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Plantas que contam historias Exposição
// Centro Cultural do Morgado - Galeria Municipal
A “sacralização” das plantas e das sementes, pela sua essencialidade à vida humana, pela sua proximidade ao homem que, desde muito cedo aprendeu alguns dos seus segredos, recorrendo às suas folhas, às suas flores e às suas raízes para delas extrair remédios contra muitas das suas doenças, e ainda pela sua utilização em determinados rituais e sacrifícios, ou como adornos e amuletos, tem sido uma constante na história da humanidade. Não há dúvida que as plantas nos contam histórias.
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Plantas que contam historias
Em Arruda dos Vinhos, no coração do “Vale Encantado” o ser humano tem o privilégio de “conviver” com estes extraordinários seres vivos desde, pelo menos, o Neolítico, período em que se registam as primeiras ocupações no nosso território. Curiosamente, nos fragmentos de cerâmica encontrados que nos atestam a presença destes antepassados, os elementos decorativos presentes são precisamente folhas de algumas plantas, que ainda hoje identificamos. Parece pois que a nossa relação com as plantas terá começado logo no dealbar da nossa própria História. Segundo a tradição popular, durante a permanência das Comendadeiras de Santiago no mosteiro do Vilar, perto da vila de Arruda, doada a esta Ordem Militar e Religiosa por D. Afonso Henriques em 1172, o cultivo das plantas e o conhecimento da natureza e das ervas medicinais foi objeto de incremento, por ação destas mulheres que permaneciam em recolhimento no mosteiro, enquanto os cavaleiros cruzados combatiam os mouros a sul do rio Tejo. Ainda durante a Idade Média, era uso recorrente dos clérigos de Santa Maria de Arruda se fazerem acompanhar por um ramo de arruda para se protegerem da peste. Este arbusto era tão abundante na nossa região que popularmente se crê estar na origem do topónimo. Arruda é ainda o berço de uma dinastia de mulheres ligadas ao conhecimento da natureza e à prática da cura, através das propriedades das plantas – que durante parte do século XIX e início do Século XX foram protagonistas dos mais curiosos episódios e que
contribuíram para catapultar o nome da nossa terra praticamente ao nível da lenda. Referimo-nos carinhosamente à “Bruxa d´Arruda” que está na génese de tantas estórias e de tantas crenças que ainda hoje povoam o Imaginário Popular e que constituem parte essencial dos nossos valores identitários. Não há ainda hoje um Arrudense que não tenha uma mãe ou uma avó que não conheça ou não tenha recorrido a esta ou àquela planta para combater determinada maleita. Neste sentido, parece-nos mais do que justo dedicar esta exposição a estes pequenos seres que, discretos no seu ciclo de renovação, nos vão passando quase sempre despercebidos, mas contando efetivamente a sua e a nossa História. Nós passaremos e eles vão permanecer. O facto do conhecimento científico se estar a desenvolver de forma permanente não lhes retira a importância nem o papel fundamental que desempenham no nosso mundo. Muito pelo contrário, estão constantemente a ser-lhes reconhecidas novas propriedades e aplicações. O "corpus" aqui apresentado pretende ser apenas uma pequena representação do vasto universo natural que nos rodeia. Todos os exemplares aqui presentes estão disponíveis nos nossos campos, nas margens e leitos dos nossos ribeiros, nas nossas hortas e terrenos. Basta estarmos um pouco mais atentos e sobretudo respeitá-las. Arruda dos Vinhos deve-lhes esse indelével contributo na construção da nossa Identidade coletiva. Arruda dos Vinhos, agosto de 2015
Bibliografia Botelho, Fernanda, Plantas Medicinais: o valor das sementes, Lisboa, Mahatma, 2013 Enciclopédia do conhecimento e da tecnologia: as plantas, Lisboa, Resomnia Editores. Fontes, António Lourenço, Cem ervas para cem doenças, Vilar de Perdizes, 2004 Nota: grande parte da informação contida na presente exposição resulta de recolha local.
Ficha Técnica Textos e imagens: Paulo Câmara e Paula Ferreira Sousa Conceção gráfica: Cláudia Jaleco
Alcachofra
Cynara scolymus (família: Asterácea) Uma das melhores plantas para tratar problemas do fígado e da vesícula. Hepato protetora, recomendada em casos crónicos como hepatite ou cirrose, protege o fígado de toxinas e infeções, estimula as secreções biliares, ajudando a combater náuseas, indigestões e distensão abdominal. Ajuda a baixar os níveis de colesterol, é diurética, antiespasmódica, antioxidante e hipotensora. Útil ainda no tratamento de reumatismo e artrite, cistite crónica (utilizar a seiva das folhas), insuficiência renal, diabetes de origem hepática e hiperglicemia.
Em casos de febre ou malária, fazer uma decoção das folhas. É um alimento muito alcalinizante, ajudando a equilibrar os efeitos de uma dieta demasiado carnívora e acidificante. A alcachofra deve ser comida logo após a sua cozedura, pois oxida muito rapidamente, originando compostos tóxicos e a perda das vitaminas e sais minerais. Em uso externo, utiliza-se a folha em forma de cataplasma para tratar eczema, urticária ou prurido infantil.
Curiosidade: Na noite da fogueira de São João, era hábito as raparigas da nossa região colocarem uma alcachofra viçosa e florida no brasido da fogueira. Se o lume pegasse na alcachofra e esta ardesse, era sinal de que o namorado não tinha "boas intenções”, se se mantivesse viçosa e imune ao fogo, seria então de apostar no namoro, pois o amor era correspondido.
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Alcaçuz
Glycyrrhiza glabra Embora não seja muito abundante na nossa região, procurava-se esta planta por se acreditar que as suas flores roxas fervidas ajudavam a prevenir a queda de cabelo. A sua utilização na medicina remonta, pelo menos à Grécia Clássica. Devido ao teor em saponinas e glúcidos (3 a 15%), o alcaçuz é 50 vezes mais doce do que o açúcar. Contém glicirrizina, flavonas e isoflavonóis, estrógeneos, amido, cumarinas e asparagina.
A glicirrizina, ao ser decomposta nos intestinos, tem uma ação antiartrítica e anti-inflamatória, semelhante à da hidrocortisona e outras hormonas corticosteróides. Estimula a produção de hormonas pelas glândulas suprarrenais e reduz a decomposição de esteróides pelo fígado e rins. Tem uma ação antiviral contra vários tipos de vírus incluindo VIH, herpes ou hepatites. Protege o fígado, podendo ser usado em casos de cirrose e hepatite crónica. Estimula o sistema imunitário e pode aumentar os níveis de estrogénio nas mulheres. É expetorante, antitússico, mucoprotetor e um laxante suave. Calmante do aparelho digestivo, alivia problemas de úlceras de estômago, gastrites, acidez e aftas. Trata também problemas da pele e conjuntivites.
