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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FÁBIO MAURO GLATZ
DESIGN ESTRATÉGICO PARA A PROMOÇÃO DO TURISMO NA SERRA GERAL CATARINENSE
Palhoça 2008
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FÁBIO MAURO GLATZ
DESIGN ESTRATÉGICO PARA A PROMOÇÃO DO TURISMO NA SERRA GERAL CATARINENSE
Proposta para o Trabalho de Conclusão do Curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Design.
Orientadora: Carla Arcoverde de Aguiar Neves
Palhoça 2008
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FÁBIO MAURO GLATZ
DESIGN ESTRATÉGICO PARA A PROMOÇÃO DO TURISMO NA SERRA GERAL CATARINENSE
Proposta para o Trabalho de Conclusão do Curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Design.
_______, ___ de ____________________ de 20____
______________________________________________________ Professor e orientador: Carla Arcoverde Aguiar Neves. Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________ Professor
______________________________________________________ Professor
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Dedico este trabalho em memória de minha mãe, Erezina toni, que tinha o desejo de ver seu filho fazendo um curso superior e sempre me apoiou para que isso acontecesse; Á minha esposa, Cléia Mendes e Souza Glatz; E ao meu filho, Igor glatz.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha esposa por ser minha grande companheira, pois esteve sempre ao meu lado nestes anos em que muitas vezes não foi possível descansar nos finais de semana; Ao meu filho que não pôde ter seu pai em presença emocional, somente física, pois sempre estava ocupado, para brincar e dar atenção; Aos meus três irmãos, que substituíram o desejo de minha mãe, dando apoio a esta caminhada; Ao meu pai que torce por mim; A todos os professores sempre foram amigos, dentro e fora da sala de aula em especial a minha orientadora pela paciência e dedicação; A quem me auxiliou de forma direta e indireta para a minha chegada até aqui, vocês participaram de todas as etapas junto comigo. E estão em minha lembrança.
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RESUMO
O turismo rural está se tornando uma das formas do turismo que mais se desenvolveu nos últimos anos, principalmente em Santa Catarina que é referência nesta modalidade sendo pioneira com o surgimento das primeiras pousadas e hotéisfazenda no município de Lages. Da mesma forma as pequenas propriedades rurais tem sido fundamentais para o crescimento da atividade no campo através da agricultura familiar, e sua produção colonial evitando assim o êxodo rural. Outros fatores também são fundamentais como o cultivo orgânico, sem agrotóxicos que através do agroturismo proporciona uma alimentação saudável mantendo os nutrientes nos alimentos e atraindo turistas de todos os lugares, que procuram conhecer, participar e divulgar esta prática saudável e consciente. A intervenção do designer e a aplicação das diversas áreas de atuação do design, desenvolvendo soluções para o produtor rural orgânico, permite esta integração com objetivo de agregar valor aos produtos coloniais orgânicos em sua comercialização junto ao turista que visita a propriedade rural divulgando sua experiência.
Palavras-chaves: Agroturismo. Design. Agricultura Familiar. Produtos Coloniais Orgânicos.
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ABSTRACT
The rural tourism is becoming one of the tourism forms that most has developed in the few past years, mainly in Santa Catarina, which is a reference in this kind of tourism, being the first state to create rural inns and hotels-farm in the Lages town. The small rural properties have also been of main importance for the growth of rural activities through the family agriculture and its colonial production, thus avoiding the rural exodus. There are other main factors, such as the organic cultivation, which is free from pesticides and that, through the “agroturismo�, provides a healthy feeding, keeping the nutrients in the food and attracting tourists from all over the globe, which look forward to knowing, participate and divulge this healthy and responsible act. The designer intervention and the application of the many design areas of action, developing solutions for the organic rural producing, allows this integration with the purpose of aggregate value to the organics colonial products in its commercialization along with the tourist that visits the rural property, divulging his/her experience.
Key words: Agroturismo. Design. Family Agriculture. Organics Colonial Products.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Laguinho – Igreja São Joaquim-SC ..................................................
16
Figura 2 – Pedra Furada – Urubici .....................................................................
16
Figura 3 – Estrutura dos Princípios Norteadores da Gestão do Design Estratégico..........................................................................................................
47
Figura 4 – Resíduo de cana-de - açúcar.............................................................
58
Figura 5 – Alface cultivada pelo resíduo orgânico..............................................
58
Figura 6 – Plantio orgânico.................................................................................
63
Figura 7 – Mapa da região da Serra Geral Catarinense.....................................
65
Figura 8 – Turista em São Joaquim....................................................................
66
Figura 9 – Assinatura Visual – Acolhida na Colônia ..........................................
70
Figura 10 – Acolhida na Colônia e a expansão em outros municípios Catarinenses.......................................................................................................
72
Figura 11 – Folder Acolhida na Colônia em Urubici-SC.....................................
72
Figura 12 – Falta de sinalização para Santa Rosa de Lima...............................
73
Figura 13 – Açúcar Cristal Orgânico – Native...................................................
76
Figura 14 – Açúcar Cristal Orgânico (sache)- Native........................................
76
Figura 15 –Açúcar Demerada Orgânico – Natu‟s..............................................
77
Figura 16– Açúcar Mascavo – Natu‟s.................................................................
77
Figura 17 – Doces e Geléias Orgânicos – Natu‟s...............................................
78
Figura 18 – Açúcar Mascavo Orgânico – Jasmine ............................................
79
Figura 19– Coockies Integrais Orgânicos – Jasmine ........................................
79
Figura 20 – Melado Prim – Ancelmo Plim ..........................................................
80
Figura 21– Rótulo do Melado Prim ...................................................................
80
Figura 22 – Conserva de Beterraba Orgânica – Fazenda e Casa ....................
81
Figura 23 – Suco de Tomate Orgânico – fazenda e Casa.................................
81
Figura 24 – Melado São Bonifácio – Elma Petry Rohling-me............................
82
Figura 25 – Rótulo do Melado São Bonifácio.....................................................
82
Figura 26 – Melado Orgânico – Agreco ............................................................
83
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Figura 27 – Geléia de Tangerina Orgânica – Agreco.........................................
83
Figura 28 – Açúcar Mascavo Orgânico – Agreco ..............................................
83
Figura 29 – Açúcar Mascavo Orgânico – BioAgrepa..........................................
84
Figura 30 – Castanha do Brasil Orgânica – BioAgrepa......................................
84
Figura 31 – Melado Orgânico e Guaraná Orgânico – BioAgrepa.......................
84
Figura 32 – Sinalização do Acesso para Santa Rosa de Lima ..........................
89
Figura 33 – Sinalização na entrada da Pousada Doce Encanto ........................
89
Figura 34 – Vista externa do Refeitório – Pousada Doce Encanto ....................
90
Figura 35 – Vista externa da Pousada Doce Encanto........................................
90
Figura 36 – Vista interna do Refeitório – Pousada Doce Encanto ....................
91
Figura 37 – Turistas que freqüentam a Pousada Doce Encanto........................
91
Figura 38 – O cultivo orgânico de cana-de-açucar ............................................
92
Figura 39 – Máquina utilizada para extrair caldo de cana..................................
92
Figura 40 – Instalações onde é feito o melado e açúcar mascavo.....................
93
Figura 41 – Sinalização da entrada – Quartos Coloniais Vandresen.................
93
Figura 42 – Vista externa – Quartos Coloniais Vandresen.................................
94
Figura 43 – Produção de Mel e Própolis da Pousada Vitória.............................
94
Figura 44 – O Rio Braço do Norte acompanha a estrada até Santa Rosa de Lima ...................................................................................................................
95
Figura 45 – Posto de Vendas em Santa Rosa de Lima .....................................
95
Figura 46 – Vista interna – Posto de vendas em Santa Rosa de Lima...............
96
Figura 47 – Proprietários da Pousada Doce Encanto.........................................
98
Figura 48 – Produtos orgânicos coloniais produzidos na Pousada Doce Encanto...............................................................................................................
99
Figura 49 – Local de exposição dos produtos no refeitório................................
100
Figura 50 – Painel Estilo de Vida........................................................................
114
Figura 51 – Painel Expressão do Produto..........................................................
115
Figura 52 – Painel Tema Visual..........................................................................
116
Figura 53 – Alternativa 1.....................................................................................
117
Figura 54 – Alternativa 2.....................................................................................
117
Figura 55 – Alternativa 3.....................................................................................
117
- 10 -
Figura 56 – Alternativa 4.....................................................................................
117
Figura 57 – Alternativa 5.....................................................................................
118
Figura 58 – Alternativa 6.....................................................................................
118
Figura 59 – Alternativa 7.....................................................................................
118
Figura 60 – Alternativa 8.....................................................................................
118
Figura 61 – Alternativa 9.....................................................................................
118
Figura 62 – Alternativa 10...................................................................................
118
Figura 63 – Alternativa 11...................................................................................
119
Figura 64 – Alternativa 12..................................................................................
119
Figura 65 – Alternativa 1.....................................................................................
120
Figura 66 – Alternativa 2.....................................................................................
120
Figura 67 – Alternativa 3.....................................................................................
120
Figura 68 – Alternativa 4.....................................................................................
120
Figura 69 – Alternativa 5.....................................................................................
120
Figura 70 – Alternativa 6.....................................................................................
120
Figura 71 – Alternativa para embalagem secundária ........................................
121
Figura 72 – Assinatura Visual escolhida – Acolhida na Colônia.........................
122
Figura 73 – Rótulos dos Produtos integrantes do Kit Sabores da Colônia 1......
123
Figura 74 – Rótulos dos Produtos integrantes do Kit Sabores da Colônia 2......
124
Figura 75 – Rótulos dos Produtos integrantes do Kit Sabores da Colônia 3......
125
Figura 76 – Imagens ilustrativas da Aplicação da marca nos uniformes............
126
Figura 77 – Marca aplicada em avental feminino...............................................
127
Figura 78 – Marca aplicada em lenço.................................................................
127
Figura 79 – Marca aplicada em guarda-pó e boné-Uniforme masculino1..........
127
Figura 80 – Marca aplicada em guarda-pó e boné-Uniforme masculino 2.........
127
Figura 81 – Marca aplicada no sistema de orientação e sinalização..................
128
Figura 82 – Marca aplicada no ponto de venda da Acolhida na Colônia............
128
Figura 83 – Marca aplicada em Papel Timbrado (Papelaria Básica)..................
129
Figura 84 – Marca aplicada em Envelopes (Papelaria Básica)..........................
130
Figura 85 – Modelo da caixa do kit (Função Bandeja)......................................
132
Figura 86 – Modelo da caixa do kit (divisões com encaixe)..............................
132
- 11 -
Figura 87 – Parte interna do mock-up da caixa com as divisões para encaixe das embalagens..................................................................................................
132
Figura 88 – Embalagens acondicionadas no Kit 1..............................................
132
Figura 89 – Embalagens acondicionadas no Kit 2..............................................
132
Figura 90 – Ilustração do rótulo aplicado nas embalagens.................................
132
Figura 91 – Modelo da caixa do kit (função Caixa Decorativa).........................
133
Figura 92 – Rotulagem das embalagens 1.........................................................
133
Figura 93 – Rotulagem das embalagens 2.........................................................
133
Figura 94 – Kit de Produtos Orgânicos...............................................................
136
Figura 95 – Assinatura Visual da Acolhida na Colônia.......................................
137
Figura 96 – Rótulo do Licor de Amora – Sabores da Colônia.............................
138
- 12 -
LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Amplitude da Embalagem ..............................................................
41
Tabela 2 – Tipos de Embalagem e suas Aplicações........................................
44
Tabela 3 – Evolução do Turismo Rural – 1990/2002 .......................................
53
Tabela 4 – Oportunidades e Ameaças .............................................................
85
- 13 -
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................
16
1.1 OBJETIVOS..................................................................................................
21
1.1.1 Objetivo Geral ...........................................................................................
21
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................
21
1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................
23
1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA..................................................................
25
2 METODOLOGIA...............................................................................................
27
2.1 METODOLOGIA DO PROJETO...................................................................
27
2.1.1 Cronograma de Projeto.............................................................................
27
2.2 METODOLOGIA DE PESQUISA..................................................................
29
2.2.1 Método Investigatório...............................................................................
29
2.2.2 Tipo de Pesquisa ......................................................................................
29
2.2.3 Instrumentos de Coleta e Analise de Dados.............................................
30
2.2.4 Amostragem/População............................................................................
31
3 PROBLEMA.....................................................................................................
32
4 RECOLHIMENTO DE DADOS.........................................................................
33
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA........................................................................
33
4.1.1 Design.........................................................................................................
33
4.1.1.1 Design de Produto (Industrial).................................................................
34
4.1.1.2 Design Gráfico ........................................................................................
35
4.1.1.2.1 Identidade Visual .................................................................................
37
4.1.1.3 Design de Embalagem ...........................................................................
38
4.1.1.3.1 Embalagem .........................................................................................
40
4.1.1.3.2 Classificação de Embalagem ..............................................................
42
4.1.1.4 Design Estratégico...................................................................................
45
4.1.1.5 Design Social...........................................................................................
48
4.1.1.6 Análise e síntese.....................................................................................
50
4.1.2 Turismo.......................................................................................................
51
4.1.2.1 Tipos de Turismo ....................................................................................
54
- 14 -
4.1.2.1.1 Turismo Rural no Brasil........................................................................
61
4.1.2.1.2 Turismo Rural na Serra Geral Catarinense..........................................
65
4.1.2.1.3 Análise e Síntese.................................................................................
69
4.1.3 Organizações Não Governamentais (ONGs).............................................
69
4.1.3.1 Acolhida na Colônia ...............................................................................
70
4.1.3.2 Análise e Síntese....................................................................................
75
4.1.4 Análise do Mercado....................................................................................
76
4.1.5 Oportunidade e Ameaças...........................................................................
85
4.2 PESQUISA DE CAMPO................................................................................
88
4.2.1 Pesquisa de Observação............................................................................
88
4.2.2 Entrevista1..................................................................................................
96
4.2.3 Entrevista 2................................................................................................
98
4.2.4 Entrevista 3................................................................................................
102
4.2.5 Entrevista 4...............................................................................................
103
5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA..........................................................................
106
5.1 8 PERGUNTAS DE BAXTER.......................................................................
106
6 BRIEFING.........................................................................................................
108
7 CRIATIVIDADE................................................................................................
110
7.1 CONCEITUAÇÃO..........................................................................................
110
7.2 PAINÉIS SEMÂNTICOS...............................................................................
114
7.2.1 Painel Estilo de Vida..................................................................................
114
7.2.2 Painel Expressão do Produto....................................................................
115
7.2.3 Painel Tema Visual....................................................................................
116
7.3 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS..................................................................
117
7.3.1 Alternativas para a Marca..........................................................................
117
7.3.2 Alternativas para o Rótulo..........................................................................
120
7.3.3. Alternativas para embalagem secundária.................................................
121
7.4 ALTERNATIVA FINAL...................................................................................
122
7.4.1 Assinatura Visual escolhida.......................................................................
122
7.4.2 Rótulo escolhido........................................................................................
123
7.5 APLICAÇÕES DA MARCA.........................................................................
126
- 15 -
7.5.1 Aplicação em Uniformes (Imagens Ilustrativas).......................................
126
7.5.1.1 Aplicação em Uniformes (Marca Aplicada)............................................
127
7.5.2 Aplicações da marca em Instalações........................................................
128
7.5.3 Aplicação em Papelaria Básica..................................................................
129
7.6 DESENHO TÉCNICO ...................................................................................
131
7.7 MODELO.......................................................................................................
132
8 MEMORIAL DESCRITIVO...............................................................................
134
8.1 FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL....................................................................
134
8.2 FUNÇÃO SIMBÓLICA...................................................................................
139
8.3 FUNÇÃO DE USO.........................................................................................
141
8.4 FUNÇÃO ERGÔNOMICA.............................................................................
141
8.5 LEGIBILIDADE DE LETRAS, NÚMEROS E SÍMBOLOS.............................
142
8.6 USABILIDADE...............................................................................................
143
8.6.1 Adequação antropométrica........................................................................
144
8.6.2 Adequação biomecânica............................................................................
145
8.6.3 Adequação Fisiológica/ambiental...............................................................
145
8.7 FUNÇÃO TÉCNICA.......................................................................................
147
8.7.1 Sistema construtivo....................................................................................
147
8.7.2 Materiais e Processos de Fabricação........................................................
149
8.8 FUNÇÃO DE MARKETING...........................................................................
151
8.9 FUNÇÃO ECOLÓGICA.................................................................................
152
8.10 FUNÇÃO INFORMACIONAL......................................................................
154
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................
155
10 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................
156
11APÊNDICE A..................................................................................................
160
11.1 APÊNDICE A..............................................................................................
160
11.2 APÊNDICE B..............................................................................................
162
11.3 APÊNDICE C..............................................................................................
163
11.4 APÊNDICE D..............................................................................................
164
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1 INTRODUÇÃO Falando-se da Serra Geral Catarinense1 a primeira lembrança que vem a memória são as baixas temperaturas que durante o inverno atraem turistas de todos os lugares do Brasil. Porém os catarinenses ainda não conhecem esta parte do estado como deveriam, pois se trata de um lugar de grande importância no cenário turístico em Santa Catarina, onde além de belas paisagens, assegura-se um rico cardápio que se conhece como a culinária campeira utilizando em seus pratos o pinhão, além disto, contém produtos típicos e coloniais da produção de pequenos agricultores. Nesta região destaca-se o município de Urubici, sendo uma extensão dos Planaltos Gaúchos e da Serra Geral. Neste local encontram-se os canyons que formam um cenário curioso para um país tropical, ainda destaca-se o Morro da Igreja onde o Cindacta2 controla os vôos de São Paulo até o sul do Brasil, pois existe no local, instalação da aeronáutica que permite o controle aéreo que é fator importante para o deslocamento do turista de várias regiões do País para esta região.
Figura1: Laguinho em frente à Igreja em São Joaquim - SC Fonte: Rocha (2005).
Figura 2: Pedra Furada - Urubici Fonte: www.santacatarinaturismo.dzo.com.br
Segundo o site Santa Catarina Turismo3, faz parte dos pontos mais altos desta região cidades como Lages, Urubici, Bom Jardim da Serra e Urupema que estão
1
Na porção sul da Serra Geral Catarinense fazem parte os municípios de: São Joaquim, Urubici, Bom Jardim da Serra, Urupema entre outros. E nas suas encostas os municípios de Santa Rosa de Lima, Anitápolis, Rancho Queimado, entre outros. 2 Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Disponível em: www.educacao.uol.com.br. 3 Disponível em: www.santacatarinaturismo.dzo.com.br
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a 1.000 metros de altitude e a duas horas de carro do litoral sendo esta a região onde ocorrem as mais baixas temperaturas do Brasil. Mesmo no verão respira-se o ar da montanha, em cima disso, o turismo rural desenvolveu-se no local sendo referência desta modalidade, onde foram montadas as estruturas de propriedades rurais e hotéis-fazenda que oferecem lazer às pessoas que saem dos centros urbanos em busca de ar puro, gastronomia peculiar, cavalgadas, pescarias e até ordenha das vacas, para se ter uma idéia, esta se tornou a principal atividade econômica da região, que até pouco tempo era a agropecuária e a indústria madeireira. De acordo com Oliveira (2007), o turismo rural é a principal atividade econômica na região antes baseada na agropecuária e na indústria madeireira, atualmente a estrutura está crescendo, os hotéis rurais, pousadas, chácaras e sítios e bons restaurantes fazem a combinação perfeita para o turista que aprecia a culinária serrana e das Encostas da Serra Geral. Conforme Espezin (2007), a prática do agroturismo vem sendo desenvolvida nesta região serrana promovendo a melhoria das propriedades rurais e desta forma possibilitando a mudança na vida dos agricultores. A estrutura oferecida ao turista é bem desenvolvida se comparada a outros pequenos municípios vizinhos localizados na Serra Geral Catarinense, são pequenas propriedades rurais que recebem o turista em pousadas e utilizam da agricultura familiar para executarem as tarefas de rotina para a manutenção da estrutura rural. Desta produção surgem os produtos coloniais como o melado, açúcar mascavo, frango caipira, doces, geléias, pães, biscoitos, as verduras orgânicas e as conservas entre outros. Estes produtos artesanais são oferecidos na propriedade aos turistas para consumo e também para a venda, muitos na maioria seguem a cultura do agroturismo, são produtos de origem orgânica, são cultivados com resíduos gerados pela própria plantação que são seus adubos naturais. Desta forma o consumidor está ingerindo produtos de excelente qualidade, ecologicamente corretos e que promovem a saúde das pessoas sem eliminar os nutrientes existentes.
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O agricultor tem consciência da qualidade dos seus produtos e necessita que a apresentação ao turista melhore, pois a sua venda gera renda e por conseqüência incentiva a produção. Estes produtos precisam ser transportados e precisam conter informações em um rótulo e embalagem que trará o seu histórico de produção como datas, quem produziu e validade de consumo, feito isto estes produtos terão valor agregado o que aumentará a venda ao turista que o visita na Serra e com isto, divulgará mais o turismo rural na região. Segundo Leite (2004) e Wanderley (1995), a agricultura familiar vem demonstrando a sua importância, seja na produção de alimentos, geração de emprego e renda, como no crescimento de assentamentos da reforma agrária em todo o país. Em constatação preliminar o design industrial tem sido utilizado em pequena escala e até certo ponto ignorado, apesar de intervenções pontuais nas pequenas unidades da produção rural. A definição do design industrial aplicada à agricultura familiar não é diferente do que a encontrada nas literaturas específicas da área, portanto não requer uma abordagem diferente e uma definição mais abrangente, para este contexto é entendida como uma atividade relacionada à identificação, análise e solução dos problemas e como conseqüência a materialização destas soluções em um produto. Conforme Wanderley (1995) e Neves (1998), a agricultura familiar se refere a pequenas unidades de produção rural, com um mínimo de capital disponível, não utilizando mão de obra de funcionários contratados, somente a utilização da mão-deobra familiar para produzir e manter o negócio. A utilização do design industrial como fator no desenvolvimento de projetos para a agricultura familiar abre novos espaços para a produção colonial, sua comercialização consolida a sua imagem em mercados mais amplos, pois localmente e regionalmente já é reconhecida. Pretende-se com a utilização do design em suas diversas formas de atuação a iniciativa básica de suprir as necessidades do agricultor em sua propriedade e com isso promover o crescimento sustentável, fazendo com as pessoas envolvidas fujam do empobrecimento rural que provoca o êxodo que vem a desestruturar a atividade agrícola.
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O presente projeto concilia-se a Associação Acolhida na Colônia, que é uma ONG criada por Thaise Guzzatti que tem por objetivo promover o turismo rural nas pequenas propriedades, manter as famílias no campo e ampliar sua renda aplicando a agricultura familiar. Esta associação foi selecionada pelo ministério do turismo para o programa de destinos indutores, o que torna este projeto referência nacional para o turismo rural. Vale salientar que esta Associação foi estruturada nos moldes do programa francês Accueil Paysan que valoriza a vida no campo por meio do turismo ecológico. Na Acolhida muitas ações já foram tomadas para o crescimento deste projeto, que atua em 30 municípios de Santa Catarina. Dentre estas ações da associação está: à organização dos agricultores para receber o turista com treinamentos; visitas a outras propriedades para aprender um novo ofício; orientação técnica para tornar esta atividade rentável e com isto manter o agricultor no campo de forma sustentável; e o incentivo à agricultura orgânica, que é o cultivo de toda a produção sem a utilização de agrotóxicos, todos os produtos coloniais são orgânicos. Observa-se que os produtos orgânicos têm uma proposta excelente quanto a forma que são produzidos e a qualidade que possuem, também nota-se que o agricultor quer melhorar a apresentação destes produtos para o turista que visita a sua propriedade a passeio ou por férias. Neste contexto pretende-se através do design solucionar esta necessidade e agregar valor aos produtos coloniais para que tenham condições de ampliar seu mercado e o agroturismo nas pequenas propriedades da Serra Geral Catarinense, podendo ser aplicado a outros municípios onde tem a atuação da Acolhida na Colônia. Este projeto refere-se ao desenvolvimento de um kit para estes produtos orgânicos coloniais, abrangendo também a embalagem individual de cada um destes produtos, vale destacar que existe ainda a opção de comercialização de forma individual destes produtos junto ao turista. Isso se faz relevante uma vez que existe a necessidade de identificar todas as características desses produtos, como a forma de produção, informação do fabricante, validade, lote, peso, ingredientes, valor nutricional, além do próprio rótulo com a aplicação da marca que remeta a qualidade dos produtos orgânicos nos pontos de vendas.
