REVISTA DA
SET • OUT 2014 ELUL 5774 | TISHRÊ • CHESHVÁN 5775
GRANDES FESTAS E SUCÓT NA CONGREGAÇÃO
TRANSFORMAÇÕES PESSOAIS E ESPIRITUAIS
Rezar pela paz não basta,
é preciso construí-la. Bakêsh shalom verodfêhu Salmo 34:15
A CIP deseja que 5775 seja repleto de oportunidades, projetos e realizações, e que a humanidade seja iluminada para viver com mais diálogo e paz. Shaná Tová
PRESIDÊNCIA
Caros associados Estamos nos aproximando de mais um Ano Novo Judaico e, nestes dias de intensa reflexão, pensamos em nós como indivíduo, família e comunidade, e também em nossos irmãos em Israel. Como comunidade judaica sionista, somos diretamente atingidos e nos preocupamos com o futuro, e após os preocupantes ataques do Hamas ao Estado de Israel, encerrados no último mês, a CIP realizou uma série de debates e palestras buscando transmitir nossa visão e sugerir caminhos para uma solução pacífica. É necessário mantermos um constante alerta e transmitirmos valores educacionais aos nossos filhos e colegas para mantermos inteligência e não sermos levados por tendências de uma mídia, por vezes, muito enviesada. A segurança é uma questão bastante presente em nosso dia a dia. Em todos os seus aspectos. Por isso, com a proximidade das Grandes Festas, chamamos mais uma vez a atenção para o fato de que o controle de convites na entrada dos serviços religiosos e a ocupação dos lugares na sinagoga Etz Chaim e no Centro de Eventos São Luís serão feitos de acordo com a orientação do Corpo de Bombeiros. Sempre pensando na segurança e bem-estar de todos. Solicitamos mais uma vez seu apoio neste momento. Lembre-se que a CIP também facilita o acesso de quem quer passar as Festas conosco e não pode arcar com os custos. Organize-se e adquira os convites com antecedência, facilitando a organização e evitando aglomerações nas entradas. Quero aproveitar para refletir sobre como nossas famílias têm, cada vez, mais participado de nossas atividades. Na Escola Lafer expandimos a atuação através de classes para crianças a partir de quatro anos com resultados acima de nossas expectativas iniciais. Os jovens do Ensino têm participado cada vez mais de shabatot e chaguim e teve expandida sua participação nos serviços religiosos regulares. As atividades da Juventude em julho (machanot, acampamento e Colônias) foram um sucesso. Mais de 500 crianças e jovens participaram das nossas cinco saídas e algumas temporadas tiveram, inclusive, lista de espera. Agradecemos a todos os pais pela confiança. Nosso objetivo é sempre melhorar e, para isso, contamos com uma comunidade cada vez mais ativa. Por fim, termino desejando Chag Sameach. Que em 5775 estejamos ainda mais envolvidos com a CIP, que precisa de vocês. Queremos estar cada vez mais junto a suas necessidades.
SÉRGIO KULIKOVSKY • PRESIDENTE
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EDITORIAL
O que e como avaliar Mais um ano judaico termina e mais uma vez somos chamados a fazer uma avaliação. Revisitar nossas vidas múltiplas e diferenciar acertos de erros, e, antes de tudo, verificar se investimos ou não o tempo, as energias, os talentos e os sonhos no que é realmente importante e significativo. Segundo a tradição judaica, nosso verdadeiro Livro da Vida é escrito por nós mesmos. Reconhece-se nele o traço particular de nossa mão individual. Isso podemos, e talvez devamos, aplicá-lo também ao âmbito comunitário. Podemos avaliar números. Ajudamos muitos jovens a tornarem-se bnei e bnot-mitsvá e celebramos vários casamentos. A participação na Colônia da CIP cresceu consideravelmente e os movimentos juvenis mantiveram seus bons números. O curso de liderança juvenil, Manhigut, conta com 90 alunos. Vários novos associados foram acolhidos em nossa comunidade e, com sua presença e participação, nos encorajam para nos desenvolvermos mais e mais. Nossos Cabalot Shabat tiveram uma média de 400 participantes por semana, e nossas rezas de Shacharit de Shabat, cerca de 100. As chamadas festas menores e os Shabatot sem eventos ainda são, por sua vez, um desafio de assistência para uma comunidade de nosso tamanho. Os conteúdos por trás dos números o panorama geral também são encorajadores. Três espaços de estudo semanais se mantiveram constantes ao longo do ano: um de estudo da parashá da semana, outro sobre Talmud e um terceiro sobre pensamento judaico geral (Tanách, Talmud, Cabalá e filosofia). A Juventude, bem como o Ensino, com o curso Manhigut e o Shidrug, periodicamente analisaram e repensaram seus programas e metodologias, e trabalharam mais e mais perto do Rabinato a fim de aprofundar a formação dos educadores e a transmissão de conteúdos para seu público. O grande desafio talvez se encontre na análise do perfil do frequentador. Metade é associado e metade não. Cabe à comunidade e à sua liderança indagar os motivos. Qual seria o motivo pelo qual frequentadores ativos não se associam, e qual a razão pela qual sócios históricos não ativam sua associação nem frequentam nossas atividades e serviços religiosos? Talvez a pergunta deva ser mais individual e existencial: que é o que realmente quero para meu próximo ano espiritual, cultural e comunitário? O que realmente valorizo como “qualidade de vida”? Em que medida posso realizar isso através da CIP? Convido com profundo respeito e carinho a quem aceitar o desafio de responder essas perguntas a fazê-lo junto a nós, com a plena consciência de que o judaísmo, a CIP e a qualidade de nossa vida a nós pertence e depende. Um bom e significativo ano para cada um de vocês. Rabino Ruben Sternschein
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PRESIDENTE Sérgio Kulikovsky
A Congregação Israelita Paulista dá as boas-vindas aos novos sócios
RABINATO Michel Schlesinger Ruben Sternschein
• Bruno Lopes dos Santos e Edienny Viana Lobato
VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO COM O SÓCIO Tatiana Heilbut Kulikovsky
• Leonardo F. Grancieiro e Daniela Briller Grancieiro
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Laura Feldman COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Andrea Kulikovsky Andréia Hotz Anita Efraim Gershon Szklo Paula Barouchel Caracini Guita Feldman Michel Schlesinger Miriam Sanger Pablo Berman Pe. José Bizon Rebeka Anbinder Ruben Sternschein Sérgio Kulikovsky Tatiana Heilbut Kulikovsky Theo Hotz
• José Largman e Adda Aschermann • Mauricio Jesus de Salles e Regina Gotlieb Beer • Mauro Walter Vaisberg e Tania Maria José Aiello Vaisberg • Moris Mermelstein e Marcela Toledo • Regina Friedberg e Felipe Manuel Vasconcellos Lopes • Renata da Cruz Bezerra • Yoel Danilo Saul Melamoude e Priscila Yuka Fujii BRUCHIM HABAIM
EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Andréia Hotz (MTB 61.981) MARKETING Simone Rosenthal PROJETO GRÁFICO jamcomunicacao.com FOTOS Arquivo CIP e Shutterstock Esta é uma publicação da Congregação Israelita Paulista. É proibida a reprodução total ou parcial de seu conteúdo. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião da CIP.
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VOCÊ, SÓCIO Desafios e conquistas em 5775 POR Tatiana Heilbut Kulikovsky
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GASTRONOMIA Yoykh POR Andrea Kulikovsky
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LAR DAS CRIANÇAS Excelência e resultados POR Andréia Hotz
AÇÃO SOCIAL Orientação profissional e desenvolvimento humano POR Paula Barouchel Caracini
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RABINATO Sucót: atrever-se a viver sem garantias POR rabino Ruben Sternschein
32 ESPECIAL CHAZIT Sempre seremos Chazit POR Anita Efraim
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RABINATO Avinu Malkeinu POR rabino Michel Schlesinger
e mais...
34 COM A PALAVRA Diálogo católico-judaico POR Padre José Bizon
41 VALORES JUDAICOS Tempos de redenção POR rabino Pablo Berman
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RADAR CULTO PROGRAME-SE ACONTECE ESCOLA LAFER GIRO PARALELOS JUVENTUDE JUDAÍSMO
VOCÊ, SÓCIO
DESAFIOS E
CONQUISTAS
EM 5775 POR Tatiana Heilbut Kulikovsky vice-presidente de Relacionamento com o Sócio
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Conheça mais sobre o importante trabalho realizado pelos profissionais e voluntários do Relacionamento com o Sócio da Congregação.
