Revista da CIP

Page 1

REVISTA DA

PÊSSACH, GENEALOGIA, MUSEU JUDAICO E MUITO MAIS

MEMÓRIA E FUTURO DO

POVO JUDEU OLHAR PARA TRÁS PARA SEGUIR ADIANTE

ABR 2014 NISSÁN 5774


OOrabino rabinoMichel MichelSchlesinger Schlesingere e O rabino Michel Schlesinger e oochazan chazanAvi AviBursztein Burszteinesperam esperam o chazan Avi Bursztein esperam por porvocê vocêpara paracelebrar celebrarjuntos juntos por você para celebrar juntos ooprimeiro primeiroSêder Sêderde dePêssach. Pêssach. o primeiro Sêder de Pêssach.

1414DE DEABRIL ABRIL 14 DE ABRIL (segunda-feira) (segunda-feira) (segunda-feira)

18h45 18h45Arvit Arvit dede Pêssach Pêssach 18h45 Arvit de Pêssach 20h00 20h00Sêder Sêder nono Salão Salão Nobre Nobre 20h00 Sêder no Salão Nobre

KIMCHA KIMCHA DEDE PISCHA PISCHA • CAMPANHA • CAMPANHA SOCIAL SOCIAL DEDE PÊSSACH PÊSSACH KIMCHA DE PISCHA • CAMPANHA SOCIAL DE PÊSSACH Uma Uma dasdas tradições tradições dede Pêssach Pêssach é aé de a de receber receber ouou ajudar ajudar aqueles aqueles que que não não Uma das tradições deum Pêssach éDesta a de receber ajudar aqueles que não têm têm como como participar participar dede um sêder. sêder. Desta forma, forma, a CIP a ou CIP convida convida seus seus associados, associados, têm como participar dea patrocinar um sêder. Desta forma, a no CIP convida seus associados, frequentadores frequentadores e amigos e amigos a patrocinar a participação a participação no jantar jantar dada CIP CIP de de alguém alguém frequentadores e amigos a patrocinar a participação no jantar da CIP de alguém que, que, dede outra outra maneira, maneira, não não poderia poderia estar estar junto junto à comunidade à comunidade neste neste ano. ano. que, de outra maneira, não poderia estar junto à comunidade neste ano.

Informações Informações ee convites: convites: 2808.6299 2808.6299 ouou pessach@cip.org.br pessach@cip.org.br Informações e convites: 2808.6299 ou pessach@cip.org.br Fique Fique porpor dentro dentro da da programação: programação:cipsp cipsp ou ou www.cip.org.br www.cip.org.br Fique por dentro da programação: cipsp ou www.cip.org.br


PRESIDÊNCIA

APOIO

&

CONTINUIDADE

Prezados associados, Nestes dias que antecedem Pêssach, relembramos a passagem da escravidão para a liberdade. E, inevitavelmente, fazemos uma analogia com a nossa CIP, que foi fundada por judeus que procuravam formar uma nova comunidade em uma pátria onde pudessem viver com liberdade. A CIP recebe a comunidade judaica paulistana – independente de serem associados ou não - através de seus projetos sociais, de juventude, de ensino, e dos serviços religiosos em geral. Somos do tamanho que é necessário ser. Porém, precisamos de todos participando ativamente para conseguirmos manter nossa missão. Queremos continuar nossos projetos, mas, em geral, contamos somente com o apoio de nossos associados - pelo qual agradecemos imensamente e, sem o qual, não teríamos como dar continuidade às nossas ações. Assim, solicitamos o seu apoio. Seja também um embaixador da causa da Congregação Israelita Paulista: compartilhe com seus amigos e familiares a vital importância de nossos projetos. Sua participação ativa é fundamental, assim como a sua opinião. Somos muitas vezes perguntados sobre qual a razão de se associar à CIP. “Há descontos, planos de milhagem, bônus?”, questionam. E a razão é uma só: para que a instituição e suas ações continuem existindo no futuro. Por fim, informo que os serviços religiosos de Rosh Hashaná e Iom Kipur em 2014 serão realizados em nossa sinagoga Etz Chaim e no Centro de Eventos São Luís. Como o auditório do Memorial da América Latina foi infelizmente atingido por um grande incêndio em novembro passado, retornaremos ao espaço utilizado pela CIP nos anos anteriores. O custo da realização deste evento é muito alto, mas o fazemos para que as famílias de nossos associados e frequentadores tenham a oportunidade de permanecerem unidas neste momento tão importante. Os procedimentos para aquisição de convites serão divulgados em breve para que possam se programar com antecedência. Continuaremos privilegiando os associados na escolha de lugares, e teremos uma excelente novidade para a juventude: ingressos com valores simbólicos para os jovens vinculados aos nossos grupos e movimentos juvenis (Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss) estarem com suas famílias e amigos durante as Grandes Festas. Shalom e boa leitura. SÉRGIO KULIKOVSKY • PRESIDENTE

3


Lembrar visando o presente e o porvir Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura, criado na maior das pobrezas financeiras e intelectuais por uma mãe e uma avó analfabetas, escreveu em suas memórias que, às vezes, a pobreza intelectual doía mais do que a física, pois por não saber nada, ele vivia sem passado, sem memórias, sem vínculos. Solto no espaço e no tempo. Não vinha de ninguém e não iria a nenhum lugar após sua vida. Assim como ele não sabia de ninguém, ninguém saberia dele. A memória brinda uma amplitude de dimensões à vida. Permite pertencer, ser junto. Transcender a própria vida. Atrás, mas também na frente. A memória não é apenas um passaporte para o passado. É também uma forma de viver o presente e o futuro. Apoiados na memória é que podemos evoluir e progredir a partir das pegadas deixadas no tempo pelos passos dos que nos precederam. A memória permite assimilar os significados do acontecido, voltar a viver de modo diferente, e dar ao passado um presente e um futuro. A memória é educação, é tradição, é transmissão. Chaves da experiência judaica. Chaves da CIP. O judaísmo insiste em viver a memória em presente, educando e praticando rituais cujos objetivos não visam apenas o acontecido, mas sim sua vivência de forma renovada, como se fosse uma nova oportunidade de aprimoramento. A CIP, como casa do judaísmo liberal, dedica-se especialmente a este tipo de memória renovadora, que, através do passado, espera melhorar o presente e o porvir. Berl Kaztenelsohn, intelectual do começo do Sionismo, contava que Napoleão passeou por seu império uma noite e viu judeus sentados no chão, lendo umas lamentações. Os assessores explicaram que o grupo chorava pela queda de Jerusalém. Napoleão reclamou que não era possível que ele não soubesse de semelhante notícia, e seus assessores responderam que aquilo tinha acontecido há cerca de dois mil anos atrás. “Um povo que lembra assim, nunca desaparecerá”, sentenciou Napoleão. Rabino Ruben Sternschein

4


PRESIDENTE Sérgio Kulikovsky

A Congregação Israelita Paulista dá as boas-vindas aos novos sócios

RABINATO Ruben Sternschein Michel Schlesinger

• Alberto Luiz Lustig e Andrea Manski Krongold

VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO COM O SÓCIO Tatiana Heilbut Kulikovsky

• Erik Robert Jospa e Vivi Jospa

DIRETORA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Laura Feldman COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: André Wajnberg Andréa Kulikovsky Andréia Hotz Deby Grinberg Wajnberg Guita Feldman Laura Feldman Marcia Herchenhorn Michel Schlesinger Paula Barouchel Caracini Ruben Sternschein Sérgio D. Simon Sérgio Kulikovsky Silvia Bugajer Tamara Siebner Franken Theo Hotz EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Andréia Hotz (MTB 61.981)

• Andrea C. Gandelman • Fabio Ajbeszyc e Claudia Kaminker Ajbeszyc • Gabriel Huberman Tyler e Barbarah Costa Gaiotto • George Frug Hochheimeir e Denise Marcondes Hochheimer • Jefferson Jacob Pinheiro da Rocha e Jaqueline Mazzola Bega • Renato Bekerman e Sheila Rosenberg Bekerman • Roberto Berezovsky • Ronny André Wachtel e Paula Cristina Orlando Coutinho • Samuel Tau Zymberg e Christiane de Castro Dominguez • Sergio Berezovsky e Giovana Berezovsky • Sérgio Milano Benclowicz e Renata Kauffman Milano Benclowicz • Stefan Silberstein e Svea Silberstein • Tsuriel Carreño Levi BRUCHIM HABAIM

MARKETING Simone Rosenthal PROJETO GRÁFICO JAM Design FOTOS Arquivo CIP e Shutterstock Esta é uma publicação da Congregação Israelita Paulista. É proibida a reprodução total ou parcial de seu conteúdo. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião da CIP.

looua

FALE COM A CIP PABX: (11) 2808.6299 cip@cip.org.br www.cip.org.br Administrativo/Financeiro: (11) 2808.6244 Comunicação: (11) 2808.6228 Diretoria: (11) 2808.6257 Escola Lafer: (11) 2808.6219 Juventude: (11) 2808.6214 Lar das Crianças: (11) 2808.6225 Marketing: (11) 2808.6247 Rabinato: (11) 2808.6230 Relacionamento com o Sócio: (11) 2808-6258 Serviço Social: (11) 2808.6211

29 opções Curtir looua #purimnacip Like

Comment

...

Siga a CIP no Instagram, compartilhe suas imagens com as hashtags da Congregação e apareça na Revista.

