Exposição*
Arruda na Rota das Linhas de Torres
*Integrada nos Festejos em Honra de Nossa Senhora da Salvação
Arruda na Rota das Linhas de Torres «A A nossa longa retirada terminou à meia-noite, com a chegada à pitoresca vila da Arruda, que estava destinada a ser o posto de piquete da nossa Divisão (Divisão Ligeira) defronte das Linhas fortificadas. Tal como todos os lugares da linha de marcha, encontrámo-la totalmente deserta, e os seus habitantes tinham fugido com tamanha pressa, que os únicos objectos que levaram consigo 1 foram as chaves das portas das suas casas casas.» Este expressivo excerto das memórias do capitão inglês John Kincaid faz evocar o ambiente que se vivia em Arruda durante a permanência de franceses e ingleses na nossa região. Com efeito, podendo não ter sido palco de alguma batalha que tenha protagonizado um virar da página naquele momento particular da História de Portugal, Arruda foi local de conf luência dos dois exércitos, aquando da 3.ª Invasão Francesa a Portugal. Foi aqui, na madrugada de 15 de Novembro de 1810, que as tropas de Massena iniciaram a retirada, abandonando as suas posições, rumo a Santarém, onde viriam a passar o resto do Inverno.
Vista da vila de Arruda a partir do Forte da Carvalha
Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira possuem estruturas militares na 1.ª e 2.ª linhas defensivas de Lisboa. Tendo em vista a recuperação e divulgação deste património ímpar, estes seis municípios efectuaram uma candidatura conjunta ao Mecanismo Financeiro Europeu. Com o objectivo de marcar o início do trabalho efectivo de investigação, preservação e valorização do património material e imaterial associado à construção da Linha Defensiva de Lisboa (Linhas de Torres), no território do concelho, o Município de Arruda dos Vinhos decidiu levar a efeito a presente exposição temática, inserida nos seculares festejos em honra de N.ª Senhora da Salvação. Divisão Sócio-Cultural Município de Arruda dos Vinhos 1
Jonh Kincaid in «Aventuras na Brigada da Espingarda» (1830)
Napoleão e as Invasões Francesas a Portugal Invasões Francesas Napoleão Bonaparte ascendeu ao poder em 1799 e adopta o nome de Napoleão I (entre 18 de Maio de 1804 e 6 de Abril de 1814). Foi uma figura importante no cenário político mundial da época, esteve no poder da França durante 14 anos e, nesse período, conquistou grande parte do continente europeu. O seu sucesso deveu-se ao talento estratégico e espírito de liderança. O fim do processo revolucionário da França, com o Golpe 18 de Brumário (data do calendário estabelecido pela Revolução Francesa, equivalente a 9 de Novembro de 1799 do calendário gregoriano), marcou o início de um novo período na França: a Era Napoleónica. O Governo de Napoleão constituiu-se por três fases: 1. Consulado (1799-1804) 2. Império (1804-1814) 3. Governo dos Cem Dias (1815) 1. CONSULADO Abandonaram-se os ideais da Revolução Francesa “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” e a forte censura à imprensa e aos órgãos policiais aniquilou qualquer oposição ao governo de Napoleão. 2. IMPÉRIO Em 1804 foi realizado um plebiscito que aprovou a nova fase da Era Napoleónica, com quase 60% de votos. Restituiu-se o regime monárquico na França e Napoleão foi indicado para ocupar o trono. No dia da sua coroação, a 2 de Dezembro de 1804, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que foi especialmente para a cerimónia, e coroou-se a si mesmo, deixando bem claro que não tolerava nenhuma autoridade superior à dele. Em seguida, coroou a sua esposa - Imperatriz Josefina. Arruda na Rota das Linhas de Torres Napoleão I
Napoleão e as Invasões Francesas a Portugal Invasões Francesas Neste período, o Império Francês atingiu uma grande extensão, com quase toda a Europa Ocidental e parte da Europa Oriental ocupadas. Foram realizadas uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para a França. Com o objectivo de derrotar os ingleses, o Império Francês decretou o Bloqueio Continental em 1806, em que Napoleão I determinou que todos os países europeus deveriam encerrar os portos ao comércio com Inglaterra. Porém, a revolução industrial de Inglaterra tinha-a colocado numa posição favorável de exportação de produtos, e muitos países participantes do Bloqueio saíram prejudicados porque não tinham produção industrial própria. Portugal tinha relações privilegiadas com a Inglaterra, através da assinatura do Tratado de Methwen em 1703 (Portugal comprometeuse a consumir os produtos industrializados e Inglaterra comprometeu-se a consumir os vinhos e tecidos de Portugal), para além de Inglaterra ter ameaçado Portugal com a usurpação das colónias, e não teve escolha: não participou no Bloqueio Continental, tendo sido o único aliado de Inglaterra. Contrariado com a decisão de Portugal, Napoleão I formou uma aliança com a Casa Real Espanhola para a invasão a Portugal, em 27 de Outubro de 1807, com o “Tratado de Fontainebleu. De acordo com este tratado, Portugal seria conquistado e dividido em três reinos: - Lusitânia Setentrional - entre o Rio Minho e o Rio Douro; - Algarves - região a sul do Tejo; - Resto de Portugal - entre o Rio Douro e o Rio Tejo. Napoleão I iniciou a Guerra Peninsular (1807-1814), cuja primeira parte é conhecida como Invasões Francesas a Portugal.
1.ª INVASÃO - Comando do General Junot 18 de Outubro de 1807 - Tropas Francesas entram em Espanha. 20 de Novembro de 1807 - Alcançam a fronteira portuguesa e não encontram resistência. 24 de Novembro de 1807 - Atingem Abrantes em busca de provisões. 28 de Novembro de 1807 - Entram em Santarém e partem rumo a Lisboa, no mesmo dia. 29 de Novembro de 1807 - A Corte Portuguesa parte para o Brasil e estabelece o Rio de Janeiro como a nova capital do Reino.
