Ecovila Mar.Te: Bioconstrução e Permacultura aplicadas à Arquitetura

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Clarissa Teixeira Costa

ECOVILA MAR.TE Bioconstrução e Permacultura aplicadas à Arquitetura

São Paulo 2021


Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Costa, Clarissa Ecovila Mar.Te: Bioconstrução e Permacultura aplicadas à Arquitetura / Clarissa Costa - São Paulo (SP), 2021. 91 f.: il. color. Orientador(a): Marcelo Suzuki Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2021. 1. Permacultura 2. Bioconstrução 3. Ecovila 4. Sustentabilidade I. Suzuki, Marcelo (Orient.) II. Título


Centro Universitário Senac Santo Amaro Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

Clarissa Teixeira Costa Ecovila Mar.Te: Bioconstrução e Permacultura aplicadas à Arquitetura

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac Santo Amaro como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Dr. Marcelo SuzukI

São Paulo, 2021


“Na antiguidade, os primeiros arquitetos amassavam a terra com os pés, para preparar tijolos. Arquitetos descalços pisando a terra, uma imagem distante de nossa realidade que se afasta cada vez mais da natureza." - Johan Van Lengen


AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe Marli Teixeira, aos meus irmãos Bruno e Gabriel, por todo apoio e incentivo na minha trajetória acadêmica e em toda minha vida. Aos docentes que fizeram parte dessa trajetória, ao meu orientador Professor Dr. Marcelo Suzuki por compatilhar seu tempo e seus conhecimentos que foram essenciais para a minha vida acadêmica.


RESUMO

Excedentes problemas ambientais advém da modernidade e a industrialização, o crescimento acelerado da população na zona urbana e o consumo desenfreado de produtos causam um grande impacto ambiental, sendo alguns irreparáveis. Dentre os causadores desses problemas temos a construção civil, que segundo as pesquisas, é responsável por causar grande parte desse impacto, desde a sua extração de recursos, transporte, construção e ocupação. Com a extração e o consumo desequilibrado dos recursos naturais ao longo dos anos, está sendo utilizado mais recursos do que a Terra tem de capacidade de renovação, com essas problemáticas se faz necessário que seja utilizado meios vivenciais e construtivos que se destacam por utilizar materiais que causam o menor impacto ambiental possível. A proposta de uma Ecovila é uma alternativa que busca a conciliação do crescimento econômico, social e a preservação do meio ambiente, por ser uma comunidade que atua em prol a sustentabilidade, moradia e trabalho, seguindo as diretrizes da Permacultura e a Bioconstrução, que priorizam o uso de materiais naturais e recursos que o próprio local possui, utilizando-o de forma racional e equilibrado, visando o bem-estar social e ambiental.

Palavras-chaves: Ecovila; Bioconstrução; Permacultura; sustentabilidade.


ABSTRACT

Succeeded environmental issues came from global industrialization, and our modern way of life, with a populational overgrowth – specially in urban areas – and a rampant consumption of natural resources. Some of those issues are irrecoverable. The main cause of these huge environmental damage is a human action: The unruled construction and consequent expansion of cities and skyscraper buildings and modern factories. These problems goes way beyond the devastated areas, because the population demands reinless extraction of natural resources, transportation and of course, occupation. Therefore, we are consuming more than our planet capacity of regeneration. But not all the Humanity are inconsequent. Some people created healthy ways to live in accordance with nature, using in its construction materials that cause few to none environmental impact. This is the purpose of the Ecovillage lifestyle that includes the Financial Growth, aligned with social experience and environmental care. The Ecovillage community acts in favor of sustainability, housing and labor in a natural ecosystem, following the Permaculture and Bioconstruction guidance. These are philosophies that adopts strict environmental design principles, regenerative agriculture culture and community resilience experience.

Keywords: Ecovillage, Bioconstruction, Permaculture, Sustainability


SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................. 11 1.1 Contextualização ............................................ 12 1.2 Justificativa ..................................................... 13 1.3 Objetivos gerais e específicos ........................ 13 1.4 Metodologia .................................................... 14 2. Fundamentação ........................................................ 15 2.1 Ecovilas .......................................................... 16 2.2 Permacultura .................................................. 17 2.3 Planejamento por zonas .................................21 2.4 Bioconstrução .................................................26 2.5 Estudos de Casos ...........................................33 3. Projeto .......................................................................42 3.1 Sobre o Distrito de Parelheiros .......................43 3.2 O bairro Barragem ..........................................44 3.3 Ocupação e Uso do solo .................................45 3.4 Índice urbanísticos ..........................................46 3.5 Mapeamento da cobertura vegetal .................48 3.6 Projeto arquitetônico .......................................49 4. Considerações Finais ................................................86 5. Referências Bibliograficas .........................................88


INTRODUÇÃO


SIGNIFICADO E DERIVAÇÃO O nome do projeto fora inspirado na junção do prenome da minha mãe com seu patronímico, Marli Teixeira, que contraídos formam o prefixo “Mar” e o sufixo “Te”. O nome também remete à mitologia Romana, tendo o Deus Marte (do Latim “Martius”) como guardião da agricultura e serviços manuais (RAMOS,2020). Somados, surge o conceito de Mar.Te, Ecovila voltada para a utilização do terreno em voga com consciência ambiental, além de servir de guarida e ensinamento de ofício aos que ali buscam.

CONTEXTUALIZAÇÃO Com o passar das décadas, o ser humano vem consumindo recursos naturais de forma inconsciente e desequilibrada, causando danos irreversíveis ao meio ambiente. Esse consumo se deu em maior quantidade a partir da Revolução Industrial, época em que as produções aumentaram, na idealização de que a felicidade estava em adquirir cada vez mais bens. Consequentemente, o meio ambiente foi severamente impactado, graças ao fomento da individualização humana e segregação urbana, fazendo-se necessária a extração crescente de recursos naturais (essa com materiais limitados). Para Bauman (2004), essa segregação e individualização humana advém da modernidade - a era do imediatismo, do consumismo - onde as relações interpessoais são frágeis. Em 2010, os recursos naturais foram extraídos cerca de 50% a majore, se comparados há 30 anos (ESTADO DO MUNDO 2010, pág. 4). 12

Atualmente, segundo a Global Footprint Network (GFN), para suprir o consumo que a humanidade demanda, são utilizados 60% a mais de recursos naturais, seja por extração, seja por degradação, que a capacidade de renovação da Terra. Em outras palavras, a raça humana utiliza o equivalente a 1,6 planetas, em termos de extrações e comprometimento da biodiversidade e minerais, do que nossa biosfera é capaz de suportar. Com o aumento e modernização das indústrias, também houve aceleradamente o crescimento populacional na zona urbana, devido a grande aglomeração de empregos na cidade, fazendo com que a população migrasse do campo para a cidade, além de transformar o que outrora fora um local agrário, em uma verdadeira polis. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 55% (4,2 bilhões) da população mundial vive em Zona Urbana; estima-se que até 2050, mais 2,5 bilhões de habitantes terão escolhido metrópoles para moradia. Esse aumento populacional implica diretamente no meio ambiente, além de fatores econômicos e educacionais. O Capitalismo e a urbanização estão correlacionados e são grandes responsáveis pela sociedade do consumo, e consequentemente pelos excedentes problemas ambientais. (HARVEY,2008) Com a explosão de problemáticas ambientais, nasceram também diversos projetos socioambientais, dentre eles estão as Ecovilas, que se destacam por serem comunidades que atuam em prol de moradia, trabalho e sustentabilidade, de acordo com princípios ecológicos utilizados para o futuro sustentável de famílias e comunidades.


JUSTIFICATIVA

OBJETIVO GERAL

A construção civil é responsável por diversos impactos ambientais, por se tratar de uma tarefa geradora de muito resíduo e poluição, onde há um grande consumo de recursos naturais, tais como: água; minérios; madeiras etc. Segundo John, até 75% dos recursos da natureza vai para a construção civil.