O time de funcionários e voluntários da área de Relacionamento com o Sócio da Congregação está trabalhando ativamente na organização das Grandes Festas deste ano desde o final do Iom Kipur de 2013. Há mais de dez meses foi realizada a primeira reunião do grupo para planejar as datas de confirmação de assentos e a venda de novos lugares entre outras etapas da organização dos serviços religiosos. Sempre valorizando o associado e dando a eles a prioridade na escolha de assentos por um valor menor. Após pesquisar espaços disponíveis com capacidade para mais de mil pessoas na cidade de São Paulo, foi escolhido o Centro de Eventos São Luís. Apesar da vantagem do espaço estar próximo à sede CIP, suas desvantagens são muitas: custos mais altos e dificuldade de montagem do espaço, como o aluguel e a colocação das cadeiras e a decoração do ambiente. O calendário de ações envolvendo as Grandes Festas da CIP foi montado de trás para frente: teve início com a definição da data de recebimento dos convites na residência dos associados, prevendo todos os processos anteriores: a criação dos cartões pelos alunos da Escola Lafer, a finalização da lista de confirmações e o envio dos convites para aliót à acomodação todas as pessoas. Cada sugestão e escolha de lugares foi feita com muito carinho, não importando o tamanho do quebra-cabeças que deveria ser montado para encaixar uma nova pessoa na fileira ou trocar uma família inteira de lugar mantendo todos lado a lado e não mudando quase ninguém nos lugares ao redor. São conquistas prazerosas de quem trabalha para construir uma comunidade e compreende a importância da escolha de um lugar especial para cada um. Durante o processo, muitos receberam ligações de vozes conhecidas. Foram ligações e emails da Sylvia Kulikovsky; da Sandy Gross, do Milton Lerner, da Marta Heilborn, da Paula Rodrigues e da Tamara Franken. Com o suporte das áreas de comunicação, eventos, serviço social, juventude, culto e administrativo-financeiro, esta equipe se organizou em um esquema extremamente profissional, cobrindo o horário comercial e esticando, quando necessário, para que os chaguim sejam celebrados por todos nós ao lado de amigos e familiares. Que possamos receber a chegada deste novo ano valorizando desafios e conquistas. Que acreditemos na capacidade do povo judeu de se unir em busca de um mundo melhor para nossos vizinhos e para nós, seja no Brasil ou em Israel. E que possamos relevar os pequenos problemas em prol de um bem maior.
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RADAR
Desafio e renovação nas Grandes Festas da CIP POR Gershon Szklo vice-presidente de judaísmo
Mais um ano judaico se inicia em alguns dias e, diante da maratona de preparativos para as Grandes Festas, gostaria de compartilhar com todos os sócios o que nossa congregação reservou para esse ano. Ano passado, a mudança de nosso segundo local de rezas, do Centro de Eventos São Luís para o auditório do Memorial da América Latina, trouxe novos desafios na organização das cerimônias, porém com resultados bastante proveitosos. Tudo nos apontava o auditório Simón Bolívar como um excelente local para realização de nossas futuras cerimônias. Porém, devido ao infeliz incêndio ocorrido no espaço no final do ano passado, fomos obrigados a buscar um novo local. Assim, aproveitando o término das reformas no Centro de Eventos São Luís, retornamos nossa segunda sinagoga à rua Luís Coelho, mantendo, porém, algumas das alterações na dinâmica das cerimônias que foram implementadas ano passado, e esperando o mesmo sucesso nos resultados. Nossos serviços religiosos seguirão o mesmo esquema adotado em 2013: os serviços de érev e do primeiro dia de Rosh haShaná tanto na sinagoga Etz Chaim (Antônio Carlos) quanto no São Luís (Luís Coelho), a segunda noite e o segundo dia de Rosh haShaná somente na Antônio Carlos, e o Col Nidrê e o Iom Kipur em ambos os locais. Devido à necessidade de seguirmos rigorosamente as atuais determinações de segurança, não será permitida e entrada de pessoas que não tenham seus ingressos, uma vez que, de acordo com o Corpo de Bombeiros, a lotação dos espaços não poderá ser excedida e nem deve ser permitida a permanência de pessoas em pé. Ano passado, por conta da importância dada à juventude pela atual diretoria, destaquei um aumento da participação dos nossos jovens nas cerimônias, incluindo a leitura da Torá do segundo dia de Rosh haShaná às atividades por eles tradicionalmente realizadas. Esse ano tenho a satisfação de anunciar que a leitura da Torá do primeiro dia de Rosh haShaná também será realizada por nossa juventude, além de um terceiro serviço religioso dirigido exclusivamente a eles e que será realizado na Casa da Juventude sob a orientação da rabina Deby Grinberg, coordenadora da Escola Lafer. Além disso, a CIP oferecerá aos madrichim de seus movimentos juvenis a oportunidade de participar dos serviços religiosos das Grandes Festas pelo valor simbólico de R$ 50. A rabina Deby também coordenará o conteúdo das Grandes Festas dos Pequenos, conduzido pela equipe do projeto Shaat Sipur. O objetivo é dar tranquilidade aos pais que estão acompanhando os serviços religiosos e oferecer aos pequenos atividades lúdicas e divertidas sobre Rosh haShaná e Iom Kipur. Teremos a presença e participação da Juventude em praticamente todas as nossas cerimônias, demonstrando que investir neles, que são nosso futuro como comunidade, gera significativos e valiosos resultados.
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GASTRONOMIA
Yoykh POR Andrea Kulikovsky chef e consultora gastronômica
INGREDIENTES: 2,5 quilos de carcaças e pés de frango de boa qualidade 2 cabos de salsão com as folhas 2 cenouras 1 ou 2 cebolas grandes cortadas em quartos e com casca 1 alho porró 1 rabanete ou um pedaço de gengibre (opcional)
Chegamos novamente a Rosh Hashaná e não existe refeição festiva judaica completa sem uma boa sopa. Diz um velho ditado yiddish: “Tsores mit yoykh iz gringer vi tsores on yoykh”, problemas com sopa são mais fáceis do que problemas sem sopa. Tradicionalmente, o caldo de galinha (yoykh ou yoich, que se pronuncia “iuch”) era conhecido como caldo dourado, ou “penicilina judaica”. Com uma linda cor amarelo-ouro, é servido para curar doentes desde a Idade Média até os dias de hoje. Traz com ele o carinho e o cheirinho de “casa de vó”. O caldo, que antes era feito com uma galinha gorda inteira, hoje é feito de carcaça. Minha avó usava pés de galinhas, porque “eles fazem bem para os ossos”, como ela dizia. Dentro do caldo podemos colocar muitas coisas: knaidlach (bolinhas de matsá), mandlen (biscoitinhos pequenininhos quadradinhos), kreplach (massa recheada, como capeletti), entre outros, ou servir puro. Cada família tradicional tem o seu sabor e ingrediente secreto para o yoich. Passo, então, uma receita despretensiosa e básica, para que você possa adicionar seus toques pessoais. O importante é que todos tenham um ano cheio de saúde, e que comece com uma mesa cheia de família e amigos, e um bom yoykh para acompanhar.
MODO DE FAZER: Coloque os ossos em água fria e leve para ferver. Retire as impurezas que ficam na superfície da água e adicione todos os vegetais. Coloque mais água (dois litros, aproximadamente) e leve novamente para fervura. Abaixe para o fogo mínimo e deixe ferver por mais duas ou três horas, verificando sempre a quantidade da água. Após o período, coe a sopa, apertando bem para ficar todo o conteúdo (você pode usar um pano, uma peneira fina ou um chinoise). Deixe esfriar e coloque na geladeira por, pelo menos, duas horas. Assim a gordura subirá e ficará firme. Depois retire a gordura da superfície com uma colher. Perceba que o caldo fica ligeiramente gelatinoso quando resfriado na geladeira. Esquente para servir.
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CULTO
SERVIÇOS RELIGIOSOS DA CIP MANHÃ de segunda a sexta-feira, às 8h aos sábados às 9h30 aos domingos e feriados, às 8h30 NOITE de domingo a sexta-feira, às 18h45 sábados de setembro às 17h30 e de outubro às 18h45 SHABAT ÀS SEXTAS: Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na Sinagoga Etz Chaim Chevra Kadisha A CIP está pronta para ajudar as famílias neste momento tão doloroso da perda de um ente querido, cuidando de todas as providências e detalhes burocráticos e religiosos. Plantão permanente: entre em contato com Sérgio Cernea, pelo tel/fax 3083-0005, cel. 99204-2668, ou e-mail: chevra@cip.org.br
Shabat Ieladim, às 18h45, para crianças Cabalat Shabat e Arvit com prédica, às 18h45, na sede do Lar das Crianças da CIP nos dias19 de setembro e 17 e 31de outubro AOS SÁBADOS: Shacharit, às 9h30, com leitura da Torá e prédica na sinagoga Etz Chaim Shacharit Neshamá, às 9h30, participativo e igualitário na Sinagoga Pequena com leitura e estudo da Torá
SETEMBRO
LEITURA DA TORÁ 6 Ki Tetsê 13 Ki Tavô 20 Nitsavím-Vaiêlech 27 Haazínu (Shabat Shúva) 4 11 18 25
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OUTUBRO
Iom Kipur Sucót (Chol haMôed I) Bereshit (Shabat Mevarchím) Nôach (Rosh Chódesh II)
FALECIMENTOS Bluma Fleks, em 22/jun aos 91 anos Eyal Yifrah, em 12 de junho aos 19 anos Gilad Shaar, em 12 de junho aos 16 anos Naftali Fraenkel, em 12 de junho aos 16 anos Sara Oselka Rosenthal, em 1/jul aos 74 anos Perla (Paulina) Roitman, em 2/jul aos 86 anos Isaac Joffe, em 2/jul aos 91 anos Dora Mostovsky Coatis, em 7/jul aos 89 anos Ilse Oppenheim, em 7/jul aos 101 anos Stefan Hamburger, em 8/jul aos 84 anos Gabriel Franco, em 9/jul aos 69 anos Aleksander Szwarc, em 13/jul aos 91 anos Jacob Osias Langer, em 23/jul aos 87 anos Sylvia Korolik, em 26/jul aos 78 anos Jacob Zagury, em 3/ago aos 87 anos Eveline Ghinsberg, em 14/ago aos 89 anos Roberto Muller, em 16/ago aos 58 anos Feiga Fischer Feller, em 18/ago aos 86 anos Dany Fiszman, em 27/ago aos 41 anos Kathe (Hansi) Ortweiler, em 28/ago aos 92 anos
MAZAL TOV Simchat Bat Camila Dzialoschinsky Manoela Dzialoschinsky Sara Cukier Ferreira Bar-Mitsvá Guilherme Sandri de Oliveira Polmon Rafael Gleicher Michel Delfim Franco Weinschenker Matheus Soares Ajzenberg Filippe Frenkiel Travassos Leon Leme Broder Cohen Gabriel Klajner Velosso
Cerimônias de aniversário de Bar-mitsvá Loy Wanderley Junior Juliana Alvarez Costa e Andre Axelband Paula Cristina Orlando Coutinho e Ronny André Watchel Nicole Schinazi e Daniel Barmaimón Regina Gotlieb Beer Sales e Maurício Salles Edienny Augusta Tocantins Viana Lobato e Bruno Lopes Sharon Zimmermann Davies e Melvin Stanley Davies
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PROGRAME-SE
Grandes Festas Prepare-se para passar Rosh Hashaná e Iom Kipur junto com a CIP. Para aquisição e lugares, entre em contato através do email grandesfestas@cip.org.br ou do telefone 2808-6256/58.
