Dança e Conforto Ambiental | o projeto do ambiente de ensaio

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DANÇA E CONFORTO AMBIENTAL O projeto do ambiente de ensaio

Cindy Aguado

Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Dra. Alessandra Prata Shimomura

Dezembro | 2015



SUMÁRIO AGRADECIMENTOS...........................................................5

TÉRREO..............................................................................50

O TEMA.............................................................................7

MEZANINO........................................................................52

INTRODUÇÃO....................................................................9

PAVIMENTO 1....................................................................54

ESCOLHA DA COMPANHIA...............................................10

PAVIMENTO 2....................................................................56

SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA...............................10

PAVIMENTO 3....................................................................58

OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE......................12

PAVIMENTO 4....................................................................60

VISITA À SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA.................16

PAVIMENTO 5....................................................................62

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA A SPCD......................22

CORTES.............................................................................65

ESCOLHA DO TERRENO..................................................... 24

ELEVAÇÕES.......................................................................68

LEVANTAMENTO HISTÓRICO.............................................28

DETALHAMENTO DA ENVOLTÓRIA....................................70

PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO...........................................30

MEDIÇÃO EM CAMPO....................................................... 76

O ENTORNO......................................................................32

ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO.................................................78

PRÉ ANÁLISE CLIMÁTICA................................................... 35

SOMBREAMENTO DO ENTORNO.......................................79

MAPA SÍNTESE DE INFLUÊNCIAS........................................37

PROTEÇÃO SOLAR............................................................. 80

O PROJETAR DO EDIFÍCIO..................................................39

ANÁLISE TÉRMICA............................................................. 81

EVOLUÇÃO DO PROJETO................................................... 40

ANÁLISE ACÚSTICA........................................................... 83

PARTIDO............................................................................42

ANÁLISE DETALHADA DOS AMBIENTES............................. 84

IMPLANTAÇÃO.................................................................. 45

CONCLUSÃO.....................................................................109

ESTRUTURA.......................................................................47

BIBLIOGRAFIA....................................................................110

SUBSOLO...........................................................................48

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AGRADECIMENTOS O Trabalho Final de Graduação sempre foi visto por mim como um grande desafio a ser completado. Dessa forma, é extremamente gratificante ter conseguido concluir essa etapa, que completa a minha formação como arquiteta. Teria sido dificílimo encarar todo esse processo sem apoio; sendo assim, sou imensamente grata, primeiramente à Alessandra, pelas orientações e conversas maravilhosas que me ensinaram muito e foram indispensáveis para que eu conseguisse sempre seguir em frente. Este trabalho também não teria o mesmo resultado sem a ajuda de diversos professores da FAU-USP, que tanto me auxiliaram neste processo, e dos funcionários da São Paulo Companhia de Dança, que sempre colaboraram para que este trabalho pudesse ser enriquecido. Agradeço também aos meus amigos, que sempre me deram sugestões e força para que eu concluísse minha formação, incluindo minhas amigas de curso Fernanda e Bruna que caminharam ao meu lado durante esses anos de estudo.

Também agradeço do fundo do meu coração à Lara e à Nathália, por terem feito com que esses 6 anos fossem repletos de amizade e apoio; ao Roger, pela grande ajuda, companheirismo e carinho que foram indispensáveis desde meu ingresso na faculdade; à minha família que sempre me deu incentivo e força para alcançar meus objetivos e principalmente à Anna, por sempre fazer com que eu me esforce ao máximo para ser um bom exemplo de irmã. Finalmente, gostaria de agradecer e dedicar este trabalho aos meus pais, Simone e Rodrigo, pelo amor e educação que sempre me proporcionaram e, principalmente, por terem sido meu alicerce na realização deste sonho. O sonho de me formar arquiteta pela FAU-USP.

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Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


O TEMA Um dos pontos mais admiráveis no estudo da arquitetura é sua preocupação com o desempenho do usuário e seu bemestar, ou seja, em como um projeto arquitetônico pode interferir nesses aspectos. Dessa forma, o conforto ambiental em um edifício é uma área da arquitetura extremamente interessante e não poderia faltar, neste trabalho, um olhar aprofundado sobre o assunto. O tema deste trabalho surgiu a partir da fusão deste assunto com outro que, durantes 20 anos, despertou fascínio e motivação pessoal, que é a dança. A dança é uma das formas de expressão mais antigas, e hoje em dia é uma apreciada maneira de manifestação da cultura corporal, especialmente na sociedade brasileira. A dança é intensamente vivenciada pela população e contribui para a difusão da linguagem e da expressão corporal de cada indivíduo, possuindo um grande valor cultural que deve ser divulgado e incentivado. Ao unir estes dois assuntos, bastante distintos, surgiu a proposta de analisar e desenvolver o conforto ambiental em um edifício que abriga uma companhia de dança na cidade de São Paulo.

A ênfase na análise do conforto ambiental faz com que o aprendizado tecnológico seja exercitado e como o tema também exige que a espacialidade da instituição de dança seja desenvolvida, o raciocínio de projeto também será praticado. E assim, é incluído o estudo da organização espacial, do design do edifício e das relações entre espaço e usuário e entre espaços internos e externos. Ao propor um espaço voltado para a arte baseado em um estudo aprofundado do conforto ambiental, valorizando a influência do edifício no bem-estar de seus usuários, este trabalho oferece um tema de estudo coerente com a formação do arquiteto.

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Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


INTRODUÇÃO Este trabalho busca criar um espaço de qualidade voltado para a prática da dança, utilizando, durante todo o processo, ferramentas e análises de conforto ambiental para conferir o desempenho do que está sendo criado. A companhia de dança escolhida para ser a base deste estudo foi a São Paulo Companhia de Dança, localizada no Bom Retiro, no centro da cidade de São Paulo. Atualmente a companhia necessita expandir seu espaço, que não é mais o suficiente para comportar seus materiais, equipamentos e funções; fazendo deste um propício objeto de estudo. Para se compreender melhor a necessidade espacial da companhia, assim como os aspectos físicos e psicológicos dos usuários e a percepção que estes têm do espaço, foram realizadas visitas, conversas e entrevistas no ambiente da companhia; o que foi de extrema importância para que o projeto resultante fosse coerente com a problemática apresentada. Antes do início da criação do espaço, o entorno, os dados climáticos e outras informações relativas ao local do projeto foram levantados, para que um partido arquitetônico adequado pudesse ser adotado, influenciando, assim, a forma e o caráter do edifício. Estes dados incluem umidade, temperatura, velocidade do ar, radiação solar, locomoção, fluxos, ruídos externos e internos.

No decorrer da evolução do projeto, o desempenho térmico, acústico, de iluminação e insolação foram sempre verificados e analisados através de cálculos e simulações, sendo estes, ferramentas decisivas para que certas diretrizes e decisões de projeto fossem tomadas. Estas ferramentas indicaram quais alternativas de projeto eram mais adequadas para que o edifício apresente um bom desempenho. A tipologia do edifício, o tamanho, orientação e proteção das aberturas e os materiais construtivos, foram algumas das variáveis estudadas; para que, em conjunto, elas proporcionem a qualidade desejada para o ambiente da companhia.

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ESCOLHA DA COMPANHIA Durante o processo de seleção da companhia de dança que seria o objeto de estudo deste trabalho, diversas instituições foram analisadas, sendo a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) a escolhida. A SPCD tem como um de seus objetivos criar conexões com o público. Para isso são realizados programas educativos gratuitos, que estão ao alcance da população. Como a Universidade de São Paulo é uma universidade pública, é de grande interesse que o Trabalho Final de Graduação se vincule a um tema que favoreça a população e o Estado de alguma maneira. Sendo assim, as oficinas públicas da SPCD e o fato de ter sido criada pelo Governo do Estado de São Paulo, foram fatores determinantes para que a SPCD fosse escolhida como objeto de estudo.

SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA O Governo do Estado de São Paulo criou em janeiro de 2008 a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), dirigida por Inês Bogéa, tendo como principal objetivo a difusão da dança na cultura paulista. Atualmente a companhia é composta por aproximadamente 90 funcionários, sendo 41 deles bailarinos. Desde 2008 a companhia já produziu 36 coreografias que variam do ballet clássico ao contemporâneo e foram assistidas por mais de 400 mil pessoas. Suas apresentações percorreram 49 cidades do Estado de São Paulo, 13 cidades brasileiras e 20 cidades estrangeiras pertencentes a 8 países. A SPCD também produziu 42 documentários, diversos encartes informativos e publicou seis livros de ensaios sobre a SPCD que revelam a dança a partir de diferentes frentes. A companhia também atua registrando a memória da dança, o que inclui figuras importantes no meio artístico, trajetórias e processos de criação da dança no país, fotos e vídeos. Além de produzir e circular espetáculos, a companhia também organiza programas educativos de formação de plateia para a dança; como palestras, oficinas, ensaios abertos e seminários; que aproximam o público da dança, e assim, o objetivo de difundir esta arte é alcançado. Tais atividades da companhia já atingiram 60 mil pessoas (média de 50 participantes por atividade), entre alunos, educadores ou bailarinos de diversas faixas etárias, excluindo apenas os menores de 12 anos. O maior foco de suas ações é o público paulista, porém a companhia não se limita a este território.

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Espetáculo Aberto para Estudantes e Terceira Idade Nesta atividade, o público se aproxima do procedimento de montagem e criação dos espetáculos. Os participantes têm contato com as etapas intermediárias de produção, com os bastidores e os procedimentos técnicos, além de assistirem ao espetáculo e demais coreografias da SPCD.

Palestra para Educadores As palestras para educadores são ministradas pela diretora da SPCD, Inês Bogéa. São encontros preparatórios que relacionam a dança com outras áreas do conhecimento e mostram como que esta pode ser utilizada como um elemento educativo. Nestes encontros, os participantes assistem a documentários, fazem perguntas, estabelecem diálogos e trocam experiências junto com a SPCD.

Oficina de Dança A SPCD procura levar também oficinas de dança às cidades em que se apresenta. Estas oficinas possibilitam um contato do participante com as técnicas do ballet utilizadas em uma companhia profissional e os métodos que são utilizados nas criações e montagens de coreografias, como improvisações.

Seminário Internacional de Dança A SPCD, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e com a Associação Pró-Dança, realiza seminários internacionais de Dança. Estes eventos têm como foco discutir a dança, a produção de companhias internacionais, e formação de plateia. São realizados debates, conferências, encontros temáticos e espetáculos1.

1 - São Paulo Companhia de Dança http://spcd.com.br/


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Imagens 1 - 6 Fonte: http://spcd.com.br/ Créditos Foto 1: Marcela Benvegnu Foto 2 - 5: Wilian Aguiar Foto 6: Édouard Lock

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OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE Atualmente a sede da SPCD faz parte do edifício da Oficina Cultural Oswald de Andrade, localizado na Rua Três Rios, no bairro do Bom Retiro na cidade de São Paulo. É uma edificação de dois pavimentos, eclética e de forte influência neoclássica2. O edifício foi construído em alvenaria de tijolos, com piso de assoalho no pavimento superior, onde está localizada a SPCD, e a sua cobertura é em telha francesa. Este edifício foi inaugurado em 12 de outubro de 1905 para abrigar a escola superior de Farmácia que tinha como cursos anexos os cursos de Odontologia e Obstetrícia. A Escola, que ficou conhecida como Escola da Rua Três Rios, passou por períodos de crise provenientes do desinteresse pelos cursos ali ministrados, o que levou à sua falência.

Em 1934 a Universidade de São Paulo foi criada e o edifício da Rua Três Rios foi desapropriado e anexado à USP, passando a abrigar a Faculdade de Farmácia e Odontologia. Os moradores do bairro e redondezas foram muito favorecidos pela criação da faculdade, pois esta apresentava instalações modernas, tecnologias avançadas e passou a atender gratuitamente a população que necessitava de atendimento odontológico3. Com o passar dos anos, o edifício passou por diversas reformas e alterações, e no ano de 1937 ocorreu a sua principal ampliação.

2 - Secretaria da Cultura Governo do Estado de São Paulo http://www.cultura.sp.gov.br/ 3 - DERTÔNIO, Hilário. O bairro do Bom Retiro. São Paulo, 1971.

