Eurobarómetro 82

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Eurobarómetro Standard 82

OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA Outono 2014

RELATÓRIO NACIONAL PORTUGAL

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da Comunicação Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal. Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores.

Eurobarómetro Standard 82 / Outono 2014 – TNS Opinion & Social


EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

Índice

1.

Introdução................................................................................................................................2

2.

A Situação Atual e as Expetativas em Relação ao Futuro..................................................3

3.

A Imagem da UE......................................................................................................................4

4.

A Europa 2020 e o Futuro da EU………………………………...............................................10

5.

Conclusões…….....................................................................................................................13

Este Relatório Nacional do Eurobarómetro 82 foi elaborado para a Representação da Comissão Europeia em Portugal por uma equipa composta por Marina Costa Lobo (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa), Carlos Jalali (U. Aveiro), José Santana Pereira (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa) e Patrícia Silva (U. Aveiro). O texto do relatório foi elaborado de acordo com as normas do novo acordo ortográfico.

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

1. Introdução O Eurobarómetro 82 foi realizado no outono de 2014, com o objetivo de monitorizar a opinião pública europeia. O presente relatório analisa os dados relativos a Portugal em perspetiva comparada com os restantes Estados-membros da União Europeia (UE). O relatório incide sobre três temas: em primeiro lugar, as perceções dos portugueses sobre a situação atual do país e as suas expetativas para os próximos doze meses. Em segundo lugar, a imagem que os portugueses têm da UE. Em terceiro e último lugar, a forma como os portugueses encaram o futuro da UE. Em alguns casos, a análise é aprofundada, seja através de comparações longitudinais (comparando os resultados atuais com os de inquéritos anteriores), seja através da desagregação dos perfis sócio-demográficos dos inquiridos. Em Portugal, o trabalho de campo deste Eurobarómetro foi realizado entre os dias 8 e 17 de novembro de 2014. Este foi o segundo Eurobarómetro realizado desde o fim do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF) iniciado em maio de 2011 e que terminou em maio de 2014. É de notar, que tal como a Irlanda e ao contrário do que sucedeu na Grécia, foi possível ao Governo Português negociar uma saída limpa do Programa, no sentido em que não foi necessário contrair nova dívida nem fazer ulteriores compromissos com a Troika. No dia 31 de Outubro, poucos dias antes do trabalho de campo deste Eurobarómetro, foi aprovado o Orçamento de Estado para 2015. Este Orçamento visa atingir as metas de consolidação orçamental obrigatórias para os membros da zona Euro, prevendo uma redução do défice orçamental para 2,7 por cento. O governo na sua proposta de orçamento previu um crescimento de 1,5 por cento. Em termos económicos, o período que antecede este trabalho de campo é marcado por uma redução na taxa de desemprego que se cifrava nos 13.7 por cento em Outubro de 2014 (a mesma taxa era de 15,7 por cento em Outubro de 2013). Além disso, o Orçamento previu para 2015 a reposição de parte dos valores que haviam sido subtraídos aos vencimentos dos funcionários públicos e às pensões dos reformados, com o governo a prever um aumento no rendimento das famílias em 2015. A nível partidário nacional, é de salientar a eleição de António Costa para secretário-geral do Partido Socialista no final de Setembro de 2014. Pela primeira vez foram organizadas eleições diretas primárias para a seleção de um líder de um partido com representação parlamentar. Depois de uma campanha que suscitou interesse público, António Costa derrotou António José Seguro. Entre simpatizantes e militantes cerca de 177 mil portugueses votaram para escolher o candidato a Primeiro-Ministro do PS.

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2. A Situação Atual e Expetativas em Relação ao Futuro Nesta secção, analisamos a forma como os portugueses encaram a situação económica em Portugal. Como podemos constatar através da análise do Gráfico 2.1., no outono de 2014, 94 por cento dos portugueses consideravam que a situação económica era má ou muito má. Apenas os cidadãos gregos (98 por cento) e os espanhóis (97 por cento) perspetivavam o estado das suas economias nacionais de modo mais negativo do que os portugueses. Os cidadãos destes três países da Europa do Sul encontram-se longe da média europeia, que se situa nos 63 por cento. 2.1. Percentagem de inquiridos que consideram "má" ou "muito má" a situação da economia nacional e a situação do agregado familiar (UE-28) 12