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Alfafa
Medicavo sativa (família: Fabácea) A alfafa é rica em clorofila, proteínas, cálcio, magnésio, fósforo, potássio e outros minerais, vitaminas A, C, D, K, e também vitaminas do grupo B. Possui isoflavonas (ginesteína, daidezeína e biocanina A, esteróis, saponinas triterpénicas, vestígios de cumarinas e alcalóides e cerca de 3% de taninos). A alfafa contém 10 vezes mais minerais e proteínas do que a média dos cereais, pois ao penetrar profundamente no solo consegue absorver minerais que as Gramíneas não conseguem. O seu alto teor vitamínico faz dela um excelente remineralizante do organismo, muito útil em casos de convalescença e anemia, aumentando a vitalidade e o bem-estar físico e emocional. A vitamina K, que se destaca, tem uma ação anti-hemorrágica. É estrogénica, sendo recomendada no tratamento de problemas associados à menopausa. É ainda útil no tratamento da osteoporose, consolidação de fraturas e fortalece os ossos e os dentes. É também útil no tratamento da artrite, diabetes, úlceras, abcessos, sinusite, infeções do nariz, ouvidos e garganta. A maioria dos estudos sobre a alfafa incide na sua eficácia para baixar os níveis de colesterol. Funciona ainda como laxativo suave. As folhas e flores frescas ou secas podem tomar-se em infusões. Os germinados, que são muito fáceis de fazer em casa, constituem um excelente suplemento alimentar. A alfafa existe também no mercado em forma de cápsulas e extratos.
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Alfavaca de Cobra
Parietaria officinallis (família: urticaceae) Disseminada atualmente por toda a Europa é muito popular em Portugal, onde é utilizada desde o período de ocupação muçulmana da península, sendo igualmente uma planta muito conhecida e utilizada pelas nossas avós, embora seja de aspeto discreto, o que contribui para que atualmente poucos a reconheçam. Tem fama de excelente diurético, indicada por isso para problemas dos rins e também para desobstrução das vias respiratórias. Aconselha-se a utilizar a planta fresca porque ao secar perde propriedades. Assim, a infusão de alfavaca de cobra (um punhado grande de folhas e talos por litro de água) é indicada para cálculos renais e da bexiga, retenção de urina, nefrite, cistite, prostatites e outras doenças do aparelho urinário. Também está referida para albuminuria (albumina na urina), gota, reumatismo, hepatite, digestões pesadas, doenças do estômago e intestinos, flatulência, febre, tosse e edemas. A água fervida da alfavaca de cobra era também usada no banho contra o reumatismo e em compressas quentes para hemorróidas, fissuras anais, abcessos e infecções cutâneas. Em gargarejos a infusão pode ser usada na dor de garganta, nas amigdalites e faringites. A cataplasma de alfavaca fresca colocada na zona do baixo ventre era indicada para a retenção de urinas e, colocada nas costas, ao nível dos rins, utilizava-se para os cálculos renais. Também se pode utilizar as cataplasmas de folhas frescas em edemas, queimaduras, feridas, gretas dos lábios, pele e mamilos e ainda fissuras anais. Propriedades: Emoliente, calmante e diurética, particularmente recomendadas no combate dos cálculos renais, e outros distúrbios do aparelho urinário, furúnculos, feridas, chagas e queimaduras, catarro dos brônquios, tosse e afeções pulmonares, hidropisia,
disfunções hepáticas, fissuras dos seios, e do ânus, problemas das artérias e coração, febres inflamatórias.
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Esta planta vê-se com muita frequência pendurada a espreitar pelos buracos de qualquer muro velho. Como não cresce muito, desenvolve-se em pequenas moitas. As folhas são pecioladas, ovais e lanceoladas agudas, verdes e brilhantes na face superior e pelosas na parte inferior. Dá pequenas flores esverdeadas, ou meio avermelhadas, florescendo de julho a outubro. Encontra-se nas paredes menos cuidadas, seja na cidade ou qualquer outro lugar, aparecendo no sopé dos muros dos caminhos, sempre à mão.
Arruda
“Se soubesse a mulher a virtude da Arruda, buscá-la-ia de noite à Lua.”
Ruta graveolens A abundância deste arbusto na nossa região desde tempos imemoriais pode estar, segundo a tradição popular, na base do nome da vila de Arruda. Efetivamente, só a partir de 1828, começaram a aparecer registos do topónimo composto “ Arruda dos Vinhos”. Para além de todas as propriedades medicinais que lhe foram identificadas, os poderes desta planta povoam o nosso imaginário popular desde a Idade Média, altura em que os frades da Igreja de Santa Maria se faziam acompanhar por um ramo de Arruda para evitar o contágio da peste. Nas crónicas de Tito de Bourbon e Noronha "As memórias de um João Semana", em várias publicações periódicas do início do Século XX, bem como através da tradição oral que chegou aos nossos dias, são feitas referências à utilização deste arbusto pela célebre “Bruxa d´Arruda” e suas descendentes, contribuindo para que as suas “práticas terapêuticas” ficassem conhecidas a nível nacional. Segundo publicações de cariz mais esotérico, a arruda é um filtro poderoso contra espíritos negativos, má sorte e invejas. É uma erva purificadora pois afasta os mausolhados, limpa o ambiente e espanta o quebranto. É ainda queimada em exorcismos e purificações, repondo a ordem das coisas e afastando a negatividade. Já na Grécia antiga era usada como proteção das maleitas, e as mulheres romanas andavam frequentemente com raminhos de arruda na mão para se protegerem de todos os males. Durante a Idade Média era usada para repelir maldições, pois consideravam-na um eficaz antídoto contra feitiços. As bruxas em Itália (Stregas) têm um talismã que é provavelmente o mais antigo símbolo da bruxaria hereditária. A Cimaruta (cima di ruta – “ramo de arruda”). É feita em prata e consiste num ramo de arruda onde estão vários símbolos ocultos. Os xamãs esculpem pequenos animais nos ramos da “arruda-fedorenta”, que são usados contra os maus espíritos. Esta planta também esteve sempre associada ao desejo sexual, tanto feminino como masculino. Embora de formas diferentes: é um excitante para as mulheres (afrodisíaco) e para os homens funciona como um anti-afrodisíaco (anafrodisíaco).
Doses não terapêuticas (mais de uma a duas chávenas por dia) podem originar edema da língua e da faringe, vertigens, convulsões e até, em casos muito raros, a morte. É incompatível com o manjerico. Consocia-se bem com a roseira e framboeseira pois afasta o besouro. É benéfica para as figueiras, repele pulgas, podendo com ela lavar-se os canis. É ainda benéfico esfregar arruda nos móveis para que os gatos não os arranhem, uma vez que não toleram o cheiro desta planta. Nas zonas rurais penduram-se ramos de arruda em casa, nos estábulos, ou perto das estrumeiras para afastar moscas. Precauções: É abortiva. Em uso prolongado poderá causar problemas de rins e fígado. A planta fresca é bastante tóxica, podendo causar dermatite de contacto quando manipulada.
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São de realçar algumas das caraterísticas naturais desta planta, nomeadamente a presença na sua composição da rutina, que tem o efeito de manter e reforçar a camada muscular interna dos vasos sanguíneos e assim reduzir a tensão arterial. É utilizada principalmente para estimular os músculos do útero e o fluxo menstrual, daí que seja também conhecida pelas suas propriedades abortivas. É
um forte desparasitante, sendo utilizada nas hortas e nas vinhas para combater alguns insetos e parasitas prejudiciais às culturas. Poderá ainda contribuir para tratar a epilepsia, aliviar cólicas e vertigens e combater problemas oculares. Em uso externo em forma de lavagens, alivia olhos cansados e dores de cabeça, provocadas por tensão na vista. A partir da sua composição extraem-se óleos e essências úteis no tratamento de varizes e hemorróidas. Contém cerca de 0,5% de óleo volátil, flavonídes (incluindo rutina), furanocumarinas, cerca de 1,4% de alcalóides e taninos.