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Escala 1:10000

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Após a Faculdade ser transferida para a Cidade Universitária, em 1987, o edifício foi restaurado e adaptado para acolher a Oficina Cultural Oswald de Andrade, que funciona atualmente no local. Na oficina ocorrem diversas atividades para a formação cultural da população. Há também seminários, oficinas e workshops oferecidos para jovens profissionais em áreas como: dança, teatro, cinema, música, rádio, vídeo, artes plásticas, design, fotografia e história em quadrinhos. O edifício foi tombado em 1982 pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (número do processo: 22033/82),

pelo seu grande valor histórico e cultural, já que é um dos poucos exemplos da arquitetura do início do século XX que ainda restam na cidade de São Paulo. O seu valor arquitetônico torna adequado o seu uso como um equipamento cultural, enriquecendo as atividades ali exercidas e incentivando o interesse cultural de seus usuários. Consequentemente, qualquer proposta de reforma e alteração na fachada ou no interior do edifício deve ser justificada e apresentada ao Condephaat para que este analise sua viabilidade perante o tombamento do edifício, garantindo assim a manutenção de seu valor histórico e cultural.

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Imagens 7 e 8 Fachada da Oficina Cultural Oswald de Andrade Fonte: Arquivo pessoal

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Escala 1:2000

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Análise do entorno

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Transporte A Oficina Cultural Oswald de Andrade está localizada nos entornos da Luz, mais especificamente no bairro do Bom Retiro e pertence à subprefeitura da Sé. Seu terreno, de 6.245,50 m2 se apresenta no encontro da Rua Três Rios com a Rua Lubavitch e Rua Correia de Melo, ocupando duas esquinas da quadra. Em um raio de 500 metros ao redor da Oficina, há um predomínio de vias coletoras, que fazem a conexão entre as vias arteriais, que suportam os grandes deslocamentos da cidade, e as vias locais, as quais têm a principal função de acomodar o acesso às edificações.

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O bairro do Bom Retiro é facilmente acessado, sendo pela utilização de transportes públicos ou pelo uso do automóvel. Nas proximidades da Oficina há duas estações de metrô: Luz (linhas 1, 4, 7 e 11) e Tiradentes (linha 1); além de diversos pontos de ônibus. O local também está próximo a avenidas de grande fluxo como a Av. Tiradentes, Av. Santos Dumont, Av. do Estado, Av. Rio Branco, Av. São João e a Av. Cruzeiro do Sul, que facilitam o acesso ao bairro. V

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Mapa: transporte na região V

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Oficina Cultural Oswald de Andrade

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Escala 1:5000 C

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Uso do solo O entorno imediato da Oficina apresenta claramente um caráter popular, com raras exceções. A maioria dos estabelecimentos são comerciais, e estes estão concentrados principalmente na Rua José Paulino. Muitos estabelecimentos comerciais do entorno comportam serviços em seus pavimentos superiores, o que também ocorre

com os edifícios residenciais, de maneira que sua grande maioria deixa o térreo livre para comércios e serviços. Edificações institucionais, religiosas e estacionamentos também são encontradas no entorno da Oficina, mas em menor número.

Mapa: uso do solo

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Estacionamento Oficina Cultural Oswald de Andrade

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Escala 1:1250

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VISITA À SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA Para compreender as necessidades da companhia e sua dinâmica, foram realizadas visitas ao espaço utilizado pela SPCD atualmente, que ocupa parte do primeiro andar da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Por se encontrar neste edifício, era esperado que a SPCD mantivesse algum vínculo com as demais atividades exercidas no local, porém não há nenhuma relação entre a companhia e outros eventos culturais da Oficina. Sendo assim, o único vínculo entre a SPCD e a oficina é o fato de estarem localizadas no mesmo edifício. Ao se deparar com o edifício da Oficina Cultural Oswald de Andrade, o seu valor histórico, cultural e estético é evidente. Dessa forma, a obra aparenta ser ideal para abrigar uma companhia de dança, pois tanto a arquitetura quanto a dança proporcionam um enriquecimento cultural e artístico muito grande e valioso e tendem a se complementar. Entretanto, outros pontos foram analisados ao longo deste trabalho e, conforme o espaço deste edifício foi sendo conhecido, a inicial impressão de que ele é ideal para abrigar a SPCD foi contestada. Durante as visitas foi possível conhecer as salas e espaços oferecidos hoje à companhia, entender como esta funciona e qual a relação de seus funcionários com o espaço. A SPCD funciona diariamente das 9:00 às 19:00, com exceção dos finais de semana, porém os ensaios dos bailarinos iniciam às 10:00 e são finalizados às 18:00, para que estes tenham tempo para se preparar para as suas atividades. O ambiente disponível para a companhia se divide em duas partes, cada uma localizada em uma extremidade do edifício e separadas por um longo corredor.

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Áreas da São Paulo Companhia de Dança

Ambientes SPCD Área Principal

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7 12 8

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1

1. Direção 2. RH 3. Superintendência 4. Administração 5. Sala de Ensaio 1 6. Sala de Ensaio 2 7. Sala dos ensaiadores 8. Servidor 9. Produção e Comunicação 10. Sala de Reuniões 11. Áudio Visual 12. Fisioterapia 1 Área dos Fundos

23 13 15 14 18 16 17

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19 22 20

13. Fisioterapia 2 14. Área de convivência 15. Cozinha 16. Almoxarifado 17. Depósito de figurinos 18. Confecção de figurinos 19. Lavanderia 20. Vestiário feminino 21. Vestiário masculino 22. Depósito Térreo

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23. Estacionamento - 5 vagas Áreas destinadas a outras atividades da Oficina Cultural Oswald de Andrade

Escala 1:750

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A quantidade de funcionários que cada sala abriga constantemente está listada abaixo, assim como o sua área e se esta está adequada ou não à sua função. Ambiente Número de funcionários 1. Direção 1 2. Recursos Humanos 3 3. Superintendência 2 4. Administração 8 5. Sala de Ensaio 1 20 6. Sala de Ensaio 2 20 7. Sala dos Ensaiadores 6 8. Servidor 9. Produção e Comunicação 20 10. Sala de Reuniões 15 11. Áudio Visual 3 12. Fisioterapia 1 13. Fisioterapia 2 14. Área de Convivência 15. Copa 16. Almoxarifado 1 17. Depósito de figurinos 18. Confecção de figurinos 2 19. Lavanderia 20. Vestiário feminino 21. Vestiário masculino 22. Depósito -

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Area (m2) 22 22 22 39 120 161 15 15 121 28 30 13 9 32 4 15 48 45 2 73 73 17

Qualificação dos ambientes de acordo com suas áreas espaço insuficiente espaço regular espaço adequado

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Imagem 9 - Sala de Ensaio1 Imagem 10 - Copa Imagem 11 - Depósito de Figurinos Imagem 12 - Confecção de Figurinos 12

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Imagem 13 - Vestiário Feminino


Foi possível também conversar com funcionários durante as visitas e perguntar sobre o dia a dia deles, procurando compreender os problemas que eles enfrentam, principalmente aqueles que se referem ao espaço arquitetônico. Ao ser questionada sobre a eficiência do espaço da SPCD, uma funcionária deixou bastante claro que o espaço que a companhia apresenta hoje é insuficiente para que seus bailarinos e funcionários exerçam suas atividades diárias e armazenem todos seus materiais e equipamentos. A falta de espaço, porém, não é só notada pelos funcionários, em uma primeira visita já se observa que o espaço é insuficiente para armazenar todos os pertences da companhia, de forma que alguns equipamentos acabam obstruindo as janelas ou são mantidos em áreas de circulação por falta de um local mais adequado para serem mantidos. Os espaços que estão em um estado mais crítico e estão extremamente cheios de pertences são o depósito de figurinos, o almoxarifado, as salas de fisioterapia (que são pequenos espaços improvisados em alguns pontos da companhia), a lavanderia e a sala de áudio visual. São espaços que precisam ser bastante ampliados para poder suprir as necessidades da SPCD.

Outro ponto levantado pelos funcionários é a insuficiência de vagas de estacionamento. Atualmente estão à disposição da companhia somente cinco vagas, sendo três delas reservadas para a diretoria e superintendência, restando duas vagas para 87 pessoas, o que é insuficiente, mesmo que a maioria dos funcionários utilize transporte público. O espaço da companhia é repleto de improvisações e pequenas intervenções que procuram solucionar a falta de espaço. As salas de fisioterapia, a lavanderia, a sala do servidor e a sala da produção e comunicação contêm exemplos claros das alternativas que os usuários encontraram para minimizar os problemas de espaço. Porém, estes não são suficientes para garantir a plena funcionalidade do ambiente de trabalho. A segmentação da SPCD em duas partes também desfavorece o fluxo de atividades, e além disso, a divisão e a disposição das salas não são adequadas, originando um fluxograma de atividades equivocado, exemplificado abaixo.

FLUXOGRAMA ATUAL SPCD

Fluxograma atual da São Paulo Companhia de Dança

Área Principal

Área dos fundos

Superintendência

Direção Sala de fisioterapia 1

Lavanderia

Recursos Humanos

Vestiários

Sala de Ensaio 1 Administrativo Servidor

Sala dos professores

Recepção

Sala de Reunião

Espaço destinado à Oficina Cultural Oswald de Andrade

Sala de fisioterapia 2

Confecção de figurinos

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Área de convivência Copa Almoxarifado

Produção e Comunicação

Depósito de figurinos

Áudio Visual

Sala de Ensaio 2

Relação existente entre ambientes Relação existente entre ambientes Relação existente que será mantida

Relação existente que será mantida Relação existente que será evitada

Relação existente que será evitada

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Através das entrevistas, com os funcionários e bailarinos da companhia e de observações feitas no local foi possível concluir que, além de ampliar e modificar alguns ambientes, a companhia também precisaria incluir novas salas e ambientes para garantir um melhor funcionamento e organização. Seria necessário adicionar os seguintes espaços à companhia: - Sanitários para funcionários (separado do vestiário) - Sala para alongamento e ensaios particulares - Depósito de áudio visual - 5 vagas de estacionamento Atualmente, a sede da SPCD tem como foco abrigar apenas ensaios e não os seus espetáculos. Os espetáculos produzidos pela companhia, quando são apresentados na cidade de São Paulo, ocorrem no Teatro Sérgio Cardoso, com o qual a companhia já formou parcerias que facilitam suas apresentações. O edifício da Oficina Cultural Oswald de Andrade apresenta grande valor histórico e cultural, mas como não foi originalmente projetado para abrigar uma companhia de dança, muitas alterações foram necessárias para possibilitar a inclusão da SPCD no edifício. Entretanto, como este é tombado, as alterações foram limitadas e muito bem controladas para que o patrimônio não perdesse seu valor histórico. Consequentemente, a adaptação do espaço não o tornou inteiramente adequado. Atualmente, a companhia faz uso de ar condicionado na maioria de suas salas para amenizar temperaturas mais elevadas, porém as salas de ensaio apresentam somente ventiladores. Segundo uma das bailarinas da companhia, durante dias mais quentes os ventiladores não são suficientes para amenizar a temperatura, logo, as janelas das salas de ensaio são abertas para que a ventilação natural auxilie no controle da temperatura interna.

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Contudo, ao abrir as janelas, os ruídos externos da rua prejudicam e dificultam a comunicação entre professores e bailarinos e a relação destes com a música. Dessa forma, em determinados momentos, os usuários optam por fechar as janelas e impedir a ventilação natural do ambiente. Como as atividades físicas exercidas nas salas de ensaio exigem o controle da temperatura e dos ruídos externos simultaneamente, isso se torna um problema no local, já que o controle acústico e o térmico entram em conflito. As salas de ensaio não foram originalmente projetadas para abrigar atividades físicas como a dança, que produzem uma maior quantidade de calor e, portanto, demandam um maior controle de temperatura. Dessa forma, o desempenho destes ambientes é prejudicado. O uso do ar condicionado não é adequado para um melhor desempenho dos bailarinos, porém em climas mais quentes, como o da cidade de São Paulo, em alguns períodos do ano acaba sendo necessário o uso deste equipamento para que seja possível o controle da temperatura. O difícil acesso à companhia também pode ser facilmente observado. Ao ingressar o edifício na Ruas Três Rios, o acesso à SPCD se dá somente por uma escada, ao lado direito, o que dificulta o acesso de possíveis usuários com mobilidade reduzida. Diversos obstáculos também são encontrados em seus ambientes, pois muitos materiais e objetos são armazenados em lugares inapropriados, inclusive em áreas de circulação, o que se deve à falta de espaço. É interessante observar que, mesmo a companhia apresentando diversos problemas organizacionais e de funcionalidade, a atmosfera proporcionada em seu espaço é um ponto positivo do edifício; por ser aconchegante, e de certa forma acolhedora, familiar, leve e descontraída, o que naturalmente torna o ambiente de trabalho mais agradável e, consequentemente, o trabalho mais produtivo.


Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA A SPCD Após levantar as informações sobre a SPCD, compreender seu funcionamento e suas necessidades, foi necessário decidir como a proposta de melhoria de seu espaço seria conduzida dentre duas possibilidades. Proposta 1 Manter a SPCD no edifício da Oficina Cultural Oswald de Andrade e realizar uma adaptação e reorganização do espaço para proporcionar um funcionamento ideal para a companhia. Proposta 2 Relocar a SPCD para outro terreno e executar um projeto para uma nova sede que supra todas suas necessidades. A companhia está hoje instalada em um edifício notável do centro da cidade de São Paulo. Como dito anteriormente, é um dos últimos exemplares da arquitetura do início do século XX e, sendo assim, possui um valor cultural, artístico e histórico muito grande. Para uma companhia de dança, que valoriza a arte e a cultura, poder ocupar um patrimônio de grande valor é uma ótima oportunidade. Porém, como o espaço é tombado, as adaptações possíveis seriam bastante restritas, não permitindo que muitas alterações espaciais sejam feitas para que o valor do patrimônio se mantenha. Porém, o fluxograma demonstrado anteriormente evidencia como as salas não estão dispostas da maneira mais produtiva e vantajosa para a companhia. Entretanto, alterar a disposição dos espaços exige uma grande reforma no edifício, incluindo demolição de paredes, o que não é aconselhado, já que o patrimônio está sob proteção do Condephaat. Contudo, o principal problema da companhia é a falta de espaço, e ao analisar o edifício da Oficina Cultural nota-se que a companhia não tem como crescer espacialmente ou reestruturar seu espaço se permanecer neste edifício e não há possibilidade de expandir a SPCD utilizando outras salas da oficina, pois estas já são utilizadas por outras atividades. A possibilidade de construção de um anexo para o edifício foi também analisada, entretanto a implantação deste impossibilita esta proposta.

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A segmentação da SPCD em duas áreas também é um problema, que poderia ser evitado com o remanejamento dos usos dentro da oficina. Porém, isso não é possível, já que a área dos fundos da companhia é inadequada para abrigar as outras atividades oferecidas na oficina, impossibilitando a troca de ambientes e tornando a segmentação da SPCD inevitável. Os pontos acima levantados, mostram os prós e contras das duas propostas estudadas. E, após analisá-los, é evidente que para resolver os problemas encarados pela companhia atualmente é preciso que haja a relocação desta para outro local, onde será executado um novo projeto para sua nova sede. Dessa maneira, o novo edifício poderá atender às necessidades da SPCD, propondo um espaço adequado às suas atividades e que comporte seus materiais e equipamentos.


Programa de necessidades A partir da definição da proposta um programa de necessidades foi elaborado com base nas entrevistas e observações realizadas no atual ambiente da companhia, definindo quais ambientes deve conter este novo edifício e suas áreas ideais. Ambiente 1. Sala de Reuniões 2. Direção 3. Recursos Humanos 4. Superintendência 5. Administração 6. Sala dos Ensaiadores 7. Servidor 8. Produção e Comunicação 9. Áudio Visual 10. Almoxarifado 11. Sanitário feminino 12. Sanitário masculino

Area (m2) 30 25 25 25 50 30 15 125 50 35 30 30

Ambiente 13. Depósito de figurinos 14. Cofecção de figurinos 15. Copa 16. Área de convivência 17. Depósito 18. Fisioterapia 1 19. Fisioterapia 2 20. Sala de Ensaio 1 21. Vestiário feminino 22. Vestiário masculino 23. Sala de Alongamento 24. Sala de Ensaio 2

Area (m2) 100 45 30 60 30 24 24 215 70 70 50 212

Novo fluxograma Um novo fluxograma foi elaborado para guiar o processo de criação do novo edifício e sua organização espacial. Ensaios | Convivência

Figurinos

Depósito

Sala de Aquecimento

Área de Convivência

Vestiários

Salas de Ensaio

Copa

Salas de Fisioterapia

Lavanderia

Confecção de Figurinos

Depósito de Figurinos

Gestão Área Administrativa Salas de Espera

Salas de Reunião

Sanitários

Sala dos Professores

Áudio Visual

Recursos humanos

Superintendência

Recepção

Área Administrativa

Almoxarifado

Produção e Comunicação

Administrativo

Direção

23


ESCOLHA DO TERRENO O terreno selecionado para receber a nova sede da SPCD está localizado no quarteirão formado pela Rua Mauá, Rua dos Protestantes, Rua dos Gusmões e Rua General Couto de Magalhães, localizadas no Pólo Luz. Diversos fatores levaram à escolha do lote. Primeiramente, ele está localizado nas proximidades da atual sede da companhia (a 650 metros de distância), e isso faz com que muitas das relações e dinâmicas estabelecidas com o entorno sejam mantidas e a rotina de deslocamento dos funcionários não seja muito alterada. O acesso ao local também é um ponto que foi considerado. Além de estar próximo a importantes vias estruturais da cidade, como a Av. Tiradentes e Av. Duque de Caxias, o terreno está a 300 metros da estação de trem Júlio Prestes e da estação da Luz, o que favorece o acesso à área. Atualmente, a SPCD utiliza uma área de aproximadamente 1200 m2, porém, este espaço precisa ser ampliado para satisfazer as necessidades da companhia, e consequentemente o terreno escolhido para abrigar a nova sede deve ser capaz de comportar o seu programa de necessidades. O lote selecionado possui aproximadamente 2350 m2, sendo capaz de abrigar a companhia com todas as ampliações necessárias para criar um espaço funcional. Por se tratar de um quarteirão inteiro, o local possibilita a criação de espaços públicos, conjugados a instituições públicas, que incorporem o fluxo de pedestres existente na região e crie outras dinâmicas interessantes urbanisticamente. Ao longo da Rua Mauá estão localizados outros edifícios culturais: A Estação Pinacoteca, a Escola de Música do Estado de São Paulo, a Sala São Paulo e, futuramente, o Complexo Cultural Luz. Todos estes edifícios formam um percurso cultural pela Rua Mauá, e a proposta de inserção da nova sede da SPCD nesta via, complementa este percurso, criando um bairro de valor cultural admirável.

650m

N

Escala 1:7500

4 - http://www1.folha.uol. com.br/

À direita: Mapa Percurso Cultural

Reviravolta: Em novembro de 2015, a construção do Complexo Cultural Luz foi cancelada. O contrato firmado entre a Secretaria de Estado e Cultura e o escritório Herzog & de Meuron, responsável pelo projeto do edifício, foi considerado nulo. Será então analisada outra possibilidade de uso para o local.4

24

Escala 1:2500

N



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Rua General Couto de Magalhães

Rua Mauá

Luz


14

15

16

Imagens 14 a 17 Fotos do entorno Fonte: Arquivo pessoal

Ă€ esquerda: Mapa Terreno selecionad0 Escala 1:1250

N

17

27


LEVANTAMENTO HISTÓRICO São Paulo sempre se desenvolveu de acordo com seus ciclos de produção, e com a implantação da rede férrea na cidade entre 1867 e 1875, o processo de urbanização passou a ser conduzido por esta. As regiões próximas às ferrovias e às margens dos grandes rios formaram um local propício para a implantação de indústrias e depósitos, como o bairro do Bom Retiro, Luz e Santa Efigênia. O impacto da ferrovia em bairros residenciais foi intenso e logo transformou chácaras em bairros arruados, ao mesmo tempo que era instalado o sistema de transporte. Com a implantação da São Paulo Railway, em 1867, bairros como o Brás, Pari, o Bom Retiro, Santa Efigênia e Mooca receberam um grande impulso urbanizador e atraíram muitos imigrantes e operários para habitar a região, dando origem aos bairros operários, que nasceram da junção da fábrica com a casa5. De acordo com Regina Meyer, a partir de 1870, a cidade de São Paulo começou a substituir sua fisionomia colonial e os bairros centrais sofreram essa transformação de maneira muito mais acelerada. As chácaras loteadas formaram uma nova malha urbana, pouco eficiente, dando origem às primeiras periferias industriais que aumentaram os níveis de segregação social. Porém, o parcelamento aleatório do solo fez com que certas áreas não se integrassem de maneira adequada ao sistema viário da cidade. A desorganização urbana que já atingia o centro da cidade fez com que, por volta de 1930, o engenheiro Francisco Prestes Maia criasse o “Plano de Avenidas”, que designava uma nova estrutura viária para o centro.

Como relata Meyer, a transformação no sistema viário da cidade causou uma expansão e supervalorização do modelo rodoviário e a decadência do ferroviário na região central, que tinha problemas de acessibilidade ainda não solucionados. A consolidação do automóvel possibilitou, ao decorrer das décadas seguintes, a criação de novas centralidades na cidade, como a Av. Paulista, que passou por um processo de reurbanização (1974), e a Av. Faria Lima (1968). Tais regiões, desvinculadas do centro da cidade, passaram a concentrar os investimentos e lançamentos de edificações, como bancos e escritórios. Estes novos pólos econômicos alteraram significantemente a dinâmica da cidade e a região central perdeu sua atratividade, sofrendo um acelerado processo de degradação urbana6. Dessa maneira, uma grande parcela dos imóveis da região foi transformada em cortiços, o tráfico de drogas se tornou muito presente nos bairros centrais e muitos edifícios foram esvaziados, subutilizados ou demolidos, gerando muitos terrenos vazios no centro da cidade. A degradação da região central de São Paulo era evidente, e foi intensificada com a implantação da Rodoviária Júlio Prestes na década de 70, já que a o sistema viário inadequado da área não suportava o impacto causado pelo equipamento. Em 1974 estações do metrô foram instaladas na região, e em 1982 o serviço rodoviário foi transferido para o Terminal Tietê, porém estas intervenções não reverteram o processo de degradação da área.

terreno selecionado

5 - MEYER, Regina, Maria Prosperi; IZZO JÙNIOR, Alcino. Pólo Luz: Sala São Paulo, cultura e urbanismo. Sçao PAulo: Terceiro Nome, 1999. pg 20. 6 - SILVA, Luís Octávio da: A reabilitação de São Paulo. pg 3. Imagem 18 - Mapa de São Paulo, 1881 Imagem 19 - Estação da Luz, 1898

18

28

19

Fonte: Prefeitura de São Paulo - http://www. prefeitura.sp.gov.br/


A valorização do automóvel e a implantação da Av. Tiradentes, fizeram com que a macroacessibilidade metropolitana fosse priorizada, tornando a microacessibilidade da região ineficaz, segmentando e isolando os dois lados da avenida. Tal segmentação e o processo dinâmico que ocorre na região da Luz, impulsionaram a implantação de equipamentos, espaços públicos e programas de melhoria para a região7. Em 1984, a Secretaria do Estado da Cultura criou o Projeto Luz Cultural, coordenado pela arquiteta Regina Maria Prosperi Meyer, que procurava potencializar a dinâmica da área, incentivando a relação dos moradores da região com os espaços públicos, trazendo à tona novas maneiras de percepção do espaço. Este projeto abordava a área entre o Rio Tamanduateí, a Av. Rio Branco e a Rua Mauá e incluiu melhorias para o Jardim da Luz e a criação da Oficina Cultural Oswald de Andrade em 1984. O Projeto Luz Cultural buscou estabelecer parcerias que melhorassem a qualidade espacial nos entornos da Luz. Foram formados acordos com a Polícia Militar, a fim de melhorar o policiamento na área; com a Secretaria Municipal de Cultura e a Pinacoteca do Estado, criando programas de leitura e de desenho no bairro. Ao longo dos anos, após programas de recuperação urbana não serem levados a diante, uma área passou a ser o foco de ações transformadoras. Esta área, que é um dos principais pólos de cultura e lazer, possui delimitação formal que está contida entre as avenidas Tiradentes, Prestes Maia,

7 - MEYER, 1999. pg 27.

