Diálogos • Revista da CIP

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ABR • MAI 2015 NISSÁN • IYAR • SIVÁN 5775

REVISTA DA CIP

,


Ministério da Cultura convidam

a partir de 16 anos

ENCONTROS EDUARDO JORGE candidato a presidência da República pelo PV

Informações: 2808.6299 ou ticun@cip.org.br

BATE-PAPO

NANDO BOLOGNESI ator e ex-integrante do grupo Jogando no Quintal

OFICINAS

MÚSICA

DANÇA

LUIZ CUSHNIR psiquiatra e psicanalista

COMES E BEBES RICARDO HERZ Pocket show com o violinista


PRESIDÊNCIA

Caros associados Esta revista, de tema Diálogos, resume bem as principais ações da gestão atual que está se encerrando após três anos. Antes de mais nada, agradeço aos diretores voluntários que vem se dedicando à CIP, incansavelmente, durante este período ou mais. E também agradeço a equipe profissional que faz o link para que tudo aconteça da melhor forma possível. Fiquei honrado por estar com todos vocês neste caminho. Começamos a gestão com um foco grande na Juventude e no Ensino. Trabalhar com esse público era a melhor aposta para garantir a perenidade da CIP. Os artigos do Renato Sacerdote, diretor da Juventude, e da Andrea Kulikovsky, diretora do Ensino, mostram o que fizemos nestas duas áreas e que grandes objetivos foram alcançados. Nosso sheliach André Wajnberg e sua esposa, a rabina Deby, coordenadora da Escola Lafer, foram fundamentais nesta evolução. A atuação do Gershon Szklo ainda abrangeu inovações na música, juntamente com o diretor Musical, Lucio Di Domenico, e com Flavio Levi Moreira, diretor Financeiro, e com a comissão de culto liderada pelo diretor Mário Bohm, sempre guardião de nossas tradições. Montamos um conselho consultivo na área da Ação Social liderado pelo vice-presidente Social, Marcos Lederman, que orientou uma reformulação do Lar das Crianças, dirigido pela diretora Luciana Mautner. O porte e relevância do Lar é um orgulho à CIP, que continua destinando uma parte significativa de seu orçamento a essa área. Além do Lar, projetos como a Central de Orientação ao Trabalho e projetos voltados à Terceira Idade continuam cada vez mais relevantes em nossa comunidade. Estruturamos a área de Desenvolvimento Institucional, liderada por Dora Lucia Brenner, para estabelecer melhores metodologias e sistematizar o desenvolvimento de captações livres, vinculadas a projetos e incentivadas. Administrar nossa organização não é fácil: Luiz Gross, Carlos Baruch, Flávio Levi Moreira e Reinaldo Goldbach fizeram-na com grande eficiência. Precisamos manter nosso patrimônio e zelar pelo orçamento e segurança. Todo este trabalho tem um foco especial que é o associado. Tatiana Kulikovsky liderou o reposicionamento em relação ao sócio, incluindo esta revista, editada pelo departamento de Comunicação e Marketing Institucional que é dirigido por Laura Feldman. E também os eventos que Lorena Quiroga, diretora da área, organizou, especialmente o Ticun, que faz parte de nosso calendário anual. Trabalhamos para que frequentadores se associassem, e para que os associados participem mais ativamente de sua comunidade. A parceria com o Conselho Deliberativo, presidida por Daniel Borger, trouxe discussões muito boas e soubemos agir de forma construtiva ao buscar o melhor para a CIP. Obrigado pela confiança em nós depositada. Incentivo a todos que se candidatem em maio próximo ao Conselho Deliberativo e se voluntariem em nossa Congregação. Somos uma entidade que depende de voluntários para continuidade. A participação de todos é essencial para estarmos aqui no futuro. Shalom. SÉRGIO KULIKOVSKY • PRESIDENTE 3


Liberdade e crítica Essas linhas foram escritas após uma das maiores manifestações públicas do povo brasileiro nas ruas e pouco antes das eleições em Israel. As primeiras não trocarão ilegal e formalmente o governo, e as estatísticas iniciais indicavam que as últimas teriam grandes possibilidades de mudar legal e oficialmente o mando. Mas ambos criaram mudanças importantes: em Israel se fortalecem os movimentos de centro focados em assuntos sociais, e no Brasil os manifestantes conseguiram, sem dúvida, mandar o recado inequívoco de que o governo deverá e tentará atender. O aspecto mais claro que une ambos os fenômenos é a expressão de liberdade. A crítica, além de mostrar que se vive em um sistema livre, é, antes de tudo, uma demonstração de pensamento autônomo e alternativo ao convencional. O judaísmo celebra isso sistematicamente. Especialmente nesses dias e nos que abrange esta edição da Revista. Na festa de Pêssach; na contagem do Ômer, durante a qual, na época romana, os alunos de Rabi Akiva se atreveram a se opor ao regime e continuar estudando a Torá e até enfrentar fisicamente o grande império; na memória da Shoá, que registrou inúmeras oposições corajosas; em Iom haAtsmaút, que celebra o ato de autodeterminação mais moderno; e no ticun de Shavuót, que é a ousadia de receber em forma renovada ano a ano o judaísmo milenar. O mesmo judaísmo, mas de forma renovada. Com novas perguntas e novas respostas. Este ano, a oitava edição do Ticun da Virada se focará nos desafios a nossas seguranças econômicas, intelectuais, emocionais e culturais. Convidamos você a conservar a coragem de exercer a liberdade por meio da reformulação crítica do nosso judaísmo. Rabino Ruben Sternschein

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PRESIDENTE Sérgio Kulikovsky RABINATO Michel Schlesinger Ruben Sternschein VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO COM O SÓCIO Tatiana Heilbut Kulikovsky DIRETORA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Laura Feldman COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Alex Rutman Andrea Kulikovsky Andréia Hotz Carmen Oliveira Dario Bialer Débora Sór Guita Feldman Iradj Eghrari Michel Schlesinger Renato Sacerdote Ruben Sternschein Sérgio Kulikovsky Silvana Forsait Tamara Franken Theo Hotz EDITORA E JORNALISTA RESPONSáVEL Andréia Hotz (MTB 61.981) MARKETING Simone Rosenthal PROJETO GRáFICO JAM Design FOTOS Arquivo CIP e Shutterstock Esta é uma publicação da Congregação Israelita Paulista. É proibida a reprodução total ou parcial de seu conteúdo. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião da CIP.

A Congregação Israelita Paulista dá as boas-vindas aos novos associados. • André Glezer e Isabela Stuhlberger Wjuniski • Charle Yakov Parczew e Fabiana Claro Marchese Parczew • Daniel Klepacz e Silva e Marcia Lane Fajnzylber • Daniel Sinenberg e Andressa Reguini Diotto • David Mauro Widman e Susana Wagib Widman • Edilza Pereira Duarte • Eduardo Bernstein e Claudia Cássia da Silva Bernstein • Eyal Dvori e Daniela Venske Castilho Dvori • Felipe Boresztein e Anna Carolina Ortiz Gorski • Fernando Alberdi Sequerra Amram e Tatiana Malamud • Gileno Gurjão Barreto e Luciane Veicer Barreto • Gustavo Goldstajn • Ian Venske Dvori e Michaela Venske Dvori • Jairo Rays e Cibele Pires Rays • John Luciano Neschling e Patricia Melo Neschling • José Guilherme Rocha Junior e Sandra Helena Klinger Rocha • Marcelo Firer e Aidê Krakauer Firer • Marcelo Ribeiro e Susana Koln • Mauricio Bernstein e Monica Heumann Bernstein • Moacir Zeitel e Ana Maria Zeitel • Nathan Shor e Adriana Sancovsky Shor • Ronaldo Gabbay e Lilian Andrade Gabbay • Simon Jacques Bale e Flavia Basil • Yasha Chammah BRUCHIM HABAIM

coloniadacip

FALE COM A CIP PABX: 2808.6299 cip@cip.org.br www.cip.org.br Administrativo/Financeiro: 2808.6244 Comunicação: 2808.6228 Diretoria: 2808.6257 Escola Lafer: 2808.6219 Juventude: 2808.6214 Lar das Crianças: 2808.6225 Marketing: 2808.6247 Rabinato: 2808.6230 Relacionamento com o associado: 2808.6258 Serviço Social: 2808.6211

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RADAR Educação e Ação Social POR Renato Sacerdote

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RELACIONAMENTO COM O ASSOCIADO Fazendo a diferença POR Tamara Franken

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GASTRONOMIA Rotkohl (repolho roxo) POR Andrea Kulikovsky

26 AÇÃO SOCIAL Relação saudável entre gerações POR Débora Sor

24 LAR DAS CRIANÇAS Educação, ética e cidadania POR Carmen Oliveira


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RABINATO Educação vem de casa POR rabino Michel Schlesinger

36 ESCOLA LAFER Alegria de fazer parte POR Andrea Kulikovsky

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e mais... RABINATO Israel: renovação do passado? POR rabino Ruben Sternschein

38 ESPECIAL CHEVRA KADISHA Acolher e amparar POR Andréia Hotz

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PROGRAME-SE ACONTECE PARALELOS AGENDA DIÁLOGOS VALORES E TRADIÇÕES JUVENTUDE GIRO CULTO JUDAÍSMO


RADAR

JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E AÇÃO SOCIAL POR Renato Sacerdote diretor de Juventude CIP