Beladona
Atropa belladona (família: solanaceae) A beladona não é uma planta fácil de encontrar na nossa região, a não ser em lugares sombrios e húmidos, nomeadamente no leito ou nas margens de ribeiros, ou ainda em zonas de bosque ricas em húmus. A tradição popular aponta-a como uma das plantas mais poderosas, perigosas e temíveis que podemos encontrar na natureza, devido ao seu elevado teor de toxicidade, desde à raiz, passando pelo caule e pelas folhas, até às flores e às bagas. Um pássaro de pequenas proporções pode deleitar-se com o seu fruto, no entanto, a ingestão de duas bagas desta planta por um ser humano podem rapidamente levá-lo à morte. A beladona seria uma das plantas mais utilizadas pela “Bruxa d´Arruda” que embora a tratasse com respeito, sabia manuseá-la com mestria, fazendo um preparado com álcool que servia para friccionar os seus pacientes, tornando-se o mesmo um remédio muito eficaz no combate das dores reumáticas e musculares. Obviamente que a beladona tem muitas outras propriedades e é “senhora” de muitos outros mistérios, mas esses permanecerão no segredo dos deuses e de quem a sabe manusear… Esta planta é oriunda da Europa do Norte de África e da Ásia Ocidental, havendo registos da sua utilização em toda a bacia do Mediterrâneo desde tempos imemoriais e estando associada durante muitos séculos às práticas de bruxaria. É uma planta perene e herbácea, da família das solanáceas, apresentando-se frequentemente como um sub-arbusto que se desenvolve a partir de um rizoma carnudo. Em locais favoráveis pode crescer até 1,5 m de altura, apresentando folhas largas e ovaladas até 18 cm de comprimento. Os ramos são talosos, muito ramificados e lenhosos na base. As flores são campaniformes, vistosas, de coloração púrpura, mas com reflexos verdes e um odor subtil e desagradável.
Os extratos de beladona têm sido empregados desde há muito, e com relativo êxito, no tratamento dos sintomas da doença de Parkinson. A sua utilização ajuda a prevenir efeitos colaterais adversos de outros tratamentos. A beladona também se emprega em gastrenterologia, em doses baixas, como neuroregulador intestinal em casos de colon irritável e de colite ulcerosa. Em doses muito moderadas pode servir como analgésico ou como anestesiante.
Os frutos da beladona são bagas com aproximadamente 1 cm de diâmetro, inicialmente de cor verde, mas adquirindo uma coloração de negro brilhante quando completamente maduras. As bagas são doces, ricas em atropina, sendo consumidas pelas aves, que as consideram um verdadeiro manjar. As sementes são pequenos grãos de cor acastanhada, ricos em alcalóides tóxicos, que são dispersas com os excrementos das aves, estando por isso adaptadas a atravessar incólumes o seu sistema digestivo. A germinação é frequentemente difícil, devido ao tegumento duro e rugoso que envolve a semente. A germinação demora várias semanas. Devido à sua elevada toxicidade, a Atropa belladona utiliza-se raramente em jardinagem, sendo por vezes plantada por desconhecimento das suas caraterísticas. Apesar de todas as partes da planta conterem alcalóides, as bagas constituem o maior perigo pelo seu aspeto atrativo, com a sua aparência negra e brilhante e sabor adocicado. A presença em elevadas concentrações de alcalóides convertem a beladona numa planta muito venenosa, capaz de provocar estados de coma ou morte se mal administrada. Em doses tóxicas provoca quadros alucinatórios e de delírio.
As bagas da beladona foram ainda utilizadas durante séculos no tratamento tradicional de uma variedade de sintomas, incluindo dor de cabeça, sintomas associados à menstruação, úlcera péptica, reacção a histamínicos, inflamação e afeções dolorosas que afetam os movimentos. Até finais do século XIX, as revistas de medicina eclética explicavam como preparar uma tintura de beladona para administração directa aos pacientes.
Devido ao facto de os seus frutos, quando ingeridos puros ou na forma de tisanas, provocarem efeitos psicoativos (alucinações), a planta é utilizada clandestinamente como droga recreativa. É também utilizada como matéria-prima na composição de medicamentos homeopáticos.
Devido a uma quantidade infindável de caraterísticas, algumas delas ainda hoje por conhecer, esta planta tem sido associada, desde tempos imemoriais, a práticas de feitiçaria. Em receituários medievais aparece sempre referida em estranhas misturas com outras ervas, e na origem de poções diabólicas. Na Europa do Norte, era do conhecimento popular que o conhecimento da utilização da beladona pelas bruxas garantia que conseguissem voar, comunicar com os mortos e com o próprio Demónio.
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Os sintomas de envenenamento por beladona são os mesmos que os da atropina, e incluem pupilas dilatadas, taquicardia, alucinações, visão desfocada, garganta seca, constipação e retenção urinária. A pele pode secar. O principal antídoto utilizado é a pilocarpina.
Havendo um conhecimento ancestral que esta planta, ingerida em doses moderadas, ativa a dilatação das pupilas, era hábito das damas nas cortes europeias, durante a Idade Média e Renascimento, recorrerem a este artifício para assim se tornarem mais belas em festas e eventos público.
Borragem
Borago officinalis (família: boraginaceae) A borragem é uma planta herbácea anual mediterrânica, nativa do sul da Europa e do oeste da Ásia, estando atualmente propagada por toda a Europa e América do Norte. Na nossa região, não é das plantas silvestres mais comuns, embora se encontre com alguma facilidade, sobretudo pelo azul-vivo das suas flores, muito fáceis de identificar. Era usada sobretudo no combate às inflamações e o seu chá tomado para baixar a febre. Esta planta medicinal é também conhecida popularmente nalgumas regiões como borracha. As folhas, as flores, caule e o óleo da borragem presente nas sementes possuem inúmeras propriedades e são utilizadas na medicina alternativa. Apenas o óleo de sementes é usado para problemas menstruais, menopausa, eczema, artrite e reumatismo. O facto das flores da borragem estimularem atividade nas glândulas supra-renais fez com que pensasse por muito tempo que a planta proporcionasse coragem a quem a usasse. É utilizada em forma de cataplasma para inflamações, contusões e eczema. A borragem em forma de pomada trata erupções cutâneas. A máscara facial da borracha é boa para a pele seca. As flores (sem a parte espinhosa) são utilizadas em saladas ou como guarnição em bolos e doces. As folhas jovens cortadas em fatias finas podem ser servidas em saladas ou misturadas em sopas. As folhas também podem ser adicionadas a bebidas refrescantes. Algumas pessoas acrescentam as flores a cubos de gelo para decoração. As folhas devem ser usadas de forma moderada, uma vez que possuem alcalóides pirrolizidínicos na sua composição, ligeiramente tóxicos. Nas sementes da planta não ocorre tal alcalóide. A borragem plantada num jardim atrai abelhas e ajuda a repelir lombrigas típicas de tomate. A palavra borragem deriva do céltico “borrach”, que significa “coragem”. No entanto, alguns acreditam que o nome pode ser derivado da palavra latina “borra”, que significa “cabelo áspero”, devido ao facto das folhas possuírem pelos desde a sua superfície até o talo.
