UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GUILHERME MOECKE ROVARIS
DESIGN DE MOBILIÁRIO PARA CRIANÇAS EM AMBIENTE ESCOLAR
Florianópolis 2010
1 GUILHERME MOECKE ROVARIS
DESIGN DE MOBILIÁRIO PARA CRIANÇAS EM AMBIENTE ESCOLAR
Proposta de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Design da UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Design.
Orientadora: Cristina Colombo Nunes
Florianópolis 2010
2 GUILHERME MOECKE ROVARIS
DESIGN DE MOBILIÁRIO PARA CRIANÇAS EM AMBIENTE ESCOLAR
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Florianópolis, 13 de dezembro de 2010
_______________________________________________ Professora orientadora Cristina Colombo Nunes. Universidade do Sul de Santa Catarina _______________________________________________ Professor Tiago A. Cruz. Universidade do Sul de Santa Catarina _______________________________________________ Professor Claudio Henrique da Silva Universidade do Sul de Santa Catarina
3 AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço aos meus pais, Marcos e Sandie, e aos meus irmãos Eduardo e Marcos pelo apoio durante o estudo e, principalmente, pelas horas que me fizeram ficar longe dele. Agradeço aos meus avôs Frank e Miracy, sempre alegres, receptivos e incentivadores, a avó Therezinha, que conhece como ninguém a importância do conhecimento e está sempre disposta a repassá-lo, e também ao meu avô Luiz, que não pôde acompanhar esta fase da minha vida, mas tornou todas as outras muito mais felizes. Agradeço a minha namorada Isiane, que fez tanto os piores quantos os melhores momentos serem os mais divertidos. Aos amigos Fábio Siebert e Fabio Teixeira, que foram exímios alunos, são inigualáveis companheiros e serão os melhores designers, não agradeço, mas proponho um brinde. Por fim, obrigado Cristina Nunes, professora e orientadora dedicada, por tornar este trabalho possível.
4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Sala de aula comum..................................................................................................
26
Figura 2 – Sala de vídeo............................................................................................................. 27 Figura 3 – Sala de informática com bancadas............................................................................ 27 Figura 4 – Sala de informática simétrica...................................................................................
28
Figura 5 – Biblioteca escolar.....................................................................................................
28
Figura 6 – Sala de aula improvisada de zona rural....................................................................
29
Figura 7 – Sala de aula da segunda série do ensino fundamental..............................................
43
Figura 8 – Estantes baixas com material didático...................................................................... 44 Figura 9 – Cadeira com mecanismo para aumentar ou diminuir assento..................................
45
Figura 10 – Banheiro feminino, com pia e privadas adaptadas a estatura das crianças............. 46 Figura 11 – Estantes de livros na biblioteca da EDA................................................................
47
Figura 12 – Mapas guardados em local improvisado................................................................
47
Figura 13 – Ambiente de leitura da biblioteca...........................................................................
48
Figura 14 – Aluna tentando alcançar livro na parte de cima da estante..................................... 49 Figura 15 – Material didático empilhado no chão.....................................................................
49
Figura 16 – Bancos mal posicionados........................................................................................ 50 Figura 17 – Interior da brinquedoteca, casa em miniatura......................................................... 51
5
Figura 18 – Estante da brinquedoteca........................................................................................
51
Figura 19 – Banquinho utilizado pela bibliotecária para alcançar livros................................... 53 Figura 20 – Vista superior da biblioteca....................................................................................
54
Figura 21 – Estante Piata Kids uma face...................................................................................
57
Figura 22 – Estante Fênix face simples.....................................................................................
58
Figura 23 – Estante Piata face simples....................................................................................... 59 Figura 24 – Estante Bilac...........................................................................................................
60
Figura 25 – Estante Dona........................................................................................................... 60 Figura 26 – Estante Extreme verde limão..................................................................................
61
Figura 27 – Estante Nativa branca.............................................................................................
62
Figura 28 – Estante Oscar Cerne................................................................................................ 62 Figura 29 – Estante Legaré........................................................................................................
63
Figura 30 – Estante Terre Demotion.......................................................................................... 63 Figura 31 – Estante Kids Flor face dupla................................................................................... 64 Figura 32 – Estante Slit Kids dupla face.................................................................................... 65 Figura 33 – Painel semântico.....................................................................................................
68
Figura 34 – Alternativas de móveis modulares.......................................................................... 70 Figura 35 – Alternativas de estantes pequenas..........................................................................
71
Figura 36 – Alternativas de móveis interativos.........................................................................
72
Figura 37 – Alternativa selecionada........................................................................................... 75 Figura 38 – Peças de LEGO....................................................................................................... 76
6
Figura 39 – Peça com dois encaixes tipo espiga, furos na base e amarração de cavilha...........
77
Figura 40 – Base e peças que compõem o mobiliário................................................................ 80 Figura 41 – Móvel montado com quatro fileiras de prateleiras.................................................
80
Figura 42 – Simulação de espaço criado com as estantes.......................................................... 81 Figura 43 – Móvel montado com três fileiras de prateleiras...................................................... 81
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pontuação das alternativas de móveis modulares....................................................
73
Tabela 2 – Pontuação das alternativas de estantes pequenas.....................................................
74
Tabela 3 – Pontuação das alternativas de móveis interativos....................................................
74
8 RESUMO
Este trabalho expõe a pesquisa e o projeto de um mobiliário destinado a crianças que freqüentam ambientes escolares, uma área do design que está em constante desenvolvimento, mas que ainda necessita de mais atenção quanto aos aspectos de ergonomia e estética, já que o ambiente de estudos influencia diretamente na criação e evolução das crianças. Buscou-se o equilíbrio entre os aspectos mais importantes para o sucesso de um projeto, levando em conta, também, o custo para a execução, já que quando se trata de educação, no Brasil, o fator determinante para a compra de um mobiliário para escolas muitas vezes é o seu preço, e não a sua qualidade. Foi escolhida uma escola da cidade de Florianópolis para a observação e estudo de campo, a EDA – Escola de Aplicação. Nela, a biblioteca foi identificada como o ambiente com mais deficiências quanto ao mobiliário, e dentro dela foi definido o tipo de mobiliário a ser desenvolvido. Utilizando métodos de pesquisa e desenvolvimento de produtos, com conceito e requisitos de projeto bem definidos, foi possível alcançar um resultado satisfatório de móvel para armazenamento e organização de livros, uma estante modular esteticamente agradável e com dimensões adequadas a estatura das crianças que freqüentam o local.
Palavras-chave: Design. Escola. Mobiliário.
9 ABSTRACT
This paper presents the research and design of furnishings for children who attend school, an area of design that is constantly evolving, but still needs more attention on the aspects of ergonomics and aesthetics, as the study environment influences directly in creation and development of the children. Searched the balance between the most important factors of a projects success, also considering the cost for implementing the project, because when it comes to education in Brazil, the determining factor for buying a school furniture often is its price instead of the quality. A school in the city of Florianópolis has been chosen for observation and field study, the EDA – Escola de Aplicação. There, the library was identified as the environment with more failures on the furniture, and inside it was determined the type of furniture to be developed. Using methods of research and product development, with concept and design requirements well defined, it was possible to achieve a satisfactory result of a book organization and storage furniture, a aesthetically pleasing modular bookcase with appropriate size and height to the children who attend the place.
Keywords: Design. School. Furniture.
10 SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................12
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................................. 12 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13 1.2.1 1.2.2
1.3 1.4 1.5 1.6 2
Objetivo geral...........................................................................................................................13 Objetivos específicos ................................................................................................................13
JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14 ESCOPO .......................................................................................................................... 15 LINHA DE PESQUISA ................................................................................................... 15 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ............................................................................... 16 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................17
2.1
DESIGN .............................................................................................................................. 17
2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.3.1 2.1.3.2 2.1.3.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8
Design de produto ....................................................................................................................18 Design de mobiliário ................................................................................................................20 Mobiliário escolar ....................................................................................................................22 Salas de aula............................................................................................................................25 Ambientes especiais................................................................................................................26 Salas de aula na zona rural......................................................................................................29 Ergonomia ................................................................................................................................29 Antropometria..........................................................................................................................31 Gestalt .......................................................................................................................................32 Estética......................................................................................................................................33 Materiais ...................................................................................................................................34
2.2 APRENDIZADO .................................................................................................................. 35 2.2.1 2.2.2
2.3
METODOLOGIA DE PROJETO ............................................................................................... 39
2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 3
Aprendizagem infantil .............................................................................................................36 Ensino, design e espaço............................................................................................................38 Fase 1 – análise do problema ..................................................................................................39 Fase 2 – geração de alternativas .............................................................................................40 Fase 3 – avaliação das alternativas.........................................................................................40 Fase 4 – realização da solução do problema ..........................................................................41
ESTUDO DE CAMPO...................................................................................................................42
3.1 OBSERVAÇÃO ESTRUTURADA ................................................................................ 42 3.1.1 3.1.2 3.1.3 3.1.4
3.2 3.2.1 3.2.2
Registro da utilização do espaço – salas de aula ...................................................................43 Registro da utilização do espaço – banheiros ........................................................................45 Registro da utilização do espaço – biblioteca ........................................................................46 Registro da utilização do espaço – brinquedoteca ................................................................50 ENTREVISTAS .................................................................................................................... 52
Análise da entrevista informal – bibliotecária ......................................................................52 Análise da entrevista informal – professores e alunos..........................................................54
3.3 ANALISE DOS DADOS COLETADOS......................................................................... 55 3.4 ANÁLISE DE MERCADO.............................................................................................. 55 3.5 ANÁLISE DE CONCONCORRENTES ......................................................................... 56 3.5.1 3.5.2 3.5.3 3.5.4
Metalpox ...................................................................................................................................57 Tok&Stok .................................................................................................................................59 MMM – Meu Móvel de Madeira ............................................................................................61 Biccateca ...................................................................................................................................64
11 3.6 4
4.1 4.2 4.3
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ...................................................................................... 65
PROJETO.......................................................................................................................................67 REQUISITOS DO PROJETO ................................................................................................... 67 CONCEITO.......................................................................................................................... 67 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO....................................................................................... 68
4.3.1 Geração de alternativas...........................................................................................................69 4.3.1.1 Móveis modulares...................................................................................................................69 4.3.1.2 Estantes pequenas ...................................................................................................................70 4.3.1.3 Móveis interativos...................................................................................................................72 4.3.2 Seleção de alternativa ..............................................................................................................73 4.3.3 Refinamento da alternativa escolhida....................................................................................75 4.3.3.1 Cores e texturas.......................................................................................................................76 4.3.3.2 Encaixes e amarração..............................................................................................................76 4.3.3.3 Materiais e processos de fabricação........................................................................................78 4.3.3.4 Medidas técnicas.....................................................................................................................79
4.4 VISUALIZAÇÃO DO OBJETO ............................................................................................... 79 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................82
6
ESTUDOS FUTUROS ...................................................................................................................83
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................84 APÊNDICES.........................................................................................................................................88 APÊNDICE A – Medidas técnicas (peça em forma de “U”)............................................................89 APÊNDICE B – Medidas técnicas (base)...........................................................................................90
12 1
INTRODUÇÃO
Ribeiro e Corrêa (2006, p.3) afirmam que os primeiros móveis produzidos no Brasil eram rudimentares e projetados apenas para exercer sua função principal, sem preocupação com estética ou demais fatores. Esta tendência chegou aqui através dos colonizadores europeus (principalmente portugueses), e, com o tempo, foi aprimorada, acrescentando formas mais elaboradas e facilitando o manuseio. Apesar do constante desenvolvimento desta área no Brasil, ainda há uma falta de atenção das indústrias quando se trata da fabricação de móveis para o público infantil. Esta monografia buscará acrescentar um mobiliário projetado especificamente para este público, aplicado em um ambiente escolar.
1.1
PROBLEMATIZAÇÃO
Atualmente, o que se vê em grande parte dos ambientes escolares destinados a crianças são ambientes projetados de forma a apenas acomodar um determinado número de alunos, sem maiores cuidados com os aspectos estéticos, funcionais ou de interação entre alunos e professores. São raros os casos em que o ambiente realmente incentiva as crianças a freqüentálo intencionalmente como um lugar destinado à vivência, e não somente um espaço para estudos que deve ser freqüentado por obrigação. Os móveis, a decoração, os materiais utilizados, a professora, a vida particular dos alunos, entre outros fatores, influenciam diretamente nesta vivência (HORN, 2004, p.17). Além dos valores estéticos e de interação, é necessário dar a devida atenção à ergonomia, segurança e conforto dos móveis feitos para crianças. Segundo Lima e Benatti (2006, p.4), o projetista não deve se prender somente em atender às necessidades da criança, mas a de todos os usuários, levando em conta questões como facilidade de uso, montagem, acabamentos atóxicos, além da preocupação do fabricante com pontualidade na entrega e qualidade do produto. Sobre a falta de cuidado com a ergonomia no projeto destes móveis, vale citar Reis (2003, p.1):
13
Foram observados aspectos gestuais e comportamentais dos alunos durante atividades de leitura e escrita no contexto da sala de aula. Os resultados entre os percentis 5% e 95% das variáveis antropométricas (crianças de 7 a 17 anos) apresentaram diferenças significativas, com o coeficiente de variação superior a 30%. Pelas medidas, o mobiliário escolar, utilizado nas escolas, tem suas dimensões inadequadas para a maioria dos alunos, principalmente para os situados na faixa etária entre 7 e 17 anos.
Este tipo de mobiliário escolar inadequado, que não segue os devidos padrões antropométricos, pode gerar patologias musculoesqueléticas causadas pela má postura adotada pelo usuário e acaba por interferir no processo educativo (REIS, 2003, p.1). Além disto, é nesta fase da vida que começamos a interagir socialmente, o que aponta a necessidade de proporcionar às crianças uma experiência agradável, em todos os sentidos, dentro do ambiente de estudos. Muitas vezes o aspecto econômico é predominante na escolha dos itens que farão parte de uma escola. Porém, deve-se levar em conta que esta fase é única na vida de cada um, e toda atuação em favor de uma experiência ainda mais memorável é válida.
