Guaporé – Iténez

Page 1

1


2


3


“Vamos fugir Pra outro lugar (...) Qualquer outro lugar comum Outro lugar qualquer...”

4


“Guaporé, Guaporé Qualquer outro lugar ao sol Outro lugar ao sul Céu azul, céu azul” Gilberto Gil

5


Eu tenho muitos milhares de anos Sou do tamanho do mundo Sou água onde nasce a vida Dentro de mim vivem outras vidas, com seus braços repletos de vida Mansidão, corredeiras Em mim vivem aqueles de outros tempos: do passado, do presente e para o futuro Nunca estive só Vivo na companhia dos seres que estão em meu interior, debaixo das águas As minhas margens brotam cores de todas as tonalidades, com troncos, folhas, flores Há vida de todos os tamanhos e espécimes Sobre mim passeiam olhos que avistam muito longe e permitem enamorar do céu e das estrelas Falo em várias línguas, do passado e do presente Dentro de mim vivem crianças, jovens e velhos Homens e mulheres que celebram a vida Me chamo Iténez Sou o Guaporé.

H

á 15 anos navegamos pelas águas do Rio Guaporé/Iténez, em meio as suas enchentes, noites estreladas, no verão seco de suas corredeiras e do nascimento de tartarugas e voos de numerosos biguás. Em cada período e ano, nunca se repetiu a experiência em navegar no calor úmido ou debaixo das chuvas torrenciais. A cada ano o fascínio e a surpresa nunca nos deixou de surpreender. Pessoas pequeninas que se transformaram e outras que se foram. Navegar pelo Guaporé/ Iténez também se transformou numa viagem interna, emocional, de sentimentos diversos e muitos. Comemos da fartura do rio, descobrimos novos sabores, cheiros e iguarias. Sonoridades, silêncios profundos, céu estrelado. Aprendemos ao longo de todos

6

esses anos, o sentido em costurar histórias entre territórios da língua portuguesa e castelhana. Um território ibero-americano, com influências de Portugal e Espanha dos séculos passados. O Guaporé/Iténez é um rio que separa e ao mesmo tempo une dois países, Brasil e Bolívia, e se faz um território exuberante e rico. Por suas águas, muitos que vieram antes de nós, por lá estiveram. Povos originários e suas línguas que não mais faladas, mas que presentes através de costumes, cerâmicas, hábitos. Um rio que serpenteia tantas e ricas histórias daqueles que também vieram de tão longe, do continente africano e por lá impingiram sua força, dor, saberes, cores. O seu nome - Guaporé, já foi nome de terras tão extensas que proporcionou que o sertanista Marechal Rondon nos contasse de seus desafios por suas águas e nos ensinasse sobre a Amazônia, seus rios e o respeito por todos os povos.

A memória.

Essa experiência de mais de uma década não poderia ficar guardada somente em nós. Pelas lentes e sensibilidade de tantos fotógrafos que nos acompanharam, em todos esses anos de vindas e idas, fica registrada a exuberância da floresta, a força dos rios e seus afluentes, as histórias de milhares de pessoas. Os registros fotográficos, intuitivamente inspirados, pela “nau” estética e a força das imagens do Major Thomaz Reis, que em sua viagem no tempo e no espaço, nos permitiu a nos fazer sentir parte de um universo maior e mais complexo, daqueles que estamos acostumados. E foi a partir das imagens do cinema, levando uma tela grande para a floresta, que nos permitimos a sair de um lugar para o outro. Sair da comodidade de nosso olhar comum, ver e sentir um relicário de histórias e experiências do Guaporé. Convidamos você a mergulhar conosco, através de cada fotografia, num mundo cheio de novas possibilidades e sonhos. Um mergulho profundo de alma lavada e aberta.


Tengo muchos miles de años Soy del tamaño del mundo Soy agua donde nace la vida Dentro de mí vive otras vidas, con sus brazos llenos de vida. Mansedumbre, rápidos En mí viven aquellos de otros tiempos: del pasado, del presente y para el futuro. Nunca estuve sólo Vivo en compañía de los seres que están dentro de mí, debajo de las aguas. Mis márgenes brotan colores de todos los tonos, con troncos, hojas, flores. Hay vida de todos los tamaños y especímenes. Sobre mí, pasean los ojos que ven a lo largo y ancho que nos permiten enamorar el cielo y las estrellas. Hablo en muchas lenguas, del pasado y del presente. Dentro de mí viven niños, jóvenes y viejos Hombres y mujeres que celebran la vida. Me llamo Iténez Soy el Guaporé.

H

ace 15 años navegamos por las aguas del Rio Guaporé/Iténez, en medio a sus inundaciones, noches estrelladas, en el verano seco de sus rápidos y del nacimiento de tortugas y vuelos de numerosos biguás. En cada período y año, nunca se repitió la experiencia en navegar en el calor húmedo o en medio de lluvias torrenciales. A cada año lo fascinante y la sorpresa nunca nos dejó de sorprender. Personas pequeñitas que se transforman y otras que se fueron. Navegar por el Guaporé/Itènez también se transformó en un viaje interno, emocional, de diversos y mutuos sentimientos. Comemos de la abundancia del rio, descubrimos nuevos sabores, aromas e iguarias. Sonidos, silencios profundos, cielo estrellado. Aprendemos a lo largo de todos

esos años, el sentido en tejer historias entre territorios de la lengua portuguesa y castellana. Un territorio ibero-americano, con influencias de Portugal y España de los siglos pasados. El Guaporé/ Iténez es un rio que separa y al mismo tiempo une dos países, Brasil y Bolivia, y se convierte en un territorio exuberante y rico. Por sus aguas muchos de los que vinieron antes que nosotros estaban allí. Pueblos nativos y sus idiomas que ya no se hablan sino que se presentan a través de costumbres, cerámicas, hábitos. Un río que serpentea tantas historias ricas de aquellos que también han venido de tan lejos, del continente africano y de allá, ha insistido en su fuerza, dolor, saberes, colores. Su nombre: Guaporé, alguna vez fue el nombre de tierras tan extensas que le permitió al trabajador rural Marechal Rondon contarnos sus desafíos para sus aguas y enseñarnos sobre la Amazonia, sus ríos y el respeto por todos los pueblos.

