Olhar o Passado & Espreitar o Futuro
Dedicat贸ria e agradecimento A
os meus pais em especial
e a todos que tocaram a minha vida e a tornaram mais completa e compensadora
V
im ao Mundo numa bela tarde da sexta-feira do
dia 24 de Junho de 1966,em
Luanda a esse tempo
ainda capital da província ultramarina de Angola.
Nasci
na casa da parteira na rua Dr. Américo
Boavida,
porque
os
meus
pais
residiam
nas
proximidades na rua Tavares de Carvalho, foi um parto difícil para a minha mãe e com o auxílio de um médico fui literalmente tirado a ferros, mas sobrevivi e cá estou passados 41 anos para contar alguns episódios destas quatro décadas de vida.
Um nascimento quando os pais já têm 42 anos é normalmente
considerado
acidental,
mas
espero
provar ao longo desta história que este não foi em vão.
Os meus pais são oriundos do Norte de Portugal, a minha mãe, Salvina Sineira Moreira da freguesia da Retorta em Vila do Conde e o meu pai, Manuel Costa Ribeiro da freguesia de Lordelo do Ouro no Porto. Curiosamente também não nasceram nas localidades originais das respectivas famílias, sendo
St. Tirso a
terra dos meus avós maternos (onde os meus pais se conheceram) e Lousada em Penafiel dos meus avós paternos.
Luanda Luanda já não é a mesma que conheci, uma cidade onde os edifícios públicos começam a desmoronar e aonde já não é possível “luandar”, verbo criado pelo escritor luandense Pepetela, que significa passear a pé por Luanda, é uma imagem que não corresponde à memória da cidade que me viu nascer e aonde adorava “luandar” com os meus pais, especialmente com o meu pai, para ver as sucatas, um fascínio de infância. Bem sei que Luanda já conta com a venerável idade de 432 anos de existência e que o tempo cobra sempre o seu preço. Preço que pagou especialmente depois da independência de Angola, porque se tornou no “porto de abrigo” de muitos angolanos fugidos da guerra entre MPLA e UNITA. De tal modo que cresceu dos modestos 800 mil habitantes dos anos 60, que podemos considerar os anos do apogeu da cidade, para os mais de 4,5 milhões de habitantes neste início do século XXI (segundo dados da ONU). Mas voltando ao início desses 432 anos de idade, foi em 1575, quase um século depois de Diogo Cão ter descoberto e assinalado toda a costa angolana com os seus padrões, que Paulo Dias Novais, o verdadeiro fundador de Luanda e primeiro Governador e capitão-mor das conquistas de Angola, desembarca na ilha do Cabo (actual ilha de Luanda) com cerca de 700 pessoas, entre as quais homens de armas, padres, mercadores e servidores juntando-se a alguns compatriotas e nativos que já ali se encontravam estabelecendo assim o primeiro núcleo de habitantes. Um ano volvido a 25 de Janeiro de 1576 reconhecendo não ser “o lugar acomodado para a capital da conquista” funda em terra firme a vila de São Paulo de Loanda e logo a igreja de S. Sebastião no morro de S. Miguel onde actualmente se encontra a fortaleza e museu militar com o mesmo nome. A vila foi crescendo tomando foros de cidade em 1605 no governo de Manuel Cerveira Pereira, continuando o seu lento desenvolvimento, até que em 1624 começam as primeiras investidas holandesas para conquistar as costas angolanas que culminam com a entrada na baía de Luanda da Grande Armada Holandesa sob o comando do almirante Pedro Houtbeen, em 24 de Agosto de 1641,o povo e o governo alarmados abandonam precipitadamente a cidade para se acolherem na vila de Massangano.
Bras達o de Luanda
Neste núcleo familiar mais próximo tenho também um irmão mais velho, Manuel Moreira Ribeiro, que
meu padrinho José, irmão mais novo do meu pai.
Após sete anos de domínio holandês, a cidade é de novo reconquistada pelos portugueses, sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benevides, que ao serviço de Portugal vinha realizando no Brasil uma obra notável de governação, depois de valorosos feitos militares, em terra e mar, é encarregado pelo rei D. João IV, de promover a restauração de Angola. Acompanhado de 1200 homens de armas e uma frota de 12 navios, fez-se ao mar em 12 de Maio de 1648, fundeando em 12 de Agosto na baía de Quicombo. A inclemência do mar faz perder a nau almirante e os 300 homens que continha, levantando-se “uma tormenta de marés tão fortes, coisa não vista por outros navegantes naquela paragem”. Mas, mesmo sem ela e sem esses homens, Salvador Correia de Sá chega à baía de Luanda, ante o pasmo da gente holandesa, que fica convencida tratar-se apenas de simples guarda avançada de grande esquadra. Apressadamente se refugiam os de terra na Fortaleza de S. Miguel. Mas o desembarque faz-se na manhã seguinte, de 15 de Agosto e, em assalto bem conduzido, rende-se o inimigo dominado por menos de metade de homens portugueses.
Nascer em Luanda nos anos 60 proporcionou-me
Por ser aquele o dia da Assunção da Virgem, que no seu brasão passa a figurar, a cidade muda o seu nome, passando a ser São Paulo da Assunção de Luanda.
tem mais 20 anos de idade do que eu. Neste espaço de tempo, infelizmente, “tivemos” um irmão “nado morto”.
Apesar de ter nascido no dia de S. João não me chamo João, pelo simples facto de o meu irmão terme escolhido o 1º nome, o 2º é uma homenagem ao
uma infância muito feliz, Luanda era uma cidade completa com tudo que muitas cidades portuguesas actuais ainda não nos dão hoje, era uma cidade onde havia qualidade de vida. Podíamos ir á praia todos os dias e ao cinema várias vezes por semana, havia muitos centros de enfermagem espalhados pela cidade além de bons hospitais, a rede viária era boa e os transportes também, os autocarros eram localmente apelidados de “maximbombos” e a central de camionagem no centro da cidade em frente á câmara municipal chamava-se Mutamba.
Depois da reconquista, lentamente, vai sendo reconstruída, restando ainda do fim do mesmo século algumas construções notáveis, muito bem conservadas, a igreja de Nossa Senhora da Nazaré, que o Governador André Vidal de Negreiros iniciou em 1644; a igreja dos Carmelitas (1663), e ainda a fortaleza de S. Miguel completada na época, com recinto fechado, de terra batida e alvenaria. São do século XVIII o acabamento da fortaleza de S. Pedro da Barra, de S. Francisco, no antigo lugar do forte do Penedo, e de outras obras de vulto como o Quartel de Infantaria (1754), agora demolido, o Palácio do Governo (1761), o Terreiro Público (1765), a Alfândega (1770 a 1779) e o passeio público da Nazaré (1771). Infelizmente dessa época resta também a memória da passagem pelo porto de Luanda de muitos escravos sobretudo para o Brasil e São Tomé e Príncipe para as plantações de cana-deaçúcar e roças de cacau. Após a abolição da escravatura em 1869 em todo o território português o comércio expandiu-se para as matérias-primas naturais de Angola, tais como o café, sisal, algodão, óleo de colza etc. nas quais Angola é um país riquíssimo.
Infelizmente
também
já
nessa
época
se
aproximavam os ventos da guerra colonial, aliás, quando nasci já a guerra se desenrolava desde 1961,ainda nos confins de Angola mas já com alguns “ecos” em Luanda. Com o passar dos anos e a aproximação do 25 de Abril de 1974, as coisas foram-se agravando, até que os combates chegaram a Luanda.
Recordo-me dessa época, á noite, de ir para a janela
ver
as
balas
tracejantes
e
“very-
ligths”cruzarem o céu, porque vivíamos no bairro Salazar mesmo em frente ao aeroporto, (que se chamava portanto
Craveiro um
Lopes,
ponto
hoje
4
importante
de
Fevereiro)
da
cidade.
Entretanto as escolas fecharam, havia racionamento de alimentos e cortes de luz á noite e tudo foi piorando mais e mais. Por isso os meus pais, como muitos portugueses, decidiram regressar a Portugal.
Em
Setembro de 1975, eu o meu irmão e a
minha mãe regressamos a Portugal, o meu pai ficou para resolver alguns problemas próprios de quem tem uma vida organizada e a vê destruída… O meu pai só regressaria em 1986 terminando assim o ciclo de
Emigração da família Ribeiro.
Já no início do século XX começa a grande expansão de Luanda; a titulo de curiosidade por exemplo em 1936 o valor da exportação feita pela alfândega de Luanda é de cerca de 67 000 contos, representado 22%do valor total da exportação da Colónia; e em quantidade, cerca de 64 500 toneladas, ou seja 26% do total da Colónia. Os principais produtos por aqui exportados são: café (45%), algodão (89%), couros (23%), arroz (21%), óleo de palma e cera (18%). A cidade é ponto de partida de um caminho-de-ferro que se estende para o interior até Malange, e que possui 479 quilómetros de linha – o Caminho-de-ferro de Luanda, incluindo o ramal de Zenza do Itombe ao Dondo, de 55 quilómetros; a ele couberam, em 1936, 120 782 toneladas, ou sejam 25% da tonelagem de mercadorias transportadas em todos os caminhos-de-ferro da Colónia, trazendo café da região de Cazengo (cerca de 1 300 contos) e fuba (farinha de mandioca), milho e sisal do planalto de Malange (valores respectivamente de Ags. 442.473,00. 436.566,50 e 253.463,00). (Texto extraído do Roteiro da Cidade de S. Paulo de Luanda, edição da Imprensa Nacional – 1939). Angola chega nos finais dos anos 60 a ser 3º produtor mundial de café, sendo grande parte desse comércio feito através do porto de Luanda, originando uma grande expansão da área urbana da cidade. A esse grande crescimento da área urbanizada, seguiu-se um período de estagnação, nos anos que se seguiram à independência. No entanto, nesse mesmo período, a área não urbanizada da capital angolana cresceu para mais do triplo da dimensão de 1974. Assim, começam a registar-se os grandes problemas que Luanda tem, com a área urbana a sofrer agressões de toda a natureza. Esta, dimensionada para uma população de cerca de 800 mil habitantes está hoje tremendamente sobrecarregada. Apesar das recentes notícias (29/03/2008) do desabamento do edifício da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), os responsáveis do Governo da Província começam a procurar ordenar a área urbana, ao mesmo tempo que são delimitados novos espaço de expansão da cidade. Como o Projecto Luanda Sul. Por outro lado, começa-se também a executar uma nova política habitacional que, a médio prazo, resultará em benefícios visíveis para a capital. Recuperam-se arruamentos e jardins. Há novas formas de recolha de resíduos sólidos com resultados visíveis. Desenvolvem-se novos projectos em praticamente todas as áreas de acção dos municípios. Pensa-se também na organização de uma área metropolitana para administrar a Grande Luanda. Fala-se já na nova Luanda a construir ao norte da actual e desenhada pelo centenário arquitecto de Brasília, Oscar Niemeyer tentando-se assim dentro de poucos anos, recuperar grande parte do esplendor que já teve um dia…
A memória mais viva que tenho dessa 1ª viagem
Emigração
de avião, é de termos feito uma escala no Gabão
Como muitos portugueses a emigração também faz parte da história da minha família. O meu pai emigrou para Angola em 1954 e como a maioria dos emigrantes fê-lo por razões económicas, apesar de em Portugal ter um emprego estável na cantina da fábrica da Arcotêxteis em Santo Tirso e de a mesma ter uma história de bom apoio social aos seus trabalhadores, desde sempre. E onde aliás já o meu avô materno tinha trabalhado como mestre debuxador e apenas com o seu salário tinha criado sete filhos…
(muito
próximo
esperávamos
no
do
Equador)
terminal
e
começar
enquanto a
chover
torrencialmente e mesmo assim estar um calor de fazer “suar em bica”, muitas vezes durante os frios Invernos de Portugal, tenho saudades desse calor húmido e do cheiro da terra quente após as fortes chuvadas. Aproveito para explicar que em Angola não existem 4 estações mas apenas 2: a das chuvas de Outubro a Abril e a do “cacimbo” de Maio a Setembro sendo esta a mais fresca, a temperatura média ao longo do ano é de 25º.
Quando chegamos a Portugal, viemos para o Norte para casa de familiares, o meu irmão veio para Famalicão e eu e a minha mãe fomos para Atães, Gondomar para casa do irmão do meu pai, António onde fomos muito acarinhados.
Para
um miúdo de 8 anos foi uma grande
mudança, porque não conhecia a família de Portugal (excepto alguns primos que fizeram tropa em Angola e que ficavam em casa dos meus pais) o clima era frio, a cultura diferente, em suma era um mundo novo, do qual a mais difícil adaptação foi ao frio.