O trabalho tem como objetivo compreender técnica e prática da Bioconstrução e Permacultura, como a arquitetura pode agregar na qualificação da vida humana e auxiliar para que a humanidade não cause tanto impacto ao meio ambiente, assuntos que estão correlacionados ao interesse e bem-estar humano. Pesquisar materiais e métodos construtivos ecológicos para serem aplicados ao projeto de uma Ecovila, que tem por princípios meios sustentáveis.

“A construção de edificações consome até 75% dos recursos extraídos da natureza, com o agravante que a maior parte destes recursos não são renováveis. A produção, transporte e uso de materiais contribuem para a poluição global e as emissões de gases de efeito estufa e de poluentes do ambiente interno de edificações são igualmente relevantes.”(JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007)

As extrações dos recursos naturais, sem uma prévia preocupação com o impacto ambiental, causam danos irreparáveis, como a degradação do solo e a exiguidade de recursos para a construção, tornando-os mais caros e mais escassos, o que causará cada vez mais impacto no ecossistema, umas vez que os recursos estarão mais distantes, seu transporte será mais um fator nocivo. A Bioconstrução é uma alternativa de conciliação de crescimento econômico, social e a preservação do meio ambiente, pois busca construir de maneira sustentável, com recursos que causam a menor degradação ambiental possível. As Ecovilas praticam os conceitos de preservação ambiental, moradia digna e de qualidade, que compactuam com o respeito a natureza e a humanidade, aplicando os princípios da permacultura.

OBJETIVO ESPECÍFICO • Pesquisar sobre a permacultura e suas diretrizes; • Compreender o desenvolvimento de uma Ecovila e seus parâmetros; • Analisar as técnicas de bioconstrução e qual melhor se aplica ao projeto no terreno escolhido; • Desenvolver o projeto de uma Ecovila a partir dos princípios da permacultura e bioconstrução.

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METODOLOGIA Como forma metodológica serão feitas: • Pesquisas bibliográficas sobre tema, para se aprofundar no conhecimento da área relacionada a bioconstrução e permacultura; • As técnicas utilizadas para a bioconstrução; • Pesquisas e análises de estudo de casos para proporcionar referências projetuais; • Levantamento e análise do local de implantação para adquirir conhecimentos sobre a área de inserção do projeto (parâmetros urbanísticos); • Pesquisas sobre diretrizes de desenhos; Produção projetual, aplicar conhecimentos obtido no projeto da Ecovila

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FUNDAMENTAÇÃO


ECOVILAS Ecovilas são comunidades com princípios e práticas voltadas a sustentabilidade, cujo objetivo é criar uma comunidade autossustentável sem entrar em conflito com o meio ambiente e criar um ambiente para a integração da humanidade, usam como princípio ético a partilha e o bem-estar ao próximo, visando uma boa educação social, econômica e ecológica. Essas comunidades são intencionais ou tradicionais, onde diversas pessoas com os mesmos princípios de vivência se encontram e conscientemente projetam o local, buscando um futuro sustentável. (GLOBAL ECOVILLAGE NETWORK, 2014) As Ecovilas são inspiradas em movimentos que lutam contra o sistema de problemáticas que advém da modernidade, como o consumo excessivo de recursos naturais, as segregações urbana e social, e o impacto ambiental causado pela humanidade. Em 1991, o conceito de Ecovila foi internacionalmente divulgado, por Robert Gilman, que define Ecovila como “um assentamento de escala humana, multifuncional, no qual as atividades humanas são integradas sem danificação ao mundo natural, de uma forma que apoia o desenvolvimento humano saudável e pode continuar com sucesso por um futuro indefinido” (GILMAN, 1991). São vilarejos ecológicos, onde a arquitetura é inserida de acordo com o terreno e o clima; os recursos naturais utilizados são de acordo com o disponível no próprio local, de modo a evitar o máximo possível causar impacto ao meio ambiente (com transporte e extração de recursos longínquos). Cada Ecovila tem seu preceito em questões de alimentação (vegana, vegetariana, onívora, etc.), cultivo e criação mas, de modo geral, todas seguem alguns princípios básicos, como os da Permacultura e da Bioconstrução, visando sempre o bem-estar da humanidade, integrando-a com a natureza, respeitando-a e utilizando somente o necessário para uma boa vivência, tendo a 16

agricultura como base em suas vidas, pois a moeda (algumas Ecovilas utilizam moedas criadas pela mesma) e a troca são provenientes do trabalho da agricultura. Há ainda a preocupação com a educação, existindo escolas, workshops, oficinas, entre outros, podendo participar das atividades moradores e/ou visitantes, uma vez que é permanente a preocupação com o bem-estar comunitário.


PERMACULTURA A “Permacultura “é um sistema autossustentável e permanente, uma “cultura permanente”. O conceito foi criado na década de 70 por Bill Mollison e David Holmgren, com base na cultura e no modo de vida dos Aborígines originados da Austrália. Devido à crise ambiental à época, notou-se que sem uma agricultura permanente e a limitação do uso dos recursos naturais, não seria possível que a humanidade vivesse bem por mais longos anos, pois a Terra estaria ficando com os recursos cada vez mais limitados e escassos. A permacultura já existia desde o surgimento da humanidade, onde a civilização caçava e plantava seu próprio alimento, possuíam total cuidado com a natureza, respeitando os seus limites. Os vilarejos onde habitavam é o que atualmente são considerados de Ecovilas (XAVIER FLORES, 1998). A permacultura não engloba somente a agricultura, inclui também a economia, moradia, âmbitos sociais, infraestruturas e tudo que se acerca sobre a natureza. Segundo Bill Mollison permacultura é:

Na permacultura existe um conjunto de ética que se caracterizam em três áreas: o cuidado com a Terra, com as pessoas e com a distribuição em excesso de tempo, dinheiro e materiais (MOLLISON,1998). Essa ética abrange todos os aspectos sociais, econômicos e ambientais, sempre visando a união e o compartilhamento, sem consumo em excesso. Guiado por essas três éticas Holmgren (2013) definiu os 12 princípios de design da permacultura, sendo eles:

“(...) um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis; (...) a permacultura utiliza as qualidades inerentes das plantas e animais, combinadas com as características naturais dos terrenos e edificações, para produzir um sistema de apoio a vida para a cidade ou a zona rural, utilizando a menor área praticamente possível.” (MOLLISON,1998)

David Holmgren define como: “Paisagens conscientemente planejadas que imitam os padrões e as relações encontrados na natureza, enquanto produzem uma abundância de alimento, fibra e energia para prover as necessidades locais”. (HOLMGREN,2013)

Os princípios e a ética da Permacultura. Fonte: Permacultura UFSC.

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1. Observe e interaja; “A beleza está nos olhos de quem vê” (HOLMGREN,2013) Se observamos a natureza e a compreendermos, será possível agir da melhor maneira em nosso projeto, pois iremos compreender o contexto do local e assim pôr em prática nosso conhecimento. 2. Capte e armazene energia; “Produza feno enquanto faz sol” (HOLMGREN,2013) Faz-se necessário pensar no consumo e no armazenamento de energia; prevenir para que a tecnologia não atrapalhe o desenvolvimento do solo nem do meio ambiente, impactando em diversas fontes de energia (por exemplo, a água), usar os recursos existentes visando a existência do futuro. 3. Obtenha um rendimento; “Saco vazio não para em pé” (HOLMGREN,2013) ). É necessário que se pense em alternativas que trazem soluções a longo prazo, mas sem esquecer do momento atual. Pensar nas necessidades diárias da humanidade, sem a alimentação adequada – em qualidade, variedade e quantidade – evitando-se, assim, a má nutrição ou subnutrição, que resulta em mortalidade infantil, alta repetência escolar, além de baixa capacidade física de trabalho, dificuldades cognitivas e problemas psicológicos.

