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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
RODRIGO BIZ DA SILVA
CONCEPÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRÁTICA DE MUAY THAI
Florianópolis 2008
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RODRIGO BIZ DA SILVA
CONCEPÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRÁTICA DE MUAYTHAI
Proposta de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Design.
Prof. Orientador Célio Teodorico dos Santos
Florianópolis 2008
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RODRIGO BIZ DA SILVA
CONCEPÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRÁTICA DE MUAYTHAI
Este trabalho foi julgado(a) adequado(a) à obtenção do grau de bacharel em design aprovado(a) em sua forma final pelo Curso de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Florianópolis, 07 de setembro de 2008.
____________________________________ Prof. e orientador Célio Teodorico dos Santos
_____________________________________ Prof. Cristina Colombo Nunes, Mestra em Engenharia
____________________________________ Prof. Marcelo Kammer
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Dedico este trabalho aos meus pais, meus amigos e todos aqueles que me ajudaram na minha criação como pessoa.
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao meu orientador Célio por ter me dado um rumo melhor para o meu TCC desde o inicio, ao meu mestre de Muay Thai Pedro Paulo de Jesus e Rangel Farias por ter ajudado com todos seus conhecimentos do esporte e ao todo pessoal da academia por terem sido tão prestativos com as pesquisas e provas de equipamentos e ainda a todos que contribuíram para esse projeto se concretizar.
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RESUMO
O desenvolvimento de novos equipamentos para pratica de Muay Thai engloba diversos fatores da área da saúde e design. O projeto contém questões culturais em relação ao país de origem da arte marcial, a Tailândia, para criação de um estilo visual mais apropriado, exploração dos atuais produtos encontrados no mercado para ter em mente a questão de custos, materiais utilizados e processos de produção, também é realizada uma pesquisa de outros materiais e processos a fim de encontrar matérias melhores para o trabalho em questão. Essas pesquisas juntas contribuem para a criação de novos equipamentos de treino para tornar os treinos mais prazerosos e evitar lesões ou complicações em longo prazo.
Palavras-Chave: Muay Thai. Equipamentos. Tailândia. Materiais. Processos de Produção.
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ABSTRACT
The development of new equipment for practice of Muay Thai includes several factors health care and design. The project seeks include cultural issues for the country of origin of martial arts, Thailand, to create a visual style more appropriate, exploitation of existing products found on the market to bear in mind the question of costs, materials and production processes, is also carried out a search of other materials and processes in order to find better materials for the work in question. These surveys together contribute to the creation of new equipment training to make training more fine and prevent injuries or complications in the long term.
Keywords: Muay Thai. Equipment. Thailand. Materials. production processes.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Bandeira da Tailândia .............................................................................................. 22 Figura 2 - Garuda...................................................................................................................... 23 Figura 3 - Escultura em frutas .................................................................................................. 24 Figura 4 - Takraw ..................................................................................................................... 25 Figura 5 - Luta de Muay Thai ................................................................................................... 25 Figura 6 - Pintura em Mural ..................................................................................................... 26 Figura 7 - Escultura de Buda .................................................................................................... 26 Figura 8 - Produção de tecidos ................................................................................................. 27 Figura 9 - Casa Tradicional Tailandesa .................................................................................... 28 Figura 10 - Templo do Buda Esmeralda ................................................................................... 28 Figura 11 - Manopla de Foco ................................................................................................... 30 Figura 12 - Aparador de Chutes ............................................................................................... 31 Figura 13 - Escudo de Chutes ................................................................................................... 32 Figura 14 - Raquete de Chutes ................................................................................................. 33 Figura 15 - Punching Balls ....................................................................................................... 34 Figura 16 - Saco de Pancada para Muay Thai .......................................................................... 34 Figura 17 - Pesinho ................................................................................................................... 35 Figura 18 - Elástico para Sombra ............................................................................................. 36 Figura 19 - Posição de base ...................................................................................................... 40 Figura 20 - Jab .......................................................................................................................... 41 Figura 21 - Direto ..................................................................................................................... 42 Figura 22 - Cruzado .................................................................................................................. 43 Figura 23 - Upper ..................................................................................................................... 44 Figura 24 - Cotovelada Lateral ................................................................................................. 45 Figura 25 - Cotovelada Superior .............................................................................................. 45 Figura 26 - Cotovelada Inferior ................................................................................................ 46 Figura 27 - Joelhada Frontal ..................................................................................................... 47 Figura 28 - Joelhada lateral ...................................................................................................... 48 Figura 29 - Movimento de Arranque do Chute ........................................................................ 48 Figura 30 - Chute Frontal ......................................................................................................... 49 Figura 31 - Chute Lateral.......................................................................................................... 50
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Figura 32 - Defesa de Socos Frontais ....................................................................................... 50 Figura 33 - Defesa de Socos Laterais ....................................................................................... 51 Figura 34 - Defesa de Chutes Laterais...................................................................................... 51 Figura 35 - Articulação do joelho com execução do Chute circular ........................................ 60 Figura 36 - Geração de Alternativa Manoplas.......................................................................... 64 Figura 37 - Trabalho de Pegas para Manoplas ......................................................................... 65 Figura 38 - Mocup Escudo para Treino .................................................................................... 66 Figura 39 - Trabalho Martelo ................................................................................................... 67 Figura 40 - Geração de Alternativas para Sistema de Treino Lateral ...................................... 68 Figura 41 - Mocup Torre .......................................................................................................... 69 Figura 42 - Geração de Alternativa para Trabalho com Elásticos Voltados ao Muay Thai ..... 70 Figura 43 - Equipamento em Praticante ................................................................................... 72 Figura 44 - Fotos Ampliadas da Parte Superior e Inferior do Equipamento ............................ 73 Figura 45 - Alternativas de para prender o elástico .................................................................. 73 Figura 46 - Fixador do Elástico Final ....................................................................................... 75 Figura 47 - Modelo de Teste Antigo ........................................................................................ 75 Figura 48 - Fivela ..................................................................................................................... 76 Figura 49 - Regulador ............................................................................................................... 77 Figura 50 - Peça Mão com Zoom no Velcro ............................................................................ 78 Figura 51 - Forma de Pega Escolhida ....................................................................................... 78 Figura 52 - Peça Perna .............................................................................................................. 79 Figura 53 - Arte do cinturão vermelho .................................................................................... 80 Figura 54 - Arte do cinturão azul.............................................................................................. 80 Figura 55 - Arte do Cinturão Amarelo ..................................................................................... 81 Figura 56 - Modelo Final de Testes .......................................................................................... 81 Figura 57 - Peças Cortadas para Produção ............................................................................... 83 Figura 58 - Montagem do Cinto ............................................................................................... 84 Figura 59 - Costura no Encaixe do Elástico ............................................................................. 84 Figura 60 - Peça Braço Esquerdo sem o Fixador para o Elástico............................................. 85
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LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 - Tempo de prática dos entrevistados ....................................................................... 52 Gráfico 2 - Treino preferido ..................................................................................................... 53 Gráfico 3 - Treino que encontra mais dificuldade .................................................................... 53 Gráfico 4 - Falta de equipamentos adequados .......................................................................... 54 Gráfico 5 - Correções sobre uso do equipamento mais de uma vez ......................................... 55 Gráfico 6 - Pessoas que já se lesionaram ou machucaram outros durante o treino .................. 55 Gráfico 7 - Criação de novos equipamentos para pratica de Muay Thai ................................. 56
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação dos Atributos Técnicos dos Equipamentos ........................................ 37 Tabela 2 - Quantidade e Preço para Confeccionar o protótipo................................................. 86 Tabela 3 - Comparação dos produtos de mercado com produto desenvolvido ........................ 87
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SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
1.1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.2
PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................... 14
1.3
OBJETIVOS ............................................................................................................. 15
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 15 1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 15 1.4
JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 15
1.5
FATORES MOTIVACIONAIS ............................................................................... 17
1.6
METODOLOGIA ..................................................................................................... 17
1.6.1 Análise Cinesiológica ..................................................................................................... 18 1.7 2
DEFINIÇÃO DE TERMOS ..................................................................................... 18 DESENVOLVIMENTO................................................................................................. 20
2.1
DESIGN DE PRODUTO ......................................................................................... 20
2.2
A TERRA NATAL: TAILÂNDIA........................................................................... 21
2.2.1 A Cultura ........................................................................................................................ 23 2.2.2 As Artes. ......................................................................................................................... 25 2.3
O MUAY THAI ....................................................................................................... 28
2.3.1 História do Muay Thai .................................................................................................. 29 2.3.2 Equipamentos de treino ................................................................................................ 30 2.3.2.1 Manopla de foco .......................................................................................................... 30 2.3.2.2 Aparador de chutes ...................................................................................................... 31 2.3.2.3 Escudo de chutes ......................................................................................................... 32 2.3.2.4 Raquete para chutes ..................................................................................................... 32 2.3.2.5 Punching Ball .............................................................................................................. 33 2.3.2.6 Saco de pancadas para Muay Thai .............................................................................. 34 2.3.2.7 Equipamentos adaptados ............................................................................................. 35 2.3.3 Comparação dos atributos técnicos dos equipamentos .............................................. 36 2.3.4 Análise do mercado de equipamentos de muay thai .................................................. 38 2.3.5 Análise dos principais golpes ........................................................................................ 39 2.3.5.1 Posição de Base ........................................................................................................... 40 2.3.5.2 Punhos ......................................................................................................................... 41
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2.3.5.3 Cotovelos ..................................................................................................................... 44 2.3.5.4 Joelhos ......................................................................................................................... 46 2.3.5.5 Pés................................................................................................................................ 48 2.3.5.6 Movimentos de Defesa ................................................................................................ 50 2.3.6 Pesquisa de campo com praticantes de muay thai ..................................................... 52 2.4
LESÕES ESPORTIVAS .......................................................................................... 56
2.4.1 Psicologia da lesão ......................................................................................................... 58 2.4.2 Principais lesões em socos ............................................................................................. 58 2.4.3 Principais lesões em chutes ........................................................................................... 59 2.4.4 Medidas para evitar lesões ............................................................................................ 60 3
ELABORAÇÃO DAS CARACTERISTICAS CONCEITUAIS DO NOVO SISTEMA ........................................................................................................................ 62
3.1
ATRIBUTOS TÉCNICOS ....................................................................................... 62
3.2
ATRIBUTOS ESTÉTICOS...................................................................................... 62
3.3
ATRIBUTOS SIMBÓLICOS .................................................................................. 62
3.4
ATRIBUTOS DE ESTILO....................................................................................... 63
3.5
GERAÇAO DE ALTERNATIVAS ......................................................................... 63
4
PROJETO ....................................................................................................................... 71
4.1
DESENVOLVIMENTO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA ............................... 71
4.2
MATERIAIS E PROCESSOS DE PRODUÇÃO .................................................... 82
4.2.1 Montagem do equipamento .......................................................................................... 83 4.3 5
CUSTOS DE FABRICAÇÃO E PREÇO ................................................................ 85 CONSTATAÇÕES PÓS-TESTES ................................................................................ 87
5.1
COMPARAÇÃO COM PRODUTOS EXISTENTES ............................................. 87
5.2
OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA ................................................................................ 88
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91 APENDICESAPÊNDICE A – Questionário para coleta de dados ......................................... 94 APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados ................................................................ 95 APÊNDICE B – Cópia de todos os relatórios respondidos ...................................................... 96 APENDICE C – Desenhos técnicos ....................................................................................... 129
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INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
A necessidade de uma forma de defesa pessoal é percebida desde a antiguidade, para compreender como elas foram desenvolvidas precisaríamos regressar à pré-história, quando a raça humana ainda era primitiva e existia a necessidade de lutar por sobrevivência, pela sua vida por sua família, clãs e etc. Desde essa época eram utilizados como arma tudo que a natureza tinha dado aos humanos, desde os pés até a boca. A natureza dos humanos é parecida com a dos animais em que se deve atacar e se defender de qualquer que seja o inimigo e devido a isso houve a necessidade do desenvolvimento das nossas armas naturais por intermédio das artes marciais (KRAITUS, 1992). Artes marciais são sistemas de combate que muitas vezes utilizam o somente o corpo como é o caso do Muay Thai ou outras que utilizam armas brancas, que são basicamente todos os tipos de arma que não sejam de fogo, como por exemplo, espadas e o arco e flecha. Assim como qualquer outro esporte implica em treinamento constante para obter o aperfeiçoamento do atleta. Durante o tempo que os indivíduos passam a praticar determinadas modalidades de lutas, o corpo é afetado de diversas formas, positivamente por está praticando um esporte, ganhando resistência física, força e saúde, porém, outros aspectos a serem considerados, estão relacionados com os movimentos repetitivos, proporcionando lesões e acidentes durante o treino ou até mesmo durante um campeonato. Dentre os vários estilos de luta existentes, um em particular tem se destacado bastante em nível mundial nos últimos vinte anos. O Muay Thai, esporte originário da Tailândia, é hoje em dia, considerada a mais completa arte marcial praticada em pé, assim sendo, se tornou famosa em lutas de vale-tudo por características peculiares vistas nos chutes e joelhadas. Dentre os países que mais praticam o esporte temos Tailândia, Holanda, Austrália, França, Estados Unidos e Brasil (ALVEZ; MARIANO, 2000). O Muay Thai, também conhecido como Boxe Tailandês veio para o Brasil em 1979 (ALVEZ; MARIANO, 2000), junto com outras modalidades de luta, mas foi realmente a partir do ano 2000 que o esporte teve e continua tendo uma grande expansão devido ao destaque de alguns atletas brasileiros pelo mundo.
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1.2 PROBLEMATIZAÇÃO
O Muay Thai é uma arte marcial que necessita de uma série de equipamentos para realização de treinamentos. Alem dos equipamentos básicos de treino como o saco de pancadas existem outros que servem para aumentar a habilidade do lutador. Tendo em vista que existe um mercado crescente de artes marciais começaram a surgir algumas empresas de equipamentos de artes marciais no Brasil, esses novos negócios estão reproduzindo os equipamentos estrangeiros para treino a fim de proporcionar ao usuário final um produto com um preço menor para o consumidor brasileiro, mas estes não levam em consideração padrões ergonômicos brasileiros. Desde que o esporte chegou ao Brasil não houve uma evolução dos equipamentos para treinos, sendo que esses apresentam problemas de ergonomia, durabilidade e entre outros, mesmo assim, continuam sendo desenvolvidos sem melhoras significativas. Para praticar esse esporte, são necessários equipamentos de proteção individual, tais como: luvas, protetor bucal, protetor para a perna e um protetor genital. As academias disponibilizam materiais e equipamentos para treinar, por exemplo: saco de pancadas, manoplas de foco e raquetes de chute. Além dos lutadores profissionais, muitos novos praticantes têm se unido a esse esporte por ser uma atividade física saudável. Os treinos de boxe tailandês são muito aeróbicos o que proporciona resistência e forma física, reduz o risco de uma série de doenças ao longo dos anos como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças neuromusculares. Esses produtos foram desenvolvidos pensando nos movimentos executados durante uma luta e em como reproduzi-los continuamente a fim de aperfeiçoá-los, porém como citado anteriormente os equipamentos em questão apresentam uma série de problemas, criando assim a oportunidade de uma nova análise dos golpes de Muay Thai, porque é a luta com maior numero de movimentos em pé. Para criação de novos equipamentos de treino, o projeto de pesquisa compreende a concepção de equipamentos para treino de chutes e joelhadas, pois estes representam a maior parte dos acidentes em treinos devido a problemas ergonômicos, dimensionais e da própria concepção desses produtos, se considerarmos os movimentos do atleta.
