LUZES
Smart Grid, A Rede de Distribuição Inteligente* Custódio Pais Dias Diretor
A evolução que atualmente se traça para as redes de distribuição de energia é a prova de que o desenvolvimento de uns setores tem como consequência a evolução de outros. Desde sempre se considerou que a única função de uma rede de distribuição de energia elétrica era fazer chegar essa energia aos consumidores finais, com qualidade, segurança e fiabilidade. Com um fluxo de energia sempre unidirecional e com uma estrutura quase sempre radial, ou pelo menos explorada dessa forma, as redes de distribuição habitualmente não envolvem uma grande complexidade. No entanto, este paradigma está a alterar-se na medida em que as redes de distribuição têm agora de dar resposta a uma série de novas solicitações, que implicam o aumento da complexidade das redes. Para além de continuar a melhorar a qualidade do serviço que prestam aos seus clientes, as redes de distribuição têm agora de integrar a energia produzida pela microprodução (eólica e solar fotovoltaica, que se caracterizam por ter uma grande variabilidade), têm de prever o fluxo de energia e de contribuir para uma melhoria global da eficiência energética. Tudo isto mantendo o nível da tensão dentro de valores razoáveis em todas as situações de carga e de fluxo de energia. Este será o maior desafio que se coloca à criação de redes de distribuição que poderão ser consideradas “ativas”, pois passam a desempenhar um papel multifacetado nos sistemas elétricos de energia. A multiplicidade de funções que a rede tem agora de desempenhar e a sua maior complexidade implicará seguramente uma maior automatização. Poderá mesmo pensar-se na existência de um estimador de estado, em controlo de tensão e de energia reativa e, ainda, na possibilidade de haver uma reconfiguração ótima da rede. Numa perspetiva de eficiência energética da rede, este
* Texto escrito de acordo com o Novo Acordo Ortográfico.
último aspeto torna-se muito interessante à medida que os pontos de injeção de energia da microprodução vão aumentando e, por isso, dependendo da quantidade de energia que está a ser injetada nos diversos pontos a rede para reduzir as perdas poderá ter de alterar a sua configuração, mas para tal terá de ter sido equipada com um conjunto de equipamentos que permitam essas ações, bem como de uma certa “inteligência”, ou seja, terá de existir um conjunto de sensores a monitorizar a rede e a atuar em conjunto com software dedicado, que irão comandar os equipamentos que promoverão as necessárias alterações da configuração. Percebe-se, assim, que um enorme investimento, em termos técnicos e em termos financeiros, terá de ser feito para conseguirmos uma ampla rede de distribuição inteligente, o que seguramente será um esforço para ser desenvolvido durante muitos anos, talvez décadas. Estamos perante uma área de trabalho muito interessante e, certamente, muito importante para as empresas do setor, a qual poderá proporcionar negócios durante um longo período de tempo. Por ser esta a última edição da revista num ano difícil, que precede um outro que se anuncia ainda pior, e por estarmos nas vésperas de mais uma quadra festiva, a equipa da revista vem desejar a todos Festas Felizes e um Bom Ano Novo. Simultaneamente, queremos agradecer a todos os que de alguma forma durante este ano colaboraram com a revista, ajudando a manter vivo este projeto que conta já com vários anos de existência e que, apesar de todas as dificuldades, teima em se manter vivo. Formulamos votos de que no próximo ano possamos continuar a contar com a boa colaboração de técnicos, de empresas e de instituições, para que juntos possamos continuar esta caminhada rumo ao objetivo que a todos nos anima, de fornecer formação/informação e de promover a troca de experiências no universo da eletrotecnia. A todos um bem hajam!