Revista Estratégia - edição Agosto/2018

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Fundão Eleitoral

Como é feita a divisão do dinheiro público entre os partidos políticos



Esta 6ª edição da Revista ESTRATÉGIA MARKETING POLÍTICO chega às vésperas do início do período permitido para propaganda eleitoral em rádio e televisão. Candidatos e partidos políticos fazem suas apostas nas plataformas tradicionais e sociais. Quem vai ganhar? Nas páginas da Revista Estratégia quem sai na frente são as redes sociais, com diversas matérias sobre o tema nesta edição. O especialista em marketing político Marco Iten explica como é dividido o Fundão Eleitoral. Também fala sobre campanhas eleitorais - dificuldades, verdades e mitos, em entrevista exclusiva. Não se esqueça: sua opinião é importante para nós. Participe: curta os artigos, as entrevistas e reportagens que mais gostou em nosso site, compartilhe nas redes sociais e, principalmente, fale conosco: fale@revistaestrategia.com.br, WhatsApp (11) 988638777 e nas páginas MarcoIten.Com nas redes sociais. A Redação

REVISTA estratégia Marketing Político A Revista ESTRATÉGIA Marketing Político é uma publicação da Exterior Editora/MarcoIten Marketing Político, com projeto gráfico da Mais Grupo Estratégias de Marca. Imagens: Freepik. Sua edição é bimestral. É publicada somente no formato eletrônico e está disponível no site www.revistaestrategia.com.br Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Revista Estratégia Marketing Político e de seus editores.

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Revista Estratégia Marketing Político - nº 6


índice

estratégia Marketing Político

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Entrevista: Marco Iten

Você vai olhar mais de 180 vezes hoje para a tela do seu smartphone Lei Anticorrupção Brasileira no âmbito das instituições Públicas Capa: Fundão Eleitoral Como funciona essa farra com o dinheiro público Redes Sociais dão o tom nas eleições

Faça valer sua opinião: Influencie!

Fake News nas eleições de 2018

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Vídeos: fale comigo como se me conhecesse Eleição 2018... e a próxima Duas coisas que os discursos não falam A tutela jurídica das notícias falsas

A culpa é da Comunicação... e o mérito também A busca da excelência para revolucionar o conhecimento Sala de notícias

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ENTREVISTA

Entrevista: Marco Iten Especialista fala de candidatos e partidos, da percepções do eleitor e de como tudo isso afetará o resultado eleitoral presidencial neste ano de 2018

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Revista Estratégia - O Marketing Político está sendo criticado nestas eleições. Fala-se muito na manipulação da imagem dos candidatos como algo nocivo. Marco Iten - O Marketing Político vigoroso e sadio é o que ressalta o Planejamento das campanhas. Neste caso podemos destacar que algumas campanhas presidenciais e algumas estaduais estão se pautando pelo planejamento. Observe como o tema da ideologia perdeu força. Está afinado com o sentimento geral da população de que as escolhas deverão, prioritariamente, afunilar para a capacidade de gestão do candidato, um dos mais expressivos indicativos das pesquisas eleitorais. Quando o tema ideologia sai do foco prioritário você tem um poder de decisão mais racional, mais efetivo, que exige do eleitor uma análise maior de cada candidato, uma comparação. E isso é bom para todos. Há, também, um maior grau de informação sobre os candidatos e partidos e uma taxa de indecisos muito expressiva, o que pressupõe que os eleitores exigem mais e mais informações sobre os candidatos e suas propostas. Não há espaço para a manipulação, para aquelas campanhas vazias altamente influenciadas pelo Marketing Político falso que deu, por exemplo, uma falsa imagem da Dilma gestora, do Lula honesto, do Maluf empreendedor, que enganou milhões. Revista Estratégia - O eleitor está mais consciente? Marco Iten – Penso que o eleitor está muito mais informado. As Redes Sociais podem levar esse crédito, sem

nenhuma dúvida. Mas o fato de estar mais informado não significa estar mais consciente ou ter uma decisão do voto mais afinada. E, afinal, o que é ser um eleitor consciente? Seria votar no mesmo candidato que eu ou você desejamos? Claro que não, apesar de esse ser o desejo de todo candidato... As Redes Sociais estão dando acesso mais rápido, mais profundo, e num grande volume, para que o eleitor tenha muitas fontes, diferentes fontes para avaliar e julgar. Essa transformação do uso prioritário dos celulares, dos smartphones, está mudando o viés da comunicação. Um dado que publicamos recentemente indica que o brasileiro, em média, visualiza seu celular mais de 180 vezes ao dia, prioritariamente para a busca de informação ou de mensagens recebidas. Então, podemos afirmar que jornais, revistas, TVs e rádios perderam o protagonismo da informação e milhares de pessoas que geram conteúdos nas Redes Sociais são, hoje, muito mais vistas, lidas, avaliadas e influentes. Com isso o eleitor tem acesso, motivação e até cumplicidade com nomes, partidos, preferências, tendências. Revista Estratégia - As campanhas eleitorais estão mais baratas? Marco Iten – Nunca se viu uma campanha presidencial com candidatos usando aviões comercial, como vemos com Alckmin, Álvaro Dias, Bolsonaro, por exemplo, e com um comportamento bastante civilizado dos demais passageiros. Isso é salutar, é educativo. Além disso, nenhuma ostentação nesse processo eleitoral será bem recebida pelos eleitores, a maioria desinteressada, indecisa, Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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mas com alto grau de rejeição ao processo todo. Até o momento não vemos campanha ostensiva, e isso nem é possível legalmente, mas o comedimento será fator relevante para se evitar uma resistência ou mesmo uma situação constrangedora, fabricada ou não. O que existe muito, hoje, é o candidato na estrada, visitando, realizando contatos políticos, reaquecendo relacionamentos, buscando apoios. E as campanhas, muito mais curtas do que as até agora vividas, levarão a uma explosão da propaganda, das inserções, do assédio eleitoral nos últimos 20 dias, ou seja, após 15 de Setembro, eu estimo. O tempo curto e a nítida resistência ao assédio eleitoral também deslocam as campanhas para as Redes Sociais, e elas serão importantes para os candidatos ao legislativo: senadores e deputados. Apenas com o caminhar da campanha, ao final do mês de Agosto, teremos uma visão de como o ambiente eleitoral demandará recursos, a partir da recepção inicial pelo eleitor. O interesse pelo processo, até o momento, é mínimo e está exigindo alternativas bastante criativas de nossa parte, para incrementar a participação nas campanhas de deputados, em todo o Brasil. Há um menor fluxo de dinheiro em todas as campanhas, até o momento, e considero isso altamente favorável para as novas candidaturas, desde que essas campanhas sejam bem organizadas. 8

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Revista Estratégia – Os limites previstos de gastos, impostos pela atual legislação, são realistas? Ou são uma ficção? Marco Iten – Os principais players presidenciais exigirão recursos acima dos R$ 70 milhões previstos como teto. Pense nos custos da produção de TV, dos impressos, na logística dessa distribuição, em viagens a cerca de 200 cidades principais do país, no staff dessas campanhas, custo dos eventos, segurança privada, assessoramento contábil e jurídico... Essa matemática de quem gerou a pífia reforma eleitoral 2018 não bate. Ficção pura. Da mesma forma, campanhas de deputados limitadas aos tetos lá estabelecidos são bastante irreais, a despeito dessa falta generalizada de recursos. Revista Estratégia - Temos partidos ideológicos no Brasil? Marco Iten – Temos irmãos controlando partidos, pai e filho, pai e filha, corporações, interesses, interesses e interesses. Partidos são pessoas jurídicas criadas para beliscar um naco do sistema, usufruir grandes porções da riqueza do país e representar aqueles, apenas. Já ouvi que o poder é o sexo dos velhos... E o velho, hoje, na política, é essa falsa representação política ditada e simbolizada pelos partidos políticos. É um Zero de credibilidade, mas ainda é a via para a participação política e eleitoral. O recurso da candidatura avulsa, sem a necessidade da filiação partidária, seria a pá de cal nesse sistema viciado, mas essa possibilidade de o cidadão candidatar-se sem a exigência de filiação às agremiações que aí estão


é proibida pelos próprios senadores e deputados que controlam os partidos, é claro... Revista Estratégia - Bolsonaro, hoje, lidera as pesquisas. Essa realidade permanecerá assim, visto que as campanhas serão curtas? Ele está consolidado? Marco Iten – Bolsonaro fez o discurso que parte da população tem alto grau de sensibilidade. Em tese, esse público é aquele que senta no sofá e espera alguém se pronunciar num discurso de quem “vai fazer”, “vai prender e arrebentar”, vai “caçar os marajás” etc. e tal... São as madames de Ipanema, dos Jardins, das zonas Sul, que esperam que alguém faça por elas... É uma classe média alta que já acreditou no Collor, por exemplo, e hoje acha que o intervencionismo militar é a solução. São as pessoas que já foram assaltadas e acham que um coronel na presidência vai bater, prender e arrebentar. São os sem escolaridade e sem civilidade. Simbolizo como aqueles que colaboram com um linchamento. É uma parte expressiva do eleitorado que não participa e acha mais confortável terceirizar uma tal de “limpeza” política que, convenhamos, não virá. Então, Bolsonaro falou para essas pessoas, predominantemente via Redes Sociais, gerando uma comoção e uma adesão natural às causas e bandeiras comuns. Mas a eleição de um presidente não é só isso. A questão da governabilidade não foi colocada e nem é do interesse do Bolsonaro suscitar esse tema, pois essa é uma das muitas fragilidades dele. Além do fato de ser despreparado para o jogo político, para ouvir,

falar e ponderar, para equilibrar, para exercer pressão, mas também para ser pressionado – a essência da vida política – , ele vive seu ápice, e sabe disso. A única variação plausível para Bolsonaro é a queda, a partir de agora. As pesquisas o citam com essa margem, de 16% a 24%, mas num universo de mais de 67% que ainda não se deram conta das eleições, não se manifestaram nem optaram por alguém. Esse índice dele é expressivo, mas sofrerá brutal redução quando importantes massas de eleitores passarem a fazer sua opção. Revista Estratégia - Temos muitos candidatos a presidente, mais do que seria razoável? Marco Iten – São fatores distintos que explicam essa realidade, nesta fase. A mais importante é que os partidos necessitam se fazer presentes, vivos, e uma candidatura presidencial dá mais seriedade às agremiações. Para o público externo e para os eventuais simpatizantes de uma determinada agremiação, uma candidatura presidencial dá corpo, dá legitimidade à sigla. Um outro fator é que os partidos necessitam passar pela chamada cláusula de barreira, que é uma cota mínima de 1,5% dos votos válidos para o cargo de deputado federal, em um mínimo de 9 estados, para que possam pleitear nas próximas eleições seus corRevista Estratégia Marketing Político - nº 6

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respondentes tempos de TV e cotas do Fundo Partidário. Há ainda outro fator que determina uma exposição pública mais frequente no horário eleitoral para benefício, quase sempre, de seus dirigentes e seus escolhidos, em muitos casos seus parentes, filhos ou cônjuges desses donos de partidos. Essa perpetuação no domínio da máquina partidária exige poder político e isso, em muitos ca-

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sos, só se dá com os votos advindos da exposição pública. Mas, é certo que veremos, nas próximas semanas, algumas desistências de candidaturas insustentáveis, quer pela inviabilidade financeira das campanhas, quer porque essas apenas se colocaram para uma negociação de apoios ou pelo velho fisiologismo. Alguns já desistiram, como Luciano Huck, Rodrigo Maia, Aldo Rebelo, Guilher-


me Afif, Joaquim Barbosa, e Flavio Rocha. Novas desistências devem surgir, mas o importante de sua pergunta é a falta de representatividade de muitas delas, apenas projetos pessoais, sem respaldo da sociedade. Revista Estratégia - É possível que o presidente eleito tenha força para enfrentar o Congresso Nacional e seus interesses corporativos, cada vez mais voltado para o fortalecimento político e de poder de seus próprios integrantes, de seus principais articuladores? Marco Iten – O Congresso passou a exercer um poder mais intenso na medida em que viu o Executivo nas mãos de presidentes fracos, como Dilma e Temer. O mesmo ocorreu com o Judiciário, ocupando espaços, quase legislando, dado ao improviso e a falta de um Executivo atuante e com personalidade. Enfim, estamos pessimamente representados nos Três Poderes. E as vaidades se destacaram como a maior característica de seus protagonistas. Revista Estratégia - Na sua opinião haverá grande renovação no Congresso a partir das eleições 2018? Marco Iten – Infelizmente, não. A legislação eleitoral, votada por eles, os beneficiará. O Fundo Partidário e o Fundão, verbas bilionárias, estão nas mãos nos mesmos. O controle do tempo de uso das TVs pelos partidos continua nas mãos dos detentores do poder nas agremiações e, pior, as promessas de renovação são frustrantes. Revista Estratégia - Frustrantes?