Duque de Caxias, a rua Mauá, a alameda Nothmann e a rua Três Rios, incluindo a praça Coronel Fernando Prestes, e é denominada Pólo Luz. A dinâmica desta área indica que para reverter o processo de degradação do local é necessária a criação de programas de melhoria que incluam novos espaços e equipamentos públicos, equipamentos, sistema viário que atenda às funções da área e aumento do acesso pelo transporte público8. O poder público investiu na área com ações que induzem à sua valorização, como a implantação da linha 4 do metrô, o restauro da Estação da Luz, a expansão da Pinacoteca do Estado no antigo DOPS e a instalação da Sala São Paulo na antiga estação Júlio Prestes, dando origem a uma articulação entre os equipamentos culturais na área, que se estende até o Memorial da América Latina. Porém, é importante ressaltar que, atuações e intervenções pontuais e fragmentadas, mesmo que atraiam mais investimentos e sejam importantes no processo de valorização do bairro, não são suficientes para requalificar a área em questão. É preciso que estas ações atuem em conjunto com planos e projetos urbanísticos que articulem e direcionem as intervenções e possibilitem a renovação urbana9. Como ressalta Meyer, para que a revitalização do Pólo Luz obtenha sucesso, é necessário que haja também intervenções mais simples que estimulem a vida coletiva na região, como a melhoria da iluminação e do calçamento, a organização do fluxo de pedestres, a criação de um projeto paisagistico adequado, limpeza e segurança.

terreno selecionado

terreno selecionado

8 - MEYER, 1999. pg 28. 9 - ZANETTI, Valdir Zonta; Planos e projetos ausentes: desafios e perspectivas das áreas centrais de São Paulo. São Paulo, 2005.

Imagem 20 - Mapa de São Paulo, 1916 Imagem 21 - Mapa de São Paulo, 1924 Fonte: Prefeitura de São Paulo 20

21

29


PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO De acordo com a nova proposta de zoneamento do Plano Diretor Estratégico, que está atualmente em processo de aprovação, o lote em questão pertence à Zona de Centralidades (ZC). Como define o Art. 36. do Plano Diretor Estratégico: Art. 36. As Zonas de Centralidades - ZC são porções do território destinadas à localização de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, caracterizadas pela coexistência entre os usos não residenciais e a habitação, porém com predominância de usos não residenciais, podendo ser subdivididas em zonas de centralidades de baixa, média e alta densidade.10

Além de pertencer à Zona de Centralidades, o terreno está localizado dentro do perímetro da Operação Urbana Centro11, que busca requalificar as áreas do Centro Velho, Centro Novo e demais bairros históricos como Glicério, Santa Efigênia e Brás. A Operação Urbana Centro apresenta incentivos para a implantação de novas edificações, requalificação de antigos edifícios e regularização de imóveis. A Operação Urbana Centro também define que áreas destinadas a atividades culturais, educacionais e de lazer não são computáveis no cálculo do coeficiente de aproveitamento do lote, assim como as áreas de fruição pública. Também é determinado que as exigências de número de vagas de estacionamento, para estes determinados usos, não se apliquem. Como a proposta de projeto deste trabalho é prioritariamente destinada à cultura, tais definições acabam por afetar diretamente o seu desenvolvimento.

10 - Art. 36 do Plano Diretor Estratégico Prefeitura de São Paulo 11 - Prefeitura de São Paulo

30


Imagem 22 - Plano Diretor Estratégico, Mapa geral do zoneamento. (Lei n° 16.050 de 31 de julho de 2014).

Os parâmetros de ocupação determinados para essa zona são:12 Zona de Centralidade (ZC) Coeficiente de Aproveitamento13

Zona de Centralidades - ZC

terreno selecionado

Zona Especial de Interesse Social 3 - ZEIS 3

Zona Eixo de Estruturação e Transformação Metropolitana - ZEM

C.A. mínimo C.A. básico C.A. máximo

0,3 1 2

Taxa de Ocupação14 Gabarito de altura máxima (m)

0,70 28

Recuos mínimos (m)

N

Frente Fundos e Laterais

5 3

Taxa de Permeabilidade

Escala 1:10000 22

0,25

Limite da Operação Urbana Centro

12 - Quadro 3 | Quadro 3A | Quadro 3C | Quadro 4B | da Lei de Zoneamento (PL 272/2015)

terreno selecionado

1:7500

13 - Relação entre a área edificada e a área do lote Fonte: Plano Diretor Estratégico - Prefeitura de São Paulo 14 - Relação entre a área da projeção horizontal da edificação e a área do lote Fonte: Plano Diretor Estratégico - Prefeitura de São Paulo

N

Escala 1:20000

31


O ENTORNO O levantamento e observação do uso do solo no entorno do lote, auxilia na compreensão da dinâmica do local, e da maneira que as pessoas circulam pelo bairro. Com esse dado levantado foi possível notar que há o predomínio de serviços e comércios no local, o que indica que há grande circulação de veículos e pedestres por consequência de seus deslocamentos até o local de trabalho.

Durante o horário de almoço, há grande movimentação nas ruas do entorno, pois muitos acabam realizando suas refeições em restaurantes e lanchonetes próximas. Existe, também um grande número de unidades habitacionais nas proximidades do lote e grande parte delas apresentam o térreo ocupado por estabelecimentos comerciais.

Mapa: uso do solo

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Residencial Residencial e Comércio/Serviço

Rua Mauá

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Rua General Couto de Magalhães

Comércio Serviço Comércio e Serviço Institucional Praça/Parque Edifício Cultural Edifício Abandonado Tereno Vazio Estacionamento Terreno Selecionado

N

Escala 1:1250

32


Sabendo que há grande deslocamento de pessoas nessa área, resta identificar os principais meios e rotas que as pessoas utilizam em seus trajetos diários. Para isso foi elaborado um mapa de transportes (pág. 34) que evidencia as vias estruturais, os pontos de ônibus, estações de metrô e trem, e os principais fluxos de pedestres que interferem no terreno em questão. As vias mais movimentadas que limitam o terreno são a Rua Mauá e a Rua General Couto de Magalhães. Nestas é permitido o tráfego de ônibus e o trânsito é sempre intenso, causando um nível de ruído maior que as outras ruas que delimitam o lote. Os principais fluxos de pedestres são os trajetos que os levam às estações de trem ou metrô, que são os meios de locomoção mais utilizados por aqueles que não possuem um automóvel particular.

Há um grande fluxo de pedestres que contorna os limites do terreno em questão, que inclui aqueles que se locomovem entre a Rua General Couto de Magalhães e a Estação de trem Júlio Prestes. A identificação deste fluxo possibilita a interpretação de que caso houvesse fruição pública no terreno selecionado os pedestres tenderiam a circular pelo interior do lote para reduzir a distância a ser percorrida. A proximidade do lote com a Estação Júlio Prestes, com a Estação Pinacoteca, com o Parque da Luz e com a Estação da Luz faz com que certas visuais possam ser exploradas na verticalização do edifício, e estas tornam seus ambientes mais interessantes aos seus usuários. Estes são locais de grande valor para a cidade de São Paulo e, portanto, são paisagens que devem ser incorporadas pelo projeto do edifício.

Visual: Estação Pinacoteca e Estação Júlio Prestes

Visual: Parque e Estação da Luz

Estação Pinacoteca

Parque da Luz

Estação Júlio Prestes

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Visuais do terreno

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Rua General Couto de Magalhães

Estação da Luz

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Fluxo de pedestres predominante

Rua Mauá

Escala 1:1250

33


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Estação de metrô

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34

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Estação da cptm Ponto de ônibus Terreno selecionado

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Corredor de ônibus municipal planejado

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Sistema viário estrutural

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Mapa: transporte na região

Áreas verdes Hidrografia

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Escala 1:5000


PRÉ ANÁLISE CLIMÁTICA Primeiramente, antes de iniciar os estudos volumétricos do edifício, foram realizados levantamentos de dados e algumas observações no local que possibilitassem uma pré análise do clima no local, como a direção predominante do vento, os pontos que produzem um maior nível de ruído, o mascaramento produzido pelos edifícios do entorno e as estratégias climáticas indicadas para esta região. Através do software Climaticus15, desenvolvido por pesquisadores do LABAUT - Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética do Departamento de Tecnologia da Arquitetura - da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi possível obter o diagnóstico climático para a cidade de São Paulo, que indica qual estatégia de projeto pode solucionar as questões térmicas em cada época do ano. Ao observar o gráfico ao lado nota-se que durante 65% do ano a estratégia de projeto que pode manter o conforto térmico no interior do edifício é a ventilação. Sendo assim, o projeto da nova sede da São Paulo Companhia de Dança deve dar grande atenção à entrada e saída de vento, ao posicionamento e dimensionamento das aberturas.

Estratégias de projeto N

Junho Maio Abril

W

Março 16

15

14

13

12

11

10

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Fevereiro Janeiro

7

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Junho Julho Agosto

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11

10

E

9

Setembro 8 7

18

Outubro 6

Novembro Dezembro

S

15 - Softwares de conforto http://www.fau.usp.br/ pesquisa/laboratorios/ labaut/conforto/

17% - Zona de Conforto

62,5% - Ventilação

3,1% - Condicionamento Artificial

17,4% - Massa Térmica/Aquecimento

35


Vento predominante O gráfico anterior mostra que é de extrema importância obter informações sobre a direção predominante do vento na região durante o ano. Observando os gráficos e dados da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica 16 e do software Windfinder 17 pode-se observar que o vento de primeira predominância na cidade de São Paulo é o vento Sudeste e de segunda predominância é o Noroeste.

Média de velocidade (m/s) e direção do vento18: média mensal | janeiro

média mensal | junho

Insolação Para identificar as horas do ano em que o terreno é sombreado foi produzido o mascaramento proporcionado pelos edifícios do entorno, que é determinante na decisão da volumetria e da implantação do projeto a ser desenvolvido.

Latitude Latitude24° 24°Sul sul média mensal | setembro

N

22.6

22.6

21.5

24.7

1.5

13.8

16.4

28.8

3.4

11.9

W

21.

9

24.

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15

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13

12

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23

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6

2

21

.1

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18

22

22

9

22

.1 2

8.3

7

17

11

10

8

16

4.

3

11

16 - http://www.redemet. aer.mil.br/ 17 - http://www.windfinder. com/

S Mascaramento dos edifícios do entorno

36

18 - Medições feitas diariamente das 07:00 às 19:00, entre 12/2007 e 05/2015


MAPA SÍNTESE DE INFLUÊNCIAS Mapa produzido após o primeiro levantamento de dados e informações sobre a área, que inclui os dados mais relevantes para a determinação da volumetria do edifício.

Praç

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Luz

Rua Mauá Percurso do Sol Solstício de inverno

Solstício de verão

os ad Ru

Fluxo predominante de pedestres

Pro

Direção do vento predominante

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Nível de ruído elevado

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Nível de ruído intermediário Ponto de ônibus

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Rua General Couto de Magalhães

Equinócio

N

Escala 1:1250

37


Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


O PROJETAR DO EDIFÍCIO Todo o procedimento de elaboração do edifício foi conciliado com análises de conforto ambiental, que incluem simulações de acústica, térmica, iluminação artificial e natural e insolação. Ao analisar a proposta desta forma é preciso que o arquiteto também exercite a visão técnica de um consultor de conforto ambiental, o que acaba alterando a maneira de pensar o projeto. Dessa maneira, o foco nas avaliações de conforto ambiental interferiu diretamente na orientação, implantação e volumetria do edifício. As estratégias climáticas encontradas na pré análise guiaram e sugeriram certas soluções de projeto para favorecer o desempenho do edifício. Como mostrado anteriormente, a estratégia climática que prevalece na região em questão é a ventilação, com isso, a direção e sentido do vento se tornam indispensáveis para posicionar as aberturas e os vazios do edifício. Após uma primeira volumetria espacial do edifício ser proposta, puderam ser iniciadas as análises de iluminação natural e artificial, porém somente após a definição dos materiais construtivos foi possível iniciar as simulações de térmica e acústica.

Tais simulações mostraram que o posicionamento de alguns ambientes precisava ser revisto, certas aberturas precisavam ser alteradas e alguns materiais construtivos precisavam ser modificados. Assim, estes elementos foram alterados algumas vezes para que fosse encontrada uma alternativa que solucionasse os problemas espaciais, funcionais e de conforto ambiental. A maior dificuldade encontrada foi o momento de posicionar as aberturas e definir o seu dimensionamento, pois são fatores extremamente importantes, não só para as análises como para determinar o caráter do ambiente. Ao inserir cálculos e simulações nas etapas do design do edifício o processo percorrido é enriquecido pelo encontro das distintas vertentes da arquitetura. Aprender a lidar com estas diferentes visões possibilita um novo aprendizado, ensinando uma nova maneira de projetar e de se enxergar as problemáticas de projeto e de conforto ambiental.

