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Prefácio Diamantino Sabina, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja
Qualquer pessoa ligada ao serviço público se regozija quando a sua gestão se revela adequada e bem sucedida. No caso concreto do Cine-Teatro de Estarreja e destes últimos 10 anos de programação, o regozijo é evidente! Ainda há dias, depois de uma sessão de música e poesia, no Café-Concerto desta Casa, ouvi um “Eh pá, isto aqui em Estarreja já é ponto obrigatório de passagem! Quem atua nos Coliseus, não pode também deixar de vir a Estarreja…”. As palavras eram de Rui Reininho. Somos sobejamente conhecidos e referência no panorama cultural nacional. Pese a crise económica, mas sempre à luz de uma gestão regrada, optámos por não desinvestir no Cine-Teatro de Estarreja, antes pelo contrário. Continuamos a apostar nas pessoas e na qualidade, na diversidade da oferta, na formação de novos públicos e também nos agentes culturais da nossa terra. Vimos aumentando a nossa assistência de ano para ano. O Cinema Digital também se revelou um sucesso. Já não víamos salas cheias para sessões de cinema há décadas! Quero agradecer a todos quantos fizeram deste sucesso realidade! E também ao PÚBLICO! A vocês que, tal como nós, amam a cultura!
“Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.” Albert Camus (1913-1960) Parabéns a todos! Parabéns ao CINE-TEATRO DE ESTARREJA!
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1950
A Inauguração
1 A entrevista a José Sá, publicada a 12 de março de 2015, pode ser lida na íntegra em www.cineteatroestarreja. com
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Citado por CONSTANTINO, Susana, “Os Cine-Teatros no Distrito de Aveiro: Materialização de um programa em Rodrigues Lima”, Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja, n.º5, p.197, Câmara Municipal de Estarreja, 2011 3
Decreto Lei n.º 67/97 de 31 de dezembro, Diário da República n.º 301/97, I Série-B, Ministério da Cultura, Lisboa.
Em Estarreja, não há quem fique indiferente ao sexagenário Cine-Teatro ou “Cinema” como a maioria lhe chama. A construção deste emblemático edifício, inaugurado a 12 de março de 1950, impulsionou o desenvolvimento local. Com um programa dedicado à sétima arte, alargado ainda a produções de teatro e Revista, o Cine-Teatro de Estarreja (CTE) atraía públicos de todo o distrito de Aveiro. Quem o disse foi José Sá, projecionista (e não só) no CTE durante 42 anos. Segundo o estarrejense, “na altura levava cerca de 900 pessoas e ainda se punham cadeiras normais pelos corredores fora”, recordando que “vinha pessoal de Ovar ver cinema aqui, de Oliveira de Azeméis e até de Aveiro, que já tinha dois cinemas. Havia uma camioneta que trazia também pessoas de Pardilhó e da Murtosa de propósito para virem ao cinema. A qualidade de imagem atraia pessoas de todo o lado.” Projeto do arquiteto Raul Rodrigues Lima (1909-1979), encomendado pela Empresa Cinematográfica Aveirense Lda., também proprietária do Cine-Teatro Avenida, em Aveiro, o edifício mantém as linhas mestras e memórias. José Sá, atualmente com 72 anos, lembra-se bem das bobines de 1 hora que chegavam ao CTE, que mais não eram do que bocados de filme cortados pela censura, colados uns aos outros. “Não tinha interesse, não tinha sequência nenhuma, mas a malta gostava, batia palmas. Era uma autêntica romaria”, reviveu José Sá, sentado no re-
cém-inaugurado Café-Concerto, durante uma entrevista1 cuja publicação assinalou os 65 anos do edifício. A construção do CTE representava o progresso. O equipamento figurou como polo cosmopolita e palco da vida social da população. O próprio arquiteto escreveu na memória descritiva do projeto, em 1945: “pretende-se com esta obra, fazer uma construção nacional e regionalista”2 . A necessidade de obras de manutenção, bem como adequação do espaço às exigências dos novos públicos levou ao encerramento de portas em 1992, sendo posteriormente adquirido pela Câmara Municipal de Estarreja, em 1994, que mantém a sua gestão até hoje. Em 2001 arrancaram as obras de restauro e, em 2005 o espaço, classificado como Imóvel de Valor Concelhio3 pela sua relevância arquitetónica, reabriu ao público com uma programação própria e regular nas diferentes áreas artísticas.