Fuga da Corte Portuguesa para o Brasil
30 de Novembro de 1807 - As Tropas Francesas entram em Lisboa, fazendo frente a dois regimentos em mau estado. 1 de Agosto de 1808 - Desembarque do Exército Britânico em Lavos (Figueira da Foz), sob o comando do General Arthur Wellesley (mais tarde Duque de Wellington), com o objectivo de proteger o porto de Lisboa. 17 de Agosto de 1808 - Batalha da Roliça entre as tropas francesas e as tropas luso-britânicas. O embate foi favorável aos luso-britânicos que, entretanto, se dirigem para Lisboa.
Batalha da Roliça
21 de Agosto de 1808 - Batalha do Vimeiro entre as tropas francesas e as tropas luso-britânicas. O embate foi favorável aos luso-britânicos. 30 de Agosto de 1808 - Convenção de Sintra: acordo entre Inglaterra e França que encerrou a 1.ª Invasão Francesa a Portugal. Junot retira as suas tropas sem maiores perdas e em segurança, e Wellington ganha o controle de Lisboa e da linha de defesa da barra do Rio Tejo, sem necessidade de combate.
Napoleão e as Invasões Francesas a Portugal Invasões Francesas O Exército Francês reorganiza-se e prepara a 2.ª INVASÃO - Comando do Marechal Soult 10 de Março de 1809 - As Tropas Francesas entram em Portugal pela veiga de Chaves. 15 de Março de 1809 - O Marechal Beresford assume o comando do Exército Português. 27 a 29 de Março de 1809 - O Porto é atacado, conquistado e saqueado pelo Exército Francês de Soult. 22 de Abril de 1809 - O General Wellington desembarca em Lisboa com reforços militares Britânicos para Portugal. 18 de Maio de 1809 - O Exército Francês de Soult abandona Portugal por Montalegre e encerra-se a 2.ª Invasão Francesa a Portugal. Lord Wellington, prevendo uma nova invasão dos Franceses, organiza uma defesa de Lisboa através de um conjunto de fortificações em torno da capital, aproveitando e reforçando os obstáculos naturais do terreno. Este conjunto de fortificações ficou conhecido como Linhas de Torres Vedras.
Mapa das Linhas de Torres Vedras 1810-1811
Napoleão e as Invasões Francesas a Portugal Invasões Francesas 3.ª INVASÃO - Comando do Marechal Massena (Beira Alta) e Marechal Soult (Alentejo) 28 de Agosto de 1810 - Almeida rende-se ao Exército Francês de Massena, após a explosão do paiol de munições no dia 26 de Agosto. 18 de Setembro de 1810 - Ocupação de Viseu pelas Tropas Francesas. 27 de Setembro de 1810 - Batalha do Buçaco entre as tropas francesas e as tropas luso-britânicas. O embate foi favorável aos luso-britânicos, mas Wellington retirou o Exército em direcção às Linhas de Torres Vedras.
11 a 13 de Outubro de 1810 - O Exército Francês chega às Linhas de Torres Vedras e dá-se o combate de Sobral de Monte Agraço. O Exército Francês é derrotado e não consegue atravessar as Linhas. 15 de Novembro de 1810 - O Exército Francês retira-se das Linhas de Torres e passa o Inverno na zona de Santarém, com as tropas de Wellington no seu encalço, até Março de 1811.
A derrota de Massena nas Linhas de Torres Vedras marcou o início da viragem da carreira vitoriosa de Napoleão I. A própria fuga da Família Real Portuguesa para o Brasil contribuiu para a falha estratégica de Napoleão I: «C'est ça que m'a perdu» (foi isso que me fez perder) in “Memoires de Ste. Hélène”. 3. GOVERNO DOS CEM DIAS Napoleão I abdicou em Abril de 1814, mas regressou ao poder em Março de 1815, tendo sido derrotado definitivamente em Junho de 1815, por um Exércit o sob o comando de Wellington, em Waterloo na Bélgica. Acabou exilado na Ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde escreveu as suas memórias.
3 de Abril de 1811 - Batalha do Sabugal entre as tropas francesas e as tropas lusobritânicas. Combate vencido por Wellington, que obriga Massena a abandonar Portugal. Encerra assim a 3.ª Invasão Francesa. Retirada de Massena de Portugal
Linhas de de TorresTorres Vedras Linhas As Linhas de Torres Vedras são o conjunto de linhas fortificadas que o General Wellington concebeu para a defesa de Lisboa às invasões francesas. Aproveitando os obstáculos naturais da região, foram construídas 152 fortificações, desde Novembro de 1809 até 1812. Wellington redigiu um documento em Outubro de 1809 com as instruções a seguir: era fundamental “a escolha de uma posição que o inimigo não pudesse tornear nem deixar à retaguarda, que tivesse comunicação fácil e segura com mar; que barrasse todas as comunicações dirigindo-se sobre Lisboa”. Depois era preciso “fortificar solidamente essa posição de forma a constituir uma verdadeira praça de armas onde se concentrassem, reabastecessem e repousassem durante algum tempo, as forças do exército de campanha anglo-lusa, a fim de oportunamente se travar, numa acção geral, a batalha que deveria decidir a sorte da capital”. Foi assim constituído um sistema militar apoiado em 4 Linhas de Defesa, considerado um dos maiores (e mais baratos) feitos da engenharia militar britânica.
Carta Militar e Topográfica das Linhas de Torres
1.ª Linha - De Alhandra à Foz do Rio Sizandro (em Torres Vedras), constituída por 46km, complementada por uma f lotilha de 14 canhoneiras inglesas que patrulham o Rio Tejo (a chamada Bateria do Tejo).