Consolidar o trabalho de construção e renovação que vem sendo realizado desde a chegada do atual sheliach, André Wajnberg, há quatro anos, é o objetivo do Departamento de Juventude para 2015. O propósito é fazer com que a educação judaica seja cada vez mais forte e significativa para as crianças e jovens, com o judaísmo sempre dialogando com os desafios de nosso mundo e sociedade. Temos incentivado nossa juventude a dedicar uma parte de seu tempo a programas sociais e, para isso, criamos o projeto Garinim (sementes), que possibilita que os jovens de 17 a 28 anos de idade coloquem em prática o que é proposto pela educação judaica. Do conteúdo aos valores, dos valores à conscientização de que devemos atuar em prol da sociedade. O Garinim possui três propostas de atividades: o Garinim Lar das Crianças, o Iad e o Shnat Sherut. O primeiro, criado conjuntamente por jovens dos movimentos juvenis da Congregação (Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss) e pelas equipes profissionais da Juventude e do Lar, propõe visitas semanais a crianças atendidas pelo Lar. Nos encontros, os jovens atuam como irmãos mais velhos, e, através de conversas e brincadeiras, fortalecem a autoestima das crianças e ajudam a desenvolver suas habilidades e qualidades. Todo trabalho é acompanhado por profissionais. Organizado por jovens que já passaram pelos movimentos juvenis, o Iad promove encontros e atividades com os jovens do programa Passaporte para a Vida, do Lar das Crianças. As atividades organizadas de forma voluntária pelos próprios jovens, trazem conteúdos sobre cidadania e identidade, e conscientizam sobre direitos e deveres dos cidadãos. Também fortalecem a autoestima deles como estudantes e como jovens profissionais. O Shnat Sherut oferece a oportunidade de realização de trabalhos voluntários e de estudo sobre Israel para os jovens que participarão do Shnat Hachshará - Machon le Madrichim, que é programa de longa duração em Israel que tem como objetivo a capacitação e o amadurecimento a partir da vivência no Estado israelense. Além dos projetos e atividades promovidos pelo Departamento, cada tnuá (movimento juvenil) desenvolve suas próprias ações sociais, como campanhas de arrecadação de brinquedos, alimentos ou roupas e de doação de sangue, e visitas a instituições que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social. Os grupos de dança israelense da Congregação também participam de atividades de cunho social, sejam junto ao Lar das Crianças da CIP ou a outras instituições, como o Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (CIAM), que atende pessoas portadoras de deficiência intelectual; e a União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social (Unibes), que atende crianças, jovens, adultos e idosos em risco social, recuperando e estimulando seus potenciais. Todo o processo de estímulo, educação e promoção de ações sociais pelos jovens envolve a realização de cursos de capacitação, workshops, programas vivenciais e seminários sobre ações de assistência social. E todo esse investimento é resultado da preocupação da diretoria da CIP em formar adultos socialmente conscientes e preparados para assumir no futuro os postos de liderança na comunidade judaica e brasileira.

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A JUVENTUDE DA CONGREGAÇÃO

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jovens participam regularmente das atividades e eventos

Público total dos eventos organizados pelos jovens 1600 500 100 120 100 70

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Serviços religiosos especiais de shabat Messibá dos 55 anos da Chazit Hanoar Encontro com jovens cristãos e muçulmanos na sucá Machané mishpachtí da Avanhandava Eco Day da Avanhandava * em 2014 Blood Day da Avanhandava

Jovens envolvidos em projetos sociais e de capacitação*

150 madrichim (monitores) 500 chanichim (participantes)

respeito • conhecimento • inclusão acolhimento • diálogo engajamento • ticun olam

principais valores trabalhados pelos grupos em atividades

ATIVIDADES RELACIONADAS ÀS FESTAS JUDAICAS Purim teatro e atividades recreativas para crianças

Shnat 2014: 21 jovens (em Israel) Iad belad: 39 jovens (em Israel) Manhiguit: 92 jovens Garinim: 13 jovens Shanat Sherut: 12 jovens Shidrug: 7 jovens (em Israel)

Iom haAtsmaút condução do serviço religioso de Shabat Rosh haShaná e Iom Kipur condução de serviço religioso e leitura da Torá para jovens / atividades lúdicas para crianças Sucót condução de serviço religioso de Havdalá

* em 2014

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VOCÊ, ASSOCIADO

Fazendo a diferença POR Tamara Franken, coordenadora de Relacionamento com o associado

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Falar sobre a CIP é falar sobre trabalho voluntário e seus ativistas. A Congregação hoje é composta por 300 voluntários distribuídos entre sua diretoria, conselho deliberativo e departamentos, como a Escola Lafer, a Juventude, o Culto e a Ação Social. Os objetivos da instituição foram se alterando como forma de adaptação às exigências de cada momento histórico, mas o trabalho voluntário sempre foi a base. Com a chegada dos judeus alemães a partir de 1933, foram fundadas a Comissão de Assistência aos Refugiados Israelitas da Alemanha (CARIA) e a Sociedade Israelita Paulista, SIP. Ambas geridas de forma voluntária. A CARIA prestava serviços como arrecadação de recursos financeiros para aqueles que não conseguiam encontrar logo um emprego ou que estivessem adoentados, recepcionava os imigrantes no navio, cuidava do despacho de sua bagagem e encontrava pensões as quais mantinham os imigrantes até que pudessem se sustentar. As atividades desenvolvidas pela instituição incluíam obtenção de trabalho , atendimento médico, apoio psicológico às mulheres e a administração da entidade propriamente dita. Já a SIP tinha objetivos voltados para o lado social e religioso. Tinha como meta, “tornar-se o centro cultural judaico de São Paulo e do Brasil”. Nela aconteciam, cursos de português e hebraico, palestras, organização de festas também funcionando como ponto de reunião onde as pessoas se encontravam para conversar, jogar cartas . Lá foram realizados os primeiros serviços religiosos. Um de seus associados na época era Kurt Pinkuss, irmão do futuro rabino e um dos fundadores da CIP, rabino Fritz Pinkuss. O princípio que movia o trabalho destes voluntários era a sobrevivência dos seus irmãos imigrantes. É dentro deste contexto que a Congregação Israelita Paulista é fundada. Em outubro 1936, o rabino Fritz Pinkuss e um grupo de voluntários, após o serviço religiosos das Grandes Festas, decidem criar uma congregação. A idéia que serviu de base era a de que uma congregação representava o centro do judaísmo, garantindo assim sua sobrevivência. Ela continuou a prestar socorro aos imigrantes (CARIA), a


HOMENAGEM Durante o Shacharít de Shabat do dia 23 de maio, a CIP promoverá uma homenagem para todos aqueles que são ou que foram voluntários da instituição, doando seu tempo, trabalho e talento para a comunidade. Com kidush especial. Participe. dia 23/mai • a partir das 9h30 na sinagoga Etz Chaim Para se inscrever, entre em contato através do email socio@cip.org.br.

se preocupar com o lado sócio-cultural (SIP) como também com o lado religioso. Os departamentos que hoje existem na CIP surgiram na época de sua fundação, mas com adaptações para os dias de hoje. Mas o que faz com que as pessoas continuem se mobilizando para desenvolver um trabalho voluntário? Mário Bohm, atual diretor do Culto, começou sua carreira de voluntário ainda jovem, como madrich. Começou a participar da Comissão de Culto depois de se casar. Para ele, seu judaísmo está no trabalho voluntário que desenvolve junto aos rabinos e chazanim, e na garantia de que seus filhos poderão vivenciar o judaísmo. Anna Victoria Kacelnick, madrichá da Colônia da CIP Fritz Pinkuss, acredita que o trabalho voluntário envolve dedicação, compromisso com a educação, preparo e capacitação. “Trabalhamos o ano inteiro para fazer a Colônia crescer, melhorar. No fim, acabamos por aprender muito e nos divertindo também. A Colônia é o lugar onde fazemos nossos melhores amigos, aprendemos, crescemos e vivemos momentos inesquecíveis”. Para Lúcia Korkes, da Korkes e Cintra Coaching, cada ser humano carrega um potencial incrível de competências, talentos e recursos numa combinação única e necessária neste mundo. E é através delas e do livre arbítrio que se tem a oportunidade de atuar na construção de um mundo melhor. Segundo ela, a realização de um trabalho voluntário é uma forma de experimentar a sensação de colaboração e contribuição; é a prática da generosidade para a construção de um mundo mais justo e melhor para todos. Lúcia, que conduziu voluntariamente um processo de coaching de carreira em grupo para profissionais cadastrados pela Central de Orientação ao Trabalho da CIP, acredita que o trabalho voluntário envolve comprometimento, responsabilidade, tempo e capacidades. “É desafiante muitas vezes, mas é altamente envolvente. Encontrei na CIP a oportunidade de viver esta gratificante experiência”. E assim, com Vicky, Lúcia, Mário e tantos outros voluntários e ativistas, é que a CIP vem fazendo sua história desde sua criação. São estas pessoas que, com seu envolvimento pessoal, fazem a diferença no coletivo.

Grupo voluntário de costura na década de 1950 e o atual grupo de madrichim da Colônia da CIP Fritz PInkuss.

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Diรกlogo Projeto

projeto diรกlogos

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GASTRONOMIA

ROTKOHL

(REPOLHO ROXO) POR Andrea Kulikovsky chef e consultora gastronômica

os

iálogos

O jantar de Shabat é uma excelente oportunidade para a família sentar-se junta ao redor da mesa e fazer um balanço da semana que passou. Em minha família sempre foi na casa da minha avó, com tios, primos e todos os familiares reunidos contando o que aconteceu na semana e compartilhando opiniões. A comida que acompanhava a conversa era tão tradicional como a reunião. O cardápio mais recorrente - e mais amado - era rosbife com batatas assadas e repolho roxo. Um caldo com macarrãozinho antes da refeição e uma deliciosa sobremesa depois. Nada no mundo se compara ao repolho da casa da minha avó. Hoje, quando tenho saudades dela, sinto o cheiro e o sabor do rotkohl que só ela sabia fazer. Este é o meu sabor de Shabat.

