1001_Filmes_Para_Ver_Antes_de_Morrer_Parte_IV

Page 1

I D A (Byrna, Harris-Kubrick) 87 m i n . I'M!

i i l l n m . i : Inglês / a l e m ã o 11 lo:

Stanley Kubrick

r i o i l u ç . l o : Kirk Douglas, J a m e s 11 l l . i i i h , si.inley Kubrick l l i i i r l i o : M a u l e y Kubrick, Calder w 111111 j'.11 .• 111. J i m T h o m p s o n , baseado in> livin ilc Humphrey Cobb

GLORIA FEITA DE SANGUE

(1957)

(PATHS OF GLORY) O t e m a da guerra é recorrente na carreira de S t a n l e y Kubrick. O r o m a n c e de H u m p h r e y Cobb, sobre u m i n c i d e n t e v e r g o n h o s o real q u e se deu no Exército f r a n c ê s d u r a n t e a P r i meira Guerra M u n d i a l , foi a d a p t a d o (por Kubrick, J i m T h o m p s o n e Calder W i l l i n g h a m ) e m u m f i l m e poderoso - q u e se torna ainda m a i s eficaz por conta da frieza casual c o m q u e o diretor lida c o m o horror i n i m a g i n á v e l . Uma

dupla

de generais i m p l a c á v e i s , p o r é m

incompetentes

(Adolphe

Menjou,

I n i o ^ i . i M . i : (a-org Krause

George M a c r e a d y ) , m a n d a seus h o m e n s se lançarem de forma suicida sobre as posições

M I I M < . 1 : Gerald Fried

a l e m ã s ; q u a n d o a l g u n s poucos s o b r e v i v e n t e s se a r r a s t a m d e v o l t a depois de s e r e m pra-

•tin'"

t i c a m e n t e d i z i m a d o s , o r e g i m e n t o é a c u s a d o de covardia e u m trio de soldados de I n -

1 111 1

s•,1.1 •,, Ralph Meeker,

Ailiilphe M e n j o u , George Macready, W j y n p Morris, Richard Anderson, Joe i n i i r l , ( I n l s t i a n e Kubrick,Jerry in 1 . I'i'li'i ( apell, Emile Meyer,

fantaria s e l e c i o n a d o a l e a t o r i a m e n t e é levado a j u l g a m e n t o . O c o m p r o m e t i d o coronel Dax (Kirk Douglas) m o n t a u m a defesa, porém q u e s t õ e s políticas d e c r e t a m q u e os três s o l d a d o s h u m i l d e s e inocentes - s e m d ú v i d a os m a i s corajosos que se pode i m a g i n a r -

U r n I ici'd. Kern Dibbs, T i m o t h y

s e j a m f u z i l a d o s . A m a r g o , i n t e l i g e n t e e c o m a t u a ç õ e s m a r a v i l h o s a s , este é o m e l h o r t i -

1 .iii'v. I ii'il Hell

po de f i l m e de guerra: ele deixa os e s p e c t a d o r e s c o m raiva. A l é m disso, seu c l í m a x , d e pois das execuções, traz a cena m a i s e m o t i v a já dirigida por Kubrick, na qual u m b a n d o de s o l d a d o s d e b o c h a d o s força u m a garota a l e m ã c a p t u r a d a ( S u s a n n e C h r i s t i a n , p o s t e r i o r m e n t e C h r i s t i a n e Kubrick) a cntretê-los c a n t a n d o uma música a p e n a s para s e r e m c o n s t r a n g i d o s ao silêncio por sua p e r f o r m a n c e s e m j e i t o , sincera e m e l a n c ó l i c a .

u r n (iii'i l i i , Mill tk Lancaster, Norma c urtlclgh) 96 m l n . P & B I'lmm.l

1 1 1 •. 11 •'.

D l r t c J o : Alexander Mackendrlck I ' l o r t u c a o : luny Curtis, Harold Hecht, L i n n " . Mill, Kurt Lancaster

A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO

KN

(1957)

(SWEET SMELL OF SUCCESS) Esta é u m a sátira m a r a v i l h o s a m e n t e a m a r g a do m u n d o das celebridades, c o m o a s s e s sor de imprensa puxa-saco Sldney Falco (Tony Curtis) bajulando o m o n s t r u o s o colunista J . J . H u n s e c k e r ( B u r t Lancaster), p o r é m c l a r a m e n t e a c a m i n h o de destruir a própria vida

R o t c l r o : Clifford O d e t s , Ernest

por causa de sua d e v o ç ã o ao s u c e s s o pessoal. A embriaguez do sucesso conta c o m u m a

l H i m , 1 1 1 , Alexander Mackendrlck,

ó t i m a trilha de jazz de Chico H a m i l t o n e exala à Nova York de 1957, nos c o n d u z i n d o

li.r.r.iilii no livro de Ernest Lehman

através de casas n o t u r n a s a g i t a d a s , nas q u a i s os desesperados c o r t e j a m os d e m e n t e s e

1

a l m a s são v e n d i d a s por breves m e n ç õ e s e m c o l u n a s sociais, até as ruas varridas pela

r . i . U i . i : lames W o n g Howe

M U M . .1 1 lii I . J Bernstein

c h u v a e m que policiais b r u t a l m e n t e c o r r o m p i d o s p l a n t a m drogas e m m ú s i c o s de jazz

1 I n n n: l',i 111 I ancaster, Tony Curtis,

o u e s p a n c a m os Inimigos de J . J . quase até à m o r t e .

M r , . 1 1 1 1 U n i s o n , M a r t i n Milner, S a m B. 11 I M I . I Nichols, Jeff Donnell, I'"-1 i r . n i , I mile Meyer, Edith A i w . u r i . ( hlco H a m i l t o n

O diretor Alexander Mackendrlck faz c o m louvor a transição da extravagância das c o m é d i a s dos estúdios Eallng para u m frenesi v i o l e n t o , partindo da a t i t u d e cínica e observadora do roteiro jornalístico casca-grossa de Ernest L e h m a n n e acrescentando t i n tas góticas. O m o n u m e n t a l Lancaster, I l u m i n a d o c o m o o m o n s t r o de Frankenstein, está e s p a n t o s a m e n t e odioso ("Quero ver você se igualar a m i m , S i d n e y " ) , e Curtis faz seu m e l h o r t r a b a l h o no cinema c o m o o lacaio p u s i l â n i m e , que se corrói por dentro ao t e n t a r fazer u m favor para J . J . - que t e m a terrível repercussão de destruir o r o m a n c e e n t r e u m m ú s i c o de jazz certinho ( M a r t y Milner) e a Irmãzinha frágil (a Infelizmente não prolífica S u s a n Harrison) de J . J . , que ele sufoca c o m u m a m o r c l a r a m e n t e Incestuoso. KN


O HOMEM DO OESTE

nsss)

(MAN OF THE WEST) Depois de realizar uma série de faroestes exemplares estrelados por J a m e s S t e w a r t nos a n o s 50, A n t h o n y M a n n escala u m Gary Cooper envelhecido c o m o u m h o m e m forçado a enfrentar u m passado q u e ele pensava ter deixado para trás. C o m o de hábito nos laroestes de M a n n , a história pessoal exerce u m controle sobre os p e r s o n a g e n s q u e s o m e n t e a m o r t e pode deslindar. Cooper interpreta Link J o n e s , u m c i d a d ã o a p a r e n t e m e n t e respeitável a c a m i n h o de contratar u m professor para sua c i d a d e . Depois que o n e m e m q u e ele está v i a j a n d o é a s s a l t a d o , Link se vê largado no m e i o do nada c o m u m a cantora de cabaré c h a m a d a Billie (Julie London) e, desesperado, decide buscar a ajuda de a l g u n s ex-sóclos da região. D e s c o b r i m o s , e n t ã o , q u e Link t e m u m passado criminoso e q u e seus a n t i g o s a m i g o s são u m bando de figuras grotescas e a m e a ç a doras, interpretadas pelos atores de faroeste Royai D a n o , Robert W i l k e e J o h n Dehner. Logo fica claro que existem c o n t a s a serem acertadas e a g a n g u e tenta forçar Link a ajudá-los e m u m roubo, a m e a ç a n d o estuprar Billie. O c o m p o r t a m e n t o deles, por sua vez, desperta u m a fúria assassina no até então pacato Link, q u e espanca c o m brutalidade u m dos m e m b r o s do bando. O líder da g a n g u e é Dock Tobln (em u m a Interpretação avassaladora de Lee J . Cobb). Nos faroestes de M a n n , os laços familiares sempre se provam mais fortes do que qualquer Idéia de c o m u n i d a d e

mais

ampla - e o b a n d o de Tobln funciona c o m o u m a m o n s t r u o s a paródia de família. Dock de fato vê Link c o m o u m filho adotivo. No confronto f i n a l , belamente orquestrado por Mann

em

uma

velha

cidade

fantasma,

Dock, t e n d o f i n a l m e n t e , estuprado

Billie

c o m o uma provocação direta, impele Link ao equivalente a u m parricídlo. No e n t a n t o , ao destruir, f i n a l m e n t e , a a m e a ç a do seu " p a i " , Link descortina e m sl m e s m o u m a violência s e l v a g e m controlada por u m fio. Estranhamente

para

u m faroeste de

M a n n , g r a n d e parte da ação se passa e m interiores escuros e s o m b r i o s , à medida q u e as t e n s õ e s entre Link e o bando se d e s e n r o l a m . C o n t u d o , o trabalho de c ã m e r a de M a n n c o n t í n u a seguro, c o m o sempre. Não deixe de assistir a este f i l m e n o s e u f o r m a t o C i n e m a S c o p e original! EB



I.UA (Universal) 95 m i n . P & B I d i o m . " ) : ingles DlltfSo: Orson Welles I ' t o d u c a o : Albert Z u g s m i t h ROtltro: Orson Welles, baseado no IIVFO Badge of Evil, de W h i t Masterson PotOgrafia: Russell M e t t y Mu-.it . 1 : 1 lenry M a n c i n i I l e n c o : Charlton H e s t o n , janet Leigh, 1 Irion Welles, Joseph Calleia, Akim i.

m i l , Joanna Cook Moore, Ray

A MARCA DA MALDADE

(1953)

(TOUCHOFEVIL) " E l e era u m h o m e m e t a n t o . " Há d é c a d a s , c i n e a s t a s v ê m prestando h o m e n a g e m ao poderoso nolr A marca da maldade,

dirigido por Orson W e l l e s na década d e 50. É u m a

história assustadora de corrupção e consciência, passada nas espeluncas de strip-tease e m o t é i s de u m a cidade de fronteira a b a n d o n a d a , c o m o h o n e s t o investigador de narcóticos mexicano de Charlton H e s t o n e o policial a m e r i c a n o degenerado de Orson W e l l e s e m conflito sobre u m assassinato cuja jurisdição está sendo d i s p u t a d a , e n q u a n t o J a n e t Leigh se torna u m j o g u e t e aterrorizado nessa batalha d e v o n t a d e s . H e s t o n forçou a Universal a contratar o pária de H o l l y w o o d W e l l e s para a direção e

1 n H l r i s , Dennis Weaver, Valentin de

para interpretar o papel d e Hank Q u i n l a n . W e l l e s j o g o u fora o roteiro i m e d i a t a m e n t e e

V.ii|',.i',, Mort Mills, Victor Millan, Lalo

escreveu sua própria a d a p t a ç ã o livre do r o m a n c e pu/p de W h i t M a s t e r s o n , Bcidge of Evíl,

Riot, Mit hael Sargent, Phil Harvey,

t r a n s f o r m a n d o u m thriller barato e m grande arte. I m p r e g n a d o d e u m a atmosfera

l"i 1 .ni'.iii)',, Mercedes McCambridge, M.iilene Dietrich

sinistra, o f i l m e ainda é f a m o s o por s e u extraordinário plano-seqüência de abertura, três m i n u t o s d u r a n t e os quais a grua passeia pela agitação da noite e n q u a n t o Miguel " M i k e " Vargas (Heston) e S u s a n (Lelgh), sua a n i m a d a noiva americana loira, atravessam c a m i n h a n d o a fronteira para os E s t a d o s U n i d o s para t o m a r u m sorvete. U m h o m e m não identificável coloca u m a b o m b a e m u m conversível, pedestres p a s s a m correndo, a c o m p a n h e i r a v u l g a r do m o t o r i s t a reclama q u e "está o u v i n d o u m tlque-taque na c a b e ç a " , os recém-casados e u m guarda de fronteira c o n v e r s a m fiado o suficiente para q u e a história deles nos seja revelada e, c a b u m , a lua-de-mel a c a b o u . O chefe de polícia Quinlan chega ao lado americano da fronteira para coordenar a investigação e n q u a n t o Susan é e m b o s c a d a pelos traficantes mexicanos q u e Vargas vinha tentando desbaratar. E m questão de m i n u t o s , as cartas de u m jogo malévolo e e x t r e m a m e n t e perverso estão na mesa. Para evitar que Vargas o exponha c o m o c r i m i noso, Q u i n l a n raptará S u s a n , mantendo-a sedada (recorrendo à lésbica vestida d e couro de Mercedes McCambridge e seus capangas maconheiros). Quinlan é u m psicopata noir gigante, u m a figura inchada cujo abuso de poder o transformou e m u m monstro (o já corpulento Welles foi engordado c o m e n c h i m e n t o e g a n h o u u m nariz falso), a ponto de a enigmática prostituta de Marlene Dietrich não reconhecê-lo c o m o seu ex-amante. Heston c o m o mexicano parece u m a idéia absurda, m a s sua interpretação é interessante. A confiança que t e m nesse papel sofisticado é suficiente para evitar que o satírico Welles o e s m a g u e . Contudo, o personagem m a i s c o m o v e n t e é a figura trágica e t a r d i a m e n t e enaltecida do amável braço-direito de Q u i n l a n , Pete Menzles (Joseph Calleia). Rivalizando c o m a abertura, há u m a série de seqüências o u s a d a s e c o m p l e x a s q u e d e r a m ao f i l m e a reputação de epitáfio do gênero nolr, c o m W e l l e s exagerando t e a t r a l m e n t e os e l e m e n t o s estilísticos e n q u a n t o alcança u m hiper-realismo c o m a fotografia e m preto-e-branco contrastada d e Russell M e t t y e a trilha sonora d e Henry M a n c i n i , q u e mistura música latina, jazz e rock ' n ' roll. A perseguição final é u m delírio de extravagância v i s u a l , efeitos sonoros e x p e r i m e n t a i s e perdição generalizada. Welles não gostou da m o n t a g e m da Universal e, e m 1998, uma cópia restaurada m e t i culosamente a partir das suas anotações foi lançada. Alguns minutos mais longa, suas alterações mais gratificantes são a remoção dos créditos sobre a famosa seqüência de abertura e uma m o n t a g e m mais complexa entre o sofrimento de Susan no motel e a jornada perturbadora de Vargas com Quinlan. Seja na sua versão anterior ou na atual, A marca da maldade continua uma obra-prima admiravelmente bizarra de técnica, imaginação e audácia. AE


Iglto (Gabriel Talhami) 95 m i n . P & B

BAB EL HADID m i

I d i o m a : árabe

A n t e s não havia nada. Essa visão era errada e idiota, é claro, u m a vez que havia m u i t o s

D i r e ç ã o : Youssef Chahine P r o d u ç ã o : Gabriel Talhami R o t e i r o : M o h a m e d Abu Youssef, Abdel H a y A d i b f o t o g r a f i a : Alevise Orfanelli M ú s i c a : Fouad El-Zahry

f i l m e s sendo produzidos no Egito, e m países árabes e na África, m u i t a s histórias sendo c o n t a d a s e I m a g e n s sendo c o m p o s t a s . No e n t a n t o , essas histórias, i m a g e n s ou f i l m e s não eram vistos fora de seus locais d e origem - eram p r a t i c a m e n t e desconhecidos. E n t ã o h o u v e u m a onda anticoloniallsta, u m despertar das nações do S u l , Nasser, Suez e - s i m u l t a n e a m e n t e - a chegada d a s c o m é d i a s musicais e d o s d r a m a s açucarados,

I I c n c o : Farid S h a w q i , Hind Rostom,

c o m beldades (relativamente) c o b e r t a s d e v é u s e b a s t a n t e sensuais e h o m e n s j o v e n s

Youssef Chahine, Hassan el Baroudl,

c o m olhos e vozes ardentes. Esses filmes e r a m divertidos, exóticos e às vezes m u i t o

Alulel Aziz Khalil, Naima Wasfy, Said

bem-feitos - se v o c ê tivesse a o p o r t u n i d a d e de assistir a a l g u m deles, poderia apreciá-

M u l i l , Abdel Ghani Nagdl, Loutfi El

lo c o m u m pouco de c o n d e s c e n d ê n c i a .

1 i.ikim. Abdel H a m l d Bodaoha, F. El Dcmerdache, Said El Araby, Ahmed Ah.i/a, Hana Abdel Fattah, Safla ',.IIW.lt

E n t ã o veio Bab cl Hadid ( E s t a ç ã o Cairo). E era c o m o se o c i n e m a , t e n d o a l c a n ç a d o a adolescência, tivesse regredido s u b i t a m e n t e à infância e m u m a parte até então d e s c o nhecida do s e u m u n d o . Esse novo c i n e m a havia aprendido c o m H o l l y w o o d e c o m o neo-realismo Italiano e criara u m estilo próprio. Ele é repleto d e humor, sabedoria e a n g ú s t i a ; atém-se aos menores detalhes da vida cotidiana da cidade; retrata os poderes primitivos da luxúria e do desejo; e mergulha na Iconografia clássica e oriental - t u d o isso a p r e s e n t a d o c m u m a mistura d e fantasia e realidade. B a b el Hadid é intenso e c o m o v e n t e , preciso c m suas representações, original t a n t o c o m o criação Individual q u a n t o c o m o personificação de u m a cultura secular, q u e é t ã o próxima e ao m e s m o t e m p o t ã o diferente da cultura o c i d e n t a l . E q u e m é responsável por isso? Youssef C h a h i n e , u m " l o u c o " repleto d e anseios e desespero. Trazendo revelações perturbadoras sobre si m e s m o e sobre a vida à tela, ele interpreta u m v e n d e d o r d e j o r n a i s aleijado c h a m a d o K e n a o u i , q u e carrega u m desejo não c o r r e s p o n d i d o por u m a v o l u p t u o s a vendedora d e l i m o n a d a s ( H i n d R o s t o m ) . Embora os c o m p o n e n t e s da t r a m a s e j a m b a s t a n t e s i m p l e s , o m u n d o retratado aqui é ao m e s m o t e m p o perigoso e complexo. O desenrolar dos a c o n t e c i m e n t o s abre abismos negros na vida da cidade, o q u e se torna e s p e c i a l m e n t e inesperado graças a o s códigos a m i s t o s o s q u e o f i l m e utiliza e m u m primeiro m o m e n t o . R e c h a ç a d o pelas platéias egípcias q u a n d o lançado, Bab el Hadid

foi a c l a m a d o , c o m j u s t i ç a , c o m o u m a obra-

prima ao ser redescoberto cerca d e d u a s d é c a d a s depois. J - M F


GIGI (1958) I m a l m e n t e q u e b r a n d o o n ú m e r o recorde d e prêmios Oscar g a n h a d o s p o r E o vento levou..., o f a n t á s t i c o m u s i c a l d e V i n c e n t e M i n n e l l i , produzido pela M C M , levou para isa nove e s t a t u e t a s , incluindo a de M e l h o r Filme e Direção. B a s e a d o no c o n t o de olette sobre u m a j o v e m parisiense criada pela avó e pela tla-avó para ser u m a cortesã, ( g u i n d o a tradição da f a m í l i a , C/gi foi d e s e n v o l v i d o para a tela g r a n d e c o m u m a brilhante coleção de canções e n c o m e n d a d a s a Alan J a y Lerner e Frederick L o e w e . Dentre I I m a i s célebres estão " T h a n k H e a v e n For Little Girls", " I ' m Glad I'm Not Y o u n g A n y m o M ' " ( a m b a s c a n t a d a s pelo m a i o r d o s p l a y b o y s , M a u r i c e Chevalier, e m u m papel q u e ressuscitou sua carreira) e "I R e m e m b e r It W e l l " , e m q u e a hilariante dupla Chevalieri h i m i o n e G l n g o l d recorda u m a n t i g o r o m a n c e . Leslie Caron está p e r f e i t a m e n t e deliciosa no papel de criança e s p e v i t a d a , s u p o r t a n -

E U A ( M C M ) 119 m i n . Metrornloi I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Vincente Minnelli P r o d u ç ã o : Arthur Freed R o t e i r o : Alan Jay Lerner, Anita 1 lOI 1

baseado no conto de Colette F o t o g r a f i a : Joseph R u t t c n h n i M ú s i c a : Frederick Loewe E l e n c o : Leslie Caron, Maurli e Chevalier, Louis J o u r d a n , Hei Cingold, Eva Gabor, J a c q u c . U n i r Isabel J e a n s , John Abbott O s c a r : Arthur Freed (mellcm fllmi

do aulas d e e t i q u e t a , faceirlce, s e d u ç ã o e avaliação d e pedras preciosas a n t e s de sua

Vincente Minnelli (diretor), Alan J.t

repentina e inevitável t r a n s f o r m a ç ã o c m u m a j o v e m e l e g a n t e e d e s e j á v e l . Louis J o r d a n

Lerner (roteiro), W i l l i a m A. 11

< i i a b s o l u t a m e n t e d i v i n o c o m o o boa-vida e n t e d i a d o a d e q u a d a m e n t e perplexo pela p r o f u n d i d a d e dos seus s e n t i m e n t o s por ela. A Paris d e f/n de s/èc/e j a m a i s pareceu t ã o i d o r á v e l (dentre as locações a u t ê n t i c a s estão o Bois de B o u l o g n e , o Palácio d e T u l h c r i a s

|

Preston A m e s , Henry Gra< e, I K C C I C J I Gleason (direção de arte), |<>-.•-1>11 Ruttenberg (fotografia), ( r i il h c i i c m (figurino), Adrienne Fazan ( n l n m)

e o M a x i m ' s , a meca dos e s n o b e s ) , c o figurino de Cecil B e a t o n rivaliza c o m seu t r a b a -

André Previn (música), i redei i' I

lho e m Minha

Loewe, Alan Jay Lerner (canção)

bela dama, de Lerner e L o e w e . O c h a r m e d e Cígí é e t e r n o . AE

ACORRENTADOS (1958) (THE DEFIANT ONES)

U m f i l m e - m e n s a g e m confesso, Acorrentados, de S t a n l e y Kramer, oferece u m s í m b o l o

E U A (Curtleigh, Lomltas) •>/1

PI

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Stanley Kramei

p u n g e n t e d a s relações raciais nos Estados U n i d o s : dois c o n d e n a d o s , u m branco e outro

P r o d u ç ã o : Stanley Kramer

negro (Tony Curtis e S l d n e y Poitier), são acorrentados j u n t o s q u a n d o o c a m i n h ã o que os

R o t e i r o : Nedrick Young, llaiolcl |.n 1

SI i levando para a prisão capota. O s dois h o m e n s p o s s u e m s e n t i m e n t o s racistas e, a principio, t u d o o q u e q u e r e m é se separar - no e n t a n t o , c o m o c o n v é m a essa alegoria da história a m e r i c a n a , isso n ã o é possível. A proximidade I n e v i t á v e l faz c o m eles Superem os estereótipos e palavras raivosas para se c o n h e c e r e m c o m o i n d i v í d u o s . U m roubo para conseguir c o m i d a dá errado, e a dupla, para d e s g o s t o do h o m e m branco, é perseguida por u m a m u l t i d ã o disposta a linchar os dois. C h e g a n d o a u m a asa de fazenda d e u m a m u l h e r branca solitária, eles f i n a l m e n t e c o n s e g u e m encontrar

Smith F o t o g r a f i a : S a m Lcavitt M ú s i c a : Ernest Gold E l e n c o : Tony Curtis, Sldney Poltlei Théodore Bikel, Charles M c c c . i w . I c m Chaney Jr., King Donov.uc 1 I l u d i Akins, Lawrence Dobkin, W I 1 1 1 1 1 1 Carl "Alfafa" Switzer, Kevin ( c i i i c - J i l i n

u m m e i o de quebrar a corrente. No e n t a n t o , não s e g u e m seus próprios c a m i n h o s , m u i -

Cara W i l l i a m s

to e m b o r a a m u l h e r t e n t e separá-los. U m a última corrida pela liberdade por u m p â n t a -

O s c a r : Nedrick Young, Harold Jacob

no e e n t ã o para u m t r e m de carga fracassa e os h o m e n s s ã o r e c a p t u r a d o s . Excelentes a t u a ç õ e s t a n t o d e C u r t i s q u a n t o de Poitier dão vida e força i n t e l e c t u a l à narrativa, que poderia ter f a c i l m e n t e c a í d o e m u m m e l o d r a m a ineficaz. Acorrentados é, talvez, o f i l m e que m e l h o r capta a s intenções d o s liberais " r e a l i s t a s " da década d e 50, iM p.tsso q u e a s o c i e d a d e a m e r i c a n a t e n t a v a aprender a lidar c o m o f a t o da presença a l t o d e s c e n d e n t e . BP

S m i t h (roteiro), Sam I r . i v i t 1 (fotografia) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Stanley > rartli (melhor filme), Stanley Kn

II

(diretor), Tony Curtis (ator), Sldnl Poitier (ator), Théodore Hlkcl (.ituc coadjuvante), Cara Willi.itcr. (itrl coadjuvante), Frédéric Knudtlon (montagem) F e s t i v a l d e B e r l i m : Sldney P

(Leão de Prata)



E U A (Alfred ). Hitchcock, Paramount) i.'fl m i n . Technicolor I d i o m a : Inglês D i r e ç ã o : Alfred Hitchcock P r o d u ç ã o : Alfred Hitchcock l i o t e i r o : S a m u e l A. Taylor, Alec ( oppel, baseado.no livro D'entre les morts, de Pierre Boileau e T h o m a s Narcejac F o t o g r a f i a : Robert Burks

UM CORPO QUE CAI

m

(VERTIGO) Embora o diretor Alfred Hitchcock estivesse à época no auge do seu sucesso de crítica e fama comercial. Um corpo que cai não foi u m filme bem recebido quando lançado. Boa parte das críticas se concentrou na trama complexa e Improvável, que dependia de u m plano de assassinato diabólicamente Implausível por parte de u m vilão mal caracterizado, cujo desmascaramento é tão surpreendente quanto o final de u m episódio de Scooby-Doo. O clímax está tão preocupado com outras questões que o assassino parece conseguir se safar - embora Hitchcock tenha filmado u m apêndice desnecessário, ao estilo das suas narrações

M ú s i c a : Bernard Herrmann

na tevê, revelando que ele foi levado à justiça. U m a crítica mais cabível diz respeito à

E l e n c o : J a m e s Stewart, Klm Novak,

verdadeira sensação de desconforto diante do relacionamento perverso entre J i m m y Stewart

Barbara Bel C e d d e s . T o m Helmore,

e Kim Novak ao redor do qual o filme gira. No entanto, durante o longo período e m que U m

I li'itry Jones, Raymond Balley, Ellen

corpo que cai ficou indisponível por questões de direitos autorais, o filme foi criticamente

< orhy, Konstantin S h a y n e , Lee Patrick I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Hal Pereira,

I I f i n v P.iimstead, S a m Corner, Frank

reavaliado. Atualmente ele é considerado uma das maiores obras do mestre. John " S c o t t i e " Ferguson (Stewart) é u m policial de São Francisco que pede demissão

R, McKelvy (direção de arte), George

depois de u m prólogo em que seu m e d o de altura o impede de salvar a vida de u m colega.

D u t l o n (som)

Trabalhando por conta própria como detetive particular, ele é contratado por Gavln Elster (Tom Hclmore), u m velho amigo, para seguir sua esposa Madeleine (Novak), u m a loura gelada e m u m tcrninho sisudo que é aparentemente obcecada por uma antepassada, sósia sua, que se afogou no século X I X . A primeira metade do filme é quase u m a história de fantasmas, com Scottie se sentindo atraído pela neurótica Madeleine e a Insinuação de que a reencarnação dela Irá, ironicamente, levá-la à morte. Aqui t e m o s o Hitchcock que era u m mestre da criação de atmosferas e do suspense e t a m b é m uma evocação autêntica do sobrenatural. Depois do salto mortal de Madeleine de u m campanário, o filme muda de direção e fica mais intenso, c o m Scottie afastando-se ainda mais dos maneirlsmos de S t e w a r t e m direção à paranóia ao conhecer Judy Barton (Novak, novamente), u m a atendente de loja morena e atrevida que se parece com a falecida Madeleine, e iniciar u m relacionamento com ela. Poucos filmes hollywoodlanos ousaram ser t ã o perturbadores quanto Um corpo que cai o é nas cenas e m que Scottie tenta forçar uma reencarnação do seu amor perdido ao manipular a nova garota, transformando-a através de u m novo penteado e guarda-roupa na evasiva Madeleine. Para muitos, a cena e m q u e Judy é finalmente transmutada e abraça Scottie com u m a fome vampiresca é tão devastadora e m o c i o n a l m e n t e quanto a seqüência do chuveiro e m Psicose. C o m o m u i t a s das outras grandes obras de Hitchcock (Janela creta. Intriga internacional.

indis-

Psicose), Um corpo que cai foi alvo de i n ú m e -

ras imitações, h o m e n a g e n s e releituras. Filmes c o m o Trágica

obsessão,

de Brian de Palma, são c o m e n t á r i o s na forma d e longa-metragem sobre o original. Truques técnicos - c o m o o uso s i m u l t â n e o de zoom in e zoom o u t para transmitir a v e r t i g e m d e S t e w a r t - foram posteriormente acrescentados a o repertório do gênero (Steven Spielberg usou esse recurso e m Tubarão). Trechos do f i l m e c h e g a r a m a ser utilizados para criar clima e m outras obras ( c o m o e m Os 12 macacos,

de Terry Gilliam).

No geral, U m corpo que cai é u m f i l m e maravilhoso, perturbador, friam e n t e romântico, c o m imagens cinza-chumbo e m Technlcolor, m o m e n tos evocativos d e surrealismo e m d o s e e u m a trilha sonora insistente e experimental de Bernard H e r r m a n n . KN


CINZAS E DIAMANTES mm

(POPIOLI DIAMENT)

Durante a l g u n s a n o s , n o final da década de 50, depois d e o neo-realismo italiano perdei força e a n t e s d e a nouvelle v a g u e francesa entrar e m cena, o c i n e m a polonês era o c i n e m a d e a r t e . C o m suas histórias c o m p l e x a s , g e r a l m e n t e a m b í g u a s , sobre solidaried a d e e m t e m p o s d e guerra, sacrifício e c o m p r o m i s s o , os poloneses ofereceram o exemplo m a i s c o n v i n c e n t e a t é e n t ã o do s o c i a l i s m o c o m u m rosto h u m a n o . O s f i l m e s de Aleksandr Ford, Andrzej M u n k , Jerzy K a w a l e r o w i c z , entre o u t r o s , g a n h a r a m vários p r ê m i o s e m festivais e atraíram platéias e m t o d o o m u n d o . Talvez o melhor dos f i l m e s p o l o n e s e s desta era, o q u e veio representar u m a geração e m e r g e n t e de artistas e i n t e l e c t u a i s do Leste e u r o p e u , t e n h a sido Cinzas e diamantes,

d e Andrzej W a j d a .

B a s e a d o n o r o m a n c e c o n t r o v e r s o d e Jerzy A n d r z e j e w s k i , a obra-prima de Wajda se passa n o ú l t i m o dia da S e g u n d a Guerra M u n d i a l . O inimigo se r e n d e u , m a s os v e n c e d o res ainda não s a b e m ao certo o que g a n h a r a m : t a n t o os c o m u n i s t a s q u a n t o os n a c i o n a listas já c o n s e g u e m perceber q u e sua frágil aliança de guerra está se d e s f a z e n d o . Eis q u e surge M a c i e k ( Z b i g n i e w Cybulski), u m j o v e m e s q u e n t a d o ligado à frente n a c i o nalista secreta d e u m a c i d a d e provinciana; c o m a m i s s ã o d e m a t a r u m recém-chegado líder c o m u n i s t a , ele se e s c o n d e e m u m hotel por u m a noite. P o r é m esta é a primeira P o l ô n i a (Polski, ZRF) 105 m i n . P & B

noite de paz da vida adulta d e M a c i e k e ele está disposto a ver o q u e mais o m u n d o t e m

I d i o m a : polonês

para oferecer. Ele c o n h e c e e se apaixona por u m a j o v e m bonita c a a t e n ç ã o q u e

D i r e ç ã o : Andrzej Wajda

dispensa a ela a m e a ç a a t r a p a l h a r sua m i s s ã o .

P r o d u ç ã o : Stanislaw Adler R o t e i r o : Jerzy Andrzejewskl, Andrzej Wajda, baseado no livro Popiói i Olamenti, de Jerzy Andrzejewskl f o t o g r a f i a : Jerzy Wójclk M ú s i c a : Jan Krenz, Flllp Nowak

E m todo o f i l m e , W a j d a e m p r e g a u m a vultosa p r o f u n d i d a d e de c a m p o , de m o d o q u e os p e r s o n a g e n s díspares, a s s i m c o m o as I n t e n ç õ e s políticas c o n f l i t a n t e s , g a n h a m u m peso e q u i v a l e n t e na tela. C o n t u d o , o verdadeiro s h o w fica por conta da revelação de W a j d a , o ator polonês C y b u l s k i , c o m o M a c i e k . C o m os o l h o s s e m p r e e s c o n d i d o s atrás dos ó c u l o s escuros e seu jeito u m pouco r u d e . p o r é m c a t i v a n t e , Cybulski foi a c l a m a d o

I l e n ç o : Zbignlew Cybulskl, Ewa

c o m o o " J a m e s D e a n do Leste", s í m b o l o d e u m a geração q u e queria superar rótulos

Krzyzewska, W a c l a w Zastrzezynski,

políticos e se concentrar n a s q u a l i d a d e s h u m a n a s do i n d i v í d u o . N o espaço de a l g u n s

Ad,1111 Pawllkowski, Bogumil Koblela,

planos, e l e c o n s e g u e sair da d e m ê n c i a para o d e s a m p a r o e daí para a raiva; sua " d a n ç a

Jan Ciecierski, Stanislaw Milskl, Artur

da m o r t e " f i n a l , rindo d e forma arrepiante e n q u a n t o c a m b a l e i a por u m c a m p o depois

Mlodnlckl, Halina Kwiatkowska,

de levar u m tiro f a t a l , é c e r t a m e n t e u m dos finais m a i s poderosos - e f r e q ü e n t e m e n t e

ign.H y M a c h o w s k l , Zbignlew Skowronski, Barbara Krafftówna, Alcksander S e w u r k , Zofia ( / e i w i n s k a , W i k t o r Crotowicz f e s t i v a l d e V e n e r a : Andrzej Wajda (Prémio FIPRESCI)

citados - da história do c i n e m a . RP


II VAMPIRO DA NOITE (1958)

I n g l a t e r r a (Hammer) 82 m i n

IDRACULA)

Technicolor

i i l.immer do f a m o s o r o m a n c e de Bram Stoker é u m dos grandes filmes d e In/idos. O diretor Terence Fisher, que combina u m olho clínico para contrastes in lascínio pelo d e s d o b r a m e n t o lógico dos espaços, d e m o n s t r a u m n i i p l i i o do estilo m e l o d r a m á t i c o . Ele c auxiliado pela fotografia vibrante d e pela trilha sonora d e s c a r a d a m e n t e fúnebre e e m p o l g a n t e de J a m e s Bernard e ii I H " , q u e definiram suas respectivas carreiras: o Van Helsing intelectual, • i... .ii Irt ii o de Peter C u s h l n g e o c o n d e gélido, altivo c belo d e Christopher Lee. Mime anterior da H a m m e r , A maldição

de Frankenstein, O vampiro da noite foi

ii i .ii ,.i paia seus primeiros espectadores e críticos e, até o c o m e ç o da década de 70, 1 inlio nos aspectos físicos do terror era geralmente reconhecida c o m o u m a 1 I n . u n i a do gênero e c o m o a marca registrada de u m a produtora lendária, uns dias de hoje, espectadores m a i s sensíveis reconhecerão a coragem c o m que O 1I11 rio/te ultrapassa as barreiras definidas pelos horrores cinematográficos do • i ' M I I H ,1'mais claro nos olhos e presas bestiais de Drácula, no sangue que jorra de

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Terence Fisher P r o d u ç ã o : M i c h a e l Carreras, A n i l

v

Hinds, A n t h o n y Nelson K e y , R o t e i r o : J i m m y Sangstcr, baseído RO livro de Bram Stoker F o t o g r a f i a : Jack Asher M ú s i c a : J a m e s Bernard E l e n c o : Peter Cushing, Chrlstophei Lee, Michael C o u g h , Melli Stribling, Carol M a r s h . 1 Hg.

I 1.

J o h n Van Eyssen, Valerie G a n i u . Janina Faye, Barbara Au her, I hirll Llyod Pack, George Merrltt, Georgi W o o d b r i d g e , George Benson, M l l r s Malleson

l i " , vampiras perfuradas por estacas e na inequívoca sexualidade do relacionamento 111 " ' |iu

c suas vítimas. E m u m determinado m o m e n t o , Drácula entra no quarto da

1 1 íei lia a porta diante da câmera, posicionada no corredor. A abordagem m a i s

i' e esperada seria o término da seqüência nesse instante - Fisher, no entanto, corta inrnto paia dentro do quarto, e n q u a n t o Drácula faz a j o v e m recuar e m direção à 11 T I 11 si transmite inexorabilidade, violação e pavor. C f u

MEU

TIO (1958)

F r a n ç a / I t á l i a (Alter, C

(MON ONCLE) - i r . dois primeiros l o n g a s - m e t r a g e n s , Carrossel

Specta) 110 m i n . E a s t m a m iilm da esperança

(1948) e As férias do

a Mii/ni ( i T i í ) . J a c q u e s Tati celebrou c a r i n h o s a m e n t e os e n c a n t o s da vida provinciana, ii i - . i i s e do a n t i g o . E m M e u tio, ele a p o n t a sua sátira contra a o b s e s s ã o pela meca-

1

11 lo que a m e a ç a esse v e l h o e t r a n q ü i l o estilo de vida. A pri..una c i n e m a t o g r á f i c a eterna de Tati, o d e s e n g o n ç a d o e q u a s e m u d o Sr. Hulot, I H 11111 b a i l i o parisiense pobre e t r a d i c i o n a l . N ã o m u i t o d i s t a n t e , v i v e m sua irmã e inh ido (Adrienne S e r v a n t l e e Jean-Plerre Zola), os Arpei, e m u m a casa s u p e r m o d e r n a i i p l i i 1 de e n g e n h o c a s . I n e v i t a v e l m e n t e , quase t o d a s d ã o d e f e i t o - e s p e c i a l m e n t e 1

In o b e m I n t e n c i o n a d o H u l o t está por perto.

i m e d l a n t e s u s a r a m c o m t a n t a criatividade a trilha s o n o r a , e o s cliques, apitos, iimhliliis c estalos d o s v a r i a d o s u t e n s í l i o s dos Arpei - e do m a q u i n á r i o da fábrica na 1 n 1 i 1 1 1 1 1 1 1 1 . i l a c o n s e l h a d o Arpei arranja e m p r e g o para o c u n h a d o - m u i t a s vezes alcanu m nível d e b e m orquestrada loucura. Tati t e m u m prazer cruel e m m o s t r a r c o m o ação, s u p o s t a m e n t e feita para m e l h o r a r a q u a l i d a d e de vida, acaba

agindo

untra o c o n f o r t o , o r e l a x a m e n t o e o prazer. P o r é m o e l e m e n t o h u m a n o , representado i 1 In desastre a m b u l a n t e q u e é H u l o t . j a m a i s pode sei excluído. Há u m a melancolia 1 1 1 . 1 1 r o l e e m M e u tio - o s o m d e britadeiras ressoa de forma a g o u r e n t a sobre os réditos

. m a s há t a m b é m u m a espécie d e o t i m i s m o t r i s t o n h o . P K

D i r e ç ã o : Jacques Tati P r o d u ç ã o : Louis Dolivct, |.n q u t l 1 Alain Terouanne R o t e i r o : Jacques Lagrangc, lean L'Hotê, Jacques Tati F o t o g r a f i a : Jean Burgoln M ú s i c a : Frank Barcellini, Al,nu Romans E l e n c o : Jean-Pierre Zola, A 1 I 1 1

1 I H 1 1 0 s e m p r e no caso de Tati, o h u m o r é q u a s e t o t a l m e n t e v i s u a l - e a u d i t i v o . Pou-

iN

I d i o m a : francês

Servantie, Luclen Frégis. Betl, Schneider, Jean-François M.111I.1I, D o m i n i q u e Marie, Yvonnr A i n . n i . l Adelaide Danieli, Alain lt

1111 ki-yi

Fontenay, Claude Badiillr. M.iM a r t e l , Nicolas Batallle, Jai q u i " O s c a r : França (melhor filme estrangeiro) F e s t i v a l d e C a n n e s : Jacques l.iií (prêmio especial do júri)

lati



í n d i a (Aurora) 100 m i n . P & B I d i o m a : bengali D i r e ç ã o : Satyajit Ray P r o d u ç ã o : Satyajit Ray R o t e i r o : Satyajit Ray, baseado no livro de Tarashankar Banerjee F o t o g r a f i a : Subrata Mitra M ú s i c a : Ustad Vilayat Khan, Asis Kumar, Robin Majumder, Dakhln M o h a n Takhur t l e n c o : Chhabi Biswas, Padma Devi, Plnakl Sengupta, Gangapada Basu,

A SALA DE MUSICA

(1958)

(JALSAGHAR) Satyajit Ray é mais conhecido por sua trilogia A p u , u m a série de três filmes q u e , j u n t o s , r e t r a t a m a vida d e u m c a m p o n ê s pobre da região de Bengala da infância a t é a vida adulta. Esses f i l m e s a p r e s e n t a r a m o c i n e m a d e arte Indiano para u m m u n d o q u e c o nhecia apenas a fantasia e a p o m p a dos m u s i c a i s de B o l l y w o o d . Ray revelou u m a índia diferente, a vida de uma aldeia tradicional, a d e v a s t a ç ã o da f o m e , da seca e da pobreza. M u i t o I n f l u e n c i a d o s pelo neo-realismo Italiano, os f i l m e s bonitos e c o m o v e n t e s d e Ray b u s c a r a m explorar Injustiças m o r a i s e sociais. B e l a m e n t e f i l m a d o s no c a m p o , eles se esforçaram ao m á x i m o para serem registros a u t ê n t i c o s da vida Indiana. E m A sala de música,

no e n t a n t o , o estilo e as intenções de Ray são o u t r o s . Este f i l m e s o t u r n o ,

lulsl Lahiri, Kali Sarkar, W a h e e d

a t m o s f é r i c o e elegíaco será u m a grande surpresa para aqueles q u e esperam o Ray da

Khan, Roshan K u m a r i , Sardar Akhtar,

trilogia de Apu e de Trovão distante (1973). Com este tour de force, Ray transcende o juízo

Tulsl Chakraborty, Bismillah Khan, Sal.imat Ali Khan

que n o r m a l m e n t e f a z e m o s das c i n e m a t o g r a f i a s n a c i o n a i s , e s p e c i a l m e n t e no contexto do Terceiro M u n d o . A sala de música conta a história t c h e c o v l a n a d e Huzur Roy, u m senhor feudal d e c a d e n t e na década de 2 0 . 0 p e r s o n a g e m é Interpretado c o m u m a gravidade tristonha e I m p r e s s i o n a n t e nobreza por u m d o s atores m a i s queridos d e Ray - Chhabi B i s w a s . O poder e a fortuna de Roy se reduziram g r a d a t i v a m e n t e a nada: s e u palácio está d e s a bando; seu n ú m e r o d e criados d i m i n u i u ; e ele passa os dias s e n t a d o no telhado d e v a n e a n d o e m silêncio sobre as glórias do passado, o b s e r v a n d o u m a p a i s a g e m árida. M a h l m Ganguly (Gangapada Basu) é u m agiota cujas maneiras rudes não deixam t r a n s parecer seu poder e s t a t u s crescentes. Ele representa t u d o o q u e Roy perdeu e a m e a ç a sua própria existência. Q u a n d o G a n g u l y a n u n c i a que vai realizar u m espetáculo m u s i cal,

Roy decide realizar outro na m e s m a noite, colocando o velho e o n o v o frente a

frente para u m a batalha f i n a l . A opulenta sala d e música de Roy é sua grande paixão, e o f i l m e mostra flashbacks de concertos passados realizados nela e m épocas mais f a v o ráveis. Esse espetáculo final será o ú l t i m o g r a n d e gesto de Roy, embora vá destituí-lo c o m p l e t a m e n t e d e seu tesouro. Ele é sua chance d e viver c o m o a n t i g a m e n t e e m a n t e r seu f i m inevitável longe por u m a última noite de música e beleza. A atmosfera de decadência e a melancolia do f i l m e são q u a s e Inebriantes. S e n t i m o s o f i m do m u n d o d e Roy v i s c e r a l m e n t e e, ainda a s s i m , c o m o o protagonista, d e s e j a m o s que ele não morra - por m a i s impossível que isto seja. A o b s e r v a ç ã o atenta e a e v o cação m e t i c u l o s a de u m a época e lugar - características dos f i l m e s neo-realistas de Ray - f u n c i o n a m b e m a q u i , porém para fins mais expressionistas. Vemos q u e os dois criados restantes estão perdendo a batalha para os e l e m e n t o s da natureza à m e dida que p l a n t a s e insetos t o m a m conta do castelo. A s planícies sem v e g e t a ç ã o q u e Roy observa e s p e l h a m sua m o r t e

lenta.

Satyajit Ray explora n o v a s Idéias e técnicas neste f i l m e - e é f a s c i n a n t e assistir à expansão do seu estilo. A sala de

música

é u m b a n q u e t e para os s e n t i d o s e u m a obra-prima essencial do cinema m u n d i a l . R H


|

Carrosse, Sédîf) 94 m i n . P & B

Idioma: francês 1•

: François Truffaut

Produção: François Truffaut Roteiro: François Truffaut

OS INCOMPREENDIDOS

(1959)

(LES QUATRE CENTS COUPS) O l o n g a - m e t r a g e m de estréia d e François Truffaut, Os incompreendidos,

lhe rendeu o

prêmio de m e l h o r diretor no Festival de Cannes e m 1959. Da noite para o dia, o j o v e m

Fotografia: Henri Decaë

realizador estava no m a p a da cultura c i n e m a t o g r á f i c a m u n d i a l - e preparando o c a m i -

Musica: Jean Constantin

n h o para c o m p a n h e i r o s de nouvelle v a g u e , c o m o Jean-Luc Goda rd e Eric Rohmer, q u e já

tlenco: Jean-Pierre Léaud, Claire

e s t a v a m e n v o l v i d o s e m seus próprios projetos d e v a n g u a r d a .

Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble, ieoi es Flamant, Patrick Auffray, 1 laniel Couturier, François Nocher, Richard K a n a y a n , Renaud Fontanarosa, Michel Girard, Henry Moati, Bernard A b b o u , Jean-François Bergouignan, Michel Lesignor I n d i c a ç ã o a o O s c a r : François

Truffaut, Marcel Moussy (roteiro) F e s t i v a l d e C a n n e s : François Truffaut (diretor), (Prêmio OCIC)

C o m o outros cineastas da nouvelle v a g u e , Truffaut cultivava suas principais idéias escrevendo artigos para a Cahiers du Cinema,

a sofisticada revista de c i n e m a editada

por André Bazln - que m u i t a s vezes incentivava os críticos da publicação a perseguirem suas convicções para a l é m d a s q u e s t õ e s estéticas e filosóficas q u e lhe i n t e r e s s a v a m p e s s o a l m e n t e . Truffaut era o colaborador m a i s agressivo do grupo, criticando ferozm e n t e a " t r a d i ç ã o d e q u a l i d a d e " do c i n e m a francês e n q u a n t o f o r m u l a v a a politique des auteurs que encarava diretores e x t r e m a m e n t e criativos c o m o os principais autores de seus filmes. Os incompreendidos

está repleto desse espírito do c i n e m a personalista que Truffaut

louvava c o m o crítico. O herói, A n t o i n e Doinel (Jean-Pierre Léaud), é u m a versão ligeiram e n t e ficclonalizada do próprio outeur, e Truffaut revelou p o s t e r i o r m e n t e ter a l i m e n t a d o a intensidade da Interpretação do ator d e 15 anos d e idade a o se unir a ele e m u m a conspiração pessoal contra o restante do elenco e da e q u i p e . O mestre da fotografia Henri Decaê f i l m o u e m locação e m Paris, e Truffaut j a m a i s hesitou e m se afastar do enredo original para transmitir detalhes e m o c i o n a i s de forma p u n g e n t e . U m a dessas seqüências se dá q u a n d o A n t o i n e anda e m u m brinquedo d e parque de diversões c o n torcendo o corpo d e u m a maneira q u e expressa seu i m p u l s o u m t a n t o débil de se rebelar contra as n o r m a s castradoras da s o c i e d a d e . O u t r o exemplo disso surge no final do f i l m e , q u a n d o a câmera de Truffaut escapa d e u m reformatórlo c o m A n t o i n e , acompanhando-o i n i n t e r r u p t a m e n t e e n q u a n t o ele corre esbaforido para lugar n e n h u m e e n t ã o f e c h a n d o u m z o o m no seu rosto para capturar u m a i m a g e m d e angústia existencial que é, i n d i s c u t i v e l m e n t e , o m o m e n t o m a i s p u n g e n t e de toda a nouvelle v a g u e . Truffaut e Léaud d e r a m p r o s s e g u i m e n t o às a v e n t u r a s de A n t o i n e e m m a i s q u a t r o f i l m e s , c o n c l u i n d o a série c o m O amor em fuga, e m 1979, quatro a n o s a n t e s da m o r t e prematura do diretor. Embora essas c o n t i n u a ç õ e s t e n h a m seu c h a r m e , Os incompreendidos c o n t i n u a incomparável c o m o destilação dos m a i s exuberantes Instintos criativos da nouvelle v a g u e . D S


INTRIGA INTERNACIONAL (1959) (IMORTH BY NORTHWEST) 0 depois de o p e r s o n a g e m d e Roger O. T h o r n h i l l , u m p u b l i c i t á r i o , se ii . 1 1 , u m a m u l h e r Ibe pergunta o q u e significa o " O " do m e i o . A f a m o s a ta de Grant? " N a d a . " Por u m lado, trata-se de u m a a l f i n e t a d a Inteligente 111 hcock dirigida a seu ex-produtor, David O. Selznick. No e n t a n t o , esse

||

1 m u i t o s e l e m e n t o s e m Intriga

internacional,

o f i l m e m a i s divertido

D diretor, é t a m b é m outro d e t a l h e irrelevante s u b o r d i n a d o à a ç ã o . 1 la vi'idade, às vezes Intriga internacional parece, ele todo, u m grande detalhe lrinte, o q u e é , estranhamente, responsável por seu considerável charme. O filme

1

Ilversão: confundido com u m espião e suspeito de assassinar u m diplomata I ONI I, lliornhill (armado apenas com seu grande estoque de charme e réplicas Iplrltuosas) atravessa o país e m fuga, perseguido por vilões (liderados por J a m e s um assustador Martin Landau) e por agentes do governo. No meio disso ÍStá , 1 estonteante e descaradamente sensual Eve Kendall (Eva Marie Saint), iii 1 lealdade oscila entre os dois pólos representados pelos mocinhos e bandidos. seguirá Grant enganar seus assassinos e m p o t e n c i a l ? Descobrirá ele a n I n Ir por trás de seu dilema de identidade trocada? Isso t e m a l g u m a impor1 ' n.ibalhando c o m u m dos m e l h o r e s roteiros de todos os t e m p o s , a c a r p i r h i i e s t L e h m a n , e c o n t a n d o c o m várias das m a i o r e s s e q ü ê n c i a s d e ação i " 1 Inema - o a t a q u e do avião pulverizador, a perseguição pelo(s) rosto(s) ' li ulpiilo(s) no m o n t e R u s h m o r e -, Hitchcock fechou sua era de ouro e m g r a n ulo c o m Intriga internacional.

Até m e s m o os créditos iniciais, d e s e n h a d o s por Saul

são m e m o r á v e i s , e a trilha d e Bernard H e r r m a n n rivaliza c o m seus t e m a s icônicos

1 i r , l a n c e da loura gelada de Kim Novak e m U m corpo que cai, que é anterior a Intriga Internacional , S a i n t é u m a d a s p r o t a g o n i s t a s f e m i n i n a s m a i s v u l n e r á v e i s de Hitchcock 1

desde seu primeiro e n c o n t r o c o m G r a n t , fica claro que eles são f e i t o s u m para o ou-

I

1111

liata-se do eterno b a t i s m o d e fogo final do solteirão a n t e s da b o n a n ç a m a t r i m o -

nial

A s s i m , a q u e s t ã o deixa de ser " s e " para se tornar " c o m o " os dois t e r m i n a m j u n t o s .

1

iranl é obrigado a v e n c e r v á r l a s a m e a ç a s não só pela própria vida c o m o , i m p l i c i t a m e n -

ii•

pela vida e m c o m u m dele c o m S a i n t . E Hitchcock - c o m s e u h a b i t u a l

M U 11.1 ntico - se diverte c o l o c a n d o o b s t á c u l o s e m seu c a m i n h o . J K I

EUA

(MGM)

1 3 6 min.

