NESTA EDIÇÃO: CITRUSBR APRESENTA HISTÓRICO DE DADOS PUBLICADOS
A PRODUTORA CECÍLIA FALAVIGNA INTEGRA UM TIME CRESCENTE DE CITRICULTORES DO PARANÁ QUE FAZ DE SEUS POMARES VERDADEIRAS MÁQUINAS DE PRODUZIR LARANJA E ALCANÇA PRODUTIVIDADE DE ATÉ 2 MIL CAIXAS POR HECTARE. CONHEÇA SUAS HISTÓRIAS
O PARANÁ DE CAIXA CHEIA WWW.CITRUSBR.COM ANO 1 NÚMERO 1 JUNHO 2014
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O DIRETOR DO FLORIDA CITRUS MUTUAL, MICHAEL SPARKS
Índice CAPA
LARANJA POTENTE Com tecnologia e manejo diferenciados, produtores do Paraná conseguem produtividade de até 2 mil caixas por hectare e fazem do Estado um novo polo produtor. Pág. 14
LEGISLAÇÃO
O QUE DIZ O MP Decisão do Tribunal Regional do Trabalho em Campinas determina que, após trânsito em julgado do processo, empresas se responsabilizem por plantio, cultivo e colheita. Pág. 18
FLÓRIDA
NÚMEROS
AGENDA
COMUNICAÇÃO
Com a menor produção de sua história, Estado suspende publicidade. Pág. 12
Veja o histórico dos dados publicados pela CitrusBR desde 2009. Pág. 4
São Paulo recebe edição de uma das maiores feiras de bebidas do mundo. Pág. 27
CitrusBR lança revista, canal de vídeos e remodela site para trazer novidades. Pág. 26
CENÁRIO DIFÍCIL
RAIO X DO SETOR
SIAL BRASIL
NOVO PROJETO
Equipe CitrusBR
Revista CitrusBR
Diretor-executivo Ibiapaba Netto Gerente de projetos Larissa Popp Coordenadora de projetos Isabella Costa Coordenadora administrativa Debora Dezan Assistente administrativo Tamires Pereira
Editor Eduardo Savanachi Colaboraram nesta edição: Juliana Ribeiro
Ribeiro
4 | CITRUSBR Junho 2014
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE SUCOS CÍTRICOS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE SUCOS CÍTRICOS
expediente
(texto) e Julio Vilela (fotos) Direção/Produção/Revisão Typodigital Agradecimentos Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Cocamar, Markestrat, Florida Citrus Mutual, The Ledger, Deral e Câmara Setorial da Laranja
ECONOMIA
OS NÚMEROS DA SAFRA CitrusBR prevê safra de 308,8 milhões de caixas de laranja e estoques menores para a safra 2014/2015. Pág. 8
Carta ao leitor
Informações para colher ENTREVISTA
MICHAEL SPARKS As lições do diretor do Florida Citrus Mutual, responsável pelo lobby que conquistou com o governo americano uma verba de US$ 125 milhões para a citricultura. Pág. 10 POLÍTICA
NOVO FÓRUM
A secretária de Agricultura de São Paulo, Monika Bergamaschi, reativou a Câmara Setorial de Citrus com o objetivo de criar um espaço para discutir novas soluções para o setor. Pág. 22
BENEFÍCIOS
SOB ATAQUE
Onda de reportagens coloca o suco de laranja como o vilão das dietas, arranha a imagem da bebida e impacta no consumo. pág. 20
É com imenso prazer que a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) apresenta seu novo produto, a revista CitrusBR. Essa é mais uma iniciativa no sentido de levar informação ao campo, mostrando histórias reais de gente que planta, cultiva e colhe. E esse é o tema da nossa reportagem de capa, com histórias de pequenos produtores do Paraná que alcançam médias de produtividade que podem chegar a 2.100 caixas por hectare. Nossa equipe foi até lá e trouxe as novidades. Essa iniciativa é mais um passo no processo de transparência que a CitrusBR vem perseguindo desde a sua fundação, em 2009. De lá para cá, muita coisa foi feita. Com o apoio de pesquisadores de renome, a cadeia da laranja tem sido estudada e desmitificada. Como exemplos, podemos destacar os livros “O Retrato da Citricultura Brasileira” e “Análise de uma década na cadeia da laranja”, ambos do professor Marcos Fava Neves, titular do departamento de Economia e Administração da FEA/USP de Ribeirão Preto. Também contamos com o valoroso suporte do economista Alexandre Mendonça de Barros, revisor do Consecana, que estruturou a proposta da CitrusBR para o Consecitrus. Esse trabalho é desmembrado em duas partes. Além do modelo inicial, há ainda respostas a questionamentos que, certamente, enriquecem a discussão. Para divulgar esses projetos, a CitrusBR promoveu mais de 15 eventos e entrou em contato com mais de 1.500 citricultores que participaram desses debates. Também trazemos a quarta edição do estudo anual de consumo de suco no mundo. Os dados são fornecidos pela Tetra Pak, maior banco de informações sobre bebidas no mundo, pela Euromonitor e tem elaboração da Markestrat. Após três anos de quedas consecutivas, a notícias é boa. Ao que tudo indica a queda no consumo mundial se estabilizou e houve até uma pequena recuperação. Nesta edição, publicamos os dados gerais e, no próximos mês, o detalhamento para que você possa acompanhar tudo o que acontece nesse imenso mercado em que o suco de laranja é apenas uma pequena parte. E, para aprofundar as discussões, também vamos mostrar um resumo dos principais anúncios da CitrusBR desde a sua fundação, com números de estimativas de safra, histórico de estoque, entre outros. Nesta edição, você ainda confere uma entrevista exclusiva com Mike Sparks, lobista do Florida Citrus Mutual, associação americana de produtores que conseguiu US$ 125 milhões na nova Farm Bill, a lei de subsídios ao campo daquele país. Sparks conta como a união é importante e relata como os citricultores da Flórida têm trabalhado para superar suas dificuldades. Outra reportagem mostra o lançamento da nova Câmara Setorial de Citrus, uma iniciativa da secretária de Agricultura e Pecuária, Monika Bergamaschi. Ela argumenta que a ideia é criar um fórum exclusivo para tratar dos assuntos pertinentes à citricultura paulista. Confira. Também trazemos nesta edição uma matéria que aborda o grande desafio que o suco de laranja, assim como outras bebidas integrais, enfrenta no mercado externo. Agora, uma campanha difamatória tenta colocar o nutritivo e saudável suco de laranja no mesmo patamar dos refrigerantes açucarados. Tudo isso e muito mais você encontra nas páginas de CitrusBR. Boa leitura! Ibiapaba Netto Diretor-executivo CitrusBR CITRUSBR Junho 2014 | 5
CITRUSBR, OS NÚMEROS E A CITRICULTURA Conheça o histórico de dados divulgados pela entidade nos últimos anos A SAFRA EM CAIXAS DE LARANJA 428 milhões 385,393 milhões 308,8 milhões*
289,9 milhões
2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015
NAS ÚLTIMAS TRÊS SAFRAS, O NÚMERO DE PLANTAS PRODUTIVAS VEM CAINDO...
...E A PRODUTIVIDADE, ASSIM COMO A SAFRA, TEM VARIADO MUITO...