2º semestre
Saiba mais em: www.cip.org.br/grandesfestas
PENSAMENTO JUDAICO Deus x Homem: quem criou quem? Quem precisa, busca, perdoa e julga quem?
Atividades e eventos em destaque
com o rabino Ruben Sternschein
Culanu BaSucá 5775 Juntos na Sucá
Pensamento Judaico O mais recente módulo do curso conduzido pelo rabino Ruben Sternschein tem como tema “Deus x Homem: quem criou quem? Quem precisa, busca, perdoa e julga quem?”. Aprenda e reflita sobre a identidade, a função, a ação e o silêncio de Deus nas fontes judaicas. Os encontros acontecem todas as quintas-feiras, às 19h, depois da reza do Arvit. Informações: secretaria@cip.org.br ou 2808-6299. 14
DIÁLOGOS de 07 a 14 de outubro A programação de Sucót deste ano na Congregação está imperdível: vai ter Shirá Betsibúr em homenagem a Arik Einstein, cantor israelense conhecido por dialogar com todas as idades e temas de Israel; bate-papo com os rabinos da CIP, a coordenadora da Escola Lafer, rabina Deby Grinberg, e o diretor da área judaica do colégio I.L. Peretz, rabino Rogério Zingerevitz Cukierman, sobre os princípios e limites do diálogo; e muito mais!
Ktanim
Seus filhos estão curiosos para saber mais sobre judaísmo? Está na hora deles participarem do Ktanim. O projeto, que é supervisionado pelo rabinato da CIP e que conta com a assessoria da consultora pedagógica Shirley Jungman Sacerdote, fundadora do Kitá Legal, leva conteúdo judaico e vivência comunitária para crianças de 4 a 10 anos de idade. Turmas de manhã e à tarde na CIP ou na casa da criança. Informações: escolalafer@cip.org.br ou 2808-6219
Atividades
regulares da CIP
TERCEIRA IDADE
OUTROS
INFORMÁTICA PARA SÊNIOR segundas e quartas-feiras às 9h30 e 11h
DANÇAS
COSTURA DA BOA VONTADE terças-feiras às 13h CORAL SAMEACH quartas-feiras às 15h CLUBE DAS VOVÓS LOTTE PINKUSS terças-feiras às 14h (encontros quinzenais)
CULTO GRUPO DE ESTUDOS DA PARASHÁ segundas-feiras às 20h
JUVENTUDE MANHIGUT sextas-feiras às 16h CHAZIT HANOAR sábados às 14h
Acompanhe a programação completa de Sucót no site da CIP (www.cip.org.br/sucot) ou em nossa nova fanpage no Facebook (www.facebook.com/cipsp).
AVANHANDAVA sábados às 14h SHAAT SIPUR sábados às 14h30
Lehacat Eretz segundas-feiras, às 20h Harcadá terças-feiras, às 20h Lehacat Nefesh quintas-feiras, às 19h
CORAL ABANIBI quartas-feiras às 20h30
PENSAMENTO JUDAICO quintas-feiras às 19h
CORAL KAVANÁ terças-feiras às 20h30
ENSINO ESCOLA LAFER segundas, terças e quartas-feiras às 16h30 sextas-feiras às 8h30 e às 16h30 KTANIM segundas-feiras às 17h30 e sextas-feiras às 10h
Informações: secretaria@org.com.br ou 2808-6299 15
ACONTECE 1
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01. Lucia Barnea, esposa do cônsul-geral de Israel em São Paulo, e suas duas filhas visitaram o Lar das Crianças e, além de conversarem com os integrantes da orquestra Vozes do Violão, participaram de uma atividade da oficina de bonecas. 02. Muita diversão na Machané Choref dos 55 anos da Chazit Hanoar, que aconteceu no Sítio Vips e que contou com a participação de chanichim de 7 a 16 anos de idade.
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03. Mais de 60 chanichim e madrichim da Avanhandava participaram do Acampô do movimento juvenil em Juquitiba. 04. A Escola Lafer promoveu um bate-papo com a psicanalista Eliane Saslavsky Muszkat, o sheliach André Wajnberg e o rabino Michel Schlesinger sobre como falar com as crianças sobre os conflitos em Israel.
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Fotos: Lilian Knobel
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5 a 8. Cerca de 500 pessoas prestigiaram a pré-estreia do documentário Henry Sobel, Luz e Sombras de um Rabino, produzido pela TV Cultura. O evento, que foi realizado na sinagoga Etz Chaim, contou com a presença de admiradores e amigos do rabino. 17
ACONTECE
TeleHelp
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TeleHelp
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9 e 10. Auditório Haber lotado para o lançamento do guia Morar Sozinho, evento da Telehelp, empresa de teleassistência pioneira no Brasil, em parceria com a CIP. Trata-se do primeiro guia brasileiro que auxilia a pessoa da terceira idade a viver com independência e segurança. 11 e 12. O projeto Reluz, da Central de Orientação ao Trabalho da CIP em conjunto com a Korkes & Cintra, promoveu na sede da entidade um concorrido coaching de carreira em grupo.
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Fotos: Tahia Macluf
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13 a 16. Com mediação do jornalista e sociólogo Demétrio Magnoli, o xeique Houssam Ahmad El Boustani e o rabino Michel Schlesinger falaram sobre o que islã e judaísmo ensinam sobre a paz em evento que lotou o teatro Eva Herz da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. 19
LAR DAS CRIANÇAS
INVESTIR EM EXCELÊNCIA PARA FORTALECER RESULTADOS POR Andréia Hotz editora da Revista da CIP
Confira o bate-papo com Luciana Mautner, diretora do Lar das Crianças, e Aidê Firer, coordenadora geral da instituição, sobre o recente processo de reestruturação do principal projeto social da CIP.
Revista da CIP • Como vocês definem o momento atual do Lar das Crianças? Luciana Mautner • O Lar está em um importante momento de reestruturação, de revisão de suas práticas, mas sempre mantendo seus valores fundamentais e essenciais. Aidê Firer • A ideia é reforçar a excelência em atendimento pela qual o Lar já é conhecido. E para isso estamos revendo todas as práticas, com o intuito de atualizar e melhorar nossos processos. RC • E o que motivou essa reestruturação? LM • É uma tendência interna e externa. Internamente sempre existe a vontade de fazer mais e melhor pelas crianças e jovens que atendemos. E todas as organizações não-governamentais estão buscando se tornar ainda mais profissionais. As diretorias têm trazido cada vez as práticas do
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primeiro setor baseadas em avaliações de desempenho, indicadores e metas, o que aumenta a eficiência. Assim como estão investindo em recursos humanos, na contratação de profissionais para ajudar a promover essa atualização. A Aidê é o mais recente investimento do Lar nesse sentido. AF • Estamos adequando as práticas do Lar das Crianças ao que o mercado de responsabilidade social está atualmente esperando das instituições. O que nos tornará ainda mais interessantes para os editais lançados por órgão públicos, como o FUMCAD, e por empresas ou fundações particulares. LM • Muitos editais têm solicitado, por exemplo, indicadores. E nem toda organização tem esses dados. Os fundos querem saber qual o impacto social do trabalho realizado pela instituição. São questões super-relevantes e que a gente tem sempre que ter em mente.
RC • Tem havido uma mudança significativa no cenário de responsabilidade social, então? AF • Sim. Muitas empresas grandes e estruturadas estão criando suas próprias áreas voltadas para a prática social. Contando com todo o apoio administrativo da empresa e com o suporte dos departamentos comercial e de comunicação e mkt. E mais: com verba para isso tudo. Então, a ONG ou o projeto social, como é o caso do Lar, tem que estar muito preparada. LM • É um estímulo. Veja o caso do Instituto Natura, que antes apenas financiava projetos de outras ONGs e que agora passa também a ser quem fornece o serviço. Mas assim, essa tendência de aumentar e melhorar a eficácia e o profissionalismo das organizações vem de duas formas: das instituições que trabalham com a área social e pelos fundos de investimento que querem investir mas, com toda razão, querem ter a certeza e a segurança de que estão colocando seu dinheiro em projetos sólidos, que trarão resultados.
O ATENDIMENTO DO LAR ACONTECE DE FORMA LONGITUDINAL, AO LONGO DE QUASE TODA A VIDA DE UMA CRIANÇA OU JOVEM ATÉ SUA VERDADEIRA AUTONOMIA. COMPARAMOS NOSSO COMPROMISSO À preparaçÃo DE UM FILHO. ESTE É O DIFERENCIAL DO LAR.