Suécia

11

Dinamarca

15 17 16 18 18 18

Malta Alemanha 11

Luxemburgo

23 13

Países Baixos

38 27

Estónia

43

19

Reino Unido

46

18

Áustria

49 30

Polónia

50 33

Irlanda

60

34

Lituânia

62

35

República Checa

63

32

UE28

63

24

Bélgica

68 37

Letónia

72 55

Hungria

73

16

Finlândia

77 49

Roménia

80

44

Eslováquia

85 49

Croácia

89

39

Eslovénia

90

32

França

90 43

Itália

92 58

Bulgária

92

47

Chipre

93 56

Portugal

94

46

Espanha

97 75

Grécia 0%

10%

20%

30%

40%

Situação do Agregado Familiar

50%

60%

70%

80%

98

90%

100%

Situação da Economia Nacional

Quando o tema é a situação financeira do agregado familiar, as percentagens de respostas negativas são mais baixas. Em Portugal, 56 por cento dos inquiridos afirmam que a situação do seu agregado familiar é má ou muito má, enquanto a média europeia não vai além dos 32 por cento. Este valor é substancialmente mais baixo do observado em 2013 (EB 80), quando mais de dois terços dos inquiridos afirmavam que a situação financeira da sua família era má ou muito má.

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3. A Imagem da UE Neste indicador, a Grécia sobressai consideravelmente dos restantes países, incluindo Espanha e Portugal, uma vez que 75 por cento dos inquiridos gregos afirmam que a situação do seu agregado familiar é má ou muito má. Juntando os dois indicadores, conclui-se que as perceções negativas na Grécia são absolutamente maioritárias, mesmo em comparação com os restantes países da Europa do Sul. Também é visível uma grande diferença em relação a certos países da Europa Central e do Norte, onde as visões positivas imperam (Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo), apresentando assim um cenário vivamente contrastante com o clima de opinião pública nos países do Sul. Do ponto de vista económico, por vezes as expetativas são positivas e maior confiança no futuro económico/financeiro do país poderão conduzir a mais investimento e consumo por parte dos cidadãos. No gráfico seguinte, podemos constatar que Portugal se situa próximo da média europeia: 21 por cento dos portugueses têm expetativas positivas sobre a economia nacional em 2015 (a média da UE é de 22 por cento). Já no que concerne as expetativas positivas para a situação financeira do agregado familiar no próximo ano, estas são partilhadas por uma proporção menor de cidadãos nacionais (apenas 16 por cento). Assim sendo, no que diz respeito à economia nacional, apesar de o presente ser encarado de forma bastante negativa, já parece haver alguma confiança em relação ao próximo ano, sobretudo em comparação com a Grécia.

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2.2. Percentagem de inquiridos que têm expetativas positivas para os próximos doze meses, em termos da situação económica nacional e da situação financeira do agregado familiar (UE-28)

Luxemburgo Alemanha Grécia França Croácia Hungria Finlândia Eslovénia Bulgária Bélgica Polónia Suécia Eslováquia Portugal Chipre UE28 República Checa Itália Espanha Áustria Lituânia Letónia Estónia Roménia Dinamarca Reino Unido Países Baixos Malta Irlanda

20

13 17

13 13 14

22

15 20

15 18

16 17 17 16 17

18 19 17 18 19 20 36

20 20 21 16

21

15

21 22 22 19

22

16

22 20

16

22 22 22

24 30

24

33

29

35 36 29

36 34

20

38 38

27

39 30

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Expetativas Situação Agregado Familiar

30%

45

35%

40%

45%

50%

Expetativas Economia Nacional

Quando inquiridos sobre a presente situação do emprego ao nível nacional e as expetativas para os próximos doze meses, os portugueses exprimem opiniões semelhantes àquelas relativas à economia nacional. Assim, 94 por cento acham que a situação do emprego é má ou muito má em Portugal, e apenas 19 por cento acham que a situação vai melhorar em 2015 (as percentagens correspondentes para a UE são de 73 e 21 por cento, respetivamente). Para completar esta secção, apresentamos dois indicadores relativos à opinião dos europeus sobre a trajetória dos seus países e da UE (Gráfico 2.3). O primeiro dado a salientar é que a média de europeus que consideram que “as coisas vão na direção certa” no seu país e na UE é de 25 e 26 por cento, respetivamente. Os valores correspondentes para Portugal são de 22 e 27 por cento, respetivamente. Portanto, os portugueses apresentam-se relativamente mais confiantes na direção tomada pela UE do que pelo seu país. Mesmo assim, a larga maioria dos portugueses não acha que as direções tomadas pela UE e por Portugal sejam as mais corretas – um padrão a destacar na opinião pública nacional neste outono de 2014.