In

IIIIII

" I m

I d i o m a : inglês

p i r a Psicose (1960) e U m corpo que cai (1958).

sadismo

D i r e ç ã o : Alfred Hitchcock R o t e i r o : Ernest Lehm,111 F o t o g r a f i a : Robert Burks M ú s i c a : Bernard Herrin. E l e n c o : Cary Grant, Lv.i Marie Slln J a m e s M a s o n j e s s i c Royi s 1 and Leo G. Carroll, Josephim 1 i m . I Philip Ober, M a r t i n Land.111, A . l .1111 im W i l l i a m s , Edward P l a n , Röbel 1 Ellenstein, Les Tremayni', Philip Coolidge, Patrick McVrv, 1 >l B m

1

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : t u n a 1 r i n n1 1.. i1n

(roteiro), W i l l i a m A. Ilmnlni',, Riiln 1 1 F. Boyle, Merrill Pye, Henry 1 u >•, Frank R. McKelvy (direção ilr ,11 l r ) George Tomasini (edição)



QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (1959)

(SOME LIKE ITHOT)

Dois músicos de jazz em uma maré de azar, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack L e m m o n ) t e s t e m u n h a m o Massacre do Dia de São Valentim e fogem de Chicago j u n t o c o m uma banda só de mulheres, cujo destino é M i a m i , disfarçados de " J o s e p h i n c " e " D a p h n é " . Os dois se apaixonam por Sugar Kane Kowalczyk (Marilyn Monroe), uma cantora vulnerável e beberrona. Porém D a p h n é c h a m a a atenção do libidinoso playboy Osgood Flclding III (Joe E. Brown), e as coisas f i c a m ainda mais complicadas q u a n d o os m e s m o s gângsteres dos quais os rapazes q u e r e m fugir - o chefão da máfia de Chicago Spats C o l u m b o (George Raft) e seus capangas E U A {Ashton, Mirisch) 120 m i n . P & B I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Billy Wilder P r o d u ç ã o : I.A.L. D i a m o n d , Doane Harrison, Billy Wilder R o t e i r o : I. A. L. D i a m o n d , Billy Wilder F o t o g r a f i a : Charles Lang M ú s i c a : Adolph Deutsch, Gus K a h n ,

c h e g a m ao hotel da Flórida para u m a reunião de cúpula do s u b m u n d o do crime. Esta lendária comédia de t r a n s f o r m i s m o é s e n s a c i o n a l m e n t e engraçada, f e r v i l h a n do do início ao f i m de s i t u a ç õ e s geniais, gags elaboradas c o m inteligência, t i m i n g perfeito e interpretações excelentes. A faceta d e s a m p a r a d a / c ô m i c a de M o n r o e - a maior deusa do sexo dos a n o s 50, no auge do seu e n c a n t o - é mítica. O desconforto que Curtis sente por estar travestido lhe conferiu u m a austeridade q u e contrasta extraordin a r i a m e n t e c o m a desinlbiçâo do I m p a g á v e l L e m m o n . Quanto mais quente m e l h o r f o i produzido de forma Independente e dirigido por Billy

Bert Kalmar, Leo W o o d

W l l d e r em sua segunda parceria c o m I. A. L. " I z " D i a m o n d , Inspirado pela comédia a l e -

E l e n c o : Marilyn Monroe, Tony Curtis,

m ã Fanfaren der Liebe (1951), na q u a l dois músicos d e s e m p r e g a d o s se j u n t a m a u m a

Jack L e m m o n , George Raft, Pat O'Brien, Joe E. B r o w n , Nehemiah Persoff, Joan S h a w l e e , Billy Gray, George E. S t o n e , Dave Barry, Mike

banda só de mulheres, fazem u m a v i a g e m de t r e m e se e n v o l v e m com a cantora do g r u po. Wilder não queria que seus dois protagonistas f o s s e m caricatos; eles t i n h a m que ser a r d o r o s a m e n t e heterossexuais para q u e sua fuga de t r e m fosse cercada de t e n t a -

Mazurki, Harry W i l s o n , Beverly Wills,

ções c o m i c a m e n t e excruciantes. A s s i m , a dupla precisava de u m excelente m o t i v o para

Barbara Dew

se disfarçar de m u l h e r e s . Fugir para salvar a pele de assassinos implacáveis forneceu

O s c a r : Orry-Kelly (figurino)

m o t i v o de sobra. E, embora os gângsteres t e n h a m suas próprias boas piadas, a inter-

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Billy Wilder

pretação deles oferece u m ar de deliciosa a m e a ç a .

(diretor), I. A. L. D i a m o n d , Billy Wilder (roteiro), Jack L e m m o n (ator), Ted

A f a m o s a última fala do f i l m e foi escrita na noite anterior ao e n c e r r a m e n t o das

I laworth, Edward G. Boyle (direção de

f i l m a g e n s por D i a m o n d , q u e insistiu c o m o h e s i t a n t e Wllder que ela era engraçada por

arte), Charles Lang (fotografia)

ser t o t a l m e n t e Inesperada; a ú l t i m a reação que a platéia esperaria diante da revelação de Jerry ("Eu sou H O M E M ! " ) era que Osgood desse de ombros e falasse, f i l o s o f i c a m e n t e : " N i n g u é m é perfeito." O outro m o m e n t o lembrado com carinho é o a n ú n c i o do noivado de D a p h n é . L e m m o n c h a c o a l h a n d o sua m a r a c a s e m u m êxtase absurdo é u m a obraprima de t i m i n g c ô m i c o , c o m W l l d e r insistindo q u e as c a b a ç a s f o s s e m a g i t a d a s e m acessos ritmados para que a platéia pudesse rir entre as falas. Ele t a m b é m Ignorou as objeções à fotografia e m preto-e-branco não só para reforçar a época e m que o f i l m e se passa c o m o para, a s t u c i o s a m e n t e , esconder a m a q u i a g e m dos h o m e n s . A t r a n s f o r m a ção deles é s u r p r e e n d e n t e m e n t e engraçada, m a s I m a g i n a d a e m Technicolor seria grotesca d e m a i s . Os especialistas da indústria previram que a obra seria u m fracasso por quebrar várias das regras tradicionais da comédia (a história parte de u m terrível massacre, apenas m e t a d e do roteiro estava escrito q u a n d o as f i l m a g e n s c o m e ç a r a m e o f i l m e t e m duas horas de duração), mas o f i l m e c o n q u i s t o u o público e foi considerado pelo A m e r i c a n Film Instltute a m e l h o r comédia de todos os t e m p o s . AE

56


ANATOMIA DE UM CRIME

(1959)

(ANATOMY OF A MURDER) O filme de 1959 de O t t o Preminger, baseado no romance de 1957 de Robert Traver (pseudônimo

para o juiz da suprema

corte de

Michigan John D. Voelker), gerou controvérsia à época - ao fazer uso de palavras até então jamais ouvidas nas telas, como "calcinhas",

we.mmw. i

... /• 0 M M E Í 1

®mmm

"estupro" e "espermatogênese" - e continua sendo uma dissecação incisiva, amarga, dura e inteligente do sistema legal americano. Desde o impressionante desenho dos créditos iniciais de Saul Bass ( t a m b é m presentes no cartaz) até a trilha jazzístlca de Duke Ellington, Anatomia de um crime faz uma abordagem sofisticada

i n c o m u m para u m f i l m e h o l l y w o o d i a n o do seu período. M a i s radicalmente, se recusa a E U A (Carlyle, Columbia) 16o m i n . P & B

mostrar o assassinato ou qualquer das cenas relatadas no tribunal, deixando nas nossas

I d i o m a : inglês

m ã o s decidir, j u n t a m e n t e c o m o júri, se o rabugento e indiferente t e n e n t e Frederick

D i r e ç ã o : O t t o Preminger

M a n i o n (Ben Gazzara) foi o u não v í t i m a de u m " i m p u l s o irresistível" e q u i v a l e n t e à

P r o d u ç ã o : Otto Preminger R o t e i r o : Wendell M a y e s , baseado no livro de John D. Voelker F o t o g r a f i a : S a m Leavitt M ú s i c a : Duke Ellington

loucura q u a n d o m a t o u a tiros Barney Quill, o d o n o de bar b r u t a m o n t e s a c u s a d o de estuprar

Laura

(Lee Remick, c o m suas calças i n c r i v e l m e n t e apertadas), a esposa

provocante e vulgar de M a n i o n . Porém a defesa de M a n i o n fica a cargo do advogado Paul " P o l l y " Biegler (James S t e w a r t ) , u m ex-promotor público disposto a voltar aos tribunais

E l e n c o : J a m e s S t e w a r t , Lee Remick,

para enfrentar o idiota que o s u b s t i t u i u no cargo. Biegler recorre aos talentos da sua

Ben Gazzara, Arthur 0'Connell, Eve

secretária (Eve Arden) e do seu beberrão, porém brilhante, parceiro de investigação

Arden, Kathryn Grant, George C.

(Arthur 0'Connell). Para a a c u s a ç ã o , a confusa promotoria pública convoca Claude Dan-

Scott, Orson B e a n , Russ Brown,

cer (George C. Scott), u m advogado presunçoso da cidade grande, cuja elegância m a l i c i o -

Murray H a m i l t o n , Brooks W e s t , Ken Lynch, J o h n Q u a l e n , Howard McNear, Alexander Campbell, Joseph N. Welch I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Otto Preminger (melhor filme), Wendeli Mayes

sa gera u m contraste interessante com a complacência no melhor estilo J a m e s S t e w a r t de Biegler. Na tribuna, t e m o s u m gigante dos tribunais da vida real: o juiz é interpretado por Joseph W e l c h , o procurador cuja serena perseverança ("O senhor não t e m v e r g o nha?") literalmente pôs f i m à carreira do senador Joseph McCarthy.

(roteiro), J a m e s Stewart (ator), Arthur

S i m p l e s m e n t e o m e l h o r f i l m e de tribunal já feito, m u i t o m e n o s artificial do que o

0'Connell (ator coadjuvante), George

brilhante, porém teatral Doze homens e uma sentença, ele conta c o m uma c o m p r e e n s ã o

C. Scott (ator coadjuvante), S a m 1 eavltl (fotografia), Louis R. Loeffler (edição) F e s t i v a l d e V e n e z a : J a m e s Stewart (Copa Volpi - ator), O t t o Preminger, indicação (Leão de Ouro)

real por parte de S t e w a r t e S c o t t ( a m b o s indicados ao Oscar pelo filme) de c o m o os a d v o g a d o s d e v e m ser não só ó t i m o s atores, m a s estrelas, a s s u m i n d o personalidades que exageram seus verdadeiros " e u s " e c a l c u l a n d o cada a t a q u e e objeção para causar efeito nos pobres coitados na bancada do júri. KN


OS OLHOS SEM ROSTO (1959)

F r a n ç a / I t á l i a (Champ-, i lysées. i «

(LES YEUX SANSVISAGE)

88 m i n . P8tB

i ii 1 1 v i u se m u i t o sobre Os olhos sem rosto, d e Georges Franju - a única incursão n o gêi i c i i i terror do co-fundador da C i n e m a t e c a de Paris. Ao passo q u e o f i l m e é reconhecido, 1 iça, c o m o u m a obra-prima, é c o m u m v e r m o s relações sendo feitas entre sua

I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Georges Franju P r o d u ç ã o : Jules Borkon R o t e i r o : Pierre 8oileau, Claude

1 1 ini.i de r o m a n c e puíp e a poesia da sua fotografia - c o m o se J e a n C o c t e a u f i l m a s s e

S a u t e t , Pierre Gascar, Thomas

i .Ir.ii Allan Poe. O brilhante Dr. Génessier (Pierre Brasseur), e m suas experiências para

Narcejac, baseado no livro d r lein

uperar a rejeição de t r a n s p l a n t e s de ó r g ã o s , dedica-se a encontrar u m a j o v e m com u m que sirva para substituir o de sua filha Christianc (Edith Scob), q u e foi desfigurado

I i.inju confere sensibilidade e c o m p l e x i d a d e aos estereótipos do c i e n t i s t a louco e r,tente (aqui interpretado por Alida Valli), isso s e m m e n c i o n a r seu " m o n s t r o " : magnífica

a s i m p a t i a d o s e s p e c t a d o r e s pela

desfigurada

1 I m a lane logo n o início do f i l m e . O primeiro plano, e m que dois faróis c o r t a m a e s c u r i dão do interior da França, vistos d e d e n t r o do carro, cria u m a i m a g e m s e m e l h a n t e a .1 mascara (que espelha a máscara inexpressiva q u e cobre o rosto d e Christiane), porém da perspectiva de q u e m a usa. Nosso primeiro c o n t a t o c o m o f i l m e se dá por trás 1 máscara e, q u a n d o f i n a l m e n t e v e m o s o rosto de C h r i s t i a n e , não é o invólucro de 1 1 que o cobre ou (quando ele é retirado) o m ú s c u l o exposto fora de foco que cha11

F o t o g r a f i a : Eugen Schüfftan M ú s i c a : Maurice Jarre

n u u m a c i d e n t e d e carro c a u s a d o por ele.

nqulsta d e f o r m a

Redon

iiissa a t e n ç ã o , m a s os olhos da j o v e m - através dos quais já h a v í a m o s enxergado

naquele primeiro plano. É este o significado do f i l m e : nós s o m o s o " m o n s t r o " pelo qual " 1 ' I 1 ,i'iicssier c o m e t e seus c r i m e s h o r r e n d o s . Is olhos sem rosto pode ser visto c o m o o Grand G u l g n o l levado à tela g r a n d e : o filme n.ibalha para n o s oferecer u m a série cada vez m a i o r d e e s p e t á c u l o s grotescos, a 1 nincçar pela máscara d e C h r i s t i a n e , p a s s a n d o por u m rosto sendo retirado d e u m a |nvi'in v í t i m a (dentre outros horrores cirúrgicos), a i m a g e m da face desfigurada d e ' In 1 . 1 lane, a t é o Dr. Génessier sendo destroçado por seus próprios c a c h o r r o s . Franju nlerece u m a mistura de b o m e m a u gosto cultural, na qual s o m o s a p r e s e n t a d o s à l u ' l i v . 1 e à poesia inerentes ao horror graças à recusa do diretor e m explorar ou se esqul11 das i m a g e n s explícitas. S e nós s o m o s de fato o m o n s t r o , c o n f o r m e parece a f i r m a r o filme, 11.10 n e c e s s a r i a m e n t e v e r í a m o s os a c o n t e c i m e n t o s retratados c o m o terríveis. M K

E l e n c o : Pierre Brasseur. Edith SCOD, Alida Valli, François Guérin, A l o . m i l Rignault, Beatrice A l t a i i t u . lullettl M a y n l e l , Charles B l a v e l i c . i l . i m l r Brasseur, Michel Etcheverry. Yveii Etiévant, René Génin, l i i r i r u lliili Mareei Pérès


E U A (Columbia) 73 m i n . Eastmancolor I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Budd Boettlcher P r o d u ç ã o : Budd Boettlcher, Harry Joe Brown R o t e i r o : Burt Kennedy F o t o g r a f i a : Charles Lawton Jr. M ú s i c a : Heinz Roemheld E l e n c o : Randolph Scott, Karen Steele, Pernell Roberts, J a m e s Best, Lee Van Cleef, J a m e s Coburn

0 HOMEM QUE LUTA S0

(1959)

(RIDE LONESOME) Os sete faroestes que B u d d B o e t t l c h e r realizou c o m Randolph S c o t t no papel de protagonista são notáveis pelo v i r t u o s i s m o sarcástico, lacônico e rústico do ator; por seus c o a d j u v a n t e s expressivos; graça v i s u a l ; paisagens desoladas e abstratas; e u m clima i n a u d i t o , porém doloroso, de tragédia. S e O homem que luta só se destaca nessa série é por conta do o t i m i s m o d e seu f i n a l , da interação natural entre Pernell Roberts e J a m e s Coburn c o m o os dois vilões m a i s c a t i v a n t e s de Boettlcher e da perfeição do roteiro d e Burt Kennedy. S c o t t Interpreta u m caçador d e recompensas c o m o n o m e fabuloso de Ben Brigade, que, depois de capturar u m notório assassino - u m J a m e s Best m e m o r a v e l m e n t e I n f a n til - na primeira cena do f i l m e , cruza o país c o m ele para recolher sua r e c o m p e n s a . D u rante a v i a g e m , Brigade adquire, a contragosto, três c o m p a n h e i r o s : a esposa sensual d e u m chefe d e estação d e t r e m (Karen Steele) e a simpática dupla de bandidos já m e n c i o nada, q u e p l a n e j a m roubar o prisioneiro d e Brigade. E n q u a n t o isso, o irmão fora-da-lei d e s t e ú l t i m o (Lee Van Cleef) está no encalço do grupo. O s personagens e s t ã o presos e m u m círculo vicioso d e objetivos conflitantes o u c o m p l e m e n t a r e s - n i n g u é m c o n s e g u e t o m a r uma atitude que não gere uma contrapartida de outra pessoa - e t o d o s e s t ã o cientes d e q u e se e n c a m i n h a m j u n t o s para u m confronto fatal. Boetticher, f i l m a n d o e m C l n e m a S c o p e , faz justiça t a n t o à elegância do cenário q u a n t o à solidão mítica de seu protagonista. C f u

B r a s i l / F r a n ç a / I t á l i a (Dispat,

G e m m a , Tupan Filmes) 100 m i n . Eastmancolor I d i o m a : português D i r e ç ã o : Mareei Carnus P r o d u ç ã o : Sacha Gordine R o t e i r o : Vinicius de Moraes, Mareei Carnus, Jacques Viot, baseado na

ORFEU NEGRO

(1959)

A recriação de Marcel C a m u s do m i t o d e Orfeu no Rio d e Janeiro d u r a n t e o carnaval surpreendeu a todos c o m o g a n h a d o r da Palma de Ouro e m C a n n e s e, p o s t e r i o r m e n t e , do Oscar d e Melhor Filme Estrangeiro. Filmado utilizando técnicas do neo-realismo u m elenco a m a d o r e extensivas f i l m a g e n s e m locação n a s ruas a p i n h a d a s -, ele foi a l t a m e n t e elogiado por seu retrato vibrante da vida e do folclore brasileiros. Orfeu negro t a m b é m foi considerado revolucionário por ser u m dos primeiros f i l m e s d e arte

peça Orfeu do carnaval, de Vinicius de

i n t e r n a c i o n a i s a contar c o m u m elenco t o d o c o m p o s t o d e negros. Acrescente-se a essa

Moraes

a c l a m a ç ã o e clima de a u t e n t i c i d a d e u m d o s c h a r m e s m a i s d u r a d o u r o s do f i l m e : a

F o t o g r a f i a : Jean Bourgoin

gloriosa trilha sonora c o m p o s t a por Luiz Bonfá e A n t o n i o Carlos J o b l m .

M ú s i c a : Luiz Bonfá, Antonio Carlos Jobim E l e n c o : Breno Mello, Marpessa D a w n , Lourdes de Oliveira, Lea Garcia, Ademar da Silva, Alexandro Constantino, W a l d e m a r de Souza, Jorge dos S a n t o s , Aurino Cassiano

I r o n i c a m e n t e , no Brasil o f i l m e sempre foi criticado por retratar de forma exótica o país c o m o u m a grande festa sem f i m , repleta de caricaturas latinas d e s a n g u e q u e n t e . Embora seja difícil c o n t e s t a r essas críticas - q u e estão de acordo c o m m u i t o s dos debates c o n t e m p o r â n e o s sobre política de visibilidade -, é melhor apreciar o f i l m e por suas próprias qualidades. U m a fábula confessa, Orfeu negro é b e l a m e n t e f i l m a d o e conta c o m interpretações m a r a v i l h o s a s de Marpessa D a w n e Breno Mello. A r e p r e s e n -

O s c a r : França (melhor filme

t a ç ã o de Carnus do rio Estlge e do barqueiro Caronte c o m o u m porteiro da noite e m u m

estrangeiro)

prédio do governo, parado e m u m corredor c o m tiras de papel e s v o a ç a n d o pelos seus

F e s t i v a l d e C a n n e s : Mareei Carnus

pés, é inesquecível. R H

(Palma de Ouro)


SOMBRAS

(1959)

(SHADOWS) P I , O belo e pungente primeiro l o n g a - m c t r a g e m de J o h n C a s s a v e t e s , f i l m a d o e m • i posteriormente a m p l i a d o para 3 5 m m , se concentra e m dois irmãos e u m a irmã I M luntos e m M a n h a t t a n . O m a i s v e l h o , u m cantor de boate de terceira categoi i n l ) , é v i s i v e l m e n t e negro, e n q u a n t o os o u t r o s dois (Ben Carruthers e Lelia i n il.iios o suficiente para passarem por brancos. Este é o único f i l m e de

1

I t e s feito sem u m roteiro, no sentido habitual dado ao t e r m o , embora Ray Carney,

E U A (Lion) 8 i m i n . P & B

lloso da obra do diretor, já tenha d e m o n s t r a d o a m p l a m e n t e c o m o os créditos

I d i o m a : inglês

n i i i i i i i . i i u l o q u e o f i l m e q u e você a c a b o u de ver é uma " i m p r o v i s a ç ã o " , estão m a i s

D i r e ç ã o : J o h n Cassavetes

H I H I . i i i i n p i o m o ç ã o do que para u m a descrição objetiva. Na v e r d a d e , Cassavetes e in Arthur escreveram boa parte d e Sombras b a s i c a m e n t e t r a b a l h a n d o e m u m a . 1 . I r m i p i o v i s a ç ã o supervisionada pelo próprio diretor. U m a versão anterior e m a i s .In filme, s u p o s t a m e n t e m e n o s d e p e n d e n t e da narrativa, se perdeu. Ifnbras l a m b e m é o único d o s f i l m e s de Cassavetes q u e se concentra principalpessoas j o v e n s , c o m os atores utilizando seus próprios primeiros n o m e s I H , i i a s e n s a ç ã o de i n t i m i d a d e . Raras vezes t a m a n h a t e r n u r a , delicadeza, su-

11

• s e n t i m e n t o s sinceros e m e r g i r a m d e forma t ã o natural e bela das interpretações Itline a m e r i c a n o . O f i l m e é c o n t e m p o r â n e o d a s primeiras obras-primas da

11

lie vague francesa, c o m o Acossado e Os incompreendidos, e merece figurar ao lado !• 1 1 pelo h r s e o r e liberdade da sua v i s ã o . C o m seu retrato da M a n h a t t a n do período i I N H i n existe m a i s , ele f u n c i o n a t a m b é m c o m o u m a p u n g e n t e m á q u i n a do t e m niy Kay (filho do diretor Nicholas Ray), Rupert Crosse, D e n n i s SaIlas, Tom Allen, . loncs e p o n t a s de atores q u e se tor1 i n n i i e n t e s n o s f i l m e s d e Cassaveim s e y m o u r Cassel, a l é m do próprio • I i i ' i m 1 iiinplctam o elenco. 1 ima maravilhosa trilha sonora de jazz ' • K r " de ( h.irles M i n g u s , que conta c o m ixofonista S h a f i Hadi, d e s e m p e n h a "in

papel essencial n o t o m e m o c i o n a l do

I1I1111-

Pude se concordar q u e C a s s a v e t e s

i ' n i d feito f i l m e s m e l h o r e s , p o r é m , j u n t a • m u sua obra-prima f i n a l , A m a n t e s , I I p I<JK4 ti

o u t r o f i l m e q u e se concentra na

.1 i ' e m p a t i a e n t r e i r m ã o s -, este é p.11.1 se guardar c o m c a r i n h o . JRos

P r o d u ç ã o : S e y m o u r Cassei, M.iuiii 1 McEndree R o t e i r o : J o h n Cassavetes F o t o g r a f i a : Erich K 0 I I 1 1 1 . 1 1 M ú s i c a : Shifi Hadi, Charles MlngUI E l e n c o : Ben Carruthers, Lella Coldon Hugh Hurd, Anthony Ray, Denflll S a l l a s . T o m Allen, David Pokltlllo Rupert Crosse, David l o n e . , I'll Marini, Victoria Vargas, Jack A c k e r m a n , Jacqueline W . 1 I 1 Ott, Cllfl Carnell, J a y Creco, Tony Ray


iiuli.i (Satyajit Ray) 117 m i n . P & B I d i o m a : bengali D i r e ç ã o : Satyajit Ray

0 MUNDO DE APU

(1959)

(APUR SANSAR) O m u n d o de Apu c o m p l e t a a trilogia q u e d e u fama a Satyajit Ray e apresentou o cinema

P r o d u ç ã o : Satyajit Ray

indiano a o m u n d o . Com os dois pais agora m o r t o s , o A p u a d u l t o (Soumitra Chatterjee)

Roteiro: Satyajit Ray, baseado no

vive p r e c a r i a m e n t e e m Calcutá, ao lado d o s trilhos do t r e m , t e n t a n d o alcançar fama

livro Aparajita, de Bibhutlbhusan

c o m o escritor. S e u amigo Pulu ( S w a p a n Mukherjee) o convida para o c a s a m e n t o da sua

Bindyopadhyay

irmã e m u m a pequena aldeia bengali. M a s as festividades são arruinadas q u a n d o se

l o t o g r a f í a : Subrata Mitra

descobre q u e o noivo é u m deficiente m e n t a l . P o r é m , se a noiva n ã o se casar na hora

M u s i c a : Ravi Shankar

marcada, estará desgraçada para s e m p r e . A p u , protestando e d e s n o r t e a d o , é forçado ao

E l e n c o : Soumitra Chatterjee, Sharmlla Tagore, Alok Chakravarty, Swtpan Mukherjee, Dhiresh Majumdar, Sefalika Devi, Dhiren

m a t r i m ô n i o e leva sua noiva a d o l e s c e n t e de volta ao seu barraco na cidade. Contra t o d a s as probabilidades, o c a s a m e n t o é u m alegre êxito. Depois de u m a n o de felicidade, Aparna (Sharmila Tagore) volta para casa para ter seu filho. U m a m e n s a g e m

(ihosh, Shanti Bhattacherjee, Abhijit

c h e g a : ela morreu durante o parto. D e v a s t a d o , A p u não quer n e m ao m e n o s ver a

Chatterjee

criança. Cinco a n o s depois, Pulu o encontra t r a b a l h a n d o e m u m a mina de carvão remota e o c o n v e n c e a voltar para a s s u m i r o filho, q u e cresceu v i o l e n t o e Intratável. A princípio, o m e n i n o rejeita f e r o z m e n t e o estranho q u e diz ser seu p a i , p o r é m , aos poucos, u m a confiança cautelosa cresce entre os dois, até q u e A p u , carregando o filho nos o m b r o s , c o n s e g u e voltar para a cidade e para o m u n d o . Esta c o n c l u s ã o - Apu t e n d o v o l t a d o s i m b o l i c a m e n t e à sua aldeia natal e c o n f r o n t a d o seu próprio eu infantil - dá à trilogia a satisfatória estrutura cíclica d e u m m i t o . Cada u m dos f i l m e s de A p u é estruturado e m torno de d u a s m o r t e s , embora neste O mundo de Apu a segunda m o r t e seja a dele m e s m o . Ele morre espiritualmente depois de perder Aparna e s o m e n t e u m a c o n t e c i m e n t o casual o salva do suicídio: a p e n a s depois de reclamar o filho para si ele renasce. O I n s t r u m e n t o escolhido para o s e u suicídio é u m t r e m ; aqui, c o m o em toda a série de f i l m e s , os trens representam forças Irresistíveis e i m p e s s o a i s que trazem m u d a n ç a , separação e m o r t e .

•1%


ii i

ação de O mundo de Apu está o breve c a s a m e n t o de Apu e Aparna. Ele t a m breve e m t e r m o s de t e m p o na tela, durando m e n o s de mela hora, p o r é m carrega

Um poderoso I m p a c t o e m o c i o n a l e erótico. Não q u e Ray leve ao e s p e c t a d o r qualquer to sexual explícito; m e s m o que q u i s e s s e , as convenções m o r a i s da índia o t e r i a m Impedido. C o n t u d o , ele t r a n s m i t e u m a saudável revelação erótica e m m o m e n t o s c o m o D que A p u , acordando na sua c a m a a n t e r i o r m e n t e d e solteiro e e s c u t a n d o Aparna preparando a l e g r e m e n t e o café da m a n h ã , descobre, e s p a n t a d o , u m g r a m p o d e cabelo no travesseiro ao seu lado. Ray extrai de Chatterjee e Tagore, e m suas estréias no c i n e m a , Ituações d e I m p r e s s i o n a n t e profundidade e convicção; não é de surpreender que a m b o i u n h a m se tornado grandes estrelas do c i n e m a indiano, a s s i m c o m o atores recornntes nos filmes do diretor. Tagore, encantadora como Aparna, tinha a p e n a s 14 a n o s na poi 1 Graças a suas Interpretações e à ternura e sutileza a b r a n g e n t e s da direção de •

' i U l m e é u m dos retratos m a i s c o m o v e n t e s e intimistas da vida m a t r i m o n i a l da

hlf

.1 do c i n e m a . O mundo de Apu não só completa a trilogia magistral d e Ray c o m o

U l T l b é m c o m p r e e n d e u m a dilacerante história d e a m o r e perda. PK


h . i n ç a (Impéria, Georges de liengi.ind, SNC) 87 m i n . P8tB Idioma: irancês

(A BOUT DE SOUFFLE) O que resta de Acossado nos dias de hoje? O q u e ele c o m u n i c a a u m a platéia c o n t e m p o -

1 »11.•( . m : Jean-Luc Godard P r o d u ç ã o : Georges de Beauregard K o t r l r o : lean-Luc Godard, François lull m l

ACOSSADO (1959)

<

I litografia: Raoul Coutard M ü s k a : Martial Solai E l e n c o : Jean-Paul B e l m o n d o , Jean Seherg, Daniel Boulanger, Jean-Pierre

rânea e j o v e m - q u a n d o j u m p c u t s a p a r e c e m e m quase todo comercial de t e v ê ; q u a n d o suas estrelas estão há m u i t o m o r t a s (Jean Seberg) o u no ocaso de sua carreiras (JeanPaul B e l m o n d o ) ; q u a n d o " c o m é d i a s d e c o s t u m e s " c o n t r a p o n d o a m e r i c a n o s e e u r o p e u s são l u g a r - c o m u m ; e q u a n d o é m a i s provável q u e a mistura d e u m e n r e d o

solto

e n v o l v e n d o c r i m e s e gângsteres, u m a a t i t u d e " e s p e r t a " e u m a p a n h a d o m o d e r n o d e citações da alta e da baixa cultura seja atribuída a Q u e n t i n Tarantino do q u e a seu verdadeiro predecessor, Jean-Luc G o d a r d ?

M r l v i l l r , Henri-Jacques Huet, Van

S u r p r e e n d e n t e m e n t e , para u m iconoclasta artístico cuja e v o l u ç ã o foi t ã o rápida e

Doude, Claude M a n s a r d , Jean-Luc

a m b i c i o s a , Acossado é u m estréia m o d e s t a . Há algo parecido c o m u m enredo de thriller,

lard, Richard Balducci, Roger II nun I'.ni l o u i s Richard, Liliane l'avid, Iran Domarchi, J e a n Douchet, Raymond Huntley, André S. Labarthe, Is Moreuil, Liliane Robin l c s l i v . i l d e B e r l i m : Jean-Luc Godard ( l l r . c i de Prata), indicação (Urso de 1 Hun)

que é c o m p l e t a d o por u m a traição, perseguição policial e u m tiroteio ao f i m . Há u m a trilha sonora jazzística d e f i l m e noir e n c a n t a d o r a , p o r é m c o n v e n c i o n a l , a cargo d e M a r t i a l S o l a i . Há o falatório, q u a s e e m forma d e rap, insolente e l i g e i r a m e n t e ofensivo, que jorra da boca tagarela de B e l m o n d o , porém m e s m o isso não chega a contradizer a tradição d e C h a n d l e r - H a m m e t - S p i l l a n e de conversa d e d e t e t i v e durão. C o n t u d o , a t é hoje os prazeres sutis e f o r m a i s de Acossado n ã o foram p l e n a m e n t e r e c o n h e c i d o s . Seja por a c i d e n t e ou de propósito, o estilo de f i l m a g e m apressado, d e baixo o r ç a m e n t o , d e Godard produziu i n o v a ç õ e s extraordinárias. Evitar a gravação d e s o m direto e usar u m a t o t a l pós-sincronização não a p e n a s l e v a r a m a u m a velocidade à Orson W e l l e s e a u m a maneira inventiva de transmitir o diálogo c o m o t a m b é m abriram c a m i n h o para u m a m i x a g e m radical na qual não se percebe a diferença entre o s o m " r e a l " - das coisas que ocorrem d e n t r o da história - e o s o m i m p o s t o pelo c i n e a s t a . Da m e s m a f o r m a , f i l m a r e m a m b i e n t e s f e c h a d o s e pouco espaçosos levou a u m a nova forma d e c o n t e m p l a ç ã o c i n e m a t o g r á f i c a : o " e s t u d o v i s u a l " , n o qual u m a seqüência d e p o n t o s de vista a p e n a s ligeiramente diferentes oferece u m mosaico etibista dos m u i t o s h u m o r e s e a s p e c t o s dessas estrelas d e presença extraordinária. No e n t a n t o , é c o m o u m a história d e a m o r m o d e r n a que Acossado retém seu i m e n so c h a r m e para os m e m b r o s da G e r a ç ã o X e a l é m . Filhos da reflexão existencialista, da fartura do pós-guerra, da a t i t u d e cool da cultura beat e da irreverência da cultura pop, esses anti-heróis t r a t a m o a m o r c o m o u m jogo e suas próprias i d e n t i d a d e s c o m o m á s caras d e s c a r t á v e i s . Estão presos entre os valores tradicionais que rejeitam e a maneira de a m a r d o f u t u r o que ainda não se m a t e r i a l i z o u . Isso lhe parece familiar? A M

IM


BEN-HUR

0959)

E U A ( M G M ) 212 m i n . Technicoloi

Baseado e m u m r o m a n c e do século X I X escrito pelo general da Guerra Civil L e w Wallace, Ben-Hur, d e W i l l i a m Wyler, é a terceira e mais f a m o s a versão d e u m a história lendária sobre c o m p a i x ã o cristã e m m e l o à violência da era r o m a n a . F a m o s o por sua i unida de blgas e m p o l g a n t e , repleta d e a ç ã o e mítica q u e c u s t o u , sozinha, u m m i l h ã o de dólares para ser produzida, o f i l m e trazia 350 papéis c o m falas e m a i s d e 50 m i l I Igurantes. Indicado para 12 prêmios Oscar, ele estabeleceu u m recorde a o g a n h a r t o d a s

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : W i l l i a m Wyler P r o d u ç ã o : S a m Zlmbalist R o t e i r o : Karl Tunberg, baseado nu livro de Lew Wallace F o t o g r a f i a : Robert Surtees M ú s i c a : Miklós Rózsa

I I e s t a t u e t a s para as quais foi indicado, exceto u m a , u m feito igualado a p e n a s 40 a n o s

E l e n c o : Charlton Heston, Jack

depois por Tiwnk.

Hawkins, Haya Harareet, Stephen

O s claros excessos da produção r e d u n d a r a m e m u m certo desprezo

Intelectual.

Boyd, Hugh Griffith, Martha SCOtt,

C l a r a m e n t e u m f i l m e sobre Jesus Cristo, a história se c o n c e n t r a , para todos os .•leitos, na a m i z a d e entre Messala ( S t e p h e n Boyd) e J u d a h Ben-Hur (Charlton Heston), 1,1111 j o v e m

cuja vida se torna

u m a busca

por v i n g a n ç a

depois q u e ele é preso

i n j u s t a m e n t e pela t e n t a t i v a d e assassinato d e u m governador r o m a n o . C o n d e n a d o a 1 nua vida d e escravidão nas galés, com sua m u l h e r e filha raptadas, Ben-Hur deseja ma1.11 Messala, q u e a essa altura é u m oficial nas legiões r o m a n a s . Eles d u e l a m na i n f a m e e perigosa corrida de bigas, durante a qual Ben-Hur se vinga d e seu a n t i g o a m i g o . No

Cathy 0 ' D o n n e l , S a m Jaffc, I inl.iv Currle, Frank Thrlng, Terence Longdon, George Relph, André M

II

O s c a r : S a m Zlmbalist (melhoi fllffli), W i l l i a m W y l e r (diretor), Hugli G 1 I I I I 1 I 1 (ator coadjuvante), William A. Horning, Edward C. Carfagno, Hugh Hunt (direção de arte), Roberl M M

fim houve m a i s de 4 0 versões diferentes do roteiro; u m d e seus m u i t o s roteiristas foi

(fotografia), Elizabeth Haffcudrii

1 l o r c Vidal, q u e insistiu c m acrescentar u m e l e m e n t o homossexual entre os dois prota-

(figurino), A. Arnold Cillesplc, R n h r i i

gonistas. S e prestarmos b e m a t e n ç ã o , isso fica claro na a t u a ç ã o d e B o y d ; a p a r e n t e m e n te, o ator foi i n f o r m a d o d e q u e a relação d e Messala c o m Ben-Hur era m o t i v a d a , no I i i n d o , por u m a m o r entre dois h o m e n s . Se a m e n s a g e m do f i l m e era o amor, o objetivo dele era fazer dinheiro: seu estúdio, .1 M G M , estava e m péssima situação financeira. Apesar dos m o n s t r u o s o s problemas d e p i o d u ç ã o (alguns deles simples descuidos, c o m o n ã o estabelecer desde o Início a aparência do h i p ó d r o m o ou esquecer q u e as c â m e r a s eram grandes d e m a i s para u m navio), o e n o r m e c h a r m e da película garantiu s e u sucesso d e bilheteria. Isso salvou o estúdio da falência, t r a n s f o r m a n d o H e s t o n e m u m ídolo das m a t i n ê s . K K

M a c D o n a l d , Mllo B. Lory (efeltOI especiais), Ralph E. W i n t e i s , John D. D u n n i n g (montagem), M l k l í l Rósza (música), Franklin Milton (lom) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Karl l i i n h n i : (roteiro)



•rinça (Lux) 75 min. P & B I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Robert Bresson P i o d u ç ã o : Agnès Delahale i<oi

o : Robert Bresson

Fotografia: Léonce-Henri Burel MÛlIca: fean-Batiste Luily E l e n c o : Martin LaSalié, Marika Green,

PICKPOCKET-0 BATEDOR DE CARTEIRAS (1959)

(PICKPOCKET)

Robert Bresson usa o cinema para expressar a inferioridade espiritual da vida de u m a maneira especialmente paradoxal: revelando o indescritível através de uma concentração intensa e m imagens e sons concretos. Cada detalhe e cada nuance do m u n d o físico são expostos através do foco atento da câmera de Bresson. Evitando a dramatização tradicional

lean l'elégri, Dolly Seal, Pierre

na forma de atuações emotivas, situações melodramáticas e tramas complexas, Bresson

I eymarle, Kassagi, Pierre Étalx, César

permite que a ação conte a história. U m a narração fria geralmente é utilizada para explicar

Cattegno

as motivações e sentimentos dos personagens. M u i t a s vezes Bresson usou atores não-

F e s t i v a l d e B e r l i m : Robert Bresson, Indu ação (Urso de Ouro)

profissionais, referindo-se a eles, de forma reveladora, como " m o d e l o s " c exigindo que evitassem a todo custo qualquer tipo d e teatralidade e simplesmente se movessem pelo filme. Ele t a m b é m usa a música com parcimônia, permitindo que ela seja ouvida apenas durante momentos-chave da história, para expressar algo que não possa ser articulado verbalmente. Seus filmes são reduzidos a seus elementos essenciais. Essa simplicidade e ausência de manipulação dão à platéia uma grande liberdade para interpretar as ações na tela, de m o d o que tanto o espectador quanto o personagem estão envolvidos no m e s m o processo de questionar e tentar compreender os dilemas apresentados pelo filme. Pickpockct

- O batedor de carteiras é u m dos exemplos mais perfeitos do estilo de

Bresson. Ele conta a história de Michel (Martin LaSalle), u m j o v e m intelectual insatisfeito que desenvolve uma obsessão por bater carteiras. A princípio, ele vê aquilo simplesmente c o m o uma maneira de conseguir o que quer, porém logo passa a vê-lo c o m o u m f i m e m si m e s m o e como u m ato criativo. Depois de u m a tentativa amadora de cometer o crime, pela qual é apanhado quase i m e d i a t a m e n t e , ele toma aulas com u m ladrão profissional para aprender de fato o ofício. As cenas de roubo de carteira são de tirar o fôlego e rivalizam com qualquer tipo de filme e m termos de e m o ç ã o e puro virtuosismo cinematográfico. Embora Michel tenha contato com sua m ã e doente e esteja envolvido com uma namorada, Jeanne (Marika Green), bater carteiras lhe oferece as relações h u m a n a s mais carregadas de e m o ç ã o e sensorialmente satisfatórias da sua vida. Isso se torna cada vez mais óbvio à medida que ele deixa de roubar pelo dinheiro. O fato d e ser apanhado no fim chega a lhe parecer indiferente. Embora Bresson evite as ferramentas típicas do drama, Pickpockct é m u i t o cativante e os questionamentos morais e a sensação de deslocamento de Michel são profundamente c o moventes. Este é u m daqueles filmes que m u d a m c o m p l e t a m e n t e nossa compreensão do que é e do que pode ser o cinema. Bresson é o mais literário dos cineastas, no sentido de que é capaz de retratar o m u n d o interior dos personagens e conceitos abstratos que são mais fáceis de se exprimir na linguagem escrita. Sua conquista aqui é ainda mais engenhosa porque ele usa a natureza literal do cinema para alcançar seus objetivos, utilizando e moldando a própria materialidade no m u n d o real. Pickpockct expande o vocabulário do cinema. Assistir a u m film e de Bresson é u m a experiência exigente, porém extremam e n t e satisfatória e agradável. R H


I I.iiu .1 / I t á l i a (Argos, C o m o , Daiei, 1'alhó) 90 m i n . P & B I d i o m a : f r a n c ê s / j a p o n ê s / Inglês D i r e ç ã o : Alain Resnais Produção: Anatole D a u m a n , Samy I I llfon, Sacha K a m e n k a , Takeo

HIROSHIMA MEU AMOR

(1959)

(HIROSHIMA MON AMOUR) No seu primeiro longa, Alain Resnais recorre à sua experiência c o m d o c u m e n t á r i o s d e c u r t a - m e t r a g e m . U m a francesa ( E m m a n u e l l e Riva) está t e n d o u m caso com u m a r q u i t e t o j a p o n ê s (Eiji O k a d a ) e m H i r o s h i m a , para o n d e foi para realizar u m f i l m e . Resnais

Shliakawa

utiliza i m a g e n s de arquivo do a t a q u e nuclear de 1945 à cidade j u n t a m e n t e c o m planos

R o t e i r o : Marguerlte Duras

do m u s e u e da cidade reconstruída. (Na verdade, o f i l m e c o m e ç o u c o m o u m d o c u m e n -

Fotografia: Michio Takahashi, Sacha

tário sobre Hiroshima c a b o m b a , q u e Resnais e n t ã o decidiu t r a n s f o r m a r e m u m longa

vlriuy

de ficção.) Essas i m a g e n s são intercaladas por c e n a s líricas do caso de a m o r d o s prota-

M u g i c a : Georges Delerue, Giovanni

g o n i s t a s . A sobreposição da ternura do a m o r e dos horrores da guerra faz a mulher se

Fusco

lembrar do seu próprio passado na c i d a d e francesa d e Nevers. D u r a n t e a guerra, ela teve

f I r n c o : E m m a n u e l l e Riva, E i j i Okada,

u m caso c o m u m s o l d a d o a l e m ã o e planejava fugir da cidade c o m ele q u a n d o , n o ú l t i -

Stella Dassas, Pierre Barbaud, Bernard I ir.mim

Indll a ç ã o a o O s c a r : Marguerite Dui.is (roteiro)

m o dia do conflito, ele foi m o r t o . L e m b r a n ç a s doces e dolorosas desse episódio da sua vida v ê m à tona c o m u m a intensidade cada vez m a i o r n o desenrolar do seu breve relac i o n a m e n t o c o m o h o m e m j a p o n ê s . A t é o final de Hiroshima meu amor este relacionam e n t o terá a c a b a d o , c o m cada p e r s o n a g e m r e t o r n a n d o ao seu respectivo c a s a m e n t o . O f i l m e foi escrito e s p e c i a l m e n t e para o c i n e m a por M a r g u e r l t c Duras, que foi u m a Influência i m p o r t a n t e para o c i n e m a francês - tornando-se m a i s tarde diretora ela m e s m a - e cuja obra d e m o n s t r a

u m a p r e o c u p a ç ã o c o m a q u e s t ã o da m e m ó r i a

e cia

Influência do passado n o presente. A m e m ó r i a t a m b é m é u m t e m a c o n s t a n t e na obra de R e s n a i s ; u m de seus d o c u m e n t á r i o s , sobre a Biblioteca Nacional da França, é i n t i t u lado Toda a memória do mundo (1956). E m Hiroshima meu amor, Resnais emprega u m a complexa estrutura de flashback, q u e revela g r a d u a l m e n t e m a i s e m a i s do passado à medida que ele se i n t r o m e t e no presente. Essa estrutura é sustentada pela trilha sonora Inesquecível d e G i o v a n n i Fusco e Georges Delerue e recebe u m a carga

emocional

poderosa d a s interpretações, e s p e c i a l m e n t e d e Riva. cujo rosto registra a s e m o ç õ e s c o m p l e x a s da sua p e r s o n a g e m a t é a m a i s sutil n u a n c e . Nossas i d e n t i d a d e s , o f i l m e parece dizer, d e p e n d e m d e nossa m e m ó r i a , p o r é m , n o f i m , ela vai desaparecer. EB

|(,H


ONDE COMEÇA O INFERNO (1959) (RIO BRAVO) Motor OU morrer (1952), d e Fred Z i n n e m a n n , ficou f a m o s o a o retratar a reI 1 r i u la corajosa d e u m h o m e m contra a adversidade c m n o m e da l e i . Indí 1 omeça o inferno, de Howard H a w k s , uma espécie de resposta a MaI I ou morrer, é sobre outra resistência corajosa, que se dá pelo m e s m o livo. P o r é m , dessa vez, J o h n T. Chance (John W a y n c ) , o xerife de u m a • Idade pequena d o T e x a s , não está sozinho. Ele é auxiliado pelo bêbado Im ai (Dean M a r t i n ) , por u m j o v e m pistoleiro c a n t a n t e (Rlcky Nelson) e velho h o m e m da lei aleijado cujo apelido é S t u m p y

(Walter

Innnan). j u n t o s , eles precisam se defender de u m bando de c r i m i n o s o s qut .iiiou a cidade no intuito de libertar o irmão do vilão da cadela. I lawks sempre foi u m dos diretores mais confiáveis c versáteis de Holly I. porém, depois de Os homens preferem os /ouras (1953), ele deixou a A m é 1 111.11,1 um decepcionante período na Europa. Onde começa o inferno marcou |U empolgante retorno aos Estados Unidos e à velha forma, c o m o diretor Ofe

l i d o u m encontro demolidor de gêneros de tudo o que ele sabia fazer

dl

Ihor. Há u m número musical

c o m Martin e Nelson no filme, como

I M I D I ' i i , i deixar de haver?--, m o m e n t o s cômicos, um toque de romance, graças I viajante desamparada Angie Dlcklnson, e muita ação, tudo amarrado por outra atuação caII ilinriite irônica de W a y n e c o m o o herói pragmático comprometido com o senso de dever. A s i t u a ç ã o d e cerco q u e H a w k s estabelece - u m grupo de personagens díspares esdidos no m e s m o lugar para u m c o n f r o n t o final - se t o r n o u u m clichê de f i l m e s do ' / • M E I O , usado r e p e t i d a m e n t e por adoradores do diretor c o m o J o h n Carpentcr c George Homero. A m b o s perceberam c o m o os cenários l i m i t a d o s de Onde começa o inferno poderiam ser aplicados a seus próprios filmes de baixo o r ç a m e n t o . O t o q u e de mestre d e ii.iwks é q u e o cerco e m si não é t ã o i m p o r t a n t e q u a n t o a Interação d o s personagens 1 iivolvidos nele. Colocando-os todos n o m e s m o lugar, H a w k s se diverte j o g a n d o u m 1 ia o o u t r o , revelando p e q u e n o s e expressivos traços de personalidade à medida q u e eles se d e f e n d e m e m uma d e s v a n t a g e m Insuperável. Surgindo não m u l t o depois do epii.illo do gênero de J o h n Ford, c o m seu inesquecível Rastros de ódio (1958), Onde começa o

!

Inferno t a m b é m é o ú l t i m o da sua l i n h a g e m , u m faroeste a n t i q u a d o e divertido no qual 1 divisão entre os m o c i n h o s e bandidos não poderia ser m a i s clara. ) K l

I ~ J Ü

5sj

E U A (Armada) 141 m i n . TechnlcolOl I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Howard H a w k s P r o d u ç ã o : Howard H a w k s R o t e i r o : Leigh Brackett, Jules F u r t h m a n , baseado no conto de P 11 McCampbell F o t o g r a f i a : Russell Harlan M ú s i c a : Dimitri Tiomkin E l e n c o : John W a y n e , Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson. Walter Brennan, Ward B o n d . John Russell, Pedro Gonzales-Gon/ali"., Estelita Rodriguez, Claude Aklni, M a l c o l m Attebury

1

fffíff

——«ei


p rinça / I t á l i a (Filmsonor, Play Art, lit anus) 109 m i n . P & B I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Jacques Becker P r o d u ç ã o : Serge Silberman R o t e i r o : Jean Aurel, Jacques Becker, lOSé Giovanni, baseado no livro de José Giovanni

A UM PASSO DA LIBERDADE

(1959)

(LE TROU) Ú l t i m o f i l m e do grande e p o u q u í s s i m o c o n h e c i d o diretor J a c q u c s Becker, A um posso da liberdade é baseado e m u m r o m a n c e de José G i o v a n n i , que conta a história verdadeira de u m a t e n t a t i v a d e fuga da prisão da qual o autor participou e m 1947. Becker escreveu o roteiro c o m G i o v a n n i e c o n v o c o u u m elenco d e atores não-profissionais, sendo q u e u m deles, J e a n Keraudy, interpretou o m e s m o papel do f i l m e na vida real. A utilização de u m elenco a m a d o r por parte d e Becker é u m dos m u i t o s e l e m e n t o s

F o t o g r a f i a : Ghislain Cloquet M Ú l I l a : Philippe Arthuys

q u e a u m e n t a m o clima de c o m p l e t a a u t e n t i c i d a d e desta obra extraordinária. T a m b é m

11er»o: Michel Constantin, Jean

crucial para a experiência d e A u m passo da liberdade é o controle do diretor do t e m p o

I RI.Hiily, Philippe Leroy, Raymond

do f i l m e . A cena e m q u e os cinco d e t e n t o s a r r e b e n t a m o c h ã o de pedra da cela é

Meunier, Marc Michel, André Bervil, l'an Paul Coquelin, Eddy Rasiml, i . n a r d Hernandez, Paul Pavel, I m Iii'iinr Spaak, Dominique Zardi

realizada e m u m a t o m a d a s e m cortes de quase quatro m i n u t o s , o que nos deixa cientes de q u e e s t a m o s o b s e r v a n d o a q u e l e s h o m e n s fazerem a q u a n t i d a d e exata d e esforço necessária para exercer o efeito q u e v e m o s naquela pedra. Ao nos fazer c o m p a r t i l h a r de u m t e m p o c o m os protagonistas, Becker nos e n v o l v e c o m mais intensidade na sua luta coletiva. Nosso e n v o l v i m e n t o é i n t e n s i f i c a d o , t a m b é m , por c o m p a r t i l h a r m o s , de forma d e s c o n f o r t á v e l e j a m a i s plena, do p o n t o d e vista de Gaspard (Mare M i c h e l ) , u m prisioneiro que,

transferido de outra cela, aparece d e surpresa entre os fugitivos originais. Sua

c h e g a d a força os d e m a i s a decidirem se d e v e m desistir do plano ou confiar no estranho.

Embora e s c o l h a m a última o p ç ã o , Gaspard j a m a i s se integra p l e n a m e n t e a o g r u -

po: e l e não é excluído a p e n a s por conta de sua e d u c a ç ã o e m a n e i r a s , m a s t a m b é m , d e maneira s u t i l , pelo f a t o de q u e s o m o s I n f o r m a d o s a p e n a s de d e t a l h e s do seu c a s o . A tensão q u e sua presença gera dá ao f i l m e s e u principal atrativo psicológico e, no i m p r e s s i o n a n t e d e s f e c h o , lhe p e r m i t e atingir u m a d i m e n s ã o trágica. Becker utiliza o i s o l a m e n t o de Gaspard para n o s ajudar a perceber e valorizar a c a m a r a d a g e m dos d e m a i s . O s laços entre os m e m b r o s originais do grupo são provados e celebrados através d e olhares e sorrisos de apreço a cada passo deles e m direção à liberdade. E m u m d o s raros m o m e n t o s e m q u e Gaspard parece se unir ao grupo, ele divide u m bolo de arroz c o m os colegas. Q u a n d o a maioria dos diretores já teria cortado há t e m p o s , Becker m a n t é m a cãmera a p o n t a d a para u m a cena m u d a : u m belo exemplo da Insistência, q u e p e r m e o u toda a sua carreira, e m m o s t r a r o c o t i d i a n o d e seus p e r s o n a g e n s fora do e n q u a d r a m e n t o criado pelos interesses diretos da t r a m a . I n e v i t a v e l m e n t e , A um passo da liberdade foi c o m p a r a d o a U m condenado escapou

à morte

(1956), d e Robert B r e s s o n , e a o f i l m e de 1937 d e J e a n Renolr, A grande

ilusão.

Porém Becker está m e n o s preocupado do que Bresson c o m a transcendência o u c o m a crítica d a s diferenças sociais d e Renoir. A s v i r t u d e s m o s t r a d a s pelos prisioneiros m e t i c u l o s i d a d e , i n v e n t i v i d a d e e a habilidade de f o r m a r u m coletivo - tornam-se os maiores valores do f i l m e . Talvez Becker seja, de t o d o s os diretores, incluindo a t é H o w a r d H a w k s , o q u e personificou e a r t i c u l o u esses valores c o m m a i s f i r m e z a . Becker esteve d o e n t e d u r a n t e toda a p r o d u ç ã o e m o n t a g e m do f i l m e e m o r r e u d e i xando a m i x a g e m do som i n c o m p l e t a . A u m passo da liberdade foi concluído c o n f o r m e desejava seu diretor, p o r é m , depois do l a n ç a m e n t o de sua primeira versão d e 140 m i n u t o s , o produtor Serge S i l b e r m a n o reduziu e m cerca d e 30 m i n u t o s para a u m e n t a r suas possibilidades c o m e r c i a i s . O m a t e r i a l c o r t a d o c o n t i n u a perdido, p o r é m , na sua forma a t u a l , o f i l m e ainda é u m a obra-prima. Cfu

I/"


FRVAS FLUTUANTES (1959)

J a p ã o (Daiei) 1 1 9 m i n . E a s t m a m oloi

(UKIGUSA)

I d i o m a : japonês

ii I)(lo filme e m cores de Yasujiro Ozu, filmado com primor pelo fotógrafo preferido de Kenji j i lii, Kazuo Miyagawa, Ervas flutuantes c uma obra madura, belamente orquestrada e LI,ida, que demonstra o domínio cada vez maior do diretor de uma paleta de cores variada. filme íaz parte de uma série de claras refilmagens da sua própria obra que Ozu realizou durante essa época e se concentra nas atividades de uma trupe itinerante de atores (chamada i rvas llutuantes"), sustentando a fascinação característica do diretor com as relações familiares entre gerações. Em contraste com o filme de 1934 de Ozu, Ukiguso monogatari (Uma história dl . ' I V . i s flutuantes), que era mais cômico e dramático, este tem uma atmosfera decididamente Outonal, nostálgica e filosófica, uma qualidade ilustrada por muitas de suas composições ' I N i h . idas com serenidade e combinações "destiladas" de imagem e s o m . 1 1 1 1 hora os filmes de Ozu geralmente c o n t e n h a m u m número

D i r e ç ã o : Yasujiro Ozu P r o d u ç ã o : Masaichi Nagata R o t e i r o : Kôgo Nöda, Yasujiro < Izu F o t o g r a f i a : Kazuo M i y a g a w a E l e n c o : Ganjiro Nakamura, M.n hlko Kyô, Ayako W a k a o , Hiroshi K a w a g u c h i , Haruko S u g i m u i . i . I lit .1111 Hoshi, Yosuke Irre, Hideo M i l '.in. Hitomi Nozoe, Chishu Ryu, M.r..ilnl 1 1 S h i m a z u , Haruo Tanaka, Kiimekn Urabe, M a n t a r ô Ushio

surpreendentemente

inde de planos e f a ç a m , m u i t a s vezes, experiências c o m a construção do espaço 'ii

LITOGRÁFICO,

a impressão predominante que t e m o s de Ervas

flutuantes

é que ele se trata

d l uma série de naturezas-mortas interligadas e que seu ritmo está e m harmonia c o m a n petição tranqüilizante da vida cotidiana. O plano de abertura do filme - contrastando e Comparando o v o l u m e , o formato e a cor de u m a garrafa c o m os de u m farol - sugere u m a 1 R R I 11 la de m o v i m e n t o , o ruído de u m motor de barco ao fundo reforçando a " c o m p l e t u d e " 1 plenitude" da imagem à mostra. Nesses m o m e n t o s , o filme alcança u m a espécie de quietude, u m a serenidade estrutural resignada, que acompanha até m e s m o as obras mais tfágli as de O z u , c o m o Era uma vez em Tóquio, de 1953. AD

ROCCO E SEUS IRMÃOS

(1960)

F r a n ç a / I t á l i a (Marceau ( o

(ROCCO E I SUOI FRATELLI)

Titanus) 175 m i n . P & B

u m filme de t r a n s i ç ã o essencial n o a f a s t a m e n t o de Luchino Visconti da sua a d e s ã o ial a o s princípios do neo-realismo ( c o n f e s s a d a m e n t e já diluída por u m Interesse pelo trágico q u e beirava o m e l o d r a m á t i c o ) e m direção a o s excessos d e c o r a t i v a m e n t e Opei isticos da sua obra posterior, Rocco e seus irmãos t a m b é m c o n t i n u a s e n d o u m a d e luas m e l h o r e s realizações. A fotografia e m preto-e-branco de G i u s e p p e R o t u n n o s i n t o n i z a se d e forma p r o v o c a n t e e n t r e o estilo d o c u m e n t a l e s o m b r i o do neo-realismo e a

I d i o m a : italiano D i r e ç ã o : Luchino Visconti P r o d u ç ã o : Godoffredo L o m h . i H l n R o t e i r o : Luchino V i s c o n t i , S U M I

Cecchi d'Amico, Vasco Pralulini. Pasquale Festa Campanilc, M a s i Franciosa, Enrico Medioli, I L I M - . H I

U t i l i z a ç ã o do f i l m e noir, e n q u a n t o a trilha de N i n o Rota reflete de m a n e i r a e l o q ü e n t e a

livro II Ponte dela Ghisolfo, de

dinâmica e m o c i o n a l da história da família recém-chegada a M i l ã o da Sicília q u e se

Giovanni Testori

desintegra à medida q u e as influências do dinheiro, do d e s e n r a i z a m e n t o e do sexo

F o t o g r a f i a : Giuseppe Rotunno

e m p r e g a m sua m á g i c a destruidora.

