TFG: Centro de Educação Ambiental Água Funda - Repensando o espaço da água no meio urbano.

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Clara Martinez da Cunha Orientador: Luis Mauro Freire sp | fau-usjt | maio-2019


Meus sinceros agradecimentos a todos que participaram da minha trajetória acadêmica e contribuíram para que a realização desse trabalho fosse possível: meus pais, que sempre me deram suporte financeiro e emocional e estavam dispostos a me ajudar; meus irmãos, pelo apoio e paciência comigo; meu orientador, que me ensinou muito e me guiou da melhor forma possível; aos meus amigos, por me ajudarem, me escutarem e me fazerem rir; e a Deus, por ter me dado forças para ter chegado até aqui.


1. introdução

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2. a ocupação de são paulo 2.1 A água como estruturador natural do território paulista 2.2 Problemas Ambientais 2.3 Bacia do Ipiranga 2.3 O Parque Fontes do Ipiranga

8 10 14 20 24

3. o centro de educação ambiental 3.1 Definição 3.2 CEAs no Brasil 3.3 CEAs na Região Metropolitana de São Paulo

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4. referências projetuais 4.1 Centro Slunakov para Atividades Ecológicas 4.2 Centro Educativo Burle Marx 4.3 Moradas Infantis

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5. o sítio 5.1 O Bairro 5.2 O terreno da lagoa 5.3 Área de intervenção 5.4 Levantamento fotográfico 5.5 Leitura do entorno

62 64 68 73 73 78

6. a concepção projetual 6.1 Análise para diretrizes e potenciais do entorno 6.2 Programa 6.3 Volumetria 6.4 Aplicando sustentabilidade

82 84 86 88 92

7. o projeto

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8. conclusão

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9. referências 9.1 Lista de figuras 9.2 Bibliografia

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introdução


"Como arquiteto, você projeta para o presente, com consciência do passado, para um futuro que é essencialmente desconhecido." NORMAN FOSTER

em "My green agenda for architecture"


Sustentabilidade. Meio Ambiente. Ecologia. Biodegradável. Reciclagem. Reutilização. Reaproveitamento. Palavras que recente-

mente foram incorporadas no vocabulário da sociedade; temas que têm sidos cada vez mais discutidos por profissionais, estudantes, pesquisadores, pela mídia e pelos cidadãos. Apesar das discussões acerca destes assuntos estarem mais próximas da geração atual, resultando em uma conscientização ambiental mais fortalecida que nas gerações anteriores, ainda há muito o que mudarmos no nosso modo de vida e na funcionalidade da sociedade para chegarmos a um modelo de desenvolvimento que seja, de fato, sustentável. O presente Trabalho Final de Graduação surgiu a partir de inquietudes pessoais em relação ao assunto e traz dois principais temas: áreas subutilizadas e degradadas em São Paulo e a necessidade de sítios que possuem azul e verde em sua composição paisagística, ou seja, lugares de caráter natural, pois o contato direto com a natureza influencia positivamente na cons-

cientização ambiental. A partir desse desejo de despejar um pouco de verde em meio à grande mancha cinzenta de São Paulo, encontra-se um terreno abandonado próximo ao Parque Fontes do Ipiranga, que possui um lago ligado à rede hídrica da Bacia do Ipiranga, trazendo a tona os principais temas desse trabalho: a água e a vegetação. O objetivo é buscar uma reflexão acerca do assunto demonstrando a importância do meio ambiente para o ser humano, tendo o recurso hídrico como representante de toda a natureza e discutir a preservação dos mesmos. Pretende-se criar um espaço acessível com novos equipamentos que funcione como um apoio aos já existentes do Parque Fontes do Ipiranga. Assim, faz-se uma pesquisa sobre os Centros de Educação Ambiental no Brasil e em São Paulo para entender melhor esse conceito e como um centro educativo requalificaria a região, ajudando na conscientização ambiental.

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a ocupação de são paulo


2.1 A água como estruturador natural do território paulista A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), quarta maior metrópole do mundo, abriga 20,6 milhões de pessoas e como consequência possui sérios problemas sócio-econômicos, como desigualdade social, violência, desemprego, falta de moradia, ocupações irregulares e sobrecarga na mobilidade urbana. Também há problemas ambientais, como produção de lixo, poluição do ar, do solo, e da água: principal tema a ser discutido neste trabalho. A ocupação dos índios na colina entre o Rio Tamanduateí e o Ribeirão Anhangabaú é a maior prova de que nós dependemos da natureza e devemos cuidar dela, já que a escolha do local pelo povo tupiniquim foi estratégica devido à grande riqueza natural provida pela região. O Rio Tamanduateí alimentava os índios com sua disponibilidade de peixes e também serviu como proteção a posterior chegada dos portugueses, impedindo o acesso dos europeus à tribo indígena. Os rios também suma importância no que diz respeito à acessibilidade. Conforme mapas

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históricos, as trilhas indígenas eram associadas aos caminhos fluviais (figura 1), e os portugueses utilizavam o transporte fluvial para circular na região e para transportar as mercadorias do porto de Santos ao centro de São Paulo, que eram descarregadas na Ladeira Porto Geral rua conhecida até hoje pelo comércio, sendo os rios importantes para o desenvolvimento econômico da cidade. Uma notícia publicada no site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, intitulada “Chafarizes e fontes na cidade de São Paulo no Século XIX” informa que nos princípios do século XVIII, os rios começaram a ser utilizados para abastecimento de água. No princípio, o abastecimento era feito por chafarizes e fontes espalhados pela cidade, mas com o aumento da demanda foi necessário um tratamento maior e mais “moderno”, criando o sistema de distribuição por canalização que temos até hoje. A implantação de um sistema mais tecnológico só foi possível pelo processo de industrialização da cidade que ocorreu com a inauguração


figura 1. trilhas indígenas

da primeira ferrovia do Estado, em 1867, a São Paulo Railway. A linha ferroviária conectava Santos a Jundiaí, seguindo o caminho do Rio Tamanduateí e tendo São Paulo como passagem, o que permitiu que a cidade se desenvolvesse e expandisse. Assim, surgiram as primeiras ocupações do entorno da ferrovia com a

implantação de indústrias e moradia de operários, criando bairros como a Mooca, o Brás e o município de São Caetano do Sul. Nessa época, a água começou a ser vista como uma fonte natural com grande potencial industrial.

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figura 2: vista aérea da região da represa Billings (dezembro de 2005)

“As instalações industriais próximas aos leitos do Tietê e, principalmente, do Tamanduateí, no final do século XIX e início do século XX, estabelecem novas relações entre os cidadãos e a água. A proximidade do curso d’água provê a indústria de energia, matéria-prima, transporte, canal de esgotos in natura (...)” (KAHTOUNI. 2004, p.37)

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A partir disso, os rios se tornaram obstáculos, não sendo mais necessários para o transporte e nem para a chegada de alimentos ou uso de água. Na virada do século XIX e XX iniciaram-se investigações sobre o potencial energético dos rios, inaugurando usinas hidrelétricas. Mas a


figura 3. Sistema de Billings

demanda por energia elétrica foi cada vez mais crescente, levando a Cia. Light a construir a represa de Guarapiranga para este fim, em 1908, mas 20 anos depois acabou sendo utilizada também para suprir a demanda de abastecimento de água. O mesmo aconteceu com a Represa Billings (figura 2).¹ O projeto do engenheiro Billings consiste em inverter o percurso do Rio Pinheiros e bombear

suas águas até a região da Serra do Mar, vencendo a lei da gravidade e formando um grande reservatório cuja água desce os 700 metros até a Usina de Cubatão, localizada na cota mais próxima do nível do mar (figura 3).

¹SILVA, Andrea. “As Hidrelétricas Em São Paulo: Evolução Das Técnicas E Processos”. Museu da Energia, 2019. Disponível em < http://www.museudaenergia.org.br/ media/63150/10.pdf> Acesso em 2 de mar. de 2019. 13


2.2 Problemas Ambientais A questão do abastecimento pela Represa Billings é bastante discutida e polemizada. Isso porque hoje em dia sua água é poluída devido à falta de saneamento básico no entorno da região, tornando o manancial um verdadeiro depósito de lixo. O esgoto despejado tanto no Rio Pinheiros quanto o descartado diretamente na represa pelas ocupações irregulares em sua várzea geram a proliferação de bactérias que causam doenças graves ao ser humano, como infecções gastrointestinais e até mesmo doenças de pele, como já foi apontado em estudo feito em 2017 com moradores dessas ocupações.² Conforme vemos em fotos antigas da cidade de São Paulo, era comum que as pessoas usufruíssem das várzeas dos rios como forma de diversão e lazer (figura 4), como o futebol de várzea, que criou clubes nas beiras do Rio Tietê e Rio Pinheiros, como o Clube de Regatas do Tietê (figuras 5 e 6), que tornavam os rios grandes atrativos. Mas com o tempo, a degradação da qualidade das águas afetou o lazer nas várzeas dos rios, tornando-o cada vez mais raro con-

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²POLI, Marcelo. “Água da represa Billings é mais poluída do que se imaginava, aponta estudo”. Globo, São Paulo, 23 de jul. de 2018. Disponível em <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/ noticia/2018/07/23/agua-da-represa-billings-e-mais-poluidado-que-se-imaginava-aponta-estudo.ghtml)>. Acesso em 3 de mar. de 2019.