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A Acolhida na Colônia já possui sua marca, é utilizada em 19 países onde esta associação atua, mas conforme orientação da coordenadora técnica deste projeto em Santa Catarina Daniele Lima Gelbcke, existe a necessidade de se fazer o seu redesign gráfico, mantendo os principais elementos para que não perca a sua identificação, mas que possa haver uma modernização para que se torne mais competitiva no mercado de produtos orgânicos. Os agricultores não sabem de forma efetiva quais ações e mudanças podem ser realizadas pela intervenção do design e como ele pode ajudar, mas sabem que seus produtos precisam de uma ação eficaz para serem posicionados junto ao consumidor e ao mercado dos produtos orgânicos da colônia, sabem portanto que estes precisam transmitir organização, higiene e identificação com a atividade do agroturismo, para assim promover os seus produtos e o projeto da Acolhida na Colônia. Desta forma será utilizado o design estratégico que irá definir ações específicas para diferenciar o produto dos agricultores da Acolhida dentro do contexto da agricultura familiar e a produção orgânica, suas necessidades e a melhoria na apresentação que estes produtos orgânicos precisam ter para melhor posicionamento no mercado. Será aplicado também o design social para este projeto que tem como objetivo a permanência da atividade agrícola rural, seu desenvolvimento e crescimento, melhoria na renda no campo e a inclusão social destes agricultores com a atividade do agroturismo e na troca de experiências junto ao turista que freqüenta a sua propriedade. Pode-se dizer que o designer para este projeto deverá ser inovador, criativo, para transmitir a consciência sustentável existente para esta proposta, atuando como um profissional que cumpre as suas obrigações para com a sociedade como um todo, promovendo a melhoria nas condições de vida destes agricultores rurais, este é o objetivo do design social que não procura a obtenção de lucro financeiro, mas o utiliza como ferramenta para auxiliar questões sociais e culturais do indivíduo e não somente a segmentação de mercado e a colocação do produto.
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1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Realizar um projeto de Design para a Promoção do Turismo na Serra Geral Catarinense através do desenvolvimento de um Kit Promocional com produtos coloniais orgânicos certificados.
1.1.2 Objetivos específicos
Promover o turismo rural na serra e fortalecer a atividade econômica dos produtores locais através do projeto social da Acolhida na Colônia, para isso se fará uso da divulgação dos produtos coloniais orgânicos por meio do design de produto, design gráfico, design de embalagem, design estratégico e design social em uma mesma proposta.
Desenvolver e oferecer ao turista um Kit que contemple estes produtos coloniais e característicos da região cultivados dentro dos princípios orgânicos;
Desenvolver a identidade visual e embalagens para produtos coloniais de produção orgânica;
Destacar os produtos coloniais da região, demonstrando a qualidade e um estilo de vida saudável, sem a utilização de corantes e agrotóxicos;
Promover o turismo catarinense, por meio da valorização da cultura regional da serra voltada às pequenas propriedades rurais, portanto a informação gráfica criada deve ser de fácil leitura e entendimento;
Contempla o desenvolvimento do kit de produtos coloniais orgânicos para a associação Acolhida na Colônia, através da intervenção do designer: a)Definição de quais produtos serão colocados neste, avaliando-se o tempo de armazenamento e a validade que possuem; b)Padronização das embalagens que são reutilizadas pelos agricultores para acondicionar os produtos coloniais orgânicos;
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c)Determinar a capacidade que terá cada produto, para definir o dimensional que terá o kit para promoção do turismo; d)Materiais que serão utilizados para o kit e as questões ambientais de cada um; e)Conceber um produto que tenha o diferencial em relação aos similares e concorrentes; f)Priorizar os custos para desenvolvimento do kit, pois a preocupação dos agricultores é melhorar a apresentação sem alterar o custo dos produtos coloniais, este retorno seria gradativo e não imediato; g)Demonstrar organização dos produtores orgânicos da Acolhida na Colônia em relação a sua produção colonial orgânica; h)Manter características culturais para o produto e identificação com o usuário; i)Desenvolver para as embalagens primárias reutilizadas, rótulos com todas as informações necessárias tomando como base a ECOCERT, que avalia os impactos ambientais e sociais da empresa sobre a comunidade e certifica a qualidade de produtos orgânicos. Será parte integrante a embalagem secundária, na qual serão acondicionados os produtos coloniais.
Agregar valor aos produtos dos agricultores orgânicos melhorando a apresentação dos mesmos, pois têm ótima qualidade, mas a falta de informações básicas demonstra ainda a necessidade da intervenção do design para que possam ocupar local de destaque.
Padronizar através do kit e das embalagens os produtos aos visitantes que procuram à culinária da colônia e ao sair da propriedade possam levar consigo estes produtos e voltem outras vezes fortalecendo o turismo da serra.
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1.2 JUSTIFICATIVA
O turismo rural em Santa Catarina, mais precisamente na Serra Geral Catarinense é de grande importância como fonte de renda e de geração de emprego para muitas famílias que desta atividade sobrevivem. Este começou de forma descompromissada, mas acabou virando negócio sério quando visualizou a chance de se obter uma renda permanente com a criação do turismo rural. A divulgação da culinária campeira e a produção de produtos artesanais possibilitam aos pequenos agricultores proprietários de pousadas, chácaras e sítios, ofertar ao turista seus produtos, gerando assim renda extra para todos os envolvidos neste processo. Além do fato de oferecer qualidade de vida aliado ao consumo de produtos éticos em relação ao meio ambiente, oferecendo confiança ao turista que freqüenta estes estabelecimentos com a sua família, gerando a divulgação da consciência orgânica e seus benefícios às futuras gerações. Portanto, o Design nas suas várias formas de atuação é essencial no desenvolvimento deste produto, um kit para divulgação do turismo com o objetivo de reposicionar a região, dando a Serra Geral Catarinense destaque, por conseqüência aos produtores e para os produtos da colônia com o resgate da tradição e da cultura, proporcionando o diferencial para turistas cada vez mais exigentes e preocupados com o seu bem estar. O Design é utilizado como ferramenta no desenvolvimento de novos produtos atendendo as necessidades do usuário, buscando observar situações reais de uso e nicho de mercado e a sua relação com o meio ambiente. O bom design leva em consideração o conforto, o bem-estar, a facilidade de uso, a sensibilidade e as limitações do usuário. O bom design é tão nobre e atencioso que até com a natureza ele se preocupa, já que todo projeto deve levar em consideração o ciclo de vida e o descarte do produto. (Fascioni, 2007, p.70).
Além da preocupação com o meio-ambiente, os turistas são esclarecidos e aplicam esta prática de saúde em sua rotina diária. O designer utiliza conhecimentos específicos para o desenvolvimento de um novo produto, desde a idéia inicial, até a busca por informações que podem ser
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relevantes ao processo de criação. Para isto, utiliza-se o design de produto ou industrial, que trata da concepção do produto, sua forma, dimensional e materiais; já o design gráfico terá que transmitir a qualidade dos produtos orgânicos na marca e na composição da embalagem para o consumidor; e o design de embalagem, que deve ter a preocupação de utilizar materiais recicláveis ou promover a sua reutilização, pois existe neste projeto a preocupação com os custos envolvidos, sendo este um fato importante para a Associação Acolhida na Colônia. A utilização do Design Estratégico na promoção do turismo através de um kit de produtos coloniais orgânicos da Serra Geral Catarinense é fundamental para definir questões relacionadas a quantidade dos produtos coloniais, ações e metas importantes na sua organização. Segundo Reyes (2002, p. 4) a definição de Design Estratégico compreende em síntese à: Noção estratégica do design para as organizações; relação do design com a inovação; análise do ambiente externo para subsidiar e apoiar as decisões; foco não só no produto, mas nos serviços e na comunicação; importância de toda a cadeia de valor, da concepção à distribuição; e dimensão de processo e seu impacto na organização. O design estratégico atua como um espaço de agregação de valor, com vistas ao aumento de competitividade das organizações (dimensão estratégica).
Outra etapa importante deste projeto é a promoção da melhoria das condições de vida dos agricultores orgânicos com o desenvolvimento do kit de produtos coloniais através do design social, a auto-estima destes produtores que necessitam de orientação para possuírem as condições necessárias de oferecer seus produtos de uma forma padronizada, que acompanhe a qualidade com a qual são produzidos, pois seguem as normas de produção orgânica. A produção é artesanal não sendo de grande escala, atingem maior volume quando se juntam na formação de associações e cooperativas visando atender a demanda e reduzir custos de comercialização. O design social oferece a vantagem competitiva ao produto, traz a tona o emocional que o serviço e produto têm para o consumidor e demonstra esse valor ao consumidor formando desta forma um vínculo.
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Analisando todos estes fatos pode-se dizer que existe uma forte justificativa para o desenvolvimento do kit promocional para divulgação do turismo e da cultura regional através dos produtos caseiros de produção local.
1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
É necessária a divulgação junto a órgãos de turismo do estado de Santa Catarina e também em estados vizinhos para mostrar as pessoas que moram em grandes cidades que existem lugares onde a qualidade de vida pode ainda ser encontrada, belas paisagens, ar puro, contato com animais, natureza ainda inexplorada, as baixas temperaturas no inverno que provocam as geadas e o belo visual proporcionado pelas manhãs, além da culinária campeira e produtos coloniais orgânicos.
Aliado a estes fatores a necessidade de melhorar a apresentação dos produtos coloniais orgânicos, produzidos de forma artesanal e em pequena escala.
Sendo imprescindível a apresentação estética e formal do kit e seus produtos é necessária à intervenção do design (design de produto, design gráfico, design de embalagem, design estratégico e social) para a vantagem competitiva, pois do contrário a sua comercialização será prejudicada.
Utilização do design como diferencial no desenvolvimento do kit promocional, e com isso gerar renda extra para o agricultor e fortalecer a agricultura familiar fator importante para evitar o êxodo rural.
A situação atual destes produtos orgânicos não transmite a mesma qualidade encontrada no produto em si, pois as embalagens não têm as informações básicas necessárias, como dado do fabricante, data de fabricação e validade, composição, tabela nutricional dentro das normas exigidas pelos órgãos certificadores, ex.: Ecocert.
O turista deverá estar ciente de todos os diferenciais destes produtos coloniais, pois ele próprio fará a divulgação do kit.
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Necessidade de desenvolver um kit promocional que reúna vários produtos de fabricação colonial de produtores locais para melhorar sua renda, o objetivo é promover o turismo através destes produtos orgânicos com conceito cultural e regional.
A falta de uma estratégia baseada em uma identidade visual que vise melhorar o entendimento na aceitação do consumidor para este kit de produtos da Serra Geral Catarinense.
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2 METODOLOGIA
2.1 METODOLOGIA DO PROJETO
A metodologia adotada foi baseada em Munari (2002), porém foram atribuídas algumas adaptações como a relocação da definição do problema. Segue abaixo a sua estrutura.
Problema
Recolhimento de Dados
Definição do Problema
Componentes do Problema
Criatividade
Materiais e Tecnologia
Experimentação
Modelo
Verificação
Desenho Construtivo
Solução
2.1.1 Cronograma de Projeto 18 a 22/02 – Problema 25 a 29/02 – Recolhimento de Dados – Pesquisa Bibliográfica 03 a 07/03 – Recolhimento de Dados – Pesquisa de Campo 10 a 14/03 – Definição do Problema – Pesquisa de Campo 17 a 19/03 – Componentes do Problema – 8 perguntas de Baxter 24 a 28/03 – Componentes do Problema
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31 a 04/04 – Criatividade 07 a 11/04 – Criatividade 14 a 18/04 – Materiais e Tecnologia 22 a 25/04 – Modelo volumétrico e Verificação 28 a 02/05 – Estudo de Marca e embalagem 05 a 09/05 – Início do Desenho Construtivo (Entrega parcial Relatório TCC) 12 a 17/05 – Detalhamento e memorial descritivo 19 a 24/05 – Detalhamento e memorial descritivo 26 a 31/05 – Requalificação 02 a 07/06 – Revisão de Conteúdo e Modelo de apresentação 09 a 13/06 – Entrega Final (Relatório) 16 a 20/06 – Apresentação Final (auditório) 23 a 27/06 – Correção Final 30/06 – Entrega do Relatório Final (4 vias em capa dura)
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2.2 METODOLOGIA DE PESQUISA
2.2.1 Método Investigatório: O método investigatório utilizado será o dedutivo, que conforme SILVA; MENEZES (2005, p.25): “ [...] tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão.” Isso se dá porque inicialmente, serão investigadas, interpretadas e identificadas as principais nuances que cercam as questões sobre o turismo rural e seus elementos constiuintes. Buscando-se desta forma, contextualizar os aspectos gerais que relacionam-se a este universo, partindo-se posteriormente para o foco de estudo que caracterizará o problema de projeto de produto. Transposta esta fase, verificar-se-á a aplicabilidade e a geração de soluções viáveis para as situações problemas identificadas.
2.2.2 Tipo de Pesquisa
Pautando-se nas classificações de pesquisa dispostas por Silva; Menezes (2005), o presente projeto pretende trabalhar de acordo com a natureza desta, com pesquisa aplicada, uma vez que gerará conhecimento para aplicação prática, por meio do desenvolvimento do kit promocional de produtos orgânicos coloniais, visando a divulgação do turismo rural na Serra Geral Catarinense. Já do ponto de vista da abordagem do problema, classifica-se tanto como pesquisa quantitativa, quanto como pesquisa qualitativa. No primeiro nível citado, isso ocorre porque para obtenção de dados mais objetivos se fará uso de entrevistas com questões abertas e fechadas , que promoverão uma possibilidade de quantificação, no segundo nível, a pesquisa se dá por meio da observação, que auxiliará na construção da percepção da realidade de uso e interação do turista que utiliza o meio rural para seu descanso com o produtor orgânico e seus produtos da colônia.
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Ainda com relação aos seus objetivos, a pesquisa assume dois caracteres: como exploratória e descritiva. No primeiro plano exposto, proporciona maior familiaridade com o problema, se estabelecendo por meio de pesquisa bibliográfica que traga informações pertinentes sobre design em suas várias atuações, turismo rural, agroturismo, agricultura familiar e produção orgânica e embalagens para seus produtos, e a caracterização da propriedade rural. No segundo plano, pretende descrever as características de determinados fenômenos ou população por meio de técnicas padronizadas de coleta de dados, no caso entrevistas e a observação.
2.2.3 Instrumentos de Coleta e Análise dos Dados
Como o supracitado os instrumentos utilizados serão: levantamento bibliográfico, no sentido de possibilitar a fundamentação e contextualização do estudo proposto sobre as temáticas turismo rural, agroturismo, agricultura familiar e produção orgânica e embalagens para seus produtos, estes dados serão analisados e sintetizados para posterior aplicação no desenvolvimento dos produtos em questão; observação sistemática não participante, na qual o pesquisador trará traços da realidade interacional entre turismo rural e população pesquisada, analisando seus comportamentos, suas posturas e suas ações diante destes produtos, e por fim entrevistas com questões do tipo múltipla escolha e discursiva, o qual segundo Richardson (1985), combina perguntas fechadas, com perguntas abertas, no intuito de identificar opiniões e aprofundar as mesmas, facilitando desta forma, a tabulação e o tratamento destas informações.
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2.2.4 Amostragem/ População
A população (ou universo) a ser compreendido nesta pesquisa abrange todos os indivíduos que utilizam do turismo rural e consomem produtos orgânicos coloniais. A amostragem se enquadrará como amostra não casual acidental, sendo que de acordo com Rauen (2002, p.122): “As amostras não casuais ou não probabilísticas caracterizam-se por não permitir iguais oportunidades, para todos os elementos participarem da seleção amostral. Elas podem ser: acidentais, por quotas, ou intencionais.” Com relação às amostras acidentais, o mesmo autor ainda ressalta: “Nas amostras acidentais, consideram-se apenas os casos que vão aparecendo e continuase o processo, até que a amostra atinja determinado tamanho.” (RAUEN, 2002, p.122)
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3 PROBLEMA
O problema a ser investigado e aprofundado será a ausência de um produto para divulgar e promover o turismo na Serra Geral, pois os produtos coloniais orgânicos possuem excelente qualidade, mas a falta de informações em suas embalagens e a forma precária que são apresentados dificulta a sua comercialização, necessitando desta forma da intervenção do designer para agregar valor e atender as suas necessidades junto ao turista que escolhe o turismo rural como meio de lazer e descanso.
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4 RECOLHIMENTO DE DADOS
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Aqui serão abordados conceitos por meio de pesquisas em livros, dissertações e sites.
4.1.1 DESIGN
Para um melhor entendimento é importante saber a diferença entre design e Designer, pois não são sinônimos. Segundo Fascioni (2007), o design se refere ao processo, conceito e as etapas envolvidas em um projeto, já o designer é o profissional que faz o design. O design tem um conceito amplo, e como a tradução para o português não tem um termo definido prefere-se utilizar a expressão em inglês. Muito já se falou sobre design em artigos e trabalhos acadêmicos, pois tratase de um assunto complexo, muitos não sabem qual a sua função e como ele pode influenciar a sociedade com o seu trabalho. Sabe-se que surgiu na Revolução Industrial com a intenção de se fabricar produtos em escala, a primeira tentativa foi de reproduzir o trabalho detalhista de um artesão, mas não foi possível, o resultado não foi satisfatório, mas a demanda para o desenvolvimento de produtos era enorme o que levou grupos de profissionais a repensarem o conceito de fabricação e modificá-lo para que se tornasse viável. Paralelamente a este fato havia uma revolução cultural como o movimento Arts and Crafts, Art Nouveau, Art Deco e o Werkbumd além da escola de Bauhaus. Fazer produtos em grande escala era o objetivo desta nova forma de produzir, isto deu origem ao design. A origem do design deu-se da necessidade de produzir produtos em grande escala.
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Ainda de acordo com Fascioni (2007), existem várias definições sobre o design e a mais coerente diz que ele se sustenta sobre um tripé:
Um bom projeto para produção em escala;
Um conceito que explique porque o projeto foi feito daquela forma e não de infinitas outras formas;
E a última pela qual um produto não vende sua preocupação estética. Segundo dicionário Folha/Webster‟s apud Fascioni (2007), o design é o
plano ou intenção de criar alguma coisa, mas não se pode esquecer que é uma ferramenta que segue metodologia para o desenvolvimento de produtos atendendo as necessidades do usuário observando problemas para definir a solução.
4.1.1.1 Design de Produto (Industrial)
O design do produto envolve várias situações de um projeto, prevê etapas como problema, recolhimento de dados, definição e componentes do problema, o desenvolvimento do produto propriamente dito como escolha dos materiais, processos de fabricação e sua configuração física tridimensional. Segundo Gomes Filho (2006), o design do produto engloba:
Produtos de uso – vários produtos de utilização efetiva do usuário. Como: veículos, mobiliário, utensílios domésticos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, calçados, jóias, embalagens, entre outros;
Máquinas e equipamentos – produtos de uso, representados por bens de capital em geral, são máquinas, equipamentos, ferramentas, instrumentos, dispositivos e acessórios, são relações em sua maioria operacionais;
Produtos componentes de ambientes em geral – são postos de trabalho, postos de atividades, e outros semelhantes em espaços arquitetônicos e que mantém interfaces de design industrial;
Artigos para o lar – artigos domésticos, do lar, objetos de cama, mesa, banho, cortinas, carpetes, tapetes e similares, estão ligados ao têxtil. Por fim o design industrial inicia-se na concepção de viabilidade de
produção em série e pode ser aplicado ao design de produto e gráfico.
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O design do objeto engloba todos os objetos existentes tanto para fabricação industrial, artesanal ou ainda unindo as duas formas. Encontra-se dentro do design industrial ou de produto o redesign que é o aperfeiçoamento ou reformulação de algum produto já existente. Pode-se citar os automóveis que sofrem um redesign a cada ano, um exemplo específico é o automóvel fusca de desde a sua criação sofreu inúmeros redesigns, sendo que no último a Volkswagen radicalizou criando o New-beetle, um modelo inovador sofisticado e caro, alterando a sua categoria de carro popular. Neste caso altera-se a denominação de design de produto para redesign de produto, esta é uma modalidade do design cada vez mais utilizada e entre outras coisas estabelece melhorias, fazendo com que o produto retorne ao mercado tornando-se competitivo.
4.1.1.2 Design Gráfico
Da mesma forma que o design de produto ou industrial, o design gráfico segue metodologia para desenvolver projetos relacionados a marca, identidade visual de empresas e profissionais, está dividido em áreas específicas e sub-especialidades. Esta comunicação pode ser física ou virtual, o design gráfico surgiu em sua forma mais primitiva nos desenhos feitos em cavernas por nossos antepassados, sendo esta uma forma que encontraram para registrar graficamente os fatos. Segundo Gomes Filho (2006), é a especialidade que envolve concepção, elaboração e o desenvolvimento de projeto utilizando sistemas visuais de configuração formal tanto em aspectos estruturais como comunicacionais, geralmente pautados em substrato bidimensional gerados por processo de impressão. Segundo Gomes Filho (2006) apud Richard Hollis (2000) o design gráfico trata da geração, tratamento e organização da informação e tem os seguintes objetivos: a) identificar o que é determinada coisa ou qual a sua origem (marcas, logotipos, símbolos, brasões, emblemas, rótulos, letreiros, etc.);
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b) informar e instruir a relação de uma coisa com outra, no que diz respeito a direção, posição e escala (mapas, diagramas, sinais de orientação e de direção); c) apresentar e promover alguma coisa (pôsteres, anúncios publicitários), com mensagem clara e que chame a atenção do individuo. Destaca-se a classificação do design gráfico por áreas e subespecialidades, como relacionado abaixo:
Comunicação social
Editoração é a área que atua no desenvolvimento de livros, revistas, jornais, cadernos, agendas, cartazes, catálogos, relatórios, peças institucionais, anúncios em geral (mídia impressa, outdoors, painéis, telas), capas de livros, Cds, e outros. Ilustração convencional e digital desenvolve o design de histórias em quadrinhos, caricaturas, peças infográficas como mapas, cartas e gráficos entre outros. Comunicação Digital / Web Design é o design gráfico para os meios eletrônicos: sites, e-books, CD-Roms, anúncios e congêneres. Comunicação visual dinâmica está relacionada a filmes, vídeos, vinhetas etc. (mídias: televisão, vídeo, cinema, internet) e diversas manifestações cinético-digitais.
Sistemas de orientação e sinalização
Elementos de comunicação estão relacionados ao desenvolvimento de totens, placas, faixas, banners, painéis, pictogramas, grafismos e outros elementos que podem ser localizados no solo, elevados ou aéreos.
Identidade Visual
Imagem corporativa e de produto é a área de atuação que desenvolve marcas, logotipos, assinaturas e suas aplicações em todo o suporte de comunicação do produto como a papelaria, uniforme, veículos, sistemas de orientação e sinalização, embalagens, rótulos, selos e outros.
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Outras áreas do design gráfico são importante como ambientação (exposições, galerias e feiras), embalagens (tipografias, rótulos, ilustrações grafismos, texturas e cores) e material promocional (folhetos, cartazes, santinhos, cartões, kits, brindes, mala direta, etc.). Pode-se avaliar que o design gráfico é amplo, pois atua em vários segmentos, sua presença se faz notar nas grandes marcas que permanecem no mercado fortes e consolidadas por estarem estruturadas em uma metodologia de sucesso tornando possível a sua existência em um mercado muito competitivo.
4.1.1.2.1 Identidade Visual
Dentro dos diversos segmentos de atuação do design gráfico este é sem dúvida o mais difundido pelos profissionais de design gráfico, sabe-se que ao se elaborar uma marca para determinada empresa, são feitos estudos dos mais diversos para que a mensagem que será transmitida fique coerente com a própria empresa e o que ele pretende dizer ao mercado ou para o seu público-alvo. Segundo Strunck (1989), Identidade Visual é o conjunto de elementos gráficos que formalizam a personalidade visual de um nome, idéia, produto ou serviço. Estes elementos agem mais ou menos como as roupas e como as formas das pessoas se comportarem. Devem informar, substancialmente, à primeira vista, e estabelecer com seu observador um nível ideal de comunicação. De acordo com Ribeiro (1993), toda empresa ou serviço, apresenta características de personalidade, seja através de seus produtos ou de sua filosofia empresarial. A personalidade traduzida na imagem (marca, símbolo, logotipo), ganha importância fundamental a partir da constatação de sua existência de forma planejada, abrangendo as várias extensões de relacionamento da empresa, como exemplo: Papel de Carta, Cartão, Formulários, Embalagens, Frota de Veículos, dentre outros. A identidade visual deve ser considerada, não só como a personalização da imagem, mas também como ferramenta de um processo mercadológico, altamente competitivo e bastante saturado de informações visuais. Assim, um programa de Identidade Visual
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prevê a utilização de elementos de identidade, tais como: Marca: Símbolo ou Logotipo, Cores Institucionais e Alfabeto. Conforme Gomes Filho (2006), a marca pode ser elaborada dentro de configurações como: Figurativa: Tem forte compreensão, tem fácil entendimento, é identificada por imagens fotográficas, desenhos, ilustrações e outros. Abstrata: Exige mais observação por parte de quem tenta decifrar seu significado, dirigida a um público com maior grau de informação, pode fornecer várias interpretações. Abstrata associada com logotipo: Faz relação do logotipo com a marca facilitando a sua compreensão. Figurativa associada com logotipo: Transmite de forma rápida a informação, de todas as configurações é a mais fácil e rápida. Uma linguagem visual desenvolvida especialmente para o produto fortalece seu posicionamento no mercado, agrega valor, e o torna visível para o seu público, sem a identidade visual o produto não consegue posicionar-se, a sua qualidade não é percebida, pois se não há identidade a relação com o consumidor não é estabelecida refletindo nos seus resultados.