INGREDIENTES: 1 repolho roxo cortado em tirinhas 1 cebola grande picada 1 maçã picada 3 fatias de abacaxi picadas uvas passas a gosto 1 copo de vinho tinto 1 colher de sopa de azeite 1 colher de sopa de açúcar 1 cubo de caldo de galinha esfarelado 1 pitada de pimenta do reino

MODO DE FAZER: Doure a cebola no azeite acrescentando em seguida o repolho, o vinho tinto, o abacaxi e as uvas passas. Adicione o caldo de galinha, o açúcar e a pimenta e cozinhe em fogo bem baixo, até chegar à consistência desejada.

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PROGRAME-SE

ShaBaT no lar daS crIançaS A comunidade judaica é a convidada da CIP para os serviços religiosos de Shabat realizados quinzenalmente na sede do Lar das Crianças da CIP, em Santo Amaro. Programe-se para os próximo encontros: 24 de abril • 8 e 22 de maio Sextas-feiras às 18h45 na sede do lar. Participe com sua família e amigos. Informações: 2808.6258 ou socio@cip.org.br.

Seus filhos estão curiosos para saber mais sobre judaísmo? Está na hora deles participarem do Ktanim! Festas, tradições, conteúdo e vivência judaica para crianças de 4 a 10 anos, transmitidas de forma divertida e significativa.

CABALAT SHABAT ESPECIAL DE

Turmas de manhã e à tarde na CIP ou em casa.

IOM HAATSMAÚT

Supervisão do rabinato da CIP e assessoria da consultora pedagógica, Shirley Jungman Sacerdote, fundadora da Kitá Legal.

A Juventude da CIP convida para o serviço religioso especial de Shabat em homenagem aos 67 anos da independência do Estado de Israel. Juntos, os jovens da Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss conduzirão o serviço e farão a prédica e o kidush. Participe com sua família e amigos.

Informações e matrículas: 2808.6219 ou escolalafer@cip.org.br 14

Atividades e eventos em destaque

24 de abril às 18h45 na sinagoga etz chaim da cIP Informações: 2808.6214 ou juventude@cip.org.br.


Atividades

regulares da CIP

PENSAMENTO JUDAICO lIBerdadeS e deTermInISmoS Novo curso com o rabino Ruben Sternschein. Quem fala dentro de mim quando digo “eu quero”? Qual o nosso grau de responsabilidade pela pessoa que somos e pela vida que levamos? Venha discutir e aprofundar seus conhecimentos à luz das fontes do pensamento judaico de todos os tempos. MIDRASH • PROFETAS • TORÁ • CABALÁ TALMUD • FILOSOFIA JUDAICA os encontros acontecem toda quinta-feira às 19h, logo após a reza do arvít. Informações e inscrições: 2808.6299 ou secretaria@cip.org.br.

TERCEIRA IDADE

OUTROS

INFORMÁTICA PARA SÊNIOR segundas e quartas-feiras às 9h30 e 11h

DANÇAS

COSTURA DA BOA VONTADE terças-feiras às 13h CORAL SAMEACH quartas-feiras às 15h CLUBE DAS VOVÓS LOTTE PINKUSS terças-feiras às 14h (encontros quinzenais)

CULTO

Lehacat Eretz segundas-feiras, às 20h Harcadá terças-feiras, às 20h Lehacá nova terças-feiras às 20h Lehacat Nefesh quintas-feiras, às 19h

CORAL ABANIBI quartas-feiras às 20h30

PENSAMENTO JUDAICO quintas-feiras às 19h

GRUPO DE ESTUDOS DA PARASHÁ segundas-feiras às 20h

CORAL KAVANÁ

JUVENTUDE

ENSINO

MANHIGUT sextas-feiras às 16h CHAZIT HANOAR sábados às 14h AVANHANDAVA sábados às 14h SHAAT SIPUR sábados às 14h30

terças-feiras às 20h30

ESCOLA LAFER segundas, terças e quartas-feiras às 16h30 sextas-feiras às 8h30 e às 16h30 KTANIM segundas-feiras às 17h30 e sextas-feiras às 10h

Informações: secretaria@cip.org.br ou 2808.6299 15


ACONTECE 1

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1. Em Kurazim, aldeia da época do Talmud localizada e reconstituída por arqueólogos, o grupo da edição 2014-2015 do projeto Shidrug estudou passagens da Mishná e da Guemará. 2, 3 e 4. Muita diversão nas atividades de férias da Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss.

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Foto: Diogo Moreira

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5. O presidente da CIP, Sergio Kulikovsky, e o rabino Michel Schlesinger receberam o rabino Shabsi Alpern, do Beit Chabad Central de São Paulo, para um bate-papo na Casa da Juventude. 6. O rabino Ruben Sternschein, o presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Ricardo Berkiensztat, e o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Claudio Lottenberg, em visita ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. 7. A Avanhandava participou do VI Jamboree Nacional Escoteiro, em Natal, no Rio Grande do Norte. Promovido pela União dos Escoteiros do Brasil, o evento reuniu cerca de 4 mil escoteiros de todo o país.

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8. O jornalista e diretor da Conib, Sergio Malbergier, participou de um bate-papo na CIP sobre os ataques terroristas em Paris, o antissemitismo na Europa, a posição de Israel e a atuação da imprensa. O evento foi uma iniciativa do projeto Diálogos. 17


ACONTECE 9

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Fotos: Tahia Macluf

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9 a 16. O ato em memória às vítimas do Holocausto, promovido pela CIP e a Fisesp em parceria com a Conib, a Unibes e o Consulado Geral de Israel em São Paulo, foi realizado na sinagoga Etz Chaim da Congregação e reuniu sobreviventes da Shoá, líderes comunitários, formadores de opinião e autoridades políticas e religiosas. 19


ACONTECE 17

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17. Em mais uma iniciativa do projeto Diálogos, o ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, participou de uma conversa na CIP sobre a crise da água em São Paulo. 20

18. Madrichim da Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss embarcaram para a edição 2015 do Shnat Hachshará. 19 e 20. Jovens da CIP em atividades com crianças durante a festa de Purim da Congregação.

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21 e 22. O concurso de fantasias e a leitura lúdica da Meguilát Ester foram os pontos altos da comemoração. 23 e 24. A leitura tradicional (e também animada) da história de Ester e Mordechai reuniu famílias e comunidade na sinagoga. 21


PARALELOS

Fé Bahá’í: liberdade e unidade das religiões POR Iradj Eghrari membro da Comunidade Bahá’í do Brasil As Escrituras Bahá’ís asseguram que verdadeira liberdade “só se encontra em completa servidão a Deus, a Verdade Eterna”. Essa Verdade anunciada por Abraão, promulgada por Moisés e pregada por Jesus e Muhammad “é como o sol, que alvorece em diferentes pontos do horizonte; é como a luz que brilha em muitas lanternas”. Dessa verdade nascem compaixão e unidade no lugar do desamor, e a unificação de todos na Terra, em completa dignidade e liberdade. A busca individual da verdade e do sentido da vida é uma atividade intimamente ligada à consciência humana e ao desejo de ver o mundo através de seus próprios olhos e entendê-lo através de suas próprias faculdades de percepção e inteligência. Crença e fé são, neste sentido, escolha do caráter íntimo de cada um. A liberdade de compartilhar crenças, manifestá-las ou ensiná-las, tampouco pode ser sujeita a limitações. Não se pode colocar restrições sobre este direito, justificando com critérios de moralidade, ordem pública ou bem-estar geral. Os direitos que daí nascem, como educação, liberdade de expressão e organização interna pacífica são inalienáveis, comprovando o respeito de grupos tanto maioritários como das minorias. Uma estratégia preventiva de longo prazo para se garantir a liberdade de crença e religião precisa ter suas raízes nos esforços para a educação, de crianças e adultos, equipando-os com habilidades de leitura e escrita e oportunidades para conhecer outros sistemas de crenças. Dentro dessa cultura educacional, as pessoas podem conhecer também aspectos importantes de outras religiões. O papel das lideranças religiosas como parceiras na criação de uma cultura de respeito pela dignidade humana e liberdade de consciência, religião ou crença, não pode ser desconsiderado. As forças da história atualmente desafiam toda pessoa de fé para que identifique os princípios espirituais existentes em suas próprias escrituras e tradições religiosas que deem solução às difíceis questões impostas por uma era que se não for baseada em unidade e justiça nos assuntos humanos, levará a humanidade a sofrer horrores inimagináveis. Neste empreendimento comum, baseado em um entendimento sobre a dignidade, razão e consciência inerentes a cada ser humano, as lideranças religiosas precisam defender a natureza sagrada da consciência humana e reconhecer em todos, sem exceções, o impulso natural que leva cada um a buscar a verdade. A Comunidade Bahá’í acredita que “não pode haver dúvida alguma de que os povos do mundo, de qualquer raça ou religião que sejam, derivam sua inspiração de uma só Fonte Celestial e são súditos de um só Deus”. Por isso, é necessário renunciarmos toda pretensão de exclusividade de acesso ao divino, para que possamos imergir no oceano vida do espírito, no qual, por trás de toda a diversidade de expressões culturais e interpretações humanas da religião, Deus é um só.