forme a poluição aquática piorava. A solução utilizada foi a canalização dos rios. A prioridade da época era o desenvolvimento rápido da capital. Quanto antes e maior fosse o desenvolvimento, melhor. Se os rios estavam sendo ameaças à população pela quantidade de doenças que provinham de sua contaminação, o mais lógico era deixá-los o mais longe possível do contato humano. Desta forma, o espaço para construções também seria maior, trazendo vantagens para a especulação imobiliária e para o Plano de Avenidas de Prestes Maias, que observou no transporte sobre rodas um enorme potencial de mobilidade, capaz de levar pessoas e mercadorias para lugares distantes rapidamente, conectando centros empresariais, industriais e residenciais. Assim, São Paulo acabou se tornando uma cidade para carros e não para pessoas. Mesmo os rios que foram mantidos na organização rodoviarista ficaram distantes do homem, como é o caso da Marginal Pinheiros e da Marginal Tietê (figura 8). As vias expressas a transformaram em um local de movimentação rápida, onde os rios passam despercebidos ou


então são vistos com repulsa. Para usuários da ciclovia e das estações de trem que existem nas margens do Pinheiros, o rio se torna um elemento de incômodo pelo mau cheiro. A ideia de que anteriormente tocavam essa água e até ingeriam sem que passasse por algum tipo de tratamento especializado se tornou absurda. O investimento no setor viário decorrido do Plano de Avenidas de Prestes Maia ignorava totalmente a problemática das enchentes com a proposta de canalização da rede hídrica para construção de vias e ocupação do solo, agravando ainda mais tal problema urbano e ambiental. Com a falta de permeabilidade do solo, entrou no vocabulário paulista no final da década de 80 os “piscinões” (reservatórios de água), solução encontrada para conter o excesso da água da chuva.

foi realizado um Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto do Tietê (PDMAT) que propunha uma técnica hidráulica associada a espaços de lazer, ou seja, uma área aberta que permitiria o uso público em períodos de seca. (DOS SANTOS e MAZIVIERO, 2016,p. 28). No entanto, nota-se que essa flexibilidade não foi cumprida e o que realmente ocorreu foi a construção de piscinões a céu aberto que ocupam uma extensa área e se tornam terrenos subutilizados e abandonados pela falta de manutenção, acumulando lixo e sendo utilizados como abrigo a moradores de rua, como é o caso do reservatório do Taboão.³

Em 1994 foi criado o primeiro piscinão em São Paulo, no Pacaembu. Com a eficiência da obra, foram feitos mais estudos e projetos para a implantação de novos piscinões em regiões que também eram afetadas pelas chuvas. Em 1998, ³LEITE, Marcelo. “Piscinões têm falha na Grande São Paulo”. Estadão, São Paulo, 05 de jan. de 2014. Disponível em <https://www.estadao.com.br/noticias/geral,piscinoes-temfalha-na-grande-sao-paulo,1115156>. Acesso em 5 de mar. de 2019. 15


figura 4. Tamanduateí no fim do século XIX.

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figura 5: clube de regatas do tietê. 1903.


figura 6: clube de regatas tietê e esperia. 1915.

figura 7: rio pinheiros antes da retificação.

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figura 8: marginal tietĂŞ

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figura 9. marginal pinheiros

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2.3 Bacia do Ipiranga A área de estudo está inserida na área da Bacia do Ipiranga, região que também sofre com problemas de excesso de água da chuva e foi incorporada no planejamento de obras de drenagem pela Prefeitura de São Paulo. A Bacia do Ipiranga4 (figura 13) está inserida na Bacia do Alto Tietê (figura 12), uma das 22 Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo UGRHIs (figura 11). A bacia abriga um total de 255.000 habitantes em sua área de 23,9km². O Córrego Ipiranga (ou Riacho do Ipiranga) é um dos afluentes do Rio Tamanduateí (figura 10) e possui extrema importância para história do país, cuja Independência do Brasil foi declarada por Pedro I em suas margens. O córrego possui extensão de 13,1km e o curso de água principal se inicia na ponta do Parque Fontes do Ipiranga, corre sob a Rodovia dos Imigrantes através de galeria, até o início do canal aberto na Avenida Prof. Abraão de Morais, extensão da rodovia. Segue em direção ao bairro do Ipiranga, passando pelo Parque da palavra de origem indígena, pela junção do “y” (rio) e “pirang” (vermelho), significando “rio vermelho”. Fonte: https://www.significados.com.br/ipiranga/ 4

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figura 10: mapa hidrográfico da cidade de São Paulo, com os Rios Ipiranga, Tamanduateí, Tietê e Pinheiros em destaque.


figura 11: mapa das Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo com destaque para a Bacia do Alto Tietê.

figura 12: mapa da Bacia do Alto Tietê, com a cidade de São Paulo em destaque.

figura 13: mapa hidrográfico da cidade de São Paulo, com a Bacia do Ipiranga em destaque

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Independência e desaguando no Rio Tamanduateí. A urbanização da área da bacia agravou cada vez mais o problema das enchentes da região devido à ocupação e impermeabilização do solo das várzeas do córrego. De acordo com notícia publicada no site da Prefeitura de São Paulo5, 82% da bacia está urbanizada e os 18% se referem à área de preservação ambiental do Parque Fontes do Ipiranga, tornando o sistema de drenagem insuficiente para o escoamento das águas pluviais. Foram necessárias algumas medidas de mitigação, pois as inundações afetavam muito a qualidade de vida dos moradores da região. De acordo com apresentação do sistema hidráulico proposto feita pela Prefeitura6, estão sendo construídos dois reservatórios (figura 15) que prometem conter as cheias causadas pelo transbordamento do córrego exatamente no local onde o Córrego Água Vermelha desaguava no Córrego Ipiranga e formava um lago (figura 16) onde hoje é um trecho de confluência de viadutos (figura 17). “Obras de contenção da margem do córrego Ipiranga será requalificada”. Prefeitura de São Paulo, 2016. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ subprefeituras/ipiranga/noticias/?p=63481>. Acesso em: 11 de mar de 2019. 5

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figura 14: limite da bacia do ipiranga, com local do piscinão em destaque. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ upload/infraestrutura/arquivos/AUDIENCIAS/CORREGO%20 IPIRANGA%202014/apresentacao_corrego_ipiranga_parte_3. pdf 6


figura 15: situação em 1930.

figura 17: projeto do piscinão.

figura 16: situação atual.

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2.4 O Parque Fontes do Ipiranga Segundo a SABESP, em 1890, São Paulo possuía 70 mil habitantes e o abastecimento de água contava com apenas duas adutoras de água: a Cantareira e a Ipiranga, sendo a última captada das represas localizadas na Água Funda, região de estudo. Desde então, a área foi reconhecida como unidade de conservação devido à sua importância e passou por processos de desapropriações de sítios e chácaras ordenados pelo governo com o objetivo de preservar a floresta, os recursos hídricos e as nascentes do Córrego Ipiranga, criando um parque estadual. Hoje a área de aproximadamente 540ha de remascentes da Mata Atlântica7 é denominada como Parque Fontes do Ipiranga (PEFI), sendo conhecida também como “Parque do Estado” - antigamente chamado de “Parque da Água Funda” (figura 18). A região é uma das poucas áreas verdes em meio à cidade cinzenta de São Paulo, tendo a função de ser um “pulmão” para a cidade, filtrando o ar da megalópole. Esta área possui grande riqueza natural e se tornou uma referência para conhecimentos na área de botânica “Parque Estadual das Fontes do Ipiranga é polo de áreas verdes na metrópole”. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 2011. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/ noticia/?id=292197>. Acesso em: 15 de mar de 2019. 7

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figura 18: parque água funda


figura 19: limite da bacia do ipiranga, com PEFI em destaque.

figura 20: nascentes dos afluentes do Cรณrrego Ipiranga no PEFI.

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e zoologia. O PEFI também abriga 19 nascentes do Riacho Ipiranga (figura 20). O PEFI, apesar do nome, não possui as características de parque que já temos em mente, como o Parque Ibirapuera ou Parque Villa Lobos, o que muitas vezes causa certa confusão para quem não conhece muito a região. Algo que se pode observar em sites de avaliação de lugares como o Tripadvisor, onde há comentários de pessoas se referindo ao Parque da Independência, no bairro do Ipiranga.8 No Google Maps, a pesquisa mostra um endereço (já pertencente à Diadema) que não possui nada além de uma casa abandonada fechada por um portão (figura 22).

1 2 5

6 7

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4 9 10

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Dentro da área do PEFI estão localizados alguns equipamentos importantes, como mostra a figura 21. As 4 instituições que estão vinculadas à questão ambiental são: o Zoológico, o Jardim Botânico, o Parque Cientec e o Zoo Safari. figura 21: vista aérea PEFI. https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g303631d4475301-Reviews-Springs_of_the_Ipiranga_State_Park-Sao_ Paulo_State_of_Sao_Paulo.html 8

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1. jardim botânico 6. centro de 2. 1º batalhão da polícia tecnologia e ambiental inclusão 3. instituto de botânica 7. centro de 4. hospital psiquiátrico treinamento 5. são paulo expo paraolímpico

8. projeto garotos 9. zoológico 10. parque de ciência e tecnologia da USP 11. zôo safari


figura 22: street view do endereรงo disponibilizado pelo google

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o centro de educação ambiental


3.1 Definição A educação ambiental tem ganhado espaço nas discussões, dando a sensação de que a sociedade já está consciente da importância da preservação da natureza. Temos visto cada vez mais publicações na internet a respeito do tema, e de fato, hoje em dia as informações sobre poluição ambiental são muito mais acessíveis comparadas ao século passado, o que já pode ser considerado um grande avanço na conscientização. Mas, será que essas informações são acessíveis para todos? Afinal, ainda observamos pessoas sem fazer o mínimo para colaborar com o meio ambiente, como não jogar lixo nas ruas e separar os resíduos orgânicos dos recicláveis. Hoje em dia, é feita a coleta seletiva em todo o município de São Paulo e também há ecopontos, mas é algo pouco divulgado então não são todos que tem conhecimento disso. Com essa observação da falta de incentivo às práticas sustentáveis, houve um interesse em relacionar arquitetura com conscientização ambiental através de um centro educativo. Mas, afinal, o que seria um Centro de Educação Ambiental?

