NESTA EDIÇÃO: CADERNO ESPECIAL TRAZ OS DADOS DE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO
WWW.CITRUSBR.COM ANO 1 NÚMERO 2 AGOSTO 2014
DE BRAÇOS ABERTOS PARA O SUCO O BRITÂNICO ANDREW BILES JÁ FOI UM GRANDE COMPRADOR DE SUCO DE LARANJA DO BRASIL. HOJE ELE PRESIDE A ASSOCIAÇÃO EUROPEIA DE SUCOS DE FRUTA E LIDERA, NA EUROPA, UM INOVADOR PROJETO DE COMUNICAÇÃO QUE, EM PARCERIA COM A CITRUSBR PRETENDE DEFENDER A BEBIDA E ALAVANCAR O SEU CONSUMO
Índice
Carta ao leitor CAPA
TODOS PELOS SUCOS
Informação para consumir
Como uma inovadora parceria entre AIJN e CitrusBR pretende colocar de pé um arrojado projeto de comunicação voltado para a defesa e retomada do consumo de suco de laranja. Pág. 4
ENTREVISTA
ANDREW BILES Nosso personagem de capa fala sobre o mercado de sucos de frutas na Europa e as preocupações com a queda no consumo da bebida. Pág. 8
PULVERIZAÇÃO
LASER E RAIO X
ESPECIAL
Pesquisa da Esalq coloca a agricultura de precisão nos pomares e promete um novo modelo para aplicação de agroquimicos. Pág. 26
O TREM DO CONSUMO
CLIMA
CHINA
ESPANHA
EVENTOS
Previsões climáticas indicam que chuvas só devem voltar a cair nos pomares no mês de outubro. Pág. 13
Com tecnologia e manejo diferenciados, o país consegue controlar a doença e aumentar seus pomares. Pág. 14
Os principais países produtores de citrus da Europa registram queda na colheita da fruta. Pág. 22
Eventos discutem a cadeia produtiva e fazem de Cordeirópolis a "capital da citricultura". Pág. 23
TEMPO SECO CONTINUA
O COMBATE O MAPA DA AO GREENING PRODUÇÃO
FRUTA EM DEBATE
Veja o detalhamento do estudo que analisa a demanda por suco de laranja nos 40 principais mercados da bebida e entenda por que isso mexe com toda a cadeia. Pág. 29
BENEFÍCIOS
ALÉM DA VITAMINA C
O pesquisador Leandro Peña realiza estudo para desvendar todos os fitonutrientes da laranja. Pág. 24
Equipe CitrusBR
Revista CitrusBR
Diretor-executivo Ibiapaba Netto Diretora de Relações internacionais Larissa
Editor Eduardo Savanachi Colaboraram nesta edição: Juliana Ribeiro,
Popp
Erica Polo (texto) e Julio Vilela (fotos) Direção/Produção/Revisão Typodigital Agradecimentos Fundecitrus, Markestrat, AIJN e ESALQ
Coordenadora de projetos Isabela Costa Coordenadora administrativa Debora Dezan Assistente administrativo Tamires Pereira
Ribeiro
4 | CITRUSBR agosto 2014
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE SUCOS CÍTRICOS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXPORTADORES DE SUCOS CÍTRICOS
expediente PROJETO LARANJA
O DOCE SABOR DA FRUTA Cidades do interior de São Paulo colocam a laranja no cardápio das crianças e promovem o suco. Pág. 16
“Para todo problema complexo existe uma solução clara, simples e errada”, escreveu certa vez o prêmio Nobel de literatura e cofundador da London School of Economics, George Bernard Saw. Cunhada ainda no começo do século XX, a expressão ganhou fama e mostra que para certos problemas não há solução fácil. Esse é o caso, por exemplo, do consumo de suco de laranja no mundo, que enfrenta sérios problemas. Qualquer solução simples seria certamente fadada ao fracasso. Por essa razão, a CitrusBR tem trabalhado desde a sua fundação para entender melhor o problema, propor soluções e, acima de tudo, tentar virar o jogo. Na capa desta edição, trazemos o britânico Andrew Biles, presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas, a AIJN, com que a CitrusBR acaba de fechar um projeto para promoção de suco de laranja. Durante 15 anos, Biles esteve à frente da Gerber-Emig, grande compradora de suco do Brasil. No ano passado, a empresa se juntou à Refresco, outra gigante europeia, e dessa união nasceu a maior compradora de suco de laranja do Brasil – que “puxa” cerca de 15% de toda a produção nacional. Biles deixou a empresa para se dedicar justamente à promoção das categorias de sucos integrais que, segundo relatório recém-publicado pela própria AIJN, encolheu 4% no Velho Continente. Assim como tem acontecido nos últimos anos, os dados da AIJN vêm em linha com os da CitrusBR, que para o mesmo período, e para sabor laranja, mostra uma queda de 3%. Para mudar essa história, a CitrusBR e a AIJN firmaram um compromisso de financiar um projeto de comunicação e mídia, cujo foco está na divulgação dos benefícios do suco de laranja para os chamados públicos prioritários, como médicos, nutricionistas e profissionais de saúde em geral. Em 2014, serão investidos um milhão de euros, ou cerca de R$ 3 milhões, dos quais 50% são financiados pelas empresas associadas à CitrusBR. Esses investimentos constituem um primeiro passo de um setor que precisa reinventar a forma como se posiciona. Também no assunto consumo, conforme prometido na primeira edição da revista CitrusBR, começamos a nossa série de detalhamento do estudo da Markestrat. Em 20 páginas, o professor Marcos Fava Neves faz um apanhado geral do comportamento do mercado mundial em diferentes aspectos. Sem dúvida vale a leitura. Também mostraremos nesta edição como algumas prefeituras colaboram com o consumo de suco incentivando projetos seja para o consumo da fruta, seja do suco. E ainda trazemos uma reportagem com um projeto pioneiro do Fundecitrus, liderado pelo pesquisador espanhol Leandro Peña para comprovar os benefícios da laranja. Para quem gosta de acompanhar o desempenho da bolsa, trazemos uma série histórica com médias mensais das últimas 20 safras e periodicamente vamos atualizar esses dados. Saindo um pouco do consumo, trazemos uma reportagem de como a China está lutando contra o greening e quais soluções aquele país tem encontrado para superar o problema. A exemplo da primeira frase que ilustra este editorial, não há nada de simples. É ver para crer. Para quem gosta de novas tecnologias, também apresentamos reportagem sobre novidades no mundo da pulverização. Uma delas é decorrente de pesquisa da prestigiosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP). Como se vê, assuntos e desafios não faltam. Que venham as soluções e muito trabalho. Ibiapaba Netto Diretor-executivo CitrusBR CITRUSBR agosto 2014 | 3
capa |
Por Eduardo SAVANACHI
Em busca de uma nova imagem para
o suco
Associação Europeia une forças com CitrusBR para iniciar uma inovadora campanha de comunicação que pretende defender o suco de laranja e fazer com que os consumidores redescubram a bebida A maioria dos citricultores pode não conhecer o senhor que ilustra a capa desta edição da Revista CitrusBR, mas Andrew Biles é um velho conhecido do mercado de sucos no Brasil e no mundo. Durante 15 anos, esse cidadão inglês esteve à frente de uma das maiores fabricantes de sucos de frutas do mundo, a britânica Gerber Emig. A companhia se uniu à outra gigante, a Refresco, para juntas formarem a terceira maior envasadora de sucos do mundo, responsável pela compra de nada menos do que 15% do suco de laranja produzido no Brasil. Hoje Biles não possui mais atividades executivas na nova empresa, porém, seu trabalho no mercado de sucos continua muito importante. Presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN, na sigla em inglês), ele tem focado seus esforços para unir toda a cadeia produtora de sucos de fruta em torno do objetivo de resgatar a boa reputação do produto, que sofre com uma avalanche de informações equivocadas que colocam os sucos como um dos vilões da saúde, principalmente no que diz respeito à
obesidade. Tais acusações vêm refletindo diretamente na queda de consumo de sucos nos principais mercados. De acordo com o último relatório publicado neste ano pela AIJN, o consumo de suco de fruta na Europa havia recuado 4,2%, número, aliás, em linha com o publicado pela CitrusBR, com queda de 3% para o sabor laranja. O estudo de consumo feito pela consultoria Markestrat, utilizando dados da TetraPak e Euromonitor, demonstrou que em 2013 o consumo de suco de laranja no mundo despencou 10,8% (veja mais no Caderno Consumo na página 29) Para tentar barrar essa onda e recolocar o suco no “hall” dos alimentos saudáveis e impulsionar as vendas novamente, Biles está coordenando um arrojado projeto global de comunicação cuja maior parceira é justamente a CitrusBR. “Precisamos criar mensagens-chave baseadas em dados científicos, destacando a grande quantidade de vitaminas e nutrientes e os benefícios dos sucos.
Seu consumo é uma forma saborosa e conveniente de aumentar a ingestão de frutas”, revelou Biles em entrevista exclusiva disponível na página 8. A ideia é elaborar uma campanha de relações públicas proativa e positiva, atuando diretamente junto a formadores de opinião, comunidade cientifica, nutricionistas e a mídia em geral, levando informações concretas
ESTUDO DEMONSTRA QUE CONSUMO DE SUCOS DE FRUTAS NA EUROPA RECUOU 4,2% EM 2013 sobre os benefícios do suco. Preparada pela conhecida agência europeia Porter Novelli, essa campanha multimilionária deverá ter duração mínima de pelo menos três anos e será supervisionada por um comitê diretor CITRUSBR agosto 2014 | 5
chapéu capa | Por Eduardo SAVANACHI
"DESCOBRIMOS QUE AS GERAÇÕES MAIS NOVAS NÃO CONHECEM MAIS OS BENEFÍCIOS DO SUCO DE LARANJA".
JUAN MARESCA, DA CONCRETO BRASIL
sênior formado por representantes de diversos elos, incluindo a CitrusBR. “Isso é inédito na nossa indústria”, afirma Biles. Para 2014, 500 mil euros (R$ 1,5 milhão) serão destinados para os primeiros passos. Esse montante será aportado pelas empresas associadas à CitrusBR. Nos próximos três anos, serão investidos R$ 6 milhões ao ano divididos entre CitrusBR e AIJN“A categoria de sucos de frutas vem sofrendo ataques constantes e isso, obviamente, afeta diretamente o sabor laranja, que acaba sendo um dos mais visados. É hora de nos unirmos para tentar reverter esse quadro”, ressalta o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
DE OLHO para desvendar queda no consumo, CitrusBR investiu US$ 1 milhão num amplo estudo que investigou o mercado de suco de laranja em 10 países
A ideia de uma campanha global pró-sucos de frutas não é algo novo. No ano passado, durante o Juice Summit, evento que reuniu em Bruxelas cerca de 90% do mercado de bebidas, a CitrusBR apresentou o resultado de
"AS MARCAS POSICIONARAM O SUCO DE LARANJA CONCORRENDO COM REFRIGERANTES E ENERGÉTICOS, UM ERRO".
um amplo estudo, finalizado em 2012 que analisou 10 países-chaves, cujo objetivo era fazer um diagnóstico sobre as razões da queda do consumo de suco de laranja. Com investimentos de US$ 1 milhão, o estudo foi realizado pela agência especializada em marketing Concreto Brasil. Nesse período, a empresa visitou oito países prioritários: Alemanha, Rússia, França, Reino Uni-
do, Estados Unidos, Polônia, Japão e China e dois mercados de referência em que o consumo de suco cresce de forma consistente: Canadá e Noruega. “Nesses países conversamos com varejistas, engarrafadores, produtores, antropólogos e todo tipo de gente que pudesse nos ajudar a levantar os principais pontos em relação ao consumo de suco de laranja”, revela Juan Maresca, sócio-diretor da empresa. “Ao todo foram mais de 400 horas de entrevistas e visitas à 50 mais importantes companhias de suco do mundo”, diz. O diagnóstico apresentado pelo estudo revelou que as novas gerações não sabem mais por que devem beber suco de laranja ou mesmo qualquer suco de frutas. “Gerações mais antigas foram educadas sobre benefícios como
GUSTAVO PINTO, DA CONCRETO BRASIL
vitaminas e nutrientes, mas hoje em dia as marcas não comunicam mais esses atributos”, explica o Gustavo Pinto, que também é sóciodiretor da Concreto Brasil. “Isso acontece porque as marcas, que são responsáveis pelas propagandas, acabaram posicionando o suco de laranja como uma bebida que oferece refrescância e energia, concorrendo com refrigerantes e enérgicos. No entanto, são outros os atributos que o produto entrega”, ressalta. O estudo foi bem aceito durante o encontro de Bruxelas em 2013 e criou o ambiente para que fornecedores de suco representados pela CitrusBR começassem uma conversa formal com as empresas envasadoras interessadas em fazer o mercado de suco voltar a crescer . “O setor como
um todo precisa reagir e acreditamos que usar parte dessa inteligência que adquirimos com esse estudo, somada à experiência de outros agentes da cadeia, pode gerar um trabalho de comunicação muito bem elaborado”, pondera Ibiapaba Netto, da CitrusBR. A expectativa é de que a campanha comece a ser colocada em prática já nos próximos meses e, quem sabe, logo mais consiga fazer as pessoas redescobrirem o saboroso mundo dos sucos de frutas. l
Mais de
100 ENTREVISTAS O DIAGNÓSTICO Entenda como foi feito o estudo que apontou motivos da queda de consumo
Mais de
em torno de
8 MESES de duração
80 HORAS
Mais de
1.700 CHARTS
apenas para apresentar os resultados das análises dos países e posição final
de apresentações para mostrar as anålises dos países
Cerca de
Mais de
400 HORAS de entrevistas com especialistas
135.000 KM percorridos
50 DAS MAIS
importantes companhias do setor participaram com uma ou mais entrevistas
com especialistas de marcas globais e regionais, supermercados, varejo, engarrafadores, associações e analistas culturais, além de associados à CitrusBR, no Brasil e no exterior
entrevista
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Andrew Biles, Presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN)
“Temos que sair em defesa do
suco de frutas” Nos últimos anos, o consumo de suco de frutas vem caindo em todo o mundo. Uma das principais razões para esse fenômeno é onda de ataques que essas bebidas vem sofrendo. Alegações que colocam o suco como um dos vilões da obesidade. Para reverter esse quadro, o presidente da AIJN, Andrew Biles, vem costurando uma campanha global, envolvendo vários elos da cadeia produtiva de suco espalhados pelo mundo, entre eles a CitrusBR. A ideia é preparar uma ampla campanha de comunicação e mídia para divulgar os benefícios dessas bebidas e defender a imagem do suco de frutas. Em entrevista exclusiva à Revista CitrusBR, Biles explica como irá funcionar essa parceria e quais as perspectivas para o mercado mundial de sucos de frutas CitrusBR – Nos últimos anos, observamos a indústria de sucos sendo alvo de ataques constantes, em que o produto é muitas vezes acusado de ter alto teor calórico, excesso de açúcares e, portanto, levar à obesidade, a problemas dentários, etc. Qual é a sua opinião sobre esse cenário de não se poder falar dos benefícios à saúde (especialmente após a nova regulamentação sobre alegações de saúde), quando esses benefícios são justamente uma das razões pelas quais as pessoas devem beber mais suco? Andrew Biles – Poucos produtos alimentares têm autorização para alegar efetivamente que são benéficos à saúde. Hoje, as agências reguladoras não enxergam as alegações de saúde como uma ferramenta de incentivo ao consumo, em geral, que leve as pessoas a ter uma dieta mais saudável. Ainda não existem alegações de saúde permitidas para sucos. No entanto, não devemos nos esquecer de que também existe um regulamento sobre alegações nutricionais na União Europeia que nos permite fazer alegações nutricionais sobre os sucos. Essas alegações referem-se ao conteúdo de vitaminas e minerais (magnésio, folato, cálcio). Podemos, portanto, facilmente rotular um suco de laranja como sendo uma "fonte de vitamina C" ou como "rico em vitami8 | CITRUSBR agosto 2014
HOJE HÁ UM SÉRIO RISCO DE OS SUCOS SEREM TIRADOS DAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DE PORÇÕES DIÁRIAS DE ALGUNS PROGRAMAS QUE ESTIMULAM O CONSUMO
na C". Não devemos superestimar o impacto potencial de uma alegação de saúde direta, especificamente tratando-se de frutas cítricas. Mas devemos continuar buscando estudos sobres os benefícios à saúde que possam, ao menos, corroborar essas alegações nutricionais positivas.
rança para a indústria de suco de frutas, mas precisamos continuar cautelosos e ser próativos nesta área. Devemos lembrar que a rotulagem que pode afetar nossos produtos é, em essência, de competência dos legisladores da União Europeia e não de um país específico.
