Revista ed 25 web

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ano 4 - nº 25 out-nov/2014

o uza

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Velho _ _ e seco Chico

rio chega a seu pior nível dos últimos 100 anos, assusta e comove ribeirinhos.






editorial Ouza Editora Ltda. Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

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ano 4 - nº 25 - out-nov/2014 Diretor de redação e editor

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) 9131.2243 e 9906.4554 sousa.cfelix@gmail.com

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Diretora Comercial

Anne Stella

9123.3307 e 9945.0994 annestellax@hotmail.com

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redação Gabriela Flores secretária de redação

Carol Freitas

8826.5620 e 9174.0745 freitas.caarol@gmail.com

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colaboração

Rui Rezende ilustração

Júlio César

edição de arte

Leilson Soares

Consultoria de moda

Karine Magalhães Revisão

Aderlan Messias Impressão

Coronário Editora e Gráfica Tiragem

3 mil exemplares assinaturas/contatos comerciais Barreiras

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3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307 Barra

Helena: (74) 3662.3621 Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401 Santa Maria da Vitória

Marco Athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 Rosa Tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas colunas assinadas.

Esperança, apesar do lamento

O

olhar de tristeza e o desalento do ribeirinho franciscano e a face perversa da sociedade brasileira são dois dos principais temas desta penúltima edição do ano da Revista A. O primeiro foi resultado de uma expedição por quatro cidades (Barra, Ibotirama, Paratinga e Bom Jesus da Lapa) às margens do São Francisco, entre os dias 16 e 19 de outubro; o segundo, discute a discriminação emergida mais uma vez em um processo eleitoral. O direito democrático vigiado, a invenção do Nordeste pela mídia e o racismo latente do brasileiro são discutidos na entrevista com o professor Gilson Brandão, doutorando em história social. Para ele, a cultura oficial brasileira é predominantemente branca. Indígenas e afrodescendentes são vistos apenas como elementos residuais. A situação do rio São Francisco é comovente. A principal fonte secou, sua caixa d’água (a represa mineira Três Marias) está com menos de 3% de sua capacidade, a cada dia diminui mais e o efeito em cascata é alarmante. O rio São Francisco vive o seu pior nível registrado até hoje e deu lugar a um novo rio: um rio de croas. Os bancos de areia se multiplicam rio abaixo, a ocupar o lugar das águas. Nos quatro dias de expedição foram produzidas, além do material para esta reportagem, cerca de sete horas de filmagem para um documentário que será lançado em breve. As angústias, poesias, músicas, pinturas e lendas se misturam numa relação ora visceral, ora espiritual dos personagens com o Velho Chico. As incursões pelo mundo dos ribeirinhos presentes nesta matéria tornam compreensível a dor diante do rio seco, e apontam para uma única saída: a esperança. A esperança, inclusive, é pano de fundo para mais três matérias desta edição: a primeira, fala sobre o audacioso projeto para revitalizar o turismo religioso em Bom Jesus Lapa e outras potencialidades econômicas do município; a segunda discute a construção de uma praça pública através da conversão de uma multa ambiental e, a terceira, a produção do audiovisual na região. Enfim, uma edição bastante sensível aos sentimentos humanos, conteúdo que sobra no novo livro que o colunista Rui Rezende lança em dezembro no Oeste. Cícero Félix, editor



índice colunas 14 | Ponto crítico, por Fernando Machado 20 | Desenrola a língua, por Aderlan Messias 24 | Exclamação, por Karine Magalhães 30 | Opinião, por Emerson Cardoso 59 | Impressões, por Anton Roos 62 | Saia Lápis, por Anne Stella 17 | A Miscellanea Show Abraçaço: Caetano Veloso em Barreiras Festival de Gastronomia: Show de aromas e sabores em Luís Eduardo Magalhães Exposição: Cordeiro expõe obras no Sesc Melhor do estado: Mistura Interativa vence Grand Prix Municípios O Personagem: Genivaldo e João Comemoração: Cosme e Damião com caruru e vatapá Fotografia: Napoleão Macedo é homenageado em concurso da Ufob 27 | economia & mercado Empreendedorismo: Uma mulher de negócios Em dezembro: Grupo Luz inaugura concessionária de carros da Honda Havan: Mega-loja funciona primeiro final de semana com auxílio de geradores 33 | agromagazine Safra 2014/15: Área da soja é ampliada em 1,4 milhão de hectares Parceria: Associações vão oferecer estágio a alunos de agronomia 36 | entrevista: Gilson brandão Nordeste inventado estimula discriminação 40 | cidade Caminhos da Lapa 42 | lazer Praça modelo de Barreiras 44 | capa foto da capa: c.félix A agonia de Francisco 55 | um lugar Nova obra: Rui Rezende lança livro sobre o Oeste em dezembro 57 | cult Audiovisual: Ôpa! O Oeste também é cinema Agenda: Arte em Barreiras 65 | social

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leitor

Canais Revista A

contato@revistaa.net

Capa - Perfil do eleitorado barreirense Muito boa! O resultado da pesquisa feita com a população de Barreiras se aplica também em muitos cantos desse nosso vasto Brasil. A cultura do “eu não tenho nada a ver com isso” ou “empurra com a barriga” e “deixa pra o próximo”, está entranhada na população e, claro, em boa parte do meio político. Mas o político existe por nossa causa! Sem nós eles não saem da condição de mero cidadão comum para administradores do povo. Logo, isso também é nossa culpa! Somos essa engrenagem como vocês bem falaram. Parabéns! Editorial show e a revista cada vez melhor. Jorge Barbosa Parabéns por mais essa ilustre edição! A capa ficou massa, lembra muito os trabalhos de Angeli. E mais um vez, parabéns pela atenção a todos os leitores, fiquei muito contente pela errata! Grande abraço. Claudio Foleto Marchewicz Jr. Sem interesse pela política e vocacionado para a politicalha. Não há cenário propício para que milagres aconteçam. Corações e mentes são terrenos inóspitos no Oeste baiano. Marilene Martins

Coluna Opinião Dona Inês sempre inovando e nos surpreendendo com seus excelentes artigos! Tema de muito proveito para quem trabalha nesta área e para os consumidores, na hora da compra. Cândido Henrique Trilha Ribeiro

Errata Na revista passada, um erro de edição acabou mutilando o último parágrafo da coluna Opinião, assinada por Inês Coelho. Segue o parágrafo completo: “Portanto, vale lembrar que, quando na posição de consumidores, diante de tão poderosas influências, é sempre bom estarmos atentos a fim de fazer escolhas cada vez mais conscientes”.



caiunarede www.revistaa.net

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DIEGO GIL

REPRODUÇÃO

Praça é ocupada por música, arte e diversão Intitulado Ocupe a Praça, o evento idealizado por um grupo de sedentos por cultura reuniu, na praça Duque de Caxias em Barreiras, arte, música, responsabilidade social e ambiental no dia 21 de setembro.

Colaboração do internauta Envie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

Dilma Roussef é reeleita presidente do Brasil A petista somou 51,64% (54.499.901 votos) dos votos válidos contra os 48,36% (51.041.010 votos) de Aécio Neves (PSDB). A diferença entre os candidatos foi de 3.458.891 votos. As abstenções somaram 21,10%, um total de 30.137.165 votos.

Campanha Novembro Azul alerta sobre o câncer de próstata

O movimento da Sociedade Brasileira de Urologia em parceria com Instituto Lado a Lado tem o objetivo de orientar a população masculina sobre a importância do exame de toque retal e diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Prefeitura de LEM abre edital para Concurso Público

Com provas previstas para o dia 23 de novembro, o concurso público da Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães ofereceu 411 vagas para nível superior e médio.

memória Na década de 50...

NAPOLEÃO MACEDO

...Pouco antes de retornar ao posto de presidente da república, Getúlio Vargas, a convite do engenheiro Geraldo Rocha, esteve em Barreiras para fazer campanha política. Recebido por uma comissão no aeroporto da cidade, o candidato e seu assessorado precisaram atravessar o Rio Grande de canoa já que a ponte Ciro Pedrosa ainda não havia sido construída. Vargas ficou hospedado na Fazenda Água Doce e seu comício foi realizado na praça Duque de Caxias, atualmente conhecida como praça do Coreto.

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.crítico 30 mil pra lá. 30 mil pra cá texto fernando machado

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Bahia experimentou nas últimas seis décadas um intenso processo de emancipações municipais. Neste período foram criadas 267 novas cidades. O Estado saltou de 150 para os atuais 417 municípios. Na microrregião de Barreiras, por exemplo, São Desidério, Cristópolis, Wanderley, Baianópolis, Catolândia e Riachão das Neves foram criados em meados de 1960. Esta movimentação política e administrativa criou problemas para novos e velhos municípios no que se refere aos limites dos territórios. Por conta disso, o governador Jaques Wagner (PT) sancionou em 2011 a lei 12.057, base legal para a atualização das fronteiras no Estado, cabendo à Assembleia Legislativa, com auxílio do IBGE, Seplan e SEI, o processo de atualização dos mapas. No parlamento baiano os trabalhos foram coordenados pela Comissão Especial de Assuntos Territoriais e Emancipação. No encargo estiveram 11 deputados estaduais. Os limites atualizados, que compreenderam a totalidade dos municípios da Bahia, foram feitos no âmbito dos Territórios de Identidade - tratando-se de Barreiras, o Território de Identidade Bacia do Rio Grande. Curiosamente, na Bacia do Grande, o deputado João Bonfim (PDT), que não integra a Comissão Especial, assumiu a responsabilidade pela autoria da nova configuração dos municípios do Grande. Bonfim tem como base eleitoral o centrosul baiano. A estranheza se dá pela ausência na questão dos deputados Herbert Barbosa (DEM) e Kelly Magalhães (PCdoB), representantes do Oeste na Assembleia. Em 12 de março de 2013, João Bonfim apresentou o projeto de lei 20.194 que atualiza os limites dos municípios de Angical, Baianópolis, Barreiras, Buritirama,

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Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Luis Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério e Wanderley, em conformidade com a lei assinada anteriormente pelo governador Wagner. Seis meses depois, em 24 de setembro, o governador em exercício da Bahia, Otto Alencar (PSD) sanciona a lei 12.906, reduzindo o tamanho da área de Barreiras. Neste mesmo dia, por mais que quisesse o prefeito Antônio Henrique (PP) não poderia fazer muito para impedir a perda do território do município. Em companhia do deputado federal João Leão (PP) e do prefeito Humberto Santa Cruz (PP), de Luís Eduardo Magalhães, Antônio fazia sua primeira viagem internacional, percorrendo Portugal e China em busca de investimentos para a região. A propositura do deputado João Bonfim levanta suspeitas e questionamentos. Na justificativa, o parlamentar argumenta que seria mantida a “integridade territorial dos catorze municípios”. O que não ocorreu. Escreve que a iniciativa “atende aos reclamos dos administradores municipais”. Quais prefeitos lançaram dúvidas sobre os antigos limites? Bonfim fala também que seu esforço “atende às populações das áreas de conflito”. Disputa entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, desde quando? O deputado garante ainda que os trabalhos, na etapa de campo, “contou com a participação dos gestores municipais ou de seus representantes”. Como, se os prefeitos dos dois municípios garantem que de nada sabiam? João Bonfim não é mais deputado estadual, pois foi escolhido, em maio último, por seus colegas de parlamento, para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Dias após a escolha de Bonfim para o cargo