El recuerdo

Esta experiencia de más de una década no podría quedar guardada solamente en nosotros. A través de los lentes y la sensibilidad de tantos fotógrafos que nos han acompañado, en todos estos años de idas y venidas, se registra la exuberancia del bosque, la fuerza de los ríos y sus afluentes, las historias de miles de personas. Los registros fotográficos, inspirados intuitivamente en el “barco” estético y el poder de las imágenes del Mayor Thomaz Reis, que en su viaje a través del tiempo y el espacio nos permitieron sentirnos parte de un universo más grande y complejo, con el que estamos acostumbrados. Y fue a partir de las imágenes del cine, llevando una gran pantalla al bosque, que nos permitimos movernos de un lugar a otro. Salir de la comodidad de nuestra mirada común, ver y sentir un relicario de las historias y experiencias del Guaporé. Te invitamos a sumergirte con nosotros a través de cada fotografía en un mundo lleno de nuevas posibilidades y sueños. Una inmersión profunda de alma limpia y abierta. 7


8


O

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem como propósito de existência a transformação da vida dos brasileiros. É com este objetivo que apoia projetos em setores fundamentais para o desenvolvimento do Brasil e melhoria da qualidade de vida da população. Para o BNDES, o apoio à cultura tem grande impacto no desenvolvimento econômico, social e, também, humano. O setor da cultura tem relevante potencial de geração de emprego e renda e de promoção da inclusão social. A democratização do acesso à cultura é fundamental para o desenvolvimento pleno da cidadania e, em sentido amplo, para a construção e a manutenção da identidade e da diversidade de tradições do Brasil. Juntamente à cultura, o BNDES percebe como vital ao desenvolvimento e à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros a promoção de reflexões e discussões de temáticas ambientais que elevem e consolidem a consciência ambiental crítica e propositiva dos cidadãos e das instituições do país. Ao apoiar um projeto que une cultura e meio ambiente, o BNDES acredita despertar no público a percepção da importância da produção cinematográfica e audiovisual nacional e a necessidade de amplas discussões sobre as questões ambientais. É com orgulho que o BNDES patrocina um evento em sintonia com a sua atuação, que estimula o desenvolvimento socioeconômico regional, democratiza o acesso à cultura e promove os valores ambientais. Saiba mais sobre a atuação do BNDES nas áreas da cultura e do meio ambiente em www.bndes.gov.br

E

l Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES) obedece su existencia a la transformación de vidas de los brasileños. Con este objetivo apoya proyectos en sectores estratégicos para el desarrollo de Brasil y la mejoría de la calidad de vida de la población. Para el BNDES, el apoyo a la cultura tiene un gran impacto en el desarrollo económico, social y también humano. El sector cultural tiene un potencial relevante para la generación de empleo e ingresos, así como promover la inclusión social. La democratización del acceso a la cultura es fundamental para el pleno desarrollo de la ciudadanía y, en sentido amplio para la construcción y el mantenimiento de la identidad y la diversidad de tradiciones de Brasil. Junto a la cultura, el BNDES percibe como vital para el desarrollo y mejoría de la calidad de vida de los brasileños, la promoción de reflexiones y discusiones de temas ambientales que promuevan y consoliden la consciencia ambiental crítica y decidida de los ciudadanos e instituciones del país. Al apoyar un proyecto que une la cultura y el medio ambiente, el BNDES cree despertar en el público la percepción de la importancia de la producción cinematográfica y audiovisual nacional y la necesidad de amplias discusiones sobre los temas ambientales. Es con orgullo que el BNDES auspicia un evento en sintonía con su actuación, que estimula el desarrollo socioeconómico regional, democratiza el acceso a la cultura y promueve los valores ambientales. Conozca más sobre la actuación del BNDES en las áreas de la cultura y del medio ambiente en www. bndes.gov.br

9


10


APOIO CULTURAL

11


12


Guaporé Iténez

A

palavra Guaporé tem origem Tupi, provavelmente derivada de “Uaraporé” ou “Guaraporé”, existente em antigas crônicas de exploradores da região e que remete à ideia de “uma nação” que vivia em suas margens. Iténez, como o rio é chamado pelos bolivianos, deriva do vocábulo “Ite”, que significa “Pai” na língua Moré. O Guaporé nasce na Serra dos Parecis, em Mato Grosso, e em seu percurso de 1.716 Km corre primeiro para o Sul, a seguir para Oeste e, depois de Vila Bela da Santíssima Trindade, toma a direção Norte-Oeste. A partir da confluência com o afluente Alegre, passa a ser navegável por cerca de 1.500 Km, até o encontro com o Rio Mamoré, que permanece com este nome até receber as águas do Beni, também oriundo dos Andes, quando passa a se chamar Madeira. Por 962 Km, a partir da foz do Rio Verde, ao norte de Vila Bela da Santíssima Trindade, até o encontro com o Mamoré, se estende a fronteira hídrica com a Bolívia. Levi Strauss afirma que o Guaporé-Iténez não forma o eixo de uma cultura homogênea, e sim uma fronteira: da margem esquerda até os Andes, a área cultural mojo-chiquitana, e na margem direita as culturas amazônicas. Em movimentos de fluxo e refluxo, o Guaporé foi sistematicamente pilhado e disputado por portugueses e espanhóis ao longo do Século XVIII, abandonado por décadas e reocupado no primeiro (1877-1914) e segundo (1942-1945) ciclos da borracha, esquecido novamente e reocupado nos anos 1960/1970 pelas políticas de ocupação da Amazônia, e nos últimos anos, pela chegada voraz da expansão da fronteira agropecuária, mineral e madeireira. O isolamento do Guaporé também serviu para que as comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas ao longo de seu curso pudessem desenvolver modos de vida próprios, em perfeita comunhão com a natureza.

L

a palabra Guaporè tiene origen Tupi, probablemente derivada del “Uaraporé” o “Guaraporé”, existentes en antiguas crónicas de exploradores de la región y que remiten a la idea de “una nación” que vivía en sus orillas. Iténez, como lo llaman los bolivianos al río, deriva de la palabra “Ite”, que significa “padre” en el idioma Moré. El Guaporé nace en la Serra dos Parecis, en Mato Grosso, y en su curso de 1716 km corre primero hacia el sur, luego hacia el oeste y después de Vila Bela da Santíssima Trindade, va hacia el noroeste. Desde la confluencia con el afluente Alegre, pasa a ser navegable por unos 1500 km, hasta el encuentro con el río Mamoré, que permanece con este nombre hasta recibir las aguas del Beni, también oriundo de los Andes, cuando se llama Madeira. Durante 962 km, desde la desembocadura del Rio Verde, al norte de Vila Bela da Santíssima Trindade, hasta el encuentro con Mamoré, se extiende la frontera hídrica con Bolivia. Levi Strauss afirma que Guaporé-Iténez no forma el eje de una cultura homogénea, sino una frontera: desde la margen izquierda hasta los Andes, el área cultural Mojo-Chiquitana y, en la margen derecha, las culturas amazónicas. En los movimientos de flujo y reflujo, el Guaporé fue sistemáticamente saqueado y disputado por portugueses y españoles durante el siglo XVIII, abandonado por décadas y reocupado en el primer (1877-1914) y segundo (1942-1945) ciclos del caucho, olvidado nuevamente y reocupado en los años 1960/1970 por las políticas de ocupación de la Amazonía, en los últimos años, por la voraz llegada de la expansión de la frontera agropecuaria, mineral e maderera. El aislamiento del Guaporé sirvió también para que las comunidades quilombolas, indígenas y ribereñas a lo largo de su curso pudiesen desarrollar sus propios modos de vida, en perfecta comunión con la naturaleza.