CitrusBR – No Reino Unido, o governo parece se preocupar com quantidades de sal, açúcares e gorduras e por isso tem aprovado regulamentações que alertam os consumidores sobre a quantidade de açúcar e limitam a quantidade de sucos nas escolas - e até sugerem acrescentar água a ele. O senhor acredita haver esperança para a indústria de suco de frutas perante esse cenário? Outros países devem seguir o exemplo do Reino Unido? Biles – No Reino Unido e em outros países, há muita discussão sobre o consumo de sal, açúcar e gordura e o papel deles na epidemia de obesidade. Certas recomendações estão sendo feitas especialmente para crianças e escolas. Por enquanto são apenas ideias, geralmente sem aplicação nem transformadas em regulamentação. Até o momento, nenhum outro país apoia tais medidas. Existe, sim, espe-
CitrusBR – Falando especificamente sobre benefícios à saúde, o senhor vê a possibilidade de os sucos de frutas serem retirados das campanhas que recomendam cinco porções diárias de frutas e vegetais? Biles – Até agora o que há são incertezas sobre a necessidade e como regular sucos com os "legisladores". Porém, há um sério risco de os sucos serem tirados das recomendações nutricionais, das orientações alimentares e de recomendações de porções diárias, como nos programas que estimulam o consumo de cinco porções diárias de frutas e verduras nas escolas, etc. CitrusBR – Qual seria o impacto no consumo se isso acontecer? A AIJN e a indústria estão tomando alguma medida para evitar que isso aconteça? Biles – Essas medidas teriam um impacto enorme na indúsFOTO: ERIK LUNTANG
tria de sucos pela simples razão de que não haveria qualquer "recomendação oficial" para o consumo de suco de frutas como parte de uma dieta saudável. Estudos sobre saúde e uma campanha positiva de relações públicas podem ajudar a manter o suco como parte da recomendação de cinco porções diárias de frutas e verduras para uma dieta equilibrada. CitrusBR – Como a parceria entre AIJN e a CitrusBR planeja neutralizar essas tendências negativas na indústria de sucos, como os ataques ao produto e a concorrência de outros tipos de bebidas? Biles– Teremos de envolver os formadores de opinião, ou seja, a comunidade científica, os divulgadores de nutrição e, por último, a mídia em geral. Para isso, precisamos criar uma narrativa para a elaboração de mensagens-chave baseadas em dados científicos sobre a composição (grande quantidade de vitaminas e nutrientes) e os benefícios dos sucos (uma forma saborosa e conveniente de aumentar a ingestão de frutas). CitrusBR – É preciso mostrar as qualidades do suco? Biles – No momento, a mídia tem se posicionado de modo CITRUSBR agosto 2014 | 9
entrevista
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Andrew Biles
tendencioso contra o nosso setor. Mas não existe consenso na comunidade científica e nutricional sobre o assunto. Para dizer a verdade, uma parte influente dessa comunidade entende os benefícios dos sucos e está disposta a apoiar a indústria. Precisamos envolver essas pessoas e ajudá-las a divulgar mensagens positivas sobre os sucos para assegurar um debate equilibrado e objetivo. A AIJN, financiada pela CitrusBR e por protagonistas da indústria de suco num sentido mais amplo, está prestes a lançar uma campanha
HÁ MUITO PRODUTOS ALIMENTARES E BEBIDAS NOVAS COMPETINDO COM O SUCO PELOS MESMOS CONSUMIDORES de comunicação e mídia próativa e positiva. Preparada pela conhecida agência Porter Novelli, essa campanha multimilionária deverá ter duração mínima de pelo menos três anos e será supervisionada por um comitê diretor sênior formado por líderes da indústria, incluindo a CitrusBR. Isso é "inédito" na nossa indústria. CirusBR – Quais são os objetivos almejados por essa parceria da AIJN com a CitrusBR, em médio e longo prazo? Biles – Em suma, nosso objetivo principal é equilibrar o debate em torno dos sucos de frutas, que atualmente é unilateral e até mesmo tendendo a uma cobertura imparcial, tendenciosa e negativa da mídia, que acaba tendo um impacto dramático não só na percepção dos consumidores de sucos, mas também na esfera política. O que queremos é que os sucos de frutas sejam mais uma vez vistos como parte da nutrição sustentável e também de uma dieta saudável e um estilo de vida ativo. CitrusBR – Na sua opinião, como a cadeia de fornecimento de sucos poderia estabelecer um sistema de autofinanciamento que gerasse fundos para a expansão e continuidade dessa iniciativa conjunta da AIJN com a CitrusBR? 10 | CITRUSBR agosto 2014
Biles – É premente a necessidade de toda a cadeia de fornecimento de sucos assumir a responsabilidade de disponibilizar os meios financeiros para reforçar e garantir a continuidade da ação de comunicação e mídia da AIJN com a CitrusBR. Não se trata apenas de suco de laranja, mas de todos os tipos de sucos que estão sendo atacados sistematicamente quando dizem para o consumidor que nenhum suco faz necessariamente bem à saúde. Ficará claro para os participantes do setor de sucos que engajamento e apoio financeiros são necessários quando eles entenderem do que se trata o nosso plano de ação. A primeira oportunidade de mostrar à comunidade do suco que essa medida conjunta é necessária e gratificante será no Juice Summit, que acontece em outubro na Antuérpia, na Bélgica, onde apresentaremos os detalhes da estratégia e o conteúdo do plano, além dos primeiros resultados. CitrusBR – A Alemanha foi o mercado menos afetado pela crise econômica mundial e mesmo, assim registrou uma queda de 34% no consumo de suco de laranja na última década, passando de 253 mil toneladas equivalente de suco congelado e concentrado (FCOJ) em 2003 para 167 mil toneladas em 2013. Quais são as principais razões para essa queda contínua? Biles – Devemos lembrar que a Alemanha ainda tem um consumo per capita de suco bastante elevado. Segundo a Canadean, que elaborou o último Relatório de Mercado de Néctares e Sucos de Frutas da AIJN, as seguintes razões contribuíram para a redução do consumo: aumento dos preços dos concentrados; mudanças no comportamento do consumidor, como o café da manhã tradicional, que não é mais tão popular; a preferência por "refrescos mais leves", que têm 50% de suco e 50% de água mineral; e o apelo de produtos regionais que levam ao desenvolvimento de variações de sucos com sabores baseados em frutas locais tradicionais. CitrusBR – Então existe uma concorrência acirrada nesse mercado... Biles – Sem dúvida. É preciso reconhecer que há muitos mais produtos alimentares e bebidas novas no mercado hoje que competem pelo dinheiro do consumidor. E o suco precisa reter o consumidor. CitrusBR – Na sua opinião, quanto tempo levaria até que o aumento do consumo de suco de laranja nos mercados do Leste Europeu, como a Bielorrússia, Bul-
gária, Hungria, Romênia, Rússia, Polônia ou Ucrânia, compense um consumo menor nos mercados da Europa Ocidental? O senhor acredita que isso seja provável? Biles – Esses países não podem ser comparados entre si. A situação econômica e, portanto, o poder de compra da população é muito baixo na Bielorrússia e na Ucrânia, mesmo quando comparado com Romênia e Bulgária, que são os mais pobres dos países da União Europeia. É provável que os dois países ainda levem um tempo para recuperar essa defasagem em relação aos países orientais da União Europeia. E mesmo entre os países orientais da União Europeia, ou seja, Polônia comparado a Bulgária e Romênia, há uma grande defasagem. A Polônia responde por um consumo per capita de 17,5 litros de sucos e néctares (dos quais 11,4 litros são suco de fruta), que é um pouco abaixo da média de 19,6 litros per capita (dos quais 12,7 litros são suco de fruta) da União Europeia. A Bulgária tem um consumo per capita de apenas 2 litros de suco de frutas, enquanto a Romênia nem chega a 1 litro. Então, claramente, deve demorar um bom tempo até que esses países compensem a redução do consumo na Europa Ocidental. CitrusBR – Quais países da Europa registram um consumo maior de suco não concentrado (NFC) de laranja em relação ao consumo de suco de laranja reconstituído? Biles – Os países que respondem por mais de 20% do consumo total de suco não concentrado NFC são: França (60%), Países Baixos (20,2%), Espanha (22,6%) e Reino Unido (40,2%). Os países com consumo de NFC entre 10% e 20% do consumo total de suco são: Áustria (11%), Alemanha (15%), Polônia (14,9%) e Suécia (14,75%). A Finlândia e a Dinamarca têm cada um entre 8% e 9% de consumo de NFC. CitrusBR – E de onde o senhor prevê que virá o crescimento do consumo de suco não concentrado (NFC) de laranja na próxima década?
AINDA DEVE DEMORAR UM BOM TEMPO PARA QUE OUTROS PAÍSES COMPENSEM A REDUÇÃO DE CONSUMO NA EUROPA
Biles – O crescimento nos próximos anos provavelmente virá do noroeste da Europa (Holanda, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Alemanha), países em que os consumidores tendem mais a comprar suco não concentrado (NFC), percebido como mais natural. Em geral, sucos não concentrados (NFC) serão o segmento de preferência dos consumidores que podem se dar ao luxo de adquiri-los. CitrusBR – Em quais mercados e formatos e em que nível o suco de laranja espanhol compete com o suco de laranja brasileiro? Biles – Com a melhoria da qualidade do suco não concentrado (NFC) de laranja da Espanha, ele sempre terá seu lugar no mercado europeu de NFC, em todos os formatos, refrigerados ou em embalagem longa vida, PET ou em garrafas de vidro. Por causa da demanda total e crescente, o Brasil ainda deve dominar o mercado de NFC. E, em vista da sua estrutura de custos, a Espanha é incapaz de competir com o Brasil em concentrados cítricos. CitrusBR – Qual é a vantagem em termos de custo que o suco não concentrado (NFC) de tangerina espanhol tem em relação ao NFC de laranja também espanhol e brasileiro? Biles – Estes são dois produtos diferentes, com diferentes bases de custos das frutas. A produção de tangerina é um dos pilares da citricultura espanhola, seja para frutas frescas, seja para o setor de conservas de frutas ou suco. CitrusBR – Por que o concentrado de suco de maçã (AJC), em diversos momentos da história, representou uma ameaça direta ao suco de laranja brasileiro? Biles – Os preços globais do suco de laranja e do suco de maçã nem sempre aumentam e abaixar da mesma forma e ao mesmo tempo. Em termos de volume do mercado de suco concentrado, o consumidor pode escolher entre um suco de maçã e um suco de laranja com base no preço. Se o suco de maçã for mais em conta, as vendas de suco de laranja podem sofrer no curto prazo. Atualmente, o preço da maçã está em baixa em relação ao da laranja. CitrusBR – Quanto da distribuição de suco na Europa é realizada pelas marcas de suco comparado aos distribuidores de marcas próprias e por que as marcas de sucos europeias não se desenvolveram no mesmo grau como nos EUA? O senhor acredita que esse cenário contribui para atrapalhar a imagem dos sucos de frutas CITRUSBR agosto 2014 | 11
entrevista
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Andrew Biles
ao passo que os investimentos em marketing possam ter sido reduzidos por uma questão de manutenção das margens de lucro? Biles – Eu gostaria de responder à pergunta dizendo que, historicamente, o crescimento do consumo de suco foi proporcionado por varejistas de marca própria, como Aldi, Lidl e Tesco, que também atenderam à indústria brasileira. Em 2013, o consumo de marcas próprias na União Européia foi de 45% contra 55% do total para sucos de marca. No entanto, toda a categoria de suco de frutas sofreu queda de 4,6% na comparação com 2012; e observamos, pela primeira vez em muitos anos, que a redução de 6,4% em marca própria superou a redução média, com queda de 3% em produtos de marca. Independentemente do segmento de venda do suco, a eficiência de custos se faz necessária. Atualmente, a maioria dos varejistas quer ter a mesma margem de lucro tanto com produtos de marca quanto marca própria. Mais uma vez, a campanha de comunicação e mídia do suco é necessária para manter o suco no carrinho de compras do consumidor. CitrusBR – O que está alavancando o consumo de novas categorias, como bebidas energéticas, isotônicos e águas aromatizadas, que estão substituindo os produtos mais saudáveis, como sucos 100% naturais? O senhor acredita que os sucos vão continuar a perder participação para essas bebidas e outras novas que são lançadas no mercado a cada mês? Biles – O consumidor moderno tem cada vez mais curiosidade por novidades. Viajam o mundo e abraçam novas experiências em comida e bebida. Os sucos terão de brigar por sua participação de mercado da mesma forma que os setores tradicionais das indústrias de laticínios e de cerveja. O suco também pode ser ingrediente de novas formulações de bebidas.
A CAMPANHA É NECESSÁRIA PARA MANTER O SUCO DE FRUTAS NO CARRINHO DE COMPRAS DO CONSUMIDOR 12 | CITRUSBR agosto 2014
CitrusBR – Na última década, vimos uma significativa consolidação na indústria de envase, distribuição e de marcas de sucos, tendo sua empresa Refresco-Gerber como um exemplo importante. O que está levando tantas empresas a se afastar dessa categoria, decidindo pelo fechamento, pela liquidação ou pela fusão com outras? Biles – A consolidação, em todas as etapas da cadeia de abastecimento, é o modo de fazer negócio da maioria das grandes categorias de alimentos e bebidas. Economias de escala são necessárias para permitir que as empresas reduzam custos e invistam em novas tecnologias. E a nossa indústria não pode ficar parada. Os varejistas se juntaram. Indústrias de suco de maçã e de laranja se fundiram. Empresas de embalagens e de equipamentos se concentraram. É normal e saudável que as engarrafadoras façam o mesmo. CitrusBR – Você acredita que as grandes redes varejistas algum dia, finalmente, passem a se preocupar com a sustentabilidade econômica das cadeias de abastecimento de alimentos, permitindo preços e margens mais justos, em contraponto a suas estratégias de maximização de lucro e de preços baixos todos os dias (EDLP)? Biles – É claro que os grandes varejistas já estão preocupados com as questões de sustentabilidade, que também incluem preços justos. A segunda diz respeito á indústria, no nosso caso, às empresas de processamento de frutas, começando a pagar salários mais justos tanto para o produtor quanto para quem participa da colheita. Se isso se traduzirá em margens melhores para o setor de envase é esperar para ver. Obviamente, é paradoxal que os varejistas queiram que salários justos sejam pagos aos agricultores e colhedores de frutas e, ao mesmo tempo, oferecer preços baixos ao consumidor final, seus clientes. Isso não é apenas um problema para alimentos procedentes de fora da UE, mas também se aplica aos agricultores europeus. Um elemento fundamental neste debate é o próprio consumidor, que deve perceber que existe uma ligação direta entre o que ele quer pagar por seu alimento e o preço que o agricultor recebe por ele. Desse modo, as organizações tradicionais de consumidores deviam sensibilizar seus membros. Sempre haverá tensão competitiva em qualquer cadeia de abastecimento. Trata-se da própria natureza da relação de oferta e demanda. Porém, sendo a natureza humana o que parece ser, será preciso escassez de verdade para a gente aprender a lição. Por ora, nos países desenvolvidos, temos uma abundância de produtos para escolher. l
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clima
5 10 15
Previsões indicam tempo seco nas principais regiões citrícolas de São Paulo, onde os pomares só devem receber chuvas significativas a partir de outubro
A seca está no horizonte O clima seco que persiste nos pomares paulistas deve continuar nos próximos meses. Essa é a análise feita pelos principais órgãos de monitoramento climático do País. Uma das principais razões para a escassez de água é a ocorrência do El Niño, fenômeno de anomalia climática, já bem conhecido por quem acompanha, e depende, das mudanças do vento. De acordo com a avaliação da empresa De Olho no Clima, que usa dados da Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), historicamente, em anos de El Niño chove em demasia no Sul e falta água nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e nordeste, além de temperaturas bem
13 | CITRUSBR Mês 2014
mais elevadas que o comum. No atual prognóstico, os modelos meteorológicos indicaram pouca chuva para as principais regiões da citricultura, até o mês de outubro. Dessa forma, novas pancadas de chuvas devem ocorrer apenas no início de outubro. O principal efeito desse cenário é a falta de umidade nos solos. Como é normal nesta época do ano, o ressecamento do solo ocorre de forma agressiva e instantânea sobre boa parte do Brasil, pela falta de chuva e pela grande amplitude térmica. Os dias são mais quentes e as noites mais frias e isso acaba eliminando a pouca umidade presente na superfície. Segundo o monitoramento feito
30 60 90
pelo CPTEC/Inpe, apenas em parte do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e sul de Mato Grosso do Sul, as taxas de umidade seguem elevadas, principalmente por conta das chuvas torrenciais registradas no início de junho. Nas demais áreas agrícolas de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, a estiagem agrícola já passa de 30 dias, o que reduziu consideravelmente o nível de umidade no solo até uma profundidade de 37,5 centímetros. Segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, outro aspecto de anomalia que deve ser causada pelo El Niño são as altas temperaturas. “Embora não devemos ter uma seca igual ao do ano passado, devemos ter um ou dois graus acima do normal para os próximos meses. Não há expectativa de frio intenso para esse inverno”, explica. l
mercado SALTO com tecnologia e manejos diferenciados, país consegue controlar doença e alcança bom nível de produção
O POMAR VERMELHO Controle sanitário tem mostrado resultados e país avança na produção de citros
12,96 milhões de caixas de outras frutas
71,28
Como a China está lutando contra o
Greening Há pouco mais de dez anos, o cultivo comercial de frutas cítricas era praticamente inexistente na China. O país, berço da laranja, tinha sérios problemas para avançar seus pomares. Limitações de área, baixa produtividade e principalmente a alta incidência de greening devastavam as plantações que tentavam sobreviver por lá. Uma realidade que esta mudando no já conhecido ritmo chinês. Nos últimos anos, o país implementou 14 | CITRUSBR agosto 2014
uma verdadeira “cruzada” contra o greening. Com investimentos em tratos culturais diferenciados e seguindo um rígido programa de controle e monitoramento do Psilídeo, mosquito responsável por transmitir a doença, a China está conseguindo reduzir a presença da doença. “A China deu um salto de qualidade na citricultura em oito anos. Há ainda muita coisa a fazer, mas eles estão fazendo uma revolução na forma de produzir”, conta o
gerente do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Fundecitrus, Juliano Ayres, que recentemente foi até o outro lado do mundo ver de perto a citricultura chinesa. Atualmente a área plantada com citrus já ocupa nada menos do que 2,1 milhões de hectares. Por lá, são produzidas 648 milhões de caixas de citrus, numa produtividade média de 308,5 caixas por hectare. A maior produção é de mandarina com 233,3 milhões de
caixas. A segunda é tangerina com 207,4 milhões de caixas, seguida da laranja com 123,1 milhões de caixas. O pomelo aparece na seqüência com 7,3 milhões de caixas. Outras variedades ainda produzem 13 milhões de caixas. Uma das alternativas encontradas pelos produtores chineses para a manutenção da produção é a busca por regiões livres do HLB, já que dez das 19 províncias citrícolas ainda não detectaram a doença. Para manter o trabalho em evolução constante, o país tem estudado algumas formas e estratégias de controle adotados em outras regiões, como no Brasil. Algumas das medidas inspiradas na citricultura paulista consistem na instalação de viveiros protegidos e o monitoramento do Psilídeo por meio de armadilhas adesivas e o controle intensivo/regional do inseto. Essa medida faz parte da política fitossanitária do Estado chinês que também estimula o plantio de novas áreas a eliminação das plantas doentes após a colheita. l
36%
de caixas de mandarina
2% 11%
milhões
Berço da citricultura, país investe em novos tratos culturais e controle rigoroso para controlar a doença, aumentar a produtividade e expandir sua produção
233,28 milhões
648 milhões de caixas
de caixas de pomelo
123,12
é a produção total de citrus
19%
32%
milhões
207,36 milhões
de caixas de tangerinas
de caixas de laranja
2,1 milhões de hectares é a atual área plantada com citrus na China
308
caixas
por hectare foi a produtividade alcançada em 2013.