2.ª Linha - Situada a 13km ao sul da 1.ª Linha, com cerca de 39km de extensão entre o Forte da Casa e Ribamar. 3.ª Linha - Entre Paço d'Arcos e o Forte de S. Julião da Barra, tinha um perímetro defensivo de cerca de 3km e situa-se a cerca de 40km ao sul da 2.ª Linha. 4.ª Linha - Situada na margem sul do Rio Tejo, fechando a Península de Setúbal. A 1.ª Linha foi organizada em termos defensivos, de forma a constituir uma posição avançada, funcionando em linha com as obras que tinham sido construídas nas elevações do Sobral de Monte Agraço e de Torres Vedras. Como reforço das posições elevadas foram preparados dispositivos para inundar os terrenos junto ao Tejo, de modo a dificultar o atravessamento do Rio e a progressão por terra. O Posto de Comando das Linhas situava-se no Forte de Alqueidão, em Sobral de Monte Agraço, e as Linhas encontravam-se apetrechadas com 427 bocas de fogo. As Linhas de Torres defenderam Lisboa das Invasões Francesas em 1810, mas só foram totalmente concluídas em 1812 - porque subsistiu a possibilidade de uma 4.ª Invasão -, e totalizam 152 obras, entre redutos e b a t e r i a s , apetrechadas com 523 bocas de fogo.
Tropas Inglesas em defesa
Linhas de de TorresTorres Vedras Linhas A eficiência deste sistema defensivo baseou-se em cinco pilares fundamentais: 1. As Linhas de redutos encontravam-se munidas de peças de artilharia, que submetiam a fogo de flanco todas as estradas e desfiladeiros de aproximação do inimigo; 2. A construção de estradas militares que ligavam as fortificações entre si, permitindo uma rápida deslocação das tropas, no interior das Linhas; 3. A introdução de um sistema de comunicações telegráficas, adaptado ao da marinha, que permitia transmitir rapidamente mensagens entre as duas primeiras Linhas;
Lord Wellington
4. A construção das fortificações em segredo absoluto. Nem Massena, nem o Exército Francês tinham conhecimento destas fortificações. Mas também o Governo Britânico, a quase totalidade dos Oficiais do Estado-Maior do Exército Inglês e o Ministro Britânico em Lisboa, desconheciam a sua existência; 5. A associação de uma política de terra queimada e de desertificação, a Norte das Linhas, que levou à deslocação de cerca de 300 000 habitantes dos distritos vizinhos para dentro das Linhas, apoiando a sua defesa. A construção das Linhas empregou cerca de 150 000 camponeses, recrutados numa área de 64km à volta das Linhas. Esta grande obra deve-se à população estremenha que, durante um ano, teve de abandonar as suas terras para nela trabalhar, mantendo-se respeitadora, industriosa, dócil e obediente para com as tropas britânicas, apesar das barreiras cultural e linguística. Para além de que as expropriações necessárias à construção das Linhas foram sempre forçadamente gratuitas e os materiais tomavam-se e não se pagavam. A Guerra Peninsular assumiu uma violência superior à de qualquer outra guerra anteriormente ocorrida em Portugal, e as suas repercussões económicas, sociais e políticas foram muito duradouras. O número de mortos foi superior a 100 000 e muitos milhares de habitantes viriam ainda a falecer em consequência da fome e da falta de recursos que se seguiram à política da terra queimada.
Arruda
Arruda na 1.ª Linha Defensiva Os Fortes No Concelho de Arruda dos Vinhos existem três Fortes que integravam a 1.ª Linha de Defesa, a saber: Forte de S. Sebastião, da Infesta ou do Cego; Forte da Carvalha; Forte do Passo.
A Vila de Arruda e as Invasões Apesar da 1.ª Linha de Defesa de Lisboa cortar toda a Península de Torres Vedras, a frente francesa não atingia dois terços desta extensão, tendo as suas forças fraco campo de manobra. Situaram-se entre Vila Franca de Xira e a passagem de Runa. Todo o exército luso-britânico ficou recolhido nas Linhas, “com excepção da Divisão Ligeira e da Brigada de Pock, que, devendo entrar por Arruda, se demoraram em Alenquer e ali se deixaram surpreender pelas tropas de Montbrun, abandonando precipitadamente aquela vila, com a perda de bagagens e com bastantes feridos, dirigindo-se para o Sobral, tendo na noite de 11 para 12 realizado uma marcha de flanco, junto às Linhas, para ganhar Arruda, cujo vale, durante todo esse tempo, ficou perigosamente aberto ao inimigo.” (As famosas Linhas de Torres in A HORA) Quando Montbrun avançava para as Linhas, havia um espaço de quase 50km, de Alhandra ao Sobral, sem um único defensor. Arruda encontravase totalmente sem forças de resistência. A este propósito escreveu o Capitão John Kincaid (1830) nas “Aventuras na Brigada da Espingarda” o seguinte:
Arruda na Rota das Linhas de Torres
«A nossa longa retirada terminou à meia-noite, com a chegada à pitoresca vila da Arruda, que estava destinada a ser o posto de piquete da nossa Divisão (Divisão Ligeira) defronte das Linhas fortificadas. Tal como todos os lugares da linha de marcha, encontrámo-la totalmente deserta, e os seus habitantes tinham fugido com tamanha pressa, que os únicos objectos que levaram consigo foram as chaves das portas das suas casas; de modo que, quando entrámos, utilizando a chave usual disparando uma bala de espingarda através do buraco da fechadura: ela abre todas as fechaduras ficámos agradavelmente surpresos, ao verificarmos que as casas estavam, não só perfeitamente mobiladas, como a maior parte delas tinham comida na despensa e uma abundante provisão de bons vinhos na adega; e que, efectivamente, elas só necessitavam de alguns hóspedes, capazes de apreciarem as coisas boas que os deuses haviam providenciado; e diabos me levassem, se não éramos nós próprios as pessoas capazes de o fazer!