5


08

VOCÊ, SÓCIO Você conhece seu nome judaico? POR Tamara Franken

11

GASTRONOMIA Cuscuz de tapioca com coco POR Andrea Kulikovsky

20

LAR DAS CRIANÇAS Um dia para ficar na memória POR Marcia Herchenhorn

22

24

RABINATO Jejum do Holocausto POR rabino Michel Schlesinger 6

AÇÃO SOCIAL Construir e manter viva a própria história POR Paula Barouchel Caracini


32 COM A PALAVRA Museu Judaico de São Paulo POR Dr. Sergio D. Simon

26

CAPA Memória e liberdade POR rabino Ruben Sternschein

34 ESPECIAL • GENEALOGIA Memória judaica e genealogia POR moré Theo Hotz

36 ESPECIAL • RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Compromisso com o judaísmo e com os judeus POR Laura Feldman

40 ENTREVISTA Aprender, compreender e aproximar POR Andréia Hotz

e mais... 10 12 14 16 29 30 31 38

RADAR CULTO PROGRAME-SE ACONTECE

VALORES JUDAICOS JUVENTUDE ESCOLA LAFER GIRO 7


VOCÊ, SÓCIO

Você conhece seu

NOME JUDAICO? POR Tamara Franken, coordenadora de Relacionamento com o Sócio

O que há por trás de um nome? Junto a cada nome existe uma história. Todos carregam seu nome no decorrer de suas vidas, associando-o a sua personalidade, a seus projetos e realizações. O nome acaba definindo quem é cada um e conta aos outros muito sobre o lugar de cada pessoa no mundo. Um nome vive para sempre junto das lembranças deixadas por aqueles que se foram. Segundo o rabino Michel Schlesinger, um midrash (comentário rabínico da antiguidade) nos conta que um dos motivos que levou à libertação do povo judeu do Egito foi o fato de terem mantido seus nomes hebraicos. Apesar de toda a situação hostil, os judeus permaneceram com seus nomes de origem, e isso motivou Deus a libertá-los. Nossos ancestrais mencionados na Torá possuíam nomes que os definiam. Por exemplo, Adão, em hebraico “Adam”, significa “homem”e está relacionado à “dam” (sangue) e “adamá“ (terra, solo). Assim, o primeiro ser humano recebeu o nome de suas raízes: ele era feito de carne e sangue e, algum dia, retornaria a terra, após sua morte. Nascimento e morte são eventos biológicos. Todos os seres vivos passarão por estas experiência em algum momento. Como judeus, possuímos rituais e tradições que nos acompanham nesta viagem da vida, enriquecendo nossas celebrações e nos provendo de conforto em momentos de sofrimento.

8


O primeiro contato de uma criança com o judaísmo é justamente o recebimento de seu nome judaico e é seu primeiro passo dentro do ciclo de vida judaico. O menino recebe seu nome religioso durante a cerimônia de Brit Milá e a menina, durante o Simchát Bat. No caso das meninas, é costume que a família suba à Torá durante o serviço religioso do primeiro Shabat após seu nascimento para que os pais anunciem seu nome hebraico. Os nomes podem ser escolhidos através de vários critérios. Por exemplo, é um costume ashkenazi dar o nome de algum parente falecido, que se queira homenagear. Já os sefaradim, com o mesmo objetivo, nomeiam seus filhos com nomes de parentes vivos. Às vezes, as crianças recebem nomes de sábios ou de mulheres importantes da Torá. A partir deste instante, o nome judaico será utilizado em todo seu Ciclo de Vida: no Bar ou Bat-mitsvá, em seu documento de casamento, a Ketubá, ou ao ser chamado à Torá, por exemplo. Dada sua importância, a Congregação está atualizando seu banco de dados no que se refere também aos nomes judaicos de seus associados. Assim, solicitamos que sócios e familiares enviem seus nomes civil e hebraico para o endereço de e-mail socio@cip.org.br, facilitando o acesso a essa importante informação em todos os momentos do vida de seu associado.

9


RADAR

Dedicação e recompensa POR Silvia Bugajer coordenadora de Voluntariado

A CIP conta com o trabalho de voluntários desde o início de suas atividades. No final de 1938, a Congregação mobilizou-se para ajudar na preparação de documentos para cerca de 900 imigrantes, que contavam apenas com vistos de turista, e devido a legislação vigente, poderiam ser deportados de volta para a Europa. Foi, então, formado um mutirão, que contou com aproximadamente 100 pessoas, entre funcionários e voluntários, e que tinha a finalidade de assegurar a permanência dessas pessoas no Brasil. Com o passar dos anos, outras demandas foram surgindo, e o voluntariado, sempre atuante, foi preenchendo as necessidades da Congregação. Atualmente temos em torno de 300 voluntários, que atuam junto às áreas religiosa (Culto, Chevra Kadisha), de ensino (Escola Lafer), de juventude (movimentos juvenis, Shaat Sipur, Manhigut, entre outros), de ação social (Lar das Crianças, Clube das Vovós Lotte Pinkuss, Costura da Boa Vontade, Informática para Seniors, entre outros) e de atendimento aos associados, além do departamento administrativo/ financeiro. Através dos madrichim da Juventude é possível assegurar a continuidade dos valores judaicos da CIP. O Lar das Crianças conta com voluntários na área da saúde, como médicos, dentistas, psicólogos e fonoaudiólogos, e de um grupo de senhoras, responsáveis pela realização de eventos para captação de recursos para o Lar. O grupo de voluntárias da Costura da Boa Vontade se reúne semanalmente para costurar, tricotar e bordar, confeccionando peças que são doadas para outras instituições. Um pequeno grupo de voluntários atua na área de Relacionamento com o Sócio, colaborando na organização e na venda de lugares para as Grandes Festas. E a Diretoria e o Conselho Deliberativo da CIP são, também, constituídos de voluntários. Enfim, o voluntariado da instituição está sempre pronto para atender as demandas que surgem. Esperamos que a Congregação possa sempre contar com a dedicação e empenho de voluntários, que, com a doação de seu tempo, trabalho e talentos, possam se sentir recompensados pelos resultados obtidos e pela oportunidade de conviver com pessoas diferentes, de viver outras situações e de aprender coisas novas, além da satisfação de se sentir útil e de fazer parte de algo maior .

10


GASTRONOMIA

De todas as festas do calendário judaico, Pêssach é aquela em que a comida é tema central. Isso por causa da proibição de comer alguns tipos de grãos (trigo, aveia, centeio, cevada e espelta) e alimentos que estejam fermentados. No Brasil, dispomos de um alimento que nos ajuda muito neste período, mas que ainda é pouco utilizado como alternativa durante o período: a mandioca, que é matéria prima do polvilho (utilizado no pão de queijo) e da tapioca. Nesta edição, trazemos um delicioso cuscuz de tapioca com coco. Macio, molhadi-

Cuscuz de tapioca com coco

nho e leve, é muito fácil de fazer.

POR Andrea Kulikovsky chef e consultora gastronômica INGREDIENTES: 500 g de tapioca 1,3 litros de água ou leite (pode-se utilizar a metade da medida de água e a outra de leite) 2 xícaras de açúcar 1 coco médio ralado 1 lata de leite condensado

MODO DE FAZER: Misture a tapioca e o açúcar em uma travessa. Ferva a água ou o leite e jogue por cima e misture. Quando começar a formar uma pasta, coloque metade do coco ralado. Tampe e abafe a travessa embrulhando-a em um pano de prato ou uma toalha de cozinha. Quando esfriar, espalhe o restante do coco ralado por cima e sirva com leite condensado.

11


CULTO

SERVIÇOS RELIGIOSOS DA CIP MANHÃ de segunda a sexta-feira, às 8h aos sábados às 9h30 aos domingos e feriados, às 8h30 NOITE de domingo a sexta-feira, às 18h45 sábados: 5/abr às 17h30; 12 e 19/abr às 17h15; e 26/abr às 17h SHABAT ÀS SEXTAS: Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na Sinagoga Etz Chaim

Chevra Kadisha A CIP está pronta para ajudar as famílias neste momento tão doloroso da perda de um ente querido, cuidando de todas as providências e detalhes burocráticos e religiosos. Plantão permanente: entre em contato com Sérgio Cernea, pelo tel/fax 3083-0005, cel. 99204-2668, ou e-mail: chevra@cip.org.br

Shabat Ieladim, às 18h45, para crianças Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na sede do Lar das Crianças da CIP nos dias 4 e 25 de abril AOS SÁBADOS: Shacharit, às 9h30, com leitura da Torá e prédica na sinagoga Etz Chaim Shacharit Neshamá, às 9h30, participativo e igualitário na Sinagoga Pequena com leitura e estudo da Torá

ABRIL

LEITURA DA TORÁ

12

5 Metsorá 12 Acharê Mot (Shabat haGadól) 19 Leitura de Pêssach (Chol haMoêd III) 26 Kedoshím (Shabat Mevarchím)

FALECIMENTOS Heinz (Henrique) Leo Katz, em 27/dez aos 84 anos Ruy Cahnfeld, em 4/jan aos 74 anos Michel Emanuel Juster, em 17/jan aos 54 anos Beatriz Morpurgo, em 24/jan aos 95 anos Rosa Mizrahy Csasznik, em 24/jan aos 85 anos Samuel Schifnagel, em 26/jan aos 83 anos Efraim Naftali Kopel, em 29/jan aos 77 anos Sarah Cohen Weiss, em 8/fev aos 93 anos Dischlia Steinvartz Goldenstein, em 12/fev aos 94 anos Ilana Engel Hess, em 14/fev aos 63 anos Jorge Wilheim, em 14/fev aos 85 anos Klara Barna, em 15/fev aos 90 anos Margot Hermine Landauer Loebinger, em 23/fev aos 92 anos João Engelberg, em 23/fev aos 95 anos Sima Avritchir, em 25/fev aos 83 anos Moreno Semo, em 27/fev aos 97 anos Sarah Leirner, em 28/fev aos 97 anos Arnold Israel Meyer, em 3/mar aos 92 anos Rosa Blumenthal, em 5/mar aos 90 anos Flávio Bronde, em 17/mar aos 34 anos Jacob Blecher, em 18/mar aos 89 anos Salomão Helman, em 18/mar aos 90 anos Aida Semelman Ferenczi, em 21/mar aos 93 anos