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2015

ABRIL E MAIO

AGENDA DIÁLOGOS

Consolidar a CIP como polo de cultura e saber na cidade de São Paulo é o objetivo do projeto Diálogos. Programe-se para as próximas atividades e eventos. Série Filosofando Ciclo de palestras sobre filosofia e pensamento crítico. Utilizando o debate de temas atuais, tem como objetivo despertar o interesse pelo conhecimento e desenvolver análises críticas e éticas. Pensamento Judaico em diálogo com o Pensamento Cético com o rabino Ruben Sternschein e o filósofo Luiz Felipe Pondé Há sentido na vida? O que é felicidade? Temos liberdade para defini-la e conquistá-la? 23 de abril às 19h Pensamento Judaico em diálogo com o Pensamento Econômico com o rabino Ruben Sternschein e o economista Ilan Goldfajn Quem deveria ter salários maiores: quem trabalha mais ou quem é mais capaz? Justiça e ética na distribuição de renda. 21 de maio às 19h

Atsmaút II Maratona de Dança Israelense da CIP Noite de música e dança em comemoração ao 67º aniversário de independência do Estado de Israel. Apresentação dos grupos da Congregação, movimentos juvenis e instituições convidadas, e harcadót (danças de roda) abertas para todos. 24 de abril das 19h30 à meia noite

VIII Ticun da Virada de Shavuót Há oito anos a CIP promove uma tradicional noite de estudo e debate com a participação de formadores de opinião das mais diversas áreas. Em 2015 o tema do evento é Desafios, criatividade e superação e terá a participação do médico sanitarista e candidato à Presidência da República pelo PV nas últimas eleições, Eduardo Jorge; do psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir; do ator Nando Bolognesi, da peça Se fosse fácil não teria graça, em cartaz no teatro Eva Herz; e do violinista Ricardo Herz. 23 de maio a partir das 20h

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LAR DAS CRIANÇAS

Educação, ética e cidadania POR Carmen Oliveira coordenadora pedagógica do Lar das Crianças

Em dezembro de 2014 conheci o Lar das Crianças e sua história chamou minha atenção: uma instituição em movimento, que soube se reinventar ao longo do tempo. Por estar sintonizada com as transformações da sociedade e as necessidades de cada época, não pereceu. Ao contrário, cresceu. Este espírito que orienta a instituição trouxe-me ao Lar para trabalhar como coordenadora pedagógica. Por mais de 20 anos atuei na educação formal e, a partir de 2007 decidi canalizar minha energia na área social, onde me sinto participando da transformação da sociedade de forma mais consistente. Gostei do desafio que me foi proposto: ajudar a instituição a dar mais um salto de adequação à realidade. Estamos em uma sociedade do conhecimento e que demanda de maneira efetiva a participação protagonista e ética de seus cidadãos. Assim, neste novo salto, o Lar busca preparar suas crianças e jovens nesta direção, ao potencializar as famílias e participantes. Mas como fazer essa potencialização? Como atuar para que nossos jovens participem de forma efetiva dessa sociedade, com direito a sonhar com um futuro bom para si e para a comunidade além de ter condições de realizá-lo? Como ajudá-los a sedimentar os valores de respeito e solidariedade? De comprometimento para com o outro? Como fortalecê-los para que possam fazer boas escolhas de vida? Para dar conta dessa missão decidimos atuar em várias frentes. Uma delas é tratarmos o conhecimento como ferramenta de ampliação da consciência social, como instrumento de autoconhecimento e fortalecimento. Para que possam de-

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sejar boas condições de vida, estudar, fazer faculdade, ter bons empregos. Para poder realizar o que sonharam. Para tal, ampliamos as oficinas oferecidas, criamos espaços para o desenvolvimento de pesquisas, e aprofundamos o raciocínio lógico e a fluência na leitura e escrita nas atividades. Outra estratégia é voltada para a formação da cidadania. O país precisa de cidadãos participativos e éticos, e está claro que a sociedade civil deve atuar junto com o poder público para caminharmos em direção a uma organização mais justa, mais transparente, menos violenta, que dê oportunidades para todos. Para tal, nossas crianças e jovens precisam desde cedo desenvolver o protagonismo, a capacidade de se organizar, a autonomia em suas ações. Rodas de conversa, assembleias quinzenais e conselho consultivo passam a fazer parte do cotidiano do Lar. É exercendo a cidadania e a autonomia em nosso microcosmo que preparamos nossas crianças e jovens para exercê-la na sociedade. Nenhuma sociedade é realmente justa, saudável e pacífica em suas relações se não for pautada por valores como respeito, solidariedade e compaixão. Conteúdos e formas de resolução de conflitos pautados na não violência permeiam a atitude de todos da instituição. Acreditamos que esta tarefa não pode ser bem sucedida sem o apoio da escola e da família. É na ação harmônica e solidária que o Lar, a escola e a família formam a base necessária para uma educação efetiva. Buscamos a aproximação e o alinhamento através de palestras mensais e encontros entre pais e filhos. Contatos constantes com as escolas e o conselho consultivo com a participação de todos os atores envolvidos fecham o ciclo. 2015 é um novo ano no Lar. Se podemos realizar tudo isso e fazer a diferença na vida de tantas crianças, jovens e seus familiares é porque a comunidade CIP acredita na educação como ferramenta de transformação e investe na instituição. A todos vocês, nosso muito obrigado.

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AÇÃO SOCIAL

Relação saudável entre

gerações POR Débora Sor coordenadora de projetos de terceira idade da CIP

Já passou o tempo em que velhice era sinônimo de incapacidade, depressão, e de ficar apenas esperando pela morte. Cada vez mais a terceira idade está engajada na sociedade, assumindo papéis sociais positivos em benefício próprio e da comunidade. Há atualmente uma nova imagem da velhice: os idosos querem evitar o sedentarismo, ter mais acesso ao consumo e experimentar novas tecnologias. E estão buscando mais qualidade de vida, o que tem gerado um aumento na longevidade. Segundo dados do IBGE divulgados no Censo de 2010, a projeção do número de brasileiros acima de

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65 anos será quatro vezes maior em 2060 e a expectativa média de vida para os brasileiros será de 81 anos. Um estilo de vida que pode aproximá-los dos jovens foi adotado pelos mais velhos. Autor do livro Conflito e Cooperação entre Gerações, o psicólogo e especialista José Carlos Ferrigno explica que a experiência de vida do idoso é alimento para as novas gerações. Através do convívio e da troca de conhecimentos, os idosos que convivem com os jovens desenvolvem maior flexibilidade em relação a novos valores e comportamentos. Para os jovens, os idosos transmitem tradições familiares e a memória cultural que adquiriram no decorrer de suas vidas.


Influenciada pela situação socioeconômica, política e cultural, a relação entre gerações muda com a história. A partir dos anos 1990, os programas intergeracionais começaram a ganhar visibilidade no mundo. No Brasil, atividades culturais e trabalho voluntário, por exemplo, integraram idosos ao convívio social e ajudam a quebrar as barreiras da diferença de idade. “A riqueza cultural se dá quando há o convívio”, resume Ferrigno. Apesar da distância entre gerações não ser tão grande, o embate entre ideias novas e conservadoras ainda existe e é essencial. “É o que cria a possibilidade de o mundo ser construído e reconstruído”. Na Congregação, esse novo olhar sobre o envelhecimento e as novas gerações já acontece há algum tempo. Uma dessas iniciativas é o projeto Shnat Sherut. Centrado em ações sociais e troca de experiências entre jovens e terceira idade, é uma ação conjunta das áreas de Ação Social e de Juventude. As atividades dão aos jovens que têm interesse em participar do Shnat Hachshará – programa de longa duração em Israel para jovens judeus – a oportunidade de realizar ações sociais e educativas com crianças e idosos da comunidade judaica e da comunidade maior Além de promover a vivência da prática voluntária, esse tipo de ação traz ainda a aproximação, a troca de experiências com pessoas de idade e visão de vida diferentes. Os mais jovens comentam sobre não terem tido até então uma experiência de contato com um geração distante, e sobre a possibilidade de aprender com os mais velhos. Para os idosos, a importância está na chance de transmitir o que sabem, criar novas amizade e adquirir o aprendizado da boa vontade mútua. Além de motivar uma saudável interação entre jovens e idosos, o tipo de trabalho intergeracional promovido pela CIP conscientiza os grupos sobre suas responsabilidades sociais. Para saber sobre as atividades desenvolvidas pela Ação Social da Congregação Israelita Paulista, visite o site www.cip.org.br/acaosocial.

Jovens da CIP participam de capacitação sobre voluntariado conduzida por profissionais das áreas de Juventude e Ação Social da Congregação.

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RABINATO

Educação vem de

CASA

POR Michel Schlesinger rabino da Congregação

É proibido mentir. Todo bom pai e toda boa mãe assim ensinam a seus filhos. Contudo, quando alguém indesejável telefona, é comum pedirmos que digam que não estamos em casa. Precisamos cuidar do meio ambiente, mas continuamos jogando lixo reciclável na lixeira comum. Sabemos que não devemos roubar. Mas tudo bem pegar um pouco daquele amendoim vendido por quilo sem que o vendedor perceba. A educação tem um papel de destaque dentro do judaísmo. Entre as diversas possibilidades de ensino, aquela que mais se destaca é a dos pais em relação aos filhos. Todos os dias, durante o Shemá Israel, nós repetimos: “Veshinantám Levanêcha VeDibarta Bam BeShivtechá Beveitecha Uvelechtechá Vaderech Uveshochbechá Uvcumechá” (E ensinarás aos teus filhos e falarás quando estiveres sentado em tua casa, e quando estiveres andando pelo teu caminho, ao te deitares e ao levantares). Segundo a nossa tradição, os pais têm a obrigação de educar os próprios filhos. Muitas vezes, eles pagam uma boa escola para as crianças e acreditam que estão cumprindo sua parte. Ao colocarem os filhos em um bom colégio e pagarem a mensalidade, muitos creem que seu dever já está cumprido. O resto cabe aos professores, que, afinal de contas, ganham salário para educar os filhos dos outros. Porém a realidade é outra. A escola desempenha um papel fundamental na transmissão de conteúdo. Realmente não existe melhor lugar para se estudar hipotenusas, termodinâmica, capitanias hereditárias ou análise morfológica. Todas essas