1.2
OBJETIVOS
1.2.1
Objetivo geral
Desenvolver um móvel que seja atraente e adequado para ambientes de estudo freqüentados por crianças.
1.2.2
Objetivos específicos
• Realizar pesquisas bibliográficas para adquirir conhecimento sobre o ramo de design de mobiliário;
14 • Analisar – em campo e na internet – as novidades deste este ramo do design, os móveis existentes e o público de interesse; • Definir, junto a uma instituição de ensino de Florianópolis, o tipo de mobiliário a ser desenvolvido, assim como seu conceito e principais características; • Desenvolver o projeto do móvel, suas especificações, desenho técnico, mockup e render.
1.3
JUSTIFICATIVA
O tema deste trabalho de conclusão de curso de design foi definido como design de mobiliário para crianças em ambiente escolar pelo fato de ser uma área ainda pouco explorada pelo design e propícia a diversas melhorias. Para Lima e Benatti (2006, p.2), segundo seus estudos sobre a indústria moveleira no Brasil, os principais erros de projeto nesta área são a indisponibilidade de matéria-prima, tecnologia, informação, as cópias de produtos estrangeiros, falta de normas e de medidas antropométricas da população brasileira, além da falta de profissionais capacitados. Em muitos casos, por falta de estudos do público que de fato utiliza estes móveis, existem falhas quanto a aspectos ergonômicos, podendo resultar em problemas na coluna. Também é necessário um cuidado maior com o acabamento (quinas pontiagudas, utilização de materiais atóxicos, entre outros). Segundo Moro (2005, s/p), o mobiliário escolar – entre outros fatores – é um elemento notável na vida escolar do aluno, influenciando na sua segurança, conforto e comportamento. A adoção de medidas práticas de substituição do design aplicado à mobília reduz os custos humanos durante o ato de estudar, melhorando o desempenho do aluno. A partir desta mentalidade, percebe-se a importância do design no desenvolvimento do mobiliário escolar para que este não apresente ameaças à saúde da criança, possa ser mais atraente e com melhor funcionalidade. É possível reparar, em boa parte das escolas de Florianópolis, que o critério utilizado para a escolha da mobília do ambiente de estudos é, em primeiro lugar, financeiro. Mobília de baixo custo que simplesmente exerce sua função principal, deixando de lado os demais
15 atributos que um móvel pode carregar e tornando-se, assim, um objeto utilitário sem valor agregado.
Depois de mais de 200 anos usados sempre da mesma forma – alunos sentados nas carteiras, ouvindo, e professores em pé, de frente para o quadro, ensinando -, os móveis da escola começam a assumir um novo papel, mais nobre: o de agentes na formação (FRANCO, 2010, s/p).
Justifica-se a importância deste trabalho, então, na adequação, inovação e agregação de valores em móveis de um ambiente que não recebe a devida atenção necessária: as salas de aula. A qualidade atual do móvel escolar brasileiro precisa ser melhorada (FUNDESCOLA, 1999, p.12).
1.4
ESCOPO
O projeto terá como objetivo desenvolver um móvel para instituições de ensino para crianças. Este será realizado baseado em pesquisas bibliográficas, em pesquisas de campo e no contato direto com uma escola escolhida da cidade de Florianópolis. O principal critério para a escolha do tipo de móvel a ser projetado será a necessidade: aquele que apresentar mais deficiências (apontadas pelos próprios alunos e colaboradores da escola escolhida. Espera-se, como resultado, o render e mockup de um móvel, com suas medidas técnicas, levando em consideração aspectos como ergonomia, estética, interatividade e segurança, a fim de proporcionar aos alunos um ambiente mais prazeroso para os estudos.
1.5
LINHA DE PESQUISA
Pelo fato de o projeto ser de mobília destinada à ambientes escolares, tornando-o um lugar mais agradável para a convivência das crianças, a linha de pesquisa em que se enquadra é Design para a Coletividade e Convívio Social (ou Design Social).
16 É importante também estar presente pesquisas referentes ao Ergodesign, visando um resultado adequado à fisionomia do público alvo, que agrade tanto visualmente quanto em questão de usabilidade, pois, conforme afirma Kao (apud MORO, 2005, s/p), infelizmente, a utilização de conhecimentos em ergonomia ainda são raramente usados na área da educação.
1.6
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Inicialmente, serão feitas pesquisas bibliográficas sobre a história da indústria moveleira no Brasil, buscando embasamento teórico para auxiliar na compreensão dos motivos que ocasionaram a situação atual. Esta pesquisa será feita em livros, artigos publicados e websites. Em seguida, serão pesquisados, em campo, quais tipos de mobília constituem um ambiente de estudo e qual deles necessita de mais mudanças, ou se um tipo de móvel inteiramente novo deve ser projetado. Além disto, serão explicitados – através de pesquisa qualitativa – os interesses a respeito deste assunto com aqueles que convivem diariamente neste ambiente: os alunos, professores e demais funcionários da escola. Após obter conhecimento teórico suficiente e definir o tipo de móvel que será projetado, as informações serão organizadas a fim de definir uma linha de trabalho e estratégias de design. Com isto, poderá ser iniciado o processo criativo, onde será feita geração de alternativas, escolha de materiais, definição de estilos, conceitos e adequações na ergonomia. Como referência para esta fase, será utilizado o livro "Como Elaborar Projetos de Pesquisa", de Antonio Carlos Gil.
17 2
2.1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DESIGN
“A vida da maioria das pessoas não é mais imaginável sem o design” (BÜRDEK, 2006, p. 11). Por meio dele configuramos aquilo que nos cerca – objeto ou não – a fim de facilitar e aprimorar atividades comuns do cotidiano. Desde os momentos de lazer até na educação, saúde, trabalho, transporte e diversas outras áreas e situações, o design se faz presente. Age como um comunicador, mesmo onde não exista comunicação, interligando os dois lados de uma mesma interface (BAECKER, 2002, p. 155). O bom design deve tornar visível a função de um produto, comunicar com clareza uma informação, responder às diversas questões externas ligadas ao produto (como sua fabricação, manuseio, reutilização, transporte), deve cumprir o papel de relacionar o homem com o objeto da maneira mais eficaz. Diferente da arte, o design necessita de fundamentação prática. Visualiza um objetivo claro, segue uma metodologia, estabelece requisitos para o projeto, passando por diversas fases de geração de alternativas, detalhamento técnico, para só então criar algo. Lembrando que, ao contrário da arte, uma obra de design não deve ser necessariamente tangível, possível de ouvir, tocar ou ver, como no caso de design de serviços e sistemas. Devido à expansão do termo, o design é definido de diversas maneiras por diferentes autores, e nem sempre aquilo que o consumidor enxerga é, de fato, design. Inúmeras interpretações podem ser feitas sobre esta área de estudos.
Em geral, esta profusão ocasiona mais confusão do que clareza, pois os diferentes conceitos muitas vezes se contradizem. Quem se pronuncia sobre o design, deve declarar, de partida, o seu ponto de vista já que tudo o que se dirá depois será conseqüência do mesmo (LÖBACH, 2001, p. 11).
Sendo assim, cabe ao designer por em prática seus conhecimentos e habilidades, de modo a transparecer os resultados de sua intervenção nos processos que envolvem criar e/ou adaptar objetos (tangíveis ou não).
18 2.1.1
Design de produto
Segundo Bernd Löbach (2001, p. 21) existem diversas formas de se referir a esta ampla área de estudos que é o design de produtos, ou desenho industrial. Ele cita outras soluções que expressam seu significado, com menor ou maior precisão: •
Conformação Industrial – Expressa a forma dada a um material com máquinas industriais, como em processos onde se modifica o formato de chapas através de uma prensa, sendo assim uma tradução incorreta para o termo design industrial;
•
Estética Industrial – Também não é um termo adequado por deixar subentendido que busca trabalhar apenas com a beleza do produto, deixando de lado as demais funções;
•
Configuração da Forma – É considerado um termo pouco concreto, pois configurar produtos industriais necessita mais do que simplesmente a determinação de uma forma;
•
Configuração do Produto – Esta é imprecisa, já que um artista também configura seus produtos, como esculturas, quadros e peças de arte, assim como um pássaro configura seu ninho;
•
Configuração de Produtos Industriais – Uma tradução adequada para Design Industrial já que contém todos os aspectos essenciais;
•
Desenho Industrial – Termo adotado por muito tempo, que recentemente foi revisado. Como a maioria dos países adotou o termo design de forma ampla, seria mais adequado utilizar o nome design industrial definido como: um processo de adaptação dos produtos de uso, fabricados industrialmente, às necessidades físicas e psíquicas dos usuários ou grupos de usuários.
Podemos entender o design industrial como “toda atividade que tende a transformar em produto industrial passível de fabricação, as idéias para a satisfação de determinadas necessidades de um indivíduo ou grupo” (LÖBACH, 2001, p. 17). Projetar objetos, atualmente, é uma atividade que exige muito mais do que apenas uma boa idéia. Existem diversos fatores ligados à coletividade que devem ser levados em conta em
19 cada processo de criação, como por exemplo, a questão da poluição ambiental, exploração sem limites de matéria-prima, entre outros. É essencial compreender que toda ação individual está ligada à sociedade e ira trazer uma resposta, positiva ou não, no futuro. A fim de evitar que mais lixo seja criado, devemos questionar em primeiro lugar qual a importância que o projeto terá para a sociedade e quais aspectos negativos devem ser considerados, analisando se os lucros em curto prazo confrontam os efeitos sociais a médio e longo prazo. Neste sentido, Bernhard E. Bürdek (2006, p. 258) questiona os processos atuais de design. Para ele, configurar um objeto não é mais apenas uma questão de forma, sendo cada vez mais importante configurar ou encenar os contextos onde os objetos serão inseridos, trocando a pergunta “como as coisas são feitas?” por “o que significam as coisas para nós?”. Partindo dessa mentalidade, é fato que criar (ou configurar) um produto necessita mais do que criatividade e competência, exigindo também coerência, consciência e enxergar o que o objeto realmente significa para o consumidor. Neste sentido, Baxter (2008, p. 21) afirma que:
O desenvolvimento de produtos deve ser orientado para o consumidor. O designer de produtos bem sucedido é aquele que consegue pensar com a mente do consumidor: ele consegue interpretar as necessidades, sonhos, desejos, valores e expectativas do consumidor.
O designer industrial deve representar os interesses do usuário, tentando suprir suas necessidades com o desenvolvimento de produtos, mas lembrando que nem todas as necessidades humanas podem ser supridas com objetos (LÖBACH, 2001, p. 31) Ainda citando Baxter (2008, p. 114), pode-se comparar o desempenho de produtos no mercado com seres-vivos – nascem, crescem, atingem a maturidade e entram em declínio. Aqueles objetos que já atingiram sua maturidade no marcado mantêm as suas vendas constantes por algum tempo e depois tendem a diminuir, exigindo a reposição ou re-design dos mesmos. Para refazer o projeto de um objeto no sentido de inová-lo, a estratégia pode variar muito de produto para produto, e de empresa para empresa. Atualizar apenas o estilo de um objeto pode ser fácil, mas, por outro lado, inovar utilizando uma nova tecnologia ou buscar atingir um mercado ainda pouco explorado, pode exigir mais trabalho. Este quadro exige do designer industrial um novo tipo de pensamento, sugerido por Lutz Göbel (1992 apud BÜRDEK, 2006, p. 281), que sustenta que as empresas não necessitam tanto de especialistas (que entendem muito de pouco) ou de generalistas (que entendem um pouco de tudo), e sim de “integralistas”, que são aqueles com uma boa noção de diversas
20 disciplinas e estão aprofundadas em pelo menos um setor. Estes pensam de maneira coletiva, explorando as vantagens de cada setor de uma mesma empresa. Como cita Thomas Rempen (1994 apud BÜRDEK, 2006, P 13)
A essência do design se chama comunicação. Os designers aprenderam a dar aos objetos uma linguagem, e eles não serão mudos no futuro: mesmo quando no futuro se fizer cada vez menos a configuração de hardware, ou seja, de produtos reais, e sim a configuração de software, de idéias reais e complexas.
Este conceito de “linguagem do produto”, surgido nos anos 80, confirma que as relações entre usuário e objeto estão no meio dos interesses do conhecimento. As funções perceptivas, as quais intermediam os sentimentos das pessoas em relação a um produto, receberam importância e são amplamente estudadas através da semiótica.
2.1.2
Design de mobiliário
Uma grande vertente do design de produto, o design de mobiliário está diretamente ligado à outra área de estudos: a arquitetura. Segundo Lucie-Smith (1997 apud CRESTO, 2010), o móvel é um objeto desnecessário para a sobrevivência humana; e algumas culturas (os nômades) vivem suficientemente bem sem eles. Possuir móveis resulta numa existência mais sedentária, mas, por outro lado, implica num nível de cultura acima do nível de subsistência e faz com que o ser humano abandone hábitos e posturas animais. O design de mobiliário está profundamente enraizado nas condições humanas. Para Postell (2007, p. 1), é uma ciência social que pertence à humanidade, uma arte aplicada que utiliza de diversas áreas do design, e uma realidade tangível que se baseia no conhecimento de materiais e técnicas de fabricação, ou seja, um campo de estudos holístico e abrangente. Já Lucie-Smith (1997 apud CRESTO, 2010) afirma que o mobiliário pode ser pensado, em diferentes períodos da história, sob quatro ângulos diferentes. São eles: •
Primeiro Ângulo – O mais óbvio, que é pensar em sua função. Na prática, os móveis têm poucas funções: algumas pessoas sentam em móveis (poltronas, cadeiras, bancos), outras pessoas colocam objetos nele (mesas, escrivaninhas, estantes), usam para reclinar e dormir (camas, sofás) ou guardam coisas dentro
21 deles (armários, guarda-roupas). A combinação destas funções pode resultar em um novo móvel, mas a forma deste será baseada, primariamente, na sua função mais específica. •
Segundo Ângulo – Os móveis funcionam, também, como indicador social. Aqueles que ocupam os cargos mais altos da hierarquia social deixam os móveis mais convenientes ou confortáveis de lado para utilizar móveis que enfatizem seu papel particular (o trono de um rei, por exemplo). Os móveis são, de fato, apenas um pouco menos importantes que as roupas ou adornos pessoais como meios de transmitir indícios de posição social.