MAZAL TOV BRIT MILÁ Michel Liberman Gabriel Zylberstajn Glezer Simchat Bat Verena Efraim Shwafaty Olivia Lopes Wolak Beatriz Nunes Bar-Mitsvá Gustavo Weikersheimer Bruno Lerner Sereno Lucas Guidozzi Profis Felipe e Rafael Bacal Gustavo Bortolotti Leme Max Fahrer Aniversariantes de Bar-Mitsvá Marcelo Jungman Sacerdote

Henrique Schechtmann Tonello Bruno Elias Martinez Pedro Szafir Thomas Terdiman Schaalmann Rafael Silberfeld Ariel Dayan Ariel Chenker Milton Lerner Gabriel Teles Ghertman Michel Becker Haikewitsch Rodrigo Sandri de Oliveira Polmon NOIVADO Débora Goldzveig e Felipe Kirsneris AUF RIF Breno Abrahão Maues Soares e Clarissa Coutinho Adrian Flechtman e Renata Koraicho Gonzaga

Casamento Bruna Mezan Algranti e Beni Morgenstern Claudia Shaiane Storch e Bruno Rondelli Djanikian Mariana Boscoli Rosset e Luiz Gustavo Rosset Livia Fischer de Moraes e Gustavo Figueiredo Paula Famianu Fisch e Sergio Fisch Renata Sell e Allan Pila Denise Kaufman Rechulski e Raphaël Thirion Aniversário de 30 anos de casamento Maria Clara e Rubens Fischer Aniversário de 50 anos de casamento Sheffi e Alexandre Tom Schaffner

13


PROGRAME-SE

Cabalat Shabat no Lar das Crianças

Férias de inverno A Congregação oferece ótimas opções de atividades para crianças e adolescentes de 7 a 15 anos durante as férias de julho. As inscrições já estão abertas para o acampamento da Avanhandava, a machané da Chazit Hanoar e para a Colônia da CIP Fritz Pinkuss. Informações e inscrições: juventude@cip.org.br ou 2808-6214

A CIP convida a comunidade judaica para os serviços religiosos de Shabat realizados, quinzenalmente, no Lar das Crianças, em Santo Amaro. Programe-se para o primeiro semestre de 2014: • 4 e 25 de abril • 9 e 23 de maio • 6 e 27 de junho Informações: socio@cip.org.br ou 2808-6258

Bar e Bat-Mitsvá Prepare seus filhos para esse momento tão especial. Cultura e tradição judaica, além de vivência comunitária, fazem parte do compromisso da Escola Lafer com a sua família. As matrículas já estão abertas para meninos e meninas que farão Bar e Bat-mitsvá em 2016. Informações: escolalafer@cip.org.br ou 2808-6219 14


Pensamento judaico Participe do curso conduzido pelo rabino Ruben Sternschein e que traz reflexões sobre o pensamento judaico de todos os tempos. Nos próximos encontros será abordado a questão do sexo e da paixão nas vidas dos pensadores do Talmud. Venha se surpreender e aprender sobre esses aspectos coloridos e inesperados de nossas fontes. Toda quinta-feira, às 19h, após a reza do Arvit. Informações: secretaria@cip.org.br ou 2808-6299

Bruchim HaBaim A Congregação abrirá suas portas para realizar a primeira edição de sua maratona de dança israelense, com apresentações de grupos de dança de todas as instituições judaicas de São Paulo, além de harcadot abertas para todos. O evento acontecerá no dia 12 de abril, sábado, das 19h30 à meia noite. Informações: danca@cip.org.br ou 2808-6214

ATIVIDADES REGULARES DA CIP AÇÃO SOCIAL

JUVENTUDE

OUTROS

INFORMÁTICA PARA SÊNIOR segundas e quartas-feiras às 9h30 e 11h

MANHIGUT

DANÇAS

sextas-feiras às 16h

COSTURA DA BOA VONTADE terças-feiras às 13h

CHAZIT HANOAR sábados às 14h

segundas-feiras (lehacat Eretz), às 20h terças-feiras – harcadá às 20h quintas-feiras (lehacat Nefesh) às 19h

CORAL SAMEACH quartas-feiras às 15h

AVANHANDAVA sábados às 14h

CULTO

SHAAT SIPUR sábados às 14h30

GRUPO DE ESTUDOS DA PARASHÁ segundas-feiras às 20h

CORAL ABANIBI quartas-feiras às 20h30

ENSINO ESCOLA LAFER segundas, terças e quartas-feiras às 16h30 sextas-feiras às 8h30 e às 16h30

15


ACONTECE 1

2

3

4

01, 02 e 03. Os chanichim e madrichim da Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss aproveitaram as férias de verão com muita animação nas machanot e acampamento dos grupos. 04 e 05. O cardeal-arcebispo dom Odilo Scherer celebrou na Catedral da Sé uma missa em homenagem às vítimas da Shoá que contou com a participação do cônsul-geral de Israel em São Paulo, Yoel Barnea, do diretor da FISESP, Raul Meyer, e dos rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternschein.

5

16

6

06. Também por ocasião do Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, a CIP foi apoiadora do evento organizado pela Conib e pela Fisesp no Palácio dos Bandeirantes. (saiba mais na página 36)


7

8

9

10

07, 08 e 09. O Shnat 2014 conta com a participação de 17 jovens dos movimentos juvenis da Congregação. O projeto, fundado em 1946, tem como objetivos a capacitação e o amadurecimento a partir de uma intensa vivência em Israel. 11

12

10, 11 e 12. A CIP recebeu em sua sede a embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, acompanhada pelo cônsulgeral dos EUA em São Paulo, Dennis Hankins. O encontro reuniu lideranças da CIP e da comunidade judaica. 17


ACONTECE 13

14

15

16

17

13 a 17. A comemoração de Purim na Congregação contou com a tradicional leitura e estudo da Meguilat Ester e um animado e concorrido Circo de Purim, com oficina de máscaras, apresentações circenses, música e brincadeiras para os mais de 600 participantes. 18


18

19

20

18. Diretoria, voluntários e funcionários da CIP participaram do workshop Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, conduzido pelo empresário Gary Schulze. 19 e 20. Organizada pelos voluntários do grupo Neshamá, o rabino Joseph Saltoun, que é professor de Cabalá há mais de 30 anos, realizou a palestra “Cabalá, oração e letras hebraicas” no auditório Haber da CIP. 19


LAR DAS CRIANÇAS

Um dia para

ficar na

MEMÓRIA POR Marcia Herchenhorn especial para a Revista da CIP

No final de fevereiro, o Lar das Crianças da CIP foi palco de um encontro emocionante e muito inspirador. Neste dia, passado e futuro se reuniram para trocar ideias, experiências e, é claro, muitos abraços. De um lado, os jovens Caio, Kesia e Bruna, assistidos pelo Lar e iniciando uma nova etapa em suas vidas: Caio acaba de ser aceito no curso de enfermagem da USP, Kesia trabalha em uma grande empresa na área de controladoria, e Bruna cursa gestão empresarial na FATEC. Do outro, Luciano Nardelli, 62 anos, graduado em educação física e atualmente coordenador de esportes da Faculdade Metodista. Profissional reconhecido em sua área, principalmente pelo seu trabalho inovador com recreação. Sucesso profissional e pessoal também: Luciano construiu uma linda família e já é avô de duas meninas! Quatro vidas, quatro caminhos; separados por muitos anos mas unidos por sonhos e objetivos comuns. Com o coração repleto de alegria, olhos cheios d’água e um orgulho imenso, acompanhamos o reencontro de Luciano com sua história, e o depoimento dos três jovens sobre suas expectativas, ambições e a importância do Projeto Passaporte para a Vida em seu crescimento pessoal e profissional. Na plateia, muito compenetrados e ansiosos por fazerem perguntas, nossas crianças, jovens, e toda a equipe do Lar. Luciano se emocionou ao falar das lágrimas despejadas quando cruzou os portões da casa do Alto da Boa Vista com a mãe e a irmã pela primeira vez aos quatro anos de idade, e como estas se repetiram na sua despedida do Lar, dez anos depois. Riu, saudoso, ao relembrar de casos engraçados, e se surpreendeu com a recepção calorosa que teve por parte das crianças que o reconheceram de imediato, já que foi por 20 anos, voluntário na Colônia da CIP Fritz Pinkuss. Isso mesmo: Luciano transformou sua gratidão em trabalho voluntário, contribuindo com seu talento e retribuindo o carinho recebido. Conheceu o espaço de judô, o laboratório de robótica e a biblioteca, e se encantou com a apresentação da Orquestra de Violões do Lar. Nada disso existia na sua época, disse. Mas apoio, carinho e cuidado, estes nunca faltaram, completou. Já Caio, Kesia e Bruna fizeram questão de responder às perguntas, aconselharam as crianças a perseguirem

20


seus sonhos e, claro, tiraram muitas fotos. Seus depoimentos não deixaram dúvidas: esses três vão longe! Kesia acaba de ser promovida na empresa, e Caio nos presenteou com uma surpresa: disse que enfermagem ainda é pouco para ele. Quer se tornar neurocirurgião. Perguntei se sabia o quanto teria que se esforçar e se estava preparado para enfrentar as dificuldades com as quais se depararia. A resposta veio rápida: “Sei, mas é um sonho. Vou correr atrás”. Alguém tem alguma dúvida que ele conseguirá? Nós, do Lar das Crianças da CIP, não, e continuaremos apoiando, ajudando e fornecendo ao Caio e à todas as nossas crianças, jovens e seus familiares as ferramentas necessárias para que alcancem seus sonhos e acreditem em seu potencial. E que venham novos encontros, novos abraços, novos Lucianos, Caios, Kesias e Brunas!

