1001_Filmes_Para_Ver_Antes_de_Morrer_Parte_VIII

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IUA (New Line) 102 m i n . Cor

GAROTOS DE PROGRAMA

Idloma:

(MY OWN PRIVATE IDAHO)

ingles

(1991)

i>m<.io: G u s V a n Sant

Seu terceiro longa-metragem, logo após o sucesso de 1989 Drugstore Cowboy (sua e s -

i

tréia foi e m 1985 c o m o f i l m e d e baixíssimo o r ç a m e n t o Mala Noche, u m tesouro desço

l u c i o : Laurie Parker

Koteiro: Gus Van Sant

nhecido ainda n ã o disponível n e m e m vídeo n e m e m DVD), Garotos de programa

Intogr.ifia: John J . Campbell, Eric

nua a ser o f i l m e m a i s profundo, c o m o v e n t e e c o m p l e t o d e G u s Van S a n t - o que

Alan I dwards

Desson H o w e c h a m o u de "refinado p o e m a cinematográfico sobre o desejo eterno de se

.

Miislca: Bill Stafford Ik'nco: Kivcr Phoenix, Keanu Reeves, I.lines Russo, William Richert, Rodney M.iiwry, Chiara Caselli, Michael Pirker, ii-ssieThomas, Flea, Grace ZlbrlSkle, Tom Troupe, Udo Kier, Sally

conti-

pertencer a a l g u m lugar c a p a i s a g e m solitária da alma". S e m j a m a i s reprimir seus impulsos artísticos, até m e s m o de vanguarda, para tornar o filme m a i s acessível e c o m u m apelo m a i s comercial

algo d e q u e seria furiosamente

acusado mais tarde c o m seus dramas sentimentais Gênio indomável (1997) e Encontrando Forrester (2000) -, Van Sant consegue contar u m a história deliciosamente idiossincrática,

I n u n e, Robert Lee Pitchlynn, Mickey

que se sustenta tanto nas Imagens quanto nas palavras para cativar seus espectadores. É

(oltrell

verdade q u e a escolha dos galãs adolescentes Keanu Recves (possivelmente e m sua

Festival de Veneza: River Phoenix (( opa Volpl - ator)

melhor atuação até hoje) c River Phoenlx (que morreria tragicamente d e overdose aos 23 anos, no auge de u m a carreira brilhante) c o m o protagonistas alavancou as perspectivas comerciais do filme. M a s Van Sant realmente arriscou desorientar - e até m e s m o enfurecer - a desavisada platéia americana padrão. Ele tratou explicitamente de t e m a s como os sem-teto, a homossexualidade e a prostituição juvenil, apresentou u m protagonista que sofre de narcolepsia e lembranças romantizadas da m ã e que o a b a n d o n o u quando criança e prestou ampla h o m e n a g e m à adaptação de Henrique V, de Shakespeare, feita por Orson Welles

Badalados à meia-noite (1965) - através do uso anacrônico do modo de

falar do bardo e m várias cenas fundamentais. Embora multo pouco convencional tanto na narrativa quanto no estilo para produzir u m apelo de bilheteria, o filme foi elogiado pelos críticos, reverenciado pelos fãs de G u s Van Sant e recebeu prêmios e m diversos festivais de cinema internacionais. Garotos de programa concentra-se no r e l a c i o n a m e n t o entre M i k e (Phoeníx) e Scott (Recves), dois jovens garotos d e programa q u e m o r a m n a s ruas d e Portland, Oregon.


M e m b r o s dc uma f a m í l i a turbulenta c libidinosa de excluídos sociais que se reúne e m u m edifício c o n d e n a d o , os dois v e n d e m seus corpos para q u e m estiver disposto a pagar, a f i m de sobreviver

embora o e s p e c t a d o r a c a b e descobrindo q u e S c o t t , na v e r -

d a d e , é o filho rebelde de u m a família rica de P o r t l a n d , q u e escolheu esse estilo de vida b a s i c a m e n t e para h u m i l h a r o seu pai. Já M i k e não t e m m u i t o s segredos: é u m rapaz calado, sonhador, g e n t i l , que está apaixonado pelo seu melhor a m i g o e cai no s o n o à toa - f r e q ü e n t e m e n t e , e m m o m e n t o s i n o p o r t u n o s , u m a característica q u e o diretor explora t a n t o e m seu h u m o r q u a n t o e m seu drama - e está o b c e c a d o por e n c o n t r a r a m ã e , há m u i t o desaparecida. É essa busca que fornece o incentivo para o enredo errante (sem nunca ser lento) d o f i l m e , à medida que Scott a c o m p a n h a o seu c o m p a n h e i r o sempre m e t i d o e m e n c r e n c a s e m viagens que vão de Idaho à Itália, c m busca d o m i t o do a m o r m a t e r n o q u e a platéia vê c o m o a f i l m a g e m de aparência caseira " d e n t r o " da m e n t e de M i k e . Neste f i l m e s e n s í v e l , porém j a m a i s piegas, Van Sant alcança c o m êxito o q u e p o u cos cineastas c o n s e g u i r a m ao t r a n s m i t i r a experiência subjetiva de jovens p e r t u r b a d o s e insatisfeitos. SJS


lUA ( M C M , Pathé) 129 m i n . Cor

THELMA& LOUISE (199D

Idioma: inglês

C h a m a r Thclma & Louise d e u m road m o v i c feminista é acertado, m a s seria t a m b é m

Direção: Ridley Scott

restringir o a m p l o alcance geográfico d o f i l m e . Ao contar a história d e u m a dona-de-

Produção: M i m i Polk, Ridley Scott

casa subjugada (Geena Davis) e sua melhor a m i g a , u m a garçonete cínica e cansada da

iro: Callie Khouri

1

vida (Susan Sarandon), q u e e m b a r c a m e m u m a v i a g e m de f i m d e s e m a n a e a c a b a m

rotografia: Adrian Biddle

fugindo da polícia depois d e u m a delas m a t a r u m estuprador e m potencial, este filme

Música: Hans Z i m m e r

t o c o u f u n d o platéias d e vários gêneros, raças e classes q u a n d o foi lançado. A t é hoje

llenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keltel, Michael Madsen, 1

In Istopher M c D o n a l d , Stephen

Inlinlowsky, Brad Pitt, Timothy 1 irhart, Lucinda Jenney, Jason Beghe, Marco St. J o h n , Sonny Carl Davis, Ken '•wof lord, Shelly Desai, Carol Mansell Oscar: Callie Khouri (roteiro) Indicação ao Oscar: Ridley Scott (diit'tor). Geena Davis (atrlz), Susan s.ii.indon (atriz), Adrian Biddle (I

grafia), Thorn Noble (edição)

IUA / França (Carolco, Canal+, 1 Ightstorm, Pacific Western) 137 min.

Cor

Idioma:

inglês / espanhol

continua a ressoar j u n t o aos espectadores porque ele não só feminillzou c o n f i a n t e m e n te u m gênero que a t é e n t ã o pertencia a o s h o m e n s c o m o t a m b é m fez isso fornecendo detalhes sobre desigualdades sociais q u e permitiram a m u i t a s pessoas ver a si m e s m a s nas heroínas e se identificar c o m o m e d o e a fuga das m u l h e r e s . No papel das personagens do t í t u l o , S a r a n d o n e Davis incorporam mulheres a m e r i canas c o m u n s q u e l u t a m contra u m a série d e obstáculos ( h o m e n s rudes, trabalhos inúteis, vidas s e m graça) e n q u a n t o t e n t a m s i m p l e s m e n t e sobreviver. O diretor Rldley Scott captura i m a g e n s dos Estados U n i d o s d e céus azuis e planícies verdes que f o r m a m a essência d e mitos c lendas, p r o m e t e n d o liberdade - m a s não para todos. É a distância entre essa promessa e a dura realidade q u e dá a o f i l m e sua força, tornando-o u m c o m e n t á r i o mordaz sobre os s o n h o s , as verdades e as l i m i t a ç õ e s dos Estados U n i d o s . EH

0 EXTERMINADOR DO FUTURO 2 0 JULGAMENTO FINAL (1991) (TERMINATOR 2: J U D G M E N T DAY)

Direção: James Cameron

Arnold Schwarzenegger g a n h o u o melhor papel de sua carreira no f i l m e d e 1984 de

Produção: James Cameron

J a m e s C a m c r o n , O exterminador do futuro, no papel d e u m cyborg assassino m o n o s -

Roteiro: James Cameron, William

silábico e n v i a d o do futuro. N ã o foi surpresa a l g u m a , e n t ã o , q u e resolvesse repetir a

Wisher Jr. I otografia: A d a m Greenberg Música: Brad Fiedel Elenco: Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Edward Furlong, Robert I',11 ill k. Farl Boen, Joe M o r t o n , •. 1 palha Merkerson, Castulo Guerra, I i.inny Cooksey, Jenette Goldstein Oscar: Gaiy Rydstrom, Gloria S. holders (efeitos especiais sonoros), Dennis Muren, Stan W i n s t o n , Gene W.ineii Jr, Robert Skotak (efeitos

dose sete anos depois na c o n t i n u a ç ã o d e C a m e r o n . Desta vez, o cyborg T-800 de Arnold é o m o c i n h o , e n v i a d o pelo líder dos rebeldes do futuro, J o h n Connor (o personagem de M i c h a c l Biehn no f i l m e original), para proteger a si m e s m o q u a n d o criança (Edward Furlong) e t a m b é m sua m ã e , Sarah (Linda H a m i l t o n ) , para que, j u n t o s , possam liderara batalha q u e está por vir contra m á q u i n a s que t e n t a r ã o d o m i n a r o planeta. O m a i s impressionante neste filme é aquilo contra o q u e o T-800 veio protegê-los: u m n o v o m o d e l o de exterminador, o cruel T-1000 (Robert Patrick), q u e , graças a efeitos especiais fascinantes, é feito d e m e t a l líquido e pode assumir qualquer forma, t o m a n d o a aparência de outra pessoa o u se f u n d i n d o e m u m a poça, para se recompor e m s e guida. S u a missão é exterminar John e S a r a h . Nesta c o n t i n u a ç ã o , t u d o é maior c m e -

i-.pei i.iis visuais), Stan W i n s t o n , Jeff

lhor, do físico m u s c u l o s o de H a m i l t o n às explosões m ú l t i p l a s , à direção ágil e ã ação

D a w n (maquiagem), Tom Johnson,

rápida. JB

( „ i i y Rydstrom, Gary S u m m e r s , Lee Orloff (som) Indicação ao Oscar: Adam Greenberg (fotografia), Conrad Buff, Mark 1 ioldblatt, Richard A. Harris (edição)


SILENCIO DOS INOCENTES (199D

EUA (Orion) 118 m i n . Cor Idioma: Inglês

(THE SILENCE O F T H E LAMBS) i r i m e i r o f i l m e d e horror a g a n h a r o Oscar d e M e l h o r Filme, O silêncio dos inocentes teve i m b é m a d i s t i n ç ã o d e ser o terceiro f i l m e na história a g a n h a r o s cinco prémios prini ipais do Oscar, a p ó s Acontece» naquela

noite (1934) e Um estranho no ninho (1975).

Edward Saxon, Kenneth U t t Roteiro: Ted Tally, baseado no livro de Thomas Harris

s soberbas de Jodle Foster c A n t h o n y Hopkins, e n q u a n t o o diretor J o n a t h a n D e m m e ,

Fotografia: Tak Fujimoto

s ê n c i a sem n u n c a recorrer à s a n g u i n o l ê n c l a . Foster, no papel da recruta do FBI Clarice 51 irling, recebe de seu superior Jack Crawford (Scott Clenn) a m i s s ã o de visitar o famo1 m a t a d o r e m série H a n n l b a l Lecter ( H o p k i n s , e m u m papel oferecido o r i g i n a l m e n t e a k r e m y Irons), u m ex psiquiatra m a n t i d o e m u m a prisão subterrânea q u e pode entender a psique de outro assassino serial c h a m a d o Buffalo Bill (vivido h o r r i p i l a n t e m e n t e rTed Levinc) e ajudar o FBI a pegar o s e g u n d o c r i m i n o s o .

Música: Howard Shore Elenco: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Scott C l e n n , A n t h o n y Heald.Ted Levine, Frankie Faison, Kasi L e m m o n s , Brooke S m i t h , Paul Lazar, Dan Butler, Lawrence T. Wrentv, Don Brockett, Frank Seals Jr., Stuart Rudin, Masha Skorobogatov

É claro que o Inteligente e culto Hannlbal é esperto d e m a i s para entregar d e bandetanta i n f o r m a ç ã o . Ele força Clarice a u m r e l a c i o n a m e n t o desconfortável c pertur1

Produção: Ronald M . B o z m a n ,

Esta a d a p t a ç ã o do best-seller de T h o m a s Harris mereceu suas vitórias, c o m atua-

I H lis conhecido a t é e n t ã o por c o m é d i a s , deixa u m arrepio c o n t í n u o na e s p i n h a da a u -

I

Direção: J o n a t h a n D e m m e

idor no qual exige i n f o r m a ç õ e s sobre a infância dela c m troca d a s opiniões dele. S u a s inversas, separados s o m e n t e por u m vidro na m a s m o r r a escura e gótica e m q u e

Hannlbal está encarcerado, são o centro vital do f i l m e , o n d e as a t u a ç õ e s d e Foster, e

Oscar: Edward Saxon, Kenneth U t t , Ronald M. Bozman (melhor filme), J o n a t h a n D e m m e (diretor), Ted Tally (roteiro), Anthony Hopkins (ator), Jodie Foster (atriz) Indicação ao Oscar: Craig M c K a y

ibretudo d e H o p k i n s , são verdadeiros l o u r s de force, c o m falas m e m o r á v e i s - " U m

(edição), Tom Fleischman,

censeador u m a vez t e n t o u m e testar. Eu c o m i o seu fígado c o m grãos d e ervilha e u m

Christopher N e w m a n (som)

bom C h l a n t i " - c o m u m a verve deliciosa (se é q u e essa palavra pode ser usada a

Festival Internacional de Berlim:

respeito d e u m f i l m e sobre u m canibal).

J o n a t h a n D e m m e (Urso de Prata -

Desde a estréia do f i l m e e m 1991, o personagem m a r c a n t e d e Hopkins a s s u m i u vida iirópria, surgindo na d e c e p c i o n a n t e c o n t i n u a ç ã o Hannlbal,

d e 2001 - c o m J u l l a n n e

Moore no papel d e Clarice -, e no mais interessante p r e â m b u l o Dragão vermelho

(Red

fragon, 2002), baseado no m e s m o livro de Harris q u e inspirou o sofisticado e superior

dragão vermelho (Manhtinter, [1986]) de Mlchael M a n n . JB

diretor), e m p a t a d o com Ultra (1990), Indicação (Urso de Ouro)



J F K - A PERGUNTA QUE NAO QUER CALAR (199D

LUA (Alcor, Camelot, Ixtlan, Canal+, Urgency, Warner Bros.) 189 m i n . P8tB/

Cor

(JFK)

Idioma: inglês Direção: Oliver Stone

Controverso c o m o s e m p r e , Oliver S t o n e e m e n d o u s e u poderoso f i l m e

Produção: A. Kitman Ho, Oliver Stone

Nascido

Uoteiro: Oliver Stone, Zachary Sklar,

pós-VIrtua

em 4 de julho c o m u m l o n g a - m e t r a g e m q u e irritou e surpreendeu as pessoa»

e m igual medida - o questionador, i m p r e s s i o n a n t e e conspiratório ]FK.

baseado nos livros Crossfire: The Plot

É claro que muita gente acredita que não sabemos toda a verdade sobre o assassinato

Thai Killed Kennedy, de Jim M a n s , e

do presidente J o h n F. Kennedy e m 22 de novembro de 1963. Será q u e Lee Harvey Osw.ild

I '' the trail of the Assassins, de Jim Gairlson

realmente agiu sozinho? Será m e s m o q u e o relatório final da Comissão Warren, q t n

Fotografia: Robert Richardson

t e n t o u chegar a u m a conclusão, forneceu u m a resposta definitiva? Embora

Música: John W i l l i a m s

t e n h a m debatido se havia mais de uma pessoa apertando o gatilho naquele dia, Stone iol

muito»

Elenco: Kevin Costner, Kevin Bacon,

além e levou a l g u m a s das inúmeras teorias para a tela e, ao fazer isso, realizou u m filme

tommy Lee J o n e s , Laurie Metcalf,

fascinante que gera mais perguntas do que apresenta respostas.

Gary O l d m a n , Beata Pozniak, Michael

No centro do f i l m e está J l m Garrison (Kevin Costner), o promotor de justiça de Nova

Rooker, Jay 0 . Sanders, Sissy Spacek,

O r l e a n s q u e tinha suas próprias teorias sobre q u e m m a t o u J F K e conduziu

Irian inryle-Murray, Gary Grubbs,

11111,1

W.iyne Knight, J o Anderson, Vincent

investigação sobre o a s s u n t o entre 1966 e 1969. S t o n e s a b i a m e n t e não concordou c o m

l''< Inofrio, Pruitt Taylor Vlnce, Walter

t o d a s as teorias de Garrison

M . u i h a u , Joe Pesci, Donald

tória q u e não conseguia distinguir entre pistas reais c idéias conspiratórias alucinada»

Sutherland, Jack L e m m o n

m u i t o s a c r e d i t a v a m que ele era u m a metralhadora gira

-, m a s , apesar disso, o diretor usa Garrison c o m o u m p o n t o de partida, o centro

Oscar: Robert Richardson

simbólico do filme, s i m p l e s m e n t e por ser o único h o m e m nos Estados Unidos que

(fotografia), Joe Hutshing, Pletro

sequer t e n t o u levar a l g u é m ao banco dos réus pelo q u e deve ser o assassinato m a l l

ICllla (edição)

f a m o s o d e todos os t e m p o s (e q u e c o n t i n u a não c o m p l e t a m e n t e s o l u c i o n a d o , o que é

Indicação ao Oscar: A. K i t m a n H o ,

c h o c a n t e se p e n s a r m o s e m q u a n t a s t e s t e m u n h a s e s t a v a m presentes no dia).

Oliver Stone (melhor filme), Oliver M u n e (diretor), Oliver Stone, Zachary

U s a n d o imagens d e arquivo

S\ Lu (inteiro), Tommy Lee Jones (ator

incluindo o infame vídeo caseiro gravado por Abraham

Zapruder - e flashbacks, reconstruções, edição veloz e tirando u m hábil proveito d u \

(ii.iiljuvante), J o h n Williams (música),

diálogos e da música, S t o n e entrelaça idéias e teorias valendo-se da imensa montanha

Mu hael Minkier, Gregg Landaker, Tod

de evidências e d e p o i m e n t o s de t e s t e m u n h a s s e m j a m a i s confundir ou ludibriar seus

A M.iitland (som)

espectadores. Não t e m o s u m a resposta q u a n d o os créditos finais s o b e m pela tela, três espetaculares horas depois, m a s f i c a m o s c o m a certeza - c o m o se d u v i d á s s e m o s antes! de que é impossível q u e Lee Harvey O s w a l d tenha a t u a d o sozinho. E, para aqueles q u e n ã o e r a m vivos o u v e l h o s o b a s t a n t e para lembrar os a c o n t e c i m e n t o s de 1963, eles e s t ã o todos lá - o disparo d u r a n t e o desfile e m Dallas, o assassinato d e O s w a l d pelas mãos de Jack Ruby e por aí em diante. No\ os v e m o s pelos olhos d e Garrison, e S t o n e s a b i a m e n t e nos mostra o que teria convencido esse h o m e m c o m u m a pesquisar t a n t o s relatórios e histórias a f i m

&f

d e buscar conspirações q u e p o d e m ter envolvido a CIA, os partidários de Fidel

•glS

Castro e diversos grupos periféricos. Ele não teria tido sucesso e m conseguir nos envolver t ã o c o m p l e t a m e n t e e m sua busca pela verdade s e m u m a marcante a t u a ç ã o central de Costner, que prende a atenção ao longo do filme apesar dus i n ú m e r o s atores de primeiro escalão q u e a p a r e c e m e m p e q u e n a s pontas desde T o m m y Lee J o n e s , c o m o o suspeito Clay S h a w , a t é Joe Pesci, sem esquecei Gary

Oldman

(como

Oswald),

Donald

Sutherland, Jack

Lemmon,

M a t t h a u , Kevin Bacon e Síssy Spacek, todos extraordinários. JB

Walter


FUA (Detour) 97 m i n . Cor

SLACKER

Idioma: inglês

O s e g u n d o filme de Richard Linklater foi, na verdade, o primeiro a ter u m a distribuição

Direção: Richard Linklater

razoável após a obra obscura e cinéfila e m super-8 It's Impossible to Learn to Plow by

(1991)

1'rodução: Richard Linklater

Reading Books (1988). Diferente e i m e n s a m e n t e divertido, ele nos leva e m u m a viagem

Roteiro: Richard Linklater

de 24 horas pela cultura excêntrica d e A u s t i n , Texas, q u e c o n t i n u o u sendo o quartel

Fotografia: Lee Daniel

general d e Linklater desde e n t ã o , a o longo d e sua m u l t i f a c e t a d a carreira. Ao contrário

Flenco: Richard Linklater, Rudy

de todos os seus filmes s u b s e q u e n t e s ate o m o m e n t o . Slacker (Preguiçoso) não t e m n a -

H.isquez, Jean Caffeine, Jan Hockey,

da q u e se a s s e m e l h e a u m a t r a m a c o n t í n u a , exceto no sentido m a i s literal, pela forma

s i e p h a n Hockey, Mark J a m e s , Samuel I Hrteit, Bob Boyd, Terrence Klrk, Kelth McCormack, Jennifer

c o m o avança cronológica e g e o g r a f i c a m e n t e m o s t r a n d o parte d e u m dia e m Austin, m a s é repleto de personagens bizarros e diálogos maravilhosos (que parecem e m gran-

'.i l u u d i e s , Dan Kratochvil, Marls

de parte improvisados, embora t e n h a m sido todos escritos por Linklater, a p a r e n t e m e n -

StrautmanlS, Brecht Andersch,

te c o m a contribuição de alguns atores, a s s i m c o m o ele fez na a n i m a ç ã o Waking Life, de

l o m m y Pallotta

2001). A estrutura dos diálogos c o n c a t e n a d o s nos faz lembrar u m a versão extremam e n l e descontraída de O l o n l a s m a da libeidade,

de 111 is líuiiuel (19/4), n u de 1'laytimc.

de |,H quês I.Hi (!<)(•/), nos quais v.ino-. ,u ontei miemos estan ligado-, s i m p l e s m e n t e poi o c u p a r e m o m e s m o t e m p o e espaço. C o m b i n a r u m a certa lógica formal c o m u m í m p e t o Ilógico d e prolongar f a n t a s i a s c digressões gratuitas é o i m p u l s o q u e a c o m panharia Linklater c m diversos f i l m e s seguintes, m a s é possível q u e essa c o m b i n a ç ã o j a m a i s t e n h a sido mostrada d e maneira tão ousada q u a n t o c m Slacker. "Cada p e n s a m e n t o q u e t e m o s se fraciona e se torna sua própiia realidade", comen ta Linklater c o m u m impassível motorista d e táxi na primeira (e, d e certa forma, a mais engraçada) seqüência do f i l m e , n o v a m e n t e a n t e c i p a n d o Waking Life ao compartilhar filosofias f a n t a s i o s a s no banco d e trás d e u m carro. E o resto do filme ilustra a m p l a m e n t e essa Idéia c o m seus diversos personagens paranóicos c o m suas teorias da conspiração e a s s a s s i n a t o s , fãs d e serial killers, m ú s i c o s , rituallstas, e s t u d a n t e s universitários, d o g m á t i c o s , marginais insignificantes, moradores d e rua e v a g a b u n d o s (aproximadamente

90, ao todo). Ainda q u e o

filme não c h e g u e a lugar a l g u m e m termos de narrativa e t e r m i n e c o m u m desfecho um

tanto forçado, as cenas

altamente

m e m o r á v e i s d e i x a m u m a impressão por vezes hilária dos resquícios sobreviventes da cultura dos a n o s 60, b e m c o m o o panorama m a g n i f i c a m e n t e construído d e uma c o m u n i d a d e específica. JRos


UNGUES UNTIED

(1991)

A poesia c o m fagulhas políticas e tremenda carga erótica c o espírito rebelde do falecido

EUA (Frameline) 55 m i n . Cor Idioma: inglês

ssex Hemphill está p r o f u n d a m e n t e presente e m Tonques untied (Línguas desatadas), o

Direção: Marlon Riggs

o c u m e n t á r i o inovador c controverso d e M a r i ó n Riggs. O filme trouxe à luz os homos-

Elenco: Essex Hemphill

exuais m a c h õ e s q u a s e uma década antes de rappers homofóbicos e a mídia idiota reco-

Festival Internacional de Berlim:

nhecerem, a t r a p a l h a d a m e n t e , a sua existencia, e d e u n u a n c e e dignidade à h u m i l h a d a

Marlon Riggs (Teddy - documenl.iiin)

figura do gay negro - t u d o Isso c o m h u m o r e s e n t i m e n t o . I m a g e n s d e p e r f o r m a n c e s , enas c h o c a n t e s , entrevistas sérias, críticas mordazes à homofobia c m f i l m e s negros (usando cenas de Eddic Murphy

sem censura

e Lute pela coisa certa, de Spike Lee) e

pessoas e m elose recitando poesia o u s i m p l e s m e n t e c o n t a n d o suas vidas f o r m a m u m retrato d e energia inesgotável t a n t o dos negros q u a n t o dos h o m o s s e x u a i s . Acima d e t u d o , o q u e torna este f i l m e obrigatório é o m o d o c o m o critica a I n t o lerância s o c i a l m e n t e aceitável e n q u a n t o celebra a arte (a criação de si m e s m o e da vida) ' a Arte (a criação da cultura c seus artefatos) produzidas dentro e para a l é m dos limites lessa intolerância. A profundidade e o s e n t i m e n t o de Tollones irntied e x p õ e m as falhas anto do Novo C i n e m a Cay, m o v i d o por teorias e e m g r a n d e parte feito por brancos, orno da m a l definida " a u t e n t i c i d a d e " do c i n e m a negro pós Spike Lee. C o n d u z i n d o o spectador e m u m a jornada por u m a subcultura d u p l a m e n t e marginalizada s e m fazer oncessões às expectativas o u aos preconceitos dos turistas, Tongucs untied transforma ibjeto e m sujeito a u t o explicativo. Riggs, cujos outros f i l m e s t a m b é m l a n ç a m u m olhar penetrante sobre q u e s t õ e s d e aça e representação, mostra-se e m s e u e s t a d o mais rude c i m p i e d o s o c m Tongucs intíed- O f i l m e é u m d o c u m e n t á r i o q u e capta c o m perfeição u m a era (pós-Aids e préomerciali/açâo do h o m o s s e x u a l i s m o ) c i n f l u e n c i o u p r o f u n d a m e n t e n ã o só outros i ineastas - d o c u m e n t a l i s t a s e diretores de filmes experimentais valeram-se do m o d e l o riado por Riggs - m a s t a m b é m poetas, autores e críticos culturais. O furor c a u s a d o e m orno do patrocínio do f i l m e pelo governo ajudou a torná-lo conhecido entre as pessoas jue não o assistiram c q u e j a m a i s se d i g n a r i a m assisti-lo. A controvérsia várias vezes ontribuiu para ofuscar o resultado artístico c o apelo social do f i l m e : Tongucs untied é im m a n u a l sobre c o m o ler as entrelinhas das " v e r d a d e s " c u l t u r a l m e n t e a c e i t a s , c o m o e s m o n t a r e enxergar a l é m dos estereótipos - t a n t o para q u e m assiste q u a n t o para q u e m é assistido. EH

Ho/


EUA (American Zoetrope) 96 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Fax Bahr, Eleanor Coppola, < ii'oige Hickenlooper

FRANCIS FORD COPPOLA-0 APOCALIPSE DE UM CINEASTA m m ) (HEART OF DARKNESS: A F I L M M A K E R S APOCALYPSE)

frodução: Doug Claybourne, Les

Durante os 238 dias que foram necessários para Francis Ford Coppola e companhia finall

M.iyfield, George Z a l o o m

zarem a filmagem d e Apocaiypse

Roteiro: Fax Bahr,,George Hickenlooper Fotografia: Larry Carney, Igor Meglic, '.leven W a c k s Música: Todd Boekelheide, Carmine ( uppola, Francis Ford Coppola, Mickey Hart

Now nas Filipinas, Eleanor, a esposa de Coppola, doeu

m e n t o u e m câmera e por escrito as provações apavorantes pelas quais passaram o elenco, a equipe de f i l m a g e m e, talvez mais profundamente (com certeza e m maior número dl níveis: psicológico, econômico, espiritual), seu renomado diretor. O espantoso sucesso comercial c de crítica de Apocaiypse Now que se seguiu ao seu lançamento e m 1979 result o u no filme ter alcançado o status quase imediato de u m clássico americano contem porâneo. Algo que contribuiu i m e n s a m e n t e para a lenda foi Francis Ford Coppola - 0 de um cineasta, dirigido por Fax Bahr e George Hickenlooper, o qual registra e

Elenco: 5am B o t t o m s , Marlon

apocalipse

Brando, Colleen Camp, Eleanor

reflete sobre a turbulenta criação do filme de Coppola. O apocalipse de um cineasta mistura

( oppola, Francis Ford Coppola, Gia

de forma natural as t o m a d a s dentro e fora de cena filmadas por Eleanor - assim como

( oppola, Roman Coppola, Sofia 1 uppola, Robert De Niro, Robert I Hiv,ill, Laurence Fishburne, Harrison 1 in 11.1 lederic Forrest, Albert Hall, 1 It

51 lupper, George Lucas, John

Mlllus. M a r t i n S h e e n , G. D. Spradlin

conversas particulares entre ela e o marido, sem que Coppola soubesse, naquele momento, que estavam sendo gravadas

c o m entrevistas mais convencionais, e m d o s e , com várias

pessoas envolvidas na produção (conduzidas por Bahr mais de 10 anos depois). O documentário t a m b é m é entremeado de t o m a d a s n ã o usadas e cenas retiradas durante a edição, assim como fragmentos sonoros de Orson Welles narrando o romance de 1901 de Joseph Conrad, O coração das trevas (no qual o roteiro de Apocalypse Now foi v a g a m e n t e baseado), para o programa de rádio Mcrcury Theatcr c m 1938. O apocalipse

de u m cineasta

é amplamente consi-

derado corno u m dos m e l h o r e s f i l m e s no subgênero vagamente "maklng-of",

conhecido

como

e m grande

parte

documentários graças

de

ao acesso

de seus criadores a m a t e r i a i s d e fontes primárias q u e , n o r m a l m e n t e , s e r i a m e x t r e m a m e n t e difíceis d e s e obter. Entre as coisas a destacar (a descartar, do ponto de vista d o s e n v o l v i d o s ) : interrupções no local de f i l m a g e m provocadas pelas forças a r m a d a s filipinas; confissões cada vez m a i s p e s s i m i s t a s de insegurança e d e s â n i m o feitas pelo diretor à sua esposa; o ator M a r t i n S h e e n sofrendo u m a t a q u e cardíaco d u r a n t e as f i l m a g e n s , além de discussões acaloradas entre Coppola e dois dos principais m e m b r o s do elenco, Dennis Hopper ( a p a r e n t e m e n t e m a c o n h a d o o t e m p o t o d o e Incapaz de lembrar suas falas) e M a r l o n Brando (que apareceu no local das f i l m a g e n s gordo e sem ter lido o r o m a n c e de Conrad). Acrescente-se a isso a d e m i s s ã o do ator principal o r i g i n a l m e n t e c o n t r a t a d o , Harvey Keitel; u m e n o r m e t u f ã o q u e destruiu diversos

ÜM.H


i m á r i o s ; a eterna insatisfação de Coppola c o m a conclusão de seu filme. Considerando, inicia, o fato de q u e u m projeto o r i g i n a l m e n t e previsto para ter 16 s e m a n a s de 11111 ragem a c a b o u levando mais de três a n o s para ser finalizado, s o m o s o b r i g a d o s a incluir q u e os criadores de O apocalipse

de u m cineasta s a b i a m q u e t i n h a m nas m ã o s

uma mina de ouro e m forma de "making-of". U m dos a s p e c t o s mais fascinantes do d o c u m e n t á r i o é a maneira c o m o ele e f e t i v a m e n t e (embora isso não seja Intencional) revela a natureza paradoxal da a b o r d a g e m imoral c o m o u m conceito de crítica nos e s t u d o s de c i n e m a , a s s i m c o m o da idéia p o p u lar da carreira de Coppola c o m o u m diretor I n d e p e n d e n t e , d o t a d o de u m a visão artfstl• a única e d e t e r m i n a d a . E m r e s u m o - e c o m o este d o c u m e n t á r i o se esforça para deixar 'aro além de qualquer sombra de dúvida

, Apocolypsc Now

nunca poderia ter sido a

obra-prima e m q u e se t r a n s f o r m o u se Coppola não tivesse recebido u m a colaboração ai grandiosa de seu elenco e sua equipe. Isso sem m e n c i o n a r a colaboração de Eleanor, que, se d e v e m o s confiar o m í n i m o que seja e m O apocalipse dc um cineasta, teve m u i t o iials fé e m seu m a r i d o do q u e ele m e s m o . SJS


França / Polônia / Noruega (L Studio, Canal+, Norsk, Sideral, Tor) 98 m i n . Cor idioma: francês / polonês Direção: Krzysztof Kieslowski

A DUPLA VIDA DE VERONIQUE

(1991)

(LA DOUBLE VIE DE VÉRONIQUE) O primeiro longa-metragem d e Kieslowski após sua obra-prima e m 10 partes, O decálogo (1988), lançando o m o d o de co-produção europeu d e c i n e m a q u e o levaria à sua

Produção: Leonardo De La Fuente

Trilogia d a s Cores (A liberdade é azul [1993], A igualdade

Itoteiro: Krzysztof .Kieslowski,

vermelha

I' 1 /ysztof Piesiewicz

vidas paralelas de d u a s m u l h e r e s de 20 a n o s , u m a na Polônia e outra na França, a m b a s

lotografia: Slavomir Idziak

interpretadas pela belíssima Irene Jacob. C o m o na Trilogia das Cores, a co produção e u -

Música: Zbigniew Preisner I lenço: Irène Jacob, Halina layglaszewska, Kalina Jedruslk, Aleksander Bardini, Wladyslaw Kowalskl,

Itrzy

Cudejko, Janusz Sternlnski,

é branca [1994J, A fraternidade é

[1994]), A dupla vida de Véronique é u m refinado mistério q u e a c o m p a n h a as

ropéia torna-se não apenas u m m e l o de f i n a n c i a m e n t o , m a s t a m b é m parte da c o n c e i t u a l i z a ç ã o formal e t e m á t i c a do projeto. A Veronlka polonesa é uma t a l e n t o s a cantora c o m u m problema cardíaco; a Véronique francesa a b a n d o n a suas aulas d e c a n t o e se envolve c o m u m m a n e j a d o r de m a r i o -

rhillppe Volter, Sandrine D u m a s ,

netes (Philippe Volter) q u e escreve livros infantis. H a b i l m e n t e dirigido, este f i l m e , e m

Louis Ducreux, Claude D u n e t o n ,

t o m b a s t a n t e onírico, é ao m e s m o t e m p o u m esforço da parte d e Kieslowski para se

1 orralne Evanoff, Guillaume De

agarrar à sua identidade polonesa c u m esforço i g u a l m e n t e o b s t i n a d o para superá-la -

Innquedec, Gilles Gaston-Dreyfus,

q u a s e c o m o se o c i n e a s t a e s t i v e s s e s o n h a n d o c o m u m a ressurreição da própria

Alain Frérot I estival de Cannes: Krzysztof

identidade artística e n q u a n t o o f i n a n c i a m e n t o estatal polonês seguia a m e s m a rota do c o m u n i s m o polonês. JRos

kieslowski (Prêmio FIPRESCI), (prêmio ei nmênico do júri), Irène Jacob (atrlz), Krzysztof Kieslowski, Imlii ação (Palma de Ouro)

Austrália ( M & A, AFFC, Beyond,

Rink) 94

m i n . Eastmancolor

Idioma: inglês Direção: Baz Luhrmann Produção: Tristram Miall Roteiro: Baz L u h r m a n n , baseado 1

1 , 1 história de Andrew Bovell e Baz

1 uhrmann

lolografia: Steve M a s o n Música: David Hirschfelder

VEM DANÇAR COMIGO

(1992)

(STRICTLY BALLROOM) Antes q u e o roteirista e diretor Baz L u h r m a n n fizesse a tolice frenética que foi Moulin Kouge, ele c a p t o u h a b i l m e n t e a mágica e o poder dos m u s i c a i s a n t i g o s de H o l l y w o o d e m Vem dançar comigo,

m i s t u r a n d o dois t e m a s clássicos: o rebelde q u e acaba t r i u n -

fando contra as adversidades c os descrentes e o p a t i n h o feio q u e desabrocha e m u m belo cisne, c o n q u i s t a n d o o príncipe no final. Q u a n d o o promissor d a n ç a r i n o S c o t t Hastings (Paul Mercúrio, d e v a s t a d o r a m e n t e sexy) desafia a c o m u n i d a d e d e dança d e salão e suas regras, sua esganiçada m ã e e pro-

I lenço: Paul Mercúrio, Tara Morlce,

fessora (Pat T h o m s o n ) quase o deserda e recorre a todo tipo de truques para controlá-lo.

WH Ilunter, Pat T h o m s o n , Gla

Ao m e s m o t e m p o , u m a d a s e s t u d a n t e s iniciantes da m ã e , a felosa Fran (Tara M o r i c e ,

i aúdes, Peter W h i t f o r d , Barry O t t o ,

e n c a n t a d o r a ) , se apaixona por S c o t t , q u e parece m u i t o fora d e seu alcance e m vários

I d I I I I H a n n a n , Sónia Kruger, Kris Mi i.hiade, Pip M u s h i n , Leonle Page, Antonio Vargas, Armonla Benedito, | | l k Webster 1 estival de Cannes: Baz Luhrmann

sentidos. Contra t o d a s as probabilidades, os dois se t o r n a m u m casal, dentro e fora do salão. Ágil, r o m â n t i c o , engraçado e inteligente, Vem dançar

comigo

é uma viagem

escapista de verdade. O f i l m e f u n c i o n a porque, por baixo da m o n t a g e m acelerada, da trilha

sonora

(ptemio da j u v e n t u d e - f i l m e

extasiante e d a s roupas g l o r i o s a m e n t e berrantes (além d o s p e r s o n a g e n s secundários

rsti angeiro)

ainda mais berrantes), há u m e n o r m e coração e u m a alma profunda. Sua e v o c a ç ã o do que custa e significa ser a o m e s m o t e m p o u m s o n h a d o r e u m excluído faz do e m polgante final da dupla u m triunfo d e dar nó na garganta. EH

Km


j

JOGADOR

(1992)

EUA (Avenue, Guild, Spelling)

124 m i n . Cor

THE PLAYER) No início d e O jogador, dois sujeitos de fala rápida, figuras típicas de H o l l y w o o d , s a e m a m i n h a n d o pela porta da frente do escritório de u m estúdio, trocando piadas sobre filmes que c o m e ç a m c o m longas seqüências espetaculares. À m e d i d a q u e a c â m e r a , e m um m o v i m e n t o fluido, a b a n d o n a esses personagens e concentra-se e m o u t r o s , a piada torna-se clara: este é o supra-sumo dessas s e q ü ê n c i a s , u m a paródia dos m o m e n t o s espalhafatosos e cheios de p o m p a do c i n e m a m o d e r n o . Este f i l m e foi d i v u l g a d o c o m o sendo o retorno de Robert A l t m a n , s u a recuperação 12 a n o s após o desastre comercial de Popeyc (1980). Isso está longe da verdade, já q u e

Idioma: inglês Direção: Robert A l t m a n Produção: David Brown, Michael Tolkin, Nick Wechsler Roteiro: Michael Tolkin, baseado e m seu livro Fotografia: Jean Lépine Música: T h o m a s N e w m a n Elenco: Tim Robbins, Greta Scacchl,

A l t m a n nunca deixou d e trabalhar c o m c i n e m a , teatro e TV. M a s O jogador, exibindo u m

Fred W a r d , W h o o p l Goldberg, Peter

d o m í n i o e u m a m o d e r n i d a d e d e tirar o fôlego, trouxe A l t m a n de volta à a t e n ç ã o do

Gallagher, Brion J a m e s , Cynthia

público e m geral. É u m e n t r e t e n i m e n t o e s p a n t o s a m e n t e cínico. O roteiro inteligente (de M i c h a e l Tolkln, baseado c m seu r o m a n c e h o m ô n i m o )

Stevenson, Vincent D'Onofrio, Dean Stockwell, Richard E. G r a m , Sydney Pollack, Lyle Lovett, Dina Merril,

lembra u m a a d a p t a ç ã o c i n e m a t o g r á f i c a m a i s bem-feita de A fogueira cias vaidades, de

Angela Hall, Leah Ayres

rom W o l f e , d o q u e a versão oficial d e Brian De Palma (1990).

Indicação ao Oscar: Robert Altman

Griffin Mills, interpretado c o m u m c h a r m e glacial por Tim Robbins, é u m esperto executivo de estúdio. Ele avalia a r g u m e n t o s

breves resumos orais de idéias geralmente

absurdas para filmes (tais como A primeira noite de um h o m e m //). Griffin está ficando cada vez mais incomodado c o m os jogos de poder e m sua empresa e mais ainda c o m as a m e a ç a s de morte que v e m recebendo de u m roteirista insatisfeito por ter sido rejeitado.

(diretor), Michael Tolkin (roteiro), Geraldine Peroni (edição) Festival de Cannes: Robert Altman (diretor), Tim Robbins (ator), Robert A l t m a n , indicação (Palma de Ouro)

Aqui começa u m a trama de suspenso envolvendo u m a identidade misteriosa, u m assassinato acidental, mentiras, blefes, coincidências, riscos físicos e intriga sexual. Altman realiza tudo impecavelmente, mas seu verdadeiro interesse é outro. Como sempre, Altman

se diverte

pintando

u m mosaico

detalhado,

um mundo

e m miniatura.

Personagens secundários excêntricos, incidentes passageiros, conversas ouvidas por acaso, divagações estranhas - são essas coisas q u e tornam O jogador u m filme maravilhoso. S e m esforço, A l t m a n condensa o moderno cinema de H o l l y w o o d , ao m e s m o tempo que fornece u m a alternativa radical a ele. Contra todos aqueles filmes de final feliz com heróis fortes, conflitos claros e motivações b e m definidas, O jogador

oferece u m

herói safado, situações vagas e motivos a m bíguos - temperados c o m a mais pura ironia. No final, você vai ficar se perguntando como a nata das estrelas d e H o l l y w o o d - de Jack L e m m o n a Julia Roberts - pôde concordar e m ser parte desse exercício supremo de subversão maliciosa. A M

Hll


CAES DE ALUGUEL

(1992)

(RESERVOIR DOGS) U m autoproclamado viciado c m vídeos, Quentin Tarantino tinha apenas 28 anos quando escreveu o roteiro para seu filme revolucionário cujo título original, Rcscrvoir dogs, apareu temente, veio de uma referência de u m cliente da loja de vídeo onde Tarantino trabalhava, um.i frase da qual gostou tanto que decidiu usá-la e m seu primeiro filme como diretor. Repleto de diálogos m e m o r á v e i s e interpretações e s p l ê n d i d a s do elenco quasr t o t a l m e n t e m a s c u l i n o , Cães de aluguei

conta a história d a s c o n s e q ü ê n c i a s s a n g r e n t a i

de u m roubo de d i a m a n t e s que d e u errado. Em flashback, v e m o s os criminosos no mo m e n t o e m que sao reunidos por J o e Cabot (l.awrcncc Tierney)

n e n h u m deles conhc< e

as identidades reais dos o u t r o s ( t o r n a n d o impossível para qualquer u m denunciar seus EUA (Dog Eat Dog, Live) 99 m i n .

cúmplices)

I astmancolor

Rosa (Steve B u s c e m i ) , o j o v e m Sr. Laranja (Tim Roth), o e n t e d i a d o Sr. Branco (Harvry

c q u a n d o r e c e b e m n o v o s apelidos: o Sr. M a r r o m (Tarantino), o estúpido Sr,

Idioma: inglês

Keitel) c o v i o l e n t o Sr. Louro ( M i c h a e l M a d s e n , c m u m d e s e m p e n h o hipnótico e assus

Direção: O u e n t i n Tarantino

tador). E m u m a série d e c e n a s reveladoras, p a s s a m o s a conhecer os e v e n t o s que

1'rodução: Lawrence Bender Roteiro: O u e n t i n Tarantino fotografia: Andrzej Sekula I lenço: Harvey Keitel, Tim Roth, Michael M a d s e n , Chris Penn, Steve

levaram ao clímax s a n g r e n t o do f i l m e e m u m a r m a z é m . M a s não é só a trama inteligente o que torna este filme u m grande clássico da década de 90. Como o segundo filme dirigido por Tarantino, i'uíp Union

\n»jK)

dc violência (1994),

este l a m b e m leve uma escalaçao dc elenco habilidosa ( M a d s e n , Keitel e Roth com inter

Uuscemi, Lawrence Tierney, Randy

pretações brilhantes) c c recheado de cenas notáveis que se tornaram parte da história do

Brooks, Kirk Baltz, Edward Bunker,

cinema, cada u m a contendo referências à cultura pop que agora são reconhecidas como

Q u e n t i n Tarantino, Rich Turner, David

uma marca registrada de seus roteiros. Quer seja uma cena e m que os h o m e n s - reunidos

M e e n , Tony Cosmo, Stevo Poiyi,

e m u m a cafeteria antes do roubo - d i s c u t e m tudo, desde a etiqueta d c gorjetas até o real

Michael Sottile

significado de "Like A Virgin", de M a d o n n a (a conclusão deles é impublicável aqui), ou a cena c h o c a n t e da "orelha" c o m M a d s e n (destaque para o uso inesquecível do clássico do Steclcr's W h c c l , "Stuck In the Middle W i t h You"), Tarantino escolhe suas palavras e ações de maneira t ã o inteligente q u e ficamos sabendo muito sobre as características de cada personagem, não importando a trivialidade do que f a l a m . U m a magnífica estréia de u m dos talentos mais originais a surgir no cinema na década de 90. JB


SKINHEADS - A FORÇA BRANCA

(1992)

Austrália (AFC, Film Victoria, Rompei Stomper P/L, Seon) 94 m i n .

(ROMPER STOMPER) SI mheads - A força branca d e s e n c a d e o u u m debate i n f l a m a d o na Austrália sobre se era um panfleto racista o u anti-racista. O passar do t e m p o nos permite julgar m a i s claramente as q u a l i d a d e s d o i m p r e s s i o n a n t e longa d e estréia de Geoffroy W r i g l i t . fendo c o m o cenário a subcultura do bairro Footscray, d e M e l b o u r n e , Skinhcads

de-

Eastmancolor Idioma: inglês / vietnamita Direção: Geoffrey Wright Produção: lan Pringle, Daniel Si li.n i Roteiro: Geoffrey Wright

talha de maneira vívida a desintegração d e u m a g a n g u e liderada por H a n d o (Russell

Fotografia: Ron Hagen

1 niwe e m u m d e seus primeiros papéis) - indo desde surrar a u s t r a l i a n o s de origem

Música: John Clifford W h i t e

vietnamita a t é serem a p a n h a d o s u m por u m c o m o a n i m a i s c m pânico, t a n t o pela

Elenco: Russell Crowe, Daniel Polloi k,

piilicia q u a n t o por cidadãos indignados.

Jacqueline McKenzie, Alex Scott,

O foco central d o f i l m e é u m triângulo a m o r o s o v i o l e n t a m e n t e m e l o d r a m á t i c o , envolvendo G a b e (Jacqueline M c K e n z í e ) e seus casos a m o r o s o s a l t e r n a d o s : o brutal i l i n d o e o mais sensível Davey (o notável Daniel Pollock). A s influências de S t a n l e y i ubrick e M a r t i n Scorsese são palpáveis, e s p e c i a l m e n t e e m seqüências c o m o o cerco a uma residência burguesa no estilo de Laranja Skinheads

Leigh Russell, Daniel Wyllie, J a m e s M c K e n n a , Eric Mueck, Frank Magtee, Christopher M c L e a n , Josephine Keen. S a m a n t h a Bladon, Tony Lee, John B r u m p t o n , Don Bridges

mecânica.

não t e m a pretensão de oferecer u m c o m e n t á r i o sofisticado sobre as

"luplexidades m u l t i c u l t u r a i s da Austrália. Esses " s k i n s " são o q u e os gângsteres ou os delinqüentes j u v e n i s c o m t a n t a freqüência são no c i n e m a - u m a metáfora e x t r a v a g a n te para u m a vida à m a r g e m da s o c i e d a d e . Tanto W r i g h t c o m o C r o w e se e m p e n h a r a m i

:.i dar a esses e v e n t o s u m a grandiosidade shakespeariana, à la Ricardo III, no que

1 iveram sucesso q u a s e t o t a l . A M

0

SUCESSO A QUALQUER PREÇO

(1992)

ENGARRY GLEN ROSS)

EUA (GGR, Newline, Zupnik II)

100 m i n . Cor

t u m o f i l m e O sucesso a qualquer preço, de 1992, J a m e s Foley cria a comédia definitiva

Idioma: inglês

de h u m o r negro sobre v e n d a s . A d a p t a d o para o c i n e m a por David M a m e t , a partir de

Direção: James Foley

n.i própria peça vencedora do Prêmio Pulltzer e m 1984, a repetição d e diálogos típica de M a m e t não apenas m a n t é m a história à parte da realidade c o m o prende o especta• li>r e m u m a rede densa e cheia de tensão. No escritório d e p r i m e n t e m e n t e f u n c i o n a l de u m a imobiliária e m urna noite chuosa de Nova York, u m a equipe de vendedores desesperados recebe u m u l t i m a t o : nder propriedades suspeitas para "clientes f u r a d o s " - pessoas s e m n e n h u m histórico de i n v e s t i m e n t o e m i m ó v e i s - a t é a m a n h ã s e g u i n t e o u ser d e m i t i d o s . O s q u e tiverem

Produção: Jerry Tokofsky, Stanley 1;

Zupnik

Roteiro: David M a m e t , baseado e m sua peça Fotografia: Juan Ruiz Anchía Música: J a m e s Newton How.ml Elenco: Jack L e m m o n , Al Pacino, 1 'I Harris, Alan Arkln, Kevin Spacev, Ale.

sucesso receberão os "clientes Glengarry", u m a lista de compradores legítimos. Q u a n t o

Baldwin, J o n a t h a n Pryce, Bruce

aos atores - J a c k L e m m o n , Al Pacino (indicado para u m Oscar de ator c o a d j u v a n t e aqui,

Altman, Jude Ciccolella, Paul Butler,

enceu por s e u papel principal e m Perfume de mulher no m e s m o ano), Kevin Spacey, Alan Arkln, J o n a t h a n Pryce e Alec B a l d w i n -, O sucesso a qualquer

preço n ã o t e m u m

lenço, m a s u m p a n t e ã o . B a l d w i n , e m especial, oferece u m a interpretação secundária, orem f u n d a m e n t a l , c o m o u m empresário linha-dura, u m papel criado e s p e c i a l m e n t e para o f i l m e . O diretor Foley t r a n s f o r m a O sucesso... e m m a i s d o q u e u m a versão

Lori Tan Chinn, Neal Jones, Barry Rossen, Leigh French, George ( heunf Indicação ao Oscar: Al Pacino (atol coadjuvante) Festival de Veneza: Jack Lemmon (Copa Volpi - ator)

iiualizada de A morte do caixeiro via/ante: é o único f i l m e para o qual é recomendável l u m a r u m a n t i á c i d o antes de assistir. K K

!(tl


OS IMPERDOÁVEIS

(1992)

(UNFORGIVEN) O último western d e Clint E a s t w o o d é grandioso: soturno, e m p o l g a n t e e abrangendo t e m a s complexos, Os imperdoáveis

é u m a saga de beleza melancólica e firme realismo

moral, físico e histórico. C o m este f i l m e , s e u 16 , E a s t w o o d recebeu, ainda que 9

t a r d i a m e n t e , o que lhe era devido c o m o realizador, g a n h a n d o o Oscar de Melhor F i l m e i o de M e l h o r Diretor. Esta é u m a revisão radical da sua persona mais j o v e m , icônica e 111.1. u m h o m e m distante, s e m n o m e e de poucas palavras. Reconhecido c o m o o grande faroeste anti-romântico, o roteiro deste filme passou d e m ã o e m m ã o por 20 anos ante» que I a s l w o o d o pegasse para n u ená lo sobre o pano de fundo do mito que ele mesmo criou. M a t a d o r e s grisalhos, mulheres oprimidas e a dolorosa feiúra da morte constituem o lado negro do filme. A desmitificação do heroísmo dos faroestes e u m autor de romaii ces m e l o d r a m á t i c o s q u e reescreve e enfeita os eventos sangrentos q u e testemunha acrescentam u m h u m o r sardónico à mistura de Os imperdoáveis. fcUA (Malpaso, Warner Bros.) 131 min,

O durão William Munny, papel de E a s t w o o d , é u m assassino aposentado, reformado

lei hnicolor

pelo amor de u m a mulher honesta q u e morreu e o deixou lutando para criar duas crianças

Idioma: inglês

e m u m a fazenda decadente. M u n n y se une ao velho comparsa N c d (Morgan Freeman)

Direção: Clint Eastwood

para irem atrás de u m a recompensa oferecida pelas mulheres d e u m bordel - não pai.i

Produção: Clint Eastwood Roteiro: David Webb Peoples Fotografia: Jack N. Green Música: Clint E a s t w o o d , Lennle Niehaus Elenco: Clint E a s t w o o d , Gene 11.11 kinan, M o r g a n Freeman, Richard 11.nils, Jaimz W o o l v e t t , Said Rubinek, tranças Fisher, Anna Levine, David Mucci, Rob Campbell, Anthony James, Tara D a w n Frederick, Beverley I lllott, Llisa Repo-Martell, Josie Smith Oscar: Clint Eastwood (melhor filme), I lint Eastwood (diretor), Gene 11,11 kman (ator coadjuvante), Joel Cox (edição)

recuperar sua h u m a n i d a d e , ao contrário de Josey W a l c s , seu personagem e m u m filme anterior, e sim para m a n t e la. A tarefa deles é vingar u m a prostituta desfigurada à faca 11,1 sombria cidade Big Whiskey, onde o brutal xerife Little Bill (Gene Hackman) p e r m a n n r Indiferente aos pedidos de justiça das mulheres. Enquanto isso, o exuberante matadoi Engllsh Bob, vivido por Richard Harris, t a m b é m chega para buscar a recompensa d,r, prostitutas. Fie viaja com seu biografo, u m daqueles jornalistas do Leste que transforma v a m a escória da Terra e m renegados heróis libertários de novelas vagabundas. Os imperdoáveis t e m seus p o n t o s m a i s fascinantes na a b o r d a g e m revisionista 1I.1 mitologia do Velho O e s t e , seus desperados audazes e seus feitos ousados sendo justa postos â realidade lembrada por M u n n y c N c d sobre o desconforto de dormir no chao, o t o r m e n t o de cavalgar na chuva e o fato desagradável de m a t a r u m h o m e m - de preferência já caído no c h ã o . O u t r o contraste é dado pelas locações fabulosas (em Alberta, no C a n a d á , u m s u b s t i t u t o espetacular à fronteira do Mcio-Oeste). O filme é pontuado c o m cenas duras, que v ã o do a t a q u e à j o v e m prostituta até o inevitável confronto final.

Indicação ao Oscar: David Webb

Os d e s e m p e n h o s d e H a c k m a n e Freeman se d e s t a c a m , m a s há u m a dicotomia

Peoples (roteiro), Clint Eastwood

interessante no d e E a s t w o o d . As frases d e v o t a s de M u n n y c sua a u t o p r o c l a m a d a peida

( . I I D I ) , Henry B u m s t e a d , Janice P i n kle Goodine (direção de arte), Jack N. Green (fotografia), Les

do desejo d e m a t a r não s o a m c o m p l e t a m e n t e verdadeiras, e q u a n d o ele finalmente r Incitado a o ódio, o resultado é aquilo que os fãs de E a s t w o o d esperavam com antecipa

I resholtz, Vern Poore, Rick Alexander,

ção inapropriada. Ao final, M u n n y se torna u m a m á l g a m a de todos os cavaleiros viu

Hob Young (som)

gadores v i o l e n t o s que E a s t w o o d representou a o longo dos a n o s . Esta é u m a obra d e arte à altura do q u e se espera de E a s t w o o d , q u e empresta ao fll m e toda a sua c o m p r e e n s ã o de u m gênero q u e ele m a n t e v e vivo, sozinho, durante os quase 20 anos e m q u e ficou fora d e m o d a . H a c k m a n g a n h o u u m Oscar por seu sádico Little Bill, após ter recusado o roteiro anos antes d e E a s t w o o d comprá-lo. Terminado o f i l m e , ele é dedicado de maneira t o c a n t e "a Sergio e D o n " , os falecidos mentores de E a s t w o o d c o m o diretor - Leone e Slegel. Eles teriam ficado orgulhosos. AE

Hia,


AILEEN WUORNOS:

Inglaterra (Strand) 37 m i n . Cor

THE SELLING OF A SERIAL KILLER All

Idioma: inglês

(1992)

¡1 W u o r n o s - lésbica, prostituta, serial killer - foi u m a vítima incompreendida das

I instâncias ou u m a fria assassina? O u as duas coisas? Teria ela sido julgada às pressas um sistema judiciário americano ansioso para condenar uma das poucas serial killers sexo feminino d o c u m e n t a d a s na história, ou teria sido feita justiça? Nick Broomfield,

Direção: Nick Broomfield Fotografia: Barry Ackroyd Elenco: Nick Broomfield, Arlene Pralle, Aileen W u o r n o s

ocumentarista britânico c o m u m a inclinação para táticas d e tablóides, dispôs-sc a nnder a essas questões a o se debruçar sobre o caso W u o r n o s . No processo, porém, .cobriu u m elenco de personagens da vida real cuja falsidade, ganância, psicologia lia e poses diante da càmcra não ajudaram muito a inocentar ou condenar definitivapite W u o r n o s , mas lançaram uma luz intensa sobre a face oculta do caráter americano. W u o r n o s , c o m s e u rosto gorducho e pálido, olhos q u e piscam m u i t o e o cabelo . ,ienhado, n ã o é u m a heroína c o n v e n c i o n a l . O filme deixa claro q u e a vida dela foi, I I dúvida, dura e injusta - a raiva que ruboriza seu rosto diz m u i t o sobre privações e 11 Idades. Luta de classes, abuso sexual, sexualidade fora do padrão, u m sistema 1 íário d e c a d e n t e e corrupto, a l é m da transformação e m celebridade propiciada pelo ar da c â m e r a , são as engrenagens da m á q u i n a deste d o c u m e n t á r i o arrebatador c titante q u e , c o m o os melhores esforços no gênero, c h a m a a a t e n ç ã o para preocupa- e questões a l é m d a q u e l a s levantadas e s p e c i f i c a m e n t e dentro d e seu escopo. M a s i.iior observação do filme é q u e , nos Estados U n i d o s , m e s m o os pobres e os malados - para n ã o m e n c i o n a r os criminosos

p o d e m ser t r a n s f o r m a d o s c m mer-

loria e explorados v a n t a j o s a m e n t e por a l g u é m , e a p a r e n t e m e n t e por t o d o s . EH

(

NTO DE INVERNO

(1992)

França (C.E.R., Canal+, Losange, Soflarp, Soficas) 114 min. Cor

(CONTE DHIVER) < 1 egundo filme na série Contes des quatre saisons (Contos das quatro estações), de Eric Rohmer, começa de maneira u m pouco desconcertante c o m u m romance de verão (mos1 i.indo cenas de sexo explícito igualmente surpreendentes) entre uma j o v e m cabeleireira (1 h.irlotte Véry) e o atraente herói que ela conhece enquanto passava férias na Bretanha (Frédéric van den Driessche). Porém, após esse breve prólogo, o resto do filme é uma obra mais familiarmente tranqüila de conversas durante o período natalino quando, cinco s mais tarde, a heroína está indecisa entre dois pretendentes impassíveis, perversamente ainda acreditando que o a m a n t e das férias - que, involuntariamente, havia gerado 1 na filha e para q u e m ela acidentalmente dera o endereço errado d e sua casa para q u e ' i i i rasse em contato com ela - fosse reaparecer do nada, como por mágica. Com este e n g e n h o s o , porém s o m b r i o , estudo de u m a fé desesperada e de u m amor lido, l e m b r a n d o '

Minha

noite

com

ela,

e a quase

Irritantemente

indecisa

e

icêntrica heroína q u e lembra O raio verde, este é o território arquetípico d e Rohmer, i icgando por u m reconhecimento perfeitamente calculado ao teatro d e Shakespeare e, e i i s e q ü e n t e m e n t e , a u m final miraculoso porém e x t r e m a m e n t e satisfatório. C o m o

sempre, t a m b é m , os d e s e m p e n h o s naturalísticos são inteiramente plausíveis, o uso de loi lis evocativos - Paris e a Borgonha - e as caracterizações (incluindo u m bibliotecário inielectual e o chefe m a i s pragmático da garota c o m o seus admiradores) p r e c i s a m e n t e representativos das escolhas c o m q u e a protagonista se defronta. l n l h a n t e e, no f i n a l , m u i t o c o m o v e n t e . G A

Discretamente

Idioma: francês Direção: Eric Rohmer Produção: Margaret Ménégo/ Roteiro: Eric Rohmer Fotografia: Luc Pages Música: Sébastlen Erms Elenco: Charlotte Véry, Frédcrk v . 1 1 1 den Driessche, Michael Volelti, H e i v r Furie, Ava Loraschi, Christiane Desbois, Rosette, Jean-Luc Revol. Haydée Caillot, Jean-Claude Bietic, Marie Rivière, Claudine Paringaux. Roger D u m a s , Daniele Lebrun, D l i r l t Lepvrier

Festival Internacional de Berlim: I 1 Rohmer (Prémio FIPRESCI), (piriiim do Juri ecuménico - menção especial), indicação (Urso de Ouin)


Hong-Kong (Swift) 167 m i n . Cor

YUEN LING-YUK

Idioma: cantonês

A obra-prima de Stanley K w a n , de 1992, ainda é p r o v a v e l m e n t e o melhor f i l m e de Hong

Direção: Stanley Kwan

K o n g q u e eu já v l . Talvez apenas a l g u m a s obras-primas d e W o n g Kar-wai, tais como

(1992)

Produção: Jackie Chan, Leonard Ho

Dias selvagens (1991) e Amor à flor da pele (2000) - a m b a s t a m b é m filmes de época

Roteiro: Chiu Tai An-PIng

s e j a m c o m p a r á v e i s e m p r o f u n d i d a d e e força. C o n t u d o , é preciso reconhecer que .1

Fotografia: Poon Hang-Sang

a b r e v i a ç ã o do t e m p o de duração dos 167 m i n u t o s originais para 126 m i n u t o s foi

Música: H u a n g Jin Chen Elenco: Maggie C h e u n g , Han Chin, Carina Lau, Shin Hong, Tony Leung, l awrence Ng

Festival Internacional de Berlim: Maggie Cheung (Urso de Prata - atriz), Stanley K w a n , indicação (Urso de Ouro)

,

n e g a t i v a . Para piorar as coisas, os produtores de Hong-Kong destruíram o negativo original e, ao q u e parece, a versão s e m cortes sobreviveu a p e n a s e m u m a rede de televisão australiana. Narrando a história da estrela chinesa d o s filmes m u d o s Ruan Ling-yu (1910-1935), conhecida c o m o "a C a r b o do cinema c h i n ê s " , Yuen (ing-yuk (A atriz) c o m b i n a m e t r a g e m de d o c u m e n t á r i o s c o m reencenação de época, o g l a m o u r de um f i l m e biográfico c o m u m a curiosidade profunda, clipes históricos fascinantes com s i m u l a ç õ e s coloridas das m e s m a s seqüências sendo f i l m a d a s - tudo para explorar um passado que parece m a i s c o m p l e x o , sexy e misterioso do q u e o presente. M a g g i e C h e u n g g a n h o u u m prêmio m a i s do q u e merecido de melhor atriz em Berlim por seu d e s e m p e n h o e l e g a n t e no papel principal, a despeito do fato de que as diferenças entre ela e Ruan üng-yu c o m o atriz p r o v a v e l m e n t e são m a i s fortes do q u e as seme fianças. De fato, antes deste filme, ela era conhecida básica m e n t e c o m o u m a atriz cômica do e n t r e t e n i m e n t o v ã m e n t e i n c o n s e q ü e n t e de Hong-Kong, c Yuen Ling-yuk

relati pro-

v o u ser u m p o n t o de virada e m sua carreira, rumo a papéis m a i s d r a m á t i c o s e q u a s e sempre m a i s s u b s t a n c i a i s . Contudo, o a b i s m o entre sua própria i m a g e m d e estrela refinada e a de Ruan c o m o u m a atriz trágica sem limites é decisivo, e grande parte do trabalho de K w a n c o m o diretor foi criar u m a espécie de halo e m torno da c o m p o s t u r a e elegância d e Cheung. George Cukor v e m à m e n t e c o m o u m e q u i v a l e n t e d e Holly w o o d . K w a n t a m b é m cria u m labirinto d e q u e s t õ e s e m torno de q u e m era Ruan c por q u e ela se suicidou - u m labirinto t a n t o físico (com u m belo uso a m b í g u o d e cenários d e filmes e m preto-e-branco) q u a n t o m e t a f í s i c o . O s d e s t a q u e s i n c l u e m a beleza sofisticada do m u n d o i m a g i n a d o dos filmes d e X a n g a i da década de 30 e a dureza clara d e K w a n conversando c o m C h e u n g c m vídeo sobre o que t u d o isso significa, s e m chegar a q u a s e nada. Q u a l q u e r filme histórico q u e valha a pena nos diz algo sobre o presente ao m e s m o t e m p o q u e fala do passado, e este f i l m e t a c i t a m e n t e j u s t a p õ e nossa própria falta d e a d e q u a ç ã o sobre aqueles vibrantes clipes da própria Ling-yu. J R o s


ACONTECEU PERTO DE SUA CASA

(1992)

Bélgica (Artistes Anonymes) 9? nun

(C'EST ARRIVÉ PRÈS DE CHEZ VOUS)

P&B

Ai unteeeu perto de sua casa é p r o v a v e l m e n t e o f i l m e mais c o n t r o v e r t i d o da história do 1 Inema belga. C a n h o u f a m a i n s t a n t â n e a após os críticos de todo o m u n d o denuncialeni o seu retrato d e violência na tela, llgando-o a filmes da m e s m a época c o m o Cães de ulm/uel (1992) c Henry:

retrato de uni assassino

(1990). Embora Aconteceu...

d e fato

1 nmpartilhe a l g u m a s das características desses f i l m e s , t a m b é m é b a s t a n t e diferente. Filmado e m película preto-e-branco granulada, e m p r e g a n d o trabalho d e câmera de 111,10

e som direto, Aconteceu perto

de sua casa parece u m d o c u m e n t á r i o de cinéma

Vérité. A história fala sobre u m a equipe d e f i l m a g e m que está a c o m p a n h a n d o u m autopinclamado assassino e m série c h a m a d o B e n (interpretado pelo co-roteirista c co-dire-

Idioma: francês Direção: Rémy Belvaux, Andre l'.on.el Benoît Poelvoorde

Produção: Rémy Belvaux, André Bonzel, Benoît Poelvoorde Roteiro: Rémy Belvaux, Andie BoriZlli Benoît Poelvoorde, Vincent Tavier Fotografia: André Bonzel Música: jean-Marc Chenut, Laurenr r Dufrene

tor Benoît Poelvoorde). Â medida que B e n I r a l a de seus negócios, ele l e n t a m e n t e torna

Elenco: Benoît Poelvoorde, Jacqueline

es m e m b r o s da equipe cúmplices d e seus crimes. Leva-os para u m lauto b a n q u e t e , eles

Poelvoorde-Pappaert, Nelly Pappaei 1 ,

1 i i m e ç a m a ajudá-lo a descartar os corpos e ele até os ajuda f i n a n c e i r a m e n t e . Os c o m e n t á r i o s c o n t í n u o s d e B e n - sobre seu " o f í c i o " ; sobre as v í t i m a s e suas pe1 iiliaridades sociais; e sobre a equipe (sugerindo â n g u l o s de câmera e d e s a p r o v a n d o a aparência maltrapilha deles) - dão ao f i l m e u m t o m s u r p r e e n d e n t e m e n t e c ô m i c o . Aqui '•.íamos nós, a p r e c i a n d o o trabalho d e u m serial killer porque ele é e n g r a ç a d o , alegre c m previsível. E n q u a n t o está m a t a n d o u m h o m e m no banheiro, B e n d e repente pára c peigunta à equipe de q u e f i l m e francês essa cena os faz lembrar. D u r a n t e a f i l m a g e m , " ' l o s os s u c e s s i v o s técnicos de s o m da e q u i p e a c a b a m s e n d o

mortos

uma

Hector Pappaert, Jenny Drye, M a l o u M a d o u , Willy Vandenbroeck, Rachel D e m a n , André Laime, Edith I emerdy Sylviane Godé, Zoltan Tobolik. Valeur Parent, Alexandra Fandango, Ollvlei Cotica Festival de Cannes: Rémy Belvaux. André Bonzel, Benoît Poclvonnle (Prêmio SACD - Melhor Longa), Ueiny Belvaux, André Bonzel, Benoîl

li m e n a g e m aos bateristas combustíveis no clássico m o c k u m e n t a r y d e Rob Reincr, T/ris

Poelvoorde (prêmio especial para .1

Is '.pinai Fap (O o c a s o de u m a lenda, [1984]).

juventude)

E e n t ã o a graça t e r m i n a . O m o m e n t o da virada do f i l m e e u m a cena de estupro 1 i i n p l e x a e r e p u l s i v a m e n t e explícita. É q u a n d o o f i l m e deixa d e ser u m a comédia de humor negro, t o r n a n d o se, c m vez disso, uma crítica lúgubre de nosso desejo d e assistii à vida cotidiana saindo dos eixos. O i m p a c t o da cena d e estupro é t ã o c h o c a n t e q u e 1 n i . força a repensar nosso d i v e r t i m e n t o de a n t e s , além de m u d a r o s t a t u s da narrativa. De acordo c o m os criadores de Aconteceu perto de sua casa, a Idéia para o f i l m e veio 1I1 u m a série da TV belga sobre j o r n a l i s m o d. tablóides, u m desses q u e i n f l a v a m para .ilem de toda proporção p e q u e n a s notícias, nvadindo c o n s t a n t e m e n t e a vida privada das pessoas. Esse conceito subjacente ajuH1.1 u a garantir o sucesso d o f i l m e e assegu11 seu status c o m o u m favorito cuit de iodos os t e m p o s . E M


Inglaterra / Japão (Brit. Screen, channel Four, Eurotrustees, Nippon I Mm Dev. Finance, Palace) 112 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Nell Jordan Produção: Stephen Woolley Itoteiro: Neil Jordan Fotografia: Ian Wilson Música: Simon Boswell, Anne Dudley I lenco: Forest Whltaker, Miranda Richardson, Stephen Rea, Adrian I 'unbar, Breffni M c K e n n a , Joe Savino,

TRAÍDOS PELO DESEJO

(1992)

(THE CRYING GAME) A g r a n d e e i n f a m e virada na t r a m a de Traídos pelo desejo é, na verdade, b e m menos interessante do q u e o retrato m a i s radical q u e ele oferece: o p e r s o n a g e m de Foresl W h l t a k e r , Jody, cuja h o m o s s e x u a l i d a d e é t ã o d i s t a n t e dos preconceitos da maioria das pessoas que poucos, entre críticos e público, sequer n o t a m as sutilezas da sexualidade desse p e r s o n a g e m construído c o m astúcia. O roteirista e diretor Neil Jordan elaborou u m ensaio por vezes cômico e c o m freqüência m e l o d r a m á t i c o das Insuspcltáveis leis do desejo nesta fábula e m c a m a d a s d e u m a misteriosa " m u l h e r " (a bela e d i s t a n t e Jaye D a v l d s o n , ressuscitando a m u l a t a trágica), seu a m a n t e a s s a s s i n a d o e m circunstâncias bizarras (Whltaker) e u m h o m e m envolvido no crime ( S t e p h e n Rea). Tudo é embrulhado

)aye Davidson, Andrée Bernard, J i m

e m intrigas políticas centradas nas tensões antigas entre o Exército da Grã-Bretanha e

hm.idbent, Ralph Brown, Tony

os revolucionários irlandeses do IRA.