13


14


15


16


17


18


IR Y VENIR - BRASIL - BOLIVIA

“N

“E

José Gonçalves da Fonseca. Viagem ao redor do Brasil (1875-1878).

José Gonçalves da Fonseca. Viagem ao redor do Brasil (1875-1878).

o ano de 1741 um corpo de 50 homens, no qual se incluíam 15 brancos portugueses e paulistas, constituindo seu diretor ou cabo a Antônio de Almeida e Moraes, encaminharam a sua premeditada ação pelo rio Guaporé abaixo; e estes foram os primeiros que se animaram a romper o segredo, em que jazia a sua navegação para aqueles moradores... A poucas jornadas acharam a oposição do gentio chamado Guaraiutá, de espírito tão guerreiro, que com desprezo da invasão em que se viam surpreendidos por aqueles sertanistas, chegaram a atacar-lhes: em cuja ação empenhadas todas as forças dos coligados desbarataram aquela nação aprisionando como despojo de guerra aos bárbaros.”

n 1741 un grupo de 50 hombres, entre ellos estaban 15 blancos portugueses y paulistas, constituyendo como su director o interlocutor a Antonio de Almeida y Moraes, encaminaron su acción premeditada por' el río Guaporé; y estos fueron los primeros que se animaron a romper el secreto, en el que se basaba su navegación para aquellos moradores…. A los pocos días se encontraron con la oposición de un grupo con espíritu tan guerrero llamado Guaraiutá, que con desprecio por la invasión en la que se vieron sorprendidos por aquellos hombres del bosque, llegaron a atacarles: en cuya acción todas las fuerzas empeñadas desbarataron aquella nación encarcelándolos como botín de guerra con los barbaros.”

19


20


21


22


23


24


25


26


27


28


29


30


31


32


33


34


35


36


37


38


39


40


ANIMALES - NATURALEZA “Meu primo e senhor.

“Mi primo y señor.

Quanta terra, e quanta água tenho passado depois que vos escrevi!

¡Cuánta tierra y cuánta agua he pasado después de escribirte!

Rios tão caudalosos, matos tão espessos, e campos tão dilatados, que fazem admiração principalmente a quem vem de uma terra tão apertada, como o Reino. (...)

Ríos tan caudalosos, espesos bosques y amplios campos, que causan admiración, principalmente a aquellos que vienen de una tierra tan apretada, como el Reino. (…)

Nada desta beleza, nada desse meio, nenhuma cachoeira será impossível de se desembaraçar, tudo é factível de ser vencível.

Nada de esta belleza, nada de ese medio, ninguna cascada será imposible de desenredar, todo es posible de ser vencido.

Ela, a Natureza, está aí, para ser disposta pelo homem por aquele que a souber controlar, aos poucos estaremos compreendendo tudo sobre ela”.

Ella, la Naturaleza, está ahí, para ser dispuesta por el hombre por aquel que la sepa controlar, poco a poco estaremos comprendiendo todo sobre ella”.

Trecho da carta de D. Antônio Rolim de Moura, Conde de Azambuja, Governador da Capitania de Mato Grosso e Vice-Rei do Estado do Brasil a seu primo o Conde de Vale dos Reis, 1751.

Trecho de la carta de D. Antônio Rolim de Moura, Conde de Azambuja, Governador de la Capitania de Mato Grosso y Vice-Rei del Estado de Brasil a su primo el Conde de Vale dos Reis, 1751.

41


42


43


44


45


46


47


48


49


50


51


52


VIDA COTIDIANA

O

Guaporé-Iténez é um imenso mosaico de mitos, histórias e utopias, um espaço geográfico diferenciado de valorização das identidades e diversidades, formando uma imensa Bacia Cultural, que, como uma artéria, recebe os fluxos de bens simbólicos e os expandem pelo vale, irrigando e alimentando a diversidade criativa. O Guaporé-Iténez possui bela e rica paisagem natural e arqueológica e um diversificado patrimônio material e imaterial. Reduto mítico de povos, sede de irmandades e de resistência negra, santuário de romarias que buscam a proximidade com o sagrado, constante como a seiva que alimenta a todos e se sedimenta em seu território, criando um verdadeiro caldeirão de etnias, sotaques, ritmos, cores, sons, sabores... Desta mistura, surge um tempo simbólico, retroalimentado no espaço e que ao longo da bacia sedimenta uma cultura própria, “multi” e “inter” diversificada, tornando o Guaporé-Iténez uma zona de refúgio e confluência, fluxo de povos e difusão de culturas, onde se operam fantásticas alquimias, que acolhe com generosidade, ampara por igual, protege pelo sagrado, une pelo profano, fazendo com que o viajante se sinta em casa.

E

l Guaporé-Iténez es un enorme mosaico de mitos, historias y utopías, un espacio geográfico diferenciado para la apreciación de las identidades y las diversidades, formando una enorme Cuenca Cultural, que, como una arteria, recibe los flujos de bienes simbólicos y los expande a través de valle, irrigando y nutriendo la diversidad creativa. El Guaporé-Iténez tiene un hermoso y rico paisaje natural y arqueológico, además un diversificado patrimonio material e inmaterial. Fortaleza mítica de los pueblos, sed de hermandades y resistencia negra, santuario de peregrinaciones que buscan la proximidad a lo sagrado, constante como la savia que alimenta a todos y se instala en su territorio, creando un verdadero crisol de etnias, acentos, ritmos, colores, sonidos, sabores… De esta mezcla surge un tiempo simbólico, retroalimentado en el espacio y que a lo largo de los sedimentos de la cuenca se desarrolla una cultura propia, “multi” e “inter” diversificada, lo que convierte al Guaporé-Iténez en una zona de refugio y confluencia, flujo de pueblos y difusión de culturas, donde opera la alquimia fantástica, que acoge con generosidad, protege por igual lo sagrado, une lo profano, haciendo que el viajante se sienta en casa.

53


54


55


56


57


58


59


60


61


62


63


64


65


66


67


68


69


70


71


72


73


74


INDIGENAS “Haviam dois irmãos, Beju e Nambô, que moravam dentro de um buraco de pedra.

“Habían dos hermanos, Beju e Nambô, que vivían dentro de un agujero hueco de piedra.

Queriam sair, mas não sabiam como.

Querían salir, pero no sabían cómo.

Nambô preparou tabaco para fumar e fazer o buraco abrir.

Nambô preparó tabaco para fumar y abrir el agujero

Após fumar, o buraco se abriu e começou a sair gente: os Mutum, os Sabiá, os Saúva e todos os outros.

Después de fumar, el agujero se abrió y comenzó a salir gente: los Mutum, los Sabiá, los Saúva y todos los demás.

Cada um levava nas mãos o animal que era o seu nome.