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4. Aplique a autorregulação e aceite feedback; “Os pecados dos pais recaem sobre os filhos até a sétima geração” (HOLMGREN,2013)Deve-se aceitar o feedback para que a ação possa ser corrigida. Por exemplo, o efeito estufa e o aquecimento global são feedbacks negativos da Terra, que está demonstrando que há mais gases que o suportado indo para a atmosfera, elevando assim a temperatura global. 5. Use e valorize recursos e serviços renováveis; “Deixe a natureza seguir seu próprio curso” (HOLMGREN,2013) ). Devemos dar preferência a recursos renováveis, como por exemplo, construções que utilizam madeira, bambu, palha e terra etc., ou seja, materiais que posteriormente podem voltar a terra novamente.

6. Evite o desperdício Melhor prevenir que remediar; “Quem poupa sempre tem” (HOLMGREN,2013) Utilizar sempre o necessário, sem recursos excedentes que não justificam sua utilização; não utilizar recursos limitados por meros caprichos projetuais.


7.Projete dos padrões aos detalhes; “Não tome o todo pelas partes “, “as vezes as arvores nos impede de ver a floresta” (HOLMGREN, 2013) c). Como exemplo, a teia de aranha que como todo é uma forma padrão universal, mas cada uma é única para a sua situação, cada terreno tem sua particularidade, mas é preciso analisar todo o entorno, fatores ambientais regionais, para que seja aplicado aos detalhes do terreno.

10. Use e valorize a diversidade; “Não ponha todos os seus ovos em uma única cesta” (HOLMGREN,2013) Cada projeto deve ser pensado com a sua particularidade e necessidade. Uma cidade não deve ter unicamente um padrão de habitação/ construção, pois cada um está inserido em um local que tem fatores ambientais e necessidades diferentes.

8. Integre em vez de segregar; “A união faz a força” (HOLMGREN,2013) Quanto mais pessoas estiverem trabalhando em um propósito, mais fácil será chegar a um bom resultado. Trabalhar em conjunto faz com que mais pessoas estejam focadas em prol da solução.

11. Use os limites e valorize o marginal; “Não pense que você está no caminho certo só porque todo mundo segue por ele “(HOLMGREN,2013), Nem sempre o que é feito por todos está correto para você. Um limite imposto, por vezes, pode vir a ser benéfico a você. Às margens dos rios, se faz necessária sua preservação sem construções, como forma de preservação.

9. Use soluções pequenas e lentas; “Quanto maior 12. Use e responda à mudança com criatividade; o tamanho, mais dura a queda, devagar e sempre se “Ter visão não é ver as coisas como elas são hoje, vai ao longe “(HOLMGREN,2013), Necessária se faz mas como elas serão” (HOLMGREN,2013) Precisaa construção a fim de que não haja necessidade -se observar o que fazemos atualmente, e como irá impactar no futuro. O projeto de hoje sempre deverá constante de manutenção. Projetar o ambiente necessário para seu devido uso sem excedência, irá poupar recursos e será mais fácil a visar o melhor futuro possível. sua manutenção/execução.

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A flor da permacultura mostra os princípios e a ética necessários a serem seguidos de maneira evolutiva (espiral), para que se obtenha uma cultura sustentável.

Campos, sistema dos designs e soluções da ética e princípios do design da Permacultura Fonte: Organização de permacultura e arte (OPA)

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PLANEJAMENTO POR ZONAS

Zona cinco: Na última Zona está a área de observação. Não há manejo nem design criados por nós, cabendo apenas e tão somente a observação, a interação (sem danificá-lo) e o aprendizado.

Bill Mollison define a inserção dos elementos de acordo com a necessidade de utilização. Casas e galinheiros, por exemplo, são elementos mais visitados. Logo, são elementos que estarão mais próximo com acesso mais facilitado. Plantações com árvores frutíferas com entressafra mais longa ficarão mais afastadas; hortas/jardins requerem um maior cuidado, e sua proximidade com a residência trará uma otimização de trabalho e consequentemente melhores resultados. Mollison (1998) divide o terreno em 6 tipos de zona, sendo eles: Zona zero: A Zona em que estão inseridas as casas, galpões etc., além do núcleo de conservação das energias. Zona um: A zona próxima a zona zero, ou seja, tudo que ficará perto das casas: jardins, animais de pequenos portes e tudo o que necessitar uma visitação mais constante. Zona dois: Nesta estão os galinheiros, viveiros, animais que requer uma maior observação e cuidados, pomares e árvores de pequeno porte. Zona três: Nesta Zona estão os animais de grande porte, como gados, ovelhas etc. Árvores de grande porte, que não necessitam de poda, horta (plantação principal) e plantação para pastagem dos gados. Nesta zona, a água é destinada prioritariamente aos animais. Zona quatro: Nesta Zona estão inseridas as árvores não podadas; com possível manejo de madeiras e animais selvagens. Deve se encontrar próxima à zona cinco. 21


SISTEMA AGROFLORESTAL O Sistema agroflorestal é a junção da agricultura com o cultivo da floresta “agro = agricultura” e “florestal = floresta”, um sistema que é de origem indígena que visa reflorestar o ambiente, cultivando uma grande diversidade de alimentos em um único espaço, onde há uma melhor eficiência dos nutrientes fornecidos ao solo, pois as culturas podem ser compatíveis e completar-se ao nível das necessidades em nutriente. Como exemplo, tem-se a cultura “três irmãs”, onde são plantados abóbora, milho e feijão no mesmo lugar. Para isso, é necessário estudar quais árvores e alimentos são nativos, selecionando-os por tempo de cultivo, estrato e suas espécies. As diversidades de plantas têm também diferentes sistemas, com absorção e nutrientes em diferentes profundidades do solo. Uma espécie servirá de adubo (folhas caídas produzirão o adubo verde), e produzirão sombra para as demais, criando uma proteção contra as adversidades climáticas (filtração contra a exposição solar, aumento de umidade junto ao solo, e proteção contra geadas, ventos frios e chuvas fortes). A consorciação favorece também o combate de pragas, sendo uma barreira física à propagação das mesmas, sobretudo se forem utilizadas plantas com propriedades germicidas e repelentes, como acontece com muitas plantas aromáticas. Há ainda a presença de compostos bioquímicos liberados da raiz a folhas de algumas plantas com propriedades anti-germinativas nas sementes utilizadas. Assim, se cultiva o ciclo de um sistema agroflorestal. O tempo de cultivo diverso é essencial para o sistema, pois fará com que a terra esteja em constante renovação, não se tornando um solo cansado, além de manter um cultivo constante, gerando alimento e trabalho ininterruptos. 22

Ilustração de possível combinação de sistema agroflorestal Fonte: Como cultivar alimento plantando florestas. Pág.18

Ilustração do sistema agroflorestal da roça “Clima da Mata” em Esperantina - GO Fonte: Como cultivar alimento plantando florestas. Pág.13


EVAPOTRANSPIRAÇÃO: TRATAMENTO DE ÁGUAS CINZAS Para o tratamento de águas cinzas (água do banheiro e cozinhas), podemos utilizar tratamento por evapotranspiração. Também conhecido como fossa verde, um sistema desenvolvido pelo permacultor Tom Watson e adaptado ao longo dos anos por outros permacultores e arquitetos de diversos países. As raízes das plantações (bananeira, inhame, mamão e taioba) absorvem os nutrientes gerados pelas bactérias anaeróbicas, podendo ser consumidos, pois eles não são contaminados. É importante que o solo seja coberto com folhas e palhas. A água da fossa é evaporada através do solo e das folhas das plantas. Portanto, as plantas são fundamentais neste tratamento, que permite que a água saia completamente limpa sem nenhum contaminante, preservando os lençóis freáticos. É necessário se atentar à orientação do sol, pois é necessário que o círculo recebe uma grande incidência solar para ocorrer a evapotranspiração. Para cada morador, recomenda-se uma fossa de 2 m³ para que não haja extravasamento, uma vez que as partículas dos resíduos serão despedaçadas durante o circuito devido ao pneu e as pedras utilizadas na primeira camada do circuito. Sendo assim, a mencionada medida é suficiente para que haja o tempo necessário do tratamento de resíduos até sua evapotranspiração.