Slattery Oscar: Neil Jordan (roteiro) Indicação ao Oscar: Stephen Woolley (melhor filme), Nell Jordan (diretor), M e p h e n Rea (ator), Jaye Davidson (alor coadjuvante), Kant Pan (edição)

Conforme se aprofunda o triângulo amoroso entre o h o m e m morto, sua falsa viúva e seu assassino, vários segredos transparecem: o filme abandona o que parecia ser o tema da história e o troca por outro, sobre intriga sexual. U m marco na convergência de estratégias rle m a i k e t l n g e subversão sexual que o tornaram u m sui esso, Traídos peio desejo provou que existe público para u m cinema independente audacioso. C o m suas diversificadas opiniões sobre raça, sexualidade e gênero sexual, ele abriu as portas para discussões sobre as complexidades da atração e do desejo erótico. Seu extraordinário sucesso de bilheteria ajudou a transformar o status dos filmes independentes de cinema cult para torná-los uma fatia a l t a m e n t e rentável do mercado - para melhor ou para pior. EH

China / H o n g - K o n g (Beijing Film, ( I n n . ] Film, Maverick, Tomson) [/I ttiln. Cor Idioma: mandarim Direção: Kaige Chen Produção: Feng Hsu P o l e i r o : W e i t u , baseado no livro de I Milan Lee loiografia: Changwel G u Musica: Jiplng Z h a o I lenco: I eslie C h e u n g , Fengyi Z h a n g ,

ADEUS MINHA CONCUBINA (BA WANG BIE Jl)

(1993)

O primeiro da " Q u i n t a G e r a ç ã o " d e cineastas chineses a surgir na cena m u n d i a l vindo da A c a d e m i a C i n e m a t o g r á f i c a d e P e q u i m desde q u e ela reabriu as portas e m 1978. Kaige Chen corajosamente invocou suas próprias m e m ó r i a s a m a r g a s da Revolução Cul t u r a l . É u m belo e f a s c i n a n t e drama do r e l a c i o n a m e n t o de 50 a n o s entre dois c a n t o u " , m a s c u l i n o s da Ópera d e P e q u i m q u e cobre o t u r b u l e n t o século X X da China através de convulsivas traições coletivas e pessoais. O primeiro vencedor c h i n ê s da Palma d e O u r o d e C a n n e s (para desagrado das auto rldades c h i n e s a s , a f r o n t a d a s por e l e m e n t o s d e h o m o s s e x u a l i d a d e e da história recenle

I I G o n g , Q l Lu, Da Ylng, You Ge, Chun

de seu país), Adeus m i n h a concubina

11,1 Ian I el, Dl Tong, M i n g w e i M a ,

conquista assombrosa, e s p e c i a l m e n t e por ter sido feito e m u m a m b i e n t e conturbado e

i.iiil ,1 el, / h i Yin, Hallong Zhao, Dan

cheio d e censura. O astro pop de H o n g - K o n g , Leslie C h e u n g , interpreta o garolo

1

l l . W e n l l Jiang Indn

1 0 . I D Oscar: I long-Kong

(inelhoi filme estrangeiro), Changwel 1 , 1 1 (lologtafla) I estival de C a n n e s : Kalge Chen (tin

I I P R I SCI), (Palma de Ouro),

riiip.it.ido ( u m O piono

é u m épico s u n t u o s o e a p a i x o n a d o , além de u m a

a b a n d o n a d o q u e sofre a b u s o s sexuais e é preparado para se tornar u m a estrela e m papéis f e m i n i n o s - e, m a i s I m p o r t a n t e , c o m o u m a trágica concubina do rei e m u m clássico popular. Fengyl Z h a n g é s e u a m i g o í n t i m o , o c o a d j u v a n t e m e n o s artístico e m e n o s idealista, cujo c a s a m e n t o c o m a prostituta c o n i v e n t e Li C o n g serve c o m o um catalisador de c i ú m e s , d e n ú n c i a s e a u t o p r e s e r v a ç ã o a t o r m e n t a d a d u r a n t e revoltas 11.1 c o m p a n h i a de ópera e na s o c i e d a d e . De fato, é raro u m f i l m e nessa escala que equlllhie a cultura exótica e o e s p e t á c u l o s e n s a c i o n a l (a ópera, a guerra civil e as turbas revolucionárias) c o m u m a experiência h u m a n a íntima e u n i v e r s a l m e n t e poderosa. AE

sim


EUA (Columbia) 101 m i n . Technkolot Idioma: inglês Direção: Harold Ramis Produção: Trevor Albert Roteiro: Danny Rubin, Harold Rami-. Fotografia: J o h n Bailey Música: George Fenton Elenco: Bill Murray, Andie Ma< I lowtll, Chris Elliott, Stephen Tobolowsky, Brian Doyle-Murray, Marita Gciaghlv. Angela P a t o n , Rick D u c o m m i m . RIi li Overton

ITIÇO DO TEMPO (1993) (

'OUNDHOG DAY)

' ' ator d e c o m é d i a s Bill Murray t e m o q u e talvez seja o m e l h o t e m a i s terno d e s e m penho d e sua carreira nesta c o m é d i a genial - p o s s i v e l m e n t e a m e l h o r d o s a n o s 90 I n . roteiristas Harold R a m i s (que t a m b é m a dirige) c D a n n y R u b i n . Murray é Phil C o n n o r s , u m m a l - h u m o r a d o apresentador d e previsão do t e m p o na I V que é e n v i a d o c o m a produtora Rita (Andie M a c D o w e l l ) e o c â m e r a Larry (Chris i lliott) à simpática pequena cidade de P u n x s u t a w n e y , na Pensilvânia, para t e s t e m u n h a r 1 ' i r i m ô n i a a n u a l d o Dia da M a r m o t a . U m a m a r m o t a c h a m a d a Phil de P u n x s u t a w n e y inerge e, d e p e n d e n d o d e ver o u n ã o ver sua s o m b r a , prediz se a c i d a d e terá m a i s il u m a s s e m a n a s de inverno. Esnobe e egocêntrico, Phil quer dar o fora de lá - e n t ã o , 11i.indo acorda n o dia s e g u i n t e e descobre q u e está revivendo o Dia da M a r m o t a , ele i i . I H fica n e m u m pouco feliz. S o b r e t u d o q u a n d o continua revivendo a q u e l e m e s m o dia dia s e g u i n t e e n o o u t r o , s e n d o a p a r e n t e m e n t e a única pessoa q u e está v i v e n d o os i

.mos e v e n t o s r e p e t i d a m e n t e e lembrando-se deles. É u m conceito excelente (que n u n c a é explicado, o q u e torna a história ainda me-

Ihor) q u e a princípio leva o esperto Phil a tirar v a n t a g e m da s i t u a ç ã o . Ele pergunta a 1 m u l h e r e m u m dia o q u e ela procura c m u m h o m e m , e no dia s e g u i n t e encarna ' l o s esses a t r i b u t o s para a m o ç a i n o c e n t e . E m seguida, no e n t a n t o , desesperado c o m .na s i t u a ç ã o , ele t e n t a o suicídio de várias formas (até descobrir q u e i n v a r i a v e l m e n t e II iida v i v o na m a n h ã s e g u i n t e , s e m p r e a m e s m a ) . Aos p o u c o s , c o m e ç a a melhorar seu n p o r t a m e n t o e sua maneira d e lidar c o m as pessoas, e m u m esforço para se redimir los o l h o s d e Rita, q u e o v ê s o m e n t e c o m o o c h a t o q u e s e m p r e foi. E n q u a n t o isso, há liciosas gags repetidas, c o m o acordar todos os dias c o m o m e s m o t o q u e do d e s t i l a d o r e a c a n ç ã o de S o n n y e Cher ("l've G o t You B a b e " ) e encontrar S t e p h e n Toboi' .vsky e m u m a rápida porém divertida a t u a ç ã o c o m o o irritante v e n d e d o r de seguros I I I R y e r s o n , já s a b e n d o o q u e acontecerá logo e m seguida. leitiço do tempo é ao m e s m o t e m p o inteligente e e n g r a ç a d o ; há p o u c a s c o m é d i a s 1 1 1 perfeitas a s s i m . JB


Canadá / Portugal / Holanda / Finlândia (CFJC, Clenn C o u l d , N O S , Rhombus, S a m u e l G o l d w y n , Société Radio-Canada, The Ontário Film Development Corp., Téléfilm Canada, YLE)

92 m i n . Cor

Direção: François Girard Produção: Michael Allder, Niv

TRINTA E DOIS CURTAS SOBRE GLENN GOULD (1993) (THIRTY TWO SHORT FILMS ABOUT GLENN GOULD) G l c n n Gould foi o brilhante e excêntrico pianista c a n a d e n s e que se a p o s e n t o u dos p.il cos ainda j o v e m e passou o resto de sua notável vida, c o m p u l s i v a e reclusa, fazendi gravações a c l a m a d a s , p r o g r a m a s d e rádio e x p e r i m e n t a i s , u m a fortuna no mercado dp

Fichman, Barbara Willis Sweete, Larry

c o m m o d i t i e s e d a n d o t e l e f o n e m a s l e n d a r i a m c n t e bizarros a t é sua m o r t e , aos 50 a n o l

Weinstein

de idade, e m 1982. U m r e c o n h e c i m e n t o p e r f e i t a m e n t e apropriado da sua genialidade

Roteiro: François Girard, Don

dc outro planeta foi a inclusão de sua g r a v a ç ã o d e u m prelúdio de Bach na m e n s a g e m

McKellar

da Terra para a s estrelas enviada c o m a sonda espacial Voyager.

Fotografia: Alain Dostie Música não original: Johann Sebastian B a c h , Richard Wagner Elenco: Colm Feore, Derek Keurvorst, Katya Ladan, Devon Anderson,

O j o v e m roteirista e diretor f r a n c o c a n a d e n s e François Girard faz u m hábil m.il.I b a r i s m o c o m ficção d r a m á t i c a , realismo d e d o c u m e n t á r i o , h u m o r e até a n i m a ç ã o com u m insight sobre a agonia e o êxtase do artista e transforma t u d o e m u m a fascinante, deliciosa e ousada série de v i n h e t a s - a estrutura lúdica d e 32 curtos é u m a duplicação

Joshua Greenblatt, Sean Ryan, Kate

i n t e l i g e n t e d a s "Variações G o l d b e r g " d e B a c h -, criando u m f i l m e biográfico ímpar,

Mennig, Sean Doyle, Sharon

divertido, caloroso e e x t a s i a n t e . " D i á r i o d e u m dia", por e x e m p l o , v u m f i l m e e m ralo X

B e r n b a u m , Don McKellar, David

do e s q u e l e t o , m u s c u l a t u r a

Hughes, Carlo Rota, Peter Millard, John Dolan, Allegra Fulton

e terminações

nervosas tio pianista

e m seu trabalho

"Parada de C a m i n h ã o " observa G o u l d orquestrando m e n t a l m e n t e a s conversas ao seu redor dentro d e u m café c m u m agradável arranjo r í t m i c o . C o l m Feore n o s dá u m de s e m p e u h o m a r a v i l h o s o no papel desse indivíduo raio, sugerindo todas as complexul.i des de u m personagem 1 alentoso, m u l t i f a c e t a d o e idiossincrático. I .5 trilha sonoi • c o m p i l a d a a partir do repertório do próprio G o u l d , é gloriosa. AE

CENAS DA VIDA (1993)

EUA (Avenue, Fine U n e , Spelling)

SHORT CUTS

18; m i n . Cor

(SHORT CUTS)

Idioma: inglês

U m dos longas-metragens q u e p a r e c e m m a i s curtos d o s a n o s 90, este é o entrelaça

Direção: Robert A l t m a n

m e n t o feito por Robert A l t m a n a partir d c u m p u n h a d o d e c o n t o s d e R a y m o n d Carvcr,

Produção: Cary Brokaw

Short Cuts a c o m p a n h a os fios d c várias m e a d a s de t r a m a s c personagens através de

Roteiro: Robert Altman, Frank Barhydt,

u m a l os Angeles assolada por Insetos c t e r r e m o t o , onde cada u m está prestes a entt.11

baseado em contos de Raymond Carver

e m colapso e tragédias a l e a t ó r i a s são s e m p r e i m i n e n t e s .

Fotografia: W a l t Lloyd Música: Gavin Friday, Mark Isham, Doc P o m u s Elenco: Andie MacDowell, Bruce I i.ivison, Jack Lemmon, Julianne

A l t m a n reúne u m elenco n o t á v e l e c o n s e g u e lhe dar papéis à altura: Jack L e m m o n c o m o o pai a f a s t a d o , J u l i a n n e M o o r e nua da cintura para baixo, A n n e Archer c o m o o palhaço d e u m a festa, Bruce D a v l s o n e A n d i e M a c D o w e l l arrasados pela triste/. 1, Jennlfer Jason-Leigh c o m o u m a a t e n d e n t e de tele-sexo, Robert D o w n e y j r . e Chris Penn

Moore, M a t t h e w Modine, Anne Archer,

c o m o h o m e n s cruéis, T i m Robbins c o m o u m policial durão, Peter Gallagher destruindo

Jennifer Jason-Leigh, Chris Penn, Lili

a casa d e sua esposa, Lily Tomlln e Tom W a i t s b e b e n d o . Ao se assistir ao f i l m e mais de

laylor, Robert Downey Jr., Madeleine

u m a v e z , fica divertido encontrar as sobreposições entre a s histórias e os desempenhos

S l o w e , Tim Robbins, Peter Gallagher, I ily Tomlin, Tom Waits. Lori Singer, Lyle I ovett, Huey Lewis, Darnell Williams Indicação ao Oscar: Robert Altman (diretor) Festival de Veneza: Robert A l t m a n (I e.io de Ouro), e m p a t a d o com A Uberdade é azul, conjunto do elenco (< opa Volpi)

HzO

individuais surgem e m primeiro plano. N o final das c o n t a s , o f i l m e é notável sobretudo por seu retrato e m m o s a i c o da Los Angeles brilhante, o n i p r e s e n t e e corrupta de A l t m a n ( u m lugar b e m diferente do M e i o O e s t e m a i s árido d e Carver). Short Cuts, u m c o n t i a p o n t o interessante para a visão " d e d e n t r o " de A l t m a n e m O jogador

(1992), se afasta da arena do m u n d o do cinema para adentrar as e s t r a n h a i

p e q u e n a s vidas dos cidadãos de Los Angeles. K N


FILADÉLFIA (1993)

EUA (Clinica Estético, TriStar) 125 m i n ,

(P! IILADELPHIA)

Technicolor

11nbora a Aids já h o u v e s s e sido abordada na televisão, n o t a d a m e n t e no a c l a m a d o

Idioma: inglês

d M I na de 1985 An Early Frost, e no c i n e m a i n d e p e n d e n t e (em Meu querido

Direção: J o n a t h a n D e m m e

Mime de 1990), Filadélfia,

companheiro.

de J o n a t h a n D c m i n c , foi o primeiro f i l m e do c i n e m a o de

Produção: Edward Saxon

Hollywood sobre a d o e n ç a . Tom H a n k s , no papel q u e lhe v a l e u s e u primeiro Oscar de

Roteiro: Ron Nyswaner

Melhor Ator, estrela c o m o A n d r e w B e c k e t t , u m a d v o g a d o h o m o s s e x u a l da Filadélfia

Fotografia: Tak Fujimoto

que é d e m i t i d o por sua empresa q u a n d o descobrem q u e t e m Aids. C o m o a empresa

Música não original: Howard s l i o i r ,

llej ! tê-lo d e m i t i d o por i n c o m p e t ê n c i a no trabalho, ele contrata u m a d v o g a d o f a m o s o para defender seu c a s o . N a t u r a l m e n t e , o a d v o g a d o q u e ele c o n t r a t a , J o e Miller (Deu/el w.r.hington), é h o m o f ó b i c o e t e m vários preconceitos contra a d o e n ç a , m a s ao longo da batalha aprende m u i t o c o m Andrew e passa a respeitá-lo. D e m m e e n c h e seu drama sincero c o m ó t i m o s atores, d e H a n k s (que se sai b e m e m unia cena de apreciação de ópera q u e atores m e n o r e s t e r i a m estragado) a W a s h i n g t o n , r 1

indo por j a s o n Robards, c o m o o chefe Intolerante da empresa, e A n t o n i o B a n d e i a s , 0 0 c o m p a n h e i r o d e Andrew. Alguns poderão dizer q u e D e m m e "sanitlza", no f i l m e ,

1 devastação que a Aids inflige à s pessoas, m a s o d e s e m p e n h o s i m p á t i c o e apaixonado de llanks m a i s do q u e c o m p e n s a qualquer t e n t a t i v a d e a m e n i z a r o a s s u n t o para o Ki.inde público. JB

Bruce Springsteen, Neil Young Elenco: Tom Hanks, Denzel Washington, Antonio Banderas, Robeita Maxwell, Buzz K i l m a n , Karen Flnley, Daniel C h a p m a n , Jeffrey Williainson. J o a n n e W o o d w a r d , Jason Robards Oscar: Tom Hanks (ator), Bruce Springsteen (canção) Indicação ao Oscar: Ron Nyswanei (roteiro), Carl Fullerton, Alan D'Angerio (maquiagem), Neil Young (canção)

Festival Internacional de Berlim: Tom Hanks (Urso de Prata - ator), J o n a t h a n D e m m e , indicação (Uíso de Ouro)

MESTRE DAS MARIONETES (1993) (HSIMENG J E N S H E N G ) Parte de u m a trilogia v a g a m e n t e c o n e c t a d a sobre a história de Taiwan q u e inclui A 1 Idade das tristezas

(1989) e Bons homens, boas mulheres (1995), Mestre das marionetes se

Ii.iss.i durante a o c u p a ç ã o j a p o n e s a , que durou d e 1895 a 1945. B a s e a d o e m fatos reais, 0 filme conta a história da vida d e Li T i a n l u , relembrada na velhice, c o m o próprio LI i| i i r c e n d o o c a s i o n a l m e n t e na tela c o m o narrador. LI é aprendiz d e u m m e s t r e de niaiionetes e, e n q u a n t o ele d e s e n v o l v e seus d o n s , t e s t e m u n h a m o s os e v e n t o s d e sua vida. O f i l m e u n e os e v e n t o s pessoais a o s políticos c o n f o r m e Li se casa, t e m u m a

Taiwan (ERA, Nian Dal, Qiu 142 m i n . Cor

FUSIICMII;)

Idioma: mandarim / japonês Direção: Hou Hsiao-Hsien Produção: Chiu Fu-Sheng, Z h a n g Huakun Roteiro: Chu T'len-wen, LI Tianlu, W u Nien-Jen Fotografia: Lee Pin Bing Música: Chen M l n g Chang, Zliaiig

imante e lida c o m o u t r a s c o m p l i c a ç õ e s familiares. A l g u m a s vezes os j a p o n e s e s são re-

Hongda

nal idos c o m o opressores - e m u m a cena, c h e g a m exigindo que os h o m e n s da família

Elenco: Li Tianlu, Lim Giong, 1 ¡ 1 1

dc 1 i c o r t e m seus c a b e l o s . M a s Li c o n s e g u e chegar a u m meio-termo c o m eles, t r a -

Chung, Bai M i n g Hwa, Cheng Fue

balhando a t é c o m o u m m a n e j a d o r d e m a r i o n e t e s para o serviço de propaganda japoi"

Ao final da guerra, o c o m a n d a n t e j a p o n ê s o convida para a l m o ç a r e diz q u a n t o

sentirá sua falta. 1 ) diretor H o u Hsiao-Hsien t e m u m estilo nada apressado, c o m t o m a d a s longas q u e Observam c a l m a m e n t e a Interação entre os personagens. S c a narrativa, c o m suas 1 llpses f r e q ü e n t e s , exige a t e n ç ã o , por outro lado o público é r e c o m p e n s a d o c o m u m na mio sensível da vida e m T a i w a n . EB

Choung, Liou Hung, Tsai Chen N a u . Yang Lai-Yin

Festival de Cannes: Hou Hslao

Hsltn

(prêmio do júri), indicação (Palma .1 Ouro)


EUA (Universal. Amblin) 127 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Steven Spielberg Produção: Kathleen Kennedy, Gerald R. M o l e n Roteiro: Michael Crichton, David Koepp, baseado no livro de Michael Crichton Fotografia: Dean Cundey

PARQUE DOS DINOSSAUROS

119931

(JURASSIC PARK) No m e s m o ano e m que seu drama adulto de guerra, A lista de Schindler, foi a m p l d i n r n i i ' aclamado pela crítica, Steven Splelberg t a m b é m fez u m filme do tipo que passamos a vi perar do diretor de Caçadores da arca perdida - u m a aventura acelerada c o m dlnossauiii» e m u l t a s confusões, baseada no best-sellcr de Michael Crichton, Jurassic

Park.

O milionário l i g e i r a m e n t e pirado J o h n H a m m o n d (Richard Attenborough) criou 0 m a i s radical dos parques t e m á t i c o s e m u m a ilha remota e quer oferecer u m a prévia i

Música: J o h n W i l l i a m s

a l g u m a s p o u c a s pessoas escolhidas a d e d o : os paleontólogos Alan Grant (Sam Neilli i

Elenco: S a m Nelll, Laura Dern, Jeff

Elllc Sattler (Laura Dern). o m a t e m á t i c o I a n M a l c o l m (Jeff G o l d b l u m ) e seus propilo»

Goldblum, Richard Attenborough,

netos, Tlm (Joseph Mazzcllo) c Lcx (Ariana Richards). O q u e eles e n c o n t r a m é u m a ilha

Bob Peck, M a r t i n Fetrero, B. D. W o n g ,

exuberante ocupada por d i n o s s a u r o s reais recriados a partir dc D N A encontrado e m

Joseph Mazzello, Ariana Richards, Samuel L. Jackson, W a y n e Knight, Gerald R. M o l e n , Miguel Sandoval, Cameron Thor, Christopher J o h n Fields

pedaços d e â m b a r fóssil. U m s a n t u á r i o perfeito, c m teoria; m a s , c o m o os dinossauro* q u e eles " c r i a r a m " i n c l u e m o i n f a m e tiranossauro e outras criaturas agressivas e cheia» de d e n t e s , é ó b v i o que t u d o acabará e m lágrimas, gritos e m o r t e s . Em parte f i l m e d e m o n s t r o s , m a s t a m b é m filme d e desastre, e n q u a n t o a Ilha é

Oscar: Gary Rydstrom, Richard

castigada por u m a t e m p e s t a d e e os personagens descobrem q u e n ã o há onde se

Hymns (efeitos especiais sonoros),

esconder da violência das criaturas pré históricas g i g a n t e s (c, p r e s u m i m o s , famintas),

Dennis M u r e n , Stan W i n s t o n , Phil Tippett, Michael Lantieri (efeitos especiais visuals), Gary S u m m e r s ,

Parque dos dinossauros possui I . m l o s s u s l o s e i m p r e s s i o n a n t e s efeitos especiais que não é difícil entender por que o f i l m e teve u m a receita bruta de m a i s de 900 milhões de

Gary Rydstrom, S h a w n Murphy, Ron

dólares no m u n d o t o d o . Após nos levar e m u m crescendo Inteligente à descoberta dos

Judkins (som)

s i m p á t i c o s dinossauros v e g e t a r i a n o s , o encontro c o m o poderoso T Rex se segue e m u m a das fabulosas s e q ü ê n c i a s do filme. O s a d u l t o s e c r i a n ç a s e m perigo f i c a m presos em u m " p a s s e i o " e n g u i ç a d o (jipes e m u m trilho que os conduz pelo parque) q u a n d o chega a t e m p e s t a d e , as cercas e l é t r i c a s e n t r a m e m pane e o dinossauro m a i s a s s u s t a d o r de todos fica à solta. Há m u i t o s o u t r o s m o m e n t o s Impressionantes na fábula sobte ciência fora de controle d e Crichton e Spielbcrg, desde os vclocirraptorcs na cozinha até o e m b a t e final entre eles e oT-Rex. O s atores, a o m e s m o t e m p o que per cebem que os verdadeiros astros do f i l m e são gerados por c o m p u t a d o r e s , se d i v e r t e m e m suas a t u a ç õ e s ( p r i n c i p a l m e n t e G o l d b l u m c o m o o m a t e m á t i c o versado e m teoria do caos c o m sua a t i t u d e "eu-te-disse"). M a s o show é m e s m o d e Splelberg poltrona. JB

u m s h o w I m p r e s s i o n a n t e , dc nos deixar na beira da


A LIBERDADE E AZUL (1993)

França / Polônia / Suíça (CAB, CED, Eurlmages, França 3, MK2, Tor)

(TROIS COULEURS: BLEU) >\ llbi idade é azul, o primeiro f i l m e da "Trilogia das cores" de Kleslowski, pode ser inspifldo pelo significado da primeira cor da bandeira francesa (liberdade), m a s este diretor li.ra ível nunca seria t ã o literal. E m vez disso, ele m a n t é m o f i l m e misterioso e indireto, sultados tão bonitos q u a n t o obsedantes. J u l i e t t c B i n o c h e é u m a viúva que reage ,t morte do s e u marido compositor e da filha retraindo se do m u n d o . N o e n t a n t o , orias do seu passado, b e m c o m o os segredos q u e s e u m a r i d o deixou, Inter i n m p e m seu I s o l a m e n t o e m o c i o n a l egoísta c a l e v a m a terminar negócios inacabados.

100 m i n . Eastmancolor Idioma: francês Direção: Krzysztof Kleslowski Produção: Marin Karmitz Roteiro: Agnieszka Holland, Slavomlr Idziak, Krzysztof Kieslowskl, Krzysztof Plesiewicz, Edward Zebrowski

Além d e ter u m a trilha sonora d e primeira e fotografia evocativa, A liberdade... se

Fotografia: Slavomir Idziak

beneficia do olhar aguçado de Kleslowski e de sua apreciação certeira sobre as e m o ç õ e s

Música: Zbigniew Preisner

lug.izes, ações e n i g m á t i c a s e detalhes m í n i m o s q u e c o m p õ e m a natureza h u m a n a , s ao seu roteiro perspicaz e ao controle cuidadoso q u e exerce sobre a história, i'

owski cria u m f i l m e cuja riqueza e h o n e s t i d a d e oferecem u m olhar sobre o f u n c i o -

namento e n i g m á t i c o da a l m a . Ele preenche cada quadro d e seu f i l m e c o m significado,

Elenco: Juliette Binoche, Benoit Régent, Florence Pernel, Charlotte Véry, Hélène Vincent, Philippe Voltei, Claude Duneton, Hugues Quester, Emmanuelle Riva, Florence Vignon,

.iientuado b r i l h a n t e m e n t e pelo d e s e m p e n h o forte e corajoso d e B i n o c h e , q u e emprega

Daniel M a r t i n , Jacek Ostaszewski,

tlipies sutis e outros matizes físicos para retratar u m espírito partido q u e aos poucos se

Yann Trégouét, Alain Ollivier Festival de Veneza: Krzysztof

era. J K I

Kleslowski (Leão de Ouro), empatado com Sliort Cuts, Slavomir Idziak (Osella de Ouro - fotografia), Juliette Binoche (Copa Volpi - atriz)

0 PIANO (1993)

Austrália / Nova Zelândia / França

(THE PIANO)

(AFC, CIBy, N S W Film 8c TV Office)

Sweet/e (1989) c Um anjo c m minha mesa (1990) nos e n s i n a r a m a esperar coisas belas e pantosas d e J a n e C a m p i o n , e seu terceiro f i l m e , seguro e p r o v o c a n t e , nos traz mais uma parábola vigorosa sobre os perigos e paradoxos da auto-expressão feminina. A m b i e n t a d a no século X I X , esta história original d e C a m p i o n - q u e evoca e m . 111•.uns m o m e n t o s u m pouco da intensidade romântica de Emily Bronté

c focada e m

1 11 a viúva escocesa (Holly Hunter) que não fala desde a sua Infância, p r e s u m i v e l m e n t e 1

1 opção, e cuja forma principal de expressão é o piano. Ela chega c o m sua filha d e uive anos de Idade (Anna Paquin) às m a t a s selvagens da Nova Zelândia para u m s a m e n t o arranjado, que c o m e ç a c o m o pé esquerdo q u a n d o seu f u t u r o marido ( S a m III) se recusa a transportar s e u piano. U m h o m e m branco local (Harvcy Keitcl), q u e Ive c o m os nativos m a o r i , compra o piano c, fascinado pela mulher muda e atraído por ia, concorda e m " v e n d ê - l o " de volta a ela, tecla por tecla, c m troca de aulas

que

a b a m por ter c o n s e q ü ê n c i a s drásticas. Tentando ser p o l i t i c a m e n t e correto, erótico e r o m â n t i c o a o m e s m o t e m p o , O piano i c v i t a v e l m e n t e abraça o m u n d o c o m as pernas, m a s ainda a s s i m c o n s e g u e ser paixonante. J R o s

121 m i n . Eastmancolor Idioma: Inglês Direção: Jane Campion Produção: Jan Chapman Roteiro: Jane Campion Fotografia: Stuart Dryburgh Música: Michael Nyman Elenco: Holly Hunter, Harvey Keitcl. Sam Nelli, Anna Paquin, Kerry Walkei, Geneviève Lemon, Tungia Baker, Ian M u n e , Peter Dennett, Te W h a t a n u l Skipwith, Pete S m i t h , Bruce Allprcss Oscar: Jane Campion (roteiro), Holly Hunter (atriz), Anna Paquin (atriz coadjuvante) Indicação ao Oscar: Jan Chapman (melhor filme), Jane Campion (dlretiu). Stuart Dryburgh (fotografia), Janet Patterson (figurino), VeronIka Jenet (ctliç. 111) Festival de Cannes: Jane Campion (Palma de Ouro), empatado com AdíUI minha concubina, Holly Hunter (atriz)


china / Hong-Kong (Beijing Film, I nngwick) 138 m i n . Cor idioma: mandarim Direção: Tian Z h u a n g z h u a n g •ilidiu . 1 0 : Luo Guiping, Cheng Yongping ROttlro: Xiao M a o Fotografia: Hou Vong Música: Yoshihide O t o m o Flenco: Yi Tian, Z h a n g W e n y a o , Chen • u n m a n , Lu Liping, Z h o n g Ping, Chu Quanzhong, S o n g Xiaoying, Z h a n g ig

0 SONHO AZUL

(1993)

(LAN FENG ZHENG) Banido na China, o poderoso oitavo f i l m e de Tian Z h u a n g z h u a n g (O ladrão de cavalos, LI Lianylng)

a c o m p a n h a seu herói ficcional, T i e t o u , e sua família e m P e q u i m , d e 1953 a

1968, através da Revolução Cultural e das repercussões e expurgos que se s e g u i r a m . 1 1 pai de Tietou c u m bibliotecário c, e m u m a cena Inesquecível e pertutbadora pósRevolução, durante uma reunião dos funcionários da biblioteca, deixa a sala b r e v e m e n te para ir ao banheiro. Ao voltar, descobre q u e ele foi t a c h a d o d e reacionário, o que resulta e m seu b a n i m e n t o para u m a fazenda coletiva para " r e e d u c a ç ã o " e e m uma m u d a n ç a radical no destino d e toda a sua família. O sonho azul oferece u m olhar s u b l i m e e várias vezes sutil sobre c o m o a História e a política d e s t r o e m vidas c o m u n s , c o m u m uso m e m o r á v e l da locação e m u m jardim central e u m senso a g u ç a d o da vida cotidiana naquele espaço. S a í m o s do f i l m e com a impressão profunda d e c o m o os Indivíduos l u t a m para m a n t e r u m senso de ética dentro de u m a sociedade m u t a n t e q u e p e r i o d i c a m e n t e c o n f u n d e diferentes éticas ou as torna irrelevantes. JRos

l.ilwan / EUA (Centra! Motion I'M lures Corp., Good Machine) inti m i n . Cor Idioma: m a n d a r i m / inglês

Direção: Ang Lee Produção: Ted Hope, Ang Lee, J a m e s Si hamus

0 BANQUETE DE CASAMENTO

(1993)

(HSI YEN) U m j o v e m h o m e m de negócios d e Taiwan que mora e m Nova York e divide seu apartam e n t o c o m seu n a m o r a d o fisioterapeuta decide se casar c o m u m a artista chinesa que precisa de u m green cord. O que ele não esperava era que seus pais, não sabendo que ele é gay, resolvessem vir de T a i w a n para o c a s a m e n t o , o que leva a várias complicações

Roteiro: Ang Lee, Neil Feng, J a m e s

previsíveis m a s ainda a s s i m d i v e r t i d a s . O diretor A n g Lee escreveu o roteiro e m

'.i hamus

colaboração c o m Neil Feng e o produtor J a m e s S c h a m u s - este ú l t i m o c o n t i n u o u tra-

lotografia: J o n g Lin

b a l h a n d o c o m o diretor desde e n t ã o c o m o produtor c co-roteirista.

Musica: Mader

Este f i l m e de 1993, o s e g u n d o de Lee, é u m a comédia social envolvente e inteligente

Elenco: Dion Birney, Jeanne Kuo

que ajudou a estabelecê-lo como u m diretor de filmes para o c i n e m ã o m u l t o antes de

1 hang, W i n s t o n Chao, Paul Chen,

sucessos de público mais óbvios c o m o The Ice Storm (1997) e O tigre e o dragão (2000).

M . I V ( hln, Chou Chung-Wel Indicação ao Oscar: Taiwan (melhor ritme estrangeiro)

Festival Internacional de Berlim: Ang I ee (tjiso de Ouro), e m p a t a d o com K/orl hun nu

;;.'.|

U m a sátira sobre - e para - a classe média, O banquete de casamento é m u i t o m a i s e m o tivo do que mordaz e se dirige sobretudo aos heterossexuais liberais, embora os detalhes culturais chineses sejam fascinantes para todos do público não-chinês. JRos


A LISTA DE SCHINDLER

(1993)

EUA (Amblin, Universal) 197 m i n .

S C H I N D L E R S LIST)

P&B/Cor

rabathando sobre u m roteiro b e m construído d e S t e v e n Zaillian (de Lances uma a d a p t a ç ã o do r o m a n c e não-flccional d e T h o m a s Keneally

inocentes),

u m relato fascinante

lo empresário nazista Oskar Schlndler, q u e salvou as vidas de mais de 1.100 j u d e u s poloneses

Splelberg é e s p e c i a l m e n t e bem-sucedido e m nos m a n t e r interessados por

mais d e três horas e mostrar mais sobre os bastidores do Holocausto do que c o s t u m a mos ver e m f i l m e s d e ficção. U m e n o r m e d e s t a q u e é a bela fotografia e m preto-eliranco de J a n u s z K a m l n s k i . A c a p a c i d a d e d e Spíelberg d e extrair o m á x i m o de i n t e n s i dade do terror existencial t r a n s m i t i d o pelo livro de Keneally - judeus poloneses p o d i a m ser assassinados a qualquer m o m e n t o c o n f o r m e os caprichos do diretor (Ralph Fiennes)

I d i o m a : inglês Direção: Steven Spielberg P r o d u ç ã o : Branko Lustig, Gerald R. M o l e n , Steven Spielberg Roteiro: Steven Zaillian, baseado 1 1 0 livro Schindler's Ark, de Thomas Keneally Fotografia: Janusz Kaminski M ú s i c a : John Williams Elenco: Liam Neeson, Ben Kingsley, Ralph Fiennes, Caroline Coodall,

de u m c a m p o de c o n c e n t r a ç ã o - c c o m p l e m e n t a d a , c ganha nela u m c o n t r a p o n t o , por

J o n a t h a n Sagall, Embeth Davlilt/,

seu retrato da vida g l a m o u r o s a e do poder absoluto da alta sociedade nazista. D e m o d o

Malgoscha Cebel, Shmullk Lev, Mail,

significativo, cada registro e m o c i o n a l é e m geral a c o m p a n h a d o por u m estilo diferente

Ivanir, Beatrice Macola, Andrzej

de fotografia e, a s s i m c o m o a interpretação eficaz de Liam Neeson c o m o Schindler nos liga aos nazistas, o d e s e m p e n h o sutil de B e n Kingsley c o m o seu c o n t a d o r j u d e u , braço direito e consciência silenciosa nos serve c o m o elo c o m os j u d e u s poloneses. O q u e I n f e l i z m e n t e falta, e p o r t a n t o se encontra distorcido, são m u i t o s d o s e l e m e n t o s m a i s f a s c i n a n t e s da história real q u e n ã o c o m b i n a m c o m o cenário d e v o t o e patriarcal de Spielberg - c o m o o papel i m p o r t a n t e q u e a esposa d e Schindler, Emille, d e s e m p e n h o u ao salvar v i d a s d e j u d e u s depois q u e ele v o l t o u a m o r a r c o m ela, e n q u a n t o construía u m a falsa fábrica d e m u n i ç ã o na M o r á v i a , o u o fato d e q u e ele c o n t i nuou a traí-la c o m outras m u l h e r e s . T a m b é m é de se perguntar c o m o Spielberg teria lidado c o m os s u b o r n o s q u e f o r a m necessários para q u e vários dos j u d e u s poloneses c o n s e g u i s s e m entrar para a lista de Schindler e, a s s i m , sobreviver. S e ele tivesse abordado esses a s s u n t o s , c o n t u d o , o f i l m e p r o v a v e l m e n t e teria perdido u m pouco d e sua objetividade m o r a l , ainda que g a n h a s s e e m complexidade. JRos

Seweryn, Friedrich von T h u n , Krzysztof Luft, Harry Nehring. Norbert Weisser Oscar: Steven Spielberg, Gerald R, M o l e n , Branko Lustig (melhor lilinr). Steven Spielberg (diretor), Steven Zaillian (roteiro), Allan Starski, I wa Braun (direção de arte), Janusz Kaminski (fotografia), Michael Kahn (edição), John Williams (música) Indicação ao Oscar: Liam Neeson (ator), Ralph Fiennes (ator coadjuvante), Anna B. Sheppard (figurino), Christina S m i t h , M a t t h e w W. M u n g l e , Judith A. Cory (maquiagem). Andy Nelson, Steve Pederson, Si "i 1 Millan, Ron Judklns (som)


Austrália 104 min. Cor Idioma: inglês Direção: Stephan Elliott Produção: Al Clark. Michael H a m l y n Roteiro: Stephan Elliott Fotografia: Brian J. Breheny Música: Guy Cross Elenco: Terence S t a m p , Hugo W e a v i n g , Guy Pearce, Rebel Russell, )ohn Casey, J u n e Marie Bennett, Murray Davies, Frank Cornelius, Bob Boyce, Leighton Picken, Maria Kniet, loseph K m e t , Alan Dargln, Julia Cortez, Daniel Kellle, Hannah Corbett, Trevor Barrle, Ken Radley, '.ai.ih Chadwick, Mark Holmes Oscar: Lizzie Gardiner, Tim Chappel (ligurino)

PRISCILA, A RAINHA DO DESERTO

(1994)

(THE ADVENTURES OF PRISCILLA, QUEEN OFTHE DESERT) U m dos primeiros filmes a celebrar a natureza " f a b u l o s a " d a s drag gueens, Priscila choc o u os freqüentadores de c i n e m a a o apresentar o venerável ator Inglês Terence S t a m p c o m o B e r n a d e t t e , u m transexual c o m p l e t o , c o m boá c tudo. A c o m p a n h a d o do então n o v a t o H u g o W c a v i n g (que depois g a n h o u fama c o m a trilogia Motrix) e de G u y Pearce (de Amnésia

e O preço da traição), o diretor australiano S t e p h a n Elliot nos mostra o

m u n d o das drag queens tornado perfeito c cor-dc-rosa, ainda q u e u m t a n t o m a n c h a d o por seus c o n s t a n t e s t e m o r e s de ficarem velhas e feias. Este é b a s i c a m e n t e u m road m o v i e c o m figurinos: dois h o m e n s gays d e Sidney g a n h a m a o p o r t u n i d a d e de m o n t a i u m s h o w de travestis no deserto. B e r n a d e t t e está d e luto pela m o r t e d e seu j o v e m a m a n t e c se u n e à dupla e m busca d e distração. O trio compra u m ô n i b u s e dá u m s h o w a cada parada. A h o m o f o b i a , m a r c a n t e no interior australiano, enche a v i a g e m de perigos - sobre t u d o q u a n d o A d a m , o personagem de Guy Pearce, Insiste e m andar pelas ruas e m trajes c o m p l e t o s d e drag. É t o c a n t e c o m o o caráter d e cada u m dos a r t i s t a s drag é retratado. Eles n ã o são s i m p l e s m e n t e as rainhas escandalosas e m a q u i a d a s de Para Wong Foo, obrigada por tudo!, carinhosas, generosas e maliciosas. Cada u m dos três t e m ambições diferentes - u m quer escalar Ayers Rock, outro quer f i n a l m e n t e conhecet seu filho, e B e r n a d e t t e , cuja fachada e l e g a n t e se quebra, deseja encontrar u m novo a m o r para sua vida. M e s m o que v o c ê não seja f a s c i n a d o por drag queens, os visuais de Priscila (que é, aliás, o n o m e do ônibus) são a l t a m e n t e c i n e m a t o g r á f i c o s . Os figurinos, q u e g a n h a r a m o Oscar, incluindo a m a q u i a g e m e as perucas usadas pelo trio e m seus n ú m e r o s e na rua, são soberbos. O m a i s m e m o r á v e l , no e n t a n t o , é a cena de Pearce e m pé sobre o ônibus viajando pelo deserto, c o m u m a e n o r m e echarpe prateada arrastada atrás d e si pelo v e n t o . Para causar ainda m a i s efeito, ele está m o v e n d o seus lábios c o m o se c a n t a s s e a ópera q u e toca nessa cena. Alegre e I m p a c t a n t e , Priscila nos dá u m a o p o r t u n i d a d e rara d e olhar por trás dos disfarces das drag queens para ver as pessoas reais que eles e s c o n d e m . K K


FRATERNIDADE E VERMELHA

í

(1994)

(TROIS COULEURS: ROUGE) A terceira cor da bandeira francesa representa a fraternidade, e, embora o ú l t i m o filme d

"Trilogia das c o r e s " de Kicslowskl m a i s u m a vez seja a p e n a s v a g a m e n t e conectado

.1 :sse t e m a , ele d e a l g u m a forma atinge o coração da fraternidade através dos laços por vezes t ê n u e s e o u t r a s vezes impossíveis d e se compreender que ligam toda a h u m a n i < de. Se cada u m dos filmes da trilogia acaba sendo m u i t o m a i s d o q u e a s o m a d e suas partes a m b í g u a s , e n t ã o A fraternidade... oferece u m a grandiosa e iluminadora soma dos 1 ês f i l m e s . C o m o o capítulo final de u m grande livro filosófico, este f i l m e parcela seus d talhes c o m paciência e elipses, retirando seu poder das m a q u i n a ç õ e s da t r a m a mis-

França / Polônia / Suíça (CAB, Franco 3, Canal+, Ml<2, Tor, TSR) 99 min. Eastmancolor Idioma: francês Direção: Krzysztof Kieslowski Produção: Marin Karmitz Roteiro: Krzysztof Kieslowski, Krzysztof Piesiewicz Fotografia: Piotr Sobocinski Música: Bertrand Lenclos, Zblgnlew Preisner

irriosa q u e u n e m u m a m o d e l o de b o m coração (a irresistível Irene Jacob) a u m juiz

Elenco: Irene Jacob, Jean-Louls

< mico a p o s e n t a d o (Jcan Louis Trintignant). A m b o s levam vidas vazias, e m b o r a expres-

Trintignant, Frédérique Feder, Jean-

m sua solidão de maneiras diferentes, m a s o juiz enxerga algo Intrigante na m o d e l o que o retira de sua concha d e ódio a si m e s m o . C o m o m u i t o s d o s trabalhos d e Kieslowski, A fraternidade...

fala m u i t o do acaso e

1 'incidência, e, embora o diretor metafísico raramente aborde a espiritualidade e m seu .abalho, seu ú l t i m o filme (Kieslowski se a p o s e n t o u após dirigir A fraternidade... e m o r reu pouco depois) várias vezes parece u m a m e d i t a ç ã o não apenas sobre laços terrenos, as t a m b é m sobre nosso lugar no universo. E m m ã o s m e n o s c o m p e t e n t e s , tal assunto m dúvida teria degringolado e m p e n s a m e n t o s da Nova Era, m a s Kieslowski é esperto demais para fazer isso. Seus personagens se desenvolvem c Interagem o r g a n i c a m e n t e , imo se bebendo d e u m roteiro feito inteiramente d e deixas e m o c i o n a i s e m vez d e p a -

Pierre Lorit, S a m u e l Le Bihan, M.iiion Stalens, Teco Célio, Bernard Escalou. Jcan Schlegel, Elzbieta Jasinska. Paul Vermeulen, Jean-Marie Daunas, Roland Carey, Brlgitte Raul, Leo Ramseyer Indicação ao Oscar: Piotr Sobocinski (fotografia), Krzysztof Kieslowski (diretor), Krzysztof Piesiewicz, Krzysztof Kieslowski (roteiro) Festival de Cannes: Krzysztof Kieslowski (Palma de Ouro)

lavras. Sua câmera capta lugares e m o m e n t o s que parecem insignificantes, m a s cuja imnrtância é I n e v i t a v e l m e n t e revelada. Neste filme ele consegue ate, quase por mágica, materializar o próprio tecido d e nossa existência, misturando c c o m p o n d o as metáforas simbolismos dos três f i l m e s nesta desafiadora e Inegavelmente t o c a n t e conclusão, que nos faz ver toda a trilogia sob u m a nova luz. R a r a m e n t e u m filme fundiu d e m o d o .ao brilhante t a n t a s idéias, imagens e e m o ç õ e s e m u m todo de maestria, u m m a n u a l •obre a vida e u m a obra d e arte disfarçados sob a forma de u m filme c o m u m . J K L

H.y


l U A (KTCA-TV, Kartemquin) 170 m i n .

BASQUETE BLUES

0994)

Cor

(HOOP DREAMS)

Idioma: inglês

Basquete blues a c o m p a n h a a história real d e u m a dupla de adolescentes de u m balrin

Direção: Steve J a m e s

pobre de Chicago e sua busca pela f a m a na NBA, a liga de basquete profissional dos

Produção: Peter Gilbert, Steve J a m e s ,

Estados U n i d o s . Recém-saídos do ensino f u n d a m e n t a l , os dois rapazes são recrutados

I lederick Marx

Roteiro: Steve J a m e s , Frederick Marx Fotografia: Peter Gilbert Música: Ben Sidran Elenco: W i l l i a m Gates, Arthur Agee, I iiima Gates, Curtis Cates, Sheila

por u m olheiro, literalmente tirados d a s ruas e colocados e m u m a escola preparatória para a f a c u l d a d e , p r e d o m i n a n t e m e n t e branca, a St. Joseph High. S e g u i n d o os passos do seu ídolo e ex-aluno da St. J o s e p h , Isiah T h o m a s , os rapazes são assolados por demandas intensas de m a t u r i d a d e , estudo e, é claro, basquete. No primeiro a n o d o c u m e n t a d o pelo f i l m e , apenas u m dos rapazes sobrevive aos

Agee, Arthur " B o " Agee, Earl S m i t h ,

rigores da escola preparatória. E m u m a tentativa de continuar perseguindo seus sonhos

I i r n c i'ingatore, Isiah T h o m a s , Sister

de jogar b a s q u e t e , o outro volta para a cidade e entra para u m a escola pública. Embora

Marlyn Hopewell, Bill Gleason, P a l l i d a Weir, Marjorie Heard, Luther Bedford, Aretha Mitchell Indicação ao Oscar: Frederick Marx, '.leve J a m e s , W i l l i a m Haugse (edição)

separados por p r o g r a m a s d e b a s q u e t e diferentes, c o n t i n u a m o s . 1 ver os rapazes a m a d u r e c e r e m e tornarem-se potências atléticas ao longo de u m período de cinco anos. U m espaço de t e m p o concentrado a s s i m permite u m olhar pessoal sobre as vidas dos dois rapazes, m o s t r a n d o q u e sua busca pela glória no b a s q u e t e n ã o é apenas sua paixão, m a s t a m b é m o s o n h o d e suas famílias. A c o m p a n h a n d o seus fracassos e sucessos, o diretor e narrador Steve J a m e s tece uma história ímpar da luta para viver e m u m bairro pobre. Conforme as c a m a d a s do filme se t o r n a m mais aparentes, s u b t r a m a s intricadas iros familiarizam c o m outras pessoas que Influenciam suas vidas. O constante ir e vir da vida age sobre as e m o ç õ e s e o destino dos rapazes. O basquete funciona não só c o m o u m jogo para Arthur e W i l l i a m , m a s t a m b é m como u m i n s t r u m e n t o para q u e seus Instrutores e familiares realizem seus próprios sonhos c desejos. O f i l m e nos p c m l t e , portanto, vivenciar o m u n d o do basquete colegial através dos olhos d e rapazes, famílias desfeitas c treinadores apaixonados. Basquete blues representa cinco a n o s d e dedicação penosa t a n t o por parte dos rapazes q u a n t o do cineasta e dos produtores. S e g u i n d o Arthur e W i l l i a m dos seus dias de m e n i n o s na escola até seus altos e baixos c o m o jogadores d e basquete e s t i m a d o s , este f i l m e q u e s t i o n a e c o n t e m p l a a vida no subúrbio, família, sacrifícios, sucessos e fracassos. Al<

II.'H


F IRREST GUMP - O CONTADOR DE HISTORIAS (1994)

(i O R R E S T G U M P )

Forrest Gump, u m passeio rápido pelos eventos da historia dos Estados U n i d o s dos a n o s 50 aos a n o s 8o vistos pelos olhos de u m só h o m e m , é bem-sucedido t a n t o c o m o u m '

ico q u a n t o c o m o u m estudo de personalidade, graças à direção Inteligente, ainda

que por vezes s e n t i m e n t a l , de Robert Z e m e c k i s c à a t u a ç ã o central d e Tom H a n k s , q u e obteve seu s e g u n d o Oscar c o n s e c u t i v o de M e l h o r Ator. Encontramos pela primeira vez Forrest, u m amigável débil m e n t a l c o m u m Q l de 75, sentado em u m banco no parque, esperando pelo ônibus que o levará ao encontro de sua . i 11 liga de infância Jenny (Robin Wright Penn). Enquanto espera, ele relata a história da sua vida às várias pessoas que dividem o banco c o m ele. E que história. Criado por uma m ã e (Sally Field) q u e endireitou suas pernas com aparelhos mas nunca tentou endireitar sua : ente ("Idiota é q u e m faz idiotice" é o seu lema), Forrest passou por muitos dos principais eventos dos Estados Unidos do século X X . Tudo começa no dia e m que ele descobre que l ode correr (deixando na poeira os meninos que o perseguiam; seu aparelho ortopédico cal i ele some na distância) e usa seu talento para se tornar uma estrela do futebol americano. Ao longo das três décadas seguintes, esse h o m e m simplório conhece J o h n F. Kennedy, ndon Johnson e Richard Nixon; se torna u m herói na Guerra do Vietnã ao salvar o tenente Dan (seu superior mal humorado representado brilhantemente por Gary Sinise); e e m -guida u m rei do camarão. Todo esse tempo ele sonha e m se juntar a Jenny, cuja vida se separou da dele. Enquanto Forrest vive vários m o m e n t o s culturais históricos, Jenny está mergulhada na contracultura, protestando contra a guerra c usando álcool e drogas. O romance entre Jenny e Forrest é pouco convincente - ela só aparece q u a n d o precisa cie ajuda, o que torna seu personagem menos simpático. No entanto, a história tocante (iesse h o m e m honesto e inocente ( u m desempenho soberbo de Hanks) funciona como

EUA (Paramount) 142 m i n . P8cB/ Cor Idioma: Inglês Direção: Robert Z e m e c k i s Produção: W e n d y Flnerman, Steve Starkey, Steve Tlsch Roteiro: Eric Roth, baseado no livro de W i n s t o n Groom Fotografia: Don Burgess Música: Alan Silvestri Elenco: Tom Hanks, Robin Wright Penn, Gary Sinise, Mykelti W i l l i a m s o n , Sally Field, Rebecca Williams, Michael Conner Humphreys, Harold G. H e r t h u m ,

uma contemplação da segunda m e t a d e do século passado, possível graças a efeitos

George Kelly, Bob Penny, John

computadorizados que colocam Hanks

Randall, S a m Anderson, Margo

cenas originais de eventos importantes. j B

c o m resultados várias vezes hilariantes - e m

Moorer, lone M. Telech, Christine Seabrook Oscar: Wendy Finerman, Steve Starkey, Steve Tisch (melhor filme), Robert Zemeckis (diretor), Eric Roth (roteiro), Tom Hanks (ator). Ken Ralston, George Murphy, Stephen Rosenbaum. Allen Hall (efeitos especiais visuais), Arthur Schmidt (edição) Indicação ao Oscar: Gary Sinise (ator coadjuvante), Rick Carter, Nancy Haigh (direção de arte), Don Burgess (fotografia), Gloria S. Borders, Randy Thorn (efeitos especiais sonoros), Daniel C. Striepeke, Hallie D'Amore, Judith A. Cory (maquiagem), Alan Silvestri (música), Randy Thorn, Tom J o h n s o n , Dennis S. Sands, William B. Kaplan (som)

H."I


tUA (Walt Disney) 89 m i n .

0 REI LEÃO (1994)

lechnicolor

(THE LION KING)

Idioma: i n g l ê s / suaíli

Em 1991, a Disney lançou o mágico A bela c a fera - o primeiro desenho a n i m a d o a ser

Direção: Roger Allers, Rob Mlnkoff

indicado a o Oscar de Melhor Filme - c modernizou suas técnicas de a n i m a ç ã o c o m uma

Produção: Don Hahn

bela mistura de desenhos tradicionais e desenhos gerados por c o m p u t a ç ã o gráfica. O rei

Roteiro: Irene M e c c h i . J o n a t h a n

ledo foi lançado três anos depois e não só elevou o padrão alcançado por A belo e a fera co-

Roberts, Linda Woolverton

Música: Hans Zimmer, Elton J o h n , Mm Rice, Lebo M . J o s e p h Williams 1 lenço (vozes): M a t t h e w Broderlck,

m o t a m b é m se tornou i n s t a n t a n e a m e n t e u m novo clássico da Disney, a o lado de outros filmes lacrimejantes como Branca de Neve cos sete anões (1937) e, é claro, Bambi {1942). O j o v e m leão Simba (na voz de J o n a t h a n Taylor T h o m a s c o m o filhote e d e M a t t h e w

lOieph Williams, J o n a t h a n Taylor

Broderick c o m o adulto) é exilado por seu m a l v a d o tio Scar

l h o m a s , Jason Weaver, James Earl

n e b r o s a m e n t e bem sucedido d e Jeremy Irons - após a m o r t e de seu pai M u s a f a (James

lemes, Jeremy Irons, Moira Kelly,

Earl Jones). Forçado a se virar sozinho, ele faz a m i z a d e c o m duas figuras curiosas,

Nlketa Calame, Laura W i l l i a m s , Ernle '..ihella, Nathan Lane, Robert (.iiill.iumc, Rowan Atkinson, Madge Sinclair, Zoe Leader, Cheech Marin, Whoopl Goldberg Oscar: Hans Z i m m e r (música), Elton |0hn, Mm Rice (canção) Indicação ao Oscar: Elton J o h n , Tim R U e (canções)

u m d e s e m p e n h o vocal te

P u m b a ( E m i e Sabella) e Timão ( N a l h a n I .me), e se apaixona pela leoa Nala (dublada poi Nikcta C a l a m c depois por Moira Kelly) a n t e s d e retomar s e u lugar c o m o líder dos animais. Esta aventura a n i m a d a funciona b e m porque t e m todos os e l e m e n t o s de u m excelente f i l m e , muita ação e aventura. As cenas do filhote d e leão a g r a d a m às crianças p e q u e n a s e a a n i m a ç ã o i m p r e s s i o n a n t e deixa até os a d u l t o s b o q u i a b e r t o s . O filme s e g u e u m a história clássica à medida q u e o filhote ingênuo se torna u n i sábio e respeita do leão. C o n t a n d o c o m u m a trilha sonora c a t i v a n t e d e Élton J o h n - q u e inclui os sucessos "Circle of Life" e " C a n You Fccl T h e Lovc T o n i g h t "

, O rei leao é s u r p r e e n d e n t e m e n -

te e m o c i o n a n t e para u m filme q u e só t e m personagens a n i m a d o s , e m particular na relação entre S i m b a e seu pai e no final q u e transforma qualquer m a r m a n j ã o e m u m m o n t e d e m a n t e i g a derretida. Por sorte, os talentos vocais d e L a n e , R o w a n Atkinson (como o pássaro espertalhão Zazu), Cheech M a r i n c W h o o p i Goldberg (no papel das hienas risonhas) estão por perto para oferecer a l g u m alívio s o b a forma de humor, ou todos nós d e v e r í a m o s exigir q u e o DVD do filme já viesse c o m u m a caixa de lenços de papel. JB


(BALCONISTA

(1994)

EUA (Miramax, View Askew) 92 m i n , P&B

( LERKS) i

roteirista/diretor Kevin S m i t h surgiu c m 1994 c o m o o mais promissor recém-chegado

• I1 Geração X c o m este i m p r e s s i o n a n t e f i l m e d e estréia. A m b i e n t a d o c m u m a loja de nveniências d e Nova jersey, O balconista dc S m i t h é u m dia na vida d c dois funcio1 1 rios, D a n t e (Brian 0 ' H a l l o r a n ) e s e u desastrado a m i g o Randal (jeff A n d e r s o n ) , q u e ibalha na locadora de vídeos ao lado. C o n f o r m e várias pessoas estranhas e n t r a m na

Idioma: Inglês Direção: Kevin S m i t h Produção: Scott Mosier, Kevin Smith Roteiro: Kevin S m i t h Fotografia: David Klein Música: Scott Angley

loja, D a n t e tenta resolver problemas d e r e l a c i o n a m e n t o , e n q u a n t o Randal passa a

Elenco: Brian O'Halloran, Jeff

maior parte do dia e n t e d i a d o , insultando c l i e n t e s , assistindo a f i l m e s pornõs e dls-

Anderson, Marilyn Ghigliotti, Lisa

itindo questões i m p o r t a n t e s c o m o o verdadeiro significado da destruição da Estrela da M o r t e e m O retorno

Filmado e m preto-e-branco, o f i l m e d c 27.500 dólares d e o r ç a m e n t o foi f i l m a d o c m dias na loja Q u I c k S t o p Grocerlcs o n d e S m i t h havia t r a b a l h a d o desde os 19 a n o s d e Idade e o n d e ele editava o f i l m e toda n o i t e . Centrado e m d u a s ó t i m a s a t u a ç õ e s e cheado d e diálogos argutos, o f i l m e t a m b é m Introduziu os dois personagens hllariantes q u e S m i t h u s o u e m seus f i l m e s s e g u i n t e s , Barrados no shopping, Procura-se Amy, I ogma e O império (do besteiro!) contra-ataca 1

Spoonhauer, Jason M e w e s , Kevin S m i t h , Scott Mosier, Walter Flanagan,

dejedi.

Scott Schlaffo, AI Berkowitz, Ed Hapstak, Lee Bendick, David Klein, Pattijean Csik, Ken Clark Festival de Cannes: Kevin S m i t h (prêmio da j u v e n t u d e - f i l m e estrangeiro), (prêmio Mercedes-Benz)

(todos a m b i e n t a d o s ao m e n o s c m parte

Nova Jersey natal d e S m i t h ) : Stoner Jay (Jason M e w c s ) c s e u b e m n o m e a d o a m i g o !ent Bob (o próprio S m i t h ) . JB

D ATRO CASAMENTOS UM FUNERAL (1994)

Inglaterra (Channel Four, PolyGram, Working Title) 117 m i n . Eastmancoloi Idioma: inglês

OUR W E D D I N G S AND A FUNERAL)

Direção: M i k e Newell

lugh Grant é o eterno padrinho d e c a s a m e n t o nesta comédia inglesa m u i t o bem-sucedida do diretor M l k e Newell e do roteirista dc Blackaddcr,

Richard Curtis, a m b i e n t a d a

' i n vários e v e n t o s sociais. Grant, no papel q u e o c a t a p u l t o u d e personagens sisudos e m filmes c o m o Lua de fel Vestígios do dia ,1 m c g a e s t i e l a d e H o l l y w o o d , está perfeito no papel do c r o n i c a m e n t e rasado Charles, q u e se apaixona por Carrio (Andle M a c D o w e l l ) e m u m c a s a m e n t o e 1 tão passa o resto do f i l m e t e n t a n d o d e s a j e i t a d a m e n t e conquistar o seu amor. Nesse neio-tempo, o olhar b e m - h u m o r a d o do filme sobre a classe média alta Inglesa, arruiada e m c h a p é u s e v e s t i d o s elegantes, exibe todos os pesadelos clássicos d e casaentos (o padre c h a t o , a gafe no brinde d o padrinho, o c o n s t r a n g i m e n t o de sentar-se mesa c o m todas as cx n a m o r a d a s ) . No e n t a n t o , é o funeral do t í t u l o q u e dá ao f i l m e seu coração. A l g u n s dirão q u e a inexpressiva M a c D o w e l l foi m a l escolhida c o m o o alvo român0 (talvez para q u e os produtores ingleses p u d e s s e m ter u m n o m e d e H o l l y w o o d no lime). No e n t a n t o , ela s e n s a t a m e n t e cede a vez ao maravilhoso elenco d e personagens c u n d á r i o s , incluindo S i m o n Callow, J o h n H a n n a h e Krlstin S c o t t T h o m a s , q u e d ã o a 1 marro casamentos e u m funeral seus m o m e n t o s m a i s c h a r m o s o s e e n g r a ç a d o s . JB

Produção: Duncan Kenworthy Roteiro: Richard Curtis Fotografia: Michael Coulter Música: Richard Rodney Bennett Elenco: Hugh Grant, J a m e s Fleet, Simon Callow, John Hannah, Kristin Scott T h o m a s , David Bower, Charlotte C o l e m a n , Andie M a c D o w e l l , Timothy Walker, Sara Crowe, Ronald Herdman, ElspetGray, Philip Voss, Rupert Vansittart, Nicola Walker Indicação ao Oscar: Duncan Kenworthy (melhor filme), Richard Curtis (roteiro)


EUA (Alcor, Ixtlan, J D, Regency, Warner Bros.) 118 m i n . P8cB/ Technicolor Idioma: inglês Direção: Oliver Stone

ASSASSINOS POR NATUREZA

(1994)

(NATURAL BORN KILLERS) Oliver S t o n e , que nunca buscou evitar controvérsias c o m filmes c o m o Platoon (ínnnj '• IFK (1991), c a u s o u a maior de suas t e m p e s t a d e s c o m este c o m e n t á r i o soberbo e satiilrn

Produção: J a n e Hamsher, Don

sobre o r e l a c i o n a m e n t o entre a mídia c a violência. U s a n d o técnicas variadas d e eslllii

Murphy, Clayton Townsend

c de filmagem

Roteiro: David Veloz, Richard

por natureza

Rulowski, Oliver Stone, baseado e m uma história de Ouentin Tarantino Fotografia: Robert Richardson Música: Zack De La Rocha, Peter Gabriel, Tom Hajdu, Brent Lewis, Andy M l l b u m , Trent Reznor, Eric

a n i m a ç ã o , vídeo, projeção, f i l m a g e m c m P & B e colorida -, Assassino»

conta a história d e M i c k e y ( W o o d y Harrelson) e M a l l o r y (Juliette Lewis)

Knox e m u m surto de assassinatos a t r a v e s s a n d o o pais. A história tenebrosa logo atial a a t e n ç ã o da mídia e é relatada ao público ávido pelo apresentador d e TV vulgar W . I V I K Gale ( R o b e r l D o w n e y J r ) . O f i l m e é g r a f i c a m e n t e v i o l e n t o c o n f o r m e os a m a n t e s v ã o m a t a n d o pelo país, m i l M o l l e 1 levei l.i sei Jj',l.li i.lilo. e ll.in , i illilel l.lili i, pui '.eu i u n i u piovoi ador. M u i t o s atou-

Avery Weiss, Leonard Cohen, Dr. Dre,

a c l a m a d o s a c r e d i t a r a m e m s e u f i l m e inteligente, estilizado e m a r c a n t e o suficiente

Bob Montgomery, Patti Smith

para aparecerem nele, de l o m m y Lee Jones ( c o m o u m diretor d e prisão particularmente

Elenco: Tommy Lee J o n e s , W o o d y

hipócrita) a Tom Slzemore ( c o m o o policial tenaz no rastro de M i c k e y e Mallory), e os

Harrelson, Juliette Lewis, Rodney

astros principais Harrelson, Lewis e D o w n c y j r . t ê m d e s e m p e n h o s palpitantes que estão

D.ingcrfleld, Robert Downey Jr., Tom sl/emone

entre os m e l h o r e s d e suas respectivas carreiras. J B

I estival de Veneza: Oliver Stone (piemio especial do júri), Juliette 1 ewis (Prêmio Pasinetti - atriz)

EUA (ITC) 110 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: John Dahl Produção: J o n a t h a n Shestack Roteiro: Steve Barancik Fotografia: J e f f j u r Música: Joseph Vita rei I i Flcnco: linda Fiorentino, Peter Berg, WH Pullman, Mlchael Raysses, Bill

0 PODER DA SEDUÇÃO

(1994)

(THELASTSEDUCTION) Feito para a H B O , a c o m p a n h i a de televisão a cabo norte-americana (que levou o filme ao ar a n t e s de exibi-lo nos c i n e m a s , i n f e l i z m e n t e tornando-o inelegível para qualquei Oscar da A c a d e m i a ) , O poder da sedução foi a terceira e melhor Investida do diretor John Dahl no gênero do f i l m e noir. Linda Fiorentino d e f i n i t i v a m e n t e ferve na tela c o m o a femme fatale Bridget, que e n c o n t r a m o s pela primeira vez q u a n d o ela convence seu m a r i d o (Bill P u l l m a n ) a fazei

N u n n , Zack Phlfer, J . T. W a l s h , Brlen

uni g l a n d e negoi o i o m drogas, depois loge

v.n.nly, Dean Norrls, Donna Wilson,

mistura s i l e n c i o s a m e n t e e m u m a cidade pequena e entra na vida do doce e apaixonado

Mlk S a i b a , Erik-Anders Nilsson,

M i k c (Peter Berg), q u e não t e m a m e n o r Idéia d e c o m o que está se m e t e n d o .

I M i i k i a R. Caprio, Herb Mitchell, Itenee Rogers

i o dinheiio deixando o para trás. Ela se

Fervendo d e sexualidade, o thriller d e Dahl é d e l i c i o s a m e n t e a m a r g o e v i l , c o m Fiorentino d o b r a n d o h o m e n s Inocentes ao redor d e seus dedos para e n t ã o descartá-los r a p i d a m e n t e . P u l l m a n - mais conhecido por papéis mais afáveis - é uma surpresa como o quase-tão-malvado marido dela, e Berg acerta o t o m c o m o o pobre h o m e m que n u n ca percebe q u a n t o está se a f u n d a n d o . M a s a verdadeira estrela d o f i l m e é Fiorentino, q u e mastiga e cospe os deliciosos diálogos d e Steve Barancik, reduzindo os h o m e n s a v í t i m a s q u e t r e m e m e c h o r a m no processo. JB


EUA (Band Apart, Jersey, Miramax)

154 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Q u e n t i n Tarantino Produção: Lawrence Bender Roteiro: Q u e n t i n Tarantino, Roger

Avary

Fotografia: Andrzej Sekula Música não original: Dick Dale and his Del-tones, Kool and the Gang, Al Green, Tornadoes, Ricky Nelson, Dusty Springfield, Centurians, Chuck Berry, Urge Overkill, Maria M c K e e , Revels, Statler Brothers, Lively Ones Elenco: Tim Roth, Amanda Plummet, Laura Lovelace, J o h n Travolta, Samuel L. Jackson, Phil LaMarr, Frank Whaley, Burr Steers, Bruce Willis, Ving

I ULP FICTION - TEMPO DE VIOLÊNCIA

Rhames, Paul Calderon, Bronagh

(1994)

ULP FICTION)

Gallagher, Rosanna Arquette, Eric Stoltz, Uma T h u r m a n , Harvey Keitel, Maria de Medeiros, Christopher

iraíso para os quo g o s t a m do ficar grudados tia poltrona, este s e g u n d o f i l m e intell

W a l k e n , Steve Buscemi, Quentin

site e m u l t o divertido de Q u e m in l.ii.uil ino (após Ciies de aluguel e a n t e s de j u i kir

Tarantino

i i o w n ) é u m a coleção c r o n o l o g i c a m e n t e e m b a r a l h a d a d e histórias d e c r i m e inter

Oscar: Q u e n t i n Tarantino, Roger

'acionadas. A l e m d e sua estrutura e n g e n h o s a . Pulp Fiction retira q u a s e toda a sua

Avary (roteiro)

iça de referências e ecos d e o u t r o s filmes e s h o w s de televisão. Apesar d e t o d a s as

Indicação ao Oscar: Lawrence Bender

anuações t e m á t i c a s sobre redenção e ter u m a segunda c h a n c e , sua m e t a real é algo ano o reverso de Forrest G u m p : tornar o espectador escapista c conhecedor d e mídia pop o real herói da história. Nos t e r m o s sujos q u e ela m e s m a usa, a narrativa falsam e n t e durona de Tarantino - que deriva seu brilho do caos d e farsas, d r o g a s , m o n ó l o sis m a c h õ e s irônicos, m e n ç õ e s a p e n e t r a ç ã o anal c abuso racial - se a s s e m e l h a a u m aiho m o l h a d o para h o m o s s e x u a i s a d o l e s c e n t e s e n r u s t i d o s ( o u , talvez m a i s e x a t a -

(melhor filme), Quentin Tarantino (diretor), J o h n Travolta (ator), Samuel L. Jackson (ator coadjuvante), Uma Thurman (atriz coadjuvante), Sally Menke (edição) Festival de Cannes: Quentin Tarantino (Palma de Ouro)

m e n t e , para o h o m o s s e x u a l adolescente enrustido e m cada u m de nós). Tarantino assume o c o n t i o l c desse m o d o espertalhão c o m tanta segurança e confiança que este liline a u d a c i o s o brilha d e ponta a ponta c o m as reviravoltas da trama. John Travolta, S a m u e l L. Jackson, Bruce Willis e Harvey Kcitel, todos vibram c o m po ncia estelar de alta v o l t a g e m , enquanto o restante do elenco (que inclui U m a T h u r m a n , ng Rhames, Maria de Medeiros, Tlm Roth, A m a n d a Plummer, Eric Stoltz, Rosanna iquette, Christopher W a l k e n , Steve Busccml c o próprio Tarantino) preenche c o m confoito i icsto do cenário. Apenas ocasionalmente - c o m o no episódio pesado e feio no porão, c i algumas cenas românticas anêmicas

Tarantino parece estar fazendo força, embora

iiesmo aqui seu projeto global fique evidente: expulsar a vida real e as pessoas reais de una vez só e para sempre do filme de arte e substituí-las por provocações genéricas e hoenagens variadas, Imbuídas de estilo e atitude, construindo u m verdadeiro m o n u m e n t o »conhecimento cinematográfico presumido do espectador. As referências vão de Douglas ai k a Howard H a w k s , de Os embalos de sábado à noite ao kung f u , passando por Codard, ias não se deve esperar que nenhuma das experiências de vida das fontes dos filmes itigos transpareça: t u d o o que importa é a superfície pungente e exuberante. JRos

833


EUA (Castle Rock, Columbia) 142 m i n . Technicolor Idioma: Inglês Direção: Frank Darabont Produção: Niki Marvin Roteiro: Frank Darabont, baseado no conto "Rita Hayvyorth and t h e Shawshank Redemption", de Stephen King

UM SONHO DE LIBERDADE

(1994)

(THE SHAWSHAIMK REDEMPTIOIM) M u i t o s dos trabalhos d e S t c p h e n K i n g , escritor de histórias de horror, foram reproduzi dos c o m sucesso no cinema (incluindo Louca obsessão. Carne, a estranha e O iluminado), m a s pode se dizer que as m e l h o r e s a d a p t a ç õ e s são as de seus contos que não t ê m nada a ver c o m horror, c o m o Conto comigo

e esta reedição d e u m conto o r i g i n a l m e n l e

i n t i t u l a d o "Rita H a y w o r t h a n d t h e S h a w s h a n k R e d e m p t i o n " . E m 1946, o pacato j o v e m banqueiro Andy Dufresne (Tlm Robbins) é m a n d a d o para a

Fotografia: Roger Deakins

prisão ficcional d e S h a w s h a n k pelo assassinato de sua esposa e do a m a n t e dela. Lu

Música: Doris Fisher, Thomas

q u a n t o preso, ele l e n t a m e n t e tece u m a a m i z a d e com Red ( M o r g a n F r e e m a n , que nana

N e w m a n , Allan Roberts

a história de Andy), outro prisioneiro que c u m p r e uma longa pena. Ao longo de 20 anos,

Elenco: Tim Robblns, Morgan

Andy g r a d u a l m e n t e c o m p r e e n d e o f u n c i o n a m e n t o do sistema prisional e conquista o

I i c e m a n , Bob C u n t o n , W i l l i a m Sadler, Clancy Brown, Cil Bellows, Mark Rolston, J a m e s W h i t m o r e , lelhey D e M u n n , Larry Brandenburg, Neil Gluntoll, Brian Libby, David Provai, Joseph Ragno, Jude Ciccolella

respeito do diretor e dos guardas u s a n d o seus talentos financeiros para fazer suas declarações de Imposto d e renda c transações e c o n ô m i c a s sem nunca deixar de anslai pela liberdade. Encenado de maneira s i m p l e s e t o c a n t e por F r e e m a n e Robblns, e c o m u m belo roteiro do diretor Frank D a r a b o n t (que se a t e m à história original, m u d a n d o apenas Red, u m irlandês no c o n t o d e King), Um sonho de liberdade é u m a história inteligente c e n v o l v e n t e , rica e m sua caracterização e q u e , embora n ã o tenha sido u m sucesso de bilheteria ao estrear em 1994, m e r e c i d a m e n t e se tornou u m f i l m e obrigatório graças ao boca a boca desde e n t ã o . JB

França (IMA, Alain Sarde, Strand)

110 m i n . Cor Idioma: francês

ROSAS SELVAGENS

(1994)

(LES ROSEAUX SAUVAGES) Este m a r a v i l h o s o e magistral f i l m e d e André Téchiné, seu d é c i m o s e g u n d o , é u m dos

Direção: André Téchiné

melhores de u m a excelente sétle d e f i l m e s da televisão francesa sobre adolescentes dos

Produção: Georges B e n a y o u n , Alain

a n o s 60 a o início d o s a n o s 8o. A s s i m c o m o Souvenirs d'en France (19/4), d e Téchiné,

'..ude

Roteiro: Olivier Massart, Gilles i.iuiand. André Téchiné Fotografia: J e a n n e Lapoirie I.lenço: Élodle Bouchez, Gaêl Morel, M c p h a n e Rideau, Frédéric Gorny, Mn helc M o r e t t i , Jacques Nolot, Eric r leikenmayer, Nathalie Vignes, Michel Ruhl, Fatia M a i t e , Claudine l.iuleie, Elodie Soulinhac, Dominique liov.ird, Monsleur S i m o n e t

evoca d e a l g u m a s f o r m a s o Bernardo Bertoluccl d e O conformista

(1970), este relato de

j o v e n s v i v e n d o no S u d o e s t e da França e m 1962, no final da Guerra da Argélia, t e m algo do s e n t i m e n t o , lirismo e doçura do f i l m e d e Bertoluccl Antes da revolução selvagens,

(1964). Rosas

no e n t a n t o , é c l a r a m e n t e o trabalho de a l g u é m mais velho e sábio.