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“Importa recriar em cada cidadão, dos meninos aos avós, o salutar hábito de fruir do cinema, do teatro, da dança, da música, do canto, do humor…” [2006] José Eduardo de Matos, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja (2002-2013)
¨ No dia 18 de junho de 2005, sob a batuta de José Ferreira Lobo, a Orquestra do Norte fez ecoar as primeiras notas musicais na noite de reabertura do Cine-Teatro de Estarreja, que contou com a ilustre presença de Isabel Pires de Lima, então Ministra da Cultura, e de Teresa Guilherme. A apresentadora e atriz protagonizou dias depois o espetáculo “A Partilha” (24 e 25 de junho), primeira peça de teatro a pisar o novo palco do CTE. O 1º aniversário da reabertura do CTE, em 2006, celebrou-se ao lado da dupla Maria João e Mário Laginha. A criativa voz de Maria João, voltou ao CTE em 2010 e em 2014, desta vez para contracenar com a Big Band Estarrejazz. Fotografia: Paulo Tavares
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2005-2015
A Reabertura Mantendo a traça original, o CTE reabriu portas em 2005 com o propósito de se afirmar como espaço dinâmico e versátil, capaz de albergar diferentes projetos artísticos numa oferta ampla, democrática e descentralizada, para todos. Artistas, companhias, produtoras, associações e públicos voltaram a ter em Estarreja um ponto de encontro e diálogo, com todos os confortos tecnológicos, infraestruturais e humanos. Num investimento global de 2,4 milhões de euros, incluindo a empreitada de construção civil e o equipamento, o novo CTE passou a ter capacidade para 508 lugares divididos entre plateia (312 lugares) e balcão (196 lugares), dos quais 6 destinam-se a pessoas com mobilidade reduzida. O edifício alberga um palco com 230 metros quadrados, sub palco destinado ao armazenamento de equipamento técnico e cénico com uma sala anexa (onde atualmente decorre o serviço de babysitting), camarins individuais e coletivos, sala de produção, reggie, bilheteira, bengaleiro, cafetaria e espaço Café-Concerto, sala de projeção, escritório, elevadores e sanitários. Moderno, apetecível e atraente, a 18 de junho de 2005 a Orquestra do Norte estreou o novo palco e deu o pontapé de saída para um projeto artístico com programação própria regular. A inauguração contou com a presença de Isabel Pires de Lima, então Ministra da Cultura. A principal sala de espetáculos estarrejense recuperou o fôlego do concelho, tanto pelas relações com as coletividades locais, agora apetrechadas com
um auditório devidamente equipado, como pela circulação artística e cultural que voltou a conhecer. Neste primeiro semestre de atividade o cinema teve uma forte presença no calendário cultural do espaço, com 72% da ocupação dedicada à exibição de filmes, com projeção de fita de 35mm. Logo em 2005, o espaço Café-Concerto – espaço Bar CTE como era então designado – mostrou-se um lugar alternativo a incluir na agenda programática. Com uma lotação reduzida e serviço de cafetaria, este espaço permitia outro conceito de consumo cultural, mais próximo e informal na relação entre públicos e artista e com propostas emergentes. Toques do Caramulo foi a primeira banda a subir ao 1º andar do CTE, a 18 de novembro. Esse ano foi ainda marcado pelo acolhimento do Estarrejazz – Festival de Jazz de Estarreja. Apesar dos encontros dedicados ao universo jazzístico já acontecerem noutros palcos da cidade, a 1ª edição no CTE foi em 2005, permitindo muscular o certame e dar-lhe dimensão, hoje uma marca da programação, materializado na Big Band Estarrejazz.
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“A atividade cultural é inequivocamente dos vetores fundamentais da atividade municipal, pois constitui um agente essencial na melhoria da qualidade de vida da sociedade e no seu desenvolvimento.” [2009] Rosa Maria Rodrigues, chefe de divisão da cultura (1996-2008) e diretora da Casa-Museu Egas Moniz
¨ No âmbito do Só(r)Rir, “A Verdadeira Treta”, com José Pedro Gomes e António Feio, teve sessão dupla no CTE, com lotação esgotada nas duas apresentações, dias 6 e 7 de março de 2009. ¨ Grupo Coral da Associação Cultural de Salreu, 2010. As coletividades locais têm um palco privilegiado para apresentação dos seus projetos e para se aproximarem da população.
