Texto: Cristiano Lara Massara Felipe Leão Gomes Murta Bárbara Chaves Coordenador do projeto "Eliminar a Dengue - Desafio Brasil" Luciano Andrade Moreira Ilustrações: Carlos Jorge
A mobilização contra o
Aedes: Um por todos e todos por um
Belo Horizonte Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz Minas 2016
Cristiano Lara Massara Biólogo. Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. Pesquisador do Grupo de Pesquisas em Helmintologia e Malacologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz Minas.
Felipe Leão Gomes Murta Biólogo. Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Medicina Tropical IOC/Fiocruz. Doutorando em Medicina Tropical pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado FMT/HDV. Manaus Amazonas.
Bárbara Chaves Bióloga. Universidade Federal de Minas Gerais. Doutorando em Medicina Tropical pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. FMT/HVD. Manaus Amazonas.
A construção do texto teve a participação dos alunos da Escola Estadual Dr. Eduardo Góes Filho, do distrito de São José de Almeida, município de Jaboticatubas - MG
A mobilização contra o
Aedes: Um por todos e todos por um
Copyright@ 2016 dos autores Todos os direitos desta edição reservados ao Grupo de Pesquisas em Helmintologia e Malacologia Médica Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz Minas ISBN: 978-85-99016-30-5
Catalogação-na-fonte Rede de Bibliotecas da Fiocruz Biblioteca do CPqRR Segemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975 M414j Massara, Cristiano Lara. 2016 A mobilização contra o Aedes: um por todos e todos por um / Cristiano Lara Massara, Felipe Leão Gomes Murta, Bárbara Chaves, Carlos Jorge. – Belo Horizonte: CPqRR, 2016.
32 p., Il., 296 X 210 mm. (Série Série Vetores e Hospedeiros Intermediários de Doenças ; 1)
ISBN: 978-85-99016-30-5
1. Dengue/prevenção & controle 2. Febre Amarela/ prevenção & controle 3. Febre de Chikungunya/ prevenção & controle 4. Infecção pelo Zika vírus/ prevenção & controle I. Título.II. Massara, Cristiano Lara III. Murta, Felipe Leão Gomes IV. Chaves, Bárbara. V. Jorge, Carlos VI. Grupo de Pesquisas em Helmintologia e Malacologia Médica. VII. Escola Estadual Dr. Eduardo Góes Filho
CDD – 22. ed. – 616.918 52
Você está recebendo a série “Série Vetores e Hospedeiros Intermediários de Doenças”, composta de cinco volumes que surgiu da necessidade de informar a população, a partir de investigação científica, a respeito de cinco vetores de doenças que acometem a população brasileira. Esta necessidade foi constatada em nossos trabalhos de campo em áreas endêmicas para esquistossomose e helmintoses intestinais. Trata-se de uma abordagem bem-humorada, lúdica, em linguagem simples, que pode ser utilizada pelos profissionais da saúde e da educação, bem como outras pessoas que atuam diretamente com a população. Acredito que para atingir o nosso propósito de popularização do saber científico e a adoção de ações preventivas junto a população em geral, é necessário promover uma discussão sobre os aspectos biológicos, sociais e comportamentais envolvidos na transmissão e manutenção destes agravos. A ocorrência destes vetores está intimamente relacionada a carência de políticas de saneamento básico e falta de informação, o que potencializa sua disseminação por todo o país. Assim, espero que este material seja multiplicador de saberes, auxilie a promoção de ações preventivas individuais e coletivas e que, de alguma forma, contribua para a educação em saúde e para a melhoria dos indicadores de infecção em todo o país.
Cristiano Lara Massara Belo Horizonte, agosto de 2016
Li hoje na internet e vi na televisão, Umas notícias que me fizeram pensar: - Como um mosquito tão pequeno Pode um país abalar? O temido Aedes aegypti. Apareceu no Brasil Dizem que veio do Egito É famoso, este mosquito!
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No inĂcio do sĂŠculo passado Num feito sem igual Foi erradicado do Brasil Por Oswaldo Cruz, cientista genial Cinquenta anos depois Reapareceu sem avisar Sorrateiramente chegou dizendo: Aqui gostei, vou ficar.
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E o paĂs, novamente, se mobilizou E o Aedes desapareceu Para reaparecer nos anos 80 Assustando o Brasil outra vez. Surgiu mandando em tudo Seu controle virou uma meta sem igual E acabar com esse pequeno inseto Passou a ser um objetivo nacional
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Como pode um inseto Menor que a minha unha Transmitir Febre amarela, Dengue, Zika, Chikungunya? Essas doenças com nomes estranhos Assustam toda a nação, Até mesmo os pequeninos Ainda em gestação.