M ú s i c a : Nino Rota

É difícil, t a l v e z , ser c o n v e n c i d o pelo e s p a n t o s a m e n t e bonito Alain D e l o n no papel de u m boxeador t ã o santo q u e sacrifica a própria felicidade na vã esperança de m a n t e r a lamília unida, e o h i s t r i o n i s m o clichê de K a t i n a Paxinou c o m o a m a t r i a r c a sofrida é um pouco duro de engolir. N o e n t a n t o , Renato Salvatori está c o n v i n c e n t e c o m o o Irmão

E l e n c o : Alain Delon, Renaln Salvi Annie Girardot, Katina Paxinuii, Alessandra Panaro, Spiros [ I H a s . MaCartier, Corrado Pani, Rocco V l d o l l l l l , Claudia M o r i , Adriana Asti, Enzo

In.iis v e l h o , bruto e irresponsável, a r r u i n a d o pela g a n â n c i a e pelo c i ú m e o b s e s s i v o , e

Flermonte, Nino Castelnunvo.

Annie Girardot está a o m e s m o t e m p o sexy e e x t r a o r d i n a r i a m e n t e persuasiva c o m o a

Rosário Borelli, Renato Terra

garota e m o c i o n a l m e n t e complexa q u e se coloca entre S a l v a t o r i e D e l o n . O s m o m e n t o s finais da sua m o r t e t a l v e z s e j a m 1 a t á r t i c o s . CA

exagerados, m a s , não obstante,

efetivamente

F e s t i v a l d e V e n e z a : Luchino VllCOntl (Prémio FIPRESCI), (prêmio espei lai), indicação (Leão de Ouro)

l/l



HÁlIn / F r a n ç a (Pathé, Riama) 167 m i n . P&B

A DOCE VIDA (1960) (LA DOLCE VITA)

I d i o m a : italiano / inglês

U m épico sobre a t r i v i a l i d a d e , o retrato d e Federico Fe Mini sobre uma d e t e r m i n a d a é p o -

D i r e ç ã o : Federico Fellini

ca e lugar captura p e r f e i t a m e n t e o estilo e as a t i t u d e s dos e l e g a n t e s bon-vivants d e R o -

P r o d u ç ã o : G i u s e p p e A m a t o , Franco

m a d u r a n t e o verão de 1959, e n q u a n t o ao m e s m o t e m p o os c o n d e n a por s e r e m os

M.igll, Angelo Rlzzoli

f a b u l o s o s parasitas q u e s ã o . A força duradoura de A doce vida p r o v é m da t e n s ã o e n t r e

Roteiro: Federico Fellini, Ennio 1 lalanò, Tullio Pinelli, Brunello Rondl

u m a t a q u e cruel a u m m u n d o cujos excessos e s t ã o a l é m da sátira e a f a s c i n a ç ã o q u e o

l o t o g r a f i a : Otello Martelli

f i l m e não c o n s e g u e deixar d e sentir pelo seu desfile louco de d e c a d e n t e s m o d e r n o s .

M u s i c a : Nino Rota

C o m o Laranja mecânica,

lltnco: Marcello M a s t r o i a n n i , Anita

Apocalipse

Now e Wall Street - Poder e cobiça, este é u m f i l m e

que, paradoxalmente, estabelece a m e s m a q u a n t i d a d e de estilos ditados pela moda q u e

I kberg, Anouk A i m é e , Yvonne

pretende demolir, incentivando as pessoas a se s e n t a r e m e m cafés na Via Veneto em u m a

í m u r a u x , M a g a l i Noël, Alain Cuny,

tentativa nada irônica de imitar a doce vida. A expressão paparazzi

Annibale Ninchl, W a l t e r Santesso, V a l e i ia Ciangottini, Riccardo Garrone,

v e m do personagem

c h a m a d o Paparazzo, que simboliza o e n x a m e de fotojornalistas que v e m o s ao redor de cada celebridade que passa, clicando s e m parar e se acotovelando pela melhor posição e

Ida Calli, Audrey M c D o n a l d , Polidor, A I , m i Dijon, Enzo Cerusico, Lex Barker

pelo ângulo m a i s proveitoso. A m e s m a horda de câmeras que se a m o n t o a e m volta da

O s c a r : Piero Gherardi (figurino)

supcrestrela americana à Marilyn M o n r o e Sylvia (Anita Ekberg) posteriormente - e de for-

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Federico Fellini

ma mais perturbadora - fotografa uma inocente dona-de-casa que está v o l t a n d o para seu

(1 I n i ' i 0 1 ) , Federico Fellini, Tullio Pinelli, Ennio Flaiano, Brunello Rondi (roteiro), Piero Gherardi (direção de ,11 te) I e s t i v a l d e C a n n e s : Federico Fellini (Palma de Ouro)

lar. Ela se sente lisonjeada por u m instante, pois acha que eles estão pensando se tratar de " a l g u m a atriz", m a s então descobre q u e os fotógrafos estão interessados nela porque Steiner (Alain Cuny), seu marido filósofo, m a t o u seus dois filhos a tiros e se s u i c i d o u . Marcello Mastroianni, definindo o estilo cool de uma geração c o m seus óculos escuros, é o personagem cuja queda do que seria, ao m e n o s potencialmente, sua glória a c o m p a n h a m o s . Ele já foi u m escritor sério, m a s agora é u m jornalista barato que gira c m torno dos imerecidamente f a m o s o s , não retira prazer a l g u m de suas inúmeras aventuras e está sempre sendo humilhado por ser considerado u m parasita. A doce vida é f a m o s o pela i m a g e m gloriosa de Ekberg na Fontana dl Trevi, m a s a cena é sobre a vergonha, o desconforto e, por f i m , a dor q u e o Marcello Rubini de Mastroianni sente. Ele havia desdenhado a estrela, que "parecia u m a boneca gigante", m a s então se vê perdidamente apaixonado por ela, sendo despachado para uma tarefa impossível (encontrar leite para u m gato de rua na calada da noite), que Sylvia já terá esquecido quando ele f i n a l m e n t e consegue realizá-la, e então se j u n t a n d o a ela na fonte, a contragosto, para m u r m u rar uma maravilhosa cantada italiana ("Você é a primeira mulher no primeiro dia da criação"). Ela não entende e a noite termina c o m ele levando u m soco do ator bêbado a m a n t e de Sylvia (Lex Barker). A queda de Marcello - que termina depois do chocante assassinato seguido de suicídio do filósofo, quando ele abandona qualquer pretensão de escrever tornando-se (calafrio) u m assessor de imprensa - é impulsionada por ridículas farsas jornalísticas. Como u m falso milagre na chuva Instigado por crianças astuciosamente trapaceiras; uma caça a f a n t a s m a s e m u m a m a n s ã o malassombrada (na qual Nico usa u m capacete medieval); u m a tentativa de orgia q u e fracassa e m meio a referências perturbadoras ao filme Monstros, deTod B r o w n i n g , à medida que u m a dançarina rodopia enquanto Marcello bolina e abusa cruelmente de uma garota bêbada escolhida a e s m o ; e a retirada final d e u m monstro na forma de tubarão do mar. " Q u a n d o chegarmos a 1965, a depravação será total", reflete u m observador. E a garota de sorriso Inocente, q u e representa u m a possibilidade de esperança para Marcello, não consegue se fazer ouvir por conta da barulheira inútil,

. G I U S E P P E AMAT!)

I/.'

deixando-o tristemente para se juntar à m u l t i d ã o condenada. KN


I n g l a t e r r a (Bryanston, Woodfall)

89 min. P & B I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Karel Reisz Produção: Tony Richardson, Harry

\l.ii/man

R o t e i r o : Alan Sillitoe, baseado no llvio de sua autoria

TUDO COMEÇOU NO SÁBADO

OSGO)

(SATURDAY IMIGHT AND SUNDAY MORNING) No final da década de 50 e c o m e ç o d o s anos 60, o cinema inglês se v o l t o u para o realismo social, g e r a l m e n t e lidando c o m o despertar d e u m espírito d e rebelião o u d e u m desejo por m e l h o r e s condições d e vida entre jovens inteligentes, articulados e a m a r g u r a d o s do proletariado. Q u a s e todos esses f i l m e s foram baseados nas obras de d r a m a t u r g o s e r o m a n c i s t a s c o m o J o h n O s b o r n c (Look Back in Anger), J o h n

Braine

l o t o g r a f i a : Freddie Francis

[Almas em leilão) e S t a n Barstow (A Kind oí Loving), conhecidos c o m o angryyoung

M ú s i c a : John Dankworth

(algo c o m o " j o v e n s revoltados", rótulo q u e a Imprensa da época criou para designar

t l c n c o : Albert Finney, Shirley Anne

este g r u p o de autores). O livro S á b a d o à noite, domingo de m a n h ã , de Alan Sillitoe, se

! Illd, Rachel Roberts, Hylda Baker,

t o r n o u o melhor desses f i l m e s , embora a direção de Karel Reisz não esteja livre d e u m a

NOI man Rossington, Bryan Pringle, Robert Cawdron, Edna Morris, Elsie IrV Igstaff, Frank Pettitt, Avis )

age, Colin Blakely, Irene

Rll luiiniid, Louise D u n n , Anne Blake

men

certa inclinação s e n t i m e n t a l ao pitoresco que g e r a l m e n t e surgia q u a n d o cineastas form a d o s e m C a m b r i d g e iam para o Norte para fazer m o n t e s d e escória parecerem paisagens alienígenas e bisbilhotar os e s t r a n h o s hábitos de peões d e fábrica freqüentadores de pubs e m N o t t i n g h a m . A força do f i l m e está na voz d e Sillitoe ("O q u e e u estou a f i m é d e m e divertir t o d o o resto é p r o p a g a n d a " ) e na maneira c o m o Albert Finney dá voz aos seus diálogos, deixando

u m a excelente

primeira

impressão

como

Arthur

Seaton, o

hedonista

r e s m u n g ã o e viril q u e ferve d e i n d i g n a ç ã o no local d e trabalho e se liberta nas horas d e folga. O t í t u l o original sugere o processo d e d o m e s t i c a ç ã o q u e t r a d i c i o n a l m e n t e o p r i m i u a classe de Arthur, c o m a vida a n i m a d a de e m b r i a g u e z e excessos sexuais do s á b a d o à noite tendo c o m o preço u m a m a n h ã de d o m i n g o e m q u e se está preso a u m c a s a m e n t o respeitável e ao lar. O f i l m e mostra c o m o o pai d e Arthur (Frank Pettitt) se reduziu a f i car o l h a n d o para a televisão e q u e a maioria dos seus a m i g o s u m pouco m a i s velhos ( e s p e c i a l m e n t e o colega q u e g a n h a chifres dele) está a c a m i n h o de se deixar prender por u m c o m p r o m i s s o . Embora Arthur saia de u m r e l a c i o n a m e n t o c o m u m a m u l h e r casada (Rachel Roberts) ao ser atraído para u m n o i v a d o c o m u m a garota b o n i t a , porém c o n v e n c i o n a l (Shirley A n n e Field), ele ainda está decidido a c o n t i n u a r atirando pedras e quebrando vidraças. Ainda q u e , c o m o m u i t o s f i l m e s desse ciclo, Tudo começou no sábado t e n d a a ser c o n i v e n t e c o m u m a espécie de m a c h i s mo proletário que beira a misoginla (para Arthur, t o d a s as m u l h e r e s são a r m a d i l h a s ) , Roberts - e m u m papel s e m e l h a n t e ao d e S i m o n e S i g n o r e t e m Almas em leilão (1959) - expressa u m a dor genuína que oferece u m a interpretação alternativa da revolta de Arthur. KN


ATIREM NO PIANISTA

(i960)

F r a n ç a (Plêiade) 85 m i n . P8tB

(TIREZSURLE PIAIMISTE) I in Atirem no pianista,

I d i o m a : francês

seu s e g u n d o longa, François Truffaut dlspôs-se a fazer u m f i l m e

I H . i r , diferente possível de Os incompreendidos, sua a c l a m a d a estréia. E n q u a n t o o primeiro primava pela sensibilidade, realismo e c o n t e ú d o f o r t e m e n t e a u t o b i o g r á f i c o , o In é irreverente, a m a l u c a d o , e n c e n a d o e m u m m u n d o d e l i c i o s a m e n t e inspirado i li is I Mines B, recheado de perdedores c o n d e n a d o s pelo d e s t i n o e b a n d i d o s e s t ú p i d o s . i ia romper c o m a narrativa linear", explicou Truffaut m a i s tarde, " e fazer u m f i l m e Ir l u d a s as c e n a s m e a g r a d a s s e m . Filmei s e m n e n h u m o u t r o critério."

lis, é u m nolr clássico. O protagonista, outrora u m f a m o s o concertista (Interpretaiii olhar de c a c h o r r i n h o triste por Charles A z n a v o u r ) , a b a n d o n o u a carreira depois ,i obrir q u e a esposa o havia traído e agora toca piano e m u m bar d e c a d e n t e de i ii r. i iiaças a seus irmãos b r u t a m o n t e s , se envolve e m u m a rixa entre g a n g u e s e se obre, j u n t o c o m a garçonete q u e ele a m a , e n v o l v i d o e m u m caso letal e c ô m i c o I direito a raptos e tiroteios.

I n v e n t a n d o o roteiro c o n f o r m e a v a n ç a v a m , c

nu o desfecho c o m base e m q u e m ainda estaria disponível para o c o n f r o n t o final I ssa a b o r d a g e m alegre e caótica resultou e m bruscas m u d a n ç a s de t o m , t r e c h o s diálogos i n c o n g r u e n t e s e a n t e c i p o u u m pouco do q u e seria feito por Q u e n t i n no e m Cães de aluguel

(1992). O s b a n d i d o s são interpretados c o m o se f o s s e m

pi rsonagens de histórias e m q u a d r i n h o s e os irmãos do herói t ê m n o m e s q u e l e m b r a m Irmãos M a r x : Chico, M o m o e Fido. Truffaut se diverte ao brincar m a l i c i o s a m e n t e com lo 1 i|Ki de jogo c i n e m a t o g r á f i c o : q u a n d o u m patife jura dizer a verdade, "pela vida da minha m ã e " , t e m o s u m corte rápido para u m a velhinha s u c u m b i n d o a u m a t a q u e N H . 1 1 o. U m a c a n ç ã o c o m p l e t a m e n t e n o n s e n s e pontua a ação {"Avanie et ii les mamelles

framboise

de la vie" - "Afronta e f r a m b o e s a são os peitos da v i d a " ) .

Mirem no pianista

R o t e i r o : Marcel Moussy, François Truffaut, baseado no livro Down There, de David Coodis F o t o g r a f i a : Raoul Coutard M ú s i c a : Georges Deleruc, Boby

Vernay E l e n c o : Charles Aznavour, M.uir Dubois, Nicole Berger, Michéle Mercier, Albert Rémy, Serge Cavrl, Claude M a n s a r d , Richard K.in.iv.ui Jean-Jacques Aslanian, Daniel Boulanger, Claude H e y m a i i n , AleJoffe, Boby Lapolnte, Catherine 1 m I

Pol não ter disponíveis os recursos para produzir e m e s t ú d i o , Truffaut e sua equipe

dl

P r o d u ç ã o : Pierre Braumberger

Lapolnte, Felix Ledere, Lucienne

i i r n r e d o , u m a a d a p t a ç ã o livre d e u m r o m a n c e policial popularesco d e David

filmaram n a s ruas, c o m freqüência

D i r e ç ã o : François Truffaut

fez sucesso entre os cinéfilos, m a s o público e m geral ficou u m

t i n t o a t o r d o a d o pela mistura de gêneros e a película foi u m desastre c o m e r c i a l . ' I M I . I I I I I . Truffaut recuou e v o l t o u a estilos narrativos m a i s c o n v e n c i o n a i s . Nunca mais I I pel iiiitiu ter t a n t a diversão com u m f i l m e . P l <



Itllll /

França

(Cine Del Duca,

uiatograflche Europee, R & R, i laklm, Lyre) 145 m i n . P & B

A AVENTURA

(1960)

(LAVVENTURA) Em sua première no Festival de Cannes de 1960, A aventura foi vaiado por u m a platéia

I d i o m a : italiano

majoritariamente

D i r e ç ã o : Mlchelangelo Antonloni

cineastas t o m a s s e a iniciativa inédita de assinar uma declaração de repúdio a tal reação,

Produção: Arnato Pennasilico ROttlro: Michelangelo Antonioni, Elio li.iilollnl, Tonino Guerra l o t o g r a f i a : Aldo Scavardo M u s i c a : Giovanni Fusco I l e n ç o : Gabriele Ferzetti, Mónica

hostil, embora

u m n ú m e r o significativo de críticos influentes e

celebrando a obra c o m o a mais i m p o r t a n t e j a m a i s exibida no festival. Dois anos depois, uma consulta à crítica internacional feita pela revista britânica Sight & Sound apontava A aventura c o m o o segundo melhor filme de todos os t e m p o s . Embora o roteirista e diretor Michelangelo A n t o n i o n i já tivesse u m a carreira de quase 20 anos e m d o c u m e n t á r i o s e longas, esta película de proporções épicas representou para ele u m a grande reviravolta

Vil11. Lea Massari, D o m i n i q u e

artística e comercial. E m grande parte isso se deve ao fato de este filme marcar a sua

PI.nu Ir.it, Renzo Ricci, J a m e s Addams,

primeira colaboração decente c o m M ó n i c a Vitti, atriz q u e funciona como u m canal

Dorothy De Poliolo, Leila Luttazzi,

h u m a n o através do qual u m a sociedade cruel e desumanizada é observada e q u e se

Giovanni Petrocci, Esmeralda Ruspoli,

tornaria o centro de seus filmes seguintes A noite, O eclipse e Deserto vermelho.

11{ t 11'( (innell, Angela Tommasl Di I atnpedusa, Franco Cimino, Prof. < ih . 1 1 , Giovanni Danesi I e s t i v a l d e C a n n e s : Michelangelo

A aventura parte de u m a premissa desconcertante e m sua simplicidade, m a s ainda assim perturbadora: u m pequeno grupo de romanos endinheirados faz u m cruzeiro que parte da Sicília e pára e m u m a pequena ilha desolada e rochosa para passar uma tarde de

Antonloni (prémio do júri), e m p a t a d o

ócio q u e se transforma e m uma dura prova quando Anna (Lea Massari) desaparece. A

< 0 1 1 1 Kogi

garota ligeiramente fútil e sem compromissos já havia indicado a Claudia (Vitti), sua amiga mais sensata, que alguma coisa não ia muito bem entre ela e o a m a n t e Sandro (Gabriele Ferzetti), u m consultor de arquitetura, ao buscar atenção fingindo ter encontrado u m tubarão enquanto nadava. Ao ver o filme uma segunda vez, c o m o conhecimento de q u e essa personagem central vai desaparecer aos 26 minutos de projeção, podemos perceber que realmente havia u m tubarão e que u m pequeno barco, nunca mencionado, pode ser visto passando na ilha u m pouco antes da última aparição de Anna. U m a das razões principais para a c o n f u s ã o inicial d a s platéias e sua ira contra o f i l m e é q u e A n t o n i o n i nunca revela o q u e a c o n t e c e u c o m A n n a . Claudia e S a n d r o se s e n t e m atraídos u m pelo outro e n q u a n t o a b u s c a m , m a s n e n h u m dos outros personagens manifesta qualquer interesse pela sorte da m o ç a . O principal i m p a c t o e m o c i o n a l a d v é m dos s e n t i m e n t o s d e culpa de Claudia e n q u a n t o se aproxima r o m a n t i c a m e n t e de Sandro, deixando seu desejo de encontrar a amiga e m s e g u n d o plano. O enredo, possiv e l m e n t e por c o i n c i d ê n c i a , t e m paralelos c o m Psicose (1960), d e H i t c h c o c k , pela c h o c a n t e ausência da p e r s o n a g e m q u e parecia ser a protagonista na segunda m e t a d e do f i l m e e pelo r o m a n c e v a c i l a n t e e não a s s u m i d o do a m a n t e da m u l h e r desaparecida -

e da m u l h e r que t e m igual interesse e m s e u bem-estar. O t e m a t a m b é m t e m paralelos c o m A doce v/da, q u e foi lançado no m e s m o a n o . A starlet interpretada por Anita Ekberg t e m seu e q u i v a l e n t e e m A aventura, na pele da caprichosa estrela/escrltora/vadia (Dorothy De Poliolo) a t a c a d a por " f ã s " no Início, q u a n do rasga (de propósito?) sua saia apertada e m público. Ela entra e m cena n e m t a n t o para estragar o r e l a c i o n a m e n t o recente do casal central, e m u l t o m a i s para d e n u n c i a r que se trata d e u m a f r a u d e , m a s n ã o há nada do g l a m o u r a m bíguo do f i l m e de Felllni. C o m o o escritor t r a n s f o r m a d o e m relações-públicas de Marcello M a s t r o i a n n i , o arquiteto t r a n s f o r m a d o e m ricaço de Ferzetti s i m boliza a promessa rompida de u m a direção, e A n t o n i o n i só encontra u m vestígio de esperança no eterno f e m i n i n o , q u e resiste a t é o f i m contra a corrupção do dinheiro novo o u do sexo fácil d e m a i s . K N


i U A / M e x i c o (Olmeca) 95 m i n . P & B I d i o m a : inglês / espanhol D l r e ç a o : Luis Bunuel P r o d u ç â o : George P. Werker l e t t l r o : llugh B u t l e r e Luis B u n u e l , basr.ido no conto "Travellin' M a n " , de P e i n Matthlessen > l o t o g r a f i a : Gabriel Flgueroa E l c n c o : Zachary Scott, Bernle 1

I h m , Key M e e r s m a n , Crahan

I Hnton, Claudio Brook I m t l v a l d e C a n n e s : Luis Bunuel (inrnçao honrosa)

A ADOLESCENTE (1960) (LAJOVEN) O s dois f i l m e s de Luis B u n u e l e m inglês, este a q u i e As aventuras de Robfson Crusoe (1952), e s t ã o entre suas obras mais negligenciadas do período intermediário de sua fase m e x i c a n a , feitas entre suas primeiras obras-primas surrealistas (O cão andaluz, A idade do ouro. Terra sem pão) e os longas e u r o p e u s tardios (Viridiana, O obscuro ob/eto do desejo), q u e reviveram sua r e p u t a ç ã o m u n d i a l . A adolescente é u m a tensa c o m b i n a ç ã o de c o m é d i a e thriller passada e m u m a ilha e reserva d e caça na costa da Carolina, embora tenha sido filmada s u r p r e e n d e n t e m e n t e no México. U m m ú s i c o de jazz negro (Bernic H a m i l t o n ) , proveniente do Norte dos Estados U n i d o s , e m fuga de u m a acusação forjada d e estupro q u e e n v o l v e u m a m u l h e r branca, chega à Ilha e logo faz a m i z a d e c o m u m a órfã a d o l e s c e n t e (Key M e e r s m a n ) , neta d e u m quebra-galhos local q u e a c a b o u d e morrer. U m guarda de caça a n t i p á t i c o (Zachary S c o t t ) , q u e deseja a m o ç a , tenta m a t a r o m ú s i c o . E v e n t u a l m e n t e , o pregador (Cláudio Brook) e o barqueiro da reserva t a m b é m a p a r e c e m . Esta c o m é d i a d e c o s t u m e s s o m b r i a e sensual fornece u m olhar satírico sobre o r a c i s m o e a hipocrisia sexual e se recusa a escolher u m lado. É u m a a d a p t a ç ã o livre de u m c o n t o d e Peter M a t t h i e s s e n pelo t a l e n t o s o H u g h Butler (sob p s e u d ô n i m o , pois estava na lista negra do m a c a r t h i s m o ) j u n t o c o m o próprio B u n u e l e o roteiro está repleto de a p a r t e s poéticos e d e s e n v o l v i m e n t o s inesperados q u e revelam o h u m o r e inteligência do cineasta no que ele t e m de m a i s pessoal. J R o s

I n d i a (( hltrakalpa) 134 m i n . P & B I d i o m a : bengalês D i r e ç ã o : Ritwlk Ghatak U i i i f l i o : Kitwik Ghatak, baseado no l i v i u de shakripada Rajguru f o t o g r a f i a : Dinen Gupta

MEGHEDHAKA TARA (1960) "Aqueles q u e sofrem pelos outros sofrem para s e m p r e " , declara u m p e r s o n a g e m do f i l m e m a i s f a m o s o d e Ritwik G h a t a k , u m m e l o d r a m a q u e chega perto da tragédia, sendo o defeito trágico da heroína o pecado da o m i s s ã o . Ela deixa d e protestar contra a injustiça, a injustiça contra ela e seus s o n h o s , q u e é Impetrada por aqueles a q u e m ela

M u s i c a : Jyotirindra Moitra,

m a i s a m a . Nita (Supriya C h o u d h u r y ) trabalha dia c noite para pagar as c o n t a s d e sua

ll.ihliidianath Tagore

família d e bengaleses refugiados. O pai é u m professor, m a s g a n h a u m a mixarla. O

E l e n c o : Supriya Choudhury, Anil

i r m ã o m a i s v e l h o quer ser cantor e Invoca seu direito c o m o artista a ter u m t e m p o q u e

I hltterjee, Nlranjam Ray, Gita

os o u t r o s n ã o p o d e m suportar. E n q u a n t o isso, a m ã e espera q u e o e s t u d a n t e d e

Ghatak, Bijon Bhattacharya, Glta De,

ciências q u e é o p r e t e n d e n t e d e Nita v o l t e a s a t e n ç õ e s para a sua irmã.

I i w i j i i B h a w a l , Gyanesh Mukherjee, K . u i i ' i i Ray Choudhury

M e g h c Dhaka Tara (A estrela encoberta de nuvens) é u m a obra c o n t u n d e n t e , d e bela c o m p o s i ç ã o e ressonância e d e m o n s t r o u ser t a m b é m u m raro sucesso comercial para u m diretor da índia. C o m toda a crítica Implícita sobre a s duras condições sociais e n f r e n t a d a s pelos refugiados, este é u m f i l m e m e n o s e x p l i c i t a m e n t e político do q u e a obra s u b s e q ü e n t e de G h a t a k , e s p e c i a l m e n t e Subarnarekha

(1965) e Titash Efcti Nadir

Naara (1973). " N ã o a c u s o n i n g u é m " , diz o v e l h o e m u m a cena crucial no final do f i l m e . Veja a graça da mise-en-scène de G h a t a k , a concepção expressionista do s o m e o e n o r m e s e n t i m e n t o de perda que provoca. TCh

I/"


HAYNO

(1960)

C o r é i a d o S u l (Kuk Dong, Sek)

m i de vista d e u m o c i d e n t a l , a descoberta d e u m f i l m e c o m o Hayno (A criada), 111 .mos depois de ter sido realizado, é u m a coisa maravilhosa. Maravilhosa não

90 m i n . P8<B I d i o m a : coreano

j n i i constatar q u e o roteirista e diretor K i m Ki-young é u m extraordinário

D i r e ç ã o : Kim Ki-young

i de i m a g e n s , m a s por descobrir u m a obra c o m p l e t a m e n t e imprevisível. Q u e m

R o t e i r o : Kim Ki-young

ii

B u n u e l tinha u m i r m ã o coreano! O cineasta é capaz de vasculhar f u n d o na

humana

seus desejos e i m p u l s o s , ao m e s m o t e m p o q u e presta

atenção

m a a o s detalhes e ao m a u gosto d a s cores c o n t e m p o r â n e a s q u e f u n c i o n a m idlgos secretos para diferentes estados d e espírito de u m a pessoa, i ' que lorna H a y n o t ã o c h o c a n t e é a i n t e n s i d a d e da paixão q u e o c o m p o s i t o r e a • i i i.l i ' " p e r i m e n t a m , a mecânica a t i t o c o n s c l c n t e do triângulo a m o r o s o entre m a r i d o , M i n c a m a n t e e a forma c o m q u e esse triângulo pode ser d e s a r r u m a d o a qualquer i t i i i . ou m e s m o explodir, graças à i n c o m u m duração d e u m dos planos usados tor, à utilização dos objetos do cotidiano c o m inspiração na pop-art o u à I r t t e n ç a invasiva d e u m corpo (feminino). A natureza c h o c a n t e do f i l m e c o n s e g u e ser u m l e m p o perturbadora e agradável, c o m o uso d e notas m u s i c a i s aparentehiviais e a surpreendente mistura d e s e n t i m e n t a l i s m o e crueldade q u e a b r e m as de n o v a s sensações para o espectador, ainda mais surpreendentes por v i r e m d e Imite t ã o inesperada. A l é m do m a i s , a descrição q u e K i m Kl-young faz da vida ii de seus personagens t a m b é m era u m d e p o i m e n t o apaixonado c a c u s a d o r so" i iedade coreana depois da Guerra Civil, u m c o m e n t á r i o sobre o q u e as m u d a n i i i i i i i t a l i d a d e e a ganância por bens materiais e s t a v a m fazendo c o m as pessoas. Hayno foi apenas a primeira grande realização d e u m cineasta t o m a d o por obseslebeldias. Ele voltaria a d e m o n s t r a r sua compaixão c o m as m u l h e r e s desprezai sua cultura m u i t a s vezes no f u t u r o , e m títulos c o m o Clumgyo

(1972), Yukcheui

1 (1975), Hivayo (1970), Vukshik riongmuí (1985) e Stmyeo (1979). M a s a diversidade d e • 11los c as referências presentes nos filmes de K i m Ki-young - q u e v a r i a m do meloii nua .111 burlesco, da tragédia clássica à fantasia de horror - t o r n a m Hayno ainda mais a n t e por se tratar de u m a m a t r i z , pois é u m a obra q u e abre portas a quartos B U I 1 m u intiam ainda m u i t o secretos na história do c i n e m a . J - M F

F o t o g r a f i a : Kim Deok-jin M ú s i c a : Han Sang-gi E l e n c o : Lee Eun-shim, J u J e u n g nyeo, Kim Jin Kyu



I U A (Shamley, Alfred Hitchcock)

109 m i n . P & B

PSICOSE

(i960)

(PSYCHO)

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Alfred Hitchcock P r o d u ç ã o : Alfred Hitchcock I t o t e i r o : Joseph Stefano, baseado e m

U m dos f i l m e s m a i s f a m o s o s d e todos os t e m p o s e possivelmente a maior referência na história dos f i l m e s de terror, Psicose, d e Alfred Hitchcock, troca as criaturas sobrenaturais do passado do gênero - v a m p i r o s , l o b i s o m e n s , z u m b i s e s e m e l h a n t e s - por u m

livro de Robert Bloch

m o n s t r o de carne e osso. A fita t o r n o u o n o m e " N o r m a n B a t e s " c o n h e c i d o por t o d o s e

l o t o g r a f l a : John L. Russell

g a r a n t i u p e r m a n e n t e m e n t e ao diretor o s t a t u s de mestre do suspense.

M u s i c a : Bernard Herrmann

llinco: Anthony

Perkins, Vera Miles,

|i ihn Gavin, Martin B a l s a m , J o h n Mi liitire, S i m o n O a k l a n d , Vaughn laylur, Frank Albertson, Lurene Tuttle, Patricia Hitchcock, J o h n Anderson, M i n i Mills, J a n e t Leigh

A d a p t a d o por Joseph S t e f a n o d e u m livro aterrorizante m a s descartável d e Robert B l o c h , q u e b a s e o u o p e r s o n a g e m d e N o r m a n e m u m assassino d e W i s c o n s i n , Ed G e i n , Ps/cose conta a história de M a r i o n Crane, j o v e m atraente q u e rouba 4 0 m i l dólares do lugar o n d e trabalha. Deixa a cidade s e m u m plano, a não ser u m vago desejo d e se j u n t a r a o n a m o r a d o c a s a d o . Depois de dirigir a noite inteira na c h u v a , ela f i n a l m e n t e pára e m u m m o t e l na beira da estrada, o n d e o gerente é o desajeitado m a s b o n z i n h o

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Alfred Hitchcock

Norman

(diretor), J a n e t Leigh (atriz

c h o c a n t e q u e c h e g o u a fazer as platéias da época literalmente gritarem no c i n e m a ,

Bates (interpretado c o m perfeição por A n t h o n y Perkins). Em u m a virada

' li.iiljuvante), Joseph Hurley, Robert

M a r i o n é esfaqueada a t é a m o r t e , e n q u a n t o t o m a u m b a n h o d e chuveiro, por a l g u é m

i lltworthy, George Milo (direção de

q u e parece ser u m a senhora d e Idade. Violinos g r i t a m na trilha sonora ( c o m p o s t a por

• m i ' ) . John L. Russell (fotografia)

Bernard H e r r m a n n , colaborador a s s í d u o do diretor), p o n t u a n d o o terrível a t a q u e . Nunca o protagonista de u m f i l m e havia sido assassinado t ã o b r u t a l m e n t e antes da m e t a d e da projeção! I n c u m b i d o do caso pela c o m p a n h i a de seguros, o d e t e t i v e M i l t o n Arbogast ( M a r t i n B a l s a m ) t a m b é m se dá m a l . Lila (Vera Miles), irmã d e M a r i o n , e S a m L o o m i s (John Gavln), n a m o r a d o da desaparecida, s e g u e m s e u rastro a t é a residência dos B a t e s , n a s i m e d i a ç õ e s do m o t e l . J u n t o s descobrem q u e o assassino é na realidade N o r m a n , u m esquizofrênico h o m i c i d a travestido d e m u l h e r que se arruma e x a t a m e n t e c o m o a m ã e q u a n d o t o m a d o por s e n t i m e n t o s sexuais o u a m e a ç a d o r e s . Embora o psicólogo da polícia ( S i m o n O a k l a n d ) " e x p l i q u e " a razão da doença d e N o r m a n no f i n a l , não há d ú v i d a s d e q u e o q u e m o t i v a v e r d a d e i r a m e n t e s u a s a ç õ e s está a l é m da c o m p r e e n s ã o da m e n t e racional. Q u a n d o Psicose e s t r e o u , recebeu p r i n c i p a l m e n t e críticas m o r n a s , e m b o r a milhares de vezes m e l h o r e s do que aquelas que M i c h a e l Powell recebeu por seu e s t r a n h a m e n t e similar A tortura do medo, lançado no m e s m o a n o . A reação do público, e n t r e t a n t o , foi a s s o m b r o s a , c o m pessoas f o r m a n d o filas que d a v a m volta no quarteirão para garantir seu ingresso. M a i s falatório ainda foi gerado pela nova "política e s p e c i a l " de Hitchcock d e não permitir a entrada no cinema depois dos créditos iniciais de Psicose. C l a r a m e n t e , o diretor britânico havia e n c o n t r a d o u m a f o r m a de c u t u c a r d i r e t a m e n t e a psique coletiva ,„•__

dos norte-americanos. A o tornar seu m o n s t r o u m individuo a p a r e n t e m e n t e t ã o n o r m a l , e j u n t a r sexo, loucura e assassinato e m u m a história sórdida e aterradora, ele p r a t i c a m e n t e previu a s m a n c h e t e s que a p a r e c e riam nos jornais nas d é c a d a s seguintes. O sucesso de Psicose levou a três deploráveis " c o n t i n u a ç õ e s " , i n c l u i n d o u m a dirigida pelo próprio Perkins e m 1986, u m a série de televisão que durou pouco, Bates Motel, de 1987, e a r e f i l m a g e m de Gus Van S a n t e m 1998, que procurava repetir o original quadro a q u a d r o , u m a experiência c o m cores q u e e m p a l i d e c e ao ser comparada c o m o f i l m e e m preto-e-branco d e H i t c h c o c k . S J S


P r o d u ç ã o : Samuel Z. Arkoff, M a s s i m o d e Rita Roteiro: Mário Bava, Ennio De Concini, Mário Serandrei, baseado -•Ur i unto de Nikolai Gogol F o t o g r a f i a : Mário Bava M u s i c a : Robert Nicolosi

llinco: Barbara

Steele, John

i li hardson, Andrea Checchi, Ivo i íarrani, Arturo Dominici, Enrico Olivieri, Antonio Pierfederici, Tino Blani hl, Clara Bindi, Mário Passante, Renato Terra, Germânia Dominici

A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO (mo) (LA MASCHERA DEL DEMÓNIO)

F i l m a d o na Itália c o m o título original La Maschera

dei Demónio,

esta película seria

lançada no m e r c a d o norte-americano c o m o t í t u l o The Mcrsk of S a t a n , m a s a c a b o u c h e g a n d o a o s c i n e m a s da América de forma diferente (com a sutil trilha sonora d e Robert Nicolosi sendo substituída pela p o m p a jazzística d e Les Baxter) sob o n o m e d e Black

Sunday

( D o m i n g o negro). E, d e p o i s d e a n o s de proibição e cortes severos,

apareceu na Grã-Bretanha c o m o t í t u l o Revenge ofthe Vampira (Vingança do v a m p i r o ) . O cineasta Mario Bava tinha, e m diversas ocasiões, se apresentado para completar a direção dos filmes em que cuidava da fotografia, assumindo o posto de Rlccardo Freda em / Mampiri (1957) e Caltiki II Monstro (1959) e tomando conta da segunda unidade na bem-sucedlda série de filmes de Hércules estrelada por Steve Reeves. Ao ter a chance de dirigir seu próprio filme, Bava recorreu a u m conto popular russo que já tinha se imortalizado no conto de Nlkolal Gogol, " O Vij", e extrapolou, criando u m fascinante conto de fadas sobre u m jovem médico (John Richardson) que vai parar por acaso e m uma assombrada aldeia da Moldávia no século X I X e se apaixona pela herdeira Katja Vajda (Barbara Steele), cujo corpo é possuído por uma ancestral sua que havia sido executada por praticar feitiçaria, Asa (Steele novamente). O

enredo oferece a c o m b i n a ç ã o

habitual

de p a s s a g e n s secretas,

maldições

familiares e m o r t e s s ú b i t a s , m a s Bava e n t u l h a cada quadro c o m detalhes horríveis e fascinantes. Começa

c o m u m a execução

maravilhosamente

grotesca,

enquanto

m á s c a r a s de d e m ô n i o s c o m pregos s ã o m a r t e l a d a s nos crânios d a s bruxas, e ostenta cenas inesquecíveis e assustadoras q u a n d o os v a m p i r o s s a e m d e suas t u m b a s para perseguir os vivos. A l é m d e extravagantes i m a g e n s m o n o c r o m á t i c a s , da música f a n tasmagórica e d e t o q u e s de s a n g u e g o t e j a n t e , este f i l m e é a m e l h o r o p o r t u n i d a d e d e saborear a presença inimitável de S t e e l e , a atriz mais e s t r a n h a m e n t e sexual a estrelar f i l m e s d e horror. U m a f o r m a n d a i m p r o v á v e l da Rank C h a r m S c h o o l , mistura de colégio interno e a c a d e m i a d e artes d r a m á t i c a s , Steele, dona d e olhos grandes e escuros, tinha até e n t ã o e n c o n t r a d o poucos papéis a d e q u a d o s a sua aparência s u r p r e e n d e n t e no c i n e m a inglês e precisou se aventurar no estrangeiro. Logo se t o r n o u a rainha dos filmes de horror Italianos dos anos 60, antes d e encontrar u m nicho de t r a b a l h o ao parodiar Sophla Loren no 8 7/2 de Fellini (1963). Seja lá qual for o t í t u l o , este é o m e l h o r exemplar de horror gótico produzido na Itália. KN

IH;


A TORTURA DO MEDO

(i960)

I n g l a t e r r a (Anglo-Amalgamated, Michael Powell), i o o min.

(PI I PING TOM) i'i Invasivo da camera g a n h a u m a inesperada reviravolta no f i l m e de M i c h a e l m l . m i e e destruidor d e carreiras. U m j o v e m c h a m a d o Mark Lewis (Karlheinz ie ipiesenta para as m u l h e r e s c o m o d o c u m e n t a r i s t a . M a s presa à sua camera H I estaca de m e t a l q u e ele usa para m a t a r as entrevistadas e n q u a n t o f i l m a . Dbflmos Isso b e m na abertura q u a n d o t e s t e m u n h a m o s u m horrendo assassinato "I

Eastmancolor I d i o m a : Inglês D i r e ç ã o : Michael Powell P r o d u ç ã o : Michael Powell R o t e i r o : Lee Marks F o t o g r a f i a : Otto Heller M ú s i c a : Brian Easdale, Angela

s traçados virtuais do visor d e u m a c a m e r a .

Inguem duvida de que Mark é u m m o n s t r o , m a s Powell revela f r a g m e n t o s d e u m a I pel I iirbada q u e pelo m e n o s o torna mais s i m p á t i c o . O pai sádico a t o r m e n t a v a e n q u a n t o o filmava para experiências psicanalíticas, j o g a n d o luz e m seus \ l i . 1 ,n ordá-lo e soltando lagartixas e m sua c a m a . Depois o v e m o s p o s a n d o c o m

Morley, Freddie Phillips E l e n c o : Karlhelnz B õ h m , Moita Shearer, Anna Massey, Maxlne Audley, Brenda Bruce, Miles Malleson, Esmond Knight, Martin

i.i. u m f i l m e q u e ele c o m b i n a c o m m e t r a g e m produzida no s e g u n d o casa-

Miller, Bartlett Mulllns, Michael

I " du pai. Para M a r k , sexo, m o r t e , a m o r e ódio se f u n d e m e m u m a coisa só e é a

Coodiffe, Nigel Davenport, jack

i i o i n s t r u m e n t o capaz d e capturar t o d a s essas e m o ç õ e s fugazes. A p e n a s

•I

Ih, I h o r a l m e n t e , esses s e n t i m e n t o s c o m o e q u i p a m e n t o , Mark é capaz d e lidar

Marson, Shirley Anne Field, Pamela Green, Brian Wallace

impulsos v i o l e n t o s e conflitantes do s u b c o n s c i e n t e . t e n h a m sido as m o t i v a ç õ e s a m b í g u a s do personagem q u e a f a s t a r a m as M I .ilvez o fato d e que u m diretor t ã o querido q u a n t o Powell tivesse v o l t a d o Dlhos para u m t e m a t ã o sinistro e surpreendente. M a s t a m b é m poderia ter sido o I' que e s t á s u t i l m e n t e Implícito q u e o espectador, u m colega voyeur, é d e certa i I iiinplice de Mark e m seus feitos mortíferos, ao se sentir atraído por suas perversas e por estar, de certa f o r m a , p e r m i t i n d o q u e a c o n t e ç a m , n w e l l apresenta a história distorcida c o m energia e toda a habilidade e técnica que m i e m seus outros f i l m e s m a i s inocentes. A s cores são v i b r a n t e s , g e r a l m e n t e In.ml es j u s t a m e n t e nos m o m e n t o s e m q u e você preferia que não f o s s e m . MesI n m p a r a d o c o m o Hitchcock preto-eI

du m e s m o a n o , Ps/cose, A tortura do medo in

sei m a i s urgente e aterrador. Mergulos c o n f i n s da m e n t e de u m louco e

•li o.

' oferece qualquer saída fácil.

JKL

lßg

V^^-^^-fe

IH)



E U A (Mirisch) 125 m i n . P & B

D i r e ç ã o : Billy Wilder P r o d u ç ã o : I. A. L. D i a m o n d , Doanne llairison, Billy Wilder Roteiro: Billy Wilder e I. A. L. '1

SE MEU APARTAMENTO FALASSE (196O) (THE APARTMENT)

I d i o m a : inglês

tid

l o t o g r a f i a : J o s e p h LaShelle M ú s i c a : Adolph Deutsch I l e n c o : Jack L e m m o n , Shirley M a i I aine, Fred MacMurray, Ray W a l s t o n . J a c k Krushen, David Lewis, Hope H o l i d a y j o a n S h a w l e e , Naomi 'a evens, J o h n n y S e v e n , Joyce Jameson, Willard W a t e r m a n , David W h i t e , Edie A d a m s

Billy W i l d e r c o s t u m a v a coçar a s o c i e d a d e a m e r i c a n a j u s t a m e n t e o n d e ela sentia mais cócegas. Inspirado por Desencanto (1945), de David Lean, precisou esperar 10 a n o s para que a censura relaxasse a n t e s de poder c o n t a r a história do " t e r c e i r o " h o m e m , o sujeito que e m p r e s t a o a p a r t a m e n t o para o casal adúltero. S u r p r e e n d e n t e m e n t e , apesar do t e m a d e l i c a d o , Se meu apartamento

falasse g a n h o u nada m e n o s do q u e cinco prêmios

da A c a d e m i a (inclusive os d e M e l h o r Filme, Diretor c Roteiro) e agora é considerado por m u i t o s c o m o o ú l t i m o f i l m e v e r d a d e i r a m e n t e " r e a l i s t a " do diretor. A l g u n s criticaram a a m o r a l i d a d e do p e r s o n a g e m de Jack L e m m o n , C. C. Baxter, que g a n h a p r o m o ç õ e s r a p i d a m e n t e a p e n a s por ajudar a l g u n s d o s executivos da grande empresa d e seguros onde trabalha a e n g a n a r e m suas m u l h e r e s . M a s L e m m o n , q u e c o s t u m a v a Interpretar o h o m e m c o m u m e m obras d e Wilder, dá ao papel u m sólido t o q u e de h u m a n i d a d e e Baxter acaba parecendo nada a l é m de u m f u n c i o n á r i o escravizado

O s c a r : Billy Wilder (melhor filme),

contra a v o n t a d e , preso a u m a s i t u a ç ã o que já existia n o início do f i l m e e que foge a seu

1 •• 111 v Wilder (diretor), Billy Wilder,

controle. Apesar do humor, Se meu apartamento

I. A. I . Diamond (roteiro), Alexandre

tica s o c i a l , b e m c o m o u m e x a m e da vida na América c o n t e m p o r â n e a e seus c o m p o r -

banner, Edward C . Boyle (direção de

t a m e n t o s sexuais. É t a m b é m u m a t a q u e vigoroso contra a corrupção básica n o sistema

aire), Daniel Mandel (edição) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Jack L e m m o n (alui), Shirley M a c L a i n e (atriz). Jack Krushen (ator coadjuvante), Joseph

falasse é, e m realidade, uma severa crí-

c a p i t a l i s t a , no qual q u e m t e m u m pouco de influência pode se dar b e m e m d e t r i m e n t o dos o u t r o s . Se meu a p a r t a m e n t o faiasse c o m b i n a c o m habilidade vários g ê n e r o s , m a s e m resu-

I aMicllc (fotografia), Gordon Sawyer

m o c o m e ç a c o m o u m a c o m é d i a satírica, transforma-se e m u m poderoso d r a m a e

(som)

t e r m i n a c o m o c o m é d i a r o m â n t i c a . Construído m e t i c u l o s a m e n t e , o desiludido roteiro

I e s t i v a l d e V e n e z a : Shirley MacLaine

de W i l d e r e I. A. L. D i a m o n d pode ser considerado, de certa f o r m a , u m a c o n t i n u a ç ã o

0 opa Volpi - melhor atriz), Billy

a m a r g u r a d a d e O pecado mora ao lado (1955) - u m a c o n t i n u a ç ã o m a g n i f i c a m e n t e f i l -

Wilder, indicação (Leão de Ouro)

m a d a e m u m c i n e m a s c o p e preto-e-branco u m t a n t o s o m b r i o . Depois das férias de v e r ã o , q u a n d o os h o m e n s t i v e r a m casos na ausência d a s m u l h e r e s , eles logo a b a n d o n a m suas a m a n t e s . Fran Kubelik (Shirley M a c L a i n e ) é u m a dessas m o ç a s d e s a f o r t u n a das e acredita q u e r o m a n c e s não s ã o u m b e m d e c o n s u m o c o m o outro qualquer. No f i n a l , o burocrata f i n a l m e n t e se redime por a m o r a outro coração 1

la|

ÊÊÊÈà

l«1

*1

tHI

solitário, e m b o r a o f i l m e evite c o m sucesso q u a l q u e r t o q u e açucarado. Apesar de W i l d e r a p a r e n t e m e n t e não considerar a combin a ç ã o de L e m m o n e M a c L a i n e m u l t o e f i c i e n t e , os espectadores t e m t o d o o direito de m a n t e r uma opinião b e m diferente. FL


H I A (Bryna) 196 m i n . Technicolor

SPARTACUS

Idioma: Inglês

O primeiro diretor deste épico, A n t h o n y M a n n , foi dispensado pelo astro Kirk Douglas

(i960)

Direção: Stanley Kubrick

pouco depois do Início das f i l m a g e n s , embora a l g u m a s das cenas q u e ele f i l m o u no

P r o d u ç ã o : Kirk Douglas, Edward Lewis

deserto t e n h a m sido m a n t i d a s na fita. Coube a S t a n l e y Kubrick, antes de 2001, u m a

Roteiro: Dalton Trumbo, baseado no

odisseia no espaço, a tarefa d e dar vida à história de Howard Fast sobre uma rebelião de

livro de Howard Fast

escravos na R o m a antiga. Tarefa q u e c u m p r i u c o m brilho, c o m b i n a n d o cenas que t r a -

1 otografia: Russell Metty, Clifford Stine

t a m de disputas de poder no S e n a d o c o m outras q u e exploram os s e n t i m e n t o s de

Música: Alex North

fraternidade existentes entre os escravos.

t l c n c o : Kirk Douglas, Laurence

S p a r t a c u s (Douglas) é o escravo que está no centro dos a c o n t e c i m e n t o s , que inspira

(lllvler, lean S i m m o n s , Charles

outros c o m o ele a se rebelarem contra os opressores. Entre os rebeldes está o j o v e m

I l u g h t o n , Peter Ustinov, John C a v i n , Nina Foch, J o h n Ireland, Herbert L o m , |0hn Dall, Charles MacCraw, Joanna

A n t o n l n u s (Tony Curtis), o favorito do r o m a n o M a r c u s Crassus (Laurence Olivier), q u e não fica nada satisfeito c o m a d e b a n d a d a do garotão. Q u a n d o o filme foi restaurado 30

Barnes, Harold S t o n e , Woody Strout,

anos m a i s tarde depois de ter sido lançado, foi-lhe acrescentada u m a cena nos banhos

Peter Brocco, Tony Curtis

que esclarece u m pouco sobre o relacionamento entre senhor e escravo e que tinha sido

Oscar: Peter Ustinov (ator I a i d j u v a n t e ) , Alexander Colltzen, I lie Orbom, Russell A. G a u s m a n , Julia II cion (direção de arte), Russell M e t t y (Imografia), Valles, Bill Thomas

cortada e m 1960 por conta das referências h o m o s s e x u a i s . A n t h o n y Hopklns dublou os diálogos perdidos do falecido Olivier. Kubrick encena a revolta dos escravos e as seqüências de batalha de forma b r i l h a n te, m a s a maior surpresa para u m diretor q u e não prima pelas cenas e m o c i o n a i s é a

(I Igurino)

forma c o m o filma os ú l t i m o s e c o m o v e n t e s m i n u t o s do f i l m e , q u a n d o Karina (Jean

Indicação ao Oscar: Robert Lawrence

S i m m o n s ) , a a m a d a de S p a r t a c u s , segura seu filho para q u e ele possa vê-lo a n t e s d e

(edição), Alex North (música)

I U A (NBI, N e w t o n , Warner Bros.) 124 min. Technicolor I d i o m a : Inglês

morrer crucificado ao lado d e seus seguidores. Soberbo. J B

CLAMOR DO SEXO

(1961)

(SPLENDOR IN THE GRASS)

A partir dos primeiros acordes da intensa trilha sonora c o m p o s t a por David A m r a m e da

Direção: Ella Kazan

cena inicial e m q u e B u d (o estreante W a r r e n Beatty) e Deanie (Natalle W o o d ) se beijam

Produção: W i l l i a m Inge, Ella Kazan,

dentro de u m carro e s t a c i o n a d o próximo a u m a cachoeira, Clamor do sexo exemplifica

Charles H. Magulre

o m e l h o r dos m e l o d r a m a s produzidos e m H o l l y w o o d . A s paixões reprimidas pela

Roteiro: W i l l i a m Inge

s o c i e d a d e (a ação se passa no K a n s a s , e m 1928) descobrem c a m i n h o s tortos para se

l o t o g r a f i a : Boris K a u f m a n

m a n i f e s t a r e m e m cada explosão d e cor, s o m e gestos.