Decidiu assim emigrar para Angola, com carta de chamada, enviada por um amigo comerciante já estabelecido na vila de Novo Redondo (actual Sumbe) uma pequena vila portuária ao sul de Luanda. Esta não era bem uma emigração, visto que na altura Angola ainda fazia parte do “Império Colonial Português” , o que em vez de facilitar a emigração dos portugueses ainda piorava a situação, sendo por vezes mais fácil emigrar para o Brasil ou para a Europa do pós-guerra, porque para o fazer para Angola ou se tinha dinheiro para se movimentar à vontade e comprar grandes fazendas, ou então tinha de conseguir a já referida “carta de chamada”, ( que era uma espécie de salvo-conduto)duma pessoa amiga ou empresa que necessitasse dos seus serviços. Ou seja era mais um instrumento controlador do “estado novo”, que assegurava às grandes fortunas de Portugal adquirir grandes parcelas de terra por “tuta e meia”e manter afastados o pequeno “Zé povinho”. Por esse facto Angola foi pouco povoada/colonizada em relação ao seu vasto território, o que segundo algumas teorias nomeadamente do general Norton de Matos, que queria implantar a capital de Portugal em Nova Lisboa (actual Huambo) e fazer um povoamento intensivo evitando a emigração para o Brasil e Europa, o que tornaria muito mais difícil os movimentos para uma futura independência, o que na altura foi, claro, considerado como uma ideia contra a autodeterminação do povo de Angola, mas que hoje provavelmente traria muitos mais benefícios a esse mesmo povo, eu incluído. E se tal tivesse acontecido provavelmente não estaria aqui a escrever este portefólio e talvez estivesse “perdido” por essa Angola imensa, 14 vezes maior que Portugal. Como já devem ter reparado Angola e Luanda são temas importantes na minha vida, apesar de lá só ter vivido a minha infância, que considero dos melhores anos das minhas quatro décadas de vida…
Nesses anos em Atães gostei de viver junto ao rio Douro, vivíamos muito próximo do rio e sempre que tinha um tempo livre escapava-me para explorar uma zona que ainda era bastante arborizada e onde cada pedra “guardava” um segredo, hoje existe aí uma bela praia fluvial muito concorrida no Verão.
Nas férias de Verão eu e o meu primo passávamos os dias no rio, a apanhar peixes, salamandras e a
Em relação ainda à colonização, vejam o caso dos ingleses que continuam a “controlar” a maioria das ex-colónias, com a maioria destas a pertencer à “Commonwealth”, tendo como chefe de estado a rainha Isabel II, dirão talvez como mera figura simbólica, mas que mesmo assim sempre acaba por facilitar a vida aos ingleses. Claro que há excepções como o Zimbabué, que nas últimas décadas tem sido um problema para os ingleses, mas que se formos analisar bem a quem pertence o quê, descobriremos concerteza, que a maioria do país ainda se encontra nas mãos dos ingleses, directa ou indirectamente.
melhor época do ano.
Voltando ao percurso da minha família em Angola, o meu pai depois de alguns anos a trabalhar em Novo Redondo no comércio, muda-se para o Golungo Alto uma vila já no interior a leste de Luanda rodeada de cafezais e onde o comércio girava à volta dessa cultura, nesse ano de 1957 a minha mãe vai juntar-se-lhe, visto que inicialmente tinha permanecido em Santo Tirso com o meu irmão e os meus avós maternos.
Nos anos 70 a vida ainda era muito simples em
Após alguns anos a viver no Golungo alto, decidem voltar a Portugal, em parte influenciados pelas notícias do início da guerra colonial.
criar girinos nas poças da maré vaza além de fazer outro tipo de tropelias, mas era sem dúvida a
Portugal, a minha mãe, a minha tia e as minhas primas ainda iam lavar a roupa a um tanque que havia no rio com água sempre a correr (parecia o filme “Aldeia da roupa branca”) e à noite toda a família via na televisão a preto e branco a telenovela “Gabriela Cravo e Canela”.
Depois de alguns anos a trabalhar em Braga decidem de novo regressar a Angola, vítimas do apelo irresistível de Angola, desta vez levam também o meu irmão. Já em Luanda o meu pai emprega-se na Coopetrol, uma cooperativa de apoio aos funcionários das petrolíferas, na secção de livraria e papelaria (onde passei bons momentos rodeado dos melhores livros) e o meu irmão vai trabalhar no comércio com o meu padrinho para Quilombo-Quia-Puto, uma vila cafeeira perto de Golungo Alto, alguns anos mais tarde, o meu irmão oferece-se como voluntário para a Força Aérea onde cumpre duas comissões, em Portugal na OTA e em Angola, como radiotelegrafista. Entretanto nasço eu no “dourado ano de 1966” fruto da emigração dos meus pais, pode-se assim dizer. De volta à vida civil, o meu irmão começa a trabalhar em Luanda na Sonangol e acaba por casar com a minha cunhada Élia em 1973, que mais à frente entrevisto sobre um assunto já recorrente neste portefólio: Luanda… Após o 25 de Abril de 1974 a família Ribeiro regressou ao ponto de partida, acabando a nossa aventura migratória em 1986 quando o meu pai regressa por fim a Portugal…
Entrevista à minha cunhada Élia sobre Luanda
já faleceu, em Vila do Conde, onde residia desde que veio para Portugal. Depois da primária, fiz o exame
P: Quando é que foi para Angola e com que idade?
de admissão à escola industrial e ao liceu, ficando aprovada a ambos e optei pelo liceu que frequentei até
R: Em 1955 com cinco anos de idade.
Ginga), depois comecei a trabalhar mas ainda estudei no liceu Salvador Correia para acabar umas
ao 7º ano no liceu feminino D. Guiomar de Lencastre (penso que hoje se chama escola secundária Rainha
P: Como é que foi a adaptação ao novo ambiente?
disciplinas.
R: Foi boa porque era ainda uma criança.
P: Conte-me como era o clima e as estações do ano.
P: Morou sempre em Luanda, e em que sítios de Luanda?
R: Era um clima tropical húmido, de Maio a Agosto estava mais frio (embora as temperaturas nunca
R: Sim morei sempre em Luanda, primeiro na pensão Miramar, nas Ingombotas, depois na zona de Miramar
descessem abaixo dos 20º) era a época do “cacimbo”, uma chuva miudinha, apesar de ser a estação seca. De Setembro a Abril era mais quente mas chovia mais, era a estação das chuvas.
(perto do cinema com o mesmo nome) na rua Féo Torres,
P: E os tempos livres como os ocupavam?
depois mudamos para a rua de Benguela, perto do
R: Muitos passeios, muito convívio e muita praia!
cemitério velho que ia para São Paulo, por cima da padaria Bailundo, depois fomos morar para o bairro
P: Viajou muito dentro de Angola? Conte-me uma viajem interessante que fez.
Operário, de seguida Catambor (junto à avenida Lisboa)
R: Não viajei muito, quando ainda era miúda aos fins-de-semana ia com a madrinha da minha irmã à
que ia para o aeroporto e perto da Maianga. Nos últimos anos, ainda solteira, morei no bairro Realojamento do Prenda perto do aeroporto e da Base Aérea Nº9 e por último, já casada, na Avenida António Barroso (Bairro da
boleia até ao Caxito (fazenda Tentativa de cana de açúcar); um dia só tivemos boleia até uma parte do caminho e já estávamos a pensar que íamos passar a noite naquele ermo (no mato) até que apareceu alguém que ia para o Caxito e nos deu a ansiada boleia.
Maianga).
P: Chegou a trabalhar em Luanda, como é que era o comércio e a indústria?
P: Como era o ambiente estudantil e onde é que estudou?
R: Trabalhei numa companhia de seguros. O comércio era
R: O ambiente era normal para a época, ainda com a
como o nosso tradicional. A indústria ao que me lembro
separação entre miúdas e miúdos nas escolas. Estudei na escola primária Nº8 de Emílio Monteverde perto do
e até cheguei a visitar algumas fábricas como as do papel da cerveja e do cimento e outras que não visitei por
mercado, a locutora e apresentadora de TV Alice Cruz e o
exemplo as do sabão e dos refrigerantes.
cantor Armando Gama também lá andaram e foram
P: E por fim, se pudesse era capaz de voltar?
alunos da minha professora D. Alcina Manso que há uns anos atrás encontrei aqui em Famalicão e que infelizmente
R: Gostava de lá voltar, claro mas como turista.
Os Ribeiros no Golungo Alto
Para
quem vivia tão próximo do Douro havia
também o drama das cheias, a de 1979 foi particularmente forte e a distância da casa do meu tio
ao
rio
foi
encurtada
para
metade,
para
chegarmos á água no Verão tínhamos que descer uma pequena ravina por umas escadas escavadas no declive mas durante o período da cheia essa ravina desapareceu
e
o
rio
espraiou-se
pelos
campos
próximos, vendo-se a água suja e cheia de detritos passar velozmente, o que era assustador.
Depois
viemos finalmente para Famalicão, no
Outono de 1979, para casa do meu irmão que entretanto tinha estabilizado a sua vida e nos podia acolher, morávamos em Gavião no lugar da Devesa já tinha nascido o meu sobrinho e formávamos uma pequena família de 5 pessoas, o meu pai continuava em Angola, não só para ajudar ao orçamento familiar mas também porque continuava a gostar muito da terra que me viu nascer.
Alguns factos sobre emigração A emigração sempre foi uma realidade que acompanhou a evolução da espécie humana (embora com outros nomes) desde os primórdios da mesma. Senão como teria sido possível ao homem espalhar-se pelos quatro cantos da Terra? Essa atracção pelo desconhecido sempre nos levou a procurar melhores condições de vida e a descobrir este planeta e desde o aparecimento dos primeiros humanos em África que fomos povoando a Terra, primeiro fomos calcorreando-a, depois descobrimos a navegação pelas águas e hoje voamos como os pássaros e já pensamos em “emigrar” para Marte passando a ser também extraterrestres. É claro que a tudo isto chamamos diferentes coisas, mas o acto de emigrar está implícito em todas elas, em maior ou menor grau. É também verdade que além da procura de melhores condições de vida, emigrar, implica também uma grande percentagem de descoberta: de novos povos, de novas línguas, de novos países e paisagens, de novo climas e de novas tradições e realidades. A principal razão para se emigrar é económica, e esse factor está sempre incluído mesmo nos diferentes tipos de emigração que passo a enumerar. A emigração política, quando o nosso país não nos dá liberdade de expressão na área da intervenção política, no caso duma ditadura, ou mesmo existindo democracia não nos sentindo satisfeitos com a realidade política e vendo pouca possibilidade de a mesma se alterar a favor dos nossos ideais, muitos imigram, tendo no primeiro caso a possibilidade de recorrerem ao estatuto de refugiado político. No segundo caso ao emigrarem para um país maior terão maior possibilidade de se integrarem politicamente veja-se o caso dos portugueses em França com muitos a fazerem carreira política nesse país e com alguns já com cargos de relevo. Na emigração intelectual, temos a “fuga dos cérebros” dos países do sul para os mais desenvolvidos, pessoas que emigraram para poderem desenvolver melhor as pesquisas, a sua arte, e que geralmente são melhores acolhidos no país de destino que o imigrante “económico”. Existe também a emigração imposta pela guerra, como em África onde populações inteiras fogem aos conflitos ou na América do Sul com a fuga aos “cartéis da droga”. No fundo é a emigração que dá aquela vivência cosmopolita às principais cidades do mundo como Paris, Nova York e Londres e à nossa sociedade e acaba sempre por trazer coisas novas (boas ou más) como as lojas e restaurantes chinesas, os médicos espanhóis, e os trabalhadores de leste com a consequente alteração e globalização da sociedade original.