Aqueles que desejam uma descrição das Linhas de Torres Vedras podem desistir. Eu de nada sei, excepto que me contaram que um dos seus limites se situava no Tejo e o outro algures, junto do mar; e vi com os meus próprios olhos uma variedade de redutos e fortificações nos vários montes que se erguem no meio. O que eu sei, no entanto, é que desde então, corremos com os franceses dos lugares mais formidáveis e mais resistentes; e, diga-se com o devido respeito, julgo que o Príncipe d'Essling deveria ter tentado a sua sorte contra as Linhas visto que ele só poderia ter sido derrotado, combatendo, tendo acabado por o ser, posteriormente, sem combate! Em tempo muito quente ou muito húmido, era costume ficarmos abrigados na vila, durante o dia, mas voltávamos sempre ao nosso bivaque, nos montes, durante a noite. Vivíamos, efectivamente, na abundância, enquanto aqui permanecíamos; tudo o que víamos era nosso, visto que, aí, ninguém tinha pretensões mais legítimas; e cada campo era uma vinha. Massena abandonou a sua posição, fronteira à nossa, na noite de 14 de Novembro, deixando algumas sentinelas, feitas de palha, a ocuparem os seus postos habituais; e, na neblina da manhã seguinte, pensámos tratar-se de reforços mais bem alimentados, vindos da retaguarda, e já o dia ia adiantado quando descobrimos o erro e avançámos na sua perseguição.» (CMTV, 2001: 37)
Arruda
Arruda na 1.ª Linha Defensiva A Vila ficou totalmente desprotegida, a norte das Linhas, e quando o Marechal Massena, “depois de ter chegado diante das Linhas, mandou efectuar os primeiros reconhecimentos, com alguma esperança de que elas pudessem ser vulneráveis pelos vales de Calhandriz e de Arruda - onde sempre estacionou um posto de Cavalaria ligando os 2.º e 3.º Corpos -, de facto as mais susceptíveis de ser transpostas ou tornear a posição de Alhandra” (As famosas Linhas de Torres in A HORA). Mas sobre estes vales (Calhandriz e Arruda) estavam os redutos, e todos eles estavam cortados com defesas ciclópicas, enormes abatizes de carvalhos e castanheiros arrancados da terra todos inteiros, com as suas enormes raízes, transportados com esforços sobre-humanos.
Invasões Francesas no chafariz
No entanto, no dia 16 de Outubro de 1810, Massena decidiu fazer o reconhecimento às linhas inimigas subindo o Sobral pela estrada da Zebreira, estendeu os olhos pela vastidão das obras, compreendendo o que as mesmas valiam. “Seria, pois, uma loucura temerária o ataque a quem se encontrava tão formidavelmente defendido, com tão grande moral e propósito firme de não se deixar vencer” (As famosas Linhas de Torres in A HORA).
Foi então que “deixou num muro, a pequena distância, o seu óculo de campanha. Nisto, de uma bateria de qualquer dos redutos aliados, manifestamente disparado na direcção do grupo, caiu uma granada que bateu no referido muro, a poucos passos onde se encontrava o mencionado óculo do célebre marechal de Napoleão. Compreendendo este o claro aviso de retirar-se, tirando chapéu, cortêsmente saudou o inimigo e, implicitamente, a própria formidável linha de redutos, que, pela voz potente da sua artilharia, também acabara de o cumprimentar, ainda que de forma um pouco brusca…” Apesar da Vila se encontrar desprotegida, “o vale de Arruda estava maravilhosamente defendido” (As famosas Linhas de Torres in A HORA). Durante 4 semanas esteve a cavalaria do Corpo do Exército de Ney em Arruda. “Pela sua posição especial, esta povoação esteve sempre, mais ou menos, ocupada pela cavalaria inimiga” (As famosas Linhas de Torres in A HORA). As tropas “acoitaram-se em adegas da região, saqueando a vila, destruindo arquivos, profanando a igreja, roubando dali muitas alfaias, ficando famoso o roubo do trono de prata da Padroeira, Senhora da Salvação” (Rogeiro, 1997:28). “Só algumas horas depois do nascimento do Sol [no dia 15 de Novembro de 1810] a atmosfera limpou, e então se verificou que os Franceses haviam abandonado as suas posições, como se disse, numa habilidosa manobra, a que o próprio Wellington fez inteira justiça” (As famosas Linhas de Torres in A HORA).
Arruda
Arruda na 1.ª Linha Defensiva O General Wellington foi o responsável pela construção das Linhas de Torres que deram origem a um dos mais notáveis acontecimentos militares de todos os tempos. A 1.ª Linha de Defesa, onde se incluem as fortificações de Arruda (Cego, Carvalha e Passo) foi a linha defensiva de toda a Península de Torres Vedras e totalmente intransponível, pelo que a Vila de Arruda, situada a norte das Linhas, sofreu a política da terra queimada, os arrudenses deixaram as suas casas e enterraram os seus haveres, em defesa da capital e do país.
Foi no nosso concelho, e nos concelhos que participaram na construção destas Linhas, que Napoleão I se deparou com uma viragem na sua carreira vitoriosa. Foi uma viragem que consag rou “a nossa integ ridade como país livre” (As famosas Linhas de Torres in A HORA).