Barreiras Barreira Barreira s

lem lem


vitalício no TCE, a deputada Ivana Bastos subiu na tribuna da Casa e disse: “Se a votação de conselheiro fosse hoje, ele não seria eleito. É preciso que a Bahia saiba que vai para o TCE um homem sem palavra, que vai sujar o tribunal”. Bonfim havia prometido a um grupo de deputados que, em troca da vaga de conselheiro, dividiria suas bases eleitorais com os colegas, o que não ocorreu. João Bonfim lançou o filho candidato a deputado e o elegeu. Segundo Antônio Henrique, ele só soube da diminuição do território de Barreiras no último dia 6 de outubro, quando discutia em Salvador a peleja entre a Bahia e o Goiás envolvendo a divisa dos dois Estados. Já Humberto Santa Cruz afirma que tomou conhecimento da expansão das terras de Luís Eduardo Magalhães ao iniciar o levantamento cartográfico do município a fim de reformular o Plano Diretor Urbano (PDU) da cidade, atualmente em curso. Após publicação do portal ZDA, no dia 21 de outubro, a notícia ganhou repercussão. Dois dias depois, Antonio e Humberto se encontraram e falaram rapidamente sobre o assunto - a página na internet voltou a tratar do assunto. O fato despertou interesse do público e logo a deputada Kelly Magalhães se apressou em apresentar um projeto que revoga parte da lei anterior,

BARREIRAS, UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA Todos os anos é a mesma coisa quando as chuvas chegam a Barreiras: a insignificante infraestrutura de drenagem urbana não dá conta do volume de água e alaga ruas, destrói muros, invade casas, causa inúmeros prejuízos materiais e tira vidas. Foi exatamente isso que aconteceu no dia 10 de novembro, entre o Centro da cidade e o bairro Santa Luzia. Muita gente ficou desabrigada e uma criança e um jovem morreram. Diante da calamidade, um grupo do WhatsApp denominado Oeste Debate, que reúne amigos de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e outras de cidades vizinhas, reagiu de imediato e arrecadou alimentos, comprou fraldas e colchões e doou para as vítimas da enchente.

exatamente a que se refere a área entre os municípios vizinhos. No início do mês, Antônio Henrique esteve com o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PDT), e com o vicegovernador em exercício do Estado, Otto Alencar, tratando da retomada do território de Barreiras. Antônio também se encontrou com membros da Comissão Especial de Assuntos Territoriais e Emancipação e com técnicos da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Na última semana o prefeito Humberto Santa Cruz enviou nota à imprensa e disse que desde o momento em que soube da mudança nos limites dos dois territórios que não concordou com a decisão. E isso ocorreu, relata Santa Cruz, “porque nenhum de nós, prefeitos envolvidos, foi ouvido, conforme prevê a lei”. Humberto disse ainda “ser favorável ao restabelecimento dos limites territoriais, através da revisão dos critérios que nortearam a decisão da Assembleia Legislativa”. A celeuma envolvendo as duas cidades deve ser resolvida até o fim deste ano, quando será votada nova lei, de autoria da deputada Kelly Magalhães, a ser sancionada até o início de 2015, devolvendo aos municípios do Território de Identidade Bacia do Rio Grande suas terras de origem.

reprodução grupo whatsapp

Uma atitude nobre que merece todas as deferências e que acabou sensibilizando a prefeitura, que na sequência agiu da mesma forma. No entanto, o ideal era que isso não tivesse acontecido. Controlar a força da chuva e dos ventos não é impossível, mas se planejar e pensar a cidade para melhor reagir a essas intempéries é, nada mais nada menos, dever do poder público.

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c. félix

abordo

sobre o nada, tudo A bucólica paisagem repousa à margem da BA-160, entre Bom Jesus da Lapa e Paratinga. Não há o viço das flores, copas generosas e verde dominante. O curral está vazio. A casa guarda o silêncio das portas e janelas fechadas.. Quem guardava sua memória foi morar em outro lugar. Ficou a paisagem cheia de nada, transbordando de tudo...

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Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net


miscellanea eventos, design, tendência, moda...

SHOW ABRAÇAÇO

alguma coisa acontece... Caetano lembra sucessos antigos e coloca plateia de Barreiras para cantar “A bossa nova é foda”, que concorre a dois prêmios do Grammy Latino. texto REDAÇÃO foto C.FÉLIX

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fotos: c.félix

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uem foi ao Bartira Fest no dia 11 de outubro, em Barreiras, assistiu a um espetáculo histórico. Foi a primeira vez que Caetano Veloso subiu em um palco na região. Com vital disposição aos 72 anos, o ilustre aluno de violão do barreirense Alvcyvando Luz, mostrou disposição durante quase duas horas de show. Desinibido, lembrou sucessos antigos como “Força estranha” e colocou plateia inicialmente tímida para cantar “A bossa nova é foda”. A música está indicada a dois prêmios do Grammy Latino, cujo resultado deve ser divulgado no dia 20/11. Barreiras foi incluída na turnê do show Abraçaço em agosto, mas a data foi postergada para o dia 11/10, data que será lembrada como mais uma prova de que a cidade tem público especial para opções com propostas musicais que agregam valor e embalam o espírito. Não é grande, nem lota todos os ambientes, mas existe. Zeca e Xangai no Sesc Em setembro, Zeca Bahia (foto abaixo) também se apresentou em Barreiras, no Sesc. Acompanhado pelo violão de Saulo Fagundes, o lapense recordou sucessos como “Porto solidão”, “Aura” e “Ave coração”. Na mesma sala, no mês de outubro, foi a vez de Xangai e músicos se apresentarem.

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fotos: júnior ferrari (uau mais)

FESTIVAL DE GASTRONOMIA

show de Aromas e sabores

em luís eduardo

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om o auxílio de dois estudantes do curso de gastronomia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o chef Clodomiro Tavares (foto) segurou com firmeza a bandeja com um enorme peixe dourado assado. Para a câmera que registrava as oficinas e aulas-show do I Festival de Gastronomia e Cultura do Oeste da Bahia, pronunciou o último “simples assim” do festival, jargão entoado dezenas de vezes pelo chef. O enorme dourado foi um dos seis pratos executados para o banquete de encerramento. Uma miscelânea de pratos a base de peixes típicos da região e alguns ingredientes da cultura local. “Uma das grandes motivações desse festival é a valorização dos alimentos que fazem parte do dia a dia da cidade”, disse Clodomiro, referindo-se aos doces de frutas como chimia (do alemão shimier) e ao medalhão de pirarucu ao molho de doce de figo e de uva. Para acompanhar o filé de tambaqui defumado, o chef preparou um risoto de pequi. Pouco antes, no mesmo auditório, o chef italiano Fabrizio Abate, que há 25 anos reside no Brasil e atualmente tem restaurante na região de Porto Seguro, comandou a aula-show “Um toque brasileiro na culinária do mundo”. No palco central, duas apresentações culturais promovidas pela secretaria de Cultura e Turismo de Luís Eduardo Magalhães encerravam as atividades. O prefeito Humberto Santa Cruz disse que o festival superou todas as expectativas e que vai entrar definitivamente no calendário de eventos da cidade. A chef Rosa Gonçalves, organizadora do festival, acredita que a ideia de se misturar o “tchê” dos gaúchos com o “vixe mainha” dos baianos deu certo. Para o chef Edinho Engel, um dos 17 chefs convidados, “aqui encontramos uma mistura muito positiva que caracteriza o que hoje é a gastronomia brasileira, uma grande soma de diversas cozinhas regionais”. O I Festival de Gastronomia e Cultura do Oeste da Bahia foi realizado pela Prefeitura de Luís Eduardo Magalhães, escola de culinária Rosa Gonçalves, Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães (Acelem) e Sebrae.

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Desenrola por aderlan messias

CONECTADO facebook: decodetroia@hotmail.com e-mail: decodetroia@hotmail.com aderlan messias Professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito

A maquiagem do erro

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rrar é humano, mas manter-se no erro é burrice. Esta tem sido uma das frases que mais ouvimos e, talvez por isso gere reflexão acerca do que fazemos, falamos ou escrevemos. Não é nada fácil reconhecer o erro; pior é sustentá-lo. Já dizia Cazuza, um dos ícones da música brasileira, que os ‘erros honestos são como mentiras sinceras’. Vários são os erros e tropeços na comunicação escrita: uns por apresentar dúvidas, outros por falta de cuidado. Estamos acostumados a ver erros ortográficos e gramaticais em anúncios publicitários, em placas de trânsito, sites, e-mails, redes sociais. Isso tem ocorrido, por exemplo, em empresas e instituições educacionais. Daí o mercado de trabalho ser seleto e valorizar aqueles que escrevem de forma coerente e eficaz. Escrever é algo essencial para um bom profissional, para um bom relacionamento interpessoal, e para os olhos do leitor. Já dizia Blikstein, em sua obra, “Técnicas de comunicação escrita”: “quem escreve bem, não perde o trem!” Escrever é um marco diferencial. Entretanto, não significa dizer saber de cor todas as regras gramaticais aprendidas na escola. Mentalizá-las não têm sido tarefa fácil, nem mesmo para os profissionais que lidam diretamente com a comunicação escrita, a exemplo de professores, advogados, jornalistas etc. Entretanto, é sempre prudente consultar uma gramática renomada para não incorrer na maquiagem do erro. Um exemplo clássico que tem gerado dúvidas no texto escrito é a utilização dos pronomes ‘esse’, ‘este’ e suas variantes. Muitos perguntam qual a diferença entre eles. A primeira informação é saber que o pronome demonstrativo tem funções diversas dentro da construção dos enunciados. Ele pode indicar a pessoa do discurso, a relação a tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no texto. Para não dar a eles funções que não competem, é preciso seguir a seguinte classificação como receita de bolo: a) Quanto à pessoa do discurso: Este relatório que seguro é da empresa (ideia do aqui); Esse relatório que você segura é da empresa? (ideia do aí); b) Quanto à posição de ideia: Quero que saiba disto: não quero mais saber de você (ideia que aparecerá no texto); Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe contar (retoma a ideia expressa no texto);

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c) Quanto a tempo: Este dia está lindo (dia atual) Este assunto que conversamos é segredo (assunto atual) Esta reunião de hoje à tarde será interessante (próxima de acontecer) Hoje é sexta-feira e neste fim de semana viajarei (próximo fim de semana); Um dia você entenderá tudo. Nesse dia, você me perdoará (momento futuro distante) Nesse fim de semana fui a Salvador (passado recente); Nessa apresentação, fiquei feliz (passado recente). Fique atento! Escrever corretamente é o marco do profissional moderno. É uma competência relevante na promoção de uma pessoa a um determinado cargo em uma empresa. Claro que outros fatores implicam para tal promoção, mas dificilmente alguém ascenderá a um cargo escrevendo de qualquer jeito. Seja sempre cauteloso no que escreve, porque, via de regra, você é o que você escreve!.


EXPOSIÇÃO

CORDEIRO EXPÕE NO SESC/BARREIRAS O artista plástico Inácio Cordeiro expôs, durante o mês de outubro, no Sesc/Barreiras, as obras que foram produzidas ao longo de sua trajetória como pintor e escultor. Uma das características de seus trabalhos é a preocupação com o meio ambiente.

Izo santos

c.félix

miscellanea

MELHOR DO ESTADO

mistura interativa vence grand prix Agência de Barreiras conquistou o prêmio “Institucional Municípios” na cidade e na final da 20ª edição do Bahia Recall em Salvador. A peça vencedora foi “Grande Coisa”, produzida pela agência Ôpa!

dois livros sobre direito são lançados no Oeste A Faculdade São Francisco de Barreiras lançou no mês de novembro a 3ª edição da Revista Campo Jurídico. A obra conta com a colaboração de autores nacionais e internacionais que escreveram artigos relacionados ao estatuto teórico-doutrinário do sistema jurídico mundial. Também neste mês, foi lançada a 2ª edição, revista e atualizada do livro “Redes Sociais na Internet e Direito”. O trabalho é de Ricardo de Macedo Menna Barreto, professor da FASB e doutorando em Ciências Jurídicas pela Universidade do Minho (Portugal). “Há praticamente dez anos me preocupo com as relações entre Direito e Tecnologia, sob a ótica da proteção e defesa do consumidor. Este livro é resultado dessa preocupação e de pesquisas e reflexões sérias sobre o tema”, afirmou Barreto.