“A
Sangria da Pátria” é a história dos emigrantes portugueses que nos anos 60 abandonam os campos e partem para a Europa. A seguir à II Guerra Mundial a reconstrução Europeia faz-se com base em políticas de recrutamento activo de trabalhadores do Sul da Europa e as portas abrem-se à emigração. O atraso secular de Portugal, os entraves à modernização da agricultura, o início da guerra colonial e o endurecimento político do regime, empurram para fora do país os camponeses, sem perspectivas e cansados de uma vida de miséria. Em apenas 10 anos mais de um milhão e meio de pessoas sai de Portugal. Dessas, perto de um milhão vai para a França. A salto, clandestinamente, atravessam a Espanha e os Pirinéus e instalam-se aos milhares nos bairros de lata à volta da cintura de Paris, na chamada Ile de France. Texto e gráfico extraído de blogdehistoriaeflg.blogspot.com
Recém-chegados a Famalicão, com a ajuda do meu
Recordar o meu tio Toninho
tio Toninho (irmão da minha mãe), comecei tudo
Com o meu tio Toninho que além de tio era um grande amigo, quase um segundo pai e que muito me ensinou e ajudou, partilhava muitos interesses comuns como as artes a bricolage o gosto pelo cinema. Tínhamos por exemplo o hábito de ir ver um filme (ao hoje fechado cinema do Shopping Town), eu normalmente ia á sessão da noite e o meu tio á matinée de sábado e depois quando nos encontrávamos falar sobre o mesmo trocando opiniões sobre a história, os actores, etc. o mesmo se passava em relação ás exposições de pintura, á televisão, em suma á vida em geral. Era um autodidacta e pintor que teve um percurso de vida impressionante Era também um homem que estava sempre disponível para ajudar e por isso quando faleceu prematuramente, no Natal de 1993 (a época do ano que mais adorava), atropelado numa passadeira em Gavião, foi uma grande perda não só para a família (onde era um elemento de união) como para a comunidade em geral.
de novo: novos amigos, nova escola, etc. Mas desta vez já adolescente a adaptação foi mais fácil.
Em
Famalicão
tornei-me
mais
“urbano”,
por
oposição ao passado em Gondomar onde a ligação á terra era mais forte, ao ajudar os meus tios a cultivar os campos, nas vindimas e na ligação com o rio Douro; agora ia mais ao cinema ao velho Cineteatro Augusto Correia (que hoje já não existe) passava mais tempo na Vila e não tinha tarefas rurais depois das aulas e obviamente tinha que estudar mais pois já iniciara o secundário.
Em 1986 o meu pai regressa definitivamente de Angola, a minha mãe também tinha sofrido um pequeno AVC mas tinha recuperado totalmente. Ainda morávamos com o meu irmão mas agora no lugar do Picoto. Quando o meu pai se restabeleceu, eu e os meus pais alugamos uma pequena casinha no lugar da Castelhana bem próximo da casa do meu tio Toninho.
Ainda hoje é recordado com saudade, e a demonstra-lo foi realizada em Fevereiro de 2008 uma exposição em sua homenagem, pela associação MilhoD’Oiro, na junta de freguesia de Gavião, terra à qual deu muitos anos de vida e onde chegou inclusive a ser presidente dessa mesma junta, contribuindo também com a sua arte para o restauro de alguns painéis da igreja. Facto interessante é que essa exposição (75 obras de pintura e peças restauradas) foi apenas composta de peças cedidas pela família e amigos que tinham sido oferecidas ou compradas nas exposições que o meu tio fazia a favor da comunidade, o que revela bem o seu carácter solidário. Por isso no dia da inauguração da exposição a junta de freguesia rapidamente se encheu de pessoas que ouviram emocionadas os “discursos” de inauguração e apreciaram com interesse uma ínfima parte da arte que o meu tio desenvolveu ao longo da vida.
“O senhor Bento Moreira podia ser uma Associação” Foi inaugurada no passado sábado, dia 2, e estará patente ao público até ao próximo dia 23 de Fevereiro, no salão nobre da Junta de Freguesia de Gavião, uma exposição de arte intitulada “Recordar Bento Moreira”. Promovida pela Milho D’Oiro – Associação Cultural e Artística de Gavião esta exposição, para além de mostrar a obra de um artista multifacetado, acaba por ser também uma homenagem a um homem que se dedicou “com generosidade” à freguesia, à paróquia, à cultura, aos amigos, como ficou bem vincado nas várias intervenções. Apesar de ter desaparecido
prematuramente, António Bento Moreira, “conseguiu” reunir na inauguração desta exposição muitos gavienses, amigos, familiares, pessoas que privaram com ele, mas também jovens que, mesmo não o tendo conhecido, quiseram “descobri-lo” e associaram-se a esta iniciativa da Milho D’Oiro, transformando-a numa verdadeira homenagem a um homem que continua bem vivo na memória de todos, como ficou demonstrado.
De referir a presença do vereador da Cultura, Leonel Rocha, que começou por enaltecer mais esta “brilhante iniciativa da Milho D’Oiro, o que já não nos surpreende, porque esta associação já nos habituou a iniciativas de grande significado e a uma intensa actividade recreativa e cultural” - disse. De referir ainda a presença de Antero Martins, antigo presidente da Câmara Municipal, uma presença discreta, mas que não passou despercebida, particularmente aos dirigentes da associação, e que resulta da amizade que teve com o homenageado e que remontava ao início dos anos setenta do século passado, quando o convidou para trabalhar na Soprem, empresa de que era proprietário e gerente. “O nosso objectivo foi mostrar a obra que o senhor Bento Moreira deixou quase exclusivamente aos amigos. Ele fez muitas coisas, dedicou-se à paróquia, à freguesia, escreveu teatro, pintou, dedicou-se à cultura, ao desporto, o senhor Bento Moreira podia ser uma associação… Que saibamos só expôs duas vezes e com a finalidade de colaborar para as obras paroquiais, por isso achamos que era importante mostrar a sua obra”- disse Sérgio Marques, presidente da Milho D’Oiro depois de agradecer a presença de “tantos amigos” e à Junta de Freguesia “por disponibilizar este espaço para mostrarmos a obra deste artista gaviense”, recordando que, apesar de jovem, ainda se lembrava muito bem da dedicação com que o homenageado se entregava às muitas causas que abraçava, apontando-o como “um bom exemplo para todos nós”. Paulo Folhadela, presidente da Assembleia de Freguesia, em nome deste órgão autárquico e da Junta de Freguesia, enalteceu a iniciativa da Milho D’Oiro e sublinhou o trabalho do homenageado em prol da comunidade local, nomeadamente da paróquia e da freguesia onde, entre outros cargos autárquicos, desempenhou o como presidente da Junta. Intervieram ainda o amigo Abílio Azevedo e o neto Emanuel Moreira da Costa. Abílio Azevedo fez um “retrato fiel” do homenageado, afirmaram os muitos amigos presentes, sublinhando a forte personalidade de “um homem bom, respeitador e que, por isso, não admitia faltas de respeito, mas que sabia perdoar e ser útil aos outros” lembrando com voz embargada pela emoção o seu desaparecimento prematuro, “naquele triste dia 23 de Dezembro de 1993”. Emanuel Moreira da Costa, igualmente emocionado, agradeceu em nome da família à associação Milho D’Oiro e a todos os que se empenharam nesta
iniciativa. Agradeceu ainda a manifestação de carinho de que o avô estava a ser alvo e elegeu, de entre as muitas qualidades que lhe eram reconhecidas, a caridade como aquela que mais o distinguia. “O meu avô costumava dizer que caridade é amor, e que a solidariedade é um serviço, por isso ele gostava de praticar a caridade. O que está a acontecer aqui é a prova de que ele amava as pessoas” – disse, dirigindo-se ao elevado número de pessoas presentes. A sessão foi encerrada pelo vereador da Cultura. Leonel Rocha referiu que “apesar de não ter tido o privilégio de conhecer pessoalmente Bento Moreira, pelo que li, pelas informações que colhi, pelo que ouvi, pelo que se está aqui a passar, não tenho dúvidas que foi um homem muito dinâmico, um homem bom. Sei que as suas convicções tanto religiosas como políticas eram comuns às minhas, mas é sobretudo por se tratar de um bom exemplo para todos nós, que estou muito satisfeito por estar aqui, muito grato pelo convite,da,associação,MilhoD’Oiro”. Ainda antes da inauguração da exposição foi celebrada na Igreja Paroquial missa em sua memória, oferecida pela paróquia, onde, à homilia, o Padre Domingos Machado sublinhou a dedicação de António Bento Moreira à comunidade, nomeadamente como membro de vários organismos paroquiais,das,comissões,de,obras,etc. Como se refere no início, a exposição estará patente ao público até ao dia 23, durante o horário de funcionamento da Junta de Freguesia. Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008, Jornal Cidade Hoje
Exposição “Recordar Bento Moreira” terminou com balanço “altamente positivo” A exposição de arte que esteve patente na Junta de Freguesia de Gavião, intitulada “Recordar Bento Moreira” encerrou no passado dia 23 com balanço altamente positivo. Recorde-se que esta exposição, que acabou por se traduzir numa homenagem ao autor de uma interessante produção artística dispersa por familiares e amigos e que vai da pintura à escultura, passando pelo restauro de peças decorativas e de arte sacra, pela produção de textos para teatro, pela criação de cenários, etc. foi promovida pela associação Milho D’Oiro, que entendeu ser esta a melhor forma de reconhecimento ao autor da capa do primeiro trabalho discográfico do grupo musical “Milho D’Oiro”, editado em 1989. Interessante é também o balanço da iniciativa, sendo de realçar o elevado número de visitantes que se deslocou a Gavião para “revisitar” António Bento Moreira. Gente de Gavião, sua terra adoptiva, mas também antigos colegas de trabalho, muitos amigos sendo de assinalar a visita de muitas pessoas que se deslocaram de Santo Tirso, sua terra natal, e que recordaram com emoção o conterrâneo e amigo, que aos 18 anos se sagrou campeão nacional de atletismo, ao serviço do F. C. Tirsense. Acima fotografia da fantástica chegada à meta do atleta António Bento Moreira, que aos 18 anos se sagrava assim Campeão Nacional de Atletismo, nos 100 metros, ao serviço do clube da sua terra natal. Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008, Blog Milho D’oiro
Parkinson Plus
Moramos
em Gavião até ao final dos anos 80.
Foram bons anos os finais dos 80 e início dos 90, havia muito trabalho, a saúde era razoável e a vida decorria normalmente.
E
m 1998 foi diagnosticado à minha mãe “Parkinson
Plus”, que é mais grave que Parkinson visto que se assemelha muito à doença de Alzheimer. Estando os meus pais a viver comigo, foi com naturalidade que os apoiei nesta fase mais difícil das suas e minha vida. Neste tipo de doença vai-se perdendo capacidades conforme a doença piora: primeiro são as tarefas rotineiras, depois a locomoção, e depois a comunicação. No caso da minha mãe tentamos sempre estimula-la e mesmo
com
as
crescentes
dificuldades
de
se
movimentar, ao fim de semana saíamos ou íamos ao café especialmente para a tirar de casa e ver outras pessoas, apesar de a termos de apoiar para caminhar. Sempre foi acompanhada por um neurologista o Dr. Celso Pontes que nos ajudou bastante a compreender a evolução da doença. Inevitavelmente o estado de saúde foi-se agravando, em 2002 começou a recusar a alimentação e como consequência no início de 2003 teve que ser internada com um princípio de coma
diabético, esteve internada 10 dias.
Esta doença degenerativa destrói lentamente, ao longo de anos, os neurónios produtores de dopamina, uma substância importante para a transmissão dos impulsos eléctricos do cérebro e logo para a concretização da ordem que estes transportam, como por exemplo, mexer uma perna ou mesmo articular uma palavra. A dopamina permite o movimento suave e coordenado dos músculos do corpo, permitindo-nos andar ou manejar qualquer instrumento com perícia. Quando aproximadamente 80% destes produtores são danificados começam a aparecer os sintomas: tremor e agitação; movimentos lentos; rigidez; dificuldades de equilíbrio; rosto sem expressão; andar arrastado; dificuldades em falar e em escrever e perda lenta de capacidades motoras e funcionais, o que leva a um estado depressivo e alheamento em relação à família e sociedade em geral. A destruição acontece devido a vários factores, sendo uma delas a ocorrência de múltiplos microAVCs que além de destruírem os produtores de dopamina também destroem outros neurónios o que leva à formação de “ilhas de neurónios”saudáveis isoladas umas das outras, por tecido morto, originando falta de coordenação e incapacidade de concretizar as tarefas mais simples. No caso da minha mãe foi exactamente isso que aconteceu, porque era hipertensa (embora medicada) e diabética não-insulino-dependente e estes micro-AVCs praticamente não se notam porque acontecem durante a noite ou dão sintomas leves como uma indisposição ou um turvar momentâneo da visão. Nos anos anteriores a ficar acamada, os sintomas foram aparecendo e começou também a procura pela combinação equilibrada da medicação, o que foi difícil ao princípio devido ao uso de alguns calmantes que a deixavam completamente prostrada, dificultando ainda mais a sua já debilitada mobilidade. Chegou-se portanto à conclusão que a utilização de calmantes, ansiolíticos e antidepressivos teria que ser mínima porque também lhe provocavam incontinência, obstipação e dificuldades respiratórias. A alimentação também é um factor muito importante neste tipo de doenças porque pode ajudar a prevenir alguns dos efeitos secundários da medicação, por exemplo a obstipação, com a inclusão de mais alimentos ricos em fibras não digeríveis como os cereais, as ameixas e outros vegetais fibrosos. Outro problema a evitar nos doentes acamados é sem dúvida o aparecimento de úlceras de pressão (escaras) e para isso contribuem alguns factores como uma boa higiene corporal, com a pele sempre seca e hidratada, uma boa nutrição com a adição de suplementos e ingestão adequada de líquidos e a movimentação regular do acamado. Se as úlceras não aparecerem significa que o acompanhamento do acamado está a ser eficaz
Anexo 4 das tabelas mais usadas para determinar as probabilidades do aparecimento de úlceras e também as tabelas que fiz para alimentação, volume e medicação adaptadas à minha mãe.