•
Terceiro Ângulo – Abrange a abordagem tecnológica dos móveis. Através deste ângulo é possível medir o progresso tecnológico que a indústria moveleira sofreu no decorrer da história. Porém, existem outros pontos que devem ser considerados quando analisando os móveis deste ângulo, como, por exemplo, o fato de que até pouco tempo atrás os móveis eram artefatos de artesanato e, conseqüentemente, eram muito mais trabalhados. Atualmente, são levados mais em consideração os processos e materiais na criação do objeto do que a habilidade de quem irá fazê-lo, resultando em móveis de qualidade inferior mas com possibilidade de produção em larga escala.
•
Quarto Ângulo – O quarto ângulo pelo qual se pode observar um mobiliário se baseia no fato de que estes constituem um espaço pessoal, onde vive um indivíduo, respondendo suas necessidades cotidianas ou simplesmente fazendo parte do ambiente, como se eles obrigatoriamente devessem estar presentes, como em peças de teatro, propagandas de lojas de decoração ou filmes.
Para Bürdek (2006, p. 38), a participação da escola alemã de design e arquitetura Bauhaus foi particularmente significativa no desenvolvimento do design de mobiliário. Essencialmente formada por jovens arquitetos com interesse mais focado na função dos produtos e ambientes dos usuários, assim como designers fascinados pelas questões tecnológicas da produção de móveis. Inspirados em explorar novas possibilidades nesta área, os estudantes da Bauhaus constituíram uma nova tendência: uniram disciplinas artísticas com a técnica, buscando atender as necessidades das pessoas ao invés de atender as necessidades do luxo. Löbach (2000, p. 50) define mobiliários como produtos para uso de determinados grupos, como famílias ou freqüentadores de um mesmo estabelecimento comercial, ou seja,
22 são projetados para a coletividade e não para um único usuário. Por este motivo, mobiliários públicos ou de ambientes freqüentados por muitas pessoas exigem um cuidado especial durante o projeto quanto às questões de resistência e segurança, já que normalmente são alvos de depredação consciente pelo usuário, cabendo ao designer industrial pesquisar amplamente o comportamento dos futuros usuários a fim de compreender sua conduta frente ao móvel, e, por fim, minimizar a necessidade de reparos. Partindo desta mentalidade de que os móveis são projetados para mais de um usuário, pode-se concluir que existe uma relação menos marcante entre o indivíduo e estes objetos do que existiria entre o indivíduo e objetos de uso pessoal (como óculos, canetas tinteiras, relógios de pulso). Sendo assim, a solução de projeto a ser encontrada deverá ser aceitável para um grupo de usuários, considerando as necessidades gerais do grupo para que o resultado agrade a maioria.
2.1.3
Mobiliário escolar
Considera-se mobiliário institucional aqueles usados em salas de aula, bibliotecas, centros de treinamento, ambientes para conferências ou auditórios. Ocasionalmente são cadeiras, mesas ou armários projetados para lugares específicos, mas normalmente são produtos anônimos produzidos em larga escala. Além do mobiliário institucional móvel, existem aqueles que são fixos ao chão ou paredes, tais como as cadeiras de estádios, teatros ou tribunais, ou as estantes de livros de bibliotecas (POSTELL, 2007, p. 23). Ainda citando Postell (2007, p. 24), os melhores projetos nesta área são aqueles de boa durabilidade, conforto, flexibilidade, leveza e fáceis de estocar. Para ele, os critérios para cadeiras institucionais, por exemplo, devem ser: •
Ter suporte para a coluna;
•
A facilidade com que possa ser empilhada e o número de cadeiras que possam ser empilhadas juntas (pelo menos 4 a 40 cadeiras);
•
Leveza para facilitar o reposicionamento;
•
Conforto e liberdade para movimentos corporais;
•
Espessura adequada dos suportes metálicos;
23 •
Durabilidade;
•
Resistência à ferrugem e arranhões do acabamento;
•
Preço.
Escolas, colégios e demais instituições de ensino utilizam amplamente este tipo de mobiliário em praticamente todos seus setores: nos centros de recreação, salas de aula, anfiteatro, biblioteca, depósitos de material, entre outros. O espaço físico destinado à educação infantil não deve levar em conta apenas o fator arquitetônico, mas também as instalações, equipamentos e mobiliários projetados de forma a proporcionar bem-estar para as crianças durante o desenvolvimento de suas atividades. Desta forma, o tipo de mobiliário presente em cada ambiente de uma instituição de ensino varia em função das atividades desenvolvidas no local. Como sustenta o Centro Brasileiro de Construções e Equipamentos Escolares – CEBRACE (1980, p.13):
Fatores tais como iluminação, ventilação e organização espacial influem de forma acentuada para criar conforto. Recursos didáticos adequados influem para melhor desenvolvimento da criança. Mas, no sentido do conforto físico propriamente dito, o fator de mais sensível influência reside na melhor adequação possível do mobiliário a ser utilizado. Com este componente do ambiente escolar a criança estabelece, sem dúvida, uma relação física, por assim dizer direta, pois que interessa mais particularmente às condições de acomodação do corpo.
Segundo documento da FUNDESCOLA (1999, p. 66) outro fator a ser considerado nos ambientes de ensino é a variedade e tonalidade das cores presentes. Os móveis tradicionais destes ambientes normalmente são caracterizados pelo uso de cores escuras ou a cor natural do material utilizado (madeira e ferro, por exemplo). Antigamente, isso ocorria em função da falta de técnicas e materiais que facilitassem a aplicação de cores, mas atualmente, mesmo com novos métodos de pintura, ainda são utilizados os móveis de cores sóbrias em salas de aula. É fato que a tecnologia contemporânea permite aplicar uma variedade muito maior de cores em móveis, mas para tal, devem ser considerados fatores socioculturais e lembrar que certos móveis presentes nas salas de aula possuem uma cor própria devido à sua função, como no caso dos quadros negros, por exemplo, onde se escreve com giz branco ou de cor clara, assim como as mesas de trabalho, que não devem ser escuras a ponto de contrastar com o trabalho do aluno, nem tão claras a ponto de refletir luz direta. Além disto, cores muito brilhantes, quando aplicas, normalmente resultam numa superfície lisa e que não permite boa aderência para os materiais postos sobre ela (papéis, livros, entre outros). Tanto as
24 possibilidades técnicas quanto as tintas e acabamentos encontradas no comércio local devem ser considerados, a fim de encontrar um equilíbrio entre qualidade e custos de produção (FUNDESCOLA, 1999, p. 66). Atualmente o mobiliário escolar é projetado levando em conta o uso coletivo, ou seja, não se considera especificamente que público ira utilizá-lo, mas segue um padrão médio que atende a maior parte dos usuários. Paralelamente aos métodos de ensino, os móveis das salas de aula vêm evoluindo nos últimos anos. Deixou-se de lado o antigo método de ensino onde o professor era o centro das atenções e toda dinâmica do espaço escolar era voltado a ele, sendo substituído por um sistema onde a aula é concebida como exercício conjunto onde professor e aluno caminham juntos (ARAUJO, 2002, p. 3). Os tipos de mobiliário escolar são divididos em três tipos, de acordo com CEBRACE (1978):
1. Conjuntos para trabalhar e sentar – carteiras escolares, cadeiras, mesas, bancadas e demais tipos de assentos; 2. Conjuntos para guardar – armários, estantes e demais móveis utilizados para estocar ou armazenar materiais. Nas pré-escolas, este conjunto é também considerado como elemento de apoio em tarefas didáticas por possibilitar a exposição de materiais, entre outras funções; 3. Conjuntos para expor – são os elementos utilizados para exposição, como quadros de giz, murais, entre outros.
Ainda segundo CEBRACE (1982, p. 17), quando projetar ou produzir este tipo de mobiliário, deve-se atender os seguintes critérios: •
Critérios referentes ao indivíduo – devem ser observadas as adequações antropométricas e fisiológicas, assim como as referentes às questões psicológicas, sociológicas e culturais do aluno. As funções básicas do objeto devem ser atendidas sem interferir nas condições emocionais do usuário;
•
Critérios de uso – o mobiliário deve ser adequado as exigências pedagógicas do meio em que é inserido, facilitando a execução das atividades exercidas no processo de aprendizado. Não deve se tornar um obstáculo diante de situações que exijam mudança rápida de seu posicionamento ou do aluno. Deve ter suas dimensões bem proporcionadas, através de dados antropométricos e do
25 ambiente onde será inserido, para que não haja dificuldade ou falta de espaço para a realização das tarefas. Por fim, este deve permitir limpeza fácil e freqüente; •
Critérios técnico-construtivos – os elementos da estrutura devem ser resistentes e rígidos, e evitar que peças metálicas possam ser removidas pelo aluno, que as mesmas entrem em contato com o corpo do aluno causando lesão, ou sofrer desgaste excessivo pela ação do uso e do tempo.
O tipo de mobiliário adotado varia para cada ambiente de ensino, e, seguindo o modelo proposto pela FUNDESCOLA (1999) podemos separá-los em salas de aula, ambientes especiais e salas de aula na zona rural.
2.1.3.1 Salas de aula
A grande maioria das salas de aula ainda segue o antigo padrão de carteiras ordenadas em filas lado a lado. Este padrão pode – e deve – ser modificado de acordo com as necessidades do professor ou da atividade que ele está passando. O ambiente das salas pode variar de acordo com a disciplina, adotando temas científicos, de português, geografia entre outras disciplinas. Este tipo de modificação no ambiente possibilita expor material didático e incentiva o aprendizado. Conforme é possível observar na figura 1, os tipos de móveis encontrados em salas de aula são: •
Mesas e cadeiras – utilizadas pelos alunos e professor para realizar trabalhos, escrever, desenhar, entre outros;
•
Suportes de comunicação – quadros de giz ou de caneta, normalmente utilizados apenas pelo professor, e quadros-murais para expor trabalhos e avisos;
•
Armários e estantes – móveis para guardar material didático utilizado em aula.
26
Figura 1 – Sala de aula comum Fonte: http://jcbacurau.blog.terra.com.br/files/2009/12/sala-de-aula-dcnat.jpg
Outros objetos presentes nestes ambientes são opcionais.
2.1.3.2 Ambientes especiais
Salas de vídeo, computação, biblioteca, refeitório, anfiteatro e ambientes com equipamentos ou atividades diferenciadas das de sala de aula. Normalmente, nas salas de vídeo as cadeiras dos alunos possuem pranchetas para apoio e são organizadas de forma menos ordenada, todas viradas de frente para o televisor ou telão. Como alternativa, o televisor é colocado em suportes móveis, podendo ser transportado de uma sala para outra (FIGURA 2).
27
Figura 2 – Sala de vídeo Fonte: http://www.monteaprazivel.com/escolafeliciano/Default.asp?act=_historia
As salas de informática variam muito na questão de posicionamento dos móveis e computadores, já que devem ser dispostos de maneira tal que contribua com o funcionamento dos computadores. Geralmente, estes são colocados sobre bancadas junto às paredes – de onde saem às instalações elétricas e telefônicas – posicionados lado a lado e com mais de uma cadeira por computador, para mais alunos compartilharem do mesmo (FIGURA 3).
Figura 3 – Sala de informática com bancadas Fonte: http://egoprimis.e-cria.com/images/Sala32_e.jpg
Como pode ser visto na figura 4, outra alternativa para salas de informática é o posicionamento simétrico de mesas no centro da sala, com instalação elétrica e telefônica lógica interligando os computadores virados para lados opostos.
28
Figura 4 – Sala de informática simétrica Fonte: http://egoprimis.e-cria.com/images/sala24.JPG
As bibliotecas são ambientes arejados e favoráveis à leitura, geralmente dotadas de cores claras para facilitar a iluminação e, conseqüentemente, a leitura, assim como estantes enfileiradas de livros de altura mediana, para que alunos de diversas estaturas possam alcançar os livros. As mesas são mais amplas e com mais de uma cadeira, o que possibilita espalhar material didático sobre elas mais livremente e diversos alunos estudarem em grupo (FIGURA 5).
Figura 5 – Biblioteca escolar Fonte: http://sementesdosaber.blogspot.com/2010/04/inauguracao-da-biblioteca-escolar-da.html
Os refeitórios, anfiteatros e demais ambientes especiais geralmente não seguem um padrão em comum, podendo variar muito de escola para escola.
29 2.1.3.3 Salas de aula na zona rural
Assim como nas salas de aula comuns, estas utilizam os móveis básicos – mesas, cadeiras, suportes para comunicação e móveis para guardar material. O mobiliário é disposto de maneira flexível, para facilitar o rearranjo e mobilidade. Normalmente a casa do próprio professor rural é adaptada para que sirva de sala de aula, acomodando alunos de níveis escolares diferentes no mesmo ambiente (FIGURA 6).