Em 1597, o botânico John Gerard citou nos seus escritos a frase “ego borago gaudia semper tras”, que significa “eu, borragem, sempre trago coragem”. Ao longo da História, as flores da borragem foram bordadas nos mantos de cavaleiros e guerreiros para lhes dar coragem e bravura. As suas pétalas eram ainda colocadas a flutuar nas bebidas dadas aos Cruzados antes de eles partirem em batalha. A borragem foi sempre apreciada como uma erva para inspirar felicidade e conforto, acreditando-se ser sinal de sorte encontrar uma planta destas no nosso caminho. Propriedades medicinais: anti-inflamatória, antireumática, descongestionante, diurética, emoliente, febrífuga, galactagoga, laxante e refrigerante.
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Calêndula
Calendula Officinalis (família: Compositae) Erva anual que cresce até meio metro de altura, a calêndula dá-se em qualquer clima, em terreno silvestre e em cultivo. Apresenta folhas ovaladas verdes pálidas, flores compostas por numerosas pétalas de cores brilhantes amarelo claro ou amarelo alaranjado. Semeiase no verão e na primavera, sendo comestíveis as pétalas de algumas sub-espécies. Utiliza-se a infusão das flores, cujas propriedades excitantes e antiespamódicas combatem a icterícia, inflamações dos olhos, úlceras gástricas e problemas digestivos, calos, verrugas, doenças de pele e doenças nervosas, incontinência e varizes. Originária do Sul da Europa, vive em zonas temperadas de todo o mundo. Propaga-se com o vento pelas sementes. Também conhecida popularmente por “ervavaqueira”.
Usava-se, pelo menos desde a Idade Média, para fazer feitiços de amor, tecendo um colar com as flores que, enquanto fosse mantido escondido em local escuro e seguro, “prendia” a pessoa amada. Partes utilizadas: flores secas As Calêndulas têm ainda propriedades sedativas, sudoríferas, anti-séticas e cicatrizantes, cientificamente comprovadas.
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Cavalinha
Equisetum fluviatile (família: equisetáceas) A cavalinha (Equisetum ssp.) constitui o único género da família das equisetáceas, descrito por Lineu em 1753. O seu nome provém do latim, composto por "equi"(cavalo) e "setum" (cauda), ou seja, rabo de cavalo. Esta espécie também é conhecida como rabo-de-rato, cauda-de-raposa, rabo-de-cobra, sendo na nossa região também conhecida como moleirinha e/ou pinheirinha, por se assemelhar a um pequeno pinheiro. Propaga-se em zonas húmidas, sobretudo nas margens e nos leitos das nossas ribeiras, constituindo grandes tufos, que as mulheres colhiam no início do verão para secarem à sombra em local seco, a fim de não se perderem as suas propriedades.
Nestas plantas, de aspeto muito elegante e decorativo, as folhas são muito reduzidas, mostrando-se inicialmente como pequenas inflorescências translúcidas. Os caules são verdes e muito fotossensíveis, apresentando como características distintas o facto de serem ocos, com juntas e estrias.
Considera-se que esta planta tem mais de 300 milhões de anos sendo assim, comparativamente, uma das formas de vida vegetal mais antigas do mundo. Propriedades: - Gargarejos: laringites; - Compressas: feridas de difícil cicatrização, erupções cutâneas, úlceras; - Lavagens: feridas de difícil cicatrização, erupções cutâneas, úlceras, pés com transpiração excessiva; Utilização: - Infusão de 2 colheres de sopa da erva picada em 500 ml de água. Tomar 2 a 3 chávenas por dia: hemorragias, anemia, pressão alta, acne, espinhas, remineralizante, diurético e hemostático. - Uso externo: vapores, compressas, banhos, gargarejo.
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Celidónia
Chelidonium majus (família: Papaverácea) Segundo a Teoria das Assinaturas, esta planta, devido à semelhança da sua seiva com a cor da bílis humana, estaria indicada para problemas de fígado e vesícula, tal como hepatite e outros problemas das vias biliares e do trato gastrointestinal. A celidónia era já conhecida dos médicos da Antiguidade, que a aconselhavam para doenças dos olhos. O seu nome vem do latim coelidonum que significa “dom dos céus”. Existe também outra crença de que o seu nome deriva do grego, chelidôn que significa andorinha, pois florescia no tempo da migração destas aves. Hoje em dia, com a alteração do ritmo das estações, floresce muito mais cedo e durante mais tempo. Durante o período das descobertas marítimas foi levada para o Arquipélago dos Açores, sendo utilizada como planta tintureira. O seu látex alaranjado contém cerca de 10 alcalóides, sendo a quelidonina o alcalóide principal. Contém ainda berberina, sanguinarina, ácidos orgânicos (málico, cítrico e quelidónico), saponinas, carotenóides e flavonóides. Na nossa região também é conhecida por erva-das-verrugas, pois, segundo se crê, a sua aplicação sobre as verrugas durante nove dias seguidos fá-las desaparecer. Precauções: Não se recomenda o uso interno desta planta, a não ser com acompanhamento especializado, pois para além de irritação da pele e das mucosas, poderá causar tosse ou problemas respiratórios, se ingerida para além das doses recomendadas. A celidónia está sujeita a restrições legais em alguns países.
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Cidreira
Melissa officinalis (L.) (família: Labiadas)
“Ó erva-cidreira que estás na varanda, Quanto mais te rego, mais cresces para a banda” (folclore da Estremadura)
A cidreira, também conhecida por erva-cidreira, é uma das plantas mais populares da Península Ibérica, sendo extremamente fácil de encontrar em qualquer quintal ou varanda e também em estado selvagem. De acordo com as práticas das “nossas” avós, o chá feito com as suas folhas verdes ou secas é praticamente milagroso, combatendo todas as maleitas. É uma planta de cerca de meio metro, muito ramificada, perene e vivaz. Conhece-se pelo cheiro a limão, folhas opostas, caule quadrado, flores esbranquiçadas e propaga-se com facilidade antes de florescer. Originária do Mediterrâneo Oriental, dá-se em todo o mundo, em solos sombrios e húmidos até por volta dos 1000 m de altitude. Partes utilizadas: Folhas, caule e flores, em verde de preferência, ou secas a menos de 40º à sombra. O seu cheiro melífero atrai as abelhas. Princípios activos: Óleos essenciais, tanino, vitamina B1, B2, C. Propriedades: Relaxante, antiespasmódica, carminativa, tónica, colerática, estomáquica, febrifuga. Principais indicações: Nervos, gripe, dores de estômago, coração, gastrites, intestinos, picadas, memória, febre, dores de cabeça, insónias, espasmos, indigestões nervosas. /
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Dente de Leão
Taraxacum officinale (família: Compositae)
Em Portugal também é conhecido por quartilho, taráxaco ou amor-dos-homens. As crianças conheciam a planta pela designação “o-teu-pai-é-careca?”, em resultado de um jogo infantil que supostamente mostraria se o pai de outra criança, a quem se faz a pergunta, seria careca ou não, depois de soprar os frutos desta planta que, ao serem levados pelo vento, deixam uma base semelhante a uma cabeça careca. Ou ainda outro nome, associado também a uma brincadeira infantil, "avô-careca". A planta inteira é usada como diurético, purificador do sangue, laxativo e para facilitar a digestão e estimular o apetite; pode também ser utilizado em casos de obstipação. Além disso, contribui para aumentar a produção de bílis por isso é adequado para os problemas de fígado e vesícula biliar. A raiz é indicada para reumatismo. Faz-se óleo de massagem, também para artrite. Também é conhecida como um ótimo regulador intestinal quando tomado (chá) 3 vezes ao dia. Abundante em toda a Europa, frequente no nosso país até 2000m e reproduz-se pela semente.
lactonas, triterpenos. Nas folhas: cumarinas, carotenoides, potássio. Na raiz: ácidos fenólicos, potássio e cálcio.