Sistema de evapotranspiração- Corte longitudinal Fonte: Permacultura ilimitada, 2015

Sistema de evapotranspiração - Corte transversal Fonte: Setelombas. Itamar Viera

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CAPTAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS

Diagrama captação da água da chuva Fonte: Engenheiros sem fronteiras Brasil

A captação de águas pluviais consiste no armazenamento da água proveniente da chuva. Podendo ser através do telhado, este conecta uma tubulação à calha do telhado, levando a água para uma cisterna subterrânea ou sobreposta à terra. A água não é potável, mas é filtrada e pode ser utilizada para regar jardins, lavar calçadas, descarga de vasos sanitários, etc., gerando assim economia no uso de água. Segundo Simões (2017), ao utilizar a captação da água da chuva economizamos aproximadamente 60 mil litros de água por ano.

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CAPTAÇÃO DE ENERGIA SOLAR E EÓLICA

Painel de energia Sola Fonte:Portal Solar

Aerogerador Fonte:Iberdrola

Há diversos meios renováveis de se captar energia, para que seja utilizada em residências, locais comunitários, comercial etc. Dentre eles podemos contar com a energia proveniente do Sol, astro-rei, captada por placas fotovoltaicas, e a energia eólica, captada através da ação dos ventos. Segundo o “Portal Solar”, uma placa de energia solar de 200wp é capaz de produzir de 24 a 40 kWh de energia elétrica ao mês; se instalada em quantidade localização adequadas, é possível economizar até 95% de energia proveniente de empresas de distribuição, reduzindo drasticamente o valor da conta de luz. Fatores como clima, local de instalação e quantidade de placas é essencial para seu perfeito funcionamento.


Painel Solar com turbinas eólicas Fonte: CPG -Click Petróleo e Gás

A energia eólica é proveniente do ventos, através de equipamentos que captam a força do vento e através do aerogeradores transforma-a em energia elétrica, que poderá ser utilizada nas residências e demais locais, como comércios e indústrias. É necessário que o moinho esteja a favor do vento, pois o mesmo será responsável por fazê-lo funcionar. A energia eólica é indicada para locais que possuem pouca radiação solar. Por fim, mas não menos importante, há também placas solares e eólicas unidas em uma única estrutura, que captam energia através do sol e da força dos ventos simultaneamente. As placas solares possuem turbina giratória, fazendo com que seja possível a captação das duas fontes de energia. Por utilizar as duas principais fonte de energia renováveis, a energia criada pode ser armazenada em baterias ou utilizada no momento da captação.

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BIOCONSTRUÇÃO “O conceito de bioconstrução engloba várias técnicas A Bioconstrução (ou a Bioarquitetura) tem como princípio a de arquitetura vernacular global, algumas delas com construção causadora do menor impacto ambiental possível, prioricentenas de anos de história e experiencia, tendo zando o uso de materiais naturais que o próprio local possui (terra, como característica a preferência por materiais locais pedra, bambu, madeira, palha, cactos, sisal etc.). como terra, reduzindo gastos com fabricação e transUtilizando os materiais de maneira racional, equilibrada e porte e construindo casas com custo reduzido e oferecendo excelente conforto térmico.” (SOARES,1998) consciente, o projeto é pensado nos impactos que causará antes da obra, durante sua concepção e posteriormente, sua utilização quando já habitado. Para tanto, são levados em consideração incluConsiderado como parte dos princípios da permacultura, sive o despejo dos resíduos e tratamento da água. Cecília Prompt podem-se utilizar diversas técnicas de bioconstrução, tais como: (2008) define a bioconstrução como um ambiente de baixo impacto Pau a pique/ Taipa de mão, taipa de pilão, Cob, Adobe, Superadobe, ambiental que visa um futuro sustentável. Hiperadobe, tijolos de solo cimento, Cordwood e fardo de palha. “Bioconstrução: Construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo impacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de resíduos. Ambiente sustentável: É o ambiente que satisfaz as necessidades presentes de moradia, alimentação e energia garantindo que as gerações futuras tenham como satisfazer as mesmas necessidades. “(PROMPT,2008)

A bioconstrução utiliza técnicas da arquitetura vernácula mesclado com a tecnologia, com o passar dos anos as técnicas foram cada vez mais aprimoradas, de acordo com as necessidades, tendo em vista as características climáticas, recursos disponíveis, visando sempre o respeito ao meio ambiente e a humanidade. Soares(1998) define o conceito da bioconstrução com as técnicas de arquitetura vernacular como:

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Tijolo de Solo Cimento

TÉCNICAS DE BIOCONSTRUÇÃO

CordWood

Residência construída com a técnica de Cordwood Fonte: Cordwood construction Org

As paredes de Cordwood são construídas com pedaços de tronco de árvores, geralmente de 20 a 50 cm de espessura. Trata-se de uma alternativa para reutilizar as madeiras que foram utilizadas em obras, tornando-se parte da construção o que antes seria resíduo. Seu preenchimento é feito com argamassa constituído de serragem, cimento, cal e areia.

Construção com tijolo de solo cimento Fonte: Autoral

Residência construída com tijolo de solo cimento. Fonte: Pinterest – Clickobras

Os tijolos de solo cimento, conhecidos também por tijolos ecológicos, são produzidos a partir da mistura de solo (terra), cimento e água. Diferente do tijolo convencional, o tijolo ecológico não precisa ser queimado, já que seu processo de cura é através da aspersão de água, não causando nenhuma emissão de gás poluente ao sistema ecológico.

Construção de parede de Cordwood Fonte: Dica da Arquiteta

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Parede de Pau a Pique/ Taipa de mão

Residência construída de pau a pique/ taipa de mão Fonte: Tribuna de Minas- Por Gracielle Nocelli

As paredes de pau a pique/ taipa de mão são feitas a partir de uma massa de barro e capim. Para sua confecção, são utilizados bambu, madeira ou cipó. Para sua estrutura, faz-se um trançado de bambu sobre o qual aplica-se à massa com as mãos, preenchendo até formar uma parede. Essa técnica foi muito utilizada no período colonial, e é utilizado até os dias atuais. Construção de parede de pau a pique/taipa de mão Fonte: Autoral

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Parede de taipa de pilão

Muro construído com taipa de pilão Fonte: Archdaily - La Gran Muralla de Western Australia / Luigi Rosselli

As paredes de taipa de pilão são feitas a partir de uma massa de barro compactado. Para sua realização, utiliza-se uma escora de madeira em ambos os lados, formando um vão dentro do qual o barro é socado até ficar compactado. A parede é feita por seções: cada camada é feita de uma só vez, até que se atinja a altura desejada.

Desenho do Sistema de construção com taipa de pilão Fonte: Manual do Arquiteto descalço, pag. 382.


Cob

Adobe

Interior da residência construída com a técnica Cob. Fonte: Site: Jardim do Mundo. Casa de Cob: Cob Cottage. Mayne Sland Canadá

As paredes de Cob são feitas a partir de uma massa constituída por terra (argila), palha, areia e água. Semelhantes ao adobe, as paredes são construídas com a massa sobre massa, como se as estivessem esculpindo, porém, as técnicas se diferem pois esta não utiliza sacos nem é formada por tijolos.