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Ao pesquisar sobre o tema, foram encontrados estudos do engenheiro agrônomo Fabio Deboni da Silva e um Manual de Orientação para Centros de Educação Ambiental no Brasil do Ministério do Meio Ambiente, escrito também por Deboni. Ambos os documentos datam o ano de 2004 e pela falta de estudos mais recentes, foi deduzido que não houve avanço no campo de pesquisas sobre o tema. Deboni relata que o primeiro documento oficial que registra uma primeira proposta de CEA é do Ministério da Educação (MEC), de 1992, que propõe utilizar o ensino formal que já existia e integrar a educação ambiental numa abordagem interdisciplinar, além de tornar a escola acessível para envolver a comunidade local, assim, o centro captaria e juntaria o saber popular com o saber científico. Há também outros documentos que sugerem outras nomenclaturas relacionadas à concepção de CEA, como Núcleo, Escolas, Estações, Parques, Reservas, Casas, Museus, Oficinas, Sítios, etc (Manual de Orientação, MMA, 2004).


Como os documentos brasileiros tratam do conceito de CEA de uma forma muito abrangente, não permitindo uma definição objetiva e concreta, Deboni procura também referências de projetos estrangeiros para criar uma definição, sintetizada a partir do seguinte esquema (figura 23). Qualquer local que tenha essas quatro características e tenha o objetivo de disponibilizar informações, estimular a reflexão acerca dos problemas ambientais existentes, promover ati-

vidades que permitem o contato com a natureza e desenvolver projetos de caráter formativo e de produção de pesquisas é definido como um CEA, por falta de um padrão. Tais locais, independente da nomenclatura adotada, podem ser geridos no Brasil por instituições públicas ou privadas, como prefeituras, governos, empresas, universidades, fundações, associações ou ONGs.

figura 23: dimensões relativas à concepção de CEA adotada.

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3.2 CEAs no Brasil O estudo feito por Deboni revela que há uma grande dificuldade em implementar um CEA no Brasil devido à ausência de um padrão e de um projeto de referência. Sem dúvidas um grande impedimento para que os centros se desenvolvessem em solo brasileiro foi o descaso e a falta de investimento financeiro. Sobre a questão que mais interessa para a implantação de um programa arquitetônico, retorna-se ao item da parte da concepção de CEA “Espaços, Equipamentos e Entorno”. O item em questão aponta que há a “necessidade de estruturas que, em geral, possuem como “carro-chefe” uma edificação-sede dotada de salas de diversos formatos e funções (para oficinas, para reuniões, para exposições, multiuso, etc), auditórios, bibliotecas, cozinhas e muitos outros” (DEBONI, 2004). Em relação ao entorno, nota-se que o local escolhido (a ser indicado no próximo capítulo) é adequado para o projeto de um CEA, pois “CEAs não devem, necessariamente, estar localizados em áreas naturais ou próximo delas (como unidades de conservação, parques, pequenas propriedades rurais), mas que podem ser projetados também em áreas degradadas,

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marginalizadas e abandonadas, sejam rurais ou urbanas (como favelas, áreas de exploração mineral, patrimônio histórico-culturais e outras).” (DEBONI, 2004). A pesquisa realizada por Deboni com questionários enviados às escolas, empresas, universidades e outras instituições ligadas à educação ambiental com perguntas sobre o edifício em que desenvolvem o projeto pedagógico ambiental revela um descaso com a questão ecológica na construção dos edifícios: “No que diz respeito ao primeiro pilar - Edifício (sede) - observa-se que, em muitos casos, não há preocupações do ponto de vista ecológico quanto a construção de sedes de CEAs (impactos ambientais advindos da construção não são evitados; adequação à legislação ambiental vigente não é praticada; há pouca coerência ecológica quanto ao uso de materiais na construção; não uso racional de recursos, como água e energia, etc). Trata-se de uma questão chave e que boa parte dos CEAs na atualidade não confere devida atenção. É comum observarmos


CEAs sendo projetados e implementados em estruturas pré-fabricadas, com elevado uso de alvenaria, com alta demanda por energia elétrica (para iluminação e conforto térmico), e não buscando o uso de tecnologias construtivas e de materiais locais/regionais.” (Considerações gerais sobre Centros de Educação Ambiental (CEAs) no Brasil” - DEBONI; SORRENTINO. 2003.)

biental. Portanto, pretende-se nesse projeto seguir tais diretrizes, a fim de criar um edifício que seja referência em bioarquitetura e faça as pessoas, tanto profissionais da área quanto leigos, se questionarem sobre os métodos convencionais de construir a cidade.

Para a melhora na implantação dos futuros CEAs, o Ministério do Meio Ambiente criou o Manual de Orientação para Centros de Educação Ambiental, com diretrizes descritas no Capítulo 3 - “Diretrizes para implantação de CEAs” orientando que o projeto do edifício tenha o caráter de seu uso, ou seja, que tenha técnicas sustentáveis para economia de água e energia elétrica, reuso de água pluviais e materiais recicláveis, utilização de fontes de energia renováveis, máximo aproveitamento de iluminação e ventilação natural, levantamento de áreas que possuem potencial para a implantação do CEA, principalmente áreas degradadas, e que estejam de acordo com a legislação am-

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3.3 CEAs na Região Metropolitana de São Paulo

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Considerando o conceito sobre o que é um Centro de Educação Ambiental, o trabalho em questão levantou dados sobre os CEAs da Região Metropolitana de São Paulo para compreender melhor a situação atual da cidade nesta área.

1. ces alphaville 2. ces granja viana 3. parque guarapiranga 4. instituto 5 elementos 5. umapaz ibirapuera 6. parque nabuco 7. parque cientec 8. zoológico de são paulo 9. cea las vegas - guarulhos 10. cea osque maia - guarulhos 11. parque ecológico do tietê 12. cea parque do carmo 13. cea água azul - guarulhos figura 24: vista aérea RMSP

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Além de espaços pequenos de ONGs (como o item 4 - Instituto 5 Elementos) nota-se que a maioria dos locais que possuem projetos educacionais e pedagógicos relacionados ao meio ambiente são os próprios parques de São Paulo (Ibirapuera, Guarapiranga, do Tietê, do Carmo, PEFI) mas em termos construtivos, os que possuem um edifício denominado de Centro de Educação Ambiental ainda são muito tímidos e nem sempre podem servir como exemplo de bioconstrução, como podemos observar nas seguintes fotos de alguns CEAs que foram indicados no mapa anterior.

figura 26: cea city las vegas

figura 25: cecco parque guarapiranga

figura 27: cea bosque maia


Os que mais se aproximam da ideia de que os metódos construtivos de um CEA deva ser condizente com o uso do edifício é o Centro de Educação para a Sustentabilidade (CES) Alphaville e o CES Granja Vianna, porém, eles só foram construídos como forma de compensação ambiental pela Fundação Alphaville.

Implementação dos ODS em Comunidades e Organizações”, além de oficinas livres de arte, exposições iconográficas sobre a sustentabilidade indígena e palestras sobre a importância das áreas protegidas na conservação da biodiversidade (programação de abril de 2019).9

Em termos de programa pedagógico, pretende-se no projeto proposto a implantação de atividades educacionais que se aproximem dos cursos oferecidos pela UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz, localizado no Parque do Ibirapuera, e gerido pelo Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo. O local pretende “ampliar a sensibilização e a preparação da sociedade para lidar com as riquezas e os riscos presentes na relação sócio-ambiental na Cidade de São Paulo” e possuir cursos gratuitos como “Introdução às Construções Sustentáveis”, “Diagnóstico e Monitoramento de Fauna: Importância nas fases do licenciamento ambiental”, “ODS 1 –

figura 28: ces alphaville

figura 29: ces granja vianna Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ meio_ambiente/umapaz/sobre_a_umapaz/index.php?p=243 9

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referĂŞncias projetuais


4.1 Centro Slunakov para Atividades Ecológicas Grandes projetos de arquitetura que são considerados referência utilizam a natureza para enriquecer o projeto e aproximar a relação entre o homem e o meio ambiente. A água é um desses elementos naturais que são muito valorizados na leitura das potencialidades locais para implantação do projeto, sendo capaz de transmitir diversas sensações humanas positivas quando incorporada ao projeto corretamente, além de despertar a atenção dos visitantes do edifício para a natureza. É o que podemos observar na intenção de Oscar Niemeyer ao projetar o MAC, em Niterói.

figura 30: mac niterói

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Um projeto usado como referência foi o Centro Slunakov para Atividades Ecológicas situado em Olomouc - República Tcheca. O principal objetivo do projeto é educar o público sobre o meio ambiente e colaborar com a consciência ambiental da população, sendo um centro de informações que permite entrada para a Área de Proteção Natural de Litovelske Pomoravi e fornece exemplo de possibilidades sustentáveis para a construção civil, já que é uma construção energicamente econômica e ecológica. O centro possui atividades educacionais para os estudantes e também eventos profissionais, todos voltadas ao tema ambiental. Também é utilizado para as visitas turísticas da região, possuindo programas para os visitantes.10

"Centro Slunakov para Atividades Ecológicas / Projektil Architekti". 03 Jan 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Stofella, Arthur) Acessado 19 Abr 2019. Disponível em <https://www. archdaily.com.br/br/758744/centro-slunakov-para-atividadesecologicas-projektil-architekti> 10


figura 31: planta de implantação centro slunakov 41


figura 32: volumetria centro slunakov 42


O edifício está "enterrado" no terreno, de modo que exista apenas uma fachada para ventilação e iluminação natural. A cobertura em rampa se eleva no sentido oeste-leste, se tornando uma extensão do pavimento de acesso e dando a impressão de que a construção faz parte do terreno natural (figura 32). A cobertura verde funciona como um mirante da área. Os acessos são como cortes no terreno e mostram bem como o edifício está enterrado na terra. figura 33: acesso 1

figura 34: acesso 2

figura 35: acesso 3

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o2 acess so es

ac 1 figura 36: planta térreo - circulação sem esc.