Jovens aprovados:

Curso Técnico • Vitória Lira – Comunicação Visual no SENAC • Mariana Almeida – Jogos Digitais no SENAC • Maricélia Alves – Gastronomia no SENAC Todas com bolsa de estudos de 100%. Graduação • Ana Letícia - Comunicação Social /Propaganda e Marketing na Universidade Paulista (com bolsa de estudos de 100% - PROUNI) • Camila Duarte - Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; • Camila Martins - Administração em Recursos Humanos na Universidade Estácio de Sá (com bolsa de estudos de 100% - PROUNI)

21


AÇÃO SOCIAL

Construir e manter viva a

PRÓPRIA HISTÓRIA POR Paula Barouchel Caracini coordenadora de projetos de empregabilidade Ao refletirmos sobre memória, nos vem à mente a ideia de passado, de experiências já vividas. A memória é a base dos nossos sentimentos e atitudes cotidianas, e varia conforme os diferentes períodos da vida (infância, adolescência, vida adulta, maturidade). Endel Tulving, canadense especialista em psicologia cognitiva, definiu-a como “uma viagem mental no tempo”, assim, passado e futuro são separados por uma linha, chamada “presente”.

22


O departamento de Ação Social da CIP atua nessa linha tênue, a do presente, e trabalha junto aos idosos ativos e aos jovens adultos que estão em busca de um objetivo de vida. Enquanto os jovens estão voltados para o futuro, os idosos contemplam o passado e fazem um balanço constante do que viveram, presenciaram e testemunharam. Os projetos de maturidade do departamento oferecem um olhar refletivo e ativo ao idoso, a partir da visão de suas potencialidades e da valorização do ser humano em sua integridade. Segundo a Gerontologia, que é o estudo do envelhecimento, na velhice, as energias são direcionadas para o mundo interior. É a fase da introspecção, do estar e do ser, da realização plena do projeto da alma para a vida. E essa realização é o objetivo final dos projetos da maturidade da Ação Social da Congregação. Paralelamente, também são realizadas ações com foco em jovens adultos, que estão construindo sua identidade pessoal e profissional, e estabelecendo a questão do trabalho como um dos pontos centrais de suas vidas. A Ação Social oferece, através da Central de Orientação ao Trabalho, projetos de empregabilidade que propiciam a esses jovens e adultos uma oportunidade de reflexão sobre a construção de seu futuro vinculado a suas práticas e caminhos profissionais. O trabalho da Congregação está, desta forma, voltado para a memória dos idosos e os projetos que valorizam esse passado e a integridade dos seus participantes, e também para o futuro a ser construído pelos jovens adultos a partir das escolhas profissionais, que se tornam estruturantes no desenvolvimento da sua vida. O objetivo da Ação Social é, a partir do manancial de recordações e memórias dos idosos e das práticas construídas no presente pelos jovens adultos, continuar construindo sua história e planejar novas práticas sociais para o futuro. Visite o site da CIP (www.cip.org.br/acao-social) e conheça melhor as atividades do departamento de Ação Social da Congregação.

1. Participantes do Clube das Vovós Lotte Pinkuss comemoram Purim. 2. Aula do projeto Trabalho Cidadão.

23


RABINATO

Jejum do HOLOCAUSTO Você sabia que OS judeus conservadores criaram um jejum para recordar o Holocausto?

POR Michel Schlesinger rabino da Congregação

O judaísmo massorti (conservador) luta para manter as tradições judaicas. Com este propósito, estuda nossos livros sagrados e verifica possibilidades de adaptar o judaísmo e suas raízes ao mundo moderno, quando surge um conflito entre esses dois mundos. Assim, por meio de um estudo aprofundado das nossas fontes, esta corrente judaica verifica, por exemplo, como o Shabat pode ser flexibilizado sem deixar de ser Shabat, e como a cashrut pode ser respeitada quando vivemos em um ambiente majoritariamente não casher. De um modo geral, o movimento conservador trabalha para flexibilizar o judaísmo e torná-lo mais acessível. No entanto, existem algumas exceções interessantes. Em alguns casos o judaísmo massorti será mais exigente do que o judaísmo ortodoxo. Algumas restrições que foram criadas por rabinos pluralistas tornaram o judaísmo conservador mais severo em determinados campos. Um exemplo interessante é justamente o cigarro. Judeus ortodoxos fumam. Existe, no entanto, no movimento massorti, uma teshuvá (responsa rabínica) proibindo o cigarro. Por levar em conta os avanços da ciência e por estar absolutamente comprovado que o cigarro faz mal à saúde, o judaísmo conservador resolveu proibir o fumo para preservar a qualidade de vida das pessoas. Outro exemplo é o jejum de Iom Hashoá. Não existe, dentro da corrente judaica ortodoxa, nenhum jejum associado exclusivamente ao Holocausto. Rabinos

24


conservadores, porém, decidiram que a maior tragédia recente do povo judeu precisava ser marcada por um dia de jejum. Como jejuamos em Tishá Beav para lembrar a destruição dos Templos de Jerusalém, e temos outro jejuns menores como Assará BeTevet e Tzom Guedália, precisamos também jejuar para recordar as vítimas da Segunda Guerra Mundial. Na época do Talmud, jejuns eram estabelecidos por nossos rabinos quando viam a necessidade de ressaltar algum evento histórico. Da mesma forma, o judaísmo liberal fez-se valer deste instrumento de sensibilização religiosa para recordar o Dia do Holocausto. A memória da Shoá é um desafio de todos nós. É cada vez menor o número de homens e mulheres que podem contar a história da Segunda Guerra na primeira pessoa. Nossos filhos e netos precisam conhecer este período de sombra na história da humanidade em geral e na história do povo judeu em particular. Um esforço precisa ser feito para que o tema seja estudado em todas as escolas do mundo, sejam elas públicas ou particulares, judaicas, cristãs, afiliadas a qualquer outra religião ou laicas. É muito importante que todos saibam o que foi esta tragédia e até onde pode chegar a maldade do ser humano, para que a barbárie não se repita jamais. Em uma época em que vozes revisionistas reconquistam visibilidade, o jejum em memória às vítimas do Holocausto é uma forma ritual marcante de homenagear seis milhões de vítimas da covardia nazifascista.

25


CAPA

memória

e liberdade POR Ruben Sternschein rabino da Congregação

A memÓria liberta ou prende? Lembrar nos deixa presos ou nos abre oportunidades? Limita ou amplia? Enriquece, renova ou nos deixa para trás nas rotinas e no passado?

26

Definição, funcionamento interno e liberdade da memória “A memória é tudo que fica conosco, uma vez que esquecemos de tudo”, disse um intelectual japonês. Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, Prêmio Nobel da Paz e professor de Midrash, disse que não. Segundo ele, a memória é um esforço deliberado. Podemos não lembrar de nada, se não nos propusermos. Lembramos daquilo que queremos lembrar. Caso o intelectual esteja certo, a memória é imposta, assim como a amnésia, por forças alheias à nossa vontade e à nossa consciência. Portanto, ela não é livre. Ora, se Elie Wiesel estiver certo, então a memória é voluntária e, portanto, expressa nossa liberdade mais essencial: a vontade. Seja ela mais consciente ou não, mais livre em si ou não. Todavia,