Residência construído com a técnica Cob. Fonte: Site: Jardim do Mundo. Casa de Cob: Cob Cottage. Mayne Sland Canadá

Residência construída com tijole de adobe. Fonte: Ciclovivo. Casa de Adobe Santa Fé.

As paredes de adobe são construídas com tijolos feito de terra, água e fibras orgânicas, como capim, palha ou folhas de pinho. Se possível, esterco deve fazer parte da massa, já que as fibras e o esterco unidos trarão maior resistência aos tijolos, aumentando a resistência a insetos e ao clima, além de uma maior impermeabilidade ao tijolo. Os tijolos são moldados em fôrmas feitas de madeira ou ferro, geralmente construídas no local da obra. Seu processo de cura é atra- Tijolo de adobe sendo moldado e ao lado os prontos para o processo vés da sua secagem natural, à somde cura. bra, com momentos de umidificação Fonte:Livro, Herbert Baresch, El da massa até sua secagem total. Hombre y el arquitecto, pag. 31 29


Superadobe

Hiperadobe

Construção de uma residência em Superadobe. Fonte: Portal Vituhab UFSC

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Construção da residência utilizando a técnica Hiperadobe. Fonte: SustetArqui. Casa ecológica na Bahia – Irina Biletska

As paredes de Superadobe são construídas com sacos de polipropileno cheios de terra (solo), compactados e empilhados um a um, e fixados com arame farpado até atingir a altura desejada. Posteriormente podem ser rebocadas, por exemplo, com reboco natural feito a partir da terra, podendo ser misturado com cal, cimento, entre outros.

As paredes de Hiperadobe são construídas com sacos de ráfia natural cheio de terra (solo). Diferentemente do Superadobe, estas não necessitam do arame farpado, pois as tramas dos sacos ajudam em sua fixação. Os sacos são compactados e empilhados um a um, até que se atinja o tamanho desejado da parede. Posteriormente pode ser aplicado o reboco. As tramas da ráfia possibilitam uma melhor fixação no processo do reboco, por se assemelharem ao chapisco.

Residência construída com a técnica Superadobe. Fonte: Dicas de arquitetura.Casa de Superadobe. Arquiteto Jose Andrés Vallejo.

Residência construída com a técnica de Hiperadobe. Fonte: SustetArqui. Casa de Hiperadobe – Arquiteta Irina Biletska


Bambu

Tratamento do bambu Para que o bambu esteja adequado à utilização na construção, é necessário que ele passe por um tratamento que aumente sua conservação e durabilidade. Para tanto, existem diversos meios de se obter o resultado desejado, sendo eles: o tratamento com água, no qual o bambu fica submerso para que o seu amido seja removido; tratamento com produtos químicos não tóxicos, no qual são utilizados sais de boro e ácidos bórico (bórax) para a preservação do bambu; tratamento com produtos químicos tóxicos (não recomendados, inclusive proibidos em alguns países), no qual utilizam-se cobre, crômio e arsênio para sua conservação.

Construção com telhado de bambu Fonte: Federação nacional dos arquitetos e urbanistas (FNA)

O bambu é utilizado para a construção de estruturas, pisos e mobiliário, armação de paredes para o pau a pique, além de diversas outras aplicações. Um material leve, com grande durabilidade, porém necessita de tratamento especial anterior à sua utilização. Após o tratamento químico e térmico, pode tranquilamente substituir o aço nas construções.

Centro Esportivo da Escola Panyaden Fonte: Panyaden International Schoo

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Fardo de palha

Telhado Verde

Residências com telhado verde Fonte:SimpliciVita Casa construida com Fardos de palha Fonte: Archidaily

As paredes de fardo de palha são construídas com fardos de aveia, centeia, trigo e cevada extremamente compactados. Nelas, os fardos são empilhados em sequência tendo a fileira seguinte um empilhamento em desencontro ao anterior. Seu acabamento é feito com argamassa de terra e cal, a fim de uma melhor circulação de ar. Apesar de possuir um excelente isolamento, tanto acústico quanto térmico, é necessário que se tenha extremo cuidado com o local de implantação, garantindo que as paredes ficarão distantes de lugares úmidos, e Construção com Fardos de palha Fonte: Ecodhome devidamente protegidas da chuva. 32

Caracteriza-se como telhado verde, telhados que possuem vegetação em sua superfície. Trata-se de um eficiente isolamento térmico e acústico, além de auxiliar na captação e armazenamento de águas pluviais, sendo extremamente benéfico ao meio ambiente e à humanidade. A contrapartida, porém, é a necessidade um cuidado maior que telhados convencionais demandam, por necessitar de inspeção mais frequente, além de estrutura adequada à carga necessária para a vegetação. Além disso, é necessária impermeabilização do teto em que ele será inserido. Ademais, é necessário que o telhado tenha no mínimo 2% de inclinação. Sobreposto a laje é colocada uma manta impermeabilizante, impedindo que haja infiltração, uma placa que limite as raízes, impedindo que as mesmas perfurem o telhado. Entre outros materiais sobrepostos, há tecidos permeáveis como, por exemplo, manta geotêxtil, substrato (espessura varia de acordo com a vegetação que será implantada) e, pôr fim, a vegetação.


ESTUDO DE CASO

O.U.R. Ecovillage A “O.U.R. Ecovillage” está situada em Shawnigan Lake – Canadá. Esta ecovila cultua os princípios da Permacultura, ou seja, tem como missão a educação através da preservação da natureza. Para atingir tal feito, ministram aulas sobre permacultura e bioconstrução. Utilizam sabugo, fardo de palha – com reboco naturais – madeira, entre outros, a fim de garantir a preservação do local e utilização dos recursos disponíveis. No Santuário (local para um pequeno grupo morar temporariamente), as paredes foram construídas com a técnicas de Cob. Para as estruturas, foram utilizadas madeiras; janelas e portas criadas a partir de madeiras de demolições ou doações que recebiam de pessoas que iam inutilizar o produto. Por ser uma região de frio, para o interior utilizaram sabugo e reboco de argila. Tudo apenas para exemplificar a grande diversidade de materiais e técnicas que compõem o projeto.

Santuário construído com a técnica de Cob, com piso aquecido, devido a região ser de clima de mais de frio. Fonte: Ourecovillage

Detalhe- Santuário construído com a técnica de Cob, com piso aquecido, devido a região ser de clima de mais de frio. Fonte: Ourecovillage

Entrada do Santuário construído com a técnica de Cob Fonte: Ourecovillage

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Por praticarem a permacultura, cultivam o máximo possível de alimento para que eles mesmos consumam. Trabalham em setores divididos por zonas, de acordo com a necessidades de cuidado e as que mais são visitadas com mais frequência. Por ter um solo não adequado ao plantio, as estufas possuem caixas elevadas com terra adubada, utilizando papel e compostagem cultivados na própria Ecovila.

A economia da Ecovila advém das palestras/oficinas ministradas in loco, hospedagem, além de um restaurante que utiliza os alimentos cultivados no local. Assim como no Santuário, para sua construção, foram utilizadas as técnicas de Cob, com materiais e madeiras de demolição e doação de empresas próximas à região.

Restaurante Fonte: facebook/O.U.R.Eco Estufa com plantio elevado Fonte: Ourecovillage

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As áreas de trabalho, moradia e alimentação estão próximas umas às outras, facilitando o acesso no dia a dia. Além disso, possui um amplo local de vegetação; a floresta de preservação ambiental serve como lar para diversos animais como ovelhas, coelhos, gansos, veados, etc.