1. administração 2. hall de entrada 3. hall multifuncional 4. cantina 5. salas de leitura 6. quartos do hostel 7. flat do zelador 8. cozinha 9. tecnologia 10. depósito

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figura 37: planta térreo - usos sem esc.


3 ac es so

O acesso 1 (figura 33) é o acesso principal e se dá ao hall, que conecta a circulação interna e a circulação externa. O acesso 2 (figura 34) possui um caráter privativo, visto que direciona a pessoa à parte íntima do centro - os alojamentos. O acesso 3 (figura 35) é um acesso secundário cuja entrada se dá à circulação interna da parte de alojamentos do primeiro pavimento. circulação interna

figura 38: planta 1º pavimento - circulação sem esc.

circulação externa escada - acesso ao pavimento superior

Assim, o edifício é dividido em 4 partes: a área administrativa, a educacional, a de serviços e a íntima (alojamentos). serviços alojamentos educacional figura 39: planta 1º pavimento - usos sem esc.

hall administração 45


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O edifício está todo coberto de terra para a proteção contra climas desfavoráveis, considerando que a República Tcheca é um país frio, com inverno rigoroso. A elevação do piso garante que o mesmo esteja longe do nível de inundação do local. Como o 1º pavimento não ocupa toda a extensão do edifício, o hall e as salas de leitura possuem pé direito duplo. Porém, também fazem dias quentes no verão, então há um sistema de troca de calor com a terra que aquece ou refresca os tubos de ventilação, dependendo da temperatura externa. figura 40: corte b-b

circulação interna circulação externa quartos serviços educacional - sala de leitura hall sistema de troca de calor cobertura verde terra nível de inundação figura 41: corte a-a

47


figura 42: circulação externa 48


A lógica construtiva foi concentrar a estrutura em concreto na parte norte, enquanto a parte da circulação externa e das salas foram feitas com armação em madeira. A circulação externa está voltada para a fachada sul, que há flexibilidade no que diz respeito à insolação: o fechamento em vidro garante o máximo aproveitamento da iluminação, mas as persianas móveis coloridas (figura 43) permitem o controle da insolação, além de darem um dinamismo na estética da fachada (figura 44).

figura 43: circulação externa com persianas fechadas

figura 44: fachada com persianas fechadas

49


reservatório de água da chuva coletor solar 85m²

16 tubos de troca de calor do ar comum e da terra

6 unidades de ventilação mecânica com recuperação de calor e adicional aquecimento de ar, operação demanda real

desvio de ar fresco

captação de água da chuva para uso secundário

parede de acumulação aquecimento piso de de calor e umidade de madeira tanque solar tijolos não queimados preparação água quente

envelope de isolamento térmico proteção solar móvel ganho passivo de luz solar

figura 45: sistemas de conforto térmico

A eficiência energética foi alcançada através de sistemas de aquecimento e ventilação, e a demanda de calor é suprida com uma combinação de energia de biomassa e energia solar. Diversas técnicas construtivas permitem a utilização de recursos naturais para que o edifício economize energia o máximo possível, conforme mostra o corte acima.

50

Foi considerado o meio ambiente na escolha de todos os materiais. A predominância é da madeira, mas há também a utilização de pedras (no muro de arrimo dos acessos), vidro (nas fachadas), paredes de tijolo não queimado ou rebocadas e piso em madeira. Para as áreas técnicas e áreas molhadas, estrutura de tijolo queimado ou concreto reforçado, e piso em assoalho.


figura 46: circulação interna alojamentos - 1º pav.

figura 48: circulação interna alojamentos - térreo

figura 47: hall

figura 49: dormitórios

51


4.2 Centro Educativo Burle Marx O Centro Educativo Burle Marx, de autoria do escritório Arquitetos Associados (arquitetos colaboradores: Edmar Ferreira Junior, Ivie Zappellini, Rosana Piló), está localizado em Inhotim – Brumadinho, Minas Gerais, possui uma forte relação com o lago artificial do Parque, onde o declive do terreno permite que a cobertura do edifício seja uma extensão do piso de passeio do parque, estando apenas um pouco acima da cota do passeio, atuando como uma ampla praça elevada que une diferentes partes do museu e promove a contemplação da

"Centro Educativo Burle Marx / Arquitetos Associados". 08 Jan 2012. ArchDaily Brasil. (Trad. Sambiasi, Soledad). Acessado 30 Abr 2019. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/18858/ centro-educativo-burle-marx-arquitetos-associados> 11

52

paisagem.11 O acesso principal ao térreo rebaixado é feito por escadas que se transformam em um anfiteatro aberto voltado ao edifício, chegando-se a um hall coberto (ou saguão) que conduz o público às 3 partes diferentes do edifício: um bloco de uso educacional, um de uso coletivo e outro que mescla uso educacional, administrativo e serviços. Há também rampas em todo o projeto, garantindo a acessibilidade para todos os ambientes.

figura 50: centro educativo burle marx


LAGO

1 - anfiteatro 2 - saguão 1 sso

educacional 2

coletivo

ace

serviços figura 51: usos

administrativo

acesso à cobertura - escada LAGO

acesso ao térreo escada acesso ao mezanino - rampa acesso à cobertura - rampa espelho d'água

figura 52: acessos

cobertura do auditório - cota mais alta 53


O método construtivo utilizado foi lajes nervuradas e moduladas de 80cm em concreto aparente, solucionando o programa em apenas um pavimento, com três lajes diferentes e independentes: a da biblioteca, dos ateliês e do acolhimento/auditório. O bloco do auditório está enterrado no terreno e o blocos de da biblioteca e dos ateliês são volumes soltos sobre o lago. A circulação é feita por varandas fundindo a arquitetura ao paisagismo local. Os blocos soltos tem uma distância entre si e são conecta-

dos por decks de madeira, formando um vazio com o lago já existente. Claramente a intenção dos arquitetos foi tornar os corredores que estão voltados para o pátio interno com lago, como a circulação principal, visto que eles são mais largos, medindo o equivalente a 4 modulações da laje nervurada (3,20m) enquanto os corredores voltados para o espaço externo medem 2 modulações (1,60m). Já a distância entre os blocos é de 5,50m.

figura 53: módulos estruturais

limite circulação modulação laje nervurada

circulação primária circulação secundária biblioteca ateliês figura 54: corte blocos sobre lago 54


LAGO

biblioteca ateliês figura 55: setorização

auditório

LAGO

circulação primária

figura 56: circulação

circulação secundária 55


figura 57: pรกtio com lago 56


O partido do projeto foi evitar a verticalização para o edifício não contrastar muito com a paisagem local. A utilização de divisórias de vidro ou paredes de alvenaria que não chegam até o teto e são completadas com vidro fixo permitem que os ambientes internos sejam iluminados naturalmente, além de garantir a transparên-

cia e a ideia de construção vazada que integra a paisagem. Os brises instalados ao redor de todo o edifício controlam a iluminação e reforçam a horizontalidade do centro educacional. A circulação externa e o pátio interno com o lago permitem a ventilação cruzada.

8

9 6

5

10 11 7

13 14

12 15 16

1 3

4

2

figura 58: programa 57


4.3 Moradas Infantis O projeto das Moradas Infantis para a Escola de Canuanã, da parceria entre os escritórios Aleph Zero e Rosenbaum, propõe a implantação de dois blocos de dormitórios (um feminino e outro masculino) para os alunos da escola, que funciona como um internato e localiza-se em uma área ao sul de Tocantins, marcada por antigos conflitos de terra entre índios, agricultores e pecuaristas. Com isso, o projeto se desenvolve em torno do conceito de resgate cultural, de trazer características das origens do lugar ao edifício, a fim de proporcionar aos

"Rosenbaum e Aleph Zero: Moradias estudantis, Formoso do Araguaia, TO". Arcoweb. Grunow, Evelise. Acessado 30 Abr 2019. Disponível em <https://www.arcoweb. com.br/projetodesign/arquitetura/rosenbaum-e-alephzero-moradias-estudantis-formoso-do-araguaia-to> 12

58

alunos o sentimento de pertencimento ao local e fazer com que eles reconheçam a beleza da natureza, da cultura indígena e das técnicas construtivas artesanais. Para descontruir a ideia de que a escola é um lugar apenas de aprendizado, projeta-se módulos padrão de dormitórios com capacidade para 6 alunos por dormitório, a fim de estreitar as relações entre os alunos, incorporando o conceito de lar. Os módulos estão distribuídos no térreo, sob uma grande cobertura de madeira, criando uma “vila”. 12

figura 59: moradas infantis


elevador

escada

dormitórios

elevador

escada

espaços de lazer e convívio

figura 60: planta térreo

passarelas

figura 61: planta superior

59


4

Três pátios internos foram criados com os recortes na extensa cobertura e o pátio central possui um espelho d’água que capta as águas pluviais e, quando há chuvas intensas, o excesso de água é encaminhado ao Rio. 4

Os materiais foram escolhidos de acordo com a intenção de conectar o pavilhão com o entorno, não contrastando o projeto com a paisagem. As paredes são feitas de adobe produzida no local, que juntamente com a estrutura em madeira colaboram com uma estética monocromática

figura 62: planta de implantação 1. dormitórios masculinos 2. dormitórios femininos 3. rio javarés 4. direcionamento das águas pluviais

captação de águas pluviais

60

figura 63: pátio interno


por possuírem cores parecidas. Sobre a laje dos dormitórios encontram-se os espaços de convívio, interligados por passarelas e acessados por escadas. A cobertura possui apenas um caimento, direcionado ao Rio Javaré, e alterna o pé direito dos espaços internos.