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As fêmeas alimentadas com sangue Em água parada e lugares sombrios, Vão depositando seus ovos, E o resultado me dá arrepios. Dos ovos surgem as larvas, Que se transformam em pupa, E os mosquitos que nascem, Vão dando asas ao surto.
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Combatê-lo é fácil Se houver dedicação Escute agora o que vou falar Para não haver enganação. Mesmo com toda a tecnologia Que temos à nossa disposição Eliminar os criadouros Ainda é a melhor solução.
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Os vasos de plantas em nossa casa São verdadeiros encantos, Mas com água parada Logo tem mosquito voando pra todo canto. Sua caixa d’água Bem fechada deve ficar Pois caso deixe uma fresta O mosquito irá entrar
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Latas velhas, pneus, tambores Não podem ficar no lote, Manter tudo limpinho Pro foco não ficar forte. Não podemos esquecer, De sempre observar, No reservatório de geladeira, Pra água não acumular.
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De toda semana limpar Os ralos do banheiro Também as calhas do telhado Sempre atentos, o tempo inteiro. Cuide do seu quintal Não fique aí quieto O mosquito tem o ciclo de vida rápido Ovo, larva, pupa, inseto.
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Dez minutos toda semana É o tempo necessário Pra cuidar do seu quintal E não dá nenhum trabalho. Telas nas janelas e portas Devemos sempre colocar. Fazendo tudo direitinho O mosquito não vai entrar.
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Prevenir e se cuidar, Não tem hora e nem lugar, De manhã ou à tarde, A fêmea pode te picar. Use repelente o tempo inteiro Limpe sempre o seu quintal Cada um sendo o primeiro Unidos, venceremos no final.
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Se tiver estes sintomas Febre alta e mal-estar Dor nos olhos e na cabeça Vá ao médico se consultar Se diagnosticar a doença Procure logo um hospital Evite a automedicação Que pode te fazer mal.
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É importante se hidratar Água e soro tomar Faça direito o repouso Para logo recuperar. Fazer movimento no bairro, Feira na escola, vigilância no quarteirão Todos juntos e empenhados Pra não haver mosquito não! Só existe uma maneira Para essas doenças evitar Não deixe o mosquito nascer Para esse objetivo a gente conquistar.
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Você sabia?
O Aedes aegypti é um mosquito de origem africana e foi descrito no Egito (daí a origem de seu nome). Ele provavelmente chegou aos outros continentes graças às embarcações saídas da África transportando escravos, os chamados navios negreiros. Com ampla distribuição pelo globo, o A. aegypti é adaptado ao ambiente urbano, onde encontra vários reservatórios de água para o seu desenvolvimento. No Brasil, o A. aegypti foi identificado pela primeira vez em 1898 e atualmente é encontrado em todos os estados. Sua característica principal é a presença de listras brancas no corpo de coloração preta. No que diz respeito aos seus hábitos, o mosquito destaca-se principalmente por ter hábitos diurnos e ser encontrado em cantos escuros das casas, como embaixo de camas e atrás de armários. Conhecido popularmente como mosquito-da-dengue o A. aegypti também é responsável pela transmissão da Febre Amarela, da Febre Chikungunya e da Zika. A palavra Dengue é de origem espanhola e significa dengoso ou requebro. O nome da doença vem da maneira com que as pessoas, que foram picadas pelo mosquito, são atingidas por fortes dores nos músculos e articulações, caminham (requebram) ou ficam “de cama” (dengoso). São características da Febre Amarela a icterícia, que provoca uma coloração amarelada na pele e nos olhos e febre. Por isto o nome Febre Amarela. A origem do nome Chikungunya é africana e significa “aqueles que se dobram”. É uma referência à postura dos doentes, que andam curvados por sentirem dores fortes nas articulações. Já o nome Zika tem sua origem na floresta de Zika, na República de Uganda, onde o vírus foi isolado pela primeira vez em 1947. Apenas as fêmeas do A. aegypti são capazes de transmitir doenças. É importante frisar que o macho não pica, alimentando-se apenas de néctar. O A. aegypti apresenta ciclo dependente da água, que, pode ser limpa ou até mesmo com altos graus de poluição. Inicialmente os ovos são colocados pela fêmea em locais próximos à água, como na parede de alguns recipientes. Ali esses ovos podem ficar por até dois anos e ainda permanecerem viáveis. Eles eclodem quando os níveis de água aumentam chegando a encobri-los, iniciando assim a fase larval. A larva do A. aegypti torna-se pupa e, por fim, adulto. O ciclo de vida do A. aegypti está intimamente relacionado com temperatura e os regimes de chuva. Em locais em que as estações secas e chuvosas são bem definidas, é comum que a dengue tenha picos de transmissão, que acontecem normalmente no verão.