4.1.1.3 Design de Embalagens
O design de embalagem teve grande desenvolvimento na Revolução Industrial que ocorreu no século XIX, seu conceito e atividade faziam referência ao projeto de objetos, impressos, tecidos, estamparias e cerâmica. Dentro do universo de desenvolvimento das embalagens pode-se encontrar dois elementos fundamentais, os estruturais e comunicacionais, o primeiro trata dos elementos físicos, da forma da embalagem, seus materiais, manuseio, sistemas de fechamento e abertura e o outro cuida da questão visual da embalagem, esta alcança valores inatingíveis, satisfaz a emoção humana, pois de alguma forma atrai o consumidor que acaba adquirindo o produto.
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Pode-se considerar a utilização do design industrial ou de projeto na elaboração de embalagens porque a sua formatação física é desenvolvida pela indústria, baseada em seus elementos estruturais, sendo baseada nas necessidades determinadas por uma pesquisa de campo visando o público-alvo para o qual está sendo elaborada. Segundo
Neves
(2008)
projetar
embalagens
requer
conhecimentos
específicos sobre materiais, estudo de volumetria, técnicas mercadológicas e por fim o mais importante, conceitos relacionados a comunicação e uso das linguagens, neste caso costuma-se trabalhar em equipe, pois experiências e repertórios diferentes enriquecem o processo de pesquisa e criação gerando ótimos projetos. A utilização de metodologias projetuais se faz necessário, pois desta forma o desenvolvimento segue etapas definidas, tendo assim um resultado mais eficaz, assim recomenda-se sempre que o profissional de designer utilize a metodologia adequada para realizar o desenvolvimento de uma embalagem. De acordo com Neves (2008) apud Giovanetti (1997) para projetar uma embalagem deve-se perseguir um objetivo principal que tenha relação com algum fenômeno social. Define-se o problema que representa as necessidades do projeto e em seguida os subproblemas, geram-se as alternativas que são denominadas hipóteses que antecedem o uso de técnicas para geração de idéias como Brainstorming, Discussão 66, Método 635 e outros. O desenvolvimento segue com o designer fazendo uso de planos, desenhos, modelos de simulação para que possa visualizar todas as possibilidades que estão sendo geradas. Conforme Neves (2008) apud Stein (1997) podem ser aplicados outros atributos as embalagens que valorizam e aumentam a atratividade: Atributo psicológico: é a sensação que provoca por sua aparência, pelas linhas, cores e signos que surgem na configuração da forma. Atributo identificação: a primeira identificação que provoca é por sua aparência, pode-se dizer que tem relação direta com o desempenho do produto a que corresponde.
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Atributo amenidade: é a relação do produto com o homem, proporcionando uma sensação de uso agradável. Atributo expressão: a aparência deve expressar a sua intenção. O designer de embalagens deve estar ciente de seu papel, pois a tomada de uma decisão está relacionada com vários fatores que trarão consigo impactos positivos e negativos, sendo o design de embalagens único por suas peculiaridades, o equívoco poderá ser irremediável.
4.1.1.3.1 Embalagem (definição e funções)
Toma-se por verdade que as embalagens podem ser definidas pelos mais diversos conceitos, o que realmente pode-se dizer deste instrumento de comunicação eficaz é que não pode ser considerada uma unidade e sim um sistema complexo composto por elementos que perfazem sua configuração final, são vários subsistemas que juntos viabilizam o produto. De acordo com Neves (2008), a embalagem configura-se pela utilização de elementos gráficos e a sua estrutura física (shape), podem ainda fazer parte deste processo os sistemas de abertura ou fechamento da embalagem. Conforme Neves (2008) apud Giovanetti (1997) a embalagem pode ser considerada o invólucro que está em contato direto com o produto de consumo, e deve guardar, proteger, conservar e identificar o conteúdo e com isto facilitar o manejo e comercialização. Ainda conforme Neves (2008), a embalagem pode adquirir outras funções não só ligadas ao aspecto físico, químico e mecânico, mas também ao valor simbólico, onde transmite a imagem da empresa, definido a escolha do consumidor pois estabelece de forma clara suas possíveis qualidades e as vantagens reais ao se consumir este determinado produto. Além do caráter funcional podem ser atribuídas características marcantes que tem ligação com aspectos estéticos e simbólicos, isto demonstra a sua
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complexidade, pois reúne para si todas as funções que podem fazer parte de um objeto artificial qualquer. As empresas têm utilizado as embalagens como arma estratégica em pontos-de-venda em relação aos seus concorrentes, isto ocorre para que haja um aumento nas vendas e melhores resultados, com esta preocupação os investimentos aumentam para cada nova ação mercadológica. Desta forma a embalagem define mercado, interfere na sociedade e promove a satisfação pessoal no consumidor diante do seu desejo de consumo, abaixo a amplitude funcional das embalagens segundo Mestriner (2002):
Tabela 1: Amplitude da Embalagem Funções primárias
Conter, proteger, transportar.
Econômicas
Componente do valor e do custo de produção.
Tecnológicas
Sistemas de acondicionamento.
Mercadológicas
Chamar a atenção; Transmitir informações; Despertar desejo de compra; Vencer a barreira do preço.
Conceituais
Construir a marca do produto; Formar conceito sobre o fabricante; Agregar valor significativo ao produto.
Comunicação/Marketing
Principal oportunidade de comunicação do produto; Suporte de ações promocionais.
Sócio-cultural
Expressão da cultura e do estágio de desenvolvimento de empresas e países.
Meio ambiente
Importante componente do lixo urbano; Reciclagem / Tendência mundial.
Fonte: Mestriner (2002)
Segundo Neves (2008) apud Giovanetti (1997) explica duas funções para as embalagens como distintas, a primeira trata de questões básicas e estruturais como: Conter: Delimita o produto do meio externo, reduz seu espaço em um volume determinado e permite sua manipulação sem que o mesmo seja tocado diretamente.
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Proteger: Protege o produto do interior da embalagem contra agentes externos que possam prejudicar o seu estado natural, preservando também o consumidor. Conservar: Permite que através de barreiras definidas na própria embalagem o produto possa ser consumido após longo período de armazenamento. Transportar: Independente da matéria do produto a embalagem permite o seu transporte. As funções comunicacionais, utilizam de recursos gráficos e estruturais, promovendo o desejo do consumidor, trata-se da diferenciação perante aos concorrentes. O consumidor sente-se atraído, pois está identificando-se com o mesmo, isto ocorre pela aplicação de elementos gráficos, formais e simbólicos causando assim a persuasão do indivíduo.
4.1.1.3.2 Classificação de Embalagens
Para o design de embalagens devem ser avaliados vários fatores que são requisitos em seu desenvolvimento, por exemplo, definir matéria-prima para determinada função, dimensões e como as informações gráficas serão dispostas em seu aspecto físico, dentre as várias características e elementos que fazem parte de sua composição a embalagem possui categorias que serão abordadas a seguir: Segundo Neves (2008) apud Moura e Banzato (1990) e apud Barbato (2004) as embalagens possuem categorizações baseadas em critérios podendo desta forma serem separadas por suas características materiais, suas funções, utilidades e outros. Podem ser classificadas por funções: a embalagem primária que contém o produto e a secundária que acondiciona e protege a primária. Conforme Neves (2008) apud Giovanetti (1997) informa que a embalagem secundária é o invólucro unitário de uma ou várias embalagens primárias e deve conter informações sobre o produto, suas qualidades e ainda protegê-las. Um fato interessante a ser avaliado é que a embalagem secundária que protege a primária é descartada quando o produto é utilizado.
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Dando seqüência as categorias, tem-se as embalagens terciárias, que é a embalagem primária e a secundária dentro de outra embalagem, a quaternária que possibilita o deslocamento e armazenamento das embalagens terciárias, por exemplo, os paletes que possibilitam também o empilhamento e as de quinto nível, que caracterizam a utilização de contêiner, para longas distâncias podendo citar o transporte entre países. Ainda de acordo com Neves (2008), fazem parte da estrutura das embalagens os rótulos que tem função de informar o consumidor todas as características do produto, do fabricante, validade, lote, peso, ingredientes, valores nutricionais e outros fatores que podem definir o posicionamento deste produto no mercado. Relata Neves (2008) apud Martinez (1998) que o controle para as informações contidas nas embalagens orgânicas é feito pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que segue as portarias de nº 41 e nº 42, de 14 de janeiro de 1998, sendo um regulamento técnico que se refere as informações nutricionais contidas em alimentos enlatados e a ECOCERT Brasil que certifica os produtos orgânicos voltados para o mercado interno, e tem em sua equipe agrônomos, engenheiros de alimentos, economistas e técnicos agrícolas. Segundo o site Ecocert4, este órgão faz o controle dos produtos em relação às regras de gestão da qualidade, são treinados pela ECOCERT SA para aplicação dos vários regulamentos utilizados na certificação: Reg.CEE 2092/91, Regras USDA-NOP, Regras MAFF-JAS, IN 07/99 e lei 10831, Normas Ecocert para certificação de cosméticos naturais e orgânicos. Avalia-se que mesmo com o controle rigoroso em relação as informações colocadas nos rótulos dos produtos é possível desenvolver os mesmos com liberdade de expressão proporcionando excelentes trabalhos expostos no mercado. De acordo com Neves (2008), as embalagens podem ser classificadas de acordo com as suas finalidades:
Embalagem de consumo: constituem-se como primárias e secundárias, com maior potencial estético-formal podem persuadir a decisão de compra.
4
Disponível em: www.ecocert.com.br
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Embalagem expositora: torna possível o transporte e exposição do produto em pontos de venda.
Embalagem de distribuição física: protege e transporta o produto, pode ser primária ou secundária, suporta as condições físicas.
Embalagem industrial ou de movimentação: possuem dispositivos e encaixes para movimentação dentro da indústria.
Embalagem
de
armazenagem:
oferece
proteção
contra
parasitas
ou
interferências físicas e químicas que possam de alguma forma afetar o seu conteúdo.
Pode-se citar ainda, quanto à movimentação: embalagens movimentadas de forma manual com peso inferior a 30 Kg.
Embalagem retornável: que volta para a origem e pode ser reutilizada.
Embalagem não-retornável: tem único ciclo de distribuição e pode ser reutilizada ou não pelo consumidor. Segundo Mestriner (2002), os materiais utilizados em uma embalagem pode
determinar o seu uso, isto deve-se as limitações físicas e químicas dos produtos a serem embalados, a correta aplicação destes materiais em relação aos produtos ameniza possíveis alterações que sua aplicação errônea possa provocar alterando suas características, a classificação segue a tabela abaixo: Tabela 2: Tipos de embalagens e suas aplicações MATÉRIA-PRIMA EMBALAGENS Vidro
Celulose
Cartão (semirígido)
PRINCIPAIS TIPOS DE PRODUTOS Garrafa Frascos Potes Ampolas Copos
Cerveja - Vinhos - Destilados - Bebidas Finas Cosméticos - Perfumes - Medicamentos Conservas - Geléias - Café Solúvel Medicamentos - Cosméticos Requeijão - Extrato de tomate - Geléias
Cartucho Caixas Envelopes Cartonados Caixas
Farinhas - Flakes - Hambúrgueres Calçados - Eletro/Eletrônicos – Bombons Material Papelaria - Meias Femininas Leite Longa Vida - Sucos - Bebidas Lácteas Alimentos - Eletro/Eletrônicos – Frutas embalagens de transporte (secundárias) Carvão – Adubos - Farinha de Trigo Sementes – Rações
Sacos Papelão e papelão microondulado Papel
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Plástico
Plásticos Rígidos
Frascos Potes Garrafas Sacos Flow Packs Envoltórios
Prod. de limpeza e Higiene pessoal Cosméticos Achocolatados – Sorvetes – Shakes Álcool – Prod. Limpeza – Refrigerantes – Sucos Café – Açúcar – Arroz – Ração para cães Macarrão instantâneo – Salgadinhos Snacks Biscoito – Balas - Bombons
Latas Blisters Selos Latas
Cervejas – Refrigerantes Cartelas de comprimidos Tampas aluminizadas de iogurte e água mineral Conservas – Leite em pó – Tintas - Azeite
Madeira
Caixas Engradados Barris
Bacalhau – Equipamentos e máquinas – Charutos Frutas (uva) – Verduras – Vinhos Destilados - Azeitonas
Embalagem Composta
Combinam dois ou mais materiais
Blisters – Laminados – Multifolhados etc.
Tecido
Sacos de Estopa Sacos de Ráfia
Açúcar – Cereais - Batatas
Plásticos flexíveis Metal
Alumínio
Folha de Flandres
Fonte: Mestriner (2002).
4.1.1.4 Design Estratégico
O design estratégico está cada vez mais presente em projetos das mais variadas áreas sendo uma ferramenta poderosa para definir como um produto será apresentado ao mercado, seus diferenciais, suas estratégias. Este antecipa problemas, visualiza oportunidades e necessidades. Segundo Mallick (2000), o design estratégico pode ser o diferencial para o desenvolvimento do produto: Define o Design Estratégico como um plano de ação para obter vantagem competitiva por meio do produto de design, do design de novos produtos ou por intermédio do desempenho superior aos concorrentes, no tocante à satisfação das necessidades do mercado existente.
As empresas de um modo geral estão tornando-se mais competitivas, pois não há mais tempo para experimentar ações de mercado, é preciso ganhar tempo e o design estratégico se torna necessário sendo fator importante para o futuro das
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empresas. Defini-se como estratégia de design a participação desde o início do desenvolvimento do produto, qual conceito este produto terá e quais serão as áreas envolvidas como a tecnologia, processo produtivo e a sua fabricação propriamente dita. Conforme Teixeira (2005), o design corporativo define os valores pelos quais o produto deverá se comunicar com o seu público-alvo, a função de diferenciar e especializar o design do produto faz parte do design estratégico. A comunicação do produto inclui marca, a embalagem e todos os recursos que despertem a identificação do consumidor em relação ao produto. Sendo assim o design estratégico é uma vantagem competitiva, pois direciona o desenvolvimento para as necessidades que foram estabelecidas. Entender o público e o mercado, interpretar o cliente que é o consumidor, identificar as suas necessidades e desta forma propor estratégias para o desenvolvimento do produto, desde a escolha do formato, materiais, tecnologia, como será comercializado são ações que promovem a sua diferenciação. Torna-se importante demonstrar domínio das técnicas que serão utilizadas ou fazer estudos profundos do que se está pretendendo fazer, trabalhar em equipe faz com que se discutam vários detalhes prevendo possíveis problemas que surgem durante o processo. Avaliam-se questões de forma global com uma visão abrangente, a eficácia do produto, deve-se ao seu desenvolvimento da forma correta, observando-se as necessidades prioritárias e os desejos esperados pelos usuários, por conseqüência pelo fabricante e pela sociedade de um modo geral. Os estudos com os concorrentes são importantes para comparações de desempenho e para solução de problemas decorrentes. Seguindo-se o escopo ou briefing com os requisitos definidos no conceito do produto, facilita-se assim a sua revisão e alteração durante o projeto já no início do processo. Abaixo a figura 3 mostra a seqüência das etapas de desenvolvimento da estrutura da estrela, por meio de sobreposição de camadas. A ordenação das fases de composição dessa figura torna assimilável a dinâmica do processo de origem e de sustentação dos princípios norteadores gerados por esse trabalho de pesquisa.
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Desta maneira, a primeira camada é representada pelo triângulo, cujos vértices indicam a seguinte leitura: o planejamento estratégico e a inovação das empresas. O segundo nível traz o triângulo de leitura da estrutura organizacional e inovação das escolas. A camada seguinte justapõe as duas anteriores e denomina as contribuições advindas das interseções resultantes da sobreposição dos dois primeiros triângulos: a inovação e a estratégia do design; o planejamento estratégico e a estrutura organizacional da administração; a gestão do design refletida pelas empresas e escolas. Os vértices do triângulo do design estratégico completam as doze pontas da estrela e o triângulo assume posição central na figura, sendo respaldado pelos conceitos de todas as camadas sobrepostas anteriormente. Da justaposição desse último nível à figura surge a estrela dos princípios norteadores da gestão estratégica do design. Nessa fase, também são definidos mais três triângulos na estrutura, cujos desenhos colocam em evidência a conjugação do design com a Administração para o progresso da gestão do design.
Figura 3: Estrutura dos Princípios Norteadores da Gestão do Design Estratégico. Fonte: Mozota (2003).
Segundo Teixeira (2005), entende-se que o design estratégico trabalha com meios, resolve problemas, salvaguarda recursos, define o plano de ação, antecipa o cenário, faz previsões, busca o futuro e articula uma visão estratégica.
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Citando o contexto da agricultura familiar, o objetivo é promover a melhoria de renda para o agricultor com a venda de produtos orgânicos, então é necessária a conquista do consumidor e que este reconheça no produto a sua qualidade diferenciada. Uma das ações que podem melhorar este posicionamento é a sua valorização através da sua aparência, ou seja, da sua embalagem, marca e estrutura dos produtos constituintes do Kit, para que chamem a atenção e o torne competitivo no mercado de atuação. Devem-se observar os custos destes para não inviabilizar a sua venda e a mensagem que irá transmitir para as pessoas que o consomem. O design estratégico deve prever a gestão de informações para o melhor entendimento na comunicação, estabelecendo então uma relação de causa e efeito, que são os fatores impulsionadores de todo o desenvolvimento.
4.1.1.5 Design Social
Observou-se a oportunidade da aplicação do design social nas comunidades de agricultores localizada nas Encostas da Serra Geral em relação à melhoria na apresentação e venda de seus produtos orgânicos. A qualidade destes produtos é superior devido à preocupação em relação ao seu preparo, que é feito de forma ética, sem a utilização de produtos químicos que possam prejudicar a saúde. Notou-se a necessidade de desenvolver um kit onde o turista que freqüenta as pousadas da região, pudesse levar um ou vários produtos para seu consumo e com isso voltar em outras ocasiões. Desenvolver
este
produto
visando
à
melhoria
nas
condições
de
comercialização para promover o turismo rural na Serra Catarinense é o objetivo social deste projeto. Segundo Pazmino (2007), o design social surgiu na década de 60 e tem como objetivo melhorar e atender as necessidades das pessoas, valorizando o indivíduo e a comunidade. Para desenvolver o produto, algumas questões são de extrema importância como: - utilizar a tecnologia disponível e adequada; - materiais simples, com baixo custo;
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- deverá ter preocupação com o impacto ambiental; - ciclo de vida do produto (pré-produção, produção, uso, descarte e reciclagem); - sem fins lucrativos, visa à população de baixa renda, excluídos, idosos e deficientes; - atender as necessidades do usuário e promover a inclusão social. Percebe-se a necessidade de valorização dos aspectos culturais e da cultura regional para agregar valor ao produto observando o papel social. A sociedade está despertando para a consciência social, são problemas como a desigualdade, poluição, violência e outras questões que demonstram a desordem da sociedade humana. Segundo Castro; Silva; Moraes Júnior; Falcão Júnior (2006), dentro deste contexto social, o designer vem promovendo mudanças sociais materializando estas idéias, definindo uma nova postura profissional e com isso causando a transformação da sociedade. Para que se compreendam as necessidades do consumidor é preciso que se conheçam os problemas pelos qual esta ajuda é necessária, portanto deve-se observar questões importantes do seu meio através do recolhimento de dados, com visitas, entrevistas, levantamentos fotográficos para apresentar resultados a todos os envolvidos no projeto para interação. Está ocorrendo um crescimento nas intervenções do design, ou seja, o deslocamento do profissional desta área para as comunidades rurais com o objetivo de potencializar os valores regionais na cultura material do local que tem em seus produtos o seu valioso trabalho. A agricultura é uma atividade muito antiga e a agricultura familiar é integrante desta história também sendo uma relação importante em termos comerciais para muitos países, sua produção é pequena e artesanal, porém tem excelente qualidade e agrada muito ao consumidor que valoriza este tipo de cultura orgânica. Além da apresentação precária é necessária a estruturação de pontos de venda. A apresentação do produto deve estabelecer o vínculo com o consumidor formando um elo que será intermediado pelo Design Social.
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4.1.1.6 Análise e Síntese
De acordo com a análise e as formas de atuação do design aplicados ao kit promocional do turismo rural na Serra Geral Catarinense, pode-se dizer que será aplicado o design industrial ou de produto no desenvolvimento da embalagem primária e secundária, avaliando-se materiais, e processos de fabricação, os produtores tem necessidade de melhorar a forma estética de apresentação dos produtos coloniais mas não tem noção do isto representa. Ainda para este produto será utilizado o redesign que irá atuar na reformulação da marca sem tirar as suas principais características, o produto deverá ser com materiais de baixo custo, o design gráfico deverá lembrar as imagens rurais e dos produtos coloniais orgânicos com leitura de fácil entendimento na identidade visual passando ao consumidor noção de organização. A embalagem será com traços rústicos, falando-se de design estratégico será acrescida a reutilização de parte deste kit não sendo um produto descartável para que se tenha um diferencial aliado a outras ações que possam destacar este kit no campo mercadológico, o kit promocional será fornecido para uma ONG demonstrando à participação do design na melhoria da vida do indivíduo sendo esta a participação do design social no projeto, irá promover a inclusão dos agricultores e o fortalecimento da agricultura familiar.
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4.1.2 Turismo
Sabe-se que a homo sapiens espécie da qual faz parte o ser humano deslocou-se do leste da África há milhares de anos para ocupar todo o planeta, enfrentando diferentes temperaturas avançando pela terra, mar e pelo ar. Estes deslocamentos ocorriam por vários motivos, o mais importante era à procura de alimentos, depois na antiga Grécia as pessoas viajavam também por motivos religiosos, esportivos ou também para a busca de conhecimento. Segundo Dias (2005), os Gregos visitavam o oráculo de Delfos em grande quantidade para participar ou assistir aos jogos olímpicos. Ainda, os romanos, viajavam em busca de tratamento de saúde em banhos termais, descanso e lazer em segundas residências como se fosse à casa de campo ou praia nos dias de hoje. Destacam-se as viagens para o conhecimento de outras civilizações e suas culturas como na Grécia e Egito, igualmente para a gestão do grande império que possuíam exigindo-se administração constante. No início do século XX, o surgimento do automóvel permitiu o deslocamento de um maior número de pessoas que viajavam principalmente após a sua fabricação em massa, feito este realizado por Henry Ford. Em 1936 ocorre a primeira convenção internacional do trabalho, criada para conseguir férias para os trabalhadores e por fim na década de 90 e início do século XXI surgem muitas modalidades de turismo, onde o turista torna-se mais exigente e a preocupação com o ambiente é evidente alterando assim muitas rotas turísticas. Neste início de século destaca-se o ecoturismo que obtém os maiores índices de crescimento dentro da atividade como um todo. Ainda conforme Dias (2005), o Turismo é uma atividade econômica de extrema importância, um fenômeno mundial e o maior em toda a história da humanidade. Caracteriza o movimento das massas, que evoluiu graças às inovações e invenções e também aos empreendedores que vislumbraram a sua gestão como outro negócio qualquer e gerador de renda e trabalho. Projeta para os próximos anos um crescimento desta atividade sem precedentes em relação a qualquer outra atividade criada pelo homem.
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Ainda segundo Dias (2005, p.19), entre 1810 e 1811 foram publicadas as definições de Turismo e Turista no dicionário inglês The Shorter Oxford English Dictionary: Turismo é a teoria e a prática de viajar, por prazer. Turista é a pessoa que faz uma ou mais excursões, especialmente alguém que faz isso por recreação. Alguém que viaja por prazer ou cultura, visitando vários lugares por seus objetivos de interesse, paisagem, etc.
Pode-se analisar o conceito de turismo em duas vertentes principais: como um sistema econômico formado por empresas que oferecem pacotes de entretenimento e lazer ao turista, gerando produtos integrados, formando a indústria turística; e também como prática social e cultural que atende as necessidades psicossociológicas dos turistas que geram interações sociais entre agentes (turistas-residentes, funcionários das empresas, turistas-viajantes, turistas-turistas, agentes público-turistas, etc.), promovendo mudanças sociais e culturais. De acordo com Massaruto (2005), o conceito básico do que foi relatado acima mostra que o Turismo altera o espaço a sua volta, trata-se, portanto do deslocamento de pessoas que procuram novas paisagens, novas vivências e conhecimentos de novos espaços. As pessoas utilizam seu tempo livre e esta mudança de um lugar para outro em busca de novos cenários. Caracteriza-se por turismo, a mudança do estado psicológico que esta ação proporciona. Muitas vezes existe a procura por ambientes que podem se tornar uma segunda residência e em outras a simples busca por um local de descanso. O turismo, como um fenômeno social e independente do consentimento humano, acontece no tempo e no espaço. É definido, através da ciência geográfica, como um fenômeno social, que envolve o deslocamento de pessoas no espaço e têm por consumo o espaço geográfico. (CRUZ, 2001).
