Revista da CIP

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REVISTA DA

NOV • DEZ 2014 CHESHVÁN • KISLÊV • TEVÊT 5775

CHANUCÁ: TRANSFORMAR E EVOLUIR

BALANÇO 2014


Que saibamos enxergar o milagre em nosso dia a dia

SACOLINHAS DE CHANUCÁ Lar das Crianças da CIP

Doe até o dia 5 de dezembro um kit com roupas, brinquedos ou materiais escolares.

Tefilá seguida de acendimento das velas e deliciosos sufganiót Informações: 2808.6299 ou chanuca@cip.org.br www.cip.org.br

www.sacolasdechanuca.com.br

/cipsp


PRESIDÊNCIA

Caros associados Já estamos em Chanucá e no final do ano fiscal. É um momento intenso na CIP, quando estamos planejando nossas atividades do ano que vem levando em conta um orçamento finito e fazendo escolhas importantes. Por isso escolhemos o tema “balanço” nesta edição. Continuaremos priorizando o Ensino e a Juventude, pois acreditamos cada vez mais que uma criança consegue trazer seus pais à sinagoga, mas que o contrário nem sempre ocorre. Na Juventude focamos em convergir as três tnuót, um de nossos grandes valores. São cerca de 800 jovens participando das atividades regulares, com as colônias, os acampamentos e machanót das próximas férias quase lotados. No Ensino, expandimos as idades de estudo, indo além da preparação para Bar e Bat-mitsvá. Temos cursos para crianças e jovens dos quatro aos vinte anos. Neste ano trouxemos a rabina Deby Grinberg para coordenar o ensino e, com o sheliach André Wajnberg, seu marido e coordenador da Juventude, conseguimos um alinhamento e uma convergência como poucas vezes tivemos antes. Trazer a rabina Deby para a CIP foi um passo polêmico em nossa Congregação. O Conselho, na aprovação de sua vinda, apreciou um documento do Culto descrevendo claramente as práticas religiosas de nossa instituição. Temos um judaísmo atualizado com os nossos tempos e este documento reflete estes desafios. E nossa atuação não poderia ser completa sem o trabalho desenvolvido pela Ação Social. Contratamos Aidê Firer como coordenadora geral do Lar das Crianças. Com apoio de um conselho consultivo atuante, diretoria, grupo de voluntários e jovens da CIP, acreditamos que Ticun Olam, “melhorar o mundo”, é prioridade e parte integral e indissociável de nossa identidade. Porém, não nos faltam dificuldades para o futuro. Apesar de termos uma gestão orçamentária rígida, continuamos com dificuldades financeiras. Nenhum serviço deixará de ser prestado a quem não puder contribuir, e a contribuição de cada um de nós é que permitirá à CIP existir no futuro. E em relação ao nosso balanço, concluímos que a Congregação precisa manter as suas atividades regulares visando sempre aprimorá-las, proporcionar à comunidade eventos culturais e com conteúdo, dar continuidade aos seus projetos sociais e, principalmente, investir na formação de novas lideranças que possam nos reenergizar. SÉRGIO KULIKOVSKY • PRESIDENTE

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EDITORIAL

Ritual de esperança As comemorações judaicas são, de uma maneira geral, a conjugação de um motivo histórico e da celebração de uma nova etapa da natureza. Será que a festa de Chanucá lembra somente a história dos macabeus e o jarro de azeite, ou também tem algum motivo ligado ao funcionamento do planeta? Segundo os estudiosos do judaísmo, existe um motivo ligado à celebração que foi esquecido com o passar dos anos: o solstício de inverno. A Festa das Luzes também marcava o dia mais curto do ano no hemisfério norte e o início do aumento das horas de luz a partir daquele instante. De acordo com esses pesquisadores, o ritual de acender uma vela a mais a cada dia pode ter se relacionado, no princípio, com o renascimento anual do sol. Na medida em que os dias iam se tornando mais longos, os judeus acendiam velas para celebrar esta transição. A comemoração de uma festa de luzes a partir do dia mais curto do ano ajudava a espantar a escuridão que assombrava o coração das pessoas. Enquanto muitos ficavam deprimidos e alimentavam sentimentos derrotistas, nosso povo se engajava em um ritual de esperança, coragem e luz. Esta é a última Revista da CIP de 2014. Sabemos que 2015 trará desafios e também motivos para celebrar. Que as chamas de Chanucá nos encorajem a levar uma vida de otimismo e que saibamos enfrentar os dias mais escuros acendendo uma vela e nos alimentando de sonhos. Rabino Michel Schlesinger

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PRESIDENTE Sérgio Kulikovsky

A Congregação Israelita Paulista dá as boas-vindas aos novos sócios

RABINATO Ruben Sternschein Michel Schlesinger

• Allan Davidson Tabacof e Paula Rabelo Sousa

VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO COM O SÓCIO Tatiana Heilbut Kulikovsky

• Ari Sadetsky e Carla Krashalni Sadetsky

DIRETORA DE COMUNICAçÃO E MARKETING Laura Feldman COLABORADORES DESTA EDIçÃO: Aidê Firer Andrea Kulikovsky Andréia Hotz Paula Barouchel Caracini Guita Feldman Heinz Cohen Ilana Joveleviths Lia Levin Mario Fleck Michel Schlesinger Ruben Sternschein Sérgio Kulikovsky Tatiana Heilbut Kulikovsky Theo Hotz

• André Teperman Pascowitch e Marcela Araujo Fongaro • Flavio Fogel e Tathiana Fighelstein Fogel • Hilton Barlach • Jeffrey Scott Hoberman e Lucila Ines Tehira • José Allan Levy e Nellisle Micaelly Ponte Alves Levy • Ronaldo Arkaden e Luciana Zugman Arkaden BRUCHIM HABAIM

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Andréia Hotz (MTB 61.981) MARKETING Simone Rosenthal PROJETO GRÁFICO jamcomunicacao.com FOTOS Arquivo CIP e Shutterstock Esta é uma publicação da Congregação Israelita Paulista. É proibida a reprodução total ou parcial de seu conteúdo. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião da CIP.

chazithanoarsp

FALE COM A CIP PABX: (11) 2808.6299 cip@cip.org.br Administrativo/Financeiro: (11) 2808.6244 Comunicação: (11) 2808.6228 Diretoria: (11) 2808.6257 Escola Lafer: (11) 2808.6219 Juventude: (11) 2808.6214 Lar das Crianças: (11) 2808.6225 Marketing: (11) 2808.6247 Rabinato: (11) 2808.6230 Relacionamento com o Sócio: (11) 2808-6258 Serviço Social: (11) 2808.6211

106 Curtidas chazithanoarsp Os peilim e chanichim de Amelim da Chazit Hanoar foram até o abrigo Minha Casa entregar para as crianças de lá os brinquedos que arrecadamos durante os sábados. Com certeza o Dia das Crianças, tanto o deles quanto o nosso, foi muito mais feliz e divertido. Like

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RADAR Ação e motivação POR Tatiana Heilbut Kulikovsky

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GASTRONOMIA Latkes Doce POR Andrea Kulikovsky

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LAR DAS CRIANÇAS Igualdade de desafios e oportunidades POR Aidê Firer

24 AÇÃO SOCIAL Práticas e reflexos para a comunidade POR Paula Barouchel Caracini

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RABINATO A vitória dos gregos POR rabino Michel Schlesinger


34 ESCOLA LAFER Crescer, compartilhar, aproximar POR Andrea Kulikovsky

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RABINATO Contrastes: novas luzes e sombras que revelam Chanucá POR rabino Ruben Sternschein