M ú s i c a : David Amram l l t n c o : Natalie W o o d , Pat Hingle, Audrey Christie, Barbara Loden, Zohra Lampert, Warren Beatty, Fred Stewart,loanna Roos, John M c G o v e r n J a n Norris, M a r t i n e Bartlett, Gary Lockwood, Sandy I ' e i i i i i s , Crystal Field, Maria Adams

Oscar: W i l l i a m Inge (roteiro)

Indicação ao Oscar: Natalie Wood (atriz)

A repressão está e m toda parte neste f i l m e , u m a força que deforma as pessoas d e u m a maneira m o n s t r u o s a e d i s f u n c i o n a l . O s h o m e n s são obrigados a ser bem-sucedidos e m a c h õ e s , e n q u a n t o as m u l h e r e s d e v e m optar entre a virgindade e a leviandade, c o m o é o caso da irmã pouco c o n v e n c i o n a l de B u d , a melindrosa Glnny, encarnada por Barbara Loden d e f o r m a m e m o r á v e l . O diretor Ella Kazan t r a b a l h o u e m u m a encruzilhada entre as f o r m a s clássicas de narrativa desenvolvidas pelos estúdios e as f o r m a s d i n â m i c a s e inovadoras i n t r o d u z i das pelas técnicas de interpretação do M é t o d o do Actors S t u d i o e a nouvelle v a g u e francesa. A q u i , e m colaboração c o m o d r a m a t u r g o W i l l i a m Inge, ele c h e g o u a u m a síntese s u b l i m e das duas a b o r d a g e n s . O f i l m e f r e q ü e n t e m e n t e oferece u m a análise lúcida e concentrada das c o n t r a d i ç õ e s sociais, d e t e r m i n a d a s por classe, riqueza, o c u p a ç ã o , religião e família. A o m e s m o t e m p o , Clamor

do sexo é u m a obra o n d e os

personagens se c o m p o r t a m c o m o a u t ê n t i c o s indivíduos, agindo e reagindo de u m a forma m u i t o diferente dos clichês h o l l y w o o d l a n o s . A M

(Hl,


O ANO PASSADO EM MARIENBAD <1961)

F r a n ç a / I t á l i a (Argos. Cineriz,

II ANNI I" DERNIÈRE À MARIENBAD) ' J . i em Marienbad

Cinétel, C o m o , C o r m o r a m , Tain,11.1,

é u m m a r c o na história do c i n e m a m o d e r n i s t a e t a m b é m

• r ii i o c i n e m a francês do pós-guerra,

I d i o m a : francês

no i m e d i a t a m e n t e e m 1961 que o s e g u n d o longa de Alain Resnais - c o m o o

D i r e ç ã o : Alain Resnais

M L l i i m a , m e u amor, d e 1959 - simbolizava u m a fuga radical d o s f i l m e s for-

P r o d u ç ã o : Pierre Courau, Raymond

1 m 1 ir da " t r a d i ç ã o de qualidade", m o d e l o d o m i n a n t e há m u i t o t e m p o e u m a ilibada c o m d e s d é m pelos colegas u m pouco m a i s j o v e n s d e Resnais, uvelle v a g u e francesa. Não se tratava de ser a p e n a s pouco c o n v e n c i o n a l o u e sim de realizar u m vigoroso a t a q u e contra os pressupostos m a i s cristali1 1 H . i n a t i v a , interrogando e s u b v e r t e n d o t o d o s os a s p e c t o s do c i n e m a " c o r r e t o " , •.Untura t e m p o r a l a t é a c o m p o s i ç ã o fotográfica e o d e s e n v o l v i m e n t o d o s i»iy.nn|'.''"v 1

il

R o t e i r o : Alain Robbe-Crillet, baseado no livro La invención de Morel, de Adolfo Bioy Casares F o t o g r a f i a : Sacha Vierny M ú s i c a : Francis Seyrig E l e n c o : Delphine Seyrig, Gioigio

.ni não é criação a p e n a s de Resnais. S u a grandeza decorre d e forma orgâni-

Bertin, Luce Garcia-Ville, Helena

1 MINHADORA do roteiro de Alain Robbe-Crillet, c u i d a d o s a m e n t e e l a b o r a d o , e

Komel, François Splra, Karin hu he

espirituoso e extravagante do q u e os fãs do f i l m e c o s t u m a m

perceber,

a verdadeira f a ç a n h a . O b s e r v a n d o ainda m a i s p r o f u n d a m e n t e , é preciso as inferências d o s críticos c i n e m a t o g r á f i c o s da Cahiers

da Cinema,

aos

t v i i i i r i i t o s na pintura m o d e r n i s t a , às correntes existencialista e bergsoniana da 1 1 !•

Froment

Albertazzi, Sacha Pitõeff, Françoise

ni H forte é a majestosa fotografia d e S a c h a Vierny para a tela p a n o r â m i c a , q u e

iii"

Precltel, Silver, Soc. Nouvelle, lei 1.1) 94 m i n . P & B

peia e outras revigorantes i n o v a ç õ e s teóticas / culturais / s o c i o p o l í t i c a s In i n t e n s a m e n t e fértil da cultura francesa.

Mittler, Pierre Barbaud, W i l h e l m v o n Deek, J e a n Lanier, Gerard I m in. Davide M o n t e n u r i , Gilles Quésant, Gabriel Werner I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Alain Rubbc Grillet (roteiro) F e s t i v a l d e V e n e z a : Alain R e n a l ' . (Leão de Ouro)

m disso há u m elenco extraordinário, c o m a lendária Delphine Seyrig no papel da 11

li'iil il içada c o m o A, o i n i m i t á v e l Giorgio Albertazzi c o m o o i m p e n e t r á v e l estraado X e S a c h a Pitóeff, s u t i l m e n t e expressivo, c o m o M , o m a r i d o perplexo da . 1 les e n c a r n a m personagens e n i g m á t i c o s nesta fábula indecifrável c o m u m a 1 nia q u e se adequa p e r f e i t a m e n t e à a t m o s f e r a e l e g a n t e . ida a s s i m , perceber Marienbad

f u n d a m e n t a l m e n t e c o m o u m f i l m e de Resnais é

.1 forma d e reconhecer seu parentesco c o m o u t r a s de suas obras-primas - os "liiiaiios Muriel ou t e Temps d'un Retour (1963), Providence (1977) e Meu tio

ameri-

1 ni entre o u t r a s - q u a n t o reconhecer sua incrível i m p o r t â n c i a para o c i n e m a •••.Ivo. C o m m o d é s t i a característica, ele certa vez c o n s i d e r o u Marienbad

como

" ni.itiva crua e p r i m i t i v a " d e capturar " a c o m p l e x i d a d e do p e n s a m e n t o e seus inlsmos". Estava errado na escolha de a d j e t i v o s , m a s correto e m relação a t u d o nbre este e s t r a n h o e c o m o v e n t e f i l m e . N u n c a n o c i n e m a se c a p t o u d e f o r m a • orosa o f u n c i o n a m e n t o labiríntico da consciência e da m e m ó r i a . D S

l"7


I i , i n ç a (Argos) 28 m i n . P&B

LA JETEE

I d i o m a : francês

Filme e x p e r i m e n t a l disfarçado d e ficção científica ( " r e f i l m a d o " por Terry Cilllam e m

D i r e ç ã o : Chris Marker P r o d u ç ã o : Anatole D a u m a n I t o t c i r o : Chris Marker F o t o g r a f i a : Jean Chiabaut, Chris Marker

»

M ú s i c a : Trevor Duncan

1995 c o m o Os doze macacos), o curta d e Chris Marker, La jetée (O cais), é o tipo de projeto a p a r e n t e m e n t e simples q u e g a n h a ressonância e c o m p l e x i d a d e c o m a passagem do t e m p o . Embora a maior parte do f i l m e seja c o m p o s t a q u a s e I n t e i r a m e n t e d e fotos e m preto-e-branco, Marker c o n s e g u e impor u m a força narrativa q u e provoca o pensamento e demonstra

I cdoux, André Helnrich, Jacques Branchu, Pierre Joffroy, Etienne ker, Philbert v o n Llfchitz, Ligia Branlce, Janine Klein, W i l l i a m Klein, i .re ni.ino Faccettl

d e u m a vez por t o d a s q u e o c i n e m a n ã o precisa estar e m

m o v i m e n t o para comover.

t l c n c o : jean Negroni, Hélène I h.iii'lain, Davos Hanlch, Jacques

(1961)

S i t u a d o e m u m futuro próximo, depois do apocalipse nuclear q u e e n v i o u os sobrev i v e n t e s e m fuga para debaixo da terra, La letée é narrado por u m h o m e m q u e foi e n v i a d o a o passado para descobrir a causa da guerra devastadora e impedi-la. Durante suas viagens a o passado, ele se torna o b c e c a d o c o m u m a i m a g e m violenta, recordação da sua própria infância - u m h o m e m abatido a tiros -, a l é m d e u m a m u l h e r bela e misteriosa. Q u a n d o ele f i n a l m e n t e c o m p r e e n d e a relação entre os dois, já é tarde d e m a i s e a história está condenada a ser repetida. O uso de fotos e a narração e c o n ô m i c a feitos por Marker o forçam a se concentrar no design do s o m . O s o m de vozes e barulhos e s t r a n h o s reproduz a m e c â n i c a obscura da v i a g e m no t e m p o , aqui representada c o m o u m a espécie d e m a n i p u l a ç ã o metafísica da m e m ó r i a e do espaço. C o n f o r m e as viagens do narrador ao passado progridem, t a m b é m se t o r n a m mais lúcidas, conduzindo a o m o m e n t o m a i s t o c a n t e do filme. Ao apresentar a bela m u l h e r a d o r m e c i d a , Marker filma seus olhos entreabrindo-se, a única cena e m La jetée q u e mostra m o v i m e n t o . Esse breve m o m e n t o ajuda a ilustrar a ligação entre o narrador e a mulher, r e v e l a n do por que ele se desviaria da sua m i s s ã o tão urgente, e t a m b é m prepara o palco para a d e s c o n c e r t a n t e virada final. La jetée t e m a p e n a s 28 m i n u t o s d e duração, m a s Marker ainda garante m a i s i m p a c t o do q u e m u i t o s outros filmes três vezes m a i s longos. Sua ^

t

criatividade e e n g e n h o s l d a d e s ã o confirm a d a s pelo fato d e sua m o n t a g e m i n t e n c i o n a l m e n t e fria ainda a s s i m gerar ressonância e m o c i o n a l . E t a m b é m explicam por q u e u m a obra c i n e m a t o g r á f i c a t ã o pouco c o n v e n c i o n a l é reverenciada c o m o u m a r e ferência entre as obras-primas d e ficção científica. J K I

>,!<!<


A I ACE OCULTA (1961)

E U A (Paramount, Pennebaket) 140 m i n . Technicolor

(ONI TYED JACKS) In '..îbc q u e M a r l o n Brando sabe representar. A grande pergunta levantada n/M, sua estréia c o m o diretor, é a s e g u i n t e : ele sabe dirigir? h o m e m q u e popularizou o M é t o d o Stanlslavsky no c i n e m a a m e r i c a n o no IMOS 50, Brando sintetiza seu estilo inimitável na cena d e abertura do f i l m e , ilniieia l e n t a m e n t e u m a banana, a câmera desliza para trás, a c e n t u a n d o ii I d î n a n t e o q u e se descobre ser u m assalto a b a n c o , o n d e seu p e r s o n a g e m , i d a quadrilha. Ele sorri, a c â m e r a pára. Ele engole o ú l t i m o pedaço da fruta

li.1 maravilhosa. Ela revela t a m b é m o parceiro de Rio, o rude baderneiro D a d

nu

forma q u e e s t a b e l e c e o r i t m o t r a n q ü i l o do

.eguida, a estréia de Brando se transforma e m u m a fantasia de v i n g a n ç a

i n i . i 1 I 0 Norte do México a t é Monterey. Embora t e n h a sido n o t o r i a m e n t e u m a lliiiliK,.

111 p l i ç a d a , A fuce oculta conta c o m excelentes e l e m e n t o s , c o m o a escalaçâo

uni de M a l d e n c o m o o vilão. A l é m disso, oferece u m e s p e t á c u l o d e notável ileni ia m o r a l , beleza visual e m o t i v a ç õ e s verossímeis para seus p e r s o n a g e n s . J u n o do resto da trama: Dad acaba traindo Rio e o abandona e m u m a prisão in.i, dando Início a u m rancor duradouro. Cinco anos mais tarde, Rio foge da caK 1 1 1 1 ninado a conseguir sua vingança, ele entra para l i . u n i u d e fora-da-lei liderado por Bob A m o r y (Ben I e ,1 turma segue e m direção ao norte pela costa da m

1 . 1 procura d e ação. Em Monterey, f i n a l m e n t e des1111'ni, que agora é o xerife do lugar e está casado com li .111.1, Maria ( K a t y j u r a d o ) , c o m uma enteada ado"i

1 m lisa (Pina Pellicer). Rio finge amizade. Dad men• passado. Bob planeja u m assalto a banco e Louisa itonteante lábia do bandido. N e m é preciso dizer 'be o q u e merece, assim c o m o todos os outros

MIS 1 unirem ao tentar perseguir seus variados vícios. .1 bela adição à filmografia de Brando e u m a obra ii n i H a i n ne , 1 0 fazer a conexão entre os clássicos do w e s t e r n .1 m ' . 50 e as experiências c o m o género q u e viriam a ei uns a n o s 70. A face oculta expõe c o m competênl n e . lados d e u m h o m e m , fazendo jus a o t e m a sugelld

m 1 1 I 0 . Continua sendo uma jóia pouco vista. CC-0

D i r e ç ã o : Marlon Brando P r o d u ç ã o : Frank P. Rosenberg R o t e i r o : Guy Trosper, Calder W i l l i n g h a m , baseado no livro Fhf

Authentic Death of Hendry Jones, .Ir Charles Nelder F o t o g r a f i a : Charles Lang M ú s i c a : Hugh Friedhofer

levai o anel de u m a cliente do banco.

1 1 1 1 I 1 (Karl M a l d e n ) , da m e s m a

I d i o m a : Inglês

j

E l e n c o : Marlon Brando, Karl Maiden, Katy Jurado, Pina Pellicer, Ben J o h n s o n , slim Pickens, Larry Duran, S a m G i l m a n , Timothy Carey, Mill.1111 Colon, Elisha Cookjr., Rodolfo A. o'.la, Joan Petrone, Tom W e b b , Ray leal I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Charles I a n g

(fotografia)


LOLA, A FLOR PROIBIDA (196D

Prinça / I t a l i a (EIA, Roma-Paris)

po min.

(LOLA)

p&b

I f l l o m n : francês

O primeiro longa d e J a c q u e s D e m y é m á g i c o e antecipa suas d u a s obras-primas p o s t e -

Dlnçlo: Jacques Demy ProduçSo: Carlo Ponti, Georges de lU'.iurcgard

riores, Os guarda-chuvas do a m o r e Duas garotas românticas, não a p e n a s pelo esforço de introduzir u m a a t m o s f e r a de r o m a n c e d e c o n t o de fadas no m u n d o banal de u m potto no A t l â n t i c o (neste caso sua N a n t e s natal), m a s t a m b é m pela utilização de música e

I t o t e i r o : Jacques Demy

d a n ç a . Embora esses dois e l e m e n t o s n ã o s e j a m u m a c o n s t a n t e neste f i l m e , ainda dão

l o t o g r a f i a : Raoul Coutard M u s i c . i : Michel Legrand

i n f o r m a ç õ e s sobre a intriga, caracterização dos personagens e a atmosfera desde a

l . l r n c o : Anouk A i m é e , Marc M i c h e l ,

a b e r t u r a , q u e faz uso d e B e e t h o v e n e do jazz de M i c h e l Legrand para a c o m p a n h a r o

| | i i|ii<", Marden, Alan Scott, Elina

misterioso passeio de u m Cadillac branco pela cidade.

I i b o u r d e t t e , Margo Lion, Annie

Seria errado qualificar d e trivial o rodopio r o m â n t i c o q u e se desenrola e m torno da

i lup«roux, Catherine Lutz, Corinne M U . li.md, Yvette Anziani, Dorothée

llink, Isabelle Lunghini, Annick

Noël.

' ilnette Valton, Ane Z a m i r e

dançarina d e cabaré Lola (Anouk A i m é e ) , m ã e solteira, sedutora m a s e n i g m á t i c a , q u e custa a se decidir entre diversos p r e t e n d e n t e s e n q u a n t o espera pela volta de seu a m o r verdadeiro, q u e partiu para o estrangeiro há m u i t o t e m p o . Graças à leveza d o jogo d e cena, à fotografia e n v o l v e n t e e e l e g a n t e de Raoul Coutard (o f i l m e é u m delicioso t r i b u to a M a x O p h ü l s ) , às m e l o d i a s e n c a n t a d o r a s e inacreditáveis c o i n c i d ê n c i a s , Lola está i m p r e g n a d o de u m a p u n g e n t e percepção sobre o caráter e f ê m e r o da felicidade e d a s d i f i c u l d a d e s e i m p r o b a b i l l d a d e s do amor. Do ponto de vista f o r m a l , a película é m a i s complexa d o q u e parece à primeira v i s t a , c o m personagens secundários que p o d e m ser considerados variações reveladoras do par principal. A h , e A n o u k está inesquecível! GA

I U A (luiow-Sheperd, Paramount) i'

i. Technicolor

Idioma: inglês D i r e ç ã o : Blake Edwards P r o d u ç ã o : M a r t i n Jurow, Richard '.hepeid I t n t c l r o : George Axelrod, baseado e m llvm de Truman Capote l o t o g r a f i a : Franz Planer

BONEQUINHA DE LUXO (1961) (BREAKFAST AT TIFFANY'S) T r u m a n Capote, a u t o t do r o m a n c e q u e inspirou Bonequinha

de luxo, i m a g i n o u M a r i l y n

M o n r o e interpretando o papel da p r o t a g o n i s t a , a festeira Holly Golightly, m a s é difícil i m a g i n a r a l g u é m q u e tivesse se a d e q u a d o t ã o b e m ao papel q u a n t o Audrey H e p b u r n . Na abertura do f i l m e , d i a n t e da T i f f a n y ' s , a f a m o s a joalherla d e M a n h a t t a n , a atriz nunca esteve tão encantadora e luminosa. Na história d e Capote, Holly é n i t i d a m e n t e u m a garota d e programa. C o m o o f i l m e

M u s i c a : Henry M a n c i n i

de Blake Edwards foi feito e m 1961, q u a n d o a s s u n t o s c o m o esse d a v a m dor d e cabeça

I l e n c o : Audrey Hepburn, George

aos censores, a Holly de H e p b u r n é retratada c o m o u m a m o ç a boêmia que sobrevive de

Ptppard, Patricia Neal, Buddy Ebsen, Mlii iin B a l s a m , José Luis de Villalonga, J o h n McGiver, Alan Reed, I lorothy Whitney, Beverly Powers, Itinley A d a m s , Claude S t r o u d , Elvia Alliii.ui, Mickey Rooney o s i a r : Henry M a n c i n i (trilha sonora), Henry Mancini e j o h n n y Mercer

(i inclo)

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : George Axelrod (roteiro), Audrey Hepburn (atriz), Hal I I M M . ) . Roland Anderson, S a m i, Ray Moyer (direção de arte)

1911

p r e s e n t i n h o s d e a d m i r a d o r e s . No m e s m o edifício o n d e reside v i v e o escritor

Paul

(George Peppard), q u e luta para d e m o n s t r a r seu t a l e n t o e t a m b é m se m a n t é m graças à ajuda d e u m a rica benfeitora (Patricia Neal), c o m q u e m t e m u m c a s o . O equilíbrio d e l i cado d o s r e l a c i o n a m e n t o s dos dois p e r s o n a g e n s é posto e m xeque q u a n d o Paul se apaixona por sua vizinha linda e u m t a n t o exasperante. Com o cabelo puxado para trás, chiquérrima e m u m v e s t i d o preto, p o r t a n d o u m a elegante piteira, Audrey Hepburn incorporou u m a i m a g e m inesquecível que não e s m a e ceu com a p a s s a g e m do t e m p o . Acrescente a isso a música m a r c a n t e de Henry M a n c i n i e u m p u n h a d o d e m o m e n t o s clássicos (Hepburn c a n t a n d o " M o o n River" e procurando seu querido gato pelas ruas d e Nova York durante u m temporal), e o resultado é u m dos d r a m a s r o m â n t i c o s mais deliciosos e inesquecíveis produzidos e m H o l l y w o o d . J B


A NOITE

(1961)

I t á l i a / F r a n ç a (Nepl, Silvcr, Sofltedlp)

I l A NOITE) H

I22tnln. P & B

î l e M i c h e l a n g e l o A n t o n i o n i do i n o v a d o r A aventura (i960) é o longa 1 1 de u m a trilogia que se encerra c o m O eclipse (1962), realizado no auge do

lu Intelectual na cena internacional d e c i n e m a . Repetindo m u i t o s dos t e m a s li us e dos a v a n ç o s estilísticos de seu antecessor, c o m especial ênfase no tédio , atrofiadas dos ricos, A noite se encerra c o m o m e s m o tipo d e l e m b r a n ç a nu 1

lida d e desejo sexual já superado presente na cena final do conto " O s m o r t o s " , 1 e . l'ara o b e m o u para o m a l , o s clichês d i s s e m i n a d o s sobre A n t o n i o n i 1

liietor elitista de f i l m e s e n t e d i a n t e s sobre ricos e n t e d i a d o s deriva e m

Ennlo Flalano, Tonino Guerra F o t o g r a f i a : Gianni dl Venanzo M ú s i c a : Giorgio Gaslini E l e n c o : Marcello Mastroianni. |ei Moreau, Mónica Vittl, Bernhaid W i c k i , Rosy Mazzacuratl, Maria Pla Luzi, Guido A. M a r s a n , Vittorio Bertolini, Vincenzo Corbella, UgO

" p i 1 h N I " , às do primeiro f i l m e e inferiores às do s e g u n d o . A intriga m i n i m a l i s t a , mi período de m e n o s de 24 horas, trata da m o r t e da paixão entre u m novells'.'.n, G i o v a n n i P o n t a n o (Marcello M a s t r o i a n n i ) , e a sua esposa

frustrada

h 1 . m u ) . A s melhores partes estão c o n c e n t r a d a s , e m sua m a i o r i a , no início e liiem u m breve encontro do escritor c o m u m a paciente n i n f o m a n í a c a , ¡11 Iiuspital o n d e ele vai visitar u m a m i g o m o r i b u n d o (Bernhard W i c k i ) , e s e u I»111

mais longo, c o m a filha d e u m Industrial

( M u n i . .1 v i t i i ) e m u m a festa, cenas q u e trazem à tona as nu e. de i m p u l s o e de h u m o r do p e r s o n a g e m . A s . qiienclas m o s t r a m a mise-en-scènc de A n t o n i o n i de sua c o m p l e x i d a d e e de sua sutileza emocion i p e n s a ç â o , o s e g m e n t o m a i s fraco é, provavel.1 longo passeio a pé feito pela esposa do escritor 1

R o t e i r o : Michelangelo Antonioni,

ais sutil e m o d u l a d o do cineasta.

u n a n i m e do q u e nos casos d e A aventura e O eclipse. A s a t u a ç õ e s sáo. d e m o d o

M

D i r e ç ã o : Michelangelo Antonioni

ilida dos excessos deste longa, apesar d e ele exibir t a m b é m u m p o u c o do

. '.so de A noite c o m o u m a narrativa b e m estruturada e e l e g a n t e é u m t a n t o

11

I d i o m a : Italiano

n i , repleto d e detalhes simbólicos produzidos para

li seu e s t a d o m e n t a l , coisa q u e d e m o n s t r a a In 1 negativa d e B e r g m a n sobre alguns c i n e a s t a s no los a n o s 60. N ã o i m p o r t a m as deficiências oca.te longa é obra do período considerado, c o m m 1 Iça, c o m o o m a i s rico na obra de A n t o n i o n i , e a m la de sua i m p r e s s i o n a n t e maestria está p r e s e n t e o lodo. J R o s

Fortunati, Gltt Magrini, Giorgio Negro, Roberta Speroni F e s t i v a l d e B e r l i m : Mlchelangelu

Antonioni (Urso de Ouro)


i rança (< arrosse, sédif) 1 0 0 m i n . P & B I«I

. 1 : francês

D i r e ç ã o : François Truffaut P r o d u ç ã o : Marcel Berbert

J U L E S E J I M - U M A MULHER PARA DOIS (196D (JULES ETJIM)

Kottlro: Jean Gruault, François

Colocava anéis e m todos os dedos. Cantava. Usava bigode e boné e a m a v a dois h o m e n s ,

hui L m ! . baseado no livro de Henri-

u m francês e u m a l e m ã o , às vésperas da guerra. E amaria m u i t o s outros a n t e s , depois e

l'lcrre Roche

durante essa época, e as bicicletas corriam velozes nas tortuosas estradas da felicidade.

*

Múlll . 1 : Georges Delerue

No fim havia a m o r t e . O senhor Jules (Oskar Werner) e o senhor J i m (Henri Serre) abrem

E l e n c o : Joanne M o r e a u , Oskar

a porta do verão mágico da modernidade cinematográfica, mas a m b o s são provenientes

wr

do verão de uma outra m o d e r n i d a d e , u m a que aconteceu no início do século X X , q u a n d o

1 , 1 lenri Serre, Vanna Urbino,

1 H 1 1 1 . Basslak, Anny Nelsen, Sabine l l i i i d c p i i i , Marie Dubois, Christiane W . i c n c i . Michel Subor

Henrl-Pierre Roche vivenciou a história e então a escreveu c o m o se fosse u m diário. Eles abrem a porta e Catherine (Jeanne M o r e a u ) a atravessa correndo, iluminada c o m graça. Ganharia todas as corridas na ponte, m e s m o aquela e m q u e a ponte termina no meio. Seria u m a tragédia, m a s é apresentado c o m o comédia pastelão. Nunca v e j a m lules e J i m e m versão dublada. A narração d e François Truffaut é o s o m do v e n t o q u e acaricia e faz u m m u n d o desaparecer e outro aparecer e m seu lugar. A b e leza da fotografia c i n e m a s c o p e e m preto-e-branco mal t e m a largura justa, a delicadeza e a n u a n c e necessárias, n e m está s u f i c i e n t e m e n t e enraizada na c o n t e m p o r a n e i d a d e para expressar a energia vivaz e sutil d e q u e o f i l m e é feito. O l h e m M o r e a u ! C o m o está linda! Truffaut estava apaixonado por ela (como poderia deixar d e estar?), lules e J i m foi criado a partir desse amor. Seria impossível fazer o filme s e m a óbvia felicidade do diretor e m filmar a atriz, sem a força q u e d a v a m u m ao outro. U m a ponta de tristeza pode ser sentida cada vez q u e ela deixa o e n q u a d r a m e n t o , u m arrepio d e alegria e desejo desponta cada vez que ela volta. O c i n e m a é a arte de registrar, não apenas de registrar objetos, m a s t a m b é m f o r m a s visuais e s o n s . É t a m b é m o registro daquela realidade distorcida por e m o ç õ e s poderosas, jules

e J i m registra tal realidade distorcida e m u m a d i m e n s ã o extraordinária. A

guerra estava por vir, b e m c o m o a desilusão e a m o r t e . O f i l m e sabe disso. O preto e o branco t a m b é m são as cores do luto. Era o terceiro f i l m e de Truffaut, ainda realizado sob o i m p u l s o original da nouvelle v a g u e . E n t r e t a n t o , depois do autobiográfico Os injustiçados (1959), centrado e m u m a criança, e do jogo v i r t u o s o e vanguardista de Atire no pianista

(1960), jules e jlm aponta e m u m a direção m a i s a d u l t a e a b r a n g e n t e , s e m

perder a energia juvenil e revolucionário que ele e seus c o m p a n h e i r o s t i n h a m a c a b a d o de injetar no m u n d o do c i n e m a . E, pelo m e n o s durante alguns m o m e n t o s , foi isso o q u e a c o n t e c e u . O terceiro f i l m e d e Truffaut m a n t e v e vivo u m m o m e n t o d e turbulência que n u n c a se passaria n o v a m e n t e - u m salto no f u t u r o , c o m amor. J - M F


VIRIDIANA

(1961)

E s p a n h a / M é x i c o (59, G u s t a v o

s 6o, u m a nova geração de c i n e a s t a s e s p a n h ó i s

persuadiu Luis B u n u e l a

llnli i l l u i na sua Espanha n a t a l pela primeira vez depois d e ter deixado o país e m 1936. ih que ele i m a g i n o u era u m drama irônico. Viridiana (Silvia Pinai), nas v é s p e r a s lli 1 1 ' 1 os ú l t i m o s v o t o s para entrar e m u m c o n v e n t o , visita o t i o (Fernando Rey), u m • 111 i f Lã ri o d e terras. Excitado pela s e m e l h a n ç a da moça c o m sua falecida esposa, neja violá-la, m a s desiste n o ú l t i m o m o m e n t o . T o m a d o pelo r e m o r s o , se m a t a ,

Alatriste, UNINC) 90 m i n . P & B I d i o m a : espanhol D i r e ç ã o : Luis Buñuel P r o d u ç ã o : Gustavo Alatriste, Rii .min M u ñ o z Suay, Pedro Portabclla R o t e i r o : Julio Alejandro, Luis Bunuel F o t o g r a f i a : José F. Aguayo

I m a n d o Viridiana e m co-herdelra de suas propriedades, j u n t o c o m s e u cínico

M ú s i c a : Gustavo Pittaluga

ilural. Zelosa e m seus esforços d e melhorar o m u n d o à sua volta, Viridiana adota

E l e n c o : Silvia Pinai, Francisco Rah.il,

II ••! l u o s o grupo d e ladrões, m e n d i g o s e p r o s t i t u t a s e i n e v i t a v e l m e n t e s u a s boas

Fernando Rey, J o s é Calvo, Margarita L o c a n o j o s é M a n u e l M a r t i n , Vil loil.i

i e s a c a b a m e m desastre e e m seu próprio prejuízo. iiiiorídades e s p a n h o l a s a p r o v a r a m o roteiro c o m a l g u m a s m u d a n ç a s , m a s n ã o 11 o p o r t u n i d a d e de ver o resultado final a n t e s de sua estréia no Festival de de 1961. Apesar de p r e m i a d o c o m a Palma d e O u r o , o f i l m e foi i m e d i a t a m e n t e In na E s p a n h a , censura q u e perdurou por m u i t o s a n o s . A o apurar o roteiro

Zinny, Luis H e r e d i a , J o a q u i n Roa. lula Gaos, Maria Isbert, Teresa Rabal F e s t i v a l d e C a n n e s : Luis Bunuel (Palma de Ouro), e m p a t a d o 1 offl U M aussi longue absence, de Henri COlpl

li a produção, B ü n u e l d e m o n s t r o u não ter perdido sua habilidade e m c h o c a r e ns I n t o l e r a n t e s . Repleto de m o m e n t o s de o b s e r v a ç ã o surrealista,

Viridiana

iece c o m o u m a d a s m a i s perfeitas exposições das i m p e r d o á v e i s loucuras da

1

,1 h u m a n a e u m a c o m é d i a da vida q u e não a d m i t e os limites da repressão. D R

0 TERROR DAS MULHERES

(i96i)

E U A (Paramount) 96 m i n . Cor I d i o m a : inglês

(MIE LADIES MAN) i n .

Lewis nunca foi alguém a ser Ignorado. Talvez seja hora de admitir que nossos amigos Ilios I ranceses sabiam do que estavam falando. M e s m o c o m o u m dos três o u quatro '•ili.intes americanos mais marcantes da tela, sua popularidade como ator não preparou In para seu talento na direção ou para as multas glórias de O terror das mulheres. Neste f i l m e , Lewis d e m o n s t r a u m d o m í n i o da mise-en-scène q u e r a r a m e n t e foi

• illzado.

Poucos

poderiam

organizar

os e l e m e n t o s

e m u m quadro

c o m tanta

1 ibllldade e t l m i n g perfeito n o s m o m e n t o s c ô m i c o s . A prova está na s e q ü ê n c i a m a i s 1 i i i i i i s . I . a incrível cena e m q u e as n u m e r o s a s residentes de u m p e n s i o n a t o f e m i n i n o i l . i i n e e x e c u t a m seus rituais m a t i n a i s . N u m plano n o t á v e l , v e m o s m o ç a s e m quartos diferentes p e n t e a n d o o cabelo, exercltando-se, até tocando a t r o m p a francesa (!) n u I n e n q u a n t o a c â m e r a atravessa o f a m o s o cenário recortado d e u m a e s p é c i e d e 1 1 d e b o n e c a s . O resultado é u m a a v a l a n c h e d e cômica feminilidade à moda d o s anos 1111 - se desdobra e m cores v i v a s e e m loucura pslcossexual.

D i r e ç ã o : Jerry Lewis P r o d u ç ã o : Ernest D. Gluckni.in, Jerry Lewis R o t e i r o : Jerry Lewis, Bill Rir Inn

I

F o t o g r a f i a : W. Wallace Kelley M ú s i c a : Jack Brooks, Walter S( li.ul, Harry Warren E l e n c o : Jerry Lewis, Helen Traubel, Kathleen Freeman, Hope Holiday, Lynn Ross, Gretchen Houser, 11111 • > • • Brlggs, Mary LaRoche, Marilyn RhUfi Alex Gerry, Jack Krushen, Vicki K e u e i , Pat Stanley, Dee Arlen, Francesca Bellini

Adicione a essa c o m b i n a ç ã o u m a das a t u a ç õ e s m a i s selvagens e esquisitas de Jerry, que. 1 orno diretor, está disposto a apostar a l e g r e m e n t e na s u s p e n s ã o da realidade . i n i i i i i . i seqüência f a m o s a e bizarra da " m u l h e r - a r a n h a " . O terror das mulheres t a m b é m ipresenta u m a c e n a , q u e é, na m i n h a m o d e s t a o p i n i ã o , o m e l h o r exemplo da história do 1 ineina de c o m o u m p e r s o n a g e m pode l e n t a m e n t e perder as estribeiras. Este é u m ponto alto n ã o a p e n a s do estilo c ô m i c o de Jerry Lewis, m a s da utilização da mise-enl i m e no c i n e m a a m e r i c a n o . EdeS

I'M


S u é c i a (Svenski) 89 m i n . P & B I d i o m a : sueco D i r e ç ã o : Ingmar B e r g m a n 1 ' i o d u ç ã o : Allan Eklund KOtttro: ingmar B e r g m a n l m o u r a r i a : Sven Nykvist M u s i c . i n ã o o r i g î r î a l : Johann

Sebastian Bach E l e n c o : Harriet Andersson, Gunnar U)ihnstrand, Max v o n Sydow, Lars I

•. I •. •. j . I r í I

O s c a r : Suécia (melhor f i l m e rstrangeiro) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Ingmar Bergman (lotelio)

ATRAVÉS DO ESPELHO

(1961)

(SASOM I EN SPEGEL) Este é o primeiro f i l m e da série que ficou conhecida c o m o a Trilogia do Silêncio de Deus (embora o próprio B e r g m a n tenha se posicionado aqui e ali contra esse tipo de a b o r d a g e m f o r m a l ) . Através do espelho c o m e ç a de u m a forma u m t a n t o e n g a n o s a , c o m quatro p e r s o n a g e n s e m e r g i n d o do mar, q u a s e s a i n d o do nada, d a n d o risos q u e s u g e r e m felicidade e u m s e n t i d o de união. São eles Karln (Harrlet Andersson), seu m a r i d o M a r t i n ( M a x v o n S y d o w ) , o pai David ( G u n n a r Bjõrnstrand) e o irmão a d o l e s c e n t e M l n u s (Lars Passgãrd). Eles estão d e férias - na v e r d a d e , este é o primeiro de m u i t o s f i l m e s de B e r g m a n a ser produzido nas ilhas Faroe, o n d e passou a morar m a i s tarde - e, e n q u a n t o o sol se põe, a atmosfera é de diversão e relaxamento e só aos poucos f i c a m o s s a b e n d o do desespero, d ú v i d a s e divisões q u e existem dentro da família c o n f o r m e o filme avança inexoravelmente para seu desfecho s o m b r i o , q u e a c o n t e c e e x a t a m e n t e u m dia depois. Nesse período, Karin vai descobrir q u e a d o e n ç a m e n t a l q u e ela acreditava estar s u -

I r s i l v a l d e B e r l i m : Ingmar Bergman

perando é incurável, M a r t i n v a i perceber que, apesar de t o d o o seu amor, é Incapaz d e

(Prêmio OCIC), indicação (Urso de

impedir as a l u c i n a ç õ e s da esposa, D a v i d v a i confessar q u e s e m p r e pôs o t r a b a l h o e m

I uno)

primeiro plano (é u m escritor bem-sucedldo), a n t e s da f a m í l i a , e q u e , apesar de t o d o s os seus esforços, n ã o c o n s e g u e ser de outro j e i t o , e M i n u s , e m plena fase de conflitos a d o l e s c e n t e s , será t r a g a d o pela loucura crescente de K a r l n . A o esperar q u e Deus se revele para os dois e os ajude na hora da n e c e s s i d a d e , Karin entra e m colapso q u a n d o Ele se apresenta c o m a face rígida e fria de u m a aranha. A cena aterradora ( n ã o v e m o s a a r a n h a , a p e n a s a reação perturbada à v i s i t a ç ã o i m a g i n á r i a ) c o n s t i t u i o clímax d r a m á t i c o do f i l m e e a c o n c l u s ã o lógica d e u m drama m i n u c i o s a m e n t e c o n s t r u í do,

insuperável e m pura i n t e n s i d a d e m e s m o q u a n d o

comparado

com outros filmes de Bergman. I n f l u e n c i a d o por S t r i n d b e r g , c o m u m p u n h a d o de p e r s o n a g e n s e m i s o l a m e n t o d u r a n t e u m breve espaço d e t e m p o e c o m visual despojado (além dos p e r s o n a g e n s , t u d o que v e m o s é a casa, o mar, o c é u , a costa rochosa e u m navio e n c a l h a d o o n d e Karln e x p e r i m e n ta sua crise nervosa), Através do espelho

n ã o deixa q u e nada dilua

seu vigor e m o c i o n a l e filosófico. Não é d e surpreender que o próprio B e r g m a n considere a obra c o m o u m d o s primeiros f i l m e s a abrir c a m i n h o para a obra-prima que foi Persona (1966). CA


UtONICA DE UM VERÃO (1961) d llltONIQUE DUN ÉTÉ) i lAiiii

u m verão, do antropólogo J e a n Rouch e do sociólogo Edgar M o r i n , é u m dos i i p n i l a n t e s e citados d o c u m e n t á r i o s . Inspirados nas tradições e t é c n i c a s de Imineiros do f o r m a t o - Dzlga Vertov e Robert Flaherty. Rouch c M o r i n d o c u m e n |i id

', c os d e s e m p e n h o s da vida cotidiana e m Paris no início da década de 6o.

ipioveita a l g u m a s das principais t r a n s f o r m a ç õ e s t é c n i c a s e nos e q u i p a m e n t o s M i produção e m 16 m m na época e d e m o n s t r a as possibilidades embrlonáuiii melo cada vez mais m ó v e l e " o b j e t i v o " , i i i i l n i i a se possa dizer q u e Crônica de u m verão d e certa forma utiliza a o b s e r v a ç ã o i lio. há t a m b é m u m a Insistência c o n s t a n t e e m questionar suas a b o r d a g e n s N i e ética. Nesse a s p e c t o , o f i l m e avança a prática d e Flaherty - ele mos' iploes aos e s q u i m ó s , a q u e m retratava e m Nanook do Norte (1922) - ao incluir in. H I e u m a discussão crítica do f i l m e " p r o n t o " dentro do próprio f i l m e . Emi n i i i de u m verão " m o s t r e " m o m e n t o s nas vidas dos personagens - q u e algu1 a l a m c o m M o r i n e o u t r a s a p e n a s " a p a r e c e m " para a camera -, t a m b é m se 1 1 1 1 1 I . 1 u m e x p e r i m e n t o etnográfico o u antropológico q u e Incorpora a s reações i s de seus participantes. ' 1 aspecto mais notável de Crônica dc um verão seja m e n o s sua habilidade e m i m e n t o s de realidade do q u e sua c a p a c i d a d e d e examinar c r i t i c a m e n t e a I de 11 -,iIidade e a t u a ç ã o (e a t u a ç ã o e n q u a n t o realidade) provocada pela presença iiieia. Ao contrário dos d o c u m e n t á r i o s de Frederick W i s e r m a n , que d o l o r o s a m e n t e 1111 apagar a s presenças da camera e do c i n e a s t a , a presença d e a m b o s no f i l m e h e M o r i n é c o n s t a n t e m e n t e lembrada. A s s i m , e m vez de t e n t a r e m se passar e i v a d o r e s da vida cotidiana, a camera e o cineasta estão e n v o l v i d o s no desen" i i s i i u ç ã o da obra. E n t r e t a n t o , ao seguir o passeio de Marcelllne, s o b r e v i v e n t e iipns de c o n c e n t r a ç ã o , pelas ruas d e Paris - a c o m p a n h a d a de seus c o m e n t á r i o s I I licit to " p e s s o a i s "

é possível v i s l u m b r a r a " l i b e r d a d e " que se acerca na f o r m a

111,1 v e r d a d e . Este é u m trabalho de v i s i o n á r i o s , t a n t o na f o r m a ç ã o q u a n t o na 11 I H 1 iitica dos poderes e t é c n i c a s do c i n e m a "direto". AD

França (Argos) 85 m i n . P8cB I d i o m a : francês Direção: Edgar M o r i n , Jean Roui li Fotografia: Raoul Coutard, Rogei Morilllere, Jean-Jacques Tarbés Elenco: Marcelllne Loridan Iveus, Marllu Parollni, J e a n Rouch


I I M ( l u x ) 134 m i n . P & B I d l o m a : ingles D l r c c ä o : Robert Rossen r i m l u c a o : Robert Rossen Hotelro: Sidney Carrol, Robert Rossen,

DESAFIO A CORRUPÇÃO (196D (THE HUSTLER) Paul N e w m a n interpreta "Fast E d d i e " Felson, u m malandro do bilhar q u e gasta seu t e m p o v a g a n d o d e mesa e m mesa à procura d e a l g u m otário para depenar. O e m p r e sário George C. Scott, u m abutre do m u n d o do jogo, enxerga potencial no j o v e m e tenta

lu'.r.iiln no livro de W a l t e r T e v i s

lhe ensinar q u e m a n t e r o sangue-frio é a chave-mestra

lotuj=',rafia: Eugen S c h ü f t t a n

N e w m a n descobre da pior maneira q u e essa frieza significa t a m b é m excluir t u d o e

Mdlli -i: Kenyon Hopkins

t o d o s d e sua vida, exceto a mesa de bilhar e o adversário da hora.

I

Itnco: Paul

N e w m a n , Jackie Gleason,

1 "iIx• 1 l auric, George C. Scott, Myron M i ( oiinick, Murray H a m i l t o n , Michael inline. Stephan Gierash, Clifford

para ganhar. E n t r e t a n t o ,

Afora u m a sucessão d e p l a n o s e s p e t a c u l a r e s e m preto-e-branco, q u e exploram o a m b i e n t e e n f u m a ç a d o d a s salas de bilhar e são feitos sob m e d i d a para a tela g r a n d e , Desafio à corrupção é u m f i l m e sobre g e n t e , e por isso p e r m i t e q u e u m a série d e a t u a -

A pfl'How, Jake L a M o t t a , Gordon B.

ções inesquecíveis se d e s e n v o l v a m na tela. J u n t o a Scott e N e w m a n estão e m cena u m

1 l.nke. Alexander Rose

lacônico J a c k l e Gleason e Piper Laurie, c o m o u m a alcoólatra patética e c o n d e n a d a ,

OlClr! Harry Horner, Gene Callahan (dlrei . i n de arte), Eugen S c h ü f t t a n (totografia)

I n d l c . i c . i o a o O s c a r : Robert Rossen (pnclhoi Mine), Robert Rossen (diretor), •iii. j 1 arrol e Robert Rossen (roteiro),

interesse r o m â n t i c o d e N e w m a n (embora r o m a n c e seja u m a palavra forte d e m a i s para descrever o tipo d e r e l a c i o n a m e n t o d o s dois). O f i l m e d e Robert Rossen p e r m a n e c e c o m o u m a das obras m a i s a m a r g a s e cínicas sobre a natureza h u m a n a , u m a descrição gélida de u m m u n d o o n d e a lealdade só existe e n q u a n t o se está g a n h a n d o e a vitória n e m s e m p r e é t ã o diferente a s s i m da derrota. J K I

r.nil N e w m a n (ator), George C. Scott (.11 t u < o.uljuvante), q u e recusou a Iniiii . I i , . i n , Jackie Gleason (ator • 1 ildjuvante), Piper Laurie (atriz)

I U A ( M i i i s c h , Seven Arts) 151 m i n . Cor I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Jerome Robbins, Robert W i s e P r o d u ç ã o : Robert W i s e R o t e i r o : Jerome Robbins, Ernest 1 .'lin 1 , 1 1 1 , baseado na peça de Arthur laurents l i r t o g r a f i a : Daniel L. Fapp

AMOR SUBLIME AMOR

(1961)

(WEST SIDE STORY) Este é u m e x e m p l o pioneiro da a b o r d a g e m shakespeariana do d r a m a a d o l e s c e n t e , executada m u i t a s d é c a d a s antes de virar m o d a . A premiada a d a p t a ç ã o para o cinema de u m m u s i c a l da Broadway transfere para as g a n g u e s de Nova York a história de Romeu e l u l i e t a , t r a n s f o r m a n d o os Capuleto e os M o n t e c c h i o nos S h a r k s (porto-riquenhos) e Jets (poloneses). A direção vigorosa d e Robert W i s e segura a s cenas s e m m ú s i c a , m a s o

M u s i c a : Leonard Bernstein, Saul Chaplin

f i l m e decola m e s m o nos n ú m e r o s m u s i c a i s , ao dar liberdade para q u e J e r o m e Robbins

F l r n c o : Nathalie W o o d , Richard

coreografe d a n ç a s q u e p a r e c e m l u t a s e l u t a s q u e p a r e c e m d a n ç a s e m locações

liymer, Russ Tamblyn, Rita Moreno,

genuínas.

1 .eorge Chakiris, S i m o n Oakland C H c a r : Robert W i s e (melhor filme), Unhei 1 Wise e Jerome Robbins (diretor), . ii'inge ( hakiris (ator coadjuvante), Rita M o i e n o (atriz coadjuvante). Boris Leven, VI. nu A. Gangelin (direção de arte), III

' I I . Lapp (fotografia), Irene Sharaf

Amor sublime amor tropeça na escolha do elenco ao escalar o insosso Richard B e y m e r para o papel principal (dizem q u e o Coronel não deixou Elvis interpretar Tony) e N a t a l i e W o o d , q u e , apesar de e n c a n t a d o r a , t e m dificuldades de convencer c o m o u m a porto-riquenha. O s c o a d j u v a n t e s , p o r é m , e s t ã o perfeitos: Russ T a m b l y n c o m o o líder dos J e t s , George Chakiris c o m o sua c o n t r a p a r t e n o s S h a r k s e u m a vulcânica

Rita

M o r e n o c o m o a m e l h o r a m i g a da m o c i n h a , p a r a n d o o s h o w e m "I Like to be in A m e -

II1 I'.m. 11.0), Tomas Stanford (edição), Saul

rica". Todos os n ú m e r o s de Leonard Bernstein e S t e p h e n S o n d h e i m se t r a n s f o r m a r a m

' haplln. Johnny Green, Sid Ramin, Irwin

e m clássicos do cancioneiro n o r t e - a m e r i c a n o : " I Feel Pretty", " W h e n You're a J e t " ,

kn'.tal (música), Fred Hynes, Gordon '..iwyci (som) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Ernest Lehman

li

"Tonight", " G e e Officer Krupke", " M a r i a " , " S t a y Cool, B o y " e "There's a Place for U s " . KN


MUNDO CAO

(1962)

(MONDO CANE) I li

in '.obre as fronteiras entre a ficção e a realidade deu ao d o c u m e n t á r i o

|C . n o i m e n s a

popularidade

e inaugurou

o subgênero

filme

mondo

nentaries, d o c u m e n t á r i o s feitos para chocar). T a m b é m gerou u m a d l i m i t a ç õ e s e virou referência para diversas v e r t e n t e s da cultura pop e ' i idoi u m e n t a i s , c o m o os d o c u m e n t á r i o s falsos, snuff f i l m s (filmes e m q u e .(' l reais s ã o c a p t a d a s pela c â m e r a ) , pornografia pesada, vídeos d e exei i r os reality s h o w s da televisão. iora pareça apostar na crença de que a realidade pode ser m a i s estranha In cão, a fita trai seus próprios princípios ao Introduzir c o m freqüência i n i r r a ç ã o enganadora e cenas m a n i p u l a d a s (às vezes t o t a l m e n t e forjadas), i ' llli.ui' de Gualtiero J a c o p e t t l é uma espécie de diário de v i a g e m feito para chopoctadores c o m u m a exposição de c o m p o r t a m e n t o s culturais bizarros q u e va-

irnalista e c o r r e s p o n d e n t e de guerra, J a c o p e t t l foi c o n t r a t a d o para escrever a io de dois f i l m e s q u e reuniriam u m a série de celebrados n ú m e r o s

musicais

ipti sentados e m casas n o t u r n a s . Daí surgiu a idéia inicial para Mundo cão. S ó que e m i i m e n t á r i o ele queria m o s t r a r t u d o o q u e havia d e m a i s s o m b r i o e sensacionai i . i os padrões o c i d e n t a i s c o n t e m p o r â n e o s . J a c o p e t t i viajou pela Europa, Ásia, a do N o r t e e África c o m a sua e q u i p e , r e u n i n d o u m m a t e r i a l variado sobre cerii s i l i b a i s , extrema crueldade c o m os a n i m a i s , ritos religiosos que e n v o l v i a m cross' I (ato de usar roupas do sexo o p o s t o ) , a u t o f l a g e l a ç ã o e catástrofes a m b i e n t a i s , r u a s unidas mais ou m e n o s a l e a t o r i a m e n t e foram costuradas d e forma a criar mjunto episódico de 105 m i n u t o s e m q u e os diferentes s e g m e n t o s se c o n e c t a m

ItfIVés

I t á l i a (Cineriz) 105 m i n . Cor I d i o m a : italiano

ilo exótico ao erótico ao i n e g a v e l m e n t e repulsivo".

dos m a i s vagos v í n c u l o s possíveis.

D i r e ç ã o : Paolo Cavara, Gualtleio Jacopetti, Franco E. Prosperl R o t e i r o : Paolo Cavara, Gualtiero Jacopetti F o t o g r a f i a : Antonio Cllmati, H e i n i o Frattari M ú s i c a : Nino Ollviero, Riz Ortolani E l e n c o : Rossano Brazzi, Stel.iiio Sibaldi I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Rlz O r t o l a n i ,

Nino Oliviero, Norman Newell (canção)

I 1 1 1 1 I 0 c o m a trilha sonora m o n u m e n t a l (a canção " M o v e " g a n h o u o Prêmio G r a m m y • ' hcgou a receber u m a indicação a o Oscar), a locução pernóstica e prenhe d e ironia o se u m ingrediente Indispensável no ciclo de filmes que se seguiu. As consagradas palavras de abertura de Mundo

cão s ã o faladas e aparecem t a m b é m escritas na tela.

rodas as cenas a seguir são verdadeiras e retiradas da própria vida. Se parecem chocanporque há m u i t a coisa c h o c a n t e n o m u n d o . A l é m do m a i s , o dever do cronista n ã o idoçar a verdade, m a s apresentá-la o b j e t i v a m e n t e . " M e s m o se as cenas apresentadas f o i s e m " v e r d a d e i r a s " no sentido de serem o registro distanciado e s e m preconceitos de icontei i m e n t o s reais (o que c l a r a m e n t e não são: a questão é saber o q u a n t o do material filmado é real, o q u e é reconstituído e o q u e é u m a completa encenação), M u n d o c ã o linda quebraria a promessa de ser u m filme-reportagem a o ser t u d o m e n o s " o b j e t i v o " , li r i de dispensar o c a s i o n a l m e n t e pílulas de d e s i n f o r m a ç ã o grosseira, a narração feita "i . i r l u n o Sibaldl soa grandiloqüente, c o n d e s c e n d e n t e e por vezes até racista. Para complicar qualquer leitura que reduza o f i l m e s i m p l e s m e n t e a u m a obra xenoi ' i l n ( ' i , há s e g m e n t o s que ridicularizam práticas da cultura ocidental, c o m o aquele e m 1 o a c o m p a n h a m o s a excursão de u m bando de turistas norte-americanos de terceira i ' I n Ir dispostos a disperdlçar sua aposentadoria e m u m pacote de férias no Havaí. Nesse aspecto, os criadores de Mundo cão p r i m a m por explorar a todos e m pé d e igualdade. O resultado f i n a l faz jus ao t í t u l o . Parece de fato q u e e s t a m o s assistindo cenas d e u n i mundo cão". S J S

1')/


I i . i i i ç . i / I t á l i a (Rome-Paris) 90 m i n .

P&B/Cor I d i o m a : francês

CLEO DE 5 AS 7 (1962) (CLÉO DE 5 À 7) Precursora da nouvelle v a g u e francesa c o m seu longa d e estréia, La Point-Courte

(1956),

D i r e ç ã o : Agnès Varda

e m Cléo de 5 às 7 a diretora e roteirista Agnes Varda se concentra na figura de u m a c a n -

P r o d u ç ã o : Georges de Beauregard

tora francesa (Cristine M a r c h a n d ) q u e aguarda o resultado de u m e x a m e médico q u e

ROttlro: Agnès Varda

pode m u d a r sua vida. C o m o está claro no título, Varda escolheu a c o m p a n h a r a angústia

F o t o g r a f i a : Jean Rabier

de Cléo p r a t i c a m e n t e e m t e m p o real, levando e m conta, p o r t a n t o , a emergência e as

M u s i c a : Michel Legrand

técnicas do " c i n e m a direto". A casualidade da narrativa p e r m i t e q u e a ficção se funda

E l e n c o : Corinne M a r c h a n d , Antoine

ao d o c u m e n t á r i o e n q u a n t o a j o v e m vaga pela Rive G a ú c h e d e Paris, p r i n c i p a l m e n t e p e -

I

seiller, Dominique Davray,

Dntothcc Blank, Michel Legrand, José 1 né. de villalonga, Loye Payen, Renée 1 lui hateau, Lucienne Le M a r c h a n d , '.ci(',c Korber, Robert Postee

los arredores da estação d e t r e m de M o n t p a r n a s s e , a c o m p a n h a d a por a t o r d o a n t e s travelllngs. M a s o realismo de Varda t a m b é m é capaz de gerar e m o ç õ e s poderosas ao m o s trar e m u m crescendo os sinais da lenta agonia gravada no rosto de sua protagonista. Em certa m e d i d a , Cléo de 5 às 7 reflete as t e n s õ e s sociopolíticas do seu t e m p o . A moça t e s t e m u n h a o rescaldo d e u m a t a q u e a u m bar e encontra u m soldado de licença às vésperas d e sua volta para a Argélia - ele pode ser considerado u m a v í t i m a do d e s t i no t a n t o q u a n t o a protagonista. Do p o n t o de vista a n e d ó t i c o , os cinéfilos v ã o apreciar o f l m e mudo-dentro-do-fllme c o m Jean-Luc Godard e vários atores f a m o s o s do c i n e m a francês, c o m o Eddie C o n s t a n t i n o , Ana Karina e Yves Robert. R L

L U A (( anyon Cinema} 30 m i n . Cor I d i o m a : inglês

DOG STAR MAN

(1962)

S t a n B r a k h a g e foi s e m dúvida u m dos m a i s prolíficos e i n f l u e n t e s personagens do

D i r e ç ã o : Stan Brakhage

c i n e m a norte-americano de v a n g u a r d a . Seus f i l m e s são t ã o pessoais q u e assisti-los é

P r o d u ç ã o : Stan Brakhage

c o m o mergulhar na essência do t u m u l t u a d o processo de raciocínio. S e u projeto d e vida

ROttlro: Stan Brakhage

foi redescobrir a pureza e a i n t e n s i d a d e da percepção q u e as pessoas p o s s u e m a t é q u e

l u l i i g r a f i a : Jane Brakhage, Stan

a e d u c a ç ã o e a a c u l t u r a ç ã o forcem as energias m e n t a i s a se estreitarem dentro de p a -

jbikhage

drões s o c i a l m e n t e aprovados.

