Tcc projeto editorial revista infantil

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JULIANA GÓES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: PROJETO EDITORIAL PARA REVISTA INFANTIL

Proposta de Projeto para Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Orientadora: Professora Karla Grillo.

Florianópolis 2008


JULIANA GÓES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: PROJETO EDITORIAL PARA REVISTA INFANTIL

Este Projeto foi julgado adequado à obtenção pelo Curso de Graduação em Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 19 de novembro de 2008.

______________________________________________________ Professora e orientadora Karla Grillo, Professora. Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Professora Cláudia R. Batista, Doutora. Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Professora Renata S. Krusser, Professora. Universidade do Sul de Santa Catarina


Dedico este trabalho aos meus pais, Ari Góes e Mafalda Novello Góes pelo apoio e pelos ensinamentos sobre o universo infantil. Aos meus irmãos Ari e David e ao meu noivo Diego pela força, compreensão e presença total em todo o meu projeto.


AGRADECIMENTOS

Meus sinceros abraços àqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. 

Aos meus pais que tanto me apoiaram nesta jornada acadêmica, me ensinaram a paixão pelo mundo infantil, a sensibilidade pelas histórias e os desenhos;

Aos meus irmãos Ari Góes e David Góes pela força, pelos ensinamentos e atenção ao meu projeto;

Ao Diego de Azevedo, meu noivo, pela paciência, pela força e pela presença total em meus trabalhos acadêmicos;

A toda a minha família que tanto me ensinou o amor pelas ilustrações e desenhos, pela arte, pela música, pelo céu;

A minha orientadora Karla Grillo que me guiou durante este semestre;

A professora e coordenadora do curso de Design Cláudia R. Batista que mesmo com um tempo tão curto, se dedicou ao meu projeto, apoiando e colaborando;

Ao professor Álvaro Dias, que me apoiou desde o início e mesmo de longe, contribuiu todo o tempo com disposição, referências e livros, palavras positivas, e me ensinou a paixão pelas revistas;

A todos os meus professores que durante a minha jornada acadêmica muito me ensinaram e estimularam;

Aos colegas e amigos que direta ou indiretamente colaboraram com o trabalho.


“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” (livro do Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry).


RESUMO

Frente ao mercado de revistas infantis, encontra-se uma grande lacuna quando a revista precisa ser voltada para crianças que estão iniciando a alfabetização. Torna-se necessário um periódico onde o projeto editorial seja voltado para esse público, crianças entre cinco e sete anos. As revistas vendidas hoje para essa faixa-etária são álbuns de figurinhas, revistas para colorir ou para crianças mais velhas, com textos rebuscados e diagramação mais complexa, dificultando a interação da criança que ainda necessita de pequenos textos e um planejamento visual voltado para ela. Deste modo, o objetivo do presente trabalho é criar um projeto editorial, uma revista, para crianças na pré-alfabetização. A pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira a conceituação de todo o projeto. A segunda etapa, a defesa do projeto editorial. O resultado final é uma revista muito semelhante a um livro infantil, onde a criança terá mais autonomia de ler devido às cores, as ilustrações e ao planejamento de todo o projeto gráfico, mais organizado e melhor distribuído por entre as páginas.

Palavras-chave: Revista Infantil; Alfabetização; Projeto Editorial; Projeto Gráfico.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Capa da revista Tico-Tico de 1905 ......................................................................... 24 Figura 2 – Revista Recreio anos 70 .......................................................................................... 26 Figura 3 – Capa da revista Capricho ........................................................................................ 45 Figura 4 – Miolo da revista Capricho ....................................................................................... 46 Figura 5 – Sumário da revista Capricho .................................................................................. .46 Figura 6 – Ilustração da revista Capricho ................................................................................. 47 Figura 7 – Ilustração em tecido da revista Capricho ................................................................ 47 Figura 8 – Capa da revista Witch ............................................................................................. 49 Figura 9 – Miolo da revista Witch ............................................................................................ 50 Figura 10 – Sumário da revista Witch ...................................................................................... 51 Figura 11 – Ilustração da revista Witch ................................................................................... 51 Figura 12 – Capa da revista Recreio ......................................................................................... 53 Figura 13 – Miolo da revista Recreio ....................................................................................... 54 Figura 14 – Sumário da revista Recreio ................................................................................... 55 Figura 15 – Ilustração da revista Recreio ................................................................................. 55 Figura 16 – Capa da revista Gênios .......................................................................................... 57 Figura 17 – Miolo da revista Gênios ........................................................................................ 58 Figura 18 – Sumário da revista Gênios .................................................................................... 59 Figura 19 – Ilustração da revista Gênios .................................................................................. 59 Figura 20 – Ilustração Elisabeth Teixeira............................................................................ .....63 Figura 21 – Ilustração Mariana Massarani............................................................................... 64 Figura 22 – Ilustração marta martins da Silva...................................................... .................. ..64 Figura 23 – Ilustração Octavia Monaco............................................................................... .... 65 Figura 24 – Ilustração Mariana Massarani ................................................................ .............. 65 Figura 25 – Painel de fontes............................................... .................................................. ....66 Figura 26 – Texto, imagem e fundo..................................................... ................................ ....67 Figura 27 – Diagramação do miolo......................................... ............................................. ....68 Figura 28 – Usos do logotipo com fundo................................................... ........................... ...72 Figura 29 – Colunas ............................................................................................................. ... 73 Figura 30 – Colunas, grades e boxes.................................................. .................................. ... 75 Figura 31 – Margens e espaços.................................................. .......................................... ... 75 Figura 32 – Espaços.............................................................................................................. ... 77 Figura 33 – Margem interna de segurança.................................................... ....................... ... 78 Figura 34 – Bloco de texto assimétrico..................................................... ........................... ... 79 Figura 35 – Número de página..................................................... ........................................ ... 87 Figura 36– Cor do fundo de página..................................................... ................................. ... 89 Figura 37 – Cores de fundo e dos boxes.............................................................................. ... 89 Figura 38 – Cores fortes..................................................... .................................................. ... 90 Figura 39 – Identificação das cores..................................................... ................................. ... 91 Figura 40 – Dica Luneta (splash)..................................................... .................................... ... 93


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Análise de Concorrência. ........................................................................................ 61