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miscellanea O personagem

genivaldo

e joão texto/foto c.félix

Companheiros inseparáveis, indissociáveis... amigos. Circulam juntos praticamente o dia inteiro. A estrada é um brinquedo comprido, o rio é um brinquedo molhado. Aliás, o rio tá pouco molhado, reclama Genivaldo, ao que João concorda com sua imobilidade aparentemente indiferente e burra, de cabeça baixa, espiando o Velho Chico quase sem água. Genivaldo não conversa sobre a morte da mãe, que foi engolida pelo rio um tempo desses. É um menino, como se vê, mas é um menino-homem. Já não tem mais a expressão de alegria da meninice.

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Todos os dias monta em seu companheiro e sai a caminhar aleatoriamente pelo assentamento ao lado do Velho Chico. Horas mais tarde, se debruça debochadamente sobre o lombo do amigo e pensa que é hora de voltar pra casa. Sua irmã deve ter feito algo pro almoço. Como apareceram na estrada, somem os amigos. Vão almoçar algo para renovar os dias, reinventar a esperança da infância e o sonho de um homem no futuro.


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Exclamação por karine magalhães

CONECTADO facebook: karine.beniciomagalhaes e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes karine magalhães Consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

fotos: Reprodução

Normncore, o anti-style fashion! Os anos 70, tendência do momento, foram atualizados de maneira cool pela Choé

Louis Vuitton by Nicolas Ghesquière’s com uma pegada futurista, botas até o joelho e as mais curtinhas num patchwork ton-sur-ton

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Basicamente, ter um estilo normcore é se vestir sem ligar para a moda ou qualquer tipo de tendência. Mas, como é de praxe na moda, essa “aversão”, acabou se tornando o hype do momento. Descer do salto virou regra entre as mulheres mais chic e cool do planeta! Nos desfiles internacionais, em particular o Paris Fashion Week, a linguagem foi universal tanto nas passarelas como nos bastidores. As flats a La Rider, chinelos com cara de vó e gladiadoras sem salto, são hits nos eventos fashion mundo afora. E óbvio, os tênis, galochas, botas rasteiras e coturnos também estão no topo! O grande desafio é aderir à tendência sem perder a elegância, combinar alfaiataria com vestido de festa. a ideia de reforçar o mood despretensioso vale também para calças mais curtas, bermudas e midis. Pé no chão, literalmente, sem perder a elegância de vista! #ficaadica.

Valentino ama brincar de boho chic! Detalhe para as flats com vestidos de festa Anne stella

Studio Vanite por André Moro e Sérgio Carvalho, bombando! A dupla André Moro e Sergio Carvalho estão causando entre os Setter barreirense, em pouco tempo eles se uniram e assinam os editoriais de moda para revista, campanhas, desfile com presenças de celebridades como Sophia Abrão entre outras celebs, noiva, lifestyle, enfim atendem um público de fino trato da city. Para quem ainda não conhece, o espaço é super aconchegante e antenado. Endereço Rua Guarujá 709 Bairro Renato Gonçalves. Tel. (77) 3611.5572- siga #studiovanite.


FOTOS: C.FÉLIX

miscellanea

COMEMORAÇÃO

cosme e damião

com caruru, vatapá... A praça Castro Alves foi cenário para mais uma comemoração do dia dos santos gêmeos Cosme e Damião, no final de setembro. O tradicional “Caruru de Raimundinho” já dura cinco anos e foi iniciativa do vendedor de acarajé Raimundo dos Santos. Por conta da infância humilde em Salvador, Raimundinho sempre teve o desejo de distribuir as comidas típicas da data em Barreiras. Com o auxílio de um grupo de amigos, ele distribui no dia santo caruru, vatapá, feijão fradinho, xinxim de frango, farofa, arroz e doces para cerca de 1200 pessoas que compareceram à praça.

FOTOGRAFIA

Napoleão Macedo é homenageado em concurso DA UFOB A Universidade Federal do Oeste da Bahia lançou, no início de novembro, o primeiro concurso fotográfico da instituição. Intitulada “Napoleão Macedo”, a competição visa homenagear o importante fotógrafo da história de Barreiras, estimular a produção artística na região e retratar as belas paisagens e o povo dos municípios onde a instituição está inserida. As imagens selecionadas farão parte de exposição fotográfica, irão compor o acervo fotográfico da instituição e serão publicadas no memorial UFOB 2014. As inscrições podem ser feitas até 10 de dezembro pelo site da universidade (ufob.edu.br), que tem todos os detalhes sobre o concurso.

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economia&mercado carreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

EMPREENDEDORISMO

uma mulher

de negócios

Com apenas 35 anos, empresária Marla Anastacia Glusczak administra duas lojas da Subway e diz que é “muito vantajoso” trabalhar com franquia.texto/foto GABRIELA FLORES

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arla chegou em Barreiras ao sete anos e adotou o município como seu. Aos 18 foi para o Goiás onde se formou pela PUC em engenharia de alimentos. Ao retornar, quis ser dona do próprio negócio. Com o apoio do Sebrae Franquias e de familiares, foi em busca de uma empresa com a qual se identificasse. “O trabalho na indústria era maçante e eu estava querendo algo melhor pra mim. Eu conheci a Subway lá no Goiás e a empresa combinava perfeitamente com a minha formação”, conta. De acordo com Marla, uma franquia é bastante vantajosa por não fazer o empresário perder tempo pensando no que deve ou não fazer. A fórmula está pronta e só precisa colocá-la em prática. Com quase cinco anos de empresa, a gaúcha alerta para os desafios do empreendimento.

tino para empreender Corajosa, Marla investiu em um modelo do ramo alimentício que exige postura de hábito alimentar, expandiu o negócio e já trabalha com dois novos produtos

“Nós sofremos muito no primeiro ano. Somente as classes A e B conheciam a marca, mas queríamos chegar às demais classes. Percebemos que essa coisa de portas fechadas e ambiente climatizado deixavam muitos inseguros. Começamos a colar as promoções nos vidros para as pessoas verem lá de fora e hoje vemos todos os tipos de pessoas comendo aqui. Isso é ótimo”, vibra. Com o sucesso da Subway em Barreiras, Marla abriu outra unidade da franquia em Luís Eduardo Magalhães. Atualmente, se divide entre as duas cidades para estar sempre garantindo a qualidade de seus produtos. “O nosso serviço é ótimo. Funcionamos das 11h às 23h30. Aquela pessoa que tem pouco tempo de almoço e procura uma comida saudável e leve, ela encontra aqui na Subway”. Com o novo papel de administradora e o espírito empreendedor, a empresária decidiu trabalhar também com outros alimentos. Investiu nas rosquinhas americanas e, há um mês, abriu o Café Donuts na Havan, loja de departamento recém-inaugurada em Barreiras. “Quando se trabalha com franquias, tem que pensar sempre em expansão. Esse café está sendo um sucesso. Os donuts acabam rapidamente”, disse.

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c.félix

economia&mercado

EM DEZEMBRO

Grupo Luz inaugura concessionária de carros da Honda O grupo Luz, que já trabalha com a marca Honda em Barreiras no seguimento de motos, inaugura em dezembro a Luz Autos, concessionária autorizada da Honda. “A qualidade dos veículos Honda é mundialmente reconhecida, principalmente pelo alto grau de satisfação dos seus proprietários. Esperamos atender às necessidades do mercado na região Oeste mantendo o nosso padrão de atendimento diferenciado e personalizado”, disse André Braga, diretor executivo do grupo.

lojas se unem contra falta de segurança no comércio Comissão de segurança formada por representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras, Associação Comercial e Empresarial e Sindilojas Oeste se reuniram-se com as polícias Civil e Militar para buscar soluções contra a onda de assaltos e arrombamentos que vêm acontecendo na área central da cidade. A PM ficou de intensificar a atuação no comércio no período noturno, mas pediu melhor iluminação da cidade e poda das árvores para facilitar o trabalho policial.

HAVAN

Mega-loja funciona primeiro final de semana com auxílio de geradores Inaugurada na véspera do Dia da Criança, a Havan Barreiras atraiu cerca de 85 mil pessoas no primeiro final de semana de funcionamento, segundo assessoria. Curiosamente, a loja trabalhou com o auxílio de geradores próprios, alegando que a Coelba não atendeu o pedido de ligação da loja à rede de abastecimento de energia. A solicitação foi protocolada no dia 22 de abril. Em nota, a loja manifestou repúdio à falta de comprometimento da Coelba, que rebateu os argumentos da Havan dizendo que cumpria prazos estabelecidos pela Aneel. A loja só foi ligada à rede de energia elétrica no dia 14/10.

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Opinião

por emerson cardoso

Mestre em Gestão Social e Desenvolvimento Territorial; pós-graduado em Adm. de Empresas e Desenvolvimento de Pessoas e Bacharel em Ciências Contábeis

Papai Noel com ou de saco cheio?

E

ntão é Natal... Anunciamos a chegada do bom velhinho: O senhor Noel. Lá vem ele... Todo empacotado de vermelho coca-cola, usando o antigo gorro de cinco anos atrás, transpirando no calor tropical de 40 graus e com uma enorme disposição para aumentar as vendas do final de ano. Muitos irão dizer que esse idoso de barbas brancas e longas está caducando. “Pirou de vez”. Como ser otimista em um cenário econômico tão adverso? A previsão de crescimento da economia para 2014 já caiu de novo. Agora de 0,27 para 0,24%. Para tentar conter as pressões inflacionárias, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica dos juros para 11,25% ao ano, o que vai tornar o dinheiro mais caro e as dívidas acumuladas mais onerosas. Os demarcadores de preços voltam à cena. Estão presentes nos mais diversos pontos comerciais do Brasil. A massa salarial, por sua vez, já não cresce no mesmo ritmo dos últimos períodos e as datas comemorativas desse ano tiveram um desempenho bem modesto. Provavelmente, os empresários irão dormir na noite de 24 de dezembro na expectativa que no próximo dia encontre uma bela surpresa na árvore de natal... É grande torcida para que seja uma reforma tributária, política, trabalhista, investimentos na infraestrutura ou na segurança pública... A lista é enorme. Papai Noel vai precisar de muita paciência para entender e atender a todos os pedidos. Mas a experiência sempre deve ser respeitada. Ninguém tem cabelo branco à toa. Quando chega o natal todas as previsões, inclusive as pessimistas, podem ser contrariadas. Sem dúvidas, esse é o melhor momento para aquecer as vendas do varejo brasileiro e as empresas têm razões lógicas e científicas para comemorar a data. Segundo cálculos da Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor relativo ao pagamento do 13º salário pelas empresas públicas e privadas deve injetar 158 bilhões no mercado nacional, portanto, superior em 10,1% se comparado aos 143 bilhões em 2013 (a previsão é que a inflação deste ano não ultrapasse os 6,45%). A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas estima um crescimento de 3% com as vendas natalinas. O SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) recentemente divulgou uma pesquisa sinalizando que 87% dos consumidores irão presentear neste Natal. Cada