Curiosidades A população enterrou alguns bens antes de abandonar a Vila, assim como procedeu à terra queimada, abdicando dos seus campos cultivados, com o objectivo de não abastecer as tropas inimigas. Foi publicado, em 1811, a “Relação da Victoria que alcançarão os Hespanhoes, e Portuguezes juntamente no Combate de Badajoz, e outros na Covilhã, Alpedrinha, e Arruda”. Foi realizado, em 1811, o “Sermão de Acção de Graças pela feliz Restauração de Portugal recitado na Paroquial Igreja de N. Senhora da Salvação da Villa d'Arruda”. Existe um livro de registo de contratos de expropriação de terrenos para construção da Linha de Torres Vedras (1885) do Fundo da Administração do Concelho de Arruda dos Vinhos, no Arquivo Municipal de Sobral de Monte Agraço. A ausência de documentação, no Arquivo Municipal de Arruda dos Vinhos, anterior a 1811 decorre provavelmente da circunstância das tropas napoleónicas terem destruído os arquivos da Vila quando a ocuparam. Devido à política de terra queimada cerca de 50 000 portugueses morreram à fome.
Rota Histórica
Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Plataforma Intermunicipal para as Antecedentes A 27 de Outubro de 2001 foi assinado um Protocolo de Colaboração entre o IPPAR - Instituto Português do Património Arquitectónico, e os Municípios de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira com o propósito de preparar “instrumentos de programação e gestão do património integrante das Linhas de Torres” (clausula 3.ª), estabelecendo uma metodologia de trabalho. Este foi o culminar das Jornadas Intermunicipais “Cintura Defensiva das Linhas de Torres - Recuperação e Divulgação”.
Objectivos Salvaguardar, recuperar e valorizar o património integrante das Linhas de Torres; Definir os critérios globais que orientem a gestão integrada do património das Linhas de Torres; Proteger legalmente os sítios mais emblemáticos das 1.ª e 2.ª Linhas Defensivas; Requalificar urbana e paisagisticamente as áreas de implantação do conjunto e dos sítios que o integram;
Linhas de Torres Em 2006 foi constituída a Plat afor ma Intermunicipal para as Linhas de Torres entre os seis Municípios - Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira-, firmando o interesse em salvaguardar, recuperar e valorizar o Património das Linhas de Torres, localizado nos seus territórios, através de uma candidatura a financiamento pelo Fundo de Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu. A candidatura foi formalizada ainda em 2006 e obteve resposta afirmativa em Junho de 2007.
Unidades de Trabalho Para a prossecução dos objectivos traçados foram organizadas Unidades de Trabalho de responsabilidade partilhada, a saber: UT1 - Gestão Administrativa e Financeira da Candidatura apresentada ao MFEEE (Município de Torres Vedras);
UT2 - Trabalhos Arqueológicos, Estudos e Investigação Histórica (Município de Mafra);
UT3 - Parcerias Nacionais, Planeamento, Articulação e Cooperação Estratégica (Município de Mafra);
Fruir publicamente os sítios que vierem a ser seleccionados, nos vários níveis do programa de intervenção; Criar um produto turístico, cultural e arquitectónico, com divulgação à escala nacional e internacional;
UT4 - Programas de Financiamento e Parcerias Transnacionais (Município de Loures);
UT5 - Definição de Conteúdos Técnicos e Científicos para os Centros de Acolhimento e Centros de Interpretação (Município de Loures);
UT6 - Programação de Edições e Publicações
Transformar este importante património cultural e arquitectónico, num pólo de desenvolvimento local, ao nível de vários municípios;
(Município de Vila Franca de Xira);
UT7 - Obras e Fiscalização, Subcontratação de Estudos e Projectos (Município de Mafra);
Comemorar o Bicentenário das Linhas de Torres Vedras, em 2010.
UT8 - Acções de Limpeza e Desmatação (Município de Mafra);
UT9 - Programação de Eventos, Promoção, Divulgação e Imagem Global Arruda na Rota das Linhas de Torres
(Município de Arruda dos Vinhos);
UT10 - Base de Dados e Inventariação de Acervos (Município de Sobral de Monte Agraço).
Rota Histórica
Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Arruda dos Vinhos
Forte de S. Sebastião, da Infesta ou do Cego
Forte da Carvalha Obra Militar n.º 10
Obra Militar n.º 9
Forte do Passo Obra Militar n.º 12
Situado na freguesia de Arruda dos Vinhos, à direita do desfiladeiro de Matos, era designado Forte de S. Sebastião, mas por se situar no Casal do Cego passou a designar-se Forte do Cego. Tem uma localização privilegiada porque permite a visualização de todo o vale de Arruda, a uma altura de 353 metros de altura. Em 1814 estava ainda artilhado com 3 peças de calibre 9, 1 peça de calibre 12 e 4 canhoneiras e tinha capacidade para 280 soldados. Actualmente apesar de existir vegetação rasteira, é possível observar as canhoneiras e o paiol.
Arruda na Rota das Linhas de Torres
Situado na freguesia de S. Tiago dos Velhos, é um forte em “forma de estrela”, apresenta uma tipologia arquitectónica das mais representativas destas estruturas militares e o seu estado de conservação é considerado relativamente bom. Situado à direita da localidade de Carvalha, a 394 metros de altura. Em 1814 estava ainda artilhado com duas peças de calibre 9 e 4 canhoneiras, e a sua capacidade era para 400 soldados. Os fortes estavam ligados por uma estrada militar calçada à antiga portuguesa, que ainda apresenta alguns troços de vestígios. Junto ao reduto da Carvalha, existiu um poço aberto para serviço das tropas, conhecido como o Poço dos Militares. Todo o material e artilharia foram retirados para o Arsenal do Exército em 1818.
Situado na freguesia de Arranhó, numa escarpa rochosa por cima da estrada de Arruda, a 283 metros de altura. Possuía 3 peças de artilharia de calibre 9 e capacidade para 120 soldados. A localização deste forte coincide com o Sítio Arqueológico do Castelo.