Figura 6 – Sala de aula improvisada de zona rural Fonte: http://www.portalaz.com.br/imagens/geral/20091207141745_0c43b.jpg
2.1.4
Ergonomia
Moraes & Soares (1989, apud MORAES; MONT’ALVÃO, 2003, p. 12) propõe a seguinte definição para ergonomia: “conceitua-se a Ergonomia como tecnologia projetual das comunicações entre homens e máquinas, trabalho e ambiente”. Do ponto de vista histórico, provavelmente a ergonomia nasceu no mesmo momento em que o primeiro humano utilizou uma pedra ou outro elemento da natureza como ferramenta, escolhendo dentre os demais aquele que mais se adequasse à sua mão. Esta preocupação em adaptar a natureza de modo a facilitar as tarefas do homem sempre existiu nos seres humanos, e prosseguiu evoluindo com o decorrer da história (IIDA, 2005, p. 5 e 6).
30
É consensual, na comunidade científica, que na relação com as outras ciências, a ergonomia faz empréstimos conceituais de áreas do conhecimento, tais como fisiologia, psicologia, sociologia, dentre outras, e esta utilização não é simplesmente uma aplicação direta, e sim uma relação de confrontação entre conhecimentos novos e antigos. Esta confrontação leva à transformação dos conhecimentos oriundos destas ciências. A forma de se abordar o homem nas situações de trabalho difere daquela adotada nas outras disciplinas (ABRAHÃO E PINHO, 1999, p.3 e 4).
Partindo deste pensamento, pode-se entender que a ergonomia está diretamente ligada a outros campos de conhecimento, que estudam o comportamento e as características do ser humano de diversos ângulos, mas com um mesmo propósito: adequar da melhor forma possível o ambiente, objeto, trabalho ou sistema ao homem. Segundo publicação do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Estadual do Centro-Oeste (ANALECTA, 2000, p.13), para poder compreender melhor a ergonomia e suas aplicações, é necessário entender a definição de três conceitos básicos da ergonomia. São eles: •
Tarefa – é o objetivo que o trabalhador pretende atingir, o trabalho que lhe foi estabelecido;
•
Posto de trabalho – o local específico onde o trabalhador exerce sua tarefa;
•
Ambiente de trabalho – é o local onde está inserido o posto de trabalho.
Considerando o caso onde o trabalhador é um aluno, ANALECTA (2000, p.13) exemplifica que, para ele, a tarefa é manter a concentração, escrever e ler na posição sentada, enquanto que seu posto de trabalho é a carteira escolar e seu ambiente de trabalho é a sala de aula. Neste caso, estudos de ergonomia podem prever as condições mais adequadas de iluminação, temperatura, níveis de ruídos, além da posição mais correta para exercer a tarefa sem prejudicar a saúde física e mental do aluno. Moraes e Mont’Alvão (2003, p. 107) propõem que, concluído o diagnóstico ergonômico, o próximo passo é iniciar a projetação ergonômica, ou seja, configurar o sistema considerando as tarefas tanto para o homem (trabalhador) quanto para a máquina (ou ferramentas do posto de trabalho), apresentando propostas quanto à diversos itens, como as informações que o trabalhador recebe, o dimensionamento dos subsistemas (painéis, apoios, assentos, entre outros) através de estudos antropométricos, a reorganização operacional do sistema (número de pessoas no mesmo ambiente, pausas, ritmo de trabalho, entre outros), a segurança e o ambiente físico (iluminação, temperatura, ruídos, vibração, entre outros).
31 Concluindo, Iida (2005, p.12 e 19) comenta que a ergonomia pode contribuir de diversas maneiras para melhorar as condições de trabalho, e para que isto seja feito de maneira ideal, deve-se aplicá-la desde as etapas iniciais de um projeto.
2.1.5
Antropometria
O estudo que trata das medidas físicas do corpo humano é chamado antropometria. Para Iida (2005, p. 97) a indústria moderna precisa, cada vez mais, de medidas antropométricas detalhadas e confiáveis. Produtos produzidos em massa devem ser dimensionados com precisão durante seus projetos, já que alguns poucos centímetros a mais podem significar um aumento considerável nos custos de produção de carros ou aviões, por exemplo, assim como alguns centímetros a menos podem resultar em desconforto e problemas de utilização pelo usuário. Segundo Rodriguez-Añez (2001 p. 107), para projetos industriais, existem inúmeros dados antropométricos referentes a espaços de trabalho, ferramentas, mobiliários e diversos produtos. Mas devido a essa quantidade de variáveis, é importante analisar o caso onde estes dados serão aplicados, considerando a natureza do usuário com o qual se pretende trabalhar. Informações como idade, sexo, raça e tipo de trabalho exercido são essenciais.
Muitas vezes, quando o usuário é um indivíduo ou um grupo reduzido de pessoas e estão presentes algumas situações especiais, o levantamento da informação antropométrica é importante, principalmente quando o projeto envolve um grande investimento econômico (PANERO E ZELNIK, 1991, apud RODRIGUEZ-AÑEZ, 2001, p. 107).
Definir onde e para quê serão utilizadas as medidas antropométricas é o primeiro passo a ser providenciado. A partir disto, o mais convencional é procurar medidas antropométricas já estabelecidas e bibliografia a respeito, já que pode ser muito trabalhoso estabelecer medidas para cada caso singular e ocupar tempo precioso do projeto (IIDA, 2005, p. 110).
32 2.1.6
Gestalt
A teoria da Gestalt, (Gestaltung, no original) determina fundamentos para compreender e aplicar o design de uma forma mais ampla, trabalhando conceitos que vão além da forma. A “configuração” do produto ou peça gráfica constrói seu significado e suas impressões perceptivas gerais (BÜRDEK, 2006, p. 301) Para Löbach (2001, p. 159), em um produto industrial, sua estrutura configurativa é o que provoca um efeito emocional no usuário. Este efeito provoca uma reação que pode se exteriorizar em forma de aceitação, rejeição ou neutralidade perante o produto. Alcançar o efeito desejado sobre o usuário está entre as principais dificuldades do designer industrial, mas os produtos que alcançam uma configuração de disposição agradável em seus elementos alavancam as vendas das empresas, por que tem vantagem frente aos produtos de configuração pobre. Gomes Filho (2000, p. 27 a 36) lista as leis que dão embasamento para este sistema de leitura visual proposto pela Gestalt: •
Unidades – pode ser um elemento único, que encerra em si mesmo, ou a parte de um todo. Também, é possível perceber – dentro de um todo – diversas unidades, como: pontos, linhas, planos, volumes, cores, sombras, entre outros elementos isolados ou combinados;
•
Segregação – segregar significa separar e identificar unidades de um todo, destacando elementos principais ou secundários de uma imagem mais complexa, dependendo do contraste entre os elementos;
•
Unificação – quando os fatores de equilíbrio, harmonia, ordenação visual e coerência da linguagem ou estilo das partes de um todo estão presentes no objeto ou composição, resulta em uma unificação;
•
Fechamento – ao agrupar elementos distintos de maneira a constituir uma figura total mais completa ou fechada, obtém-se a sensação de fechamento;
•
Continuidade – é a impressão visual causada pela organização de elementos de maneira contínua e coerente, sem interrupções. Pode ser obtida simplesmente determinando uma direção para diversos elementos com forma parecida, ou
33 através da organização de elementos, fazendo com que um acompanhe o outro, podendo usar planos, volume, cores, linhas, pontos, entre outros; •
Proximidade – quando diversos elementos ópticos próximos uns dos outros são vistos formando um todo, ou parte de um todo, obtém-se efeito de proximidade. Proximidade e semelhança muitas vezes agem em comum e se reforçam, constituindo unidades ou unificando formas;
•
Semelhança – os elementos mais semelhantes entre si (seja por cor, forma, tamanho, peso, direção, entre outros) têm maior tendência a serem agrupados, constituindo partes ou unidades. Semelhança e proximidade concorrem para a formação de unidades e a unificação do todo;
•
Pregnância da Forma – um objeto com alta pregnância é um objeto que apresenta o máximo de equilíbrio, clareza e unificação visual, constituindo uma forma fácil de assimilar. Quanto mais rápida e compreensível for a leitura ou interpretação do objeto, mais pregnante é sua forma.
A Gestalt apresenta uma teoria sobre o fenômeno da percepção, sustentando que o que acontece na retina não é idêntico ao que acontece no cérebro. Sendo assim, todo processo consciente, toda forma psicologicamente percebida é absorvida pelo sistema nervoso independente da nossa vontade ou de qualquer aprendizado. O estudo da Gestalt possibilita, então, respostas para muitas questões sobre o fenômeno da percepção (GOMES FILHO, 2000, p. 19).
2.1.7
Estética
Na formulação original da palavra grega “estética”, o termo se refere a toda percepção e sensações humanas ligadas a coisas tangíveis. Ao observar algo – seja uma obra de arte, uma pessoa, ou elementos da natureza – o senso estético entra em ação, vinculando aquilo que é enxergado com as noções de beleza que o observador conhece (EAGLETON, 1993 p.12). Segundo Löbach (2001, p.60 e 62) a função estética, no design industrial, é um aspecto psicológico da percepção sensorial do usuário durante o uso do objeto. Sendo assim, atribuir uma função estética a um produto significa configurá-lo de acordo com as condições
34 perceptivas do homem, possibilitando a ele se identificar com um ambiente artificial. Em alguns casos, o designer usa da estética a fim de acrescentar valor ao produto, usando referências de normas socioculturais, mas pode também usá-la para obter comunicação estética, ou seja, emitir uma mensagem através de produto industrial. Para Schiller (2002, p.10), o critério de o que é ou não é belo está presente no juízo de cada ser, e este juízo se altera dependendo do estado espiritual em que o indivíduo se encontra. Portanto, não existe uma fórmula exata para definir beleza. Löbach (2001, p. 62) ainda ressalta que a missão do designer industrial não é apenas produzir resultados esteticamente agradáveis que mascaram a falta de qualidade dos produtos. Sendo assim, estética pode ser considerado um fator muito importante para se considerar durante um projeto, mas deve-se levar em conta que este pode agradar uns ao mesmo tempo em que desagrada outros, o que ressalta a importância de dar a devida atenção a fatores como a qualidade, que pode ser mensurada por qualquer usuário.
2.1.8
Materiais
Munari (apud WALTER, 2006, p. 51) propõe que, quando concluído o processo criativo para uma possível solução de um produto, o designer deve buscar os meios de concretizar a idéia através dos materiais e processos industriais disponíveis. Segundo Postell (2007, p.175), os materiais contribuem significativamente para a integridade estrutural, durabilidade, resistência, conforto, estética e diversos outros aspectos dos móveis. Conhecer as características e limitações de cada material ajuda o designer industrial na busca pelo mais apropriado para seu projeto e pode até mesmo atuar como agente incentivador de criatividade. Cada material tem propriedades únicas e permite explorar um novo horizonte de formas, texturas, acabamentos e sensações. Ainda citando Postell (2007, p.175), é assumido que em tempos passados, os “móveis” eram construídos com os materiais que a natureza proporcionava ao homem e trabalhados manualmente, resultando em objetos simples para suprir uma determinada função, e, de acordo com Lima (2006, p.5), atualmente, mesmo contando com uma gama de materiais muito maior do que a disponível antigamente, a tecnologia não permite ao ser humano manipular com perfeição os elementos da matéria a fim de alcançar uma propriedade física específica.
35 Para ele, em um futuro não tão distante e com o avanço da nanotecnologia isto talvez seja plausível, possibilitando criar a matéria mais adequada para cada aplicação. Löbach (2001 p.162) afirma que o material mais adequado – analisando do ponto de vista da produção industrial – é o mais econômico. Segundo ele, a escolha do material não acontece por ser o mais apropriado para o projeto ou pelo possível efeito estético que ele irá trazer, mas sim por motivos puramente econômicos. Exemplificando:
[...] se um novo tipo de material precisa ser vendido porque proporciona maiores lucros, passará a ser um fator determinante do produto. O designer industrial, no papel de promotor de vendas do material em questão, se encarregará da tarefa de desenvolver idéias de produtos para o aproveitamento do mesmo (LÖBACH, 2001, p.162).
Por outro lado, Baxter (1998, p. 210) afirma que basear o projeto de um produto nos lucros obtidos por ele está se tornando cada vez mais difícil, já que o consumidor precisa sempre de mais inovação, de produtos mais excitantes e de qualidade superior. Para ele, o designer deve procurar o equilíbrio entre atender as expectativas do consumidor e a qualidade dos materiais e processos utilizados. Independente se o motivo da escolha do material foi econômico ou em razão das funções do produto, ainda que nas fases iniciais do desenvolvimento do projeto o designer industrial já deve ter em mente algumas opções de material e processos de fabricação que poderá utilizar. Este conhecimento está intimamente ligado à sua formação acadêmica, experiência prática e informações coletadas durante a vida (WALTER, 2006, p. 26).
2.2
APRENDIZADO
Para Piletti (1997, p. 31), a aprendizagem e um fenômeno bastante complexo, cercado de teorias estudadas pela Psicologia Educacional. Segundo ele, não é apenas um método de aquisição de conhecimentos, conteúdos ou informações, mas um processo onde todos os dados adquiridos devem ser trabalhados de maneira consciente e crítica por quem os recebe. Piletti (1997, p.32 e 33) cita os tipos de aprendizagem e seus funcionamentos:
36 •
Aprendizagem motora ou motriz – Abrange os conhecimentos mais básicos do ser humano, ligados à coordenação motora, como aprender a andar ou dirigir um automóvel, até as habilidades verbais e gráficas, como aprender a falar e a escrever.
•
Aprendizagem cognitiva
–
Trata das
aquisições
de informações
e
conhecimentos, sendo elas apenas informações comuns sobre um fato, ou a interpretação de fatos com base em conceitos, princípios e teorias. Aprender regras de gramática, por exemplo, é uma aprendizagem cognitiva. •
Aprendizagem afetiva ou emocional – São os aprendizados referentes às emoções, fortemente influenciados por uma série de implicações pedagógicas, como por exemplo, o “clima” da sala de aula, da maneira como o aluno é tratado, do respeito e valorização que a pessoa do aluno recebe.
