I UA (Hoya Productions, Warner Bros.) I •'
i Mctrocolor
Idiomas: inglês/ latim /grego/ It.I iK Os / alemão / árabe Direção: William Frledkin 1'imiucao: William Peter Blatty llolelro: William Peter Blatty, baseado em seu livro Fotografia: Owen Roizman, Billy Willi,nir, Mir.it a: Jack Nitzsche, David Borden,
Gtorge Crumb, Hans Werner Henze,
Mike outfield, Krzysztof Penderecki,
Anion Webern
Llenco: I Hen Burstyn, Max von '.vtliiw. Ice). Cobb, Kitty Winn, Jack Mat Ciowran, Jason Miller, Linda Blair,
0 EXORCISTA (THE
(1973)
EXORCIST)
Este filme, o primeiro sucesso estrondoso na história dos filmes de horror, teve grande influência sobre o futuro do gênero. Nunca, até então, um filme de horror tinha sido objeto de tanta atenção antes de seu lançamento, de tanta fofoca sobre os conflitos durante a pós produção, de tanta especulação sobre por que pessoas de todas as idades ficavam horas cm pé cm filas para assistir a uma obra supostamente capaz de Induzir ataques dc vômito, desmaios e até psicose temporária. É difícil transmitir o verdadeiro impacto cultural de O exorcista. O filme desafiou as regras vigentes sobre o que era aceitável mostrar no cinema; roubou manchetes do escândalo Watergate - ao menos por algum tempo -, causou um aumento consideiável no número de casos de possessões demoníacas "reais" e, como escreveu um crítico, "Instituiu (...) a nojeira como forma de diversão para grandes audiências". Inspirado em notícias publicadas nos jornais sobre um menino de 13 anos de Matyland cujo corpo teria sido possuído por forças demoníacas, o romancista William
Ki'vi'icndo William O'Malley, Barton
Peter Blatty transformou o possuído em uma menina. Blatty exagerou em vários deta-
11'vn i.m, Peter Masterson, Rudolf
lhes, acrescentando altas doses de especulação fllosófico-teológica sobre a natureza do
Si I
Her, Gina Petrushka, Robert
••VIIIHIMIS, Arthur Storch, Reverendo Thomas Bermlngham Oscar: William Peter Blatty (roteiro), Kulm! Kiuidson, Christopher Newman (som) IndlcaçSo ao Oscar: William Peter ill.my (melhor filme), William
I rledkin (diretor), Ellen Burstyn (.Ii uz), Jason Miller (ator
Coadjuvante), Linda Blair (atriz Oadjuvante), Bill Malleyjerry
w
lerllch (direção de arte), Owen
Kol/man (fotografia), John C.
Hiodeilck. Bud S. Smith, Evan A. I in I man, Norman Cay (edição)
mal, e o resultado foi o livro O exorcista, de 19/1. Prevendo um best seller, a Warner Brothers comprou os direitos de filmagem e, após várias revisões do roteiro original, Blalty finalmente elaborou uma versão de O exorcista à altura do elevado nível de exigência de Frledkin. Após um longo prólogo quase incompreensível para quem não leu o livro, a primeira metade do filme constrói as relações básicas entre os personagens e define a situação dc crise. Regan MacNeil (linda Blair) é a adorável filha quase adolescente da conhecida c divorciada atriz de cinema Chris MacNeil (Eilen Burstyn). Mas, quando ela
pinfetiza a morte de uma pessoa próxim.i à sua mãe e urina no meio de uma sala cheia ili' convidados, Chris começa a se perguntar o que deu cm sua filha. Mais comporta ini'iitos estranhos c uma cama se sacudindo violentamente levam Regan ao hospital, "mie é submetida a uma bateria de exames extremamente invasivos que poderiam ser descritos como pornografia médica. Há suspeita de uma lesão cerebral, mas os testes ii.IH mostram nada. Quando Regan, supostamente sob hipnose, responde às perguntas arrogantes de um psiquiatra do hospital agarrando seus testículos, Chris recebe a •mendação de procurar ajuda da Igreja. É o que ela faz, implorando ao hesitante p.iilre jesuíta Damien Karras (Jason Miller) que faça um exorcismo. A segunda metade In filme culmina cm uma batalha Intensa travada entre Karras e o demônio que possui po de Regan, após outro exorcista mais experiente, Padre Merrin (Max von Sydow), iii morrido na batalha. Karras acaba conseguindo salvar Regan ao aceitar receber o nónio em seu próprio corpo para então se atirar, ou deixar-se atirar, por uma janela, de encontro ã morte. Em uma era de protestos estudantis, uso experimental de drogas e questiona nto generalizado da autoridade, O exorcista permitia aos espectadores regozijar-se mil as punições horríveis aplicadas à rebelde Regan. Mas, ao tornar a Regan-demônlo lo lascinante de olhar, tão cheia de surpresas Indecentes, O exorcista também dava à • 11 < I iene ia o prazer da rebeldia. Ofilmenãosódeu origem a uma série de continuações de pior qualidade, imitações e variações sobre o tema da possessão, como também fez de crianças com poderes malévolos um tema dominante no cinema de horror. SJS
Holanda (VNF) 112 min. Cor idioma: holandês Direção: Paul Verhoeven Produção: Rob Houwer ROMirO! Gerard Soeteman, adaptado do livro Turks Fruit, de Jan Wolkers lotografia: Jan de Bont Música: Rogier van Otterloo l.lcnco: Monique van de Ven, Rutger
LOUCA P A I X Ã O
(1973)
( T U R K S FRUIT) Louca paixão é o escandaloso precursor do diretor Paul Verhoeven de seu ciclo de filmes hollywoodlanos de alto orçamento Investigando a sexualidade humana, tal como Instinto
selvagem
(1992), Showgirls
(1995) e Tropas este/ares (1997). Freqüentemente
criticado por seu uso de violência extrema e sexo explícito, Verhoeven sempre disse que seus filmes imitam a vida, em vez de influenciá-la. Rutger Hauer é a estrela de Louca paixão, no papel de Eric Vonk, um escultor promíscuo que se envolve com a bela Olga
I lauer, Tonny Huurdeman, Wim van
(Monlque van de Ven), cujo apetite sexual se Iguala ao seu próprio. Quando o caso pro-
den Krlnk, Hans Boskamp, Dolf de
gride, decidem casar-se, mas as diferenças entre Eric e o sistema de valores de seus
VrtCS, Manfred de Graaf, Dick '-i heffer, Marjol Flore, Bert Dijkstra, i'ii I André, Jon Bluming, Paul Brindenburg, Suze Bröks, David I nnyers Indicação ao Oscar: Holanda (melhor I linn- estrangeiro)
parentes acabam dando fim ao romance. Anos mais tarde, Eric e Olga se encontram e finalmente conseguem um fecho para sua turbulenta relação. O filme é construído como uma série de flashbacks por meio dos quais o mundo interior de Eric e sua sensibilidade são aos poucos revelados. o filme começa com Eric matando um homem a porretadas antes de dar um tiro no meio da testa de uma mulher. A câmera faz uma tomada em pannlng do quarto de Eric até parar no personagem, seminu em sua cama, com essas fantasias ainda frescas em sua mente. Ele então folheia uma caixa de fotografias da mesma mulher que havia aparecido no sonho e que mais tarde descobriremos ser Olga. A seqüência seguinte prossegue em ritmo frenético enquanto Eric seduz uma série aleatória de mulheres e coleciona obstinadamente souvenlrs sexuais. Numa Interessante composição da narrativa, em torno da metade de Louca paixão voltamos ao presente e a última parte retoma o filme de onde havia começado. A atmosfera da terceira parte é completamente diferente daquela do início, quase como se fosse outro filme. Transforma-se em uma história emotiva de amor e de perda, de êxtase e desespero, e, embora ainda haja uni Ione conteúdo erótico, este é equilibrado por doses extremas de fantasia e realidade. A sexualidade livre que Impulsiona os filmes de Verhoeven é o núcleo de Louca paixão, apresentado como o ataque definitivo aos valores burgueses. Sustentado pelo comportamento extremo do protagonista, este romance pouco convencional nunca deixa de ser provocador, sendo seu efeito realçado pela química explosiva entre Rutger Hauer e Monique van de Ven. .
Louca paixão foi escolhido como "Melhor Filme Holandês do Século" no Festival Holandês de Cinema de 1999. RDe
O ESPIRITO D A C O L M E I A
(1973)
Espanha (Elias Querejeta) 97 min
(EL E S P Í R I T U DE LA C O L M E N A ) /unto da colmeia,
Eastmancolor
de Victor Erice, leva quase 20 minutos para estabelecer alguns
Idioma: espanhol
IS básicos - há uma família, formada por um pai (Fernando Fernán Gomez), uma
Direção: Victor Erice
G (Teresa Gimpera) e duas meninas (Isabel Tellería como Isabel, Ana Torrent como
Produção: Elias Querejeta
i). Erice nos mostra o homem com as suas abelhas e em seu escritório; a mulher
Roteiro: Victor Erice, Angel Fernandez
in.into escreve, anda a cavalo e redige uma carta em um trem; as meninas em uma
Santos, Francisco J . Querejeta
lndão numa sala de cinema Improvisada onde será exibido Frankenstein (1931), de
Fotografia: Luis Cuadrado
les Whale. Esses retratos introdutórios tomam o contorno de estudos sobre a
Música: Luis de Pablo
1I.10 amargurada, em que as janelas dos quartos dos personagens parecem as estrui', da colmeia do pai. 1 um filme misterioso, inesquecível, aludindo a muitos referentes mas recusando 1 ser congelado em um único gênero ou intenção. Como em outras obras na carreira usa de Erice, a unidade familiar é vista como local de origem do trauma psíquico e
Elenco: Fernando Fernán Gome/. Teresa Gimpera, Ana Torrent, Isabel Tellería, Ketty de la Câmara, Estanll Gonzalez, José Villasante, Juan Francisco Margallo, Laly Soldevila, Miguel Picazo
Tirada como o lugar especial onde a comunidade íntima parece possível. I rice evoca com delicadeza a ambiência dessa pequena cidade castelhana. Os per Ugens sonham com outro lugar qualquer até que a realidade Irrompe em uma casa 1,1/enda abandonada, sob a forma de um fugitivo político que Ana, facilmente lm. .Ionável, acredita ser "o espírito" errante do monstro de Frankenstein encarnado. E lilme, que começa como um conto de fadas ("Era uma vez ..."), termina com uma l.iração comovente dirigida aos espíritos do vento: "Sou Ana." A M
0 P L A N E T A SELVAGEM
(1973)
Tchecoslováquia / França
(LA P L A N È T E S A U V A G E )
(Ceskoslovensky Fllmexport, Králky
nação voltou a ser um grande negócio no final dos anos 80, mas é pouco provável que haja outro longa-metragem de animação tão estranho quanto O planeta
selvagem,
um i lásslco francês underground de Rcné Laloux. Desenhado com detalhes sutis em tonalidades quentes e cores pastel, o filme é o tipo de alegoria hippie - e experiência visual viajante - que muitos diretores dos anos Go produziram. Adaptado de um livro de Stefan Wul, O planeta selvagem foi inspirado na invasão da
Film Praha, Les Filmes Armorial) 72 min. Eastmancolor Idioma: francês Direção: René Laloux Produção: Roger Corman, S. Damiani. Anatole Dauman, A. Valio-Cavaglioiir Roteiro: Steve Hayes, René Laloux,
1 hei uslováquia pelos russos, no final dos anos 60. No planeta Ygam vive uma raça de
Roland Topor; adaptado do livro Oins
lllenígenas gigantes chamados de Traags. Estes mantêm, como animais de estimação,
En Serie, de Stefan Wul
SI nins, bastante parecidos com seres humanos, muitas vezes tratando-os com o
Fotografia: Bóris Baromykln, Lubomli
"Ir.1110 e maternalismo perversos que nós, humanos, freqüentemente Infligimos a os próprios animais. Quando um Om consegue furtar um dos dispositivos de •mlizagem dos Traags, ele o usa para fomentar uma revolta entre os Oms. O filme ilnux, que ganhou o Grande Prêmio do Festival de Cannes em 1973, é um alívio i' lirscante para quem está cansado das animações que servem apenas como veículos <li marketing e das incontáveis imitações de segunda. Iniciado em Praga e concluído em Paris, por causa da pressão política, O planeta selvaisa um meio acessível para mostrar a perversidade da propaganda política e ressar a necessidade de individualidade. A visão de Laloux de uma paisagem alienígena povoada por criaturas bizarras - como se Dali encontrasse Krazy Kat- é notável, ainda que pertos mais psicodélicos do filme não tenham envelhecido tão bem. JKL
Rejthar Música: Alain Goraguer Festival de Cannes: René Laloux (prêmio especial), indicação (Palma de Ouro)
Itália / França (F. C, PECF) 127 min. In hniccilor Idioma: italiano Direção: Federico Fellini Produção: Franco Cristaldi Roteiro: Federico Fellini, Tonino Guerra
»
rotografia: Giuseppe Rotunno Música: Nino Rota Elenco: Pupella Maggio, Armando Branda, Magali Noël, Ciccio
AMARCORD
(1973)
O lado mais sombrio de Federico Felllnl surge quando ele Ilda com Indivíduos (como em 81/2, de 1963) e seu lado mais alegre quando está às voltas com turmas, grupos e multidões. Uma cena magnífica em Amarcord c dedicada ao registro dos diferentes movimentos de cada membro de uma comunidade rumo à praia. Impulsionado pela música de Nino Rota, o mundo Inteiro flui e canta em uma fusão de ritmos. No final, Fellinl irá marcar o término de um dia e de uma cerimônia de casamento - bem como o fim de sua reminiscência (e, portanto, do filme) e até o final de uma era - esvaziando lentamente um plano aberto onde antes se encontrava a sua massa abundante de humanidade. Amaicord
("Eu me lembro") é o menos grandioso c o mais direto dos filmes da últi-
Ingrassla, Nando Orfei, Lulgi Rossi,
ma fase do maestro, merecendo ser colocado entre as mais perfeitas memórias
limito Zanin, Gianflllppo Carcano,
filmadas do século XX. Ele oferece uma bela sucessão vívida e lírica de vinhetas, dentro
loslane Tanzllll, Maria Antonietta
da estrutura narrativa mais sutil e rigorosa da carreira de Fellinl.
l'.elu/zi, Giuseppe lanlgro, Ferruccio Srembllla, Antonino Faa Dl Bruno, M.ium Misui, Ferdinando Villella, A
ilo Spaccatini, Aristide
1 iporale, Gennaro Ombra, Domenico
Dentre os filmes de Fellini dos anos 6o (e seguintes), é o menos modernista, evitando os jogos auto reflexivos que preenchem Romo (1972) ou Cingcre Fred (1986). Embora o garoto Titta seja obviamente o seu alter ego, Felllnl constrói um mosaico consideravelmente fragmentado que não pertence a nenhum personagem central ou mesmo ao
Pirtlca, Marcello Di Falco, Stefano
narrador presente na tela (o velho e amável historiador, uma das típicas figuras bufas
l'ioletti, Alvaro Vitali, Bruno
de Fellini)
.ignetti, Fernando De Felice, Bruno 1 i'ii/l, Gianfranco Marrocco, 11,1111 esco Vona, Donatella Gambinl Oscar: Itália (melhorfllme ' itrangeiro) Indicação ao Oscar: Federico Fellini (diretor), Federico Fellini, Tonino iiin'11,1 (roteiro)
uma influência palpável nas crônicas épicas de Scorsese sobre a vida de
criminosos, como em Os bons companheiros (1990) c Crissino (1996). Amaicord
usa al-
guns dispositivos clássicos de forma multo eficaz, como a passagem das estações que resulta no efeito de perpassar várias atmosferas. Indo do cômico ao melancólico. Como multas narrativas autobiográficas, escritas ou filmadas, esta entrelaça o ponto de vista inocente e limitado de crianças com seu contexto social mais amplo, que anuncia o reinado do fascismo na Itália nos anos 30. O abismo é profundo e pungente, gradualmente revelado ao espectador, entre o princípio de violência e exclusão social ainda incipiente (especialmente em relação aos judeus) e as diversões dos jovens, denotando um Impulso vital. Mas as crianças não são as únicas a ser enganadas, posto que a política do fascismo é apresentada às massas adoradoras como um espetáculo
uma cabeça de
gigante de Mussolini é levada em passeata pelas ruas em uma seqüência especialmente brilhante que atinge o equilíbrio entre a comédia e um sarcástico comentário social
e misturada com as
imagens fascinantes da grande tela, como é mostrado em uma seqüência imaginada pela bela da cidade, La Gradisca. A comédia leve de Fellini navega até os limites extremos da vulgaridade cm algumas cenas hilárias centradas em micção, masturbação e adoração de selos, revisitando uma forma peculiarmente Italiana dos "filmes de adolescente", que ele mesmo tinha Inaugurado com Os boas-vidas
(1953).
O estilo de Fellini - por vezes demasiado barroco, em trabalhos como Casanova (1976) - encontra-se aqui despojado, em poesia pura e exaltada, movimentos fluidos de cãmera, cores pastel e cenários ligeiramente artificiais. Um triunfo da forma artística, suas emoções são diretas e tocantes. A M
••/•I
Jamaica / EUA (International) uo min. Metrocolor Idioma: Inglês Direção: Perry Henzell Produção: Perry Henzell Hoteiro: Perry Henzell, Trevor D. Rhone Fotografia: Peter Jessop, David McDonald, Franklyn St. juste Música: Jimmy Cliff, Desmond i lekker, The Slickers
QUEREM MEU SANGUE
(1973)
(THE H A R D E R T H E Y C O M E ) Um filme naturalista passado nas favelas da Jamaica, Querem meu sangue, de Perry Henzcll, tem uma trama bem batida: um rapaz vindo do Interior chega à cidade e entra em conflito com os criminosos locais. Como uma homenagem de baixo orçamento aos filmes de gângsters, Querem meu sangue é ótimo. Graças às locações muito toscas e à atuação não polida, o filme ganha ritmo e tem uma verossimilhança crua. Jimmy Cliff interpreta o rapaz ingênuo do Interior que se vê em meio a uma guerra entre policiais corruptos e gangues que infiltraram a indústria do reggae. Por mais que Querem meu sangue tenha se tornado um favorito no circuito
Heneo: Jimmy Cliff, Janet Barkley,
de midnlght movles, talvez o seu principal efeito tenha sido a apresentação do reggae
( ail Bradshaw, Ras Daniel Hartman,
ao público não-jamaicano. A trilha sonora (um personagem em si) é composta por
n.isil Keane, Bobby Charlton, Winston Stona, Lucia White, Volair Johnson, Beverly Anderson, Clover Lewis, Elijah I lumbers, Prince Buster, Ed "Bum" I ewis, Bobby Loban
clássicos de artistas como Toots and the Maytals e do próprio jimmy Cliff, cuja música "Many Rivers to Cross" continua sendo uma das mais comoventes já gravadas. Embora essa trilha tenha preparado terreno para o surgimento da estrela Bob Marley, para o reggae jamaicano, obviamente, não era novidade alguma. Localmente, adotaram o filme como um retrato vívido dos percalços de seu cotidiano, um cartão-postal arenoso enviado do Caribe para o mundo como um todo. JKI
I UA (MGM) 122 min. Metrocolor
PAT GARRETT E BILLY T H E KID
(1973)
Idioma: inglês
(PAT GARRETT A N D BILLY THE KID)
Direção: Sam Peckinpah
Truncado e negligenciado em seu lançamento original, o grandioso faroeste final de
Produção: Gordon Carroll Roteiro: Rudy Wurlitzer lotografia: John Coquillon Música: Bob Dylan I lenço: James Coburn, Kris 1 rlstofferson, Richard Jaeckel, Katy lui.ido, Chill Wills, Barry Sullivan, lason Robards, Bob Dylan, R. G.
Sam Peckinpah foi restaurado até chegar bem próximo da visão original do diretor e pode ser saudado como um de seus maiotes Mimes. 1111 sua veisao restaurada, começa com Pat Garrett (james Coburn, no auge de sua carreira) sendo morto a tiros e, em seguida, retoma cm flashback o momento em que ele deixou de ser um fora-da-lei e colocou um distintivo no peito para caçar o seu antigo amigo Bllly (Kris Krlstofferson) porque "este país está ficando velho c pretendo ficar velho com ele". Ao longo do caminho, Garrett vai perdendo cada gota de integridade e Peckinpah nos leva por um
Armstrong, Luke Askew, John Beck,
Oeste cuja decadência c quase gótica, mostrada por melo de uma sucessão de rostos
Rl< hard Bright, Matt Clark, Rita
familiares ao gênero que vão surgindo e depois são, de maneira geral, mortos a tiro.
i ooildge, Jack Dodson
Desfilando pelo filme encontramos Sllm Pickens, Katy Jurado, Jack Elam, Richard Jaeckel, L. Q. Jones, Harry Dean Stanton, Chi11 Wills, Matt Clark, Elisha Cook Jr., Denver Pyle c Barry Sullivan. Difícil encontrar um grande faroeste que não Inclua ao menos um desses atores - coletivamente, constituem uma lista de personalidades do apogeu desse gênero e cada ponta acrescenta um detalhe à tessitura elegíaca e saudosista da história do faroeste, filmada em meio a jorros de sangue e poesia, além da música original de Bob Dylan. KN
DERSU U Z A L A
o974)
1 i r é um épico espetacular, filmado em majestosos 70mm na União Soviética durante D pei iodo em que o grande diretor japonês Akira Kurosawa estava surpreendentemente I I H baixa no Japão. O sucesso internacional de Dcrsii U/ala c o Oscar de Melhor filme I 11 aligeiro contribuíram para reafirmar a reputação de seu diretor, mas as nuances do IH
também serviram, na época, como lembrete de que Kurosawa era um mestre ge-
1
o, e não apenas um talentoso criador de filmes de ação envolvendo samurais. Este
IH
de vastas amplidões, dominado por Impressionantes paisagens vazias, é também
Uma composição Intimista sobre dois personagens, com a narrativa construída sobre n o s gestos e uma evocação simples de amor profundo entre opostos aparentes. Ambientado na Sibéria na virada do século e baseado em uma história de Vladimir • nlev, o filme gira em torno da relação entre um oficial (Yuri Solomin) em uma expeli* Hi cartográfica e Dersu (Makslm Munzuk), um camponês ancião de pernas arqueadas i ido como gula para a expedição. Ao longo de pequenos confrontos com bandidos e I I andes lutas contta os elementos, Dersu demonstra sua força e conhecimento de seu I " ambiente. Na seqüência mais tensa do filme, uma tempestade ameaçadora se 1
Japão / URSS (Atelier 41, Daiel Studios, Mosfllm, Satra) 137 min. < oi Idioma: russo Direção: Akira Kurosawa Produção: Yoichi Matsue, Nikolai Sizov Roteiro: Akira Kurosawa, Yuri Naglbin, baseado nos diários de Vladimir Arsenlev Fotografia: Fyodor Dobronravov. Y111I Gantman, Asakazu Nakai Elenco: Yuri Solomin, Maksim Munzuk, Suimenkul Chokmorov, Svetlana Danilchenko, Dlma Kortitschew, Vladimir Kremena, Aleksandr Pyatkov Oscar: URSS (melhor filme estrangeiro)
ia enquanto os heróis usam um teodolito e um pouco de mato para construir um
ibrigo emergencial em campo aberto. O tema central é a vulnerabilidade e a resistência dl * homem em meio à amplidão da natureza, mas o filme atinge sua grandeza por melo pequenos detalhes que se acumulam aos poucos. No início, os companheiros do oficial consideram Dersu uma figura cômica, mas logo se torna evidente que sua sabedoria natural o torna multo mais adaptado do que •
inbros da expedição a sobreviver em terreno tão severo e Imprevisivelmente peri• Cinco anos após a expedição inicial, o oficial volta à Sibéria para terminar o traba-
Iho e se alegra em reencontrar Dersu, mas percebe que a saúde do ancião está fra" i nulo: Dersu receia estar ficando cego e tem medo de que todos os tigres da região iij.nn seguindo para vingar um grande felino que matara. Em um gesto tocante, o tógrafo bem-intencionado tenta levar Dersu para sua casa na cidade, mas conclui pie, ainda que o velho pudesse ajudá-lo a sobreviver na Sibéria, ele é Incapaz de retrl1 n u la/endo com que Dersu se adapte à sociedade. KN
577
EUA (Zoetrope, Paramount, Coppola Co., Directors Co.) 113 min. Technicolor idioma: Inglês Direção: Francis Ford Coppola Produção: Francis Ford Coppola Roteiro: Francis Ford Coppola Fotografia: Bill Butler Música: David Shire
A CONVERSAÇÃO
(1974)
(THE C O N V E R S A T I O N ) Na crista de uma onda de energia criativa, Francis Ford Coppola estava sempre pensan do em seu próximo projeto, mesmo antes de ter terminado o que estava em andamento. A conversação
foi lançado entre O poderoso chefão I e O poderoso chefão il (1972
e 1974) e pode parecer pequeno em comparação com esses dois épicos. Pequeno, contudo, não significa sem valor, e A conversação
é tão provocante quanto a saga de O
poderoso chefão em sua crítica ao esfacelamento da moral norte-americana.
Música não original: Duke Ellington
Gene Hackman, em um desempenho contido, Interpreta um perito de vigilância
Elenco: Gene Hackman, John Cazale,
que se sente mais â vontade invadindo a vida de estranhos a quilômetros de distância
Allen Garfield, Frederic Forrest, Cindy Williams, Michael Higgins. Elizabeth MacRae, Ten Garr, Harrison Ford, Mark Wheeler, Robert Shields, Phoebe Alexander Indicação ao Oscar: Francis Ford ( nppola (melhorfllme), Francis Ford Coppola (roteiro), Walter Murch, Art
rio que interagindo com amigos na mesma sala. É um homem triste, tímido e solitário, que guarda muitos segredos e prefere ficar cm seu apartamento despojado tocando saxofone, pelo menos até que um fragmento de conversa captado por ele, cheia de estática e ruído, desperte o seu interesse. Incomodado pela distância que o profissionalismo lhe Impõe, Hackman decide tornar a investigação mais pessoal. Pressentindo uma tragédia iminente, tenta resolver o mistério oculto em suas confusas fitas de vigilância antes que o tempo se esgote, mas termina descobrindo que as duas coisas em que mais
Rochester (som)
confia no mundo - seus olhos e seus ouvidos - o enganaram.
Festival de Cannes: Francis Ford Coppola (Palma de Ouro), (prémio do júri ecuménico - menção especial)
lo de Watergate, num momento em que a vigilância e a desonestidade eram preocupa-
Triste e cínico ao mesmo tempo, A conversação foi lançado pouco antes do escândaçoes presenlrs na 1 nnsi iéin ia públii .1, e, nesse seni Ido, foi visionai lo 11 filme também pode ser visto couro um estudo pos moderno sobre o voyeurlsmo. À medida que Harry Caul (Hackman) se aprofunda em sua descoberta, reunindo uma terrível verdade a partir de trechos de discussão alimentados por sua imaginação, descobrimos cada vez mais sobre ele. Quando sua investigação obsessiva se desintegra cm torno dele, Harry já não possui praticamente nada: nenhum amigo, nenhum pertence, nenhuma vida e nenhuma liberdade diante da paranóia invasiva que engloba tudo. Estimado pelos colegas por suas habilidades, acabamos vendo Harry como uma fraude: a concha quebrada de um homem cuja incerteza sobre o mundo que o cerca o despoja de qualquer identidade. JKL
O M A S S A C R E D A SERRA ELÉTRICA
(1974)
(lili TEXAS CHAIN S A W M A S S A C R E ) ule inspirado na história real do serial klller Ed Cein, em Wisconsin - assim ise (1960), antes dele, e O silêncio dos inocentes (1991), mais tarde -, O massorra elétrica,
de Tobe Hooper, um clássico de terror-choque de orçamento
11. estreou em melo a uma enorme controvérsia e, desde então, continuou ge11 empestuoso debate a respeito de seus méritos estéticos e efeitos potenclalprejudiciais sobre os espectadores.
111
' I filme, que começa com uma narração feita pelo jovem (e, até então, desconheci11 laroquette, segue cinco adolescentes rlpongas e m uma viagem pelo Texas iis anos 70. Eles sofrem o grave Infortúnio de parar para descansar perto de um 11 tino de ex-trabalhadores de matadouro canibais. O vilão do qual todos se - leatherface (Cunnar Hansen, em um papel marcante), com sua motosserra 1 ivel máscara criada com a pele facial de multas de suas vítimas. Depois de um ir lamilla Inesquecível no qual é servida como sobremesa ao patriarca ancião e 0 que mal pode abrir os lábios para sugar o sangue de seu dedo, Sally l i n t
i,
(Marilyn Burns) - a única adolescente viva - conse1 dessa câmara de horrores pulando por uma janela i' I" andar. Após uma corrida aparentemente Infinita 1,1 à noite, com a motosserra de Leatherface (que sem gasolina) a centímetros de suas costas, Sally
iie pular na traseira de uma pickup convenientemen|l
In ida e some ao longe enquanto Leatherface brande • li, 1 arma fálica na luz da manhã, este filme Intenso, com o seu ritmo frenético e es'locumental, o crítico Rex Reed declarou conside los filmes mais assustadores jamais produzidos. • ipós seu lançamento, o Museu de Arte Moderna de nmprou uma cópia para a sua coleção permanen I filme foi homenageado na Quinzena dos Realizadores unir'.
Os
louvores continuaram - o prestigioso Festival
1 de Londres chegou mesmo a escolhê-lo como o lllsl xiraordináriodo Ano em 1974. Tendo gerado uma 1 Luna em torno de 31 milhões de dólares só nos EstaInldos e dado origem a três continuações (além de uma i " ) , o distorcido trabalho apaixonado de Hooper algum tempo, u m dos filmes independentes divos da história do cinema. SIS
EUA (Vortex) 83 min. Cor Idioma: Inglês Direção: Tobe Hooper Produção: Tobe Hooper, Lou Peraino Roteiro: Klm Henkel, Tobe Hooper Fotografia: Daniel Pearl Música: Wayne Bell, Tobe Hooper, John Lennon Elenco: Marilyn Burns, Allen Danzlger, Paul A. Partain, William Vail, Teri McMInn, Edwin Neal, Jim Sledow, Cunnar Hansen, John Dugan Robert Courtln, William Creamer, John Henry Faulk, Jerry Green, Ed Guinn, Joe Bill Hogan
URSS (Mostilm) 108 min. P8<B/ Cor
O ESPELHO
(1974)
Idioma: russo / espanhol
(ZERKALO)
Direção: Andrei Tarkovsky
O grande diretor americano de vanguarda Stan Brakhage uma vez saudou Andrei
Produção: Erik Walsberg Roteiro: Aleksandr Misharin, Andrei Tarkovsky Fotografia: Georgi Rerberg Música: Eduard Artemyev Elenco: Margarita Terekhova, Ignat Daniltsev, Larisa Tarkovskaya, Alla Demldova, Anatoli Solonitsyn, Tamara Ogorodnikova, Yuri Nazarov, oleg Yankovsky, Filipp Yankovsky, S. Sventikov, Tamara Reshetnikova, Innokenti Smoktunovsky, Arseni Tarkovsky
Tarkovsky por ter atingido três níveis de conquista cinematográfica: ser capaz de narrar os contos épicos das "tribos do mundo"; manter um caráter pessoal cm seu trabalho e atingir sua própria verdade por essa via; e "fazer o trabalho-dos-sonhos para Iluminar as bordas do inconsciente". O espelho é um bom exemplo dessa tripla majestade. É um filme notável e difícil de sintetizar por ser tão fértil em possibilidades no que possui de mistério quanto aos lugares, ãs pessoas, aos gestos. Este auto-retrato fugidio criado por Tarkovsky fala sobre duas gerações, a melancolia de sua mãe - abandonada por seu marido nos anos 40 com o peso de criar um filho - sendo refletida por suas próprias relações como adulto (Margarita Terekhova interpreta tanto a mâc no passado quanto a esposa no presente). Os homens, basicamente ausentes da narrativa e da imagem, surgem como vozes e são identificados com o processo de criação de arte e poesia (os poemas que ouvimos periodicamente foram escritos pelo pai de Tarkovsky). 1,11 kovsky é uma figura mais radical e modernista do que o seu herdeiro russo mais evidente, Alexandr Sokurov. O espelho é construído como uma colagem na qual vinhetas recriadas deliberadamente borram o passado e o presente, sendo livremente misturadas com cenas de arquivo de vários países e citações desconexas de música clássica (Bach, Pergolesl, Purcell), A atmosfera lembra a dos sonhos, codificada e obscura. Em meio a isso, Tarkovsky mantém uma bela simplicidade, colocando-se em consonância com Terrence Mallck: o movimento de elementos naturais (vento, fogo, chuva), as paisagens sem fundo de rostos humanos e um sentido da passagem do tempo tudo conspira para transmitir a impressão da "respiração" do próprio mundo. Como Robcrt Bresson, Tarkovsky é um mestre das imagens e dos sons cs( ol liidt is M U 11 1
¡sao. A r( 01 mu lia dos seus mo-
vimentos de camera e a revelação gradual de partes díspares das cenas criam um efeito que se sobrepõe à realidade material do que vemos e ouvimos, abrindo um portal para outro mundo. I sle v um 1 ¡nema de lexuira, de .1111.1. feito para OS sentidos] O espelho é, ao mesmo tempo, uma confissão íntima, uma invocação da História e um poema críptico. AM
'.Ho
U M A M U L H E R SOB I N F L U E N C I A
(1974)
EUA (Faces) 155 min. Cor
(A W O M A N U N D E R THE I N F L U E N C E )
Idioma: Inglês
issavetes e sua esposa Cena Rowlands colaboraram em diversos projetos arriscomplexos, mas o retrato exaustivo de Rowlands sobre o colapso nervoso de u m 1 íluna-de-casa em Uma mulher sob influência
é o que permanece como o auge
método baseado na Improvisação. Cheia de tiques, ruídos estranhos e afetações Imprevisíveis, a descida de Rowlands à loucura acaba sendo substituída pela comio de que o seu comportamento frustrante pode não ser tão espontâneo ou inte quanto parece. Da mesma forma, seu marido (Peter FaIk), sólido como uma i " ' i i pode não ser tão saudável quanto Inicialmente parece, e o mesmo pode ser dito - lação à sua rede de amigos e conhecidos.
Produção: Sam Shaw Roteiro: John Cassavetes Fotografia: Mitch Breit, Caleb Deschanel Música: Bo Harwood Elenco: Peter Falk, Gena Rowland.. Fred Draper, Lady Rowlands, Katherine Cassavetes, Matthew Laborteaux, Matthew Cassei,
Presos no meio disso estão os três filhos do casal, uma lembrança constante de n meio à confusão, existe um núcleo familiar funcional (ainda que pouco coni.il). Uma mulher sob influencia
Direção: John Cassavetes
pode ser considerado um retrato resoluto daquilo
i vezes é necessário para manter uma família, embora Cassavetes não deixe o lir em uma moralização tão banal. Em vez disso, prefere manter a ação ambígua piai ável, unida pela atuação perturbadora de Rowlands e por um sentimentalismo • i i nihamente comovedor que encontra a sua força emocional de forma honesta
Christina Grisanti, O. G. Dunn. Maili Gallo, Eddie Shaw, Angelo Gris.mn Charles Horvath, James Joyce, John Finnegan Indicação ao Oscar: Gena Rowlands (atriz), John Cassavetes (diretor)
no
pi iil livre das convenções comuns de uma trama-padrao. JKL
JOVEM FRANKENSTEIN
(1974)
(YOUNG F R A N K E N S T E I N ) lia de horror em pretoe-branco feita por Mel Brooks em 1974 sobre o clássico de helley é a comédia mais equilibrada do prolífico diretor/roteirista dentre suas ageradas. Ainda tentando se adaptar ao fato de ser neto do famoso Victor Fran111, o jovem neurocirurgião contemporâneo interpretado por Gene Wilder, Dr. I I rankenstein (que se pronuncia "Fronkunshteen", segundo nos dizem), retor1 leio da família na Transilvãnia. Com a ajuda do fiel corcunda Igor (Marty Feld m i olhos bulbosos), da bela moça do vilarejo Inga (Terl Garr) e da governanta ii " i Hleucher (Clóris Leachman, tão gloriosamente sinistra que continuou desempe> papéis semelhantes em mais dois filmes de Brooks), ele pretende recriar o in pioneiro de seu avô na reanimação humana. Quem seria capaz de prever a entre a exageradamente penteada (em seguida, exageradamente excitada) de I rederlck, Elizabeth (Madellnc Kahn), e o Monstro (Peter Boyle)? ' .'in' Hackman faz uma ponta em que rouba a cena como um cego solitário que cal de oferecer sopa quente e um charuto â criatura não adestrada e com medo de 1 ilniado no mesmo castelo e com equipamentos de laboratório originalmente II idos no clássico de James Whale de 1931, a atmosfera em geral reverenciai do filme é ida (no sentido positivo) pela seqüência de canto e dança com a música "Puttin' In- Kitz", da qual participam tanto o Monstro quanto o Médico. Ao mesmo tempo iiide tolice e uma homenagem séria, Jovem Frankenstein foi indicado ao Oscar 1 egoi ias de Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. KK
EUA (Fox, Crossbow, Gruskoff / Venture, Jouer) 108 min. P8<8 Idioma: inglês/ alemão Direção: Mel Brooks Produção: Mlchael Gruskoff Roteiro: Gene Wllder, Mel Brooks, adaptado do livro Frankenstein, de Mary Shelley Fotografia: Gerald Hlrschfeld Música: John Morris Elenco: Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Madellne Kahn, Clóris Leachman, Terl Garr, Kennelli Mars, Richard Haydn, Liam Dunn, Danny Goldman, Oscar Beregi Jr., Arthur Malet, Richard A. Roth, Mnnii Landis, Rusty Blitz Indicação ao Oscar: Mel Brooks, Gene Wilder (roteiro), Richard Portman, Gene S. Cantamessa (som)
EUA (Long Road, Paramount,
CHINATOWN
Penthouse) 131 min. Technicolor
"Parece que metade da cidade está tentando encobrir essa coisa e não tenho nada
Idioma: Inglês Direção: Roman Polanskl Produção: Robert Evans Roteiro: Robert Towne Fotografia: John A. Alonzo Música: Jerry Goldsmith
(1974)
contra. Mas, Sra. Mulwray, por pouco não perco o meu nariz. E eu gosto dele. Gosto de respirar por ele." Robert Towne escreveu Chinotown
especificamente para seu amigo
Jack Nicholson e ganhou o único Oscar deste filme em um ano dominado por 0 poderoso c/iefõo 2. É uma conspiração e uma história de detetive e mistério na linha de Chandler e Hammett. É também um filme altamente sofisticado que cobriu de glórias
Elenco: Jack Nicholson, Faye
todos os envolvidos, inclusive o público, que soube reconhecer o valor deste quebra-
Dunaway, John Huston, Perry Lopez,
cabeça complexo repleto de atuações formidáveis.