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consumidor deve comprar 4,3 presentes com valor médio de R$ 122,40. Significa um aumento real de 30% em comparação ao mesmo período do ano passado. Na lista de preferência aparece em primeiro lugar às roupas, seguido de calçados, perfumes/cosméticos... Outro dado interessante é que 20% de todas as vendas será realizada pela internet... Está preparado para todas essas oportunidades? Sempre há motivos para organizar a loja, arrumar as vitrines e treinar seus funcionários. Inicialmente, precisamos vencer a crise que criamos dentro da própria empresa. Muitas vezes, vem associada da falta de estratégia, produtos mal expostos, atendentes indiferentes, vendedores sem técnicas e gerentes inaptos. A campanha de vendas começa internamente (endomarketing). Caso não esteja preparado, não conseguirá transformar o curioso, passante ou visitante em um cliente. Antes de fazer a projeção de vendas para o período, estimule seu colaborador a, no mínimo, dobrar sua comissão. Estabeleça com ele metas diárias de vendas, sejam individuais e/ou coletivas. Inicie o dia seguinte, avaliando os números, ticket médio, comportamento da equipe e comemore todas as conquistas. Loja toda iluminada sem brilho no olhar de quem atende, não vende. Não é momento para procurar justificativas para o baixo faturamento ou pouca expectativa de vendas... Pegue os cadastros de seus clientes e convide-os para antecipar suas compras. Esclareça que assim, terão acesso a produtos exclusivos e atendimento personalizado. Use o argumento que é sempre bom evitar a correria dos últimos dias e da véspera do Natal... Concorda? Pois é, nesta época tudo é diferente, estimulados pelo consumo e vítimas dos apelos da mídia, seu cliente pode comprar antes e durante a semana natalina. Por conseguinte, sua empresa pode aproveitar o período para vender duas vezes. Cautela também é importante. Se você é ainda do tempo da nota promissória, cuidado. Incite as vendas à vista ou divididas no cartão de crédito. Em janeiro do ano seguinte seu cliente vai matricular os filhos na escola, pagar as prestações da última viagem, quitar os impostos do imóvel, do carro, etc. Lembre-se: vender e não receber é ainda não vender. Fique atento aos mínimos detalhes. A iluminação é um fator chave. Valoriza o produto e convida o cliente a entrar na loja. A vitrine, por sua vez, precisa contar uma história. Quanto ao preço, sempre será importante, mas não é o determinante. Clientes compram pela emoção e usam a razão para justificar o que compram. Neste Natal, espero que Papai Noel da sua empresa esteja com o saco cheio de estratégias para vender mais e não de saco cheio com a falta de criatividade ou inércia da equipe de vendas. Como esse período não dura o ano todo, para termos resultados perenes e melhorar os indicadores econômicos, seria interessante que o bom velhinho atendesse ao pedido da maioria dos empresários... Sugiro que coloquem a meia na janela, arrumem a árvore de natal e esperem... A propósito, vocês acreditam em Papai Noel?



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agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.

contraste Apesar de ampliar a área plantada de soja, o Brasil deve perder o posto nesta safra de maior exportador de soja do mundo

SAFRA 2014/15

área da soja é ampliada em 1,4 milhão de hectares Estima-se que na próxima safra serão colhidos 4,7 milhões de toneladas de grãos, contra 3,3 milhões da anterior. A redução das áreas da lavoura e milho colaboraram.texto REDAÇÃO

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revisão feita pelo Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) estima que a safra 2014/15 de soja será produzida em uma área 6,8% maior que a da anterior. A redução da área de outras lavouras e o fato da soja ainda representar melhor rentabilidade em relação a outras culturas são as principais justificativas. Já a área plantada do milho sofrerá uma redução de aproximadamente 10%, passando de 265 mil hectares para 240 mil hectares. O grão tem perspectiva de baixa de preço em razão do aumento da produção mundial e recuperação dos estoques. A cultura do algodão também deverá sofrer redução de 5% de área plantada, passando de 308 mil hectares para 292,5 mil hectares, motivada

também pelo alto volume dos estoques mundiais que fizeram os preços da pluma caírem. A expectativa é que o Oeste da Bahia colha 1,1 milhão de toneladas de algodão, mantendo a posição de 2º maior produtor nacional. O Conselho Técnico da Aiba é formado por representantes de associações de produtores, sindicatos, multinacionais e órgãos governamentais. Reúne-se de acordo com os calendários de plantio e colheita das safras do Oeste da Bahia e em momentos estratégicos para deliberação de assuntos pertinentes ao setor produtivo. As previsões são feitas sempre considerando fatores como perspectivas de mercado, nível tecnológico, condições climáticas e controle fitossanitário.

NO brasil De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra de soja 2014/15 terá uma projeção recorde de 94 milhões de toneladas, com 46,7 milhões de toneladas de exportações. Com o ligeiro aumento da previsão de exportações dos EUA, de 46,27 milhões para 46,81 milhões de toneladas de soja, os norte-americanos voltariam a ocupar a liderança global em vendas externas da oleaginosa, após dois anos em que o Brasil liderou. O USDA prevê ainda a China como maior importador global de soja, que deverá comprar 74 milhões de toneladas do produto, contra 70,36 milhões na temporada anterior.


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divulgação aiba

agromagazine

PARCERIA

Associações vão oferecer estágio a alunos de agronomia Aiba e Ababa fecham parceria com FASB, FAAHF e UNEB para monitoramento de praga em laboratório a céu aberto.texto REDAÇÃO

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ara monitorar a incidência de pragas a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) firmaram parceria com três instituições de ensino superior no Oeste. O objetivo é, através de estágio para alunos do último ano do curso de agronomia, contribuir com a formação dos novos profissionais. O projeto é voltado para o monitoramento da Ferrugem Asiática, Helicoverpa armígera e da Mosca Branca. Com os dados levantados, será possível definir, em tempo hábil, a melhor alternativa de manejo que o produtor poderá utilizar. Para desenvolver o projeto, foram contratados 12 alunos das três faculdades por cinco meses. “Isso vai promover uma ação de integração entre as instituições de classe, universidades e produtores, e oportunizar aos estudantes conhecimentos práticos de manejo agrícola”, explicou Ernani Sabai, diretor de Agronegócios da Aiba. Serão monitorados 25 mil hectares cadastrados na Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), cuja soja irrigada teve plantio antecipado para 1º de outubro. A antecipação foi solicitada à Adab para que as áreas irrigadas funcionem como grandes laboratórios a céu aberto.

segurança no campo Teve início no dia 15 de outubro a “Operação safra”, deflagrada pela Polícia Militar da Bahia, que levará policiamento ostensivo e preventivo à zona rural. Na safra passada o prejuízo com roubos ultrapassou a casa dos R$ 15 milhões. A operação faz parte das ações de articulação da Aiba, Abapa e Sindicatos dos Produtores Rurais de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães junto ao governo do estado. Uma cartilha foi produzida para auxiliar o agricultor. Ela é gratuita e pode ser adquirida nas sedes da Aiba, Abapa e no 10º BPM.


entrevista

Gilson Brandão

NORDESTE INVENTADO

estimula discriminação O brasileiro é tão racista quanto o europeu e americano? É diferente. O Brasil não tende a ser mais racista, mas o seu racismo tende a ser mais perverso do que o dos sul-africanos ou dos estadunidenses, que são países que viveram regime de apartheid. Esses países promoveram uma separação baseada em questões raciais fenotípicas. Porém, quando os movimentos negros se organizaram, eles tinham uma luta e um objetivo em comum, porque ali o racismo estava declarado por lei. O grande problema do Brasil é que o racismo nunca esteve declarado, ele é sempre negado. Desde a primeira tentativa de criação da identidade nacional brasileira - dos projetos do século XIX -, sempre se colocou a presença do negro africano e do indígena como residuais, como na metáfora de Von Martius, segundo a qual três rios se unem (o rio caudaloso branco e dois afluentes menores, um preto e um vermelho). A cor predominante continua sendo branca, mas não se nega a mistura. Dessa forma, a cultura oficial brasileira é preponderantemente branca. Indígenas e afrodescendentes são vistos como elementos residuais da cultura oficial, e não a sua base. Essa noção acabou sendo coroada nos anos 1930 e nós vivemos com isso até hoje. Gilberto Freyre criou a ideia da democracia racial, totalmente baseada no luso tropicalismo (pre-

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As eleições para presidente, mais uma vez, trouxeram à baila a manifestação de um comportamento que, em tese, não existe no povo brasileiro, dada a sua consistente miscigenação: a discriminação. O direito democrático passou a ser vigiado e eleitores usaram agressivamente as redes sociais para inferiorizar e responsabilizar os nordestinos e outros grupos pelo resultado das eleições. De acordo com Gilson Brandão de Oliveira Júnior, doutorando em história social, a mídia colabora diariamente para estereotipar os nordestinos. Para ele, a discriminação inicia geralmente na criação das comunidades, para esconder a fragilidade de uma identidade e promover a autoafirmação de uma em detrimento da outra. Professor de história da África na Ufob, Gilson diz que o racismo do brasileiro é latente e mais perverso que o dos estadunidenses. texto/foto C.FÉLIX

disposição genética, geográfica e climática dos portugueses em lidar com as populações tropicais). Isso manteve sempre uma imagem mais elevada do português. O próprio Gilberto Freyre costumava dizer que o negro é “co-colonizador” do português aqui no Brasil. Lançando mão de uma metáfora comparativa com o corpo humano, ele dizia que o negro é a mão direita e o índio a mão esquerda, mas a mão sozinha não faz nada. Quem é o cérebro? É o branco. Se mantém a mesma lógica da metáfora do século XIX, porém com um discurso inclusivo do negro. Mas essa inclusão se dará a partir do momento em que as pessoas reconhecerem que aquilo que a gente chama de cultura brasileira ou cultura popular brasileira, elas são eminentemente de origem africana e indígena. As pessoas têm que reconhecer isso. Até hoje a gente estuda reis e rainhas europeus desde criança. Os ídolos das crianças, na mídia, são pessoas brancas de outros países ou até mesmo do nosso país, mas nunca negros. Por que tanto racismo no esporte? A manifestação do racismo é notória desde o surgimento da humanidade. Muitas vezes se difunde que o racismo teria surgido no século XIX, a partir da incorporação das teorias raciais nos discursos das ciências humanas, no chamado Darwinismo Social. Porém, existe um autor (Carlos Moore), que diz que o racismo surgiu pelo fenótipo e não a partir da identificação do genótipo. Em sua obra ele traz a Bíblia, a Torá - entre os livros clássicos de diversos povos e, e por


meio dessa documentação mostra que o racismo já existia. Então, o racismo, ou pelo menos a sua base, está diretamente relacionado com a constatação das diferenças físicas verificáveis entre grupos distintos. No caso do esporte, as manifestações nos estádios têm acontecido no mundo inteiro. Mas a questão é como elas são tratadas em cada lugar. Teve o caso do Daniel Alves, o episódio da banana, que depois gerou uma série de consequências, como aquela campanha “Somos todos macacos”. Isso só reitera aquela noção de racismo do século XIX, na minha leitura. Essa questão de associar o negro ao macaco é aquilo que se fazia no final do século XIX para descredenciar, para detratar a imagem do negro, apontando-o como um intermediário entre o homem e o antropoide. Então, quando você fala que “somos todos macacos”, você está reiterando esse tipo de argumento. Na Europa, nas propagandas no canto do estádio, temos a frase “Diga não ao racismo”. Aqui no Brasil está escrito: “Somos iguais”. Isso mostra de maneira contundente como cada um lida com a questão. Eles reconhecem que existe um racismo, existe um problema e espera-se que lute contra ele. Aqui no Brasil, ainda hoje, tenta-se apagar, amenizar ou dizer que não existe. Quando você fala “somos iguais” você nega que exista o racismo. O preconceito é natural ou é questão de formação cultural? O preconceito é algo que acontece entre todos os grupos humanos. A nossa própria relação com o mundo se dá a partir de preconceitos, imagens preestabelecidas que nós adquirimos paulatina, culturalmente e a gente cria essas ideias. O preconceito é a percepção de uma diferença. A grande questão é quando se passa desse ponto do preconceito para a discriminação. As pessoas tendem a enxergar preconceito e discriminação como sinônimos, e não são. Discriminação é: você, por ter uma pele mais clara, ter mais oportunidade que eu, porque que tenho a pele mais escura; você ter acesso a determinado lugar e eu não, você não ser suspeita de uma abordagem policial e eu ser. Aí você passa do preconceito para a discriminação. Como o senhor analisa essa discriminação contra o nordestino nas eleições para presidente? Isso é extremamente forte! Eu sou paulista, mas filho de nordestinos e sei que isso é extremamente forte. Em São Paulo, o termo baiano é utilizado como uma ofensa, um xingamento. Isso está diretamente associado a uma criação de ideia de comunidade. Existe comunidade que, para se autoafirmar, inventa o outro, detrata o outro. São Paulo é uma população formada por diversos povos. Até o final do século XIX. A cidade de São Paulo era predominantemente negra. Nos seus bairros tradicionais - Brás, Bexiga e Barra Funda, por exemplo -, a população era majoritariamente negra. Com a final da escravidão, veio a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre de imigrantes. Foram chegando italianos, japoneses, espanhóis, etc. Com a especulação mobiliária, os negros paulistas foram sendo jogados para a periferia. E esses grupos que foram chegando passaram a inventar uma identidade paulista que, na verdade, não existe. Essa paulistanidade foi construída

Nas redes sociais você acha que se esconde, que está protegido pela tela, pela máquina. Mas ainda é você.