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Festivais, parcerias e candidaturas alavancaram o projeto cultural A partir de 2006, no decorrer da afirmação do CTE no circuito artístico, inicia-se um exercício estratégico de oferta cultural compactada e organizada por temáticas. Esta estratégia de programação cultural permitiu a segmentação de públicos, direcionando conteúdos e a própria divulgação. Criando sinergias com o Carnaval de Estarreja, surgiu o Só(r)Rir - Festival de Humor de Estarreja que, entre fevereiro e março, durante dois fins de semana, reunia propostas humorísticas, do teatro ao clown, da música ao stand up comedy. Também em 2006 estreou o FesTeatro - Festival de Teatro de Estarreja, com um programa dedicado ao teatro de qualidade que, a partir de 2009, deu lugar ao 100Cenas Mostra de Teatro e Dança. Uma evolução justificada na interdisciplinaridade das artes performativas, conferindo transversalidade ao evento, sem perder de vista a qualidade e inovação das propostas apresentadas. Na música, além do Estarrejazz, logo no início de 2007 o CTE recebeu a visita de Sérgio Godinho. Este foi o primeiro concerto do ciclo Concertos Íntimos, ainda hoje uma marca da programação do espaço. Com a apresentação do álbum “Ligação Direta”, Sérgio Godinho passaria ainda o testemunho, no mesmo ano, a Sara Tavares e Jorge Palma. A necessidade de alargar as fronteiras culturais de Estarreja levou ao desenvolvimento de parcerias, candidaturas e coproduções com diversos agentes e produtores culturais e mesmo
com outros teatros do país. Encaixam aqui as parcerias com a d’Orfeu - Associação Cultural e a inclusão do CTE em circuitos como o Outonalidades (2006) e o Festim - Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo (2009), bem como a extensão do festival O Gesto Orelhudo (2008) com o espetáculo “Gadget”, do comediante australiano Joel Salom. E ainda a parceria com o Theatro Circo de Braga que garantiu a presença do Burla - Festival do Burlesco, através da apresentação do projeto norte-americano Circus Contraption (2008). De uma outra parceria com a Direção Regional de Cultura do Centro, resultou o ciclo Bandas em Concerto que, de 2009 a 2011, desafiou as bandas filarmónicas a apresentarem-se em concerto nas salas de referência da região. Ainda em 2008, o CTE arrancou com outro projeto, conhecido pela sigla S.I.R.E.N.E.S. (Soluções Irreverentes Revelam ao Espectador Novos Estilos Sonoros). Festival direcionado ao público jovem que, na primeira edição, trouxe Jorge Cruz, Deolinda (prestes a tornar-se a grande revolução da música portuguesa), Tucanas, Couple Coffee com J.P. Simões e Jacinta. Com estes marcos, a programação do CTE atingiu níveis elevados de maturidade e consistência, alimentados por mais duas candidaturas ao Quadro de Referência Estratégia Nacional (QREN), através do projeto “Rede de Equipa9
“Continuamos a apostar na cultura do nosso concelho e a fazer com que esta cultura seja uma referência regional e nacional.” [2014] Diamantino Sabina, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja
¨ A Companhia Circolando apresentou, em maio de 2011, a peça “Quarto Interior”, com interpretação de André Braga e João Vladimiro. Este foi um dos espetáculos promovidos no âmbito da candidatura em rede “Teatro Contemporâneo em Portugal”. Fotografia: Hugo Gamelas