Dessa forma o presente estudo abordará essas questões visando à concepção e
desenvolvimento de um kit de produtos adequados ao contexto dos praticantes de Muay Thai brasileiro.
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1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Conceber novos equipamentos para treino de Muay Thai, esses equipamentos devem suprir as necessidades dos praticantes com relação a uma boa ergonomia, durabilidade e redução dos riscos de lesões durante o treino.
1.3.2 Objetivos específicos
a) Criação de uma nova estrutura a fim de conseguir uma maior longevidade ao equipamento por via de materiais adequados ao trabalho realizado; b) Proporcionar facilidade para o usuário dos equipamentos na questão de utilização dos mesmos, o deixando mais intuitivo e ergonômico; c) Desenvolver uma gráfica visual voltada à nação tailandesa e ao Muay Thai.
1.4 JUSTIFICATIVA
Hoje em dia o mercado brasileiro está propício a chegada de novos produtos e dentre estes estão os equipamentos para treino do boxe tailandês, alguns dos fatores condicionantes são: a grande expansão do esporte no Brasil nos últimos anos, ser reconhecida mundialmente como a arte marcial mais completa lutada em pé usando chutes, joelhadas, cotoveladas e socos e também pela publicidade promovida pelos lutadores profissionais brasileiros, que estão se destacando nesse esporte, em competições nacionais e internacionais. O boxe tailandês é uma modalidade de luta predominantemente aeróbica, pois o atleta tem a necessidade de fôlego e resistência para agüentar aos rounds, mas também existe a necessidade de força física e técnica sendo que nesta parte que entram os equipamentos de treino.
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O público adolescente do sexo masculino se apresenta em maior número nas academias de artes marciais, seguido por adultos em sua maioria também do sexo masculino. Tendo isso em mente é importante evidenciar o bem estar associado à saúde, pois muitas pessoas que hoje estão à procura de um esporte tendem a optar por uma atividade mais intuitiva e divertida, e é isso que os novos equipamentos procuram oferecer por meio de seus atributos. Gallahue e Ozmun (2001) afirmam que na adolescência existe uma maior procura pelas atividades físicas de diversão e contato social em relação às de competição. Equipamentos de fácil manejo poderão aumentar a confiança dos atuais praticantes e facilitar o seu uso por parte de novos alunos, durante as chamadas aulas teste, onde o novo aluno faz uma ou duas aulas para experimentar o esporte e decidir realmente se deseja praticálo. Segundo Malina e Bouchard (2002), os indivíduos com excesso de peso corporal apresentam melhor desempenho motor em atividades que há a projeção de objetos já que estes exigem menos deslocamento da massa corporal e maior uso da força. Novos alunos que antes não praticavam esporte algum que possuem menor massa corporal, também se sentem a vontade começando a treinar com equipamentos que utilizam maior força física. De acordo com a maior autoridade do Boxe Tailandês em Santa Catarina, Mestre Pedro Paulo de Jesus, mais conhecido como Peu, praticante do Boxe Tailandês desde 1986 com 129 lutas oficiais catalogadas, os equipamentos para treino de Muaythai existentes apresentam uma série de problemas principalmente no que diz respeito a chutes e joelhadas, pois, tais equipamentos não se adaptam bem ao corpo do usuário de um modo que tendem a escorregar, muitos apresentam uma pega inadequada que é o caso das almofadas de chute, onde não há um modo “correto” para segura-la. O Mestre Peu relata ainda que: “durante as aulas muitas vezes precisa explicar o modo correto de como utilizar o equipamento”. Assim se evidencia a necessidade de uma nova linha de equipamentos que possam beneficiar a prática desta arte marcial, em questão de aperfeiçoar os golpes, tornando a prática do esporte mais segura e aumentando qualidade dos produtos para melhorar as condições para praticantes, facilitar a adesão do crescente público de Muay Thai no Brasil e trazer as academias a segurança de comprar equipamentos mais adequados ao que ensinam.
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1.5 FATORES MOTIVACIONAIS
Os fatores que mais chamam atenção ao desenvolvimento de novos equipamentos de treino são percebidos dentro de certo período de tempo, no qual o individuo pratica a arte marcial. Seja na questão de equilíbrio, técnica, força ou lesões. Existem infinitas maneiras de se treinar e modos a fim de evitar lesões. Profissionais da área explicam as debilidades dos equipamentos encontrados hoje no mercado, mas muitas vezes não tem idéias de como melhorar o que já existe porque já estão acostumados com o que está a venda. Por esses fatores aqui se encontra um nicho de mercado muito interessante culturalmente e tecnicamente, que ainda tem muito a ser trabalhado.
1.6 METODOLOGIA
Nesse item pretende-se caracterizar o tipo de pesquisa e suas etapas. Segundo Silva e Menezes (2001), uma pesquisa pode se classificada quando a sua natureza e quanto a sua abordagem ao problema. Esse projeto é de natureza aplicada, pois ele prevê a criação de conhecimento com objetivo de desenvolver novas formas de treino para Muay Thai. A concepção desse sistema de treino será abordada de forma qualitativa, porque esse trabalho por meio de procedimentos racionais busca na análise dos dados pesquisados, fundamentos para criação de novos equipamentos de treino. De acordo com Gil (2002), as pesquisas ainda podem ser classificadas quanto aos seus objetivos e procedimentos técnicos. Observando o rumo do projeto, essa pesquisa pode ser classificada como exploratória uma vez que esse trabalho procura englobar conceitos, problemas, golpes sobre o boxe tailandês para obter problemas mais concisos e levantar questões para futuras pesquisas. A pesquisa bibliográfica compreende a cultura e arte Tailandesa para obter referências visuais para o projeto. Um estudo sobre lesões decorridas do impacto que o corpo recebe ao desempenhar os golpes praticados no esporte a fim de desenvolver produtos que gerem uma menor quantidade de lesões ao usuário.
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A pesquisa de campo e bibliográfica dos golpes pertinentes ao projeto para melhor compreender os movimentos desempenhados pelo praticante do boxe tailandês, com intuito de desenvolver equipamentos mais eficientes. A pesquisa comente de campo compreende um estudo dentro da academia Boxe Thai, a fim de identificar os principais equipamentos de treino do boxe tailandês. Averiguar o mercado de equipamentos para o treino do Muay Thai em no mercado nacional, que conta com algumas lojas na grande Florianópolis e pesquisas em lojas virtuais. Fazer uma análise dos equipamentos de treino encontrados hoje no mercado para ter conhecimento da questão de custos e funcionamento. Aplicação de um questionário nos praticantes a fim de averiguar quais suas dificuldades, problemas percebidos e acidentes de treino.
1.6.1 Análise Cinesiológica
Tendo em vista a pesquisa ser exploratória e de caráter qualitativo e não disponibilizar de equipamentos para fazer uma analise biomecânica, foi adotada uma análise cinesiológica. Segundo Dângelo e Fatini (1988), a cinesiologia que tem como finalidade compreender as forças que atuam sobre o corpo humano e manipular estas forças em procedimentos de tratamento tais que o desempenho humano possa ser melhorado e lesões adicionais possam ser prevenidas.
1.7 DEFINIÇÃO DE TERMOS
- Golpe: É uma ação técnica ofensiva ou defensiva visando anular a ação adversária ou dominar o adversário; choque entre dois corpos. - Soco: Golpe com a mão fechada. - Chute: Golpe com o pé. - Posição de base: É a posição em que os membros ou partes do corpo assumem em contato com o solo para equilibrar e dar sustentação ao corpo. - Guarda: É o posicionamento estratégico em que os membros superiores e/ou inferiores se encontram com o objetivo de proteger o corpo de investidas adversárias.
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- Luta: É uma ação física e psicológica oposta entre adversários. -Sombra: Ação física na qual o lutador imagina seu adversário a sua frente e faz uma luta sozinho. - Esquiva: É o movimento de desvio executado pelos membros, partes ou todo o corpo para evitar um golpe desferido por um oponente. - Técnica: É o padrão e a seqüência de movimentos que os atletas utilizam para desempenhar uma habilidade esportiva.
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DESENVOLVIMENTO
2.1 DESIGN DE PRODUTO
O design vive desde os anos 80 uma explosão de popularidade e esse reconhecimento continua crescendo até hoje. Cada vez mais as grandes, pequenas empresas e organizações percebem a importância do design, e o aderem devido ao seu valor estratégico indispensável no mundo competitivo dos negócios. O design se diferencia da arte no que diz respeito a processos. Na arte o artista trabalha quando sem uma forma de desenvolvimento para a mesma, enquanto os designers trabalham perante uma metodologia que englobam pesquisas, análises de dados, testes de segurança entre outras ferramentas que auxiliam o designer a trazer soluções inteligentes, existe todo um planejamento que leva o profissional a alcançar resultados de projeto que sejam benéficos ao consumidor a empresa e ao meio ambiente. Lembrando um pouco da historia, Leonardo da Vinci que é mencionado como o primeiro designer conhecido, mesmo sem existir essa profissão na época. Isso acontece porque juntando os seus conhecimentos em anatomia, mecânica e ótica ele foi o percussor no desenvolvimento de maquinas. Estás maquinas que tem objetivos de facilitar a vida, mas acima disso definiu o designer como um criador ou inventor. A formalização do design como trabalho se deu pela primeira vez com a escola Bauhaus, a partir desse ponto foram desenvolvidos diversos nichos de mercado de design que continuam a crescer ao longo dos anos. O termo designer industrial é utilizado pela primeira com Mart Stam em 1948, pois se tinha na época como projetista industrial, o profissional trabalha-se em uma empresa ou relacionado a uma, no serviço de configurações de novos materiais. Desde sempre tentaram fazer um conceito para defini-lo como a ferramenta que ela é, porem, o design tem um ambiente muito amplo de trabalho, pois envolve diversas áreas, sendo assim difícil defini-lo como um todo. A fim de obter uma classificação global designer famosos usaram seus conhecimentos no campo para fazer as pessoas entenderem sucintamente o que é design, que para muitos ainda hoje tem uma visão errada sobre esse campo ou mesmo não sabem do que se trata, temos como exemplo três conceitos mais conhecidos sobre o design de produto abaixo:
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Design é o processo de adaptação do entorno objetual às necessidades físicas e psíquicas dos indivíduos da sociedade. [...] Design de produto é o processo de adaptação de produtos de uso de fabricação industrial às necessidades físicas e psíquicas dos usuários e grupos de usuários (BERND LÖBACH, 1976). Design é uma atividade projetual que consiste em determinar as propriedades formais dos objetos a serem produzidos industrialmente. Por propriedades formais entende-se não só as características exteriores, mas, sobretudo, as relações estruturais e funcionais que dão coerência a um objeto tanto do ponto de vista do produtor quanto do usuário (TOMÁS MALDONADO, 1961). Design é uma atividade criativa cujo propósito é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas de ciclos de vida. Assim, design é o fator central da humanização inovadora das tecnologias e o fator crucial das trocas econômicas e culturais. [...] Design trata de produtos, serviços e sistemas concebidos através de ferramentas, organizações e da lógica introduzidas pela industrialização – não somente quando são produzidos em série (ICSID, 2000).
Mas que dentre os diversos conceitos existentes há uma que chama mais atenção é a de Bernhard E. Bürdek, que apesar de não propor um conceito propriamente dito resolve muito bem à definição de conceito. Em vez de uma nova definição ou descrição do design fossem nomeados alguns problemas que o design devera sempre atender (BÜRDEK, 1999). Como por exemplo: visualizar processos tecnológicos, priorizar a utilização e o fácil manejo de produtos, tornar transparente o contexto da produção, do consumo e da reutilização e promover serviços e a comunicação, mas também, quando necessário, exercer com energia a tarefa de evitar produtos sem sentido.
2.2 A TERRA NATAL: TAILÂNDIA
A pesquisa sobre a Tailândia foi totalmente bibliográfica, foram encontradas no livro “Thailand into the 2000's”, Kingdom of Thailand National Indentity Board – KTNIB, que contem informações desde a antiguidade até os dias atuais desta nação. A Tailândia só recebeu esse nome e se tornou oficial em 11 de maio de 1949, antes conhecida como Siam. Essa mudança ocorreu por causa dos fatos históricos pelos quais os ancestrais dessa terra passaram. “Thai” significa “liberdade”, logo “Tailândia” quer dizer “terra da liberdade”. A Tailândia é dividida em quatro regiões naturais: o Norte, a Planície Central, o Noroeste e o Sul. A região do norte é uma região montanhosa e conhecida por seus vales. Na Planície Central fica a base do rio Chao Pharaya fazendo desta área a mais fértil da Tailândia
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devido a essa abundancia fluvial essa terra é famosa por cultivar o arroz mais saboroso de toda a Ásia, alem de ser o lugar onde se encontra a capital do país, Bangkok, que hoje é uma grande metrópole. O noroeste é uma região árida caracterizada pela sua terra seca que com ajuda dos morros causam inundações e superfície de aplainamento que geram secas em grande escala. E por ultimo o Sul que também dispõe regiões montanhosas, mas é realmente famosa pelas riquezas que possui, pois ela dispõe de muitos depósitos de minerais e é o principal lugar para a produção de borracha e outras plantações tropicais. O clima é sazonal que conta com duas estações bem definidas, com chuvas de Maio a Setembro e o resto do ano estações secas e quentes, as temperaturas variam durante o ano de 23,7° a 37,5°. A religião hoje em dia é livre no país, mas ainda conta com uma forte influencia budista que foi a religião existente desde sua colonização, de fato mais de 90% da população tailandesa é praticante do budismo. A maior data comemorativa anual da Tailândia é a comemoração do aniversario de Buda onde é feito um feriado nacional. A bandeira da Tailândia é composta por cinco linhas horizontais vermelha, branca e azul. As faixas vermelhas representam a igualdade por todos os cantos do país, as brancas a religião que faz grande papel na cultura e a azul representa a monarquia. Antigamente a bandeira tinha um elefante branco no meio da bandeira, esse tinha lugar porque o elefante branco que é somente encontrado na Tailândia e foi nomeado o animal que representa a nação, mas o único que tem direito de possuir tal animal é o rei (KTNIB, 2000).
Figura 1 - Bandeira da Tailândia Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/Flag_of_Thailand.svg
Devido aos fortes vínculos budistas o emblema nacional se chama Garuda. Ele é um ser mítico meio-homem, meio-pássaro que atende a serviço da deusa Vishnu. Garuda é um símbolo de aprovação real que é dado a pessoas do serviço social e parceiros econômicos da
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Tailândia, porem é muito difícil de ser conseguida, sendo considerada uma grande honra ao merecedor de tal símbolo.