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................12 1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA.................................................................................................12 1.2 OBJETIVO ......................................................................................................................................14 1.2.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................................14 1.2.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................................15 1.3 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................................................16 1.4 METODOLOGIA ..............................................................................................................................18 1.4.1 Definição do Problema ............................................................................................................18 1.4.2 Coleta de Dados ........................................................................................................................19 1.4.3 Análise dos Dados ....................................................................................................................19 1.4.4 Geração do Conceito ................................................................................................................19 1.4.5 Criatividade ..............................................................................................................................19 1.4.6 Representação e experimentação............................................................................................20 1.4.7 Testes e avaliação das alternativas .........................................................................................20 1.4.8 Escolha da alternativa final/criar protótipo ..........................................................................20 1.4.9 Solução Final ............................................................................................................................20 2 O DESIGN EDITORIAL ..............................................................................................................21 2.1 O PROJETO EDITORIAL ..................................................................................................................21 2.2 O DESIGNER E SUA FUNÇÃO NO PROCESSO EDITORIAL .................................................................22 3 O BRASIL E O MERCADO EDITORIAL DE REVISTAS INFANTIS .................................24 3.1 O INÍCIO DO MERCADO DE REVISTAS INFANTIS NO BRASIL ...........................................................24 3.2 O MERCADO ATUAL DE REVISTAS INFANTIS NO BRASIL ..............................................................27 3.2.1 A importância econômica atual no mercado infantil ............................................................28 3.3 O MERCADO DO FUTURO ...........................................................................................................29 4 A RELAÇÃO DA CRIANÇA E O PROJETO GRÁFICO........................................................31 4.1 APRENDIZAGEM E COGNIÇÃO INFANTIL ........................................................................................31 4.2 SEMIÓTICA E A PERCEPÇÃO INFANTIL .......................................................................................32 4.3 GESTALT .......................................................................................................................................34 5 FASE INVESTIGATIVA E ANALÍTICA ..................................................................................36 5.1 PÚBLICO ALVO .........................................................................................................................36 5.2 ANÁLISE DE DEMANDA ..........................................................................................................37 5.3 ANÁLISE DE OFERTA/CONCORRÊNCIA NACIONAL ............................................................39 5.3.1 Concorrência indireta ..............................................................................................................39 5.3.1.1 Revistas para colorir ...............................................................................................................39 5.3.1.2 Álbum de figurinhas/livro ilustrado ........................................................................................40 5.3.1.3 Gibis ........................................................................................................................................41 5.3.1.4 Suplementos infantis ...............................................................................................................42 5.3.2 Concorrência direta .................................................................................................................43 5.3.2.1 Revista Capricho .....................................................................................................................44 5.3.2.2 Revista Witch ..........................................................................................................................48 5.3.2.3 Revista Recreio .......................................................................................................................52 5.3.2.4 Revista Gênios ........................................................................................................................56 5.4 DIFERENCIAL SEMÂNTICO – ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA ...........................................................60 5.5 CONCEITUAÇÃO FINAL ..................................................................................................................61 6 CONCEITUAÇÃO/DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO PROJETO ..............................63 6.1 PAINEL SEMÂNTICO (CONCEPT BOARD PARA CRIAÇÃO GRÁFICA) ................................................63


6.1.1.1 Imagens de referência (painel imagens)..................................................................................63 6.1.1.2 Tipografia................................................................................................................................66 6.1.1.3 Diagramação ...........................................................................................................................67 6.2 NOME DO PRODUTO ................................................................................................................68 6.2.1.1 Pesquisa do nome da revista ...................................................................................................69 6.3 LOGOTIPO ......................................................................................................................................70 6.4 JUSTIFICATIVA GRÁFICA ...............................................................................................................72 6.4.1.1 Seqüência lógica de leitura .....................................................................................................72 6.4.1.2 Dimensões da revista, colunas/grades, margens e espaços .....................................................73 6.4.1.3 Blocos de texto........................................................................................................................78 6.4.1.4 Fontes ......................................................................................................................................79 6.4.1.4.1 Capa (logotipo): ..................................................................................................................81 6.4.1.4.2 Título das seções:.................................................................................................................82 6.4.1.4.3 Título:...................................................................................................................................83 6.4.1.4.4 Subtítulo:..............................................................................................................................83 6.4.1.4.5 Texto corrido: ......................................................................................................................84 6.4.1.4.6 Créditos (nome dos autores, ilustrações, fotos, etc.): ..........................................................84 6.4.1.4.7 Entretítulos (títulos entre o corpo de texto, numa mesma matéria): ...................................85 6.4.1.4.8 Paginação ............................................................................................................................85 6.4.1.4.9 Splach Dica Luneta ..............................................................................................................85 6.4.1.5 Páginas ....................................................................................................................................86 6.4.1.6 Títulos, subtítulos e nome das seções .....................................................................................87 6.4.1.7 Créditos ...................................................................................................................................88 6.4.1.8 Cores .......................................................................................................................................88 6.4.1.9 Imagens ...................................................................................................................................92 6.4.1.10 Splach Dica Luneta ...............................................................................................................93 6.5 NAVEGAÇÃO INTERNA...................................................................................................................94 6.6 ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ............................................................................................................96 6.7 CAPA .............................................................................................................................................96 6.7.1 Frente ........................................................................................................................................96 6.7.1.1 Disposição das informações ....................................................................................................96 6.7.1.2 Posicionamento do Logo.........................................................................................................97 6.7.1.3 Boxes ......................................................................................................................................97 6.7.1.4 Imagem ou ilustração ..............................................................................................................98 6.7.2 Verso .........................................................................................................................................98 6.8 EXTRAS .........................................................................................................................................98 6.9 MATÉRIA PRIMA ...........................................................................................................................99 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................100

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................101 ANEXO A – CAPA E CONTRACAPA ...........................................................................................104 ANEXO B – TROVAS E SUMÁRIO ...............................................................................................105 ANEXO C – HORA DO CONTO .....................................................................................................106 ANEXO D – O QUE ACONTECE COMIGO?...............................................................................107 ANEXO E – VOCÊ SABIA? .............................................................................................................108 ANEXO F – ALÔ MUNDO! .............................................................................................................109 ANEXO G – CULINÁRIA ................................................................................................................110 ANEXO H – ÊBA! JÁ SEI LER! ......................................................................................................111 ANEXO I – A NATUREZA...............................................................................................................112


ANEXO J – AGENDA DO MÊS ......................................................................................................113 ANEXO L – HISTÓRIA EM QUADRINHOS ................................................................................114 ANEXO M – CANTINHO DO LEITOR .........................................................................................115 ANEXO N – FAZENDO ARTE E CRÉDITOS FINAIS ................................................................116


12 1

1.1

INTRODUÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Hoje, as crianças começam a ser alfabetizadas antes dos seis anos. Segundo Cafardo (2008), dia seis de fevereiro de 2006, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, aprovou um projeto que amplia de oito para nove anos a duração do Ensino Fundamental no país. Desta forma, crianças com seis anos em todo o Brasil deverão, obrigatoriamente, estar matriculadas na primeira série. As escolas têm até 2010 para se adaptar a nova Lei. Isso significa que com seis anos, essas crianças deverão estar alfabetizadas. É uma época em que a criança se envolve entre brincadeiras mas também em atividades escolares. Inicia-se um amplo universo escolar, com muitas tarefas, avaliações, testes sendo que ainda não deixou de lado suas brincadeiras, sonhos e fantasias. Conforme Powers (2008, p. 144):

Se para os adultos, o apelo comunicativo costuma ser desencadeado a partir de elementos ou códigos já conhecidos, no caso da imaginação infantil isso foge completamente à regra e ganha contornos de magia. Os olhos das crianças mantém canal direto com o coração, não nos esqueçamos.

Para essa faixa etária, é interessante um material gráfico que reúna esses dois universos em apenas uma revista, planejada e organizada especialmente para esse público. Observou-se na área infantil, uma grande dificuldade para encontrar periódicos que auxiliassem a alfabetização fora da sala de aula. Revistas com conteúdos educativos e com um projeto gráfico voltado para crianças que estão iniciando a leitura. As revistas encontradas hoje no mercado nacional para essa faixa-etária, entre cinco e sete anos, possuem conteúdo muito simples. São revistas com desenhos prontos, onde a criança apenas pinta com lápis de cor ou ainda os álbuns de figurinhas voltados para meninos ou meninas com temas de filmes infantis.


13 As crianças que estão iniciando a alfabetização possuem grande fascínio pelas letras, cores e ilustrações. Querem ler os textos e compreendê-los. O problema principal é que, pela falta de opção para o treino da leitura, os pais acabam adquirindo as revistas mais simples como de pintura, ou com temas mais adolescentes. Segundo a apresentação verbal (2008) da pedagoga e professora de primeira série da escola Pueri Domus, em São Paulo, Patrícia Rumi Esasika, as crianças buscam por leituras mais simplificadas e livros mais ilustrativos com pouco texto. Elas até buscam as revistas Capricho e Recreio, mas as informações são tantas que se desmotivam nas tentativas de leitura. Gostam mesmo dos desenhos e ilustrações dessas revistas. Necessitam de periódicos mais simplificados que os auxilie na leitura. É de suma importância que exista uma revista voltada para crianças que estão aprendendo a ler, com um projeto gráfico voltado para esse público-alvo. A clareza nas fontes, a organização das ilustrações e do texto, a pesquisa de cores, enfim, uma revista voltada para crianças na pré-alfabetização. Um material que não apenas auxilie a leitura, mas que informe, eduque e amplie a sua visão de mundo. Conforme Dondis (1991, p.7):

A primeira experiência por que passa uma criança em seu processo de aprendizagem ocorre através da consciência tátil. Além desse conhecimento “manual”, o reconhecimento inclui o olfato, a audição e o paladar, num intenso e fecundo contato com o meio ambiente. Esses sentidos são rapidamente intensificados e superados pelo plano icônico – a capacidade de ver, reconhecer e compreender, em termos visuais, as forças ambientais e emocionais.