175,228 162,112
2,1994
2,095
151,520* 1,7574
2012/2013 2013/2014 2014/2015
2012/2013 2013/2014 2014/2015*
RENDIMENTO INDUSTRIAL
ESTOQUES DE SUCO (em toneladas)
A quantidades de caixas de laranja necessária para se produzir 1 tonelada de suco concentrado equivalente nos últimos anos aumentou significativamente
Anos civis, desde 2011, mostram estoques acumulados, que também subiram no corte de safra
ANO
1.144.000
RENDIMENTO VARIAÇÃO
2007/2008 228,49
1,8%
1.046.000 662.452
932.000
2008/2009 252,88 -10,7% 2009/2010 262,52 -3,8% 2010/2011 240,58 8,4%
214.369
2011/2012 265,36 -10,3% 2012/2013 263,54 0,7% 2013/2014 282,00 -7,0%* 4 | CITRUSBR Junho 2014
Dez/ 2011
Dez/ 2012
Dez/ 2013
30/Junho 30/Junho 2011 2012
ESTOQUES USDA X ESTOQUES CITRUSBR Diferença entre dados da CitrusBR e USDA* é mínima. Entenda como ler os números O QUE ESTÁ CONTIDO EM CADA RELATÓRIO Fábricas no Brasil 1 Terminais no Brasil Suco em trânsito no Brasil 2 Suco em navios lançados 3 Terminais nos Estados Unidos Terminais na Holanda 4 Terminais na Bélgica 5 Terminais na Inglaterra 6 Terminais no Japão 7 Terminais na Austrália Tambores fora do Brasil
5
*USDA SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO
CITRUSBR SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
4
3
6
2
1 2
7
AUDITORIA INDEPENDENTE, INDIVIDUAL E SIGILOSA, CONTRATADA PELA CITRUSBR MEDE ESTOQUES FÍSICOS DE SUCO NO BRASIL E NO MUNDO Com safras menores, demanda estável e baixo rendimento, tendência é redução de estoques 765.924
PERÍODO 30/Junho/11 30/Junho/12 30/Junho/13
NO BRASIL (CitrusBR) 71.221 461.829 550.542
FORA DO BRASIL (CitrusBR) 143.148 200.623 215.382
TOTAL (MUNDO) 214.369 662.452 765.924
NÚMEROS AUDITADOS DA CITRUSBR E ESTIMATIVA DO USDA MOSTRAM GRANDE ADERÊNCIA PARA SUCO NO BRASIL 517.000* 350.000*
30/Junho 30/Junho 30/Junho 2013 2014 2015 *estimativa
PERÍODO CITRUSBR 30/Junho/11 71.221 30/Junho/12 461.829 30/Junho/13 500.542
*USDA DIFERENÇA 65.000 9,5% 440.000 4,9% 474.000 5,6%
*USDA: informações contidas nos relatórios Gain Report e confirmadas pelo USDA/FAS/Agricultural Trade Office - United States Consulate General.
CITRUSBR Junho 2014 | 5
O MUNDO BEBEU MAIS SUCO
Na mais recente atualização do já tradicional estudo de consumo da Markestrat, do professor Marcos Fava Neves, em parceria com a Tetra Pak, há pequena reação 2003
CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NOS 40 PRINCIPAIS MERCADOS
2004
'000 Tons '000 Tons de FCOJ de FCOJ Equiv. 66ºB Equiv. 66ºB
2005
2006
2007
Taxa de Cresc. Anual
'000 Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Taxa de Cresc. Anual
'000 Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Taxa de Cresc. Anual
'000 Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Taxa de Cresc. Anual
RANK 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
PAÍSES SELECIONADOS Estados unidos Alemanha França China Reino unido Canadá Japão Russia Brasil Austrália Espanha Coréia do sul Polônia África do sul México Holanda Arabia saudita Argentina Itália Bélgica Suécia Noruega Austria Chile Suíça Turquia Ucrânia Indonésia Finlândia Dinamarca Irlanda Grécia Índia Marrocos Nova zelândia Colômbia Taiwan Israel Filipinas Romênia
2,405 1,001 253 152 46 143 116 92 51 45 53 43 45 32 20 31 36 15 4 33 22 26 12 19 6 15 3 6 2 16 12 13 12 1 1 7 4 7 5 3 3
2,412 1,028 228 147 49 139 119 97 59 37 55 45 43 33 21 29 37 16 5 33 22 24 13 18 6 14 4 10 3 13 12 13 11 1 1 6 3 6 5 3 3
0.3% 3% -10% -3% 6% -3% 2% 6% 16% -17% 4% 6% -4% 2% 4% -7% 2% 6% 24% -1% 0% -10% 13% -8% 11% -4% 35% 55% 18% -16% 3% 5% -2% 29% 9% -5% -3% -10% 1% -6% 22%
2,397 988 208 153 57 136 135 95 63 40 56 47 42 34 20 30 35 17 5 33 22 24 14 18 7 14 5 12 3 14 12 14 12 1 2 6 3 6 5 3 4
-0.6% -4% -9% 4% 16% -2% 14% -2% 6% 7% 2% 3% -3% 2% 0% 4% -6% 11% 1% 1% 1% 0% 9% 1% 13% -1% 33% 25% -2% 8% -1% 4% 4% 31% 139% -1% -1% 5% -4% 1% 30%
2,346 924 210 158 64 139 111 95 74 41 57 46 40 34 21 30 35 19 6 31 24 25 15 17 8 14 7 14 3 13 12 14 12 3 2 7 3 6 4 3 5
-2.1% -6% 1% 3% 13% 2% -18% 0% 18% 3% 2% -2% -3% 1% 2% -2% 2% 9% 37% -6% 5% 5% 5% -3% 12% -4% 44% 17% 12% -7% -2% 0% -1% 101% 31% 5% -1% -3% -11% 9% 6%
2,298 882 198 163 75 130 106 92 79 37 59 46 39 33 21 32 32 21 9 30 23 25 15 17 9 14 7 17 4 11 11 14 11 4 3 7 3 6 4 4 6
-2.1% -5% -5% 3% 17% -7% -4% -3% 7% -11% 3% 0% -3% -5% 0% 7% -8% 10% 40% -5% -1% -2% 2% -2% 16% 2% -5% 18% 10% -17% -6% 2% -8% 53% 30% 4% 3% -3% -6% 3% 22%
1 2 3 4 5 6 7
REGIÕES América do norte Europa Ásia América latina Oceania África Oriente médio
2,405 1,117 904 195 89 60 20 20
2,412 1,146 880 201 81 61 21 21
0.3% 3% -3% 3% -10% 3% 4% 5%
2,397 1,123 875 207 85 63 22 23
-0.6% -2% -0.5% 3% 6% 2% 5% 7%
2,346 1,035 899 214 88 64 23 24
-2.1% -8% 3% 4% 3% 2% 4% 5%
2,298 988 882 223 90 66 24 25
-2.1% -4% -2% 3.8% 2% 4% 3% 7%
Resto do mundo Brics + México
2,231 174
2,237 175
0.3% 1%
6 | CITRUSBR Junho 2014
2,206 191
-1% 9%
2,136 211
-3% 10%
2,071 226
-3% 7%
O consumo mundial em 2013 sofreu um leve aumento da ordem de 1,1% puxado pela elevação de demanda nos Estados Unidos da ordem de 3,2% e do mercado asiático de 4,9%. No entanto, quando se comparam as 2.145 toneladas observadas no consumo de 2013 à média do triênio 2004, 2005 e 2006 da série histórica da Markestrat, ainda percebe-se uma retração anual de consumo da ordem de 240 mil toneladas de FCOJ Equivalente por ano. Nesta página, você confere os mais recentes dados de consumo e na matéria seguinte, à página 08, a conciliação de dados entre demanda mundial e exportação brasileira. 2008
2009
2010
2011
2012
2013
'000 Tons Taxa de '000 Tons Taxa de '000 Tons Taxa de '000 Tons Taxa de '000 Tons Taxa de de FCOJ Cresc. de FCOJ Cresc. de FCOJ Cresc. de FCOJ Cresc. de FCOJ Cresc. Equiv. 66ºB Anual Equiv. 66ºB Anual Equiv. 66ºB Anual Equiv. 66ºB Anual Equiv. 66ºB Anual
'000 Tons Taxa de de FCOJ Cresc. Equiv. 66ºB Anual
Variação 2003 A 2013
2,246 826 196 163 85 140 103 78 78 38 58 47 39 33 21 30 32 22 11 29 23 24 17 17 11 14 7 17 4 10 11 14 11 4 4 7 4 6 4 4 6
-2.3% -6% -1% 0% 13% 8% -3% -15% -1% 3% -3% 1% -1% 3% 3% -6% -2% 4% 22% -1% -2% -3% 7% -2% 17% 0% 0% 2% 25% -7% -1% 0% 3% 1% 26% 3% 4% 1% -3% 2% 5%
2,272 851 185 168 94 136 107 76 73 41 57 47 38 34 23 32 32 23 13 29 23 24 17 17 11 14 7 13 6 11 11 13 11 4 4 7 3 6 4 4 5