Você fala dos movimentos da sociedade civil? Marco Iten – Sim. Infelizmente, em muitos casos, movimentos de renovação, de qualificação de novos protagonistas políticos revelaram-se uma piada ou mesmo uma manipulação de iludidos a serviço de interesses pessoais, de vaidade de celebridades, sem realmente qualificar e potencializar novas lideranças. O resultado verificaremos na apuração eleitoral. Revista Estratégia - Quais os 5 principais fatores para a eleição do futuro presidente nesta eleição? Marco Iten – Certamente teremos temas essenciais para favorecer a decisão do eleitor. Talvez, numa ordem decrescente, teremos: 1) Capacidade de transmitir segurança, conhecimento, experiência e poder de negociação para presidir um país tenso; 2) tempo de TV para se expor, estar presente, debater e apresentar propostas concretas; 3) estrutura em cada estado e em cada município para alavancar campanha eleitoral, num país continental como o nosso, com 26 Estados, Brasília e 5.570 municípios – é fundamental a geração de votos em cada Nicho Eleitoral, cada município, em todos os ambientes; 4) Redes Sociais ativas, intensas, bem construídas; 5) Uma legião de candidatos a deputado, senador e governador que impulsione o nome presidencial, visto que a presença física do candidato será limitada pelo tempo, pelas distâncias, pela agenda. Em outras palavras, apenas candidatos com uma estrutura bem montada terão êxito de passar para o segundo turno.  Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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COMUNIC AÇ ÃO

Você vai olhar mais de 180 vezes hoje para a tela de seu smartphone Por Cíntia Cury

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Já parou para pensar em quantas vezes por dia você checa seu smartphone? O Google fez isso e concluiu que olhamos, em média, 183 vezes por dia para a tela do aparelho. Sim, passamos o dia verificando notificações das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, checamos nossos e-mails, lemos notícias, ouvimos música, assistimos vídeos e programas de TV por streaming, jogamos, conferimos as previsões da meteorologia e, eventualmente, até usamos nossos smartphones para telefonar. Olhar para esses pequenos aparelhos se tornou rotina. É a primeira coisa que fazemos ao acordar e a última antes de dormir. Atualmente, existem 235.076.217 linhas de telefonia móvel ativas e conectadas à internet no Brasil, de acordo com a Anatel. Mais do que o número de habitantes do país, que é de cerca de 208,66 milhões. Nas regiões Norte e Nordeste, existe praticamente um aparelho para cada habitante com mais de 10 anos de idade. Já nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o número de telefones celulares é maior que o de habitantes. De acordo com levantamento do IBGE do ano passado, quase 70% dos internautas prefere (ou só tem esse tipo de dispositivo para) acessar a internet pelo celular. Parece um dado óbvio, mas para quem trabalha com comunicação pública ou política, é um elemento extremamente importante a se levar em conta na hora da definição de estratégias para levar informações ao público. Se esse é seu caso, encare o smartphone como seu principal veículo de comunicação.

É na tela do celular que as pessoas vão ler os textos, assistir vídeos e ver as fotos que você usará para transmitir informações sobre a instituição e o mandato, bem como formar ou consolidar a imagem do detentor de mandato ou candidato para o qual você trabalha. Também é nesse ambiente dinâmico e ao alcance da mão que as pessoas vão interagir e trocar informações sobre (e com) a instituição e o político. Portanto, é a tela do smartphone que vai definir o formato do material que você produzirá. O tamanho do texto, os detalhes das imagens, a duração dos vídeos, tudo precisa ser elaborado levando em conta o tamanho da tela e as condições de leitura/ visualização de seus públicos. Há diversos fatores a serem levados em conta na hora de elaborar sua estratégia de comunicação. Vale saber que os internautas gastam mais de 80% do tempo online em aplicativos. Em média, as pessoas têm 10 aplicativos que mais acessam diariamente, sendo que o aplicativo favorito é responsável por metade do tempo online. Em outras palavras, os usuários passam muito tempo conferindo suas redes sociais preferidas, trocando mensagens instantâneas (em aplicativos como o WhatsApp, que é o favorito do brasileiro nessa categoria), em jogos online ou consumindo música e vídeo. Mas também encontram tempo para ver as notícias, fazer pesquisas e visitar sites e blogs (pesquisas apontam que é crescente o número de pessoas que afirmam usar a rede mundial para se informar no Brasil). E é nesse vasto universo que você deve focar sua estratégia para criar, ampliar e engajar sua audiência.

Cíntia Cury é jornalista. Diretora da Exterior Editora/MarcoIten.Com atua em Assessoria de Imprensa; treina equipes de Comunicação, elabora o Planejamento Estratégico de Comunicação e gerencia reputação de Órgãos Públicos, políticos e Mandatos. Atuou na Assessoria de Imprensa/ Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo, durante os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin, Cláudio Lembo e José Serra. É autora do livro Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Órgãos Públicos e Mandatos, da Exterior Editora.

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É claro que as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas vêm modificando seus algoritmos de maneiras que impactam diretamente no compartilhamento e na visibilidade das postagens, mas continuam sendo o meio mais eficiente para identificar os diversos públicos com os quais um assessor de imprensa de instituição, mandato ou candidato precisa se relacionar: suas preferências, seus hábitos, horários de acesso às diversas plataformas, tipo e formato de informação que mais gera interatividade...

Aliás, essa é a palavra nos dias de hoje: interatividade. Use todas as informações que você tem à disposição para elaborar uma eficiente estratégia de comunicação com seus diversos públicos. Pense em como atingir cada público em cada uma das plataformas disponíveis e busque sempre promover o engajamento e a interatividade. E, principalmente, ouça seus públicos, sempre. Lembre-se: em tempos de smartphones, sua comunicação precisa ser simples, ágil, eficiente e constante. 

Velocidade de carregamento de sites é diferencial importante O crescimento do acesso à internet e redes sociais por smartphones transformou a velocidade de carregamento de sites num diferencial importante para instituições, mandatos e, principalmente, para os candidatos. Esse é um fator tão significativo que é um dos critérios usados pelo Google na hora de estabelecer o ranking orgânico dos resultados de busca da plataforma. No Brasil, os sites demoram em média 15,8 segundos para carregar completamente no mobile (smartphones e tablets), o que leva a uma perda significativa da audiência. De acordo com o Google, 50% das visitas são abandonadas quando um site demora mais de 3 segundos para carregar no mobile. Se o site oficial da instituição ou candidato deveria funcionar como tira-teima para o cidadão na hora de conferir se uma informação recebida via redes sociais e mensagens instantâneas é verdadeira ou fake, essa demora para 14

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carregar pode simplesmente impedir que isso aconteça. E mais: sites que demoram muito para abrir em smartphones perdem pontos nos critérios do Google e acabam, muitas vezes, “escondidos” na segunda ou terceira página de buscas. Ou seja, em vez de o cidadão encontrar o site oficial do candidato, por exemplo, terá diversas outras alternativas, que podem blogs editados por concorrentes e detratores. Isso porque cerca de 75% dos internautas nunca acessam a segunda página de resultados quando faz uma busca no Google. Se você é responsável pela sobrevivência digital de seu candidato ou instituição, pública ou privada, deve ficar atento a essa questão. O próprio Google oferece algumas ferramentas para ajudar a verificar e melhorar a velocidade de carregamento de seu site. Confira: https://developers.google.com/speed/pagespeed/insights/?hl=pt-BR


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GESTÃO

Lei Anticorrupção Brasileira

no âmbito das instituições públicas Por Camila C. Chizzotti

A Lei Anticorrupção Brasileira (Lei nº 12.846/13) inaugurou uma nova era administrativa, tendo em vista que estabeleceu um conceito aberto de “pessoa jurídica” para fins de responsabilização, o qual abrange as instituições públicas, estabelecendo um princípio de moralidade administrativa renovado vinculado às regras de compliance da boa gestão empresarial internalizadas no setor público. Os conceitos de gestão de riscos e compliance contribuem para uma gestão pública cada dia mais responsiva, que assume um papel preventivo no planejamento de suas ações e na orientação de suas condutas, sempre com o objetivo de atingir a finalidade pública a que se destina. Devido a essas instituições terem que lidar com o desafio da observância dos princípios da administração pública (art. 37 da CF/1998) e expectativas da sociedade em relação ao exercício da responsabilidade social, é essencial que estas possuam um mecanismo que 16

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demonstre a sua preocupação e o seu comprometimento com altos padrões éticos, com a responsabilidade, com a transparência, com a sustentabilidade, com a eficiência e com a probidade no seu cotidiano, e atualmente o mecanismo mais eficaz para garantir a lisura das organizações é a existência de um Programa de Compliance. Sendo assim, os parâmetros de compliance delineados pela Lei Anticorrupção e sua posterior regulamentação (Decreto nº 8.420/15) tornaram-se uma referência para essa transformação, de forma que o compliance público passou a ser o caminho para demonstrar a integridade na Administração Pública. Sobre os atos públicos, estes são regidos pela regra da legalidade estrita, de forma que as ações das instituições públicas devem ser realizadas da maneira específica delimitada pela lei. Entretanto, esse princípio deve ser balizado com o princípio da eficiência da função pública, sob o risco de um ex-


cesso de formalismo no âmbito público. Isto porque a cultura compliance vai muito além, e agrega uma série de valores éticos e princípios morais, que tem por objetivo não apenas garantir o cumprimento da Lei, mas também, a busca de fomentar valores nos agentes públicos. Sendo assim, as ações de conformidade e aderência devem ser associadas à garantia de efetividade e ao conceito de accountability ou prestação de contas, que demonstra que os recursos foram aplicados devidamente, com eficácia e eficiência, sendo este o caminho para a mitigação da corrupção no setor público, uma vez que o excesso de burocracia pode levar, em alguns casos, à oportunidade para atos de corrupção ou desvios. Neste sentido, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto 5.687/06, já apontava a necessidade da implementação de um programa de gestão pública para assuntos como: bem público, integridade, transparência e controle das contas públicas. Também há a disposição expressa acerca da implementação de Códigos de Conduta para servidores públicos, que visam a combater preventivamente a corrupção, através do desenvolvimento institucional de princípios relacionados à integridade, à honestidade e à responsabilidade do agente estatal. Da mesma forma foi promulgada a Lei de Responsabilidade das Estatais (Lei nº 13.303/2016) que dispõe sobre novos padrões de governança, riscos e compliance da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, estabelecendo regras mais rígidas para compras, licitações, e para a nomeação de diretores, membros

do conselho de administração e de presidentes, além de estabelecer que deverá ser implantada uma área de compliance e riscos, vinculada ao diretor presidente, e um comitê de auditoria estatutário, que irá se reportar diretamente ao conselho de administração em caso de suspeita de irregularidades cometidas pelo diretor presidente. Por fim, seguindo os anseios da Lei Anticorrupção, foi promulgado recentemente o Decreto nº 9.203/2017 que estabelece a obrigatoriedade de instituição de programas de integridade para órgãos e entidades da Administração direta, autárquica e fundacional (art. 19). Os programas de integridade devem ter o objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de fraudes e atos de corrupção e serão estruturados a partir do comprometimento e apoio da alta administração, da existência de unidade responsável pela implementação no órgão ou na entidade, da análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema da integridade e do monitoramento contínuo dos atributos do programa de integridade (art. 19, incisos). Ante o exposto, nota-se a direção adotada pela legislação brasileira de forma a fomentar a adoção de medidas de compliance e integridade também pelas instituições públicas, com a implementação de uma estrutura capaz de garantir a legalidade e transparência na função pública, principalmente no que concerne à contratação por parte das instituições públicas, ponto nevrálgico da interação do Estado com os particulares no que diz respeito à corrupção. 

Camila C Chizzotti atua na área de Governança, Risco e Compliance com ênfase na implementação ou revisão de programas de compliance, visando o atendimento das principais legislações nacionais e internacionais (principalmente lei anticorrupção e lei de combate à lavagem de dinheiro). Membro do Grupo de Trabalho Contra a Corrupção e pela Integridade do Instituto Ethos. Graduada em Direito (PUC/SP), pós-Graduada na London School of Business & Finance.

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Pixabay

C APA

Fundão Eleitoral Entenda como funciona essa farra com o

dinheiro público Por Marco Iten Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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O Fundo Especial de Financiamento de Campanha – o chamado FUNDÃO, tirou R$ 1.716.209.431,00 do orçamento público (educação, segurança, saúde, estradas, agricultura, pecuária, comunicações...) para oferecer aos donos dos partidos políticos recursos públicos que lhes garantam uma atuação “confortável” na campanha eleitoral e a manutenção desse sistema ilegítimo de representação política – fonte e razão de nossa eterna crise política. Enquanto senadores e deputados votavam a restrição da contribuição Critério

% do Fundão

Primeiro

2%

Divididos igualmente entre os partidos registrados no TSE. Hoje são 35 partidos nessa condição. Outros 35 pedem reconhecimento.