CITRUSBR agosto 2014 | 15
mercado
| por Érica Polo
Municípios do interior de São Paulo apostam em programas que colocam a laranja e seu suco na merenda das escolas e mostram que a iniciativa pode trazer vantagens para quem consome e para quem produz a fruta
Laranja na boca da
criançada Desde que a CitrusBR começou a divulgar em 2010 os primeiros dados que mostravam que o consumo mundial de suco não ia bem, os olhos se voltaram para o mercado interno como uma possível oportunidade para a cadeia citrícola. Fazia sentido, afinal, o Brasil surgia como uma potência emergente, com renda crescente e um contingente de novos consumidores capazes de balançar a MAIS SABOR NA ESCOLA: crianças da rede municpal de ensino de Bebedouro recebem diariamente a fruta como parte da merenda escolar 16 | CITRUSBR agosto 2014
FOTOS: JULIO VILELA
estrutura de qualquer setor. Porém, problemas como impostos elevados sobre sucos integrais indicavam que o crescimento da venda de suco industrializado no Brasil não seria algo tão fácil. Mesmo que sejam grandes os esforços para desonerar essa categoria de bebidas, um incremento mais robusto só seria possível mediante o interesse de marcas em desenvolver esse mercado. Para o curto prazo, restaram apenas projetos públicos em que a distribuição de fruta e de suco é amparada por políticas de Estado. Nesse sentido, a Revista CitrusBR procurou prefeituras de importantes cidades citrícolas com o objetivo de saber se
havia projetos dessa natureza, qual o tamanho desses empreendimentos e, acima de tudo, que o potencial de consumo de fruta e suco que há nesses municípios. Em muitos casos a solução mora ao lado. Cooperativas e produtores trabalham de forma organizada e encontram maneiras criativas de vender seus produtos. Ensinar desde cedo para as crianças os benefícios, as qualidades e o gosto pela laranja. O que pode parecer uma utopia, já faz parte da realidade de diversos municípios espalhados pelo interior do Estado de São Paulo. Ainda de forma tímida, algumas prefeituras começam a dar os primeiros passo na implementação de projetos experimentais que inserem a fruta e o suco de laranja no cardápio dos alunos da rede municipal de ensino. Uma aposta que pode ajudar a cultivar desde já os consumidores do futuro e que tem potencial para, no longo prazo, criar um novo canal de distribuição para a laranja produzida nos arredores dessas cidades. Um dos pioneiros nesse tipo de iniciativa é o município de Bebedouro. Desde o ano passado, o suco de laranja passou a ser distribuído nas escolas municipais e estaduais da cidade na hora da merenda. “A vantagem é a valorização dos produtores citrícolas porque, ao tomar iniciativas desse tipo, os prefeitos e secretários de educação podem deixar o dinheiro em seus próprios municípios”, afirma o prefeito de Bebedouro, Fernando Galvão. Segundo o prefeito, é importante despertar o hábito do consumo nas crianças desde bebês. “Se elas começam a consumir desde os primeiros anos, vão desenvolver o hábito e deixar de lado bebidas que não são saudáveis.” Quando o projeto teve início, 13 mil alunos das redes municipais e CITRUSBR agosto 2014 | 17
mercado
estaduais recebiam o suco de laranja. Ao todo a prefeitura banca a distribuição diária de 8,5 mil saquinhos de 200 ml da bebida. Um dos fornecedores é a Delta Citrus, que comercializa o suco concentrado, posteriormente diluído em água. Outra parte vem da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), de Bebedouro. Além da entrega do suco, a prefeitura também fechou uma parceria com a empresa Jacobs Citrus e iniciou o projeto “Laranja Descascada”, que coloca a fruta in natura, já descascada, na merenda das crianças. Ao todo são distribuídos por mês cerca de 250 mil saquinhos de suco de laranja de 200 ml cada um e mais 120 mil laranjas in natura. “Nosso objetivo agora é expandir esses programas para a rede de saúde, levando o suco de laranja para os postos e hospitais”, revela Galvão. A poucos quilômetros de Bebedouro, o município de Barretos também mantém uma iniciativa no mesmo molde. “Começamos em 2013 em um processo de melhoria da merenda
FERNANDO GALVÃO: prefeito de Bebedouro planeja expandir programa e distribuir o suco também nos postos de saúde do município escolar. E a laranja é uma vocação da nossa região”, diz o secretário de Educação do município, Aparecido Cipriano. A prefeitura adquire suco e a fruta da Cooperativa de Produtores Rurais de Barretos e Região (Coopbar), que reúne cerca de 79 produtores. A bebida é distribuída para 21 mil alunos da rede municipal de ensino. “Fazemos um investimento de R$ 220 mil na compra desses produtos”, diz o secretário. Já em Itápolis serão distribuídos, em neste ano, 2 toneladas de laranja em saladas de fruta para 12 escolas do ensino infantil e fundamental. Os for-
SUCO NO CARDÁPIO
CONHEÇA AS CIDADES QUE MANTÊM PROGRAMAS QUE INCENTIVAM O CONSUMO DE SUCO DE LARANJA Cidade: São José do Rio Preto Projeto: Laranja no cardápio das escolas Criado em: 2013 O que faz: os 36 mil alunos que integram a rede municipal recebem a fruta e o suco pelo menos 1 vez por semana
Cidade: Itápolis Projeto: Laranja na salada de fruta Criado em: 2014 O que faz: 2 mil quilos da fruta farão parte de saladas de frutas distribuídas para as crianças
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
Cidade: Araraquara Projeto: Distribuição de Suco Criado em: 2001 O que faz: distribui suco de laranja semanalmente para cerca de 23 mil crianças de 54 unidades escolares
necedores são os 67 produtores agrícolas ligados à Associação dos Produtores de Hortifrútis de Itápolis (APHI), que participam do projeto desde 2011.“Já fornecemos suco, mas, em razão de algumas mudanças na unidade responsável pela alimentação, a laranja passou a ser distribuída na salada de frutas”, diz o secretário de Desenvolvimento Ambiental, Nestor Dias Filho. “A ideia é que o suco volte para as mesas.” No município de Araraquara há um programa bem mais antigo. Ele que existe desde 2001 com patrocínio da Cutrale. Em números atuais, 23 mil crianças de 54 creches e escolas de ensino fundamental da rede municipal bebem o suco durante o lanche. Ao longo de 2013 foram distribuídos 1,7 mil quilos de suco concentrado – ou 6,6 mil litros – mensais, de acordo com Jansem Mercaldi, gerente de abastecimento da merenda escolar do município. São iniciativas ainda pequenas, mas que, dão o exemplo de com criatividade e disposição, há ainda muito campo para o suco crescer. l
Cidade: Uberaba Projeto: suco concentrado nas escolas Criado em: 2005 O que faz: distribui semanalmente suco concentrado para cerca de 29 mil crianças da rede escolar
Cidade: Barretos Projeto: Laranja na merenda Criado em: 2013 O que faz: distribui fruta in natura e suco para cerca de 21 mil crianças da rede municipal escolar Cidade: Bebedouro Projeto: Laranja Descascada Criado em: 2013 O que faz: distribui suco de laranja e fruta in natura para alunos da rede municipal de ensino
economia
CitrusBR confirma
redução de estoques Levantamento aponta redução de 30,3% em relação ao mesmo período do ano passado Os estoques de passagem de suco de laranja equivalente a FCOJ 66º Brix em poder das empresas associadas à CitrusBR no Brasil e no mundo em 30 de junho de 2014 somaram 534 mil toneladas e são suficientes para 23 semanas de consumo, considerando uma média anualizada de 90 mil toneladas exportadas por mês. Nessa contagem está contido apenas suco de laranja produzido no Brasil (ver matéria página 20). A redução de 232 mil toneladas equivale a mais do que o consumo anual da Alemanha, segundo maior destino brasileiro. No mesmo período do ano passado, os estoques somavam 766 mil toneladas e a queda chega 30,3%. “Essa redução já era esperada, diante de um processamento estimado de apenas 851 mil toneladas na safra passada, com vendas na ordem de 1,135 milhão de toneladas, considerando os mercados
e o mercado interno de 55 mil toneladas. O dado confirma a tendência de queda nos estoques, que nos últimos anos se acumularam em função de dois períodos de superoferta nas safras 2011/12, com 428 milhões de caixas e na 2012/2013, com 385 milhões de caixas. O levantamento de estoques é realizado por auditorias externas independentes em cada uma das empresas associadas e, posteriormente, consolidado por auditoria externa independente. Para se calcular o volume de suco brasileiro disponível para comercialização, as auditorias realizam a medição do suco físico em metros cúbicos e/ou por painel de controle. Também são calculados e somados os totais de suco em movimento, seja em caminhões no Brasil ou navios. “É importante destacar que quando o Consecitrus estiver em operação, o acompanhamento de dados será semanal, a exemplo do que acontece na Flórida por meio da Associação dos Processadores de Citrus da Flórida (FCPA), inclusive com informações de subprodutos”, avalia Netto. l
interno e externo”, explica Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR. Para o próximo ano, a entidade acredita que os estoques devem chegar em 30 de junho de 2015 com cerca 364 mil toneladas, bem próximo ao limite técnico de 350 mil toneladas. Para tanto, a CitrusBR estima que a safra 2014/15 será de 308,8 milhões de caixas de 40,8 quilos para o cinturão citrícola que compreende São Paulo e sul de Minas Gerais. Desse total, 50 milhões de caixas devem ser destinadas ao mercado interno e 259 milhões de caixas poderão ser processadas por empresas associadas e não associadas à CitrusBR. A produção total de suco deve ser de 973 mil toneladas, considerando um rendimento industrial de 265 caixas necessárias para a produção de uma tonelada de FCOJ. As exportações devem se manter nos mesmos níveis de 1,080 milhão de toneladas
HISTÓRICO DE ESTOQUES 1200
1.136 1.019
992
972
1000
965
800
897
894
832
Soma dos estoques de passagem CitrusBR+FCPA
969
915
775
853*
766 757
600 479
473 417
306
200
249 230
153
279 177
194
1996
242
358
637
562 511
498
481
474
403 426
359
456 359 316
289
283
662
609 468
468
437
341
1995
400
483
395
675
582
535 562
441
534
476 388
439
352 249
257
491 370 319*
307
277
364*
214
* Estimativas
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1994
1993
0
ESTOQUE CITRUSBR Estoque de passagem de suco de laranja brasileiro em poder das empresas associadas à CitrusBR no Brasil e no mundo em 30/06 de cada ano ESTOQUE FCPA Estoque de passagem de suco de laranja na Flórida em 30/09 de cada ano Disponível até 30/09/2014
economia
Onde está o
suco?
CitrusBR promove encontro com entidades de pesquisa e governos para explicar metodologia de contagem de estoques No último dia 21 de julho, a CitrusBR recebeu em sua sede, entidades de pesquisa e do governo interessadas em conhecer a metodologia de contagem de estoques físicos de suco de laranja. Estiveram presentes representantes da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e Instituto de Economia Agrícola. A única instituição convidada que não enviou nenhum representante foi o Centro de Pesquisa em Economia Aplicada (Cepea/USP), alegando não possuir ninguém disponível no departamento para aquele dia. Por parte da CitrusBR participaram o diretor financeiro da Cutrale, José Luiz Cervato; o diretor de controladoria da Citrosuco, Sérgio Canassa; e da Louis Dreyfus Commodities, Pedro Feitosa, do departamento
tributário. Também acompanharam a reunião o sócio-diretor da empresa de auditoria PWC, Maurício Moraes e o auditor Tiago Pauli. “Esse é um assunto bastante sensível, que muitas vezes gera incompreensão por parte dos atores da cadeia citrícola e entendemos ser importante sanar todas as dúvidas que possam existir sobre como esse processo acontece, bem como sua segurança”, explica o diretor-executivo da CitrusBR, explicou Ibiapaba Netto. PRESENÇAS: (da esq. p/ dir.) José Luiz Cervato, da Cutrale; Pedro Feitosa, da LDC; Tiago Pauli, da PWC; Sergio Barros, do USDA; Denise Caser, do IEA; Claudio Lobo; Antônio Amaro; Ibiapaba Netto, da CitrusBR; Sérgio Canassa, da Citrosuco; Adriana Verti, da APTA e Mauricio Moraes, da PWC; Vagner Martins do IEA
Metodologia A medição do estoque físico de suco acontece em duas fases. A primeira é presencial, com os auditores se deslocando para todos os pontos onde haja suco brasileiro armazenado. Suco embarcado e faturado ao cliente final, não faz parte da contagem. O suco concentrado é medido levando-se em consideração o peso e a “cubicagem”, que nada mais é do que a medida dos tanques que armazenam suco concentrado. No caso do NFC, cujos tanques são fechados hermeticamente, a medição acontece via painel eletrônico e todo volume de suco aferido, para efeito de cálculo, é convertido para 66º Brix. “Mas essa é apenas uma pequena parte da medição”, afirmou Moraes, da PWC. Segundo ele, existem diferentes pontos de checagem ao longo do processo e todos têm de bater. Esse tipo de operação envolve números superlativos. Ao todo, são checados mais de 110 pontos, em sete países. Cerca de 40 auditores participam do processo, auxiliados por mais de 70 funcionários das empresas. O custo total de cada ope-
AUDITORES PELO MUNDO ração passa dos R$ 500 mil e nas sete medições realizadas na CitrusBR, o investimento acumulado ultrapassa R$ 3,5 milhões. Quando o suco sai da fábrica ele é pesado, operação que se repete na chegada aos terminais no Brasil e fora dele. “Tudo isso acontece de forma eletrônica e automática, não há interferência humana no sistema e todas as balanças são aferidas regularmente para tirar eventuais diferenças”, que comenta. “Caso haja qualquer tipo de intervenção manual no sistema, isso fica registrado e novos protocolos são adotados para se certificar a veracidade dos dados”, quem completa. “Esses dados são utilizados para os balanços das empresas e é muito importante que todos os números estejam batendo do começo ao fim, caso contrário todo o sistema fica em xeque”, explica Canassa, da Citrosuco. De acordo com José Luiz Cervato, da Cutrale, o avanço dos sistemas permite um controle rígido da movimentação dos estoques. “Qualquer erro é detectado pela auditoria, o que sem sombra de dúvidas ajuda na melhora dos processos dentro da própria companhia, que está o tempo todo movimentando suco de um lado para o outro”, diz. Pedro Feitosa, da Dreyfus, avalia que a contagem de estoques e sua conferência são assuntos bastante sensíveis nas companhias e fazem parte do acompanhamento diário das empresas. l
Para se realizar a contagem de estoque de suco de laranja, são necessárias checagens em diversas partes do planeta Citrosuco Fábricas, entrepostos de armazenagem, em trânsito terrestre, terminais marítimos auditados no Brasil
Cutrale
LDC
Total Auditado
7 unidades
9 Unidades
4 Unidades
20 unidades
Em trânsito marítimo e terminais marítimos auditados no exterior
10 unidades
12 Unidades
5 Unidades
27 unidades
Total
17 unidades
21 unidades
10 unidades
47 unidades
PELOS QUATRO CANTOS Auditorias levam em consideração toda a armazanegem de suco brasileiro em qualquer parte do globo
5
4
3
6
1 2
7
OS NÚMEROS Conheça o que envolve as operações de checagem dos estoques
110 PONTOS
são checados em sete países
é o investimento total após sete levantamentos realizados
trabalham no levantamento, sendo 40 auditores e 70 funcionários de auxilio
34
localidades
R$3,5 MILHOES
110 PESSOAS
R$ 500 MIL
é o custo estimado de cada levantamento
CITRUSBR agosto 2014 | 21
internacional
Para onde vão os
pomares da Europa
Sofrendo com problemas climáticos e de sanidade, USDA diminui estimativa de safra no Velho Continente A colheita de laranja nos principais países produtores da Europa não deverá ser tão farta. De acordo com um relatório de oferta e demanda divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de frutos cítricos no Velho Continente deve somar 148 milhões de caixas de 40,8 kg. Esse volume representa uma redução de 8% em relação ùltima estimativa. De acordo com o relatório, a queda tem sido puxada pela redução da produção na Espanha, principal produtor europeu da fruta. Os pomares espanhóis têm
sofridos com a seca e as altas temperaturas. Essas condições climáticas, além de desfavoráveis, têm contribuído para o surgimento de doenças e problemas fisiológicos com má qualidade dos frutos. O estudo aponta ainda que o cenário impactou no preço da fruta, que não conseguiu atingir bons valores no mercado, chegando a registrar uma redução de 50%. Os problemas climáticos ainda provocaram aumento nos custos de produção, com a necessidade de maior irrigação e mais gastos com energia. Além disso, os níveis de consumo permanecem baixos.