1.2% 3% -6% 3% 12% -3% 4% -2% -7% 8% -1% 1% -1% 3% 5% 7% 1% 3% 19% -1% 0% -1% 3% 1% -1% 0% -2% -26% 43% 10% -2% -11% -2% 3% 14% -4% -11% -4% 1% -3% -15%
2,255 807 185 165 118 135 109 76 64 45 57 48 38 36 24 30 32 26 17 29 23 23 17 17 11 14 7 12 8 11 10 11 10 5 6 6 3 5 4 4 5
-0.8% -5% 0% -1% 25% -1% 1% 0% -11% 10% 1% 2% -2% 4% 5% -4% -1% 17% 31% 0% -2% -2% -2% 0% 7% 1% 10% -2% 22% -3% -3% -10% -6% 24% 33% -4% -4% -7% 1% 2% -10%
2,228 791 181 159 126 133 111 64 65 48 57 46 37 33 25 30 32 27 19 29 23 22 17 18 14 14 7 12 8 11 10 10 10 7 7 7 3 4 4 4 4
-1.2% -2% -2% -4% 7% -1% 2% -17% 0% 8% -1% -5% -3% -9% 6% -1% 0% 4% 8% 0% 1% -4% 1% 6% 20% 0% 0% -7% 10% 0% -5% -8% 0% 28% 13% 0% -10% -24% 4% 2% -1%
2,123 704 167 158 124 127 109 65 68 55 58 39 37 30 25 32 30 29 23 28 22 20 17 17 15 14 11 10 9 10 9 10 9 7 6 6 4 4 5 4 4
-4.7% -11% -8% -1% -1% -5% -2% 2% 4% 14% 1% -15% 1% -9% 2% 5% -5% 5% 25% -4% -3% -12% 1% -3% 13% 0% 51% -9% 6% -6% -4% -8% -16% 2% -3% -7% 38% 7% 4% 14% -18%
2,145 729 167 149 136 123 110 65 64 61 51 38 36 32 31 30 30 29 27 26 21 19 17 17 15 14 11 10 10 10 10 9 8 8 7 6 4 4 4 4 3
1.1% 3% 0% -6% 9% -4% 1% -1% -6% 9% -11% -2% -2% 6% 20% -6% -2% -1% 15% -7% -2% -6% 1% -2% 0% -1% 2% -2% 14% -4% 1% -4% -6% 18% 12% -2% 15% -1% -8% -3% -7%
-10.8% -27% -34% -2% 171% -14% -6% -30% 32% 35% 9% -11% -17% -2% 29% -5% -16% 93% 524% -21% -2% -29% 46% -12% 175% -7% 302% 64% 262% -39% -20% -28% -26% 936% 820% -10% 8% -35% -13% 23% 36%
2,246 929 889 219 93 65 25 26
-2.3% -6% 1% -1% 3% -2% 6% 3%
2,272 959 868 229 100 64 27 27
1.2% 3% -2% 4% 7% -1% 7% 3%
2,255 916 855 253 107 64 29 31
-0.8% -4% -1.5% 11% 7% 0% 9% 14%
2,228 902 837 249 114 64 32 32
-1.2% -1% -2% -2% 7% 0% 7% 4%
2,123 813 800 251 130 64 32 33
-4.7% -10% -4% 1% 14% 0% 1% 5%
2,145 839 778 263 137 57 38 33
1.1% 3% -3% 5% 6% -10% 19% -2%
-10.8% -25% -11% 28% 45% 7% 55% 67%
2,011 234
-3% 3%
2,029 244
1% 4%
-2% 8%
1,952 276
-2% 5%
1,837 286
-6% 4%
1,847 298
1% 4%
-17% 71%
1,993 262
CITRUSBR Junho 2014 | 7
economia
Uma nova safra no
horizonte
Com aumento da produtividade, CitrusBR prevê produção de 308,8 milhões de caixas e estoques menores para a temporada 2014/2015 A laranja já desponta na maior parte dos pomares espalhados pelo interior de São Paulo, um aviso que uma nova safra da fruta já começou. De acordo com a segunda estimativa divulgada pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), na atual temporada deverão ser produzidos 308,8 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg. O número representa um aumento de
6,5% em relação à safra passada, que foi encerrada com 289,9 milhões de caixas. Embora superior à colheita passada, o número é considerado baixo em relação a safras recentes. Por exemplo, a produção da fruta chegou a alcançar 428 milhões de caixas na safra 2011/2012 e 385 milhões de caixas na safra 2012/2013. “A seca afetou um pouco o tamanho dos frutos, que ficaram um pouco menores,
e contribuiu para que o número não fosse maior”, destacou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto. Se por um lado a seca trouxe perdas, a produtividade cresceu e é uma das principais razões para a elevação da produção. De acordo com o executivo, o ganho de eficiência dos pomares foi de 9,3%, saltando de 1,8457 para 2,0193 caixas de laranja de 40,8 kg por planta produtiva. Esse
HISTÓRICO DE 10 SAFRAS DAS EXPORTAÇÕES DE SUCO DE LARANJA - SECEX SANTOS 2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
Dados dos primeiros 10 meses (jul/abr) Exportações totais
1.142
1.074
1.145
1.086
986
1.045
940
928
925
Exportações para Europa
797
736
798
735
730
743
675
661
627
Exportações para América do Norte
198
182
207
231
135
168
108
144
201
Exportações para Ásia
118
133
112
98
94
110
138
114
89
29
22
28
22
27
24
20
9
8
Exportações para outros destinos Dados de safra completa (jul/jun) Exportações totais
1.324
1.269
1.357
1.254
1.147
1.206
1.100
1.095
1.092
Exportações para Europa
917
869
932
861
839
861
788
800
759
Exportações para América do Norte
215
199
242
259
158
181
122
156
211
Exportações para Ásia
159
172
148
109
119
133
163
130
112
32
29
35
25
31
30
27
10
10
Exportações para outros destinos
incremento foi combinado a uma diminuição na quantidade de plantas produtivas da ordem de 2,6%, caindo de 157 milhões para 152,9 milhões. Ou seja, houve redução no número de plantas produtivas, mas cresceu o volume que cada árvore produz. A CitrusBR estima que das 289,9 milhões de caixas e laranja de 40,8 kg produzidas no cinturão citrícola na safra 2013/14, aproximadamente 240 milhões de caixas de laranja tenham sido processadas pelas indústrias associadas e não associadas à CitrusBR no Estado de São Paulo. No entanto, com o rendimento industrial mais baixo já registrado, com 282 caixas de laranja necessárias para a produção de uma tonelada de FCOJ Equivalente 66 Brix, estima-se que a produção total tenha alcançado apenas 851 mil tons de FCOJ Equivalente. Com essa baixa produção de suco no ciclo passado, estima-se que os estoques de passagem na data de 30 de Junho de 2014 baixem para 517 mil tons de FCOJ Equivalente, volume ainda correspondente a 5,5 meses de demanda. Ou seja, ainda haverá suco
da safra passada até, aproximadamente, 15 Dezembro de 2014. Já para a safra 2014/15, com um volume total de produção de laranja no cinturão estimado em 308,8 milhões de caixas de 40,8 kg, mantido o consumo de laranja in natura na ordem de 50 milhões de caixas, aproximadamente 258 milhões de caixas de laranja poderão ser processadas pelas indústrias o que, com um rendimento industrial estimado de 265 caixas de laranja necessárias para a produção de uma tonelada de FCOJ Equivalente 66 Brix, deverá originar 973 mil tons de FCOJ Equivalente no ciclo que se inicia. Levando em consideração que os três pilares para a formação do mercado internacional do suco de laranja e do mercado de fruta são a demanda
000 Tons de FCOJ Equiv. 66ºB 2013/14
Comparação 13/14 vs. 12/13
907
-19
-2,0%
615
-12
-2,0%
190
-11
-5,5%
93
5
5,2%
9
0
4,0%
1.088
-4
-0,3%
-228
-17,3%
738
-21
-2,8%
-168
-18,6%
228
17
8,2%
9
4,2%
112
0
0,2%
-48
-30,0%
10
0
2,8%
-21
-67,3%
(est.)