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2.3. Percentagem de inquiridos que consideram que no seu país ou na União Europeia "as coisas vão na direção certa" (UE-28)

Eslovénia

26

9

França

17

9

Grécia

16

10 13 12

Itália Croácia

34

12

Espanha

23

16

Chipre

17

Bulgária

17

21 49

Finlândia

20 20

Eslováquia

20

Portugal

32 22

Hungria

27 32

24 25 26

UE28 19

Luxemburgo

30

Bélgica

30 16

Reino Unido

32 33

Letónia

38

33

Roménia

55

34

Polónia

40

34 22

Áustria

34 35 36

República Checa Lituânia

50

37%

Suécia

27

Alemanha

27

38 38

Estónia

34

Países Baixos

34

40 44

30

Dinamarca

47

Irlanda

38

Malta

38

0%

10% UE na direção certa

20%

30%

40%

51 56

50%

60%

País na direção certa

Nesta secção analisamos a imagem que os portugueses têm da UE, de uma forma genérica e mais detalhadamente, no que diz respeito a representações da UE e da sua relação com a crise económica. 38 por cento dos portugueses têm uma imagem positiva da UE e 25 por cento tem uma imagem negativa, representando um diferencial de 13 pontos percentuais. Estes valores não se afastam muito da média da UE (39 por cento e 22 por cento respetivamente). O que é mais importante, é que notamos uma inversão de 2013 para 2014: em 2013, a imagem que os portugueses tinham da UE era mais negativa que positiva – com 39 por cento com uma imagem negativa da UE e 22 por cento com uma imagem positiva. Estamos assim de volta aos valores de 2010, sensivelmente, onde 40 por cento tinha uma imagem positiva da UE e 19 por cento uma imagem negativa. Este dado é importante, pois assinala um regresso a uma perspetiva mais positiva da UE – e talvez não por acaso, coincide com o fim do programa de ajustamento de Portugal, e da saída da Troika de Portugal.

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Gráfico 3.1 - A imagem da UE (Percentagens, UE-28)

Polónia Roménia Irlanda Bulgária Luxemburgo Lituânia Malta Estónia Bélgica Croácia França Hungria Suécia UE28 Dinamarca Eslováquia Alemanha Portugal Eslovénia República Checa Letónia Países Baixos Finlândia Itália Espanha Áustria Reino Unido Chipre Grécia

61 59

6 9 16 18 16

53 51 51 50 47 45 42 42 41 40 40 39 39 39 38 38 38 37 37 37 35 34 31 31 30

6 8 7 22 19 23 18 22 22 18 19 20 25 17 22 11 26 17 28 21 36 32 38 44

Total 'Positiva'

24 23

Total "Negativa"

O gráfico 3.2 ilustra os significados da UE para o conjunto dos portugueses no outono de 2014. Em Portugal, a UE está associada principalmente à possibilidade de viajar, estudar e trabalhar nos restantes Estados-membros. De facto, 46 por cento dos inquiridos escolheram esta opção quando confrontados com a pergunta: “O que é que representa a UE para si pessoalmente?”. Esta afirmação é a mais escolhida também no conjunto dos países europeus. Verifica-se que a mobilidade assegurada pelo Mercado Único e reforçada com o Tratado de Schengen é vista como uma grande maisvalia do projeto europeu. Os dirigentes políticos devem ter isso em consideração sempre que emerge uma tentação securitária, como poderá acontecer, por exemplo, no seguimento dos ataques terroristas em Paris, ocorridos em janeiro de 2015. A moeda única, o Euro, é o segundo símbolo mais forte da UE. Com efeito, a moeda única representa a UE para 35 por cento dos portugueses e 39 por cento dos europeus, respetivamente. Em terceiro lugar, para 25 por cento dos portugueses a UE representa a diversidade cultural (a média da UE é 28 por cento). Existe também uma percentagem mais pequena de portugueses (15 por cento) do que de europeus (25 por cento) que afirmam que a UE representa sobretudo um desperdício de dinheiro. De assinalar, no entanto, que uma percentagem de cidadãos portugueses superior à média europeia associa a UE ao desemprego (24 por cento, contra apenas 17 por cento mediano conjunto dos Estados-membros). Estes dados sugerem que, apesar das dimensões positivas que a imagem da UE suscita, existem também fatores negativos, como o desemprego, que, devido à crise económica, estão associados à imagem da UE.