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ao longo do século XX e, quando no fluxo de imigrantes nordestinos chegou, ela acabou sendo exacerbada e nós acabamos colhendo os frutos até hoje. Algo muito semelhante acontece na Europa em relação aos imigrantes africanos. Como diria Edward W. Said: a Europa inventou o oriente para se autoafirmar. O paulista, num certo sentido, inventou uma noção de Nordeste para se autoafirmar também. Isso demonstra a fragilidade da identidade paulista, essa necessidade de ressaltar a sua xenofobia em relação ao outro acontece porque, na sua cabeça, esse outro é uma ameaça. As músicas cantadas por Luiz Gonzaga contribuíram para criar esse estereótipo do nordestino? Não digo Luiz Gonzaga, mas a mídia colaborou muito para estereotipar o Nordeste. Você pega qualquer novela da Globo que se passa no Nordeste e vai ver um mesmo sotaque ridículo que nenhum nordestino fala. E isso é transmitido nacionalmente. Quando você tem novelas que passam só no Rio de Janeiro ou só em São Paulo, você consegue perceber nitidamente a diferença do sotaque, da construção do cenário. Uma coisa é o Rio de Janeiro, outra coisa é São Paulo. O sudeste não é o sudeste. O sudeste é Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais. O Sul do país também tem suas especificidades. Mas o Nordeste, não, é uma coisa só: o mesmo sotaque, a mesma praia (ou é praia ou é sertão). Como se só existissem essas duas paisagens e o Nordeste fosse um grande estado. As variantes regionais nunca aparecem. Aqui na Bahia mesmo! O pessoal do Oeste fala diferente do pessoal da Chapada, que fala diferente do pessoal do agreste, que fala diferente do pessoal de Salvador. E dentro de Salvador você tem diversos sotaques. Na Paraíba é diferente, no Ceará, no Rio Grande do Norte. O nordeste é plural em sotaques, em culturas, culinárias. Enfim, em todos os comportamentos. Porém, ele acaba sendo estereotipado pela mídia, que é onde está o centro de poder da cultura de massa, que é São Paulo e Rio. Por que tanto racismo e discriminação nas redes sociais? Nas redes sociais você acha que se esconde, que está protegido pela tela, pela máquina. Mas ainda é você. Como ainda não existe toda uma legislação consolidada para todos os crimes cometidos na internet, elas acabam se sentindo “seguras”. Não tem o cara a cara, né! Existe uma noção de proteção da identidade. Ali acaba sendo o lugar onde ela “pode” falar, se manifestar. Muitas vezes essas manifestações acontecem com perfis falsos, de maneira anônima. Mas nessas eleições aconteceram muitos casos com perfis reais, pessoais. É um processo bastante parecido com o que aconteceu nos estádios e com o CTG que foi queimado no Rio Grande do Sul. Uma pessoa se sentiu insatisfeita, outra se identificou, outra criou um movimento e juntos eles promoveram essas ações. Uma pessoa sozinha não promoveria esse tipo de atitude. Dificilmente ela faria isso. As cotas não são uma manifestação oficial de racismo? Não, eu não vejo dessa forma. As cotas são pensadas como medidas paliativas. Eu acho que elas são importantes, inclusive, nos concursos públicos, por exemplo. O estado brasileiro é branco. O corpo diplomático brasileiro parece o suíço, quando você olha as pessoas. Por isso existem alguns programas lançados pelo próprio Itamarati de fornecimento de bolsas para alunos afrodescendentes que queiram prestar a prova do Instituto Rio Branco. O que reitera o racismo é o fato do negro não se ver reconhecido nos diversos espaços sociais - seja em espaços de poder, na mídia e em outros espaços representativos da sociedade.

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caminhos da

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cidade

fotos: divulgação/codevasf

Com economia pulsante, a Capital Baiana da Fé realiza a 3ª maior romaria do Brasil, atrai mais de um milhão de visitantes por ano, é o segundo polo hoteleiro do Estato e o maior produtor de banana do país.texto/fotos REDAÇÃO

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m dia no século XVII, o lusitano Francisco Mendonça atracou seu barquinho na margem do São Francisco ao lado de uma atraente formação rochosa de imensos salões. Decidiu viver ali, dentro da gruta, com uma estátua de Cristo crucificado como companhia. Assim, nasceu a cidade de Bom Jesus da Lapa, maior produtora de banana do Norte/Nordeste e Capital Baiana da Fé, com o 2º polo hoteleiro do estado. Com 70 mil habitantes, Lapa, como é denominada pelo lapense, recebe anualmente mais de um milhão de visitantes vindos de todos os lugares do mundo. O santuário, composto por várias grutas no imenso bloco rochoso de 90 metros de altura, é cercado por estátuas de bronze esculpidas pelo desembargador e artista barrense Deocleciano Martins de Oliveira, nas décadas de 1950 e 1960. O turismo religioso, especialmente entre julho e outubro, é um dos principais propulsores da economia local e rendeu ao município o 3º lugar no ranking de romarias no país. São mais de 320 anos de romaria na Lapa. Do outro lado do santuário, depois da ponte sobre o Velho Chico, fica o perímetro irrigado do Projeto Formoso, implantado pela Codevasf em 1989. O projeto, que tem por objetivo fortalecer o desenvolvimento agropecuário da região a partir de agrovilas, capta água do Rio Corrente e distribui pelos 83 quilômetros de canais dos 12 mil hectares de área irrigável.

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Nos lotes agrícolas são cultivados manga, melancia, mamão e, principalmente, a banana, cuja produção é destaque no Brasil. O polo fruticultor conta com mais de mil associados e gera 7 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Produz mais de 183 mil toneladas de fruta e gera uma receita bruta de R$ 145 milhões por ano. O projeto estimulou a criação da Feira de Fruticultura e Agronegócios de Bom Jesus da Lapa (Frulapa), que chegou este ano à sua 10ª edição com festival gastronômico, concurso leiteiro, palestras, exposições e intervenções culturais. No início do ano a cidade realiza o Lapa Folia, pré-carnaval que já completou 13 anos e se consolida como uma das maiores festas da região, fortalecendo o turismo de entretenimento local. Lapa ainda se destaca por revelar reconhecidos nomes da MPB, a exemplo de Zeca Bahia, Guarabira (da dupla Sá & Guarabira) e Paulo Gabiru. Instigante, a cidade acabou atraindo nos três últimos anos um campus da Universidade Federal do Oeste da Bahia, o IF Baiano e a primeira maternidade da Rede Cegonha da região. A beleza rústica, o entardecer que ilumina o santuário, os passeios de barco ou de charretes e a gastronomia ribeirinha são ingredientes que fazem de Bom Jesus da Lapa uma das cidades mais promissoras do interior baiano.


religião e agricultura O Projeto Formoso de irrigação para fruticultura, ao lado da romaria e do santuário da Lapa, que atrai visitantes o ano todo; são os principais propulsores da economia do município

do que a prefeitura pode oferecer com seus recursos próprios. Nós temos um projeto executivo orçado em R$ 80 milhões que muda toda a dinâmica da romaria: derruba casas, muda avenida, entrada da cidade, aumenta o cais, faz passarela... É uma nova e moderna infraestrutura. Nós recebemos mais de um milhão de turistas ao ano, somo a 3ª maior romaria do Brasil. Não justifica uma romaria com mais de 300 anos, que atrai um fluxo de turista tão grande, não ter na história investimento federal e estadual. Não faz sentido o prefeito, com o pouco recurso que tem, armengar a cada ano que passa sem atender a demanda da festa. A cidade tem 70 mil habitantes e durante o ano recebe mais de um milhão de pessoas. Só na romaria de agosto é algo em torno de 400 mil. Então trouxemos o governador aqui para conhecer e ele se comprometeu em ir comigo buscar recursos. O projeto, que foi elaborado pela Codevasf tem a anuência da diocese. E isso vai dar um grande impulso na logística do turismo. Devemos apresentar o projeto em Brasília em janeiro ou fevereiro. Os índices de educação na Lapa historicamente sempre foram ruins. O que a prefeitura tem feito para mudar essa realidade?

ENTREVISTA//

EURES RIBEIRO, prefeito de Bom Jesus da Lapa

Prefeito investe em projeto ousado para Lapa do futuro Principal fonte de economia da cidade, turismo religioso deve ser reestruturado nos próximos anos apra atender a demanda de visitantes que já passa de um milhão de pessoas por ano. No início de 2015 o prefeito Eures Ribeiro (PV) vai apresentar ao governo federal projeto orçado em R$ 80 milhões. Veja na entrevista abaixo:

Ispedito Nunes de Oliveira

Como o senhor projeta Bom Jesus da Lapa para daqui a 10, 20 anos?