Vale lembrar que, apesar de poderem ser separados, os tipos de aprendizagem estão correlacionados e influenciam diretamente um ao outro. Partindo deste conceito, pode-se perceber que aprender significa mais do que conhecer uma informação. Significa assimilar conhecimento, adquirindo assim novas formas de perceber, ser, pensar e agir (SHMITZ, 1982, p. 53). Topczewski (2000, p. 13) sustenta que um dos fatores determinantes do processo de aprendizado é minimizar as causas do fracasso escolar, buscando adaptar o ambiente para um melhor aprendizado dos indivíduos, aproveitando ao máximo o potencial de cada um e respeitando as suas limitações.
2.2.1
Aprendizagem infantil
Segundo L. S. Vygotsky (1993, p. 93), as teorias mais importantes referentes a aprendizagem na criança podem, analisando-as de um modo geral, ser divididas em três categorias fundamentais e examinadas separadamente. São elas: •
Primeira categoria – parte do suposto que o aprendizado e o desenvolvimento da criança são feitos de maneira independente. Assim, a aprendizagem é um
37 processo exterior, que utiliza os resultados do desenvolvimento. A capacidade de raciocínio da criança, os domínios sobre a forma lógica de pensar e abstrair, as interpretações das causas físicas comuns e tudo aquilo que a rodeia, são aprendidos de forma autônoma por ela durante o seu desenvolvimento, e não tem a ver com a aprendizagem escolar. Sendo assim, esta categoria de teorias implica que a aprendizagem sempre segue o desenvolvimento, portanto a criança, para adquirir certos tipos de conhecimento e hábitos, deve estar desenvolvida a ponto de poder absorvê-los. •
Segunda categoria – esta categoria de teorias propõe exatamente o oposto da primeira categoria, ou seja, o desenvolvimento é que segue a aprendizagem. Esta implica que as leis do desenvolvimento são leis naturais adquiridas através do ensino, e que cada etapa do aprendizado corresponde a uma etapa do desenvolvimento. Apesar da distinção clara entre essas duas categorias, e mesmo parecendo que se opõe ou contradizem, ambas são muito semelhantes pela maneira com que dividem o ensino escolar do desenvolvimento da criança.
•
Terceira categoria – procura a coexistência das outras duas categorias de teorias. Implica que o processo de maturação prepara e possibilita um determinado processo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que o processo de aprendizagem estimula o processo de maturação e o faz avançar até certo grau.
Independente da natureza da aquisição dos conhecimentos é importante observar que não se aprende uma só coisa de cada vez, mas várias. Por exemplo, quando a criança aprende a escrever, aprende também o significado das palavras, além de desenvolver o gosto pela estética da escrita. Além disto, um fator determinante no processo de aprendizagem é a vontade de aprender. Ninguém consegue ensinar nada a uma pessoa que não quer aprender, tornando essencial que o professor saiba motivar seus alunos (PILETTI, 1997, p. 33).
38 2.2.2
Ensino, design e espaço
O designer, dentre seus diversos campos de atuação, colabora também com ambientes de ensino em função de facilitar a aprendizagem, assim como o ato de lecionar. Por exemplo, designers de interiores devem considerar os níveis de usabilidade do local de estudos, levando em conta fatores como as ações do usuário dentro deste ambiente, a localização dos mobiliários e a ordem do tráfego interno de pessoas. Facilitar as ações comuns do aluno (movimentar, pegar algo de uma estante, anotar, entre outros) facilita, também, seu aprendizado (SMITH E RAGAN, 2005, p. 7).
A configuração do espaço sempre foi importante para caracterizar a instituição escolar e a própria sociedade num determinado período, porque materializa as aspirações, conflitos e incertezas vividas. Entretanto, sua evolução parece ter estagnado, já que, praticamente, o mesmo tipo de escola vem sendo construído e mobiliado, de modo bastante desatualizado, fazendo-nos inferir qual a razão desse hiato criado e quais as intenções existentes atrás da descontextualização do espaço escolar. Salvo um ou outro elemento que parece destoar do conjunto, a visão de uma sala de aula nos remete a um espaço-tempo passado, fazendo-nos crer que o processo de ensino se “congelou” e as reações ocorridas nessa situação são mecânicas e impensadas (FRANÇA, 1994, p. 58).
O espaço físico ao qual o aluno faz parte atua de maneira simbólica e direta sobre seu comportamento, podendo facilitar ou inibir comportamentos. Como sugere Elali (2003), é possível dizer que até mesmo os móveis existentes e seu posicionamento informam as expectativas quanto à ocupação do local: cadeiras dispostas em círculo sugerem que haverá uma discussão em sala na qual se espera a participação de todos; mesas próximas entre si sugerem um trabalho em grupo; e assim por diante. Para Oliveira (1998), o projeto de uma escola é elaborado prevendo espaços para trabalhos com determinados métodos, os quais não duram para sempre, ou seja, com o tempo ficam ultrapassados e necessitam de reciclagem. Sendo assim, o espaço também deve ser projetado novamente de tempos em tempos.
39 2.3
METODOLOGIA DE PROJETO
Concluída a fase de pesquisa bibliográfica, para dar seqüência ao projeto e planejá-lo de forma mais eficiente, foi procurado o método de produção que mais se adéqua ao tema proposto. Método nada mais é que um facilitador dos processos de design, agindo como um guia que o designer utiliza para chegar ao melhor resultado sem desperdiçar esforços ou sair de seu caminho – como sugere a junção das palavras, em grego, meta (meta) e hodos (caminho). Será utilizada neste projeto a metodologia proposta por Bernd Löbach em seu livro “Design Industrial”, de 1976. Os processos deste método consistem em quatro itens básicos: análise do problema, geração de alternativas, avaliação das alternativas e realização da solução do problema.
2.3.1
Fase 1 – análise do problema
O ponto de partida de um projeto de design é a descoberta de um problema, que será estudado melhor no desenrolar do processo. Será, então, a primeira tarefa do designer descobrir problemas que possam ser solucionados através da metodologia do design industrial. Conhecido o problema, o próximo passo é fazer uma cuidadosa análise do mesmo. O âmbito desta análise depende do grau de importância da solução do problema, ou seja, uns podem necessitar de uma análise maior do ponto de vista histórico, enquanto outros só poderão ser analisados na prática, com pesquisa de campo. Obter informação de referências similares já oferecidos no mercado tem especial importância quando a solução para o problema objetiva melhorar um produto, ou diferenciá-lo dos demais existentes. Deve-se, também, obter informações sobre as ações do meio ambiente sobre este produto, sobre suas funções e sobre sua estrutura, a fim de determinar se é possível aprimorar suas utilidades e reduzir o número de peças. Por fim, a análise da configuração deve ser feita para estudar a aparência e os elementos da configuração estética que podem ser aproveitados dos produtos existentes. Segue-se, então, com a definição do problema, objetivando coletar todos os conhecimentos
40 disponíveis para, com base em processos analíticos, obter uma visão global do problema a ser resolvido. Esta definição do problema resulta em metas, que deverão ser alcançadas para solucionar o projeto com eficiência.
2.3.2
Fase 2 – geração de alternativas
Fase dois: geração de alternativas – depois de analisado o problema, na segunda fase são geradas as alternativas que podem solucionar o mesmo. É a fase de produção de idéias, um processo criativo onde a mente deve trabalhar sem restrições. É importante que, nesta fase, inicialmente as alternativas produzidas não sofram julgamento, caso contrário, poderá inibir o processo de produção de idéias do designer. Durante a geração de alternativas, devem ser feitos esboços das idéias geradas, buscando novas combinações entre elas, para avaliação posterior.
2.3.3
Fase 3 – avaliação das alternativas
Examinar as soluções para um processo de seleção é o principal objetivo desta fase da metodologia. Para que o designer industrial possa escolher dentre as alternativas do projeto aquela que atua melhor na solução do problema, é importante que, no final desta fase de análise, sejam fixados os critérios de aceitação do novo produto. Duas variáveis podem ser transformadas em perguntas para que possam ser avaliadas as alternativas propostas: •
Que importância tem o novo produto para o usuário, para determinados grupos de usuários, para a sociedade?
•
Que importância tem o novo produto para o êxito financeiro da empresa?
Dependendo dos objetivos do desenvolvimento do produto, pode-se dar um peso maior a uma destas duas perguntas.
41 2.3.4
Fase 4 – realização da solução do problema
O último passo do processo é materializar a alternativa escolhida. Aqui, o projetista define uma estrutura para o novo produto utilizando das características boas encontradas durante a fase de geração de alternativas. Devem-se determinar exatamente as dimensões físicas do produto e suas propriedades, nos mínimos detalhes, assim como os acabamentos superficiais, elementos de manejo, escalas de leitura, entre outros. Como resultado desta fase, normalmente se obtém um modelo visual com todos os desenhos necessários para o entendimento do produto e sua produção, o qual será avaliado, definitivamente, se pode ou não ser colocado na linha de produção.
42
3
ESTUDO DE CAMPO
Como foi visto, no Brasil existe um visível descaso com a questão do mobiliário escolar. Poucas são as escolas realmente bem equipadas, e na grande maioria destas, são particulares e dispõem de verba própria para comprar seus móveis. Além disto, raramente os móveis dos estabelecimentos de ensino (sejam creches, escolas ou colégios) têm um projeto voltado para o usuário, seguindo padrões altos de qualidade, segurança e ergonomia, sendo normalmente adquiridas em função de seus preços. Para estudar este quadro de maneira mais eficiente, propôs-se pesquisar, em campo, as condições de uma instituição de ensino da cidade de Florianópolis e, dentro desta, procurar seu ambiente de estudos que mais peca em relação ao mobiliário, para que o projeto possa ser direcionado a melhorar este ambiente. Motivado pela facilidade de acesso, escolheu-se a instituição de ensino EDA – Escola de Aplicação. Situada na Avenida Mauro Ramos, em Florianópolis, a escola faz parte do IEE – Instituto Estadual de Educação, colégio tradicional da região, e funciona a 48 anos, comportando alunos de primeira à quarta-série do ensino fundamental, assim como as turmas de ensino infantil. A pesquisa terá caráter qualitativo, buscando obter informações através de entrevista (em tom de conversa informal) com os professores e demais funcionários da escola, obter registros fotográficos dos ambientes freqüentados pelas crianças, além de observar o comportamento delas durante a utilização dos mobiliários.
3.1
OBSERVAÇÃO ESTRUTURADA
O primeiro passo deste estudo de campo foi observar e registrar, através de fotos, os ambientes que as crianças utilizam. Salas freqüentadas apenas por professores ou funcionários (direção, secretaria, cozinha, entre outros) foram excluídas da pesquisa de campo, já que a intenção está em trabalhar especificamente com o público infantil.
43 Quatro ambientes distintos dentro da escola – os mais utilizados pelas crianças – foram visitados e analisados separadamente: as salas de aula, banheiros, a biblioteca e a brinquedoteca - um espaço reservado para as crianças brincarem que imita uma casa, uma loja e um mercado em miniatura. Este último ainda não está concluído, mas já conta com móveis em miniatura e brinquedos. A fim de registrar como é feita a utilização de cada um desses espaços, observou-se dois aspectos principais: o ambiente e os móveis.
3.1.1
Registro da utilização do espaço – salas de aula
Todas as salas de aula, tanto as de ensino infantil quanto as do ensino fundamental de primeira a quarta-série, tiveram seu espaço organizado pelo professor que ali leciona. Os ambientes, de modo geral, possuem área suficiente para acomodar os cerca de vinte e cinco alunos de cada turma, com carteiras posicionadas em fileiras, de duas em duas, o que incentiva o contato e a interação entre os alunos (FIGURA 7). São decoradas por trabalhos feitos pelos próprios alunos ou professores.
Figura 7 - Sala de aula da segunda série do ensino fundamental Fonte: Acervo particular
Quanto ao mobiliário, estão todos em bom estado e grande parte deles são adaptados para crianças. Armários grandes, para estocar material didático, são posicionados nos fundos
44 da sala, enquanto outras estantes menores ficam na frente, junto ao quadro negro, ou nas laterais, guardando papel, material para aulas de artes e revistas, como se observa na figura 8. Estes ficam mais a disposição dos alunos. Utilizam quadro de giz verde escuro comum, murais para expor trabalhos, e um espelho, que pode ser usado em certas atividades ou brincadeiras.
Figura 8 – Estantes baixas com material didático Fonte: Acervo pessoal
As carteiras e cadeiras dos alunos são estruturadas em ferro, com arestas arredondadas, mas alguns parafusos aparentes. O acabamento é bem feito, apresentando poucos sinais de desgaste ou ferrugem. As superfícies das carteiras são de madeira com acabamento texturizado rugoso, sem brilho, o que garante boa aderência ao papel que é posto sobre elas e não causa reflexo sob luz direta. Apesar da aparência comum, todas as carteiras e cadeiras possuem um mecanismo que possibilita aumentar ou diminuir a altura do assento ou superfície (FIGURA 9), tornando-as próprias para alunos de qualquer faixa etária da escola.
45
Figura 9 – Cadeira com mecanismo para aumentar ou diminuir altura do assento Fonte: Acervo pessoal
De modo geral, as salas de aula não apresentam deficiências realmente significativas quanto a seu ambiente ou mobiliário. A movimentação dos alunos pode ser feita sem dificuldades entre as carteiras, e os professores são capazes de exercer, dentro delas, todas as atividades comuns.
3.1.2
Registro da utilização do espaço – banheiros
Mesmo não sendo um ambiente utilizado para aprendizagem, os banheiros da instituição despertaram interesse para o estudo de campo por serem, assim como as salas de aula, adaptados a estatura das crianças, exibindo mobiliários que devem servir de referência futuramente. As pias possuem cerca de sessenta centímetros de altura, da sua base até as torneiras, o que possibilita serem utilizadas até mesmo pelas crianças mais novas, do maternal. As privadas também são menores e mais próximas do chão. Os espelhos e válvulas ficam fora do alcance das crianças, impedindo acidentes (FIGURA 10).