John Hillerman, Darrell Zwerling, Diane Ladd, Roy Jenson, Roman Polanskl, Richard Bakalyan.Joe Mantell, Bruce Glover, Nandu Hinds, James O'Rear, James Hong
O detetive particular Jake Glttes é mais elegante, bem-humorado e bem-sucedldo do que o Philip Marlowe de Chandler ou o Sam Spade de Hammett. Jake é um ex-policlal atormentado por alguma coisa que aconteceu no passado, quando era um policial no bairro chinês de Los Angeles - Chlnatown. Isso é repetido sutllmente ao longo do
Oscar: Robert Towne (roteiro)
filme, sugerindo que, por trás de seu aparente sucesso, há um fracasso terrível e algo
Indicação ao Oscar: Robert Evans
que ele não conseguiu compreender. Fica no ar, também, o prenúncio de um novo
(melhor filme), Roman Polanskl
desastte que Irá levar o filme de volta a Chlnatown em seu clímax. Jake é contratado por
(diretor), Jack Nicholson (ator), Faye Dunaway (atriz), Richard Sylbcrt, W. Stewart Campbell, Ruby R. Levitt (direção de arte), John A. Alonzo (fotografia), Anthea Sylbert (figurino), Sam O'Steen (edição), Jerry
uma femme fatalc (Diane ladd) para espionar seu marido que estaria tendo um caso Hollls Mulwray, o engenheiro chefe do departamento de água e energia de Los Angeles. Jake segue Hollls, consegue evidência fotográfica e acha que o caso está encerrado. É quando entra em cena a verdadeira Sra. Mtdwray (Fayc Dunaway), furiosa, deixando claro que jamais o contratou e processando o. I ogo em seguida, contudo, llollis aparece
Goldsmith (música), Charles
morto em circunstâncias suspeitas e Jake decide levar sua Investigação adiante. No
Grcnzbach, Larry Jost (som)
final, em meio a descobertas que só aprofundam o mistério, ele se vê confrontado com Noah Cross (John Huston), pai da Sra. Mulwray, magnata e principal vilão. O embate termina em uma catástrofe em melo a ganância, assassinatos e incesto na Los Angeles dos anos 30. Foi a genialidade de Roman Polanski que concedeu ao filme não apenas uma narrativa Inteligente e Intricada mas uma visão grandiosa e perturbadora. Polanskl tornou o roteiro mais duro, modificando, em particular, o final de Towne para chegar a uma conclusão amarga. Foi também o olhar de Polanski que colocou na tela a coleção de excêntricos, vítimas e canalhas (Inclusive o pequeno criminoso que corta o nariz de Jake, interpretado pelo próprio diretor). Faye Dunaway, cujo jeitão neurastênico nunca foi tão bem expio rado, criou uma Evclyn cool e elegante. Ela é apresentada como uma femme fataie da alta sociedade e suas motivações suspeitas realçam a ameaça e o perigo da trama até que tanto sua ansiedade quanto seu jogo estudado de sedução sejam mostrados sob outra luz pela revelação mais terrível do roteiro. O show, contudo, pertence a Nicholson, com o glamout fatalista de seu detetive cínico, sempre com uma resposta pronta, um bisbilhoteiro compulsivo, Indiferente à Infâmia de usar uma atadura sobre o nariz durante quase todo o filme. AE
França (Action, Christian Fechner, Le Films 7, Losange, Renn, Saga, Simar, V. M. Prod.) 193 min. Eastmancolor Idioma: francês Direção: Jacques Rivette Produção:Barbet Schroeder Roteiro: Juliet Berto, Eduardo de Gregorio, Dominique Labourier, Bulle Ogler, Marie-France Pisier, Jacques
CELINE ET J U L I E V O N T EN B A T E A U
11974)
Os espectadores que não entendem francês nunca descobrirão o verdadeiro sabor deste filme, a começar pelo título (Celine e Julle passeiam de barco), que não significa nada, mas, em francês, abre portas para contos, piadas e histórias infantis. Celine et )ulie vont en batecHi é a senha para um reino onde os caminhos sinuosos trilham o limiar entre o mundo exterior e os sonhos, entre presente e passado, realidade c ficção. Quando Alice seguiu o Coelho Branco, adentrou outro mundo. Quando Julie (Dominique Labourier) entrou no mundo de Celine (Juliet Berto), aparentemente fez algo semelhante, mas, na
Rivette
verdade, não. Qual a diferença? O fato óbvio, porém crucial, é que Alice no país das
Fotografia: Jacques Renard
maravilhas
c um livro, c Celine é um filme, feito por um dos mais exigentes e sutis
Música: Jean-Marie Sénia
críticos de cinema, Jacques Rivette, que se converteu em um notável explorador da
Elenco: Juliet Berto, Dominique
natureza do cinema por meio de um questionamento de suas relações com o mundo
Labourier, Bulle Ogier, Marie-France Pisier, Barbet Schroeder, Nathalie Asnar, Marie-Thérèse Saussure,
real e com outras formas de arte. O trabalho magnífico de Rivette sempre foi feito com a alegria de contar histórias,
Philippe Clévenot, Anne Zamire, Jean
olhar mulheres bonitas, ouvir música e outras tantas histórias, compartilhar o amor e
Douchet, Adèle Taffetas, Monique
a admiração pelos atores. Talvez em nenhum outro momento tenha sido projetado de
Clément, Jérôme Richard, Michael
um modo tão livre e inventivo quanto nesse em que criou os labirintos de narrativa -
Graham, Jean-Marie Sénla
Infinitos ecos políticos, psicanalíticos e estéticos - com as atrizes do filme. Era verão em Paris. Eles acreditavam em utopias, não temiam nada e estavam prontos para qualquer tipo de aventura, em particular as amorosas. Junto com o escritor Eduardo de Gregorio, Celine, Julie, Camille (Bulle Ogler) e Soplilc (M.nie Trance Pisier) deram luz a esla viagem Inleiioi ensolaiada, esle mergulho em espelhos, uma dança com espectros tão luminosos. Fantasmas e sorrisos seguiram a música silenciosa; Jacques Rivette era o maestro, sem se mover, e o mundo girava cm torno deles. J-MF
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EUA (Crossbow, Warner Bros.) 9 ; 1 Technicolor Idioma: Inglês Direção: Mel Brooks Produção: Michael Hertzberg Roteiro: Andrew Bergman, Mel Brooks, Richard Pryor, Norm,111 Steinberg, Alan Uger Fotografia: Joseph F. Biroc Música: Mel Brooks, Vernon Duke. John Morris Elenco: Cleavon Llttle, Gene Wilder, Slim Pickens, David Huddleston, 1 i.itn Dunn, Alex Karrasjohn Hlllerman, George Furth, Jack Starrett, Mel Brooks, Harvey Korman, Carol DeLulse, Richard Collier, Charles McGregor, Madeline Kahn Indicação ao Oscar: Madeline Kahn
BANZE N O OESTE <1974) (III AZING S A D D L E S ) possa não ser o auge da produção cinematográfica de Mel Brooks - Os é mais chocante c direto -, com a sua mistura de surrealismo, pastelão e (na levolucionária) vulgaridade. Banzé no Oeste é certamente o seu filme mais Ihlluenic. Apesar de sua temática batida
o Velho Oeste - e do seu jeitão anos 70 - as
.obre raça e sexo soam datadas -, continua sendo um dos trabalhos mais liiilli mies na carreira de um grande autor de comédias. 11 de tudo o que já foi dito sobre as referências de Brooks às comédias escracha1 mãos Marx e dos Três Patetas, Bnnzéno Oeste deve muito ao humor enviesado e 10 por referências da fase Inicial da revista Mcrd. O filme de Brooks segue a mesma gags visuais em que membros da Ku Klux Klan e nazistas esperam na fila para se in a uma turba de linchamento dos anos 1870, bois com SIM e NÀO pintados neles, IH las verbais a outros filmes ("Você faria Isso por Randolph Scotti") - tudo Isso pela 1 vez no cinema. Brooks colocou-se à frente de seu tempo e Influenciou os irmãos i' imitadores diversos, inventando, portanto, um gênero (no final há algo retirado 11V Python, lembrando o Cálice Sagrado), (no Oeste pode ser, essencialmente, uma longa variação sobre temas de Matar011 mas sua genialidade está, justamente, em ser mais do que apenas uma paródia, iii) outros filmes posteriores de Brooks falham por não passar de pastlches diretos de ' filme, Banzé no Oeste acrescenta camadas adicionais, sendo a mais notável delas t u novo xerife ser preto. Cleavon Llttle (cuja carreira teve seu ponto mais alto neste Indo a morrer de câncer aos 53 anos) ganhou de Richard Pryor o papel do Xerife Bart 11 estúdio achava que Pryor era um viciado em drogas insano. Ele é apoiado por um 'lidei quase comedido. O emprego exagerado de "nigger" ("negão") pode assustar os idos, mas a palavra é usada de forma sempre hilária. Embora dificilmente possa ser 1,ido um filme político sobre preconceitos raciais, a forma como Banzé no Oestezom• •LI* rito dos brancos faz com que todo o conceito de racismo pareça absurdo. Kl<
(atriz coadjuvante), John C. Howard, Danford B. Greene (edição), John Morris, Mel Brooks (canção)
EUA (Paramount, Coppola) 200 min. lei hnicolor
Idiomas: Inglês / Italiano Direção: Francis Ford Coppola Produção: Francis Ford Coppola, Gray I rederickson, Fred Roos Roteiro: Francis F.ord Coppola, Mario Puzo, adaptado do livro de Mario Puzo Fotografia: Gordon Willis Música: Carmine Coppola, C. Curet Alonso, Nino Rota Elenco: Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro, John i a/ale, Talia Shire, Lee Strasberg, Michael V. Gazzo, G. D. Spradlln, Richard Bright, Gastone Moschin, lom Rosqui, Bruno Kirby, Frank slvero. Francesca De Sapio Oscar: Francis Ford Coppola, Gray í rederickson, Fred Roos (melhor Ulme), Francis Ford Coppola (diretor), rant Is Ford Coppola, Mario Puzo (roteiro), Robert De Niro (ator 1 «adjuvante), Dean Tavoularls, Angelo P. Graham, George R. Nelson (direção de arte), Nino Rota, Carmine ( oppola (música) Indicação ao Oscar: Al Pacino (ator),
Michael V. Gazzo (ator coadjuvante), l ee Strasberg (ator coadjuvante),
Talia Shire (atriz coadjuvante),
llicadora Van Runkle (figurino)
0 PODEROSO CHEFA0
2(1974)
(THE GODFATHER: PART 2) "Mantenha os seus amigos por perto, mas os seus Inimigos ainda mais perto." O tempo e mais dois filmes destacariam o desespero e niilismo da saga de O poderoso
chefão.
Esta continuação do original marcante de 1972 é uma parte essencial, "assombrada", como queria o diretor e roteirista Francis Ford Coppola, "pelo espectro" do primeiro filme. Não deixa de ser irônico, considerando-se que Coppola quase foi demitido das filmagens do original - e estava tão preocupado com a sua situação financeira que ficou trancado em um quarto de hotel preparando o roteiro de O Grande Gatsby quando O poderoso chefão estreou. Depois do enorme sucesso do filme, a Paramount queria tanto uma continuação que lhe fizeram uma oferta irrecusável: além de receber uma boa participação nos lucros, também teria controle artístico completo. O poderoso chefão 2 ganhou seis estatuetas do Oscar - Inclusive o único prêmio de Melhor Filme jamais concedido a uma continuação - e é mais sombrio, mais profundo e possivelmente ainda mais envolvente em sua elaboração de como a corrupção gerada pelo poder resulta em uma completa decadência moral. As cenas, os padrões e os temas refletem deliberadamente o original, mas a parte 2 é mais triste e sentida cm uma escala muito maior, com o seu entrelaçamento complexo de períodos de tempo c os paralelos e contrastes entre os dois Corleones, Vito (Robert De Niro) e Michael (Al Pacino). Dessa vez apresentando uma visão claramente negativa sobre a Máfia, Coppola explora as duas getaroes ainíotme Midi,te! ascende em Lermos de podei e controle e ai
la em um
círculo de melancolia, crueldade e traição. As celebrações de família são novamente centrais: o filme começa nos anos 50, na suntuosa festa na casa de campo em Lake Tahoe de Michael c Kay (Diane Ke.uon) para comemorar a crisma de seu filho Anthony. Aprendemos que o grande plano de legitimar o negócio da família Corleonc prossegue, c Michael agora gerencia seus Interesses criminosos indo de Nevada a Cuba. Michael i'sl.1 abai,ulti piii problemas em 1 asa, pela vlgiláiK la por parle do governo, bem como pelas ameaças apresentadas tanto por rivais quanto por parceiros - inclusive o altamente influente diretor do Actor's Studio, Lee Strasberg, que faz a sua estréia no cinema aos 71 anos, como Hyman Roth - que vêem com maus olhos o expansionismo de Michael. Entrelaçada com o progresso de Michael, temos a história (tonalizada em sépia) de seu pai, batizado como Vito Andolinl, que acompanhamos na virada do século em Corleone, na Sicília, onde uma vcncleta sangrenta faz dele um órfão, um emigrante fugitivo c depois um perplexo detento na ilha de Ellls. Anos mais tarde, no Lower East Side de Nova York, o silencioso Vito ressurge como um balconista de armazém e homem de família
De Niro, tecém-saído de Cominhos perigosos, de Martin Scorsese (1973),
brilhantemente recriando a caraterlzação de Brando no primeiro filme como um jovem c ganhando o seu primeiro Oscar. Ele observa o poder que o temido chefão local possui e secretamente, sem remorsos, se apodera dele. Respeitado e próspero, retorna a Corleone para ajustar contas antigas enquanto prepara uma herança para seus filhos. Também este filme está cheio de personagens elaboradamente compostos e grandes seqüências - a festa religiosa no bairro de Little Italy, a revolução do Ano Novo em Havana. Contudo, é a última cena de O Poderoso chefão 2 que continua nos impressionando, com a sua Imagem cortante de Michael, os seus pecados acumulados para além de qualquer redenção, sozinho. AE
Alemanha Ocidental (Autoren, Tango) 93 min. Eastmancolor Idioma: alemão Direção: Rainer Werner Fassbinder Produção: Christian Hohoff Roteiro: Rainer Werner Fassbinder Fotografia: Jürgen Jürges Música: Rainer Werner Fassbinder Elenco: Brigitte Mira, El Hedi ben Salem, Barbara Valentin, Irm
0 MEDO DEVORA A A L M A
(1974)
( A N G S T E S S E N S E E L E AUF) Rainer Werner Fassblnder tinha em mente a idéia básica da trama deste filme - o caso de amor Improvável, em Munique, entre uma faxineira alemã sexagenária e um trabalhador marroquino imigrado, 20 anos mais novo que ela - pelo menos desde O soldado americano (1970), no qual a camareira Margarethc von Trotta conta a história de Emini e seu marido Ali. O que ele produziu a partir disso, cm 1974, combina o melodrama pungente com uma sátira social por vezes pesada. O medo devora a alma demonstra o trabalho de câmera paciente de Fassblnder, retardando-se sobre faces
Hermann, Elma Kariowa, Anila
Imóveis ou retirando-se por uma porta até atingir uma distância respeitosa. A textura
Bücher, Gusti Krelssi, Doris Mattes,
do filme é criada a partir dos detalhes da vida da classe operária, Inclusive as músicas
Margit Symo, Katharina Herberg, Lilo Pempeit, Peter Gauhe, Marquard Böhm, Walter Sedlmayr, Hannes Giomball Festival de Cannes: Rainer Werner I assbinder (Prêmio FIPRESCI), (prêmio do júri ecumênico), indicação (Palma de Ouro)
tocadas na jukebox local, e sua alma provém da atuação de Brlgitte Mira, como Emmi, e de El Hedi ben Salem, como Ali. Tudo começa como uma piada. Ali é desafiado por uma garota alemã, no bar que freqüenta, a dançar com a senhora de certa Idade que está sentada sozinha em uma mesa. Conhece então uma mulher gentil o bastante para convidá-lo a tomar um café e que de fato se interessa pelo homem oculto por trás do "pau para toda obra" que é "Ali" - nome usado pelos alemães como substituto dos impronuncláveis (e irrelevantes, para eles) nomes árabes. Ambos são solitários: Ali compartilha um quarto com cinco outros trabalhadores emigrados, dividindo o seu tempo entre o trabalho e o bar. Emmi é viúva, seus filhos já adultos não ligam para ela o seu emprego não lhe dá status. O caso de amor floresce contra e apesar de um pano de fundo de Ironia c hostilidade quase universal dos vizinhos e da família. Emmi não quer dar atenção a isso, e tenta não dar, mas as outras pessoas fazem parte de seu mundo e ela acaba se deixando envolver. Gradualmente, entretanto, a pressão externa diminui, nao por conta de uma aceitação verdadeira, mas porque todos querem algo de Emmi. Fassbinder parece escorregar quando a tensão interior aumenta: a Emmi que nos foi apresentada ficaria feliz de preparar cuscuz, em vez de desprezá-lo como algo estrangeiro, e jamais transformaria Ali em objeto, exibindo os seus músculos para colegas de trabalho. Mas nem isso nem os personagens caricaturais do dono de mercearia racista e das mulheres fofoqueiras (uma homenagem ao grande filme mudo de F. W. Murnau de 1924, A última gargalhada)
depre-
ciam a conexão indomável e comovente forjada entre os dois amantes que, tendo achado a felicidade um com o outro, contra todas as possibilidades, são sábios o bastante para reconhecer a sorte que têm. J W
TRAGA-ME A CABEÇA DE ALFREDO G A R C I A (1974) ( B R I N G M E THE HEAD OF ALFREDO GARCIA) MU' i' um daqueles filmes que dividem o público: alguns o classificam como um clásclnco estrelas; outros, como uma bomba completa. O olhar niilista e brutal de cckinpah acompanha o decadente pianista Benny (Warren Oates) através de um contemporâneo, mas tornado tão infernal quanto o faroeste de pesadelos de sico anterior, Meu ódio será tua herança. 11 ilefunto Alfredo, que dá nome ao filme, havia engravidado a filha de El Jefe (Emiii" lernández, reencarnando seu patriarca maldoso de Meu ódio...). El Jefe resolve, ini.li), oferecer um prêmio por uma relíquia - a cabeça de Alfredo - e Benny está em la recompensa. Arrastando a cabeça cheia de moscas em um saco pelo deserto, I lales se vê às voltas com matadores profissionais e motoqueiros alucinados, conhece a piusiituta natureba de Isela Vega c chega à hacienda para outro dos finais apocalípti• livados de balas que são a marca registrada do diretor. Traga-me a cabeça de
EUA / México (Churubusco A/lei a Optimus) 112 min. Cor Idioma: inglês Direção: Sam Pecklnpah Produção: Martin Baum, Helmu! Dantine, Gordon T. Dawson Roteiro: Gordon T. Dawson, Frank Kowalskl, Sam Peckinpah Fotografia: Alex Phillips Jr. Música: Jerry Fielding Elenco: Warren Oates, Isela Vega, Robert Webber, Gig Young, Helmul Dantine, Emilio Fernandez, Krls Kristofferson, Chano Urueta, Jorge Russek, Don Levy, Donnie Frltts, Chalo Gonzalez, Enrique Lucero, Janine Maldonado, Tâmara c.nin.i
Allinlo Garcia é a quintessência do cinema grunge, com um anti-herói traiçoeiro e de por fazer e um desfile de personagens secundários incrivelmente corruptos. Cl 11 nipah faz um grande esforço para tornar o cenário vulgar c repulsivo, com um traço n s ã o sanguinolenta que remete a Hemingway no momento em que seu cérebro iu. É obviamente o fruto de um gênio alcoólatra, com momentos de melancolia 1
• e beleza mesmo durante os estupros e tiroteios. KN
UM
DIA
DE
CAO
(1975)
(l)OG DAY A F T E R N O O N ) irnso de Sidney Lumet sobre a história real de um assalto a banco que se transiu seqüestro é tão profundamente nova-iorquino como qualquer filme de W
ly Allen ou Martin Scorsese. Al Pacino e John Cazale fazem o papel de aspirantes a de banco azarados (Sonny e Sal, respectivamente) forçados pelas circunstâncias mar uma situação impossível. Antes que os ladrões possam escapar, o banco é 11 pela polícia e Sonny decide tomar os funcionários como reféns para tentar laia fuga. Abandonados antes do roubo pelo terceiro comparsa, Sonny e Sal estão vantagem numérica diante dos funcionários cada vez mais rebeldes. À medida i nação se desenrola e as discussões ruidosas de Sonny com a polícia se fazem • Tas ruas, através de um megafone, uma multidão se reúne e começa a torcer iiiy.
Por alguns momentos durante a Inquietude social do início dos anos 70,
e inrna um herói da contracultura. Um dia de cão alterna momentos de completo absurdo e cenas de tragédia real. Tal "i.imagem mais forte do filme seja Sal, cujas limitações são reveladas por sua la
"Wyomlng" - à pergunta de Sonny sobre que país ele gostaria de visitar se
irrncias forem atendidas. O filme capta a espiral de emoções de um momento das dos personagens e na história com um brilhante senso de imediatismo. RH
EUA (Artists Entertainment < ompll) 124 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: Sidney Lumet Produção: Martin Bregman, Maiiin Elfand Roteiro: Frank Plerson, a pailii de 11 artigo de P. F. Kluge e Thomas Moori Fotografia: Victor J . Kemper Elenco: Penelope Allen, Al Pacino, Sully Boyar, John Cazale, Beul.ili Garrlck, Carol Kane, Sandra Kazan, Mareia Jean Kurtz, Amy Levitt, John Marriott, Estelle Omens, Gary Springer, James Broderlck, Charles Durning, Carmine Foresta, Chris Sarandon Oscar: Martin Bregman, Martin
Elfand (melhor filme), Frank Piers (roteiro) Indicação ao Oscar: Sidney Lumet (diretor), Al Pacino (ator), Chris Sarandon (ator coadjuvante), Dedfl Allen (edição)
U M ESTRANHO NO NINHO
(1975)
(ONE F L E W OVER THE C U C K O O S N E S T ) Um projeto que o ator Kitk Douglas desejou realizar durante anos (ele possuía os direitos, mas, quando o filme finalmente entrou em produção, achou que estava velho demais para estrelá-lo), Um estranho no ninho rendeu a seu filho, Mlchacl Douglas, o seu primeiro Oscar - não como ator, mas como produtor. Baseado no best-seller de Ken Kesey - escrito depois de sua experiência trabalhando em um hospital para veteranos na Califórnia -, o filme é passado em um hospício estatal no qual o espertalhão antlconformlsta Randle P. McMurphy (Jack Nicholson) é confinado para uma reabilitação. Dentro do hospício, ele é mantido sob o olhar vigilante da sádica enfermeira Ratchcd (Loulsc Fletcher, em um papel recusado por várias grandes atrizes de Hollywood, Inclusive Jane Fonda, Anne Bancroft, Eilen Burstyn e Faye Dunaway) e logo arma uma rebelião contra ela com a ajuda de outros pacientes. Um filme revolucionário que, ao que dizem, Kesey nunca quis ver - ficou supostamente Irritado porque a história não foi contada do ponto de vista do Chefe Bromden EUA (Fantasy, N. V. Zvaluw) 133 min. Cor
(Wlll Sampson), como em seu livro -, Um estranho no ninho passou a ser parte da histó-
Idioma: inglês
principais. Cada um deles foi merecido: o diretor tcheco Mllos Forman (Os amores de
Direção: Milos Forman Produção: Michael Douglas, Saul Zaentz Roteiro: Bo Goldman, Lawrence llauben, baseado no livro de Ken Kesey
Fotografia: Haskell Wexler Música: Jack Nitzsche Elenco: Jack Nicholson, Louise Fletcher, William Redfield, Michael Hcrryman, Peter Brocco, Dean R. Brooks, Alonzo Brown, Scatman C rothers, Mwako Cumbuka, Danny DeVlto, William Duell, Joslp Ellc, Lan Fendors, Nathan George, Ken Kenny, Brad Dourlf, Will Sampson, Christopher Loyd Oscar: Saul Zaentz, Michael Douglas (melhor filme), Mllos Forman
(diretor), Lawrence Hauben, Bo
Goldman (roteiro), Jack Nicholson (ator), Louise Fletcher (atriz)
Indicação ao Oscar: Brad Dourif (ator (oadjuvante), Haskell Wexler, Bill
Butler (fotografia), Richard Chew, I ynzee Kllngman, Sheldon Kahn
(edição), Jack Nitzsche (música)
ria do Oscar quando se tornou o segundo filme, até então, a receber cinco prêmios uma loira. O baile dos bombeiros
e, mais tarde, Amadeus e O povo contra Larry Flynt)
criou um filme hipnótico e humanístico, cheio de personagens excêntricos (entre os atores que fizeram sua estréia no cinema estão Brad Dourif e Christopher Lloyd) e obteve uma das melhores atuações da carreira de Fletcher. Nicholson, naturalmente, é cativante como McMurphy, encarcerado porém espirituoso e viva/, e as cenas em que ele aparece ao lado da desprezível enfermeira Ratched são as mais eletrizantes deste clássico moderno do cinema americano. J B
JEANNE DIELMAN
(1975)
(.11 A N N E D I E L M A N . 23 QUAI DU C O M M E R C E , 1080 BRUXELLES) i Ima Mas principais obras dentre os filmes feministas, além de ser um dos filmes eumais Importantes dos anos 70 Jeanne ml
Dielman, a obra prima da diretora belga
tallsta Chantal Akerman, é um filme declaradamente difícil de ser apreciado, e utribul, sem dúvida alguma, para seu status marginalizado três décadas depois
n.IH está disponível em cópias domésticas para compra e até as exibições em clnemaIn.i
.ao raras atualmente. O filme oferece uma visão do enfado burguês tão árida e idora que faz A aventura {1960) parecer um filme de Ftank Tashlln. Com um grau 11 estético excepcional até mesmo para os padrões do cinema europeu autoral da leanne Dielman é uma documentação de mais de três horas sobre a alienação; a :em metódica e precisa de Akerman sem dúvida derrota qualquer um, com ex-
H i , . 1 " dos mais pacientes freqüentadores de cinema. I I filme é uma crônica sobre três dias na vida de sua protagonista homônima, uma le casa viúva que financia a existência cômoda que compartilha com seu filho i i l i i l i M ente por meio da prostituição ocasional. A maior parte do filme simplesmente leanne (Delphlnc Scyrig) nas minúcias de sua vida diária. Usando demorados státlcos, Akerman permite que as monótonas tarefas domésticas se desenrolempo real. Contudo, o filme é basicamente um grande totir de force conceituai 1 definido em seus dois últimos planos. Ele termina com Jeanne, após atender eus clientes, calmamente apunhalando o mesmo até a morte com uma tesou1 ela se senta sozinha, serenamente, na escuridão da sala de jantar familiar, lo os outros filmes da dirctora/rotclrista são igualmente cerebrais c delibcrada• • 111os em seu desenvolvimento, também são experimentos hipnóticos sobre a 1, envolvendo rapidamente seus espectadores por meios emocionais c for I Me filme, contudo, é o trabalho mais frio, difícil e distanciado de Akerman, espectadores questionarão se a enorme duração do filme é realmente neces 1 1 datar o superficial estudo de personalidade, mais difícil que seja o filme, traz recompensas consideráveis que estão, muitas "i.ivelmente ligadas à sua duração. Por um lado, a tese feminista de AkerMhiii e n.iiismitlda com urgência por conta de sua decisão de mostrar a vida de Jeanne mínimos detalhes. Não basta para Akerman sugerir o tédio da existência ida de sua protagonista - em vez disso, ao apresentar explicitamente sua Insí111.1 em tempo real, Akerman habilmente ttansmlte o vazio sufocante que, no las, é o que impulsiona Jeanne em dlteção a seu trágico ato final. I I il I
lambem triunfa como um estudo sobre a atuação. O retrato perfeitamente
l i m u i ni, de Seyrlg fornece vislumbres sutis do desenvolvimento psicológico proH"
1 VI 1 de leanne, com leves gradações de comportamento que talvez se tornassem ri iveis se colocadas em um filme de estrutura mais compacta e com a ênfase 1 iiadlcional. Quando o espectador chega à marca de três horas, a tensão mile músculos faciais e a aspereza aumentada do gesto que acompanham a de ou o cozimento das batatas assumem o caráter de um melodrama épi, I,I d tipo de filme que funciona melhor como teoria, c não como algo que se . 1 em assistir, mas, para o espectador afinado com a abordagem austera de le permanece, em muitos aspectos, um feito Inesquecível. TCr
Bélgica/ França (Paradise Unlie fToll) 225 min. Cor
Idioma: francês Direção: Chantal Akerman Produção: Corinne Jénart, Evelyne Paul Roteiro: Chantal Akerman Fotografia: Babette Mangolte Elenco: Chantal Akerman, Yve\ 1,1, || Jan Decorte, Jacques Doniol v,iI. roii Delphlne Seyrlg, Henri Storck
Inglaterra (Fox) 100 min.
T H E ROCKY HORROR PICTURE S H O W
Fastmancolor
0 singular musical de teatro de Richard O'Brien, adaptado para o cinema em 1975, foi
Direção: Jim Sharman Produção: Michael White Roteiro: Jim Sharman, Richard O'Brien, da peça The Rocky Horror Show, de Richard O'Brien Fotografia: Peter Suschitzky, Richard O'Brien Elenco: Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick, Richard O'Brien, Patricia Quinn, Nell Campbell, lonathan Adams. Peter Hlnwood, Meat Loaf, Charles Cray. Jeremy Newson, Hilary Labow, Perry Bedden, Christopher Biggins, Caye Brown
(1975)
um fiasco ao ser lançado. No entanto, quando um cinema de Nova York começou I exibi-lo em sessões à meia-noite, rumores logo se espalharam sobre a bizarra paródia de ficção científica e horror. O filme se tornou cult e até hoje detém o recorde de maior tempo em cartaz, tendo sido exibido no mesmo cinema em Munique, na Alemanha, durante todas as semanas por mais de 27 anos. Susan Sarandon e Barry Bostwick, muito jovens, estrelam como Janet e Brad, um casal inocente cujo carro enguiça em uma noite de tempestade, forçando-os a procurar abrigo em um castelo nas redondezas, sem saber que o mesmo pertence ao travesti de mcia-calça e suspensórios Frank-N-Furtcr (Tim Curry, no papel que havia feito no teatro) e seus amigos da Transilvãnia, incluindo o sinistro Ri ff Raff (Richard O'Brien) e Magenta (Patricia Quinn). Na mansão também moram o motociclista Eddie (Meat Loaf), uma criação malsucedida (no estilo do monstro de Frankenstein) de Frank-N 1 inter, e Ror ky (Pelri llinwood), seu suhsl Illllo/lnrlholla de bronzeado perfeito. Narrado pelo Dr. Everett Scott (Jonathan Adams), embalado por glam rock, o filme
Il braçSo da sexualidade: Frank-N-Furter e sua trupe tentam seduzir os vlrgli ao som de músicas memoráveis como "Touch-a Touch-a Touch Me", ii inivestite" e, é claro, "Time Warp". A mistura de sexualidade descarada, tiraI
II, Figurinos alucinantes e frases de duplo sentido é diferente de tudo o que
i
c inema. É fácil entender por que as canções fáceis de decorar e os diá-
i mirnte citáveis se tornaram um sucesso tão grande entre os fãs, sendo que os i inados se vestem como os personagens, encenam partes do filme I
li ".'.iies e levam adereços para usar em partes específicas do filme - por
i liigam arroz na cena do casamento. The Rocky Horror Picture Show pode não
Hlltll para
I Itll li JB
se assistir com toda a família, mas ainda assim é uma fantástica
índia (Trimurti) 174 min. Cor
DEEWAAR
Idioma: hindi
Yash Chopra teve a sua própria produtora, onde criou um estilo particular de romances
Direção: Yash Chopra Produção: Gulshan Rai Roteiro: Javed Akhtar, Salim Khan Música: Rahul Dev Burman Elenco: Parveen Babi, Amitabh lí.ichchan, Iftekhar, Shashi Kapoor, Satyen Kappu, Yunus Parvez, Nirupa Koy, Neetu Singh
(1975)
entre a burguesia urbana e próspera. Mas Deewoar (O muro), produzido pela Trimurti Fllms de Gulshan Rai, está mais próximo de um filme de ação, guiado por um dos melhores roteiros da história dos filmes em hindi, escrito pelos melhores rotelrlstas dos anos 70, Salim Khan e Javed Akhtar. Deewatrr é, em muitos pontos, uma versão urbana do clássico de 1957 de Mehboob Khan, Mother índia, embora a ênfase tenha sido deslocada da mãe para o filho rebelde, acompanhando a sua vida da infância à morte. A maior estrela da índia de todos os tempos, Amitabh Bachchan Interpreta Vijay Verma, num dos maiores papéis de sua carreira: uma criança Inocente cuja família é Injustiçada e que toma a lei em suas próprias mãos em busca de justiça. Dcei/vaaré raro por sua falta de músicas, havendo apenas um número de abertura e uma canção de cabaré, em vez das costumeiras seis a dez músicas das quais dependia o sucesso dessas produções e pelas quais Yash Chopra é especialmente famoso. O filme se sustenta sem essas atrações, gerando o seu próprio interesse em momentos memoráveis de Imagens e diálogos. Bombaim é uma locação espetacular. Há cenas filmadas em suas docas, nas ruas movimentadas e em seus luxuosos hotéis e mansões. Bachchan aparece, então, em trajes de trabalho, usando calças brancas e camisa azul, brigando com um bando de vilões em um armazém, em diálogos estilizados que contribuem para criar um novo sentido de "cool". Um dos diálogos mais famosos na história dos filmes em hindi se dá entre Vijay e seu Irmão Ravi (Shashi Kapoor), que se tornou um policial em sua própria busca de justiça. Vijay argumenta que ele conquistou a riqueza mas Ravl não tem nada. Esta é a resposta de Ravi: "Mere paas maa hal." ("Tenho ,1 mamãe.") O relacionamento de Vijay com uma garota de programa, excepcionalmente mostrada em detalhes explícitos, é obscurecido pela devoção à sua mãe. No final do filme, esse ateu declarado morre nos braços da mãe em um templo, dizendo que nunca pôde dormir longe dela, em uma cena de morte célebre e Simbólica. RDw
i'l I
M O N T Y P Y T H O N - E M B U S C A DO CÁLICE S A G R A D O (1975)
Inglaterra (Michael White, National Film Trustee, Python) 91 min.
Technicolor
(MONTY P Y T H O N A N D THE HOLY GRAIL)
Direção: Terry Gilliam, Terry Jones
liiiln 1 imieçou com uma série de televisão chamada Monty Python's Flying Circus, aprelu as maluquices verbais e visuals de uma equipe de comediantes composta por llliin lalcntosos ingleses (John Cleese, Michael Palln, Eric Idle, Terry Jones c Graham (hnpnian) e um americano chamado Terry Gilliam, cujas animações feitas com recortes 1 i l i vinhetas entre os amalucados esquetes do programa. 1
produtora da série, parece ter ficado um tanto surpresa pela natureza anári|ul> ,1 das figuras que tinha colocado no ar, mas o programa se manteve com certa coniile entre 1969 e 1974. Tentar repetir o sucesso na grande tela parecia a próxima •tapa lógica, especialmente porque o filme reunindo alguns esquetes, And Now for "< 1 Completely Different, tinha sido bem recebido em 1971. A combinação desses levou à produção, cm 1975, de Monty Python - Em busca do cálice
sagrado,
" n lodo o grupo e co-dlrlgido por Gilliam e Jones. 111 cão do filme em si teve aspectos tão cômicos quanto um esquete do grupo, tin primeiro lugar, os dois diretores não formavam uma dupla compatível: tinham lilcrentes quanto ao estilo do filme e Gilliam se irritou com a tendência de Jones II ,1 grandiosidade de seus cenários com enquadramentos fechados. Além III oolismo de Chapman (que interpretava o Rei Artur) estava em seu auge, por i i indo com que a estrela da produção fosse literalmente Incapaz de pronunciar li.1 1 il.r, enquanto a camera rodava. mios sabem que é impossível controlar o Monty Python: o grupo triunfou <•.' problemas tão rapidamente quanto deu a volta por cima do orçamento i" L i n de produção. Quem viu o filme se II ' da forma hilária como os cavaleiros liilando sobre os próprios pés, ba, para imitar o ruído dos cascos de 1* A Inspiração para esse humor surrea" "' lia um golpe de genialidade cômica, in I necessidade de ter que mover os niii', de um lugar para outro com um 1,10 baixo que era Inviável usar 1 i l " .Ir verdade! ih quase todos os grandes trabalhos I'yl hon, o Cálice sagrado é uma pa" • 1 um arestas políticas, destruindo o • i d " poder do Ocidente enquanto, mpo, detona, no melhor estilo de 1 (adicionais Indo desde o desi " l"'iirvolente até a masculinidade .1.1. E. sim - o filme gera risadas
Produção: Mark Forstater, Michael White Roteiro: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, Terry Jones, Michael Palin Fotografia: Terry Bedford Música: De Wolfe, Nell Innes Elenco: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, let 1 v Jones, Michael Palin, Connie Booth, Carol Cleveland, Nell Innes, Bee Duffell, John Young, Rita Davies, Avrll Stewart, Sally Klnghorn, Mark Zycini
Inglaterra (Hawk, Peregrine) 184 min. Lastmancolor
Idiomas: Inglês / alemão / francês Direção: Stanley Kubrick Produção: Stanley Kubrick, Bernard Williams Roteiro: Stanley Kubrick, baseado no nun.ince de William Makepeace lliackeray Fotografia: John Alcott
BARRY LYNDON
(1975)
Talvez o filme mais subestimado de Stanley Kubrick, Barry Lyndon - adaptado do romance picaresco de William M. Thackeray, The Memoirs of Barry Lyndon, Esq, as Told by Himself, de 1844 -, se situa no século XVIII da mesma forma como Laranja mecânica i 200V. uma odisséia no espaço se situam no futuro, com cenários, figurinos e fotografia perfeitos aprisionando personagens cujas ascensões e quedas são, ao mesmo tempo, profundamente trágicas e absurdamente cômicas. Narrado de forma paternal por Michael Hordern, que substitui o herói de primeira pessoa ironicamente egoísta de Thackeray com a melancolia de uma terceira pessoa sá
Música: Leonard Rosenman
bia, o filme segue as desventuras de Redmond Barry (Ryan O'Neal), um belo jovem Irian
Música não original: The Chieftains,
dês forçado a abandonar a sua cidade natal depois de um duelo com um oficial inglês
Johann Sebastian Bach, Georg I Mellrich Händel, Wolfgang Amadeus Mozart, Giovanni Palsiello, Franz Schubert, Antonio Vivaldi Elenco: Ryan O'Neal, Marisa Berenson, Patrick Magee, Hardy
covarde (Leonard Rossiter). Despojado da sua pequena fortuna por um gentil ladrão dl estrada, Barry junta-se ao exército britânico e luta na Guerra dos Sete Anos, ao lado do exército prussiano. Tendo recebido de seu antigo capitão ,1 1.11 cl.1 de espionar um vigarista (Patrick Magee), acaba passando para o lado deste, foge da Prússia e, juntos, levam uma vida de jogatina pelas cortes européias. Almejando subir ainda mais, nosso
Ktüger, Steven Berkoff, Gay Hamilton,
herói realiza tudo o que podia desejar casando-se com a rica, nobre e bela viúva Lady
M,n ie Kean, Diana Körner, Murray
Lyndon (Marisa Berenson). Um sinal da disposição de Barry para humilhar-se em troca de
Melvln, Frank Middlemass, André Morell, Arthur O'Sullivan, Godfrey Qttlgley, Leonard Rossiter, Philip Stone, Leon Vitali Oscar: Ken Adam, Roy Walker, Vernon Dlxon (direção de arte), John Alcott
(fotografia), Ulla-Brltt Söderluncl,
Milena Canonero (figurino), Leonard Rosenman (música)
indicação ao Oscar: Stanley Kubrick
(melhor filme), Stanley Kubrick
(diretor), Stanley Kubrick (roteiro)
recompensas mundanas é ter passado a usar, após casado, o título de nobreza do primeiro marido de sua esposa. Contudo, o restante da história nos revela que, assim como o protagonista do filme anterior de Kubrick, Barry tampouco pode ser uma "laran ja mecânica", e seus hábitos perdulários, a tola husi ,1 de asi ensao social e o desprezo de seu enteado (Leon Vitali) levam a vários desastres, culminando eira outro terrível (ainda que falsest o) duelo. I limado por John Alcott usando apenas luz natural, quase sempre na "hora mágica" - o momento do dia em que a luz possui uma nebulosidade perfeita -, e fazendo uso Inovadoi de lu/ de velas para os Interiores, as Imagens de Mm/y lyndoií
possuem grande
beleza, mas sua perfeição é conjugada com a turbulência Interior dos personagem aparentemente congelados. Kubrick é multas vezes acusado de não expressar emoções, mas a sua contenção aqui é ainda mais tocante. KN
O DIREITO DO M A I S FORTE
(1975)
l A I I S T R E C H T DER FREIHEIT 1 lislco de Rainer Werner Fassbinder tem sido muitas vezes retratado como o estudo ÍtOr/roteirista/ator bissexual sobre a autodeprcclação homofóblca. Contudo, a trama l/r fto do mais fone diz respeito menos à sexualidade do que à classe social. O filme Abre a ilusão que o trapaceiro gay de classe baixa Franz "Fox" Bibcrkopf (Fassbinder) a si ender ao domínio dos ricos e famosos depois de ganhar 500 mil marcos || H I loteria e repentinamente tornar-se o centro das atenções amorosas do belo 1 ugen Thiess (Peter Chatel). Inicialmente, Fox, com sua energia impulsiva, libido 1 ll e a malandragem das ruas, parece dominar a relação, colocando-se em nítido Me om Eugen e o mundo de convenções sociais sem vida de seu círculo de amigos, llmente, contudo, a sua força bruta é domada pelo tratamento condescendente de 1 1 transferência de culpa e a manipulação. Fox pode ser um predador bem-sucedldo 1 • ilide imperam os criminosos e prostitutas, mas, nos belos salões dos capitalistas É '
íegunda linha), não é páreo para vampiros Insensíveis como Eugen. blndei torna a viagem fatídica de Fox ainda mais dolorosa ao nos convidar a LI 11 os sinais de sua queda bem no início - o primeiro e mais fatídico deles h i paixão cega e reverência pelo estilo de vida de Eugen. O filme dramatiza de
11
r.ini c os caminhos pelos quais os meios de comunicação de massa vender)u por status social e riqueza às classes operárias do pós-guerra por melo publicitários, revistas coloridas e novelas. O inesquecível plano final - em
• ' destituído por Eugen de todo o seu dinheiro, bem como de sua dignidade 11 ás desfalecendo ou talvez morrendo no metrô, com seu coração partido, 1.1
ml" seus últimos pertences furtados por alguns rapazes - foi criticado como melodramático. Mas o destino de Fox possui uma conexão com o de outros ados Franz - principalmente os interpretados por Fassbinder -, como, por seu O amor é mais frio que a morte (1969). A referência mais significativa, morte trágica de outro Franz Biberkopf, protagonista do romance Berlin de Alfred Dõblln (adaptado por Fassbinder, cinco anos depois, para a .1 das descrições mais contundentes da morte em uma sociedade em lloi humano possui uma etiqueta de preço. MT
Alemanha Ocidental (City, Tango) 123 min. Eastmancolor Idioma: alemão Direção: Rainer Werner Fassbinder Produção: Rainer Werner Fassblndci Roteiro: Rainer Werner Fassbinder, Christian Hohoff Fotografia: Michael Ballhaus Música: Peer Raben Elenco: Peter Chatel, Rainer Werner Fassbinder, Adrian Hoven, Christiane Maybach, Hans Zander, Kurt Raab, Rudolf Lenz, Karl Scheydt, Peter Kern, Karl-Heinz Staudenmeyer, Walter Sedlmayr, Bruce Low, Brigitte Mira, Evelyn Künneke, Barbara Valentin
França (Armorial, Sunchild) 120 min.
INDIA SONG
I astmancolor
Não há espaço para qualquer meio-termo quando se assiste aos filmes de Marguerite
Idioma: francês Direção: Marguerite Duras Produção: Stéphane Tchalgadjleff Roteiro: Marguerite Dutas Fotografia: Bruno Nuytten Música: Carlos d'Alesslo Elenco: Delphine Seyrig, Michael
(1975)
Duras: ou se conclui que o trabalho é sedutor ou então pretensioso, sem que os dois pontos de vista sejam mutuamente excludentes. Os seus filmes são basicamente uma extensão de sua obra literária e os espectadores cm sintonia com a produção de filmes experimentais europeus das décadas de 60 e 70 notarão afinidades com a produção dos diretores Alain Rosnais (um colaborador de Duras) c Alain Robbe-Crlllet, tanto temática (as explorações dos efeitos que a passagem do tempo causa na memória, assim como
I onsdale, Claude Mann, Mathleu
a identidade de personagens enigmáticos) como formalmente (um tom lânguido
Carrière, Didier Flamand, Vernon
ajudado por travellngs lentos).
Dobtcheff, Claude Juan, Sataslnh Manila, Nicole Hiss, Monique slmonet, Viviane Forrester, Dionys Mascólo, Marguerite Duras, Françoise I ebrun, Benoît Jacquot
Indirj Song (Canção Indiana) é a conquista mais notável de Dutas, uma evocação hipnótica da Calcutá de 1937 (filmada quase Inteiramente perto de Paris), com Delphlnc Seyrig no papel da esposa rica de um diplomata francês, entrando em colapso sob o peso do aborrecimento e da angústia. Duras criou um poema elíptico e onírico, em vez de uma narrativa linear, mas India Song é mais fascinante pot seu uso do idioma e do som como um contraste para as imagens sendo exibidas. A diretota cria uma desorientação auditiva por melo de gritos estridentes fora da tela, diálogos sobrepostos e contraditórios e narração enganosamente deslocada, fornecendo um contrapontn Irregular âs imagens lentas. A continuação de Duras para este filme, Son Nom dc Vcnlsc dans Calcutta
Désen
(1976), usa a trilha sonora completa de India Song, porém acompanhada por imagens diferentes. Este não é um filme facilmente acessível, mas é fascinante. TCr
Austrália (AFC, BEF, McElroy & McElroy, SAFC) 115 min. Eastmancolor Idioma: Inglês Direção: Peter Weir
PIQUENIQUE N A M O N T A N H A MISTERIOSA (1975) (PICIMIC AT H A N G I N G ROCK) Uma história dc fantasmas sem fantasmas, um quebra-cabeça sem solução e um filme
Produção: A. John Craves, Patricia lovell, Hal McElroy, Jim McElroy
de repressão sexual sem sexo - Piquenique na montanha misteriosa, de Peter Weir, per-
Roteiro: Cl iff Green, baseado no livro
manece Indecifrável.
de Joan Lindsay
A própria história é enganosamente simples: um grupo dc alunas de uma escola
Fotografia: Russell Boyd
australiana só para moças vai fazer um piquenique no Outback (Interior da Austrália).