RC • Como tudo isso está afetando o dia a dia das crianças e das famílias atendidas pelo Lar? LM • Há cerca de dois anos as mudanças começaram a ser implantadas. Quando as novas diretorias da CIP começaram a trabalhar. No Lar, após verificarmos que jovens de 12 a 14 anos estavam respondendo pouco aos projetos desenvolvidos para eles. O vínculo deles com o projeto estava diminuindo. Então, como forma de reverter esse quadro, forma criados três novos projetos: o judô, com a parceria do Edson e da Miriam Minakawa, da Hebraica; o teatro, com o apoio o projeto Palco; e a robótica, que é uma parceria com o Bloco a Bloco, da Lego. As três áreas – esporte, expressão artística e
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ciências – foram pensadas propositalmente para fazer paralelo com disciplinas da escola e para desenvolver habilidades nas crianças que a gente acredita que sejam importantes para eles como pessoas e cidadãos. E o quadro de evasão foi totalmente revertido e com grande adesão dos jovens. RC • E o atendimento direto às famílias? Passou por algum alteração? LM • Também. Sempre pensando em melhorar e ajudar ainda mais o núcleo familiar. Depois de muito debater com nosso conselho consultivo, formado por profissionais das áreas de educação e assistência social, chegou-se à conclusão que havia como aperfeiçoar o atendimento às famílias e, de quebra, dar ainda mais atenção ao foco principal do trabalho do Lar: as crianças e jovens. Assim, atividades como o curso de cabeleireiro e manicure deram lugar a um atendimento mais personalizado: hoje nossa assistência social analisa caso a caso e encaminha paras as melhores possibilidades de capacitação que existam no mercado. E isso graças ao excelente trabalho que vem sendo realizado junto ao Trabalho de Emancipação da Infância e da Adolescência, a TEIA, que engloba atendimentos voltados para a saúde e assistência social, à chamada “rede” de órgãos públicos de ensino e profissionalização, e também outras instituições da comunidade judaica. Se os pais de uma de nossas crianças perdem seus empregos, nossa assistente social conversa com eles e os encaminha para bolsas de empregos, como a Central de Orientação ao Trabalho da CIP, por exemplo, ou para cursos de capacitação. E enquanto a situação financeira não se normaliza, auxiliamos com cestas básicas. Tudo para restabelecer o ambiente familiar e não deixar a criança ou o adolescente ser atingido pela situação a ponto de comprometer seu aproveitamento escolar e seu desempenhos nas atividades e projetos que participa no Lar. RC • E como é tratada a questão da capacitação dos jovens? Da preparação deles para entrar no mercado de trabalho? LM • Esse é ponto principal do Passaporte para a Vida. A coordenação do projeto trabalha individualmente com cada participante, ajudando-os a traçar um plano de vida e tendo sempre como prioridade a formação acadêmica. A orientação é trabalharmos formas que assegurem ao máximo a permanência do jovem na escola, evitando a entrada precoce no mercado de trabalho, como única atividade de formação. 100% dos jovens do Lar concluem o Ensino Médio. Sucesso relevante quando comparamos aos 45% de conclusão da população brasileira.
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AF • Quando o cenário financeiro da família é complicado e o jovem precisa mesmo trabalhar, a coordenação faz questão de associar a ocupação à algum tipo de curso voltado para a profissionalização. Como no caso do Jovem Aprendiz, onde a participação no estágio é vinculada à frequência escolar. LM • Quando o jovem tem a possibilidade de se dedicar mais aos estudos, a Selma Souza, assistente social que coordena o PPV, o direciona para cursos profissionalizantes ou de ensino superior. Sempre de acordo com o desejo, a vocação e o potencial de cada um. E, para isso, a primeira opção é, a partir de financiamentos públicos, buscar bolsas de estudo. E se essas opções não estiverem disponíveis, o Lar das Crianças patrocina esse jovem. Ele sempre terá algum tipo de auxílio. Se não for pela via pública, por qualquer motivo, o Lar vai possibilitar. RC • Além da Central de Orientação ao Trabalho, com quais outros projetos da CIP o Lar têm trabalhado em parceria? AF • Os jovens da Congregação têm sido ótimo parceiros também. O projeto Garinim e o grupo Yad estão sempre com nossas crianças e jovens. Os jovens do Garinim tornam-se “irmãos mais velhos” e criam um forte laço de amizade com elas. Um projeto muito bem sucedido para os dois lados. O Yad, por sua vez, ajuda os jovens do Passaporte para a Vida a organizar seus encontros mensais e contribui com as discussões sobre temas como cidadania, ética, tolerância e honestidade. Os dois grupos se dão muito bem. Não é o Yad que vai ensinar alguma coisa, ou o pessoal do PPV que vai contar algo para os jovens do Yad. São eles juntos, discutindo temas ligados a esses valores. E é um desejo forte do Lar aumentar ainda mais essa relação com os jovens da CIP. LM • O pessoal da Dança da CIP também promoveu recentemente uma animada tarde de atividades com as nossas
crianças. Foi ótimo ver os dançarinos interagindo com elas, suas famílias e os funcionários do Lar. RC • Quais mudanças foram feitas na estrutura do Lar das Crianças para dar suporte a essa reestruturação? LM • Algumas alterações foram feitas na área de desenvolvimento institucional, que antes funcionava conjuntamente com o da CIP. Agora temos profissionais que cuidam exclusivamente das ações de captação de recursos para o Lar. E também a contratação da Aidê, que assumiu a coordenação geral. RC • E quais as funções dessa nova coordenação geral do Lar? AF • Basicamente a gestão e a coordenação de todas as áreas da entidade, do pedagógico ao administrativo. Sou responsável por alavancar com excelência todas as atividades realizadas pela entidade. LM • Nesse primeiro momento, a Aidê está se colocando a par dos detalhes do funcionamento de cada área, como as coisas acontecem, quem faz acontecer, e ainda: definir melhor para onde queremos ir como projeto de assistência social. E essa análise, que dará um diagnóstico completo sobre a nossa realidade, continuará até o final do ano. AF • Em 2015 começaremos a colocar em prática as primeiras ações. E uma das principais preocupações diz respeito ao nosso papel na educação de nossas crianças e jovens. Queremos nos certificar que eles consigam acompanhar e aproveitar de forma absoluta os projetos de excelência que oferecemos.
RC • Além de educação, há interesse em investir mais em outras áreas, como esporte e artes? LM • Sim. Já temos três projetos aprovados pelo FUMCAD e que devem entrar em execução no final do próximo ano. Um de arte e educação; outro focado na saúde, com atividades de educação sexual e campanhas de orientação quanto ao tabagismo e demais drogas; e um terceiro ligado à ciência e tecnologia. O foco maior é desenvolver as habilidades cognitivas e emocionais dos nossos atendidos. RC • Daqui a dez anos, como vocês querem que o Lar esteja? LM • Estamos trabalhando muito para que na próxima década estejamos atendendo um número ainda maior de crianças e jovens e que sejamos reconhecidos como um berço de metodologias e de excelência em assistência social. AF • E que nossos meninos consigam realizar todos os seus sonhos e que tenham acesso às mesmas oportunidades que os nossos filhos têm. LM • Queremos que os associados da CIP tenham uma consciência maior do papel deles na construção de tudo isso. Nem todo mundo sabe que 5% da contribuição associativa é direcionado aos projetos sociais desenvolvidos pela Congregação, o que inclui as atividades de terceira idade, as ações de empregabilidade e o Lar das Crianças. Nos próximos três anos este percentual chegará a 20%, sendo 4% deles especificamente para o Lar. Quando uma de nossas crianças se destaca em uma atividade ou melhora seu desempenho escolar, ou ainda quando um jovem do PPV começa um estágio na área com a qual sempre sonhou, é resultado direto do comprometimento da CIP com o Ticun Olam e da vontade de seus associados de fazer o bem e ajudar quem precisa.
Aidê Firer, a nova coordenadora geral do Lar das Crianças da CIP, é pedagoga com especialização em direção de organizações comunitárias pela Universidade Hebraica de Jerusalém e em psicologia e psiquiatria clínica de adolescentes pela Unicamp. Também é pós-graduada em psicologia educacional. Atuou como coordenadora pedagógica do projeto Gente Nova, de Campinas, sendo a responsável pelo programa socioeducativo e de protagonismo de crianças e adolescentes; e também como pedagoga e coordenadora de projetos educacionais do Centro de Educação Não-Formal da Prefeitura Municipal de Paulínia, o SOL. Foi diretora e coordenadora pedagógica do Beit Sefer Shelanu, escola judaica de ensino complementar de Campinas e, em Beit Shemesh, Israel, foi orientadora educacional e membro da diretoria da escola pública de Segundo Grau, Shaiber.
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AÇÃO SOCIAL
Orientação profissional e desenvolvimento humano POR Paula Barouchel Caracini coordenadora de projetos de empregabilidade 24
No período das Grandes Festas, normalmente paramos um pouco e refletimos sobre o ano que se encerra e sobre aquele que se inicia. Estabelecemos novos objetivos e metas pessoais e profissionais que possibilitem nossa maior satisfação com a vida que levamos, o que é estreitamente relacionado ao nosso processo de desenvolvimento e estar no mundo. O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é aquele que situa as pessoas no centro do desenvolvimento e que trata da promoção do potencial das pessoas, do aumento de suas possibilidades e do desfrute da liberdade de viver a vida que elas valorizam. O conceito de desenvolvimento humano tem suas origens no pensamento clássico e, em particular, nas ideias de Aristóteles, que acreditava que alcançar a plenitude do despertar das capacidades humanas é o sentido de todo desenvolvimento. Alinhado com esse olhar e com o desejo de desenvolvimento contínuo de nossas potencialidades, o Departamento de Ação Social da CIP está sempre em busca do aperfeiçoamento de seus trabalhos e atentos às demandas da comunidade cipiana. A Central de Orientação ao Trabalho (COT) realiza atividades de orientação profissional e de carreira, oferecendo cursos de capacitação profissional, e desenvolve parcerias com empresas para promover a aproximação positiva entre candidatos e empregadores. Tudo com o objetivo maior de tornar cada vez mais preparados os candidatos que buscam uma colocação profissional. A COT, motivada a desenvolver continuamente os profissionais que a procuram, lançou junto com as coaches Lucia Korkes e Renata Cintra, do Grupo Korkes e Cintra, o Projeto Reluz, que oferece coaching de carreira em grupo. O processo tem como objetivo apoiar o desenvolvimento integral do profissional, auxiliando tanto na decisão de qual carreira seguir, como no desenvolvimento contínuo do profissional que já está no mercado de trabalho e que precisa enxergar seus pontos fortes e os itens de melhoria para sua satisfação profissional. Segundo as coaches, o processo de coaching em grupo com foco em carreira parte da investigação da individualidade humana para apoiar o participante na identificação e na escolha de uma atividade profissional que demande suas potencialidades, o fortaleça e o estimule a evoluir, proporcionando senso de realização e contribuição.