I I r n c o : Jane Brakhage, S t a n Brakhage

Dog Star Man é u m típico Brakhage e m todos os aspectos, desde a sua estratégia estética revolucionária até a visão filosófica d e u m herói que persegue as infinitas p o s sibilidades do ser através de u m a jornada física, psicológica e espiritual nos espaços interior e exterior. A linha narrativa é m í n i m a : u m h o m e m (Brakhage) sobe u m a m o n t a nha a c o m p a n h a d o por u m cão. E m c o n t r a s t e , a estrutura do f i l m e fica cada vez m a i s complexa e n q u a n t o cinco s e g m e n t o s discretos e n t r e l a ç a m u m n ú m e r o cada vez maior de i m a g e n s superpostas q u e f o r m a m u m a tapeçaria visual t ã o intricada q u e a versão alternativa, The Art of Vision, a c a b o u c o m quatro horas e meia d e d u r a ç ã o . O t í t u l o Dog Star M a n pode servir c o m o u m apelido para o protagonista ou c o m o u m a referência a arquétipos - o ser h u m a n o biológico, c o s m o l ó g i c o - q u e se m e s c l a m i n t i m a m e n t e neste extraordinário f i l m e da m e s m a f o r m a q u e a c o n t e c e nos recônditos mais í n t i m o s da consciência e do i n c o n s c i e n t e . D S

1'JH


A ROTINA TEM SEU ENCANTO

(1962)

J a p ã o (Shochlku) 112 m i n . Cor I d i o m a : japonês

(IANMA NO AJI)

D i r e ç ã o : Yasujiro Ozu

Mime d e Yasujiro Ozu foi t a m b é m seu s e g u n d o e m cores (o o u t r o foi Bom dia).

n nl i

R o t e i r o : Kôgo Noda, Yasujiro O/11

.lilística (depois de a p e n a s a l g u m a s obras, ele se m a n t e v e fiel a c o n t i d o s

F o t o g r a f i a : Y ú s h u n Atsuta

iiimédias domésticas, filmados c o m a câmera estática, posicionada a u m

I

M ú s i c a : Kojun Saitò

I n i hão) q u a n t o pela riqueza extraordinária obtida c o m m é t o d o s tão l i m i t a d o s .

E l e n c o : Chishu Ryu, S h i m a I w a s h l t l ,

l i . I aos m e s m o s t e m a s - e à m e s m a história - i n c e s s a n t e m e n t e . Este f i l m e

Shinlchirô M l k a m i , Keiji Sada. M . N I L N

i' para t o d o s os efeitos u m a r e f i l m a g e m d e Pai e filha (1948). O ator favorito de hlshu R y u , Interpreta u m v i ú v o que tenta persuadir a filha a d u l t a , que mora c o m

• li

P r o d u ç ã o : Shizuo Y a m a n o u c h l

. l a m e n t o m a r a v i l h o s o de u m a carreira notável t a n t o por sua renhida uniformi-

1 s c casar.

Okada, Nobuo Nakamura, Kunlko Mlyake, Ryuji Kita, Eijirô Tono. le Yoshida, Daisuke Katô, Miseyo Tamakl, Haruko Suglmura, Kyôko

dupla t e m consciência do que t a l m u d a n ç a poderia representar ao t o r n a r o v i ú v o

Kishida, Norlko M a k l

In ,11 ¡ 0 . A o m e s m o t e m p o o a m o r que s e n t e m u m pelo outro cria u m dilema q u e parecer b a n a l , cotidiano, m a s t e m grande relevância para as partes e n v o l v i d a s , na essas relações t ã o delicadas c o m a maestria costumeira e u m olhar Infalível i l e i a l h e s reveladores, a m e n i z a n d o as s i t u a ç õ e s c o m h u m o r sutil e utilizando 1 gama

de cores q u e m a n t é m

por t o d o o filme- unia a t m o s f e r a

de discreta

iiiel.ini tília. CA

0 ECLIPSE (1962)

I t á l i a / F r a n ç a (Cineriz, Interopa. Paris) 118 m i n . P & B

(liCUSSE) I ti são da trilogia de M i c h c l a n g e l o A n t o n l o n i sobre a vida m o d e r n a e m m e a d o s do • • 1111 > x x . precedida por A aventura e A noite, O eclipse é c e r t a m e n t e o m a i s i m p o r t a n t e da carreira do diretor e talvez, s i g n i f i c a t i v a m e n t e , seja aquele c o m m e n o s enredo. - ih m i o se recupera de u m a desilusão a m o r o s a , u m a tradutora e v e n t u a l

(Mónica

m a n t é m u m a breve ligação c o m u m corretor da bolsa (Alan Delon) e m R o m a . Na qdência f i n a l , talvez a mais poderosa assinada por A n t o n l o n i , esses p e r s o n a g e n s são 1 1 1 i s . i d o s . C o m o a dupla de atores t e v e neste f i l m e p r o v a v e l m e n t e os d e s e m p e n h o s 1 lis cai Ismáticos de suas carreiras, o c h o q u e d e perdê-los antes do f i m amplia o efeito dl

'

I d i o m a : francês / italiano D i r e ç ã o : Mlchelangelo Antonloni P r o d u ç ã o : Raymond Hakini. Unhei 1 H a k i m , Danilo Marclani R o t e i r o : Michelangelo Antoniolli. 1 In 1 Bartolini, Tonino Guerra, Ottieio Ottieri F o t o g r a f i a : Gianni Dl Venaii/o M ú s i c a : Giovanni Fusco

i M . n l o r do f i n a l .

E l e n c o : Alain Delon, Mónica Vil 11.

P01 vezes u m ensaio e u m poema e m prosa sobre o m u n d o c o n t e m p o r â n e o e m q u e

Francisco Rabai, Louis Selgner, 1 llil

história de a m o r " é u m t e m a recorrente, O eclipse é n o t á v e l por sua riqueza visual e

p i l o seu mlse-en-scène polifónico e pollrrítmico. O t r a t a m e n t o d i s p e n s a d o por A n t o ni .1 c o n f u s ã o da Bolsa d e Valores de Roma é I m p r e s s i o n a n t e , l e m b r a n d o a coreo• 1 d 1,1 usada n o s primeiros f i l m e s d e Orson W e l l e s , e m q u e , para t r a n s m i t i r a sensação li 111 o l u n d I d a d e , d e t a l h e s do primeiro plano e do plano d e f u n d o se m i s t u r a m e m u m a

Brignone, Rosanna Rory, Mlrella Ricciardi F e s t i v a l d e C a n n e s : Michelangelo

Antonioni (prêmio especial do juii). empatado com O processo de ¡0(11)0 D'Arc

n illi.inte j u s t a p o s i ç ã o . M a s é p r o v a v e l m e n t e a seqüência final, que d e p e n d e da edição n i r . do que da direção de cena, q u e melhor exemplifica a esperança e o desespero da i " do c i n e a s t a . J R o s

l'i'i



I n g l a t e r r a (Horizon) 216 m i n . Cor

LAWRENCE DA ARÁBIA (LAWRENCEOF ARÁBIA)

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : David Lean

U m dos maiores épicos de t o d o s os t e m p o s , Lawrence da Arábia incorpora tudo o q u e o

1 ' i c M l u ç ã o : Sam Spiegel R o t l l r o : Robert Boit, baseado nas MI< m u n a s de T. E. Lawrence

c i n e m a pode oferecer. A m b i c i o s o e m toda a acepção da palavra, a obra-prima d e David Lean, premiada

c o m m o n t a n h a s d e O s c a r s , foi inspirada

excêntrico oficial inglês T. E. Lawrence

l o t o g r a f i a : Freddie,Young

l i v r e m e n t e na vida do

e sua c a m p a n h a contra os turcos na Primeira

Guerra M u n d i a l . Poucos f i l m e s s o b r e v i v e m ã c o m p a r a ç ã o c o m esta obra, que serviu de

M u s i c a : Maurice Jarre, E l e n c o : Peter O'Toole, Alec Guinness. Anthony Q u i n n , Jack H a w k i n s , O m a r Sjlirlf, José Ferrer, A n t h o n y Quayle,

inspiração para i n u m e r á v e i s c i n e a s t a s , p r l n c i p a l m e n t e s m e s t r e s da técnica

como

George Lucas e S t e v e n Spielberg. Este ú l t i m o , aliás, colaborou na restauração d e Lawrence na sua duração e brilho originais, j u n t o c o m M a r t i n Scorsese, outro fã. Da g r a n -

( Linde Rains, Arthur Kennedy,

diosa trilha sonora a o roteiro literário de Robert Bolt, da fotografia de Freddie Young,

Donald Wolfit, I. S.Johar, Gamil

que explora a beleza do deserto, a t é o elenco, q u e l i t e r a l m e n t e t e m milhares de

Kltlb,

Michel R a y j o h n D i m e c h , Zia

Mnhyeddin O s c a r : Sam Spiegel (melhor filme),

i livld l ean (diretor), J o h n

Box, J o h n

i t o l l , Dario S i m o n i (direção de arte), I icildie Young (fotografia), Anne V. 1

I iltes (edição), Maurice Jarre

(line,m a), John Cox (som) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Robert Boit

(roteiro), Peter O'Toole

(ator), O m a r

• h.ml (ator coadjuvante)

f i g u r a n t e s , t u d o nesta fita merece e exige ser visto e o u v i d o n o c i n e m a . Projetado para o f o r m a t o de 70 m i l í m e t r o s , a tela grande acentua m í n i m o s detalhes c o m o os p e n e t r a n t e s olhos azuis de Peter O T o o l e , a estrela do f i l m e , até o m o v i m e n t o incessante da areia sob o sol e s c a l d a n t e . Cenas a n t o l ó g i c a s - c o m o a aparição de O m a r Sharif c o m o u m a m i r a g e m n o d e s e r t o , o f a m o s o corte d e u m palito d e fósforo aceso para o crepúsculo, o a t o r d o a n t e a t a q u e a Akaba - são espetaculares e, d e fato, I m p o s síveis d e serem repetidas. S ã o e s p e c i a l m e n t e i m p r e s s i o n a n t e s para u m f i l m e feito antes d o s dias d o s efeitos especiais gerados por c o m p u t a d o r . O próprio Spielberg estima os custos de produção d e Lawrence e m torno de 285 milhões de dólares, se fosse feito nos dias de hoje, e ele sabe das coisas. A verdade é que n e n h u m cineasta ousaria tentar superar Lean, u m diretor soberbo e u m contador de histórias n o auge da f o r m a . O fato d e q u e o c o n t e ú d o da história t a m b é m faz j u s a o espetáculo amplia a d i m e n s ã o d e Lawrence do Arábia c a r e p u t a ç ã o de Lean. O s desvarios do c o l o n i a l i s m o e a s hipocrisias da guerra são d e s n u d a d o s e n q u a n t o o coronel Lawrence deixa o sucesso de sua c a m p a n h a contra os turcos subir à cabeça. Sua personalidade e x t r a v a g a n t e , n o e n t a n t o , é abalada q u a n d o ele percebe que a carnificina s u b s t i t u i u a honra e a a r r o g â n cia s u b s t i t u i u a c o r a g e m . Seu triste declínio é c o n t a d o c o m sensibilidade, inteligência c habilidade c m u m épico c o m o m e s m o escopo e profundidade d e u m a grande obra literária. J K L

LI H 1


I U A (I'.ikul.i M u l l i g a n . B r e n t w o o d , l l i i l v n s . i l ) 129 m i n . P & B I d i o m a : inglês

0 SOLE PARA TODOS (1962) (TO KILL A MOCKINGBIRD) G a n h a d o r do Prêmio Pulltzer, o r o m a n c e de Harper Lee sobre a infância no Sul dos Esta-

D l i e c . l o : Koborl Mulligan

dos U n i d o s d u r a n t e a Depressão recebeu u m a t r a d u ç ã o rara e superlativa para a tela,

I ' i i m I u i .10: Al.in J . Pakula

sob os c u i d a d o s da parceria formada por Alan J . Pakula, na produção, e Robert M u l l i g a n ,

R o t e i r o : Horton Foote, baseado no

na direção. A dupla c o m p a r t i l h a v a

llvin ile Harper Lee

m e t i d a c o m a s c a u s a s sociais de seu t e m p o . Este foi primeiro de u m a série de seis

r o t o g r a f i a : Russell Harlan

f i l m e s q u e realizaram j u n t o s n o s a n o s 60. A a d a p t a ç ã o foi escrita pelo d r a m a t u r g o

u m a nova v i s ã o , m a i s i n d e p e n d e n t e e c o m p r o -

MUlll •«: I liiiei Bernstein, M a c k David

H o r t o n Foote, que g a n h o u o seu primeiro Oscar c o m u m roteiro que incorporava t o d a s

11' i i ' '

as suas percepções sobre a América rural e seus moradores d e carne e osso.

'gory Peck, Mary B a d h a m ,

luliii Megna. Frank O v e r t o n , H i r . i ' i u . u v Murphy, Ruth W h i t e , Brock i v i i ' i ' . , 1 '.telle Evans, Paul Fix, Collin Will 0) Paxton, J a m e s Anderson, Alice • ihnMlcy. Robert Duvall, W i l l i a m w i i i i l n m . Crahan D e n t o n , Richard ll.lle

I ''• * .11 Hinton Foote (roteiro), 1 Iregory I'eck (ator), Alexander

Embora a história se desenvolva através do olhar d e u m a m e n i n a (cujo p o n t o de vista a d u l t o é verbalizado pela n a r r a ç ã o d e K i m Stanley, d e s t a q u e e n t r e os a d e p t o s do m é t o d o ) , o f i l m e t e m seu centro n o d e s e m p e n h o de Gregory Peck, q u e c o n q u i s t o u o Oscar d e M e l h o r Ator ao incorporar o paradigma da decência A t t i c u s Finch, u m b o n d o so a d v o g a d o v i ú v o do A l a b a m a . Ao defender d e forma apaixonada u m negro (Brock Peters) f a l s a m e n t e a c u s a d o d e estuprar u m a m u l h e r branca, e l e expõe os piores preconceitos da cidadezinha

sulista

e ensina

u m a dolorosa

lição a seus filhos sobre

Colltzen, Henry B u m s t e a d , Oliver

c o r a g e m m o r a l . O sol é para todos é u m a lição d e a d a p t a ç ã o d e obra literária para o

I H i n t (direção de arte)

c i n e m a , p r e s e r v a n d o d e t a l h e s a p a r e n t e m e n t e irrelevantes lado a lado c o m e v e n t o s c o -

in,tu .n .10 a o O s c a r : Alan J . Pakula (melhoi filme), Robert Mulligan (diietui). Mary B a d h a m (atriz • 11.111111 v.inte), Russell Harian (fotografia), Elmer Bernstein (música) l r s i i v . i l de C a n n e s : Robert Mulligan ( P r ê m i o Gary Cooper)

m o v e n t e s ou m e s m o f a t a i s . Estão lã m o m e n t o s prosaicos c o m o a s brincadeiras d a s c r i a n ç a s , u m j o v e m fazendeiro q u e m e r g u l h a seu j a n t a r c m calda d o c e , a cena e m q u e A t t i c u s precisa atirar e m u m c ã o raivoso, a a f l i ç ã o dos negros da c i d a d e q u e a c o m p a n h a m o j u l g a m e n t o e m u m a abafada galeria. M u l l i g a n utiliza a experiência c o m o diretor de p r o g r a m a s d e t e l e v i s ã o a o vivo para burilar u m d r a m a i n t i m i s t a e sutil. As c r i a n ç a s , e m papéis de i m p o r t â n c i a c a p i t a l , e s b a n j a m n a t u r a l i d a d e , e m especial a d e s p a c h a d a S c o u t Finch, interpretada por M a r y B a d h a m , nascida n o A l a b a m a , q u e estava e n t ã o c o m nove a n o s de Idade (seu irmão J o h n e s t u d a v a e m Yale na época e depois viria a dirigir p r o g r a m a s de TV c o m o Suturdcry Night Lívc [1977] e f i l m e s c o m o Jogos de guerra [1983]), O sol é para todos t a m b é m marca a estréia de Robert Duvall no c i n e m a , n o papel do esquivo vizinho das c r i a n ç a s , o bicho-papâo de sua i m a g i n a ç ã o e, n o final das c o n t a s , seu p a l a d i n o , B o o Radley. Robert Duvall veio a receber s e u primeiro Oscar v i n t e 20 d e p o i s , ao a t u a r e m o u t r o p r e m i a d o roteiro de Foote, A força do carinho.

A melodiosa

trilha sonora d e Élmer B e r n s t e i n é o u t r o ponto forte d e s t e f i l m e sensível. AE

V


SOB O DOMÍNIO DO MAL (1962)

E U A (M.C. Productions) 126 m u i PI 1

( M i l MAIMCHURIAN CANDIDATE)

I d i o m a : inglês

i n . i i s e s t r a n h o s e perturbadores f i l m e s produzidos e m H o l l y w o o d , b a s e a d o e m li.ince h o m ô n i m o de Richard C o n d o n , Sob o domínio do mal foi l a n ç a d o original• oi 1962 e deixou d e ser v i s t o por m u i t o t e m p o , depois q u e o astro principal 11111,1 a d q u i r i u os direitos de exibição e retirou a fita de circulação nos a n o s 70. ilada de gêneros e texturas e m o c i o n a i s , o thriller político t e m m a i s d e d u a s ilc duração e j a m a i s perde o r i t m o . O f i l m e recebeu sinal verde e apoio a t i v o do L I - dos Estados U n i d o s , J o h n F. K e n n e d y , fã do livro e a m i g o d e S i n a t r a .

D i r e ç ã o : J o h n Frankenheimcr P r o d u ç ã o : George Axelrod, John Frankenhelmer, Howard W. Koch R o t e i r o : George Axelrod, basead romance de Richard Condon F o t o g r a f i a : Lionel Lindou M ú s i c a : David A m r a m E l e n c o : Frank Sinatra, Laurence

1 p o s s i v e l m e n t e a única obra comercial produzida n o s Estados U n i d o s a merecer 1 ida à n o u v e l l e v a g u e francesa. B e m n o Início há u m a fabulosa p a n o r â m i c a d e ms que gira e m torna da festa d e u m c l u b e d e s e n h o r a s e m u m j a r d i m e q u e a o s |inu\ii'., i n e x p l i c a v e l m e n t e , se t r a n s f o r m a e m u m a d e m o n s t r a ç ã o de l a v a g e m cerebral 1 1 1 1 mistas c h i n e s e s - a o pé da letra, u m pesadelo dos t e m p o s da Guerra Fria, diglie.eph M c C a r t h y . A audácia p o l i t i c a m e n t e Incorreta da fita expande-se a t é abar1 na irreverente, o h u m o r negro a r r e p i a n t e , n o n s e n s e surrealista e Incesto,

Harvey, J a n e t Leigh, Angela I ansbiny, Henry Silva, J a m e s Gregory, I eslle Parrish, John McGiver, Khigh Dlilegh, J a m e s Edwards, Dougias Henderi Albert Paulsen, Barry Kelley, I loyd Corrigan, M a d a m e Spivy I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Angela I air.hiiiy (atriz coadjuvante), Ferris W e b s l e i

«la I ansbury e Laurence Harvey foram brilhantemente escalados para Interpretar uma

(edição)

peivcrsae seu filho subserviente às raias do masoquismo. Ambos nunca apareceram t ã o ' leia. Por sua vez, Sinatra e j a n e t Leigh nunca foram utilizados deforma tão bizarra. Os < 1 . 1 oadjuvantes - James Gregory, James Edward, Leslie Parrish, John McGiver e Khlgh 1 umprem seus papéis c o m eficiência. O resultado é poderoso, por vezes corrosivo, es 1 inocionante e aterrador, com suspenso e pitadas de u m humor sombrio. J R o s

LOLITA (1962)

E U A / I n g l a t e r r a (Anya, liai ir, I-111 • 11.1

i iveram coragem de fazer u m filme baseado e m Lolita?", Indagava o traller provol.i película de Stanley Kubrick, uma adaptação do polêmico (c proibido) r o m a n c e de id

Nabokov. A partir de u m roteiro do próprio Nabokov, Kubrick elevou ligeiramente lc de Dolores " L o l i t a " Haze (Sue Lyon) dos 12 anos do livro para alguma coisa e m torno

1. 11 n a leia. Dentro dos limites da censura, teve êxito e m manter-se fiel ao original e ser

1 limado na Inglaterra, falta à Lolitn de Kubrick u m t o q u e de road m o v l e q u e explo1 América d o s m o t é i s bregas e das a t t a ç õ e s d e beira d e estrada. S e u forte s ã o os nagens, c o m d e s t a q u e para J a m e s M a s o n n o papel d e H u m b e r t H u m b e r t , acadêp i a r e n t ã o , c o b i ç a d o pela m ã e de Lo (Shclley W l n t e r s ) , u m a dona v e s t i d a c o m pela

. dutora m e n o r d e i d a d e . 1111 u m cenário que guarda sinais visíveis d e u m a orgia recente, o f i l m e começa c o m • i'.'.inato, por H u m b e r t H u m b e r t , do geniozinho Clare Qullty (Peter Sellers), seu rival lófllo, A partir daí o f i l m e traz e l e m e n t o s que oscilam entre a comédia pastelão (a luta 11 1 abril u m a c a m a dobrável e m u m motel) à tragédia (os soluços c o m o v e n t e s de 1

I d i o m a : Inglês D i r e ç ã o : Stanley Kubrick P r o d u ç ã o : J a m e s B. Harris R o t e i r o : Vladimir Nabokov, bastado em seu livro

111 o, absurdo, obsessivo, erudito e folhetinesco c o m o o livro.

impas de o n c i n h a , da m e s m a forma ridícula c o m q u e ele perde a cabeça

Seven Arts, Transwood) 1 5 2 min P M

I n i i ao perceber quão pequena foi sua I m p o r t â n c i a na vida da garota). M a s o n • m i a astúcia, c u i d a d o e presença na tela e é a c o m p a n h a d o à altura por Sellers, que se

F o t o g r a f i a : Oswald Morris M ú s i c a : Bob Harris, Nelson Rlddla E l e n c o : J a m e s M a s o n , Shclley Winters, S u e Lyon, Gary Corkicll. J e r r y S t o v i n , Diana Decker, Lois Maxwell, Cec Linder, Bill Gieeni', Shirley Douglas, Marianne S l m i r . Marion M a t h i e , J a m e s D y r e n l u i i h . Maxine Holden, John Harrison. Ptttl Sellers I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Vladimir

Nabokov (roteiro) F e s t i v a l d e V e n e z a : Stanley Kulnn I indicação (Leão de Ouro)

.1. ' . d n b i a e m u m a série d e disfarces, c o m o u m a espécie d e S a t a n á s capaz d e m u d a r d e • M I 1. s e m p r e a c o m p a n h a d o por M a r i a n n e S t o n e n o papel de Vlvian D a r k b l o o m ( u m inagrama), sua m u s a silenciosa q u e é a cara de Morticia A d a m s . KN

411I


Hrasll / P o r t u g a l

(Cinedistri,

i nrti E54 o dc Castro) 98 m i n . P & B I d i o m a : português D i r e ç ã o : Anselmo Duarte Produção: Francisco de Castro, Air.elmn Duarte, Oswaldo Massaini

0 PAGADOR DE PROMESSAS

0962)

Baseado na peça do d r a m a t u r g o brasileiro Alfredo Dias G o m e s , O pagador de promessas é u m a parábola sobre a fé incondicional d i a n t e das adversidades. O enredo se d e s e n v o l ve e m t o r n o de Z é d o Burro (Leonardo Villar), u m simplório c a m p o n ê s que tenta c u m prir a promessa feita a o espírito q u e e l e acredita ter salvo a vida d e seu burro. Z é e a

R o t e i r o : Anselmo Duarte, baseado na

m u l h e r Rosa (Glória Menezes) v i v e m e m u m sítio a 45 q u i l ô m e t r o s d e Salvador. Dentro

|i(M,i i l r Alfredo Dias G o m e s

do contexto da espiritualidade brasileira. Salvador simboliza u m espaço religioso onde

l l i t o g r a f i a : H.E. Fowle

os rituais católicos e africanos se f u n d e m d e u m a forma pacífica. Depois da milagrosa

Múilca: Gabriel Migliorí E l e n c o : Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Ueiic.ell, Geraldo Del Rey, Roberto l e n e i u , ü t h o n Bastos, Canjiquinha, Américo ( oimbra, W a l t e r da Silveira, Vtveldo Diniz, João Di Sordi, N.ipole.H) Lopes Filho, Milton 1

..mi lio, Alair Liguori, Gilberto

M.in|iies, Garibaldo M a t o s , Jurema Ptnna, Antonio Pitanga, Cecília IMbclo, Conceição Senna, Irenio

recuperação d o burro, Z é parte e m peregrinação carregando u m a I m e n s a cruz nas c o s t a s , que pretende colocar n o Interior da Igreja d e Santa Bárbara. Sua v o n t a d e esbarra na intolerância d o Padre O l a v o (Dionísio Azevedo), q u e o expulsa d o t e m p l o .

Em se-

g u i d a , a I n g e n u i d a d e d e Z é é explorada por u m a série de p e r s o n a g e n s inescrupulosos. É t ã o cruel a v i s ã o da h u m a n i d a d e exibida na tela q u e fica fácil d e e n t e n d e r por que o melhor a m i g o de Z é é u m burro. O pagador de promessas

é u m poderoso libelo contra a rigidez da Igreja Católica

d i a n t e da flexibilidade religiosa q u e caracteriza a cultura brasileira. O final é trágico, cruel e belo. Indicado a o Oscar d e M e l h o r Filme Estrangeiro, sua m a i o r conquista foi a Palma de O u r o no Festival d e C a n n e s e m 1962. RDe

es, Carlos Torres, Enoch Torres I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Brasil {melhor Filme esirangeiro) 1 e s t i v a l d e C a n n e s : : Anselmo Duarte (P.ihn.i dc Ouro)

1UA

(John Ford, Paramount), 123 m i n .

P&B I d i o m a : inglês Direção: John Ford P r o d u ç ã o : Willis Goldbeck Roteiro: J a m e s Warner Bellah, Willis

0 HOMEM QUE MATOU 0 FACÍNORA <iüb2) (THE MAN WHO SHOT LIBERTY VALANCE) C o m o se e s t i v e s s e j u s t i f i c a n d o as belas evasivas e m e n t i r a s d e s c a r a d a s d e seus faroestes m a i s a n t i g o s , e m O h o m e m que matou o facínora J o h n Ford parece concluir que, se a lenda for m e l h o r q u e a v e r d a d e , é m e l h o r ficar c o m a lenda. R a m s o n S t o d d a r d

Goldbeck, Dorothy M. J o h n s o n

(James S t e w a r t ) é u m a d v o g a d o que a b o c a n h o u o crédito por livrar a área d e u m fora-

Fotografia: W i l l i a m H . Clothier

da-lei d e s u m a n o (Lee M a r v i n ) e s e g u i u u m a carreira política de sucesso n o século X X ,

M u - . ! , . 1 : Cyril. J . Mockridge

e n q u a n t o o sujeito q u e r e a l m e n t e m a t o u Liberty V a l a n c e , o p e r s o n a g e m interpretado

I I r n c o : John W a y n e , J a m e s S t e w a r t ,

por J o h n W a y n e , morre duro e b ê b a d o . U m a ironia adicional é q u e este a r q u é t i p o do

V I - I . I Miles, Lee M a r v i n , E d m o n d 1

' 1 n i l . Andy Devine, Ken Murray,

I i i I H I 1 . m a d i n e j e a n e t t e Nolan, J o h n 1 1 1 1 . 1 I 1 1 1 . Willis Bouchey, Carleton faung, Woody Strode, Denver Pyle, 'a ml hei M a r t i n I n d l i i ç S o a o Oscar: Edith Head

herói dos faroestes atira e m Liberty pelas c o s t a s , e n c o b e r t o pelas s o m b r a s , e n q u a n t o o político s u p o s t a m e n t e m e d r o s o se posta d i a n t e d o bandido c o m c o r a g e m suicida e joga limpo. Filmado e m preto-e-branco dentro de u m estúdio, o q u e foge ao lirismo d o s épicos d e Ford feitos no parque do M o n u m e n t Valley, a película revisita o t e m a " l i m p a r a c i d a d e d o s b a n d i d o s " presente e m Paixão dos fortes (1946), desta vez c o m u m a visão cínica d e t o d o o processo d e levar a civilização para o s r e c a n t o s m a i s e r m o s d o deserto. C o m o S t e w a r t , J o h n W a y n e t a m b é m estava velho d e m a i s para seu papel. M e s m o a s s i m , é perfeito a o incorporar o h e r o í s m o e a integridade d o s c a u b ó i s , valores q u e a c a b a r i a m sendo deixados e m s e g u n d o plano pelo advogado-professor-deputado à medida q u e ele g a n h a v a prestígio n o O e s t e . KN


O 01IE TERA ACONTECIDO A BABY

JANE?

Bros.) 134 m i n . P & B

(1962)

I d i o m a : inglês

IWllAll VER HAPPENED TO BABY JANE?) • •' i'n .1 ile grand guignol à moda de H o l l y w o o d , que amplia consideravelmente o l i piesente e m Crepúsculo

dos deuses (Sunset Boulevard [1950]) ao apresentar

1111 - i i l a s grandes d a m a s do cinema que se destroçam, no sentido metafórico, no I r u n i a m a n s ã o decadente. Baseado no livro de Henry Farrcll c dirigido c o m humor ' 1 ' iheit Aldrich, O que terd acontecido a Baby J a n e ? serve c o m o veículo notável ••1' 1 de J o a n Crawford, no papel da superestrela dos anos 30 presa à cadeira de i i e da irmã maluca. Bette Davis, no papel-título, é uma artista m i r i m , agora na 1 . . I r , que insiste e m vestir o antigo figurino, cantar seu único sucesso ("Pve Written I " H.iddy") e ainda sonha c o m u m a volta triunfal. O enredo se desenvolve e m Idente que deixou Blanche (Crawford) aleijada no auge da f a m a , m u i t o s anos li

' i 1 ilinca e m revelações verdadeiramente surpreendentes. M a s o prazer perverso

ninado pelo filme a d v é m de observar duas deusas da tela trocando farpas e 1

E U A (Aldrich, Seven Arts, Warnei

la há espaço para os coadjuvantes M a i d i c N o r m a n , a descuidada empregada • 1111 B u o n o , u m oportunista que se candidata à vaga de a c o m p a n h a n t e de Jane M o m e n t o preferido: Bette servindo u m rato cozido para Joan no jantar. K N

D i r e ç ã o : Robert Aldrich P r o d u ç ã o : Robert Aldrich, Kenin-i h Hyman R o t e i r o : Lukas Heller, baseado no livro de Henry Farrell F o t o g r a f i a : Ernest Haller M ú s i c a : Frank De Vol E l e n c o : Bette Davis, J o a n Crawford, Victor B u o n o , Wesley Addy, J u l i e Allred, Anne B a r t o n , Marjorle Bennett, Bert Freed, Anna I ee, M . m l l r N o r m a n , Dave Willock, W i l l i a m Aldrich, Ernest Anderson, Russ Conway, Maxine Cooper O s c a r : Norma Koch (figurino) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Bette D a v l l (melhor atriz), Victor Buono (atol coadjuvante), Ernest Haller (fotografia), Joseph D. Kelly (som)


l u n ç . i (Pléiade, Pathé) 80 m i n . P & B I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Jean-Luc Godard P r o d u ç ã o : Pierre Braunberger H n t c i r o : Jean-Luc Godard, baseado H O l i v i o de Marcel Sacotte l o i n g r a f i a : Raoul Coutard M u s i c a : Michel Legrand I l e n ç o : Anna Karina, Sady Rebbot, A m i n ' S. Labarthe, Cuylalne '.< hlumberger, Gérard H o f f m a n , Monique Messine, Paul Pavel, Dimitri l H n c l l , Peter Kassovltz, Eric I I Idiimherger, Brlce Parain, Henri AKal, Gilles Q u é a n t , Odile Geoffroy, M a u ei c h a r t o n l r s t l v . i l d e V e n e z a : Jean-Luc Godard (l'ir'niio Pasinetti), (prémio especial i l n mu) indicação (Leão de Ouro)

VIVER A VIDA (1962) (VIVRE SA VIE: UN FILM EN DOUZE TABLEAUX) Viver a vida é u m relato episódico da breve existência d e u m a j o v e m prostituta e veio a ser a primeira obra-prima da m a t u r i d a d e de Jean-Luc G o d a r d . C o m o a c o n t e c e na m e lhor parte de sua obra, é ao m e s m o t e m p o i n t e n s a m e n t e analítico e s e n s u a l , de u m a beleza hibernal que contrasta c o m a s coloridas paisagens de verão e m O desprezo (1963) e Demônio das onze horas (1965). Aqui a s principais referências são a rigorosa espiritualidade dos c i n e a s t a s Carl Theodor Dreyer e Robert Bresson e o paraíso perdido do c i n e m a m u d o . Elas se u n e m d e forma m a r c a n t e na cena e m q u e a heroína (Anna Karina) prevê seu próprio martírio d u r a n t e a exibição do clássico m u d o de Dreyer, A paixão de

loana d'Arc. O trecho d e Dreyer é apenas u m dos textos s e m l - a u t ô n o m o s que p o n t u a m o f i l m e , como uma balada tocada por uma jukebox, uma aula sobre prostituição, uma discussão com o filósofo Brice Parain e o c o n t o de Poe " O retrato oval". O filme e m si foi dividido e m 12 capítulos c u m a série de u n i d a d e s formais distintas, inscritas pela câmera. Arranjados e m padrões q u e se sobrepõem e a p a r e n t e m e n t e não fazem sentido, esses e l e m e n t o s abrem a narrativa a c o m e n t á r i o s j u s t a p o s t o s sobre assuntos c o m o o cinema comercial, o fardo da l i n g u a g e m e a relação d e Godard c o m a atriz principal, dona de u m rosto t ã o m a r c a n t e q u a n t o aqueles das grandes estrelas do cinema m u d o . Viver a vida reúne fios de diferentes m e a d a s sem submetê-los a u m a harmonia estática. MR

I U A i.i, m i n . P & B

HEAVEN AND EARTH MAGIC (1963)

I d i o m a : inglês

Harry S m i t h talvez seja o n o m e m e n o s c o n h e c i d o da v a n g u a r d a norte-americana. S e u s

D i r e ç ã o : Harry S m i t h

filmes refletem o fascínio pela alquimia e pelo o c u l t i s m o t a n t o q u a n t o pela técnica de Incorporar à tela resquícios culturais d e eras passadas. Na ocasião de sua m o r t e , e m 1991, S m i t h deixou u m eclético c o n j u n t o d e " o b r a s " , a m a r c a n t e " T h e A n t h o l o g y of A m e r i c a n Folk M u s l c " (coleção d e seis á l b u n s c o m 84 faixas musicais) e u m a série de f i l m e s , i n c o m p l e t o s na maioria dos casos. Heaven a n d Earth M a g i c ( M a g i a do Céu e da Terra) está entre os c o n c l u í d o s , t r a b a l h a d o c o m interrupções através dos a n o s 50. A narrativa é d e l i b e r a d a m e n t e o b l í q u a , surrealista, c o m u m a a n i m a ç ã o feita de r e c o r t e s , na maior parte das vezes, " a b s t r a t o s " o u s i m b o l i s t a s . Heaven a n d Earth M a g i c t e m até a l g u m tipo de enredo. O espectador pode agarrar-se aos elos gráficos e associativos que existem entre os objetos e f o r m a s que d a n ç a m através de cada f o t o g r a m a . Ao preparar o f i l m e , S m i t h t e n t o u dar u m curto-circuito no processo da lógica e da linearidade explícita, entrando nos d o m í n i o s do subconsciente, do a u t o m á t i c o ao simbólico. C o m o J o s e p h Cornell, S m i t h se preocupa e m colocar objetos, i m a g e n s e sons e m novos contextos e associações. Heaven a n d Earth M a g i c lembra as justaposições de s o m e i m a g e m , q u a s e u m transe, d e Posa Hobart (1936) e t a m b é m os a s p e c t o s intricados e artesanais d a s a s s e m b l a g e s d e Cornell. É t o t a l m e n t e coerente c o m a a m p l i d ã o d a s práticas artísticas de S m i t h . I n c o m p l e t o , Idiossincrático, reorganizado c o m matériaprima retirada e m s u a maior parte de u m c a t á l o g o da era v i t o r i a n a , a obra é explicitam e n t e folk e m sua natureza. A D


OS PÁSSAROS

(1963)

(llll IMRDS) • i r . i.i/ões. Os pássaros é u m a espécie de a n o m a l i a na obra c i n e m a t o g r á f i c a de In I H k. Para começar, o diretor n u n c a esteve tão próximo de dirigir u m f i l m e a lalvez seja t a m b é m a sua fita mais e n i g m á t i c a . Os pássaros convida o especii l u l a s interpretações, m a s Hitchcock não dá pistas do que tinha e m m e n t e , i l i . i dar a p e n a s u m significado, a c a b o u se d e s v i a n d o dele e dá p o u c a s e illvas explicações para o horror q u e transpira da tela. tlppl I lendren (escolhida a dedo para ser a ú l t i m a de u m a longa l i n h a g e m de protaliiuias) chega e m Bodega Bay, sonolenta cidadezinha costeira, e esbarra c o m I H uma loja de a n i m a i s . M a i s tarde, q u a n d o decide aparecer de surpresa na le, e atacada por u m a gaivota, n u m a prévia do q u e ocorreria c o m a cidade ina m e n t e sem aviso prévio. Bodega Bay é atacada por bandos de pássaros e m liniir-a l aplicação a l g u m a é dada para a m a t a n ç a e n i n g u é m está a salvo. Tudo que os eus p o d e m fazer é se esconder dentro de casa e esperar o misterioso a t a q u e , cock deixou Hendren à beira de u m a t a q u e de nervos c o m sua ética de traba•i i vez m a i s sádica e difícil de lidar (talvez u m a espécie de resposta agressiva e ii ida a aposentadoria precoce de Grace Kelly, sua atriz favorita). De f a t o . v i n d o ulda a Psicose (1960), que c o n t é m i n ú m e r a s referências a " p á s s a r o s " (tanto o ani111111 uma gíria e m Inglês para mulheres), talvez Os pássaros tenha sido con' i i i i i o u m a alegoria sexual m i s ó g i n a , o n d e o único m a c h o é Taylor, q u e está lo de diversas mulheres a disputar sua a t e n ç ã o . li 11 i.into, o t e m a do f i l m e p e r m a n e c e d ú b i o , na m e l h o r d a s hipóteses, c o m tu k privilegiando o horror e os efeito assustadores. A c o m b i n a ç ã o de pintura 1 alguns pássaros m e c â n i c o s e m u i t o s verdadeiros transforma cada a t a q u e ia experiência a t o r d o a n t e . A t e n s ã o a u m e n t a c o m a ajuda da inovadora trilha eletrônica (supervisionada por Bernard H e r m a n n ) , u m a mistura de estranhos I|IIC a l g u m a s vezes se a s s o c i a m a s s u s t a d o r a m e n t e c o m o gtasnar d a s aves e o i i U i i bater das asas. J K J

E U A (Alfred Hitchcock, Universal) 119 m i n . Cor I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Alfred Hitchcock P r o d u ç ã o : Alfred Hitchcock R o t e i r o : Evan Hunter, baseado em conto de Daphne Du Maurler E l e n c o : Tippi Hendren, Rod Taylor, Jessica Tandy, Suzanne P l e s h e i i r . Veronica Cartwrlght, Ethel Grifflei, Charles McGraw, Ruth M c D c v i i i . Lonny C h a p m a n , Joe M a n t e l l , Doodles Weaver, M a l c o m Atterbuiy, John M c G o v e r n , Karl S w e n s o n , Richard Deacon I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Ub

(efeitos especiais)

Iwerks


I U A (Jerry Lewis, Paramount) 10/ niln. Cor I d i o m , ! : ingles D l r c c f t o : Jerry Lewis P r o d u c a o : Ernest D. G l u c k s m a n , Arthur P. Schmidt K o l c l r o : Jerry Lewis, e Bill Richmond l o t o g r a f i a : W. Wallace Kelley M u s l e a : Louis Y. B r o w n , Walter Scharf i Itm O; Jerry Lewis, Stella Stevens, Dll Moore, Kathleen Freeman, M e d I [ory, Norman Alden, Howard Morris,

O PROFESSOR ALOPRADO

0963)

(THE NUTTY PROFESSOR) Paródia de O médico c o monstro, O professor aloprado

(como Eddie M u r p h y descobriu

mais tarde) só poderia ser interpretado por a l g u é m que não estivesse tão seguro assim da afeição da platéia c o m o estava na década anterior. Em 1963 pareceu u m a estranha s o ma dos f i l m e s feitos pela dupla M a r t i n e Lewis, c o m o infantilóide Jerry Lewis provando que n ã o precisava contracenar c o m u m galã porque podia interpretar os dois tipos de papel. A figura ao estilo Mr. Hyde do f i l m e , o hedonista Buddy Love, parece u m a caricatura m a l d o s a . Na realidade, B u d d y se parece m a i s c o m Frank S i n a t r a , o padrone do Rat Pack, grupo do qual Dean M a r t i n fazia parte. O que Lewis estava fazendo era apresentar seu próprio lado negro ao m u n d o dos e s p e t á c u l o s , e m e r g i n d o do casulo criado por sua

I Ivl.i Allman, M i l t o n Frome, Buddy

persona c ô m i c a d o c e , querida pelas crianças mas irritante para os a d u l t o s . O e q u i v a l e n -

i liter, Marvin Kaplan, David

te ao Dr. Jekyll é J u l l u s Kelp, d e n t u ç o e m u m a irônica referência à m a q u i a g e m utilizada

l .null leld, Skip W a r d , Julie Parrish, Henry i.ibson

por Frederlc M a r c h e m 1932 para interpretar H y d e . E fala c o m u m a voz c h o r a m i n g a s q u e faz q u e m não é fã querer matá-lo. Kelp p e r m i t e u m a série de h u m i l h a ç õ e s q u a s e m a s o q u i s t a s , sendo objeto de chacota do reitor, d o s jogadores de f u t e b o l , m a l h a d o r e s no ginásio (Richard Kiel, outra caricatura e m forma de g e n t e , faz u m a ponta) e a l u n o s , e só c o n s e g u e a s i m p a t i a de u m a bela e s t u d a n t e loura, Stella Purdy (Stella Stevens). O Buddy Love Interpretado por Eddie M u r p h y a n o s depois se vinga das m a l d a d e s c o m e t i d a s contra sua c o n t r a p a r t e c o m p o r t a d a , S h e r m a n K l u m p . Lewis despreza s e u alter ego e dá e m cima de Stella c o m tanta grosseria q u e se torna o pior dos e n c r e n queiros a implicar c o m Kelp. O professor aloprado é c e r t a m e n t e uma das mais perturbadoras c o m é d i a s n o r t e - a m e r i c a n a s , desde a paródia expressionista, m a r a v i l h o s a m e n t e colorida, da tradicional t r a n s f o r m a ç ã o de Jekyll e m Hyde (Kelp vira Hydes cada vez mais grotescos até a chegada do cafajeste Buddy) a seu sucesso social no Purple Plt, ponto d e e n c o n t r o local. A o contrário d e Jekyll, Kelp aprende a lição, m a s n ã o a n t e s de aceitar que t e m u m m o n s t r o dentro d e s i . O f i n a l , q u a n d o Love se transforma e m Kelp d i a n t e de toda a c o m u n i d a d e a c a d ê m i c a , é seriíssimo e t ã o d e v a s t a d o r q u a n t o a regressão d e Cliff R o b e r t s o n à i m b e c i l i d a d e na ú l t i m a parte de Charly (1968). KN


BLONDE COBRA (1963)

EUA

M I In uma das obras-primas do c i n e m a underground de Nova York, Blonde Cobra |l I I I H i l i i i n a ) , dirigido por Ken J a c o b s , t a l v e z seja p r i n c i p a l m e n t e

u m fascinante

m i . a u d i o v i s u a l do d e s e m p e n h o t r a g i c ô m i c o do i n i m i t á v e l Jack S m i t h . S m i t h , m e u de aids e m 1989, era u m fotógrafo, roteirista, cineasta, performer e m u s a

33 m i n . P & B

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Ken Jacobs E l e n c o : Ken Jacobs, Jack S m i t h , Jerry Sims

1 1 ile v a n g u a r d a d e Nova York nos a n o s 60 e 70. Blonde Cobra foi m o n t a d o a i.itéria f i l m a d a por S m i t h c o m a colaboração de B o b Flelschner. É c o m p o s t o '

1 1 1 1 que S m i t h faz p a l h a ç a d a s ao lado do c o a d j u v a n t e Jerry S i m s , j u s t a p o s t a s seqüências onde a i m a g e m é preta. Nessas seqüências s e m i m a g e n s s o m o s

lie. i u m histórias hilariantes e perversas q u e S m i t h conta e m t o m a n a s a l a d o na •

. 1 . Esses c o n t o s de caráter confessional, c o m o os dos " d e s e j o s f r u s t r a d o s "

r.arotlnho e os s o n h o s lésbicos de u m a freira Idosa, s ã o e n t r e m e a d o s por ruminpli a s d e S m i t h ("Por q u e devo m e barbear... n ã o consigo sequer pensar e m I H para v i v e r ? " ) , b e m c o m o por sucessos do rádio, u m t a n g o a l e m ã o e u m a de I r e d Astaite e Cinger Rogers. Embora seja u m pouco " p e s a d o " , n a s palavras 1 1 1 S m i t h , o f i l m e de J a c o b s fornece o retrato sedutor dos t a l e n t o s de Improile u m grande performer e x p e r i m e n t a l . MS

THE COOL WORLD o963) " I J i I . i i i i I " I lieguei a H o l l y w o o d , todos os m a g n a t a s do c i n e m a se diziam surpresos pelo i n dos m e u s f i l m e s . C o m o é q u e c o n s e g u i a ? Respondia apenas ' B o m , n ã o foi i l i d i il Ia/ei o Harlem parecer o Harlem.'" A s s i m a roteirista e diretora Shirley Clarke desi l e a ç ã o d o s próceres do " c i n e m ã o " a o s e u " d o c u m e n t á r i o f i c c i o n a l " The Cool U m m u n d o legal), uma produção i n d e p e n d e n t e . Clássico radical e pouco visto do . e x p e r i m e n t a l norte-americano dos a n o s 6o, The Cool World c o m b i n a locações nu.i narrativa frouxa, d e s e m p e n h o s

n a t u r a l i s t a s e m o n t a g e m e fotografia

li te expressivas, que f o r n e c e m u m a visão crua e implacável das d i s p u t a s d e po1.1

. da violência corriqueira d a s g a n g u e s de rua do H a r l e m . Baseado e m peça de

E U A (Wiseman) 125 m i n . P & B I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Shirley Clarke P r o d u ç ã o : Frederick W i s e m a n R o t e i r o : Shirley Clarke, Carl I c e , Robert Rossen, baeado na peça de Warren Miller F o t o g r a f i a : Baird Bryant M ú s i c a : Mal Waldron E l e n c o : H a m p t o n Clanton, Yolanda Rodriguez, Bostic Felton, Gary

i Miller e Robert Rossen (que por sua vez era u m a a d a p t a ç ã o do best-seller d e

Boiling, Carl Lee, Clarence Williams,

< p m d u z l d o pelo c o n s a g r a d o Frederick W i s e m a n (quatro anos a n t e s d e s u a es-

Gloria Foster, Georgia Burke

.1 direção c o m Titt/cut Follies, de 1967), The Cool World t a m b é m o s t e n t a u m a 11 li lusa 1 rilha sonora d e jazz, feita por M a l W a l d r o n , q u e c o s t u m a v a a c o m p a n h a r a i n i i i i . i P.illie Holiday. O d e s p o j a m e n t o da música acentua a crueldade e dificuldade das In,

de vida na área. J u n t o com a trilha há i m a g e n s Inesquecíveis que fizeram a

1 de 1 i n e m a J u d i t h Christ descrever a obra c o m o " u m grito p o t e n t e , p e n e t r a n t e e • li 11 11 li a 11 o d e ultraje pela sociedade que foi criada para os j o v e n s do H a r l e m e contra a s i m l l i I H " , h u m a n a s e n c o n t r a d a s no g u e t o miserável". Encontre u m a cópia e v o c ê n ã o a . 1 - a n e p e n d e r . SjS

.pin



h U l i / F r a n ç a (Cineriz, Francinex) min,

p&b

I d i o m a s : italiano / inglês / francês D i r e ç ã o : Federico Fellini 1 ' i o d u ç ã o : Angelo Rizzoli i t u i i ' i r o : Federico Fellini, Ennio I l.iLiiM), lullio Pinelli, Brunello Rondi F o t o g r a f i a : Gianni Di Venanzo M u s i c a : Nino Rota l l e n ç o : Marcello Mastroianni, ( Liudla Cardinale, Anouk A i m é e , lindra Mllo, Rossella Falk, Barbara • i t r i e . Madeleine LeBeau, Caterina Boritto, I cidra Gale, Guido Alberti, Ml

onocchia, Bruno Agostini,

I itarlno Miceli Picardi, Jean Rougeul, Mario Pisu O s c a r : Itália (melhor filme

FELLINI 8 /2 (1963) 1

(8 / ) 1

2

Marcello M a s t r o i a n n i de c h a p é u e c h a r u t o na banheira... Paredes brancas atemporals e a linha negra de u m chicote... M u l h e r e s Impressionantes e fantasias... A s imagens de Fellini 8 i/2 p e r m a n e c e m v i v a s , b e m c o m o seus sons (é u m a lástima q u e alguns nunca t e n h a m o u v i d o o f i l m e no original, m e s m o q u e o Italiano e m p r e g a d o soe artificial). O f i l m e é u m m o n u m e n t o a u m ícone do barroco europeu na m e t a d e do século X X . É t a m b é m u m dos m a i s brilhantes, i m a g i n a t i v o s e engraçados filmes de seu t e m p o . E isso n ã o é t u d o . Foi u m p o n t o de transição na carreira de u m dos maiores cineastas daquela era, q u e o b t e v e êxito e m transformar u m a crise pessoal e m obra de arte. Aqui, Fellini abriu c a m i n h o para clássicos posteriores c o m o Amarcord,

cidade das mulheres, Casanova eELa

Roma,

Sotyricon, A

Nave Va.

Depois d e oito longas, Fellini já havia recebido todo o r e c o n h e c i m e n t o possível c o m o diretor (incluindo sucesso, p r ê m i o s , críticas positivas e a t é e x c o m u n h ã o por conta d e La Dolce Vita). R e c o n h e c e u a Influência d o s mestres (Rosselini, Visconti, De Sica, etc.) e e n c o n t r o u seu próprio c a m i n h o . E n t r e t a n t o , apesar de estar com a p e n a s 43

rstr.ingeiro), Piero Gherardi (figurino)

anos, parecia q u e tinha obtido t u d o o q u e era possível c o m seu trabalho. 8 1/' surge

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Federico Fellini

c o m o u m a p o n t e entre o período de realização artística ptecoce e u m a nova a v e n t u r a .

(diretor), Federico Fellini, Ennio

U m a aventura q u e p o s s i v e l m e n t e é o s e g m e n t o mais criativo e original de sua obra,

l l l l i n o , Tullio Pinelli, Brunello Rondi

m a s q u e a c a b o u sendo seguida ainda por outra virada. (Há u m terceiro e maravilhoso

(roteiro), l'iero Gherardi (direção de }

s e g m e n t o na filmografia de Fellini, c o m p o s t o por suas derradeiras obras.) E não é só. O f i l m e representa u m I m p o r t a n t e avanço na c a m i n h a d a do c i n e m a e m direção à m o d e r n i d a d e e apresenta u m a d a s m a i s inventivas reflexões sobre o ato criativo e m si. O processo m e n t a l , material, psicológico e libidinoso é e n c e n a d o à moda de Plrandello, de forma extravagante, q u e deve ser apreciado por qualquer pessoa q u e se Interesse sobre os m e c a n i s m o s artísticos e os labirintos da m e n t e . M a s n e m isso é t u d o . No f u n d o de t o d a s as boas razões para considerar 81/2 u m tesouro existe u m a q u e é a principal e q u e , para dizer a v e r d a d e , t a m b é m é a m a i s m o d e s t a d e t o d a s . A história sobre a a n g ú s t i a d e u m diretor q u e precisa filmar, sobre u m artista q u e precisa trabalhar, sobre u m h o m e m q u e t e m q u e lidar c o m as m u l h e r e s , sobre u m ser h u m a n o que precisa enfrentar a vida e a m o r t e é e s s e n c i a l m e n t e t o c a n t e . Embora apresente visões inventivas e situações perturbadoras, no limiar entre s o n h o e realidade, c o m h u m o r e m e d o , o f i l m e questiona os r e l a c i o n a m e n t o s q u e a f e t a m a t o d o m u n d o : c o m os pais, filhos, colegas de trabalho, as dificuldades d e e n v e l h e cer, se perder o u reencontrar os m e d o s da Infância. C o m u m a magnífica fotografia e m preto-e-branco, e n q u a d r a m e n t o s g e o m é t r i c o s e não realistas, o uso sugestivo d e s o m e i m a g e n s , 81/2 não elabora u m a tese sobre o e s t a d o da arte o u se debruça e m I n v e s t i gações psicanalíticas. Ao invés disso, abre u m a janela q u e revela u m pouco do Interior de cada u m de nós, artista o u n ã o artista, h o m e m ou mulher. J - M F


P o l ô n i a (P. P., WFF) 62 m i n . P & B Idioma: polonês D i r e ç A o : Witold Lesiewicz, Andrzej Munk

A PASSAGEIRA (1963) (PASAZERKA) O m a i s f a m o s o f i l m e de Andrzej M u n k foi t a m b é m o ú l t i m o d e sua carreira. A m o r t e do diretor d u r a n t e a p r o d u ç ã o deixou A passageira I n a c a b a d o . Foi reconstruído e m 1963

KOttlrO! Andrzej M u n k , Zotia l'ii'.inys/ Piasecka F o t o g r a f i a : Krzysztof W i n i e w i c z M n - . i i a: l.uleusz Baird M u s i c a n ã o o r i g i n a l : johann Srh.istl.in Bach l l r n c o : Aieksandra Slaska, Anna I |l l'T. IR-wska, J a n Kreczmar, Marek

sob a f o r m a de u m a e s p e c u l a ç ã o sobre a s q u e s t õ e s que M u n k colocou c o m sua história e sobre o d e s t i n o de seus p e r s o n a g e n s , caso ele t i v e s s e sobrevivido. O f o r m a t o de interrogatório d e m o n s t r a ser a d e q u a d o a este t r a b a l h o e n x u t o e I n c a n s á v e l . A p e r s o n a g e m c e n t r a l , Liza (Aieksandra Slaska), reconta d u a s versões de sua experiência c o m o supervisora da S S e m A u s c h w l t z . A primeira, d e v i d a m e n t e pasteurizada, é u m relato ao m a r i d o a bordo d e u m navio d e luxo, e n q u a n t o viaja d e volta para a A l e m a n h a pela primeira vez d e s d e o f i m da guerra. Nela, diz q u e , b o n d o s a m e n t e , c o n s e -

w.th i c w s k l , Maria Kosciaikowska,

g u i u reunir dois a m a n t e s e n t r e os prisioneiros, m a s que foi I m p o t e n t e para Intervir e m

I K ' I I . I M.ilkicwicz, Leon

seus d e s t i n o s . Na segunda v e r s ã o , m a i s d e t a l h a d a , Liza recorda-se do período a sós.

l'Irlt.is/kiewicz, Janusz Bylczynski, A dolrhiowska i r s t l v . i l d e C a n n e s : Andrzej M u n k ( m r n ç a o especial)

S u a s m o t i v a ç õ e s são labirínticas e obscuras e a relação c o m a m u l h e r prisioneira parece obsessiva. A passageira

é u m a obra extraordinária t a n t o pelo Interesse psicológico desse rela-

F r t t l v . i l d e V e n e z a : Andrzej M u n k

c i o n a m e n t o q u a n t o pelo t o m a t e r r a d o r a m e n t e exato e a representação indelével d a s

( p i r i n i o da crítica de cinema italiana)

brutalidades q u e a c o n t e c e m no f u n d o ou na periferia da consciência da p e r s o n a g e m principal. Este f i l m e f r a g m e n t a d o n ã o é m e n o s doloroso e a b r u p t o do q u e a carreira curta e brilhante do próprio M u n k . Cfu

frinçi /

Itália (Compagnla,

r mu 0 1 din, Rome-Paris) 103 m i n . Cor i d i o m a s : íiancês / inglês / alemão / II.lhano D i r e ç ã o : Jean-Luc Godard P r o d u ç ã o : Carlo Ponti, Georges de he.iinegard 11

Iro: lean-Luc Godard, baseado

no llvn» li Disprezzo, de Alberto

0 DESPREZO

(1963)

(LE MÉPRIS) Sexto longa de Jean-Luc G o d a r d , o m a i s o u s a d o d o s c i n e a s t a s da nouvelle

vague

francesa nos anos 60, O desprezo c o m b i n a o retrato d e u m c a s a m e n t o c o m u m a história sobre c i n e m a . C a m i l l e (Brigitte Bardot) é casada c o m o roteirista Paul ( M i c h e l Plccoli). Na primeira s e q ü ê n c i a , ela faz u m I n v e n t á r i o de seu corpo n u , p e r g u n t a n d o q u e parte ele prefere. E m seguida, ele a leva para conhecer o produtor J e r e m y Prokosch

(Jack

Palance), de H o l l y w o o d . Ele está fazendo u m f i l m e sobre a Odisséia, de H o m e r o , a ser

MIII.IVI.I

dirigido pelo v e t e r a n o a l e m ã o Fritz L a n g (que interpreta a si m e s m o ) . Palance entra de

F o t o g r a f i a : Raoul Coutard

cabeça n o papel, e n t o a n d o frases c o m o " G o s t o de d e u s e s . S e i c o m o se s e n t e m " . L a n g

MÚlIl . 1 : Georges Delerue

retruca c o m o b s e r v a ç õ e s ranzinzas sobre c i n e m a ( " C i n e m a s c o p e é ó t i m o para f i l m a r

l l c n c o : Brigitte Bardot, Michel

serpentes e caixões.").