Música: Bruce Smeaton
Após a caminhada até o topo da montanha que dá título ao filme, três meninas e uma
Música não original: Bach, Mozart, Beethoven
professora desaparecem, sem deixar pista alguma. Cresce a suspeita de que algo mais
Elenco: Rachel Roberts, Vlvean Gray, Helen Morse, Kirsty Child, Tony I lewellyn-Jones, Jacki Weaver, Frank Gunnell, Anne-Louise Lambert, Karen Robson, Jane VaIlis, Christine Schüler, Margaret Nelson, Ingrid Mason, Jenny Lovell, Janet Murray
terrível do que um mero acidente aconteceu naquele dia. Quando uma estudante final mente retorna, sua mente está completamente em branco. Com a compreensão pro funda de que o medo do desconhecido muitas vezes supera qualquer fantasma teal, Weir não esclarece muitos dos mistérios que se situam no centro de seu filme. Tal como nos é apresentada, a excursão em sl parece um sonho febril ou uma alucinação, uma miragem turva provocada pelo calor escaldante do deserto, e o filme possui um clima Inquietante, ainda que Weir tenha evitado usar os meios mais comuns de aumentar o suspense. Uma exceção conspícua é a trilha eletrônica de Bruce Smeaton, espectral, cantarolando como um chamado de outra dimensão. JKI
MAYNILA: S A M G A KUKO NO L I W A N A G (1975) ISO ile baixo orçamento cie Lino Brocka foi revolucionário para o cinema filipino nua sendo considerado, por muitos, como o melhor filme já feito naquele país. '•nibol Roco), um pescador pobre, vai a Manila para procuraro seu amor perdido, (Hilda Koronel). Trabalhando em um canteiro de obras, ele se vê às voltas com a ii .10 dos capatazes e, após desventuras diversas, acaba caindo na prostituição Una, em busca do brilho da luz néon a que alude o título (Manila sob o brilho do 1 malmente, descobre que Ugaya foi recrutada por um bordel e é mantida lira por um chinês. A tentativa de Julio de liberta la - e libertar a si mesmo - do de Manila termina em drama. lime captura a dureza da pobreza urbana por meio de uma trilha sonora Invasiva I lindos industriais, sons de tráfego e o burburinho das multidões são proemlnenI a 1 iiieza da gravação e da mixagem contribuindo para uma tensão esmagadora, 111 pouco reduzida pelos sintetizadores e pelas músicas que imitam Ennio ine. As imagens do aprisionamento urbano e da dor são contrastadas com flash nitentes do passado idílico dos amantes de uma maneira direta que de' iimpromisso de Brocka com o melodrama. A elevada quantidade de homoeroinipllada por clipes do Rei dos Kc/s, de Nicholas Ray (1961), a que o herói e a heroína inem um cinema - antecipa o filme posterior de Brocka, Mocho Dcinccr (1988). CFu
Filipinas 125 min. Cor Idiomas: tagalo / filipino Direção: Lino Brocka Produção: Severino Manotok Roteiro: Clodualdo Del Mundo Jr. Fotografia: Mike De Leon Música: Maxjocson Elenco: Bembol Roco, Hilda Koronel, Lou Salvador, Princess Reymundo, Juling Bagabaldo
Itália / França (Artistes Associes, PEA) 117 min. Eastmancolor Idioma: italiano Direção: Pier Paolo Pasollni Produção: Alberto De Stefanls, Antonio Cirasante, Alberto Grimaldi Roteiro: Pler Paolo Pasollni, Roland Batthes, Maurlce Blanchot, Sergio
OS120DIASDESODOMA(1975)
(SALÒ 0 LE CENTOVENTI GIORNATE Dl S O D O M A ) O argumento de Os 120 dias de Sodoma é baseado na obra de mesmo título do Marquei de Sade, que deu o seu nome à forma de perversão sexual específica que o filme explora. Embora a narrativa seja em muitos aspectos diferente do livro de Sade, aindl assim conserva a sua essência. O projeto do Marquês de Sade era em parte político, visando satirizar as Instituições dominantes em sua época, sobretudo a Igreja Católica.
Citti, Plerre Klossowski, baseado no
Pasollni também era fervorosamente anticlerical, mas relaciona Sodomn diretamente .1
livro Saio ou les 120 journées de
história Italiana.
Sodome, do Marquês de Sade Fotografia: Tonino Deli Colli Música: Ennlo Morrlcone Elenco: Paolo Bonacelll, Giorgio Cataldi, Umberto Paolo Quintavallc,
O filme é passado em Salò, uma república que durou pouquíssimo tempo e onde Mussolini estabeleceu sua última base de resistência no final da Segunda Guen.i Mundial. Pasollni se viu envolvido nesses eventos e seu irmão foi morto em Salò. N.i fantasia de Pasollni sobre esse episódio da guerra, quatro libertinos fascistas têm o
Aldo Valletti, Caterina Boratto,
poder total sobre um grupo de prisioneiros jovens e atraentes de ambos os sexos e
llélène Surgère, Sónia Savlangc, Elsa
submetem nos a uma setie de torturas sexuais c humilhações. I sias sao apresentadas
De Giorgi, Ines Pellegrini, Rinaldo
pelo diretor em unia série de cenas friamente loiniais que sao 1 iirlosamente destitui
Mlssaglla, Giuseppe Patruno, Guido Calletti, Efisio Etzl, Cláudio Troccoll, Fabrizio Menichlni
das de qualquer tensão erótica. Nao ha tampouco a Intenção der arai teta/ar os persoii.igcns: ,11
, llherl Inos sao pouco definidos, em termos de personalidade, e parecem
não obter nenhum prazer verdadeiro de sua devassidão, enquanto suas vítimas são basicamente anônimas, simplesmente corpos a serem abusados e penetrados. A Intenção de Pasolini foi transformar o uso Ilimitado do poder, levado à mall] radical degradação sexual, em uma inetalora do propilo fascismo, visto como unia filosofia que adora o poder como (¡111 em sl mesmo. H á outras mensagens, contudo, Um libertino e Identificado como um bispo e, a certa altura, duas das vítimas são submetidas a uma espécie de cerimônia de matrimônio, embota a consumação seja interrompida pelos libertinos, que interpõem os seus próprios corpos na união dos recém-casados. E, em uma cena especialmente notória, uma jovem nua é obrigada .1 comer excremento - Pasollni sempre argumentou que se trata de uma metáfora sobre o capitalismo de consumo de massa e sua produção de junk food. O filme termina em uma orgia da crueldade: as vítimas são estranguladas e escalpadas, línguas são cortadas e mamilos são queimados. Tudo transcorre ao som de Carmina
Burana,
a famosa obra de Carl Orff que Pasolini também
considerava música fascista, além de uma leitura dos Cantos de Ezra Pound, o poeta americano que apoiou Mussolini. As obscenidades que o filme apresenta têm um poder inegável de chocar, e possivelmente o mais perturbador é que, nesse ponto de sua carreira, Pasollni tinha, quando muito, uma atitude ambígua em relação ao corpo e à sexualidade. Se o objetivo da pornografia é estimular o de sejo sexual, Sodoma não caberia na definição, porque o seu efeito e, pre sumlvelmente, o seu fim são gerar repugnância. Um pouco depois de este filme radical e perturbador ter sido conclui do, e antes mesmo que fosse lançado, Pasollni foi assassinado. O seu filme foi perseguido ou proibido em muitos países e só recentemente tornou-se disponível para o público em geral na Inglaterra e nos Estado-, Unidos. EB
NASHVILLE
«1975)
Nashvilk, de Robert Altman, foi lançado na interseção de dois períodos importantes da hll tória americana. Veio após os escândalos combinados de Watergate e do Vietnã, que dii nuíram a fé da América em seu governo e deram origem a um mal-estar nacional cínico, 1 precedeu a celebração do bicentenário do país, destinada a honrar os valores e crenças qu criaram os Estados Unidos. Altman reconheceu a hipocrisia de celebrar as raízes de un nação em seu momento de maior fraqueza e essencialmente situou o seu épico no COM- |I populista do próprio show business: Nashvllle, centro da música country americana. Com tantas coisas acontecendo no plano cultural, Altman tentou transportar ess confusão para as telas. NashvWe
inclui duas dúzias de personagens principais
numerosas linhas de enredo, tudo aparentemente colidindo de maneira caótica, ma na prática, cuidadosamente controlado pelos Instintos aguçados de direção de Altman Ao longo de cinco dias, um festival de música e uma campanha política cruzam (.um nhos (e destinos), o Altman compara a loucura da política com o amorallsmo e | desonestidade da Indústria de entretenimento. I nirenienies, povoando o
saico de Altman, surge uma ampla e ricamente 1 li-
nhada variedade de personagens, alguns movidos por ambições cegas mas outro .ibcrUmenlc se agarrando a um mundo que desm
ia cm torno deles. São esses pi
quenos personagens que sobressaem em melo ao vasto elenco e à história irregul.n. c espectador acaba torcendo por seu êxito e felicidade. Mas esses, assim como todos 01 personagens de Nnshvi/le, oscilam como bóias em um mar de fracasso e recusa de acel tacão. Esse efeito é ampliado pelos famosos diálogos superpostos de Altman, qu* EUA (ABC, Paramount) 159 min.
constantemente desloca a atenção dos espectadores para os menos esperados cantos il.i
Metrocolor
tela e em direção a um rosto nada lamiliar em meio ,1 multidão, que pode ou não desem
Idioma: inglês Direção: Robert Altman Produção: Robert Altman Roteiro: Joan Tewkesbury Fotografia: Paul Lohmann Música: Arlene Barnett, Jonnie Barnett, Karen Black, Ronee Blakley,
penhar um papel importante na história (ou na pouca história que possa existir). Em vez de uma narrativa direta, Ahman liabalha com vários temas, mas nuiim ressalta um deles cm detrimento de outro. Em vez disso, usa a música country (esi rltl e exeinlada por seus .1101 rs) como sr Inssr uni 1:1
lo teatro grego clássico, dirigindo
o fluxo do filme com suas canções populares e passividade banal. Quando o fllmi termina, não fica muito claro qual é exatamente o tema de Nashville, mas está beffl
Gary Busey, Keith Carradine, Juan
certo que algo foi transmitido por seus personagens pitorescos. O filme é um retrai" d
Grizzle, Allan F. Nicholls, Dave Peel,
vida cm tempo dc guerra, uma luta em busca da identidade da nação americana 1
Joe Raposo Elenco: David Arkln, Barbara Baxley, Ned Beatty, Karen Black, Ronee Blakley, Timothy Brown, Keith
( arradine, Geraldine Chaplin, Robert
DoQui, Shelley Duvall, Allen Garfield,
Henry Gibson, Scott Glenn, Jeff
Goldblum, Barbara Harris, LllyTomlin
Oscar: Keith Carradine (canção)
Indicação ao Oscar: Robert Altman (melhor filme), Robert Altman (diretor), Ronee Blakley (atriz
coadjuvante), LilyTomlin (atriz coadjuvante)
momento em que coisas assim pareciam ter pouca importância. JKI
C H I A CUERVOS
(1975)
ilcs lhe arrancarão os olhos!" É o que diz o ditado espanhol, equivalente * olhe aquilo que planta", e que deu ao filme mais querido de Saura o seu n i Ana, interpretada pela extraordinária Ana Torrent, acotda uma noite e nlas: sons estranhos parecem estar emanando do quarto de dormir de seu ubiiamente, uma mulher sal pela porta e foge da casa. Seu pai, um militar i nico. está morto, e de alguma forma Ana está certa de que a culpa c dela pi lis dessa abertura assombrosa, Cria cuervos se transforma cm uma crônica nas Irmãs conforme vão passando pelos percalços do amadurecimento, « i ' " " , i ' " , l I ' a i r , poucos o que a liberdade poderia ser. Iiieralmente enquanto Franco estava em seu leito de morte, o filme segue la vida sob o fascismo como uma espécie de infância retardada - vista em i ilmes espanhóis do período -, ainda assim tratando o tema com uma una graciosidade refrescantes. Geraldine Chaplln, a musa constante de i 11 iodo, está maravilhosa em um papel duplo como a mãe de Ana, abatida a Ana adulta que reflete sobre esses eventos de seu passado. Sua preseniiiii a Ana adulta parece deixar Implícito que o fascismo já é uma coisa do "portado com dificuldade mas que, no fim, é vencido. RP
Espanha (Elias Querejeta, Querejetl , Garate, Elias) no min. Eastmancoloi Idioma: espanhol Direção: Carlos Saura Produção: Carlos Saura Roteiro: Carlos Saura Fotografia: Teodoro Escamllla Música: Federico Mompou Elenco: Geraldine Chaplln, Mónica Randall, Florinda Chico, Ana Torrem, Hector Alterio, Germán Cobos, Mina Miller, Josefina Diaz, Conchita 1'eiiv, Juan Sanchez Almendros, Mayte Sanchez Festival de Cannes: Carlos Saura (prêmio do Júri), empatado com A Marquesa d'0, indicação (Palma de Ouro)
Grécia (Papalios) 230 min. Cor
A V I A G E M DOS C O M E D I A N T E S
(1975)
Idioma: grego
(OTHIASSOS)
Direção: Theo Angelopoulos
Desde o Início da década de 70, o diretor grego Theo Angelopoulos explorou Incansável
Produção: Giorgis Samlotis Roteiro: Theo Angelopoulos Fotografia: Yorgos Arvanltis Música: Loukianos Kilaldonis Elenco: Eva Kotamanidou, Allki Georgouli, Stratos Pahis. Maria Vassiliou, Petros Zarkadis, Kiriakos
mente uma paisagem que em grande parte permaneceu não vista no cinema. O seu assunto é a Grécia - não a terra cheia de sol das brochuras de viagem, mas as terras invtl nais do Norte, situadas em uma geografia balcânica e limitadas tanto por seu passado clássico quanto pelo moderno e por suas fronteiras geográficas. Tendo sido crítico em um jornal socialista, Angelopoulos dizia que a Junta dos coronéis lhe fornecera seu tema ( fizera com que desejasse compreender as raízes históricas da ditadura. Filmou A viagem
Katrivanos, Yannis Flrlos, Nina
dos comediantes
Papazaphiropoulou, Alekos Boubls,
uma versão do mito de Orestes passado no tempo da ocupação alemã. Não deixa de sei
Kosta Stillaris, Greg Evaghelathos, Vangelis Kazan Festival de Berlim: Theo Angelopoulos (Prêmio Interfllm, Fórum do Cinema Novo) Festival de Cannes: Theo Angelopoulos (Prêmio FIPRESCI, seções paralelas)
em relativo segredo, dizendo às autoridades que estava trabalhando ílfl
correto: em seu filme, uma companhia de atores viaja pela Grécia entre 1939 e 1951 tentando executar uma peça popular, Coifo, a pastora. Contudo, sempre são inten pidos pela História - desde a ocupação alemã até a guerra civil, passando pela asceir. Ifl do governo de Papagos - e suas tentativas de encenar a peça na frente de um pano 1I1 fundo pintado e gasto são invariavelmente Interrompidas por tiroteios, fugas ou morte», Os próprios membros da companhia de artistas reencarnam figuras da Orestèla * Egisto (Vangelis Kazan) é um colaborador nazista, Orestes (Petros Zarkadis) um parti dârio comunista, Agamêmnon (Stratos Pahls) o líder traído da companhia de artistas. Nu sentido convencional, são menos personagens do que arquétipos ou mesmo espíi 111 Essa mesma companhia de artistas, com os integrantes que haviam sido mortOI retornando novamente vivos, ressurge de forma fantasmagórica no filme de 198H de Angelopoulos, Paisagem na neblina.
Em A v/agem, o tempo e o espaço têm a mesma
qualidade incerta que o caráter. Um único plano pode passar livremente de um perimiu
i
filme começa com os atores de pé, juntos, em 1952, para terminar
n u limpamento quase idêntico em 1939. Wlopoulos é um dos grandes cineastas das paisagens, um especialista li-, momentos onde o espaço - seja uma praia, uma praça na cidade, Ita de montanha-se transforma em palco para um vasto panorama 1 * Mas é também um diretor que faz filmes sobre movimento, sobre • 1111 trens, carros, ônibus, a pé e, acima de tudo, no Imaginário. Citando is e Kenjl Mizoguchl como as suas influências primárias, Angelo 1 Hihecido
- junto com o seu clnegrafista de longa data, Yorgos
como um especialista em longas tomadas fluidas e precisamente ilidas. A viagem dos comediantes é um grande exemplo disso, sendo 1
le quatro horas que possui apenas 80 planos. No mais especial dcn 1 * .micra e os atores movem-se de tal modo que o tempo c o espaço 1 Irai pelo avesso, elásticos como em uma fita de Mocblus. lopoulos é também um diretor magistral de movimentos de inultlqOências grandiosas, como um plano característico, recorrente ao •te Mime, que mostra um grupo de pessoas andando por uma cidade 1
i"i
enquanto a câmera passeia pelas ruas - em outro ano, possivelmente
.iniinho de outro grupo ainda maior. Os seus filmes sugerem uma teoria da no uma espécie de procissão - ao mesmo tempo funeral c manifestação .lantemente cruzando seus próprios caminhos, modificando sua direção e ideológicas. Em A viagem dos comediantes, o movimento em si se torna •ma aguda e flexível para a análise histórica. JRom
EUA (Universal / Zanuck-Brown) 124 min. Technicolor Idioma: Inglês Direção: Steven Spielberg Produção: David Brown, Richard D. Zanuck Roteiro: Carl Gottlieb, baseado no livro de Peter Benchley Fotografia: Bill Butler Música: John Williams Elenco: Roy Schelder, Robert Shaw, Richard Dreyfuss, Lorraine Gary, Murray Hamilton, Carl Gottlieb, Jeffrey Kramer, Susan Backlinie, lonathan Filley, Ted Grossman, Chris Rebello, Jay Mello, Lee Fierro, Jeffrey Voorhees, Craig Kingsbury Oscar: Verna Fields (edição), John Williams (música), Robert L. Hoyt, Roger Heman Jr., Earl Mabery, John R. Carter (som) Indicação ao Oscar: Richard D. /anuck, David Brown (melhor filme)
TUBARÃO
(1975)
(JAWS) Ao longo de sua carreira, seja com Parque dos dinossauros, a aventura de Michael Crlchton, ou com A Hsta de Schlndlcr, o drama cie Thomas Keneally sobre o holocausto, Steven Splelberg tem sido um mestre cm adaptar romances para o cinema. Contudo, nenhuma dessas adaptações foi mais impressionante do que o seu primeiro sucesso, baseado no livro de suspenso Tubarão, de Peter Benchley. Essencialmente uma ficção pulp sobre um tubarão assassino que aterroriza a clda de de veraneio de Amity Island, na Costa Leste, o filme se tornou, nas mãos de Spiel berg (e com a ajuda de muito dinheiro em propaganda), o primeiro grande "filme-even to" de verão. Campanhas publicitárias antes do lançamento atiçaram o boca-a-boca e, quando o filme estreou, as filas davam voltas no quarteirão conforme as pessoal assistiam, contavam aos amigos e voltavam para assistir de novo. Um dos muitos prazeres desta aventura é o elenco. Roy Scheider está perfeito comn o policial de Amity que nota que os torsos mastigados que surgem na praia local devi' riam ser razão suficiente para manter os banhistas na areia, mas é incapaz de conveu cer o prefeito de que há motivo para preocupação. Por sorte, cie tem ao seu lado o especialista Matt Hoopcr (Richard Dreyfuss) c o velho lobo do mar Quint (Robert Shaw, ex< e lente) e logo há três homens prontos para enfrentar a máquina devoradora dos mares, levando a um confronto final, no estilo daquele do Capitão Ahab contra Moby Dick, que c Igualmente tenso quando se assiste pela décima ou pela primeira vez. Spielberg, é claro, merece os créditos por ter sido o primeiro a fazer toda uma geração pensar duas vezes antes de encostar um dedo no mar. Mexendo com nosso medo do dei conhecido, ele constrói um clima de tensão crescente revelando aos poucos o tubarão ai som da hoje famosa trilha de John Williams. Ocultar a fera assassina ao máximo foi em parte uma estratégia para nos manter na ponta da cadeira, em parte a consciência de que o tubarão de borracha (apelidado de "Bruce") usado no filme pareceria tão mais real quanin menos fosse mostrado de fato. Seus truques, dignos de Hitchcock, obviamente fundo
i
naram, já que esta história com um roteiro inteligente e dirigida com pulso firme permi nece até hoje o mais assustador dos filmes passados no mar. JB
A MORTE DE U M B O O K M A K E R CHINÊS (1976) ( U l i KILLING OF A C H I N E S E BOOKIE) primeiro thriller sobre crimes de John Cassavetes, uma obra-prima do cinema • Me filme fracassou miseravelmente nas bilheterias ao ser lançado e, dois anos • I relançado em uma versão editada e encurtada, que também não obteve • \ primeira e mais longa das versões é, de certa forma, a melhor e mais fácil de I ar, apesar (ou por conta) de correr o boato de que Cassavetes não esteve tão ligado à edição - ainda que certamente a tenha aprovado. Um estudo de liilade pessoal e profundo, fugindo do que poderia ser um filme de ação comum, •
um bookmaker
chinês acompanha a trajetória de Cosmo Vitclli (Ben Gazzara
EUA (John Cassavetes) 108 min. Cor Idioma: Inglês Direção: John Cassavetes Produção: Al Ruban Roteiro: John Cassavetes Fotografia: Mitch Breit, Al Ruban Música: Bo Harwood Elenco: Ben Gazzara, Timothy Caiey. Seymour Cassei, Robert Phillips, Allic Frlcdland, Soto Joe Hugh, Al Ruban, Azizi Joharl, Virginia Carrington, Meade Roberts
iiige), o carismático proprietário de um clube de strip-tease em Los Angeles, • m e n t e um canalha e um santo, que aposta sem restrições até se afundar em
prei
Isa matar um bookmaker chinês para acertar as suas contas,
muitos aspectos o filme setve como um testamento pessoal. O que torna o • m traglcômico de Cosmo tão comovente é Identificá-lo como um alter ego 1
o orgulhoso empresário e figura paternalista de um grupo do showblz em
I
ir. (leia-se os atores e a equipe de produção de Cassavetes) que deve com-
i i aia ética para manter a sua pequena família (leia-se a carreira de Cassavetes • a de Hollywood). Peter Bogdanovich usou Gazzara em um papel semelhante i " iln (1979), mas, por melhor que este último seja, não possui a ternura e a le sentimentos do drama/comédia trágico de Cassavetes. JRos
CAItRIE, A E S T R A N H A
(1976)
II A l l l l l l )
los anos 70, Brian De Palma já tinha passado mais de uma década aperfeiiiilluèncias díspares, reunindo Alfred llilchcock, rock 'n' roll c sátira polítl ile Inl seu primeiro grande sucesso. É um melodrama de horror operístico "In d. o sobrenatural e filmes para adolescentes. Continua sendo a melhor 1 l i n a para o cinema de um livro de Stephen King.
inaugurou a tendência de Brian De Palma de ir sem aviso da fantasia à reaiii na abertura, que passa de uma fantasia levemente pornográfica com
I llld
EUA (Redbank) 98 min. Cor Idioma: inglés Direção: Brian De Palma Produção: Brian De Palma, Paul Monash Roteiro: Lawrence D. Cohen, baseado no livro de Stephen King Fotografia: Mario Tosi Música: Pino Donaggio Elenco: Sissy Spacek, Piper Laurie.
11.nulo banho para a real menstruação de Carrle, o primeiro sinal de "estra-
Amy Irving, William Katt, Betty
I 1 nlocará à margem, como um monstro, da comunidade de mentalidade
Buckley, Nancy Allen, John Travolta,
le vive. ipiessáo que Carrie sofre tanto cm casa (sua mãe fanaticamente religiosa é ' pui Plper Laurie) quanto na escola cria urna tensão abrasiva que toma a li
leleclnétlcos. Observamos com ambivalência como as fantasias de
• 11 ne se transformam em assassinatos em massa descontrolados na cena 1.ilura (um tout de force de Brian De Palma). II '•!• está fantástica no papel-título. Seu rosto e seu corpo se contorcem • i i " especial vivo para exprimir as contradições Insuportáveis da experiêni" 1111 nino a transição da personagem de uma garotinha tímida a Rainha IMHII' A M
P. J. Soles, Prlscllla Pointer, Sydney Lasslck, Stefan Glerasch, Michael Talbott, Doug Cox, Harry Gold, Noelle North Indicação ao Oscar: Sissy Spacek (atriz). Piper Laurie (atriz coadjuvante)
Brasil (Luiz Carlos Barreto Produções
D O N A FLOR E SEUS DOIS M A R I D O S
Cinematográficas, Companhia
O terceiro longa-metragem de Bruno Barreto foi, por muitos anos, o filme que represen
Cinematográfica Serrador, Coline, Carnaval Unifilm) no min. Cor Idioma: português Direção: Bruno Barreto Roteiro: Bruno Barreto, Eduardo Coutinho, Leopoldo Serran, baseado no livro homônimo de Jorge Amado
1197111
tava oficialmente o Brasil na mente do Primeiro Mundo - um Brasil ainda não contamina do pela realidade, ainda com a típica faceta brejeira e malemolente vendida aos estran gciros. Até remake americano houve, em ms.», i oni James (,1,111, s.iily I irlri e Jeff Bridp nos papéis correspondentes aos de José Wilker, Sônia Braga e Mauro Mendonça. O texto original, escrito por Jorge Amado, conta a história do vínculo de pele e es pírito entre Flor (Sônia Braga) e Vadinho (Wilker), tão forte que nem a morte dele o des-
Fotografia: Murilo Salles
faz. Após ficar viúva, Flor se casa com o pudico Teodoro (Mendonça), mas o espírito de
Edição: Raimundo Higino
Vadinho continua a visitá-la e a fazer amor com ela.
Desenho de produção: Anisio Medeiros Elenco: Sônia Braga, José Wilker, Mauro Mendonça, Nelson Xavier, Rui Rezende, Nelson Dantas
Como bem sabe quem assistiu a ele (c foram mais de 12 milhões de pessoav recorde do cinema brasileiro até hoje), o filme não prega o adultério: ele parte da pri missa provocadora de que, juntos, Vadinho e Teodoro completam Flor: um fornecendo o fogo da paixão: o outro, a estabilidade. A sensualidade, elemento em voga no cinema brasileiro dos anos 70, é a peça cen trai do Ulme (.1 veisao disponível em DVD leni passagens cortadas pela censura pau exibição nos cinemas). Mas o que sobressai, apesar da lentidão da narrativa - que hojlj parece um ponto fraco -, é uma noção arquetípica de baianidade. E a cãmera a registra com perfeição em tomadas simples como a de Vadinho sentado num parapeito de |1 nela, ao sol da tarde, coçando as partes. JBi
EUA (Warner Bros., Wlldwood) 138 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: Alan J . Pakula Produção: Walter Coblenz Roteiro: William Goldman, baseado no livro de Carl Bernstein e Bob Woodward Fotografia: Gordon Willis Música: David Shire Elenco: Dustin Hoffman, Robert Redford, Jack Warden, Martin Balsam, I lai Holbrook, Jason Robards, Jane Alexander, Meredith Baxter, Ned Boatty, Stephen Collins, Penny Fuller, lohn McMartln, Robert Walden, Frank
T O D O S OS H O M E N S DO PRESIDENTE
(i97ü)
( A L L T H E P R E S I D E N T S MEiM) O maior dos filmes de Investigação jornalística, o furo de reportagem do século escrito por William Goldman e dirigido por Alan J . Pakula - continua agradando como exercício de inteligência. É um dos mais emocionantes c cativantes thrillers, ainda qii seja baseado em fatos bem conhecidos cuja conclusão nunca é questionada. Depois de um assalto no complexo de hotéis Watergate, sede de um comitê polui co, o repórter líob Woodward (Robert Redford), do jornal Washington Post, assiste A acusação comedida dos assaltantes e fareja um mistério. Desafiando os homens que estão no alto escalão do poder, com o apoio de seu editor Ben Bradlcc (Jason Rob.inl. no primeiro de dois filmes consecutivos que lhe renderam o Oscar) e o melodramain" informante Garganta Profunda (Hal Holbrook). Woodward e seu ambicioso colega ( a i ! Bernstein (Dustin Hoffman) obstinadamente desvendam os fatos a respeito do-, tru
Wills, F. Murray Abraham
ques sujos do governo e de sua infame conspiração para encobrimento dos fatos, o que
Oscar: Walter Coblenz (melhor filme),
os acaba levando até a Casa Branca e, no final, acarretando a vergonhosa renúncia dd
Alan J . Pakula (diretor), William Goldman (roteiro), Jason Robards (ator coadjuvante), George Jenkins, George Gaines (direção de arte), Arthur Piantadosl, Les Fresholtz, Rick Alexander, James E. Webb (som) indicação ao Oscar: Jane Alexander (atriz coadjuvante), Robert L. Wolfe (edição)
presidente Richard Nixon. Um escritor de comédias não conseguiria vilões melhores do que o CREEP (sigla verídica do Comitê para Reeleger o Presidente em Inglês, mas qui também significa, numa tradução literal, "rastejar" ou "uma pessoa repugnante") e O seus trambiqueiros nesta triste história convertida em uma cruzada esperançosa e heróica, tendo os verdadeiros Woodward e Bernstein se beneficiado por sua idem ¡1 n I ção com Redford e Hoffman, decididamente mais vistosos. AE
ROCKY, U M LUTADOR
(1976)
ROCKY)
I
crebro, muito músculo e um grande coração. Rocky, de John C. I, elevou à esttatosfera a carreira trôpega de Sylvcster Stallone. Ao
i»
lempo, o filme obteve uma bilheteria sem precedentes, deu Início a ic|uia e conseguiu criar alguns estereótipos sobre atletas que foram antes como atuações cm 1976 quanto são hoje caricatos. . In unia é centrada em Rocky Balboa (Stallone), um boxeador já fora de melhor forma. Ele se apaixona por Adrian (Talla Shlre), a tímida irmã do • l'aulie (Burt Young), e se esforça para conquistar o respeito de seu n l ' i i Mickey (Burgess Mercdlth). Ao se tornar, casualmente, objeto de publicitário, acaba tendo a chance de destronar Apollo Creed (Cari i' 1 .). campeão mundial de boxe na categoria dos pesos pesados, i inhalado pela emotiva trilha de Bill Conti, Rocky é um drama envolveu iie a luta por satisfação pessoal em um mundo Indiferente. Combinan I
histórias do ex-oponente de Muliammad Ali, Ctiuck Wepncr, e do
IHII.IIIII.IO Italiano" Sylvester Stallone, o agora famoso ator e roteitista se Intimo versátil e persistente neste filme. Tendo escrito o roteiro, associou
I
mesmo à sua participação como ator principal, embora fosse praticamente ulo na época. Quer tenha sido uma aposta desesperada ou Inspirada, 1 ertou em cheio e se tornou um dos maiores astros de Hollywood. 11 filme é multas vezes desprezado por excesso de sentimentalismo, sobretudo li i.iiido-se a carreira posterior de Stallone, mas Rocky detalha com atenção a Isilhadora branca. Rocky, Paulle, Adrian c Mickcy trabalham, respectivamente, "lor de dívidas de um agiota, funcionário de frigorífico, atendente de loja de dono de academia
as únicas possibilidades de ascensão de cada um deles
olios e desejos. Esta biografia romanceada remete ao mundo idealizado no Utl os .i/.iròes conquistam seus desejos trabalhando duro. fliicky coloca em primeiro plano os valores da honra e da coragem, tão questiona [limes ao longo do final dos anos 60 e no começo dos anos 70. Essa visão ini|Hlll/.iilora foi bem recebida pelo público, se a receita bruta serve como indicador, • Avildsen recebeu o Oscar de Melhor Filme, tornando-se digno de entrar nos f|
li
rdes. CC-0
EUA {Chartoff-Winkler) 119 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: John G. Avildsen Produção: Robert Chartoff, Irwin Winkler Roteiro: Sylvester Stallone Fotografia: James Crabe Música: Bill Conti Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shlre« Burt Young, Carl Weathers, Burgess Meredith, Thayer David, Joe Spinell, Jimmy Gambina, Bill Baldwin Sr., Al Silvan!, George Memmoli, Jodi Letizia, Diana Lewis, George O'Hanlon, Larry Carroll Oscar: Irwin Winkler, Robert Chaitnll (melhor filme), John G. Avildsen (diretor), Richard Halsey, Scott Conrad (edição) Indicação ao Oscar: Sylvester Stallone (roteiro), Sylvester Stallone (ator), Burt Young (ator coadjuvante). Burgess Meredith (ator coadjuvante). Talia Shire (atriz), Bill Conti, Carol Connors, Ayn Robbins (canção), H.inv W. Tetrick, William L. McCaughey, Lyle J . Burbridge, Bud Alper (som)
EUA (Bill/Phillips, Columbia,
T A X I DRIVER
llalo/Judeo) 113 min. Metrocolor
"Qualquer dia uma chuva de verdade virá lavar toda essa ralé das ruas." É o qui
Idioma: inglês Direção: Martin Scorsese Produção: Julia Phillips, Michael Phillips Roteiro: Paul Schrader Fotografia: Michael Chapman Música: Bernard Herrmann Elenco: Robert De Niro, Cybill shepherd, Peter Boyle, Jodie Foster, Harvey Keitel, Leonard Harris, Albert Brooks, Diahnne Abbott, Frank Adu, Victor Argo, Cino Ardlto, Garth Avery, Harry Cohn, Copper Cunningham, Hrenda Dickson-Welnberg Indicação ao Oscar: Michael Phillips,
11976»
murmura o atormentado motorista de táxi Bickle Travis, Interpretado com Intensidadi quase furiosa por Robert De Niro, no primeiro de seus elogiados papéis principais en filmes de Martin Scorsese. O emprego de Bickle, cruzando Nova York de um lado pai. outro - "a qualquer hora, em qualquer lugar" -, lhe dá uma visão insone das entranha da cidade, tudo o que ocorre nos becos escuros e que a maioria das pessoas num. testemunha. Acaba ficando tão acostumado ao mundo cm torno dele, contudo, que II sente entorpecido, invisível e, no final das contas, impotente. Ainda assim, a grande questão de Bickle não são os sinais de decadência social i física que o cercam, mas sua frustração por não conhecer nada além daquilo. Ele tani bém vive um conflito, sentindo-se atraído pelas mesmas coisas que despreza. Cansadl de sl mesmo e daquilo que vê, dedica-se a uma busca desesperada para reintegrar s e . sociedade. "Não acredito que alguém deva passar a vida centrado em si mesmo, morbl damente. Acredito que é preciso tornar-se uma pessoa como outra qualquer", diz ele
liilla Phillips (melhor filme), Robert
Mas nesse roteiro desolador, no inferno na Terra escrito por Paul Schrader, não há said,
De Niro (ator), Jodie Foster (atriz
alguma. Bickle já foi longe demais.
coadjuvante), Bernard Herrmann (música) Festival de Cannes: Martin Scorsese (Palma de Ouro)
Inicialmente a queda de Bickle c dolorosa de olhar; logo se torna irritante e, por fim lamentável. Começa cortejando a bela auxiliar de campanha Betsy (Cybill Shepherd) | quando os seus avatrços românticos desastrados são rejeitados, a sua alienação se tom, mais Intensa. De|iols de tenlar retornai á sociedade, o |)ioxiniu objetivo de Bickle é des 11111 la, começando pelo planejamento do assassinato de um < aiulklalo à Presidem la Quando esse plano também falha, ele tenta redimir a sociedade, entregando-se à missal suicida de resgatar uma prostituta menor de idade (Jodie Foster) do seu cafetâo abusivo Os rei ralos da desorganização e do mal eslai urbanos cie Inxi Driver são os mal
1
sombrios e claustrofóbkos possíveis. O filme tem alguns elementos de cinema noii . narração em off de Bickle, a trilha jazzística de Bernard Herrmann
mas se desvia radl
calmente do padrão quando se trata da narrativa. Toxi Driver transcorre como um filnn noii narrado da perspectiva de um estranho anônimo que estivesse na frente de um cena de assassinato, dando uma olhada por cima do perímetro demarcado pela poln I, paia ver o corpo recoberto na rua. O que essa pessoa está pensando? Como reagli, quando confrontada com uma exposição tão vívida à violência? Scorsese, Schrader e l)r Niro pareermi estai perguntando a mesma coisa aos e s ™ tadores. Durante todo o filme, somos forçados a observar a cidade da perspectiva Iffl placavelmente isolada de Bickle, com uns poucos vislumbres de esperança nos trans portando para fora da sua mente desajustada. Ele é o "homem subterrâneo" de Do» toievski que emerge com uma arma c u m desejo de morte, um anti-herói que faz jus tiça com as próprias mãos, tendo uma abordagem prática para limpar a cidade. "Aqu está um homem que não aceita mais nada" - anuncia, triunfalmente. "Um homem qui se rebelou contra a escória, as vadias, os cães, a sujeira, a merda. Aqui está um homeii que se rebelou." É Isso o que queremos? Em uma guinada Irônica na trama - do tipo "Os fins justl ficam os meios" -, Bickle acaba sendo louvado como um herói em sua própria cru/ari. e fica difícil dizer se o triunfo inadvertido de Bickle não seria, na realidade, uma tragi dia. Como o filme foi muito hábil ao tirar do eixo a bússola moral, ficamos lutamlc desesperadamente em busca de respostas impossíveis. J K I Mo
REDE DE I N T R I G A S
(i97b)
(NETWORK) Os produtores e executivos de televisão possuem alguma responsabilidade em relai ll aos milhões de espectadores colados no tubo de imagem ou estão apenas interessadOI no faturamento? O tratado cínico de Sydney Lumet sobre o declínio moral e ético dl televisão se apoia na crença um pouco ingênua de que as coisas um dia já foram dlfl rentes. Mesmo assim, Rede de intrigas permanece uma sátira mordaz sobre até onde | televisão pode ir para satisfazer os seus executivos, bem como sobre a cumplicidade << l seu vasto e passivo público. No filme, os índices de audiência ditam as regras e a vice-presidente de programai,.m Diana Christensen (Faye Dunaway) é capaz de tudo para fazer com que os númciuii subam. Isso pode Incluir colocar a tagarelice messiânica de um Howatd Beale suicida (Petet Finch, que velo a ser o único ator a receber um Oscar póstumo) em horário nobre, apesar de seus discursos paranóicos e delirantes. O seu bordão, "Estou ficando louco n não vou aturar mais nada", torna-se o seu mantra, assim como o mantra de seu público, mas Christensen nâo vê o perigo desse sucesso descontrolado. Entretanto, Max SchU"] machet (William Holden), responsável pelo jornal da noite, percebe tudo e fica cada vi mais irritado quando ve o que Christensen e seu colega executivo Frank Hackett (Roliell Duvall) estão fazendo com sua querida profissão. Rede de intrigas poderia ter soado como hipócrita c condescendente se Sydney Lumrt e o escritor Paddy Chayefsky não tivessem leito um trabalho tão bom ao representar tí LUA (MCM, United Artists) 120 min.