Os personagens principais estão c o m p l e t a n d o o equivalente ao " v e s t i b u l a r " e m u m Internato. Eles I n c l u e m u m m e n i n o q u e luta contra seu desejo h o m o s s e x u a l por u m amigo í n t i m o (Gacl Morel), u m e s t u d a n t e m a i s velho que é u m o p o n e n t e de direita do n a c i o n a l i s m o argelino (Frédéric Gorny) e a filha c o m u n i s t a de u m dos professores (Élodie B o u c h e z ) , q u e faz a m i z a d e c o m o rapaz h o m o s s e x u a l c se apaixona

pelo

e s t u d a n t e mais velho apesar d e suas diferenças políticas. P a s s a m o s a considerar esses e o u t r o s personagens v e l h o s a m i g o s , e a maneira c o m o Téchiné aborda a a m b i e n t a ç ã o c a m p e s t r e é t ã o delicada q u a n t o sua c o m p r e e n s ã o do período. Rosas selvagens foi o vencedor de vários prêmios César (o e q u i v a l e n t e francês do Oscar) d e m e l h o r filme, diretor, roteiro e revelação f e m i n i n a ( B o u c h e z ) . J R o s


CHONG QING SEN LIN

(1994)

Hong-Kong ()et Tone) 97 m i n . C 0 1

A preferência d e Kar-wai W o n g por trabalhar s e m roteiro dá a seus f i l m e s a l g u m a s

Idioma: cantonês / mandarim

1 a d e n d a s b r i l h a n t e m e n t e desajustadas. O fato de os resultados serem c o m freqüência

Direção: Kar-wai W o n g

lâo belos e t o c a n t e s q u a n t o desafiadores é u m t e s t e m u n h o sobre sua escolha de cola-

Produção: Yi-kan Chan

boradores e sua confiança neles. Chong qing sen lin (A selva de C h u n g k i n g ) conta duas

Roteiro: Kar-wai W o n g

histórias de a m o r não convencionais (e p r a t i c a m e n t e desconexas), cada u m a e n v o l v e n -

Fotografia: Christopher Doyle, W a l

do u m policial solitário e a m b i e n t a d a no m o v i m e n t a d o centro urbano de Hong-Kong.

Kcung Lau

Na primeira, o j o v e m d e t e t i v e Takeshi Kaneshiro p r o m e t e a si m e s m o e n c o n t r a r u m a

Música: Frankie C h a n , Roel A. Garcia

li iva n a m o r a d a antes q u e u m a arbitrária lata de abacaxis c h e g u e a o f i m do prazo de

Elenco: Brigitte Lin, Tony Leung, Chlu

validade. Ele acredita ter c o n s e g u i d o q u a n d o c o n h e c e Brigitte Chln-Hsia Lin, q u e (sem

W a i , Faye W o n g , Takeshi Kaneshiro.

i| e ele saiba) é u m a t r a f i c a n t e d e drogas procurando u m c a r r e g a m e n t o perdido. O diretor e n t ã o se volta d r a s t i c a m e n t e para o lacônico Tony Leung, u m policial c a n s a d o que atrai a a t e n ç ã o da a t e n d e n t e Faye W o n g no restaurante q u e f r e q ü e n t a . Frustrada pelo a p a r e n t e desinteresse dele, W o n g expressa sua afeição invadindo o a p a r t a m e n t o de Leung para limpá-lo e decorá-lo, d e s f r u t a n d o da o p o r t u n i d a d e (ainda q u e efêmera e lurtiva) de viver no m u n d o dele c absorver sua essência. A m b a s as histórias são engraçadas e e s t r a n h a m e n t e c o n v i n c e n t e s na m e s m a m e dida. No e n t a n t o , o verdadeiro astro de Chong qing sen lin n ã o é n e m os atores n e m a história, m a s o m o d o c o m o são a p r e s e n t a d o s . Trabalhando c o m o t a l e n t o s o fotógrafo e colaborador freqüente Christopher Doyle, Kar-wai W o n g transforma Hong-Kong e m um borrão de luzes néon laranjas e i m a g e n s distorcidas e d e s c o n j u n t a d a s , brincando m m películas, exposição e v e l o c i d a d e , a s s i m c o m o outros brincam c o m u m roteiro. |unte-se a isso u m a c o m p r e e n s ã o apurada do poder da música - no c a s o , a excentricamente incongruente "Califórnia D r e a m i n g " do The Marmmas and the Papas

e W o n g se

cela c o m o u n i dos c i n e a s t a s da nova geração d e Hong-Kong m a i s iconoclastas e iiitenados c o m a cultura pop. Embora o u Itos f i l m e s de W o n g p o s s a m mais ressonância

condensar

e m o c i o n a l , este

filme

limciona à base de pura inocência, exubeicla e liberdade c i n e m a t o g r á f i c a , e m u m marcante triunfo cio estalo sobre o contoucio q u e dá vida a o desleixo e ao caos no 1

tração da Hong-Kong contemporânea. J K L

Valerie Chow, Chen J i n q u a n , Huang Z h i m i n g , Liang Z h e n , Zuo Songshen


J I M I

H E N D R I X

ELECTRIC CHURCH FOUNDATION

EUA (Superior) 119 m i n . Cor

CRUMB

(1994)

Idioma: inglês

Q u a l q u e r u m q u e conheça o t r a b a l h o do quadrinista u n d e r g r o u n d R. C r u m b poderia

Direção: Terry Zwigoff

pensar q u e ele t e m alguns parafusos soltos - e talvez seja v e r d a d e . M a s a descoberta

Produção: David Lynch, Lynn

m a i s i m p r e s s i o n a n t e feita pelo d o c u m e n t á r i o ttlste e f a s c i n a n t e de Terry Z w i g o f f é que

( I ' D o n n e l l , Terry Zwigoff

R. C r u m b é o m a i s b e m ajustado e m e n o s e s t r a n h o dentre três i r m ã o s , todos eles pos-

Fotografia: Maryse Alberti

s u i n d o u m b r i l h a n t i s m o e u m a criatividade e s p o n t â n e o s , m a s t e n d o , c o n t u d o , c a n a l i -

Musica: David Boeddinghaus I lenço: Robert Crumb, Aline

Komlnsky, Charles Crumb, Maxon 1 l u m b , Robert Hughes, Martin Mulier, Don D o n a h u e , Dana Crumb, Inn.1 Robbins, Spain Rodriguez,

zado seus dons d e f o r m a s e c o m estilos d e vida c o m p l e t a m e n t e diferentes. U m passa boa parte d e seu t e m p o m e d i t a n d o n a s ruas d e S ã o Francisco. O o u t r o passa boa parte do t e m p o recluso, e n f i a d o na casa de sua m ã e e t e n d o q u e fazet frente a u m a depres são patológica e à loucura. O s dois d e m o n s t r a m verve artística e talento no m í n i m o c o m p a r á v e i s a o s de R. C r u m b , c o f i l m e passa boa parte do t e m p o m o s t r a n d o c o m o

I ii'iuhe English, Peggy Orenstein,

u m a infância r e l a t i v a m e n t e ordinária partilhada pelos três levou cada u m para u m a

lie.mice Crumb, Kathy Coodell, Dian

direção diferente. Crumb t a m b é m passa u m b o m t e m p o m o s t r a n d o a ascensão d e R. Crumb c o m o u m ícone dos q u a d r i n h o s u n d e r g r o u n d d u r a n t e o final dos a n o s 60. Por m e i o de u m a série de e n t r e v i s t a s relevadoras e m u l t o francas, Z w i g o f f mostra q u e C r u m b é intrinsecam e n t e " d o contra". Ele se rebela contra regras e c o m p o r t a m e n t o s artísticos a p a r e n t e m e n t e arbitrários (e, m u i t a s vezes, I r r i t a n t e m e n t e " p o l i t i c a m e n t e corretos") q u e t ê m u m a preferência por jazz clássico, m o d a s e a t i t u d e s q u e existiam a n t e s q u e a cultura norte-americana fosse apropriada e c o n f o r m a d a de forma m a i s radical pelas corporações. C r u m b é u m rebelde d e f i n i t i v o q u e foi i r o n i c a m e n t e t r a n s f o r m a d o e m ícone por sua forma de resistência passiva - os q u a d r i n h o s . Crumb,

o f i l m e , foi u m c o m e ç o promissor para Zwigoff, há m u l t o u m fã d e jazz

clássico e q u a d r i n h o s underground q u e a c a b o u negociando seu sucesso c o m o docum e n t a r l s t a até chegar a u m longa, dirigindo M u n d o coo (que por acaso era baseado nos

V

q u a d r i n h o s underground d e Daniel C l o w e s , outro q u e é o b c e c a d o por jazz clássico). N ã o é preciso dizer q u e o f i l m e fala q u a s e t a n t o sobre o estilo d e vida e a a t i t u d e de excêntricos c o m o Z w i g o f f e m geral q u a n t o sobre R. C r u m b e m particular. Especificam e n t e , este retrato de u m C r u m b já esgotado poucos meses antes d e se aposentar c o n tinua sendo u m d o c u m e n t o valioso (e, e m g r a n d e parte, resultado) da cena dos q u a drinhos u n d e r g r o u n d dos a n o s 60. J K L

R in


ATAIMTANGO (1994) (SÁTÁNTANGÓ) Como é possível falar d e forma adequada desta bagunçada comédia d e h u m o r negro com mais d e sete horas de duração que é, e m vários sentidos, o f i l m e m a i s i m p r e s s i o nante dos anos 90? A d a p t a d o pelo diretor húngaro Béla Tarr e por László K r a s z n a h o r k a l do livro deste ú l t i m o , de 1985, Sotontango é u m a peça diabólica de s a r c a s m o sobre os sonhos, t r a m a s e traições d e u m coletivo de agricultores passada d u r a n t e dois dias

Hungria / Alemanha / Suíça (fvkililin, Vega Film, Von Vietinghoff) 4 5 0 min

P8cB Idioma: húngaro Direção: Béla Tarr Produção: Cyõrgy Fehér, R u t h Waldburger, J o a c h i m von V i e t l n g h o l l Roteiro: Béla Tarr, baseado n o livro de

chuvosos de o u t o n o {revisitados mais de u m a vez pela perspectiva d e diferentes

László Krasznahorkal

personagens) e m a i s tarde, no m e s m o m ê s . A estrutura do romance f o i inspirada pela

Fotografia: Cábor Medvlgy

estrutura do t a n g o - seis passos à frente, seis para trás -, u m a idéia refletida na e s t r u -

Música: Mlhály Vlg

tura tèfnporal sobreposta do f i l m e e m suas 12 seções e n a s longas t o m a d a s e m o v i -

Elenco: Mihály Vig, Putyi H o r v á t h ,

m e n t o s d e cãmera b e l a m e n t e coreografados q u e m u l t a s vezes l e m b r a m u m Andrei Tarkovskl ( s e m seu lado espiritualizado) c o m a m e s m a pressão intensa d e u m J o h n Cassavetes. Cada u m a das seções t e r m i n a , e n f a t i c a m e n t e , c o m u m a narração e m t e r ceira pessoa fora da tela - c o m e n t á r i o s poéticos e eloqüentes sobre os p e r s o n a g e n s e seu m u n d o q u e v ê m d i r e t a m e n t e do livro. S a t a n t a n g o nos obriga a dividir m u i t o t e m p o , assim c o m o e s p a ç o , c o m s e u s personagens, c o efeito geral é o de dar u m peso m o r a l , assim c o m o u m p e s o narrativo, a cada t o m a d a : por m a i s detestáveis q u e essas pessoas s e j a m , e s t a m o s t ã o p l e n a m e n te envolvidos c o m elas durante períodos t ã o longos q u e não t e m o s outra saída a n ã o ser a de nos s e n t i r m o s p r o f u n d a m e n t e envolvidos, a t é m e s m o c o m p r o m e t i d o s c o m suas várias m a n o b r a s . Entre as s e q ü ê n c i a s extraordinárias - e são m u i t a s - há u m tour de force i m p r e s s i o n a n t e , c o m u m a hora de duração, a c o m p a n h a n d o os m o v i m e n t o s b a s i c a m e n t e solitários d e u m médico já velho que se encontra perdido e m u m a névoa de álcool, d e t a l h a n d o hilarlamentc o esforço necessário para q u e u m h o m e m m u i t o acima de s e u peso possa beber a ponto de cair no e s q u e c i m e n t o de si m e s m o . É importante acrescentar q u e toda a aparente crueldade contra u m g a t o c m outra seqüência é tão h a b i l i d o s a m e n t e falsa q u a n t o a chuva quase c o n t í n u a : a p e s a r d e s e u aparente realismo c r u , Tarr é u m mestre d o s artifícios. A história pode parecer u m c o m e n t á r i o indireto sobre o colapso do c o m u n i s m o , mas ela t a m b é m fala m u l t o sobre as degradações subseqüentes do c a p i t a l i s m o . C o m o Tarr o b s e r v o u , a polícia e a natureza h u m a n a são as m e s m a s e m qualquer lugar. O t e m a desta narrativa b r i l h a n t e m e n t e construída fala sobre o m u n d o de hoje e seus 450 m i n u t o s de duração são necessários n ã o porque Tarr tenha t a n t o a s s i m a dizer, m a s porque ele quer dizer as coisas da forma m a i s adequada. JRos

László Lugossy, Eva Almássy Albert, János Derzsl, Irén Szajkl, Alfred l.ri.u Mlklós Székely B., Erzsébet G a á l , Erika Bók Festival de Berlim: Béla Tarr (Prêmio Callgarl para o filme)


França / Irã (Abbas Kiarostami, CiBy j o o o , Farabi, Miramax) 103 m i n . Cor Idioma: farsi

ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS

(1994)

(ZIRE DARAKHATAN ZEYTON) O s t a t u s social d e fazer filmes entre pessoas c o m u n s , e l e m e n t o central dos maravilho

Direção: Abbas Kiarostami Produção: Abbas Kiarostami Roteiro: Abbas Kiarostami Iotografia: Hossein Djafarian, Farhad

Saba

sus filmes de Abbas Klarostami ( íose-up (1990) c Viila r mula imi/s

é igualmenh

f u n c i o n a l neste divertido e por vezes belo f i l m e . Através das oliveiras

conclui u m a

trilogia não oficial iniciada c o m Onde fica a casa do meu a m i g o ? (1987), q u e era centrado nas aventuras d e u m e s t u d a n t e pobre e m u m a região m o n t a n h o s a do Norte do Irã. Vida e nada mais, o s e g u n d o dos três, recriava f i c c i o n a l m e n t e o retorno de K i a r o s t a m i e seu

I l t n c o : M o h a m a d Ali Keshavarz,

filho à região, r e c e n t e m e n t e d e v a s t a d a por u m terremoto, e m busca de dois atores

l.iihad Kheradmand, Zarifeh Shiva, HOSSeln Rezai, Tahereh Ladanian,

mirins do primeiro filme. Através das oliveiras ê u m a comédia sobre a produção de u m

1 loi inc Redal, Zahra Nourouzi, Nasret

f i l m e , q u e enfatiza sobretudo os esforços insistentes de u m j o v e m ator para conquistar

lift 11. Azim Aziz Nia, Astadouli hahani, N. Boursadiki, Kheda Barech I icl.ii, Ali A h m e d Poor, Babek Ahmed P

, M a h b a n o u Darabi

u m a atriz q u e se recusa a falar c o m ele. C o m o o f i l m e s e g u i n t e d e K i a r o s t a m i , Gosto de cereja (1997), todos os filmes na trilogia e s t r a t e g i c a m e n t e o m i t e m a l g u m a s informações sobre os personagens, deixando q u e o público preencha as lacunas e, neste caso, levando a u m a m i s t e r i o s a m e n t e bela e dúbia conclusão. S e você assistiu a o s dois fil-

I estival de Cannes: Abbas

mes anteriores, alguns detalhes se d e s t a c a m : os atores mirins que não são encontrados

r l i r o s t a m l , indicação (Palma de

e m Vida e nada mais, por e x e m p l o , s u r g e m aqui c o m o boys, carregando vasos de flores para u m a l o c a ç ã o . Por outro lado, se você n ã o t e m f a m i l i a r i d a d e c o m K l a r o s t a m i - u m d o s maiores c i n e a s t a s v i v o s c c e r t a m e n t e o m a i o r d o Irã -, esta é u m a excelente introdução, e o f i l m e teve essa f u n ç ã o para m u i t o s espectadores pelo planeta (excluindo, e m grande parte, os Estados U n i d o s , o n d e a distribuidora M i r a m a x adquiriu o f i l m e m a s nunca o exibiu, fazendo c o m que fosse o m a i s difícil d e ver dos filmes recentes de Klarostami). Esta foi a primeira de suas co-produções européias e t e m o único ator profissional que

ele já c o n t r a t o u

para

seus filmes,

M o h a m a d Ali Keshavarz, no papel do dire tor. É u m a v i t t i n e e s p e c i a l m e n t e

eficaz

para os talentos d e K i a r o s t a m i c o m o u m artista

de paisagens, filmado

exclusiva-

m e n t e e m externas, e a bela maneira como ele e n t r e m e i a conversas e m carros passan do pela região m o n t a n h o s a e as pessoas e outras paisagens pelas quais eles passam na estrada é d e tirar o fôlego. JRos

T

W


I M A S GÉMEAS

(1994)

Inglaterra / Alemanha / Nova

ÍHEAVENLY CREATURES)

Zelândia (Fontana, Miramax, N. /. I

E m u i t o c o m u m q u e os cineastas a s s u m a m u m a atitude de extrema reverência e formalidade q u a n d o l i d a m c o m f i l m e s baseados e m fatos reais e c o m u m a tragédia s u b jacente. Esse não é o caso de Peter J a c k s o n , que se t o r n o u f a m o s o c o m a trilogia Senhor dos anéis, m a s já explorava as fronteiras entre b e m e m a l , Inocência e pecado, comédia e drama neste seu Almas gêmeas, d o início da sua carreira. Trata-se d e u m a leitura livre lo assassinato ocorrido e m 1952 e n v o l v e n d o d u a s colegiais da Nova Z e l â n d i a , Pauline 'arker e Jullet H u l m e , q u e d e c i d e m j u n t a s m a t a r a m ã e de Pauline (cujo n o m e , Sra.

C. Senator, W i n g N u t ) 99 m i n . Eastmancolor Idioma: inglês Direção: Peter Jackson Produção: J i m Booth Roteiro: Frances W a l s h , Peter J , 1 1 kl Fotografia: Alun Bollinger Música: Peter Dasent

Rieper, traz s i g n i f i c a t i v a m e n t e ecos da palavra riper, q u e significa " e s t r i p a d o r " ) para

Elenco: Melanie Lynskey, Kate

tentar evitar que sejam separadas.

Winslet, Sarah Peirse, Diana Kent,

O f i l m e é ao m e s m o t e m p o c o m o v e n t e e e n g r a ç a d o , c o n t a n d o a história das m e n i nas c o m o u m a parábola d e a m o r a d o l e s c e n t e s e m final feliz entre d u a s garotas s o c i a l m e n t e m a l ajustadas. Juliet (Kate W l n s l c t no papel que i m p u l s i o n o u sua carreira) é u m a inglesa riquinha q u e fala o q u e quer e q u e teve a m á sorte de herdar pais t o t a l m e n t e negligentes. Ela se afeiçoa

à tímida

Pauline

(Melanic

Lynskey), i n t e l i g e n t e m a s

t o t a l m e n t e sem sal. O s pais das duas f i c a m abalados c o m a i n t e n s i d a d e h o m o e r ó t i c a lo r e l a c i o n a m e n t o d a s filhas e, q u a n t o m a i s t e n t a m afastá-las, m a i s elas a v a n ç a m n u m m u n d o de s o n h o s engrandecido pelos seus diários e cheio de princesas e príncipes vingadores. As garotas i n v a d e m a i m a g i n a ç ã o obcecada u m a da outra a t é a c a b a r e m o m a linha divisória entre realidade e desejo - o q u e Jackson replica nas m a r a v i l h o s a s cenas de fantasia repletas de figuras d e massa d i g i t a l m e n t e m a n i p u l a d a s e q u e I n c l u e m , de f o r m a hilária, Mario Lanza e O r s o n W e l l e s , ídolos d a s m e n i n a s . O uso de Jackson dos close-ups distorcidos faz explodir na tela a ira adolescente de ynskey contra o carisma lascivo de Winslct, o traçado dedominatrix de seus lábios se quebrando, na tristeza da criança abandonada. Este filme é menos uma crítica da histeria lésbica rdolescente do que uma acusação à histeria adulta burguesa, presente na década de 50, e m relação à sexualidade. Jackson não sabia disso quando iniciou as filmagens, mas Jullet, que desapareceu na Inglaterra depois de ser libertada da prisão, reapareceu anos depois com uma nova identidade, como a autora de livros de suspense conhecida como Anne Perry. ET

Clive Merrison, S i m o n O'Connor, Jed Brophy, Peter Elliott, Gilbert Goldle, Geoffrey H e a t h , Kirsti Ferry, Ben Skjellerup, Darien Takle, Elizabeth Moody, Liz Mullane Indicação ao Oscar: Frances W a l s h , Peter Jackson (roteiro) Festival de Veneza: Peter Jackson (Leão de Prata)


Itália / França ( B a n f i l m , La Sept, ( anal+, Rai U n o , Sacher) 100 m i n . I I M Imicoior Idioma: italiano / inglês / mandarim Direção: Nanni Moretti Produção: Neila Banfi, Angelo It.ubagallo, Nanni Moretti Roteiro: Nanni Moretti Fotografia: Giuseppe Lanei Música: Nicola Piovani, Keith Jarrett, Angélique Kidjo Elenco: Nanni M o r e t t i , Giovanna P . 0 / / 0 I 0 , Sebastiano Nardone, Antonio Petrocelli, Giulio Base, Italo Spinelli, Carlo Mazzacuratl, Jennifer Beals, Alexandre Rockwell, Renato < arpentieri, Raffaella Lebboroni, Marco Paolini, Claudia Della Seta, I oienzo Alessandri, Antonio Nelwiller Festival de Cannes: Nanni Moretti (diretor), indicação (Palma de Ouro)

CARO DIARIO

(1994)

(CARO DIARIO) N a n n i M o r e t t i já foi c h a m a d o d e " W o o d y Allen Italiano", m a s esse rótulo é bastante e q u i v o c a d o . Em Caro diário, ele se concernia 1 1 0 género do filme diário. M a s esse não é u m f i l m e e s p o n t â n e o , no estilo c i n e m a veiclade. O roteiro é c u i d a d o s a m e n t e escrito e as cenas m e t i c u l o s a m e n t e planejadas. O f i l m e é dividido e m três partes. A primeira e melhor d e todas é Na minha

Vespa,

que dá u m a Idéia das v i a g e n s diárias d e M o r e t t i . A segunda, c h a m a d a Ilhas, é a mais e x p l i c i t a m e n t e cômica c m o s t r a M o r e t t i e u m a m i g o e m busca d e u m a ilha tranqüila, nunca e n c o n t r a d a , na qual p o s s a m trabalhar. A terceira parte é Médicos, u m relato inesquecível e sério sobre a experiência de M o r e t t i c o m o câncer. Caro diário é repleto d e digressões e reflexões m a r a v i l h o s a s , a s s i m c o m o de citações sobre c i n e m a . Exercícios de c i n e m a pessoal são às vezes narcisistas e podem ir longe d e m a i s , tornando-se e n t e d i a n t e s , m a s n ã o é o caso deste filme. A aversão de M o r e t t i a o s e n t i m e n t a l i s m o e a o e s p e t á c u l o fácil c o m b i n a c o m o s e u estilo. Tudo no f i l m e - desde a quimioterapia a t é u m a visita a o local onde Pasollni foi assassinado - é a p r e s e n t a d o c o m simplicidade e s e m rodeios. Caro diário é u m f i l m e glorioso sobre a experiência cotidiana: sobre viajar, dançar, pensar, ficar d o e n t e , sobre o s i m p l e s a t o de beber u m copo d'água. Poucos f i l m e s oferecem impressões t ã o sólidas da alegria de estar vivo neste m u n d o m a t e r i a l . A M

Austrália / França 106 min. Cor Idioma: inglês Direção: P. J . Hogan Produção: Lynda House, Jocelyn Moorhouse, Michael D. Aglion, Tony M.ihood Roteiro: P. j . Hogan lotografia: M a r t i n McGrath Musica: Peter Best Elenco: Toni Collette, Rachel Griffiths, Sophie Lee, Rosalind H a m m o n d ,

0 CASAMENTO DE MURIEL

(1994)

(MURIELS WEDDING) À primeira vista, O casamento de Muriel parecia ser uma simples e tola comédia romântica australiana sobre uma menina gorda que quer desesperadamente se casar, mas tornou-se u m cult clássico. E teve mais efeitos na c o m u n i d a d e das comédias românticas que qualquer outro filme da sua época. No m o m e n t o c m que Rachel Grifflths e Toni Collette surgiram juntas na tela, os espectadores entenderam que não se tratava de mais uma a v e n tura de amor açucarada. Collette não se contenta e m d e s e m p e n h a i o papel da gorducha Muriel Hislot, garota melo doidinha de Porpoise Spit, Austrália, m a s absorve toda a sua personalidade e a incorpora t o t a l m e n t e . Val fazer o que for preciso para se casar vestida de

Belinda J.arrett, Pippa Grandison, Bill

branco, e que se dane o romance o u o final no estilo "viveram felizes para sempre". Depois

Hunter, Jeanie Drynan, Daniel Wyllie,

de reencontrar sua antiga amiga Rhonda (Rachel Grifflths), Muriel Inicia sua transforma-

Cabby Mlllgate, Gennie Nevinson,

ção, reinventando-se e tentando criar sua trajetória romântica. M a s o final feliz não virá tão

M a l l Day, Chris H a y w o o d , Daniel I apalne

fácil assim, já que seu possível marido, u m nadador olímpico da África do Sul, só está atrás do passaporte australiano. P.). H o g a n , que escreveu e dirigiu o filme, salpicou de amargura o que era basicamente a fantasia de uma garota e c o m isso criou uma comédia diferente e especial q u e marcou época. Poucos filmes conseguem misturar desse jeito a alegria de u m a menina com a sensação de tristeza e angústia. M e s m o agora, passados anos do seu lançamento, é fácil entender c o m o Griffiths e Collette causaram tanto impacto trabalhando juntas, com ou sem as músicas da banda Abba que recheiam o filme. Hogan trabalhou depois com julia Roberts e m O casamento

do meu melhor amigo, que a paixão do diretor

pelo estilo romântico transformou e m u m grande sucesso. K K


O REINO

(1994)

(RIGET) Filme épico d e horror médico, O reino foi o r i g i n a l m e n t e urna minlssérlc para TV e m quatro episódios. M o n t a d o e m d u a s partes para o c i n e m a , termina c o m u m a m e n s a gem instigante dizendo que ainda não a c a b o u . Isso prepara o e s p e c t a d o r para o i g u a l m e n t e Inconclusivo O reino 2 (1997). O Dr. S t i g Fielmer (Ernst-Htigo Járegârd), u m neurocirurgião sueco arrogante que está exilado depois de ter plagiado u m a pesquisa, está t e n d o p r o b l e m a s e m u m hospital c h a m a d o Riget, e m C o p e n h a g u e , porque a o p e -

Dinamarca / França / Alemanha / Suécia (DR, Greco, MEDIA, NOS, Nordli Film & T V , SVT, TV Collab. Fund, W l ) R , Zentropa, arte) 280 m i n . Cor Idioma: dinamarquês / sueco Direção: M o r t e n Arnfred, Lars v o n Trier Produção: Sven Abrahamsen, Phillppe Bober, Peter Aalbaek Jensen, Ole Relnt,

ração d e cérebro q u e executou na pequena M o n a (Laura Christensen) transformou-a

Ib Tardlni

n u m a m e n i n a idiotizada q u e m a l c o n s e g u e falar. A n ê m e s i s d i n a m a r q u e s a d e Helmer

Roteiro: Tomas Gíslason, Lars v o n

surge nas figuras da Sra. Drusse (Kirsten Rolffcs). a mulher espírita q u e se finge d e

Trler, Niels Vorsel

d o e n t e , do p e d a n t e a d m i n i s t r a d o r Moesgarrd (Holger Juul Hansen) e d e Hook (Troeis Lyby). p e r s o n a g e m q u e lembra o f a m o s o sargento Bllko. A Sra. Drusse finge estar d o e n t e para poder entrar no Rlgct c investigar o f a n t a s m a

Fotografia: Eric Kress Música: J o a c h i m Holbek Elenco: Ernst-Hugo Jãregãrd, Kirsten Rolffes, Holger Juul Hansen, S0ren

de Mary, m e n i n a q u e foi assassinada e m 1919 e q u e assombra o h o s p i t a l . O programa

Pilmark, Chita N0rby, Jens Okking,

alegre e alto-astral d e M o c s g a a r d , c h a m a d o " O p e r a ç ã o Ar M a t i n a l " , que exige q u e seus

Otto Brandenburg, Annevtg Schelde

f u n c i o n á r i o s c a n t e m e s e j a m bonzinhos c o m os pacientes, enfurece Helmer. S e u filho, o estagiário M o g g e (Peter M y g i n d ) , está preocupado c o m o d e s a p a r e c i m e n t o de u m a cabeça decepada q u e ele tinha dado c o m o u m presente r o m â n t i c o a u m a médica por q u e m está apaixonado. Hook, que t e m u m histórico que vai d e erros m é d i c o s a c h a n t a g e m , acaba d e se e n c a n t a r por j u d i t h (Birgitte Raaberg), u m a médica q u e engravidou de forma antin.itui.il de uni n a m o r a d o m o n o , Agge, q u e pode ser reconhecido e m u m a foto c o m o sendo Uclo Kier. A l é m disso tudo, o f i l m e traz t a m b é m u m a maldição d e v o d u e u m m é d i c o tão desesperado para conseguir u m fígado d o e n t e q u e acaba fazendo o transplante do órgão para o seu próprio corpo. As m a n i f e s t a ç õ e s sobrenaturais d e Rlget, apesar de serem s i m ples, produzem no e n t a n t o efeitos assustadores g e n u í n o s e por vezes mágicos: o pálido f a n t a s m a d e Mary dentro do poço do elevador; u m leve t e r r e m o t o q u a n d o a água inunda as fundações (Helmer pensa que a D i n a m a r c a estava a f u n d a n d o ) ; u m espírito desencarnado q u e se c o m u n i c a c o m a Sra. Drusse através d e luzes fluorescentes q u e p i s c a m ; u m a m ã o ensangüentada que acena sob luz Intensa dentro de uma a m b u l â n c i a q u e se m o v e s e m m o t o r i s t a . O resultado é u m a mistura dos ttaços característicos dos primeiros f i l m e s d e Von Trler (com o co-diretor M o r t e o Arnfred e o colaborador d e longa data Niels Vorsel, q u e faz o papel d e M a r k Frost) - o u seja, filtros para dar u m t o m a v e r m e l h a d o às cenas, m u i t a água, cores amarronzadas o u secas e situações c o m climas pesados e desagradáveis - e a estética do falso d o c u m e n t á r i o da década de 90: c a m e r a na m ã o fazendo m o v i m e n t o s nervosos, edições d e l i b e r a d a m e n t e grosseiras, v i n h e t a s altern a d a m e n t e satíricas e d o e n t i a s , enredos secundários c m cortes na edição, bordões, personagens obcecados e simpáticos e enredo c o m d e s d o b r a m e n t o s disparatados. KN

Ebbe, Baard O w e , Birgitte Raaberg, Peter M y g i n d , Vita Jensen, Morten Rotne Leffers, Solbjorg H0jfeldt, U d o Kier, Laura Christensen, Troeis Lyby, Niels Vorsel


Austrália / EUA (Kennedy Miller, Universal) 89 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Chris Noonan Produção: Bill Miller, George Miller, I long Mitchell Roteiro: George Miller, Chris Noonan, baseado no livro The Sheep-Pig, de

BABE, 0 PORQUINHO ATRAPALHADO (BABE) Descrita por u m crítico c o m o o "Cidadão

Kane dos filmes c o m porquinhos falantes",

esta fábula alegre de u m porco que ganha u m c a m p e o n a t o de cães pastores de ovelhas (I) faz c o m q u e os carnívoros i n v e t e r a d o s p e n s e m s e r i a m e n t e e m se tornar vegetarianos Babe é u m p o r q u i n h o i n o c e n t e e Irresistível q u e foi escolhido entre vários porquinhos e levado para u m a fazenda por u m h o m e m excêntrico e d e p o u c a s palavras que cria

Dick King-Smith

u m v í n c u l o c a r i n h o s o c o m o a n i m a l . A m u l h e r do fazendeiro, gorda e corada (Magda

Fotografia: Andrew Lesnie

S z u b a n s k l ) , não t e m o m e s m o olhar a f e t u o s o e acha q u e o p o r q u i n h o v a i dar u m

Musica: Nigel Westlake Elenco: Christine Cavanaugh, Miriam Margolyes, Danny M a n n , Hugo W e a v i n g , Miriam Flynn, Russi Taylor, I velyn Krape, Michael EdwardStevens, Charles Bartlett, Paul I Ivingston, Roscoe Lee Browne, J a m e s

ó t i m o a s s a d o para o N a t a l . M a s B a b e t e m u m " c o r a ç ã o puro", é s e m p r e gentil, curioso e corajoso e toca todos q u e v i v e m na fazenda, t r a ç a n d o , nesse processo, seu destino de herói. Passaram-se 10 a n o s entre a época e m q u e o produtor e co-rotelrista australiano George Millcr - u m m e d i c o v e g e t a r i a n o , criador e diretor da trilogia Mud Max encantou-se c o m u m livro Infantil c h a m a d o The Shccp Piq (escrito por Dick King-Smlth,

1 m m w e l l , Magda Szubanskl, Z o e

o fazendeiro inglês q u e se t o r n o u professor e escritor) e a produção do f i l m e . Millet

Burton, Paul Coddard

esperou q u e h o u v e s s e a tecnologia de q u e precisava e pôde e n t ã o misturar t o t a l m e n t e

Oscar: Scott E. Anderson, Charles

a n i m a i s de verdade (Inclusive m u i t o s p o r q u i n h o s que foram enfeitados c o m o tufo de

Gibson, Neal S c a n l a n , J o h n Cox (eleitos especiais visuais) Indicação ao Oscar: George Miller, Doug Mitchell, Bill Miller (melhor III

), Chris Noonan (diretor), George

pêlos no t o p o da cabeça q u e é a marca de Babe) c o m incríveis dubles a n l m a t r ô n i c o s . A d u b l a g e m b a s t a n t e c o n v i n c e n t e ( c o m d e s t a q u e para a voz d e Christine C a v a n a u g h , c o m o B a b e , e M i r i a m M a r g o l y e s e Hugo W e a v i n g c o m o os cães pastores d e Hoggeti) criou u m n o v o padrão para a diversão a n t r o p o m ó r f i c a . R a p i d a m e n t e o e s p e c t a d o t se

Miller, Chris Noonan (roteiro), J a m e s

deixa d o m i n a r pela Ilusão de q u e os a n i m a i s estão de fato falando e isso dá credibill

I romwell (ator coadjuvante), Roger

dade aos c o m p o r t a m e n t o s h u m a n o s que eles a p r e s e n t a m , de generosidade a egoísmo

I D M I . Kerrie B r o w n (direção de arte),

e n e u r o s e , passando por m a l d a d e , intolerância c c r i m i n a l i d a d e .

Marcus D'Arcy, Jay Frledkln (edição)

Chrls N o o n a n , parceiro de longa data de Miller, estréia a q u i c o m o diretor d e longa m e t r a g e m e mostra m u l t a criatividade e m u m filme de r i t m o agradável, c o m uso e m o tivo de música ("Carnaval dos a n i m a i s " , de Salnt-Saens), e a serenidade de u m São Fran cisco ao coreografar os m o v i m e n t o s desse a n i m a l e seus c o m p a n h e i r o s de penas, re sultando e m efeitos hilariantes. A história, narrada por Roscoe Lee B r o w n e e u m coro de ratos c a n t o r e s , t e m u m a simplicidade e m o c i o n a n t e e doce q u e e n c a n t a crianças e t a m b é m f u n c i o n a e m u m nível m a i s m a duro de beleza. O u v i m o s e v e m o s ecos suaves de A revolução

dos bichos,

de George

Orwell, cuja sátira foi reproduzida com mais fidelidade e m Bobe: o porguinho na cidade,

atrapalhado

seqüência mais sombria e não

tão cultuada deste primeiro filme. AE


OESERET

(1995)

I d i o m a : Inglês

Deseret, o t r a b a l h o m a i s conhecido do cineasta experimental/estruturalista

James

Direção: J a m e s Benning

B e n n i n g (One Way Boogie Woogie [1977], Landscnpe Suicide [1986], North 011 Evers [1992]),

P r o d u ç ã o : J a m e s Benning

se tornou u m sucesso pessoal inquestionável q u a n d o foi p r e m i a d o no Festival S u n d a n -

Roteiro: J a m e s Benning

ce e m 1996. O título é u m a alusão a o n o m e proposto pelos m ó r m o n s q u a n d o soli-

Fotografia: J a m e s Benning

citaram que o território onde eles se estabeleceram fosse t r a n s f o r m a d o e m e s t a d o , q u e

Elenco: Fred Gardner {narração}

mais tarde veio a ser U t a h . O f i l m e c o m b i n a 92 recortes do New York Times, d e 1852 a 1991, c o m t o m a d a s estáticas m a g n i f i c a m e n t e c o m p o s t a s feitas a o longo do território. B e n n i n g registrou i m a g e n s e m m o m e n t o s diferentes do ano a o longo d e 18 m e s e s :om sua câmera 16 m m , reduziu-as a 92 seqüências de u m m i n u t o cada e e n t ã o reorganizou-as para " c a s a r e m " , a u m a taxa de uma seqüência por história, c o m u m a gravação las histórias do New York Times c o n d e n s a d a s e m a l g u m a s linhas. O f i l m e , q u e cria correspondências às vezes misteriosas entre imagens e texto, deixa por conta do espectador fazer suas próprias associações, c o n f o r m e a riqueza d e i n f o r m a ç õ e s fornecidas pela trilha sonora é ultrapassada pela beleza estática das paisagens: desertos, planícies cobertas d e neve, trilhas solitárias, árvores e m flor, c e m i t é r i o s , ruínas, rochedos pouco a m i s t o s o s , casas vazias de pioneiros, estradas que parecem não levar a lugar n e n h u m . Com poucas exceções, a figura h u m a n a é m a n t i d a fora da tela, m a s há u m a consciência sutil de sua presença c da e m o ç ã o do realizador c o m p o n d o as t o m a d a s . O texto conta a gênese t u r b u l e n t a d o e s t a d o d e U t a h

cios dias da c o n q u i s t a d a s

fronteiras, d e perseguição, massacres c retaliação ao c o n f i n a m e n t o dos índios c m reservas, a t r a n s f o r m a ç ã o c m estado, a m u t a ç ã o da Igreja M ó r m o n c m u m a corporação ica e conservadora e o uso da terra c o m o área d e testes nucleares. À exceção d e u m caso espetacular

q u a n d o as histórias cio jornal c h e g a m a virada cio século, o U l m e

preto-e-branco fica colorido -, a i m a g e m e o s o m são c o n t r a s t a n t e s entre si, já q u e o estilo da Costa Leste do New York Times a p a r e n t e m e n t e não representa o drama real que sucedeu. A s paisagens resistem à inscrição da História oficial, m a s são a s s o m b r a d a s por seus traços imperfeitos. N u n c a as i m a g e n s d e B e n n i n g foram t ã o belas, c o m p o s t a s c o m t a n t a força e tristeza. Sua superfície t r a i ç o e i r a m e n t e estática e s c o n d e águas t u r bulentas, m a s a e m o ç ã o fica c o n t i d a . BR

8 I I


EUA (Fox, B. H. Finance, Icon, I'.n.unount, Ladd) 177 m i n . Cor Idioma: i n g l ê s / f r a n c ê s / latim Direção: Mel Gibson Produção: Bruce Davey, M e l Gibson, Al.in Ladd Jr. Uotclro: Randall Wallace lotografia: J o h n Toll , Música: J a m e s Horner

CORAÇÃO VALENTE

(1995)

(BRAVEHEART) Este g i g a n t e s c o épico histórico do produtor, diretor e astro M e l G i b s o n c o m b i n a ação brutal, m u i t a s proezas e tragédia r o m â n t i c a de forma t ã o c o m p l e t a q u e o pessoal que adora f i l m e s só de ação e c o m m u l t a testosterona e a s m u l h e r e s que a d o r a m se acabai de chorar v ã o g o s t a r de pelo m e n o s u m a ou outra m e t a d e d a s quase três horas de lindas c e n a s q u e Coração valente apresenta. O filme foi financiado q u a s e que t o t a l m e n t e pelo próprio M e l G i b s o n . S e u s atributos

Elenco: Mel Gibson, J a m e s Robinson,

físicos se d e s t a c a m pelo kllt escocês que e l e usa e o rosto pintado de azul, fazendo com

' . c m Lawlor, Sandy Nelson, J a m e s

que este seja u m de seus d e s e m p e n h o s mais heróicos e mais atraentes v i s u a l m e n t e .

I o',mo, Sean McGiniey, Andrew Weir, 1,1'id.i S t e v e n s o n , Brian Cox, Patrick M i G o o h a n , Sophie M a r c e a u , I itherlne McCormack Oscar: Mel Gibson, Alan Ladd Jr., Bruce H.ivey (melhor filme), M e l Gibson

Coração valente é u m panegírico d e W i l l i a m W a l l a c e , u m guerreiro escocês. A perda do seu a m o r (a e s t o n t e a n t e Catherine M c C o r m . u k ) deseiii .ideia u m a serie de eventos m e l o d r a m á t i c o s e m locais espetaculares c o m milhares d e atores. A revolta popular, da qual W a l l a c e participa contra Edward I (o p u s i l â n i m e Patrick M c G o o h a n ) na virada do século XIV, atinge seu ápice c o m a vitória escocesa e m Stlrllng, m a s termina e m lágri-

(diretor), J o h n Toll (fotografia), Lon

m a s , traição e muita m a t a n ç a . Salpicado d e cenas de batalhas que v ã o d e e m o c i o n a n t e s

Binder, Per Hallberg (efeitos especiais

a sanguinárias, o filme c uma boa história d e a v e n t u r a s e n v o l v e n d o vingança e persona-

sonoros), Peter Frampton, Paul

lidades históricas. Gibson g a n h o u o Osc.it de M e l h o t Diretor c M e l h o r Filme entre as

P a u l s o n , Lois Burwell (maquiagem) Indicação ao Oscar: Randall Wallace (roteiro), Charles Knode (figurino), Steven Ho',milium (edição), J a m e s Horner (

cinco e s t a t u e t a s dadas a Coração valente. Feito c o m paixão e e m o ç ã o , o filme consegue m a n t e r u m certo senso de h u m o r c u m b o m estilo na a b o i d a g e m do lado mítico, o que equilibra os excessos de sadismo e de defesa exagerada d e sua causa. AE

.li .i), Andy Nelson, Scott Millan,

Anna Behlmer, Brian S i m m o n s (som)

I UA / Inglaterra (Metro Tartan, Aini'ili an Playhouse, Channel Four, t l i n n l c a l . Good M a c h i n e , Kardana) Ii') m i n . Cor idloma: ingles Dliec.lo: Todd Haynes I'liidiirao: Christine V a c h o n , Lauren /.ila/nlck Hnlclro: lodd Haynes lotografia: Alex Nepomnlaschy

A SALVO (1995) (SAFE) M e s m o tendo chegado alguns anos adiantado, o filme A salvo, deTodd Haynes, encarnou m u l t o b e m a tensão americana sobre a virada do milênio n o s anos q u e antecederam a chegada de 2000. Jullanne M o o r e é u m a dona-de-casa materialista e pequeno-burguesa que desenvolve u m a séria reação alérgica ao m u n d o que a cerca, c o m e ç a n d o c o m u m a erupção cutânea c letargia q u e t e r m i n a m degenerando e m respostas cada vez mais v i o l e n t a m e n t e perturbadoras. E m seu desespero, ela se hospeda e m u m retiro para pessoas que t ê m o seu m e s m o tipo de problema. M a s será que a doença é só produto da

Muslca: Brendan Dolan, Ed Tomney

Imaginação atrofiada de Moore, resultado de sua existência banal e entediante? O u será

I lenco: Julianne M o o r e , Peter

que o corpo está verdadeiramente revoltado contra a modernidade?

I ili'ilinan, Xander Berkeley, Susan N

sin. Kate McGregor-Stewart,

M . H V t aiver. Steven Gilborn, April i aai r, Peter Cromble, Ronnie Farer, Iodic Marked, Lorna Scott, J a m e s na ans. Dean Norris, J u l i e Burgess

Haynes m a n t é m a natureza da doença ambígua, mostrando a síndrome de Moore como bastante real e ao m e s m o t e m p o permitindo pensar que a sua doença e subseqüente aceitação do tratamento new age podem ser apenas uma busca por algo para preencher o vazio na sua vida. O desempenho de Moore é intensificado por ansiedade, pânico e medo conforme ela vai percebendo que tudo q u e conhece - sua casa, sua rotina, sua família talvez precise ser sacrificado e m benefício do seu bem-estar. A salvo apresenta muitas perguntas mas poucas respostas, subvertendo corajosamente as alegorias no estilo "doença da s e m a n a " ao negar a promessa de uma cura milagrosa. É u m filme de horror completamente moderno que fala de uma ameaça que pode ser a própria civilização. JKl


TOY STORY

(1995)

EUA (Pixar A n i m a t i o n , W a l t Disney)

Este foi o primeiro l o n g a - m e t r a g e m da f a m o s a Pixar, a produtora q u e depois criaria

8i m i n . Technicolor

outros grandes sucessos c o m o Vida de inseto (1998) e Monstros S/A (2001). Toy Story é

idioma: inglês / espanhol

u m a aventura infantil divertidíssima e c o m a n i m a ç ã o feita t o t a l m e n t e e m c o m p u t a d o res. Na v e r d a d e , é d e m a s i a d o inteligente, divertida e m u l t o b e m acabada para ficar restrita ao público infantil. Andy, u m m e n i n o d e seis a n o s . n a o t e m a menor idéia de que seus brinquedos a d quirem vida q u a n d o ele n ã o está por perto. Liderados por W o o d y (no f i l m e , c o m a voz de Tom Hanks), u m c a u b ó i de brinquedo q u e sempre foi o preferido de Andy, os brin-

Direção: John Lasseter Produção: Bonnie Arnold, Ralph Guggenheim Roteiro: John Lasseter, Andrew S t a n t o n , Peter Docter, Joe Ranft, Joss W h e d o n , Andrew S t a n t o n , Joe! Cohen, Alee Sokoiow

quedos (entre eles o cachorro de m o l a s , o Sr. Cabeça de B a t a t a , e Rex, o Dinossauro) se

Música: Randy N e w m a n

r e ú n e m para esperar o aniversário de Andy, dia e m q u e ele poderá g a n h a r - a h , n ã o ! -

Elenco (vozes): Tom Hanks, Tim Allen.

um novo brinquedo do qual goste m a i s do q u e qualquer u m q u e já t e m . Nesse a n o , Andy g a n h a o brinquedo mais bacana d e t o d o s : Buzz Lightyear (voz d e Tim Allen), u m ratrul Ir ei 1 0 das galáxias que v e m cnm acessórios de alta tecnologia. W o o d y , deixado de lado, acredita q u e precisa se livrar d e Buzz para q u e se torne n o v a m e n t e o preferido de Andy e seus planos f a z e m c o m q u e os dois bonecos e n f r e n t e m terríveis perigos no m u n d o que existe fora do quarto de Andy.

Potts, John Morris, Erik von Detten, Laurie Metcalf, R. Lee Ermey, Sarah Freeman, Penn Jillette, Jack Angel, Spencer Aste Indicação ao Oscar: Randy N e w m a n

U m roteiro m u l t o esperto, criado e m c o n j u n t o por Joel Cohen e Joss W h e d o n criador do seriado Baffy, a caça-vampiros

Don Rickles, J i m Varney, Wallace S h a w n , J o h n Ratzenberger, Annie

, unido a u m a incrível a n i m a ç ã o e m 3D, além

(música), Randy N e w m a n (canção), Joel Cohen, Peter Docter, J o h n Lasseter, Joe Ranft, Alec Sokoiow,

das vozes d e H a n k s e de Allen, q u e t o r n a m perfeitas as personificações d o s bonecos,

Andrew S t a n t o n , Joss W h e d o n

fazem c o m q u e este f i l m e seja u m a comédia especial q u e m e r e c i d a m e n t e se t o r n o u u m

(roteiro)

clássico i n s t a n t â n e o . JB

CASSINO

(1995)

Cassino pode ser considerado o c o m p l e m e n t o de Os bons companheiros,

EUA / França (De Fina-Cappa, a obra prima

de M a r t i n Scorsese d e 1990 (as estrelas Robert De Niro e Joe Pesci e o roteirista Nicholas Plleggl e s l a o n o v a m e n t e teunldos aqui). O f i l m e se concentra nas v i d a s d e m a f i o s o s de Las Vegas na década de 70, q u a n d o o e n v o l v i m e n t o da máfia na cidade dos jogos estava no auge. De Niro é S a m " A c e " Rothsteln, u m personagem criado a partir do verdadeiro m a f i o so Frank " L e f t y " R o s e n t h a l . Ace é u m corretor d e apostas que se t o r n o u u m bem-sucedldo gerente d e cassino que se apaixona por Glnger (Sharon S t o n e e m u m papel origi-

Legende, Syalis, Universal) 178 m i n . Technicolor idioma: inglês / farsi / francês Direção: Martin Scorsese Produção: Barbara De Fina Roteiro: Nicholas Pileggi, baseado em seu livro Fotografia: Robert Richardson Elenco: Robert De Niro, Sharon Stone.

n a l m e n t e previsto para M a d o n n a ) , u m a garota q u e o b v i a m e n t e é s i n ô n i m o d e problc

Joe Pesci, J a m e s W o o d s , Don Rickles,

m a s . Ele deixa q u e seu a m o r atrapalhe seu t i n o c o m e r c i a l . E, c o m o se Glnger e seu ex-

Alan King, Kevin Pollak, L. O . J o n e s ,

n a m o r a d o / c a f e t ã o Lester ( J a m e s W o o d s ) já não fossem perigosos o b a s t a n t e , Nlcky

Dick Sinothers, Frank Vincent, John

(Pesci), a n t i g o a m i g o d e Ace, aparece na cidade para bagunçar t o t a l m e n t e o ganha-pão de Ace. Este d r a m a de três horas d e duração t e m todas as características d e u m f i l m e de Scorsese

seqüências c u i d a d o s a m e n t e planejadas e v i s u a l m e n t e incríveis, u m a trilha

sonora brilhante e Pesci c o m o u m pseicopata, t u d o Isso misturado c o m fatos históricos sobre o e n v o l v i m e n t o da máfia na cidade de j o g o s m a i s f a m o s a da A m é r i c a . A Las Vegas d e Scorsese é v i o l e n t a , sexy e f a s c i n a n t e , o que faz c o m q u e a narrativa d e Ace sobre a cidade de hoje seja ainda mais c o m o v e n t e . "As grandes corporações t o m a r a m conta d e t u d o " , ele diz. " H o j e isto aqui f u n c i o n a c o m o a Disneylândia." JB

Bloom, Pasquale Cajano, Melissa Prophet, Bill Alllson, Vinny Vella


EUA (Forward Pass, Monarchy, Regency, Warner Bros.) 171 m i n . Cor idioma: inglês Direção: Michael M a n n Produção: Art Linson, Michael M a n n Roteiro: Michael M a n n Fotografia: Dante Spinotti Música: Elliot Goldenthal

FOGO CONTRA FOGO

(1995)

(HEAT) Em I . A. takedown (1987), f i l m e de M l c h a e l M a n n feito para a TV, há u m a cena e m <pir u m policial e o c r i m i n o s o q u e ele seguia o b s t i n a d a m e n t e se esbarram e n q u a n t o est.10 n u m s h o p p i n g . Há u m m o m e n t o tenso de pausa e depois o c r i m i n o s o quebra o gelo, fazendo a o policial o clássico c o n v i t e : " Q u e r t o m a r u m c a f é ? " Essa cena reaparece e m Fogo contra fogo. d e M a n n , u m f i l m e que mereceu virar cult

Elenco: Al Pacino, Robert De Niro, Val

e cujos admiradores só f a z e m a u m e n t a r desde 1995. Passado e m Los Angeles, parte de

Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore,

u m t e m a já b a s t a n t e abordado, o r e l a c i o n a m e n t o simbiótico entre o policial Vincent (Al

Diane Venora, A m y B r e n n e m a n ,

Pacino) e o criminoso Neil (Robert De Niro) e medita sobre ele m e l a n c o l i c a m e n t e . M a n n

Ashley Judd, Mykelti W i l l i a m s o n , W e s

c o m b i n a u m estilo épico e exuberante c o m u m a a t e n ç ã o extrema a o s detalhes realís

Studl, Ted Levine, Dennis Haysbert, William Flchtner, Natalie Portman, lorn Noonan

l h o s , o que resulta e m s e q u e m ias pet l e i l a s e u n i u o I i t u t e i o nas 1 1 1 . i s . E m sua exploração de i n t i m i d a d e e relações familiares. Fogo contra fogo aborda u m t e m a básico da ficção noir: o perigo de criar vínculos c o m outra pessoa. Cenas fortes d r a m a t i z a m a declaração d e Neil de q u e u m " p r o f i s s i o n a l " deve set < upaz de abandonai t u d o na vida e m apenas 30 s e g u n d o s . Esses profissionais são q u a s e a u t ô m a t o s : trabalhadores i m p l a c á v e i s , c o m u m úni co o b j e t i v o , casados c o m seu t r a b a l h o sujo (em vez d e e s t a r e m casados c o m suas c o m panheiras sensíveis e q u e s o f r e m há anos). M a s são t a m b é m h o m e n s orgulhosos e estóicos, e é na sua d e t e r m i n a ç ã o q u e reside u m tipo de brilho majestoso ao qual M a n n paga u m tributo i m o r t a l . A M

Noruega / Suécia (Norsk, Sandrews) u8 m i n . Cor idioma: norueguês Direção: Hans Petter M o l a n d Produção: Bent Rognlien Roteiro: Lars Bill L u n d h o l m , Hans 1'eilet M o l a n d , baseado no livro lnr.cn.

de Peter Tutein

ZERO KELVIN - SEM LIMITES

(1995)

(KJATRLIGHETENS KJ0TERE) Zero Kelvin, f i l m e d e H a n s Petter M o l a n d , t e m a e c o n o m i a nervosa d e u m thrlller pesado e c o m p l i c a d o de R o m a n P o l a n s k i . A história se passa e m u m a m b i e n t e triste e t a c i t u r n o : e m u m casebre na G r o e n l â n d i a , três h o m e n s c o n t r a t a d o s c o m o caçadores de focas e n l o u q u e c e m r a p i d a m e n t e . Larsen (Garb B. Eisvold) é u m a l m o f a d i n h a ; Holm (Bj0rn S u n d q u l s t ) é o tipo quieto, científico; e R a n d b a c k (Stellan Skarsgàrd) é u m touro

1'holograpby: Philip 0gaard

enraivecido. Durante a l g u m t e m p o há tensão apenas entre Larsen e Randbaek, con

Música: Terje Rypdal

forme o s c i l a m entre violência e a t i t u d e s infantis. Depois H o l m faz u m a Intervenção d e -

I lenço: Stellan Skarsgàrd, Gard B. Iivold, Kjorn Sundqulst, Camilla Martens, Paul-Ottar Haga, Johannes Jonet, Frlk 0 k s n e s , Lars Andreas 1 irssen, Juni Dahr, J o h a n Rabaeus, I rink Iversen, Tinkas Qorflq

cisiva - o q u e leva os personagens para fora d o casebre e direto para a n e v e e para o gelo. Agora M o l a n d pode produzir s u a s i m a g e n s mais i m p r e s s i o n a n t e s e os m o v i m e n tos narrativos m a i s e n g e n h o s o s . Apesar d e e s t a r e m presos e m u m a p a i s a g e m e m q u e n ã o há traço n e n h u m d e civilização, os valores sociais dos p e r s o n a g e n s n ã o d e s a p a r e c e m , m a s são d e s t a c a d o s de u m a forma interessante pelo a m b i e n t e m o n u m e n t a l q u e os cerca. A principal preocup a ç ã o d e M o l a n d é c o m o s d i l e m a s éticos do c o m p o r t a m e n t o h u m a n o q u a n d o colocado sob grande pressão. Zero Kelvin examina de forma brilhante o q u e as pessoas g e r a l m e n t e civilizadas p o d e m fazer e m situações extremas, s e m restrições. Ele q u e s tiona o q u e pode diferenciar h o m e n s e a n i m a i s e t a m b é m analisa f r i a m e n t e as afirm a ç õ e s c o n s t a n t e s dos personagens q u a n t o a terem u m a superioridade moral o u u m idealismo m a i s elevado. A M

;.p,


AS PATRICINHAS DE BEVERLY HILLS

(1995)

(CLUELESS) Q u a n d o J a n e Austen escreveu seu r o m a n c e E m i r a no século XIX, d i f i c i l m e n t e teria i m a ginado q u e seu contó sobre u m a j o v e m heroína romântica Intrometida seria t r a n s p l a n tado para a Beverly Hills do final do século X X , m a s foi e x a t a m e n t e o q u e a roteirista e diretora A m y Heckerling fez c o m As patricin/tos de Beverly Hills. O f i l m e t r a n s f o r m o u e m estrela a j o v e m Alicia Sllverstone (que a t é e n t ã o era m.tls conhecida c o m o a garota do v í d e o Crazy, da banda de rock Aerosmith). Ela é Cher, urna adolescente d e Beverly Hills cuja m ã e , c o m o ela nos Informa, " m o r r e u e m u m a c i d e n t e bizarro d u r a n t e u m a lipoaspiração d e rotina", deixando Cher c o m s e u rico pai ( D a n Hedaya) c m u m a e n o r m e m a n s ã o . Embora ela vá à escola c o m sua a m i g a

Dionnc

(Stacey Dash), Cher passa a maior parte da s u a vida fazendo c o m p r a s c m Rodeo Drivc, c o m b i n a n d o as peças dc seu e n o r m e guarda-roupas c arranjando n a m o r a d o s para suas a m i g a s , incluindo a recém-chegada na escola, Tai (Brittany M u r p h y ) , q u e logo se torna

EUA (Paramount) 97 m i n . Cor

quase u m clone de sua colega mais sabidona.

idioma: inglês

C o m o o llvro d e Austen no qual ele se baseia (muito levemente), há u m a história de amor central. Enquanto interfere nas vidas amorosas dos outros, Cher m a l nota que seu irmão de criação Josh (Paul Riidd) é uni par romântico e m potencial até q u e seja quase tarde d e m a i s . N o e n t a n t o , o filme funciona melhor c o m o u m a divertida sátira mordaz sobre as adolescentes do século X X , Incluindo sua linguagem própria ( h o m e n s bonitos são " B a l d w l n s " , uma m e n ç ã o à família de atores encabeçada por Alee c Bllly), comentários malvados ("Procurar u m rapaz na escola é c o m o procurar sentido c m u m filme dc Pauly Shore") e cutucões certeiros na cultura contemporânea dc Los Angeles (Cher observa q u e não precisa aprender a estacionar porque há sempre u m manobrista disponível). Heckcrling m a n t é m t u d o f u n c i o n a n d o c m r i t m o rápido, criticando as v í t i m a s da moda ao m e s m o t e m p o q u e faz d c sua heroína u m a das mais d e v o t a d a s , c Sllverstone se mostra a m u s a perfeita no papel da chique porém tola Cher. JB

Direção: A m y Heckerling Produção: Robert Lawrence, Scotl Rudin Roteiro: A m y Heckerling Fotografia: Bill Pope Música: David Kitay Elenco: Alicia Silverstone, Paul Kinhl Brittany Murphy, Stacey Dash, Donald Falson, Dan Hedaya, Par, kln Meyer, Justin Walker, Wallace s h a w n , Jeremy Sisto, Twink Capiau, l lisa Donovan, Aida Linares, SabaMi.in Rashldi, Herb Hall


[ I M / Alemanha (Eurospace, Internal, Miramax, NDF, Smoke) 112 m i n . P & B / Cor Idioma: Inglês Direção: W a y n e W a n g , Paul Auster Produção: Kenzo Hirikoshi, Greg Johnson, Hisami Kuroiwa, Peter

CORTINA DE FUMAÇA

(1995)

(SMOKE) O p o n t o central deste f i l m e é u m a t a b a c a r i a no Brooklyn q u e f u n c i o n a c o m o local de e n c o n t r o para p e r s o n a g e n s excêntricos e peculiares q u e r e p r e s e n t a m a diversidade de classes sociais de Nova York. Esta c o l a b o r a ç ã o e n t r e o diretor W a y n e W a n g e o autor Paul A u s t e r resultou e m u m a história q u e se alterna entre u m c o m p l e x o e s t u d o de per-

Newman

s o n a l i d a d e e a c o m é d i a d e i m p r o v i s o . Levando-se e m conta os resultados e m o c i o n a i s

Roteiro: Paul Auster

do f i l m e , c o m u m m a g n í f i c o m o n ó l o g o d e H a i v c y Keitel, Cortina de fumaça parece m a i s

lotografia: A d a m Holender

u m e s t u d o , s o b r e t u d o se c o n s i d e r a r m o s os t e m a s p e s a d o s de q u e trata, t a i s c o m o

Musica: Rachel P o r t m a n

confiança, arrependimento e responsabilidade.

I lenço: Glancarlo Esposito, José / u n l g a , Stephen G e v e d o n , Harvey Kellel, Jared Harris, W i l l i a m Hurt, I u n i r l Auster, Harold Perrineau Jr., I lelidre O'Connell, Victor Argo, M i . helle Hurst, Forest Whitaker, s t i n k a r d C h a n n i n g , Vincenzo Amelia.

O s d e s e m p e n h o s de Keitel, W i l l i a m H u r t , Forest W h i t a k e r c S t o c k a r d

Channing

e s t ã o m u l t o bons e W a n g entrelaça suas histórias, t e c e n d o u m a tapeçaria única e a d m i r á v e l . Na realidade, os diversos diálogos de Cortina de fumaça

s ã o unidos por m i n ú s -

culos fios t e m á t i c o s . M u i t o s dos personagens se e n c o n t r a m às v o l t a s c o m perdas s i g n i f i c a t i v a s e m suas v i d a s , alguns refletem sobre o a m o r nâo correspondido e outros ainda t e n t a m restaurar v í n c u l o s e s t r e m e c i d o s e n t r e pai e filho. Cada fio e s t a b e l e c e u m a

I I i i .1 Gimpel

ligação sutil entre u m p e r s o n a g e m e o u t r o , e, embora o tecido da s o c i e d a d e possa estar

Festival de Berlim: W a y n e W a n g ,

e m c o n t í n u a m u t a ç ã o para m e l h o r o u pior, o u c h e i o d e l a c u n a s , W a n g e Auster i m p r i -

I l i r v e y Keitel (Urso de Prata - prêmio

m e m a c o n o t a ç ã o o t i m i s t a de q u e a b o n d a d e inerente a o h o m e m i m p e d e que o tecido

especial do júri), W a y n e W a n g , liidii ação (Urso de Ouro)

IrS (I eidos Films) 85 m i n . Cor Idioma: farsl Direção: Jafar Panahl Piodução: Kurosh Mazkouri Poleiro: Abbas Kiarostami lotografia: Farzad Jadat I lenço: Alda M o h a m m a d k h a n l , Mnliseii Kalifi, Fereshteh Sadr Orfani, Anna Koikowska, M o h a m m a d '.li.ih.inl, M o h a m m e d Bakhtiar, Allasghar S m a d i , Hamldreza Tahery, A'.gh.ii Barzegar, Hasan N e a m a t o l a h i , Bosnali Bahary, M o h a m m a d r e z a li.o v.u. shaker Hayely, H o m a y o o n Uok.inl. M o h a m m a d Farakani 1 estival de Cannes: Jafar Panahi (1 a m e i a de Ouro)

se desfaça. J K l

0 BALAO BRANCO

(1995)

(BADKONAKE SEFID) Este revigorante e Inesperado f i l m e thriller c ô m i c o v i n d o do Irã m o s t r a , e m t e m p o real, as a v e n t u r a s de Razieh (Aida M o h a m m a d k h a n l ) . u m a m e n i n a de sete a n o s . e seu Irmão m a i s v e l h o pelas ruas de Teerã, d u r a n t e os 85 m i n u t o s q u e transcorrem logo a n t e s da < elchr.K ao do A n o Novo iraniano. O bnlno bruni o e o primeiro longa m e t r a g e m de Jafar P a n a h i , u m a n t i g o a s s i s t e n t e d o grande c i n e a s t a

I r a n i a n o Abbas K l a r o s t a m i . q u e

aparece ao lado d e P a n a h i e Parvlz S h a h b a z i c o m o co-roteirista. Razieh c o n v e n c e sua m ã e d e q u e precisa d e o u t r o peixinho d o u r a d o para a celebraç ã o do A n o - N o v o e, a c a m i n h o da loja, por duas vezes perde o d l n h e l t o q u e havia recebido. A m a i o r parte do filme é dedicada aos seus esforços para recuperar o dinheiro. O roteiro pode parecer f r a q u i n h o , m a s o f i l m e prende a a t e n ç ã o e é f a s c i n a n t e , c o m personagens b e m delineados e uma narrativa habilidosa. O e m p e n h o de Panahi para r e definir nossa n o ç ã o de t e m p o d u r a n t e o processo é n o t á v e l . Aos p o u c o s , s o m o s s e d u zidos pela percepção que a m e n i n a t e m sobre o transcorrer d o t e m p o , evidenciada pelo desejo de ter o peixinho dourado e t o d o s os o b s t á c u l o s q u e ela enfrenta para adquiri-lo. Não m e n o s i m p o r t a n t e é a revelação Inesperada sobre o e s n o b i s m o d e classe m é dia de Razieh, depois de u m s o l d a d o ter se esforçado b a s t a n t e para ajudá-la a recuperar o d i n h e i r o . Isso é u m prenúncio d a s p r e o c u p a ç õ e s éticas m a i s ó b v i a s d o s dois f i l m e s s e g u i n t e s de P a n a h i , O espelho (1997) e O ciVculo (2000). JRos

848


SEVEN - OS SETE CRIMES CAPITAIS

(1995)

(SE7EN) Q u e m teria i m a g i n a d o q u e u m filme apavorante e perturbador sobre p r o c e d i m e n t o s policiais envolvendo u m m a t a d o r em série estrelado por Brad Pltt e M o r g a n Freeman c o mo detetives, escrito por u m caixa da Tower Records (Andrew Kcvln Walker) e dirigido por David Finchcr (Alicn), se pareceria m u i t o com uma obra de arte séria? É possível dizer que este f i l m e será especial desde os créditos iniciais, q u e l e m b r a m vários filmes experim e n t a i s a m e r i c a n o s clássicos c I n s i n u a m o parentesco perturbador entre o m a t a d o r e m série (Kevin Spacey) e a polícia - para n â o falar da relação entre o assassinato e a arte c o m a q u a l o f i l m e t a m b é m se preocupa. O s detetives estão e m p e n h a d o s e m solucionar uma série d e assassinatos horrendos baseados nos sete pecados capitais, c a sujeira e decadência da cidade s e m n o m e q u e os encerra

fazendo c o m q u e as de Ttrxí driver

e Bladc runncr pareçam parques de diversões - constroem u m clima metafísico que n ã o é quebrado m e s m o q u a n d o o filme sal da cidade para o c a m p o e m seu clímax. Pode-se dizer que a estética do desagradável é u m d o s marcos d e nossa era e este f i l m e talvez se preocupe m a i s e m mergulhar nessa estética d o q u e e m I l u m i n a r s e u significado político. Nesse s e n t i d o , ele t e m u m pouco da d u p l i c i d a d e d e Taxi driver

EUA (New Line) 127 m i n . Cor

outro f i l m e que extrai m u l t o do seu poder da relação d e a m o r e ódio dos Estados U n i -

idioma: inglês

dos c o m o f u n d a m e n t a l i s m o , embora esse país n ã o seja o único a viver essa a m b i -

Direção: David Fincher

valência. Scven é u m dos poucos filmes de H o l l y w o o d a ter sido exibido a m p l a m e n t e no Irã pós-revolução (junto c o m a trilogia de O poderoso chcfõo c Dancei com lobos). Provav e l m e n t e passou lá e m u m a versão censurada; não é possível explicar seu apelo naqttce pais s i m p l e s m e n l e porque seu talentoso fotografo, Datius K h o n d j i , é iraniano. Os realizadores se a t ê m à sua visão c o m t a m a n h a d e d i c a ç ã o c persistência q u e deixam algo p e r m a n e n t e - algo ética e a r t i s t i c a m e n t e superior a O silencio dos

inocen-

tes, algo q u e se recusa a explorar o s o f r i m e n t o para entreter e deixa o espectador se I n d a g a n d o sobre o m u n d o e m q u e v i v e . P a r a d o x a l m e n t e , no e n t a n t o , o f i l m e tinha u m

Produção: Phyllis Carlyle, Arnold Kopelson Roteiro: Andrew Kevin Walkei Fotografia: Darius Khondji Música: Howard Shore Elenco: Morgan Freeman, Brad Pltt, Kevin Spacey, C w y n e t h Pallmw. R. Lee Ermey, Andrew Kevin Walkei. Daniel Zacapa, J o h n Casslni, Bob

outro final m u i t o m a i s s o m b r i o - disponível hoje cotrro b ô n u s no DVD - a o q u a l as

Mack, Peter Crombie, Reg 1.1 athev.

platéias d e pré-estréla resistiram. JRos

George Christy, Endre Hules, Hawthorne J a m e s , William Davidson Indicação ao Oscar: Richard 1 1 . Bruce (edição)


França / Iugoslávia / Alemanha / Hungria (CiBy 2000) 192 min. Cor Idioma: servo-croata / alemão Direção: Emir Kusturica Roteiro: Dusan Kovacevic, Emir Kusturica, baseado no iivro Bila Jriiriorn jcdna zemlja, d e Dusan Kovacevic, e na peça Proíece u Juntiuiii. de Dusan Kovacevic e Emir

UNDERGROUND - MENTIRAS DE GUERRA (1995) (UNDERGROUND) Esta alegoria satírica c caricata sobre a antiga Iugoslávia, desde a Segunda

Guen.i

M u n d i a l a t é os dias a t u a i s d o p o s - c o m u n i s m o , é hilariante e m seus 167 m i n u t o s de duração, embora tenha sido l e v e m e n t e adaptada pelo diretor e roteirista Emir Kusturica para o espectador a m e r i c a n o . O enredo ultrajante de Undcrgroiind - Mentiras de guerra

i' usturlca

e n v o l v e u m a dupla d e c o m e r c i a n t e s d e a r m a s e traficantes d e ouro antinazistas que

I irtografia: Vilko Filac

c o n q u i s t a m fama c o m o heróis c o m u n i s t a s . U m deles (Miki M a n o j l o v i c ) esconde uni

Musica: Coran Bregovic

grupo d e refugiados no porão d e seu avô e, s o b o pretexto de q u e a guerra ainda está

Elenco: Miki Manojlovic, Lazar

e m a n d a m e n t o lá fora, coloca-os para fabricar a r m a s e o u t r a s produtos para o mercado

Rlltovskl, Mirjana Jokovlc, Slavko

negro a t é m e a d o s dos a n o s 60, e n q u a n t o seduz a atriz (Mirjana Jokovlc) c o m q u e m seu

S l l m a c , Ernst Stõtzner, Srdjan lodorovlc, Mirjana Karanovic, Milena Pivlovk, Danilo " B a t a " Stojkovic,

m e l h o r a m i g o (Lazar Rlstovski) gostaria de se casar. Baseado e m u m a a d a p t a ç ã o livre de uma peça do co roteltlsta Dusan Kovacevic, es

lima lodorovlc. Davor Dujmovlc, Dr.

te épico satírico e sarcástico g a n h o u a Palma d e Ouro e m Cannes e m 1995, e desde então

Nele Katajllc, Branlslav Lecic, Dragan

t e m sido objeto d e c o n t u n d e n t e polémica por ter sido considerado u m filme pró-sérvlos.

Nlkolic, Erol Kadlc

(O próprio Kusturica é bósnio e m u l ç u m a n o . ) Contudo, se o p t a r m o s por sua visão

1 estival de Cannes: Emir Kusturica (l'.ihna de Ouro)

histórica preconceituosa, talvez possa ser considerado o melhor filme feito até hoje pelo talentoso cineasta de Wríti cigana c Um sonho americano

- u m triunfo da mise-en-scène

unida a u m a visão cômica q u e acaba superando sua própria hipérbole. JRos

India (I tos) 192 min. Cor Idioma: hindi Direção: Aditya Chopra Produção: Yash Chopra Roteiro: Aditya Chopra, Javed Siddlql Ilitografia: M a n m o h a n Singh Música: Jatin Pandit, Lalit Pandit Elenco: Shahrukh Khan, Kajol, Atuilsh Puri, Farida Jalal, A n u p a m

DILWALE DULHANIYA LE JAYNEGE

o995)

Nos a n o s 90, o c i n e m a Indiano se r e i n v e n t o u , t o r n a n d o se m a i s e n g e n h o s o , mais este tizado e mais j o v e m . O s novos canais a cabo e por satélite estabeleceram o modelo para o novo visual e o crescimento n a s pré-vendas de músicas fez c o m q u e os orçam e n t o s a u m e n t a s s e m . Tudo Isso resultou na volta da classe m é d i a às salas d e cinema, q u e t i n h a m sido preteridas pelos e q u i p a m e n t o s d e V H S . Essa década t a m b é m assistiu a u m n ú m e r o b e m maior de f i l m e s sobre a diáspora dos hindus q u e se m u d a r a m para o u t r o s países, e Diíwtile dnlhaniya

tajaynege

(Aqueles que t i v e r e m b o m coração ficarão

i' her, Karan Johar, Pooja Ruparel,

c o m a noiva) foi u m sucesso entre esse público, assim c o m o e m sua terral n a t a l ,

S i l i'.h shah, Anaita, Mandira Bedi,

tornando-o u m dos maiores êxitos da história da indústria cinematográfica indiana.