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Gráfico 3.2 - "O que é que a UE representa para si pessoalmente?" (Percentagem de inquiridos que referiram cada representação, Portugal e UE-28)

Liberdade de viajar, estudar e trabalhar na UE

46%

O Euro

35%

50%

39%

28% 25%

A diversidade cultural 17%

O desemprego

24% 25%

Uma voz mais forte no mundo

19% 20% 18%

Insuficiente Controlo das Fronteiras externas Mais criminalidade

15% 15%

Um desperdício de dinheiro

15%

25%

UE28

Portugal

Quando consideramos concretamente a imagem da UE no contexto da crise económica verificamos o seguinte: 72 por cento dos portugueses considera que a UE é responsável pela austeridade na Europa (contra 63 por cento dos Europeus) e que é demasiado burocrática (62 por cento contra 72 por cento na UE). É um valor semelhante ao de 2013 para a mesma pergunta. Por outro lado, os portugueses também consideram maioritariamente (53 por cento) e acima da média da UE (49 por cento) que a UE torna a qualidade de vida melhor na Europa. Além disso, os portugueses revelam-se mais optimistas do que a média da UE: 46 por cento crê que a UE vai emergir mais justa da crise contra 38 por cento na UE.

Gráfico 3.3 - A UE e a crise Económica (% daqueles que afirmam concordar com as afirmações abaixo, Portugal e média UE) 63

A UE é responsável pela austeridade na Europa A UE é demasiado burocrática

62

A UE facilita os negócios na Europa

60 49

A UE torna a qualidade de vida melhor na Europa

38

A UE vai emergir mais justa da crise A UE está a criar condições para mais empregos na Europa

72 72

65

53

46 47 45

24

A UE torna o custo de vida mais barato na Europa UE28

34

Portugal

No gráfico seguinte apresentamos a desagregação socio-demográfica desse indicador revelador de como a UE está associada à crise económica atual.

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Gráfico 3.4 - "A Europa é responsável pela austeridade" (Percentagem que concorda, grupos sócio-demográficos em Portugal) Portugal

72

Homens

72

Mulheres

71

15-24 anos

66

25-39 anos

77

40-55 anos

72

mais de 55 anos

70

Estudou até aos 15 anos

72

Estudou até aos 19 anos

76

Estudou até depois dos 20…

74

Quadros Superiores

75

Trabalhadores Manuais Domésticas Desempregados

80 44 67

Aldeias/Zonas Rurais Vilas e Pequenas Cidades Grandes cidades

78 68 70

Constatamos assim que os indivíduos que mais associam a austeridade à Europa em Portugal são os jovens adultos (77 por cento dos que têm entre 25 e 39 anos), aqueles com escolaridade intermédia (76 por cento dos que estudaram até aos 19 anos), os trabalhadores manuais (80 por cento) e finalmente, os habitantes de zonas rurais (78 por cento).

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4. A Europa 2020 e o Futuro da UE A terceira e última secção trata das perceções dos portugueses em relação aos objetivos da Europa 2020, bem como sobre o futuro da UE. A UE definiu uma estratégia denominada Europa 2020, que propõe várias prioridades e objetivos. Gráfico 4.1 - Iniciativas para a UE sair da atual crise financeira e económica e preparar-se para a próxima década (% daqueles que considera a iniciativa importante , Portugal e média UE) Modernizar os mercados de trabalho, com vista a aumentar os níveis de emprego

81 92

Ajudar os pobres e as pessoas socialmente excluídas e darlhes a possibilidade de desempenharem um papel ativo na sociedade Ajudar a base industrial da UE a ser mais competitiva promovendo o espírito empresarial e desenvolvendo novas capacidades

82 92 74 82

Aumentar a qualidade e atratividade do sistema de educação superior da UE

75 77

Apoiar uma economia que usa menos recursos naturais e emite menos gás com efeito de estufa

79 76

Aumentar o apoio às políticas de investigação e desenvolvimento e transformar as invenções em produtos