Pode-se notar em muitos locais que o Turismo modifica a rotina e a paisagem, pois a especulação imobiliária altera o crescimento demográfico com a permanência de muitos turistas que decidem morar de forma definitiva em cidades onde vieram passar suas férias. A infra-estrutura é um fator preocupante, pois muitas vezes a população de moradores locais e visitantes ultrapassa o limite habitacional, diminuindo os recursos
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satisfatórios de moradia. Deve-se fazer um planejamento para que o Turismo tenha condições adequadas para trazer benefícios para as cidades e para o campo. De acordo com Alvim (2003) 5, o Turismo é gerador de empregos e renda e esta será uma das principais atividades do século e representa 13% dos gastos das pessoas em todo o mundo. Finalizando a questão do desenvolvimento desta atividade que é o turismo, pode-se avaliar que: O turismo experimenta um processo de crescimento sem precedentes, tornando-se o maior movimento de pessoas já ocorrido na história da humanidade; ascendente a posição de principal atividade econômica mundial, superando setores tradicionais, como o setor petrolífero, automobilístico e eletrônico, e as previsões da OMT apontam um aumento dessa tendência para o futuro (DIAS, 2005, p. 41). Tabela 3: Evolução do turismo mundial – 1990/2002, sendo que os dados de 2002 foram estimados. Chegada de turistas
Receitas
Anos
Internacionais (milhões)
(US$ bilhões)
1990
458,2
268,9
1991
464,0
277,6
1992
503,4
315,1
1993
519,0
324,1
1994
550,5
354,0
1995
565,5
405,1
1996
596,5
435,6
1997
610,8
436,0
1998
626,6
442,5
1999
650,2
455,0
2000
697,2
477,9
2001
688,6
472,0
2002
714,6
483,0
Fonte: OMT apud Embratur (2003).
5
Flávio de Faria Alvim - Administrador de Empresas e Professor de Turismo Urbanova - São José dos Campos. Fonte: Disponível no site: www.revistaturismo.com.br.
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4.1.2.1 Tipos de Turismo Avalia-se que existem várias modalidades de turismo que atuam em vários segmentos de mercado, dentre os quais podem ser citados de sol e praia, o cultural, o urbano, de natureza rural, de aventura, pesca esportiva, entre outros. Dentro das várias modalidades podem ser subdivididos em outros tipos considerados por nichos de mercado. A classificação tratada aqui será pautada em cima da visão de Dias (2005).
a) Turismo de Sol e Praia
É um dos mais conhecidos pelo turismo de massas, este segmento está passando por uma grande reformulação sendo que novas estratégias estão sendo revistas para que o mesmo saia da grande sazonalidade, precisando ser gerados eventos fora da época de temporada e ainda revitalizar a exploração do ecoturismo e do turismo cultural.
b) Turismo Cultural
Trata-se de um tipo de turismo alternativo e tem grandes possibilidades de crescimento, é um complemento a outras formas de turismo e pode ter outras modalidades vinculadas como:
Ao patrimônio histórico: locais que possuem alguma ligação com fatos históricos, como Laguna, por exemplo. Monumentos como museus, fortes, usinas de açúcar do tempo colonial, cidades e todo elemento que pode configurar um segmento ou um conjunto de fatores históricos.
Ao patrimônio arqueológico: Toda e qualquer peça que comprove a existência de uma civilização como vasos de cerâmica, antigas canoas, arcos e flechas, túmulos, desenhos e pinturas rupestres como as que encontram-se na Ilha do Campeche. Estes itens atraem a curiosidade em torno das suas origens e as comunidades que habitavam o território brasileiro.
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À gastronomia: também trata-se de um complemento a outras formas de turismo, pois no Brasil com a grande diversificação de culturas, devido a ocorrência da imigração, pode-se constatar a existência de numerosa variedade de pratos étnicos.
Do patrimônio religioso: A religião que predomina no Brasil é a Católica, têm-se muitas igrejas, locais sagrados e santos oficiais. As histórias destes santos e a devoção dos fiéis fazem com que a religião seja um dos principais segmentos de Turismo no Brasil.
Aos museus: Nestes locais ficam depositados lembranças e objetos históricos de uma comunidade, pois é um resgate da origem e da luta que possui uma determinada localidade. É um local de pesquisa e resgate dos grandes personagens e fatos que marcaram a trajetória de suas vidas e dos costumes que sua interferência proporcionou.
Ao patrimônio industrial: As indústrias que possuem chaminés marcam e identificam o período da Revolução Industrial, são objetos de estudo e demonstração às futuras gerações de como tudo começou até os dias de hoje, mostram a evolução tecnológica ocorrida.
Ao patrimônio antropológico: constituído pelas celebrações populares de uma comunidade, como trajes típicos, gastronomia, artesanato, feiras, festas e seus diferentes hábitos, cada vez mais valorizados pelo novo turista.
Ao patrimônio rural: caracteriza-se por elementos da cultura rural como casas de fazenda, moinhos, currais, distritos, lugares que possuem antigas estruturas para demonstrar a evolução que ocorreu nos últimos tempos.
A acontecimentos culturais pré-programados: são iniciativas que atraem os turistas por um determinado período de média ou baixa temporada. Comemoração de datas, festivais, festas de tradição alemã, italiana, açoriana, pomerana, entre muitas outras. Estas são algumas atividades que podem ser ligadas ao Turismo Cultural.
c) Turismo Urbano
É o Turismo que mostra ao visitante a oferta cultural (seus centros históricos, museus, monumentos) da cidade que está sendo visitada, as ofertas recreativas
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(entretenimento e vida cultural) e as ofertas profissionais (feiras, exposições e congressos). As mais populares e de caráter urbano são as micaretas com os carnavais fora de época, Festa do Peão e a Oktoberfest, que é em Blumenau em Santa Catarina. d) Turismo de Negócios
Tem característica urbana e pode ocorrer durante o ano todo, trata-se de uma captação de eventos que movimenta esta atividade turística. Segundo a Ubrafe6, somente em feiras deste tipo existe a movimentação do mercado em R$ 3 bilhões por ano e promove-se a criação de 160 mil postos de trabalho.
e) O Turismo voltado para a Natureza
São várias as atividades turísticas que fazem parte deste segmento como, por exemplo, o ecoturismo, o turismo rural, de observadores de pássaros ou de baleias, safáris fotográficos e neste caso se constitui na base de desenvolvimento da sustentação da atividade.
f) Turismo de Aventura ou Esportivo
Atividades turísticas mais recentes incluem-se as realizadas em montanhas, como o montanhismo e a escalada, corredeiras, árvores (arborismo), esportes aéreos (parapente), cavernas (espeleoturismo), entre outros. Muito procurado pelo público jovem e pode ser ofertado em várias cidades.
g) Turismo de Pesca Esportiva
Tem possibilidade de grande crescimento no Brasil, pela dimensão da orla e tamanho dos rios e lagos. Há uma grande oferta dos mais diversos tipos de peixes e é
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UBRAFE – União Brasileira dos Promotores de Feiras. Disponível em: www.ubrafe.com.br.
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uma atividade turística de curta duração, nos finais de semana normais e prolongados em razão de feriados. Denominam-se Pesque-Pague, estão relacionados à estrutura fornecida para que o turista tenha condições de praticá-lo como alojamentos e equipamentos, sendo que se localiza próximo aos centros urbanos, facilita o deslocamento até o local por uma família que procura esta atividade para o descanso e diversão.
h) Agroturismo
Apesar de Dias (2005) não categorizar agroturismo como um tipo de turismo, esta noção é essencial para este projeto, portanto estes conceitos serão abordados aqui. O agroturismo é uma atividade que promove o coletivo através de participação comunitária, em associações e no cotidiano das atividades familiares. Campanhola; Silva (1999) definem agroturismo como, um conjunto de processos e produtos que alteram a qualidade de vida das pessoas que participam do cultivo e fabricação de produtos agroecológicos e do visitante que aprecia esta cultura fazendo parte da vivência daquele espaço e que mesmo a distância os consome, pois prioriza a ingestão de produtos saudáveis. Um fator importante para o agricultor que trabalha com esta produção orgânica é ultrapassar o estado de possuir bem materiais para viver melhor, pois partilha experiências com outras culturas, trabalha junto da sua família e passa a ter orgulho de ser agricultor, atua diretamente na melhoria de vida das pessoas e passam a ser referência, por sua consciência ambiental. Esta integração promove momentos de alegria, descontração e troca de experiências através de diálogos entre os visitantes e agricultores. Segundo
Heuser;
Patrício
(2006),
as
propriedades
sofrem
uma
reestruturação para oferecer esta consciência agroecológica, esta mudança na forma de agir atinge o agricultor e os visitantes, como o indivíduo e o coletivo, promove a auto-estima pela valorização do trabalho do produtor orgânico e a expectativa da comercialização dos produtos.
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Os produtos orgânicos têm valor agregado, pois trazem consigo a preocupação ambiental, a forma ética como devem ser produzidos e manipulados, os agricultores orgânicos aprendem a fazê-lo da forma correta. Apesar do alto custo se comparados a outros que não possuem esta consciência orgânica, os benefícios oferecidos não tem valor. Quando adquiridos diretamente na propriedade do agricultor possuem preço muito menor do que os praticados pelos atravessadores tradicionais, sendo uma necessidade de caráter emergencial a venda direta ao consumidor. Pode-se citar como exemplo o cultivo da cana-de-açúcar que após a utilização para a fabricação do açúcar mascavo, melado de cana ou ainda a tradicional cachaça colonial, se transforma em adubo orgânico para outras plantações como feijão, alface, mandioca e outros.
Figura 4:Resíduo da cana-de-açúcar utilizado como adubo orgânico. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 5: A alface cultivada pelo resíduo orgânico. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Ainda de acordo com Heuser; Patrício (2006), avaliando-se os resultados alcançados pela agricultura orgânica, pode-se chegar à conclusão que sob orientação ética a agricultura familiar aliada ao agroturismo promove: a inclusão social através do associativismo e pela gestão participativa; geração de trabalho e renda para o agricultor orgânico; resgate da cultura destes produtores; desenvolvimento da consciência política no processo participativo da comunidade voltada para um objetivo comum a todos os envolvidos; e a conservação ambiental que é um fator importante na ampliação desta consciência dos cidadãos que residem em centros urbanos, na saúde de todos os envolvidos e na prática alimentar mais saudável.
i) Turismo Rural
Sabe-se que é colocado como de turismo de natureza, mas tem forte componente cultural, derivado de que se trata de uma prática voltada para conhecer e vivenciar a relação do homem com a natureza em ambientes urbanizados como casas de fazenda, sítios, vilas, distritos rurais seguindo-se desta forma. Segundo Dias (2005), não necessita de grandes investimentos de infra-estrutura para o seu desenvolvimento, prioriza-se o fator comercial e de marketing. Proporciona nova renda ao homem do campo e o mantém no meio rural, oferece emprego proporcionando aumento da oferta nesta área surgindo assim micro e pequenas empresas no meio rural. Sabe-se que o Turismo Urbano existe há muito tempo, com ele tem-se geração de empregos, aumento da renda e a alteração da paisagem devido ao crescimento demográfico. O Turismo rural também é elemento fundamental para a permanência do homem no campo, fornecendo seu crescimento e sua fonte de renda sem que ele dependa exclusivamente da sua produção para se manter, isso é o crescimento sustentável no meio rural. Este segmento precisa de ações bem definidas para manter-se saudável. De acordo com Dias (2005), este segmento surgiu na metade do século XX para revitalizar as propriedades rurais, a intenção era fazer com que os visitantes mais
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próximos investissem seu dinheiro e em troca manteriam contato com a natureza, ar puro, animais e a visão de uma bela paisagem. Pode-se citar também o fato da procura por emprego nos grandes centros urbanos fazendo com que se tenha um desfalque no campo e para a sobrevivência dos proprietários de estabelecimentos rurais iniciou-se a atividade do Turismo Rural. Nota-se que atualmente os locais que podem fornecer este entretenimento estão cada vez mais escassos, pois a ação do homem é prejudicial à natureza e a busca pela tranqüilidade e o reencontro com a cultura muitas vezes procura o retorno financeiro e desta forma deixa-se de lado a produção no campo, que termina em solos exauridos e fracos. Segundo Almeida; Riedl; Froehlich (2001, p.199), o Turismo Rural é conhecido como uma atividade realizada no campo e explica: O Turismo Rural é conhecido como a atividade turística que ocorre na zona rural e integra-se a atividade agrícola pecuária. Surge como alternativa para proprietários rurais na atual crise financeira fundiária, atrelada a falta de incentivos ao homem do campo.
Entende-se que o turismo rural não é um fenômeno novo, este movimento de atividades no meio rural já se manifestava no século XIX, na Europa. Conforme Ruschmann (2001) há um grande número de pessoas envolvidas nesta atividade, a estrutura é situada em áreas rurais, ao ar livre e proporcionando contato com a natureza e com a herança cultural das comunidades do campo. A omissão do poder público em relação à agricultura e na ocupação produtiva causaram a falência gradativa desta atividade, este fato vem ocorrendo desde a década de 1960, então passou-se para a atividade de produção agropecuária, pois esta garantia a permanência no campo de maneira satisfatória. O fato é que o desenvolvimento do turismo rural vem crescendo e fortalecendo os produtores que já visualizam uma atividade sustentável e a possibilidade de valorização do artesanato e produtos coloniais. Apenas atrativos turísticos não bastam para consolidar este crescimento conforme Almeida; Riedl; Froehlich (2006), alguns passos são importantes como o desenvolvimento de um conselho municipal turístico para crescer de forma sustentável,
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o incentivo de empresas não poluentes, desenvolver política ambiental e de turismo no local e desenvolver um grupo da comunidade para conscientizar a importância de se tomar decisões acertadas. O Turismo Rural precisa de planejamento e organização. Além disso, necessita de administração com muita coerência e honestidade. É instrumento de melhoria da vida para os produtores do campo e tem como finalidade mostrar e preservar as mais belas regiões.
4.1.2.1.1 Turismo Rural no Brasil
Segundo Rodrigues (2001), o turismo rural é uma modalidade nova se comparada a outras já existentes como o modelo sol e praia e o ecoturismo. Não tem data definida o início desta modalidade de turismo no Brasil, pois se tem grande extensão geográfica, mas sabe-se que com este título de turismo rural e em âmbito estadual, as primeiras atividades foram iniciadas em Lages oficialmente, na fazenda Pedras Brancas em 1986. A idéia era acolher o turista para desfrutar um dia no campo e suas atividades. São consideradas pioneiras as fazendas Barreiro e Boqueirão, outras propriedades seguiram o exemplo, aliás, o município já foi considerado o centro do turismo rural no estado de SC, mas atualmente não ocupa esta posição. Esta iniciativa multiplicou-se em todo o território brasileiro e mais recentemente na região CentroOeste com destaque para Mato Grosso do Sul. Pode-se citar também a expansão das regiões Nordeste e Norte, já em Santa Catarina destacam-se projetos que são totalmente focados na atividade turística rural até como fonte alternativa de renda para produtores agrícolas que a utilizam para se manter financeiramente. Definir o conceito de turismo rural dentro dos moldes europeus é impreciso, podem ocorrer vários equívocos, pois a realidade brasileira é diferente e complexa. A classificação européia mostra modalidades distintas quando se trata de turismo em espaço rural e não há afinidade de critérios para a classificação. Outro fator importante é a extensão geográfica no Brasil e as distintas fases do processo histórico de
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apropriação do território, em função do extrativismo vegetal e mineral, também da pecuária e agricultura. Pode-se afirmar que o Brasil devido aos ciclos econômicos sofreu alterações em sua paisagem que foram marcantes, formando um diversificado patrimônio históricocultural. Na região sul o ciclo do gado fez suas fronteiras, de Nordeste a Sul, onde se originaram as grandes rotas que hoje contam os fatos que ocorreram para os mais diversos turistas que a percorrem demonstrando o seu grande valor histórico. Conforme Rodrigues (2001), o ciclo da cana-de-açúcar, da Mata nordestina onde se destaca o patrimônio arquitetônico; o ciclo do ouro e do diamante, em Minas Gerais, que deixou um patrimônio urbano inegável e também nas áreas rurais; e finalmente o ciclo do café que foi desenvolvido de forma básica na região Sudeste, deixaram como heranças, propriedades com enorme valor arquitetônico, sedes de fazendas de estilo colonial, que foram restauradas para a utilização no turismo, viabilizando assim o acesso à história. Seguindo em ordem de acontecimentos pode-se destacar a imigração européia, que se desenrolou no século XIX com o primeiro quartel no século XX, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, com grande importância no desenvolvimento do turismo rural do país. Segundo Cavaco (1999), na Agropecuária citada como referencial é necessária à avaliação da estrutura fundiária para determinar a classificação da propriedade e as formas de utilização do solo: primeiro tem-se o modelo da pequena propriedade familiar que retira seus recursos do que planta em sua terra; depois se tem a pequena propriedade colonial que possui sua origem no processo de imigração; temse também a grande propriedade monocultora destinada a produtos tropicais de exportação, através do grande latifúndio agrícola da produção em grande escala, podese citar a soja, por exemplo; estabelecem-se ainda propriedades de pecuária leiteira de diferentes tamanhos que se fixam no Sudeste após a crise do café; e as propriedades de corte do gado em interiores de colonização recentes do Centro-Oeste e da Amazônia. Conforme Mamede; Martins (2003), para melhor entendimento das características do turismo em áreas rurais, não se pode somente levar em consideração
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a localização da atividade turística rural em relação ao seu oposto, a urbana, precisa-se avaliar outros fatores: a) processo histórico de ocupação territorial; b) a estrutura fundiária; c) características paisagísticas regionais; d) estrutura agrária com destaque para as relações de trabalho desenvolvidas; e) atividades econômicas atuais; f) características da demanda; g) tipos de empreendimentos. A agricultura familiar tem papel fundamental no processo de crescimento da propriedade rural, o surgimento deste segmento renova as expectativas de quem depende da atividade no meio rural, pois através da sua prática ocorrem mudanças positivas que estão diretamente ligadas ao agricultor e ao visitante destas propriedades. Pode-se citar as principais modificações ocorridas como: a permanência dos familiares em torno da agricultura na propriedade rural, a experiência nas atividades do plantio sendo relatadas aos visitantes para que conheçam um pouco de sua rotina, a possibilidade de obter renda extra com a venda dos produtos coloniais sem a utilização de agrotóxicos.
Figura 6 – Plantio Orgânico Fonte: Arquivo Pessoal.
Por outro lado, podem ser observados limites na agricultura familiar, a principal é fazer com que a propriedade se torne competitiva dentro de um modelo de
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gestão, além disso, existe a questão da localização da propriedade, a freqüência de visitas ao local e a geração de emprego para toda a comunidade agrária. Segundo Mattei (2003), durante a longa crise que a economia brasileira sofreu na década de 1980, ocorreu um crescimento muito lento da empresa formal e conseqüentemente aumentou as relações de trabalho sem contratos formais, prejudicando desta forma o mercado de trabalho. A agricultura também foi atingida com esse processo, fato que ocasionou uma nova dinâmica nas relações econômicas e sociais no meio rural brasileiro, que alterou a estrutura e composição do mercado de trabalho, já que o número de familiares dos agricultores que possuíam empregos fora da propriedade sofreu um aumento, levando os agricultores a buscarem novas alternativas, executando atividades que geralmente não estavam ligadas à agropecuária. Surge então o turismo como um novo elemento no panorama econômico do mundo rural, causando uma relevante melhoria nas condições de vida dos agricultores familiares, diversificando assim suas atividades e visando o aumento de sua renda. A agricultura familiar vem se destacando nas discussões sobre alternativas no que diz respeito ao problema de renda e emprego, influenciando as próprias políticas públicas. Por esse motivo em setembro de 2003, o Governo Federal criou o PRONAF (Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura Familiar) para apoiar e incentivar os agricultores familiares a constituir atividade turística nas unidades familiares de produção. Ainda de acordo com Rodrigues (2001), o turismo rural está diretamente ligado a atividades agrárias passadas e presentes que são realizadas em uma paisagem rural, podem-se citar como exemplo as áreas dos altos vales dos rios da bacia amazônica. Atualmente o desenvolvimento rural passa por um dilema, somente a atividade agrícola não está conseguindo se manter, ser rentável e por outro lado existe ainda o êxodo rural que está aumentando. A questão da preocupação ambiental e produtos com certificação exigem programas que promovam o desenvolvimento nestas áreas, para com isso gerar qualidade de vida, melhoria da economia e dos serviços que são oferecidos. Uma das formas de se reverter esta situação é a prática do turismo rural
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que é a utilização de recursos naturais para que se torne esta propriedade rentável e competitiva.
4.1.2.1.2 Turismo Rural na Serra Geral Catarinense
Santa Catarina é a terra dos contrastes, resultantes das características geográficas, culturais e econômicas. De acordo com Oliveira (2007), exibe elevados índices sociais com uma economia sofisticada, somam-se mais de 5 milhões de habitantes e tem-se culturas de diversas etnias que colonizaram esta terra assegurando a diversificação de costumes e as diferentes origens culturais.
É no folclore, na
arquitetura, culinária e nas festas que se comprova que as belas cidades catarinenses preservam a história e os costumes dos nativos e dos colonizadores.
Figura 7: Mapa da região da Serra Geral Catarinense. Fonte: www.santacatarinaturismo.dzo.com.br.
O desenvolvimento da serra deve-se aos tropeiros, desbravadores que, há dois séculos, levaram rebanhos do Rio Grande do Sul para São Paulo, o trajeto era chamado de "Caminhos das Tropas". Os turistas visitam a Serra Geral Catarinense atraídos pelo inverno e baixas temperaturas que podem ocasionar a queda da neve, fato que torna as paisagens agrestes ainda mais belas. As suas montanhas têm altitude de quase 2000 metros,
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cânions, cachoeiras, florestas de araucária e campos onde se podem fazer desde simples caminhadas até atividades de aventura.
Figura 8: Turista em São Joaquim Fonte: www.santacatarinaturismo.dzo.com.br.
Além das paisagens exuberantes, a culinária também ocupa lugar de destaque, é conhecida pelo tempero tradicional serrano, um importante atrativo do turismo rural. As fazendas centenárias mantêm a tradição de bem receber o visitante que encontra conforto e participa de atividades rurais como as cavalgadas, comida farta e de excelente sabor. Segundo Oliveira (2007), na Serra surgiram as primeiras pousadas rurais e hotéis-fazenda, algumas propriedades têm mais de 100 anos de história e foram modificadas para dar estrutura ao turismo rural, foram mantidas assim as instalações tradicionais e acrescidas de comodidades para melhor receber o turista, com saunas, salas de ginástica e restaurante especializados em comida campeira. Os turistas também são convidados pelos peões a conhecer os segredos da lida no campo, todas as atividades variam conforme a região e a estação do ano são dezenas de opções com grau de dificuldade diferentes, desde roteiros curtos para crianças e iniciantes, até alguns mais ousados com certa dose de aventura, pois a serra apresenta excelentes condições para a prática do ecoturismo e esportes radicais. Além da exuberância da natureza que torna a Serra Geral Catarinense um lugar especial, a presença humana é outro ingrediente essencial do encanto da região, a visão bucólica de povoados rurais completam o espetáculo inesquecível. Realizou-se em 8 de julho de 2005 nos municípios de Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Rio Rufino, São Joaquim, o encontro onde foi discutida a implantação do
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Agroturismo na região, a reunião se realizou em Urupema na Secretaria Municipal da Educação, visando orientar técnicos e lideranças locais para implantação do projeto que tem contribuído de forma positiva para a melhoria das atividades rurais na região, gerando renda extra para a propriedade rural com a agricultura familiar e a diminuição do êxodo rural que é o abandono do trabalho no campo resultando na migração para grandes centros urbanos, informou a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de São Joaquim7. As propriedades rurais destes municípios foram avaliadas e no decorrer do processo de implantação do agroturismo foram feitos cursos, visitas técnicas e um seminário de avaliação e intercâmbio. A primeira mobilização realizou-se em São Joaquim e participaram os representantes de vários órgãos ligados ao turismo como: - secretários de turismo e agricultura dos seis municípios; - gerência de turismo da Secretaria Regional de São Joaquim; - gerência de planejamento da Santur; - Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte de Santa Catarina. Na ocasião foi apresentada a experiência bem sucedida do município de Santa Rosa de Lima que é sede do agroturismo e integrante da Associação Acolhida na Colônia juntamente com outros cincos municípios da região das Encostas da Serra Geral e está sendo aplicado em 30 municípios catarinenses. Pode-se concluir então, que a atividade turística no meio rural é uma realidade cada vez mais organizada promovendo a valorização do agricultor através de iniciativas bem sucedidas para este segmento. Na Serra Geral, além do turista encontrar as opções tradicionais de hospedagem como hotéis-fazenda e pousadas rurais que possuem todo o conforto disponível, também pode-se encontrar as hospedagens nas pequenas propriedades dos agricultores que oferecem quartos onde o visitante pode interagir diretamente com a família anfitriã, mediante reservas. Neste tópico serão relacionados os meios de hospedagem encontrados no Brasil e a sua classificação. 7
Disponível em: www.belasantacatarina.com.br
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Segundo Campanhola; Silva (2000), a Associação Brasileira de Turismo Rural (ABTR) tem 1150 propriedades cadastradas em turismo no meio rural. Estes estão direcionados para as diversas categorias do turismo como acampamento rural, day camp, fazenda de pesca com hospedagem, fazenda com pesque-pague, fazenda turismo (pousada rural, hotel ecológico - lodge, hotel- fazenda, „spa rural‟ e turismo eqüestre). A categoria com maior número de empreendimentos cadastrados no país é a fazenda turismo/pousada rural, com 538 propriedades, seguida pelo hotel-fazenda com 242 propriedades. Fica claro desta forma o grande impulso que se dá a rede de hospedagens no meio rural brasileiro, embora os hotéis-fazenda tradicionais não possam ser incluídos na categoria de agroturismo, baseada na definição anteriormente citada. Na Serra Geral Catarinense, predomina a hospedagem em hotéis-fazenda e pousadas, são instalações centenárias onde se participam de atividades rurais, como por exemplo, cavalgadas, passeios de charrete e visitas às atrações naturais da região. Estas estão localizadas em Lages, Urubici, São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema. Nestes municípios também encontram-se as pequenas propriedades que atendem o turista da mesma forma, mas com a diferença nas instalações oferecidas, porque ao contrário, não se tem acesso à confortos básicos como aparelho celular e TV, pois a proposta é que se tenha convívio com a realidade destes agricultores e a sua rotina diária o que torna a experiência única, pois existe uma troca de informações sobre a cultura de ambos.