Segundo

35%

Divididos dentre os que tenham ao menos 1 representante na Câmara, na proporção dos votos obtidos para Deputado Federal em 2014.

Terceiro

48%

Divididos dentre os partidos, na proporção de suas filiações em 28.Ago.2017

Quarto

15%

Divididos dentre os partidos na proporção do número de representantes no Senado Federal em 28.Ago.2017

Como é distribuído

Primeiro Critério - Cada um dos 35 partidos políticos recebe parte igual de um porcentual de 2% do Fundão. Esse valor, de R$ R$ 980.691,10 para cada agremiação, beneficia inclusive os partidos que não existiam há 4 anos, como o NOVO, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) e a REDE (de Marina Silva - vale lembrar que em 2014 Marina disputou a presidência pelo PSB, 20

de empresas para as campanhas eleitorais (fazendo bonito para a “plateia” e encenando o atendimento à demanda pela moralização do processo eleitoral), eles garantiam que as cúpulas partidárias, que dominam as agremiações políticas, fossem os credoras de farta distribuição do dinheiro público para as máquinas partidárias. Dessa forma, criaram uma engenhoca financeira para a distribuição dos valores. Tratamos, aqui, do chamado Fundão. São 4 os critérios de distribuição do valor bilionário aos partidos políticos. Veja a tabela:

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em substituição a Eduardo Campos, morto em acidente aéreo). Partidos inexpressivos e que recebem insignificante soma de votos, mesmo em âmbito nacional, também recebem essa cota, como o PSTU (obteve apenas 188.473 em todo o país, nas eleições de 2014); PCB (66.979 votos); PCO (somente 12.969 votos); e o PPL (141.254 votos em todo o país), não atingindo o quociente eleitoral


e, assim, não elegendo nenhum deputado federal em 2014. Outras pequenas agremiações, como o atual PATRIOTAS, que obteve 667.983 votos e elegeu, em 2014, dois deputados federais: o atual AVANTE (antigo PEN – Partido Ecológico Nacional), com um deputado eleito e um total de 812.497 votos em todo o país); PSL (um deputado, 808.710 votos); e PRTB (um deputado eleito e 454.190 votos). Segundo critério - 35% (trinta e cinco por cento) do Fundão, divididos entre os partidos que tenham pelo menos um representante na Câmara dos Deputados, na proporção do percentual de votos por eles obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. Vale destacar que o rateio é realizado pelo número de votos obtidos e não pelo de deputados federais eleitos; são R$ 600.673.300,80. Assim, o PT, que elegeu a maior bancada de deputados federais à época, com 69 integrantes, receberá neste ano, apenas nesse segundo critério, o valor milionário de R$ 83.981.315,26; o MDB, que elegeu 65 deputados federais embolsará R$ 66.866.679,31; o PSDB R$ 68.705.434,94 com 54 deputados federais eleitos (menos que o MDB, mas com número maior de votos totais recebidos). Pelo mesmo critério de número de votos obtidos, 2 partidos considerados médios na cena política brasileira receberão valores diferentes no Fundão: Ambos, PSB e PR, elegeram 34 deputados federais em 2014 cada, mas o total de votos dados aos seus candidatos federais geraram valores distintos: o PSB terá R$ 38.835.634,62, enquanto o PR faturará R$ 34.917.552,12, tendo em

vista que o PSB foi mais bem votado na região Nordeste. Nessa divisão os partidos PSTU, PCB, PCO, PPL, NOVO, REDE e PMB não recebem qualquer valor. O terceiro critério distribui proporcionalmente 48% (quarenta e oito por cento), divididos entre os partidos, pelo número de representantes na Câmara dos Deputados, consideradas as legendas dos titulares. Sempre lembrando que neste rateio o número de deputados não é o do resultado eleitoral da campanha de 2014, mas, sim, o do dia 28/8/2017, o que ensejou controvérsia pelo balcão de negócios promovido por alguns partidos na ânsia de aumentar artificialmente sua representatividade eleitoral (e, portanto, sua cota no critério). Vale destacar o “crescimento” artificial de 5 legendas: a REDE (de 0 para 4 deputados) proporcionou receita de R$ 6.423.239,98 apenas nesse critério; o DEM “cresceu” de 21 para 30 deputados, gerando R$ 48.174.299,82; o PR “cresceu” de 34 para 40 deputados, gerando R$ 64.232.399,76; o atual AVANTE “cresceu” de 1 para 4 parlamentares, gerando R$ 6.423.239,98; e o PODEMOS teve um escandaloso “crescimento” de 4 para 13 deputados, faturando R$ 20.875.529,92. Ainda nesse critério, os partidos PMN, PTC, DC, PRP, PRTB, PSTU, PCB, PCO, PPL, NOVO e PMB nada receberão do Fundão. O quarto critério dá conta dos últimos 15% do Fundão, distribuídos proporcionalmente aos partidos com representação no Senado Federal - também usando como data de corte o dia 28/8/2017, ou seja, valorizando a dança de cadeiras. O valor correspondente a esse critério (R$ 257.431.414,65) pro-

Marco Iten é especialista em comunicação pública e Mídias Sociais, planeja e coordena campanhas eleitorais em todo o país. É autor de 5 livros sobre Marketing Político. Ministra cursos e consultoria para candidatos, partidos políticos, detentores de mandatos e prepara equipes para o bom uso das Mídias Sociais na comunicação. fale@marcoiten.com.br facebook: /marcoiten. estrategia

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

21


porciona R$ 3.258.625,50 para cada senador/legenda. No Senado Federal, as regras do Fundão também geraram distorções, sempre visando aos interesses do rateio do Fundão e da reeleição. Ao término das Eleições 2014, o Senado mantinha representantes de 16 partidos políticos. Em 2017, para os cálculos que definiram os quinhões do Fundão, já haviam senadores com 18 representações partidárias e, neste ano de 2018, já visando os interesses eleitorais, há representantes de 19 partidos dentre os 81 integrantes do Senado Federal.

MDB

Após a Para eleição Cálculo do Hoje de 2014 Fundão 18 20 18

PT

R$ 212.244.045,51

MDB

R$ 230.974.290,08

PSDB

R$ 185.868.511,77

DEM

R$ 87.503.080,78

PP

R$ 131.026.927,86

PSB

R$ 118.783.048,51

PDT

R$ 61.475.696,42

PTB

R$ 62.260.585,97

PR

R$ 113.165.144,99

PPS

R$ 29.203.202,71

PV

R$ 24.640.976,04

PCDOB

R$ 30.544.605,53

PSC

R$ 35.913.889,78

PSDB

10

12

12

PSOL

R$ 21.430.444,90

PT

12

9

9

PMN

R$ 3.883.339,54 R$ 6.334.282,12 R$ 18.064.589,71

PDT

8

2

3

PTC

PSB

7

6

4

PHS

DEM

5

4

5

PP

5

6

6

PR

4

4

4

PTB

3

2

1

PSD

3

4

5

3

5

1

2

1

1

PODE

DC

R$ 4.140.243,38

AVANTE

R$ 12.438.144,67

RB

R$ 66.983.248,93

PRP

R$ 5.471.690,91

PSL

R$ 9.203.060,51

PRTB

R$ 3.794.842,38

PODE

R$ 36.112.917,34

PSTU

R$ 980.691,10

PCB

R$ 980.691,10

PRB

1

PSOL

1

PROS

1

SD

1

PPS

1

1

1

PPL

PCdoB

1

1

1

PATRI

R$ 9.936.929,10

1

PROS

R$ 26.124.350,14

1

SD

R$ 40.127.359,42

PTC

1

1

NOVO

REDE

1

1

REDE

PV PSC

Sem Partido 22

Neste caso específico, o MDB, com bancada à época de 20 senadores, terá direito a R$ 65.172.510,04. Somados os 4 critérios temos 100% e a seguinte distribuição por legenda:

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

1

PCO

R$ 980.691,10

PSD

R$ 112.013.278,78

PMB

R$ 980.691,10

R$ 980.691,10 R$ 10.662.556,58 R$ 980.691,10 R$ 1.716.209.431,00


As eleições de 7 de Outubro de 2018 vão definir os rumos do quadro partidário de forma sempre provisória, sendo certo que a cláusula de barreira, mesmo que ainda muito condescendente com as agremiações, começará um processo de enxugamento e moralização da farra da criação de legendas de aluguel, negócios familiares e celeiros de oportunistas, ideológicos ou não. Falaremos sobre Cláusula de Barreira em outra matéria. No balanço final podemos auferir que o valor médio do voto dado aos partidos políticos na eleição para deputado federal em 2014 (votos nominais + votos de legenda), num total de 97.355.354 votos, em relação aos valores do Fundão (R$ 1.716.209.431,00) resulta numa média de R$ 17,61 por voto. Seria lógico presumir, portanto, valores próximos deste índice para cada um dos 35 partidos a disputar o próximo pleito. Mas essa não é uma lógica presente na Lei que nossos parlamentares votaram e aprovaram. A atual legislação promoveu e incentivou o balcão de negócios que caracterizou o período das “janelas” partidárias, dando vazão a interesses nada republicanos. Algumas situações são bastantes típicas. O caso do PCO certamente vale pela fragilidade de seu resultado eleitoral pífio: apenas 12.969 votos em todo o Brasil. Mas, pelo simples fato

de ter seu registro deferido no TSE, ele foi aquinhoado com cota correspondente a 1/35 de 2% do Fundão (1º critério), ou seja, R$ 980.691,10. Assim, o PCO recebe, hoje, o corresponde a R$ 75,61 por voto dado em 2014, justificando em números o quanto o critério de Cláusula de Barreira, existente para eliminar a farra dos partidos-sem-votos, pode vir a colaborar para a moralização dessa nossa “democracia representativa”... Sob o aspecto moral mais evidente, o caso do PODEMOS, ex-PTN, é o mais escandaloso, pois demonstra o quanto as jogadas de bastidores do Congresso - sempre com intuito de acrescentar poder sem o correspondente respaldo em votos - é prática valorizada no ambiente inóspito de Brasília. Seus votos em 2014 pouco ultrapassaram os 723.000, mas seus “ganhos” via Fundão renderam mais de R$ 36 milhões, um valor médio de R$ 49,93 por voto. Como dado comparativo, o também diminuto PRP totalizou mais de 724.000 votos no mesmo pleito e obteve do “Fundão” pouco mais de R$ 5,4 milhões, ao valor médio de R$ 7,54 por voto. Na tabela podemos verificar os partidos que mais operaram para “importar” parlamentares eleitos por outras siglas com o objetivo de “faturar” com essa dança de cadeiras: MDB, DEM, PP, PSB, PR, PHS, PODEMOS, e PSD.

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

23


Partido

Votos 2014 p/dep federal

Cota do Fundão (em R$)

PT

13.554.166

212.244.045,51

15,65

MDB

10.791.949

230.974.290,08

21,4

PSDB

11.088.715

185.868.511,77

16,76

DEM

4.085.487

87.503.080,78

21,41

PP

6.429.791

131.026.927,86

20,37

PSB

6.267.878

118.783.048,51

18,95

PDT

3.528.346

61.475.696,42

17,42

PTB

3.914.193

62.260.585,97

15,9

PR

5.635.519

113.165.144,99

20,08

PPS

1.955.689

29.203.202,71

14,93

PV

2.004.464

24.640.976,04

12,29

PC do B

1.913.015

30.544.605,53

15,96

PSC

2.520.421

35.913.889,78

14,24

PSOL

1.745.470

21.430.444,90

12,27

PMN

468.473

3.883.339,54

8,28

PTC

338.117

6.334.282,12

18,73

PHS

943.068

18.064.589,71

19,15

DC

509.936

4.140.243,38

8,11

AVANTE

812.497

12.438.144,67

15,3

PRB

4.424.824

66.983.248,93

15,13

PRP

724.825

5.471.690,91

7,54

PSL

808.710

9.203.060,51

11,37

PRTB

454.190

3.794.842,38

8,35

PODE

723.182

36.112.917,34

49,93

PSTU

188.473

980.691,10

5,2

PCB

66.979

980.691,10

14,64

PCO

12.969

980.691,10

75,61

PSD

5.967.953

112.013.278,78

18,76

PPL

141.254

980.691,10

6,94

PATRI

667.983

9.936.929,10

14,87

PROS

1.977.117

26.124.350,14

13,21

SD

2.689.701

40.127.359,42

14,91

NOVO

0

980.691,10

REDE

0

10.662.556,58

PMB

0

980.691,10

Média

24

R$ por voto

www.revistaestrategia.com.br

49.034.555,17

17,61/ voto

O Fundão é prova incontestável de que, independente de ideologias e afinidades programáticas, as cúpulas partidárias se unem quando o objetivo é buscar o conforto do ataque ao Orçamento (já bastante deficitário) para a manutenção e ampliação de suas vantagens, em detrimento do país e de seu povo, que dizem representar. 