Após muitos anos consecutivos de crise econômica no setor, produtores de laranja da região de Valência decidiram substituir sua produção por outras mais rentáveis como a de kiwi. Apesar do clima complicado, em outros países, como a Itália, há crescimento na produção. Os pomares italianos devem colher 44 milhões de caixas, aumento de 4%, em relação ao último levantamento. Na Grécia e no Chipre, a estimativa é de que a colheita cresça 4,3% e 15%, respectivamente. Já em Portugal a produção permanece nos mesmos níveis de anos anteriores, com frutos de boa qualidade. l
EUROPA
2 | CITRUSBR Mês 2014
eventos
NO INTERIOR: CitrusBR recebeu produtores em seu estande durante a Semana de Citricultura e acompanhou os debates realizado no fórum Citrus de Mesa
O palco da
Citricultura
O Centro Sylvio Moreira, em Cordeirópolis, promove eventos para discutir a cadeia produtiva da laranja Nos últimos meses a cidade de Cordeirópolis se tornou a capital da "citricultura". Isso porque a cidade sediou dois eventos importantes, que reuniram representantes dos diversos elos da cadeia produtiva para debater os desafios que o setor enfrenta. O primeiro deles foi a tradicional Semana de Citricultura, organizada pelo Centro de Citricultura Sylvio Moreira. O evento, que aconteceu entre os dias 2 e 5 de junho, fez o local se transformar numa verdadeira mostra de tecnologias, com a presença de várias empresas e entidades demonstrando suas inovações voltadas para a produção de laranja. “A semana é uma oportunidade de o produtor ver de perto as últimas novidades. Acreditamos que cerca de 8 mil produtores tenham passado pelo evento”, revela FOTO: JULIO VILELA
o diretor do centro de citricultura, Marcos Machado. Com objetivo de se aproximar ainda mais do setor produtivo, a CitrusBR marcou presença no evento. Pela primeira vez a entidade teve um estande próprio, em que recebeu citricultores, apresentou os estudos publicados nas últimas safras, explicou um pouco do trabalho realizado, além de distribuir suco de laranja para os visitantes. “É importante esse contato direto com os produtores para que eles saibam o que estamos fazendo e para que nós também possamos saber o ponto de vista deles”, afirma o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, que também exibindo uma palestra sobre o estudo que demonstra a queda no consumo mundial de
suco de laranja. “Esse é um dos grandes desafios do setor e é importante que os produtores estejam cientes desse problema”, diz. Já no mês de agosto, o Centro de Citricultura reuniu um outro segmento da citricultura, com um evento voltado para a fruta in natura. Trata-se do Citrus de Mesa: da produção à comercialização. Um fórum com uma série de debates e palestras, no qual os produtores puderam ver questões técnicas e de mercado, importantes para quem pretende vender sua fruta diretamente para o consumidor. “Precisamos nos organizar para sermos mais eficientes”, ressaltou o presidente da Alfa Citrus, Emílio Fávero, que está à frente da formação da Associação de Fruta de Mesa. O evento ainda marcou o lançamento do livro “Colheita e pós-colheita do Citrus”, de autoria dos pesquisadores Lenice M. do Nascimento Abramo, Ricardo A. Kluge e Juan S. Del Aguila. l CITRUSBR agosto 2014 | 23
benefícios
| por Eduardo Savanachi
Uma inédita pesquisa pretende desvendar os fitonutrientes presentes na laranja e tentar provar que ela é um dos alimentos mais importantes para a nossa saúde
Um viva para os
benefícios Responda rápido: qual benefício da laranja você conhece? A resposta mais óbvia e que vem à mente de 99% da população é, sem dúvida, que ela tem vitamina C. Afinal, a associação entre a fruta e esse componente é tão forte que eles são quase sinônimos. No entanto, a resposta já não é assim tão certeira se a pergunta for direcionada ao pesquisador espanhol Leandro Peña. Não que ele não reconheça a presença e a importância da vitamina C nesse cítrico. É que Peña garante que algumas variedades de laranja possuem uma série de outros nutrientes tão ou até mais benéficos e que raramente são encontrados juntos num mesmo alimento. Potássio, Magnésio, Cálcio, Ferro, Zinco, Acido Fólico, Flavonóides, Caratenóides e mais uma série de compostos integram a lista dos chamados fitonutrientes muito bem-vindos ao nosso organismo e que apenas
presentes nessa fruta. Doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Autônoma de Madrid, Peña trabalha há mais de 20 anos com melhorias biotecnológicas em citrus e é atualmente uma das principais autoridades no assunto. Há pouco mais de oito meses ele desembarcou no Brasil para atuar no Fundecitrus. Além de todo trabalho envolvendo a busca por o controle das principais doenças dos pomares, ele tem uma missão especial: provar cientificamente que a laranja é a verdadeira superfruta. “Queremos provar em laboratório, com bases científicas, uma série de benefícios que a laranja pode possuir e como os fitonutrientes interagem com o nosso organismo”, explica o pesquisador. Para isso, o especialista está colaborando em uma pesquisa pioneira realizada em parceria com a universidade de São Paulo, e que tem como objetivo selecionar frutas, mapear a
Vitamina C – antioxidante Ácido Fólico – ajuda a prevenir a anemia Zinco – ajuda o sistema imunológico Flavonoides – previne inflamações Potássio – ajuda a regular pressão arterial Carotenoides – antioxidante Terpenóides – previne doenças arterial
quantidade presente de determinados compostos e depois analisar seus benefícios para a saúde. “Nós estamos interessando em observar os fitonutrientes da laranja. Quando você consome esses suplementos em forma de pílula, eles são rapidamente metabolizados pelo intestino e não são absorvidos tão bem pelo corpo como são quando consumidos na forma de fruta ou do suco. Queremos comprovar que não é a mesmo coisa tomar um remédio ou suco. O suco é melhor”, afirma Peña. De acordo com o pesquisador, no primeiro momento o estudo será focado nos benefícios que a laranja pode trazer na prevenção de doenças cardiovasculares. “Algumas variedades de laranja possuem compostos antioxidantes que podem ajudar no tratamento desse tipo de doenças. Vamos fazer uma série de estudos para demonstrar isso de forma cientifica”, pondera o pesquisador. A expectativa é que em dois anos já seja possível observar os primeiros resultados concretos da pesquisa, que ele garante ser inédita em todo o mundo. “Há pouquíssimas pesquisas voltadas para os benefícios da laranja ou do suco de laranja. O que é intrigante, visto que é uma das bebidas mais apreciadas do mundo, com grande potencial de salubridade”. l FOTOMONTAGEM SOBRE FOTO DE JULIO VILELA
O ESPANHOL LEANDRO PEÑA É UM DOS PESQUISADORES QUE IRÁ DESENVOLVER O ESTUDO NOS PRÓXIMOS ANOS CITRUSBR Junho 2014 | 19
finanças
A cotação do suco na bolsa e o
Preço médio mensal do fechamento diário das cotações do FCOJ na Bolsa de Nova Iorque nas últimas 20 safras Dólares por Libra de Sólido Solúvel (Incluso Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping)
líquido no bolso
Como transformar dólar por libra de sólido solúvel em dólar por tonelada de FCOJ A Bolsa de Nova Iorque é uma das mais visíveis referências para as cotações de suco de laranja, isso todo mundo sabe. Porém, são raras as vezes em que analistas de mercado levam em consideração impostos pagos ao governo americano, distorcendo assim a ordem de grandeza dos números. De forma geral, o suco brasileiro paga 415 dólares por tonelada de FCOJ para acessar aquele mercado. Durante os anos de 2005 e 2011, houve um aumento médio de desconto de 3% no valor do produto graças a uma prática irregular adotada pelos americanos que cobravam uma espécie de “taxa anti-dumping”, o zeroing, que foi derrubado Média de cotação da Bolsa de Nova Iorque em dólar por libra de sólidos solúveis em junho de 2014 Média de cotação da Bolsa de Nova Iorque em dólar por libra de sólidos solúveis em junho de 2014, livre de imposto de importação norte americano Quantidade de sólidos solúveis existente em 1 tonelada de FCOJ 66º Brix
na OMC. Mas como, então, podemos calcular o preço? O exemplo nesta página, explica o raciocínio. Ler os preços da bolsa de forma adequada ajuda a compreender melhor alguns fenômenos de mercado. Um deles, diz respeito às próprias importações de suco no mercado americano. Por conta de acordos bilaterais no ambiente da Aliança Comercial do Atlântico Norte (Nafta, sigla em inglês), os Estados Unidos passaram a comprar suco livres de impostos do México, Costa Rica e outros países
na América Central. Como resultado, a participação de suco brasileiro nas importações americanas caiu de 88% em 2003 para 56% em 2013. Veja ao lado o histórico, safra a safra, dos preços médios cotados na Bolsa de Nova Iorque, das últimas 20 safras. A Revista CitrusBR irá trazer periodicamente atualizações a respeito. Mas acima de tudo, fazer as devidas deduções de impostos incidentes e respectivas conversões ajuda a levar a informação correta aos citricultores que muitas vezes recebem dados imprecisos de institutos de pesquisa que acabam repercutindo na mídia e desinformando todo o setor.
77 U S$ 1 , 57 , 28 – U S$ 0
54
923 2 , 1 $ S U =
x 1 .455
0, 3 8 8 . 1 $ S =U
0
Desconto do imposto de importação norte americano em dólar por libra de sólidos solúveis/ equivalente a US$ 415 por tonelada de FCOJ 66º Brix Média de cotação da Bolsa de Nova Iorque em dólar por tonelada de FCOJ 66º Brix em junho de 2014, livre de imposto de importação norte americano
Safra
Jul
Ago
Set
Out
Nov
1994-95 $0.8999 $0.9412 $0.9025 $1.0012 $1.0899
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Média da Safra
$1.1121 $1.0333 $1.0268 $1.0098 $1.0701 $1.0465 $1.0090 $1.0119
1995-96 $0.9782 $1.0500
$1.1161 $1.1596 $1.2327 $1.2090
1996-97 $1.1640 $1.1720
$1.1014
Média do Ano Calendário 1994 $1.0080
$1.1793 $1.2416 $1.3278 $1.3207 $1.2323 $1.2217 $1.1891
1995 $1.0784
$1.1150 $1.0159 $0.8870 $0.8356 $0.8036 $0.8298 $0.7513 $0.7864 $0.7595 $0.9351
1996 $1.1649
1997-98 $0.7486 $0.7221 $0.6999 $0.6982 $0.7802 $0.8411 $0.9098 $0.9767 $1.0594 $0.9707 $1.0996 $1.0373 $0.8786
1997 $0.7714
1998-99 $1.0401
1998 $1.0577
1999-00
$1.1018 $1.0818
$1.1524 $1.1772 $1.0857 $0.9966 $0.9300 $0.8348 $0.8447 $0.8542 $0.8923 $0.9993
$0.816 $0.9255 $0.9297 $0.8852 $0.9485 $0.9319 $0.8437 $0.8466 $0.8482 $0.8249 $0.8177 $0.8444 $0.8707
1999 $0.8979
2000-01 $0.7965 $0.7407 $0.7142 $0.7003 $0.7399 $0.8042 $0.7601 $0.7569 $0.7480 $0.7425 $0.7833 $0.7702 $0.7547
2000 $0.7934
2001-02 $0.8136 $0.7768 $0.8081 $0.8526 $0.9376 $0.9167 $0.8941 $0.8964 $0.9268 $0.8961 $0.9117 $0.9140 $0.8787
2001 $0.8055
2002-03 $0.9542 $1.0093 $1.0030 $0.9514 $1.0053 $0.9736 $0.9204 $0.8708 $0.8468 $0.8549 $0.8574 $0.8530 $0.9250
2002 $0.9447
2003-04 $0.8131 $0.7866 $0.7717 $0.7077 $0.7011 $0.6701 $0.6295 $0.6097 $0.6121 $0.5945 $0.5611 $0.5766 $0.6695
2003 $0.8045
2004-05 $0.6674 $0.6727 $0.7999 $0.8249 $0.7499 $0.8346 $0.8211 $0.8502 $0.9484 $0.9529 $0.9371 $0.9624 $0.8351
2004 $0.6777
2005-06 $0.9988 $0.9159 $0.9572 $1.0803 $1.1995 $1.2506 $1.2307 $1.3018 $1.3994 $1.4484 $1.5509 $1.5823 $1.2430
2005 $0.9895
2006-07 $1.6304 $1.7749 $1.7478 $1.8462 $1.9772 $2.0123 $2.0033 $1.9562 $1.9998 $1.7173 $1.6503 $1.3836 $1.8083
2006 $1.6252
2007-08 $1.3310 $1.2960 $1.2506 $1.4253 $1.3643 $1.4436 $1.3692 $1.2823 $1.1880 $1.1573 $1.1230 $1.1200 $1.2792
2007 $1.5684
2008-09 $1.2163 $1.0360 $0.9476 $0.8141 $0.7981 $0.7382 $0.7440 $0.6925 $0.7372 $0.8055 $0.9074 $0.8195 $0.8547
2008 $1.0658
2009-10 $0.9366 $0.9776 $0.9361 $1.0796
$1.1327 $1.2883 $1.3747 $1.3738 $1.4630 $1.3312 $1.4029 $1.4105 $1.2256
2009 $0.9214
2010-11 $1.4351 $1.3888 $1.5029 $1.5068 $1.5648 $1.6316 $1.7551 $1.7342 $1.6812 $1.6887 $1.8006 $1.8799 $1.6308
2010 $1.4488
2011-12 $1.9806 $1.7465 $1.6365 $1.7000 $1.7988 $1.7023 $1.9766 $1.9043 $1.8192 $1.4918
$1.1439
$1.1613 $1.6718
2011 $1.7587
2012-13 $1.1826 $1.2199 $1.2617 $1.1254 $1.1581 $1.3044 $1.1323 $1.2522 $1.3400 $1.4390 $1.4665 $1.4378 $1.2767
2012 $1.3958
2013-14 $1.4090 $1.3635 $1.3168 $1.2312 $1.3348 $1.3989 $1.4238 $1.4574 $1.5277 $1.6010 $1.5785 $1.5777 $1.4350
2013 $1.3435
Dólares por Tonelada de FCOJ 66 Brix (Livre de Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping)
Safra Jul
Ago
Set
Out
Mar
Jun
Média da Safra
Média do Ano Calendário
Nov
Dez
Jan
Fev
Abr
Mai
1994-95
$820
$880
$824
$968
$1,097
$1,129
$1,014
$1,005
$980
$1,068
$1,034
$979
$983
1994
$978
1995-96
$947
$1,051
$1,147
$1,211
$1,317
$1,283
$1,239
$1,330
$1,455
$1,445
$1,316
$1,301
$1,254
1995
$1,093
1996-97
$1,230
$1,241
$1,139
$1,158
$1,014
$827
$752
$705
$743
$629
$680
$641
$897
1996
$1,231
1997-98
$638
$599
$567
$564
$684
$772
$872
$969
$1,090
$961
$1,148
$1,058
$827
1997
$671
1998-99
$1,074
$1,164
$1,135
$1,238
$1,274
$1,141
$1,011
$914
$776
$790
$804
$859
$1,015
1998
$1,100
1999-00
$740
$920
$926
$862
$954
$929
$801
$805
$808
$774
$763
$802
$840
1999
$880
2000-01
$739
$657
$619
$599
$656
$750
$686
$681
$668
$660
$719
$700
$678
2000
$734
2001-02
$763
$710
$755
$820
$944
$913
$881
$884
$928
$883
$906
$910
$858
2001
$752
2002-03
$968
$1,048
$1,039
$964
$1,042
$996
$919
$847
$812
$824
$827
$821
$926
2002
$954
2003-04
$763
$724
$702
$609
$600
$555
$496
$467
$470
$445
$396
$419
$554
2003
$750
2004-05
$551
$558
$744
$780
$671
$794
$774
$817
$960
$966
$943
$980
$795
2004
$566
2005-06
$1,033
$885
$943
$1,117
$1,285
$1,357
$1,329
$1,430
$1,567
$1,636
$1,781
$1,825
$1,349
2005
$1,005
2006-07
$1,893
$2,097
$2,059
$2,198
$2,383
$2,432
$2,420
$2,353
$2,415
$2,016
$1,921
$1,545
$2,144
2006
$1,886
2007-08
$1,471
$1,421
$1,357
$1,604
$1,518
$1,630
$1,525
$1,402
$1,269
$1,226
$1,177
$1,173
$1,398
2007
$1,806
2008-09
$1,309
$1,054
$930
$741
$719
$634
$642
$570
$633
$729
$873
$749
$799
2008
$1,097
2009-10
$914
$972
$913
$1,116
$1,191
$1,411
$1,532
$1,531
$1,657
$1,471
$1,572
$1,583
$1,322
2009
$893
2010-11
$1,618
$1,552
$1,713
$1,719
$1,801
$1,895
$2,069
$2,040
$2,026
$2,037
$2,200
$2,315
$1,915
2010
$1,637 $2,128
2011-12
$2,461
$2,121
$1,961
$2,053
$2,197
$2,056
$2,456
$2,350
$2,227
$1,750
$1,244
$1,269
$2,012
2011
2012-13
$1,305
$1,359
$1,420
$1,222
$1,269
$1,482
$1,232
$1,406
$1,534
$1,678
$1,718
$1,676
$1,442
2012
$1,615
2013-14
$1,634
$1,568
$1,500
$1,376
$1,526
$1,620
$1,656
$1,705
$1,807
$1,914
$1,881
$1,880
$1,672
2013
$1,525
CITRUSBR agosto 2014 | 27
tecnologia
| por Juliana RIBEIRO
LARANJA HIGH TECH Como funciona o sistema que usa laser e ultrassom para melhorar a pulverização
Pulverização sob
controle
1 - UM SENSOR a laser acoplado nas máquinas agrícola escaneia as árvores do pomar
Pesquisa da Esalq usa laser e ultrassom para controlar a aplicação de insumos nos pomares. Uma nova tecnologia que pode reduzir em até 50% o custo dessa operação na citricultura Imagine se fosse possível identificar a necessidade de cada planta do pomar em tempo real e calcular a quantidade de insumos necessária para que cada uma delas cresça com todo o potencial? Esse é justamente o foco de uma tecnologia que já está em fase de testes no Laboratório de Agricultura de Precisão da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (LAP) ESALQ/USP. Com o uso extensivo de alta tecnologia embarcada, a ideia é levar para a citricultura conceitos que já fazem sucesso no cultivo de outras culturas, como soja e milho. Trata-se de um modelo arrojado que pode aumentar a eficiência das pulverizações, ajudando no controle de doenças e promovendo uma redução de custo que pode chegar até a 50%. O projeto, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), consiste 28 | CITRUSBR agosto 2014
em um sensor acoplado às máquinas que fazem a aplicação de fertilizantes e defensivos nos pomares de citrus. Equipado com sensores a laser e ultrassom, o equipamento mede em tempo real o volume da copa das laranjeiras. A partir disso, a máquina faz as medições e guia a aplicação de insumo com base na estrutura e no tamanho de cada planta. Ou seja, cada planta recebe exatamente a quantidade de insumo que necessita, nem mais, nem menos. Segudno André Colaço, engenheiro agrônomo responsável pelo estudo, atualmente qualquer operação de manejo dentro de um pomar é conduzida de maneira uniforme
sem considerar as diferenças existentes dentro dele. “Esse projeto visa quebrar esse paradigma, ou seja, cada planta deve receber a quantia exata necessária de acordo com medições precisas por sensores”, explica André Colaço, que conta também com a orientação do coordenador do LAP, professor José Paulo Molin. Nesta fase inicial do trabalho, Colaço revela que a pesquisa está focada em medir de forma detalhada
ANDRÉ COLAÇO Pesquisa com agricultrua de precisão em citrus pode elevar a eficiência dos pomares
2 - EQUIPADOS com ultrassom, esses aparelhos medem o volume da copa das árvores 3 - AS INFORMAÇÕES são analisadas e enviadas em tempo real para um computador de bordo
4 - COM OS DADOS, a máquina faz a análise automaticamente e guia a aplicação de insumos com base na necessidade de cada planta
a variabilidade das plantas existentes nos pomares comerciais, com o objetivo de estimar o potencial benefício dessa tecnologia. “Se o foco é tratar planta a planta de forma diferenciada, quanto maior a variabilidade dos pomares maior é o potencial benefício da tecnologia”, revela Colaço. De acordo com o pesquisador, o que se espera nas medições é justamente FOTOS: JULIO VILELA E ARQUIVO
encontrar variações entre plantas, mesmo em curtas distâncias. “Isso se dá por causa da disseminação cada vez maior de doenças”, afirma. Por enquanto, o sistema está em fase final de ajustes ainda no laboratório e a previsão é de que os primeiros testes com a leitura de campo comecem nos próximos meses e sejam concluídos até 2016. Colaço explica que esse estudo é pioneiro no Brasil, embora já existam sistemas similares mais desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos. Ele cita como exemplo o caso da Espanha, país que está na dianteira na pesquisa e no desenvolvimento de sistemas de agricultura de precisão
para aumento da produção em culturas como a uva, a oliveira, a maçã e até de citrus. “Nessas regiões, relatos de uso da prática já são observados e a redução no uso de agroquímicos pode atingir 50%”, afirma. De acordo com o pesquisador, na prática, o equipamento poderá ser utilizado para fazer adubações e pulverizações. O objetivo do sistema é que as aplicações e a variação de doses sejam guiadas em tempo real, sem qualquer interferência do operador. “O objetivo é que o equipamento gere equações que traduzam as leituras dos sensores em recomendações agronômicas, ajudando a melhorar o manejo dos pomares”, conclui. l CITRUSBR agosto 2014 | 29
tecnologia SEM DOENÇAS: empresas investem em novas tecnologias voltadas para a citricultura
Novas armas para proteger seu
pomar
Uma nova geração de moléculas e princípios ativos chega ao campo para revolucionar o controle sanitário dos pomares Poucas culturas sofrem tanto com a incidência de pragas e doenças como a citricultura. São insetos, vírus e bactérias que atrapalham o desenvolvimento das plantas, afetam a qualidade dos frutos e, principalmente, podem devorar uma boa parte dos ganhos da produção. Nos últimos anos, algumas das principais empresas agroquímicas que atuam no País desenvolveram uma nova geração de produtos, criados a partir de novas moléculas e diferentes princípios ativos, que prometem revolucionar a sanidade nos pomares. 30 | CITRUSBR agosto 2014
Um exemplo disso é a multinacional japonesa Arysta, que acaba de lançar no mercado brasileiro um novo acaricida feito a partir de uma molécula desenvolvida para ter ação de choque. “Trata-se de um novo grupo químico e novo ingrediente ativo.