Pequena planta de 0,05m a 0,50m de altura, vivaz, folhas em roseta basilar densa, compridas, raiz aprumada, flores amarelas que emergem de um comprido pedúnculo radial.
Propriedades: Aperitivo, depurativo, diurético, estomáquico, laxativo, tónico.
Partes utilizadas: Raiz, folhas, seiva. A raiz deve ser cortada em rodelas ou longitudinalmente. Princípios ativos: Vitaminas A,B,C,D,
Principais indicações: Arteriosclerose, astenia, celulite, tensão alta, colesterol, fígado, vesícula, gota, hemorróides, icterícia, litíase, digestão, obesidade, obstipação, paludismo, pele, reumatismo, sarna, ureia, varizes, eczemas e verrugas. /
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Erva-de-são-roberto
Geranium Robertianum (família: Geranináceas)
imunitário. É ainda considerada a sua eficácia como coadjuvante em oncologia, principalmente no cancro do tubo digestivo. Habitat: Europa, em climas húmidos, infestante nos jardins.
A erva-de-são-roberto é uma das plantas mais populares na nossa região, muito utilizada no tempo das nossas avós, sobretudo para chá que, segundo a tradição popular, combate todos os males do estômago. É extremamente vulgar nos nossos muros, barrancos, escombros e à beira das ribeiras, sendo colhida no pico do verão e pendurada em local escuro e seco para, à medida que vai ressequindo, não perder as propriedades. É recomendada em casos de problemas gastrointestinais, nomeadamente úlceras de estômago, azia, digestões difíceis e/ou diarreias. Pode ser utilizada também como um estimulante do sistema
Identificação: Anual ou bienal, de cheiro desagradável, caule com pilosidades, folhas divididas em três, pilosas como o caule e o fruto avermelhados. Cresce cerca de meio metro. Multiplica-se bem por sementes. Partes utilizadas: Partes floridas e raiz. Princípios ativos: Taninos e ácido cítrico. Principais indicações: Eficaz para as úlceras do estômago, gastrites, gengivas, olhos, cortes, inflamação do útero e diarreias ligeiras.
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Estramónio
Datura stramonium (família: solanácea) O estramónio, também conhecido como maçã-do-diabo, erva-do-diabo, figueira-do-inferno, figueira-do-diabo, castanheiro-do-diabo, erva-dos-bruxos, erva-dos-mágicos ou simplesmente estramónio é uma planta muito tóxica. Era usado no oráculo de Delfos e noutras tradições xamânicas para induzir visões. Na Europa Ocidental regista-se a sua utilização para práticas de bruxaria e rituais de magia negra, lamentando-se alguns acidentes com camponeses que sofreram acidentes de asfixia ao inalar o fumo, resultante das queimadas a esta planta, por se considerar nociva para as colheitas agrícolas.
Uma técnica habitual para a solução mágica que provocaria o voo visionário das bruxas consistiria em gordura de animal fervida com uma mistura de sumo de estramónio, cherivia, acónito, quinquefólio e beladona. Era depois adicionada fuligem à mistura, que posteriormente era espalhada por todo o corpo. Este composto dava lugar a uma experiência altamente visionária de projecção astral, que permitia o tradicional voo para o sabat. Um relato do séc. XVII refere ainda que uma mistura de estramónio, mandrágora, meimendro e beladona tornariam qualquer pessoa que o bebesse num autêntico monstro. As suas flores brancas exalam um odor extremamente desagradável e repugnante, sendo o mesmo associado à “má fama” desta planta, que pode conter entre 25% e 45% de alcalóides.
Contra indicações: glaucoma, hipertrofia da próstata, taquicardias, arritmias e edema agudo do pulmão. Embora possa provocar alucinações, chegou a ser usada tradicionalmente para tratar a “loucura”.
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Os alcalóides têm uma acção antiespasmódica, antiasmática, cardioacelaradora, diminuindo o peristaltismo gastrointestinal e as secreções. Os alcalóides, hiosciamina e atropina, apresentam uma acção bronquiodilatadora e analgésica local. A escopolamina, que é o alcalóide predominante, possui uma ação sedativa sobre o sistema nervoso central.
Pode ser usado na doença de Parkinson, ou em ataques de asma, mas sempre com acompanhamento especializado. Usa-se ainda em diluições homeopáticas. Aplicado externamente, alivia dores reumáticas e nevralgias.
Fel da Terra
Erythaea Centaurium (família: Genecianáceas) Devido ao seu sabor extremamente amargo, o fel da terra é utilizado tradicionalmente pelos nossos avós para combater a diabetes, mas também como amuleto nas encruzilhadas para evitar encontros com bruxas e espíritos. O fel da terra é uma planta herbácea anual, presente em toda a Europa, à exceção da Islândia, sendo reconhecida há séculos como planta medicinal. É colhida geralmente na primavera e apesar de ser nativa da Europa, cresce bem no resto do planeta em terrenos abertos e pantanosos e também em áreas mais secas, como as dunas. Possui um caule duro e reto, sendo ramificada apenas na parte superior. O seu tamanho varia entre 20 a 30 cm de altura, sendo por isso uma planta de pequeno porte. Cada ramificação termina numa espécie de coroa de pequenas flores de tom rosa claro. Carateriza-se por ser uma planta muito amarga, seca e pelo seu efeito digestivo, estimulando a produção de suco gástrico (contém glicosídeos amargos como a genciopicrina e eritrocentaurina, que estimulam o fígado e a vesícula biliar, aumentando assim o fluxo biliar e melhorando o apetite e a digestão). Também é conhecida por erva-dafebre e quebra-febre. Todas as suas partes são utilizadas. Como usar o fel da terra O fel da terra pode ser usado em licores de ervas e chás. No caso do chá, deve ser consumido 3 vezes por dia e sempre antes das refeições. Deve ser colocada uma colher de folhas numa chávena de água fria e deixar descansar durante oito horas, mexendo de vez em quando. Antes de ser consumido, deverá ser aquecido. Podem ainda ser colocadas duas colheres de sopa de folhas secas num litro de água e quando iniciar o processo de fervura, desligar de imediato. É aconselhável tapar a solução durante 10 minutos, antes de coar e beber.
