Bom Jesus da Lapa recebeu no mês passado um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Baiano). A unidade foi criada em 2008 para atender a demanda dos municípios da região do Médio São Francisco. A instituição conta com salas de aula, laboratórios, auditório, ginásio poliesportivo e área de 94 hectares para atividades práticas agrícolas. A cidade, que tem hoje 64.740 habitantes e conta como base principal da economia local, a agricultura e comércio, vai contar com os cursos de Técnico em Informática e Técnico Agrícola a partir do próximo ano letivo. Também há previsão para o a instalação do curso de Técnico em Edificações e cursos de ensino superior. Vale lembrar que um campus da Ufob também vai ser instalado na Lapa.
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Desenrola por aderlan messias
CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor universitário, licenciado em Letras Vernáculas, bacharel em Direito e especialista em Psicopedagogia e pós-graduando em Criminologia
O pecado da vírgula
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ara quem teve a oportunidade de acompanhar a edição passada, duas foram as sentenças que ficaram para o leitor pontuar adequadamente ao contexto. São elas: “Maria toma banho porque sua mãe traga a toalha disse ela”. A outra, “Se a mulher soubesse o valor que tem o homem se ajoelharia em seus pés”. A pontuação ficaria da seguinte forma: “Maria toma banho porque sua. -Mãe, traga a toalha! Disse ela”. A outra sentença pode ser pontuada de duas formas, basta saber qual sentido o leitor quer dar na frase. “Se a mulher soubesse o valor que tem, o homem se ajoelharia em seus pés.” Ou ainda: “Se a mulher soubesse o valor que tem o homem, se ajoelharia em seus pés”. Estes exemplos ilustram não só a necessidade adequada da pontuação nas frases, como também o sentido que quer dar a elas. Isso prova que a pontuação é recurso de grande relevância nos enunciados. Ignorá-la ou empregá-la de forma indevida, modifica parcial ou totalmente o sentido do texto. Há quem brinca em dizer que a pontuação pode ser comparada aos sinais de trânsito, pois estes indicam, orientam, advertem, informam, regulam e controlam a adequada circulação de veículos e pedestres nas vias. Caso um condutor de veículo não respeite, por exemplo, o sinal vermelho, sua ação pode ocasionar um acidente. Assim como no tráfego de veículos, o texto assume a mesma condição, pois quando mal sinalizado gera incoerência e confusão, tornando-o ininteligível. Os sinais de pontuação empregados adequadamente dão ritmo e fluidez à mensagem, pois eles guiam e organizam a escrita a ser lida. Se mal empregados, é como o trânsito de Barreiras, caótico, violento. Dentre os sinais de pontuação, diria que a vírgula tem poder maior sobre as demais, visto que ela se faz muito presente nos enunciados. Sua missão é indicar pequena pausa na escrita. Ela serve para separar termos que exercem a mesma função sintática, aposto, vocativo, adjunto adverbial deslocado, expressões explicativas, orações subordinadas e coordenadas. Não vou me ater a explicações de construção sintática, embora seja necessária para o processo de virgulação, mas um bom leitor dispensa tais regras, pois um bom leitor é, também, um bom escritor. A vírgula, como visto, assume várias posições em um texto. i) uma pausa (ou não): “Não, vá”! “Não vá!”; ii) expressa autoritarismo (ou não): “Aceito, obrigado”. “Aceito obrigado”. iv) Aponta conduta (boa ou má): “Este, doutor, é corrupto”. Este doutor é corrupto”. v) Demonstra solução: “Vamos perder, nada foi re-
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solvido”. “Vamos perder nada, foi resolvido”. vi) Expressa solução: “Não queremos ficar”. “Não, queremos ficar”. Textos escritos com excessos ou carências de vírgulas apontam a mediocridade de quem escreve. Para não incorrer no pecado da vírgula, pratique a leitura, e a escrita coerente será resultado disso. Como sugestão, assista ao filme publicitário, comemorativo dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e veja a importância da vírgula nas frases. A narração é do ator Matheus Nachtergaele.
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estilo “Amo me vestir assim... mas na minha cidade, em Minas, eu procuro não sair tão hiponga. O pessoal acha que a gente é maluca de verdade. Aqui na Bahia, não. Aqui é outro país, gente. Aqui as pessoas não reparam, não falam sobre o que a gente está vestindo”, conta
Foram três aneurismas na cabeça e 40 dias hospitalizada. Daí nasceram três pedidos que, realizados, deram lugar a outros três. Cidinha quer viver mais, tocar sua vida de alegria, continuar a escrever suas histórias para crianças e, quem sabe, um dia ver carro voar em estradas espaciais. texto ALYNE MIRANDA foto c.félix
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orridente, pacata e muito feliz. Este é o retrato de Aparecida Maria Cardoso, apelidada de Cidinha, ou simplesmente “Vovó Doidona”, como gosta de ser chamada. E não foi à toa que ela adquiriu esse apelido. Vovó Doidona carrega consigo a essência de quem não mede esforços para ser feliz, meio às traquinagens de uma criança e loucuras de adulto. Há 13 anos aprendeu a valorizar ainda mais a vida, após o diagnóstico de três aneurismas no cérebro (todos de uma só vez). Hoje, com 57 anos, lembra os momentos que marcaram a certeza de querer continuar vivendo, enquanto contava os segundos no quarto do hospital. Passara mais de 40 dias hospitalizada, entre Lavras e Belo Horizonte (MG). “Eu ficava todos os dias no vitrô do quarto. Tinha vontade de viver mais, eu sabia que tinha alguma coisa pendente em minha vida... Aí eu ia lá no vitrô, olhava para fora e fazia o pedido pra Deus: ‘Senhor não me leva agora, não. Eu sei que eles vão abrir minha cabeça, mas não me leva, não”, dizia. Um dia, resolveu fazer três pedidos: “Senhor, me dá a graça Jesus de conhecer um neto, de conhecer o mar - mar tão lindo que o senhor fez e eu não conheço - e pitar uma maconha’. Eu tinha curiosidade de saber a maresia da maconha”, relembra com humor. Muitos podem até se assustar com o terceiro pedido. Mas, foi isso mesmo. Vovó Doidona quis viver mais, também pela curiosidade em fumar maconha. E não pense que ficou só no pedido. Ela fez a cirurgia, passou pela recuperação e, depois, viveu todas as experiência de seus pedidos a Deus. “O neto foi a coisa melhor que Deus me deu. Se a gente ama um filho, a gente ama o neto em dobro. Ele é mais que filho pra gente. Ele é filho duas vezes. O mar é maravilho. Nunca vi uma coisa tão linda. Daí deu uma sensação de medo, porque eu já tinha cumprido o segundo pedido e esse já era o terceiro. O medo foi por isso, por estar cumprindo mais um pedido. A grandeza do mar não me assustou. Agora, pitar a maconha, a sensação não foi boa, não. Tive a maresia do arrependimento. Que não deveria ter fumado. Mas, Deus deixou eu viver isso e experimentei. Quando pitei fiquei mais calma, mais feliz do que já sou. Ri muito, demais.
Mas foi só. Sou contra as drogas. Agora cigarro de palha...”. Vovó Doidona nasceu em Campo Belo (MG) e é formada em técnica de contabilidade. Tinha planos de fazer faculdade de história, para conhecer o passado da humanidade, ou, ainda, o curso de direito. “Meu sonho era ser advogada e futuramente juíza. Ia prender esses bandidos, dar pena máxima”, ri. Ela fuma desde os 14 anos de idade. Na recuperação dos aneurismas passou por um período de esquecimento e deixou o vício do tabaco por um ano. Um dia, do nada, lembrou que era fumante e voltou a pitar. Até hoje fuma cigarrinhos que ela mesma enrola em palha de milho.
***
Depois de realizados os pedidos, Vovó Doidona preocupou-se com o que aquilo pudesse significar: o fim da vida. Daí rapidamente renovou os pedidos: agora queria ser artista plástica, comprar uma moto e ver carros voar. “Acho que esse último, mesmo, não vai demorar. Eu queria realizar isso, Senhor”, conta alegre. O único problema com a moto, veículo pelo qual ela é apaixonada, é que ela não sabe pilotar. “Mas, quem anda de bicicleta, se vira, consegue, num acha?”. Para fortalecer a memória, ela começou a fazer várias atividades que ajudam a trabalhar com o cérebro. “Aprendi a tocar violão sozinha, não toco bem, mas, toco algumas musiquinhas. Sei as notas todas. Um dia, chegou a primeira neta, pouco depois chegou a segunda neta. Aí me deu a ideia de contar historinhas por carta. Eu mandava as cartinhas e minha filha, me falou que fazia sucesso. Aí, tive a ideia de passar para o computador, montar um blog, para alegrar as crianças com as minhas historinhas e exercitar meu cérebro”, conta sobre o início da trajetória como blogueira de histórias infantis. Hoje, no blog da Vovó doidona já tem várias histórias postadas, e ela já tem mais 14 prontas para postar. “A turma da Vovó Doidona”, como é chamado o blog, tem dois bruxos do bem (Caco Velho e Kubú-dociscofaço), dois duendes (Verde e Mycon Diekson), o gato (Vang Gogh), o pássaro (Tufí) e a estrela (Messitória). Cada personagem tem uma função e significado nas histórinhas da vovó, a exemplo de Mycon Diekson, que a ajuda na composição de canções. “Eu converso com eles, mesmo! Eles se transformam, ganham vida. O duende Verde é o que tem mais poderes. Ele ainda vai ser o protagonista nas próximas histórias... O gato Van Gogh é artista plástico e tem o passarinho Tufí, que fica sobrevoando a minha casinha para me proteger. E como em todas as historinhas, também tem uns bruxos do mal, que vivem querendo atacar a Turma da Vovó Doidona”, conta. Um misto de histórias, fantasias e realidade. Exemplo de mulher, mãe, Vovó Doidona, faz com que cada sorriso e gesto de carinho sejam o espelho do amor verdadeiro que ela conquista, por onde passa. Assim é a vida de Aparecida Maria Cardoso. Confira as historinhas de Vovó Doidona no endereço www.vovodoidona55.blogspot.com.br
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miscellanea movimentocultural fotos: divulgação
território da bacia do rio corrente
De utilitário doméstico a obra de arte Para quem pensou que garfos serviam apenas para ajudar no processo de alimentação, se enganou. O artista plástico Thiago Mendou, natural de São Félix do Coribe, no Oeste baiano, mostra que garfos podem ser transformados em incríveis esculturas. Além de artista, Thiago é arte-educador, músico e ator. Ele desenvolve trabalhos ligados a artes visuais (pintura em tela, camisetas e caricaturas) e a artes plásticas (esculturas em garfos).
criaturas e criador O artista plástico Thiago Mendou é natural de São Félix do Coribe e trabalha com pintura em tela, camisetas e caricaturas
por ROBSON VIEIRA
Além dos garfos, as peças são compostas por uma base, que pode ser madeira ou vidro, lãs de aço e cordas de aço para amarração. Todo o restante está nas mãos e na criatividade do artista que compõe a própria identidade estética de suas obras. “No geral, a inspiração para confecção das peças vem dos acontecimentos do dia-a-dia. Tudo é objeto de observação para posteriormente ser transformado em esculturas”, explica Thiago.
Encontro reúne 17 violeiros na zona rural de Samavi No início de novembro a comunidade de Sumidor, zona rural de Santa Maria da Vitória, viveu um dia com gostinho de música, causos e poesias no I Encontro de Violeiros. Participaram do evento 17 violeiros, além de outros músicos: tocadores de cavaquinho, zabumba, triângulo, sanfona e pandeiro. Músicos de outras partes do município também estiveram presentes e puderam experimentar um momento de intercâmbio de culturas. Sozinhos, em duplas e até mesmo em trio, os músicos executaram chulas (estilo próprio da região), samba de roda e música sertaneja, com um misto da música raiz.
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Exclamação por karine magalhães
CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.
2014 highlights trends Essa é a última edição do ano, sem retrospectiva dos pontos mais marcantes na moda. Pulei, vou direto para as revelações trend 2014, repletas de arte, tecnologia, cores, estampas, cultura, cristais e bichos do universo marítimo! O resultado você confere no final da matéria! Passe também na página online www.revistaa.net/exclamcao.
Lagosta surreal!
Wayuu Bags
O inconsciente coletivo que virou tendência! O bicho da vez vem do fundo do mar, a Lagosta!
A busca por objetos e referências com personalidade e história, está cada vez mais presente no estilo das pessoas. Um dos hits deste verão vai ser as Wayuu Bags! Cada modelo é feito por uma mulher da tribo indígena Wayuu (Colômbia) que tem sua assinatura própria. A estampa de cada bolsa significa algo para sua criadora. Ao comprar uma dessas bolsas super despojadas e coloridas, você ainda ajuda a ONG Surevolution a melhorar a vida das comunidades indígenas latino-americanas e a gerar um comércio que auxilia o desenvolvimento de regiões desfavorecidas. Para quem tiver interesse, segue o site da marca www.wayuumochilabags.com
fotos: reprodução
Anna Wintour veste Prada; inspirado no vestido original de 1936 de Elsa Schiaparelli.
Livro escrito pela estrela Pós-Pop “Jeff Knoons” que traz suas principais obras!
As bolsas possuem lindos botões chamativos Sandálias do verão 2014 da Charlotte Olympia
Não sabe o que vai dar de presente no Natal? Separei sugestões tipo #Presentes #desejo #queromuito
Clutches Isla by Maison Caroline, transforma qualquer look em luxo! 42
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Sandálias prints em tecidos com cristais, Luiza Barcelos by Dorcas, o poder noturno!
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economia&mercado c.félix
carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.
