dossier auditorias energĂŠticas e qualidade e gestĂŁo de energia
a importância de uma auditoria energÊtica João de Jesus Ferreira Engenheiro (IST) - JesusFerreira Consultores – energyconsulting
A gestão da energia deve ser suportada atravÊs da elaboração sistemåtica de auditorias energÊticas às instalaçþes consumidoras, e apoiada por programas de atuação e de investimento que têm por objetivo a redução dos consumos e, consequentemente, a redução da fatura energÊtica.
De uma forma simples podemos responder Ă questĂŁo “o que ĂŠ gerir a energia?â€? dizendo que: ĂŠ conhecer os consumos energĂŠticos; ĂŠ contabilizar e seguir a evolução dos consumos de energia; ĂŠ dispor de dados para tomar decisĂľes; ĂŠ agir para otimizar; ĂŠ controlar o resultado das açþes e investimentos realizados. A diversidade de formas de energia utilizadas numa instalação consumidora (estabelecimento industrial, edifĂcio, entre outros) e a complexidade das diferentes transformaçþes que podem intervir na utilização da gorosa gestĂŁo da energia na empresa. Diferentes mĂŠtodos de gestĂŁo podem ser aplicados e cada um deles pode ser desenvolvido com nĂveis de complexidade diferentes. A opção, sobre o melhor mĂŠtodo e sobre o nĂvel de execução, deverĂĄ ser tomada pelo Gestor de Energia da empresa, em função da dimensĂŁo e da complexidade da instalação consumidora a gerir. Em qualquer circunstância o mĂŠtodo e o nĂvel de gestĂŁo deverĂĄ poder, sempre, dar satisfação Ă s questĂľes fundamentais: conhecer os consumos de energia; contabilizar os consumos de energia; dispor de dados para decidir; EstĂĄ disponĂvel o Modelo de InquĂŠrito para Execução de uma Auditoria EnergĂŠtica, em complemento do artigo, em www.oelectricista.pt/inqueritoauditoria
agir para otimizar; controlar as situaçþes. Assim ĂŠ fundamental que o mĂŠtodo utilizado permita, genericamente: a medida e a valorização da energia consumida, seja ao nĂvel global seja por setor produtivo da empresa; o cĂĄlculo do valor da energia transformada no seio da empresa; a determinação da parte da energia no preço de custo dos produtos fabricados; a anĂĄlise da situação existente para deter prioridades e as metas a atingir; a avaliação e o acompanhamento da ren energĂŠtica. Qualquer que seja o sistema organizado de gestĂŁo de energia que venha a ser utilizado a sua aplicação deverĂĄ sempre passar por uma fase prĂŠvia que corresponde ao conhecimento energĂŠtico da instalação consumidora. Esta fase corresponde Ă elaboração de uma Auditoria EnergĂŠtica que deverĂĄ fornecer um conjunto muito importante de informaçþes ao sistema organizado de gestĂŁo energĂŠtica, isto ĂŠ, ao mĂŠtodo de gestĂŁo idealizado para implementar na instalação consumidora. A auditoria energĂŠtica, alĂŠm de determinar um conjunto importante de dados e
AUDITORIA ENERGÉTICA
parâmetros energĂŠticos deverĂĄ fornecer um lote de informaçþes que corresponderĂĄ ao “ponto de partidaâ€? para o controlo e para o estabelecimento de metas do sistema ener ! " # lores das principais grandezas, parâmetros e indicadores que irĂŁo ser controlados no decorrer do processo de gestĂŁo de energia na empresa (Figura 1). O mĂŠtodo de gestĂŁo a implementar deverĂĄ ser capaz de, a partir da informação recebida pela auditoria energĂŠtica, desenvolver um conjunto de açþes de controlo, associadas ao estabelecimento de metas a serem atingidas, que deverĂŁo permitir, basicamente: o estabelecimento de procedimentos de medida e controlo de grandezas energĂŠticas, da produção e dos processos produtivos; o tratamento de informação para produzir os indicadores energĂŠticos convenientes ao mĂŠtodo da gestĂŁo e ao seu nĂvel de execução, como sejam por exemplo os consu $ % a valorização, em unidades monetĂĄrias, dos consumos de energia determinados ou sas (semanais, mensais ou anuais) pelas " % a implementação de uma contabilidade energĂŠtica que permita determinar, para
Medição de grandezas e controlo de processos
Determinação de $
MÉTODO DE GESTĂƒO DE ENERGIA
Valorização dos consumos de energia
CONTROLO E VERIFICAĂ‡ĂƒO DE DESVIOS
Contabilização analĂtica da energia
Projetos de investimento
Figura 1 & " ' www.oelectricista.pt o electricista 41
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dossier auditorias energĂŠticas e qualidade e gestĂŁo de energia Terceira fase: tratamento da informação ApĂłs o perĂodo de intervenção no local os tĂŠcnicos auditores deverĂŁo organizar toda a informação recolhida, nas duas primeiras fases, com vista ao seu adequado tratamento. O tratamento de toda a informação deverĂĄ ser orientado no sentido de produzir todo um conjunto de indicadores e de outros resultados, cujo universo deverĂĄ ser previamente estabelecido em termos qualitativos e nas suas grandes linhas gerais de enquadramento. Basicamente, este universo de indicadores e resultados pode ser constituĂdo pelos seguintes elementos fundamentais: ; global da instalação, por setor produtivo, por equipa consumida; ; global da instalação, por setor produtivo, por equipamento mida; consumos unitĂĄrios dos equipamentos mais importantes em termos energĂŠticos; rendimentos energĂŠticos dos principais equipamentos consumidores e produtores de energia; intensidades energĂŠticas; global da produção, por setor produtivo e por tipo de energia; soluçþes tecnolĂłgicas (energĂŠticas e de processo) com vista a serem implementadas e com o objetivo de produzirem acrĂŠs % anĂĄlises tĂŠcnico-econĂłmicas de custo-benefĂcio das soluçþes tecnolĂłgicas inventariadas; soluçþes organizacionais para a implementação de um sistema de gestĂŁo de energia permanente, se nĂŁo existir; Outros.