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4.1.2.1.3 Análise e Síntese
O turismo tem muita importância para o nosso estado, pois todos os anos muitos turistas procuram os municípios de Santa Catarina para descansarem e durante este período movimentam seus rendimentos, isto faz com que ocorram investimentos em ruas, estradas e rodovias além de infra-estrutura como hotéis e espaços de lazer para o turista que vem em busca de nossas praias no verão. É de extrema importância o crescimento das pequenas propriedades rurais, que são os eixos de nossa permanência nas cidades, porque é da agricultura que temos nossos alimentos e vários outros produtos que nos beneficiam. Por isto o kit promocional do turismo rural com produtos da colônia e sem agrotóxicos tem caráter social, pois pretende facilitar a venda de produtos orgânicos para turistas que praticam o turismo rural, este kit será comercializado diretamente com o turista ou em pontos-de-venda e cada embalagem poderá ser vendida em separado. Com esta ação pretende-se incentivar mais a produção orgânica e fazer com que a agricultura familiar se fortaleça, o kit terá baixo custo, pois o objetivo é organizar o mesmo com a aplicação do design demonstrando as suas mais diversas faces e como a sua intervenção pode ajudar ao indivíduo. Atuando desta forma, o design promove o equilíbrio da sociedade e todos os envolvidos saem ganhando com isto.
4.1.3 Organizações Não Governamentais (ONGs)
Neste tópico abordar-se-á sobre ONGs, pois o projeto da Acolhida na Colônia é referência na organização das pequenas propriedades rurais e na implantação do Agroturismo como fonte de renda. Trata-se de uma ONG que está atuando em 30 municípios catarinenses, mudando as perspectivas e o futuro destes agricultores que assumem um papel de grande importância no desenvolvimento do turismo rural e com isto promovem a sua permanência no campo. De acordo com Dias (2005), as ONGs são entidades de direito civil, que não tem finalidade lucrativa e vínculos com governos, sindicatos ou partidos políticos,
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embora possam desenvolver parcerias atuando em várias atividades e desta forma são consideradas integrantes do Terceiro Setor. Estas organizações sem fins lucrativos existem desde a década de 20, mas foi a partir dos anos 60 que as mesmas passaram a lutar pelos direitos específicos da população. Seu crescimento se deu a partir dos anos 80, quando se começou a estabelecer as ações conjuntas com governos e organismos internacionais para elaboração de políticas públicas, este trabalho não poderia ser realizado de outra forma devido à alta especificidade do tema, por exemplo: a proteção de diversas espécies de animais, bem como as áreas de proteção ambiental, cada qual com sua ONG específica. Ainda segundo Dias (2005), é indispensável o apoio dado a estas organizações do Terceiro Setor, visando à melhoria na atuação do estado em seus diversos níveis no segmento do turismo, pois muitas são formadas com o objetivo de atuar dentro de parâmetros sustentáveis do turismo. Existem ONGs no Brasil voltadas para a capacitação de mão-de-obra, meios de hospedagem, para viabilizar ações estratégicas voltadas ao turismo sustentável e inclusão social e fonte de renda para a melhoria de trabalho no campo e outros setores o que amplia as expectativas de melhoria na gestão social do turismo.
4.1.3.1 Acolhida na Colônia
Figura 9 – Assinatura Visual - Acolhida na Colônia. Fonte: www.acolhida.com.br.
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A Acolhida na Colônia teve início em 1998, através de sua fundadora Thaise Guzatti, engenheira agrônoma, mestre em engenharia de produção com ênfase em meio ambiente, doutoranda em geografia. Por ter realizado este projeto foi eleita pela revista World Business uma das mulheres com até 35 anos de idade com algo especial para oferecer ao planeta. Segundo Guzzatti, foi no final de seu curso em 1997 com o objetivo de melhorar as condições dos agricultores que fez um estágio na França a convite do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO), foi lá que tomou conhecimento do Projeto Accueil Paysan que melhora a vida de agricultores através do turismo ecológico. Volta ao Brasil como coordenadora da CEPAGRO e organizou aqui o projeto conforme as regras do original, iniciando com cinco municípios: Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Rancho Queimado, Rio Fortuna e Gravatal. Tomou a decisão de iniciar seus trabalhos naquela região porque já havia uma associação com a preocupação de desenvolver e beneficiar produtos com a preocupação orgânica, sem a utilização de agrotóxicos, trata-se da AGRECO, Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral fundada em 1996 e que da mesma forma atende a 11 municípios que fazem parte da região. Ainda conforme Guzzatti foi preciso deixar a CEPAGRO para se dedicar a Acolhida na Colônia, pois se precisou adaptar o conceito europeu e estabelecer normas de funcionamento e metodologia de implantação. A sua ONG que já recebeu prêmios da ONU e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e está atualmente em 30 municípios do estado promovendo novas alternativas de renda para os agricultores e sua inclusão social gerando a manutenção das tradições e costumes. Outro fator de grande importância deste projeto, é que este faz com que o jovem permaneça no campo minimizando o êxodo rural, preserva o meio ambiente, a saúde do agricultor e dos visitantes que freqüentam as propriedades rurais, tendo acesso à culinária típica, hospedagem rural e contato com a natureza.
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Figura 10 – Acolhida na Colônia e a expansão em outros municípios catarinenses. Fonte: www.acolhidanacolonia.com.br.
Em expansão, está também na Serra Geral Catarinense especificamente em Urubici (figura 11) e São Joaquim onde irá atingir todos os municípios da região além do Vale do Itajaí, em Presidente Getúlio no Vale das Cachoeiras e Imbituba (figura 10). Por esta razão este projeto vem de encontro com o objetivo de promover o turismo no meio rural catarinense, por meio do desenvolvimento de um kit com produtos coloniais que atenda a necessidade do agricultor, melhore a apresentação de seus produtos para que possa ser comercializado junto aos turistas que visitam sua propriedade ou postos de venda da Acolhida.
Figura 11 – Folder Acolhida na Colônia em Urubici –SC. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Citando Santa Rosa de Lima, que é sede da Acolhida na Colônia no estado, as estradas de acesso até o município são precárias, pois não são pavimentadas (figura 12), pode-se observar que nesta região encontram-se muitos recursos naturais como rios, cachoeiras, fontes de águas termais e minerais, os principais rios que abastecem cidades importantes do estado nascem nas Encostas da Serra Geral. Por estar distante de rotas importantes (BR-101 e BR-282) a região das Encostas da Serra Geral sofre grande isolamento, o que acaba resultando em um ar de abandono destes municípios.
Figura 12 – A falta de sinalização para Santa Rosa de Lima - Início do município. Fonte: Arquivo Pessoal.
Os agricultores que são associados da Acolhida na Colônia participam de palestras e viagens de estudo para outras propriedades com projetos parecidos como o da Estrada Bonita, em Joinville e o caminho de Pedras, no Rio Grande do Sul, para que saibam como devem executar uma nova atividade para a qual estão se preparando. Após a definição de quais agricultores serão associados é avaliada a participação de cada propriedade no processo e o que cada família irá fazer com acompanhamento de um técnico que irá orientar os agricultores. É elaborado um circuito de agroturismo e todos os participantes citam quais serviços podem oferecer ao turista que irá visitar a sua propriedade, nesta etapa entra o SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial que fornece toda a orientação técnica para que os agricultores possam se preparar em cursos como atendimento, organização da
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propriedade rural, jardinagem e paisagismo, ecoturismo, saneamento básico, culinária, etc. Conforme Guzzatti; Schmidt; Parente (2006) além de toda a preparação e organização é elaborado um caderno de normas que define como será recebido o turista com a qualidade necessária. O resgate cultural também é promovido entre os agricultores como concursos de culinária típica (receitas da vovó), e uma pesquisa sobre a história da família de cada um dos participantes. No resgate e proteção ao meio ambiente todos devem providenciar o saneamento básico e proteger as nascentes das águas. A Acolhida tem um fundo rotativo próprio proveniente de doações que financiam pequenos projetos, pois nem sempre é possível obter recursos em bancos tradicionais. Atualmente a Acolhida na Colônia tem alcançado resultados que surpreendem, segundo a revista época negócios8, envolve 150 famílias em 30 municípios de Santa Catarina e quatro novas associações foram criadas totalizando mais de 100 propriedades rurais. A renda obtida pelas famílias fica entre R$ 1 mil e R$ 2 mil mensais, o que dá condições de permanência no campo. A diária tem valor máximo estabelecido de R$ 55,00 com as refeições incluídas para que seja acessível aos visitantes e o mesmo deve compartilhar das mesmas condições de vida do agricultor, pois nos quartos não são colocadas TVs, não há sinal de celular, e a boa conversa é o principal passatempo onde se trocam experiências que vem de encontro ao programa da Acolhida que tem apoio das prefeituras, Epagri, Santur e Ministério do Desenvolvimento Agrário.
8
Disponível em: www.epocanegocios.globo.com
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4.1.3.2 Análise e Síntese
A Acolhida na Colônia é uma instituição sem fins lucrativos que atua no fortalecimento
das
propriedades
rurais
com
o
objetivo
de
promover
seu
desenvolvimento constante. Pode-se observar que este projeto é referência para outras associações que estão no mesmo segmento, o turismo rural nos mais diversos municípios de Santa Catarina. É determinante a organização de ações que priorizem o apoio na divulgação de seus produtos coloniais orgânicos, pois a qualidade é indiscutível mais a falta de uma identidade visual atualizada em seus produtos caracteriza descaso. Sabe-se que isto ocorre sem a intenção de fato, pois todos os agricultores necessitam divulgar sua região, seus produtos e sua propriedade para atrair o turista. Através da aplicação do design na elaboração da assinatura visual para elevar o padrão de qualidade e agregar valor ao produto pretende-se promover a integração entre design e agricultura nas propriedades rurais.
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4.1.4 Análise do Mercado Native – Produtos da Natureza
Figura 13: Açúcar Cristal Orgânico. Fonte: www.santosorganicos.com.br
Figura 14: Açúcar Cristal Orgânico Fonte: Arquivo Pessoal.
Cores: As cores são agradáveis (fig. 13 e 14). Fontes: utilização de fontes diferentes (fig. 13 e 14). A legibilidade é prejudicada pelos diferentes tamanhos de fontes e grafismos (fig. 13 e 14). Gestalt: Para as embalagens acima existe a unidade de proximidade, desequilíbrio na composição nas imagens, desarmonia, e sobreposição. A estrutura física da embalagem (fig.13) é orgânica, a ergonomia da embalagem tem manejo simples, ao lado (fig.14), a embalagem tem estrutura física geométrica, tem manejo simples. As referências visuais (fig. 13) indicam onde o produto pode ser utilizado, ao lado (fig.14), as referências visuais remetem a um convite para tomar um café, passando a idéia de aconchego.
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Natu’s Orgânicos
Figura 15: Açúcar Demerara Orgânico. Fonte: www.natus.com.br
Figura 16: Açúcar Mascavo Orgânico. Fonte: www.natus.com.br
Cores: As cores são fortes e atraem o observador pelo seu contraste (fig. 15 e 16). Fontes: utilização de fontes diferentes (fig. 15 e 16). A legibilidade é prejudicada pelo uso de diferentes fontes e seus tamanhos. Gestalt: Existe contraste de luz e tom na composição das imagens e sobreposição (fig. 15 e 16). A estrutura física da embalagem (Fig.15 e 16) é orgânica e tem manejo simples, ao lado. As referências visuais remetem a um produto ecológico pela utilização da cor.
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Figura 17: Doces de Leite, Abóbora e Banana Orgânicos. Fonte: www.natus.com.br
Cores: As cores são alegres, vibrantes e alteram de acordo com o produto. Fontes: utilização de fontes diferentes em todas as embalagens. Gestalt: Existe desequilibro nas imagens e sobreposição. A estrutura física da embalagem tem a mistura de linhas geométricas e orgânicas, a característica superficial do manejo é lisa e de simples manuseio proporcionando segurança ao usuário. As referências visuais remetem ao campo e produtos orgânicos. Foram utilizados muitos elementos na composição dos rótulos dificultando a legibilidade.
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Jasmine Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.
Figura 18: Açúcar Mascavo Orgânico. Fonte: www.jasmine.com.br
Figura 19: Coockies Integrais Orgânicos. Fonte: Arquivo Pessoal.
Cores: As cores são agradáveis (fig. 18 e 19). Fontes: utilização de fontes diferentes, tipos e tamanhos, dificultando a legibilidade (fig. 18 e 19). Gestalt: Desequilíbrio na composição (fig. 19). A estrutura física da embalagem (Fig.18 e 19) é orgânica com elemento liso e a ergonomia do manejo é simples. As referências visuais são simples, o produto tem destaque nesta embalagem que possibilita sua visualização (fig.18), ao lado as referências visuais mostram o produto pronto e sua origem (produção orgânica), a embalagem de papel e alumínio mantém a qualidade por mais tempo.
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Ancelmo Plim - Melados Prim
Figura 20: Melado Orgânico Prim. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura: 21: Rótulo do Melado Orgânico Prim. Fonte: Arquivo Pessoal.
Cores: a embalagem é incolor e o rótulo tem pouca aplicação de cores (fig. 20 e 21). Fontes: utilização de fontes diferentes (fig. 21). A legibilidade é prejudicada pelo uso de diferentes tipos de fontes seus tamanhos e na distribuição das informações (fig. 21). Gestalt: Desarmonia. A estrutura física da embalagem é orgânica, elemento liso, com ergonomia do manejo médio, pelo seu tamanho e na utilização do produto (fig. 20 e 21). As referências visuais são simples e remetem a produto de fabricação artesanal.
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Fazenda & Casa
Figura 22: Conserva de Beterraba Orgânica. Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 23: Suco de Tomate Orgânico Fonte: Arquivo Pessoal
Cores: As cores utilizam contraste de luz e tom (fig. 22 e 23). Fontes: utilização de fontes diferentes (fig. 22 e 23). A legibilidade é prejudicada pelo uso de diferentes tipos de fontes e tamanhos (fig. 22 e 23), e também por utilizar muitos elementos. Gestalt: Utilização de contraste na imagem da embalagem (fig. 22 e 23). A estrutura física da embalagem é orgânica, elemento de manejo liso e a ergonomia simples. As referências visuais remetem a produto orgânico pela utilização da cor verde.
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Elma Petry Rohling – me (Melado São Bonifácio)
Figura 24: Melado São Bonifácio Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 25: Rótulo do Melado São Bonifácio Fonte: Arquivo Pessoal.
Cores: Contraste de cor (frias e quentes) figura 24 e 25. Fontes: Não há utilização de muitas fontes, porém seu tamanho prejudica a legibilidade pelo usuário (fig. 25). Gestalt: Contraste (cor). A estrutura física da embalagem é orgânica e a ergonomia do manejo é simples (fig. 24) As referências visuais remetem a origem do produto (cana-de-açúcar), figura 24. Produto de fabricação artesanal.
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Agreco – Assoc. dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral
Figura 26: Melado Orgânico Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 27: Geléia de Tangerina Orgânica. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 28: Açúcar Mascavo Orgânico. Fonte: Arquivo Pessoal
Cores: Composição das cores é agradável (fig. 26 e 28), destaca-se a figura 27, onde não são utilizadas cores na embalagem, apenas rótulo com poucas informações, não seguindo as portarias da ANVISA (41 e 42 de janeiro de 1998). Fontes: utilização de fontes diferentes (fig. 26, 27 e 28).
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Bio-Agrepa
Figura 29: Açúcar Mascavo Orgânico. Fonte: www.bioagrepa.com.br
Figura 30: Castanha do Brasil Orgânica. Fonte: www.bioagrepa.com.br
Figura 31: Melado Orgânico e Guaraná Orgânico. Fonte: www.bioagrepa.com.br
Cores: As cores são agradáveis. Fontes: utilização de fontes diferentes. A legibilidade é razoável (fontes) figuras 29, 30 e 31. Gestalt: Desequilíbrio (fig.29), contraste – proporção e escala (fig.30), contraste – movimento (melado) e desequilibro (guaraná) na figura 31. A estrutura física da embalagem não será avaliada, pois são rótulos. As referências visuais mostram os produtos com destaque e remetem a produtos orgânicos.
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4.1.5 Oportunidade e Ameaças
Para esta análise foram avaliadas somente as embalagens, porque não se tem as estratégias de marketing e administração dos concorrentes, trata-se de produtos orgânicos avaliados junto a pontos de vendas da colônia e supermercados, que comercializam este segmento. A avaliação será feita sobre pontos negativos e positivos de forma geral, conforme tabela abaixo:
Concorrentes
Pontos negativos / desvantagens Pontos positivos / vantagens
Native – Produtos da Natureza Produto: açúcar cristal orgânico (fig. 13).
-Muitos elementos na embalagem; -A imagem do produto não remete a colônia e sim industrialização; -Fontes diferentes na embalagem; -Plástico como material da embalagem do açúcar mascavo, produto orgânico (termoplástico).
-Cores agradáveis; -Imagem que está na embalagem demonstra a função do produto com eficiência; -Embalagem protege e mantém qualidade do produto.
Native – Produtos da Natureza Produto: açúcar cristal orgânico (fig. 14).
-Muitos elementos na embalagem; -Fontes diferentes na embalagem.
-Cores Agradáveis; -Imagem na embalagem remete ao consumo do produto; -Material utilizado é papelão; -Embalagem protege e mantém qualidade do produto.
Natu‟s Orgânicos Produto: açúcar demerara e mascavo orgânico (fig. 15 e 16).
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -Pouca visualização do produto; -Plástico como material da embalagem do açúcar mascavo, produto orgânico (termoplástico).
-Cores remetem a produto ecológico ( tons de verde); -Embalagem protege e mantém qualidade do produto.
Natu's Orgânicos Produto: Doces orgânicos diversos (fig. 17).
-Muitos elementos na embalagem (rótulo) que dificultam leitura; -Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -Rótulo com dimensão que prejudica a visualização do produto.
- Cores agradáveis; -Imagens utilizadas são de fácil entendimento; -Embalagem em vidro pode ser reutilizada; -Formato da embalagem transmite boa pega.
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Concorrentes
Pontos negativos / desvantagens Pontos positivos / vantagens (Continuação...)
Jasmine Produto: açúcar mascavo orgânico (fig. 18).
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -Plástico como material da embalagem do açúcar mascavo, produto orgânico (termoplástico); -Ausência de imagem na embalagem.
-Boa visualização do produto; -Embalagem protege e mantém qualidade do produto.
Jasmine Produto: biscoito orgânico (fig. 19).
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -Não há visualização do produto; -Apesar de orgânico não tem característica artesanal e sim industrial.
-Proteção ao produto e a sua qualidade -Cores agradáveis; -Embalagem de papel com alumínio, mantém as características do produto por mais tempo.
Ancelmo Plim - Melados Prim Produto: Melado de cana orgânico (fig. 20 e 21).
-Embalagem com dimensão grande -Total visualização do produto; e de pouca ergonomia (manejo); -Embalagem reutilizável; -A tampa não transmite proteção à -Pouca utilização de cores. conservação da qualidade do produto; -Rótulo pequeno e com excesso de informações para o seu tamanho, com diferentes fontes.
Fazenda & Casa Produto: Beterraba orgânica (fig. 22).
Fazenda & Casa Produto: Suco de tomate orgânico (fig. 23).
Elma Petry Rohling – me Produto: Melado de cana orgânico (fig. 24 e 25).
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -A embalagem tem muitas informações (cores e outras referências da colônia), caracteriza certo exagero.
-Boa visualização do produto; -Embalagem reutilizável; -Estabelece bom manejo em sua utilização.
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem; -A embalagem tem muitas informações (cores e outras referências da colônia), caracteriza certo exagero.
-Boa visualização do produto; -Embalagem reutilizável; -Estabelece bom manejo em sua utilização.
-Pouca informação visual; -Produto com apresentação gráfica prejudicada (fontes, cores, marca); -Tamanho das fontes prejudica leitura; -Plástico como material na embalagem de produto orgânico.
-Boa ergonomia e manejo; -Embalagem facilita visualização do produto.
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Concorrentes
Pontos negativos / desvantagens Pontos positivos / vantagens (Continuação...)
Agreco Produto: Melado de Cana (fig. 26).
-Aplicação de fontes diferentes na embalagem.
-Boa ergonomia e manejo; -Embalagem facilita visualização do produto; -Imagem utilizada é de fácil entendimento identificando o produto de consumo.
Agreco Produto: Geléia de tangerina (fig. 27).
-Embalagem sem informações básicas (data de validade), prejudicando também a confiança em sua qualidade.
-Boa ergonomia e manejo; -Embalagem reutilizável; -A tampa faz referência à colônia.
Agreco Produto: açúcar mascavo orgânico (fig. 28).
-Plástico como material da embalagem do açúcar mascavo, produto orgânico (termoplástico); -A imagem gráfica do produto é simples.
-Embalagem facilita visualização do produto.
Bio-Agrepa Produtos: Rótulos do açúcar mascavo, castanha, melado e guaraná (fig. 29, 30 e 31).
-Muita informação nos elementos do rótulo; -Aplicação de fontes diferentes na embalagem.
-Cores agradáveis; -Imagem que está no rótulo demonstra a função do produto com eficiência; -Rótulo remete a produto orgânico.
Tabela 4: Oportunidade e Ameaças Fonte: Arquivo pessoal
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4.2 PESQUISA DE CAMPO
4.2.1 Pesquisa de Observação
A visita ao município de Santa Rosa de Lima situado nas Encostas da Serra Geral Catarinense a 123 km da capital Florianópolis em 27-04-2008 surgiu da necessidade de ir ao município considerado sede do turismo rural em pequenas propriedades com a prática da atividade do agroturismo e também da vontade demonstrada para a melhoria das embalagens dos produtos orgânicos produzidos. É em Santa Rosa de Lima que iniciou o projeto Acolhida na Colônia que tem projeção internacional através da sua idealizadora Thaise Guzatti, que promove a melhoria das condições no campo através do cultivo de produtos orgânicos, da agricultura familiar e da geração de renda através do turismo rural. Foi através de Daniele Gelbcke, coordenadora técnica deste projeto que as informações foram obtidas, pois a mesma realiza reuniões com vários núcleos da Acolhida, pois a sua atuação é feita em 30 municípios de Santa Catarina. A permanência em Santa Rosa foi de dois dias (sábado e domingo), e a entrevista foi feita com o anfitrião e proprietário da mais antiga pousada que trabalha nos moldes da Acolhida na Colônia, que além da hospitalidade reforçou a preocupação de vender os produtos coloniais orgânicos que produz com melhor apresentação (rotulagem e marca), para aumentar a sua renda e divulgar mais a sua região. Depois foram visitadas outras propriedades rurais como a Pousada Vitória que produz mel e salgadinhos de trigo e o sítio rural dos Vandresen, onde a produção também é orgânica de frutas, verduras e doces caseiros, salientando-se a falta de uma assinatura visual para seus produtos. Abaixo, fotos tiradas no município e identificando na imagem o recurso na área do design gráfico que não está presente caracterizando a falta de estrutura existente para o desenvolvimento do turismo rural. Abaixo, fotos tiradas no município onde destacam-se nas imagens o recurso na área do design gráfico que não está presente caracterizando desta forma a falta de estrutura na sinalização durante o trajeto e ao acesso do turista nas propriedades rurais.
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Sinalização da Placa de acesso a Santa Rosa (figura 32). Fonte de pouca visibilidade, sua legibilidade se torna precária também pela localização que está este elemento de comunicação precisa ser modificado.
Figura 32 – Sinalização do acesso para Santa Rosa de Lima. Fonte: Arquivo Pessoal.
Sinalização praticada por todas as propriedades (figura 33). Associadas da Acolhida com aspecto rústico faz parte dos elementos de comunicação sendo considerado símbolo.
Figura 33 – Sinalização na entrada da Pousada Doce Encanto – Estilo Colonial Fonte: Arquivo Pessoal.