36 ESPECIAL Das trevas à luz. E às trevas. E à luz novamente. POR Theo Hotz

32 DANÇA Dança israelense e Ticun Olam POR Lia Levin

38 COM A PALAVRA Apoiar e fortalecer a comunidade POR Mário Fleck

e mais... 12 14 16 21 31 40 42

CULTO PROGRAME-SE ACONTECE PARALELOS JUVENTUDE GIRO JUDAÍSMO


RADAR

AçÃO E MOTIVAçÃO POR Tatiana Heilbut Kulikovsky vice-presidente de Relacionamento com o Sócio Em 2014 a CIP realizou inúmeras atividades pensando não apenas em seus associados, mas também em toda a comunidade judaica paulistana. Além da celebração dos chaguim, a Congregação ofereceu atividades e conteúdos diversos para toda a família. Foram realizadas palestras, atividades culturais e educativas, pré-estreias e cursos. Sempre com conteúdos alinhados com as áreas religiosa, social e de juventude, que participam ativamente das decisões e realizações da instituição. A maioria dos eventos promoveu campanhas sociais, tais como: • em Purim: matanot laevionim - arrecadação para o Lar das Crianças da CIP • em Pêssach: Kimcha de Pischa - campanha social para participação no Sêder de Pêssach na Congregação • em Shavuót: Ticun e Solidariedade não tem religião – campanha de apoio aos imigrantes haitianos • Pé Quente de arrecadação de agasalhos, tênis e material escolar para as crianças do Lar • em Sucót: arrecadação de brinquedos em prol do projeto Vida Chai • em Chanucá: Sacolinhas de Chanucá - arrecadação de kits com material escolar, roupas ou brinquedos para as crianças e jovens do Lar Investindo também no público interno da CIP, foi ministrado o curso “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, com o facilitador Gary Schulze. Para 2015, a diretoria da Congregação espera contar ainda mais com sua participação. E, para tal, precisa estar a par de suas opiniões e sugestões. Entre em contato através do Fale Conosco no site da CIP para estarmos em sintonia com você (www.cip.org.br/faleconosco). E, para acompanhar o dia a dia e as atividades e ações realizadas pela instituição, visite o site www.cip.org.br, siga o perfil @cipsp no Twitter e curta a página da CIP no Facebook (facebook.com/cipsp).

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A CIP EM nÚMEROS Além dos já tradicionais eventos sobre cada chag e as atividades regulares de cada departamento, o 2014 da CIP foi repleto de ações e de projetos especiais, o que reafirma o papel da instituição como ponto de encontro da comunidade e polo de judaísmo em São Paulo.

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CONTEÚDO Convidados especiais

Milton Blay • Clarice Niskier • Rachel Elior Joshua Holo • Demétrio Magnoli

eventos

em 2014

ATIVIDADES POR ÁREA

quase um por semana

EVENTOS COM MAIS PÚBLICO

NA CIP

FORA DA CIP

CIRCO DE PURIM

PRé-estrEIa ÓPERA CARMEN

600

participantes

980

CONVIDADOS PRÉ-ESTREIA DO DOCUMENTÁRIO HENRY SOBEL, LUZ E SOMBRAS DE UM RABINO

500

PRé-estrEIa COMéDIA MEU DEUS

Institucional Ação social Juventude Ensino Culto

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TIPOS DE ATIVIDADE

aprimoramento pessoal e conhecimento

cultura e diversão calendário assistência atividades judaico social familiares

500

CONVIDADOS

CONVIDADOS BRUCHIM HABAIM (maratona de dança israelense)

DIÁLOGOS: O QUE ENSINAM O ISLÃ E O JUDAÍSMO SOBRE A PAZ

participantes

PARTICIPANTES

450

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TSEDACÁ

uma campanha a cada dois meses

INTER-RELIGIOSIDADE MAIS DE DEZ ENCONTROS, PALESTRAS E BATE-PAPOS

MESES COM MAIS ATIVIDADES E EVENTOS OUTUBRO 10 AGOSTO 8 MAIO 8 9


Matrículas abertas para jovens que farão Bar e Bat-mitsvá em 2016 • 2017

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DURAÇÃO: • alunos de escolas judaicas: 1 ano • alunos de escolas não judaicas: 2 anos

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Conteúdos, materiais e recursos atualizados, trabalhados por equipe multidisciplinar, contando com a presença ativa do rabinato da CIP.

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PREPARAÇÃO PARA BAR E BAT-MITSVÁ: • Hebraico, Tefilá, Tanach, Ciclo da Vida Judaica • Festas, História, Vivências práticas das Tradições • Viagem de pais e filhos

Início das aulas fevereiro de 2015

KTANIM 2015

Escola Lafer, um jeito moderno de ensinar tradicao

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Informações e matrículas: escolalafer@cip.org.br • 2808.6219 10

Para crianças de 4 a 10 anos. Supervisão do rabinato da CIP e assessoria da consultora pedagógica, Shirley Jungman Sacerdote, fundadora da Kitá Legal.


GASTRONOMIA

LATKES DOCE COM NOZES CARAMELIZADAS POR Andrea Kulikovsky chef e consultora gastronômica

Em Chanucá celebramos a liberdade religiosa e o milagre que ocorreu durante a revolta dos macabeus. As receitas tradicionais da Festa das Luzes são fritas em óleo quente, uma lembrança saborosa e calórica do milagre do óleo da menorá do Templo. O mais famoso clássico da culinária do período é a panqueca de batata, latkes, em iídiche, ou levivot, em hebraico. Tradicionalmente são salgados, mas a receita super moderna abaixo traz uma deliciosa versão doce.

INGREDIENTES: Para os latkes: 1 kg de batatas doces 1 xícara de farinha de rosca 1 colher de sopa de fécula de batata 3 ovos batidos 1 colher de chá de sal ½ colher de chá de canela ¼ colher de chá de curry em pó óleo para fritura Para a calda: 1 ¼ xícara de açúcar mascavo ½ xícara de água 1 colher de sopa de baunilha 1 pitada de sal

MODO DE FAZER: Calda Em uma panela, coloque a água, o açúcar e o sal mexendo regularmente até ferver. Tire do fogo e adicione a baunilha. Deixe esfriar. Latkes Pele e rale as batatas, e as aperte em um pano para tirar a umidade. Misture os demais ingredientes do latkes às batatas e deixe descansar por 15 minutos. Faça bolinhos da mistura, apertando bem e em formato de disco. Com muito cuidado, coloque-as no óleo quente. Os latkes tendem a se desfazer durante este processo, por isso é necessário fazê-lo com muita delicadeza. O óleo deve somente borbulhar ao contato dos bolinhos. Após tirá-los do óleo, coloque-os para escorrer o excesso. Unte os latkes na calda e salpique as nozes caramelizadas (encontradas em empórios e supermercados) por cima.

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CULTO

SERVIÇOS RELIGIOSOS DA CIP MANHÃ de segunda a sexta-feira, às 8h aos sábados às 9h30 aos domingos e feriados, às 8h30 NOITE de domingo a sexta-feira, às 18h45 aos sábados: 1 e 8/nov às 18h45 • 15, 22 e 29/nov às 19h • 6, 13, 20 e 27/dez às 19h15 SHABAT ÀS SEXTAS: Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na Sinagoga Etz Chaim Shabat Ieladim, às 18h45, para crianças Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na sede do Lar das Crianças da CIP nos dias 14 e 28/nov e 19/dez AOS SÁBADOS: Shacharit, às 9h30, com leitura da Torá e prédica na sinagoga Etz Chaim Shacharit Neshamá, às 9h30, participativo e igualitário na Sinagoga Pequena com leitura e estudo da Torá

NOVEMBRO

LEITURA DA TORÁ 1 Lech Lechá 8 Vaierá 15 Chaiê Sara 22 Toldót (Shabat Mevarchím) 29 Vaietsê

DEZEMBRO

6 Vaishlách 13 Vaiêshev 20 Mikêts (Shabat Mevarchím | Chanucá IV) 27 Vaigásh

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Chevra Kadisha A CIP está pronta para ajudar as famílias neste momento tão doloroso da perda de um ente querido, cuidando de todas as providências e detalhes burocráticos e religiosos. Plantão permanente: entre em contato com Sérgio Cernea, pelo tel/fax 3083.0005, cel. 99204.2668, ou e-mail: chevra@cip.org.br.