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mentos Culturais/Programação Cultural em Rede”. O CTE e o Município de Estarreja, com outras autarquias, foram membros fundadores das redes “Teatro Contemporâneo em Portugal”, juntamente com Vila Real, Bragança e Torres Novas, e do programa “Cultrede 2010-11”, que suportaram financeiramente 80% de grande parte da programação durante o período em vigor. Como município integrante da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), o CTE integra ainda o projeto “Cultura em Rede”, desenvolvido pela CIRA no âmbito de uma candidatura às Redes Urbanas para a competitividade e Inovação - RUCI, iniciativa cofinanciada pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Nos anos 2013 e 2014 o CTE promoveu 10 espetáculos de artes performativas no âmbito do programa “Cultura em Rede” da CI Região de Aveiro. Todo o trabalho desenvolvido pelo CTE faz com que este equipamento municipal faça parte das rotas culturais do país, seja reconhecido pelo público e pelo meio artístico como espaço de referência, marca de modernidade, inovação e qualidade. Em janeiro de 2013, o CTE foi uma das instituições culturais nacionais escolhida para se tornar Embaixadora do projeto “Variações sobre a Europa”, da Comissão Europeia, com o objetivo de aproximar os cidadãos europeus aliando a criação artística à participação cívica. Uma eleição que reconhece o dinamismo cultu-
ral do espaço e a força do trabalho desenvolvido dentro do seu projeto educativo. Em 2012, a mudança interna na equipa de gestão e uma nova avaliação estratégica fez cair alguns festivais, abraçando e valorizando os Concertos Íntimos e o Estarrejazz, por se tratarem de dois momentos chave da programação anual, permitindo maior liberdade e agilidade de calendário nos restantes períodos, mantendo sempre um cardápio cultural eclético, heterogéneo e multidisciplinar. O Só(r)Rir, o 100Cenas ou o S.I.R.E.N.E.S. são eixos programáticos que não deixaram de existir. O seu conteúdo passou apenas a diluir-se ao longo de cada temporada, equilibrando a oferta no tempo e espaço. O CTE mantém-se como projeto âncora da dinâmica cultural do Município de Estarreja. Espaço de convergência artística, aberto a todos, procurando esbater cada vez mais as fronteiras que limitam a cidade ou o concelho. Com projetos novos, emergentes e de relevância artística, o CTE continua a trabalhar a cultura como motor do desenvolvimento individual, económico, social e do território.
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¨ Em novembro de 2011, Áurea visitou o CTE perante um auditório repleto de fãs. Este concerto foi cofinanciado pelo programa Cultrede. Fotografia: Hugo Gamelas
“O objetivo principal é servir a comunidade que a envolve, despertar sensibilidades e criar hábitos” [2008] Pedro Fernandes, diretor artístico do Cine-Teatro de Estarreja (2005-2011)
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O contributo das novas tecnologias O avanço tecnológico é uma realidade e a adaptação da sociedade, empresas e instituições de qualquer área de atividade é uma constante. Também as salas de espetáculo acompanham a evolução tecnológica e o CTE não é exceção. Seja no equipamento técnico de sonoplastia e luminotecnia, nos canais de comunicação e divulgação, na bilheteira ou na assistência de sala, as novas tecnologias estão sempre presentes e vieram melhorar os níveis de satisfação globais quer do público como das companhias e produtoras que visitam o espaço. Basta pensar na tentativa de transferir o modus operandi do CTE na década de 70 ou 80 para os dias de hoje, e rapidamente compreenderíamos que tal não passaria de uma utopia. Além da recuperação do edifício, do desenho das propostas culturais, dos meios humanos e técnicos disponíveis, outro grande investimento do CTE reaberto foi, sem dúvida, na tecnologia. Para o público, as comodidades conseguidas ao nível da bilheteira e da página web são apenas duas das vertentes onde a evolução da tecnologia está bem patente. Por exemplo, até ao final de 2005 os bilhetes eram feitos à mão, passando a um sistema informatizado de impressão com a contratação do serviço NetChange, através da aplicação TicketNet. Esta plataforma veio facilitar a venda, gestão de pagamentos e emissão de bilhetes em tempo real, associadas a um backoffice de administração e