Cada uno sostenía en las manos el animal que era su nombre.

Alguns saíram com Iamparinas de breu de jatobá; outros com panelas de barro.

Algunos salieron con sus lámparas de carbón de jatobá; otros con ollas de barro.

Depois de saírem todos os Makurap, começaram a sair os Jabuti, Tupari, Aruá... por fim saíram os brancos.

Después que salieron todos los Makurap, comenzaron a salir los Jabuti, Tupari, Aruá… por fin salieron los blancos.

Saíram com armas de fogo, atirando.

Salieron disparando con armas de fuego.

Por isso os Jabuti, os Makurap, os Kanoês e todos ficaram com medo, correram para o mato e ficaram bravos”.

Por eso que los Jabuti, los Makurap, los Kanoés y todos se asustaron, corrieron hacia el b8osque y se enojaron”.

Mito Makurap da origem dos povos

Mito Makurap: origen de los pueblos

75


76


77


78


79


80


81


82


83


84


85


86


87


88


89


90


VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

I

nstalada em 19 de março de 1752 com o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade, a cidade foi a primeira capital de Mato Grosso e conheceu o seu apogeu enquanto permaneceu como importante posto militar e ponto inicial da navegação pelo Guaporé. De Vila Bela, partiam as Monções do Norte, carregadas de escravos, ouro e mantimentos, escoados pelo Guaporé-Iténez, Mamoré e Madeira para o porto de Belém, pelo Rio Amazonas. Com a escassez das minas do Brasil Central e a mudança da capital para Cuiabá em 1835, Vila Bela perde importância, sendo então abandonada pela corte, deixando casas e escravos para trás. A Dança do Congo une resistência, tradição, demonstração de fé e religiosidade. Em Vila Bela da Santíssima Trindade, Reis e Embaixadores travam uma luta em que dois reinados africanos disputam o poder e representa a resistência dos negros. As flores nas roupas reverenciam São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Na dança do Congo, os homens tocam os instrumentos e as mulheres representam as rainhas. Os personagens do reinado são o Rei, o Príncipe e o Secretário de Guerra; do reino adversário aparecem o Embaixador e soldados. A nobreza usa mantos, coroas e bastões coloridos e ornamentados com flores como instrumentos.

I

nstalada el 19 de marzo de 1752 bajo el nombre de Vila Bela da Santíssima Trindade, la ciudad fue la primera capital de Mato Grosso y conoció su apogeo mientras permaneció como importante puesto Militar y punto inicial de la navegación por el Guaporé. Desde Vila Bela las expediciones pluvias del norte, cargados de esclavos, oro y víveres, partiendo desde el Guaporè-Iténez, Mamoré y Madeira hasta el puerto de Belém en el Rio Amazonas. Con la escasez de minas en el centro de Brasil y la reubicación de la capital para Cuiabá en 1835, Vila Bela pierde importancia y luego es abandonada por el tribunal, dejando atrás casas y esclavos. La Danza del Congo junta resistencia, tradición, demostración de fe y religiosidad. En Vila Bela da Santíssima Trindade, Reyes y embajadores libran una lucha en la que dos reinos africanos compiten por el poder y representan la resistencia de los negros. Las flores en las ropas veneran San Benedito y Nuestra Señora del Rosario. En la danza del Congo, los hombres tocan los instrumentos y las mujeres representan a las reinas. Los personajes del reinado son el Rey, el Príncipe y el Secretario de Guerra; del reinado adversario aparecen el Embajador y soldados. La nobleza usa sus mantos, coronas y bastones coloridos e decorados con flores de colores como instrumentos.

91


92


93


94


95


96


97


98


FIESTA DEL DIVINO ESPÍRITU SANTO A Carité traz os romeiros e com eles a devoção, com a fé movendo as remadas... “Lá de baixo vem canoa / Lá do rio Guaporé / Vem perguntando quem é o proeiro, ai, ai, ai, ai / Proeiro da Carité...” A cadencia das remadas dá três voltas, simbolizando a presença do Divino na terra, no ar e na água, enquanto os fiéis aguardam, de joelhos, dentro do rio, agradecendo as graças recebidas... “Deus lhe salve casa santa / Onde Deus seja morada / Entre pias e água benta / E a hóstia consagrada...” Os movimentos com o remo são ritmados e o anúncio da chegada são os tiros de ronqueira, respondidos com fogos e cantos pelos fiéis... “...Cheguei morador / Cheguei, cheguei / Nos passos que não mereço / Cheguei, morador...” A secular romaria fluvial visita as comunidades do Guaporé-Iténez durante 45 dias para renovar a fé e manter a chama da esperança... “Divino Espírito Santo / Mensageiro da nossa fé / É a maior tradição / Do Vale do Guaporé...” Recebidos com emoção, o Batelão traz a Bandeira, o Cetro e a Coroa do Divino, e são recebidos pelo Imperador e a Imperatriz da festa com louvor... “Viva o nosso Imperador / Viva a nossa Imperatriz / Viva os anos que deseja / A graça do Senhor Divino Espírito Santo...” Do porto, a procissão segue para a igreja com os símbolos do Divino entoando... “A nós descei Divina luz / Em nossas almas ascendei / O Amor, O Amor de Jesus / Sem Vós Espírito Divino / Que poderemos nós fazer / Depois de um triste desatino...” Após três dias de festa e louvor, a procissão do Mastro percorre a noite, com os devotos carregando o símbolo de 22 metros acima dos ombros e as muitas mãos soerguem a Bandeira do Divino na ponta do mastro apontando para o céu... “Naquela nuvem dourada / Desceu Deus Nosso Senhor / Ele subindo nos mandou / Seu espírito consolador...”

Carité trae a los peregrinos y con ellos su devoción, con fe moviendo las paletas de los remos… “Desde abajo viene una canoa / Del rio Guaporé / viene preguntando quien es el jefe de la tripulación, ay, ay, ay, / Jefe de la tripulación del Carité...” La cadencia de los remos gira tres vueltas, simbolizando la presencia de lo divino en la tierra, en el aire y en el agua, mientras los fieles esperan de rodillas en el río, agradeciendo las gracias recibidas... “Dios le salve casa santa / Donde Dios está habitando / Entre sumideros y agua bendita / y la hostia consagrada...” Los movimientos con el remo son rítmicos y el anuncio de la llegada son los disparos de ronqueria, respondidos con fuegos artificiales y con fuegos artificiales y cánticos por los fieles... “...Llegué morador / Llegué, llegué / En los pasos que no merezco / Llegué, morador...” La peregrinación secular de rio visita las comunidades del Guaporé-Iténez durante 45 dias para renovar la fe y mantener la llama de la esperanza... “ Divino Espíritu Santo / Mensajero de nuestra fe / Es la mayor tradición / Del Valle del Guaporé...” Recibidos con emoción, la embarcación trae la bandera, el Cetro y la Corona del Divino, y son recibidos por el Emperador y la Emperatriz de la fiesta con elogios... “Viva nuestro Emperador / Viva nuestra Emperatriz / Viva los años que desea / La gracia del Señor Divino Espíritu Santo...” Desde el puerto, la procesión va a la iglesia con los símbolos del Divino entonando... “A nosotros desciende la luz Divina / En nuestras almas encendí / El amor, El Amor de Jesús / Sin el Espíritu Divino / Qué podremos hacer / Después de un triste desatino...” Después de tres días de celebración y alabanza, la procesión del mástil atraviesa la noche, con los devotos llevando el símbolo de 22 metros sobre sus hombros y muchas manos levantando la Bandera del Divino en la punta del mástil apuntando para el cielo... “En aquella nube dorada / Dios ha descendido Nuestro Señor / Él subiendo nos mandó / Su espíritu consolador...” 99