39


EVOLUÇÃO DO PROJETO E VARIÁVEIS DETERMINANTES

usuários dimensão dos ambientes

fluxos internos

estratégias climáticas uso análise de desempenho

insolação direção do vento

dimensão visuais

normas

fluxos do entorno

arte fluxos do entorno

fluxos internos direção do vento

sombreamento do entorno

iluminação artificial

materiais da envoltória

uso

dimensão dos ambientes

iluminância fluxograma uso

dimensão dos ambientes

visuais

equipamentos direção do vento dimensão das aberturas

orientação orientação direção do vento

ângulo de insolação

orientação das aberturas

estratégias climáticas

estratégias climáticas

Identificação da problemática

40

Estudos espaciais

Testes e análises


mas

ângulo de insolação fluxos do entorno estratégias climáticas

orientação das aberturas

uso orientação das aberturas

brises normas

dimensão das aberturas

DA S

térmica + acústica

materiais da envoltória

análises de desempenho do edifício

uso

dimensão das aberturas

iluminância

direção do vento

dimensão dos ambientes

iluminação artificial

iluminância

Compatibilização dos resultados das análises com o espaço arquitetônico

41


PARTIDO Os fluxos de pedestres identificados nas primeiras análises do entorno concretizaram o partido de projeto do novo edifício da São Paulo Companhia de Dança. O princípio se baseou em elevar o edifício e manter o térreo livre para a circulação de pedestres, pois o local é próximo a estações de trem e de metrô, o que torna o fluxo de pedestres intenso no entorno. O partido definiu, inclusive a implantação de estabelecimentos terceirizados, como lanchonetes e pequenas lojas para gerar o uso e ocupação desta área. Os bancos no térreo e o mezanino, que se encontra sobre tais estabelecimentos, comportam a área destinada aos usuários destes estabelecimentos e demais pedestres Os sentidos predominantes do vento no local são Noroeste e Sudeste, e isso definiu uma importante característica do partido que foi a definição da orientação das fachadas principais. Praticamente todas as aberturas foram orientadas para o Noroeste ou Sudeste, seguindo a direção dos ventos predominantes para se tirar o maior proveito da ventilação por efeito chaminé e da ventilação cruzada, para que os ganhos de calor dos ambientes sejam reduzidos durante dias mais quentes. A análise de insolação também foi decisiva na definição da volumetria do edifício. Para auxiliar no sombreamento dos ambientes, uma ala do edifício é mais alta que a outra, sombreando durante grande parte do ano a área mais baixa. Isto faz com que em certos cômodos a quantidade de brises necessária para impedir que a insolação direta adentre estes ambientes diminui consideravelmente.

42

Para facilitar a circulação de ar entre os ambientes e entre os pavimentos foram criados dois terraços no edifício, um no segundo e outro no terceiro pavimento, criando vazios que permitem a passagem de ar. Outro ponto decisivo na definição da volumetria foi a necessidade de duas grandes salas de ensaio (por volta de 12x15 metros) e pé direito duplo, que, por ocuparem um grande espaço, a dimensão do terreno e o recuo de 5 metros necessário ofereceram poucas possibilidades de posicionamento destas salas. Procurou-se organizar os pavimentos da companhia de acordo com os seus diferentes usos. O edifício foi segmentado em três principais áreas. A primeira área foi localizada nos primeiros pavimentos e comporta a área de administração da companhia e de confecção de figurinos; no pavimento central foram posicionadas as áreas de convivência e a copa; já os últimos andares receberam as salas destinadas ao uso dos bailarinos, que são ambientes de caráter mais reservado, como as salas de ensaio, de alongamento e fisioterapia. A segmentação dos usos desta maneira torna a dinâmica do edifício mais lógica e organizada, aumentando a eficiência e funcionalidade do local. Parâmetros de ocupação Área do terreno 2350 m2 Área edificada 3400 m2 CA 1,44 TO

0,37

Altura máxima do edifício

28 m

Área permeável no térreo

2110 m2 -> 0,89


15:00 - solstĂ­cio de inverno

Vento Sudeste

Vento Noroeste

43


23

Imagens 23 e 24 Representações gráficas do edifício projetado

N

24

44

Implantação Escala 1:1000


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Rua dos Gusmões eM

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Rua dos Prostestantes

Implantação

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Representação gráfica do edifício projetado

46


Estrutura

Os grandes vãos existentes no edifício exigem uma malha estrutural diferenciada. Para vencer os extensos vãos nas salas de ensaio, que estão localizadas na cobertura do edifício, foram utilizadas vigas e terças metálicas treliçadas. O restante do edifício se estrutura através de pilares metálicos de seção quadrada e vigas metálicas de seção I que são organizados em um grid de 7,2m x 6m.

Modulação do grid e planta estrutural

Escala 1:500

Modulação e planta estrutural da cobertura (treliças)

terças treliçadas espaçadas a cada 1,9m

Escala 1:500

47


Subsolo No subsolo do edifício está localizado um estacionamento para os usuários da São Paulo Companhia de Dança ao qual se tem acesso pela Rua General Couto de Magalhães. O estacionamento comporta dez vagas para automóveis, incluindo vagas adequadas para pessoas com deficiência e idosos. A ventilação do subsolo é realizada através de chaminés cilindricas que liberam o ar no térreo e possibilitam a renovação do ar no ambiente. O formato côncavo das chaminés permite que os ventos predominantes sejam captados e direcionados mais facilmente até o subsolo. As saídas de ar das chaminés estão posicionadas nos jardins do pavimento térreo e apresentam uma média de dois metros de altura, afastando a saída de ar dos pedestres e criando elementos arquitetônicos no local. Imagem 25 Representação gráfica do acesso ao subsolo

N

Planta | Subsolo 25 Escala 1:250

48


Planta | Subsolo

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Estacionamento


Térreo

Estabelecimentos terceirizados

Circulação vertical

A proposta elaborada para o pavimento térreo é a criação de uma área de fruição pública, para permitir o fluxo de pedestres no interior da quadra. Além disso, há uma área reservada para estabelecimentos terceirizados como lanchonetes, cafés e pequenos comércios para servir tanto os usuários do edifício como aqueles que circulam pela região. Uma parte do térreo é coberta por um pergolado de madeira que cria um espaço externo parcialmente protegido e apresenta bancos de concreto disponíveis para os pedestres e clientes dos estabelecimentos. Para auxiliar no controle do ruído no pavimento térreo, foram adicionados jardins verticais que, junto com o pergolado, servem como barreiras acústicas e também aumentam a área de superfície existente, o que aumenta a absorção acústica do ambiente, ajudando, assim, a controlar a reverberação sonora no térreo. A escadaria presente no térreo possui uma área lateral que funciona como uma pequena arquibancada, oferecendo mais um local de permanência aos pedestres.

Para garantir a acessibilidade do edifício, o elevador disponível tem acesso diretamente pelo térreo, porém o seu acesso é controlado, oferecendo acesso às pessoas com deficiência mas garantindo a segurança dos usuários da companhia. Toda a extensão do térreo recebeu piso drenante que, em conjunto com as áreas de jardim, garante a drenagem no local. Imagem 26 Representação gráfica do térreo

Fluxo de pedestres

Área de convivência

Área de circulação

Estabelecimentos terceirizados

N

À direita: Planta | Térreo 26 Escala 1:250

50


Planta | Térreo

Lojas/Lanchonetes

Chaminés de ventilação do subsolo


Mezanino A proposta do mezanino é servir como uma extensão do térreo que se inicia no final da escadaria. Este mezanino pode servir como uma área de encontro para os pedestres e de permanência para os clientes dos estabelecimentos do térreo. No mezanino há também o principal acesso para a São Paulo Companhia de Dança, através de elevador e escada.

Estabelecimentos terceirizados

Livre acesso de pedestres

Circulação vertical

Imagem 27 Representação gráfica do mezanino

Ambiente aberto

Fluxo de pedestres

Área de convivência

Área de circulação

N

À direita: Planta | Mezanino 27 Escala 1:250

52


Planta | Mezanino

Mezanino


Pavimento 1 O primeiro pavimento da São Paulo Companhia de Dança é destinado à gestão da companhia. O usuário, ao adentrar o edifício, primeiro se depara com a área de recepção, que inclui os sanitários e uma sala de reunião. No outro segmento deste pavimento estarão as demais salas da área administrativa da companhia.

Estabelecimentos terceirizados

Livre acesso de pedestres

Circulação vertical

Administração

Imagem 28 Representação gráfica da sala de produção e comunicação

Visuais exploradas

Ventilação cruzada

Área de circulação

N

À direita: Planta | Pavimento 1 28 Escala 1:250

54


Planta | Pavimento 1

Recepção

WC

Sala de Reunião WC

Direção

Superintendência

Produção e Comunicação

Servidor

Almoxarifado Sala dos Ensaiadores

Áudio Visual

Administração

Recursos Humanos


Pavimento 2 O segundo pavimento contém duas áreas distintas. Um lado está destinado à confecção de figurinos e ao armazenamento destes e demais equipamentos da companhia. O outro lado é ocupado por um terraço que é voltado para a convivência de funcionários e contêm uma área ajardinada para tornar o espaço mais interessante. Essa área livre favorece a ventilação cruzada no edifício, pois não bloqueia a ventilação de outros ambientes da companhia.

Estabelecimentos terceirizados

Administração

Circulação vertical

Figurino

Livre acesso de pedestres

Imagem 29 Representação gráfica do terraço

Ambiente aberto

Área de convivência

Visuais exploradas

Ventilação cruzada

Área de circulação

N

À direita: Planta | Pavimento 2 29 Escala 1:250

56


Planta | Pavimento 2

Confecção de figurinos

Depósito de figurinos e equipamentos

Terraço


Pavimento 3

Estabelecimentos terceirizados

Administração

Circulação vertical

Figurino

Livre acesso de pedestres

Ensaios

O terceiro pavimento também é voltado para o convívio dos funcionários e bailarinos da companhia. Em um lado está localizada a copa, com uma generosa área de convivência. A copa inclui um terraço que pode ser também fechado, dependendo do clima externo. Quando aberto, o espaço do terraço favorece a ventilação cruzada no edifício, assim como ocorre no segundo pavimento, e também cria um espaço agradável para se realizar refeições e confraternizações. Porém, em dias mais frios este espaço externo pode ser fechado por portas envidraçadas, que não obstruem a vista do terraço mas evitam grandes perdas de calor pela ventilação. O outro segmento do terceiro pavimento está destinado a um depósito de manutenção, a um depósito de apoio à sala de ensaio e a Sala de ensaio 1. A Sala de Ensaio 1 apresenta pé direito duplo e mesmo apresentando um acesso por este pavimento, a principal entrada desta sala se dá pelo quarto pavimento, através de uma rampa.

Imagem 30 Representação gráfica da copa x2

Pé direito duplo Ambiente aberto com possibilidade de fechamento Área de convivência

Visuais exploradas

Ventilação cruzada

Área de circulação

N

À direita: Planta | Pavimento 3 30 Escala 1:250

58


Planta | Pavimento 3

Terraço Copa

Área de Convivência

x2 Sala de Ensaio 1

Depósito de ensaio

Depósito de manutenção


Pavimento 4 O quarto pavimento é destinado ao ensaio da dança e ao preparo dos bailarinos. Neste andar estão localizados os vestiários, as duas salas de fisioterapia, uma sala de alongamento e a rampa que dá acesso à Sala de Ensaio 1, no pavimento 3. Como a sala de ensaio 1 possui pé direito duplo foi possível criar uma relação visual bastante interessante entre o terceiro e o quarto pavimento, de forma que é possível acompanhar os ensaios praticados no pavimento inferior através das aberturas criadas.

Estabelecimentos terceirizados

Administração

Circulação vertical

Figurino

Livre acesso de pedestres

Ensaios

Imagem 31 Representação gráfica da área de circulação

Área de convivência

Visuais exploradas

Ventilação cruzada

Área de circulação

N

À direita: Planta | Pavimento 4 31 Escala 1:250

60


Planta | Pavimento 4

Vestiário

Vestiário

Rampa de acesso à Sala de Ensaio 1

Sala de Ensaio 1

Sala de Alongamento

Fisioterapia 1

Fisioterapia 2


Pavimento 5 No quinto pavimento está localizada somente a Sala de Ensaio 2, também com pé direito duplo. A abertura Sudeste do ambiente está posicionada de frente para a abertura da sala de ensaio do pavimento inferior e isto cria uma dinâmica visual interessante entre as áreas de ensaio. Neste pavimento também se encontra o acesso à área técnica do edifício, localizada acima da escada e do elevador.