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Revista Estratégia Marketing Político - nº 6


ANÁLISE

Redes Sociais dão o tom nas Eleições

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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As redes sociais estão dando o tom destas eleições presidenciais de 2018. E parece que as mídias tradicionais finalmente começam a perceber a real utilidade dessas plataformas. Em vez da inútil leitura de postagens e mensagens instantâneas da audiência no ar, numa óbvia tentativa de encobrir a falta de profissionais na reportagem, alguns veículos parecem começar a entender que as redes sociais podem, sim, ser utilizadas para agregar conteúdo de qualidade a noticiários e programas. Um exemplo interessante foi a parceria da Rede Bandeirantes com o Google no primeiro debate entre candidatos à presidência da República realizado pela emissora, que foi ao ar no último dia 9 de agosto. O debate foi transmitido ao vivo pelo YouTube e a audiência também pôde acompanhar em tempo real as informações disponibilizadas pelo Google Trends (que monitora as tendências de busca na plataforma). Jornalistas e convidados que estiveram na sede da emissora tiveram um espaço à disposição para acompanhar o debate e a repercussão, em tempo real. Mas, quem assistiu de casa, com um olho na tela da TV e outro na internet, também pôde seguir as tendências de buscas sobre candidatos e assuntos ao longo das cerca de três horas de apresentação dos candidatos. O debate movimentou as redes sociais até tarde da noite. O debate terminou perto da 1h da manhã e, a todo momento, a audiência 28

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

comentava nas redes sociais o desempenho dos candidatos. Muita gente reclamava ou comemorava a posição do favorito no Trends. É isso. A informação, hoje, chega por todas as plataformas e as pessoas já estão mais do que acostumadas a interagir. Comentar, criticar, elogiar, criar memes, confirmar ou desmentir dados, tudo em tempo real. As eleições de 2018 serão muito curtas e as redes sociais certamente terão papel relevante. Além de estratégicas para a comunicação dos candidatos com os eleitores, as plataformas ajudarão as equipes a medir a “temperatura” da campanha nas ruas. Fake news Depois de muita discussão em torno de interferência externa via redes sociais nas eleições americanas de 2016, todas as plataformas têm tratado o assunto com muito cuidado ao redor do globo. Todas as redes sociais anunciaram a adoção de medidas para coibir a proliferação de fake news e vêm divulgando o trabalho para identificar e excluir contas com perfis falsos, maliciosos, ou que se utilizam de robôs para o compartilhamento em massa de informações. Facebook, Instagram, Twitter e YouTube, por exemplo, têm divulgado constantemente a remoção de contas com essas características e prometem intensificar essas ações no Brasil durante o período de campanha eleitoral. Até mesmo o aplicativo de mensagem instantânea, WhatsApp, promete reduzir a capacidade de compartilhamento.


O eleitor também terá a oportunidade de aproveitar melhor as redes sociais nesse período. As plataformas já colocam à disposição ferramentas para que se possa verificar a veracidade de informações compartilhadas e para denunciar notícias falsas. As principais plataformas de redes sociais aderiram ao Projeto Comprova (projetocomprova.com. br). Em operação desde o dia 6 de

agosto, o programa reúne jornalistas de 24 empresas veículos de comunicação brasileiros para verificar notícias divulgadas durante a campanha eleitoral deste ano. Eles prometem monitorar e agir para desmentir boatos divulgados em redes sociais e que tenham potencial de viralizar. Todo cidadão que tiver dúvidas sobre informações divulgadas por candidatos pode entrar no site e solicitar a verificação.

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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ANÁLISE

Faça valer sua opinião: Vote. Participe do processo.

INFLUENCIE! média histórica - que é 40% Por Marco Iten

Isso tem tirado o sono de muita gente 30

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6


Dia 7 de outubro escreveremos mais um capítulo da democracia brasileira, com a convocação de mais de 147 milhões de eleitores para decidir o que queremos para o país. 1 brasileiro = 1 voto. Com isso, cada eleitor tem o poder de influenciar, decidir, promover suas ideias, marcar sua posição e dizer o que pensa, o que quer, o que não quer e fazer o Brasil avançar com sua participação. Será ainda mais marcante se sua influência não se resumir a votar, apenas. Participar da campanha eleitoral de seu candidato é ainda mais construtivo na medida em que você influenciará mais e mais pessoas ao debate e às causas defendidas por você e seus candidatos. Somos mais de 147 milhões de brasileiros, em 5.570 cidades do país, e muitos no exterior. Somos uma das maiores democracias do mundo – e temos muitos desafios a vencer, juntos, independente do resultado das urnas. Precisamos eliminar as desigualdades, gerar empregos, renda e riqueza, defender nossa Nação, elevar as condições da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, do inchaço da máquina pública. Precisamos reduzir as mordomias dos políticos, privatizar as empresas estatais para que, como empresas privadas, gerem impostos e apresentem uma eficiência que elas não têm nas mãos de indicados políticos. Precisamos discutir o modelo do transporte no país, precisamos investir no saneamento básico, no controle de nossas florestas, na limpeza de nossos rios. Precisamos combater o tráfico de drogas, reduzir a criminalidade, proteger nossas matas ciliares. Não

é possível um país com crianças fora das creches e das escolas. Não é possível um país com a Justiça tão morosa nem com carros oficiais pra cima e pra baixo. Quer fazer valer sua opinião, seu voto e sua Cidadania? Vote. E participe do processo. INFLUENCIE!  Eleitores Junho/2018 Estado

Eleitores

%

AC

547.680

0,372

AL

2.187.966

1,485

AM

2.428.100

1,648

AP

512.110

0,348

BA

10.393.168

7,056

CE

6.344.482

4,307

DF

2.084.357

1,415

ES

2.754.727

1,87

GO

4.454.496

3,024

MA

4.537.237

3,08

MG

15.700.963

10,659

MS

1.877.982

1,275

MT

2.330.280

1,582

PA

5.499.282

3,733

PB

2.867.658

1,947

PE

6.570.070

4,46

PI

2.370.894

1,61

PR

7.971.083

5,411

RJ

12.406.391

8,422

RN

2.373.620

1,611

RO

1.175.733

0,798

RR

331.489

0,225

RS

8.354.732

5,672

SC

5.070.212

3,442

SE

1.577.060

1,071

SP

33.040.405

22,43

TO

1.039.439

0,706

Exterior

500.728

0,34

147.302.344 Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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OPINIÃO

Fake News nas eleições 2018 Por Professor Gilson Alberto Novaes

Fiz campanhas eleitorais nas décadas de setenta e oitenta, quando os comícios eram os grandes mobilizadores da opinião pública. Comício com bastante gente era sinal de prestígio do candidato. Naquela época, os candidatos menos abastados, como eu, transformavam uma traseira de caminhão em palanque. Puxava-se um bico de luz sobre ele 32

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

e pronto, estava armado o palanque. Era só esperar pelos ouvintes. Às vezes vinham, outras não. Fiz comício com mais gente em cima do caminhão-palanque do que em baixo, assistindo. Naquela época, as notícias falsas já existiam, mas tinham outro nome: calúnia, maldade, mentira e outros adjetivos. Os candidatos fa-


lavam mal uns dos outros em cima do palanque mesmo. Os tempos mudaram. Hoje, são fake news, informações falsas, distorcidas, maldosas, espalhadas pelas redes sociais. Ultimamente transformaram-se numa guerra de informações, usadas com fins políticos, no mundo inteiro. Ganharam visibilidade na campanha presidencial dos Estados Unidos, na eleição de Donald Tramp em 2016, quando pesquisas apontaram que houve forte influência das fake news nas eleições. Sem nenhuma dúvida, as redes sociais têm sido grandemente usadas para difundir notícias falsas, de consequências desastrosas para o mundo político, social e econômico. Ultimamente as fake news se transformaram numa atividade altamente rentável, que movimenta bilhões de dólares por ano. Essa indústria do entretenimento remunera os criadores das fakes news pelo número de seguidores que cada um alcança com as notícias falsas que publicam. O anonimato é a trincheira desses artistas! Agora, em 2018, o Brasil vai experimentá-las com maior intensidade! Quem viver, verá! Elas já contaminam o debate político por aqui há algum tempo. O cenário está armado! Tivemos a Copa do Mundo, com atenção do povo desviada para o futebol, e, agora, uma eleição curtíssima, de quarenta e cinco dias, forte polarização ideológica, enfim uma eleição muito acirrada, com previsão clara de um desvirtuamento do debate público. As fake news têm trazido preocupação para o Tribunal Superior Eleitoral, que se mobiliza para

combate-las e inibi-las, sem contar os diversos projetos de lei apresentados por deputados e senadores nessa direção. O que tem preocupado as pessoas de bom senso é que essas notícias falsas se valem do compartilhamento descuidado e até irresponsável dos internautas que disseminam notícias falsas, inverídicas, caluniosas. Sem dúvida as eleições que nos mostrarão mais ainda a importância das redes sociais e os estragos que as fake news podem fazer se não forem combatidas com rigor. Tarefa nada fácil, convenhamos! Noticiou-se recentemente que as megacorporações, tais como o Facebook, Google e Twitter, não têm obtido pleno êxito no combate às fake news publicadas em suas plataformas, o que tem levado algumas empresas a deixarem de investir milhões em anúncios digitais. O combate às fake news deve ser uma tarefa de todos, desde as empresas de tecnologia, passando pelos órgãos públicos, chegando a nós, usuários das redes sociais, que temos acesso fácil a elas. Nosso papel social e nossa responsabilidade com nossa Pátria, num momento tão difícil por que passamos, deve levar-nos à prudência antes de qualquer compartilhamento ou publicação. Vários meios de comunicação hoje em dia já contam com os “checadores” de informações, havendo ainda aqueles que fazem parcerias com empresas especializadas nessa checagem de notícias, outro negócio que surge atualmente. Precisamos ficar atentos. Interessados em disseminar notícias falsas, certamente não faltarão! 

Gilson Alberto Novaes é professor de Direito Eleitoral na Universidade Presbiteriana MackenzieCampinas, onde é diretor do Centro de Ciências e Tecnologia. Formado em Pedagogia na Faculdade de Educação Piracicabana (1972), Licenciatura Plena em Educação Artística pela PUC de Campinas (1974), Bacharel em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba (1989) e Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (2002). Foi Vereador da Câmara Municipal da cidade de Santa Bárbara d’Oeste.

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COMUNIC AÇ ÃO

Vídeos nas redes sociais: fale comigo como se me conhecesse

Cada vez mais, as pessoas buscam nas redes sociais informações que as ajudem na tomada de decisões ou realização de tarefas. O vídeo tem se mostrado o formato preferido por quem quer comprar um eletrodoméstico, decidir o roteiro de uma viagem, aventurar-se no preparo de uma sobremesa, no conserto de um equipamento, por exemplo. Tutoriais e filmes - caseiros ou cuidadosamente produzidos por 34

Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

agências e profissionais especializados - proliferam em todas as plataformas. Só o YouTube, por exemplo, contabiliza um bilhão de horas de visualização de vídeos por dia, atraindo cerca de um terço dos internautas em todo o mundo. Não é à toa que as redes sociais venham dando tanta importância para esse tipo de material, com a criação de novos espaços e opções de compartilhamento. Mais do que a produção, o suces-


so de um vídeo, porém, seja qual for o conteúdo ou público-alvo, depende da linguagem adotada. As pessoas querem “falar” com iguais, esperam que “falem comigo como se me conhecessem”. Por isso os vídeos mais buscados são os que contem opiniões e informações de quem parece já ter experimentado as mesmas dúvidas ou dificuldades. Os vídeos de “gente comum” são especialmente eficientes, uma vez que conseguem aliar imagens e comentários, sob a perspectiva de alguém que vivenciou a mesma situação buscada pelo internauta, em linguagem informal e direta, oferecendo sem rodeios a informação procurada. Fica aí, portanto, a dica aos responsáveis pelo planejamento estratégico de comunicação de instituições, mandatos e candidatos: você não precisa de uma superprodução, sofisticados programas de edição ou aplicação de efeitos especiais. Não é exatamente isso que seus diversos públicos esperam quando buscam informações, dicas ou aprendizado. Eles querem algo mais realista, com imagens verdadeiras, informações

relevantes que os ajudem a aprender a fazer, saber onde buscar, quem procurar, o que é e, até mesmo, entender o que pensa determinada pessoa. É claro que se você tiver vídeos produzidos e bem trabalhados, deve continuar compartilhando. Mas focar apenas neles não parece ser a melhor alternativa. Procure oferecer também material mais simples e direto aos seus públicos. Identifique serviços e assuntos que mais geram dúvidas em seu público e experimente gravar e postar vídeos simples, nos quais você mesmo (ou um técnico, ou o especialista, ou o próprio líder/candidato, dependendo da estratégia de comunicação adotada) explica como funciona, o que é ou onde fica. Use a mesma linguagem que você usaria e tenha o mesmo cuidado que teria ao explicar o assunto a um parente, amigo ou conhecido. Entenda que, nas redes sociais, as pessoas comuns são as verdadeiras influenciadoras. Pense nisso quando estiver desenhando o planejamento estratégico ou atuando no dia a dia da comunicação da instituição, mandato ou candidato. 