Quarta fase: relatório da auditoria energÊtica A auditoria energÊtica às condiçþes de utilização da energia numa instalação consumi $
respetivo relatório. Este documento deverå apresentar, ao gestor da empresa, e ao gestor de energia, toda a informação (recolhida e tratada) de uma forma organizada e coerente. < = > em consideração que a auditoria energÊtica constitui um instrumento fundamental para o
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inĂcio de um processo continuado de gestĂŁo da energia na empresa auditada. Uma estrutura, possĂvel, para um relatĂłrio de auditoria energĂŠtica poderĂĄ ser a que se apresenta no modelo que apresentamos de seguida.
MODELO DE ESTRUTURA PARA O RELATĂ&#x201C;RIO DA AUDITORIA ENERGĂ&#x2030;TICA
Informação båsica sobre a instalação:
da instalação e à sua evolução nos últimos anos.
* + % Fluxograma dos processos produtivos; MatĂŠrias-primas e recicladas; Frota de transportes; /
% Consumos de energia.
Contabilidade energÊtica: elementos sobre os vårios aspetos relacionados com os consumos e gestão de energia da instalação.
Consumos por forma de energia; 0 % Eletricidade auto-produzida; Geração combinada de calor e eletricidade (cogeração); Gestão de energia; Problemas de conservação de energia.
Exame da instalação: Estudo das condiçþes de utilização de energia por tipo de produto, por processo e por sector.
AnĂĄlise dos equipamentos consumidores intensivos de energia: â&#x20AC;&#x201C; Fluxograma por equipamento; â&#x20AC;&#x201C; Descrição do equipamento e mediçþes efetuadas; â&#x20AC;&#x201C; Balanços de massa e energia (cĂĄlculos); â&#x20AC;&#x201C; Representação dos balanços; â&#x20AC;&#x201C; Fluxogramas de massa/energia por equipamento; 3 5 $ % â&#x20AC;&#x201C; ComentĂĄrios e potenciais economias de energia de cada equipamento; 3 & % AnĂĄlise dos vĂĄrios sectores da instalação fabril: â&#x20AC;&#x201C; Fluxogramas de massa e energia de cada setor; 3 5 $ % 3 5 % â&#x20AC;&#x201C; Desagregação dos consumos por forma de energia para cada um dos setores; 3 & ' AnĂĄlise global da instalação: â&#x20AC;&#x201C; Fluxograma energĂŠtico da instalação; â&#x20AC;&#x201C; Quadro resumo das perdas existentes; â&#x20AC;&#x201C; Desagregação dos consumos por forma de energia; 3 & % 3 5 $ % â&#x20AC;&#x201C; Potenciais economias de energia; 3 6 % â&#x20AC;&#x201C; Quadro resumo da desagregação de energia por setor; â&#x20AC;&#x201C; Quadro resumo da desagregação de energia do processo de produção; 3 5 $ '
Economias da energia: Estudo de potenciais economias de
econĂłmica.
ConclusĂŁo: Resumo dos aspetos relevantes.
Aspetos mais relevantes da auditoria; Resumo tÊcnico-económico das soluçþes preconizadas; 9 8 '
7 8 % Avaliação tÊcnico-económica das soluçþes propostas; Proposta de plano de investimentos devidamente hierarquizado; Proposta de um sistema organizado de gestão de energia.
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