Estabelecimentos terceirizados

Administração

Circulação vertical

Figurino

Livre acesso de pedestres

Ensaios

Imagem 32 Representação gráfica da Sala de ensaio 2

x2

Pé direito duplo

Visuais exploradas

Ventilação cruzada

N

À direita: Planta | Pavimento 5 32 Escala 1:250

62


Planta | Pavimento 5

Sala de Ensaio 2

x2 Projeção área técnica


Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


Corte AA Escala 1:250

65


Corte BB

Escala 1:250

66


Corte CC Escala 1:250

67


Elevações | Fachadas 1

2

3

Elevação 1 Escala 1:250

68


Elevação 2 Escala 1:250

Elevação 3 Escala 1:250

69


DETALHAMENTO DA ENVOLTÓRIA - Especificações técnicas dos materiais Os materiais construtivos da envoltória do edifício foram definidos de acordo com sua resposta aos cálculos do método CSTB e ao modelo adaptativo (pág. 81). Os cálculos realizados

Camadas dos materiais A cerâmica - terracota | e= 3cm λ=0,81 W/m °C αc=0,4

guiaram a definição dos materiais até se encontrar uma

B bloco de cimento celular | e= 15cm λ=0,33 W/m °C

alternativa que apresentasse resultados satisfatórios.

C argamassa pintada de branco | e= 1cm λ=0,43 W/m °C αc=0,3

Todos os materiais utilizados nas vedações externas e internas foram especificados a seguir assim como as definições de todas as

D vidro | e=6mm λ=0,001 W/m °C

camadas de cada material18. Tais definições foram utilizadas para

E revestimento de cimento | e= 5cm λ=1,4 W/m °C αc=0,5

a execução dos cálculos de análise térmica (pág. 81) e acústica

F

(pág. 83).

G concreto armado | e= 20cm λ=1,75 W/m °C

Sendo: -espessura = e

placa acústica de cores diversas | e= 12cm λ=0,057 W/m °C αc=0,5

H telha termoacústica | e= 10cm λ=0,04W/m °C αc=0,3 I camada de impermeabilização | e= 2cm λ=0,14 W/m °C

-coeficiente de condutibilidade térmica = λ

J contrapiso - pintura externa clara | e= 1cm λ=1,4 W/m °C αc=0,3

-coeficiente de absorção da radiação solar = αr

K piso cerâmico | e= 1cm λ=0,8 W/m °C αc=0,4

-coeficiente de absorção acústica = αa

L madeira suspensa | e= 2,5cm λ=0,20 W/m °C M piso de madeira | e= 1cm λ=0,14 W/m °C αc=0,7 N linóleo | e= 0,5cm λ=0,19 W/m °C αc=0,9 O camada de ar | e= 7,5cm Rar=0,38 W/m °C

18 - Dados técnicos obtidos em: -http://www.perfilor.com.br/ -http://wwwo.metalica.com.br/ -http://isover.com.br/ -FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de Conforto Térmico. 8. Ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003 -Ecotect. - http://usa. autodesk.com/ecotectanalysis/

70


1 - laje | acabamento em piso para dança

frequência (Hz) αa - superfície superior αa - superfície inferior

125 250 500 1k 2k 4k 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

N L O J

G

2 - laje | acabamento em piso cerâmico

frequência (Hz) αa - superfício superior αa - superfície inferior

125 250 500 1k 2k 4k 0,02 0,02 0,05 0,05 0,07 0,07 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

K J

G

3 - laje | revestimento para ambiente externo

frequência (Hz) αa - superfície inferior

125 250 500 1k 2k 4k 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

J I

G

71


4 - laje | acabamento em piso de madeira

M frequência (Hz) αa - superfície superior αa - superfície inferior

125 250 500 1k 2k 4k 0,04 0,04 0,06 0,12 0,1 0,17 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

J

G

5 - cobertura termoacústica

frequência (Hz) αa - superfície interna

125 250 500 1k 2k 4k 0,25 0,35 0,55 0,8 0,65 0,55

H

6 - parede externa | acabamento externo em concreto aparente

frequência (Hz) αa - superfície interna

72

125 250 500 1k 2k 4k 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

C B

E


7 - parede interna | acabamento em painel acústico

F frequência (Hz) αa - superfície interna

C

125 250 500 1k 2k 4k 0,04 0,4 0,86 0,97 0,93 0,93

B

C

B

E

8 - parede externa | acabamento em painel acústico

F frequência (Hz) αa - superfície interna

125 250 500 1k 2k 4k 0,04 0,4 0,86 0,97 0,93 0,93

C

9 - parede externa | acabamento externo em cerâmica terracota

frequência (Hz) αa - superfície interna

125 250 500 1k 2k 4k 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

C B

D

O

A

73


10 - parede interna | acabamento em pintura branca

frequência (Hz) αa - superfície interna

125 250 500 1k 2k 4k 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,07

C B

C

11 - vidro | janela

frequência (Hz) αa - superfície

74

125 250 500 1k 2k 4k 0,23 0,11 0,09 0,01 0,01 0,03

D


Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


Medição em Campo Foram realizadas medições no entorno do terreno selecionado para levantar informações climáticas do local. Foram medidas as variáveis climáticas: temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento e fluxo de veículos leves e pesados. As medições ocorreram no dia 17 de julho de 2015 às 09:00, 12:00 e 15:00. A tabela abaixo apresenta somente os dados medidos às 12:00 pois estes foram os resultados mais desfavoráveis ao conforto ambiental do edifício, dentre os dados obtidos.

A temperatura e umidade relativa medidas foram comparadas com os dados obtidos no Manual do Conforto Térmico19 que foram utilizados nos cálculos de análise e simulações. O fluxo de veículos foi utilizado nos cálculos para as análises acústicas (equação de Josse, pág. 83) e a velocidade e direção do vento foram indispensáveis na definição da implantação e da volumetria do edifício.

local de medição

N

Escala 1:500

Dia da medição: 14/07/2015

12h

76

1min 2min 3min 4min 5min 6min 7min 8min 9min 10min

Temperatura Umidade do Ar (°C) Relativa (%) 28,9 29,4 29,6 29,8 30 30,1 30,2 30,2 30,1 29,9

72,1 72,4 72,6 72,8 73,3 73,6 73,9 74,4 74,8 75,3

Velocidade do Ar (m/s)

Direção do Vento

0,4 2,7 2,3 1,9 1,8 0,6 2,1 3 1,1 1,9

N N NO NO N N W N NO E

Contagem de veículos por hora: Veículos Veículos Leves Pesados

2076

120

19 - FROTA, 2003


Equipamentos utilizados nas medições de campo

Anemômetro Utilizado para medir a velocidade e direção do vento

Bússola Auxiliou na definição da direção do vento

Decibelímetro Aparelho usado na medição dos níveis sonoros do ambiente.

Contador Utilizado para auxiliar a contagem de veículos nas vias.

Termo-higrômetro Instrumento utilizado para medir a umidade relativa e temperatura do ar.

77


Análise de iluminação Para analisar a iluminação interna dos ambientes da companhia optou-se pelo uso dos Softwares Dialux20 e Ecotect21. Foram realizadas simulações de iluminação natural e de iluminação artificial, nos dias de solstício de verão, solstício de inverno e equinócio. Como resultado foram geradas imagens qualitativas e quantitativas dos ambientes iluminados, e os resultados foram comparados aos níveis de iluminância de interiores apresentados pela NBR541322.

É importante ressaltar que o projeto de iluminação artificial utilizado nas simulações considera somente a iluminação geral dos ambientes, não incluindo luminárias de mesa, de chão, spots ou luminárias decorativas que podem também complementar a iluminação dos cômodos em situações específicas Os pontos de iluminação foram agrupados em circuitos que permitem que as luminárias sejam acesas de acordo com a necessidade, evitando desperdícios de energia.

Níveis de iluminância nos ambientes da companhia Estão expostos abaixo os níveis e de iluminância interna nos ambientes da companhia para o solstício de inverno, por ser a data simulada que apresentou resultados menos favoráveis.

Ambiente Recepção Sala de Reuniões Direção Superintendência Almoxarifado Sala dos Ensaiadores Recursos Humanos Administração Áudio Visual Produção e Comunicação Confecção de Figurinos Depósito de Figurinos Copa Convivência Depósito de Ensaio Depósito Sala de Ensaio 1 Sala de Alongamento Fisioterapia 1 Fisioterapia 2 Sala de Ensaio 2

78

Tipo de brise sem brise sem brise móvel móvel móvel móvel móvel móvel móvel móvel e fixo sem brise sem brise jardim vertical móvel móvel móvel móvel e fixo móvel móvel móvel móvel e fixo

NBR5413 150 200 500 500 200 500 500 500 500 500 500 150 150 100 150 150 300 200 200 200 300

Nível de iluminância (lux) Simulações - Dialux Iluminação natural Iluminação artificial solstício de inverno 200 1000 300 250 600 500 600 500 300 300 510 600 600 600 600 500 500 500 500 500 515 1000 200 300 200 1200 200 500 200 300 250 300 300 1000 300 300 200 500 200 300 400 500

20 - http://www.dial.de/ DIAL/en/dialux/download. html 21 - http://usa.autodesk. com/ecotect-analysis/ 22 - NBR5413 - Iluminância de interiores


Sombreamento do entorno Foi realizado um estudo de insolação para verificar o sombreamento proporcionado pelos edifícios do entorno e pelo edifício proposto. Como resultado obteve-se nove imagens que reproduzem o sombreamento nos dias de solstícios e equinócio, em três momentos do dia. Solstício de verão

Equinócio

Solstício de inverno

08:00

12:00

17:00

08:00

12:00

17:00

08:00

12:00

17:00

79


Proteção solar Durante todo o processo houve uma constante preocupação com a proteção solar nas aberturas do edifício. Dessa forma, foram projetados brises horizontais, móveis e fixos, nos ambientes onde a insolação direta não é desejada. Os ambientes em que os usuários permanecem por curtos períodos de tempo, como os sanitários e a recepção, não receberam proteção contra a radiação solar direta; já os escritórios e salas de ensaio precisaram ter suas janelas protegidas, dessa forma, foram adicionados brises horizontais onde foi necessário.

Os brises horizontais fixos foram aplicados nas grandes aberturas do edifício, onde a incidência direta de radiação solar afetava negativamente o desempenho térmico e luminoso do espaço. Os brises móveis estão presentes nas menores aberturas e podem ser deslizados para cima ou para baixo, de maneira que é possível deixar as aberturas completamente desprotegidas quando desejado.

Detalhamento dos brises Vista frontal - demonstração do movimento dos brises janelas desprotegidas

janelas protegidas

Brise móvel

Brise fixo

60

10

30° ° 50

Escala 1:20

80

Escala 1:20


Análise Térmica Para realizar a análise do desempenho térmico do edifício foi utilizado o método de cálculo francês do CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) e estes cálculos foram aplicados ao método do Modelo Adaptativo (ASHRAE 55 -2013) para avaliar o conforto nos ambientes.