O processo também possibilita o autoconhecimento contínuo, pois através da metodologia é possível verificar de forma mais clara os objetivos da vida profissional, aumentando a autoconfiança e assertividade, e atingindo maior satisfação não só no processo de carreira, mas também na vida pessoal em toda a sua magnitude. Esse projeto traz ainda a oportunidade de questionar o rumo da vida profissional quando se está em busca de uma realização mais coerente e equilibrada entres os aspectos pessoais e profissionais e nossos objetivos, além de promover a tomada de consciência da integração dos diferentes aspectos da nossa vida. A Ação Social da Congregação está sempre apoiando o desenvolvimento integral daqueles que são atendidos na COT, pois só assim é possível incentivar uma vida mais satisfatória e integrada com valores, crenças e objetivos de vida.
Primeira edição do Projeto Reluz, da COT em parceria com o grupo Korkes e Cintra
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RABINATO
SUCÓT:
atrever-se a viver sem
Os humanos construímos casas e abrigos e vestimos roupas, ficando muito mais resguardados de qualquer mudança climática, seja simples como sol, chuva e neve, ou dramática como terremotos, temporais ou tsunamis. Conseguimos também organizar nossa manutenção diária sem necessidade de que cada um saia todo dia a buscar sua comida na natureza. Economias, tecnologias e logísticas sofisticadas nos brindam com essas seguranças, garantido que poderemos nos alimentar, nos vestir e nos resguardar sempre que quisermos e precisarmos. Também nossas emoções conseguem maior segurança do que o restante dos animais. Aprendemos a criar vínculos, dar e receber confiança, proteção, amor, colaboração e segurança. Inclusive podemos prever um conflito e nos organizar convenientemente para enfrentá-lo. Incertezas Apesar do que mencionei anteriormente, somos condenados a viver rodeados por tremendas incertezas. Sabemos que morreremos mas não sabemos quando nem como. Conhecemos muito do funcionamento do corpo mas não temos controle algum sobre ele. Doenças e disfunções de todo tipo conseguem nos atingir mesmo com todas as precauções que tomamos. Quanto mais conhecemos, mais
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garantias Uma das características que distinguem o ser humano de todos os outros seres vivos é sua capacidade de criar maneiras de sentir-se seguro. POR Ruben Sternschein rabino da Congregação
comprovamos o frágil, incrível e maravilhoso equilíbrio do qual depende nosso corpo, nossa saúde, a natureza, o mundo e o cosmos. Tudo tem todos os dias e a toda hora a mesma possibilidade de se destruir do que de continuar no seu equilíbrio. Também nossas garantias econômicas são frágeis e podem ser derrubadas. A queda de grandes milionários, empresas, países e até continentes mostra que ninguém esta a salvo totalmente. Por fim, os relacionamentos humanos baseados nas próprias transformações de todos sempre sofrem mudanças imprevisíveis e incontroláveis no decorrer do tempo. Amigos do passado se afastam e até se tornam inimigos. Sócios se tornam rivais, amores mudam de forma, de conteúdo, de essência e de significação de modo que geram mudanças dramáticas. Tendências sociais mudam, gostos, culturas, públicos mudam, e assim mudam economias, artes e valores. Sucót: segurança na insegurança Também chamada Festa das Cabanas ou da Colheita, Sucót expressa de forma profunda essa tensão existencial entre as garantias que precisamos e que temos, e as incertezas que mesmo assim nos cercam. Sucót se origina na antiga celebração da colheita. Nossos antepassados agricultores costumavam celebrar o fim do ano apreciando a abundancia recolhida. Todavia, o fim da colheita também indicava o começo do período de chuvas. Delas dependia a economia do futuro próximo. A alegria pelos frutos se mesclava com a incerteza por aquilo que seria preciso no ano seguinte. Ninguém sabia se haveria chuvas suficientes ou seca ou enchentes. A celebração incluía um pedido por chuvas, assim a segurança que davam os frutos se mesclava com a insegurança que os céus não podiam evitar. A travessia pelo deserto e o período em que moramos em sucót após o fim da escravidão no Egito inclui também a mescla da euforia pela liberdade conquistada e a incerteza do que o futuro traria. O homem livre dependeria apenas de si para viver melhor do que na escravidão. Muitas dúvidas surgiram na travessia pelo deserto, especialmente diante da realidade incerta que o deserto apresentava. A liberdade seria ameaçada o tempo todo, pelas circunstancias e pela própria administração dela mesma, bem como pelos povos vizinhos . Por fim, a sucá como moradia resumia essas misturas. Ela dava abrigo e segurança a quem dentro dela se encontrava, mas por fora era fraca e pobre. A contribuição existencial de Sucót para o homem de hoje Também nós esperamos por segurança e garantias e experimentamos incertezas. O homem moderno sabe mais que o antigo, ganha, controla e vive mais, e mesmo assim continua sem saber quando e como morrerá, se seu corpo acordará amanhã em equilíbrio, se seus relacionamentos lhe darão felicidade, tranquilidade e realização, e se suas atividades continuarão sustentando sua economia. Na festa de Sucót somos convocados a abandonar nossas moradias de concreto para experimentar mais de perto essa fragilidade existencial que nos acompanha em toda circunstância. Devemos estar felizes dentro da sucá, construir um interior forte, bonito, alegre e aconchegante, mesmo sabendo que o exterior é frágil e incerto. Duas das principais mitsvót da festa são a hospitalidade e a alegria. Saber ser solidário e feliz mesmo sem garantias é o grande desafio da vida que Sucót nos mostra.
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RABINATO
Avinu Malkeinu POR Michel Schlesinger rabino da Congregação
Certa vez, num dia de jejum, Rabi Eliezer recitou perante a arca santa uma reza para que chovesse, mas sua oração não foi atendida. Rabi Akiva colocou-se diante de toda a comunidade e disse: “Avinu Malkeinu, ein lanu melech ela atá” (“Nosso Pai, nosso Rei, não temos outro rei senão Você). Imediatamente, começou a chover. (Taanit 25b) Essa história, contada no Talmud, traz a origem de uma das orações mais importantes e emocionantes recitadas durante o período das Grandes Festas. Desde a sua criação, no século II, muitas frases foram adicionadas até se chegar ao formato que conhecemos hoje. Recitamos o Avinu Malkeinu nos dias de jejum público, em Rosh Hashaná e Iom Kipur, e nos dez dias que separam essas duas festas, os Asserret Iemei Tshuvá. Quando essas datas caem no Shabat, a oração não é recitada por se tratar de uma coletânea de pedidos que evitamos fazer no sábado - dia em que não rezamos por nossas necessidades materiais. Na Neilá, fechamento do Iom Kipur, o Avinu Malkeinu é recitado mesmo no Shabat, como acontecerá neste ano, por se tratar dos últimos momentos do julgamento de Deus em que todos os pedidos são encorajados.