Projetamos por vários caminhos. Focar a qualidade e infraestrutura do turismo é fundamental. O turismo religioso é nossa principal fonte de economia. Estamos investindo muito na infraestrutura do Perímetro Irrigado Formoso, acompanhando os trabalhadores e tudo mais. Isso fez da Lapa o maior produtor de banana no Norte/ Nordeste. Bom Jesus da Lapa está em cima de vários minérios, e nós já temos vários estudos na área. Com a Ferrovia Oeste-Leste a exploração de mineração vai ser possível, vai ser viável. Nós já recebemos a visita de umas seis empresas – algumas até do exterior! – interessadas em participar do leilão que acontece agora no fim do ano para instalar campos de energia solar no município. A prefeitura tem estado presente em todas as áreas para ajudar a desenvolver e projetar a cidade para daqui a 10, 20 anos ou mais. Estamos trabalhando nessa perspectiva. Qual o projeto da Lapa para o turismo? Estamos com um projeto ousado. Na romaria passada trouxemos o governador Jacques Wagner para ele conhecer a dinâmica da cidade nesse período. Foi a primeira vez que um governador veio aqui nos mais de 300 anos de romaria. A estrutura que a Lapa precisa vai além

Não é fácil nem rápido mudar essa realidade, mas estamos trabalhado muito para isso. Aprovamos agora o plano de carreira e valorização do magistério. Hoje, o professor do município da Lapa ganha melhor que o professor do estado. Recuperamos a autoestima dos professores - estamos sentindo isso dentro do sistema de educação! Adotamos o sistema de módulo para a educação; pegamos todo o material didático, treinamos os professores com a empresa contratada e distribuímos o material para nossos alunos. Estamos com o módulo da Dom Bosco no ensino infantil e o NAME do primeiro ao quinto ano. É o mesmo sistema utilizado nas escolas particulares. E na área da saúde? Reformamos e modernizamos o hospital de Bom Jesus da Lapa. Conseguimos mais 10 leitos de UTI; a clínica de imagem foi aprovada pelo SUS e sua construção já foi autorizada; uma clínica para hemodiálise, nível 3, também foi liberada pelo SUS. Nossa meta é realizar tudo isso ano que vem. Ano passado inauguramos a maternidade municipal, a primeira da Rede Cegonha na região. O índice de mortalidade infantil e materna da Lapa era gritante! Diminuímos em 60% a mortalidade infantil e zeramos a mortalidade materna. Um grande avanço na saúde de nossa cidade. É possível administrar o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade? É um grande desafio para todos os governantes. Sofremos muito com a seca e o desmatamento causados pelo desenvolvimento desenfreado no mundo inteiro. Mas temos que dar a nossa contribuição, promovendo o desenvolvimento e respeitando a sustentabilidade, a questão ambiental. Temos levado às escolas a disciplina de educação ambiental. Criamos um material específico voltado para a realidade ambiental local. Não adianta você colocar para o aluno questões de meio ambiente de outras regiões se você não discute a realidade em que ele vive. Tem mais! Aqui não havia coleta diária. Ela era feita duas vezes na semana. Isso não era suficiente e a população acabava jogando o lixo no Rio São Francisco. Hoje, nós colocamos a coleta seletiva nesses bairros que margeiam o rio duas vezes por dia. Então, nós zeramos o despejo do lixo no rio e 95% do nosso esgoto sanitário é tratado. Temos, ainda, a política do plantio de árvores. O objetivo é arborizar toda a cidade.

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lazer

praça modelo

de barreiras Construída por empresário que preferiu converter multa ambiental em exemplo de espaço público, praça é sensação no Renato Gonçalves.texto GABRIELA FLORES fotos C.FÉLIX

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arreiras ganhou recentemente um novo equipamento público, a Praça da Sustentabilidade. Maior sensação do bairro Renato Gonçalves, o espaço conta com uma estrutura que incluiu umidificadores de ar, parquinho, lixeiras, bancos em eucalipto tratado e arborização. Com piso apropriado para drenagem e projeto paisagístico que prioriza plantas nativas do Cerrado, o espaço tem um enorme painel com a obra “O abraço”, de Romero Britto. A praça foi construída por um empresário que preferiu converter uma multa ambiental no empreendimento. A prática é legal e tem o respaldo do decreto federal 6514/2008, que outorga à autoridade ambiental da cidade a conversão de multa, desde que simples e de acordo com critérios de conveniência e oportunidade acertados. De acordo com o secretário Nailton Almeida, a prefeitura fará a manutenção do local através da secretaria municipal de serviços públicos e transporte. Ele não informou quando serão feitas a recuperação asfáltica e a canalização do esgoto no entorno da praça.

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SUSTENTÁVEL O espaço foi todo pensado tendo como fundamento a sustentabilidade e todo o projeto paisagístico prioriza plantas nativas

A praça é do povo Barreiras é uma cidade cheia de praças. No entanto, quase que sua totalidade está abandonada. Enquanto a prefeitura não apresenta projeto de urbanização desses espaços, a sociedade civil organizada vem se mobilizando e transformando esses lugares em pontos de manifestação cultural. Uma das praças mais requeridas para essas atividades é a praça Duque de Caxias, que recentemente foi palco para o espetáculo “O Viciado”, da trupe de teatro e poesia Sintonia Interna. A praça já abrigou nos últimos meses vários eventos, a exemplo do #OculpeAPraça, que deve realizar sua 2ª edição em 29/11. “As ideias foram surgindo e fomos agregando a fotografia, a feira do troca, o momento verde”, explica Yurika Hidaka, uma das organizadoras. Outro movimento marcante na praça foi o 1º Senadinho Cultural, que promoveu uma noite de música, teatro, poesia, exposição de artes, fotografias, capoeira, fanfarra, artesanato. Na dianteira desses movimentos está o Salve Barreiras, que foi o primeiro a ocupar a praça com várias atividades culturais. O resultado foi tão exitoso que o grupo já realizou a segunda edição, mas, desta vez, na Praça Castro Alves.

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capa

a

agonia de Francisco

Durante quatro dias, entre 16 e 19 de outubro, o jornalismo da Revista A saiu em expedição para colher impressões e avaliações de populares, artistas e autoridades acerca do estado do rio, nas cidades ribeirinhas de Bom Jesus da Lapa, Paratinga, Ibotirama e Barra. Seis dias depois ao retornar a Barreiras, recebemos uma foto do piloto Kleber Rangel com a frase “SOS Velho Chico”. Há três meses ele não sobrevoava a divisa entre os estados de Minas e Bahia. Sabia que o Rio São Francisco estava seco, mas nem tanto. “Assustador!”, exclamou, após fotografar com o celular. Na imagem, as croas se multiplicam rio abaixo, entre Manga e Carinhanha, cidade baiana que dá boas-vindas ao Velho Chico. texto C.FÉLIX

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carlos adelino

kleber rangel

histórica Estima-se que esta seja a pior seca da história do Rio São Francisco. Até sua principal nascente, no Parque da Serra da Canastra, em São Roque de Minas, secou em setembro. Especialistas apontam como responsáveis a seca no Centro-Oeste do Estado e o incêndio em 40 mil hectares de vegetação nativa do parque no mês de julho

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out/2014 CAIS DE PARATINGA

ia 12 de novembro. Dados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informam que o volume útil da Usina Hidrelétrica Três Marias é de 2,57%, pior índice desde que foi inaugurada, em 1962. No início de 2014, sua vazão era de 500 m3/s, agora está em 130m3/s e seu fluxo pode ser fechado a qualquer momento, gerando crise de desabastecimento em pelo menos 122 cidades. O Centro-Oeste mineiro enfrenta uma de suas maiores secas, e os estragos já se espalham por todo o Rio São Francisco. As croas, bancos de areia formados pelo baixo volume de água nos últimos meses, acabaram por formar um novo e desolador rio: um rio de croas. “Se Deus não cuidar de nós, não tem homem que nos salve”, avaliou o pescador Cândido da Silva Brito, 63 anos, de Barra. Ele conhece o rio desde criança e nunca o viu nessas condições. O rio São Francisco está irreconhecível. Ao lado da ponte de Bom Jesus da Lapa, um gigante banco de areia estreitou o rio em mais de 50% de sua largura, com águas rasas. Em Paratinga, cujo rio já carrega em seu leito as águas do Carinhanha e Corrente, o cenário é mais assustador. O braço do Velho Chico que passava pelo cais da cidade deu lugar a pequenas poças e a travessia para a ilha da frente, que era feita de barco, agora se faz a pé. “O São Francisco é como se fosse uma parte de minha vida. Dá vontade de chorar, vontade de tudo... Já pensou meus filhos, meus netos? Deus nos livre desse rio secar. Muita gente vai sofrer”, lamentou Antônio Francisco Alves, 59, gerente da Embasa e funcionário da estatal há 38 anos, em Ibotirama. Nesse período, o ponto de captação de água para abastecimento da cidade já mudou três vezes, contou ele, popularmente conhecido como Tonho de Milú. “A gente captava no de 12 metros, assoreou. Passamos pro de nove metros, assoreou; de seis e de três. E tivemos que mudar dali pro outro lado, porque aterrou tudo”. Em Barra, onde o São Francisco encontra seu maior afluente, o rio Grande, o ponto de atracagem das balsas foi empurrado para outro lugar por um imenso areal que submergiu na entrada do antigo porto.

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Transporte comum para travessia entre ilha e cidade, os barcos estão parados, represados em pequenas lagoas. Agora, a travessia é a pé, o rio está há quilômetros

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fotos: c.félix

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“Êêêêôôô Eu fui rever meu nordeste, nosso berço alagoano, e me encontrei com o passado que fez 42 anos. Não sei como a gente enfrenta, e quem esqueceu 70, hoje vivo se lembrando. 2012 mostrando, um verão demolidor. Já faz 10 mês que não chove, todo o nordeste secou. O desespero é profundo, 70 foi um aluno, e esse é um professor”


carlos adelino

O aboio segue gemendo por uma rua da Lapa que vai para o santuário. O som toma conta da rua, dada a potência da caixa de som do carrinho, empurrado por um senhor que vende CDs classificados por estilo musical: o aboio está em CD de “vaquejada”. Desconhecido, o aboiador enfileira seus versos aos ventos e compara a seca de 1970 com a de 2012. A última, notadamente, mais grave em sua análise. Não dá para imaginar que versos o poeta faria para a atual seca que, em 23 de setembro, causou comoção nacional ao secar a principal nascente do Rio São Francisco. Não há nenhum registro de que isso tenha acontecido antes. Pesquisadores do Parque da Serra da Canastra alegaram que mudanças climáticas no planeta, a longa estiagem na região e o incêndio de 40 mil hectares de vegetação nativa do parque, em julho, foram os principais responsáveis pelo acontecimento histórico. O professor da Uneb Marcos Antônio Wanderley, mestre em meteorologia agrícola, explica que o homem também contribui para a seca, mas se trata de um processo cientificamente “natural”, cíclico. “Neste momento há um bloqueio semiestacionário da umidade e frente fria que traz a chuva da Amazônia pra cá. O que não é novidade. Todo ano isso acontece, com maior ou menor intensidade ou regularidade”, explica, emendando que uma seca igual a esta pode ter acontecido no passado. “Hoje, temos órgãos de divulgação. O sentimento de tragédia é muito mais presente nas nossas mentes do que anteriormente. O aumento populacional e da demanda por água torna tudo isso mais catastrófico”, disse. “Os mais velhos diziam que o rio ia secar no fim da era e o povo ia beber água de cacimba. Eu tenho fé em Deus que isso não aconteça! Mas se Deus não der um bom tempo, como eu estou lhe dizendo, na situação que está as Três Marias... Eles estão errando as previsões! Eles estão dando pra região a mesma média do ano passado, e se não chover três vezes mais a situação é dessa pra pior. É crítica e ninguém ver ninguém fazer nada por ele”, desabafa Tonho de Milú.

foz do rio grande Em Barra, o rio São Francisco recebe as águas do rio Grande (à esquerda), seu principal afluente durante a seca, que apesar de estar abaixo do nível nesse período, ainda é favorecido pelo aquífero Urucuia. No período chuvoso ele cai para o 6º maior contribuinte. A explicação é dos técnicos no Inema, que participaram recentemente de uma reunião com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (CBHRG)

nível da água

10 bom jesus da lapa

9 8 7 6

barra

5 4 3 2 1

realidade x ciência Tonho de Milú (à esquerda ), gerente da Embasa, lembra que nos últimos anos a captação de água para abastecimento de Ibotirama mudou de um ponto de 12 metros para um de três e teme pelo pior. O agrometeorologista Marcos Wanderley explica que a seca é natural, e que já pode ter acontecido com tanta intensidade em outras épocas

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As réguas de medição do nível das águas em Bom Jesus da Lapa e em Barra indicam que o rio está abaixo dos dois metros. O que não quer dizer que este seja um nível uniforme. Há vários pontos do rio com profundidade maior

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Por dentro do

Petrolina represa sobradinho

represa Paulo afonso

PE AL

Juazeiro Barra

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Rio Grande

Ibotirama

afluentes baianos

Paratinga

BA

ATLÂNTICO

As bacias dos rios Grande, Corrente e Carinhanha são os principais afluentes do Velho Chico no Médio São Francisco, e emanam do aquífero Urucuia. No período de seca, inclusive, o Grande assume a condição de maior contribuinte, sendo responsável por cerca de 15% de drenagem da Bacia do São Francisco Rio corrente

O

Carinhanha Rio carinhanha

Januária

MG

Pirapora

represa três marias A caixa d’água mineira ajuda a equilibrar a vazão do rio

NÍVEL

2,57% (medição em 12/11)

ENTRAM

78m3/s

Rio São Francisco tem mais de 2 700 quilômetros de extensão, é um dos maiores abastecedores de energia hidráulica do país, 4º maior rio da América do Sul. Nasce no Parque da Serra da Canastra, município mineiro de São Roque de Minas e passa por mais de 500 municípios de cinco estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, onde se encontra com o oceano Atlântico. Em seu percurso tem três represas: Três Marias (MG), Sobradinho (BA) e complexo de Paulo Afonso (BA). Chamado de rio da integração nacional por ligar as regiões Sudeste e Centro-Oeste ao Nordeste, ele deve beneficiar mais 12 milhões de habitantes dos estados Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, com o controverso projeto de transposição, a ser concluído em 2015, de acordo com o Ministério da Integração Nacional.

reprodução

Bom Jesusa da Lapa

(este ano já chegou a 38m3/s)

SAEM

123,8m3/s Pior índice desde que a usina foi inaugurada em 1962. Já representa o volume morto da represa. Mesmo que venha a chover com regularidade nos próximos meses, o controle de vazão em 2015 vai ser mais equilibrado para reduzir danos no São Francisco.