Figura 2 - Garuda Fonte: http://bp0.blogger.com/_3MDH8jkMzO8/R-W2Pw9-6qI/AAAAAAA AAAk/GVzQCQZpp1s/s1600-h/410px-hai_Garuda_emblem_svg.png
2.2.1 A Cultura
Atividades como plantar arroz requer uma grande quantidade de pessoas envolvidas e trabalho intenso, depois de um dia de trabalho em vez de os arrozeiros da Tailândia irem para suas casas descansarem eles se reúnem em volta de fogueiras para conversar cantar, tocar instrumentos feitos pelos mesmos, comer, beber licor de arroz. Mas ao longo dos anos as atividades foram crescendo e se diversificando cada vez mais. Dentre as mais conhecidas atividades da Tailândia estão: o jogo na questão de apostas em determinadas atividades, viajar, a comida e os esportes. Jogar é uma paixão, a loteria tailandesa não para de crescer e essa tem competições muito bizarras algumas vezes, tais como: como briga de escaravelhos e Briga de peixes. Dentre as mais normais e conhecidas estão às apostas em lutas de Muay Thai (KTNIB, 2000). Sendo o povo tailandês conhecido por sua hospitalidade, as viagens são muito freqüentes para se conhecer culturas de povos de outra regiões e aumentar a rede de relacionamentos. A cozinha tailandesa famosa mundialmente por seu sabor apimentado, devido a variedade de pimentas que se encontram nos quatro cantos do país. A comida tailandesa tem
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como tradição não se apenas apetitosa ao paladar, mas também aos olhos e nariz. As receitas variam de região para região, uma famosa por suas receitas com peixes e frutos do mar, outras por sua carne, outra por seu arroz e etc. Mas o que todas têm em comum é a adição das frutas tropicais na dieta diária do povo e para essas foram desenvolvidas técnicas artísticas para esculpir em frutas tais como melancias e tomates. Os desenhos e formas são dos mais variados, como exemplos mais comuns temos: flores e formas geométricas. A arte de embelezar a mesa de refeições é praticada e desenvolvida até hoje.
Figura 3 - Escultura em frutas Fonte: http://images-srv.leonardo.it/progettiweb/francescoscravaglieri/foto/ img_44e393b7d6a66_middlea.jpg
E finalmente os esportes nos quais temos o pouco conhecido “Takraw” que tem uma versão profissional chamada “Sepak Takraw” que é um jogo de muita habilidade jogando com os pés e com os joelhos e a cabeça onde o time deve ficar passando a bola sem deixá-la cair no chão, é um esporte similar ao futevôlei, mas a rede é como a de jogo de tênis. E o Muay Thai arte que ajudou na formação do país e resumidamente é uma a marcial lutada em pé que utiliza todo o corpo como arma de combate.
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Figura 4 - Takraw Fonte: http://www.takrawusa.com/resources/takraw1.jpg
Figura 5 - Luta de Muay Thai Fonte: http://www.kazind.com/newsarchives/newsvolume88pic9.jpg
2.2.2 As Artes
A arte tailandesa coincide e muito com sua base religiosa. O budismo inspirou a arte desde o início como nação. A arte na Tailândia da muita atenção aos detalhes sejam estes nas pinturas, esculturas, ou arquitetura. As pinturas eram utilizadas no interior de templos, palácios e como inscrições de livros. Essas eram super detalhadas e serviam para aumentar a beleza do objeto ou o símbolo religioso ao qual rodeavam. As pinturas eram tipicamente asiáticas, não se preocupando com a perspectiva fazendo assim o tamanho dos objetos serem dados pela importância dos mesmos. As pinturas mais comuns têm relação a Buda, céu e inferno e cenas contemporâneas da vida dos tailandeses.
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Figura 6 - Pintura em Mural Fonte: http://orias.berkeley.edu/SEArama/images/50muralChariotbattle.jpg
As esculturas são também quase que exclusivamente sobre Buda, mas devido a essa devoção ao seu deus o país conseguiu produzir muitas dentre as melhores representações budistas no mundo. Uma escultura de Buda muita famosa no mundo é a versão gigante do deus que possui 11 metros de joelho a joelho. Para captar as qualidades espirituais do budismo os artistas procuraram fazer vários detalhes anatômicos em suas esculturas, como músculos estrutura óssea, tudo para se conseguir o sentimento de serenidade nas suas obras. As artes tailandesas receberam uma grande impulsão quando o artista italiano Corado Feroni, fundou a escola das belas artes que em 1943 virou a Universidade Silpakorn. Essa produziu e produz até hoje muitos artistas reconhecidos mundialmente.
Figura 7 - Escultura de Buda Fonte: http://psych.fullerton.edu/navarick/buddha.jpg
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O mercado de sedas também é uma potencia, ele começou há muito tempo com a criação de bichos da seda nas aldeias e as mulheres fazendo tecido com os seus teares rústicos. Quando a indústria chegou ouve uma crise de produção devido às novas técnicas e custos mais baixos pelos concorrentes industrializados. A situação mudou a partir do momento que o mercado dos produtos de seda da Tailândia se tornou mundial, divulgando o trabalho artesanal de alta qualidade pelo mundo fez o setor prosperar mais uma vez. Assim como os produtos de seda, o algodão também é popular, por ser feito em uma variedade de pesos e modelos, os trabalhos executados com algodão e seda permitem fazer montagens belas, coloridas e diversas formas.
Figura 8 - Produção de tecidos Fonte: http://farm2.static.flickr.com/1212/958260759_1de3c088e9.jpg
A arquitetura tradicional da Tailândia também foi afetada pela religião budista. As principais características arquitetônicas estão nas mudanças estéticas nos telhados os quais combinam dois elementos que parecem ser paradoxos: elementos grandes e pesados com uma sensação de serenidade. As casas e templos contam com telhados altos e detalhes nas calhas. A madeira sempre foi o material principal de construção, pois esse podia ser facilmente encontrado e de fácil manejo, dava a possibilidade dos artistas a esculpirem facilmente, criando os mais ricos detalhes nas construções. Ótimos exemplos de criações repletas de detalhes são os templos budistas, o mais famoso deles pode ser visto na capital tailandesa, Bangkok, conhecido como o Templo do Buda Esmeralda, ele contem a maior quantidade de esculturas por centímetro quadrado do que em qualquer outro lugar no mundo (KTNIB, 2000).
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Figura 9 - Casa Tradicional Tailandesa Fonte: http://www.amazing-thailand.com/Gallery/Traditional_Thai_House.jpg
Figura 10 - Templo do Buda Esmeralda Fonte: http://www.into-asia.com/photos/bangkok/watphrakaew/spireslawn.jpg
2.3 O MUAY THAI
O Muay Thai é uma arte marcial muito antiga que se distingue das outras artes marciais por utilizar todo o corpo como arma. Abaixo uma melhor definição do que é o boxe tailandês:
Muay Thai é uma arte marcial e um método de defesa pessoal, com regras diferentes do boxe internacional. No boxe tailandês, nenhuma parte do corpo fica inativa. Tanto força quanto força de vontade e inteligência são qualidades necessárias que todo boxeador deve possuir. Todos os boxeadores também devem ser ágeis em combates um contra um, e sem uso de armas devem ser capazes de lutar com ferocidade (KRAITUS, 1988, p. 15).
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2.3.1 História do Muay Thai
Segundo Alvez e Mariano, a origem do Muay Thai se confunde com a da própria Tailândia, pois buscando por liberdade e terras férteis o povo tailandês deslocou-se em um longo e lento movimento migratório e tinham que lidar muitas vezes com inimigos bandoleiros e animais, por isso criaram um método de defesa denominado Chupasart, que utiliza armas tais como espadas, e lanças. Porem devido a o grande número de acidentes muitas vezes mortais durante os treinos, os tailandeses começaram a desenvolver um sistema de defesa sem armas, mas não por isso menos violento e essa nova arte marcial foi desenvolvida até chegar a ser o boxe tailandês que temos nos dias de hoje. A origem chinesa que forma o povo tailandês obviamente teve influencia sobre o desenvolvimento dessa arte marcial, inicialmente era parecida com o Kung Fu chinês, usando golpes com as pontas das mãos, mas foi se modificando ao passar dos anos até que a arte marcial só conter golpes com a mão fechada (ALVEZ; MARIANO, 2007). A popularização e a prática do Muay Thai no seu país de origem começaram de verdade no período do Rei Phra Chao Sua, mais conhecido como Rei Tigre, que foi um dos maiores lutadores da sua época. Como rei tornou obrigatória a prática do esporte nas escolas de todo o país. Ao longo do seu desenvolvimento foram feitas varias implementações a luta as quais previam melhorar a segurança do usuário, pois no inicio da luta ela era feita sem quaisquer equipamentos de segurança, por exemplo, usavam crina de cavalo nas mãos ou tiras de cânhamo, como protetor genital usava cascas de cocos. Mas esse desenvolvimento atingiu um status significativo em 1920, quando o Muay Thai começou a usar algumas regras do Boxe Inglês, a fim de terminar com as inúmeras lesões que os praticantes sofreram ao longo dos anos devido aos equipamentos de defesa menos adequados. Podemos citar o uso de luvas obrigatório em competições, divisão dos lutadores em categorias de pesos, intervalos e árbitros, desse ponto em diante que o Muay Thai também ficou conhecido como Boxe Tailandês. E é assim que o temos até hoje.
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2.3.2 Equipamentos de treino
A pesquisa destes equipamentos tem como intuito explorar e compreender melhor as táticas de treino hoje existentes, aqui também se encontra uma pesquisa dos materiais utilizados e peso dos equipamentos. Ela foi realizada com os equipamentos da academia Boxe Thai, e com pesquisa em lojas da região da grande Florianópolis. Os equipamentos de treino tem como utilidade o aprendizado de diferentes técnicas que são necessárias para todo o lutador. Um praticante que nunca lutou não pode entrar de cara em uma luta, ele tem que ter uma preparação que contem coordenação treino de defesa, criar fôlego, entre outras habilidades. Para ver um pouco dos treinos e equipamentos favor ver o vídeo 1. A seguir uma breve descrição dos produtos de treino mais utilizados no boxe tailandês. Esses dados foram adquiridos através da exploração de contato com fabricantes e contato com os produtos.
2.3.2.1 Manopla de foco
Esse equipamento é usado para treino apenas de socos onde a grande movimentação. Encaixe para as mãos anatômico, colocado como se fosse uma luva, mas a palma das mãos fica aberta.
Figura 11 - Manopla de Foco Fonte: Arquivo Pessoal
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O enchimento do equipamento é de EVA e alguns contam também com esponja plástica para aliviar o impacto para o treinador. Esse equipamento pesa em média 500 gramas. Os preços encontrados variam de 70 a 120 reais.
2.3.2.2 Aparador de chutes
Equipamento usado para treinos com combinação de socos e chutes onde a grande movimentação. Conta com três ou dois encaixes para o braço sendo um para a mão e dois velcros ou com furação como se fosse um cinto para fixar os antebraços.
Figura 12 - Aparador de Chutes Fonte: Arquivo Pessoal
Dentre os enchimentos os mais utilizados são placas de EVA e um sistema de ar comprimido feito com PS1800, à diferença entre os dois aparadores é encontrada no peso sendo que o aparador de ar comprimido tem em média 1kilo gramas enquanto o de EVA tem 2,5 quilogramas. O revestimento é feito de couro sintético de espessura que varia de produtor para produtor. Os preços encontrados ficam entre 90 e 120 reais.
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2.3.2.3 Escudo de chutes
Equipamento utilizado somente para prática de chutes onde há utilização de grande quantidade de força física. Os encaixes para mãos são muito variados, em geral são feitos por meio de cordas costuradas na parte traseira do escuto.
Figura 13 - Escudo de Chutes Fonte: Arquivo Pessoal
Os enchimentos mais utilizados são placas de EVA e um sistema de ar comprimido feito com OS1800, à diferença entre os dois aparadores é encontrada no peso sendo que, o aparador de ar comprimido tem em média 2,6 quilogramas enquanto o de EVA tem aproximadamente 5,6 quilogramas. O revestimento é feito de couro sintético de espessura que varia de produtor para produtor. Preço médio de 130 reais.
2.3.2.4 Raquete para chutes
Esse equipamento é utilizado para treino de chutes laterais de todas as alturas, onde a técnica associada à velocidade é a principal função do equipamento. A pega da raquete é feita no cabo do equipamento e ele ainda conta com uma corda de segurança que deve ser utilizada em volta do pulso para evitar que o equipamento caia durante uma seção de chutes. Existem duas versões desse produto a raquete normal e a raquete dupla, essa ultima tem uma divisão
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na parte de impacto do chute, o que faz com que tenha um som de impacto mais alto, pois durante a execução dos golpes as duas partes se chocam.
Figura 14 - Raquete de Chutes Fonte: Arquivo Pessoal
A composição interna da raquete é dada por uma serie de materiais sobrepostos dentre eles: plástico, espuma, borracha e uma fina placa de madeira, o equipamento pesa em media 500 gramas. O revestimento é feito de couro sintético de espessura que varia de produtor para produtor. Preço médio de 30 reais.
2.3.2.5 Punching Ball
Equipamento específico para desenvolvimento de velocidade e precisão dos golpes, por via de socos com tempo preciso o saco recua e quando volta deve receber outro golpe e assim por diante. O equipamento fica preso por um gancho no teto. Também a outro modelo que fica suspenso em por duas cordas uma no teto e uma outra no chão que tem a mesma finalidade.
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Figura 15 - Punching Balls Fonte: Arquivo Pessoal
O revestimento é de couro sintético e no interior se encontra uma câmera de borracha a ser inflada para uso do equipamento. Preço médio de 50 reais para o modelo teto solo e teto. O modelo similar ao saco de pancadas custa em media 400 reais.
2.3.2.6 Saco de pancadas para Muay Thai
O saco pancada para Muay Thai possui 183cm, sendo maior em altura em relação aos sacos de boxe para poder executar alem de socos, chutes e joelhadas.
Figura 16 - Saco de Pancada para Muay Thai Fonte: Arquivo Pessoal
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A composição interna do saco varia de pessoa para pessoa porque o saco é vendido vazio, recomenda-se encher com retalho de tecido e tiras de borracha, ele deve pesar no máximo 50 quilogramas. Revestido com couro e nylon de alta resistência e qualidade. Os preços variam de 400 a 750 reais.
2.3.2.7 Equipamentos adaptados
Alem dos equipamentos produzidos especificamente para treinos de Muay Thai também são utilizadas outras ferramentas, como nesse grupo encontramos acessórios como os alteres e elásticos. Os alteres são utilizados para fazer sombra eles tem como função principal fazer o lutador conseguir manter a posição de defesa por mais tempo por meio de peso extra nas mãos logo durante um treino onde haverá uma luta com outro praticante, conseguiria se manter a guarda elevada por mais tempo. Como maior desvantagem desse modo de treino tem-se as lesões e acumulo de dor nos ombros e nas costas, essas lesões tem como causa o impulsiona mento do peso, uma vez que o a massa esta em movimento ela não para até uma força contraria a faça parar no caso as costas e ombro.
Figura 17 - Pesinho Fonte: Arquivo Pessoal
Assim como o pesinho os elásticos servem para fazer sombra, são os equipamentos perfeitos para fazer fortalecimento dos músculos uma vez que eles não causam impactos ao corpo, fazendo um movimento isométrico, porem os únicos golpes executados perfeitamente nesse sistema são o jab e o direto (pag. 27). Como principais desvantagens têm-se a falta de mobilidade uma vez que o pé tem segurar o elástico para ser esticado e o pulso é sempre forçado para baixo quando executados os golpes.