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As primeiras palavras da oração, “Avinu Malkenu”, são repetidas no início de cada uma das 45 estrofes e merecem uma atenção especial. Afinal de contas, elas apresentam uma contradição: se Deus é nosso pai (avinu), como pode ser Ele também o nosso rei (malkeinu) e vice-versa? O que significa ser pai? Um bom pai é aquele que educa com amor. Ensina os caminhos da vida estando sempre preparado para o diálogo. Um pai aceita ser questionado e se esforça para responder a esse questionamento da melhor maneira possível. Ele precisa estar preparado para apontar o caminho e, eventualmente, ver seu filho seguir por outro. O amor que o pai ideal sente por seu filho não está condicionado a uma obediência cega. Na realidade, o amor de um pai não está condicionado a nada. O pai ama porque ama. E quando percebe que seu filho está verdadeiramente arrependido, recebe-o de volta para casa. Será que o mesmo pode ser dito em relação ao rei? Acredito que não. Trata-se de uma relação bem diferente da relação pai-filho. Na relação súdito-soberano não existe o diálogo. O rei não indica as possibilidades. Ao invés disso, dita as normas. O preto do rei é preto, e o branco do rei é branco. A compaixão e a flexibilidade não são palavras presentes no vocabulário do rei que governa com pulso forte. O rei precisa ser extremamente claro e conciso. Suas diretrizes não podem deixar dúvidas e sua palavra é a palavra final. O rei, enquanto estereótipo, não precisa ser bom, precisa apenas governar com justiça. Assim como existe uma oração que descreve Deus como pai e também como rei, existe uma outra em que nós somos descritos como filhos e servos, o outro lado da moeda. Essa oração é o Haiom Harat Olam. Tanto um filho quanto um servo devem ouvir aquilo que lhes é solicitado. Porém, existe entre eles uma diferença significativa. O filho tem uma relação especial com seus pais que lhe permite questionar as razões que se escondem por trás de determinada regra e seguir essa orientação com entusiasmo ou com relutância. O servo, por sua vez, deixa de lado seus próprios sentimentos e cumpre o que lhe foi solicitado sem escolha. Como súditos, cabe a nós aceitarmos as decisões de Deus quando nada pode ser feito para alterá-las. Quando chove no dia em que programamos um churrasco, de nada adianta reclamar. Assim como um rei que assinou e publicou seu decreto, cabendo aos súditos colocá-lo em prática da melhor maneira possível. Passemos o churrasco para dentro de casa. Muitas vezes, temos a obrigação de atender aos pedidos de Deus mesmo quando não podemos compreendê-los. Existem momentos em nossa vida em que não queremos saber quais são as possibilidades, queremos que Deus nos indique um caminho e apenas um caminho. Nessas horas, pedimos a Ele que seja nosso rei e nos diga com clareza e determinação qual é a melhor atitude a se tomar. De nossa parte, agimos como súditos que elaboram pedidos e aguardam que eles sejam realizados. Mas isso não acontece o tempo todo. Existem situações em que não queremos ordens, e sim conforto. Queremos que Deus nos carregue em Seus braços e nos dê carinho. Não queremos que seja nosso rei, e sim nosso pai. Porque não nos sentimos Seus súditos, mas filhos a procura de mimo e amor. Avinu Malkeinu nos ensina que Deus traz consigo essas duas personalidades aparentemente antagônicas. Deus é por um lado nosso Pai, e por outro é também nosso Rei. Quando Deus estabelece as leis na natureza, quando Ele decide quem vai morrer e quem viverá, não pergunta nossa opinião, não está interessado em saber o que pensamos ou deixamos de pensar. De nada adianta questionar suas
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O amor que o pai ideal sente por seu filho não está condicionado a uma obediência cega. Na realidade, o amor de um pai não está condicionado a nada. O pai ama porque ama.
diretrizes e decisões. Aquilo que foi decidido, será. Porém, Deus não é sempre esse Rei e com frequência transforma-se em nosso Pai. Um pai que nos entrega suas leis de presente e espera que sigamos o caminho indicado por Ele. E nesse ponto existe sim o diálogo. Eu decido quanto de Deus vou colocar para dentro da minha vida. Ele vai estar sempre esperando por mim, de coração aberto. Mas eu vou seguir o caminho indicado por Ele apenas quando eu quiser, e se quiser. E mesmo assim, se eu passar anos sem olhar para Ele, despertar numa certa manhã e pedir um abraço, o abraço mais carinhoso do mundo virá. Como um bom pai, Deus vai sempre aceitar o retorno daquele que reconhece seus erros e volta para casa. Quando Deus atua como pai está exercendo sua compaixão, em hebraico, midat harachamim. Quando Ele atua como rei, é Seu senso de justiça que fala mais alto, midat hadin. Para ser justo, Deus precisa, por alguns momentos, deixar de lado sua compaixão e executar Sua decisão. Por outro lado, precisa deixar seu senso de justiça de lado, quando, apesar de tudo, resolve absolver, desculpar e dar uma nova chance. O Talmud faz uma pergunta muito intrigante: qual é a oração de Deus? Isso, mesmo. Quando Deus reza, o que Ele pede? E a resposta é a seguinte: “Que a Minha compaixão prevaleça sobre a Minha justiça”. Em outras palavras: que Deus continue sendo nosso rei, mas que prevaleça, acima de tudo, Sua atuação como pai. Avinu malkeinu, se esta é a Tua oração, cabe a nós dizer: “Amém”.
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Escola Lafer
Grandes Festas na Escola Lafer POR Andrea Kulikovsky diretora de Ensino
De acordo com o educador Rubem Alves, “As crianças têm interesse por aquelas coisas ao alcance de suas mãos. Não adianta trabalhar com abstrações”. Em sintonia com esse pensamento, a Escola Lafer da CIP apresenta a seus alunos diversas maneiras de vivenciar o judaísmo e a vida comunitária na Congregação. Uma dessas experiências comunitárias é o concurso de desenhos de Rosh haShaná, que conta com a participação de todos os alunos da Lafer. Os ganhadores são escolhidos por um júri composto por representantes da área de Comunicação e MKT, da comissão de Culto e também da equipe pedagógica do Ensino. Os desenhos vencedores são utilizados como ilustração dos cartões de aliá para Grandes Festas da CIP, enchendo de orgulho não somente os pais destes alunos, mas toda a equipe da Escola. Também para Grandes Festas, ex-alunos da Escola Lafer se voluntariaram para participar dos serviços religiosos voltados para as crianças. Eles estão se preparando para a leitura da Torá, a condução de rezas e também para tocar os instrumentos musicais que acompanharão estes serviços. Uma equipe multidisciplinar ensina, de maneira lúdica e prática, que a continuação da comunidade depende do envolvimento daqueles que já são adultos perante o a religião. A escolha pela participação e continuação prova que a Lafer vem plantando corretamente a semente do judaísmo em seus alunos. A participação dos pais para que esta semente seja devidamente regada e germinada é fundamental para o trabalho de educação. Com esta ideia em mente, a consultora pedagógica e fundadora da Kitá Legal, Shirley Jungman Sacerdote, e a coordenadora da Escola Lafer, rabina Deby Grinberg, promoveram um workshop com novas maneiras dos pais trabalharem as Grandes Festas junto com os filhos em casa. A Escola Lafer acredita nas palavras de Rubem Alves, quando diz que educar é um exercício de imortalidade. “De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia das nossas palavras.”. E desta forma acreditamos, então, estar contribuindo com nossa parte para a transmissão de geração em geração, “ledor vador”, do judaísmo e da continuação de nossa Congregação.
Ilustrações feitas pelos alunos da Escola Lafer para os cartões de aliá de Rosh haShaná.
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1. Natan Coelho Gandelman, 11 anos 2. Nicole Schreier, 12 anos 3. Ana Beatriz Cerussi Aragão,10 anos
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ESPECIAL • Chazit
Sempre seremos
Chazit
POR Anita Efraim Rosh Tikshoret
Faltam palavras para explicar a emoção de fazer parte de uma comemoração de aniversário da Chazit, que acontecem, tradicionalmente, a cada cinco anos. Mais que uma festa, as messibot reúnem diferentes gerações que, durante uma parte de suas vidas, doaram seu tempo e energia aos ideais em que a nossa tnuá acredita. As comemorações pelos 55 anos estão acontecendo desde o começo do ano. Além de sábados comemorativos, realizamos o Cabalat Shabat da Chazit em nossa kehilá, a CIP, que não mediu esforços para nos ajudar, assim como nosso sheliach, André Wajnberg. Em agosto tivemos machané de três dias para todos os peilim e chanichim e, no último domingo do mês, pais e ex-bogrim se juntaram para comemorarmos juntos em um churrasco no Sítio Vip’s. O costume de comemorarmos os aniversário da Chazit de cinco em cinco anos é apenas uma representação de tudo que fazemos todos os sábados, de todas as nossas peulot e machanót, e toda a preparação para que eles aconteçam. Tudo que somos foi construído ao longo de muitos anos graças a todas as pessoas que passaram pela nossa tnuá. E ela sempre será nossa, isto é, de todos que a construíram de forma coletiva, dedicando-se a um propósito que só quem fez parte pode entender. Maior que a emoção de participar de uma festa só a emoção de participar dessa tnuá, de uma parte desses 55 anos de história.
O sítio VIPS decorado para o evento com balões e a bandeira da tnuá.
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1 1. A comemoração de 55 anos da Chazit Hanoar contou com cerca de 650 pessoas, entre chanichim, madrichim, ex-bogrim e pais. 2. Piñata de doces para as crianças. 3. O logotipo de 55 anos foi pintado na sede. 4. A turma da Chazit.
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“A Chazit mudou o meu jeito de ver o mundo e minha vontade de transformá-lo.” Daniel Nachim, 15 anos
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COM A PALAVRA
O caminho percorrido do Tahia Mackluf
DIÁLOGO católico-judaico POR Cônego José Bizon responsável pela Comissão do Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo e diretor da Casa da Reconciliação
O Concílio Ecumênico Vaticano II foi convocado em 25 de janeiro de 1959 pelo Papa João XXIII no contexto do mundo moderno, da constituição do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdam, na Holanda, e da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. A primeira sessão do Concílio transcorreu no dia 11 de outubro de 1962 e a promulgação da Declaração Conciliar Nostra Aetate, em 28 de outubro de 1965 pelo então Papa Paulo VI e pelos padres Conciliares. Inaugurando uma nova primavera nas relações do diálogo religioso católico-judaico. O primeiro projeto era o de um documento que contemplasse em um de seus capítulos as relações católico-judaicas. Mas a vivência, a amizade e o relacionamento do então Papa João XXIII com pessoas de diferentes tradições religiosas, bem como a realidade plural em que o mundo se encontrava, fez com que se tornasse necessário um documento novo, que contemplasse a diversidade religiosa existente no momento. Pessoas que ajudaram em nível internacional nesse processo foram o Cardeal Bea e o amigo pessoal de João XXIII, o professor Jules Isaac, ambos com um papel fundamental. Foi a partir daí que tudo começou, dando início aos bons frutos que até hoje colhemos em diferentes partes do mundo.