nesse caso, a memória seria parte de nossa responsabilidade. Não poderíamos fugir a um inocente e ingênuo “não me recordo” diante de emoções, eventos, pessoas que merecem ser lembradas e que marcaram, para o bem ou o mal, a história que vivemos e da qual somos parte. Lembrar poderia ser um imperativo, uma mitsvá. Um dever moral, ético, religioso, humano. No judaísmo mais básico, clássico e tradicional, existem diversas alusões a essa a postura. O primeiro mandamento expresso a respeito do Shabat diz imperativamente: “zachor ET iom hashabat lekadesho”, que significa “lembra do Shabat para santificá-lo, para consagrá-lo”, (Êxodo, capítulo 20). Para não escravizarmos, Torá nos manda que lembremos que fomos escravos no Egito, e que fomos lá pobres e estrangeiros para que cuidemos dos direitos das minorias e dos enfraquecidos de nossas sociedades. A fim de erradicar de nós e de nossa história a ação e a atitude dos que buscam o lado mais fraco com o intuito de bater nele, ao invés de ajudá-lo e fortalecê-lo, somos mandados a lembrar que fomos atacados na nossa parte mais fraca, pelo povo de Amalek durante o nosso caminhar pelo deserto. Neste parágrafo, pede-se uma dupla ação paradoxal: lembrar para apagar. Lembrar o acontecido para apagar suas pegadas e evitar sua reiteração. Tanto a lembrança quanto o esquecimento estariam em nossas mãos, dependeriam de nós e, portanto, se tornam mandamentos e responsabilidades morais, históricas, existenciais, éticas e educacionais. Entretanto, ainda podemos nos perguntar se a memória é tão obediente assim, se realmente conseguimos lembrar tudo que queremos, ou que achamos que devemos, e se, realmente, conseguimos esquecer tudo que preferimos apagar de nossas mentes, de nossas histórias, de nossa psique. A função da memória do ponto de vista da liberdade Já o conteúdo da memória, o fato de lembrarmos, a função que cumpre aquilo que lembramos, ainda precisa ser explorado. Alguns sustentam que a memória tem a ver com o passado e, portanto, poderia limitar e nos prender a experiências, costumes, rituais e expectativas passadas. Em virtude do experimentado no passado, poderíamos estar limitados a viver novas experiências, a avaliar novos modos, a pensar novas ideias, a valorizar de formas diferentes. Assim, uma experiência aterradora em um contexto determinado poderia nos trazer medo diante de qualquer contexto novo que nos lembre aquele por alguma razão, e nos obrigar a rejeitá-lo. Ao nos queimarmos com fogo, talvez todo fogo poderia nos produzir receio. Sofrer ao nos entregar ao amor, faria com que rejeitássemos todo amor para não nos expor à possibilidade do sofrimento. Se crescemos em um contexto de submissão das mulheres às vontades dos homens, talvez repetiríamos obrigatoriamente esses modelos e contribuiríamos a sustentá-los, ainda que inconscientemente, por esse registro em nossas memórias, sem possibilidade de nos libertar facilmente e adotar uma atitude diferente. Outros sustentam que é justamente a capacidade de lembrar que nos permite avançar, crescer, evoluir e mudar. Aprender é lembrar. O individuo, a humanidade, a ciência e a história lembram, e, por isso, conseguem avançar a partir do ponto anterior que deixaram os sucessos, os fracassos, as tentativas, os desejos e as descobertas anteriores. Mais uma vez , Elie Wiesel reportou que, quando o acusaram de viver no passado, ele respondeu, “é o passado que vive em mim”. Ou seja, a memória do passado, ao invés de deter quem se encontra em um novo presente, se une a ele para viajar

27


CAPA

Elie Wiesel

ao futuro, se coloca como mais um passageiro na trilha da vida. Não prende, não impossibilita o progresso, as novas perspectivas ou as novas experiências. É mais uma dimensão de vida. Acrescenta ao presente e ao futuro, com uma voz a mais. Desse modo, ganham as duas partes. O passado, as pessoas queridas, os eventos passados, a história e o aprendizado não morrem. Continuam a viver no diálogo interno de quem o leva consigo a novos horizontes. E quem o leva, se vê enriquecido com mais um olhar diante de tudo, além do próprio e do mero imediatismo. O que diria meu pai se estivesse aqui? O que diriam os personagens da história? Como procederiam os cientistas do passado diante desta descoberta ou diante deste desafio? A tradição judaica tem muita experiência neste exercício de “presentear o passado”, ou seja, colocar o passado no presente, e ganhá-lo de presente. Na festa de Pêssach, por exemplo, não somos convocados apenas a lembrar a saída dos antepassados do Egito há três mil e quinhentos anos. Devemos ver a nós mesmos saindo de lá. Para isso, os movimentos liberais, com os quais se identifica o judaísmo da CIP, enfatizam a importância de procurar o Egito atual, pessoal, social e psicológico, o que nos escraviza hoje. Hoje e aqui, o que devemos fazer para nos libertarmos de nossas escravidões é a pergunta da memória libertadora de Pêssach. Do mesmo modo, a página de Talmud não conta uma idéia de um autor, conta uma discussão geralmente inconclusa de propósito e que se mantém nessa situação aberta por séculos. Participam dela, simultaneamente, gerações de sábios que não se encontraram no tempo, mas que a memória registrada no papel lhes permitiu a liberdade de ultrapassar as barreiras do tempo e do espaço e discutir. Na mesma página, sábios de épocas distantes falam em colunas diversas mas entrosadas. O Midrash vai mais longe ainda: mesmo não havendo indicação gráfica de uma discussão, o conteúdo se abstrai das barreiras do tempo e cria encontros entre personagens de épocas distantes. Moisés do ano 1500 a.e.c se encontra na academia de estudo do Rabi Akiva do primeiro século da era comum e não compreende as interpretações que são dadas à sua própria Torá enquanto ouve o rabino explicar que essa foi a lei dada ao próprio Moisés. As fontes judaicas de todos os tempos são o que chamou o filosofo Levinas de uma leitura infinita. Assim, também o leitor contemporâneo é convidado a participar da discussão, acrescentando seus pareceres e não apenas ouvindo e lembrando o que foi dito. Conclusão A memória judaica é vista como uma vontade, um esforço deliberado que se encontra nas nossas mãos porque de nós depende. A extensão, a profundidade, a altura do seu vôo, o significado e a função que cumprirá em nossas vidas. Somos responsáveis pelo que lembramos e pelo que esquecemos, e por como o fazemos e pelo quê fazemos com o que lembramos e esquecemos. A memória não é passado que prende, é um presente que nos permite enfrentar o presente com maior amplitude, ao tempo que presenteamos também os nossos antepassados e entes queridos ao outorgar-lhes um espaço em nossas vidas atuais. A forma de lembrar que propõe a experiência judaica, tanto na tradição ritual quanto no estudo das fontes, é a diferença entre viver no passado e fazer com que o passado viva em nós. É a diferença entre ser limitado pelo presente ou pelo passado, ou ser liberado e ampliado através deles.

28


VALORES JUDAICOS

“Agora somos escravos, no próximo ano seremos livres...” POR rabina Deby Grinberg Wajnberg

A hagadá de Pêssach relata a saída do Egito. Ao lê-la na noite do sêder, relatamos para nós mesmos, nossa família e amigos, nossa travessia de escravos a pessoas livres. Esta travessia envolve um aspecto físico e um aspecto espiritual. Um aspecto coletivo e um aspecto individual. Quem melhor descreve esta travessia é o rabino Avraham Itzhak haCohen Kook1: “Antes da chegada de Pêssach, procuramos o chamêts em nossas casas à luz de uma vela. Devemos procurar também o “chamêts” que se encontra em nossos corações, devemos buscar, limpar e nos desfazer da escravidão que se enraizou em nossas almas. Hoje nós temos, como povo, a força para distinguir entre a liberdade pura e verdadeira e a liberdade falsa e enganosa. Já que a liberdade falsa é pior que qualquer escravidão”. A cada ano, cada um de nós somos provocados, de forma individual e espiritual, a repensar as rotinas, os costumes e as inclinações que condicionam e limitam nossa liberdade de pensar, escolher e agir. A pequena luz da vela é somente uma metáfora para recordarmos que a busca do chamêts ocorre também dentro de nós. Esta é a primeira travessia que devemos percorrer no difícil caminho de escravos a libertos: sermos senhores de nossas posses materiais, nossos avanços tecnológicos e nossas ambições, não o contrário. Este processo de limpeza do chamêts em nossas vidas não será completo se não ocorrer também no nível coletivo. Está escrito no livro de Shemót (Êxodo): “Ao estrangeiro não oprimireis, porque fostes estrangeiros na terra de Egito”. É por causa do nosso passado que devemos ser mais sensíveis ao sofrimento alheio, mais responsáveis na luta para que ninguém, nunca mais, seja explorado nem escravizado, cuidando dos direitos e liberdades de todo ser humano. A sociedade israelense, hoje, debate a questão dos mais de 300 mil africanos sudaneses morando em Israel. Como devem ser tratados? Como imigrantes ilegais? Como refugiados? Todo país deveria se preocupar em abolir suas próprias escravidões: a prostituição, o trabalho infantil, a prejuízo salarial de mulheres, por seu gênero, entre outras. Todos nós somos parte desta travessia coletiva, procurando aquilo que deve ser modificado em nossa comunidade e em nosso país. Devemos ser mais sensíveis frente a estas liberdades aparentes, já que elas são piores que escravidão. Só conseguiremos dar uma resposta comprometida com a procura da liberdade, se realizarmos primeiramente um “ticún adám” para então realizar o ticún olám; se nos aprimorarmos como pessoas para então fazermos o mundo melhor. Chag Pêssach Samêach! 1. 1865-1935 primeiro rabino ashkenazi da terra de Israel. Rabino, pensador, ortodoxo e sionista, um dos fundadores do sionismo religioso.

29


JUVENTUDE • IAD BEIAD

Descoberta e crescimento em Israel

Foto: Debora Rottmann

POR André Wajnberg sheliach da CIP

30

O Iad beIad é uma viagem para Israel que buscar ser mais uma das importantes peças do processo de desenvolvimento de jovens lideres judeus promovidas pela Congregação. Há cada dois anos, um grupo de aproximadamente 40 jovens de todos os movimentos juvenis da CIP viajam para três semanas de aprendizado, vivências e emoções que fortalecem sua identidade judaica e os levam a crescer como seres humanos conscientes de suas responsabilidades no mundo onde vivem. Cada dia do programa é dedicado a uma aula temática que se liga à história de Israel, do história do povo judeu, da religião e da cultura judaica e de Israel atualmente. A partir da visita a diferentes lugares históricos, e do encontro com personalidades e representantes da sociedade israelense, os jovens de 15 e 16 anos recebem conteúdos e, de forma estudada, os transformam em valores que dialogam com suas realidades. É uma viagem, mas não é passeio. Os nossos jovens não foram turistas em Israel, foram descobridores de como o nosso passado pode e deve dialogar com o presente. Foram testemunhas de que o Estado de Israel vive diferentes desafios e que o que acontece lá nos toca diretamente como judeus da diáspora. Toda esta riqueza de programa só foi possível graças à participação intensa de nossos rabinos (neste ano, os jovens tiveram a companhia do rabino Ruben Sternschein), ao excelente trabalho de Debora Rottmann e Ricardo Kluger, madrichim de nossos movimentos que acompanharam todas as etapas do projeto; e à participação dos jovens. que souberam aproveitar e desafiar os educadores em cada nova descoberta. Eu, como sheliach e moré derech, dirigi e guiei o grupo durante toda a viagem. “Descobri que cada passo em Israel se torna especial pelo significado que você dá a ele, e foi isso que a viagem do Iad beIad me proporcionou: me deu a oportunidade de me emocionar com cada pedra, com cada vista, com cada história”, comentou a madrichá Debora. “Foram tantos os episódios que aconteceram no mesmo território, é tanto conhecimento a ser entendido, aprendido e absorvido. Acredito que esse tenha sido a principal mudança em mim, no restante da tzvet e, principalmente, nos chanichim: absorvemos o que vimos e o que sentimos. Tenho certeza de que essa experiência não se apagará com o tempo, estará guardada conosco até o fim”.