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Figura 18 - Elástico para Sombra Fonte: http://www.pretorianhardsports.com.br/#/produtos/
2.3.3 Comparação dos Atributos Técnicos dos Equipamentos
Para a comparação dos equipamentos escolhidos atributos dos produtos que envolvem questões relativas ao treino e questões relativas ao produto em si. Os equipamentos foram avaliados dentro da academia Boxe Thai, no centro de Florianópolis, pelo mestre de Muay Thai Pedro Paulo de Jesus e pelo praticante Rodrigo Biz da Silva. Os atributos relativos ao treino são: a movimentação do lutador, o impacto recebido pelo corpo ao se realizar a tarefa e a variedade de golpes que podem ser utilizados em determinado equipamento. Os atributos do produto são: ergonomia que inclui a facilidade de uso e pega apropriada e a durabilidade que prevê a vida útil do produto. O sistema de medição é de “1” a “3” sendo: 1 ruim, 2 médio, 3 ótimo. A pontuação mínima fica sendo 5 e a máxima 15. A contagem do impacto é feita de forma que quanto menor impacto ao corpo maior a nota.
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Tabela 1 - Comparação dos Atributos Técnicos dos Equipamentos Equipamento
Movimentação
Impacto
Variedade de Golpes
Ergonomia
Durabilidade
Total
Raquete
1
3
2
1
1
8
Saco de Pancada
2
1
3
2
3
11
Manopla de Foco
3
1
2
2
3
11
Manopla de Chute
3
1
3
1
1
9
Escudo de Chute
1
1
1
1
2
6
Punch Balls
2
3
1
3
3
12
Pesos
3
1
2
1
3
10
Elásticos
3
3
1
1
1
9
Fonte: Do autor (2008)
A movimentação é a liberdade de movimentos que o praticante dispõe durante o treino fazendo o treino ficar mais parecido a uma luta real, onde pode se esquivar, andar, golpear. Podem ser visto na tabela acima que os equipamentos de treino em sua maioria têm problemas com impactos no que diz respeito ao corpo da pessoa o qual executou o golpe, pois essa força decorrida do golpe ao encontrar uma superfície rígida tende a ser absorvida pelo corpo sendo uma das causas que geram lesões. A variedade de golpes é contada da seguinte forma, 1 executa somente chutes ou socos de específicos, 2 para todos chutes ou socos, e 3 para todos chutes e socos. A variedade de golpes é importante para a variedade de treinos que podem ser executados com um mesmo equipamento, fator decisivo na compra de novos equipamentos de artes marciais. O equipamento que apresentou um maior resultado foi o Punch Ball que é um equipamento para usuários avançados, porque ele trabalha com aspectos de tempo de resposta de soco e esquivas, em alta velocidade. Os equipamentos adequados a iniciantes devem ser os que contem menor quantidade de impacto um trabalho gradativo preparando o corpo para receber impactos mais fortes, porem esses equipamentos tiraram as notas mais baixas.
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2.3.4 Análise do Mercado de Equipamentos de Muay Thai
Foi realizada uma pesquisa em algumas lojas de esporte de esporte na região da grande Florianópolis dentre elas a Centauro, a Piere Sport, e ainda foram visitados diversos sites nacionais como o site www.corpoperfeito.com.br e internacionais, por exemplo, www.muaythaistuff.com de equipamentos para treino. Os equipamentos de treino são de fundamental utilidade para treinamento e aperfeiçoamento de atletas e praticantes do Muay Thai, devido à expansão que esse mercado vem sofrendo o Brasil não dispõe de empresas suficientes para suprir a demanda nacional. Existem três empresas mais conhecidas aqui no Brasil, a Pretorian que é uma empresa criada há pouco tempo, a FightBrasil que já é uma empresa veterana no país e a MSK que é na verdade a revendedora oficial dos produtos de artes marciais da Nike. Os produtos brasileiros dispõem uma qualidade muitas vezes equivalente a dos importados e devido aos autos impostos cobrados no país o produto nacional leva uma vantagem no quesito preço em relação aos produtos internacionais. È importante ressaltar que os equipamentos de treinos fabricados e utilizados aqui no Brasil são os mesmos encontrados em todo mundo. Sendo que são feitas algumas modificações nos equipamentos existentes os deixando mais ergonômicos ou esteticamente mais agradáveis aos usuários. Os equipamentos internacionais contam com alguns diferenciais para chamar a atenção do consumidor, por exemplo: na parte estética, como as luvas da Twins que tem pinturas diferentes no couro, os equipamentos da marca Rival que contem uma série de melhorias ergonômicas em relação aos concorrentes, a Thaismai que é a empresa de equipamentos da Tailândia, também existem marcas que inspiram confiança ao consumidor, pois estão no mercado há um tempo a mais de 20 anos sempre trazendo produtos de qualidade: RAJA e a KING. Foi constatado que não existe uma fabricação um ponto de venda direcionado diretamente para o Muay Thai na capital, os equipamentos comercializados no Brasil são vendidos como acessórios de taekwondo e de boxe inglês, diferente das lojas estrangeiras que vendem o equipamento como sendo para prática do boxe tailandês. Em nenhuma das lojas brasileiras, virtuais e da capital, foram encontrados acessórios vendidos com apelo para o mercado do Muay Thai.
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2.3.5 Análise dos Principais Golpes
Essa análise tem como intuito descrever os principais movimentos do boxe tailandês para ajudar no desenvolvimento de produtos mais apropriados para os treinos. Os movimentos aqui contidos são os básicos de luta sendo que o esporte conta com uma imensa variedade de golpes. Essa analise tem como o objetivo o desenvolvimento de equipamentos os quais possam utilizar grandes quantidades dos golpes desta arte marcial. Essa análise conta com uma explicação detalhada dos golpes e logo após resumidamente explica o movimento que o corpo desempenha para realizar os movimentos corretamente. É importante notar na descrição dos golpes a seguir que nenhum golpe é dado somente com uma parte do corpo, mas o corpo trabalha como um conjunto com intuito de conseguir golpes mais eficientes. Primeiro uma breve explicação da posição de base, ou posição inicial, seguindo então para os principais movimentos, estes que estão divididos em quatro grupos: punhos, cotovelos, joelhos e pés. Seguido por uma explicação de defesa básica. Os movimentos a seguir são expostos para pessoas destras ou que possuam maior força no braço direito, porem os golpes também pode ser usado por praticantes canhotos somente acontece à mudança de base. As descrições de todos os golpes aqui apresentados foram feitos a partir de pesquisa de campo na Academia Boxe Thai onde foram averiguados quais seriam os principais golpes e junta de pesquisa bibliográfica pelo livro: Muay Thai - The Most Distinguished Art of Fighting, que conta com uma explicação mais detalhada dos mesmos. Como o golpe executa um movimento que utiliza todo o corpo e esses movimentos estão descritos nos tópicos abaixo e com fotos, mas como a foto é uma imagem estática a compreensão do movimento ainda pode ficar comprometida, por isso foi gravado um vídeo do teste de graduação da academia Boxe Thai de alunos mais graduados, para demonstração dos golpes, ver vídeo numero 2.
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2.3.5.1 Posição de Base
Posição inicial de luta consiste em manter o lutador em uma base que lhe possibilite executar todos os movimentos praticados no esporte de modo eficiente e também se defender. Para começar o lutador deve separar as pernas a uma distancia agradável na qual ele possa manter um bom equilíbrio, é sugerido deixar as pernas pelo menos na distancia dos ombros, sendo que a perna esquerda fica um pouco a frente do corpo, e a perna da direita um pouco para trás, isto é, se o lutador for destro ou tiver mais força no braço direito, as distancias nesse sentido variam sendo que as pernas devem ficar de modo que o praticante tenha um melhor equilíbrio para conseguir aparar os golpes, apesar do posicionamento das pernas o lutador não luta de lado mais sim de frente para o adversário. Do mesmo modo que as pernas devem ficar os punhos, o esquerdo mais a frente e o direito mais atrás, no caso ao lado do rosto, mantenha os braços flexionados juntos a frente do peito, de modo que os punhos fiquem rentes ao seu nariz, para finalizar a pose se deve manter as costas levemente flexionadas para manter o rosto melhor protegido entre os punhos e o abdômen mais rígido e afastado do oponente.
Figura 19 - Posição de base Fonte: Arquivo Pessoal
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2.3.5.2 Punhos
Há muito tempo atrás quando não havia nenhuma tecnologia voltada para defesa pessoal os homens utilizavam as ferramentas que lhes foram dadas pela natureza para se proteger e a mais utilizada dentre elas são os punhos. Os golpes com os punhos podem ser dados de dois modos conhecidos como: o único golpe ou a combinação de golpes. O primeiro é usado apenas para achar um alvo marcar a distancia dos oponentes e o segundo é onde os socos seguem após o primeiro caso tenha encontrado essa brecha. É importante ressaltar que os braços nunca devem ser levados para a parte traseira das costas, mesmo que o objetivo seja ganhar maior força no golpe uma vez que isso o deixaria desprotegido.
Jab - O jab é um soco com a mão que se encontra mais a frente na base, ele serve para irritar o adversário, não sendo um soco muito poderoso ele é excelente para distrair o inimigo enquanto você marca sua distancia. A partir da posição de base estica-se o braço esquerdo frontalmente ao mesmo tempo se da à impulsão virando o ombro. O ponto de impacto deve ser atingido um pouco antes de o braço ficar completamente esticado para ter um maior impacto.
Figura 20 - Jab Fonte: Arquivo Pessoal
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Direto - O direto é o soco com o punho que se encontra mais atrás na base. Ele é um soco mais pesado por ter uma distancia maior para percorrer até o oponente, conseqüentemente é um soco mais devagar e deve ser utilizado com precisão. A partir da posição de base estica-se o braço direito frontalmente ao mesmo tempo se da à impulsão virando o ombro, o quadril e o pé direito para a esquerda. O ponto de impacto deve ser atingido um pouco antes de o braço ficar completamente esticado. Como pode ser percebido na foto o soco utiliza todo o corpo para ser executado corretamente.
Figura 21 - Direto Fonte: Arquivo Pessoal
Cruzado - O cruzado é um golpe de caráter lateral e pode ser executado a curta e média distancia do oponente, é um golpe mais forte e complexo que o direto uma vez que ele possa jogar todo o peso do corpo quando executado corretamente. O modo correto de se executar o cruzado é o mais compacto possível, então da posição de base deve estica-se o braço frontalmente, quando o braço estiver atingindo um ângulo de 90° eleve o cotovelo lateralmente de modo que o soco tome um caráter lateral, então se faz um impulso virando o ombro, o quadril e o pé direito para a esquerda, caso esteja usando o pé esquerdo ele vira para a direita. O soco deve atingir a lateral do oponente, o alvo pode ser o rosto ou as costelas.
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Figura 22 - Cruzado Fonte: Arquivo Pessoal
Upper - O Upper, também conhecido como gancho, é um golpe frontal que é executado de baixo para cima. Ele é junto com o cruzado o golpe mais poderoso executado com os punhos, pode ser executado a curta e média distancia, tendo como alvo a parte inferior do queixo do adversário. Esse golpe pode deixar a pessoa que o executa com a guarda aberta devido a necessidade de se abaixar um pouco o braço para pegar impulso e conseguir um bom impacto, mas deve se levar em consideração que os movimentos devem ser o mais compactos possíveis. A execução desse golpe começa na pose de base logo abaixa-se o ombro e o impulsiona para frente quando a mão estiver em um nível abaixo do queixo do oponente impulsiona-se o braço todo para cima e para frente, caso esteja usando o pé esquerdo ele vira para a direita. Para o movimento de volta recolhe-se o braço à medida que volta todo resto a posição de base.
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Figura 23 - Upper Fonte: Arquivo Pessoal
2.3.5.3 Cotovelos
É nítido o poder de uma cotovelada, esse membro do corpo executa golpes muito fortes, mas devido distancia do ombro do tórax todos os golpes só podem ser executados a curta distancia. Podemos comparar uma cotovelada com uma espada afiada porque quando bem executada pode produzir cortes, devido a isso muitas academias preferem não treinar este movimento. Esse é um golpe de difícil acerto dependendo muito de oportunidades e tempo apropriados durante uma luta.
Cotovelada lateral - A cotovelada lateral é a mais utilizada das cotoveladas, pois ela é a de mais fácil e rápida execução, produz cortes nas áreas que sem encontram em volta do olho do adversário quando acertadas. Esse para fazer este golpe deve se projetar o cotovelo para a lateral do corpo, quando o braço estiver na altura do ombro e o ângulo entre o braço e o antebraço estiver em ângulo de 90° com o braço impulsione o ombro para frente juntamente com virando as costas, para completar o movimento circular, no final do movimento o seu cotovelo deve se encontrar diante de seu rosto e a mão ao lado oposto do braço que executou o golpe.
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Figura 24 - Cotovelada Lateral Fonte: Arquivo Pessoal
Cotovelada superior - O objetivo da cotovelada superior é atingir a parte superior da cabeça do oponente após o impacto inicial o cotovelo continua indo para baixo podendo acertar outras áreas da cabeça como teste e nariz. Começando posição de base eleva-se o cotovelo frontalmente, com a ajuda das costas para dar mais alcance. O cotovelo deve estar acima altura da cabeça do seu adversário, neste momento abaixa-se o cotovelo com ajuda do ombro e das suas costas para dar mais peso e alcance ao golpe.
Figura 25 - Cotovelada Superior Fonte: Arquivo Pessoal
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Cotovelada inferior - Do mesmo modo que um upper a cotovelada inferior tem como ponto de impacto a parte inferior do queixo do adversário, porem esse golpe tem muito mais potente. Para o movimento correto da posição de base abaixa-se o ombro com o qual executar a cotovelada, então eleve o ombro com o braço flexionado, quando o punho estiver para atingir o adversário recolhe-se a este de modo que o cotovelo tome o lugar do punho, no final do golpe o cotovelo deve estar na altura do queixo do oponente e seu punho ao lado da sua cabeça, encima do ombro que executou o golpe.
Figura 26 - Cotovelada Inferior Fonte: Arquivo Pessoal
2.3.5.4 Joelhos
É considerada uma arma letal, são golpes violentos e poderosos assim como a cotovelada, mas também dispõe dos mesmos pontos negativos: bom tempo e aproveitar as oportunidades para serem usadas com todo seu potencial. As joelhadas são os golpes que mais se destacam no Muay Thai devido a sua eficiência. Elas são usadas principalmente quando os lutadores estão grudados a isso se da o nome de: clinch. O clinch é considerado uma arma de ataque e defesa uma vez que utilizado corretamente permite ao praticante da arte marcial conduzir o adversário para onde de quer no ringue e aplicar golpes mais facilmente.
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Joelhada Frontal - A joelhada frontal é a mais utilizada e mais eficiente das joelhadas tem como objetivo diminuir a força do adversário utilizando golpes consecutivos no abdômen, mas de a joelhada atingir o ponto onde terminam as costelas pode provocar falta de ar ao adversário o deixando mais suscetível a outros golpes. A execução do golpe se da a partir da posição de base logo comece a elevar o joelho traseiro, juntamente com a projeção do quadril para frente, até a altura do abdômen do oponente, no recolhimento da perna puxa-se o joelho próximo ao peito e então volta à perna para a posição de base. É importante manter o pé rente a perna durante toda execução do golpe para evitar lesões em contato com o oponente.