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ELEIÇÕES

Eleição 2018.

E a próxima... Por Marco Iten

Avaliando o gigantesco desgaste com o tema política o Congresso votou uma pífia “reforma” eleitoral que, dentre muitas perfumarias, determinou a redução do tempo da campanha eleitoral e, nela o tempo de propaganda política na TV e no Rádio. Estabeleceu também que as próximas eleições municipais de 36

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2020 sejam realizadas sem o artifício das coligações partidárias, ou seja, cada partido necessitará construir sua chapa de candidatos própria, sem contar com qualquer “reforço” eleitoral de agremiação ocasionalmente aliada. Tais alterações mudarão os hábitos eleitorais e as campanhas políticas locais. Se as campanhas mu-


nicipais já passam por um processo de modernização, o próximo pleito exigirá dos candidatos municipais atenção redobrada para o fortalecimento de nomes viáveis ao Executivo e ao Legislativo municipais, além de formação de novos quadros partidários, Redes Sociais intensas e presença local ainda mais efetiva, para o atendimento das necessidades e demandas da população. É senso comum que a presença física dos políticos é fator determinante na decisão do voto – são diversos os estudos e pesquisas que apontam que os votos mais consolidados e os antecipadamente definidos estão nos grupos de eleitores que contam com presença física, relacionamento e acesso liberado ao candidato. Nesse aspecto as Redes Sociais (Facebook, Instagram, LinkedIn, YouTube, Twitter, por exemplo) e ferramentas de comunicação como o WhatsApp aproximam eleitores e simpatizantes do candidato, desde que essas ações sejam operadas de forma profissional, não invasiva e dentro de uma estratégia previamente definida de comunicação pública. Poucas são as estruturas profissionais devidamente capacitadas para essa tarefa, que impõe deter conhecimentos de legislação eleitoral, fundamentos de Marketing Político, conhecimentos profundos das Redes Sociais e suas peculiaridades, além de uma equipe de jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos, editores de imagens e sistemas de análise, monitoramento e métricas capazes de avaliar os efeitos das ações junto ao eleitorado potencial. As campanhas eleitorais que, muitas vezes, não dispõem de estrutura e pessoas - na cidade ou região

- para tais suportes sofrerão, portanto, com o amadorismo de alternativas fugazes para solução dessas demandas. Da mesma forma, conceitos adquiridos de sugestões sem fundamentos, como o lugar-comum de que os eleitores desejariam algo “novo”, ou alguém fora do padrão habitual oriundo do meio político (na verdade, mais um desejo abstrato do que algo fundamentado) já não se sustentam e nem serão parâmetros de decisão dos votos desta eleição de 2018 ou da municipal de 2020. Assim, é fundamental que os players das eleições municipais de 2020 comecem já a se preparar para o questionamento do eleitor, posicionando-se, qualificando-se e entendendo que as questões morais, éticas, de palavra cumprida e propostas exequíveis serão, cada vez mais, uma exigência do eleitor plugado, conectado, informado e mais e mais efetivo na sua condição de cidadão. E, sempre é bom lembrar – a apatia que ainda se verifica nesta eleição geral não será o que veremos nas disputas municipais. Eleições municipais já estão em andamento em muitas localidades a despeito do calendário eleitoral 2018. A Internet é forte – e será ainda mais forte em 2020 – na difusão de opiniões, notícias, conceitos e preconceitos, exercendo forte influência eleitoral, exigindo planejamento, tempo de construção dessa nova forma de comunicação e, principalmente, decisão antecipada dessa estratégia. Nós, da MarcoIten.Com, estamos preparados para as Eleições 2020. Fale conosco!

Marco Iten é especialista em comunicação pública e Mídias Sociais, planeja e coordena campanhas eleitorais em todo o país. É autor de 5 livros sobre Marketing Político. Ministra cursos e consultoria para candidatos, partidos políticos, detentores de mandatos e prepara equipes para o bom uso das Mídias Sociais na comunicação. fale@marcoiten.com.br facebook: /marcoiten. estrategia

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COMUNIC AÇ ÃO

Duas coisas que os discursos não falam sobre o discurso in memoriam Oswaldo Porchat

Por Lúcio Nassaro

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Há uma luta comunicativa entre as espécies Em artigo publicado por esta Revista Estratégia, fomos contra o senso comum que vê na natureza apenas a lei da selva, a “lei da força” e que não nota nesta mesma natureza a ação do poder da comunicação. Pontuamos que o mimetismo, uma mensagem em geral visual como faz o camaleão para se defender, também é usado pelos mais fortes para atacar, como a pelagem das onças, e que muitos outros fenômenos recentemente descobertos estão agora sendo reunidos pela ciência como fenômenos de “comunicação animal”. Entre estes, alguns mais sofisticados que permitem inclusive que o animal mais fraco individualmente desafie o mais forte, como quando uma malta de lobos surpreende um grande touro distante da manada. Para criacionistas e outros incomodados com a fragilização da separação mística ou mágica entre o homem e os animais, estas caças coletivas eram simplesmente descartadas com o carimbo de “comportamento inato”. No entanto, a ciência começa a ver nas caças exercidas por grupos de animais da mesma espécie, como aquela dos lobos, uma complexa troca de mensagens em vários canais. Surpreendentemente, até no nível dos microorganismos, como a ciência descobriu nos anos 2000, bactérias sincronizam seu ataque monitorando sua densidade populacional através de trocas de moléculas que têm exclusivamente a funcionalidade de comunicar (em latim e inglês quorum censing). Recentemente, o engenheiro florestal Peter Wohlleben tornou-se best seller ao descrever como os imensos e antiquíssimos seres vegetais que chamamos de “árvores” coordenam, através de lento envio e recepção de mensagens químicas, a resistência conjunta a predadores e ondas infecciosas (A vida secreta das árvores, 2017). Acrescente a isto, como nos informa o paleoantropólogo Curtis W. Marean, que espécies humanas do mesmo gênero Homo, caçando com estratégias possibilitadas por um tipo arcaico de fala, extinguiram já na África seus próprios predadores e que o Sapiens, saindo da África posteriormente, extinguiu grandes mamíferos na Austrália e por último nas Américas tais como mastodontes e

prequiças-gigantes (revista Scientific American Brasil, setembro de 2015). Não param as novas publicações que mostram que a natureza usa da comunicação, não apenas no sentido metafórico popular ou pseudocientífico como um sutil, no entanto mecânico fluxo de substâncias reagindo entre si através dos seres vivos, mas em sentido literal como pela primeira vez foi formulado por Aristóteles em seu livro Retórica, que dividiu a comunicação nas clássicas três partes ainda estudas deste modo nas nossas faculdades: emissor (codificador), mensagem (codificada) e receptor (decodificador). É digno de nota que há não muito tempo, como explica o primatologista e etologista Frans de Waal, o estudo do comportamento animal era dominado por behavioristas, quase todos norte-americanos pavlovinianos, que pesquisavam como os animais podem aprender sob condições controladas de laboratório. Nesta abordagem, apenas em um sentido muito estreito permitia-se que os animais mostrassem suas capacidades. Já a moderna Etologia fundada por Nikolaas Tinbergen, Konrad Lorenz e Karl von Frisch se interessa por todo comportamento natural. Estes três dividiram em 1973 o Prêmio Nobel em fisiologia e medicina por suas descobertas concernentes à organização e padrões de respostas comportamentais de indivíduos e grupos animais como adaptação evolutiva, o que envolve claros fenômenos de comunicação no sentido clássico aristotélico (Entrevista em 11 de julho de 2011 ao site em inglês da Scientific American na internet, acesso em dezembro de 2017). De fato, como deixa claro o arqueólogo cognitivo Steven Mithen, a comunicação é invenção da própria natureza, é um recurso adaptativo das espécies e este novo quadro passa a exigir que mesmo o cérebro humano seja descrito, não mais como uma máquina biológica que excepcionalmente evoluiu para pensar ou meditar, mas como uma máquina para comunicar com eficácia em uma luta constante pela sobrevivência. É especificamente seu alto desempenho na coordenação de indivíduos para o ataque e defesa que compensa seu grande consumo calórico e que colocou lentamente espécies integrantes do gênero Homo, como o Homo Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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Habilis, Erectus, HeidelbergenEsta e outras hipóteses resis, Neanderthalensis, Sapiens centes alertam os pesquisadores A comunicação é etc. no topo da pirâmide alimensobre como é complexa a relainvenção da própria tar extinguindo muitas outras. ção entre força e comunicação natureza, é um É neste quadro que entre 100 nas disputas entre indivíduos e 70 mil anos aconteceu o granda mesma espécie. Este novo recurso adaptativo de salto evolutivo na comunicaquadro jogou suspeitas sobre a das espécies ção dos Sapiens e que é chamado opinião política comum de que ainda com viés intelectualista de o Sapiens individualmente mais e exige que o Revolução Cognitiva. Esta alteforte simplesmente se impõe ao cérebro humano ração, que parece abrupta porSapiens mais fraco. Por exemseja descrito como que ainda não temos resquícios plo, agora há menos segurança de suas etapas, deu aos Sapiens sobre a origem do dimorfismo uma máquina para a decisiva adaptação evolutiva sexual, a grande diferença de comunicar com de poder operar metáforas comcorpos de homens e mulheres: plexas. Isto significou a capaciesta pode ser resultado, não eficácia em uma dade de comunicar muito mais apenas de lutas individuais luta constante pela e melhor para o estabelecimento entre pretendentes masculisobrevivência. de alianças individuais, resolunos, mas de opções feitas pelas ção de conflitos, união e coordemulheres que escolheram os nação de esforços coletivos em grandes grupos de maiores e mais simétricos e/ou mais prestigiados Sapiens que os levou, provavelmente, a extinguir na comunidade, virtudes que dependem compleas outras espécies humanas do seu mesmo gênero tamente de comunicação na sua forma inata (apaHomo, tais como os Neandertais e Denisovans (A rência), mas também voluntária (comportamento pré-história da mente – Uma busca das origens da comunicativo somado à boa aparência). arte, da religião e da ciência, 2002). O tema é complexo e se presta a algumas apropriações apressadas por parte de literatura sensaHá uma luta comunicativa entre os homens cionalista que pratica algo como uma psicologia A luta comunicativa dentro da mesma espécie evolutiva popular (em inglês EP pop ou Pop EP), é obviamente mais difícil de ser observada que as mas nas últimas décadas se avolumam as pesquilutas físicas. A sutileza do uso competitivo da co- sas e os recenseamentos de pesquisas teóricas, municação dentro da mesma espécie é bem exem- laboratoriais e de campo dedicadas a observar e plificada por uma recente hipótese, chamada de compreender especificamente o comportamento princípio handicap, que vem ganhando adesões de primatas e suas comunidades, estudos funpor resolver um enigma apresentado por algumas damentais para novas intuições sobre o que deformas de vida: por exemplo, maior o tamanho da fine o próprio Sapiens. Entre os grandes centros calda do pavão, maior suas chances de ser preferido mundiais de primatologia, a referência mundial pelas fêmeas; o enigma a ser resolvido é que quan- continua sendo o Instituto Max Planck para Prito maior a calda, menor a capacidade de fugir de matologia Evolutiva (Max-Planck-Institut für predadores, o que contraria aparentemente o evo- evolutionäre Anthropologie ou abreviadamente lucionismo. Contudo, a nova hipótese justamente MPI EVA) em Leipzig, na Alemanha, que manafirma que as fêmeas intuem acertadamente que tém centenas de pesquisas com especialistas mulum pretendente, por sobreviver até idade adulta tinacionais e multidisciplinares. com uma calda grande, possui constituição física e O interesse da área está longe de mobilizar habilidades superiores àqueles que apenas sobrevi- apenas um segmento acadêmico, pois é de imvem porque têm calda pequena. portância crucial para a reflexão política e para 40