EM EDUCAÇÃO
humanismo,
gestão além de resultados financeiros
De advogada a gestora de instituição de ensino com reconhecido sucesso, a empreendedora Maria Angélica, filha de casal que ajudou a fundar Luís Eduardo Magalhães diz que “o verdadeiro líder é líder de si mesmo”. texto c.félix fotos maYco
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publicação da portaria do MEC autorizando o 8º curso superior na Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira (FAAHF), exatamente no 8º ano da instituição, “foi um presente de natal”, disse Maria Angélica Cardoso Ferreira de Sousa. “O curso de Psicologia em Luís Eduardo Magalhães inicia uma nova caminhada na promoção da qualidade de vida da população”. A diretora geral da instituição havia recebido recentemente outra portaria autorizando o funcionamento do Tecnólogo em Irrigação e Drenagem. Maria Angélica é a primogênita dos seis filhos de Arnaldo Horácio e Maria Cardoso Ferreira, casal que fundou o Mimoso do Oeste - hoje, Luís Eduardo Magalhães. Formou-se em Direito, montou escritório de advocacia em Brasília, criou filhos, administrou empresas e, de repente, viu-se diante de um inusitado desafio: instalar e gerir uma faculdade da família. Curiosamente, ninguém ali era da área de educação. Pelo menos, diretamente.
no jardim da faculdade Diretora Maria Angélica diz que jardim com um espelho d’água e uma fonte ao centro, no pátio da FAAHF, é uma das formas de quebrar a sisudez comum às instituições de ensino. “Torna o ambiente mais agradável”
Seu pai era um visionário. Um dia, provocou a mulher: “Lilia, você duvida que eu faça aqui uma segunda Brasília?”. Não chegou a tanto, mas Mimoso do Oeste cresceu que até virou cidade. Arnaldo construiu uma escola e pagava para professores de Barreiras educarem os filhos de seus funcionários. Outra vez, refletiu: “Vai ter uma faculdade aqui”. E teria, mas ele, no entanto, não viveria para ver. No dia da inauguração da Gruta de Nossa Senhora Aparecida de Luís Eduardo Magalhães, o ex Mimoso do Oeste, em terras doadas pela família Ferreira, Lilia escutou uma voz sussurrando que logo ali, à frente, deveria ser erguida uma faculdade com o nome Arnaldo Horácio Ferreira. Seis meses depois, Maria Angélica perguntou para a mãe se o sonho de construir a faculdade já tinha morrido. “‘De forma alguma. Se eu posso sonhar, posso realizar. Deus há de mandar pra mim um anjo, um instrumento, alguém que vai viabilizar a implantação desse sonho. Eu vou esperar’, disse minha mãe. Nessa hora me arrepiei e me senti tocada”, lembra Maria Angélica. Sua mãe havia incorporado o sonho do pai e aquilo era, sobretudo, uma bonita homenagem. Mas não era uma decisão fácil, o escritório de advocacia estava em expansão e sua vocação era mesmo o Direito.
economia&mercado
infraestrutura Prédio do Centro Administrativo recentemente inaugurado; coliseu e pórtico de entrada da faculdade, com os nomes do casal Arnaldo e Maria Ferreira
“Antes, se alguém perguntasse se eu era da área de educação eu dizia que não, só para me desobrigar da docência. Hoje, a educação faz parte da minha vida. Foi uma opção por paixão”, conta, explicando que não é fácil, mas é simples. “Eu dirijo com a maior tranquilidade e com maior prazer do mundo. Quando a gente quer, faz com amor. E eu não faço sozinha. Desde o início eu tenho pessoas. É uma equipe que se transformou numa família que reza, se confraterniza, resolve problemas e comemora troféus juntos”, diz. Quando Maria Angélica iniciou o processo de implantação da faculdade, Mário Pederneiras, presidente do Sisu (Sistema de Seleção Unificada do MEC), questionou: “Você quer ser a melhor ou a maior faculdade do Oeste da Bahia e do Brasil?”. “Professor, quero ser a melhor. Porque automaticamente eu vou ser a maior. Eu não vou brigar por números, eu vou implantar um ideal, minha gestão humanística. E faço questão de estar à frente. Se fosse somente pela função acadêmica eu colocaria um diretor”, respondeu. Em 2006, a FAAHF iniciou suas atividades, exatamente com sete cursos superiores como queria sua mãe - hoje são oito, além de três tecnólogos; quatro pós-graduações; vários MBAs em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e diversos cursos de extensão na área jurídica, em parceria com o Complexo Educacional Damásio de Jesus. No ano seguinte, em 2007, Maria Angélica inaugurou Centro Educacional Maria Cardoso Ferreira (CEMAC), escola voltada para o ensino fundamental, médio e pré-vestibular. A homenagem a sua mãe estava feita. Em seus oito anos, a FAAHF já foi reconhecida pelo seu trabalho em diversas ocasiões. Só no mês passado recebeu na Colômbia, pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio Sapientiae, medalha e diploma de Honra em Gestão de Qualidade Educativa da Organização das Américas para a Excelência Educativa (ODAEE). “Isso é resultado da gestão humanística. Só o amor é real”, diz. A última frase é espalhada por diversos ambientes da faculdade, inclusive na portaria. “A direção não trocaria nenhum troféu, medalha, diploma, honraria pelo amor da família. E isso ela tem. Não teria
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sentido eu ser diretora desta instituição que cresce e tem resultado se eu não tivesse com quem compartilhar a noite; se eu não amasse e fosse amada. Eu só estaria aqui ganhando um dinheiro, trabalhando e cumprindo uma etapa que não me traria prazer algum”. Hoje, a FAAFH é um estudo de caso da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desde que a instituição foi aberta buscou parceria com a FGV e, no ranking dos 80 franqueados em todo o Brasil, a FAAFH é a 6ª. “Por que não podemos ser a primeira?”, indagou Maria Angélica, que teve como resposta a falta de logística na região. Infraestrutura regional à parte, o curso de agronomia da FAAHF é o único da Bahia, inclusive entre as federais e estaduais, que tem a nota 4 em todos os quesitos do MEC. “Tenho certeza que no cenário de 2014 nós vamos para 5, porque os alunos querem”. No próximo ano, os alunos de agronomia terão 56 hectares do lado da faculdade para experimentos agronômicos. Este mês serão inaugurados oito laboratórios de ponta para implementar a área. “Vai ser uma empresa aberta ao público, com credibilidade ISO. Vamos fazer análise de sementes, de solos, de plantas. Tem um aparelho nesse laboratório que só tem três no Brasil, ele substitui 22 aparelhos e 11 alunos virão trabalhar como monitores. Vamos fazer uma grade para que o ex-aluno também venha trabalhar aqui por um período de um ano”, explica. Desde que assumiu o desafio de gerir uma instituição de ensino, a advogada se descobriu uma hábil empreendedora de pessoas e de negócio. “Não sou centralizadora. O melhor currículo é a experiência de vida. Eu fui observando na minha equipe, as aptidões de cada, onde seria melhor encaixado. Você consegue, sim! Se foi possível comigo é possível com qualquer um! E quando um professor vem de fora, de grandes cidades, grandes centros; ele vem para enfrentar o que for possível para vencer. E cresce e vence. O verdadeiro líder é o líder de si mesmo. Eu não posso estar em todas as salas. Quem eu contrato tem que ter a missão humanística. Ele não vai ensinar só com o conhecimento, vai ensinar com as provas da vida. Nós não somos só o aqui e agora. Então tem que se perguntar o que estou fazendo aqui e para quê”. Para Maria Angélica, “a educação ideal é uma utopia já possível”. Os mais de mil alunos e os cerca de 200 colaboradores são a prova disso, acredita. De certa forma, até, já se sente mais confortável para diminuir o ritmo de trabalho, programar férias, contratar direção, tocar a vida de outro modo. “Minha mãe não autorizou. Ela disse que me quer viva e com saúde, mas que a FAAHF ainda precisa de mim. Enquanto ela estiver nesse mundo quer ver a FAAHF grande e humana. Nosso trabalho é agradável aos olhos de Deus”.
reprodução
sob nova direção No mercado de eventos há mais de 15 anos, Adriana Pacheco vai dirigir o Cais & Porto e promote muita novidade. Inclusive para este ano, a exemplo do réveillon
REABERTURA
cAIS & PORTO:
o melhor espaço entra no cardápio de Barreiras de novo Espaço volta a funcionar diariamente como bar e restaurante a partir de fevereiro, sob a direção da promotora de eventos Adriana Pacheco. texto alyne miranda fotos c.félix
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m ambiente que mistura lazer, diversão, conforto e muita beleza. Assim é o Cais & Porto Pier, o nome continua, mas o local que já é referência no ramo de bar e restaurante, em Barreiras há mais de 23 anos, agora funcionará com novas características. O espaço mais glamoroso de Barreiras volta a abrir as portas para o público, com o bar funcionando e servindo um cardápio variado, todos os dias. O local está sob nova direção e em família. Adriana Pacheco, que trabalha com eventos em Barreiras há mais de 15 anos coordena a casa, realizando festas e eventos diversos. Junto com ela nessa nova empreitada estão, o irmão João Márcio Pacheco e o primo Josemar Pacheco, que são empresários no ramo de alimentos em São Paulo, onde administram vários restaurantes.
Uma equipe nova, com grande experiência no ramo de alimentos e eventos, faz a nova cara do espaço que já é tradicional na cidade, contando com um chefe de cozinha que traz no currículo a experiência com culinária internacional e uma equipe de 15 funcionários, para atender ao público. O espaço vai trazer noites de muita música com especialidades da casa, a exemplo da quarta-feira que terá rodízio de massas, para aqueles que apreciam a boa culinária italiana. “Além disso, toda quinta-feira será voltada para quem quer começar a sentir o gostinho do fim de semana com os petiscos de Boteco. De quinta-feira a sábado, teremos música ao vivo. Aos sábados, será servida uma deliciosa feijoada e nos domingos, o projeto Sunset Cais e Porto trará o misto de diversão com a boa comida e música no fim da tarde”, afirmou a empresária Adriana. Com capacidade para até 400 pessoas sentadas e mil em pé, o Cais & Porto também poderá ser utilizado para os mais variados eventos, já que o local é composto por dois ambientes climatizados. Um tem palco, espaço gourmet e é mais aberto; o outro é mais fechado e intimista. Ambos os espaços são climatizados e dispõem de isolamento acústico para não incomodar a vizinhança. Adriana Pacheco lembra ainda que “a casa atende a todas as exigências legais de segurança. As saídas são de fácil acesso e contam com portas duplas que facilitam a passagem de pessoas, luzes de emergências que indicam o caminho que se deve percorrer até a saída, extintores de incêndio a alcance de todos, além de pessoal treinado para agir em momentos de pânico”. O Cais & Porto Pier, que traz a tranquilidade à margem do Rio Grande e o conforto de um local totalmente moderno, reabriu o espaço de bar ao público no dia 14 de dezembro. A partir de fevereiro, funcionará como restaurante, todos os dias, servindo cardápio diversificado.
cais & porto Barreiras Av. Presidente Vargas, 483 - Centro (77) 3612.4812 / 3613.0970 E-mail: cais.portopier@gmail.com
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Desafios de venda é tema do Seminário de Marketing Foi realizado no início de novembro o XI Seminário Regional de Marketing. O evento passou por cinco cidades do Oeste baiano: Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa e Ibotirama. O professor de MBA da Faculdade Getúlio Vargas e sócio-diretor da New Marketing, Cláudio Tomanini (primeira foto) foi o palestrante em Barreiras e Luís Eduardo, abordando o tema: “De vendedor a gestor de negócios”. Já o palestrante João Laurentino (foto debaixo), consultor especializado em resultados, fez palestra nas cidades de Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa e Ibotirama, e falou sobre “Como superar as metas de vendas”.
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MEIO AMBIENTE
Galvani diz que fumaça é “99,9% vapor de água” A Galvani reuniu recentemente a imprensa em Luís Eduardo Magalhães para explicar o que realmente significa aquela fumaça que sai das chaminés de sua indústria. Henrique Rocha, supervisor de meio ambiente da Galvani, explicou que ao contrário do que se pensa e comenta, não se trata de enxofre proveniente de enxofre. “É apenas vapor de áuga, 99,9%”, disse. Ele explicou ainda que a densidade da fumaça e sua cor são relativas, depende das condições climáticas e da queima da lenha. Quando está nublado, as partículas de água demoram mais para se dissipar e a extensão do volume da fumaça é maior. Henrique esclareceu também que a empresa tem uma rigorosa política para prevenir e minimizar os eventuais impactos ambientes de sua operação.
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INAUGURAÇÃO
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mais que projetos de móveis, projetos de vidas texto ALYNE MIRANDA fotos c.félix
Fazer escolhas é manifestação de gosto, princípios, perfil. É, sobretudo, revelação de personalidade. Daí se dizer: “Esse objeto é a cara de fulano, isso se parece com cicrano, essa sala tem o jeito dela...”. É pensando nisso que a Bentec elabora seus projetos de móveis modulares. A franquia gaúcha, recém-inaugurada em Luís Eduardo Magalhães pelos empresários Silvano e Luzia Xavier, é referência no mercado e foi fundada há 37 anos em Bento Gonçalves. “Os móveis, desenvolvidos com design arrojado, moderno e prático, são mais que planejados. São desenvolvidos para participar dos projetos de vida das pessoas”, definiu Silvano, destacando que a satisfação do cliente é a meta principal e filosofia da empresa. Por isso, justifica, a Bentec preza pela qualidade, através de rigorosa seleção da matéria-prima. Cada projeto de ambiente - seja cozinha, área de serviço, sala, dormitório, home theater, home office, banheiro ou um especial – tem sua individualidade. É único. O colorido, a simetria das linhas, as possibilidades de espaços, os detalhes, a tecnologia; tudo contribui para promover o conforto e bem-estar do cliente. Respeito ao prazo, acabamento e montagem especializada compõem o conjunto de serviços que tornaram a Bentec, ao longo dos anos, uma das empresas líderes no mercado de fabricação de móveis. “Por tudo isso, adquirir produtos Bentec é manifestar bom gosto. É estar antenado com o que há de melhor em tecnologia, qualidade e design de móveis, organização de ambientes. É satisfação, é estilo de vida”, garantiu Luzia.