Salvina Sineira Moreira Idade : 80 anos Patologia : “Parkinson Plus” (diabética, acamada, alimentação sonda nasogástrica, algaliada)
Alimentação por sonda NG : Composição
SOPA 1 alimento principal alternado diariamente:
IOGURTE
carne (vitela) ou frango ou peixe (pescada fresca);
Liquido magro de fruta alternado com natural açucarado Bifidus
4 alimentos constantes:
LEITE
alho (1 dente), batata (1/2), cebola (1/2), cenoura (1/2);
Meio gordo ou raramente meio gordo especial de fácil digestão
1 pitada sal e um pouco de azeite;
SUPLEMENTOS
1 vegetal alternado diariamente: brócolos ou couve de Bruxelas ou espinafres ou grelos de couve ou nabiça ou repolho, etc.
FRUTA
Quase sempre adicionado à sopa : 2 colheres medida “Protifar Plus” + 2 colheres de sopa de sumo Aloé Vera;
cozida, alternada diariamente:
quase sempre adicionado ao leite : 3 colheres sopa de aveia instantânea “Kolln”;
2 maçãs ou 2 peras ou 1maçã + 1pera ou 2 kiwis;
1 dia por semana substitui-se o iogurte por 200 ml de “Cubitan”;
Ocasionalmente ½ papaia pequena madura sem cozer;
Ocasionalmente adiciona-se à água algumas gotas de sumo de limão
tb. ocasionalmente acrescenta-se 1 ou duas ameixas secas à fruta principal
V.N. Famalicão 23/05/2004
Quando regressou a casa, as nossas vidas sofreram uma grande “revolução”, nada ficou como dantes, passou
a
ficar
acamada,
vinha
entubada
para
alimentação e algaliada, vomitava tudo e além disso estava muito magra e com úlceras de pressão de estar no hospital.
Medicamentos
Posso
Zestoretic
1
Sinemet SR
1
dizer que 2003 foi dos piores anos da
minha vida, mas analisando friamente também foi dos anos em que mais aprendi e cresci como ser humano. É claro que eu e o meu pai passamos pelas fase da negação, do “porquê nós?” e sofremos muito,
p.almoço
minha mãe a melhor qualidade de vida possível com os nossos recursos.
Q
uando se é responsável por uma pessoa acamada e
se quer obter resultados tem que se estar de corpo e alma, não se pode pensar em férias em sair no fim-desemana ou em dormir até mais tarde, o relógio é nosso
ter a pessoa limpa e virá-la na cama (se não se virar sozinha,
o
que
era
o
caso)
de
3
em
3
horas
aproximadamente para não aparecerem as horríveis úlceras de pressão.
jantar
2 ml.
2 ml.
2 ml.
Trivastal
1
1
1
Aspirina 100 Medipax 10
1
Triticum 100 ocasionalmente Centrum /
alternados
Meritene Dragavit 30/
1/2 1/3
1/3
1/3
cart.
cart.
cart.
alternados
1
Selenium ace Cecrisina
deitar
1
inimigo e temos que lutar até ao segundo, porque é preciso dar as refeições a intervalos regulares é preciso
lanche
Somazina
mas passado o embate inicial decidimos encarar a situação como um desafio a vencer e proporcionar á
almoço
1
Salvina Sineira Moreira Idade : 80 anos Patologia : “Parkinson Plus” (diabética, acamada, alimentação sonda nasogástrica, algaliada)
Alimentação por sonda NG : Horário / Volume (ml) 06:30 > 270 (leite) + 100 (água) = 370 ml 08:30 > 100 ml (água) 0:00 > 240 (iogurte) + 100 (água) = 340 ml 13:00 > 270 (sopa) + 190 (fruta) + 100 (água) = 560 ml 15:00 > 190 ml (infusão cidreira) 16:00 > 100 ml (água) 17:00 > 270 (leite) + 100 (água) = 370 ml 18:00 > 100 ml (água) 19:30 > 270 (sopa) + 190 (fruta) + 100 (água) = 560 ml 22:30 > 190 ml (infusão camomila) 24:00 > 270 (leite) + 100 (água) = 370 ml
TOTAL DIÁRIO : 3250 ml
V.N. Famalicão 23/05/2004
O que eu mais temia era o aparecimento de úlceras de pressão e não ser capaz de mudar fraldas, mas uma coisa está relacionada com a outra (uma boa higiene corporal é um factor preponderante para evitar as úlceras) e rapidamente me adaptei porque adoptamos a regra que sempre que necessário mudávamos a fralda especialmente antes de nos deitarmos, para passar uma noite limpa.
É
claro que não estivemos sós nesta luta. Tivemos 2 visitas diárias
(excepto fim-de-semana) de apoio domiciliário da AML, D. Judite e colegas, fisioterapia com Enf. Pedro e cuidados de enfermagem do Centro de Saúde com Enf. Cátia e colegas, além da família e vizinhos. Eu e o meu pai acabamos por formar também uma equipa forte e unida.
e aspirar diariamente as vias respiratórias), etc. Um doente acamado está sempre por um fio, por mais cuidados e carinho que tenha.
Muita da qualidade de vida que conseguimos dar á minha mãe (além da ajuda fundamental do meu pai) também foi possível devido ao que aprendi ao pesquisar na internet: os medicamentos, os cuidados básicos, os tipos de sondas de alimentação, algálias, estatísticas, informação muito importante sobre úlceras de pressão (existem vários tipos de
tabelas para determinar as probabilidades de se vir a desenvolver úlceras) e todo o tipo de dúvidas que tinha.
Sabíamos de antemão que tudo teria um final triste, mas aprendemos a viver um dia de cada vez e a dar graças por mais um dia de vida.
Ainda em Agosto de 2003 o meu pai teve um AVC e esteve uma Esse dia chegou a 3 de Agosto de 2007 uma sexta-feira, a minha mãe semana no hospital, foi um início de férias complicado, mas resistimos e
até ao final do ano e em 2004 já começamos a conseguir estabilizar mais as nossas vidas.
Daí
em diante começamos a controlar melhor as coisas e a vida
tornou-se mais rotineira, apesar de haver sempre algo para resolver, ou uma infecção urinária, ou uma ferida na perna (tinha a pele das pernas muito frágil) ou acumulação de secreções pulmonares (apesar de nebulizar
tinha ocasionalmente paragens respiratórias e foi na sequência duma que veio a falecer, apesar de a termos levado para o hospital. Tinha já 83 anos e já se encontrava acamada há 4 anos e 7 meses o que significa que já tinha tido uma vida longa, feliz mas com um final de vida muito doloroso.
Tabelas para determinar as probabilidades de se vir a desenvolver Ăşlceras
PlanoEscolar e Formação Extracurricular
hoje respeito não só as coisas materiais
das
outras
pessoas
como as suas ideias, valores e maneira
Frequentei a escola primária em Luanda em vários colégios de que me recordo do “Alexandre Herculano” e do “Moderno” sempre com bom aproveitamento, de tal modo que já no final da 4ª classe se pôs a hipótese de entrar para a Escola de Belas Artes de Luanda devido á “queda” para o desenho (que herdei do meu avô materno António Moreira Júnior, mestre debuxador na fiação do Arco em St. Tirso e do meu tio Toninho de que já falei atrás) mas devido á “Revolução dos Cravos” essa hipótese ficou “encravada”.
Uma
das primeiras lições que me lembro, embora relacionada com a
escola, foi o meu pai que ma deu: um belo dia, já na 2ªclasse, se não me engano, encontrei uma caixa de lápis nova na minha carteira, acto
de
ser,
mesmo
que
diferentes das minhas.
Não tenho muitas fotografias escolares,
mas
na
que
me
tiraram no fim da 1ª classe há um pormenor curioso que só reparei
muitos
anos
mais
tarde, é que eu sou canhoto desde que me conheço e nessa fotografia estou a escrever com a mão direita ou seja foi mais um acto regulador do regime porque não podia haver fugas á norma estabelecida.
contínuo trago-a para casa todo contente como se tivesse ganho a lotaria, mas ao mostrá-la ao meu pai comecei a ver que não era bem assim. Depois dum belo sermão, mais que correcto, sobre o respeito que devemos às outras pessoas e suas coisas fui persuadido a entregar e a pedir desculpa á professora pelo acto cometido, é claro que fiquei muito envergonhado e contente também depois de se ter encontrado o dono da dita caixa (cujo pai se tinha zangado por ele ter perdido os lápis) e aprendi bem a lição,
Em 1976 já definitivamente a viver em Portugal tive que repetir a 4ªclasse, em Atães, porque não me quiseram dar a equivalência, acabei por faze-la “com uma perna às costas” porque em Angola o ensino era mais exigente e assim sempre que havia uma questão mais difícil para resolver lá era chamado ao quadro o que foi uma constante ao longo desse ano.
O ciclo preparatório já o fiz em Gondomar a 3km da casa dos meus tios onde morava então, por vezes não havia autocarro e lá se ia ou vinha a pé, mas também não havia o problema que há hoje com a segurança dos mais novos. Foram 2 anos lectivos que me correram muito bem, tinha boas notas e era já bastante responsável por isso tinha mais liberdade o que
significava
que
podia
sempre
dar
uma
escapadinha até ao rio Douro, que era o meu lugar preferido para passar o tempo.
Nesses
2 anos lectivos fui sempre chefe de turma,
devido
á
minha
facilidade
para
falar
com
os
professores, porque sempre me senti mais á vontade com pessoas mais velhas do que eu, devido talvez ao facto de ter sido criado mais entre adultos.
No
final de 1979 vim morar para casa do meu
irmão, em Famalicão, recordo-me que quem me trouxe foi o meu tio Toninho e comecei a estudar na Escola Secundária D. Sancho I, no 7º ano, continuei a tirar boas notas e gostava especialmente de ciências da natureza e geografia, lembro-me de a Dra. Helena Romão ter sido minha professora de ciências e de fazermos visitas de estudo ao parque em frente à escola para estudar e recolher líquenes entre outras coisas.
Compreensão e tradução de língua Inglesa Para evidenciar a compreensão e produção de texto em língua Inglesa anexo algumas páginas do meu blogue de fotografia “ Daily Photos from Famalicão” (Fotografias Diárias de Famalicão), neste blogue coloco sempre uma fotografia diária de Famalicão tirada por mim e como está alojado num sitio Americano anexo sempre uma pequena descrição sobre a fotografia do dia em Inglês e acrescento a rua a data e a hora em que foi tirada, inicio o texto com o número da fotografia. Na fotografia ao lado apresento um edifício em ruínas que já foi um colégio privado e sede do partido comunista. Diz o texto em Inglês: “College & Party headquarters Now closed and in ruins, it was once a private school (Camilo Castelo Branco) and later, after the revolution, the local headquarters of the communist party…” Que traduzo como: “Colégio & Sede de partido Agora fechado e em ruínas, já foi um colégio privado (Camilo Castelo Branco) e mais tarde, após a revolução, sede local do partido comunista…”
Na mesma altura que tirava a fotografia anterior apareceu um cão a ladrar e com a fotografia deste, que coloquei no dia seguinte, o texto em Inglês era: “Keep Out !!! When I pointed my camera to take yesterday’s photo of the former Camilo School and PCP headquarters, this dog appeared from nowhere and started barking at me like it was saying “Keep out! This is my house!” but never tried to attack me, and after a while was gone away to the backyard… Someone should put a sign: Watch out the dog!!!” Que em Português traduzo como: “Mantêm-te fora!!! (literalmente) ou não entrar!!! Quando apontei a minha câmara para tirar a fotografia de ontem do antigo Colégio Camilo e sede do PCP, este cão apareceu do nada e começou a ladrar como a querer dizer: “Não entres! Esta é a minha casa! ” Mas nunca tentou atacar-me e pouco depois foi-se embora para as traseiras… Alguém devia colocar Cuidado com o cão!!! “
uma
tabuleta:
Também fiz uma série de fotografias com o tema “Ontem e Hoje”, onde tento captar hoje o mesmo local apresentado num postal do início do século XX. Na primeira mensagem da série escrevo em Inglês: “Yesterday & Today A new series starting with an old postcard from Famalicão city and the same place today. Try to find what remained from the old view!!!” Que traduzo como: “Ontem & Hoje O começo de uma nova série com um postal antigo da cidade de Famalicão e o mesmo local hoje. Tentem descobrir o que restou da Vista antiga!!!”