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matérias são muito relevantes, mas não substituem aquilo que só uma mãe ou um pai podem ensinar. “Veshinantám Levanechá Vedibarta Bam” (E ensinarás ao teu filho e falarás). A educação dos pais não pode ser substituída pela melhor escola do mundo. Os professores mais preparados e bem intencionados são incapazes de ensinar aquilo que se aprende em casa. E o mesmo acontece em relação à educação judaica. Muitos pais se lamentam pelos filhos estarem abandonando as raízes do nosso povo. Quando pergunto a eles o que fizeram para que isso não acontecesse, a resposta costuma ser: “coloquei minha filha em um colégio judaico ou dei ao meu filho um bom professor de Bar-mitsvá”. Mas a pergunta continua sem resposta: e o que VOCÊ tem feito? Se o judaísmo é um valor importante para os pais, eles precisam dizer isso a seus filhos. Falar sobre as nossas tradições e principalmente praticá-las. Não adianta dizer que o Shabat é importante para o nosso povo, se as velas não estão acesas sobre a mesa. Não ajuda falar que rezar é importante, se o nome de Deus nunca é lembrado em nossas casas. De nada adianta dizer que é importante viver em comunidade, se não frequentamos e não prestigiamos os eventos dessa mesma comunidade. Diz o ditado que “uma atitude vale mais que mil palavras”, e no que diz respeito à educação, esta é a mais pura verdade. Uma educação envolve demonstração prática: se meus atos não condizem com minhas palavras, de nada adianta falar. Quando ouvimos a palavra “comunicação” imediatamente pensamos em telefone, internet. Por que será que não pensamos em pais e filhos sentados na sala de casa conversando? Infelizmente esses momentos de reunião familiar são cada vez mais raros. As conversas se dão sempre com muita pressa, televisão ligada, minutos contados. Pessoas que moram na mesma casa falam-se mais através dos celulares do que pessoalmente. Se as conversas são raras, os temas existências são mais escassos ainda. Pouco tempo se tem para falar dos assuntos práticos do dia-a-dia, e tempo nenhum sobra para as questões da alma. A criança quando pequena não costuma perguntar “onde vive Deus?” ou “para onde as pessoas vão quando elas morrem?”. Depois que crescem um pouco, as perguntas deixam de ser feitas. E por quê? Será que o ser humano deixa de ter dúvidas? Não, as pessoas cansam de perguntar e não ouvir respostas ou escutar respostas apressadas e superficiais. E, se deixamos de responder, deixamos de perguntar. Em Pêssach, a festa das perguntas e das respostas, o mandamento mais importante é um presente de Deus: conversar com os próprios filhos “Vehigadtá Lebinchá”. Não importa o tipo do filho, se sábio ou se ingênuo. Sempre existe uma maneira de se abordar todas as diferentes questões. Pais não precisam saber tudo, mas precisam estar dispostos a conversar sobre tudo. A resposta não é mais importante do que a conversa em si. E o aprendizado se dá nos dois sentidos. Pais têm muito a aprender dos próprios filhos. Vamos nos esforçar para dar atenção às perguntas que nos são feitas. Para muitas dessas questões não existe uma única resposta correta, existem diversas. Que o diálogo seja parte integrante do cenário das nossas casas e que nossas atitudes reforcem aquilo que nossas palavras indicam.

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RABINATO

ISRAEL:

renovação do passado? “...renova nossos dias como antigamente.” (Lamentações 5:21)

POR Ruben Sternschein, rabino da Congregação

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É possível renovar o passado? Em princípio diríamos que não. O passado é uma entidade terminada. É possível descobrir novos dados que permitem entendê-lo de um modo diferente ou tirar dele novas conclusões, mas nunca mudá-lo. O Livro das Lamentações sobre a Destruição do primeiro Templo e a cidade de Jerusalém no ano 586 antes da era cristã traz a emblemática frase “renova nossos dias como na antiguidade”. Embora possamos entender que poderia se tratar de enfatizar que uma época passada foi melhor porque os dias se renovavam e melhoravam um ao outro, é possível também interpretar que a intenção é nos renovar para que possamos ser como antes, voltar ao “antes”. Poderíamos entender que esse “voltar atrás” seria uma renovação. Os sábios do Talmud também já tinham brincado com o tempo e proposto que figuras bíblicas viajariam nele, ao passado e ao futuro, para discutir, revelar e consertar. Por exemplo: Moisés, que viveu perto do ano 1500 antes da era cristã, teria sido encontrado sentado na academia de estudos de Rabi Akiva no século primeiro da era cristã, ou seja, quase 2000 anos depois de sua morte. E para isso Deus teria mandado ele “voltar a si próprio”. Ou seja, é possível viajar ao futuro, e para isso é necessária uma volta ao passado pessoal. O Estado de Israel é muitas vezes visto como um dos mais antigos, apesar de, historicamente, ser um dos mais novos, completando apenas 67 anos. Isso se deve ao que, em múltiplos aspectos, representa um resgate contemporâneo das mais


afastadas antiguidades de um judaísmo milenar. O exemplo mais claro é o idioma hebraico, que era uma língua antiga, em extinção, limitada aos estudos sagrados e à liturgia, e se tornou a moderna língua de um país dos séculos 20 e 21, incluindo palavras contemporâneas como “exportação”, “marketing”, “publicidade”, “gender”, “empoderar”, “alavancar”, “maximizar”, “computador”, “nanotecnologia”, entre outros exemplos. Israel surgiu das cinzas da Shoá, com o intuito de evitar a extinção dos judeus e também a do judaísmo. Chaguim O impacto do Estado de Israel devolveu a algumas das festas milenares significados abandonados no tempo. Tu biShvát, originariamente definida como a Festa das Árvores e que nos dois mil anos de diáspora teve sua prática reduzida à “Festa das Frutas Secas que Chegavam às Comunidades da Terra de Israel”, voltou a ser uma festa de plantação de árvores. Shavuót além de seu aspecto sinagogal, de leitura dos dez mandamentos, recuperou em Israel seu lado agrícola de celebração da chegada dos primeiros frutos. A noite de estudos, ou ticun, deixou de se limitar a ieshivót e passou a ser praticada por setores diversos da população. Existem ticunim de artistas, de cientistas, de ateus e de liberais. As sucót saíram dos limites particulares e existem algumas delas públicas, em hotéis, restaurantes, clubes, parques e centros comerciais. A festa de Chanucá, além de iluminar as cidades com chanukiót públicas nas entradas de prédios, parques, esquinas e centros comerciais, também resgatou o conteúdo mais importante: o da luta heroica e libertadora dos macabeus pela autodeterminação. Por séculos as comunidades diaspóricas foram abandonando esta essência da história e enfatizando a lenda do milagre do azeite, provavelmente pela fraqueza da condição diaspórica. Mas uma vez que a dignidade e a autonomia voltaram com o advento do Estado de Israe, foi precisamente esse conteúdo que achou mais identificação no ethos israelense. Os jejuns relacionados com a destruição de Jerusalém também se tornaram um desafio, uma vez que Jerusalém nunca foi mais ampla e construída do que nesses últimos 47 anos. Especialmente o Jejum de Guedália, que lembra a morte

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do governador judeu nomeado pelos romanos nas mãos de outro judeu, ganhou novos significados, embora não menos trágicos como o assassinato de Rabin e, alguma décadas antes, o de Arlozorov, ambos mortos por judeus e por conta de diferenças políticas. Halachá Na diáspora os judeus eram uma minoria que exercia profissões liberais e comerciais. A aplicação das leis e costumes era totalmente diferente daquela apresentada em um país no qual policiais, médicos, coletores de lixo e responsáveis pela ordenha de vacas e por centrais elétricas são judeus também. O tratamento de minorias não judias, o uso da força, as proibições relativas à produção agrícola no ano sabático e à possessão de chamêts em Pêssach também são velhos desafios que Israel trouxe de volta à vida. Tarbut A cultura israelense inclui, além de sua própria música, humor, arte, modos e modas, um espaço para músicas litúrgicas contemporâneas para velhas liturgias, comentários sobre parashá em programas de rádio, TV e jornais, companhias de teatro, poetas e até comediantes stand-ups que propõem novas leituras dos textos sagrados bem como expressões idiomáticas deles retomadas Talvez o mais vibrante de Israel hoje seja precisamente essa mescla de antigo e moderno que renova sim, o passado, e garante seu ressurgimento constante após a Shoá.

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VALORES E TRADIÇÕES

A CONQUISTA DA IDENTIDADE POR Dario Bialer rabino da Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro Há um momento da narrativa do Êxodo muito conhecido e para o qual não se lhe outorga toda a importância que merece. O relato do Iam Suf, da abertura do Mar Vermelho, é visto como um milagre a mais dentro da longa lista de milagres da Saída do Egito. Porém, quando abrimos a Torá no capitulo 14 do Êxodo nos encontramos com um conceito bem diferente: o povo, angustiado pela proximidade do exército do faraó, clama a Moisés e ele responde: “Não temais (...) pois a salvação do Eterno os fará hoje (...) O Eterno lutara por vos”. E nesse instante Deus responde: “Que clamas a mim? Fala aos filhos de Israel que marchem!”. (versículos 13-15) Esse ponto é crucial na história. Poderiam ter sido pegos, poderiam ter sido mortos, poderiam ter voltado ao Egito e serem escravos. “Poderiam” tantas outras coisas, ou poderiam marchar. Assumir os riscos da existência, assumir o destino histórico em suas mãos, e não esperar que Deus resolvesse o que eles não estavam dispostos a fazer por eles próprios. É nessa encruzilhada que começa a se conceber um ser humano livre. Em um dos seus livros, Hanna Arendt afirma: “O que tu herdas, deverás conquistá-lo”. É uma ideia muito poderosa. A herança parece não ser automática. Não consiste em um fato natural, nem em um direito adquirido. Precisa de trabalho, de uma ação que nos faça dignos daquilo que nos foi legado. Porque, de não realizar essa tarefa, “o que herdes - mas não tenhas conquistado - o levarás como uma carga por toda a vida”. A narrativa de Pêssach não está acabada, requer que cada herdeiro se aproprie dela. Que a escute, a narre com sua própria boca e a insira em seu próprio tempo. Pêssach já aconteceu, mas também continua acontecendo. Pois a festa dos filhos e as perguntas não falam do que foi ontem, mas do que será amanhã. A liberdade, bem como a justiça, não são coisas do passado. São sempre uma promessa a perseguir. As sementes que dão origem a Pêssach brotam e dão seus frutos no futuro, quando conquistamos essa herança. Essa é a “pequena força messiânica” que Walter Benjamin assegura ter cada geração. Existe ainda muita escravidão para remediar, muitos tiranos para serem abatidos e muito sofrimento clamando por ser aliviado. Narrar o que aconteceu e o que ainda acontece é a forma de nos sentirmos parte dessa luta. Essas são as sementes de redenção messiânica que permanecem vivas na memória e nos congregam ao redor da mesa, nos lembrando que a Hagadá não conta o sofrimento do passado, mas a esperança de que, uma e outra vez, assumamos a promessa de sair da opressão e sermos os artífices de uma melhor travessia pela vida.