As principais revistas vendidas e encontradas nas bancas de todo o país, são o foco deste trabalho. Nenhuma delas tem como público alvo crianças iniciando a alfabetização. Elas são voltadas para um público infantil já alfabetizado. É o caso da Editora Abril (2008), que possui três revistas voltadas para o público infanto-juvenil como a revista Recreio, para crianças acima de 7 anos; a revista Witch, para meninas dos 10 aos 14 e a revista Capricho, para meninas na pré-adolescência e adolescentes. E a Editora Alto Astral, da revista Gênios (2008) para crianças de 7 a 10 anos. Pelo que foi exposto, existe uma preocupação para a existência de um periódico para esse público.


14 Segundo Lago (1984, p. 10):

As crianças ficam orgulhosas quando vão virando as páginas do livro e percebendo que estão entendendo a leitura e vão fazendo as relações entre realidade e fantasia. Elas têm consciência da importância dessas relações.

As crianças hoje entre cinco e sete anos buscam muito mais do que um álbum de figurinhas ou livros para pintar (com desenhos prontos). Buscam estar informadas do que acontece no mundo. Estão por dentro dos acontecimentos, sabem discutir sobre alguns temas e até mesmo possuem opinião própria sobre determinados assuntos. Elas utilizam logo cedo o computador, internet e às vezes até ensinam os mais velhos a usarem. Aumentaram também os sites voltados para esse público. Os suplementos infantis em jornais estão sendo bastante procurados pelas crianças. Um exemplo é o Estadinho (jornal O Estado), Folhinha (Folha de São Paulo) entre outros. Esses suplementos possuem uma linguagem e um cuidado maior para transmitir a informação do mundo para a criança, dentro da sua linguagem visual e verbal. Segundo Corrêa (2008):

O maior desafio para quem trabalha com publicação infantil é encontrar o meio termo entre a proposta educativa e o tratamento adequado a esse público. É preciso fazer jornalismo para crianças sem subestimar sua inteligência e sua capacidade de entendimento. As crianças são seres em formação, por isso, a obra deve funcionar como apoio e ampliação do seu repertório. Esse tipo de leitor não lê por hábito ou necessidade de manter-se informado, como ocorre com os adultos, portanto necessita de um projeto gráfico instigante que atraia sua atenção.

1.2

OBJETIVO

1.2.1 Objetivo Geral

Criar o projeto gráfico editorial de uma revista infantil, para crianças que estão iniciando a alfabetização, com idade entre cinco e sete anos.


15 1.2.2 Objetivos Específicos

Desenvolver projeto gráfico editorial para revista infantil.

Fazer estudo sobre o público alvo, análise da concorrência, análise de demanda e das publicações existentes.

Implementar normas de apresentação de originais para que a revista possa ser produzida dentro de um padrão gráfico em todas as outras edições.

Definir formato mais econômico e viável para a produção.

Organizar a diagramação da revista:

1. Capa: Elaborar uma diagramação básica que caracterize as publicações e resolva problemas relacionados com a legibilidade e divulgação da revista. 2. Miolo: Estabelecer mancha tipográfica que obedeça a padrões de legibilidade, racionalização do espaço, equilíbrio estético e que permita variações quando necessário. 

Tipologia (capa, contracapa e texto): seleção de famílias que desenvolvam as necessidades de divulgação, legibilidade, estética e de diagramação. Usar fontes que facilitem a leitura da criança.

Definir número de cores, o grau de legibilidade e suas variações, aplicação de cores ao texto e capas. Buscar cores significativas.

Viabilizar o tipo de impressão, bem como o acabamento da revista.

Pesquisar um nome para a revista, com fácil leitura e identificação pelas crianças. Criar logotipo do nome.

Facilitar a busca de matérias, na revista, através de sumário, número de páginas e títulos.

Criar seções com atividades direcionadas a jogos, contos, culinária, pesquisas, curiosidades, histórias em quadrinhos, cartas do leitor, brincadeiras, histórias para os adultos lerem para as crianças, ou para que estas leiam sozinhas.

Organizar textos e imagens para que o layout não fique carregado de informações.

Caracterizar o projeto gráfico com ilustrações enriquecidas e diferenciadas das já usadas em revistas infantis. Usar ilustrações com aquarelas, tintas,


16 colagens, lápis de cor, grafite e materiais diversos. Ilustradores infantis poderão ser sugeridos como Mariana Massarani, André Neves, Elizabeth Teixeira, Octavia Monaco, Ionit e Echi. Diferenciar a revista das outras que usam ilustrações digitais. Não usar ilustrações sobre guerras, lutas, super-heróis, propagandas ou apresentadores de televisão. 

Proporcionar uma revista interativa, divertida, colorida, com informações de qualidade, contos, histórias, jogos, textos e principalmente um projeto gráfico dentro da linguagem infantil.

1.3

JUSTIFICATIVA

Devido à falta de revistas voltadas para o público infantil, para crianças na préalfabetização, pensou-se nesse projeto como um suplemento fora da sala de aula onde a criança possa pesquisar, brincar, aprender e fazer suas tentativas de leitura, num impresso totalmente voltado para ela, dentro de suas necessidades, interesses e limitações. Conforme Oliveira (2008):

O ponto de vista estético, texto, imagem e projeto gráfico são elementos que, bem combinados e cuidadosamente construídos, passam a garantir o reconhecimento da crítica especializada, a consolidação do gênero. Consolidam-se estudos que tratam do respeito à cultura infantil e, paralelamente, cresce a diversidade de materiais gráficos infantis de qualidade.

Segundo Rodrigues (2008), o acesso à leitura deve ter início assim que a criança for alfabetizada e possa compreender o que lê. No entanto é preciso respeitar seu tempo. Os menores, por exemplo, lêem devagar e não prosseguem o texto por muito tempo. Em geral, as crianças percebem as informações de modo diferenciado e assimilam noções e conceitos a partir de diferentes estruturas. Estas diferenças precisam ser respeitadas e valorizadas. A revista deverá auxiliar a criança na leitura e interação com material impresso. Através de uma diagramação muito semelhante a um livro de histórias infantis, a criança terá autonomia de ler, buscar e pesquisar sozinha ou mesmo com a ajuda de um adulto. A revista trará novidades, informações culturais na área infantil por meio de filmes, teatros, músicas, acontecimentos, matérias dentro de seu contexto, experiências e contos. É importante


17 esclarecer que a linguagem visual deverá ser voltada para a criança no sentido de não só facilitar a leitura e pesquisa, mas acrescentar mais informações para a criança no que diz respeito ao seu vocabulário, convívio, sentimentos, imaginação, lúdico, cultura, além de outros. Conforme Oliveira (2008): Existem ricos e variados elementos de mediação entre a criança e a leitura. De início, merece destaque a qualidade do material gráfico impresso selecionado. Tratase de uma adaptação para crianças, com ilustrações que lhes desperte interesse. Coexistem, portanto, conteúdo e suporte adequados ao universo infantil.