100


101


102


103


104


105


106


107


108


109


110


111


112


113


114


115


116


117


118


119


120


121


122


123


124


REAL FORTALEZA PRÍNCIPE DA BEIRA

D

urante muito tempo, o Guaporé-Iténez teve a ocupação identificada com a defesa e a posse dos territórios entre Portugal e Espanha, e no Tratado de Madri, de 1750, que definia a fronteira entre os reinos, era claro o termo “uti possidetis, ita possideatis”, ou seja, “Quem possuir de fato, deve possuir de direito”. Em 1760, Rolim de Moura funda o Fortim Nossa Senhora da Conceição, que, em 1769, passa a se chamar Forte de Bragança, sendo completamente destruído por uma enchente em 1771. Em junho de 1776 tem início as obras do Real Forte Príncipe da Beira, a maior fortificação militar da Coroa Portuguesa fora da Europa. O projeto era impressionante: sobre um gigante bloco de itabirito, um quadrado de 120 metros, com quatro baluartes nos cantos consagrados à Nossa Senhora da Conceição, Santa Bárbara, Santo Antônio de Pádua e São José Avelino e 14 canhões montados em suas muralhas. Ao seu redor, um profundo fosso e o acesso realizado através de uma ponte levadiça. No interior, 14 residências, capela, armazém, depósito, alojamento para soldados, prisão e, no centro, um poço para captar água. Gigante, atraiu para a região uma legião de operários - escravos e indígenas, comerciantes, aventureiros e militares e a sua agonia coincide com o triste fim do Guaporé lusitano. Sem as funções de defesa para o qual foi construído, o Príncipe da Beira se transforma em presídio, e gravados nas paredes do calabouço estão os versos do infeliz Pacheco à sua amada “...pois aqui encarcerado / estou bem crente na sina / que hei de sempre te amar, Firmina”. Com a República, sem serventia, é abandonado em 1895, saqueado e tomado pela floresta. Somente em 1937, quando Rondon insiste em retornar a importância do forte para a história e a obra é tombada como patrimônio arquitetônico e histórico brasileiro.

D

urante mucho tempo, el Guaporé-Iténez tuvo su ocupación identificada con la defensa y posesión de los territorios entre Portugal y España, y en el tratado de Madrid de 1750, que definía la frontera entre los reinos, era claro el término “uti possidetis ita possideatis”, o sea, “Quien realmente posee debe poseer por derecho” En 1760, Rolim de Moura funda la fortaleza Nuestra Señora de la Concepción, que en 1760 pasó a llamarse Fortaleza de Bragança y fue completamente destruido por una inundación en 1711 En junio de 1776 comenzaron las obras de la fortaleza Real Príncipe da Beira, la fortificación militar más grande de la Corona portuguesa fuera de Europa. El proyecto fue impresionante: en un bloque gigante de Itabirito, un cuadrado de 120 metros, con cuatro bastiones en las esquinas dedicadas a Nuestra Señora de la Concepción, Santa Bárbara, Santo Antonio de Padua y San José Avelino y 14 cañones instalados en las paredes de sus muros. Al rededor, un foso profundo y el acceso realizado a través de un puente levadizo. En el interior, 14 residencias, capillas, almacén, depósitos, alojamiento para soldados, prisión y en el centro, un pozo para sacar agua. El Gigante, ha atraído a una legión de trabajadores a la región: esclavos e indígenas, comerciantes, aventureros y militares, y su agonía coincide con el triste final del Guaporé lusitano. Sin las funciones de defensa para lo que fue construido, el Príncipe da Beira se transforma en una prisión, y en las paredes del calabozo están grabados los versos del infeliz Pacheco para su amada. “...pues aquí encarcelado / estoy bien crédulo en el destino / que he de amarte siempre, Firmina”. Con la República, sin utilidad, es abandonado en 1895, saqueado y tomada por el bosque. Solo en 1937, cuando Rondon insiste en devolver la importancia de la Fortaleza para la historia y la obra es tomada como patrimonio arquitectónico e histórico brasileño.

125


126


127


128


129


130


131


132


133


134


135


136


137


138


Desta horrorosa prisão De ti me despeço brioso Tendo suportado gostoso Por ti mui dura aflição, Firmina.

“De esta horrible prisión De ti me despido orgulloso Habiendo soportado gustoso Por ti muy dura aflicción Firmina.

Embora me persiga o fado Querendo a vida tirar A Virgem me há de ajudar, Por ela serei amparado, Pois aqui encarcerado Estou bem crente na sina Que hei de sempre te amar, Firmina.”

Aunque el desino me persigue Queriendo la vida tomar La virgen me ha de ayudar, Por ella seré amparado, Pues aquí encarcelado Estoy bien crédulo en el destino Que he de amarte siempre, Firmina.”

Pacheco

Pacheco

139


140


141


142


CINEAMAZONÍA Cinema, se mima, se leva se vai, se cega, se neva, cinema, se cai, cinema, se brinca, se trinca, não vai, se afina, se anima, cinema, não cai.

El cine, se mima, se lleva, se va, se ciega, nieva, el cine, se cae, en el cine, se juega, se raja, no va, se afina, se anima, el cine, no cae.

O velho cinema segredo se diz, o sábio cinema secreto aprendiz, se vai não cai, se cai não vai, Ai cinema-luz, esperança-cinema ai.

El viejo cine secreto dice: el sabio cine, secreto aprendiz, si va no cae, si cae no va, ¡ah! cinema-luz, esperanza-cinema ahí.

Luz e esperança, mistura pura misturada, luperança, esperuz, trança dança entrançada, luz até pouca, esperança até pequena, assim se faz, se diz, assim se vê se vai cinema.

Luz y esperanza, pura mezcla mixta, luperança, esperuz, trenza danza entrenzada, hasta poca luz, hasta pequeña esperanza, así se hace, se dice, así se ve si ocurre el cine.

Se a luz cai, cinema. Se a vida cai, cinema. Mas mesmo se não cai, mesmo se não vai, também cinema. Luz. Se a esperança vai, cinema. Se o mundo vai, cinema. Aqui e agora. Em todos os lugares e sempre.