CSTB É um método de análise de desempenho bastante utilizado pois faz uso de dados climáticos disponíveis e aborda as características dos materiais utilizados na construção do edifício. Em seus cálculos, se realiza um balanço térmico sobre os supostos ganhos e perdas de calor que ocorrem no cômodo que será analisado. Para realizar os cálculos leva-se somente em consideração a parte da envoltória que está em contato com o exterior, já que se considera que o edifício se encontra em equilíbrio e, portanto, não há trocas térmicas entre seus ambientes23. Os cálculos de análise incluem os seguintes passos:

1 - Levantamento de dados climáticos do local Considera as temperaturas mensais do local. 2 - Cálculo do Coeficiente Global de Transmissão térmica (K) Variáveis: espessura(e) e coeficiente de condutibilidade térmica (λ) de cada camada de cada material. 3 - Cálculo dos ganhos de calor solar Variáveis: orientação da envoltória e sua área. 4 - Ganhos de calor gerados internamente Variáveis: quantidade de equipamentos, lâmpadas, usuários e a atividade que exercem. 5 - Perdas de calor devido à diferença de temperatura Variáveis: área e o K calculado para as paredes externas do ambiente. 6 - Perdas de calor devido à ventilação:

7 - Balanço térmico Iguala os ganhos e as perdas térmicas para se verificar a diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo (Δt) e a elongação (E). 8 - Cálculo da temperatura externa média (Temed) Varia de acordo com as temperaturas do local 9 - Avaliação da inércia térmica (m) É alterada de acordo com a densidade do material construtivo do ambiente e a resistência térmica de seus revestimentos. 10 - Cálculo da temperatura interna resultante (Ti) É definida pelos valores de Temed, E, Δt e m. 11 - Verificação do conforto térmico A temperatura interna resultante e a temperatura média mensal externa são aplicadas no Modelo Adaptativo para verificar o conforto térmico do ambiente.

a. Ventilação por efeito chaminé Variáveis: diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo (Δt), o volume do ambiente e a taxa de renovação do ar no local (N). b. Ventilação por ação dos ventos -Variáveis: o tamanho e posição das aberturas e a velocidade do ar. 23 - FROTA, 2003

81


Modelo adaptativo O princípio do modelo adaptativo considera que a temperatura interna dos edifícios deva variar de acordo com a externa, já que os usuários têm diferentes expectativas nas diferentes estações do ano Uma das normas que reconhece essa variação de temperatura interna é a ASHRAE 55 -201324. Esta norma contém um gráfico para auxiliar a realização de verificações de conforto a partir da temperatura média mensal e da temperatura interna resultante em um ambiente. Estas variáveis, aplicadas no gráfico, revelam a porcentagem de usuários que estariam confortáveis no interior do cômodo. Este modelo também considera a relação direta que os usuários têm com o ambiente, como por exemplo a capacidade destes de se adaptar ao ambiente para diminuir seu desconforto, como abrir ou fechar uma janela, ligar ou desligar um ventilador. Este princípio restaura a ventilação natural no interior dos ambientes, o que propicia ambientes agradáveis e prazerosos de se ocupar.

Resultados das análises de desempenho térmico dos ambientes da companhia Verão

82

Ambientes

Ventilação

Recepção Sala de Reunião Direção Recursos Humanos Superintendência Sala dos Ensaiadores Administração Áudio Visual Produção e Comunicação Confecção de Figurinos Copa Convivência Sala de Ensaio 1 Fisioterapia 1 Fisioterapia 2 Sala de Alongamento Sala de Ensaio 2

efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé ação dos ventos efeito chaminé ação dos ventos efeito chaminé ação dos ventos efeito chaminé efeito chaminé efeito chaminé ação dos ventos

Temed25(°C)

Ti 26 (°C)

22,68

26,18 26,88 26,48 26,97 26,48 27,1 27,2 26,56 26,81 26,15 27,31 26,18 26,22 26,31 27,4 26,28 25,83

Inverno Usuários em Temed (°C) Conforto (%) 90 90 90 90 90 80 80 90 90 16,42 90 80 90 90 90 80 90 90

Ti (°C) 19,79 20,71 19,98 20,59 20 50,50 20,82 20,37 20,85 22,91 20,58 22,27 21,45 19,56 19,73 19,85 21,25

Usuários em Conforto (%) 80 90 80 90 80 90 90 90 90 90 90 80 90 80 80 80 90

24 - ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers). Handbook of fundamentals. Atlanta, ASHRAE, 2013 25 - Temed = Temperatura média externa 26 - Ti = Temperatura interna


Análise Acústica A análise acústica dos ambientes foi executada com base nos dados de fluxo de veículos medidos em campo. Assim, foi possível estimar os níveis de ruído que atingem as fachadas do edifício (Le), através da Equação de Josse27: Le = 52 + 10 log (Q/d) + cv + c% + ci Após determinar o nível de ruído na fachada calculou-se o nível de ruído interno do ambiente (Li) e o tempo de reverberação, sempre considerando as janelas dos ambientes abertas. Os dados resultantes dos cálculos foram comparados às informações fornecidas pelas normas NBR – 1015228 e NBR1217929. Os cálculos, que não se enquadraram nos parâmetros das normas, indicaram que em certos ambientes os materiais e aberturas precisavam ser revisados, o que também influenciou diretamente os cálculos de análise térmica.

Sendo assim, os cálculos de acústica e de térmica caminharam lado a lado em todo o processo de análise, por estarem diretamente relacionados, até que um resultado que se adequasse às duas análises fosse obtido. É importante ressaltar que os pavimentos do edifício que são voltados para a prática da dança estão distanciados do pavimento de escritórios e isto impede que o ruído interno produzido no interior das salas de ensaio atrapalhe as atividades exercidas nos escritórios.

Nível de ruído interno e tempo de reverberação nos ambientes

27 - JOSSE, R. La acústica en la construcción, Ed. Gustavo Gili, Barcelona, 1975

28 - NBR10152 - Níveis de ruído para Conforto Acústico

29 - NBR12179: Tratamento acústico em recintos fechados

Ambiente

Le dB(A)

Sala de Reunião Direção Recursos Humanos Superintendência Sala dos Ensaiadores Administração Áudio Visual Produção e Comunicação Confecção de Figurinos Copa Convivência Sala de Ensaio 1 Fisioterapia 1 Fisioterapia 2 Sala de Alongamento Sala de Ensaio 2

53 57,8 58,9 57,8 58,5 54,3 53,7 53,7 59 59,7 58,3 53,7 58,3 58,9 54,3 59,3

Li dB(A) - de acordo Tempo de reverberação Tempo de reverberação Li dB(A) com a NBR 10152 ótimo a 500Hz (segundos) a 500Hz (segundos) 30-40 35-45 35-45 35-45 35-45 35-45 35-45 35-45 40-50 40-50 40-50 45-60 45-60 45-60 45-60 45-60

38 45 42 45 42 42 41 37 43 44 45 36 41 41 40 42

0,5 0,3 0,5 0,3 0,5 0,6 0,5 0,7 0,6 0,7 0,55 1 0,45 0,5 0,6 1

0,45 0,33 0,45 0,33 0,54 0,68 0,46 0,69 0,52 0,76 0,6 0,97 0,4 0,43 0,69 1,04

83


Análise Detalhada dos ambientes Todos os ambientes da SPCD passaram por análises térmica, acústica e de iluminação detalhadas. Porém, este relatório exemplificará os procedimentos realizados através de cinco ambientes da companhia. Os cinco ambientes foram selecionados de acordo com o tempo de permanência dos usuários em cada local e priorizando salas de diferentes orientações, pavimentos e usos, para que os exemplos demonstrados neste relatório abranjam a maior diversidade de casos possíveis. Os ambientes selecionados são: Sala de Reunião Recursos Humanos Produção e Comunicação Copa Sala de Ensaio 2

A análise de cada ambiente inclui: -informações detalhadas sobre sua envoltória -os dados de sua ocupação (uso, usuários e equipamentos) -níveis de ruído e de iluminância definidos por norma -análise térmica -análise acústica -simulações de iluminação natural e artificial -máscaras produzidas por obstáculos externos às aberturas

Abreviações utilizadas: Qganho = ganhos de calor Qperda = perdas de calor Δt= diferença de temperatura entre o ambiente externo e o interno m = inércia térmica N = número de renovações de ar por hora Temed = temperatura externa média Ti = Temperatura interna Conforto = porcentagem de usuários em estado de conforto Le = Nível de ruído na fachada Li = Nível de ruído no interior do ambiente

84


Localização dos ambientes analisados dentro do edifício

Sala de Ensaio 2

Copa

Recursos Humanos Sala de Reunião Produção e Comunicação

85


Sala de Reunião 39 m2 Sudeste 200 lux 30-40 dB(A) 0,5 segundos Adultos sentados 12 Computador, projetor, caixa de som + iluminação artificial

Área Orientação da abertura Nível de iluminância proposto pela NBR5413 Nível de ruído interno proposto pela NBR10152 Tempo ótimo de reverberação Uso Número de usuários Equipamentos

Materiais da envoltória30

4

7

7

11

10 9 4

30 - Segundo detalhamento apresentado na página 70

86


ANÁLISES E SIMULAÇÕES - SALA DE REUNIÃO CENÁRIO 01- Primeira simulação

CENÁRIO 02 - Resultado final

Envoltória: -bloco de cimento celular (30cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas sem proteção; -ventilação por efeito chaminé.

Envoltória: -bloco de cimento celular (15cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas protegidas por brises horizontais durante o verão; -ventilação por efeito chaminé. -placas acústicas como revestimento interno

Verão Qganho (W)

Inverno 7633,04 Qganho (W)

5127,2

Verão Qganho (W)

Inverno 5593,06 Qganho (W)

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

613,87 6,46

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

424,83 4,17

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

570,12 3,9

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 10 22,68 28,1 <80

m 0,6 3 N (m /s) 6 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,72 conforto (%) 90 53 42 - não respeita a norma

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 9 22,68 26,18 90

m 0,6 3 N (m /s) 6 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 19,79 conforto (%) 80 53 38 - respeita a norma

1,2 s - não respeita a norma

Tempo de reverberação

428,9 4,14

0,45 s - respeita a norma

Reuniao

Máscara da abertura

N

22.6

22.6

21.5

24.7

1.5

13.8

16.4

28.8

3.4

11.9

W

21.3

24.9 0 6.1

15

0 0.1

2

14

13

12

11

11

10

8.3

9

.2

7

9.

2

21

.1

2

.1 22

6

18

E

23

8

16 17

4.

22 22 .11 .1 2

Tempo de reverberação

527,8

S

87


Análise de iluminação Nível de iluminância desejado: 200 lux Solstício de Verão - 13:00 Níveis de iluminância - lux 2000

1000

Solstício de Inverno - 13:00 750

500

300

200

100

88


Equinócio - 13:00

Iluminação artificial

Planta e circuitos - Iluminação artificial

c3

c2

c1

89


Recursos Humanos 32 m2 Sudeste 500 lux 35-45 dB(A) 0,5 segundos Adulto sentado, digitando 4 4 computadores, impressora + iluminação artificial brises horizontais móveis

Área Orientação da abertura Nível de iluminância proposto pela NBR5413 Nível de ruído interno proposto pela NBR10152 Tempo ótimo de reverberação Uso Número de usuários Equipamentos Proteção solar nas aberturas

Materiais da envoltória31 3

6

7

11 7 9 4

31 - Segundo detalhamento apresentado na página 70

90


ANÁLISES E SIMULAÇÕES - SALA DE RECURSOS HUMANOS CENÁRIO 01 - Primeira simulação

CENÁRIO 02 - Resultado final

Envoltória: -bloco de cimento celular (30cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas sem proteção; -ventilação por efeito chaminé.

Envoltória: -bloco de cimento celular (15cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas protegidas por brises horizontais durante o verão; -ventilação por efeito chaminé. -placas acústicas como revestimento interno

Verão Qganho (W)

Inverno 8353,63 Qganho (W)

5868,5

Verão Qganho (W)

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

661,49 6,15

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

734,54 3,35

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 10,3 22,68 28,04 <80

5869,8

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

657,89 4,31

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

529,23 3,84

m 0,6 3 N (m /s) 7 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,39 conforto (%) 80 58,9 42 - respeita a norma

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 10,6 22,68 26,97 90

m 0,6 N (m3/s) 7 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,59 conforto (%) 90 58,9 42 - respeita a norma

1,5 s - não respeita a norma

Tempo de reverberação

0,45 s - respeita a norma

RH

Máscara da abertura

N

22.6

22.6

21.5

24.7

1.5

13.8

16.4

28.8

3.4

11.9

21.3

24.9 0

6.1

15

0 0.1

2

14

13

12

10

8.3

9

.2

7

9. 6

18

E

23

2

21

. 22

22 .1 1 2

4

11

8

16 17

.11 .1

W

.1

12

22

Tempo de reverberação

6672,8

Inverno Qganho (W)

S

91


Análise de iluminação Nível de iluminância desejado: 500 lux Solstício de Verão (sem brises)- 13:00 Níveis de iluminância - lux 2000

1000

Solstício de Verão - 13:00 750

500

Solstício de Inverno - 13:00 300

200

100

92


Equinócio - 13:00

Iluminação artificial

Planta e circuitos - Iluminação artificial

c2

c1

93


Produção e Comunicação 157 m2 Noroeste e Sudeste 500 lux 35-45 dB(A) 0,7 segundos Adulto sentado, digitando 20 15 computadores, 2 impressoras, + iluminação artificial brises horizonteias móveis e fixos

Área Orientação da abertura Nível de iluminância proposto pela NBR5413 Nível de ruído interno proposto pela NBR10152 Tempo ótimo de reverberação Uso Número de usuários Equipamentos Proteção solar nas aberturas

Materiais da envoltória32

3

10

11

7

11 8 9 4

32 - Segundo detalhamento apresentado na página 70

94


ANÁLISES E SIMULAÇÕES - PRODUÇÃO E COMUNICAÇÃO CENÁRIO 01 - Primeira simulação

CENÁRIO 02 - Resultado final

Envoltória: -bloco de cimento celular (30cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas sem proteção; -ventilação por ação dos ventos.