Atualmente as crianças estão mais participativas nos acontecimentos reais e buscam cada vez mais o conhecimento e a respostas para suas perguntas. Mas procuram também o lúdico em suas atividades, sejam em histórias, ilustrações, textos e contos. Segundo Rodrigues (2007):

A proposta do jornalismo infantil é formar um leitor crítico e participativo. O ideal é que as crianças leiam as publicações sozinhas, para isso é necessário utilizar um vocabulário simples, adequado ao repertório do público, com frases e parágrafos curtos. Geralmente o objetivo editorial da maioria dessas publicações é conciliar educação e diversão, despertando na criança o gosto pela leitura e pela descoberta. O risco de assumir o papel de educadores o tempo todo é causar na criança o efeito contrário, o da recusa.

A revista complementará esse conhecimento. Não só trazendo temas interessantes dentro dessa faixa-etária, mas também despertando a criança para bons temas, boas imagens, textos selecionados e com um projeto editorial facilitado e voltado para ela. Com uma diagramação onde facilite e aguce sua vontade de ler, ela terá facilidade e vontade para aprender. Quanto mais as crianças tiverem acesso a materiais impressos de qualidade e específicos para ela, mais exigentes e curiosas serão. Com mais facilidade aprenderá a ler e escrever. Conforme Corrêa (2008):

Os mediadores da leitura nem sempre estarão, portanto, enraizados nos meios familiares, nas instituições escolares. Muitas vezes é em meio a outras situações, culturalmente significativas, que o sujeito encontrará alimento para seu pleno desenvolvimento como leitor.

As crianças de cinco a sete anos necessitam de periódicos voltados para ela. Essas crianças já começam a buscar fora da sala de aula, em lições de casa, trabalhos e até mesmo


18 por curiosidade de ler, textos menores, mas significativos para complementar seus estudos e sua vontade de “ler o mundo”. Uma revista que propõe qualidade nos textos, nas ilustrações e em todo o projeto gráfico, voltado para crianças que estão iniciando a leitura, se torna uma revista educativa e prazerosa para a leitura e conhecimento.

1.4

METODOLOGIA

A pesquisa deste projeto será feita através de bibliografias voltadas a esse tema como design editorial, projetos gráficos, planejamento visual gráfico, diagramação, produção impressa, tipografia, desenvolvimento de livros infantis, estudo das cores e também temas dentro da psicopedagogia com temas relacionados com a criança, seus aspectos cognitivos, linguagem visual infantil entre outros. O método do projeto é baseado em Bruno Munari (MUNARI, 1998), devido a sua linearidade na construção de um projeto.

1.4.1 Definição do Problema

O problema principal é a falta, no mercado, de uma revista como suporte para crianças que estão iniciando a alfabetização. As revistas infantis existentes possuem linguagem visual para crianças já alfabetizadas.


19 1.4.2 Coleta de Dados

Coletar dados sobre as revistas já existentes no mercado. Buscar dados sobre o público alvo, preferências, dificuldades, análise de mercado, análise de demanda, entre outros itens relacionados com o projeto.

1.4.3 Análise dos Dados

Analisar os dados existentes com base nas pesquisas. Analisar cada concorrente, as diferenças e semelhanças entre eles. Buscar soluções para o problema existente coerente com a realidade do mercado.

1.4.4 Geração do Conceito

Através da coleta e análise de dados, o foco do projeto será dado e delimitado.

1.4.5 Criatividade

Elaboração do projeto gráfico e layout da revista. Definição do projeto.


20 1.4.6 Representação e experimentação

Depois de definido o layout de toda a revista, criar uma revista modelo (boneco) no programa Indesign.

1.4.7 Testes e avaliação das alternativas

Fazer testes com a revista modelo, se possível, com o público alvo em escolas. Colocar o material no ponto de venda, junto com outras revistas.

1.4.8 Escolha da alternativa final/criar protótipo

Escolha e organização dos resultados dos testes, análises e observações feitas. Detalhamento final do projeto impresso.

1.4.9 Solução Final

Projeto editorial impresso com toda a diagramação completa.


21 2

2.1

O DESIGN EDITORIAL

O PROJETO EDITORIAL

O Design Editorial é uma disciplina do curso de Design e busca trazer ao profissional um estudo aprofundado sobre o design editorial tais como livros, jornais e revistas. Conforme Silva (2008):

O projeto editorial é o processo de estruturação do que irá ser tratado num livro, revista ou jornal. O desenho editorial acontece junto com a escolha do planejamento gráfico, onde nessa etapa se define, como serão a forma e conteúdo do projeto, as matérias, quais os assuntos e como serão tratados. Os elementos como diagramação, tipologia e cor fazem parte de um projeto gráfico que nada mais é do que as características visuais do mesmo. Nesse planejamento o conjunto de elementos da forma do produto, onde cada elemento deve ser pensado tendo em vista o objetivo e o público que se deseja alcançar.

A revista passou por diversas transformações desde a sua primeira publicação, mudanças na sua produção, confecção e na sua diagramação. Um dos fatores que ajudaram essas transformações foi o avanço tecnológico. Segundo Silva (2008), no início, a impressão era feita manualmente, depois passou a ser mecânica. Só a partir do século XIX é que a impressão passa a ser a vapor, o que possibilita a reprodução em maior escala. Outro fator que contribui para a modificação nas revistas é a chegada de novos meios de comunicação. Por décadas, a revista e o jornal foram os principais meios de comunicação, mas com a chegada do rádio eles tiveram que se adaptar ao dinamismo e rapidez que a nova mídia apresentava. Esse episódio volta acontecer com a chegada da televisão e depois da internet. A cada nova mídia que nasce, as velhas se adaptam para conseguir permanecer em um espaço na comunicação. Conforme Hendell (2003, p.25), o design é todo meio/forma de criação que está intimamente ligada à configuração, concepção, elaboração e definição de algo, como um objeto, uma imagem, entre outros, determinados a uma função, referindo-se à concepção de uma solução para um problema.


22 Cada vez mais o mercado vem buscando estratégias que promovam o aumento da competitividade. Observa-se que o design tem sido uma estratégia utilizada como fator de diferenciação e agregação de valores aos produtos e serviços, além da qualidade e do preço. Segundo Hendell (2003, p.5):

O Design Gráfico é usado para comunicar visualmente uma mensagem específica e é avaliado pela engenhosidade que tem para fazer o design dizer alguma coisa. O designer gráfico atribuiu uma atitude ás palavras para influenciar a maneira como o leitor as vê e reage a elas.

2.2

O DESIGNER E SUA FUNÇÃO NO PROCESSO EDITORIAL

O designer tem papel fundamental no processo editorial. É ele quem faz o projeto gráfico para o design impresso. Nesse projeto gráfico, as organizações e os estudos são divididos em diversos setores como a capa, colunas e grades, espaços, legendas, gráficos, boxes, sumário, estudo de cores, tipografia, paginação, títulos e subtítulos, entre outros. Segundo Hendel (2003, p.3): O trabalho real de um designer editorial não é fazer as coisas parecerem “legais”, diferentes ou bonitinhas. É descobrir como colocar uma letra ao lado da outra de modo que as palavras do autor pareçam saltar da página.

A principal função do designer editorial é levar ao projeto gráfico não só uma organização de toda a mídia impressa, mas buscar atrair o usuário de tal forma que ele tenha vontade de ler mais, buscar e encontrar, de forma prazerosa, numa interação entre o material impresso e o leitor. É fazer um projeto gráfico editorial adequado aquele público, para aquela situação. White (2006, p.2), coloca que o designer deve seduzir a pessoa que folheia distraidamente a publicação para que preste atenção, fazendo alarde da relevância que o material tem para seus interesses. Depois devemos guiá-la por meio dele. Portanto, temos de entender e explorar tanto os atributos físicos do meio como a psicologia do observador. A atração da criança pelo lúdico do material impresso é um dos principais objetivos do designer para seduzir-las, em relação a projetos gráficos impressos infantis, através de um bom estudo de organização de todo o conteúdo editorial.