bentec Luís Eduardo Magalhães Rua Castro Alves, 1473 - Centro (77) 3639.8084 E-mail: projetos@benteclem.com.br Site: www.bentec.com.br
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Opinião
por iracema veloso
Reitora pro tempore da Universidade Federal do Oeste, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Programa Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador (PISAT/ISC/UFBA)
UFOB para o desenvolvimento sustentável
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ma das coisas que chamam logo a atenção, quando se fala na abertura da nova Universidade Federal, que tem sede central em Barreiras, é a sua vasta região de influência. A Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) terá bases em cinco cidades, situadas num território que abrange desde as margens do Rio São Francisco até as fronteiras da Bahia com Piauí, Maranhão, Tocantins, Goiás e Minas Gerais com uma população de 1,8 milhão de pessoas, distribuídas em 564 mil km². A UFOB já é uma realidade e está em pleno funcionamento. Foi criada em junho deste ano, a partir do Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável da UFBA. Atualmente oferece 12 cursos de graduação e um mestrado, no campus Reitor Edgard Santos, localizado na Prainha, às margens do Rio de Ondas. Em cinco anos serão investidos recursos da ordem de R$ 250 milhões, gerando mais de 2 mil novos empregos diretos e indiretos durante o processo de desenvolvimento institucional. São recursos públicos que fortalecerão a educação pública do Oeste da Bahia em seus mais diversos níveis de ensino. Colégios cedidos pelas prefeituras de Barra, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória, além da sede central, em Barreiras, terão obras iniciadas em breve para receberem os novos cursos, já no segundo semestre de 2014. As distâncias que separam as cidades que terão sede da UFOB não são desanimadoras para os que nela já trabalham. Pelo contrário, as paisagens do cerrado e do semiárido da região guardam inúmeras riquezas socioculturais e econômicas, que darão subsídios para as pesquisas e todas as demais atividades acadêmicas da nova universidade. As funções básicas de uma universidade estarão presentes na UFOB, garantindo-se a produção, a sistematização e a difusão do conhecimento, valorizando-se a cultura local e estabelecendo-se conexões entre a região e outras localidades brasileiras e de outros países. As atividades de extensão não estão limitadas às sedes. As cidades do entorno também serão contempladas, numa interação constante da comunidade universitária com a rede de educação básica e com as organizações sociais, de forma articulada com as Prefeituras e as Diretorias Regionais de Educação. Os mais diversos grupos sociais, do meio urbano e do meio rural serão também envolvidos nas ações culturais e esportivas, com destaque para a valorização do saber local e considerando as tecnologias de informação e comunicação, tão presentes no mundo atual, globalizado. O Projeto Trilhas Culturais do Oeste da Bahia, por exemplo, prevê a realização de várias excursões de professores e estudantes, por meio fluvial e terrestre, para interações com diversas populações no sentido de captar suas expectativas e suas possíveis contribuições culturais para a atividade universitária. Na biblioteca do campus Reitor Edgard Santos, um espaço já está reservado para o memorial das cidades do Oeste, que irá reunir o acervo documental, fotográfico e fílmico para a preservação e para a pesquisa da memória regional. Serão também incorporados ao memorial os estudos sobre os acervos arqueológicos já identifica-
dos na região, com desenvolvimento de pesquisas por professores, estudantes e participantes da comunidade interessados nos campos da História, Geografia, Paleontologia e Antropologia, dentre outros. Realizar atividades recreativas, de promoção da saúde, e de cuidados com o meio ambiente, nos diversos espaços da universidade, é algo que está também nos planos da reitoria. Essas ações visam afirmar e desenvolver os princípios de cidadania, pertencimento, inclusão, interação, conhecimento e sensibilidade. Apesar do caráter e compromisso nacional da UFOB, sua regionalidade será garantida como uma universidade do Cerrado, do Semiárido e do rio São Francisco, dentre as mais diversas denominações e legados da população do Oeste da Bahia. Será uma universidade, pública, gratuita, de apoio e reforço à produção econômica regional, com a necessária atenção aos cuidados com o meio ambiente e à melhoria das condições de vida da população. Todas as áreas do conhecimento serão contempladas nos seus cursos de Graduação e de pós-graduação: as Ciências Ambientais, Agroecologia e o Desenvolvimento Sustentável; a extração mineral e as formas alternativas de produção de energia; as engenharias e as tecnologias avançadas aplicadas à agroindústria, ao agronegócio, mas comprometida com a difusão e fortalecimento da agricultura familiar; a atenção básica e especializada em saúde; os estudos jurídicos e as ciências sociais aplicadas; a produção e a gestão da arte e da cultura, além da formação de educadores para as cidades e para o meio rural. Além dos conhecimentos e das habilidades necessárias às profissões, os procedimentos metodológicos adotados nos cursos visarão a formação de atitudes. Os estudantes da UFOB serão formados por meio da articulação de saberes de várias áreas de conhecimento, numa perspectiva multi-inter-transdisciplinar, fundamentada na autonomia e na criatividade, privilegiando a prática e a multiplicação destes saberes no meio social em que se inserirem. Neste sentido, espera-se que sejam garantidos os compromissos comunitários da cooperação e do protagonismo, desenvolvendo a sensibilidade na identificação de problemas e busca de soluções, socialmente relevantes. Tal postura é condição favorável para o exercício do empreendedorismo, a tomada de iniciativa e criação de oportunidades de trabalho. Alguns estudiosos vêm servindo de inspiração, com suas obras, para a proposta pedagógica da nova universidade. São eles: Edgar Morin, Milton Santos, Anísio Teixeira, Boaventura Sousa Santos, Alain Coulon, Ítalo Calvino e Michel Maffesoli, dentre outros. São consideradas também as reflexões e as experiências de professores universitários brasileiros. No segundo semestre de 2014, a UFOB terá, portanto, cerca de 30 cursos recebendo novos estudantes de todas as regiões do Brasil. O ingresso ocorrerá por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), com base no conceito obtido pelo candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano de 2013. Por estas razões, a UFOB confia na participação de todos para a consolidação e ampliação dessa importante iniciativa governamental, que é resultado das reivindicações das comunidades e do empenho de lideranças da região.
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vanir kölln
Governo sem foco,
agronegócio em crise
Três anos atrás, o Oeste produziu em média 56 sacos de soja por hectare. Recentemente, colheu só 37 sacos por hectare. As baixas precipitações pluviométricas aliadas à proliferação da lagarta helicoverpa contribuíram para desacelerar o desenvolvimento do agronegócio na região baiana, que teve um prejuízo de R$ 2 bilhões com a praga na última safra. Inerte, só agora o governo liberou a importação do agrotóxico para combater a lagarta. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, Vanir Kölln, diz que o maior problema é falta de foco para o desenvolvimento do governo brasileiro. “Esse produto é usado no Japão até na alface. Por que só no Brasil não se pode utilizar?”, questiona. Na entrevista a seguir, Vanir faz um prognóstico da região para 20 anos e convida a população para plantar árvores e preservar os rios texto/foto C.FÉLIX
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Os estados tiveram que declarar “estado de emergência fitossanitária” para que o governo federal, enfim, liberasse a importação de agrotóxicos para combater a helicoverpa. Essa decisão chega tarde? Tudo isso é reflexo de quando um governo não tem foco. O governo brasileiro tem que ter foco. Hoje, a gente não tem o plano de nação, foco de desenvolvimento e progresso. Nós já tivemos dezenas de reuniões, debates e tal. Tanto que autorizaram aqui a importação do benzoato de emamect ina e ele foi comprado no início do ano. No entanto, quando fomos usá-lo o Ministério Público entrou no meio e achou que não devia usar. Curiosamente, esse produto - e gostaria que os professores dessa área verificassem o que eu estou falando -, o mundo inteiro utiliza. Inclusive a utilização dele foi renovada por mais seis anos na Europa. O mais surpreendente é que esse produto é usado no Japão até na alface, porque três dias depois ele perde todo o efeito sobre a alface. Curiosamente aqui, no Brasil, não pode. O custo que você tem para controlar essa lagarta, com outros similares, é três vezes superior. Você precisa empreender mais mão de obra, sujeitando o trabalhador a absorver agroquímico. Se utilizássemos esse produto, em vez de oito aplicações, faríamos duas. O risco era menor. Então falta interesse. Por que só no Brasil que não pode utilizar? Por que não usar aqui? E olha que em outros países de clima temperado, principalmente da Europa e EUA, a incidência de insetos é 30% do que é no clima tropical. Nós precisamos de produtos mais eficazes, mais pontuais para atacar a lagarta ou vamos deixar de produzir. Produzimos 190 milhões de toneladas por duas safras e os americanos, com o mesmo território, produzem 700 milhões. Alguma coisa está errada. Falta foco, falta nacionalismo. Pesquisadores da Embrapa atribuem o crescimento da helicoverpa a práticas inadequadas de cultivo. O produtor precisa rever seu trato com o solo e planta? Se nós tivéssemos esse benzoato no início, talvez essa proliferação não tivesse se dado. Quem fala que o produtor não manipulou direito, que dê uma base científica e diga onde ele errou. Ninguém tem interesse em promover a criação de qualquer tipo de empecilho em sua propriedade. Agora, quando você visita países lá fora, as universidades estão diretamente ligadas ao setor produtivo. Aqui, geralmente, é o contrário. A Embrapa deveria ser mais assistida, financiada para promover a independência na produção de sementes. Hoje, dependemos das multinacionais europeias, americanas e asiáticas para vir aqui dentro porque não temos o apoio econômico, financeiro e nem político do governo federal. Estamos sempre dependentes e submissos dos interesses internacionais. Eu te pergunto: alguém lá fora se interessa que a gente se dê bem? O mundo não está preocupado com a questão ambiental, está preocupado com os interesses econômicos. Então a Embrapa não consegue inovar porque não tem apoio devido da União, que deveria se preocupar mais com o setor produtivo brasileiro, que, aliás, é detentor do superávit faz 12 anos. Isso plantando em apenas 7% do seu território. Podemos dizer que o agronegócio entrou em crise com a helicoverpa e a seca desses últimos anos? Nós estamos numa crise, sim. Há três anos tivemos as melhores médias de soja e milho do Brasil, chegando a 56 sacos de soja por hectare. Ano passado a média caiu para 47, 48. No plantio feito em
perfil Vanir nasceu em Erechim, Rio Grande do Sul. É formado em contabilidade e há 12 anos mora no Oeste, embora desde 1986 tenha propriedade na região. Foi o segundo presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, fundado em 2001. Quando assumiu eram 160 sócios, hoje são mais de 600. Ele acredita que já deu sua contribuição para entidade e deve ficar no cargo até o fim de 2014
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2012, colhido agora em abril de 2013, tivemos uma produção de 37 sacos! Só! Ou seja: 19 sacos de soja por hectare a menos. Estamos na segunda quinzena de novembro (a entrevista foi realizada no dia 20/11) e a falta de chuva nos atrapalhou. Tivemos replantio, preocupação da lagarta. Mas, a minha preocupação maior como representante sindical não é só com o produtor. Me preocupo com aquele cidadão humilde da Vila Rica, Vila Amorim, Santa Cruz, Mimoso 2, Mansidão, Santa Rita de Cássia ou de Irecê que vem em busca de trabalho em Luís Eduardo Magalhães e não tem emprego. Quem paga a conta é a pessoa humilde, as pessoas mais necessitadas que precisam do emprego. O produtor refinancia sua conta no banco, vai ficar devendo por oito, nove anos, prorroga - o banco gosta de prorrogação de conta porque ele ganha o juros adicional. Aliás, não tem lugar no mundo onde se ganha tanto dinheiro no sistema bancário quanto no Brasil. O segundo maior banco do Brasil - com o que ganhou em 19, 20 meses de lucro -, compra todo o setor produtivo do Oeste baiano! Algo está fora de foco, está errado. Alguém já ouviu falar que produtor brasileiro desviou dinheiro e foi investir na Suíça? Ele investe aqui em emprego, compra de máquina, geração de emprego, pagamento de impostos. Até que ponto podemos responsabilizar o homem por mudanças climáticas do planeta? Nenhuma. Eu posso indicar, no mínimo, 20 pós-doutores que afirmam categoricamente que o homem, por mais que queira, não altera o clima do planeta. No entanto, eu como cidadão brasileiro, como produtor, espero que todo mundo respeite a sua APP, a lei, a reserva. Mas não atribuam aos 15% da população brasileira que vive no campo responsabilidade pela questão ambiental do mundo inteiro. Nem aos 85% da população brasileira que vive no perímetro urbano. O clima está esfriando no todo, até 2030. Isso o professor pós-doutor Luiz Carlos Baldicero Molion já falou há quatro anos que nós teríamos as secas mais acentuadas aqui. O crescimento populacional exige mais produção de alimentos. Isso não nos leva ao esgotamento de recursos naturais? Não. Na verdade não existe falta de alimento no mundo. A questão é que nós não nos preocupamos com as nascentes dos nossos rios, não nos preocupamos com a limpeza dos nossos rios. Por mais que os europeus utilizem até um metro em cima da beira do rio para plantar, eles têm uma cultura de não jogar nada no rio. Eles mantem os rios limpos. Aqui, se você for em Salvador e olhar os rios encontra os metros de sujeira dentro. Pergunta ao dono
O mundo não está preocupado com a questão ambiental, está com os interesses econômicos. Nos 32 países que eu visitei ninguém faz o que o Brasil faz. Eu sinto orgulho de ser brasileiro”
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da loja na beira do rio se ele sabe o que é Ibama. Não sabe, nunca foi visitado para manter o rio limpo. E assim ocorre em todo o Brasil. Não tem fiscalização. Eu faço um convite para que cada cidadão plante uma árvore no seu terreno e tire o concreto e plante grama. Irrigue ela com três copinhos de água no período da seca e nós vamos ter uma natureza, um verde mais bonito. Vamos continuar sendo exemplo do mundo. Eu digo que nos 32 países que eu visitei ninguém faz o que o Brasil faz. Eu sinto orgulho de ser brasileiro. É possível estimar a área do Cerrado do Oeste que ainda pode ser aproveitada para produção de commodities? Segundo um engenheiro agrônomo Joaquim Santana - que Deus infelizmente levou -, um nobre baiano que foi secretário da agricultura, nós podemos tranquilamente chegar a 3,5 milhões de hectares utilizados sem afetar a questão ambiental e ainda ser exemplo para o mundo. Hoje, nós estamos entrando em 2,2 milhões, incluindo eucalipto, pasto e plantações. O senhor acha que o agronegócio tem uma dívida com a região? A contrapartida social do setor não deveria ser bem maior? Quando se sai de um estado para o outro, há um choque. Isso leva tempo para se adaptar, por mais que o homem tenha maior capacidade de se adaptar. Quando os agricultores do Sul vieram, não vieram grandes fazendeiros, grandes empresas. Foram agricultores que venderam 20 hectares que tinham no Sul e jogaram suas famílias no meio do cerrado. Plantaram a lona preta, algumas tábuas e assim foi por muitos anos, começando com seis, 20 hectares de arroz e tal. Foi muito sofrimento. De cada quatro produtores só um ficou. Muitos quebraram, não aguentaram, não tinham estrutura, conhecimento. Então eu acho que ninguém deve a ninguém. O que eu vejo hoje é que depois de 30 anos aqui temos de nos integrar um pouco mais. Temos que abrir o vidro preto das nossas camionetes e sorrir para as pessoas, nos integrar mais como o sindicato está fazendo. Chamando as pessoas da periferia para fazer cursos, dar oportunidades e não criticar as pessoas. Ensine a pescar. Mais de 500 produtores fizeram uma doação e se construiu o Centro de Treinamento Regional que é referência no Brasil inteiro. Há 35 anos aqui não se produzia nada, não se tinha nada. Então, se alguém veio de fora com conhecimento e com esse espírito de aventura, largando sua terra, merece palmas. Eu acho que todo mundo ganhou. Somos todos brasileiros. Daqui a 35 anos não vão ter mais gaúchos. Aqui vai ser tudo baiano, nossos netos vão ser todos baianos. Acho que a gente tem que se integrar. Cheguei aqui, em 1985, atravessei a ponte em Barreiras... quanto cavalo com carrocinha amarrada à esquerda e uma única churrascaria à direita. Como Barreiras cresceu! Será que não houve o dedo da produção? Somos o segundo maior produtor de algodão e o melhor do Brasil. Um dos melhores do mundo. Será que esse povo não tem mérito também? Então eu acho que ninguém deve nada a ninguém. Tem que ter integração, respeito para com o outro. Agora é claro! -, a incumbência da segurança, educação, saúde é do Estado e não do setor produtivo. Quantos produtores são sindicalizados ? Quando eu assumi o Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, em 2006, eram 160 sócios e hoje são 612. É um número relativamente bom, está na média de sindicato para um lugar desenvolvido.