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No Brasil, o “fruto” foi a instituição da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico em 27 de fevereiro de 1981. Aqui recordo as pessoas que iniciaram esse importante e precioso diálogo: o rabino-mór emérito Prof. Dr. Fritz Pinkuss z’l, a Irmã Isabel Sampaio, o Frei Leonardo Martin, o Dr. Hugo Schlesinger, o Padre Humberto Porto, o rabino Henry Sobel e Dom Paulo Evaristo Arns. A Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico tem como objetivo articular no Brasil o diálogo religioso entre católicos e judeus. É composta por pessoas pertencentes às comunidades dos dois grupos religiosos, interligadas por objetivos a serem alcançados em quatro níveis de diálogo: institucional, teológico, de ação conjunta e de contato pessoal. É sempre bom recordar que o diálogo supõe respeito à fé e às convicções religiosas de cada pessoa. Já foram dados alguns passos na aproximação das duas comunidades, mas não se pode omitir que encontramos dificuldades e obstáculos. Contudo, buscou-se meios para superá-los. Temos ainda a consciência de que há muito a ser realizado, de que há um longo caminho a percorrer para superar as dificuldades existentes e nos aproximar ainda mais (católicos e judeus), em prol da humanidade, da justiça, da paz e do meio ambiente. Além dessas práticas, recebemos algumas visitas do
mundo ecumênico e inter-religioso que deram ao trabalho realizado no Brasil apoio e estímulo: Cardeal Johanes Willebrands, Dr. George Carey (Arcebispo de Cantuária), Sua Santidade Dalai Lama, Cardeal Walter Kasper, Pe. John T. Pawlikowski, e o Cardeal William H. Keeler. Os encontros com eles - lembro aqui que vários foram realizados na sede da CIP - foram ocasiões de troca de experiências, de informações e de enriquecimento para o diálogo. A Declaração Nostra Aetate é um documento pequeno – com apenas cinco parágrafos – mas continua provocando mudanças nas relações inter-religiosas. Prova disso são os eventos, os livros e artigos escritos e a boa convivência que está se estabelecendo entre as religiões. Para concluir, lembro as palavras do Papa Francisco em sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, que aqui cito exatamente por irem de encontro ao pensamento e posição de todos que se empenham no Diálogo Católico Judaico:
A DECLARAÇÃO NOSTRA AETATE: • Exorta (…) seus filhos a que, com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais que entre eles se encontram; • Recomenda sendo, pois, tão grande o patrimônio espiritual comum aos Cristãos e Judeus este Sacrossanto Concílio quer fomentar e recomendar a ambas as partes mútuo conhecimento e apreço. Poderá ele ser obtido principalmente pelos estudos bíblicos e teológicos e ainda por diálogos fraternos; • Reprova toda e qualquer discriminação ou vexame contra pessoas por causa de raça ou cor, classe ou religião como algo incompatível com o espírito de Cristo.
Eliana Assumpção
Concílio Ecumênico Vaticano II, realizado em 1959
O rabino Michel Schlesinger e o cardeal Dom Odilo Scherer participam de encontro sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II
§ 247. “Um olhar muito especial é dirigido ao povo judeu, cuja Aliança com Deus nunca foi revogada, porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29). A Igreja, que partilha com o Judaísmo uma parte importante das Escrituras Sagradas, considera o povo da Aliança e a sua fé como uma raiz sagrada da própria identidade cristã (cf. Rm 11, 16-18). Como cristãos, não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1, 9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que atua na história, e acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum”. § 248. “O diálogo e a amizade com os filhos de Israel fazem parte da vida dos discípulos de Jesus. O afeto que se desenvolveu leva-nos a lamentar, sincera e amargamente, as terríveis perseguições de que foram e são objeto, particularmente aquelas que envolvem ou envolveram cristãos”. Portanto, cabe a nós no Brasil, e em São Paulo de modo particular, fazermos nossa parte. Darmos continuidade ao diálogo e intensificar, ainda mais, as atividades educacionais, culturais, sociais e religiosas para superar preconceitos e a intolerância religiosa que ainda existem entre Judaísmo e Catolicismo. Assim sendo, que possamos dar maior visibilidade à convivência e a coexistência que já existe entre nós.
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GIRO
Acabou a brincadeira O Google removeu da Google Play Store alguns jogos polêmicos criados no contexto do recente conflito no Oriente Médio. “BombGaza” e “Gaza Assault: Code Red” foram removidos. Em comunicado, o Google simplesmente disse: “Removemos aplicativos do Google Play que violam nossas políticas”.
360 GRAUS POR Guita Feldman
Kiddy Up Baseado no aplicativo Waze, que muito nos ajuda nos trajetos de carro, foi lançado um novo app que auxilia papais e mamães quando saem com seus pimpolhos: é o Kiddy Up. De maneira rápida, ele localiza lugares para alimentar (amamentar),
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brincar, trocar fraldas e comprar produtos e serviços para os pequenos. A empresa promete logo disponibilizar o aplicativo para usuários brasileiros. Tanto o Waze quanto o Kiddy Up são criações de empresas israelenses.
Você
?
sabia ... POR Theo Hotz coordenador do Departamento de Culto, baal corê e moré da Escola Lafer
Festival de cinema judaico cancelado O Festival de Filmes Judaicos do The Tricycle Theater, na Inglaterra, foi cancelado. O Conselho de Liderança Judaica se limitou a condenar a decisão desse teatro , classificando essa proibição como “vergonhosa”. O cerne da questão é o conflito no Oriente Médio: o teatro diz que não pode aceitar patrocínio de nenhum dos lados envolvidos no conflito. O Tricycle Theater apresenta o Festival de Filmes Judaicos da Inglaterra, há oito anos com muito sucesso.
Novidades Considerado o melhor aplicativo de 2014, o Moodies, criado pela empresa israelense Beyonde Verbal, afirma conseguir detectar, a partir de um sistema de algoritmos, as emoções e os traços de caráter. Utilizando oscilações de voz, o app decodificaria o status emocional do usuário com um simples click de botão no seu smartphone.
Há quem diga que o correto é micvá e que “micve” seria a pronúncia da palavra em yídishe. Outros afirmam que micvá é uma pronúncia equivocada. No entanto, tal qual a velha piada dos dois litigantes que levam seu caso ao rabino, a verdade é que os dois termos estão absolutamente corretos. Os dois são encontrados no Tanách referindo-se a uma cisterna, piscina, ou agrupamento natural ou artificial de água. Na Torá, no livro de Bereshít, micvê se refere ao agrupamento de águas que formam os oceanos; enquanto em Shemót e Vaicrá, micvê se refere às cisternas e piscinas utilizadas para o banho ritual de purificação. Nos Neviím (os Profetas), encontramos o termo micvá em Isaías, pela última vez se referindo a cisternas. Curioso, talvez, seja o uso da palavra micvê como “esperança”. O termo aparece com este significado no profeta Jeremias e também nos livros de Ezra e Crônicas, na seção dos Ketuvím (Escritos históricos, sapienciais e poéticos). Isso porque o verbo hebraico “esperar” (no sentido de desejar, almejar, ansiar) é Lecavót, sendo conjugado como mecavê / mecavá, compartilhando a mesma raiz das palavras micvê, micvá e ticvá (também “esperança”). Podemos pensar, também, que o banho ritual traz dentro de si a esperança da purificação e da renovação espiritual.
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PARALELOS
A paz como arma e como escudo POR Miriam Sanger jornalista residente em Raanana, Israel
“Filha, saí sem avisar porque vim ao funeral do soldado...” Então ela vira-se para o lado e pergunta: “Qual é mesmo o nome dele?” Essa cena se deu no enterro de Sean-Nissim Carmeli, um dos primeiros soldados a perder a vida na operação Borda Protetora. Esse soldado “boded” – ou seja, imigrante sem família próxima em Israel – mereceu a homenagem póstuma de cerca de 20 mil pessoas que, para ele, eram desconhecidas. “Em Israel não existe enterro de soldado ‘boded’. Somos todos uma família só”, declarou para a TV um dos milhares de israelenses que rezou o kadish por Sean pela primeira vez. O que aconteceu aqui durante as semanas da última operação militar de Israel não foi uma onda de solidariedade – foi um mar inteiro. Depois da inicial doação de roupas íntimas e escovas de dente, a cada dia surgia uma iniciativa mais criativa. Um buffet entregou marmitas com comida quente a preço de custo. Foram enviadas milhares de pizzas, além de chocolates e salgadinhos – e nossos meninos enviavam para a família fotos com a farda coberta com eles. A lavanderia de um kibutz da fronteira trabalhou 24 horas por dia para devolver a eles as fardas lavadas e passadas. Nas sinagogas, tehilim (salmos) foram incluídos nas preces. As crianças participaram com desenhos e cartas, e circularam pelas mídias sociais fotos de tanques de guerra que ostentavam dezenas deles, como uma armadura colorida – a armadura do amor. Essas imagens também forravam as paredes dos hospitais onde os “chaialim” foram visitados incansavelmente. Essa maré alta não pode vazar e, para isso, não podemos perder a guerra para nossos inimigos mais cruéis: o tempo e a memória. Como disseram várias das mães desses heróis modernos, a reabilitação de seus filhos feridos levará semanas, meses, talvez anos. É nessa hora que há a tendência a serem esquecidos, e é nela que eles mais precisarão ser lembrados. Enquanto uma parte do mundo nos enxerga como ofensores da paz, essa é a palavra que parte de nossa saudação mais básica. Paz é nosso “olá” e nosso “adeus”. Muitos não sabem disso – e cada um de nós é soldado nessa guerra da informação. É hora de vestirmos a “farda” judaica e sionista, e esclarecer , à sociedade na qual vivemos, quem somos, de onde viemos e, principalmente, para onde vamos. Com a paz no começo e no fim de nossas frases, e também de nossas preces.