Comparação 04/5, 05/6 & 06/7 vs. 12/13
por suco, estoques de passagem e oferta de fruta, o momento ainda é de cautela. Isso porque apesar de se projetar queda nos estoques de suco de laranja para 350.000 toneladas de FCOJ Equivalente para o final da safra 2014/15, o mundo demanda 64 milhões de caixas de laranja a menos na forma de suco se comparado às temporadas entre as safras 2004/05 e 2006/2007, mesmo considerando o pequeno aumento de 1,1% no consumo retratado pela Markestrat reportado nesta edição. l
entrevista
|
Michael Sparks, diretor do Florida Citrus Mutual
“Juntos somos muito mais
fortes”
Michael Sparks liderou uma das mais eficazes campanhas do setor citrícola norte-americano, que resultou na aprovação, dentro da Farm Bill, de um fundo de US$ 125 milhões para os produtores da Flórida. Saiba como eles conseguiram isso JULIANA RIBEIRO, da Flórida (Estados Unidos) Desde 2006 a frente do Florida Citrus Mutual, entidade que representa os produtores de laranja da Flórida, Michael Sparks foi o responsável pelo lobby que convenceu o congresso americano a destinar a incrivel verba de US$ 125 milhões para o combate ao greening naquele estado. Em entrevista exclusiva a Revista CitrusBR, ele conta como isso foi possível e de que forma a união favorece o setor. CITRUSBR: Quando essa negociação com o governo norte-americano começou? MICHAEL SPARKS: Eu gostaria de dizer que foi um processo curto e rápido, mas não foi. Começamos as primeiras conversas há cerca de cinco anos, diante da necessidade urgente de investir ainda mais em pesquisa e desenvolvimento para combater o greening e o cancro. CitrusBR: Quais entidades iniciaram essas conversas? SPARKS: Inicialmente, foi um trabalho do Florida Citrus Mutual em parceria com as entidades representativas do setor nos Estados da Califórnia e do Texas. Juntos, somos os três maiores Estados produtores de citrus do país e todos temos sofrido com as consequências da devastação que o greening vem causando. Então, decidimos nos unir em prol da busca um objetivo comum com o governo federal, ao em vez de lutarmos de forma independente. 10 | CITRUSBR Junho 2014
CitrusBR: Esta foi a primeira vez que os três Estados trabalharam de forma conjunta? SPARKS: Sempre buscamos incentivos ou ajuda no governo, mas para assuntos menores, burocráticos. Esta foi a primeira vez que conseguimos dar um grande passo de forma conjunta. Fica o exemplo de que juntos somos muito mais fortes. CitrusBR: Essa união então foi fundamental no lobby com os deputados e senadores? SPARKS: Sem dúvida. Até porque esta foi uma das partes mais desafiadoras do processo. Foi um longo trabalho, acima de tudo, de convencimento. Tivemos que conversar com cada um dos deputados e senadores, especialmente os que representam os três Estados envolvidos, para mostrar-lhes o quantos prejuízos o greening vem causando para os produtores, para a indústria e para o país. Mostramos que o maior investimento em pesquisa é fundamental para continuarmos colocando o suco de laranja, um alimento saudável, na mesa do consumidor. CitrusBR: Então o segredo está na organização do setor para fazer um lobby bemfeito? SPARKS: Eu diria que isso é fundamental para o resultado obtido. Aos poucos, fomos conseguindo o apoio de líderes no Senado e na Câmara. Sem ele não teríamos conseguido aprofundar as discussões. O forte lobby nos deu o suporte que precisávamos para negociarmos essa aprovação.
SERIA INTERESSANTE UM DIA TRABALHARMOS PELO AUMENTO DO CONSUMO DE SUCO COM O SETOR CITRÍCOLA DO BRASIL
CitrusBR: Como os recursos serão utilizados? SPARKS: Bem, receberemos US$ 25 milhões por ano, durante cinco anos. Nossa meta é chegarmos ao melhor da nossa pesquisa até o final deste período. Para tanto, criamos um conselho gestor desse fundo, que tem representantes das entidades dos três Estados. Esse conselho irá discutir c onde o dinheiro será aplicado. CitrusBR: Quais serão os critérios para definir o uso do dinheiro? SPARKS: Os institutos de pesquisa que já desenvolvem algum trabalho sobre o greening poderão mandar relatórios para o conselho, que irá avalia-los cuidadosamente. Nosso intuito será verificar quais são as pesquisas com maior potencial no combate do greening. Teremos que eleger quais serão as prioridades no combate à doença. Provavelmente entre outubro e novembro já discutiremos as primeiras decisões. CitrusBR: Este dinheiro será usado apenas para pesquisa sobre o greening? SPARKS: Exatamente. Os produtores já têm outros meios de suporte e programas para ajuda-los em financiamentos, fundos de ajuda contra perdas e outros programas. CitrusBR: Como tem sido o combate à doença? SPARKS: Existem alguns programas de auxílio. nas últimas três safras, conseguimos cerca de US$ 1 bilhão em ajuda do governo, não só para o combate à doença e FOTO: THE LEDGER
medidas preventivas, mas também para auxílio em outras questões, como amenizar os efeitos dos altos custos de produção. Mas a questão é que não dá para depender só de ajuda governamental e por isso é fundamental nos organizarmos e nos unirmos. Nos últimos sete anos, o greening causou mais de US$ 70 milhões em perdas só na Flórida. CitrusBR: Além do greening, há o problema da queda no consumo mundial. Vocês planejam alguma ação em relação a isso? SPARKS: Não vejo, no curto prazo, iniciativas para investir em campanhas de incentivo ao consumo, tanto no mercado doméstico quanto no mercado global. As três entidades continuarão fazendo suas ações e campanhas de marketing individualmente, embora tenhamos problemas e desafios em comum. Seria interessante um dia trabalharmos pelo aumento do consumo de suco de laranja no mundo, com o setor citrícola do Brasil, os produtores, a indústria, numa campanha de marketing mundial. A vitória de vocês no Congresso pode servir como inspiração para outros países, como o Brasil, por exemplo? SPARKS: Acho acho que somos um bom exemplo para os produtores. Temos que trabalhar juntos, mas principalmente organizar e coordenar os esforços. Fomos fundados para trabalhar pelos produtores, em todos os níveis de negociação. Infelizmente, muitas vezes não somos ouvidos, mas temos que continuar trabalhando juntos para representar e mostrar a importância do setor para o país. l CITRUSBR Junho 2014 | 11
mercado A Flórida sofre com três grandes tombos: na produção, no consumo e nas verbas de propaganda. Elasticidade é uma das razões, conforme gráfico ao lado
Queda, queda e
queda... A situação não está fácil nos pomares dos americanos. Com uma das menores safras dos últimos 25 anos, estimada em 110,3 milhões de caixas, segundo dados do USDA, não é só a produção que cai. Em anos mais prósperos, com safras cheias, o Departamento de Citrus da Flórida (FDOC) chegou a investir mais de US$ 40 milhões em comunicação, por meio de um sistema financiado basicamente pelos produtores da fruta. Anúncios nas principais redes de televisão chamavam a atenção para os benefícios de beber suco de laranja, principalmente o produzido com laranjas da Flórida. Com uma safra pequena, menos de 50% do que foi anos atrás, a arrecadação caiu e o FDOC cortou as verbas de propaganda em televisão. É a primeira vez em 50 anos colocar que esse tipo de comunicação é suspensa. Segundo o economista-chefe do Departamento de Citrus da Flórida, Matt Salois, o greening tem relação direta com as perdas dos pomares e na consequente queda de arrecadação. “Com 12 | CITRUSBR Junho 2014
o avanço do greening, mais árvores se perdem do que são plantadas”, diz. segundo Salois, a população de árvores caiu mais de 25% desde 2003. Sem os tradicionais anúncios na TV, hoje os produtores estudam fomentar um projeto de relações públicas e levar informação sobre suco de laranja para públicos específicos como nutricionistas, médicos e profissionais de saúde. A ideia é combater a onda de informações contrárias à bebida (Ver matéria página 20). O problema é que a hora é ruim para diminuir a propaganda. O consumo no varejo americano está em queda livre. As vendas naquele país despencaram para o menor patamar em 15 anos, de acordo com dados da Nielsen. No mesmo período, o consumo per capita tombou de seis galões (3,8 litros) ao ano para 3,5 galões. Além dos arranhões na imagem e redução na promoção da bebida, outra questão apontada por especialistas é na mudança de hábitos do americano comum, que não está mais