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Propriedade rural – a sinalização é precária para deslocamento do turista no seu interior (figura 34). Elementos de comunicação como totens e placas.
Figura 34 – Vista externa do Refeitório. Fonte: Arquivo Pessoal.
Vista externa da pousada Doce Encanto em Santa Rosa de Lima faltam elementos de comunicação para que o turista circule pela propriedade.
Figura 35 – Vista externa da Pousada Doce Encanto Fonte: Arquivo Pessoal.
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Vista interna do refeitório Instalações e aspectos visuais remetem ao ambiente rústico e simples (figura 36). Design gráfico de ambientação – design de produto e peças gráficas voltadas a cultura colonial.
Figura 36 – Vista interna do Refeitório, antes um galpão. Fonte: Arquivo Pessoal.
Instalações e aspectos visuais remetem ao ambiente rústico e simples (figura 37). Design gráfico de ambientação – design de produto e peças gráficas voltadas a cultura colonial.
Figura 37 – Turistas que freqüentam a Pousada Doce Encanto. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Poderiam ser identificados os locais de cultivo com elementos de comunicação (placas e totens com referências da colônia). (figura 38)
Figura 38 – O cultivo orgânico da cana-de-açúcar. Fonte: Arquivo Pessoal.
Design gráfico de ambientação, comunicação visual integrada ao design do ambiente e a arquitetura do espaço. (figura 39)
Figura 39 – Máquina utilizada para extrair o caldo-de-cana. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Design gráfico de ambientação, comunicação visual integrada ao design do ambiente e a arquitetura do espaço. (figura 40)
Figura 40 – Instalações onde é feito o melado e o Açúcar Mascavo. Fonte: Arquivo Pessoal.
Sinalização praticada por todas as propriedades (figura 41). Associadas da Acolhida com aspecto rústico faz parte dos elementos de comunicação sendo considerado um símbolo.
Figura 41 – Sinalização da entrada - Quartos Coloniais Vandresen – Estilo Colonial Fonte: Arquivo Pessoal.
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Sinalização praticada por todas as propriedades (figura 42). Associadas da Acolhida com aspecto rústico faz parte dos elementos de comunicação sendo considerado um símbolo.
Figura 42 – Vista externa – Quartos Coloniais Vandresen. Fonte: Arquivo Pessoal.
A necessidade de desenvolver rótulo com as informações necessárias para melhor apresentação dos produtos coloniais orgânicos com a intervenção do design. (Figura 43)
Figura 43 – Produção de Mel e Própolis da Pousada Vitória em Santa Rosa de Lima. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Pode-se perceber que ao longo do trajeto ao município de Anitápolis e Santa Rosa de Lima que faltam placas de sinalização e orientação ao turista. (figura 44)
Figura 44 – O Rio Braço do Norte acompanha a estrada até Santa Rosa de Lima. Fonte: Arquivo Pessoal.
A marca da Acolhida está necessitando de um redesign para melhor posicionamento perante aos concorrentes, aplicação em papelaria, instalações e uniformes. (figura 45)
Figura 45 – Vista externa - Posto de vendas em Santa Rosa de Lima. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Selecionar produtos coloniais orgânicos que através de um kit promocional fará a divulgação dos produtos do turismo rural (Figura 46).
Figura 46 – Vista interna - Posto de vendas em Santa Rosa de Lima. Fonte: Arquivo Pessoal.
4.2.2 Entrevista1
Este roteiro de entrevista (ver modelo em apêndice A) foi aplicado para o desenvolvimento de um kit que irá promover o turismo na Serra Geral Catarinense e definir quais serão os produtos que irão integrar o mesmo. Durante encontro com a coordenadora técnica do projeto Acolhida na Colônia em 08-04-2008, Daniele Lima Gelbcke, na sede da EPAGRI em Florianópolis, a mesma explicou como é a atuação desta ONG que organiza os pequenos produtores através da agricultura familiar e como conseguem uma renda extra com a venda dos produtos orgânicos que produzem transformando as suas propriedades em pousadas e chácaras (turismo rural nas Encostas da Serra Geral), utilizando a prática do Agroturismo. A Sede do projeto da Acolhida da Colônia está localizada no município de Santa Rosa de Lima, localiza-se nas Encostas da Serra Geral a 123 km de Florianópolis, 3 h e 20 min de viagem aproximadamente. A divulgação é feita através de folders e de eventos técnicos onde são explicados aos agricultores como funciona a
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agricultura familiar no agroturismo em pequenas propriedades gerando renda e desenvolvimento. Segundo Gelbcke (2008), os produtos que podem integrar o kit da colônia são: o pinhão, chimarrão, geléias orgânicas, pães, roscas, lacticínios, melado, artesanato, conservas, bolachas e produtos frescos (frutas e verduras) e ainda outros que podem ser alterados dependendo da época do ano. Até o momento os hotéisfazenda e pousadas não têm um guia específico para a Acolhida. Não são todos os agricultores que trabalham em cooperativa para vender seus produtos, mas a Acolhida está organizando isto para os seus associados, um ponto de vendas para produtos da colônia. O turismo, agricultura, pecuária e a venda de produtos coloniais garantem renda extra para a propriedade rural. Ainda de acordo com Gelbcke (2008), um kit de produtos da colônia iria ajudar em muito a promoção do turismo divulgando a região e atraindo os turistas para o agroturismo, o mesmo poderia ser distribuído em eventos, festas e outras comemorações e ainda ser colocado à venda na entrada ou passagem dos turistas pela cidade. A Acolhida na Colônia está com um projeto junto ao Ministério do Turismo para ser o destino indutor de turismo rural no Brasil. Desta forma há uma necessidade de comercialização de produtos coloniais, mas este estudo ainda não foi realizado. A Serra Geral Catarinense tem belezas naturais e durante o inverno atrae muitos visitantes, este kit pode representar a cultura e a tradição da região. Na opinião de Gelbcke (2008), o desenvolvimento deste trabalho seria uma ação estratégica e viria a somar. Precisa-se desenvolver embalagens para estes produtores rurais, individuais e a aplicação de alguns produtos já citados em um kit, muitos destes já são oferecidos aos turistas em visita as pousadas e chácaras rurais, mas a necessidade de um ponto de vendas é muito grande, pois esta preocupação não existe atualmente, mesmo sabendo que são produzidos com qualidade, de forma orgânica, sem agrotóxicos.
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4.2.3 Entrevista 2
Relatório da entrevista (ver modelo em apêndice B) realizada no dia 27/04/08 com o proprietário do Condomínio e Pousada Doce Encanto em Santa Rosa de Lima, cidade sede do Projeto Acolhida na Colônia, Sr. Valnério Assing. Este Senhor é um dos agricultores integrantes do Projeto Acolhida na Colônia. Esta pesquisa de campo foi feita com o objetivo de reunir dados para a elaboração e formatação das embalagens e quais as reais necessidades que os agricultores têm para melhorar a apresentação e a marca para os produtos da colônia que comercializam. Os proprietários da Pousada Doce Encanto fazem relato de sua história, as dificuldades, as mudanças de culturas que eram cultivadas e como se iniciou a plantação de produtos orgânicos e o surgimento da pousada, fato este que caracteriza o agroturismo no contexto de núcleos familiares.
Figura 47 – Proprietários da Pousada Doce Encanto. Os anfitriões Sr. Valnério e sua esposa Leda. Fonte: Arquivo Pessoal.
O Agricultor Valério Assing e sua esposa Leda (figura 47) iniciaram as suas atividades com a produção de ovos. A sua comercialização por algum tempo rendeu bons resultados, mas a abertura do Mercosul permitiu a entrada da concorrência até de outros países que baixou as margens de lucro fazendo-o desistir. A segunda atividade escolhida foi à comercialização do leite que em curto período deixou de ser lucrativo,
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pelo contrário o custo da alimentação das vacas não permitia um retorno financeiro satisfatório, passou então a plantar o fumo, mas sabe-se que o cultivo do fumo não faz bem a saúde. Avaliadas as frustradas tentativas anteriores, a família Assing havia decidido ir a São Paulo tentar uma vida melhor. Foi nesta época que esta família conheceu a Acolhida na Colônia, a estufa de fumo foi convertida em pousada e seu galpão em sala de jantar, iniciou-se desta forma, uma transformação em suas vidas. O Sr. Valério planta em sua propriedade a cana-de-açúcar, os produtos que são originados desta cultura são: o açúcar mascavo, o melado e em curto prazo a cachaça. O Sr. Valnério está pensando em visitar outros agricultores para aprender como se faz esta bebida muito apreciada tanto aqui no Brasil, como em outros países. Também faz licores com frutas da época, que tem delicioso sabor e outras plantações que cultiva como o feijão, arroz, cebola, aipim, batata doce, milho, produção de peixe, criação da galinha caipira em lotes, pois não faz parte da sua produção rotineira, além de frutas como banana, laranja, jabuticaba entre outras, cada qual dentro de sua melhor época (figura 48).
Figura 48 – Produtos orgânicos coloniais produzidos na Pousada Doce Encanto. Fonte: Arquivo Pessoal.
Junto à cozinha da pousada estes alimentos são transformados em pães diversos, bolos, geléias, doces cremosos, rosca de polvilho e cucas que são servidos para os hospédes da pousada, fazendo com que seus clientes se sintam na casa da vovó.
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Comenta o Sr. Valnério que o diferencial dos seus produtos vem do fato de serem produtos orgânicos e certificados há oito anos, sendo que tudo que provém de sua propriedade é orgânico, sem aditivos ou conservantes, ecologicamente correto, envolvendo muito carinho pela mão de obra familiar, com produtos da região, preservando a saúde e a cultura local.
Figura 49 – Local de exposição dos produtos no refeitório. Fonte: Arquivo Pessoal.
Em relação à venda e comercialização destes produtos, faz-se tudo de forma simples (figura 49), já que estes fazem parte da alimentação dos hóspedes e turistas que freqüentam a pousada Doce Encanto. Estes acabam gostando e com isso surge o interesse de levar estes produtos de sabor peculiar (melado, açúcar mascavo, licores e geléias) para suas residências como se estivessem levando um pedaço da colônia consigo. De acordo com Sr. Valério seria uma ferramenta muito importante ter uma embalagem que valorizasse a apresentação de seus produtos e despertasse o maior interesse dos turistas, não agregando muito valor (custos), facilitando assim o transporte seguro e que viesse de encontro com a linguagem orgânica, com material que não agredisse a natureza e tivesse uma identificação com essa preocupação ecológica que tem um produto orgânico e colonial. Os turistas são acolhidos, na maioria das vezes através de reservas feitas pelo do escritório da Acolhida, sendo oferecida a estrutura do local, seguindo suas normas que são baseadas no projeto original no interior da França, dando a atenção
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necessária aos turistas e trocando idéias, experiências, passando e colhendo informações, aprendendo juntos. Atualmente não é oferecida nenhuma lembrança para os turistas que freqüentam a pousada, somente é dado um pequeno produto, mas este não possui nenhuma identificação com a cidade ou sua pousada. A cidade de Santa Rosa de Lima está construindo um novo caminho, prosperando junto com seus habitantes. Novas famílias chegam à cidade a procura de trabalho em função do turismo rural. Está sendo mais procurada por turistas que querem usufruir da paz e de uma vida saudável, pois a cidade está se preparando, criando infra-estrutura para acolhê-los, para que no futuro o turismo seja a maior fonte de renda do município. Ainda segundo Sr. Valnério não existe uma temporada definida para o funcionamento da pousada, geralmente recebem turistas o ano inteiro, havendo variações somente quando há um evento no município como a tradicional festa alemã Gemüse Fest. Seus visitantes aparecem mais no verão, fugindo da agitação das praias e têm a alternativa de passar dias muito agradáveis no campo aprendendo um pouco da cultura local e por conseqüências voltam muitas vezes. Os produtos que representam a cultura local na opinião do Sr. Valnério são quase todos: o milho que é ingrediente de pães, frutas da época em deliciosas cucas, geléias e doces; galinha caipira que são criadas em lotes quando se tem a necessidade; a cana-de-açúcar de onde se extrai o açúcar mascavo, o melado e a cachaça; dos açudes que são criados peixes com alimentação orgânica. Destaca-se a importância de se melhorar a apresentação dos produtos coloniais para os consumidores, trazendo informações, padronizando embalagens para expansão do turismo na região, organizando assim um ponto de venda para estes produtos com características da colônia. Verifica-se a relevância da criação de embalagens individuais e a possibilidade de levar um kit de produtos que será utilizado em todos os municípios onde esta ONG atua possibilitando a apresentação padronizada para a produção colonial de todos os agricultores. Comenta o agricultor, Sr. Valnério, que está no projeto da Acolhida na Colônia desde o início da sua implantação em Santa Rosa de Lima, que o atual
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escritório deverá mudar de endereço para melhoria do espaço físico, visando o melhor atendimento aos turistas que visitam o município e adquirem os produtos coloniais que neste local são vendidos.
4.2.4 Entrevista 3
Este roteiro de entrevista foi aplicado junto aos agricultores rurais que participam do Projeto da Acolhida nas Encostas da Serra Geral, pela coordenadora técnica do projeto Daniele Lima Gelbcke, em 22-04-08 (ver modelo em apêndice C), durante reunião que aconteceu em Anitápolis na Sede da Epagri daquele município. O objetivo desta era coletar dados para o desenvolvimento de embalagem, rótulo e etiquetas com informações do produto e agricultor, onde seriam acondicionados os produtos da colônia, em uma cesta ou caixa. Pretendeu-se com esta também definir-se qual seria o conceito do material a ser utilizado, seguindo a mesma linguagem dos produtos orgânicos. Segundo Daniele, coordenadora do projeto da Acolhida da Colônia, os agricultores não têm a visão de quanto à embalagem pode valorizar o seu produto, quando têm, não possuem as condições necessárias para fazê-lo com idéias e recursos financeiros. Os produtos orgânicos sem dúvida têm uma excelente aceitação no mercado, porém a Acolhida não tem um sistema de comercialização além do ponto de venda junto ao escritório em Santa Rosa de Lima e os produtos vendidos nas propriedades. É necessário ampliar este quadro, embora os agricultores que produzem o orgânico tenham outros canais de comercialização, por exemplo, através da AGRECO - Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (somente para quem é associado), ou outros como a CIA do morango, que trabalha através de contratos. Mas um ponto é comum, o agricultor orgânico precisa melhorar a apresentação dos produtos coloniais orgânicos para oferecer ao turista que visita ou hospeda-se na sua propriedade, desta forma mostra-se organização, destaca-se a
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qualidade e higiene e o retorno financeiro para o agricultor é melhor, por outro lado o turista compra estes produtos por preços mais acessíveis sem a presença do atravessador como os supermercados, por exemplo. Além do desenvolvimento do kit, os produtos deverão ter embalagens individuais, outro fato importante destacado por Daniele é a padronização, os produtos precisam de identidade, que a embalagem transmita por si mesma que os produtos são oriundos da agricultura familiar, que podem ser comprados e consumidos nas propriedades, e certamente para considerar todos estes detalhes no projeto o design faz toda a diferença. A marca deve transmitir ao turista o conceito da agricultura familiar e o comprometimento com a preservação ambiental, são aspectos importantes, ter coerência com a proposta da produção orgânica. Foram destacados produtos que podem compor o kit, são eles: geléias, pães, biscoitos, queijos, conservas, e produtos in natura como verduras e frutas. Finalizando o assunto, comentou-se que deve ser desenvolvida embalagem para cada produto com etiqueta contendo as informações necessárias como data de fabricação, validade, município, produtor. As embalagens não podem ter custo elevado, pois desta forma inviabilizaria a confecção por parte dos agricultores.
4.2.5 Entrevista 4 Relatório da entrevista (ver modelo em apêndice D) com Professor Thiago Albino Sardá, realizada no dia 08/04/2008, na UNISUL unidade do Norte da Ilha, onde é oferecido o Curso superior de Turismo. Este é professor coordenador do projeto de empresa Júnior de turismo, Turismo Social e Turismo na Escola, tendo experiência no segmento de Turismo Rural inclusive como instrutor do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, SC). Hoje este possui uma empresa voltada para o Ecoturismo a SMS Turismo de Aventura Ltda-ME (Turismo de Aventura). O tema da entrevista foi o turismo rural na Serra Catarinense e a sua opinião e expectativas sobre o assunto.
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A região da Serra Catarinense é muito extensa, formada por grandes latifúndios, em municípios onde se encontram grandes fazendas. Os principais municípios que fazem parte desta região são: Rio Rufino, São Joaquim, Lages, Urubici, Urupema e Bom Jardim da Serra onde fica a Serra do Rio do Rastro. Trabalhando com estes municípios está se tratando das políticas do estado do turismo. São políticas de promoção, estruturação e comercialização do turismo na Serra Catarinense. Podem-se trabalhar também os roteiros turísticos, como a Rota da Amizade no meio oeste, que abrange Fraiburgo, Treze Tílias, Tangará Videira, Pinheiro Preto, Joaçaba e Piratuba e o Roteiro Caminho dos Príncipes que fica para o norte, nos municípios de Joinville, São Francisco do Sul, São Bento do Sul, Guaramirim, entre outros. O Serramar abrange o Tropeiro, alemão, açoriano, água termal, o italiano, a República Juliana em Laguna, a Serra do Rio do Rastro, serra de Urubici que é a Serra do Corvo Branco (antigo caminho dos tropeiros). Contemplam este roteiro 13 municípios, podendo se citar alguns deles, Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu, Rancho Queimado, Angelina e Anitápolis. Os segmentos do turismo na Serra Catarinense são: Turismo Rural que é o turismo das fazendas e seus produtos coloniais (queijo serrano, camargo, coalhada de milho, charque, carne seca entre outros). Existe um projeto novo que é a Acolhida na Colônia que trabalha turismo na agricultura familiar, é o ponto de venda do pequeno produtor e toda família está envolvida neste processo. São criadas atividades para receber o turista agregando-se valor. Este pessoal de Santa Rosa de Lima é que está promovendo este projeto da Acolhida da Colônia, também na Serra Catarinense com o mesmo objetivo que é a agricultura familiar. Foi montado um café colonial em Urubici, onde uma família é que administra este negócio. Comenta o professor Thiago que conhece este projeto há dois anos, pois ministrou 40 cursos sobre turismo rural, aplicando a metodologia própria do turismo rural. Pode-se citar ainda o ecoturismo, turismo de aventura, turismo de pesca (Truta), turismo cultural, na verdade todos esses segmentos se fundem, por exemplo, quem pratica turismo de aventura, pode freqüentar um bom café colonial, pode fazer o turismo de pesca e assim por diante.
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O Enoturismo, que é o turismo do vinho, está muito forte, tendo em São Joaquim uma das melhores condições para esta atividade no estado de Santa Catarina. Foram fornecidos alguns contatos para levantamento de dados e pesquisas, o professor Thiago faz parte também do grupo GTTR – Grupo Técnico Temático do Turismo Rural, que tem representantes do turismo rural em todo estado. Cita-se também a aprovação da Lei 14.361 de 25 de janeiro de 2008, na qual divulga-se a política estadual de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar – TRAF de Santa Catarina, que regulariza a atividade do agricultor familiar. Por exemplo, o agricultor possui uma plantação de couve-flor e resolve construir uma pousada alternativa, isso possibilita que este agricultor seja um empresário, pois antes ele não poderia ter outra atividade econômica, isto é um incentivo para que o agricultor permaneça no campo, gerando uma renda complementar e aumentando a sua alta estima. Outra característica importante é que esta renda fica com sua mulher e o homem vira um contador de causos. A acolhida na serra é um projeto de expansão da agricultura familiar na Serra Geral Catarinense, sabe-se que hoje na serra predomina a hospedagem em hotéis fazenda e em Santa Rosa de Lima, esta hospedagem vincula-se a própria agricultura familiar. A idéia é implantar esse sistema na serra catarinense. Para finalizar comentou-se sobre o desenvolvimento de um descascador de pinhão que seria integrante do kit para promoção do turismo, acredita-se que seria um diferencial por se tratar de um produto novo para extrair o pinhão e com boa aceitação no mercado, pois o pinhão é muito consumido em Santa Catarina, sendo mais procurado nas regiões de baixa temperatura. O projeto da Acolhida identifica-se com o produtor orgânico, com a preocupação ambiental e sua preservação, mantém o produtor e sua família na atividade rural através da agricultura familiar. Os resultados são a melhoria de vida no campo e por conseqüência nos grandes centros urbanos, proporcionando ainda a visitação dos turistas nas pequenas propriedades rurais para o conhecimento e divulgação desta prática saudável e consciente.
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5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
5.1 8 Perguntas de Baxter
Este tópico foi elaborado com as 8 Perguntas de Baxter (2000, p 59-60) para uma melhor análise da definição do problema.
1) Qual é exatamente o problema que você está querendo resolver? Resposta: Ausência de um elemento que agregue, organize e apresente os produtos coloniais da Acolhida na Colônia.
2) Por que esse problema existe? Resposta: Porque os produtos da colônia têm excelente qualidade, mas a não há preocupação com a padronização das embalagens, quanto a tamanho, formato e informações que devem compor o seu rótulo. A embalagem para estes produtos irá agregar valor e promover a divulgação do agroturismo, para tanto deverão ser observadas questões relacionadas ao meio ambiente quanto aos materiais, pois se tratam de produtos orgânicos que têm público-alvo específico para o consumo e voltados para uma consciência agroecológica.
3) Ele é uma parte específica de um problema maior ou mais amplo? Resposta: Sim, ele é a parte específica de um problema maior, que é a de consolidar este tipo de produto no mercado, pois o agricultor orgânico tem de tomar muitos cuidados em relação ao plantio, não há utilização de agrotóxicos, mas por não ter a noção de que a apresentação ao público-alvo é parte do produto, não consegue obter os resultados esperados para investimentos na melhoria de infra-estrutura para esta prática na orgânica na propriedade.
4) Solucionando-se esse problema maior, a parte específica também será solucionada? Resposta: Não necessariamente.
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5) Em vez disso, seria melhor atacar primeiro a parte específica? Resposta: Sim, acha-se que o primeiro passo é desenvolver uma boa embalagem para cada produto do kit.
6) Qual é a solução ideal para o problema? Resposta: Desenvolver um kit com os produtos coloniais para oferecer aos turistas.
7) O que caracteriza essa solução ideal? Resposta: Desenvolver embalagens para os produtos coloniais, rótulo com informações sobre o produto e sobre o produtor orgânico que o produziu, em seguida uma embalagem para que se possa montar o kit que irá promover a região e os agricultores que fazem parte da Serra Geral, divulgando o potencial turístico rural e agregando valor, pois o kit tem objetivo de atrair mais turistas para que conheçam o agroturismo e a agricultura familiar nas pequenas propriedades. Quanto à marca será feito um redesign, visto que a acolhida já a possui, mas pretende dar um formato mais atual e moderno a marca existente.
8) Quais são as restrições de dificultam o alcance dessa solução ideal?
Resposta: O custo alto, pois se trata de uma questão de design voltado à inclusão destes agricultores na promoção de seus produtos orgânicos; limitações fabris, pois deve-se utilizar material com propriedades adequadas sem agressão ao meio ambiente, ser eficaz e cumprir a função.
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6 BRIEFING
Levando-se em conta todas as informações da pesquisa feita para a elaboração deste kit promocional para os produtores rurais do Projeto Acolhida na Colônia, foram definidos com os agricultores rurais as necessidades que devem ser atendidas pelo projeto de design. Solicitou-se que as embalagens primárias utilizadas pudessem ser facilmente adquiridas pelos produtores, os mesmos já utilizam potes de vidro e de forma precária fazem aplicação do rótulo com as informações do produto. Foi observado que as tampas não devem ser reutilizadas, pois podem enferrujar e desta forma influenciar na qualidade do produto, este fato foi informado a Associação da Acolhida na Colônia para as devidas providências, a questão da higiene é importante na comercialização dos produtos orgânicos. Sabe-se que existem portarias (portarias 41 e 42 de 14 de janeiro de 1998), da ANVISA que estabelecem regras para que as embalagens possuam as informações obrigatórias para o melhor entendimento do consumidor e a garantia de procedência dos mesmos. Esta forma de apresentação dos produtos não satisfaz a necessidade dos agricultores que procuram melhorar seus rótulos para com isso comercializarem seus produtos para buscar espaço no mercado de forma mais competitiva. As necessidades para o kit promocional e a divulgação do turismo rural na Serra Geral Catarinense seguem abaixo: Para o redesign da marca (assinatura visual), foi solicitada uma modernização com alteração dos elementos atuais por outros que identifiquem a Acolhida da Colônia, seus associados e os produtos coloniais orgânicos. A embalagem primária será o pote de vidro que pode ser reutilizado pelo consumidor após o consumo do produto e a secundária será o kit com materiais recicláveis, além disto, deve fornecer reutilização para que o consumidor entenda que existe coerência no desenvolvimento deste produto com a proposta da Acolhida que é o desenvolvimento sustentável e preservação ambiental.