Partes utilizadas: Caules e extremidades floridas. Princípios ativos: Secoiridoides, componentes amargos e resina. Propriedades: Aperitivo, carminativo, colerético, depurativo, estomáquico, tónico e vermífugo. Principais indicações: diabetes, apetite, bílis, queda de cabelo, convalescença, diarreia, febre, feridas.
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Habitat: Europa, bosques e charnecas. Muito frequente em Portugal em zonas de pastagens e outeiros secos até 1400m.
Identificação: De 0,10 a 0,50m de altura, anual, caule frágil, folhas verdes claras, flores cor-de-rosa com 5 pétalas (de junho a setembro), cheiro suave e sabor muito amargo.
Fumária
Fumaria officinallis (família: Papaverácea) A fumária é muito comum no nosso país, cresce um pouco por todo o lado: em terrenos cultivados ou incultos, bosques ou beiras de caminhos, muros ou hortas. É uma planta herbácea, anual de caule verde, glauco, folhas cinzento-esverdeadas, muito divididas em segmentos lineares, flores tubulares, cor-de-rosa púrpura ou brancas, com extremidades castanho-avermelhadas. Cheiro acre e sabor muito amargo. Alguns botânicos consideram-na da família das Papaveráceas, outros das Fumariáceas. Aparentemente inofensiva, pode tornar-se bastante tóxica se for inalado o fumo resultante de queimada. Contém taninos, alcalóides, potássio e ácido fumárico.Utiliza-se para tratar sobretudo problemas do fígado e da vesícula, cólicas intestinais e enxaquecas relacionadas com a função hepática. É um depurativo do sangue, diurético e laxativo.Em uso externo, trata problemas da pele como eczemas. As flores produzem um corante amarelo utilizado para tingir lãs. Precauções: Devido à ação dos alcalóides, deve ser usada com acompanhamento profissional. Desaconselhada em casos de gravidez ou aleitação, glaucoma, hipertensão ou epilepsia.
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Hipericão Bravo/ Erva de São João
Hypericum Perforatum (família: Hipericáceas)
Originária da Europa, é muito comum na nossa região em estado silvestre nos prados e montados, ribeiros e caminhos. Pega de semente ou de raiz no outono. Tradicionalmente era utilizada em infusão para combater os males do fígado, sendo igualmente eficaz no equilíbrio dos “humores”. O seu nome popular advém do facto de florescer durante o mês de junho, especialmente na altura de São João. É um pequeno arbusto, de porte ereto, atingindo cerca de 1 metro de altura. As folhas são opostas, sésseis, dotadas de glândulas translúcidas, que podem ser observadas colocando-se a folha contra a luz. As flores são numerosas, persistentes, de coloração amarela e possuem pequenos pontos pretos ao longo das margens das flores que contêm elevadas concentrações do pigmento vermelho hipericina. Durante séculos a Hypericum perforatum foi muito utilizada, inicialmente pela sua capacidade de cicatrizar feridas, úlceras de pele e queimaduras. Considerada capaz de afastar maus espíritos, foi utilizada no tratamento de inúmeras doenças mentais. Atualmente a planta não é muito usada para estes propósitos, mas sim, largamente testada na atividade antidepressiva contra estados depressivos suaves a moderados, ansiedade, insónia, dores nevrálgicas e, ainda, atividade antiviral, antibacteriana e fotossensibilizadora. Partes utilizadas: pontas das flores, frescas ou secas à sombra em junho e julho. Queimada na noite de S. João crê-se contra relâmpagos, incêndios, tempestades, bruxas e feitiços das colheita. Também lhe chamam “enxota diabos.” Princípios ativos: Hypericina, mais do que o Hipericão do Gerês e flavonoides.
Principais indicações: Depressão, ansiedade, tensão, insónias, reumático e dores musculares, herpes labial, mordeduras de animais, nevralgias, articulações, fígado e vesícula, rins, menopausa, constipações e dores de estômago. Embora não tão popular como o Hipericão do Gerês, é considerada ainda mais rica em termos de composição química.
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Propriedades: Antidepressivo, antiespasmódico, expetorante, estimulante da bílis, adstringente, sedativa e antiviral.
Mandrágora
Mandrágora officinarum Reino: Plantas Família: Solanaceae Regente planetar: Mercúrio Região: Nativa na Europa Central e do Sul e em zonas circundantes do mar Mediterrâneo Habitat: Solos leves e profundos, com uma leve humidade Também conhecida como “Maçãs douradas de Afrodite”, Planta de Circe, Falo-dos-Campos, Maça-de-Satã, ou Raiz das Bruxas. Contém alcalóides tropânicos, tal como a Beladona, e o seu agente principal é a escopolamina, o que permitia que a mesma fosse usada como anestesiante. A escopolamina é, no entanto, altamente tóxica, e que faz com que qualquer dose seja facilmente fatal. A raiz da Mandrágora assemelha-se a uma cherivia e pode crescer bastante abaixo do solo. A sua raiz pode ser única ou bifurcada e as suas folhas saem directamente da raiz e possuem um odor fétido. As suas flores assemelham-se a prímulas e estas crescem a par de um fruto redondo do tamanho de uma pequena maçã e de cor amarelo-alaranjado. O maior enigma associado à Mandrágora consiste na sua similaridade com a figura humana. Conhecemos também a lenda que nos fala do grito da planta quando arrancada do solo, e é dito que este grito é mortal para quem o ouve. Surgiram relatados diversos truques para serem utilizados aquando do arranque da raiz. O mais conhecido consistia em atar um cão à planta antes de a puxar do solo de modo que, ao fugir, o cão puxasse a planta até à superfície. Desta forma seria o cão a sofrer a “morte fatal” e o dono seria livre de manusear a planta posteriormente.
Na Alemanha, durante o séc. XVI, as bruxas e anciãs eram chamadas de Alraundelberin – “a portadora da Mandrágora” – e há documentos do séc. XV que relatam perseguições às bruxas que utilizavam mandrágora para os seus intentos mágicos. Aparece igualmente relatado um uso muito interessante investido à mandrágora: o de induzir o transe xamânico. Para além disto, a sua figura aparece em múltiplas cenas do mundo egípcio. Diz-se que uma raiz inteira de mandrágora terá a particularidade de proteger e gerar a prosperidade, tal como poderá ser usada para exorcismo, como é relatado na antiguidade. Também se acredita que o seu odor incita a sonolência e a sua presença protege o sono.
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Na bruxaria, a mandrágora pode ter vários tipos de usos: aumentar o desejo sexual, a fertilidade, induzir a gravidez e, em situações de aborto, para expulsar o nado-morto, como uma “purga do útero”¹ É também referido que era utilizada como anestesiante para operações cirúrgicas. Na antiguidade acreditava-se que a mandrágora teria sido um presente de Hermes, e daí estar intimamente associada à prática alquímica e também à invocação de espíritos. Para além de
anestesiante, a sua raiz era utilizada como antisético, narcótico e estimulante; no vinho, poderia servir para curar crises de insónia. A sua componente afrodisíaca era também muito reconhecida.
S.V.R. ¹Em Plínio, História Natural XXVI, citado na obra witchcraft Medicine de Cláudia MullerEbeling, Christian Ratsch e Wolf-Dieter Storl, Inner Traditions, 1998.