RICARDO BALDASSARI: Em testes, modelo da Bayer reduziu em 29% o número de plantas com sintomas do greening
Uma novidade mundial, lançada quase simultaneamente no Brasil, Estados Unidos e Europa”, destaca o gerente de produtos e mercados HF da Arysta, Eduardo Figueiredo. De acordo com a empresa, a nova molécula afeta a respiração celular dos ácaros. Isso prolongaria o efeito do produto, aumentando a proteção as plantas. “Trata-se de um novo conceito de manejo de ácaros”, garante Figueiredo. Outra companhia que investiu em um novo ingrediente ativo no combate de pragas é a Ihara. A empresa desenvolveu um acaricida que utiliza uma substância chamada Cyflumetofen, que controla o ácaro da leprose. “Esse produto tem um mecanismo que confere ação de choque sobre ácaros, eliminando a praga por contato”, diz o consultor de Desenvolvimento de Mercado, Rodrigo Naime. Já a multinacional alemã, Bayer, aposta em um novo inseticida focado no combate ao greening. A grande novidade do produto está no modelo de aplicação diferenciado, feito via tronco. Sistema testado durante quatro anos. “Se comparado ao tratamento convencional de inseticidas do produtor, tivemos um aumento médio de 7% em produtividade, uma redução de 40% no número de aplicações de inseticidas e 29% menos de plantas com sintomas de HLB”, revela o gerente de Cultura Citrus da Bayer CropScience, Ricardo Baldassari. l
ESPECIAL
Consumo a nossa locomotiva
NUMA SÉRIE DE ARTIGOS QUE COMEÇA NESTA EDIÇÃO, O PROFESSOR MARCOS FAVA NEVES, TITULAR DA FEA/USP DE RIBEIRÃO PRETO E SÓCIO DA CONSULTORIA MARKESTRAT, ANALISA O COMPORTAMENTO DO CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO E MOSTRA AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO MERCADO MUNDIAL Por Marcos Fava Neves, Vinicius Gustavo Trombin e Rafael Bordonal Kalaki
Série consumo mundial de suco de laranja
A força que puxa a
laranja O consumo mundial, responsável por 98% das vendas de suco de laranja do Brasil, é a principal locomotiva da citricultura. Entenda os desdobramentos das constantes quedas nas vendas e o que isso significa para todo o setor Começamos com este texto uma contribuição periódica ao informativo da CitrusBR, um radar sobre o consumo mundial do suco e de seus concorrentes e um laboratório de hipóteses. Consideramos esta análise de grande importância à cadeia produtiva da laranja no Brasil, que é basicamente exportadora, pois deixaremos dados que muitas vezes ficam escondidos em diversas fontes à disposição de industriais, produtores, empresas de insumos e todos que fazem parte desta importante cadeia produtiva do agronegócio brasileiro. Na última década, a população dos 40 principais mercados consumidores de suco de laranja, que representam quase 100% do consumo mundial, aumentou 8,7%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) desses países registrou um crescimento de 67,3%. Do ponto de vista per capita, esse aumento na produção de riquezas foi de 53,9%, associado a um ganho líquido de renda de 56,8%. Em contrapartida, o consumo de suco de laranja sofreu uma retração de 11,1% (Tabela 1, página 40) em valores absolutos e de 18,2% em consumo por pessoa, sempre considerando os 40 países. É importante destacar, em se tratando de demanda, que o Brasil como pulmão de suco de mundo tem suas vantagens e desvantagens. A tabela 02 (página 42), que cruza os dados de exportações da Secex com os dados de consumo, mostra grande aderência entre a queda apontada na na demanda mundial e a retração das exportações via porto de Santos. 32 | CITRUSBR agosto 2014
Série consumo mundial de suco de laranja
Isso acende um sinal amarelo: enquanto a demanda recuou 11,1% as exportações diminuíram 17,8% no mesmo período, entre os anos de 2004 e 2013. Isso pode ser explicado pelo fato de que os países sempre priorizam consumir suas produções locais. No caso da Europa, Espanha e Itália são exemplos, enquanto nos Estados a Flórida é a referência. O resultado final é que, quando a demanda cai, o primeiro a sofrer é o fornecedor de fora, no caso o Brasil. E quando a demanda se recupera o último a se beneficiar também é o fornecedor de fora, mais uma vez o Brasil, sempre em posição caudatária. Os dados acima fazem parte de um trabalho de monitoramento que realizamos, via Markestrat, nos últimos quatro anos e lança mão de grande número de fontes disponíveis para se analisar o mercado mundial de bebidas e o de laranja em particular. São dados que recebemos de diversas organizações com grande apoio
de entidades e empresas como Associação Europeia de Sucos de Fruta (AIJN), CitrusBR, Concreto Brasil, Euromonitor, Florida Citrus Commission, Florida Department of Citrus, IRI, Nielsen, Planet Retail, Tetra Pak (que possui um dos maiores bancos de dados de bebidas do mundo) USDA, World Bank, e profissionais que trabalham em indústrias de envasamento e distribuição de suco e organizações varejistas. Em termos de consumo, muitas informações têm sido analisadas. Do comportamento sociocultural desses mercados até o ambiente de negócios, da competição do suco de laranja com outras bebidas não alcoólicas dentro das próprias empresas envasadoras ao efeito das marcas próprias (Private Labels) frente às grandes marcas e no varejo. Com essas diversas fontes é possível cruzar informações e fazer raio X do consumo mundial de suco de laranja sob diversas ópticas. E é isso que veremos a
seguir e nos próximos artigos desta série, que depois se transformarão em um livro de tendências de consumo e do consumidor de suco. Ao se comparar o consumo total de suco de laranja entre os anos de 2004 e 2013, nota-se que 267 mil toneladas de FCOJ equivalente 66º brix deixaram de ser tomadas anualmente. Isso representa uma diminuição no volume de vendas das envasadoras, elo da cadeia imediatamente seguinte à indústria brasileira e anterior ao varejo, que resultou numa perda de quase 75 milhões de caixas de laranja (Tabela 3, página 42) de 40,8 kg que deixaram de ser vendidas ao ano na forma de suco. Para esse cálculo, admitimos como base o rendimento industrial apurado em São Paulo na safra 2013/14. Nos últimos 10 anos, caso o consumo mundial tivesse se mantido nos mesmos 2,4 milhões toneladas de FCOJ equivalente a 66º brix observados em 2004, a soma total do consumo no período teria sido de 24,1
milhões de toneladas. Porém, devido à queda na demanda, o mundo consumiu apenas 22,7 milhões de toneladas. Com tal retração, a citricultura mundial perdeu um consumo de 1,4 milhão de toneladas acumuladas no período. Hoje, as exportações brasileiras ocorrem a um ritmo anual de 1,08 milhão de toneladas. No fim das contas, em dez anos, o mundo deixou de beber mais de uma safra brasileira, considerando-se um rendimento industrial anual médio de 260 caixas para a produção de uma tonelada de FCOJ Equivalente 66º brix. Este exercício pode ser feito com outros rendimentos também, aliviando ou até piorando os resultados. E para o produtor ter mais claro o que isso significa, é possível afirmar que, caso a demanda tivesse se mantido estável desde 2004, teriam sido necessários mais 363 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg para abastecer esse mercado. Uma das regiões que mais sofrem com a queda de demanda é a região
da América do Norte, com Estados Unidos e Canadá. Apesar de na safra passada ter apresentado ligeira recuperação, voltou a cair e é consenso em todos os estudos disponíveis que os mercados tradicionais sofrem mais em do que o mundo emergente, que até cresce, ainda que sobre bases de vendas muito pequenas. A preocupante situação nos Estados Unidos será alvo de análise na próxima edição desta revista CitrusBR. Em decorrência de todas essas transformações que vêm acontecendo nos mercados consumidores percebemos um nítido deslocamento no eixo central de consumo do suco de laranja e com isso a participação do consumo da América do Norte por nós compreendida entre EUA e Canadá em relação ao consumo total mundial caiu em 10 anos de 48% para 39% (Tabela 4, página 43). Da mesma forma que os Estados Unidos passam a representar uma parcela menor do consumo total mundial, o Brasil também diminui
sua representatividade no volume total consumido pelos americanos. Enquanto na safra 1992/93 representávamos 88,5% das remessas recebidas pelos Estados Unidos, na safra 2002/03 caímos para 78,4% e em 2012/13 ficamos com apenas 56,4% (Tabela 5, página 43). Essa perda de participação aconteceu principalmente para o México e Costa Rica que devido ao acordo de isenção tributária do NAFTA adentram com seu suco de laranja nos Estados Unidos com alíquota zero de imposto de importação. Já o suco brasileiro paga hoje US$ 407 por tonelada de FCOJ ou U$1,60 por caixa de laranja. Em outras palavras, as indústrias mexicana e costa-riquenha crescem atreladas aos Estados Unidos e em cima do produto brasileiro. No fim do dia, o suco de laranja brasileiro participa cada vez menos da oferta total na America do Norte compreendida por EUA e Canadá, ficando com apenas 18,4% de tudo o que se consumiu por lá no último ano-safra. l
Série consumo mundial de suco de laranja
Gosto se discute ou não se
discute?
O crescimento populacional impulsiona outras commodities, mas não o suco de laranja. Preço, hábitos de consumo e produtos exóticos são explicações para as mudanças que afetaram o passado, afetam o presente e afetarão o futuro deste mercado mundial Na década de 1980, o Brasil chegou a importar carne para seu consumo. Hoje, somos os maiores exportadores de proteína animal do mundo, num show de desempenho das cadeias produtivas bovina, avícola e suinícola. Em 1980, o Cerrado brasileiro engatinhava na produção de soja. Hoje rivalizamos com os Estados Unidos o posto de maior
produtor mundial, falta pouco para que os passemos, mas encabeçamos a lista de maior exportador em diversas oportunidades. O Brasil se transformou numa verdadeira máquina exportadora no agronegócio. Veja que o agro no primeiro semestre de 2014 escapou do percalços da economia brasileira e do fiasco da seleção do Felipão. As exportações de junho (US$ 9,61 bilhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 9,18 bi), aumentaram 4,7%. O saldo na balança
do agro foi de US$ 8,40 bilhões, um crescimento de 6,3% em relação a junho de 2013, graças também às importações brasileiras, que diminuíram 3,8% no mês. Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma expressiva e preocupante queda de 9,2% nas exportações (US$ 11,9 bilhões em 2013, para US$ 10,8 bilhões em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações a alcançar incríveis 47% em relação às exportações totais do
Brasil, ou seja, o agro foi responsável em mais um mês por quase metade de tudo que o Brasil exportou. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 43,3 bilhões acumulados no ano. Um dos pioneiros e até inspirador deste desempenho foi o suco de laranja nacional, que ganhou o mundo muito antes de a maioria desses “novos” produtos terem ingressado no radar de nossas exportações. A FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação estima que até o ano de 2050 seremos 9 bilhões de habitantes, 2 bilhões a mais do que hoje. E, para alimentar toda essa gente, apenas o Brasil terá de incrementar sua produção em pelo menos 40%. E uma das perguntas que façam é: conseguirá o suco de laranja surfar nessa onda? Diferentemente do que tem acontecido com outras commodities agrícolas, o suco de laranja não tem se beneficiado da crescente demanda mundial por alimentos. Há questões ligadas a preço, hábitos de consumo e até mesmo do interesse de algumas empresas em ofertarem um produto
cuja margem pode ficar mais apertada dependendo das variações do mercado internacional. Nos países “ricos”, a exemplo do publicado na primeira edição da Revista CitrusBR, campanhas contra obesidade e o consumo de açúcar colocam os sucos de fruta, independentemente do sabor, numa posição delicada. Por outro lado, nota-se que, quanto maior a renda líquida per capita de um país, maior é o consumo de suco 100% e menor o de néctares e refrescos – campeões de venda em regiões com menor poder aquisitivo justamente por serem mais baratos (Gráfico 1, tabelas 6, 7 e 8, páginas 44, 45 e 46). Embora os americanos tenham alcançado uma renda per capita média de US$ 39.901 em 2013, a categoria de Refrescos foi responsável por 51% de tudo que por aquelas bandas. Uma das razões é a preferência de uma parcela dos consumidores a outros sabores de frutas nas modalidades
Punches e Ades. Nos Ponches de Multifrutas, destacam-se sabores como Berry, Cranberys, Uva, Morango, Grapefruit e Limão, com características exóticas de paladar, que não se adéquam na forma de suco 100%. Diferentes também são os hábitos no Japão. Lá, a carne de preferência é a de peixe e a bebida não alcoólica mais consumida é um mix de vegetais com forte predominância de cenoura. E esse é um mercado cuja renda líquida per capita é foi de US$24.785 em 2013. E, mesmo assim, mostra um baixíssimo consumo per capito de suco de laranja - da ordem de 2,7 litros por habitante. A Itália, que possui abundância de laranja e limão de produção local, também mostra um baixo consumo de 2,4 litros por habitante. Isso porque, a exemplo do Brasil, a fruta espremida está mais disponível em restaurantes, hotéis ou residências. Vai entender... É por isto que gosto... não se discute. l
Série consumo mundial de suco de laranja
Suco gostoso e saudável,
do Brasil e para o Brasil
Fatores como o aumento de custos de produção e a valorização do real diminuem a competitividade do suco de laranja brasileiro no exterior e fazem com que o mercado interno seja uma nova opção a ser explorada, algo que defendemos com unhas e dentes
Não são apenas os fatores externos que complicaram a vida da cadeia produtiva da laranja no Brasil. Doenças como o greening cuja cura ainda não é conhecida ou o controle do cancro elevam os custos nos pomares. E, a cada nova operação que se coloca no campo, menos competitivo fica o produto na prateleira e menos renda sobra no campo. Também podemos destacar a valorização do real frente ao dólar, fato que, aliás, atinge todo o agronegócio e é tema de análises constantes da Markestrat. Os custos com mão de obra também vêm subindo de forma acelerada nos últimos anos, assim como o preço dos insumos agrícolas. Mas não foi isso o que se observou. Mesmo em dólar, muitos produtos são mais caros hoje do que em tempos de moeda brasileira mais fraca. Outro aspecto importante e um pouco menos conhecido é a diminuição do conteúdo de suco na fruta brasileira. Ou, como se diz
no mercado, a piora do rendimento industrial. Ainda assim, esse assunto tem sido relatado em diversas publicações recentes, seja por nós, pela MB Agro e ou por diversos grupos de consultores que atuam no mercado cítrico. Todos esses aspectos somados também contribuem para a queda do consumo mundial, uma vez que elevam os custos de produção em toda a cadeia e tornam o produto menos competitivo no universo de bebidas à disposição dos consumidores. Diante de um cenário externo cada vez mais desafiador, muitas atenções se voltam para o mercado interno como uma possível saída para a citricultura brasileira. Hoje, o País consome cerca de 120 milhões de caixas de laranja na forma in natura, sendo quase metade vindos dos pomares paulistas e o restante de Bahia, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul. Do ponto de vista de suco industrializado, é o décimo mercado consumidor mais importante, com cerca de 55 mil toneladas consumidas ao ano e