monitorização. Mesmo assim, esta plataforma não permitia a venda de bilhetes online, apenas presencial. Em alguns eventos, como os Concertos Íntimos, promovidos em parceria com produtoras externas, estabelecia-se uma parceria com a Ticketline, permitindo ao espectador garantir lugar e adquirir os seus ingressos sem se deslocar à Bilheteira do CTE. Só a partir de 2010 é que se evoluiu para um sistema integrado de bilheteira, através da contratação dos serviços da Etnaga. Desde então, no CTE, é possível adquirir bilhetes presencialmente ou à distância, através do computador ou outro equipamento, em qualquer parte do mundo, por via da plataforma digital Bilheteira Online. Além disso, o pagamento por multibanco ou transferência bancária é também uma possibilidade, bem como a aquisição de ingressos em qualquer ponto de venda parceiro da Bilheteira Online, (lojas Fnac, CTT e El Corte Inglés) ou noutras salas de espetáculo que utilizem o mesmo sistema de bilheteira. Disponível desde a reabertura, mas com novas funcionalidades a partir de 2007, o site do CTE é um dos canais de divulgação mais importantes do espaço. A presença online de qualquer instituição é fundamental nos dias que correm, perceção tida desde a primeira instância. Além de disponibilizar toda a informação sobre o equipamento cultural e seus eventos, a página do CTE na internet permite também a pré-reserva 13
“Estarreja é um dos melhores exemplos em Portugal de como um município de média dimensão se consegue impor a nível nacional, através de um projeto de cidade” [2011] Fátima Alçada, diretora artística do Cine-Teatro de Estarreja (2011-2013)
¨ A Companhia Paulo Ribeiro recuperou o seu primeiro e emblemático trabalho coreográfico e apresentou-o no CTE em fevereiro de 2011. “Sábado 2” subiu ao palco de Estarreja através do programa Cultrede. Fotografia: Hugo Gamelas
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de bilhetes e compra online, fazendo ligação à Bilheteira Online, e ainda a possibilidade de registo que confere acessos privilegiados a informação cultural, nomeadamente à newsletter eletrónica e agenda cultural que os assinantes recebem comodamente em casa no início de cada temporada. Sessenta e quatro anos depois da exibição do filme “Bonnie Prince Charlie”, com David Niven, aquando da inauguração do espaço, o CTE despediu-se do sistema analógico de projeção de filmes. O dia 28 de setembro de 2014 fez história, com a chegada da revolução digital ao cinema. Uma atualização tecnológica muito importante, por força da escassez de produção de películas em 35mm, num investimento municipal
de 54.417,18€, que rapidamente levou a um pico na procura das sessões de cinema, agora com um cartaz de filmes mais atrativo. Por exemplo, de setembro a dezembro, passou-se de 261 espectadores de cinema, em 2013, para um total de 3491, em 2014, um volume que significa um aumento superior a dez vezes. Com o cinema digital e um projetor de última geração, o CTE passou a ter um cartaz mais atual, com filmes acabados de estrear, para regalo de cinéfilos e famílias, além de proporcionar uma experiência de visualização mais envolvente, com elevada resolução, qualidade, brilho e contraste. Os dois sistemas – analógico e digital – coexistem na sala de projeção do edifício, situada no 2º piso.
¨ Em destaque no Estarrejazz 2012, Kurt Elling, considerado o mais completo e talentoso cantor de jazz da atualidade, incluiu o CTE na sua minidigressão em Portugal. Fotografia: Hugo Gamelas
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¨ Lloyd Cole (2010) e Joan as Police Woman (2011) comprovam a dimensão internacional da programação do CTE nestes 10 anos de contínua atividade cultural.