Si cae la luz, cine. Si la vida cae, cine. Pero incluso si no cae, incluso si no va, también el cine. Luz Si la esperanza se va, cine. Si el mundo se va, cine. Aquí y ahora. En todas partes y siempre.

José Luis Peixoto

José Luís Peixoto

143


144


145


146


147


148


149


150


151


152


153


154


155


156


157


158


PAYASOS Declaração do Riso da Terra Quando os deuses se encontraram E riram pela primeira vez, Eles criaram os planetas, as águas, o dia e a noite. Quando riram pela segunda vez, Criaram as plantas, os bichos e os homens. Quando gargalharam pela última vez, Eles criaram a alma Diz um papiro egípcio Palhaços do mundo uni-vos! Vivemos um momento em que a estupidez humana É nossa maior ameaça. Palhaços não transformam o mundo, quiçá a si mesmos. E nós, palhaços, tontos, bobos, bufões, que levamos a vida A mostrar toda essa estupidez, cansamos. O palhaço é a expressão da alegria, O palhaço é a expressão da vida, No que ela tem de instigante, sensível, humana. Alegria que o palhaço realiza a cada momento de sua ação, Contribuindo para estancar, por um momento que seja, A dor no planeta Terra. O palhaço é a única criatura no mundo que ri de sua própria derrota E ao agir assim estanca o curso da violência. Os palhaços ampliam o Riso da Terra. Por esse motivo, nós, palhaços do mundo, não podemos deixar De dizer aos homens e mulheres do nosso tempo, de qualquer credo, De qualquer país: cultivemos o riso. Cultivemos o riso contra as armas que destroem a vida. O riso que resiste ao ódio, a fome e às injustiças do mundo. Cultivemos o riso. Mas não um riso que discrimine o outro pela sua cor, Religião, etnia, gostos e costumes. Cultivemos o riso para celebrar as nossas diferenças. Um riso que seja como a própria vida: múltiplo, diverso, generoso. Enquanto rirmos estaremos em paz CARTA DA PARAÍBA - João Pessoa, 2 de dezembro de 2001 159


160


Declaración de risa de la tierra Cuando los dioses se encontraron Y se rieron por primera vez, Ellos crearon los planetas, las aguas, el día y la noche. Cuando se rieron por segunda vez, Crearon las plantas, los animales y los hombres. Cuando dieron carcajadas por última vez, Crearon el alma Dice un papiro egipcio ¡Payasos del mundo uníos! Vivimos en una época en que la estupidez humana. Es nuestra mayor amenaza. Los payasos no cambian el mundo, tal vez así mismos. Y nosotros, payasos, tontos, bobos, bufones, que vivimos la vida. Mostrando toda esa estupidez, nos cansamos. El payaso es la expresión de la alegría. El payaso es la expresión de la vida. Lo que tiene de instigador, sensible, humano. Alegría que el payaso hace en cada momento de su acción, Contribuyendo para detener, por un momento, El dolor en el planeta Tierra. El payaso es la única criatura en el mundo que se ríe de su propia derrota. Y al hacerlo así, detiene el curso de la violencia. Los payasos amplifican la risa de la tierra. Por esta razón, nosotros los payasos del mundo, no podemos dejar De decir a los hombres y mujeres de nuestro tiempo, de cualquier credo, De cualquier país: cultivemos la risa. Cultivemos la risa contra las armas que destruyen la vida. La risa que resiste al odio, al hambre y a las injusticias del mundo. Cultivemos la risa. Pero no una risa que discrimina a los demás por su color, Religión, etnia, gustos y costumbres. Cultivemos la risa para celebrar nuestras diferencias. Una risa que es como la propia vida: múltiple, diversa, generosa. Mientras nos reímos estaremos en paz CARTA DE PARAÍBA - João Pessoa, 2 de diciembre de 2001

161


162


163


164


165


166


167


168


169


170


171


172


173


174


175


176


177


178


179


180


181


182


183


184


185


186


187


188


189


190


191


192


193


194


195


Sumário Iconográfico Páginas 4 e 5: Gilberto Gil, trecho da música “Vamos Fugir”, composição de Gilberto Gil e Liminha, do álbum Raça Humana, 1984. Figura do álbum Luar, 1981, sobre foto de David Zingg e arte da capa de Oscar Ramos e Luciano Figueiredo. Página 18: Urna da fase Guarita com figuras antropomorfas. Fase Guarita (séculos VIII a XVI d.C.) da Tradição Polícroma da Amazônia, e estão associadas às últimas ocupações pré-coloniais que antecedem a chegada do europeu na região. Página 40: Cobra bicéfala - Sítio Mineiro, confluência Mamoré/Madeira. Página 52: Urna funenária utilizada por populações na Amazônia - Fase Bacabal. Dois motivos quadrados com as extremidades arredondadas com uma elipse em seu centro formam os dois olhos, ao passo que duas volutas que se originam de campos opostos dão o aspecto de supercílios e nariz, e uma voluta maior representa uma boca e uma língua. Página 74: Motivo merexu. Fonte: Lévi-Strauss (La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara - 1948: 344) O peixe merexu é representado por triângulos desenhados e preenchidos dentro do losango. Família linguística Aruak, no Guaporé tronco Paresí. Página 90: Representação gráfica das Ruínas da Igreja da Matriz de Vila Bela da Santíssima Trindade, obra iniciada em 1771. Tem-se notícias que, em 1775, houve uma primeira reconstrução face a desmoronamento anterior, seguida de outra em 1793. As ruínas da Igreja Matriz da Santíssima Trindade constituem um marco histórico da expansão colonial portuguesa. Mostram paredes em adobes de extraordinária espessura e alicerces com embasamento de cantaria em pedra canga. A matriz nunca chegou a ser concluída, provavelmente, por ter sua construção iniciada no período da decadência de Vila Bela. Página 98: Cobra, representação Kanoê. Esse grafismo é neutro e pode ser pintado nos braços de