A questão aqui é que muito agricultor, até por uma questão cultural, não consegue entender por que sua associação, seu sindicato, não consegue resolver problemas ambientais, helicoverpa. É preciso deixar claro que o presidente do sindicato é meramente um produtor que aceitou essa árdua missão e está lá trabalhando de graça, como foi na construção disso aqui. Eu fiquei integralmente aqui e saía com o livro embaixo do braço para arrecadar fundos. Então, às vezes, ele não acredita muito e não participa. Mas eu acho que está satisfatório, o sindicato está independente, com muita luta e muito esforço. Temos estrutura e acredito que somos reconhecidos no Brasil inteiro. Dá para imaginar o agronegócio do Oeste daqui a 10 anos? O que nós temos de água aqui poucos lugares no Brasil e no mundo têm. Temos topografia e o brasileiro que por vocação é empreendedor, gosta dessa atividade. Nós vamos verticalizar. Dentro de 20 anos vamos ter indústrias têxteis aqui. O clima aqui é três vezes melhor que no Sul para a criação de suínos e frangos. Não está acontecendo isso porque quem veio pra cá foi agricultor com conhecimento e vocação para plantar e não para ser industrial. Então, na medida em que nós tivermos uma política séria por parte do governo, esse investidor vem. No momento em que isso acontecer, os filhos desses agricultores - como não tem mais como expandir horizontalmente -, vão verticalizar a produção, industrializar. Dentro de 15, 20 anos, na minha projeção, nós vamos ter indústrias. Aí sim nós vamos alavancar o desenvolvimento. Hoje, dependemos muito do tempo. Há 40 anos em Toledo, no Oeste do Paraná, quando não dava soja e trigo, dava um desespero na sociedade – urbana, principalmente. Hoje, a agricultura é a sexta economia em praticamente todos os municípios. Porque cada 70, 80 km no Oeste paranaense e no Sudoeste você tem indústria, laticínio. A terra daqui não é fértil. Ela é bonita, mas a gente a faz. A terra fértil está nos Gerais. O excesso de pivôs não prejudica a bacia da região, o aquífero Urucuia? O Urucuia não é utilizado. Ele fica a 900 m abaixo do solo. Na cidade de LEM você cava um poço de 50 metros e tem água, devem ter uns 200 poços aí no mínimo. E você tem água natural que é dos rios. Temos vários níveis de água, mas o Urucuia está sendo utilizado pelo Piaui. Ninguém está usando aqui. Eu falei há pouco tempo com um senhor de 75 anos natural de Barreiras. Perguntei pra ele sobre os rios. Ele disse: “Desde que eu me conheço por gente o rio sempre cai nesse período, depois ele sobe. Os pivôs podem afetar um pouco. Eu me baseio por essa ponte, o rio está sempre no barranco, a mesma coisa”. Então, se nós estamos preocupados aqui com o nível da água, temos que conhecer o rio Colorado, nos EUA , que quando entra no México tem apenas 30% da água. Ou, melhor ainda, ir para Israel e verificar como eles utilizam a água. Nós não usamos nada da água. Agora temos que cuidar, não jogar sujeira, esgoto no rio. Tem que ser multado quem joga lixo no rio, independente de quem seja. Plante grama, plante árvores. Até porque o clima, nos últimos 150 mil anos segundo os pós-doutorados, tem ciclos. Nós sempre tivemos ciclos de 30, 40 anos mais frio, mais quente e agora nós estamos no ciclo do frio. Eu não digo aqui, porque aqui nós não sentimos frio nunca, aqui o clima é estático, então quando o clima está mais quente, tem mais chuva, tem mais água, os rios sobem. Quando o clima está mais frio, não tem chuva. Quais suas perspectivas para o próximo ano? Nós estamos plantando agora, eu acho muito cedo para falar. Eu acredito que vamos ter uma boa produção ainda, espero que chova nos próximos dias, talvez quando a revista sair já tenha chovido. Só precisamos de mais 500 mm de chuva em dezembro, janeiro, fevereiro e março de forma bem distribuída, 120 mm em cada mês é o suficiente para produzir.
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Divulgação: Zerosa Filho
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o técnico Paraibano Fininho coleciona troféus como jogador que não cabem na estante. Agora, decidiu sair de dentro das quatro linhas e assumiu o papel de treinador. Resultado: já começou a colecionar troféus de novo
26 cadeiras de rodas e de banho são doadas Solidariedade e amor ao próximo… Com esse misto de sentimentos o grupo de amigos Senadinho arrecadou e doou 28 cadeiras de rodas e cadeiras para banho. Foram beneficiados o Abrigo de Idosos São João Batista, MIQUEI (Movimento de Inclusão pela Qualificação do Especial Independente) APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e outras pessoas carentes, inclusive de Angical. O Senadinho agradece aos parceiros Associação dos Feirantes, CDI, CDL, Comaflex Design Center, Disomed, Doçura, Dr. Marelo Sampaio, Dra. Aline Grippe, Farmácia Castro Alves (São Desidério), Granflor, Iguaçu Contabilidade, Instituto Médico, JR Rental, Laclin, Mariana Transportes, Ótica São Luiz, Revista A, Schmidt Agrícola, Turma A do 2º semestre (Unopar) e WF Empreendimentos,
OUTRAS AÇÕES LIXEIRA NO CAIS Grupo doou à prefeitura de Barreiras 13 lixeiras. Elas foram colocadas no Cais na esperança de que os frequentadores evitem jogar lixo no chão e no rio. COLETA DE ALIMENTOS Além de participar com a Igreja Católica da coleta nacional de alimentos, o grupo arrecadou e doou 1.600 kg de feijão para a campanha. PARE
MAU EXEMPLO
Nós também somos responsáveis pela organização da cidade. Não estacione em locais inadequados. SEJA EDUCADO!
PRÓXIMAS AÇÕES Limpeza da cachoeira do Acaba Vida. A ideia é limpar a do Redondo também e fortalecer a conscientização ambiental dos turistas. E-mail: senadinho.barreiras@gmail.com Blog: senadinhobarreiras.wordpress.com
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chegou de fininho Ex-ala da Seleção Brasileira de Futsal recentemente campeão do Baiano como técnico do Vento em Popa/Janjar, Fininho diz que se depender dele, vem morar “em definitivo em Luís Eduardo Magalhães.texto LUCIANO DEMETRIUS
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le certamente conquistou (quase) tudo o que um atleta poderia desejar. Já foi campeão mundial de clubes e pela seleção brasileira. Eleito melhor jogador e destaque nas várias competições disputadas ao longo de 21 anos no futsal. Em 13 anos vestindo a camisa amarelinha, marcou 252 gols. E teve a honra de ser convidado para o jogo de despedida do craque francês Zidane, em 2008. Para Paulo Sérgio Lira Góes, nascido em João Pessoa (PB), 41 anos, faltava apenas um título em sua trajetória: o de campeão na nova função, a de treinador. Faltava, pois o brilho de quem tem a marca de vencedor aconteceu rapidamente, apenas 20 dias após assumir o LEM/Vento em Popa/Janjar, de Luís Eduardo Magalhães, ao conquistar em novembro o Zonal Baiano de Futsal. Este é Fininho, o ex-ala da seleção brasileira e de equipes tradicionais na modalidade como Carlos Barbosa (RS), Votorantim (PE), Enxuta (RS), Joinville, Umuarama (PR), Vasco, Sumov (CE), Sâo Paulo, Impacel (PR) e Augusta (Itália). Isso só para citar as equipes pelas quais levantou, pelo menos, um título. Rápido e objetivo nas respostas tal qual a sua perspicácia em quadra (e fora dela, no banco, como treinador), ele acredita na evolução do futsal no Oeste da Bahia, se diverte nas horas vagas com playstation e critica a ausência da modalidade nas Olimpíadas. “Faltam pessoas competentes que lutem pelo futsal como esporte olímpico”, dispara feito um chute à longa distância para fazer a bola dormir no fundo das redes. Quanto a sua permanência na equipe, diz rindo: “Isso só depende do Fábio Lauck (dirigente da equipe)”. Veja entrevista a seguir:
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Como se iniciou sua participação no futsal? Antes, havia praticado outra modalidade esportiva? Minha carreira começou aos 6 anos de idade. Eu jogava futsal e futebol de campo com meu pai, que me incentivou a prática de esporte. O que faz quando não está no futsal? Tem algum hobby? Gosto de ficar com minha esposa e filho. E também jogar play 3 (risos). Como se deu o contato para vir treinar o LEM/Vento em Popa/Janjar? Após ter jogado no inicio do ano, a Taça Brasil e também a Taça Bahia, o Fábio Lauck me procurou quatro dias antes de começar a Liga Nordeste. Ele queria que eu estivesse no grupo. Mas como não era possível me inscrever nessa competição, fui auxiliar nos treinos. Chegamos à final e fomos vice-campeões. Imediatamente o Fábio disse que queria meu trabalho como treinador para o Zonal Baiano, mas para jogar. Eu disse que já era hora de eu ficar fora das quatro linhas (risos). Ele me perguntou se era isso mesmo o que eu queria. Eu respondi: “Deixa pra mim”. Fechamos contrato. O que o fez aceitar a proposta? Há um plano de trabalho para futuras competições? Aceitei por haver pessoas sérias por trás como o Fabio Lauck, que tem um projeto legal e sempre pensa no esporte como um meio de fazer como crianças e adolescentes conviverem bem, não importando a sua classe social ou econômica. A proposta é a mesma do esporte, de se buscar a aproximação, a união entre as pessoas. Quais os planos para 2014? Se depender de mim, é morar em definitivo em Luís Eduardo Magalhães para treinar o LEM/Vento em Popa/Janjar. Mas isso depende do Fabio Lauck (risos). A seu ver, o que é preciso para o futsal evoluir na região Oeste da Bahia? Já está evoluindo. Tem uma equipe campeã baiana e pra que isso acontecesse foi feito um trabalho sério, dentro e fora das quadras. O trabalho tem que ser profissional como foi feito nestes apenas 20 dias antes do zonal baiano.A tendência é de crescimento, de evolução da modalidade na região Oeste. Quais as suas recomendações aos jovens atletas que ingressam no futsal? A modalidade é promissora? É promissora, mas tem que haver trabalho de base, com crianças a partir dos seis anos e acompanhando seu desempenho até os 17 anos, quando estão próximos de se profissionalizar. O trabalho de base é um espelho para a equipe profissional. Ganham os atletas e o clube. No Brasil, os clubes têm um planejamento? E no exterior, quais os países em ascensão no futsal? Todos os times de ponta no Brasil têm planejamento atualmente. Fora daqui, o trabalho também é profissional na Espanha, Itália, Rússia e Portugal. Qual a sua maior conquista e a maior decepção no futsal? A minha maior conquista foram os três títulos mundiais. Decepções, graças a Deus, nunca tive. Apenas derrotas, que fazem parte de qualquer profissão e com eles eu aprendi muito. O Brasil vai sediar a Olimpíada de 2016. O que falta para o futsal tornar-se um esporte olímpico? Faltam pessoas competentes querendo o futsal como modalidade olímpica, dirigentes que lutem por isso.
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capa Pesquisa Revista a / Insight
1ª prova
Avaliação da gestão de 2013 dos prefeitos de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães texto/foto CÍCERO FÉLIX
no 2012. Mais uma eleição vai acontecer. É a oportunidade de renovar as esperanças. Antônio Henrique de Souza e Humberto Santa Cruz são eleitos prefeitos de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, respectivamente. O primeiro incorporou o ideal de uma administração sustentada na realização de obras. Prefeito em outras duas ocasiões (1996 e 2000), Antônio Henrique inspirava a confiança de governante experiente. “O trator vem aí” estampou adesivos usados pelos seus eleitores, em referência a marca (trator) de seus governos anteriores. Antes de ser eleito, Antônio Henrique declarou em entrevista a Revista A que não via dificuldade em reestruturar Barreiras. “É só você trabalhar, investir nas áreas certas, que você estrutura a cidade dentro de quatro anos. E nós vamos fazer isso. Nós vamos ter que reconstruir esta cidade. Pra isso, nós vamos ter que trabalhar muito. Vamos ter que convocar toda a sociedade organizada para nos ajudar, ouvir e discutir com a população o que nós temos que fazer de emergencial pra reconstruir e recuperar nossa cidade e a gente ter o prazer de dizer que mora em Barreiras”. Onze meses depois de iniciado seu mandato, a população reprova sua gestão: 82% avaliam como péssima ou ruim e 13% como boa e ótima. Diferente de Antônio Henrique, nas eleições de 2012, Humberto Santa Cruz não vinha suceder nenhum governo, buscava a reeleição, queria o voto de confiança para dar continuidade ao seu projeto. Os três anos e meio de sua gestão foram difíceis, declarou. Teve que organizar as contas e “recuperar a imagem da cidade que foi notícia nacional por conta de corrupção e falhas da administração passada”, disse. “Hoje, a imagem de Luís Eduardo Magalhães é diferente porque criamos condições para isso”. O discurso agradou e ele foi reeleito. A menos de um mês para terminar o primeiro ano de seu segundo mandato, 49% da população aprova sua gestão e 32% consideram ruim e péssima. As duas pesquisas foram encomendadas pela Revista A ao Insight, reconhecido instituto de pesquisa da Bahia registrado no Conselho Federal de Estatística. O objetivo foi mostrar ao leitor, através de um instrumento científico, como a população avalia este primeiro ano da gestão iniciado em janeiro de 2013 dos prefeitos das duas maiores cidades do Oeste da Bahia. As duas pesquisas foram registradas no Tribunal Regional Eleitoral, sob os protocolos BA-00553/2012 (Barreiras) e BA-00554/2012 (Luís Eduardo Magalhães). Foram entrevistadas 543 pessoas em Barreiras, entre os dias 28/11 e 02/12. Em Luís Eduardo Magalhães, 352 pessoas foram ouvidas entre 02/12 e 04/12. De acordo com o estatístico responsável pelas pesquisas, Kowly Ronn de Brito, a margem de erro é de 5% para mais ou para menos.