Rota Histórica
Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Loures
A construção das Linhas Defensivas de Torres Vedras compreendeu vários tipos de estruturas militares, incluindo fortificações de grandes dimensões, assim como pequenos fortins e redutos; moinhos que funcionaram como postos de posição, quintas ocupadas como quartéisgenerais; escarpamentos, trincheiras, abatizes, obras de hidráulica; uma rede de estradas que permitiam ao exército ang lo português manter uma rápida comunicação e deslocação das tropas no interior das Linhas. Não esquecer a política de terra queimada, à qual aderiram as populações, que retiravam a Norte das Linhas a possibilidade ao inimigo de se abastecer de provisões, debilitando a sua capacidade de resistência e de ataque ao sistema de defesa em causa. No território do município de Loures, existe um conjunto de obras militares, que se inserem nas 1.ª e 2.ª Linhas Defensivas, englobando fortins, redutos, escarpamentos, estradas militares, que fortemente implantadas na geografia da região, controlavam os principais acessos à cidade de Lisboa.
Escarpamento de Ribas Fanhões, Loures.
Reduto de Ribas (Obra n.º 51) Entrada vista do interior da fortificação - Fanhões, Loures
Reduto de Ribas (Obra nº 51) Pormenor do fosso - Fanhões, Loures.
O projecto da Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres, pretende, preservar, valorizar e promover a fruição das obras militares, integradas em circuitos e apoiadas por estruturas, como seja, o futuro Centro de Interpretação de Bucelas. Arruda na Rota das Linhas de Torres
Apresentamos como exemplo, o Reduto de Riba s, (obra n.º 51) situado na cumeada da serra de Ribas, freguesia de Fanhões, pertencente à 2.ª Linha Defensiva. Esta obra militar aproveita em parte o declive acentuado como fosso, é propriedade do Estado-Maior do Exército e a sua edificação t eve c o m o o b j e c t ivo proteger o f lanco esquerdo do desfiladeiro do F reixial, fazendo parceria com o reduto do Quadradinho. Apesar de parcialmente arruinada, do conjunto existente em Loures, é aquela que oferece o melhor nível de preservação, com muitas estruturas em alvenaria. Obras de limpeza e de consolidação/reconstruç ão parcial planificadas no âmbito da Rota Histórica, visam melhorar a leitura do imóvel e devolver o mesmo à fruição pública.
O Escarpamento é um talude revestido a pedra calcária, com necessidade de limpeza e de consolidação/reconstução nalguns troços. Obra militar que liga as posições do Mosqueiro e de Ribas, ladeando a estrada militar.
Rota Histórica
Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Mafra
Forte Grande Reduto n.º 28 N.º Inventário: LT, reduto n.º 29 Local: Enxara dos Cavaleiros Freguesia: Enxara do Bispo Coordenadas UTM: 29SMD807161 Tipo: Arquitectura Militar / Fortes das Linhas de Torres Vedras Cronologia: Época Contemporânea / 1809-1812 Descrição: Reduto defensivo integrado na 1.ª linha das Linhas de Torres Vedras, munido de 4 bocas de fogo, com uma guarnição de 280 homens. Forte de planta trapezoidal com fosso, muro rasgado para canhoneiras e taludes interiores bem marcados. Construído em terra batida e com elementos de alvenaria. Apresenta quatro canhoneiras, paiol e áreas de protecção. Junto ao fosso encontram-se alguns blocos de pedra que poderão ser resultado de uma despedrega. Encontra-se no limite de um desfiladeiro e inserido numa zona rural. Em associação com o reduto 29, corresponde ao único conjunto inserido na 1.ª linha, no actual território do concelho de Mafra.
Arruda na Rota das Linhas de Torres
Estado de conservação: Razoável Bibliografia: PEREIRA, N. (2002) - As Linhas de Torres Vedras no Concelho de Mafra: O estado de conservação dos redutos. Boletim Cultural' 2001. Mafra: Câmara Municipal, p. 339-351.
Trabalhos efectuados pela autarquia: Levantamento de Campo e colocação de painel. Limpezas efectuadas pela Direcção Infraestruturas do Exército.
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Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Sobral de Monte Agraço
Forte Grande ou do Alqueidão Obra n.º 14
De entre as fortificações da 1.ª linha de defesa, o Forte Grande ou do Alqueidão, como é hoje conhecido, assumiu uma importância estratégica militar de relevo, quer pela sua localização quer pela capacidade de guarnição e número de peças de artilharia. Situado a cerca de 2 Km a sul da vila de Sobral de Monte Agraço é, efectivamente, o ponto de cota mais elevado de todo o sistema defensivo - 439 m de altitude - e onde Wellington estabeleceu o posto de comando das Linhas e concentrou a maior parte do seu exército de campanha. Quando as topas francesas chegaram às Linhas no dia 11 de Outubro de 1810, ao aproximarem- se da região de Sobral de Monte Agraço, tomam conhecimento da existência de uma linha de fortificações que se estende desde o rio Tejo até à foz do rio Sizandro. No dia 12 de Outubro, o VIII Corpo do Exército Francês atacou os postos avançados de Spencer, em Sobral de Monte Agraço. Face a este facto, Wellington não perdeu tempo em mandar reforçar imediatamente as posições em redor de Sobral, o que fez com que os franceses não tivessem o mesmo sucesso quando tentam um assalto ao Forte Grande do Alqueidão. De acordo com as directrizes fornecidas por Wellington, a construção do Forte Grande, que teve início a 4 de Novembro de 1809, ficou a cargo do capitão Williams, sob a direcção inicial do Tenente Coronel Richard Fletcher e, posteriormente a cargo do Capitão Jonh T. Jones. O Forte Grande possui um dos postos de comunicação das Linhas, 4 paióis, um poço de água no seu interior e outro no exterior, bem como de diversos travesses. Dispunha também de 3 entradas face a uma possível retirada e no seu interior estavam 3 redutos, um deles junto à entrada principal a Sul, e os outros dois flanqueando outra entrada a SE. A terceira entrada de menores dimensões, localizava-se a SO.