23 Conforme Pita (2002): Para ler, a criança parte da “fantasia”, ao se identificar com personagens das tiras e brincadeiras. O jornal atrai a criança pelo aspecto lúdico, que envolve uma atividade concreta, de brincadeira. Só depois a criança se interessa pela notícia ou reportagem.

Para Sâmara (2007, p.10,) hoje, a profissão do designer faz parte da consciência pública. Na era da informação, ela se tornou uma disciplina de grande importância. Na comunidade do design as questões sociais ganharam maior importância.


24 3

3.1

O BRASIL E O MERCADO EDITORIAL DE REVISTAS INFANTIS

O INÍCIO DO MERCADO DE REVISTAS INFANTIS NO BRASIL

A primeira revista a surgir no Brasil foi por volta dos de 1905, a revista O TicoTico. Nesta época, as revistas não eram muito comuns. Antes das revistas, as pessoas liam os almanaques. Segundo Ruth Rocha (2005, p.8):

O almanaque foi inventado numa época em que não havia muitas publicações populares. Ele era em princípio destinado ao público do campo e, por isso, foi sempre marcado pela informação sobre o tempo. Por exemplo: no campo as entradas de estações são muito importantes. Marcam o começo do frio, do calor, das chuvas, o que é fundamental para semear e colher. Os almanaques eram um misto de informações úteis, fatos pitorescos, diversão e propaganda. À medida que as revistas foram aparecendo, os almanaques foram sumindo. As revistas são os almanaques modernos.

Pouco se encontrou sobre a história de revistas infantis brasileiras. Mas existem os autores que escreviam para esses almanaques e que mais tarde, se tornaram escritores de literatura infantil. Esses escritores fizeram, e ainda fazem a história da Literatura infantil. Dentre eles, Monteiro Lobato, que foi o precursor da literatura infantil brasileira e ficou popularmente conhecido pelas suas obras de livros infantis, como O Sítio do Pica-Pau Amarelo, Emília e vários outros. Hoje, existem os gibis do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Depois com a influência de Monteiro Lobato, surgiram Eva Furnari, Ruth Rocha, Ziraldo, Ana Maria Machado, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Sérgio Caparelli, Lygia Bojunga e com eles muitos outros autores. A história da revista infantil acaba sendo influenciada pelos almanaques e também pela literatura infantil. Por isso, neste trabalho, algumas pesquisas também foram voltadas a essa área dos livros infantis. A primeira revista infantil do Brasil, segundo Menezes (2008), nasceu em 1905, chamada “O Tico-Tico”. Era uma publicação inspirada na revista francesa “La Semaine de Suzette”. Sua tiragem inicial foi de 21 mil exemplares. Era publicada em dois tipos de papel, com quatro páginas impressas em cores. Nas demais páginas, ao invés do preto, eram usadas


25 as cores vermelhas, verde ou azul. Custava 200 réis até a década de 20. O nome “O TicoTico” vinha do passarinho irrequieto que até virou música popular.

Figura 1 – Capa da revista Tico Tico de 1905 Fonte: http://www.traca.com.br/2008

Registros sobre a história da revista no Brasil não foram encontrados, mas sabe-se a história de grandes nomes que fizeram a história de periódicos no Brasil. Segundo Toledo (2008), Victor Civita, italiano recém chegado ao Brasil em 1949, com seus 42 anos, esposa e filhos, inicia em São Paulo, com uma pequena editora chamada Abril. Suas primeiras edições foram os com gibis do “Pato Donald” e “Mickey Mouse”. Nos anos 50, a revista Capricho marca como a primeira revista feminina do Brasil e da Editora Abril. Aumenta sua produção e a compra de revistas de outras editoras. A editora cresce a cada ano e hoje é uma das editoras mais conhecidas mundialmente. Outro grande nome que fez, e faz história em relação aos gibis é Maurício de Sousa (2008). Em 1959, deixa o jornalismo de lado e se dedica aos desenhos e personagens em quadrinhos da Turma da Mônica. No início, faz apenas tirinhas para o jornal da Folha de


26 São Paulo. Dez anos depois, aumenta sua equipe e começa a publicar os gibis da Turma da Mônica, distribuindo-os para bancas de todo o país. Segundo Toledo (2008), foi nos anos 70 que as editoras no Brasil começaram a abrir espaço para os segmentos infantis. As cartilhas ainda eram usadas em sala de aula. Nesta mesma época surge a revista “Recreio”, num momento onde o país passava por situações complicadas na política. Seus autores eram Ruth Rocha e Ana Maria Machado, além de outros autores conhecidos. Foi a primeira revista mais significativa voltada para o público infantil. Nessa época, o mercado editorial infantil não era tão variado como hoje.

Figura 2 – Revista Recreio anos 70, número 309 Fonte: http://www.abril.com.br/2008

Segundo Toledo (2008), nos anos 80, surge Ziraldo com seu primeiro livro, O Menino Maluquinho. Ziraldo já havia participado de outros projetos editoriais como a primeira revista em quadrinhos “A Turma do Pererê”, o jornal “Pasquim” e muitas tirinhas para o jornal. A diversidade de revistas e gibis vem aumentando a cada ano. Cresce o número de impressos voltados para crianças.


27 3.2

O MERCADO ATUAL DE REVISTAS INFANTIS NO BRASIL

As crianças hoje buscam não só por brincadeiras, mas atividades escolares lúdicas, que fazem parte de seu cotidiano e de seus estudos. Estão cada vez mais participativas e ativas do mundo em que vivem. Como já citado anteriormente, cresce cada vez mais o mercado editorial infantil na área de publicações como suplementos de jornais, revistas e livros. As famílias e educadores hoje estimulam de forma positiva, essa participação das crianças no mundo. Atualmente, as revistas infantis mais encontradas nas bancas de todo o Brasil, para a faixa etária entre sete a doze anos são: Revista Recreio, Witch e Capricho (editora Abril) e a revista Gênios (Universo Editorial). Essas revistas são voltadas para um público que já está alfabetizado. Existem também as revistas para pintar e colorir para crianças entre dois a cinco anos. Os álbuns de figurinhas também aparecem na maioria das prateleiras de bancas de todo o país. O segmento de revistas hoje no Brasil é amplo. Ao entrar numa banca de jornal, observa-se a diversidade de temas, que vão de revistas sobre a vida de pessoas famosas até mesmo a revistas profissionais. Os tamanhos, formatos, diagramações, imagens e mesmo os materiais usados nas capas têm se diferenciado e se destacado. Conforme Nunes (2008), diretor de arte da revista Capricho, sobre as revistas atualmente:

Uma revista tem que conversar diariamente com seu leitor. Tudo o que você souber em relação a ele vai ajudar na hora de criar a linguagem e o enfoque. O designer (e conseqüentemente toda a equipe da revista) tem de saber quem é o seu público e o que ele gosta. O mundo transforma-se muito rápido e nós temos de ser ágeis em proporcionar essas mudanças também.

As revistas infantis observadas não possuem tamanhos diferenciados. Elas possuem tamanho padrão (20,2x 26,6). Isso acontece devido ao tamanho econômico das gráficas. Para reduzir o custo e aproveitar todo o papel que passa pelas roldanas de impressão, é necessário que as revistas tenham esse tamanho, segundo José Cipriano, representante da COAN em Florianópolis, num relato verbal (04 de agosto de 2008 em Florianópolis).


28 Essas revistas, na maioria semanal, não possuem nenhum apelo gráfico na impressão da capa como uma faca ou impressão especial. Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2007) em parceria com o Ministério da Cultura, apresentaram em 2007, que nos últimos sete anos, o número de bibliotecas vem crescendo 17% com dados comparativos entre os anos de 1999 e 2006. Isso significa um aumento, ainda que pequeno, mas no número de pessoas que vem buscando a leitura como fonte de estudo, pesquisa e lazer.