« n u n Sablok, Achla Sachdev, Parmeet '.ellil, Hiluani Shivpuri, LalitTiwarl

U m d o s pares mais populares da tela daquela década, os londrinos S h a h r u k h e Kajol se c o n h e c e m d u r a n t e férias na Suíça, m a s são separados q u a n d o a família leva a moça para o Paquistão, para u m c a s a m e n t o acertado desde o seu n a s c i m e n t o . Apesar de a m o ç a estar pronta para fugir c o m o n a m o r a d o , ele Insiste q u e o pai dela deve dar sua m ã o e m c a s a m e n t o ; então persuade a família da moça a aceitá-lo, mostrando-lhes que sabe c o m o u m rapaz Indiano deve se comportar. O roteiro rígido e a música hit torn a m claro q u e , m u i t o embora Aditya Chopra fosse o diretor do f i l m e , ele estava deter m i n a d o a seguir as pegadas de seu p a i , o f a m o s o cineasta Yash Chopra. RDw

H',0


O CICLO (XICH LO)

(1995)

P e n e t r a m o s e m u m m u n d o q u e é a o m e s m o t e m p o familiar c e s t r a n h o . S e n t i m o s q u e já e s t i v e m o s ali. Dizem-nos q u e esta é a H a n ó i dos anos 90. u m a cidade q u e não v e m o s desde os noticiários sobre a Guerra do Vietnã nos a n o s 70. U m j o v e m c o n d u t o r d e riquixá (Le Van Loc) t e m sua bicicleta furtada e fica e n d i v i dado c o m a m u l h e r q u e a alugava. Ela o m a n d a para Poet (Tony Leung Chiu W a i ) . u m gângster c c a f c t ã o calado, q u e por sua vez faz c o m q u e ele c o m e t a a t o s d e v a n d a l i s m o e p e q u e n o s furtos para pagai sua divida. Ele nao sabe que Poet t a m b é m persuadiu sua irmã a trabalhar c o m o prostituta, a t e n d e n d o clientes ricos q u e p a g a m e m dólares a m e r i c a n o s . O s dois i r m ã o s inocentes são levados à corrupção s o b o controle do mesmo h o m e m . A história d e O ciclo pode parecer a receita d e u m m e l o d r a m a , m a s o diretor AnhH u n g Tran está c m busca d e algo t o t a l m e n t e diverso. Sua a b o r d a g e m é calculada e ponderada. S e u foco é na cor e no silêncio, e n q u a n t o sua câmera espreita os p e r s o n a gens e, discreta, espera pelo m e n o r t r e m o t d e rosto, à m e d i d a q u e os p e n s a m e n t o s e e m o ç õ e s m u d a m e r e t o r n a m . O enredo pode ter partido de Ladrões de bicicleta, d e

Vietnã / França (Entertainment. Lazannec, Lumière. La Sept, SFP)

120 m i n . Cor idioma: v i e t n a m i t a / italiano Direção: Anh-HungTran Produção: Christophe Rossignon Roteiro: Trung Binh Nguyen, AnhHungTran Fotografia: Benoît D e l h o m m e , Laurence Trémolet Música: Tôn-Thât Tlêt

Vittorio d e S i c a , m a s n ã o é u m exercício sobre o neo-realismo. Pelo contrário, o t o m é

Elenco: Le Van Loc, Tony Leung Chiu

quase d e realismo m á g i c o , e n f o c a n d o explosões inesperadas de beleza singular, c o m o

W a i , Tran Nu Yên-Khê, Nhu Q u y n h

quando os personagens, s u b i t a m e n t e , fazem u m a pausa na vida para observar u m h e licóptero militar pousar e m pleno Liànsito pesado, ou q u a n d o o filme i n e s p e r a d a m e n t e se concentra na poesia minimalista de Poet (condizente c o m seu n o m e ) , h a r m o n i z a n d o estrofes e i m a g e n s d e i m o b i l i d a d e elíptica. F e s t t a n h o ver t a n t o s m o m e n t o s d e beleza e m u m a história sobre corrupção, inocência perdida, violência, drogas e m o r t e . Há u m a

Nguyen, Hoang Phuc Nguyen, Ngo Vu Q u a n g Hal.Tuyet Ngan Nguyen, Doan Viet Ha, Bjuhoang Huy, Vo Vinh Phuc, Le Kinh Huy, P h a m Ngoc I leu, Le Tuan A n h , Le Cong Tuan Anh, Van Day Nguyen

sensação de q u e o diretor Tran está b u s c a n d o u m a nova estrutura de narrativa, e v i -

Festival de Veneza: Anh-Hung Tran

tando as c o n v e n ç õ e s comerciais do gênero. O f i l m e poderia f a c i l m e n t e ter sido u m

(Prêmio FIPRESCI), (Leão de Ouro)

suspenso ou u m a história d e gângster, m a s O ciclo está e m sintonia c o m os r i t m o s da cidade o n d e foi a m b i e n t a d o , preparando-se c o m serenidade para n o s reaproximar de u m lugar e u m povo q u e não v í a m o s há m a i s d e 20 a n o s . AT


I U A / Alemanha (PolyCram, Spelling, llluc Parrot, Bad Hat Harry, Rosco) K M , m i n . Technicolor idioma: inglês / húngaro / espanhol /

francês Direção: Bryan Singer Produção: Michael M c D o n n e l l , Bryan

'.ingei Roteiro: Christopher McOuarrie

OS SUSPEITOS

(1995)

(THE USUAL SUSPECTS) "A maior trapaça do diabo foi convencer o m u n d o de que ele não existia." Os suspeitos e u m a a r t i m a n h a envolvente c audaciosa sobte a identificação de u m diabólico criminoso. Q u e m é Keyser Sozer" Com u m roteiro intricado, respostas Inteligentes e m a c h o n a s , além da direção c o n f i a n t e de Bryan Singer, o grande ardil q u e o cineasta engendrou foi o de convencer o público a rever o f i l m e logo e m seguida. Criou-se a ilusão de q u e assistir várias vezes a o q u e a c o n t e c e a n t e s do desfecho eletrizante pode solucionar c o m -

Fotografia: N e w t o n T h o m a s Sigel

p l e t a m e n t e o mistério. M a s o roteirista Christophe! Mc Q i i a i i i e

Música: ) o h n O t t m a n

Singer d i v e r t e m se c o m viradas c g u i n a d a s s ú b i t a s , e não c o m a explicação.

Elenco: Gabriel Byrne, Kevin Spacey, Stephen B a l d w i n , Chazz Palminteri, Peie Postlethwalte, Kevin Pollak, P.riili lo Del Toro, Suzy A m i s , iil.incarlo Esposito, Dan Hedaya, Paul

g a n h a d o r do Oscar - e

Kevin Spacey conquistou o seu primeiro Oscar c o m o Verbal Kint

"As pessoas dizem

que falo m u i t o " - u m vigarista aleijado e tagarela que faz a narrativa à qual nos agarramos. Cinco criminosos são colocados e m u m a cela e n q u a n t o esperam ser c h a m a d o s para u m a fila de identificação, embora n e n h u m estivesse, na realidade, envolvido com o

Bartel, Carl Bressler, Phillip S i m o n ,

crime pelo qual foram presos. C o n t u d o , o encontro a p a r e n t e m e n t e fortuito os inspira a

|K k Shearer, Christine Estabrook

f o r m a i uma quadrilha para u m assalto que os levaiá à c h a n t a g e m e à traição.

Oscar: Kevin Spacey (ator i oadjuvante), Christopher McQuarrie (roteiro)

U m a versão m o d e r n a e urbana d e Rnslionioti (1950). d e K u r o s a w a , p o n t u a d a poi curtas cenas d e ação v i o l e n t a s e l i n d a m e n t e coreografadas, Os suspeitos c o m e ç a c o m u m a carnificina, na qual u m h o m e m misterioso executa K e a t o n , interpretado por Byrne. Essa seqüência " o b j e t i v a " será recorrente, reexaminada, tal c o m o lembrada por Verbal e t a m b é m c o m o i m a g i n a d a por seu Interrogador, u m a g e n t e federal (Chazz Palminteri) m u i t o o b c e c a d o c o m sua própria teoria sobre a razão pela qual aqueles ho m e n s se j u n t a r a m e m u m fiasco h o m i c i d a para "pensar sobre u m a s i t u a ç ã o c o m dist a n c i a m e n t o " e "considerá-la a d e q u a d a m e n t e " . O espectador é h a b i l m e n t e predisposto a c o m e t e r o m e s m o erro. Singer adora truques e s t o n t e a n t e s e, p o i m e i o deles, faz c o m q u e qualquer u m se esqueça d a s p o n t a s soltas no enredo. A s contribuições d e J o h n O t t m a n , a o d e s e m p e nhar as i n u s i t a d a s funções duplas de editar as cenas Intricadas e c o m p o r a depressiva trilha m u s i c a l , t a m b é m não d e v e m ser s u b e s t i m a d a s . O m a i s f a s c i n a n t e é q u e n ã o é possível dizer q u e o f i l m e n ã o se s u s t e n t e . Pode não fazer s e n t i d o , m a s permanece c o m o u m intrigante e louco quebra-cabeça. AE

il',.'


HOMEM MORTO

(1995)

EUA / Alemanha / Japão (12 Gauge. JVC, M i r a m a x , N e w m a r k e t , Pandoia)

(DEAD MAN) O filme começa c o m W i l l i a m Blake (Johnny Depp), u m tímido escriturário superclvilizado, de óculos, Indo para o Oeste assumir u m cargo e m M a c h i n e , u m a cidade pioneira. A viagem parece interminável e, quando ele finalmente chega, descobre que seu cargo foi preenchido meses atrás. Desanimado, vai para a cama com u m a prostituta, apenas para •er interrompido pelo noivo dela, que a m a t a , fere William c, na seqüência, é morto por ele. William foge. Iniciando uma jomarla através da imensidão selvagem do Oeste americano,

121 m i n . P & B idioma: inglês Direção: J i m J a r m u s c h Produção: Demetra J . MacBride Roteiro: J i m Jarmusch Fotografia: Robby Müller Música: Neil Young

rnde, com u m enigmático índio c h a m a d o Ninguém (Gary Farmer) ao seu lado c sofrendo

Elenco: J o h n n y Depp, Gary Farmet,

paulatinamente com o ferimento não tratado, segue c m direção à morte. Ninguém é o seu

Lance Henriksen, Michael W i n r o l l .

guia: " S a b e como usar esta arma?", ele pergunta, "Val substituir sua língua."

Mili Avital, Iggy Pop, Crispin Clover,

Este f i l m e de J i m J a r m u s c h é u m ensaio sobre a c o n t e m p l a ç ã o , q u e seduz através la c i n e m a t o g r a f i a e m preto-e branco de Robby M ü l l c r (influenciado por Anscl A d a m s ) , lo v i o l ã o p r i m o r o s a m e n t e s i m p l e s de Neil Young c da interpretação d e l i c a d a m e n t e poética d e Depp - t i p i c a m e n t e , c o m o q u a n d o ele se delta pata abraçar u m cervo morto. O s excêntricos papéis c o a d j u v a n t e s de J o h n Hurt, Iggy Pop, Lance H e n r i k s c n , -abriel B y r n e , lanky c Robert M i t c h u m , e m sua ú l t i m a aparição n a s telas, c o m u m charuto entre os lábios - t e n t a n d o persuadir Blake a sair d e s e u escritório c o m u m a scopeta a p o n t a d a para seu rosto

, p r e e n c h e m o cenário q u a s e s e m enredo.

Muito da narrativa e violência e m ÍJomein mo/toe m o n ó t o n a c Indiferente, c m especial o c o m p o r t a m e n t o obstinado, quase catatônico de Cole W i l s o n (Henrikscn), que não . hega a ser u m m a t a d o r a sangue frio, m a s u m q u e nâo t e m sangue a l g u m . O silêncio |ue Impregna o grande vazio do Oeste, a bétula prateada deslizando e n q u a n t o W i l l i a m avalga pela floresta, a objetividade de N i n g u é m à medida que pratica rituais não muito ompreensívels para u m h o m e m n a u muito consciente convergem para u m a evocação quase ininteligível d e pessoa, lugar c m o m e n t o . Q u a n d o , ao final, N i n g u é m empurra Villlam para dentro de u m grande lago, a canoa-espirito desliza para o outro m u n d o , uma isão que relembra o rei Arthur, morto, sendo levado para Avalon. M P

Eugene Byrd, Michelle Thrush, J i m m l e Ray W e e k s , Mark Brlngleson, Gabriel Byrne, J o h n Hurt, Alfred Molina, Robert M i t c h u m , lanky Festival de Cannes: J i m J a r m u s c h , Indicação (Palma de Ouro)


EUA/Inglaterra (Gramercy,

FARGO

i'nlyGram, Worklng Title) 98 m i n . Cor

U m a d a s especialidades dos i r m ã o s e parceiros Joel e Ethan Coen é retorcer gêneros

idioma: inglês Direção: )oel Coen Produção: Ethan Coen Kotclro: Joel Coen e Ethan Coen 1 otografia: Roger. Deakins Música: Carter Burwell

(1996)

b e m estabelecidos de H o l l y w o o d - o thrillcr noir, a comédia m a l u c a , o drama d e gângs teres - e transformá-los e m pazerosos e exuberantes f o r m a t o s c o n t e m p o r â n e o s . Os f i l m e s dessa dupla, dois dos m a i s i m p o r t a n t e s c i n e a s t a s surgidos nos Estados Unidos d u r a n t e os a n o s 80, c o n t i n u a m ó t i m o s , c o d i a b ó l i c a m e n t e inteligente Fargo está entre os m e l h o r e s . Trata-se de u m a história torpe (co-escrita, c o m o s e m p r e , pelos irmãos,

Elenco: W i l l i a m H. Macy, Steve

produzida por E t h a n , dirigida por Joel) q u e provoca exclamações d e a d m i r a ç ã o e c h o -

Itusi e m i , Frances M c D o r m a n d , Peter

q u e , m a s t a m b é m boas risadas. Na tela estão desvio d e dinheiro, seqüestro, engodos,

Stormare, Kristin Rudrüd, Harve

mal-entendidos e a s s a s s i n a t o , a s s i m c o m o outra presença c o n s t a n t e n o s f i l m e s dos

Prtinell, rony D e n m a n . C a r y

C o e n : u m c r i m e q u e foge t o t a l m e n t e ao controle.

I louslon, Sally W i n g e r t . Kurt •,i liwrli khardt. Larissa Kokernot, Melissa Peterman, Steve Reevis, Wirren Kelth, Steve E d e l m a n , Sharon Anderson Oscar: Fthan Coen, Joel Coen (roteiro), Franças M c D o r m a n d (atriz)

Fargo se passa na Dakota

do N o r t e , o n d e o tenso v e n d e d o r d e carros Jerry

Lundcrgaard ( W i l l i a m H. M a c y , e m u m d e s e m p e n h o a n g u s t i a d o que o tornou u m ator d i s p u t a d o ) marca u m a reunião c o m dois ex presidiários, q u e ele contrata para seques trar sua esposa. M a s , e m sua nialot parte, o filme, apresentado i n i c i a l m e n t e c o m o uma história real - o primeiro d e seus e n g o d o s m a c a b r o s -, é rodado na M i n n e s o t a nativa dos Coen (onde o dialeto local exagerado, e m p r e g a d o de f o r m a hilária e m conversas

Indicação ao Oscar: Ethan Coen

banais, é u m resquício m o n ó t o n o d o s pioneiros i m i g r a n t e s e s c a n d i n a v o s da região e

(insllioi filme), Joel Coen (diretor),

apresenta u m contraste absurdo c o m os a c o n t e c i m e n t o s hediondos).

William I I . Macy (ator coadjuvante), líogei Deakins (fotografia), Ethan 1 1 , loci Coen (edição) lestiv.il de Cannes: Joel Coen (diretor), indicação (Palma de Ouro)

L u n d c r g a a r d , d e s e s p e r a d a m e n t e e n d i v i d a d o , propõe u m acordo a p a r e n t e m e n t e simples c " s e m violência". O resgate de sua esposa será pago pelo pai dela, rico e m a n dão ( H a r v e Presnell) e dividido e n t r e o m a r i d o e seus c o n t r a t a d o s , e n q u a n t o a esposa será libertada s e m nada descobrir. Só q u e t u d o dá g r o t e s c a m e n t e errado nas m ã o s do psicopata a m a n t e d e p a n q u e c a s G r i m s r u d (Peter S t o r m a r e ) e do a g i t a d o e atrapalhado S h o w a l t c r (Stcve B u s c e m l ) , q u e não c o n s e g u e controlar n e m o parceiro n e m os a c o n t e c i m e n t o s . Entra e m cena Frances M c D o r m a n d (a Sra. Joel Coen), a b s o l u t a m e n t e fantás-


tica c o m o M a r g c G u n d e r s o n , u m a chefe de polícia de cidade pequena e m a d i a n t a d o estado de gravidez, c ó m i c a m e n t e b a n a l , porém m u l t o esperta. C o n d u z i n d o sua primeira investigação de h o m i c í d i o triplo c o m d e t e r m i n a ç ã o , passos lentos e desajeitados e u m a ridícula a u t o c o n f i a n ç a , M a r g e é f a c i l m e n t e o personagem m a i s e n v o l v e n t e já concebido pelos Cocn ( j u n t a m e n t e c o m o G r a n d e L e b o w k s i , " O Cara" de Jeff Brldgcs). As Idéias inteligentes dos Coen g e r a m u m a tragicomedia peculiar e bizarra q u e c o n s e g u e ser e x t r e m a m e n t e divertida c v i o l e n t a m e n t e perturbadora por m e l o de reviravoltas conduzidas de forma i m p e c á v e l , c o n t r a s t a n d o a eficácia e Inocência essenciais de alguns personagens c o m a perversidade de o u t r o s . Os azarados c r i m i n o s o s e suas v í t i m a s não estão ali para despertar e m p a t i a , m a s para serem c r u e l m e n t e m a n i p u l a d o s para nosso deleite. O espírito frio c m a l é v o l o que reapareceu e m m u i t o s de seus o u t r o s f i l m e s fez c o m q u e u m crítico de seus t r a b a l h o s os c h a m a s s e de " c h a t e a ç õ e s a r t í s ticas". M a s isso não d i m i n u i seu talento flagrante e m espantar, confundir e divertir os espectadores. Apesar do visual árido, Fargo é u m dos trabalhos m a i s ternos dos i r m ã o s , cheio de s e q ü ê n c i a s características e p i a d a s que se e s t e n d e m por v á r i a s c e n a s , m a s t a m b é m c o m o consolo redentor da decência pura e s i m p l e s . M c D o r m a n d e o roteiro dos Coen g a n h a r a m dois prêmios Oscar por quebrarem as v e l h a s regras e m u m caso ímpar de a s s a s s i n a t o . AE


França / Portugal (CNC, G e m i n i , La '.epi, 1 e Groupement National des 'mas de Recherche, Canal+, I ladragoa) 123 min. Eastmancolor Idioma: francês Direção: Raoul Ruiz

TRES VIDAS E UMA SO MORTE (mv (TROIS VIES & UNE SEULE MORT)

Talvez o mais acessível dos filmes do chileno Raoul Ruiz (que possui mais de u n i a centena de títulos e m s e u n o m e ) , Três vidas e u m a só morte fornece u m a bela vitrine para o t a l e n t o carismático do falecido Marcello M a s t r o i a n n i - d e s e m p e n h a n d o q u a l i o

Produção: Paulo Branco

papéis distintos aqui - e p e r m a n e c e c o m o evidência da talentosa i m a g i n a ç ã o pós-

Roteiro: Pascal Bonitzer, Raoul Ruiz

surrcalista do cineasta, u m fiandeiro e tecelão d e I m a g e n s c ¡délas m á g i c a s .

iotografia: Laurent M a c h u e l Musica: Jorge Arriagada I lenço: Marcello Mastroianni, Anna 1 .aliena, Marisa Paredes, Melvll Poupaud, Chiara Mastroianni, Arielle Dombasle, Féodor Atkine, Jean-Yves I laul 1er, Jacques Pieiller, Pierre i s l l e i n a i e , S m a ï n , Lou Castel, Roland

Ao c o m b i n a r Idéias a b e r t a e l i v r e m e n t e retiradas d a s h i s t ó r i a s de N a t h a n i e l H a w t h o r n e e Isak Dlnesen c o m conceitos fantásticos q u e só p o d e r i a m m e s m o ser de R u i / (1 orno . 1 fábula do milionário q u e poi v o n t a d e própria se l o m a u m mendigo), Três vidas c u m a só morte é u m a c o m é d i a francesa, a m b i e n t a d a e m Paris, q u e m u l t a s vezes lembra u m a espécie d e eufórica queda livre por dentro dos trabalhos e alegorias do escritor Jorge Luis Borges. No elenco estão Chiara, filha d e M a s t r o i a n n i , e Melvll Poupaud (que trabalhou no filme d e Ruiz A cidade dos piratas, de 1983). JRos

Ibpor, lacques Delpi.jean Badin Festival de Cannes: Raoul Ruiz, i n d u açâo (Palma de Ouro)

Austrália 105 min. Cor Idioma: Inglês Direção: Scott Hicks Produção: Jane Scott Roteiro: Scott Hicks, Jan Sardi Fotografia: Geoffrey Simpson

SHINE-BRILHANTE

(1996)

(SHINE) David Helfgott (Geoffrcy Rush) é u m pianista talentoso, porém s e u promissor talento c o m o concertista j a m a i s atingiu as alturas q u e os especialistas, Inclusive seu p a i , e s p e r a v a m dele. Este f i l m e , dirigido pelo australiano Scott Hicks, u m ex-produtor de

Musica: David Hirschfelder

d o c u m e n t á r i o s para a televisão, revela a história d e Helfgott, deixando que se desdobre

I lenço: Geoffrey Rush, Justin Braine,

de maneira trágica.

'.Hiii.i l o d d , Chris H a y w o o d , Aiex

C o m o u m acidente de carro e m câmara lenta, poi vezes e niiiilo doloroso assisti-lo.

t ' . i l . i l o w i c z , Gordon Poole, Armin

Q u a n d o m e n i n o , Helfgott (Interpretado por Alex Rafalowicz nessa fase) era apontado

M u e l l e i Stahl, Nicholas Bell, Danielle

c o m o talvez o melhor pianista d e sua geração, a próxima grande estrela do piano clás-

0

Rebecca G o o d e n , Marta

I' .11 /m.nek, John Cousins, Noah lavloi, Paul Llnkson, Randall Berger, John Gielgud Oscar: Geoffrey Rush (ator) Indicação ao Oscar: Armin MuellerM a l i l (alor coadjuvante), Scott Hicks (diretor), Pip Karmel (edição), David

sico. C o n t u d o , seu talento murchava sob a pressão e presença devastadora d e seu pai (Armin M u c l l c r Stahl) nos " b a s t i d o r e s " . S e n d o u m h o m e m q u e perdera os pais nas c â m a r a s d e gás, c o m certeza a m a v a seu filho. Infelizmente não tinha a m e n o r idéia de c o m o entender o u administrar seu talento. São os erros do pai que a c a b a m por destruir a notável carreira do m e n i n o . Afetado por distúrbios m e n t a i s , as habilidades prodigiosas de Helfgott e m e r g e m raríssimas vezes. Apesar de toda a tristeza, S h i n e - Brilhante traz alguns dos m o m e n t o s

I lira hfelder (música, trilha sonora

m a i s l u m i n o s o s q u e p o s s a m ser l e m b r a d o s na arte do c i n e m a , ainda q u e seja pela

1 irlglnal), Jane Scott (melhor filme),

contraposição c o m suas instâncias m a i s s o m b r i a s . Baseado e m u m a história real, este

Jau Sardi, Scott Hicks (roteiro)

drama Intenso reforça a Idéia d e q u e o s o f r i m e n t o pode ser a chave para compreender alguns dos gênios artísticos. Deixando de lado os clichês, o f i l m e é u m olhar elegíaco e não moralista sobre a vida real de u m prodígio a t o r m e n t a d o q u e lutou contra seus próprios d e m ô n i o s e e n c o n t r o u a liberdade, apesar das adversidades m e n t a i s e e m o c i o n a i s . Grande parte da trilha sonora usa m ú s i c a s do David Helfgott da vida real. J o h n Gielgud aparece c o m o seu professor de Londres. K K


ONDAS DO DESTINO

(1996)

Dinamarca / Suécia / França / Holanda / Noruega (Argus, Canal+,

BREAKIIMG THE WAVES) Antes q u e lançar u m m a n i f e s t o encorajando o c o m p r o m e t i m e n t o c o m u m d o g m a , o cineasta d i n a m a r q u ê s Lars v o n Tricr fez u m f i l m e sobre os horrores a m b í g u o s d e viver

C0B0, Det Danske, Eurimages, European Script Fund, Finnish Film Foundation, La Sept, Liberator, Lucky

sob u m d o g m a . A m b i e n t a d o na d i s t a n t e Escócia nos anos 70, Ondas do destino a b a n d o -

Red, Media I n v e s t m e n t Club,

na os artifícios a s t u c i o s o s e b e m c o n s t r u í d o s dos m u n d o s mágicos m u i t a s vezes m o -

Nederlands Fonds voor de Film,

n o c r o m á t i c o s de suas produções anteriores (Elemento do crime, Europa) para e x p e rimentar o olhar d e v a n g u a r d a , c o m a c â m e r a na m â o c a c a b a m e n t o c r u , q u e se tornaria característico d e seus filmes Os idíotos e Dogma 95 e dos assinados por outros diretores ( c o m o T h o m a s Vinterberg, d e Festa de família,

e J o r e n Kragh-Jacobsen, de

M i f u n e j / C o m certeza n ã o se trata, p o r é m , d e u m f i l m e ligado à estética d o d o g m a , já que as cenas são a m b i e n t a d a s e m paisagens perturbadoras d i g i t a l m e n t e alteradas, com u m a seleção de m ú s i c a s pop dos a n o s 70 b a s t a n t e fora d e m o d a . Q u a n d o criança, Von Tricr foi obcecado por u m livro de histórias de fadas c h a m a d o

Nordic Film & TV Fund, Northern Lights, Norwegian Film Institute, October, Philippe Bobor, SVT Drama, Swedish Film Institute, TV1000 AB, Icelandic Film Corporation, Trust Film Svenska, VPRO TV, villealfa, YLE, Zcntropa, ZDF, arte) 159 m i n . Eastmancolor Direção: Lars von Trier Produção: Peter Aalbask Jensen,

Goíden Hcart, sobre u m a boa menininha q u e doa tanto q u e se esvai - embora e m seu

Vlbeke Windelov

exemplar faltasse o crucial final feliz. Ondas do destino é o primeiro de u m a trilogia, segui-

Roteiro: Lars v o n Trier, Peter

do por Os idiotas e pelo musical Dançando no escuro, que a m p l i a m esse tema. Aqui a heroí-

Asmussen

na é Bess (Emily W a t s o n ) , u m a j o v e m reservada, quase infantil, criada c m u m a c o m u

Fotografia: Robby Müller

nldade m u i t o religiosa nas ilhas Hébritlas Exteriores. Ela começa a sair de seu casulo q u a n -

Música: J o a c h i m Holbek

do por impulso se casa c o m J a n (Stellan Skarsgàrd). u m sueco que trabalha e m u m a plataforma petrolífera no M a r do Norte, m a s sua nova vida sofre u m baque quando J a n fica paralítico devido a u m acidente de trabalho. Ao substituir sua fria religião pelo amor extremo, Bess principia u m c a m i n h o singular para a santidade e o martírio, descobrindo que só consegue atingir J a n , agora preso a uma c a m a , contando-lhe histórias de aventuras sexuais, o que a leva a encontros cômicos, trágicos e, no final, a u m encontro fatal. Prostituta proscrita pelos anciãos da c o m u n i d a d e , que t ê m o hábito de ficar de pé sobre as sepulturas de mulheres a m a l d i ç o a n d o as e condenando-as a o inferno por terem c a u s a d o a queda d o h o m e m , Bess é levada a o mar e m u m barco c a p i t a n e a d o por u m s a t â n i c o U d o Klcr, porém os ú l t i m o s m o m e n t o s do f i l m e m o s t r a m sua influência p ó s t u m a c o m o g e n u i n a m e n t e miraculosa. O enredo segue u m c a m i n h o difícil, m a s recompensador, e poderia se perder e m u m a ginástica s e m sentido n ã o fosse pelo d e s e m p e n h o i m p r e s s i o n a n t e m e n t e real, c o m o v e n t e e i n c o m u m d e W a t s o n . K N

Elenco: Emily W a t s o n , Stellan Skarsgàrd, Katrin Cartlidge, Jean Marc Barr, Adrian Rawlins, Jotr.rt li.n 1 Hackett, Sandra Voe, U d o Kier. Mikkol Caup, Roef Ragas, Phil McCall, Robert Robertson, D e s m o n d Reilly, Sarah Gudgeon, Flnlay Welsh Indicação ao Oscar: Emily W a t s o n (atrlz) Festival de Cannes: Lars von Trlei (grande prêmio do júri), indicação (Palma de Ouro)


IUA ( I ox, Centropolls) 145 m i n . Cor

INDEPENDENCE DAY

m

n i l , 1 0 1 . 1 : ingles

É difícil e n c o n t r a r filmes d e efeitos especiais mais espetaculares d o que Independi fence

DlrecSo: Roland Emmerich

Day, ficção científica que exsuda p a t r i o t i s m o norte-americano a cada quadro. Jeff Gold ]old

Pnxlucao: Dean Devlin

b l u m é u m gênio da c o m u n i c a ç ã o por satélites q u e intercepta u m a t r a n s m i s s ã o vinda

Kotclro: Dean Devlin, Roland

do espaço sideral q u e parece ser u m a c o n t a g e m regressiva. Ele v a i a W a s h i n g t o n , D.i

i innieiich

para prevenir o presidente

loiografia: Karl Walter Lindenlaub

M c D o n n e l l f a z e n d o o papel d e sua esposa no estilo Hillary) contra as e s p a ç o n a v e s ap.i

Muslca: David Arnold Flenco: Bill P u l l m a n , M a r y Mi Donnell, M a e W h i t m a n , Jeff d o l d b l u m , J u d d Hirsch, Will S m i t h ,

(Bill P u l l m a n , u m líder no estilo C l l n t o n , c o m M a i y

recendo e m t o d o o planeta e q u e t a l v e z n ã o t r a g a m extraterrestres s i m p á t i c o s , m a s a l i e n í g e n a s hostis q u e p l a n e j a m d e v a s t a r a Terra. O diretor Roland E m m e r i c h e o produtor Dean Devlin r e c h e i a m o f i l m e com atores

Vlvlca A. Fox, Ross Bagley, Margaret

de h u m o r

( oiln, Robert Loggia, J a m e s Rebhorn,

ação se d i v e r t i n d o a valer, ainda q u e o astro principal aqui não seja n e n h u m ator, e s i m

I . ' . I I H I V Quaid, J a m e s Duval, Lisa lakub. Giuseppe Andrews, Harvey Ileisleln Oscar: Volker Engel, Douglas S m i t h , i lay I'lnney, Joe Viskocll (efeitos especlais visuais)

Will S m i t h , Robert Loggla, J u d d Hirsch, Harvey Flerstein - que e n c e n a m . 1

os efeitos especiais brilhantes. Das e s p a ç o n a v e s alienígenas q u e r e m e t e m a V, a série cult de t e l e v i s ã o , a o s a t a q u e s a o planeta (quase realistas d e m a i s ) , assistimos aterrorizados a grandes marcos históricos norte-americanos, c o m o a Casa Branca, serem redu zidos a pilhas d e e s c o m b r o s f u m e g a n t e s . De m o d o geral, u m grande exemplo de c o m o u m f i l m e de ficção científica e x t r a v a g a n t e e despretensioso pode ser divertido. JB

IndlcicSo ao Oscar: Chris Carpenter, mil w , B e n t o n , B o b Beemer, Jeff Wexler (som)

Ir.inça / Inglaterra (Channel Four, CIBy •

o, lliln Man) 142 m i n . Metrocolor

N L I M I I I . I : inglês

Direção: Mike Leigh Produção: S i m o n Channing-Willlams Roteiro: Mike Leigh Fotografia: Dick Pope M N S I I A : Andrew Dickson I lenço: timothy Spall, Phyllis Logan, I'.irnd.i B l e t h y n , Claire Rushbrook, M.nl,nine Jean-Baptiste, Elizabeth l i r i i l n g i o n , M i c h è l e A u s t i n , Lee Ross, I cslry Manville, Ron Cook, E m m a ALUNS.

Brian Bovell, Trevor Laird, Claire

I'riklns, Ellas Perkins McCook Indicação ao Oscar: S i m o n ChanningWllllams (melhor filme), Mike Leigh (diretor), Mike Leigh (roteiro), Brenda Blethyn (atriz), Marianne JeanB.quisle (atriz coadjuvante) 1 estival de Cannes: M i k e Leigh (Palma ,lo I l i n o ) , (ptêmio do júri ecumênico). l u n u l a Blethyn (atriz)

H',H

SEGREDOS E MENTIRAS (1996) (SECRETS A N D LIES) Segredos e mentiras, u m drama c ô m i c o m u l t i f a c e t a d o dirigido por M i k e Lclgh, ganhador da Palma de Ouro de Cannes e m 1996, pode ser seu f i l m e mais acessível e o t i m i s t a . Isso talvez explique por que ele c o n t i n u e sendo o trabalho mais a c l a m a d o d e u m escritor e diretor d e teatro e cinema q u e é, g e r a l m e n t e , m a i s conhecido por sua raiva e implacável e s m i u ç a m e n t o das diferenças d e classe na Inglaterra de Thatcher e depois dela. H o r t e n s e , u m a j o v e m o p t o m e t r i s t a negra ( M a r i a n n e Jean-Baptiste), procura sua m ã e biológica (Brenda B l e t h y n ) , u m a operária branca q u e a deu para a d o ç ã o ao nascer. E n q u a n t o a s d u a s v ã o se c o n h e c e n d o , a t e n s ã o cresce entre a m ã e e sua outra filha ileg í t i m a (Claire Rushbrook), entre a m ã e e seu Irmão mais j o v e m (Timothy Spall) e entre este e sua esposa (Phyllis Logan), t u d o c a m i n h a n d o para u m clímax v i o l e n t o . O enredo d e Segredos e mentiras é, c o m o uma peça d e Ibsen, cheio d e i c v c l a ç õ e s f a miliares. Embora seja satisfatório e m t e r m o s gerais, deixa passar a l g u n s d e t a l h e s não explicados. A s a t u a ç õ e s estão t ã o c o n v i n c e n t e s , c o n t u d o - sobretudo a d e Spall -, q u e você é t r a n s p o r t a d o c o m o se o f i l m e fosse u m a Imensa o n d a . J R o s


ABBEH

(1996)

Irã / França ( M I O , Sanaye Dasti)

O f i l m e de M o h s e n M a k h m a l b a f é i m p r e s s i o n a n t e m e n t e belo. Desde suas primeiras t o m a d a s - q u a n d o u m a j o v e m ( S h a g h a y e h Djodat) parece surgir d e dentro d e u m t a p e te persa - as cores, os sons e a edição veloz c c o n c a t e n a d a são fascinantes. M a s Gabbch é m u i t o mais do q u e outro exercício original, b o n i t o , exótico, turístico e pseudoc a m p o n ê s no estilo de, d i g a m o s , O carteiro e o poeta (1994). A triste história d e a m o r adiado que permeia este f i l m e oferece u m p a n o r a m a p r o f u n d a m e n t e h u m a n i s t a sobre o a m o r e o desejo, a vida e a m o r t e , a natureza e a cultura, mágica c perda. As i m a g e n s no t a p e t e f o r n e c e m u m p o n t o d e origem ancestral e I m e m o r i a l para esta história, m a s sua t r a m a atravessa e c o m b i n a diversas é p o c a s , lugares c s i t u a ç õ e s . M o m e n t o s passados e a t u a i s , pessoas Idosas e n o v a s , a riqueza das artes do c o t i d i a n o , bem c o m o as artes reconhecidas de u m a pintura o u u m f i l m e : M a k h m a l b a f cobre u m rico e variado território de sensações e experiências v i t a i s . Hoje e m dia, qualquer f i l m e c o m a l g u m a s t o m a d a s a v e r m e l h a d a s de pôr-do-sol é l e v i a n a m e n t e t a c h a d o d e " p o é t i c o " . Gabbch é u m a expressão a u t ê n t i c a do " c i n e m a de poesia". Cada palavra, cada suspiro, s o m , gesto e cor t e m u m a repercussão metafórica correspondente. O gesto d e u m animal se assemelha aos m o v i m e n t o s dos artesãos dos t a p e t e s ; a água fluindo r a p i d a m e n t e é c o m o o v e n t o s a c u d i n d o a relva. Dentro d o contexto d e apreciação o c i d e n t a l crescente do n o v o c i n e m a Iraniano, Gabbeh

saiu perdendo e m c o m p a r a ç ã o aos f i l m e s s u b l i m e m e n t e neo-reallstas d e

Abbas K l a r o s t a m l , c o m o Através d a s oliveiras

(1994). M a s M a k h m a l b a f é para

K i a r o s t a m i o q u e Prlnce é para M i c h a e l J a c k s o n - u m primo s o m b r i o e perverso. Gabbeh mostra u m aspecto notável do t a l e n t o prodigioso de M a k h m a l b a f - u m aspecto silencioso, paciente e a t e m p o r a l . O estilo arrebatador que ele adota e m seu f i l m e - p a r c i a l m e n t e m o l d a d o no do m e s t r e Sergei Paradjanov - mescla e l e m e n t o s folclóricos e c o n t e m p o r â n e o s de u m m o d o q u e refuta qualquer distinção absoluta entre eles. Por toda sua f a s c i n a n t e c o m p l e x i d a d e , este é u m f i l m e q u e possui u m a limpidez e u m a sinceridade v e r d a d e i r a m e n t e s u b l i m e s . Para os q u e e s t i v e r e m abertos à experiência, Gabbeh é u m f i l m e q u e fala direto ao coração. A M

MM |

75 m i n . Cor idioma: farsl Direção: M o h s e n M a k h m a l b a f Produção: Khalll Daroudchi, Khalll Mahmoudi Roteiro: M o h s e n M a k h m a l b a f Fotografia: M a h m o u d Kalari Música: Hossein Alizadeh Elenco: Abbas Sayah, Shaghayeh Djodat, Hossein M o h a r a m i , Roghe M o h a r a m l , Parvaneh Ghalandarl


LONE STAR - A ESTRELA SOLITÁRIA

lUA (Castle Rock, Columbia, Rio Dulce) 135 m i n . Cor

(1996)

Este e s t u d o sábio e sagaz de J o h n Sayles sobre vidas Interligadas na fronteira texana

Idioma: inglês

c o m o México fala sobre ultrapassar limites, e s m i u ç a r o passado, aprender c o m a vida

Direção: J o h n Sayles

e seguir e m frente. Ele oferece u m a galeria tagarela d e personagens, todos d e algum

1'rodução: R. Paul Miller, Maggie

m o d o ligados a o ou Investigados pelo xerife S a m Deeds (Chrls Cooper), de Rio County.

Renzi

depois q u e u m esqueleto foi descoberto no deserto, nas cercanias da cidade. Deeds tem

Roteiro: John Sayles

para si q u e a descoberta pode estar relacionada c o m a batalha c o n t í n u a que o seu fale-

lotografia: Stuart Dryburgh

cido pai ( M a t t h e w M c C o n a u g h e y ) , d u r a n t e a n o s u m herói local, travava c o m u m poli-

Música: Mason Daring I lenco: Stephen Mendillo, Stephen J .

cial n o t o r i a m e n t e corrupto c racista (Krls Kristofferson) décadas atrás. O que aconteceu

I ang. Chris Cooper, Elizabeth Peña,

naquela é p o c a ? E de que m o d o Isso afeta a cidade a t u a l m e n t e , c o m sua desconfortável

1 nu I a Ida Lampley, Eleese Lester, J o e

mistura d e brancos, latinos e negros, todos ávidos para reescrever a História, deixando

Slovens, Gonzalo Castillo, Richard

sua marca no f u t u r o ? C o m o o plano pessoal afeta o nível político e vice-versa?

( i n , 1 , Clifton J a m e s , Tony Frank,

Miriam

Colon, Kris Kristofferson, Jeff

M i n i a b a n , M a t t h e w McConaughey

Na superfície, f o n e star pode ser considerado o c r u z a m e n t o e n t t e u m a história de d e t e t i v e e u m faroeste m o d e r n o , m a s está m a i s para o tipo d e pesquisa caleidoscópica sobre u m a s o c i e d a d e e m processo d e m u d a n ç a q u e Sayles v e m fazendo c o m maestria

Indicação ao Oscar: John Sayles

há a n o s , desde Mcitewan - A luta final (1987) e City of Hope (1991). M a s neste f i l m e , pela

(inicuo)

1

primeira vez, ele acrescenta flashbacks (às vezes l e m b r a n ç a s í n t i m a s , às vezes experiências c o m p a r t i l h a d a s ) para incluir o t e m p o c o m o u m Ingrediente extra e m u m a inebriante mistura d e classes sociais, dinheiro, sexo, a m i z a d e , família e raça. I n e v i t a v e l m e n t e , d a d o o cenário da fronteira, o ú l t i m o c o m p o n e n t e destaca-se e m t e r m o s de m e d o , ódio, desejo, imigração, perspectivas d e trabalho e preconceito. Por sorte, Sayles n u n c a faz s e r m õ e s , a p e n a s nos mostra c o m o as coisas f u n c i o n a m ( o u deixam d e f u n cionar, d e p e n d e n d o da s i t u a ç ã o ) . O diálogo é Inteligente e vivaz, m a s naturalista, as a t u a ç õ e s são excelentes, o uso da música é t i p i c a m e n t e a s t u t o e expressivo e o t r a b a lho de câmera d e S t u a r t Dryburgh t r a n s m i t e de m o d o e l o q ü e n t e as variadas lealdades e oposições na c o m u n i d a d e e m q u e s t ã o . E a t e n ç ã o para o final d i s c r e t a m e n t e subversivo (ainda q u e justificável) - esqueça o Á l a m o , de fato! G A

Tf

V


TRAINSPOTTING

0996)

Inglaterra (Channel Four, Figment,

3 grupo por trás do sucesso cult britânico d e 1994 Cova rasa - o produtor A n d r e w M a c d o n a l d , o roteirista J o h n Hodge, o diretor Danny Boyle e o ator E w a n M c G r c g o r untou-se n o v a m e n t e para este p a n o r a m a duro e sinistro do m u n d o d a s drogas e m edimburgo, baseado no r o m a n c e controverso de Irvine W e l s h , u m escritor nada c o n vencional.

PolyCram, Noel Gay) 94 m i n . Cor idioma: Inglês Direção: Danny Boyle Produção: Andrew Macdonald Roteiro: J o h n Hodge, baseado no livro de Irvine W e l s h

M c G r c g o r e n c a b e ç a o elenco c o m o Mark " R e n t B o y " R e n t o n , u m viciado c o m u m a

Música não original: Johann

coleção d e a m i g o s desajustados: o traficante c a s u a l Slck B o y (Jonny Lee Mlllcr), S p u d

Sebastian B a c h , Georges Blzet, Brian

(Ewen B r e m n e r ) , u m p e r s o n a g e m fadado a ser s e m p r e u m fracassado, e Begbie (Robert

Eno, Iggy Pop

iarlyle e m u m a a t u a ç ã o Impressionante e a m e d r o n t a d o r a ) , u m psicopata v i o l e n t o q u e arruma briga c o m todo m u n d o . Boyle faz uso de u m a i m a g i n a ç ã o c i n e m a t o g r á f i c a inteligente para levar a vida desses fracassados para as telas, desde a s e n s a c i o n a l seqüência d e a b e i t u t a c o m R e n ton correndo pelas ruas a t é s e u I n f a m e discurso " C h o o s e L i f e " narrado e m off, e n -

Fotografia: Brian Tufano Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin M c K i d d , Robert Carlyle, Kelly M a c d o n a l d , Peter M u l l a n , J a m e s Cosmo, Eileen Nicholas, Susan Vidler,

quanto ele é perseguido por mais u m a c o n t r a v e n ç ã o cometida e m n o m e d e seu vício. O

Pauline f y n c h , Shirley Henderson,

uso exagerado de drogas n a o é retratado cotrio u m a alternativa g l a m o u r o s a

Stuart McQuarrie, Irvine W e l s h , Dale

as

terríveis a l u c i n a ç õ e s d e R e n t o n i n c l u e m u m m e r g u l h o no vaso sanitário p o s s i v e l m e n t e

Wlnton

m a i s nojento da Escócia na t e n t a t i v a d e recuperar drogas perdidas e as i m a g e n s ines-

Indicação ao Oscar: John Hodge

quecíveis de u m bebê m o r t o q u e o p e r s e g u e m q u a n d o ele t e n t a se libertar do v í c i o .

(roteiro)

Na época d e seu l a n ç a m e n t o , a l g u m a s críticas sobre o f i l m e r e c l a m a r a m q u e e m bora Trainsponing

n ã o dê n e n h u m g l a m o u r ao univetso d a s drogas, t a m b é m n ã o faz

n e n h u m j u l g a m e n t o m o r a l sobre seus personagens v i c i a d o s . M a s a recusa d e Boyle e de H o d g e a t o m a r u m partido moral é na verdade u m dos vários a t r i b u t o s do filmes - não e s t a m o s a q u i para julgar R e n t o n e seus a m i g o s , e s t a m o s a q u i a p e n a s para assistir, e n q u a n t o , c o m u m toque d e h u mor negro, s u a s v i d a s se reduzem a nada. U m f i l m e f a s c i n a n t e , cheio de energia e c o m a t u a ç õ e s i m p e c á v e i s , Traínspotting é m e r e c i d a m e n t e considerado u m d o s m e lhores filmes britânicos dos a n o s 90. S e m falar da presença d e alguns dos talentos j o v e n s m a i s surpreendentes do Reino U n i d o : Carfyle, McGregor, o roteirista Hodge e o diretor Boyle (que repetiu sua parceria c o m M c G r e g o r n o v a m e n t e dois a n o s depois no Interessante, porém irregular Por uma vida

menos ordinária). JB



EUA (Dimension, Woods) i l l m i n . Cor

PÁNICO

Idioma: inglês

Em 1996, W e s Craven - q u e havia dirigido clássicos do terror m o d e r n o c o m o

Direção: W e s Craven Produção: Cathy Konrad, Cary Woods Roteiro: Kevin W i l l i a m s o n Fotografia: Mark Irwin Música: Marco Beltrami

llinco:

David Arquette, Neve

I ampbell, Courteney Cox, Skeet uliii h, Rose M c C o w a n , M a t t h e w

(1996)

de sódicos (1978) e A hora do pesadelo

que sua carreira estava encerrada d a n d o início a u m a d a s franquias d e terror mais populares e bem-sucedidas de todos os t e m p o s . Pânico, estrelado por u m a penca de j o v e n s e t a l e n t o s o s atores (incluindo Drew B a r r y m o r e , Neve C a m p b e l l , Skeet Ulrich, David Arquette, Rose M c G o w a n e J a m i e K e n n e d y ) , foi u m e n o r m e sucesso nos Estados U n i d o s , rendendo m a i s d e 103 m i l h õ e s de dólares nas bilheterias e cleslanchando uma nova onda de slasher m o v i e s m o d e r n l n h o s e c o m c o n t e ú d o . Lenda urbana (1998), Eu sei

(1997), O dia do terror (2001) c, ê claro, Pânico 2

l ill.ml, Jamie Kennedy, W . Earl Brown,

o que vocês fizeram no verão passado

Drew Barrymore, Joseph W h l p p ,

(1997), Pânico 3 (2000) e a paródia Todo mundo cm pânico

I

iwrence

Hecht, Roger L. Jackson,

David Booth, Llev Schreiber, Carla

Hitley

Quadrilha

(1984) - surpreendeu todos os q u e a c r e d i t a v a m

(2000) - todos d e v e m boa

parte d e seu sucesso ao original d e Craven. O prólogo tenso de Pânico, c o m seus 10 m i n u t o s , está entre as cenas de terror mais c o m e n t a d a s dos ú l t i m o s t e m p o s . E m u m a ligação a n ô n i m a , u m sujeito a m e a ç a a vida da bela e s t u d a n t e Casey Becker (Barrymore) e de seu n a m o r a d o , a não ser q u e ela consiga responder perguntas tais c o m o " Q u e m era o assassino e m Sexta-feira 13?". C o m o seus colegas c m Pânico, Casey já assistiu ã maior parte dos clássicos de terror: Halloween (1978), A morte convida para dançar (1980), etc. M a s s o m e n t e os fãs mais fanáticos d o gênero t ê m chance de sobreviver

e m e s m o a s s i m n e m sempre. A t r a m a

prim ip.il gira e m t o m o dos esforços da heroína virginal Sidney (Campbell) para sobrevivei aos a t a q u e s d e u m f a nático poi filmes de terroi q u e usa u m a máscara fantas magórica e u m a faca b a s t a n t e afiada. S o m e n t e a ajuda providencial da repórter f a m i n t a por notícias escabrosas Gail W e a t h e r s (Courteney Cox) c capaz d e salvar Sidney, que fica chocada ao descobrir que seu Inimigo na verdade são dois d e seus a m i g o s m a i s próximos (Incluindo seu n a m o r a d o ocasional), q u e parecem achar graça no fato de matarem sem nenhum motivo. Entre as razões para o sucesso extraordinário de Pânico estão o roteiro por vezes hilário (escrito por Kevin W i l l i a m s o n , q u e m a i s tarde criaria 0 bem-sucedido seriado de tevê adolescente Dawson's Creek), as diversas referências a outros f i l m e s de terror e a direção experiente de Craven, capaz d e assustar a platéia até m e s m o q u a n d o ela está rindo. S J S

Kl,.'


0 PACIENTE INGLÊS (1996) (THE E N G L I S H PATIENT) "Toda noite eu arranco fora m e u coração, m a s pela m a n h ã ele já está no lugar nova m e n t e . " A adaptação épica de A n t h o n y Minghella do premiado romance de Mlchael O n d a a t j e foi a grande vencedora da noite do Oscar e m 1996, arrebatando nove prêmios na vitória m a i s arrasadora desde O último imperador e m 1987. Foi particularmente admira vel por ser u m f i l m e que quase levou o roteirista-dlretor à loucura durante sua produção, Depois d e ter ficado "intoxicado" pelo poético livro, ele passou três anos reconstruindo o, a m p l i a n d o c o n s i d e r a v e l m e n t e o cerne de sua malfadada história de amor. O produloi EUA ( J & M , Miramax, Tiger M o t h )

i n d e p e n d e n t e Saul Z a e n t z ( U m estranho no ninho [1975], Amadeus

160 m i n . Cor

c i a l m e n t e apoio da 20th-Century Fox. M a s desavenças q u a n t o à escalação de Kristln

Idioma: inglês / alemão Direção: Anthony Minghella Produção: Saul Z a e n t z Roteiro: Anthony Minghella, hasedo

I 1 9 8 4 ] ) conseguiu inl

S c o t t T h o m a s e m vez de u m a atriz a m e r i c a n a , por exemplo, a c a b a r a m fazendo com qm 0 estúdio voltasse atrás. A produção ficou parada a t é a M l r a m a x decidir bancá-la. U m piloto gravemente queimado e desfigurado (Ralph Fiennes) é encontrado nos

no livro de Michael Ondaatje

destroços de seu bimotor na África do Norte, perto do final da Segunda Guerra Mundial

Fotografia: J o h n Seale

Aparentemente sofrendo de amnésia, sem identificação, mas supostamente inglês, ele esta

Música: Gabriel Yared

morrendo e aos cuidados da enfermeira franco canadense liana (Juliettc Binoche). Refu

Elenco: Ralph Flennes, Juliette Binoche, W i l l e m Dafoe, Kristin *>i ott T h o m a s , Naveen Andrews, Colin Firth, Julian W a d h a m , Jürgen Piochnow, Kevin Whately, Clive Morrison, Nino Castelnuovo, Hichem Rostom, Peter Rühring, Geordle lohnson, Torri Higginson Oscar: Saul Zaentz (melhor filme), Anthony Minghella (diretor), Juliette Binoche (atriz coadjuvante), Stuart

(ralg, Stephanie M c M i l l a n (direção

giando se e m u m monastério italiano destruído, juntam-se a eles o vingativo canadense vítima de torturas Willem Dafoe e dois especialistas e m desarmamento de bombas, paia explorações íntimas de suas lembranças, perdas e curas. O paciente misterioso - já revelado como o conde húngaro Laszlo Almásy - relembra gradualmente de seu passado entre 1930 e 1945 na Toscana, no Cairo e no deserto do Saara. O romance de Almásy com uma mulhei casada, Katherine Cliílon (Kl istin Scott Thomas) se desenrola com trágicas conseqüências. O f i l m e s possui dois e l e m e n t o s fortes para captar a plateia. A história é complexa, m a s clássica, passional, r o m â n t i c a . E a produção é m e t i c u l o s a m e n t e e n g e n h o s a , la zendo lembrar o estilo d e David Lean, Indo d e t o m a d a s aéreas oníricas e u m a dramática t e m p e s t a d e de areia a t é cenas t o c a n t e s d e a m o r e efeitos e n c a n t a d o r e s - pinturas na

de arte), J o h n Seale (fotografia),

1 avei na e x a m i n a d a s a I n / de l o , lias, afrescos de Igreja I l u m i n a d o s poi u m clarão, o

Ann Roth (figurino), Walter Murch

d i m e n s ã o d e 0 paciente inglês, sua m a j e s t a d e nas telas e seu senso de relevância exigi

(edição), Gabriel Yared (música),

ram r e c o n h e c i m e n t o pelos seus feitos attísticos e técnicos. AE

Walter M u r c h , Mark Berger, David Parker, Christopher N e w m a n (som) Indicação ao Oscar: Anthony Minghella (roteiro), Ralph Flennes (ator), Kristin Scott Thomas (atriz) Festival de Berlim: Juliette Binoche (Urso de Prata - atriz), Anthony Minghella, indicação (Urso de Ouro)

:a,.|


FELIZES JUNTOS

(1997)

CHEUN GWONG TSA SIT)

O melancólico panorama traçado pelo prodigioso roteirista c d i retor W o n g Kar-wal,de H o n g - K o n g , sobre o f i m de u m a história de a m o r é u m f i l m e tenso, d e h u m o r v a c i l a n t e , t e n d e n d o pata o depressivo. Com seu t í t u l o Irônico, Felizes juntos

se passa b a -

s i c a m e n t e na A r g e n t i n a , onde o casal de e m i g r a n t e s chineses Li ' a i (Tony Leung) c Poh W i n g (Leslie Cheung) se estabeleceu na esperança d e encontrar u m lugar o n d e p o s s a m criar u m a vida em c o m u m . No e n t a n t o , seu s o n h o se mostra inútil à medida que suas personalidades opostas (quieto e responsável versus I m p e t u o s o e exuberante) r a p i d a m e n t e l e v a m a

Hong-Kong (Block 2, J e t Tone, P r é n o m H, S e o w o o ) 96 m i n . P & B /

diferenças Irreconciliáveis. Valendo se de longas t o m a d a s , pouca m ú s i c a , cenas c u i d a d o s a m e n t e c o m p o s t a s

Cor

e longos e p r o f u n d a m e n t e e v o c a t i v o s períodos de silencio e q u i e t u d e , W o n g leva o

Idioma: c a n t o n é s / m a n d a r i m /

espectador direto para o coração partido desse r e l a c i o n a m e n t o q u e se desintegra: a

espanhol

jornada é hipnótica. M u i t o do seu crédito deve ser dado ao lendário diretor d e fotogra

Direção: W o n g Kar-wai

iia Christopher Doylc, cujo uso magistral da luz e da cor transforma cada fotograma :m u m a obra de arte. O ar melancólico q u e o elenco, a equipe e o diretor I n v o c a m parece vazar da tela, e c e n a s c o m o aquela e m q u e o s dois h o m e n s d a n ç a m u m t a n g o em uma velha cozinha arruinada deixam o espectador setri fôlego c o m a profundidade de sua beleza. L e u n g c C h e u n g m e r g u l h a r a m c o m perfeição c m seus p e r s o n a g e n s : e m d e t e r m i n a d o s m o m e n t o s , a dor que t r a n s m i t e m é t ã o p u n g e n t e que o e s p e c t a d o r t e m .petos de vii.ii o rosto. A angústia de suas Idas e vindas e level.id.i pela pet iilain ia de u m e o s o f r i m e n t o calado do outro, c o m os atores dizendo m u l t o através d e seus olhares, gestos e posturas.

banco de trás d e u m táxi, c o m a cabeça d e u m dos a m a n t e s l e n t a m e n t e e n c o n t r a n d o apoio no o m b r o do outro; LI d a n d o sopa na boca de P o h , cujos m e m b r o s enfaixados c quebrados o deixam indefeso e d e p e n d e n t e d e Li, c o m u n i c a n d o seus papéis e m o c i o nais na relação no d o m í n i o do físico através de u m a rica metáfora) deixa claro q u e não iiá u m a maneira fácil d e romper os

mais doce a c o m p a n h a o espectador q u a n d o ele sal do c i n e m a , a p ó s os créditos f i n a i s . U m f i l m e a b s o l u t a m e n t e perfeito. EH

Roteiro: W o n g Kar-wai Fotografia: Christopher Doyle Música: Danny Chung Elenco: Leslie Cheung, Tony Leung Chiu W a l , Chen Chang, Gregory Dayton Festival de Cannes: W o n g Kai w.n (diretor), indicação (Palma de O 1 1 1 1 1 )

A gangorra entre a traição e u m a ternura excruciante ( u m cigarro c o m p a r t i l h a d o no

laços q u e u n e m e s u f o c a m . A tristeza

Produção: Ye-cheng Chan, Chan Yecheng

WÊ/T


PRINCESA M0N0N0KE

(1997)

(MOiMONOKE HIME) Existem vários m o t i v o s para discutir a t é q u e p o n t o os de s e n h o s a n i m a d o s o u f i l m e s d e a n i m a ç ã o pertencem ao c a m p o do c i n e m a o u se, i n d e p e n d e n t e m e n t e d e q u ã o bri l h a n t e s s e j a m , são u m a forma de arte distinta e específica. As a n i m a ç õ e s d e Hayao M i y a z a k i , sobretudo Princesa Mo nonoke, s u a obra-prima m a i s c o m p l e t a , ao m e s m o t e m p o i n c i t a m e t r a n s c e n d e m essa discussão. Princesa

Mononokc

Japão (Dentsu, Nippon TV, Ghibli,

propõe u m desafio na medida e m q u e elabora sobre u m a lenda i n c r i v e l m e n t e c o m p l e -

lokuma Shoten) 133 m i n . Fujicolor

xa, g r a f i c a m e n t e criativa e i d e o l o g i c a m e n t e exigente, utilizando m a i s as ferramentas

Idioma: japonês Direção: Hayao Miyazaki 1'rodução: Toshio Suzuki Roteiro: Hayao Miyazaki l o i o g r a f i a : Atsushi Okui Música: Jõ Hisaishi

de d e s e n h o e m o d e l a g e m d o q u e as d e u m f i l m e tradicional. N ã o o b s t a n t e , a capaci dade do f i l m e d e provocar fortes e m o ç õ e s , a profundidade c a a m b i g ü i d a d e dos seus personagens principais, a extraordinária m u l t i p l i c i d a d e dos personagens secundários e a busca por algo q u e está a l é m d o q u e se encontra tão l i n d a m e n t e d e s e n h a d o - t u d o isso, d e certa f o r m a , resulta e m u m a mescla d e a n i m a ç ã o , usada para realizar seu p o -

r l c n c o : Yôji Matsuda, Yuriko Ishida,

tencial maior, e técnicas d e c i n e m a t r a d i c i o n a l , q u e serve c o m o u m portal para as di

Yuko Tanaka, Kaoru Kobayashi,

m e n s õ e s invisíveis do m u n d o através da gravação m e c â n i c a da realidade.

M.is.iliiko Nishimura,Tsunehiko i' amljoe, S u m i S h i m a m o t o , Tetsu w.ii.iiiabe, Mitsuru Satô, Akira N.if.uya, Akihiro M i w a , Mitsuko Mori, HKaya Morishige

Guerreiros míticos e princesas a m a l d i ç o a d a s , feras arcaicas e d e m ô n i o s industriais, figuras do mal desejáveis e arco-íris mágicos - todos p o d e m correr e esbravejar, luL.11 c amar, subir a t é as estrelas e s ú b i t a , m a s t e m p o r a r i a m e n t e desaparecer na reificação do f o r m a t o infantil d o s rostos h u m a n o s n a s m ã o s dos d e s e n h i s t a s j a p o n e s e s . Neste f i l m e , o q u e é raro e m a n i m a ç õ e s , o s a n g u e se refere a o s a n g u e real, a m o r e morte são representados por t i n t a s coloridas e t u d o possui u m a presença q u e pertence ao m u n d o real. A n i m a i s f a n t á s t i c o s v. q u e s t õ e s ecológicas da a t u a l i d a d e interagem como e l e m e n t o s d e u m a m e s m a natureza. S e M i y a z a k i é bem-sucedido a o criar este singulai e n c o n t r o entre a n i m a ç ã o e f i l m e tradicional, t e m a ver c o m a energia t a n t o da narrativa q u a n t o da arte-final, a i m p r e s s i o n a n t e t e n s ã o q u e p e r m a n e c e d u r a n t e t o d o o f i l m e , da primeira à ú l t i m a i m a g e m . N ã o diga a M i y a z a k i q u e os f i l m e s q u e ele faz n ã o são de v e r d a d e , porque ele está convencido d e que são. E ele é t ã o audaz q u a n t o seus perso nagens. Só p o d e m o s torcer para q u e c o n t i n u e a s s i m . J - M F


LOS ANGELES - CIDADE PROIBIDA

(1997)

EUA (Monarchy, Regency, Warner Bros.) 138 m i n . Technicolor

;L.A. COIMFIDEIMTIAL) A m b i e n t a d o na Los Angeles dos a n o s 50, u m p â n t a n o i m u n d o d e policiais corruptos flertando c o m c r i m i n o s o s n o v a t o s e tablóides inexperientes, o f i l m e Inteligente e v i -

Idioma: inglês Direção: Curtis Hanson Produção: Curtis H a n s o n , Arnon

brante de C u r t i s H a n s o n reduz as m u i t a s t r a m a s do best sellcr policial de J a m e s Lllroy

M i l c h a n , Michael C. Nathanson

ao seu cerne e m o c i o n a l . O r i t m o de H a n s o n é perfeito, seu elenco travesso e inspirado,

Roteiro: Brian Helgeland, Curtis Hanson,

e n q u a n t o ele d e s e n h a a aliança m o r a l m e n t e a m b í g u a entre três policiais r a d i c a l m e n t e

baseado no livro de J a m e s Ellroy

i n c o m p a t í v e i s reunidos na i n v e s t i g a ç ã o de u m a s s a s s i n a t o m ú l t i p l o . Kevin Spacey está

Fotografia: Dante Spinotti

à v o n t a d e no p e r s o n a g e m de u m policial c o m pose de " c e l e b r i d a d e " q u e se recusa a

Música: Jerry Goldsmith

delatar seus c o l e g a s . Russell C r o w e aparece sensual c bruto c o m o o policial v i o l e n t o , porém b e m - i n t e n c i o n a d o , q u e se v ê colocado contra u m policial e n g o m a d i n h o c c o m pretensões d e fazer carreira (Cuy Pearce) pelo a m o r d e u m a prostituta de luxo, interpreada por K i m Baslnger ( e m excelente a t u a ç ã o , n u m papel sob medida para ela). Tingido pelo s u n t u o s o t o m q u e n t e dos f i l m e s nolr coloridos e por vezes l e m b r a n d o 1 fotografia do clássico Chinatown

(1974), Los Angeles - Cidade proibida é u m f i l m e s e n -

Elenco: Kevin Spacey, Russell Crowe, Guy Pearce, J a m e s Cromwell, Kim Basinger, Danny DeVito Oscar: Brian Helgeland, Curtis Hanson (roteiro), Kim Baslnger (atriz coadjuvai Ur) Indicação ao Oscar: Arnon Milchan, Curtis Hanson, Michael G. Nathanson

sual, i n t r i g a n t e e cínico ao m e s m o t e m p o . Embora c o n t r a p o n h a o o t i m i s m o i m p e t u o s o

(melhor filme), Curtis Hanson (diretor),

dos anos 50 a o c i n i s m o m e l a n c ó l i c o dos a n o s 30 e m a c u l e a m b o s c o m u m verniz da e s -

Jeannine Claudia Oppewalljay Hart

perteza dos a n o s 90, o filme t a m b é m é r o m â n t i c o - talvez o ú l t i m o grande s u p o r t e da jusca febril d o s f i l m e s nolr a m e r i c a n o s pelos s o n h o s e por sua d e s t r u i ç ã o . D e t e t i v e s e 1

.elas m u l h e r e s c o l i d e m e m u m l a m e n t o esplêndido pela perda do verdadeiro amor, da oral, da < oragem e, et 11 uli ima Instânt ia, da esperança poi nina 1 1 1 I 1 ura 1 ívii . 1 1 1 1 m e

a m e r i c a n a . ET

m

NA GARGANTA (1997)

(direção de arte), Dante Spinotti (fotografia), Peter Honess (edição), Jerry Goldsmith (música) Festival de Cannes: Curtis Hanson, indicação (Palma de Ouro)

Irlanda / EUA (Ceffen, Warner Bros.)

(THE BUTCHER BOY)

109 m i n . Technicolor

U m dos m e l h o r e s e mais I n t i m i s t a s f i l m e s de Neil J o r d a n , Nó na garganta

virou u m

inteiro d e l i c i o s a m e n t e perverso nas m ã o s d e J o r d a n e Patrick M c C a b e , autor do rom a n c e h o m ô n i m o no qual o filme foi b a s e a d o . Passado na Irlanda rural da década de 50, é a história de u m rapaz q u e , a t o r m e n t a d o pela inconstância c o a b a n d o n o , recolhe-se e m u m m u n d o d e fantasia repleto de a v e n t u r a s , a l i m e n t a d o pela televisão imagens da Guerra Fria. A b a n d o n a d o por sua m ã e instável (Alsllng 0 ' S u l l l v a n ) e s e u pai f r a c a s s a d o c alcoólatra (Stephen Rea) e perseguido pela fofoqueira de p l a n t ã o da lade (Fiona S h a w , hilária), o j o v e m Francle, Interpretado c o m energia v i b r a n t e pelo

Idioma: Inglês Direção: Neil Jordan Produção: Redmond Morris, Stephen Woolley Roteiro: Neil Jordan, Pat McCabe, baseado no livro de Pat McCabe Fotografia: Adrian Biddle Música: Elliot Goldenthal Elenco: Eamonn O w e n s , Sean

Lreante E a m o n n O w e n s , m e r g u l h a na loucura e na raiva e m u m ciclo d e episódios

McGinley, Peter G o w e n , Alan Boyle,

plosivos q u e a f a s t a m a t é m e s m o o seu d e d i c a d o m e l h o r a m i g o .

Andrew Fullerton, Fiona Shaw,

Q u a n d o o c o n s o l o q u e Francie recebe após a visão de u m a Virgem Maria (Sinead 1 1 ' C o n n o r , u m a e s c a l a ç ã o Imprevisível) terrestre se esgota, o rapaz sela o seu d e s t i n o im u m ato de v i n g a n ç a de tirar o fôlego. Apesar d e seus t e m a s s o m b r i o s , não há nada n t i m e n t a l e m Nó na garganta.

Filmado c o m t o m a d a s ágeis e febris, o f i l m e cresce,

im seu t o m c o n v e n c i d o e trilha sonora alegre, a t é alcançar u m clímax d e a m e a ç a mesclada c o m tristeza, i m i t a n d o o e s t a d o d e a l m a etrático d e Francle e seu d o m para l u t o c o m i s e r a c ã o . ET

Alsllng O'Sullivan, Stephen Rea, John Kavanagh, Rosaleen Linehan, Anita Reeves, Gina Moxley, Niall Buggy, Ian Hart, Anne O'Neill Festival de Berlim: Neil Jordan (Urso de Prata - direção), indicação (Urso de Ouro), Eamonn O w e n s (menção especial)

867


EUA (Canal+ Droits Audiovisuels, Fox Sean hllght, Good Machine) 112 m i n . lei linicolor

TEMPESTADE DE GELO (1997) (THE ICE STORM) O escritor Rick M o o d y captou o clima da década de 50 c o m Tempestade de gelo, a f.r.

Idioma: inglês

c i n a n t e história de d u a s f a m í l i a s s u b u r b a n a s e m queda livre e m o c i o n a l . Ao adaptar o

DlrtçSo: Ang Lee Produção: Ted Hope, Ang Lee, J a m e s

livro para o c i n e m a e m 1997, o diretor t a l w a n ê s A n g Lee extraiu a t u a ç õ e s hábilmente c o n t r o l a d a s d e u m elenco de estrelas: Kevln Kline, Joan Alien, S l g o u r n e y Weaver, Chile

S F H A M U S

T

Itoteiro: James S c h a m u s , adaptado

tina Ricci, Elijah W o o d , A d a m Hann-Byrd e Tobey M a g u i r e . A t r a m a limitada d e u m a

de 11111 livro de Rick M o o d y

história de tragédias, t a n t o p e q u e n a s q u a n t o grandes, é m a i s sentida do que contada,

lotografia: Frederick Elmes

através d e u m a série de cenas m e l a n c ó l i c a s e e n v o l v e n t e s .