196

homens, mulheres e crianças, e, simbolicamente, traduzem a energia, a astúcia, e a periculosidade da cobra jararaca. Original de Tânia Kanoê, Aldeia Ricardo Franco. Página 124: Grafismo rupestre do sítio Molin (alto Madeira) com figura na posição de parto dando a luz a uma voluta ou serpente Página 139: Versos escritos pelo prisioneiro Pacheco, nas paredes do calabouço do Forte Príncipe da Beira, e anotados por João Severiano da Fonseca quando de sua visita ao local em 1887. Pacheco se referia a uma mulher chamada Firmina, possivelmente filha de um comandante. João Severiano informa em sua obra que “infelizmente, pouca coisa conseguiu-se copiar, depois de tantos anos”, e que “os versos eram em forma de glossário.” Outros versos de Pacheco lamentam a prisão e o seu destino, “vive o pobre e enfeliz Pacheco / com groça e comprida corrente ao pescoço / Mato Groço me prendeo / a fortaleza me cativou / preso e cativo estou...”. Em outra parede, em letras maiores, talvez do “enfeliz Pacheco”, talvez outro prisioneiro, relata o que “no dia 18 de 7º as 2 da tarde de 1852” um grande tremor de terra de duração ignorada abala a região do Forte Príncipe da Beira. Em carta de José Manoel Cardoso da Cunha a Luiz de Albuquerque, de 5/11/1778, existe ainda o relato de que Águeda, casada com um oleiro e moradora do Forte, fica três meses trancada no calabouço, apenas porque insistia em não viver com o marido, a quem não suportava. Página 142: Cobra - Representação Makurap. Na mitologia amazônica há uma relação muito estreita, pode-se dizer íntima, entre a figura dos peixes e das serpentes. Em muitos grupos as cobras aquáticas e peixes são parentes. Página 158: Tatu - Representação Makurap Página 193 – Representação de mistura de grafismo Kanoê. Cobra com elementos da onça pintada, grafismo “operá pupuñe” (operá = onça em Kanoê), traduzem as características da onça em termos de beleza, força, astúcia, agressividade e perigo.


Sumário Iconográfico Páginas 4 e 5: Gilberto Gil, trecho de la canción “Vamos Fugir”, compuesta por Gilberto Gil e Liminha, del álbum Raça Humana, 1984. Imagen del álbum Luar, 1981, en la foto de David Zingg y en la portada de Oscar Ramos y Luciano Figueiredo. Página 18: Urna del período Guarita con figuras antropomórficas. El período Guarita (siglos VIII al XVI d. C.) de la Tradición Policromática del Amazonas, y están asociadas con las últimas ocupaciones pre coloniales que precedieron a la llegada de los europeos a la región. Página 40: Serpiente de dos cabezas - Sítio Mineiro, confluencia Mamoré / Madeira. Página 52: Urna funeraria utilizada por las poblaciones en la Amazonía Período - Bacabal. Dos motivos cuadrados con extremos redondeados con una elipse en el centro forman los dos ojos, mientras que dos volutas que se originan en campos opuestos dan la apariencia de cejas y nariz, y una voluta más grande representa una boca y una lengua. Página 74: motivo Merexu. Fuente: Lévi-Strauss (La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara 1948: 344) El pez merexu está representado por triángulos dibujados y rellenados dentro del rombo. Familia lingüística aruak, del Guaporé, lengua troncal Paresí. Página 90: Representación gráfica de las Ruinas de la Iglesia Matriz de Vila Bela da Santíssima Trindade, obra iniciada en 1771. Se informa que, en 1775, hubo una primera reconstrucción debido al colapso anterior, seguida de otra en 1793. Las ruinas de la Iglesia Matriz da Santíssima Trindade es un hito histórico de la expansión colonial portuguesa. Muestran paredes de adobe de extraordinario grosor y cimientos, con bloques de piedra en canga. La matriz nunca se completó, probablemente porque su construcción comenzó en el período de decadencia de Vila Bela. Página 98: Serpiente, representación Kanoê. Este gráfico es neutral y se puede pintar en los brazos de hombres, mujeres y niños, y simbólicamente, traducen

la energía, la astucia y la peligrosidad de la serpiente jararaca. Original de Tânia Kanoê, Aldeia Ricardo Franco. Página 124: Arte rupestre del sitio de Molin (alto Madeira) con figura de posición de parto dando a luz a una voluta o serpiente. Página 139: Versos escritos por el prisionero Pacheco, en las paredes del calabozo de la Fortaleza Príncipe da Beira, y anotados por João Severiano da Fonseca cuando visitó el sitio en 1887. Pacheco se refería a una mujer llamada Firmina, posiblemente la hija de un comandante. João Severiano informa en su obra que “desafortunadamente, poco se ha podido copiar, después de tantos años”, y que “los versos tenían la forma de un glosario”. Otros versos de Pacheco lamentan la prisión y su destino, “el pobre e infeliz Pacheco / con gracia y una larga cadena alrededor de su cuello / Mato Groço me arrestó / la fortaleza me cautivó / Estoy preso y cautivo... “. En otra pared, en letras más grandes, tal vez del “infeliz Pacheco”, tal vez otro prisionero, informa que “el 18 del 7º a las 2 pm de la tarde de 1852” un gran terremoto de duración desconocida sacude la región de la Fortaleza Príncipe da Beira. En una carta de José Manoel Cardoso da Cunha a Luiz de Albuquerque, fechada el 5/11/1778, también hay un relato de que Águeda, casado con un alfarero y residente de la Fortaleza, está encerrada en el calabozo durante tres meses, solo porque insistió en no vivir. con su esposo, a quien ella no soportaba. Página 142: Serpiente - Representación de Makurap. En la mitología amazónica, existe una relación muy estrecha, se puede decir íntima, entre la figura de los peces y las serpientes. En muchos grupos, las serpientes acuáticas y los peces son Parientes. Página 158: El armadillo - Representación Makurap Página 193: Representación de mezcla de gráficos Kanoê. Serpiente con elementos del jaguar, gráficos “operá pupuñe” (operá = jaguar en Kanoê), traducen las características del jaguar en términos de belleza, fuerza, astucia, agresividad y peligro.

197


Sumário Fotográfico Capa e contracapa INDÍGENAS Pedro Carrilho Hubert Hayaud: 84/85, 86 Pedro Carrilho: 76(4), 77(4), 78, 79, 80, 81, 82/83, 87, 88/89 Abertura – Páginas 02/03 Avener Prado VILA BELA DA SANTÍSIMA TRINDADE José Jurandir da Costa: 92(4), 93, 94, 95, 96(2), 97 Texto de abertura em Português Pedro Carrilho FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO - FIESTA DEL DIVINO ESPÍRITU SANTO Texto de abertura em Espanhol Pedro Carrilho: 100/101, 120/103, 104, 105, 106/107, Pedro Carrilho 108/109, 110/111, 112/113, 114, 115, 116/117, 118/119, 120/121, 122/123(2) Texto Guaporé – Iténez Avener Prado REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA - REAL FORTALEZA PRÍNCIPE DA BEIRA Foto de abertura – páginas 16/17 Avener Prado: 126/127, 128/129, 136/137 Avener Prado Beethoven Delano: 130/131 Gavin Andrews: 134/135 IR E VIR - IR Y VENIR Rodrigo Erse: 138, 140/141 Avener Prado: 20/21, 23, 26, 36/37 Zeca Ribeiro: 132/133 Éder Medeiros: 30/31 Felipe Mota: 22 CINEAMAZÔNIA - CINEAMAZONÍA Hubert Hayaud: 34/35 Avener Prado: 150, 151, 152/153 Pedro Carrilho: 28/29, 32/33 Éder Medeiros: 154 Zeca Ribeiro: 24/25, 27, 38/39 Hubert Hayaud: 144/145, 146/147, 148/149, 151, 155 Zeca Ribeiro: 154, 155, 156/157 ANIMAIS /NATUREZA - ANIMALES/ NATURALEZA Avener Prado: 46 PALHAÇOS - PAYASOS Gavin Andrews: 48, 51 Avener Prado: 162/163, 164, 165, 166/167, 168/169 Hubert Hayaud: 50 Beethoven Delano: 174/175, 176/177(2) Igor Fotopoulos: 42/43, 44 Éder Medeiros: 170, 171, 172/173 Gavin Andrews: 178/179, 180, 181 José Jurandir da Costa: 51 Hubert Hayaud: 160/161, 186/187, 188/189, 190, 191 Pedro Carrilho: 45(2), 46(2), 47(3), 49 Zeca Ribeiro: 182/183, 184, 185 Zeca Ribeiro: 46, 48(2), 49 VIDA COTIDIANA Ali Karakas: 65 Avener Prado: 54/55, 59, 60, 61(2), 62(2), 63 Beethoven Delano: 65(2), 67, 68(4), 69(2), 70(4), 71 Daniel Oblidas: 56/57 Éder Medeiros: 58, 61, 66/67 Felipe Mota: 64 Hubert Hayaud: 65, 73 Pedro Carrilho: 60, 61, 67, 69(2), 71(3), 72 Vassiliki Constantinidou: 67 Zeca Ribeiro: 58 198