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JUVENTUDE • Avanhandava

AVANHANDAVA NO JAMBOREE POR Alan Barzilay, Ariel Roemer e Rudi Solon madrichim da Avanhandava

− Não vou poder viajar para a praia, estarei no Jamboree. − Jamboree? O que é isso? Os jovens da Avanhandava ouviram várias vezes essa pergunta. No início do ano, 16 membros da Avanhandava viajaram para Natal, no Rio Grande do Norte, para participar do IV Jamboree Nacional Escoteiro, o maior encontro escoteiro do Brasil. A origem da palavra Jamboree é bastante discutida, mas em 1920 ela foi usada pela primeira vez para designar um encontro mundial de escoteiros, que ocorreu na Inglaterra. O Jamboree Nacional acontece a cada três anos, e a cidade de Parnamirim, ao lado de Natal, foi a escolhida para 2015. A diversão começou no processo de arrecadação de dinheiro para a viagem. Os jovens da Ava se esforçaram bastante para participar do evento, usando uma plataforma de crowdfunding e vendendo doces e produtos da Ava, o custo da viagem foi reduzido. Ainda no aeroporto de São Paulo o Jamboree já começou a ser experimentado pelo grupo. Com aproximadamente quatro mil escoteiros no evento, foi de São Paulo o maior contingente. Quase mil e quinhentos escoteiros saíram do estado para o encontro. Na escala que o voo fez no Aeroporto de Confins, pudemos conhecer mais escoteiros. Ao ver irmãos escoteiros no aeroporto, logo puxávamos assunto: Qual é o seu grupo? Posso ver seu lenço? Você tem distintivos para trocar? Aqueles que acabaram de se conhecer pareciam amigos há anos. Esse clima de amizade e companheirismo acompanhou todo o acampamento. Cada atividade do encontro ensinou alguma coisa importante para a vida com o objetivo de nos ensinar a criar o mundo que queremos, tema do evento. Aprender a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), conversar através de radioamador, e fritar um ovo em um forno solar foram algumas das atividades desenvolvidas. O tempo livre marcou muito nossa experiência no Jamboree. Nestes momentos aprendemos gírias e costumes dos escoteiros de outros estados, além de desenvolver fortes laços de amizade.

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Escoteiros judeus Além do Jamboree Nacional ter oferecido uma grande experiência para conhecer outros grupos de todo o país, também foi uma experiência muito interessante para qualquer judeu. Ficamos sabendo que em nenhuma outra edição do encontro foi realizado um momento de Shabat, e ficamos muito intrigados: em um país como o Brasil, com tantos escoteiros e tantos judeus, sempre achamos difícil de acreditar que não houvesse muitos escoteiros da comunidade judaica. Será que eles existem, mas estão espalhados demais? Será que somos os únicos? Esperamos a sexta-feira chegar contando sobre a cerimônia para quem se interessasse e convidando nossos novos amigos. Nada muito diferente do que fazemos em nossos acampamentos. Infelizmente não apareceu nenhum outro judeu que não fosse do nosso grupo, mas fomos surpreendidos por uma sala cheia de pessoas interessadas em conhecer mais sobre o judaísmo. Nem esperávamos tanta gente, principalmente porque era o último dia do Jamboree, logo antes do cerimonial de encerramento. O intercâmbio religioso foi um ponto extremamente positivo do acampamento. Aproveitamos para ensinar sobre Israel e nossas práticas judaicas. Os escoteiros de outras religiões se mostraram curiosos e receptivos para aprender mais. Participamos no Jamboree pela Ava, a tnuá (movimento juvenil judaico) que amamos. Representando-a e deixando a nossa marca. Como o único grupo escoteiro judaico no evento, também representamos nossa religião. Transmitimos nossos conhecimentos para os interessados, abraçamos nossa bandeira, sentimos orgulho de ser parte da Avanhandava. Com certeza a viagem não teria sido tão especial se não estivéssemos com essa nossa família. Para aqueles que nos convidaram para ir à praia, garantimos que aproveitamos bastante as praias de Natal.


JUVENTUDE • Shidrug

EDUCAÇÃO, REFLEXÃO E COEXISTÊNCIA POR Silvana Forsait madrichá e participante da edição 2014-2015 do projeto Shidrug “It is true that we aspire to our ancient land, but what we want in that ancient land is a new blossoming of the jewish spirit” (Theodor Hertzl). Essa é a síntese do projeto Shidrug e da nossa experiência em Israel. Shidrug significa upgrade, e o projeto é fruto da parceria entre a CIP e a Fundação Arymax. Focado em ex-madrichim (jovens educadores) e atuais ativistas da comunidade judaica, tem como objetivo fortalecer e renovar a identidade e o vínculo religioso e cultural de seus participantes, a fim de formar líderes e educadores comunitários. Durante um ano, são desenvolvidos temas como novas formas de interpretação e aplicação dos chaguim (festas religiosas) sob a ótica cultural e social da atualidade, fontes judaicas como substrato teórico e dinâmico da construção e transformação do judaísmo, entre outros. Sempre sob o olhar crítico e passível de adaptações à nossa realidade. O auge do projeto foi a experiência e as reflexões proporcionadas pelas atividades. O contraste entre o vazio do deserto e a beleza de Jerusalém nos acompanharam nesse processo de crescimento e transformação. As ruas estreitas e a diversidade étnica da Cidade Velha, dessa vez também com atenção nos quarteirões muçulmano e cristão, nos colocaram sob o eterno desafio da coexistência. Encontros com religiosos e educadores judaicos liberais fortificaram a legitimidade e riqueza da linha religiosa de nossa comunidade; imersões nos mundos artístico e literário, e participação em diferentes cerimônias musicais e significativas de Shabat ajudaram a abrir nosso olhar para infinitas expressões do judaísmo. Com a prática do Ticun Olam (melhorar, consertar o mundo), o judaísmo toma uma dimensão universal e contextualizada. Estivemos com jovens israelenses que trabalham para que o judaísmo liberal tenha espaço no Estado israelense, para que as escolhas civis tenham tanto valor quanto as religiosas, e para que Jerusalém tenha espaço e atrativos para a faixa etária universitária. O grupo compartilha da nossa ideia de processo de paz, de um país pluralista, com respeito e tolerância, tanto entre nosso povo quanto com nossos vizinhos. Foi nesse caminho também nosso encontro com o representante da embaixada brasileira em Ramala, com a discussão sobre a importância da criação de um Estado palestino. Estamos de volta, com nossa identidade pessoal, religiosa e social fortalecida. A viagem não marcou o fim de um projeto, mas a renovação de nossas energias. Agora é o momento de estudar e discutir mais, de transformar a prática do Ticun Olam na “forma judaica de viver”. É esse judaísmo renovado que desejamos trazer para a nossa comunidade, com a aproximação de mais jovens dispostos e em busca de um significado maior para as ideias e práticas da nossa cultura milenar.

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Escola Lafer

Alegria de fazer parte POR Andrea Kulikovsky diretora de Ensino da CIP Começamos um novo ano na Escola Lafer da CIP. Com muita alegria conseguimos ver o trabalho de educação se refletir nos rostos felizes de nossos alunos: alguns que voltam para mais um ano, outros que acabaram de começar. Os alunos de Ktanim (4 a 10 anos) chegam cheios de energia, prontos para absorver muita informação, cultura e tradição, que são transmitidas de maneira divertida por professores bem preparados. As oportunidades para os pequenos aprenderem o judaísmo se multiplicaram na Escola Lafer com a absorção do Shaat Sipur - Hora da História (que acontece aos sábados à tarde), e do Shabat Ieladim (que acontece durante o Cabalat Shabat, às sextas-feiras). Nossa equipe vem se aperfeiçoando cada para garantir momentos de muita alegria e muita aprendizagem para pequenos alunos e grandes famílias. Os cursos de Bar e Bat-mitsvá também vêm apresentando mudanças bastante significativas para que os alunos possam aprender muito, mas também com um enfoque bastante importante na formação de grupo e de comunidade. Eventos como o Laila Lavan – Noite Branca, que é um acantonamento dos alunos de primeiro ano do preparatório para Bar e Bat-mitsvá; o Pré-Seder de Pêssach da Escola, que recebe todas as famílias de alunos para um sêder comunitário; as saídas de Bar e Bat-mitsvá para a sede da CIP em Campos do Jordão; as aulas abertas ministradas pelos rabinos; entre outras atividades, têm por objetivo fazer com que alunos e famílias vivenciem o judaísmo, conheçam outras famílias e, assim, sintam-se cada vez mais parte de nossa Congregação.