Figura 27 - Joelhada Frontal Fonte: Arquivo Pessoal
Joelhada Lateral - A joelhada lateral acerta as laterais das costelas do adversário esse golpe tem como objetivo diminuir a resistência do adversário para deixá-lo mais suscetível a golpes. Executa-se ele a partir da posição de base então se realiza a elevação do joelho traseiro lateralmente, juntamente com a elevação do quadril para frente, de modo que o joelho atinja a lateral do abdômen do adversário, no recolhimento da perna puxa-se o joelho próximo ao peito e então volta à perna para a posição de base. É importante manter o pé rente a perna durante toda execução do golpe para evitar torções durante o contato.
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Figura 28 - Joelhada lateral Fonte: Arquivo Pessoal
2.3.5.5 Pés
Após os socos os chutes são os artifícios de luta mais utilizados no Muay Thai. Potentes, rápidos muito utilizados no final de combinações de socos. Devido à variedade de chutes podem ser usados em diversas distancias. Todo chute tem uma posição de arranque no qual se eleva o joelho primeiro para depois executar o chute. Vide a foto a seguir:
Figura 29 - Movimento de Arranque do Chute Fonte: Arquivo Pessoal
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Chute Frontal - O chute frontal é um chute realizado com a planta do pé, ele procura fazer uma distancia entre a pessoa que o executou e a que recebeu o golpe, isso serve para criarem-se oportunidades de ataque e também pode ser utilizado como defesa. Primeiramente esteja na posição de base a partir daí execute o movimento de arranque, então estique a perna com o pé em posição perpendicular a perna, juntamente com a impulsão do quadril para frente a fim de causar o impacto no alvo que pode ser o abdômen, peito ou cabeça do adversário.
Figura 30 - Chute Frontal Fonte: Arquivo Pessoal
Chute Lateral - O chute lateral é o mais utilizado nas lutas hoje em dia, por causa da sua facilidade de uso após ser aprendido e impacto forte a longas distancias. Ele pode ser usado em alturas variadas, por isso podemos dividir o chute lateral em baixo, médio e alto. Para executar o golpe primeiramente esteja na pose inicial então execute o movimento de arranque, enquanto isso vire a perna e o pé frontal assim como todo o corpo para a direita enquanto se estica a perna. O golpe tem uma série de alvos como: a panturrilha, coxa, abdômen, costela e o rosto. Para voltar à posição inicial usa-se o impulso do impacto e então se retroceda a perna lateralmente a base inicial, caso você erre o golpe recomenda-se dar um giro completo para então voltar à posição de base.
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Figura 31 - Chute Lateral Fonte: Arquivo Pessoal
2.3.5.6 Movimentos de Defesa
Assim como existe uma grande variedade de golpes existe uma grande variedade de defesas, a seguir serรฃo mostrados os movimentos de defesa bรกsicos. Para defesa de ataques e frontais se junta os antebraรงos em frente ao rosto e ao peito de modo que os dedos fiquem de frente ao seu rosto.
Figura 32 - Defesa de Socos Frontais Fonte: Arquivo Pessoal
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Para ataques laterais é feito o levantamento do braço ainda flexionado a fim de proteger a lateral do rosto, se o ataque lateral for em direção ao abdômen jogue o cotovelo um pouco para trás, mas não muito para não deixar o seu rosto desprotegido.
Figura 33 - Defesa de Socos Laterais Fonte: Arquivo Pessoal
Para defesa de chutes laterais usa-se a perna correspondente ao lado que o golpe foi executado pelo seu oponente, sendo que a perna se encontra flexionada e próximo ao corpo esse tipo de movimento é usado contra chutes laterais baixos, contra médios e altos há o auxilio dos braços juntos acompanhando a perna, pois você não tem completa certeza do local de impacto do chute. Para a defesa de chutes frontais usam-se também os braços cerrados porem o melhor jeito é a esquiva, mas caso seja inevitável projete o ponto de impacto para traz para diminuir a potencia do golpe e sempre mantenha o abdômen rígido.
Figura 34 - Defesa de Chutes Laterais Fonte: Arquivo Pessoal
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Defesas de cotoveladas e joelhadas são geralmente pouco eficazes devido a proximidade dos golpes, a melhor maneira de defendê-los é não deixar oportunidades para o oponente usá-los. Alem de aparar os golpes também existe sempre a possibilidade de esquivar-se e utilizar contra golpes, que servem para parar a seqüência do oponente, porem esses movimentos requerem um maior grau de habilidade durante um combate.
2.3.6 Pesquisa de Campo com Praticantes de Muay Thai
Foram realizadas 32 entrevistas, por meio de um questionário, com praticantes do Muay Thai em Florianópolis, sendo 24 homens e 8 mulheres com idade entre 15 a 45 anos. Com essa pesquisa podemos constatar uma série de preferências, desejos e problemas percebidos pelos praticantes. A primeira pergunta do questionário é referente ao tempo que praticam o esporte, os resultados apontam para um desinteresse pelo esporte depois de um ano de treino.
Gráfico 1 - Tempo de prática dos entrevistados Fonte: Do autor 2008
Das pessoas entrevistadas 25% praticam o esporte a menos de 6 meses o que indica uma boa entrada de alunos, mas como podemos ver na tabela esse interesse pelo esporte diminui no período de 6 meses a 1 ano e mais drasticamente no período de 1 ano a 2 anos. Os alunos que passam desses 2 anos acabam virando praticantes fixos da academia e constituem 50% do público desta academia. Há uma série de razões que podem influenciar na desistência da pratica deste esporte, como por exemplo: treinos repetitivos e lesões.
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Em seguida foi perguntado o que você mais gosta de treinar? Os resultados mostraram uma clara vantagem para socos e chutes. Essa vantagem se da pela quantidade de treinos dos mesmos, pois existe uma maior facilidade de se treinar esses movimentos devido a menores chances de lesões e maior quantidade de equipamentos de treino disponíveis no mercado.
Gráfico 2 - Treino preferido Fonte: Do autor 2008
Em seguida temos a questão oposta. Qual do treino que sentem mais dificuldade? Essa pergunta corresponde às áreas que mais tem necessidade de produtos para ajudar no desenvolvimento de movimentos com mais técnica.
Gráfico 3 - Treino que encontra mais dificuldade Fonte: Do autor 2008
Juntando as informações dos gráficos dois e três podemos afirmar com maior certeza que a falta de equipamentos próprios para treino de determinados golpes afeta o aprendizado do aluno, visto que os treinos que as pessoas mais gostam são de socos e chutes, muito a
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frente de joelhadas e cotoveladas, e os treinos que as pessoas têm mais dificuldades são os de chutes e joelhadas seguido de perto cotoveladas. Os punhos são a parte do corpo que mais dispõe de equipamentos próprios e com qualidade para treino. Esses produtos já têm um maior tempo de mercado porque foram introduzidos junto com o boxe inglês, que usa somente os punhos para lutar, assim tendo uma maior quantidade de equipamentos desenvolvidos para os mesmos. Foi então perguntado aos praticantes para qual tipo de treino existe a maior ausência de equipamentos adequados?
Gráfico 4 - Falta de equipamentos adequados Fonte: Do autor 2008
O gráfico 4 confirma a afirmativa feita no parágrafo acima mostrando que os treinos que contem um menor número de equipamentos adequados ou equipamentos quaisquer são mais difíceis de aprender e gostar. Os alunos que responderam “nada” estão divididos entre: veteranos e os recém chegados. Os veteranos acreditam que já existe tudo o que podia ser criado e não há nada para se melhorar e os novatos falaram que não souberam responder por que treinam há muito pouco tempo. Mas alem de quantidade é importante evidenciar a qualidade dos equipamentos, facilidade de uso e ergonomia. Tendo isso em vista é bom saber quantos dos alunos já foram corrigidos mais de uma vez pelo mestre sobre como utilizar um mesmo equipamento.
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Gráfico 5 - Correções sobre uso do equipamento mais de uma vez Fonte: Do autor 2008
Essa é uma necessidade de projeto grande, criar equipamentos de uso mais intuitivo, para evitar o uso errado constante, porque este atrapalha as aulas, pode gerar lesões e até mesmo quebra de alguns equipamentos. Tendo isso em vista foi perguntado aos praticantes de Muay Thai se já machucaram alguém ou já se machucaram durante o treino.
Gráfico 6 - Pessoas que já se lesionaram ou machucaram outros durante o treino Fonte: Do autor 2008
As quantidades de pessoas que já se lesionaram são grandes, para aprofundar um pouco a pesquisa foi perguntado aos praticantes no que exatamente eles se machucaram: 63% sofreram acidentes durante uma luva, que é uma luta, mas bem de leve, com outro aluno, 20%
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se machucaram durante treino com uso de equipamentos e os outros 17% foram em corridas, excesso de treino, e torções devido ao tatame. Finalmente foi perguntado aos praticantes se a criação de novos equipamentos poderia beneficiar a prática do boxe tailandês.
Gráfico 7 - Criação de novos equipamentos para pratica de Muay Thai Fonte: Do autor 2008
Com 91% das respostas positivas os praticantes em sua maioria acreditam e desejam a criação de novos e melhores equipamentos de treino, seja para facilitar o treino, torná-lo mais dinâmico, mais desafiador ou divertido. Alem de ajudar os novos alunos e dando novos modos de praticar, prevê para os veteranos métodos de aperfeiçoamento dos golpes, ajudando as academias a crescerem, via fixação dos novos alunos.
2.4 LESÕES ESPORTIVAS
O fator de impactos infligidos ao corpo ou lesões, foi feito a partir de pesquisa bibliográfica em diversos autores da área da educação física, dentre monografias e livros. “Lesão é o dano, causado por trauma físico, sofrido pelos tecidos do corpo”. (WHITING; ZERNICKE, 2001, p. 2). Para Massada (1985):
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As lesões reduzem-se a dois tipos, dependendo de sua causa. Há aquelas que resultam de excesso e aquelas que resultam de um trauma. As lesões por excesso instalam-se normalmente aos poucos e não tem nada a ver com pancada ou torção. São de difícil diagnostico e tratamento, devendo ser tratadas, na maioria dos casos, por profissionais, como médicos e fisioterapeutas. Aquelas provocadas por traumas, como o próprio nome indica, geralmente instala-se de maneira aguda, sendo provocados por chute, uma pancada brusca ou um movimento repentino do corpo.
No boxe tailandês podem existir os dois problemas descritos por Massada, sendo que durante os treinos há grande quantidade de impactos e repetição de movimentos. Como em qualquer outro esporte o Muay Thai tem o seu professor, no caso mestre, que é alguém qualificado e experiente no esporte para dar ensinamentos sobre a arte marcial, este ajuda a prevenir que lesões ocorram ao ensinar os movimentos corretamente diminuindo assim à chance de um aluno se machucar. Então, Hollmann (1995), cita que a formação e a competência profissional são determinantes para a qualidade das atividades prescritas aos praticantes, pois são várias as causas que determinam o surgimento da lesão. Sendo que a fadiga dos tecidos músculos-esqueléticos na maioria das vezes esta associado à quantidade e a qualidade do trabalho em questão. Mostrando que o papel do profissional da modalidade é determinante, pois ele é que vai desenvolver e aplicar o trabalho. Alem do professor a outros fatores que ajudam a evitar lesões tais como: equipamentos de treino, equipamentos de proteção e o bom senso do aluno. O corpo é um mediador de toda a experiência, quer seja a nível psíquico ou a nível físico propriamente dito, ele é propicio a adaptações sejam elas boas ou ruins a isso se da o nome de memória seletiva, na qual o corpo deixa passar como despercebido em situações rotineiras. Na prática de esportes o atleta aprende a conviver com a dor e por isso não reclama e muitas vezes podem gerar futuras lesões. “Lesões relativamente pequenas que são ignoradas podem, com as cargas ou os insultos repetidos, progredir para lesões mais graves”. (WHITING; ZERNICKE, 2001, p. 108-9). O elemento fundamental nas lesões é a força, e quanto maior for o momento de força, maior será o potencial de induzir a uma lesão. Este momento é representado pela massa multiplicada à velocidade. Neste sentido, a lesão ocorre quando as forças aplicadas durante um impacto ultrapassam a capacidade dos tecidos em suportar esta força (WHITING; ZERNICKE, 2001). Entre os principais mecanismos responsáveis pelas lesões estão contato ou impacto, sobrecarga dinâmica, uso excessivo, vulnerabilidade estrutural, inflexibilidade, desequilíbrio muscular e crescimento rápido (WHITING; ZERNICKE, 2001).
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2.4.1 Psicologia da Lesão
O fator psicológico da lesão tem fundamental importância, pois esse que define a vontade do atleta praticar um esporte. Algumas teorias têm sido utilizadas para explicar as respostas psicológicas às lesões e ao processo de cura do esportista lesionado, um dos modelos mais aceitos é o de Grief Reaction, proposto por Kübler-Ross (1993), nesse estudo o atleta passa por cinco estágios emocionais: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. A negação é onde o praticante do esporte não quer acreditar no que aconteceu ou trata como se não fosse nada grave. Logo após a raiva, que é descontada nas pessoas a sua volta. A barganha onde o atleta negocia consigo mesmo, por exemplo: quando melhorar sempre pedirá ajuda quando necessário. A depressão devido à demora da melhora da lesão ou a falta de praticar algum esporte e finalmente a aceitação onde o atleta se encontra pronto e disposto para continuar a fazer a sua atividade física. Os cinco estágios emocionais somente acontecem caso o atleta realmente for voltar à atividade física em questão, por exemplo, pode-se chegar até a fase da depressão e simplesmente desistir de praticar o esporte novamente. Entretanto, observa-se que os desportistas se adaptam de formas diferentes a lesão e as manifestações emocionais, podendo elas serem aleatórias. Além disso, o impacto da lesão sobre o desportista depende do tipo da lesão, da situação e dos fatores pessoais.
2.4.2 Principais lesões em Socos
Os estudos relatados a seguir foram feitos em relação ao soco direto, mas podem ser utilizados como em relação aos socos em geral. Estes estudos foram feitos por Gilmar Jose Alves de Carvalho e podem ser encontrados com mais detalhes em sua monografia. Durante a execução de um soco a primeira parte afetada é a mão, mas essa não apresenta grandes problemas, pois desde a antiguidade se vê lutadores conseguindo quebrar blocos de gesso e telhas com as mãos quando isso parecem ser tarefas dificílimas, mas deve ser levado em consideração que os ossos podem resistir 40 vezes mais tensão por unidades de área que o concreto, se o praticante da arte marcial utilizar equipamentos adequados não deve ter maiores problemas com as mãos.
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O punho vem em seguida à mão, esse requer um cuidado maior, pois este tem sustentação por vários ligamentos e tendões com o antebraço. Quando é executado um soco o punho em geral consegue agüentar 80% da carga (WHITING; ZERNICKE, 2001). O que quer dizer que 20% da carga é recebida como dano ao pulso, além disso, há outro problema que diz respeito à inclinação do punho quando há um impacto que pode levar a lesões mais sérias. Seguindo encontramos o antebraço que não é uma área de grande preocupação em relação a lesões. Mais a frente temos o cotovelo, para evitar maiores problemas com ele é necessário ter o braço esticado na hora do impacto. Devido ao torque sobre esta articulação, quanto menor for o ângulo de extensão da articulação do cotovelo, maior será a tensão de cisalhamento desta articulação. Quanto mais flexionada esta articulação, maiores também serão as tensões de tração sobre os ligamentos. Com isto, também se deve estar atento as lesões provenientes de excessivas repetições, pois de modo geral, “a maioria das lesões do cotovelo correspondem a afecções por uso excessivo caracterizadas por degeneração tecidual progressiva”. (WHITING; ZERNICKE, 2001, p. 180). O próximo é o braço, este não encontra problemas com lesões provenientes da execução de um golpe. Diferente do braço, o ombro é o local onde se encontram a maior quantidade de casos de lesão devido à execução de golpes. Apesar disso o ombro possui algumas dentre as articulações com mais mobilidade no corpo e que também são bem resistentes. Executando o golpe com técnica correta podem evitar muitos problemas com lesões no ombro, uma vez que o ombro tenha que se encontrar praticamente em linha com o braço na hora do impacto. A lesão mais grave nessa parte do corpo seria o deslocamento da clavícula. “Essa lesão é denominada comumente de separação do ombro”. (WHITING; ZERNICKE, 2001, p. 168).