FALECIMENTOS Klara Papo em 2/set aos 89 anos Batia (Bety) Huli, em 7/set aos 85 anos Clóvis Bradaschia, em 11/set aos 92 anos Valerie Vajda em 15/set aos 98 anos Luciano Wertheimer em 4/out aos 92 anos Sara Kuriyel de Carrasco em 13/out aos 87 anos Mery Deitch Rosenblit, em 20/out aos 79 anos Raquel Rosely Rinski Wahba, em 3/nov aos 61 anos Julianna Klar, em 9/nov aos 95 anos


MAZAL TOV Brit-milá Gabriel Bauman Simchat Bat Nicole Winkler Goldman Rafaela e Manuela Fuchman Giovanna Lam Olívia Rosenberg Melissa Algranti Altona Beatriz Ruhman Sandler

BaT-mitsvá Beatriz Kopel Beatriz Rubinsztain Bruna Sapiro Camila Jacobsberg Carolina Hirschheimer Daphne Meyer Kahn Esther Calochorios Litvac Fernanda Mermelstein Hanna Kilsztajn Karen Liberman Louise Feigue Zuquim Marcela Quiroga Ajbeszyc Maya Senna Teiman Nicole Schreier Priscila Powidzer Sofia Mermelstein Sofia Szaniecki Novak Sophia Lafer Bresciani

Bar-mitsvá Alexandre Krausz Marcelo Rodrigues Lagnado Fernando Matone Ejchel Eduardo Zanforlin Mautner Eduardo Gorresio Sérgio Coen Rubinato Daniel Proença Gruber Sansolo Lorenzo Grzywacz Casamentos Rebeca A. C. de L. Stefanini e Fernando Pavlovsky Ana Paula C. B. de Carvalho e Eduardo Grunebaum

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PROGRAME-SE

aPrenda maneiras diferentes de Comemorar ChanUCÁ Com sUa famÍlia Oficina de conteúdo, histórias e ideias práticas para a Festa das Luzes com a consultora pedagógica e fundadora da Kitá Legal, Shirley Jungman Sacerdote, e a rabina e coordenadora da Escola Lafer da CIP, Deby Grinberg. Evento gratuito. 26 de novembro às 20h, na Escola Lafer da CIP Informações: escolalafer@cip.org.br ou 2808.6219

FéRIAS DE VERÃO Diversão com educação judaica para crianças e jovens de sete a quinze anos nas atividades de férias dos grupos juvenis da Congregação. AVANHANDAVA Para crianças e jovens de 7 a 15 anos, de 18 a 23 de dezembro. CHAZIT HANOAR Para ciranças e jovens de 7 a 14 anos, de 17 a 23 de dezembro. COLÔNIA DA CIP NITZANIM: crianças de 7 a 10 anos, de 17 a 23 de dezembro. ALONIM: crianças de 11 anos até Bar/ Bat-mitsvá, de 16 a 25 de janeiro. SHARSHERET: Bar/ Bat-mitsvá até 15 anos, de 5 a 15 de janeiro. Informações: juventude@cip.org.br ou 2808.6214 14

Atividades e eventos em destaque matrÍCUlas aBertas As matrículas da Escola Lafer já estão abertas para o curso de preparação de meninas e meninos cujas cerimônias de Bar e Bat-mitsvá acontecerão em 2017, e para o Ktanim, que trabalha festas, tradições, conteúdo e vivência judaica para crianças de quatro a dez anos de idade. Conteúdos, materiais didáticos e recursos modernos trabalhados por uma equipe multidisciplinar e com o acompanhamento dos rabinos da CIP. Informações: escolalafer@cip.org.br | 2808.6219


PENSAMENTO JUDAICO

Atividades

regulares da CIP

com o rabino Ruben Sternschein

Anote em sua agenda os temas dos próximos encontros do curso “Deus x Homem: quem criou quem? Quem precisa, busca, perdoa e julga quem?”, conduzido pelo rabino Ruben Sternschein.

TERCEIRA IDADE

OUTROS

INFORMÁTICA PARA SÊNIOR segundas e quartas-feiras às 9h30 e 11h

DANÇAS

13/nov • Os atributos negativos da divindade segundo Maimônides e outras respostas medievais aos desafios do livre arbítrio, da onisciência e onipotência de Deus, e da possibilidade do mal.

CORAL SAMEACH quartas-feiras às 15h

27/nov • Do Deus como natureza, de Szpinoza, ao Deus como psicólogo e dos relacionamentos, de Hermann Cohen, Buber e Levinas.

CULTO

COSTURA DA BOA VONTADE terças-feiras às 13h

CLUBE DAS VOVÓS LOTTE PINKUSS terças-feiras às 14h (encontros quinzenais)

GRUPO DE ESTUDOS DA PARASHÁ segundas-feiras às 20h

JUVENTUDE 4/dez • Deus e homem na Shoá e depois. Quais opções e chances existem para uma teologia contemporânea? (Heschel, Buber, Kaplan). Os encontros acontecem todas as quintas-feiras, às 19h, depois da reza do Arvit. Informações: secretaria@cip.org.br ou 2808.6299.

MANHIGUT sextas-feiras às 16h CHAZIT HANOAR sábados às 14h AVANHANDAVA sábados às 14h SHAAT SIPUR sábados às 14h30

Lehacat Eretz segundas-feiras, às 20h Harcadá terças-feiras, às 20h Lehacat Nefesh quintas-feiras, às 19h

CORAL ABANIBI quartas-feiras às 20h30

PENSAMENTO JUDAICO quintas-feiras às 19h

CORAL KAVANÁ terças-feiras às 20h30

ENSINO ESCOLA LAFER segundas, terças e quartas-feiras às 16h30 sextas-feiras às 8h30 e às 16h30 KTANIM segundas-feiras às 17h30 e sextas-feiras às 10h

Informações: secretaria@cip.org.br ou 2808.6299 15


ACONTECE 1

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1. A palestra “Cabalá e o feminino e o masculino nas fontes judaicas”, com a professora Rachel Elior, da Universidade Hebraica de Jerusalém, lotou o Auditório Haber da Congregação. 2 e 3. Muita animação e judaísmo na saída dos bnei-mitsvá da Escola Lafer e seus pais para um final de semana repleto de atividades no Campo de Estudos Fritz Pinkuss, em Campos do Jordão.

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4. Uma oficina especial para ajudar os participantes do Concurso de Maquetes de Sucót foi conduzida na CIP pela arquiteta Lorena Quiroga, que também é diretora da área de Eventos da entidade, e pelo vencedor do concurso em 2013, o designer e cenógrafo Paulo Elman Sister. A introdução foi do rabino Ruben Sternschein.


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5 e 6. Os jovens da orquestra Vozes do Violão do Lar das Crianças da CIP apresentaram o show Erudito no teatro Eva Herz, da Livraria Cultura do Conjunto Nacional com a participação do solista Guilherme de Camargo. 7 e 8. A finalização e decoração da sucá da entidade, que foi montada pelos jovens da Avanhandava, contou com a participação da comunidade, da Juventude da CIP e dos alunos da Escola Lafer. 17


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9 e 10. Os jovens da Avanhandava e da Chazit Hanoar realizaram uma Ferradura-Mifkad na sucá da CIP e, em seguida, e ainda em conjunto, participaram e conduziram o serviço de Havdalá de Shabat Chol haMoêd Sucót. 11 e 12. A sucá também recebeu cerca de 100 jovens judeus, muçulmanos e cristãos em um encontro promovido pela Juventude da Congregação e o grupo Jovens pela Paz.

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13 e 14. A Escola Lafer recebeu alunos e suas famílias para um brunch seguido de atividade especial realizada em conjunto com os madrichim da Avanhandava na sucá. 15 e 16. A CIP reuniu a comunidade para seu tradicional jantar especial de Sucót, desta vez seguido de bate-papo com a premiada atriz e diretora Clarice Niskier, que apresentou fragmentos de sua nova peça, A Lista. Cerca de 100 convidados prestigiaram o evento. 19


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17. Sobreviventes do Holocausto participaram de uma animada tarde na sucá da CIP com os madrichim da Avanhandava, Chazit Hanoar e Colônia da CIP Fritz Pinkuss, os movimentos juvenis da Congregação. 18 e 19. Clarice Niskier conversou com a comunidade judaica em evento que lotou o teatro Eva Herz da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Em benefício das ações sociais da CIP, o encontro teve como tema o novo monólogo da premiada atriz e diretora. 20. O Arcebispo Metropolitano de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer, esteve na CIP para, em um encontro com o rabino Michel Schlesinger, ouvir o relato da audiência privada que aconteceu em Roma com o Papa Francisco por ocasião da visita ao Vaticano promovida pelo Congresso Judaico Mundial em setembro. O evento contou com a participação de membros das comunidades católica e judaica, e representantes da Avanhandava e Colônia da CIP.