Envoltória: -bloco de cimento celular (15cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas protegidas por brises horizontais durante o verão; -ventilação por ação dos ventos. -placas acústicas como revestimento interno

Verão Qganho (W)

Inverno 19614,1 Qganho (W)

7428,9

Verão Qganho (W)

Inverno 10703,5 Qganho (W)

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

3626,8 6,89

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

2772,3 3

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

3107,7 3,74

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 9 22,68 28,06 < 80

m 0,6 3 N (m /s) 7 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,26 conforto (%) 80 53,74 38 - respeita a norma

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 9 22,68 26,81 90

m 0,6 3 N (m /s) 6 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,85 conforto (%) 90 53,74 37 - respeita a norma

2,15 s - não respeita a norma

Tempo de reverberação

Tempo de reverberação

Máscara da abertura Noroeste Producao e Comunicacao NO

Máscara da abertura Sudeste Producao comunica SE N

22.6

22.6

2

12

4

11

10

8.3

9

23 7

2

21

21.3

24.9

0

6.1

15

0 0.1

14

13

12

4

10

8.3

9

.2

7

9. 6

18

E

23

8

16 17

.11

11

2

21

.1

2 .1 22

.1

2 .1 22

S

W

2

9. 6

18

E

.2

8

16 17

.11 22 22 .11 .1 2

13

22 22 .11 .1 2

15

0 0.1

14

3.4

11.9

21.3

0

6.1

16.4

28.8

3.4

11.9

1.5

13.8

16.4

28.8

21.5

24.7

1.5

13.8

22.6

22.6

21.5

24.7

24.9

2785,7,1 3

0,69 s - respeita a norma

N

W

7433,3

S

95


Análise de iluminação Nível de iluminância desejado: 500 lux Solstício de Verão (sem brises)- 13:00 Níveis de iluminância - lux 2000

1000

Solstício de Verão - 13:00 750

500

Solstício de Inverno - 13:00 300

200

100

96


Equinócio - 13:00

Iluminação artificial

Planta e circuitos - Iluminação artificial

c1 c2 c3 c4 c5

97


Copa 55 m2 Noroeste e Sudoeste 150 lux 40-50 dB(A) 0,7 segundos Trabalho leve em bancada 10 2 geladeiras, 1 microondas, 1 marmiteiro, 1 cafeteira, 1 fogão, 1 exaustor

Área Orientação da abertura Nível de iluminância proposto pela NBR5413 Nível de ruído interno proposto pela NBR10152 Tempo ótimo de reverberação Uso Número de usuários Equipamentos

Materiais da envoltória33

1 7 9 6 11

11

9

4

33 - Segundo detalhamento apresentado na página 70

98


ANÁLISES E SIMULAÇÕES - COPA CENÁRIO 01 - Primeira simulação

CENÁRIO 02 - Resultado final

Envoltória: -bloco de cimento celular (30cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -ventilação por ação dos ventos.

Envoltória: -bloco de cimento celular (15cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -ventilação por ação dos ventos. -placas acústicas como revestimento interno

Verão Qganho (W)

Inverno 19837,4 Qganho (W)

10784,5

Verão Qganho (W)

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

3485,4 7,14

9830 3,9

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

m 0,6 N (m3/s) 25 Temed (°C) 22,68 Ti (°C) 28,17 conforto (%) <80 Le dB(A) Li dB(A) Tempo de reverberação

m 0,6 N (m3/s) 25 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,61 conforto (%) 90 59,76 45 - respeita a norma 1,45 s - não respeita a norma

Copada NOabertura Noroeste Máscara

13921

Inverno Qganho (W)

10645,4

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

2977,4 5

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

13430 3,8

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 25 22,68 27,31 80

m 0,6 N (m3/s) 25 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 20,58 conforto (%) 90 59,76 44 - respeita a norma

Tempo de reverberação

0,76 s - respeita a norma

Máscara Copada SOabertura Sudeste

N

N

22.6

.1 1 2

23

21.3

24.9 0

6.1

2

.1

15

.10

20

9. 21

14

13

12

8.3

9

.2

9. 6

18

E

23 7

17

11

10

8

16

4.

11

2

21

.1

2

2

.1

.1

S

W

.2

6

18

E

22

22

9

22

.1

8.3

7

17

11

10

8

16

4.

11

.1 1

12

2

13

22

15

.10

20

14

.1

0

6.1

3.4

11.9

21.3

24.9

16.4

28.8

3.4

22

W

1.5

13.8

16.4

28.8

21.5

24.7

1.5

13.8 11.9

22.6

22.6

21.5

22

22.6

24.7

S

99


Análise de iluminação Nível de iluminância desejado: 150 lux

Solstício de Verão - 13:00

Níveis de iluminância - lux 2000

1000

750

Solstício de Inverno - 13:00

500

300

200

100

100


Equinócio - 13:00

Iluminação artificial

c3

c2

c1

Planta e circuitos - Iluminação artificial

101


Sala de Ensaio 2 215 m2 Noroeste e Sudeste 300 lux 45-60 dB(A) 1 segundo Dança - esforço máximo 20 Equipamento de som, televisão, dvd brises horizonteias móveis e fixos

Área Orientação da abertura Nível de iluminância proposto pela NBR5413 Nível de ruído interno proposto pela NBR10152 Tempo ótimo de reverberação Uso Número de usuários Equipamentos Proteção solar nas aberturas

Materiais da envoltória34

5 11

6 9

11 8

1

34 - Segundo detalhamento apresentado na página 70

102


ANÁLISES E SIMULAÇÕES - SALA DE ENSAIO 02 CENÁRIO 01 - Primeira simulação

CENÁRIO 02 - Resultado final

Envoltória: -bloco de cimento celular (30cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas sem proteção; -ventilação por ação dos ventos.

Envoltória: -bloco de cimento celular (15cm) com revestimento externo em cerâmica terracota; -aberturas protegidas por brises horizontais durante o verão; -ventilação por ação dos ventos. -placas acústicas como revestimento interno

Verão Qganho (W)

Inverno 17371,4 Qganho (W)

9635,06

Verão Qganho (W)

Inverno 12589,02 Qganho (W)

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

5018,22 Qperda/ Δt (W) 1,82 Δt (°C)

6302,42 1,78

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

4712,8 1,3

Qperda/ Δt (W) Δt (°C)

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 15 22,68 26,04 90

m 0,6 3 N (m /s) 8 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 19,76 conforto (%) 80 59,30 42- respeita a norma

m N (m3/s) Temed (°C) Ti (°C) conforto (%) Le dB(A) Li dB(A)

0,6 15 22,68 °C 25,83 °C 90

m 0,6 3 N (m /s) 8 Temed (°C) 16,42 Ti (°C) 21,25 conforto (%) 90 59,30 42 - respeita a norma

1,38 s - não respeita a norma

Tempo de reverberação

Tempo de reverberação

Ensaio NO Máscara da 2abertura Noroeste

Ensaio SE Máscara da 2abertura Sudeste N

22.6

3.4

.1 1 2

23

2

21

.1

0 6.1

15

.10

14

13

12

11

10

8.3

9

.2

7

9.

6

18

E

23

8

16 17

4.

11

2

21

.1

2

2

.1

.1

22

21.3

24.9

20

9.

6

S

W

.2

7

18

E

22

22

9

22

.1

8.3

.1 1

11

10

8

16 17

4.

11

2

12

22

20

13

3.4

11.9

.1

15

.10

14

16.4

28.8

21.3

0 6.1

1.5

13.8

16.4

28.8

21.5

24.7

1.5

13.8 11.9

22.6

22.6

21.5

22

22.6

24.7

24.9

5896,62 1,47

1,04 s - respeita a norma

N

W

8122,38

S

103


Análise de iluminação Nível de iluminância desejado: 300 lux Solstício de Verão (sem brises)- 13:00 Níveis de iluminância - lux 2000

1000

Solstício de Verão - 13:00 750

500

Solstício de Inverno - 13:00 300

200

100

104


Equinócio - 13:00

Iluminação artificial

Planta e circuitos - Iluminação artificial

c1 c2 c3 c4 c5 c6

105


Aplicação dos resultados no modelo adaptativo ASHRAE 55 - 2013

32

30

Temperatura operativa interna (°C)

28

Zona

análises de verão

to ao

for scon

e

de D

o do

áxim

26

te M Limi

r

Calo

ara

to p

for Con

o

laçã

opu

aP %d

80

24

22

análises de inverno o do

ínim

20

te M Limi

18 Zona

e

de D

to ao

for scon

ara

to p

for Con

80

o

laçã

opu

aP %d

Frio

16

14 5

10

15

20

Temperatura média mensal externa (°C) Sala de Reuniões Produção e Comunicação Recursos Humanas Copa Sala de Ensaio 2

106

25

30

35


107


Ensaio da Sรฃo Paulo Companhia de Danรงa Fonte: Arquivo pessoal


CONCLUSÃO Uma das responsabilidades de um arquiteto é proporcionar o bem-estar dos usuários em um ambiente através da sua dinâmica, da sua forma e do seu desempenho. Com isso, o tema abordado para completar o ciclo da formação na FAU-USP foi estruturado com o objetivo de conciliar a criação e a transformação do espaço com as necessidades e percepções dos usuários, através de análises térmicas, acústicas, de iluminação e insolação; além das conversas com os usuários e visitas ao ambiente de estudo. Projetar um edifício e simultaneamente testar e simular o seu desempenho proporcionou um ótimo aprendizado, pois uniu a criação, tecnologia, teoria e experiência; mostrando como diferentes disciplinas da arquitetura se relacionam a todo momento, durante o projeto, e precisam coexistir para que um melhor resultado seja alcançado. Durante este processo, é bastante interessante vivenciar o papel do arquiteto e do consultor de conforto ambiental ao mesmo tempo. Compreender as problemáticas dos dois pontos de vista e precisar encontrar uma alternativa para conciliá-los é um excelente exercício e faz com que o processo todo seja visto de outra maneira, permitindo que todas as suas necessidades possam ser atendidas. Esta experiência também mostrou que o desempenho do edifício é bastante alterado por certas decisões de projeto, como a implantação e orientação do edifício, que são decisões tomadas no início do processo. Ou seja, melhores resultados são alcançados ao se realizar análises climáticas desde o início do processo criativo.

Ao longo deste trabalho, as decisões de projeto, de estrutura e de uso do edifício mantiveram diálogo constante com o movimento solar, a dinâmica da cidade, os níveis de ruído (externo e interno) e a direção do vento. O diálogo entre estes diferentes tópicos procura eliminar a necessidade de projetos posteriores à construção do edifício e que tenham como objetivo solucionar algum desconforto ocasionado pela falta de análises prévias. Nesta dinâmica, muitas vezes as alternativas de projeto foram encontradas através das estratégias climáticas e vice-versa. As soluções de projeto passaram por diversas simulações até que fosse encontrada uma que resolvesse tanto as questões de espaciais e funcionais como as de conforto ambiental. O exercício do projeto simultâneo às análises de desempenho foi indispensável para que este trabalho alcançasse os resultados desejados. Com a união destas duas vertentes da arquitetura foi possível evitar que estas gerassem resultados desvinculados ou fragmentados, oferecendo às problemáticas apresentadas uma solução única, um projeto único. As análises de desempenho e eficiência energética tem ganhado cada vez mais espaço no âmbito da arquitetura. Porém, esta área deve ser ainda mais valorizada, inclusive pelos próprios arquitetos, para que espaços cada vez mais agradáveis, acolhedores e funcionais possam ser criados.

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BIBLIOGRAFIA

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