João e o verme

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Cristiano Lara Massara, Felipe Murta, Barbara Chaves e Jéssica Ameno Ferreira Ilustrações: Carlos Jorge

JOÃO E O VERME DO AMARELÃO

Belo Horizonte Centro de Pesquisas René Rachou 2015


Copyright@ 2015 dos autores Todos os direitos desta edição reservados ao Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz Minas ISBN: 978-85-99016-27-5

Catalogação-na-fonte Rede de Bibliotecas da Fiocruz Biblioteca do CPqRR Segemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975 M414j Massara, Cristiano Lara. 2015 João e o verme do Amarelão / Cristiano Lara Massara, Felipe Murta, Bárbara Chaves, Jéssica Ameno Ferreira. – Belo Horizonte: CPqRR, 2015. 31 p., il., 296 X 210 mm (Série Helmintos Intestinais; 4 – Ancylostoma duodenale e Necator americanus)

ISBN: 978-85-99016-27-5

1. Ancilostomíase/prevenção & controle 2. Necatoríase/ prevenção & controle 3. Educação em Saúde/métodos I. Massara, Cristiano Lara II. Murta, Felipe III. Chaves, Bárbara IV. Ferreira, Jéssica Ameno V. Título. VI. Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica CDD – 22. ed. – 616.965 4


A Virginia Schall nossa eterna inspiração. Dedicou sua trajetória à pesquisa, à literatura e à poesia fazendo de seu trabalho um instrumento de libertação social. Por onde passou, iluminou, semeou, sempre acreditando no ser humano e na potência da vida.


Cristiano Lara Massara Biólogo. Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. Pesquisador do Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz Minas. Felipe Leão Gomes Murta Biólogo. Universidade Federal de Minas Gerais. Mestrando em Medicina Tropical. Laboratório de Ecoepidemiologia e Controle da Esquistossomose e Geohelmintoses. Instituto Oswaldo Cruz. IOC/Fiocruz. Bárbara Chaves Bióloga. Universidade Federal de Minas Gerais. Doutoranda em Medicina Tropical pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. FMT/HVD. Manaus. Amazonas. Jéssica Ameno Ferreira Estudante de Biologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz Minas.


A construção da série “Helmintos intestinais, composto de cinco volumes foi motivada pela demanda dos profissionais da saúde e da educação, com quem compartilhamos inúmeras experiências nos muitos anos de trabalho de campo junto a escolas e comunidades, onde as geohelmintoses causam inúmeros prejuízos no desenvolvimento f ísico e cognitivo das crianças. Trata-se de uma abordagem bem humorada, lúdica, em linguagem simples, que pode ser utilizada pelos professores em salas de aula e pelos agentes de saúde diretamente com a população. Acreditamos que para atingir o nosso propósito de popularização do saber científico e a adoção de posturas preventivas junto ao público alvo deste material é necessário promover uma discussão sobre os aspectos biológicos, sociais e comportamentais envolvidos na transmissão e manutenção das geohelmintoses. A ocorrência destas verminoses está fortemente associada à carência de politicas de saneamento básico e a falta de informação, o que potencializa sua expansão e manutenção, principalmente nas regiões mais carentes do país. Assim, esperamos que este material seja multiplicador de saberes, auxilie a promoção de ações preventivas individuais e coletivas, e que , de alguma forma , contribua para melhorar os indicadores de infecção das geohelmintoses nas comunidades endêmicas. Cristiano Lara Massara Belo Horizonte , Janeiro de 2015


Essa é a história do João Mas esse não tinha pé de feijão. Menino arteiro e danado Mas com bom coração

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JoĂŁo ĂŠ curioso e muito esperto Gosta de conhecer, tudo de perto Estudioso e agitado Esquece as vezes de tomar cuidados.

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Está sempre descalço Gosta de ficar com os pés no chão Ele diz que é bom sentir a terra E nisso ele tem razão.

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Andar descalço é muito bom Mas tem seus inconvenientes Além de deixar os pés sujos A gente pode ficar doente.

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Todo dia ele joga futebol E sua mãe não cansa de lhe dizer: “Calce os chinelos, menino! Descalço você pode adoecer!”

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No lugar onde mora o João Não existe saneamento. São coisas tão necessárias Mas que ficam no esquecimento.

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No mato ou perto da lagoa As pessoas fazem suas necessidades E as doenças, por essa razão Se espalham pelas proximidades.