Final Hubert Hayaud: 202/203 Pedro Carrilho: 192 Encarte central: Foto: Hubert Hayaud, Mateguá, Bolívia, 2013. Mapa: Carta em q se mostra a corrente dos rios Guaporé e Mamoré a principiar em Vª. Bellacaptal. do Mato Grosso. Luís d’Albuquerque de Mello Pereira e Caceres, 1776 (?), desenho a nanquim; 262 x 52,5cm. em f. 270 x 60,5cm. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil.


FICHA TÉCNICA AUTORA: FERNANDA KOPANAKIS COORDENAÇÃO EDITORIAL: ELISABETE BULLARA DIAGRAMAÇÃO: RENATO MONTEIRO DE CARVALHO EDITOR: ESPAÇO VÍDEO E CINEMA – ACAPULCO FILMES FOTOGRAFIAS: ALI KARAKAS AVENER PRADO BEETHOVEN DELANO DANIEL OBLIDAS ÉDER MEDEIROS FELIPE MOTTA GAVIN ANDREWS HUBERT HAYAUD IGOR FOTOPOULOS JOSÉ JURANDIR DA COSTA PEDRO CARRILHO RODRIGO ERSE VASSILIKI CONSTANTINIDOU ZECA RIBEIRO ILUSTRADORES: RENATO MONTEIRO DE CARVALHO MARCELA KOPANAKIS ORGANIZADOR: JOSÉ JURANDIR DA COSTA PESQUISADOR: FELIPPE JORGE KOPANAKIS PROJETO GRÁFICO: RENATO MONTEIRO DE CARVALHO CARTOGRAFIA: FELIPPE JORGE KOPANAKIS RENATO MONTEIRO DE CARVALHO TRADUTOR: ABEL TITE COTACALLAPA

199


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Renata. Os Mapas do Mato Grosso - O Território como Projeto. Terra Brasilis, Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica, Nova Série: História da cartografia e cartografia histórica, 4, 2015. BACELAR, Laércio (org). Pintura corporal, rituais e mitologia Kanoê – ProDoclin Kanoê. Rio de Janeiro: Museu do Índio, 2014. DECLARAÇÃO DO RISO DA TERRA. Documento gerado no Festival Mundial de Circo, realizado em João Pessoa em 2001. O festival reuniu palhaços de várias partes do planeta efoi idealizado, produzido e dirigido pelo Palhaço Xuxu - o ator e diretor Luiz Carlos Vasconcellos, 2001. FONSECA, João Severiano da. Viagem ao redro do Brasil – 1875 – 1878. Volumes 01 e 02, Typographia de Pinheiro & C., Rio de Janeiro, 1880. FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Carta em q se mostra a corrente dos rios Guaporé e Mamoré a principiar em Vª. Bellacaptal. do Mato Grosso. Luis d’Albuquerque de Mello Pereira e Caceres, 1776 (?), desenho a nanquim; 262 x 52,5cm. em f. 270 x 60,5cm. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil, 2020. MEIRELES, Denise Maldi. Complexo cultural do marico. Boletim do Museu Paranaense Emílio Goeldi, Série Antropologia, Vol. 07, Belém/PA, dezembro de 1991. MEIRELES, Denise Maldi. Guardiões da Fronteira – Rio Guaporé Século XVIII. Editora Vozes, Petrópolis, 1989. PEIXOTO, José Luís. Um poeta no Guaporé. Acapulco Filmes, Porto Velho/RO, p. 28, 2014. PINTO, Nicole Soares. Do poder do sangue e da chicha: os Wajuru do Guaporé (Rondônia). Dissertação de Mestrado em Antropologia, UFPR, Curitiba, 2009. SILVA, Hágner Malon da Costa. A Romaria do Senhor Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé (Rondônia): uma etnografia do significado musical. Dissertação de Mestrado da Escola de música da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues. Campesinato negro de Santo Antônio do Guaporé: identidade e sustentabilidade. Tese - Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de pós-graduação em desenvolvimento sustentável do trópico úmido, 2004 VASSOLER, Odair José Petri. Análise da iconografia em vasilhas cerâmicas da subtradição jatuarana no alto rio madeira em Rondônia. Monografia apresentada no Curso de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia para a obtenção do título de Bacharel em Arqueologia. Porto Velho/RO, 30 de julho de 2014. ZIMPEL, Carlos A. PUGLIESE Jr, Francisco A&. A fase bacabal e suas implicações para a interpretação do registro arqueológico no médio Rio Guaporé, Rondônia. In: Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese. Cristiana Barreto, Helena Pinto Lima, Carla Jaimes Betancourt, orgs. Belém: IPHAN: Ministério da Cultura, 2016. 200


Ficha Catalográfica

Kopanakis, Fernanda (Org.). Guaporé – Iténez. Espaço Vídeo & Cinema Ltda, Porto Velho/RO, 2019. -200 p. il: fotografias. Distribuição gratuita Amazônia Vista do Céu: Rio Guaporé (PRONAC 18.1081) ISBN 978-65-81799-00-7 Guaporé - Iténez 1.Fotografia. 2. Guaporé. 3. Iténez. 4. Amazônia.

Guaporé – Iténez é parte do projeto “Amazônia Vista do Céu: Rio Guaporé” (PRONAC 18.1081) Tiragem: 1.000 exemplares - Distribuição Gratuita www.acapulcofilmes.com.br

201


202


203


204


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.