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as ciências da administração e econômicas – para estas duas trata-se do melhor uso de recursos humanos e financeiros – impactando assim os governos, partidos, terceiro setor e organizações empresariais todas, afinal busca-se evidências seguras que nos permitam saber se a opção por sistemas democráticos e participativos enfrenta uma natureza humana individualista, autoritária e violenta ou se é favorecida por uma disposição natural igualitária, solidária e comunicativa. As duas possibilidades extremas possuem defensores já desde o período heroico do surgimento do evolucionismo no século XIX contrapondo os conceitos de individualismo versus altruísmo naturais. O próprio Charles Darwin no livro A descendência do Homem (The descent of man, and selection in relation to sex,1871) propôs que o altruísmo, mesmo que desvantajoso para o indivíduo altruísta, torna o grupo a que pertence mais competitivo no processo de seleção natural com outros grupos (group selection). Somaram-se a esta linha, a obra pioneira do zoólogo e anarquista Peter Kropotkin e nas últimas décadas o livro O Macaco Nu (The naked Ape,1967) do etologista Desmond Morris, o livro Animal Thinking, 1985, do zoólogo Donald Griffin, os livros Peacemaking among Primates, 1989, Chimpazee Politics, Power and Sex among Apes, 2007, The Age of Empathy: Nature’s lessons for a kinder Society, 2009, escritos por Frans de Waal e os dois livros Why we Cooperate de 2009 e A Natural History of Human Morality de 2016 do codiretor do MPI EVA Michael Tomasello. Nos anos 70, o biólogo Richard Dawkins, com o livro O Gene Egoísta (The Selfish Gene, 1976), posicionou-se contrariamente a esta noção de que a seleção natural opera também na competição entre grupos e insistiu na interpretação estrita de um evolucionismo centrado na seleção natural operante apenas no nível dos indivíduos. Segundo Frans de Waal, na entrevista que citamos acima, esta hipótese evolucionista estrita já era propugnada por Thomas Henry Huxley e sua visão darwinista radical de uma natureza como campo de combate onde o mais forte vence e tudo é decidido pelo interesse individual. Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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Esta conceituação estrita tornou-se a base do pensamento político de Herbert Spencer, adotado por conservadores que propõe que a sociedade deve ser organizada com base na pura competição, assim como funcionaria a própria natureza. Esta linha argumentativa, chamada de Darwinismo Social, ainda hoje pode ser detectada no cerne da política econômica liberal contemporânea para a qual o Estado deve ser mínimo, porque a seleção natural deve operar sem atenuações sobre os perdedores no capitalismo moderno para supostamente beneficiar a economia do país como um todo, afinal o homem seria, segundo estes liberais, essencialmente um macaco assassino (killer-ape), imagem celebrizada pela cena de abertura de Odisséia 2001 de Stanley Kubrick de 1969. Esta posição teórica é claramente conveniente para aqueles que querem justificar seus privilégios econômicos sem afirmar, como fez expressamente Cálicles, o personagem aristocrático favorável à oligarquia no diálogo Górgias de Platão já no século IV a.C., que a justiça é o interesse, a vantagem do mais forte. Contudo, pesquisas recentes parecem novamente dar razão às intuições iniciais de Darwin e dos defensores da realidade do altruísmo natu-

ral adaptativo. Um famoso estudo do antropólogo e psicólogo evolutivo Robin Dunbar, mostrou que em várias espécies seus membros praticam o comportamento de catação (em inglês, grooming) com o qual estes longamente afagam e retiram parasitas e sujeira dos pelos de outro membro do grupo. Este comportamento, especialmente entre primatas, seria o principal solucionador de conflitos e aglutinador social ao estabelecer vínculos e alianças de mútuo apoio e defesa entre aqueles que trocam este serviço (Steven Mithen, 2002). Já o antropólogo e arqueólogo Robert Foley (Os Humanos antes dos Humanos – Uma perspectiva evolucionista da Humanidade, 2003) dá relevo à correlação, evidenciada pelo mesmo Robin Dunbar em 1992, entre o tamanho do neocórtex e o número médio máximo de indivíduos primatas que conseguem viver juntos em uma comunidade estável. Esta relação, levando em conta o tamanho médio do neocórtex humano, aponta para o número aproximado de 150 integrantes (conhecido como Número de Dunbar). Este seria o número máximo de relacionamentos estáveis que o Sapiens consegue manter, saber quem são outros e saber como cada um se relaciona com os outros. Foi este o número também encontrado

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em análise de povoados do Neolítico e na história militar em que grupos acima de 150 são subdivididos. Esta e outras pesquisas vêm apoiando a ideia mais vigorosamente formulada primeiramente por Nicholas Humphrey na década de 70 que substitui a hipótese do cérebro como órgão útil para a busca de alimentos pela hipótese do cérebro social (Social Brain Hypothesis), hoje mais consensual entre os especialistas. Assim, o estado da arte aponta para evidências de que a violência entre primatas, conceito que inclui o Sapiens, é acompanhada, atenuada ou mesmo substituída pela formação cuidadosa de alianças políticas através de processos comunicativos melhor compreendidos a cada nova pesquisa. Também sinaliza que é a precedência da comunicação em relação à força física individual – a função social do cérebro – que levou o Sapiens a adquirir a inusitada relação entre massa encefálica e peso corporal médios e mantem estáveis seus grupos e os permite sobreporem-se às outras espécies e a outros grupos de Sapiens (Steven Mithen, 2002). Entre estes, a eficácia dos acordos de mútuo apoio, defesa e formação de alianças ainda alcançaria o grau máximo entre todas as espécies, pois, se inicialmente os Sapiens formavam pequenos grupos empregando o grooming e formas arcaicas de fala, posteriormente ao Salto Cognitivo, que potencializou sua compreensão e expressão verbal, passaram a formar grupos maiores e mais funcionais, como propõe especificamente outra obra de Dunbar (Grooming, Gossip and the Evolution of Language, 1997). Contudo, especialmente depois

de duas guerras mundiais e do holocausto, permanece a longa tensão entre as correntes do individualismo versus altruísmo natural e a dificuldade em resolver o enigma que aumenta com evidências científicas que seguem sendo reunidas por uma e outra posição. Trata-se também, como alertamos, de uma questão política que opõe hoje, simplificadamente, democratas ricos a democratas pobres - e talvez aqui a história 150 seria o número recente da filosofia e da retórica possa máximo de colaborar para que relacionamentos cada um dos dois estáveis que o Sapiens partidos, conhecendo-se melhor a consegue manter, si mesmo e vendo saber quem são a si mesmo no outro, possam enconoutros e como cada trar soluções políum se relaciona com ticas sustentáveis a os demais. Foi este longo prazo. Em efeito, diano número também te das correntes encontrado em análise que buscam se apoiar em um inde povoados do dividualismo ou Neolítico e na história altruísmo naturais, militar, em que grupos supostamente excludentes entre si, acima de 150 são temos a ocasião de subdivididos. aprendermos com o professor Werner Stegmaier (As linhas fundamentais do Pensamento de Nietzsche, 2013) que dá relevo a uma importante reflexão de Friedrich Nietzsche, pensador que no século XIX subverteu a tradição de toda a filosofia posterior a Platão ao ser capaz de extrair as mais profundas consequências do darwinismo para o próprio pensamento: nossos conceitos são abstrações Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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artificiosas e precárias que buscam apreender a realidade, mas que também limitam esta apreensão; os conceitos são fixos, assim como as oposições de conceitos, e a realidade que tentam descrever e capturar é fluida, heterogênea e contínua; os conceitos são generalizações de vários casos e nunca dão conta do particular, eles são apenas instrumentos provisórios de uma vontade. Lembrando desta lição de Nietzsche, criamos a possibilidade de superar a polarização das duas posições evolucionistas Em meio ambiente acima para talvez notar que, paradoxalmente ao menos no altamente caso do Sapiens, que o indivicomunicativo, o dualismo exija o altruísmo e que o altruísmo, seja uma formais forte não ma de individualismo. é aquele que Pois é preciso considerar que as pesquisas também possui mais mostram que o primata que força, mas quem resolve conflitos e estabelece alianças individuais através de consegue reunir atos altruístas como o groomaior número de ming compete com outros apoiadores em que fazem o mesmo em uma franca disputa por apoiadores torno de si. e alianças mais amplas; é isto que se observa na natureza (vamos reter aqui apenas uma primeira premissa: o altruísmo, não impede a competição). Do mesmo modo, no entanto, é preciso ver que os atos de altruísmo, mesmo que favorecidos por uma disposição genética para a empatia, envolvem maior voluntarismo no caso complexo do Sapiens e devem ser vistos sem considerações morais e apenas fenomenologicamente como realmente se apresentam: os atos altruísticos em geral são testemunhados, avaliados socialmente e provocam aprovação e aceitação, ou seja, atos altruístas 44

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são materialmente fenômenos da comunicação e que produzem efeitos comunicativos. Assim, o chimpanzé que troca grooming com os parceiros certos ou o Sapiens empático que cumpre bem suas tarefas coletivas, não seriam apenas altruístas, mas fundamentalmente excelentes comunicadores (segunda premissa: o altruísmo é uma comunicação). As evidências da competição extra e intra-espécie são inegáveis e constantes; a competição é o próprio motor do processo evolutivo atestado por toda a natureza e o homem não é a única exceção (terceira premissa: os Sapiens competem entre si). Ora, destas três premissas decorre uma conclusão que desafia o senso comum: o que chamamos de altruísmo entre os homens, a colaboração, o diálogo e esforços pessoais pelo coletivo, são fenômenos da comunicação operada com um máximo de eficácia pelos Sapiens dentro de um amplo quadro natural de disputas comunicativas. Esta conclusão teria um corolário paradoxal, mas consequente: competimos altruisticamente e somos altruístas de maneira competitiva. Então, atrás da conduta altruísta e sob as muitas camadas de discursos, com os quais todas as culturas e subculturas – mesmo as subculturas de marginais – exaltam o altruísmo entre seus membros, haveria um esforço competitivo individual que usa de comunicação, o que é coerente com o amplo quadro natural de luta comunicativa. O caso dos Sapiens seria o mais complexo, pois entre nós a competição vai do puro uso da força para extermínio do inimigo, passando por infindáveis combinações de uso da


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força e da comunicação a cada relação e tempo, até a prática competitiva pacífica, exclusivamente comunicativa, na sua forma mais eficaz: o altruísmo na convivência com o igual. Mas este é só o ponto de vista do forte; a complexidade dobra, pois do lado do fraco há outro gradiente que se estende desde a sujeição completa e silenciosa, passando pelo servilismo acomodado e simbiótico racionalizado pela comunicação, a resistência secreta e sabotadora em comunicação com outros fracos para a eliminação do opressor desigual até o uso competitivo da comunicação através do altruísmo entre iguais. Assim, desde que o personagem Cálicles reivindicou no livro Górgias (488b–d) que a justiça existe segundo a natureza e que é justo que o mais forte seja o superior e melhor e tire os bens dos mais fracos, não estaríamos hoje, com a ciência, desvendando enfim completamente a malícia que se encontrava sob a inesquecível pergunta que Sócrates lhe devolve: “Não seria conforme à natureza que uma massa de indivíduos seja superior a um só indivíduo?”. Afinal, para a primatologia de hoje, Sócrates tem razão contra Cálicles, não por causa de sua doutrina filosófica, mas porque em meio ambiente altamente comunicativo constituído por Sapiens o mais forte não é aquele que possui individualmente mais força, mas quem consegue reunir maior nú-

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mero de apoiadores em torno de si. Deste novo ponto de vista, na Atenas democrática em que resumidamente várias revoltas da classe média instauraram a igualdade diante da lei entre seus integrantes e aqueles da oligarquia, o real partido de Sócrates, contra todo senso comum não é o partido dos fracos, justos e inocentes, o partido dos que têm razão, o partido daqueles filosoficamente melhor fundamentados, mas é o partido dos fortes, o partido dos mais numerosos! Entretanto, há uma segunda malícia neste Sócrates que apenas Nietzsche foi capaz de desmascarar no livro O Crepúsculo dos Deuses. Usando de imagens ofuscantes, que atordoam pelo seu fulgor o leitor desprevenido, Nietzsche foi o primeiro capaz de falar pelos Sofistas e mestres retóricos de aristocratas como o personagem Cálicles; Nietzsche vingou estes professores de oratória, descredenciados pela filosofia socrático-platônica e pela religião nos seguintes dois mil anos de literatura ocidental ao contrapor um discurso superior ao poderoso discurso socrático porque, enfim, explica como este opera para obter a maioria das adesões e se impor politicamente. Nietzsche acusa Sócrates de ter causado um mal-entendido em toda a cultura européia, de ter persuadido a todos a trocarem a vida real por ideias que são como novos ídolos para serem adorados desprezando a realidade trazida pelos


sentidos e acusando a vida de ser um mundo de aparências. Nietzsche acusa Sócrates de ser um fraco, feio, doente consciente de sua decadência que, convulsionado em seus instintos naturais, põe todo seu rancor e ódio contra os fortes e a vida que os beneficia, entregando-se às alucinações e ao uso compulsivo da lógica, da dialética, de silogismos e toda sorte de armadilhas verbais para absurdamente pretender avaliar a vida. Nietzsche acusa Sócrates de depreciá-la, de difamá-la, aviltá-la tornando-se o inimigo da pulsação da vontade, do desejo individual, então simplesmente porque não tem na vida o poder de satisfazê-los, saciá-los. Nietzsche acusa Sócrates afinal de ser um demagogo e tramar um insidioso discurso de escravo que satisfaça e reúna em torno de si outros escravos rancorosos como ele para eliminarem os poucos felizes e afortunados que celebram a vida como a vida é: desigual. Em imagens com menos brilho que jamais Nietzsche usaria: a formação de uma maioria, a hegemonia, a vitória política em uma desesperante luta comunicativa é obtida com artifícios do discurso com os quais os individualmente fracos como Sócrates, louvando-se uns aos outros em sua justiça e equidade e solidarizando-se em sua fraqueza individual, colocam-se de acordo em grande número para aniquilar uma minoria oligárquica, inimiga da igualdade. Em perspectiva, Platão, o mestre fundador do pensamento político, apesar de em Górgias aparentemente fazer seu querido personagem Sócrates defender a verdade filosófica e a maioria injustiçada, este personagem pode ser visto, com o apoio