mundo da televisão como um parasita social particularmente sórdido e destrullvo,
Mctrocolor
Mantiveram as atuações amargas e desesperadas, assim como a perversidade obsini.i
Idioma: inglês
mente cômica, em ritmo tao acelerado que mal percebemos que o filme é um retrato cem
Direção: Sidney Lumet
denatórlo não somente dos bastidores da televisão, mas de todos nós, espectadoies di
Produção: Fred C. Caruso, Howard Gottfried
televisão compulsivos. É o bastante para fazer com que qualquer um queira desligar o si u
Roteiro: Paddy Chayefsky
mente, que não podemos fazê-lo. O sensacionalismo c o mau gosto barato da televlsji
Fotografia: Owen Roizman Música: Elliot Lawrence Flcnco: Faye Dunaway, William llolden, Peter Finch, Robert Duvall, Wesley Addy, Ned Beatty, Arthur hurghardt, Bill Burrows, John Carpenter, Jordan Charney, Kathy Cronkite, Ed Crowley, Jerome Dempsey, Conchata Ferrell, Gene Gross, Beatrice Straight Oscar: Paddy Chayefsky (roteiro), Peter Finch (ator), Faye Dunaway (atrlz), Beatrice Straight (atriz coadjuvante) Indicação ao Oscar: Howard
i .unfiled (melhorfilme), Sidney Lumet (diretor), William Holden
(ator), Ned Beatty (ator coadjuvante), Owen Roizman (fotografia), Alan Helm (edição)
aparelho e jogá-lo pela janela, mas uma das questões fundamentais do filme é, justl são aquilo que nos la/ voltar: tudo gira em torno dos números. É isso que somos.JKI
VOSiCHOZHDENIE
(1976)
URSS (Mosfilm) 111 min. P&B
B I partisans russos e os camponeses fogem às pressas dos invasores alemães iiailores russos. O estilo que Larlsa Shepitko adotou em Voskhozhdenie
(A
'I parece Inicialmente áspero, despojado e desagradável: uma Iluminação , pequena profundidade de campo, ritmos conturbados. A maior parte da ação I
em paisagens enevoadas nas quais os personagens são implacavelmente
tastos. A monotonia visual combina com a abordagem de Shepitko dos persoiii ',i. que são praticamente jogados no filme, em vez de introduzidos na i i inliora dê atenção aos detalhes faciais e capture com especial vivacidade a •Ide nervosa dos olhos, o filme evita a profundidade psicológica em suas Os três personagens principais existem menos como indivíduos mate»do que como figuras simbólicas perfeitamente esboçadas de uma peça sobre mbro intelectual e abnegado do Partido, Sotnikov (Bóris Plotnlkov); o seu 1.1 .sustado e Indeciso (Vladimir Costyukhln); o interrogador satânico de amipieiailo por Anatoll Solonitsyn, presença freqüente nos filmes de Tarkovsky). i h .iil,ide do filme de Shepitko, que culmina cm um calvário febril e demorado,
Idioma: russo Direção: Larisa Shepitko Roteiro: Yuri Klepikov, Larisa Shepitko, baseado no livro Sotnikov, de Vasill Bykov Fotografia: Vladimir Chukhnov, Pavel Lebeshev Música: Alfred Shnitke Elenco: Boris Plotnlkov, Vladimir Costyukhln, Sergei Yakovlev, Lyudmila Polyakova, Viktorlya Coldentul, Anatoli Solonitsyn, Marlya Vinogradova, Nikolai Sektimenko Festival Internacional de Berlim: Larisa Shepitko (Prêmio FIPRESCI), (Urso de Ouro), (prêmio Interfllme menção especial), (prêmio da OCIC)
i pui imagens dos elementos (fogo, neve, vapor, madeira, metal), a trilha sonoie de Alfred Shnitkc c a cintilação tremeluzente de Vladimir Chukhnov I Eérea uma experiência que, de outra forma, teria sido opressiva e dcspcrdlhdenie é um filme intenso que usa a guerra como pano de fundo. CFu
0 IMPERIO DOS SENTIDOS
(1976)
Japão / França (Argos, Oshima, Shlbata) 105 min. Eastmancolor
IAI N I ) CORRIDA) i I u m a jovem prostituta, Sada (Eiko Matsuda), começa a ter um caso com i II uva Fuji), o marido da dona de um bordel. A lelaçao e intensa c altamente ih lexo em uma série de cenas explícitas, muitas vezes observados por terei viçais femininas, outras prostitutas. Criam jogos sexuais: Sada Inse'i ' ••ih sua vagina antes de servi-los ao seu amante e encoraja Klchi-zo a fazer a ias parceiras, inclusive uma velha senhora que vem cantar para eles. Mas a - 1 1 ' ih In ciúmes das contínuas relações sexuais de Klchl-zo com sua esposa e a o seu pênis. Os dois começam a brincar com a asfixia parcial durante ti,
sexuais até que, encorajada por ele, Sada estrangula o seu amante para le iisliima atinge um nível extraordinário de intimidade erótica e fran• i Pela primeira vez em um filme não destinado ao circuito pornográfico há i
tes de pênls ereto e cenas de felação. Mas Oshlma também consegue r de que esta história de um amor louco, Vamourfou,
é uma manifestação
a paixão, levada ao extremo mais radical. A elegância da mise-en-scène do iraponto comedido e distanciado ao frenesi sexual dos amantes. EB
Idioma: japonês Direção: Naglsa Oshima Produção: Anatole Dauman Roteiro: Nagisa Oshima Fotografia: Hideo Itoh Música: Mlnoru Miki Elenco: Tatsuya Fuji, Eiko Matsuda, Aoi Nakajima, Yasuko Matsui, Melka Seri, Kaiiae Kobayashl, Taiji Tonoyama, Kyôji Kokonoe, Naomi Shiraishí, Shinklchi Noda, Komikichl Hori, Klkuhel Matsunoya, Akiko Koyama, Yuriko Azuma, Rei Minami
1900(1976) (NOVECENTO) Um dos primeiros e certamente um dos mais longos filmes de metáfora poluiu lançados nos anos 70, este grandioso trabalho de amor de Bcnardo Bertolucci só se tornou viável depois do êxito assombroso de O último tango em Paris (1972). Percorrendo .p, anos de história social, este filme de cinco horas, dividido em duas partes, não foi feito para ser divertido. Polêmico e visualmente recompensador, embora por vezes forçado, 1900 presume um conhecimento básico da história moderna da Itália, vinculando a pontos mais sutis dessa luta social aos destinos entrelaçados de dois homens. Começando com cenas sangrentas na zona rural Italiana no fim da Segunda Curn.i Mundial, a narrativa retorna ao nascimento quase simultâneo de dois netos impou,m tes - o do proprietário de um vinhedo (Burt Lancaster) c o de seu melhor fundou. (Sterling Hayden). Os dois se tornam amigos de infância. Quando adultos, porém, Alfredo (Robcrt De Niro) leva a vida hedoníslica e vazia que sua ascendência aristociA tica lhe permite, enquanto Olmo (Gerard Dcpardieu, quase Irreconhecível aqui sem 1 sua futura barriga) continua sendo um trabalhador zangado. Centradas sobretudo n 1 propriedade c em uma aldeia próxima, as locações limitadas ampliam a sensação 1I1 microcosmo transmitida pelo filme: os homens simbolizam as classes sociais dividida* da Itália, a área em que vivem sendo a própria Itália. Quando Alfredo se casa com uml moça sofisticada (Dominique Sanda), os liaballiadorcs esperam obter condiçrte» melhores, mas 111111 .ip.ila/ de fazenda biulal (Donald Suthcrland) torna isso impossível usando sua coerção de Camisa Negra. França / Itália / Alemanha Ocidental (Ártemis, Artistes Associés, PEA) 320 min. Technicolor Idioma: italiano Direção: Bernardo Bertolucci Produção: Alberto Grimaldi Roteiro: Franco Arcaili. Bernardo Bertolucci, Giuseppe Bertolucci
Não importa quão amorosamente tenham sido filmados, esses 45 anos de conllllii entre aristocratas e trabalhadores rurais latamente c ontem alguma felicidade: a realidade sempre massacra qualquei alegria que a< irientalnieiite possa emergir. Um espectadnt que seja ignorante da história social italiana pode tia esperanças de ver se, por 11111,1 virada cio destino, as coisas melhoram no final. Nao e o que acontece, como os combale* violentos bem no início do filme comprovam. É o elenco internacional de grandes alotei italianos, fianccscs e amei li anos
que la/ dessa experiência politicamente enl.illi .1
Fotografia: Vittorio Storaro
um filme sensacional. Bertolucci pode ter gostado do fato ele que ele esteja listado entie
Música: Ennio Morricone
os grandes filmes políticos, mas .1 sua mensagem gritante força o espectadora busi .1111
Elenco: Robert De Niro, Gerard
prazer em outro lugar, em particular nas atuações de De Niro c Depardieu. KK
Depardieu, Dominique Sanda, Francesca Bertini, Laura Betti, Werner Bruhns, Stefania Casini, Sterling Hayden, Anna Henkel, Eilen Schwiers, Alida Valli, Romolo Valli, Bianca Magliacca, Giacomo Rizzo, Pippo Campanini, Donald Sutherland
O HOMEM QUE CAIU NA TERRA
(1976)
Idioma: inglês
M A N W H O FELL TO EARTH) '•• •• •• • Htlluii
• .10 (ientífica de 1976 de Nii holas Roeg Foi (e continua sendo) freqüen 11 iMiipreendida. Dirigido no estilo nervoso de Roeg, O homem cjire caiu na nulo visualmente provocante da fracassada visita de um alienígena ao I flanada através de seqüências intercaladas, com saltos cronológicos e plli idos, essa visão ultra sofisticada da cultura americana, do amor e da I lui lambem uma grande conquista técnica. loi cogitado para representar o alienígena Thomas Jcrome Newton, mas II lli nulo com David Bowie, estrela Internacional da música pop com uma II nação limitada. Newton vem à Terra procurar água para seu planeta que Uca rico Introduzindo novas tecnologias muito lucrativas em nosso 1
.1 vitima de vícios - sobretudo o álcool -e perseguidores humanos. Sua mos passam e o alienígena vulnerável é explorado para se extrair dele o
mi. h, nológlco avançado, sendo depois abandonado. nle de filmes como Amnésia (2000) e Cidadcdos
Inglaterra (British Lion) 140 min. Cor
sonhos (2001), que
• lug.ii da mesma forma, mostra que O homem que caiu na Terra não In seu tempo, mas também à frente do seu público. KK
Direção: Nicolas Roeg Produção: Michael Deeley, Barry Splklngs Roteiro: Paul Mayersberg, baseado no livro de Walter Tevis Fotografia: Anthony B. Richmond Música: John Phillips, Stomu Yamashl.i Elenco: David Bowie, Rip Torn, Candy Clark, Buck Henry, Bernie Casey, Jackson D. Kane, Rick Riccardo, Tony Mascia, Linda Hutton, Hilary Holland, Adiienne Larussa, Lilybelle Crawfoiil, Richard Breeding, Albert Nelson, Peter Prouse Festival Internacional de Berlim: Nicolas Roeg, indicação (Urso de Ouin)
EUA (Lucasfilm) 121 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: George Lucas Produção: Gary Kurtz, George Lucas Roteiro: George Lucas Fotografia: Gilbert Taylor Música: John Williams Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Cushliig, Alec Guinness, Anthony Daniels, Kenny
G U E R R A N A S ESTRELAS
(1977)
(STAR W A R S ) Ninguém esperava que o filme do roteirista e diretor George Lucas fosse um sucesso. I u se tratando de um " faroeste de ficção científica" cujo elenco principal era essenclalmen te desconhecido (Harrison Ford, Mark Hamill e Carrle Fisher), os chefões do estúdio estl vam tão convencidos de que o filme iria fracassar que gentilmente cederam a Lucas, dl graça, os direitos de merchandlsing de qualquer produto relacionado a Guerra nas estn las. Obviamente, não perceberam o enorme potencial do filme e jamais esperaram que fosse gerar duas continuações, três capítulos "anteriores", um derivativo baseado no
Baker, Peter Mayhew, David Prowse,
Ewoks, desenhos animados, jogos de computador, brinquedos, trilhas sonoras, livroi
James Earl Jones, Phil Brown, Shelagh
enormes vendas de vídeos e DVDs, doces, roupas, roupa de cama e até mesmo comida
Fraser, Jack Purvis, Alex McCrindle,
O filme, que custou 11 milhões de dólares e rendeu mais de 460 milhões de dólau••,
1 ddle Byrne
não parecia ter o potencial para se tornar um enorme sucesso. Depois da morte dos tio
Oscar: John Barry, Norman Reynolds,
que o educaram, o jovem obstinado Luke Skywalker (Hamill) se junta com um vell
I eslie Dilley, Roger Christian (direção
cavaleiro Jedl, Ben "Obi-Wan" Kenobl (Alec Gulnncss), dois robôs, um piloto espai ll
de arte), John Mollo (figurinos), John Stearsjohn Dykstta, Richard Edlund, Grant McCune, Robert Blalack (efeitos especiais visuals), Paul
arrogante chamado Han Solo (uma atuação estelar de Ford) e seu peludo amlK wookle, Chewbacca (Peter Mayhew), para resgatar uma princesa (Carrle Fisher) de 1111 vil,10 que usava uma túnica preta e um capacete de plástico. Guerra nas estrelm
Hirsch, Mareia Lucas, Richard Chew
podeila tei sido incrivelmente lolo, consideiando se que, em meados dos anos 70, J t
(edição), John Williams (música), Don
pessoas espeiavaiii que "Mu..10 (ieniifiia" losse algo similai aos cenários de plástico ll
MacDougall, Ray West, Bob Mlnkler, Derek Ball (som), Ben Bum (efeitos especiais sonoros) Indicação ao Oscar: Gary Kuiiv (melhor filme), George Lucas (diretor), George Lucas (roteiro). Alce Guinness (ator coadjuvante)
Jornada nas estrelas ou com efeitos como a "calota pendurada em um fio" de Ed w em seu Plano 9 do espaço sideral (1959).
is tinha idéias mais grandiosas. Duas décadas antes que imagens de come m usadas para criar mundos fantásticos. Lucas, usando modelos ultradciii.i"
limpies inteligentes e locações bem escolhidas - as cenas que mostram o
Hl I I desértico de Tatooine, onde Luke morava, foram filmadas em cenários consna lunísla (reutilizados cm 1999, cm Guerras nas estrelas: Episódio 1 - A ameaça 1 onta a história de outro universo, no qual o maligno Império dominado der (David Prowse, com a voz de James Earl Jones) está no controle. Mas as . I " 1" Ides estão se reunindo para tentar derrubar os tiranos. ilou uma mitologia que foi abraçada com entusiasmo por pessoas de todas • 111 de dar origem a várias criaturas dc uma galáxia muito, muito distante, narrativa do bem contra o mal nos apresentou a pessoas c objetos que, 1, lornaram-se parte de diversos idiomas de nosso planeta: o Mlllennlum espacial de Han Solo, que Lucas originalmente imaginou com o aspecto U M LI imbúrguer voador), os sabres de luz (a arma similar a uma espada, com seu raleo), os Stormtroopers
imperiais e, naturalmente, os cavaleiros Jedi (hoje
11 integral de nosso inconsciente coletivo que uma campanha via internet 1
I I E as pessoas respondessem "Jedi" a um item sobre religião num formulá1I1 11 '1 em.cimento do Reino Unido teve enorme sucesso). li la .1 Guerra nas estrelas, Lucas conseguiu criar mullo mais do que apenas um mundo, um novo estilo de cinema e uma ópera espacial inesque P i|
ais foi superada. JB
617
EUA (Columbia. EMI) 135 min. Metrocolor Idiomas: Inglês / francês Direção: Steven Spielberg Produção: Julia Phillips, Michael Phillips Roteiro: Steven Spielberg Fotografia: Vllmos Zsigmond Música: John Williams Elenco: Richard Dreyfuss, François linffaut, Teri Carr, Mellnda Dillon, Hob Balaban, J . Patrick McNamara, Warren J . Kemmerling, Robert Blossom, Philip Dodds, Cary Cuffey, Shawn Bishop, Adrienne Campbell,
C O N T A T O S I M E D I A T O S DO TERCEIRO GRAU (1977) (CLOSE E N C O U N T E R S OF THE THIRD KIND)
lustln Dreyfuss, Lance Henriksen,
Um excelente mistério de ficção científica em que a busca do homem comum pelo seu
Merrill Connally
significado atinge um clímax clctrizante no contato com extraterrestres, Contatos /medidlo»
Oscar: Vllmos Zsigmond (fotografia), frank Warner (efeitos especiais sonoros)
engloba lemas iei orientes no lia ha lho de seu diietoi. Sleven Splciberg. Seus personáis i
Indicação ao Oscar: Steven Spielberg (diretor), Mellnda Dillon (atriz coadjuvante), Joe Alves, Daniel A. lomlno, Phil Abramson (direção de ,11 te), Roy Arbogast, Douglas Irumbull, Matthew Yurlclch, Gregory Jeln, Richard Yurlcich (efeitos especiais visuais), Michael Kahn (edição), John Williams (música), Robert Knudson, Robert J . Glass, Don M.icDougall, Gene S. Cantamessa (som)
mais comuns estão lá (o Individuo em uma busca pessoal, ,i ni.io simpática, o menino perdido, as animidades pouco confiáveis), bem como a experiência transformadoia II salvanteiil o, redenção e ai lunação dos valoies pessoais. Remova os efeitos especiais eoqui lesta e a historia apaixonada de um honrem comum em i In iinstani ias extraordinárias. O convincente Roy Neary, representado por Richard Dreyfuss, é um joão-nlngiiéui passando por uma epifania. (ruando ninguém ,i< iedita em seu em outro com um OVNI, ele fica obcecado por descobrir o sentido dessa experiência, deixando de lado a sua faml lia no processo. A única pessoa que o compreende é Jllllan Guiler, papel de Melincl i Dillon, movida pela htisi a poi seu Ilibo (Caiy Gtiffey), abduzido durante uma visita alei i.iclci: ,1 dos alienígenas a i asa dela. Ai aba Mi anclo c lai o que ambos estão entre os "liu plantados", privilegiados ion! uma conexão compartilhada. Lm paralelo com essas expe riendas intimas de Ilustração e medo do desconhecido, de c cirageiii e de alegria em con frontá lo (e em achar algo extraordinário nos alienígenas com jeitão de crianças) estão o» esforços internacionais do esperançoso Claude Lacombe (François Truffaut), chele do projeto científico encarregado de investigai e respondei ao contato dos extraterrestre», Contatos /mediatos demonstra toda a estética dos bnby boomers que cresceram noi tranqüilos subúrbios norte amerk anos assistindo a produções da Disney c ficção clentlll ca dos anos 50, c de fato foi uma reinterpretação adulta e profissional de Firelight, épico caseiro criado por Splciberg na adolescência. Embora E. T. seja ainda mais revelador de sul visão de mundo. Contatos imediatos define Spielberg tanto cm termos de estilo qu.iuio de conteúdo. I lambem um Ulme que cie não consegue deixar de lado - teve uma edlç.lii especial em 1980 (partes sobre a crise de Neary foram retiradas, partes acrescentadas ao clímax com os alienígenas) e uma Edição de Colecionador em 1997 (remasterizada, 1 pequenos trechos rcinscridos c sem a desnecessária seqüência na nave-mãe). Lançado pouco depois de Guerra nas estrelas. Contatos imediatos também se tomou um fenômeno pop Imediato. Tanto a melodia de cinco notas de John Williams. 10 mesmo tempo saudação e linguagem, quanto a montanha de purê de batata entraram para a cultura popular, e o assombro coletivo ante a visão da nave-mãe surgindo sobn montanha servem para atestar o dom que Spielberg possui de maravilhar o público. Al
(•IH
MH L A S T W A V E
(1977)
na montanha misteriosa (1975) parece ser sobre a relação conflituosa do 1 natureza, então o enigmático The Last Wavc (A última onda), de Peter bre a relação simbiótica do homem com a natureza. Richard Chamberlain idvogado contratado para defender um aborígine acusado de assassima c que ninguém quer falar sobre o fato e Chamberlain começa a acreinais misterioso (e talvez mais nefasto) está acontecendo. O crime pode nial do aborígine, estranhas formações meteorológicas se abatem sobre iberlain é assediado por visões assustadoras de um apocalipse ¡mínente, ua viagem física e espiritual o leva cada vez mais fundo a um território ensação de um colapso próximo se torna cada vez mais pesada em seu •, Chamberlain começa a perder a fé na verdade. ii n il'.ilha The tast Wave como uma história de detetive imersa na mitologia dos ija profunda (e possivelmente sobrenatural) relação com a Terra precede e
Austrália (Ayer, McElroy & Mcl hoy) 106 min. Cor
Direção: Peter Weir Produção: Hal McElroy, Jim McElroy Roteiro: Peter Weir, Tony Moiplieii. Petru Popescu Fotografia: Russell Boyd Música: Charles Waln Elenco: Richard Chamberlain, Olívia Hamnett, David Gulpllil, Frederic k Parslow, Vivean Gray, Nandjiw.nu Amagula, Walter Amagula, Roy Baia, Cedrlck Lalara, Morris Lalara, Peie Carroll, Athol Compton, Hedley Cullen, Michael Duffield, Wallas Eaton
• 1leis e regras da civilização de origem Inglesa em tomo deles. Aumen-
r
101 om intensidade alucinatória, Web parece ter a séria intenção de deixar ,10 confuso quanto o seu protagonista, levando o a uma conclusão curioimpli'l miente desconcertante que pode ou não solapar tudo em que geralmente limos JKL
íii'1
EUA (Rolllns-Joffe) 93 min. Cor
NOIVO N E U R Ó T I C O , N O I V A N E R V O S A
<ig//|
Idioma: inglês
( A N N I E HALL)
Direção: Woody Allen
O filme mais esperado de 1977 foi originalmente concebido como uma visão moderna dal
Produção: Charles H. Joffe, Jack Rollins Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman
,
Fotografia: Cordon Willis Eienco: Woody Allen, Diane Keaton,
comédias sofisticadas de Spencer Tracy e Katharlne Hepburn dos anos 30. Porém W
comédia que se passa na mente de Allen, com retrospectos dos casamentos anteriores dii principal personagem masculino, assim como seus amores de infância aos q u a l l l acrescido um mistério de assassinato. Modificado pelo editor Ralph Rosenbaum, o lllintl
Tony Roberts, Carol Kane, Paul
sofreu cortes no monólogo inicial e a retirada de cenas protagonizadas por Bm
Simon, Shelley Duvall, Janet
Shlelds, aos 13 anos. Foi esta versão centrada no romance entre Ah/y, um comediantr
Margolin, Colleen Dewhurst, Christopher Walken, Donald Symington, Helen Ludlam, Mordecal Lawner, Joan Newman, Jonathan Munk, Ruth Volner, Jeff Goldblum,
Ij
Allen e seu co-roteirista Marshall Brickman resolveram, cm vez disso, produzi
rótlco, obstinado por sexo (interpretado, naturalmente, por Allen), c Annie Hall ( I l l a i l i Keaton, ex-companheira de Allen) que captou a intenção original do diretor - fazei
1
comédia escrachada moderna recheada de dúvidas e boas doses de psicologia pop. Com cinco indicações ao Oscar, o filme ganhou quatro, inclusive o de Melhor Filmtjfl
Beverly D'Angelo, Sigoumey Weaver
foi um sucesso de crítica e de publico. De falo, a popularidade de Noivo neurótico, noivn U M
Oscar: Charles H. Joffe (melhor
voscr foi tão grande que partes do diálogo do filme passaram a surgir em conversas colidia'
filme), Woody Allen (diretor), Woody Allen, Marshall Brickman (roteiro), Diane Keaton (atriz) Indicação ao Oscar: Woody Allen (ator)
nas: alguns anos se passaram ale que aranhas deixassem de ser descritas como tendo " • tamanho de um Buick", por exemplo. Noivo neurótico, noivo nervoso marca o amaduu < 1 mento de Woocly Allen, uma virada em sua i arrelia. Ale então, o seu trabalho comprcemll.1 apenas comédias "pastelão" como Bononos e O dorminhoco.
Ainda que estes dois I I I I I I B I
continuem sendo extremamente engraçados, nenhum tem a ressonância emocional nu relevância de Noivo neurótico, noivo nervosa, que capturou o espírito de sua época. Depois de um monólogo surreal na abertura, a história começa numa rua de Nov( York, com Alvy e seu amigo Rob (Tony Roberts) falando sobre a natureza da vida. Uni) apresentou Annie e Alvy durante um jogo de ténis em que a principal preocupação de Alvy era saber se o deixariam entrar no clube, sendo judeu. (Embora Woocly Allen insista qtl seu personagem nao e autobiográfico, há semelhanças demais entre Alvy e Allen para qil sejam apenas coincidências; além disso, sabe-se que Keaton essencialmente é Annie Hall, tendo nascido Diane Hall c depois sendo apelidada de Annie.) O filme então se torna I história de Annie e o caso que Alvy está lendo, com elementos de comédia, falas dirigiria! à Camera, humor judaico, observações irônicas sobre sexo. amor e as diferenças cnlrl Nova York e Los Angeles. Possivelmente o filme mais honesto de Allen, é também, (ironicamente, considerando que o seu tema é a Imaturidade emocional) o mais maduin, Originalmente intitulado Anhedonin (a incapacidade de ter prazef) I título Annie Hall surgiu apenas três semanas antes de sua estréia em i'i// Embora não haja continuação, os principais aspectos do enredo desle fIIme c a parceria de Keaton e Allen se repetem em um filme poste Allen, Um misterioso
assassinato
em Manhattan.
Noivo neurótico é tamhriii
notável por alguns dos primeiros papéis de atores como Jeff Coldhliiin, Christopher Walken, Bcverly D'Angelo e (em um papel sem falas no final I RIME) Slgoumey Weavcr. Mais peculiar ainda, tanto Truman Capou Marshall MacLuhan aparecem no filme: Capote interpreta "um sósia 1 Truman Capote" e MacLuhan foi uma substituição de última hora (lella com relutância) no lugar de Federico Fellinl. K K
MO
EUA 90 min. Cor
L A S T C H A N T S FOR A S L O W D A N C E
(1977)
Direção: Jon Jost
Multo antes que o cinema "Independente" americano criasse seus fetiches em torno dl
Roteiro: Jon Jost
serial killers, questionamento da masculinidade fragilizada e longas tomadas qui
Fotografia: Jon Jost
antecedem as de O dono da noite (1991), de Paul Schräder, ou as obras artísticas de Paul
Elenco: Tom Blair, Wayne Crouse,
Thomas Anderson ou Lodge Kerrlgan, houve Last Chants for a Slow Dance (Ultimo
Jéssica St. John, Steve voorhels
salmos para uma dança lenta), feito artesanalmente com uma soma rldlculamentl pequena de dinheiro, que culmina no plano infinito de um assassino dirigindo pell estrada enquanto ouvimos a balada country "Fixing to Die". As imagens, os cortes, até mesmo a canção e a sua Interpretação vêm diretamente de uma única pessoa: Jon Jost. Last Chants inaugurou o que ficou conhecido como "A trilogia de Tom Blair" (o nome se deve ao fantástico ator principal) e, com Suri' Fin (1990) c The Bed Vou Sleep In (1993), forma um conjunto de obras que constitui o mal desconhecido marco do cinema americano contemporâneo. Last Chants, como seus companheiros na trilogia, é um documento desesperado mas ferozmente lúcido de colapso e contradição sociais. O seu anti-herói vaga pela paisagem, delirando, trepando, matando. )ost tece uma estrutura de vanguarda em torno de suas ações, tornando-as ao mesmo tempo fascinantes e terríveis. O filme evll I cair em um espetáculo fácil, mas ainda assim vai a extremos
a matança dc uni
animal, por exemplo, vista pelo assassino como a aniquilação igualmente indiferenli de uma vida humana. É um trabalho que desloca estrategicamente a sua violência do conteúdo pata a forma, como Goclaicl em meados dos anos 60: seu ato de sacudli n espectador é um gesto rude porém necessário para a consciência artística e política I ivi emente Inspirado no t aso de Cary Gllmore, o filme 01 upa com orgulho um lugir ao lado dc Henry: retrato dc um assassino (1990), de John McNaughton - uma das invc«tigações mais Inteligentes, no cinema, de um lenia difícil. Os seus efeitos de distai) ciamento
filtros coloridos, palavras Impressas na tela, durações prolongadas - nos
Impelem a nao julgai, mas sim entender esta análise profunda da cultura americana criada com base em agressão, violência e na exclusão detestável de qualquer "outro". 0 melhor Indicador de sua sensibilidade ambivalente ao mundo verdadeiro que atravess.i são as suas canções constantes, melodias simultaneamente comoventes e irônicas qui nos levam multo mais fundo do que os pastiches musicais em Nashvilk Robert Altman. A M
Uli
(1975), dl
STROSZEK
(1977)
Pt, o iliretor alemão Werner Herzog fez O enigmo de Kaspar Hauser, baseado num do no século XIX de um homem que foi repentinamente lançado no mundo de anos vivendo cm uma cela. Colocou, no papel principal, Bruno S., músico de viila real que, com os seus tiques estranhos e jeito de falar engraçado, comproi nina escolha Inspirada para o papel. Se Ktispor Hauser parecia ser um retrato o de Bruno S., Isso é ainda mais verdadeiro em Stroszek, em que ele Interpreta um D de ma e bêbado recém-libertado da prisão. Tendo concluído que a vida na Ale,i ira Insuportavelmente brutal, junta-se a uma prostituta (Eva Mattes) e a uma na no limite da loucura (Clcmens Scheltz). Juntos, partem rumo a uma nova rica, mas vão parar em um não-lugar, vazio e banal. Inevitavelmente ozlnho e acuado, Bruno, enfim, encena um gesto elaborado de desespero. I inal do filme - envolvendo um elevador de esqui, uma caminhonete e um 'i' mimais treinados em uma atração de beira de estrada - é um dos finais mais aao perdão jamais colocados em filme. . filmes dos anos 70 de Herzog são muitas vezes líricos, Imersos no romantismo I' ilemão: Stroszek é uma exceção desolada. Essa, contudo, é uma visão brutalI
Li do sonho de liberdade: a América é despojada de sua mística, apresen-
i"
im deserto espiritual e uma armadilha para os desavisados. E a imagem
I " Mango dançando loucamente ao som da cacofonia de um acordeão e de uma pira é uma das imagens da condição humana - obsessiva e fora de controle riu tavelmente cruéis que um diretor já apresentou ao público, na o filme realmente fenomenal, contudo, é a forma como Bruno S. domi • 1
1 seu encanto indomável e vigor. Apesar do papel de um perene tolo sa-
' i' I"asonifica uma das inteligências mais distintamente estranhas do cinema rusa da sua abordagem naturalista c do tema cm tom menor, Stroszek é ,0 do que as grandes loucuras visionárias de Herzog dos anos 70, mas está 1 melhores filmes e certamente é um dos dramas mais frios já realizados I i n s europeus do que seja a América. JRom
Alemanha Ocidental (Skellig, Wei mi Herzog, ZDF) 108 min. Cor Idiomas: inglês / alemão Direção: Werner Herzog Roteiro: Werner Herzog Fotografia: Stefano Guidi, Wolfgang Knigge, Edward Lachman, Thomas Mauch Música: Chet Atkins, Sonny Terry Elenco: Pit Bedewitz, Burkhard Driest, Alfred Edel, Michael Gabi, 1 v.i Mattes, Scott McKain, Ely Rodi Iguez, Bruno S., Clemens Scheitz, Clayton Szalpinski, Yuecsel Topcuguerlei, Vaclav Vojta, Wilhelm von Homburg, Ralph Wade
Polônia (Polski, Zespol) 165 min. P&B/Cor Idioma: polonês Direção: Andrzej Wajda Roteiro: Aleksander Scibor-Rylskl Fotografia: Edward Klosinski Música: Andrzej Korzynskl Elenco: Jerzy Radziwilowicz, Krystyna
0 H O M E M DE M Á R M O R E
(1977)
(CZLOWIEK Z M A R M U R U ) Um dos melhores filmes já feitos na Polônia, O homem de mármore, de Andrzej Wajda é também um testemunho Importante do poder do cinema. Relembrando a estrutura complexa de Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, o filme conta a história de uml ambiciosa estudante de cinema, Agnieszka (a extremamente convincente Krystynl Janda), cujo filme de conclusão de curso é dedicado a um esquecido "operário-herói du
Janda, Tadeusz Lomnlckl, Jacek
Estado" dos anos 50, o pedreiro Birkut (Jerzy Radziwilowicz). Na era estalinista ele for!
Lomnickl, Michal Tarkowskl, Plotr
transformado pela máquina de propaganda comunista em um mito nacional. Apesai
Cleslak, Wleslaw Wójclk, Krystyna Zachwatowlcz, Magda Teresa Wójcik, Boguslaw Sobczuk, Leonard Zajaczkowskl, Jacek Domanski, Irena Laskowska, Zdzlslaw Kozlen, Wleslaw
das dificuldades em localizar as testemunhas "da santificação" de Birkut duas década', depois, a teimosa jovem consegue encontrar-se com algumas delas e as faz falar sobir o operário ingênuo. Ocorre que, depois ser vitimado por um ato de sabotagem, quando alguém colocou
Drzewicz
um tijolo ardente em suas mãos, o jovem Birkut perdeu a sua Inocência e percebeu exata
Festival de Cannes: Andrzej Wajda (Prêmio FIPRESCI), empatado com Miris Poljskog Cveea
do personagens do diretor russo Vsevolod Pudovkin, Birkut começou a experimentai um
mente quão cínica fora a idéia de ser convertido em uma lenda. Até certo ponto lembian riespeila da 1 onsi leni 1,1 soi ial, embora na
.entldo revolui Ionário. An passar a fa •
perguntas duras as autoridades comunistas, Birkut foi eliminado. Tal é a conclusão sugr rida pelo final do filme (embota tenha sido censurado)
uma ousada exposição da teu
ciência do Estado comunista de "devorar seus filhos pródigos". Durante suas Investigações, Agnieszka encontra Jerzy Burski (Tadeusz Lomnirkl). um diretor internacionalmente renomeado que participou, com o seu trabalho, dl ci íaçao propagandist ici da imagem hei ok a de Uirktil: os fragmentos dos "documenl rios" de Burski são partes importantes no quebra-cabeça da narrativa. Wajda retrata com admiração a batailla da jovem, convencendo-nos de que é dever de um diretoi revelar sempre a verdade. Esse fim moral da narrativa Intensifica a importância dQ filme, como foi o caso de Tudo à venda, de 19(19, unia parabola sobre verdades r falsidades no cinema. O homem de mármore pode ser decodificado cm vários níveis: além de uma medi tação sobre o cinema, é um retrato complexo do período mais cruel da história do comunismo, os anos de Stalin. Também se mostrou capaz de antecipar as mudanças ciais, retratando o começo de um processo Implacável: a queda do comunismo. A con tlnuação do filme, O homem de ferro, está centrada nas greves dos funcionários ,1 Gdansk e outras cidades polonesas durante os anos 80, mais uma vez estrelando 0 excelente Radziwilowicz, agora no papel do filho de Blikut. O homem de mármore consolidou a posição internacional de Wajda, por vezei Injustamente julgado "acadêmico". Em conjunto com Krzysztof Kielsowski e Krzysztol Zanussl, foi um dos protagonistas do assim chamado Cinema da Inquietude Moral. qui teve um enorme prestígio e uma reputação subversiva na Polônia. Este filme também confirma uma afirmação feita por outro Importante diretor polonês, Janusz Zaorskl, que observou, no início do anos 90, que "fizemos os nossos melhores filmes comia G Estado com o dinheiro do Estado", Essa situação paradoxal foi o que permitiu o surgi mento de obras-primas como O homem de mármore. Um filme obrigatório, espe cialmente para aqueles que têm dificuldade em compreender por que Wajda foi hon rado com um Oscar especial em 2000. DD
E M B A L O S DE S Á B A D O A NOITE
U S
(1977)
• f t U R D A Y NIGHT FEVER) 110 cinematográfico teria se baseado em um artigo de revista, "Ritos tribais noite", cujo autor, Nik Cohn, admitiu depois ter sido inventado. Pouco manto, se as discotecas de Nova York de fato estavam ou não cheias de m i o a vida, o amor e o "agito" antes. Fato é que as pistas lotaram depois H|H
filme 1 ornou o estilo "disco" a grande moda do final dos anos 70. I"l
volta, que até então tinha sido um astro menor no seriado de televisão I, Kotter, tornou-se um homem que atraía multidões nas ruas depois de ter
•11.tu um 01 no branco para personificar Tony Mancro, um jovem do Brooklyn e rei da bairro. Acompanhado por "Stayln' Allve", a contagiante canção dos Bee 10 de andar na cena de abertura se tornou o trejeito a ser imitado. Seus " 1I1 d inça - ele passou tanto tempo treinando que acabou convencendo o diretor •In Miidi
.1 filmá-los de longe, e não em dose, como planejado originalmente em multas pistas de dança e em muitos filmes desde então. J B
EUA (Paramount, RSO) 118 min. ( 01 Idioma: inglês Direção: John Badham Produção: MiIt Felsen, Kevin McCormlck, Robert Stlgwood Roteiro: Norman Wexler, do ai 1 Igi 1 dl revista "Ritos tribais no sábado á noite", de Nik Cohn Fotografia: Raif D. Bode Música: Bee Cees, David Shire, Mussorgsky Elenco: John Travolta, Karen Lynn
Corney, Barry Miller, Joseph Cali, Paul Pape, Donna Pescow, Bruce Onr.ii 111
Julie Bovasso, Martin Shakar, Sam
Coppola, Nina Hansen, Lisa Peluso,
Denny Dillon, Bert Michaels, Robert Costanzo
Indicação ao Oscar: John Travolta (ator)
1
EUA 83 min. P&B
KILLER OF SHEEP
Idioma: inglês
Killer of Sheep (Assassino de ovelhas), de Charles Burnett, velo ao mundo entre dual
Direção: Charles Burnett Produção: Charles Burnett Roteiro: Charles Burnett Fotografia: Charles Burnett Elenco: Henry G.'Sanders, Kaycee Moore, Charles Bracy, Angela Burnett, I ugene Cherry, Jack Drummond
(1977)
ondas populares de cinema americano negro: o período de blaxploltation dos anos 70 e a revitalização liderada por Spike Lee nos anos 80. Killer of Sheep não pertence a ne nhum dos dois territórios, sendo ao mesmo tempo mais ousado e mais sllenclosamen te revolucionário do que qualquer filme dessas duas eras. 0 roteirista e diretor Burnett decidiu Investigar a vida dos negros americanos na» áreas urbanas de baixa renda. Ancorou seu filme na história de Stan (Henry G. Sanders), um homem tranqüilo e comum que trabalha em um matadouro para sustentar a sua la mília. O filme se passa em Watts, Califórnia, em 1970, quando a luta urbana ainda n.10 era sinônimo do desespero dcsliuieloi de almas causado pelas drogas, tiroteios freqíicn tes e um ciclo Interminável de pobreza. Embora o trabalho sangrento e árduo de Sian seja o cpte da ao Ulme o seu titulo (um titulo que honra o fato de que ele desempenha
seu lia ha lho honesto sem reclamar), o verdadeiro Interesse de Killer of Sheep está em sua nostalgia por uma espécie de inocência já cpiase perdida quando o filme foi feito em 19/; a celebração da banalidade de seus personagens. As crianças brincam em jardins mal tratados na frente de casa, fazendo brinquedos com qualquer coisa que encontrem; um piquenique é planejado c o plano vai por água abaixo, de forma cômica; Stan engatinha sob uma pia de cozinha para consertar um cano quebrado e a câmera se fixa em seu corpo recurvado. Tudo isso soa banal, mas é nessa simplicidade que o filme se apoia. 1 ilniado em um prelo e branco cru que lhe dá uma atração especial, Killer of S/tirjJ é Importante também por ser um dos poucos filmes americanos nos quais os pei sniiagons negros 11.10 sao metáforas para algo além de si mesmos. Não são simple» variações de esleieolipos 011 vilinias passivas
011, pelo contrário, opositores ativos
de racismo, de lula de c lasses 011 do peso cia vida americana. A câmera de Burnett vai a leni das fae liadas e das poisonas publicas de negros americanos para encontrar os si res humanos por trás delas. O filme 11,10 tem pressa, de loinia que possamos obseivai com calma os rostos e expressões. Ele captura a Intimidade entre marido e esposa, pai c criança, entre amigos, com a habilidade de um documentarista e, portanto, nos sen limos como se estivéssemos compartilhando scgicdos, lacet,is da personalidade de um negro que poucas vezes são expostas no cinema. E de fato não o são. Muitos filmes sobre afro americanos são flltri cios tanto por uma terrível história da vida real quanto por uma Indli» Hia cinematográfica insidiosamente racista de modo que, no final, aquilo que é produzido muitas vezes são cifras com atitude de pro testo que ali avessam tom arrogância, observações irônicas e rajada» de balas uma cena artificial após outra. Burnett reduz o ritmo, remove camadas, cria situações que são propositalmente banais e ilumina 0 espírito por trás de carne e ossos. Deixa o espectador sem fôlego ao não tentar deixá-lo sem respirar, não tentar deslumbrar ou assoberbai o espectador com um tratado político de peso - e, ainda assim, o -..u filme é um exemplo da arte mais radical e subversiva. Ele força voi 1 1 questionar tudo o que já viu ou ouviu sobre os negros; ele força voi e .1 ver e ouvir de forma completamente nova. EH
EUA (AFI) 90 min. P&B Direção: David Lynch Produção: David Lynch Roteiro: David Lynch Fotografia: Herbert Cardwell, Frederick Eimes Música: Peter Ivers, David Lynch Música não original: Fats Waller Elenco: Jack Nance, Charlotte Stewart, Allen Joseph, Jeanne Bates, Judith Anna Roberts, Laurel Near, V.