(no início do ano era 500m3/s)

secas A seca é um fenômeno cíclico que acontece anualmente e em períodos diferentes. É caracterizada estiagem que, algumas vezes, é longa em certos lugares e curta em outros. Há dois anos, o semiárido baiano sofreu a maior seca nos últimos 47 anos. Agora, o Centro-Oeste de Minas Gerais sofre o seu mais prolongado período de estiagem dos últimos 30 anos. fonte: cemig/cbhrsf/cbhrg

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cheias

Em 1979, aconteceu uma das maiores enchentes no Rio São Francisco. As águas subiram 10 m e inundaram várias cidades ribeirinhas, a exemplo de Ibotirama (foto de cima), Barra e Xique-xique. As enchentes sempre foram corriqueiras no Rio São Francisco. Algumas pesquisam registram ainda cheias históricas em 1906, 1914, 1919, 1926, 1949, 1959 e 1989, todas acima de 7 m. Entre o fim de 2011 e 2012 o rio subiu 6 m, o distrito de Barrinha (foto de baixo), um dos pontos turísticos de Bom Jesus da Lapa, foi inundado.

ilustração: fábio ohara

D’ARTAGNAN NASCIMENTO

velho chico


O rio em poesia

chorado, pescado, pintado e cantado fotos: c.félix

cândido da silva

zeca bahia

“É

uma coisa que está acontecendo e é real. É como digo: aqui não vai ser o São Francisco, vai ser o Saara”, assevera o compositor Zeca Bahia aos amigos lapenses Cevisa e Saulo Fagundes. O trio manifesta uma relação espiritual com o Velho Chico comum a todos os ribeirinhos – seja na música, poesia, folclore, escultura, pintura, agricultura, reza... ou em uma mesa lá em Seu Santinho, no sítio Nossa Senhora Aparecida, na Lapa. Entre uma conversa e um acorde, uma música e um sentimento, os três vão tecendo o rio em retalhos de memória. Zeca se lembra de uma música que fez para amigo que morreu afogado e, em seguida, chora. Do vazio, Cevisa começa a declamar a lenda franciscana de um vapor que surgia à noite nas águas de Ibotirama e depois sumia.

Os tons de areia começam a ficar mais frequentes em suas pinturas. O rio São Francisco, quase sempre protagonista de suas inspirações, está triste e a tristeza não está em sua paleta de cores. “Gosto de exaltar a vida, alegria, cor. E a água é vida, é exuberância. Isso é que motiva o meu trabalho”. Mais embaixo, Cândido da Silva se distrai brincando com filhotes de gato. “A mãe deles tava comendo os peixes e outros pescadores mataram”, comenta, sentado em um banco no barranco do rio, com olhar expressivo. O grupo fica no rancho cerca de oito meses por ano, no período de pesca, entre 2 de fevereiro e 31 de outubro. Alguns não estão ficando mais tanto tempo. Há pouco peixe no rio, reclamam.

“Que vapor é esse, morena? Que não quer chegar Será o encantado, morena? Deixa chegar.” Centenas de quilômetros dali, no cais de Barra, o pintor impressionista Fernando Queiroz se diz angustiado. Crava os olhos adiante e volta para a tela com pinceladas.

fernando queiroz

cevisa e saulo fagundes

Eu já cacei aqui - tem uns quatro ano ou cinco! -, que de lá pra cá foi brigado a vim devagazin porque se num viesse devagá o barco afundava no mei da estrada, de tanto peixe. Dentro de dois dia eu pesei foi 500 e pouco quilos. Só Deus sabe a alegria do pescadô”, lembra Cândido. Depois, reflexivo, emenda: “se chegá o ponto desse rio aí se acabá, esse pessoal da beira do Rio São Francisco vai morrê é de desgosto. Eu não, que eu já tô véi, qualqué hora Deus me leva. Mas esses mais novo aí vai morrê é de desgosto. Porque o que ele via antigamente pele num vê, aí chega a hora dele morrê de desgosto... Meu amigo, vou lhe dizê pra você: o maió presente do mundo que nós tem é esse rio aqui, porque esse aqui foi Deus quem nos deu e ninguém toma ele não. Nós bebe é daqui, ói, do jeito que tá aqui nós bebe dessa água. Nunca saiu daqui um caba pra dizê assim que essa doença que você tá foi gerado da água. Você vê como Deus prepara a coisa: aí desce gado morto, aí desse defunto morto quando morre, e nós bebendo água aqui. Aí tem um coador com essa

água aí... é Deus mesmo que faz o serviço bem feito”.

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bom jesus da lapa Manifestação reuniu milhares de pessoas que, em ato simbólico, jogaram água no rio

Um gole d’água ao Velho Chico Ato público em defesa do rio São Francisco reuniu milhares de pessoas em Bom Jesus da Lapa, no dia 17 de outubro. A manifestação foi promovida pela Articulação Popular São Francisco Vivo, movimento vinculado à Igreja que mobilizou ribeirinhos, estudantes e organizações civis em caminhada de cinco quilômetros, do centro da cidade à ponte sobre o Velho Chico. De lá, em ato simbólico, manifestantes despejaram água no rio. “A comunidade precisa se adequar à nova realidade diante da estiagem enfrentada”, disse o padre Roque Silva, ao alertar a população para o uso consciente da água. Durante a manifestação, o agrônomo Samuel Britto, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT Bahia) reclamou das agressões que o rio sofre em toda sua extensão, da nascente às margens, envolvendo todas as bacias, defendeu medidas urgentes e alegou que o rio reduziu de 600 para 150 metros sua largura em Lapa. Ações Desde 2004, já foram investidos cerca de R$ 125 milhões em ações e projetos de revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco. A revitalização consiste em recuperar áreas degradadas e fazer saneamento básico e ambiental na bacia hidrográfica do rio. De acordo com a Gerência de Revitalização de Bacias Hidrográficas da 2ª Superintendência Regional da Codevasf em Bom Jesus da Lapa, apenas duas ações estão em andamento, a partir de convênios com o governo do Estado. Pelo menos 21 obras do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) foram concluídas, mas muitas ainda estão com problemas, a exemplo da de Barra, cuja prefeitura tem dificuldade em assumir a operação e manutenção do sistema.

making of

Reginaldo Brito, Cìcero Félix, Jerry Souza, Carlos Adelino e Fernando Queiroz, no segundo dia de expedição, em Barra. Contribuiu para essa reportagem Joaney Tancredo.

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umlugar

cocos Imagem de bordo: Rui fotografando cachoeira do rio Itaguari, em uma de suas expedições pelos 35 municípios à margem esquerda do Rio São Francisco

especial Oeste chris duk

rui rezende lança livro sobre o oeste em dezembro

Quarta obra do fotógrafo baiano será lançada em Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Santa Maria da Vitória e Salvador.texto/fotos REDAÇÃO

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epois de quase quatro anos de pesquisas, viagens, cliques e um acidente aéreo que quase lhe custou a vida, o fotógrafo baiano Rui Rezende lança, enfim, sua mais nova obra “Oeste da Bahia: um novo mundo”. O livro, que traz registros do povo oestino, sua cultura, cotidiano, religião, geografia, economia e meio ambiente, será lançado dia 17 de dezembro em Luís Eduardo Magalhães, 13 em Barreiras, 15 em Santa Maria da Vitória e 20 em Salvador. O livro sintetiza as excursões do fotógrafo pelos 35 municípios à margem esquerda do Rio São Francisco, no estado da Bahia. Algumas imagens são acompanhadas de curtas narrativas a partir do olhar poético e jornalístico do professor Cícero Félix, que também é editor da Revista A, produto editorial que circula no Oeste há quatro anos.

Quando fazia uma de suas últimas sessões fotográficas para o livro, Rui sofreu um grave acidente aéreo sob uma fazenda entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Foram nove dias em coma, seis cirurgias, 42 dias internado e alguns meses de fisioterapia até finalizar a obra. Pouco tempo após sair do hospital, Rui realizou uma exposição em Salvador com fotos produzidas ao longo dos seus 15 anos de trabalho profissional. Esta é a quarta obra do fotógrafo, que publicou livros sobre Cairu, Tinharé e Chapada Diamantina. “Oeste da Bahia: um novo mundo”, é patrocinado pela Galvani Fertilizantes, através da Lei Roaunet de incentivo à cultura. Os locais de lançamentos serão divulgados em breve.

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cult

música, literatura, artesanato, agenda,

cinema

ôPA! o oESTE TAMBÉM É CINEMA!

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Referência em audiovisual na região, grupo de Barreiras ganha prêmio estadual na publicidade e fecha parceria com a Revista A para explorar linguagem multimidiática da web. texto CAROL FREITAS

C.FÉLIX

a trinca Os amigos Fábio Ohara, Estras e Gustavo: a fórmula da descontração e da criatividade, não importa o desafio

nstigante pelas infinitas possibilidades de narrativas, a linguagem audiovisual tem seduzido um número cada vez maior de jovens que encontraram na área um terreno especialmente fértil para plantar criatividade. Nos últimos anos, vários grupos da região se formaram, começaram a produzir filmes independentes e hoje já começam a ser referência na área, a exemplo da produtora barreirense Ôpa!. Formada por três amigos (Esdras Ríver, Fábio Ohara e Gustavo Ribeiro), a agência foi constituída há apenas seis meses e recentemente conquistou o Prêmio Bahia Recall na categoria Gran Prix Institucional Municípios deste ano em Salvador. “Não sei quem estava maior: o mar ou a nossa felicidade”, declarou Esdras. O grupo tem como base três mantras que norteiam a produção e estabelecem um estilo de trabalho: “Não alimente o monstro”, “Pense fora da caixa” e “Faça por amor”. O primeiro se refere ao controle do ego – o monstro é o ego; o segundo à disposição para vencer a mesmice e superar o comodismo. Sobre o último, Gustavo esclarece: “O amor é o alicerce de todas as coisas que valem a pena. É plantar e colher. Essa é a lei do universo”. Os três são alunos do curso superior de Produção Audiovisual da Faculdade São Francisco de Barreiras. Em abril deste ano eles transformaram a Câmara de Vereadores em sala de cinema e exibiram os curtas “Vira-latas loucos”, uma releitura de “Cães de aluguel” de Quentin Tarantino; e “Ponte de safena”, documentário sobre a transferência do tráfego de caminhões do centro da cidade para o contorno viário. Nos últimos meses o grupo vem discutindo com a direção da Revista A sobre um projeto de parceria para explorar melhor o site da revista (revistaa.net), principalmente os recursos multimidiáticos oferecidos pela web. “É mais um desafio, é isso que nos move. Tenho certeza que vai ser, no mínimo, diferente. Mas queremos fazer o melhor. Aguardem, vem muita coisa boa por aí”, disse Fábio.