2.4.3 Principais lesões em Chutes
Dentre todos os chutes, o chute circular é o que apresentam os maiores problemas, pois esse tipo de golpe mexe muito a rotação do joelho que não é preparada para receber uma carga tão grande de peso, enquanto os outros chutes fazem uso apenas do impulso pélvico para frente e para trás, usando bem menos as articulações do joelho. Antes de falar de lesões vamos à definição do chute circular, segundo algumas autoridades no assunto: Fraccaroli (1981, p. 179), define: “O chute resulta de uma associação
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de diversos movimentos rotatórios das articulações dos membros inferiores, dando um movimento rotatório final de todo o corpo”. Barfield (1998, p.711), define: “o chute é um complexo movimento motor que segue geralmente prognosticando o desenvolvimento em estágios”. Segundo Rangel (1999 apud HAMIL; KNUTZEN, 2005, p. 11) os membros inferiores do corpo estão aptos a suportar altas forças. O quadril pode suportar até dez vezes o peso do seu corpo, porém com o joelho a situação é diferente sendo que ele não é apto a agüentar tanto peso, e que quando o joelho passa o seu limite de força ele cria micro lesões que vão se acumulando micro traumas. As lesões mais graves são aquelas causadas à perna de apoio, mais especificamente no joelho, pois esta tem que suportar a elevação do quadril, o movimento giratório e a volta do movimento giratório para a posição de base, enquanto a perna de apoio se encontra em contato com o chão fazendo atrito.
Figura 35 - Articulação do joelho com execução do Chute circular Fonte: (MACHADO, 2005).
A sua execução equivocada leva a um impacto articular, levando a futuras degenerações teciduais, e ou até lesões articulares.
2.4.4 Medidas para evitar lesões
Para evitar lesões existem algumas regras, primeiramente é importante você fazer um aquecimento completo, pois há necessidade de uma adequação fisiológica para maximizar a
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resistência mecânica do corpo. Treinar com equipamentos adequados: ataduras para as mãos, luvas, protetor bucal, proteção para perna entre outros. Praticar preferencialmente sobre a supervisão de uma profissional da área, pois ele lhe proporcionara posições corretas para execução dos golpes, ajudando assim a maximizar a força do golpe e também ajudando a evitar lesões. O mestre do Muay Thai também é responsável por prever períodos de descanso entre exercícios a fim de dar ao corpo o tempo necessário para reconstruir o tecido destruído antes de recomeçar o exercício. O treinamento deve ser gradativo, de modo que um iniciante do esporte lance menos força ao começar o seu treinamento e ir aumentando essa força com o tempo, porque para uma lesão o fator principal é a força. O mesmo se aplica a praticantes mais experientes que se distanciaram do esporte por algum tempo. Sendo que, quanto maior a tensão, menos repetições são necessárias para ocorrer uma lesão (MCGUINNIS, 2002). È importante ressaltar que manter uma regularidade no treinamento ou até mesmo atividades físicas diárias sem treinamento pode evitar possíveis lesões. Uma regularidade nas atividades também pode promover uma adaptação dos músculos. Esta adaptação ocorre principalmente com a hipertrofia, que representa um aumento das fibras individuais dentro do músculo (WHITING; ZERNICKE, 2001).
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3 ELABORAÇÃO
DAS
CARACTERISTICAS
CONCEITUAIS
DO
NOVO
SISTEMA
A metodologia utilizada foi a de Bürdek (2006), ela conta com quatro atributos que juntos melhor definem o produto: atributos técnicos, estéticos, simbólicos e de estilo.
3.1 ATRIBUTOS TÉCNICOS
Os equipamentos de treino para Muay Thai devem oferecer rápida e fácil utilização, serem confortáveis e comunicarem bem as suas funções para estabelecer uma relação mais intuitiva com os praticantes desse esporte. O ciclo de vida do sistema de produtos a serem projetados deve considerar uma escolha adequada dos materiais, processos de fabricação tendo em vista o aumento de desempenho desses produtos para suportar os constantes impactos. O aumento de qualidade vai propiciar mais longevidade ao produto, considerando que a principal questão é a segurança que sempre deve estar em primeiro lugar nos treinos.
3.2 ATRIBUTOS ESTÉTICOS
Os produtos devem conter atributos estéticos os quais auxiliem a concentração do usuário que é de suma importância durante os treinos. Por isso as formas devem ser simétricas e equilibradas. As cores devem ser lisas, com algum destaque nas áreas de utilização e impacto, tornando a utilização do equipamento mais intuitiva. Equipamentos de aparência rígida e quente fazendo referência ao Muay Thai.
3.3 ATRIBUTOS SIMBÓLICOS
O Muay Thai é uma arte marcial que apresenta uma série de fortes características entre elas estão: a ferocidade, a seriedade e a força. Fazendo assim com que os equipamentos
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de treino devam conter uma aparência agressiva essa sendo trabalhada nas ilustrações dos equipamentos e o caráter sério e forte representados pelos materiais e forma.
3.4 ATRIBUTOS DE ESTILO
Baseado nas escolhas feitas de projeto, o estilo utilizado para criação dos equipamentos é o modernismo. Esse estilo tem como definidos “10 mandamentos” (Lindiger, 1993), segundo eles os produtos ou sistemas de produtos devem seguir a uma serie de qualidades especificas: 1 – Alto uso pratico 2 – Segurança suficiente 3 – Longo prazo de vida e qualidade 4 – Adaptação ergonômica 5 – Personalidade técnica e formal 6 – Ligações com o contexto 7 – Amigável com o meio ambiente 8 – Visualização de uso 9 – Alta qualidade de configuração 10 – Estimulação sensorial e intelectual
3.5 GERAÇAO DE ALTERNATIVAS
O processo criativo realizado pode ser dividido em duas partes começou com um brainstorm, o qual junta todas as informações de contidas na pesquisa tendo como finalidade criar uma melhor forma de treino para os praticantes do Muay Thai. Segundo Baxter (2003), o brainstorming baseia-se no principio: “quanto mais idéias, melhor”. A segunda parte sendo o desenvolvimento de algumas das melhores idéias encontradas durante o brainstorm, para então escolher a alternativa final de projeto.
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Essa fase do projeto durou em média 4 semanas, o foram obtidas diversas alternativas dentre as quais: melhorias de equipamentos existentes e concepções de novos equipamentos. A seguir estão descritas as principais idéias resultadas desse processo criativo. A idéia inicial segue a linha de equipamentos existentes no mercado, os quais o praticante deve segurar um alvo enquanto o outro deve acertar os golpes pedidos pelo praticante que segura o equipamento, como por exemplo, a manopla de foco. Foi trabalhado primeiramente questões de forma, pois há necessidade de um equipamento que consiga executar adequadamente socos, chutes e joelhadas em um mesmo equipamento. Posteriormente estudaram-se modos de pega mais adequados para a forma desejada, essa deveria conter praticidade, facilidade de uso e conforto.
Figura 36 - Geração de Alternativa Manoplas Fonte: Arquivo Pessoal
Podem-se perceber ao olhar a imagem acima equipamentos que utilizam uma e de duas mãos. Equipamentos de uma mão têm como vantagem serem mais leves o que permite ao lutador uma maior movimentação, porem os modelos que utilizam as duas mãos permitem uma melhor recepção do impacto e uma maior variedade de golpes já que existe uma maior área para contato. Depois de avaliar os dois decidiu se trabalhar continuar somente com os modelos de duas mãos então juntamente com a forma começou o desenvolvimento de variados tipos de pega. Equipamentos que utilizam os dois braços em uma única peça tendem a deixar o usuário com uma desvantagem grande na hora de utilizar o equipamento, essa seria a impossibilidade de regulagem sem ter que tirar o aparelho das mãos. Sendo que o
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equipamento vai ser utilizado em uma academia de artes marciais é normal que existam diferentes tamanhos de pessoas que utilizaram os mesmos equipamentos, logo seria necessário criar uma pega na qual todo o usuário poderia utilizar o equipamento sem a necessidade de regulá-lo. A geração de alternativa relativa a pega começou com fitas esticadas que passavam por cima do ante-braço de diferentes formas, esse tipo de sistema já é conhecido das manoplas de chute nas quais o usuário pode inserir uma das mãos no equipamento enquanto utiliza a outra para afrouxá-lo ou apertá-lo dependendo da necessidade, mas como a proposta agora é trabalhar com um produto que utilize as duas mãos esse sistema não funcionaria apropriadamente. Logo surgiram algumas idéias de pegas adaptáveis as quais envolviam o braço.
Figura 37 - Trabalho de Pegas para Manoplas Fonte: Arquivo Pessoal
Na figura acima temos alguns modelos de pegas onde a fita fica solta e ao usuário ao tracionar a corda faz com que o equipamento todo se acople ao corpo. Foi então explorada a alternativa de trabalhar com laços e passadores, na qual o usuário do equipamento deveria manter os braços os mais próximos possíveis do centro do peito em ordem a deixar a corda fixamente envolta ao braço. Em outro modelo que priorizava um envolvimento do braço como um todo houve problemas com relação à fita, pois ela não conseguia se adaptar ao corpo, isso acontecia porque a costura quando feita com um ângulo de 90°, ou reta, fazia com que a fita desempenhasse curvas muito abruptas, uma costura feita em um ângulo de 60° consegue seguir a linha do braço e envolve-lo perfeitamente.
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Após escolhida às melhores alternativas de forma e pega foi realizada a confecção de um mock up testar se a idéia era funcional. Os aspectos a serem testados para poder prever se a idéias desenvolvidas funcionariam adequadamente foram: o tamanho do equipamento, a recepção do impacto e a pega. A partir disso foram feitas melhorias no projeto, mas mesmo assim após fazer testes de impacto o modelo não era resistente o suficiente para suportar impactos na parte que liga a bola a base do equipamento, mesmo que o material fosse mais resistente a forma não ajudaria o equipamento a suportar o impacto, por outro lado a pega se mostrou eficaz em equipamentos que utilizam as duas mãos.
Figura 38 - Mocup Escudo para Treino Fonte: Arquivo Pessoal
Juntamente com essas gerações descritas acima foram exploradas mais idéias relativas a novos modos de treinamentos, exercícios para trabalhar certos grupos musculares mais necessários na prática do boxe tailandês. Dentre esses o músculos dois importantes são o trapézio e as costas, a idéia inicial foi retirada de um antigo modo de treinamento no qual o lutador cortava toras de madeira com um machado pesado, os movimentos para puxar e jogar o machado consegue trabalhar muito bem todos os músculos das costa e dos ombros. Existem produtos adaptados como, por exemplo, mareta das em pneus de caminhão, mas esses não realizam um trabalho adequado uma vez que o pneu tem propriedades elásticas fazendo assim o martelo ganhar impulso na sua volta e perdendo uma boa parte do trabalho de costas proposto. Esse projeto também acabou sendo descartado porque se trabalha com uma quantidade restrita de movimentos e esse não era o objetivo inicial do projeto.
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Figura 39 - Trabalho Martelo Fonte: Arquivo Pessoal
Na pratica do boxe tailandês um importante fator é a movimentação dos pés, durante a observação dos treinos percebe-se uma maior facilidade do praticante em fazer movimentações em linha reta, porque andar em linha reta já é um movimento natural ao nosso corpo, mas no boxe tailandês a movimentação lateral é de suma importância para esquivar de golpes e conseguir mais velocidade e poder aos golpes. Trabalhou-se então em um sistema de fizesse o lutador criar agilidade em movimentos laterais. Trabalhar com bolas de tênis é um tradicional de modo que o treinador atire bolas em direção a alguma das laterais do praticante e este tem que pegar a bola antes de ela cair no chão e isso acontece sucessivamente por um tempo pré-estabelecido. Alem da movimentação esse treino trabalha com o tempo de resposta do lutador porque alem de ele ir em direção a bola ele tem que pega-la antes da mesma cair no chão. Do mesmo modo que um soco ou um chute, conseguir prever para que lado a bola vai ser lançada ajuda na percepção e concentração de um lutador. Porem para a execução deste treino é necessária uma caixa cheia de bolas de tênis é para cada pessoa que se deseje treinar simultaneamente e em uma academia existe um grande numero de pessoal a ser treinado ao mesmo tempo.
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Figura 40 - Geração de Alternativas para Sistema de Treino Lateral Fonte: Arquivo Pessoal
Foram geradas alternativas de bolas com fitas elásticas, bolas ioiô, mas essas duas não conseguiam fazer um trabalho parecido com o da caixa cheia de bolas de tênis, porque uma vez que o praticante toca na bola atirada ela para de se mexer impossibilitando a volta para a mão do atirador com velocidade suficiente para dar outro disparo, mesmo com uma bola em cada mão o resultado seria o mesmo, alem de criar outra dificuldade para o atirador que teria que jogar uma bola enquanto puxa a outra repetidamente. Especulou-se um sistema de luzes, mas esse também não daria uma sensação de velocidade equivalente quanto à da bola, além de não haver certeza se o aluno conseguiu alcançar a luz antes dela se apagar, isso é claro dentro de um preço acessível. Com outra idéia de mesma finalidade praticar movimentação lateral, esquiva e até mesmo treinar alguns golpes. Seriam posicionadas duas torres com um total de dois metros equipadas com sistemas telescópicos, similar a uma antena de carro retrátil, de modo que essas pudessem ter de 50 centímetros a 2 metros, no topo dessas torres existiria uma linha que completamente esticada teria uma média de 7 metros, podendo acomodar em até 12 de alunos dos dois lados da fita, ela ainda contaria com um sistema de recolhimento a base de molas similar aos encontrados em uma fita métrica. A fita seria de fibra de vidro, para não machucar o usuário, boa resistência e suporta impressões de alta qualidade. A fixação no chão seria feita com pesos de musculação uma vez que o buraco das anilhas é padronizado qualquer academia poderia utilizar os seus próprios pesos, os mesmo ficariam escondidos dentro de uma cápsula que alem de ajudar na estabilidade da torre também seria utilizada para trabalhar com grafismos.
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Figura 41 - Mocup Torre Fonte: Arquivo pessoal
Esse experimento também contou com um mocup feito de canos de PVC e fixação com prego para ter melhor noção de medidas e de funcionamento. Por ultimo foi trabalhado com um sistema de elásticos, este que privilegia o fortalecimento dos músculos e definição do atleta sem que o mesmo tenha que se preocupar com lesões. Foram trabalhadas diversas posições de fixação de elásticos para poder treinar diferentes tipos de golpes e manter uma posição de base adequada para fazer o equipamento chegar o mais próximo possível de uma situação de luta.