Mapa de implantação da O.U.R. Ecovillage Fonte: Ourecovillage

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TEKÔA Situado na Reserva Biosfera da UNESCO em Morretes, Paraná, o Tekôa está inserido dentro do Ekôa Park. Projeto pensado pelo arquiteto Tomaz Lotufo, que utiliza a técnicas da bioconstrução e permacultura, conta com: pavilhão de oficinas, agrofloresta, galinheiro, horta em mandala, recepção, loja e Biocasa. No restaurante do parque, são utilizados alimentos que são cultivados no próprio local, servindo de refeição para os funcionários e visitantes; os resíduos orgânicos viram adubo para a horta. O pavilhão de oficinas é construído com estrutura de bambu. Este é um local onde ministram atividades sobre como ter o menor impacto ambiental, além das atividades tecnológicas e tradicionais.

Corte transversal do pavilhão, com estrutura de bambu Fonte: Archdaily

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Corte transversal do pavilhão, com estrutura de bambu e paredes de madeira de demolição Fonte: Archdaily

A inserção do pavilhão no solo respeita o meio ambiente; sua forma mais curva segue o contorno do terreno, causando assim o menor impacto ambiental, por não precisar modificar o solo. Os bambus utilizados para a estrutura são abundantes no local (seguindo a prática da permacultura de utilizar recursos da região). Para as paredes, foram utilizadas madeiras de demolição.

Planta do pavilhão de oficinas Fonte: Archdaily


As infraestruturas foram criadas com cooperação de grupos de trabalhadores e visitantes, onde os visitantes aprendem práticas de bioconstrução e permacultura, podendo fazer tijolos de adobe, horticultura e demais práticas ecológicas.

Esquema de projeto do Pavilhão Fonte: Archdaily

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Tibá – Instituto de tecnologia intuitivas e Bioarquitetura Situado em Bom Jardim - Rio de Janeiro, o Instituto de Tecnologias Intuitivas e Bioarquitetura (TIBÁ) é um centro educativo que visa a integração da humanidade com a natureza. Fundado por Johan Van Lengen e sua esposa Rose, possui uma infraestrutura adequada para receber seus visitantes. Todo o instituto foi construído utilizando-se as técnicas de bioconstrução. Locais para oficinas, palestras, meditação, moradia e alojamento, todos usam as técnicas como adobe, taipa de pilão, pau a pique, estruturas com bambu, telhados verde e jardins verticais. Para a garagem e o local onde ocorrem as oficinas, foram utilizadas estruturas de bambu; as telhas utilizadas são telhas ecológicas.

Ambiente para oficina com a estrutura feito de bambu Fonte: Tibario

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Estrutura de bambu com telha ecológica Fonte: Tibario

Detalhe estrutural - Ambiente para oficina com a estrutura feito de bambu Fonte: Tibario


Para os demais ambientes como: moradias, alojamentos, locais de palestras e refeições, foram utilizadas paredes de adobe, taipa de pilão e pau a pique. A casa destinada ao alojamento dos visitantes contém 7 quartos, além da residência destinada aos ministrantes das palestras/oficinas.

Parede de Adobe, taipa de pilão e pau a pique- parte da moradia dos aprendizes Fonte: Tibario

Quarto do alojamento. Fonte: Tibario

Pátio Central, piso feito de mosaico Fonte: Tibario

O piso do pátio principal foi construído com mosaico, técnica que utiliza cacos de pisos, evitando o desperdício. As cúpulas inseridas na praça do Tibá são feitas a partir da união de diversas técnicas de bioconstrução: para a estrutura, foram utilizadas ripas de bambu entrelaçadas, que se assemelham ao ninho de um pássaro; a outra cúpula foi construída com tijolos de adobe com cobertura de telhado verde; a terceira cúpula é construída com estrutura de bambu com paredes de argamassa constituída de fibras, cal, terra e cimento.

Cúpula de estrutura de ripas de bambu Fonte: Tibario

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Cúpula com parede de adobe e cobertura de telhado verde. Fonte: Tibario

Cúpula de estrutura de bambu coberta por argamassa (cal, fibras terra e cimento). Fonte: Tibario

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De acordo com o estudo de casos concretos já em pleno funcionamento, foram notadas semelhanças em suas construções, sem prejuízo de suas peculiaridades: na região de um clima mais frio, foi dada preferência à técnica de Bioconstrução Cob; na região sob o clima tropical úmido, foram utilizados materiais como bambu, madeira e adobe. A tabela a seguir demonstra alguns dados importantes sobre os estudos de caso:

Tabela comparativa de Estudo de casos Fonte: Autoral

¹ Mínima e máxima da temperatura de acordo com a National Centers for Environmental information (NOAA) 41


PROJETO


SOBRE O DISTRITO DE PARELHEIROS O Distrito de Parelheiros está situado no extremo sul de São Paulo, inserido em uma área de Macrozona ambiental. Tombado como patrimônio ambiental, conta com a importante remanescente da Mata Atlântica, chegando à preservação de 62,4% de mata virgem, abastecido por três bacias hidrográficas (Capivari, a Guarapiranga e Billings), represas que, segundo a Subprefeitura de Parelheiros, fornece cerca de 25% da água para a população da Região Metropolitana (Subprefeitura de Parelheiros, 2019). Segundo a Lei Municipal nº 13.136, de 09 de julho de 2001, Parelheiros passou a ser constituído por duas Áreas de Proteção Ambiental (APA): a Municipal Capivari-Monos e a Bororé-Colonia, que visa a preservação do meio ambiente. Em 2004, foi redigida uma Lei Municipal (12.706/2004), que estabelece o uso do solo e dos recursos naturais. (CIDADE DE SÃO PAULO, Verde e meio ambiente,2019) A região possui grandes marcos históricos e culturais, como a Cratera de Colônia, e as aldeias indígenas Tenondé-Porã, Krukutu e Guarani, os quais praticam a Permacultura como filosofia permanente de vida. Segundo o Censo Demográfico de 2010 (IBGE), Parelheiros conta com uma população de 131.183 habitantes, com a estimativa de que em 2030 chegue a 171.112 habitantes (SEADE, 2014).

Mapa de São Paulo - Distrito de Parelheiros Fonte: Geosampa - modificado pela autora

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O BAIRRO BARRAGEM O terreno em voga neste trabalho está inserido no bairro Barragem, dentro do distrito de Parelheiros, na Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal Capivari-Monos. Próximo ao terreno, encontra-se a aldeia Krukutu, o lote estudado está inserido em uma Macroárea de Redução da Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental, que é caracterizada pelo alto índice da predominância de vulnerabilidade social e baixo desenvolvimento humano. Desta feita, a região demarcada visa a proteção, recuperação e valorização dos bens e área de valor histórico, cultural, religioso e ambiental, melhoria da mobilidade e infraestrutura urbana, fortalecimentos das capacidades de proteção social e melhorias nas condições socioambientais, garantir a preservação e recuperação urbana e ambiental. (Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014).

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Mapa do bairro Barragem Fonte: Google Earth - modificado pela autora


OCUPAÇÃO E USO DO SOLO No entorno do terreno, nota-se uma vasta vegetação preservada. Em contrapartida, contém poucos locais comerciais, o que influencia negativamente na geração de empregos. Como área educacional, há somente uma escola que recebe alunos do bairro; não há área destinada a lazer, como parques ou praças.

Mapa de ocupação e uso do solo Fonte: Autoral

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ÍNDICES URBANÍSTICOS O terreno está situado em dois zoneamentos diferentes: a Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável (ZPDS) e a Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável Rural (ZPDSr). Para fins educacionais, será considerado o desmembramento e posterior unificação do zoneamento, adotando o mais rigoroso, qual seja, a Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável Rural (ZPDSr) para todo o lote. As Zonas de Preservação e Desenvolvimento Sustentável Rural são destinadas a locais relacionados a cadeias produtivas da agricultura, área de preservação ambiental, baixas densidades, demográficas e construtivas.

Mapa de zoneamento utilizado para o projeto. Fonte: Geosampa (Acesso: março, 2021), modificado pela Autora.