M I R . i c a : Mychael Danna

Passada e m 1973 e m New C a n a a n , Connecticut, u m suburbio-satélite de Nova York -

Elenco: Kevin Kline, Joan Allen, Henry

c o m p r e e n d e n d o a sensação de desconforto que acomete a cidade há algum t e m p o -, ,r,

( /einy, Adam Hann-Byrd, David

famílias vizinhas Hood e Carver levam vidas praticamente idênticas. O s adultos bebem

Ki urnholtz, Tobey M a g u i r e , Christina t

, ]. 111 icy Sheridan, Elijah W o o d ,

slgoumey Weaver, Kate B u r t o n , W I L L I . N U c ain, Michael Cumpsty, Maia

e f u m a m d e m a i s , conversam sobre filmes pornôs ou W a t e r g a t e . B e n j a m i n Hood (Kline) t e m u m caso extraconjugal desprovido de paixão com Janey Carver (Weaver, com o figu rlno sexy de u m a femme fatale da década de 70) e n q u a n t o a mulher de Hood (Alien, com

Dan/lgei, Michael Egerman

o cabelo preso e m u m coque Impecável), m e s m o desconfiada, é Incapaz de extrair uma

tr-.iiv.il de C a n n e s : J a m e s S c h a m u s

confissão de seu marido. Enquanto isso, seus filhos (Ricci, Hann-Byrd c W o o d ) experi

(roteiro), Ang Lee, indicação (Palma

m e n t a m sexo e bebidas de maneira estóica - cumprindo rituais, m a s s e m e m o ç ã o . Paul

1 Ir

1 MINI)

Hood (Maguire), o personagem principal e t a m b é m o mais cheio de vida, é u m j o v e m que vê sua família c o m o uma espécie de Quarteto Fantástico, u m grupo de super-heróls Ineptos. O clima funciona c o m o mais uma força misteriosa e mortal que os dois casais não p o d e m conter, limitando-se a lidar c o m suas conseqüências. KK

Canadá (Alllance, Canadlan Film a n d v e l e n Production Tax Credit, Ego Gort, Harold Greenberg Fund, T M N , lelclllm Canada) 112 m i n . Cor Idioma: FALTA I D I O M A Direção: Atom Egoyan Piodução: A t o m Egoyan, Camella

0 DOCE AMANHA (1997) (THE SWEET HEREAFTER) U m a veidadelra exceção no q u e diz respeito à s a d a p t a ç õ e s literárias, O doce ainanbri Ilda c o m o livro de Russell Bank de f o r m a t ã o inteligente q u e m e s m o B a n k s concorda que o f i l m e melhora seu livro. A b r a n d a n d o suas notórias linhas do t e m p o recortadas e seu fascínio c o m m u l t i m í d i a , o diretor A t o m Egoyan cria u m a exploração da perda que

lilebcrg

é direta e q u a s e possui u m t o m de fábula. Egoyan Incorpora b r i l h a n t e m e n t e " O f l a u -

Roteiro: Atom Egoyan, baseado no

tista d e H a m e l i n " e m seu f i l m e , o q u e d á a o s e v e n t o s dolorosos u m a u n i d a d e t e m á t i c a

llviii rle Russell Banks

reflexiva e sombria.

lotografia: Paul Sarossy Música: Mychael Danna, Sarah Polley Elenco: lan H o l m , Caerthan Banks, '.,11,1h Polley, Tom M c C a m u s , ' labrlelle Rose, Alberta W a t s o n , M a u i y c h a y k i n , Stephanie Morgenstern, Kirsten Kieferle, ARANEE

Khanjlan

Q u a n d o u m ô n i b u s escolar b a t e e acaba a f u n d a n d o sob o gelo, m a t a n d o a maioria de seus j o v e n s passageiros, os h a b i t a n t e s de u m a pequena cidade precisam encontrar f o r m a s de lidar c o m as questões da perda, exacerbadas pela presença d e u m advogado de fora de cidade (Iam Holm) q u e pensa que s o m e n t e a culpabilização d e a l g u é m pode aliviar os s e n t i m e n t o s de culpa coletiva da cidade. Egoyan revela a tragédia e m si aos poucos e de f o r m a f r a g m e n t á r i a . C o n f o r m e os e v e n t o s d a q u e l e dia se t o r n a m mais claros, o m e s m o a c o n t e c e c o m a representação do a c i d e n t e feita pelo diretor. Enquanto

Indicação ao Oscar: A t o m Egoyan

a busca de H o l m por u m a r e c o m p e n s a financeira e e m o c i o n a l se aproxima d e seu f i m , o

(111111111). A t o m Egoyan (roteiro)

t e s t e m u n h o de u m sobrevivente se torna u m a parte cada vez m a i s central de seu caso,

1 estival de Cannes: A t o m Egoyan

m a s ele logo descobre q u e , d i a n t e do desespero e x t r e m o , a l g u m a s vezes a honestidade

(Pietnlo FIPRESC1), (grande prêmio du jiui), (prêmio do júri ecumênico), iiiilli ação (Palma de Ouro)

K(,H

pode vir depois da necessidade d e reconciliação. J K L


BOOGIE NIGHTS

(1997)

Risco não é u m a q u a l i d a d e g e r a l m e n t e associada ao c i n e m a a m e r i c a n o , m a s de vez e m q u a n d o aparece a l g u é m mais o u s a d o para dar u m a a p i m e n t a d a nas coisas. Na década de 90, o salvador da pátria foi Paul T h o m a s A n d e r s o n . Boogie Nights, seu s e g u n d o longa-metragem após o m e n o s p r e z a d o Jogado de risco (1996), é u m f a s c i n a n t e épico sobre a indústria da pornografia no final da década d e 70 e início da de 80. M a r k W a h l b e r g interpreta u m adolescente do S u l da Califórnia que tira proveito dos seus dotes físicos prodigiosos para se tornar u m ícone pornô c h a m a d o "Dirk Dlggler". Recriando c o m perfeição u m a era de calças boca-de-sino, discotecas e l a m e n t á v e i s abusos f a r m a c ê u t i c o s e sexuais, A n d e r s o n choca c surpreende c o m u m a visão do m u n d o pornô q u e é, ao m e s m o t e m p o , satírica e c o m p a s s i v a . N ã o é n e n h u m exagero dizer q u e Boogie Nights a m b é m funciona c o m o u m e s t u d o de história social. O f i l m e se passa justo q u a n d o a pornografia de celulóide estava c o m e ç a n d o a perder espaço para f o r m a t o s novos c m a i s baratos de vídeo, m a s a m u d a n ç a registrada no f i l m e vai a l é m da mera tecnologia. C o m o o próprio François Truffaut certa vez a f i r m o u , na década de 70 o pornô a m e a ç a v a tornar se u m n o v o gênero, c o m f i l m e s c o m o Garganta profunda, Arras da porra verde e O diabo cm Miss Jones atraindo platéias de classe média e m o d e r n l n h o s e m m a s s a . M a s e n t ã o surgiu o vídeo e, d e repente, o s i s t e m a do st rela to pui nu e .is [ a m a s i a s 1 ineinatográiii as pui ele i 11 spii atlas foram br u La! m e u te substituídos por u m a estética q u e enfatizava a banalidade de corpos sendo exibidos na tela

talvez u m a a n t e c i p a ç ã o do q u e viria mais tarde na televisão a m e r i c a n a dos

anos 90. Burt Reynolds, possivelmente e m sua melhor a t u a ç ã o até hoje, Interpreta o cineasta e patriarca de u m a " f a m í l i a " excêntrica composta por colaboradores da Indústria pornô, como J u l i a n n e M o o r e , W i l l i a m H. Macy, J o h n C. Reilly, Philip S e y m o u r H o f f m a n e outros que logo ficariam conhecidos c o m o parte do grupo m a i s próximo de A n d e r s o n . C o m o

EUA (Ghoulardi, Lawrence Gordon, New Line) 152 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Paul Thomas Anderson Produção: Paul Thomas Anderson, Lloyd Levin, John S. Lyons, J o a n n e Sella r Roteiro: Paul Thomas Anderson Fotografia: Robert Elswlt

outros diretores de sua geração, Anderson t e m u m a queda pot t o m a d a s ágeis, a p a r e n -

Música: Michael Penn

t e m e n t e impossíveis. C o n t u d o , e m seus f i l m e s elas j a m a i s parecem gratuitas. Pelo c o n -

Elenco: Mark Wahlberg, Burt

trário, servem para reforçar c o n s t a n t e m e n t e a complexidade d e sua narrativa, à medida

Reynolds, Luis G u z m a n , Julianne

que deixa claro que cada c a m a d a gera i m p a c t o e influencia todas as outras. R P

Moore, Don Cheadle, Philip Baker Hall, Heather G r a h a m , Philip Seymour H o f f m a n , Thomas Jane, William H. Macy, Ricky Jay, John C. Reilly, Robert Rldgely, Alfred Molina, Nicole Ari Parker Indicação ao Oscar: Paul Thomas Anderson (roteiro), Burt Reynolds (ator coadjuvante), Julianne Moore (atriz coadjuvante)


França / Irã (Abbas Kiarostami, CiBy ;ooo)

95 m i n . Cor

idioma: farsi Direção: Abbas Kiarostami Produção: Abbas Kiarostamj P o l e i r o : Abbas Kiarostami

Fotografia: H o m a y u n Payvar Elenco: Homayon Ershadi, Ahilnlrahman Bagberi, Afshin Kliuisliid Bakhtiari, Safar Ali M o r a d i , Mir Hossein Noori f e s t i v a l d e C a n n e s : Abbas Kiarostami (Palma de Ouro), e m p a t a d o com i 'MII./I

GOSTO DE CEREJA

(1997)

(TAM E GUILLAS) U m h o m e m de meia idade ( H o m a y o n l isliadi) que deseja se suii Idai dirige pelas coll nas e m p o e i r a d a s dos arredores d e Teheran procurando por a l g u é m q u e o enterre se ele for bem-sucedldo e q u e o socorra se ele falhar. Este f i l m e de Abbas Kiarostami, m i n i m a l i s t a porém poderoso c valorizador da vida, nunca explica por q u e o h o m e m quer acabar c o m sua vida, e é a t é inconclusivo sobre se ele c o n s e g u e . No e n t a n t o , cada m o m e n t o ao longo do seu dia de odisséia é carregado de I m p a c t o e peso filosófico. Gosto de cereja p e r m a n e c e u , de várias f o r m a s , o f i l m e mais controverso d e Kiarostami desde q u a n d o dividiu a Calina de Ouro de ( , n i n e s e m 199/ com Uiiucji, de Shohel Ima m u r a . Isso se deve e m parte ao f i l m e transferir m u i t o d e seu significado e potência ao e s p e c t a d o r e à natureza do seu I n v e s t i m e n t o no q u e está assistindo. C o m o m u i t o s dos outros filmes d e K i a r o s t a m i , este é centrado sobre as v i v ê n c i a s s i m u l t a n e a m e n t e privadas e públicas d e u m p e r s o n a g e m e m u m carro d a n d o carona a o u t r o s . E, assim c o m o a experiência de assistir a u m f i l m e no c i n e m a c o m b i n a respostas pessoais às reações do público, este é u m f i l m e q u e fala de a m b a s as situações. Relaclonamo-nos c o m Gosto cie cereja sozinhos e c o m os outros. K i a r o s t a m i - t r a b a l h a n d o s e m roteiro, m a s construindo sua história b a s i c a m e n t e a partir d e diálogos q u e a c o n t e c e m no carro - f i l m o u cada u m dos atores separadam e n t e e n q u a n t o ocupava ele m e s m o o assento do motorista o u do carona, provocando respostas dos atores a m a d o r e s c o m o se os entrevistasse. Desse m o d o , o tema do isol a m e n t o , q u e é central ao f i l m e , é Integrado ao m o d o c o m o ele foi criado. Você se i d e n tifica c o m o herói infeliz, com o soldado Iraniano, o seminarista afegào, o taxidermista turco com q u e m o herói conversa o u c o m todos os quatro? K i a r o s t a m i é mestre e m filmar paisagens e construir narrativas s e m e l h a n t e s a parábolas cujos peças ausentes exigem a I m a g i n a ç ã o ativa do espectador. Essa exigência se e s t e n d e para a l é m da t r a m a e dos personagens do f i l m e a t é sua coda surp r e e n d e n t e m e n t e alegre e auto-referente. U m epílogo centrado na c a m a r a d a g e m q u e se s e g u e a esta história sobre o i s o l a m e n t o irradia m a r a v i l h a m e n t o e euforia. JRos

:;/o


JOGOS PERIGOSOS

(1997)

Áustria (Wega) 108 m i n . Cor Idioma: a l e m ã o / f r a n c ê s

(FUNNY GAMES) Neste f i l m e brutal e provocador de " i n v a s ã o de d o m i c í l i o " - u m s u b g ê n e r o reconhecível já e m D. W . Criffith e familiar hoje e m f i l m e s c o m o Laranja domínio

mecânica

(1971), Sob o

do medo (1971) e O quarto do pânico (2002) --, M i c h a e l H a n e k e leva a platéia ao

limite, forçando-nos a c o n t e m p l a r a ausência de sentido na violência aleatória, b e m c o m o nosso fascínio incessante por observá-la na tela. U m a família bem-sucedida vai passar férias e m sua casa à beira de u m lago. Logo após c h e g a r e m , u m j o v e m gordinho e d e aparência asseada (Frank Giering) bate à porta, pedindo p o l i d a m e n t e u m ovo e m p r e s t a d o . Logo se j u n t a a ele u m a m i g o m a i s magro e ainda m a i s refinado {Arno Frisch, astro do f i l m e anterior e i g u a l m e n t e pertur-

Direção: Michael Haneke Produção: Veit Heiduschka Roteiro: Michael Haneke Fotografia: Jürgen Jürges Música não originai: Georg Fiiediu h Händel, Pietro Mascagni, Wolfgang Amadeus Mozart Elenco: Susanne Lothar, Ulrich M ü h e . Arno Frisch, Frank Giering, Stefan Clapczynski, Doris K u n s t m a n n ,

bador d e H a n e k e , Benny's Video, d e 1992). Enganada i n i c i a l m e n t e pela aparência bem-

Christoph Bantzer, W o l f g a n g Gliii k,

cuidada dos rapazes e por estes se dizerem a m i g o s da família a o lado, A n n a , a esposa

Susanne M e n e g h e l , Monika Zallingei

( S u s a n n c Lothar), os deixa entrar na casa. U m a vez lá d e n t r o , no e n t a n t o , os rapazes i n c a p a c i t a m o m a r i d o (Ulrich M ü h e ) , forçam Anna a tirar a roupa e a t i r a m no j o v e m filho do casal (Stefan Clapczynski). E n q u a n t o os a d o l e s c e n t e s sádicos brincam d e jogos nada e n g r a ç a d o s c o m suas v í t i m a s , o diretor brinca c o m seu público: e m u m m o m e n t o , após A n n a conseguir matar u m d e seus captores, Haneke interrompe o fluxo da narrativa, p e r m i t i n d o ao amigo do rapaz " v o l t a r " o f i l m e e salvar seu parceiro. Aqui não há u m final feliz, apenas questões perturbadoras e a inevitabilidade da desgraça i m i n e n t e . S J S

Festival de Cannes: Michael Haneke, indicação (Palma de Ouro)


TITANIC (1997) A historia por trás da obra de a m o r do diretor J a m e s C a m e r o n é quase m a i s d r a m á t i c a do q u e a q u e se desenrola na tela. C o m u m o r ç a m e n t o declarado de m a i s d e 200 m i l h õ e s de dólares, já a n t e s de seu l a n ç a m e n t o Titanic recebeu a honra duvidosa de ser a produção m a i s cara de todos os t e m p o s . M u i t o d o custo veio de seis m e s e s de f i l m a g e m no México c o m u m a réplica d e 230 m e t r o s do f a m o s o navio que a f u n d o u ao colidir com u m iceberg e m 1912. Foi u m a f i l m a g e m problemática - Incluindo atra sos c a u s a d o s pelo e n v e n e n a m e n t o do elenco c da equipe de produção por c o m i d a c o n t a m i n a d a c o m a droga PCP na Nova Escócia. Surgiram rumores de q u e C a m e r o n era u m perfeccionista m a l u c o . Sua atenção aos detalhes Incluiu contratar c o m o supervisores as c o m p a n h i a s originais EUA (Fox, Llghtstorm, Paramount)

q u e forneceram os m ó v e i s c a d e c o r a ç ã o do verdadeiro Titanic, para q u e cada c a n d e -

194 min. Cor

labro e prato fosse u m a réplica perfeita. M a s , a p ó s o sucesso estrondoso de bilheteria

Idioma: inglês / francês / alemão

do f i l m e (mais d e 1 bilhão de dólares no m u n d o inteiro) c do m a i o r n ú m e r o de prêmios

/sueco

Oscar (11) recebidos desde Ben-Hur (1959), C a m e r o n passou a ser considerado u m gênio

Direção: J a m e s Cameron

c boje é m e r e c i d a m e n t e tido c o m o u m dos diretores mais bem-sucedidos d e todos

Produção: J a m e s Cameron, J o n

os t e m p o s .

i indau

Roteiro: J a m e s Cameron Fotografia: Russell Carpenter

A visão de C a m e r o n é m e t a d e O destino do Poseidon c m e t a d e Lovc Boat, u m a vez que r o m a n c e e desastre c m alto-mar são explorados e m Igual m e d i d a . Kate W l n s l e t

M ú s i c a : J a m e s Horner

estrela c o m o Rose, a j o v e m soclalite q u e deve se casar c o m o covarde e malicioso Cal

Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate

(Billy Z a n e ) m a s se apaixona pelo passageiro da classe mais-que-econômica J a c k (Leo

Winslet, Billy Z a n e , Kathy Bates, Bill

nardo DiCaprio) logo antes de o navio mais f a m o s o do m u n d o mergulhar e m direção

I'.ixton, Gloria Stuart, Frances Fisher,

à sua t u m b a a q u á t i c a . O r o m a n c e proibido é o coração do filme. C a m e r o n abusa dos

Bernard Hill, J o n a t h a n Hyde, David W a m e i . Victor Garber, Danny Nuccl, I ewis Abernathy, Suzy A m i s , Nicholas Cascone Oscar: J a m e s C a m e r o n , J o n Landau (melhor filme), J a m e s Cameron (diretor), Peter L a m o n t , Michael I nul (direção de arte), Russell i ai penter (fotografia), Deborali I vim scott (figurino), Tom Bellfort, In Istopher Boyes (efeitos especiais •

os), Robert Legato, Mark A.

I a v i l i , Thomas L. Fisher, Michael I- .miei (efeitos especiais visuais), ad Buff, J a m e s Cameron, Richard A. Harris (edição), J a m e s

efeitos especiais para mostrar d e maneira realista o horror q u e está por vir, forçando seus atores a passar dias e m água g e ada f i l m a n d o as cenas a s s u s t a d o r a s e m q u e o navio " I n s u b m e r g í v e l " c o m e ç a a a f u n d a r e e n t ã o se parte ao m e i o . Um

megassucesso

por excelência,

Titanic t r a n s f o r m o u DiCaprio e m superastro e ídolo a d o l e s c e n t e . O f i l m e t e m u m a d a s trilhas sonoras m a i s v e n d i d a s de todos os t e m p o s - e m grande parte devido ao sucesso de Celine Dion, o te ma " M y Heart W i l l G o O n " . E m t e r m o s d o t a m a n h o da produção e por sua e s -

I li H lier (música), J a m e s Horner, Will

cala épica, Titanic

leiiiilngs (canção), Gary Rydstrom,

f i l m e s m a i s Impressionantes de todos

loin J o h n s o n , Gary S u m m e r s , Mark

os t e m p o s . JB

Ulano (som) Indicação a o O s c a r : Kate Winslet (alii/), Gloria S t u a r t (atriz i »adjuvante), Tina Earnshaw, Gieg C a n n o m , Simon T h o m p s o n (ffllqutagem)

permanece u m dos


ABRE LOS OJOS

(1997)

Espanha / França / Itália (Escorpión,

O Abre los ojos de Alejandro A l m e n á b a r talvez seja mais conhecido c o m o o f i l m e espanhol refilmado por C a m e r o n Crowe c o m o Vanilla

sky (2001), c o m T o m Crulse, m a s

merece ser visto c o m o a obra virtuosa e v e r d a d e i r a m e n t e original que é. Intrigado c o m a criogenia e a realidade v i r t u a l , A m e n á b a r disse que desejava fazer u m f i l m e " r e a l i s t a " de f i c ç ã o científica a p e n a s c o m " â n g u l o s d e c â m e r a " ao Invés de efeitos especiais I m pressionantes. M a s Abre los o/os transcende u m a classificação fácil a s s i m , exceto se considerado u m precursor d e f i l m e s c o m o eXistenZ (1999), Matiix

(1999), Clube da luta

(1999), O sexto sentido (1999), Amnésia (2000) e Cidade dos sonhos (2001) - f i l m e s s o t u r nos que, construídos c o m o quebra-cabeças paranóides, p o d e m ser separados e m c a m a -

Alain Sarde, Lucky Red, Sogetel)

117 min. Cor Idioma: espanhol Direção: Alejandro Amenábar Produção: Fernando Bovalra, Jose Luis Cuerda Roteiro: Alejandro Amenábar, M a i e n Gil Fotografia: Hans Burman Música: Alejandro Amenábar,

das, m o s t r a m a Identidade c o m o u m d e s e m p e n h o o u experiência v i r t u a l , q u e s t i o n a m a

Mariano Marin

natureza do t e m p o c da realidade e precisam ser vistos ao m e n o s duas vezes.

Elenco: Eduardo Noriega, Penélope

No c o m e ç o do f i l m e , o bem-sucedldo e narcisista César (Eduardo Noriega) se livra da última m o ç a c o m q u e m passou a n o i t e , c o n h e c e Sophia (Penélope Cruz), a " m o ç a dos seus s o n h o s " , e trai seu m e l h o r a m i g o na noite anterior, acordando e m seguida e m

Cruz, Chete Lera, Fele Martinez, Najwa Nimri, Gerard Barray, Jorge de J u a n , Miguel Palenzuela, Pedro Miguel Martinez, Ion Gabella, Joscrra

uma prisão psiquiátrica, a c u s a d o de assassinato, após u m horrível a c i d e n t e d e carro

Cadlnanos, Tristãn Ulloa, Pepe

que o deixa desfigurado. Na prisão, no que por a l g u m t e m p o parece ser a realidade, ele

Navarro, Jaro, Walter Prieto

projeta u m presente e u m futuro a partir dos resquícios da sua vida passada e de filmes já v i s t o s . E n t r a n d o c m crise, ele se torna Incapaz de distinguir a vida do s o n h o

Isto é,

até a série labiríntica de reviravoltas e revelações q u e l e v a m à conclusão, onde a "rcall

Festival de Berlim: Alejandro Amenábar (Prêmio C.I.C.A.E. menção honrosa Panorama - direção)

d a d e " de t u d o o q u e a c o n t e c e u até e n t á o é q u e s t i o n a d a d e maneira arrepiante. L B

FESTA DE FAMILIA

(1998)

Dinamarca (DR, Nimbus Film, SV1 Drama) 105 m i n . Cor

(FESTEN) No balanço f i n a l , " D o g m a 95" - u m m a n i f e s t o d i n a m a r q u ê s q u e exigia f i l m a g e n s e m

Idioma: dinamarquês / alemão /

locações, c â m e r a s na m ã o , s o m direto e n ã o utilização d e efeitos especiais - provavel-

inglês

m e n t e foi m a i s significativo c o m o u m a jogada publicitária a l t a m e n t e bem-sticedida

Direção: Thomas Vinterberg

do que c o m o u m novo paradigma Ideológico, julgando-se sobretudo pelos longas q u e

Produção: Birgitte Haid

surgiram u s a n d o suas regras básicas: Os idiotas,

Roteiro: Thomas Vlnterberg, Mögen-.

família,

de Lars V o n Trier (1998), e Festa de

d e T h o m a s Vlnterberg. O s dois f i l m e s , na verdade, a p a r e n t e m e n t e são atos

de rebelião e ousadia literalmente definidos por suas concepções d e classe média e persistente a p o l i t i c l s m o . O trabalho de Vinterberg, q u e é ainda m a i s c o n v e n c i o n a l , e m

Rukov

Fotografia: Anthony Dod Mantle Música: Lars Bo Jensen Elenco: Ulrich T h o m s e n , Henning

t e r m o s de inspiração, do que o d e Lars v o n Trier (pense e m Ibsen, Strindberg, B e r g m a n ) ,

Moritzen, Thomas Bo Larsen, Paprlkl

é v e r d a d e i r a m e n t e explosivo e cxc< utado com maestria.

Steen, Birthe N e u m a n n , Trine

Filmado com as menores e mais leves câmeras de vídeo então disponíveis, Festa de família

é a crônica d e batalhas familiares amargas e violentas que se d e s e n r o l a m e m

uma casa d e c a m p o na qual o aniversário de 60 a n o s do patriarca está sendo c o m e m o r a -

Dyrholm, Helle Döllens, Therese Glahn, Klaus B o n d a m , Bjarne Henriksen, Gbatokal Dakinah, Lasse Lunderskov, Lars B r y g m a n n , Lene

do pouco t e m p o após a irmã gêmea do filho mais velho ter c o m e t i d o suicídio. As formas

Laub Oksen, Linda Laursen

extremas de c o m p o r t a m e n t o agressivo q u e e m e r g e m desde o início e o estilo dos cortes

Festival de Cannes: Thomas

rápidos e crus de Vlnterberg disfarçam o fato d e que este filme é, na verdade, u m a peça

Vinterberg (prêmio do júri),

bem escrita, d e s e m p e n h a d a e dirigida de psicodrama e m vez do experimento revolucionário que dizia ser. M a s a incrível força dramática originária do d e s v e l a m e n t o gradual

empatado com La Classe de neiqe, indicação (Palma de Ouro)

de segredos de família eventual e j u s t i f i c a d a m e n t e acaba nos envolvendo. J R o s

8/1



I H A (Amblln, DreamWorks, Mark Ion, M u t u a l , Paramount) 170 m i n . I n Iiiiii 1 1 I 1 1 1

Idioma: Icheco / inglês / francês /

0 RESGATE DO SOLDADO RYAN m i (SAVING PRIVATE RYAN) Desde seus primeiros t r a b a l h o s , S t e v e n Splelberg m o s t r o u u m d o m quase extraoi

alemão

dinárlo para fazer f i l m e s , sobretudo para as m a q u i n a ç õ e s do s u s p e n s e e dos efeitos

i'i,,', .in s i r v e n Spielberg

especiais, u m d o m a o qual as platéias responderam e m m u l t i d õ e s . M a s o sucesso

Produção: Ian B r y c e . M a r k Gordon,

estrondoso dos primeiros f i l m e s c o m o Tubarão (1975) c Contatos imediatos do terceiro

1 ,,n v I evlnsohn, Steven Spielberg

grau (1977) - q u e a j u d a r a m a solidificar a m e n t a l i d a d e d e m e g a s s u c e s s o s da H o l l y w o o d

Roteiro: Hubert Rodat

m o d e r n a - de a l g u m a forma prejudicou a reputação d e Spielberg. Desejoso de respeito,

Fotografia: Janusz Kaminski

sabia que seus f i l m e s sempre seriam considerados mero e n t r e t e n i m e n t o para as m a s

Música: lohn W i l l i a m s

sas e exercícios de técnica.

Elenco: lorn Hanks, Edward Burns, Slzemore, M a t t D a m o n , Jeremy I >,ivies, Adam Goldberg, Barry Pepper, v.uiiil Rlblsi, Vin Diesel, Ted Hanson, Max M a r t i n i , Dylan Bruno,

Ainda a s s i m o diretor t e n t o u a m p l i a i seu espectro c o m experiências maduras, c o m o A cor púrpura (1985) e Império do sol (1987), m a s foi s o m e n t e c o m A lista de Scfiindler (1993), a perturbadora narrativa sobre o H o l o c a u s t o , q u e ele f i n a l m e n t e produziu um filme q u e agradou t a n t o à crítica q u a n t o ao público. Com a exceção de seus dois

l o n g Stadlet, Paul G i a m a t t i , Dennis

f i l m e s d e alto i m p a c t o c ação na séiic jurassic

I .ulna

m a i s o u m e n o s "sério" desde e n t ã o .

' I M .11 '.leven Spielberg (diretor), I

12 Kamlnskl (fotografia), Gary

Hvilsiioni, Richard Hymns (efeitos • I " en-, ,011010s), Michael Kahn (edli,an), Gary Rydstrom, Gary si ('

as, Andy Nelson, Ron Judkins )

Park (1993, 1997), S p l e l b e i g p e i m a n e c e u

O resgate do soldado Ryan introduziu algo de novo no vocabulário do diretor: u m a i n t e n s i d a d e violenta e visceral. Spielberg tinha lidado c o m a violência a n t e s , é claro, m a s t i p i c a m e n t e d e u m a forma cartunesca o u e n t ã o c u i d a d o s a m e n t e m o d e l a d a (e depois explorada) c o m o u m c o n t r a p o n t o d r a m á t i c o para p o n t u a r m o m e n t o s d e horror e x t r e m o . A seqüência inicial d e batalha de Ryan, no e n t a n t o , é i m p l a c á v e l . A s s i m q u e os barcos a m e r i c a n o s c h e g a m à praia da N o r m a n d i a , j o v e n s rapazes são destroçados

Indicação ao Oscar: Steven Spielberg,

por saraivadas incessantes de m e t r a l h a d o r a s , cujos projéteis a t r a v e s s a m seus c a p a c e -

Ian lliyce, Mark Gordon, Gary

tes Inúteis c o m u n i ruído doentio. E n ã o termina aí. Soldados e s t o u r a m e m pedaços.

I evlnsohn (melhor filme), Robert lindai (roteiro), Tom Hanks (ator), llioiii.is I. Sanders, Lisa Dean (illieç.io de arte), Lois Burwell, Conor I I Sullivan, Daniel C. Striepeke (maquiagem), J o h n W i l l i a m s (música)

M e m b r o s v o a m pelos ares e recobrem o c h ã o . O m a r se torna v e r m e l h o - s a n g u e . A câmera se m o v e e r r a t l e a m e n t e c o n f o r m e o f i l m e a s s u m e a cor da m o r t e . O " n o v o " Spielberg não quer prisioneiros. É verdade q u e o Splelberg de outrora n e m sempre consegue resistir ao apelo da s e n t i m e n t a l i d a d e . U m par de parênteses tênues a b r e m e f e c h a m o f i l m e e m u m t o m p u r a m e n t e manipulador, e Spielberg encoraja J o h n W i l l i a m s , seu c o m p o s i t o r preferido, a abusar de suas t e n d ê n c i a s m a i s l a c r i m o g ê n e a s . O q u e é ainda m a i s desconfortável é q u e Splelberg emprega as m e s m a s t é c n i c a s para mostrar os horrores da guerra não só e m sua i m p r e s s i o n a n t e cena inicial d e batalha, m a s t a m b é m no conflito m a i s tradicional do b e m contra o mal na conclusão d o f i l m e . M a s a familiar dicotomia entre m o c i n h o c bandido acaba t r a n s f o r m a n d o a m e n s a g e m antiguerra e m algo mais desafiador. A guerra é u m inferno, Spielberg reconhece, exceto q u a n d o v o c ê está g a n h a n d o , porque, no f i n a l , é a vitória q u e confere o direito d e ditar as regras da m o r a l i d a d e . O resgate do soldado Ryan c o n t é m escuridão s u f i c i e n t e por trás da f u m a ç a da guerra para afastar acusações d e sèr c e g a m e n t e patriota. Ao observar milhares d e covas, u m soldado pergunta à sua m u l h e r : " E u fui u m b o m h o m e m ? " É u m a m a n e i ra a m b í g u a de perguntar não a p e n a s se " v a l e u a pena", m a s t a m b é m "isso foi justificado?". Essas são q u e s t õ e s que c e r t a m e n t e a c o m p a n h a m todos os que s o b r e v i v e m q u a n d o a câmera pára, m o s t r a n d o a m o r t e e a destruição a o redor, ainda q u e causada pela m a i s nobre das c a u s a s . J K L


EUA (CFP, Lions Gate, Muse) n o m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Vincent Gallo Piodução: Chris Hanley Roteiro: Vincent Gallo, Alison Bagnall Fotografia: Lance Acord Música: Vincent Gallo Elenco: Vincent Gallo, Christlna Ricci, Meu Gazzara, Mickey Rourke, Rosanna Arquette, Jan-Michael Vincent,

BUFFALO '66(1998) O ator Vincent Gallo (de Doces criminosos e Os chefões) escreveu, dirigiu e estrelou este drama c ô m i c o i n d e p e n d e n t e , q u e ele descreve c o m o sua obra-prima - u m a a f i r m a ç ã o a r r o g a n t e , talvez, m a s não m u i t o d i s t a n t e da realidade. Ele é Bllly, u m ex-presidiário vulgar q u e seqüestra u m a j o v e m brigona (Christina Ricci, de saia justa e sapatinhos de c o n t o d e fadas) e faz c o m q u e ela finja ser sua adorada esposa d u r a n t e u m a visita a seus pais m a l u c õ e s (Anjelica H u s t o n e B e n Gazzara), q u e n ã o s a b e m q u e o filho e s t e v e preso. Billy lhes disse q u e e s t e v e a u s e n t e t r a b a l h a n d o c o m o a g e n t e secreto pata o governo. M a r a v i l h o s a m e n t e peculiar, este r o m a n c e bizarro de o r ç a m e n t o reduzido esnoba

Au|i'lica Huston, Kevin Pollak, Alex

desempenhos

k,nias, John Sansone, M a n n y Fried,

c o m o o pai pervertido d e G a l l o , m e r e c e m e n ç ã o especial, e n q u a n t o H u s t o n está hilária

liihn R u m m e l , Bob W a h l , Penny

c o m o sua esposa obcecada por futebol a m e r i c a n o ) c a l g u m a s p o n t a s Ótimas de Mickey

W o l l g a n g , Anthony Mydcarz

adequadamente

excêntricos dos quatro atores principais

(Gazzara,

Rourke, J a n M i c l i a e l Vincent e Rosanna Arquette. Gallo, e n q u a n t o isso, a c u m u l a tarefas c o m maestria (ele ate escreveu as m ú s i c a s do f i l m e e usou a casa dos pais, e m Buffalo, c o m o a locação principal), a p r e s e n t a n d o u m olhar Irônico sobre r e l a c i o n a m e n t o s e dosem a n l o i oin u m a variedade de eslilos e i m a g e n s visuais, J B

I UA (American Empirical, linn hstone) 93 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: W e s Anderson Produção: Barry M e n d e l , Paul Schlff Roteiro: W e s Anderson, O w e n W i l s o n Fotografia: Robert D. Yeoman Música: Mark Mothersbaugh Elenco: Jason S c h w a r t z m a n , Bill

TRES E DEMAIS

(1998)

(RUSHMORE) Q u a n d o o diretor W e s A n d e r s o n e s e u co-autor O w c n W i l s o n criaram u m novo nicho c o m Puro adrenalina,

f i l m e d e 1996, os dois ressuscitaram o e n t ã o exaurido reino das

c o m é d i a s a m e r i c a n a s i n d e p e n d e n t e s de baixo o r ç a m e n t o . S u a segunda produção no gênero, o a d o r a v e l m e n t e miserável Três é demais,

se debruça n o v a m e n t e sobre os fra-

cassados e esquisltões de que t a n t o gosta. Max Fischer (papel de J a s o n S c h w a r t z m a n , filho de Talla Shire e sobrinho de Frances

Mi 1 1 1 .iv, Olivia W i l l i a m s , S e y m o u r

Ford Coppola) é u m nerd intelectual d e ó c u l o s , a b s o l u t a m e n t e I m p o p u l a r c o m o u m

1 usei, Brian Cox, M a s o n Gamble,

e s t u d a n t e bolsista na R u s h m o r e A c a d e m y . Correndo o risco d e ser expulso, consegue

'..na lanaka, Stephen McCole, Connie Nielsen, Luke W i l s o n , Dipak Pallana, Ainliew Wilson, Marietta Marich, I'

lie McCawley, Keith McCawley

se tornar presidente de p r a t i c a m e n t e t o d a s as a t i v i d a d e s extracurriculares no c a m p u s . Apesar d e a m a l d i ç o a d o por sua falta d e t a l e n t o s sociais, ele se apaixona por u m a bela professora (Olívia W i l l i a m s ) e encontra u m m e n t o r no rico porém deprimido H e r m a n J . B l u m e (Bill M u r r a y ) . Esta c o m é d i a lenta sobre a vez d o s esquisltões t e m o melhor d e s e m p e n h o dram.il ii o de M u i t.iv, pei 1 1 1 1 1 indo lhe [ m a l m e n t e ser profundo, sofrido e divertido ao m e s m o t e m p o . E a trilha sonora c o m p o s t a b a s i c a m e n t e por rock dos anos 60 dá ao f i l m e a aparência de transcorrer e m q u a l q u e r outro lugar, e não no seu cenário obviamente atual. K K


CORRA LOLA CORRA ra) (LOLA REiMNT) U m f i l m e v i s u a l m e n t e inventivo e c i n é t i c a m e n t e e m p o l g a n t e , Corra Lola corra, d e Tom Tykwer, é u m exercício e m surpresas desde os créditos iniciais, o n d e a cena d e u m a

Alemanha (Bavaria Film, German Independents, W D R , X-Filme, arte)

81 m i n . Cor Idioma: alemão Direção: Tom Tykwer

m u l t i d ã o se transforma e m u m a t o m a d a aérea, m o s t r a n d o de c i m a q u e as pessoas

Produção: Stefan Arndt

f o r m a m o t i t u l o do f i l m e .

Roteiro: Tom Tykwer

A t r a m a é s i m p l e s : Lola (Franka Potente), a j o v e m de cabelos d e fogo, recebe u m

Fotografia: Frank Griebe

t e l e f o n e m a do seu n a m o r a d o M a n n i (Moritz Blcibtreu). M a n n i explica que ele devia e n -

Música: Reinhold Heil, Johnny

tregar 100 m i l m a r c o s a u m gángster, m a s e s q u e c e u a bolsa c o m o dinheiro no m e t r ô .

Klimek, Franka Potente, Tom lykwei

Ele t e m 20 m i n u t o s para encontrar o dinheiro antes q u e os bandidos o m a t e m ; então seu plano é roubar u m banco. O d e Lola é encontrar o dinheiro de outra f o r m a , e o f i l m e a c o m p a n h a sua aventura a toda a v e l o c i d a d e para salvar M a n n i e n q u a n t o os m i n u t o s se p a s s a m . O m o d o c o m o o j o v e m diretor a l e m ã o Tykwer nos mostra a m i s s ã o de Lola é diferente e i n v e n t i v o . S u a história de 20 m i n u t o s é contada três vezes, cada u m a s u t i l -

Elenco: Franka Potente, Moritz Bleibtreu, Herbert Knaup, Nina Petri, Armin Rohde, J o a c h i m Kröl, Ludger Pistor, Suzanne von Borsody. Sebastian Schipper, Julia Lindig, Lais Rudolph, Andreas Petri, Klaus Miillei, Utz Krause, Beate Flnckh

m e n t e diferente, de u m a forma q u e resulta c m três finais a l t e r n a t i v o s . Tykwer usa

Festival de Veneza: Tom Tykwei,

a n i m a ç ã o , t r u q u e s de c a m e r a , f i l m e colorido e preto-e-branco, efeitos d e v í d e o s de

indicação (Leão de Ouro)

música e ainda replays I n s t a n t â n e o s para contar cada aventura c o n f o r m e Lola corre, M a n n i corre c o f i l m e se transforma c m u m a corrida de obstáculos q u e a m b o s d e v e m vencer para sobreviver. Franka P o t e n t e , q u e depois apareceria c o m M a t t D a m o n no blockbuster de H o l l y w o o d A identidade

Botirne (2002), é u m a i m a g e m c i n e m a t o g r á f i c a m a r c a n t e correndo

pelas várias ruas e avenidas do filme, m o v e n d o os braços v i g o r o s a m e n t e , c o m seu c a belo v e r m e l h o e s v o a ç a n t e , m a s ela t a m b é m t e m u m d e s e m p e n h o m a i s profundo e t o cante e m cenas c o m o q u a n d o ela procura seu pai rico (Herbert Knaup) para pedir d i nheiro, m a s descobre q u e ele v a i a b a n d o nar sua m ã e para se casar c o m a a m a n t e . U m experimento cinematográfico i n teressante e pouco u s u a l , cheio de humor, e m p o l g a ç ã o d e tirar o fôlego e energia, t u d o c o n c e n t r a d o e m u m f i l m e da geração M T V feito pelo t a l e n t o j o v e m d e seu roteirista c diretor. J B

H/7


tUA (Good Machine, Killer) 134 min.

Cor Idioma: i n g l ê s / r u s s o Direção: Todd Solondz 1'iodução: Ted Hope, Christine v.n lion Hoteiro: Todd Solqndz lotografia: Maryse Alberti Musica: Robbie Kondor I lenço: Jane A d a m s , Jon Lovitz, Philip Seymour H o f f m a n , Dylan ll.iker, Lara Flynn Boyle, Justin Elvin, 1 vnihi.i Stevenson, LI la Glantzman-

FELICIDADE m i (HAPPINESS) Poucos realizadores p o d e m provocar respostas e m o c i o n a i s t ã o variadas - risadas, dos gosto, s i m p a t i a , para m e n c i o n a r só a l g u m a s - de sua platéia q u a n t o o cineasta ameri c a n o i n d e p e n d e n t e c o n t e m p o r â n e o Todd Solondz c o m seu controverso Felicidade. Não há c o m o resumir os a c o n t e c i m e n t o s neste f i l m e , q u e envolve u m elenco de primeira linha, incluindo d e s e m p e n h o s a u d a c i o s o s d e Dylan Baker, Philip S e y m o u r H o f f m a n . B e n Gazzara, Lara Flynn B o y l e , C a m r y n M a n h e i m e J o n Lovitz. Basta dizer que o filme fala sobre r e l a c i o n a m e n t o s - todos eles d o l o r o s a m e n t e fracassados - e nos leva para u m território que poucos c i n e a s t a s o u s a m (ou desejam) explorar. U m a das cenas mais m e m o r á v e i s do f i l m e mostra u m pai r e s p o n d e n d o , e m t e r m o s a b s o l u t a m e n t e francos e casuais, a p e r g u n t a s do seu filho p e q u e n o sobre seus atos de pederastia.

I elb, Gerry Becker, Rufus Read, I oulse Lasser, Ben Cazzara, Camryn Minhelm, Arthur J . Nascarella, Molly

Felicidade é talvez m a i s b e m descrito c o m o u m i n d i c i a m e n t o da família americana moderna e da vida nos bairros chiques da periferia urbana (tanto na tela q u a n t o fora

Shannon

dela), sugerindo que a perversão existe e m cada esquina, dentro d a s quatro paredes de

I estivai de C a n n e s : Todd Solondz

cada família. Solondz, que está se t r a n s f o r m a n d o e m u m W o o d y Allen pós-moderno c

(I'leiulo FIPRESCI - seções paralelas)

ainda m a i s perturbado, adota esse conceito talvez exagerado c o m o seu credo c i n e m a tográfico: ele se sai b e m , e m parte, porque se recusa a permitir q u e seus personagens perversos se t o r n e m u n i d i m e n s i o n a i s . M O

1UA (I larvest, Plantam, Protozoa, I1111I1 and Soul) 84 m i n . P & B Idioma: inglês Direção: Darren Aronofsky Produção: Fale W a t s o n Roteiro: Darren Aronofsky, Sean Gullette, Eric W a t s o n lotografia: M a t t h e w Libatique

PI

(1998)

A estréia explosiva do roteirista/diretor Darren Aronofsky se parece c o m u m a reedição de Eraserhead

(David Lynch) feita pelo autor cyberpunk W i l l i a m G i b s o n . Sean Gullette

faz o papel d e u m gênio da m a t e m á t i c a assolado por dores d e cabeça debilitantes e u m a busca insaciável por u m a série n u m é r i c a q u e u n i f i q u e t u d o no m u n d o , da bolsa de valores à Bíblia. Após u m a revelação q u e lhe custa seu supercomputador, u m a massa de c a b o s e c o m p o n e n t e s eletrônicos q u e lembra u m a tela, Gullette é abordado por

Múllr a: Clint Mansell

m e m b r o s de u m a seita cabalística judaica radical, b e m c o m o por c a p a n g a s a r m a d o s de

Elenco: Sean Gullette, Mark Margolis,

W a l l Street, todos atrás dos n ú m e r o s e da teoria misteriosa e m sua cabeça. À medida

lieu S h e n k m a n , Pamela Hart, Stephen

que as dores de cabeça d e Gullette se a g r a v a m , sua busca se torna cada vez mais en-

issitlnian, Samia Shoaib, Ajay Naidu,

louquccedora. Q u a l o significado desse código n u m é r i c o universal e por q u e há t a n t a s

t m.ivii Mae-Anne Lao, Espher Lao Nleves, J o a n n e Gordon, Lauren Fox, Stanley H e r m a n , Clint Mansell, Tom ello. A n Hande

pessoas interessadas nele? Filmado a r t i s t i c a m e n t e e m u m preto-e-branco de alto contraste c o m várias t é c n i cas n o v a s e radicais de c â m e r a , Pi evoca a paranóia d e P o e e Kafka e m u m a a m b i e n t a ç ã o c o n t e m p o r â n e a . Aronofsky deixa a maior parte das perguntas no ar, m e s m o após a c o n c l u s ã o do f i l m e , e manter o público no escuro é apenas mais u m a de suas táticas para exacerbar o espírito c a ó t i c o , nervoso e rápido do f i l m e . S u a habilidade para captar a pressa e a c o n f u s ã o d e seu p e r s o n a g e m , q u e avança e m u m a linha do t e m p o e m direção ao infinito para e n t ã o se deparar s u b i t a m e n t e c o m u m beco sem saída, resulta e m u m material i m p r e s s i o n a n t e e por vezes perturbador. JKI

H/H


QUEM VAI FICAR COM MARY?

0998)

(THERES SOMETHING ABOUTMARY) Apesar d a s m i n h a s a n t i g a s restrições e m relação a Bobby e Peter Farrclly, os irmãos por trás d e Débi & Lóidc (1994) e Estes /óticos reis do boliche (1996}, eles e s t ã o m e c o n q u i s t a n d o a cada n o v o f i l m e , e m parte porque estão cada vez melhores. Q u e m vai ficar com Mory? m e rendeu boas e incontroláveis risadas. Apesar d e suas provocações ao p o l i t i c a m e n t e correto, o tipo de h u m o r grosseiro dos Irmãos Farrelly é e m sua essência

EUA (Fox) 119 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Bobby Farrelly, Peter Farrelly Produção: Frank Beddor, Michael Steinberg, Bradley T h o m a s , Charles B. Wessler Roteiro: Ed Decter, J o h n J . Strauss, Peter Farrelly, Bobby Farrelly

s i m p á t i c o e, embora este f i l m e pareça u m t a n t o d e s c u i d a d o , o roteiro (assinado pelos

Fotografia: Mark Irwin

Farrelly, Ed Decter e ) o h n J . Strauss) é s u r p r e e n d e n t e m e n t e b e m e s t r u t u r a d o .

Música: J o n a t h a n Richman

O pobre herói Teci S t r o e h m a n n (Ben Stiller) nutre há 13 a n o s u m a paixão pela heroína do t í t u l o (Cameron Diaz), q u e se m u d o u para M i a m i logo após a sua formatura e m Rhode Island. Ele contrata u m detetive d e caráter d u v i d o s o ( M a t t Dillon) para descobrir seu paradeiro, m a s o detetive acaba se apaixonando por ela t a m b é m . A visão e s p o n t â nea do f i l m e sobre a Insatisfação da classe média baixa é digna d e W . C. Fields, e suas seqüências do tipo "pior caso possível", e n v o l v e n d o u m e n c o n t r o r o m â n t i c o para a for-

Elenco: Cameron Diaz, M a t t Dillon, Ben Stiller, Lee Evans, Chris Elliott, 1111 Shaye, Jeftrey Tambor, Markie Post, Keith David, W . Earl Brown, Sarah Silverman, Khandl Alexander, M a m i e Alexenburg, Danny Murphy, Rlchaul Tyson

m a t u r a , u m cachorro e m a s t u r b a ç ã o , são c o n v u l s i v a m e n t e hilárias. T a m b é m passei a gostar t r e m e n d a m e n t e de J o n a t h a n R l c h m a n e seu baterista, os dois m ú s i c o s patetas que a p a r e c e m p e r i o d i c a m e n t e , c o m o os m e n e s t r é i s e m Dívida de sangue (1965). J R o s

CENTRAL DO BRASIL

(1998)

Na década de 90, a moral do c i n e m a brasileiro estava e m baixa. N o s primeiros anos da retomada c i n e m a t o g r á f i c a após o f i m da E m b r a f i l m e , as produções e r a m poucas e o Interesse do público t a m b é m . Ainda q u e n ã o tenha sido o primeiro f i l m e daquele

Brasil (Vldeofilmes, Riofilme, ( a n a l I)

113 m i n . Cor Idioma: português Direção: Walter Salles Produção: Arthur Cohn

período a levar m a i s d e u m m i l h ã o de espectadores a o s c i n e m a s , Central do Brasil foi

Roteiro: Marcos Bernstein, João

o marco da recuperação de nossa auto-estima. A obra g a n h o u o Urso de O u r o (melhor

Emanuel Carneiro

f i l m e ) e o Urso d e Prata (melhor atriz) no Festival de B e r l i m , levou o G l o b o de O u r o de

Fotografia: Walter Carvalho

melhoi [ih]

M . i n e e i i i i e lind.i [oi indli .ela ,10 Ost ai nessa m e s m a 1 ategoria. Além

disso, colocou Fernanda na disputa pela e s t a t u e t a dourada d e m e l h o r atriz, o q u e n e n h u m outro intérprete brasileiro j a m a i s a l c a n ç o u antes o u depois. Dora, ex-professora tramblqueira q u e ganha a vida escrevendo cartas para a n a l f a betos na e s t a ç ã o ferroviária Central do Brasil, é u m a figura desiludida, típica brasileira. J o s u é , q u e perde a m ã e n u m a c i d e n t e no início d o f i l m e , é u m garoto arredio, e m b r u tecido, a c o s t u m a d o a desconfiar dos o u t r o s . No e n t a n t o , ao longo da v i a g e m que farão Nordeste a d e n t r o e m busca do pai do m e n i n o , Josué e Dora iniciam u m a profunda a m i z a d e e c o n h e c e m u m Brasil onde a vida transcorre e m r i t m o m a i s n a t u r a l . Fernanda e Vinícius de Oliveira, u m ex-engraxate descoberto n u m teste de elenco,

Música: Jaques M o r e l e n b a u m . Antonio Pinto Elenco: Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Othon Bastos, M a t h e u s Nacthergaele, Marília Peia. Calo Junqueira Globo de Ouro: Melhor filme estrangeiro Festival de Berlim: Urso de Ouro (melhor filme), Urso de Prata (mclhoi atriz)

dão conta d a s t r a n s f o r m a ç õ e s radicais d e seus personagens. A cãmera atinge a har-

Indicação ao Oscar: Fernanda

m o n i a entre p a n o r â m i c a s q u e exploram a v a s t i d ã o do interior do Brasil e d o s e s que

Montenegro (melhor atriz), Brasil

b u s c a m as histórias pessoais de cada rosto, d e l i n e a n d o o caráter de redescobrimento

(melhor filme estrangeiro)

de u m país escondido por trás da feiúra e da pressa do retrato oficial. J B i

K/9



(.inadá / EUA (Fox 2000, Geislerkoberdeau, Phoenix) 170 m i n . Cor Idioma: inglês ulreção: Terrence Mallck Produção: Robert Michael Ceisler, I irinl Hill, John Roberdeau Roteiro: Terrence Malick, baseado no l i v i n de James Jones lotografia: J o h n Toll Música: Hans Z i m m e r Elenco: Sean P e n n , Adrien Brody, nee', < aviezel, Ben Chaplin, George 1 Inoney, John Cusack, W o o d y Harrelson, Ellas K o t e a s j a r e d Leto, 1 so.li Mlhok, Tim Blake Nelson, Nick M " l i e . John c. Reilly, Larry Romano,

ALEM DA UNHA VERMELHA ra) (THETHINRED UNE) Depois dos a c l a m a d o s e influentes Terra de ninguém

(1973) c Dias no paraíso (1978),

Terrence M a l i c k fez algo inédito para u m diretor q u e estava no auge: desapareceu sem deixar v e s t í g i o s . H o u v e u m a c h u v a d e b o a t o s : M a l i c k estaria v i v e n d o recluso e m algum f i m de m u n d o . Talvez viajando de carona pelo Texas, o b s e r v a n d o pássaros. Qualquer que tenha sido o seu paradeiro, a notícia do seu retorno às telas no final da década de 90 foi i g u a l m e n t e inesperada. O s d e t a l h e s sobre o novo projeto de M a l i c k e r a m m a n tidos fechados a sete chaves c, na m e l h o r das hipóteses, e r a m i n c o m p l e t o s . S ó havia duas informações concretas: era u m a a d a p t a ç ã o do r o m a n c e d e J a m e s Jones sobre a S e g u n d a Guerra M u n d i a l , Além da linha vermelha,

e, s e g u n d o c o m e n t a v a m , traria no

elenco diversos atores f a m o s o s e n o v a t o s promissores. Ambos os rumores se confirmaram, mas ainda assim o filme surpreendeu muita gente. Sobretudo por ter sido lançado após o drama de Steven Spielberg sobre a Segunda Guerra,

lohn Savage

O resgate do soldado Ryan (1998), o filme de Malick parecia particularmente cerebral. Os dois

Indicação ao Oscar: Robert Michael

filmes não podiam ser mais diferentes e as reações por eles provocadas foram u m reflexo

I lelsler, John Roberdeau, Grant Hill

dessas diferenças. Após assistir ao visceral O resgate..., os espectadores saíam do cinema

(melhoi filme), Terrence Malick

extremamente abalados. Além da linha vermelha fazia com que saíssem pensativos.

(dltetor), Terrence Malick (roteiro), lohn roll (fotografia), Billy Weber, I esllc Jones, Saar Klein (edição), Hans

No e n t a n t o , n a o resta duvida de qual filme deixa u m a impressão mais m a r c a n t e . Além da Unha vermelha abotda a loucura da guerra por u m â n g u l o c l a r a m e n t e teórico,

/ I m m e r (música), Andy Nelson, Anna

até m e s m o teológico. A guerra, parece ser a m e n s a g e m do f i l m e , é mais d o q u e u m

Behlmer, Paul Brincat (som)

m e r o conflito entre dois grupos de h o m e n s . D o m o d o c o m o é representada aqui, a

1 estival de Berlim: Terrence Malick

guerra é u m a afronta à natureza e, portanto, u m a afronta ao próprio Deus.

(Urso de Ouro), terceiro lugar (júri dos leitores do Berliner Morgenpost), lohn toll (menção honrosa)

O filme de M a l i c k mergulha no consciente coletivo d a s tropas e n q u a n t o se esforça para reconciliar a fragilidade da vida c o m a imprudência de seus c o m p o r t a m e n t o s . N u m a estratégia ousada, a t r a m a passa de soldado para soldado, invadindo suas m e n tes e a m p l i f i c a n d o seus p e n s a m e n t o s c o m o parte d e u m c o n t í n u o diálogo interno, m a s m a n t é m u m senso de a n o n i m a t o entre eles. Os soldados têm plena consciência do mundo exótico à sua volta e, em particular, de sua beleza. No início do filme, u m soldado (Jim Cavicvel) ausentouse sem permissão e esta desfrutando uma vida de simplicidade e inocência com uma tribo do Pacífico Sul até sua existência idílica ser interrompida. M e s m o quando os soldados se embrenham na floresta, Malick não resiste e captura com sua câmera a pitoresca vida selvagem que os cerca, bem como a insidiosa luz que atravessa as folhas das imensas copas das árvores ao redor. É como se Deus e todas as suas criaturas estivessem observando aquelas estranhas espécies e m ação, destruindo tudo o que há de belo no mundo e questionando as conseqüências do livre-arbítrio. Diversas a t u a ç õ e s destacam-se no f i l m e - o c a p i t ã o s e n sível de Elias Koteas, o insensível c a m b i c i o s o coronel de Nick Noite, o sargento cínico de S e a n Penn -, m a s Malick m a n t é m uma narrativa concisa. O f i l m e na verdade n ã o possui c o m e ço n e m f i m , e e m b a t e s d r a m á t i c o s e vibrantes cenas d e luta s e r v e m a p e n a s c o m o interrupções na m e d i t a ç ã o profunda de Malick e m busca do sentido da vida. JK


rUA (Atlas, Coast Ridge, Junger W i t t , Village Roadshow, Warner Bros.) li.) min.Technicolor Idioma: inglês / árabe Direção: David O. Russell Produção: Paul Junger W i t t , Edward McDonnell Roteiro: John Ridley, David O. Russell I ntografia: N e w t o n Thomas Slgel

TRES REIS

(1999)

(THREE KINGS) Três reis é u m filme antiguerra do f i m do milênio q u e e m p r e g o u o q u e na época eram consideradas ferramentas d e última geração (edição rápida, câmera vertiginosa, cores saturadas q u e parecem saltar da tela), c o m b i n a n d o as c o m u m a política d e esquerda a n t i q u a d a , quase fora de m o d a . O roteirista e diretor David O. Russell conta a história da primeira Guerra do Golfo (1991) através dos olhos de três soldados a m e r i c a n o s cuja ignorância, ganância e inge-

Música: Carter Burwell

nuidade são l e n t a m e n t e m i n a d a s â medida q u e são arrastados para as profundezas das

Elenco: George Clooney, Mark

a r m a d i l h a s políticas e culturais pot trás da guerra, forçados a h u m a n i z a r seus i n i m i -

W.ihlbcrg, Ice Cube, Spike Jonze,

gos e a desmistificar seu próprio país e suas forças a r m a d a s . Ao longo desse processo,

C llff Curtis, Nora D u n n , J a m i e Kennedy, Said Taghmaoui, Mykelti Williamson, Holt McCallany, Judy Greer, Christopher Lohr, Jon Sklaroff. i

Stauber, Marsha Horan

a platéia descobre u m a versão da primeira Guerra do Golfo q u e a mídia (sobretudo a mídia a m e r i c a n a ) não revelou e j a m a i s revelaria - as m o r t e s d e Inocentes, a corrupção e a d i s s i m u l a ç ã o dos oficiais militares do alto escalão, a c o o p t a ç â o da mídia " o b j e t i v a " a f i m d e distoteer a história. S u a t e m á t i c a e s t o n t e a n t e e a t é m e s m o densa tornou-se m a i s acessível e urgente graças a u m roteiro ágil, u m ritmo i n c a n s a v e l m e n t e enétgico, cenários e e l e m e n t o s de cena d e s l u m b r a n t e s e a a t u a ç ã o f i r m e dos protagonistas (George Clooney, Mark W a h l b e r g c Ice Cube). U m m a l a b a r i s m o eficaz de gênero e m u d a n ç a de Lum

é melo filme de guerra, melo trama de roubo e a b s o l u t a m e n t e

antiguerra -, este é u m filme q u e podia ter fracassado, m a s consegue escapar Ileso, s e m u m único tropeço. E H

EUA (Choulardl, New Line) 188 min. Cor Idioma: inglês Direção: Paul Thomas Anderson Produção: Paul Thomas Anderson, Inanne Sellar Roteiro: Paul Thomas Anderson Iotografia: Robert Elswlt Musica: Jon Brlon

MAGNOLIA (1999) "Ao longo d c nossas vidas, d e v e m o s tentar fazer o b e m . " Ao c o n t a t u m a história dispersa sobre família - as traições, segredos, m á g o a s e decepções nela contidas

,

o roteirista e diretor Paul T h o m a s Anderson avança e recua e m sua trama entre u m marquetclro Leleviso misógino c vulgar (Tom Crulse); u m a criança prodígio solitária (Jercmy B l a c k m a n ) ; u m m i s a n t r o p o Idoso e m o r i b u n d o (Jason Robards) e sua mulhertroféu (Jullannc M o o r e ) ; u m a j o v e m bêbada viciada e m drogas (Melora Walters); u m apresentador popular de u m programa de televisão à beira da m o r t e (Philip Baker Hall);

Elenco: John C. Reilly, Tom Crulse,

e u m policial fracassado c o m u m e n o r m e coração (John C. Reilly). As diversas ligações

lullanne Moore, Philip Baker Hall,

entre essas pessoas, as coincidências e reviravoltas do destino que os u n e m são a força

leiemy Blackman, Philip Seymour

motriz deste f i l m e c o m estrutura d c épico.

Hoffman, W i l l i a m H. Macy, Melora w.ilieis. Jason Robards, Melinda Hlllon, Mlchael B o w e n , Ricky Jay, I elli ity H u f f m a n , April Grace, Pat Healy indicação ao Oscar: Paul Thomas

Repleto d c referências e alusões bíblicas. Magnólia

n ã o t e m pudor de abordar te

m a s c questões i m p o r t a n t e s - o significado da vida, a natureza do m a l , os t e r m o s das ligações h u m a n a s . O q u e faz c o m q u e este f i l m e Incrivelmente a m b i c i o s o f u n c i o n e tão b e m é a capacidade de Anderson d e retratar esses t e m a s mantendo-se atento aos m e n o r e s detalhes das vidas interiores d o s s e u s m a g o a d o s personagens. Sapos caem

m . 1 e r , o n (roteiro), Tom Crulse (ator

m i s t e r i o s a m e n t e do céu no meio de u m a t e m p e s t a d e , u m carro se choca de frente

' ii.idjuvante), Aimée M a n n (canção).

contra u m a loja e n q u a n t o o sucesso pop " D r e a m s " toca no rádio e pessoas variadas

1 estival de Berlim: Paul Thomas Anderson (Urso de Ouro), (júri dos

leitores do Berliner Morgenpost)

perdem o controle. O t e m p o todo Anderson m a n t é m u m a e m p a t i a inabalável c o m seus arruinados personagens, h u m a n i z a n d o os vilões e ficando n i t i d a m e n t e a o lado dos v l t l m i z a d o s e I n c o m p r e e n d i d o s . Magnólia

fervilha de raiva e dor, a v a n ç a n d o a duras

penas e m direção à esperança - algo c o m o u m a redenção - o t e m p o todo. E H


CLUBE DA LUTA

(1999)

EUA (Art Linson, Fox 2 0 0 0 , Regency Taurus) 139 m i n . Cor

(FIGHT CLUB) "A primeira regra do Clube da Luta é n ã o falar sobre o Clube da Luta. A s e g u n d a regra

Idioma: inglês

do Clube da Luta é n ã o falar sobre o Clube da Luta." B a s e a d o no r o m a n c e d e Chuck

Direção: David Fincher

Palahniuk, o filme de David I Inchei examina u m território musí iilino na fantasia < inc matográfica m a i s intrigante, raivosa e ainda a s s i m inteligente de 1999. I n c r i v e l m e n t e popular, Clube da luta c o n s e g u e ser t ã o desafiador m o r a l m e n t e q u a n t o é m e m o r á v e l visualmente. Edward N o r t o n interpreta o narrador tranquilo que, torturado pela sua vida vazia no escritório, passa a freqüentar grupos de apoio na tentativa de sentir algo. E m u m desses e n c o n t r o s , )ack c o n h e c e e se apaixona por Maria (Helena B o n h a m Cárter) c d e -

Produção: Ross Grayson Bell, Ceán

Chaffin, Art Linson

Roteiro: Jim Uhls, baseado no romance de Chuck Palahniuk Fotografia: Jeff Cronenweth Música: Dust Brothers Elenco: Edward Norton, Brad Pitt, Helena B o n h a m Carter, Meat Loaf.

pois passa a andar c o m o p e r i g o s a m e n t e rebelde Tyler Durden (Brad Pltt). Tyler c o n -

Zach Grenler, Richmond Arquette,

v e n c e J a c k d e q u e ele pode viver m e l h o r a p r e n d e n d o a lutar. Logo suas regulares brigas

David Andrews, George Maguire,

de rua p a s s a m a c h a m a r a a t e n ç ã o d e outros h o m e n s , d a n d o a todos algo q u e falta e m suas v i d a s - u m a espécie d e d i g n i d a d e sórdida e agressiva q u e acaba se t r a n s f o r m a n d o e m u m a verdadeira organização terrorista.

Eugenie Bondurant, Christina Cabot, Sydney Colston, Rachel Singer, Christie Cronenweth, Tim De Zarn, Ezra Buzzington

B e m dirigido e c o m surpreendentes efeitos especiais, Clube

da luta possui u m

ritmo frenético e é o tipo d e f i l m e e m p o l g a n t e e p e r t u r b a d o r a m e n t e inspirador que transforma a l e m e s m o o a c o n t e c i m e n t o mais esquisito e m n o r m a l , incluindo M e a t

Indicação ao Oscar: Ren Klyce, Richard H y m n s (efeitos especiais sonoros)

Loaf c o m o u m paciente c o m câncer c o m e n o r m e s g l â n d u l a s m a m á r i a s . Fique a t e n t o para a g r a n d e virada no final. KK

AUDITION

(1999)

Japão / Coréia do Sul (AFOF, Cnsiiois

U m a n o depois d e O clicimcido (1998), d e Hldeo N a k a t a , demonstrar, acima d e qualquer dúvida, q u e o horror j a p o n ê s c o n t e m p o r â n e o era u m a potência q u e merecia r e c o n h e c i m e n t o no cenário do cinema m u n d i a l , Audition,

de Takcshi M ü k c , reinventou o gênero

ao esconder suas verdadeiras intenções atrás de u m a muralha de m e l o d r a m a . O aterrador terço final - q u e c u l m i n a e m u m a a t o r d o a n t e cena de tortura sexualizada - fez c o m que m u i t o s espectadores f e c h a s s e m os olhos e a t é saíssem correndo do c i n e m a . S h i g e h a r u A o y a m a (Ryo Ishlbashi), solitário d o n o d e u m a c o m p a n h i a d e produção de v í d e o s , está na meia-idade e se preocupa e m encontrar a m u l h e r certa para s u b s -

Company Connection/Omega Project) 115 m i n . Cor Idioma: laponês Direção: Takashl Müke Produção: Satoshl Fukushima, Akeini Suyama Roteiro: Daisuke Tengan Fotografia: Hldeo Yamamoto Música: Kôji Endô

tituir a m ã e d e seu filho adolescente q u e morreu sete a n o s a n t e s . Tudo m u d a q u a n d o

Elenco: Ryo Ishibashi, Elhi Shiina.

ele realiza u m a falsa bateria d e testes de seleção d e atrizes para u m papel e m u m

Tetsu S a w a k i . J u n Kunimura, Renjl

projeto q u e ele i n v e n t o u . Atraído i n s t a n t a n e a m e n t e pela bela e e n i g m á t i c a A s a m i (Eihl Shiina), q u e a princípio parece ser t ã o dedicada q u a n t o bela, A o y a m a logo a pede e m c a s a m e n t o e m u m d e s l u m b r a n t e balneário na praia. A partir desse m o m e n t o ,

Audition

d r a s t i c a m e n t e e n g a t a u m a marcha diferente, à medida que o passado perturbador de A s a m l v e m à tona, b e m c o m o os traços m o n s t r u o s o s de sua personalidade.

Ishibashi, Miyuki Matsuda, Toshle Neglsfn, Ren Osugi, Shlgeru Saikl. Ken Mltsulshl, Yurlko Hlrooka, Fumlyo Kohlnata, Mlsato Nak,

|,

Yuuto Arlma, Ayaka Izuml

No c i n e m a de M ü k e , o sexo aparece f r e q ü e n t e m e n t e c o m o u m a a r m a . No final c h o c a n t e d e Audition,

u m a A s a m i caracterizada c o m o dominatrix m o n t a e m A o y a m a ,

t e m p o r a r i a m e n t e paralisado, e penetra seu corpo inteiro c o m a g u l h a s - a t é nos olhos - e n q u a n t o g e m e " k i r i , kiri, kiri" (mais f u n d o , m a i s f u n d o , m a i s f u n d o ) . N u n c a tais palavras c a u s a r a m tanta dor a u m protagonista e aos espectadores. S J S

MM 1


EUA (Blair W i t c h , Haxan) 86 m i n . PBcB/Cor Idioma: inglês Direção: Daniel Myrlck, Eduardo

A BRUXA DE BLAIR

(199g)

(THE BLAIR WITCH PROJECT) " E m o u t u b r o d e 1994, três e s t u d a n t e s desapareceram n u m a floresta perto d e Burkitts

Sanchez

ville, M a r y l a n d , e n q u a n t o f i l m a v a m u m d o c u m e n t á r i o . . . U m a n o depois, a f i l m a g e m

Produção: Robin Cowle, Gregg Hale

foi encontrada." A s s i m c o m e ç a A bruxa de Blair, o falso d o c u m e n t á r i o de terror de bal

Roteiro: Daniel Myrick, Eduardo

xíssimo o r ç a m e n t o de Daniel Myrlck c Eduardo S a n c h e z , que a p o s t a r a m e m u m a c a m

Sanchez

panha d e m a r k e t i n g inovadora e e m u m boca-a-boca Incrível para faturar m a i s de 140

Fotografia: Neal Fredericks

m i l h õ e s d e dólares de bilheteria só nos Estados U n i d o s - t o r n a n d o o f i l m e u m a das

Música: Tony Cora

produções I n d e p e n d e n t e s mais rentáveis da história do c i n e m a .

I lenço: Heather D o n a h u e , Joshua l conard, Michael C. W i l l i a m s , Bob r ,i ¡11 in. Jim King, Sandra Sanchez, Ed S w a n s o n , Patricia DeCou, Mark

Conduzidos pela diretora aspirante Heather, os três " a l u n o s d e c i n e m a " menciona dos a c i m a p a r t e m para Burkittsville (a antiga Blair), M a r y l a n d , e m busca de material para o d o c u m e n t á r i o que estão realizando sobre u m a lenda local, a c h a m a d a Bruxa de

M a s o n , Jackie Hallex

Blair. S e g u n d o os rumores, essa figura misteriosa assombra a floresta Black Hills desde

Festival d e C a n n e s : Daniel Myrlck,

o século XVIII e é responsável por vários assassinatos atrozes. Após realizar entrevistas

riu.ndo Sanchez (prêmio da

com alguns dos moradores locais, o trio se e m b r e n h a na floresta e m busca de filmagens

Juventude - f i l m e estrangeiro)

adicionais. C o m o n e n h u m deles t e m experiência e m acampar, logo se perdem e deixam d e lado sua atitude outrora d e b o c h a d a , m e r g u l h a n d o e m u m a crescente e volátil mistura de m e d o , culpa, frustração e pânico. Para piorar ainda mais a situação, sinais sinistros c o m e ç a m a aparecer, c o m o pedras e m p i l h a d a s c u i d a d o s a m e n t e do lado de fora da tenda e figuras de madeira penduradas nas árvores. Então, Josh desaparece s e m deixar vestígios. No final a n g u s t i a n t e do filme, M i c h a c l e Heather deparam-se c o m u m a casa a b a n d o n a d a . Com esperança de encontrar Jeff, eles e n t r a m e o que e n c o n t r a m , na verdade, é u m verdadeiro pesadelo. Pelas lentes de sua câmera, v e m o s o que Heather vê: primeiro, escuridão, ruínas e marcas d e m ã o s de crianças nas paredes; e m seguida, depois que a l g u é m ou algo a acerta, deixando-a inconsciente, apenas u m teto branco, que p e r m a n e c e até a fita e o próprio filme chegarem ao final. Apesar das críticas ao ritmo por vezes lento do f i l m e e por se apolar d e m a i s no efeito n a u s e a n t e provocado pelos m o v i m e n t o s da câmera na m ã o , A bruxa de Blair foi bastante feliz c m seu uso das técnicas d o c u m e n t a i s c o m o meio d e provocar terror nos espectadores. O singulat m é t o d o de produção de Myrick e S a n c h e z tornou-se u m a lenda e m sl: os atores n ã o só foram responsáveis pela f i l m a g e m (que durou oito dias e oito noites consecutivas) c o m o tiveram de carregar seu próprio e q u i p a m e n t o c Improvisar quase t o d a s as falas. Várias vezes ao dia, os diretores escreviam bilhetes para cada m e m b r o do elenco, lacrando-os e m tubos para q u e não fossem lidos por mais n i n g u é m . Ao alcançar t a m a n h o realismo, Myrick e Sanchez lev a r a m o seu f i l m e u m passo além d e qualquer f i l m e d e terror já feito c o m pretensões de falso d o c u m e n t á r i o , c o m o Aniversário

macabro

(1972), de

W e s Craven, e O massacre da serra elétrica (1974), de Tobe Hooper. Ao explorar alguns dos nossos m e d o s m a i s primários

do escuro,

do d e s c o n h e c i d o , de s o n s misteriosos -, este f i l m e c o n s e g u e produzir reações e m o c i o n a i s intensas. A l g u n s dos m o m e n t o s mais apavorantes a c o n t e c e m q u a n d o n ã o p o d e m o s enxergar nada a l é m da tela toda preta ou toda branca, e o q u e a nossa i m a g i n a ç ã o produz é i n f i n i t a m e n t e mais assustador do q u e qualquer coisa produzida por efeitos especiais e m a q u i a g e n s sofisticadas. Levar esse fato c o m u m e n t e ignorado e m consideração é u m dos m a i o r e s m é r i t o s de t o d o s os envolvidos neste f i l m e . S J S


TUDO SOBRE MINHA MAE

(1999)

Espanha / França (El Deseo, France 2, Renn, Via Digital) 101 m i n .

(TODO SOBRE Ml MADRE)

Eastmancolor

O f i l m e d e 1999 de Pedro A l m o d ô v a r c o m e ç a c o m u m belo rapaz, Esteban (Eloy Azorin),

Idioma: espanhol / catalão / inglês

que é m u l t o a p e g a d o a sua m ã e solteira, M a n u e l a (Cecília Roth), e, d u r a n t e a l g u m

Direção: Pedro Almodôvar

t e m p o (dadas as referências a Truman C a p o t e e a Tennessee W i l l i a m s ) , j u l g a m o s estar

Produção: Agustin Almodôvar,

diante de u m a p a r c a m e n t e disfarçada autoclnebiografía gay. De certa f o r m a , e s t a m o s ,

Michel Ruben

pois embora Esteban seja f a t a l m e n t e atropelado e m seu aniversário de 17 anos e o foco

Roteiro: Pedro Almodôvar

passe para M a n u e l a , Tudo sobre minha mãe - c o m o todos os filmes de A l m o d ô v a r -

Fotografia: Affonso Beato

constrói a f e m i n i l i d a d e através do olhar irreverente e apaixonado d e u m h o m e m gay que cresceu cercado por m u l h e r e s adoráveis à beira de u m a t a q u e de nervos. E n s a n d e cida c o m a dor da perda de seu filho, M a n u e l a viaja para Barcelona e se v ê b a n c a n d o a m ã e d e u m a freira grávida c o m HIV (uma s u a v e Penélope Cruz, e m u m dos grandes papéis e s p a n h ó i s dos quais ela abriu m ã o para se tornar u m a piivup

c m Hollywood),

uma prostituta transexual d e c a d e n t e (Antónia San J u a n ) que pensa todos os seus atos para causar efeito e u m a atriz lésbica (a grande Marisa Paredes) que está interpretando

Música: Alberto Iglesias Elenco: Cecília Roth, Marisa Paredes, Candela Pena, Antónia San J u a n , Penélope Cruz, Rosa Maria Sarda, Fernando Fernán C o m e z , Fernando Guillen, Toni Canto, Eloy Azorin, Carlos Lozano, M a n u e l M o r o n , Jose Luis Torrljo, J u a n José Otegui, Carmen

B l a n c h e Dubois no palco c fora dele. A trama, e l a b o r a d a m e n t c estruturada e revestida

Balague

de significados, é u m pretexto para reunir u m b a n d o de m u l h e r e s d e voz rouca (com ou

Oscar: Espanha (melhor filme

sem seus próprios seios) para falar indecências, beber, chorar e se ajudar m u t u a m e n t e .

estrangeiro)

Q u a n d o u m a m u l h e r chora c m u m filme de Almodôvar, é u m a c o n t e c i m e n t o d e u so, arfante, aristocrático. Ainda a s s i m , c o m seu jeito de bobo da corte, A l m o d ô v a r é o mais e n t u s i a s t a dos igualitários sociais. U m a freira pode decair, u m a prostituta pode ascender a o sucesso e, embora a m b a s p o s s a m se queixar d e seus d e s t i n o s , s u a s a g r u ras são a b s o l u t a m e n t e despidas de amargura o u ódio. A t é m e s m o a paleta d e cotes é igualitária e o trash possui a s u a própria beleza. O s carros q u e r o n d a m c m busca de prostitutas â noite sob u m a ponte e m Barcelona são b a n h a d o s pela m e s m a adorável luz da lua q u e Ilumina os prédios antigos da cidade. Perto do desfecho do f i l m e , a prostituta sobe a o palco e, após ter e n u m e r a d o o custo de suas diversas cirurgias plásticas para u m a escandalizada platéia burguesa, os e n c a n t a c o m sua definição e s p o n t â n e a d o q u e é preciso para ser verdadeiro. "Você é m a i s a u t ê n t i c o " , diz ela, " à medida q u e m a i s se assemelha c o m as coisas c o m que s o n h o u . " Para A l m o d ô v a r , a natureza é s u p e r e s t i m a d a , a o passo q u e a t u a r - mentir, inclusive - é a capa q u e nos liberta para revelarmos o q u e t e m o s de pior e de m e lhor. Essa sedutora cena r e s u m e a crença e x u b e r a n t e m e n t e h u m a n a q u e m o v e todos os f i l m e s q u e ele realiza. Embora Tudo sobre minha mãe c o n t e n h a cenas t ã o honestas e ruidosas c o m o qualquer u m d e seus filmes anteriores, ele preserva u m t o m m a i s s e reno, m a i s m e l a n c ó l i c o e m e d i t a t i v o q u e c o m e ç o u c o m A flor do meu segredo (1995) e c o n t i n u o u c o m o adorável Ferie com ela (2003). Ao final do filme, esse grupo e n c a n t a d o r de m u l h e r e s Inaugura novas uniões, c i m e n t a d a s não apenas pela definição elástica de A l m o d ô v a r sobre f e m i n i l i d a d e , m a s t a m b é m pelo seu espírito conciliatório, garantindo aos e s p e c t a d o r e s q u e , embora a a n a t o m i a possa não ser u m destino, a gentileza de m u l h e r e s e s t r a n h a s é Irredutível. Levando-se e m consideração a xaropada q u e c o n s t i tui a t u a l m e n t e a noção da maioria dos e s t ú d i o s sobre o que é u m " f i l m e de m u l h e r e s " , os cineastas gays c o m o A l m o d ô v a r e Todd H a y n e s p o s s i v e l m e n t e estão oferecendo u m derradeiro refúgio para papéis f e m i n i n o s fortes, b e m c o m o para m e l o d r a m a s sinceros, e m nossa era a l t a m e n t e irônica. E T

Festival de Cannes: Pedro Almodovai (diretor), (prêmio do júri ecumênico), indicação (Palma de Ouro)


França (La Sept-Arte, S M , Tanaïs)

BEAU TRAVAIL

ni m i n . Cor

Claire Denis é u m a das diretoras m a i s audaciosas e t a l e n t o s a s do m u n d o , e Beau trd

Idioma: francês

rail pode ser considerado a coroação d e sua glória. Baseado no clássico literário "Bllly

(1999)

Direção: Claire Denis

B u d d " , d e H e r m a n Melvllle, o f i l m e se passa nos c o n f i n s escarpados da África, onde

Produção: Patrick Crandperret

a Legião Estrangeira da França - h o m e n s de t o d a s as raças e cores - está sendo sub

Roteiro: Claire Denis, jean-Pol I argeau, baseado no conto "Billy B u d d , Sailor", de Herman Melville fotografia: Agnès Godard M ú s i c a : Charles Henri de Pierrefeu,

Brin zur

m e t i d a a u m rigoroso t r e i n a m e n t o . O deserto a b s o l u t o , c o m suas infindáveis faixas de areia c rochas Irregulares sob u m o n d u l a n t e céu azul, fornece u m a tela espetaculai paia D e n i s , q u e capta o s rituais m a s c u l i n o s de exercícios, m a r c h a s , d u c h a s e compa n h e i r l s m o c o m u m olhar lírico. E m suas cenas c u i d a d o s a m e n t e construídas, a rotina diária é t r a n s f o r m a d a e m d a n ç a s g r a c i o s a m e n t e coreografadas. M a s , e n q u a n t o esla ode à m a s c u l i n i d a d e e beleza m a s c u l i n a se desenrola, o c i ú m e d e u m oficial militar, o

Elenco: Denis Lavant, Michel

sargento G a l o u p (Denis Lavant), por u m d e seus subalternos, S e n t a i n (Gtégoire Colin),

Subor, Grégoire Colin, Richard

faz a t r a m a c a m i n h a r para u m desfecho trágico.