ERASERHEAD
(1977)
Produto notável de mais de cinco anos de filmagens e edições intermitentes, Eraserhedd foi o primeiro longa de David Lynch após varios curtas promissores mas raramente exl bldos. Um midnight movie popular e também um filme cult, este "sonho sobre colsa sombrias e inquietantes", como o próprio Lynch o descreve, garantiu uma entusiástli I base de fãs para o cineasta promissor e antecipou as imagens notáveis de O honrem elefante (1980), Duna (1988) e Coração selvagem (1990), assim como as narrativas retol cldas de Twin Peaks - Os últimos días de Laura Palmer (1992), A estrada perdida (199/) r> Cidade dos sonhos (2001). Com sua trama nada convencional, cenário pós-industrial devastado c imagens em prr
Phipps-Wllson, Jack Fisk, Jean Lange,
to-e-branco que parecem ter sido extraídas do subconsciente de um neurótico, Eraserhedd
Thomas Coulson, John Monez,
já gerou comparações com a mise-en-scène expressionista de O gabinete do Dr. Callgail
Darwin Joston, Neil Moran, Hai Tandon Jr., Brad Keeler
(1919), a decadencia urbana futurística de Metrópolis (1926) e as paisagens de sonho absut das/surrealistas de Um cão andaluz (1929) - sempre com alguma justificativa, apesai dl Insistencia de Lynch de que nenhum desses filmes foi uma Influencia direta. Além dissn, embora a maior parte dos críticos comece as suas discussões do filme observando que .1 pergunta "Qual o lema desle filme..'" seria inoportuna ou mesmo inteiramente Irrelevante, tipil ámenle piossegiiem aigiinienianilo que, apesat de suas diversas idiossincrasia!, Erascfbeod possui narrativa, diálogos, um protagonista e um enredo mais ou menos lineal Esta última afirmação soa confusa se fizermos um resumo convencional da trama Erascrhcad começa com um homem de aparência estranha (Jack Fisk) puxando alavan cas em um planeta árido, enquanto surge, da boca de nosso "herói" Henry Speniri (Jack Nance), que flutua na tela, uma criatura parecida com um verme, simbolizando, talvez, concepção e nascimento. Chegando ao seu prédio sujo, localizado em melo > uma iiaisagem urbana desolada, um vizinho informa o de que a sua namorada Maiy (Charlotte Stewart) quer que ele vá jantar na casa dos pais dela. Durante o jantar - com posto, entre outras coisas, de uma galinha em miniatura que espirra sangue e mexe 1 suas pernas depois que ele a espeta com o garfo -, Henry descobre que é o pai de um bebê prematuro que ainda se encontra no hospital. Mary val morar com Henry, mas 11 abandona logo depois, ja que o choro constante do bebê innlíoi mado e aparentemente tetraplégico a mantém acordada a noite inteira. Q bebê, que parece um híbrido de réptil mecânico com um feto dc bezerro, toma sr cada vez mais repugnante e tomado por doenças. Depois de fantasiar sobre uma mulhei loura com boi hei has de esquilo (I atirei Near) 1 amando em um palco enquanto esmaga vermes que parecem cordões umbilicais dentro do seu aquecedor e após uma avenim 1 de uma noite com sua vizinha sedutora (Judlth Anna Roberts), Henry imagina su* própria cabeça caindo - substituída pela de seu bebê - e depois levada para uma fábrlt 1 onde será convertida em material para fazer as borrachas que vêm na ponta dos l.i|ilí (daí o título do filme - literalmente "cabeça de borracha"). Finalmente, Henry abre com um corte a atadura que recobre o corpo de seu bebê, matando-o e ao mesmo tempo libertando pilhas de entranhas espumosas no processo. Num clarão ofuscante de In branca, Henry abraça a Moça no Aquecedor no que poderia ser a vida após a morte. Nenhum resumo da trama de íraserhead,
contudo, por mais "exato" que seja, srtl J
capaz de comunicar o tom deste filme único e desafiador. As sensações de profunde Incômodo ou mesmo horror provocadas pelo filme, que só aumentam em intensidadi quando ele é visto repetidas vezes, são simplesmente inesquecíveis. SJS
Cf DDO
(1977)
Senegal (Domlreew, Sembene)
uma reflexão complexa de Ousmane Sembene sobre a história da África, o i nação africana se converteu ao islamismo, enquanto os membros da classe [OS ceddo) decidem conservar a sua religião tradicional. Em protesto contra as religiosas que sofrem, um ceddo rapta a filha do rei. Diversos homens nente tentam resgatada, sem sucesso, até que irrompe uma guerra civil, larente, elegante e direto, o filme não contém nada que não seja essencial, " a s pessoas apenas quando estão envolvidas em atos e debates de alta relelilica, estabelecendo uma equivalência entre discurso e ação. Em cenas de le conselho rltuallzadas em espaços públicos, Sembene apresenta argumenI argumentos e acusações por meio de estilos contrastantes de discurso e i" (o imã amargo e seus seguidores com suas fórmulas mecânicas e o amigo a do rei com sua gesticulação expressiva). pie Sembene faz de spirituals (cantos religiosos) dos negros afro-amerlca-
120 min. Eastmancolor Idiomas: francês / uólofe Direção: Ousmane Sembene Roteiro: Ousmane Sembene Fotografia: Georges Caristan Música: Manu Dibango Elenco:Tabata Ndiaye, Mousiapha Yade, Ismalla Dlagne, Matouia lua. OmarGueye, Mamadou Dlounie, N.u Modou, Ousmane Camara, Ousmane Sembene Festival Internacional de Berlim:
Ousmane Sembene (prêmio Interfilm, Fórum do Cinema Novo)
ile suas mais brilhantes ousadias, amplia o contexto do filme para Incluir a ililcana e o futuro dos aldeões africanos, destinados à escravidão, que vemos idos em conjunto, marcados com ferro quente, esperando para serem transI nirecortando essas cenas com a narrativa principal, Ceddo estabelece uma NIIELCCTUAL e um tom mordaz únicos. CFu
0 AMIGO AMERICANO
(1977)
(III II A M E R I K A N I S C H E F R E U N D ) hl ii ao brilhante de O fogo de Ripley, o romance de 1974 de Patricia Hlglismlth, 1II expressões mais eloqüentes do universo existencial de Wlm Wcnders, O nu i/< uno traz Dennls Hoppcr como um americano exilado na Europa. Ele tenta artesão moldureiro de Hamburgo (Bruno Ganz), que ele descobriu ter ' i " a possivelmente fatal, a cometer um assassinato. A recompensa financeira 11 isa e o filho desse homem após a sua morte, loir é eficaz como um th ri I ler, com as cores expressionistas da filmagem de Ha E a trilha tensa de Jürgcn Knieper contribuindo para o clima de suspense " Mas O amigo americano também é um arguto estudo psicológico, dellneanI
a inveja, a desconfiança c a amizade que definem a relação entre os dois "Pós condenados, cada um à sua maneira. a típico nessa fase altamente produtiva da carreira de Wim Wenders, o I diz muito sobre a relação cultural simbiótica mas difícil entre a América
l i , I lio diferindo, em alguns aspectos, de um filme de Jean-Plerre Melville em i' ao de alegorias e motivos de Hollywood e dos filmes de arte europeus, '" ihano presta homenagem a essas tradições com pontas de Nick Ray e Sam II 1 UStai lie, Gerard Blain e Lou Castel. CA
Alemanha Ocidental / França (Autoren, Losange, Moli Films, Road Movies, WDR, Wim Wenders) 127 min. Eastmancolor Idiomas: alemão / inglês Direção: Wim Wenders Produção: Renée Gundelach, Wim
Wenders
Roteiro: Wim Wenders, baseado no livro O jogo de Ripley, de Patricia Hlghsmlth
Fotografia: Robby Müller Música: Jürgen Knieper Elenco: Dennis Hopper, Bruno Ganz, Lisa Kreuzer, Gérard Blain, Nicholas Ray, Samuel Füller, Peter Lilienthal, Daniel Schmid, Jean Eustache, Rudoll Schündler, Sandy Whitelaw, Lou Castel Festival de Cannes: Wim Wenders, Indicação (Palma de Ouro)
EUA (Blood Relations) 89 min. Cor Idioma: Inglês Direção: Wes Craven Produção: Peter Locke Roteiro: Wes Craven Fotografia: Eric Saarlnen Música: Don Peake Elenco: Susan Lanier, Robert Houston, Martin Speer, Dee Wallace
VIAGEM MALDITA
(1977)
(THE HILLS HAVE E Y E S ) Imprensado entre a sua notória estréia. Aniversário macabro (1972), e o seu filme de n u sobrenatural A hora do pesadelo (1984), Viagem nraldita, de Wes Craven, tende a ficar pr dido na discussão crítica sobre qual o maior diretor autoral americano no gene "terror". Considerando-se a subida meteórica de Craven rumo a uma respeitabilid.i, reconhecida apos o exilo de bilheleria de sua nilogia Pânico (1996, 1997, 2000), isso ainda mais verdadeiro hoje. Uma crônica implacável da violência contra e dentro do n
Stone, Russ Grieve, John Steadman,
cleo da família burguesa, Viagem maldita ocupa o papel de "clássico cult" de Craven
James Whltwortb, Virginia Vincent,
celebrado peleis las assumidos do diretor, apreciado por sua estrlica de baixo orçame
Lance Gordon, Michael Berryman, Janus Blythe, Cordy Clark, Brenda Marinoff, Peter Locke
to, gerando leituras semi irônicas que louvam as suas alusões arquetípicas bem con os seus temas apelativos. Contudo, é possível que Viagem maldila esteja entre os lilm mais significativos e mais perfeitamente realizados da carreira de Craven até agora A trama move-se inexoravelmente em direção ao estabelecimento de uma cone pondência estrutural entre duas famílias em oposição superficial que se enfrentam e uma batalha de morte no sítio desolado de uma área de teste de bombas da Foi Aérea .imciii a na I 111 uni dos lados 1 eiuns i>, ( .11 lei, subiub
s de 1 lasse média, 1
mando a Los Angeles de c ano mas fazendo um desvio Insensato pelo deserto de Yui para localizai uma mina de prata deixada como herança para Ethel (Virgínia Vinccnt] seu mando "Big Bob" (Russ Grieve) por uma Ha. Do mil 10 lado há um clã de primiliv. coletores que vivem nas montanhas circundantes e são governados com punho de fei pelo mutante monstro-patriarca denominado Júpiter (James Whiiworth). Esse grupo 1 guerrilheiros canibais
representando qualquer minoria social do tipo "grupos étnii
opiiinklos e e m dil i< iildades"
i ousegue nianlei um nível mínimo de sobrevivem
usando instrumentos c armas descartados pelo Exército para cometer pequenos furto Quando o carro dos Cárter bate em meio ao pedaço de deserto dominado por Ju| ter, os membros da família revelam toda a extensão de sua arrogância Ideologlcannn herdada, sua repressão e capacidade de autonegação, o que os torna excelentes alvi para seus Inimigos cruéis e inescrtipulosos. Blg Bob é ciuclliçado e depois imolado p seu oposto, Papa Júpiter, em um ato altamente simbólico que representa o repud completo dos valores judaico-cristãos - valores esses que o próprio Big Bob havia hlpi Í
ília 111 ente
denuiK
iado anleuurnienle em um discuiso racista Dois dos filhos de Jú|
ter mais tarde Invadem o trailer dos Cárter, onde estupram a filha mais jovem, Biem (',tis,111 I aniei), e assassinam sua ¡1111,1 e a mae. Despojados de qualquei pretensão, a sesperados pela própria sobrevivência, os membros restantes do clã Cárter flnalnien encontram dentro de si a coragem, a maldade e a raiva para matar os seus inimigos filme fecha com uma drástica imagem congelada filtrada cm vermelho do genro Hm (Martin Speer) cm plena fúria, pronto para apunhalar Mars, filho de Júpiter (Lanei Gordon), no peito - embora Mars seguramente já esteja morto. A criatividade de Craven é especialmente evidente na mistura que ele faz de diferi! tes gêneros, inclusive os filmes de horror, o faroeste e o road movie. Estilisticamentl Craven faz um uso Inovador de táticas de choque e efeitos assustadores para mantei um vel de tensão alto durante todo o tempo. O uso variado de câmera na mão, tomada I chadas imitando binóculos, fotografia noturna e montagem picotada é sempre dotado de um forte senso de propósito, servindo para manter o ritmo e a tensão na narrativa. S)S
Bélgica / Holanda (Excelslor, Holland, Rank, Rob Houwer) 167 min. Eastmancolor Idiomas: holandês / inglês Direção: PaulVerhoeven Produção: Rob Houwer Roteiro: Kees Hollerhoek, Gerard Soeteman, Paul Verhoeven, baseado no livro Soldaat van Oranjc '40-'45, de Erlk Hazelhoff Roelfzema Fotografia: Jost Vacano Música: Rogier van Otterloo Elenco: Rutger Hauer, Jeroen Krabbé, Susan Penhallgon, Edward Fox, Lex van Delden, Derek de Lint, Huib
S O L D A D O DE L A R A N J A
(1977)
(SOLDAAT V A N O R A N J E ) Soldado dc laranja é o filme holandês mais elaborado de Paul Verhoeven - bem como filme mais espetacular e mais caro daquele país quando foi realizado. Também foi I prenúncio de temas que Verhoeven retomaria mais tarde em sua carreira hollywoodiaii, Soldado esboça as aventuras de um grupo de estudantes holandeses durante a Seguud Guerra Mundial. Inicialmente recebendo a guerra com um certo desdém - "Uma gucriliili não cairia de todo mal"-, eles logo se vêem forçados a fazer escolhas: juntar-se aos alertfl ao movimento de resistência ou tornarem-se clandestinos. Durante todo o filme, [ri Lanshof (Rutger Hauer) se encontra no centro dos acontecimentos. Enquanto os que eslj em volta dele são compelidos a escolher diferentes caminhos, Erik acha interessante a Min dadede deixar que o destino tome as decisões por ele, saltando dc uma aventura para ouli. O melhor do filme é quando aborda nos mínimos detalhes as questões sociais qu
Rooymans, Dolf de Vrles, Eddy
dominaram a Holanda durante a gueiia. ( ada personagem representa um mlcrocosui
llabbema, Belinda Meuldük, Peter
da sociedade holandesa da época. Não são apenas tornados humanos pela união cor
Faber, Rljk de Gooyer, Paul Hrandenburg, Ward de Ravet, Bert Struys
pessoas reais (a rainha Guilhermina participa do filme), mas também usados em uifl reflexão detalhada sobre como a guerra muda as pessoas e suas opiniões - como I I filme nos pedisse não para julgar, e sim para entender os motivos tanto dos allailn quanto dos inimigos. EM
632
IRIA
II
(19/7)
i IblOluta estranheza enigmática, Suspiria,
Itália / Alemanha Ocidental (Seda de Dario Argento, serve para nos
i HM nenhum filme pode ser um texto, sendo sempre uma experiência. Clarai'i• LI em seu estilo, Suspiria começa como se fosse um giallo (ficção pulp) n uma série de assassinatos espetaculares realizados com a qualidade i jjl um musical. Mas Argento logo muda o passo, revelando um mundo não de no', humanos usando luvas ou máscaras, mas de forças sobrenaturais, magia bruxas malignas. iiiil",
"
Suspiria não é apenas uma produção tardia em um subgênero de terror
' i 11nbém o produto de uma influência estilística específica, a do mentor de Bava, pioneiro em múltiplos gêneros italianos cujos efeitos altamente
i"i
rlados com inteligência c economia. Possivelmente a contribuição mais
i i" estilo de Bava foi um tipo de travellng contínuo que se tornou uma marca iil.i de Argento e que hoje, graças a diretores que vão de Martin Scorsese a Sam > na linguagem contemporânea do cinema. . p i i M n.inscorre em um cenário classicamente gótico - uma velha academia de .ira natureza do que é ensinado lá nos é revelada cm uma chuva de 'i'"
a sobre as meninas numa tarde. Nessa completa nojeira reside uma
i' ' have, já que as grandes cenas espetaculares em sl se tornam testes de i iiquanto o público e a estudante-ptotagonlsta Susy Banyon (Jéssica
IH 11
isportados por sinais de revelações misteriosas e esotéricas, a intensa h iques e efeitos audiovisuais de Suspiria se mantém no limite de se tornar i é a textura de todo o filme, não só em suas grandiosas mortes bem em seus gestos mais ínfimos, como i' Instrutor de dança maligno derrama um jarro Ml
a boca de Susy e notamos o jarro pesado
hllliln i nutra os seus dentes. • dc Argento destaca-se até mesmo entre os me' i i gênero pela intensidade da experiência de ii n l i e m de ouvi-lo, graças a uma trilha quase i i pelo diretor e seus freqüentes colaboracloi i tli ror k Goblin. Do início ao fim, este é um e pesadelo, culminando em uma confrona mais pavorosa anciã de um grupo de Mlmrnte, Suspiria mostra o filme de horror como ( | ritual de iniciação tanto para o protagonis' ' " espectador: o próprio gênero se encontra, " I " numa espécie de religião secular mls-
Spettacoli) 98 min. Technicoloi Idiomas: inglês / alemão / latim Direção: Dario Argento Produção: Cláudio Argento, Salvamie Argento Roteiro: Dario Argento, Daria Nicolodl, baseado no livro Suspiria de Proftindis, de Thomas De Ouincey Fotografia: Luciano Tovoll Música: Dario Argento, Agostino Marangolo, Massimo Morante, I abin Pignatclli, Cláudio Slmonetti Elenco: Jéssica Harper, Stefania Casini, Flávio Buccl, Miguel Bosé, Barbara Magnolfi, Susanna Javlcoli, Eva Axén, Rudolf Schündler, Udo Kiei, Alicia Valli, Joan Bennett, Margheiii.i Horowitz, Jacopo Mariani, Fúlvio Mlngozzi, Franca Scagnettl
Australia (Film House, VFC) 120 min. Eastmancolor Direção: Fred Scheplsi Produção: Fred Schepisl, Roy Stevens Roteiro: Fred Scheplsi, baseado no livro deThomas Keneally Fotografia: Ian Baker Música: Bruce Smeaton Elenco: Tommy Lewis, Freddy Reynolds, Ray Barrett, Jack Thompson, Angela Punch McGregor, Steve Dodds, Peter Cairoll, Ruth Cracknell, Don Crosby, Elizabeth Alexander, Peter Sumner, Tim Robertson, Ray Meagher, Brian Anderson, Jane Haiders Festival de Cannes: Fred Schepisi, Indicação (Palma de Ouro)
0 C A N T O DE J I M M I E B L A C K S M I T H (1978) (THE CHANT OF J I M M I E B L A C K S M I T H ) A adaptação de Fred Schepisl do romance de Thomas Keneally sobre as dificuldades I aborígines australianos no final do século XIX, à medida que questões sobre federai,.11 e independência da nação vinham à tona, justapõe a marginalização e mesmo a dei truição dos povos nativos enquanto a nação moderna dos colonizadores brancos esl em construção. O canto de jlrnmle
Blacksinith acompanha a situação trágica do personagru
principal mestiço (Tommy Lewis), que sofre um tratamento cruel de seus empregadoie brancos, mesmo quando sua conexão com seu povo se enfraquece. Ele acaba aceltandi trabalhar para uma família ainda mais brutal, que tenta subjuga lo, deixando-o la minto, para obrigá-lo a deixar sua esposa. Antes paciente e humilde, Jimmie agoi, explode em uma raiva assassina. Mutilado por um tiro, é capturado e morto. Quando lançado, era o filme mais caro produzido pela nascente Indústria cinema logialii a australiana. Apesat das icscnhas favoráveis, não encontrou um bom públlu em seu próprio país, embora tenha feito sucesso no exterior. Os freqüentadores dt cinema australianos possivelmente acharam o assunto desagradável: o seu rettato d, violência é chocante. Continua sendo uma abordagem cinematográfica tocante e elli ,1, em relação ao racismo e às suas terríveis conseqüências. RBP
Hong Kong (Shaw Brothers) 98 min. Cor Idioma: cantones Direção: Chang Cheh Produção: Mona Fong Roteiro: Chang Cheh, Ni Kuang Fotografia: To Kung Mo, Tsao Hui-chi Música: Yu Chen Yung Elenco: Chiang Sheng, Philip Kwok, 111 Feng, Wei Pai, Sun Chien, Lo Meng,
OS CINCO V E N E N O S
(1978)
( W U DU) Apesar de estar usando máscaras ridículas c ter nomes de animais venenosos, os atoiet principais de Os cinco venenos, de Chang Cheh, não são motivo para risos. Na verdade estão entre os grupos mais perfeitos de artes marciais já reunidos em um único filniri O satus de ícone e mártir de Bruce Lee nunca se perderá e a combinação de habilidade de comediante com lutador de artes marciais de Jackie Chan é inigualável; mas, pata w a coisa em si, é preciso assistir a Os cinco venenos. Essa equipe de atores
Kuo Cliol (Lagarto), Lo Meng (Sapo), Sun Chien (Escorpião)
Wang Lung Wei, Ku Feng, LungTu,
Lu Fcng (Centopeia), Wci Pai (Cobra) c Chiang Sheng ("Híbrido")
Sun Shu Pei, Shih Liu Huang, Shen
coada por Chang, que tinha habilidade para desenvolver novos heróis de artes marcial»
Lao, Huang Lin Hui, Wang Ching-Ho, Cheng Wan Han, KuoChoi
foi formada e apetlel
O grupo também participou das coreografias de algumas das cenas de luta mill notáveis já filmadas. As batalhas sucedem se com graça brutal e inteligência, i.iili movimento mais acrobático do que o anterior. Embora os talentos físicos dos atores sejam a principal atração aqui, Chang tambfl faz algo multo interessante com a estrutura da narrativa. O filme se desenvolve mim um balancete cinematográfico: se dois vilões espancam um dos mocinhos, pode apust.i que mais tarde dois mocinhos cometerão uma vingança violenta e matematicameiili exata. Mapear essas estruturas numéricas peculiares neste filme aumenta o prazei dl assisti-lo, embora as cenas de luta certamente já sejam motivo suficiente. EdeS
A ARVORE DOS T A M A N C O S
(i978)
Itália / França (Gaumont, Gruppo
I I A m t l . R O D E G U ZOCCOLI) Nn-i
Produzione Cinema, italnolegglo,
.11,,io elegíaca da vida dos camponeses da Lombardia, Ermanno Olml oferece ponto à inquietude de seus retratos anteriores da Itália contemporânea: O : IINI.i), I fidanzati 1
(1962), Um dia perfeito (1968), A circunstância (1973). Várias hIs
igem a partir dos detalhes do trabalho dos camponeses e da vida comunl• m 11 namoro e matrimônio de um jovem casal humilde; um pai cortando a árvore de > a fim de fazer tamancos para seu filho Ir à escola; um velho que fertiliza 111 estrume de frango para que amadureçam mais rápido. A Iluminação ntemente quase toda de fontes "naturais", e, sobretudo, a trilha sonora oi colocada nos dâo a sensação de assistir a uma realidade quase palpável, mios são uma afirmação do diretor, não nos permitindo ficar envolvidos • ffilillti tempo em qualquer atividade ou ponto de vista, deixando que o filme se iliii.unente, em múltiplas direções. seqüência privilegiada, uma mulher reza enquanto anda, enche uma gar-
Direção: Ermanno Olmi Roteiro: Ermanno Olml Fotografia: Ermanno Olmi Música não original: Johann Sebastian Bach Elenco: Luigi Ornaghi, Francesca Morlggi, Omar Brignoll, Antonio Ferrari, Teresa Brescianini, Giuseppa Brignoll, Carlo Rota, Pasquallna Brolis, Massimo Fratus, Francesca Villa, Maria Grazia Caroli, Battista Trevalni, Giuseppina Langalelli, Lorenzo Pedroni, Felice Cessl
cm um riacho e finalmente é vista em silhueta na entrada de uma igreja,
Festival de Cannes: Ermanno Olmi
(ou no uso de composições de Badi em vários momentos do filme), que
(Palma cie Ouro), (prémio do júri
lor antipático poderia acusar Olml de esteticismo. Mas tal crítica não 11 lo em conta o ponto de vista do diretor sobre o papel positivo da fé rellgio, camponeses. O seu tratamento contido deste tema faz de A árvore dos IIIII
RAI, SACIS) 170 min. Cevacolor Idioma: Italiano
NA obra comovente e cativante sobre religião. lio emocional cumulativo deste filme é próximo ao de I fidanzati
11111,1
NU IHlin.i de olml passada no presente, em um mundo alienante e industrial -, então • Hlnolii que palavras como "humanismo" (muitas vezes usada para rcferlr-se ao 1111 Heis na tentativa de dar conta deste mundo. A combinação de incerteza lisilismo exaltado no final de I fidanzati é extremamente tocante. Também lesta depois do final aparentemente pessimista de A árvore dos seja o que dá ao trabalho de Olml sua pungência. CFu
taman-
ecuménico)
EUA (EMI, Universal) 183 min.
Technicolor
Idiomas: Inglês / russo / vietnamita /
francês
Direção: Michael Cimino Produção: Michael Cimino, Michael Deeley, John Peverall, Barry Spikings Roteiro: Michael Cimino, Louis Garfinkle, Quinn K. Rcdeker, Derlc
0 FRANCO ATIRADOR
(1978)
(THE DEER HUNTER) Segundo filme de Mlchael Cimino, originalmente um famoso roteirista de Hollyw
I
O franco atirador foi Imediatamente considerado tanto uma obra-prima clnematogri"! fica como uma defesa do ódio partindo de unia grande distorção histórica. Em algum lugar entre esses dois extremos também se tornou um sucesso comercial, apes.ii dl estar centrado na perda da inocência dos americanos durante a Guerra do Vietnã. Em uma das cidades do aço da Pensilvânia, três operários
Mlchael (Robert Dl
Washburn
Niro), Stevcn (John Savage) e Nlck (Christopher Walken) - são convocados para I
Fotografia: Vilmos Zslgmond
guerra. Antes de deixar para trás os seus amigos, contudo, Steven se casa. A sua ceil
Música: Stanley Myers
mflnla de casamento e a recepção em seguida servem também como festa de des-
Elenco: Robert De Nlro, John Cazale, John Savage, Christopher Walken, Meryl Streep, George Dzundza, Chuck Aspegren, Shirley Stoler, Rutanya Alda, Pierre Segui, Mady Kaplan, Amy
pedida para os novos recrutas. Corte abrupto para outro país. Os três se tornam prisioneiros de guerra e flnalmeit te conseguem escapar de seu tormento, embora com várias complicações. Steven f i e l paraplégico, Nlck tenta sobreviver no Sudeste da Ásia, tendo se tornado um aleijaili
Wright, Mary Ann Haenel, Richard
emocional, e Michael volta para casa atormentado pela culpa por ter colocado sem
Kuss, Joe Grlfasl
amigos em perigo. Sua vida fica ainda mais complicada quando se apaixona por I Indl
Oscar: Barry Spikings, Michael Deeley, Michael Cimino, John Peverall (melhor filme), Michael Cimino (diretor), Christopher Walken (ator
(Meryl Streep), antes noiva de Nick, enquanto luta para retomar sua vida como civil. Ao longo de mais de três horas, O franco atirador apresenta boas atuações e unij grupo de seqüências particularmente Intensas. Primeiro a do casamento, depois supe
coadjuvante), Peter zinner (edição),
lada pela multo debatida roleta russa entre os piislonelios de guerra. Lm melo a isso hl
Richard Portman, William L.
vários retratos de uma comunidade cm colapso nas colinas da Pensilvânia - e em c.uli
McCaughey, Aaron Rochin, C. Darin Knight (som) Indicação ao Oscar: Michael Cimino, Deric Washburn, Louis Garfinkle, Quinn K. Redeker (roteiro), Robert De Niro (ator), Meryl Streep (alii/ coadjuvante), vilmos Zslgmond (fotografia)
cena há momentos marcantes para as carreiras de Walken, De Niro c Streep. Ironicamente e dando uni tom estranho de patriotismo barato, o elenco do filme I.K um brinde â sua tênue conexão cantando a patriótica "God Bless America" pouco ante mi". dos créditos finais. A seqüência é um comentário desolado e conciliatório sobre o i o i estado de coisas d,iqiiolo peiiodo, apiescutando os I sl,idos Unidos como uma fonte' Lili IE Incrível heroísmo, covardia, ignorância e celebração cega. Como se anunciasse a espe rança falsa de um novo dia, O franco atirador é, portanto, um antlclásslco americano Uma visão distanciada dessa reflexão de 1978 sobre a guerra também mosiia n filme como um melodrama doméstico provocante. Passando de forma vacilante pui uma visão estreita dos fatos históricos, expressa um retrato de bravura da expedem la do Vietnã canalizada por Indivíduos, sem se preocupar com um contexto social mal! amplo. A maior parte dos críticos se além a esse ponto, citando a visão simplista, mi mesmo racista, que o filme tem sobre os asiáticos e o uso distorcido da roleta-russa em nada menos do que dois pontos centrais da narrativa. Há outros que se concentram nu subtexto social, ou até homossexual, sobre os militares c a sua assimilação à vida (Ivll, vista como uma esfera de Influência feminina. A questão pode ser colocada de forma mais enfática, contudo, se consideraiuiiu que O franco atirador foi um dos primeiros filmes do cinemão americano centrados ml Vietnã. Simultaneamente Importante para ajudar a estabelecer padrões de lançamento para os filmes supostamente mais prestigiosos que são exibidos apenas no final do .11111 para concorrer ao Oscar, ele forneceu imagens indeléveis ao Imaginário pop antes de ganhar um Oscar de Melhor Filme. Tudo isso por ter apresentado a história aparem* mente banal de trabalhadores braçais chamados a cumprir seu dever cívico. CC-Q
GREASE - N O S T E M P O S D A B R I L H A N T I N A (1978) (GREASE) Um clássico kltsch, Greasc foi para as adolescentes do final dos anos 70 o que CIMO nas estrelas foi para os garotos. John Travolta, de quadris finos e cabelo cheio de hil* lhantina, é Danny Zuko, líder cool dos T-Birds na escola Rydcll Hlgh nos anos 50. Durai te as férias ele se apaixona pela doce Sandy Olsson (Olivla Ncwton-John), de cidade, o depois fica constrangido quando ela aparece em sua escola - a imagem virginal de Sandy constitui uma séria ameaça ao estilo dele. O filme tem uma trama mais do que batida: rapaz modernoso não quer namoílj mocinha ccrtinha, rapaz fica com ciúmes quando ela sal com outro. Há vários mal en< tendidos provocados pelos amigos intrometidos até ele perceber que o amor é mais IrfW portante do que ser cool, e, no final, todos são felizes para sempre. Mas o importaull aqui não é a história, e sim os ingredientes que o diretor Randal Kleiser acrescentou I mistura e epie la/em desle uni grande Mime musical. Alem de ter encontrado as dual estrelas perfeitas
John Iravolla (mais quente do que nunca logo apos o megasst
.MI
de Embalos de sábado à noite) c Olívia Newton John (em um papel originalmente oleie eido a Marlc Osmond) , o elenco tem atores coadjuvantes bem escolhidos, com Dldl Conn no papel da ex-aluna de estética Frcnchy, Stockard Channing como a vadia Rlz/oll Frankie Avalon como o divino orientador de Frcnchy. EUA (Paramount) no min. Mctrocolor Idioma: inglês Direção: Randal Kleiser
Ha lambem algumas seqüências ótimas, como a corrida de cairos de Thunder Kci.nl, no estilo "Bcn-Hur", Travolta abrindo seu coração machucado no drlvc-in enquanto 1,1 1 hniios quei ti es animados dançam na tela at lás dele e, o melhor de tudo, os númeiit
Produção: Allan Carr, Nell A. Machlls,
de música e dança que não deixam ninguém ficar parado. Todos são clássicos, das c .111
Robert Stigwood
ções tristes de amor "Hopelessly Devoted to You" e "Sandy" à sexy "You're the O n e T h W
Roteiro: Bronte Woodard, Allan Carr, do musical de Jim Jacobs e Warren Casey
I Want" (em cpie Newton John passa de mocinha bonitinha a vamp de calças piclai
Fotografia: Bill Butler Música: John Farrar, Barry Gibb Música não originai: Sylvester I'aadford, Warren Casey, Sammy Fain, Jim Jacobs, Al Lewis, Richard Rodgers, Louis St. Louis, Mike Stoller, Ritchie Valens, David White Elenco: John Travolta, Olivia NewtonJohn, Stockard Channing, Jeff < onaway, Barry Pearl, Michael Tucci, Kelly Ward, Dldi Conn, Jamie Donnelly, Dinah Manoff, Eve Arden, I rankle Avalon, Joan Blondell, Edd Byrnes, Sid Caesar Indicação ao Oscar: John Farrar (canção)
MH
1 oladas no <(iipo, 11 aiisíorninçan da qual alguns de seus las nunca se recuperaram) • chacoalhante "Summer Nights". A melhor de todas, é claro, é "Greased Lightnln'", 1 u|,i coreografia foi ensaiada por milhões de adolescentes ao longo de décadas. JB
i IN/AS DO PARAÍSO
(1978)
IIIAVS OF H E A V E N ) IIIMM I Milic k c o membro menos convencional da geração de diretores americanos |HMI! 1 ile Renascença de Hollywood. Ele tem um forte interesse no cinema visual, diretores da Hollywood clássica, em particular John Ford, cuja fascinação ' nes simétricas e amplas paisagens é compartilhada por Malick. Os seus "ngas-metragens, Ferro de ninguém c Cinzas do paraíso, seguem basicaHi ao de narrativas de casais de fora-da-lei, como Bonnle e Clyde, de Arthur ii inativa dos crimes que se encontra no centro de cada um desses filmes ar o complexo triângulo amoroso, em Cínzrrs do paraíso, entre Richard l.nns e Sam Shepard - não é o que se fixa cm nossa memória. O Interesi "-In cinema como uma experiência intensa, imagética, nunca foi tão bem MMII"
I
lo neste filme, que é notável por suas imagens da vida nos Estados ulo XIX. A miséria c a Imundície das cidades do Leste superpovoaclas por mi lastam com os vastos espaços abertos das pradarias americanas, sendo 1 onectadas pelo inevitável aspecto da classe social. • lasse superior é representada impessoalmente pelo sistema de fábrlpiadaria, a casa do proprietário de terras - que contrata os trabalhadores '. i omanda no campo - domina a paisagem, sendo o único sinal visível
EUA (Paramount) 95 min. Metrocoloi Idioma: inglês Direção: Terrence Malick Produção: Bert Schneider, Harold Schneider Roteiro: Terrence Malick Fotografia: Néstor Almendros Música: Cnnio Morricone Elenco: Richard Cere, Brooke Adams, Sam Shepard, Linda Manz, Robert J . Wilke, Jackie Shultls, Stuart Margolin, Tim Scott, Gene Bell, Doug Kershaw. Richard Libertini, Frenchie Lemond, Sahbra Markus, Bob Wilson, Muriel Jolllffe Oscar: Nestor Almendros (fotografia) Indicação ao Oscar: Patricia Norris (figurino), Ennio Morricone (música), John Wilkinson, Robert W. Class Jr., John T. Reitz, Barry Thomas (som)
ih ia humana e de prosperidade. Malick energiza esse ambiente pondo uma i " ile dois homens que ela ama, com sua tragédia final causada pela 'lia 1,1, amarga entre eles, uma luta pela propriedade exclusiva de alguém que não Em vez de se basear em seqüências cheias de diálogos para fazer a iii 11. Malick usa algo que é essencialmente uma técnica do cinema mudo: 1 cbldas cujo significado pode ser fixado, quando necessário, por uma ilisiitui a antiga prática íntertítulos. Aqui, como em Terra de ninguém, a na mulher (Linda Manz, aos 17 anos), a quem cabe descrever e explicar o 11In dos homens, especialmente o seu recurso à violência, que parece com• ' I n a sua boa índole. Apesar de toda a beleza e a evocação pastoral de inâvel, Cinzas do paraíso é cheio de luta, destruição e ruminações sobre l i . iindição humana, um pouco como Além da linha vermelha, filme mais M I 111
RBP
639
EUA/ Itália (Target, Laurel) 126 min.
0 DESPERTAR DOS M O R T O S
(1978)
Technicolor
(DAWN OFTHEDEAD)
Idioma: Inglês
George Romero entende o Impacto social metafórico dos filmes de horror comu n
Direção: George A. Romero
nhum outro. Com seu filme de estréia na direção, A noite dos nrortos-v/vos (1968). ele
Produção: Claudio Argento, Darío Argento, Alfredo Cuomo, Richard P.
aprofundou nas relações raciais em nível quase documental. Dez anos depois, O dc.p
Rubinstein
Roteiro: George A. Romero Fotografia: Michael Gornlck Música: Darlo Argento, Agostlno Marangolo, Massimo Morante, Fabio Pignatelll, Claudio Slmonetti Elenco: David Emge, Ken Foree, Scott H. Reinlgcr, Gaylen Ross, David Crawford, David Early, Richard France, Howard Smith, Daniel Dietrich, Fred Baker, james A. Bafflco, Rod Stouffer, Jesse Del Gre, Clayton McKlnnon, John Rice
tar dos mortos deu continuidade à tendência de Romero de refletir questões colei 1» nos lugares mais inusitados. Usando como veículo os perturbadores "mortos vivm ele explora a bizarra relação entre os zumbis c a cultura do capitalismo a m bien 1,1 m I" seu horror carnívoro em um shopping suburbano. Quatro fugitivos da violência nas áreas pobres e centrais da cidade - violem ll zumbis e também a "normal" - decidem decolar em um helicóptero para um lugar Ifll perigoso. Quase sem gasolina e sem provisões, aterrissam no telhado de um shoppr habitado por uma massa de zumbis carnívoros. Depois de delimitar com segurança u r i área de ainia/enanienln, dois meml
, dn grupo decidem lazer um pouco de pllliagi
Após sua agradável experiência de fazer compras, o grupo decide permanecer shopping, embarrleando as saídas, livrando-se dos zumbis e vivendo o sonho amcilc a ü despertar dos mortos é uma crítica sagaz aos consumidores americanos: br rsl 11 ,11 los. pes s e .11 l.e.l a l u i u ,111 s u l II d.l 11 I ( i l ' V a 1111 ' m I Is li .1 a n 11 liei] I e, OS zum bis I l|
estupidamente pelo shopping, tendo apenas as necessidades básicas para a subslttl cia. Para além desses autômatos, contudo, os quatro habitâmes humanos do shoppll acrescentam complexidade ã avaliação de Romero do capitalismo. Passando m e i f r dentro, os sobreviventes convertem a sua área de armazenamento em um apaii luxuoso, pegando o que piei Is.ini e o que querem. Ainda assim, as visões onlpresi li do shopping c avernoso o desci to sao uma lembrança constante de que esse exi c consumismo é só uma distração do perigo que existe do outro lado da porta, peit nascido da própria violência da humanidade. Os filmes de horror de Romero têm uma qualidade durável c misteriosa, pei| mente nos sacudindo para fora da fantasia de horror gráfico dos zumbis para Icniblf nos que a vida real é igualmente assustadora. As preocupações mundanas de Ode* tardos mortos nos perturbam mesmo depois que os zumbis sao deixados para U.V.
IHAO LIN S A N SHIH LIU F A N G (ws) nu é o melhor coreógrafo de luta que já trabalhou na indústria clnemaJgMli. ,i rir I long Kong. Depois de se aperfeiçoar como diretor de artes marciais de I"
melhores filmes de Chang Cheh, ele passou a ocupar a cadeira de diretor,
(llrihli i n,i percepção cinética sem paralelos consigo. • lin San Shih Liu Fang (em tradução livre, "Grande mestre do Templo habilidades visuais de Liu estão em seu auge. Como tantos outros filmes i i.iis, trata-se de uma simples história de vingança, mas separada em três ii lonalmente distintas. Na primeira, a família de San Te (Gordon Llu) é morIH hus e ele jura vingança; na terceira, ele excuta a sua vingança. Mas a seinil 11
Hong Kong (Shaw Brothers) 115 min.
Cor Idiomas: cantones / inglês Direção: Chia-Liang Liu Produção: Mona Fong, Run Run Shaw Roteiro: Kuang Ni Elenco: Lung Chan, John Che ti 11^,, Norman Chu, Hou Hsiao, Hoi San Lee. Chia Huí Liu, Chia Yung Liu, Lieli In Casanova Wong, Yue Wong, Sin lien Yuen, Gordon Liu
r onde a história, a ação e as imagens se juntam de forma gloriosa.
A |irtilr' do meio é dedicada inteiramente às laboriosas sessões de treino de San Te miaras do lendário Templo Shaolln, onde ele desenvolve a sua mente e Numa cena notória, San Te deve subir uma ladeira íngreme carregando i'", de água, com punhais presos sob seus bíceps: se abaixasse os braços, • • apunhalaria no peito. • •
Ulme é o famoso Gordon Liu. A intensidade que dá à sua atuação faz com
'.un Shih Liu Fang se destaque ainda mais. E nem chegamos a mencionar as *«.li iin i hasta dizer que é impossível que deixem o espectador desapontado. EdeS
Ml IN SMOKE (1978) 1
i
isprezar Up in Smoke (Virando fumaça) como uma comédia de maco-
I • loldões e para a garotada de colégio desocupada. Embora esses certamen.• i
ipais fãs do filme, limitar-se a isso seria ignorar a mistura inspirada de
de iuipiovlsação, nonsense e maluquice desenfreada que torna o filme muito . | ' n .1 suma de suas partes. 0. "a e melhor das Incursões cinematográficas do popular duo de comediantes 111 in •• lummy Chong, Up in Smoke possui alguns dos personagens mais pito' .in. ília americana dos anos 70. Pedro (Cheech) é um daqueles protagonistas
Idiomas: inglês / espanhol Direção: Lou Adler, Tommy Chong Produção: Lou Adler, John Beug, Lou Lombardo Roteiro: Tommy Chong, Cheech Marin Fotografia: Gene Polito Música: Tommy Chong, Danny Kortchmar, Cheech Marin, Waddy
leipretados tanto para gerar compaixão quanto para nos fazer rir: é um
Wachtel
li ano sem sorte que vive na pobreza mas compra adereços escandalosos
Elenco: Cheech Marin, Tommy Chong, Strother Martin, Edie Adams, Harold Fong, Richard Novo, Jane Moder, Pam Bille, Arthur Roberts, Marlan Beeler, Donald Hottonjohn Ian Jacobs, Christopher Joy, Ray Vitto, Mlchael Caldwell, Stacy Keach
pierido, Man (Chong) é um maconheiro da mais alta ordem, para quem . I . " i " i amanho de uma lingüiça é apenas um aperitivo. Mas o melhor desemI hi iiiiriHe o de Stacy Keach como o sargento Stedenko, o policial certinho e ii|.i determinação só perde para sua incompetência. 1.