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Outra grande felicidade para nossa equipe vem das escolas judaicas. Atualmente contamos com um grupo de alunos se preparando para o Bar-mitsvá nas instalações do Colégio I.L. Peretz, um grupo de alunos de escolas judaicas que se prepara em uma sala da Hebraica, e brevemente começaremos um grupo no Renascença. Entendendo as necessidades de nossas famílias, a Escola Lafer se aproxima de seus alunos. O curso do processo de conversão ao judaísmo vem absorvendo alterações ao longo dos anos, atendendo assim uma demanda de maior conteúdo e linguagem adequada para aqueles que estão entrando agora em nossa comunidade. Outros cursos de aprofundamento ao judaísmo são oferecidos na Escola. Estamos sempre atentos às necessidades e vontades de nossos sócios, buscando atender às suas expectativas da melhor maneira possível. Formação de grupo e de comunidade e felicidade por fazer parte da CIP são consequências do trabalho da equipe da Escola Lafer, que entendemos ser nosso maior lucro e riqueza. Famílias que fazem parte de nossa Congregação há muitas gerações e famílias que acabaram de se juntar à CIP passam a fazer parte de forma mais ativa do dia-a-dia da comunidade. E a Escola Lafer se orgulha de ser a porta de entrada destas famílias para uma vida judaica ativa, garantindo assim um futuro anda mais longo para nossa Congregação.

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ESPECIAL • Chevra Kadisha

Acolher e amparar POR Andréia Hotz editora da Revista

Michel Freller, COORDENADOR VOLUNTÁRIO da Chevra Kadisha da CIP, fala sobre o trabalho realizado pelo grupo cuja criação começou a ser discutida pelo rabino Prof. Dr. Fritz Pinkuss z’l pouco depois da fundação da Congregação.

Revista O que é uma Chevra Kadisha? Michel Freller É uma das organizações mais antigas do povo judeu e que existe em todas as comunidades judaicas, no mundo todo. Quer dizer “Sociedade Sagrada”. É responsável por cuidar dos cemitérios judaicos e dos sepultamentos. De todo o processo: da parte burocrática logo após o falecimento até o final do período de luto, onze meses após o enterro. R Como funciona esse processo? MF Quando um falecimento é comunicado, a Chevra começa cuidando da parte burocrática, dos trâmites. Ela faz a ponte com os órgãos responsáveis pelo transporte do corpo, organiza o velório e inicia a preparação para o sepultamento.

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R Como é essa preparação ritual? E por que ela é feita? MF O corpo é higienizado e preparado de acordo com a Halachá (Lei Judaica) para o sepultamento. São seguidas orientações bem específicas sobre como e onde limpar, incluindo também as orações específicas que devem ser recitadas. Depois de purificado pela água, o corpo é envolto em vestimentas apropriadas e colocado no caixão para seguir para o velório. É importante mencionar que tudo é feito da forma mais simples possível e igual para todos. Não há diferenciações durante a purificação ou mesmo na vestimenta e no caixão que será utilizado. R E após o enterro? MF Após o sepultamento inicia-se a shivá, o período de luto mais restrito. São sete dias. É quando não se exercem determinadas atividades previstas nas tradições. A partir do oitavo dia você pode voltar a exercê-las, mas algumas restrições permanecem. Depois de trinta dias começa o shloshim, que marca o fim do segundo período de luto e que dura onze meses. A matseivá marca o início do terceiro período, depois do décimo primeiro mês. É quando acontece a cobertura do túmulo, que até então estava coberto apenas por terra. Porém não há nenhuma proibição sobre colocar a pedra antes do décimo primeiro mês após o sepultamento. Muitas famílias, principalmente ortodoxas, colocam a pedra já no trigésimo dia após o enterro, quando termina o shloshim. Colocar a pedra sobre o túmulo antes ou depois é um costume. Aliás, tudo sobre preparação do corpo e sepultamento, é costume, tradição. Não está na Torá. R Por que a CIP possui uma Chevra Kadisha própria? MF Tem a ver com a ritualística da comunidade alemã e com as diferenças entre os modelos ortodoxo e liberal. Quando o rabino Pinkuss veio para o Brasil, uma das primeiras coisas que ele organizou foi uma comissão de Chevra Kadisha. Na época, após constatar que o trabalho da Chevra do Bom Retiro era baseado no modelo ortodoxo, ele percebeu que poderia oferecer aos judeus da CIP algo que fizesse mais sentido dentro de suas tradições e realidades. Aí, acompanhado de outros voluntários da CIP, ele promoveu a criação da Chevra da Congregação, cujo trabalho seria baseado no modelo de ritual usado na Alemanha da época. Os primeiros manuais da Chevra da CIP eram todos em alemão, e o atual em português, porém sempre baseado no original de Heidelberg. R A Chevra da CIP atende apenas associados da Congregação ou atende toda a comunidade judaica?

MF Atende toda a comunidade judaica. Se a pessoa não é associada mas se identifica com o modelo religioso da instituição, pode contratar os serviços da nossa Chevra. Os associados, claro, pagam um valor diferenciado, mas o serviço pode ser contratado com a mesma qualidade por todos. R Como se tornar um voluntário da Chevra da Congregação? MF Antes de tudo é preciso que a pessoa queira e se sinta bem fazendo esse trabalho. Algumas pessoas dizem que este seria o mais nobre dos trabalhos voluntários porque é feito sem esperar algum tipo de agradecimento uma vez que é voltado para alguém que faleceu. Além disso os voluntários envolvidos se sentem muito bem ao realizar essa importante mitsvá vocativa. Além da preparação e purificação do corpo, é possível ser voluntário da Costura da Boa Vontade, grupo responsável pela confecção das roupas e lençóis utilizados nos rituais. Para os que tem interesse e se sentem bem sendo voluntários de uma Sociedade Sagrada Funerária, basta entrar em contato através do email chevra@cip.org.br. R O voluntário passa por algum treinamento? MF Sim. Atualmente o aprendizado é feito a partir da observação e da assistência em atendimentos reais. Também produzimos recentemente um manual com os procedimentos de atendimento e tahará. Até então essas informações eram passadas oralmente. A próxima etapa é realizar treinamentos com bonecos simuladores. O objetivo do treinamento é, além de promover a excelência nos processos, padronizar os procedimentos e ajudar a receber novos voluntários. O passo seguinte será a produção de um manual para os enlutados, com as rezas diárias, textos de reflexão e informações relevantes para o período de luto. R Por que contratar o serviço da CIP e não o da Chevra do Bom Retiro? Quais as diferenças? MF Porque, além da questão do ritual, que segue os costumes judaicos liberais, existe uma grande diferença. Temos hoje um corpo de trinta voluntários para fazer esse trabalho de purificação do corpo. São quinze homens e quinze mulheres. Tudo é feito de forma voluntária, diferentemente da Chevra do Bom Retiro, que possui profissionais. E é aí que está diferença: membros de nossa comunidade realizando a tahará. É como um carinho, uma homenagem póstuma. A família se sente mais abraçada, acolhida pela comunidade nesse momento tão sensível. Além do mais, como são cerca de cinco ou seis falecimentos por mês, os voluntários acabam

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realizando três ou quatro durante todo o ano. Ou seja: não é um trabalho que sobrecarrega a pessoa. A tahará é realizada de forma muito mais filosófica do que puramente técnica. Esta é uma tradição de quase oitenta anos da nossa CIP. No mundo todo existe os dois modelos: com voluntários ou profissionais. E isso de forma alguma afeta a qualidade e o comprometimento do serviço ou da pessoa que o realiza. Mas, para a CIP, é importante que as famílias sintam-se acolhidas e amparadas sempre da melhor maneira em todas as etapas da vida. R Todo o trabalho da Chevra da CIP é, então, realizado por seu corpo voluntário? MF Sim. Exceto pelo coordenador profissional. A nossa Chevra está subordinada à Diretoria de Culto, assim, além dos voluntários responsáveis pela tahará e pela confecção das vestimentas rituais, ela conta com o excelente trabalho realizado pelos rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternschein, e pelos chazanim Avi Bursztein e Alexandre Edelstein. O coordenador profissional da Chevra da CIP, Sérgio Cernea, está há muito anos nessa função, e sobre ele só recebemos elogios. Além de seu profissionalismo e competência, destaca-se a maneira como ele orienta as famílias enlutadas e o carinho com que as trata. Ele dá o que a família precisa:

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orientações e acolhimento. E ainda organiza todo o “meio de campo”: convoca os voluntários para a tahará e o rabino e chazan para o velório e sepultamento; organiza a shivá e também o shloshim e a matseivá. E toda a parte burocrática, de documentação e atestados. Ele está à frente da parte prática, da parte administrativa e de toda a questão emocional do atendimento. Esses são os diferenciais do atendimento prestado pela Chevra da CIP: o envolvimento da própria comunidade, através dos voluntários da tahará e o carinho com o qual cada etapa do atendimento é realizada. Isso não quer dizer que o trabalho da Chevra do Bom Retiro não seja também muito bem realizado, mas o da CIP inclui esse envolvimento comunitário, essa proximidade, esse carinho.

Chevra Kadisha da Congregação Israelita Paulista chevra@cip.org.br • 3083.0005 Para comunicar um falecimento e solicitar os serviços da Chevra: 11 99204.2668 (falar com Sérgio Cernea) atendimento 24h


Ministério da Cultura

PENSAMENTO JUDAICO em diálogo com o PENSAMENTO CÉTICO com o rabino Ruben Sternschein e o filósofo

LUIZ FELIPE PONDÉ

Liberdades e determinismos Há sentido na vida? O que é felicidade? Temos liberdade para defini-la e conquistá-la?