Na terceira imagem da série o texto em Inglês era: “Yesterday & Today 3 Quite different these two photos, but part of the old building is still there today, the front of Vinova Shopping (the brown façade and the balcony close to the street) try to find that!!!” Que traduzo para Português como: “Ontem e Hoje 3 Bastante diferentes estas duas fotografias, mas parte do antigo edifício ainda se mantém hoje, a frente do Centro comercial Vinova (a fachada castanha e a varanda junto à rua) tentem encontra-la!!! Muitos mais exemplos podem ser vistos em http://famalicao2008.aminus3.com/ sempre com um pequeno texto em Inglês, por vezes com alguns erros, mas uma imagem vale por mil palavras. No meu outro blogue de desenhos (Drawblog) o texto em Português é seguido da tradução em Inglês e pode ser visto em: http://www.canhotosdocj24.blogspot.com/. Um blogue assemelha-se um pouco à aprendizagem duma língua, porque é um processo de contínuo melhoramento e renovação e com estes dois blogues além de divulgar os meus interesses estou sempre a melhorar os meus conhecimentos.
Em
termos de língua estrangeira comecei também a
estudar o
Inglês
porque durante o ciclo preparatório
estudado Francês, o que foi bom visto que assim aprendi o básico de ambas as línguas, o Francês como língua latina seja mais acessível, hoje como a maioria das pessoas, sintome mais á vontade para escrever e falar Inglês e é claro que a nossa predilecção pelos Anglo-saxónicos também ajudou, basta pensarmos nos filmes que são geralmente legendados e não dobrados, por exemplo, a minha mãe que só tinha a 3ª classe conseguia facilmente distinguir se um filme era em Inglês ou Francês apesar de não perceber o que diziam sem recorrer á leitura das legendas.
Depois do 7º ano, mais difícil, o 8º e o 9º correram bem, sempre com boas notas e até consegui ficar dispensado do exame final do 9º ano (de salientar que da minha turma só 3 alunos conseguiram tal
“feito”
incluindo eu). Mas, há sempre um mas nestas coisas, eu também tinha chamava e
um
“calcanhar
de
Aquiles”, que
se
chama matemática, nesta disciplina fui
sempre tendo uma evolução negativa até que ao chegar ao 11º ano reprovei pela 1ª vez na vida e claro a matemática (porque os programas eram cada vez mais exigentes com mais equações mais algoritmos, etc.) e tive que a repetir mas desta vez com sucesso apesar de não muito confiante. Devo referir que estava na área de mecanotecnia da via de ensino pelo que a matemática era uma disciplina incontornável.
Inglês e o “The English Speaker” Hi there! My name is Carlos Ribeiro, I am a 41 years old man and I live in Famalicão. At this time I am unemployed, but I used to be an embroidery designer. In this audio record I will explain how I learned English and I hope that it will help the process of my RVCC certification. My first contact with a foreign language was with French at the Júlio Dinis Middle School in Gondomar. When I came to Famalicão, I began studying English in the D. Sancho the first Secondary School, where I learned the basics. I also had a “Linguaphone” course in cassettes to improve it. After that my father encouraged me to subscribe an English magazine, because reading is very helpful and I chose “Time Magazine”. At first I read it with a dictionary by my side to help with the difficult words. But after a while I began to leave it and got more confident with the reading. To me American English is easier to understand than British English, maybe because in Portugal we see a lot of American movies. And they come with subtitles, what let us hear the original dialogues and with time we get used to it and help us to pronounce the words and phrases more correctly. In my work I contacted more often with French and Spanish customers, only with the few Germans and Nordic customers I spoke English and also when we had problems with our software (that was American) I used to write them faxes to expose our questions. So, all the knowledge in English that I have today came essentially from reading a lot, books and magazines like “Time” and “National Geographic” that I subscribed and watching American and English movies and series. More recently the Internet is a great helper, because if you need to search something, with English you got a lot of more answers. I also enjoy download and read EBooks and the first that I read was “The DaVinci Code”. So, I hope this audio record had proven my skill to speak and understand English and thank you to listen to it. See you soon! Bye!
Quadro actualizado
E
é por isso que hoje estão a ler estas palavras, com 3
disciplinas para fazer no 12º ano: física, geometria descritiva e matemática, já estão a ver qual a que falhei. As duas primeiras fi-las logo á primeira mas a matemática “emperrou” e não foi por falta de tentativas: mais uma de dia e mais uma á noite. Posso sempre me desculpar com o programa do 12º ano que em relação ao do 11º era muito mais complexo e exigente (posso mesmo dizer que não tinha nada em comum) e também com o facto de já ter necessidade de me tornar independente economicamente dos meus pais, visto que já chegara às 2 décadas de vida.
Em relação á formação extracurricular, fiz nos finais dos anos 80 um pequeno
curso de linguagem BASIC com nota final
de
70%,
que
foi
uma
primeira
abordagem á informática, depois disso fui aprendendo sobretudo nos vários empregos e duma forma autodidacta por tentativa e erro
e
sobretudo
lendo
muito
sobre
desenho
duma
variados temas.
Com
a
evolução
do
técnica essencialmente manual para uma baseada
na
informática
comecei
nestes
últimos anos a procurar formação em CAD ou seja desenho assistido por computador, e frequentei no final de 2007 e com sucesso um
curso no CESAE de Vila do
Conde com duração de 400 horas, onde obtive classificação final de 86 numa escala de 0 a 100.
Plano Profissional eComunitário Durante
as férias escolares de 1985 comecei a
trabalhar em Sam, Ribeirão na empresa E. Ribeiro, Lda. que pertencia ao pai de um meu colega. Empresa essa
que
fabricava
pás,
baldes,
garfos
e
outros
acessórios para escavadoras e máquinas do género por exemplo para a Caterpillar. Estive aí a trabalhar desde Julho a Outubro, como desenhador tirocinante ou seja, aprendiz. A empresa estava a reorganizar o seu arquivo gráfico e alguns dos desenhos tinham que ser redesenhados outros de ser renovados, porque ao contrário da actual era digital tudo passava pelo papel e pelos lápis (a informatização dum gabinete de desenho já era possível mas muito cara para as pequenas e médias empresas) e como o papel é um suporte
frágil
numa
empresa
de
metalomecânica
acaba sempre por se deteriorar. Além disso apareciam sempre novos modelos de pás para fazer e cada peça duma
pá
ou
balde
tinha
que
ser
desenhada
individualmente e na escala mais aproximada ao tamanho natural. Em desenho técnico tudo tem regras, o que torna o trabalho bastante meticuloso e demorado.
A evolução da informática na indústria dos bordados Ao longo dos mais de 15 anos que estive ligado à indústria dos bordados, primeiro como bordador e depois como desenhador pude assistir a uma grande evolução neste sector têxtil. No princípio na produção do filme para bordado (o ficheiro com instruções para a máquina de bordar) tudo era mais “físico” no sentido de que o resultado final do nosso trabalho era visível numa fita de telex de 8 canais ou numa disquete de baixa densidade, enquanto actualmente é mais virtual devido ao facto que o ficheiro produzido se necessário nunca “sai” do computador, sendo enviado ao cliente simplesmente anexado a uma mensagem de correio electrónico e depois no cliente ser enviado directamente para a máquina de bordar através de uma ligação USB, por exemplo. No final dos anos 80 a indústria dos bordados existente em Portugal há alguns anos era essencialmente de bordados em cortinados e têxteis lar de grandes dimensões, que eram produzidos em enormes máquinas semelhantes a teares. Mas foi por essa altura que começou a aparecer outro tipo de bordado, o bordado à peça ou seja que permitia personalizar qualquer tipo de peça têxtil, desde camisas a gravatas passando pelos simples panos de cozinha ou atoalhados. Eram também já produzidos em máquinas mais pequenas (de origem japonesa ou alemã) que se podiam instalar em pequenos pavilhões ou até mesmo numa garagem (como muitas o foram durante o “boom” dos bordados). Essas máquinas tinham normalmente 12 cabeças de bordar e cada cabeça, semelhante a uma máquina de costura normal, tinha 6 agulhas o que permitia fazer bordados com 6 cores sem ser necessário parar a produção para mudar as linhas. Tinham também, em média, uma área útil de bordado de 20X30cm, ou seja cada cabeça podia produzir uma peça bordada com essas dimensões. Com o tempo as máquinas evoluíram bastante tanto em termos de área de bordado como no número de cores, sendo hoje possível encontrar máquinas com campos de cerca de 60X30cm e com 9 agulhas ou até 16 cores que são trocadas automaticamente através dum sistema pneumático! Outra coisa que se banalizou nas máquinas de bordar foi o corte de linha automático, que permite que a peça saia da máquina já limpa de linhas que de outro modo teriam de ser aparadas fora desta. Embora nem todos os bordadores utilizem esta funcionalidade, visto que se perde algum tempo na produção, por outro lado permite poupar na mão-de-obra e por isso a sua utilização depende de cada tipo de bordado e do número de colaboradores disponíveis.
Mรกquina bordar amostras
Mรกquina Tajima 12 cabeรงas
1ยบ Computador Melco da Lusopicagem
Quadro com bordado
Mesmo assim foram 3 meses bem passados a aprender e fazer o que mais gosto, além disso a zona industrial de Ribeirão ainda não era muito desenvolvida e a fábrica ficava no meio dum pinhal e era constituída por um pavilhão e pelo escritório que estava instalado numa casa pré-fabricada em madeira da Soprem onde era bastante agradável trabalhar.
No
final de Outubro voltei a debater-me com a
Matemática 12º ano, mas sem bons resultados, pelo que comecei a procurar emprego e em Abril de 1987 surgiu então a possibilidade de ir para a Moara, que estava nessa altura a iniciar o seu departamento de bordados. A minha função era trabalhar com uma máquina de bordar de 12 cabeças de marca Tajima e ser responsável para que a produção fosse o mais eficiente possível sem perdas de tempo ou peças estragadas. Antes de começar fiz um pequeno estágio de um mês na empresa de bordados Reis & Sá situada nesse tempo ainda em Mões.
Em relação à produção do filme ou ficheiro a evolução também foi enorme. Inicialmente os picadores (pessoa que digitaliza o filme a partir de um desenho) trabalhavam com máquinas que faziam apenas ponto por ponto, isto é, os desenhos, em papel vegetal, e que são cópias do original ampliado 4 a 6 vezes mais, traziam desenhados todos os pontos que o bordado final iria ter, cada ponto era representado por uma linha que o picador tinha que picar em cada extremo, fazendo assim um ponto, portanto o desenhador tinha que desenhar todos os pontos dum bordado e depois o picador tinha que os digitalizar um a um, o que resultava num processo moroso e cansativo, por isso quando se conseguia fazer um filme por dia já era uma satisfação. Além disso conforme o picador ia digitalizando as coordenadas x e y de cada ponto (é como jogar à batalha naval!) com o pantógrafo num grande estirador, a máquina ia perfurando um cartão largo (semelhante ao utilizado nos “teares bordadores”), se houvesse um erro todo o processo teria de ser repetido e por vezes o cartão ia todo para o lixo, por vezes podia-se emendar o erro corrigido ao restante filme que não continha erros, é que ainda não existia a função “desfazer” ou “undo”, além de não existirem monitores nem impressoras adaptadas a esta área, portanto era um processo praticamente às cegas. No final testava-se o cartão na máquina de bordar, estando bem, começava a produção depois de entregue ao cliente, tendo erros, voltava para o estirador do desenhador e do picador e começava tudo de novo… Felizmente este processo evoluiu rapidamente, e quando comecei a trabalhar no Oliveira & Matos em Guimarães (a primeira empresa de filmes para bordados em Portugal) este método de picagem estava já em desuso e embora ainda sem o auxílio dos monitores já se começava a trabalhar com o MKU um computador da Melco americana (do tamanho de um leitor de vídeo) que tinha um pequeno mostrador onde o picador podia ver o número de pontos e outras informações. A picagem já não era ponto por ponto mas sim por sequências, ou seja o desenhador já só desenhava os limites do bordado (para desenhar um i fazia um rectângulo e um circulo em cima) e o picador só tinha que digitalizar os limites desse desenho (no caso do i dava cerca de 4 coordenadas para o rectângulo e 6 para o circulo). O cartão grosso também já tinha sido substituído pela fita de telex de 8 canais, apesar de esta continuar a sair simultaneamente à picagem e um desenho ser feito também em simultâneo num “plotter” (equivalente á impressora mas que desenha com lápis que simulam os movimentos da máquina de bordar) assim quando havia um erro era mais fácil localiza-lo e proceder à emenda da fita no sítio certo. Quando em 1991 comecei a trabalhar na Lusopicagem a informática nesta área tinha evoluído ainda mais. Continuamos a trabalhar com a marca Melco, mas era tudo muito caro porque era tudo importado dos Estados Unidos e tínhamos que pagar com o nosso “pobrezinho” Escudo.