Malva
Malva sylvestris (família: Malváceas) A malva com as suas vistosas flores cor-de-rosa é uma das plantas mais utilizadas na medicina popular no nosso país e em particular na nossa região. Tanto as folhas frescas como secas, as flores ou os talos pilosos podiam ser utilizados para diferentes fins, sob a forma de chás ou infusões e cataplasmas aplicados diretamente sobre as feridas. Também a água das folhas de malvas fervidas era um tratamento muito utilizado pelas nossas avós para a cicatrização de doenças ou de inflamações de natureza oftálmica ou ginecológica, daí a expressão popular “lavar o rabo com água de malvas”. Identificação: Planta de 0,2 a 1m de altura, bienal, caule parcialmente ereto que se estende do pé central, folhas arredondadas, recortadas com longos pecíolos.A malva-silvestre possui como principais constituintes mucilagens, taninos e flavonóides, tanto nas flores quanto nas folhas. As mucilagens servem como protetor de mucosas e tem ação emoliente, mucolítica e laxante, que proporcionam à malva a qualidade de auxiliar no tratamento da obstipação e diarreia, além do tratamento de doenças respiratórias em que as vias estejam congestionadas, sendo usada principalmente para aliviar a tosse e sintomas de gripe. Os flavonóides da malva sylvestris são responsáveis pela ação anti-inflamatória da planta, auxiliando no tratamento de gastrites, úlcera péptica, inflamações de garganta e faringe, aftas e lesões bucais, bronquites e gripes. Externamente, é útil no tratamento de infeções cutâneas e de outras mucosas. As pastilhas de malva
utilizadas para o alívio das dores de garganta são bastante procuradas, visto que seu sabor é considerado muito agradável. Habitat: Comum por toda a Europa, nos caminhos e junto de muros e sebes. Frequente em Portugal, do Minho ao Alto Alentejo, até aos 1800m, bem como no arquipélago da Madeira. Partes utililizadas: Raiz, folhas, flores (antes da abertura). As folhas eram consideradas sagradas para os romanos. Colocadas nas portas protegem as casa das bruxas. Princípios ativos: Glicócidos de flavonol, mucilagem, taninos e malvina. Propriedades: Calmante, emoliente, laxativo. Principais indicações: Abcesso, acne, rosácea, afta, asma, banho, boca, bronquite, dentes, faringite, furúnculo, hemorróides, nervosismo, olhos, tosse, etc.
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Amor de Hortelão / Agarra-saias / Pegamasso Galium aparine
Cresce por toda a Europa e América do Norte, assim como noutras regiões temperadas, incluindo a Austrália. As partes utilizadas para fins medicinais são a planta inteira fresca. É um excelente diurético, podendo ajudar a eliminar pedras no aparelho urinário e tratar infeções do mesmo. É também um estimulante do sistema linfático, aliviando problemas de glândulas inchadas e com caroços. É ainda útil no tratamento de vários problemas de pele como seborreia, eczema e psoríase. Também purifica o sangue e constitui um excelente desintoxicante do organismo, ajudando a eliminar as toxinas através da urina. Tem sido utilizado nalguns casos de cancro linfático. Nesses casos, é mais eficaz ingerir a planta em forma de sumo em vez de chá. É ainda utilizada para arrefecer o corpo em casos de febre. Externamente, pode ser utilizada em cataplasmas para cicatrizar e desinfetar feridas e ainda para estancar o sangue. Cosmética Pode ser utilizada uma infusão para lavar o rosto e aclarar a pele. É também útil em problemas de icterícia. Pode ser misturada com a água de enxaguar o cabelo para combater a caspa. Pode ainda ser utilizada como eficaz desodorizante. Ferva a planta durante cerca de 15 minutos, deixe arrefecer e guarde no frigorífico durante cerca de 5 dias.
Culinária Com os frutos, é possível confeccionar algo semelhante ao café e a raiz moída pode substituir a chicória, sendo ainda muito utilizada em tinturaria para a obtenção de um bonito corante vermelho. O Amor-do-hortelão ou agarra-saias é uma planta silvestre, anual, invasora, da família das rubiáceas. O nome científico é Galium aparine L. Apresenta caule quadrangular, viloso nos nós e ramoso a partir da base, com espirais de folhas lanceoladas, cuja face superior está provida de pelos gancheados. As pequenas flores brancas desenvolvem-se nas axilas das folhas e têm quatro pétalas.
O fruto tuberoso mede cerca de 4 milímetros e é gancheado e com pelos, enquanto a raiz é delgada. Tal como o seu nome indica prende-se obstinadamente, por meio dos caules, à roupa dos caminhantes desprevenidos e dos animais, serve-se dos seus acúleos recurvados para se erguer, agarrando-se a tudo o que está próximo, sem no entanto danificar as outras plantas vizinhas. Esta planta trepa por árvores e arbustos, cobrindo por vezes grandes extensões de matas e silvados. Convém controlá-la um pouco nos nossos jardins, pois é extremamente invasora, apesar de se tratar de uma planta delicada, graciosa, macia e leve, com excelentes potenciais fitoterapêuticos. Os ingleses dão-lhe o nome de cleavers, goosegrass ou gripgrass. O nome científico deriva de uma palavra antiga Aparinê que significa "que agarra". Esta planta era conhecida dos antigos gregos, pois já Dióscorides explica como os pastores utilizavam os seus caules, atados em feixes, para clarificar o leite. Este recomendava-a também contra o cansaço.
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Salvão
Phlomis sp (família: Lamiácea ou Labiada) A salva-do-monte, também conhecida em algumas regiões por marioilas ou salvão, é muitas vezes confundida com a salva comum ou Salvia officinalis. A phlomis cresce em terrenos secos e calcários, em matos xerófitos, locais soalheiros e pedregosos. É uma bonita e útil planta de jardim, sobretudo em rocalhas. Atrai muitas abelhas, não necessita de água e apresenta uma bela floração roxa (P. purpúrea) ou amarela (P. lychnitis). Existem muitas outras variedades sendo estas duas as mais comuns e Portugal. Apesar de serem da mesma família, as suas propriedades medicinais não são as mesmas. As marioilas são utilizadas tradicionalmente para tratar problemas digestivos e afeções da boca e gengivas. A Salvia officinalis é uma planta sobre a qual se têm feito muitos estudos, sendo as suas aplicações medicinais sobejamente reconhecidas, sobretudo no tratamento de problemas associados à menopausa, tais como afrontamentos, calores noturnos, transpiração excessiva, ansiedade, depressão, insónia, etc.
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Simbolismo de algumas plantas
Borragem
Alecrim É símbolo da memória e da imortalidade. Erva sagrada para os romanos que com ela penteavam as noivas.
As flores da borragem eram bordadas nos mantos dos cruzados para lhe dar coragem e bravura, assim como as suas pétalas eram postas a flutuar nas suas bebidas, antes de partirem para o campo de batalha.
Erva das sete costelas/ tanchagem
Calêndula
Erva de São João
Para fazer feitiços de amor.
Alho Trazido no bolso afasta o mau-olhado.
Camomila
Aroeira
Apanhada na noite de São João, é utilizada como talismã para afastar as bruxas.
Uma cruz de aroeira com linha vermelha escondida protege as crianças das bruxas, do mau-olhado e do mal de inveja.