Escola Lafer

Entender o passado para garantir o futuro POR Andrea Kulikovsky diretora de Ensino Olhar para o passado, aprender com ele e conectar esse aprendizado com o nosso presente. É assim que a Escola Lafer da CIP entende garantir o futuro judaico de nossas famílias, preservando, desta forma, a Congregação de amanhã. Trabalhamos intensamente para fazer com que esta experiência seja cada vez mais significativa e profunda para nossos alunos e seus familiares. Partindo desse propósito, desde o início do ano voltamos a atender alunos de faixas etárias menores com cursos de judaísmo. Pequenos grupos, com alunos de quatro anos em diante, iniciaram seus estudos judaicos em fevereiro e o número de inscritos aumenta a cada dia. Estamos muito felizes por poder atender essas famílias dentro e fora da CIP, apresentando chaguim e tradições judaicas aos nossos pequenos com um programa moderno, atual e compatível com a linha religiosa da Congregação. Buscando nos aprimorar cada vez mais, o planejamento para os jovens bnei mitsvá (preparação para Bar e Bat Mitsvá) também foi reformulado. Focamos no ensino da história, da tradição e, principalmente, da liturgia judaica, e o faremos com metodologia dinâmica e participativa, incluindo a colaboração e a interação de todos os envolvidos no processo. Nossos alunos compreendem o passado, internalizam nossas tradições e costumes e aprendem a transportar esses conhecimentos para os dias de hoje de forma relevante para eles e para suas famílias. Desta forma, não somente aprendem o judaísmo, mas o transferem para os nossos dias, transformando-o em ações com significado e pertinência. Ainda dentro desta perspectiva - mostrar o passado, apresentar a história, trazê-la para o presente e enxergar o futuro - foi desenvolvido o projeto CIP Baaretz, uma viagem familiar para Israel com programação elaborada conjuntamente pelos departamentos de Ensino e Juventude da CIP. Nele, as famílias serão apresentadas a lugares históricos, onde conviverão um pouco com nosso passado, visitarão modernos projetos de tecnologia para conhecer o presente em Israel e participarão de atividades educacionais, que permitirão ao grupo, além de diversão, muita integração e aprendizagem. Será de fato uma experiência riquíssima para as famílias e para a Congregação. Conhecer e entender o passado - história, tradição e liturgia. Conseguir fazer dele uma ponte de significado e pertinência para os dias atuais. Enxergar o futuro do judaísmo. Estes são os pilares que sustentam a linha educacional da Escola Lafer da CIP. É assim que trabalhamos para garantir o hoje e o amanhã do judaísmo, em parceria com as famílias que constituem a nossa congregação.

31


COM A PALAVRA

Museu Judaico de São Paulo: guardião da memória dos judeus no Brasil

POR Dr. Sergio D. Simon, médico oncologista e presidente do Museu Judaico de São Paulo

32

Encontra-se em fase de construção o futuro Museu Judaico de São Paulo (MJSP), que será localizado no antigo Templo Beth El, na esquina das ruas Avanhandava e Martinho Prado, no Centro da cidade. Por décadas uma das mais influentes comunidades judaicas de São Paulo, a sinagoga foi construída a partir de 1929 sobre a então nascente Avenida 9 de Julho, tendo sido inaugurada em 1932. Nas últimas 2 décadas, entretanto, a área do centro foi sendo paulatinamente abandonada pela comunidade, e o Templo Beth El seguiu um trajeto de esvaziamento progressivo, com a comunidade agora instalada em Higienópolis, Jardins e Morumbi. O convênio entre o Templo Beth El e o Museu Judaico permitirá manter viva a memória deste importante centro do judaísmo paulista, servindo ao mesmo tempo de guardião da memória judaica em terras brasileiras ao longo destes mais de 500 anos desde o descobrimento. Muitas pessoas associam o judaísmo brasileiro à emigração do século 20, motivada inicialmente pelos pogroms russos e depois pelo Holocausto, terminando com a expulsão dos judeus dos países árabes. Mas a história judaica nestas terras iniciou-se bem antes, já no próprio descobrimento do Brasil pelos portugueses. Estima-se que inúmeros dos primeiros habitantes da terra eram cripto-judeus portugueses fugindo das garras da Inquisição, como Gaspar da Gama e Fernando de Noronha, para citar apenas dois dos mais conhecidos. O período colonial contou sempre com significativa presença judaica nestas terras, sempre sob a mira implacável da Inquisição. Um certo alívio foi trazido, temporariamente, pelos invasores holandeses, que em Pernambuco permitiram - e de certa


maneira estimularam - a presença de judeus portugueses em Recife. A vinda da corte imperial para o Rio de Janeiro também foi acompanhada da vinda de judeus, principalmente no reinado de Dom Pedro II, que acabou por tornar-se ele mesmo, através de seus estudos de hebraico, amigo da comunidade judaica carioca. E desde o início do séc. 19 os judeus marroquinos acorreram aos milhares à região amazônica, lá escrevendo uma das sagas mais emocionantes da história do judaísmo brasileiro. Todos estes fatos têm que ser preservados e disseminados pela sociedade brasileira, e a guarda desta memória é importante para todos, judeus e não-judeus. O cataclisma da Shoá, entretanto, foi o maior desafio à sobrevivência do povo judaico em toda sua história. O Brasil participou ativamente do Holocausto, seja por sua política externa inicialmente anti-imigração judaica, seja pelo recebimento de milhares de refugiados que aqui foram bem aceitos e prosperaram, seja pela interação com os criminosos nazistas que aqui encontraram, durante muitos anos, refúgio seguro. É importante, entretanto, estarmos cientes hoje em dia de que a era dos sobreviventes do Holocausto está em sua fase final: estão quase todos mortos e dentro de poucos anos nossos filhos e netos não terão conhecido ninguém que passou pela guerra e pelo genocídio nazista. Esta é uma outra memória que a comunidade judaica, através do seu Museu, tem que perpetuar para as futuras gerações, e uma área específica do Museu está sendo construída com esta finalidade. Assim, o moderno Museu Judaico de São Paulo, será um guardião zeloso de todas estas memórias: da judia que desembarcou em Santos vinda da Turquia, do sobrevivente de Auschwitz que chegou ao Bom Retiro para refazer sua vida, do jovem marroquino que em meados do século 19 fundou uma sinagoga em Cametá, no interior do Pará, da família de Alepo que chegou ao Brasil em 1965 e aqui prosperou. São memórias multifacetadas de um povo que faz parte integral da história do Brasil, e que estarão eternizadas nas exposições e nos projetos educativos do Museu Judaico de São Paulo.

Para saber mais sobre o projeto, que tem como objetivo resgatar, preservar, pesquisar e expor as tradições religiosas, a história, a arte e a cultura judaicas através de exposições e ações sócio-educativas. Visite o site www.museujudaicosp.org.br.

33


ESPECIAL • Genealogia

Memória judaica E GENEALOGIA Saiba como, através dos tempos, a comunidade judaica sempre se preocupou com sua linhagem e história.

POR moré Theo Hotz coordenador do Depto. de Culto

Já no início da Torá, encontramos o primeiro relato genealógico de nossa tradição: “Este é o livro das gerações do homem: Adám gerou a Shet e Shet gerou a Enósh; Enósh gerou a Kenán e Kenán gerou a Mehalêl; E Mehalêl gerou a Iéred (...)“ – Gn 5. O texto prossegue até Nôach, que tem sua história contada. Talvez fosse apenas um fato singular, mas a Torá retoma o tema, narrando as gerações após Noé até chegar a Avrahám. E dedica inúmeros versos para narrar a genealogia de Avrahám, Itzhak e Yaacóv até Moshé. E assim, o que parecia ser apenas um recurso textual se transforma em estilo literário bíblico. Em vários livros do Tanach encontramos referências genealógicas. Na Meguilá podemos ler: “Em Shushán havia certo judeu chamado Mordechai, filho de Yaír, filho de Shimí, filho de Kish, da tribo de Biniamín, que fora transportado de Jerusalém com os exilados de Nabucodonosor” Ester 2:5-6. O culto à ascendência genealógica tornou-se tão natural para nós, que a Amidá se inicia com a frase “bendito é o Eterno, nosso Deus e Deus de nossos antepassados; Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó“. Também o nome religioso