Estiradores de digitalização
Pormenor estirador
A
Moara
ainda
não
se
situava
onde
hoje
a
conhecemos, estava ainda dividida em 3 pequenas unidades: uma confecção na Castelhana, Gavião outra no Outeiro, Calendário e a embalagem e bordados também no Outeiro (no rés-do-chão duma habitação).
Bordar bem depende de alguns factores importantes: tipo de tecido, tensão das linhas, colocação ou não em bastidor, tipo de agulha, velocidade da máquina, etc. Se houver grandes produções acaba por se tornar uma tarefa repetitiva, mas se tal não for o caso e houver sempre desenhos diferentes até se torna interessante porque para cada filme é preciso adaptar a máquina consoante o nº de cores, o bastidor a usar ou não (se o tecido for tipo veludo ou muito delicado não se pode usar pelo facto deste ficar marcado ou danificar o tecido). Para se avaliar a dificuldade de produção dum bordado tem-se em conta o nº de pontos que este tem, o nº de cores e se tem ou não aplicações de tecido (áreas cobertas com tecido e debruadas a bordado).
Por exemplo se um bordado tiver poucos pontos, são necessárias
2
pessoas
para
bordar,
porque
normalmente enquanto a máquina borda 12 peças vaise “carregando” mais 12 bastidores para a próxima “rodada” se a máquina acaba antes desta tarefa estar
finalizada perde-se tempo de produção, o que é negativo como em qualquer indústria.
O nosso equipamento incluía agora um computador de secretária (“desktop”) completo com monitor a cores, um “plotter” de 8 cores uma máquina perfuradora e leitora de fita de telex além de um estirador com duas barras x e Y para digitalizar os desenhos. O programa Melco ainda “corria” sobre o DOS, ainda não tinha função “desfazer” ou “undo” mas a fita já só era perfurada quando o filme já estava pronto e corrigido o que permitia poupar muita fita e aumentar a eficiência de produção. Uns anos depois adquiriu-se um segundo sistema só para tirar fita e plotters, ficando o original apenas para picagem dos filmes, adquiriu-se também uma máquina de bordar amostras com uma cabeça e 6 cores o que permitia entregar ao cliente não só o plotter (ficha técnica) e a fita mas também uma amostra bordada que atestava a qualidade do filme. Em relação ao desenho, a melhoria do programa também permitiu poupar algumas tarefas, com por exemplo, se existiam letras ou formas repetidas no desenho, bastava desenha-las uma vez que as restantes eram repetidas na picagem. No final dos anos 90 o suporte fita de telex começou a ser substituído pelas disquetes de baixa densidade de 720 K, que ainda hoje se mantém, apesar de já ser possível ligar o computador directamente à máquina de bordar através de um cabo USB ou Serial. Uma grande invenção o USB (universal serial bus) que veio eliminar as ligações complexas dos vários periféricos ao computador (era preciso um manual só para as ligações) e os cabos paralelos (quase sempre só para impressoras e afins) e serie (os outros periféricos) permitindo hoje em dia com apenas um tipo de cabo ligar uma parafernália de equipamentos ao computador e ainda fornecer energia a alguns deles como os MP3, com a facilidade do “plug and play” (ligar e jogar). O seguinte patamar da evolução da informática para abertura de filmes de bordados foi a passagem à plataforma Windows, agora sim com a possibilidade de utilizarmos a função “desfazer” ou “undo” que nos permite desfazer apenas aquela função que erradamente introduzimos sem anular uma sequência completa e correcta que teríamos de digitalizar de novo. É claro que tanta evolução veio afectar as diversas funções ligadas ao bordado, sendo uma delas a de desenhador que praticamente foi dispensado ( a não ser para a criação do bordado, apesar de se utilizar muito a cópia e pouco a originalidade) , visto que actualmente já não se amplia o desenho com um retroprojector utilizando-se antes um scanner para digitalizar o bordado ou imagem para o programa de picagem e no monitor trabalha-se o filme. Nos programas tipo “Autodigitizer” (digitalizador automático) até o picador está em “perigo” de ser dispensado: digitaliza-se a imagem desejada com um “scanner”, carrega-se numa tecla e tem-se um filme para bordar, dá-se uns pequenos ajustes e já está! Até já se fala em máquinas de bordar com “scanner” incorporado…
No caso de ter bastantes pontos, uma pessoa pode perfeitamente trabalhar sozinha, se por outro lado for preciso colocar aplicações de tecido é conveniente ter 2 pessoas por máquina, visto que as aplicações são colocadas com a máquina parada e no decurso do bordado originando perda de produção.
Trabalhei
no Oliveira & Matos de Maio de 1988 a Abril de 1991, inicialmente em
Guimarães para aprender e ganhar prática nesta nova profissão e depois em Famalicão, onde conjuntamente com o Sr. Lameiras (irmão do dono), iniciamos a 1ª filial da empresa. Devo realçar que a Oliveira & Matos foi das pioneiras, senão a 1ª a introduzir o bordado industrial em Portugal.
bordado industrial desenvolveu-se acompanhando a evolução da informática e essa Estive na Moara até Abril de 1988, devido a que O evolução foi bem necessária, especialmente no início dos anos 90 em plena época de ouro do ainda nesse ano iam inaugurar as actuais instalações
e como eu fazia o turno da noite e não tinha transporte tornava-se complicado, além de que o
bordado onde mesmo a trabalhar 24 sobre 24 horas não se dava saída a tudo o que entrava de trabalhos novos.
meu objectivo era ser desenhador.
Mas o bordado não era possível sem a existência de um desenhador. Depois de o cliente
A
entregar a peça ou o desenho para o bordado e especificar o que queria, competia ao
inda concorri para a Air Atlantis a companhia
charter da TAP, hoje já extinta. Mas acabei por nem sequer ir á entrevista porque entretanto o meu tio Toninho deu-me um pequeno recorte de jornal onde se pedia um desenhador de bordados para Guimarães e incentivou-me a responder, apesar de não ser o tipo de desenho que tinha em mente lá respondi ao anúncio e fui á entrevista e acabei por ser aceite devido á
desenhador começar a trabalhar: 1º com a ajuda de um projector ampliava o desenho 4 ou 6 vezes (quanto mais se amplia um desenho mais qualidade se obtém no bordado final), trabalhava-se sobre papel vegetal para permitir copiar pormenores ou fazer simetrias. De seguida aperfeiçoava esse esboço com caneta de tinta-da-china e coloria com as cores finais do desenho e tinha que compensar no desenho o aperto da linha ao bordar, assim para obter a medida final exacta devia desenhar tudo ligeiramente maior. De seguida o picador tinha então de digitalizar o desenho para a fita; se simplificarmos as coisas é como jogar á batalha naval: a
experiência dum ano como bordador que se revelou
cada ponto corresponde uma coordenada x e y, juntando vários pontos obtém-se um desenho,
fundamental. Como eu conhecia a prática, os termos
para a máquina de bordar cada coordenada corresponde a um lugar que a agulha deve
técnicos e sabia desenhar foi mais fácil me integrar na
perfurar seguindo uma determinada sequência. Parece complicado mas não é.
equipa e começar a trabalhar. Realmente foi uma evolução natural passar de bordador para desenhador de bordados.
(PÁGINA ACTUALIZADA)
Outra função do desenhador era criar desenhos ou colecções a pedido do cliente ou desenvolver o logótipo
para
desenhador
uma
não
é
empresa, de
por
maneira
exemplo. nenhuma
Ser uma
profissão monótona porque nunca se desenha a mesma coisa duas vezes.
Na
depois na Lusopicagem que ajudei a criar existia uma polivalência nas funções, o que não acontece grandes
empresas,
onde
o
desenhador
raramente fala com o cliente sendo mais um elo da cadeia. Neste caso éramos só 3 pessoas: o Sr. Lameiras, a Cristina e eu. O Sr. Lameiras era gerente e picador, a Cristina era administrativa além de por vezes entregar os filmes e eu desenhava e tratava das fitas e todos éramos relações públicas dispensando um tratamento VIP a cada cliente.
A
norma básica e a mais importante para o
atendimento ao cliente era a sua completa satisfação em termos de bordado final, para isso normalmente tanto
o
desenhador
como
o
picador
estavam
presentes na recepção dos desenhos para bordados desse
modo
cada
às empresas de maiores dimensões isso era um trunfo e diminuía os erros e reclamações depois de entregue o filme de bordado ao cliente, estabelecia-se também laços de trabalho e de amizade mais fortes com a maioria dos clientes. Ainda nesse 1º contacto cada desenho recebia uma “ficha de encomenda” onde ficavam registados o nome e dados do cliente, a data, a máquina que ia bordar esse filme (Tajima, ZSK, Barudan, etc.), o número de cores ou linhas que o bordado ia usar (em regra até 6 cores), uma descrição ou outros pormenores
filial do Oliveira & Matos em Famalicão e
nas
digitalização e não haviam perdas de comunicação entre a recepção e a produção, em relação
detalhe
podia
ser
melhor
trabalhado tanto em relação ao desenho como à
(PÁGINA ACTUALIZADA)
importantes e a data em que devia ser entregue ao cliente. No caso de o cliente ter apenas ideia do bordado que queria, procedia-se do mesmo modo mas antes da abertura do filme era enviado ao cliente um desenho para este aprovar para posterior abertura do filme de bordado.
Em 1991 o Oliveira & Matos fechou a filial em Famalicão e com a mesma equipa surgiu a Lusopicagem. Entretanto a técnica evoluía, já tínhamos monitores para ver a evolução do trabalho e só depois de digitalizado e corrigido no monitor é que se tirava a fita do bordado. Nos anos 90 o “boom” do bordado começou a diminuir, surgiram novas empresas e a concorrência aumentava ao mesmo tempo que as encomendas diminuíam, o que foi duplamente negativo. A Lusopicagem apesar de pequena continuava na luta, comprou-se uma loja nova no Outeiro, Calendário (muito próximo de onde eu tinha trabalhado na Moara) com mais espaço e lugares para estacionar, porque o filme de bordado ainda era uma coisa muito física que tinha de ser entregue ou enviado ao cliente, por correio, por despachante ou mesmo comboio, ao contrário de hoje, que não passa dum ficheiro que se envia facilmente por correio electrónico.
E assim com o mercado de bordados cada vez mais reduzido acabei por sair da Lusopicagem em Fevereiro de 2007 e aqui me encontro a completar este portefólio.
Em termos comunitários costumo contribuir duma
Coisas simples que faço pelo bom ambiente no planeta Terra
forma mais individual para a sociedade, e não tanto
1 Antes de comprar qualquer coisa que necessite, penso sempre nos 3 Rs, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
em termos clássicos, como ser escuteiro, bombeiro, polícia ou militar. No último caso fiquei apto para o serviço mas acabei por passar á reserva, ainda fui chamado para prestar provas nos comandos, mas não tinha o porte físico necessário, mas tinha já o 11ºano do secundário quando fui á inspecção o que influiu nessa chamada.
Mas sou tão “verde” como um escuteiro: já reciclo pilhas á muitos anos, lembro-me de as levar para St. Tirso que era a cidade mais próxima onde existia uns caixotes semelhantes ao do lixo normal mas para pilhas (e nessa época as pilhas tinham muitos mais metais pesados)
Também no início dos anos 90 mudei o contador eléctrico
para
bi-hórario
e
as
lâmpadas
incandescentes para fluorescentes e como ainda não havia contentor azul colocava os jornais velhos amarrados em pilhas separados do resto do lixo. Costumo dizer que prefiro ser um ecologista passivo do que um activista do “Greenpeace”.