um enorme potencial de crescimento. Essa é a maior janela de oportunidade para que no médio prazo se desenvolva um novo polo capaz de trazer de volta a expansão do plantio de fruta ao invés da retração de área e produção que se tem observado nos últimos anos, principalmente entre citricultores com menor produtividade e por consequência maior custo de produção. Para que essa oportunidade se torne realidade, serão necessários esforços coletivos que passam pelas indústrias processadoras, envasadores de suco, grandes marcas, varejistas e governos. A Markestrat ajudou recentemente a estruturar um projeto de redução de tarifas que foi apresentado pela Câmara Setorial e a CitrusBR a membros do governo em diversas esferas e que, dependendo da boa vontade, pode culminar numa redução de impostos que seria capaz de impulsionar toda a cadeia. Isso representa pouco para o governo, ou quase nada, pois hoje é um mercado irrelevante, que quase não contribui com impostos. l
Série consumo mundial de suco de laranja
A concentração no consumo mundial de
suco de laranja
Cada vez menos países são responsaveis pela maior parte da demanda pela bebida. Com isso, qualquer mudança no padrão de consumo desses mercados afeta diretamente tanto a indústria quanto os produtores Há em um curso uma mudança no eixo do consumo. Ao se debruçar sobre os dados de 2013, é possível notar uma altíssima concentração no consumo de suco de laranja nos cinco primeiros países, que representam nada menos do que 61% do consumo total (Tabela 9, página 47). Ao se esticar a régua um pouco mais, é possível concluir que os dez maiores consumidores representam juntos 77% do total. Ou seja, a concentração nessa cadeia começa no mapa geográfico do consumo antes mesmo do varejo,
das engarrafadoras, indústrias ou dos produtores de fruta. Tal comportamento de mercado faz com se crie uma linha direta entre os consumidores de Estados Unidos, Alemanha, França, China, Rússia, Reino Unido, entre outros, com produtores de fruta no interior de São Paulo, separados às vezes por mais de 15 mil quilômetros e menos de um gole de suco. Ou seja, o poder de compra, humor e vontades desses consumidores afetam diretamente a vida de quem se dedica à citricultura no Bra-
sil. É como se fosse um grande duto que leva suco do Brasil para outros países. Se nesses destinos "fecha-se a torneira", sobra fruta e suco no Brasil. Nos 40 principais mercados, o consumo de suco de laranja caiu 10,8% de 2003 a 2013, vindo de um consumo mundial de 2,4 milhões de toneladas de FCOJ Equivalente a 66º Brix para 2,1 milhões de toneladas, o que mostra as dificuldades enfrentadas por esta cadeia produtiva na questão de mercados, principalmente devido à concorrência com outras
bebidas, sejam elas a base de frutas, chás, águas com sabor, água de coco, energéticos e outras categorias. Por representar quase 40% do consumo mundial, os Estados Unidos são o mercado mais importante a ser analisado. Apesar do consumo de suco de laranja ter caído 34% desde o recorde de 1,1 milhão de toneladas estabelecido na safra 2000 até as 729 mil toneladas observadas na safra 2013, o fato interessante é que o consumo para de cair e cresce 25 mil toneladas de 2012 para 2013, mas volta a cair novamente nos dados mais recentes que recebemos. Após analisar os Estados Unidos EUA, que representam 40% do consumo mundial, para facilitar o entendimento, agrupando cinco países que ficam com porcentagens entre 5 e 7,5%, têm-se um grupo que representa 32% do consumo mundial. Ele é formado por Alemanha, França, China, Reino Unido e Canadá. Destes, a Alemanha, segundo mercado mais importante, com 7,5% do consumo, também viu o consumo cair 34% nos últimos 10 anos, porém ficou estável na análise comparativa dos dois últimos anos. O Canadá também ficou estável. Quem teve incríveis 6% de queda em apenas um ano foram a França e o Reino Unido, quase 4% de queda. Já a China cresceu de quase 10% em um ano, um consumo adicional de 12.000 toneladas. Na década, a China cresce 171%, sendo o único dos seis grandes a apresentar resultados animadores em termos de consumo. Tirando estes seis
países principais, todos os demais representam menos de 5% do consumo mundial, volume abaixo das 70 mil toneladas/ano. Mas o agregado destes países torna-se interessante para uma análise mais aprofundada e a principal mensagem que fica é que o mercado de suco invariavelmente, na comparação entre 2012 e 2013, cai em países desenvolvidos e em alguns emergentes em estágios mais elevados (Austrália, Espanha, Coreia do Sul, Rússia, Holanda, Itália, Bélgica, Suécia, entre outros) e o consumo aumenta nos países em desenvolvimento, como o Brasil, África do Sul, Argentina, Indonésia, Polônia. Mas vale a ressalva que são mercados relativamente pequenos quando comparados aos grandes e onde o consumo vem sendo puxado pelos néctares, que usam menos suco na composição. Outro ponto importante para análise dos principais mercados é a participação do sabor laranja dentro da categoria de sucos 100%. Dos 40 maiores consumidores, 15 aumentaram sua participação no sabor laranja, seis se mantiveram estáveis enquanto 19 registraram diminuição de participação no sabor laranja para outras frutas. Ao nos debruçarmos nos néctares, 14 países aumentaram sua participação, dois se mantiveram estáveis e 23 países registraram diminuição de participação no sabor laranja, cedendo espaço para outras frutas (Tábela 10, página 48). Um detalhe interessante: no ano de 2004 não havia registro de vendas de néctar sabor laranja nos Estados Unidos, enquanto em 2013 esse sabor já representou 5% do volume total de néctares vendidos em território americano. A introdução dessa categoria aconteceu via Tropicana, que lançou o Trop 50, cujo conteúdo é 40% NFC e o restante de água. O apelo é para um produto com sabor próximo
ao suco 100% e metade das calorias. Contudo, para o mercado, a PepsiCo relatou que a decisão de reduzir o conteúdo de suco, com o lançamento do Trop 50, partira da necessidade de aumento de margens de lucro. Obviamente não se pode atribuir ao mercado todos os problemas na cadeia. Há também questões relacionadas a mudanças nos hábitos de consumo das diferentes populações que consomem o suco de laranja brasileiro. A frequência no café da manhã em família é uma delas. Cerca de 75% do consumo de suco de laranja acontece nessa ocasião. Outro aspecto é a preferência de jovens por embalagens menores para bebidas “on the go”, ou seja, que se consome em trânsito. A busca do consumidor por produtos com maior quantidade de benefícios pelo menor preço também deve ser levada em consideração. E, claro, o desinteresse do varejo, com as chamadas private labels, cujo único interesse é vender um produto mais barato do que as marcas de referência, independentemente da origem, sabor ou benefício. Em anos de alta de suco de laranja, dentro dessa lógica de mercado, o varejo impulsiona a venda de outros sabores cujas margens sejam mais elevadas. A essa lista ainda podemos acrescentar o fato de que muitas empresas focam na diminuição das embalagens com preço proporcional mais elevado, cujo impacto é direto no consumo porque literalmente se paga mais por menos. E, fechando esse quadro, podemos adicionar a diminuição da quantidade de suco em refrigerantes como Fanta e refrescos tipo Sunny Delight. E quando juntamos todos esse fatores num período só, no caso, esta última década, temos a chamada tempestade perfeita. Nosso desafio é sair dela e é para isso que estamos trabalhando. l CITRUSBR agostoo 2014 | 41
Série Consumo de Suco de Laranja Tabela 1
Cruzamento de dados demográficos com a demanda de suco de ÍNDICES DEMOGRÁFICOS E DE CONSUMO
POPULAÇÃO EM 1º DE JANEIRO
PIB ANUAL
MILHÕES DE HABITANTES
2004
2013
PIB PER CAPITA
BILHÕES DE DÓLARES
VAR.
2004
2013
laranja
DÓLARES POR
VAR.
2004
2013
RENDIMENTO ANUAL LÍQUIDO PER CAPITA HABITANTE
VAR.
CONSUMO TOTAL DE SUCO DE LARANJA
DÓLARES POR HABITANTE
CONSUMO PER CAPITA DE DE SUCO DE LARANJA
MILHARES TONS FCOJ EQUIV.
2004
2013
VAR.
U$ 4.290
U$ 6.475
50,9%
2004
2013
LITROS POR HABITANTE
VAR.
2004
2013
VAR.
MUNDO
6.389,1
7.095,2
11,1%
40 MERCADOS SELECIONADOS
4.416,8
4.800,8
8,7%
$ 39.370
$ 65.863
67,3%
$ 8.914
$ 13.719
53,9%
$ 5.787
$ 9.072
56,8%
2.412
2.145
-11,1%
2,99
2,44
-18,2%
292,9
316,4
8%
$ 12.277
$ 16.800
37%
$ 41.917
$ 53.104
27%
$ 29.232
$ 39.901
36%
1.028
729
-29%
18,7
12,3
-34%
1º
ESTADOS UNIDOS
2º
ALEMANHA
82,5
81,8
-1%
$ 2.746
$ 3.635
32%
$ 33.273
$ 44.413
33%
$ 22.428
$ 29.150
30%
228
167
-27%
15,6
11,5
-26%
3º
FRANÇA
60,5
63,8
6%
$ 2.062
$ 2.734
33%
$ 34.104
$ 42.850
26%
$ 22.380
$ 28.212
26%
147
149
1%
13,7
13,1
-4%
4º
CHINA
1.292,3
1.354,0
5%
$ 1.937
$ 9.128
371%
$ 1.499
$ 6.741
350%
$ 873
$ 4.130
373%
49
136
178%
0,2
0,5
165%
5º
REINO UNIDO
59,7
63,9
7%
$ 2.202
$ 2.540
15%
$ 36.893
$ 39.754
8%
$ 23.250
$ 26.550
14%
139
123
-12%
13,1
10,8
-17%
6º
CANADÁ
32,0
35,2
10%
$ 992
$ 1.825
84%
$ 30.994
$ 51.859
67%
$ 17.886
$ 29.774
66%
119
110
-7%
19,8
16,7
-16%
7º
JAPÃO
127,8
127,3
-0%
$ 4.606
$ 4.902
6%
$ 36.044
$ 38.497
7%
$ 22.440
$ 24.785
10%
97
65
-33%
4,0
2,7
-33%
8º
RÚSSIA
144,2
143,4
-1%
$ 592
$ 2.094
254%
$ 4.104
$ 14.604
256%
$ 2.315
$ 8.723
277%
59
64
8%
2,3
2,5
8%
9º
BRASIL
181,6
200,4
10%
$ 664
$ 2.243
238%
$ 3.655
$ 11.197
206%
$ 2.278
$ 7.250
218%
37
61
63%
1,1
1,6
48%
10º AUSTRÁLIA
20,3
23,1
14%
$ 657
$ 1.496
128%
$ 32.455
$ 64.773
100%
$ 19.938
$ 42.077
111%
55
51
-7%
17,2
14,0
-18%
11º ESPANHA
42,3
46,7
10%
$ 1.045
$ 1.358
30%
$ 24.669
$ 29.087
18%
$ 15.849
$ 18.707
18%
45
38
-16%
6,0
4,6
-24%
12º COREIA DO SUL
48,0
50,2
5%
$ 722
$ 1.207
67%
$ 15.029
$ 24.040
60%
$ 9.579
$ 13.505
41%
43
36
-16%
4,8
3,9
-19%
13º POLÔNIA
38,2
38,5
1%
$ 253
$ 516
104%
$ 6.619
$ 13.398
102%
$ 4.494
$ 8.147
81%
33
32
-4%
4,9
4,6
-5%
14º ÁFRICA DO SUL
46,5
52,8
14%
$ 219
$ 351
60%
$ 4.716
$ 6.644
41%
$ 2.856
$ 4.187
47%
21
31
49%
2,4
3,1
31%
103,0
117,5
14%
$ 758
$ 1.259
66%
$ 7.361
$ 10.719
46%
$ 4.950
$ 7.550
53%
29
30
3%
1,5
1,4
-10%
16,3
16,8
3%
$ 610
$ 802
31%
$ 37.525
$ 47.732
27%
$ 19.209
$ 22.607
18%
37
30
-19%
12,8
10,0
-22%
17º ARÁBIA SAUDITA
23,1
29,3
27%
$ 250
$ 776
210%
$ 10.856
$ 26.458
144%
$ 3.689
$ 7.682
108%
16
29
82%
3,6
5,2
43%
18º ARGENTINA
38,4
41,5
8%
$ 153
$ 489
219%
$ 3.991
$ 11.781
195%
$ 2.542
$ 6.962
174%
5
27
479%
0,6
3,5
436%
15º MÉXICO 16º HOLANDA
19º ITÁLIA
57,9
61,1
5%
$ 1.728
$ 2.069
20%
$ 29.856
$ 33.883
13%
$ 20.561
$ 22.806
11%
33
26
-20%
3,2
2,4
-24%
20º BÉLGICA
10,4
11,1
7%
$ 361
$ 507
40%
$ 34.746
$ 45.510
31%
$ 20.548
$ 27.515
34%
22
21
-4%
12,0
10,8
-10%
21º SUÉCIA
9,0
9,6
6%
$ 362
$ 554
53%
$ 40.340
$ 57.974
44%
$ 20.028
$ 29.970
50%
24
19
-21%
14,8
11,0
-26%
22º NORUEGA
4,6
5,1
10%
$ 259
$ 511
98%
$ 56.492
$ 101.136
79%
$ 27.148
$ 44.789
65%
13
17
31%
16,2
19,2
19%
23º ÁUSTRIA 24º CHILE 25º SUÍÇA 26º TURQUIA 27º UCRÂNIA
8,1
8,5
4%
$ 289
$ 416
44%
$ 35.519
$ 49.033
38%
$ 20.399
$ 29.947
47%
18
17
-4%
12,3
11,3
-8%
16,1
17,6
9%
$ 96
$ 282
195%
$ 5.931
$ 16.044
170%
$ 3.689
$ 10.572
187%
6
15
147%
2,1
4,7
126%
7,4
8,0
9%
$ 363
$ 652
80%
$ 49.286
$ 81.153
65%
$ 31.901
$ 50.898
60%
14
14
-3%
10,9
9,7
-11%
67,2
75,6
12%
$ 392
$ 817
108%
$ 5.837
$ 10.813
85%
$ 4.190
$ 7.992
91%
4
11
203%
0,3
0,8
170%
47,4
45,4
-4%
$ 65
$ 181
179%
$ 1.368
$ 3.985
191%
$ 842
$ 3.258
287%
10
10
6%
1,2
1,3
10%
28º INDONÉSIA
216,4
247,2
14%
$ 257
$ 868
238%
$ 1.188
$ 3.513
196%
$ 808
$ 2.057
154%
3
10
249%
0,1
0,2
206%
29º FINLÂNDIA
5,2
5,4
4%
$ 189
$ 257
36%
$ 36.202
$ 47.350
31%
$ 19.441
$ 27.966
44%
13
10
-27%
14,5
10,2
-29%
30º DINAMARCA
5,4
5,6
4%
$ 245
$ 332
35%
$ 45.363
$ 59.176
30%
$ 20.845
$ 28.536
37%
12
10
-22%
12,7
9,6
-25% -40%
31º IRLANDA 32º GRÉCIA 33º ÍNDIA 34º MARROCOS 35º NOVA ZELÂNDIA
4,0
4,6
14%
$ 185
$ 219
18%
$ 45.986
$ 47.692
4%
$ 22.595
$ 23.306
3%
13
9
-32%
18,8
11,2
11,0
11,4
3%
$ 231
$ 241
5%
$ 20.905
$ 21.231
2%
$ 14.670
$ 14.579
-1%
11
8
-29%
5,8
4,0
-31%
1.086,1
1.246,0
15%
$ 715
$ 1.900
166%
$ 658
$ 1.525
132%
$ 528
$ 1.253
137%
1
8
701%
0,0
0,0
598%
30,2
32,9
9%
$ 57
$ 105
84%
$ 1.889
$ 3.178
68%
$ 1.366
$ 2.217
62%
1
7
846%
0,1
1,2
766% -14%
4,1
4,5
10%
$ 88
$ 174
98%
$ 21.471
$ 38.526
79%
$ 12.524
$ 23.109
85%
6
6
-5%
9,7
8,3
36º COLÔMBIA
42,4
48,3
14%
$ 114
$ 377
231%
$ 2.684
$ 7.798
191%
$ 1.907
$ 5.044
165%
3
4
29%
0,4
0,5
13%
37º TAIWAN
22,6
23,3
3%
$ 340
$ 489
44%
$ 15.042
$ 20.980
39%
$ 8.358
$ 13.937
67%
6
4
-28%
1,4
1,0
-30%
38º ISRAEL
6,8
8,0
18%
$ 127
$ 292
130%
$ 18.629
$ 36.337
95%
$ 10.387
$ 21.922
111%
5
4
-20%
4,3
2,9
-32%
39º FILIPINAS
83,3
98,4
18%
$ 87
$ 277
218%
$ 1.044
$ 2.812
169%
$ 728
$ 2.150
196%
3
4
30%
0,2
0,2
10%
40º ROMÊNIA
21,7
20,7
-5%
$ 76
$ 188
148%
$ 3.491
$ 9.101
161%
$ 2.206
$ 5.302
140%
3
3
3%
0,9
0,9
8%
DEMAIS PAÍSES
1.972,3
2.294,4
16%
U$ 939
U$ 1.042
11%
42 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 43
Série Consumo de Suco de Laranja Tabela 2
Tabela 4
Cruzamento de dados de queda de consumo de suco de laranja apontado por Markestrat com a queda das exportações via Santos apontadas pela Secex
Participação regional no consumo de suco de laranja
CONSUMO TOTAL DE SUCO DE LARANJA NOS 40 PAÍSES SELECIONADOS FONTE: MARKESTRAT
ANO CALENDÁRIO
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
EXPORTAÇÕES TOTAIS DE SUCO DE LARANJA VIA PORTO DE SANTOS FONTE: SECEX Taxa de Cresc. Anual
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
ANO SAFRA
Taxa de Cresc. Anual
2004
2013
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
TOTAL DOS 40 PAÍSES SELECIONADOS
100%
100%
AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADÁ)
48%
39%
EUROPA
36%
36%
2004
2.412
0,3%
2004/05
1.324
9,3%
ÁSIA
8%
12%
2005
2.397
-0,6%
2005/06
1.269
-4,2%
2006
2.346
-2,1%
2006/07
1.357
6,9%
8%
12%
2007
2.298
-2,1%
2007/08
1.254
-7,6%
AMÉRICA LATINA, OCEANIA, ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO
2008
2.246
-2,3%
2008/09
1.147
-8,5%
2009
2.272
1,2%
2009/10
1.206
5,1%
2010
2.255
-0,8%
2010/11
1.100
-8,7%
2011
2.228
-1,2%
2011/12
1.095
-0,5%
2012
2.123
-4,7%
2012/13
1.092
-0,3%
2013
2.145
1,1%
2013/14*
1.088
-0,3%
2013 Vs 2004
-267
-11,1%
13/14 Vs 04/05
-236
-17,8%
Consumo de FCOJ equivalente a 66° Brix não inclui suco de laranja utilizado em carbonatados
Tabela 5
Participação do suco de laranja brasileiro no consumo total e nas importações norte-americanas SAFRA NOS ESTADOS UNIDOS - OUTUBRO/SETEMBRO
Ano Safra compreendido entre Julho e Junho *Última estimativa da CitrusBR (junho/14)
Tabela 3
Variação de consumo de suco de laranja por região 2004 OSCILAÇÃO DE CONSUMO POR REGIÃO
2013
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
VARIAÇÃO ENTRE 2004 E 2013
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB
Percentual
Milhões de Caixas de Laranja Equiv.