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Dados do terreno ZPDSr Área = 61.836m² C.A máximo e básico 0,2 = 12.367,2m² T.O máximo: 15% de 61.836 = 9.275,40m² Gabarito máximo de altura = 10 Recuos: Frente = 5 Fundo e lateral= 3 Quota ambiental PA13= NA

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MAPEAMENTO DE COBERTURA VEGETAL (2020) O terreno é composto por uma baixa cobertura arbórea, arbóreo- arbustiva e/ou arborescente (área rosa do mapa), e média a alta cobertura arbórea, arbóreo- arbustiva e/ou arborescente (área roxa do mapa). Será preservada a vegetação (Mata ombrófila densa) existente.

Mapa de cobertura Vegetal de 2020 Fonte: Geosampa (Acesso: março, 2021)

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades caracteriza os ambientes que se fazem necessários ao projeto de uma Ecovila, tendo como base as atividades de trabalhos colaborativos de bioconstrução e permacultura, visando moradia digna, atividades educacionais, integração entre os moradores do bairro, moradores da Ecovila e visitantes, e produção de alimentos orgânicos. Conta com espaços para alojamento, construções residências, espaço para ateliê e oficinas, biblioteca, cozinha e horta comunitárias, agrofloresta e reserva ambiental

Programa de necessidades Fonte: autoral

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IMPLANTAÇÃO Implantado em uma terreno de 61,836m², o projeto tem a premissa de economia e valorização de material utilizados encontrados no próprio terreno/bairro, com o objetivo de valorizar a relação dos usuários com o meio-ambiente e integrar os moradores com os visitantes, aplicando-se as diretrizes da permacultura. Para que fosse possível o acesso ao terreno, há pequenas modificações implementadas, mas sem causar grandes impactos ambientais. O projeto fora dividido em quatro setores: residencial, cultivo, aglofloresta e educacional/espaço comunitário. O acesso da área residencial será pela Rua dos Tangará, e contará com estacionamento e bicicletário na entrada, permitindo que moradores possam fazer o percurso até sua residência de bicicleta. O acesso para visitantes será pela Rua Dois, com acesso próximo à Escola Professor Joaquim Alvares Cruz, criando assim a facilidade na integração entre a escola e a Ecovila, tendo como objetivo final correlacionar as atividades do dia a dia estudantil ou profissional. Ambas as entradas contam com avenidas que possuem fácil acesso, podendo ser utilizado diversos meios de transporte de uso coletivo (ônibus) e de uso individual. Além da reserva ambiental, será implantado uma agrofloresta composta por mamoeiro, goiabeira, jabuticabeira, Cambuci, bananeira, milho e taioba, podendo haver expansão de espécie implantada. O paisagismo da Ecovila será composto por Ipê amarelo, Saboeiro, Quaresmeira e Araçá, que nada mais são que vegetações do bioma da Mata Atlântica. Paralelamente será implantado um bambuzal, para uso próprio se necessário em oficinas e reparações das instalações. 50

A iluminação será advinda de painéis solares, para o uso das residências. Seguindo os cálculos: 1= 265 W / dia (com 4,93 irradiação) Energia= 265. 4,93 (1 – 0,20) = 1,-4wh/ dia 1,04. 30= 31,20 Kwh / mês Considerando o consumo médio de uma família sendo de 300 Kwh/mês 1= 31,20 X= 300 1= 31,20 X 300 31,20. X= 300/ 1 X= 300/31,20 X= 9,61 kWh Serão necessárias 10 células fotovoltaicas por residência, totalizando a implantação de 100 placas solares instaladas a 24° em direção ao Norte. Para os demais equipamentos será utilizada a energia eólica convertida em elétrica gerado pelos aerogeradores implantados no nível mais alto do terreno. O Tratamento de águas cinzas será através da bacia de evapotranspiração; considerando uma residência com 3 pessoas, serão necessários 6 m³ por residência. Com o programa contendo 10 residências, teremos o total de 60m³ de bacia.


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PLANTA DE COBERTURA

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Por tratar-se de um terreno em aclive, o projeto fora distribuído em níveis diferentes, de acordo com seu uso, de forma a otimizar a utilização das estruturas e deslocamentos no dia a dia; os equipamentos estão conectados por caminhos feitos de piso drenante (calçada hídrica); praças farão a integração do uso residencial ao uso comunitário, permitindo que visitantes e moradores da Ecovila possam usufruir igualmente dos ambientes educacionais, cultivos e lazer. A área residencial conforma 10 habitações para moradores da Ecovila; a área de uso comunitário no nível de cultivo da horta possui alojamento, cozinha, armazém e composteira e a horta propriamente dita. A área educacional conta com ateliê, biblioteca, administração e o espaço yoga, visando o uso coletivo dos visitantes, suprindo, assim, a ausência de espaços educacionais e de entretenimento no bairro.

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O acesso residencial conta com bicicletário e estacionamento. Tanto sua estrutura quanto a cobertura são constituídas por bambu com fundação de concreto. O bambu é um material acessível na região e de fácil manejo. Os encaixes do bambu serão feitos através de cortes formando um semi-elipsoide (“boca-de-peixe” ou “meia cava”), e junção com parafusos. Para o telhado, o bambu será cortado ao meio e um sobreposto ao outro, com amarração entre eles por meio de fios de cobre.

Detalhe - Telhado de bambu Fonte: autoral

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Detalhe - encaixe do Bambu (Viga e pilar) Fonte: autoral

Perspectiva - Estacionamento / Bicicletário s/c Fonte: autoral


Para um melhor aproveitamento do desnível do terreno, o residencial será implantado em três níveis, conforme segue: a sala será implantada no nível térreo e terá P.D. duplo, com a fachada de vidro e estrutura de eucalipto roliço para uma melhor iluminação e ventilação; 70 cm abaixo estarão inseridas cozinha, sala de jantar, lavabo e lavanderia, dando acesso à varanda e ao fundo da residência, possibilitando a passagem para os demais lugares do terreno; por fim, no pavimento superior, haverá 2 quartos e um banheiro. Para a fundação, será utilizado o sistema de construção de Hiperadobe. Por conseguinte, as paredes serão de taipa de pilão, que garantem um maior conforto térmico e acústico à residência; os pisos serão de madeira de demolição, com sistema de woodframe para as áreas molhadas. A cobertura será de telhado verde, garantindo ainda mais conforto térmico, e melhor aproveitamento na captação das águas pluviais.

Perspectiva axonométrica - Residencial Fonte: autoral

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Conforme já introduzido, o telhado verde terá além da função térmica, papel imprescindível como filtro drenante para a cisterna, devidamente instalada em cada residência. As cisternas serão subterrâneas, servindo para uso de descargas do vaso sanitário, lavagem de chão, para regar a horta etc. Em outras palavras, seu uso é não potável. Para as dimensões de cada cisterna foi considerado o consumo médio por pessoa de 3,3m³ água/mês. Logo, em uma residencial de 3 pessoas, o consumo será de 9,9m³ água/mês; considerando que a área de captação de água pluvial seja de 169m² (dimensões do telhado verde de cada residência), o cálculo de captação de água pluvial (mm chuva (a cada 1mm pluviômetro – 1L água/m²) x área do telhado) dar-se-á da seguinte maneira: somados os meses negativos, ou seja meses em que a média de chuvas encontra-se abaixo dos 9,9 m³ potencialmente captados, temos 5 m³ a menos de água armazenada. Com o aproveitamento de captação de 80% (considerando a perda de aproveitamento residual no fundo, a absorção pelo telhado verde e potenciais intempéries como ventos fortes), a cisterna adequada será cilíndrica, com área total de 8m³ (2 m diâmetro x 4m profundidade). ¹

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Tabela para cálculo de captação de água pluvial Fonte: autoral ¹ dados retirados do Clima Tempo São Paulo


Perspectiva - Residência s/c Fonte: autoral

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A composteira/armazém é constituída por paredes de Hiperadobe e reboco de solocimento (traço de 12 de solo, 4 de cal, 1 de cimento). Será semienterrado; para isso, será necessária a extração de terra no local. A terra será utilizada na construção das paredes; a ventilação dar-se-á através dos lanternins instalados no teto jardim, do qual é possível acessar o pavimento superior, chegando ao nível da área residencial. A fundação e arrimo, de igual sorte, terá o respaldo do Hiperadobe. O piso será de cimento queimado, sendo de alta resistência e bom conforto térmico.