das ciências de hoje, como alguém que compete operando com cálculo preciso o discurso que lhe trará o maior número de adesões em seu confronto pessoal com aristocratas individualmente mais poderosos. A etologia, a primatologia, a arqueologia cognitiva e outras novas áreas de conhecimento estão referendando Nietzsche e nos revelando que o discurso socrático funciona há milênios como um poderosíssimo discurso altruísta de submissão do indivíduo ao todo, o que o torna o esforço comunicativo, o conteúdo discursivo mais persuasivo entre iguais em uma democracia, o mais apto a vencer em um quadro natural altamente competitivo e no qual não há campeões da justiça, verdades filosóficas políticas, bons ou maus em si mesmos, há ganhadores e perdedores, persuasores e persuadidos, na luta comunicativa entre os homens. Depois que Karl Marx esclareceu como o uso competitivo da força entre os homens, exercido através dos tempos com diferentes configurações sangrentas, hoje se materializa nas sociedades de mercado com desigual propriedade e herança familiar dos meios de produção e opera silenciosamente pela apropriação da mais-valia nas trocas econômicas, Nietzsche desvendou que todos os discursos, incluindo os arrebatadores discursos de Marx ou de Sócrates, também operam em igual lógica competitiva em um quadro natural de luta comunicativa que entre nós chamamos de Política. A única forma diminuir o uso da força, sob quaisquer aparências, mesmo que continuemos competindo entre nós com outro tipo de arma, o discurso. 

Lúcio Nassaro concluiu bacharelado e mestrado em Filosofia Política e Ética pela USP e, depois de um ano em Paris com financiamento da CAPES, concluiu seu doutorado na mesma universidade tratando da obra do mestre retórico Erasmo de Rotterdam. Atualmente é Coronel da Reserva da PMESP e prepara seu pósdoutorado refletindo sobre Friedrich Nietzsche na história da Retórica e seu impacto nos estudos para a Inteligência Artificial.

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DIREITO

A tutela jurídica das

notícias falsas

Freepik

Por Marcelo Chiavassa de Mello Paula Lima

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Provavelmente o ponto mais importante do surgimento da Internet seja a possibilidade de todos passarem a ter voz; com amplitude tal que passou a ser possível obter repercussão mundial em poucos minutos. Este novo mundo de possibilidades expôs um problema grave: as pessoas (usuários da Internet) não estavam (e ainda não estão) preparadas para lidar com este novo mundo de oportunidades. Os pensamentos materializados, antes restritos ao estreito círculo social da maioria das pessoas do mundo (núcleo familiar, núcleo de trabalho, clube, escolas/universidades e amigos), agora passa a ser acompanhado por mais de 4 bilhões de pessoas espalhadas por todo o globo terrestre. Se antes ninguém se insurgia em razão dos nossos pensamentos mais irascíveis, agora vivemos no parapeito entre a liberdade de expressão (que muitos ainda acreditam ser absoluta, em virtude de historicamente o homem comum nunca ter precisado se preocupar com suas opiniões pessoais, com exceção à imprensa) e a violação de direitos de terceiros. Aliado a esta questão dos limites à liberdade de expressão, a Internet propiciou a alavancagem da antiga – e ainda bastante eficaz – tática de influenciar a coletividade utilizando-se de notícias que visam obter o resultado de “comportamento de manada”, consistente no fato de que quanto mais pessoas compartilharem um mesmo conteúdo, mais e mais se acreditará que ele é verdadeiro, principalmente se uma das vozes que compartilha for uma pessoa com grande repercussão e influência midiática.

Esta oportunidade de manipulação foi rapidamente compreendida, a ponto de, hoje, ser comum sua utilização através da propagação de notícias falsas (fake news). Dentre as diferentes finalidades da manipulação, talvez nenhuma delas seja mais problemática do que àquelas que visam afetar o processo eleitoral. Identificadas no Brasil pela primeira vez nas eleições presidenciais de 2014, elas não poderiam ter ficado de fora das eleições americanas de 2016 (Trump) e das eleições francesas de 2017 (Macron). Agora, chegam com tudo ao Brasil (2018) e em outros países do mundo, ameaçando todo o sistema democrático construído ao longo de séculos de muitas batalhas, suor e, literalmente, sangue. Pior do que a existência delas, é a constatação dos interesses que as impulsionam. Nações manipulam as eleições em outras nações, tal qual restou comprovado ter feito a Rússia, nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, com ataques à campanha da candidata Hillary Clinton. Já existem, hoje, pessoas e empresas especializadas neste tipo de “atividade”, que se utilizam de robôs (“boots”) travestidos de perfis virtuais falsos para criar e compartilhar estas notícias falsas. O problema ganhou o mundo – e a atenção especial dos provedores de mídias sociais, como o Facebook -, e a tentativa de frear este tipo de divulgação se tornou uma das principais pautas globais desde o início de 2018. Enquanto o Facebook passou a admitir a possibilidade de os usuários denunciarem notícias identificadas como falsas (com posterior exclusão do autor Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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Saiba quais são as situações que levam a essa pena tão dura a partir da análise de casos recentes.

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da postagem e até mesmo de quem compartilha), Brasil (Tribunal Superior Eleitoral) e União Europeia criaram comitês para deliberarem sobre o tema. Paralelamente, começam a aparecer projetos de lei que visam regulamentar a divulgação e o compartilhamento das notícias. Entretanto, alguns cuidados precisam ser observados em relação à tentativa de tutela jurídica. A principal questão a ser observada é a existência de um liame muito estreito entre o controle prévio do conteúdo e a censura. A atual responsabilidade civil/penal dos provedores de Internet decorrente de conteúdo gerado por terceiros (hipótese clássica das mídias sociais) não impõe a eles o dever de controle prévio de eventual teor ofensivo, de sorte que eles não podem ser responsabilizados, ab initio, de qualquer dano causado por um usuário; a responsabilidade apenas surge em duas hipóteses: (i) se eles não forem capazes de identificar o autor do conteúdo ofensivo e (ii) se eles não removerem o conteúdo após notificação judicial (ou extrajudicial, em hipóteses bastante restritas). Essa ausência de responsabilização decorre exatamente do fato de que exigir o controle prévio, além de ser praticamente impossível em razão do volume de informações postados por minuto, acarretaria no risco da censura de conteúdos que não fossem verdadeiramente ofensivos (diante do risco, é natural que o filtro seja conservador na análise). Existem, atualmente, Projetos de Lei no Congresso brasileiro que visam tutelar a questão. O PLC

6812/2017, de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), propõem a criminalização da divulgação e do compartilhamento de informações falsas ou prejudicialmente incompletas (cuja pena seria a detenção de 2 a 8 meses e multa). Apensado a este projeto de lei, existem outros sete (PLC 8592/2017; PLC 9467/2018; PLC 9554/2018; PLC 9533/2018; PLC 9761/2018; PLC 9839/2018 e PLC 9884/2018), seis deles já de 2018, cujas propostas não são tão diferentes daquela enunciada acima, alguns deles (PLC 9467/2018 e PLC 9761/2018) imputando a responsabilidade aos provedores de aplicações de internet (o que, atualmente, é o posicionamento contrário adotado pelo Marco Civil da Internet). A criminalização da conduta de “divulgar” e “compartilhar” notícias com conteúdo falso é problemática, na medida em que muitas vezes é complexo auferir se a notícia é realmente falsa (a menos que a falsidade decorra de algum fato absurdo e facilmente constatável). Um paralelo com as notícias falsas são os boatos, que marcam a história humana de forma constante. Anteriormente, entretanto, os boatos eram compartilhados às escuras, enquanto agora estes mesmos boatos recebem a alcunha de “fake news”. A punição precisa recair ao autor da notícia falsa, e não a quem compartilha (sob pena de se ferir direitos fundamentais da C.F.), e, tampouco, os provedores de aplicações de internet (risco claro de censura e de violação da liberdade de expressão). 

Marcelo Chiavassa de Mello Paula Lima é professor de Direito Civil, Direito Digital e Direito da Inovação da Universidade Presbiteriana Mackenzie (CCT). Doutorando em Direito Civil pela USP. Mestre e Especialista em Direito Civil pela PUCSP. Especialista em Direito Civil Italiano e Europeu pela Universidade de Camerino.

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COMUNIC AÇ ÃO 52

A culpa é da comunicação...

...e o mérito também!

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O S AÃCTISDE G

É fato que a satisfação do cidadão é o principal fator para a reeleição de um prefeito, ou para a eleição de alguém por ele indicado. Porém, além das diversas ações esperadas pela população e que levam a uma avaliação positiva da gestão, é certo que a comunicação é determinante no processo de reconhecimento e consolidação de sentimentos da população. É a partir de um trabalho estratégico nessa área que se consegue expressar e consolidar as chamadas “marcas” de uma gestão. Em outras palavras, quem quer alcançar o reconhecimento, não pode tratar a comunicação como algo aleatório. É preciso ter consciência de que trata-se de ação estratégica e, portanto, requer planejamento, organização e implementação cuidadosa para alcança objetivos previamente definidos. Muitas prefeituras querem atingir, sensibilizar e mobilizar o cidadão, porém, insistem em deixar a comunicação em segundo plano. Não entendem a natureza e a necessidade desse trabalho e desprezam profissionais que propõem visão estratégica e ações coordenadas. Preferem manter equipes exíguas - chegam a ter um único profissional para cuidar da comunicação de uma prefeitura inteira - e, muitas vezes, essas equipes (ou eu-quipes) são formadas apenas por profissionais com pouca ou nenhuma experiência em planejamento estratégico; comunicação pública, digital e política; ou gestão de reputação. Esses líderes acreditam, erroneamente, que a função dos profissionais dessa área é praticamente aleatória. Talvez por isso exijam de suas equipes apenas ações burocráti-

cas ou inócuas. Algumas vezes, nem isso. Limitam-se a manter uma “pessoa que cuida disso”. Sem direção, motivação ou experiência, esses profissionais limitam-se a produzir releases - para envio a uma imprensa cada vez mais capenga - e atualizações do site oficial e de páginas praticamente desérticas nas redes sociais. Ao final de quatro anos, prefeitos colhem os resultados do desleixo nessa área: avaliação popular abaixo (ou muito abaixo) do esperado; dificuldade em estabelecer o diálogo com o público; fake News (ou boatos, como queiram) que se proliferam na velocidade da luz; pouco ou nenhum reconhecimento público; e, finalmente, campanhas eleitorais mais caras e falíveis. Sim. A culpa é da comunicação. Mas aqueles que entendem a natureza estratégica da área e conseguem atuar com planejamento, engajamento das equipes e integração de ações, estabelecendo o diálogo sólido com os diversos públicos que constituem a sociedade, percebem que a boa comunicação é um mérito. É capaz de promover o diálogo; permite que a gestão entenda as demandas; identifique as adesões; promova o sentimento de pertencimento, de grupo, de time na população. Atrai, aproxima, agrega. A MarcoIten, em sua atuação nas áreas do marketing político e comunicação em todo o país, identificou as principais necessidades e armadilhas da comunicação pública e, a partir delas, desenvolveu um método eficiente para avaliar a auxiliar no planejamento das áreas de comunicação de instituições públicas. Fale conosco. 