Planta sagrada na Inglaterra desde tempos imemoriais. Para os gregos era a guardiã dos caminhos e encontrá-la era prenúncio de sorte.
Queimada na noite de São João protege dos relâmpagos, incêndios, tempestades, bruxas e feitiços das colheitas. Em algumas zonas do país é conhecida por “enxota diabos”.
Fel da terra Usa-se nas encruzilhadas contra bruxas e espíritos.
Arruda Um vaso de Arruda à entrada da porta afasta as bruxas e o mau-olhado. As cabeças de 5 quinas são igualmente eficazes contra o mau-olhado.
Malvas Erva sagrada para os romanos. As suas folhas colocadas atrás da porta afastam as bruxas e os espíritos malévolos.
Camomila
Azevinho
Sempre-noiva
Simboliza abundância. Decorativo por ocasião das festividades de Inverno já no tempo dos Celtas.
Acreditava-se que as hastes de erva sempre-noiva fervidas tinham caraterísticas afrodisíacas.
Beladona
Traviscão
As bagas de beladona são ótimas refeições para pequenas aves como os pintassilgos; duas bagas maduras de beladona são suficientes para matar um ser humano em minutos.
A seiva leitosa desta planta colocava-se durante sete dias sobre calos e verrugas, pois acreditava-se que os eliminava.
Verbena Erva mágica dos druidas. Era sagrada que curava tudo.
Bolsa de Pastor Pendurada ao pescoço, faz nascer os dentes dos bebés.
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Aroeira
Traviscão
Erva das 7 Costelas / Tanchagem Plantago mayor (família: Plantagináceas)
A tanchagem é utilizada na medicina alternativa tradicionalmente para aliviar febres e remover o excesso de líquidos do corpo, ao mesmo tempo que diminui a inflamação e irritação nos tecidos. É uma erva que promove a recuperação de tecidos danificados ou estragados. A cataplasma é usada tradicionalmente para dor de dentes e também para aplicar sobre feridas, hemorragias, febre, picadas de abelha e hemorróidas. Pode ser utilizada em gargarejos para dores de garganta e a medicina utiliza o seu extrato em forma de colírio para blefarite e conjuntivite. A tanchagem é composta por alantoína, taninos, flavonoides (apigenina), mucilagem, glicosídeos (aucubina), ácido salicílico, ácido palmítico, ácido esteárico, ácido oleico, vitamina C, vitamina K, betacaroteno, entre outras substâncias. A alantoína presente na tanchagem é uma substância antiinflamatória que mata germes, melhora a velocidade de cicatrização de feridas e estimula o crescimento de células novas no corpo, sendo um ingrediente ativo de muitos cremes e loções cosméticas para a pele. Os taninos da planta são considerados adstringentes, o que faz com que a tanchagem ajude a estancar hemorragias e a controlar o fluxo menstrual.
O nome de género, Plantago, é uma velha adaptação francesa para a palavra latina que significa “planta”. Uma antiga lenda conta que uma bela jovem se casou com um cavaleiro famoso, antes de uma importante batalha em que o mesmo terá participado. Após o beijo de despedida, o cavaleiro pediu para que ela esperasse pelo seu regresso, e assim o fez, esperando infinitamente, sem que ele, para infortúnio de ambos, nunca mais regressasse. Assim, de tanto esperar, a bela jovem foi transformada nesta planta que a tradição inglesa considera sagrada. Na cultura grega, encontrar esta planta é sinal de sorte, sendo a mesma considerada a guardiã dos caminhos.
Partes utilizadas: Folhas secas, recolhidas no verão. Propriedades: Diurético, expectorante e anticatarral. Principais Indicações: Constipações, picadas de insectos, conjuntivite, inflamações, cortando o fluxo de sangue nos cortes e protegendo os tecidos feridos. É ainda eficaz no tratamento das hemorróides, fistulas, úlceras, catarro, perda de voz, gastrites. O seu chá pode ser bebido 3 vezes por dia.
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Habitat: Toda a Europa temperada, dando-se em terras fortes, caminhos e escombros.
Identificação: Planta perene de 30 cm de altura, folhas largas, arredondadas, rentes à terra cor verde, 7 nervuras em cada folha, flores esverdeadas em espiga, amareladas.
Verbasco
Verbascum thapsus (familia: scrophulariaceae) O verbasco ou barbasco, pavio ou vela-de-bruxa é uma planta endémica da Europa, do Norte de África e da Ásia, sendo introduzida durante o período das Descobertas Marítimas nas Américas e na Oceania. Tem propriedades medicinais e tóxicas, sendo usada nalguns locais para matar os peixes dos rios. Em Portugal existe de norte a sul do país, sendo colhida durante o verão para variados fins, sendo um dos mais populares para combater a queda de cabelo. As suas folhas, talos e flores são fervidos, resultando numa infusão com que se deve lavar o cabelo durante sete dias. Os vapores emanados da fervura desta planta eram ainda utilizados para combater as inflamações de natureza intestinal e ginecológica, fazendo-se uma cataplasma das suas folhas frescas para ajudar na cicatrização de doenças de pele. O verbasco tem sido usado desde tempos antigos como remédio para doenças de pele, da garganta e vias respiratórias, como amigdalite, asma e bronquite. É também eficaz no combate da diarreia e das enxaquecas, sendo ainda reconhecida a sua eficácia anti-viral no caso da influenza. Esta planta é também usada para aliviar a tosse e para aplicações tópicas contra uma variedade de doenças de pele. Mais recentemente uma investigação fitoquímica sobre o verbascum conduziu ao isolamento e identificação de um composto iridoide chamado verbathasin A e dez compostos conhecidos. Dois destes onze (luteolin e fucopyranosylsaikogenin F) revelaram resultados promissores quanto à atividade antiproliferativa com efeitos na indução de apoptose de células cancerígenas A549 (cancro do pulmão). Extratos de Verbascum thapsus combinados com outras quatro plantas medicinais revelaram atividade antiviral no combate ao vírus do herpes.
A planta também servia para fazer tinturas e tochas e diversos tipos de extratos herbais.Tal como muitas outras plantas medicinais (Plínio, o Velho, descreve-a na sua Naturalis Historia), o verbasco ficou ligado às práticas de bruxaria, sendo a planta muito usada para alegadamente evitar maldições e espíritos malignos.Pelo facto de as sementes conterem vários compostos químicos, que causam problemas respiratórios aos peixes é usada como piscicida. A tintura obtida das flores é de cor amarela ou verde e pode ser usada como colorante capilar. As folhas secas e a penugem da planta podem ser usadas no fabrico de pavios, ou colocadas debaixo das palmilhas dos sapatos como isolantes. Os caules secos eram mergulhados em sebo para fazer tochas.
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Há 2000 anos Dioscórides recomendou o seu uso contra doenças pulmonares, sendo esse um dos seus principais usos ainda hoje. A decoção das folhas e o uso em tisanas faz-se para combater a expetoração, tosse seca, bronquite e garganta inflamada. As folhas podem ser fumadas, uma tradição que os povos ameríndios adquiriram. Estes usaram a planta introduzida na América para fazer
xaropes contra alaringotraqueobronquite. A combinação de saponina expetorante e a mucilagem emoliente tornam a planta particularmente eficaz contra a tosse.
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