3.2.1 A importância econômica atual no mercado infantil

Segundo o Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, (2000) crianças de 0 a 14 anos representam mais de 50 milhões de Brasileiros, quase 30% da população do país. 78% das crianças desta faixa etária vivem nas cidades, portanto mais próximas aos bens de consumo industrializados. Isso representa um mercado significativo para a economia nacional. Somando-se o consumo infantil no Brasil, a cifra final que representa o tamanho do mercado infantil no Brasil é de US$ 50 bilhões por ano. Este número demonstra a importância da criança no contexto econômico nacional. Com isso, o mercado infantil em geral vem atraindo mais a atenção das empresas, que vêm como oportunidade, um nicho de mercado, essa área infantil. Mesmo que revistas infantis sejam compradas pelos pais, as crianças com idade entre cinco e sete anos, já possuem um poder de escolha. Segundo Santos (2000, p. 63-64):

A criança passa por três etapas associadas a faixa de idade. De 0 a 2 anos, dá-se a fase do Universo das Observações, na qual a criança descobre as compras acompanhadas pelos pais, sem conseguir distinguir marcas de produtos. O Universo das Indagações (dos 3 aos 5 anos) é a fase do “eu quero”, em que a criança inicia sua manifestação, seus desejos de compra e fazem suas solicitações aos pais. Elas já são capazes de reconhecer as marcas, distinguir embalagens e localizar produtos nas prateleiras.

O Universo das Indagações proposto acima por Santos (2000), esclarece que a criança na idade dos três aos cinco anos passa a exercer um papel de iniciadora e usuária.


29 Começam a manifestar seus próprios desejos de compra e induzem os adultos a comprar pra ela. Aceita o que seus pais compram pra ela, mas já começa a ter esse poder da indução. A criança passa a ter voz ativa de consumidora.

3.3

O MERCADO DO FUTURO

Em relação a materiais impressos, crianças nunca deixarão de ler, mesmo com o avanço tecnológico. Cada vez mais a internet é presente em casa e nas salas de aula, como também as revistas, jornais e impressos como materiais de pesquisa e leitura. Segundo White (2006, orelha do livro):

A mídia impressa será superada pela eletrônica? É claro que não! As duas são necessárias. Na verdade, todo e qualquer tipo de meio de comunicação é uma coisa boa neste complexo mundo em que vivemos. É por isso que estou convencido de que produtos impressos bem realizados sempre irão florescer, porque preenchem sua função vital com eficiência. Por outro lado, produtos impressos mal aproveitados provavelmente irão decair e morrer.

Um estudo sobre os hábitos de leitura de crianças e jovens entre 5 e 17 anos nos EUA, o Kids & Family Reading Report (2008), revela que as crianças acreditam que a tecnologia vai complementar e não substituir a leitura dos livros, e 75% delas dizem que sempre vão querer ler os livros em papel. No total, 90% acreditam que “precisa ser um ótimo leitor para conseguir entrar numa boa faculdade”, e 81% dos pais pesquisados colocam a leitura como uma das três principais atividades necessárias para as crianças. Conforme Roberto Civita (2008), atual presidente do grupo Abril sobre o futuro das revistas: Vai sempre haver revistas. É possível que não sejam impressas. Nesse caso, deixaríamos de derrubar e triturar árvores na Finlândia para transformá-las em papel, carregá-las até aqui, sujá-las de tinta e transportá-las por até cinco mil quilômetros. Mas que haverá revista, haverá! Depende só da evolução da superfície disponível eletronicamente para leitura: da qualidade dela, da facilidade de seu uso, de sua portabilidade e também de sua "rasgabilidade". O leitor vai ter o equivalente a uma revista de hoje, mas eletrônica: tão portátil, tão fácil, tão gostosa de ter na mão, tão fácil de levar para o banheiro, praia, para onde for, como acontece com as revistas hoje. Mas nós ainda estamos muito longe de ter essa superfície disponível. A tela do computador não é gostosa de usar. Você não consegue levá-la para ler na cama nem no banheiro.


30 O Projeto Nacional do Livro e Literatura – PNLL (2008), atenta para outros pontos, afirmando que o estudo “apontou que o tempo gasto na leitura por lazer, e não por obrigação, diminui a partir dos oito anos e continua a decair ao longo da adolescência, principalmente porque não encontram títulos que lhes interessem”. Existem dois lados quando se fala em mercado no futuro infantil. As crianças já estão em contato com brinquedos de alta tecnologia como games, jogos virtuais, brinquedos inquebráveis com diferentes tipos de materiais, internet, computador, MP4 entre outros. E ao mesmo tempo, muitas famílias estão em busca de atividades que retomem esse contato com a natureza, com a leitura em livros, com o respeito ao próximo. As escolas, junto com as famílias, vêm modificando sua forma de trabalhar com as crianças. Junto com a proposta pedagógica, trabalham com o relacionamento interpessoal através de trabalhos em grupo, educação ambiental, temas sobre a família e a sociedade, piquenique na hora do lanche, passeios ecológicos, ética durante as atividades, o respeito, a importância da leitura e da internet, arte, entre outros. Tudo isso, junto com a tecnologia.


31 4

4.1

A RELAÇÃO DA CRIANÇA E O PROJETO GRÁFICO

APRENDIZAGEM E COGNIÇÃO INFANTIL

Conforme Campos (1973, p. 53), o processo que envolve a leitura da Criança e o livro ou revista é da aprendizagem Cognitiva, onde no desenvolvimento predominam os elementos de ordem intelectual, como a percepção, raciocínio, abstração e julgamento. Esses fatores são fundamentais para que a criança reelabore o conhecimento. O processo mais comum de aprendizagem Cognitiva acontece por “insight” e depende, em grande parte, da percepção. É uma aprendizagem inteligente, interpretativa e integrativa, resultando numa compreensão das relações existentes em uma situação problemática. No processo de leitura de um livro infantil, segundo CAMPOS (1973), as células sensitivas, receptoras dos estímulos constituem-se basicamente nos receptores somáticos, mais precisamente os exteroceptores: órgão visual, órgãos de contato (sentidos cutâneos), e em alguns casos, pode participar também o órgão olfativo e auditivo. Uma exploração consciente desses receptores pode contribuir para impulsionar o processo neurológico de aprendizagem. Na perspectiva psicopedagógica, os autores mais conhecidos como Jean Piaget (1982, p.24) e Lev Semenovich Vygotsky (1993, p.37) contribuem com suas teorias de forma significativa e eficaz para a compreensão do desenvolvimento humano no processo de ensinoaprendizagem nas séries iniciais. Inúmeros autores vêm ganhando destaque nas academias com trabalhos voltados para esse tipo de abordagem focado nos processos psicológicos e comportamentais da criança em desenvolvimento. Segundo Oliveira (2008) em seu artigo “Afetividade e Cognição: O processo ensino aprendizagem em anos iniciais”:

Piaget desenvolveu estudos científicos em diversos campos como a psicologia do desenvolvimento, epistemologia genética e a teoria cognitiva. O seu trabalho mostra que ao observarmos cuidadosamente o desenvolvimento do comportamento na criança, é possível compreendermos a natureza do conhecimento humano e sua evolução. Sua teoria foi formulada baseada no estudo de que o conhecimento evolui


32 progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem uma às outras por meio de estágios, ou seja, a lógica e a forma de pensar de uma criança se difere da dos adultos.