Pli 1 oll, Jack Palance, Giorgia M o l l , I I I I /

.IN!',

O desprezo está r e c h e a d o d e referências c i n e m a t o g r á f i c a s

a Chaplin, Griffith,

H a w k s , Ray, M i n n e l l i e outros ídolos da revista francesa Caliíers du Cinema,

o n d e Godard

publicou críticas d e f i l m e s . A c o n t r i b u i ç ã o de Paul é o c o m e n t á r i o q u e basta mostrar u m a c â m e r a a u m a m u l h e r q u e ela I m e d i a t a m e n t e exibe o rabo. U m a ironia, levandose e m conta que o traseiro de Bardot aparece c o m freqüência na tela. E o desprezo? É o q u e C a m i l l e v e m a sentir pelo m a r i d o , a q u e m acusa de vendê-la a Prokosch e trocar seus princípios por dinheiro. U m f i i m e e l e g a n t e e inteligente c o m u m d e s f e c h o c h o c a n t e . EB


O INDOMÁVEL (1963) (MUI))

I d i o m a : Inglês le m o d e r n o dirigido por M a r t i n Ritt t e m c o m o cenário a p a i s a g e m plana do h ' . r . . Paul N e w m a n interpreta H u d B a n n o n , q u e se i m p o r t a c o m pouco na

m de beber e correr atrás de u m rabo-de-sala. Sua v i s ã o da vida é puro c i n i s m o , ep.irar os s a n t o s d o s p e c a d o r e s , v a i ter s o r t e se t e r m i n a r c o m A b r a h a m iluda a s s i m , H u d é Idolatrado por L o n n i e ( B r a n d o n De W i l d e ) , filho d e seu

iiiil

E U A (Paramount, Salem-Dover) liz min. 1'KiH

i (P,

D i r e ç ã o : M a r t i n Rltt P r o d u ç ã o : Irving Ravetch, M a r t i n k m R o t e i r o : Harriet Frank Jr., Irving Ravetch, baseado no livro Horseman, Pass By, de Larry M c M u r t r y F o t o g r a f i a : J a m e s W o n g Howe

, q u e a o s 17 a n o s admira o c h a r m e descontraído do t i o . Há u m mal-estar

M ú s i c a : Elmer Bernstein

' i pai ( M e l v y n Douglas), rancheiro da velha guarda. Hud quer procurar pe-

E l e n c o : Paul N e w m a n , Melvyn D o u g l l l ,

l i , r . terras, m a s ele recusa. " N ã o quero esse t i p o d e dinheiro." A e m p r e g a d a la Neal), divorciada e perto da mela-ldade, m a s m u i t o senhora de si para

' . m i a d a s de H u d . • m uniu o precioso g a d o da fazenda contrai febre a f t o s a , Hud propõe q u e as cabe" i i v e n d i d a s a n t e s da c o n f i r m a ç ã o do d i a g n ó s t i c o , coisa que o v e l h o não a d m i t e i .ilguma. O a b a t e de seu rebanho, e n t r e t a n t o , acaba c o m sua v o n t a d e de viver, i i n u m e e Alma t a m b é m p a r t e m , deixando Hud o c u p a d o c o m a cerveja. D e s e m iii illi.intes v a l o r i z a m u m f i l m e que c o n s e g u e c a p t u r a r a atmosfera poeirenta da • inspirou, o livro Horseman, Pass By, de Larry M c M u r l r y . E B

Patricia Neal, Brandon De Wilde, w l m Bissell, Crahan Denton, John Ashley, v.il Avery, George Petrie, Curt Conway O s c a r : Patricia Neal (melhor atriz), Melvvii Douglas (melhor ator coadjuvante)) J a m e s W o n g H o w e (fotografia) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Martin Rill (diretor), Irving Ravetch, Harriet I u n t Jr. (roteiro), Paul N e w m a n (melhot ator), Hal Pereira, Tambi Larsen, S a m ( ninei, Robert R. Benton (direção de arte) F e s t i v a l d e V e n e z a : Martin Rltt (Pre OCIC), indicação (Leão de Ouro)

LUZ DE INVERNO

dees)

(NAIIVARDSGASTERNA)

i parte da trilogia Silêncio dc Deus, d e I n g m a r B e r g m a n , q u e Inclui Através de u m

|n i l i " (1961) e O silêncio

(1963), a obra é centrada no pastor (Gunnar Björnstrand) de

pequena paróquia. Desde a m o r t e da mulher, ele se torna cada vez m a i s angus11 itIn v .11 n,ugo pela incerteza crescente na existência de Deus. Sua fé é testada por u m a " i . i (Ingrid Thulin), q u e sofre de eczema e t e n t a persuadi-lo a casá-la c o m u m ""•in

d e p r i m i d o ( M a x v o n S y d o w ) , q u e precisa de ajuda para lidar c o m o m e d o

Uli Ida de u m conflito nuclear. in.' de inverno é B e r g m a n e m seu m o m e n t o m a i s i n t e n s o . A narrativa é m í n i m a ,

Suécia (Svensk) 81 m i n . P & B Idioma: sueco Direção: Ingmar Bergman Produção: Allan Ekelund Roteiro: Ingmar Bergman Fotografia: Sven Nykvist Elenco: Ingrid Thulin, Gunnar Bjõrnstrand, Gunnel Lindbiom, M l 1 von Sydow, Allan Edwall, Kolbjõrn Knudsen, Olof Thunberg, Elsa Ebbesen

' ibjetiva. O elenco é f o t o g r a f a d o e m m a g n í f i c o s e b e m I l u m i n a d o s close-ups d e 1 1 1 lykvist, d e s e n v o l v e n d o a t u a ç õ e s c o n t i d a s , de grande sutileza e poder. O s cenários i i n l i i e i i i a ç õ e s s i m p l e s c o n t r i b u e m para a u m e n t a r a aura de rigorosa a u s t e r i d a d e . O 1 lime e despido dos exíguos sinais de esperança o u pelo m e n o s da a c e i t a ç ã o resignada que permeia os f i l m e s posteriores de B e r g m a n . O u seja, está longe de ser u m relato .1.1 sobre a experiência h u m a n a . Dito isto, a arte pura q u e impregna a tela é i.inte d e u m a forma inesperada. CA

4M


I U A

4', m i n . P & B

Idioma: inglês D i r e ç ã o : Jack Smith l l c n c o : Joel M a r k m a n , Mario M o n t e z , Sheila Blck

CRIATURAS FLAMEJANTES

(1963)

(FLAMING CREATURES) Concebido o r i g i n a l m e n t e c o m o u m a comédia, o atordoante Criaturas

flamejantes,

de

Jack S m i t h , tornou-se o maior escândalo produzido por integrantes da cena de cinema underground de Nova York, que se tornava cada vez mais conhecida. Nos anos 6o e 70, exibições do f i l m e eram f r e q ü e n t e m e n t e Interrompidas por m u l t i d õ e s barulhentas e policiais Irritados. A reação violenta e infeliz ao belo e inovador f i l m e de S m i t h fala horrores sobre o conservadorismo vigente e m relação às representações de gênero e sexo. F i l m a d o e m película preto-e-branco, coisa já fora d e m o d a , Criaturas

flamejantes

é

c o m p o s t o por u m a série d e i m a g e n s n e b u l o s a s , belas e fugazes, o n d e aparecem a m í gos d e S m i t h travestidos de forma barata e exótica. Escapando da c o n t i n u i d a d e narrativa, o f i l m e apresenta, ao invés disso, u m a série de seqüências e quadros d e s c o n e c t a dos q u e l e m b r a m os exageros estéticos de Josef v o n Sternberg e o exótico m u n d o de f a n t a s i a d e Maria M o n t e z , estrela dos a n o s 4 0 e musa de S m i t h , t a m b é m conhecida c o m o " R a i n h a do Technlcolor". O f i l m e c o m e ç a c o m u m a longa e provocadora i n t r o d u ção sobre as criaturas e c o n t i n u a c o m u m a recatada cena d e flerte e u m a seqüência c o m b a t o m , a o m e s m o t e m p o hilariante e bela. Q u a n d o a mascullnizada m a s até então bem-comportada Francis Francine persegue e parte para cima da sedutora Dolores Deliciosa (Sheila Bick), todas as criaturas a a c o m p a n h a m e e n t r a m e m u m estado d e êxtase agressivo e delirante. O frenesi orgíaco é Interrompido q u a n d o u m pedaço de gesso cai do teto, a c i d e n t e provocado a p a r e n t e m e n t e por u m t e r r e m o t o , o q u e os a c a l m a o u os m a t a . Então Nossa Senhora das Docas (o f a s c i n a n t e Joel M a r k m a n ) e m e r g e de u m caixão, dá u m sopro de vida às criaturas e as incita a fazer u m a dança alegre e f i n a l . O grande superstar drag Mario M o n t e z ( n o s créditos sob o n o m e de Dolores Flores) aparece c o m o m e n i n a e s p a n h o l a , d a n ç a n d o e a b a n a n d o o leque no m e i o da cena final q u e lembra os f i l m e s de B u s b y Berkeley. A trilha sonora é eclética e inclui Deanna Durbin, Bela Bartók, Everly Brothers, a l é m de trechos d e filmes d e Sternberg e M o n t e z . A beleza ímpar de Criaturas

flamejantes

se deve, e m boa m e d i d a , à agilidade de

S m i t h no e m p r e g o da câmera na m ã o . O s e n q u a d r a m e n t o s inesperados r e n d e m I m a g e n s densas de t e c i d o s , partes do corpo e rostos m u i t o m a q u i a d o s . O s elos abertos entre essas i m a g e n s , entre corpo, partes do corpo e gêneros sexuais lançados na tela t o r n a m Criaturas

flamejantes

forma fabulosa. M S

u m a f o n t e prática e inesgotável d e c o m o viver a vida de


A I . HÄNDE ESCAPADA Hill (.Hl AT ESCAPE)

(1963)

E U A (Mirisch) 172 m i n . Cor I d i o m a : inglês

• • ilc guerra c o m superelenco e direção de John Sturges, A grande i'

t,

escapada

l.lo d i v e r t i d o , c o m o v e n t e e e m o c i o n a n t e c o m o era na época d e sua

D i r e ç ã o : John Sturges P r o d u ç ã o : J o h n Sturges R o t e i r o : J a m e s Clavell, W. R. ['.1

M l l'IM

as i e n a s s ã o clássicas, à medida q u e prisioneiros de guerra amerlca'.piram para fugir de u m c a m p o a t r a v é s d e três t ú n e i s s u b t e r r â n e o s , i, Dick e Harry. Entre os c a n d i d a t o s a f u g i t i v o s estão Richard A t t e n iidiin l a c k s o n , c o m o altivos oficiais britânicos; Charles B r o n s o n , c o m o o l e m i laustrofobla; Donald P l e a s e n c e , o falsificador que está p e r d e n d o a i.udner, o sujeito q u e c o n s e g u e arranjar q u a s e t u d o c o m os g u a r d a s e " i i i r , . E, é claro, t e m S t e v e M c Q u e e n i n t e r p r e t a n d o Hilts, u m f u g i t i v o venhecido c o m o o "Rei da G e l a d e i r a " devido ao c o n f i n a m e n t o solitário IH i i i I n i ada vez que tenta escapar e fracassa. Este é u m épico c o m o o f i l m e '

, Os sete magníficos

(três deles e s t ã o n o elenco deste a q u i : M c Q u e e n ,

nes i iiburn). A aventura heróica baseada n o livro d e Paul Brickhill g a n h o u

11

baseado no livro de Paul Brickhill F o t o g r a f i a : Daniel L. Fapp M ú s i c a : Elmer Bernstein E l e n c o : Steve M c Q u e e n , J a m e s Garner, Richard A t t e n b o r o u g h , J a i i i i " . Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, J a m e s Coburn, Hannes Messemer, David M c C a l l u m , Gordon Jackson, J o h n Leyton, Angus I e

Nigel Stock, Robert Grat, Jud Tayloi I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Ferris W c b s l e i (edição)

i i rilha m e m o r á v e l de autoria d e Élmer B e r n s t e i n , que p o n t u a c o m beleza m u

fantástico. J B

PAIXÕES QUE ALUCINAM (1963)

E U A (Allied Artists, F&F) 101 min

IIHOCK CORRIDOR)

P&B/Cor

a .1 l i l m e s B a p e l a t i v o s , c o m o r ç a m e n t o s m í n i m o s e n e n h u m a e x p e c t a t i v a Unes a l é m de pagar seus c u s t o s , S a m u e l Fuller I r o n i c a m e n t e 1I1

conquistou

paia explorar t e m a s p o l ê m i c o s e novas t é c n i c a s c i n e m a t o g r á f i c a s , a o c o m

In que a c o n t e c e u c o m colegas m a i s prestigiosos. Paixões que alucinam

se desen-

1 1 1 1 i d o que se t r a n s f o r m o u c m d e s g a s t a d o clichê. U m f a m o s o jornalista se 111 u n i asilo pata d o e n t e s m e n t a i s para poder investigar u m a s s a s s i n a t o . IIN

in.ii'. do q u e esperava e, claro, Fuller oferece a o e s p e c t a d o r m a i s do q u e u m

|lm|ll»« Ulme B. 1

1

1 1 1 I u l i i t i de c â m e r a de S t a n l e y Cortez (de Soberba e O mensageiro

do diabo) é t ã o

q u a n t o o rol d e personagens q u e povoa o asilo. Furtivo e distorcido, p a s s a n d o

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : S a m u e l Fuller P r o d u ç ã o : S a m Flrks, Leon Fromkess, Samuel Fuller R o t e i r o : S a m u e l Fuller F o t o g r a f i a : Stanley Cortez M ú s i c a : Paul Dunlap E l e n c o : Peter Breck, Constance Towers, Gene Evans, J a m e s B e s i , 11.111 Rhodes, Larry Tucker, Paul Dubov, Chuck Roberson, Neyle Morrow, J11I111

nente 1 lo preto-e-branco para o colorido. As a t u a ç õ e s a c o m p a n h a m . O elenco

M a t t h e w s , Bill Zuckert, John Craig,

lei -aiIn encorajado a liberar seus psicóticos interiores. Há u m gordo q u e garante

Phillip Ahn, Frank Gerstle, Rachel

1111111 de ópera, u m b a n d o d e n l n f o m a n í a c a s à solta c o m o a n i m a i s s e l v a g e n s e 1111 q u e prega o r a c i s m o . Fuller n e m s e m p r e d e m o n s t r a ter o c o n t r o l e c o m p l e t o .-a i l u d o e o j e i t ã o trash j a m a i s renega a v o c a ç ã o de f i l m e B. O que c h a m a a 111 e a forma c o m o ele impregna a película de energia a l u c i n a n t e , q u e faz j u s ao I H 1 ii )i t u g u ê s . J K I

Romen



It.Min / F r a n ç a (S.G.C, Nouvelle Pathé, lít.mus) 205 m i n . Cor I d i o m a s : i t a l i a n o / inglês D i r e ç ã o : Luchino Visconti P r o d u ç ã o : Goffredo Lombardo K o t e i r o : Suso Cecchi d'Amico, Pasquale Festa Campanile, M a s s i m o I ranclosa, Enrico Medioli, Luchino Vi'

iti, baseado no livro de

iiliiscppe Tomasi DI Lampedusa

0 LEOPARDO (1963) (IL GATTOPARDO) A a d a p t a ç ã o de Luchino V i s c o n t i do livro d e G i u s e p p e Tomasi Di L a m p e d u s a tornou-se u m clássico cult do c i n e m a , u m s u n t u o s o painel de u m m u n d o q u e g a n h a vida ao anoitecer, t e n d o c o m o cenário a Sicília d o s anos 1860. Registra na tela a s grandes m u d a n ç a s sociais a c o n t e c i d a s na Itália depois do R i s o r g i m e n t o através da história do príncipe Fabrizio dl Salina (Burt Lancaster). Ao t e n t a r e v i t a r o c o n f r o n t o c o m o exército de Garibaldi, o aristocrata se refugia c o m a família n o vilarejo d e D o n n a f u g a t a . É dos p o u c o s d e sua casta a c o m p r e e n d e r q u e as m u d a n ç a s q u e a c o n t e c e m no m u n d o são

F o t o g r a f i a : Giuseppe Rotunno

Irreversíveis e está disposto a fazer u m pacto c o m representantes da burguesia. S e u

M u s i c a : Nino Rota, Vincenzo Bellini,

lema é "Algo precisa m u d a r para q u e t u d o p e r m a n e ç a i g u a l " e, seguindo essa filosofia,

Seppe Verdi

ele decide casar o sobrinho, Tancredi Falconeri (Alan Delon), c o m a filha do prefeito da

I l e n ç o : Burt Lancaster, Claudia

cidade. A aliança entre o " L e o p a r d o " e o " C h a c a l " é celebrada na cena do c a s a m e n t o ,

i .iiilinale, Alain Delon, Paolo Stoppa,

que t o m a conta da terceira parte do f i l m e .

Rina Morelli, Romolo Valli, Terence Hill, Pierre Clementi, Lucilla Morlacchl, Giuliano G e m m a , Ida 1 illll, o t t a v l a Piccolo, Carlo v.ilrn/ano, Brook Füller, Anna Maria

Bottini I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Piero Tosi (figurino) I e s t i v a l d e C a n n e s : Luchino Visconti (Palma de Ouro)

C o m direção e fotografia excepcionais, é neste s e g m e n t o q u e a metáfora central g a n h a vida. O i m p r e s s i o n a n t e t r a b a l h o de c ã m e r a de G i u s e p p e R o t u n n o cria de forma inesquecível a noção da s u n t u o s i d a d e do palácio. Para a l e m do esplendor dos cenários e f i g u r i n o s , e n t r e t a n t o , é possível sentir a i m i n ê n c i a da e x t i n ç ã o . M e s m o a forma de retratar os p e r s o n a g e n s possui c o n o t a ç õ e s s i m b ó l i c a s . P o d e m o s ver, por e x e m p l o , os s e m b l a n t e s pálidos da família Salina durante a c e r i m ô n i a . Em contraste, a cãmera t a m b é m nos faz perceber a v i t a l i d a d e e rudeza dos novos-rlcos. Toneladas de tinta já foram d e r r a m a d a s na análise das características ideológicas e estilísticas desta obra-prima, u m a d a s m e l h o r e s a d a p t a ç õ e s na história do c i n e m a . A l g u n s críticos a p o n t a r a m a existência de referências a u t o b i o g r á f i c a s e m O leopardo, pois V i s c o n t i era ele m e s m o u m aristocrata que flertava c o m o Partido C o m u n i s t a . As a n a l o g i a s entre o autor e o protagonista ainda p o d e m ser a p r o f u n d a d a s a u m nível mais psicológico, pois a m b o s eram obcecados c o m a m o r t e e percebiam seus avisos e m toda parte. Visconti voltaria a o t e m a e m f i l m e s s u b s e q ü e n t e s , c o m o Os malditos

(1969),

Morte em Veneza (1971), fridwíg (1972) e A conversação (1974), e m q u e Burt Lancaster volta a interpretar u m alter ego do diretor. N e n h u m o u t r o cineasta c o n s e g u i u tirar d e Lancaster o m e s m o que V i s c o n t i . Na tela, o ator é ao m e s m o t e m p o aristocrático, d i s t i n t o , m a s t a m b é m p r o f u n d a m e n t e h u m a n o . S e u d e s e m p e n h o magistral t o r n o u o príncipe Salina u m a das m a i s e m b l e m á t i c a s representações da nobreza na história do c i n e m a . N ã o d e v e m ser ignorados, p o r é m , os papéis de Delon e da d e s l u m b r a n t e Claudia Cardinale, a q u i linda d e tirar o fôlego. O r e f i n a m e n t o c r o m á t i c o e v i s u a l , resultado da f a m i l i a r i d a d e d e Visconti c o m a s artes plásticas, tornou-se sua marca registrada. Por ser u m d o s f i l m e s mais caros e r e q u i n t a d o s produzidos na Europa, O leopardo foi a c u s a d o por a l g u n s críticos de ser uma " p r o d u ç ã o m o n u m e n t a l e m primeira pessoa". Talvez essa seja a t é u m a a c u s a ç ã o f u n d a m e n t a d a , m a s não é n e c e s s a r i a m e n t e u m defeito. Criar u m a obra q u e c o n s e g u e fascinar m u l t i d õ e s e q u e seja ao m e s m o t e m p o u m f i l m e d e autor a l t a m e n t e pessoal d e v e ser o sonho d e c o n s u m o d e q u a l q u e r diretor de c i n e m a . D D


B r a s i l (Sino) 103 m i n . P8cB

VIDAS SECAS

Idioma: português

É difícil Imaginar a intensidade do I m p a c t o do neo-realismo italiano sobre o cinema

D i r e ç ã o : Nelson Pereira dos Santos

m u n d i a l . E m m e a d o s dos a n o s 50, m u i t o depois de o m o v i m e n t o deixar de existir na

P r o d u ç ã o : Luiz Carlos Barreto,

Itália, era possível encontrar defensores e praticantes e m t o d o s os c o n t i n e n t e s . No

1 lerberl Rlchers, Danilo Trelles Rotalro: Nelson Pereira dos Santos, li.iscado no livro d e Graciliano Ramos f o t o g r a f i a : L u i z Carlos Barreto, José Rosa M ú s i c a : Leonardo Alencar t l e n ç o : Genivaldo Lima, Gilvan Lima, A11I.1 lórlo, Orlando Macedo, Maria Kllielio. Jofre Soares F e s t i v a l d e C a n n e s : Nelson Pereira dOS Santos (Prêmio OCIC), e m p a t a d o

\10rda-chuvas

do amor

Brasil, U m a agulha no palheiro

(1963)

(1953), f i l m e d e Alex Vlany, u m a comédia suave filmada

e m locações no Rio d e Janeiro, foi o nítido precursor do neo-realismo. Nelson Pereira dos S a n t o s foi, na ocasião, o principal assistente de Viany. E m 1955, o ex-estudante de Direito estreou na direção c o m Rio, 40 graus, u m ousado retrato da cidade concebido c o l e t i v a m e n t e , e m q u e se a c o m p a n h a m diferentes histórias, t o d a s acontecidas no m e s m o dia. O retrato cru e pouco r o m â n t i c o das favelas cariocas, b e m c o m o o trabalho de câmera v i b r a n t e , c o m l i n g u a g e m próxima ao d o c u m e n t á r i o , t o r n a r a m o f i l m e uma espécie de m a n i f e s t o d e u m a nova escola de cineastas no Brasil. O c i n e m a novo foi f i n a l m e n t e reconhecido c o m o i m p o r t a n t e m o v i m e n t o cultural e m 1963, c o m o l a n ç a m e n t o do q u i n t o f i l m e de S a n t o s , Vidas secas. A d a p t a ç ã o extraordinária do livro h o m ô n i m o de Graciliano R a m o s , obra-prima da literatura brasileira, o f i l m e mostra a história de u m a família de retirantes q u e foge da seca no Nordeste. O livro de R a m o s , d e 1938, c o s t u m a ser c o m p a r a d o à obra de W i l l i a m Faulkner. É dividido e m p e q u e n o s c a p í t u l o s , cada u m a p r e s e n t a n d o de forma a l t a m e n t e sensorial o ponto de vista d e u m d o s m e m b r o s da família ao longo d e dois a n o s . D o s S a n t o s lança m ã o desse recurso literário c o m m a e s t r i a , levando a t é a tela o " p e n s a m e n t o " da cadela da família, a g o n i z a n t e , e m u m a d a s cenas m a i s c o m o v e n t e s do f i l m e . Vidas secas é mais u m a coleção d e incidentes c e n c o n t r o s do q u e u m a narrativa clara e termina c o m o c o m e ç o u , c o m a família m a i s u m a vez na estrada. O f i l m e d e Nelson t e m u m efeito similar a Terra sem pão, de Luis B u n u e l . Dá a s e n s a ç ã o d e q u e o " r e a l i s m o " foi utilizado para nos trazer algo diferente, abstrato m a s poderoso. A conversa final entre marido e m u l h e r sugere q u e existem possibilidades de m u d a n ç a . M a s , nesse ponto, já v i m o s coisas d e m a i s para q u e exista qualquer solução s i m p l e s . RP

418


MI DITERRAIMEE

0963)

li 1963 e exibido quatro anos depois, Mcditerranée, I II

F r a n ç a 43 m i n .

c o m a p e n a s 43 m i n u t o s ,

. i n d o a obra d e maior repercussão entre os f i l m e s experimentais d e JeanÉ notável s e u i m p a c t o sobre O desprezo (1963), de Jean-Luc C o d a r d . É u m

i i e m i n i m a l i s t a q u e p e r m a n e c e i m p r e s s i o n a n t e devido a t o d o o t e m p o q u e le ilevotar à m o n t a g e m . Cenas f i l m a d a s e m vários países do M e d i t e r r â n e o , untos variados - u m j a r d i m na Sicília, u m t e m p l o grego, u m pescador, u m a 1 1 mesa d e operação -, são exibidas diversas vezes durante o f i l m e , sempre se-

I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Jean-Daniel Pollet, Barbei Schroeder R o t e i r o : Jean-Daniel Pollet, Philippe Sollers F o t o g r a f i a : Jean-Daniel Pollet M ú s i c a : Antoine Duhamel

• o m diferentes durações. As imagens são a c o m p a n h a d a s por u m texto evocabillippe Sollers e u m a trilha sonora m a r c a n t e de A n t o i n e D u h a m e l , q u e depois .1 música d e O demônio das onze horas (1965), de G o d a r d . Illerranée, aliás, Inspirou u m a crítica das m a i s poéticas de Godard publicada no H l uhiers du Cinema, lli

escrita e m 1964, m a s publicada a p e n a s e m 1967. " N e s s a

1 I 1 imagens banais feitas e m 16 m m q u e respiram c o m a g r a n d i o s i d a d e dos abe a nós descobrir o espaço que só o c i n e m a pode transformar e m u m t e m p o ou o contrário. Pois aqui se v ê e m planos delicados e redondos, a b a n d o n a d o s uno pedrinhas na praia." Jras

KHANEH SIAH AST

(is63)

Irã (Golestan) 20 m i n . P & B

11 niario c o m 20 m i n u t o s de duração, e m preto-e-branco, sobre u m a colônia de

I d i o m a : farsl

is no Norte do Irã, assinado por Forugh Farrokhzad, é o m a i s poderoso f i l m e Ira-

D i r e ç ã o : Forugh Farrokhzad

pie já v i , o m a i s poético e o mais radicalmente h u m a n i s t a . Farrokhzad (19351967)

P r o d u ç ã o : Ebrahim Golestan

Iderada a m a i o r poeta persa do século X X . U m de seus p o e m a s é recitado pelo

R o t e i r o : Forugh Farrokhzad

le O vento nos levará (1999), de Abbas K i a r o s t a m i , cujo título foi inspirado na obra.

F o t o g r a f i a : Soleíman Minasian

1 I I tilme reflete u m a leve influência do c i n e m a m u d o soviético e a d a p t a c o m i' ihllld.ide as técnicas da poesia para os e n q u a d r a m e n t o s , edição, s o m e narrativa. Esta

E l e n c o ( n a r r a ç ã o ) : Ebrahim Gole Forugh Farrokhzad

• dividida entre duas vozes. A masculina pertence a Ebrahim G o l e s t a n , produtor ie, a m a n t e d e Farrokhzad, e cineasta de porte. S e u texto é objetivo e f a c t u a l . A m i n i n a é da própria diretora e oferece d i v a g a ç õ e s p o é t i c a s e d e n s a m e n t e li mais sobre o t e m a , incorporando trechos do Velho T e s t a m e n t o . e direto, despido d e sentimentalismo ou voyeurismo, m a s profundamente . m i ' . 1 , 1 , o filme oferece u m a visão do cotidiano na colônia: pessoas se alimentando,

1 II a

'iiios médicos, crianças na escola e brincando. É espiritual, belo e corajoso como

" I N 1 1 1 1 filme produzido no Ocidente. Aos meus olhos e o u v i d o s , parece uma oração. JRas

419



Inglaterra (Argyie, M C M ) 112 m i n . P&B i d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Robert W i s e 1 ' t o d u ç ã o : Denis J o h n s o n , Robert Wise Uotciro: Nelson Gidding, baseado no livro de Shirley Jackson I l i t o g r a f i a : Davis Boulton M u s i c a : Humphrey Searle 1 lanço: Julie Harris, Claire B l o o m ,

DESAFIO DO ALEM naes) (THE HAUNTING) E m 1959, Shirley J a c k s o n , a consagrada escritora norte-americana, publicou o livro The Haunting

of Hill House. Desde e n t ã o , a obra v e m sendo elogiada e considerada u m a das

m a i s aterrorizantes j a m a i s publicadas. Três a n o s depois, o diretor Robert W i s e escolheu a história para ser a d a p t a d a à tela grande e m h o m e n a g e m à m e m ó r i a de seu mentor, Val L e w t o n . O resultado c o s t u m a ser a p o n t a d o por m u i t o s críticos, fãs e admiradores casuais do gênero terror c o m o u m dos mais assustadores f i l m e s d e todos os t e m p o s , se não o pior. Em u m prólogo b e m assustador, é contada a conturbada história da Hill House.

Itli hard J o h n s o n , Russ Tamblyn, Fay

Construída por H u g h Crain, u m sujeito austero e impiedoso, 80 anos atrás, a residência

Compton, Rosalie Crutchley, Lois

v i u m o r t e s misteriosas de nada m e n o s do q u e quatro m u l h e r e s desde então.

Maxwell, Valentine Dyall, Diane Clare, Ronald Adam

Em

seguida, s o m o s apresentados a Eleanor Lance (Julle Harris), mulher solitária e reprimida, na casa dos trinta e alguns anos de Idade, q u e não perde a chance de participar d e u m experimento psíquico arranjado por u m certo doutor J o h n M a r k w a y (Richard J o h n s o n ) , antropólogo e m busca de provas científicas para a paranormalidade. Ao chegar na casa, Eleanor logo conhece o Dr. M a r k w a y (por q u e m se sente atraída), Luke Sanderson (Russ T a m b l y n ) , sobrinho cético do atual proprietário, e Theodora (Claire B l o o m ) - " s ó T h e o d o r a " -, artista, m é d i u m e lésbica (há fortes indícios), c o m u m interesse aparente e m fazer c o m que sua nova companheira de q u a r t o se abra para o m u n d o . Logo a casa c o m e ç a a dar sinais de sua presença: e s t r a n h o s ruídos são o u v i d o s no meio da noite, inexplicáveis correntes d e ar frio a a t r a v e s s a m . N u m a cena inesquecível e assustadora, Eleanor descobre que não estava segurando a m ã o d e n e n h u m dos o u tros v i s i t a n t e s de carne e osso. Fica cada vez m a i s claro q u e Eleanor é o principal alvo das a t e n ç õ e s da casa ou e n t ã o q u e ela própria, d e a l g u m a f o r m a , é a responsável pelas manifestações. Q u a n d o , de forma

Inesperada, aparece na casa

a esposa

do Dr.

M a r k w a y , o já esperado colapso de Eleanor se torna realidade e é a p r e s e n t a d o de forma arrepiante, através de u m m o n ó l o g o interior da p e r s o n a g e m . Ela é m a n d a d a e m b o r a da casa pelos outros v i s i t a n t e s , q u e t e m e m por sua s a n i d a d e , perde o controle da direção do carro para forças d e s c o n h e c i d a s e bate e m u m a árvore. Morre no m e s m o lugar onde morreu a primeira m u l h e r de H u g h Craln, anos a n t e s . W l s e utiliza c o m maestria e n q u a d r a m e n t o s o b l í q u o s , reflexos no espelho, lentes olho-de-pelxe, sons I n c o m u n s e edição de I m a g e n s para dar vida à Hill House e tornar a m b í g u a a verdadeira f o n t e d a s a m e a ç a s . Não veja este f i l m e sozinho! SJS

I

1 , 1


J . i p . i o (Daiei) 113 m i n . Cor Idloma: japonês D l r c ç â o : Kon Ichikawa l ' i i n i u ç a o : Masaichi Nagata Rotilro: Daisuke Itô, Teinosuke Klnugâsa, Natto W a d a , baseado no llvro de o t o k i c h i M l k a m l l o t o g r a f i a : Setsuo Kobayashi M U - . K a: Yasushi Akutagawa 1 linco: Kazuo Hasegawa, Fujiko Ï i m a m o t o , Ayako W a k a o , Eiji il (ï .Iii, Narutoshi Hayashi, Eijlrô 1

Yinagl, Chüsha Ichikawa, Canjiro Nakamura, Saburo Date, J u n 1 limamura, Kikue M o r l , Masayoshi 1 it iiiin, Raizô Ichikawa, Shintarô r , 1 1 . 1 1 , Yutaka Nakayama

A VINGANÇA DO ATOR (1963) YUKIIMOJO HENGE Este é u m d o s m a i s ultrajantes e d i v e r t i d o s f i l m e s j a m a i s produzidos no J a p ã o . Na época da p r o d u ç ã o , o diretor Kon Ichikawa tinha caído e m desgraça j u n t o ao estúdio, pois seus ú l t i m o s dois f i l m e s h a v i a m dado prejuízo. C o m o p u n i ç ã o , foi designado para fazer u m a obra que celebrasse a t r i c e n t é s i m a aparição na tela do legendário ator Kazuo H a s e g a w a . A idéia era refilmar a película m a i s popular d e H a s e g a w a , u m m e l o d r a m a e m b o l o r a d o c h a m a d o A vingança de Yukinojo.

H a s e g a w a reprlsaria seu papel d u p l o : u m

ator do t e a t r o K a b u k i especializado e m papéis f e m i n i n o s q u e vinga a m o r t e d o s pais e o ladrão que o ajuda. Na época do primeiro f i l m e , H a s e g a w a estava c o m 27 a n o s . Dessa vez, t i n h a c h e g a d o a o s 55. Ao Invés de t e n t a r disfarçar as I n c o n g r u ê n c i a s do projeto, Ichikawa

alegremente

a c e n t u a t u d o o que a história t e m de artificial e t e a t r a l , fazendo alterações s ú b i t a s no t o m e l i n g u a g e m . Ele lança m ã o de s e u passado c o m o artista d e histórias e m q u a drinhos c o m balões d e p e n s a m e n t o dos personagens, cenários a s s u m i d a m e n t e pobres, m ú s i c a a n ô m a l a e distorções v i s u a i s . As c o n v e n ç õ e s do t e a t r o K a b u k i são parodiadas c o m c a r i n h o , c o m i l u m i n a ç ã o ultra-estilizada e a m p l a s t o m a d a s horizontais que v a r r e m a cena. E Ichikawa aproveita ao m á x i m o a s possibilidades q u e a trama oferece para explorar a a m b i g ü i d a d e sexual: a certa altura, H a s e g a w a , c o m o h o m e m , observa a si m e s m o travestido fazendo a m o r c o m u m a mulher. PK

i n f . l a t c r r a (Elstree, Sprinukok) II,' mill. P & B Idioma:

(THE SERVANT)

ingles

C o m o a m e r i c a n o expatriado na Grã-Bretanha, J o s e p h Losey s e m p r e lançou u m olhar

n h e c a o : Joseph Losey I ' n x l u c a o : Joseph Losey, Norman I'llg.l'.en U N I I ' i i o : Harold Pinter, baseado no llviu he Robin M a u g h a m 1 otografta: Douglas

Slocombe

M U ' . i i . i : John D a n k w o r t h 1 leiico: Dirk Bogarde, Sarah Miles, Wendy Craig, J a m e s Fox, Catherine i i' i'v. Richard Vernon, Anne Firbank, I m i x , Patrick M a g e e , Jill ' i' ii' 'iil. Alun O w e n , Harold Pinter, I

0 CRIADO (1963)

k lansley, Brian Phelan, Hazel

ferry l e s t l v a l d e V e n e z a : Joseph Losey, inihi , 1 1 . 1 0 (Leao de Ouro)

d i s t a n c i a d o e d e s e n c a n t a d o sobre os hábitos d e país d e a d o ç ã o . M a s , e m O criado, primeira das suas três parcerias c o m Harold Pinter, seu olhar g a n h o u ainda m a i s força. O roteiro de Pinter, t i p i c a m e n t e elíptico e o b l í q u o , e a direção v i b r a n t e e cáustica de Losey o f e r e c e m u m a análise cínica d a s relações de classe, sexo e poder na Londres d o s a n o s 60. Tony ( J a m e s Fox e m seu primeiro papel principal) é u m j o v e m e a f e t a d o s o l t e i ro d e classe alta que contrata o criado Barrett (Dirk Bogarde). Aos p o u c o s , o servo passa a d o m i n a r toda a existência do p a t r ã o e o destrói l e n t a m e n t e . B o g a r d e se desfaz d e sua I m a g e m de galã dos anos 50, q u e a t é e n t ã o o perseguia, e t e m u m de seus melhores d e s e m p e n h o s no c i n e m a . No f u g a z e cheio de desprezo e i n s i n u a ç õ e s , n o leve s o t a q u e cockney, estão representados u m a história de r e s s e n t i m e n t o s de classe. Losey e Pinter, no e n t a n t o , criam a n o ç ã o de q u e os dois h o m e n s estão a p r i s i o n a d o s . A relação d e s u b m i s s ã o é alterada g r a d u a l m e n t e , m a s a m b o s c o n tinuam

presos à rede d e e x p l o r a ç ã o m ú t u a , s e n s a ç ã o a c e n t u a d a

pela c ã m e r a d e

D o u g l a s S l o c o m b e , que explora s i n u o s a m e n t e o espaço c l a u s t r o f o b i a ) da casa avarandada e a t r a n s f o r m a e m u m a gaiola l u x u o s a m e n t e decorada. Ela observa os m o r a d o r e s de â n g u l o s perturbadores. E n g r a ç a d o , sinistro e p r o v o c a n t e , O criado m a n t é m o poder de causar d e s c o n f o r t o . PK


(Ill/CONTRA GOLDFINGER

(1964)

lummiNGER)

I d i o m a : inglês

i i) satânico Dr. No pode ser considerado o e q u i v a l e n t e d o s f i l m e s d e Fu n s p o s t o para a era do Sputnik, Moscou contra 007 é uma versão Guerra Fria i.i', d e Fric Ambler. J á 007contra Goldfinger marca o m o m e n t o e m que os fil• llond se t r a n s f o r m a m e m u m gênero e m si. No terceiro da série produzida Bioccoll, a perspicácia brutal dos primeiros exemplares é m o d i f i c a d a na

D i r e ç ã o : Guy Hamilton P r o d u ç ã o : Albert R. Broccoli, I l.iuv Saltzman R o t e i r o : Richard M a l b a u m , Paul Dehn, baseado no livro de Ian Fleming

mu' antecede os créditos. O superagente interpretado por S e a n Connery

F o t o g r a f i a : Ted Moore

ii mascara e roupa de m e r g u l h o e revela por baixo u m s m o k i n g i m p e c á v e l ,

M ú s i c a : John Barry, M o n t y Normin

li uni vilão c o m o velho t r u q u e de jogar u m e q u i p a m e n t o elétrico na banheira ili 1 u n i de seus inesquecíveis epitáfios para m a l v a d o s ( " S e m c h o q u e s " ) . ih principal é o milionário m e g a l o m a n í a c o Aurlc Goldfinger (Gert Frõbc), ao uvléticos da agência S M E R S H , dos livros, ou dos c o m u n i s t a s da SPECTRE, d o s lios Mimes. C o m isso, Goldfinger foge da realidade geopolítica e se refugia e m m i n d e gibi, embora os chineses ainda e m p r e s t e m a r m a s nucleares para o bandl1 1 n a de abalar a economia ocidental. Na mistura entram ainda j o v e n s assassiI l u i i h o de ouro, u m lutador coreano (Harold Sakata, c o m o Oddjob, o mortífero l' 1 hapéus), u m a heroína de n o m e improvável (Honor B l a c k m a n é Pussy Galore), In l e i h com ralos laser e u m plano não para roubar Fort Knox, m a s para contami.idioatividade, t o m a n d o o ouro depositado inacessível por séculos e a u m e n 1 1 1 1 niiseqüência, o valor dos estoques do vilão. O s melhores Ingredientes dos 107 são sacudidos e não mexidos aqui. Há uma t o n i t r u a n t e ih l e m a de J o h n Barry, interpretada por Shirley Bassey. Lá está o i M.utln c o m escudo à prova de balas e ejetor no assento do nu

I n g l a t e r r a (Danjaq, Eon) 1 1 2 min 1 m

I t a m b é m cenários imensos d e Ken A d a m s . (Repare n o es-

i' m u de Goldfinger, c o m uma m a q u e t e de Fort Knox servindo c o le centro e entradas para gás v e n e n o s o - u m a sala e n o r m e ' 1 ida para apenas u m a cena.) Permanece na história aquela susf l l l d u a l de q u e Fleming parece achar digno de desprezo todo |l • | i i e tem sotaque estrangeiro e rouba no golfe. T a m b é m há cerachista na noção d e que dar uns a m a s s o s em Sean Connery inte para persuadir Pussy não a p e n a s a mudar de lado c o m o MIL " ' I H de orientação sexual. Desde e n t ã o , a série se reciclou. KN

V K N I I

VV1111M11

JAN FLEMINGS

• ,!

GOLDFINGER HONOR BLACKMAN - PUSSY CHLORE

GERT FROBE

E l e n c o : Sean Connery, Honor B l a c k m a n , Gert Frõbe, Shirley I a l o u . Tania Mallet, Harold Sakata, B e r n a u ! Lee, M a r t i n Benson, Cec Lindei, Austin Willis, Lois Maxwell, Bill Nagy Michael Meilinger, Peter Cranwell, Nadja Regin O s c a r : N o r m a n Wanstall (efeltOS especiais sonoros)


l U A (fuck) 30 m i n . Cor

SCORPIO RISING

Idioma: inglês

U m a das obras d e maior repercussão do cinema underground, este épico com apenas 30

(1964)

D i r e ç ã o : Kenneth Anger

m i n u t o s d e duração se inicia com o título e o n o m e do diretor apresentados nas costas de

I I r n c o : Bruce Byron

j a q u e t a s d e motoqueiro e m couro preto. E m seguida, despeja e m sua trilha quase uma jukebox Inteira c o m sucessos do final dos anos 50 e início dos 60 (como "Devil in Disguise", "The Angels", " M y Boyfriend's B a c k " c o m Elvis Presley, e " H i t t h e Road, Jack", c o m Ray Charles) e n q u a n t o mostra cenas filmadas na garagem de u m motoqueiro do Brooklyn. Imagens de fetichização romântica e n c h e m a tela: couro preto, pêlos e graxa, torsos desnudos, cromo reluzente, brinquedos e motocicletas, imagens de gibis e filmes (fotos de J a m e s D e a n , cenas de Marlon Brando e m O selvrigem, de 1953, exibidas e m uma televisão), anéis. Insígnias e m u s c u l o s o s rapazes recheando j e a n s apertadíssimos. S e m Scorpio Rising (Ascensão de Escorpião), M a r t i n Scorsese não poderia ter usado a música pop da forma que fez e m Caminhos

perigosos (1973); David Lynch não poderia ter

descoberto as conotações assustadoras escondidas na letra da canção de Bobby Vinton " B l u e Velvet" (que t a m b é m é usada aqui) e os filmes de ação não contariam com aquelas cenas homoeróticas e m q u e personagens se preparam para a ação prendendo armas ao corpo todo c o m correias. M a i s polêmico, a o ponto de provocar processos judiciais, foi o emprego espirituoso mas deliberadamente provocante da justaposição da música "He's a Rebel", do grupo The Crystals, à metragem autêntica da versão de escola dominical de "A vida d e Cristo", a c e n t u a n d o o conceito herege, senão sacrílego, d e q u e os discípulos f o r m a v a m u m a espécie de g a n g u e de jovens afetados, determinados a derrubar a ordem estabelecida, m e s m o q u a n d o a letra soa surpreendentemente c o m o u m sermão ("Não é razão para q u e eu não lhe deva dar t o d o o m e u a m o r " ) . O auto da paixão prossegue a o s o m de " P a r t y Lights", do The Ron-Dells, c a vida d e Cristo é e n t r e m e a d a por u m a espécie d e walpurgisnacht

(festa de feiticeiras medieval)

c o m m o t o q u e i r o s de j a q u e t a s e n f e i t a das c o m a suástica, cena celebrada m a i s tarde por Roger C o r m a n e m The Wild Angels (1966). C o m o c o s t u m a acontecer e m todos os f i l m e s d e K e n n e t h Anger, o e l e m e n t o m á g i c o nunca está d i s t a n t e , c o m u m e s q u e l e t o envolto e m u m v é u púrpura representando a M o r t e . Entret a n t o , este é, de longe, bem m e n o s I m penetrável do q u e o resto d e sua obra, q u e e s t r a n h a m e n t e é exibida na MTV, e m u m a d e m o n s t r a ç ã o de q u e as c a n ções não precisam ser apresentadas p a ra a camera (como acontece nos clássicos m u s i c a i s de H o l l y w o o d ) para f u n c i o n a r no contexto ser

cinematográfico.

ilustradas, r e m o n t a d a s

Podem

e ganhar

m a i o r p r o f u n d i d a d e c o m a utilização hábil - ou m e s m o l o u c a m e n t e inábil de i m a g e n s . K N

I ' I


OS GUARDA-CHUVAS DO AMOR m i III S 1'ARAPLUIES DE CHERBOURG) H á nu

111<• .ts platéias d e c i n e m a b u s c a m os m u s i c a i s c o m o a forma m a i s c o m p l e t a i

F r a n ç a / A l e m a n h a O c i d e n t a l (Bel a.

Madeleine, Pare) 87 min. Eastmancolor I d i o m a : francês

I m a g i n e só: e m o ç õ e s t ã o fortes q u e simples palavras n ã o b a s t a m para

D i r e ç ã o : Jacques Demy

l t | n l i u i l a s , levando os p e r s o n a g e n s a i r r o m p e r e m e m c a n t o e d a n ç a . O s p e r s o n a g e n s

P r o d u ç ã o : M a g Bodard

i' d ile J a c q u e s D e m y n ã o são exceção, m a s neste e n v o l v e n t e m e l o d r a m a o

R o t e i r o : Jacques Demy

11 mia m ú s i c a e dança a serviço do realismo e n ã o do e s c a p i s m o . O efeito é

F o t o g r a f i a : J e a n Rabier

iil

M ú s i c a : Michel Legrand

comovente.

m disso. Os guarda-chuvas

do amor se diferencia da maioria d o s m u s i c a i s por-

I . diálogos s ã o c a n t a d o s , a c o m p a n h a d o s pela trilha sonora de M i c h e l ii' se estende pelo f i l m e Inteiro. O efeito é hipnótico e belo. A m ú s i c a inln-. leva a m e r g u l h a r m a i s f u n d o na história devastadora e a cantoria inces• •niii i

luz d e s e m p e n h o s diretos e a b e r t o s do elenco. C a t h e t i n e D e n e u v e interpreta i inery, j o v e m apaixonada por u m m e c â n i c o c h a m a d o C u y ( N i n o Casteli li •, t r o c a m juras de paixão I m o r t a l . E m seguida, G u y parte para a guerra e descobre q u e está grávida. É persuadida a aceitar a proposta d e c a s a m e n t o i i i joalheiro (Mare M i c h e l ) , d o n o da loja onde sua m ã e trabalha. Ele está t ã o n l i i por G e n e v i è v e q u e p r o m e t e criar a criança c o m o se f o s s e sua. ii i e m o c i o n a l de G e n e v i è v e , n a t u r a l m e n t e , é a p r e s e n t a d o c o m o m á x i m o de m a n d o ela t e m notícias de Guy, s e u a m o r verdadeiro, u m a só vez, s o f r e m o s

• No e n t a n t o , D e m y nunca deixa q u e o f i l m e incorra n o s e n t i m e n t a l i s m o barato. Ilnal é I n t e n s a m e n t e t o c a n t e , m a s n ã o d e forma m a n i p u l a t i v a . Embora a i iinipra sua tarefa, dirigindo e refletindo os s e n t i m e n t o s d o s p e r s o n a g e n s , •I i s s i v a m e n t e s e n t i m e n t a l . A triste s e n s a ç ã o de i n e v i t a b i l i d a d e q u e transpira '•min chuvas do a m o r talvez responda p a r c i a l m e n t e por sua I m e n s a p o p u l a r i dade Demy, c o m o a maioria d a s pessoas, e n t e n d i a q u e n o m u n d o real n e m todas as '

u n i final feliz e, c o m a ajuda de u m elenco m a g n í f i c o ( e m q u e se destaca a

i n i i v e , e x t r e m a m e n t e c o n v i n c e n t e ) , foi hábil o s u f i c i e n t e para c o n t a r a sua c o m i h o n e s t i d a d e e m o c i o n a l , magia e m a t u r i d a d e . J K I

E l e n c o : Catherine Deneuve. Nino Castelnuovo, A n n e V e m o n , M a n Michel, Eilen Farner, Mireille P n i e y . Jean C h a m p i o n , Plerre Caden, le.iu Plerre Dorat, Bernard Fradei. Mu h«l Benoist, Phlllppe D u m a t , Dorothée Blank, J a n e Carat, Harald W o l l l I n d i c a ç ã o a o O s c a r : França (niclhoi filme estrangeiro), Jacques lieiuv (roteiro), Michel Legrand, Jacques Demy (canção), Michel I egiand (música) F e s t i v a l d e C a n n e s : Jacques Demy (Palma de Ouro), (Prêmio OCIC), e m p a t a d o com Vidas secas


MARNIE, CONFISSÕES DE UMA LADRA mwi) (MARNIE) Depois de sua estréia e m Os pássaros, de 1963, Tippi Hedren foi escalada n o v a m e n t e por Hitchcock, desta vez para Interpretar u m a bela cleptomaníaca que v e m o s pela primeira vez c a m i n h a n d o pela plataforma de uma estação ferroviária. Em u m quarto de hotel, ela lava o cabelo, eliminando a tintura preta e voltando a ser loura. Descobrimos que Marnlc acabou de roubar seu patrão e aos poucos percebemos que há algo de muito errado com ela. Fica histérica ao ver a cor vermelha e, na visita à m ã e , demonstra pouco afeto. Em seguida, M a r n i e é contratada pelo empresário bonitão Mark Rutland (Sean Connery). Numa cena recheada de suspense, M a r n i e rouba seu cofre enquanto a faxineira limpa o chão. M a r n i e v ê a mulher antes de ser detectada e passa por ela sorrateiramente, na ponta dos pés cobertos por meia-calça, e no m o m e n t o final u m de seus sapatos cal do bolso. M a s a faxineira não se vira. Ao f i m da cena, descobrimos q u e ela é surda. I U A (< .rollicy-Stanley, Universal) 11

ret hnicolor

I d i o m a : Inglês D i r e ç ã o : Alfred Hitchcock P r o d u ç ã o : Alfred Hitchcock R o t e i r o : Jay Presson Allen, baseado no llvrode W i n s t o n G r a h a m f o t o g r a f i a : Robert Burks M I I - . K . I : Bernard Herrmann I I c n c o : I ippi Hedren, Sean Connery,

Mark persegue M a r n i e e logo a confronta c o m u m a escolha: o c a s a m e n t o ou a polícia. N o cruzeiro de lua-de-mel, M a r n i e lhe conta que não suporta ser tocada por u m h o m e m , m a s , e m u m a cena perturbadora, ele força o c o n t a t o . Mark tenta psicanallsar sua esposa, instruindo-se c o m a leitura d e u m livro c h a m a d o Aberrações sexuais das mulheres criminosas.