70 69

Desenvolver a e- economia fortalecendo a internet ultra rápida dentro da UE

57 56 UE

PT

No gráfico 4.1., apresentam-se as perceções, por parte dos portugueses, da importância de um conjunto de iniciativas no quadro da Europa 2020. Aos inquiridos foi pedido que usassem uma escala de 1 a 10, em que "1" significava que a iniciativa era, na sua opinião, “nada importante" e "10", "muito importante". No gráfico, apresentamos, para cada iniciativa, a percentagem daqueles que escolheram valores entre 7 e 10 nesta escala. A maioria dos portugueses considera que as iniciativas da Europa 2020 são importantes. Em concreto, 92 por cento dos portugueses reconhecem a importância da ajuda aos pobres e pessoas socialmente excluídas, para que possam desempenhar um papel ativo na sociedade. Trata-se de um valor bastante acima da média europeia (81 por cento). De igual modo, 92 por cento dos portugueses apoiam “a modernização dos mercados de trabalho com vista a aumentar os níveis de emprego”, contra uma média europeia de 81 por cento. Em terceiro lugar, os portugueses afirmam de maneira mais ampla (82 por cento) do que a generalidade dos cidadãos europeus (74 por cento) o seu apoio “à base industrial da UE através da promoção do espírito empresarial e do desenvolvimento de novas capacidades”. Nas restantes iniciativas, o apoio português é sempre maioritário e próximo das médias europeias. Ainda no que diz respeito aos objetivos a alcançar pela UE até 2020, perguntou-se aos cidadãos europeus se os consideravam muito ambiciosos, adequados ou muito modestos. Da mesma forma que os portugueses apoiam iniciativas que diminuam a pobreza e aumentem o emprego (como vimos acima, no gráfico 4.1.), também consideram maioritariamente, e acima da média europeia, que os seguintes objetivos são adequados ou até muito modestos (em vez de demasiado ambiciosos): 1) três quartos dos homens e das mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos deviam ter um emprego (60 por cento dos portugueses consideram este objetivo adequado, e 11 por cento modesto); 2) o número de europeus que vivem abaixo do limiar da pobreza deve ser reduzido em um quarto até 2020 (53 por cento definem-no adequado, e 16 por cento modesto). Há, pois, uma preocupação substancial com o emprego e com a diminuição da pobreza no nosso país.

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A maioria dos portugueses (51 por cento) está otimista em relação ao futuro da UE, ainda que Portugal se situe um pouco abaixo da média da UE (56 por cento). O gráfico 4.2 permite fazer a desagregação sócio-demográfica deste indicador. Constata-se que é entre os mais jovens, os mais escolarizados, os quadros superiores e aqueles que vivem em zonas rurais que os níveis de otimismo ultrapassam a média nacional. Pelo contrário, os idosos, as domésticas e os desempregados são os que se afirmam mais pessimistas em relação ao futuro da UE. Estas tendências de apoio espelham outras que foram sendo apresentadas em Eurobarómetros anteriores, onde os mais jovens, os mais escolarizados e os que auferem maiores rendimentos tendem a apoiar mais o projeto europeu. Gráfico 4.2 - Optimismo em Relação ao Futuro da UE (Percentagem, Portugal e grupos sócio-demográficos em Portugal) Portugal

51%

Homens

55%

Mulheres

46%

15-24 anos

72%

25-39 anos

60%

40-55 anos

51%

mais de 55 anos

36%

Estudou até aos 15 anos

38%

Estudou até aos 19 anos

62%

Estudou até depois dos 20…

66%

Quadros Superiores

57%

Trabalhadores Manuais Domésticas Desempregados

50% 20% 38%

Aldeias/Zonas Rurais

57%

Vilas e Pequenas Cidades

47%

Grandes cidades

47%

Já quanto à possibilidade de Portugal estar melhor fora da UE, apenas 29 por cento concorda com esta afirmação, um valor sensivelmente idêntico à média europeia (30 por cento).

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4.3. "O nosso país estaria melhor fora da UE" (Percentagem de inquiridos que concordam, UE-28) Luxemburgo Estónia Lituânia Países Baixos Dinamarca Espanha Malta Alemanha Bulgária França Bélgica Suécia Letónia Irlanda Finlândia Eslováquia Portugal Roménia Hungria UE28 Polónia Áustria Itália República Checa Croácia Grécia Reino Unido Eslovénia Chipre

12 16 17 18 18 20 21 22 24 25 26 27 27 28 29 29 29 30 30 30 32 35 35 35 36 40 42 47 49 0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