Depois de Piaget, Vygotsky também contribuíram para a educação baseada nas teorias do desenvolvimento humano. Para Vygotsky (1993, p.60), o processo de aprendizagem não deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. Entre esses dois autores, observou-se que a criança aprende dentro de um determinado tempo fisiológico. Mas também aprende através da relação com o meio em que vive. Tudo que está ao seu redor ou o que lhe é oferecido na família, na escola, entre os amigos, é internalizado pela criança. Por isso a importância e preocupação para a busca de materiais de qualidade para as crianças que estão começando a ler. Esse momento começa a ser prazeroso para a criança, passando para outras crianças e mais tarde, se tornando um adulto que gosta de leituras. Segundo Vygotsky (1991, p.59):

O desenvolvimento dos conceitos pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais: capacidade para comparar e diferenciar, memória lógica, atenção deliberada, abstração. A curiosidade é uma característica da criança e deve ser estimulada, pois só há pesquisa quando se quer chegar ao desconhecido.

4.2

SEMIÓTICA E A PERCEPÇÃO INFANTIL

A idéia que nos vem na mente quando falamos em leitura, é de uma pessoa lendo um livro, revista, jornal, enfim, um impresso. Pouco se associa a leitura em forma de um concerto musical, a uma obra de arte ou a leitura de uma boa arquitetura. Estas são como “leituras do mundo” do que é ocasional e espontâneo que parece não depender de uma necessidade cognitiva. Segundo Manguel (1997, p. 19):

Ler as letras de uma página é apenas um de seus muitos disfarces. O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existe mais, o arquiteto japonês lendo sobre a


33 terra que será erguida uma casa, de modo a protegê-la das forças malignas; o zoológico lendo os rastros dos animais na floresta; o jogador lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a bailarina lendo as anotações do coreógrafo e o público lendo os movimentos da bailarina no palco; (...) o pescador hawaiano lendo as correntes do correntes do oceano ao mergulhar a mão na água; o agricultor lendo o tempo no céu – todos eles compartilham com leitores de livros a arte de decifrar e traduzir signos.

O processo de leitura, conforme Manguel (1997, p.20), é que qualquer suporte, é, por natureza, semiótico. A semiose caracteriza-se como um sistema interpretativo que se define pela passagem contínua de signo a signo. A leitura desenvolve-se a partir de experiências, interpretações de signos anteriores e está sempre em processo de construção e dependente de novos signos para seu aperfeiçoamento. Qualquer criação antes de tudo é primeiramente, imaginada; nasce na idéia do seu criador. Assim como o escritor, o artista ou qualquer outro profissional que usa a criação, o ilustrador que usa a imagem guardada na sua mente, nas experiências de vida, ou seja, seu conhecimento. Calvino (1990, p. 104), ao descrever o seu processo de produção literária, diz:

A primeira coisa que me vem à mente na idealização de um conto é, pois, uma imagem que por uma razão qualquer se apresenta a mim carregada de significado, mesmo que eu não o saiba formular em termos discursivos ou conceituais. A partir do momento em que a imagem adquire certa nitidez em minha mente, ponho-me a desenvolvê-la numa história, ou melhor, são as próprias imagens que desenvolvem suas potencialidades implícitas, o conto que trazem dentro de si. Em torno de cada imagem, escondem-se outras forma-se, um campo de analogias, simétricas e contraposições. Na organização desse material, que não é apenas visivo, mas igualmente conceitual, chega o momento em que intervém minha intenção de ordenar e dar um sentido ao desenrolar da história.

A imagem, de acordo com a semiótica, segundo Mukarovsky (1988, p.14), é uma forma de expressão, e assim sendo, a imagem é um texto. Toda a unidade de discurso composta por elementos expressivos é considerada textos das quais a semiótica procura entender a significação, para tanto, ela utiliza processos possíveis para proceder à interpretação. Em seus “Escritos sobre estética e semiótica da arte”, define duas significações semiológicas para a obra de arte: a autônoma e a comunicativa. A segunda se refere às linguagens das artes. Na realidade cada componente da obra de arte (...) possui o seu próprio valor comunicativo, independente do tema. (...) Querendo usar de precisão, teremos de repetir que toda a estrutura da obra artística funciona como significação, e até como significação comunicativa. O tema da obra tem, simplesmente, o papel de eixo de cristalização desta


34 significação. Toda e qualquer obra de arte é um signo autônomo. (...) Existe como objeto estético que se encontra na consciência da coletividade inteira e funciona como significação. (Mukarovsky 1988, p.15) Podemos dizer que o projeto gráfico, imagens, corpos de textos e a diagramação de um livro ou revista infantil, têm função de signo autônomo, comunicativo e temático, na medida em que exprime uma idéia, refere-se a uma determinada história e assim, o tema, apenas aperfeiçoará o significado. É necessário que se faça uma análise de cada projeto gráfico, considerando-o primordialmente um signo autônomo. Um signo significa sempre algo segundo Mukarovsky (1988, p.17), porém, nos signos autônomos esse “algo” não é claramente determinado. Para que se chegue à significação é preciso decompor o signo nos seus dois níveis de articulação: do significante e do significado. No estudo semiótico de um texto visual, deve-se ir além de um levantamento de quais são os elementos constituídos da estruturação que se mostra na imagem e procurar entender, através das relações que se estabelecem entre eles, pelas estratégias e organização textual, os efeitos de sentido produzidos. Existem diversas possibilidades de combinação entre os elementos que constituem a imagem no plano expressivo, e não existem regras prédefinidas, nem tão pouco, certo e errado.

4.3

GESTALT

A teoria da Gestalt (teoria clássica) propõe a aplicação de leis de organização da percepção na aprendizagem. Ela é interpretada como: forma, configuração e organização. Segundo Hilgard (1972, p. 282):

Um objeto de percepção é composto de elementos de sensação, agrupados por associações. As situações de aprendizagem são problemáticas, e provocam muitas vezes tensões e desequilíbrios. Segundo a teoria da Gestalt, a facilidade ou dificuldade do problema, da descoberta da resposta, é apenas uma questão de percepção e depende da estruturação do campo no sentido de que este se abra para a observação daquele que aprende.


35 Segundo Heidbreder (1969, p. 287):

A percepção não pode ser explicada simplesmente como uma reunião de elementos sensoriais nem como mera soma das partes. A percepção é uma totalidade, uma Gestalt, e toda tentativa de analisá-la a elementos provoca a sua destruição. Ela é o contato que organismo tem com o meio ambiente, para que alguma coisa seja percebida. Esta organização se dá instantaneamente, pois o cérebro é um sistema dinâmico e todos os elementos são ativados no mesmo instante.

Todas as Leis estabelecidas pela Gestalt mostram a importância da organização na aprendizagem, assim como a percepção. Entre os vários elementos que participam do processo de aprendizagem está a motivação. Se não houver motivação a criança não será impulsionada a agir e não poderá exercitar-se. A motivação, segundo a escola gestaltista, tem sua origem ora no indivíduo, ora nos diversos objetos que formam o meio e que exercem sobre ele uma atração. O processo sempre acontece estruturado e integralmente. Hildgard, (1972, p. 282). Desta forma, é importante destacar o papel fundamental que o projeto editorial na revista infantil pode exercer no material didático como fonte motivadora.

É de suma

importância para o designer gráfico, como elemento participativo no desenvolvimento desses periódicos (voltados para o público infantil) a consciência e a utilização de uma combinação mais adequada aos códigos visuais e verbais, contribuindo para o alcance do significado e conhecimento, a reapropriação do discurso pela criança.