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FUTURO

A busca da excelência

para revolucionar o conhecimento Por Nicolle S. dos Santos

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Lembro-me de querer estudar fora desde os meus 11 anos. Eu nunca soube dizer ao certo por que, simplesmente era um desejo muito forte que eu cultivava. Hoje, sete anos depois, finalmente entendi a razão. Eu imagino que existe uma fonte. Uma fonte enorme, com a água mais pura e límpida que já existiu. A água que existe lá é infinita, e cada vez que alguém tira um pouco, a fonte cresce para abrigar mais água. Porém, o caminho para essa fonte é extremamente difícil. Quem quiser chegar lá deve percorrer montanhas, rios com fortes correntezas e desertos com temperaturas escaldantes durante o dia e um frio cortante à noite. Pouquíssimas pessoas têm coragem suficiente para trilhar esse caminho, já que estatisticamente as chances de chegar a tal fonte são próximas de zero. Mas os donos da vila da fonte não são egoístas, e querem dividir essa água com o resto do mundo. Diariamente, eles enchem milhares de baldes. Após passarem por uma estação de engarrafamento, essa água é levada para grandes centros de todo mundo. Todos sabem que aquela

água que eles bebem não é mais a mesma da fonte. Durante o trajeto, ela perde grande parte de sua pureza. Mas mesmo assim, tomam de muito bom grado, pois continua sendo o sumo essencial à vida. Até meus 11 anos, aquela água era mais do que suficiente pra mim. Apesar de conhecer a velha lenda da fonte, eu não conseguia entender como a água de lá poderia ser tão diferente da que eu tomava. Dois hidrogênios ligados por dupla ligação a um oxigênio. Parecia ser o mesmo. Mas a história da fonte não se perdia da minha memória. Eu imaginava aldeões tirando água com seus baldes de alumínio e testemunhando o milagre que era o volume da fonte crescer. Eu queria estar lá, poder provar dessa água e contribuir para o fenômeno inacreditável que era sua multiplicação. Decidi começar minha jornada. Não só porque me apaixonei pelo destino, mas também porque me apaixonei pelo caminho. Por mais desafiador que ele fosse, eu sei que cada pedra que eu encontrasse eu guardaria. É por isso que eu quero estudar fora. Quero estar num lugar que não só é um centro de difusão de conhecimentos, Revista Estratégia Marketing Político - nº 6

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mas de criação deles. Num lugar onde as pessoas amem ideias e tenham uma curiosidade insuportável que não as deixe com outra opção senão averiguar sua veracidade. Num lugar onde eu possa fazer minhas perguntas e dentro de um laboratório encontrar minhas próprias respostas. Num lugar onde ciência não seja uma matéria, e sim um modo de pensar. E meu coração não me permite aceitar menos que isso. Caso você esteja se perguntando, eu não pretendo me mudar para a vila da fonte. Eu amo o local onde moro. Mas também não pretendo trazer parte da água de lá para cá. Lembra das pedras que eu disse que guardaria? Vou usá-las para construir uma fonte na minha própria vila. E depois, em todas as outras que minha longevidade permitir. Meu sonho é que todos possam beber dessa água límpida ao ponto de criarem uma sede insaciável. Eu não tenho dúvidas de que se todos se tornarem eternos aprendizes, esse mundo será um lugar melhor. O Caminho Lembro-me de querer estudar fora desde os meus 11 anos. Não porque queria praticar inglês, ou porque teria melhores oportunidades de emprego depois. Eu simplesmente tinha um desejo incontrolável, que só hoje sei de onde vem. De qualquer forma, eu sabia que a realização desse desejo acarretaria em muitos custos. Custos que não só seriam altos demais para minha família, como também não seriam responsabilidade dela, independente do valor. Esse sonho era meu, e era eu que deveria lutar por ele. Eu esperava ansiosamente o dia em que completaria 14 anos, e finalmente poderia trabalhar como Jovem Aprendiz. Bom, não foi bem isso que eu fiz. Queria um trabalho mais dinâmico, e decidi que venderia doces no meu prédio. É engraçado, toda vez que eu tentava cozinhar, algo dava errado. Ou o brigadeiro não dava ponto, ou faltava um ingrediente… mas eu continuava tentando. Num desses dias de tentativas, tive a astuta ideia de comer manga no sofá - o que acabou culminando no fim da minha empreitada dos brigadeiros. Meu pai ficou tão bravo que me proibiu de vender os doces. “Mas pai, isso não é justo”, argumentei. 56

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“Não tenho nenhuma outra habilidade”, nem a de fazer brigadeiros eu tinha, diga-se. “Se você vai me tirar isso, dê-me outra ideia do que posso fazer porque preciso trabalhar pelo meu sonho.” Dias depois, meu pai teve uma ideia: eu traduziria textos de marketing em inglês e ele me pagaria R$ 0,01 por palavra. Se eu traduzisse mil palavras, teria R$ 10,00 por dia de trabalho. Nem preciso dizer que fiquei nas nuvens. Lembro do dia em que recebi meus primeiros R$10,00 e comprei um suco de laranja. É como se o suco tivesse outro gosto... O gosto da liberdade de quem sabe que está lutando por seus sonhos. Abri quatro envelopes para separar meu dinheiro. No envelope cor de rosa ficaria a parte que usaria para comprar presentes para os outros. No roxo, presentes para mim. O conteúdo do verde, seria usado para lanches. E, por último, o vermelho, que seria o destino da maioria do dinheiro, para estudar fora. Depois de 5 meses, meu irmão e eu fomos estudar numa escola muito melhor, mas também muito mais cara. Percebi que estava ficando difícil para o meu pai pagar não só pelo meu trabalho, mas todas as outras contas também. Procurei a coordenação do colégio e pedi bolsa de estudos parcial, para mim e para o meu irmão. Eles nos concederam e isso aliviou os gastos. Mas, mesmo assim, não daria para continuar trabalhando para o meu pai, e eu sabia disso. Agora eu tinha experiência com traduções, e como eu adorava ensinar, pensei que seria uma ótima ideia dar aulas de inglês. Fiz o meu currículo e saí entregando em todas escolas de inglês do centro da cidade. Era muito engraçado, porque todos imaginavam que eu queria estudar e não ensinar. Nenhuma escola nunca me ligou (Que bom! Estou certa de que não existe programa de Jovem Aprendiz para isso), mas uma coisa ainda melhor aconteceu. Um amigo do meu pai estava começando uma empresa e, como sabia do meu objetivo, me chamou para trabalhar. Trabalhei com marketing de conteúdo (empregando coisas que vi nos textos que traduzia) e aprendi muito sobre como funciona uma empresa, a diferença entre fazer um trabalho e gerar


resultado, e principalmente, a defender minhas ideias e princípios independentemente da minha idade. Em fevereiro, ao fim das férias escolares, parei de trabalhar lá para focar em outras coisas. Nesse meio tempo, eu estava conhecendo mais sobre o processo de estudar fora e descobri que além das boas notas na escola, era importante que me envolvesse em atividades pelas quais fosse apaixonada. Foi aí que decidi tirar do papel um sonho de infância: aprender a cantar. Mas para fazer aulas de canto precisaria de dinheiro. Resgatei então a empreitada dos doces. O brigadeiro que não dava ponto envolvido por uma casquinha de chocolate se tornou o bombom mais famoso da minha escola, e eu ganhei o apelido de Choconick. Com o tempo fui me apaixonando pelo mundo da confeitaria e pela ideia de empreender. O auge dessa aventura foi na Páscoa do ano passado, quando vendi mais de 140 ovos. Esse dinheiro ficou guardado no envelope vermelho para que ao longo do ano eu pudesse me dedicar à escola, estudar para o SAT (equivalente ao ENEM nos EUA), praticar exercícios das aulas de canto e escrever as essays, redações que você manda para universidade contando histórias da sua vida e o que você aprendeu com elas. No dia 2 de janeiro deste ano, finalmente apertei o botão “Submit’’ e mandei minha aplicação para as universidades americanas. Não pude conter um sorriso, que foi tanto de alívio quanto de gratidão. Gratidão por eu ter tido forças pra trilhar todo esse caminho, e por todas as pessoas que me ajudaram. Não foi desta vez. Mas não desis-

to. Vou tentar novamente. Inclusive já estou começando a fazer as provas. E também estou recebendo ajuda da BRASA, que é a associação de estudantes brasileiros no exterior. Acredito que tudo dará certo. Independente do resultado, para ser bem sincera, não estou ansiosa ou apreensiva. Trilhei essa jornada não só porque me apaixonei pelo destino, mas também porque me apaixonei pelo caminho. O sonho Meu maior sonho é revolucionar a educação brasileira. Desejo que todos tenham acesso à água pura (que, na minha metáfora, representa o conhecimento) da fonte (universidades de ponta, com produção de pesquisa) que me referi. E possam contribuir para a sua multiplicação. É por isso que pretendo estudar psicologia e neurociência. Quero aprender o processo de desenvolvimento da mente humana e todos mecanismos biológicos por trás disso. Sei que só entendendo nosso cérebro e mente serei capaz de desenhar um modelo educacional eficaz. Lá tenho a intenção de fazer pesquisa sobre os processos de aprendizagem e memória. Penso que a escola ainda não se juntou à ciência, o que é muito contraditório, já que esta é o meio para formar cientistas. Também quero fazer uma porção de outras aulas por lá e, nisso, a flexibilidade do sistema americano me ajudará. Os temas variam entre filosofia, ciências políticas, economia e administração. Cada área de conhecimento tem seu “corpo de pensamento”, e saber “falar a língua” dos profissionais dessas áreas me possibilitará o apoio de que preciso para realizar essa mudança. 

Nicolle S. dos Santos começou trabalhando com tradução e revisão de artigos em inglês. Depois, trabalhou com marketing digital na startup Healfies e atualmente é confeiteira e empreendedora, gerenciando sua própria marca, a Choconick.

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SALA DE NOTÍCIAS

Notas e informações da sala de notícias

Propaganda política no Facebook O Facebook veiculará propaganda eleitoral paga em sua plataforma a partir do dia 16 de agosto. Foram criados dois tipos de marcação para informar aos usuários que se trata de anúncio veiculado pela classe política. Peças relacionadas a política terão a marcação “Pago por” no topo da publicação. Já nos anúncios eleitorais aparecerão as informações “Propaganda Eleitoral” e o CPF ou CNPJ declarado pelo anunciante. Candidatos interessados em anunciar no Facebook precisarão de registro na plataforma. Mais: facebook.com/business/m/one-sheeters/ads-with-political-content-brazil?hc_location=ufi 58

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Confiança dos eleitores no Twitter O Twitter divulgou no último dia 9 de agosto, resultado de enquete realizada com cerca de 2.000 usuários brasileiros sobre o papel da plataforma na formação de opinião dos eleitores. Desses, 70% disseram acessar o Twitter com alguma regularidade para se informar sobre política e mais de 60% afirmaram acreditar que as ideias defendidas pelos candidatos à Presidência em seus perfis oficiais na plataforma podem contribuir na decisão pelo voto. Entre os eleitores indecisos, a credibilidade nas informações divulgadas na plataforma é maior: 79% consideram que as propostas compartilhadas pelos candidatos em seus perfis oficiais


podem ajudar a definir a sua escolha. O levantamento foi realizado entre os dias 21 e 22 de junho. O Twitter também informou que convidará candidatos à Presidência para participar de sessões de perguntas e respostas com os usuários. As perguntas serão feitas pelos usuários por hashtag específica e respondidas pelo candidato em tempo real em seu perfil na plataforma, promete a plataforma. Bloqueio de telefone celular pirata A Anatel vai bloquear aparelhos de telefone celular piratas (que não são certificados pela Anatel) dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a partir do dia 8 de dezembro/18. As notificações serão enviadas aos aparelhos no mês de setembro, por mensagens de SMS. A ação chegará à região Nordeste e demais estados do Norte e Sudeste (incluindo SP) em março/19. O alvo dessa operação são os telefones roubados, extraviados e não certificados pela Anatel nas redes brasileiras de telecomunicações. Desde maio, 37 mil celulares irregulares do Distrito Federal e Goiás foram bloqueados. Celulares comprados no exterior vão continuar funcionando no Brasil, desde que sejam certificados por organismos estrangeiros de certificação equivalentes à agência reguladora. Mensagem só do administrador Desde o mês de julho/18, o WhatsApp oferece a possibilidade da criação de grupos nos quais apenas o administrador manda mensagens. Muitas pessoas resistem a fazer parte de grupos porque o excesso de mensagens dos integrantes atrapalha o dia a dia ou “lota” a memória dos smartphones.

O recurso, portanto, permite o uso da ferramenta de mensagens instantâneas apenas como mural de recados. Para ativar a configuração, abra “Dados do Grupo” e selecione “Configurações/Ajustes do Grupo” > “Enviar Mensagens” e escolha “Somente Admins”. Mais de 235 milhões de smartphones A Anatel divulgou relatório de telefonia móvel: o Brasil contava com 235.076.217 linhas de telefonia móvel no mês de junho/18. Ao todo, são 141 milhões de linhas pré-pagas e 93,1 milhões de telefones pós-pagos. São Paulo é o estado com o maior número de linhas móveis do país, com mais de 62 milhões de usuários; seguido por Minas Gerais com mais 22 milhões; e Rio de Janeiro com mais 20 milhões. Nos últimos 12 meses, o maior crescimento foi registrado no Amazonas com saldo de 147.424 linhas. Outros estados que apresentaram aumento foram: Espírito Santo (45.889 linhas), Roraima (26.624) e Amapá (15.195 linhas). Todos os demais estados apresentaram redução no número de linhas móveis. Gerenciador de tempo Depois de tanto trabalho para manter os usuários online o máximo de tempo possível, o Facebook e o Instagram lançaram, no início deste mês de agosto, ferramentas que auxiliam usuários no gerenciamento do tempo que gastam na plataforma. Agora é possível desativar notificações por um período determinado ou limitar o tempo online, por exemplo. A medida visa minimizar os efeitos dos arranhões na imagem da empresa após a descoberta de que empresas particulares faziam uso irregular de dados dos usuários.

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