34


judaico segue a fórmula ”fulano (a) filho (a) de fulano e fulana”. Sempre carregamos nossos nomes junto com os nomes de nossos ancestrais. O judaísmo prescreve a escrita de documentos como a ketubá ou o guêt. Hoje emite-se documentos para todos os ritos judaicos. A matsevá se torna o documento eterno, escrito em pedra, simbolizando a eternidade da alma. Nela, mantêm-se vivos o nome e a memória daquele que se foi, junto com o nome de seus pais. Por isso, cada judeu deve preservar suas documentações religiosas e civis em um lugar conhecido e seguro. A história e a memória são feitas a partir delas, e sua manutenção é de responsabilidade pessoal de cada judeu, de cada família. Há muitos projetos, como JewishGen ou MyHeritage que se dedicam a ajudar famílias a reconstruir suas árvores genealógicas e, assim, recompor parte importante de sua história e memória. No Brasil, o projeto Árvore Judaica, idealizado por Franklin Kuperman, há mais de uma década compila dados sobre a coletividade judaica, já somando mais de 120 mil nomes em uma única árvore genealógica! A coleta de dados é feita pela equipe Árvore Judaica sempre que alguém os procura para construir sua árvore familiar. Com as documentações em mãos, a equipe utiliza ferramentas genealógicas específicas, pesquisando elos familiares para incluir a pequena árvore em uma árvore maior. Os dados são armazenados em seu banco de dados Family Tree, que pode ser acessado mediante solicitação. A preservação da memória judaica passa pela genealogia e, neste sentido, o projeto Árvore Judaica presta um valioso serviço para a comunidade. Para iniciar a construção de sua árvore e inseri-la na árvore maior, ou para se tornar um colaborador voluntário do projeto, entre em contato através dos e-mails fkuperman@arvorejudaica.com.br ou gabriela.rottgen@arvorejudaica.com.br, e mantenha viva a memória de nossa comunidade.

35


ESPECIAL • Relações Institucionais

Compromisso com o judaísmo

E COM OS JUDEUS O diálogo, a promoção dos valores judaicos e o bom relacionamento com outras entidades religiosas e com autoridades políticas sempre foram para os dirigentes da CIP importantes ferramentas contra a intolerância e o antissemitismo. O início de 2014 foi marcado por exemplos dessas práticas, com a visita da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil e do cônsul geral da Alemanha em São Paulo, além da participação da Congregação em dois importantes eventos por ocasião do Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto. A Congregação teve o privilégio de ser a primeira entidade judaica paulistana a receber em sua sede a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde. No encontro foram abordados, entre outros temas, a relação Brasil-EUA e a proximidade dos judeus e de Israel com os americanos. Na oportunidade, o rabino Michel Schlesinger apresentou os avanços recentes obtidos no diálogo inter-religioso no Brasil, particularmente com a Igreja Católica. Além do cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Dennis Hankins, participaram do encontro o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg; o vice-presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Ricardo Berkiensztat; o presidente da CIP, Sergio Kulikovsky, os rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternschein; a vice-presidente de Relacionamento com o Sócio da entidade, Tatiana Kulikovsky; e eu, como diretora de Comunicação e MKT da Congregação.

Fotos: Luciney Martins

POR Laura Feldman diretora de Comunicação e MKT

36


A boa relação e proximidade com os órgãos consulares alemães têm bastante significado para a CIP, que foi fundada por refugiados do regime nazista. A amizade da Congregação com o consulado alemão vem de longa data e é marcada por respeito e confiança mútua. O cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Friedrich Däuble, e sua esposa participaram em janeiro de um serviço de Shabat na sinagoga Etz Chaim. Sempre próximo da comunidade judaica paulistana, o governo alemão assinou no último ano um importante acordo de apoio com o Museu Judaico de São Paulo e, através de seu consulado, contribuiu com a reforma do espaço físico da biblioteca da CIP – que possui relevantes obras sobre o judaísmo alemão. Memória Marcando o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, foi realizada, pela primeira vez na história da Catedral da Sé, uma missa dominical pela memória das vitimas da Shoá. O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, que conduziu a cerimônia, pediu licença aos fiéis para deixar de lado a liturgia dominical e se dedicar exclusivamente à homenagem. Em um dos momentos mais emocionantes, os rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternschein leram, em hebraico e português, o Cadish dos Enlutados. O evento contou com a presença do cônsul-geral de Israel em São Paulo, Yoel Barnea, do diretor da FISESP, Raul Meyer, e outros líderes e integrantes da comunidade judaica, como George Legmann, sobrevivente do Holocausto, o presidente da CIP, Sérgio Kulikovsky, a vice-presidente de Relacionamento com os Sócios, Tatiana Kulikovsky, e Bruno Laskovsky e Ricardo Berkiensztat, da Fisesp. O Palácio dos Bandeirantes também sediou evento pela memória das vítimas do regime nazista. A sede do governo paulista recebeu a comunidade e seus representantes para o evento organizado pela Conib e pela Fisesp com o apoio da CIP. O ato solene contou com a presença do então Presidente da República em exercício, Michel Temer, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do senador Aécio Neves e de outras autoridades.

37


GIRO

360 GRAUS POR Guita Feldman

Queda do antissemitismo Incidentes antissemitas na Grã-Bretanha caíram em cerca de 1/5 em 2013 em quase todas as categorias, como em escolas, sinagogas, propriedades judaicas ou campos universitários. Em Londres, houve uma queda substancial, com 23% menos incidentes registrados. “Qualquer queda no número de incidentes antissemitas é digna de comemoração. Relatar incidentes à Community Security Trust e à polícia para que possamos oferecer o auxílio necessário é importantíssimo.”, comentou o diretor de comunicações da CST, Mark Gardner.

Preservação da Memória A prefeitura dos Açores, a oeste de Lisboa, lançou um projeto para restaurar a sinagoga mais antiga do País, Sahar Hassamain. A restauração do templo, fundado no início do século 19, custará cerca de 215 mil euros e será financiada por órgãos da União Europeia dedicados à preservação de monumentos históricos. Após a reforma, o local se tornará um museu para preservar a memória da presença judaica nos Açores.

38


Você

?

sabia ... POR Theo Hotz coordenador do Departamento de Culto, baal corê e moré da Escola Lafer

Culinária Vegan De acordo com a escritora, crítica e chef Ori Shavit, do site Vegans on Top, Israel, lugar classificado por muitos como de improvável interesse na culinária vegetariana, mostra-se bastante adepto à essa revolução alimentar. A mudança, segundo Shavit, é impulsionada pelos crescentes desafios em relação à longevidade e à saúde, além da questão do bem-estar animal.

Apesar dos troncos judaicos mais conhecidos serem os Ashkenazim (cujos ancestrais medievais eram do centro e do leste da Europa) e os Sefaradim (cujos antepassados eram provenientes da Península Ibérica), existem outros grupos. Mizrachím: judeus do Oriente Médio. Há judeus no Irã e no Iraque desde a época da queda do 1º Templo (há 2600 anos). Teimaním: no Iêmen (Teimán, em hebraico), o judaísmo é bastante específico e bem diferente do judaísmo mizrachí. Magrebím: judeus do norte da África (Marrocos, Tunísia e Egito). Estão na região desde a expansão helenista de 2300 anos atrás. Italkím: enraizados na península itálica desde a época do Império Romano. E os judeus árabes? São sefaradím? Com a expulsão da Espanha (1492), a conversão forçada de 1496 e a instalação da Inquisição em Portugal (1536), começou uma grande imigração de judeus que tinham condições de fugir de Portugal. Os sefaradím se espalharam pelo Mediterrâneo (África, Itália, Grécia, e Turquia), pela Holanda, pelos países árabes, e também pelas Américas, sendo absorvidos pelas comunidades nativas destes locais (exceto nas Américas). Estes sefaradím recém-chegados também influenciaram os judeus nativos, sobretudo na prática religiosa. Por isso chamamos os judeus árabes de sefaradím, embora não seja correto historicamente.

39


ENTREVISTA

Aprender, compreender

E APROXIMAR A MORÁ CECILIA BEN DAVID, COORDENADORA PEDAGÓGICA DO CENTRO DA CULTURA JUDAICA, FALA COM EXCLUSIVIDADE PARA A REVISTA DA CIP SOBRE O PAPEL DO CCJ COMO FOMENTADOR DA CULTURA E DA TRADIÇÃO JUDAICA E COMO FACILITADOR DA APROXIMAÇÃO DOS JUDEUS COM POR Andréia Hotz editora da Revista da CIP

A COMUNIDADE BRASILEIRA MAIOR E COM OUTROS GRUPOS RELIGIOSOS E CULTURAIS.

Revista da CIP • O que motivou a criação do Centro da Cultura Judaica? Cecilia Ben David • O Centro da Cultura Judaica, anteriormente conhecido como Casa de Cultura de Israel, comemora, em 2014, 50 anos de existência. O Sr. Leon Feffer Z’L imaginou um local onde quem tivesse interesse pudesse participar de aulas de hebraico. Era como um anexo do Consulado, para tudo o que o órgão não podia oferecer. Ele era Cônsul Honorário, inclusive. Criou-se assim a Casa de Cultura de Israel, que oferecia cursos de língua hebraica e dava apoio ao lançamento de livros e a outros eventos de interesse da comunidade e do Consulado. Sempre voltado para a cultura. Após 40 anos, a Casa de Cultura tornou-se o Centro da Cultura Judaica. A Prefeitura de São Paulo doou um terreno para a construção da sede do projeto, que foi finalizada em 2003 com a contribuição de várias empresas, de dentro e fora da comunidade. O edifício foi desenhado pelo arquiteto Roberto Loeb com a ideia de ser como uma Torá aberta para a cidade de São Paulo, acompanhando o objetivo do projeto do CCJ de abrir a cultura judaica para toda a sociedade.