tomando café da manhã como antes. Dados oficiais mostram que 89% dos americanos adultos tomavam café da manhã em 1971. Em 2002, o número caiu para menos de 82% e hoje acredita-se que o número seja bem menor. Com a tripla queda – safra, con-
US$ 40 MILHÕES É QUANTO O FDOC JÁ INVESTIU EM COMUNICAÇÃO sumo e fomento – , fica a dúvida de como produtores daquele país farão para reinventar suas estratégias para promoção do suco de laranja em um mercado em que o consumo cai mais no qual a oferta de fruta. O gráfico ao lado mostra a elasticidade perfeita naquele mercado e ajuda a entender a preocupação que aflige brasileiros e americanos. l
ELASTICIDADE DO MERCADO DE SUCO DE LARANJA NOS ESTADOS UNIDOS Consumo atribuído de suco de laranja nos EUA
Preço do NFC
Produção de suco de laranja na Flórida
Preço do reconstituído
Preço total
$2,50
1.200
$2,00
1.024
1.044
1.025
1.032
1.006
$1,25
$1,26
$1,22 $1,23
$0,84 $0,83
$0,96 $0,89
1.001
$1,90
988
$1,30
$1,26
811 $1,17
$1,17
$1,01
$1,41
845
$1,45
$1,03 $1,04 $1,03 $1,03
$1,17
$1,76
$1,50
$1,19
$1,26
900
$1,46 $1,33 806
777 $1,19 725
$1,06
791
$1,27 800
$1,27
$1,17
729 704
$0,99 $0,99 637
$1,66
$1,56
826 $1,34 $1,33
1.000
$1,72 $1,65
851
$1,92
$1,81
$1,59
$1,54 882
$1,37 $1,35 $1,18
$1,00 $0,99
$0,93 $0,91
$1,80
924
$1,39
1.100
1.019 $1,74
$1,11
$0,90 $0,91
$0,90 $0,85
$1,44 $1,43
$1,37
$1,15
741 $1,00 708
700
656
648 604
596 571
593
600
564
$0,50
-43%
500
0,00 12/13
11/12
10/11
09/10
08/09
07/08
06/07
05/06
04/05
03/04
02/03
01/02
00/01
99/00
98/99
97/98
95/96
94/95
93/94
96/97
400 92/93
Preço por litro reportado pelo NIelsen
850
849
990 944
937
$1,50
1.028
1.024
988
974 939
-34%
1.111
Milhares de Tons - FCOJ equivalente a 66ºBrix
1.107
PRODUÇÃO DE LARANJA NA FLÓRIDA (em milhões de caixas - 40,8 kg)
228,6
246,3
208,1 205,5
189,1
235,0
204,3
187,8
176,7
-46%
243,4
224,6 231,6
170,2 162,5
150,5 148,4
133,7
129,0
92/93
93/94
94/95
95/96
96/97 97/98
98/99 99/00
00/01
01/02
02/03
03/04 04/05 05/06 06/07
07/08
08/09
09/10
140,5 146,7 133,6
10/11
11/12
12/13
RELAÇÃO ENTRE PREÇO TOTAL E VOLUME Preço
0%
1%
6%
4%
-1%
12%
4%
1%
0%
1%
-1%
2%
6%
22%
3%
-6%
-3%
7%
6%
0,4%
Volume
33%
9%
-9%
9%
8%
-9%
10%
-7%
-1%
-2%
3%
-4%
-7%
-4%
-6%
3%
-5%
-2%
-11%
4%
CITRUSBR Junho 2014 | 13
capa
| por Eduardo Savanachi, de Maringá (PR)
Como a citricultora Cecília Falavigna e outros produtores do Paraná alcançam médias de até 2.100 caixas por hectare num dos mais novos polos produtores de laranja no Brasil
A SENHORA DOS
POMARES
O
riso fácil e contagiante até poderia ser a principal marca da citricultora Cecília Falavigna, cuja história de vida nem sempre foi só flores. Viúva há 17 anos, é ela quem toca a fazenda Santa Iná, uma propriedade de 268 hectares, localizada no noroeste do Paraná, mais precisamente no município de Floraí. Lá, ela cultiva soja, milho e, há pouco mais de dez anos, resolveu apostar na produção de laranja. A cultura, desde então, tornou-se a menina dos olhos da produtora e um dos motivos para que sorria quando o assunto é agricultura. A razão para tamanha alegria é explicada em números. Na última safra, nos pouco mais de 30 hectares destinados à citricultura, ela colheu uma impressionante média de 1.541 caixas por hectare, marca 14 | CITRUSBR Junho 2014
que a coloca como uma das principais produtoras numa região onde a citricultura tem como regra colher grandes quantidades em pequenas áreas. Para efeito de comparação, a média de produtividade alcançada por ela é mais que o dobro da obtida nos pomares do Estado de São Paulo, maior parque citrícola do mundo, estimada em 600 caixas por hectare. “Desde que optei pela laranja, minha produção vem crescendo e não houve uma safra sequer que eu tenha registrado prejuízo”, revela a produtora. Com um contrato que lhe garante o pagamento de US$ 4,68 pela caixa da laranja, ela consegue um faturamento bruto em torno de R$ 15,8 mil por hectare, considerando o dólar a R$ 2,20. “Uma coisa que aprendi foi que se você quiser ter retorno tem que investir. E eu tenho trabalhado muito para ter um bom retorno na atividade”, explica. FOTOS: JULIO VILELA
CECÍLIA FALAVIGNA PRODUZIU 1.541 CAIXAS NA ÚLTIMA SAFRA POR HECTARE. ELA GARANTE QUE NUNCA TEVE PREJUÍZO COM A LARANJA
capa Outros casos No Paraná, Dona Cecília está longe de ser um caso isolado. Ela é, sim, um dos bons exemplos de uma citricultura altamente tecnificada e que tem transformado a terra dos grãos em uma região com potencial para se tornar um dos grandes polos citrícolas do Brasil. Prova disso é a produtividade alcançada pelos citricultores da Cocamar, que no último ano registrou a impressionante marca de 900 caixas por hectare, crescimento de 15% em relação a safra anterior. Resultado bem acima da média geral do estado, que ficou em 784,13 caixas por hectare, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). Na última safra, a produção total do Paraná foi de 24 milhões de caixas, numa area de 25 mil hectares. Os segredos que transformam esses citricultores em verdadeiras máquinas de colher laranja estão no clima, na baixa incidência de doenças e, principalmente, num modelo de produção que prima pela aplicação do que há de melhor em produtos para o pomar e que segue a risca todas as recomendações técnicas. Aliás, é nessa parte que entra a Cocamar, uma das maiores cooperativas do Paraná e principal responsável por disseminar a
Os produtores Luiz Gimenez (a esq.) e Luiz França apostaram na citricultura e hoje colhem até
2.100 caixas por hectare.
cultura da laranja entre os cooperados. “Nós hoje contamos com uma média de um engenheiro agrônomo para cada 41 propriedades. Isso garante que o produtor receba no mínimo uma vez por mês a visita do técnico para ajudar a desenvolver sua produção”, explica o vice-presidente executivo da Cocamar, José Cícero Aderaldo. Outra característica que faz a diferença é a compra dos insumos. “Nós fazemos uma campanha de insumos em que os produtores adquirem tudo o que vão precisar durante o ano de forma conjunta, o que possibilita preços melhores. Eles armazenam na cooperativa e vão usando os produtos à medida
que necessitam e podem pagar apenas depois da colheita”, completa. Mas o que faz um pomar produzir bem e outro ser acima da média é a atenção e disciplina de cada produtor em sua área. Algo que o citricultor Antonio Luiz Gimenez sabe bem. “Não uso nada na propriedade que não seja indicado pelo agrônomo. Além disso, aplico tudo na quantidade e periodicidade indicadas. Isso faz a diferença”. “Fazer a diferença” no caso de Gimenez é conseguir colher nos seus 26 hectares, localizados na região de Floraí (PR), uma média de 1.980 caixas de laranja por hectare, o que lhe confere o incrível faturamen-
A LARANJA QUE VEM DO SUL
25 MIL
HECTARES É A ESTIMATIVA DE ÁREA PLANTADA COM LARANJAS NO PARANÁ EM 2013 EM 2008, ESSA ÁREA ERA DE 20,1 MIL HECTARES, O QUE SIGNIFICA UM CRESCIMENTO DE NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
10%
16 | CITRUSBR Junho 2014
HISTÓRICO DE ÁREA PLANTADA COM LARANJAS NO PARANÁ (mil/ha) 25,9 25,5 25,5 23,9 20,1
COM A EXPANSÃO DA ÁREA, A PRODUÇÃO TAMBÉM VEM CRESCENDO. EM 2013, A PRODUÇÃO FOI DE
24,5 MILHÕES
20,2
DE CAIXAS DE LARANJA, CRESCIMENTO DE 30% EM RELAÇÃO À SAFRA ANTERIOR
2009
ATUALMENTE, DA PRODUÇÃO PARANAENSE É VOLTADA PARA A PRODUÇÃO INDUSTRIAL E 5% PARA FRUTA DE MESA
95%
2008
2010
2011
2012
2013
nutrição e adubação da planta”, revela. “O custo de produção é alto, mas se não investir não consigo ter um bom retorno”, pondera.