46
Figura 10 – Banheiro feminino, com pia e privadas adaptadas a estatura das crianças Fonte: Acervo pessoal
O ambiente é amplo, bem higienizado e com piso antiderrapante, permitindo boa movimentação e segurança às crianças. O banheiro feminino e masculino são diferenciados através das cores das portas, sendo que o masculino possui um padrão azul claro, e o feminino, rosa claro.
3.1.3
Registro da utilização do espaço – biblioteca
Mal localizada, se encontra afastada das salas de aula, após seqüências de escadas no pátio da escola. É possível concluir, à primeira vista, que as maiores deficiências – em questão de ambiente e mobiliário – estão na biblioteca. A Escola de Aplicação possui uma biblioteca própria, menor e usada somente pelos alunos e professores do ensino infantil e fundamental, separada do Instituto Estadual de Ensino. Sendo assim, nesta estão os livros infantis, revistinhas, revistas de artes, livros de pesquisa para ensino fundamental, entre outros (FIGURA 11).
47
Figura 11 – Estantes de livros na biblioteca da EDA Fonte: Acervo Pessoal
Quanto ao ambiente: o espaço, apesar de ter pé direito elevado (aproximadamente cinco metros) é pequeno horizontalmente. Boa parte deste espaço é ocupado por estantes de ferro cheias de livros, posicionadas lado a lado, com corredores entre elas. Junto às paredes ficam as estantes mais baixas, também com livros e outros materiais didáticos. Como é possível observar na figura 12, em um canto, junto às janelas, estão guardados mapas em recipientes improvisados, por falta de espaço.
Figura 12 – Mapas guardados em local improvisado Fonte: Acervo pessoal
48 Em um dos lados da biblioteca está uma escada diagonal que leva a um segundo andar improvisado, em formato de varanda e construído em madeira. Nele se encontram estantes, mesas e cadeiras. Este espaço é aproveitado apenas pela bibliotecária, já que é aberto e as crianças correm risco de cair. Primeiramente utilizado como local de estudos, passou a ser usado como depósito de material. Logo em baixo deste andar improvisado se encontra um local destinado à leitura: um tapete grande, com almofadas, cercado por estantes com livros infantis (FIGURA 13). Este ambiente é mais descontraído que o restante da biblioteca, com cores mais vivas, pinturas na parede e boa iluminação natural .
Figura 13 – Ambiente de leitura da biblioteca Fonte: Acervo pessoal
Os mobiliários que fazem parte deste ambiente são: mesas circulares com cadeiras de ferro estofadas com espuma, estantes de livro grandes e pequenas feitas de ferro, mesas retangulares, utilizadas apenas pela bibliotecária, e outras estantes ou recipientes improvisados para material didático. Os móveis com mais deficiências são, claramente, as estantes de ferro. Nelas, é possível perceber desgaste e ferrugem em diversas partes, assim como lugares amassados, arestas pontiagudas e parafusos aparentes. As maiores têm aproximadamente um metro e oitenta de altura, divididas em cinco andares de prateleiras, impedindo as crianças de alcançarem ou mesmo enxergarem os livros das prateleiras mais altas, como se pode perceber na figura 14.
49
Figura 14 – Aluna tentando alcançar livro na parte de cima da estante Fonte: Acervo pessoal
Apesar de grandes, as estantes não possibilitam boa organização dos livros e ocupam muito espaço, resultando na falta de lugar para os novos materiais que a escola adquire. Esses, por usa vez, ficam empilhados próximos às estantes, sem organização (FIGURA 15).
Figura 15 – Material didático empilhado no chão Fonte: Acervo pessoal
50 As mesas utilizadas pela bibliotecária são espaçosas e sua superfície é mal utilizada. São feitas de madeira envernizada, de aparência rústica. Outros bancos e cadeiras estão dispostos pelo ambiente, mas mal posicionados (FIGURA 16).
Figura 16 – Bancos mal posicionados Fonte: Acervo pessoal
Boa parte dos móveis presentes neste ambiente ocupam mais lugar do que o necessário, sendo que alguns destes são usados com pouca freqüência, como as mesas circulares, que são utilizadas por, no máximo, três alunos de cada vez por menos de uma hora, podendo ficar sem serem utilizadas até por alguns dias. Além disto, algumas das estantes baixas estão praticamente sem livros, mas permanecem na biblioteca.
3.1.4
Registro da utilização do espaço – brinquedoteca
A brinquedoteca é um espaço reservado, especificamente, para brincadeiras de “faz-deconta”. O ambiente é pequeno e ainda está sendo elaborado. É dividido em duas áreas, sendo que uma delas – que ainda não está pronta – imita lojas e um supermercado em miniatura, e a outra imita o interior de uma pequena casa.
51 Todo o mobiliário é pequeno, como móveis normais em proporções menores (FIGURA 17). Comporta no máximo quinze crianças ao mesmo tempo. A intenção deste ambiente está voltada a aprendizagem de uma forma mais interativa do que nas salas de aula comuns, dando às crianças a oportunidade de se comportarem como adultos, ou fingir que tem responsabilidades.
Figura 17 – Interior da brinquedoteca, casa em miniatura Fonte: Acervo pessoal
Como boa parte dos móveis deste ambiente são provenientes de doação, alguns deles não são completamente adequados para o uso infantil, podendo conter arestas pontiagudas ou peças metálicas aparentes, como expõe a figura 18.
Figura 18 – Estante da brinquedoteca. Fonte: Acervo pessoal.
52 3.2
ENTREVISTAS
Concluída a observação estruturada dos ambientes da instituição de ensino, foi possível determinar que a maior necessidade por melhorias está na biblioteca infantil. Para determinar especificamente qual móvel deste ambiente deverá ser reestruturado, foram feitas entrevistas com as pessoas que utilizam o local com freqüência: professores, alunos e a própria bibliotecária. As entrevistas foram feitas em tom de conversa informal, dentro da própria biblioteca e sem perguntas específicas, para não inibir o entrevistado, e direcionando a conversa para os problemas ali existentes e como são feitas as utilizações de cada móvel. Como sugere Silva (2006) a entrevista informal (ou não-estruturada) objetiva uma visão geral do problema pesquisado, quase uma conversa. Nestes casos, comumente recorre-se a informantes-chave, especialistas no assunto, e são identificados aspectos da personalidade do entrevistado. Durante o processo foi observado, também, o comportamento do usuário no local.
3.2.1
Análise da entrevista informal – bibliotecária
Eunice, a bibliotecária do EDA, permanece na biblioteca de segunda a sexta-feira, das sete horas da manhã a uma hora da tarde. Por ser a única incumbida desta função, durante o período da tarde a biblioteca não fica aberta aos alunos. Organiza o material didático da melhor maneira possível, mas estes acabam, por vezes, empilhados juntos às estantes de livros, já que falta espaço nas prateleiras. Passa boa parte do tempo organizando os materiais didáticos, mas é constantemente interrompida para ajudar as crianças a pegar livros, já que as estantes são altas de mais para elas mesmas pegarem o que querem. Ela necessita de um banquinho para alcançar as prateleiras mais altas, como exposto na figura 19.
53
Figura 19 – banquinho utilizado pela bibliotecária para alcançar livros Fonte: Acervo pessoal
Seu posto de trabalho são duas mesas grandes de madeira, que ocupam mais espaço do que o necessário. Apenas um computador, alguns livros e papéis ficam sobre elas, mas permanecem no local por não terem outro lugar para ser estocadas. Segundo ela, entre cem e cento e vinte crianças de cinco turmas diferentes passam pela biblioteca toda manhã, então deve sempre estar pronta para ajudá-las a pegar os livros. Reclama do descaso da diretoria com a biblioteca, que constantemente é usada como depósito de material didático e espera por reformas há anos. Além disto, conforme citou Eunice, crianças já se machucaram utilizando a biblioteca, pois falta segurança em alguns pontos. Ressaltou que as mesas redondas, expostas na figura 20, raramente são usadas, sendo que apenas três ou quatro alunos as utilizam por manhã, e em alguns dias nem são usadas. Os móveis mais utilizados, segundo ela, são as próprias estantes de livros.
54
Figura 20 – Vista superior da biblioteca Fonte: Acervo pessoal
Por fim, citou o fato de que as crianças e professores passam pela biblioteca apenas para buscar livros e ler em sala de aula, sem permanecer no local e deixando de lado o espaço reservado para leitura.
3.2.2
Análise da entrevista informal – professores e alunos
Foi observada a visita de uma professora com seus alunos à biblioteca, para poder determinar seus comportamentos. A professora leva as crianças em turmas de cinco em cinco, pois não há espaço suficiente para uma turma inteira de vinte e cinco alunos. Assim como a bibliotecária, a professora ajuda as crianças a escolher e alcançar os livros das estantes mais altas. Em conversa informal, concordou com a bibliotecária de que o local precisa de reformas, ou ser mudada para uma sala mais ampla, já que estão acumulando livros que não cabem mais nas estantes. Além disto, frisou o fato de que as mesas, que deveriam ser usadas para leitura e pesquisa, são utilizadas apenas para fazer lanches e não tem necessidade de estarem no local. As crianças, na faixa etária entre seis e dez anos, são em grande parte muito ativas. Movimentam-se o tempo todo, fazem brincadeiras e folheiam livros ou revistas. Segundo elas,
55 buscam livros direcionados a crianças (literatura infantil) e raramente fazem pesquisas para trabalhos. Já os professores, buscam o oposto: livros de pesquisa, que auxiliam a didática em sala de aula.
3.3
ANALISE DOS DADOS COLETADOS
Pode-se concluir, com a observação do comportamento dos usuários, o registro fotográfico dos aspectos gerais da biblioteca e complementando com as entrevistas informais, que, neste ambiente, os móveis mais utilizados são as estantes de livros, enquanto as mesas circulares apenas ocupam espaço. Estas estantes encontram-se em más condições para serem usadas por crianças, apresentando deficiências em seu projeto, como arestas pontiagudas, parafusos aparentes, acabamento mal feito, estrutura e dimensões inadequadas para a função, ou seja, são móveis para adultos, mas utilizados por crianças. Além disto, diversos materiais didáticos são estocados de forma imprópria na biblioteca, em função da falta de espaço e descaso da diretoria. Partindo desta informação, define-se como objetivo projetar um móvel que solucione os problemas de espaço e organização para os livros, levando em consideração os padrões ergonômicos estabelecidos para crianças.
3.4
ANÁLISE DE MERCADO
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário – ABIMÓVEL (2005, p.6), a indústria brasileira de móveis é constituída por mais de 16.000 micro, pequenas e medias empresas que empregam em torno de 190.000 pessoas, sendo estas, na sua maioria, de capital nacional. Localizadas principalmente na região centro-sul do país, com pólos moveleiros em alguns estados, como os de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul; São Bento do Sul em
56 Santa Catarina; Arapongas, no Paraná; Mirassol, Votuporanga e São Paulo, em São Paulo; Ubá em Minas Gerais; Linhares em Espírito Santo, entre outros. São Paulo e Rio Grande do Sul, respectivamente, representam a maior parcela deste mercado. Trata-se de um mercado bastante explorado e ainda emergente no país, caracterizado por ser em sua maioria constituído de micro empresas familiares, com grande absorção de mão de obra e tendo apurado significativamente a qualidade de seus produtos e a sua capacidade de produção nos últimos anos, em decorrência dos avanços tecnológicos e do investimento na área. Somente em 2003, as exportações deste setor foram ampliadas para mercados como a Europa, México, América Latina, Golfo Árabe, Estados Unidos e Japão (ABIMÓVEL, 2005, p.10).
3.5
ANÁLISE DE CONCONCORRENTES
Para comparar produtos concorrentes, serão analisados modelos de estantes ou outros móveis similares destinados à organização de livros, revistas e demais materiais gráficos utilizados em escolas, bibliotecas, residências e escritórios, pesquisados em quatro empresas diferentes: Metalpox, MMM – Meu Móvel de Madeira, Biccateca e Tok&Stok. Serão descartados móveis que estejam fora do contexto do projeto, ou seja, que não possam ser usados ou adaptados para utilização dentro de bibliotecas, assim como os que apresentarem más condições de uso, mesmo que sejam destinados para o ambiente em questão. Também, será dada preferência para móveis com tema infantil ou que tenham características apropriadas para crianças (como, por exemplo, medidas e cuidados com a segurança). Serão analisados os seguintes atributos de cada móvel (salvo aqueles que não apresentarem a informação): material, custo, dimensões, cores e texturas, além de outras informações adicionais disponibilizadas pela empresa, como número de estantes ou capacidade de reorganização dos componentes.
57 3.5.1
Metalpox
•
Piata Kids – confeccionada em aço, de textura lisa e brilhante, nas cores azul, branco, vermelho, verde, amarelo, bege e preto. Pode ser comprada em uma ou duas cores (uma para as estantes e outra para as colunas). Acabamento antiferrugem e fosfatizante. As dimensões são: 1580 mm de altura por 1040 mm de comprimento, com 310 mm de profundidade nas prateleiras. Têm opções com quatro a sete prateleiras e permite regulagem entre elas em passos de 60 mm através de encaixes. Não utiliza parafusos ou porcas, sendo inteiramente montado através de encaixes. Sustenta até 100 kg distribuídos uniformemente e também é fabricado na versão dupla face, com oito a catorze prateleiras. A empresa fabricante não oferece preço por unidade (que pode variar de acordo com o número de prateleiras ou combinação de cores), sendo necessário orçar um conjunto de peças.