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Ter um futuro digno, inclusivo e próspero é direito de todos.
Que 5775 seja mais um ano de oportunidades para continuarmos juntos a construir um futuro melhor.
Shaná Tová
um passaporte para a vida
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JUVENTUDE • Shaat Sipur
Educação judaica, família e vida comunitária POR Rebeka Anbinder coordenadora do Shaat Sipur
Não deixe seu filho fora desse conto. Informações: 2808-6214 (com Marli) ou rebeka.anbinder@cip.org.br vivi.cukier@cip.org.br
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Shaat sipur – A Hora do Conto é um projeto destinado a crianças de 4 a 6 anos de idade e que, a partir do brincar, é ensinado a cultura e os valores judaicos. Todos os sábados, das 14h30 às 17h, uma equipe capacitada recebe com todo carinho e energia as crianças que estão entrando em nossa comunidade. Pioneiro em São Paulo, o Shaat Sipur visa adiantar a inclusão das crianças na vida comunitária, uma vez que a maioria dos marcos de educação não formal e complementar recebem crianças a partir de sete anos, e viver na diáspora muitas vezes pode dificultar a vivência judaica. Entendemos que quanto antes a criança tenha contato com o judaísmo, melhor para se tornar algo natural na vida dela. Iniciando cedo na vida judaica comunitária, as crianças se sentem à vontade com os valores judaicos e se tornam um potencial membro ativo na comunidade. Junto a isso, os valores podem ser vividos por toda a família que acompanha o processo de educação da criança, aumentando o envolvimento das que já se encontram ativos na comunidade e resgatando o envolvimento dos que se encontravam menos presentes. Recepcionados com as pinot (cantos de brincadeiras), é difícil uma criança não se sentir acolhida. Após o lanche começa a contação de história que, com conteúdo judaico, será a base para os jogos e omanut (atividade artística) que se serão desenvolvidas no decorrer do dia. A criança recebe o conteúdo através da história e tem a chance de vivenciar e absorver o mesmo através de dinâmicas divertidas e adequadas a sua idade. Por fim, pode ainda refletir e expressar o que aprendeu através de uma atividade artística. Esse sistema, bom para as crianças que se habituam a uma rotina e fundamental para a idade, utiliza e estimula diversos tipos de inteligências. O projeto beneficia todo o círculo familiar. As crianças, que além de entrarem em contato com os valores judaicos desde cedo e já se familiarizarem com o judaísmo pluralista e a vida judaica, formam ainda um novo ciclo de amigos que possuem o judaísmo como interesse comum. O espaço também proporciona amadurecimento e independência, e as prepara para uma vida tnuati (que faz parte de uma tnuá). A família, por sua vez, tem a oportunidade de aumentar seu contato com a comunidade judaica, de resgatar conteúdos e valores religiosos, bem como encontrar possíveis novos amigos com interesses em comum. Contam também com um espaço educativo diferenciado, em tempos que a globalização dificulta a educação infantil. E por fim, mas não menos importante, toda a comunidade judaica se beneficia, uma vez que o Shaat Sipur trabalha para garantir a continuidade de nosso povo e reforçar a ideia de comunidade que engloba a todas as faixas etárias.
VALORES JUDAICOS
Tempos de redenção POR Pablo Berman rabino da Comunidade Israelita do Paraná O Rabi Iehuda haNassí e Eliáhu haNaví estão juntos na Academia de Estudos do rabino. Assim o Talmud, no Tratado de Bava Metsía, nos introduz a um relato considerado fantástico, independentemente do ângulo que pelo qual seja analisado. Estamos no século III, em Israel. O principal sábio da geração e autor da Mishná, Rabi Iehuda, o Príncipe, dialoga com Eliáhu haNaví, o profeta Elias, que visita a Academia de Estudos do Rabi (modo afetuoso da Mishná se referir ao Professor) para estudar com seus alunos. Certo dia Eliáhu se atrasa. E chega tarde para os estudos. Como bom professor, Rabi pergunta a seu aluno o que aconteceu. E o profeta justifica seu atraso dizendo que teve muito trabalho naquela manhã. - Desculpe-me, professor. É que despertar Avrahám Avínu de seu sono profundo, lavar suas mãos, esperar que terminasse suas orações e ajudá-lo a voltar a seu lugar de descanso me tomou muito tempo. O mesmo tive que fazer com Itzhak e depois com Iaacóv. - Mas por que não rezam os três juntos? – pergunta o Professor ao profeta. Que acordem todos ao mesmo tempo! Economizaria, assim, um terço de seu tempo e não se atrasaria em seus estudos. - Não podemos fazer isso, Professor. A força dos três juntos através da tefilá pode fazer com que o Messias e a Redenção cheguem antes do tempo correspondente. Então Rabi pergunta: - Será que nesta geração temos um modelo equivalente ao de nossos Patriarcas, no mundo vindouro? - Sim, responde Eliáhu. Rabi Chía e seus filhos. Então o Rabi Iehuda haNassí convida Rabi Chía e seus dois filhos para rezar em frente ao Arón haCódesh. Quando chegou o momento em que a tefilá diz “Mashív haRúach”, “que fazes soprar o vento”, os ventos começaram a soprar. Quando chegou o ponto em que a prece diz “Moríd haGáshem”, “que fazer cair a chuva”, começou a chover forte, mesmo que Israel já estivesse há algum tempo em período de seca. No instante em que iriam pronunciar as palavras “Techiát haMetím”, sobre os mortos retornarem à vida, o universo começou a tremer. Uma voz vinda do céu perguntou: - Quem revelou o Segredo? - Elias, o Profeta – responderam. Elias, então, foi levado na mesma hora às alturas celestiais e castigado. Em seguida foi enviado de volta como um urso de fogo, para que suas orações se tornassem incompreensíveis e para evitar, assim, que a era messiânica se adiantasse. O que acontece neste relato? O que fazia Elias estudando com Rabi Iehuda? Era para que pudesse subir às alturas do Universo? O que significa a tefilá do Rabi Chía e de seus filhos, que termina com estrondos no Universo para evitar que eles continuem rezando? A força da tefilá através de Avraham, Itzhak e Iaacóv cria uma conexão direta entre os patriarcas e a redenção. Na realidade, não é mais do que cumprir as palavras do início da amidá, “zochêr chasdê avót”. Deus lembrará o amor dos patriarcas e, como recompensa, trará o “goêl” aquele que redimirá Israel. Mas não podem rezar juntos. Precisa-se que cada um reze a seu tempo. Para não acelerar processos que não podem ser adiantados. Rabi Iehuda, o Príncipe, entende então que a tefilá pode mudar o equilíbrio do Universo. E não só isso: o rabino descende da família do Rei Davi, ou seja, ele mesmo poderia ser o Messias. Talvez por isso, Elias, o Profeta, estivesse presente na casa de estudos do Rabi. Talvez estivesse se preparando para o dia da Redenção e da Revelação. Porém isso não acontece, pois os tempos não podem ser adiantados. Porque cada coisa deve acontecer em seu devido tempo. Cada palavra neste relato talmúdico tem um significado. Para nós, nestes dias de Iamim Noraím, esta história adquire um significado ainda mais especial. Sem dúvida não é por acaso que o rabino perguntou ao profeta o motivo de seu atraso. Não foi apenas porque ele havia chegado tarde aos estudos. A pergunta verdadeira seria “por que Eliáhu está atrasado há tantas gerações?”. Já é o tempo da redenção. Já é chegada a hora da chegada dos tempos messiânicos. A força e o vínculo da tefilá com os tempos de redenção são evidentes. Na Academia de Estudos do Rabi Iehuda, o Príncipe, foi descoberto o Segredo. Existe no mundo um mecanismo para acelerar os tempos messiânicos: a tefilá. O mecanismo é simples: três forças humanas poderosas e unidas em propósito e intenção (cavaná) quando rezam, podem conseguir. Estamos em tempo de redenção, ou ao menos poderíamos estar. Já conhecemos o Segredo. De resto, basta unir nossas vozes em uníssono, com uma única intenção, um único propósito. Depende de nós.
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JUDAÍSMO
Pergunte ao
RABINO PELO Depto. de Culto da Congregação PERGUNTA • Rabino, afinal de contas, o judaísmo acredita ou não em reencarnação? RESPOSTA • O texto bíblico não traz qualquer evidência sobre a reencarnação. Porém, o judaísmo não é feito apenas do seu texto sagrado, mas também de toda a tradição oral, que remonta há tempos imemoriais. Esta tradição oral entende que é possível que a reencarnação exista, mas não necessariamente como meio de reparar erros anteriores. Esta reencarnação seria como um grande ciclo de almas (guilgúl neshamót) que vêm e que vão. A questão é que o judaísmo admite não conhecer o outro lado, pois ele não foi revelado, e esta é uma das únicas religiões que não têm uma preocupação central com o que acontece além da vida. Sendo assim, de acordo com o judaísmo, um judeu pode acreditar em reencarnação, pois isso não vai contra qualquer princípio religioso judaico. Da mesma forma, um judeu pode não acreditar em reencarnação, sem qualquer prejuízo, pois isso também não vai contra qualquer princípio religioso judaico. No judaísmo, a reencarnação simplesmente não é um tema central, e crer ou não crer em reencarnação não invalida a fé do judeu, nem a religiosidade judaica. De todo modo, o judaísmo acredita na imortalidade na alma humana, que permanece viva após a morte física. No entanto, nossa tradição não faz afirmações categóricas sobre como exatamente seria a vida após a vida terrena.
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(pergunta enviada em 23 de maio de 2013)
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