EUA (Paramount) 86 min. Metrocoloi
l"i.is surpresas de Up in Smoke é o seu pleno uso dos planos abertos: não pi iai que um filme de baixo orçamento fosse tão bem cuidado em suas ' 1 Hme não só é hilário como também foi bem-feito. EdeS 1
641
EUA (Compass, Falcon) 91 min. Metrocolor Idioma: inglês Direção: John Carpenter Produção: Debra Hill, Kool Lusby Roteiro: John Carpenter, Debra Hill Fotografia: D&an Cundey Música: John Carpenter Elenco: Donald Pleasence, Jamie Lee Curtis, Nancy Kyes, P. J . Soles, Charles Cyphers, Kyle Richards, Brian Andrews, John Michael Graham, Nancy Stephens, Arthur Malet, Mickey Yablans, Brent Le Page, Adam Hollander, Robert Phaíen, Tony Moran
H A L L O W E E N - A NOITE DE TERROR
(1978)
(HALLOWEEN) Nenhum outro diretor desde Alfred Hitchcock conseguiu capturar o voycurlsmo delk ius do terror tão bem quanto John Carpenter em Hallowecn, um filme tão cheio de nossi inquietudes mais primordiais que continua definindo o gênero após 20 anos. De fato, comparação entre Hitchcock e Carpenter não é nenhum exagero: Holloween está cheio d tributos de Carpenter a Hitchcock, desde os nomes dos personagens - Sam Loomls e Ini Doyle, de Psicose (1960) e Jane/cr Indiscreta (1954), respectivamente - à inclusão no elenr de Jarinle Lee Curtis, filha de Janet Leigh, a infeliz vítima no chuveiro de Psicose. A trama de Holloween é bem simples: um psicopata mascarado, Michael Myers, v, apunhalando e estrangulando pessoas em meio a um grupo de amigos adolescente enquanio estes bebem cerveja 1
m at rãs de sexo, até que finalmente ele se d f l f l
com a grande força pura do filme, a virginal baby-sltter
Laurie Strode (Curtis). Apesar ti
seu minimalismo, as evidentes inquietudes sociais do bem contra o mal na trama d Holloween ficam sem solução no final, uma estratégia repetida consistentemente et outros slashcr movies (um subgencro dos filmes de terror centrado em assassln.tii com objetos cortantes) que vão de Sexta-feira 13 (1980) a Pânico (1996). A intensidade d Carpenter e do roteiro de Debra Hlll está em situar o terror no ambiente plácido da vld suburbana dos Estados Unidos, onde se presume (ou pelo menos se presumia) que t: jovens estejam seguros. Desconstruindo a noção de domicílio como local protegido, o trabalho de catnei de Holloween Invade a cidade fictícia de Haddonfield coin um plano subjetivo erranti o filme começa com tuna brilhante tomada mostrando tudo através dos olhos il assassino "então com seis anos de Idade". Carpenter constrói um medo puramenl estético, separando Holloween de sua própria descendência cansativamente exposlilv, Em todo o filme, há sempre alguém observando, seja predador ou presa. Os choques ri subjetividade em Hallowecn são fascinantes e, conforme o filme se desenrola, flcainrj espreitando cm esquinas, por trás dos ombros, pelas janelas e por frestas de closetl esperando o que acreditamos ser a morte certa. O ritmo brilhante e as tomadas cxcruciantemcntc longas conseguem mantei adrenalina em alta, enquanto Michael se esgueira pelas sombras, escapando da mui! várias vezes para perseguir a Inteligente Laurie. Quando o filme termina, ficamos per saneio, angustiados, sobre o que sep.na latos e li< çan. K B
Alemanha Ocidental (Albatros, Fengler, Autoren, Tango Film,Trio Film, WDR) 120 min. Fujicolor Idioma: alemão Direção: Rainer Werner Fassbinder Produção: Michael Fengler Roteiro: Rainer Werner Fassbinder, Pea Fröhlich, Peter Märthesheimer Fotografia: Michael Ballhaus Música: Peer Raben Elenco: Hanna Schygulla, Klaus Löwitsch, Ivan Desny, Gisela Uhlen, Elisabeth Trlssenaar, Gottfried John,
O C A S A M E N T O DE M A R I A B R A U N
(1979)
(DIEEHEDER MARIA BRAUN) Como muitos outros filmes do diretor alemão Rainer Werner Fassblnder - inclusivo I Bríest (1974), Li/i Marlene (1981) e O desespero de Veroriika Voss (1982) - O casamento 1 Maria Braun concentra-se numa personagem feminina cujo destino reflete a história 1 seu país. Casada com um soldado, Hermann (Klaus Lówltsch), durante a Segunda Gue ra Mundial, Maria (Hanna Schygulla) acredita que seu marido morreu no campo :. batalha. Quando a paz é declarada, ela começa a trabalhar em um cabaré. Atac.nl.11 um soldado americano que lenta estuprá-la, ela acidentalmente o mata durante a lul que ocorre na mesma noite em que seu marido regressa. Ele assume a responsabllld.if pelo crime e, enquanto peimanecc na cadeia, Maiia trabalha desesperadamente paia redimi! e preparar uma vida segura para os dias que virão após a libertação do marld
Hark Böhm, George Byrd, Claus Hohn,
Uma década de esforço árduo a transforma em uma mulher próspera, mas a fellcldai
Günter Lamprecht, Anton Schicrsner,
ainda parece Impossível porque, embora livre, Hermann se sente pouco confortável e
Sonja Neudorfer, Volker Spengler, Isolde Barth, Bruce Low, Günther Kaufmann, Karl-Heinz von Hassel, Kristine De Loup, Hannes Kaetner Festival de Berlim: Rainer Werner Fassbinder (júri de leitores do Berliner Morgenpost),
Hanna Schygulla (Urso
de Prata - atriz), (realização notória toda a equipe), Rainer Werner Fassbinder, Indicação (Urso de Ouro)
sua presença. Ele parte para a América do Sul para fazei a pióprla fortuna e finalmeii. volta quase 110 final tio filme. O destino dc Maria, contudo, novamente se mostra cruif já que, na noite da reconciliação do casal, um cano dc gás sc rompe e a explosão ma ambos. As premissas melodramáticas nao diminuem de forma alguma a força deste Min notável, que analisa, sob um olhai especifico, o "milagre alemão". Custeada com enorn sacrifícios, a reconstrução da Alemanha recaiu, em grande parte, sobre os ombros liage de suas mulheres. I onge de sei unanimemente aceita, a idéia de Fassbinder sobre e « crescimento do pós-guerra era de que "se as paiedes foram reconstruídas, os cor.içflf permaneceram quebrados". O casamento de Maria Braun fala da perda da alma em nu sociedade que exalta a prosperidade. Brilhantemente Interpretada por Schygulla, M.ul.i obi¡1',,ida a soliei poi estai em Inisi ,1 d.1 auto estima e da dignidade por meios inumano. Fascinada pelo dinheiro, ela perde o seu encanto feminino. Convencido por Douglas Slik de que o melodrama sempre funciona, Fassi
|{
conseguiu evitar o sentimentalismo sendo rigoroso e eficiente. O famoso "olhai R*" do" continua presente, como sua marca inconfundível. Com este filme, Fassbindei 111, uma vez comprovou ser um mestre dos retratos femininos. DD
IIYI BYE B R A S I L (1979)
Brasil (Aries Cinematográfica
mi'.cria em qualquer canto, já dizia a canção, e Bye Bye Brasil é a comprovação ic. Por mais que seus protagonistas, os artistas mambembes da Caravana i'iiiem revestir de algum glamour sua rotina simplória e faturar cm cima da a do povo do sertão, não têm como disfarçar a própria precariedade, que lia intelectual dos fins-de-mundo do interior do Brasil, i igano (José Wilkcr), o mágico da trupe, mal sabe ler e escrever; Salomé, a linha da Rumba (Bctty Faria), é prostituta, às claras ou na surdina, depen-
Argentina, Carnaval Unlfilm, I ut2 Carlos Barreto Produções Cinematográficas e Caumont) íozmin. Cor Idioma: português Direção: Cacá Diegues Produção: Luiz Carlos Barreto, I ui v Barreto
uimo estejam os ganhos do grupo. Para que o caminhão espalhafatoso da
Roteiro: Cacá Diegues (colaboração
paieça ultrapassado aos moradores de qualquer povoado, basta que chegue
de Leopoldo Serran)
da televisão (as "espinhas de peixe", como eles chamam as antenas que
Fotografia: Lauro Escorei Edição: Anísio Medeiros e Mair
ni aparecer sertão afora). poderia haver só o registro de uma vida patética fadada a definhar, vemos • ii • imbuídos de uma fascinação sincera pela idéia do espetáculo. Quando o tile Cigano "faz nevar no sertão" ou "se comunica com espíritos", o filme se do lirismo felllniano. Mas as suas quimeras mia
ver o mar, encontrar o Eldorado
são expressões fiéis da alma brasileira. JBl
Tavares Desenho de produção: Anísio Medeiros
Música: Chico Buarque, Roberto Menescal, Domlnguinhos Elenco: José Wilker, Betty Faria, Fábio Júnior, Zaira Zambelli
MY BRILLIAIMT CAREER
(1979)
u m a série de sucessos internacionais vindos da Austrália no final dos anos
I
i is fio, My Brllliant Caiccr
(Minha carreira brilhante) também reflete o
i i i ' feminista daquela época. Baseado em um romance de Mllcs Franklin, uma IH .italiana, e com mulheres proeminentes na direção, roteiro e produção, o • ! i n l i a o rito de passagem da adolescência de Sybylla (Jttdy Davis), uma n o Outback, perto da virada do século passado. II
l' tciminada a ter "uma carreira brilhante", não dá muita atenção á vida
I I I 1 que seus pais e a sociedade esperam que tenha. Sendo uma menina bem I I fora de seu ambiente na casa da avó, onde as mulheres são elegantes e têm -
' H i i e j a d a por dois pretendentes interessantes, Sybylla encontra um bom
' ". Beecham (Sam Nelli). Contudo, ela decide não se casar, sabendo que não • dl suportar a vida de esposa de um agricultor do Interior, nem mesmo um 1 1 1 oportunidade de prosseguir em sua tentativa de carreira como escriI " . l e i mina com Sybylla colocando no correio o manuscrito que será publicado eiiiliiiiii
(areer. Uma excelente atuação de um elenco perfeito em seu conjunto io Interessante da política sexual no início do século XX. RBP
Austrália (CUO, Margaret Fink, NSWFC) 100 min. Eastmancolor Idioma: inglês Direção: Gilllan Armstrong Produção: Margaret Fink Roteiro: Elcanor Witcombe, baseado no livro de Miles Franklin Fotografia: Donald McAlpIne Música: Nathan Waks Música não original: Robert Schumann (de "Cenas Infantis") Elenco: Jttdy Davis, Sam Nelli, Wendv Hughes, Robert Crubb, Max Cullen, Aileen Britton, Peter Whitford, Patrícia Kennedy, Alan Hopgood, Julia Blake, David Franklin, Marion Shad, Aaron Wood, Sue Davies, Gordon 1'ipel Indicação ao Oscar: Anna Sénior (figurino)
M '1
Alemanha Oriental / URSS (Mosfilm,
STALKER
ZDF) 163 min. P&B / Eastmancolor
Como Solaris (1972) antes dele, Stalker, de Andrei Tarkovsky, foi adaptado de um llvui
Idioma: russo Direção: Andrei Tarkovsky Produção: Aleksandra Demldova Roteiro: Arkadi Strugatsky, Boris Strugatsky, adaptado do livro The Roadside Picnic, de Arkadi e Boris Strugatsky
(1979)
popular de ficção científica do bloco oriental (The Roadside Picnic, de Arkadi e Boi is Stff gatsky) e usa convenções desse género cinematográfico - novamente um fen
11
misterioso, possivelmente de origem alienígena, que talvez materialize os desejos n.ill profundos de Investigadores imperfeitos - para fazer perguntas fundamentais s u b i » humanidade, memória, desejo e desolação. Em um pequeno país não nomeado (o livro é situado na América), surgiu uma 2
Fotografia: Aleksandr Knyazhlnsky
possivelmente como resultado do Impacto de um meteorito ou de uma vlsltl
I
Música: Eduard Artemyev
espaço sideral. Nessa Zona, as leis da física e da geografia não se aplicam. Embora
•
Elenco: Aleksandr Kajdanovsky, Alisa
autoridades vigiem o perímetro da Zona para "proteger" os incautos, o personagem í\$
Frejndlikh, Anatoll Solonltsyn, Nikolai
título (Aleksandr Kajdanovsky) é Integrante de um pequeno grupo de sensitivos P o n -
Crlnko, Natasha Abramova
qué transportam as pessoas através das barreiras e as conduzem pelo espaço tom uell
Festival de Cannes: Andrei Tarkovsky
porém mágico. Contra os desejos de sua esposa (Alisa Frejndlikh), que precisa cuidai I
(prémio do júri ecuménico - prêmio
especial)
sua Milia fisicamente delir lente mas psiquicamente superdotada, o Stalker (llti 1 || mente, "caçador") leva dois homens - um escritor em busca de Inspiração ( A n l M Solonltsyn) e um cientista em missão secreta (Nlkolal Crlnko) - para dentro da , para além dos restos enferrujados de uma antiga expedição militar, passando pui caminhos perigosos e muitas vezes mutáveis, rumii m* "Quarto", onde os desejos podem se realizar. Talvez o romance original dos irmãos Strugatsky ptl um dia ser transformado em um filme de ação, mas a vnh *~
I
Mime de reflexão: na Zona, mover-se para a frente
""ifl £•
1
são de Tarkovsky seria mais adequadamente chamada ilt 1 •
ve/es signilii a voltar atrás; e multo mais freqüente veiiuilt os viajantes descansando, a cimera posicionada a 11111,1 dl»
/ff I
tância respeitosa; longos períodos sem falas, marcado*, pui uma música melancólica e os sons do ambiente, san qilttj brados por intensos e desafiadores debates, possível fúteis, entre os personagens. A Zona é um dos grandei
M
gares mágicos do cinema: uma vegetação de um verde do vai dando lugar a ruínas recentes alagadas, enlame iil e desabitadas à medida que o grupo se aproxima do 1 a mítico Quarto. Como o Reino de Oz da MGM, a Zona f tulM rida, em meio a uma realidade monocromática chapaiill embora a filha do Stalker - supostamente malform.ul.i ¡1111 exposição do seu pai à Zona - tenha uma cor pifl|illl especialmente em um plano final formidável que ti.m os seus poderes teleclnéticos com uma simplicidade 11» marcante, à sua maneira, como os choques sángrenlo! |jf] Brian De Palma em Carrie (1976) e A fúria (1978). KN
F.46
AI ILN. O OITAVO PASSAGEIRO (1979) IAMI N) ninguém ouvirá você gritar." A chamada do cartaz de Alien era um chamariz • uive muitos gritos nos cinemas. Desafiando a popularidade de Guerra nas Hey Scott ressuscitou o gênero barato de monstros assustadores vindos do 'i u n o a um visual cuidadoso de orçamento elevado e criou um filme ficção científica de terror, capaz de deixar os nervos à flor da pele. avançado de Dan 0'Bannon deve muito ao engenhoso filme B dos anos 50 IN Beyond Space e segue a fórmula de "mansão mal-assombrada" de O
Inglaterra (Fox. Brandywine) 117 min i 01 Idioma: inglês Direção: Ridley Scott Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill, Ivor Powell Roteiro: Dan O'Bannon, Ronald Shusett, Dan O'Bannon, Walter Hlll Fotografia: Derek Vanlint Música: Jerry Goldsmith Elenco: Tom Skerritt, Sigourney Weavei
m ou O coso dos ro negrinhos, porém ambientado em uma nave espacial e
Veronica Cartwright, Harry Dean
" I I T O de nojeira bem maior. A Nostromo é uma nave cargueiro gigantesca
Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphei
.paço profundo, com uma tripulação mínima (e nada convencional)
MiHirii
apitão Dallas (Tom Skerritt) que inclui a inteligente tenente Ripley (Sle i ) e o gato Jones. Respondendo a um pedido de ajuda, descobrem uma 111 abandonada e ovos estranhos. Enquanto examinam os ovos, de um • |iul
p,uasrta que se agarra ao capacete de Kane (John Hurt), infectando-o e, pois, fazendo um estrago aterrorizante quando um filhote de aiien sai do m.mie o café-da-manhã. Os demais atores supostamente não sabiam o que 11 ie tornou seu choque c repulsa ge' ne.a frisson e usa os corredores esI I " . 1 riiamática, à medida que a tripula h - e que, pelo jeito, nunca tinha
nein
film de lerror na adolescência
vai dire-
"ni 10 do par de mandíbulas exten' O que elevou a angústia ao esio de efeitos visuais premiados 1 direção ímpar de arte e design, orgânicos e metálicos, assim ' (apenas vislumbrado) projetado Il II
' ilger, cuja beleza terrível recebeu
• N U losldade da escultural dançarina
I^BllMlilllll' se uma estrela e um ícone da 1
no a corajosa sobrevivente RlI"
11,1 batalha final apenas de ca-
INHA I la deveria terminar o filme nua, • ' fragilidade humana perante a máI' ' 1 perfeita, mas a 2óth Century Fox, N H uma classificação "R" (proibido de 1/ anos) nos Estados Unidos, maneira pouco usual para uma IS 1 nntinuações foram entre"
L.INIOSOS por seus estilos visuais ' n i ' ' Cameron, David Fincher e 1
Al
Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton Oscar: H. R. Giger, Carlo Rambaldl, Brian Johnson, Nick Allder, Denys Ayling (efeitos especiais visuais) Indicação ao Oscar: Michael Seymniii, Leslie Dllley, Roger Christian, Ian Whittaker (direção de arte)
EUA (Fox)
100
min. Cor
Idioma: inglês Direção: Peter Yates Produção: Peter Yates Roteiro: Steve Tesich Fotografia: Matthew F. Leonetti Música: Patrick Williams Elenco: Dennls Christopher, Dennls Quaid, Daniel Stern, Jackle Earle
O VENCEDOR
(1979)
(BREAKING AWAY) Alguns dos mais perceptivos relatos contemporâneos sobre os Estados Unidos foram produzidos por diretores de filmes abençoados com o olhar de um estrangeiro. Em n vencedor, o diretor britânico Peter Yates consegue recobrir o que poderia ter sld filme medíocre sobre o rito de passagem da adolescência com profundas percepçoi sobre como as classes sociais funcionam numa sociedade supostamente sem classes, Na superfície, o filme é simplesmente sobre o maluco por ciclismo e "ftalianóllln"
Haley, Barbara Barrle, Paul Dooley,
Davo (Dennls Christopher), dividido entre a lealdade a seus colegas recém-saídos da r i
Robyn Douglass, Hart Bochner, Amy
cola, aos seus pais da classe trabalhadora e a sua atração por uma estudante na unlvili
Wrlght, Peter Maloney, John Ashton, Lisa Shure, Jennlfer K. Mickel, P.). Soles, David K. Blasé Oscar: steve Tesich (roteiro) Indicação ao Oscar: Peter Yates (melhor filme), Peter Yates (diretor). Barbara Barrle (atriz coadjuvante), Patrick Williams (música)
sidade que algumas vezes parece dominar sua cidade natal de Indiana. Consegulll conquistar a garota? Ele e seus amigos conseguirão superar as equipes de estudanli na corrida de bicicletas de Little Iricly? Será aprovado - ou mesmo Irá fazer suas pro\ ,i Apesar de todas as risadas e ação (o filme é de fato engraçado e empolgante), lu lambem unia reflexão seria, inlehgente e niuiio honesta sobre como dinheiro, ecluia ção. perspectivas de trabalho c aspirações pessoais se combinam para moldar a vida il» uma pessoa. É Importante mencionar a perícia na construção das seqüências de corrida (aflnll|] Yates dirigiu Bii/rill). os diálogos rápidos, a junção de titica e relacionamentos, a OXIE lenda do elenco (muitos atores, como Paul Dooley - o pai de Dave -, estão em seu anui») e o sublime uso da música. Uma grande diversão. CA
Alemanha Ocidental / França / Polônia / Iugoslávia (Argos. Ártemis, Bloskop, Fllm Polskl, Franz Seltz, GGB14, Hallelujah, Jadran) 142 min. Eastmancolor Idiomas: alemão / polonês / russo Direção: Volker Schlõndorff
O TAMBOR
(1979)
(DIE B L E C H T R O M M E L ) Uma alegoria sobre a Infantilidade, O tambor, de Volket Schlõndorff, é contado pell ótica de Oskar Mctzerath (David Bennent), um garoto alemão à margem da HIstôfM Onisciente antes do nascimento, a sua vida se torna a moldura dentro da qual ele p.r.s» a julgar o comportamento adulto, especialmente quanto à sexualidade incômoda •
Produção: Anatole Dauman, Franz
obsessiva. Quando recebe um tambor em seu terceiro aniversário, Oskar se recusa •
Seitz
crescer fisicamente ainda que se torne mais velho. Posteriormente, ao observai .1 as
Roteiro: Jean-Claude Carrière, Gunter
censâo do nazismo, ele bate em seu tambor e solta um guincho de quebrar vidros srui
Grass, Franz Seitz, Volker Schlõndorff,
pie tpie se sente libidinosamente desaliado ou decepcionado. Gradualmente, comiiilii,
baseado no livro de Günter Grass
o tamanho de Oskar o reduz a pouco mais que uma aberração, o que sugere a ausíncIM
Fotografia: Igor Luther Música: Lothar Brühne, Maurice Jarre, Friedrich Meyer Elenco: Mario Adorf, Angela Winklcr, David Bennent, Katharlna Thalbach,
de uma consciência moral entre aqueles que apoiaram o Terceiro Reich. Ao longo de toda a sua duração, o filme choca c confunde. O número de um IH I de circo se transforma na manchete da vida noturna parisiense. Engulas saem cabeça cortada de um cavalo. Uma marcha de propaganda nazista se transforma em
Daniel Olbrychskl, Tina Engel, Berta
Danúbio Azul". Mais pertutbador ainda, Oskar, o adolescente aprisionado no coipu
Kunlkowski, Andréa Ferréol, Heinz
tornada-madrasta, possivelmente concebendo o seu filho e irmão.
Drews, Roland Teubner, Tadeusz
Bennent, Use Pagé, Werner Rehm, Kate
Jaenicke, Helmut Brasch
Oscar: Alemanha Ocidental (melhor filme estrangeiro)
f.48
um garoto - interpretado por Bennent, de 12 anos -, faz amor com sua empnr nl 1 Uma sensação desde que foi lançado em 1979, O tambor é uma fantasia revll '• pelo avesso com guinadas inesperadas. GC-O
Ali T H A T J A Z Z ( 1 9 7 9 ) I . 1 " \how, pessoal!" Este musical fascinante. Imaginativo e Intimamente • í-1-111< o que ainda divide a opinião do público é um Oito e meio americano, um airpreendentemente cândido de Bob Fosse, o dançarino talentoso, coreó-
I
illlianie, várias vezes vencedor do Tony e diretor premiado com um Oscar por 11 diama dançante multo honesto de Fosse - que ele concebeu, escreveu cm I t produziu pouco após passar por uma cirurgia cardíaca - tem Roy Scheider, iscar, no papel de seu alter ego - o fumante Inveterado, sedutor irrefreável, idl I H o, coreógrafo e diretor Joe Gideon. Ocupado demais para dar atenção às to enquanto ensaia seu novo show cheio de tensão erótica, intimidando i II li a oi es e seduzindo dançarinas de belas pernas, Joe está morrendo (mas flerta io fim, na sala de operações, com seu anj'o da morte, Jéssica Lange). mire, Joe revê seus fracassos pessoais, triunfos profissionais e grandes I I " • .In showbiz. Brilhante ou pretensioso, dependendo do gosto, Ali Fhiit jazz é LIS comentários inteligentes sobre a vida atrás das coxias e excitante ao nergla obsessiva e absorvente daqueles que se dedicam com paixão e LIE I •.eu trabalho. ias sensacionais com a assinatura jazzística de Fosse e produções formii abertura ao som da versão inspirada de George Benson de "On Broad
EUA (Fox, Columbia) 123 min.
por uma cena com o artista onipresente da época, Ben Vereen) pontuam
Technicolor
ia . EM ias confessionais da grande eminência teatral arrogante e satírica. Essas ES das raízes burlescas do coreógrafo e sua visão arrependida, mas não i
Iheres que amou, explorou, adorou e descartou de sua vida (uma delas
IIN ISR.eada na terceira mulher de Fosse, a dançarina e estrela da Broadway presentada por sua pupila e parceira posterior Ann Reinking). AI In e editado com audácia, AH That jazz ganhou quatro merecidas estatueligura ao lado de Cabaret como um dos dois melhores dramas musicais lempo nos diria que este epitáfio cinematográfico inegavelmente autoloi feito com quase io anos de antecedência. Fosse morreu de modo que Inevitável, de um ataque cardíaco em 1987, no momento em que * a nova montagem de seu sucesso da Broadway dos anos 60, Sweet Charity (que na estréia como diretor). Seu legado se fez sentir novamente em Chicago, " vencedor do Oscar, um velho musical de Kandcr-Ebb adaptado para o lo da danse macabre ostentatórla que nos foi apresentada por Fosse nos ' Al
Idioma: inglês Direção: Bob Fosse Produção: Robert Alan Aurthur Roteiro: Robert Alan Aurthur. Bob Fosse
Fotografia: Cluseppe Rotunno Música: Ralph Burns, Peter Allen Barry Mann, Mike Stoller, Antonin Vivaldi Elenco: Roy Scheider, Jéssica Lange, Ann Reinking, Leland Palmer, Cllll Gorman, Ben Vereen, Erzsebet I nlili, Michael Tolan, Max Wright, William LeMassena, Irene Kane, Deborah Geffner, Kathryn Doby, Anthony Holland, Robert Hltt Oscar: Philip Rosenberg, Tony Walton, Edward Stewart, GaryJ. Puni (direção de arte), Albert Wolsky (figurino), Alan Heim (edição), Ralph Burns (música) Indicação ao Oscar: Robert Alan Aurthur (melhor filme), Bob F o s s e (diretor), Robert Alan Aurthur, Bob Fosse (roteiro), Roy Scheider (atoi), Giuseppe Rotunno (fotografia) Festival de Cannes: Bob Fosse (Palmi de Ouro), empatado com Kagemnsliu
M U I T O A L E M DO J A R D I M
(1979)
(BEING THERE) Embora não tenha sido de fato a última atuação de Peter Sellers - ele ainda participaria do menos conhecido The Fiendish P/ot of Doctor Fu Manchu , Muito além do jardim t considerado o canto do cisne de sua carreira. Baseado no romance de Jerzy KosIntM (autor do roteiro), o filme foi um trabalho de amor por parle de Sellers, que ficou oln r cado pelo protagonista, o jardineiro simplório Chance. Em 1971, pouco depois do lança mento do livro, Sellers enviou a Kosinski um telegrama OU FORA DELE"
"DISPONÍVEL NO MEU JARDIM
seguido do número de seu telefone.
A Influência de Sellers deve ter ajudado na realização do filme, já que ele é m o d l t l e osl lanho ale para os padrões rios anos 70. A hisloiia e simples: depois da morte 1I1 patrão rico, Chauncey Garrilner, o quase retardado Chance (Sellers) é confundido com ele Recebido pelo senador Benjamin Rand (Melvyn Douglas) e sua esposa (Shirley Macl alue), cada uma de suas declarações é tida como uma observação profunda sobre a existem li, Depois de uma série de eventos "quase plausíveis", ele parece estar prestes a se toffllfl presidente dos Estados Unidos quando desaparece de forma vagamente similar a (ilsln 10 mãos menos 1 apa/cs, Muilo alem do jardin\ poderia na sido uma parábola Ifl resolvida nu unia sal ¡1,1 ilebil a i leilullriacle liuiiiau.i. ( mil mio. glaças á direção cuidado sãmente ritmada de I lai Ashby (que dá um tom doce, i almo e Invernal) e à interpretai,Au sublime de Sellers, o filme é orgânico e fluido. Isso também se deve ao seu roteiro niiilla» vezes hilário, que constantemente tira proveito de equívocos verbais (o mais fanimn sendo a Insinuação sexual não proposital de Chance quando, referindo-se a iiinll EUA / Inglaterra / Alemanha Ocidental / )apão (BSIi, CIP, Enigma, FuJIsankel, Lorimar, NatWcst, Northstar) 130 min. Technicolor Idiomas: Inglês / russo Direção: Hal Ashby Produção: Andrew Braunsberg Roteiro: Jerzy Kosinski, baseado cm seu livro Fotografia: Caleb Deschanel Música: Johnny Mandel Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Melvyn Douglas, Jack Warden, Richard A. Dysart, Richard Basehart, Ruth Attaway, David Clennon, Fran Brill, Denise DuBarry, Oteil Burbridge, Ravenell Keller, Brian Corrlgan, Alfredine P. Brown, Donald Jacob Oscar: Melvyn Douglas (ator coadjuvante) Indicação ao Oscar: Peter Sellers (ator)
Festival de Cannes: Hal Ashby, indicação (Palma de Ouro)
650
televisão, diz a um casal praticante de swlng: "Eu gosto de olhar.") Sellers. que uma vez disse "Nao tenho absolutamente nenhuma personalidade. Saiu um camaleão. Quando não estou desempenhando um papel, não sou ninguém", 11011«» uma passividade marcante ao papel, interpretando um personagem diametralmente oposto às suas criações cômicas anteriores. Conta a lenda que, após uma longa p e i ^ ^ H para descobrir uma voz adequada a Chance, Sellers encontrou o que queria no I M M cauteloso e não modulado de outro grande cômico britânico - Stan Laurel. KK
KltAfi ER VS. K R A M E R
(1979)
meçaram com o antiquado e choroso Love Story - Uma história de amor, Hiller, mas terminaram com este drama moderno, de partir o coração, do dhetor Robert Benton. Quando Joanna Kramer (Meryl Streep) percebe que o Únto com Ted (Dustin Hoffman) não está dando certo, ela vai embora, nu ele o jovem filho do casal, Bllly (uma bela atuação de Justin Henry), •fite um pai centrado em seu trabalho que tinha contribuído mais com
EUA (Columbia) 105 min. Techiili olOI Idioma: Inglês Direção: Robert Benton Produção: Stanley R. Jaffe Roteiro: Robert Benton, baseado 1111 livro de Avery Corman Fotografia: Néstor Almendros Música: Herb Harris, John Kandel
iln que com tempo e carinho, Ted tem que aprender por conta própria como
Elenco: Dustin Hoffman, Meryl
/Inlio de seu filho. Naturalmente, como nada na vida das pessoas nos filmes
Streep, Jane Alexander, Justin Henry,
ni problemas, ele está quase pegando o jeito da coisa quando Joanna •ii-mio processá-lo para obter a custódia. Hoffman quanto Streep tiveram grandes atuações (ganharam o Oscar de • de Melhor Atriz Coadjuvante, enquanto o filme ganhou o de Melhor Fil•i l.ilinente nas cenas tensas no tribunal. Benton soube manter o controle n ii sobretudo durante os momentos mais emotivos entre Ted e seu filho, que i |i ilmente ter ficado exagerados e pesados. Um olhar fascinante e comoi' O verdadeiro impacto •'I
nos pais bem como nos filhos - tanto da separação
sso de divórcio. J B
Howard Duff, George Coe, JoBeth Williams, Bill Moor, Howland Chamberlain, Jack Ramage, Jess Osuna, Nicholas Hormann, Ellen Parker, Shelby Brammer, Carol Nadell Oscar: Stanley R. Jaffe (melhor filme). Robert Benton (diretor), Robert Beninn (roteiro), Dustin Hoffman (ator). Meivl Streep (atriz coadjuvante) Indicação ao Oscar: Justin Henry (ator coadjuvante), Jane Alexandei (atriz coadjuvante), Néstor Almendros (fotografia), Gerald B. Greenberg (edição)
a
Vil
DE BRIAN
(1979)
il IM Ol BRIAN) ido a vida como uma piada (quando lhe perguntaram qual seria o próximo 11 y Python, Eric Idle, membro do grupo, respondeu: "Jesus Cristo: a cobiça vida de Brian, de 1979, acabou se tornando algo mais sutil. Ou, ao menos, diz respeito ao humor escrachado do Monty Python, lenta (sem êxito) evitar as acusações de blasfêmia estabelecendo clara11.111
Interpretado por Graham Chapman "não é o Messias, é só um garoto
lii". A vida de Brian dispara tiradas rápidas e piadas com os personagens mento e, ao longo da narrativa, nos mostra pontos de vista satíricos e • Inilmi.i lambem este filme, como o restante da produção do grupo, seja essenleção de esquetes surreals e muito engraçados unidos apenas por um lirai iva, ele tem - por motivos óbvios - uma história mais sólida. A cena 1 unificado cantando a hoje clássica "Always Look on the Bright Slde of iiipie o lado bom da vida) enquanto Brian morre na cruz, abandonado por 1111I11 .eguldores e amigos, talvez seja um dos pontos altos do humor negro no • minado um enorme sucesso internacional, A vida de Brian por pouco Ido e só chegou às telas graças ao financiamento da recém-nascida proii le George Harrison, HandMadc Films. KK
Inglaterra (HandMade, Python) 94 min. Eastmancolor Idioma: inglês Direção: Terry Jones Produção: John Goldstone Roteiro: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin Fotografia: Peter Bizlou Música: Geoffrey Burgon, Eric Idle, Michael Palm Elenco: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palln, Terence Baylei, Carol Cleveland, Kenneth Colley, Neil Innes, Charles McKeown, John Young, Gwen Taylor, Sue Jones-Davies, Petet Brett
EUA (Omni, Zoetrope) 153 min.
APOCALYPSE N O W
Idiomas: inglês/francês/
do para encontrar e assassinar um comandante das Forças Especiais, o coronel K111I/
Technicolor
vietnamita / cambojano Direção: Francis Ford Coppola Produção: Francis Ford Coppola, Cray Frederickson, Fred Roos, Tom Sternberg Roteiro: John Mlllus, Francis Ford Coppola, baseado no livro O coraçdo das trevas, de Joseph Conrad Fotografia: Vittorio Storaro Música: Carmine Coppola, Francis Ford Coppola, Mickey Hart, The Doors, Wagner Elenco: Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederic
(1979)
"O horror! O horror!" Durante a Guerra do Vietnã, o capitão Willard (Martin Sheen) écnvlj (Marión Brando), que se tornou um renegado. Superficialmente, a viagem de Willaid I urna aventura de ação, mas também unia alegoria sobre .1 Insanidade de guerra c nuil ¡ viagem de autodescoberta. Quando Brando entra em cena, na última parte, o filme torna urna busca filosófica por um sentido para os mistérios da loucura e do mal. O épico de Francis Ford Coppola foi desenvolvido pelo escritor pró-guerra Inhn Milius junto com George Lucas (que originalmente iria dirigir o filme), colega de Coppnli na Zoetrope e um liberal antiguerra. Sendo uma adaptação livre do livro de 1902 dl Joseph Conrad, O coração das trevas, foi transposto para a guerra então em andamento. Outra inspiração do diretor foi a Odisseia, de Homero, incitando Coppola, em iiinl momento de leviandade, a chamar o seu filme de "A idiocéia". As dificuldades duiaiilí a filmagem tornaram se lendárias, tema de vários livros e de um documentário d e l j f f l O apocalipse rir um cineasld. A lilni.igcni, prevista para 112 dias nas Filipinas, acabou]
Forrest, Albert Hall, Sam Bottoms,
levando 238 dias. Sheen, então com 36 anos, teve um ataque cardíaco quase fatal u.it j
C. D. Spradlln, Harrison Ford, Jerry
gordo e despreparado, requerendo mais uma adaptação para terminar o filme.
Laurence Flshburne, Dennis Hopper,
Ziesmer, Scott Glenn, Bo Byers, James Keane, Kerry Rossall
Oscar: Francis Ford Coppola, Fred Roos, Gray Frederickson. Tom
Sternberg (melhor filme), Francis Ford Coppola (diretor), John Milius, Francis Ford Coppola (roteiro), Vittorio
Storaro (fotografia), Walter Murch,
Mark Berger, Richard Beggs, Nathan Boxer (som)
Indicação ao Oscar: Robert Duvall
(ator coadjuvante), Dean Tavoularis,
Angelo P. Graham, George R. Nelson (direção de arte), Richard Marks,
Walter Murch, Gerald B. Greenbcrg. Lisa Fruchtman (edição)
Festival de Cannes: Francis Ford
Coppola (Prémio FIPRESCI), (Palma de Ouro), empatado com O tambor
652
Inclines, m a s irgiessou cimo semanas depois Blandí
np.neceu excessivameiili
Imperfeito mas emocionante, muitas das seqüências deste filme são InesquecívHiiI Apocalypsc Now começa com a triste canção do grupo The Doors, "The End", t o c i f l sobre uma montagem elctrizantc que mostra os demônios pessoais de Willard e s m i J gando sua peisnnalidarie qiiehi.iria e desunida cm um hotel de Saigon. Sua n.11 indispensável e altamente citávcl gens, na fase de edição
uma idéia que surgiu após a conclusão das lilni.i |
foi esciita por Mirhael Hei 1, cuja repoitagem sobre o Vietnã r 111
Dispotchcs tinha sido uma das fontes factuais de Milius. Subindo o río a bordo de uni barco de patrulha, Willard c a tripulação se encontram com sua escolta de hellcóptcim
i.i Aérea, comandada pelo coronel Kllgore (Robert Duvall), um surfista carisIr de encontrar um bom lugar para surfar, ele ordena um ataque a uma aldeia 1
idos vietcongues, na seqüência mais famosa do filme. Ao toque da trombe
I ' i aiga da cavalaria, a unidade decola quando o sol está se levantando, i i A i avalgada das Valquírias", de Wagner, a pleno volume nos alto-falantes líóptero enquanto distribui "A morte dos céus", gerando colunas de fumaça c • termina com o famoso panegírico de Killgore ao napalm: "Tinha o cheiro I
i este é apenas o primeiro de vários encontros surreals, cenas de pesadelo
i
daí, Willard parte em direção às "Portas do Inferno", enfrentando um
as evocando vlvidamcntc os choques de cultura fatais c as psicoses da li Imo posto avançado antes do Camboja - outra cena que nos lembra uma II nIn em meio ao frenesi de chamas, gritos e tiroteios.
i- prossegue para encontrar as cabeças decapitadas e o miasma que iplexo de Kurtz à sua espera. Como se o terror visual não bastasse, há lllsta gaguejante (Dennls Hopper) e Brando, falando em voz gutural e 11.inça é entrecortada com o sacrifício de um boi. Coppola se rende, "I"
iin.il perturbador e ambíguo. Apesar de toda a loucura e selvageria Mime transmite, o mais profundo horror desta viagem é terem dito na oi.ii de forma muito próxima a realidade da Guerra do Vietnã. AE
EUA (Aspen) 94 min. Technicolor Idioma: inglês
0 PANACA
(1979)
(THE J E R K )
Direção: Carl Reiner
Embora não tenha sido compreendida quando foi lançada, esta comédia alegtcinci
Produção: William E. McEuen, Davld V. Picker
tola de Carl Reiner se tornou a terceira maior bilheteria de 1979. Primeiro longa mm
Roteiro: Steve Martin, Carl Gottlieb, Michael Elias i
Fotografia: Victor J . Kemper Música: Jack Elliott Elenco: Stove Martin, Bernadette Peters, Catlin Adams, Mabel King, Richard Ward, Dick Anthony Williams, Bill Macy, Dick O'Neill, Maurice Evans, Helena Carroll, Ren Woods, Pepe Ser na, Sonny Terry, Brownie McGhee, Jackie Mason
gem do comediante e roteirista Steve Martin, seu conceito de um Idiota que vivia 1 sonho apesar das aparências estava muito à frente de seu tempo. Anos mais IJt estereótipos exagerados se tornaram a espinha dorsal de comédias bem-sucedldil | Irmãos Farrelly
atualizando Martin apenas com a marca registrada dos diretor»;
abusam das referências obscenas e explicitamente sexuais diante do público mm sensível dos anos 90. O personagem principal dc O panaca Johnson (Martin)
o branqueio, magro e grisalho N.iviu
foi "criado como uma criança negra pobie", o que é engraçado p
que é a mais pura verdade. Navln foi abandonado quando bebê e adotado poi u família negra que tinha muito amor para dar. Chocado ao descobrir que não í flj natural dos Johnson, o Inocente Navln parte para Saint Louls em busca de seu if o Ele tem sorte nessa viagem, que leva o crédulo e Ingênuo panaca à fama, ã fortuiu • amor. Bernadette Peters, o par romântico de Martin na época, faz o papel de uma nu pacata que funciona como um grande contraste para o talento cômico de seu pafl O pcinnccr foi refilmado como um filme para TV e ainda como piloto de um sc>il( televisivo, mas nenhum dos dois teve sucesso. Havia grande expectativa, e m quando o par Martin-Pcters tornou a aparecer no fracassado Dinheiro do céu (wm) I
EUA/ Inglaterra (Hensoii. ITC) 97 min. Eastmancolor Idioma: inglês Direção: James Frawley Produção: Jlm Henson Roteiro: Jack Burns, Jerry Juhl Fotografia: Isidore Mankofsky Música: Kenny Ascher, Paul Williams Elenco: Jlm Henson, Frank Oz, Dave Goelz, Jerry Nelson, Richard Hunt, Charles Durning, Austin Pendleton, Scott Walker, Edgar Bergen, Milton Berle, Mel Brooks, James Coburn, Don DeLoulse, Elliott Gould, Bob Hope Indicação ao Oscar: Paul Williams, Kenny Ascher (música), Paul Williams, Kenny Ascher (canção)
654
M U P P E T S - 0 FILME
(1979)
(THE M U P P E T M O V I E ) Quando é que um road movie não é um road movie? Quando quem cal na estrll bando de fantoches - ou, mais especificamente, os Muppets, a criação de Jlm I cujo gosto pelo absurdo revolucionou a programação Infantil da televisão, "estrelas" como Caco, Fozzie, Rowlf e Miss Piggy percam parte de sua graça no real (ao contrário do cenário de "Os Muppets"), Muppets - O filme continua m bastante para funcionar. E, além dc magia, maluquice, porque os Muppets m i o respeitam as leis da lógica e multo menos as da física. Caco c um sapo do interior que deseja fazer sucesso cm Hollywood e, no < .1 arranja uma trupe de companheiros bem variados, vence vários obstáculos e c. ser preso por um vilão que deseja explorá-lo como mascote de sua cadeia de rei tes, a Frog's Legs (Pernas de Sapo). A trama, contudo, tem pouca importam 1.1 das canções e das muitas pontas feitas por celebridades (várias delas Muppo bém), culminando em um encontro com Orson Welles. As músicas são dlvefl vozes (cortesia de Henson, Frank Oz e outros do mesmo calibre) são expie / 1 conjunto todo é de rolar dc rir. JKL
MANHATTAN
(1979)
iti. Ele adorava Nova York. Ele a idolatrava." Satírico e inhattan é o ápice arrebatador do caso de amor cinedr Woody Allen com Nova York. Ele até mesmo começa Uma declaração de amor, com uma montagem afetuoIII da cidade. Annie Hall, seu filme de 1977, ganhou os ' importantes, mas este filme agridoce que veio em iliini escrito por Allen e Marshall Brickman) é o ato de Mino entre ironia, amargura, boas tiradas sarcásticas i r .peito às relações com mulheres, eu deveria ganhar o 1 1 ilndberg") e espeladelas cm feridas. O romântico navis, um escritor de comédias interpretado por Bido pela personagem pretensiosa, tipicamente WASP R i Itante, anglo-americana"), de Diane Kcaton, Mary "iicndo para a encantadora e assustadoramente jovem Tracy (Marlel
EUA (Rollins & Joffe) 96 min. P&B
I que ele havia magoado anteriormente.
Idioma: inglês
|n possui alguns dos elementos de Annie Hall que, mais tarde, passariam a
Direção: Woody Allen
111 I
arca registrada de Woody Allen. Há protagonistas viciados em psicau m bom trabalho com você... sua auto estima está só um pouco abaixo um bom amigo (Mlchael Murphy, neste filme) com quem é possível
1 intimidades e piadas. Entre os pequenos prazeres a serem encontrados em um dos primeiros papéis de Mcryl Strcep (como Jill, a ex-esposa •!• H ••), planos abertos como a cena de alvorada em que vemos Allen e Idos em um banco sob a ponte da Rua 52 (a famosa Imagem do cartaz), ou seu encontro no planetário, um preto e branco luminoso, fotografia 11 Cordon Willis e um uso fabuloso da música de George Ccrshwin .1 (em gravação da Filarmônica de Nova York, regida por Zubln Mehta). nto especialmente grandioso e revelador, no final do filme, quando ' li. te em um monólogo, que os habitantes de Manhattan criam neuroses •
1 Hm de evitar "problemas mais difíceis de resolver e mais angustiantes verso" e alegra-se (alegrando também o espectador) enumerando coisas encantadoras - começando por Croucho Marx, esportes, 1 .11 te, comida e, naturalmente, filmes
que dão valor à vida. AE
Produção: Charles H. Joffe Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman Fotografia: Gordon Willis Música: George Gershwin Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Michael Murphy, Mariel Hemingway. Meryl Streep. Anne Byrne, Karen fudwlg, Michael O'Donoghue, Victor Truro, Tisa Farrow, Helen Hanft, Bella Abzug, Gary Wels, Kenny Vance, Charles Levin Indicação ao Oscar: Woody Allen, Marshall Brickman (roteiro), Mariel Hemingway (atriz coadjuvante)
Austrália (Crossroads, Kennedy Miller) 93 min. Eastmancolor Idioma: Inglês Direção: George Miller Produção: Byron Kennedy Roteiro: James McCausland, George Miller Fotografia: David Eggby Música: Brian May
MAD
MAX
(1979)
O lilme teve seqüência com Mad Max 2 A cacada continuo, dc 1981, segunda pane lll "trilogia" pós apocalíptica do diretor e roteirista George Mlller (seguida por Mrnl Mim1 A/nu dtr cúpula rio trovão c de um quarto filme em produção). Embora ele cosliiM receber a maior parte dos elogios da crítica, foi com o impressionante Mruí MrMÉ lançado dois anos antes, que tudo começou. Foi nele que Mlller primeiro levou .is l e l | | sua visão infernal de uma Austrália Inóspita, dominada por gangues, com o auxilio rif um ator novato chamado Mel Gibson.
Elenco: Mel Gibson, Joanne Samuel,
Gibson tinha apenas 23 anos de Idade quando conseguiu o papel de M.o 1
Hugh Keays-Byrne, Steve Blsley, Tim
tansky (diz a lenda que Gibson fez o teste para o papel um dia depois de se envolvei M
Bums, Roger Ward, Lisa Aldenhoven. David Bracks, Bertrand Cadart, David Cameron, Robina Chaffey, Stephen Clark, Mathew Constantine, Jerry Day, Reg Evans
uma briga de bar, e sua cara marcada por hematomas não saia da cabeça do 1 sável pela escolha do elenco). Gibson eia lao desconhecido que, quando Mnil M i l estava ptestes a ser lançado nos Estados Unidos, ele nem aparcela nos trailer», ( • exibiam apenas explosões c batidas de carro. Em retrospecto, claro, o anti heiftl
•
casaco de couro construído por Gibson c um elemento fundamental do filme. Em uma deteriorada Austrália futurista, Rockatansky é um policial motorizado i\üú tenta manter a ordem em uma sociedade que está se desintegrando rapidamenle t.an gues percorrem as estradas abandonadas, estuprando e roubando à vontade, e um ses grupos acaba na casa onde estão a mulher e a filha de Max. Quando são a s s i f ^ H das, Max quer vingança c dá início a uma onda de violência que envolve espetai ul.um caçadas de carro, lutas brutais e ação Incessante. O mais Impressionante e o fato de que o filme todo custou apenas 400 mil dúlailÜ um orçamento tão reduzido que dizem que Mlller precisou destruir seu pro| para fazer uma cena. No final, contudo, acabou rendendo mais de 100 mllhflei ill dólares, o que faz dele um dos filmes mais lucrativos de todos os tempos. Mad Mili M) tornou merecidamente um sucesso cult em todo o mundo (curiosamente, foi dul em "inglês americano" nos Estados Unidos porque acharam que o públlin nftf entenderia o sotaque australiano) e permanece até hoje um filme memorável. JB
656
NOSFERATU: 0 V A M P I R O D A NOITE
(1979)
' K i M E R A T U : P H A N T O M DER NACHT) IMM vi 1 M i .li' Werner Herzog para a adaptação de 1922 de F. W. Murnau de Drácula é (w»
ii-nipo um tributo comovente ao clássico do cinema mudo alemão e um traiu si mesmo. Tendo sido lançado quase simultaneamente ao Oráculo de .1 comédia sobre vampiros de George Hamilton Amor à primeira
mordida
1), Nosferatu: o vampiro da noite conta a história de Bram Stoker de forma quase hipnótica. Jonathan Harker (Bruno Ganz) viaja pelas paisagens H*"i» '
1
ii patos, belas porém ameaçadoras, acompanhado pela música do
t/iill. preparando a transferência do melancólico Conde Drácula (Klaus imante com sua cara de rato, de seu castelo para a próspera cidade de nulo o barco aporta nas docas, o vampiro solta uma hotda de ratos In
1
1 1 peste à comunidade, 1 alisando m 11II11 mais 1111111 e s e devasl ação do - ataques Insignificantes.