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Os números do crescimento e consolidação Em 10 anos de atividade contínua, um total de 275 mil espetadores circularam pelos vários espaços do CTE, ao longo de 3083 eventos (entre sessões de cinema, eventos no auditório e café-concerto, conferências, masterclasses e workshops). Só no último ano, de 18 de junho de 2014 a 18 de junho de 2015, o CTE registou um aumento de 35,85% dos públicos, face ao período homólogo do ano anterior. Valores apenas superados em 2007, no final do segundo ano de atividade, desde a reabertura. Em média, o número de espectadores cresce 8% por cada ano de exercício cultural. Numa estratégia ambiciosa e mesmo numa sala fora dos grandes centros urbanos destacaram-se no cartaz nomes internacionais da música como Lloyd Cole, Joan as Police Woman, Au Revoir Simone, Tindersticks, Nouvelle Vague, Brad Mehldau, Devotchka, José James, Andy Mackee, Carlos Núñez, Kurt Elling, Martina Topley Bird, Kaki King, Carles Benavent, Kimo Pohjonen, Mayra Andrade, Rabih Abou-Khalil ou os brasileiros Diego Figueiredo, Edson Cordeiro, Fafá de Belém e Seu Jorge. Focado na música nacional e lusófona, uma marca da programação do CTE com histórico de lotação esgotada em cada concerto agendado, o ciclo Concertos Íntimos trouxe Sérgio Godinho, Sara Tavares e Jorge Palma (2007); Clã, The Gift e Camané (2008); Madredeus, Paulo de Carva-
lho e Ana Moura (2009); Tereza Salgueiro, Fafá de Belém e Nuno Guerreiro (2010); David Fonseca, Pedro Abrunhosa e Cristina Branco (2011); Clã, GNR e Carminho (2012); Pedro Abrunhosa, António Zambujo e Tim (2013); Mafalda Veiga, A Naifa e Luís Represas (2014); Rita Guerra, Tiago Bettencourt e António Zambujo (2015). Nomes que levaram ao CTE um total de 12.857 espectadores. Outros artistas e grupos musicais consagrados também pisaram o palco estarrejense, nomeadamente José Mário Branco, Rodrigo Leão, Vitorino, Miguel Araújo, Mão Morta, Danças Ocultas, Galandum Galundaina, The Legendary Tigerman, Norberto Lobo, We Trust, Best Youth, Mind da Gap, Pedro Burmester, Manel Cruz, Noiserv, Carlos Nobre, JP Simões, The Black Mamba, Áurea, Luísa Sobral, Frankie Chavez, Dead Combo, X-Wife. Também na área do jazz nacional passaram os maiores vultos, sobretudo no âmbito do Estarrejazz, tais como Maria João, Mário Laginha, Bernardo Sassetti, Orquestra de Jazz de Matosinhos, Carlos Bica, Carlos Barretto, João Paulo Esteves da Silva, Nelson Cascais, Mário Barreiros, Laurent Filipe, Jacinta, Afonso Pais, entre muitos outros. Nas artes performativas, cuja fatia corresponde a 18% do número total de eventos e 24,45% do total de espectadores, em 10 anos de atividade, companhias reconhecidas nacional e internacio17
nalmente tais como Circolando, Trigo Limpo Teatro Acert, Teatro Meridional, O Bando, Mundo Perfeito, Companhia Maior, Artistas Unidos, A Barraca, Cia Teatral do Chiado, Teatro Bruto, Teatro do Bolhão, Teatro da Palmilha Dentada, Peripécia Teatro, Teatro Regional da Serra do Montemuro, Yllana (Espanha) ou artistas como Diogo Infante, Miguel Borges, Lídia Franco, Custódia Gallego, José Raposo, Emília Silvestre, Inês
Castel-Branco, Miguel Guilherme, José Pedro Gomes, António Feio, Gonçalo Waddington visitaram o CTE. Por sua vez, também Ana Bola, Maria Rueff, Nilton, Bruno Nogueira, Herman José, Pedro Tochas, Jel, Gimba, Marco Horácio e muitos outros nomes da comédia, não falharam apresentações. Ainda dentro das artes performativas, o CTE recebeu projetos de dança contemporânea de coreógrafos de excelência como Paulo Ribeiro, Tiago Guedes, Rui Horta, Madalena Victorino, Aldara Bizarro, Clara Andermatt, Karine Ponties e Victor Hugo Pontes.