çam a repetição vertical. Além de técnicas projetuais como grandes recuos, beiras e brises verticais, foram utilizados muxarabis nas vedações dos dormitórios que estão voltadas à circulação externa.

O projeto possui uma modulação estrutural quadrada de 5,90m, que possibilita uma estrutura leve e harmônica pela repetição de pilares de madeira com seção de 15 centímetros. A escolha por brises e guarda-corpos compostos por tábuas de madeira laminada colada refor-

figura 64: corte das seções construtivas 61



5 o sítio


PEFI

figura 65: vista aĂŠrea do bairro 64


5.1 O Bairro O terreno escolhido está inserido no bairro Vila Água Funda, cujo um de seus limites é o PEFI. De acordo com moradores, o nome do bairro originou-se das inundações que ocorriam na região. Os primeiros arruamentos aconteceram em 1947 com o loteamento das terras da família Stefano, de origem libanesa. O empresário Miguel Stefano (cuja avenida com seu nome dá acesso às instituições do PEFI) comprou parte dos terrenos da região, inclusive quarteirões inteiros, para construir casas e revendê-las.13 Atualmente, o bairro possui casas diversificadas, tanto de classe média quanto de classe baixa, demonstrando a grande desigualdade social que é tão presente em toda a cidade. O bairro está próximo à linha azul do metrô, a mais antiga da companhia, cuja inauguração da estação Jabaquara14 ocorreu em 1974. Em 1977 a capital e o litoral paulista foram interligados pela Rodovia dos Imigrantes15. Já em 1978, foi inaugurado o Recinto de Exposições da Água Funda, que tinha como foco exposições agroFonte: http://identidadesp.com.br/agua-funda/ Fonte: http://www.metro.sp.gov.br/sua-viagem/linha-1-azul/ estacao-jabaquara.aspx 15 Fonte: http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/ apresentacao.php?idVerbete=1480 13 14

pecuárias até o final da década de 90, quando uma nova concessão tornou a área privada e passou a ser chamado de Centro de Exposições Imigrantes, até ser comprada por uma empresa francesa em 2013 e ter sua área aumentada, transformando-a no São Paulo Expo16. Os novos equipamentos instalados no Parque Fontes do Ipiranga, como o Centro Paraolímpico Brasileiro, inaugurado em 201317, valorizam o bairro. Mas o que impulsionou o crescimento do bairro foi a construção da Siderúrgica Aliperti, em 1932, que fabricava perfis e vergalhões de aço, suprindo a maior parte da demanda da área de construção civil e de exportação. Entretanto, em 1998 a empresa assinou um contrato de arrendamento de sua área industrial para a Gerdau S/A.18

Fonte: http://historiadojabaquara.com.br/2018/04/09/quemse-lembra-do-recinto-de-exposicoes-da-agua-funda/ 17 Fonte: http://www.cpb.org.br/centro-de-treinamento 18 Fonte: http://www.aliperti.com.br/aliperti.php 16

65


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Para uma melhor análise, foi feito um levantamento de condicionantes da mobilidade urbana do entorno, incluindo vias expressas e linhas de transporte público, além de equipamentos importantes para a região, com foco nos que possuem uso educacional e cultural. Foram consideradas algumas escolas/institutos que possuem biblioteca e/ou auditórios.

u

a. aeroporto de congonhas b. ccnj - centro de culturas negras do jabaquara c. emia - escola municipal de iniciação artística parque lina e paulo raia d. senac jabaquara e. instituto cultural usiminas f. centro de treinamento paraolímpico g. são paulo expo h. centro de atenção à saúde mental - água funda i. jardim botânico j. parque cientec k. zoológico l. zoo safari m. ceu caminho do mar n. ceu parque bristol o. sesi vila das mercês p. ceu heliópolis q. linha azul do metrô r. pátio jabaquara - metrô s. avenida cupecê t. rodovia dos imigrantes u. rodovia anchieta v. avenida afonso d’escragnol le taunay w. complexo maria maluf (que faz conexão com a avenida presidente tancredo neves x. avenida miguel stefano - acesso às instituições PEFI figura 66: mapa morfologia urbana

67


5.2 O terreno da lagoa Apesar dos equipamentos do PEFI possibilitarem uma interação com o meio ambiente, não são lugares abertos e gratuitos, com uso flexível, e adequado para visitas diárias. Assim, foi escolhido um terreno (figura 67) que possui um grande lago e passa despercebido em meio ao caos da grande metrópole. Ao pesquisar mais sobre, descobriu-se que o terreno é propriedade da Siderúrgica Aliperti, e a lagoa chama Lagoa Aliperti pois antigamente a fábrica (localizada a aproximadamente 1km do terreno) a utilizava para o resfriamento de caldeiras de fundição. Ainda existem algumas pequenas construções no terreno mas, como a fábrica fechou e hoje em dia o edifício só é utilizado pela área administrativa da empresa, o local está sem uso. Foi encontrado um decreto19 que declara o terreno de utilidade pública, necessário de desapropriação para implantação de reservatório no Riacho Ipiranga. A Prefeitura de São Paulo incorporou este terreno ao projeto de obras de amortecimento e contenção de enchentes da Decreto nº 55.201/14, disponível em: http://documentacao. camara.sp.gov.br/iah/fulltext/decretos/D55201.pdf 20 Apresentação do projeto pode ser conferida em: https://www. prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/infraestrutura/ arquivos/AUDIENCIAS/CORREGO%20IPIRANGA%202014/ 19

68

Bacia do Ipiranga. Além do piscinão visto anteriormente (capítulo 2.3 - Bacia do Ipiranga; figura 17, pág 23) o sistema proposto também inclui a ampliação e o desassoreamento da Lagoa Aliperti (figura 68), e de adequações e reforço de galeriais.20 Conforme contato feito com a SIURB, as obras estão previstas para o segundo semestre deste ano (2019). De acordo com apresentação do projeto em vídeo21, a adequação da lagoa prevê a requalificação ambiental de suas margens e funcionará como um reservatório on line por gravidade, ou seja, a água estará no nível do córrego e ligada diretamente à rede hídrica, diferente dos piscinões off line, que estão em nível diferente do córrego e recebem apenas o excesso de água dos rios, ficando vazios em épocas que não há muita chuva. A lagoa terá capacidade de armazenar 110m³ de água e não impactará na estrutura da Rodovia dos Imigrantes, que atualmente já atua como uma ponte sobre esse terreno alagável. Curiosamente, em 2015, a Siderúrgica Aliperti realizou um EIA (Estudo de Impacto Ambienapresentacao_corrego_ipiranga_parte_3.pdf 21 Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=HeNdxHcyqwE&feature=youtu.be 22 Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/HELIBAND_EIA. pdf


O lago recebe as águas de uma sub-bacia do Riacho do Ipiranga que engloba a maior parte da rede hídrica do Parque Fontes do Ipiranga, incluindo os lagos do Zoológico, do Parque CienTec e do Jardim Botânico, e desagua no próprio riacho (figura 69).

lugar onde se fabricam peças de cerâmica; a técnica de fabricar objetos de argila; a arte do oleiro. Fonte: https://www.dicio.com. br/olaria/ 23

bento

ferrei ra

antiga fábrica aliperti

el stéfano

lago

avenida m igu

O EIA informou que a primeira ocupação do terreno foi feita por uma olaria23 no início do século XX e que a lagoa existe devido à retirada de argila para utilizar na produção de suas mercadorias, caracterizando-o como artificial.

r ua d o utor j osé rodovia dos imigra ntes

tal) para a Secretaria do Meio Ambiente22, para um projeto de “Helicentro” - um empreendimento com 3 pavimentos e acomodações para pilotos, escritórios, restaurante, salas de treinamento e uma plataforma de pouso e decolagem de helicópteros sobre o lago.