A reação d e M a r n i e é tentar roubá-lo n o v a m e n t e . Desta vez, Mark

a força a Ir c o m ele e m visita à casa da m ã e e lá constata q u e a c o n d i ç ã o d e M a r n i e é resultado d e u m segredo, u m t r a u m a de infância. Embora recheado de t o q u e s c o m petentes e sedutores, típicos d e Hitchcock, Marnie é u m f i l m e estranho e perturbador, m u i t o por conta do p e r s o n a g e m M a r k . Embora garanta a m a r M a r n i e e t e n t e ajudá-la a

i llane Baker, Martin Gabel, Louise

superar a neurose, sua c o n d u t a está cheia de u m s a d i s m o mal s u p r i m i d o , q u e confere

I I t h i m , Bob Sweeney, Milton Selzer,

à m u l h e r o t r a t a m e n t o de u m a n i m a l e n j a u l a d o . C o m o diz a própria M a r n i e : " S o u u m a

M.incur Hartley, Alan Napier, Bruce

coisa q u e v o c ê c a p t u r o u . " A cena do estupro na lua-de-mel provocou discórdia entre

D r i n , I Icnry B e c k m a n , S. J o h n Launer, 11in 111 vanson, M e g W y l l i e

Hitchcock e o roteirista Evan Hunter. Este último queria eliminá-la porque tornaria Mark u m p e r s o n a g e m a n t i p á t i c o . Hitchcock recusou e o roteiro foi finalizado por Jay Presson Alien. EB


MINHA BELA DAMA (1964)

E U A (Warner Bros.) 170 min. Tei hnlCOlOI

IMV IAIRLADY)

I d i o m a : inglês

i/unia é u m m u s i c a l ao m e s m o t e m p o pretensioso e s u p e r f i c i a l , u m acordo u c a l'aoadway e H o l l y w o o d e u m verdadeiro produto de m e a d o s dos a n o s estúdios e seus v e t e r a n o s e s t a v a m n a u f r a g a n d o d i a n t e d e u m novo novas formas de se fazer c i n e m a . E n t r e t a n t o , apesat d e t o d o o t e m p o ni IH

i r . a duração (André Téchlné, e n t ã o u m dos j o v e n s m o d e r n i s t a s do Cabíeis a d m i r o u o q u e c h a m o u de " s u r p r e e n d e n t e v á c u o " ) , a essência do e n r e d o , ii 1'ninwleão, d e George Bernard S h a w , é e n v o l v e n t e e se c o n s t i t u i e m u m

• Mini de t u d o está u m a imbatível relação de a m o r e ódio. Rex Harrison é o a " lingüista Henry Higglns e Audrey Hepburn é Eliza Doolittle, u m a m e n i n a d a s unhes que ele escolhe para ser objeto de seu " e x p e r i m e n t o social". Simpatizaa cada passo da sua jornada: q u a n d o ainda é u m a pobretona que resiste

I n s Imitais de Higgins, quando colabora e começa a se apaixonar e, f i n a l m e n t e , In

. i

P r o d u ç ã o : Jack L. Warner R o t e i r o : Alan J a y Lerner, baseado 11.1 peça Pígmaieão, de George Bernard Shaw F o t o g r a f i a : Harry Stradllng Sr. M ú s i c a : Frederick Loewe E l e n c o : Audrey Hep&burn, Rex Harrison, Stanley Holloway, W i l h n l

" i niilo moderno.

i i

D i r e ç ã o : George Cukor

a uma " d a m a " d e s l u m b r a n t e , q u e descarta admiradores superficiais. I alidade de George Cukor afina a alquimia dessa dupla de estrelas t ã o Improno se serve do g l a m o u r à sua d i s p o s i ç ã o . (Cecil B e a t ó n fez o s figurinos e

Hyde-White, Gladys Cooper, Jeiciny Breu, Theodore Blkel, Mona Washbi 11 O s c a r : Jack L. Warner (melhor íilnic). George Cukor (diretor), Rex llaiii' (ator), Gene Allen, Cecil Beaton, Geoige James Hopkins (direção de arte), Harry Stradllng Sr. (fotografia), Cecil lieainii (figurino), André Prevln (música), George Graves (som) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Alan Jay I emei (roteiro), Stanley Holloway (alin

de arte.) E a s canções s ã o irresistíveis. A M

coadjuvante), Gladys C o o p n (atrll coadjuvante), W i l l i a m H. Ziegler (edição)

A MULHER DE AREIA (1964)

J a p ã o (Teshigara, Toho) 124 m i n 1 I d i o m a : japonês

('.UNA NO ONNA) i r i n h a parábola existencial, dirigida por Hiroshi Teshigahara, A mulher de areio iie u m equilíbrio i n c o m u m entre realismo e m e t á f o r a . U m e n t o m o l o g i s t a (Eiji que procura insetos na praia, aceita a h o s p i t a l i d a d e de uma m u l h e r misteriosa i r.hida). M a s logo percebe estar aprisionado na sua casa c o m o u m d o s espécli

Mias coleções. A casa fica a o pé d e uma duna e a a c u m u l a ç ã o de areia só pode

I n ula pela varredura c o n s t a n t e .

.nado político, o u ainda u m c o n t o sobre sobrevivência. M a s o resultado é m a i s . n i 111).1111 c. Okada n ã o pode fugir s e m provocar u m desastre, m a s , para começar, por Kishlda concede

•.exuais c o m o p a g a m e n t o pelo t r a b a l h o d e O k a d a , m a s não estaria por trás n u l o u m a estratégia para lidar c o m a solidão? A mulher de areia faz pouco da 1 icidade, a valoriza o u a descreve c o m o u m a tortura digna de u m Sísifo? O f i l m e leshlgahara n ã o oferece respostas. M a s fotografa a areia de forma inesquecível. 1

II

P r o d u ç ã o : Kiichi lehikawa, Tadashi O o n o R o t e i r o : Kôbô Abe, baseado em seu livro F o t o g r a f i a : Hiroshi Segawa M ú s i c a : Tôru Takemitsu

1 mulher de areia pode ser considerado p a r c i a l m e n t e u m exercício n e o f e m i n i s t a , o u

ngas d'água a l g u é m construiu u m a casa ao pé de u m a d u n a ?

D i r e ç ã o : Hiroshi Teshigahara

E l e n c o : Eijl Okada, Kyoko K l s h l d l , Hiroko Ito, Koji M i t s u i , Sen Yanc, Kinzo Seklguichi I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Japão (mellini filme estrangeiro), Hiroshi Teshigahara (diretor) F e s t i v a l d e C a n n e s : Hiroshi

Teshigahara (prêmio especial iln pini

D f i l m e , as d u n a s c a p t u r a d a s pelas lentes de Hiroshi S e g a w a m u d a m de lugar, u n e a f u n d a m q u a n d o m e n o s se espera. J K

•l-v


I n g l a t e r r a (Hawk) 93 m i n . P & B I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Stanley Kubrick P r o d u ç ã o : Stanley Kubrick, Victor

Lyndon R o t e i r o : Terry S o u t h e r n , Stanley I' Ubrlt k, baseadorao livro Red Alert, lie Peicr George F o t o g r a f i a : Gilbert Taylor M u s i c a : I aurle J o h n s o n ( l e n c o : Peter Sellers, George C. Scott,

DR. FANTÁSTICO OU COMO APRENDI A PARAR DE ME PREOCUPAR E AMAR A BOMBA (1964)

(DR. STRAIMGELOVE OR: HOWI LEARNED TO STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB) " C a v a l h e i r o s , não p o d e m brigar a q u i ! É a Sala de Guerra." Dr. Fantástico

é u m a brilhante

c o m e d i a d e h u m o r negro que f u n c i o n a c o m o sátira política, s u s p e n s e farsesco e historia exemplar sobre os riscos da tecnología para os Estados U n i d o s . Q u a n d o u m fanático general a m e r i c a n o desfecha u m a t a q u e nuclear contra a U n i ã o S o v i é t i c a , o presidente

M i ' d i n g l l a y d e n , Keenan W y n n , Slim

t e m m u i t o o que fazer. Precisa c h a m a r de volta seus b o m b a r d e i r o s e a c a l m a r os russos

en kens, I'cter Bull, J a m e s Earl Jones,

e n q u a n t o se digladia c o m seus conselheiros e u m cientista pervertido. A trama de

i i . H v Peed, Jack Creley, Frank Berry,

s u s p e n s e veio de u m livro sério, escrito por u m oficial da Força Aérea britânica, Peter

Kohci I O'Neil, Glenn Beck, Roy Stephens, S h a n e Rlmmer, Hal Gallll I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Stanley Kubrick

George, p u b l i c a d o n o s Estados U n i d o s sob o n o m e Red Alert e na Inglaterra c o m o Two Hours

to Doom.

Kubrick a d o r o u a história, m a s a c h o u q u e as pessoas a n d a v a m tão

I I I I I ' I I I O I lilme), Stanley Kubrick

i m p r e s s i o n a d a s c o m a a m e a ç a de a n i q u i l a ç ã o q u e , e m processo d e n e g a ç ã o , ficariam

(diretor), Stanley Kubrick, Peter

a p á t i c a s a u m d o c u m e n t á r i o ou drama sobre a q u e s t ã o nuclear. Ele surpreenderia a

George, Terry Southern (roteiro), Peter

platéia ao tornar a perspectiva concreta de e x t e r m i n a ç ã o global e m a l g u m a

Sellers (ator)

coisa

engraçada e p r o v o c a n t e , c o n t a d a c o m tática de história e m q u a d r i n h o s . Kubrick e o co-roteirista Terry S o u t h e r n criaram p e r s o n a g e n s grotescos cujas fixações a b s u r d a s e i m p r o v á v e i s c o n t r a b a l a n ç a m o realismo da s i t u a ç ã o ( q u e t a m b é m é a c e n t u a d o pela notável fotografia e m preto-ebranco de Gilbert Taylor). A i n f o r m a ç ã o sobre u m m e c a n i s m o capaz d e provocar o a p o c a l i p se é real, c o m o t a m b é m s ã o as operações do C o m a n d o Aéreo Estratégico e os p r o c e d i m e n tos a d o t a d o s pelos t r i p u l a n t e s do B-52. O s c o m p u t a d o r e s q u e l e v a m a s i t u a ç ã o para fora do controle h u m a n o só se t o r n a r a m mais p o derosos. Tenha m e d o . Tenha m u i t o m e d o . A ação transcorre e m três p o n t o s d i f e rentes, todos e x p e r i m e n t a n d o dificuldades de c o m u n i c a ç ã o . Na base aérea de Burpelson e s tá o m a n í a c o general Jack D. Rlpper (Sterling H a y d e n ) , obcecado c o m f l u i d o s corporais e conspirações c o m u n i s t a s . Ele s u b v e r t e os protocolos d e segurança e envia u m avião para b o m b a r d e a r os " v e r m e l h o s " c o m u m artefato nuclear. Ao m e s m o t e m p o , aprisiona o a t ô n i to oficial da Força Aérea britânica Lionel M a n drake (Peter Sellers). No B-52 de c o d i n o m e "Colônia de Leprosos", o determinado major T. J . " K i n g " K o n g (Slim Pickens) e sua t r i p u l a ç ã o (que inclui J a m e s Earl J o n e s e m sua estréia) sofrem de dificuldades c o m a r a d i o c o m u n i c a ção e i g n o r a m os esforços frenéticos para q u e


base. Na Sala d e Guerra, no P e n t á g o n o - u m Incrível cenário de Ken A d a m s -, nte M e r k l n M u f f l e y (Sellers) tenta interromper o A r m a g e d o m ao lado d o des11lio general B u c k T u r g l d s o n (George C . S c o t t ) , do e m b a i x a d o r soviético S a d e s k y liiill) e do d e m e n t e Dr. Fantástico (Sellers n o v a m e n t e , e m u m a h o m e n a g e m d e i H u i w a n g , cientista m a l u c o e fútil de Metrópole). H l ii u n t e d e s e m p e n h o de Sellers e m papel triplo é legendário, m a s todo o elenco i aula e m marcações exageradas e perfeitamente executadas. Duas imagens são l i ' Ivels: K o n g m o n t a d o na bomba H, urrando e n q u a n t o despenca, e o enloui'i

l a n t á s t i c o , incapaz de impedir seu braço mecânico de fazer a saudação

i m a l m e n t e se esganando. Rever este filme é ter a chance de constatar que ele i i e i h e , i d o de diálogos Impagáveis. O presidente Muffley falando ao telefone c o m o iilnistro soviético que u m de seus c o m a n d a n t e s "foi e fez u m a besteira" é u m ii entre os m o n ó l o g o s . Kubrlck retornaria ao t e m a da a m e a ç a e m potencial reprei ida p e l a dependência para c o m os c o m p u t a d o r e s e m 2001, uma

• da violência política e institucional e m A laranja mecânica

odisséia no espaço,

à

e à selvageria surreal

1 1 . 1 e m FuH Metal jacket. M a s nunca voltou a fazer suas platéias rirem t a n t o . AE


I n g l a t e r r a (Proscenium) 87 m i n . P & B I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Richard Lester P r o d u ç ã o : W a l t e r Shenson R o t e i r o : Alun O w e n l o t o g r a f i a : Gilbert Taylor MÚflca: George Harrison, John I r n n o n , George M a r t i n , Paul McCartney E l e n c o : John Lennon, Paul Ml

1

artney, George Harrison, Ringo

•a.111. Wilfrid Brambell, N o r m a n Ri lislngton, John J u n k l n , Victor

OS REIS DO IE IE IE (1964) (A HARD DAY'S NIGHT) U m crítico do Villagc

Vokc se deixou levar pelo e n t u s i a s m o e c h e g o u a se referir ao

f i l m e d e Richard Lester c o m o " o Cidadão

Kane dos f i l m e s jukebox", A c o m é d i a de 1964,

estrelada pelos B e a t l e s e sua m ú s i c a , pode n ã o ser t u d o isso (embora seja b e m m a i s e n g r a ç a d a ) , m a s m u d o u o f o r m a t o d o s f i l m e s sobre m ú s i c a pop para s e m p r e . U m roteiro perspicaz, realista-social do d r a m a t u r g o de Liverpool Alun O w e n , aliado à s influências surrealistas d e Lester (que tinha t r a b a l h a d o n o s a n o s 50 c o m T h e G o o n s , ídolos c ô m i c o s d o s B e a t l e s ) , torna v i b r a n t e a história d e u m dia na vida de u m grupo s e n s a ç ã o entre o público a d o l e s c e n t e . A câmera s e g u e os B e a t l e s , q u e I n t e r p r e t a m versões familiares de sl m e s m o s , a o longo de u m dia típico, perseguidos por f ã s , b a t e n d o p a p o , r e s p o n d e n d o a p e r g u n t a s idiotas da Imprensa e, ao f i n a l , a t é t o c a n d o .

S p i n e l l i , Anna Q u a y l e , Deryck Cuyler,

Lester d e u aos q u a t r o m e m b r o s da banda a p e n a s o s u f i c i e n t e para se o c u p a r e m , p r i n -

i i ' hard Vernon, Edward M a l i n , Robin

c i p a l m e n t e Rlngo Starr, cuja cena m a i s m a r c a n t e , à beira d e u m c a n a l c o m u m garoto,

li.iv. I imiel Blair, Ailson S e e b o h m I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Alun O w e n ( m l e l i o ) . George M a r t i n (música)

g a n h o u força pelo fato de Rlngo estar c u r t i n d o u m a ressaca m o n u m e n t a l . L e n n o n , M c C a r t n e y , Harrison e Starr a p a r e c e m na tela c o m o j o v e n s adoráveis, ligeir a m e n t e rebeldes e inteligentes, q u e , dentro da tradição d o s d r a m a s realistas do N o r t e da Inglaterra, s ã o s e n s a t o s , d e s p r e t e n s i o s o s e capazes d e enxergar a falsidade d o s outros. " L u t e i na guerra para d e f e n d e r g e n t e c o m o v o c ê " , diz u m v e t e r a n o d e b o n é para Starr, q u e replica: "Aposto q u e l a m e n t a ter g a n h a d o a guerra." A rejeição c o n s t a n t e a q u a s e t u d o - produtores de TV, p u b l i c i t á r i o s , a u t o r i d a d e s e m geral - poderia ter e n v e l h e c i d o m a l n ã o fosse a c o m p a n h a d a pela força a t o r d o a n t e e o g l a m o u r da m ú s i c a da banda. A c o m b i n a ç ã o f u n c i o n o u e x a t a m e n t e c o m o pretendido, u m a injeção d e p u blicidade t a n t o para The Beatles c o m o t a m b é m para a t a l " g e r a ç ã o j o v e m " . Embora Os reis do lê lê lê n ã o possa ser considerado responsável pela i n v e n ç ã o da c o n t r a c u l t u r a , por derrubar a velha H o l l y w o o d e t e r m i n a r a Guerra do V i e t n ã , foi v i s t o , a b s o r v i d o e reverenciado por m u l t i d õ e s d e j o v e n s t a l e n t o s artísticos ainda e m f o r m a ç ã o , princip a l m e n t e nos Estados U n i d o s , o n d e a j u v e n t u d e c o n s i d e r o u o f i l m e c a t á r t i c o . E as m ú s i c a s t a m b é m são ó t i m a s . Kl<

I'."


O DISERTO VERMELHO (1964) I

I t á l i a / F r a n ç a (Federiz, Duemlla, Fianco Riz) 120 m i n . Technicolor

SI UTO ROSSO) N I .i i olorido de M i c h e l a n g e l o A n t o n l o n i p e r m a n e c e u m p a r â m e t r o para o

Un d

I'.u.i a l i n g i r as n u a n c e s exatas q u e b u s c a v a , A n t o n i o n i fez c o m q u e pintasInteiros. Copias restauradas d e m o n s t r a m por q u e as plateias f i c a r a m t ã o i r . i u m as i n o v a ç õ e s , não só pelo uso expressivo da cor, m a s t a m b é m pela H i l e o deserto verme/lio v e m no final do período m a i s fértil d e A n t o n i o n i . da inesquecível trilogia formada por A aventura (1960), A noite (1960) e O 1 nibora O deserto vermelho possa ficar a dever u m pouco e m relação ao in úh Imo da série anterior, as p r e o c u p a ç õ e s ecológicas q u e o f i l m e expressa

pelo

I111I11 ii 1 1 1 1 11 hard Harris. A n t o n i o n i faz u m t r a b a l h o m e m o r á v e l c f a n t a s m a g ó r i c o c o m - Í E S industriais q u e cercam a p e r s o n a g e m , q u e por vezes p a r e c e m amea| | i | I N , e . e helas q u a n d o ela atravessa a p a i s a g e m d e ficção científica. ' qualquer heroína d e A n t o n i o n i digna desse n o m e , ela está à procura d e a m o r iiln

D i r e ç ã o : Michelangelo Antonioni P r o d u ç ã o : Tonino Cervi, Angelo Rizzoli R o t e i r o : Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra F o t o g r a f i a : Carlo Dl Palma M ú s i c a : Giovanni Fusco, Vittorlo G e l m e t t l (música eletrônlca) E l e n c o : Mónica Vitti, Richaul Harrlf,

| | g ntdi*. p e i i i n e n t e s hoje do q u e na época do s e u l a n ç a m e n t o . v i l l i interpreta u m a m u l h e r casada e neurótica (Giuliana), atraída

I d i o m a : Italiano

e encontra sexo. U m a sequência de melancolia pós-coito é concebida de

1.111 ante através do uso expressionista da cor, seguindo a s m u d a n ç a s de h u m o r • I H . 1 A cena m a i s e n c a n t a d o r a descreve u m a fantasia de inocência, panteísta e

Cario Chionetti, Xenla Valdeii. H 1 1 . 1 Renoir, Lili Rheims, Aldo G i o l i i , Valério Bartoleschi, Emanuela Paula Carboni, Bruno Borghi, Beppe 1 Julio Cotignoli, Giovanni Lo III, Hiram M i n o M a d o n i a , Giuliano Missiiini F e s t i v a l d e V e n e z a : Michelaugeln

Antonioni (Prémio FIPRESCI), (LeiOdi Ouro)

que a heroína conta a seu filho d o e n t e , oferecendo i m p l i c i t a m e n t e u m a bela - u m belo m a r c o m o alternativa à m u l h e r perturbada e ao deserto v e r m e l h o il iln título. J R o s

OS CAVALOS DE FOGO (1964) (UNI ZABUTYKH PREDKIV) i n da história do ucraniano Mikhaylo Koysyublnskiy, a obra de Scrgei Paradjanov 1

e u m m a r c o do c i n e m a sonoro soviético, f u n d i n d o d e forma extraordinária hiMórla, poesia, e t n o g r a f i a , dança e ritual. M e s m o os f i l m e s posteriores n ã o m i ofuscar seu esplendor Inebriante. Encenado nas belas e áridas m o n t a n h a s

Sovcolor I d i o m a : ucraniano D i r e ç ã o : Sergei Paradjanov R o t e i r o : Ivan Chendej, base.nl conto de Mlkhayio Mlkhaylovlch Koysyublnskiy

patos, o f i l m e c o n t a o a m o r c o n d e n a d o de Ivan (Ivan Mikolajchuk) e M a r i c h k a

F o t o g r a f i a : Viktor Bestayev. Y 1 1 1 1

i .idochnlkova), m e m b r o s de f a m í l i a s rivais, e a vida d e Ivan e s e u c a s a m e n t o

llyenko

lli i H • da m o r t e da m o ç a . O enredo é t o c a n t e , m a s serve p r i n c i p a l m e n t e c o m o u m a nua

para P a r a d j a n o v apoiar o d e s e n h o e s t i m u l a n t e d e seus m o v i m e n t o s de

ira cheios d e lirismo (executados pelo craque Yuri llyenko), o uso inovador da ireza e d o s interiores, sua habilidade e m equilibrar folclore e fantasia e m relação a l i s pagãos e cristãos e o t r a t a m e n t o da cor e da m ú s i c a . U m f i l m e à altura de Aleksandr D o v z h e n k o , cujas visões poéticas sobre a vida na I

U n i ã o S o v i é t i c a (Dovzhenko)')/ nun

M ú s i c a : Miroslav Skorik E l e n c o : Ivan Mikolajchuk, I arlSI Kadochnlkova, Tatyana B c s l a y e v . i . Spartak Bagashvlll, Nikolai GrlnkO, Leonid Yenglbarov, Nina Allsova, Aleksandr Gaj, Neoníla Gnepi IV I 1 , A. Raydanov, I. Dzyura, V. Glyanko

. m i a sao referências freqüentes, Os cava/os de fogo t a m b é m lembra os contos de f a -

l i . n u geral e até m e s m o , por vezes, a l g u m a s das representações feitas por W a l t Disney II 1 .eus cenários, c o m o a c h o u p a n a e m Branca de Neve e os sete anões (1937). A força H l visceral de m u i t o s outros planos t a m b é m é I n c o n f u n d í v e l , exemplificada por u m no início do f i l m e , o n d e a câmera é colocada no toco d e u m a árvore q u e a c a b o u d e H l 1 nrtada, levando o espectador a a c o m p a n h a r sua vertiginosa queda. J R o s

•I I I


l i i K j a t e r r a (Alta Vista, AIP, AngloAm. ilga mated) 89 m i n . Pathecolor Idlomi: ingles D l i r ^ a o : Roger Corman I'mdu^ao: Roger Corman R o t c l r o : Charles B e a u m o n t , R. Wright ' impbell, baseado.nos contos "A mill ara m o r t a l " e "Hop-Frog", de

A MASCARA MORTAL (1964) (THE MASQUE OF RED DEATH) C o n f o r m e a v a n ç o u a série de f i l m e s d e Roger C o r m a n , produzidos na A m é r i c a , estrelados por V i n c e n t Prlce , baseados e m c o n t o s de Edgar Allan P o e , d e A queda da casa de Usher (1960) a t é O corvo (1963), ela foi se t o r n a n d o m a i s auto-referencial e g a n h o u t o m c ô m i c o . M a s , q u a n d o a produção da série foi transferida para a Grã-Bretanha e m 1964, o t o m d a s d u a s obras finais m u d o u r a d i c a l m e n t e . Foram elas A máscara

mortal e o

I (l(',.u Allan Poe

aterrorizante O túmulo sinistro (1965). E m A mascaro, Prlce foi e s c a l a d o b r i l h a n t e m e n t e

l o t o ^ r . i f i n : Nicolas Roeg

para interpretar o Príncipe Prospero, u m satanista italiano q u e p r o m o v e u m d e c a d e n t e

M u s i c . I : David Lee

baile d e m á s c a r a s e n q u a n t o a peste se espalha pelo c a m p o . Há u m enredo envolvendo

1 lim IK Vincent Price, Hazel Court,

g e n t e j o v e m sobre u m a m e n i n a i n o c e n t e (Jane Asher), s e q ü e s t r a d a , apaixonada por u m

1

r e v o l u c i o n á r i o . M a s a ê n f a s e está m e s m o na luxúria corrupta, c o m Price remexendo o

w l i n . David W e s t o n , Nigel

d i e m , Patrick Magee, Paul W h i t s u n l

it, Robert B r o w n , Julian B u r t o n ,

D.ivid Davics, Skip M a r t i n , Gaye h i u w n , Vcrina Greenlaw, Doreen D.iwn, Brian Hewlett

bigode e as s o b r a n c e l h a s c o m u m c i n i s m o e l e g a n t e e e n f a d a d o a t é m e s m o q u a n d o a própria M o r t e Invade o baile e c o n t a g i a os presentes e m u m a dança à la B e r g m a n . O diretor d e fotografia Nicolas Roeg é encorajado a adicionar seus próprios t o q u e s , q u e i n c l u e m longas passagens por u m a sucessão de salas, cada uma d e u m a cor (uma i m a gem presente no c o n t o original). O s efeitos c h o c a n t e s t ê m u m a s e n s u a l i d a d e o u s a d a . Patrick M a g e c aparece v e s t i d o d e m a c a c o e é q u e i m a d o vivo por um bobo da corte a n ã o ( s i t u a ç ã o e m p r e s t a d a de " H o p - F r o g " , outro c o n t o de Poe) e Hazel Court exibe seus exuberantes peitões c m tributo a Satã a n t e s de ser assassinada por u m falcão e m v ô o rasante. KN

Itália (1 Inerlz, Irlde) 115 m i n . P & B I d i o m a : italiano D i r e ç ã o : Bernardo Bertoluccl KOttlro: (.Ianni Amico, Bernardo Hnlulucci

ANTES DA REVOLUÇÃO (1964) (PRIMA DELLA RIVOLUZIONE) Antes da revolução, de Bernardo B e r t o l u c c i , é uma obra i m p r e s s i o n a n t e . Q u a n d o se leva e m conta q u e o diretor t i n h a e n t ã o a p e n a s 22 a n o s , pode-se considerá-la q u a s e m i l a grosa. A t r a n s p o s i ç ã o do r o m a n c e d e S t e n d h a l A cartuxa de Parma para os dias a t u a i s

1 litografia: Aldo Scavarda

conta a história de u m j o v e m , Fabrizio (Francesco Barilll), e seu a m o r Impossível pela tia

M u m i . 1 : 1 nnio Morricone, Gino Paoli,

Gina (Adriana Asti), 10 anos m a i s v e l h a . Ao contrário do que o título parece sugerir, esta

Aldo S i avarda M i n h a n ã o o r i g i n a l : Giuseppe Verdi 1 l . n i n: í velina Aipi, Gianni Amico,

não é u m a história engajada de heróica luta revolucionária, m a s u m a elegia à s v i d a s b u r g u e s a s c o n d e n a d a s por a c o n t e c e r e m a n t e s da r e v o l u ç ã o . A história é s i m p l e s . No

a.In.111.1 Asti, Cecrope Ba ri II i.

limiar da vida a d u l t a , Fabrizio t e m sua vida planejada d e acordo c o m a s regras da classe

I i.iiic esco Barilll, Amélia Bordl,

m é d i a de sua cidade. A m o r t e de seu a m i g o A g o s t i n o (Allen M l d g c n e ) por a f o g a m e n t o

l l l v a t o r e Enrico, Guido Fanti, lole

faz c o m que ele q u e s t i o n e seu f u t u r o e n q u a n t o c o m e ç a u m t e m p e s t u o s o r o m a n c e c o m

I iinanli, Antonio M a g h e n z a n i , Allen ' i i e , Morando Morandini, c i i l i a i d i i Padova, Cristina Pariset, Ida ivlliy.ll

Gina. O s e g m e n t o final do f i l m e f a z u m c o n t r a p o n t o entre o f u t u r o e s b o ç a d o pelo professor c o m u n i s t a d e Fabrizio e o a m i g o d e Gina q u e está a p o n t o de perder as terras da f a m í l i a . D e m o n s t r a q u e o próprio Fabrizio n ã o pode viver n e m n o f u t u r o n e m no passado, m a s a p e n a s e m u m presente incerto. Antes da revolução

é u m retrato perfeito

de u m a geração q u e iria abraçar a revolta no final da década de 60 e, t a m b é m , u m a t o r d o a n t e retrato d e P a r m a , c i d a d e natal de B e r t o l u c c i . C M


(;i KTRUD (1964) • li ú l t i m o f i l m e , Carl Dreyer chega ao a u g e do processo d e r e f i n a m e n t o e ipie ele perseguiu por mais d e 4 0 a n o s . É o f i l m e de u m v e l h o , por estar de u m sentido de renúncia tranqüila, e, ao m e s m o t e m p o , é e x t r e m a m e n t e • • A simplicidade ascética, o m i n i m a l i s m o introspectivo de seu estilo s ã o conI I I o r i e n t a ç ã o d e diretores m u i t o m a i s j o v e n s nesse m e s m o período, c o m o In A n t o n i o n i e M i k l ó s J a n c s ó . M a s Dreyer n u n c a se interessou e m seguir /', a n o s , havia c h e g a d o ao m e s m o p o n t o s e g u i n d o u m a rota i n t e i r a m e n t e 1 1 - l i Mud é a a d a p t a ç ã o d e uma peça do sueco H j a l m a r Sòderberg, de 1906, cuja i i . p i r a d a e m u m a m u l h e r c o m q u e m e l e teve u m intenso caso d e amor. A 'lê I ueyer elimina os e l e m e n t o s m a i s m i s ó g i n o s da peça (a a m a n t e d e Sõderberg 1 meou por u m h o m e m mais j o v e m ) e apresenta C e r t r u d c o m o u m a idealista uma m u l h e r q u e só aceita o a m o r e m seus próprios t e r m o s sinceros c exigenl>< I n " , h o m e n s a a m a m : o m a r i d o , u m poeta e u m j o v e m m ú s i c o . M a s ela os rejeita n e n h u m deles seria capaz d e colocar o a m o r por ela a c i m a d e t u d o , deixando i " e m s e g u n d o plano. Prefere u m a vida d e celibato e m Paris, dedicando-se a "ir a m e n t e . No epílogo, já Idosa, ela diz o seu e p i t á f i o : " C o n h e c i o amor." 1 i i l m a a obra c o m u m a c o n t e n ç ã o f a s c i n a n t e . C o m q u a s e d u a s horas d e du1 1 1 . 1 1 Ulme t o d o consiste e m m e n o s de 90 planos,

longos períodos de t e m p o , a câmera p e r m a n e c e " ' I i" '

' i i i plano m é d i o , o b s e r v a n d o a conversa d e pessoas. Apesar de t o m a d o s por s e n t i m e n t o s amor e desespero, os personagens r a r a m e n t e

»lrv.uu a voz. Há poucos cenários c apenas uma exteriinpllcidade é m á x i m a n o s décors. Entre os .In. i i H l " , 1 onsagrados, talvez a p e n a s O z u tenha ousai " •' i i ' . 1 o de tal austeridade estilística. E m sua estréia '"

Paris, Certrud foi recebido c o m u m a hostilidade

lie iiuipieensível pela imprensa c pelo público. Desde i n l . l o fui reconhecido c o m o a última pérola de u m 1 1 1 1 . singulares c i n e a s t a s de t o d o s os t e m p o s . É n i e q u e , c o m o sua heroína, d e v e ser avaliado "i

i i e . próprios t e r m o s . PK

D i n a m a r c a (Palladium) 119 min PgfB I d i o m a : dinamarquês D i r e ç ã o : Carl Theodor Dreyer P r o d u ç ã o : Jorgen Nielsen R o t e i r o : Carl Theodor Dreyer, baseado e m peça de Hjalmai Sõderberg F o t o g r a f i a : Henning Bendtsen M ú s i c a : Jorgen Jersild, Crethe Rlsbjerg Thomsens E l e n c o : Nina Pens Rode, Bendi Rol h l , Ebbe Rode, Baard O w e , Axel Strohyr, Karl Gustav Ahlefeldt, Vera Gebuhr, Lais K n u t s o n , Anna Malberg, I douird Mielche F e s t i v a l d e C a n n e s : Carl Theodoi Dreyer (Prêmio FIPRESCI)


f r a n ç a / I t á l i a (Arco, Lux) 137 m i n . PMt I d i o m a : italiano Dtrtçlo: Pler Paolo Pasolini P r o d u ç ã o : Alfredo Bini

O EVANGELHO SEGUNDO SAO MATEUS mm (ILVANGELO SECONDO MATTEO) Esta obra, u m a d a s primeiras d e Pier Paolo Pasollni. influenciada l i v r e m e n t e pelas tradições religiosas, marxistas e neo-realistas, mudará para sempre o seu conceito d e u m

ROttlro: Pler Paolo Pasolini

épico bíblico. Pasolini era u m crítico d e c i n e m a , escritor e teórico político antes d e fazer

f o t o g r a f i a : ToninoOelli Colli

f i l m e s , e m u l t a s d e suas produções s u p o r t a m o peso de suas a m b i ç õ e s intelectuais.

M u - . i í .1:1 uis Enriquez Bacalov

Neste f i l m e r e l a t i v a m e n t e direto, e n c e n a d o no S u l da Itália, Pasolini usa cenários

E l e n c o : l.nrique Irazoqui, Margherita

m í n i m o s e e n q u a d r a m e n t o s simples para criar u m retrato c o n v i n c e n t e da era bíblica.

C j i u s o , Susana Pasolini, Marcello

Pasolini usou atores não-profissionais. Enrique Irazoqui, o J e s u s , era u m e s t u d a n t e

Morante, Mario Socrate, Settimio Di

antes de conseguir o papel. O s discípulos são retratados c o m o u m grupo de jovens c o m

PprtO, Allonso Gatto, Luigi Barbini, dl,11 oiiio Morante, Giorgio Agamben, 1 .iililn < e i i c t a n i , Rosário Migale, Firrui' lo Nuzzo, Marcelo Galdini, Ello Sp.i/I.ini Indli içSo a o O s c a r : Luigi SciCClanoce (direção de arte), Danilo

consciência

social, que trabalham

por u m a causa

revolucionária. A j u v e n t u d e e

inexperiência dos atores revela a natureza t ê n u e dos primórdios do m o v i m e n t o cristão, cheio de incertezas e ainda por ganhar f o r m a . É c o m o se Pasolini quisesse apagar 2.000 a n o s d e d o g m a e tradição para e x a m i n a r os evangelhos d e u m novo ângulo. Pasolini se inspira e m outras artes para dar espiritualidade a u m a história contada e interpretada c o m s i m p l i c i d a d e . C o m poucos diálogos, ele coloca os personagens e m

1 ' " i i . I M (figurino), Luis Enriquez

close-ups icônicos que l e m b r a m as pinturas religiosas medievais. Alternando-se com os

H.H .ilov (música)

d o s e s , planos m é d i o s e longos, q u e trazem à m e n t e a obra d e Peter Brueghel ao c o l o -

I r 1 t i v . 1 l d e V e n e z a : Píer Paolo

car a história de Cristo e m u m contexto direto e cheio de v i d a . A trilha sonora inclui

1 Hl illnl (Prêmio OCIC), {prêmio • ipei lai tio júri), empatado com H I I I M I V Í . indicação (Leão de Ouro)

missas de Bach e M o z a r t e gravações de blues e confere às cenas u m significado a m a i s : recurso esperto para lidar c o m o elenco Inexperiente, q u e por vezes parece ter d i f i c u l dades para expressar e m o ç õ e s . Pasolini t e m sucesso e m criar u m f i l m e t o c a n t e e convincente a partir do evangelho, e ao m e s m o t e m p o e m fazer u m a crítica marxista da c r i s t a n d a d e . S e m assaltar o e s p e c t a d o r visceral e I n t e l e c t u a l m e n t e , c o m o faria Pasolini e m seus filmes posteriores, O evangelho c o n t é m m u i t a s Idéias q u e seriam d e s e n v o l v i d a s m a i s tarde e é u m a bela I n t r o d u ç ã o à obra do cineasta. RH


Dl US E O DIABO NA TERRA DO SOL ra) H .1 u m a d a s primeiras exibições de Deus e o Diabo na terra do Sol, u m critico leria e x c l a m a d o : " M e u Deus, Elsenstein renasceu... e é brasileiro!" Nascido na lado do Nordeste brasileiro c o n h e c i d o c o m o o berço da cultura afro-brasllelra, i H - , ( e u fascinado c o m o m i s t i c i s m o e c o m os faroestes a m e r i c a n o s . C o m H i r . de 20 a n o s , mudou-se para o Rio d e J a n e i r o , o n d e se e n t u r m o u c o m u m e jovens cinéfilos que viriam a f u n d a r o influente m o v i m e n t o do C i n e m a Novo. Inlluenclado pela política radical c o m o t a n t o s de sua geração, Gláuber procurou

B r a s i l (New c i n e m a , Copacabana. Luiz Augusto Mendes) 110 m i n . PlUt I d i o m a : português D i r e ç ã o : Gláuber Rocha P r o d u ç ã o : Luiz Paulino dos S a n i o s , Luiz Augusto M e n d e s R o t e i r o : Walter Lima Jr., Glauhei Rocha, Paulo Gil Soares F o t o g r a f i a : W a l d e m a r Lima

i as ligações entre m u d a n ç a s históricas e violência e m Deus e o Diabo na terra do

M ú s i c a : Sérgio Ricardo, Glauhei

história do Brasil foi (misericordiosamente) destituída de levantes v i o l e n t o s .

Rocha

principais transições - de Colônia a Império, d e Império à República Velha, e • I H i m diante - f o r a m r e l a t i v a m e n t e pacíficas. A q u i Rocha se concentra e m exemplos hues populares nos sertões brasileiros. Depois d e m a t a r u m patrão inescrupumoel (Geraldo Del Rey) foge c o m a m u l h e r Rosa (Yoná M a g a l h ã e s ) para as terras In sertão. Primeiro e n c o n t r a m S e b a s t i ã o (Lídlo Silva), u m m í s t i c o negro q u e pioximldade d e u m levante milenarista q u a n d o " o sertão vai virar m a r e o m a r

E l e n c o : O t h o n Bastos, Bllly Davis, Geraldo Del Rey, Sônia dos H u m i l d e - . Maurício do Valle, João G a m a , M.11 I H G u s m ã o , Yoná Magalhães, M.111 Antonio Pinto, Maria Olívia Reboliças Milton Rosa, Regina Rosenburgo, Roque Santos, Lidio Silva

ii sertão". S e b a s t i ã o acaba sendo m o r t o por Rosa e seus seguidores são liquli l n l " ' . pelo rifle d e A n t o n i o das M o r t e s ( M a u r í c i o do Valle), u m a figura misteriosa, nia pela Igreja e por latifundiários. E m seguida, M a n o e l e Rosa e n c o n t r a m i H ( o t h o n Bastos), o " D i a b o Louro", ú l t i m o dos cangaceiros - bandidos vestidos de i

a extravagante c o m u m a aura de Robin Hood na visão popular - a permanecer M S

M o r t e s acaba p e g a n d o Corisco t a m b é m , m a s M a n o e l e Rosa c o n t i n u a m a

i. ainda rebeldes m a s conscientes de que n e m a marginalidade n e m o m i s t i c i s m o podem resolver seus problemas. I ilinado e m u m preto-e-branco árido q u e faz a tela p r a t i c a m e n t e reluzir c o m o caI n i . l'eus e o Diabo na terra do Sol alterna m o v i m e n t o s d e câmera frenéticos c o m s e q u e m ias cuja m o n t a g e m é d i n â m i c a , sobrepondo a música de Villa-Lobos a o v e n t o , I ritos e tiros. O efeito final é a s e n s a ç ã o d e que o f i l m e e o país retratado por ele estão i ponto de explodir. Talvez não seja surpreendente saber q u e , antes da c o n c l u s ã o do Ulme e d e seu l a n ç a m e n t o comercial, os militares brasileiros p r o m o v e r a m u m golpe e • i.ibeleceram u m a ditadura q u e duraria 20 a n o s . RP

I

I',


l a p ã o (Kindai Eiga Kyokai, Toho, i> • I vi • I Iga) 103 m i n . P & B I d i o m a : japonés

ONIBABA (ONIBABA) Onlbaba,

D i r e ç ã o : Kaneto Shindõ 1 ' i o d u ç ã o : Hisao Itoya, Tamatsu M í n a l o . S e t s u o Noto

A MULHER DEMONIO (1964)

de K a n e t o S h l n d ô , conta u m a história de terror a b s o l u t o do ponto d e vista

d o s perdedores. A o fazê-lo, realiza u m a declaração apaixonada e alegórica sobre a vida e m m e i o à falta d e recursos e ao a n t a g o n i s m o de classe e gêneto. T a m b é m revela os I m pulsos ideológicos que c o s t u m a m se esconder no próprio gênero de horror. O enredo se

K o t c i r o : Kaneto Shlndô f o t o g r a f i a : Kyiomi Kuroda

d e s e n v o l v e e m t o r n o d e d u a s c a m p o n e s a s , u m a m ã e ( N o b u k o O t o w a ) e sua nora

M u s i c a : Hlkaru Hayashi

(Jltsuko Y o s h l m u r a ) , q u e s o b r e v i v e m a u m a guerra m e d i e v a l m a t a n d o s a m u r a i s per-

C l e r i c o : Nobuko O t o w a , Jltsuko

didos e v e n d e n d o suas a r m a s para conseguir a l i m e n t o . U m dia aparece na cabana da

Yoshlmura, Kel Sato, Jukichl U n o , Talji

velha u m s a m u r a i c o m u m a máscara assustadora e lhe pede para mostrar o c a m i n h o

Ibnoyama, somesho M a t s u m o t o ,

através da v e g e t a ç ã o da área. O b c e c a d a pelo desejo de ver seu rosto, ela o m a t a e, e m

I- ' i n , 1 1 0 Kajl, Hosui Araya

u m d o s m o m e n t o s m a i s c h o c a n t e s da fita, r e m o v e a máscara e encontra o rosto de u m a das v í t i m a s da b o m b a a t ô m i c a (hibakusha).

A velha c o m e ç a a usar a máscara e, e m

u m a cena terrível, a máscara fica p e r m a n e n t e m e n t e grudada ao s e u rosto. A mulher m a i s j o v e m , r e l u t a n t e m e n t e , abre a máscara c o m u m m a c h a d o e encontra o rosto e n s a n g ü e n t a d o e t o r t u r a d o d e u m a hibakusha

viva, e foge horrorizada. O f i l m e termina

c o m três planos repetidos m o s t r a n d o a velha perseguindo a m a i s j o v e m aos gritos. " N ã o sou u m d e m ô n i o , sou u m ser h u m a n o . " Ao t r a n s f o r m a r a máscara d e m o n í a c a e m disfarce para o rosto desfigurado d o s hibakusha

- grupo e s t i g m a t i z a d o no J a p ã o d e p o i s da S e g u n d a Guerra M u n d i a l -, S h i n -

dõ b r i l h a n t e m e n t e conecta a s c o n v e n ç õ e s de u m gênero c o m os horrores reais de sua terra n a t a l . J K e

I H A (Andy Warhol) 70 m i n . P & B I d i o m a : inglês

VINYL (1965) Feito e m 1965, o f i l m e d e A n d y W a r h o l consiste e m dois rolos c o m 33 m i n u t o s , e m

D i r e ç ã o : Andy Warhol

preto-e-branco, não editados. É u m a versão f a s c i n a n t e , sexy do livro A laranja

lloteiro: Ronald Tavel, baseado no

de A n t h o n y Burgess, q u e seria d e p o i s f i l m a d o por Stanley Kubrlck. E m Vinyl, o centro

llviu A laranja mecânica,

das a t e n ç õ e s está n o s a d o m a s o q u l s m o h o m o c r ó t i c o , e n q u a n t o o d e l i n q ü e n t e juvenil

de Anthony

lanj'.i",', 1 l i t o g r a f i a : Andy W a r h o l I Itncot Fdle Sedgwick, Tosh Carillo, Gerard M a l a n g a , J . D. M c D e r m o t t , line, Jacques Potin

mecânica,

Victor, interpretado por u m d e l i c i o s a m e n t e s e m graça Gerard M a l a n g a , recebe sua " r e e d u c a ç ã o " nas m ã o s da polícia. O roteiro esperto de Ronald Tavel, colaborador f r e q ü e n t e d e W a r h o l , faz c o m q u e Victor d ê u m a s p a n c a d a s e m u m sujeito, leve o u t r a s t a n t a s da polícia, veja a l g u n s f i l m e s sobre delinqüência j u v e n i l , vista u m a máscara d e couro s a d o m a s o q u l s t a , cheire e s t i m u l a n t e s e d a n c e l o u c a m e n t e a o s o m de " N o w h e r e t o R u n " , c a n t a d o pelo grupo The S u p r e m e s . A história da reeducação de Victor é a c o m p a n h a d a por uma cena sadom a s o q u i s t a estrelada pelo D o u t o r (Tosh Carillo m u i t o sexy e m a p e r t a d í s s i m o s j e a n s brancos), que l e n t a m e n t e provoca seu c ú m p l i c e , preso d e b o m grado e s e m c a m i s a . O b r i l h a n t i s m o de Vinyl se d e v e e m boa parte a o e n q u a d r a m e n t o da ação escolhido por W a r h o l . O uso d o p o s i c i o n a m e n t o estático da c â m e r a c o n d e n s a t o d a s as cenas n o espaço e n t u l h a d o m a s d i n â m i c o d e u m quadro. A reeducação d e Victor está n o p r i meiro plano, e n q u a n t o a sessão s a d o m a s o q u i s t a do Doutor a c o n t e c e ao f u n d o . No m e i o está o travesti O n d l n e e, t a l v e z , o mais m a r c a n t e , u m silencioso Edle S e d g w i c k , efervescente no c a n t o direito da tela. M S

I Id


A LOJA NA RUA PRINCIPAL <1965>

T c h e c o s l o v á q u i a (Barrandov) 128

liiltillODNA KORZE) in.ms c o m o v e n t e drama feito sobre o H o l o c a u s t o , o f i l m e de J á n Kadár e Elmar ii.1 da m o r a l i d a d e Ir

individual

e da r e s p o n s a b i l i d a d e

no contexto

de uma

Intal", t e m a provocante que não passou despercebido dos censores tchecos. de d a s c o m p l i c a d a s q u e s t õ e s h u m a n a s l e v a n t a d a s pelo

minus e g e n t i o s e m u m a Tchecoslováquia

ocupada

uma esperança utópica para a felicidade coletiva

relacionamento

pelos a l e m ã e s , o f i l m e no m e i o do desespero

11 protagonista, Tono (Jozef Kroner), é carpinteiro e m u m a cidadezinha e seu 111c• 111a são as r e c l a m a ç õ e s da esposa Evelyna (Hana Sllvková), q u e insiste para i|iu ' I' , iil.ihore c o m os a l e m ã e s e g a n h e m a i s dinheiro, c o m o o seu c u n h a d o M a r c u s l / v a r i k ) . M e s m o c o n s i d e r a n d o a p c i s p e c t i v a pouco a t r a e n t e , Tono concorda ii-.ignado " i n s p e t o r a r i a n o " n u m a lojinha d e u m a senhora j u d i a , idosa e u m I m i l u i .iduca, a senhora L a u t m a n n (Ida K a m i n s k a ) , Tono descobre q u e a loja não dá

I d i o m a : tcheco / eslovaco D i r e ç ã o : Ján Kadár, Elmar Klos R o t e i r o : Ladlslav Grosma, Jau í . H I . H Elmar Klos E l e n c o : Ida K a m i n s k a , Jozel Kronei Hana Slivková, M a r t i n Holly, Adam Matejka, Frantisek Zvarik, Mikiil.r. Ladizinsky, M a r t i n Gregor. Alujz Kramar. Glta Misurova, Frantisek Papp, Helena Zvarlková, Tlboi Vadll, Eugen Senaj, Luise Grossova O s c a r : T c h e c o s l o v á q u i a (melhoi l i l m e estrangeiro) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Ida Kaminska

que a viúva é s u s t e n t a d a pelos outros j u d e u s da c i d a d e , q u e logo c o n t r a t a m

(atriz)

na 111idar dela. Pela primeira vez na vida, Tono é obrigado a conviver c o m u m

F e s t i v a l d e C a n n e s : Josef Kroner, Ida

u r s t r a n h o casal acaba f i c a n d o próximo. Chega e n t ã o a o r d e m para os j u d e u s • in seus pertences e seguirem para u m c a m p o d e " t r a b a l h o " . A princípio. Tono ii ar a m u l h e r a se j u n t a r aos outros na rua. M a s ela resiste, e Tono, c o n f u s o e ii o, decide trancá-la dentro de u m a r m á r i o até o final da d e p o r t a ç ã o , e s p e r a n d o iihos sejam salvos. M a s o t r a t a m e n t o rude q u e ele dispensou à velha a m a t o u . Ao o corpo s e m vida da senhora L a u t m a n n , Tono é t o m a d o pela culpa. P õ e u m i volta do pescoço e se enforca. i

1

P&B

é u m a espécie de e n c a r n a ç ã o do h o m e m c o m u m q u e , e m b o r a esteja deslnido pelas q u e s t õ e s ideológicas q u e o c i r c u n d a m , acaba d e s c o b r i n d o q u e a s

i l n (instâncias o f o r ç a m a escolher e agir. Q u a n d o age, a s s u m e a responsabilidade e ulpa, m a s t a m b é m t e m u m a v i s ã o sobre u m a c o m u n i d a d e a l e m das ideologias i l a r i s m o . C o m belas a t u a ç õ e s e direção, A loja na rua principal l.i renascença tcheca. R B P

é u m a das obras-

Kaminska (menções especiais)


DOUTOR JIVAGO

(1964)

(DOCTORZHIVAGO) Talvez o m a i o r épico produzido para as telas, a versão d e David Lean do livro de Boi Is Pasternak faz a crônica dos d e s c o n t e n t a m e n t o s na sociedade russa do Início do século XX, dos efeitos desastrosos da Primeira Guerra M u n d i a l no país, b e m c o m o da revolução que destruiu a velha ordem só para fazer c o m q u e os russos sofressem as agonias de uma primeira guerra civil e, e m seguida, c o n s t a n t e turbulência política e insegurança. O roteiro de Robert Bolt c u i d a d o s a m e n t e r e s u m e a longa história do livra, contada e m f l a s h b a c k , sob a perspectiva d o s anos 30, t e m p o d e m u d a n ç a s e c o n ô m i c a s e sociais. Jivago ( O m a r Sharif) é u m m é d i c o bem-nascido, cuja v o c a ç ã o é a poesia. Casase c o m a n a m o r a d a d e infância, Tonya (Geraldine Chaplin), a n t e s d e partir para servir na guerra. C o n h e c e e n t ã o Lara (Julie Christie), o grande a m o r d e sua vida, q u e t a m b é m é casada c o m u m conhecido revolucionário. Depois da revolução, a família de Jivago sofre e ele é forçado a trabalhar c o m o oficial m é d i c o para os b o l c h e v i q u e s durante a guerra civil. Acaba e s c a p a n d o e descobre q u e sua família fugiu para Paris para evitar a prisão o u coisa pior. Encontra Lara e os dois v i v e m j u n t o s . D u r a n t e esse t e m p o , ele escreve seus m e l h o r e s versos. M a s os dois a m a n t e s d e v e m se separar e nunca m a i s se ver. Embora seja u m a t o c a n t e história de a m o r c o m Christie e Sharif e n c a r n a n d o c o m eficiência o casal infeliz, Doutor J í v o g o é talvez mais lembrado por suas seqüências m a g n í f i c a s : o a t a q u e de cossacos a r m a d o s c o m espadas contra u m grupo d e m a n i I U A ( M G M , Sostar) 197 min. Metrocolor

f e s t a n t e s , a v i a g e m de t r e m i n t e r m i n á v e l , através do país, s u p o r t a d a pela família de

I d i o m a : inglês

J i v a g o , a p a i s a g e m d e inverno q u e J i v a g o precisa atravessar para se reencontrar c o m

D i r e ç ã o : David Lean

Lara e m u m a m a n s ã o de c a m p o a b a n d o n a d a . Lean esbanjou t a l e n t o e m lidar c o m u m

1 ' r o d u ç ã o : Arvid Griffe, David Lean,

elenco i n t e r n a c i o n a l f o r m a d o por atores c o n s a g r a d o s , c o m e f i c i e n t e s participações de

( arlo Ponti

Rod Stelger e Tom Courtenay e m papéis secundários. A fotografia d e Freddie Y o u n g evo-

R o t e i r o : Robert Bolt, baseado no livro

ca a v a s t i d ã o e a beleza rústica da p a i s a g e m russa e a trilha sonora de M a u r i c e Jarre

île Boris Pasternak

complementa

l o t o g r a f i a : Freddie Young M ú s i c a : Maurice Jarre E l e n c o : O m a r Sharif, Julie Christie, i i i ' i a l d i n e Chaplin, Rod Steiger, Alec

a d m i r a v e l m e n t e a história. Doutor livago

d e m o n s t r o u ser a l t a m e n t e

lucrativo nas bilheterias e d e s d e e n t ã o t e m atraído m u i t o s espectadores nas exibições televisivas, graças a seus p e r s o n a g e n s m e m o r á v e i s , ação poderosa e u m a descrição c o m o v e n t e de i m p o r t a n t e s e v e n t o s históricos. RBP

> iulnness, Tom Courtenay, Siobhan M i Kcnna, Ralph Richardson, Rita lii'.hingham, Jeffrey Rockland, Tarek

JBSBËËÈÊËËBÈ

Sharif, Bernard Kay, Klaus Kinski, i ii'iard Tichy, Noel W i l l m a n O s c a r : Robert Bolt (roteiro), John Box, I n e i i c e M a r s h , Dario S i m o n i (direção d l arte), Freddie Young (fotografia), Phyllis Dalton (figurino), Maurice L i n e (música)

mm

i n d i c a ç ã o a o O s c a r : Carlo Ponti (melhor filme), David Lean (diretor), [Dm I nurtenay (ator coadjuvante), li

an Savage (edição), A. W .

W a i kins, Franklin Milton (som) I e s t i v a l d e C a n n e s : David Lean, lndl< a t ã o (Palma de Ouro)

U>

m

1•Iwan

k IKL,.

Zaual

I

'

*Á.~' - ñ a ^ H 1


lili WAR GAME (1965)

I n g l a t e r r a (BBC) 4 8 m i n .

n i n e as c o n s e q ü ê n c i a s de u m a t a q u e nuclear à Inglaterra, The War Carne I I L u banido pela B B C , canal de t e l e v i s ã o q u e o produziu, ostensiva(i I H i c outras razões a p r e s e n t a d a s ou sugeridas) era " h o r r í v e l

demais

ii i" The War Carne tornou-se u m a causa célebre, g a n h o u o Oscar e tor- m a i s c o n h e c i d o de Peter W a t k l n s . A película mistura cenas aparenII idas por u m a e q u i p e de cinejornal e outras produzidas n o estilo de (apenas u m a c â m e r a , na m ã o , I l u m i n a ç ã o natural) e m s i t u a ç õ e s q u e i piescnça de u m a c â m e r a . A narração ao f u n d o (feita por u m locutor de

P&B

I d i o m a : Inglês D i r e ç ã o : Peter W a t k l n s R o t e i r o : Peter W a t k l n s F o t o g r a f i a : Peter Bartlett E l e n c o : Michael Aspei, Petei ( . I . I I I . H M O s c a r : Peter W a t k l n s (docuniciil.nln) F e s t i v a l d e V e n e z a : Peter W a t k l n s (prêmio especial)

'i da B B C ) às vezes fala c o m o se os e v e n t o s m o s t r a d o s já t i v e s s e m aconi d a t a s e horas e utilizando os verbos n o passado. E m seguida, s e m a v i s o , i h i i n i i I n f o r m a t i v o o u e s p e c u l a t i v o ( " S e os planos de e v a c u a ç ã o f o s s e m I I E , I e n a s c o m o esta s e r i a m I n e v i t á v e i s " , "Poderia ser a s s i m q u e a Grãiicierla e m seus dois ú l t i m o s m i n u t o s de p a z " ) . A brincadeira

livre de

r. estratégias narrativas dá ao f i l m e u m a c o n s t a n t e I n q u i e t a ç ã o t ã o i i i i i o as i m a g e n s de destruição. The War Carne é u m tour d e force q u e n ã o ii n l e i de horrorizar desde a época de seu l a n ç a m e n t o . CFu

A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA (1965)

B r a s i l (Luiz Carlos Barreto Produções Cinematográficas, Dlfilm) 113 m i n P&B

m e difícil de ser traduzida e m i m a g e n s , a obra d e G u i m a r ã e s Rosa só teve 'In i

i.i 1 p i . i i , u e s bem-sucedidas para o f o r m a t o a u d i o v i s u a l . A n t e s da m i n i s s é i i e tele,1.iiide s c i t ã o : v e r e d a s " , dirigida por W a l t e r A v a n c i n i , h o u v e A hora e a vez de i ' 1 ' h / i / a , f i l m e de Roberto S a n t o s cuja base é o c o n t o h o m ô n i m o p u b l i c a d o Mínenle na a n t o l o g i a hl III

q u e externa - c o m a t e n ç ã o à p a i s a g e m do sertão consagrada por Rosa - o u m processo

D i r e ç ã o : Roberto Santos R o t e i r o : Roberto Santos, Gianfrancesco Guarnieri, baseado nu conto h o m ô n i m o de Guimarães Kos.i

Sagarana.