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Figura 42 - Geração de Alternativa para Trabalho com Elásticos Voltados ao Muay Thai Fonte: Arquivo Pessoal
Dentre os modelos acima o conjunto que fica com as extremidades presas na cintura e na mão e para os pés haveria a necessidade de um ponto de apoio posterior ao corpo, pois proporcionam um trabalho muscular mais completo juntamente com uma maior variedade de golpes a serem executados. Devido a todos os benefícios relacionados aos trabalhos realizados pelo movimento isométrico que o elástico proporciona e ainda a falta de um produto mais trabalhado nesse modelo dentro do boxe tailandês essa foi à alternativa escolhida para ser desenvolvida.
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4
PROJETO
4.1 DESENVOLVIMENTO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA
O Muay Thai é a arte marcial mais completa lutada em pé, tendo isso em vista é importante criar um sistema de treino que possibilite ao praticante utilizar o maior numero possível de golpes e movimentos com o equipamento. Logo o produto desenvolvido possibilita o lutador a usar socos, cotoveladas joelhadas e chutes. De acordo com a pesquisa feita com praticantes de Muay Thai, 86% dos entrevistados apresentam problemas relacionados a lesões, sejam elas decorridas de fratura ou de excesso, e os mesmos acreditam em uma nova forma de treinamento para o esporte. Visto que não há um bom sistema de treinos para o boxe tailandês com baixo nível de impacto voltado tanto para os lutadores iniciantes, a fim de criarem resistência para agüentarem os impactos fazendo um trabalho gradativo, quanto para atletas mais experientes que pretendem se aperfeiçoar foi escolhido este projeto. Os benefícios por se desempenhar os golpes com um sistema de elásticos, começa pelo fato de o movimento ser isométrico, ou seja, um trabalho que não tenha impacto e também trabalhar com mais intensamente todos os músculos ligados aos movimentos trabalhados, que no boxe tailandês utilizam todo o corpo. Foi constatado que para um equipamento a base de elásticos funcionar corretamente as duas extremidades devem ser esticadas em direções opostas de forma que o elástico permaneça sempre esticado, isso quer dizer desde a posição inicial os elásticos já devem estar tensionados. Por exemplo, a partir de um ponto “a” no qual o elástico não esteja completamente tensionado chegue a um ponto “b” por quaisquer caminhos que o mesmo se encontre mais esticado que no ponto “a”, para então voltar ao ponto inicial e poder executar mais movimentos. O equipamento desenvolvido conta com uma parte superior e uma parte inferior a parte superior conta com um cinturão o qual fica fixado no abdômen e outra parte nos antebraços e mãos e a parte inferior a qual prende as duas pernas pelos tornozelos.
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Figura 43 - Equipamento em Praticante Fonte: Arquivo Pessoal
Esses pontos de fixação foram escolhidos por motivos de praticidade, melhor trabalho da posição de base, defesa. A questão da praticidade se da pela facilidade de uso do equipamento, todas as peças conseguem comunicar ao usuário o local de utilização correto. Para uma melhor posição de base e defesa o elástico deve ficar tracionado a partir de um ponto no qual o praticante se encontre na posição inicial de luta, a pressão constantemente exercida a utilização do equipamento com o equipamento ajuda o lutador em uma situação de luta real manter sua guarda elevada por mais tempo, desempenhar golpes mais rápidos, lembrar de uma posição de base mais correta. A partir dos estudos sobre lesões então se percebeu que os principais pontos de lesões enquanto se executa os golpes acontecem no pulso, no ombro e no joelho. Para evitar esses problemas o equipamento apresenta o ponto de engate posterior ao pulso, assim evitando problemas de deslocamento do pulso devido à tração constante do elástico, o ombro sendo constantemente tracionado em direção ao centro do corpo mantém o lutador em uma posição de guarda mais adequada para um luta e o joelho que pode receber um menor impacto uma vez que o elástico ao ser tencionado faça o chute perder velocidade à medida que o pé mais avançar. Alem das lesões causadas pela prática também há as lesões causadas durante as lutas. Apesar de todos os equipamentos para deixar o esporte mais seguro ainda existe uma série de
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partes do corpo que ficam desprotegidas. O equipamento desenvolvido faz o usuário manter uma força constante nos braços, ombros e peito de forma que ele tenha condições de manter a guarda elevada por um maior tempo em uma situação de luta com outro praticante, possibilitando assim um menor numero de lesões durante o treino com outros praticantes do esporte.
Figura 44 - Fotos Ampliadas da Parte Superior e Inferior do Equipamento Fonte: Arquivo Pessoal
Trabalhando com um sistema de elásticos existe um ganho de força, um ganho na precisão, e velocidade dos golpes e também uma resposta em maior velocidade quanto à defesa. Uma das partes que merecem maior importância nesse projeto é a fixação dos elásticos de modo que sejam de rápida e fácil utilização em situações onde os usuários desejem: regular o equipamento ou trocar o elástico.
Figura 45 - Alternativas de para prender o elástico Fonte: Arquivo Pessoal
Quando se começou a trabalhar com elásticos foi percebida uma característica muito útil para o projeto, para fazer o elástico se fixar em algo basta criar uma dobra nele, a maioria
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das alternativas se desenvolve encima dessa afirmativa. Do modo mais simples basta costurar fitas de nylon de forma que formem um cilindro de tamanho aproximado ao do elástico para evitar que ele escape. Devido à estrutura do elástico sua superfície não desliza bem logo esse encaixe fica debilitado no que diz respeito a regulagens e trocas de elásticos. As idéias começaram com peças de plástico as quais deveriam ficar acopladas nas partes do produto: o cinto, a pulseira e a tornozeleira. A primeira foi uma roda com um furo para entrada do elástico, essa roda giraria em ordem a enrolar o elástico em volta de si e assim fazer uma regulagem fácil, alternativa parecida com essa foi a da pressa de elefante na qual a ponta do elástico deveria ser engatada na extremidade mais fina da pressa para então fazer os movimentos de giro, importante ressaltar que devido à forma desse modelo seria mais pratico para fazer regulagens no elástico. Apesar da grande facilidade de utilização e eficiência destes dois equipamentos no quesito regulagem dos equipamentos, não existe um modo de acoplar o equipamento as essas peças já que o plástico utilizado para tal finalidade deveria ter uma dureza alta e uma base relativamente grande dentro das partes do equipamento e uma vez que esse equipamento tem como propósito serem utilizadas por varias pessoas diferentes as peças iriam machucar de algumas delas. A abordagem então mudou ao invés de utilizar peças de plástico, porque não trabalhar com couro ou nylon, já que as mesmas são maleáveis e possuem ótima resistência. A primeira idéia funcionava como uma forca, na qual uma fita de nylon ficava presa a uma peça de couro de forma que ao puxar a fita a forca diminua prendendo o elástico dentro dela a fita então era fixada por via de um velcro na parte interior de uma das partes do equipamento, a fixação funcionaria perfeitamente, mas a execução das trocas seria muito trabalhosa, sendo que forçaria o usuário a tirar a peça cada vez que quisesse regular o aparelho. Então se pensou em utilizar furos em peças de couro e passar a fita em entre esses furos criando cilindros os quais seriam fixados os elásticos para então tracionar a fita e prende-la por um velcro, mas essa alternativa também falhou porque para fazer um sistema desse tipo seria necessário um couro muito mais grosso que acabaria elevando muito o preço do produto. Finalmente decidiu-se por trabalhar com peças as quais deveriam ser acopladas ao elástico de forma que o modelo básico de cilindros costurados volta a ser utilizado. Materiais acoplados ao elástico possibilitariam uma regulagem que não entra em contato com o corpo e melhora a fixação do elástico de forma que os tubos por onde o elástico passa para fazer a fixação possam ter uma maior escala.
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Figura 46 - Fixador do Elástico Final Fonte: Arquivo Pessoal
A alternativa escolhida se destacou das demais alternativas por ser um regulador estável, uma vez que ela fica alojada dentro de um dos cilindros de nylon, ela fornece um reforço na fixação, pois seu interior é feito sob medida para ter uma prender o elástico, graças a essa segurança na fixação é possível e também necessário um aumento no tamanho dos tubos costurados, é uma necessidade porque a peça tem um tamanho maior que o elástico em si e como vantagens disso elástico pode passar mais facilmente, facilitando regulagens e eventual troca de elásticos. Durante os testes foi constatado um problema, a deformação do nylon que estava sendo utilizado sozinho até então, para a confecção da cinta e das peças dos braços e pernas.
Figura 47 - Modelo de Teste Antigo Fonte: Arquivo Pessoal
Para resolver o problema da distorção do material houve a necessidade de aplicar outro material com uma maior resistência física, mas o mesmo também deve ser maleável, pois ele tem que acompanhar as formas do corpo, para isso utilizou-se peças de couro, que conseguiram resolver perfeitamente o problema.
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Os elásticos que acompanham o produto oferecem um nível de dificuldade de iniciante a intermediário. Elásticos como o proposto para este produto pode ser fabricado com diferentes densidades, e igual tamanho, proporcionando maior dificuldade ao treino, lembrando que antes do usuário comprar outro elástico de maior densidade basta ele diminuir a distancia do elástico que vem no aparelho para aumentar a dificuldade e ainda existe possibilidade de diferentes cores de elásticos. O elástico utilizado prevê um prazo de vida útil de 6 meses a 2 anos dependendo da quantidade de uso, mas o kit inicial vem com um conjunto elásticos sobressalentes. As medidas dos elásticos para a ligação dos braços, cinto são de 40 centímetros e de perna, perna são de 60 centímetros. Todas as peças do equipamento produzido contem regulagens possibilitando a utilização de um mesmo modelo para um amplo número de usuários. O cinto tem de 65 centímetros a 105 centímetros, sendo 65 centímetros fixos pela parte traseira do cinturão feita de couro e pela fivela. Para fazer o cinto se usou um tipo de fivela comumente encontrada em mochilas, pois diferente dos outros tipos de cintos este tem que mover os dois lados igualmente devidos aos elásticos fixados nas duas extremidades do produto, para fazer um trabalho físico por igual. Em brasileiros de 18 a 60 anos a média das medidas da circunferência da cintura em homens 86,6 cm e das mulheres 81,6 cm (AVALAR, CAJADO, MACOPITO, 2007).
Figura 48 - Fivela Fonte: Arquivo Pessoal
Ainda que essa fivela possibilite regulagem dos dois lados, ela depende de uma segunda peça para executar esse objetivo, um passador, assim existe a possibilidade de
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regulagem com os dois lados do cinto, mas como esse ajuste é feito de forma diferente cria dificuldades de utilização para o usuário. Foi cogitada a possibilidade de utilizar passadores dos dois lados do cinto para realizar o trabalho de regulagem igualmente, mas essa regulagem não consegue utilizar a medida mínima, porque esse sistema funciona puxando fita sobre fita de forma que a medida mínima seja a metade do tamanho total da fita, não deixando o cinturão alcançar as medidas estabelecidas. Logo foi necessário a desenvolvimento de uma fivela a qual tivesse esse mecanismo de regulagem mesmo nas duas extremidades de conexão do equipamento. Alem da regulagem o cinturão também tem que se manter fixo enquanto o lutador executa os golpes, para evitar a movimentação do mesmo, a parte traseira do cinturão tem uma área de contato maior que frontal, o dobro para ser exato, tendo um total de 10 centímetros, afinal todos os golpes executados são em direção oposta as costas e fazem com que o cinturão receba certa tração. A parte do equipamento que fica fixado no braço teve que ser trabalhada de forma diferente do cinturão uma vez que o usuário não disponibilizaria das duas mãos para fazer a regulagem do equipamento.
Figura 49 - Regulador Fonte: Arquivo Pessoal
Para resolver esse problema foi utilizado um regulador, a peça da foto acima, em uma das extremidades a fita é passada envolta e costurada e a outra extremidade também é envolta pelo outro lado da fita, mas regulagem deste lado é feita por velcros colados no mesmo lado da fita.
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Figura 50 - Peça Mão com Zoom no Velcro Fonte: Arquivo Pessoal
Existia a possibilidade de uma lesão no pulso caso o ponto de apoio do elástico fosse diretamente colocado na mão, decide-se então fazer um ponto de fixação posterior a mão, que então se encontra no antebraço. Lembrando que o ponto de apoio apesar de ser posterior ao pulso deve ser o mais próximo possível do mesmo, pois assim a um trabalho de uma maior quantidade de músculos tais como o bíceps e o tríceps. Logo a distancia entre o a pega e o ponto de apoio para tração tem 16 centímetros. Uma pega que foi desenvolvida exclusivamente a para a execução dos movimentos realizados, apesar das variações de golpes existentes todos eles têm algo em comum, o alvo, pois esse se encontra sempre à frente, quando um golpe é executado o alvo deve sempre estar exatamente a de frente para o executor, sendo assim o ponto de pressão da pega é na palma da mão. Para definir tamanho e formato da pega também foi levado em consideração que durantes os treinos o lutador se encontra com uma gaze protetora envolta na mão, e o modo correto de fazer um punho.
Figura 51 - Forma de Pega Escolhida Fonte: Arquivo Pessoal
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Como pode ser visto na foto a pega tem um formato cilíndrico com variações de espessura, essas variações se tornaram necessárias devido a variação do tamanho dos dedos. A partir do indicador o alcance dos dedos vai diminuindo cada vez mais deixando a fixação do equipamento na mão prejudicado caso o mesmo tive-se um diâmetro único, com a diminuição do diâmetro à medida que se aproxima do dedo mínimo a pega se tona mais confortável e muito mais estável e reta. Nas pernas encontramos a ultima peça essa do conjunto, a fixação das pernas é feita por velcro, mas diferente da situação encontrada nos braços na qual havia somente a possibilidade da utilização de um braço para regulagem, para encaixar a peça nos tornozelo pode se utilizar os dois braços, dispensando a necessidade de utilizar um regulador. Os velcros são costurados em lados opostos da fita para quando os envolves na perna aja contato dos dois e fixação dos mesmos. Durante o estudo feito para obter melhores resultado dos grupos musculares o elástico devia ficar preso em um ponto fixo posterior ao corpo fazendo um trabalho similar ao do cinturão com a peça do braço, mas para fazer um ponto de seguro seriam necessárias peças de metal de alta qualidade, essas peças têm um valor alto sendo que somente esse ponto de apoio chegaria a custar mais do que todo o resto do projeto. Então se estudou as outras formas de tencionar elásticos na região inferior do corpo que se trabalha a musculatura. A alternativa escolhida então foi à ligação direta dos dois tornozelos. Uma vez que o lutador execute o movimento de arranque de chutes chute e joelhadas corretamente o elástico permanece tensionado constantemente.
Figura 52 - Peça Perna Fonte: Arquivo Pessoal
Quanto à parte estética do produto decidiu-se trabalhar com cores vivas, mas com uma unidade de cor por conjunto para não perder a seriedade, foram escolhidas com base na pesquisa bibliográfica as cores que melhor representam a Tailândia: o vermelho, que
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representa a união, o azul que representa a monarquia e o amarelo que tem relação às riquezas e a arte, como cores neutras serão utilizadas o preto e o branco. As cores são trabalhadas da seguinte forma, as fitas de nylon que encontram uma maior disponibilidade de cores serão trabalhadas com o vermelho, o azul e o amarelo, o preto e o branco serão utilizados somente nas peças de couro, velcros e peças de plástico. Além das cores, na parte traseira do cinturão é costurada uma figura voltada a arte voltada à nação tailandesa, essa arte é diferente dependendo da cor do equipamento e tem 30x 6 cm.
