Indústria do futuro: precisamos de falar

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Indústria do futuro: precisamos de falar

robótica

Victor Moure Country Manager Schneider Electric Portugal

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vozes de mercado

“Queremos coisas diferentes.” “Nunca sei o que estás a fazer ou a pensar.” “Esta relação não está a funcionar.” “Quero conhecer pessoas novas.” Se a tecnologia que atualmente existe nas fábricas pudesse falar, diria algo deste género...

De facto, nas fábricas coexistem, hoje em dia, tecnologias de automação sofisticadas como máquinas físicas e robots, sistemas operacionais que gerem energia, processos, montagens, refrigeração e redes de TI... mas não comunicam facilmente entre si. Esta realidade está a atrasar a indústria. Vivemos num mundo “digital-first”, com o software como o disruptor que impulsiona a mudança. Empresas como a Amazon, Google, Uber e Airbnb alteraram o consumo de retalho, meios de comunicação, conhecimento, transporte e viagens através de software. Um maior acesso a dados, analítica e Internet das Coisas (IoT) está a transformar a nossa compreensão do mundo, desde a saúde até ao clima, e mesmo o nosso desempenho económico. Assim, os avanços nas soluções de Inteligência Artificial (IA) estão a acelerar a oportunidade de progredir em todas as áreas das nossas vidas – contudo, até ao momento, o mundo industrial não conseguiu capitalizar estes avanços tecnológicos na mesma proporção que outros setores o têm feito.

Há uma razão para isso: o mundo industrial ainda vive num ambiente de sistemas proprietários e bloqueios por parte de fornecedores, algo que já foi há muito abandonado pelo setor das TI, e que está a estrangular a inovação e o progresso. De facto, estudos mostram que a indústria europeia está atrás dos EUA e da China em termos de maturidade digital, sendo as nossas empresas menos ágeis.

ESTAMOS NUM IMPASSE A Europa tem uma boa (e merecida) reputação no que toca à inovação industrial e à produção de alta tecnologia. No entanto, continua presa numa rotina em alguns dos pontos que são mais cruciais. Os sistemas de automação industrial – que gerem tudo, desde matérias-primas até produtos acabados e serviços – mudaram pouco nos últimos 50 anos, pelo menos no que toca ao design e operação. Há muito tempo que a indústria está pronta para a disrupção, e a pandemia de COVID-19 pode ter sido o impulso

necessário para quem resiste à mudança. Quando atravessamos bons momentos é fácil esquecer que o preço de fazer sempre a mesma coisa é muito mais elevado do que o investimento em inovação. O problema dos dias de hoje é que as aplicações de software concebidas para sistemas de hardware não funcionam facilmente com outras – e, além disso, elas estão “fundidas” umas nas outras. As arquiteturas de automação nas quais a maioria das empresas industriais ainda confia restringem a inovação, aumentam desnecessariamente o custo total de propriedade e inibem a adoção de avanços baseados em TI. As empresas industriais não são capazes de evoluir com rapidez suficiente por conta própria para acompanhar as dinâmicas de mercado do mundo digital. As tradições antigas são uma barreira ao crescimento e também um custo, em vez de facilitadores de lucro. Os sistemas proprietários serviram-nos bem até um certo ponto, mas não conseguem acompanhar os desafios da era digital. Os grandes esforços de engenharia e barreiras à adaptabilidade são limitações que aprendemos a aceitar, mas, exatamente por isso, estão a impedir os fabricantes de atingir plenamente o seu potencial digital. A boa notícia é que instalar os melhores sistemas de diferentes fornecedores e integrá-los perfeitamente sob um mesmo teto já não é ficção científica. Se a indústria se unir, a promessa da Quarta Revolução Industrial pode acontecer na realidade, e na totalidade.

É BOM FALAR: A AUTOMAÇÃO UNIVERSAL É O ALICERCE DA INDÚSTRIA DO FUTURO Então, o que será necessário para que as empresas industriais da próxima geração prosperem? Muitas reconhecem que a automação industrial de próxima geração deve ser interoperável e libertar-se do modelo “bloqueado” que aceitamos atualmente. Um software de aplicações


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