O Forte Grande fazia parte das posições de defesa da penetrante Torres Vedras, Bucelas e Loures, apoiado pelos seus fortes subsidiários - Forte do Trinta, do Simplício e do Machado - que protegiam os flancos do Grande Reduto, estavam todos implantados na Serra do Olmeiro ou de Montagraço e constituíam um conjunto denominado Fortes do Alqueidão.
Quinta dos Freixos: O QuartelGeneral de Wellesley A comprovar a importância estratégica do Forte Grande está a localização do quartel-general de Wellington no concelho de Sobral Monte Agraço, numa posição central em relação à 1.ª e 2.ª linhas. O Marechal Arthur Wellesley, nomeado posteriormente Duque de Wellington, instalou o seu quartel-general na Quinta dos Freixos. Situada numa encosta junto ao rio Sizandro, em Pêro Negro, foi a partir dali que o marechal inglês comandou o exército luso-britânico durante o tempo em que ocupou as linhas de defesa de Lisboa. Todos os dias de manhã dirigia-se, a cavalo, ao Forte Grande onde podia examinar a área circundante, procurando, no horizonte, sinais de movimentação inimiga. Em 1931, a Comissão de História Militar mandou colocar uma placa evocativa no edifício frontal da respectiva quinta, onde se pode ler: “Nesta casa, do Barão de Manique esteve o quartel-general do Marechal Sir A. Wellesley, em 1810, durante a ocupação das Linhas de Torres Vedras”. A Quinta dos Freixos, também conhecida por Quinta do Barão de Manique, encontra-se localizada a 1 Km da saída da A-8 em direcção a Sobral de Monte Agraço, na aldeia de Pêro Negro. Pouco antes da passagem de nível, do lado esquerdo da estrada, no cimo de uma encosta, está um edifício do século XVIII, de cor alaranjada - a Quinta dos Freixos.
O Major-General Napier descreveu o Forte Grande como uma “majestosa montanha (…) do seu cume se podia avistar distintamente toda a primeira Linha. A direita estava separada da posição de Arruda por uma profunda ravina que não conduzia a local algum; a esquerda abrangia a aldeia e o vale da Zibreira, e o centro inclinava-se sobre a vila do Sobral. O cume desta montanha estava coroado por um imenso reduto destinado a 1.600 homens, armado com 25 peças de artilharia e contendo três pequenas fortificações com 19 peças de artilharia agrupadas à sua volta. A guarnição total atingia os 2,000 homens.” Arruda na Rota das Linhas de Torres
O edifício principal tem dois pisos e está virado para a aldeia. A frontaria dispõe de grandes janelas em pedra lioz e atrás do edifício principal existe um casario que serviu outrora às funções de quinta: a casa do feitor, lagares, adega, cavalariças.
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Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Torres Vedras
Forte de S. Vicente O Forte de S. Vicente situa-se no cimo de um dos mais altos montes que cercam o vale onde está implantada a cidade de Torres Vedras. É formado por um conjunto de fossos, trincheiras, traveses e posições de fogo, que remonta à época da Guerra Peninsular, continha 39 bocas de fogo e capacidade para 2.000 homens. Juntamente com o Castelo, que continha 11 bocas de fogo, constituíam os dois redutos da vila, aos quais se juntava uma bateria fechada, próxima do Varatojo.
Forte do Canudo ou Forte de Olheiros Forte do Canudo ou Forte de Olheiros N.º2 (3) ou n.º23 (6). Estratégia defensiva, integrada na primeira Linha de Torres, tinha por objectivo travar a invasão francesa comandada pelo Marechal Masséna. O reduto tem como dimensões máximas aproximadas 45 metros de comprimento por 19 metros de largura. O diâmetro interior do paiol é de 4,70 metros. As onze plataformas das canhoneiras são pavimentadas por lajetas com pendente que contrabalança a reacção do disparo.