PARALELOS

KRISTALLNACHT POR Heinz Cohen ex-assistente da diretoria da CIP que trabalhou na entidade por 40 anos 9 de novembro de 1938. 76 ano atrás. O termo Kristallnacht (Noite dos Cristais) veio da destruição das vitrines, vidros das sinagogas e lojas naquela noite. Durante a Kristallnacht foram destruídas 267 sinagogas na Alemanha e na Áustria, 91 judeus foram mortos, 7500 lojas pertencentes a judeus foram devastadas, livros sagrados e Sifrêi Torá foram queimados, residências invadidas e 25 mil pessoas foram levadas para campos de concentração. A Gestapo veio à minha casa para levar meu pai, mas como ele era viajante e estava a semana toda fora de Hamburgo, nada aconteceu. Minha mãe logo telefonou para ele e pediu que não voltasse para casa na sexta-feira, como era seu costume. É interessante mencionar que a milícia nazista, tropas da SS e os antissemitas não usavam uniformes quando praticaram os atos de extrema violência. Todos se vestiam como civis. Assim mostrava-se ao povo que a revolta era sua, e não dos aparatos hitleristas. O que logicamente era uma mentira. O pretexto para o ataque do início de novembro de 1938 foi o assassinato de Ernst Von Rath, diplomata alemão que morava em Paris e cuja representação foi atacada pelo jovem Herschel Grynspan no dia sete. Dois dias depois, deu-se na Alemanha a explosão de fúria conhecida como Noite dos Cristais. Na época eu estudava na escola judaica Talmud Torá, que tinha uma sinagoga como vizinha. Lembro de passar próximo a ela e vê-la em chamas. Muitos anos mais tarde, quando fomos convidados pelo Senado de Hamburgo para passar uma semana na cidade, uma historiadora que acompanhava nosso grupo nos informou que a sinagoga não tinha sido queimada porque um policial impediu o incêndio. O que eu tinha visto quando criança eram os livros sagrados e os Sifrêi Torá que foram queimados dentro da sinagoga. Na época, a maioria dos judeus se sentia mais alemão do que judeu. Grande parte deles havia lutado na Primeira Guerra Mundial e muitos, como meu pai, receberam a medalha Cruz de Ferro. Portanto achavam que tudo o que estava acontecendo não era com eles. Muitos judeus, porém, perceberam o que estava para acontecer e fugiram bem mais cedo. Entre eles estava meu sogro com a família de quatro pessoas. Eles saíram em 1933 e foram para a Iugoslávia antes de virem para o Brasil. Após a Kristallnacht muitos perceberam, infelizmente tarde demais, que a situação não era bem aquela que imaginavam e não conseguiram mais sair da Alemanha. Eu consegui sair através de um programa chamado Kindertransport: a Inglaterra foi o único pais do mundo que recebeu dez mil crianças judias da Alemanha e Áustria. Assim, em fevereiro de 1939 fui para a Inglaterra, onde fiquei até setembro de 1945, quando vim para o Brasil me encontrar com meus pais e irmã, que felizmente conseguiram sair da Alemanha a tempo.

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LAR DAS CRIANÇAS

Igualdade de desafios e oportunidades POR Aidê Firer coordenadora geral do Lar

O nome “Lar das Crianças” faz referência à origem da instituição, quando esta era, de fato, um lar ou o mais próximo disso, para as crianças que lá cresciam. Em 1988, após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Lar passou a atender crianças e jovens que não residiam mais na instituição. Assim, o nome “Lar” remete a épocas passadas, mas suas marcas permanecem. Atualmente, todas as 350 crianças e adolescentes - que moram com suas famílias ou, ao menos, com um familiar de referência - recebem suporte permanente de nossa equipe de psicólogos e assistentes sociais. Sem pretender substituir as famílias, o Lar tem sido uma referência importante para elas, que permanecem na instituição dos quatro anos de idade até seu encaminhamento profissional. Ao longo dos anos, o papel educacional do Lar cresceu preocupando-se também com o acompanhamento escolar. Hoje oferece uma série de atividades e oficinas que educam e expandem os horizontes e que são realizadas utilizando padrões de qualidade e compromisso invejáveis. Durante o seu percurso no Lar, vemos nossos jovens tocando na orquestra Vozes do Violão, treinando judô na Hebraica, encaminhando-se no ensino técnico e superior, e entrando no mercado de trabalho com a dignidade das opções e apoiados pelo programa Passaporte para a Vida.

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Em 2015 pretendemos dar um importante passo adicional na longa trajetória de nossas crianças para que, em um futuro próximo, elas possam partilhar em condição de igualdade os mesmos universos de desafios, oportunidades e sonhos de nossos filhos. Um desafio dessa natureza só pode se tornar realidade no Lar por conta da grande confiança nele depositada pelas famílias assistidas, pela comunidade da CIP e por seus demais mantenedores, que tanto nos apoiam. Para atingirmos esta meta, o trabalho deve começar pelo início, ou seja, com as crianças de quatro a oito anos. É quando é completado o processo de alfabetização plena em português e matemática, habilidades essenciais para todo seu desenvolvimento futuro. A divisão em três turmas multisseriadas, com crianças com até dois anos de diferença de idade, demanda um trabalho com muita flexibilidade e capacidade de adaptação às necessidades e ritmos individuais de cada um. Em Israel, as restrições de recursos existentes nos kibutzim e a necessidade de se educar uma população extremamente heterogênea levaram à consolidação de metodologias educacionais para turmas multisseriadas e ao desenvolvimento do que se convencionou chamar de “Ensino Adaptado” (com outros nomes para abordagens semelhantes em outros países). Estas metodologias envolvem ações diversas, demandando inclusive mudanças no espaço físico, que passa a ser organizado em “cantos de trabalho”. Parte desta experiência deve ser incorporada ao trabalho do Lar com as crianças menores a partir de investimentos na estruturação do trabalho cotidiano, e também na incorporação de metodologias e parcerias com outras instituições que desenvolvem programas para lidar com questões relacionadas a alfabetização e leitura, alfabetização em matemática, e prontidão para ciências. Junto com a diretoria do Lar, estamos estudando e visitando projetos e instituições de excelência na área em busca de plataformas que permitem à criança, de forma lúdica e com auxílio de ferramentas tecnológicas, aprender e compartilhar o aprendizado com seus colegas. Os detalhes destas novas iniciativas, assim como os resultados alcançados, serão regularmente apresentados à comunidade CIP e aos demais mantenedores, quem consideramos os grandes responsáveis pelas conquistas de nossas crianças e de nossos jovens.

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AÇÃO SOCIAL

Ação Social da CIP: práticas e reflexos para comunidade POR Paula Barouchel Caracini coordenadora de projetos de empregabilidade Para compreender o conceito de transformação da realidade é importante levar em consideração que enquanto a realidade é tudo o que existe, a existência pode ser compreendida tanto no real quanto no imaginário. Assim, através dos objetivos, os valores e missão de vida de cada pessoa nos diferentes momentos da sua trajetória, construímos a nossa existência e realidade. Desta forma, o departamento de Ação Social da Congregação tem como objetivo proporcionar uma realidade melhor para aqueles que a procuram, seja através dos projetos de seu núcleo voltado para a maturidade, seja pela Central de Orientação ao Trabalho, ou ainda através de sua Assistência Social.

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Em 2014 o Núcleo da Maturidade desenvolveu ainda mais as atividades culturais promovidas pelo Clube das Vovós Lotte Pinkuss; as atividades de lazer, criatividade e inclusão da Costura da Boa Vontade, o Coral Sameach e as aulas de informática, e continuou dando impulso à mudança de realidade dos atendidos pelo projeto Vida-Chai em Campos do Jordão e em São Paulo. Apoiou também os que buscaram ajuda para encontrar uma nova profissão através do curso de cuidador de idoso, e inovou ao oferecer palestras sobre qualidade de vida que tiveram como objetivo o fortalecimento e a reflexão sobre a vida e o conceito de saúde em seu sentido mais amplo.