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O kit será composto de 9 produtos, todos acondicionados em embalagens de vidro reutilizadas: -1 pote de mel da colônia 270 g; -1 pote de açúcar mascavo 270 g; -1 pote de melado 270 g; -1 pote de doce 300g; -1 pote de geléia 300g; -1 pote de conserva (legumes) 560 g; -1 pote de biscoito 300 g; -1 pote de palitos de queijo 300 g; -1 garrafa de licor 500 ml.
Estes foram selecionados pelo prazo de validade, pois outros produtos possuem prazo limitado e não possibilitam estocagem, desta forma será feita a divulgação dos principais produtos coloniais orgânicos junto ao turista que visita ou freqüenta a propriedade rural em busca de descanso. A embalagem secundária terá função de transportar as embalagens primárias, mas este kit será comercializado somente no ponto de venda e diretamente na propriedade do agricultor orgânico. Por se tratar de produto com pequenas dimensões poderá ter algumas unidades já montadas no ponto de vendas para atrair ao turista, não será estocado, pois a sua montagem é fácil e não utiliza pregos, parafusos ou cola.
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7CRIATIVIDADE
7.1 Conceituação
Abaixo serão listados os requisitos projetuais do produto a ser desenvolvido.
Lista de requisitos do produto 1) Qual será sua principal função de uso? Resposta: O Kit de produtos orgânicos e coloniais terá como principal função a divulgação destes produtos junto ao consumidor, que tem preocupação em relação a qualidade do que está ingerindo. 2) Quais serão as possíveis funções secundárias deste produto? Resposta: Poderia ser a promoção do turismo voltado às pousadas e chácaras que precisam organizar postos de venda de produtos coloniais e com isso garantir uma renda extra para que se mantenham no campo com a agricultura familiar e a inclusão social dos agricultores, demonstrando sua importância no agroturismo. 3) Quais são as características de usabilidade que ele deve ter? Resposta: Baseado nas pesquisas feitas e também nas respostas aos questionários e em entrevistas aplicadas aos agricultores indo ao local para melhor avaliação, percebeu-se que é imprescindível que tenha características da colônia, com materiais recicláveis que possibilitem um ideal ciclo-de-vida. Pode ter uma preocupação estética, mas não como principal característica, deve cumprir a função de divulgação dos produtos coloniais orgânicos para melhoria de suas condições na propriedade rural. Usabilidade relaciona-se com facilidade de uso, pois a aplicação de rótulos nos produtos possibilita maior controle nas informações de fabricação e validade, de transporte porque o kit irá proporcionar que o turista leve vários produtos dentro de
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outra embalagem com segurança, higiene porque os materiais utilizados receberão tratamento para umidade, e armazenamento do kit, pois será em tamanho padrão, sendo assim terá as dimensões necessárias (LarguraxAlturaxProfundidade) para que possa ser empilhado pelo agricultor reduzindo espaço . 4) De acordo com o ambiente e o usuário do produto, quais serão as possíveis características de sua composição (características dos materiais)? Resposta: Desde o princípio das pesquisas dosa materiais para este produto pensou-se em algo que pudesse ser reciclável e reutilizável, que remeta aos produtos coloniais orgânicos e com custo baixo para não inviabilizar a venda dos produtos na propriedade para os turistas e em postos de venda. Outra característica que o kit deverá proporcionar aos produtos coloniais é o abrigo à luz e a fatores externos como umidade para acondicionar os produtos por tempo determinado e possuir resistência física e pequena maleabilidade para seu transporte individual ou quantidades maiores. 5) De acordo com a concorrência, quais são os referenciais estéticos que o produto deverá ter? Resposta: Avaliando-se a concorrência observou-se que a estrutura física das embalagens primárias será a mesma, com embalagens de tamanho pequeno, o kit, embalagem secundária será de dimensões adequadas ao transporte dos produtos coloniais, terá linhas retas e fará ligação comunicacional com o meio rural sendo de acabamento rústico, os concorrentes não possuem este produto para promoção de seus produtos na dimensão pretendida.
6) De acordo com a análise dos concorrentes, quais são as CARACTERÍSTICAS POSITIVAS que poderiam ser APROVEITADAS no produto. (ex: Funcionais, Ergonômicas, Técnicas, Econômicas, entre outras)? Resposta: o Espaço para os principais produtos coloniais;
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o Material reciclável; o Durabilidade e resistência para alterações de temperatura e umidade; o Sem cantos vivos ou rebarbas; o Visual simples; o Custo baixo. 7) De acordo com a análise dos concorrentes, quais são as CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS que poderiam ser EVITADAS no produto. (ex: Funcionais, Ergonômicas, Técnicas, econômicas, entre outras)? Resposta: o Pintura; o Muito peso; o Tamanho exagerado; o Não tem segurança; o Material não é higiênico; o Não resiste à umidade; o Forma não é bem resolvida; o Ergonomia precária; o Sem divulgação. 8) O produto sofrerá alguma influência ambiental, cultural, religiosa, geográfica, entre outras? Resposta: Sim ele sofrerá influências ambientais, culturais e geográficas, pois a tendência será ter alguma referência que remeta a tradição dos produtos coloniais produzidos na Serra Geral. 9) Qual é o perfil do consumidor do produto? Resposta: Não tem idade definida, é para o público masculino e feminino, gosta de consumir produtos coloniais e de freqüentarem pousadas e chácaras onde encontra descanso e qualidade de vida, além disto, é o encontro com as tradições e a cultura
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como um resgate, participando das atividades rurais e sem o stress que é muito comum em centros urbanos. 10) Quais são os hábitos e atitudes dos consumidores em relação ao produto (porque compram, quando compram e como compram)? Resposta: O hábito destes consumidores é de adquirir os produtos coloniais na propriedade rural, pois são recebidos dentro dos costumes locais e percebem a qualidade com a qual são produzidos, isto faz com que o turista queira levar um pedaço da colônia para casa. 11) Quais são os benefícios que o consumidor espera deste produto? Resposta: Espera consumir produtos saudáveis, frescos, confiáveis e sem agrotóxicos, de sabor diferenciado. Geléias, pães, roscas, salames, queijos, licores, frutas, verduras e outros. Espera-se melhorar a qualidade de vida e com isto a manutenção da saúde com hábitos saudáveis aliados à natureza.
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7.2 Painéis Semânticos
7.2.1 Painel Estilo de Vida
Figura 50: Painel Estilo de Vida. Fonte: Arquivo Pessoal.
Destaca-se neste painel o estilo de vida dos agricultores orgânicos, os produtos orgânicos e suas propriedades rurais. Pode-se notar ainda o uso da agricultura familiar, os turistas que freqüentam as propriedades onde é oferecido o turismo rural em busca de descanso, resgate a natureza e hábitos saudáveis.
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7.2.2 Painel Expressão do Produto
Figura 51: Painel Expressão do Produto. Fonte: Arquivo Pessoal.
Procura-se destacar nestas imagens expressões que estão relacionadas com o produto, o kit de produtos coloniais orgânico deverá transmitir higiene, ser eficaz quanto à sua estrutura, deve ter um diferencial em relação aos concorrentes, possuir características rústicas lembrando a vida no campo, proporcionando segurança e simplicidade em seu uso.
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7.2.3 Painel Tema Visual
Figura 52: Painel Tema Visual. Fonte: Arquivo Pessoal.
Aqui relatam-se os conceitos que fazem parte do produto, são eles: eficaz, simples, rústico, diferencial, segurança e higiene, fácil entendimento.
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7.3 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
7.3.1 Alternativas para a Marca
Figura 53: Alternativa 1. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 54: Alternativa 2. Fonte: Arquivo Pessoal.
A imagem do espantalho está ligada as plantações de milho do município, encontradas em abundância na região (figuras 53 e 54).
Figura 55: Alternativa 3. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 56: Alternativa 4. Fonte: Arquivo Pessoal.
A imagem da Igreja em Santa Rosa de Lima, muito freqüentada pelos habitantes da cidade e também pelos turistas (figura 55). Na figura 56 a imagem do portal, símbolo do projeto Acolhida na Colônia nas pequenas propriedades rurais.
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Figura 57: Alternativa 5. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 58: Alternativa 6. Fonte: Arquivo Pessoal.
A imagem da Igreja em Santa Rosa de Lima, muito freqüentada pelos habitantes da cidade e também pelos turistas (figura 57). Na figura 58 a imagem do portal, símbolo do projeto Acolhida na Colônia nas pequenas propriedades rurais.
Figura 59: Alternativa 7. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 60: Alternativa 8. Fonte: Arquivo Pessoal.
A imagem do Portal estilizado da Acolhida na Colônia. (figura 59 e 60).
Figura 61: Alternativa 9. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 62: Alternativa 10. Fonte: Arquivo Pessoal.
As colinas da Serra Geral Catarinense, paisagem local. (figuras 61 e 62).
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Figura 63: Alternativa 11. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 64: Alternativa 12. Fonte: Arquivo Pessoal.
O portal s铆mbolo da Acolhida na Col么nia e as colinas da Serra Geral Catarinense, paisagem local. (figura 63 e 64).
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7.3.2 Alternativas para o R贸tulo
Figura 65: Alternativa 1. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 67: Alternativa 3. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 69: Alternativa 5. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 66: Alternativa 2. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 68: Alternativa 4. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 70: Alternativa 6. Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.3.3 Alternativa para embalagem secundรกria
Figura 71: Alternativa para embalagem secundรกria. Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.4 ALTERNATIVA FINAL
7.4.1 Assinatura Visual escolhida
Acolhida na Colônia
Figura 72: Assinatura Visual Escolhida – Acolhida na Colônia. Fonte: Arquivo Pessoal.
Pantone 181 CVC C:37 M:81 Y:87 K: 20
Pantone 577 CVC C:20 M:0 Y:60 K: 20 (Verde Marciano)
Pantone 374 CVC C:20 M:0 Y:60 K:0 (Verde Lua)
Pantone 394 CVC C:4 M:4 Y:76 K: 0 (Amarelo Ouro)
Pantone 1215 CVC C:0 M:0 Y:40 K: 0 (Amarelo-giz)
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7.4.2 Rótulo escolhido
Figura 73: Rótulos dos produtos integrantes do Kit Sabores da Colônia. (Geléia de Tangerina Orgânica, Doce Cremoso de Banana Orgânica e Melado Orgânico). Fonte: Arquivo Pessoal.
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Figura 74: R贸tulos dos produtos integrantes do Kit Sabores da Col么nia. (Licor de Amora, Conserva de Cenoura Org芒nica e Biscoito Caseiro). Fonte: Arquivo Pessoal.
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Figura 75: Rótulos dos produtos integrantes do Kit Sabores da Colônia. ( Açúcar mascavo Orgânico, Mel Orgânico e Salgadinhos Palitos de Queijo).
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7.5 APLICAÇÕES DA MARCA
7.5.1 Aplicações em Uniformes (Imagens Ilustrativas)
Figura 76: Imagens ilustrativas da Aplicação da Marca nos Uniformes. Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.5.1.1 Aplicações em Uniformes (Marca Aplicada)
Figura 77: Marca aplicada em Avental Feminino. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 79: Marca Aplicada em Guarda-pó e Boné – Uniforme Masculino 1. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 78: Marca aplicada em lenço. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 80: Marca Aplicada em Guarda-pó e Boné – Uniforme Masculino 2. Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.5.2 Aplicações da marca em Instalações
Sistema de orientação e sinalização
Figura 81: Marca aplicada no sistema de orientação e sinalização. Fonte: Arquivo Pessoal.
Aplicação da marca no ponto de vendas Assinatura Visual
Figura 82: Marca aplicada no ponto de vendas da Acolhida na Colônia. Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.5.3 Aplicação em Papelaria Básica
Figura 83: Marca aplicada em Papel Timbrado (Papelaria Básica). Fonte: Arquivo Pessoal.
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Figura 84: Marca aplicada em envelopes (Papelaria Bรกsica). Fonte: Arquivo Pessoal.
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7.6 DESENHO TÉCNICO
Vista Frontal
Planta Baixa A caixa do Kit – Será em MDF de 6mm.
Renderização em vista isométrica
Renderização – Vista Superior
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7.7 MODELO
Figura 85: Modelo da Caixa do kit sem aplicação das divisões internas (Função Bandeja). Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 86: Modelo da Caixa do Kit, visualizando as divisões com encaixe. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 87: Parte interna do modelo da caixa, com as divisões para encaixe das embalagens. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 88: Embalagens acondicionadas no Kit 1. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 89: Embalagens acondicionadas no Kit 2. Com alça para transporte. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 90: Ilustração do rótulo aplicado nas Embalagens. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Figura 91: Modelo na função de Caixa Decorativa suspensa fixada na parede. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 92: Rotulagem das Embalagens 1. Fonte: Arquivo Pessoal.
Figura 93: Rotulagem das Embalagens 2. Fonte: Arquivo Pessoal.
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8 MEMORIAL DESCRITIVO
Análise das funções/Kit de produtos orgânicos coloniais
8.1 FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL O kit de produtos coloniais é composto por duas embalagens com funções definidas: As embalagens primárias contêm o produto, são confeccionadas com a mesma matéria-prima, o vidro. Por isso oferece excelente conservação aos produtos orgânicos, além disto, outra característica destas embalagens é que possuem dimensões diferentes, desta forma combinam linhas mistas (linhas geométricas e orgânicas). A embalagem secundária que acondiciona e protege a primária, possui linhas geométricas, buscando equilíbrio e certa dosagem na sua forma, este produto procura manter a preocupação na funcionalidade conforme os projetos feitos na Bauhaus. Niemeyer (1998) salienta que um dos princípios desta escola era o funcionalismo, o qual aponta que cada coisa é determinada por sua essência. Esta embalagem tem como principal objetivo demonstrar a preocupação que este produto tem de transmitir a mensagem dos Associados ao projeto da Acolhida na Colônia que é a redução do impacto ambiental através da agricultura orgânica e reutilização de materiais no kit de produtos orgânicos coloniais. Ainda fazem parte do kit e suas embalagens à nova assinatura visual, sendo realizado seu redesign para melhor posicionamento da marca perante os seus concorrentes e similares, os rótulos foram elaborados conforme as portarias 41 e 42 da ANVISA, que determinam quais informações devem fazer parte do rótulo destes produtos, sendo obrigatórias. Avaliando-se os padrões estético-formais é coerente dizer que o kit de produtos coloniais procura transmitir as características dos agricultores rurais, pois está diretamente ligado a forma de vida no campo, a falta de acesso à tecnologia oferecendo a simplicidade da vida no meio rural, e este projeto observou estes fatos possuindo estilo rústico.
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Observando as leis da Gestalt o kit promocional obedece alguns princípios como pregnância da forma, harmonia (regularidade e ordem), equilíbrio (peso e direção).
Pregnância da Forma Continuando, uma boa pregnância pressupõe que a organização formal do objeto, no sentido psicológico, tenderá a ser sempre a melhor possível do ponto de vista estrutural. Assim, para efeito deste sistema, pode-se afirmar e estabelecer o seguinte critério de qualificação ou julgamento organizacional da forma: -Quanto melhor for a organização visual da forma do objeto, em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação, maior será o seu grau de pregnância. -Naturalmente, quanto pior ou mais confusa for a organização visual da forma do objeto menor será o grau de pregnância. (GOMES FILHO, 2003, p.37)
O Kit de produtos coloniais orgânicos apresenta alto grau de organização formal, avaliando-se as embalagens primárias e a secundária em termos de harmonia e equilíbrio, encontra-se ainda o fator da semelhança que pode ser encontrado nas formas orgânicas das embalagens integrantes deste produto.
Harmonia (Regularidade e Ordem) A obtenção da harmonia por regularidade consiste basicamente em favorecer a uniformidade de elementos no desenvolvimento de uma ordem tal em que não se permitam irregularidade, desvios ou desalinhamentos e, qual, o objetivo ou composição alcance um estado absolutamente nivelado em termos de equilíbrio visual. (GOMES FILHO, 2003, p.53).
A embalagem secundária demonstra o conceito de harmonia por regularidade, pois sua distribuição de espaços iguais para os produtos orgânicos representa este conceito, sendo que poderá ser reutilizada após o consumo dos produtos orgânicos recebe avaliação individual. Da mesma forma as embalagens secundárias transmitem harmonia, pois possuem os mesmos elementos visuais e estão igualmente distribuídos, a utilização de diferenças cromáticas torna sua composição menos monótona, adiciona valor estético
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procurando atrair a atenção do usuário, o conjunto de elementos enriquece o produto proporcionando boa leitura e compreensão. A harmonia por ordem acontece quando se produz concordâncias e uniformidades entre as unidades que compõem as partes do objeto ou o próprio objeto como um todo. (GOMES FILHO, 2003, p.52).
Todos os elementos do kit demonstram ordenamento em sua distribuição, pode ocorrer um ligeiro desalinhamento nas dimensões das embalagens primárias, mas que não a prejudica. Em todos os outros componentes pode-se observar harmonia que predomina em sua composição.
Equilíbrio (Peso e Direção)
Caracteriza-se o equilíbrio pelo peso a posição das embalagens primárias, sendo que no centro da caixa é colocada a embalagem de licor que destaca o equilíbrio da composição e determina sua direção no eixo central. Esta posição vertical é contrabalançada pelas embalagens menores que estão ao lado constituindo desta forma a organização harmoniosa do kit de produtos orgânicos. Peso e direção são propriedades que exercem influência particular sobre o equilíbrio. O peso é sempre um efeito dinâmico. O peso sofre influência da localização. Uma “posição” forte no esquema estrutural pode sustentar mais peso do que uma localizada fora do centro ou afastada da vertical ou horizontal centrais. Isto significa, por exemplo, que um objeto colocado no centro pode ser contrabalançado por outros menores colocados fora dele. (GOMES FILHO, 2003, p.58).
Figura 94: Kit de Produtos Orgânicos. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Aplicação das Cores
As cores estão cada vez mais sendo utilizadas para destacar os mais diversos recursos de comunicação social, deve avaliar aspectos ergonômicos básicos que podem facilitar a leitura para o usuário do produto que está sendo desenvolvido. Segundo Pedrosa (1982), a utilização das cores se origina de fatores sociais e não estéticos, está presente em anúncios, vitrines, imagens em cartazes e também na TV, os uniformes aplicados para as mais diversas atividades, suas cores são estudadas observando-se contrastes e harmonização nas cores. Foi feito o redesign da marca existente para a Associação da Acolhida na Colônia e a rotulagem para os produtos orgânicos que compõem.
Figura 95: Assinatura Visual da Acolhida na Colônia. Fonte: Arquivo Pessoal.
As cores foram escolhidas com base em uma atualização na marca antiga e a sua renovação junto ao mercado, baseadas em pesquisas feitas em relação aos produtos dos concorrentes, suas linhas orgânicas foram mantidas. Os tons de verde remetem à fazenda e as encostas da Serra Geral Catarinense, sendo a cor utilizada na marca antiga. O verde é uma das três cores primárias em cor-luz, sua complementar é o magenta. Misturado ao azul, produz o ciano, e ao vermelho o amarelo. (Pedrosa, 1982, pg.111)
O marrom mostra o tom de madeira que é utilizado nos portais de fazendas e faz parte da comunicação visual dos similares.
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O marrom é um pigmento muito sólido, colorido pelo óxido férrico ou pelo bióxido de manganês. (Pedrosa, 1982, pg.117)
Os tons de amarelo servem para fazer contraste, dar equilíbrio e calor a marca. O amarelo, uma das faixas coloridas do espectro solar é também cor fundamental ou primitiva. (Pedrosa, 1982, pg.110)
A composição de cores reproduz a marca antiga adicionando cores quentes sendo mais amigável, e coloca em destaque a imagem do portal, que através de pesquisas junto aos agricultores é o símbolo com o qual mais se identificam.
Rotulagem Para a rotulagem dos produtos orgânicos foram utilizadas as mesmas cores aplicadas na nova assinatura visual da Acolhida na Colônia, mantendo-se a coerência entre todos os elementos do produto com a inclusão de um elemento visual (fibra natural). Informações obrigatórias contidas nas portarias 41 e 42, de 14 de janeiro de 1998 da ANVISA foram observadas para inclusão nas embalagens, a percepção visual está fundamentada na compreensão da informação por parte do usuário, para seu rápido entendimento e identificação. Foi mantida a aplicação do portal colonial como referência nos rótulos com a imagem do produto que está acondicionado na embalagem.
Figura 96: Rótulo do Licor de Amora – Sabores da Colônia Fonte: Arquivo Pessoal.
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Tipografia A tipografia para este produto é de grande importância, deve ser de fácil entendimento, pois é esta a imagem que o produto pretende passar ao seu usuário. Não está sendo aplicada fonte fantasia, sublinhados, adornos, colchetes, para facilitar a legibilidade, além disto, foi mantido o padrão de proporção entre títulos, subtítulos e o corpo de texto respeitando limites máximos de redução para os rótulos, por exemplo. A escolha e a especificação de uma determinada família tipográfica e das próprias imagens a serem utilizadas é de fundamental importância, independentemente do partido estético adotado para a configuração visual do signo, valendo principalmente para os signos funcionais. (GOMES FILHO, 2003, p.155)
Para
escolha
da
fonte
foram
observadas
algumas
características
importantes:
A fonte para aplicação nas embalagens, uniformes e instalações é similar a anterior em versão mais moderna e polida.
A nova marca não perde a sua identidade com a substituição da fonte.
Equilíbrio na tipografia, linhas mais robustas.
A fonte escolhida foi Maiandra Gd, aplicada na cor marrom - Pantone 181 CVC - C: 37 M:81 Y:87 K: 20.
8.2 FUNÇÃO SIMBÓLICA
Caracteriza-se pela utilização de usuários que valorizam um novo posicionamento, a reutilização de materiais aumentando o ciclo-de-vida do produto e a consciência para a preservação ambiental. Esta nova utilização não está ligada a modismo e sim como necessidade básica.
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As bases conceituais da imagem simbólica do produto são atreladas à função estética, sendo, inclusive interdependentes, e às bases conceituais das dimensões semióticas, principalmente, com ênfase na semântica do produto. Diz respeito às propriedades e às intenções simbólicas intrínsecas, inerentes ou associadas ao objeto. (GOMES FILHO, 2006, p.107)
Dimensão sintática (produto e gráfico)
Este produto é composto pelo design da embalagem secundária, que possui encaixes com resgate á fixação utilizada sem uso de tecnologia, pois dispensa o uso de parafusos e pregos, é constituído por laterais com ranhura, frontal e traseira também com ranhura, fundo e divisões internas com encaixe para acondicionar os produtos. Faz parte ainda do kit a alça de transporte que pode ser retirada pelo usuário quando achar conveniente e as embalagens primárias com informações necessárias em seu rótulo para consumo demonstrando organização. As tampas apresentam adorno e etiqueta para melhor visualização da marca.
Dimensão semântica (produto e gráfico)
A embalagem secundária demonstra a simplicidade, a segurança e organização que os agricultores têm em relação aos produtos coloniais orgânicos. O projeto gráfico destaca a utilização de elementos que remetem a produtos feitos em casa pela forma que está sendo apresentado.
Dimensão pragmática (produto e gráfico)
O kit de produtos orgânicos tem alça para transporte, é seguro, a pega para utilização na função bandeja foi revestida para aumentar o conforto e suas dimensões estão dentro de uma limitação aceitável e que permite a colocação das embalagens primárias com o espaço adequado para seu manuseio. É sem dúvida um diferencial para os agricultores que podem utilizá-lo para melhorar a sua renda. No âmbito gráfico pode-se visualizar cores em contraste, dando equilíbrio e calor a marca tornando sua visualização agradável.
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8.3 FUNÇÃO DE USO
A sua principal função é a de promover a melhoria da apresentação dos produtos coloniais destacando além da qualidade o seu visual, gerando renda extra com a sua comercialização direto na propriedade rural ou no ponto de vendas, e a secundária é a de ornamentação e transporte dos produtos orgânicos pelo usuário até a sua casa. O uso principal é aquele que explica o óbvio, ou seja, a própria razão de existência do produto e para que ele serve. Já o uso específico diz respeito aos modos de utilização do produto de maneira mais especial, isto é, ao desdobramento ou detalhamento do seu uso principal. (GOMES FILHO, 2006, p.53)
Uma vez que este será um produto visualmente agradável e com formas mistas em todos os seus elementos, pode ser exposto como um objeto de decoração, pois o kit será reutilizado na função bandeja com pegas revestidas em palha ou caixa decorativa suspensa fixada na parede, além de receber aplicação de textura pelo usuário se integrando a diferentes ambientes da casa.
8.4 FUNÇÃO ERGÔNOMICA
A ergonomia é de fato muito importante para avaliação da operação do produto desenvolvido, tem como objetivo chegar ao melhor resultado e desempenho esperado. São três os principais parâmetros, análise de tarefa, requisitos projetuais e a ergonomia do manejo. A ergonomia objetiva sempre a melhor adequação possível do objeto aos seres vivos em geral. Sobretudo no que diz respeito à segurança, ao conforto, a eficácia de uso ou de operacionalidade dos objetos, mais particularmente nas atividades e tarefas humanas. (GOMES FILHO, 2006, p.71)
-A análise de tarefa avalia o uso, operacionalidade do usuário em relação ao produto. -Os requisitos projetuais necessitam de soluções ergonômicas, avaliação de dimensões e o estudo das relações antropométricas e biomecânicas.