¨ Sala cheia para assistir ao espetáculo "40 e então?", com Maria Henrique, Ana Brito e Cunha e Fernanda Serrano, dia 22 de novembro de 2014. ¨ Em julho de 2011 Manel Cruz subiu ao palco da principal sala de espetáculos estarrejense como “Foge Foge Bandido”, sempre transportando a memória dos tempos pintados de violeta. Fotografia: Hugo Gamelas
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Projeto educativo integrado com vista à capacitação e fidelização de públicos O CTE é um equipamento cultural municipal com programação própria regular nas diferentes áreas artísticas – música, teatro, dança, novo circo, cinema. O espaço assume um papel de relevo na estratégia cultural do Município, tendo, pela sua estrutura, uma importância evidente no trabalho de captação e formação de públicos. Neste sentido, em 2014, é criado o LAC - Laboratório de Aprendizagem Criativa, uma nova plataforma de trabalho que assenta nos princípios de Educação pela Arte e da Aprendizagem ao Longo da Vida, e tem por principal objetivo agregar os projetos educativos dos vários equipamentos do município, numa lógica de articulação da oferta. O LAC - Laboratório de Aprendizagem Criativa promove atividades para todos os públicos, nas várias áreas artísticas, fomentando a captação e formação de novos públicos, e tem palco privilegiado no CTE. No âmbito do LAC o CTE desenvolveu importantes projetos com o envolvimento da comunidade e dos agentes culturais locais, que se mostraram ativos e dispostos a muito mais. No último ano e meio, entre janeiro de 2014 e junho de 2015, o CTE promoveu 149 eventos com carimbo LAC, dos quais 28 contaram com a participação da comunidade, desde a preparação do espetáculo, em workshops e conversas com os artistas, à sua interpretação, como verdadeiros atores, músicos ou bailarinos. Esta ferramenta de serviço educativo do Município desempenha um papel fundamental na formação e fidelização de pú-
blicos culturais, promovendo, essencialmente, o diálogo e a descoberta. Desde a reabertura, em 2005, que a atividade do CTE não se limita a promoção de espetáculos. Estes surgem enquadrados e apoiados num conjunto de exercícios paralelos como masterclasses, workshops, oficinas, conversas antes ou após os espetáculos, sessões para públicos escolares dentro e fora de portas ou especialmente dedicadas a famílias. Estas atividades complementares dão conteúdo, corpo e contexto a toda a programação, num trabalho de aproximação às artes como ferramenta essencial para a qualidade de vida das populações e estímulo do sentido crítico, evoluindo do Projeto Educativo para o Laboratório de Aprendizagem Criativa, numa visão de política cultural integrada e municipal, fomentando um modelo de desenvolvimento cultural que alie a cultura, a criatividade, a educação, a ciência e a economia. Fruto das sementes do LAC, eixos da programação do CTE ganham vida. A edição de 2013 do Estarrejazz contou com a estreia da Big Band Estarrejazz, extensão da marca do festival formada por jovens músicos do concelho de Estarreja e da região. Com esta estrutura, Estarreja está a deixar-se contagiar pelo jazz e a ganhar mais um elemento cultural exportável. Também o Teatro do Desassossego – antigo 19
“O conhecimento é a mola para o nosso desenvolvimento social e económico.” [2014] João Alegria, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Estarreja
¨ Dia 26 de setembro de 2014, Miguel Araújo esteve na Escola Secundária de Estarreja onde privou com cerca de 70 alunos. Histórias, conversas, perguntas e muita música aproximaram o artista dos jovens estudantes. Boca(s) de Cena, nome dado à iniciativa, promovido pelo LAC, pretende criar momentos de proximidade entre artistas e públicos, dentro ou fora do CTE, com o objetivo de motivar a educação pela arte e proporcionar novas experiências à comunidade. ¨ Tempo do Corpo, de Sofia Silva, e O Baile (página 21), de Aldara Bizarro, foram dois dos espetáculos construídos com a participação da comunidade local, em 2014. O primeiro, destinado à população sénior, e o segundo, com envolvência de músicos, atores e bailarinos, significaram experiências memoráveis para todos, principalmente pela partilha e convívio dos grupos de trabalho. “Gosto de coisas que nunca fiz e conhecer sítios e pessoas que nunca conheci”, disse Elsa Dominguez acerca da sua participação no projeto “Tempo do Corpo”. No decorrer dos ensaios de “O Baile”, Dulce Ferreira admitiu que “a oportunidade de conviver com outras pessoas” foi um dos motivos que a fez participar e reforçou “a experiência fantástica” que estava a vivenciar. Estes projetos, promovidos pelo LAC, foram programados no âmbito da "Cultura em Rede" da CI Região de Aveiro.