40

RC • Qual o objetivo principal do CCJ? CBD • A intenção maior é esclarecer, desmistificar alguns conceitos equivocados que a comunidade maior, por vezes, tem do judaísmo e do próprio judeu. E também promover a aproximação entre não apenas judeus e cristãos, mas entre a comunidade e os demais grupos que formam a sociedade brasileira. Anteriormente um espaço para a cultura e a educação judaica, hoje o CCJ também se preocupa em manter-se próximo da comunidade brasileira maior e de outros grupos religiosos e culturais. Além de atividades voltadas para a inter-religiosidade, temos uma importante parceria com a Cátedra de Cultura Judaica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC. Promovemos cursos para a área de Teologia da universidade, com aulas sobre hebraico bíblico, cultura, história e festas judaicas, e história do antissemitismo. RC • Como o CCJ trabalha a questão da inter-religiosidade? CBD • Além da abrir nossas atividades e cursos para o público não judaico, e nos esforçar para que todos sintam-se sempre bem-vindos, alguns eventos de aproximação com esse público já são tradicionais no CCJ. Um deles é o Sêder de


Pêssach inter-religioso promovido em nossa sede para cerca de 120 convidados de diversos grupos religiosos e culturais. No último ano, por exemplo, convidamos formadores de opinião de cada comunidade, e estiveram conosco, além dos representantes religiosos, como padres e freiras da Igreja Católica, bispos e pastores de igrejas evangélicas e protestantes, e representantes do islamismo, do budismo e do candomblé, membros do Consulado de Portugal e da comunidade portuguesa em São Paulo. A liturgia do sêder é seguida e todos leem partes da hagadá e falam sobre o conceito de liberdade. Em todas as mesas, o pessoal do Centro da Cultura Judaica faz com que os convidados sintam-se próximos do significado da festa, explicando as partes da liturgia - todas as etapas do jantar são explicadas e contextualizadas - e facilitando a aproximação entre os membros de cada grupo. Mais do que um centro de disseminação de cultura e tradição judaicas, o CCJ funciona como um facilitador entre os grupos religiosos e culturais através da promoção do conhecimento e do entendimento mútuo. O que afasta as pessoas é a ignorância. RC • Há algum sentido sionista no trabalho do CCJ? CBD • Nosso trabalho tem, sim, um caráter sionista. Assumimos a responsabilidade de, através de nossas atividades, conscientizar a sociedade maior sobre o que realmente é Israel, uma vez que a maior parte das informações são trazidas pela imprensa que, em geral, gosta de definir papéis: o de mocinho e o de bandido. Infelizmente, o país nem sempre tem uma posição favorecida nesse jogo. Anualmente o CCJ promove uma concorrida viagem para Israel. É uma atividade pluralista, com participação de pessoas de diversas religiões. Visitamos todos os lugares sagrados para judeus e cristãos, e, apesar de não conseguirmos entrar, mostramos as mesquitas também. Queremos apresentar aos participantes um pouco do dia a dia israelense, da cultura, da política, da sociedade. E eles voltam para o Brasil com uma impressão totalmente transformada sobre o que é Israel. RC • Como o Centro da Cultura Judaica se preocupa com as futuras gerações? CBD • O CCJ quer alimentar as crianças e suas família com os valores judaicos. Queremos instigar nas crianças judias o orgulho por nossa cultura, tradição e religião através das inúmeras oficinas e atividades voltadas para esse público. E, quanto às crianças de outras grupos culturais religiosos, queremos, a partir da promoção desse conhecimento, diminuir as diferenças e aproximá-los.

Em parceria com o Governo de São Paulo, recebe 320 adolescentes por semana de escolas estaduais, municipais e também de algumas escolas particulares. Nossa intenção é que, ao final de cada visita, eles saiam com, pelo menos, um conhecimento adquirido: ou algo referente à língua hebraica, que a Torá é o livro sagrado dos judeus, que D. Pedro II falava hebraico, que Israel é um país muito pequeno mas que fornece tecnologia para o mundo todo, ou qualquer coisa relevante e que seja levada também para as casas, para as famílias. Os temas de cada visita são definidos pelo Centro da Cultura Judaica, fazendo com que o conteúdo complemente, de alguma maneira, as aulas recebidas na escola. E o CCJ apresenta o assunto sempre de forma lúdica, através de filmes, visitas a exposições ou oficinas de artes. Mas o que liga os dois tipos de trabalho – com adolescentes judeus e não judeus - é a ideia de que o conhecimento é a melhor ferramenta para construir um futuro melhor. Despertar o interesse e o respeito, é esse o nosso propósito. RC • Como o trabalho realizado pelo CCJ se aproxima da prática do Ticun Olam?

41


ENTREVISTA

CBD • A educação transforma o mundo e nos dá a chance de construir um futuro melhor, de entendimento, e voltado para a paz. Quando nos esforçamos para diminuir as distâncias entre os judeus e os demais grupos de nossa sociedade, agimos de acordo com o Ticun Olam. Nos preocupamos em ajudar nossos alunos e frequentadores a encontrar sentido nos valores judaicos e a fazer sua parte para fazer do mundo um lugar melhor. RC • Quais são os cursos e atividades mais procurados? CBD • Cultura judaica, hebraico - que tem cerca de 200 alunos matriculados -, atividades sobre Cabalá e mística judaica, como, por exemplo, os encontros com o rabino Nilton Bonder, e as danças folclóricas israelenses. As palestras também chamam bastante a atenção do público. O Ciclo de Palestras Israel e o Mundo, realizado em parceria com a Conib no último ano, por exemplo, contou com a participação de cerca de 650 pessoas. Nosso intuito é continuar trazendo profissionais experientes que falem sobre temas interessantes e que atraiam todo tipo de público. Para este evento em específico, Israel e o Mundo, nosso alvo era jovens universitários da área de relações internacionais. Judeus e não judeus.

42

E para continuar oferecendo esses conteúdos, a gente precisa da adesão da comunidade judaica. Trabalhamos muito para trazer sempre conteúdos interessantes para a comunidade. É algo muito importante para nós. Eu consigo ver dois caminhos para o Centro da Cultura Judaica: o de apresentar o judaísmo para quem não conhece, e o de aprofundar o conhecimento de quem já o tem e quer continuar aprendendo. Dois caminhos para o mesmo propósito, o de promover a educação. RC • Para 2014, qual o principal objetivo do Centro da Cultura Judaica? CBD • Nossa meta é fazer com que o CCJ se torne o centro do saber judaico. Todas as nossas ações estão voltadas para isso e todas as nossas atividades estão ligadas ao judaísmo, cujo aspecto é obrigatório em todas as ações que desenvolvemos. Queremos que a comunidade judaica saiba disso e aproveite todas as opções de cursos, palestras, shows, mostras e oficinas. Desejamos continuar promovendo o judaísmo através de vários caminhos - educação, cultura, viagens, gastronomia -, e sendo o ponto de encontro cultural e social de toda a comunidade judaica.


PENSAMENTO JUDAICO na Torá, no Talmud, na Filosofia e na Cabala

Programe-se para os próximos encontros

Sexo e paixão nas vidas dos pensadores do Talmud Venha se surpreender e aprender sobre estes aspectos coloridos e inesperados de nossas fontes

Quintas-feiras, às 19h, após o Arvit com o rabino Ruben Sternschein

BR

Fique por dentro de nossa programação: cipsp ou www.cip.org.br

Anúncio M I H C U

M I BA

HA

SE N E L AE A CIP A CIP abre suas portas para R S I D NÇA

DA E D NA

I

Informações: 2808-6299 ou secretaria@cip.org.br

TO A R MA

realizar a primeira edição de sua maratona de dança israelense, com apresentações dos grupos de dança de todas as instituições judaicas de São Paulo, além de harcadot abertas para todos.

12 DE ABRIL, sábado, das 19h30 à meia noite Informações: 2808-6214 ou danca@cip.org.br

Fique por dentro da programação da CIP: cipsp ou www.cip.org.br


AOS AOS AOS PARCEIROS PARCEIROS PARCEIROS EE AMIGOS E AMIGOS AMIGOS QUE QUE QUE APOIARAM APOIARAM APOIARAM AA PRÉ-ESTREIA A PRÉ-ESTREIA PRÉ-ESTREIA AOS AOS AOS PARCEIROS PARCEIROS PARCEIROS EE AMIGOS E AMIGOS AMIGOS QUE QUE QUE APOIARAM APOIARAM APOIARAM AA PRÉ-ESTREIA A PRÉ-ESTREIA PRÉ-ESTREIA AOS AOS AOS PARCEIROS PARCEIROS PARCEIROS EE AMIGOS E AMIGOS AMIGOS QUE QUE QUE APOIARAM APOIARAM APOIARAM AA PRÉ-ESTREIA A PRÉ-ESTREIA PRÉ-ESTREIA

EM EM EM PROL PROL PROL DO DO DO LAR LAR LAR DAS DAS DAS CRIANÇAS CRIANÇAS CRIANÇAS DA DA DA CIP CIP CIP EM EM EM PROL PROL PROL DO DO DO LAR LAR LAR DAS DAS DAS CRIANÇAS CRIANÇAS CRIANÇAS DA DA DA CIP CIP CIP EM EM EM PROL PROL PROL DO DO DO LAR LAR LAR DAS DAS DAS CRIANÇAS CRIANÇAS CRIANÇAS DA DA DA CIP CIP CIP PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO PATROCÍNIO

DOADORES DOADORES DOADORES ANÔNIMOS ANÔNIMOS ANÔNIMOS DOADORES DOADORES DOADORES ANÔNIMOS ANÔNIMOS ANÔNIMOS DOADORES DOADORES DOADORES ANÔNIMOS ANÔNIMOS ANÔNIMOS APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO

REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO REALIZAÇÃO


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.