Courcet, Nicolas Duvauchelle, Adlaiou Massudi, Mickael Ravovski, n a u Herzberg, Giuseppe Molino, Gianfranco Poddighe, Marc Veh, I bong Duy Nguyen, Jean-Yves Vivet, Pia nardo Montet, Dimitri Tsiapkinis

G a l o u p narra a história fora da tela. O h o m o e r o t i s m o da experiência militar não é foiçado n e m e v i t a d o , n e m faz c o m q u e Beau travail seja u m exemplo do cinema gay, c o m o t a n t o os f ã s q u a n t o os detratores do f i l m e declararam na ocasião de sua es tréia. O s interesses de Denis são m a i s a m p l o s do q u e isso. C o m toques bieves, m a s

Festival de B e r l i m : Claire Denis (júri

poderosos, ela levanta q u e s t õ e s sobre o r e l a c i o n a m e n t o d o s brancos c o m os negros,

dos leitores do Berliner Zeitung

espei i.ilnienle nas antigas colónias europeias. Nas cenas e m que os h o m e n s vão para a

m ã o especial)

-

cidade e interagem c o m as m u l h e r e s locais, ela aborda a q u e s t ã o do gênero e a política racial. M a s o f i l m e se m a n t é m c o n s t a n t e m e n t e a m b í g u o o t e m p o t o d o , j a m a i s assu m i n d o u m a d e t e r m i n a d a posição perante tais q u e s t õ e s . E, o m a i s i m p o i t a n t e , o que Denis faz, c o m u m m í n i m o de diálogo e c o m u m foco primário e m paisagens hipnóti cas para preencher a tela e m longas t o m a d a s , é captar a beleza do ritual e da repetição, b e m c o m o o poder q u e a m o n o t o n i a t e m para d e s a n i m a i u m h o m e m , q u e é t a n t o o m o t i v o p o i t i a s do ritual militar q u a n t o o objetivo do c o n d i c i o n a m e n t o físico. Em t e r m o s de beleza, Beau travail c o m p e n s a e m cada f o t o g r a m a , seja na visão dos h o m e n s enfileirados fazendo ginástica o u o feliz a c i d e n t e de Denis c a p t a n d o u m raio de sol refletido na janela de u m t r e m e m m o v i m e n t o - o u , f i n a l m e n t e , o oficial e m d e s g i a ç a , d a n ç a n d o sob u m a bola espelhada de discoteca no final do filme. Denis conta suas histórias por meio de i m a g e n s e não através dos diálogos e da t r a m a , c o m u m t a l e n t o inigualável para cor, luz e c o m p o s i ç ã o . EH


QUERO SER JOHN MALKOVICH

(1999)

3EIIMG JOHN MALKOVICH) O aclamado diretor d e vídeos Spike Jonze (que dirigiu os clipes " W e a p o n of Choice", de Fatboy S l i m , e " S a b o t a g e " , dos Beastie Boys) transformou-se e m diretor de cinema t r a n s -

EUA (Gramercy, Propaganda, Single Cell) i u m i n . Technicolor Idioma: inglês Direção: Spike Jonze Produção: Steve Golin, Vincent

formando c o m êxito u m a das premissas mais bizarras para u m f i l m e (criada pelo roteiris

Landay, Sandy Stern, Michael Stipe

ta Charlie K a u f m a n ) e m u m dos filmes mais criativos da história recente de H o l l y w o o d .

Roteiro: Charlie K a u f m a n

Craig S c h w a r t z (John Cusack) é u m titereiro desgrenhado q u e m a l c o n s e g u e se sustentar c o m o seu espetáculo s o m b r i o (c b e m t r a u m á t i c o para as crianças) d e m a r i o netes na rua. S u a desmazelada m u l h e r (uma C a m e r o n Diaz quase irreconhecível) gasta o pouco q u e eles t ê m c u i d a n d o do jardim zoológico q u e ela cria no p e q u e n o aparta m e n t o onde m o r a m . Para g a n h a r u m dinheiro extra, Craig arruma u m e m p r e g o c o m o arquivista e m u m a empresa esquisita localizada no andar 7 V2 de u m e n o r m e edifício comercial e m M a n h a t t a n . A lenda de c o m o o escritório fica entre o s é t i m o e o oitavo andar, por si só, rende u m filme, m a s é o q u e Craig descobre por detrás de u m a r m á r i o

Fotografia: Lance Acord Música: Carter Burwell Elenco: John Cusack, Cameron Diaz, Ned Bellamy, Eric W e i n s t e i n , Madison Lane, Octavia Spencer, Mary Kay Place, Orson Bean, Catherine Keener. K. K. Dodds, Reginald C. Hayes, Byrne Piven, Judith Wetzell, J o h n Malkovich, Kevin Carroll

que m o v i m e n t a a peculiar seqüência de a c o n t e c i m e n t o s do f i l m e . Atrás do a r m á r i o

Indicação ao Oscar: Spike Jonze

há u m a porta c, q u a n d o Craig a atravessa e n g a t i n h a n d o , descobre q u e é na verdade

(diretor), Charlie K a u f m a n (roteiro),

u m a espécie de portal metafísico que o leva direto para o cérebro do ator J o h n Malko-

Catherine Keener (atriz coadjuvante)

vich (interpretando a si m e s m o ) . Lá ele vivência as coisas q u e M a l k o v i c h faz d u r a n t e 15 m i n u t o s antes d e ser a b r u p t a m e n t e expelido e m u m barranco qualquer, à beira de u m a estrada c m Nova York. Partindo dessa idéia incrível, K a u f m a n tece u m a trama intricada c o m m u i t a inte ligência q u e c o m e ç a q u a n d o Craig conta a sua descoberta para sua colega de escritório M a x i n e (Catherine Keencr) c ela o convence a cobrar ingresso para as pessoas interessadas e m fazer aquele passeio i n u s i t a d o . J o n z e c o n t i n u a sempre a n o s surpreender ao longo desta história inteligente, subversiva e de h u m o r negro. O s e u elenco - s o bretudo Cusack e Diaz - traduz c o m perfeição a sua visão bizarra na tela. É claro q u e Quero ser)ohn

Malkovich

n ã o teria f u n c i o n a d o s e m o próprio, q u e faz u m a brilhante

paródia da sua persona pública, e m especial e m u m a cena r e a l m e n t e maravilhosa e m que ele m e s m o experimenta passar pelo portal e acaba e n t r a n d o no seu próprio m u n d o bizarro, j a n t a n d o e m u m restaurante a p i n h a d o de vários M a l k o v i c h s . D e l i c i o s a m e n t e m o d e r n o c extraordinário. J B


EUA (DreamWorks SKG, Jinks/Cohen)

\?2 m i n . Cor idioma: ingiês Direção: S a m M e n d e s Produção: Bruce Cohen, Dan Jinks Roteiro: Alan Ball

BELEZA AMERICANA

(1999)

(AMERICAN BEAUTY) Se Veludo azul espreitou por detrás das cortinas do subúrbio e m 1986,13 anos depois Belr/u americana

arrancou-as da janela e nos deu u m panorama inquietante e desalentador do

que se passa entre quatro paredes. "Esta é a minha vizinhança, esta é a minha rua, esta e .1

Fotografia: Con.rad L Hall

minha vida", narra Lester B u m ha m (Kcvin Spacey) enquanto a câmera passeia sobre a sua cl

Música: Thomas N e w m a n

dade até alcançar sua casa, no início do filme. "Tenho 42 anos. Em menos de u m ano, estarei

Elenco: Kevin Spacey, Annette

morto. É claro que não sei disso ainda. M a s , de certa forma, já estou morto mesmo." Como

Herring,Thora Birch, W e s Bentley,

Joc Gillis (William Holden) c m Crepúsculo dos deuses, Lester o os espectadores sabem seu

Mena Suvari, Peter Gallagher, Allison

destino desde o início, mas logo percebemos que isso é apenas u m detalhe de sua história.

Janney, Chris Cooper, Scott Bakula, S a m Robards, Barry Del S h e r m a n , Ara Celi, John Cho, Fort Atkinson, Sue Casey Oscar: Bruce Cohen, Dan Jinks (melhor filme), S a m M e n d e s (direção), Alan Ball (roteiro), Kevin

Beleza americana

é u m a sombria comédia de h u m o r negro sobre c o m o é de fato a

vida das pessoas que a p a r e n t e m e n t e v i v e m o c h a m a d o S o n h o A m e r i c a n o - pessoas que não t ê m carência de coisas materiais, m a s estão infelizes, insatisfeitas e não se realizaram na vida. Esta é, sobretudo, a história de Lester e, c o m Spacey no papel, ela se torna ainda mais f a s c i n a n t e - a história da crise de meia-idade de u m sujeito e n q u a n t o ele tenta redescobrir a liberdade q u e ele perdeu graças às responsabilidades q u e assumiu

Spacey (ator), Conrad L. Hall

c o m o marido e pai. Obrigado a a c o m p a n h a r a mulher e m u m jogo de basquete para ver

(fotografia)

a performance de sua filha c o m o animadora d e torcida, ele fica e n c a n t a d o com a ninfeta

indicação ao Oscar: Annette Boning

Angela (Mena Suvari). Logo passa a ter visões eróticas da menina (sendo a mais m e m o -

(atriz), Tariq Anwar (edição), Thomas N e w m a n (música)

rável d e todas a q u e ela aparece nua, a p e n a s coberta por pétalas de rosas vermelhas) que o l e v a m a m u d a r t o t a l m e n t e de vida, na esperança de conseguir sedu/i la. Escrito por Alan Ball, q u e m a i s tarde criou a a c l a m a d a série d e televisão A sete pai mos para a H B O , este é u m f i l m e d i v e r t i d o , triste, melancólico e a t é m e s m o otimista que nunca deixa d e surpreender o espectador. Belo e c h o c a n t e , Beleza americana

é uma

estréia a b s o l u t a m e n t e extraordinária do diretor teatral S a m M e n d e s no c i n e m a . J B


VIATRIX

(1999)

THE MATRIX U m m e g a s s u c e s s o de ficção científica q u e c o n s e g u e fundir de forma eficaz t e m a s f i l o sóficos com s e q ü ê n c i a s de ação c u i d a d o s a m e n t e coreografadas e efeitos especiais de última geração, Matrix foi c o n c e b i d o , escrito e dirigido pelos I r m ã o s A n d y e Larry Wac h o w s k i , de Chicago. C o m o ex-criadores de histórias em q u a d r i n h o s , os dois c o l o c a r a m u m pouco d e t u d o na mistura, incluindo O mágico de Oz, M e u ódio serd tua herança,

Alice no país das maravilhas.

O alvo. A bela adormecida c a Bíblia.

Matrix t e m K e a n u Reeves c o m o programador de u m a empresa de s o f t w a r e q u e , à noite, é t a m b é m o hacker conhecido c o m o Neo. S e u ceticismo cartesiano relacionado à verdadeira natureza da realidade é validado depois que u m a bela m u l h e r misteriosa, Trinity (Carrie-Anne Moss) o apresenta ao lendário hacker-zen M o r p h e u s (Laurence Fishburne). Tendo aceitado o convite de M o r p h e u s para t o m a r u m a tecnodroga capaz de abrir a mente/cérebro, N e o descobre q u e o m u n d o e m q u e ele " e x i s t i a " p r e v i a m e n t e nada mais é do que u m programa de realidade virtual gerado por c o m p u t a d o r e s e c o n trolado pelas próprias m á q u i n a s dotadas de inteligência artificial que os h u m a n o s criaram anos a n t e s (em relação ao " t e m p o do m u n d o real", m a s no futuro e m relação ao t e m p o da realidade virtual c m que ele antes vivia). A p a r e n t e m e n t e as m á q u i n a s , que requerem u m f o r n e c i m e n t o constante d e corrente elétrica para sobreviver, m a n t ê m toda a população h u m a n a - exceto por u m grupo d e rebeldes concentrados e m u m a única cidade no subterrâneo do planeta - e m estado de perpétua alucinação. Inconscientes em incubadoras a u t o m á t i c a s , os h u m a n o s são enganados para acreditar q u e de fato e s tão v i v e n d o v i d a s produtivas e n q u a n t o , na realidade, c o m p u t a d o r e s vampirescos estão chupando sua preciosa energia. M o r p h e u s está certo de q u e N e o é o messiânico "The O n e " , q u e , de acordo com u m a profecia, Iria surgir u m dia para salvar a raça h u m a n a de sua s u b m i s s ã o eterna. Ainda q u e tenha sido inicialmente dissuadido pelo Oráculo, u m a senhora s u r p r e e n d e n t e m e n t e d o m é s t i c a c n o r m a l (Gloria Foster), N e o c o n s e g u e Invocar a força interior necessária para derrotar o Irritante (c p e r m a n e n t e m e n t e renovável) pelotão de " a g e n t e s " , parte do sistema d e defesa da Inteligência Artificial. Para t a n t o ele conta com a ajuda do balé de artes marciais no estilo de J o h n W o o , tiroteios e m câmara lenta inspirados e m S a m Peckinpah e repetidas auto-afirmações. O que separa este f i l m e d e outros t a n t o s d e ficção científica são suas pretensões

EUA (Groucho II, Silver, Village Roadshow) 136 m i n . Technicolor Idioma: inglês Direção: Andy W a c h o w s k i , Larry Wachowskl Produção: Joel Silver Roteiro: Andy W a c h o w s k l , Larry Wachowskl Fotografia: Bill Pope Música: Paul Barker, Don Davis

épicas, seu t o m apocalíptico, a m a g n i t u d e c qualidade dos efeitos e a força da produção

Elenco: Keanu Reeves, Laurence

visual. Novas tecnologias - tais como a fotografia e m " B u l l e t t i m e " , uma forma de stiper-

Flshburne, Carrie-Anne Moss,

câmara lenta; acrobacias ampliadas por fios d e aço; e as cenas de luta de k u n g fu coreografadas por Woo-PIng Yuen (Lutar ou morrer, Máscara

negra) - serviram, e m conjunto,

Hugo W e a v i n g , Gloria Foster, Joe Pantoliano, Marcus Chong, Julian Arahanga, M a t t Doran, Belinda

para a u m e n t a r significativamente o nível das seqüências de ação e m filmes de alto orça-

McClory, Anthony Ray Parker, Paul

m e n t o de H o l l y w o o d . U m a das coisas mais fascinantes a respeito deste f i l m e é a forma

Goddard, Robert Taylor, David Aston,

como ele tenta gerenciar a progressão de m e n s a g e n s de inconformismo e auto-realização, por u m lado, e, por outro, os imperativos genéricos impostos pelo sistema conservador dos estúdios de H o l l y w o o d . C o m o u m crítico notou: "É na verdade cruel apresentar

Marc Gray Oscar: Zach Staenberg (edição), Dani A. Davis (efeitos especiais sonoros), John Gaeta, Janek Sirrs, Steve

Idéias fantásticas e depois pedir à platéia que se contente com algumas cenas de tiroteios

Courtley, Jon Thum (efeitos espei lall

e duelos de artes-marciais." Outros elogiaram os irmãos W a c h o w s k l por terem começado

visuais), John T. Reitz, Gregg Rudloff

seu f i l m e c o m uma seqüência extensa de luta protagonizada por Trinity para e m seguida

David E. Campbell, David Lee (soin)

notar sua redução ao "alvo do a m o r de N e o " durante o restante do filme. S J S

HK'i


0 SEXTO SENTIDO (1999) (THE SIXTH SENSE) O roteirista e diretor M. Nlght S h y a m a l a n , e n t ã o c o m a p e n a s 29 a n o s e e m seu segundo f i l m e , l i t e r a l m e n t e r e i n v e n t o u o thriIler d r a m á t i c o c o m esta história d e a m o r / fantas m a s , hoje i n f a m e por sua virada no f i n a l . U m ano depois de receber u m tiro, e m sua casa, disparado por u m ex-paciente, o psicólogo de crianças M a l c o l m Crowc (Bruce Willis) tenta compreender u m novo garoto problemático. Cole (Haley Joel O s m e n t ) . Ao que parece, Cole pode vet pessoas mortas: fati EUA (Hollywood, Spyglass, Kennedy/ Marshall) 107 m i n . Technicolor Idioma: i n g l ê s / espanhol / latim Direção: M. Nlght S h y a m a l a n Produção: Kathleen Kennedy, Frank

t a s m a s daqueles que deixaram algo não resolvido antes de morrer c v ê m visitar o garoto procurando alguma resolução. Enquanto tenta ajudar Cole, a vida do próprio Malcolm esia caótica: sua esposa Anna (Olívia Williams), antes amorosa, agora está distante e fria. U m a história de f a n t a s m a s do mais alto nível, O sexto sentido funciona e m vários planos. O s sustos e s t ã o presentes q u a n d o Cole é visitado por aparições a t o r m e n t a d a s ,

Marshall, Barry Mendel

p o r é m o f i l m e está m a i s para u m drama e m o c i o n a l do q u e para u m f i l m e de suspense

Roteiro: M. Nlght S h y a m a l a n

aterrorizante, centtando-se, s o b r e t u d o , na relação entre o garoto e o psicólogo, e n l i e

Fotografia: Tak Fujimoto

M a l c o l m c sua mulher, b e m c o m o entre Cole e s u a m ã e (Toni Collette). O s m e n t é u m a

Música: J a m e s N e w t o n Howard

g l a n d e d cm n l i e i I a e m u n i p.ipel q u e , s e I i v e s s e '.ido representado d e forma muito " I n

Elenco: Bruce Willis, Haley Joel O s m e n t , Toni Collette, Olivla Williams, Trevor M o r g a n , Donnie W.ihlberg, Peter Anthony Tambakls, Jeiírey Zubernls, Bruce Norris,

f i n h a " , teria destruído o f i l m e todo. e Collette c o n s e g u e t r a n s m i t i ! a confusão e o amot necessários diante d e seu filho pouco c o m u m e m cada cena. W i l l i s , c o n t u d o , é a grande revelação, nos d a n d o u m a a t u a ç ã o sussurrada e sutil que é o cerne do filme. Claro que é Shyamalan q u e m merece o maior mérito por ter juntado todos esses ele

i ilcnn | itzgerald, Creg W o o d ,

mentos e m seu filme. Seu uso inteligente de cores atenuadas e dicas sutis s o b r e o q u e e s l a

Misi ha Barton, Angélica Tom, Lisa

por vir - a temperatura que cai q u a n d o u m fantasma está presente, o uso da cor verme

Summerour, Firdous B a m j i

lha - assim como a já mencionada virada no final, são tão b e m executados que, ainda que

Indicação ao Oscar: Frank Marshall,

a platéia tenha sido espertamente enganada ao longo de todo o filme, você t e m vontade

1

i hleen Kennedy, Barry Mendel

( m r l h o i filme), M. Night Shyamalan (.lneini), M. Nlght Shyamalan (inteiro), Haley Joel O s m e n t (ator i oadjuvante), Tonl Collette (atriz i oadjuvante), Andrew M o n d s h e i n (edição)

de assiti-lo de novo duas, três, quatro vezes, e m vez de ficar chateado por ter sido conduzi do por u m c a m i n h o c o m p l e t a m e n t e diferente daquele c m que você pensava estar. U m clássico m o d e r n o e e m o c i o n a l m e n t e complexo q u e e t a u pungente q u a n t o assustador. J B


)S CATADORES E EU

(2000)

ES GLANEURS ET LA GLANEUSE) A tecnologia digital revolucionou o c i n e m a , tornando-o m a i s d e m o c r á t i c o c m a i s barato - os m é r i t o s , as c o n s e q ü ê n c i a s e a validade dessa revolução ainda p o d e m ser v i g o r o s a m e n t e d e b a t i d o s . O que t a n t a s vezes falta nos f i l m e s digitais, c o n t u d o , é u m sentido

França (Tamaris) 82 m i n . Cor Idioma: francês Direção: Agnès Varda Fotografia: Didier Doussln, Stéphane Krausz, Didier Rouget, Pascal Sautelet, Agnès Varda

ile beleza o u estilo, u m olhar para fazer c i n e m a . A l é m disso, os filmes " p e s s o a i s " q u e

Roteiro: Agnès Varda

surgiram após essa revolução digital m u i t a s vezes são i m a t u r o s c auto i n d u l g e n t e s ,

M ú s i c a : Agnès Bredel, Joanna

d e i x e m o s , e n t ã o , q u e a m ã e da nouvclle v a g u e francesa, Agnes Varda, m o s t r e a todos

Bruzdowicz, Richard K l u g m a n .

os iniciantes c o m o a coisa deveria ser feita.

Isabelle Olivier

Clara e f i t m e m e n t e esquerdista e m stia visão política, passando d e reflexões sobre a vida e a m o r t a l i d a d e para o papel da arte na sociedade, s e m n u n c a deixar d e ser u m tributo àqueles marginalizados o u excluídos pela s o c i e d a d e , Os catadores e eu é m a r cado por u m alto grau d e variação. C o n t u d o , Varda nunca deixa q u e o f i l m e se a f a s t e dela; o e s p e c t a d o t nunca sente nada dlfetente d e estar no assento do passageiro c m uma v i a g e m para abrir as m e n t e s q u e está s e n d o conduzida por u m m e s t r e . Há u m indo m o m e n t o no filme e m q u e a diretora Varda, pegando figos m a d u r o s e m u m a árvore e c o m e n d o os ali m e s m o , dispara u m a tirada sobre a ganância d a q u e l e s q u e são ao m e s m o t e m p o ricos e egoístas. E m vez de cuspir teoria marxista, ela o b s e t v a , s i m p l e s m e n t e ; " E l e s n ã o q u e r e m ser legais." Essa verdade crua ressoa a o longo d e todo o d o c u m e n t á r i o , no centro do qual estão catadores c o n t e m p o r â n e o s , pessoas q u e b u s c a m sobras depois q u e as feiras livres t e r m i n a m ou procuram comida c m d e p ó s i t o s de lixo. Varda deixa q u e esses m a r g i n a l i z a d o s f a l e m por si m e s m o s , e eles e l o q ü e n t e m e n t e v e r s a m sobre t u d o , d e política i n t e r n a c i o n a l até tragédias pessoais, e n q u a n t o o f i l m e mostta q u e os dois pólos não estão m u l t o d i s t a n t e s . Duras q u e s l o e s sobre as diferenças so< i.iis s.io h a r m o n i o s a m e n t e j u s t a p o s t a s de encontro âs q u a l i d a d e s b a l s â m i c a s da arte, b e m c o m o a necessidade d e e n c o n t r a r a b e leza o n d e v o c ê viver, a t i v a m e n t e proctirando-a c o m o você buscaria c o m i d a o u abrigo. O resultado é u m f i l m e d e protesto q u e é e m parte u m a crítica social, e m parte u m diário de v i a g e n s , m a s s e m p r e u m a celebração n ã o s e n t i m e n t a l da persistência h u m a n a . E n t t e m e a d o s no filme e s t ã o os p e n s a m e n t o s de Varda sobre sua própria m o r t a lidade. E m vez d e serem c o m p a s s i v o s ou s e n t i m c n t a l ó l d e s , c o n t u d o , esses m o m e n t o s e n c a p s u l a m a asserção do f í i m c de que qualquer u m capaz de lidar c o m os o b s t á c u l o s i m p o s t o s pela vida é, d e a l g u m a forma, u m artista. EH

Elenco: Bodan Litnanski, Agnès Varda, François W e r t h e i m e r


Inglaterra / EUA (DreamWorks SKG. Scott Free, Universal) 155 m i n . I e < linlcolor Idioma: Inglês Uireção: Ridley Scott 1'rodução: David Franzoni, Branko I listig, Douglas W i c k Roteiro: David Franzoni, John Logan, Willi,1111 Nicholson lotografia: John Mathieson Música: Hans Z i m m e r Elenco: Russell Crowe, Joaquin Phoenix, Connie Nielsen, Oliver

GLADIADOR

(2000)

(GLADIATOR) Tendo a c a b a d o d e f i l m a r O informante,

Russel C t o w e petdeu q u a s e 20 quilos e fez m u s -

culação paia criar nas telas o objeto sexual para m u l h e r e s Inteligentes, M a x i m u s , o g e n e i a l r o m a n o t r a n s f o r m a d o e m gladiador, no primeiro verdadeiro épico r o m a n o de H o l l y w o o d e m m a i s d e três d é c a d a s . Exilado q u a n d o s e u mentor, M a r c o Aurélio César (Richard Harris) morre e o trono passa para s e u filho d e l i i a n t e por poder C o m m o d u s (Joaquin Phoenix), M a x i m u s , q u e c o n s e g u e fugir para o exílio, é escravizado e treinado c o m o gladiador e jura vingança. C o m p r e e n s í v e l , se p e n s a r m o s q u e C o m m o d u s não a p e n a s c h u t o u M a x i m u s de Roma c o m o t a m b é m fez c o m q u e sua família fosse assassinada. C o m o seria d e se esperar do diretor Ridley Scott, o f i l m e é épico não apenas e m esca

Reed, Richard Harris, Derek Jacobi,

la, mas t a m b é m e m suas imagens, c o m toda a grandiosidade da Roma da época recriada

I i ) [ i i n i n Hounsou, David Schofield,

f o r m i d a v e l m e n t e na tela - muitos dos elogios aqui se d e v e m , na verdade, ao fotógrafo

John Shrapnel, Tomas Arana, David H i ' i i i m l n g s , Ralf Moeller, Spencer I1e.1i Clark, Tommy Flanagan,

de Scott, J o h n M a t h i e s o n . M a s o ditetor não deixa de lado a equação h u m a n a na história, entre as manipulações por computador, cenas de batalha brilhantemente encenadas e

'.ven o l e Thorsen

cenários espetaculares, resultando e m u m a narrativa heróica, fascinante e, por vezes,

Oscar: Douglas Wick, David Franzoni,

cruel, 10111 atoles talentosos, s o b l e l u d o t l o w e , u m Phoenix a d e q u a d a m e n t e piesunçoso

Branko I ustig (melhor filme), Russell ( ( o w e (ator), Janty Yates (figurino), John Nelson, Neil Corbould, Tim Burke, Rob Harvey (efeitos especiais visuals), Scott Millan, Bob Beemer, I e n Woston (som) Indicação ao Oscar: Ridley Scott (diretor), David Franzoni, J o h n Logan, W i l l i a m Nicholson (roteiro), Joaquin Phoenix (ator coadjuvante), Arthur Max, Crisplan Sallls (direção de o t e ) . John Mathieson (fotografia), P l e n o Scalla (edição), Hans Z i m m e r

( l l l l l s i l ,])

e, e m seu último papel, Olivei Roed, que Infelizmente nioireu durante as filmagens. J B


França / Hong-Kong (Block 2, Jet Tone, Paradls) 98 m i n . P8tB / Cor Idioma: cantonês / francês / mandarim / espanhol Direção: W o n g Kar-wai Produção: W o n g Kar-waí Roteiro: W o n g Kar-wai Fotografia: Christopher Doyle, Pin Bing Lee Música: Mike Galasso, Shigeru Umebayashi Elenco: Maggie Cheung, Tony I ciiug Chiu W a i , Ping Lam Siu, Tung Cho Cheung, Rebecca Pan, Lai Chen, M a n Lei C h a n , Kam-wah Koo, Roy Cheung, Chi-ang Chi, Hsien Y u , Po-chun Chow, Man-Yuk, Paulyn S u n , Man-lei W o n g

AMOR A FLOR DA PELE

(2000)

Festival de Cannes: Tony Leung ( hiu W a i (ator), Christopher Doyle, Pin

(DUTYEUNGNINWA)

Bing Lee, W i l l i a m Chang (grande

A m o ; n florete pelóse passa e m 1960 e m u m a pensão m i n ú s c u l a e lotada c m H o n g K o n g

indicação (Palma de Ouro)

onde dois vizinhos p a s s a m t a n t o t e m p o c o n v i v e n d o t ã o próximos q u e n ã o é d e se a d mirar q u e suas v i d a s a c a b e m se cruzando. Tony L c u n g e M a g g i o C h c u n g d e s c o n f i a m que seus respectivos cônjuges e s t e j a m t e n d o u m caso. m a s não t ê m certeza se d e v e m seguir o exemplo c ter u m caso t a m b é m . E m v e z disso, encontram-se para refeições silenciosas e conversas t í m i d a s , passando o t e m p o j u n t o s e n q u a n t o c o m e ç a m a perceber q u e talvez t e n h a m r e a l m e n t e sido feitos u m para o outro. O diretot W o n g , p o r é m , t r a b a l h a n d o c o m o sempre s e m u m roteiro, p e r m i t e q u e a história d e infidelidade se desenvolva d e u m a maneira e s t r a n h a m e n t e reservada e i m previsível. O n d e o espectador poderia desejar u m r o m a n c e fervllhante, W o n g vê u m a triste resignação. O s dois a m a n t e s e m potencial pairam u m e m torno do outro c o m o sa lei lies, m a s parecem ( o m p r c e n d e l que talvez j a m a i s possam c o m p a r l ilh.u ,1 m e s m a órbita. N ã o se trata de a m o r não-correspondido, e sim de a m o r resistido, à m e d i d a q u e L e u n g e Chettng l u t a m para ficar d i s t a n t e s embora pareçam d e s t i n a d o s a ficat j u n t o s . W o n g coreografa esse r e l a c i o n a m e n t o peculiar c o m a graça e o r i t m o d e u m a valsa. C o n t a n d o c o m s e u h a b i t u a l diretor d e fotografia, Christopher D o y l c , ele a c o m p a n h a o casal e m c â m a r a lenta e n q u a n t o eles se c r u z a m e m estreitas escadarias, esquivam-se do m a u t e m p o e m ruas s o m b r i a s e t ê m d e forma velada o m e s m o tipo d e discussões que teriam se fossem a m a n t e s de verdade. N o v a m e n t e W o n g faz u m uso brilhante da m ú s i c a , desta vez u m a faixa I n s t r u m e n tal d e N a t King Cole q u e g a n h a força q u a n t o m a i s é tepetlda. Cada cena é l u m i n o s a , pródiga e m detalhes de época c u i d a d o s a m e n t e pesquisados, m a s sutis, c a p t u r a d o s e m u m a b r u m a onírica por u m a camera q u e parece espiar por trás das portas. C h e u n g , vestida e m u m a série d e vestidos m a g n í f i c o s , está extraordinária, o par perfeito para o belo e e l e g a n t e L e u n g , de m o d o q u e é q u a s e impossível não torcer para q u e os dois f i q u e m j u n t o s no f i n a l . O fato de n ã o ficarem n ã o é e x a t a m e n t e u m a surpresa, m a s o poder e m o c i o n a l da sua não-relação mostra-se i n c r i v e l m e n t e eficaz. JKI

prémio técnico), W o n g Kar-wai,


•ranea /

Israel (Agav Hafakot, Canal+,

MI', R&C, Telad, Tele Plus, arte) izj min. Cor Idioma: hebraico Direção: Amos G l i a l Produção: Amos Gltai, Michel Propper, Laurent Truchot Roteiro: Amos Gitái, Marie-Jose ..arrime lotografia: Renato Berta

0 DIA DO PERDÃO

(2000)

(KIPPUR) Desde sua estréia no Início dos anos 8o c o m u m a série de documentários que entraram e m conflito com a televisão israelense, A m o s Gitai ficou conhecido como o cineasta mais provocativo de Israel. Apesar de sua coragem c boas intenções, às vezes seus filmes podem parecer atrapalhados e absurdos - mas não Kippur. Nesta pungente lembrança do passado, Gltai invoca uma visão comovente da Guerra do Yom Kippur de 1973, na qual ele próprio foi gravemente ferido. Dois amigos r u m a m para as colinas de G o l a m para integrar a sua unidade, mas acabam sendo incorporados a uma equipe médica que chega de helicóptero

Música: Jan Garbarek

para resgatar feridos. Desde o m o m e n t o e m que os reservistas c o m e ç a m a deixar para trás

i lenco: Lirón Levo, Tomer Russo, Uri

os t e m p o s d e paz e partit rumo às linhas de frente, literalmente buscando pelo local da

Han Klausner, Yoram Hattab, Guy

guerra, Gltai nos conduz lentamente para paisagens cada vez mais lunares onde tempo,

Amil, Juliano Mer, Ran Kauchinsky,

carne e a própria terra são fatalmente suscetíveis a distorção e/ou desintegração.

Kohl Livne, Llat Click, Pini M i t t l e m a n , Meli.il Barda, Gidi Gov Iestival de Cannes: Amos Citai, uniu ação (Palma de Ouro)

Kippur fala m e n o s de u m conflito especifico entre forças i n i m i g a s , se p r e o c u p a n do, s o b r e t u d o , e m evocar a a l u c i n a ç ã o do estado d e guerra: c o n f u s ã o , c h o q u e , fadiga entorpecida, u m a c o n s t a n t e cacofonia. Há pelo m e n o s u m a seqüência r e a l m e n t e d i g na d e ter saído de u m pesadelo. U m a e q u i p e d e resgate tenta carregai u m soldado g r a v e m e n t e ferido no c a m p o de batalha, seus próprios corpos e n f i a d o s na lama a t é os j o e l h o s , e n q u a n t o o corpo n ã o pára d e escorregar da m a c a . Em u m m o m e n t o a p a v o r a n t e , horrivelmente engraçado, Gltai nos faz experimentar i n t e n s a m e n t e o impacto da guerra - pessoal e cósmico, realista e surrcal. R P

t.tlwan / Japão (Atom, Nemuru Itoko Seisaku linkai, O m e g a , Pony 1 aiiviin) 173 m i n . Cor Idioma: Inglês / m a n d a r i m

AS COISAS SIMPLES DA VIDA

(2000)

(YI YI) O filme m a i s acessível d e Edward Yang e p o s s i v e l m e n t e s e u melhor desde Guling jie shaonion

Piodução: Shlnya Kawai, O s a m u

na Taipe d o s dias a t u a i s , d e u m c a s a m e n t o a u m funeral, e, embora leve q u a s e três

r

horas para a t r a m a se desenvolver, não há u m único m o m e n t o q u e pareça gratuito.

ta, Naoko Tsukeda, Wel-yen Yu

Roteiro: Edward Yang

sha ren shijian,

este f i l m e de 2000 a c o m p a n h a três gerações de u m a família

Direção: Edward Yang

Trabalhando n o v a m e n t e c o m atores estreantes, Yang o b t é m u m a a t u a ç ã o exce-

I olografia: Wei-han Yang

lente d e W u Nien-jen - que é por sua vez u m roteirista e diretor de m ã o cheia - c o m o N.

Musica: Kai-Li Peng

J . , u m sócio de meia-idade e m u m a empresa d e c o m p u t a d o r e s fracassada q u e quer se

I lenço: W u Nien-jen, Elaine J i n , Issey 1 )g.ila. Kelly Lee, J o n a t h a n Chang, H l l Sheng Chen, Su-Yun Ko, Michael flO, shu-shen Hslao, Adrian Lin, Pang ( h a n g Yu, Ru-Yun Tang, Shu-Yuan M .u, IIsin Yi Tseng, Ylwen Chen Iestival de Cannes: Edward Yang (diretor), indicação (Palma de Ouro)

associar c o m u m designer de jogos j a p o n ê s e que se encontra s e c r e t a m e n t e e m Tóquio com u m a m u l h e r que ele rejeitou 30 a n o s antes (Su-Yun Ko). Entre outros personagens I m p o r t a n t e s e m As coisos simples

da vida estão o filho de oito a n o s do protagonista

( J o n a t h a n c h a n g ) , sua filha adolescente (Kelly Lee), sua m u l h e r e s p i r i t u a l m e n t e t r a u matizada (Elaine J i n ) , sua sogra e m c o m a (Ru-Yun Tang) e seu c u n h a d o cheio de dívidas (Hsi-Sheng Chen). O filho - u m prodígio cômico e impassível c h a m a d o Yang-Yang fica obcecado e m fotografar o q u e as pessoas não c o n s e g u e m ver, c o m o suas n u c a s , porque para ele é u m a m e t a d e da realidade q u e fica perdida. Ele chega perto de ser unia espei ir de porta voz para Yang. que não parei e perde

nacl.i encpianlo entremeia

pontos d e vista m u t á v e i s e privações e m o c i o n a i s p u n g e n t e s , criando u m dos retratos familiares mais ricos d o c i n e m a m o d e r n o . J R o s


RÉQUIEM PARA UM SONHO

(2000)

(REQUIEM FORADREAM) Após sua a c l a m a d a estreia c o m Pi (1998), o f i l m e s e g u i n t e de Darren Aronofsky é I g u a l m e n t e extraordinário. Réquiem pata um sonho a c o m p a n h a quatro p e r s o n a g e n s - Harry Coldfarb (Jared Leto), sua m ã e (Eilen B u r s t y n ) , sua n a m o r a d a (Jcnnlfer Connely) e sua melhor a m i g a ( M a r l o n W a y a n s )

pelo m u n d o d e pesadelo d o vício e m d r o g a s . Cada

EUA (Artisan, Bandeira, Protozoa, Sibling, Industry, Thousand Words Truth & Soul) 102 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Darren Aronofsky Produção: Eric W a t s o n , Palmer West Roteiro: Hubert Selby Jr., Darren

u m t e m sua própria maneira de lidar c o m o seu vício c cada u m acaba v l v e n c i a n d o

Aronofsky. baseado no livro de

situações diferentes, m a s os vícios são c a u s a d o s pelo m e s m o m o t i v o , o fracasso do

Hubert Selby Jr.

S o n h o A m e r i c a n o . Para Aronofsky, o sonho morreu c o s e u f i l m e é u m luto Indigesto

Fotografia: M a t t h e w Libatique

para suas v í t i m a s .

Música: Clint Mansell

V i s u a l m e n t e , líéqiiiem deve m u i t o ao Troinspotting d e Danny Boyle (1996) e a o s f i l m e s de Spike Lee, m a s , ao contrário de B o y l e , cujo f i l m e de drogas Inclui s e q ü ê n c i a s de subjetividade a l u c i n ó g e n a , Aronofsky se recusa a f u n d a m e n t a r a platéia e m qualquer tipo de posição objetiva. O f i l m e inteiro é rodado através dessa ótica subjetiva dos viciados. E, d e Spike Lee, Aronofsky t o m a u m a sensibilidade vistial hlpercinétlca usada

Elenco: Ellen Burstyn, Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon W a y a n s , Christopher M c D o n a l d , Louise Lassei, Mareia Jean Kurtz, Janet Sarno, Suzanne Shepherd, J o a n n e Gordon, Charlotte Aronofsky, Mark Margolis.

para representar u m e s t a d o de espírito típico do B r o o k l y n , embora Réquiem faça u m

Michael Kaycheck, Jack O'Connell.

uso t e m á t i c o desses e l e m e n t o s , c m vez d e a p e n a s emprega los para alcançar u m estilo

Chas M a s t i n

superficial. As attiações são t o d a s m a g n í f i c a s , c o m Leto, Connelly e W a y a n s e m d e s e m p e n h o s s u r p r e e n d e n l e m e n L e fortes. M a s o papel de B u r s t y n 1 orno a m a e vii iada e m 1 e m et li os para emagrecer d e Harry é extraordinário e, se a l g u é m precisasse de u m m o t i v o único para assistir ao f i l m e , seria a sua a t u a ç ã o . Embora Indicaria para o Oscai de M e l h o r Atriz, B u r s t y n perdeu para Julia Roberts (em Erin Brockovich). O verdadeiro m o t i v o para assistir Réquiem para um sonho - além d e s u a s Idéias inteligentes, o uso f a n t á s t i c o da subjetividade narcótica, o estilo v i n c u l a d o ao c o n t e ú do e a t u a ç õ e s m a g n í f i c a s - está no incrível equilíbrio do f i l m e de horror (as seqüências finais d e loucura provocada pela droga e s tão entre os m o m e n t o s mais assustadores que já vi nos ú l t i m o s anos) e ó t i m a c o m é d i a judia. I m a g i n e W o o d y Allen dirigindo M i s t é rios e paixões. M K

Indicação ao Oscar: Ellen Burstyn (atriz)


México (Altavista, Zeta) 153 m i n . Cor Idioma: espanhol Direção: Alejandro González Iñarrltu Produção: Alejandro González Iñarritu Roteiro: Guillermo Arriaga Fotografia: Rodrigo Prieto Música: Gustavo Santaolalla Elenco: Emilio Echevarría, Gael Garría Bernal, Goya Toledo, Alvaro Guerrero, Vanessa B a u c h e j o r g e Salinas, Marco Pérez, Rodrigo Murray, Humberto Busto, Gerardo Campbell, Rosa Maria B i a n c h i , Dunia Saldivar, Adriana Barraza, José S e f a m i , Lourdes 1 1 hevarría Festival de C a n n e s : Alejandro

AMORES BRUTOS

(2000)

(AMORES PERROS)

González Iñarritu (grande premio da

Quentin Tarantino exerceu u m efeito tão forte e imediato nos cineastas americanos que foi

semana dos críticos), (premio dos

questão de tempo até sua influência se estender para outros países. Amores brutos prova que

|ovens críticos - melhor filme)

no a n o 2 0 0 0 o modelo Tarantino de violência estilizada e narrativas entremeadas já havia chegado ao sul da fronteira americana, no México, o Ulme marca a estréia cinematográfica do diretor mexicano Alejandra Gonzalez Inarrilu e, apesar de o longa m e t r a g e m no final das contas não oferecer nada de particularmente novo, sua direção vibrante consegue injetai energia, humor, inteligência e ternura e m enredos já u m tanto familiares. Filmado c o m o três histórias entrelaçadas cujos personagens centrais encontram-se e m u m d e t e r m i n a d o m o m e n t o 1 have, Amores /nulos se m a n t é m fiel ao tema " c a n i n o " do s e u título original (Amores perros, e m espanhol), já q u e cada s e g m e n t o do f i l m e conta c o m cachorros e m papel d e d e s t a q u e . No primeiro, u m rapaz t e m u m caso c o m a m u l h e r d e seu Irmão e n q u a n t o Inscreve seu cão premiado e m brigas pavorosas (e visceralmente eficazes) na esperança de ganhar dinheiro para fugir c o m sua cunhada. No s e g u n d o , u m a t r a m a digna de Edgar Allan Poe vista pela ótica d e Luis B u n u e l , u m a m o d e l o vaidosa e aleijada perde o seu cão n u m espaço sob o piso do a p a r t a m e n t o e é a t o r m e n t a d a pelos sons do s o f r i m e n t o incessante do a n i m a l , b e m c o m o por sua incapacidade de resolver a s i t u a ç ã o . No ú l t i m o , u m m a t a d o r de aluguel sem-teto busca redimir se da vida que levou c o r e c o n h e c i m e n t o de sua família, de q u e m está há m u i t o afastado. Todos os três s e g m e n t o s i r o n i c a m e n t e ilustram a d e s u m a n i dade do h o m e m c o m seus s e m e l h a n t e s através d o seu t r a t a m e n t o c o m os a n i m a i s , q u e por sua vez sofrem t a n t o no f i l m e que Amores brutos exibe u m aviso c h a m a t i v o de q u e n e n h u m a n i m a l foi s u b m e t i d o a maus-tratos d u t a n t e a tealização do filme. Na verdade, a freqüente violência dos cães (e a violência contra os cães) é retratada d e maneira t ã o realista q u e às vezes a m e a ç a subjugar o f i l m e . M a s Inarritu c o n s e g u e transmitir sua m e n s a g e m d e deslealdade sangrenta, d e s o n e s t i d a d e Indiferente e desunião d a s classes c o m u m a a b u n d â n c i a de estilo, revelando no processo u m a poderosa confiança nos I n s t i n t o s dos seus atores, b e m c o m o na inteligência do seu público. J K I


ENTRANDO NUMA FRIA

EUA (DreamWorks SKG, Nancy

(2000)

Tenenbaum, Tribeca, Universal)

(MEET THEPARENTS) Se f o s s e m necessárias outras provas, O rei da comédia, Fuga à meia-noite

108 m i n . Cor e A máfia

no

divã t e r i a m a c a b a d o c o m todas as d ú v i d a s : Robert De Niro n ã o é a p e n a s u m ator sério, m a s t a m b é m u m grande t a l e n t o c ô m i c o . E m Entrando n u m a fria, ele provoca risadas e entra e m sintonia perfeita c o m B e n Stlller, o c o m e d i a n t e do m o m e n t o . O enfermeiro Greg Focker (Stillcr) decide pedir sua n a m o r a d a P a m (Tcri Polo) e m c a s a m e n t o , m a s , q u a n d o fica sabendo q u e o noivo da irmã dela pediu permissão ao pai da moça para se casar, percebe q u e vai ter q u e fazer o m e s m o . A s s i m c o m e ç a u m a comedia de erros, q u a n d o Greg a c o m p a n h a P a m a t é a casa d e seus pais pela primeira vez e descobre q u e t u d o q u e podia dar errado de fato dá, e de maneira desastrosa. E n q u a n t o ele t e n t a impressionar os pais de P a m , e s p e c i a l m e n t e o pai dela, Jack, u m ex-agente da CIA ( D e Niro), os acidentes a u m e n t a m progressivamente: primeiro c o m u m querido a n i m a l de e s t i m a ç ã o da família, depois c o m as cinzas da m ã e d e Jack, u m gazebo i n f l a m á v e l e u m a fossa séptica t r a n s b o r d a n t e , todos eles catástrofes à espera de u m disparador. E a s i t u a ç ã o ainda piora para Greg q u a n d o ele c o n h e c e o a n t i g o noivo de Pam ( ( ) w e n W i l s o n ) . Stlller, c m u m papel o r i g i n a l m e n t e t a l h a d o para J i m Carrey, está a b s o l u t a m e n t e

Idioma: inglês / espanhol / bebi / francês Direção: Jay Roach Produção: Robert De Niro, Jay Roai h, Jane Rosenthal, Nancy Tenenbaum

Roteiro: J i m Herzfeld, J o h n

Hamburg

Fotografia: Peter J a m e s Música: Randy N e w m a n Elenco: Robert De Niro, Ben Stlller, Terl Polo, Blythe Danner, Nicole DeHuff, J o n Abrahams, O w e n Wilson, James Rebhorn, Thomas McCarthy, Phyllis George, Kali Rocha, Bornic Sheredy, Judah Friedlander, Peter Bartlett, J o h n Elsen Indicação ao Oscar: Randy N e w m a n (canção)

convincente c o m o o sujeito bem-intencionado q u e s i m p l e s m e n t e n ã o c o n s e g u e acertar. M a s o verdadeiro aplauso vai para De Niro, q u e , a julgar por essa a t u a ç ã o , poderia considerar dar u m t e m p o a o s papéis " s é r i o s " e c o m e ç a r tuna nova carreira c o m o u m d o s inell

'S 1 o m e d i . i n l e s da atualidade J B

TRAFFIC

Alemanha / EUA (Bedford Falis,

(2000)

Foi preciso esperar até o ano 2000 para q u e Hollywood percebesse o talento do diretor Steven Soderbergh, apesar da sua magnífica estréia e m 1989 com Sexo, mentiras e vldeotape e outras obras pi imas

1 0 Irresistível paixão (1998) e O estranho (1999). Embora Erín

Compulsion, IEG, Splendid, US)

147 m i n . Cor Idioma: Inglês / espanhol Direção:Steven Soderbergh

Brockovlch (2000) finalmente tenha lhe trazido u m certo destaque, Traffic fez c o m que ele

Produção: Laura Blckford, Marshall

finalmente fosse reconhecido c o m o u m dos diretores mais interessantes de sua geração.

Herskovltz, Edward Zwick

V a g a m e n t e baseado na aclamada série britânica de televisão Trafflk (1989), o filme ex-

Roteiro: Stephen Gaghan, baseatlo na

plora diversas facetas do comércio de drogas e m u m estilo cru, quase d o c u m e n t a l , a t e n -

tninlssérle Traffik, de Simon M i

do-se a pessoas diferentes na cadeia que alimenta a cultura americana da droga. Desde

Fotografia: Steven Soderbergh

um juiz (Michael Douglas, que recusou o papel quando leu o roteiro pela primeira vez, m u -

Música: Brian Eno, Cliff Martinez

dando de idéia mais tarde quando g a n h o u mais cenas), chefe da campanha do presidente dos Estados Unidos contra as drogas, que se depara c o m o problema e m sua própria casa de classe média, até o policial mexicano (um hipnótico Benício Del Toro, que g a n h o u u m Oscar por sua atuação) que usa seus próprios métodos questionáveis para fazer o m e s m o trabalho na fronteira, passando pela m ã e grávida estressada (Catherine Zeta-Jones, e m uma das melhores atuações de sua carreira) forçada a encarar a situação quando o seu marido envolvido no tráfico de drogas (Steven Bauer) é mandado para a cadela. Com u m roteiro enxuto assinado por S t e p h e n G a g h a n (que já escrevera episódios para as séries de TV NYPD Biue e American Cothic), o filme é perfeitamente dirigido por Soderbergh, q u e o u s a d a m e n t e usou mais de 130 atores e m 110 locações, f i l m a n d o c o m a câmera na m ã o e valendo-se de u m a edição criativa e técnicas de fotografia para realizar u m filme verdadeiramente assombroso, q u e faz o espectador refletir b a s t a n t e . J B

Elenco: Benicio Del Toro, Mit liael Douglas, Catherine Zeta-Jones, I 'ene. Quald, Alec Roberts, Miguel 1 ettei, Luis G u z m a n , Don Cheadle, Tophci Grace, Erika Christensen Oscar: Steven Soderbergh (diretor), Stephen Gaghan (roteiro), Beim lo Del Toro (ator coadjuvante), Stephen Mirrlone (edição) Indicação ao Oscar: Edward / w i i í, Marshall Herskovitz, Laura Bli kford (melhor filme)


EUA / Hong-Kong / China / Taiwan (Asia Union, China Film, Columbia, I DKO, Good M a c h i n e , Sony, United China, Zoom Hunt) 120 m i n .

0 TIGRE E 0 DRAGÃO

(2000)

(WO HU CANG LONG) O diretor A n g Lee disse q u e sua i n t e n ç ã o c o m O tigre e o dragão era s i m p l e s m e n t e

Technicolor

fazer o melhor f i l m e de artes marciais possível. O sucesso artístico e a popularidade

Idioma: mandarim

do resultado i n d i c a m que ele c o n s e g u i u . A partir d e u m roteiro do seu colaborador de

Direção: Ang Lee

longa d a t a J a m e s S c h a m u s , q u e se b a s e o u e m c o n t o s d o folclore c h i n ê s para criar o hí

Produção: Li-Kong Hsu, William Kong,

brido d e a ç ã o / f a n t a s i a / r o m a n c e , Lee reuniu u m elenco internacional de superestrelas

Ang Lee

de a ç ã o asiáticas q u e t a m b é m t i n h a m os t a l e n t o s artísticos necessários para deixai

Roteiro: Hul-Ling W a n g , J a m e s

fluir a história.

Schamus, Kuo J u n g Tsai, baseado no livro de Du Lu W a n g Fotografia: Peter Pau Música: Jorge Calandrelli, Yong King, Ian Dun Elenco: Chow Yun Fat, Michelle Yeoh,

Lee t a m b é m t o m o u u m a decisão brilhante ao recrutar o f a m o s o coreógrafo de l u t a s Lee W u - P I n g , u m pioneiro no m u n d o das artes m a r c i a i s . Inspirado no caráter físico do teatro chinês, W u - P i n g Ignora as leis da física, içando os atores e m cabos para q u e p o s s a m lutar no topo d a s árvores, correr sobre a água c o m o pedras q u e t o c a m sua superfície, subir paredes correndo e, várias vezes, c o m b a t e r e m pleno ar. Para platéias

/ h a n g Ziyo, Chen Chang, Sihung

o c i d e n t a i s , talvez n ã o a c o s t u m a d a s c o m esses bales aéreos, a visão da perseguição a

I ung, Pei-pel Cheng, Fa Z e n g Li, Xian

pé da cena d e abertura sobre os t e l h a d o s d e u m vilarejo e m u m a noite de lua cheia se

Gao, Yan Hai, De M i n g W a n g , Li-Li Li,

m o s t r o u imediata c i i r e s i s t i v e l m e n t e a t r a e n t e .

M I Ying Huang, Jin Ting Z h a n g , Rei Yang, Kai Li Oscar: Taiwan (melhor filme estrangeiro), T i m m y Yip (direção de

C h o w Yun Fat, M i c h e l l e Ycoh e a r e l a t i v a m e n t e iniciante Z h a n g Ziyo lidam com facilidade c o m a exigência física sobrenatural de seus papéis, m a s sua a t u a ç ã o nun ca fica a q u é m d a s cenas de ação i m p r e s s i o n a n t e s . De fato, u m a das razões pela qual

aite), Peter Pau (fotografia), Tan D u n

O tigre e o dragão se tornou t ã o sensacional foi a a t e n ç ã o dada no f i l m e à t r a m a e ao

(música)

d e s e n v o l v i m e n t o dos personagens, duas raridades m e s m o p a i a o m a i s ambicioso d o s

Indicação ao Oscar: W i l l i a m Kong,

f i l m e s d e artes m a r c i a i s , q u e t i p i c a m e n t e e n f a t i z a m truques e seqüências de luta mais

I i Kong Hsu, A n g Lee (melhor filme).

do que a a t u a ç ã o .

Ang Lee (diretor), Hul-Ling W a n g , J a m e s S c h a m u s , Kuo J u n g T s a l

C h o w Yun Fat é u m guerreiro e m busca d e u m a espada toubada, a Dragão Verde.

(loteiro), Tlmmy Yip (figurino), Tini

Auxiliado na busca por Ycoh, seu ex-amor, ele descobre q u e o roubo da espada por

Squyres (edição), Jorge Calandrelli, Tan

Z h a n g Z l y o está ligado a q u e s t õ e s a n t i g a s de honra e v i n g a n ç a e obscurecido por elas.

Dun, James S c h a m u s (canção)

M e s m o c o m todos os t r u q u e s contra a gravidade e os surtos de violência, Lee m a n t é m


c o m firmeza o foco sobre os três personagens centrais, cujas filosofias sobre a utilidade de lutat e derramar s a n g u e foram m o l d a d a s ao longo de suas trajetórias de vida radicalmente diferentes. U m a corrente subjacente f o r t e m e n t e feminista t a m b é m permeia O tigre c o dragão, a d i c i o n a n d o outra c a m a d a de inteligência ao filme. Os vários personagens f e m i n i n o s u t a m por razões diferentes, m a s a maioria deles parece lutar por respeito e m u m m u n do dos h o m e n s . Tendo fugido de casa, a pequena Z h a n g , passando-se por u m g u e r r e i ro, se descobre sendo atacada e m u m a e s t a l a g e m por vários guerreiros t r u c u l e n t o s . Lee transforma e m piada a inevitável surra aplicada às dúzias de aspirantes a agressores, c o m o u m a variação hlpercinética da velha luta de bar. M a s parte da resposta apaixonada e exagerada de Z h a n g parece se originar do r e s s e n t i m e n t o antigo de acreditar que ela seria desprezada, ao invés de respeitada (ou t e m i d a ) c o m o u m o p o n e n t e f o r m i d á v e l , se s o u b e s s e m q u e é u m a mulher. Lee m o d u l a cada cena do f i l m e c o m n u a n c e e sensibilidade s e m e l h a n t e s . S u a s s e qüências de luta se d e s e n r o l a m t a n t o c o m o e m b a t e s psicológicos q u a n t o c o m o lutas de espada, c o m c o n f r o n t o s entre Inocência e experiência, paz e raiva. Ainda a s s i m , Lee deixa espaço para leveza e poesia v i s u a l , a l c a n ç a n d o u m raro equilíbrio entre excitação, beleza, h u m o r e inteligência. J K l

899


AMNÉSIA

(2000)

(MEMENTO) Baseado na história de seu Irmão J o n a t h a n , Amnésia, o segundo filme do diretor inglês Christopher Nolan, é u m quebra-cabeça psicológico quase perfeito. Conhecido entre os e n tusiastas do cinema como " o filme filmado de trás para a frente", este filme noir moderno é contado e m segmentos. As cenas aparecem e m ordem cronológica reversa e então andam para a frente, apresentando informação que é inútil até que outro pedaço da trama seja ofe recldo. O que seria u m truque irritante nas mãos de outro diretor se torna, com Nolan, uma maneira eficaz de desvendar o que é na essência u m mistério de assassinato confuso onde EUA (Remember, N e w m a r k e t , Todd)

o hetói pode ou nao saber que seus fatos não sao " o s latos". Seguindo uma longa tradição

113 m i n . P & B / C o r

de perda de memória no gênero n o l r - c o m o A dália azul (1945) e Suture (1993) -, a amnésia do

Idioma: inglês

personagem principal é apenas tirais u m fator excitante em u m filme que tem vários deles.

Direção: Christopher Nolan Produção: Jennifer Todd, Suzanne Todd

Hotclro: Christopher Nolan, J o n a t h a n Nolan lotografia: Wally Pfister Música: David Julyan 1 lenco: Guy Pearce, Carrie-Anne

O ator australiano G u y Pearce estrela c o m o Leonard, u m ousado e orgulhoso exInvestigador d e u m a empresa d e seguros. Ele usa ternos elegantes e dirige u m carro b a c a n a , m a s d o n n e e m motéis v a g a b u n d o s , u m a indl< acuo do detetive e m q u e se t r a n s f o r m o u . Sofrendo de u m a lorina rara de amnésia ( u m distúrbio real c h a m a d o de a m n é s i a a n t e i o g r a d a , a I n c a p a c i d a d e de formai i n e i n o i l a s novas}, l e o n a r d registra suas ações c o m lembretes adesivos e polaróidcs e tatua s e u corpo c o m as " v e r d a d e s " m a i s i m p o r t a n t e s . S e u único objetivo é vingar o estupro e assassinato d e sua mulher,

Moss, Joe Pantoliano, Mark Boone

u m a tarefa p r a t i c a m e n t e impossível considerando se q u e ele t e m pistas exíguas e não

Junior, Russ Fega, Jorja Fox, Stephen

c o n s e g u e se leinbiar de nada do passado I m e d i a t o . As pessoas a o seu redor, c o m o a

lobolowsky, Harriet S a n s o m Harris, I h o m a s Lennon, Callum Keith Rennie, Kimberly Campbell, Marianne Muellerleile, Larry Holden

c o m p a n h e i r a de c a m a Na ta lie ( C a u l e A n n e Moss) e o est ti dente leddy (Joe Pantoliano), p o d e m ser tanto a m i g o s q u a n t o assassinos - ele n ã o t e m a m e n o t idéia. Em p r a t i c a m e n t e todas as c e n a s , Pearce t e m u m d e s e m p e n h o o u s a d o e convin-

Indicação ao Oscar: Christopher

( ei d 1 ( ( H m ) o dosa toi 11111,11 li 1 h o m e m lanai n o poi sua missão m a s incapaz de tomar

Nolan, J o n a t h a n Nolan (roteiro), Dody

as decisões d e q u e nc< esslt.i. A m a n e i r a c o m o os fios da lilsloi ia sao desenovelados

Dom (edição)

e reorganizados é u m feito i m p r e s s i o n a n t e d e p e n s a m e n t o lógico e de c o n t i n u i d a d e do totelro. tssa manobra técnica exige a a t e n ç ã o da platéia, e, 110 e n t a n t o , no espírito m a i s verdadeiro do f i l m e noir, n ã o lhe dá recompensa a l g u m a . Ao f i n a l , é a maneira de c o n t a r a história q u e é m e m o r á v e l , e n ã o a história e m si. K K


DANÇANDO NO ESCURO

12000)

(DANCER IN THE DARK)

Dinamarca / Alemanha / Holanda / EUA / Inglaterra / França / Suécia / Finlândia / Islândia / Noruega

Este musical auto-referencial e m grande parte obedece ao estilo " D o g m a 95" d e Lars Von

(Zentropa, Svenska, Vást, Liberator,

Trier, c o m u m trabalho d e câmera nervoso e d e s e m p e n h o s c o m a forma d e improvisos.

Paln U n l i m i t e d , Cinematograph

C o n t u d o , ele passa r e p e t i d a m e n t e de u m n ú m e r o musical a outro, com canções f a n t a -

A/S, W b a t Else? B.V., Icelandlc Fllm

siosas q u e n ã o se parecem c o m n e n h u m outro n ú m e r o musical no f i l m e e o visual de vídeo l e v e m e n t e borrado

mais claro do q u e a " r e a l i d a d e " do filme, m a s ainda longe do

fulgor da M G M -, nascidas e m u m a fábrica de ritmos ou d e ruídos d e scratch. Em a l g u m m o m e n t o dos anos 60, e m u m a América recriada na Europa (porque o diretor se recusa a a n d a r de avião), a m ã e solteira tcbeca S e l m a (Bjõrk) trabalha e m u m a fábrica e faz trabalhos extras para reunir dinheiro para que seu filho possa fazer a o p e -

Corp., Blind Spot, France 3, DR, atle, SVT Drama, Angel, Canal+, FllmFout, Constantin, Lantla Cinema, TV tooo, VPRO TV, W D R , YLE) 140 m i n . Cot Direção: Lars von Trier Produção: Vibeke Windelov Roteiro: Lars v o n Trier

ração d e q u e precisa para evitar a cegueira hereditária da qual ela m e s m a já n ã o pode

Fotografia: Robby Müller

m a i s se curar. Ela s o n h a os n ú m e r o s m u s i c a i s e v a i a o c i n e m a c o m sua a m i g a Kathy

Música: Bjõrk

(Catherine D e n e u v e ) , que explica as I m a g e n s para ela, m a s s u a v e m e n t e ( m e s m o q u e d e

Elenco: Bjõrk, Catherine Deneuve,

f o r m a d e v a s t a d o r a ) resiste à corte de Jeff (Petet S t o r m a r e ) , u m cara legal. E m vez disso, ela se concentra c m controlar os efeitos de sua deficiência a t é que possa pagar ao Dr. Porkorny ( U d o Kier) pela operação d e seu filho. O senhorio d e S e l m a , o policial Bill (Da vid M o i s e ) está e n d i v i d a d o m a s quer parecer rico d i a n t e de sua m u l h e r c descobre q u e

David Morse, Peter Stormare, Joel Grey, Cara Seymour, Vladlca Kosl l i . Jean-Marc Barr, Vincent Paterson, Slobhan Fallon, Zeljko Ivanek, Udo Kier, Jens Alblnus, Reathel Bean,

S e l m a possui dinheiro g u a r d a d o , que ele planeja roubar. Ela o confronta c ele a força a

M e t t e Berggreen

matá-lo para conseguir o dinheiro. É t ã o irreal q u a n t o qualquer f i l m e de Giry M a d d i n ,

Festival de Cannes: Lars von hiei

m a s todas as cenas f u n c i o n a m e Bjõrk está sensacional e m u m papel difícil. K N

(Palma de Ouro), Bjõrk (atriz)

0 FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (200D

(LE FABULEUX DESTÍN DAMÉLIE POULAIN)

França / Alemanha (Filmstiftung Nordrhein-Westfalen, France ;. La Sofica Sofinergie 5, Canal+, MMC Independent, Tapioca, UGC Images. Victoires) 122 m i n . P & B / Cor

O roteirista e diretor Jean-Plerre J e u n e t já havia se revelado u m t a l e n t o s o criador de

Idioma: francês

m u n d o s f a n t á s t i c o s e s e m i f a m i l l a r e s . S u a comédia negra Delicatessen se passava no

Direção: Jean-Plerre Jeunet

f u t u r o , o n d e a escassez d e comida levava a soluções canibalescas i n v e n t i v a s . O ainda

Produção: Jean-Marc Deschamps,

m e l h o r Ladrão de sonhos mostrava u m m u n d o a l t e r n a t i v o , o n d e os s o n h o s d e crianças

Arne M e e r k a m p van E m b d e n , t

e s t r a n h a m e n t e m a d u r a s e r a m colhidos por u m cientista m a l u c o decrépito e covarde que n ã o conseguia gerar seus próprios s o n h o s . À primeira v i s t a , Amcíic

se passa no m u n d o real. M a s , através d e u m c o n j u n t o

m e m o r á v e l de efeitos brincalhões (inclusive literalmente), J e u n e t transforma a França c o n t e m p o r â n e a e m u m belo e surreal reflexo da realidade, no qual a p e r s o n a g e m p r i n -

laudll

Ossard Roteiro: Guillaume Laurant, JeanPierre Jeunet Elenco: Audrey Tautou, M a t h i e u Kassovitz, Rufus, Yolande Moreau, Artus de Penguern, Urbain Cam elllrí

cipal idealista e d e olhos arregalados espalha a m o r e felicidade às caras a m a r r a d a s a o

Dominique Pinon, Maurice Bénit I

seu redor.

Claude Perron, Michel Robin

A própria A m é l i e , no e n t a n t o , está d e p r i m i d a , e decide gastar u m p o u c o de sua energia fabulosa na busca do a m o r verdadeiro. Ela é representada c o m a precisão i n o -

Indicação ao Oscar: França (melhOl filme estrangeiro), Guillaume Laurant, Jean-Pierre Jeunet (roteim),

cente d e u m a criança levada por Audrcy Tatou, q u e irradia boa índole m a s t a m b é m t e m

Aline Bonetto, Marie-Laure Valia

u m q u ê d e safadeza que c o m b i n a c o m seu sorriso matreiro. Por m a i s q u e o m u n d o de

(direção de arte), Bruno Delbonnrl

A m é l i e seja f a n t á s t i c o , você está sempre b e m certo de q u e o f i l m e fala sobre c o m o dois

(fotografia), Vincent Arnardi,

corações b a t e n d o e m lados opostos d e u m a grande metrópole p o d e m encontrar u m a maneira d e se unir e bater c o m o u m só. J K l

Guillaume Leriche, Jean Umansky (som)

9111


IUA / Austrália (Bazmark) 127 min. Cor Idioma: inglês Direção: Baz Luhrmann

Produção:

Fred Baron, M a r t i n B r o w n ,

B a / 1 uhrmann Knteiro: Baz L u h r m a n n , Craig Pearce lotografia: Donald,McAlpine Musica: Craig A r m s t r o n g

I

Itnco:

Nicole K i d m a n , Ewan

MOULIN ROUGE!

(2001)

O roteirista e diretor Baz L u h r m a n n e f e t i v a m e n t e r e i n v e n t o u o f i l m e musical c o m este c o n t o i m p e t u o s o , ágil, e s p a l h a f a t o s o e ímpar q u e é a terceira parte d e sua "Trilogia da Cortina V e r m e l h a " , iniciada c o m Vem dançar comigo (1992) e que teve c o n t i n u i d a d e c o m Romeu & Juüeto (1996). Mouiin

Rougcíè

u m a versão digna da MTV do século X X I para u m r o m a n c e parisien-

se d o s a n o s 1890. C o n f o r m e a cortina do teatro se ergue, s o m o s a p r e s e n t a d o s à história de Christian ( E w a n M c C r e g o r ) , u m j o v e m inglês q u e v e m a Paris para se tornar escritor.

M i i.iegor, John Leguizamo, J i m

Ele logo c o n h e c e u m g r u p o d e a r t i s t a s liderados por Toulouse Lautrec (John Leguizamo)

lUoudbent, Richard Roxburgh, Carry

que d e s e j a m m o n t a r u m s h o w e r e c r u t a m C h r i s t i a n para escrevê-lo. Ele aborda o pro-

Mi I lonald, Jacek K o m a n , Kylie

prietário do M o u l l n Rouge, Harold Zldler (Jim B r o a d b c n t ) , c m busca d e f i n a n c i a m e n t o e

Minogue Oscar: Catherine M a r t i n , Brigitte linn h (direção de arte), Catherine Mai I in, Angus Strathie (figurino) Indicação ao Oscar: Fred Baron, M a i l l n Brown, Baz L u h r m a n n (melhor filme), Nicole K i d m a n (atriz). I ' i H I . i l d McAlpine (fotografia), Jill Ulli o i k (edição), Maurizio Silvl, Aliln Slgnoretti ( m a q u i a g e m ) , Andy Nelson, Anna Behlmer, Roger Savage, (.nulls Sics (som)

se apaixona pela bela estrela da casa, S a t i n c (Nlcole K i d m a n ) . O b v i a m e n t e , na tradição dos m e l h o r e s r o m a n c e s sofridos, o r o m a n c e está fadado â dcsgtaça porque ela está p r o m e t i d a a o a s q u e r o s o D u k e (Richard Roxburgh) e, s e m q u e Christian saiba, t a m b é m está m o t r e n d o d e t u b e r c u l o s e . M c C r e g o r atua c o m o u m c a r i s m á t i c o e sensível escritor esforçado c K i d m a n está divina c o m o S a t i n e

sexy, forte e d e s l u m b r a n t e .

A l é m d e ser u m a celebração do s h o w b u s l n e s s , da vida c da cor, Moulin

Rouge! é

t a m b é m u m a celebração da m ú s i c a , q u e L u h r m a n n usa e n g e n h o s a m e n t e . As canções e m p r e g a d a s são todas c o n h e c i d a s - m u l t a s delas grandes sucessos pop , m a s f o r a m recriadas c o m arranjos nada c o n v e n c i o n a i s . A m e ou odeie esta obra d e a r t e v i s u a l , você nao poderá dizer que já v i u algo a s s i m . ) B


A CAMINHO DE KANDAHAR

Irã / França (Bac, Makhmalbaf. StudlO

(2001)

(SAFAR E GHANDEHAR)

Canal) 85 m i n . Cor

Nafas (Niloufar Pazira) nasceu no A f e g a n i s t ã o m a s fugiu para o Canadá na j u v e n t u d e ,

Direção: M o h s e n Makhmalbaf

Idioma: farsi / inglês / polonês

e lá a c a b o u se t r a n s f o r m a n d o e m repórter de sucesso. Ela volta à sua terra natal para

Produção: M o h s e n M a k h m a l b a f

encontrar a irmã, q u e perdeu as pernas na explosão de u m a mina e foi a b a n d o n a d a . As

Roteiro: M o h s e n M a k h m a l b a f

cartas da irmá d e t a l h a v a m u m a existência reprimida, digna d e pesadelos, sob o j u g o

Fotografia: Ebrahim Chafori

taiibã, que a levou a planejar o suicídio que coincidirá c o m u m eclipse q u e acontecerá

Música: M o h a m m a d Reza Darvisln

e m breve. E m pânico, a ocidentalizada Nafas decide entrar no país às e s c o n d i d a s para

Elenco: Niloufar Pazira, Hassan

resgatar a irmã e m u m a corrida contra o t e m p o .

Tantal, Sadou Teymourl, Hoyatala

O diretor c roteirista Iraniano M o h s e n M a k h m a l b a f c o m b i n a m e t r a g e m d e a u t ê n ticos d o c u m e n t á r i o s c o m u m a narrativa ficcional para Ilustrar os horrores d e u m a s o c i e d a d e governada por loucos q u e distorceram tradições religiosas e culturais de f o r m a a adequá-las a sua visão estreita d e m u n d o . A grande força de Kanáahar

é que

d r a m a , tragédia e a t é o h u m o r coexistem. E n q u a n t o Nafas atravessa o país, o e s p e c t a dor v i s l u m b r a os estragos da guerra e da tirania - pobreza i m e n s a , f a m í l i a s sofredoras

Hakimi, Mónica Hankievich,

Zahra

Shafahl, Safdar Shodjai, Molla/, 111 • • 1 Teymouri Festival de Cannes: M o h s e n M a k h m a l b a f (prêmio do júri ecumênico), indicação (Palma de ouro)

obrigadas a se separar, a a m e a ç a c o n s t a n t e da violência c d e represálias. I m a g e n s i n e s p e r a d a m e n t e belas e personagens complexos c o n s t a n t e m e n t e nos a s s a l t a m .

Kandahai

m o s t r o u para o m u n d o o pesadelo real da turbulência religiosa, política e c u l t u r a l , coisa q u e m u i t o s i g n o r a v a m c o m p l e t a m e n t e ao m e s m o t e m p o q u e essa m e s m a t u r bulência se preparava paia modificar o nosso próprio m u n d o , a n t e c i p a n d o o conflito global q u e estava p o r v i r . Talvez o aspecto mais perturbador deste f i l m e f a n t á s t i c o seja o fato d e que ele continuará a ser atual e relevante por m u i t o s e m u i t o s a n o s . E H

TERRA DE NINGUÉM

(2001)

(NO MANS LAN D) U m a expressão usada por c o m b a t e n t e s e associada à Primeira Guerra M u n d i a l , "terra de n i n g u é m " designa o inabltável território entre d u a s trincheiras i n i m i g a s . O objetivo d o f i l m e d e Danls Tanovic, e n c e n a d o nas Bálcãs, é complicar ainda m a i s o t e r m o a o se apresentai i o n i n u m d i a m a absurdo construído e m torno de u m i m p a s s e absoluto. A ação se passa e m 1993, quando u m pelotão de soldados bósnios a c a m i n h o do

Bósnia-Herzegovina / Eslovénia / Itália / França / Grã-Bretanha / Bélgica (Casablanca, Counlhan Villiers, Eurlmages, Fabrica, Fonds Slovene, M a n ' s , Noé, Maj, Centie du Cinema et de 1'Audlovisuel de l.i C o m m u n a u t é Française de Belglquí, Wallons) 98 m i n . Cor Idioma: servo-croata / inglês /

fronte se perde durante a noite. Depois da emboscada de u m a patrulha sérvia, o grupo é

francês

dizimado e só sobrevivem dois d e seus integrantes. Chlki (Branko Djurlc) é atingido por

Direção: Danis Tanovic

u m a bala de raspão, antes d e alcançar a segurança da trincheira, e seu amigo Cera (Fillp

Produção: Mare Baschet, Frédérlqui

Sovagovlc) está Inconsciente. Enviados para vigiar a fronteira, u m veterano sérvio e seu

Dumas-Zajdela, Cédomir Kolar

j o v e m parceiro Nino (Rcnc Bltorajac) plantam u m a mina sob o corpo, logo antes de Chiki

Roteiro: Danis Tanovic

m a t a r o soldado mais velho. Q u a n d o Cera acorda, incapaz de se mover, os três são obriga

Fotografia: Walther van den l u d e

dos a cooperar para sobreviver, pois estão todos isolados de suas retaguardas e comandos. Começando com soldados e m patrulha e terminando com Cera à espera da morte, o filme de Tanovic é u m retrato contundente de como os objetivos militares se perdem no próprio lugar do conflito. O que significa que Chlki, Cera e Nino são as vítimas de u m jogo de interesses m u i t o maior, q u e é a combinação d e impulsos religiosos, políticos, étnicos e principalmente nacionalistas, jovens m o r r e m , u m sacrifício Inevitável no jogo da estratégia. De

Música: Danis Tanovic

Elenco: Branko Djurlc, Rene Bltorajli Fillp Sovagovlc, Georges Siatldls, Serge-Henri Valcke, Sacha Kreinci, Alain Eloy, Mustafa Nadarevic, Bogdan Dikllc, Simon Callow, K.iil Cartlidge, Tanja Ribic

fato, é u m a história sombria, m a s que foi transformada e m uma significativa experiência

Oscar: Bósnia (melhor filme

cinematográfica, partilhada ao longo de uma tenebrosa comédia de erros onde patriotas

estrangeiro)

convictos enfeitam suas baionetas simbólicas uns c o m os outros. G C - Q

9(11


I UA / Japão (Dentsu, Mitsubishi, NTV, Chibli, Tokuma Shoten, Touhoku Shlnsha, Walt Disney) 125 m i n . Cor Idioma: japonês

A VIAGEM DECHIHIRO

(2001)

(SEN TO CHIHIRO NO KAMIKAKUSHI) A cada f i l m e q u e faz, Hayao M i y a z a k i eleva m a i s e m a i s os padrões para longas de

Direção: Hayao Miyazaki

a n i m a ç ã o . E n t r e t a n t o , ele possui u m a visão t ã o singular que é difícil saber e x a t a m e n t e

Produção: Toshio Suzuki

onde colocá-lo nesse p a n t e ã o . Ele não faz u m a espécie de resgate do passado, porque

Roteiro: Hayao Miyazaki

n i n g u é m no passado fez f i l m e s c o m o os d e M i y a z a k i . E c e r t a m e n t e não é u m precursor

Múllca: Jô Hisaishi

do q u e está por vir, pois é difícil i m a g i n a r outro além de M i y a z a k i fazendo o m e s m o

Flenco: Daveigh Chase, Rumi Hiiragi,

tipo de trabalho. Ele c único e por isso m e s m o seus filmes t ê m u m lugar especial no

Mlyu Iiino, Jason Marsden, Mari

coração dos a m a n t e s do c i n e m a .