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barreiras
Pesquisa encomendada pela Revista A ao instituto Insight registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número: BA-00553/2012. Foram entrevistadas 543 pessoas entre os dias 28/11 e 02/12/12.
82%
A prefeitura vem cumprindo com suas atribuições?
7%
8%
NÃO OPINIOU
SIM
REPROVAM Antônio Henrique
O
calor está insuportável. 2012 caminha para o fim e até o momento nada de chuva. É manhã de quinta-feira, 13 de dezembro. Em uma sala de reunião emprestada, no Centro de Barreiras, o recém-eleito Antônio Henrique de Souza (PP) recebe donos de bloco de carnaval e imprensa. Havia um boato de que o novo prefeito iria cancelar o carnaval. Era preciso tirar essa conversa a limpo. Algumas agremiações já haviam até divulgado e pré-contratado atrações. “Fazer a festa para mostrarmos o quê à população e aos turistas, se a cidade inteira está em frangalhos? A cidade está doente e quem está doente não faz festa”, disse Antônio Henrique. Os contra-argumentos não adiantaram e a reunião ficou tensa. A decisão do prefeito estava tomada e pronto! O gesto, embora antipático principalmente para os donos de blocos, era um indicativo do modelo austero de administração pública que Antônio Henrique iria implantar em sua gestão. A luz do fim do túnel, enfim, iluminaria as necessidades da cidade. A prioridade era o bem coletivo. Isso implicava melhorar as vias públicas, investir em operações tapa-buracos, regularizar a coleta do lixo, recuperar a qualidade do atendimento de saúde e educação. “Olhem as condições em que hoje se encontra a cidade”, salientou, reclamando da ex-prefeita Jusmari Oliveira (PSD). Cinco meses depois, em uma manhã ensolarada, Antônio Henrique entra no auditório do IFBA acompanhado de seu vice, Paê, e de outras autoridades políticas. Ele vai participar da 4º Conferência das Cidades. É um momento oportuno para fazer um balanço de sua gestão. Para surpresa de um auditório curioso, logo no início de sua fala o prefeito de Barreiras diz que não estava ainda satisfeito com a situação do município. Reconheceu que havia deficiência na iluminação, estava fazendo um tapa-buraco precário e fez uma reforma “ligeira” nas escolas para dar início às aulas.. Argumentou que conseguiu deixar o município adimplente com o INSS e que não ia jogar dinheiro fora melhorando o asfalto da cidade se o serviço de saneamento ainda não tinha sido concluído. Portanto, a cidade estava melhor, avaliou. Avaliação, aliás, bem diferente daquela que a população tem. Na pesquisa realizada pelo Insight, das 14 áreas avaliadas, apenas “coleta de lixo e limpeza pública” teve aprovação positiva da população, com 57% entre ótimo e bom. Os demais serviços tiveram uma avaliação negativa acima dos 70%. Os três piores foram pavimentação (91%), saneamento (91%) e trânsito (90%). Para quem dava sinais logo no início do mandato de uma administração austera, que ia priorizar as necessidades da coletividade, ser reprovado por 82% da população é um indicativo de que esse modelo de gestão está precariamente funcionando. Talvez, como disse o próprio Antônio Henrique no auditório do IFBA, seja necessário planejar mais e botar o “trator” para trabalhar mais. E muito! O pior é que apenas 13% confiam na gestão atual, 29% são pouco confiantes e 50% não confiam nada. Como se não bastasse, 85% da população diz que a prefeitura não vem cumprindo com suas atribuições. Certamente Antônio Henrique continua não satisfeito com a situação em que o município se encontra, mas não é só ele.
85% NÃO
Como você avalia a atual gestão?
{ 5% não opinou }
51%
31%
12%
1%
péssimo
ruim
bom
ótimo
Como você se sente em relação a atual gestão?
2%
7%
Muito confiante
Não opinou
12%
Confiante
50%
29%
Não confia
Pouco confiante
Como você avalia as áreas abaixo? Ótimo
Saúde Educação Infraestrutura Administração Esporte Ação Social Cultura Trânsito Saneamento Pavimentação Segurança Iluminação Transporte Coletivo Coleta de lixo e limpeza
Bom
Ruim
Péssimo
2,76% 16,76% 24,86% 55,62% 1,49% 19,52% 25,46% 53,53% 0,92% 9,23% 27,68% 62,18% 0,93% 13,57% 28,25% 57,25% 1,29% 15,50% 26,57% 56,64% 1,11% 22,92% 23,84% 52,13% 1,48% 17,71% 26,75% 54,06% 0,55% 9,24% 23,66% 66,54% 0,55% 8,12% 25,28% 66,05% 0,56% 7,96% 26,11% 65,37% 0,92% 16,79% 24,91% 57,38% 0,93% 26,72% 23,01% 49,35% 2,04% 26,11% 24,07% 47,78% 4,44% 52,13% 11,46% 31,98%
luís eduardo magalhães
Pesquisa encomendada pela Revista A ao instituto Insight registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número: BA-00554/2012. Foram entrevistadas 352 pessoas foram ouvidas entre 02/12 e 04/12.
A prefeitura vem cumprindo com suas atribuições?
22%
49%
APROVAM Humberto Santa Cruz
NÃO OPINIOU
38% SIM
40% NÃO
Como você avalia a atual gestão?
Q
uinta-feira, 8 de novembro de 2012. Um mês depois das eleições, 16 prefeitos eleitos do Oeste se reúnem no auditório do Saint Louis, em Luís Eduardo Magalhães. Ladeado por Antônio Henrique e o deputado federal João Leão, Humberto Santa Cruz (PP) discursa calmamente para a plateia. Algumas horas depois, no hall do hotel, ele justifica a realização do evento: “Queríamos mostrar à sociedade que realmente algo novo está acontecendo no Oeste. O povo escolheu pessoas com uma maneira diferente de fazer política. Tenho certeza que isso vai favorecer muito a todos nós. Agora nós estamos lidando com políticos que realmente querem fazer a diferença, querem mostrar que é possível, sim, trabalhar para união de todos, para todos”. Humberto ingressou na política a pedido da então deputada federal Jusmari Oliveira. Ela queria que o empresário sucedesse seu marido, Oziel de Oliveira, na prefeitura de Luís Eduardo Magalhães. Humberto não tinha experiência no meio político, mas topou. A parceria deu certo e ele venceu as eleições de 2008. Três meses depois, Oziel e Humberto romperam. “Não faço política para um grupo, como parte de um projeto pessoal para beneficiar minha família. Faço pensando no que é melhor para a cidade. Nosso plano de governo teve que consertar algumas falhas que existiam na administração da cidade e, em seguida, prepará-la para o futuro”, disse três meses antes da eleição de 2012. Pela primeira vez iria enfrentar seu forte ex-aliado nas urnas, Oziel Oliveira (PDT) Com o passar do tempo Humberto, aos poucos, foi transformando o empresário que havia em si em um político habilidoso. Quitou a dívida com o INSS e, com certidões negativas debaixo do braço, foi em busca de recursos em Brasília. Às vésperas da eleição, Humberto fez um balanço de sua gestão em um jornal local e destacou os investimentos em saúde, pavimentação, saneamento, infraestrutura e educação. Curiosamente, com exceção da educação (68% de aprovação), foram as áreas pior avaliadas pela população na pesquisa realizada pelo Insight. Aliás, das 14 áreas avaliadas, oito tiveram resultado positivo e seis, negativo. Coleta de lixo teve a melhor avaliação: 75% de aprovação como bom e ótimo. Em março Humberto deu início a obra de duplicação da BR-242, que deve ser concluída daqui a uns seis meses. Recentemente a prefeitura licitou a concessão de exploração do transporte público coletivo da cidade - os ônibus já estão circulando – e inaugurou o Procon. Apesar dessas e outras ações administrativas resultarem na avaliação positiva de 49%, a população de Luís Eduardo Magalhães ainda é reticente à atual gestão da prefeitura. Perguntado sobre o grau de confiança na gestão, 41% responderam confiante e muito confiante, 38% pouco confiantes e nada confiantes e 21% não quiseram opinar. Talvez esses números não expliquem, mas ajudam a compreender porque apenas 38% acreditam que a prefeitura vem cumprindo com suas atribuições, contra 40% contrários.
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re v ista da b ahia
dez/2013
{ 20% não opinou }
11%
21%
44%
4%
péssimo
ruim
bom
ótimo
Como você se sente em relação a atual gestão?
21%
3%
Não opinou
Muito confiante
38%
Confiante
23%
Não confia
15%
Pouco confiante
Como você avalia as áreas abaixo? Ótimo
Saúde Educação Infra-estrutura Administração Esporte Ação Social Cultura Trânsito Saneamento Pavimentação Segurança Iluminação Transporte Coletivo Coleta de lixo e limpeza
Bom
Ruim
Péssimo
5,16% 30,66% 27,79% 36,39% 6,00% 62,00% 19,71% 12,29% 3,71% 40,86% 35,71% 19,71% 3,71% 44,86% 32,57% 18,86% 4,30% 63,04% 24,64% 8,02% 3,43% 63,71% 24,00% 8,86% 4,29% 60,86% 25,71% 9,14% 2,58% 51,86% 30,95% 14,61% 2,00% 30,00% 46,86% 21,14% 2,00% 41,14% 38,86% 18,00% 2,00% 33,71% 38,86% 25,43% 3,43% 59,71% 27,71% 9,14% 6,00% 64,86% 19,71% 9,43% 6,57% 68,00% 18,29% 7,14%
PESQUISA barreiras
luís eduardo magalhães
Como você avalia a atuação da Câmara Municipal?
28% 26% 27% 2%
péssimo
ruim
bom
17%
ótimo
10% 21% 31%
péssimo
não opiniou
ruim
bom
2%
ótimo
36%
não opiniou
Como você avalia a atuação do governo do estado na região?
22% 29% 32% 2%
péssimo
ruim
Paulo Souto Lídice da Mata Marcelo Nilo Rui Costa Otto Alencar
14%
ótimo
Em quem você pretende votar para governador em 2014?
5% 4% 2% 2% 1% 53%
Humberto S. Cruz Artur Maia Outro
9% 6% 5% 1% 1%
Herbert Barbosa Antônia Pedrosa Karlúcia Macedo Antônio H. Júnior Cacá Leão Pablo Barroso Manoel (Neo) Outro Não opinou
Em quem você pretende votar para deputado federal?
15% 15% 12% 10%
Kelly Magalhães
ótimo
Rui Costa Marcelo Nilo Walter Pinheiro Lídice da Mata Otto Alencar
Zito Barbosa Humberto S. Cruz João Leão Artur Maia Outro
14% 3% 3% 2% 2% 2% 51% 34% 10% 10% 4% 1% 2% 40%
Não opinou
16%
Kelly Magalhães Antônia Pedrosa
Em quem você pretende votar para deputado estadual?