TOTAL DOS 40 PAÍSES SELECIONADOS
2.412
2.145
-267
-11,1%
-75
AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADÁ)
1.146
839
-307
-26,8%
-87
EUROPA
880
778
-102
-11,6%
-29
ÁSIA
201
263
62
30,6%
17
AMÉRICA LATINA, OCEANIA, ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO
184
265
81
43,9%
23
Variação de consumo entre 2004 e 2013 convertido em Milhões de Caixas de Laranja Equiv. base rendimento industrial de 282 caixas de laranja para 1 ton de FCOJ Equiv. apurado em São Paulo na safra 2013/14
44 | CITRUSBR agosto 2014
92-93
02-03
12-13
PRODUÇÃO INTERNA DE SUCO DE LARANJA
Tons Equiv.66º
644.457
882.864
614.878
Flórida
Tons Equiv.66º
596.013
845.240
593.485
Califórnia/Arizona
Tons Equiv.66º
48.161
35.785
20.283
Texas
Tons Equiv.66º
283
1.839
1.110
IMPORTAÇÃO DE SUCO DE LARANJA
Tons Equiv.66º
210.950
100,0%
205.756
100,0%
297.387
100,0%
Brasil
Tons Equiv.66º
186.603
88,5%
161.341
78,4%
167.835
56,4%
México
Tons Equiv.66º
10.769
5,1%
9.522
4,6%
87.031
29,3%
Costa Rica
Tons Equiv.66º
1.703
0,8%
20.329
9,9%
26.153
8,8%
Belize
Tons Equiv.66º
6.940
3,3%
5.757
2,8%
8.330
2,8%
Canadá
Tons Equiv.66º
524
0,2%
1.795
0,9%
5.975
2,0%
República Dominicana
Tons Equiv.66º
235
0,1%
1.092
0,5%
428
0,1%
Honduras
Tons Equiv.66º
2.664
1,3%
895
0,4%
329
0,1%
Outros países
Tons Equiv.66º
1.512
0,7%
5.024
2,4%
1.304
0,4%
OFERTA TOTAL DE SUCO DE LARANJA: PRODUÇÃO INTERNA + IMPORTAÇÃO
Tons Equiv.66º
PARTICIPAÇÃO DO SUCO BRASILEIRO NA OFERTA TOTAL AOS EUA E AO CANADÁ PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DESTINADAS À AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADA)
855.407
1.088.620
912.265
% Do Total
21,8%
14,8%
18,4%
% Do Total
32,0%
20,0%
19,0%
Fontes: FDOC - Florida Department Of Citrus, Secex
CITRUSBR agosto 2014 | 45
Série Consumo de Suco de Laranja Gráfico 1
Cruzamento de renda líquida per capita e consumo de suco de
laranja per capita em 2013 Consumo de Suco de Laranja per Capita
US$ 60.000
Renda Líquida per Capita
US$ 50.000 US$ 40.000
US$ 30.000 US$ 20.000 US$ 10.000
20 LITROS 18 LITROS 16 LITROS 14 LITROS 12 LITROS 10 LITROS 8 LITROS 6 LITROS 4 LITROS 2 LITROS
A DI
ALEMANHA
DINAMARCA
FRANÇA
FINLÂNDIA
BÉLGICA
REINO UNIDO
JAPÃO
IRLANDA
NOVA ZELÂNDIA
ITÁLIA
HOLANDA
ISRAEL
ESPANHA
ÍN
A
CANADÁ
D O Á FR SU IA L CH IN A U CR ÂN IA M AR RO CO S FI LI PI N AS IN DO N ÊS IA
ÁUSTRIA
CO
RO
SUÉCIA
AR
LÔ
M
M
ÊN
BI
IA
A TI N GE
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AS
N
IL
O IC ÉX
ESTADOS UNIDOS
TU
M
RQ
U IA AR SA A U B IA DI TA
IA N LÔ
SS
IA PO
AUSTRÁLIA
RÚ
NORUEGA
CO D O RÉ SU IA L CH IL E
SUÍÇA
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HA ES
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GR
PA N
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RA
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HA
AD Á
IA TR
N
EM AL
CA
IA ÁU S
ÉC SU
A
ÁL
EG
AU S
TR
ÍÇ N
O
RU
SU
Tabela 6
IA ES TA U N DO ID S OS
0 A
U$ 0
Renda Líquida per Capita
Dólares por Habitante
$50.898
$44.789
$42.077
$39.901
$29.970
$29.947
$29.774
$29.150
$28.536
$28.212
$27.966
$27.515
$26.550
$24.785
$23.306
$23.109
$22.806
$22.607
$21.922
$18.707
Consumo de Suco de Laranja per Capita
Litros por Habitante
9,7
19,2
14,0
12,3
11,0
11,3
16,7
11,5
9,6
13,1
10,2
10,8
10,8
2,7
11,2
8,3
2,4
10,0
2,9
4,6 1.171
ÍNDICE
UNIDADE
Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos
Milhões de Litros
226
161
611
14.139
312
280
1.703
3.646
125
2.092
163
286
2.018
2.973
116
123
866
795
153
Consumo de Sucos 100%
Milhões de Litros
146
144
436
5.957
164
148
1.020
1.916
108
1.362
76
177
1.092
1.296
72
85
136
262
19
399
Consumo de Néctares
Milhões de Litros
64
9
174
1.004
54
86
322
650
1
314
19
31
199
289
14
10
625
244
29
348
Consumo de Refrescos
Milhões de Litros
Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos
Participação do Total
15
8
1
7.177
94
47
361
1.080
16
416
68
78
728
1.388
29
28
105
289
104
425
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Consumo de Sucos 100% Consumo de Néctares
Participação do Total
65%
90%
71%
42%
53%
53%
60%
53%
86%
65%
47%
62%
54%
44%
62%
69%
16%
33%
12%
34%
Participação do Total
29%
6%
29%
7%
17%
31%
19%
18%
1%
15%
12%
11%
10%
10%
12%
8%
72%
31%
19%
30%
Consumo de Refrescos
Participação do Total
7%
5%
0%
51%
30%
17%
21%
30%
13%
20%
42%
27%
36%
47%
25%
23%
12%
36%
68%
36%
Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix
Milhares de Toneladas
14
17
51
729
19
17
110
167
10
149
10
21
123
65
9
6
26
30
4
38
$1.253
INDONÉSIA
FILIPINAS
MARROCOS
UCRÂNIA
COLÔMBIA
ROMÊNIA
ARGENTINA
$13.505
$10.572
$8.723
$8.147
$7.992
$7.682
$7.550
$7.250
$6.962
$5.302
$5.044
$4.187
$4.130
$3.258
$2.217
$2.150
$2.057
1,0
3,9
4,7
2,5
4,6
0,8
5,2
1,4
1,6
3,5
0,9
0,5
3,1
0,5
1,3
1,2
0,2
0,2
0,03
Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos
Milhões de Litros
175
194
774
525
2.936
1.647
1.073
1.290
3.878
2.346
1.504
143
466
278
18.003
497
93
273
798
1.587
Consumo de Sucos 100%
Milhões de Litros
96
48
283
7
893
411
72
195
205
200
46
18
14
188
447
181
3
54
35
38
Consumo de Nectares
Milhões de Litros
40
54
203
442
1.662
190
663
346
577
1.205
330
27
47
78
1.178
285
90
9
64
191
BRASIL
ÍNDIA
$13.937
4,0
CHINA
$14.579
ÁFRICA DO SUL
CHILE
Dólares por Habitante Litros por Habitante
UNIDADE
MÉXICO
COREIA DO SUL
ARÁBIA SAUDITA
TAIWAN
Renda Líquida per Capita Consumo de Suco de Laranja per Capita
ÍNDICE
RÚSSIA
GRÉCIA
POLÔNIA
TURQUIA
Tabela 7
Consumo de Refrescos
Milhões de Litros
39
91
287
77
382
1.046
337
750
3.096
940
1.128
97
405
11
16.379
31
210
699
1.359
Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos
Participação do Total
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Consumo de Sucos 100%
Participação do Total
55%
25%
37%
1%
30%
25%
7%
15%
5%
9%
3%
13%
3%
68%
2%
36%
3%
20%
4%
2%
Consumo de Nectares
Participação do Total
23%
28%
26%
84%
57%
12%
62%
27%
15%
51%
22%
19%
10%
28%
7%
57%
97%
3%
8%
12%
Consumo de Refrescos
Participação do Total
22%
47%
37%
15%
13%
64%
31%
58%
80%
40%
75%
68%
87%
4%
91%
6%
0%
77%
88%
86%
Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix
Milhares de Toneladas
8
4
36
15
64
32
11
29
30
61
27
3
4
31
136
10
7
4
10
8
46 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 47
Série Consumo de Suco de Laranja Tabela 8
Tabela 9
Ranking dos 15 países com maior consumo per capita de suco de laranja em 2013 e importantes economias mundiais com baixo consumo per capita
Concentração no consumo de suco de laranja nos 10 maiores países consumidores
PAÍSES
ÍNDICES
MÉDIA 40 PAÍSES SELECIONADOS
Per Capita Oscilação Anual Per Capita
1º NORUEGA 2º CANADÁ 3º AUSTRÁLIA 4º FRANÇA 5º ESTADOS UNIDOS 6º ALEMANHA 7º ÁUSTRIA 8º IRLANDA 9º SUÉCIA 10º BÉLGICA 11º REINO UNIDO 12º FINLÂNDIA 13º HOLANDA 14º SUÍÇA 15º DINAMARCA
JAPÃO BRASIL RÚSSIA ÍNDIA CHINA MEXICO
2004 3,0 16,2
2,6 -2,1% 19,3
8,6%
4,0%
1,4%
5,8%
1,4%
-3,0%
19,8
22,3
18,1
17,2
16,5
17,0
17,1
12,6%
-18,8%
-5,0%
-4,1%
3,2%
0,4%
17,2 13,7 18,7 15,6 12,3
Oscilação Anual
Per Capita
18,8
Oscilação Anual
Per Capita
14,8
Oscilação Anual
Per Capita
12,0
Oscilação Anual
Per Capita
13,1
Oscilação Anual
Per Capita
14,5
Oscilação Anual
Per Capita
12,8
Oscilação Anual
Per Capita
10,9
Oscilação Anual
Per Capita
12,7
Oscilação Anual
Per Capita
4,0
Oscilação Anual
Per Capita
1,09
Oscilação Anual
Per Capita
2,31
Oscilação Anual
Per Capita
0,00
Oscilação Anual
Per Capita
0,20
Oscilação Anual
Per Capita Oscilação Anual
2011
2,7 -1,7% 19,3
Oscilação Anual
Per Capita
2010
2,7 0,3% 19,9
Oscilação Anual Per Capita
2009
2,7 -3,1% 19,7
Oscilação Anual
Per Capita
2008
2,8 -2,9% 18,6
Oscilação Anual
Per Capita
2007
2,9 -2,9% 18,3
Oscilação Anual
Per Capita
2006
2,9 -1,5% 17,6
Oscilação Anual
Per Capita
2005
1,51
2012
2013 10 ANOS
2,4 -5,8% 19,3
2,4 -0,1% 19,2
-0,5 -18,2% 3,0
-0,2%
0,1%
-0,3%
18,6%
17,3
16,7
16,7
-3,1
1,3%
-3,4%
-0,1%
-15,6%
17,3
17,3
17,6
16,8
16,4
16,3
16,1
16,0
14,0
-3,1
0,7%
0,4%
1,6%
-4,8%
-2,1%
-0,7%
-1,2%
-0,8%
-12,2%
-18,2%
14,2
14,5
14,9
14,7
15,1
14,8
14,2
14,0
13,1
-0,5
3,6%
2,6%
2,5%
-1,0%
2,5%
-1,8%
-4,1%
-1,5%
-6,2%
-3,9%
17,8
16,5
15,6
14,5
14,8
13,9
13,5
12,0
12,3
-6,4
-4,7%
-7,3%
-5,5%
-7,2%
2,2%
-5,9%
-2,9%
-11,5%
2,7%
-34,3%
14,2
14,3
13,6
13,4
12,7
12,7
12,5
11,5
11,5
-4,1
-8,9%
1,0%
-5,3%
-1,0%
-5,6%
0,4%
-1,6%
-8,2%
-0,1%
-26,2%
12,3
11,9
11,5
11,2
11,3
11,3
12,0
11,6
11,3
-1,0
0,0%
-3,8%
-2,8%
-2,5%
0,9%
0,0%
5,7%
-3,2%
-2,6%
-8,2%
19,2
18,7
18,7
18,3
16,0
14,4
13,1
11,8
11,2
-7,6
2,3%
-2,7%
-0,0%
-2,2%
-12,7%
-10,0%
-8,9%
-10,2%
-4,6%
-40,4%
14,8
15,6
15,2
14,8
14,5
14,0
13,4
11,7
11,0
-3,9
0,0%
5,0%
-2,4%
-3,0%
-1,9%
-3,3%
-4,3%
-12,8%
-6,3%
-26,2%
12,1
12,7
12,5
12,2
12,1
11,7
11,6
11,1
10,8
-1,2
0,8%
4,8%
-1,5%
-2,3%
-0,6%
-3,6%
-0,5%
-4,2%
-3,1%
-10,1%
12,8
12,9
12,0
12,9
12,4
12,3
12,1
11,4
10,8
-2,3
-2,3%
1,2%
-7,2%
7,2%
-3,3%
-1,2%
-1,9%
-5,8%
-4,9%
-17,4%
15,5
14,4
12,0
11,0
12,1
11,6
11,5
10,7
10,2
-4,3
7,2%
-7,2%
-17,0%
-7,9%
9,4%
-3,9%
-0,8%
-6,7%
-4,7%
-29,4%
12,0
12,1
11,1
10,9
11,0
10,9
10,8
10,2
10,0
-2,8
-6,4%
1,4%
-8,6%
-1,8%
0,5%
-0,8%
-0,9%
-5,3%
-2,1%
-21,8%
10,7
10,2
10,4
10,4
10,2
10,1
10,0
9,9
9,7
-1,2
-1,7%
-5,0%
1,6%
-0,0%
-1,9%
-0,4%
-0,8%
-1,5%
-1,6%
-10,8%
12,5
12,2
11,5
11,2
10,9
10,6
10,0
9,5
9,6
-3,1
-1,2%
-2,7%
-6,0%
-1,9%
-2,9%
-3,0%
-5,2%
-4,9%
0,2%
-24,6%
4,0
4,0
3,8
3,3
3,2
3,2
2,7
2,7
2,7
-1,3
-2,1%
0,3%
-3,5%
-14,9%
-2,0%
0,4%
-16,7%
2,1%
-0,7%
-33,0%
1,16
1,19
1,05
1,07
1,15
1,25
1,35
1,53
1,62
0,52
6,5%
2,0%
-11,4%
2,0%
7,4%
8,8%
7,4%
13,5%
5,8%
48,0%
2,47
2,91
3,13
3,10
2,89
2,56
2,55
2,66
2,49
0,19
7,0%
18,1%
7,5%
-1,0%
-6,9%
-11,3%
-0,3%
4,2%
-6,1%
8,2%
0,01
0,01
0,02
0,02
0,02
0,02
0,03
0,03
0,03
0,03
28,7%
98,5%
50,5%
0,0%
1,2%
21,6%
25,8%
0,7%
16,5%
597,9%
0,23
0,26
0,30
0,34
0,38
0,47
0,50
0,49
0,54
0,33
15,6%
12,0%
16,7%
12,2%
11,1%
23,9%
6,5%
-1,8%
8,7%
165,5%
1,55
1,51
1,60
1,49
1,57
1,49
1,47
1,46
1,37
-0,15
2,6%
-3,0%
6,2%
-7,1%
5,9%
-5,0%
-1,7%
-0,3%
-6,8%
9,8%
2013 Mil Tons de FCOJ Equiv. 66ºB TOTAL 40 PÁISES SELECIONADOS
Participação por País na Demanda Total
2.145
100%
1º ESTADOS UNIDOS
729
34%
2º ALEMANHA
167
8%
3º FRANÇA
149
7%
4º CHINA
136
6%
5º REINO UNIDO
123
6%
6º CANADÁ
110
5%
7º JAPÃO
65
3%
8º RÚSSIA
64
3%
9º BRASIL
61
3%
10º AUSTRÁLIA
51
2%
491
23%
DEMAIS PAÍSES SELECIONADOS
Participação Cumulativa da Demanda Total 100,0%
61%
16%
23%
Per capita baseado na soma de todo FCOJ Equiv. 66º Brix consumido convertido a suco 100% pronto para beber, dividido pela população de cada país 48 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 49
Série Consumo de Suco de Laranja Tabela 10
Participação do sabor laranja nos sucos 100%, néctares e refrescos em 2013 SUCO 100% PARTICIPAÇÃO SABOR LARANJA
NÉCTARES
(Contém apenas Suco de Fruta 100% Puro) PART. LARANJA 2004
(Contém de
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
1º COLOCADO
PART. LARANJA
2º COLOCADO
3º COLOCADO
1º
ESTADOS UNIDOS
57%
56%
Laranja
Maçã
Multifrutas
2º
ALEMANHA
35%
36%
Maçã
Laranja
Outros
3º
FRANÇA
55%
50%
Laranja
Multifrutas
Maçã
4º
CHINA
50%
48%
Laranja
Maçã
Multifrutas
5º
REINO UNIDO
61%
58%
Laranja
Maçã
Multifrutas
6º
CANADÁ
44%
50%
Laranja
Maçã
Multifrutas
7º
JAPÃO
32%
20%
Vegetais
Laranja
Outros
8º
RÚSSIA
15%
20%
Maçã
Laranja
Tomate
9º
2004
REFRESCOS
25% a 99,9% de Suco de Fruta)
(Contém até 24,9% de Suco de Fruta)
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
PART. LARANJA
1º COLOCADO
2º COLOCADO
3º COLOCADO
2004
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
1º COLOCADO
2º COLOCADO
3º COLOCADO
-
5%
Multifrutas
Damasco
Cranberry
28%
23%
Laranja
Multifrutas
Outros
23%
18%
Multifrutas
Outros
Maçã
23%
22%
Maçã
Laranja
Citrus
36%
35%
Laranja
Outros
Exóticas
40%
30%
Multifrutas
Laranja
Abacaxi
50%
53%
Laranja
Maçã
Multifrutas
50%
35%
Laranja
Pera
Multifrutas
13%
13%
Cranberry
Romã
Groselha
31%
34%
Laranja
Outros
Maçã
33%
16%
Outros
Multifrutas
Cranberry
26%
38%
Laranja
Limão
Multifrutas
36%
51%
Laranja
Outros
Maçã
38%
11%
Outros
Maçã
Laranja
16%
13%
Outros
Maçã
Multifrutas
16%
19%
Multifrutas
Outros
Laranja
91%
91%
Laranja
Pêssego
Outros
-
-
Groselha
Outros
Multifrutas
BRASIL
55%
29%
Coco
Laranja
Outros
15%
11%
Outros
Uva
Pêssego
10º AUSTRÁLIA
66%
68%
Laranja
Outros
Maçã
30%
31%
Laranja
Outros
Maçã
11º ESPANHA
29%
33%
Laranja
Pêssego
Tropical
19%
20%
Outros
Laranja
Tropical
65%
62%
Laranja
Tropical
Outros
12º COREIA DO SUL
55%
55%
Laranja
Uva
Outros
11%
24%
Tangerina
Laranja
Uva
15%
26%
Laranja
Romã
Outros
13º POLÔNIA
25%
26%
Laranja
Maçã
Outros
13%
15%
Cenoura
Multifrutas
Laranja
17%
16%
Multifrutas
Outros
Laranja
14º ÁFRICA DO SUL
71%
70%
Laranja
Maçã
Multifrutas
62%
62%
Laranja
Outros
Manga
69%
68%
Laranja
Maçã
Silvestres
15º MÉXICO
51%
48%
Laranja
Maçã
Uva
-
-
Manga
Pêssego
Maçã
14%
17%
Laranja
Manga
Maçã
16º HOLANDA
40%
34%
Laranja
Maçã
Tropical
15%
6%
Tropical
Multifrutas
Laranja
8%
6%
Multifrutas
Outros
Maçã
17º ARÁBIA SAUDITA
33%
38%
Laranja
Maçã
Damasco
30%
32%
Laranja
Manga
Tropical
32%
34%
Laranja
Manga
Multifrutas
18º ARGENTINA
39%
85%
Laranja
Maçã
Grapefruit
25%
19%
Maçã
Multifrutas
Laranja
51%
46%
Laranja
Maçã
Outros
19º ITÁLIA
28%
28%
Laranja
Abacaxi
Tropical
8%
7%
Pera
ACE
Pêssego
50%
43%
Laranja
Outros
Tropical
20º BÉLGICA
52%
50%
Laranja
Multifrutas
Maçã
45%
39%
Laranja
Multifrutas
Outros
69%
66%
Laranja
Tropical
Mult. + Limão
21º SUÉCIA
57%
44%
Laranja
Multifrutas
Maçã
53%
46%
Laranja
Tropical
Multifrutas
41%
31%
Multifrutas
Laranja
Maçã
22º NORUEGA
61%
65%
Laranja
Maçã
Uva
39%
34%
Laranja
Maçã
Tropical
66%
67%
Laranja
Maçã
Pêssego
23º ÁUSTRIA
40%
42%
Laranja
Maçã
Citrus
36%
40%
Laranja
Multifrutas
Outros
17%
17%
Multifrutas
Cereja
Laranja
24º CHILE
88%
79%
Laranja
Outros
Pêra
33%
27%
Laranja
Outros
Pêssego
55%
45%
Laranja
Maçã
Pêssego
25º SUÍÇA
40%
40%
Laranja
Maçã
Outros
41%
39%
Laranja
Maçã
Multifrutas