A Central de Orientação ao Trabalho aprimorou sua prática e ofereceu ainda mais suporte aos profissionais que a procuraram. Deu continuidade às atividades de orientação profissional e aos encaminhamentos para as vagas de emprego, além de ter ampliado os cursos de capacitação profissional: foram realizados um curso de capacitação para o mercado de trabalho e um curso de informática - este em parceria com a Juventude da CIP. Também em 2014 a COT contou com o apoio de duas coaches voluntárias, Lucia Korkes e Renata Cintra, que executaram em conjunto com a CIP o projeto Reluz de coaching de carreira em grupo, que proporcionou aos participantes uma profunda reflexão sobre suas carreiras e os caminhos que podem ser trilhados para sua evolução profissional. A Assistência Social da CIP seguiu dando apoio àqueles interessados em participar das atividades da Juventude, da Escola Lafer, assim como aos que gostariam de estar com a CIP durante as Grandes Festas. Aproximar a comunidade judaica da comunidade cipiana é seu maior objetivo. A Ação Social acredita ter atingido seu propósito, uma vez que ao transformar a vida dos que foram atendidos pelo departamento conseguiu atingir suas famílias, seu entorno e, principalmente, a comunidade CIP. A área espera dar continuidade e aperfeiçoar seus projetos em 2015, atendendo um número ainda maior de pessoas e as apoiando em seu desenvolvimento pessoal e social ao promover uma transformação positiva e duradoura em suas realidades.

As aulas de informática para sêniors, o curso para cuidadores de idosos e o coral Sameach são exemplos de transformação de realidade promovidos pela Ação Social da Congregação.

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RABINATO

A vitória dos

GREGOS POR Michel Schlesinger rabino da Congregação

ESTAMOS ACOSTUMADOS A PENSAR QUE VENCEMOS OS GREGOS EM TUDO. NESTE ARTIGO DEFENDO A IDEIA DE QUE OS GREGOS NOS VENCERAM EM UMA QUESTÃO: POR INFLUÊNCIA DELES PASSAMOS A ACREDITAR EM UM DEUS PERFEITO.

A vitória militar dos macabeus contra os gregos significou uma grande conquista. O tímido grupo liderado por Iehudá HaMacabi conseguiu expulsar os helenistas do Templo de Jerusalém abrindo as portas para a purificação e a reinauguração (Chanucá) do Beit Hamikdásh. Hoje, com a perspectiva da História, podemos ainda afirmar que aquele gigante império deixou de existir enquanto que nós permanecemos vivos e fortes. Am Israel Chai.

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No entanto, por influência da filosofia grega que chegou ao judaísmo pelas mãos de Maimônides durante a Idade Média, abandonamos a crença do Deus bíblico que é um Deus em aperfeiçoamento para abraçar o Deus perfeito. Quando nós abrimos qualquer capítulo da Torá, encontramos um Deus que experimenta, erra, se arrepende, tem desejo e aprende. Um ser que não é perfeito. Os dois pilares do pensamento judaico moderno, Abraham Joshua Heschel e Mordechai Kaplan, discordavam em quase tudo. Heschel acreditava que Deus é um ser empático. Para Kaplan, Ele é uma força. No entanto, ambos concordavam que Deus não é perfeito. Um Deus perfeito cria um abismo intransponível entre nós e a divindade. Diante de um Deus perfeito, nossa imperfeição é sempre fonte de fracasso e inadequação. Nossos esforços, por maiores que sejam, serão sempre profanos. O pior de tudo, quando Deus é confundido com a perfeição, Ele se torna a fonte de todo o sofrimento. Se Deus é perfeito então merecemos toda o sofrimento por que passamos. Deus passa a ter plano para tudo e se torna responsável pelo câncer de uma criança ou um aborto. A crença no Deus perfeito que herdamos da filosofia grega nos obriga a dizer que as vítimas de um tsunami ou da Shoá, adultos ou crianças, receberam o que mereciam e Deus é responsável por eles estarem onde estavam naquele momento de horror. As vezes precisamos de um Deus que esteja no controle de tudo. Nesses casos, sugere o rabino Alfredo Borodowski, visite este Deus, mas não permaneça demais naquela visita. Temos ainda a possibilidade de vencer os Gregos. Sugiro que resgatemos o Deus original do judaísmo que busca o aperfeiçoamento. Para isto, precisaremos repensar o Deus perfeito no qual aprendemos a acreditar desde a infância. Assim, no lugar de vivermos em um estado de culpa e fracasso, passaremos a pratica de uma religiosidade em que cada esforço conta e o caminho é mais importante do que o fim. Desta nova maneira, tudo que importará é a busca de um mundo com um pouco mais de luz a cada dia. Assim como as velas de Chanucá.

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RABINATO

Contrastes: novas luzes e sombras que revelam Chanucรก 28


POR Ruben Sternschein, rabino da Congregação

Chanucá é conhecida como chag haurim, ou Festa das Luzes, por conta das velas acesas ao longo dos oito dias de sua celebração. Entretanto, as entrelinhas do nome e da narrativa da chamada “revolução dos macabeus” revelam contrastes existenciais, teológicos, sociais e judaicos de extrema importância. O contraste Mundo-Deus no contraste Helenismo-Judaísmo A historia de Chanucá é uma disputa entre o universo helênico e o judaico. No universo helênico existem numerosas deidades. Todas elas repletas de paixões, muitas vezes mesquinhas, pelas quais perseguem os humanos e concorrem com eles, além de lutar entre si. O humano precisa tomar cuidado com alguns deles e se apoiar em outros. O ideal humano consiste em alcançar um nível de conhecimento e de controle que lhe permita viver na tranquilidade, na contemplação, ou no que chamam em grego na apatheia: ou seja a vida sem paixão, no controle absoluto e elevado de tudo. Na perfeição sublime da sabedoria. Lá encontra-se a verdadeira força. (O filósofo ateniense, afinal, é bem mais poderoso que o guerreiro espartano). No universo judaico não existem sábios, senão apenas aprendizes de sábios. Os rabinos morriam com setenta ou oitenta anos e continuavam sendo talmidei chachamim. Deus é um e prefeito, mas o mundo é imperfeito. Não cabe ficar contemplando absolutamente nada, é preciso fazer a fim de aprimorar. O humano existe para transformar e transformar-se constantemente. Talvez seja essa sua contribuição à natureza presa do dever, do instinto e das regras, e a Deus, preso na quietude da perfeição: o movimento de quem aprimora, progride e se conserta constantemente. A paixão de quem se sabe imperfeito, mas melhorável. O judaísmo liberal no contraste secular e ortodoxo A narrativa de Chanucá, e principalmente sua forma de ser registrada e relatada como modelo do qual tirar conclusões, levanta uma das principais diferenças entre a linha ortodoxa do judaísmo e a linha secular. A ortodoxia centralizou e enfatizou há séculos a lenda do azeite, segundo a qual, quando os macabeus alcançaram o Templo, acharam apenas um pouco de azeite puro suficiente para acender a chama constante durante apenas um dia, e que milagrosamente durou oito. Segundo eles, esse milagre representa também a forma que Deus fez com que os macabeus ganhassem sua luta mesmo sendo poucos contra o exercito helênico treinado e armado perfeitamente, que contava com muitos mais combatentes. As rezas agradecem, inclusive, pelos milagres e pelas guerras que Ele concedeu a nossos antepassados.

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A narrativa secular resgatada pelo sionismo é centralizada nos dados históricos e no heroísmo dos macabeus. Segundo eles, essa é uma narrativa humana que demonstra que a história precisa ser feita com nossas próprias mãos. A canção mais representativa desta tradição diz justamente “não achamos azeite algum...”. O judaísmo liberal, por sua tradição moderna, centraliza os dados históricos e enfatiza a importância de fazer acontecer justamente baseado na tradição ancestral que diz “ein somchim al hanes”, ou seja, “é proibido depender do milagre”. Porém, por sua raiz religiosa, acredita, sim, na presença de um mistério divino. Chanucá, para nós, representa justamente essa prática na figura dos macabeus, que eram religiosos que faziam historia. O contraste existencial e social da educação A palavra “chanucá”, além de significar “inauguração”, significa também “renovação” e contém a raiz do verbo “educar”. Na filosofia da língua hebraica educar é renovar, e assim inaugurar uma e outra vez a alma e a mente humana. Diferente da educação tradicional, que acreditava ser uma atividade para ensinar às crianças as regras da sociedade e os ofícios necessários, a educação moderna acredita ser um processo constante de evolução, de desenvolvimento de potenciais, e de revelação da pessoa para si. Os conteúdos diversos são meras ferramentas para fazer com que a pessoa cresça e se aprimore, processo que precisa acontecer ao longo de toda a vida. Cada passo nessa direção seria uma reinauguração, ou o “chanucá” da pessoa. No judaísmo, a educação foi sempre enxergada como um processo constante de descoberta e de conserto, por isso a mitsvá de Talmud Torá (estudar) é uma obrigação central para todas as idades. Acredita-se que é através dela que a pessoa contribui com o aprimoramento do mundo e o de sua essência, ambas imperfeitas. Reflexão final Significando educação renovada e aprimoradora, a festa de Chanucá relata como um grupo de pessoas religiosas assumem com coragem o compromisso de consertar suas vidas agindo com determinação e paixão no mundo e na história junto ao mistério. A humildade aplica-se à imperfeição humana e mundana, e a convicção e a fé são aplicadas ao dever de transformar e se transformar constantemente.