2% 1% 1% 0% 1%
Cacá Leão Herbert Barbosa Antônio H. Júnior Karlúcia Macedo Pablo Barroso Manoel (Neo) Outro
43%
Não opinou
31%
não opiniou
23%
Geddel Vieira
Oziel Oliveira
39%
Não opinou
bom
Não opinou
40%
Zito Barbosa João Leão
ruim
Paulo Souto
Não opinou
Oziel Oliveira
15% 14% 37% 3%
péssimo
não opiniou
17% 16%
Geddel Vieira Walter Pinheiro
bom
9% 6% 4% 3% 1% 1% 0% 2% 58%
dez/2013
r evis ta d a b a h ia
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revista da b ahia
dez/2013
reportagem
EXPEDIÇÕES
ibiraba,
tudo passava por aqui
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revista da b ahia
dez/2013
história, cultura O Cruzeiro do Santa Cruz, em uma duna por trás da igreja, foi erguido em 1905. Ao lado da igreja, são os monumentos mais antigos de Ibiraba, distrido que foi uma das potências comerciais da região Oeste até meados dos anos 1970. O mercado ao centro do distrito (reprodução acima) foi derrubado em 2009. No ano anterior ele completou 100 anos de existência. Ibiraba foi cenário (reproduções acima) para o filme “Abril Despedaçado”, em 2001, de Walter Salles
São 50 quilômetros Sertão adentro, saindo de Barra. À direita, o rio São Francisco serpenteia em larguras variadas. Ora se divide, ora se encontra, ora se espalha. Em raríssimas vezes conseguimos avistá-lo da estrada, do areão. Algumas comunidades no caminho. Apesar do fogão a gás, o fogo a lenha ainda é comum. Um grupo com três mulheres e uma criança transporta feixes, alheios aos movimentos da modernidade, ambições capitalistas, compulsões de consumo. Gerações de um Brasil que o Brasil desconhece. Ainda estamos na rua do Cemitério, que começa no fim da rua Tiradentes na zona urbana, mas já é zona rural. Aqui, iniciamos nossa expedição jornalística ciceroneada por Alfredo Alves, com destino a Ibiraba, exIcatu, cenário do filme “Abril Despedaçado”, de Walter Salles, em 2001. texto/foto CÍCERO FÉLIX
“A
qui já teve um progresso muito grande. A arrecadação de impostos era maior do que em Barra, Xique-Xique. Isto, antes da enchente de 1979. O comércio era forte. Aqui era ponto comercial da região toda. Tudo que era feito nos brejos, que vinha do Piauí, que ia pra Barreiras; tudo passava por aqui. Na época, tinha até um curral municipal”, conta Marilélia Paranhos, representante do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do distrito, que tem 181 famílias e é sede de 56 comunidades da microrregião. Uma delas, inclusive, há 53 quilômetros dali. O povoamento do arraial de Icatu teve início no século XIX. Chamava-se Brejo da Tapera. O Cruzeiro de Santa Cruz, sobre uma duna nos fundos da igreja, foi erguido em 1905. De longe, tem-se a impressão que não é tão alto, é fácil de subir. Só impressão! A cada dois passos para cima você desce um, com a areia que cede. Do alto, à esquerda para trás, vê-se Xique-Xique; na frente, aos pés do horizonte, o Velho Chico como um fileto d’água; embaixo, o distrito que nasceu em um local chamado Lagoa Seca e já teve dois nomes originários do tupi-guarani: Icatu (água doce) e Ibiraba (águas transparentes). Havia um mercado no centro do distrito construído pelo coronel José Mariani, conta Joana Camandaroba em “Elementos Humanos que fizeram a Barra do passado”. “Em 2009, derrubaram o barracão. Ele fez 100 anos em 2008. Era pro pessoal que fazia feira. O barracão e a igreja são os dois lugares mais antigos daqui. Mudaram a estrutura, o desenho da igreja. O cara não soube fazer, mas tem alguém que tá com tudo fotografado e vai fazer de novo”, relata Nicolau Vitor, que mora em Ibiraba com a família desde 1984. “Daqui eu não saio mais”.
reportagem Eram mais de 10 lojas de tecidos, bazar, armazéns, mercearias. Quando o coletor de impostos Barcelar chegou ao distrito se impressionou com o crescimento contínuo do lugar e alimentou a ideia de emancipação junto às lideranças locais. Quando soube, o coronel Nizan Guerreiro disse: “Não queremos águia em Icatu, lá nós precisamos é de peru”. Barcelar foi transferido para Juazeiro e seu substituto veio com a missão de tornar a coletoria do local inviável. Os impostos deixaram de ser cobrados e o posto foi fechado.
“F
az uns dez anos que a energia elétrica chegou. Na época que fizeram o filme, aqui não tinha energia ainda. Era no candeeiro, lampião. Agora está chegando o calçamento, água encanada – que não tinha também! Tá evoluindo, né!? Pra você sair pra algum lugar, só de animal. Era muito difícil. Pouca gente tinha televisão. Quando a bateria arriava, levava pra Xique-Xique pra carregar. Era um tempo difícil, mas a gente gostava. De dia todo mundo via todo mundo, mas de noite pra ver alguém era a maior dificuldade”, lembra Lorilson de Almeida, 26 anos, formado em técnico agrícola. Ele passa a semana em Barra e nos finais de semana vem para Ibiraba. Seu sonho é ter a casa própria e morar ali. “É sossegado”. Casas abandonadas, portas quebradas, cadeados enferrujados, um motor de energia a diesel em uma casa sem portas e telhas e muitas ruínas. Ibiraba é o retrato do passado, do esquecimento, do silêncio que é cortado quando circula uma moto ou chega um veículo. O fim dos vapores enfraqueceu o comércio e, como se não bastasse, veio a enchente de 1979 do São Francisco e engoliu o distrito. Canaviais, bananais, alambiques, casas de farinha; tudo foi destruído e muitos foram embora.
força da comunidade O Conselho de Desenvolvimento Sustentável se reúne mensalmente com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Barra, Geraldo Ferreira, para discutir políticas públicas para o distrito. Daí já saiu o festival de cultura, realizado ano passado. Anália Ribeiro (foto acima, à direita) foi responsável pela recuperação de Sinhá Furrundunga, grupo de dança de roda. Malilélia Paranhos (D), ao lado de Maronilda Ferreira, são as lideranças do distrito. A primeira é representante da prefeitura 74
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esperança A arquitetura centenária tenta resistir, mas o registro do período de decadência no distrito está presente em todos os cantos através de ruinas e casas abandonadas e fechadas. Apesar de tudo, Marcelo e Lorilson sonham em construir sua vida ali. Hoje, já há luz elétrica, água encanada, escolas para ensino fundamental e médio - inclusive uma com internet - e agora está recebendo calçamento, através do Ministério das Cidades (foto abaixo). No Riacho do Icatu se pescava e mergulhava, há 12 anos. Nos últimos anos se tornou um raso espelho de água corrente. Para as crianças como Vítor, a diversão pode ser com frascos de perfume, latinhas, tampas e outros objetos jogados em um terreno
“Depois, ficou assim, aquele descaso político. Eles não ligavam mais para a comunidade. Depois desse período começou a decadência. Há 12 anos, quando eu voltei pra cá, ainda dava para mergulhar e ainda se pescava no rio Icatu. A gente vai vendo a diferença, fazendo conscientização de que está tudo acabando e parece que o pessoal não enxerga”, lamenta Marilélia. Ela havia terminado de participar de uma reunião com Geraldo Ferreira, secretário de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo de Barra. “Essa comissão se reúne mensalmente. A partir de discussões levantamos problemas, apresentamos propostas, solicitamos políticas públicas. A gente sempre conversa, traz secretários, o prefeito já esteve aqui em reuniões anteriores. Ano passado fizemos
um festival de cultura e vamos fazer ano que vem, em maio. Estamos programando também uma feira de agricultura familiar da região. A gente quer mostrar a riqueza que tem aqui - uma riqueza cultural fantástica! Coisa que em vários lugares já acabou, aqui ainda é conservado”, explicou o secretário. A chegada da energia elétrica em Ibiraba foi retardada em um ano devido ao filme. “Mas compensou”, alega Marilélia. “Fomos reconhecidos lá fora. Foi muito bom. O filme ajudou a mudar muita coisa. Veio escola, agência dos correios. Ainda não tem o serviço de caixa postal. Depende de segurança. Nossa região não tem segurança. Hoje a gente bateu muito nessa tecla na reunião. Temos problemas com jovens envolvidos com drogas. Isso é preocupante porque isso não é da comunidade. É coisa de gente que traz de fora. Aqui não tem atividade pros jovens”. Até 2000, a educação do distrito era realizada por professores leigos. Eles ensinavam até a 4ª série. Depois, vieram outros professores, já formados, que ensinavam até a 8ª série e, por fim, o ensino médio chegou ao distrito. A primeira turma formou-se ano passado. A escola estadual é o único lugar do distrito que tem internet. Há, ainda, uma escola municipal com quadra poliesportiva descoberta, precisando de reparos na infraestrutura; um campo de futebol; um posto de saúde com um médico residente na comunidade, que veio de Cuba, e pequenos comércios. Quase tudo que é produzido pela comunidade, que tem como principal atividade a agricultura e pesca, é comercializado em Xique-Xique. Não apenas pela distância (Barra fica a 50 quilômetros e Xique-Xique é do outro lado do São Francisco). “Lá tem aquele pessoal que compra de caminhão – a manga, a cachaça. O pessoal de Irecê compra bastante também. Agora se em Barra tivesse o comércio que tem em Xique-Xique era melhor. Se tivesse aquela ponte seria um sonho pra gente. Ia ser um sucesso, uma glória pro povo desses brejos”, diz Marilélia. dez/2013
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reportagem
O pensador de ibiraba Não é só estudo. A natureza também ensina. Não queremos dizer que só o estudo que deixa você ser alguém, ser feliz. Criatividade também. A natureza lhe ensina e muita gente despreza. Pode ser feliz, mas ele mesmo abandona a felicidade dele.
Eu sou muito doente quando as pessoas não sabem o que é respeitar a opinião dos outros. Às vezes eu fico aqui em casa me sentindo assim, me corroendo por dentro.
Tenho irmãos poetas. Eu tenho um irmão que nós gosta muito de conversar sobre as coisas do mundo. Isso não veio de estudo! A gente foi vivendo o mundo assim e analisando como é o mundo. Então eu passei a acreditar que nós aqui vivemos por conta própria. Se um sujeito mata um de nós aqui, por isso fica.
Impossível não reparar no que está escrito na fachada da casa de Ademar Pereira de Carvalho. Mais: impossível não querer conversar com ele sobre as três frases. “Eu fui ver direitinho que falar da vida um do outro é um sistema que ninguém muda, ninguém tira da boca de ninguém, mas da saúde ninguém comenta. Se você está doente, você não vê ninguém chegar aqui e se preocupar com você. Aí eu pra dá exemplo coloquei isso aqui na cara do povo, de frente à cara do povo”, argumenta o vendedor de ervas engarrafadas. Ademar tem quatro filhos e hoje escreve e sabe ler um pouco. “Não vou dizer que sou igualmente ao formado, só não fiz foi concurso. Pra não dizer que eu não fui para a escola, eu fui a escola de pessoas leigas, pessoas analfabetas. Eu cheguei apenas ao analfabetismo, que é praticamente o abc”, diz. Veja ao lado um pouco de seu pensamento exatamente como ele fala. texto/foto CÍCERO FÉLIX
Eu sou completamente assombrado quando vejo homem com mão de arma. Onde eu vejo bandido e polícia eu corro dos dois, pra mim era tudo igual. Uma vez um policial me deu voz de prisão numa loja. Ele falou: ‘Olha, você merecia uma voz de prisão agora, porque você generalizou’. Eu falei: ‘Mas você não se identificou! Eu agradeço muito em saber quem é você. Mas uma que você não tá enxergando o mundo do jeito que eu tô
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enxergando. Você não tá vendo o que está acontecendo com policial. Nem todo policial é honesto. Agora se você é honesto se identifique quem é você. Faça seu trabalho, mostra pro povo que você é diferente dos outros’. Aí a conversa foi longa. Ele falou: “Ah, um cidadão que nem você não deveria morar no nosso país, devia morar... (aí ele falou o nome do país), que só sai com portapé [passaporte]’. Aí ele ficou muito magoado, me pediu desculpa. Mas eu falei pra ele que eu não acredito nos homens da mão armada.
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balanço/2013 informe publicitário
são desidério
terra extensa, grandes desafios e muitos avanços Belezas naturais, riqueza no campo e estilo de vida típico de interior. Características que encantam quem chega a São Desidério, Uma cidade do Oeste baiano que conta com 32 mil habitantes. É o segundo maior município em extensão territorial do Estado: são 15.157,005 km². Recentemente São Desidério ganhou mais uma vez destaque nacional ao superar a cidade de Sorriso (MG) e voltar a liderar o ranking dos municípios de maior valor de produção agrícola do país, de acordo com Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor da produção agrícola de 2012 chegou a R$ 2,3 bilhões, 35,2% mais que em 2011. A cidade foi responsável por 12,4% da colheita brasileira de algodão e por 48,9% da produção baiana. No mesmo ano o município passou a ocupar também o 11º lugar no ranking nacional de produção de soja. Quem ganha com isso é o produtor rural, o comércio na sede do município e da região e toda a sociedade como um todo. A prefeitura investe mais no município, cria e melhora estradas, reforma e amplia escolas, cuida da saúde da população, dá vida mais digna ao cidadão, fortalece a cultura e eleva a autoestima do são-desideriano. Veja, a seguir, as principais ações do governo municipal neste ano.
W SAÚDE São Desidério dispõe de vários serviços voltados para saúde e bem-estar da população, através de convênios com Estado e União. Recentemente, o município recebeu dois médicos cubanos do programa Mais Médicos. Eles atendem na zona rural, nas Unidades de Saúde da Família. 36 médicos atuam nas unidades e hospital, o que corresponde a 1,24 médico a cada 1.000 habitantes. Outro investimento é na Atenção Básica, com uma cobertura de 70% em todo o município. A prefeitura ampliou o número de consultas, cirurgias, exames laboratoriais; investiu na locomoção de pacientes para tratamento em hospitais de outras cidades; na aquisição de veículos, equipamentos; em serviços de atenção básica, saúde bucal, saúde mental, SAMU, Vigilância Sanitária e Epidemiológica e no atendimento itinerante da Unidade Móvel de Saúde. A rede de serviços de saúde compreende 23 unidades de serviços próprios, que prestam com humanização os atendimentos nas especialidades em, clínico geral, ortopedia, angiologia, cirurgia geral, fisioterapia, ambulatorial, obstetrícia, pediatria e ginecologia. Além dos serviços de urgência e emergência. O município com recursos próprios mantém uma Casa de Apoio na capital baiana, Salvador, onde recebe os pacientes que fazem tratamento de alta complexidade nos grandes hospitais. Na sede, a prefeitura disponibiliza uma Casa da Gestante que acolhe as parturientes que moram em comunidades rurais, nos dias que antecedem ao parto e o período pós-parto, além de uma casa de apoio que recebe os moradores da zona rural para tratamento de saúde no hospital da sede. Dos investimentos feitos pela prefeitura na saúde, 84% foram provenientes de recursos próprios e os outros 16% foram repassados pela União e Estado.
W SEGURANÇA Para o distrito de Roda Velha, a prefeitura doou duas viaturas para a Polícia Militar que atua no local e instalou sistema de iluminação pública nas avenidas Brasil, Paraná, Realeza e o bairro Recanto Feliz, onde também foi construída uma ciclovia. Na sede, todas as vias de acesso receberam um moderno sistema iluminação pública.