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Numa bela tarde de sol, Já que estava à toa João foi brincar na terra úmida Muito perto da lagoa.

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Desta vez, brincando com a terra Não teve sorte o pequeno João O chão estava contaminado Com as larvas do verme do amarelão!

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As larvas s찾o muito pequenas E n찾o podem ser vistas Sem ajuda de um microsc처pio, Aquele aparelho dos cientistas

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Uma coceira danada Nos pés o João sentiu, Mas olhando com atenção Espantado, nada viu.

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As larvas do verme Nos pĂŠs de JoĂŁo entraram Elas perfuraram a pele E pelo corpo dele viajaram

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Os vermes com o passar dos dias No intestino fizeram sua morada E o pobre do João nem conseguia Decorar mais a tabuada!

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O Jo達o, de t達o cansado Nem jogar bola queria Piriri e dor de barriga Todo dia ele sentia

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Quando o médico viu o João, Ele não hesitou em dizer: “É o verme do amarelão, E anemia pode ter!”

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O médico ainda explicou: "Esse verme dá um cansaço danado E a pessoa fica amarela Com a cara de desanimado”.

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“O verme é muito feio Com vampiro se parece E sugando nosso sangue Bem rápido se fortalece.”

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O mĂŠdico, pra ter certeza Exame de fezes pediu E o resultado confirmando NĂŁo demorou e saiu.

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Depois disso um remédio pro João O médico teve que indicar Pois só fazendo tudo certinho O menino poderia sarar

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Após tomar o remédio, O João então melhorou Os vermes caíram fora E curado o João ficou!

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E o Jo茫o com esta hist贸ria Ficou muito assustado E viu que ficar doente Trouxe um grande aprendizado:

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Sem deixar de se divertir, E sair para brincar O João agora aprendeu Bem calçado deve estar!

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Esse exemplo deve servir Pro Jo達o e pra toda gente Afinal n達o tem quem queira Por descuido ficar doente.

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VOCÊ SABIA?

Existem duas espécies de vermes que podem transmitir o amarelão. Estes vermes recebem o nome científico de Ancylostoma duodenale e Necator americanus. Esta parasitose é também conhecida como “Doença do Jeca.” Isto se refere ao “Jeca Tatu” personagem do escritor Monteiro Lobato. Procure ler a história do Jeca Tatu na internet ou vá até a biblioteca e procure o livro e peça ao professor para ler a história para vocês. Os vermes são bem pequenos e se alojam no intestino, onde se alimentam do nosso sangue. São arredondados e brancos medindo cerca de um centímetro de comprimento. 1) As larvas penetram no corpo pela pele, principalmente pelo pé. Mas elas também podem entrar pela boca, quando bebemos água contaminada ou alimentos mal lavados. 2) Quando as larvas chegam ao intestino elas se transformam em vermes adultos (machos e fêmeas). Após o acasalamento dos vermes, cada fêmea começa a produzir até 200.000 ovos por dia, que saem junto com as fezes. 3) Os ovos são invisíveis a olho nu. Quando a pessoa deposita suas fezes na terra, os ovos se transformam em pequenas larvas também invisíveis. 4) A chuva, o vento e os animais espalham essas larvas, 32


que podem sobreviver até seis meses, quando estão em terreno sombreado e arenoso. 5) Se alguém andar descalço ou brincar na terra sem proteção, em lugar onde existem larvas, poderá se contaminar. Quando muitas larvas penetram no corpo de uma só vez, é possível que a pessoa sinta coceira e uma sensação de queimadura. Também podem aparecer manchas vermelhas na pele e até feridas com pus. Uma vez no intestino, os vermes adultos causam perda de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, prisão de ventre, às vezes pode ocorrer diarreia com sangue. Em caso de longa duração da doença, com grande número de vermes, a pessoa pode apresentar anemia provocando enfraquecimento e desnutrição. Esta anemia deixa a pele das pessoas com um tom amarelado, por isto o nome “amarelão” A doença pode ser identificada por um exame de fezes e o tratamento é simples e eficiente. Basta procurar o Posto de Saúde perto de sua casa.

* Schall VT, Massara CL, Enk M, Barros HS, Miranda ES. Conhecendo as verminoses intestinais. Série Informações em Saúde. 1. Centro de Pesquisas René Rachou - Fiocruz Minas, 2008

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