Figura 21 – Estante Piata Kids Uma Face Fonte: http://www.metalpox.com.br/produto.php?ModeloID=NQ=&ProdutoID=MzM=
•
Fênix – confeccionada em aço, de textura lisa e brilhante, nas cores azul, preto, bege, branco e variações de cinza. Pode ser comprada em uma ou duas cores
58 (uma para as estantes e outra para as colunas). Acabamento anti-ferrugem e fosfatizante. As dimensões são: 2000 mm de altura por 1000 mm de comprimento, com 320 mm de profundidade nas prateleiras. Têm opções com quatro a oito prateleiras mais a base e permite regulagem entre elas em passos de 175 mm através de encaixes. As duas laterais de sustentação ocultam os parafusos e sistemas internos de fixação. Fabricado nas versões face simples e face dupla (com 580 mm de profundidade nas prateleiras). A empresa fabricante não oferece preço por unidade (que pode variar de acordo com o número de prateleiras ou combinação de cores), sendo necessário orçar um conjunto de peças.
Figura 22 – Estante Fênix Face Simples Fonte: http://www.metalpox.com.br/produto.php?ModeloID=NQ==&ProdutoID=MTk1
•
Piata – confeccionada em aço, de textura lisa e brilhante, nas cores azul, preto, bege, branco e variações de cinza. Pode ser comprada em uma ou duas cores (uma para as estantes e outra para as colunas). Acabamento anti-ferrugem e fosfatizante. As dimensões são: 2000 mm de altura por 1040 mm de comprimento, com 310 mm de profundidade nas prateleiras. Têm opções com cinco a dez prateleiras e permite regulagem entre elas em passos de 60 mm através de encaixes. Não utiliza parafusos ou porcas, sendo inteiramente montado através de encaixes. Sustenta até 100 kg distribuídos uniformemente e
59 também é fabricado na versão dupla face, com dez a vinte prateleiras. A empresa fabricante não oferece preço por unidade (que pode variar de acordo com o número de prateleiras ou combinação de cores), sendo necessário orçar um conjunto de peças.
Figura 23 – Estante Piata Face Simples Fonte: http://www.metalpox.com.br/produto.php?ModeloID=NQ==&ProdutoID=Mzc=
3.5.2
Tok&Stok
•
Estante Bilac – confeccionado em MDP (Médium Density Particleboard) laminado com acabamento em verniz poliuretano ou laqueado, nas cores branco cromado ou tabaco cromado, textura lisa e brilhante. Possui nove prateleiras, sendo que seis destas são móveis. As dimensões são: 2420 mm de altura por 748 mm de comprimento e 300 mm de profundidade nas prateleiras. Acompanha escada e suporte em tubo de aço cromado. Preço: R$ 1.315,00.
60
Figura 24 – Estante Bilac Fonte: http://www.tokstok.com.br/app?component=%24GradeObap.%24DirectLink&page=VitrineGrade&service=direc t&session=T&sp=S40608&sp=S1%2C50%2C3550%2C54812
•
Estante Dona – estante com estrutura e prateleiras em madeira maciça de reflorestamento, com acabamento em verniz selador. Cor natural bege e marrom, com textura de madeira lisa. Possui três prateleiras, sem possibilidade de alterar suas alturas ou posições. As dimensões são: 1150 mm de altura por 1176 mm de comprimento e 350 mm de profundidade nas prateleiras. Destinada para uso doméstico ou decoração. Preço: R$ 1.642,00.
Figura 25 – Estante Dona Fonte: http://www.tokstok.com.br/app?component=%24GradeObap.%24DirectLink&page=VitrineGrade&service=direc t&session=T&sp=S80238&sp=S1%2C50%2C3550%2C54812
61 3.5.3
MMM – Meu Móvel de Madeira
•
Estante Extreme – confeccionada em madeira de reflorestamento, pode ser montada no local de entrega, possui parafusos e porcas pouco aparentes. Acabamento laqueado liso e brilhante com cores vivas, podendo ser escolhido nas cores verde, amarelo, azul turquesa, rosa, branco, preto e laranja. Tem 1490 mm de altura por 790 mm de comprimento e 380 mm de profundidade, sendo dividida em oito prateleiras de dimensões iguais. Foi projetada especificamente para crianças. Preço: R$ 589,10.
Figura 26 – Estante Extreme verde limão Fonte: http://www.meumoveldemadeira.com.br/linhas/linha-extreme/estante-8-nichos-extreme-verde-limao
•
Estante Nativa – confeccionada em MDF, pode ser montada no local de entrega, possui parafusos e porcas pouco aparentes. Acabamento laqueado liso e brilhante nas cores branco, preto ou madeira natural. Tem 1900 mm de altura por 1050 mm de comprimento e 380 mm de profundidade, sendo dividida em quatro prateleiras de dimensões iguais. Projetada para salas de estar e jantar, quartos e escritórios. Preço: R$ 539,10.
62
Figura 27 – Estante Nativa branca Fonte: http://www.meumoveldemadeira.com.br/moveis/estantes/estante-4-nichos-nativa-branca
•
Estante Oscar Cerne – estante multifuncional, para sala de jantar ou estar e biblioteca. Confeccionada em madeira de reflorestamento, sem parafusos ou porcas, utiliza apenas encaixes e cunhas para dar sustentação. Acabamento de cerne, com textura de madeira natural. Tem 1800 mm de altura por 1400 mm de comprimento e 460 mm de profundidade nas prateleiras. Projetada com conceito totalmente sustentável. Preço: R$ 629,10.
Figura 28 – Estante Oscar Cerne Fonte: http://www.meumoveldemadeira.com.br/moveis/estantes/estante-oscar-cerne
63 •
Estante Legaré – fabricada em MDF, não possui nenhum tipo de ferragem, toda montagem é feita com encaixes. Projetada para comportar poucos livros ou revistas, tendo apenas quatro prateleiras simétricas, nas cores: branco, roxo, azul, rosa, preto e vermelho. Preço: R$ 467,10
Figura 29 – Estante Legaré Fonte: http://www.meumoveldemadeira.com.br/linhas/linha-nativa
•
Estante Terre Demotion – estante multifuncional, projetado para quarto, sala, cozinha, área de lazer, banheiro e área de serviços. Confeccionada em MDF com acabamento laqueado, disponível nas cores branco tabaco e textura lisa sem brilho. Possui 1480 mm de altura por 620 mm de comprimento e 355 mm de profundidade na base. Preço: R$ 299,00.
Figura 30 – Estante Terre Demotion Fonte: http://www.meumoveldemadeira.com.br/ambientes/salas/sala-de-estar/estantes/estante-terre-demotiontabaco
64 3.5.4
Biccateca
•
Estante Kids Flor – confeccionada em aço, com pintura anti-corrosiva, fosfatizante e pintura eletrostática a pó, nas cores verde, amarelo e vermelho. Projetado especificamente para ambientes de estudo para crianças, pode ser encontrado com face simples (três prateleiras mais a base) ou dupla face (seis prateleiras mais a base. Possui 1420 mm de altura por 1000 mm de comprimento e 550 mm de profundidade nas prateleiras. A empresa fabricante não oferece preço por unidade (que pode variar de acordo com o número de prateleiras ou combinação de cores), sendo necessário orçar um conjunto de peças.
Figura 31 – Estante Kids Flor face dupla Fonte: http://www.biccateca.com.br/html/produto.php?id=44
•
Estante Slit Kids - confeccionada em aço, com pintura anti-corrosiva, fosfatizante e pintura eletrostática a pó, nas cores verde, amarelo e vermelho, azul, cinza, bege e branco (texturizado para as laterais e liso para as prateleiras). Projetado especificamente para ambientes de estudo para crianças, pode ser encontrado com face simples (três prateleiras mais a base) ou dupla
65 face (seis prateleiras mais a base. Possui 1500 mm de altura por 1000 mm de comprimento e 580 mm de profundidade nas prateleiras. A empresa fabricante não oferece preço por unidade (que pode variar de acordo com o número de prateleiras ou combinação de cores), sendo necessário orçar um conjunto de peças.
Figura 32 – Estante Slit Kids Dupla Face Fonte: http://www.biccateca.com.br/html/zoom.php?id=99
3.6
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Concluiu-se a partir deste estudo de campo que o mercado brasileiro é favorável para a criação de todo tipo de mobiliário, já que esta é uma área em constante crescimento e, conseqüentemente, receptiva e aberta a novos projetos. O tipo de móvel analisado está presente em grande parte das empresas do ramo, sendo comumente projetado para bibliotecas ou decoração de áreas de estar em residências, e dividido em categorias por faixa etária, com linhas infantis e adultas.
66 Madeira de reflorestamento, MDF e aço são os materiais mais utilizados, em função da resistência e baixo custo. Alguns dos modelos pesquisados utilizam encaixes no lugar de parafusos ou pinos, o que facilita a montagem, a mudança de lugar das prateleiras e diminui custos de produção. Quanto ao acabamento, se busca equilibrar funcionalidade com estética: as tintas aplicadas não permitem grande variedade de tons ou texturas, mas protegem contra ferrugem ou acúmulo de pó. No caso das estantes direcionadas a residências, por vezes o acabamento é feito apenas com verniz, deixando o móvel com a textura natural da madeira. Os preços variam bastante, sendo que os modelos de aço mais básicos – e por vezes mais funcionais – são os mais baratos, enquanto aqueles com mais valores estéticos agregados, normalmente direcionados a salas de estar ou ambientes de vivência, são mais caros e financeiramente inviáveis para bibliotecas onde são necessários muitos destes. O fator determinante da compra, em escolas, geralmente é o custo do objeto, seguido pela funcionalidade, segurança e atributos estéticos, respectivamente. Porém, grande parte dos projetos não foge do convencional: apenas acrescentam-se número de prateleiras, modificam-se as medidas ou acrescentam-se valores estéticos. Melhorias principalmente no sentido da funcionalidade podem ser feitas, assim como um conceito mais forte direcionado ao público infantil, no sentido de facilitar o uso pelas crianças e ocupar mais eficientemente o espaço sem deixar de lado o aspecto decorativo dos móveis.
67 4
4.1
PROJETO
REQUISITOS DO PROJETO
Com base nos dados coletados até este momento, foram definidos os requisitos que o projeto deve alcançar: •
medidas adaptadas a estatura média das crianças do ensino fundamental;
•
ênfase na funcionalidade, possibilitando boa organização do material didático e aproveitamento do espaço;
•
nível de segurança adequada ao público;
•
disponibilizar produto de fácil montagem e reorganização dentro do ambiente;
•
estética agradável ao público infantil;
•
materiais e acabamento que façam o intermédio entre qualidade e preço para que possa ser acessível a entidades de ensino.
4.2
CONCEITO
Além dos requisitos de projeto, seis palavras-chave foram definidas para a criação de um painel semântico que servirá de referência para a elaboração da forma, estilo e sensações que o produto deverá passar ao usuário. As palavras-chave são: •
Organização;
•
Alegria;
•
Simplicidade;
•
Harmonia;
•
Diferente;
•
Infantil.
68
Figura 33 – Painel semântico Fonte: Acervo pessoal
Reunir elementos infantis, que remetam alegria e harmonia através de formas simples em um móvel prático, organizado e diferenciado para bibliotecas.
4.3
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Com o conceito gerado e os requisitos de projeto definidos, parte-se para a etapa prática do projeto, reunindo todas as informações teóricas anteriores na geração de alternativas, seleção da melhor alternativa gerada para aperfeiçoamento e desenvolvimento técnico.
69 4.3.1
Geração de alternativas
A geração de alternativas foi feita de forma livre e irrestrita, buscando formas diferenciadas de solucionar problemas de espaço e explorando linhas estéticas que não são comuns neste tipo de mobiliário. As alternativas foram separadas em três grupos: móveis modulares; estantes pequenas e móveis interativos. Cada grupo será analisado separadamente, apontando as suas principais características e vantagens.
4.3.1.1 Móveis modulares
Fazem parte deste grupo as alternativas que são compostas por duas ou mais peças encaixadas, possíveis de serem montadas pelo próprio usuário sem muito esforço. Suas características são: •
Ocupação inteligente do espaço;
•
Montado facilmente;
•
Manutenção barata (podem-se trocar peças separadas ao invés do conjunto todo);
.
•
Possibilidade de escolher cores e tamanhos diferentes das peças;
•
Encaixes no lugar de pregos ou parafusos;
•
Produção barata e rápida.
70
Figura 34 – Alternativas de móveis modulares Fonte: Acervo pessoal
4.3.1.2 Estantes pequenas
Foram geradas alternativas de estantes menores, para serem posicionadas encostadas às paredes da biblioteca em questão, já que o espaço aberto dela é bastante limitado e uma boa alternativa deste tipo de mobiliário pode, talvez, solucionar este problema.
71 As principais vantagens destes móveis são: •
Podem ocupar os cantos inutilizados da sala;
•
São mais horizontais do que verticais, o que facilita o acesso aos livros pelas crianças;
Figura 35 – Alternativas de estantes pequenas Fonte: Acervo pessoal
72 4.3.1.3 Móveis interativos
Foram geradas alternativas de estantes maiores e interativas, que tem como intenção fazer com que o aluno use-a de formas diferenciadas: como local de descanso, leitura ou brincadeiras, para alcançar prateleiras mais altas ou podendo caminhar por dentro delas. Estas opções tem como principais características: •
Aparência diferenciada;
•
Maior contato entre objeto e aluno;
•
Soluções criativas para a falta de espaço;
Figura 36 – Alternativas de móveis interativos Fonte: Acervo Pessoal
73 4.3.2
Seleção de alternativa
Para selecionar a alternativa mais adequada ao projeto foram considerados, em primeiro lugar, os requisitos do projeto, seguido pelo conceito. Vale lembrar que o custo de produção do móvel – principalmente nesta área de mobiliário escolar – é fator determinante para que a implementação do projeto possa ser efetuada. Sendo assim, foi elaborada uma tabela para definir a alternativa mais adequada para ser refinada, pontuando o nível em que cada alternativa atende três aspectos principais: requisitos de projeto, conceito e viabilidade. Assim, aquela que obter mais pontos na somatória destes três aspectos será considerada a mais adequada para o refinamento. A pontuação de cada aspecto varia de 1 a 5, sendo: •
1 – muito ruim;
•
2 – ruim;
•
3 – regular;
•
4 – bom;
•
5 – ótimo.