JOSÉ CÍCERO Assistência técnica fornecida pela Cocamar é um dos segredos para o bom desempenho dos pomares no Paraná to bruto de R$ 20,3 mil por hectare. “Na variedade Pera, a produtividade chegou a 2.100 caixas por hectare”, orgulha-se o produtor, que também trabalha com as variedades Folha Murcha e Valência. Com o negócio indo de vento em popa, ele começou a expandir a produção. Nos últimos anos, adquiriu uma área que pertencia ao irmão e arrendou outra fazenda, o que lhe possibilitará uma área total de plantio de laranja de 110 hectares. “Estou trabalhando para fazer essa área atingir o mesmo nível de produção da minha propriedade e nos próximos anos colocá-la dentro do modelo da cooperativa”, afirma.
HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE LARANJA NO PARANÁ (milhões de caixas 40,8 kg)
18,8 14
13,8
A poucos quilômetros da fazenda de Gimenez, no município de Alto Paraná (PR), outro citricultor também comemora os bons resultados com o cultivo da laranja. Luiz França nasceu na região e já plantou de tudo em sua propriedade, a Fazenda Santa Antonia, de 193 hectares. Quando decidiu diversificar a atividade, resolveu ocupar 48 hectares com a citricultura. E sua história não foi diferente. Os resultados vieram logo e hoje França colhe uma média de 1.200 caixas por hectare, com faturamento bruto de R$ 12,3 mil por hectare. “Temos um acompanhamento rígido no desenvolvimento do pomar. Uma atenção especial na
24,5
19
15%
14,2
08/09 09/10 10/11
ESSE AVANÇO NÃO SE DEVE APENAS À EXPANSÃO DE ÁREA, MAS TAMBÉM AO AUMENTO DE PRODUTIVIDADE, QUE SALTOU
11/12 12/13 13/14
NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Doenças O otimismo dos produtores só desaparece quando o assunto é a saúde sanitária dos pomares. Ainda com uma incidência muito menor, se comparada às principais regiões produtores como Flórida (EUA) e São Paulo, o greening já assusta os citricultores paranaenses. “Fazemos um controle rígido para evitar que a doença cause danos severos à produção”, ressalta França. A preocupação é compartilhada por Cecília. “Na minha fazenda, temos uma política de tolerância zero com o greening. Se há uma árvore contaminada, nós erradicamos. Dói, mas não tem outro jeito”, resigna-se. Enquanto a doença é mantida sob controle, os produtores continuam aproveitando os bons resultados de sua produção e apostando em tecnologia e manejo para que seus pomares permaneçam com altos índices de produtividade. Os resultados podem também ser explicados pela visão romântica de Cecília: “acima de tudo, para se ter bons resultados, é preciso produzir com amor”. l
HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DE PRODUTIVIDADE NO PARANÁ 789,2 (caixa/ha) 737,7 752,4 691,2 683,8 593,1
08/09 09/10 10/11 11/12
12/13 13/14
Fonte: Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretária de Agricultura do Paraná
CITRUSBR Junho 2014 | 17
legislação
O que será
laran Decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas (SP), determina que, após seu trânsito em julgado, as indústrias só poderão receber e processar laranjas que tenham sido plantadas, cultivadas e colhidas por empregados por elas contratados.
dessa
ja? No último dia 31 de março de 2014, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas- SP), manteve a sentença da Vara do trabalho de Matão (SP) que condenou empresas processadoras de suco a somente receberem e processarem laranjas plantadas, cultivadas e colhidas por empregados por elas contratados. Foi estabelecida a multa de R$ 1 milhão por dia contra a indústria que desrespeitar a decisão. A indústria apresentou recurso contra a decisão perante o Tribunal Superior do Trabalho (TST) em Brasília. O assunto tem causado inquietude no campo e tem sido alvo de diversos artigos e reportagens na mídia. No mais recente, de 22 de abril, o Jornal Valor Econômico retrata o que diz ser uma cruzada do Ministério Público do trabalho contra uma suposta prática de terceirização. Importante notar que a decisão não trata da terceirização de empregados que trabalham nas fazendas de propriedade das indústrias. Esses empregados já são contratados e registrados pela indústria, seja para o plantio, cultivo ou colheita da laranja. A de-
cisão trata apenas dos trabalhadores contratados pelos citricultores que fornecem laranja para a indústria. Em outras palavras, a decisão quer que os empregados que hoje são contratados e geridos pelos citricultores em suas propriedades passem a ser contratados e geridos pela indústria, que passaria a comandar a exploração agrícola na propriedade de seus fornecedores. Os citricultores perderiam por completo o domínio de sua atividade agrícola. A principal e mais grave consequência da decisão, caso confirmada, é que os citricultores somente poderão vender laranjas para as indústrias, se estas contratarem os empregados para trabalhar nas propriedades desses agricultores, desde o plantio das árvores até a colheita. Como as árvores dos citricultores independentes não foram plantadas pela indústria, esta não poderá receber as laranjas correspondentes, sob pena de pagar R$ 1 milhão por dia de multa, com evidente e incalculável prejuízo a toda a cadeia produtiva e ao mercado consumidor de suco. Além disso, não é factível que a indústria contrate empregados para serem geridos e subordinados hierarquicamente a um terceiro. Se a indústria tiver que contratar os empregados, ela terá que ser a gestora da respectiva atividade e será, nos termos
da legislação trabalhista, responsável por esses empregados. Assim, o cenário pretendido pela decisão só é viável no contexto de um arrendamento ou parceria agrícola entre o proprietário da terra e a indústria, pelo qual a gestão da atividade agrícola seja entregue à indústria. A decisão provocará a verticalização total da citricultura destinada à produção de suco. Apesar de ainda não confirmada, essa sentença já está gerando efeitos no campo. Dada a incerteza quanto ao momento em que ocorrerá o seu trânsito em julgado, as indústrias se viram forçadas a prever em seus contratos de compra de laranja que, se e quando esse entendimento for mantido, tais contratos terão que ser rescindidos. Isso porque, caso a indústria continue a receber a laranja, ela incorrerá na multa de R$ 1 milhão por dia. Não é difícil imaginar o prejuízo que será suportado pelo produtor, pela indústria e pelo mercado consumidor de suco. A indústria recorreu dessa decisão ao Tribunal Superior do Trabalho em Brasília e espera que ela seja completamente reformada. Espera também que os citricultores defendam o seu direito de livre iniciativa, livre exploração e gestão de sua atividade agrícola, sem qualquer interferência da indústria em suas propriedades. Mais do que nunca, o momento é de união entre produtores e indústrias na defesa da cadeia produtiva da laranja, que tanto tem contribuído para o crescimento do Brasil. l
NO JORNAL Reportagem publicada em 22 de maio de 2014 mostra empenho do Ministério Público do Trabalho em mudar relações na citricultura
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benefícios Reportagens mundo afora colocam os sucos de frutas e principalmente o de laranja como vilões das dietas, tendência que causa danos à imagem e ao consumo da bebida
O suco na
MIRA
O suco de laranja está sob ataque. A afirmação pode parecer alarmista, mas descreve uma realidade que pode ser lida em jornais e revistas espalhados pelo mundo. “Como o suco de fruta passou de um alimento saudável para junk food” é a manchete afirmativa de uma reportagem publicada recentemente pelo jornal britânico The Guardian, um dos mais respeitados do Reino Unido. O texto detalha a noticia de que escolas na Inglaterra estavam proibindo seus alunos de consumir sucos de frutas, pois acreditavam que, por conta da quantidade de calorias, eles seriam tão prejudiciais quanto os refrigerantes. A cada dia novas matérias e artigos publicados em portais e jornais em todo o mundo ajudam a desconstruir a imagem dos sucos de frutas como um alimento saudável. Uma tese que há poucos anos dificilmente ganharia espaço e que é alimentada por membros de entidades governamentais e nutricionistas, que ajudam a fomentar uma verdadeira paranoia que transformou,