(PÁGINA ACTUALIZADA)
Para reduzir tento comprar produtos com menos quantidade de embalagem, por exemplo, um frasco de perfume não necessita de embalagem de cartão. Podemos sempre reutilizar certas embalagens como as garrafas de vidros ou os vasos de plástico, no caso das garrafas devemos sempre rotular o que lá colocamos e se for perigoso, guardá-las fora do alcance das crianças. Quando determinada embalagem ou material já não tem mais utilidade devemos então reciclala. Na nossa sociedade urbana, hoje, facilmente encontramos um ecoponto ao nosso dispor. Devemos também aproveitar ao máximo cada pedaço de papel porque assim evitamos o abate de árvores e o consumo de energia na produção desse papel. E porque não reciclar aquele velho móvel lá de casa, pintando-o de novo e mudando-lhe os puxadores, por exemplo. 2 Tento poupar água, porque cada vez mais se torna um bem escasso e penso que não temos o direito de desperdiçar um bem essencial à vida do planeta e das futuras gerações. Por isso, poupo no duche; no autoclismo, reduzindo o nível de enchimento do depósito (ver fotos) ou então aconselho a compra dum autoclismo de dupla descarga, com um botão de economia e outro de volume normal; Nas torneiras colocando redutores de caudal; nas lavagens do carro (que além disso são caras), existindo já no mercado produtos para lavagem do carro sem a utilização de água, ou reduzindo-a ao mínimo; na lavagem da louça, que em minha casa é manual, mas que nem por isso deixa de ser económica (limpando bem os restos de comida, antes de colocar detergente e passando ao final tudo por água); Evito também o consumo de água engarrafada para beber e cozinhar, estando sempre atento às análises regulares divulgadas pela câmara, porque para cada litro de água engarrafada são gastos 2 litros no processo de engarrafamento e produção de embalagens.
Regulação económica
correcta
Regulação exagerada,
errada Kit Economia para torneiras
Como sou um solitário (mas não anti-social) e não tenho filhos optei por ser sócio da
UNICEF, apesar
de haver muito dinheiro que se perde antes de chegar às crianças ainda é das melhores opções quando se quer ajudar.
Nestes anos mais recentes, devido ao apoio que dava á minha mãe não tinha muito tempo para outras
actividades.
Mas
quando
era
solicitado
tentava estar disponível, como por exemplo quando em 2006 se começou a fazer um tapete de flores na Rua Ana Plácido, para a procissão de velas de 12 de Maio, as senhoras colocam o tapete (com moldes) ao longo da rua e os homens ficam encarregues de fazer os 2 círculos dos extremos da rua, além de ajudar a transportar tudo e com uma corda indicar o centro da rua. Como os círculos dos extremos são
3 Poupo na electricidade com o recurso há largos anos ao uso do contador bi-hórario e das lâmpadas fluorescentes e economizadoras; Desligo os electrodomésticos sempre no botão de desligar, sem recorrer ao “stand-by”; Evito deixar carregadores, por exemplo, de telemóveis na tomada sem estarem a ser utilizados e outros aparelhos que não necessito constantemente, porque mesmo desligado passa sempre alguma corrente eléctrica; Ainda este anos vou comprar um frigorifico classe A+ para substituir o que tenho, porque é o electrodoméstico que mais consome por estar sempre a funcionar, e portanto quanto mais eficiente mais económico. 4 Desde à uns anos que só utilizo pilhas recarregáveis para os pequenos aparelhos como os rádios ou a máquina fotográfica, evitando assim muito lixo, apesar de as pilhas hoje em dia já não terem metais pesados como o chumbo ou o mercúrio e já haver um recurso muito grande à sua reciclagem, podem ser perigosas porque afinal de contas ainda são compostas de metais como o lítio. 5 Evito a utilização do automóvel dentro da cidade, juntando o útil ao agradável, poupo combustível e pratico um exercício saudável e económico: andar a pé, além de poluir menos o ambiente, porque infelizmente o meu “boguinhas” ainda não é um híbrido de última geração, mas tento também tê-lo sempre afinado. 6 E por fim como levo uma filosofia de vida “minimalista” tento sempre harmonizar todos os aspectos da mesma, sem cometer exageros, que são a causa principal dos males do ambiente…
de 2008, feito pelos seus moradores no qual me
7 Para concluir calculei a minha pegada ecológica que é de 2,6 hectares globais que é a área necessária para produzir tudo o que consumo e absorver todo o lixo que produzo num ano e se toda a humanidade tivesse valores semelhantes seriam necessários 1,4 planetas Terra para satisfazer as necessidades anuais de todos nós. Se utilizar um questionário mais preciso em inglês obtenho um valor semelhante para o número de planetas Terra necessários mas o valor da minha pegada ecológica sobe para 23,14 hectares globais o que talvez seja explicado pelo maior número de questões e especificidade das mesmas. De qualquer modo é sempre bom estarmos informados porque podemos sempre reduzir o nosso impacto ambiental fazendo pequenos ajustes no nosso diaa-dia como por exemplo andar mais a pé, utilizar transportes públicos ou incluir mais vegetais na nossa alimentação em vez de carne.
incluo.
Resultados questionário em Inglês
de desenho livre dá sempre jeito ter um desenhador na equipa. No final apesar de cansados ficamos sempre
felizes
por
poder
participar
neste
acontecimento. Tapete de flores da Rua Ana Plácido de 12 de Maio
(Quadro actualizado e melhorado)
(PÁGINA NOVA)
Também já administrei o condomínio do edifício onde moro, vários anos, onde aprendi a lidar como orçamentos restritos e ouvir as diversas opiniões sobre os vários problemas que afectam um edifício.
No
ano de 1993 por exemplo fui nomeado
administrador em conjunto com o meu vizinho do 8º andar. O edifício ainda era novo mas como não era uma construção de luxo faltava melhorar uma série de coisas para termos mais qualidade de vida. Os 2 elevadores e a sua manutenção sempre foram um
dos
principais
problemas,
visto
que
a
sua
manutenção era bastante onerosa, porque quando havia inspecções era sempre preciso investir nesta ou naquela peça. No entanto nestes anos mais recentes, apesar da idade dos elevadores, temos conseguido diminuir essa despesa essencialmente devido ao facto de termos mudado de firma de manutenção. Num condomínio pequeno como o nosso (14 condóminos) o factor economia torna-se fundamental para não sobrecarregar os nossos orçamentos familiares e nesse ano conseguimos uma grande poupança ao recuperarmos a caução da EDP (20 mil escudos) começando
a
pagar
através
bancária.
(PÁGINA NOVA)
de
transferência
Outro
factor
importante
é
a
manutenção
e
limpeza das áreas comuns, nesse ano tivemos de alterar o tratamento do pequeno jardim, que tinha vindo a ser jardinado pelos condóminos, por um jardineiro que quando necessário começou a mantêlo de uma forma mais profissional, do mesmos modo alteramos a limpeza para uma senhora que já fazia este tipo de limpezas há mais tempo.
Como
se pode ver pela acta da reunião ainda
havia pouca participação dos condóminos, embora o edifício não estivesse completamente habitado.
O
resumo
demonstra
de que
contas
anual
ainda
não
feito tinha
por
mim
acesso
à
informática, mas penso que está bem explícito que ainda conseguimos um saldo positivo de cerca de 22 mil escudos. Aliás a luta constante nos condomínios é para a obtenção de um saldo positivo no final de cada
ano
com
o
maior
número
de
resoluções
resolvidas.
Continuei depois ao longo dos anos a ser sempre um condómino activo e disponível para ajudar a sermos
uma
grande
família
que
se
bastante neste 8º bloco do edifício ARO.
(PÁGINA NOVA)
entreajuda
A UNICEF Sou o sócio nº12044 da UNICEF, desde os anos 80, logo depois de começar a trabalhar associei-me a esta grande instituição inicialmente porque, através do meu pai, que trazia sempre algumas agendas e cartões de Angola, fui conhecendo e gostando desses produtos da UNICEF depois conforme ia lendo e tomando conhecimento dos verdadeiros objectivos e princípios da UNICEF e do trabalho desenvolvido em prol das crianças em Angola, país de onde sou natural, e do Mundo em geral fui tomando consciência da necessidade de também contribuir para esses objectivos, no início apenas comprando os produtos da UNICEF, como cartões e agendas com os quais no Natal acabava por presentear os meus familiares e amigos e depois de uma forma mais activa enviando pequenos donativos sempre que solicitado para as diversas campanhas que a UNICEF desenvolve ao longo do ano devido hás várias crises que acontecem por todo o Mundo, como secas, terramotos, guerras, etc. e que acabam sempre por afectar os mais indefesos ou seja as crianças. Tentei também contribuir doando alguns desenhos meus para colecções de postais, mas tal não foi possível devido ao processo ser bastante burocrático e também há existência de muitas doações do género de artistas de renome, de qualquer modo é uma ideia que ainda não pus totalmente de parte. Penso também que de todas as instituições e associações que existem com outros nobres objectivos a UNICEF é a que deve ter a maior atenção porque existe para defender a vida do mais importante à face da Terra: as crianças e se lhes conseguirmos dar, além
da vida, uma infância minimamente acompanhada e equilibrada conseguiremos no futuro um “feedback” melhor para a humanidade e para o planeta . Por exemplo nas zonas mais remotas de África o acesso a água potável é difícil e por vezes inexistente obrigando as populações em especial as mulheres e as crianças a percorrerem grandes distâncias para obterem a água que necessitam, a UNICEF através do seu programa WASH (water, sanitation and hygiene = água, melhoria das condições sanitárias e higiene) de criação de poços de água nessas localidades e higienização vai ajudar a libertar as mulheres e as crianças dando tempo a estas últimas para puderem frequentar a escola e brincarem permitindo tornarem-se em adultos mais responsáveis e capazes de ajudar as suas comunidades a obterem melhor qualidade de vida. Se pelo contrário essas crianças são obrigadas a uma luta constante pela sobrevivência num ambiente já de si hostil certamente que se tornarão em adultos problemáticos, apesar de o moldar do carácter humano não ser assim tão linear, o senso comum também nos diz que uma boa infância em geral “cria” bons adultos. www.unicef.org
(PÁGINA NOVA)
Breve História da UNICEF
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1946 - A 11 de Dezembro é criada pelas Nações Unidas com a missão de prestar ajuda de emergência às crianças europeias após a II Guerra Mundial. 1950 – O mandato da UNICEF é alargado de maneira a englobar as crianças dos países em desenvolvimento.
1981 – A Assembleia Mundial da Saúde aprova o Código Internacional para a Comercialização dos Sucedâneos do Leite Materno a fim de encorajar a amamentação materna e reduzir as doenças infantis. 1982 – A revolução pela sobrevivência e desenvolvimento das crianças. A UNICEF lança uma campanha destinada a salvar a vida de milhões de crianças através da luta contra a desidratação causada pela diarreia, a imunização infantil o apoio à amamentação materna e adequada nutrição.
1953 – A Unicef torna-se num organismo permanente das Nações Unidas ao obter da Assembleia Geral um mandato renovado por tempo indeterminado. Neste ano UNICEF inicia uma bem sucedida campanha global contra o polipapiloma tropical, uma doença que desfigura milhões de crianças e que pode ser curada com penicilina.
1987 – O histórico estudo da UNICEF “Ajuste com uma dimensão humana” dá início a um debate Mundial sobre como proteger as mulheres e crianças das consequências negativas das reformas económicas.
1954 – O actor Danny Kaye é nomeado o primeiro “Embaixador Especial”. O seu primeiro filme sobre as crianças e realçando o trabalho da UNICEF na Ásia é visto por mais de 100 milhões de pessoas.
1990 – A Cimeira Mundial para as Crianças, uma reunião sem precedentes de dirigentes mundiais, estabelece metas e objectivos relativos à saúde, nutrição e educação das crianças.
1959 – A Declaração dos Direitos das Crianças é adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que define o direito das crianças à protecção educação, cuidados de saúde, abrigo e adequada nutrição. 1961– No seguimento de mais duma década focada na melhoria das condições de saúde das crianças, a Unicef começa em África a dedicar-se ao apoio à educação com material escolar e docentes. Em 1965, 43% da assistência em África é dedicada à educação. 1965 – Neste ano é distinguida com o Prémio Nobel da Paz pelo seu contributo para a “promoção da fraternidade entre as nações”.Nobel Prize 1979 – Ano Internacional da Criança, marcado pelas celebrações em todo o Mundo, onde é reafirmado o empenho pelos “Direitos das Crianças”.
1989 – A Assembleia das Nações Unidas aprova a Convenção sobre os Direitos da Criança que entra em vigor em Setembro de 1990. E torna-se no tratado sobre direitos humanos mais rapidamente aceite mundialmente de todos os tempos.