W INFRAESTRUTURA Em parceria com produtores rurais, a prefeitura está construindo trechos das estradas rurais, a exemplo da Linha Verde e Linha São Sebastião, em Roda Velha. A abertura dos 25 quilômetros da São Sebastião beneficiou o escoamento da produção agrícola de 11 fazendas produtoras de algodão, milho e soja. “A prefeitura sempre investiu nas estradas vicinais. Só essa área, em que há a maior produção agrícola, temos mais de 90 quilômetros de estradas construídas. Toda essa conquista faz parte de bons investimentos e parcerias com os produtores rurais que, por sua vez, melhoram a qualidade de seus produtos”, disse o prefeito Demir Barbosa. Além desse trecho, está sendo finalizada a recuperação da Rodovia da Soja, também no distrito de Roda velha, que favorece 56 mil hectares. São 33 quilômetros de estrada vicinal recuperada em parceria entre a Prefeitura Municipal de São Desidério e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão-(ABAPA). A pavimentação asfáltica da Avenida Realeza no distrito de Roda Velha já foi concluída. Nos povoados de Morrão e Morrão de Cima está em conclusão a pavimentação asfáltica da estrada de oito quilômetros que dá acesso aos dois povoados, ligando a comunidade à BR135. Na reta final se encontra também a recuperação da estrada do povoado de Embalçador. O povoado de Campo Grande também recebeu pavimentação. Em todas essas comunidades estão sendo construídas praças, sarjetas, passeios e meios fios. Não deixaram de receber pavimentação asfáltica às ruas dos povoados de Cabeceira Grande, Ilha do Vitor, Almas e Angico. Foram construídas ainda quadras poliesportivas, praças de lazer. Na sede do município está sendo construído o canal para escoamento das águas pluviais e em fase de acabamento a construção da ponte do Povoado de Perdizes, além da recuperação da BA-462, que liga São Desidério a Roda Velha. Foram recuperadas as estradas do Povoado de Ponte de Mateus ao Povoado de Pedras.
W EDUCAÇÃO O ano foi de ações também na educação com a construção da quadra poliesportiva na Escola Municipal Waldeck Ornelas em Roda Velha e todo mobiliário escolar para a unidade. Está em fase de construção duas creches, sendo uma na sede, no Bairro Tangará e a outra no distrito de Sítio Grande. A secretaria ainda investe em cursos de capacitação para a equipe de coordenação, supervisão, corpo docente, direção escolar, além de reforma e ampliação de escolas.
W ASSISTÊNCIA SOCIAL A Secretaria Municipal de Assistência Social oferece curso de violão, karatê, canto e capoeira às crianças e adolescentes dos bairros Alto do Cristo e Tangará. Eles fazem parte do projeto Arte em Jogo e suas mães são assistidas com cursos de culinária e pintura. A secretaria promove frequentemente palestras educativas e eventos culturais e coordena o Projeto Longevidade, que busca melhorar a qualidade de vida dos mais velhos, a exemplo dos moradores do Lar dos Idosos.
W TURISMO E MEIO AMBIENTE São Desidério está oficialmente no roteiro de belezas naturais do Brasil, com a confecção do inventário turístico solicitado pelo governo federal através do Ministério do Turismo. Com este documento será possível atrair investidores em ecoturismo, turistas, pesquisadores, e aperfeiçoar a exploração sustentável das potencialidades e promover o desenvolvimento do município. Só ano passado o município recebeu cerca de 120 mil visitantes. Destes, 14 mil turistas vieram apenas conhecer as belezas naturais como o paredão Deus Me Livre, que é um dos 46 pontos turísticos registrados no inventário. Ele tem 36 metros de altura e permite atividades radicais como o rapel e a tirolesa. Além do paredão, São Desidério, tem um complexo de caverna que representa um patrimônio espeleológico do mundo. Nele há o Lago do Cruzeiro, maior lago subterrâneo das Américas. A Lagoa Azul e a Gruta do Catão é um dos cartões postais mais visitados do município. São Desidério foi um dos primeiros municípios da Bahia a aderir ao Programa de Gestão Ambiental Compartilhada. Conquistou a autonomia para aprovação de localização de reserva legal das propriedades rurais da região. Por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, firmou um acordo de colaboração técnica com a The Nature Conservancy, com intuito de fortalecer as ações de conservação da biodiversidade do Cerrado. Foi o primeiro município do oeste da Bahia a apresentar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o Ministério do Meio Ambiente dentro do prazo estabelecido pela Política nacional de resíduo Sólido e implantar um projeto de coleta seletiva com a instalação de um centro de triagem de resíduo sólido e o ecoponto de pneus no Distrito de Roda Velha sendo um projeto Piloto que será implantado na sede e demais localidades do município. A Secretaria de Meio Ambiente e Turismo vem promovendo a qualificação de pessoas e melhorias de serviços para que o município alcance níveis de competitividade no turismo, assegurando a compatibilidade do desenvolvimento com a manutenção dos processos ecológicos essenciais á diversidade dos recursos. Ações de capacitação de condutores, infraestrutura nos atrativos, ponto de apoio ao turista e ações em apoio a promoção e comercialização vem sendo executada pelo poder publico.
W ENTRETENIMENTO São Desidério é conhecida em toda a região pelas grandes festas realizadas em períodos distintos. Uma das maiores é a Festa da Paz, que acontece geralmente em setembro, com grade de atrações extremamente diversificada, indo do popular ao pop rock. Na edição deste ano, a 17ª, os resultados do evento superaram as expectativas, com a presença de aproximadamente 70 mil pessoas no Coliseu da Paz durante os dias de festa. Apresentaram- se o Padre João Carlos, Cláudia Leite, Aviões do Forró, Jota Quest, Fernando Mendes e atrações locais. O Forró do Sítio Grande , que comemora o São João no povoado de Sítio do Rio Grande teve com uma das principais atrações Targino Gondim e Adelmário Coelho.
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especial Oeste
foto RUI REZENDE
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por dentro do itaguari O cardume parece nadar para uma única direção. Mas não há uma única direção. Há outros caminhos, outros rios. E para esta edição escolhemos o rio Itaguari. Fica entre Cocos e Jaborandi. O rio está dentro do Parque Nacional Sertões Veredas. Informações no município Chapada Gaúcha, através do telefone (38) 3634.1465. O guia Pedrão conhece bem o lugar. Seu contato é (38) 9961.3723.
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ÚLTIMA VEZ
que me vi foi ontem
A sensação que se tem é que o sujeito do verso do título não para. Está em um movimento contínuo cujo presente já nasce passado. Assim vive Zeca Bahia, autor de “Porto Solidão” em parceria com Ginko. Faz 20 anos que ele voltou para Bom Jesus da Lapa, onde trabalha como funcionário público da prefeitura e vive uma fértil boemia. Seu novo disco já está no forno texto/ fotos C.FÉLIX
cult música, cinema, artesanato, agenda,
música
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idade fica por conta do freguês. O calendário diz que são 63 anos de vida, ele diz que são 600. Sua relação com o tempo pertence a outra lógica, seus sentimentos são profundos. Em uma de suas composições, declara: “um dia desses a gente quebra o zumbir dos relógios e acerta os ponteiros. Porque ainda resta o amor, a poesia, a rima capenga e a cachaça”. Não à toa, o título do próximo disco do lapense Zeca Bahia é “O tempo e o destino”. Ele tem 286 canções gravadas. Uma delas, “Porto solidão”, foi sucesso em todo Brasil na voz de Jessé em 1980 e virou sua “aposentadoria eterna”. “Até hoje eu recebo royalties dessa música!”. Há pouco mais de 20 anos Zeca voltou a morar em Bom Jesus da Lapa e divide seu tempo entre o expediente diário na prefeitura, os eventuais shows e a boemia. A vida de artista entre os anos 1970 e 1980 não lhe rendeu riquezas, mas o suficiente. Não se considera pobre nem rico, apenas capaz de resolver seus problemas e, quando possível, dos outros. “Sou muito feliz, porque o dia de amanhã passou ontem lá em casa, e me falou que eu esqueci de colocar o futuro na geladeira e ficou passado. E a última vez que eu me vi foi ontem, mas eu fiquei presente esperando o passado passar pra me dizer boa noite”, diz, como se fosse expectador do tempo. Seu novo disco deve ser lançado em breve, mas não tem data marcada. O que é certo – não se tem dúvidas disso! - é que em qualquer show que faça, mesmo para divulgar um novo trabalho, “Porto solidão” estará presente no repertório. Ela foi gravada em 43 países, segundo Zeca, mas a gravação com Altemar Dutra foi uma das mais especiais. “Foi a realização de um sonho. Eu era muito fã dele”. Ano passado “Porto solidão” foi regravada pela enésima vez, por Raimundo Fagner, e tema da novela Máscaras, da Rede Record. “Essa música foi feita em 1979, em Vila Mariana, São Paulo. Ginko escreveu um poema e me mostrou. Eu falei pra ele ler e fui fazendo a letra e a metria da música. Quando eu terminei, que eu peguei o violão e cantei o pessoal aplaudiu e todas as lâmpadas de dentro do boteco explodiram”, recorda, explicando que foi um momento especial, mediúnico. “Seria egoísmo pensar que somos donos da vida e esquecer a espiritualidade”.
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José Ramos Santos nasceu em 19 de março de 1950, na Praça do Livro, em Bom Jesus da Lapa. Descobriu que tinha dom para compor aos 10 anos. “Aprendi a tocar violão em uma semana, com Wilson Cai Cai, um craque do futebol. Ele me ensinou os tons com maior boa vontade. Depois de uma semana mandou eu me virar. Foi uma figura muito importante na minha vida. Aos 14 anos compus minha primeira música: ‘Guerra do samba’. Depois, fui criando outras”. Ao lado de Orlando Fraga, Dr. Nilzo e Evandro Brandão, Zeca fundou a banda ‘Os Terríveis”. Foi um sucesso no Oeste e Sudoeste baianos. Partiu para Belo Horizonte, Brasília e São Paulo, mas não sobreviveu só de música. Trabalhou na Abril Cultural, Folha de S. Paulo; foi revisor de livro jurídico, de poesia, romance. Entrou em jornalismo, mas não concluiu o curso. “A música me tirou desse caminho e me botou no caminho que eu vivo até hoje, de cantor e compositor”, diz Zeca, que prefere não classificar sua produção artística: “Eu acho que compositor tem que ser eclético e, se ele for eclético, é versátil. Minhas composições podem ser qualquer coisa: um forró, um jingle... o importante é fazer bem feito”. Zeca tem cinco filhos de dez casamentos - dois deles são adotivos. Não tem remorso das separações. “Fui feliz 10 vezes. Só não deu certo. Não é culpa das mulheres e nem minha. Nós estamos no palco da vida e vivemos em órbita. As coisas mudam, os ciclos mudam, tudo muda...”. Revela um amor imensurável pelos filhos e os dois netos, mas não os ver com frequência. “Eu fui fazer um show em Salvador e tinha 25 anos que eu não via minha filha Joana. Marquei de encontrar ela na praia do Forte. Fui eu e Vanderlino, meu percursionista. Foi ótimo, maravilhoso. Eu fiquei maravilhado com esse reencontro. Na volta, Vanderlino veio dirigindo e eu vim escrevendo sobre o amor pela minha filha: ‘O amor não está no papel, está no céu da boca da sua bondade. O amor tá no sangue e se expande em busca de carinho. O amor é uma criança que nunca perdeu a esperança de virar passarinho. E passarinhos que somos de asas abertas para o vendo, voa na saudade e nas lembranças do tempo. Alça um voo fulminante numa velocidade incandescente, transcende a órbita esse amor que voa, voa, voa, mas nunca sai do pensamento da gente’”, declama emocionado. Às tardes, depois do expediente, Zeca passeia pelos bares da Lapa e se recolhe em um sobrado perto da rua da Lagoa. Dois pequenos cachorros são sua companhia. Alguns amigos, a exemplo do parceiro e compositor Ronaldo Maciel, frequentam sua cozinha, centro de criação, debates e celebrações. E quando o assunto é a atenção que a mídia dá para certos produtos culturais, Zeca fica indignado. “Que diabos é ‘Leco, leco, leco, leco’? A mídia hoje é imediatista e acha uma maravilha veicular o que é ruim porque ganha dinheiro com isso. São criminosos com relação à cultura”. Mas a ditadura da mídia não é de hoje, esclarece Zeca. Ele lembra que o Festival MPB Shell da Rede Globo de 1980, que premiou Jessé com “Porto Solidão”, era aberto para todo o Brasil. Mas na prática só eram inscritas músicas de gravadoras. “Se o jabaculê era grande naquela época, imagina hoje que o dinheiro manda mais do que tudo”. A falta de força e de mobilização cultural na região o preocupa. “Acontece algum show cultural em Barreiras? Não! A gente precisa fomentar essa cultura. Os artistas da nossa região são muito competentes e ninguém dá valor. Os políticos jogam o dinheiro fora, pagam 80 mil numa banda vagabunda, mas não pagam mil reais para um artista sério da região deles. Isso tem que mudar! É uma retrocidade cultural”, desabafa com uma voz que parece ter saído do disco de Bob Dylan, como a querer levantar a âncora do porto de solidão.
Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com
anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital
Um olhar, uma mulher pelada e o óbvio
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la era uma morena de cabelos cacheados, pele jambo e olhos negros. Quase uma mulata, diria, não fossem as muitas latinhas de cerveja que consumi aquela noite. Isso, bem provável, que pouco importa após tanto tempo. Lembro-me de ela ser carioca e ter uma filha de quatro anos. Yasmim era o nome da pequena, salvo não esteja sendo enganado pela minha rasa memória. E mais: como era linda a morena e também seus cabelos cacheados. A pele era macia, os lábios convidativos e o cheiro suave e dosado na medida certa. O beijo também era bom como se revelou a sequência daquela derradeira noite na capital potiguar. Minha curiosidade me obrigou a perguntar pra ela o que a tinha feito se sentir atraída por mim. Por mais tola que tenha sido a pergunta, confesso que não resistiria ao convívio diário com a curiosidade de nunca saber ao certo o calibre da flechada que acertei naquela morena cor de jambo. Era minha última noite naquela terra desconhecida e possivelmente – como de fato aconteceu – nunca mais a veria de novo. Foi o meu jeito de olhar que a conquistou. Meus olhos castanhos sob efeito de algumas cervejas que chamaram atenção dela. Esse mesmo olhar ganhou novas fãs com o passar dos anos. Não sei o porquê, mas foi e é assim. Talvez por isso, tenha agido tão naturalmente depois de ler a frase que piscava no chat da conta de e-mail: - Tu olha de um jeito diferente. A gargalhada foi inevitável. Ri alto. Após reler pela décima vez, a recordação de cada uma das outras vezes que ouvi essa mesma frase, claro, com outras palavras e outros contextos, estava nítida na mente de novo. Por instantes mergulhei num oceano de nostalgia e deixei escapar o mais maroto dos sorrisos. Foram segundos preciosos e, garanto, deliciosamente divertidos, ainda mais, porque a pessoa do outro lado da grande rede – diga-se de passagem, também
morena e dona de uma voz levemente rouca e covinhas no queixo, se saiu com esta: - Quando você olha pra mim, eu me sinto pelada! Minhas bochechas avermelharam. Não sabia se ria, tampouco, o que responder. A situação era engraçada. A morena, a mesma que me pediu pra arrastar o pé e não levantar na arte do dois pra lá, dois pra cá, agora, me confidenciava que eu, quando olhava pra ela a fazia se sentir pelada. Dentre as hipóteses mais loucas, cogitei,passar a usar uma venda nos olhos, ficar de costas sempre que estiver frente a frente com ela, e até o trivial, apenas rir, afinal, a ideia não era de todo mal. A surpresa com aquelas nove palavras uma vírgula e uma exclamação me fizeram eivar a conversa para o mundo mágico das redes sociais. Quiçá, não tivesse por lá, uma dica, uma vez não haver limites para a quantidade de excentricidades que se encontra nas postagens dos seres humanos quando compenetrados diante de um computador ou munidos de um aparelho celular desses de última geração. O máximo que ganhei foi um enxergue mais o óbvio. Isso me fez lembrar do mestre Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico. O óbvio ululante, ora. Meu olhar fazia com que uma mulher se sentisse nua, pelada, sem roupas. Pensei na morena da capital potiguar. Será que ela chegou a cogitar isso aquela noite? E as outras que falaram do meu olhar, quantas mais havia despido esses anos todos? Quantas mais ainda haverei de despir com um simples olhar? Uma, duas, dez, cem. Ah, quem se importa. Eu gostei da ideia e isso, como dito no parágrafo acima, não é de todo mal.