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JUVENTUDE • Colônia

TUDO PRONTO PARA A TEMPORADA DE VERÃO POR Ilana (Nana) Joveleviths coordenadora da Colônia da CIP Fritz Pinkuss

A Colônia da CIP há muitos anos vem oferecendo uma vivência judaica significativa para seus chanichim, o que contribui para a formação de jovens judeus ativos e transformadores. Desde agosto, passei a acompanhar com muito entusiasmo o grupo de madrichim que faz tudo isso acontecer. Como coordenadora, estou tendo o privilégio de participar de um momento bastante especial da Colônia, quando os madrichim estão envolvidos em se capacitar cada vez mais para elaborar atividades repletas de conteúdo, reflexões e questionamentos. Sempre por meio da experiência e de forma lúdica. Meu trabalho vai ao encontro desse desejo deles, de se capacitarem e discutirem temas caros ao grupo. Trago um novo olhar pautado em minha experiência como psicóloga e madrichá em diferentes áreas da CIP ao longo dos anos. Como parte desse momento de organização, foi realizada a Peilônia, que é uma viagem só de madrichim com o objetivo de discutir aspectos referentes à organização, estrutura e valores da colônia, como a formação dos futuros madrichim. Além disso, a Hanagá, liderança da Colônia, realizou uma capacitação sobre Israel envolvendo a história da criação do Estado, o movimento sionista e suas correntes, os dilemas que o país vive hoje, e uma reflexão a respeito de como a Colônia entende essas questões. Junto a tudo isso, como bogueret shnat, estou muito feliz por dividir com eles a volta do primeiro grupo de madrichim da Colônia que participou do Shnat Hachshará, programa de capacitação em educação não formal e liderança em Israel que dura de seis meses a um ano. Este grupo volta com muitas ideias e projetos para fazer a Colônia crescer ainda mais, e um novo grupo já se prepara para ir ao programa no próximo ano. Não há dúvidas de que a próxima temporada de verão da Colônia da CIP Fritz Pinkuss será um reflexo de todo esse empenho dos madrichim em se capacitar para preparar atividades incríveis e, como sempre, muito divertidas. Eles estão a todo vapor com a preparação, animados em fazer desta uma temporada inesquecível para todos os chanichim que se inscreverem. Estarei presente em Nitzanim, Alonim e Sharsheret para conhecer melhor cada um dos chanichim que nos motiva a dar continuidade a esse lindo trabalho.

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ESPECIAL • Dança

Dança israelense e

Ticun Olam POR Lia Levin coordenadora da Dança O Movimento de Danças da CIP existe há sete anos e a maioria das pessoas o conhece pelos palcos e apresentações que o grupo tem participado. Mas há muito mais acontecendo nos bastidores, em um processo e pensamento educativo complexo que vai além de ensaiar os passos e confeccionar o figurino. O movimento proporciona educação judaica liberal, não formal e significativa para jovens por meio do ensino da dança folclórica israelense. O desafio maior é assegurar a inserção de valores e ações nas quais acreditamos no processo de trabalho dos grupos de dança. O indivíduo pode dançar por dançar, mas a CIP não pode oferecer uma atividade de dança apenas por oferecer. Ela tem que entender o sentido de tê-la no rol de atividades que oferece e saber o porquê de investir nela. Partindo da experiência dos coreógrafos como madrichim nos movimentos juvenis, decidimos buscar um tema para permear todas as atividades do ano, de modo a aprofundar uma relação e uma reflexão existencial. O tema escolhido para 2014 foi Ticun Olam, a responsabilidade judaica de ser um agente melhorador do mundo. Um dos valores que temos como mais fortes dentro do departamento de Juventude da Congregação.

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Assim, iniciamos o ano com uma maratona de danças israelenses, o Bruchim HaBaim (Bem-vindos) e convidamos todas as instituições para vir à nossa casa, para dançar, se apresentar e participar. Em junho realizamos um encontro no Lar das Crianças da CIP com atividades lúdicas e apresentações. Em setembro o grupo Eretz se apresentou no projeto Café Europa, que promove encontros sociais para sobreviventes do Holocausto e, no mesmo mês, o grupo Nefesh participou do evento de Rosh haShaná da Aldeia da Esperança, uma instituição de moradia assistida para pessoas com deficiência intelectual. Cada chag do calendário judaico toca em algum aspecto do Ticun Olam que buscamos discutir. Purim, por exemplo, tem a mitsvá de matanot la evionim (preceito de dar presentes ao necessitados), Sucót, a perspectiva de colocar-se em situação frágil e experimentar uma realidade nova. Há aqueles que vão à CIP para rezar, outros, para estudar, e há os que vão para cantar e dançar. Cada um busca pertencer à comunidade através de sua afinidade, seu gosto e sua paixão. E assim deve ser a vida. Mas todas essas atividades, assim como a dança israelense, são caminhos para encontrar um sentido maior.

Apresentação da lehacát Eretz no encontro do projeto Café Europa que aconteceu no Centro da Cultura Judaica (esquerda); atividade promovida pelos dançarinos da lehacát Nefesh durante o evento de Rosh haShaná da Aldeia da esperança (acima); e dançarinos e coreógrafos dos grupos da CIP em uma animada tarde de atividades com as crianças atendidas pelo Lar das Crianças (direita).

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Escola Lafer

Crescer, compartilhar, aproximar POR Andrea Kulikovsky diretora de Ensino O ano de 2014 foi cheio de mudanças. Algumas delas inesperadas e que resultaram em muita reflexão e em importantes decisões quanto ao futuro de nossa escola. Começamos o ano com a saída da coordenadora Marli Ben Moshe, que foi trilhar novos rumos no Colégio Renascença. Sua substituição foi feita com muito cuidado, para que o segundo semestre fosse coordenado completamente pela rabina Deby Grinberg Wajnberg. A decisão resultou de uma ampla discussão na CIP, tendo como norte a excelente perspectiva de termos um rabino totalmente dedicado à Escola Lafer e a seus vários cursos. Sob a batuta de nossa rabina, o curso de Ktanim, para crianças de quatro a dez anos, cresceu muito. Através dele, muitas famílias vêm se aproximando novamente da Congregação, encontrando um ambiente vibrante e cheio de vida. O curso preparatório para Bar e Bat-mitsvá vem sendo gradativamente revisto para que se torne cada vez mais próximo e interessante para nossos jovens. Temos consciência de que o futuro da CIP está intimamente relacionado ao sucesso na aproximação deles da vida judaica e da nossa comunidade, pois a ligação emocional das famílias e dos jovens com a comunidade que os preparou e acolheu neste processo é um marco importantíssimo em suas vidas. É um momento tratado com muito carinho e dedicação, que conta com o apoio de toda a equipe do Culto, especialmente os rabinos, que dão aulas abertas às famílias, e os chazanim e morim que preparam os jovens para a leitura da Torá.

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A vida adulta também tem um espaço importante no Ensino: introdução ao judaísmo e pensamento judaico, além de novos projetos para 2015 com o objetivo de proporcionar aos associados da CIP cada vez mais opções de se envolver com o judaísmo, aprender e compartilhar. Também compartilhamos parte de nossas conquistas com a comunidade durante as Grandes Festas, quando nossos jovens pós Bar-mitsvá conduziram a leitura da Torá nos serviços de Shacharit de Rosh haShaná e na Minchá de Iom Kipur. Este é o tipo de envolvimento que nos empenhamos para ver crescer a cada ano. O final do ano é a época de olharmos para trás, fazendo um balanço do período, e montarmos um programa para o futuro. A base já foi lançada e norteará todo o nosso trabalho, objetivando um futuro cada vez melhor para o Ensino. O resultado deste trabalho fica evidente na missão da área. Com ela em mente, encerramos este ano e iniciamos um 2015 cheio de novos desafios.