1
d Dr. Van Helsing (Walter Ladengast) é uma figura peculiar e sem imUliin 1.1 q u i 1 levado pela polícia após a morte de Drácula e. assim como em Murnau. I' e icpresentada pela heroína, Lucy (Isabcllc Adjani), frágil como porce\$, MH
..iciifício faz com que a ancestral criatura se demore para além do
H M N o i AI icscentando temas possivelmente tirados de filmes de vampiros de ' .iibbath, duas vezes: [1903!) ou Roman 1'olanskl (A dança dos vampiros , mostra Jonathan transformado cm um Drácula renascido e galopann i i i a praia para estender seu contágio ainda mais longe. iiechos de filmes sobre múmias mexicanas e morcegos em câmara
Iniinl
• Herzog é simbólico, recriando as imagens famosas do chupador de is encovados, dedos longos e finos do filme original como o Drácula de
•I
ll|ii
a
111
miite resmungão, auto-indulgente, mas ainda assim cruel. Com o
leni lopor (O locatário) atuando como um Renfleld risonho e as versões los tradicionais papéis de heroína e herói de Ganz e Adjani, este não é ifMliii ih hiiiiiir convencional - com cenas de tetror que em ritmo pausado, • magia ou humor negro (uma praça da cidade atravancada com funerais *#
.Lues correndo) no lugar da ação ou até mesmo de uma trama mais "••ívrotu original permaneça a versão mais assustadora de Drácula já 11.11.10 transformadora é certamente a mais mística e misteriosa. KN
Alemanha Ocidental / França (Gaumont. Werner Herzog) 107 min. Eastmancolor Idioma: alemão Direção: Werner Herzog Produção: Michael Gruskoff, Werner Herzog, Daniel Toscan du Plantier Roteiro: Werner Herzog, baseado no livro Oráculo, de Bram Stoker Fotografia: Jörg Schmidt-Reltweirr Música: Popol Vuh Elenco: Klaus Kinski, Isabelle Adjani, Bruno Ganz, Roland Topor, Walter fadengast, Dan van Husen, Jan Groth, Carsten Bodinus, Martje Grohmann, Rijk de Cooyer, Clemens Scheitz, Lo van Hensbergenjohn Leddy, Margiet van Hartingsveld, Tim Beekman Festival Internacional de Berlim: Henning von Gierke (Urso de Prata desenho de produção), Werner Herzog, indicação (Urso de Ouro)
657
G E N T E C O M O A GENTE
(isso)
(ORDINARY PEOPLE) "Fomos ao funeral de nosso filho e você estava preocupada com que sapatos eu esuv* 1 usando!" Continua sendo motivo de Indignação para alguns que o belo trabalho i l l ] esttéla de Robert Redford como diretor tenha ultrapassado Touro indomável,
de M.iilllfJ
Scorsese, na premlação do Oscar, levando os prêmios de Melhor Filme e Melhor Dluiut Gente como a gente também fez com qtie Timothy Hutton, de 19 anos, fosse pienilailit como Melhor Ator Coadjuvante (tornando-o, até hoje, o ator mais jovem a ganhai ilnll Oscar de atuação). Seu roteirista, Alvin Sargent, também recebeu um Oscar poi adaptação sensível do romance de Judlth Guest sobre o impacto da morte de uni IIIIIM adolescente em uma família. Aqueles que "não entendem" este filme estão poidriiilij EUA (Paramount, Wilclwoocl) 124 min.
um drama pessoal refinado sobre pessoas incapazes de articular suas vidas ¡modulad
Technicolor
É compreensível que seu apelo tenha sido mais forte nos Estados Unidos, país ondr n i
Idioma: inglês
Impressionante êxito comercial refletiu a receptividade americana, nos anos nu, | |
Direção: Robert Redford
questão de enliai cm 10111.11 o com seus próprios sentimentos.
Produção: Ronald L. Schwary Roteiro: Alvin Sargent, baseado no livro de Judith Guest
Hutton Interpreta o adolescente Conrad Jarrett, esmagado pela culpa e por uma i l l t l pressão suicida desde que seu Irmão mais velho, um jovem querido de todos, miirrffl
Fotografia: John Balley
alugado no acidente de barco ao qual ele próprio sobreviveu. Não encontra nciiliufflB
Música: Marvin Hamllsch
compreensão ou ajuda da pai le de sua 111,ie (lisiante e sem i ouipaixão, Beth (M.n
Elenco: Donald Sutherland, Mary Tyler Moore, Judd Hirsch, Timothy Hutton, M. Emmet Walsh, Elizabeth McGovern, Dinah Manoff, Fredrlc Lehne, James Slkking, Basil Hoffman, Scott Doebler, Qulnn K. Redeker, Mariclare Costello, Meg Muncly, Elizabeth Hubbard Oscar: Ronald L. Schwary (melhor filme), Robert Redford (diretor), Alvin Sargent (roteiro). Timothy Hutton (ator coadjuvante) Indicação ao Oscar: Mary Tylei Moore (atriz), Judd Hirsch (ator coadjuvante)
Moore), que tem uma personalidade obsessiva, sempre preocupada em maniei i« aparências sob total controle e cm constante negação de sua amargura. Seu pai llllflfl sucedido e linnqüilo, Calvin (Donald Siilherlanil), se picor upa com o rapaz mas nao t t H como abordá-lo nem tampouco como exprimir seus próprios sentimentos. Cabe 1 l l M psiquiatra franco e pragmático (Judd Hirsch) conseguir entrar em contato com ( u n i a d B ajudá-lo a reconhecera aflição e raiva profundas que sente. Lm última instância, sou .num de seu pal pode salvar o rapaz quando ele se vê foiçado a fazer uma escolha dolólos.1 Passado em um suburbio lico de ( hii ago, o relíalo estudado do status soi lai ilHli Jarrett e de seu conforto privilegiado enfatiza a turbulência por baixo da superllr le, t M atores principais estão fantásticos, apesar das escolhas pouco óbvias, em paitli 11U111 "namoradlnha dos sitcoms" Mary Tyler Moore. Assisl Imos também à estréia radlaiiu .liElizabeth McGovern, como a amiga doce e desajeitada de Conrad. Redford possui 111114 forma única c elegante de falar dos Estados Unidos. Esta produção sincera e 1 cio loiii personalidade resume bem o humanismo liberal de seu diretor. AE
8ft 4.
S58
All
A N T I C CITY
(1980)
EUA / Canadá / França
•Inação muito difícil de categorizar entre thrillcr policial, história de amor, i no estilo A bela e a fera e reflexões sobre as mudanças que afetam um i " 11| ano durante mais de meio século, a obra-prima de Louls Malle está centra1111r i ancaster - um banqueiro de numbers (forma de loteria popular e ilegal u I que está ficando velho e também um romântico que busca escapar das Mil
"ididas de sua vida atual por meio de uma imaginação nostálgica sobre ncedido nos bons tempos de Capone, Siegel, etc.
•ih In inirnte surge uma oportunidade para reviver seus bons tempos e recupei i sob a forma de um apático hlppie traficante de cocaína (Robert )oy) o ex de uma crupiê de cassino (Susan Sarandon) por quem o velho • R I d'' Burt Lancaster nutre uma paixão não declarada. Eis a chance de voltar ma bela mulher. O único problema é que, na verdade, a cocaína perten
International, Merchant, Paramuuiii Seita, CFDC) 104 min. Cor Idioma: Inglês Direção: Louis Malle Produção: Denis Héroux Roteiro: John Guare Fotografia: Richard Ciupka Música: Michel Legrand Elenco: Burt Lancaster, Susan Sarandon, Kate Reid, Michel Pli coll, Hollls McLaren, Robert Joy, Al Waxman, Robert Goulet, Moses Znaimer, Angus Maclnnes, Sean
>\t
Sullivan, Wallace Shawn, Harvey
i M.illi' e o escritor John Cuare exploram com sutileza o abismo entre sonhos,
Atkin, Norma Dell'Agnese, Louis Del
" 111cri ide, fazendo excelente uso do esplendor desbotado da cidade que dá i l l l i i H . aumentando o suspenso aqui c ali com seqüências de ação habilmente 11 l
ir.imitando essa estrutura leve com desempenhos sólidos de todos os I, contudo, quem acaba roubando a cena em Atlantic City, com uma
l
ações de sua carreira, rivalizada apenas por seu J . J . Hunsecker em A ii i s s o .
(i960)
(melhor filme), Louis Malle (diieim), John Guare (roteiro), Burt Lancaslei (ator), Susan Sarandon (atriz)
128 min. Fujicolor
• • ii eram muitos filmes a respeito da ocupação alemã durante a Segunda foi tâo suntuoso quanto
O
último metrô, de François Truffaut. Se-
ili igla inacabada sobre o espetáculo, esse filme de Truffaut sobre o teaiquele sobre a produção cinematográfica, A noite americana (1973).
111
Indicação ao Oscar: Denis Héroux
França (Carrosse, SFP, Sédlf, TF 1)
HI I I N I I R M E T R O ) i iliiini
Grande
GA
II HI H M O M E T R O IH
(Cine-Neighbor, Famous Players,
Idioma: francês Direção: François Truffaut Produção: François Truffaut Roteiro: Jean-Claude Grumberg.
Ilretor judeu Lucas Stelner (Heinz Bemient) permanece escondido no
Suzanne Schlffman, François TTuM.111 t Fotografia: Néstor Almendros
da a guerra, sua esposa, Marion (Catherine Deneuve), dirige seu teatro,
Música: Georges Delerue
1 peça com a estrela em ascensão Bernard Granger (Gerard Depardieu). inpre respeita meticulosamente os fatos históricos, mas ainda assim lie 1 um inúmeros detalhes verídicos do cotidiano da França ocupada, ide de aplacar um Influente crítico fascista ao contrabando de presunnegro. Consegue, sobretudo, evocar nitidamente a sensação da era llgurino e objetos de época, e recriando um ambiente teatral plto• 1 11 uns divertidas entre o mundo do filme e a peça dentro do filme, haja dois outros filmes de Truffaut depois deste, O último metrô perna e mais impressionante obra antes da morte prematura. O enorme lambem devido em muito ao par romântico central formado pelas 1 icpardieu, coroou a sua carreira brilhante. Ainda que seja uma visão período atribulado, é um filme charmoso e fascinante. CV
Elenco: Catherine Deneuve, Gérald Depardieu, Jean Polret, Heinz Bennent, Andréa Ferréol, Matnii e Risch, Paulette Dubost, Jean-Louls Richard, Sablne Haudepin, Jean-Pierie Klein, Renata, Mareei Berbert, I lenia Ziv, Lãszló Szabó, Martlne Simonel Indicação ao Oscar: França (melhoi filme estrangeiro)
Inglaterra (Hawk, Peregrine, Producers Circle, Warner Bros.) 119
min. Cor
Idioma: inglês Direção: Stanley Kubrick Produção: Stanley Kubrick
0 ILUMINADO
(THE SHINING)
(isso)
Graças à adaptação Inspirada de Stanley Kubrlck do livro homônimo de Stephen king, O iluminado
não só trouxe fama inabalável ao escritor e ao diretor como também t a l
nou Jack Nlcholson uma superestrela. Seu grito de "Aquiiiiiiii está Johnny!" no T o n M
Roteiro: Stanley Kubrick, Diane
Show, macabro e de gelar o sangue, tornou-se uma cena memorável na hisl
Johnson, baseado no livro de Stephen
cinema. O ex-alcoólatta Jack Torrance (Jack Nlcholson) leva sua esposa Wendy (Shrlli)/
King
Duvall) e o filhinho Danny (Danny Lloyd) para morar no então vazio Overlook Hnlul,
Fotografia: John Alcott
uma colossal estância de veraneio nas montanhas Rochosas do Colorado onde lul
Música: Wendy Carlos, Rachel Elkind
contratado como caseiro durante a baixa estação. À medida que o tempo passa, i n
Elenco: Jack Nicholson, Shelley
membro da família vivencia diferentes alucinações, todas apavorantes. Danny,
Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Barry Nelson, Philip Stone, Joe Turkel, Anne Jackson, Tony Burton, Lia Beldam, Blllie Gibson, Barry Dennen, David Baxt, Manning Redwood, Lisa Burns
maiores poderes psíquicos, é o primeiro a ver cenas dos assassinatos sangrentos i aconteceram no hotel muitos anos antes. Em seguida, Jack começa a mergulhai leu mas inexoravelmente na loucura. Embora não tenha consciência do que está
ACOLL
tecendo com ele, com o tempo seu comportamento se torna mais errático e viólenlo Distiaída pela retração de Danny e pelo comportamento irracional de Jack, Wendy i I Última a sucumbir. No final, contudo, ela percebe o perigo iminente e, ainda qiiv pióxlma da histeria, consegue sobreviver com seu filho. Nas palavras de Stephen King, seu livro é "apenas uma pequena história sobte blW quelo de autor". Colaborando com a romancista Diane Johnson, Kubrlck ataca co"' vivacidade os temas da comunicação c isolamento centrais no livro, reforçando-os Í o um simbolismo elaborado. Esses temas aparecem várias vezes ao longo do filme, parte na habilidade psíquica de "iluminar" c cm parte na cruel descida de Jack rumo Insanidade. O filme é sombrio, angustiante e claustrofobia). Kubrick demonstra seu doniln da arte, criando uma atmosfeta de grande tensão. Ao escolher cuidadosamente s« ângulos e ritmos de filmagem, induz o medo em suas platéias. Como todas as obf geniais, O iluminado
transcende seu status de adaptação literária: com tomadas aéi
espetaculares, uso simbólico e asfixiante de cores, Imagens recorrentes de labirinl espelhos (tudo Isso realçado pela excelente trilha sonora e p belo desenho de produção de Roy Walker), tornou-se não : clássico de Kubrick como também um clássico do cinema ds terror moderno. Curiosamente, Stephen King nâo ficou niiiiin feliz com esta versão cinematográfica de seu conto. Em 1997, ele colaborou com Mlck Garrís em uma minissérle para a televltl que usou o texto de seu livro quase ao pé da letra. RDe
660
EUA (Lucasfilm Ltd.) 124 min. Cor Idioma: inglês Direção: Irvin Kershner Produção: Gary Kurtz, George Lucas Roteiro: George Lucas, Leigh Brackett, Lawrence Kasdan Fotografia: Peter Suschltzky Música: John Williams Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Anthony Daniels, David Prowse, Kenny Baker, Peter Mayhcw, Frank Oz, Alec Guinness, Jeremy Bulloch, John Hollls, Jack Purvis, Des Webb, Kathryn Mullen Oscar: Bill Varney, Steve Maslow, Gregg Landaker, Peter Sutton (som), Brian Johnson, Richard Edlunri, Dennis Muren, Bruce Nicholson (efeitos visuais) Indicação ao Oscar: Norman Reynolds, Leslie Dllley, Harry Lange, Alan Tomklns, Michael Ford (direção de arte), John Williams (música)
GUERRA N A S ESTRELAS: EPISODIO V 0 IMPÉRIO C O N T R A - A T A C A osso) (STAR W A R S : E P I S O D E V - THE E M P I R E S T R I K E S BACK) "É um tempo sombrio para a Rebelião...." Darth Vader (David Prowse) procura obsesM vãmente o aspirante a Jedi Luke Skywalker (Mark Hamill). Lukc começa a descobrir tl seu destino. O aventureiro Han Solo (Harrison Ford) está com o caçador de recompciuâÉ Boba Fett (Jeremy Bulloch) em sua cola. A princesa rebelde Leia (Carrie Fisher) snliiul suas tranças enroladas sobre as orelhas e o maligno Império tem um novo conjunto til terrores tecnológicos para lançar sobre os combatentes rebeldes sitiados em iinilj galáxia muito, muito distante. O melhor filme na trilogia original de Guerra nos estreleis, de George Lucas, q u o t a tornou um marco do cinema moderno, esta excelente continuação elo filme de ENNIIRM sucesso (c fenômeno cultutal) de 1977 ultrapassa o primeiro com ainda mais eleliofl especiais premiados com o Oscar. O Episódio V tem mais personalidade: surge nilt] romance entre os três heróis e bons personagens são acrescentados (como o esperm Ihão Lando Calrissian, de Billy Dee Williams), todos a cargo das mãos firmes do dluMnl J de estúdio Irvin Kershner. A ação intensa começa no planeta gelado Hoth, onde liikl] quase morre de hipotermia e, pouco depois, os rebeldes enfrentam sua prlinilfl grande batalha em terra firme. A ação prossegue até chegarmos ao clímax em suspenfl em Cloud City, onde Han Solo acaba sendo capturado e o arquiinimlgo Darth V.iilnM (com a voz de James Earl Jones) revela a Lukc a verdade chocante que está no coraçautH mitologia de Guerra neis estreleis. Entre esses grandes momentos, Luke continua « M lieinamento como eavalelrer Jedi, vivenciando a Foiça uilH pântanos de Dagobar sob a tutela do peculiar e místico i n « M Ire Yoda
um sábio de pele verde feito em marionete e i*iM
cutado com formidável expressividade por Frank Oz, ennhfl eido por seu trabalho tomo Miss 1'iggy NOS Muppets. Assim como o seu predecessor, O Império contra-at^Ê Incorpora todas as emoções dos seriados de sábado i l B anos 30. O roteiro de Leigh Brackett - conhecido poi «11M colaborações com Howard Hawks c que morreu antes <|illl filme entrasse em produção
e do novato Lawrence Kavl||fl
mantém o ritmo e a suavidade sem perder a sensação >le i l n vertimento romântico. Multas das tiradas cômicas cnii.iiUM mais tarde para o jargão popular - "Eu tenho um mau P ' M sentimento sobre isto!" foi uma delas. As Interações e oinll ttfl entre os andróides C3PO e R2D2 roubam a cena e n l . i l i i l M alienígenas cada vez mais surpreendentes deixaram I" bertas platéias por todo o mundo. Restaurado por 1111 ai nu j 1997 com efeitos digitalmente realçados e uns três mliiuli* I adicionais, esta aventura despretensiosa talvez icnhl •> I tornado até mais brilhante e divertida atualmente. Al
I)IIOMEM-ELEFANTE<1980) 11 Ml 11EPHANT MAIM) Mime de estréia de David Lynch em 1977, é uma visão aterradora de um 1 Industrializado cheio de ruídos de tubulações de vapor e fábricas poluentes, perfeitos para a fobia de Jack Nance sobre o nascimento. Em O homemictoma muitos dos mesmos temas c imagens, que desta vez não fotmam • 1 a 1 1 estranha e enigmática, mas uma declaração comovente e humanista. lutou durante anos para levarás telas a história real de )ohn Merrick, cruel• In d e " O homem-elefante" devido a seus enormes tumores. Ele lutou com 1 para conquistar Lynch. O diretor, filmando em uma bela fotografia wldebranco, retrata a Londres do século XIX como um confronto feio e descon11
.1 exaltada sensibilidade vitoriana e a realidade dura da revolução industrial. ibição em um show de excentricidades por um cirurgião bem-intenciollopklns), Merrick (John Hurt) tenta se ajustar a um mundo cuja prl-
ii.ii, In 111 seu rosto deformado é de choque e repulsa. Educado para obedecer à 'i nialidades da época, o amável Merrick não consegue superar o preconilugcisiD de muitos ao seu redor. papel de Merrick com uma sensibilidade e dignidade que emanam por ilc maquiagem que o tornam Irreconhecível. Igualmente excelente nnpreendendo que talvez esteja explorando Merrick como uma aber.11 de suas boas intenções. O filme é um grande triunfo para todos, • lynch, que recebeu numerosas honras, ajudando-o a sair do gueto dos |>«lle jKL
Inglaterra / EUA (Brooksfllms ltd) 124 min. P&B
Idioma: Inglês Direção: Davld Lynch Produção: Jonathan Sanger Roteiro: Christopher De Vore, Eric Bergren, David Lynch, baseado nos livros The Elephant Man and Other Reminiscences, de Sir Frederick heves. e The Elephant Man: A Study in Mini run Dignity, de Ashley Montagu Fotografia: Freddie Francis Música: John Morris Elenco: Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft, John Cielgud, Wendv Hlller, Freddie Jones, Michael Elphlck, Hannah Cordon, Helen Ryan, John Standing, Dexter Fletcher, Lesley Dunlop, Phoebe Nlcholls, Pat Gorman, Claire Davenport Indicação ao Oscar: Jonathan Sanger (melhor filme), David Lynch (diretor), Christopher De Vore, Eric Bergren, David fynch (roteiro), John Hurl (ator), Stuart Craig, Robert Cartwright, Hugh Scalfe (direção de arte), Patricia Notris (figurino), Anne V. Coates (edição), John Morris
EUA (Lorimar Television) 113 min. Metrocolor Idiomas: inglês/francês / italiano Direção: Samuel Fuller Produção: Gene Corman Roteiro: Samuel Fuller Fotografia: Adam Greenberg Música: Dana Kaproff Elenco: Lee Marvin, Mark Hamlll, Robert Carradlne, Bobby Di CIcco,
A G O N I A E GLORIA (THE B I G RED
(1980)
ONE)
O filme de guerra mais ambicioso na carreira de Samuel Fullcr, uma crônica da sua próprli Primeira Divisão de Infantaria na Segunda Guerra Mundial, Agonio c glorio levou um longl tempo até ser concluído. Quando finalmente chegou às telas, uma reedição maciça fclL pelo estúdio e uma narração acrescentada após a conclusão (pelo diretor Jlm McBrldí tornaram o resultado algo menor do que Fui ler pretendia: originalmente, ele havia entm gue ao estúdio uma versão de quatro horas e outra de duas horas, mas ambas foram rcjrl tadas. Os entusiastas do diretor ainda têm esperança de que uma ou ambas as versfll
Kelly Ward, Stéphane Atidran,
um dia possam ser restauradas. Ainda assim, é uma grandiosa epopéia de guerra idiossln
Siegfried Rauch, Serge Marquand,
crática, com idéias poéticas, emoções intensas e imagens ricas em seus presságloi
Charles Macaulay, Alain Donley, Maurice Marsac, Colin Gilbert, Joseph Clark, Ken Campbell, Dong Werner Festival de Cannes: Samuel Fuller, Indicação (Palma de Ouro)
metafísicos. O elenco eficaz é encabeçado por Lee Marvin (como o sargento durão), com Mari Hamlll, Bobby Di Cicco e Robert Carradlne (como o recruta que mais se parece com o própill Itillei). Cheio de energia e podei de ohseivaçao, possui muitos momentos inesquecível*! imagens por vezes surrealistas: um interno em um asilo de loucos agarrando e usando 111111 metralhadora enquanto declara o seu entusiasmo pelas guerras; um longo plano fedudi em um relógio de pulso de uni i ,11 lavei durante a invasão da Noinianriln
uma sequem li
que Steven Spielbeig conhecia bem quando fez O resgate do soldado Ryan; um sold.t(l| carregando uma criança morta depois de libertar um dos campos de extermínio
mm
Imagem assombrosa que evoca o retorno do herói para casa, encontrando sua mulhí transformada em fantasma em Contos iliiluu VÍKJU, de Kenjl Mlzoguchi. JRos
França (Action, Gaumnnt) 110 min.
LOULOU
(1980)
Eastmancolor
Este drama inovador de Arlette Langmann e do realista francês Maurice Pialat é uin
Idioma: francês
critica severa à sociedade francesa, sob a ótica de um exame sexualmente siniem (
Direção: Maurice Plalat
possivelmente excitante) da dinâmica dos relacionamentos. O seu valor duradoUÉ
Produção: Yves Gasser, Klaus Hellwig, Yves Peyrot
contudo, vai bem além disso.
Roteiro: Ariette Langmann, Maurice Plalat
apesar de tudo, consegue se sustentar com total credibilidade. Nelly (Isabelle Huppril
Fotografia: Pierre William Glenn, Jacques Loiseleux
A 11.1111,1 simples loincce nina estimula pala mu conto um tanto confuso i)lll troca o seu marido grosseiro (Ctty Marchand) pelo ex detento Lottlou (Gerard Urpai dicu, completamente envolvente como um canalha rude porém sensível). Ele nau qni
Música: Philippe Sarde
trabalhar, mas não se importa de roubar. Ela trabalha, mas fica Indo e vindo para seu|
Elenco: Isabelle Huppert, Gérard
pelas mais variadas razões, muito poucas das quais ficam claras. Aparentemente
Depardieu, Guy Marchand, Humbert Balsan, Bernard Tronczak, Christian Boucher, Frédérique Cerbonnet, Jacqueline Dufranne, Wllly Safar, Agnès Rosier, Patricia Coulet, JeanClaude Mellland, Patrick Playez,
como Nelly exprimiu resumidamente, "preferir um vagabundo que trepe bem .1 illi ricaço que me encha o saco" foi chocante em sua época. Duas décadas depois, .1 llntÊ gem continua picante e direta - e extremamente agradável justamente por causa dl Famoso por sua cena da "cama quebrada", bem como por um segmento cortadC •
Gérald Garnier, Catherine De
que Huppert desaparece entre dois carros estacionados, Loulou é uma diveti li
Cuirchltch
teressante, Inteligente e muito adulta. KK
Festival de Cannes: Maurice Plalat, Indicação (Palma de Ouro)
Ú64
I
provisado, o diálogo continua soando autêntico. A noção de que uma mulhei pQJ
1
Ali
RTEM OS CINTOS, O PILOTO SUMIU (1980)
lAllll'1 A N E ! )
Idioma: inglês
intos... foi o terceiro filme creditado â equipe de produtores/direto Mlliih Islas Inumada por David e Jcrry Zticker, além de Jim Abrahams. Foi também o | l i|tir 11 o i lo ri parte da cultura pop planetária seu estilo detalhista e único de fazer I n ialmente uma paródia dos filmes dc desastre dos anos 70 - como In . íerremoto e Aeroporto - Apertem os cintos... foi em grande parte baseado 1
pecifico - Zero Hour, de 1957. Zuckers e Abraham adquiriram os direitos Aportem os cintos... segue a trama original bem de peito, acidentalmente nu', i o m o os Irmãos Zticker depois admitiram, uma estrutura que suas i11 res (Top Secret - Supcrconfidcncial
e Kcntucky Frieci Movie) não tinham,
chegou ao ponto de ter diálogos Idênticos aos do filme original
iiiiiis...
lala de Leslle Nielsen: "Precisamos achar alguém que possa pilotar este i " lenha comido peixe no jantar!"). Mas Apertem os cintos... também ' i i . i ' . vertentes, aproveitando os muitos exageros do gênero de filmes de 1 indo todas as suas convenções: o casal em uma relação desgastada, as uiiente doentes, covardes que precisam enfrentar suas fraquezas, uma iii'. negros no estilo anos 70, além dc uma boa dose dc vulgaridade, iiem os cintos... não possua o humor mais picante de filmes derivativos Pebi e Lóide e Todo mundo em pânico, o filme tem sua cota de moIII'.,
EUA (Paramount) 88 min. Metrocoloi
sobretudo na figura do capitão Oveur, Interpretado por Peter Craves,
s pedófilos para o Pequeno Jocy (Rossic Harris) foram, provavelmente idos 110 roteiro final. O mais importante de tudo é que o filme deu louça do trio de que paródias devem ser encenadas com total seriedade. ' inagens se desviem desse caminho sábio, atores veteranos como Cra1 iiiam como se estivessem no mais sério dos dramas. A exceção que o o o soberbo Stephen Stucker, como o controlador de vôo Johnny viver em sua própria galáxia camp amalucada. O trio citou como sua ' '•'.10 da revista Mad "Cenas que você gostaria de ver", que parodiava "l
dos filmes de maneira completamente amalucada. KK
Direção: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker Produção: Jon Davison, Howard W. Koch Jr. Roteiro: Jim Abrahams, David Zucker,
Jerry Zucker
Fotografia: Joseph F. Biroc Música: Elmer Bernstein Música não original: John Williams Elenco: Robert Hays, Julie Hagerty. Lloyd Bridges, Leslie Nielsen, Robert Stack, Peter Craves, Lorna Patterson, Stephen Stucker, Kareem AbdulJabbar, Jim Abrahams, Frank Ashmore, Jonathan Banks, Craig Berenson, Barbara Billingsley, Rossie Harris
EUA (Chartoff-Winkler Productions) 129 min. P&B/Technicolor
TOURO INDOMÁVEL
(1980)
(RAGING BULL)
Idioma: ingles
Este filme biográfico sobre boxe foi um projeto pessoal do ator Robert De Niro, t W
Direção: Martin Scorsese
descobriu a autobiografia do antigo campeão peso médio Jakc La Motta e convencílll
Produção: Robert Chartoff, Irwin
diretor Martin Scorsese e o roteirista Paul Schtader, seus colaboradores em Taxi Driver, .1 «í
Winkler
Roteiro: Paul Schräder, Mardlk Martin, baseado no livro de Jake La Motta, Joseph Carter, Peter Savage Fotografia: Michael Chapman
dedicarem ao material intenso mas aparentemente pouco promissor. Os filmes da siVll Rocky Ironicamente também foram produzidos por Irwin Winkler e Robert Ch.uliini Contudo, enquanto a saga esportiva mais próspera de todos os tempos glorificava o .i/ailf dos ringues que sobrevivia e acabava triunfando, Touro indomável ousou lidar com o anil
Música: Pietro Mascagni
Rocky - um ex-boxeador esfomeado que se torna um gorducho Insignificante sem l#f
Elenco: Robert De Niro, Cathy
realmente aprendido nada em seu percurso ou encontrado satisfação em suas conqiiMM
Moriarty, Joe Pesci, Frank Vincent, Nicholas Colasanto, Theresa Saldana, Mario Gallo, Frank Adonis, Joseph Bono, Frank Topham, Lori Anne Flax,
Depois de longos anos e muitos contratempos, La Motta (De Niro) finalmortÉ conquista o cinturão de campeão, mas, na temporalidade do filme, alguns mlniMiil depois ele está arrancando as jóias para penhorá-las de forma que possa pagai Hflj
Charles Scorsese, Don Dunphy, Bill
suborno para se livrar de uma acusação de danos morais. Touro indomável
Hanrahan, Rita Bennett
unia exploinç.io poeilia e ousada da alma de um homem Incapaz de se expiimli p
Oscar: Robert De Niro (ator), Thelma
violento. O filme nunca desculpa suas muitas falhas enquanto estabelece a puni'II
Schoonmaker (edição) Indicação ao Oscar: Irwin Winkler, Robert Chartoff (melhor filme), Martin Scorsese (diretor), Joe Pesci (ator coadjuvante), Cathy Moriarty
tamboril 1
física e psicológica que ele recebe, mostrando a misoginia profunda (e homofobi.i) |ill caracteriza o seu mundo de americano-Italianos, circunscrito ao Bronx. O milagre e qui De Niro, cm um domínio de atuação magistral
que foi ampliado pelas grandes 11.in-
formações físicas multo divulgadas -, possa encontrar tanta compaixão quanto nH|i|
(atriz coadjuvante), Michael
seguiu paia la Motta, mostrando como uma faceta de ciúmes e a agressão no iIiihUI
Chapman (fotografia), Donald o.
têm conseqüências horríveis para ele e sua família. É um feito notável, já que riu 1
Mitchell, Bill Nicholson, David J .
igualmente convincente como .1 maquina boxeadoia vigorosa e incontrolável .li<
Kimball, Les Lazarowitz (som)
primeiras lutas e o La Motta barrigudo, de pensamentos lerdos, que se torna qu.inihl i sua carreira nos ringues termina c ele pode finalmente se entregar â sua hmúfl Incontrolável por sanduíches de pastrami. Alem das lutas extraordinárias
alui Inações em prelo e branco com flashes dispaiarld
do. sangue e suor explodindo, socos brutais c.quinarios pelo (incasta Michael ( h.i| filmando cm cima cie uni sk.Hc
Scorsese encena muitas tomadas que nos assusiaiii ml
nos comovem: |oey, o ¡1111,10 de la Motta (Joe Pesci), abi,11,indo o boxeador em la; 1 depois que foi obrigado a entregar uma luta, uma vinheta que faz o discurso d'' limlil Shulbcrg em Sindicato de ladrões (mais tarde ensaiado como parte da apresentação de l i Motta na boate) parecer vazio e forçado; La Motta alfinetando sua esposa (Cathy Mm 1,11ly) sobre pequenas Infidelidades Imaginadas e tornando-se tão ferozmente agressivo i"« qualquei uni que gnslasse dele precisava afastar-se; um ponto baixo quando ele í arrastado para a cadeia e bate nas paredes como se ainda estivesse lutando comia mimi Ray Robinson; o número incoerente executado na boate por La Motta, quando lenta 111« palavras de forma tão furiosa quanto um dia usou os seus punhos, só para mostiai o i|ii4H verbalmente desconexo se tornou enquanto vai se debatendo ao longo de sua pi atuação até chegará frase desesperada de fechamento: "That's entertalnment." Touro indomável
é um filme sobre a masculinidade que não teme os dano
rals Infligidos às mulheres ao lado do ringue - podemos ver espectadoras sendo pl«H teadas em uma confusão ou recebendo um jorro de sangue em pleno roso durante os seus dias de boate La Motta deixa cair um drinque no colo da espi • político. KN 666
C A Ç A D O R E S D A A R C A PERDIDA
(i
9 8
i
( R A I D E R S O F T H E LOST ARK) Uma homenagem, mais que uma paródia, aos seriados das matinês de sábado anos 30, Caçadores da arca perdida
1
reuniu o produtor George Lucas (recém-saldl
Guerra nas estrelas) e o diretor Steven Spiclberg em um filme que junta emoção, ehim especiais e aventura, tudo com um agudo senso de humor. Harrison Ford, em um papel que lhe caiu como uma luva, estrela como nd
i
Jones, durante o dia um elegante professor de arqueologia que passa o restante d l tempo revirando o planeta atrás de tesouros e objetos de arte - como a Arca Penha Aliança (a arca de ouro na qual Moisés supostamente guardou as pedras Insciii.i 1 os Dez Mandamentos). Infelizmente, os nazistas também a cobiçam, tendo ouvido 1; qualquer exército que conduzir a arca à sua frente será indestrutível. Com suas marcas registradas - o chapéu de feltro, o chicote e as roupas tadas -, Indy corre mais rápido do que uma pedra rolando em uma caverna 1 h l ] I armadilhas, escapa de um ninho de cobras, despista bandidos sinistros em
•
EUA (Lucasfilm, Paramount) 115 min.
mercado árabe e se pendura sob um caminhão em movimento em uma sensailuBB
Metrocolor
perseguição pelo deserto. Estas são apenas algumas das impressionantes seqülfl
Idiomas: inglês / alemão / francês / espanhol
do filme. Nosso herói audaz, no entanto, não é nenhum super homem, e ap.inli | -
Direção: Steven Spielberg Produção: Frank Marshall Roteiro: Lawrence Kasdan, George Lucas, Philip Kaufman Fotografia: Douglas Slocombe Música: John Williams
1
estropia o tempo lodo. Caçadores I U I K ¡011.1 em vários uiveis, 11,10 so graças à atuação soberba de Foul f j talento de Spiclberg, mas também porque Lawrcnce Kasdan (trabalhando i.isí unho de 1111 as) esi
leveii
um loieiio [pie e
IH,us
snLi
do (pie 11111,1 simples avenllll
moda antiga. Seu herói é um cara complicado e longe de ser perfeito que trair II tênue fronteira entre roubar objetos valiosos e protegê-los. Os vilões - em parlli ul||
Elenco: Harrison Ford, Karen Allen,
rival arqueológico cie Indy, Belloq (Paul Frceman) - não são muito diferentes do I" I
Pau! Freeman, Ronald Lacey, John
exceto por sua motivação (ganância ao invés de preservação histórica). A In
Rhys-Davies, Denholm Elliott, Alfred Molina, Wolf Kahler, Anthony Higglns, Vic Tabllan, Don Fellows, William Hootkins, Bill Reimbold, Fred Sorenson, Patrick Durkln Oscar: Norman Reynolds, Leslie Dilley, Michael Ford (direção de arte), Richard Edlund, Kit West, Bruce Nicholson, Joe Johnston (efeitos visuals), Michael Kahn (edição), Bill Vamey, Steve Maslow. Gregg Landaker, Roy Charman (som), Ben Burtt, Richard L. Anderson (efeitos sonoros) Indicação ao Oscar: Frank Marshall (melhor filme), Steven Spielberg (diretor), Douglas Slocombe
(fotografia), John Williams (música)
Mallon (Karen Allen), lambeu 111,10 c a lipii ,1 donzela rm perigo, mas uma mulhri lllf que (quase sempre) sabe se virar sozinha e não precisa de herói algum. Um pacote perfeito de aventura, humor, efeitos, escaplsmo e desempenhe cionals, posteriormente imitado em filmes menores como A múmia {1999).
•
(
teve duas divertidas seqüências, com uma terceira supostamente em produção J l
O MARCO - INFERNO E M A L T O - M A R 0981) •Al
hoot)
inferno ern alto-mar, filmado em 1981 pelo diretor Wolfgang Petersen ,sa na Segunda Guerra Mundial, fol Indicado a seis Prêmios Oscar, uma ivel" para qualquer Ulme estrangeiro. Capturando com detalhes 1 laustrofóblcos o visual e, mais Incrivelmente, os sons da guerra 1 ilme deixa de lado questões de nacionalismo para focar sobre a tensão m i submarino em melo à guerra. Htq»''
de uma única missão caçando navios aliados no Atlântico Norte, a ação
itiiiii • i h sua maior parte no fedorento, úmido e claustrofõbico submarino U96. O I -u
1 lenrlch Lehmann-Willcnbrock, um submarinista veterano com 30 anos no (ninando. O ator principal de olhos azuis, Jürgcn Prochnow, até então • Ima da Alemanha, tempera a esperada liderança com mãos de ferro de um ha com uma humanidade sutil e verossímil. Embora faça aquilo que é indo os marinheiros inimigos se afogar em vez de recolher prisioneiros .eus homens para obter relatórios claros mesmo quando o seu navio ' ihaixo de seu limite, enquanto rebites da cabine estouram como tiros -, e i .em coração. A verdade emocional dos eventos cruéis está entre as liradas de diário. Prochnow, que depois trabalhou cm Hollywood cm i ilezn infernal, O paciente inglês e outros, personifica tão bem o capitão pensar que tanto Robcrt Redford como Paul Newman eram candidatos ;i iando o filme ainda era uma produção alemã/americana. No exceleu ", Herbert Grónemeyer, hoje um músico de rock alemão bem conhe-
Alemanha Ocidental (Bavária, Radiam, SDR, WDR) 149 min. Technicolor Idiomas: alemão / inglês Direção: Wolfgang Petersen Produção: Günter Rohrbach, Michael Bittins. Roteiro: Wolfgang Petersen, baseado no livro de Lothar G. Buchheim Fotografia: Jost Vacano Música: Klaus Doldinger Elenco: Jürgen Prochnow, Herbert Grönemeyer, Klaus Wennemann, Hubertus Bengsch, Martin Semmelrogge, Bernd Tauber, Erwin Leder, Martin May, Heinz Hoenig, Uwe Ochsenknecht, Claude-Oliver Rudolph, Jan Fedder, Ralf Richter, Joachim Bernhard, Oliver Stritzel Indicação ao Oscar: Wolfgang Petersen (diretor), Wolfgang Petersen (roteiro), Jost Vacano (fotografia), Mike Le Mare (efeitos especiais sonoros), Hannes Nlkel (edição), Milan Bor, Trevor Pyke, Mike Le Mare (som)
lenente Werner, um personagem baseado em Lothar-Gunther •
.pmidente de guerra cujas memórias, publicadas em 1973 e que se seller, serviram como base para o roteiro de O barco. In realismo angustiante do filme se deve a três U-boats em escala 1 piodução. Gastando boa parte do orçamento de 14 milhões de luram depois usados em Caçadores da arca perdida. Uma experiência "tu visual, o filme inteiro foi filmado sem som. Devido à acústica, era 11' v i v o
no Interior dos submarinos. A versão legendada é considerada
• I' igi is em alemão e Inglês foram acrescentados depois. KK
669
Austrália (AFC, R & R, SAFC) lio min.
GALLIPOLI
Eastmancolor
O cineasta australiano Peter Welr recriou o trágico episódio de Galllpoli, na Pi Irra I
Idioma: inglês
Guerra Mundial, uma campanha sem sentido que enviou milhares de soldados do A
Direção: Peter Welr
zac (exército australiano e neozelandês) em direção a um massacre em 1915. Seu I
Produção: Patricia Lovell, Robert Stigwood
tem uma forte atmosfera e ação angustiante, tornando-se um dos clássicos sol)
Roteiro: Davl,d Williamson, Peter Weir Fotografia: Russell Boyd Música: Brian May, Tomaso Alblnoni, Georges Bizet, Jean Michel Jarre Elenco: Mark Lee, Bill Kerr, Harold Hopkins, Charles Lathalu Yunlpingli, Heath Harris, Ron Graham, Gerda Nicolson, Mel Gibson, Robert Crubb, Tim McKenzie, David Argue, Brian Anderson, Reg Evans, Jack Giddy, Dane Peterson
(1981)
burrice e o desperdício das guerras. Dois amigos e competidores no esporte, os co dores australianos Frank Dunne (Mel Glbson, bruto porém charmoso) e Archy Hamlfl (o Idealista sensitivo), se alistam na guerra c viajam para o outro lado do mundo, 0 Império Britânico, onde enconttam camaiadagem, colagem e hoiror nas trim hei* do estteito de Dardanelos. Welr se distingue com este filme poi cilar um foite sentido de tempo, lugar, < lio de cultuias e dramas humanos íntimos enquanto preenche até mesmo o mais M U I dos atos com beleza e mistério, encontrando Imagens mágicas que evocam enlevn, talldadc, medo c sofrimento. Como a maioria das obras de Weir, Gaílipoíi Irradia inli' gêncla, humanidade e cordialidade em muitos desses pequenos momentos. O clfT 11 i.illi 11 Glbson seguiu dai paia a lama Inlernacional, uma vez que Gaílipoíi com 1 11 1 lollywood de que Mad Max não era apenas um i ara durão, mas alguém que se pam com um ator principal romântico. A Imagem que permanece conosco ao final do fll é uma tomada congelada de Lee - homenagem de Weil a uma fotografia famosa m por Robcit Capa durante a Guerra Civil Espanhola. AE
Inglaterra (Allied Stars, Enigma, Goldcrest, Warner Bros.) 123 min. Cor Idioma: inglês Direção: Hugh Hudson Produção: David Puttnam Roteiro: Colin Welland Fotografia: David Watkln Música: Vangelis Elenco: Nicholas Farrell, Nigel Havers, Ian Charleson, Ben Cross, Daniel Gerroll, Ian Holm, John Glelgud, findsay Anderson, Nigel Davenport, Cheryl Campbell, Alice Krlge, Dennis Christopher, Brad Davis, Patrick Magee, Peter Egan Oscar: David Puttnam (melhor filme), Hugh Hudson (diretor), Colin Welland (roteiro), Milena Cañonero (figurino), Vangelis (música)
C A R R U A G E N S DE FOGO
(1981)
(CHARIOTS OF FIRE) Começando com uma cena na piaia acompanhando um grupo de corredores desi ali, o filme Carruagens de fogo, de Hugh Hudson, tornou Vangelis conhecido do glande I blico quando seu tema musical eletrônico se tornou sinônimo de excelência espoha Esta história de dois corredores Ingleses ganhou o Oscar de Melhor Filme, apesar d»|f uma produção Inglesa. O filme é centrado em Harold Abrahams (Ben Cross), um velocista judeu 1 | Liddell (Ian Charleson), seu rival devotamente cristão, bem como na luta dos dol
1
mens por honra pessoal e nacional após a Primeira Guerra Mundial. Durante I I treinos para as Olimpíadas de 1924, os valores de sacrifício e espírito esportivo 1 peiam a historia, embota haja amplo espaço paia exaltai o brilho da elegância físlt I longo dessa jornada, Abrahams contiala o treinador ítalo-árabc Mussabini (Ian Hol ambos os velocistas confundem os reitores de suas universidades (papéis dl I Glelgud c Lindsay Anderson) e a competição entte eles estimula o sucesso dl | colegas de equipe. Terminando em triunfo e redenção, Carruagens de fogo equipara o atletismo A cl
Indicação ao Oscar: Ian Holm (ator
vlcção religiosa. Abrahams e Liddell, longe de serem meras figuras emblemain 1 1
coadjuvante), Terry Rawlings (edição)
contiário, são presenças vitais, enquanto o anti-semitismo e a distinção entre 1 1
Festival de Cannes: Hugh Hudson (prêmio do júri ecumênico - menção especial), Ian Holm (ator coadjuvante), Hugh Hudson, Indicação (Palma de Ouro)
S70
1
na Inglaterra marcam este drama simples sobre a busca da glória no maior pako mil dial de competição pacífica. CC-O
COUP IS ARDENTES (1981) • ih 11 ) Y HEAT)
noversa de Lawrencc Kasdan - anteriormente conhecido por seu trabalho
> i-ii III a em O império contra-ataca
(1980) c Caçadores da arca perdida (1981) - co-
iii, 1 mpos ardentes gerou reações radicais c muito divergentes quando lançado, uni' disse que "talvez seja o mais impressionante filme de estréia já feito", 11 1'iiillne Kael escreveu uma famosa resenha destrutiva, ridicularizando o ito-indulgêncla e pretensões neonoir. • ardentes não faz o menor esforço para esconder sua dívida com a tradição do 11 ai Ned Racine (William Hurt) é um advogado preguiçoso e sedutor que traba u n i pequena cidade da flórida. Em meio a uma terrível onda de calor, encontra • Mim ia Matty Weller (Kalhleen Turner), uma mulher casada e rica que mora II.HII 11 próximo. Rapidamente a coisa se transforma em um caso tórrido. Logo Ned a assassinar seu marido de forma que possam ficar juntos (e ricos) ipi.
