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Na abertura da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) que ocorreu em novembro de 2022, António Guterres, secretário-geral daquela Organização (ONU), alertou o Mundo para o já preocupante estado global do clima, afirmando que “ estamos numa autoestrada rumo ao inferno climático e com o pé no acelerador”
As emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) têm potenciado o aumento da temperatura média do planeta. A variação da emissão de GEE ao longo do tempo tem sido exponencial desde a Revolução Industrial. Embora tendo estabilizado na OCDE nos últimos anos, as emissões GEE têm crescido a ritmos exponenciais em economias em desenvolvimento, sendo o setor da Energia responsável por mais de 75% dessas emissões.
Para proteger as populações do Planeta do crescimento de fenómenos catastróficos, é desejável que o aumento médio da temperatura se mantenha abaixo de 1,5ºC, em comparação com a temperatura média verificada no período Pré - Revolução Industrial. Neste sentido, é fundamental a promoção de medidas não só de racionalização e eficiência energética, mas também da penetração de fontes de origem renovável para assegurar uma transição energética justa e sustentável.
O contexto da crise energética de 2022, exacerbada pela crise dos mercados de energia e escassez de recursos energéticos no mercado, acelerou o processo de descarbonização da economia, nomeadamente na União Europeia. Esta conjuntura potenciou o desenvolvimento de mecanismos de aceleração da transição, como o RepowerEU, incrementando a utilização de fontes renováveis de energia, diversificando a matriz
energética da União Europeia no seio de cada um dos seus Estados- Membros e promovendo também quadros regulatórios e de financiamento que permitam a implementação de projetos de origem renovável. Contudo, revela - se atualmente evidente que a descarbonização da economia não residirá apenas na eletrificação, pela ausência de custo- eficácia das soluções elétricas em diversos setores do consumo, mas também na potenciação dos recursos endógenos de cada região e pela garantia da transição justa, assegurando a toda a sociedade o acesso à energia de forma justa, económica e tecnologicamente eficaz.
A forte incorporação de energia elétrica de origem renovável, nomeadamente eólica e solar, prevista na matriz energética da União Europeia faz com que exista uma maior variabilidade na produção de energia do que nos sistemas ditos convencionais. Consequentemente, antecipa - se a necessidade de criar sistemas de armazenamento flexível que possam absorver essa energia nos períodos de ponta da produção e fornecê-la de novo quando uma elevada procura não seja correspondida pela geração.
hidrogénio – o elemento integrador da transição energéticaBruno Henrique Santos, Ana Margarida Sousa Board members dos FELPT, Associação Portuguesa de Energia