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ESPECIAL • História Judaica

Das trevas à luz. E às trevas. E à luz novamente. POR Theo Hotz historiador e coordenador do Depto. de Culto Muito se fala sobre a grandiosa luta dos Macabeus, que tomaram a história em suas próprias mãos e mudaram seu curso no ano de 166 a.e.c.. Mas sua luta não foi contra a helenização, propriamente dita, pois o pensamento grego já havia deixado marcas indeléveis no judaísmo da época, como o contato com a filosofia grega e, por consequência, o surgimento de novos métodos interpretativos dos textos sagrados (incentivando o surgimento dos proto-rabinos, os fariseus). A luta dos Macabeus foi contra Antíoco e suas medidas, que tinham o objetivo de alcançar, através da imposição e da violência, a completa assimilação da Judeia à cultura helenista selêucida, incluindo aí sua tradição religiosa. Ou seja, aqueles sacerdotes lutaram contra o fim do judaísmo.

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Porém, pouquíssimo se fala do que ocorreu depois, com o fim da guerra Macabeia. Muitos livros apresentam uma lacuna de quase duzentos anos, pulando imediatamente para a intervenção do Império Romano sobre a Judeia. Mas, afinal, o que estava acontecendo ali? O que chamou tanto a atenção dos romanos? A dinastia Hasmoneana A luta macabeia durou até 142 a.e.c., quando o San’hedrín finalmente foi restabelecido e proclamou a independência da Judeia, coroando como Rei o Cohen Gadol Hasmoneu Yonatán Macabeu. Algo inédito acontecia na história judaica: os judeus passavam a viver em uma teocracia, com os poderes políticos concentrados nas mãos dos sacerdotes. Era o período da Dinastia Hasmoneana. Yohanán Hircanus, segundo rei Hasmoneu, se mostrou extremamente intolerante com tudo o que não fosse judaico (desde seu ponto de vista), e seu governo desencadeou um dos mais terríveis períodos da história judaica. Em uma guerra pelo poder na Samaria, os Hasmoneus arrasaram a cidade de Shehém, destruindo o templo samaritano no monte Guerizín e massacrando a maior parte da população samaritana da época.

“The capture of Jerusalem by Jacques de Molay in 1299”, by Claude Jacquand, Versailles, Musée National Chateau et Trianons

Também perseguiram violentamente os judeus que fossem seguidores de outras formas de judaísmo que não o sacrificial do Templo. Durante o reinado de Alexandre Ianái, uma guerra civil na Judeia terminou com o saldo de 50 mil mortos, entre eles 6 mil partidários dos fariseus (os rabinos da época), partidários de novas interpretações da Torá, e opositores dos sacerdotes monarcas, contrários ao literalismo e fundamentalismo reis cohaním. Aos não judeus, habitantes da Judeia, os Hasmoneus impuseram violentamente o judaísmo, através de conversões e circuncisões forçadas. Numa trágica ironia da História, os filhos dos Macabeus governaram a Judeia da mesma forma como Antíoco fizera, através da violência, da imposição cultural e da perseguição a tudo o que não fosse legitimamente judaico para eles. Golpes políticos, conspirações e assassinatos por poder marcaram o período. A intolerância e o fundamentalismo tomaram conta da casta sacerdotal, que se via como a única forma correta de judaísmo. Em 47 a.e.c., Júlio César decide pela intervenção na Judeia, restringindo o poder dos sacerdotes monarcas judeus. Os Hasmoneus, porém, mantiveram o poder religioso e continuaram a oprimir a população. Também passaram a apoiar sistematicamente o Império Romano, visando manter seu status na sociedade. Este será o quadro até a destruição do Templo, no ano 70, que põe fim à cruel dinastia sacerdotal que havia se instalado em Jerusalém. Vitorioso saiu o judaísmo farisaico, rabínico, que sabia existir sem Templo, sem sacrifícios animais anacrônicos, sem uma sociedade desigual de castas. Saiu vitoriosa a luz dos sábios fariseus, rabinos do Talmud, nossos mestres, que nos legaram um judaísmo que se readapta e constantemente se atualiza, que permanece significativo e relevante ainda hoje, após dois mil anos.

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COM A PALAVRA

Apoiar e fortalecer a

comunidade POR Mário Fleck, presidente da Fisesp A Federação Israelita do Estado de São Paulo reformou seu modelo de governança há alguns anos atrás, com o objetivo de dirigir a sua atuação para uma agenda mais estratégica, voltada para o fortalecimento das instituições da comunidade e para a coordenação de ações de interesse coletivo. Este processo modificou também os componentes de governança, visando a melhoria da representatividade e da capacidade de tomada de decisões. Neste novo modelo, o Conselho Deliberativo, definido pela Assembleia que reúne todas as instituições da comunidade, é composto de treze cadeiras. Quatro são permanentes e exclusivas das maiores instituições – Hebraica, Einstein, Chevra Kadisha e Fundo Comunitário; duas são escolhidas para representar as instituições de ensino; duas para representar as instituições religiosas, uma para as entidades femininas, uma para as entidades filantrópicas, uma para representar a juventude, uma para as entidades culturais e uma cadeira adicional independente. O Conselho Deliberativo elege o presidente e este por sua vez monta uma diretoria para atuar em um mandato de dois anos renováveis uma única vez. A atual diretoria está no segundo mandato, com vencimento no final de 2015. Como forma de assessorar a diretoria na execução de projetos, existem comitês temáticos, sendo os principais o Vaad Hachinuch, que reúne as instituições de ensino, e o Vaad Chevrati, que reúne as instituições filantrópicas. Adicionalmente, existem na estrutura dois outros conselhos: o Conselho Fiscal, responsável pela verificação da integridade das contas e da contabilidade em geral, e o Conselho Consultivo. Foco e Prioridades Nesta gestão, foram definidas pela diretoria, cinco áreas prioritárias de foco: Segurança, Politica, Educação, Juventude e Conexões. Segurança é um assunto sensível, e a Federação exerce um papel de coordenação das capacidades existentes nas entidades, afere a qualidade periodicamen-

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Encontro das lideranças da comunidade judaica de São Paulo com o embaixador Reda Mansour promovido pela Federação.

te, e atua no relacionamento com as autoridades públicas no sentido de garantir a integridade das instituições e a continuidade segura de suas operações. Política é um campo de atuação essencial, com destaque para o relacionamento com autoridades governamentais. Foi neste contexto por exemplo, que neste ano foi organizada uma delegação de vereadores da Câmara Municipal de São Paulo para uma visita à Israel. Em particular este último ano exigiu também uma forte presença da Federação na liderança dos trabalhos de divulgação e reação na mídia contra o crescimento de manifestações antissemitas e anti-Israel. Educação é um tema operado através do Vaad Hachinuch, com uma agenda comum para os níveis profissionais das escolas e outra para o nível dos diretores voluntários. Juventude é um assunto desafiante na medida que o objetivo da Federação é o de incentivar a criação de espaços para que hajam suficientes opções que atraiam o interesse da juventude judaica em manter-se conectada de alguma forma. Conexões são realizadas em duas distintas formas: Conexões Internas são projetos voltados ao diálogo e integração entre as entidades existentes e as Conexões Externas referem-se aos projetos voltados à integração com parceiros externos, que são outras religiões por exemplo. Desafios Existem alguns movimentos que são estratégicos para o fortalecimento institucional da comunidade. Por uma questão de espaço, é necessário aqui apenas identificá-los: Israel, é um tema central e como exemplo este ano foi realizada a sexta missão do programa Hasseifá Ba Haretz, que leva uma delegação de líderes a Israel para uma imersão nos temas que desenham a agenda do Povo Judeu. Outra iniciativa de destaque foi o projeto de aprimoramento de gestão das entidades que visa dotar estas de maior eficiência com investimento nas melhores práticas de gestão. Este ano foi também realizada um importante pesquisa comunitária visando ao entendimento de perfil e demandas. Enfim, existem múltiplas dimensões e demandas para as quais a Federação precisa estar equipada, de modo a servir de motor central a uma comunidade que precisa estar sempre determinada a manter o elo judaico entre gerações como uma de suas prioridades.