N

figura 67: vista aérea do terreno

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figura 68: proposta para o lago

69


70


N figura 69: sub-bacia no PEFI

71


ferrei ra

el stéfano

bento

avenida m igu

rodovia dos imigra ntes

r ua d o utor j osé

figura 70: vista aérea da área de projeto 72


5.3 Área de intervenção A área total de projeto é composta por 5 lotes (figura 71): o da Lagoa Aliperti, o de dois estacionamentos, e os terrenos de dois galpões abandonados, totalizando 55.821m², sendo que a lagoa ocupa 17.900m². O terreno faz parte da Subprefeitura Ipiranga, mas está localizado no limite político-administrativo entre esta e a Subprefeitura Jabaquara. Pelo Plano Diretor Estratégico (Lei 16.050/14), enquadra-se na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e, pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei 16.402/16)

pertence à Zona Mista (ZM) que “são porções do território destinadas a promover usos residenciais e não residenciais, com predominância do uso residencial, com densidades construtiva e demográfica baixas e médias”. A principal característica da ZM é viabilizar a diversificação de usos, visando mais a preservação da morfologia urbana existente e acomodação de novos usos, do que a intensa transformação. Dados do zoneamento CA mín.= 0,3 CA bás.= 1 CA máx.= 2 TO= 0,70 Gabarito máx.=28m Recuo mín. frente= 5m Recuo fundo e lateral: altura edificação ≤ 10m= N.A. Taxa de permeabilidade= 20%

5.4 Levantamento fotográfico Com o limite definido, é realizada uma visita ao local para compreender melhor a dinâmica do território, e feito um levantamento fotográfico para a apresentação do local. terreno lagoa Aliperti

figura 71: vista aérea dos lotes

estacionamento do jd. botânico

estacionamento

galpões abandonados

edifício residencial 73


1

5

2 3

10

7

8

9

4 6

11

figura 72: indicação das fotos

74

figura 74: foto 2 - galpĂŁo na rua lateral

figura 73: foto 1 - vista para rua lateral

figura 75: foto 3 - vista para av. miguel stefano


figura 76: foto 4 -galpĂŁo na av. miguel stefano

figura 77: foto 5 - entrada do estacionamento pela rua lateral

figura 78: foto 6 - entrada do estacionamento na av. miguel stefano

75


figura 79: foto 7 - panorâmica do lago

76

figura 80: foto 8 - construçþes no terreno da lagoa

figura 81: foto 9 - estacionamento


figura 82: foto 10 - lago

figura 83: foto 11 - estacionamento jd. botânico

77


5.5 Leitura do entorno O entorno em questão possui grande interesse do mercado imobiliário devido à ótima localização e aos equipamentos integrados ao PEFI, que definitivamente valorizam o local. Os edifícios residenciais da região, construídos na última década, demonstram o interesse desse setor. g

No mapa de usos (figura 85) é possível observar que do lado esquerdo da Rodovia dos Imigrantes há a predominância de uso residencial, enquanto o lado referente à área de projeto possui usos diversos, como industriais, comerciais e de serviços, além dos residenciais.

f e

a h

a d

b a. condomínios de alto padrão b. estacionamento do são paulo expo c. área já pertencente ao parque fontes do ipiranga d. entrada jardim botânico e. indústria 78

c figura 84: vista aérea entorno f. residências unifamiliares de baixo padrão g. propriedade pública - OUC Água Espraiada (prolongamento da Av. Roberto Marinho) h. edifício residencial de médio padrão


figura 85: mapa de usos esc. 1:3000

residencial vertical médio/alto padrão

residencial e indústria/armazéns

residencial horizontal médio/alto padrão

comércio/serviço

equipamentos públicos

residencial e comércio/serviços

indústria/armazéns

residencial unifamiliar de baixo padrão 79


O mapa acima mostra que a região possui predominância de gabaritos baixos, fazendo com que as grandes torres residenciais se destaquem na årea. 80

figura 86: mapa de gabaritos esc. 1:3000 1 a 2 pavimentos 3 a 5 pavimentos

17 pavimentos

10 pavimentos

23 a 28 pavimentos


Já o mapa hipsométrico é importante para a compreensão da topografia do local. As manchas mais escuras representam os níveis mais altos e mostram que há três grandes taludes di-

figura 87: mapa hipsométrico esc. 1:3000

recionados ao lago, no nível topográfico mais baixo, representado pela cor mais clara do mapa. 81



6

a concepção projetual


6.1 Análise para diretrizes e potenciais do entorno N

figura 88: diagrama diretrizes

84

favela

fruição

lagoa aliperti

ligação lago e corrégo

passarela

acessos

ponto de encontro

linha de visão

estacionamentos

ponto de ônibus

N

figura 89: diagrama concepção inicial

Com o objetivo de criar um espaço de contemplação à natureza através da revitalização da área, nota-se que a ligação da Lagoa Aliperti com o canal a céu aberto do Jardim Botânico está canalizada, despertando a ideia de reabrir esse córrego. Mesmo a Rodovia dos Imigrantes sendo uma grande barreira para o acesso ao terreno em questão, uma passarela para pedestres permite


a circulação entre os dois lados da rodovia. Propõe-se então, a revitalização dessa passarela, que está um pouco degradada, e uma nova passarela em deck de madeira sobre a Lagoa, como se fosse uma extensão da antiga, permitindo uma fruição que aproxima o homem da água. Outra importante diretriz foi a topografia. Só é possível ver o lago quando se inicia o talude, sendo assim, observa-se que um grande potencial em um acesso pela rua lateral, que estaria na linha de visão para o lago. Há preocupação também com o alto nível de incidência solar, cuja fachada principal (a fachada voltada para o lago) será a fachada oeste.

que facilita a acessibilidade ao centro de educação ambiental. Outras considerações foram feitas: o aumento do lago proposto no projeto de conteção de cheias da Bacia do Ipiranga e a necessidade de reestruturar o estacionamento do Jardim Botânico, devido à abertura do córrego. Assim, foi incorporado este lote na área de projeto que, a princípio, não seria modificado. Essa área fica reservada para dois estacionamentos: um do Jardim Botânico e outro da nova instituição, ambos interligados por uma ponte.

Na figura 89, pode-se observar as primeiras concepções do projeto. Serão criados três acessos e consequentemente um ponto de encontro que os interseccionam. O acesso principal será pela Avenida Miguel Stefano, onde há um grande fluxo de carros e pessoas, acessos às instituições do PEFI, e um ponto de ônibus

85


6.2 Programa Com a ideia de implantar um centro educacional de tema ambiental que possua também espaços públicos voltados à cultura e lazer, foi pensado em um programa que tenha áreas mais públicas (sala de exposição, auditório e restaurante) e áreas mais restritas (salas de aulas, oficinas e laboratórios), sendo a parte da escola, cuja distribuição é demonstrada no fluxograma a seguir. Secretaria/ informações

ACESSO

Hall

Biblioteca Secretaria

Auditório Sala de exposições Restaurante Sanitários

86

Administração Sala dos professores Diretoria Coordenação Copa funcionários Vestiário funcionários

Mirante Bicicletário Pomar urbano Horta comunitária Eco Ponto

Oficinas Salas de aula Laboratórios Sala Multiuso Espaço de estudo Sanitários

Espaço de convivência Copa alunos Lanchonete/ Refeitório


O complexo educacional tem espaços para salas de aula para cursos de longa duração e para oficinas de cursos livres, todos voltados ao meio ambiente. Além disso, há uma oficina de artesanato onde espera-se que os alunos criem a partir de materiais recicláveis, que forem deixados pelos moradores do bairro no Eco Ponto. Os laboratórios são utilizados para ensaios químicos ambientais, sendo possível utilizar a própria vegetação nativa do terreno e a água do lago para o aprendizado.

tos deste tipo. Até mesmo o restaurante pode trazer reflexões sobre o assunto, além de ser mais um atrativo do centro ambiental. A ideia é que o estabelecimento utilize os alimentos produzidos no próprio local, minimizando os impactos ambientais causados pela indústria alimentícia.

Os espaços culturais também têm a função de transmitir informações à população a respeito das questões ambientais. Na sala de exposição, por exemplo, os alunos podem apresentar seus trabalhos aos visitantes e informações sobre o local, o PEFI e a região. O espaço também pode receber grandes obras relacionadas ao meio ambiente e até atividades interativas que proporcionem a reflexão acerca do assunto, como ocorre no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O auditório pode receber eventos e palestras de temática ambiental, tendo um grande potencial de se tornar um local referência para even-

87


6.3 Volumetria

1º vo

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Um fator que conduziu essa implantação foi o intuito de fazer a menor movimentação de terra possível. Assim criam-se ligações entre os blocos da escola por passarelas, sobre o terreno natural.

PA V

Propõe-se então setorizar o programa em três partes: um bloco educacional, um bloco administrativo, e um bloco cultural. Os edifícios são próximos à lagoa para uma melhor relação com a água, aproveitando a topografia: o térreo está na mesma cota da rua lateral e o bloco educacional está solto do terreno. Uma parte do programa é levada à cobertura desse bloco, criando mais um pavimento.

Dados do projeto Terreno= 55.821m² Área construída= 5.967m² / CA= 0,11 Área ocupada= 6.523m² / TO= 0,17 Gabarito= 7,5m Área permeável = 40.618m² / 0,73

figura 90: diagrama de volumetria e setorização 88


DECK

TÉRREO

1º PAV

Uma cobertura curva em madeira paira sobre os blocos da escola, relacionando o edifício educacional e o edifício cultural e fazendo uma analogia ao movimento da água. Utilizam-se alguns pilares-árvores para a estruturação desta cobertura, trazendo mais uma analogia ao meio ambiente. A torre do elevador, além de tornar todos os pavimentos acessíveis, também serve como um apoio para a cobertura. Na área ocupada do primeiro pavimento são priorizados os espaços de convivência dos alunos.

acesso acompanhando o nível natural do terreno

AVENIDA MIGUEL STEFANO

O acesso pela Avenida Miguel Stefano segue a topografia natural, possuindo um caráter de parque, com mais área verde e espaços livres, mas chega-se a um ponto de bifurcação onde o piso desce por uma rampa que acessa o térreo (figura 98), ou sobe por uma rampa até o 1º pavimento/cobertura do bloco cultural, que funciona como um mirante para o lago e a Rodovia dos Imigrantes.

figura 91: corte esquemático - acesso

89


figura 92: diagrama de usos 90


figura 93: diagrama de circulação e acessos 91


6.4 Aplicando sustentabilidade Estrutura de Madeira

mento do aquecimento global.