1996 – No relatório Machel: impacto dos conflitos armados nas crianças, um estudo suportado pela UNICEF revela os efeitos adversos que estas têm nas crianças. 1998 – O primeiro debate aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre crianças e conflitos armados reflecte a preocupação internacional dos efeitos que as guerras têm sobre as crianças. 2000 – A Declaração do Milénio é adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e define uma série de objectivos relativos à saúde e educação das crianças. 2001 – A campanha “Diga Sim às Crianças” reúne mais de 94 milhões de apoiantes a várias medidas de melhoria das vidas das crianças 2002 – A Sessão Especial das Nações Unidas dedicada às crianças realiza-se em Nova Iorque onde são reafirmados compromissos e definidas etapas para construir “Um Mundo para as Crianças”.
Textos e fotos adaptados do sítio da UNICEF: www.unicef.org
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Votar porquê? Esta é uma pergunta que já todos fizemos, votar porquê? Especialmente quando os actos eleitorais coincidem com alturas do ano em que nos apetece fazer tudo menos votar, como as férias de Verão ou no auge do Inverno. Pessoalmente nunca faltei a um acto eleitoral desde que recebi o meu cartão de eleitor no ano de 1984, o que não quer dizer que por vezes vá votar de ânimo leve, mas vou sempre com o sentido da responsabilidade que o acto merece, principalmente por duas razões: primeiro porque é a ocasião em que a nossa opinião tem um valor institucional que poderá alterar a sociedade, se for a mais generalizada, é claro, e depois pelo respeito que devemos a todos aqueles que se sacrificaram e lutaram para que hoje nós possamos ter este direito fundamental. Em relação ao acto eleitoral tenho também a convicção de que devemos sempre votar segundo a nossa consciência e ideais, por exemplo não acredito no chamado “voto útil”, sabemos que se votarmos segundo os apelos ao “voto útil” o nosso voto será vencedor, mas se o nosso ideal não estiver de acordo com esse voto estamos a ser manipulados e isso talvez seja pior do que não votar (apesar de já sabermos que na nossa sociedade estamos sempre a ser, mais ou menos manipulados).
Sítio da Comissão Nacional de Eleições
Também não acredito que não devamos exercer o nosso direito quando não estamos de acordo com nenhuma das opções do boletim de voto, nessa altura devemos votar em branco que é uma opção totalmente válida ao contrário de outras como escrever coisas sem nexo no boletim de voto que só o tornarão nulo, ou seja sem valor nenhum ou ainda mais grave faltar ao acto eleitoral. Ao votarmos em branco existe sempre o perigo de preenchimento por uma mão mais “zelosa” e de facto isso até pode acontecer a um ou outro boletim de voto em branco, mas e se forem milhares? Será que os conseguem preencher a todos? Também nos dois referendos que se fizeram em relação à liberalização do aborto, muitas vezes ouvi dizer que era um assunto que dizia mais respeito às mulheres, uma ideia que sempre rejeitei porque na verdade nós homens somos um dos grandes factores de pressão para a realização do aborto. É claro que actualmente já não se justifica a realização de tal acto devido há existência de tantos métodos anticoncepcionais e só nos casos excepcionais que a lei entretanto aprovada já prevê (perigo de vida para a mulher, malformação do feto ou violação) é que eu penso que se deva praticar, no entanto votei sempre a favor da liberalização porque é uma decisão que cada um deve ter liberdade para decidir e porque a prática ilegal do aborto acabava por pôr em perigo muitas mais vidas. Apesar de já na Grécia antiga um grupo restrito de cidadãos poder votar só com o aparecimento das democracias modernas é que votar se começou a tornar vulgar. Ao princípio apenas os donos de terras e pessoas ilustres, mas ainda hoje cerca de dez países não podem votar entre os quais Angola que se prepara para o fazer, pela primeira vez a sério em Setembro de 2008. As mulheres foram uma parte da população a que o direito ao voto foi negado durante mais tempo o primeiro país a permitir a votação das mulheres foi a Nova Zelândia em 1893 e um dos últimos do ocidente foi a Suíça nos anos 70 assim como Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Actualmente um dos países com um sistema mais avançado de votação é o Brasil onde o voto é electrónico o que permite saber mais rapidamente quais os resultados. Em Portugal foram testadas quatro experiências de voto electrónico, respectivamente em 1997, 2001, 2004 e 2005, todas elas não vinculativas.
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Alguns trabalhos artísticos meus, como
colagem de linhas de catálogos de bordados.
um vitral em plástico autocolante para o
Vejam também o meu “Drawblog” e “Fotoblog”
condomínio, renovação dos móveis da cozinha alguns quadros pintados e de
Vitral condomínio
Móveis cozinha
“Mass media” versus “Individual media” (blogues) Hoje em dia cada vez mais os órgãos de informação têm um poder acrescido na nossa sociedade o que gera uma grande concorrência entre grupos políticos e grandes empresas para o controle de canais televisivos e empresas de comunicação social, porque sabem que quem controlar o órgão de comunicação social com maior audiência ou maior receptividade por parte da sociedade ou mesmo de um grupo social específico conseguirá influenciar ou no mínimo passar a mensagem que lhe dará um maior poder ou melhor controle ou até mesmo um melhor negócio em determinada área. Esta crescente influência da sociedade por parte dos “media” começou primeiro pela imprensa escrita talvez com o caso “Watergate” que levaria à primeira e única renuncia de um presidente norte-americano na história, o presidente Richard Nixon em 9 de Agosto de 1974. Na sociedade norte-americana onde essa procura pelo controle da imprensa era grande isso veio despoletar uma urgência enorme de controlo por parte dos políticos e grandes grupos empresariais. Por outro lado os canais de televisão privados começavam a multiplicar-se alargando ainda mais o leque de influência. Nas últimas décadas a globalização da televisão por satélite e por cabo veio consolidar e aumentar a influência que os “media” têm em qualquer sociedade, para o bem e para o mal. Por um lado a classe política e empresarial está mais “vigiada” e sabem que qualquer “deslize” terá imediatamente uma grande divulgação com consequências negativas para carreiras e projectos futuros, por outro lado políticos, empresários e quem quer que tenha dinheiro e poder podem também influenciar e manipular os “media” de forma a obter o que desejam perante a sociedade, apesar dos estatutos deontológicos e das normas de ética vigentes nesses mesmos órgãos de comunicação social.
Nestes últimos anos temos também assistido ao aparecimento de um novo poder, talvez não tão influente, mas que tem vindo a ganhar força: o dos “ individual media”. Hoje em dia , o indivíduo, o cidadão a pessoa simples ser humano já pode expressar todos as suas ideias, os seus sentimentos e criticar, de preferência construtivamente, os “media” e a sociedade em geral através da criação de um blogue pessoal( condensação das palavras Web+Log= blog ou seja registar na internet). Esta liberdade de expressão “instantânea”, positiva por permitir o acesso à divulgação das ideias de milhões de pessoas que doutro modo nunca seria possível (mesmo nas ditaduras), veio também trazer uma série de questões éticas e sociais como a divulgação de propriedade intelectual não autorizada, a difamação e a veracidade do que se publica levando por vezes os “blogers” a situações limite, como a prisão, devido a insultos a pessoas influentes ou regimes menos receptivos a esta actividade, ou mesmo a ameaças físicas devido a textos críticos relativos a grupos radicais, pelo que quando se “bloga” deve usar-se sempre uma pitadinha de bom senso. No meu caso pessoal comecei a pensar no inicio de 2007 num blogue para divulgar o que desenhei ao longo da vida, desde simples rascunhos duma ideia até aos quadros que tenho espalhados pela casa, porque para blogar devemos sempre escolher o melhor que sabemos fazer para acrescentar algo mais à blogosfera e não sermos apenas mais um. Para esse blogue defini duas regras: ser numa página gratuita e o que eu publicasse ser completamente livre de direitos de autor. Para isso escolhi o Blogspot da Google por ser gratuito e um dos mais divulgados. Construir um blogue hoje em dia é muito simples, basta aceder ao portal escolhido e seguir as instruções todas muito simples mesmo para quem não utiliza muito a internet. É essencial escolher uma apresentação simples e com uma fonte de fácil leitura. Para o meu “drawblog” escolhi também um fundo escuro que realça os desenhos apresentados e que poupa energia, apresento sempre só uma imagem de grandes dimensões o que me levou a fazer algumas alterações ao código fonte em HTML do blogspot que só permitia imagens com 400 pixéis de largura e actualmente consigo colocar até 1000 pixéis de largura. Já em 2008 comecei um blog fotográfico sobre Famalicão no Aminus3 um site para fotoblogues onde até final do ano estarão expostas 366 fotos sobre a cidade de Famalicão, as suas ruas, praças, plantas e alguns aspectos culturais. Anexo a cada foto sempre um pequeno texto explicativo por vezes com ligações para outros sites e o nome da rua, hora e dia em que a foto foi tirada, por vezes faço uma série de fotos sobre um tema, como o edifício Cupertino de Miranda ou a série “Yesterday & Today” que anexo algumas imagens nas próximas páginas e que irei ainda completar. No futuro pretendo ainda fazer uma série sobre as praças e rotundas de Famalicão e as estátuas aí expostas além de outros temas. Neste momento já estão expostas cerca de 120 fotos. Na procura de melhor qualidade já actualizei a minha máquina fotográfica inicial Fujifilm de 5 Megapixéis para uma Kodak de 12 Megapixéis e com a prática espero tirar cada vez melhores fotos de modo a bem apresentar a terra que me acolheu há mais de 20 anos.
Algumas fotos do meu Fotoblog sobre Famalicão da série “Yesterday & Today”
As imagens actuais são fotos minhas tentando apanhar o mesmo ângulo da imagem antiga, e captando o que restou do passado, mesmo que tenha
As imagens antigas pertencem à colecção de postais “Famalicão Antigo” edição da Câmara Municipal de Julho de 1990.
restado muito pouco, como no caso do centro comercial Vinova onde apenas resta parte da varanda e o edifício castanho.
E
spreitar o futuro…
O futuro é já hoje! Quando comecei este processo de RVCC estava desempregado, agora passados oito meses estou a começar a trabalhar num novo sector, o comércio, mais especificamente numa livraria, para já apenas para reforçar o número de colaboradores na época escolar e depois quem sabe para continuar… Ainda para este ano, já fui aprovado para frequentar a parte técnica do curso EFA de desenhador de construção civil no CICCOPN na Maia a partir de Setembro, para tal é condição principal ter concluído com êxito o actual processo de RVCC… Para um futuro a longo prazo existe em primeiro lugar continuar com a minha formação e conseguir ingressar num curso de arquitectura e conclui-lo… Depois existem dois caminhos que posso escolher para o meu futuro, por um lado posso continuar a consolidar a minha participação na sociedade, por exemplo se concluir arquitectura gostava de ser voluntário da ASF-Arquitectos Sem Fronteiras que é uma associação semelhante à AMI e aos MSF mas que tenta resolver problemas básicos de habitabilidade em zonas atingidas por sismos. O outro caminho a seguir é mais intimista e filosófico; trata-se de procurar uma aldeia remota em Portugal e aí levar uma vida mais simples, com menos pressão, menos tecnologia. Cultivar um jardim de ervas medicinais e tentar ser auto-suficiente com o que a Terra nos dá. Tornar-me vegetariano é também um projecto para esta via mais afastada da sociedade, é claro que a aldeia em questão tiver mais habitantes serei concerteza um colaborador na vida da aldeia , que neste momento nem sei se existe… Mas dia a dia vou construindo o meu futuro…
Lista de Favoritos Alguns sítios favoritos que consulto com frequência… http://www.canhotosdocj24.blogspot.com/ http://famalicao2008.aminus3.com/ Mais alguns para deliciar os olhos… http://photo.net/photodb/member-photos?user_id=1783374 http://www.odds-and-ends.net/photolog/ http://www.neilduerden.co.uk/ http://www.fredmiranda.com/hosting/showmembers.php Alguns para ler… http://www.sinapses.net/ http://onlinebooks.library.upenn.edu/ http://www.free-ebooks.net/ http://www.novoslivros.online.pt/
http://www.formarse.com.ar/libros_gratis/libros_gratis.htm Alguns verdes… http://www.treehugger.com/ http://nakashimawoodworker.com/work1.htm Design e arquitectura… http://www.finefurnituremaker.com/gallery/gallery_contents.htm http://ultimasreportagens.com/ultimas/index.html E por fim Enya para relaxar e limpar a alma… http://www.enya.com/