IH Litindo-lhe t a m b é m que tudo havia sido idéia dele. Após o assassinato, e traído de várias formas, descobrindo que havia sido escolhido e ma-
1 PUI Matty desde o início. Depois que M.niy si mipii.i morte, Ned é preso e, na cadeia, faz pesILESI obrir que ela havia assumido a idenllda ilher. Tarde demais, contudo, para mudar
1
Ima cena mostra Matty tomando sol em 1 Impli al anônima. 1 Itgue o arquétipo noir, no qual uma mlstev envolve em uma intriga um prolago I ei 1
Interessante e atraente porém imoral, 111 apuros. Corpos ardentes tem outras
l>iii e. de filme noir em seus diálogos rápidos e 1 1 E U . , assim como em sua representação de ii fatale, obviamente encantadora, mas que nl lança. Com o passar do tempo, a res- 1.111 Ulme de Kasdan dissipou as críticas e llnii
ir posteriores (como Gosto de sun
|| I (I podei da sedução [1984]) homenagearam assim como o próprio filme homenanieriores, como Pacto de sangue (1944) |jW»»«do(l947)1, nina característica subversiva em CorMlr* que o alasta do noir clássico: ele está mais i" que passou a ser chamado de "thriller crói" que antes era deixado Implícito ou mera111.In liil colocado em primeiro plano e no ies As longas cenas de sexo entre Hurt pressionantes e audaciosas, mesmo pe11111 -1 .ris de nossos dias. S)S
EUA (Ladd) 113 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: Lawrence Kasdan Produção: Fred T. Gallo Roteiro: Lawrence Kasdan Fotografia: Richard H. Kline Música: John Barry Elenco: William Hurt, Kathleen Turner, Richard Crenna.Ted Dansou, J . A. Preston, Mickey Rourke, Kim Zimmer, Jane Hallaren, Lanna Saunders, Carola McCuinness, Michael Ryan, Larry Marko, Deborah Lucchesl, Lynn Hallowell,Thorn Sharp
EUA (Barclays, JRS, Paramount) 194 min. Technicolor Idiomas: Inglês / russo / alemão Direção: Warren Beatty Produção: Warren Beatty Roteiro: Warren Beatty, Trevor Griffiths, baseado no livro Dez dias que abalaram o mando, de John Reed Fotografia: vlttorlo Storaro Música: Stephen Sondheim, Dave Grusln, Pierre Degeyter Elenco: Warren Beatty, Diane Keaton, Edward Herrmann, Jerzy Koslnskl, Jack Nicholson, Paul Sorvlno, Maureen Stapleton, Nicolas Coster, M. Emmet Walsh, Ian Wolfe, Bessie Love, Maclntyre Dixon, Pat Starr, Eleanor D. Wilson, Max Wright, George Plimpton, Harry Dltson, Leigh Curran, Kathryn Grody, Brenda Currin, Nancy Dulguid, Norman Chancer, Dolph Sweet, Ramon Bieri, Jack O'Leary, Gene Hackman, Gerald Hiken, William Daniels, Dave King, Joseph Buloff, Stefan Gryff, Denis Pekarev, Roger Sloman, Stuart Richman, Oleg Kerensky
REDS
(1981)
A mera aceitabilidade comercial deste título já sinalizava o fim do medo de Hollywm em se aventurar de forma séria com a política de esquerda. O tributo de Warren Beni ao jornalista John Reed nos dá uma visão interessante dos americanos politicamenl radicais do Início do século XX e de seu fascínio pela revolução bolchevique na Rú«,»l assim como a improvável fundação de um estado comunista. Warren Beatty passou anos trabalhando em Reds. Seu envolvimento no produt final é substancial. Na ttadlção de Orson Welles, recebeu créditos como produtor, iiilt rista e ator principal. O filme foi uma aventura ousada, sobretudo porque Reed, llgllt central do filme, era absolutamente desconhecido do grande público americano ff final do século XX. Limitado pelas convenções de Hollywood, Beatty só foi capaz d t f gerir os complexos e frenéticos aspectos da carreira meteórica de Reed: correspondem de guerra na Europa; fascinado por Pancho Villa; envolvido cm política sindical e na f melra Guerra; as experiências cm Harvard como dândl; sua compulsão a tudo o qi fosse pouco convencional ou proibido. A primeira metade de Rcds é dedicada à reli amorosa dc Reed com a Intelectual feminista Louise Bryant (Diane Keaton). Essa p l l do filme é tomada ainda mais viva por bons desempenhos dc personagens scunidl rios, como Maureen Stapleton representando a anarquista Emma Goldman. Depois que Reed parte para a Rússia, Reds consegue um bom resultado ao delliil os eventos épicos da revolução em andamento, com suas demonstrações tumuliu.nli e as conturbadas reuniões de massa. É sobretudo nas cenas russas que Beatty n.tn mlte o entusiasmo messiânico dc Reed e seu profundo engajamento com as m u d l H políticas após um período aventureiro e autocentrado (Beatty era especialmcuie
I
Oscar: Warren Beatty (diretor),
quado para esse papel, considerando-se sua própria conversão ao atlvismo pnliili
Maureen Stapleton (atriz
após uma juventude descompromissada). Sabiamente, Beatty dá ao filme um estlM
coadjuvante), Vittorio Storaro
documentário, entiemeando seqüências ficcionais com entrevistas curtas das qUJL
(fotografia) Indicação ao Oscar: Warren Beatty (melhor filme), Warren Beatty,Trevor Griffiths (roteiro), Warren Beatty (ator), Diane Keaton (atriz). Jack Nicholson (ator coadjuvante), Richard Sylbert, Michael Seirton (direção de arte), Shirley Russell (figurino), Dedc Allen, Craig McKay (edição), Dick Vorisek, Tom Fleischman, Simon Kayc (som)
participam pessoas que vlvcnciaram ou testemunharam o período, Incluindo hi " proeminentes como WIN Durant e Henry Mlller. Tais entrevistas não apenas foi bastante informação sobre Reed, <tL também enaltecem a sua importlfl dentro da história americana. 11 delro projeto por trás do filme, H M apesar dc suas concessões ar de entretenimento, é possivelmente apresentação mais eficaz de llrlll wood sobre política e conflltoi lógicos na América do século XX III
H 1
PIXOTE (198D
Brasil (Embrafllme, HB Filmes)
micos de cinema de fora do país, a referência de histórias de meninos de rua m' Os esquecidos, de Luis Bunuel, feito 30 anos antes. Para o espectador brasientanto, a referência assustadora estava bem à sua frente, nas ruas. Ainda que 1
lirismo na sarjeta em dados momentos - como na seqüência final em que
nnando Ramos da Silva) suga o seio da prostituta Sueli (Marília Pêra), numa mia à "Pietà" -, o filme que consagrou Hector Babenco é, em sua essência, ' i' desagradável, como precisava ser. llrliano de miséria, promiscuidade e violência de Pixote, Dito, Lllica e outros p i r sobrevivem de pequenos assaltos nas ruas de São Paulo provoca repulsa e, • l i m o , chama mais atenção do que os próprios personagens, forçando o púi i i n i r i ê - l o s e a aceitar sua existência, mesmo não gostando deies. me causou sensação em maio de 1981 no festival New Dlrectors/New Films, de
128 min. Cor
Idioma: português Direção: Hector Babenco Roteiro: Hector Babenco, Jorge Durán, baseado no livro Infância dos monos, de José Louzeiro Fotografia: Rodolfo Sanchez Edição: Luiz Elias Desenho de produção: Clóvis Bueno Música: John Neschling Elenco: Fernando Ramos da Silva, Jorge Julião, Gilberto Moura, Manila Pêra, Jardel Filho, Rubens De Falco
í i' dali ganhou mundo. Para Babenco, os frutos viriam a curto prazo, com as
New York Film Critics Circle: Melhor
• niiernacionais O beijo da mulher-aranha,
filme estrangeiro
Ironweed e Brincando nos campos do
m que exibiu para platéias de língua inglesa, sob diversos pontos de vista, seu Bpreensivo para com os marginais do sistema.
National Society of Film Critics: Marília Pêra (melhor atriz)
I EIN.rndo Ramos da Silva, saído de uma posição social um pouco melhor que a i-IIIE, o sonho do estrelato terminaria mal: voltou para a favela c foi assassina)l|i 1 US, em 1987, aos 19 anos. JBi
IMI S I R M Ã O S
(1981)
Itália / França (Gaumont, Iterfllm)
Il Ml IHATELLI) Imnlns
livremente baseado no conto The Th/rd Son, de Andrcy Platonov
113 min. Technicolor o
' 11 Rosi discorre a respeito de uma série de questões sociais italianas, plnração da classe operária, os efeitos da pobreza sobre os jovens c o lolôncla urbana. Os três irmãos Gluranna -, Raffaele (PlaiIIipc Noiret), Ir Plácido) e Rocco (Vlttorio Mezzogiorno) -, representando três grandes • 'Lide italiana, retornam a seu vilarejo no Sul da Itália para o funeral da um juiz cuja vida está em risco desde que resolveu participar de uma li
ista. Nicola é operário de uma fábrica e faz parte de um grupo de a laricas terroristas em sua luta para obter melhores condições. Rocco
. social que trabalha em uma penitenciária para delinqüentes juvenis, Md
siantemente sofrendo com a falta de fundos. 1 1 linça do filme fica evidente nos momentos sutis e silenciosos em que '' melhor a psique dos três irmãos, que não se sentem mais ligados à 11 passado e cujas vagas tentativas de reviver este passado tornam diil "'
sa, o quanto mudaram. Conseguindo misturar de forma convln n fantasia, Rosi nos permite ver o que o futuro reserva para cada
' .ida um dos futuros nos é apresentado como uma breve antevisão na llhiie 1 ujo gênero é determinado pela personalidade de cada irmão. O serve como um lembrete eficaz da importância de dar valor a cada , nesta vida. RDe
Direção: Francesco Rosi Produção: Antonio Macri, Giorgio Nocella Roteiro: Tonino Guerra, Francesco Rosi Fotografia: Pasqualino De Santis Música: Pino Daniele, Plero Piccionl Elenco: Phillppe Noiret, Michele Plácido, Vlttorio Mezzogiorno, Andréa Ferréol, Maddalena Crippa, Rosaria Tafuri, Marta Zoffoli, Tino Schirinzi, Simonetta Stefanelli, Pietro Biondi, Charles Vanel, Accurslo Di Leo, Luigi Iniantino, Girolamo Marzano, Gina Pontrelli Indicação ao Oscar: Itália (melhor filme estrangeiro)
0 H O M E M DE FERRO UM (CZLOWIEK Z ZELAZA) Esta continuação de O homem de mármore (1977) confirma a preocupação de Amlijfl Wajda de ser um cronista dos principais eventos da história da Polônia. EnquantoB primeiro filme lidava essencialmente com o período stallnista e seus crimes, O homeflB ferro lida com a ascensão do movimento Solidariedade, a forte organização sindical • n|M ações acabaram conseguindo desmantelar o regime comunista no final dos anos 80 Aqui encontramos novamente a documentarlsta Agnlcszka (Krystyna Janda), i\m agora está casada com Mateusz (Jerzy Radzlwilowicz), filho do "ex-heról-operário" pnliinfl Blrkut, personagem do filme anterior. Profundamente envolvido na organização da g i m de 1980 em Cdansk, Mateusz é um dos fundadotes do movimento Solidariedade e icnli convencer os intelectuais a se juntarem ao sindicato. Uma série de flashbacks iinmlfl Polônia (Filrn Polski, Zespol Fllmowy
aquilo que havia sido apenas sugerido no filme anterior: que Blrkut foi morto dui.inlM
X)i53min.P&B/Cor
greve anterior em Cdansk, em 1970, numa Insurreição brutalmente reprimida pelas lultjfl
Idioma: polonês Direção: Andi/ej Wajda Roteiro: Aleksander Scibor-fíylski
Especiais do governo comunista. Contudo, esse paralelo entre os eventos do p a t l f l recente e a nova greve em Cdansk nos permite a antecipação otimista de uma vitória llnaj Com uma estrutura menos Intricaria que O homem de iiiciiiuore, a conli
Fotografia: Janusz Kallcinski, Edward
ainda assim constitui um testemunho Importante da década que trouxe uma v l t m
Kloslnskl
surpreendente na história do comunismo. As ini rivels seqüências de documentário fU
Música: Andrzcj Korzynski
foram filmadas em 1970 e depois cm 1980 intensificam os ecos nacionais e intenusB
Elenco: Jcrzy RadzlwIlowlCZ, Krystyna
nals do filme. As audiências ocidentais, que não estavam muito interessadas em l l l i t n
Janda, Marian Opanla, Boguslaw
vindos da Europa Oriental, licitam especialmente chocadas com o que viram: ("/..tM
Linda, Wieslawa Kosmalska, Andrzej
Seweryn, Krzysztof Janczar, Boguslaw Sobcztlk, Franciszek uzeciak Indicação ao Oscar: Polônia (melhor filme rsliangeiro) Festival de Cannes: Andi/ej Wajda (Palma de Ouro), (premio do júri ecumênico)
11111,1 rias razoes pelas quais O homem ile feno recebeu a Palma de Ouro no Festival• Cannes enr 1981. Uma breve aparição de I ech Walesa, lidei do movimento Solld.iilerlil de, figurando como ele mesmo, nos mostra o sentido dc narrativa histórica de W f l j f l assim como sua peculiar capacidade de antecipar o futuro. Detetminado a criar um filme que tivesse um impacto profundo, Wajda fez q u o I M de colocar sua mensagem iilcologii a em primeiro plano usando diálogos - algum ( • ticos consideraram que o resultado fitou um pouco excessivo. Apesar de tais rcssahfM contudo, O homem de ferro estava de acordo com o compromisso dc Wajda de "[cnloefl a mini mesmo, com minhas idéias, entre a platéia e a Historia". Seu filme é um tilbIM comovente aos cidadãos poloneses c uj.i lula levou ,1 liberdade 1.10 querida ness da I uropa, DD
S N A O U S A M BLACK T I E (198) de fevereiro de 1958 estreava a primeira montagem de Fies não usam black-tle no na, e é surpreendente como, ao chegar ao cinema 23 anos depois, a
1
IMA11 lenha envelhecido em nada. Autor do texto, Gianfrancesco Guarnieri dava ihuni ela à adaptação do cinema-novista Leon Hirszman ao viver o líder operário 1, pai 1I0 metalúrgico Tião (Carlos Alberto Rlccelll). Assim como Guarnieri, Riccelli n n u .um) papel tanto na montagem original quanto na versão cinematográfica. Inli ih da década de 80, época de grande turbulência social no ABC paulista, Mn ruxrrgou nas greves de metalúrgicos - de onde despontara como líder sindilluii presidente Lula - o contexto perfeito para reencenar o texto engajado mas 1 ii iquezas do ser humano.
Produções Cinematográficas) 120 min. Cor
Idioma: português Direção: Leon Hirszman Produção: Leon Hirszman Roteiro: Leon Hirszman, baseado n a peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri Fotografia: Lauro Escorei Edição: Eduardo Escorei Música: Adoniran Barbosa, Chico
IHMávin, um homem de tradição na militância politica, entra em rota de colisão ílllm. < ujo pragmatismo diante da possibilidade de perda do emprego o leva À I h de liira-greve. Embora claramente alinhado com o pensamento político de I' MIME procura não vilanizar Tião, mesmo pintanclo-o como fraco de espírito, mãe,
Brasil (Embrafilme, Leon Hirs/in.ni
na interpretação internacionalmente aclamada de Fernanda
VMigiu (n lume causou sensação e levou o grande prêmio do júri no Festival de |), c o ponto de equilíbrio da trama, e seu olhar compassivo aponta para o real
Buarque, Gianfrancesco Guarnieri Elenco: Gianfrancesco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes, Lélia Abramo Milton Gonçalves Festival de Veneza: Grande Prêmio do Júri
social brasileira. 1
anos depois de o diretor Leon Hirszman falecer em decorrência da
ET 1
fttyailn lardiamente aos cinemas ABC da greve, seu olhar documental sobre as ils de 1979, cenário deste filme. J B i
ni
ARDIAS E S T U D A N T I S
• t
(1981)
T I M E S AT R I D G E M O N T HIGH) I
n depois que Porky's, o clássico grosseiro de Bob Clark, havia criado um da que não fosse durai muito) para a baixaria em Hollywood, Picardias y Heckerling, fez uma junção brilhante da comédia para adolescentes 1
le lito de passagem nesta visão surpreendentemente sensível da vida ensino médio dos subúrbios norte-americanos. Contando com um
i
unes, o filme se sustenta muito bem mesmo quando visto repetidas
•
Ul um glande apelo nostálgico para aqueles que o viram em seu lançamen-
.(I li
1 doce sentimento de melancolia presente nesse olhar por vezes hilánte de um adolescente americano se dissolvendo muito rapidamente 1 de surpreendente nisso, considerando-se que seu roteirista - o cx
M lívlsl.i Rolling Stone Cameron Crowe - viria a escrever e dirigir sucessos •Hm d que quiserem (1989), Vida de solteiro (1992) c Quase famosos (2000). Min feiliup merece tanto crédito quanto Crowe por realizar uma junção 1
li Iplas narrativas deste filme e por trazer À tona o humor em uma hlstó111.lis deprimente que engraçada. Antecipando um viés que ela mais i n As patricinhas de Beverly Hills (1995), Heckerling explora as risadas lai melodramático, evita os excessos de sentimentalismo e consegue
1 • e
los. SJS
EUA (Refugee, Universal) 90 min. Technicolor Idioma: inglês Direção: Amy Heckerling Produção: Irving Azoff, Art Linson Roteiro: Cameron Crowe, baseado em seu livro Fotografia: Matthew F. Leonetti Música: Jackson Browne, Jimmy Buffett, Charlotte Caffey, Danny Elfman, Rob Fahey, Louise Coffin, Sammy Hagar, Don Henley, Danny Kortchmar, Giorgio Moroder, Graham Nash, Stevle Nicks, Tom Petty, Marv Ross, Billy Squier, Joe Walsh, Rusty Young, Charlotte Caffey, Jane Wiedlln Elenco: Sean Penn, Jennifer Jason Leigh, Judge Reinhold, Robert Romanus, Brian Backer, Phoebe Cates, Ray Walston, Scott Thomson, Vincent Schlavelli, Amanda Wyss, D. W. Brown, Forest Whitaker, Zoe Keill Simon, Tom Nolan, Blair Ashleigh
E. T. - 0 EXTRATERRESTRE
(1982)
(E.T.: THE EXTRA-TERRESTRIAL) Ainda que A/íen, de Ridley Scott, tenha nos convencido de que devíamos abotriai extraterrestres com uma certa precaução, três anos mais tarde Splelberg mostrou qui eles também podem ser bonitinhos e fofinhos, especialmente quando surgem na for ma de criaturas barrigudas como seu E. T. Sua aparência adorável, com olhos enormes, foi supostamente imaginada quando a equipe de Spielberg sobrepôs os olhos e a testa de Einstein ao rosto de um bebê. Uma aventura de ficção científica para toda a família, o filme foi uma homenagem IUA (Amblin, Universal) 115 min.
de Splelberg à Infância. Um menino solitário, Elliott (Henry Thomas), faz amizade com
In hnlcolor
um ser de outro planeta (representado cm várias cenas por um anão na fantasia de E. T.)
Idioma: inglês
deixado para trás por seus companheiros. Elliot apresenta o extraterrestre aos costti
Direção: Steven Spielberg
mes terráqueos e lhe mostra como se comunicar, beber cerveja, comer balas e se vestii
Produção: Kathleen Kennedy, Steven
com as roupas de sua Irmãzinha Gertic (Drew Barrymore). Claro que a amizade secreta
Spielberg
não iria durar muito tempo e logo o menino e o alienígena estão sob a ameaça de
iinteiro: Melissa Mathison
agentes do governo que querem fazer experimentos com o viajante Intergalátlco.
lutografia: Allen Daviau
Baseado em uma idéia que Spielberg alimentara por algum tempo e contara à
Música: John Williams
roteirista Mellisa Mathison após a filmagem de Caçadores da arca perdido, E. T. funciona
tlenco: Henry Thomas, Dee Wallace-
como uma deliciosa aventura que atrai a criança que existe em todos nós c também
•
Robert MacNaughton, Drew
Hairymore. Peter Coyote, K. C. Martel, " . i n 11 ye, C. Thomas Howell, David M O'Dell, Richard Swlngler, Frank
possui um bom número de momentos sentimentais para transformar o espectador mais durão em um mar de lágrimas antes dos créditos finais. O filme não se torna uma tolice açucarada graças ao ritmo de Spielberg, à mistura de humor e tristeza no roteiro
ftth, Robert Barton, Michael Durrell
cie Mathison, às vocalizações ásperas de Debra Wlnger e Pat Welsh para o E. T. e ao ex-
(eleitos sonoros), Carlo Rambaldi,
nário é real - praticamente carrega o filme em seus pequenos ombros, enquanto Robert
Oscar: Charles L. Campbell, Ben Burtt Dennis Muren, Kenneth Smith
(•faltos visuals), John Williams
(musica), Robert Knudson, Robert J .
celente desempenho do elenco. Thomas - como o menino sortudo cujo amigo imaglMacNaughton (como o irmão mais velho Mlchael) e Drew Barrymore, com sete anos, estão ótimos como os irmãos a princípio hesitantes mas logo conquistados pelo
1 llass, Don Dlgirolamo, Cene S.
charme do E T.
in,In .11.10 ao Oscar: Steven Spielberg, Kathleen Kennedy (melhor filme), • leven Spielberg (diretor), Melissa Mathison (roteiro), Allen Daviau (lutografia), Carol Littleton (edição)
sário, com alterações feitas por computação gráfica nas expressões faciais do E. T. que
(intamessa (som)
Vinte anos após a estréia do filme, Spielberg lançou uma edição especial de aniverele não havia conseguido produzir em 1982. Outra mudança notável foi a substituição digital das armas nas mãos dos agentes do governo (algo que incomodava Spielberg) por walkie-talkles. JB
0 E N I G M A DE O U T R O M U N D O (mi)
(TIIETHING)
109mm. Technicolor
po de cientistas (incluindo Kurt Russell, como protagonista) em uma estação ia Antártida é atacado por um ser alienígena que pode se apossar de seus corii contato com o mundo, os homens se tornam cada vez mais paranóicos à ninllda que suspeitam que os outros foram possuídos pelo alienígena e compreendem l|ur piccisam impedir que este deixe a estação, caso conttárlo infectará o mundo todo. Baseado em Who Coes There?, clássico da literatura de ficção científica de John W. niipbell Jr. adaptado originalmente por Howard Hawks em 1951 como O monstro do
1
A11I111, esta versão de 1982, de John Carpenter, ignora a aventura do filme de Hawks e se claustrofobia e ao medo existencial. O enigma de outro mundo de Carpenter se In
EUA (Turman-Foster, Universal)
11 um dos filmes de horror mais influentes dos anos 80. 111 rito com os filmes de David Ctonenberg, O enigma de outro mundo é um dos que melhor explora o tema da Invasão de coipos presente em muitos filmes de
liiiiiin e de ficção científica daquela década. Este é um dos primeiros filmes a mosttar sltação carne e osso se rompendo e se contorcendo em quadros grotescos de
Idiomas: Inglês / norueguês Direção: John Carpenter Produção: David Foster, Lawrence Turman Roteiro: Bill Lancaster, baseado no
conto Who Coes There?, de John W. Campbell Jr.
Fotografia: Dean Cundey Música: Ennlo Morricone Elenco: Kurt Russell, Wilford Hihnlev. T. K. Carter, David Clennon, Kelth David, Richard A. Dysart, Charles Hallahan. Peter Maloney, Richard Masur, Donald Moffat, Joel Polls, Thomas C. Waltes, Norbert Weisser. Larry J . Franco, Nate Irwin
surreal, elevando para sempre o nível do horror cinematográfico. AT
11
POLTERGEIST
(1982)
l u l u : Hooper, diretor de O massacre da serra elétrica, recebe os créditos na tela pela 'liieção
de Poltergeist,
mas certamente o produtor Steven Spielberg teve uma grande
inlluência na criação deste filme. A história de uma família de classe média perturbada I ameaçada por forças desconhecidas cada vez mais malignas ecoa muitos dos • 111 ários passados e futuros de Spielberg, assim como a escolha peculiar e divertida da televisão, um "bicho-papão moderno", como o meio attavés do qual os espíritos do mal lazem o primeiro contato. O que começa como um encontro excitante com o sobrenatural logo se torna aterII jrizador, conforme as forças se manifestam de formas cada vez mais desagradáveis (c 11,ando efeitos especiais cada vez mais elaborados). Além da fantástica magia cinematográfica e da dinâmica familiar do Sul da Califórnia presentes no filme. Po/tergeist é mais assustador do que a maioria dos projetos de Spielberg. Isso faz a gangorra dos ' réditos pesar novamente para o lado de Hooper, que sabe bem como assustar os espectadores: esqueletos aparecem flutuando na piscina, um menino é devorado por uma árvore e um Investigador paranormal arranca seu próprio rosto. Ainda que seja perdoável se indagar por que a família simplesmente não fez as malas e foi embota, I looper mantém os sustos e surpresas num ritmo tâo acelerado que o bom senso cede ugar ao suspense e ao horror deslavado. JKL
EUA (MCM) 114 min. Metrocolor Idioma: inglês Direção: Tobe Hooper Produção: Steven Spielberg Roteiro: Steven Spielberg, Michael Grais, Mark Victor Fotografia: Mathew F. Leonetti Música: Jerry Goldsmith Elenco: JoBeth Williams, Cralg 1. Nelson, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Oliver Robins, Heather O'Rourke, Michael McManus, Virginia Kiser, Martin Casella, Richard Lawson, Zelda Rubinstein, Lou Perry, Clair E. Leucart, James Karen, Dirk Blocker Indicação ao Oscar: Stephen Huntei Flick. Richard L. Anderson (efeitos
sonoros), Richard Edlund, Michael Wood, Bruce Nicholson (efeitos
visuais), Jerry Goldsmith (música)
ú/7
EUA (Blade Runner, Ladd) 117 min. ler Irnlcolor Idiomas: Ingles / japonês / Cantones Direção: Ridley Scott Produção: Michael Deeley Roteiro: Hampton Fancher, David Wehl) Peoples, Roland Kibbee, baseado no livro Do Androids Dream ei I lei trie Sheep?, de Philip K. Dick Fotografia: Jordan Cronenweth Musica: Vangelis Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, M.
BLADE RUNNER, 0 C A Ç A D O R DE A N D R Ó I D E S (1982) (BLADE RUNNER) Escrito em 1968, o livro Do Androids Dream of Ekctric Sheep?, do autor de ficção cleiu ca Philip K. Dick, levou 14 anos para chegar ao cinema, e outra década se passou até qui a versão cinematográfica espantosa de Ridley Scott - Blade Runner - fosse finalmente reconhecida como urna obra-prima dos filmes de ficção científica. O filme de 28 mi Ihões de dólates não foi bem recebido em seu lançamento original e se tornou fracasso financeiro. Foi somente após o lançamento da versão do diretor, em 1992, que 01 críticos e o público o aclamaram. Há livros inteiros dedicados á história por trás do filme. Foi uma produção difícil em
I mmet Walsh, Daryl Hannah, William
todos os sentidos, com vários casos de ressentimentos no estúdio - Harrison Ford, o
Sanderson, Brion James, Joe Turkel,
ator principal, supostamente não gostava de sua parceira Sean Young, a equipe de
101
a Cassidy, James Hong, Morgan
P.lull, Kevin Thompson, John Edward Allen, Hy Pyke Indicação ao Oscar: Lawrence C. I'aull, David L. Snyder, Linda 111",< enna (direção de arte), Douglas 1111111 h 1111, Richard Yuricich, David 1 »1 yet (efeitos visuais)
filmagem fez camisetas que expressavam sua irritação com o cronograma penoso de produção e, pior, Harrison Ford e Scott não se entendiam. Ford pouco comentou sobie o filme após sua estréia e disse apenas que foi o mais difícil que já tinha feito. Resultou em um filme fantástico, entretanto. Merecidamente elogiado pelo desenho de produção espetacular, a visão de Scott de uma Los Angeles em 2019 sombria e Ilu minada por néon, com ruas superpovoadas e chuva ácida contínua, tornou-se paradig mática. Nesse mundo transita o detetive Dcckard (Ford), à procura de "replicantes" andróides em fuga que se passam por humanos -, quando se apaixona Inadvertidamente por um deles (Young). Chelo de simbolismo, Blade Runner gerou muito debate ao longo dos anos: alguns fãs dizem que o filme fala subllmlnarmente sobre religião, citando exemplos como a cena em que o replicante Roy Batty (Haucr) fura sua mão com um prego como uma representação da crucificação, e com Tyrell (Joe Turkel), criador dos replicantes, servindo como a figura de Deus, supervisionando todas as suas criações. É difícil imaginar como o filme teria o mesmo impacto com outro diretor (antes de Scott, Adrian Lyne, Mlchael Apted c Robert Mulllgan foram sondados e Martin Scorsese tinha se interessado pelos direitos do livro em 1969). Para o papel principal, os nomes descartados incluíram Christopher Walken e até Dustin Hoffman. A mistura de ficção científica no século XXI com os filmes noir de detetive dos anos 4 0 feita por Scott resultou em uma distopia ácida, ainda que Ford, no papel do homem enviado para "aposentar" (isto é, executar) os andróides que retornaram à Terra em busca do seu criador, não tenha gostado de "ficar por perto para servir de foco aos cenários de Ridley", como declarou a um jornalista em 1991. Os eventuais conflitos, contudo, funcionaram perfeitamente bem para a trama. Uma das razões pelas quais Blade Runner tem tantos seguidores como filme cult é a existência de mais de uma versão - a Versão do Diretor tem cenas adicionais e deixa de fora a narração de Ford, bem como o final feliz Imposto pelo estúdio. Outra razão é o debate interminável sobre o próprio Deckard ser ou não um replicante. Qualquer que seja a resposta - Scott, ao menos uma vez, já sugeriu que Deckard era de fato um andróide -, Blade Runner continua sendo um dos filmes de ficção científica visualmente mais impressionantes já feitos. JB
I IM (Renaissance) 85 min. Cor Idioma: inglês Dlrtl lo: Sam Raimi Produção: Robert C.Tapert Roteiro: Sam Raimi Ilitografia: Tim Philo Miimi .1: Joseph Lobuca Elenco: liruce Campbell, Eilen Sindwelss, Hal Delrich, Betsy Baker,
l l i e i e s . i rilly, Philip A. Gülls, Dorothy
i i p e i I, í heryl Guttridge, Barbara
I irey, David Horton, Wendall
I Nomas, Don Long, Stu Smith, Kurt
Rauf, l e d Ralmi
U M A NOITE A L U C I N A N T E - A M O R T E DO D E M Ô N I O (1982) (THE EVIL DEAD) Esta "experiência definitiva em horror repulsivo", como o filme se autodefine sem qual quer modéstia nos créditos finais, mudou a história do gênero. Sam Raimi pegou a sau guinolência dos filmes de horror italianos e misturou-a com um orgulhoso senso de humor juvenil - tornando seus heróis adolescentes tão enfadonhamente saudáveis que, quando eles se enfiam em um chalé Isolado, mal podemos esperar que sejam as sassinados ou transformados em zumbis. Tamanha afetação viria a dominar o cinema de horror mais tatde. Uma noite alucinante
é o sucesso nerd definitivo no cinema, nitidamente amador
em muitos de seus efeitos, mas movido a uma trilha sonora pesada e tomadas subjell vas rápidas, rasteiras e onipresentes. Raimi absorveu lições da geração de 70 (William Friedkin, Wes Craven, George Romero e Brian De Palma), mas acrescentou um surrealls mo caseiro, algo entre Jean Cocteau e Tex Avery. Ralmi encontrou em Bruce Campbell um astto simpaticamente caricato. Hoje é difícil ver qualquer coisa além de comédia em Uma noite alucinante, cialmente em vista das suas continuações, Uma noite alucinante alucinante
espe-
II (1987) e Uma noite
III (1993). Mas é preciso lembrar que, em 1982, o filme teve o mesmo efeito
chocante sobre os espectadores que A bruxa de Blairteria, 17 anos mais tarde, deixandoos angustiados dutante algumas horas. A M
I DA (1 olumbla, Mirage, Punch) li') min. Cor Idioma: ingles Direção: Sydney Pollack Produção: Sydney Pollack, Dick Richards Roteiro: tarry Gelbart, Don McGuIre, M o o , i v schlsgal
I olografia: Owen Rolzman Música: Dave Grusln Elenco: Dustln Hoffman, Jessica Lange, I'
i n , Dabney Coleman, Charles
1
ig, Bill Murray, Sydney Pollack,
TOOTSIE
(1982)
A crítica inglesa Judith Willlamson uma vez desdenhou da "síndrome de Tootsie" da cultura contemporânea - segundo a qual bastam uns poucos dias vivendo como outra pessoa para entender completamente suas lutas sociais e passar a simpatizar com essa pessoa. A síndrome começou com este filme sobre um ator frusttado (Dustln Hoffman em um desempenho maravilhoso) que consegue um papel em uma bem-sucedida novela de televisão secretamente disfarçado de mulher. As complicações que se seguem para Tootsie - o esforço frenético para manter o segredo e a difícil tentativa de romance com uma companheira de elenco (Jéssica Lange), Incluindo uma ligeira complicação lésbica - lembram os dias das comédias escrachadas de sexo e Identidade dos anos 30 e 40. Mas o diretor Sldney Pollack (que também faz o
i.eoige Gaynes, Geena Davis
papel do agente de Tootsie) tem um senso aguçado de seu tempo, tanto em termos de
Oscar: Jessica Lange (atriz coadjuvante)
detalhes comportamentais quanto em termos estéticos.
Indicação ao Oscar: Sydney Pollack, •I' I Rli hards (melhor filme), Sydney Poll.11 k (diretor), Larry Gelbart, Murray '.' hlsgal, Don McGuire (roteiro), Dustin
Tootsie, junto com o trabalho de James L. Brooks, foi pioneiro de um novo estilo no clnemâo: agitado, cheio de tramas secundárias, alusões pop (como, neste filme, uma ponta de Andy Warhol) e seqüências de montagem com cortes rápidos - criando
1 loffman (ator), Teri Garr (atriz
complicações dramáticas e sugerindo implicações subversivas ao mesmo tempo que
• Dldjuvante), Owen Roizman
desliza graciosamente por elas em direção a um final feliz e divertido. A M
(loioprafia), Fredric Steinkamp, William ' II 'nil .imp (edição), Dave Grusln, Alan Boigman, Marilyn Bergman (canção), Ai 1 Inn Piantadosi, Les Fresholtz, Rick Alexander, Les Lazarowitz (som)
(,H(>
YOL
(1982) Hia que cerca Yol é quase tão fascinante quanto o filme em si. O diretor e
Mlrlilsta, Yllmaz Cüney, realizou o filme de dentro da prisão. Foi filmado e supervillnn.irio pelo assistente de Cürney, Serif Gõren, que trabalhou a partir de anotações e IrWiuções detalhadas escritas por Cüney em sua cela. O diretor depois fugiu da prisão 'e presente durante a edição e pós-produção. Yol ganhou o grande prêmio do Cpm lv.il de Cannes e chamou a atenção do mundo para a violação dos direitos humanos ilns piisíoneiros políticos durante a ditadura de direita na Turquia. Infelizmente, Cüney u de câncer alguns anos mais tarde, tendo terminado apenas um outro filme, The rVnll (1983). Yal é um filme profundamente político, com mensagem e propósito declarados que icpõem a todos os outros elementos. Em cada uma das histórias dos cinco prlsio. tradições ultraconservadoras, religião ou a repressão do estado são expostas. Um dos prisioneiros deve retornar imediatamente por causa de uma regra insignlfiOutro prisioneiro é intimidado por sua família, que deseja que ele mate, por I
.1, sua mulher Infiel. Um terceiro condenado, feliz por poder voltar para casa e
i<< ihontrar sua noiva, fica rapidamente desapontado ao descobrir que sua família IH nlheu outra mulher com quem ele deve se casar. Um prisioneiro curdo retorna à sua lide ia de origem após uma longa viagem que ocupa quase metade de sua licença para desi obrir, ao chegar, que o exército turco havia devastado tudo. Das cinco histórias, mim 1 única é esperançosa, ainda que este piisioneiro também sofra muitos percalços e I
ntre problemas similares aos dos outros. Yol é profundamente pessimista e pulsa com uma raiva palpável, o que torna este
Ulme de estrutura bastante convencional comovente e Instigante. A •tenção de Cüney com os detalhes, assim como seu desejo de expor I I lorças reacionárias presentes em sua sociedade, fornecem, junii is. uma visão da vida de um país mais íntima que aquela alcança1I.1 por outros filmes estrangeiros. Ainda que a perspectiva de Yol s e j a , em última instância, cáustica e crítica, Güney se preocupa em humanizar os seus personagens e fazer com que possamos dar importância a eles como indivíduos. Nesse sentido, boa parte do crédito vai para os atores, que são, como um todo, excelentes. Há pott• OS exemplos melhores de filmes politicamente engajados. RH
Turquia / Suíça / França (Cactus, Fllms A2, Cüney Film, Maran Film, Schweizer Fernsehen DRS) 114 min. Fujícolor Idioma: turco Direção: Serif Gõren, Yilmaz Güney Produção: Edi Hubschmid, Yilmaz Güney Roteiro: Yilmaz Güney Fotografia: Erdogan Engln Música: Sebastian Argol, Zülfü Llvanell Elenco: Tarlk Akan, Serif Sezer, Halll Ergün, Meral Orhonsay, Necmettln Çobanoglu, Semra Uçar, Hlkmet Cellk, Sevda Aktolga, Tuncay Akça, Haie Aklnll, Turgut Savas, Engin Çelike, HikmetTasdemlr, Osman Bardakçi, Enver Güney Festival de Cannes: Serif Gören, Yllmaz Güney (Prêmio FIPRESCI) e (Palma de Ouro), empatado com Missing - O desaparecido
(prêmio do
júri ecumênico - menção especial)
I UA (MGM) no mln. Metrocolor
Mlomi:
ingles
Dlrccao: Bairy Levlnson
Q U A N D O OS J O V E N S SE T O R N A M A D U L T O S 0982)
1'ioduc.io: Jerry Weintraub
(DINER)
Unteiro: Barry Levinson
Após o sucesso de American Graffiti, de George Lucas, a terra do cinema queria mar.
lotografia: Peter Sova Mnsica: Bruce Brody, Ivan Krai i Itni o: steve Cuttenberg, Daniel Stern, Mickey Rourke, Kevin Bacon, I in ii ii hy Daly, Ellen Barkin, Paul Hi I er, Kathryn Dowling, Michael Tucker, Jessica James, Colette II
gan, Kelle Klpp.John Aquino,
Rli haul Pleison, Claudia Cron Incllcacao ao Oscar: Barry Levinson (lolelio)
daquela mesma atmosfera de nostalgia otimista para os baby boomers entrando na maturidade. Respondendo a esse tema cultural, Barry Levlnson escreveu e dirigiu, em 1982, uma comédia clássica passada em Baltimore: Quando os jovens se tornam aduítos. Quase todos os atores de seu elenco eram desconhecidos e muitos iriam fazer um incrível sucesso nas telas nos anos vindouros. A cena de abertura do filme é a noite de Natal de 1959. A história gira em torno de seis jovens de vinte c poucos anos às voltas com suas amizades e o final da década, tudo isso insinuado em melo aos preparativos para o casamento de um deles, que seria durante a virada do ano. Interrompendo essas atividades, Diner
o restaurante que dá
nome ao filme em inglês - totna-se a casa longe de casa de nossos protagonistas. Lá dentro, em bancos de couro e mesas enceradas, eles comem e falam, falam e falam para retardar as exigências do mundo exterior, enquanto se divertem uns com os outras. Etlclie (Stcve Guttenberg) é um falastrão Inseguro contando os dias para a chegada de seu casamento. Shrevie (Daniel Stern) é um típico trabalhador assalariado casado com Beth (Eilen Barkin), com quem não tem uma relação madura. Boogie (Mlckey Rourke) faz um curso noturno de Direito, é um sedutor e cabeleireiro viciado em apostas. Fenwick (Kevln Bacon) faz um garoto rico que largou a universidade e está à beira do alcoolismo, e Billy (Tlmothy Daly) interpreta um estudante de pós-graduação às vol-
tas com uma antiga amiga. Barbara (Kathryn Dowling), que ele engravidou. Fechando o sexteto temos Modell (Paul Reiser), um parasita, mas alguém que tem um iiofundo sentido de timing para humor. Bem lembrado por algumas poucas cenas marcantes, Quando os jovens... é uma lOlia
a 111 .11 j ',.1 de lho de
passagem
que
vai
.liem
lie
lenhes i l r
mas
.Te
Angeles e cenários de estúdios ou subúrbios de Nova York. O próprio ato de filmar ni Baltimore dá ao filme uma sensibilidade mais abrangente c expande o horizonte de suas histórias para além dos centros urbanos. O humor está centrado nos planos de seqüência construídos em torno de um elenco de principiantes que demonstra um grande sentimento de camaradagem, e o clima é aprimorado pelo desenho de produção que detalha aquela época a ponto de fazer com que tudo pareça autêntico. Os carros eram importantes, assim como as músicas. Há um sentimento crescente de aumento do poder político feminino, mas. simultaneamente, há o mal-estar desses jovens que devem escolher entre conformar-se com os padrões da sociedade ou então encontrar novas direções para suas vidas. Em meio a isso, o filme alterna momentos de puro humor com passagens dramáticas. Terminando com um ponto de Interrogação, a ausência que estrutura a narrativa é a noiva de Eddie. Ela tem gtande importância, representando os laços de família e compromissos domésticos que simbolizam a aceitação final das responsabilidades de ser adulto. Esses são os valores que todos os seis personagens do filme abominam mas, ao mesmo tempo, desejam, em seu último sopro de Inocência no final de 1959. CC-0
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