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Grupo de Teatro Juvenil do CTE - levou o nome de Estarreja para fora das fronteiras municipais. Selecionado para o Festival PANOS da Culturgest, em 2014, com a peça “Os Anjos Tossem Assim”, de Sandro William Junqueira, encenada por Teresa Arcanjo, este grupo de jovens atores comprova o carimbo de qualidade inerente a todos os projetos do CTE e vai continuar a dar que falar. Os próximos anos seguirão a mesma tónica na consolidação de uma atividade multidisciplinar, regular e consistente, com sentido de oportunidade, desafiadora para o público, capaz não só de o atrair, mas também de o qualificar e fidelizar. O CTE reforça Estarreja no mapa cultural nacional e são cada vez mais as cidades médias que revelam capacidades de uma apropriação justa das suas iniciativas, fomentadas da cultura como um motor de desenvolvimento integrado e sustentado, transversal a todos os setores da sociedade.
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“Cultura tem a ver com o bem-estar de cada um, tem a ver com a identidade de cada um e criar essa mesma identidade é o nosso propósito.” [2014] Luís Portugal, Diretor Artístico do Cine-Teatro de Estarreja
¨ “Fica no Singelo”, de Clara Andermatt, foi considerado, pelo jornal Público, o melhor espetáculo de dança contemporânea apresentado em solo nacional durante o ano 2014. O espetáculo esteve em cena no CTE a 5 de dezembro desse ano. Fotografia: Eduardo Rosas
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Serviços paralelos e investimentos Nos últimos anos, o CTE tem apostado em dinâmicas extraculturais com o objetivo de multiplicar a oferta, potenciar o equipamento como marca de inovação, fidelizar públicos e prolongar memórias. No final de 2011, foi lançada uma linha de produtos de design exclusivo. Carteiras, porta-moedas e blocos de notas elaborados a partir da reutilização de telas obsoletas, que outrora serviram para divulgação da programação cultural do espaço. Artigos de merchandising com o propósito de tangibilizar a atividade do CTE e eternizar os eventos na memória do espectador. A compra destes produtos de uso diário, associada a descontos ou ofertas nas sessões de cinema, reforça a ligação do público ao espaço e a associação do CTE a uma marca cultural de prestígio. Por sua vez, em 2012, foi implementado o Cartão Amigo. Uma ferramenta de fidelização que oferece aos assinantes uma série de vantagens e benefícios dentro e fora do CTE, com descontos e convites para espetáculos, informação antecipada e exclusiva. A dimensão extracultural é reforçada no conjunto de descontos em restaurantes vizinhos e noutras atividades locais como visitas aos percursos BioRia. Estes são alguns exemplos da estratégia de posicionamento do CTE. Saúde mantida com um constante investimento municipal, quer em termos de manutenção e requalificação do edifício como na aquisição de equipamento. Além do investimento no Cinema Digital, o mês de setem-
bro de 2014 foi ainda marcado pela estreia do Sistema de Som do auditório. Uma aposta municipal de 69 mil euros. Agora, o CTE está devidamente equipado com um conjunto de amplificação e gestão de som de última geração, capaz de dar resposta às exigências atuais de qualidade acústica. No sentido de maximizar a experiência dos visitantes – espectadores e artistas – o CTE conseguiu, passados quase 10 anos, concretizar o projeto de estruturação sonora do espaço e garantir elevados níveis de satisfação e comodidade, melhorando a oferta no seu todo. A instalação do equipamento de som, efetuada com recurso à marca L’Acoustics, prevê as diferentes situações de utilização. O CTE é um espaço que concretiza uma oferta cultural heterogénea e este novo projeto de sonorização permite essa diversidade, adaptando-se a espetáculos que podem ir do teatro à música, da dança a congressos e workshops, da pop às músicas do mundo, do rock ao fado. Um sistema de som de sala e de palco desenhado especificamente para o CTE, capaz de garantir uma cobertura e pressão sonora homogéneas em todos os lugares da sala. Através desta nova infraestrutura sonora, o CTE possui condições melhoradas para satisfazer os artistas convidados, a equipa e o público.
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Espectadores 275088 Eventos 3083 No auditório 2944 No café-concerto 139 Eventos promovidos pelas coletividades locais 1091 Sessões de cinema 894
Concertos 498 Atividades de artes performativas 496 Eventos no âmbito do LAC/Projeto Educativo 363
¨ Tiago Bettencourt, Concertos Íntimos 2015. Fotografia: Eduardo Rosas