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-A ergonomia do manejo é o conjunto de atos físicos que está ligado com o uso e operacionalidade de qualquer produto. A ergonomia tem ampla atuação, e se aplica a produtos de uso e sistêmicos como máquinas, equipamentos, ferramentas, postos de trabalho, postos de atividades, ambientes, sistemas de informação e outros.
8.5 LEGIBILIDADE DE LETRAS, NÚMEROS E SÍMBOLOS.
A legibilidade é o reconhecimento de uma informação armazenada na memória proporcionando a sua percepção, uma marca pode ser identificada por suas formas, ou por outro elemento gráfico. Os atributos que possibilitam a leitura com organização gestáltica determinam a legibilidade correta, problemas ergonômicos podem ocorrer se houver dificuldade ou ainda a não compreensão em termos de dimensão, contraste figurafundo, cores, diagramação e organização visual, partes integrantes da informação gráfica. A legibilidade da fonte utilizada para a Associação da Acolhida na Colônia, otimiza a visibilidade e legibilidade, não sendo utilizadas letras ou caracteres do tipo fantasia. Para o logotipo foi utilizada caixa alta e baixa, entretanto a fonte é de fácil leitura, existe adequação tipográfica de letras convenientemente dimensionadas, sua aplicação é simples. A escolha e a especificação de uma determinada família tipográfica e das próprias imagens a serem utilizadas é de fundamental importância, independentemente o partido estético adotado para a configuração visual do signo, valendo principalmente para os signos funcionais. (GOMES FILHO, 2003, p.156)
É indispensável que se tenha uma leitura adequada, utilizar sempre que possível uma mesma família tipográfica, isto garante uma harmonia das informações observando também a proporção utilizada.
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Atualmente a utilização de tipografia ocorre de maneira exagerada, como pode-se avaliar em produtos concorrentes, prejudicando a leitura, pois são utilizadas várias fontes em uma embalagem ou produto.
8.6 USABILIDADE
Pretende-se a melhoria na usabilidade do kit para produtos coloniais orgânicos com a aplicação da alça para seu transporte, a mesma é amarrada junto à pega da embalagem secundária e pode ser retirada dependendo da forma que será utilizada pelo usuário. Possui o tamanho necessário para a função de transportar as embalagens primárias acondicionadas no seu interior. Materiais leves e de pouca espessura, pega confortável revestida para evitar acidentes em sua utilização, proporcionando o menor esforço do usuário, demonstrando a atuação do design como ferramenta fundamental entre produto e as necessidades do público-alvo. Neste produto procurou-se eliminar cantos vivos utilizando encaixes eliminando parafusos, pregos ou até mesmo cola, visando com isso a sua desmontagem, para a aplicação de pintura tornando-se uma peça decorativa. Outro fator importante é que não será necessária a estocagem do kit, pois a caixa poderá ser montada com facilidade pelo agricultor que poderá tomar como exemplo a seqüência de montagem que será enviada junto com o kit para melhor entendimento na execução desta tarefa. A utilização de divisórias extraíveis facilita a limpeza do mesmo, pode ainda ser reutilizada promovendo maior integração entre o produto e o usuário, evitando-se o descarte.
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8.6.1 Adequação antropométrica
Trata-se da operacionalidade de qualquer produto por parte do usuário utilizando seu corpo e desta forma avaliam-se as ações que são realizadas, podem ser simples ou complexas, podem ocorrer variações, pois estes fatores dependem do biotipo (estatura e tamanho do indivíduo), sexo (feminino e masculino), faixa etária (idade), grau de instrução e a sua qualificação. Todo o projeto precisa ser avaliado por suas soluções ergonômicas, isto resulta no correto dimensionamento de seus elementos e configuração. Antropometria é a ciência que estuda as medidas do corpo humano (sobretudo medidas lineares e periféricas), a fim de estabelecer diferenças e proporções entre indivíduos e grupos de indivíduos. O biotipo diz respeito às características físicas das pessoas. É classificado em três tipos básicos: endomorfo, mesomorfo e ectomorfo. (GOMES FILHO, 2006, p.72)
A ação de manejo para o kit de produtos da colônia é simples por exigir por parte do agricultor um número reduzido de operações, desmontar a embalagem secundária ou montá-la, fixar a rotulagem e seus adornos com as etiquetas nas tampas manualmente, sendo assim um trabalho artesanal. Os atributos necessários aos usuários serão de habilidade e força, o nível de qualificação do manejo é grosseiro, os atributos dos manejos e controles pode ser considerado médio. Como característica do usuário pode-se dizer que o seu biotipo será a mescla dos três tipos existentes: -Endomorfos: possuem formas arredondadas e macias, braços curtos e flácidos, muita gordura. -Mesomorfos: tipo musculoso, formas angulosas, ombros e peitos largos, pouca gordura. -Ectomorfos: possuem corpo e membros longos e finos, mínimo de gordura.
As dimensões do kit de produtos coloniais foram determinadas a partir das embalagens primárias permitindo que o mesmo seja transportado através de sua alça.
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A ergonomia do manejo é de fundamental importância na metodologia de design e está diretamente ligada ao produto e usuário.
8.6.2 Adequação biomecânica
Define-se a postura como o posicionamento dos segmentos corporais no espaço, está ligado a característica anatômica e fisiológica de cada indivíduo. Para realizar a operação de manejo de um produto são levadas em consideração as diversas tarefas que são necessárias para sua execução dependendo da relação ou do envolvimento com o objeto de uso. Biomecânica é a ciência que aplica as leis do movimento mecânico nos sistemas vivos, especialmente relacionados com o aparelho locomotor, tentando unir os estudos humanos da mecânica aos estudos de anatomia e da fisiologia. (GOMES FILHO, 2003, p.32)
A postura que o usuário irá utilizar será a do corpo em pé para o transporte do kit, o peso do kit será em torno de 3,2 kg, variando conforme a escolha dos produtos sendo que foi visto a configuração padrão estabelecida no briefing de projeto caracterizando embalagem de movimentação, porém exigirá por parte do usuário atributos de habilidade e força. Para manter-se as posturas neutras deve-se: manter as ações de trabalho próximas ao corpo, evitar trabalhar com os braços elevados, não levar as mãos sobre a altura dos cotovelos, cuidar dos esforço nas articulações críticas (cotovelos, coluna, ombros). Eliminar as inclinações para frente, pois estas requerem músculos e ligamentos mais fortes para manter o equilíbrio de forças, representando, portanto um grande esforço para a coluna. Eliminar as torções do tronco, que implicam em um esforço extra sobre a coluna, produzindo uma compressão e um estreitamento dos discos intervertebrais, representando um esforço assimétrico sobre os músculos e tendões.
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Algumas partes do corpo são mais afetadas pela aplicação de posturas e movimentos equivocados: pescoço, coluna, ombros, cotovelos, mãos e dedos. Fatores de risco para a coluna: repetição, força (peso da carga que se levanta ou empurra), postura (grau que se curva ou se torce a coluna), carga (tamanho, estabilidade, pegas,...), distância (horizontal e vertical), ambiente (temperatura, obstáculos, vibrações), características pessoais (tamanho, força, flexibilidade, hábitos de trabalho). Fatores de risco para o pescoço: postura (pescoço curvado). Prevenção: melhorar a altura da área de trabalho, áreas de trabalho em ângulos, oportunidades para mudar de posições, tarefas variadas, móveis com ajustes.
8.6.3 Adequação Fisiológica/ambiental
As condições fisiológicas e ambientais serão favoráveis para o agricultor visto que a comercialização do kit se fará em sua propriedade que atende a sua necessidade de trabalho. Algumas questões importantes em relação as suas tarefas para melhor desempenho devem ser observadas:
Temperatura e umidade ambiental - influem no desempenho do trabalho humano (produtividade e riscos de acidentes); O corpo humano se mantém sempre aquecido e pronto para o trabalho, independente da temperatura externa, diferentemente dos animais de sangue frio; As zonas de conforto térmico correspondem a faixas relativamente estreitas de variações da temperatura, umidade relativa e movimento do ar, se considerarmos os valores dessas variáveis normalmente existentes na natureza (vários trabalhadores são obrigados a conviver com ambientes térmicos desfavoráveis); O correto planejamento da iluminação e das cores contribui para aumentar a satisfação no trabalho, melhorar a produtividade e reduzir a fadiga e os acidentes. Efeitos fisiológicos da iluminação: interfere no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos.
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Quantidade de luz: • O rendimento visual tende a crescer a partir de 10 lux. • A partir desse ponto, os aumentos do iluminamento não provocam melhoras no rendimento e a fadiga visual começa a aumentar. • Recomenda-se usar 2000 lux praticamente como o máximo.
8.7 FUNÇÃO TÉCNICA
8.7.1 Sistema construtivo
O kit de produtos coloniais orgânicos é composto por:
a) A embalagem primária é composta pelas embalagens em vidro, acondicionarão os produtos coloniais, cada qual com capacidade determinada no briefing:
-1 pote de mel da colônia 270 g; -1 pote de açúcar mascavo 270 g; -1 pote de melado 270 g; -1 pote de doce 300g; -1 pote de geléia 300g; -1 pote de conserva (legumes) 560 g; -1 pote de biscoito 300 g; -1 pote de palitos de queijo 300 g; -1 garrafa de licor 500 ml.
Sendo que cada embalagem possui rótulo com informações obrigatórias conforme as portarias da ANVISA (portarias 41 e 42 de 14 de janeiro de 1998), aplicação de etiqueta com assinatura visual, além de uma caracterização com materiais ecológicos que são:
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- a juta que é utilizada nas tampas das embalagens primárias; - o fio de palha que é utilizado para prender a juta à tampa;
Desta forma complementam a imagem visual dos produtos orgânicos.
b) Embalagem secundária é composta por peças que darão estrutura e acondicionarão as embalagens primárias,
- 1 peça dianteira com ranhura; - 1 peça traseira com ranhura; - 2 laterais com ranhura; - 1 fundo - 4 espigas - 4 divisões internas - 9 bases de papelão - alça para transporte (formato do portal colonial) com revestimento de fios de palha para maior conforto do usuário na utilização bandeja e como também elemento decorativo (colonial).
c) Alça em juta que é composta por três tiras que serão trançadas e amarradas com fios de palha nas pegas da embalagem secundária, poderá ser retirada pelo usuário para a reutilização da embalagem secundária como bandeja ou caixa decorativa suspensa.
d) Bases de papelão que terão função de estabilizar as embalagens primárias no transporte do kit.
- 149 -
8.7.2 Materiais e Processos de Fabricação
Estão sendo utilizados no kit de produtos coloniais orgânicos os seguintes materiais: a) Embalagem primária: composta pelas embalagens em vidro comum reutilizadas, cada qual com capacidade determinada no briefing, acompanham as tampas. o Composição: O vidro é um sólido amorfo transparente, duro e frágil com excelente resistência ao tempo e a maioria dos produtos químicos exceto ao ácido hidroflórico. É composto de sílica, óxido de cálcio e carbonato de sódio e é organizado de acordo com três tipos básicos: vidros comuns, vidros resistentes a choques térmicos e vidros de sílica. o Processo de Fabricação: O vidro comum funde-se a temperaturas relativamente baixas, é responsável por 90 por cento da produção total de vidros. É barato e é usado para a fabricação de objetos como garrafas, copos, janelas e lâmpadas. O processo de sopragem é usado para a fabricação de recipientes de paredes finas, como garrafas, frascos e produtos de grande volume como lâmpadas. Nesse processo, a pressão do ar expande uma bolha oca de vidro quente em um molde revestido com um agente desmoldante.
Na tampa está sendo utilizada as fibras naturais: o Juta: é uma fibra têxtil vegetal de filamento contínuo que provem da família das "tiliáceas". Esta erva lenhosa alcança uma altura de 3 a 4 metros e o seu talo tem uma grossura de aproximadamente 20 mm, crescendo em climas úmidos e tropicais. A época de semear varia, segundo a natureza e o clima, as plantas florescem 4 a 5 meses depois de semeadas e inicia-se imediatamente a colheita. É uma cultura fácil, acompanhada de uma maceração trabalhosa e de pouco rendimento, sem a utilização de agrotóxicos ou fertilizantes. o Composição: o seu principal componente é a celulose, sob a forma de linhocelulose. A juta tem boa afinidade para corantes diretos e para corantes básicos.
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É muito higroscópica, regulando a umidade em 12%, o que a torna a matéria prima ideal para a sacaria, evitando tanto o ressecamento quanto a fermentação do produto acondicionado. o Processo de Fabricação: A fibra útil é contida entre a casca e o talo interno e a extração é feita pelo processo da maceração. As árvores cortadas rente ao solo por meio de foices, são limpas das folhas, postas em feixes dentro da água corrente ou parada. o Fio de palha: Palha consiste num subproduto vegetal de algumas gramíneas (capins e gramas). o Rótulo: Adesivo branco fosco com 180 gramatura, tinta orgânica escala Innov, fabricante Cromos . Para o rótulo será utilizado o processo de impressão Letterset. Também chamado de offset seco ou tipografia indireta. A imagem neste processo é feita em uma só peça, em alto-relevo. Ela envolve a chapa de impressão e é, em primeiro lugar, transferida para um cilindro de borracha e deste para o papel. A finalidade do letterset é combinar a qualidade da tipografia com a comodidade do offset. É ideal para materiais como metal ou plástico (lata, rótulos, cartões) e oferece uniformidade na qualidade e na cor. A impressão letterset é muito usada na indústria de embalagens. Para este rótulo será utilizada a faca especial, que é aplicada aos cortes que necessitam de lâminas específicas com formatos variados. A lâmina age por meio de pressão sobre o conjunto de peças impressas, executando o corte ao mesmo tempo sobre muitas unidades.
b) Embalagem secundária: será utilizado o MDF, tem grande estabilidade dimensional nas alterações de umidade do ambiente, sem apresentar problemas de grande inchamento ou contração, suas propriedades mecânicas têm alta resistência à tração e a flexão.
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o Processo de Fabricação e composição: é produzido a partir da transformação das toras de madeira em fibras que, misturadas a resinas e prensado em prensa contínua, se transformam em chapas que podem ou não sair revestidas da linha de produção. Para este kit está sendo utilizada a espessura de 6 mm, com está sendo utilizada a montagem somente por encaixe não é necessária a utilização de cola, pregos ou parafusos.
Base de papelão: a matéria-prima utilizada na fabricação do papel é a madeira, embora outras também possam ser empregadas. o Composição: é uma folha composta de camadas de papel coladas entre si ou fabricada diretamente em máquina cilíndrica e que segundo sua espessura se classifica como cartolina ou papelão (mais de um milímetro de espessura). o Processo de Fabricação: papel é o material obtido por laminação de uma massa pastosa de fibras vegetais de celulose, outros materiais são empregados como sua matéria-prima: o próprio papel e papelão, cujo aproveitamento depois do primeiro uso se dá por meio do processo de reciclagem e demais substâncias de origem vegetal.
8.8 FUNÇÃO DE MARKETING o Mercado – O kit de produtos coloniais orgânicos será comercializado em âmbito regional podendo se estender nacionalmente, dependendo da divulgação do turismo na região as Serra Geral Catarinense. o Sistemas de Vendas – O turista poderá comprar apenas um produto do kit, pois todos têm embalagem individual, bem como adquirir o kit com todos os produtos que o compõe ou solicitar os produtos de sua preferência.
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O Agricultor fará a comercialização do kit na sua propriedade rural diretamente com o turista. o Pontos de vendas - A Acolhida na Colônia tem uma loja especializada para a venda de seus produtos coloniais orgânicos. o Sistema de propaganda e marketing – a propaganda será feita pelo turista e eventualmente o kit poderá ser oferecido em eventos promovidos pela Associação da Acolhida na Colônia. o Sistemas de Preços – O custo de cada produto colonial será estipulado pelo agricultor junto a Acolhida na Colônia, em relação ao preço do kit compreendendo a impressão dos rótulos, os adornos utilizados nas tampas e a embalagem secundária serão de R$ 12,50 aproximadamente.
Observa-se que o valor poderá do kit poderá ter custos reduzidos conforme a quantidade que será produzida e melhores custos podem ser negociados para a compra de matérias-primas junto aos fornecedores. A embalagem de vidro com tampa não foi incluída no valor do kit, pois o agricultor já as utiliza através de um canal de distribuição que os atende. A base de papelão poderá ser reutilizada de caixas de papelão que os agricultores utilizam para transporte de seus produtos.
8.9 FUNÇÃO ECOLÓGICA
Para o kit de produtos coloniais orgânicos observou-se a preocupação com os materiais utilizados e o resultado obtido segue abaixo: o Vidro com tampa para todas as embalagens primárias dos produtos coloniais, reciclagem de 100 por cento;
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o Adornos para a tampa e alça em fibras vegetais, utilizando materiais ecológicos; o MDF utilizado na embalagem secundária, utilizando fibras de pinus ou eucalipto de reflorestamento; o Papelão utilizado como base para segurança das embalagens primárias, é reciclável e reutilizável;
Destaca-se
o
fato
da
embalagem
secundária
possuir
reutilização,
demonstrando o aumento do ciclo-de-vida deste material (MDF), que tem por objetivo avaliar o impacto ambiental ligado a um produto ou atividade, por meio da identificação da quantidade de energia e matéria-prima utilizada na fabricação do mesmo.
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8.10 FUNÇÃO INFORMACIONAL
7
5
2
3 1 6 espiga
4
Sequência de Montagem: - A peça dianteira (1) encaixa no recorte da lateral (2 e 3), em seguida o fundo (4) encaixa nas ranhuras das laterais. - Feito isso, fecha-se a caixa com a peça traseira (5). - Estrutura-se a caixa colocando as espigas nos recortes das peças dianteira e traseira (6). - O último item é a divisória interna (7), que forma a colméia para os produtos coloniais. OBS.: ATENÇÃO NÃO É PRECISO UTILIZAR COLA, PREGOS OU PARAFUSOS.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Agricultura Familiar é muito importante para o desenvolvimento da agricultura de forma geral e não somente para os agricultores orgânicos. Associações envolvidas com a agricultura orgânica têm organizado os produtores rurais com treinamentos, palestras, novas formas de cultivo e também para transformar suas propriedades em pousadas rurais, promovendo a integração do agricultor com o turista, trocando suas experiências e desta forma gerar renda. Através da Acolhida na Colônia, ONG que atua em Santa Catarina em 30 municípios foi possível realizar a intervenção do design que atuou de forma abrangente. Desta maneira tornou-se possível melhorar as condições de apresentação visual dos produtos coloniais orgânicos utilizando materiais ecologicamente corretos, sendo um diferencial importante na proteção ao meio-ambiente, reciclagem, reutilização, ciclo-de-vida dos materiais e produtos. Observa-se o principal objetivo deste produto que é a promoção do Turismo Rural na Serra Geral Catarinense, através do kit de produtos coloniais orgânicos Sabores da Colônia, divulgando a produção orgânica e hábitos saudáveis com a utilização do design estratégico.
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Feiras.
Disponível
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- 160 -
11 APÊNDICE 11.1 APÊNDICE A
Este roteiro de entrevista tem como objetivo definir quais produtos podem compor um kit para divulgar o Turismo na Serra Catarinense. O principal objetivo é definir quais produtos artesanais podem fazer parte deste kit, como por exemplo, o descascador de pinhão e a cuia para o tradicional chimarrão, além de demonstrar como produtores locais e estabelecimentos como hotéis, pousadas e chácaras podem trabalhar juntos.
Nome da empresa: ________________________ Cidade: ________________
1- Como é feita a divulgação e quais os métodos utilizados atualmente para atrair os visitantes para o Turismo na Serra Catarinense? ( ) ( ) ( )
Folders Anúncios na TV Anúncios em Jornal/Revista
( ) ( )
Convênios com Agências de Turismo Outros? Quais?___________________
2- Quais produtos representam à cultura local, e que poderiam ser oferecidos em forma de um kit com objetivo de divulgar o Turismo atraindo a atenção dos visitantes para a região? Relacione quais produtos que deveriam em sua opinião compor este kit? ( ) ( ) ( )
Pinhão Chimarrão Geléias
( ) ( ) ( )
Pães Tortas Roscas
( ) ( )
Lacticínios Outros? Quais? __________________
3- O seu Hotel Fazenda/Pousada, possui convênios/pacotes com agências de turismo ou com a Santur? ( )
Sim
( )
Não
4- Existe alguma cooperativa que organize a logística na parceria entre os produtores rurais locais na venda de sua produção para comercialização em hotéis, pousadas, e outros meios de hospedagem? ( )
Sim
( )
Não
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5- Existe outro fator que garanta a renda dos produtores locais? ( ) 5.1 – Quais? ( ) ( ) ( )
Sim
Turismo Agricultura Pecuária
( )
( ) ( )
Não
Venda de produtos coloniais Outros? ___________________
6- Deveria fazer parte deste kit para a divulgação do Turismo na Serra Catarinense um folheto, ou folder que divulgue todos os estabelecimentos da região com endereços, telefones, principais fatos do local, programação para os visitantes, características da região e pontos turísticos mais próximos? ( )
Sim
( )
Não
7- Como poderia ser distribuído este Kit? Na saída do turista dos hotéis rurais, pousadas e outros estabelecimentos após uma estadia por um período mínimo, ou ser colocado à venda para que o turista possa decidir se quer ou não adquirir o mesmo? ( ( ( (
) ) ) )
Em eventos, festas e outras comemorações. Na saída dos hotéis rurais, pousadas, como brinde. Ser colocado à venda. Na entrada ou passagem dos turistas pela cidade.
8- Existem outras formas de divulgação que estão sendo estudadas para a região? Quais são?
9- Já está sendo feito algo parecido e com o objetivo de divulgar o Turismo local? Cite com suas palavras. ( )
Sim
( )
Não
10- Tendo em vista que a Serra Catarinense tem paisagens naturais de extrema beleza e durante a estação de inverno atrae muitos visitantes, este kit regional poderia representar a cultura e a tradição da região? ( )
Sim
( )
Não
11- Dê sua opinião sobre como este kit pode afetar o seu estabelecimento, e se apoiaria esta ação estratégica para que se torne viável a sua divulgação e utilização?
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11.2 APÊNDICE B
Este roteiro foi aplicado em uma pousada localizada nas Encostas da Serra Geral onde utiliza-se a agricultura familiar para a produção orgânica com o objetivo de reunir dados e entender as necessidades do agricultor no desenvolvimento de um kit com produtos da colônia que promova o Turismo Rural em sua propriedade. 1 – Quais produtos são produzidos em sua propriedade? 2 – Quais são os diferenciais destes produtos? 3 – Como são distribuídos, vendidos e comercializados? 4 – Já ocorreu algum problema com o transporte e armazenamento destes produtos? 5 – Como os turistas são recebidos na Pousada Doce Encanto? 6 – É dada alguma lembrança ao turista que freqüenta a sua pousada? 7 – Em sua opinião o que a sua cidade representa para você? 8 – Qual a temporada de maior fluxo de turistas na pousada? 9 – Quais produtos representam a cultura local?
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11.3 APÊNDICE C
Algumas questões precisam ser analisadas para coleta de dados e definição de algumas ações que deverão ser importantes no decorrer do projeto, são elas: 1- O agricultor tem preocupação de uma melhor apresentação do seu produto junto ao turista que freqüenta sua propriedade? 2- Como a Acolhida na Colônia avalia a situação atual na comercialização dos produtos coloniais orgânicos? 3 – Desenvolver um kit de produtos e na sequência embalagens individuais para cada um em específico é uma necessidade? 4 – O Design estratégico define ações que irão fazer com o produto tenha diferenciais para o seu posicionamento junto ao mercado, como a Acolhida na Colônia avalia isto? 5 – Como deve ser a imagem que a marca destes produtos deve transmitir ao turista? 6 – Este kit deverá possuir na sua embalagem materiais orgânicos e recicláveis? 7 – Quais produtos da colônia devem fazer parte deste kit? 8 – O descascador de pinhão poderá ser integrante deste kit, sendo assim mais um diferencial sabendo que a Acolhida tem como plano de expansão cidades onde se tem o consumo do pinhão? 9 – Alguns produtos coloniais que compõem o kit podem ser alterados, dependendo da época do ano. Pode-se ter uma padronização aplicando as embalagens e a marca para todos os municípios participantes da Associação da Acolhida na Colônia?
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11.4 APÊNDICE D
Este roteiro foi aplicado com o Professor Thiago Sardá que esteve ligado ao turismo rural catarinense por 16 anos, leciona no Curso de Turismo da UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina na unidade do Norte da Ilha em Florianópolis, visando um melhor entendimento deste segmento em nosso estado.
1 – Explique o turismo rural na Serra Catarinense? 2 – Quais são os roteiros turísticos em Santa Catarina? 3 – Quais são os segmentos de turismo na Serra Catarinense? 4 – Qual é a sua atuação no segmento rural? 5 – Neste período quais foram as alterações ocorridas? 6 – Tem conhecimento de algum projeto voltado para o turismo rural na Serra Catarinense? 7 – O desenvolvimento de um descascador de pinhão para integrar este Kit pode ser um diferencial?