Figura 53 - Arte do cinturão vermelho Fonte: Arquivo Pessoal
Na versão vermelha, PANTONE 1795 C, encontramos tigres que são animais de respeitadíssimos na Tailândia, são símbolos de ferocidade e muitas vezes utilizados por lutadores como forma de representar seu espírito de luta.
Figura 54 - Arte do cinturão azul Fonte: Arquivo Pessoal
No modelo azul, PANTONE 279 C, encontramos o elefante branco, animal que representa a nação tailandesa, mas que só é permitido aos reis, símbolo de força e inteligência.
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Figura 55 - Arte do Cinturão Amarelo Fonte: Arquivo Pessoal
Na versão amarela, PANTONE 136 C, encontramos Garuda, ser mitológico sagrado enviado dos deuses, símbolo de sabedoria e de poder. A figura abaixo mostra o equipamento desenvolvido para testes, esse se aproxima muito de um modelo para vendas, com exceção das peças que necessitam serem produzidas exclusivamente para o equipamento, peças adaptadas foram utilizadas para substituir a pega e a fivela.
Figura 56 - Modelo Final de Testes Fonte: Arquivo Pessoal
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4.2 MATERIAIS E PROCESSOS DE PRODUÇÃO
Os materiais utilizados para a fabricação do produto são o nylon 6/6, couro, polipropileno e borracha natural. Para o equipamento em desenvolvido funcionar perfeitamente é necessário todas as partes estejam bem fixadas ao corpo, de forma que ele praticamente se molde no corpo diminuindo assim ainda mais quaisquer impactos, os materiais utilizados para tal finalidade foram o Nylon 6/6 o couro e o couríssimo. De acordo com o site “LdSM”, conhecido pelo amplo banco de dados sobre materiais, os três têm resistência ao suor e conseguem tomar a forma do corpo perfeitamente. O couro por sua vez tem outra função alem das citadas acima, ele é responsável por segurar os elásticos tencionados sem sofrer deformações, por isso podese afirmar que ele tenha uma ótima resistência ao desgaste. A costura de todas as peças também foi feita com fio de nylon, por uma linha de costura mais forte em relação às usadas para costurar roupas, já que o trabalho desempenhado pelo durante treinos será desgastante. Para as peças de encaixe como o fecho do cinto e os reguladores são utilizadas peças de polipropileno. Ele é um dos plásticos de massa mais importantes em função do seu custo e versatilidade de utilização (TEIXEIRA, 1999). O processo de produção destas peças é o de injeção. A injeção é o processo mais rápido e utilizado atualmente, quando utilizado molde de boa qualidade não deixa quaisquer rebarbas nas peças (TEIXEIRA, 1999). A pega é feita de borracha que é um material capaz de recuperar-se rapidamente e forçadamente de uma deformação (LESKO, 2004). O tipo de borracha utilizado é a borracha natural, esse material foi escolhido por ter uma alta deformabilidade com resistência enquanto deformada, ou seja, para uma pega quase que maciça em borracha proporcionara uma deformação que ajudara o formato estabelecido para a pega. O processo de produção é a vulcanização é a vulcanização com enxofre, pois deixa a peça com melhores propriedades mecânicas e a uma maior economia. O elástico é fabricado de látex puro pode utilizar cores diferentes, usado por um longo tempo como material hospitalar e também como equipamentos de fisioterapia agora estão a disposição de um mercado de ginástica com diferentes densidades a borracha. A impressão da imagem com as características da Tailândia na parte traseira do cinto são feitas a partir do processo de serigrafia onde basta queimar telas de devido a simplicidade das artes, a tinta escolhida é uma tinta brilhante por se fixar mais ao couro e não se desgastar com o passar do tempo.
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4.2.1 Montagem do Equipamento
Foi realizada a montagem de um protótipo, a seguir estão descritas todas as etapas de confecção do mesmo. Em sua maior parte é feita com uma maquina de costurar couro e o processo de montagem leva por volta de uma hora para ter um equipamento completo pronto para utilização.
Figura 57 - Peças Cortadas para Produção Fonte: Arquivo Pessoal
Primeiramente material tem que ser todo cortado nas medidas exatas, lembrando de queimar a ponta de todas as fitas de náilon para evitar que as mesmas desfiem, para então começar a costura. Na foto acima temos todos os materiais prontos cortados e prontos para a confecção do modelo. Começando pelo cinto, este passa por um processo chamado foro que deixa o couro mais firme fazendo o dobramento do mesmo. Então corta-se uma peça de couro com uma media maior do que a forma original escolhida então são dobradas as partes sobressalentes até que essa tome a força da peça que você já cortou na medida e forma correta, no caso exige a fabricação de um cinto de 10 centímetros com as bordas arredondadas então corta-se outra peça de couro essa com 15 centímetros, logo ela é dobrada 2,5 centímetros de cada lado e então colada, uma vez colada se corta os excessos do de couro causados pelas formas arredondadas nas pontas do cinto, a fim de deixar o couro mais rente após realizar a dobra e os cortes o couro é batido com um martelo nos pontos onde ocorre a dobra para melhor
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fixação da cola no material e aparência mais fina. Após esse processo basta colar a parte previamente cortada no formato correto por cima da peça que passou pelo processo de forragem, para então costurar as duas peças com um fio de nylon.
Figura 58 - Montagem do Cinto Fonte: Arquivo Pessoal
Após a parte de couro do cinto estar montada é feita a fixação das fitas laterais que servem de fixação para os elásticos, como esse lugares são constantemente puxados é feita uma costura reforçada. Alem da necessidade de se queimar as pontas da fita de náilon também na hora da costura deve se costura a ponta da fita por baixo da do próprio nylon como modo de proteção. Com todas as peças do cinto costuradas basta encaixar a fivela para completar a montagem desta peça.
Figura 59 - Costura no Encaixe do Elástico Fonte: Arquivo Pessoal
Então começa a montagem da peça do braço. A partir da aplicação dos velcros um ao lado do outro, em seguida na outra extremidade é costurado o passador, para então costurar a pega da mão, essa pega deve ter um cuidado antes de ser costurada, pois ela tem um formato
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não uniforme, se costurada errada a peça pode ficar com duas peças esquerdas ou duas peças direitas, na figura abaixo, por exemplo, temos a pega da mão direita. Do mesmo modo que o cinto, o braço e a perna precisam de uma fixação mais rígida em ordem a conseguir sustentar a tensão causada pelo elástico sem sofrer deformações. A única diferença é que ao invés de ter duas peças de couro sobrepujadas utiliza-se o couro dobrado diretamente sobre a fita de nylon que se encontra no braço.
Figura 60 - Peça Braço Esquerdo sem o Fixador para o Elástico Fonte: Arquivo Pessoal
Por fim temos a peça da perna que tem uma dinâmica de montagem muito parecido com o braço como vocês podem ver no modelo final na figura 52 vide pagina 70.
4.3 CUSTOS DE FABRICAÇÃO E PREÇO
Nesse tópico serão exibidos os valores das peças necessárias para confecção de um equipamento completo, tendo como finalidade formular um preço adequado ao produto desenvolvido. Os itens listados abaixo estão com os preços com quais foram comprados, em lojas na região da grande Florianópolis, para fabricação do protótipo. Deve ser levado em consideração que ao comprar estes produtos em uma quantidade muito mais elevada seu preço diminuiria consideravelmente.
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Tabela 2 - Quantidade e Preço para Confeccionar o protótipo ITEM
QUANTIDADE
PREÇO
Couro 1.5 mm
60x32 cm
18,00 reais
Courissimo 0.8 mm
30x10 cm
1,00 real
Pega
2 unidades
4,00 reais
Fecho 50 mm
1 unidade
0,55 centavos
Regulador de plástico 50 mm
2 unidades
0,30 centavos
Cadarço náilon 50 mm
250 cm
1,90 reais
Cadarço náilon 25 mm
100 cm
0,60 centavos
Velcro 50 mm
15 cm
0,45 centavos
Elástico 12 mm
280 cm
8, 40 reais
TOTAL
35,20 reais
Fonte: Doa autor (2008)
Alem dos custos das peças também deve ser levada em consideração a mão de obra envolvida, para cortar o couro e as outras peças e fazer a costura. Foram cobrados 40 reais em ordem a montar o equipamento, o preço cobrado pela confecção foi mais elevado por ser o primeiro modelo de modo que se perdeu mais tempo para ser confeccionado. O custo final do protótipo foi de 75,20 reais. Considerando esse um produto não encontrado ainda dentro do mundo do Muay Thai pode ser cobrado uma porcentagem de lucro de 50% fazendo com que o um modelo final custe em média 112,50 reais. Esse valor deve diminuir consideravelmente em caso de fabricação em massa, tornando o preço acessível a todos os praticantes que desejem possuir uma cópia do produto desenvolvido.
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5
CONSTATAÇÕES PÓS-TESTES
5.1 COMPARAÇÃO COM PRODUTOS EXISTENTES
Após o desenvolvimento do produto é necessário foi realizada uma comparação deste equipamento com outros já estão no mercado de arte marciais. Para o teste desse produto foram utilizados três alunos de Muay Thai da academia Boxe Thai. O teste consistia em fazer 3 series de 3 minutos de sombra utilizando o equipamento. Uma pesquisa deste tipo já tinha sido realizada nessa monografia (pag. 25). Será acoplada a aquela tabela a avaliação do sistema de treino desenvolvido para avaliação.
Tabela 3 - Comparação dos produtos de mercado com produto desenvolvido Equipamento
Movimentação
Impacto
Variedade de Golpes
Ergonomia
Durabilidade
Total
Raquete
1
3
2
1
1
8
Saco de
2
1
3
2
3
11
3
1
2
2
3
11
3
1
3
1
1
9
1
1
1
1
2
6
Punch Balls
2
3
1
3
3
12
Pesos
3
1
2
1
3
10
Elásticos
3
3
1
1
1
9
Produto
3
3
3
3
3
15
Pancada Manopla de Foco Manopla de Chute Escudo de Chute
Desenvolvido Fonte: Do autor (2008)
A movimentação do equipamento não restringe o lutador, sendo que o mesmo não está preso a nenhum lugar fora do corpo, os pés ficam livres para desempenhar movimentos e ainda ajuda o lutador a manter uma distancia correta dos pés devido à força exercida pelo elástico.
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O sistema de elásticos faz um trabalho isométrico, fazendo com que a questão dos impactos receba nota máxima. Todos os golpes descritos nesse trabalho podem ser praticados no equipamento desenvolvido e ainda aperfeiçoados uma vez que aja uma força, elástico, fazendo força contraria existe a necessidade de criar mais precisão nos golpes. O produto desenvolvido tem todas as medidas que se acoplam no corpo reguláveis de fácil maneira. Os materiais de confecção, couro e náilon tomam a forma do corpo aumento essa adaptabilidade. A durabilidade do equipamento no geral é grande, o único item que pode ter uma grande variação de vida útil é o elástico, pois depende diretamente da quantidade de uso. Mas o kit de venda inicial vem com um conjunto de elásticos extras devido a esse fato. Pacotes de elásticos extras também podem ser comprados por um preço acessível. Devido a esses fatores o produto apresenta mais valor que os outros equipamentos apresentados na “Tabela 2”, apresentando um maior benefício para o praticante que deseja se aperfeiçoar no Muay Thai.
5.2 OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA
Os testes serviram para reafirmar a utilização de algumas peças a serem fabricados exclusivamente para um melhor desempenho na utilização do sistema para o usuário. Alem disso foi constatado um problema a ser resolvido antes do lançamento do produto. Para ver os testes favor ver o vídeo número 3 do CD. No modelo apresentado para os praticantes existiam dois modelos de pega uma cilíndrica reta e uma cilíndrica com desníveis que foi proposta para o projeto como mais firme e confortável para utilização do equipamento, após cada seção de treinos foi perguntado aos usuários com qual pega sentia mais segurança e conforto, todos corresponderam que a pega com diâmetro variado. O modelo apresentado aos usuários utilizava o fecho do cinturão convencional que tem um lado com regulador acoplado a peça do outro lado foi utilizado a um regulador a parte, observando que os mesmo demoraram a conseguir arrumar um dos lados do cinto esse é um fator a ser levado em consideração para a necessidade a criação de uma fivela com regulagem dos dois lados.
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Durante a seção de testes o equipamento de perna, que fica preso no tornozelo dos praticantes, causou depois de muitas repetições desconforto aos usuários, pois a peça ficava aranhando o tornozelo quando o pé fica rente a perna durante a execução de um chute, assim se faz necessária uma otimização para as tornozeleiras. Para resolver o problema foi utilizada uma proteção extra que é composta de uma camada de espuma de 1,25 centímetros na região que fica em contato com o tornozelo, essa espuma é revestida com uma camada de courissimo e então costurada envolta da parte interior da tornozeleira eliminando o problema de desconforto. O courissimo foi escolhido ao invés do couro para esta utilização porque ele é mais macio e também tem um preço mais acessível.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha do Muay Thai como tema de projeto foi realmente gratificante, pois apesar de ser um tema trabalhoso, posso afirmar que foi o melhor e mais prazeroso trabalho que realizei enquanto estive cursando a faculdade de design. Acredito que todos deveriam trabalhar na monografia tema que gostem para poder aplicar os seus conhecimentos em design. Levando em consideração que esse é um mercado em plena expansão no Brasil e no mundo, depois da realização deste trabalho pude perceber o amplo mercado para desenvolvimento de novos produtos para treino de artes marciais. Recomendo a procura por novos materiais que possam melhorar o uso dos equipamentos atuais e o desenvolvimento de melhores pegas aos equipamentos. Sobre as novas formas de treinamento as quais trabalhem características que beneficiem a técnica, força e velocidade do praticante de Muay Thai.
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REFERÊNCIAS
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APENDICES
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APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados
Nome:______________________________________________________________________ Idade: ________ Sexo: masculino feminino 1) Você pratica Muaythai há quanto tempo: 6 meses ou menos; de 1 ano a 2 anos;
de 6 meses a 1 ano; mais de 2 anos.
2) Qual treino que você mais gosta? Chutes; Socos;
Joelhadas; Cotoveladas.
3) Em qual tipo de treino que você encontra maior dificuldade: Chutes; Socos;
Joelhadas; Cotoveladas.
4) Para treinar golpes com força máxima e aperfeiçoá-los foram criados os equipamentos para treino como a raquete de chutes. Dentre os tipos de treino qual você acredita que existe uma maior ausência de equipamentos adequados? Chutes; Socos;
Joelhadas; Cotoveladas.
5) Você já foi corrigido mais de uma vez sobre como usar um equipamento durante a aula? Sim;
Não.
6) Você já se machucou ou machucou outra pessoa durante um treino: Sim;
Não.
6.1) Se a pergunta 6 foi respondida com sim responda a 6.1. O(s) acidente(s) ocorreu durante (pode marcar mais de uma altenativa): Sombra/Luva; Treino com equipamentos; Treino aeróbico; Outro(s). _____________________________________________________ 7) Você acredita que a criação novos equipamentos mais fáceis de usar e com melhor pega podem beneficiar os treinos? Sim
Obrigado.
Não
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APÊNDICE B – Cópia de todos os relatórios respondidos
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APENDICE C – Desenhos técnicos