De facto, no gráfico 4.3 verificamos que os portugueses não se encontram entre os Estados-membros onde uma maior proporção de cidadãos considera que o seu país estaria melhor fora da UE. São o Chipre (49 por cento) e a Eslovénia (47 por cento) os países em que esse sentimento é mais generalizado. Este indicador é bastante importante, na medida em que mede a (in)satisfação com a pertença à UE. Olhando para a Espanha e a Grécia, países em que, como vimos acima, os cidadãos estão pessimistas sobre a situação económica atual, vemos diferenças importantes: a Grécia é o quarto país com uma percentagem mais elevada de indivíduos que pensam que o seu país estaria melhor fora da UE, um percentagem bastante superior à que encontramos em Portugal. Já os espanhóis revelam-se um pouco mais satisfeitos com a pertença à UE, com apenas 20 por cento a defender que Espanha estaria melhor fora da UE.

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5. Conclusões Este Eurobarómetro 82 evidencia alguns traços de continuidade em relação ao passado recente, no que diz respeito à forma como os portugueses percecionam a situação económica do país, a situação do emprego nacional e ao rumo que tomam tanto a UE como Portugal. Em todos estes indicadores, os portugueses são um dos povos em que as perceções são mais negativas. Nada disto surpreende, tendo em conta o contexto de grave crise económica em que o país se encontra. Mesmo assim, e ao contrário do que ocorreu nos Eurobarómetros realizados durante o período de permanência da Troika em Portugal, neste Eurobarómetro, conseguimos vislumbrar alguns sinais menos negativos em certos indicadores. A saber, as expetativas para a economia nacional, que são próximas da média da UE, ou a percentagem de cidadãos, acima da média da UE, que acham que a UE está “na direção certa”. Quanto à imagem da UE, verificamos que os portugueses se aproximam da média dos Estados-membros, com mais portugueses com uma imagem positiva do que negativa. É de assinalar que, neste Eurobarómetro, a imagem da UE apresenta uma melhoria significativa em relação a 2013, onde a percentagem de cidadãos nacionais, que têm imagens negativas, era superior à dos que tinham imagens positivas. Do ponto de vista dos significados, a UE está, em primeiro lugar, associada à mobilidade das pessoas, viajar e estudar em qualquer Estado-membro; em segundo lugar, à moeda única; e em terceiro à diversidade cultural. A percentagem de portugueses que associa a UE ao desemprego, está, apesar de tudo, acima da média europeia. Analisámos também a ligação entre a imagem da UE e a crise económica, verificando que a larga maioria dos portugueses associa a UE à austeridade e essa percentagem é superior à da UE. No entanto, noutras dimensões, por exemplo a importância da UE para a qualidade de vida, a perspetiva da UE se tornar mais justa depois da crise, os portugueses tem expetativas mais positivas do que a média da UE. Na terceira parte do relatório, analisámos a forma como os portugueses encaram os objetivos da Europa 2020 e o futuro da UE. Tanto no que diz respeito às iniciativas como aos objetivos para os próximos anos, os portugueses unem-se em torno do combate ao desemprego e à pobreza. Com efeito, se há um apoio maioritário a todos os objetivos e iniciativas, há mais unanimidade em torno destes dois temas. Mais uma vez, este resultado entende-se no quadro das perceções sobre a situação da economia atual. A maioria dos portugueses sente-se otimista em relação ao futuro da UE, algo que é mais prevalecente entre os jovens, os mais escolarizados e os quadros superiores – o grupo social com rendimentos mais elevados. Na parte final, concluímos que cerca de um terço dos portugueses considera que Portugal estaria melhor fora da UE. Comparando o caso português com os restantes Estados-membros, verificamos que Portugal não está entre os países em que um maior número de cidadãos gostaria de ver o seu país fora da UE. Em suma, as perceções negativas dos portugueses, que se têm vindo a acentuar nesta segunda década do século XXI, continuam bem presentes neste Eurobarómetro 82. No entanto, seja em termos das expetativas para a economia nacional no próximo ano, em certas dimensões da imagem da UE, ou no otimismo em relação ao futuro e à pertença à UE, já se vislumbra uma perspetiva um pouco mais positiva, que se distancia do quadro geral. É certo que é ainda demasiado cedo para se poder afirmar que estamos perante uma inflexão do padrão atitudinal dos portugueses, e teremos de aguardar posteriores inquéritos à opinião pública. Contudo, no Outono de 2014, os portugueses surgem um pouco menos negativos e pessimistas em relação ao país e à UE, ao contrário do que já se havia verificado em anos anteriores.

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