A indústria da construção civil é, pelo Conselho Internacional da Construção, o setor que mais agride o meio ambiente, consumindo muitos recursos naturais e utilizando muita energia, sem repor à natureza o material extraído. Sendo assim, é decidido utilizar estrutura de madeira no projeto, pois, apesar de ser um material ainda pouco utilizado no Brasil, é mais vantajoso ambientalmente em comparação ao concreto e ao aço, que não são renováveis, e necessitam de recursos naturais para serem produzidos. O único material renovável é a madeira de reflorestamento, que foi plantada com o objetivo de ser extraída e dar espaço ao plantio de novas árvores. Deste tipo, a mais utilizada para a construção civil é o Eucalipto devido sua velocidade de crescimento.

Porém, para fazer a escolha correta é necessário checar se a madeira comprada possui a certificação FSC (Forest Steward Council – Conselho de Manejo Florestal, em português), indicando que ela foi extraída através de manejo florestal, ou seja, teve o menor impacto ambiental possível e ainda garantiu boas condições socioeconômicas para as comunidades do entorno e funcionários, desde sua produção até a sua comercialização.

Há outras vantagens: o processo de fabricação da madeira, desde a extração até o uso, necessita de pouca energia, e a sua matéria-prima é o carbono, ou seja, a madeira retira CO2 da atmosfera: o gás carbônico responsável pelo au-

92

A Construtora ITA é uma referência em Madeira Laminada Colada, inclusive foi a responsável pela estrutura das Moradas Infantis de Tocantins, um dos projetos de referência para este trabalho. Segundo a empresa, a Madeira Laminada Colada – MLC é um produto engenheirado, formado a partir de lâminas de madeira unidas entre si por um adesivo certificado para uso estrutural, à prova d’água. Utilizam-se pedaços de madeira que formam peças maiores, permitindo a liberdade de formas e tamanhos das peças estruturais, possibilitando a fabrica-


cobertura de madeira

barrotes de madeira COBERTURA

vigas de madeira cobertura de madeira piso de madeira

1Âş PAVIMENTO

pilares de madeira estrutura de concreto piso de madeira barrotes de madeira vigas de madeira

TÉRREO pilar-årvore de madeira base em concreto estrutura de concreto figura 94: diagrama estrutura 93


ção de vigas curvas ou extensas, com 20 metros de comprimento e mais de 1 metro de altura, por exemplo. Já para pisos, paredes, mobiliários, utiliza-se mais a Madeira Laminada Cruzada, que consiste em camadas de tábuas de madeira coladas uma ao lado da outra, de uma forma que cada camada esteja no sentido perpendicular à anterior. Forma-se assim um painel com rigidez estrutural em ambas as direções. Biodigestor Uma ótima alternativa para o tratamento de efluentes (resíduos provenientes de esgoto e águas pluviais que são descartados pela natureza na forma líquida ou gasosa) é a utilização de biodigestores, que funcionam como miniestações de tratamento de esgoto através de um compartimento fechado que trabalha no processo de decomposição da matéria orgânica de resíduos vegetais (folhas e restos de comida) e de atividades humanas e de animais (fezes, lixo doméstico, urina, etc). Essa decomposição

94

é chamada de digestão anaeróbica, onde a biomassa é metabolizada por bactérias anaeróbicas produzindo biogás e biofertilizantes. Ou seja, o tratamento correto do esgoto acaba reduzindo a emissão de gases nocivos à atmosfera (como o gás metano, um dos responsáveis pelo efeito estufa) ao ser utilizado como substituto de fontes de energia não renováveis como o gás de cozinha e combustíveis líquidos (querosene, gasolina e diesel). Os biofertilizantes também podem ser aproveitados após o tratamento, servindo de adubo natural e substituindo os adubos químicos, que poluem o meio ambiente e podem causar danos à saúde humana pelos resíduos tóxicos deixados nos alimentos. Outra vantagem do biodigestor é que ele contribui com a redução do sistema urbano de coleta de esgoto. Assim, pretende-se instalar um biodigestor para o cuidado da horta comunitária do projeto, utilizando o biofertilizante produzido por este sistema de tratamento.

Reuso de águas pluviais


figura 95: planta esquemática - técnicas sustentáveis 95


A captação de água da chuva é feita através de condutores que levam a água da calha aos reservatórios destinados apenas para água deste tipo, chamados cisternas, mas antes passam por um filtro que retira as impurezas como galhos e folhas. Através de uma bomba, a água pronta para reuso volta ao sistema hidráulico do edifício para ser utilizada nas descargas dos vasos sanitários, na limpeza de pisos, na irrigação de jardins, em torneiras, entre outros, menos para uso humano, por não ser água potável. No projeto, é utilizado um espelho d'água

na cobertura-mirante para essa captação.

Energia solar

As placas fotovoltaicas, instaladas na cobertura das edificações e voltadas ao Norte para maior eficiência, captam a luz do Sol e a transformam em energia elétrica pelos elétrons, que são ativados quando a luz entra em contato com as células fotovoltaicas que compõem os painéis. É um método sustentável e renovável que resulta na economia de energia elétrica comum fornecida pela empresas.

iluminação zenital

brise de madeira

figura 96: estudo bioclimático 96


Além das técnicas construtivas mencionadas, foram utilizadas soluções de projeto visando o máximo conforto térmico com os meios naturais, visando a economia de gastos de energia com equipamentos de resfriamento, iluminação e ventilação. O deslocamento dos blocos, a ligação externa entre eles e a grande cobertura em madeira permitem a ventilação cruzada e o aproveitamento de luz natural. Quase todos os fechamentos dos ambientes internos são feitos com vidros translúcidos. Assim, foi feito um recuo dos blocos da escola em relação ao alinhamento da cobertura, e colocado brises de madeira na fachada para o melhor controle da insolação.

Um ecoponto foi localizado próximo à entrada de serviços para incentivar a coleta seletiva da população local; a intenção é que os alunos da escola separem os materiais em bom estado para reaproveitar em oficinas de artesanato. A horta comunitária, o pomar urbano e o bicicletário também possuem o mesmo objetivo e serão benéficos para os moradores do bairro.

Em termos estruturais, o bloco educacional é todo em madeira com módulos de 10x8m que garantem a racionalização e a produtividade da construção. Para o bloco cultural concluiu-se que seria mais viável a estruturação em concreto, por ser um edifício enterrado e por possuir o grande vão do auditório. figura 97: diagrama usos ecológicos horta comunitária

pomar urbano

bicicletário

ecoponto 97



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o projeto





































8

conclusĂŁo


128


A partir da pesquisa realizada, conclui-se que o local é adequado para a implantação de um Centro de Educação Ambiental e o projeto requalificaria o espaço, que tem um potencial muito grande para ser utilizado apenas como estacionamento. O meio ambiente seria preservado e o equipamento atrairia mais visitantes e turistas à região e às instituições do Parque Fontes do Ipiranga. O trabalho também aborda questões importantes e proporciona uma reflexão acerca dos temas muito discutidos nos últimos anos e, principalmente, como a cidade é entendida e tratada. O fato da área do projeto estar sendo aproveitada para a contenção das enchentes da região, sem explorar melhor o potencial que ela possui, demonstra o descaso decorrente quanto às questões ambientais e educacionais que necessitam de melhorias no nosso país.

gerar para o desenvolvimento sustentável das cidades. Particularmente, o trabalho me proporcionou muito conhecimento e uma grande evolução pessoal e profissional. Aprendi que sempre podemos melhorar, principalmente após as considerações da banca intermediária, onde foram feitas críticas em relação à leitura do entorno e aos métodos de representação do conceito do projeto, que contribuíram para que eu aprimorasse meu domínio sob os softwares utilizados. Além de também servirem para que eu me atentasse a detalhes que passavam despercebidos até então, mas que fazem diferença no entendimento do projeto como um todo.