N l t S U k l , Suzanne Pieshette, Michael 1 hiklis, lakashi Naltô, Lauren Holly, YlSUko Sawaguchi, Tatsuya C a s h u i n , I 1 1 I 1 1 1 Ralzenberger, Ryunosuke Kamlki, Tara Strong, Susan Egan Oscar: Hayao Miyazaki (animação)

Isso é verdade especialmente e m sua terra natal, o J a p ã o , o n d e cada u m de seus longas-metragens bate o recorde d e bilheteria d o filme anterior e supera c o m folga m u i t a s das superproduções mais badaladas de H o l l y w o o d . É porque Miyazaki cria m u n dos de fantasia q u e de alguma forma estão livres dos personagens s e n t i m e n t a l ó i d e s e do t o m condescendente presente e m tantos longas a n i m a d o s produzidos por grandes

I f-.ilv.il de Berlim: Hayao Miyazaki

estúdios. Não é surpresa q u e seus filmes infalivelmente inteligentes t e n h a m apelo

( I h s u de Ouro), e m p a t a d o com

tanto para crianças q u a n t o para adultos. São simples o bastante para agradar os p r i m e i -

i'niulngo sengrento

ros c complexos o bastante para serem apreciados e m outros níveis pelos mais velhos. A t í m i d a e nervosa Chihiro está d e m u d a n ç a c o m seus pais para u m a casa nova q u a n d o a família pega u m a t a l h o e atravessa u m túnel misterioso. Do outro lado, d e s c o b r e m o que parece ser u m a cidade a b a n d o n a d a , m a s as aparências e n g a n a m . O s pais de Chihiro se f a r t a m de tanto comer c se t r a n s f o r m a m e m porcos e m u m passe de mágica e é e n t ã o que a m e n i n a percebe q u e não estão sozinhos. Q u a n d o a noite cai, a cidade é habitada por c e n t e n a s de espíritos, e Chihiro precisa vencer seus m e d o s para salvar os pais e e n c o n t r a r o c a m i n h o d e volta para casa. Guiada por u m espírito mais b e n e v o l e n t e c h a m a d o H a k u , Chihiro c o n s e g u e penetrar no coração da cidade, onde descobre u m a bruxa c h a m a d a Yubaba q u e c o m a n d a t u d o c o m o se fosse a gerente de u m negócio e m e x p a n s ã o , o n d e a principal a t r a ç ã o seria u m sofisticado spa. Para sonhar e m voltar para casa, Chihiro precisa conquistar a simpatia da velhota e d e seus c o m p a r s a s imprevisíveis. A viagem de Chihiro c, de certa maneira, a versão d e M i y a z a k i para Alice no país das maravilhas.

A s cenas d e s e n h a d a s à m ã o pelo diretor e roteirista explodem com energia

e i n v e n t i v i d a d e e M i y a z a k i tira partido da f a n t á s t i c a história para criar dezenas de inimitáveis espíritos c criaturas q u e v a g a m por este m u n d o de regras incompreensíveis e lógica i m p e n e t r á v e l . Bebês gigantes f a z e m pirraça de forma destrutiva. Espíritos m a u s d ã o ouro d e presente a n t e s d e devorar t u d o à sua v o l t a . Personagens m u d a m de f o r m a (e às vezes a t e d e personalidade) s e m avisar. U m deles aparece por vezes c o m o m e n i n o , dragão e e n t ã o c o m o espírito do rio. Chihiro d e m o n s t r a i n i c i a l m e n t e perplexidade diante de t a i s criaturas, m a s depois reage c o m c o r a g e m . Logo c o m p r e e n d e q u e precisa se situar nesse estranho m u n d o para m a n t e r as esperanças d e voltar para casa. E, a s s i m c o m o os espíritos que ela encontra m u d a m sua visão sobre a vida, ela t a m b é m influencia seu c o m p o r t a m e n t o . É u m a estranha n u m a terra estranha, o n d e os m o r a d o res a consideram a mais estranha de t o d a s as criaturas. J K L


OS EXCÊNTRICOS TENENBAUMS (2001) (THE ROYALTENENBAUMS) nspirado claramente e m edições passadas da revista New Yorker, c o m u m a veia h u m o rística q u e o atravessa do começo ao f i m , Os excêntricos Tenenbcuims é u m a divertida colagem assinada por W e s Anderson q u e n ã o desapontou os f ã s d e seus dois filmes anteriores, Pura adrenalina

(1996) e Três é demais (1998). Decorada c o m desenhos ao estilo

EUA (American Empirical, Touchstone) 109 m i n . Technicolor Idioma: inglês Direção: W e s Anderson Produção: W e s Anderson, Barry M e n d e l , Scott Rudin Roteiro: W e s Anderson,

de E d m u n d Gorey e narrada por u m impassível Alce B a l d w i n , esta fantasia a m a l u c a d a

Owen Wilson

se sustenta graças a o desempenho cie scai elenc o estelar. O roteiro esta repleto ' I ' ' gags

Fotografia: Robert D. Yeoman

visuais (os personagens adultos aparecem vestidos c o m roupas idênticas às que usavam

Música: Mark Mothersbaugh

quando crianças, a r m a s disparam de forma cômica e há ainda u m esquisito esfaquea-

Elenco: Alec Baldwin, S e y m o u r

mento), tiradas brilhantes e oblíquas, e praticamente destituído de conteúdo e m o c i o n a l evidente. Apesar d a s falhas, Anderson voltou a tratar de forma original u m a família disfuncional c o m o u m a espécie de gênero cômico. Baseado e m u m livro inexistente, o

Cassei, Danny Glover, Gene H a c k m a n , Anjelica Huston, G w y n e l h Paltrow, Ben Stiller, O w e n Wilson, Bill Murray, Kumar Pallana, Luke Wilson,

roteiro garantiu u m a Indicação ao Oscar para Anderson e O w c n W i l s o n . W i l s o n t a m b é m

Grant Rosenmeyer, Jonah Meyerson,

está no elenco, m a s n ã o interpreta u m dos irmãos T e n e n b a u m , embora Luke, seu Irmão

Aram Aslanian-Persico, Irene

na vida real, seja u m d o s T e n e n b a u m s , mais u m aspecto esquisito de uma obra elíptica.

Gorovaia

Separado da exótica esposa Ethcline (Anjelica Huston) por m u i t o s anos, Royai

Indicação ao Oscar: W e s Anderson,

T e n e m b a u m (Gene Hackman) é um advogado que perdeu sua licença c passa por dificul-

O w e n Wilson (roteiro)

dades. O s três (ilhos adultos foram crianças prodígio

Festival de Berlim: W e s Anderson,

Richle (Luke Wilson) era u m a fera

do tênis, Margot ( G w y n e t h Paltrow), a irmã adotada, foi uma escritora famosa e Chas (Ben Stiller), u m gênio das finanças. Agora, desconfiando do pai c tendo que enfrentar suas próprias crises, o trio volta para a casa da m ã e , u m a residência de esquina c o m cinco andares que, é claro, t e m u m mastro onde está hasteado o estandarte da família, apesar d e localizada e m plena Nova York contemporânea. Ethcline descobre estar apaixonada por seu parceiro de negócios (Danny Glover, resplandecente e m xadrez e jeans). Royai, vigarista c o n t u m a z , finge ter câncer para recuperar as afeições perdidas, com o apoio d e seu criado muito pouco confiável, Pagoela (Kumar Pallana), que a m a Royai embora tente matá-lo, provocando u m a das tiradas do personagem: "Esta é a última vez que você m e esfaqueia." Bill Murray e O w e n W i l s o n t a m b é m fornecem atuações precisas e m papeis secundários, o primeiro como o desorientado psiquiatra casado com Margot e o segundo como a m a n t e da personagem, u m histriónico cowboy escritor que mora nas vizinhanças. U m exame colorido e ao m e s m o t e m p o triste e v a g a m e n t e surrealista de uma família que tenta encarar a vida e m seus próprios e muito particulares parâmetros, Os excêntricos Tenenbaums

está povoado de personagens rasos q u e consistem e m pouco mais do que

uma coleção de hábitos estranhos e talentos extraordinários. Só o personagem de Stiller apresenta algum peso emocional. Gene H a c k m a n domina a cena, supremo, ao encarnar de forma natural e b e m acabada u m h o m e m que é, à primeira vista, c a l m o e controlado, mas que na realidade é incapaz de prestar atenção às necessidades de alguém além dele m e s m o . No fundo, ele está desesperadamente tentando lançar m ã o de qualquer artifício que permita reaproxlmá-lo de sua família, desde que seja e m seus termos, é claro. Hackman ficou com os melhores diálogos do roteiro - quando Eli diz: " S e m p r e quis ser um Tenenbaum", Royai responde, enigmático, " E u t a m b é m , eu t a m b é m " . Em ú l t i m a instância, Os excêntricos Tenenbaums é o resultado híbrido e satisfatório d e u m c r u z a m e n t o de gêneros. É engraçado d e m a i s para ser u m a tragédia e fútil demais para ser profundo. O q u e p e r m a n e c e na m e m ó r i a são sensações fugazes de alegria e dor de u m a família bem-dotada e ao m e s m o t e m p o c o n d e n a d a . KK

Indicação (Urso de Ouro)


A SOCIEDADE DO ANEL (200l).

O SENHOR DOS ANÉIS

(2001 2002 2003) e

i luração: 178 min. AS DUAS TORRES (2002). Duração:

Como a trilogia escrita por J . R. R. Tolklen, a adaptação d e Peter Jackson de O senhor dos

179 min.

anéis deve ser considerada u m a só obra, apesar de m u l t o longa. Vistos e m seqüência,

0 RETORNO DO REI (2003). Duração:

os três filmes (A sociedade do anel. de 2001, As duas torres, de 2002, e O retorno do rei, de

201 min. NOS TRÊS FILMES; 1 UA / Nova Zelândia (New Li ne i luciu.i. W i n g Nut Films. The Saul /wertz Company) Cor

2003) f o r m a m u m conjunto quase perfeito, do prólogo espetacular até os créditos finais, c o m proporções a d e q u a d a m e n t e épicas. Acho que depois d e produzir u m filme com nove I101 as de duração e justo inseri 1 nove minutos di

ditos, uni verdadeiro recende.

Tudo que diz respeito a este filme é sem precedentes na história do cinema. As três

Idioma: inglês

partes foram realizadas e m u m período corrido de iG meses. E a Incrível popularidade da série

Direção: Peter Jackson

fez mais do que jus a todas as expectativas. Até agora, calcula-se que ela já tenha rendido

Produção: Peter Jackson, Barrle M.

quase três bilhões de dólares e m bilheteria, mais do que qualquer outra trilogia, batendo

1 ishorne, Fran W a l s h , Tim Sanders

até m e s m o as superproduções da série original de Guerra nas estrelas. Segundo cálculos

Ipenas em A sociedade do anet)

de alguns especialistas, as vendas e m DVD chegam pelo menos ao m e s m o valor, Isso sem

Roteiro: Fran W a l s h , Phillipe Boyens, i v i e i |ai kson, Stephen Sinclair (apenas em As duas torres) 1 litografia: Andrew Lesnle Música: Howard Shore

falar na exploração de uma linha de produtos licenciados, o que significa que o PIB da Terra Média rivaliza com o de muitos países de verdade. Felizmente, Jackson conseguiu atordoar não apenas os contadores, mas t a m b é m a critica. Cada fita superava a anterior nas listas de melhores obras c as três somadas amealharam nada menos do que 30 Indicações ao Oscar,

llenco: Flljah W o o d , Ian McKellen, Liv

levando para casa 17 estatuetas (11 delas foram para O retorno do rei, Incluindo melhor filme e

t vI.• 1. Vlggo M o r t e n s e n , Sean Astin,

diretor, u m resultado que só foi rivalizado por Beu-Hiir e Titonic).

t ate Blanchett, John Rhys-Davles, Hilly Boyd, Dominic M o n a g h a n , < tilando B l o o m , Hugo W e a v i n g Oscar: A SOCIEDADE DO ANEL: quatro prêmios, incluindo Andrew

Se você viu os três filmes, 11,10 ficará surpreso e m saber q u e os lies receberam o Oscar d e melhores efeitos especiais. Estão todos repletos de m o n s t r o s e batalhas q u e f i c a m m a i s Impressionantes a cada fita. Apesar disso, foi a trágica figura de G o l l u m que conseguiu capturar a i m a g i n a ç ã o das platéias. Com o corpo e a m e n t e destruídos

I esnle (fotografia) e Howard Shore

por seu vício no poderoso anel do título, G o l l u m pende para s e n t i m e n t o s conflitantes

1 1 1 ill 1.1 sonora original). AS DUAS

c o m o ódio visceral, a u t o p i e d a d e e d e vez e m q u a n d o u m a coisa q u e lembra v a g a m e n t e

IORRES: Ethan Van der Ryn, Mike Hopkins (edição sonora), J i m Rygiel, hie I etteil, Randall William Cook, Al. - I mike (efeitos especiais). 0 RETORNO DO REI: Barrle M.

satisfação. Preste a t e n ç ã o na forma c o m o ele cantarola e n q u a n t o captura e c o m e u m peixe q u e ainda se d e b a t e . Inspirado nos m o v i m e n t o s capturados no c o m p u t a d o r e na voz do ator Ancly Serkis, o G o l l u m das telas era i n t e i r a m e n t e digital c ainda assim foi c o m p l e t a m e n t e c o n v i n c e n t e c o m o u m p e r s o n a g e m d e carne e osso.

Osborne, Peter Jackson, Fran Walsh

Talvez seja Isso que represente a maior conquista ile J a c k s o n : lembrar que efeitos

Inn linn Mime), Fran W a l s h , Philllpe

especiais d e ponta e d o m í n i o técnico n ã o são suficientes para se fazer u m grande

htiyens, Peter Jackson (roteiro

f i l m e . Embora seja protagonizado pot hobbits, elfos e feiticeiros, todos os personagens

Idaptado), Jamie Sekirk (edição),

são e x t r e m a m e n t e h u m a n o s . G o l l u m t e m a r r e p e n d i m e n t o s , tenta set b o m e provoca

1 . 1 . m l Major, Dan H e n n a h , Allan Lee (direção de arte), Nglla Dickson, Ml haul Taylor (figurino), Richard t.ivloi. t'eter King (maquiagem), Fran

S a m , o " h o b b i t gorducho". O feiticeiro Gandalf, Interpretado c o m perfeição por Ian M c K e l l e n , é por vezes paternalista e até malicioso, m a s nunca perde sua aura d e poder e a u t o r i d a d e . E os hobbits Frodo (com o olhar arregalado d e Elljah W o o d ) e S a m (Sean

Walsh, Howard Shore, Annie Lenox

Astln) c o m e ç a m c o m o corajosos m a s Ingênuos aventureiros

(1 .uição original), Christopher Boyes,

de verdadeiros heróis, no m o m e n t o e m q u e c o m p r e e n d e m a tetrívcl verdade Implícita

1 ||i 11.1.T Semanlck, Michael Hedges,

e m sua missão ao c h e g a r e m ãs encostas do m o n t e D o o m .

it.

ond Peek (som), Jim Rygiel, J o e

1 e i i e i i , Randall William Cook, Alex 1 i i n i e (eleitos especiais), Howard '.bun' (trilha sonora original)

a t é adquirirem o s t a t u s

Q u a s e t ã o m e m o r á v e l q u a n t o os personagens é o cenário dos filmes. A trilogia foi Ida na terra natal de J a c k s o n , a Nova Z e l â n d i a , e pouquíssima mágica digital foi necessária para criar paisagens d e s l u m b r a n t e s . U m a das cenas m a i s m e m o r á v e i s do espetacular O retorno do rei é o acender dos faróis c o m a música cada vez m a i s v o l u m o sa. A câmera s i m p l e s m e n t e viaja de u m topo d e m o n t a n h a a outro c o n f o r m e o sinal de alerta é aceso e avança contra o c é u . S i m p l e s m e n t e m a r a v i l h o s o .

mi,


i notável l a m b e m que Jackson e seus co-roteiristas Fran Walsh c Phlllipc Hoycns t e n h a m conseguido extrair uma narrativa arrebatadora e veloz de uma fonte tão densa e aparentemente impenetrável. Ainda mais notável é o fato de que mesmo os fãs mais xiitas do livro adoraram o filme. Só uma minoria de puristas reclamou dos necessários coites no ptólogo, curto e dramático, m o m e n t o em que descobrimos que Sauton, a encarnação do mal, investiu todo o seu poder para forjar u m anel, perdido e m uma batalha épica contra uma aliança de homens c elfos. Depois de uma jornada complicada, o anel vai parar nas mãos do pequeno hobbit Frodo Bolseiro. É aqui que começa a história c m si. Frodo concorda e m destruir o anel e assim derrotar Sauron de uma vez por todas. Entretanto, o anel só poderá ser destruído se for lançado no coração vulcânico do monte D o o m , que fica, é claro, bem no interior do território Inimigo. Ele parte nessa viagem perigosa na companhia de u m grupo de preocupados hobbits, elfos, anões c homens, incluindo aí o feiticeiro Candalf e o misterioso Aragorn (Vlggo Mortenscn). Traições, derramamento de sangue e batalhas acabam por dividir o grupo, e Frodo, com S a m (e depois com Gollum), parte para o vulcão sozinho, enquanto o testo se prepara para resistir a Sauron em u m combate que vai abalar a Terra Média. Apesar da a m p l i t u d e da tela pintada por J a c k s o n , a essência de sua obra são as pessoas, seus relacionamentos c as decisões que precisam tomar. A amizade e o auto-sacrifício estão f o r t e m e n t e presentes, b e m c o m o u m sentido de mortalidade que permeia toda a história. As cenas finais deixam claro que a vitória pode ser nobre, mas ainda assim pode resultar de u m sacrifício pessoal e x t r e m a m e n t e doloroso. Tolklen esteve nas trincheiras da Primeira Guerra M u n d i a l , onde m u i t o s de seus amigos foram m o r t o s , e é difícil não criar paralelos entre suas experiências e o t o m de melancolia q u e , e m última instância, cerca a parte final da trilogia. Para muita gente, o coração do filme não está nas soberbas cenas de bravura, m a s e m u m m o m e n t o tranquilo e m que Gandalf consola Frodo, i n c o n formado por ter q u e presenciar m o m e n t o s tão terríveis. "Todos que atravessam t e m p o s difíceis l a m e n t a m sua sorte", diz o mago, " m a s não podemos decidir a hora q u e v a m o s viver. A nós cabe apenas decidir o que fazer c o m o tempo que t e m o s . " São m o m e n t o s como esse que elevam o filme de Jackson à condição de obra-prima. P H


Austrália / Alemanha 121 min. Cor

LAIMTÄNA (2001)

iil

íantana

1.1: inglês o: Ray Lawrence

Produção: Jan

C h a p m a n , Mikael

Bi irglund, Rainer Mockert, Catherine human iiiiiclro: Andrew Boyel, baseado na peça Speaking in Tongues Ilitografia: Mandy Walker M Ú l l ) a: Steve Hadley, Bruce Haymes, I'.ml Kelly, Peter Luscombe, Shane O'Mara

1

Itnco: Anthony

é a resposta australiana a o f e n ô m e n o d o s filmes q u e e n t r e l a ç a m diferentes

linhas narrativas, c o m o Short Cuts, d e Robert A l t m a n , e Cras/t, d e Paul Haggls, e se trata de u m a narrativa b e m australiana e m t o m e intenção. O n o m e do f i l m e é inspirado n u m a trepadeira que cresce e m qualquer lugar e a planta funciona c o m o u m a metáfora para os intricados r e l a c i o n a m e n t o s e x a m i n a d o s no f i l m e . Na superfície estão flores lindas q u e cobrem u m a massa d e desagradáveis galhos cheios d e espinhos. A abertura parece indicar o início de u m f i l m e d e c r i m e e mistério, c o m o corpo vestido de u m a mulher de bruços, o rosto enterrado na escuridão de u m arbusto. É óbvio que está m o r t a . U m braço está torcido e descansa de forma pouco natural sobre suas a n c a s , m a s n ã o c o n s e g u i m o s v e r seu rosto. A direção ardilosa de Ray Lawrence

LaPaglla, Rachael

III.ike, Kerry Armstrong, J o n Bennet, Mele,,.1 Martinez, O w e n McKenna, Nli hulas Cooper, Marc Dwyer, Puven i.u l e i , I lonel Tozer, Glenn Suter, 1 e.ih Purcell, Barbara Hershey, Natalie t.uthiie, Geoffrey Rush

infunde u m sentido d e urgência na história desde o c o m e ç o . M a s primeiro a teia entrelaçada deve se expandir até formar u m desenho convergente que Inclui o violento detetive policial I eon (Anthony LaPaglia), uni poço de autopleclade, sua a m a n t e J a n e (Rachael Blake), a esposa Sonja (Kerry Armstrong), a terapeuta Valerie (Barbara Hershey) e seu misterioso e m á s c u l o marido, o professor de Direito J o h n (Geoffroy Rush). A edição inteligente passa de urna historia a outra justamente na hora c m que uma pergunta vital precisa ser respondida e, assim, esta obra tão atraente quanto complicada segue adiante, lodosos desempenhos s.10 poderosos, inuitos deles retirados de n o v e l a s e sis ios de televisão desconhecidas fora da Austrália. Lantaiia é uma obra-prima claustrofobia, densa, tecida a partir d e sentimentos félidos e mentiras e mostra que existem cestas cheias de totipa suja e segredos pessoais que deveriam ter sido lavados há muito tempo. Kl<

liii<|iiia(NBCAjans, NBC Film) nu min. Cor I d i o m a : turco Direção: Nuri Bilge Ceylan 1'iodução: Nuri Bilge Ceylan Roteiro: Nurl Bilge Ceylan i n i o g r a f i a : Nuri Büge Ceylan rviusic .1 r e i Ntsrgaard l l e i i c o : Muzaffer Özdemir, Emin lopiak, Zuhal Gencer, Nazan Kirilmis,

LONGÍNQUO (2002) UZAK Longínquo ttata do encontro entre dois h o m e n s , o desempregado Yusuf (Emin Toptak), que deixa sua aldeia para procurar emprego e m Istambul, e seu parente abastado, M a h m u t (Muzzafer Özdemir), u m fotógrafo freelance. M a h m u t está a c o s t u m a d o a morar sozinho e não esconde o desconforto que sente por ter que dividir seu a p a r t a m e n t o . O f i l m e explora de forma tranqüila a alienação de M a h m u t . Sua c a m a fica na sala de estar, o que é u m a boa indicação d e q u e visitas n ã o são bem-vindas. A t é m e s m o a obsessão pela higiene ressalta seu esforço e m permanecer estéril. Chega a farejar os

l e i l d u n Koc. Fatma Ceylan

sapatos d e Yusuf e borrifá-los c o m d e s i n f e t a n t e . Q u a n d o a ex-mulher emigia para o

l e s t i v a l de C a n n e s : Nuri Büge Ceylan

Canadá, ele vai até o aeroporto a p e n a s para observá-la à distância. A televisão sublinha

(1 ineasi.i estrangeiro do ano), Nuri

o i s o l a m e n t o d e M a h m u t , q u e aparece repetidas vezes deitado na c a m a s e m fazer

Itllge 1 eylan (grande prêmio do júri),

nada, c o m o olhar grudado nas i m a g e n s na tela. E m u m a cena cômica, M a h m u t e Yusuf

l i n n Paige Ceylan (Palma de Ouro), 1 " i . 1 1 1 < - 1 Özdemir, EminToprak (atines)

assistem Stalker (1979), de Andrei Tarkovsky. Q u a n d o Yusuf se cansa do filme e decide ir para a c a m a . M a h m u t põe u m a fita c o m u m filme pornográfico, m a s Yusuf volta e pega M a h m u t c o m as calças arriadas, e este, d e s a j e i t a d a m e n t e , troca a fita por u m a c o m é dia turca. O filme deixa u m sabor a m a r g o , m a s não é t o t a l m e n t e desprovido d e e s p e rança. Na cena final, M a h m u t senta e m u m banco diante da d e s l u m b r a n t e paisagem do estreito de Bósforo, separa e acende u m cigarro de u m maço deixado por Yusuf. Longínquo é rico e m conteúdo e estilo. Tão rico que, depois de terminado, suas i m a gens permanecem impregnadas na m e n t e do espectador, especialmente aquelas que descrevem m i n u c i o s a m e n t e personagens que não são tão diferentes assim de nós. N E

(IH


O PIANISTA

(2002)

(THE PIANIST)

Grã-Bretanha / França / Alemanha / Holanda / Polônia (Agencja Produkr jl Filmowej, Beverly Detroit, C a n a l *

Drama sobre a sobrevivência do pianista judeu e polonês Wladyslav Szpilman no gueto de

Polska, FilmFernsehFonds Bayern,

Varsóvia, O pianista não é um filme de Idéias. Não explora um novo "ângulo" sobre o tema do

FBB, FFA, Héritage, Interscope, Canal i,

Holocausto, nem é tipicamente u m filme de Roman Polanski. Porém é realizado com tanta Inte llgência c humildade que, mesmo sem apresentar o Holocausto na visão de Roman Polanski, não há como duvidar que este seja u m filme que ele espetou a vida Inteira para dirigir. Embora conte c o m u m roteito desajeitadamente expositivo de Ronald H a r w o o d , o filme t e m Imagens deslumbrantes de Pawel Edelman. Marrons intensos e escuros c o m

Mainstream, Meesplerson, R. R, Runteam, Studio Babelsberg, Studlo Canal, TVP) 148 m i n . Cor Idioma: Inglês / alemão Direção: Roman Polanski Produção: Robert Benmussa,

u m toque d e sépia - a cor de fotos antigas, a cor da história - partirão seu coração m u i t a s

Roman Polanski, Alain Sarde

vezes. Adrien Brody, maravilhosamente contido, interpreta u m Szpilman u m t a n t o glacial,

Roteiro: Ronald Harwood,

que escapa por u m triz dos nazistas e m u m a série de incríveis fugas que, de qualquer

baseado no livro de Wladyslaw

maneira, c o n f i r m a m seu isolamento intolerável como fugitivo sempre na dependência da

Szpilman

boa vontade de estranhos. O filme funciona particularmente bem ao revelar a aterradora

Fotografia: Pawel Edelman

combinação de sadismo pessoal e arbitrário dos soldados alemães enquanto indivíduos

Música: Wojclech Kilar

com a brutalidade institucionalizada da máquina nazista. Com sabedoria, Polanski se abstém de fazer comentários. Parece ter decidido que diante de tantos horrores cuidado sãmente planejados o melhor a fazer é registrar perfeitamente os detalhes. E T

Elenco: Adrien Brody, Emilia Fox, Michal Zebrowski, Ed Stoppard, Maureen Lipman, Frank Finlay. lesse | Kate Meyer, Julia Rayner, Wanja M u e s , Richard Rldings, Noml Sh.iuoii, Anthony Milner, Lucy Skeaping, Roddy Skeaping, Ben Harlan Oscar: Roman Polanski (direção), Ronald Harwood (roteito), Adrien Brody (ator) Indicação ao Oscar: Roman Polau .1 1 Robert Benmussa, Alain Sarde (melhor filme), Pawel Edelman (fotografia), Anna B. Sheppard (figurino), Hervé de Luze (edição) Festival de Cannes: Roman Pol,m .1 (Palma de Ouro)


Australia (The Australian Film ( ummission, Australian Film Finance i orporatlon [AFFC], H a n W a y Films, I ulicries Commission of Western

GERAÇÃO ROUBADA

(2002)

(RABBIT PROOF FENCE) Geração roubada, de Phllllp Noyce, é uma jornada ao fundo da estupidez Imperialista.

Ausiialla, Olsen Levy, Rumbalara

Adaptado de um livro escrito por Dóris Pilkinton, o filme se debruça sobre uma prática em

Films, ScreenWest, S h o w t i m e

vigor na Austrália dos anos 30, d e separar as crianças aborígines de origem mestiça, tiran-

Ausi lalia) 94 m i n . Cor

do-as de suas casas e instalando-as nas comunidades brancas como membros perpétuos

Idloma: aborigine / ingles

das classes trabalhadoras. Encarada nos dias de hoje como uma prática desastrosa, disse-

Dlrecao: Phillip Noyce I'mdurao: Phillip Noyce, Christine i i k o n , John Winter Kolciro: Christine Olsen lotografia: Christopher Doyle

minada com a ajuda da excessiva preocupação missionária cristã, a mudança forçada criou o que hoje é c h a m a d o de u m a "geração roubada", desligada de seus costumes tribais. O filme combina elementos de documentário dramatizado, faroeste revisionista e afirmação de identidade. Mas o enredo é u m autêntico conto de terror: três meninas são arrancadas

Mir.ii .1: Peter Gabriel

do selo de sua família e transportadas por mais de 2.000 quilômetros até u m mundo selva-

1111 n o : Everlyn S a m p l , Kenneth

gem e hostil. Incapaz de assimilar a mudança, a menina mais velha, Molly (Evelyn Sampi),

Branagh, Tianna Sansbury, Laura

pega a irmã Daisy (Tianna Salnsbury) e a prima Gracie (Laura Monaghan) e tenta voltar

M u n a g h a n , David Gulpllll, Nlngall

para casa seguindo uma cerca erguida há muito tempo para Impedir que coelhos arruinas-

1 i w f o r d , Myarn Lawford, Deborah M a i l m a n , Jason Clarke.

sem as plantações. Perseguidas pelo protetor-chefe dos aborígines, A. O. Neville (Kenneth Branagh), as três meninas suportam dificuldades e isolamento não por estatem tentando fazer uma manifestação política, mas simplesmente porque querem ir para casa. Apesar d e o f i l m e simpatizar c o m a resistência de m e n i n a s de origem aboríglne às forças da m a n i p u l a ç ã o social, pois trata d e três garotas de pele escuta q u e triunfam sobre a política racista do Estado, na vida real o nobre trio a c a b o u sendo e v e n t u a l m e n t e assimilado à sociedade australiana, apesar de m a n t e r a f a m a por sua rebeldia.

in.isil / França (02 Filmes, Vídeo 1 limes, (.lobo Filmes, Lereby Productions, Lumiere Productlons, 1 I H In 1 ( anal, Wlld Bunch) 130 min.

CIDADE DE DEUS

(2002)

Há filmes q u e c a p t u r a m c o m precisão o seu t e m p o . Há f i l m e s q u e nos fazem v i s l u m brar o u a t é m e s m o nos a l e r t a m sobre u m futuro possível. Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, faz as duas coisas c o m categoria. C o m ritmo enlouquecedor, câmera na

Cor Idioma: português

m ã o e rápidas m u d a n ç a s d e ponto de vista, a película o b v i a m e n t e presta seu tributo a

Direção: Fernando Meirelles, Kátla

Q u e n t i n Tarantino. É u m a obra f i r m e m e n t e enraizada e m t o m e ritmo na c i n e m a t o g r a -

1 iinil

fia norte-americana do final do século X X c do Início do X X I .

Piocluçáo: Andrea Barata Ribeiro, M a u i l i ¡0 Andrade Ramos Roteiro: Bráulio M a n t o v a n i lotografia: César Charlone Music a: I d Cortês, Antonio Pinto Elenco: M a t h e u s Nachtergaele, Seu lotgc, Alexandre Rodrigues, Leandro

Em sua essência, Cidade

de Deus a c o m p a n h a a degeneração d e u m conjunto

habitacional brasileiro desde seu início r e l a t i v a m e n t e idílico nos anos 6o a t é cumptir seu destino 20 anos depois c o m o u m d o m í n i o da pobreza e da violência, onde cada geração que se sucede m a n t é m m e n o s vínculos c o m as qualidades h u m a n a s da e m p a tia e da consciência. E t a m b é m da esperança. Baseado e m u m a história real,

Cidade

de Deus é narrado pelo adolescente Buscapé (Alexandre Rodrigues), cuja disposição

1 iiiiimn da Hora, Phelllpe Haagensen,

n a t u r a l m e n t e gentil o impede d e se tornar u m bandido e q u e é dotado de pendores

h 111.1111.1 • 1 Haagensen, Douglas Silva,

artísticos q u e o t r a n s f o r m a m e m u m f a m o s o fotógrafo/documentarista de s e u h a b i -

Unhei 1.1 Rodrigues, Alice Braga, Gero

t a t . Se há u m d e s t a q u e no c o n j u n t o de personagens desajustados (o elenco é formado

1 .11 • 1111 >. Darlan Cunha Indll açáo ao Oscar: Fernando Meliellcs (direção), Bráulio M a n t o v a n i (roteiro), César Charlone (fotografia), 1

1

1 Rezende (edição sonora)

principalmente por a m a d o r e s , a u t ê n t i c o s m e n i n o s de rua) e na Intricada narrativa, talvez este seja o violento Z é Pequeno, cujo pendor para a violência e total falta de remorsos o t r a n s f o r m a m e m u m personagem assustador. S ã o os m o m e n t o s finais, e m q u e u m a geração d e adolescentes sem-teto, q u a s e a n i m a l e s c o s , t o m a conta da favela, q u e deixam claras c o m o cristal as intenções deste f i l m e : é u m a obra de terror de primeira classe. E H

10


FALE COM ELA

(2002)

Espanha (El Deseo S.A., Antena 3 Televisión, Cood M a c h i n e , Via Digital)

(HABLE CON ELLA) Fale com ela fornece u m c o n t r a p o n t o ao calor h u m a n o e às c o n f u s õ e s e m o c i o n a i s do f i l m e anterior de Pedro Almodôvar, Tudo sobre minha mãe (1999). Embora preserve a l g u ma coisa da aparência reluzente dos primeiros e vibrantes filmes do diretor, Fale com ela, seu 142 longa, pode ser encarado c o m o u m a obra contida e controlada. É t a m b é m a m a i s m e l a n c ó l i c a , distanciada e d e s c o n c e r t a n t e , e s p e c i a l m e n t e por seu t r a t a m e n t o das m u l h e r e s - o u por s i m p l e s m e n t e silenciá-las. O s f i l m e s de A l m o d ô v a r g e r a l m e n t e

112 m i n . P & B / C o r Idioma: espanhol Direção: Pedro Almodôvar Produção: Agustin Almodôvar Roteiro: Pedro Almodôvar Fotografia: Javier Aguirresarobe Música: Alberto Iglesias

a c o l h e m a d e s o r d e m da vida e do c i n e m a . Fale com ela é e x t r e m a m e n t e e l e g a n t e , c o m -

Elenco: Javier Câmara, Dario

plexo e até clássico e m sua estrutura c o m vários t e m a s (bem c o m o i m a g e n s dentro d e

Crandinettl, Leonor W a t l i n g , Rosario

I m a g e n s e d e s e m p e n h o s dentro de d e s e m p e n h o s ) q u e se c o n e c t a m . A corporalidade

Flores, Mariola Fuentes, Geraldine

de seus f i l m e s anteriores, m u i t a s vezes eufóricos, é deslocada e substituída por u m

Chaplln

t o m c u r i o s a m e n t e frio, clínico e evasivo.

Oscar: Pedro Almodôvar (melhor

O f i l m e abre c o m u m a apresentação de Pina B a u s c h que dá o t o m do que está por vir. É u m a " d a n ç a " complexa d e identidades q u e c o m p e t e m e se f u n d e m e q u e raram e n t e p e r m i t e m q u e os personagens se dirijam uns aos outros c m pé d e i g u a l d a d e . As reações c o n t r a s t a n t e s - u m a aparenta ser histérica e a outra q u a s e alheia

d o s dois

protagonistas m a s c u l i n o s ao balé de Bausch i n d i c a m q u e e s t a m o s e n t r a n d o e m u m m u n d o d e m o t i v a ç õ e s , ações e reações subjetivas.

roteiro original), Indicação ao Oscar: Pedro Almodôvar (diretor) BAFTA: Agustin Almodôvar, Pedro Almodôvar (melhor filme em língua estrangeira), Pedro Almodôvar (melhor roteiro original)

A maioria d o s filmes anteriores d e A l m o d ô v a r se concentra e m personagens f e m i n i n o s c suas c o m p l e x a s e m u i t a s vezes contraditórias interações entre si c c o m o m u n d o a sua volta. Fale com ela centra-se nos protagonistas m a s c u l i n o s e e m seus diálogos cada vez m a i s reveladores da c o n d i ç ã o d e i s o l a m e n t o q u e existe entre eles e as m u l h e r e s c m sua vida - a m b a s e m c o m a . U m dos aspectos m a i s m a r c a n t e s do f i l m e é a forma c o m o A l m o d ô v a r é capaz d e m a n i p u l a r e dirigir c o m sutileza as e m o ções da platéia, tirando .1 ênfase - pelo m e n o s por a l g u m t e m p o - das c o n o t a ções m a i s perturbadoras

representadas

pelas ações no filme. No que talvez seja a manobra m a i s ousada e m sua c i n e m a t o grafia, ele " m o s t r a " u m estupro através da hábil paródia d e u m f i l m e surrealista m u d o c h a m a d o O a m a n t e encolhedor. A conquista m a i s significativa d e Fale com ela está na forma c o m o c o n s e g u e brincar e desafiar a identificação da platéia. É u m a m e d i t a ç ã o profunda sobre a forma c o m o f a l a m o s para as pessoas e através de pessoas, objetos e textos q u e exprim e m nossas v i d a s . A D

nu


1 i.uiça (120 Films, Eskwad, taandplerre. Les Cinémas de la Zone, Ni ml Ouest Productions, Rosslgnon, studio Canal) 97 m i n . Cor Idioma: francês / espanhol / Italiano / inglês Direção: Gaspar Noé Produção: Christophe Rossignon. Roteiro: Gaspar Noé Fotografia: Benoît Debie, Gaspar Noé Musica: Thomas Bangalter •lírico: Monica Bellucci, Vlncent 1 assei. Albert Dupontel, J o Prestia,

IRREVERSÍVEL

(2002)

(IRREVERSIBLE) (,aspai

Noe leva o cinema .1 novos p a i á m e t i o s c o m Incvcisivc/, u m c o m o universal

sobre as f o r m a s m a i s e l e v a d a s e m a i s baixas d e h u m a n i d a d e . A o recorrer às mais a v a n ç a d a s técnicas c i n e m a t o g r á f i c a s c d e narrativa, Noé - q u e ficou c o n h e c i d o por Só contra todos (1999), obra a p e n a s u m pouco m e n o s vertiginosa

criou u m f i l m e que foi

s a u d a d o c o m o obra-prima e deplorado c o m o a forma mais vil de lixo c i n e m a t o g r á f i c o . C o n t a d o do f i m para o principio, Irreversível mostra u m dia e u m a noite nas vidas dos a m i g o s e a m a n t e s M ó n i c a Bellucci, Vlncent Cassei c Albert D u p o n t c l . Começa c o m u m a v i n g a n ç a e m forma d e assassinato nas primeiras horas tia m a n h a c termina m o s t r a n d o as doces esperanças do j o v e m casal f o r m a d o por Bellucci e Cassei, percorrendo u m a a m p l a g a m a d e e m o ç õ e s h u m a n a s e c o m p o r t a m e n t o s , as alegrias e os

Philippe N a h o n , Stéphane Drouot,

perigos d o s r e l a c i o n a m e n t o s interpessoais e os i n t e r m i n á v e i s mistérios da cultura,

lean 1 ouis Costes

sexo e e m o ç ã o . A notável soflsticaçào do f i l m e passou despercebida por m u i t o s q u e

I estival de C a n n e s : Gaspar Noé

se t e c u s a r a m a v e r além da podridão, da violência e da degradação que estão e m cena.

(iiidii ação à Palma de Ouro)

Para N o é , p o r é m , essa reação era de se esperar. Ele fez d e t u d o para apresentar atos dolorosos da forma m a i s perturbadora possível. Não apenas pela sua cronologia invert i d a , q u e t r a n s f o r m a a esperança e m u m a a n t e c i p a ç ã o ttágica, m a s t a m b é m ao filmar c o m a cãmera na m ã o , a c r e s c e n t a n d o Inaudíveis o n d a s sonoras de baixa freqüência â mistura (conto u m a forma de provocai ainda m a i s náusea). No centro da t r a m a está o i n f a m e plano único e m q u e Bellucci c estuprada e surrada a t é estar a u m passo da m o r t e no interior de u m a p a s s a g e m subterrânea d e Paris. O Mime tornou-se u m a cause célebre c o m a crítica e platéias do m u n d o Inteiro. M u i t o s s e n t i r a m q u e gostar do f i l m e o u a l e m e s m o a p i e d a i as qualidades do trabalho de N o é seria u m a forma d e apolar t a l brutalidade, e n q u a n t o o u t r o s consideraram

Irreversível

c o m o o m e l h o r f i l m e de 2002. É ó b v i o q u e não se trata de u m a obra para ser apreciada por q u e m t e m e s t ô m a g o fraco. I n d e p e n d e n t e m e n t e de q u a n t o agrade a s u a obra, a d e d i c a ç ã o e o d o m í n i o d e suas idéias são inconfundíveis. J P


A MELHOR JUVENTUDE

(2003)

(LA MEGLIO GIOVENTÚ) Ao a c o m p a n h a r as vidas de dois irmãos ao longo dc quase quatro d é c a d a s , A melhor juventude

não desperdiça u m m i n u t o das suas seis horas d e duração, d a n d o aos perso-

nagens o e s p a ç o necessário para viver e p e r m i t i n d o q u e a história q u e c o m p a r t i l h a m

Itália (BiBiFilm, Rai Cinemaflt tlon)

400 m i n . Cor Idioma: italiano Direção: Marco Tullio Giordano Produção: Angelo Barbagallo, Donatella Botti

se desenrole c o m o se fosse u m grande r o m a n c e . Conto i n e g a v e l m e n t e italiano, o épico

Roteiro: Sandro Petraglia,

p r e m i a d o d e M a r c o Tullio Giordano entrelaça h a r m o n i o s a m e n t e drama familiar e h i s -

Stefano Rulll

tória recente e se torna u m a saga tanto dos personagens q u a n t o do país.

Fotografia: Roberto Forza

S o m o s a p r e s e n t a d o s i n i c i a l m e n t e a o s Irmãos Carati, Nicola (Luigi Lo Caseio) e M a t t e o (Alessio Boni) e m 1966, q u a n d o a m b o s estão na universidade. Q u a n d o c o n h e cem Giorgia ( J a s m i n e Trinca), j o v e m m a l t r a t a d a e m u m sanatório, f o g e m c o m ela e p e g a m a estrada. Descobrem q u e n ã o p o d e m fazer m u i t o por Giorgia, m a s o e n c o n t r o muda as suas v i d a s para sempre. Nicola vira hippie por u m t e m p o e m a i s t a r d e acaba indo estudar psiquiatria para poder ajudar pessoas c o m o Giorgia. M a t t e o , enfurecido

Elenco: Luigi Lo Caseio, Alessio 1: Adriana Asti, Sónia Bergamasco. Fabrizio Gifuni, Maya Sansa, Valentina Carnelutti, J a s m i n e line a Andrea Tidona, Lidia Vitale, (laudlo Gioè, Paolo B o n a n n i , Mário Si htl Giovanni Scifoni, Michele Melega

c o m a injustiça d o t r a t a m e n t o recebido por Giorgia, a b a n d o n a os e s t u d o s e se alista

Festival de Cannes: Marco Tullio

no Exército. Acaba e n t r a n d o para a força policial.

Giordano (prémio especial)

O notável roteiro de S a n d r o Petraglia e S t e f a n o Rulll amarra as histórias dos i r m ã o s Carati, seus amigos e familiares a vários a c o n t e c i m e n t o s da história recente da Itália. Durante as e n c h e n t e s de 1966, q u e d e v a s t a r a m Florença, Nicola c o n h e c e seu verdadeiro amor, Giulia (Sonla B e r g a m a s c o ) , q u e nos a n o s 70 acaba se e n v o l v e n d o com as Brigadas V e r m e l h a s . A irmã m a i s velha dos Carati, G i o v a n n a (Lidia Vitale), torna-se u m dos m a g i s t r a d o s a c o m a n d a r os j u l g a m e n t o s da M á f i a e m 1983. A melhor juventude,

porém, t e m o mérito d e nunca permitir que os eventos nacio-

nais o f u s q u e m os dramas domésticos. Ao contrário, pode-se dizer que a história italiana é contada através do ponto d e vista da família, e os acontecimentos particulares e políticos t ê m pesos semelhantes. Para esses personagens, u m funeral o u u m c a s a m e n t o são t ã o significativos q u a n t o u m desastre natural o u u m a t a q u e terrorista. Até assuntos áridos c o m o a demissão de operários se tornam atraentes neste filme, pois Giordano mostra o impacto sobre personagens que passamos a conhecer e a amar. K W



( uréia do Sul 120 min. Cor Idioma: coreano

OLDBOY

(2003)

M i s t i c i s m o , poesia, dias de aula e u m quarto d e dormir futurístico são a l g u m a s das

Direção: Chan-wook Park

surpresas e n c o n t r a d a s e m Oldboy,

Produção: Dong-ju K i m ,

cegueira do acaso, e m h i p n o t i s m o e destino. Parte ação, parte d r a m a , parte thriller

'•eung y o n g Lim Koteiro: Jo-yun H w a n g , ( l u m - h y e o n g Llm, Joon-hyung L i m , 1 han w o o k Park,'Garon Tsuchiya lotografia: Jeong-hun J e o n g Musica: Yeong W o o k Jo Música não original: Antonio Vivaldi Heneo: Min-sik Choi, Jl-tae Yu,

thriller q u e se apoia e m t a b u s ediplanos e na

psicológico, esta obra revolucionária apresentou o cinema sul-coreano a m a i s espectadores do que qualquer outra. A história é m a i s direta e e n v o l v e n t e do que a do f i l m e anterior do diretor Chan-wook Park , o popular Mr. Vingança, e c o m e ç a de forma explosiva. U m h o m e m é aprisionado por 15 a n o s s e m qualquer explicação. Ao escapar, t e m apenas cinco dias para encontrar os responsáveis por seu e n c a r c e r a m e n t o . Esta obra-prima violenta c elegíaca é Inspirada e m u m a história e m quadrinhos j a p o n e s a , d e C a r o n Tsuchiya. O a t o t Min-sik C h o i , que d i s p e n s o u dubles, treinou rigo-

Hyc jeong Kang, Dae-han J i ,

r o s a m e n t e para o papel da d e s a f o r t u n a d a v í t i m a de u m misterioso rapto. Dae-su c o n -

1 lai mi O h , Byeong-ok K i m ,

s e g u e escapar de sua prisão sem j a n e l a s c, u m a vez e m liberdade, a o estilo do conde

'.i'iing Shln Lee, Jin-seo Yun,

de M o n t e Cristo, ele jura se vingar d e seu carcereiro, q u e lhe roubou a filha, a m u l h e r e

Pie yeon Lee, Kwang-rok O h , lae kyung O h I estival de Cannes: Chan-wook Park (glande prêmio do júri). Indicação (Palma de Ouro)

toda a sua vida. Transformado e m u m a esfarrapada m á q u i n a de luta, parecido c o m u m Charles B r o n s o n coreano c o m u m a peruca de segunda, Dae-su faz a m i z a d e c o m a bela chef d e u m sushi bar (Hyc J e o n g Kang) de q u e m desperta o intetesse ao comer u m a lula viva e e m seguida d e s m a i a r c o m a cara no balcão. Esse é o estilo arrasa quarteirão de Oldboy.

M a s este conto complexo está i m b u í d o de u m a lógica q u e se desdobra

c l a r a m e n t e , incorporando c o m facilidade os n u m e r o s o s flashbacks do filme. O ritmo da ação é de tirar o fôlego, m a s t a m b é m há t e m p o para o p e n s a m e n t o . As lutas coreografadas s ã o , a o m e s m o t e m p o , Inovadoras e surpreendentes c toda a violência é adequada a o enredo. Apesar da brutalidade reinante, e s t a m o s falando de u m f i l m e que é, no fundo, u m a c o m é d i a de h u m o r negro q u e h a b i l i d o s a m e n t e c o m b i n a e l e m e n t o s de f i l m e s d e gângsteres e thrlllers de v i n g a n ç a . Depois de g a n h a r o grande prêmio do júri no f e s t i v a l d e Cannes d e 2004, o diretor deixou a platéia atônita ao agradecer ao elenco e equipe técnica e t a m b é m às quatro lulas que sacrificaram suas v i d a s e m prol daquela cena no sushl bar. KK


I UA (Miramax Films, A Band Apart, 'itipci Cool M a n C h u ) i n m i n . PCB/Cor Idioma: Inglês / japonês / f r a n c ê s Direção: Quentin Tarantino 1'rodução: Lawrence Bender Hoteiro: Quentin.Tarantino, U m a lliurman Fotografia: Robert Richardson

Música: RZA I

Itnco:

Uma T h u r m a n , Lucy Liu,

Vlvica A. Fox, Daryl H a n n a h , David

KILL BILL: VOLUME UM (2003) (KILL BILL: VOLUME ONE) Ao lançar a primeira parte de seu épico e m dois v o l u m e s , KiH Bill, Q u e n t i n Tarantino calou a boca d a q u e l e s q u e a n d a v a m dizendo q u e ele tinha perdido a inspiração e o t o q u e m á g i c o depois de seis a n o s s e m escrever o u dirigir. T a m b é m foi bem-sucedido e m m a n t e r seu t í t u l o d e rei c o n t e m p o r â n e o do c i n e m a de autor pós m o d e r n o . De fato, a t r a m a , q u e trata b a s i c a m e n t e de u m a simples história de v i n g a n ç a (repleta de f l a s h backs, cenas fora d e seqüência e quadros dentro de quadros), é a s s u m i d a m e n t e menos e n v o l v e n t e do q u e a d e Coes de aluguel

(1992), fulo Fiction (1994) e iaekie Brown (1997).

M a s o trabalho d e câmera criativo, a edição habilidosa c a trilha sonora eclética (com música original c o m p o s t a pelo produtor c rappcr RZA e trechos de uma a m p l a gama de

' in,Kline, Michael M a d s e n , Chlakl

trilhas c o m p o s t a s pot Bernard H e r m a n n , Q u i n c y J o n e s e Ennio M o r i c o n c , e n t i e outros)

K u i l y a m a , Chia Hui Liu

d e m o n s t r a m q u e Tarantino, 110 m í n i m o , é u m cineasta mais c o m p l e t o e seguro hoje

Indicação ao BAFTA: U m a Thurman

do que era nos a n o s 90.

(,iiii/), Sally M e n k e (edição). Tommy I

Ki.i Kwan Tarn, W a l Kit Leung,

Inspirado na onda de filmes d e artes marciais d o s a n o s 70 (partes de Klll Bill

||l 0 W o n g Hin Leung (efeitos

foram f i l m a d a s no legendário estúdio S h a w B i o t h e r s , e m H o n g Kong), b e m c o m o nos

lipei Ills), Michael Minkler, Myron

w e s t c i n s s p a g h e t t i d e Sergio Leone e e m seus c o n h e c i m e n t o s da história do cinema

Neil Inga, Wylle S t a t e m a n , Mark

i llano (som)

Volume Um traz referências a f i l m e s anteriores e a séries d e televisão t ã o díspares q u a n t o O besouro verde (1966), Cone In 60 Seconds (1974), Ironside (1967) e jornada estrelas:

a ira de Khan (1982)

nas

, Tarantino concentra a energia de sua direção e m u m a

série d e cenas d e luta hiperbólicas, c u i d a d o s a m e n t e coreografadas c e x t r e m a m e n t e d i v e r t i d a s . A resoluta protagonista é conhecida apenas c o m o A Noiva (ou c h a m a d a pelo c o d i n o m e Black M a m b a ) e é encarnada c o m u n h a s e dentes por U m a T h u r m a n e m u m papel q u e salvou sua carreira. Ela c o m b i n a o e s t o i c i s m o do " H o m e m s e m n o m e " de Clint E a s t w o o d c o m a agilidade d e Bruce Lee no k u n g fu e a l g u m a feminilidade e f e m i n i s m o ao estilo As Panteras. Embota a história não seja revelada ate o Volume Dois, f i c a m o s s a b e n d o que A Noiva foi atacada pelo tal Bill do titulo (David C.iiiadine) e seu M o t t a l Esquadrão d e Víboras Assassinas ( f o r m a d o por Lucy Liu, Vívica A. Fox, Daryl H a n n a h e M i c h a e l M a d s e n ) n o dia de seu c a s a m e n t o . O futuro m a r i d o foi assassinado e ela surrada e baleada à queima-roupa. Para completar, a criança q u e carregava no v e n t r e t a m b é m lhe é roubada. A o despertar d o coma quatro a n o s depois, A Noiva só pensa e m v i n g a n ç a . Volt/me U m a c o m panha seus progressos e n q u a n t o derrota dois m e m b r o s do esquadrão, b e m c o m o a l g u m a coisa e m torno d e 200 bandidos a r m a d o s d e espada. Embora o final seja u m tanto artificial - Tarantino havia concebido Klll Bill como u m a história c o n t í n u a -, na vitada final do Volume Um descobrimos q u e a criança da Noiva está viva, embora ela ainda não saiba disso, e sobram promessas de confrontos imperdívels para a segunda parte. S J S

nu,


ADEUS, LÊNIN! (2003) (GOODBYE LENIN!) Embora pareça história antiga - o colapso d o m u r o d e Berlim c o m a l e m ã e s do Leste e do O e s t e c o n f r a t e r n i z a n d o n a s ruas e os patéticos Trabants festejando a reunificação da A l e m a n h a

, t u d o se passou r e c e n t e m e n t e , e m 1989. A reunião dos dois países t r o u -

xe m u i t a s i oisas ao povo a l e m ã o , mas Adeus, 1 ènini, de W o l f g a n g Bei ker, mostra que

Alemanha 121 m i n . P & B / C o r Idioma: alemão Direção: W o l f g a n g Becker Produção: Stefan Arndt, Marcos Kantis, M a n u e l a Stehr Roteiro: W o l f g a n g Becker, Bernd Lichtenberg

e n l r c Ioda a doi, angústia e desemprego t a m b é m havia humor. A história se passa e m

Fotografia: M a r t i n Kukula

Berlim Oriental p o u c o antes d e o muro cair.

Música: Yann Tiersen

Alex (Daniel Brühl) é u m j o v e m simpático cuja m ã e (Katrin Sass) é u m a ativista política e m prol do futuro socialista da A l e m a n h a Oriental. Ao ver Alex ser preso durante um t u m u l t o , ela desmaia e entra e m u m coma que dura até os primeiros dias da reunificação. Informado pelos médicos de que qualquer choque poderia m a t a r sua m ã e , Alex conclui que o f i m do c o m u n i s m o e o completo desaparecimento da A l e m a n h a Oriental poderiam constituir u m a surpresa fatal. Alex decide seguir u m plano simples - recriar a

Elenco: Daniel Brühl, Katrin Sass, Chulpan K h a m a t o v a , Maria S i m o n , Florian Lukas, Alexander Beyei, Burghart Klaufsner, Michael Cwisdek, Christine S c h o r n , Jürgen Holtz, Jochen Stern, Stefan Walz, Eberhard Kirchberg, Hans-Uwe Bauer, Nico

velha Alemanha Oriental para sua m ã e . Em u m a série de cenas engraçadas e tocantes, ele

Ledermueller, Jelena Kratz

consegue convencer a doente d e que a velha ordem sobreviveu. Escoteiros a v i s i t a m para

Festival de Berlim: Wolfgang Bei keil

cantar hinos socialistas. Alex se torna u m especialista c m obter gêneros alimentícios horrorosos da antiga Alemanha Orientai qtte agora já não se encontram m a i s disponíveis. Em u m dos pontos altos do filme, ele recria o programa de notícias favorito da m ã e . Adeus, l e n i u ! t a m b é m c o n s e g u e ser t o c a n t e e m vários níveis. N ã o sugere e m m o m e n t o a l g u m q u e a A l e m a n h a Oriental era u m lugar maravilhoso para se viver, m a s m o s t r a o q u e s e perdeu na onda capitalista, na medida e m q u e os ideais socialistas d e s a p a r e c e r a m c d e t a m lugar ao dinheiro vivo e ao c o m é r c i o . C o m o desenrolar do filme, u m a outra reunificação, I g u a l m e n t e delicada, m a s diferente, a c o n t e c e . O pai de Alex

antes u m a l e m ã o oriental evadido para o lado ocidental e agora a p e n a s u m

cidadão c o m o outro qualquer - reaparece e percebemos q u e a obsessão do j o v e m de proteget a m ã e da realidade é de certa forma u m a maneira d e proteger-se d e outras desconfortáveis realidades. KK

(Anjo Azul)


A l e m a n h a / T u r q u i a (Bavária Film International, Corazón International, Norddeutscher Rundfunk [NDR], l'.uililm, W ü s t e Filmproduktion)

CONTRA A PAREDE

(2004)

(GEGEN DIE WAND) O gênero já foi c h a m a d o , u m t a n t o c r u e l m e n t e , d e história de a m o r entre birutas:

tzi m i n . Cor

d u a s pessoas c o m problemas m e n t a i s decorrentes do vício e m drogas e álcool se

Idioma: alemão / t u r c o / inglês

e n c o n t r a m de f o r m a explosiva e seu r e l a c i o n a m e n t o s u b s e q ü e n t e cria u m a verdadeira

Direção: Fatih Akln

história d e a m o r s e m leis, ao estilo surrealista. É u m gênero b e m m o d e r n o , q u e passa

Produção: Andreas Schreitmüller,

por ülít/i (1964), d e Robert Bresson, e pelo australiano Angel Bctby (1985), m a s Contra a

Stefan Schubert, Ralph Schwingel

parede, de Fatlh A k i n , é resultado de u m a receita ainda m a i s potente, ao acrescentar

Roteiro: Fatih Akin

outros ingredientes à f ó r m u l a . Primeiro, a união c o m e ç a c o m o u m a verdadeira piada

fotografia: Rainer Klausmann

sem graça c o m o c a s a m e n t o de conveniência d e duas pessoas do degrau mais baixo

Música: Alexander Hacke, Maceo

da escala social. Cahlt (Birol Ünel) b a t e u c o m o c a i t o , Slbel (Slbel Kekilll) cortou os

Parker

pulsos. E n q u a n t o Sibel manifesta seus desejos rondando bares e boates, Cahit se torna

tlenco: Birol Ünel, Sibel Kekilll, Catrín

cada vez m a i s c i u m e n t o e v i o l e n t o - e aí o amor, embora de u m a forma perversa ou

s u lebeck, M e l t e m C u m b u l , Zarah

desajeitada, se m a n i f e s t a . E m s e g u n d o lugar, Akln complica t u d o ao tornar esta u m a

McKenzie, Stefan Cebelhoff. Festival de Berlim: Fatlh Akin (Utso de Outo), (Prêmio FIPRESCI)

história d e i m i g r a n t e s turcos na A l e m a n h a q u e sofrem as c o n s e q ü ê n c i a s do racismo e de a b u s o s e n q u a n t o t e n t a m lidar c o m d u a s culturas m u i t o diferentes. P o r e m este n ã o ê u m f i l m e social-reallsta no sentido estrito. É u m a obra nervosa, perturbadora e às vezes sombria sobre dois marginais (interpretados c o m inabaláveis i n t e n s i d a d e e convicção pelos protagonistas). Contra a parede dá c o n t i n u i d a d e a u m a vertente de criatividade pos piink provocante no cinema europeu

contemporâneo,

c o m u m a vitalidade que se a u s e n t o u a t é dos filmes posteriores d e Akin. A M

Coréia do Sul / Japão (Kim Kl-duk I ilm, Clneclick Asia) 90 m i n . Cor Idioma: coreano Direção: Kim Ki-duk Produção: Choi Yong-bae, Kim Kl duk, Michiko Suzuki Roteiro: Kim Ki-duk rotografía: J a n g Seong-back Musica: Slvian ITenco: Lee Seung-yeon, Lee II v 1 1 1 1 kyoon, Kwon Hyuk-ho, Choi |rong-ho

FERRO 3 (2004) (BIN-JIP) Desde sua estréia na direção, e m 1996, c o m Crocodile,

aos 36 a n o s , K i m Kl-duk t e m

produzido filme atrás de f i l m e c o m u m a velocidade e s t o n t e a n t e . Escreveu e dirigiu 15 obras desde e n t ã o , q u e revelam não u m m u n d o de realismo c i n e m a t o g r á f i c o , m a s o u t r o , o n d e as fronteiras entre sonho e realidade são corroídas. Ferro 3 é u m conto r o m â n t i c o e m a s o q u i s t a q u e nos lembra os filmes p e s s i m i s tas de R. W . Fassbinder de d é c a d a s atrás. Nele os policiais são corruptos e violentos, os cenários são áridos e impessoais, os diálogos são raros c o m o c o s t u m a m ser e m toda obra de K i m . Tae-suk (Lee Hyun-kyoon) arromba casas vazias, m a s , ao invés de roubá-las, ele as ocupa por a l g u m t e m p o a t é a volta d o s d o n o s . Para c o m p e n s a r essa o c u p a ç ã o n ã o autorizada, t o m a conta de p e q u e n o s serviços c o m o a lavagem de roupa suja, o conserto de u m aparelho d e som e a t é m e s m o o enterro de u m cadáver em d e c o m p o s i ç ã o . O q u e Tae-suk considera r e a l m e n t e i m p o r t a n t e resolver e m u m a das luxuosas casas q u e entra é o corpo ferido de u m a moradora, q u e patece ter sido v í t i m a d e violência d o m é s t i c a . Da m e s m a f o r m a q u e regaria as folhas secas dos vasos de p l a n t a s , Tae-suk c u i d a d o s a m e n t e dá u m passo lento e carinhoso na direção dessa mulher bela e sofrida, acertando boas t a c a d a s no marido v i o l e n t o c o m a ajuda de u m taco d e ferro e meia dúzia de bolas de golfe. K K

9 IH


A PAIXÃO DE CRISTO «

i

EUA (Icon Productions) 127 m i n . Cor

(THE PASSION OF THE CHRIST)

Idioma: assírio neo-aramaico /

M e s e s a n t e s d e s e u l a n ç a m e n t o , o s e g u n d o f i l m e dirigido por M e l G l b s o n , sobre as ú l t i m a s 24 horas na vida de Cristo, já havia c a u s a d o u m a t e m p e s t a d e d e p o l é m i c a s . Serla anti-semita? Pró-católico? D e s n e c e s s a r i a m e n t e violento? O d e b a t e c o n t i n u a , m a s o q u e n ã o pode ser discutido é q u e este é o m a i s bem-sucedldo dos f i l m e s i n d e pendentes, o c u p a n d o mais espaço na imptensa do que qualquer outro f i l m e e m anos e inspirando os m a g n a t a s de H o l l y w o o d a dar o sural verde para n u m e r o s a s produções bíbllcas/mitológlcas/greco-romanas a seguirem seu lucrativo rastro.

aramaico / latim / hebraico Direção: Mel Gibson Produção: Bruce Davey, Mel Glbson,

Stephen M c E v e e t y

Roteiro: Mel Gibson, Benedict Fitzgerald Fotografia: Caleb Deschanel Música: John Debney, Gingger

M a s que tal o c o n t e ú d o ? S i m , a e n c e n a ç ã o d o flagelo de Jesus (Jim Caviezel) pelos

Shankar

r o m a n o s é s a n g u i n o l e n t a , n a u s e a n t e , gráfica e poderia m u i t o b e m ser considerada

Elenco: J a m e s Caviezel, Maia

provocante ( m a s n ã o é essa a idéia?). S i m , a crucificação é horrível de ser vista - m a s

Morgenstern, Christo Jivkov,

é possível a r g u m e n t a r q u e G i b s o n só está m o s t r a n d o urna forma

completamente

bárbara d e execução do jeito que ela era (e, se v o c ê leu a Bíblia c o m a t e n ç ã o e t e m u m p o u q u i n h o de i m a g i n a ç ã o , já t e m u m a Idéia b e m terrível de c o m o deveria ser). Os j u d e u s a p a r e c e m no f i l m e c o m o m a l v a d o s ? É improvável que o espectador c o m u m que

Francesco De Vito, Monica Belluccl, Toni Bertorelli, Luca Lionello, Hrlsto Shopov, Claudia Cerini, Fabio Sartot, Giacinto Ferro, Olek Mincer Indicação ao Oscar: Caleb Deschanel

veja a obra se t o r n e u m anti-semita c o n s u m a d o nos créditos finais. M a s , se o espec-

(fotografia), Keith Vander Laan,

tador já fosse anti-semita, pode-se dizer q u e há cenas que poderiam ser usadas c o m o

Chrlstlen Tlnsley (maquiagem), John

a r g u m e n t o para f u n d a m e n t a r suas crenças. Em ú l t i m a instância, A paixão de Cristo deve ser considerado c o m o o d e p o i m e n to de u m h o m e m (Glbson) sobre sua própria fé. Concorde ou discorde de sua encenação da Ú l t i m a Cela, d e c o m o Jesus foi c o n d e n a do à m o r t e ou â cruz, m a s é difícil discutir que o q u e aparece na tela é m a g n i f i c a m e n t e a p r e s e n t a d o , b e m interpretado pelo elenco ( e s p e c i a l m e n t e M ó n i c a Belluccl no papel de Maria

Madalena) e freqüentemente

muito

t o c a n t e . A l g u m a s cenas não f u n c i o n a m c o m p l e t a m e n t e , é claro. E m u m flashback, J e s u s mostra à m ã e u m a mesa alta e cadeiras q u e ele m e s m o fez, cena q u e parece ter saído de A vido de Brian, do M o n t y P y t h o n . M a s m u i t a s outras são poderosas, e s p e c i a l m e n t e no final, q u a n d o J e s u s tropeça ao carregar a cruz e a m ã e lembra de tê-lo visto cair q u a n do criança e d e ter podido então ajudá-lo. I n d e p e n d e n t e m e n t e de se aceitar a versão de Gibson ou n ã o , só essa cena deve tocar f u n d o e m qualquer pessoa q u e já se sentiu i m p o t e n t e para ajudar a l g u é m m u i t o a m a d o . E talvez, q u e m sabe, t e n h a sido essa a i n t e n ção d e G i b s o n : n ã o a p e n a s causar polêmica, m a s mostrar suas crenças (não a p e n a s na religião, m a s t a m b é m c o m o pai), provocar o p e n s a m e n t o e tocar corações. J B

Debney (trilha sonora original)


I U A / Alemanha 114 min. Cor

CRASH

(2004)

Idioma: inglês

Em inglês, crash significa colisão. C o m u m título metafórico usado como u m tema de

Direção: Paul Haggis

força, Crash, de Paul Haggis, premiado e m 2005 c o m o Oscar de Melhor Filme, trata dos

Produção: Don Cheadle, Paul Haggis,

efeitos colaterais das interferências causadas por cidadãos d e Los Angeles nas vidas uns

Mark R. Haggis

dos outros. Insira seu conflito étnico favorito (latinos x asiáticos), engrosse a mistura com

Roteiro: Paul Haggis, Robert Moresco

u m evento provocante (roubo) e o roteiro fica subitamente mais amplo e claro.

1 otografia: j . Michael Muro

S i m , o f i l m e peca pela superficialidade ao tentar expor as inter-relações existentes

Musica: Mark isham

entre o s seres h u m a n o s . S i m , os conflitos da história são hiperbólicos, exagerados.

I ItltCO: Sandra Bullock, D o n

S i m , os insultos m u l t i c u l t u r a i s f i c a m g a s t o s . M a s o poder inegável do f i l m e reside e m

I headle, Tony Danza, Keith David, I 0 1 el la Devine, M a t t Dillon, Jennifer 1 ',|)nslto, Eddie J . Fernandez, Brendan I laser, Nona Gaye, Terrence Howard,

p e q u e n o s trechos de diálogos perfeitos no t o m , a p r e s e n t a d o s por personagens observados por u m a lente de a u m e n t o , que g a n h a m vida dentro das limitações do enredo. Entre os personagens inesquecíveis e s t ã o o d e t e t i v e W a t e r s ( D o n Cheadle) e

1 ' . m i r l Dae Kim, Thandie N e w t o n ,

sua parceira Ria (Jcnnifer Esposito), q u e i n v e s t i g a m u m a s s a s s i n a t o . Há t a m b é m o

Mu hael Pena, Ryan Phillippe, Bahar

a m b i c i o s o promotor público Rick (Brendan Fraser) e J e a n (Sandra Bullock), sua esposa

SOO

kh, LarenzTate

Oscar: Paul Haggis, Cathy S c h u l m a n (melhor filme), Paul Haggis, Robert Moresco (roteiro original), Hughes

m i m a d a , seqüestrados e m seu carro por dois b a n d i d i n h o s q u e n ã o s a b e m b e m c o m o lidar c o m a s i t u a ç ã o . E o policial Ryan ( M a t t Dillon) e seu parceiro Tom (Ryan Phillipe), que m o l e s t a m os Thayer. E o diligente chaveiro Daniel (Michael Pena), que ajuda o dono

Wlnborne (edição)

da loja de conveniência Farh.ul (Sliaun roub), o q u e leva a c o n s e q ü ê n c i a s inesperadas

Indicação ao Oscar: Paul Haggis

c o n f o r m e outros c a m i n h o s se c r u z a m u m a e outra vez, explorando a ideia de u m a

(direção), Kathleen York, Michael

" c o l i s ã o " . G r a d u a l m e n t e , a t r a m a se amarra e m u m laço b e m a r r u m a d o , no m o m e n t o

Bei kei (música), M a t t Dillon (ator 1 Oidjuvante)

e m que t o d a s as historietas se j u n t a m expondo as farpas da convivência entre pessoas com diferenças. Escrito por Haggis e Robby M o r e s c o , Crash não se prende à realidade o u à fantasia. Construído e m torno do preconceito explicitado, os personagens n a v e g a m pela era pós-cibernética, e m q u e o s i m p l e s discurso está i m p r e g n a d o d e poder, de forma q u e p o d e m o s tratar uns aos outros b e m o u m a l d e p e n d e n d o das c i r c u n s t â n c i a s . G C - 0


A QUEDA - AS ULTIMAS HORAS DE HITLER (2004) (DER UNTERGANG)

H o u v e m u i t o nervosismo e ansiedade na estréia de A queda - As últimas horas de Hitler, do diretor Oliver Hirsclibiegel e do roteirista Bernd Elchinger, o primeiro f i l m e a l e m ã o a retratar Adolf Hitler e m u m a narrativa convencional. Havia a preocupação de que o f i l m e h u m a n i z a s s e o Terceiro Reich e os loucos planejadores do regime, reduzindo, a s s i m , o i m p a c t o d a s suas atrocidades. É u m a história m u i t o direta, contada e m r i t m o rápido, narrando os últimos dias de Hitler (Bruno Ganz) e do alto c o m a n d o mais próximo a ele. Hitler, Eva Braun (Juliane Köhler), Joseph Goebbels (Ulrich Matthes) e os demais são, sem dúvida, bem h u m a n o s . A conclusão a que se chega aqui, contudo, é que o genuinamente monstruoso muitas vezes é h u m a n o . Ficamos c o m u m a sensação ruim ao perceber que t u d o isso nos é muito familiar. Vemos nesta narrativa as várias facções da máquina nazista desacelerando-se e funcionando de maneira conflitante c contraproducente. Vemos l a m b e m um psicnpal a lomnntic o, que u n t a vez ja eMove no i entro do m u n d o , e m melo a ataques de raiva, estratagemas pessoais e racionalizações, lamentando o fracasso de sua ficção utópica delirante enquanto nega a sua parte no aniquilamento de toda uma cultura. Essa casualidade desorlentadora e descentrallzadora o a chave do brilhantismo cio filme. Hitler é freqüentemente colocado na margem da lente de Hirschbiegel c na interpretação de Ganz, que nos mostra seu personagem se encolhendo c se reduzindo com o decorrer da trama. Em paralelo afloram outras modalidades de comportamento (algumas nem sempre associadas com esse capítulo da História) através de alguns personagens e m torno de Hitler, tais como compaixão, piedade, bravura, avareza, ambição profissional e, no caso do povo alemão que Hitler despreza, uma devoção desconcertante. Tal devoção está condensada no personagem alegre e fútil de Eva Braun e nos olhos arregalados da secretária Traudl Junge (Alexandra Maria Lara), que relatou esses eventos no documentário Eu fui a secretária de I lltler (2002). M H

Alemanha / Itália / Áustria (Constantin) 156 m i n . Cor Idioma: alemão Direção: Oliver Hirschbiegel Produção: Bernd Eichinger Roteiro: Bernd Eichinger Fotografia: Rainer Klausmann Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria I aia, Corinnaa Harfouch, Ulrich Matthes, Juliane Köhler, Heino Ferch, Christian Berkel, Matthias Habich, Thomas Kretschmann, Michael Mendl, André Hennlcke, Ulrich Noethen, Birgit Minichmayr, Rolf Kanies, Justus von Dohnany


EIMTRE UMAS E OUTRAS

(2oo4>

(SIDEWAYS) Este f i l m e de Alexander Payne conta a história de Miles (Paul G l a m a t t i ) , u m romancista fracassado d e meia-idade, conhecedor de v i n h o s , que quer proporcionar ao seu melhor a m i g o , Jack (Thomas Haden Church), u m a t u r n ê pelas viniculturas da Califórnia u m a s e m a n a antes do seu c a s a m e n t o . Em sua v i a g e m , Mlles c o n h e c e e se apaixona por uma garçonete local, M a y a (Virginia M a d s e n ) , e n q u a n t o Jack joga c h a r m e para a amiga dela, S t é p h a n i e (Sandra O h ) . Não demora m u i t o e a infidelidade de Jack é descoberta, o q u e acaba c o m a relação d e a m b o s os casais. Porém o filme t e r m i n a n u m clima positivo, c o m M a y a escrevendo u m a carta para Miles dizendo-lhe que ele tinha u m futuro muito promissor na arte que t a n t o o apaixonava, a enologia, e que ela o achava lindo. Os q u e criticam o f i l m e e m geral se c o n c e n t r a m sobre o alcoolismo e a d e s o n e s t i dade. Pode ser. M a s o ponto principal do filme n ã o é mostrar as fraquezas h u m a n a s . A real beleza está nos p e q u e n o s m o m e n t o s d e I n t i m i d a d e , m u i t a s vezes transmitidos EUA (Fax Searchlight, Michael London

por m e l o d e m e t á f o r a s m a r c a n t e s e e m o c i o n a n t e s c o m o , por exemplo, a descrição de

Productions, Sideways) 116 min. Cor

M a y a sobre o q u e a atrai no v i n h o (e e m Miles), q u e chega a ser brilhante: " G o s t o de

I d i o m a : Inglês / armênio

pensar no q u e estava a c o n t e c e n d o no a n o e m q u e as uvas e s t a v a m crescendo; c o m o

Direção: Alexander Payne Produção: Michael London Roteiro: Alexander Payne e Jim Taylor, baseado no livro Sideways, de Rex Pickett I nlografia: Phedon Papamlchael M ú s i c a : Rolfe Kent, Francisco Tárrega Elenco: Paul G l a m a t t i , T h o m a s Haden 1 hull h, Virginia M a d s e n , Sandra o h , Marylouise Burke, Jessica Hecht, Missy Doty, M. C. Cainev, Alysia Reiner, Shake T u k h m a n y a n , Shaun Duke, Robert Covarrubias, Patrick (i.illagher, Stephanie Faracy, Joe Marlnelli Oscar: Alexander Payne, J i m Taylor

o sol estava brilhando, se c h o v e u m u i t o ou não. Gosto de pensar e m todas as pessoas que c u i d a r a m e q u e colheram as uvas. f, se foi u m v i n h o antigo, q u a n t a s dessas pessoas já e s t ã o m o r t a s agora. G o s t o d e v e t c o m o o v i n h o c o n t i n u a a evoluir e saber que, se abrisse u m a garrafa de v i n h o hoje, o s e u sabor não seria o m e s m o se tivesse sido aberta e m qualquer outro dia, porque u m a garrafa d e vinho é algo vivo. E está c o n s t a n t e m e n t e evoluindo e g a n h a n d o c m complexidade. Isto é, até atingir seu ápice." M e t á f o r a s e m c i n e m a p o d e m ser u m grande l u g a r - c o m u m , m a s Entre umas e outros é u m filme q u e se destaca por utilizar o v i n h o c o m o a f i r m a ç ã o do potencial da vida. A l é m do roteiro, é a Interpretação dos atores q u e faz este filme brilhar: os quatro protagonistas estão f a n t á s t i c o s . G C - 0


9 : 0 5

A

M

FAHRENHEIT 9/11 « i

EUA

O f i l m e m a i s c o m e n t a d o de 2004 n ã o foi u m sucesso e s t r o n d o s o , cheio d e efeitos e i m a g e n s geradas poi c o m p u t a d o r : foi o filme v e n c e d o r da Palma d e O u r o d o d o c u m e n tarista M i c l i a e l M o o r e a p r e s e n t a n d o u m a visão controversa sobre a s i t u a ç ã o dos

122 m i n . Coi

Idioma: i n g l ê s / árabe Direção: Michael Moore Produção: J i m Czarneckl, Rita Daghei. Carl Deal, J o a n n e Doroshow. Kurt

Estados U n i d o s após os a t a q u e s d e 11 d e s e t e m b r o d e 2001 a o W o r l d Trade Center, e m

Engfehr, Jeff Gibbs, Kathleen Glynn.