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da mídia do dia para a noite, o suco de laranja no vilão das dietas. A principal linha de acusação tenta colocar o suco de laranja e de outras frutas no mesmo patamar de refrigerantes e energéticos. São duas as alegações. A primeira está na quantidade de calorias encontrada nos sucos integrais. A segunda, de acordo com alguns “especialistas”, está na presença de açúcares semelhante aos volumes encontrados em refrigerantes, o que faz dos sucos, numa visão bastante distorcida, tão prejudiciais à saúde quanto os refrigerantes. Nessa tese, por incrível que pareça, ignoram-se todas as vitaminas e nutrientes existentes nos sucos. “Um dos meus maiores medos é que vejamos medidas políticas serem impulsionadas por manchetes alarmistas. E então eu acho que estamos em território muito, muito perigoso”, advertiu o CEO da Innocent Juice, uma das principais marcas de sucos de frutas dos EUA, Douglas Lamont. A preocupação faz sentido. No ano passado, a Prefeitura de Nova
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York lançou uma campanha intitulada “Are you pouring on the pounds?”, algo como “Você está com banha sobrando?”, numa tradução livre. A campanha, com vídeos e outdoors, trazia a mensagem que beber um copo de refrigerante por dia poderia render o ganho de vários quilos aos consumidores e afetar a sua saúde. O problema é que o suco de fruta tem sido colocado no mesmo balaio, ganhando ares de responsável pela obesidade crescente naquele país, um dos motivos que fazem o consumo de suco de laranja despencar nos Estados Unidos, ano após ano. Mesmo com a toda essa campanha negativa, novas pesquisas mostram que, embora contenha de fato calorias, o suco de laranja está longe de ser um alimento prejudicial à saúde. Um exemplo é uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) que coloca o suco como um aliado para a perda de peso. De acordo com o estudo, o suco possui leptina, uma substância que aumenta a saciedade do organismo
O QUE ANDAM DIZENDO 1 – “Não beba gordura”, campanha de NY 2 – “Pediatras alertam contra o suco de fruta”, ABC News 3 – “Afaste-se do suco de laranja”, The Telegraph 4 – “Como o suco de fruta passou de um alimento saudável para junk food”, The Guardian 5 – “Beber suco pode ser pior do que tomar refrigerante”, Portal Terra
e, portanto, ajuda a inibir o apetite, ou seja, a pessoa toma o suco e come bem menos na próxima refeição. Outro estudo indica que a vitamina encontrada no suco é essencial para a absorção do ferro e para a formação da hemoglobina (glóbulos vermelhos do sangue). Além disso, a bebida tem ação antioxidante, isto é, previne infecções, gripes e resfriados, mantém a saúde dos dentes e gengivas e ainda ajuda no combate a hemorragias. O nutriente não é produzido pelo organismo naturalmente e em uma laranja conseguimos quase que 100% da taxa de vitamina C necessária por dia. l CITRUSBR Junho 2014 | 21
política
A secretária chega ao
seu pomar
Mônika Bergamaschi relança a Câmara Setorial de Citrus e propõe uma nova dinâmica nas discussões para a cadeia produtiva Era a tarde do dia 11 de dezembro de 2013 quando a secretária de Agricultura, Mônika Bergamaschi, lançou a iniciativa de reativar a Câmara Setorial de Citrus. A ideia aconteceu em meio a uma reunião da Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O grupo dava encaminhamentos a algumas demandas levantadas em uma audiência pública, em julho daquele ano. O objetivo, segundo a secretária, era abrir um espaço neutro para encaminhar as necessidades do setor ao governo. “É importante que haja um fórum de discussões para tratar de questões pertinentes a essa atividade que é tão paulista”, sustentou. Os trabalhos de inscrição começaram em fevereiro deste ano e as reuniões estão previstas para o segundo semestre. Segundo a secretária-geral das Câmaras, Cintia Maluf, o novo fórum terá como objetivo promover uma agenda positiva para o setor. “É preciso arejar a agenda da citricultura e é possível fazer muita coisa nesse ambiente”, avalia. De 22 | CITRUSBR Junho 2014
acordo com o deputado Itamar Borges, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a ação demonstra a importância do debate. “A partir de uma audiência pública aqui na Assembleia, diversos atores foram sensibilizados e secretária Mônika deu um passo importante para discutir o setor”, diz. BRASÍLIA No âmbito federal, a Câmara Setorial da Laranja, vinculada ao Ministério da Agricultura, tem apresentado uma agenda bastante intensa. Discus-
LARANJA EM DEBATE Citricultura foi tema de reunião na Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia Legislativa de São Paulo
sões como preço mínimo e leilões do Prêmio Equalizador para o Produtor (Pepro) avançam significativamente. Para o presidente do colegiado, Marco Antonio dos Santos, faz sentido ter outro órgão apenas para discutir o Estado de São Paulo. “Na Câmara de Brasília, temos representações de todo o País, como a Cocamar, do Paraná; produtores da Bahia e Sergipe; e outras entidades”, diz. E completa: “Há assuntos que são específicos de São Paulo, como questões sanitárias, e podemos evoluir muito se tivermos o fórum adequado”. l
MÔNIKA BERGAMASCHI: PRIMEIRAS REUNIÕES DA NOVA CÂMARA DEVEM ACONTECER NO SEGUNDO SEMESTRE
notas
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BOM NÃO SÓ PARA A GRIPE
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Relatório IFU
DE OLHO NA CAIXINHA
Em seu último relatório, a Federação Internacional dos Produtores de Sucos de Fruta (IFU, na sigla em inglês) destacou uma mudança na legislação brasileira que irá obrigar as empresas que detêm as marcas de sucos a comunicar na embalagem de suas bebidas qual a porcentagem de polpa ou suco contida no produto. O objetivo é informar o consumidor sobre o produto que ele está adquirindo. Para os sucos de uva e laranja, a porcentagem de polpa ou suco no néctar deve aumentar de 30% para 50% até janeiro de 2016. A regra entra em vigor em julho de 2014.
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Ingerir de um a dois copos de suco de laranja por dia pode reduzir as chances de ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC). Esse é o resultado de uma pesquisa americana, que mostra que a vitamina C reduz a pressão sanguínea, o colesterol e ainda protege contra doenças inflamatórias, como o diabetes. Segundo o estudo, a vitamina é essencial para a absorção do ferro e para a formação da hemoglobina (glóbulos vermelhos do sangue). O nutriente não é produzido pelo organismo naturalmente e em uma laranja conseguimos quase 100% da taxa de vitamina C necessária por dia.
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Relatório IFU III
O SEGREDO ESTÁ NA DOSE
A IFU ampara-se em estudos que o suco de fruta é uma bebida não adoçada, consumida por razões de conveniência, sabor e saúde. No entanto, como todo alimento que fornece energia, sucos contêm açúcares. O IFU recomenda o consumo diário de 200 a 300 ml de suco, como é aceitável.
3 AÇÚCAR AMARGA O MERCADO Relatório IFU II
De acordo com o relatório da IFU, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está propondo uma nova redução nos índices de recomendação de consumo diário dos açúcares livres, que é tanto o açúcar adicionado a algum produto como o açúcar encontrado naturalmente no mel, nos xaropes e sucos de frutas. A nova normativa reduziria a participação desses açúcares no total consumido diariamente de 10% para 5%. A medida pode ser mais um ingrediente nas pesadas acusações e críticas que a categoria suco tem enfrentado.
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Consumo
ÁGUA A TODO VAPOR
Em seu 23º relatório anual sobre o mercado de água engarrafada do Reino Unido, a Zenith International, consultoria especializada em bebidas e alimentação, mostrou que o segmento cresce no país. De acordo com o levantamento, o consumo de água engarrafada em 2013 cresceu 10,1%, para 2.770 milhões de litros, com um valor de varejo de € 2,3 bilhões. Os volumes são agora 50 vezes o nível de 30 anos atrás e representam 19% de todas as bebidas engarrafadas consumidas.
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Flórida
LEVE REAÇÃO NOS POMARES
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima sua projeção para a produção de laranjas na Flórida. De acordo com o novo levantamento, o Estado americano deve produzir 110,3 milhões de caixas na safra 2013/2014, acréscimo de 300 mil caixas em relação ao último relatório divulgado pelo órgão.