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Impressões por anton roos e-mail antonroos@gmail.com

anton roos Jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

O exemplo de Neil Peart

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o dia 20 de agosto de 1998 a maioria do povo brasileiro mantinha acesa a certeza que o país vendera a Copa do Mundo para a França e que o episódio envolvendo Ronaldo Fenômeno pouco antes da final no Parque dos Príncipes não passou de uma covarde simulação. A bem da verdade, essa fábula perdura até os dias de hoje e por mais incrível e bizarro que possa ser, ainda existem pessoas espalhadas por este país, que de fato, acreditam que o time do Zagallo entregou a taça de mão beijada pros onze liderados por Zinedine Zidane. Na manhã daquela quinta-feira chovia em Quebec no Canadá e é bom que se diga poucas pessoas a não ser as mais íntimas sabiam das intenções do homem, então com 46 anos, que observava a escuridão das primeiras horas da manhã enquanto espremia laranjas, cozinhava ovos, passava café e preparava torradas. Um número muito reduzido de pessoas, inclusive seus fãs, poderia imaginar que ele se preparava para iniciar a mais difícil viagem de sua vida, talvez a mais importante e que acabou se transformando em exemplo mundial de superação. Pouco mais de um ano antes, em 10 de agosto de 1997, Peart e sua esposa Jackie foram surpreendidos com a chegada de uma viatura da polícia e a notícia que a filha Selena acabara de perder a vida em um acidente automobilístico. Imagine você, num piscar de olhos, ver seu mundo desmoronar, sem qualquer chance de se despedir ou evitar o pior. Simplesmente, ter aquilo que mais ama arrancado do seu convívio da maneira mais estúpida possível. Agora imagine a relação com sua mulher desmoronar como um castelo de cartas e, além dela esboçar pouca ou nenhuma reação e aos poucos se entregar e, alguns meses depois, também vir a morrer. Naquela manhã de chuva na mais antiga das cidades canadenses, Peart iniciou uma viagem de 90 mil quilômetros montado em uma moto. Uma viagem sem destino definido, sem um objetivo específico, mas que se traduzia, tão somente, na busca de alguma razão para continuar vivendo.

Não fosse tal decisão, quiçá o baterista do Rush tivesse encontrado forças para voltar aos palcos e continuar com sua carreira e sua vida. Talvez o mais difícil: seguir em frente. Não foram poucos os momentos daquela viagem em que os pensamentos turvos e o vazio infinito quase fizeram Peart retroceder. Desistir. Afundar-se ainda mais em sua própria amargura, sem que ninguém pudesse fazer nada para ajudá-lo. Porque, embora, façamos esforços descomunais para transparecer fortaleza, no fundo, não passamos de seres humanos. Frágeis e incapazes de lidar com a perda. Numa carta escrita para o melhor amigo em meio a sua jornada, Peart sintetiza o momento vivido e o quão frágil somos todos nós. “Você não pode dizer a si mesmo como se sentir”. Não há fingimento ou sorriso amarelo que supere o que se passa no coração e mente de uma pessoa diante da necessidade de superar uma perda. Só o tempo e talvez, nem ele, sem que haja um esforço mínimo e no caso de Neil, uma viagem sem rumo em cima de uma moto. O exemplo de Neil Peart não necessariamente significa que todos nós devamos montar em motocicletas e pegar a estrada para superar nossas maiores dificuldades. Não. O que talvez devamos fazer é procurar nos confins mais obscuros de nossa alma algo que nos mantenha vivos, pois não importa o tempo, um dia haveremos de encontrar paz novamente, da mesma forma que o gênio das baquetas encontrou. Quatro anos depois daquela manhã de quinta-feira, o Brasil comemorava seu quinto título mundial no futebol e Peart voltava a estrada com o Rush.

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cult agenda fotos: reprodução

arte em barreiras texto CAROL FREITAS

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sétima arte voltou à agenda cultural do barreireinse com o Projeto Cine SESC que promove o acesso ao cinema por meio da exibição de filmes de produção nacional e internacional. No dia 27 de novembro, a película que estará em cartaz será “E se vivêssemos todos juntos?”. Para fechar o mês de novembro, o público poderá conferir a 3ª edição da Temporada Verão Cênico (primeira vez em Barreiras) que receberá números de teatro, circo e dança. De 24 de novembro a 2 de dezembro serão apresentados os espetáculos “As Maravilhas da dança”, “De sol, de céu e de lua” (infantil), “A ave” e “A história que a manhã contou ao tempo” (infantil). A entrada é gratuita. A programação ainda não é suficiente para preencher o buraco cultural que existe na cidade, mas já renova a esperança de um futuro com cortinas abertas e luzes acesas para a arte no velho Oeste.

Entre os dias 24 de novembro e 2 de dezembro, Barreiras recebe os espetáculos infantis “De sol, de céu e de lua” e “A história que a manhã contou ao tempo”, através do projeto Verão Cênico, que também terá apresentações de circo e dança

LIVRO

Chico Buarque e o irmão alemão Fruto de um relacionamento do historiador Sérgio Buarque de Hollanda com uma alemã de Munique, onde viveu antes de se casar com Maria Amélia, a mãe de Chico Buarque, o meio-irmão alemão do cantor tem quase 90 anos, se ainda estiver vivo. No período em que morou na Alemanha, o historiador namorou Anne Margerithe Ernst. Ela teve um bebê que foi registrado com o nome de Sérgio, mas apenas com o sobrenome da mãe. De volta ao país, o historiador só voltou a ter notícia da namorada e do filho durante a Segunda Guerra Mundial, quando ela escreveu pedindo provas de que ele não tinha sangue judeu, para proteger a criança. Chico Buarque e os irmãos tentaram encontrar o meio-irmão, mas nunca conseguiram. “O irmão alemão” é o quinto romance de Chico, que completou 70 anos em junho. Sua última obra, “Leite derramado”, foi lançada há cinco anos e venceu o Prêmio Jabuti de livro do ano (terceira vez que o escritor ganhou o prêmio). A obra lançada no dia 14 de novembro foi publicada pela editora Companhia das Letras.

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cinema

Francis Lawrence: Jogos Vorazes: A esperança Parte 1 Após sobreviver por duas vezes aos Jogos Vorazes, Katniss Everdeen (vivida por Jennifer Lawrence) servirá como símbolo de uma revolução iniciada no Distrito 13. Além de ter que manter sua imagem de ícone, a jovem ainda precisa se preocupar em defender sua mãe e sua irmã no meio da guerra. O filme que conta com a presença ainda de nomes como Josh Hutcherson e Liam Hemsworth, promete 125 minutos de muita ação e aventura. A estreia está prevista para o dia 19 de novembro.

Vicente Amorim: Irmã Dulce A história de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, será eternizada através da cinebiografia dirigida por Vicente Amorim com estreia em13 de novembro. A religiosa católica baiana dedicou sua vida a ajudar os doentes, pobres e necessitados, foi beatificada pelo Papa Bento XVI, passando a ser reconhecida com o título de “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Seu processo de canonização está em andamento desde o ano de 2010. As atrizes Sophia Brachmans, Bianca Comparato e Regina Braga dão vida à personagem principal. Artistas renomados como Glória Pires, Irene Ravache, Zezé Polessa, Paulo Gracindo Júnior e Fábio Lago também integram o elenco.

Carolina Jabor: Boa Sorte Após vários problemas de comportamento, o adolescente João é internado em uma clínica psiquiátrica por sua família. Lá ele conhece Judite, por quem logo se apaixona. O problema é que ela não tem muito tempo de vida e ambos sabem disto, o que não impedem que iniciem um grande romance dentro da clínica. O longa brasileiro dirigido por Carolina Jabor, previsto para chegar às telonas no dia 20 de novembro, é estrelado por Deborah Secco, como Judite e João Pedro Zappa, como João. Também fazem parte do elenco os atores Pablo Sanábio (Felipe), Felipe Camargo (Luís, pai de João) e Enrique Díaz (Marcos).

se liga! De 20 a 29 de novembro acontece a Semana da Consciência Negra. Serão realizadas palestras, oficinas e serão apresentados filmes no Ifba, Uneb e Ufob em Barreiras. A praça Duque de Caxias em

Barreiras, conhecida como praça do Coreto, vira palco para mais uma edição do movimento Ocupe a Praça, que reúne música, arte e solidariedade e acontece no dia 29 de novembro.

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Saia Lápis fotos: Anne stella

por Anne stella

CONECTADO facebook: annestella e-mail: annestellax@hotmail.com Anne Stella Libriana de 30 anos e 2 filhas. Administradora da Revista A e apaixonada por moda, fotografia e tendências.

Provador “personalizado” A Elementais proporcionou às suas clientes um provador diferente. Dessa vez, elas foram as modelos e os looks da loja estão personificados com seus rostos.

Pra relaxar!

helena omena

Não importam as estações, os chás da Provanza caem bem. Podem ser gelados ou quentes, só vai depender da ocasião.

Passarela Viva Linda de O Boticário

No dia 18 de outubro, aconteceu a grande final da Passarela Viva Linda de O Boticário na Itaipava Arena Fonte Nova em Salvador. O espaço se transformou para receber as 31 finalistas do concurso . Leila Ribeiro (Jornal Nova Fronteira) e Anne Stella da Revista A marcaram presença no evento que teve como ganhadora Samile Santos de Salvador.

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Circus Carmen Steffens

capitão do mar No dia 04 de outubro o príncipe Luiz Felipe fez seu 1° aninho no salão de festas do Le Reve. Parabéns aos pais Fernanda e Renan! A festa foi linda!

A franquia Carmen Steffens Barreiras promoveu no dia 10 de outubro um belíssimo desfile para homenagear as crianças. O evento contou com a presença da atriz mirim global Mel Maia, que abrilhantou o evento com seu carisma.


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social

Keilha, Elisangela,Janaina,Lili,Nathali,Maria e Neide Vitor, Aiara,Karine,Carol e Anne

Celia e Dilma

Zuba, Zandra, Lua Clara e Juline

carmen steffens

Moacir e Tati

A franquia promoveu um desfile no dia 10 de outubro para homenagear as crianças.

Makiel, Carla, Silvana e Francisco Zezé, Maria Eduarda e Rita

Dra. Rita e Dr. Jacob

cdl

Valkíria e Ronimarkes

Rider, Thais e Carlos Henrique

Lançamento da Campanha de Natal da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras no dia 23 de outubro.

Roberto Braga e Marcelo Trotta

Sayonara e Noili

abraçaço

Show de Caetano Veloso em Barreiras pela Turnê Abraçaço no dia 11 de outubro.

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social

Esdras, Nayara e Gustavo

Maíra e Jacobina

Ricardo, Fernando, Kigui e José Giongo

Renan, Aderlan, Leonardo, Cecília e Victória

Ana Maria, Yurika e Renata

Cordeiro, Zeca Bahia e Ataíde

Estela, Cynthia e Fernando Torquatto

Karol, Olíbia, Gabriel e Bié

Marcelo e Roberta 66

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Danielle e Davy

Bié,Karol,Nanda e Leo


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