Nova York, e ao P e n t á g o n o , e m W a s h i n g t o n .

Monica H a m p t o n , Nicky Lazar, Tia

C o m o era d e se esperar do diretor de Tiros e m Columbine,

este d o c u m e n t á r i o é

calculado, m a n i p u l a d o r e, por vezes, contraditório. M a s t a m b é m é m u i t o forte, engraç a d o , t o c a n t e e, a c i m a d e t u d o , fascinante, na m e d i d a e m q u e M o o r e busca destruir a a d m i n i s t r a ç ã o Bush e m a p e n a s duas horas. Seja lá de q u e lado do espectro você estiver, a l g u m a s d a s tiradas d e Bush incluídas neste f i l m e p o d e m fazer c o m q u e a t é m e s m o o m a i s conservador dos republicanos se encolha. Nada mais natural que os poderosos norte-americanos não quisessem q u e seus

Lessin, Jay Martel, Agnès M e n t r e , Anne Moore, Michael Moore, M e g h a n O'Hara, Bob W e i n s t e i n , Harvey Weinstein Roteiro: Michael Moore Fotografia: Mike Desjarlals, Klrsten J o h n s o n , W i l l i a m Rexer Música: Jeff Gibbs, Bob Golden

eleitores v i s s e m este filme n u m ano eleitoral (embora ele não tenha feito muita dife-

Música não original: Elmer Bernstein,

rença 110 final das contas). O filme pode ser meio tendencioso, m a s é t a m b é m u m

Charlotte Caffey, Alvin Lee, Henry

trabalho brilhante, q u a n d o M o o r e começa c o m a eleição controversa q u e levou Bush a ocupar a Casa Branca. Todo o t r a t a m e n t o dos eventos centrais do 11 de setembro (uma tela a n g u s t i a n t e m e n t e escura com os sons daquele dia infernal, seguida de cenas dos habitantes de Nova York vagando pelas ruas e m estado de choque e terror), a Invasão cio Iraque r os vínc elos da família Bush com a família Bin I aden, 1 udo isso e mostrado à

Manclni, Arvo Part, Kathy Valentine. Jane Wieldlln, Neil Young, C. King Palmer Elenco: Michael Moore, Khalll bin Laden, Jenna Bush, Neil Cavuto, John Conyers, Byron Dorgan, Al Core,

luz do microscópio de Moore. Existem m o m e n t o s bem característicos sempre esperados

Abdul Henderson, Lila Lipscomb, J i m

n u m a produção de Moore, c o m o , por exemplo, quando ele corre atrás de congressistas

M c D e r m o t t , Patsy Mink, Craig Ungei,

para entrevistá-los, perguntando-lhes se os seus filhos h a v i a m sido alistados para o

Ben Affleck, John Ashcroft, Barbara

serviço militar, e t a m b é m q u a n d o passeia por W a s h i n g t o n , D. C. numa v a n de sorvetes com megafones lendo o Patriot Act (Lei Patriótica) que muitos políticos aprovaram s e m

Bush, George Bush, George W. Bush, Jeb Bush, Saddam Hussein, Osama bin Laden, Colin Powell, Dan Rather,

sequer ler. Porém há m e n o s cenas desse tipo aqui do q u e nos filmes anteriores. Talvez

Condoleezza Rice, Donald Rumsfeld,

M o o r e tenha pensado que, neste filme, o material fala por sl m e s m o .

Britney Spears

Quer você concorde com a visão política de Moore ou não, este filme precisa ser visto. J B


•rinça / Bélgica /

Israel / Itália

(I lîévlr, OÏ Ol O'O 140 m i n . Cor Idioma: amárico / hebraico / francês Direção: Radu Mihaileanu Produção: Denis Carot, Marie

UM HERÓI DO NOSSO TEMPO

(2005)

(VA, VIS ET DEVIENS) O primeiro filme épico sobre a migração dos judeus da Etiópia para Israel, U m herói do nosso (empo, de Radit Mihaileanu, é u m trabalho feito de forma magistral, que segue uma fórmula

Mumonteil, Radu M i h a i l e a n u , Marek

que permite que os espectadores se envolvam emocionalmente com uma história sobre a

Kusenbaum, Itai Tamir

qual a maior parte das pessoas de fora da região provavelmente sabe muito pouco.

Roteiro: Alain-Michel Blanc, Radu

Mihaileanu

S c h l o m o é u m garoto etíope d e nove anos de Idade que é enviado por sua m ã e para participar da Operação M o i s é s , um programa q u e devolve os judeus etíopes a Israel.

fotografia: Rémy Chevrln

M a s S c h l o m o t e m u m segredo: ele não é n e m judeu n e m órfão, duas mentiras que dão

M ú s i c a : Armand A m a r

colorido à sua existência. Fm Israel, S c h l o m o tem a boa sorte de ser colocado junto a u m a

I lenco: Yaël Abecassis, Roschdy Zern, M o s h e Agazai, M o s h e Abebe, Slrak M ' „ i b a h a t , Roni Hadar, Yitzhak I dgai, Raml D a n o n , Meskie Shlbru Mvan, M i m i Abonesh Kebede, Raymonde Abecassis

família boa e feliz, composta por uma m ã e enérgica, u m pai amoroso c u m avô que é u m verdadeiro sábio. No fundo, este filme é u m drama familiar que t a m b é m abarca a política p r o f u n d a m e n t e complexa e dividida d e Israel, onde os moderados são colocados e m contraposição aos f u n d a m e n t a l i s t a s religiosos e m busca da própria alma do país. O j o v e m S c h l o m o é e m p u r r a d o direto para o centro desse debate fervoroso, o n d e as o p i n i õ e s seculares d o s pretos, d o s brancos e dos ortodoxos b o r b u l h a m , tendo c o m o pano d e f u n d o os protestos políticos, os a t a q u e s aéreos e o preconceito racial. M i h a i l e a n u reduz as Implicações m a i s a m p l a s da luta Israelense, concentrando-se e m três c a p í t u l o s diferentes da vida de S c h l o m o : a Infância ( e m q u e ele é Interpretado por M o s h e Agazai), a adolescência ( M o s h e Abebe) e a idade adulta (Sirak M. S a b a h a t ) . Cada c a p í t u l o conduz ao m o m e n t o e m q u e ele deve f i n a l m e n t e enfrentar seus mais profundos m e d o s e seus m a i s cobiçados desejos. Finalmente, Um herói do nosso tempo não é apenas a história de u m garoto, mas t a m b é m a história de qualquer pessoa que recomeça sua vida, renascida e m u m a terra diferente. Você poderá sair do cinema se sentindo como se tivesse vivido toda u m a outra vida como refugiado etíope e m Israel. Epicamente interessante, em todos os sentidos da palavra. KW

M

1

I


PARADISE NOW

(2005)

França / Alemanha / Holanda /

É preciso mais q u e mera paixão e c o m p r o m i s s o político para fazer u m f i l m e sobre a luta a p a r e n t e m e n t e interminável e trágica entre Israel e palestinos. É preciso u m c o n v i t e à polêmica e à controvérsia, e s p e c i a l m e n t e - c o m o no excepcional

Paradiso

Israel (Augustus, Lama, Razor, Lúmen, Arte France Cinema, Haza/ah Fllm, Eurimages, Fllmstiftung, Medienboard Berlin-Brandenbuq'.,

Now d o roteirista e diretor H a n y Abu-Assad - q u a n d o a representação d o s f a t o s não

Nederlands Fonds voor de Film)

escolhe e x p l i c i t a m e n t e u m lado e m d e t r i m e n t o do outro.

90 m i n . Cor

Said (Kais N a s h e f ) e Khaled (Ali S u l i m a n ) são v e l h o s a m i g o s que t r a b a l h a m j u n t o s c o m o m e c â n i c o s e m N a b l u s . Eles logo são i n t i m a d o s por J a m a l (Amer Hlehel) a c u m p r i r e m a m i s s ã o d e explodirem c o m o h o m e n s - b o m b a , 15 m i n u t o s u m a p ó s o outro, n u m a região superpovoada de lei Aviv. A r.r/.io? Represália é o pano d e f u n d o

Idioma: árabe Direção: Hany Abu-Assad Produção: Bero Beyer Roteiro: Hany Abu-Assad, Bero Beyer,

mais óbvio, m a s t a n t o Khaled c o m o Said t ê m suas próprias razões para quererem fazer

Pierre Hodgson

o sacrifício e x t r e m o .

Fotografia: Antoine Héberlé

As a t u a ç õ e s são excelentes, c o m e ç a n d o pelos personagens principais. Nashef e S u l i m a n são m u i t o convincentes c o m o dois h o m e n s q u e sofreram u m a l a v a g e m cerebral pelo s o n h o de se tornar u m mártir e d e receber a f o r m i d á v e l recompensa religiosa. No ú l t i m o a t o , a crise q u e a t r a v e s s a m é algo v e r d a d e i r a m e n t e lúgubre: la/iso a barba, se v e s t e m I m p e c a v e l m e n t e e u s a m os explosivos sob os seus ternos, que t ê m u m a aparência t o t a l m e n t e mal. na

Poderiam

passar

rua s e m j a m a i s

Lubna

A/abal

nor-

por qualquer u m

despertar

também

está

suspeitas. excelente

e m seu papel desesperado cie Suha, runa pacifista

q u e acredita

sinceramente que

as b o m b a s e a violência n ã o s o l u c i o n a m a b s o l u t a m e n t e nada. Ela é próxima a Said e só entra c m cena

quando

ele precisa

u r g e n t e m e n t e d e o r i e n t a ç ã o m o r a l . É a voz da razão n u m m u n d o g e r a l m e n t e irracional e Implausível. Paradiso Now merece todos os elogios simplesmente

pela

coragem

demonstrada

por seu diretor. Ainda assim c o compromisso que o filme mostra com a Imparcialidade e o espírito de justiça que lhe garante o respeito e a admiração do público. Por seu olhar despido de preconceitos sobre u m embate tão polêmico, o filme nos convida a chegar às nossas próprias conclusões em relação ao conflito entre Israel e a Palestina, ao sentido do suicídio dos homens-bomba e a questões ainda mais profundas sobre o significado de uma vida pela qual é válido viver... e morrer. K W

Música: Jina S u m e d i Elenco: Kais Nashef, Ali S u l i m a n ,

Lubna Azabal, Amer Hlehel, Hlam Abbass, Ashraf B a r h o m



IUA (Alberta, Focus Features, Good M.u bine, Paramount, River Road, This I I lh.it Productions) 134 m i n . Cor Idioma: inglês

Direção: Ang Lee Produção: Diana Ossana, J a m e s ',1 liamus Roteiro: Larry M c M u r t r y e Diana 1 issana. baseado no conto "liiokeback M o u n t a i n " , de E. Annie

0 SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (2005)

(BROKEBACK MOUNTAIN)

Este filme de Ang Lee despertou muita atenção por ser u m dos primeiros faroestes a m e ricanos a abordar o tema do homossexualismo e a chegar ao circuito comercial. É verdade que Andy Warhol tinha feito algo similar mais de três décadas atrás com o seu pioneiríssimo Lonesoi.ie Cowboys (1969), filmado no Arizona, nos Estúdios Old Tucson. Porém, enquanto o filme d e Warhol foi uma sátira ao gênero, o trabalho de Lee permanece sério e foi dirigido

Proulx

com precisão e perícia profissional que remetem aos westerns anteriores de Budd Boetticher,

Ilitografia: Rodrigo Prieto

John Ford e Howard Hawks - embora Hawks, e m particular, fosse se sentir profundamente

Música: Gustavo Santaolalla, Marcelo

ofendido com o tema de O segredo dc Brokcback

Zarvas tlcnco: Heath Ledger, J a k e i.vllenhaal. Randy Q u a i d , A n n e 1 l.ith.iway, Michelle W i l l i a m s , V.ilnii' Planche, Graham Beckel, David Harbour, Kate Mara, Roberta

Moimtain.

Trabalhando a partir do roteiro original de Larry M c M u r t r y e Diana Ossana, o filme de Lee conta a história de Ennis Del M a r (Hcath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) que, quando estavam fazendo u m solitário trabalho como pastores dc ovelhas no interior de W y o m i n g no verão de 1963, se conheceram e se apaixonaram. No princípio, os dois são simplesmente colegas de trabalho, m a s , à medida que o verão vai passando, a relação deles

Maxwell, Peter McRobbie, Anna

se aprofunda ao ponto de se transformar n u m caso de amor que perdurará por toda a vida,

1 11 is. 1 inda Cardellini, Scott Michael

embora seja daquele tipo proibido pela sociedade da época e entremeado pot casamentos

1 .iinpbell, David Trimble Oscar: A n g Lee (diretor), Gustavo Sintaolalla (trilha sonora), Larry Mi Mintry. Diana Ossana (roteiro)

fracassados, com os quais n e n h u m dos dois se importa. Enquanto Gyllenhaal se sai muito bem c m seu papel, Ledger é uma revelação: taciturno, tímido e introspectivo, ele esconde os seus sentimentos e emoções por trás de uma couraça dc modos rudes e másculos. As 1 ilmagens de Lee nos mostram n belo/a e .1 aridez das paisagens e o elenco de apoio inclui Kandy Q u a i d , Anne Hathaway e Michelle Williams, com atuações impecáveis. O segredo de Rwkcback

Mountoin

retoma as c o n v e n ç õ e s do O e s t e a m e r i c a n o e as

altera para contar u m a história de amor, t o t a l m e n t e c o n v i n c e n t e , q u e fica ecoando na m e n t e d o e s p e c t a d o r por m u i t o t e m p o depois da última cena já ter se d e s v a n e c i d o da tela. Este filme é u m clássico a m e r i c a n o i n s t a n t â n e o cio século 21. W W D


Inglaterra / África do Sul (IDC of S.A., NFVF of S.A., M o v l w o r l d , U. K. Film and TV)

94 m i n . Cor

Idioma: zulu / xhosa / afrícâner Direção: Gavin Hood

INFANCIA ROUBADA

(2005)

(TSOTSI) Depois de prometer por m u i t o s a n o s , o c i n e m a sul-afrlcano f i n a l m e n t e está b e m p o s i c i o n a d o para conseguir u m a revelação - Infância

roubada

pode m u i t o b e m ser o

Produção: Peter Fudakowski

f i l m e t ã o a g u a r d a d o . C o m o c o s t u m a acontecer c o m as c i n e m a t o g r a f i a s e m e r g e n t e s ,

Roteiro: Gavin Hood, baseado no

a história é tirada das ruas dos centros urbanos e conta t u d o de u m a maneira m u i t o

livro Tsotsi, de Athol Fugard

realista, c o m atotes s e m treino e s e m f o r m a ç ã o profissional. O personagem central

Fotografia: Lance Gewer

desta t r a m a , Tsotsl (Presley C h w e n e y a g a e ) , é u m b a n d i d o z i n h o q u e , j u n t o c o m três

Elenco: Presley Chweneyagae, Mothusi M.igano, Israel Makoe, Terry Pheto, Pen v M a t s e m e l a j e r r y Mofokeng, Benny Moshe, Owen Sejake, Zola. Kenneth Nkosi, Zenzo Ngqobe,

c u p i n c h a s seus, assalta u m e m p r e s á r i o d e meia-idade e m u m t r e m . D u r a n t e o assalto, Tsotsl esfaqueia e m a t a o h o m e m . De volta à favela o n d e m o r a m , u m dos m e m b r o s da g a n g u e é a t a c a d o pelo remorso, p o r é m Tsotsi o despreza por sua prova d e fraqueza e lhe da u m a boa surra, tsotsl, agora 11 abai b a n d o por sua própria conta, rouba o carro de

Nambitha M p u m i w a n a , Ian Roberts,

u m a m u l h e r rica, ferindo-a d u r a n t e a operação. A o escapar, Tsotsi se dá conta de q u e o

lliembl Nyandeni, Rapulana Seiphemo

bebê da m u l h e r ficou no banco d e ttás do carro. O seu instinto é o de a b a n d o n a i a criança, irias algo o i m p e d e de fazê-lo. Ele leva a criança para o seu barraco e tenta alimentá-la e t o m a r conta dela. Porém o bebê precisa d e leite e Tsotsi fotça u m a j o v e m m ã e da v i z i n h a n ç a a dar de m a m a r ao n e n é m . M i r i a m (Terry Pheto) toma c o n ta da criança e t e n t a convencer Tsotsi a devolvei o bebé a sua niae. Por f i m , n ã o conseguindo se defender diante de M i r i a m , tsotsi e foiçado a enfrentai a natureza de sua vida e a perceber a direção q u e ela está tomando. Ptcslcy dão

Chweneyagae

u m banho

e Terry

Pheto

d e interpretação

neste

f i l m e , q u e , c o m m u i t a força, passa u m a m e n s a g e m sobre a brutalidade e a miséria d a s favelas urbanas de J o a n e s b u r g o , ao passo q u e m a n t é m u m a crença firme no espírito h u m a n o , q u e a t u d o resiste para não ser e s m a g a d o s o b o peso opressivo da pobreza. S e , por alguns m o m e n t o s , a direção parece teatral d e m a i s - c o m pausas prolongadas e n q u a n t o o público absorve o significado da cena --, isso nada mais é q u e o p e q u e n o preço a pagar pelos profundos insights que este f i l m e proporciona. E B


PEQUENA MISS SUNSHINE

(2006)

(LITTLE MISS SUNSHINE) ( O I I ' , Í < I I ' I , I I H I O sc que é uni melodiam.i familiar. <i Ulme de J o n a t h a n D a y I o n e Valeire L u i s consegue até dar a l g u m frescor à fórmula, confinando pessoas do m e s m o sangue c m u m só espaço, durante u m período de tempo suficientemente tenso, agravado por imprevistos e depois vendo u m a nova afeição surgir. Nesse ciclo, as calamidades se a c u m u l a m , fazendo com que a união familiar se veja cada vez mais prejudicada. A natureza u m pouco exagerada e o espírito inventivo do roteirista Michael Arndt transformam os absurdos dessa família e m coisas que poderiam ser inerentes a pessoas reais m e s m o q u a n d o , por vezes, tais pessoas possam parecer personagens surreals de uma história e m quadrinhos. U m a família composta pot seis pessoas, Incluindo o estudioso mais famoso de Protist

EUA (Big Beach Fllms, Thlrd Cear, Deep River, Bona Fide) 101 m i n . Cor

dos Estados Unidos, convalescendo de u m a tentativa de suicídio malsucedida por estar

I d i o m a : inglês

passando pelo pior m o m e n t o de sua vida pessoal e profissional (Stcvc Catcll); u m avô

Direção: J o n a t h a n D a y t o n , Valei Ir

desbocado e viciado e m heroína, cuja concepção de afeto é algo que só ele entende (Alan

Fáris

Arkin); u m adolescente acabrunhado e m u d o por opção, que usa o silêncio como uma técnica

Produção: Albert Berger, David

de purificação e de protesto diante da loucura de seus pais (Paul Dano); uma pequena garota

T. Friendly, Peter Saraf, Mare

viajando para concorrer n u m concurso de beleza d e pré-adolescentes, sendo essa viagem o tema central do filme, m e s m o que ela fosse o oposto de qualquer padrão concebível que se possa ter d e beleza e talento (Abigail Brcslln); o pai, u m otimista inveterado e palestrante motivacional fracassado à beira da falência (Crcg Kinncar); e a mãe, uma mulher que trabalha dentro e fora do lar, sem a menor Idéia de como sanar os problemas d e toda essa gente confusa, baratinada e machucada pela vida ao seu redor (Toni Collette). A n u n c i a d o c o m o a retomada do c i n e m a i n d e p e n d e n t e , Pequeno Miss Sunsh/ne é t a m b é m u m a j u n ç ã o bem-sucedlda d e p e q u e n o s c o n t o s . I n t e n c i o n a l m e n t e excêntricos e fora do eixo, m a s q u e p o d e m ser t o c a n t e s j u s t a m e n t e por e s t a r e m fora do q u e n o r m a l m e n t e se v ê no telão. U m f i l m e q u e você n ã o p o d e perder. G C - 0

Turtletaub, Ron Yerxa Roteiro: Michael Arndt Fotografia: Tini Suhrstedt Elenco: Alan Arkin, Abigail Breslin, Steve Carell, Toni Collette, Paul Daim, Greg Kinnear Oscar: Alan Arkin (ator coadjuvante), Michael Arndt (roteiro)


APOCALYPTO

(2006)

Assim c o m o Coração

(1995) e A paixão

valente

de Cristo (2004), Apocoíypto t a m b é m

prende a a t e n ç ã o do público c o m u m a c o m b i n a ç ã o d e m e l o d r a m a c o m violência s a n grenta e b e m gráfica. A história gira e m torno dc um J o v e m da civilização maia que vive uma vida u m tanto idílica c o m sua esposa grávida, u m filho pequeno e o resto da sua tribo na selva. Logo no começo, o filme apresenta u m a sociedade que se unifica c o m a natureza, respeitandoIhe a generosidade c m compartilhar as suas riquezas. Esse m u n d o cai por terra quando u m bando de forasteiros chega e ataca o vilarejo, m a t a n d o m u i t o s c levando alguns sobreviventes para serem sacrificados e m h o m e n a g e m ao deus do Sol que fica no topo

EUA (Icon Entertainment 11ttcrnational, Icon Productions [US], tout hstone Pictures) 139 m i n . Cor I d i o m a : maia

escondidos por ele antes de partir. Independentemente da decisão altamente divulgada de

Direção: Mel Gibson

Produção: Bruce Davey, Mel ROMlro: Mel Gibson, Farhad

de uma pirâmide. O principal personagem do filme, Jaguar Paw, escapa e é perseguido ao tentar voltar ao local original do seu vilarejo para salvar sua mulher e seu filho, que foram

fazer a f i l m a g e m e m idioma maia, como este breve resumo do enredo sugere. Mel Gibson Gibson Safinia

imprime neste filme mais uma corrida melodramática contra o tempo do que u m estudo antropológico sobre essa antiga civilização. Com certeza, os aspectos melodramáticos do

l o t o g r a f i a : Dean Semler

filme são intensificados por alguns elementos da cenografia - como, por exemplo, a cena

M ú s i c a : James Horner

da esposa presa e m uma cova que vai se enchendo com a água da chuva.

Elenco: Ramirez Amllcar, Carlos 1 mlllo Baez, Morris Birdyellowhead, J1111.11 ban Brewer, Israel Contreras,

Contudo, M e l Gibson gerencia o espetáculo todo c o m muita confiança. A selva é mostrada pela fotografia impressionante como u m paraíso viçoso bastante convincente e

Maria Isabel Diaz, Dalia Hernandez,

os habitantes do vilarejo couro indivíduos inteiramente solidários. Há imagens marcantes:

Isi.iel Rios, Rudy Youngblood

a sociedade maia ao redor da pirâmide e m vias de sofrer u m a desintegração, a histeria que vai crescendo a cada passo dado pelos cativos ao passarem pelas massas de corpos pintados e m convulsão a c a m i n h o da morte certa no alto cia pirâmide. I sses m o m e n t o s provam q u e M e l Gibson é u m diretor de multo talento, capaz d c criar imagens que não devem nada aos melhores filmes épicos produzidos por Hollywood na década de 50. A W


OS INFILTRADOS

(2006)

(THE DEPARTED) Baseado e m u m filme de ação de Hong-Kong, internacionalmente conhecido, chamado Internai Affairs (dirigido por Wai Kcung Lati c Siu Fai Mak e m 2002), c e m duas outras con-

EUA (Warner Bros. Pictures, Vertigo Entertainment, Initial Entertainment Croup, Plan B Entertainment, Media Asia Films Ltd.) 151 m i n . Cor Idioma: inglês

tinuações, internai Affairs li e Internai Affairs III (2003), este filme do diretor Martin Scorsese

Direção: Martin Scorsese

recebeu uma verdadeira aclamação tanto do público quanto da crítica. Foi indicado a cinco

Produção: Graham King, Brad P i n ,

categorias diferentes do Oscar, inclusive as de Melhor Diretor e de Melhor Filme. M a t t Damon

Martin Scorsese

e leonardo l)i( apiio l é m boas inlerpretaçoes, fa/endo o papel de dois espiões infiltrados

Roteiro: William M o n a h a n , Siu l al

trabalhando e m campos opostos: u m para a máfia, outro para a polícia. É u m filme violento e

Mak, Felix C h o n g

de muita ação que se desenrola numa cadência de suspense progressivo, impulsionado pelos floreios estilísticos, marca registrada do Scorsese, indo desde sua hábil manipulação da trilha sonora do filme a uma quantidade de estonteantes efeitos de filmagem. O que mais impressiona e m Os infiltrados é o cuidado e a inteligência com que Scorsese

Fotografia: Michael Ballhaus Música: Howard Shore Eienco: Anthony Anderson, Alei B a l d w i n , Kevin Corrigan, M a l i D a m o n , Leonardo DiCaprio, Vei.i

e o roteirista William M o n a h a n adaptaram o enredo da série internai Affairs para o público

Farmiga, Jack Nicholson, Martin

ocidental. O embuste e a lealdade e m conflito são temas bem retratados neste filme, que

Sheen, Mark Wahlberg, Ray Winstoni

traduz com excelência a cenografia incrível que fez com que o seriado de Hong-Kong fosse tão atrativo. Mais difícil ainda - e talvez mais impressionante por seu sucesso contundente - é a transplantação que foi feita do que ocorreu n u m ambiente urbano pós-mõderno e superglamouroso como Hong-Kong para outro social e geograficamente tão diferente quanto Boston. Scorsese e Monahan transformam o que poderia muito bem ter sido uma

Oscar: Martin Scorsese (diretor), Thelma Schoonmaker (edição), Graham King (melhor filme), William M o n a h a n (roteiro adaptado) Indicação ao Oscar: Mark Wahlbetg (ator coadjuvante)

mera reprodução e m algo sério e culturalmente específico. O s americanos de origem irlandesa são tão bem retratados neste filme como os de origem italiana mostrados por Scorsese e m seu filme de 1973, Caminhos perigosos. Neste sentido, Os infiltrados continua abrindo e ampliando uma trilha há muito presente na obra de Scorsese. J M

•Hl


México / Espanha / EUA (Warner Itins lequlla Gang, Esperanto Filmoj, l si iiilios Picasso, O M M , Sententia,

0 LABIRINTO DO FAUNO

(2006)

(EL LABERINTO DEL FAUNO) do fauno talvez seja u m g r a n d e resumo da carreira do m e x i c a n o Guillermo

l i ' l n luto) 112 m i n . Cor

O labirinto

Idioma: espanhol

dei Toro. Tendo t r a b a l h a d o a n t e r i o r m e n t e e m projetos c o m m u i t o s efeitos especiais,

Direção: Gulllermo dei Toro

c o m o Hcllboy

1'ioduçào: Álvaro Augustin, Alfonso

a b o r d a n d o a s s u n t o s de outros m u n d o s , c o m o A espinha

< ii.iiiin, Bertha Navarro, Guillermo

do fauno talvez seja o s e u f i l m e m a i s m a d u r o . Nele, o diretor c o n s e g u e j u n t a r suas

Del Toro, Frida Torresblànco

d u a s v e r t e n t e s particulares e criar u m a história ao m e s m o t e m p o sombria e repleta

Roteiro: Guillermo dei Toro lotografia: Guillermo Navarro Musica: lavler Navarrete Elenco: Alex Angulo, Ivana Baquero, Kogci Casamajor, Ariadna Gil, Doug limes. Sergl Lopez, César Vea, Maribel Vetdti Oscar: Guillermo Navarro (fotografia),

(2004), c e m outros q u e criaram u m a a t m o s f e r a d e suspense e t e n s ã o do diabo (2001), O

labirinto

de efeitos. O f i l m e se passa e m 1944 e conta a história dc Ofélia (Ivana Baquero), u m a j o v e m q u e descobre u m m u n d o fantástico de criaturas silvestres q u a n d o sua m ã e a leva para o Norte da Espanha para ficar c o m o padrasto, u m h o m e m a m a r g o e m e m b r o m e l o pervertido do exército fascista do general Franco. Del Toro reúne u m a lista dc atotes e s p a n h ó i s d e primeira linha para esta produção, q u e inclui S e i g i Lopez, Ariadna Gil, M a r i b e l Verdú e Ivana B a q u e r o , no papel da j o v e m q u e escapa do padrasto s e l v a g e m e n t r a n d o e m u m m u n d o de fantasia. Encenado c o m

I iigenlo Caballero, Pilar Revuelta

o p a n o d e f u n d o do período posterior à Guerra Civil na Espanha, O labirinto do fauno

(illu'1,,11) de arte), David M a r t i ,

oferece m u i t o paia a d m i r a ç ã o do público. M a s , m e s m o c o m toda a sua surpreendente

Mniitse Rlbé (maquiagem)

beleza e a força das a t u a ç õ e s , o f i l m e deixa a desejar, visto que os e l e m e n t o s alegóricos da história não c o n s e g u e m j u n t a r t o t a l m e n t e as peças da tealidade c o m as da fantasia. O resultado é q u e O labirinto

do fauno consiste e m d u a s m e t a d e s separadas q u e n ã o

se u n e m para formai u m todo. No final d a s c o n t a s , c o n t u d o , isso n ã o faz c o m q u e a realização d e Del Toro seja m e n o s extraordinária. A W


BORAT: O SEGUNDO MELHOR REPÓRTER DO GLORIOSO PAÍS CAZAQUISTÃO (2006)

(BORAT: CULTURAL LEARNINGS OF AMERICA FOR MAKE BENEFIT GLORIOUS NATION OF KAZAKHSTAN)

Caracterizado como u m membro da elite do Cazaquistão, Borat Safdiycv (Sacha Barorr Cohen) é m e t a d e inocência superficial c m e t a d e Intolerância Inflexível. Alto, magro, bigodudo c ávido por agradar, sua gíria meio mal digerida, seu anti-semitismo c suas idéias pré modernas sobre o comportamento socialmente adequado permitem que Borat banque o palhaço. M a s essas m e s m a s características exageram as circunstâncias, fazendo com que pessoas na o u s unhei aio a ¡11 lei pie lai . 1 0 do B.iion Cohen eonio 11111 l a l o . Entre os excessos d e Borot e s t ã o : u m saco d e cocô que é trazido â mesa n u m j a n t a r de f i n o s c o n v i d a d o s no Sul dos Estados U n i d o s ; u m fâ de rodeios q u e sugere q u e todos os h o m o s s e x u a i s s e j a m e l i m i n a d o s da face da Terra; três universitários b ê b a d o s q u e

EUA (Dune Entertainment, Everyman Pictures, Four by Two, Major Studio Partners, O n e America) 84 m i n . Cor Idioma: polonês / inglês / hebraico Direção: tarry Charles

f a l a m i n d e c o r o s a m e n t e sobre as m u l h e r e s c o s diferentes grupos raciais; o político

Produção: Sacha Baron Cohen, Jay

Alan K c y s participando de u m a entrevista q u e , na realidade, é u m a e m b o s c a r i a ; Borat

Roach

e seu m e l h o r a m i g o , A z a m a t (Kcn D a v i t i a n ) , l u t a n d o nus, sua genitália b a l a n ç a n d o no

Roteiro: Sacha Baron Cohen, Anthony

ar; Pamela A n d e r s o n seqüestrada na noite d e autógrafos de seu livro.

Hlnes, Peter B a y n h a m , Dan Mazer

Dirigido por Larry Charles, Borat é e x t r e m a m e n t e perspicaz q u a n t o a mostrar a visão a m e r i c a n a d e q u e os Estados U n i d o s são u m país único. Ao a s s i s t i r m o s a esse caipirão vagar pelo m u n d o , d e s c o b r i m o s q u e ele é ao m e s m o t e m p o u m jeca e u m filósofo; a força d a s suas a v e n t u r a s cai sobre os seus e n t r e v i s t a d o s , q u e s e c r ê e m superiores m a s t e r m i n a m por se expor c o m o mercadores do ódio e verdadeiros tolos. M u i t o do sucesso do filme se deve aos co-autores Anthony Hlnes, Peter B a y n h a m e Dan

Fotografia: l u k e Gelssbuhler, Anthony Hardwick Música: Erran Baron Cohen Elenco: Sacha Baron Cohen, Ken Davitian, Luenell Indicação ao Oscar: Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter

Mazcr, que ajudaram Baron Cohen a escrever o texto. Sua adaptação do personagem Borat,

B a y n h a m , Dan Mazer, Todd Phillips

a partir de Da Ali C Show, comprova a existência de u m a moldura versátil onde se pode

(roteiro)

pendurar cenas improvisadas, cuja razão é encontrara brecha entre os ideais americanos de abertura e a realidade dos conflitos culturais, onde o cômico vira trágico. G C - 0

'I',!


Alemanha (Bayerischer Rundfunk, 1

icUdo l Ilm, W i e d e m a n n & Berg,

alle) IJ7 m i n . Cor

Idioma:

alemão

Direção: Florian Henckel v o n

ÁVIDA DOS OUTROS

(2006)

(DAS LEBEN DER ANDEREN) A vida dos outros é u m f i l m e por vezes assustador, m a s por vezes nos faz rir, desc o n f o r t á v e i s , c o m s e u h u m o r negro. O diretor é Florian Henckel v o n Donnersmarck,

liunnersmarck

que marca a sua estréia c o m esta historia sobre a obsessão do governo da A l e m a n h a

Producta:

Oriental d e controlar d e t a l h a d a m e n t e toda a sua p o p u l a ç ã o . .

Quirin Berg, Max

Wiedemann

E s t a m o s e m 1984, " q u a n d o sequer havia sombra da qíasnost", c o capitão linha-

Roteiro: Florian Henckel v o n

dura da S t a s i - a polícia política -, Gerd Weisler (Ulrich M ü h e ) , decide m a n t e r o

Dnnnersmarck

a p a r e n t e m e n t e " p o l i t i c a m e n t e c o r r e t o " G e o r g D r e y m a n (Sebastian Koch), u m d r a m a -

Fotografia: Hagen Bogdanski

t u r g o , na linha e sob vigilância. Q u a n d o i n s t a l a m g r a m p o s no a p a r t a m e n t o dele e m

M i i s k a : Stephane M o u c h a , Gabriel Y.ired i lem n: I lans-Uwe Bauer, M a t t h i a s Brenner, Martina Gedeck, Charly Hübner, Volkmar K l e i n e n , Sebastian Di h Ulrich M ü h e , UlrichTukur,

B e r l i m , fica p a t e n t e q u e o teatrólogo acredita s i n c e r a m e n t e n o e s t a d o socialista. Weisler se v ê cada vez m a i s fascinado pelo estilo d e vida Intelectual e artístico de Dreym a n , q u e t e m u m a atriz lindíssima c o m o a m a n t e , a formosa Chrlsta-Maria ( M a r t i n a Ccdeck). As coisas se c o m p l i c a m ainda m a i s q u a n d o o seu superior, o ministro da Cultura H e m p f (Thomas T h i c m c ) força Chrlsta-Maria a ter relações c o m ele e dá ordens

I h o m a s Thleme

a Weisler para "limpar o c a m i n h o " para seu caso forçado, e n q u a d r a n d o D r e y m a n ,

i i m .11: Alemanha (melhor filme

o m a r i d o . Pressionado para executai u m tipo de e s p i o n a g e m fora daquilo q u e era

estrangeiro)

aprovado a t é pelo próprio governo, Weisler, i m p a s s í v e l , é levado a trilhar c a m i n h o s q u e ele j a m a i s s o n h o u percorrer c confrontar sua ética e moral c o m a onipotência do Estado totalitário usada e m benefício d e u m indivíduo poderoso. Este é, s e m dúvida, u m dos m a i s i m p o r t a n t e s filmes a l e m ã e s dos ú l t i m o s dez anos. T E

hl.inda (Bórd Scannãn na Éireann,

Rldlo lelefís

Éireann [RTE], S a m s o n

1 Urns, S u m m i t Entertainment) HS m i n . Cor I d i o m a : inglês / tcheco Direção: J o h n Carney P r o d u ç ã o : Martina Nlland

APENAS UMA VEZ (2006) (ONCE)

Escrito c dirigido por J o h n Carney, ex-baixista da modesta banda The Framcs, Once não

é u m m u s i c a l no sentido estrito, embora suas melodias carreguem nas costas a vida amorosa do f i l m e d e u m a forma q u e n e n h u m roteiro elaborado poderia. S ã o 10 baladas de amor, perda e s a u d a d e escritas e executadas pelo vocalista do The Frames, Glen

Roteiro: John Carney

Hansard, c sua colaboradora Markéta Inglová, u m a das protagonistas. A c o m p a n h a d o s

l o t o g r a f i a : T i m Fleming

por u m a câmera na m ã o b e m Instável, o Cara e a Garota t ê m u m breve encontro na

Musica: Glen Hansard, Markéta

esteira de suas vidas amorosas i n c o m p l e t a s . Ele é u m romântico perseguido por seus

liglova 1 lenço: Glen Hansard, Markéta liglova, Alaistair Foley, Geoff Mlnogue. Indicação a o Oscar: Glen Hansard, Matketa Irglovã (canção)

sonhos n ã o realizados, e n q u a n t o ela é cheia de Idéias, dona d e u m espírito livre c o m p a tível c o m aqueles que são c r o n i c a m e n t e deslocados. Há portanto a atração dos opostos e a atração do O u t r o étnico, m a s n i n g u é m é de n i n g u é m n e m no Início n e m no final. C o m o memórias q u e m a n t e m o s de Interlúdlos e m q u e u m caso de amor, m e s m o sem ter se concretizado c o m p l e t a m e n t e , ainda assim expande nossa visão do q u e fazer com nossas vidas, Once parece artesanal na melhor acepção da palavra, u m banquete impressionista para os sentidos. Tudo o q u e une os dois noviços é u m a brutal necessidade de serem ouvidos. Ela é u m a pianista s e m piano; ele, u m músico sem platéia. N e n h u m dos dois t e m u m t o s t ã o furado, m a s procuram encontrar f o r m a s de fazer música juntos c o m o q u e c o n s e g u e m pegar emprestado. N u m estúdio alugado por u m miserável fimde-semana, v e m o s a mágica sensual d e u m a c o m u n i d a d e que se reúne t e m p o r a r i a m e n t e para fazer música. E é lá q u e o Cara e a Garota se a p r o n t a m para trocar brindes q u e v ã o mudar o equilíbrio da balança de seus destinos. Romântico, não? ET


A RAINHA

(2006)

(THE QUEEN) O mais i m p o r t a n t e do f i l m e de S t e p h e n Frears é a complexidade do d e s e m p e n h o e m público, t e m a a p r e s e n t a d o c o m vários graus d e antipatia ou a d m i r a ç ã o , s e m n u n c a definir c o m o d e v e m o s nos sentir e m relação à realeza o u aos líderes eleitos. A figura

Inglaterra / França / Itália (BIM Dlstribuzione, Canal+, France^ Cinema, Granada Film Productions, Pathé Pictures International, Pal he Renn Productions, Scott Rudin Productions) 97 m i n . Cor

central do f i l m e é a rainha Elizabeth II (Helen Mlrren), no m o m e n t o e m q u e enfrenta a

Idioma: inglês

m o r t e da princesa Diana e a realeza se depara c o m a era da internet. Disposta a aceitar

Direção: Stephen Frears

a m o r t e de Diana s e m m u d a r os hábitos e sem e n t e n d e r a sua p o p u l a r i d a d e , Elizabeth

Produção: Andy Harries, Christine

trilha a fronteira entre a tradição necessária e a inovação q u e poderá realizar c o m o

Langan

rainha, j u n t o c o m toda a p o m p a tola c a tradição significativa do seu cargo.

Roteiro: Peter Morgan

Escrito por Peter M o r g a n , o f i l m e fala t a m b é m da ascensão ao poder do primeirom i n i s t r o Tony Blair ( M i c h a e l S h e e n ) , t ã o agradável e atraente q u a n t o Elizabeth é intimidadora e d i s t a n t e . A subida de Blair a u m a posição d e p r o e m i n ê n c i a , q u e se d e v e u , e m parte, à crise provocada pela m o r t e d e Lady Dl, é u m e x e m p l o do processo

Fotografia: Affonso Beato Música: Alexandre Desplat Elenco: J a m e s Cromwell, Alex Jennings, Helen McCrory, Helen Mirren, Michael Sheen, Sylvia Syne.

político ligado às preferências populares passageiras e à paixão i n c o n t e s t á v e l das

Oscar: Helen Mirren (atriz)

m a s s a s . Elizabeth n ã o só passou por to primeiros-ministros antes de Blair - fato q u e

Indicação ao Oscar: Consolata Boyle

ela faz q u e s t ã o de enfatizar e m seu primeiro e n c o n t r o c o m ele - c o m o d e m o n s t r a q u e

(figurino), Stephen Frears (direloi),

não l e n i n e n h u m a obrigação d e agradar u m eleitorado ao qual nada deve. Por u m

Alexandre Desplat (trilha sonora),

lado, c o n t u d o , ela se sente presa a o seu papel de figura representativa, s e m a u t o r i d a d e

Andy Harries, Christine Langan.

efetiva, u m dever q u e cumprirá até o final dos seus dias sem j a m a i s csquivai-sc; por

Tracey Seaward (melhor filme), Petei

outro, t e m e fracassar s o l e n e m e n t e e m decorrência da crise que desafia a realeza. A rainha é u m a fábula b e m articulada sobre o antigo c m c o n t r a p o s i ç ã o ao n o v o . O d e s e m p e n h o dos atores governa nossas reflexões, sendo c o m p l a c e n t e t a n t o c o m Elizabeth q u a n t o c o m Blair, u m a vez q u e a m b o s são influenciados pelos interesses variáveis do povo q u e g o v e r n a m . G C - 0

Morgan (roteiro)


(iirci.i do Sul (Chungeoralim Film, '.hnwlinx/Mediaplex) n g mio. Cor Idioma: coreano / inglês Direção: Bongjoon-ho 1'ioduç.io: Choi Yong-bae Roteiro: Baek Chul-hyun, Bong i

I H I . Ha Won-jun

0 HOSPEDEIRO

m

(GWOEMUL) Na sua estréia, O hospedeiro tornou-se rapidamente o filme m a i s bem-sucedido da história do cinema coreano. É u m a mistura ao m e s m o t e m p o cômica, melodramática, apocalíptica, aterrorizante. Cult, e n f i m . Funciona c o m o u m a espécie de Godzilla

(1954)

dos dias d e hoje. S ó que no lugar de u m a sociedade secreta de cientistas malucos entra em cena o governo central borrifando u m a substância química tóxica conhecida como

lotografia: Kim Hyung-ku

agente amarelo que, além d e dar ao clímax do filme u m a aparência majestosa e e n e -

Mie.i( a líyeong W o o Lee

voada, faz c o m que os personagens centrais e os civis sangrem pelas orelhas. Não assis-

Elenco: Song Kang-ho, Byeon Hee-

ta a O hospedeiro esperando encontrar u m drama trágico ou terror paralisante. A obra

liong. I'ark Hae-il, Ko Ah-sung. Bae

do diretor/roteirista B o n g j o o n bo é o b v i a m e n t e u m filme de m o n s t r o s , m a s t a m b é m é

Dii na

u m a comédia e, embora o h u m o r seja negro, t a m b é m é por vezes m u i t o engraçado. O enredo é b e m direto. U m a m e n i n a é raptada por u m a criatura q u e s u p o s t a m e n te é o hospedeiro de u m n o v o e m o r t a l vírus. A família da garota, a m a l u c a d a , d i s f u n cional, m a s a m o r o s a , resolve ir atrás da fera ao m e s m o t e m p o q u e é perseguida pelo governo coreano, q u e t e m a impressão d e q u e são portadores do vírus. Filmes de terror c o s t u m a m se dividir e m duas categorias. Há aqueles q u e são óbvios e g r i t a m para o público as razões por que deve sentir m e d o . Há t a m b é m aqueles q u e a l m e j a m fazer c o m q u e a platéia pule da cadeira j u s t a m e n t e q u a n d o parece não haver razão para t e m e i . A l e o m o n s t r o se revelar no clímax sanguinolento e cheio de suspenso, 0 hospedeiro e u m a mistura desses dois estilos de filme d e terror e emprega os dois m o d o s de pensar. T a m b é m usa o s o m d e forma criativa. Por exemplo, a c o m p a n h a m o s a tela negra c o m ruídos que sugerem g r u n h i d o s . M a s , na verdade, os tais grunhidos v ê m do e n c a n a m e n t o de u m hospital. A s s i m , O hospedeiro cria suspense ao fazer c o m q u e a m e a ç a s inofensivas (ou a t é m e s m o inexistentes) s o e m perigosas para que, q u a n d o o m o n s t r o f i n a l m e n t e aparecei c o m e n d o gente e criando pânico, o susto seja m u l t o maior. O hospedeiro é irónico

.¡»11111111!

ItlilWilliiillwMIlW-J^a

também

na sua d e s c r i -

ção de gente c o m u m q u e é

envolvida

subitamente

e m u m m u n d o d e caos e horror bizarro - algo presente c o m freqüência e m c o m é d i a s d e horror como Todo mundo quase morto (2004). E m r e s u m o , este é u m grande filme

para

qualquer t e m p o , e s p e c i a l m e n t e se você gosta de s a n g u e , suspense e m o n s tros gigantes (e q u e m n ã o g o s t a ? ) . CP

1


O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

(2007)

França / EUA (Pathé Renn Productions, France 3 Cinema,

(LE SCAPHANDRE ET LE PAPPILLON)

The Kennedy/Marshall Company,

O terceiro longa d e Jullan S c h n a b e l - autor d e Basquiut (1996) e Antes do anoitecer

C. R. R. A. V. Nord Pas d e Calais,

(2000) - é u m tour de force sobre p o n t o de vista, m e m ó r i a e desgraça. É a história verdadeira de D o m i n i q u e B a u b y ( p r i m o r o s a m e n t e interpretado por M a t t h i c u Amalric), o editor d e Eífe q u e sofre u m d e r r a m e q u e paralisa todo o seti corpo, m e n o s a pálpebra esquerda. C o r r o m p e n d o a noção de t e m p o , S c h n a b e l pula para a frente e para trás, entre o reinado d e B a u b y c o m o arrogante estrela do m u n d o da m o d a e seu presente frágil e sofredor.

Réglon Nord-Pas-de-Calais, Ciné Cinemas, Banque Populalre Images 7, Canal+) 112 m i n . Cor Idioma: francês Direção: Jullan Schnabel Produção: Kathleen Kennedy, J o n Klllk

U m a legião d e especialistas deixam-no a par de q u ã o rara e terrível é sua c o n d i -

Roteiro: Ronald Harwood

ção, m a s por sorte suas d u a s terapeutas a c a b a m sendo lindas de morrer. Essas m u l h e -

Fotografia: Janusz Kaminski

res belas e d e d i c a d a s servem c o m o u m elo irônico com o dele passado c o m o poderoso

Elenco: M a t h i e u Amalric,

editor de m o d a . E n q u a n t o estava saudável, B a u b y c o m e t e u m u i t o s erros c o m o pai, e d i tor e m a r i d o , entre eles ter trocado a doce e t a m b é m dedicada m ã e d e seus filhos por u m a a m a n t e q u e n ã o o visita depois q u e fica e n f e r m o . A história t a m b é m costura dois r e l a c i o n a m e n t o s entre pai e filho: o de B a u b y c o m seu próprio pai (Max v o n S y d o w ) e, m a i s t a r d e , c o m seu filho. Durante u m a v i a g e m de carro c o m ele é q u e d e s c o b r i m o s c o m o B a u b y ficou d o e n t e , d e forma u m t a n t o surpreendente, e n q u a n t o dirigia u m

E m m a n u e l l e Selgner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny, Patrlck Chesnais, Niels Arestrup, Olatz Lopez Garmendia, Jean-Pierre Cassei, Marina Hands, Max v o n Sydow, Isaach De Bankolé BAFTA: Ronald Harwood (melhor

conversível n o v i n h o e m folha. B a u b y e s t r e m e c e e dá partida na m á q u i n a reluzente e

roteiro adaptado)

acaba se e n c o l h e n d o no banco do motorista c o m o u m gênio que volta para dentro da

Indicação ao Oscar: Julian Schnabel

garrafa e está c o n d e n a d o a nunca m a i s sair dela.

(direção), Ronald Harwood (roteiro

M a i s tarde, o f i l m e se dedica a m o s t r a r B a u b y escrevendo seu best sellcr (no qua esta obta foi inspirada) I n d i c a n d o cada letra c o m piscadelas, diligente e t o r t u o s a m e n te. Acaba por se exaurir e assim o m o r d a z e c o n s c i e n t e Bauby encontra seu terrível f i m . O livro foi seu ú l t i m o esforço para chegar à eternidade. S c h n a b e l dirige a fita c o m maestria, c o m o u m deslumbrante e rico c a l e i d o s cópio

d e i m a g e n s , ação,

sexualidade,

desespero, arrogância, e mereceu todos os prêmios de melhor direção q u e recebeu por ela. O que poderia ser apenas u m m e l o d r a m a árido o u s i m p l e s m e n t e tolo conseguiu ser algo m a i s . C o m clareza e convicção, S c h n a b e l nos m a n t é m Imersos nos m o n ó l o g o s Interiores de Bauby, vivazes e sarcásticos, e mostra q u e é u m cineasta q u e merece reconhecimento. S T

adaptado), Janusz Kaminski (fotografia), Juliette W e l f i n g (edição)


FTlnca / Grã Bretanha / República I c h c c a (Legende, TFi Film

PIAF - UM HINO AO AMOR

(2007)

Produt lions, Songbird Pictures, Okko

(LA VIEEN ROSE)

Produi lions, Canal+, Sofica Valor 7,

Piaf - U m nino ao amor a c o m p a n h a os sucessos e as tragédias da vida da pequenina

I I " . Star) 140 min. Cor

cantora francesa Edith Piaf. Filha de u m a cantora d e rua e d e u m acrobata, Edith foi

Idioma:

largada pela m ã e sem n e n h u m a c e r i m ô n i a , e e m seguida por seu pai, que a deixou c o m

írancês / inglês

Direção: Olivier Dahan

a avó, u m a dona d e bordel. U m a das prostitutas da casa, " T l t l n e " ( E m a n u e l l e Selgner),

Produção: Alain Goldman

" c u i d a " de Edith e n q u a n t o a m e n i n a passa por u m a série de experiências de infância

Roteiro: Olivier Dahan, Isabelle

bizarras e terríveis, e n t r e elas u m a d o e n ç a q u e a deixa t e m p o r a r i a m e n t e cega. M a i s

•.obelman

tarde, o pai pega Edith e a arrasta para trabalhar c o m ele no circo. Ele é d e m i t i d o e leva

l o t o g r a f i a : Tetsuo Nagata

seu n ú m e r o de c o n t o t c i o n l s m o para as ruas. Q u a n d o a platéia exige que ela participe,

M u s i c a : Edith Piaf, Christopher 1 ainning Elenco: Marion Cotillard, Sylvie I.

i i i ' l . Pascal Greggory, E m m a n u e l l e

Selgner, jean-Paul Rouve, Gerard Dep.udieu Oscar: M.nion Cotillard (melhor

Edith canta "La M a r s e i l l a i s e " e nasce u m a nova estrela. M e s m o c o m a fama e a fortuna, Piaf continua sofrendo u m a tragédia atrás da outra. M a r c e l l e , sua filha d e dois a n o s , m o r r e ; seu primeiro e m p r e s á r i o é assassinado e ela t e m culpa no cartório. Na m e l h o r seqüência do f i l m e , o a m o r d e sua vida morre e m u m desastre de avião depois d e ela ter lhe Implorado que a visitasse. Olivler D a h a n e sua colaboradora Isabellc S o b e l m a n rejeitaram a tradicional e s t r u -

. 1 1 1 1 / ) . I'idier Lavergne, Jan Archibald

tura d o s f i l m e s biográficos e a b r a ç a r a m o lado s o m b r i o da vida de Piaf. Ao Ir para a

(maquiagem)

frente e para trás. da Infância à vida a d u l t a , t e n t a m c o m p r e e n d e r o abuso d e drogas,

Indicação ao Oscar: Marit Allen

seu brilho e severa melancolia. Ao m e s m o t e m p o q u e esse caleidoscópio febril pode

(llguilno)

ser u m t a n t o c o n f u s o , sua flslcalidadc, sua v o z , sua evolução são i m p e c a v e l m e n t e a p r e s e n t a d a s . Piaf, c m francês, quer dizer " p e q u e n a cotovia". Teve u m a vida breve e u m a voz r e t u m b a n t e . E o f i l m e de D a h a n nos brinda com u m a visão extraordinária. ST


ONDE OS FRACOS NAO TEM VEZ (2007) (NOCOUNTRY FOROLDMEN) O r o m a n c e de C o r m a c M c C a r t h y q u e inspirou esta obra c o m e ç a c o m u m a r e m i n i s cência sobre os riscos de se c o n f r o n t a r u m m a l d e s c o n h e c i d o . E é a s s i m q u e , d e certa f o r m a , t a m b é m se inicia a a d a p t a ç ã o c i n e m a t o g r á f i c a d o s irmãos J o e l e E t h a n C o h e n , u m faroeste e n c e n a d o no S u d o e s t e do Texas e m 1980. C u i d a d o s a s t o m a d a s do alvorecer, o r q u e s t r a d a s d e forma m a g n í f i c a pelo diretor de fotografia Roger D e a k i n s , a c o m p a n h a m a narração d e T o m m y Lee J o n e s , preparando a cena. " O c r i m e c o m o vocês v ê e m nos dias de hoje é difícil até d e ser e n t e n d i d o . N ã o

EUA ( P a r a m o u n t Vantage, MinimaFilms, Scott Rudin Productions, Mike Zoss Productions) 122 m i n . Cor Idioma: i n g l ê s / espanhol Direção: Ethan Coen, Joel Coen Produção: Ethan C o e n , J o e l Coen, Scott Rudin Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen Fotografia: Roger Deakins Música: Carter Burwell

é que e u tenha m e d o . S e m p r e s o u b e m u i t o b e m que o sujeito tinha que estar d i s p o s t o

Elenco: Tommy Lee Jones, Josh Biolln

a t é a morrer para fazer esse trabalho. Não q u e c u queira parecer glorioso. S ó n ã o quero

Javier B a r d e m , Kelly M a c d o n a l d ,

jogar m i n h a s f i c h a s , apostar e encontrar a l g u m a coisa q u e n ã o consigo compreender."

W o o d y Harrelson

U m a m e d i t a ç ã o sobre o e n v e l h e c i m e n t o , o t o m d e Onde os fracos n ã o têm vez se m a n t é m elegíaco do início ao f i m . D e c l a r a d a m e n t e trata-se de u m a obra q u e n ã o foi íell,! para agradai todo m u 111 lo. e s p e c i a l m e n l e dada a freqüência do violência selva g e m q u e explode na história, j u n t o c o m arrebatadores d e s e m p e n h o s de c o a d j u v a n t e s c o m o W o o d y Harrelson, Kelly M a c D o n a l d e Barry Corbln. M a i s u m a vez os I r m ã o s Coen

anliii

Oscar: Ethan Coen, Joel Coen, SCOI1 Rudie (melhor filme), Ethan Coen, Joel Coen (direção), Javier Bardem (ator coadjuvante), Ethan Coem loftl Coen (roteiro adaptado) Indicação ao Oscar: Ethan e Joel ( 01-11

a s s u m i r a m u m a voz regional específica - desta vez a d e M c C a r t h y - c a utilizaram para

c o m o "Roderick J a y n e s " (edição),

explorar as fraquezas do m u n d o dos h o m e n s .

Roger Deakins (fotografia), Skip

O enredo se desenrola e m t o r n o de Llewelyn M o s s (Josh Brolin), soldador e v e t e rano do V i e t n ã , q u e tropeça n o s resultados de u m c o n f r o n t o s e m v e n c e d o r e s . Vários h o m e n s e s t ã o m o r t o s d i a n t e de u m c a r r e g a m e n t o de heroína e m a i s d e dois m i l h õ e s

Lievsay, Craig Berkey, Creg Orloff, Peter F. Kuriand (som), Skip Lievsav (edição sonora) BAFTA: Ethan Coen, Joel Coen

de dólares. Farejando a o p o r t u n i d a d e , Llewelyn pega o dinheiro e dá a partida e m

(direção), Javier Bardem (ator

u m a perseguição de gato e rato. Ao investigar as m o r t e s , o xerife Bell (Jones) começa

coadjuvante), Roger Deakins

a suspeitar do verdadeiro perigo q u e corre L l e w e l y n . E n q u a n t o busca os c u l p a d o s ,

(fotografia)

percebe a existência de outro perseguidor, o c u i d a d o s o e eficiente assassino d e aluguel A n t o n C h l g u r t l i (Javier B a r d e m ) . A ação é triplicada. C h l g u r t h persegue M o s s e o xerife Bell persegue t a n t o M o s s q u a n t o C h l g u r t h . E é Isso o q u e dá a Onde os fracos n ã o têm vez u m s e n t i m e n t o crescente d e t e n s ã o , terror e magia s e l v a g e m . Há m u i t a s tiradas no diálogo, m u i t o s m o d i s m o s do início dos a n o s 80 q u e p i p o c a m na tela i n e s p e r a d a m e n t e . Será difícil voltar a pensar da m e s m a

forma

sobre c o m p r e s s o r e s de ar e e n d u r e c i d o s h o m e n s da lei. C C - 0

i


1 h a (Paramount Vantage, River i " n i 1 n i e r t a i n m e n t , Art Linson

Produi

tions)

140 m i n . Cor

illii>i 11.1: i n g l é s

descobrir seu lugar no m u n d o . Negou a si m e s m o os confortos da vida c o n t e m p o r â n e a

I'mmIuc.io: ' . c m P e n n , A r t L i n s o n , W i l l i a m Pohlad

za a t é ser tolhido pelas c i r c u n s t â n c i a s e morrer l e n t a m e n t e d e f o m e . Q u a n d o seu corpo

Fotografía: Erie Gautier Música: Michael Brook, Kaki King, Eddie Vedder 1 i n n 11. i unk! I lirsch, Marcia Gay I L u d e n , William Hurt, Jena Ma lone, nil.in D i n k e r , Catherine Keener, • Vaughn, Kristen Stewart, Hal

ItOI

1 1 1

( H I M I I )

e lutou para c o n q u i s t a r u m a n t i q u a d o senso d e verdade. C h e g a n d o ao Alasca d e c a r o na, a c a m p o u nas terras selvagens do parque nacional de D e n a l i , o n d e viveu da n a t u r e -

Rotelro: S c a n Penn

Holbrook Indli 11.10 ,10 Oscar:

Depois d e se f o r m a r pela U n i v e r s i d a d e E m o r y e m 1992, Christopher M c C a n d l e s s , j o v e m idealista de família privilegiada, a b a n d o n o u t o d o s os seus bens materiais e partiu para

DlrccAo: Sean Penn

v

NA NATUREZA SELVAGEM (2007)

Hal Holbrook

adjuvante), J a y Cassidy

foi e n c o n t r a d o dentro de u m ô n i b u s a b a n d o n a d o , a história gerou p o l ê m i c a s . Por u m lado, a busca por u m a verdade interior e pela felicidade parece meritória, a t é heróica; por o u t r o , morreu e s t u p i d a m e n t e e e m solidão, e sua trajetória pode ser vista c o m o u m aviso para a q u e l e s q u e d e s a f i a m a natureza a l é m dos d o m í n i o s da civilização. D e f e n d i d o i n i c i a l m e n t e por J o n Krakauer c m seu livro Natureza se/vagem, a história de M c C a n d l e s s se t o r n o u u m m o t e para os praticantes dos esportes ao ar livre, pois e l e personifica o esforço d e se descobrir o q u e foi perdido na América m o d e r n a , apesar de t o d a s as c o n v e n i ê n c i a s e facilidades p r o m o v i d a s pelo dinheiro. A b r a ç a n d o a v i s ã o s i m p á t i c a d e Krakauer sobre M c C a n d l e s s , a d i c i o n a n d o paisagens q u e indic a m as mudanças das estações e c o m a n d a n d o a ação e m u m ritmo pensativo, c o m d e s e m p e n h o s introspectivos - entre eles o d e Emile Hirsch no papel de M c C a n d l e s s -, o f i l m e d e m o n s t r a a segurança do ator S c a n Penn no c o m a n d o da narrativa. C o m o roteirista, diretor e co-produtor, ele fornece u m a melancolia t e m á t i c a para u m belo f i l m e de v i a g e m sobie a ânsia de recuperar I n d o que loi sa< 1 iíicado no aliar do c o n s u m i s m o pelos a m e r i c a n o s . Na natureza

selvagem

t e m música d e Eddie Vedder, fotografia d e Eric G a u t i e r e

u m elenco de c o a d j u v a n t e s brilhantes, entre eles Marcia G a y Harclcn e W i l l i a m Hurt c o m o os pais d e M c C a n d l e s s , C a t h e r i n e Keener, Vincc V a u g h n e Hal Holbrook, c o m o os a m i g o s que ele encontra no c a m i n h o . No f i n a l , a obra celebra a idéia d e se p e r s e guir os ideais d e cada u m e sugere que o i m p u l s o de se conhecer é u m a aventura digna do risco. M a s t a m b é m n ã o i g n o ra os perigos d e confrontar o m u n d o da natureza s e m a preparação

GC-Q

adequada.


SANGUE NEGRO

(2007)

(THERE WILL BE BLOOD)

EUA (Choulardi Film Company, P a r a m o u n t Vantage, Miramax I llmsj

Estudo abrasivo sobre a cobiça e os poderes s i m u l t a n e a m e n t e c o n s t r u t i v o s e d e s trutivos da c o m p e t i t i v i d a d e e da a m b i ç ã o , esta obra de Paul T h o m a s A n d e r s o n é u m I m p r e s s i o n a n t e feito d e u m roteirista e diretor ainda j o v e m . O ponto de partida foi o r o m a n c e O/l, de U p t o n Sinclair, publicado e m 1927. A partir daí, Anderson criou u m c o n t o m u i t o pessoal, s o m b r i o e a l t a m e n t e c i n e m a t o g r á f i c o sobre u m h o m e m a p a r e n t e m e n t e desprovido de qualquer v i r t u d e redentora. A narração é cheia d e n u a n c e s e se concentra c m longas e q u a s e silenciosas passagens e a m p l o s p a n o r a m a s abertos. Sangue negro desvenda a s s i m as m a i s dolorosas profundidades d e u m h o m e m q u e poderia ser visto c o m o u m gênio e u m sucesso, m a s que nas m ã o s d e A n d e r s o n é p i n tado c o m o u m sociopata c a r i s m á t i c o .

158 m i n . Cor Idioma: inglês Direção: Paul T h o m a s Anderson Produção: Paul Thomas Anderson, JoAnne Sellar, Daniel Lupl Roteiro: Paul T h o m a s Anderson Fotografia: Robert Elswlt Música: Jonny Greenwood Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul H a n n Kevin J . O'Connor, Kevin Breznahan Indicação ao Oscar: Daniel Lupl,

Conhecido por ser seletivo c m e t ó d i c o , o ator Daniel Day-Lewis estrela c t e m u m d e s e m p e n h o m e m o r á v e l c o m o o anti herói Daniel Plainview, u m h o m e m d o petróleo que t r a n s f o r m a a natureza e m seu tesouro, s e m se importar c o m o preço q u e ele e o m u n d o t ê m de pagar por isso. O f i l m e forneceu para as platéias de 2007 u m a

JoAnne Sellar, Paul Thomas A n d e r (filme), Paul Thomas Anderson (direção), Paul Thomas Anderson (roteiro adaptado), jack Fisk, J i m Erlckson (direção de arte), Dylan

c o n d e n a ç ã o d o l o r o s a m e n t e relevante d e m u l t o do q u e estava c a u s a n d o s o f r i m e n t o

Tichenor (edição), M a t t h e w W o o d ,

ã América e a o i n u n d o : ganância c violência provocada pelo petróleo, a loucura por

Christopher Scarabosio (edição de

trás dessa agressão, a corrupção do fervor religioso, a paranóia por trás d e m u i t a s d a s políticas a m e r i c a n a s e a traição dos filhos da América pelo c a p i t a l i s m o . M a s , a o invés de apresentar esses t e m a s recorrentes de uma forma m a i s óbvia, c o m o os f i l m e s sobre o Iraque - m a i s m a l recebidos pela critica, m a s sucessos d e bilheteria -, A n d e r s o n teve sucesso c m m o n t a r u m a obra de época, introspectiva m a s ainda a s s i m épica, sobte u m nutro penoilo 0 1 1 1 que vigorava u m a espéc ir de ltido 0 1 1 11.ida nos negoi los. ovot ando a s s i m as verdades universais por trás da sua história. U m d o s primeiros cineastas a u t e n t i c a m e n t e califotníanos, Anderson é filho do falecido Ernic Anderson, grande apresentador do programa d e horror

Choulardi

e por m u i t o s a n o s a voz da rede de t e l e visão A B C ("Esta noite n ã o percam... o baaaarco do a m o r " ) , o, c o m o t a l , cres cett n o s bastidores do s h o w business e de H o l l y w o o d . S e u a m o r e apreciação do lado m a i s sórdido e da história da região e s t ã o presentes e m f i l m e s a n t e riores " s o b r e o v a l e " : Boogie

Nights

-

Prazer sem limites (1997), Magnólia (1999) e Embriagados de amor tinham

momentos

(2002). Todos

d e grandeza, m a s

Sangue negro é u m a obra-prima. J P



(.1.1 llrctanha / França (Working Title 111111 •.. Relativity Media, Studio Canal)

130 min. Cor Idioma: Inglês / francês Direção: Joe Wright 1'iodução: Tim Erevan, Eric Fellner,

Paul

Webster

Roteiro: Christopher H a m p t o n Fotografia: Seamus McCarvey

DESEJO E REPARAÇÃO

(2007)

(ATONEMENT) Ao considerar o drama d e época britânico, saiba q u e ao introduzir a l i n g u a g e m c u i d a d o s a m e n t e burilada e u m a interação entre representantes d e diferentes classes sociais está f u n d a d a a base para m u i t o s f i l m e s produzidos na ilha. Desejo e reparação,

de Joe

W r i g h t , e x p a n d e essa forma básica para Incluir u m retrato m e m o r á v e l do a m o r r o m â n tico, embora c o m u m a virada final. S e m dúvida que essa expansão é possível c o m a ajuda da a d a p t a ç ã o de Christopher

Musica: Dario Marlanelll

H a m p t o n do a c l a m a d o r o m a n c e de Ian M c E w a n , u m a m e t a f i c ç ã o sobre a m e m ó r i a

llenco: Keira Knightley, J a m e s

histórica e sobre a f o r m a c o m o o p o n t o de vista constrói a realidade. Dessa forma,

Mi Avny, Romola Carai, Brenda l l t t h y n , Vanessa Redgrave, Saoirse rsai.ui. Patrick Kennedy, Benedict I umberbatch, J u n o Temple, Peter W i g h t , Harriet Walter, Michelle

Desejo e reparação conta a história de u m mal-entendido c d e diferenças de classe, m a s acrescenta u m cenário de guerra para dar f u n d a m e n t o a intrigas sociais e m u m fato histórico. A o m e s m o t e m p o , Insere u m a confissão autobiográfica para m u d a r nossa perspectiva sobre o final do f i l m e . S e m oferecer u m a solução s i m p l e s que permita aos

1 nin. . 1 1 1 , Clna M c K e e , Daniel M a y s ,

a m a n t e s traídos e separados se reencontrarem. S e m t a m b é m rife

Nnnso Anozle

da oferta d e u m perdão capaz d e curar t o d a s as feridas.

11AITA: rim B e v a n , Eric Fellner, I'.ml Webster (melhor filme), Sarah 1 .teonwood, Katie Spencer (melhor desenho de produção) Oscar: Dario Marianelli (trilha sonora) Indicação ao Oscar: Tlm Bevan, Eric I ellnei. Paul Webster (melhor filme), S.rulise Ronan (atriz coadjuvante), 1 hrlitopher H a m p t o n (roteiro ailapiado), Sarah Greenwood, Katie '.peru ei (direção de arte), Jacqueline 1

an (figurino)

a i d e i a simplista

No Início, c m 1935, Briony Tallis (Saoirse R o n a n ) , d e 13 a n o s , passa s e u primeiro verão a d o l e s c e n t e apaixonada por Robble Turner ( J a m e s M c A v o y ) , filho do jardineiro da família. As coisas f i c a m feias q u a n d o Briony Interpreta m a l a atração entre Robbie e sua irmã m a i s v e l h a , Cecília (Keira Knightley). Briony acusa Robbie de estuprar u m a convidada na propriedade da família Tallis e o a m o r verdadeiro entre Robbie e Cecília está c o n d e n a d o a t e r m i n a r c m tragédia. O t e m p o passa. Robbie v a i para a prisão e depois é e n v i a d o para o Exército na Segunda Guerra M u n d i a l . Nos anos q u e se p a s s a r a m , Cecília rompeu relações c o m Briony, que e n t ã o procura absolvição de seus erros passados t r a b a l h a n d o c o m o enfermeira e c u i d a n d o de soldados feridos. Nesse m e l o t e m p o , Robbie tenta sobreviver a D u n q u e r q u e . U m a série d e c o i n c i d ê n c i a s se segue e Briony confessa sua mentira anterior, p e r m i t i n d o q u e Cecília e Robbie a s s u m a m p u b l i c a m e n t e sua paixão. M a s Isso é a p e n a s u m sonho estrelado pelos e n c a n t a d o r e s Knightley e M c A v o y . c o m toda a cetteza as m a i s preciosas i m p o r t a ç õ e s da Europa nos a n o s recentes, embora n e n h u m dos dois consiga ofuscar a a t u a ç ã o explosiva de R o n a n . G C - 0


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