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Pintora barreirense transforma casa da mãe escritora Prisilina de Carvalho em atelier para exposições de outros artistas, visitação pública e revela a sensual feminina em sua arte. texto/fotos GABRIELA FLORES
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ode estar perdido, pensativo, vazio, malicioso ou simplesmente verdadeiro, os olhos podem dizer muito sobre uma pessoa. O mistério por trás de cada olhar atrai a atenção da artista Pedrita Martha. Barreirense de 63 anos, a pintora faz uso de traços bem delineados ou descompassados para expressar a visão que tem do mundo. “Descubra seu dom e faça o que gosta”. Seguindo o mandamento da mãe escritora, Prisilina de Carvalho, Pedrita descobriu a paixão pela pintura ajudando o pai a pintar paredes de casas. Enquanto as crianças iam brincar durante o recreio ela ficava na sala desenhando. Pedrita pintou a primeira tela aos 12 anos, um palhaço. “Meu sonho era fugir com o circo. Uma vez quando o circo veio para Barreiras, eu fui lá para conhecer os artistas e fiquei impressionada
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dedos mágicos Hoje, a galeria abriga obras de Pedrita e de mais três artistas e fica aberta de segunda a sexta-feira, das 16h às 22h
com o palhaço. Ele era uma pessoa triste, mas todas as noites ele colocava um sorriso no rosto para ir alegrar as outras pessoas. Isso mexeu comigo”, revela a artista. Outra paixão da pintora é a beleza da mulher africana. O corpo despido, de pele negra e curvas a perder de vista revela a personalidade de cada mulher retratada sem rosto. “Eu nunca estive na África, mas a mulher africada sempre representou algo forte para mim. E eu pinto mulheres nuas porque o corpo por si só fala muita coisa”, disse Pedrita. Admiradora do renomado pintor espanhol Pablo Picasso, a artista revela que a forma com que ele retratava a guerra civil com pessoas deformadas revela o horror dos conflitos. “Ele revolucionou. É isso que eu gosto nele”, afirma. O atelier Dedos Mágicos, recém-inaugurado em Barreiras, reúne diversas telas de Pedrita e outros três artistas da cidade. Aliás, o local é para ser um espaço para as artes. Pedrita pretende dar aulas de pintura, abrir espaço para as bordadeiras que aprenderam o ofício com a sua mãe e músicos. “Minha mãe sempre foi envolvida com a música e com a arte. O sonho da minha mãe era que eu transformasse a casa dela em um atelier para expor meus quadros. Depois que ela morreu, meus irmãos me encorajaram a tornar o sonho dela em realidade”, revela Pedrita, que hoje é aposentada do Banco do Brasil e que vive agora dedicada a arte. Quando se fala de inspiração, a artista revela que não sabe como surgiu a vontade de expressar alguma coisa na tela. Tem noites que acorda e sabe que precisa pintar. Coloca as mãos na tinta e começa a pincelar com os dedos os quadros de flores. “Eu sou católica, mas respeito outras religiões. Tenho amigos espíritas que já me disseram que esses quadros são feitos por tutor espiritual. Se você prestar atenção, esses quadros diferem muito do trabalho que eu faço, digamos assim, consciente”, finaliza Pedrita.
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música
fotos: reprodução
Ney Matogrosso: Atento aos sinais Em seu novo trabalho de estúdio, Ney Matogrosso comprova que é um autêntico caçador de talentos, incluindo no repertório composições de autores desconhecidos, ou não tão divulgados. Nas 14 faixas do novo álbum destaque para “Incêndio” que parece ter sido feita especialmente para registrar o momento que o país viveu nos meses de junho e julho de 2013. O tema das ruas está presente em “Rua de Passagem”, de Arnaldo Antunes e Lenine, e no antigo e modernizado samba de Paulinho da Viola, “Roendo as Unhas”. Outros destaques são: “Noite Torta”, que ganhou uma versão mezzo blues, e “Isso Não Vai Ficar Assim”, com uma levada malemolente no arranjo.
Pearl Jam: Lightning Bolt
vinte anos de sucesso A musa do Axé Music, Ivete Sangalo, se apresenta em Barreiras, no dia 21 de dezembro na Levada Elétrica do Bloco Allanbick. A cantora traz em seu currículo 20 CD’s, diversas turnês internacionais, e duetos com Gilberto Gil, Alejandro Sanz, Bono, Shakira, entre outros artistas. Esse é o segundo show de Ivete após a gravação do DVD em Salvador. A cantora promete ferver a Arena Fonte Nova, onde faz a gravação do novo DVD. Ivete promete três horas de show, sem intervalos, recheadas de músicas que marcaram a história da artista e do público em comemoração aos 20 anos de carreira. Além do talento reconhecido internacionalmente como cantora, a baiana, nascida em Juazeiro, mostrou ao longo da carreira o estilo próprio de entreter o público como apresentadora, garota propaganda e atriz, sem contar com o carisma e bom-humor que lhe renderam mais de 200 fã-clubes registrados e cerca de 350 mil visitas mensais em seu site oficial. A cantora também atua como empresária em vários setores e não deixa de lado os momentos em família no papel de mãe e esposa. A gravação do DVD acontece no dia 14 de dezembro com início às 20h. O quinto DVD já gera a expectativa de sucesso, comparado ao primeiro gravado no Maracanã em 2007, trabalho mais vendido pela Universal Music no mundo em todos os tempos, seguido do “Ivete Sangalo no Madison Square Garden”, lançado em dezembro de 2010, que atingiu a marca recorde de 500 mil cópias vendidas em apenas três meses. Neste show, Ivete convida os cantores Alexandre Pires, Bell Marques, Alexandre Carlo e Saulo, ex-vocalista da Banda Eva, grupo musical que trouxe notoriedade à artista, onde ficou por cinco anos. 90
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De todas as bandas surgidas em Seattle no início dos anos 90, apenas o Pearl Jam manteve-se estável, positivo e operante ao longo de 22 anos de carreira. Lightning Bolt é o décimo disco de material original que Eddie Vedder, Stone Gossard e seus asseclas entregam, e a certeza de que esses sujeitos estão bem e na ponta dos cascos só aumenta. Em 12 canções, o novo álbum esbanja vigor, afastando qualquer dúvida sobre a vontade que a banda tem de estar junta, tocando e compondo. Além disso, a sonoridade do grupo, se não é “grunge” há muito tempo, assumiu contornos que pendem para o classic rock, mas sempre com personalidade. Os fãs trouxeram a banda até onde está e o Pearl Jam é totalmente consciente disso, talvez aí esteja o motivo de tanta lenha para queimar.
Jota quest: Funky Funky Boom Boom Apesar do título bizarro, o sétimo álbum de inéditas do Jota Quest, desencava a raiz black do som do grupo mineiro num repertório bem festivo. Cheio de groove, formatado pelo norte-americano Jerry Barnes, a bolachinha cai na gandaia sem se desviar da rota tradicional do som do grupo. Várias faixas são chamadas explícitos para a festa. Em resumo, Funky Funky Boom Boom surpreende e tem cacife e balanço para elevar o status do Jota Quest no mercado.
cinema
BRIAN PERCIVAL: A menina que roubava livros O livro que já vendeu mais de dois milhões de exemplares apenas em terras brasileiras, ganha agora as telonas. O filme conta a história da corajosa menina Liesel Meminger, que precisa ir morar com uma nova família na Alemanha em plena Segunda Guerra e, a partir dessa convivência, transforma a vida de todo mundo ao seu redor. O mais interessante da obra é que ela é narrada pela própria Morte. A estreia está prevista para 17 de Janeiro de 2014. Literatura
Daniel Galera: Barba ensopada de sangue
Intenso e absolutamente viciante, o quarto livro do escritor paulista, radicado em Porto Alegre, é dotado de um senso impecável de ritmo, alternando descrições ricas em sutileza e detalhamento com diálogos ágeis e de rara verossimilhança, que dão vida a um elenco de personagens inesquecíveis. A história gira em torno de um professor de educação física que busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores. Imperdível.
Marco Antonio Villa: Década Perdida
O livro versa sobre os dez primeiros anos do Partido dos Trabalhadores no poder, de janeiro de 2003 a dezembro de 2012. Analisa os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os dois anos iniciais da gestão de Dilma Rousseff. Mais do que retrato de uma década, a obra busca desnudar padrões, revelar modelos de comportamento, fixar estilos de conduta - o próprio modus operandi do PT no poder, o método, segundo o autor - aparelhar o Estado desde dentro e de forma que, progressivamente, não mais se distinga do partido. Ao optar por um encadeamento cronológico, Villa dá a este livro a temporalidade necessária à compreensão do que considera um golpe em pleno curso.
se liga! Dia 15 de dezembro Brasília recebe A 4 Estações em LEM promove um reveillon dia 31 de dezembro com as bandas Revelação e Turma do Nando e Lucas e a Banda Baile Pagode na AABB. New Voice de Goiânia. A banda Chiclete com Banana se apresenta em Goiânia no dia 15 de No dia 01 de janeiro a 17a edição da dezembro, mais um show que marca Lavagem do Kimarrei no Cais em Bara despedida de Bell Marques. reiras traz Tomate como principal atração.
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Tizziana Oliveira
CONECTADO e-mail: tizzib@gmail.com facebook: tizzianaoliveira twitter: @tizzioliveira
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Gelo, Limão e Açúcar
Amor de irmãos
Os simpáticos irmãos Pedro Ribeiro, 29 anos, e Marina Ribeiro, 15 anos, posaram para as lentes da fotógrafa Helena Ogrodowczyk em ensaio “pra lá de descontraído”. Além de irmãos, eles são parceiros de baladas, melhores amigos e treinam juntos há mais de dois anos. “O amor que sentimos um pelo outro é incondicional, não ficamos longe de jeito nenhum”, disse Mariana. Osvaldo filho
O “debut” de Aline Ghellere
A comemoração dos 15 anos de Aline Ghellere, no Quatro Estações no dia 9 de novembro, reuniu familiares e amigos, e muita emoção para os pais Aliete e Alirio Ghellere. “Pretendo fazer intercâmbio, para aprimorar o inglês e conhecer novas culturas”, disse Aline. Fã de Harry Potter, ela quer cursar Arquitetura. 92
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Me caiu os butiá do bolso...
Caneta delineadora “Carbon Black”
Mayara Tonet Salvetti, recém-eleita a Miss Luís Eduardo Magalhães 2014, fez um ensaio especial para o Ano Novo para “Garota UAU” e mostrou as curvas que lhe renderam o título. A representante luiseduardense concorrerá ao Miss Bahia 2014
Reprodução
Ultimamente eu ando usando muito delineador, e quero compartilhar com vocês um produto incrível para as viciadas em delineador. Traço mais preciso e ponta maleável, além de ter ótima cobertura e pigmentar na primeira passada. Crie vários makes: do traço fino ou gatinho. O delineador “ Carbon Black - Luzes”, é da marca RACCO. Estou adorando essa versão, já que garante mais precisão e me dá firmeza.
Garota Uau é Miss!
(77) 3628-6700 (77) 9979-9899
Yes Design & Comunicação lançam site inédito
Os empresários André Portela e Leonardo Guimarães da agência de publicidade Yes Design & Comunicação criaram um site inédito na cidade, o FUZUERA.COM.BR. “No site é possível encontrar todo tipo de serviços, produtos e profissionais para sua festa, e o melhor, totalmente de graça”.
(77)9847-1313 (61)8143-1160
À espera de Laura Helena O casal Paulo Magerl e Vanessa Pereira acaba de registrar a gravidez com um belo ensaio fotográfico. Os cliques foram feitos na chácara Clube Cavalo de Aço, pela fotógrafa Kika. A curiosidade é que no ensaio não podia faltar a cuia de chimarrão. A linda Vanessa espera a chegada de Laura Helena.
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Greco, Aderlan e Rafael
Geraldo, Ronilson, Ernani e Joabe
Pedro Henrique ao lado Jack e Boaz Galdino Paulo Henrique, o mais novo oficializado cidadão barreirense
Henrique, Flávia, Débora, Vivian e Jailton
Elaine, Leilson e Valter
Adriano, Fininho e Fábio dez/2013
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Luzia, Silvano, Humberto, Eurico e João Paulo
Bentec
Carmen Steffens
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Luzia, Silvano, Maira e Humberto
Coquetel de lançamento da inauguração da franquia de móveis planejados Bentec em Luís Eduardo Magalhães.
Andressa, Vanessa, Angelo e Angelo Filho
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Allef, Silvano, Felipe, Luzia, Andressa e Silvano Jr.
Augusto e Carmem
Coquetel de reinauguração da loja Carmen Steffens em Barreiras e lançamento da coleção alto verão 2014.
Sheila, Vanessa e Ana Paula
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