Foi feita uma tabela para cada segmento de móvel gerado (móveis modulares, estantes pequenas e móveis interativos) usando como referência para cada móvel a numeração atribuída a eles na fase de geração de alternativas (figuras 34, 35 e 36).
Tabela 1 – Pontuação das alternativas de móveis modulares
Fonte: Acervo pessoal
74 Tabela 2 – Pontuação das alternativas de estantes pequenas
Fonte: Acervo pessoal
Tabela 3 – Pontuação das alternativas de móveis interativos
Fonte: Acervo pessoal
Nestes três aspectos – requisitos de projeto, conceito e viabilidade – as alternativas que mais se destacam são as modulares, principalmente por serem fáceis de montar e produzir, reduzindo assim os custos. Dentre as alternativas de mobiliário modular, as mais coerentes com os conceitos gerados anteriormente são as alternativas 3 e 4. Ambas tem aspecto geral simples e elementos repetitivos que passam sensação de harmonia e organização. Porém, a alternativa 3 – dentro do
75 ambiente em que deverá ser inserida – é a mais adequada por ser mais espaçosa em suas prateleiras, com a parte de cima aberta e divisórias mais finas. Optou-se, então, pela alternativa 3 de mobiliário modular para ser refinada.
Figura 37 – Alternativa selecionada Fonte: Acervo pessoal
4.3.3
Refinamento da alternativa escolhida
A fim de alcançar todos os requisitos e conceitos determinados para o projeto, foi trabalhado o acabamento da superfície do móvel, suas medidas e o método com qual serão feitos os encaixes das peças. Tanto a aparência formal quanto a disposição das suas peças serão mantidas. Os materiais utilizados para sua confecção serão definidos para então produzir o desenho técnico de cada parte do móvel, e, por fim, um render em 3D ilustrando o móvel montado e suas peças separadas.
76 4.3.3.1 Cores e texturas
Foram buscadas referências visuais em brinquedos (figura 38) de montar e desmontar – LEGO e Playmobil – para definir as cores e textura das peças que compõem o mobiliário, para que este se pareça com algo divertido e que as crianças nesta faixa etária se identificam.
Figura 38 – Peças de LEGO Fonte: http://www.dimensionsguide.com/wp-content/uploads/2009/10/Lego-Brick.gif
Foram escolhidas as cores verde, vermelho, amarelo e azul para as peças que compõem as prateleiras e o branco para a base de sustentação do móvel. A textura deverá ser semibrilhante para que pareça com plástico.
4.3.3.2 Encaixes e amarração
Para que a forma do produto não seja alterada em função dos encaixes, as peças terão de ser feitas em três tipos diferentes:
1. Com dois encaixes tipo espiga, um em cada lado na parte superior, e dois furos centralizados na base da peça;
77 2. Com um encaixe tipo espiga, somente em um dos lados na parte superior, e dois furos centralizados na base da peça; 3. Sem encaixes na parte superior e dois furos centralizados na base da peça;
Figura 39 – Peça com dois encaixes tipo espiga, furos na base e amarração através de cavilha Fonte: Acervo pessoal
Aquelas que possuem dois encaixes tipo espiga ficarão no centro do móvel montado, enquanto as que possuem somente um encaixe ficarão nas laterais (deixando um dos lados onde haveria o encaixe tipo espiga exposto) e, por fim, as peças sem encaixe tipo espiga irão compor a prateleira mais alta. Montado desta maneira, o mobiliário esconderá todos os seus encaixes. Para fazer a amarração das peças, uma cavilha será posicionada atravessando as peças no sentido horizontal. Além destas peças em forma de “U”, uma outra que servirá de base de sustentação para o móvel deverá ter dois encaixes tipo espiga distribuídos na mesma proporção dos furos na base das peças. Esta ficará em contato com o chão e as demais serão encaixadas sobre ela.
78 4.3.3.3 Materiais e processos de fabricação
O material escolhido para confecção das peças é o MDF (Médium Density Fiberboard), que tem como vantagens: •
Não agride o meio-ambiente;
•
Possibilita aplicação de praticamente todo tipo de revestimento, impressão ou pintura;
•
Resistente;
•
Versátil;
•
Barato;
•
Permite cortes em qualquer sentido;
•
Superfície lisa e plana.
Para fabricar as chapas de MDF, é feito um processo de aglutinação de fibras de madeira com resinas sintéticas, aplicado na temperatura e pressão certas. As fibras são produzidas através da madeira cortada em pequenos cavacos, que posteriormente serão triturados por desfibradores, misturados com resinas e colas para então prensar, formando as chapas maciças. Após corte e lixagem das placas de MDF, é feita a furação em ambas as laterais, por onde será atravessada a cavilha que fará a amarração das peças. Para facilitar a produção do móvel e economizar tempo, será usado o gabarito de furação universal, conhecido como Sistema 32. Este sistema, desenvolvido na da década de 70, aumenta a precisão e racionaliza a produção do móvel seguindo alguns princípios de furação, estabelecendo o tamanho dos furos e a distância entre estes (MADELEI, 2010). Tanto os encaixes quanto a cavilha serão fixados através de cola branca para madeira. A pintura deverá ser feita com tinta esmalte brilhante, a fim de buscar o efeito brilhante (parecido com o plástico de brinquedos). As vantagens de usar tinta esmalte brilhante são: •
Resistência à aderência;
•
Resistência à água;
•
Durabilidade;
79 •
Película brilhosa;
•
Fácil aplicação;
•
Resistência à intempéries;
•
Secagem rápida.
Para aplicação da tinta, deverão ser aplicadas duas demãos de tinta diluída com 30% de aguarrás, com intervalo de 12 horas entre uma e outra, utilizando de pistola de pressão. A secagem propícia para o toque ocorre entre uma e duas horas após a aplicação, e a secagem total ocorre após 24 horas.
4.3.3.4 Medidas técnicas
Para definir as medidas das peças em forma de “U” foi levantada uma média de tamanhos de livros infantis, considerando que possam ser acomodados entre dez e quinze livros lado a lado em cada bloco (apêndice A). Para os livros maiores que o próprio bloco, é possível usar as prateleiras mais altas do móvel. A base de sustentação tem suas medidas estabelecidas para encaixar duas das peças em forma de “U” para facilitar o aproveitamento do espaço (apêndice B).
4.4
VISUALIZAÇÃO DO OBJETO
Utilizando de software próprio para criação de imagens 3D, foram criadas representações do produto criado, ilustrando vistas diferentes do mobiliário e suas peças componentes.
80
Figura 40 – Base e peças que compõem o mobiliário Fonte: Acervo pessoal
Figura 41 – Móvel montado com quatro fileiras de prateleiras Fonte: Acervo pessoal
81
Figura 42 – Simulação de espaço criado com as estantes Fonte: Acervo pessoal
Figura 43 – Móvel montado com três fileiras de prateleiras Fonte: Acervo pessoal
82 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das opiniões, idéias e conhecimentos de outros autores, obtidos através da pesquisa bibliográfica, além dos conhecimentos próprios e estudos de campo, foi possível conhecer o quadro atual do Brasil em relação à ambientes de estudo e a produção de móveis para estes. A partir destes conhecimentos, mesclados com os conhecimentos gerais do estudo do design, foi possível desenvolver o projeto de um mobiliário para uma das escolas de ensino fundamental de Florianópolis, a EDA – Escola de Aplicação, para que resolva problemas comuns nestes ambientes, como falta de espaço, poucos recursos aplicados ou descuidos com a qualidade. Os métodos aprendidos durante as pesquisas, as experiências obtidas ao conhecer instituições de ensino diferentes e fabricantes de móveis concorrentes foram assimilados e colocados em prática numa geração de alternativas, visando a melhor solução para o problema encontrado. Como resultado deste estudo, obteve-se, baseado em requisitos de projeto e conceito elaborado, o projeto de um móvel que solucione os problemas de espaço, organização e falta de valores estéticos em uma biblioteca de escola freqüentada por crianças.
83 6
ESTUDOS FUTUROS
Relacionados a este projeto, ficam como estudos futuros a melhoria dos encaixes definidos para o produto, além da aplicação prática, ou seja, a fabricação das peças, para serem utilizadas pela EDA – Escola de Aplicação. O tipo de encaixe definido para o mobiliário provou não ser tão eficaz quanto deveria na prática, e, portanto, merece a devida atenção para ser aperfeiçoado, deixando o projeto ainda mais completo e melhorando a qualidade do produto. Além disto, com a constante evolução da tecnologia na fabricação de novos materiais, pode-se, futuramente, realizar a substituição dos materiais escolhidos por outros mais baratos, de melhor qualidade e resistência. Com isto, explorar a possibilidade da comercialização em maior escala do produto, visando oferecer um mobiliário com boa competitividade no mercado e incentivando a criação de outros que contribuam para esta área que merece – e necessita – mais produtos de qualidade.
84 REFERÊNCIAS
ABIMOVEL, Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário. Panorama do setor moveleiro no Brasil. São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.sindmoveisce.com.br/docs_pdf/panorama_do_setor_moveleiro_do_brasil_maio2 005.pdf>. Acesso em: 16 out. 2010.
ANALECTA, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Aspectos ergonômicos e antropométricos nas escolas. Guarapuava: UNICENTRO, 2000.
ABRAHÃO, Júlia Issy, PINHO, Diana Lúcia Moura. Teoria e prática ergonômica: seus limites e possibilidades. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.
ARAUJO, Renata Matos Eyer de. Mobiliário escolar acessível e tecnologia apropriada: uma contribuição para o ensino inclusívo. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.acessibilidade.net/at/kit2004/Programas%20CD/ATs/cnotinfor/Relatorio_Inclusi va/report_mobiliario_e_tecnologia_assistiva_pt.html>. Acesso em: 4 set. 2010.
BÜRDEK, E. Bernhard. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2006.
CEBRACE. Móvel escolar. Rio de Janeiro, Brasil: MEC/CEBRACE/IDI, 1978.
CEBRACE. Mobiliário escolar: carteira MEC/CEBRACE/CEDATE, 1982.
universitária.
Rio
de Janeiro,
Brasil:
CEBRACE. Mobiliário escolar: pré-escolar. Rio de Janeiro, Brasil: MEC – Secretaria de Ensino de 1º e 2º Graus/CEBRACE, 1978.
CRESTO, Lindsay. Introdução à história do mobiliário. 2010. Disponível em: <http://historiadomobiliario.blogspot.com/2010/03/introducao-historia-do-mobiliario.html>. Acesso em: 4 set. 2010.
EAGLETON, Terry. A ideologia da estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
85 ELALI, Gleice Azambuja. O ambiente da escola – uma discussão sobre a relação escolanatureza em educação infantil. Rio Grande do Norte, Brasil: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003. FRANÇA, Lilian Cristina Monteiro. Caos – espaço – educação. São Paulo: Annablume, 1994.
FRANCO, Augusto. Mobiliário escolar tem novo papel na educação. Portal Hoje em Dia, 2010. Disponível em: <http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/vida/educaco/mobiliario-escolar-tem-novo-papel-na-educac-o-1.6982>. Acesso em: 2 ago. 2010.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 1991.
GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras Editora, 2004.
HORN, Maria da Graça Souza. O papel do espaço na formação e transformação da ação pedagógica do educador infantil. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2005.
LIMA, Marco Antonio Magalhães. Introdução aos materiais e processos para design. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006.
LIMA, André Luiz Silveira, BENATTI, Lia Paletta. Estudo das principais falhas do mercado de mobiliário brasileiro com foco no mobiliário infantil. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006. Disponível em: <http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_dise no/articulos_pdf/A108.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2010. MADELEI. 560146 Gabarito furação universal. Disponível em: < http://www.madeleinet.com.br/ProductDetailServlet?idp=2109&idc=177&nome=GABARITO -FURA%C7%C3O-UNIVERSAL>. Acesso em: 3 dez. 2010. MORAES, Anamaria de, MONT’ALVÃO, Claudia. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: A. de Moraes, 2003.
MORO, Antônio Renato Pereira. Ergonomia na sala de aula: constrangimentos posturais impostos pelo mobiliário escolar. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm>. Acesso em: 2 ago. 2010.
86
MUNARI, Bruno. Design e comunicação visual. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
OLIVEIRA, Nildo C. Evolução e flexibilidade da arquitetura escolar. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 1998.
PILETTI, Claudino. Didática geral. São Paulo: Editora Ática, 1997.
POSTELL, James Christopher. Furniture design. Hoboken, New Jersey: John Wiley & Sons, 2007.
RIBEIRO, Sônia Marques Antunes, CÔRREA, Maíra Pires. Projeto de pesquisa: O móvel mineiro na colônia: características regionais. Belo Horizonte: Universidade do Estado de Minas Gerais, 2006. REIS, Pedro Ferreira. Estudo da interface aluno-mobiliário: a questão antropométrica e biomecânica da postura sentada. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
SCHILLER, Friedrich. A educação estética do homem. São Paulo: Editora Iluminuras, 2002.
SHMITZ, Egídio Francisco. Didática moderna. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1982.
SILVA, Valdeci Gonçalves. A entrevista psicológica e suas nuanças. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/psicologia/a-entrevista-psicologica-e-suas-nuancas.html>. Acesso em: 4 out. 2010.
SMITH, Patrícia L., RAGAN, Tillman J. Instructional design. Oklahoma: John Wiley & Sons Inc., 2005.
TOPCZEWSKI, Abram. Aprendizado e suas desabilidades: como lidar?. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
87 WALTER, Yuri. O conteúdo da forma: subsídios para seleção de materiais e design. Bauru, São Paulo: Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista, 2005.
88
APÊNDICES
89 APÊNDICE A – Medidas técnicas (peças em forma de “U”)
90 APÊNDICE B – Medidas técnicas (base)