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GIRO

gUerra Contra o eBola A Organização das Nações Unidas elogiou Israel por sua contribuição para a guerra contra o vírus do Ebola que se espalha rapidamente. O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou uma carta ao embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, elogiando o Estado Judeu por seus esforços para combater o surto do vírus. Ki-moon afirmou que a contribuição israelense desempenhará um papel importantíssimo no aumento da qualidade do atendimento e acessibilidade para as vítimas.

360 GRAUS POR Guita Feldman

eCos do Conflito

Tzfat

A cidade francesa de Lille está temporariamente ‘desligada’ da cidade israelense de Safed, com quem mantinha acordos, em resposta aos conflitos em Gaza, segundo a prefeitura anunciou. O conselho tomou a decisão “para pausar temporariamente nosso relacionamento institucional com a cidade de Safed”, disse Marie-Pierre Bresson, comissário assistente para a cooperação internacional e europeia em uma reunião do Con40

selho, de acordo com o relatório das deliberações publicado no site da Câmara Municipal. Esta decisão apoia “as iniciativas tomadas pelo Parlamento Europeu, pedindo o congelamento de acordos especiais com Israel para pressionar o governo e acelerar a resolução do conflito”, acrescentou. Lille mantinha acordos tecnológicos com a cidade israelense.


Você Inauguração do Beersheva High-Tech Park

VALE DO SILÍCIO NO NEGUEV O futuro da cyber-tecnologia é no Negev. E esse futuro já começou com um bando de empresas internacionais de alta tecnologia indo para Beersheva para montar a operação que está, rapidamente, tornando-a a capital do mundo cibernético. Roni Zehavi, CEO da indústria de CyberSpark (órgão que coordena as atividades de indústria cyber conjunta com órgãos governamentais, o IDF, e o público), e a Prof. Rivka Carmi, presidente da Universidade Ben-Gurion do Negev, discutem e defendem o ecossistema de tecnologia exclusiva agora sendo formatado no deserto de Israel.

?

sabia ... POR Theo Hotz coordenador do Depto. de Culto e baal corê

Você sabia que os rabinos do Talmud conheciam Esopo? Na Torá existem dois famosos animais falantes: a serpente de Bereshit, e o asno de Bilám, na parashá Balác. Mas é somente no Talmud que os animais falantes ganham maior presença. Em vários midrashím, são os animais que nos transmitem valores judaicos, explicam trechos bíblicos, ensinam sobre as festas e sobre importantes conceitos teológicos. Esse estilo lembra as Fábulas de Esopo e a Panchatantra, coletânea indiana de fábulas. Louis Jacobs diz que a maior parte dos contos talmúdicos têm paralelos diretos com fábulas gregas ou indianas. Os judeus tiveram contato com Esopo na época da helenização da Judeia, por volta de 332 a.e.c., enquanto os judeus persas devem ter conhecido as fábulas indianas a partir da época de Xerxes. Yohanán ben Zacái, Rabi Meir e Bar Kapara eram exímios fabulistas. Ben Zacái era especialista em contos com raposas e palmeiras, enquanto rabi Meir tinha a fama de conhecer mais de 300 fábulas. Diz-se que, após sua morte, não mais existiram escritores de fábulas. No entanto, Bar Kapara, da geração seguinte, tinha a reputação de conhecer tantas fábulas quanto rabi Meir. No Talmud, a raposa é a protagonista mais famosa, e , às vezes, é retratada como a própria contadora das histórias (Midrash Bereshit Rabá 78:7).

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JUDAÍSMO

Pergunte ao

RABINO PELO Depto. de Culto da Congregação PERGUNTA • Por que os nomes bíblicos em português são tão diferentes dos nomes hebraicos? RESPOSTA • Realmente existem diferenças entre alguns nomes hebraicos e suas versões em português. Ex.: Adám, Adão; Avrahám, Abraão; Rivcá, Rebeca. E elas surgiram na primeira tradução da Torá para o grego (séc. III a.e.c.), na época da helenização da Judeia. Existe uma correspondência entre letras hebraicas e gregas (álef, alfa; bêt, beta; guímel, gama), mas o bêt, por exemplo, representa “b” e “v”, em hebraico, enquanto o beta equivale unicamente ao “b”. Avrám, então, tornou-se Abrám, assim como o “v” de Rivcá se transformou no “b” de Rebeca. Há letras hebraicas (como a letra hê) que expressam fonemas inexistentes no grego e, por isso, foram subtraídas. Por isso, Avrahám se tornou Abraám e Hável (ou Hével) se tornou Abel. Os tradutores também atribuíram aos nomes hebraicos uma pronúncia mais próxima da língua grega. Assim, Rivcá teve as vogais alteradas, transformando-se em Rebeca. Mais tarde, as terminações “án” e “ám” viraram “ã” e “ão”, em português. Harán virou Arã, e Kenaan se tornou Canaã, enquanto Avrahám e Adám se tornaram Abraão e Adão. O iud (equivalete ao iota grego) virou jota, em português. Por isso, Iaacóv, Ierichó e Ierushaláim se transformaram em Jacó, Jericó e Jerusalém. No entanto, Sara, David e Miriam, por exemplo, são nomes que soam exatamente como o original hebraico.

Produtos

judaicos

Visite a CIP e confira as ótimas sugestões de presente para as mais variadas ocasiões: Brit Milá, Simchát Bat, Bar e Bat-mitsvá, casamento, feriados judaicos e muito mais. Para informações sobre os horários de atendimento e os produtos oferecidos, entre em contato: produtosjudaicos@cip.org.br.

(pergunta enviada em 6 de fevereiro de 2014)

Tire suas dúvidas. Entre em contato através do site da CIP (www.cip.org.br/pergunteaorabino) ou do email judaismo@cip.org.br. 42

Chanukiá em metal


15% de desconto aos associados da CIP

Prorrogação do prazo da Claims Conference - Alemanha Oriental O prazo para solicitar o direito de herança de propriedades e bens confiscados pelos nazistas na Alemanha Oriental foi estendido até 31 de dezembro de 2014. Para saber mais, acesse o site: www.claimscon.org/about/successor/late-candidatos-fund/ Verifique a lista de ex-proprietários, propriedades e ativos na página http://forms.claimscon.org/LAF/LAF-Liste.pdf Todo o processo pode ser feito através do site ou diretamente com o advogado Ingo Leetsch LL.M, na Alemanha, através do email ingo.leetsch@t-online.de Em caso de dúvida, entre em contato: 2808.6258 ou socio@cip.org.br.

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Seu Imposto de Renda pode transformar projetos em realidade. Escolha até 30 de dezembro um dos projetos da CIP aprovados pela Lei ROUANET e pelo FUMCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e receba isenção fiscal dedutível do imposto de renda.

LEI ROUANET

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PROJETO DIÁLOGOS • CULTURA PARA TODOS Pronac 140651 Incentivo e ampliação das atividades da CIP, tornando-a polo cultural. O projeto abrange as áreas de música, dança, teatro, cinema e literatura através de shows, concertos, exposições, cursos, palestras, entre outros.

ARTE E EXPRESSÃO Oficinas culturais: artes cênicas, plásticas e visuais.

11 2808.6226 • dialogos@cip.org.br www.cip.org.br/dialogos

Para crianças e adolescentes de 4 a 15 anos.

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA Melhoria contínua da educação para inovação e tecnologia com estimulo à capacidade de reflexão, metacognição, criatividade, lógica e saber cientifico. Para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

ORQUESTRA VOZES DO VIOLÃO DO LAR DAS CRIANÇAS DA CIP Pronac 1310747 Formação musical na área instrumental: aulas de instrumento, musicalização e linguagem, além de oficinas complementares, intercâmbios culturais e concertos comunitários e com solistas. Para crianças e jovens de 6 a 22 anos.

11 3798.6811 • lardascriancas@cip.org.br

PREVENÇÃO: UMA ATITUDE RESPONSÁVEL NO CONTEXTO DA VULNERABILIDADE SOCIAL Prevenção à violência doméstica e psicológica, uso abusivo de drogas, álcool e tabaco, gravidez na adolescência e contágio de doenças sexualmente transmissíveis. Para crianças e adolescentes de 4 anos a 14 anos.

11 3798.6811 • lardascriancas@cip.org.br OU http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br Direcionada à CIP – Lar das Crianças

A doação pode ser de qualquer valor.


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