111 c o m p e t i ç ã o n o Festival d e C a n n e s foi u m m e r e c i d o r e c o n h e c i m e n t o

- n i Ialmente

I d i o m a : português

Interno

do p e r s o n a g e m - t í t u l o ,

q u e primeiro

1 sua violência l a t e n t e para depois v o l t a r a abraçá-la e m n o m e d e u m a causa. In por fazendeiros h u m i l d e s após ter sido traído pela esposa e e s p a n c a d o nilgos, A u g u s t o (Leonardo Villar) dá u m a grande virada e m sua trajetória: abraça

F o t o g r a f i a : Hélio Silva E d i ç ã o : Silvio Renoldi M ú s i c a : Geraldo Vandré E l e n c o : Leonardo Villar, Jofre Soaies, Maria Ribeiro, Maurício do Valle, Flávio Migliaccio

' ' i ' u l u l a u m a vida m o d e s t a , que encara c o m o penitência pelas c o n f u s õ e s q u e passado. C o n t u d o - c o m o a câmera d e m o n s t r a n o c o n f r o n t o de M a t r a g a 11 ' .iv.ilii s e l v a g e m -, sua natureza é t u r b u l e n t a , e seu desejo n ã o é suprimi-la, una la. O chefe de j a g u n ç o s J o ã o z i n h o B e m - B e m (Jofre Soares) lhe proporcionará •

i

• de fazer isso. 1

. 'ii.

do sertão e a época do l a n ç a m e n t o parecem jogar Matraga

no coração do

1 N o v o . C o n t u d o , o f i l m e t a n g e n c i a o m o v i m e n t o m a i s do q u e se insere nele, 1

.'.eiiclalmente nos dramas do p e r s o n a g e m - t í t u l o , q u e não são c o n t i n g ê n c i a

ii i- sim i o n f l l t o s d e sua própria a l m a . J B i

41')


A BATALHA DA ARGELIA

oses)

(LA BATTAGLIA Dl ALGERI) U m bacharel e m química q u e virou jornalista e se converteu e m j o v e m líder da resisten cia antifascista na Itália d u r a n t e a Segunda Guerra M u n d i a l , Gilio Pontecorvo entrou no m u n d o do c i n e m a c o m o d o c u m e n t a r i s t a . Trouxe seu Intelecto, f i r m e s crenças políticas e experiência pessoal a este thriller político, s e m i n a l e eletrizante, q u e reconta a s a n guinolenta luta da Argélia por sua Independência da França. A ação acontece entre 1954 e 1962 no estilo e c o n ô m i c o e a u t ê n t i c o dos d o c u m e n t á r i o s d r a m á t i c o s , c o m u m elenco de atores não-proflssionais, f i l m a d o e narrado c o m o se fosse u m cinejornal. Ganhador do prestigioso Leão d e O u r o no Festival de Veneza, A batalho da Argélia foi u m dos f i l m e s m a i s influentes produzidos na Itália na década de 60 e não perdeu u m pingo de seu poder apaixonado. O filme começa q u a n d o o h o m e m mais procurado da Argélia, Ali La Point (Brahim Haggiag), e seus colaboradores mais próximos, incluindo uma mulher e uma criança, são encurralados e m seu esconderijo por u m n ú m e r o enorme de soldados franceses que s e g u e m u m a informação obtida sob tortura. O grupo recebe a ordem de render-se ou morArgélia / I t á l i a (Casbah, Igor) 117 m i n .

rer. Enquanto os segundos passam após o ultimato, a narrativa retorna até as origens de

P&B

AM c o m o pequeno delinqüente, seu recrutamento para a causa da expulsão dos franceses

i d i o m a : francês

e seu progresso até se tornar u m a lenda viva e mártir heróico. Enquanto isso, as autorida-

D i r e ç ã o : Gilio Pontecorvo

des francesas reagem à sublevação, que se tornou u m modelo para a guerrilha moderna,

P r o d u ç ã o : Antonio M u s u , Yacef Saadi

utilizando u m a força paramilitar c o m u m obstinado c o m a n d a n t e e estrategista.

R o t e i r o : Gilio Pontecorvo, Franco Solinas Fotografia: Marcello Gatti M ú s i c a : Ennio Morricone, Gilio Pontecorvo F l e n c o : Jean M a r t i n , Yacef Saadi, Uiahim Haggiag, Samia Kerbash, l o m m a s o Neri, Michèle Kerbash, Ugo

Embora Pontecorvo tenha recebido assistência financeira do governo argelino - e o f i l m e não esconda sua visão anticolonialista -, cenas de atrocidades e represálias horripilantes e de cortar o coração são apresentadas m e r i t o r i a m e n t e de forma equilibrada, descrevendo os dois lados do conflito e seu terrível custo h u m a n o . É arrebatador do Início a o f i m . U m a d e m o n s t r a ç ã o desse equilíbrio é a seqüência cheia d e suspense q u e a c o m panha m u l h e r e s e s c a p a n d o de revistas no m e r c a d o argelino e p l a n t a n d o b o m b a s pri-

Paletti, Fusia El Kader, Franco Morici

m i t i v a s — na sala d e espera d e u m aeroporto, n u m a sorveteria — e n q u a n t o a d o l e s c e n -

I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Itália (melhor

tes franceses

Ulme estrangeiro), Gilio Pontecorvo (diretor), Franco Solinas, Gilio Pontecorvo (roteiro) I e s t i v a l d e V e n e z a : Gilio Pontecorvo (Prêmio FIPRESCI), (Leão de Ouro)

II"

c o m p l e t a m e n t e alheios à s i t u a ç ã o o u v e m música e c o n t i n u a m a t é o

doloroso final. A trilha sonora soberba e emotiva foi c o m p o s t a pelo próprio Pontecorvo c pelo grande Ennio M o r r i c o n e . AE


A NOVIÇA REBELDE

(196S)

E U A (Fox, Argyle) 174 m m . Colin Deluxe I d i o m a : inglês

mil SOUND OF MUSIC) i ii il 1.1 /cr pouco da popular a d a p t a ç ã o para tela grande do musical de Rodgers i ' n i , u m i m e n s o sucesso da Broadway. Afinal, na receita figuram nada m e n o s i

i antoras, u m bando de sete crianças bonitinhas e n f r e n t a n d o o problema

íuplii i h lidai c o m o pai v i ú v o , a b s u r d a m e n t e autoritário, e c o m a escalada do n a z i s m o ' na década de 30. M a s não se deve subestimar a eficácia dos protagonistas: 11II1

" " . I n w s 1 orno a noviça excentricamente vivaz que se transforma e m g o v e r n a n t a e 1'lummer c o m o o patriarca endurecido por q u e m ela se derrete toda. Há i piecisão pouco s e n t i m e n t a l do roteiro d e Ernest L e h m a n (que t a m b é m fez, 11.ih.ilho e m A embriaguez

do sucesso

[1957] e Intriga internacional

[1959]) e a

petêncla da direção de W l s e , e m q u e sua sensibilidade de editor está dente na c o m p o s i ç ã o da estrutura, ritmo e j u s t a p o s i ç ã o das r i m a s , lura e n c a n t a d o r a , f i l m a d a de u m helicóptero s o b r e v o a n d o o t o p o d a s m o n 111 ontrar A n d r e w s correndo exuberante pelos c a m p o s e c a n t a n d o " T h e Hills pude parecer desgastada hoje e m dia, m a s é só porque sua eficiência e m 1 e i 11 t o m (e a t é m e s m o o s i g n i f i c a d o , pois A noviça rebelde é u m f i l m e e m q u e 1 e ,1 força vital s ã o inseparáveis) fez c o m que fosse imitada m u i t a s vezes. E n ã o de lembrar que as c a n ç õ e s são m e s m o Inesquecíveis, m e s m o q u e n e m todo n i r delas. CA

D i r e ç ã o : Robert W i s e P r o d u ç ã o : Robert W i s e R o t e i r o : Ernest L e h m a n , Rich.ml Rodgers, Oscar Hammerstein, baSGfdO no musical e nos livros de H o w a i d Llndsey e Russel Crouse F o t o g r a f i a : Ted D. McCord M ú s i c a : Richard Rodgers, Irwin Koitll E l e n c o : Julie Andrews, Christophe] Plummer, Eleanor Parker, Richard Haydn, Peggy W o o d , Charmlaii Carr, Duane Chase, Angela Cartwrlght O s c a r : Robert Wise (melhor filme), Robert Wise (diretor), William Reynold', (edição), Irwin Kostal (música), J . i i n i " , Corcoran, Fred Hynes (som) I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Julie Andrews (atriz), Peggy W o o d (atriz coadjuvante), Boris Leven, W a l t e i M Scott, Ruby R. Levitt (direção de .11 Ce), Ted D. McCord (fotografia), Dorothy Jenkins (figurino)

0 MANUSCRITO DE SARAGOÇA

(ises)

(III KOPIS ZNALEZIONY W SARAGOSSIE) .11 la p r o c l a m o u q u e este longa p o l o n ê s , produzido e m 1965, era s e u f i l m e

11

I d i o m a : polonês D i r e ç ã o : Wojciech Has R o t e i r o : Tadeusz Kwlatkowski,

depois de v e r u m a versão cortada e m N o r t h B e a c h , S ã o Francisco, d u r a n t e o s

baseado no livro de Jan Potork

Alguns a n o s atrás, ele, M a r t i n Scorsese e Francis Ford Coppola a j u d a r a m a

F o t o g r a f i a : Mieczyslaw Jahoda

11 do Mime a s suas três horas de duração originais. É fácil e n t e n d e r por q u e O l i " de Saragoça se t o r n o u u m cult. Nos ú l t i m o s a n o s da Inquisição e s p a n h o l a , li lai das tropas napoleónicas - Z b i g n l e w Cybulskl, o J a m e s Dean p o l o n ê s , embora 11

P o l ô n i a (Kamera) 124 m i n . P8tB

1 h o n c h u d o na ocasião - é s u b m e t i d o a u m teste moral por d u a s sedutoras r. m u ç u l m a n a s , Irmãs I n c e s t u o s a s da Tunísia. Nada m e n o s do q u e n o v e flashlaçados, r e c o n t a d o s por vários personagens, f a z e m parte do enredo labirínhlstórias d e n t r o das histórias dão u m certo sabor de Mil e U m a Noites e, o c a s i o -

M ú s i c a : Krzysztof Pendereckl E l e n c o : Zblgniew Cybulskl, K a / l i u l e i / Opallnskl, Iga Cembrzynska, Joanna Jedryka, Slawomir Lindner, Mlin-.l.iw.i Lombardo, Aleksander Foglel, Franciszek Pleczka, Ludwlk Benoit, Barbara Krafftówna, Pola Raksa, August Kowajczyk, Adam

N E , l e m b r a m Kafka ( p r i n c i p a l m e n t e do p o n t o d e vista erótico),

Pawllkowski, Beata Tyszklewli /,

rilha sonora de Krzysztof Pendereckl viaja da m ú s i c a clássica ao f l a m e n c o e daí

Gustaw Holoubek

i' i i i r . i n o eletrônico. O s cenários sóbrios e rochosos são f i l m a d o s c o m elegância branco. O falecido W o j c i e c h H a s era u m b o m diretor, m a s u m f i l m e desse r

I1.1 a l g u é m m a i s obsessivo, do porte d e u m R o m a n P o l a n s k i . A d a p t a d o por í w i . u k o w s k l d e u m a novela de Jan Potocki de 1813, é u m a fantasia i n t r i g a n t e e

11 1 I R . . M i m a r c a n t e sobre o processo de narração. JRos

I I


F r a n ç a / I t á l i a (Athos, C h a u m i a n e , l Hm Studio) 99 m i n . P & B I d i o m a : francês D i r e ç ã o : Jean-Luc Godard P r o d u ç ã o : André Michelin R o t e i r o : Jean-Luc Godard, baseado

ALPHAVILLE

uses)

(ALPHAVILLE: UNE ÉTRANGE AVENTURE DE LEMMY CAUTION) No f u t u r o , o agente secreto L e m m y C a u t i o n (Eddie C o n s t a n t i n e ) viaja a t é Alphavillr, que pode ser uma cidade o u u m planeta, e m seu Ford Galaxle, que pode ser u m cari

nu livro La Capitale de la Douleur, de

u m a n a v e espacial. S u a m i s s ã o é encontrar e talvez liquidar o desaparecido professoi

Paul Éluard

Von

F o t o g r a f i a : Raoul Coutard

T a m l r o f f ) , u m a g e n t e radicado na c o m u n i d a d e , e e n t ã o encontra

Braun

( H o w a r d V e r n o n ) . P r i m e i r o , C a u t i o n esbarra

e m Henri Dickson Natacha

(Aklm (Anna

M ú s i c a : Paul Mlsraki

Karina), filha do cientista m a l u c o , que nunca o u v i u as palavras " a m o r " e "consciência",

E l e n c o : Eddie Constantine, Anna

Alphavllle é governada

Karina, Akim Tamlroff

c r i m e capital as e m o ç õ e s v e r d a d e i r a s , insistindo e m execuções e m massa realizadas

por u m b a r u l h e n t o s u p e r c o m p u t a d o r q u e t r a n s f o r m o u em

F e s t i v a l d e B e r l i m : Jean-Luc Godard

r i t u a l i s t i c a m e n t e e m u m a f a n t a s m a g ó r i c a piscina. O herói m a c h ã o C a u t i o n , c o m o era

(Iliso de Ouro)

de se esperar, t e n t a destruir o c o m p u t a d o r ( a l l m e n t a n d o - o c o m poesia) e d e quebi.i seduz a fiágil N a t a c h a , d e s p e r t a n d o suas e m o ç õ e s a d o r m e c i d a s . Jean-Luc G o d a r d , u m dos cabeças da nouvelle v a g u e francesa, decidiu aqui criar u m f i l m e de ficção científica s e m a necessidade d e cenários caros ou efeitos especiais. Ao escolher s a b i a m e n t e certas locações e m Paris, ele descobre as s e m e n t e s de u m futuro totalitário e m s a g u õ e s de h o t e l , l u m i n o s o s de n é o n , edifícios comerciais e burocráticas salas d e espera. A princípio. Alphaville

era para ser u m a espécie de paródia carinhosa do

gênero d e ficção científica, c o m referências retiradas da literatura policial franco-americana, c o m o o sobretudo u s a d o por a l g u n s personagens, a s poses c o m revólver à moda dos d e t e t i v e s durões (Eddie C o n s t a n t i n e interpretou o d e t e t i v e L e m m y C a u t i o n , inspirado no M i k e H a m m e r de Peter C h e y n e y , e m u m a série d e thrillers). E n t r e t a n t o , se for considerado u m a obra d e seu t e m p o - u m a época e m q u e Philip K. Dick explorava t e m a s similares e m r o m a n c e s cada vez mais a m b i c i o s o s -, Alphavllle

parece m e s m o u m

a u t ê n t i c o f i l m e d e ficção c i e n t í f i c a , a o p o n t o d e t e r i n f l u e n c i a d o o u t r a s

tantas

a d a p t a ç õ e s (de fahrenheit 451, de François Truffaut, baseado na obra d e Ray Bradbury, a Bladc runner-0

caçador de andróides,

de Ridley S c o t t , Inspirado e m Dick). C o m o t a n t o s

outros f i l m e s de G o d a r d , a trama d e Alphaville

se esgota d e l i b e r a d a m e n t e depois de

uma hora d e f i l m e e há u m a cena e m q u e dois personagens estão s e n t a d o s e m u m quarto de hotel e d i s c u t e m d u r a n t e m i n u t o s . C o m o a c o n t e c e e m Acossado e O desprezo, essa conversa variada e m q u e C a u t i o n sacode N a t a c h a e a tira de seu estado d e z u m b i deveria quebrar o r i t m o do f i l m e , m a s se torna na v e r d a d e u m de seus p o n t o s altos, c o n f i r m a n d o que Godard está n o m e s m o p a t a m a r d e J o s e p h L. M a n k l e w i c z na arte do cinema de conversação. O f i l m e d e m o n s t r a u m h u m o r seco e u m a seriedade poética (às vezes tola) e é u m a das raras v i s õ e s f u t u r i s t a s q u e s i m p l e s m e n t e não e n v e l h e c e m . KN


IIADALADAS A MEIA-NOITE (1965)

E s p a n h a / S u í ç a (Alpine, Espanul.I)

II IIIMI S AT MIDNIGHT)

113 m i n . P & B

.••mpre foi f a s c i n a d o pela obra d e S h a k e s p e a r e e f i l m o u Otelo e M a c b e t h . " I u m a versão televisiva de O mercador de Veneza. N ã o há d ú v i d a d e q u e sua sucedida nessa linha seja Badaladas

à meia-noite, a a d a p t a ç ã o da peça

i i . i i i espere u m a a d a p t a ç ã o fiel da obra original As opiniões dos especlalls Há a q u e l e s que c o n s i d e r a m q u e o j o v e m príncipe H a l está indo para o hn c o m o v a g a b u n d o

b ê b a d o Falstaff e t e m razões para

abandoná-lo

hega ao t r o n o . E t a m b é m há o u t r o s q u e a c r e d i t a m q u e , ao a b a n d o n a r o c a v a lai d e m o n s t r a ser u m príncipe m a q u i a v é l i c o , s e m s e n t i m e n t o s . W e l l e s n ã o imlibrado e m suas o p i n i õ e s . Aqui e s t ã o as partes 1 e 2 d e Henrique IV conI41I i ' I " ponto de vista de Falstaff. S u a s bebedeiras e roubos, sua covardia e g a n â n c i a k l e i t o s , m a s f r a q u e z a s . Falstaff é gordo e W e l l e s se regozija na sua personifiivaleiro c o r p u l e n t o . As c e n a s c ô m i c a s , e s p e c i a l m e n t e depois do roubo L I I I - n .iiln i-iii C a d h l l l , são t r a b a l h o d e m e s t r e .

são por W e l l e s . M a s ainda m a i s t o c a n t e s s ã o a s cenas de batalha filmaiiiibreza o u honra, e m c a m p o s desgraçados o n d e h o m e n s m o r r e m para servir à meia-noite

I r-iI.I q u e dá n o m e ao f i l m e , q u a n d o Falstaff encontra o juiz S h a l l o w

(Alan

I H I i i n h e c i d o dos t e m p o s de sua t u r b u l e n t a j u v e n t u d e q u e se t o r n o u u m mai I do Interior. A d r a m a t i c i d a d e desse e n c o n t r o , que vai a l é m da peça de Shakesp . u t i c u l a r m e n t e t o c a n t e porque n ã o t e m o s d ú v i d a sobre o trágico d e s t i n o i i l que aguarda Falstaff a o ser banido pelo a m o r d e sua vida, o j o v e m príncipe • M I I . d i s f o r m a d o e m rei Henrique V. O elenco é m a g n í f i c o , c o m J o h n G l e l g u d no li

H e n r i q u e IV, N o r m a n Rodway c o m o Hotspur, Keith Baxter c o m o H a l e a t é loreau f a z e n d o u m a p a r t i c i p a ç ã o -II learsheet e M a r i n a Vlady c o m o de Hotspur. U m aviso: a falta de na d u b l a g e m d o s diálogos é de

a ii , I N Sô v e n d o para crer. Fora Isso, é u m a Ima.

CM

D i r e ç ã o : Orson Welles P r o d u ç ã o : Angel Escolano, Emlllam l Piedra, Harry S a l t z m a n , Alessandin Tasca R o t e i r o : Orson Welles, baseado e m peças de W i l l i a m Shakespeare e no livro de Raphael Hollnshed F o t o g r a f i a : E d m o n d Richard M ú s i c a : Angelo Francesco Lavagnino E l e n c o : Orson Welles, J e a n n e M U N U I I . Margaret Rutherford, John Glelguil, Marina Vlady, Walter Chlari, M i i li.nl Aldridge, Julio Pena, Tony Bei klev. Andrés M e j u t o , Keith Pyott, Jeremy

Hali igos espirituosos de S h a k e s p e a r e nunca foram t ã o g l o r i o s a m e n t e represen-

•' ' . 1 1 iis pervertidos d e seus senhores. O maior triunfo de Badaladas

I d i o m a : inglês

Rowe, Alan W e b b , Fernando Rey. Keith Baxter F e s t i v a l d e C a n n e s : Orson Welle! (prémio do vigésimo aniversário), (grande prémio técnico), e m p a t a d o c o m Skaterdater, indicação (Palmi d l Ouro)


I n g l a t e r r a (Compton) 104 m i n . P & B I d i o m a : ingiês D i r e ç ã o : Roman Polanski P r o d u ç ã o : Gene G u t o w s k i , Michael Klinger, Robert Sterne, Tony Tenser, '.,1111 Waynberg

REPULSA AO SEXO

(1965)

REPULSION O primeiro f i l m e de R o m a n Polanski e m Inglês p e r m a n e c e c o m o sua obra mais as sustadora e d e s c o n c e r t a n t e não a p e n a s pela evocação do pânico sexual, m a s t a m b é m pelo e m p r e g o magistral do s o m para fazer c o m q u e a i m a g i n a ç ã o da platéia siga c m

K o t e i r o : Gerard Brach, Roman

diferentes direções. T a m b é m é o mais expressionista d e seus longas e m preto-e-branco

Polanski, David Stone

do início d e carreira, utilizando grandes angulares q u e d ã o u m a visão cada vez mais

F o t o g r a f i a : Gilbert Taylor

ampla e profundidade focal, a l é m d e outras estratégias visuais, t u d o para criar estados

M ú s i c a : Chico Hamilton

subjetivos da m e n t e e m que s o n h o s , i m a g i n a ç ã o e a realidade cotidiana se m i s t u r a m .

l . l e n c o : Catherine Deneuve, lan I iiMidry, John Fraser, Yvonne I urneaux, Patrick W y m a r k , Renée I Imiston, Valerie Taylor, J a m e s Villiers, Helen Fraser, Hugh Futchcr, Monica Merlin, Imogen G r a h a m ,

U m d o s r e s u l t a d o s de tal estilo expressionista

é o fato de q u e o a p a r t a m e n t o

c o n v e n c i o n a l o n d e se passa a maior parte da a ç ã o aos p o u c o s a s s u m e o jeito e a forma de u m a consciência torturada. C a t h e r i n e D e n e u v e t e m u m a de suas a t u a ç õ e s mais m a r c a n t e s no papel de Carole Ledoux, u m a calma e t r a n q ü i l a m e n t e doida m a n l c u r e belga, aterrorizada pelos ho-

Mike Pratt, Roman Polanski

m e n s , q u e mora c o m u m a irmã m a i s velha e m Londres. O simples c o n h e c i m e n t o de

F e s t i v a l d e B e r l i m : Roman Poianski

q u e a irmã e o n a m o r a d o estão fazendo a m o r no quarto ao lado é suficiente para deixai

(Prémio FIPRESCI), (Urso de Prata), (prémio especial do júri), indicação (Urso de Ouro)

a moça apavorada e perturbada. Q u a n d o o casal viaja d e férias, os m e d o s de Carole e seu i s o l a m e n t o f e r m e n t a m c o m o a comida crua - que inclui u m coelho pelado d e aparência sinistra. O s resultados são cada vez m a i s violentos e m a c a b r o s e a loucura de Carole se torna m a i s e m a i s a p a r e n t e . E n q u a n t o narrativa, o f i l m e f u n c i o n a a p e n a s p a r c i a l m e n t e . S e fosse considerado c o m o o e s t u d o de u m caso, seria a t é o c a s i o n a l m e n t e óbvio. M a s , c o m o pesadelo subj e t i v o , Repulsa a o sexo é u m a a t o r d o a n t e d e m o n s t r a ç ã o de eficiência cinematográfica. M o n t a d o c o m sustos b e m t e m p e r a d o s e u m sentido d e horror q u e se desenvolve grad u a l m e n t e , esse thrlller se t o r n o u u m a espécie de m a t r i z para as s u b s e q ü e n t e s incursões de Polanski no gênero. Seus filmes f a l a m de i s o l a m e n t o e claustrofobia e i n c l u e m obras t ã o díspares q u a n t o O inquilino, ta), e O pianista,

de 1976 (em q u e Polanski é o protagonis-

m a i s de u m quarto de século depois. I r o n i c a m e n t e , na autobiografia

escrita e m 1984, Polanski escreve q u e ele e o co-roteirista Gerard Brach e n c a r a v a m Repulsa ao sexo p r i n c i p a l m e n t e c o m o " u m melo para se chegar a u m f i m " , ou melhor, u m sucesso comercial q u e os capacitaria a financiar Armadilha do destino (1966), u m a obra m a i s pessoal e m e n o s comercial c m inglês, q u e seria estrelada pela Irmã de D e n e u v e , Françoise Dorléac. JRos

I II


.1111 li TA DOS ESPÍRITOS

(1965)

llllllll IIADEGLI SPIRITI

i excelência no uso da cor na fotografia e no p l a n e j a m e n t o visual de u m lllim i pilhada pelo sucesso e m se obter u m a paleta c u i d a d o s a m e n t e m o d u l a d a ao 1'nla

a película. E m Julieta dos Espíritos, de Federico Felllnl, a cor é a o c a s i ã o

uai u m t u m u l t o estético entre e d e n t r o das t o m a d a s . U m q u a d r o q u e é t o d o verde, por e x e m p l o , é e n t r e c o r t a d o c o m outro c o m p l e t a m e n t e branco, ini

i ii piimeiro f i l m e e m cores, Fellini explorou as possibilidades a l e g r e m e n t e , •iii para a c o m p a n h a r 81/2 (1963), trata-se de u m m e r g u l h o na psique de J u l i e t a , [ior Giulietta M a s i n a , a f a m o s a esposa de Fellini. A o e n f r e n t a r u m casa11 .eguro e u m marido Infiel (o f i l m e é l e v e m e n t e autobiográfico), Julieta vaga ululo a l t a m e n t e erotizado, h a b i t a d o por m é d i u n s , prostitutas de alta classe e Mi !•• íleos. Logo os espíritos (visões) v ê m a t o r m e n t a r Julieta por conta do conii.i e d u c a ç ã o religiosa e opressora e a liberação o u s a t i s f a ç ã o q u e ela busca. los aspectos m a i s extraordinários do f i l m e c sua absoluta a t u a l i d a d e . Os iies, figurinos e a t i t u d e s n ã o e n v e l h e c e r a m . Na realidade, é q u a s e premonitó11 |.i havia a b s o r v i d o e c a r i n h o s a m e n t e exagerado as o n d a s m í s t i c a s e pop q u e Miam na cultura n e w age, e s p e c i a l m e n t e no q u e diz respeito às filosofias e m

Itália / F r a n ç a / A l e m a n h a Ocide11l.il

(Eichberg, Federiz, Francoriz, Riz/oll) 148 m i n . Technicolor I d i o m a : italiano D i r e ç ã o : Federico Fellini P r o d u ç ã o : Angelo Rizzoll R o t e i r o : Federico Fellini, Ennio Flaiano, Tullio Pinelll, Brunello Roiidl F o t o g r a f i a : Gianni Di Venanzo M ú s i c a : Nino Rota E l e n c o : Giulietta Masina, Sandia Milo, Mario Pisu, Valentina Cortese, José Luis de Villalonga, Caterina Boratto, Sylvia Koscina, Frederick Ledebur, Luisa Della Noce, V a l e s k l Gert, Lou Gilbert, Silvana Jachlno, Milena Vukotlc, Fred Williams. D.iuv Paris I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Plero Ghciardl (direção de arte), (figurino)

"1 nrpo e m e n t e " . Nesta obra corpo e m e n t e são v e r d a d e i r a m e n t e " v a s o s coiii m i e s " surrealistas. Apesar de ter sido condeusar as m u l h e r e s c o m o território para pro1 i h islstas, J u l i e t a é, de f a t o , a melhor persogi mi feminina de Fellini. Masina contribui c o m u m deslumbramento

infantil c h e s i t a ç ã o ,

mas

l a m b e m u m c e t i c i s m o pé-no-chão nas esli I I situações q u e v i v e de u m a forma q u e é fácil ".pectador se Identificar c o m ela. BO ponto de vista estilístico, aqui Fellini come1 1 asar suas visões oníricas c o m o bricabraque

lógico do m u n d o m o d e r n o (telefones, projetoI

de l i l m e s , telas) e a s s i m , ao m e s m o t e m p o , torsas e m algo s u b l i m e e vice-versa. S u a câmera Olhar errante q u e às vezes parece estar perdido. insáveis

entradas

e saídas

dos

enquadra-

I I ' iaii',, o e n g e n h o s o m a n u s e i o de m ú l t i p l o s corpos. vlmentos repentinos quando uma imagem é 1 11.ida sob o ponto de vista de Julieta - t o d o s esses sus, aliados à e n v o l v e n t e trilha sonora de Nino " i 1 , q u e lembra a atmosfera de u m parque de diverIII,

l o n d u z e m a u m m e r g u l h o nos d o m í n i o s do e,( iente. A M

i


F r a n ç a / I t á l i a (De L a u r e n t i s ,

Roma-Parls, SNC) no min.

i istmancolor Idioma: francês D i r e ç ã o : Jean-Luc Godard P r o d u ç ã o : Georges de Beauregard Roteiro: Jean-Luc Godard r o l o g r a f i a : Raoul Cautard

0 DEMÓNIO DAS ONZE HORAS

119551

PIERROT LE FOU O demônio das onze horas, u m a das obras-primas de Jean-Luc C o d a r d , é u m marco na carreira longa e brilhante do diretor. O f i l m e aponta para novas direções ao combinar o élan experimental de obras c o m o Acossado (1960) e Vivera vida (1962) e o h u m o r cínico, a m a r g o e a l t a m e n t e politizado d e f i l m e s c o m o Week-end à francesa (1967) e Vento do Oriente (1969). O demônio das onze horas c o n t é m todos esses e l e m e n t o s e, apenas pui

M ú s i c a : Antoine Duhamel

isso, já seria u m a rica experiência c i n e m a t o g r á f i c a . M a s a película t a m b é m possui em

F l e n c o : Jean-Paul Belmondo,

a b u n d â n c i a u m sentido de real beleza. O s críticos t e n d e m a esquecer q u e Codard.

Ferdinand Griffan, Anna Karina,

apesar d e toda a polêmica, fez alguns filmes incrivelmente belos. O demônio, neste

Marianne Renoir

a s p e c t o , figura a o lado d e O desprezo (1963).

F e s t i v a l d e V e n e z a : Jean-Luc Godard, Indicação (Leão de Ouro)

Codard sempre teve u m a relação de a m o r e ódio com H o l l y w o o d . Para ele, os filmes a m e r i c a n o s são a o m e s m o t e m p o os m a i s belos e honestos e t a m b é m os mais feios e crassos. C o m o e m outros trabalhos, Codard usa a " b a i x a " cultura americana e os gêneros c i n e m a t o g r á f i c o s c o m o ponto d e partida: O demônio é m u i t o l e v e m e n t e inspirado no livro Obsessão, d e Lionel W h i t e , escritor d e pulp fiction, e apresenta u m a extensa ponta de S a m u e l Fuller, u m dos diretores favoritos de Codard e m a i s desdenhados na c o m u n i d a d e d e H o l l y w o o d . O próprio fato de a película ter sido filmada e m Techniscope pelo grande Raoul Coutard pode ser considerado u m c o m e n t á r i o sobre a grandiosidade m a n u f a t u r a d a d e t a n t o s f i l m e s d e prestígio de H o l l y w o o d nos anos 50 c 60. Se você conhece o c i n e m a d e H o l l y w o o d dessa época, assistir a O demônio das onze horas pode ser e x t r e m a m e n t e compensador, m e s m o se u m t a n t o intrigante, pois a sátira e m Codard nunca é tão óbvia q u a n t o se pode esperar. O demônio é a m a r g o , satírico, bemh u m o r a d o e lindo - o q u e fica claro à primeira vista. M a s talvez o q u e o faça mais charm o s o e arrebatador é ser u m puro absurdo. Ferdinand Pierrot e M a r i a n n e (Jean-Paul B e l m o n d o e Anna Karina, dois atores h a b i t u a i s na filmografia d e Codard) m o v i m e n tam-se d e l i r a n t e m e n t e de u m a situação ridícula para outra, seja ela a m a i s insuportável festa do m u n d o , u m a boca livre para frentistas de posto d e gasolina ou u m a autoi m o l a ç ã o bizarramente redentora. Q u a s e t u d o é possível neste f i l m e q u e ainda c o n s e g u e surpreender m e s m o depois d e repetidas exibições. A força das I m a g e n s d e Codard e d e sua sátira não d i m i n u i u c o m a idade. Pode ser a t é q u e seja m a i s relevante ainda nos dias de hoje. EdeS

I I*.


fASTER, PUSSYCAT! KILL! KILL!

<1 5) 96

• na ser dito sobre Russ M e y e r ? S e u s f i l m e s , parafraseando u m a f a m o s a i'i-ito da vida, são perversos, brutos e c u r t o s . Discute-se sua ocasional quaii i r.i ic a e. a l g u m a s vezes, nos p e d e m para relativizar sua p r o b l e m á t i c a política is as p o n d e r a ç õ e s d e v e m ser t r a t a d a s c o m cautela ( c o m o m u i t o de seus • f l l v alias). Foster, Pussycat! Ki/l! KiW! c o n t i n u a sendo o favorito de a l g u m a s pessoas, e de J o h n W a t e r s , que afirma que é o melhor f i l m e de t o d o s os t e m p o s .

hm 1 1

EUA

(Eve) 83 m i n . P & B

I d i o m a : inglês D i r e ç ã o : Russ Meyer P r o d u ç ã o : George Costello, Eve Meyer, Russ Meyer, Fred O w e n s R o t e i r o : Russ Meyer, Jack Moran F o t o g r a f i a : Walter Schenk M ú s i c a : Paul S a w t e l l , Bert Sherfter

Pussycat! Kíll! Kill! ( M a i s rápido, g a t i n h a ! M a t a ! M a t a ! ) segue as proezas (e

E l e n c o : Tura S a t a n a , Hajl Rosle, Lorle

i nisso) de três curvilíneas p r o t a g o n i s t a s : as corredoras Varia (Tura S a t a n a ) ,

W i l l i a m s , Sue Bernard, Stuart

i e Billle (Lori W i l l i a m s ) . Depois de u m assassinato relacionado a u m a corrida equipe se esconde e m u m rancho nas i m e d i a ç õ e s o n d e passa o resto do

Lancaster, Paul Trlnka, Dennis Busch, Ray Barlow, Michael Finn

tllini planejando c o m o livrar o proprietário de seus b e n s . A obra g a r a n t i u seu lugar no a ia de f i l m e s cult de m u i t a g e n t e por diversas pequenas delícias c o m o a edição i' vistosa, a utilização Inteligente da fotografia e m preto-e-branco, u m a trilha liniiii i n i b r a d a de jazz, m u i t a s sugestões n o ar. T a m b é m agrada por ser u m f a s c i n a n t e las m u d a n ç a s ocorridas nos a n o s 6 o , e s p e c i a l m e n t e no q u e diz respeito ao Minpii

m a . DO

14/


í n d i a ( J . J . F i l m s ) 143 m i n . P & B

SUBARNAREKHA (vm)

I d i o m a : bengalês

Ritwik G h a t a k ficou m a i s c o n h e c i d o por Meghe Dhcika Tora (1960), m a s Subarnarekha

D i r e ç ã o : Ritwik Ghatak

t í t u l o e m inglês é Go/den River-

P r o d u ç ã o : Uday Row Kavl R o t e i r o : Ritwik Ghatak, baseado no livro de Radheshyam J h u n j h u n w a l a F o t o g r a f i a : Dilip Ranjan Mukhopadhyay M ú s i c a : U s t a d Bahadur Khan, Nino Rota (trechos da trilha de Lo Dolce Vita, de Fellini) E l e n c o : Abhi Bhattacharya, M a d h a b i Mukherjee, Satindra Bhattacharya, Bijon Bhattacharya, Indrani Chakrabarty, Sriman Tarun, Jahar Ray, Pitambar, Sriman Ashok Bhattacharya, Sita Mukherjee, Radha

(u

Rio Dourado) talvez seja u m a obra mais poderosa. D e

fato, há aqueles que a c o n s i d e r a m uma das maiores obras-primas do cinema ainda náo descobertas pelo público c m geral. Nativo d e Dhaka, Bengala Oriental (hoje o país c o nhecido c o m o B a n g l a d e s h ) , G h a t a k tinha 22 a n o s na época da cisão, o t r a u m a que o definiu c o m o artista. Subarnarekha c o m e ç a e m u m a colônia d e e m p o b r e c i d o s refugiados bengaleses e m Calcutá na hora e m q u e t o m a m c o n h e c i m e n t o do assassinato d e G a n d h l . Ishwar C h a k r a b o r t y (Abhi B h a t t a c h a r y a ) cria u m a filha e t o m a sob s e u ! c u i d a d o s u m m e n i n o a b a n d o n a d o . Q u a n d o u m colega da f a c u l d a d e , b e m d e vida, lhe oferece u m a posição c m u m a fábrica no Interior, ele aceita para garantir o futuro d a i crianças, m e s m o q u e isso signifique deixar de lado suas aspirações pessoais. O s anos p a s s a m . Q u a n d o o m e n i n o , A b h l r a m (Satindra B h a t t a c h a r y a ) , volta da f a c u l d a d e c o m a m b i ç õ e s de se tornar u m escritor, v e m à tona o fato de q u e ele está apaixonado por Shita ( M a d h a b i Mukherjee), sua irmã postiça, e q u e ela corresponde. A

Govinda Ghosh, Abinash Banncrjcc,

declaração d e a m o r é u m exemplo assombroso dos experimentos inovadores de Ghatak

Gita De, U m a n a t h Bhattacharya,

c o m o s o m . A s palavras s a e m do j o v e m e m u m sussurro q u e n ã o parece passar pela

Arun Chowdhury

boca, c o m o se a paixão viesse direto do coração. N a t u r a l m e n t e , Ishwar se opõe à união, q u e é ainda complicada pela revelação de que A b h l r a m pertence a u m a casta inferior e p o r t a n t o não mereceria sua filha. U m b o m h o m e m assiste I m p o t e n t e a toda sua existência desmoronar diante d e seus olhos. Totalmente derrotado, incapaz até m e s m o do suicídio, ele resolve "ficar q u i t e c o m o d i a b o " - e e n t ã o G h a t a k eleva o melodrama popular a o m a i s elevado s t a t u s de tragédia. Não nasceu ainda u m c i n e a s t a norte a m e r i c a n o q u e possa competir com Ghatak na expressão c i n e m a t o g r á f i c a de c o m p l e t a e total a n g ú s t i a . O seu senso d i n â m i c o d e c o m p o s i ç ã o revela os jogos d e poder e m a ç ã o nos r e l a c i o n a m e n t o s pessoais, m a s , a o m e s m o t e m p o , u m t o q u e expressionista expõe u m a impotência oculta mais profunda d i a n t e de forças s o c i a i s , é t n i c a s , e c o n ô m i c a s , m i t o l ó g i c a s e a t é p o é t i c a s . Ele é e s p e c i a l m e n t e sensível a o destino dos m a r g i n a l i z a d o s : m u l h e r e s , j o v e n s , velhos e loucos. Das ruínas dessas v i d a s , G h a t a k resgata u m a reluzente m i r a g e m de esperança. E n t r e t a n t o , Subarnarekha foi considerado d e s c o n c e r t a n t e d e m a i s para o público e a c a b o u recebendo u m a distribuição limitada nos Estados U n i d o s . O próprio cineasta s u c u m b i u ao alcoolismo. M o r r e u e m 1976 aos 51 a n o s . T C h

448


I) HOMEM DA CABEÇA RASPADA <1965) UM MAN DIE ZIJN HAAR KORT LI ET KNIPPEN) nbeça raspada ii

é o f i l m e q u e levou o c i n e m a belga a o m o d e r n i s m o . O

a de André Delvaux t a m b é m marca a chegada de u m estilo próprio da illa belga, o realismo mágico, u m a c o m b i n a ç ã o original d e realidade c

flpHl*i'

l'1'i

i . m a g ó r i c a , e n v o l v e n d o a melancolia surreal do cotidiano. d e Delvaux s e g u e u m a narrativa curiosa, parte de u m a história d e a m o r i i o e e m seguida explora a linha t ê n u e entre s a n i d a d e e loucura. G o v e r t

Hfeta, m e .

une Rouffaer) é u m professor apaixonado por u m a aluna q u e logo desadeixando - e a Govert - a Imaginar se ele a teria m a t a d o . M u i t o a l é m de u m I n de d e t e t i v e , O h o m e m da cabeça raspada é u m a jornada através da crise l e do protagonista. J u n t o c o m G o v e r t , p e r c e b e m o s a o s poucos q u e n ã o nais confiar naquilo q u e v e m o s ou o u v i m o s , pois a própria realidade se I H u m s o n h o . U m a das cenas cruciais do f i l m e é u m a autópsia realizada no

l u r a m a n d o realismo, náuseas e a l i e n a ç ã o onírica. . de vista estilístico, O homem da cabeça raspada

B é l g i c a (BRT, Mlnlsterie v a n Nationale Opvoedlngen Kultuiii) 94 m i n . P & B i d i o m a : holandês D i r e ç ã o : André Delvaux P r o d u ç ã o : Paul Louyet, Jos Op De Beeck R o t e i r o : Anna De Pagter, baseado no livro de Johan Daisne F o t o g r a f i a : Ghislaln Cloquet M ú s i c a : Frédéric Devreese E l e n c o : Senne Rouffaer, Beata Tyszkiewlcz, Hector Camerlynck, Hilde U y t t e r l l n d e n , Annemarie Van Dijk, Hilda Van Roose, François Beukelaers, Ariette Emmery, Paul s. Jonger, Luc Phillips, François Bernard,

é u m filme multo sutil.

Vic M o e r e m a n s , Maurits Goosseir.

limos na l i n g u a g e m , aspectos c c o m p o r t a m e n t o s dos personagens j o g a m d

11

i i l i i e a veracidade do cenário m u l t o realista onde Govert vive e viaja, a t é q u e , i i i i a l , d e s i s t i m o s de buscar a verdade, n o s c o n t e n t a n d o , c o m o G o v e r t , c o m N•niplação t r a n q ü i l a , nos rendendo ao estranho. EM

HOLD ME WHILE I'M NAKED <1966) n u Mime colorido d e George Kuchar e m 16mm é u m tour de fotce e n c a n t a d o r e a nal ico da invenção u n d e r g r o u n d . O m a i s popular entre as c e n t e n a s de f i l m e s i

lez desde o final dos anos 50, este curta d e 1966, feito c o m o r ç a m e n t o unta a história d e u m e n c a n t a d o r e fracassado cineasta (Kuchar) q u e luta

1 .es de depressão e solidão na t e n t a t i v a de fazer u m f i l m e . Q u a n d o sua v o l u p

EUA 17 min. Cor I d i o m a : inglês Direção: George Kuchar Elenco: Donna Kerness, George Kuchar, Andrea Lunln, Hope M o n i ' , Steve Packard

l l i m . i -.1.11 lei (a t a n t a l l z a n t e Donna Kerness) encontra paixão no c h u v e i r o , a autoli r alienação de Kuchar a t i n g e m profundidades ainda maiores. mitos d o s f i l m e s de George e s e u Irmão g ê m e o M i k e , épicos a o estilo de ml leitos no Bronx, Hold M c While I'm Naked (Abrace-me e n q u a n t o e s t o u nu) un nivel de seriedade e m o c i o n a l que o destaca entre as paródias c a m p e trash 1 ,'wiiud c o m a s q u a i s é i n e v i t a v e l m e n t e c o m p a r a d o . Isso acontece p r l n c i p a l m e n 1 labilidades t é c n i c a s e criativas d e Kuchar: seus a t o r d o a n t e s t í t u l o s e d e s e n h o i n i n . seu e n g e n h o s o Inventário d e a n g u l a ç õ c s de câmera estranhas e pouco 1 is e seu Insaciável t a l e n t o e m adaptar as preocupações g l a m o u r o s a s e os extrelonaís d a s f i t a s de H o l l y w o o d para a realidade banal e à s proporções h u l e '.eus v i z i n h o s de bairro. Hold Me While I'm Naked é u m exemplo b e m a c a b a d o iiiviilade d e K u c h a r e levou m u i t o s espectadores - inclusive J o h n W a t e r s - a a m i g o s e realizar seus próprios gloriosos épicos e m celulóide. MS

•I4'i



I n g l a t e r r a (Bridge) i n m i n . Mrtrocolor

BLOW UP: DEPOIS DAQUELE BEIJO

0966)

BLOWUP

Idioma: inglês D i r e ç ã o : Michelangelo Antonioni 1 ' i o d u ç ã o : Carlo Ponti, Pierre Rouvre Rottlro: Michelangelo Antonioni,

Depois d e u m a série de obras-primas e m torno dos conflitos da elite italiana e de M ó n i c a Vitti, de A aventura a t é O deserto vermelho,

M i c l i c l a n g e l o A n t o n i o n i tornou se

u m cineasta internacional c o m este f i l m e d e 1966. Inspirado e m u m conto de Julio

tonino Guerra, Edward Bond,

Cortázar, B/ow Up, c o m o A aventura,

b l i e a d o e m conto de Julio Cortázar

depois d e u m bocado d e Investigação obsessiva, ao questionar se sequer havia u m mis

l o t o g r a f i a : Carlo Di Palma

tério fora da cabeça do protagonista. A o voltar seu olhar d e forasteiro para u m a Londres

MÚlIca: Herbie Hancock

q u e c o m e ç a v a a ditar a m o d a , A n t o n i o n i captura p r e c i s a m e n t e u m t e m p o e u m lugar

I l e n c o : David H e m m i n g s , Vanessa Id'ilgiave, Peter Bowles, Sarah Miles, lohn Castle, J a n e Birkin, Gillian Hills, Veruschka von Lehndorff, Julian Chagrín, Claude Chagrin I n d i c a ç ã o a o O s c a r : Michelangelo

oferece u m mistério s e m solução, mas v a i além,

q u e pareciam ser c u l t u r a l m e n t e significativos. C o m o e m La Dolce Vita, de Fellini, um filme que nasceu c o m a intenção de ser u m a t a q u e satírico contra u m determinado tipo de s o f i s t i c a ç ã o e falta d e substância m o d e r n a s acaba se t o r n a n d o u m a celebração das m o d a s , f i l m e s , m ú s i c a , sexualidade e estranheza do m u n d o a ser c o n d e n a d o . ü p e r s o n a g e m central é T h o m a s (David H e m m m g s ) , u m fotógrafo talvez parecido

Antonioni (diretor), Michelangelo

c o m A n t o n i o n i , q u e divide o t e m p o entre v i o l e n t a s sessões de f o t o s c o m belas e dia

Antonioni, Tonino Guerra, Edward

fanas m o d e l o s e trabalho d o c u m e n t a l c o m os marginalizados. Ao tirar fotos a e s m o em

Bond (roteiro)

u m a praça e s t r a n h a m e n t e vazia, na esperança d e encontrar u m a i m a g e m de paz para

( e s t i v a l de C a n n e s : Michelangelo

concluir u m livro, T h o m a s capta a l g u m a s i m a g e n s q u e parecem mostrar u m h o m e m

Antonioni (Palma de Ouro)

m a i s velho e u m a j o v e m (Vanessa Redgrave) e m u m m o m e n t o sereno. Entretanto, a m u l h e r persegue T h o m a s e exige q u e ele entregue o f i l m e , e depois aparece no estúdio para insistir no a s s u n t o . Desta vez tenta seduzir o fotógrafo d e forma agitada e neurótica, o que a u m e n t a o interesse do frio T h o m a s no a s s u n t o . Ele lhe entrega o rolo errado e revela as f o t o s : sob Intensa análise, acredita ter e n c o n t r a d o u m h o m e m c o m u m revólver escondido atrás dos arbustos e c a p t u r a d o o olhar da mulher, talvez a s s u s t a d o , talvez c ú m p l i c e . Outra foto mostra u m a forma indistinta q u e poderia ser u m corpo, e outra visita à praça leva T h o m a s a encontrar u m cadáver. M a s então todas as provas são e l i m i n a d a s e T h o m a s perde a c o n v i c ç ã o d e ter esbarrado e m um assassinato e se entrega às distrações q u e o c u p a m sua vida. Apesar d e u m g a n c h o ao estilo d o s thrlllers (sempre h o m e n a geado e m f i l m e s d e suspense c o m o A conversação, de Coppola, e U m tiro na noite, d e De Palma), este é m e n o s u m mistério do que u m

1

v i

•Vi

1

retrato da a l i e n a ç ã o d e u m a geração. E m 1966, q u a n d o a nudez em filmes de língua inglesa ainda n ã o era l u g a r - c o m u m , havia u m peso

r

c m u m a cena e m q u e Redgrave tirava a blusa e se sentava no estúdio c o m os braços cruzados diante d e seus seios. S e m falar na f a m o s a (e

1 1 \

na verdade a t é discreta) seqüência e m que T h o m a s rola no chão c o m u m a dupla de ruidosas groupies. Este é e s s e n c i a l m e n t e u m f i l m e

' •

mvmm

sobre u m m u n d o e s t r a n h o : a praça a s s u s t a d o r a m e n t e vazia, u m s h o w (do The Yardbirds) e m q u e a platéia p e r m a n e c e impassível até que u m a guitarra é destruída e os espectadores são t o m a d o s por u m súbito frenesi, u m a festa de doidões, onde T h o m a s procura a l g u é m e então se torna incapaz d e explicar o q u e está fazendo a l i , e u m a partida d e t ê n i s entre a l u n o s d e m í m i c a , q u e c o n d u z a u m final a m b í g u o , q u a n d o T h o m a s é levado a entrar no j o g o ao devolver uma " b o l a " perdida. KN



I t á l i a / E s p a n h a (Arturo Gonzalez, PEA) 161 m i n . Technicolor I d i o m a : Italiano D i r e ç ã o : Sergio Leone P r o d u ç ã o : Alberto Grimaldi R o t e i r o : Luciano Vincenzonl, Sergio

TRES HOMENS EM CONFLITO ra) (IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO) Em m e a d o s dos anos 60, H o l l y w o o d andava b e m cansada dos faroestes, vistos cada v e l m a i s c o m o u m a relíquia ultrapassada de outra era. N a t u r a l m e n t e , os filmes permanec i a m essenciais para a c o m p r e e n s ã o da história do c i n e m a , m a s os t e m p o s estavam

I eone, Agenore Incrocci, Furio

m u d a n d o e o gênero n ã o parecia mais ter u m lugar na cultura popular. Sergio Leone

Srarpelli

tinha uma opinião diferente. O diretor italiano percebia que o gênero m o r i b u n d o estava

F o t o g r a f i a : Tonino Delli Col M

pronto para ser r e i n v e n t a d o . A influência duradoura d e s e u s c h a m a d o s western',

M ú s i c a : Ennio Morrlcone

s p a g h e t t i (apelidados a s s i m por causa de suas locações na Itália e pelo uso copioso de

E l e n c o : Clint Eastwood, Lee Van

sangue) d e m o n s t r a que ele tinha razão.

Cleef, Eli W a l l a c h , Aldo Gluffré, Luigl Plstllll, Rada Rassimov, Enzo Petito, ( laudlo Scarchilli, John Banha, Lívio Lorenzon, Antonio Casale, Sandro Scarchilli, Benito Stefanelll, Angelo Novl, Antonio Casas

Leone tinha feito u m p u n h a d o d e f i l m e s antes d e convidar o relativamente descon h e c i d o Clint E a s t w o o d para ir à Itália para u m a r e f i l m a g e m d e Vojimbo (1961), de Akira K u r o s a w a , obra essa baseada e m Colheita

de sangue,

de Dashiel H a m m e t t . Por um

p u n h a d o de dólares (1964) foi o primeiro dos e m b l e m á t i c o s faroestes protagonizados pelo " h o m e m s e m n o m e " . C o m o r ç a m e n t o m í n i m o , esse f i l m e Inovador e requintado se t r a n s f o r m o u e m grande sucesso e Leone lhe d e u seqüência c o m Por uns dólares a mais (1965), t a m b é m estrelado por E a s t w o o d no papel de u m outro anti-herói lacônico e a n ô n i m o . M a s a terceira parte da trilogia d o " h o m e m s e m n o m e " , Três homens em conflito, é a obra q u e c o n f i r m o u a reputação de Leone c o m o u m a lenda do cinema. Durante a Guerra Civil a m e r i c a n a , o f i l m e a c o m p a n h a três arruaceiros q u e , embora s e j a m a princípio c l a r a m e n t e identificados c o m as categorias estabelecidas no título original (O b o m , o bruto e o cativo), a c a b a m se c o n f u n d i n d o . E a s t w o o d volta dessa vez c o m o u m caçador de recompensas ( o s t e n s i v a m e n t e o bom) q u e captura seguidas vezes (e depois solta) o fora-da-lei Eli W a l l a c h (o cativo) para valorizar o preço da recompensa por sua cabeça. Depois d e u m r o m p i m e n t o q u a s e sádico, os a n t i g o s parceiros v o l t a m a trabalhar j u n t o s à procura d e ouro roubado dos confederados, m a s o oportunista e a m o r a l Lee Van Cleef (o bruto) complica a m i s s ã o . Leone não está t e r r i v e l m e n t e interessado no enredo - e m Três homens e m conflito ele se preocupa c o m e l e m e n t o s p u r a m e n t e c i n e m a t o g r á f i c o s . C o m p õ e c u i d a d o s a m e n t e cada i m a g e m da tela grande c o m o se estivesse p i n t a n d o u m a grande p a i s a g e m , se presenteia c o m close-ups e x t r e m o s , que m u i t a s vezes revelam pouco m a i s do q u e os olhos d e u m p e r s o n a g e m . S ã o suas t é c n i cas radicais de edição, a o r i t m o da f a m o s a trilha sonora de Ennlo M o r r i c o n e , q u e coloca I n s t r u m e n t o s raros e guitarras elétricas ao lado de u m a orquestração tradicional. Cada quadro está revestido de estilo da m e s m a forma que o suor recobre p e r m a n e n t e m e n t e os rostos dos astros. Três homens em conflito literalmente acaba nos rostos d e E a s t w o o d , W a l l a c h e Van Cleef, q u a n d o os a n t a g o nistas e n c e n a m u m duelo triplo e m u m cemitério. Esta cena se tornou u m a das mais I m i t a d a s e parodiadas na história do c i n e ma.

A trilha sonora hipnótica d e M o r r l c o n e ganha intensidade,

e n q u a n t o na tela se s e g u e m cortes cada v e z mais velozes d e u m rosto a outro, capturando cada olhar t e n s o , cada m ã o q u e busca o revólver. C a m p , kitsch e arrebatador, o f i l m e é a obra de u m m e s tre q u e reescreve as regras do w e s t e r n para adequá-las à visão ímpar de Leone. J K l


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.