É na segunda linha que se integra o Forte de São Vicente e a sua construção iniciou-se em 1809 e fazia parte do que viriam a chamar-se "Linhas de Torres Vedras ". O principal objectivo deste conjunto arquitectónico militar era a defesa de Lisboa. O General Arthur Wellesley, duque de Wellington, temendo uma nova invasão do exército francês planeia e põe em marcha a construção de um sistema de fortificações que reforçasse os obstáculos naturais e ao mesmo tempo permitisse a comunicação com o mar, de forma a ser possível a retirada das tropas inglesas, no caso da vitória napoleónica. A s “ L i n h a s d e To r r e s Vedras”, na qual se insere o Forte de S. Vicente, como um dos pontos mais fortificados das Linhas, desempenharam um papel muito importante, designadamente na 3ª invasão francesa, sob o comando do Marechal André Masséna, ao dar inicio à retirada das tropas francesas da Península Ibérica. Fontes: http://www.cm-tvedras.pt/visitar/monumentos/forte-s-vicente/ RODRIGUES, Cecília Travanca. Torres Vedras: passado e presente, CMTV, 1996
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O restante piso é todo em terra batida e afloramento rochoso regularizado. A altura das muralhas no seu interior mede dois metros. O fosso fica distanciado 6 metros do interior do reduto e tem de profundidade 2,60 metros por 5 metros de largura na parte superior e 3 metros na parte inferior. Esta fortificação estava apetrechada com duas peças calibre seis, cinco calibre nove para onze canhoneiras. Fontes: Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico Direcção Regional de Lisboa
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Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras Vila Franca de Xira
Reduto da Boa Vista ou Reduto do Bom Sucesso (Actual Monumento a Hércules) Localizado na Serra de São Lourenço ou Serra de Alhandra, sobre a estrada Nacional 10 e no limiar da pedreira da CIMPOR, o reduto da Boa Vista tinha como função original a fortificação militar, integrada na 1.ª Linha da defesa das Linhas de Torres Vedras, tendo sido utilizado como quartel central do Distrito Militar de Alhandra. Este Forte ao qual estavam adstritos 200 homens de infantaria, era composto por 4 canhoneiras, e tinha duas peças de artilharia de calibre 12 (duas bocas de fogo). Cerca de 1874, a fim de comemorar a defesa das Linhas de Torres nas invasões francesas, o Marquês Sá da Bandeira mandou construir no local do forte o Monumento a Hércules, concluído em 1883, representa a força e coragem dos exércitos Aliados. Data também de 1883, a construção da Estrada Militar de acesso ao Monumento, cortada em 1961 com a construção da Auto-Estrada Lisboa - Vila Franca de Xira, perdendo-se assim o acesso pedonal ao Monumento através da Vila de Alhandra. Posteriormente, a 5 de Março de 1911, para assinalar o centenário da retirada das tropas de Massena de Santarém e, por iniciativa dos Oficiais da Arma de Engenharia do Exército Português, colocaram na base do pedestal duas placas de bronze. Uma em homenagem ao Coronel Inglês Fletcher, o engenheiro construtor das Linhas: À MEMÓRIA DO TENENTE CORONEL DE ENGENHARIA DO EXÉRCITO INGLÊS J . F L E T C H E R A C U JA C O M P E T Ê NC I A E INCANSÁVEL ACTIVIDADE SE DEVE A RÁPIDA CONSTRUÇÃO DAS LINHAS DE TORRES VEDRASOS OFICIAIS DA ARMA DA ENGENHARIA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS-ERIGIDO EM 1883. E uma outra placa dedicada a J.M. Neves Costa À MEMÓRIA DE J.M. NEVES COSTA, OFICIAL DO REAL CORPO DE ENGENHARIA A CUJA INICIATIVA E PERSISTENTES ESFORÇOS SE DEVEM OS ESTUDOS FUNDAMENTAIS DO TERRENO EM QUE FORAM LEVANTADAS AS LINHAS DE TORRES VEDRAS-OS OFICIAIS DA ARMA DA ENGENHARIA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS- 5.III.1911.
Arruda na Rota das Linhas de Torres
Forte 1 de Subserra Obra militar n.º114 Localizado na Serra de São Lourenço, sobranceiro a Alhandra e integrado na 1.ª Linha defensiva das Linhas de Torres Vedras, o Forte n.º 114 a) também designado por Forte 1.º de Subserra tinha por objectivo defender de flanco o ataque à Bateria de São Fernando (obra militar n.º 4) e cruzar tiro com a Bateria Nova de Subserra (obra militar n.º 114 b). Este reduto ao qual estavam adstritos 100 homens, era composto por 3 canhoneiras, 1 peça de artilharia de calibre 6 e duas peças de calibre 9.
Forte da Aguieira Obra militar n.º 40 Localizado no topo da Serra de Serves integrando a 2.ª Linha defensiva das Linhas de Torres Vedras, o Forte da Aguieira em conecção com os Fortes da Portela Grande (obra militar n.º 41) e Portela Pequena (obra militar n.º 42), integrava o flanco esquerdo da posição de Vialonga, servindo para defender as vertentes Norte, Este e Oeste. Não era dotado de artilharia mas contava com cerca de 150 homens de infantaria. De traçado poligonal irregular, adaptado ao relvado, este reduto não atingia os 40 m de comprimento nos sentidos Norte/Sul e Este/Oeste e em altura os muros em terra capeada a pedra variam entre 2,5m e 4m. No exterior dos muros, o reduto é circundado por carreiros e no centro existem espaços rectangulares, bem marcados com pedras e caleiras de água, actualmente partidas, que tanto podiam constituir arranques de edifícios (improvável) ou esconder abrigos subterrâneos, com eventual função de paióis.
Arruda na Rota das Linhas de Torres Ficha Técnica Exposição Temporária 10 a 30 de Agosto de 2007 Responsabilidade Município de Arruda dos Vinhos Divisão Sócio-cultural
Bibliografia Ministério da Cultura (1995), Recenseamento dos arquivos locais - Câmaras Municipais e Misericórdias, Vol. 1, Lisboa, Arquivos Nacionais/Torre do Tombo. NORRIS, A. H., e BREMNER, R. W. (2001), As linhas de Torres Vedras, Torres Vedras, Câmara Municipal de Torres Vedras.
Concepção da exposição Ana Filipa Correia Paula Ferreira Paulo Câmara
ROGEIRO, Filipe Soares (1997), Arruda dos Vinhos: das origens à restauração do concelho em 1898, Arruda dos Vinhos, Arruda Editora, p. 27-28.
Preparação de conteúdos Ana Filipa Correia
TÓRO, Bandeira de, As famosas Linhas de Torres in “A Hora”, Arruda dos Vinhos, Julho 1956, p. 21 - 23.
Imagem e concepção gráfica da exposição Cláudia Jaleco Gisela Augusto Colaboração Município de Loures Município de Mafra Município de Sobral de Monte Agraço Município de Torres Vedras Município de Vila Franca de Xira Museu Militar Chefe do Estado-Maior do Exército Museu de Marinha
Sítio do Governo Civil de Lisboa Sítio do Município de Loures Sítio do Município de Torres Vedras Sítio O Portal da História Sítio Wikipédia