É mais que urgente a mudança de pensamento e visão sobre cidade e meio ambiente, e ainda mais importante que os arquitetos compreendam o seu papel e a contribuição que podem

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referĂŞncias


9.1 Lista de figuras figura 1. trilhas indígenas. fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa17a.htm#1927 11 figura 2. vista aérea da região da represa billings (dezembro de 2005). fonte: sebastião moreira/conteúdo estadão 12 figura 3. sistema de billings. fonte: comitê brasileiro de barragens/documentos/engenheiro billings 13 figura 4. tamanduateí no fim do século xix. fonte: http://garoahistorica.blogspot.com/2014/07/rio-tamanduateihtml16 figura 5: clube de regatas do tietê. 1903. fonte: http://www.saopauloinfoco.com.br/o-clube-de-regatas-tiete/ 16 figura 6: clube de regatas tietê e esperia. 1915. fonte: guilherme gaensly/ims 17 figura 7: rio pinheiros antes da retificação. fonte: http://agencia.sorocaba.sp.gov.br/cine-barracao-exibira-o-filmerio-pinheiros-sua-historia-e-pe/ 17 figura 8: marginal tietê. fonte: : https://www.flickr.com/photos/stankuns/10688205343 18 figura 9. marginal pinheiros. fonte: https://www.encontrapinheiros.com.br/pinheiros/marginal-pinheiros/ 19 figura 10: mapa hidrográfico da cidade de são paulo, com os rios ipiranga, tamanduateí, tietê e pinheiros em destaque. fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/22/politica/1479840613_351185.html-edit. pela autora 20 figura 11: mapa das unidades hidrográficas de gerenciamento de recursos hídricos do estado de são paulo com destaque para a bacia do alto tietê. fonte: daee - editado pela autora 21 figura 12: mapa da bacia do alto tietê, com a cidade de são paulo em destaque. fonte: http://www.sigrh.sp.gov.br/ public/uploads/documents/7111/pat_sumario_executivo.pdf - editado pela autora 21 figura 13: mapa hidrográfico da cidade de são paulo, com a bacia do ipiranga em destaque. fonte: https://brasil. elpais.com/brasil/2016/11/22/politica/1479840613_351185.html - editado pela autora 21 figura 14: limite da bacia do ipiranga, com local do piscinão em destaque. fonte: google earth - edit. pela autora 22 figura 15: situação em 1930. fonte: mapa saara 23 figura 16: situação atual. fonte: geosampa 23 figura 17: projeto do piscinão. fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/infraestrutura/ arquivos/audiencias/corrego%20ipiranga%202014/apresentacao_corrego_ipiranga_parte_3.pdf 23 figura 18: parque água funda em 1930. fonte: mapa saara 24 figura 19: limite da bacia do ipiranga, com pefi em destaque. fonte: google earth - editado pela autora 25 figura 20: nascentes dos afluentes do córrego ipiranga no pefi. fonte: geosampa 25 figura 21: vista aérea pefi. fonte: google earth - editado pela autora 26 figura 22: street view do endereço disponibilizado pelo google. fonte: google maps 27 figura 23: dimensões relativas à concepção de cea adotada. fonte: deboni, 2004. 31 figura 24: vista aérea rmsp. fonte: google earth - editado pela autora 34 figura 25: cecco parque guarapiranga. fonte: https://www.areasverdesdascidades.com.br/ 36 figura 26: cea city las vegas. fonte: site tripadvisor 36 figura 27: cea bosque maia. fonte: https://www.areasverdesdascidades.com.br/ 36 figura 28: ces alphaville. site prefeitura de santana de parnaíba 37 figura 29: ces granja vianna. fonte: site sustentarqui 37 figura 30: mac niterói. fonte: acervo pessoal 40 132


figura 31: planta de implantação centro slunakov. fonte: archdaily figura 32: volumetria centro slunakov. fonte: archdaily figura 33: acesso 1. fonte: archdaily figura 34: acesso 2. fonte: archdaily figura 35: acesso 3. fonte: archdaily figura 36: planta térreo - circulação. fonte: archdaily - editado pela autora figura 37: planta térreo - usos. fonte: archdaily - editado pela autora figura 38: planta 1º pavimento - circulação. fonte: archdaily - editado pela autora figura 39: planta 1º pavimento - usos. fonte: archdaily - editado pela autora figura 40: corte b-b. fonte: archdaily - editado pela autora figura 41: corte a-a. fonte: archdaily - editado pela autora figura 42: circulação externa. fonte: archdaily figura 44: fachada com persianas fechadas. fonte: archdaily figura 43: circulação externa com persianas fechadas. fonte: archdaily figura 45: sistemas de conforto térmico. fonte: archdaily - editado pela autora figura 46: circulação interna alojamentos - 1º pav. fonte: archdaily figura 47: hall. fonte: archdaily figura 48: circulação interna alojamentos - térreo. fonte: archdaily figura 49: dormitórios. fonte: archdaily figura 50: centro educativo burle marx. fonte: archdaily figura 51: usos. fonte: archdaily - editado pela autora figura 52: acessos. fonte: archdaily - editado pela autora figura 54: corte blocos sobre lago. fonte: archdaily - editado pela autora figura 53: módulos estruturais. fonte: archdaily - editado pela autora figura 55: setorização. fonte: archdaily - editado pela autora figura 56: circulação. fonte: archdaily - editado pela autora figura 57: vista do saguão para o pátio com lago. fonte: archdaily - editado pela autora figura 58: programa. fonte: archdaily - editado pela autora figura 59: moradas infantis. fonte: archdaily figura 60: planta térreo. fonte: archdaily - editado pela autora figura 61: planta superior. fonte: archdaily - editado pela autora figura 62: planta de implantação. fonte: arcoweb - editado pela autora figura 63: pátio interno. fonte: archdaily figura 64: corte das seções construtivas. fonte: archdaily figura 65: vista aérea do bairro. fonte: google earth - editado pela autora figura 66: mapa morfologia urbana. fonte: google earth - editado pela autora figura 67: vista aérea do terreno. fonte: google earth - editado pela autora figura 68: proposta para o lago. fonte: https://www.youtube.com/watch?v=hendxhcyqwe&feature=youtu.be figura 69: sub-bacia no pefi. fonte: google earth - editado pela autora

41 42 43 43 43 44 44 45 45 46 46 48 49 49 50 51 51 51 51 52 53 53 54 54 55 55 56 57 58 59 59 60 60 61 64 66 69 69 70 133


figura 70: vista aérea da área de projeto. fonte: google earth - editado pela autora figura 71: vista aérea dos lotes. fonte: google earth - editado pela autora figura 72: indicação das fotos. fonte: google earth - editado pela autora figura 73: foto 1 - vista para rua lateral. fonte: acervo pessoal figura 74: foto 2 - galpão na rua lateral. fonte: acervo pessoal figura 75: foto 3 - vista para av. miguel stefano. fonte: acervo pessoal figura 76: foto 4 - galpão na av. miguel stefano. fonte: acervo pessoal figura 77: foto 5 - entrada do estacionamento pela rua lateral. fonte: acervo pessoal figura 78: foto 6 - entrada do estacionamento na av. miguel stefano. fonte: acervo pessoal figura 79: foto 7 - panorâmica do lago. fonte: acervo pessoal figura 80: foto 8 - construções no terreno da lagoa. fonte: acervo pessoal figura 81: foto 9 - estacionamento. fonte: acervo pessoal figura 82: foto 10 - lago. fonte: acervo pessoal figura 83: foto 11 - estacionamento jd. botânico. fonte: acervo pessoal figura 84: vista aérea entorno. fonte: google earth - editado pela autora figura 85: mapa de usos. fonte: produzido pela autora figura 86: mapa de gabaritos. fonte: produzido pela autora figura 87: mapa hipsométrico. fonte: produzido pela autora figura 88: diagrama diretrizes. fonte: produzido pela autora figura 89: diagrama concepção inicial. fonte: produzido pela autora figura 90: diagrama de volumetria e setorização. fonte: produzido pela autora figura 91: corte esquemático - acesso. fonte: produzido pela autora figura 92: diagrama de usos. fonte: produzido pela autora figura 93: diagrama de circulação e acessos. fonte: produzido pela autora figura 94: diagrama estrutura. fonte: produzido pela autora figura 95: planta esquemática - técnicas sustentáveis. fonte: produzido pela autora figura 96: estudo bioclimático. fonte: produzido pela autora figura 97: diagrama usos ecológicos. fonte: produzido pela autora

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72 73 74 74 74 74 75 75 75 76 76 76 77 77 78 79 80 81 84 84 88 89 90 91 93 95 96 97


8.2 Bibliografia MAZIVIERO, Maria Carolina & SANTOS, Paulo. Impactos da inserção dos piscinões na escala local: o caso do Reservatório de Contenção RC5 - Taboão. usjt - arq.urb - número 17, pp. 22-44, 2016. DEBONI, Fábio. Histórico, Classificação e Análise de Centros de Educação Ambiental no Brasil. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 2004. DEBONI, Fábio & SORRENTINO, Marcos. Considerações Gerais sobre CEAs no Brasil. Artigo - USP. São Paulo, 2004. KAHTOUNI, S. Cidade das águas. São Carlos: RiMa, 2004. LONDRES, Flávia, DEBONI, Fábio & SORRENTINO, Marcos. Um estudo sobre Centros de Educação Ambiental no Brasil. Dezembro de 2002. Revista eletrônica Pós-Graduação em Educação Ambiental. Volume 09. Os rios sufocados de São Paulo. 3 de out de 2014. Disponível em Carta Educação: http://www.cartaeducacao.com. br/aulas/agua-de-beber/. Acesso em 10 de mar de 2019. Chafarizes e fontes na cidade de São Paulo no Século XIX. 16 de jan de 2006. Disponível em Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=259639. Acesso em 15/03/2019. Manual de Orientação - Centros de Educação Ambiental do Brasil. 2004. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em Governo do Estado de São Paulo: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/ceas_manor.pdf. Acesso em 30 de mar de 2019. EIA - HELIBAND. 01 de mar de 2015. Disponível em Prefeitura de São Paulo: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/HELIBAND_EIA.pdf. Acesso em 20 de mar de 2019. Sobre a UMAPAZ. Prefeitura de São Paulo. 18 de mar de 2019. Disponível em UMAPAZ: https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/sobre_a_umapaz/index.php?p=243. Acesso em 03 de abr de 2019. Madeira Laminada Colada. Site ITA Construtora. Disponível em: http://www.itaconstrutora.com.br/madeira-etecnologia/madeira-laminada-colada/. Acesso em 28 de abr de 2019. Bairro Água Funda. Identidade São Paulo. Disponível em: http://identidadesp.com.br/agua-funda/. Acesso em 13 de abr de 2019. 135



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