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A composteira será aberta a meio nível, e direcionada ao norte, uma vez que mister se faz a irradiação solar para que o material orgânico entre em processo de compostagem. Poderão ser depositados restos de alimentos, folhas e serragens. O humus produzido na composteira será utilizado na horta.


Perspectiva - Armazém s/c Fonte: autoral

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A cobertura da cozinha comunitária em forma de folha faz menção à natureza (sustentabilidade) e ao uso do ambiente (folha = alimentação). Estruturalmente, utiliza-se madeira laminada colada, com encaixes com chapa de aço e parafusos. As paredes de Cob permitem que cozinha, depósito e banheiros estejam mais reservados. No salão, o uso de grandes janelas traz a sensação de integração com a natureza; o uso do vidro permite a observação do jardim que rodeia a estrutura. As verduras e legumes serão abastecidas através da horta cultivada próxima à cozinha, a fim de otimizar tempo e tarefas inerentes da Ecovila.

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O alojamento comunitário servirá de guarida para os visitantes, pois é habitual que, ao participar de oficinas ministradas na Ecovila, os participantes se alojem por alguns dias. Estruturalmente, é constituído por paredes de Hiperadobe, semienterrado, com a terra retirada utilizada em sua estrutura. Para uma melhor climatização do ar interior, o já mencionado telhado verde terá importante papel. Este terá acesso pelo nível da cozinha.


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Perspectiva - Alojamento e cozinha comunitário Fonte: autoral


Espaço de yoga/meditação será inserido em meio a agrofloresta. Trata-se de um espaço reservado para que se tenha uma melhor concentração à prática dos exercícios, além do encontro com seu eu interior, de forma reflexiva e absorvendo as energias de toda a Mãe Natureza. O espaço aberto cria a sensação de amplitude maior integração com o bioma. Constituído por uma estrutura totalmente de bambu, tendo encaixes meia cana, o sistema do telhado assemelha-se ao das estruturas dos estacionamentos. A água do telhado terá evasão para o centro da estrutura, e será captada para uma cisterna subterrânea.

Detalhe- encaixe da estrutura de bambu Fonte: autoral

Perspectiva - Espaço yoga s/c Fonte: autoral

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A madeira laminada colada é utilizada nas estruturas da biblioteca, administração e ateliê; através da união das peças de madeiras coladas, é possível vencer grandes vãos em formas curvas. A madeira escolhida foi a madeira de reflorestamentos pinus; a estrutura curvada será apoiada aos pilares e travadas por vigas de madeiras; as telhas serão de taubilha. Para a impermeabilização do telhado, será necessária a utilização de manta impermeabilizante (ALWITRA). A estrutura do telhado é constituída por viga, barrotes, forro, manta impermeabilizante, contra ripa – para melhor estruturação da manta – ripa – com vão a cada 35cm – e a taubilha (telha de pinus tratado). As paredes constituídas por tijolos de adobe à mostra, e o piso será de madeira.

Telhado- Telha Taubilha

Estrutura em Madeira Laminada Colada (MLC)

Piso de madeira de demolição Paredes tijolo de adobe

Portas e janelas de demolição

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O banheiro seco possui dois níveis, para que seja possível a instalação adequada do espaço para o destino dos dejetos. Após utilizar o sanitário é necessário despejar serragem (substituindo a água da descarga); os dejetos serão compostados e servirão de adubo para a vegetação da aglofloresta. As paredes serão de adobe e, conforme planejamento de todo o empreendimento, possui telhado jardim.

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Perspectiva - Biblioteca e administração Fonte: autoral

Perspectiva - Banheiro Seco Fonte: autoral

Perspectiva - Ateliê Fonte: autoral

Perspectiva - Biblioteca e administração Fonte: autoral

Perspectiva - Banheiro Seco Fonte: autoral

Perspectiva - Ateliê Fonte: autoral

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A recepção é constituída por um telhado curvo, onde sua forma orgânica das estruturas, bem como da área educacional e da recepção fazem alusão ao ambiente em que o terreno está inserido, qual seja, próxima à aldeia indígena (tendo a predominância de telhados curvos em sua arquitetura) e em meio à vegetação da mata atlântica. A estrutura será de madeira laminada, piso de madeira com sistema wood frame - Painel OSB, manta impermeabilizante, placa cimentícia e piso de madeira; as paredes constituídas por cordwood e as telhas serão de taubilha (madeira pinus de reflorestamento).

Detalhe de encaixe da madeira - Viga e pilar Fonte: autoral

Perspectiva axonométrica - Recepção Fonte: autoral

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Perspectiva - Recepção s/c Fonte: autoral


O acesso do mirante dar-se-á por meio da reserva ambiental, com o intuito de criar um passeio entre a mata na trilha até ao topo do mirante. Por estar 36 metros de altura acima do nível da rua de acesso da escola, sua visão contempla toda a Ecovila e região próxima. Sua estrutura é constituída por estrutura de eucalipto.

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Perspectiva - Mirante Fonte: autoral

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Perspectiva - Recepção - Entrada na Rua Dois Fonte: autoral

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Perspectiva - Área educacional Fonte: autoral


Perspectiva - Área educacional Fonte: autoral

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Perspectiva - Ateliê Fonte: autoral


Perspectiva - Espaço yoga e aglofloresta Fonte: autoral

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Perspectiva - Armazém Fonte: autoral


Perspectiva - Alojamento e cozinha comunitário Fonte: autoral

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Perspectiva - Área residêncial e mirante Fonte: autoral


Perspectiva - Área residêncial Fonte: autoral

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Perspectiva - Vista do mirante Fonte: autoral


Perspectiva - Vista da Ecovila Fonte: autoral

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CONSIDERAÇÕES FINAIS


A modernidade e a industrialização trazem como consequência atitudes humanas devastadoras ao planeta Terra, que de forma acelerada e desiquilibrada está perdendo seus recursos naturais, muitos dos quais não renováveis. É imperativo priorizar construções que não causem grandes impactos ambientais. As Ecovilas, a priori, praticam as diretrizes advindas da Permacultura e da Bioconstrução, que visam o bem-estar e a integração harmoniosa da humanidade com o meio ambiente. O desenvolvimento do presente projeto demonstra que é possível projetar moradias dignas e qualificadas, utilizando recursos do próprio terreno e/ou de fontes renováveis advindas da região de implantação, que diferentemente dos demais modelos de habitações, as Ecovilas nos permitem integrar cidadania, educação, economia e qualidade de vida junto com o meio ambiente, de forma a vivemos sem impactar e degradar a natureza. Seguindo as diretrizes da permacultura e da bioconstrução, podem-se criar vilas ecológicas visando a integração de moradores e toda comunidade, tornando-as autossuficientes, gerando educação, alimentação, trabalho, energia e moradia em um único local. O local escolhido para a implantação do projeto nos permite perceber que as cidades possuem diversos locais que carecem de ambientes educacionais, de lazer e cultura, que é importante a recuperação e preservação do meio ambiente, que devemos habitar pensando no futuro, priorizando sempre construção com fonte de recursos renováveis, plantações para uso local (alimentações orgânicas), valorizando o bem-estar humano e da natureza.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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