41%
40%
Laranja
Maçã
Multifrutas
26º TURQUIA
35%
15%
Multifrutas
Maçã
Laranja
8%
6%
Pêssego
Multifrutas
Cereja
18%
19%
Damasco
Laranja
Outros
27º UCRÂNIA
13%
13%
Outros
Tropical
Tomate
13%
12%
Outros
Tropical
Laranja
2%
2%
Multifrutas
Frutas Floresta
Cranberry
28º INDONÉSIA
35%
37%
Laranja
Outros
Maçã
30%
31%
Laranja
Goiaba
Maçã
22%
43%
Laranja
Outros
Maçã
29º FINLÂNDIA
66%
58%
Laranja
Maçã
Multifrutas
51%
48%
Laranja
Maçã
Multifrutas
61%
57%
Laranja
Maçã
Outros
30º DINAMARCA
47%
41%
Laranja
Maçã
Multifrutas
47%
38%
Laranja
Maçã
Cranberry
47%
41%
Laranja
Maçã
Multifrutas
31º IRLANDA
69%
67%
Laranja
Maçã
Outros
4%
7%
Cranberry
Outros
Laranja
62%
59%
Laranja
Outros
Cranberry
32º GRÉCIA
30%
31%
Multifrutas
Laranja
Pêssego
25%
23%
Multifrutas
Pêssego
Laranja
-
-
Pêssego
Multifrutas
Outros
33º ÍNDIA
43%
38%
Laranja
Multifrutas
Maçã
35%
39%
Laranja
Maçã
Outros
1%
6%
Manga
Laranja
Outros
34º MARROCOS
67%
69%
Laranja
Outros
Uva
63%
64%
Laranja
Pêssego
Outros
-
-
-
-
-
35º NOVA ZELÂNDIA
40%
38%
Laranja
Outros
Tropical
25%
19%
Tropical
Laranja
Limão
16%
17%
Outros
Groselha
Laranja
36º COLÔMBIA
93%
97%
Laranja
Outros
Grapefruit
15%
6%
Manga
Pêssego
Maçã
12%
17%
Blackberry
Manga
Laranja
37º TAIWAN
16%
19%
Multifrutas
Outros
Laranja
4%
6%
Frutas/Vegetais
Tomate
Multifrutas
18%
22%
Outros
Laranja
Multifrutas
38º ISRAEL
76%
70%
Laranja
Maçã
Tropical
41%
38%
Laranja
Maçã
Grapefruit
38%
27%
Laranja
Uva
Grapefruit
39º FILIPINAS
11%
11%
Abacaxi
Outros
Laranja
37%
34%
Laranja
Manga
Abacaxi
68%
64%
Laranja
Abacaxi
Outros
40º ROMÊNIA
36%
55%
Laranja
Maçã
Grapefruit
36%
27%
Laranja
Pêssego
Pera
37%
32%
Laranja
Tropical
Fruta Floresta
50 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 51
notas
3
1
MENOS SUCO PARA AS CRIANÇAS
O governo do Reino Unido pretende reduzir o consumo de suco de frutas nas escolas do país. De acordo com a última edição do relatório da Federação dos Produtores de Sucos de Frutas (IFU, na sigla em inglês), a secretaria de Educação daquele país, Michael Gove, anunciou uma revisão do regulamento Nacional de Alimentação Escolar. Com isso, a partir de 2015, as escolas devem limitar o consumo de suco de fruta para um copo de 150 ml por dia. Atualmente, não há limite para o consumo de suco de fruta nas escolas. O novo regimento orienta ainda que seja adicionado água ao suco. De acordo com a secretária, a medida visa restringir o consumo de alimentos considerados “não saudáveis”, categoria à qual os sucos vêm sendo alçados.
2
Produto
COCA PARA ADOÇAR AS VENDAS
A Coca-Cola Enterprises (CCE), distribuidora da Coca-Cola na Europa, anunciou o lançamento de Coca-Cola Life na Grã-Bretanha no próximo outono. Lançado de forma experimental na Argentina no ano passado, esta será a primeira vez que o produto estará disponível na Europa. A Coca-Cola Life é um refrigerante de baixa caloria, com um terço a menos de açúcar e calorias do que cola normal. Além disso, a grande novidade do produto é o fato dele ser adoçado com uma mistura de açúcar e extrato de folhas de estévia, um adoçante de origem natural.
Marketing
UM NOVO SUPER-HERÓI PARA A LARANJA
O Departamento de Cítricos da Flórida, maior estado produtor de laranjas dos Estados Unidos, está fechando um acordo de US$ 1 milhão com a Marvel Comics, através de seu departamento Marvel Custom Solutions, para que a empresa reformule o design de seu mascote, o Captain Citrus. Criado para estimular o consumo de suco de laranja entre o público infantil, o design atual do personagem tem sido criticado por seu formato arredondado, o que, segundo alguns, estimularia a obesidade entre as crianças, reforçando críticas semelhantes envolvendo o excesso de açúcar usado no suco de laranja americano. Seu novo design lhe daria uma forma humana, mais semelhante à dos super-heróis convencionais.
4 VENDAS VS ARMAZENAGEM Mercado
As vendas de suco de laranja no varejo dos Estados Unidos caíram para o nível mais baixo em 12 anos nas quatro semanas encerradas em 7 de junho, de acordo com dados da Nielsen. Contudo, o volume de suco congelado armazenado em câmaras frias está diminuindo ainda mais. Em maio, o volume armazenado era 17% menor que o do mesmo período de 2013, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). As vendas de suco de laranja nas quatro semanas até 7 de junho, por sua vez, caíram 6,9% na comparação anual. Ou seja, os EUA perdem vendas, mas também possuem menos suco disponível. 52 | CITRUSBR agosto 2014
FOTOS: ARQUIVO, DIVULGAÇÃO E JULIO VILELA
5
Pesquisa
O CITRUS DECIFRADO
Um consórcio internacional de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos, da França, Itália e Espanha finalizou o sequenciamento do genoma das dez principais variedades de citrus. Os detalhes foram publicados na última edição da revista Nature Biotechnology. Entre os principais participantes do estudo está um grupo de pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (SP), os quais acreditam que o sequenciamento é um passo da ciência para buscar a resistência ao greening (huanglongbing - HLB), principal praga da citricultura.
6
Flórida
NOVA QUEDA
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) voltou a rever para baixo sua projeção de produção de laranjas na Flórida para a safra 2013/2014. O levantamento feito pelo órgão aponta que a safra deve ser de 104,3 milhões de caixas. A previsão representa uma queda de produção de 6 milhões de caixas de laranja em relação à previsão feita em maio e de 22% em relação à safra 2012/2013, que teve produção de 133,6 milhões de caixas. Um dos motivos para a redução é a alta incidência de greening nos pomares, que atinge mais de metade das árvores de citrus do estado norte-americano.
7 EM BUSCA DE NOVAS PLANTAS Variedades
O Departamento de Agricultura da Flórida irá abrir uma nova unidade de pesquisa destinada a desenvolver novas variedades de citrus para os pomares do Estado. O centro terá 20 mil metros quadrados e ficará ao noter de Gainesville. De acordo com o comissário de Agricultura, Adam Putham, o programa de introdução de germoplasma de citrus possibilita introduzir, com segurança, novas variedades cítricas saudáveis. A estimativa é de que o programa apresente 20 novas variedades por ano e ajude a proteger a saúde da indústria de citrus da Flórida, que vem sofrendo com a alta incidência da doença do greening.
8
9
Pesquisa II
ESSE BAGAÇO PODE VIRAR ETANOL
Um projeto da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolvido pela pesquisadora Ljubica Tasic, transforma o bagaço da laranja em etanol. Segundo ela, já existem empresas interessadas em colocar em prática o processo de fabricação, porém, a burocracia ainda é um dos entraves à produção comercial. A pesquisadora explica que o processo tenta usar enzimas da bactéria do cancro cítrico para digerir a biomassa, liberar os sacarídeos e, após isolamento dos micro-organismos do próprio bagaço, realizar a produção do etanol. “Conseguimos bons resultados com enzimas baratas e com curtos períodos de fermentação”, garante.
Publicação
O LIVRO DO CANCRO
O Fundo de Defesa da Citricultura – Fundecitrus lançou o livro Cancro cítrico: a doença e seu controle. A publicação técnica, escrita pelo pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau e pelo professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/ USP) José Belasque Jr. traz uma visão completa sobre o cancro cítrico, uma das principais doenças da citricultura. De acordo com Behlau, o objetivo do livro é auxiliar produtores e pesquisadores com uma abordagem completa e atual sobre a doença. O conteúdo contempla, entre outros assuntos, o histórico da doença em São Paulo, o ciclo de desenvolvimento, as medidas de controle e a legislação. O livro também estará disponível no site do Fundecitrus www.fundecitrus.com.br.
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artigo|
Por Gilberto TOZATTI Engenheiro Agronomo Consultor do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI)
A citricultura da
Flórida No passado, a Flórida era considerada o maior produtor de laranjas e de suco concentrado do mundo. Depois de impactantes geadas na década de 80, o Brasil expandiu sua citricutura beneficiado pelo aumento da demanda de suco naquela época. Na década de 90, a Flórida recuperou seus pomares e a produção. São Paulo, o maior produtor brasileiro, por apresentar condições muito favoráveis para a produção de laranjas, como clima, solo, material genético, e mão de obra, superou seu rival. Baseado nas grandes produções de ambos os estados, e portanto, devido a maior oferta, os preços internacionais do suco concentrado depreciaram acendendo uma luz amarela de aviso para o setor. Por azar ou sorte, em 2004 e 2005, uma sequência de furacões contribuiu para disseminar a doença Cancro Cítrico na Flórida, e em função de uma lei de erradicação, perdeu-se um terço das plantas, “aliviando” uma situação de crise eminente, com o consumo do suco diminuindo em países desenvolvidos. Como pouca desgraça é pouco, o psilídeo e o HLB (Greening), alguns anos depois de surgir no Brasil, chegaram à Flórida. Ainda sob o efeito desastroso da lei que exigia a erradicação de plantas com Cancro, os citricultores decidiram não aceitar outra lei similar para o caso do HLB. E, diante do fato de não haver ações coletivas no combate à doença por parte dos produtores na época, o HLB se espalhou de forma rápida por todos 54 | CITRUSBR agosto 2014
os pomares daquele estado. Hoje, acredita-se que mais de 80% dos pomares estejam contaminados. Apesar das dificuldades enfrentadas na Flórida, o negócio ainda é rentável. A razão é que a citricultura da região está voltada para o suco NFC, destinado principalmente ao mercado interno. Mas, devido às recentes quedas sucessivas da produção por conta do HLB, a indútria floridiana se vê hoje ameaçada de se tornar inviável econômicamente. E, para piorar, não existem alternativas
“O declínio da citricultura americana não é uma vitória” naquela agricultura como ocorre em São Paulo, como culturas da cana de açúcar, cereais, e etc. No entanto, o povo americano é resiliente e determinado a resolver seus problemas. Não seria surpresa se encontrassem uma solução para o HLB no curto prazo. Mas, embora milhões de dolares sejam destinados às pesquisas todos os anos, providos pelos citricultores e governo, a solução parece estar longe de acontecer. Enquanto isso, a Flórida vem experimentando o declinio de sua produção ano a ano. O Brasil não está livre deste mau, e vê seus pomares em algumas regiões, como a
Central e Leste, serem devastados rapidamente impulsionados pela descapitalização do setor. A vantagem que o Brasil tem sobre a Flórida é o baixo índice de plantas sintomáticas, e a chance de migrar os poamres para outras regiões do estado de SP, onde a pressão da doença é menor. Esta migração não é uma solução definitiva, pois os pomares se distanciam das indústrias, encarecendo o transporte e/ou diminuindo o rendimento industrial da fruta de acordo com a região. Mas o que pode parecer uma vitória com a inviabilidade da citricultura da Flórida, na verdade é uma derrota. Juntos, São Paulo e Flórida contruíram um complexo agroindustrial de extrema importância, colocando o suco de laranja, um produto nobre, saudável e natural, no topo do mundo. Mas com a vulnerabilidade fitossanitária e econômica deste setor nos vemos ameaçados por outros setores de bebidas. A medida que a Flórida perde produção, menor o investimento em propaganda do suco e em pesquisas. Embora nos países desenvolvidos como os EUA e Europa o consumo de suco de laranja venha declinando ao longo do tempo, um mercado que pode atenuar esta situação são os países em desenvolvimento, como os BRICS ( Brasil, Russia, India, China, e Africa do Sul), mas principalmente o Brasil. E quando falamos de Brasil estamos falando de mercado interno que potencialmente pode e deve ser explorado. l
AGENDA 28/08 CURSO DE CONTROLE DE CANCRO
No próximo dia 28 de agosto, acontece na cidade de Lins o curso de controle estratégico de cancro cítrico. Organizada pelo Fundecitrus, as aulas teóricas tratam da importância da doença e da situação atual de incidência no Estado de São Paulo e no Brasil. O curso é gratuito e com vagas limitadas. Mais informações pelo tel.: (16) 3301-7000 ou no site http://www.fundecitrus.com.br/cursos/inscricao. 05/09 SIMPÓSIO MASTERCITRUS
Idealizado para tornar ainda mais visível a produção científica e técnica gerada pelo mestrado profissional em Controle de Doenças e Pragas, o evento acontece em 5 de setembro, na sede do Fundecitrus em Araraquara. Mais informações no tel.: Mais informações no tel.: (16) 3301-7000 ou no site www.fundecitrus.com.br.
09/09 A 11/09 WORLD JUICE
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Acontece em Barcelona, na Espanha, a edição 2014 do World Juice. O tradicional evento conta com 13 apresentações individuais de representantes da cadeia mundial do suco. Mais informações no site www.worldjuice.com/I858ECBRWB.
21/09 A 28/09 CHINA JUICE
Organizado pela Câmara de Comércio de Alimentos e Produtos Nativos da China (CFNA, na sigla em inglês), o China Juice 2014 irá debater temas como a emergente produção de FCOJ na China, tendências de consumo, entre outros. Mais informações no site en.chinajuice.org
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23/09 A 25/09 10º CURSO DE DOENÇAS DOS CITROS E SEU MANEJO
O Centro de Citricultura Sylvio Moreira organiza o Curso de Doenças dos Citrus e seu Manejo. O evento acontece de 23 a 25 de setembro, na sede do centro em Cordeirópolis. Mais informações no Tel.: (19) 3546-1399 ou e-mail eventos@centrodecitricultura.br.
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