23 de ABRIL QUINTA-FEIRA às 19h na CIP Inscrições: 2808-6299 ou secretaria@cip.org.br

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GIRO achado ImPorTanTe Uma parte importante da história do êxodo da humanidade da África foi encontrada ao norte de Nahariya: um crânio de 55 mil anos de idade de um ser humano anatomicamente moderno, entre os primeiros a deixar o berço da humanidade e povoar o planeta. Os cientistas da Ben-Gurion University e da Autoridade de Antiguidades de Israel que encontraram e estudaram o crânio fossilizado disseram que o achado raro é um “elo de ligação” entre o Homo Sapiens em todo o mundo e o núcleo populacional que deixou o berço da humanidade cerca de 60 mil anos atrás e começou a substituir outras espécies de hominídeos.

aPPS ISraelenSeS aJudam a enconTrar VaGaS Para eSTacIonar

A Anagog, empresa israelense com base em Tel Aviv, desenvolveu um aplicativo que pode guiar motoristas para vagas vazias em ruas usando dados em tempo real fornecido por usuários, similar ao que outro aplicativo israelense, o Waze, fez com sucesso com navegação. O software aprende o comportamento pessoal e sabe se um usuário está entrando num carro ou começando a sair, liberando uma vaga. A Pango Mobile Parking, outra companhia israelense, começou com um aplicativo que torna mais rápido e fácil pagar por estacionamento via telefones móveis.A empresa atualmente tem acordos com 14 cidades nos EUA e operações no Brasil e na Polônia. No entanto, ela também está fornecendo serviços de localização de vagas e de valet.

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360 GRAUS POR Guita Feldman


Você DIA DA INDEPENDÊNCIA

A cerimônia do Dia da Independência, que será realizada em 23 de abril em Jerusalém, terá a participação da jornalista árabe Lucy Aharish, que acenderá uma das tochas. Lucy se diz preparada para os ataques dos descontentes com o convite e com o fato de que, uma jornalista árabe, seja apresentadora de TV em Israel. Com 33 anos, a jornalista do canal i24news, de Tel Aviv, é muçulmana e nasceu na cidade de Dimona, no sul de Israel.

SalGadInho BamBa Pode PreVenIr alerGIa em crIançaS Um novo estudo revela que, ao contrário das recomendações de pediatras, dar alimentos à base de amendoim às crianças desde cedo pode, na verdade, protegê-las de alergias. Como as crianças israelenses que sofrem de alergia a amendoim representam apenas 10% na taxa do mundo ocidental, pesquisadores do King’s College London decidiram realizar um estudo no qual apresentavam alimentos à base de amendoim às crianças. A pesquisa mostrou que a introdução precoce de amendoim (aos 11 meses) reduz significativamente a chance de desenvolver esse tipo de alergia, que se desenvolve na infância, dificilmente desaparece e não tem cura. É bastante comum ver pais israelenses oferecendo Bamba, uma popular marca de salgadinhos de Israel, às crianças pequenas. O que pode, no final das contas, ser um dos motivos da alergia a amendoim ser tão rara em Israel.

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sabia ... POR Theo Hotz coordenador do Depto. de Culto e baal corê

Você sabia que o Monte Sinai possui vários nomes e duas possíveis localizações? Reverenciado como lugar sagrado por judeus, cristãos e muçulmanos, o Monte Sinai é tido por essas três tradições religiosas como sendo o local onde os israelitas acamparam após deixar o Egito. As três religiões também acreditam que ali a divindade se revelou a Moisés, legando-nos os Dez Mandamentos. Na Torá, o monte também é chamado de Chorêv (traduzido como “Horebe”) e Har haElohím (“a montanha de Deus”), além do tradicional Sinai. E em árabe, ele é chamado de Jebel Mussa (“a montanha de Moisés”). As três fés abraâmicas acreditam que o Jebel Mussa, localizado na península do Sinai, a oeste do Golfo de Ácaba, corresponde ao mais famoso monte bíblico. Porém, entre os acadêmicos, existe uma polêmica a respeito da verdadeira localização do Sinai. Estudiosos como Bob Cornuke, Ron Wyatt e Lennart Moller afirmam que o Monte Sinai, na verdade, está localizado no nordeste da Península Arábica, a leste do Golfo de Ácaba, e trata-se do chamado Jebel al-Lauz (“monte das amêndoas”). Contudo, os renomados especialistas James Karl Hoffmeier e Gordon Franz tendem a concordar com a visão religiosa.

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CULTO

SERVIÇOS RELIGIOSOS DA CIP MANHÃ de segunda a sexta-feira, às 8h aos sábados às 9h30 aos domingos e feriados, às 8h30 NOITE de domingo a sexta-feira, às 18h45 aos sábados: 18/abr às 18h45 • 25/abr às 17h • 2, 9, 16, 23 e 30/mai às 17h SHABAT ÀS SEXTAS: Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na Sinagoga Etz Chaim Shabat Ieladim, às 18h45, para crianças Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na sede do Lar das Crianças da CIP nos dias 24/abr e 8 e 22/mai

Chevra Kadisha A CIP está pronta para ajudar as famílias neste momento tão doloroso da perda de um ente querido, cuidando de todas as providências e detalhes burocráticos e religiosos. Plantão permanente: entre em contato com Sérgio Cernea pelo tel/fax 3083.0005, cel. 99204.2668, ou email: chevra@cip.org.br.

AOS SÁBADOS: Shacharit, às 9h30, com leitura da Torá e prédica na sinagoga Etz Chaim Shacharit Neshamá, às 9h30, participativo e igualitário na Sinagoga Pequena com leitura e estudo da Torá

ABRIL

LEITURA DA TORÁ 4 Pêssach I (Noite do 2ª Sêder) 11 Pêssach VIII (Izcór) 18 Sheminí (Shabat Mevarchím) 25 Tazría-Metsorá

MAIO

2 Acharê Mot-Kedoshím 9 Emór 16 Behar-Bechucotái (Shabat Mevarchím) 23 Bamidbar (Érev Shavuót) 30 Nassó

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FALECIMENTOS Branca Ghitnic Wakswaser, em 9/dez aos 82 anos Rina Kauffmann Gleich, em 9/dez aos 99 anos Lili Weiser Kronenberg, em 10/dez aos 91 anos Elias Starobinas, em 10/jan aos 84 anos Claudine Arippol, em 25/jan aos 68 anos Clara Kochen Brenner, em 29/jan aos 88 anos Miguel José Valk, em 16/fev aos 75 anos Roger Levy, em 18/fev aos 89 anos Matilde Jungman, em 23/fev aos 78 anos Jussara Falek, em 28/fev aos 65 anos Ilse Sara Grunebaum, em 1/mar aos 94 anos Halita Cohen Zagury, em 1/abr aos 85 anos Sender Wjuniski, em 8/abr aos 90 anos


MAZAL TOV Brit-milá Gabriel Bauman SimchÁt Bat Sabrina Cukier Carolina Korn Norgren Fernanda Fridman Bulach Isadora Cohen Alicia Szpiczkowski Alayon Luiza Grimberg Wotsman Valentina e Marina Rivera e Lerner BaT-mitsvá Sabrina Cukier Carolina Korn Norgren Fernanda Fridman Bulach Isadora Cohen

Bar-mitsvá Bruno Katz Valente Guilherme Zymberg Joao Victhor Grun Jorge Arthur Rubinsztain Ionathan Maghidman Richard Timoner Michel Wachslicht Rafael Ajbeszyc André Rosenberg Bekerman

Noivados Isabela Wjuniski e André Glezer Marcela Fongaro e André Pascowitch Debora Wolfsohn e Celso Kressler

Casamentos Adriana Finzi e Ruben Schechter Ilana Teixeira Harpaz e David A. Kosman Ahuntchain Simone Barbosa Cukier e Mauro Cukier Fabiana Claro Marchese Parczew e Charles Yakov Parczew Marcela Toledo e Moris Mermelstein Sharon Laufer e Jaques Weltman Priscila Yuka Fujii e Yoel Danilo Saul Melamoude Cintia Capeluchnik e Michel Franfurt Angela Leme Ribeiro Chapper e Cid Schubsky Levy

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JUDAÍSMO

Pergunte ao

RABINO PELO Depto. de Culto da Congregação

Produtos

judaicos

PERGUNTA • Por que comemos laticínios em Shavuót? RESPOSTA • Entre as explicações para este costume, há quem diga que, como a somatória da palavra “leite” (chaláv - blx), em hebraico, resulta 40, nós ingerimos este alimento para simbolizar os 40 dias que Moshé ficou no Sinai até receber a Torá. Alguns propõem que os hebreus não comeram carne por ainda não conhecerem as leis de cashrút, enquanto outros dizem que o preparo de carne no deserto era difícil e que, portanto, as refeições em geral seriam lácteas. Há quem diga ainda que a dieta de matsá provoca dificuldades digestivas por longo prazo e que os laticínios facilitariam a normalização do trato intestinal. Por fim, uma bela explicação rabínica diz: “a Torá é como o leite para o recém-nascido” – assim como o bebê precisa do leite para crescer, também os hebreus, recentemente libertados, precisavam da Torá para se fortalecer. Assim, a ingestão de leite simboliza a Torá, o alimento espiritual que nos ajuda a crescer como judeus conscientes e responsáveis pela transformação e aprimoramento do mundo.

Visite a CIP e confira as ótimas sugestões de presente para as mais variadas ocasiões: Brit Milá, Simchát Bat, Bar e Bat-mitsvá, casamento, feriados judaicos e muito mais. Para informações sobre os horários de atendimento e os produtos oferecidos, entre em contato: produtosjudaicos@cip.org.br.

(pergunta enviada originalmente em 14 de maio de 2014)

Kit viagem para acendimento de velas de Shabat

Tire suas dúvidas. Entre em contato através do site da CIP (www.cip.org.br/pergunteaorabino) ou do email judaismo@cip.org.br. 46


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A CIP junto com a Colônia promove a campanha

#tamojunto para reforma e modernização do Campo de Estudos Fritz Pinkuss. São necessárias novas beliches, eletrodomésticos industriais, novos boilers, pintura das paredes, manutenção das portas, janelas e maçanetas, troca do telhado, e ampliação da estrutura física. A CIP e a Colônia contam com você para continuar oferecendo esse espaço de promoção do judaísmo e do espírito comunitário, e de união e encontro de crianças e jovens.

Saiba como participar: www.cip.org.br/tamojunto ou através do telefone 2808.6244 e do email tamojunto@cip.org.br

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