Relatório FoodNews
GREENING AVANÇA
Cerca de 70% de todas as árvores de citros da Flórida estão contaminadas pelo greening. O levantamento foi divulgado pelo relatório FoodNews. De acordo com a publicação, o Brasil pode seguir os mesmos passos. Um grupo de especialistas brasileiros, por iniciativa da cooperativa Cocamar, visitou os pomares americanos e analisou que algumas práticas adotadas por citricultores brasileiros pode elevar o nível de disseminação da doença no Brasil. A critica é que em algumas regiões não estão sendo adotadas as práticas de gestão da doença recomendadas.
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Bebedouro
A HISTÓRIA DA LARANJA
Acaba de ser lançado o livro “História da Citricultura em Bebedouro”, de autoria do professor Luiz Carlos Donadio. A obra, que tem o apoio da Coopercitrus e da Estação Experimental da Citricultura de Bebedouro, traz todo o processo do desenvolvimento da cultura no município, mostrando a importância da citricultura para a cidade.
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Relatório Unijus
CONSUMO CAI NA FRANÇA
A França consumiu 1,64 bilhão de litros de sucos de frutas e néctares em 2013, de acordo com a associação francesa Unijus, que representa a indústria de sucos daquele país. Esse volume representa uma queda de 1,5% desde 2012. Consumidores franceses preferem o suco puro e seu consumo per capita faz do país o segundo maior consumidor do mundo, depois da Alemanha. As bebidas de frutas puras respondem por metade do volume. Já as bebidas feitas a partir de sucos concentrados são responsáveis por um terço das vendas. Os smothies, bebida gelada que vem ganhando espaço em alguns mercados, vendem em apenas quantidades insignificantes.
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Marketing
A BELA E O SUCO
A nova aposta do Departamento de Citrus da Flórida para revitalizar a imagem do suco de laranja é a atriz e jornalista Erin Andrews, a nova apresentadora do “Dancing with the Stars”, um dos programas mais populares da TV americana. Erin assinou um contrato de US$ 200 mil com o Departamento para promover o suco de laranja. “Ela cresceu na Flórida, tem uma disposição ensolarada e uma personalidade naturalmente energética. Isso são reminiscências do suco de laranja da Flórida”, afirmou o porta-voz do Departamento, David Steele. “Ela é o ajuste perfeito para nos ajudar a lembrar os americanos sobre as características que nos fazem amar o suco de laranja. Uma bebida deliciosa, que pode ajudar as pessoas a equilibrar uma dieta saudável dentro de suas rotinas ocupadas”, diz.
Fale com a redação: citrusbr@citrusbr.com
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mídia Novo projeto de comunicação da CitrusBR será lançado em junho deste ano e prevê múltiplas plataformas para levar informações para produtores e sociedade
Para ver, ler, ouvir e
compartilhar... Acessar as informações da CitrusBR agora vai ficar muito fácil. Um novo projeto de comunicação está em fase de implantação e prevê uma série de novas ferramentas para levar informação a produtores e à sociedade em geral. Segundo o diretor-executivo da entidade, Ibiapaba Netto, que é jornalista de formação, com anos de serviços prestados na grande imprensa, o novo modelo contará com uma revista mensal, um Canal no Youtube com atualização semanal e um novo portal, mais completo e intuitivo. “Com isso pretendemos chegar mais perto dos produtores e ampliar a interlocução com o setor”, diz. A revista será mensal e terá em média 28 páginas e trará reportagens com produtores, especialistas e com todo tipo de informações que possam impactar os rumos do setor. “Há uma grande oferta de informações em relatórios de mercado de diversas origens, estudos bastante complexos e nossa missão será agrupar essas informações de NA TELINHA Novo programa da CitrusBR levará para a internet informações sobre o setor 26 | CITRUSBR Junho 2014
uma forma didática e intuitiva para que todos possam ter o mesmo nível de informação”, pondera. Já no campo digital, os trabalhos serão divididos em duas partes. A primeira é um canal no YouTube com vídeos semanais comentando sobre os principais acontecimentos do mercado, sempre sob a ótica da CitrusBR. “A CitrusBR não participa da relação entre as empresas e seus fornecedores ou clientes. Além disso, questões como contratos, preços praticados e afins, são assuntos que não fazem parte do nosso ambiente”, explica Netto. Ainda assim, há uma série de questões que merecem ser mais bem explicadas e essa é a nossa proposta. O executivo ainda receberá convidados no estúdio da CitrusBR para conversar sobre o setor. “Será bem interessante fazer essa mistura da experiência que tenho como jornalista com a necessidade
que o setor tem de se comunicar”, pondera. O primeiro vídeo vai ao ar ainda na primeira quinzena de junho. Os programas terão formato de internet com duração de até cinco minutos. Três pilares farão parte do escopo do projeto: defender os benefícios do suco de laranja, tratar sobre o mercado de bebidas e noticiário local. “O primeiro passo é a defesa do produto, temos muito o que falar sobre benefício, divulgando estudos e fontes para que o próprio produtor seja um defensor do que produz”, explica. Em relação ao mercado, ele entende que “é importante que todos estejam a par do que os grandes clientes, engarrafadores e varejistas estão fazendo e como o mercado está se comportando”. E por último: “Vamos trazer também resumos do que tem sido discutido, semana a semana entre CitrusBR e as lideranças do setor, como uma forma de prestar de contas da agenda da entidade”. Além do Canal no Youtube, o site da entidade vai ganhar uma nova versão, mais robusta e com mais área para notícias, vídeos e informações. Relatórios, estudos e outros materiais ficam mais fáceis de serem encontrados. “É importante frisar que sugestões são bem vindas e o produtor que quiser participar de alguma forma, pode entrar em contato conosco que vamos tentar atender, se estiver ao alcance da CitrusBR”, diz. l
AGENDA 24/6 A 27/6
SIAL BRASIL A cidade de São Paulo irá sediar o SIAL Brasil – The Latin American Food Marktplace. Inspirada no SIAL Paris, maior evento de alimentos e bebidas do mundo, a edição brasileira, que acontece de 24 a 27 de junho, no Expo Center Norte, reúne todos os segmentos deste mercado que apresentarão inovações e tendências para o varejo e o food service. Para outras informações, o telefone: é (11) 3017-6807 ou pelo e-mail: fsa@btsmedia.blz
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SEGURANÇA E SAÚDE NA AGRICULTURA O Centro de Engenharia e Automação, ligado ao Instituto Agrícola de Campinas, promove em Jundiaí a 5ª edição do Seminário sobre Segurança e Saúde na Agricultura. O evento, que acontece nos dias 16 e 17 de julho, irá debater questões como legislação sobre segurança no trabalho agrícola, avaliação de risco no ambiente de trabalho, entre outros. Outras informações no telefone: (11) 4582-8155 ou pelo e-mail: ppontes@iac.sp.gov.br
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5º DIA DO CITRUS DE MESA O Centro de Citricultura Sylvio Moreira realiza no próximo dia 18 de julho o 5º Dia do Citros de Mensa – da Produção à Comercialização. O evento contará com palestras e programação especial para a data. Para mais informações sobre o evento acesse o site www.centrodecitricultura.br
21/7 A 25/7
CURSO DE CITROS O Centro de Citricultura promove o 21º Curso de Citricultura. Realizado de 21 a 25 de julho na sede do Centro, em Cordeirópolis (SP), o evento é voltado para estudantes e engenheiros agrônomos. Entre os pontos que serão apresentados estão genética e melhoramento de citros e principais pragas, além de visitas técnicas à packing-house e à unidade de processamento industrial de frutas. Mais informações no telefone: (19) 3546-1399 ou pelo e-mail: eventos@ centrodecitricultura.br
28/7 A 1/8
23ª JORNADA DA AGRICULTURA DE PRECISÃO O Departamento de Engenharia da Esalq/USP realiza em Piracicaba a 23ª edição da Jornada de Atualização em Agricultura de Precisão. O evento, que acontece entre 28 de julho e 1º de agosto, Irá discutir os conceitos de agricultura de precisão como um conjunto de técnicas que permitem o gerenciamento das lavouras, a coleta de dados, a geração de mapas e recomendações e a aplicação localizada de insumos. Mais informações pelo telefone: (19) 3417-6600 ou no site http://fealq.org.br/informacoes-doevento/?id=125
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