36 5

5.1

FASE INVESTIGATIVA E ANALÍTICA

PÚBLICO ALVO

Segundo Menezes, na revista Nova Escola (2008, p.31-35):

Os instrumentos para o incentivo à leitura vêm crescendo a cada ano. Hoje existem diferentes projetos que estimulam a leitura e a cultura em todo o país para crianças de todas as idades e classes econômicas. Esses encontros acontecem em diferentes lugares como bibliotecas, praças, feiras do livro, escolas, creches, dentro de favelas, teatros, livrarias, passeios de barco e até mesmo dentro de uma borracharia, em Sarabá Minas Gerais, a Borrachalioteca! Esses projetos são colocados em prática por grupos de estudantes, como Roedores de livros, educadores, professores, contadores de história, bibliotecários, pais de alunos, entre outros. Nesses projetos não só a leitura é incentivada, mas também a música, o teatro, a dança, a brincadeira e a imaginação.

O público alvo para este projeto são crianças com idade entre cinco e sete anos, fase em que estão iniciando a alfabetização. Tem como um público secundário, os pais dessas crianças que participam juntos na decisão de seus filhos, na compra desta revista. Essas crianças pertencem a famílias de classe média a alta. São estimuladas pelas famílias a ler, a observar livros e ilustrações interessantes. Seus pais buscam materiais gráficos ricos em informações e conteúdos expressivos. Essas crianças têm na família, uma preocupação com seu papel hoje e no futuro. São pais preocupados com a natureza, com as informações passadas para criança de forma correta e cuidadosa. São pais que não deixam seus filhos na frente da televisão o dia todo. Cuidam com as informações que seus filhos vêem, participam, escutam, enfim, cuidam para que a criança não cresça apenas educada, mas participativa, ativa, com ética e respeito para com os outros e com ela mesma. Essas crianças gostam de brincadeiras como todas as outras crianças (videogame, computador, jogos eletrônicos, etc.). São estimuladas por suas famílias a brincar de roda, atividades de dança e música, brinquedos de madeira, livros enriquecidos de informações e ilustrações, entre outros.


37 5.2

ANÁLISE DE DEMANDA

Existem muitas revistas no mercado, no segmento infantil. Mesmo assim, muitos pais buscam por revistas com conteúdos mais significativos e facilitados para que seus filhos, em salas da pré-alfabetização, comecem de pequenos a tomar gosto pela leitura. Segundo Pita (2002):

O público infantil é inteligente, questionador, crítico e capaz de assimilar informações tão bem quanto o adulto. A criança quer encontrar nessas publicações, reportagens que satisfaçam sua curiosidade e atendam sua expectativa quanto aos acontecimentos do mundo. Falar sobre a realidade é importante, pois localiza o público infantil no tempo e o aproxima do mundo dos adultos.

Segundo o relato verbal de mães de crianças na pré-alfabetização da escola Sarapiquá em Florianópolis (agosto de 2008), seus filhos gostam muito de livros. Principalmente aqueles que possuem grandes e boas ilustrações. Eles gostam de tentar ler porque são atraídos pelas ilustrações, pelos textos facilitados e pela característica do livro. Isso ajuda muito ao primeiro contato da criança com a leitura. Mas segundo elas, seria interessante também que seus filhos treinassem a leitura em textos de revistas, com matérias simples, porém significativas. “Nem sempre dá para comprar livros todos os meses, pois livros de qualidade são muito caros”, diz Marisa, mãe de Julia de cinco anos. Seria interessante uma revista com a mesma qualidade dos livros, mas que fosse mais acessível para as crianças. Uma revista que tivesse temas sobre cultura, informação, contos e exercícios que auxiliassem seu raciocínio. Marisa até ressalta: poderia até ter um cantinho com “dica para os pais” sobre determinados temas. Mesmo com tantas revistas infantis nas bancas, ainda se vê uma grande procura por revistas para crianças na pré-alfabetização. Segundo Alves (1995, p. 106):

Os suplementos infantis que circulam atualmente no mercado brasileiro necessitam de uma investigação mais cuidadosa, visto que, até o presente momento, poucos estudos se preocupam em analisar este produto cultural. Depois, vem-se observando o uso crescente destes jornais em sala de aula como instrumento pedagógico, sem que haja, no entanto, uma reflexão mais elaborada sobre essa prática por parte dos educadores. E, para encerrar, percebe-se que o projeto editorial dos suplementos infantis necessitam de uma maior proximidade com os anseios e necessidades de seu público leitor.


38 Fischberg (2008), editora assistente do suplemento infantil “O Globinho”, fala sobre sua dissertação de mestrado:

Minha vontade era compreender de que forma as crianças, que vivem em uma época tão marcada pela força incontestável da televisão, a mídia audiovisual, constituída por imagens em movimento e som, se relacionavam com uma mídia impressa, estática, constituída por textos corridos, fotografias e imagens. Para as crianças, as publicações eram feias, soltavam tinta, traziam muitos textos grandes e não eram atraentes nem coloridos. Na avaliação das crianças, o jornal deveria ser encadernado em espiral e tinha que ter cor, como a televisão. O apelo do audiovisual é muito forte para os usos e os desusos que as crianças fazem do impresso. Não tem mais como se desvencilhar disso. Segundo os estudantes, o jornal deveria ter mais coisas divertidas como a televisão tem.

As crianças possuem o interesse em pesquisar, buscar em materiais impressos. Tem-se uma grande dificuldade quando a criança, que está iniciando sua aprendizagem, se depara com um material que não tem a sua linguagem. Ainda mais quando não se tem um cuidado com o impresso, com as cores, enfim, com o projeto gráfico por inteiro. As crianças perdem a vontade quando o material “solta tinta, são feios e não tem cor”. As crianças, mesmo com o acesso a internet e televisão, ainda sentem necessidade de buscar nas revistas informações, diversão e conhecimento. Fischberg (2008), relata a entrevista que teve com as crianças de diferentes idades sobre jornal:

Eles mudariam o aspecto físico, utilizando o papel revista e colocariam mais fotos e cor. Quanto ao conteúdo: textos mais curtos. Eles desejam ler também matérias mais legais e positivas. Afirmam que não gostam de ler sobre a violência. Eles não gostam de ver nem de ler tais assuntos, dizem que faz mal. Os jornais estão se dando conta da necessidade de conquistar o público infantil e de saber como lidar com ele. Acho que há pouco espaço para as crianças nos jornais. A maioria não tem nenhuma proposta ou suplemento. No caso do Rio de Janeiro, apenas o jornal O Globo tem um projeto neste sentido. Mas acredito que as empresas estão estudando, estão pesquisando uma fórmula de fazer um produto de qualidade para um público que é bastante exigente.

Observa-se que cada vez mais as empresas e editoras vem buscando esse público infantil e trazendo-os para ler, aprender e conhecer, através de materiais impressos e informativos. Hoje, outros jornais como A Folha (Folhinha), O Estado (Estadinho), Diário do Grande ABC (Diarinho) vem trazendo informações para as crianças através do suplemento infantil, de forma séria, lúdica e informativa para esse público que cresce cada vez mais e busca por informações e atividades dentro de suas necessidades.


39 5.3

ANÁLISE DE OFERTA/CONCORRÊNCIA NACIONAL

Os materiais encontrados nas bancas de jornal foram divididos em duas categorias: a concorrência indireta e direta. Na concorrência indireta, estão as revistas que poderão concorrer com a proposta deste projeto, mas não diretamente. São as revistas para colorir (para crianças ainda não alfabetizadas), os gibis e os suplementos infantis (para crianças alfabetizadas) e os álbuns de figurinhas (livros ilustrados) que poderão ser comprados por crianças de todas as idades. Na concorrência direta, o público alvo atingido são crianças entre cinco e doze anos. Mesmo que essas revistas sejam voltadas para um público já alfabetizado as crianças acabam adquirindo-as devido à falta no mercado.

5.3.1 Concorrência indireta

Foram separadas quatro principais concorrências indiretas com o público-alvo deste projeto. São elas: revista para colorir, álbuns de figurinhas (livros ilustrados), gibis e os suplementos infantis. Esses quatro itens poderão ser adquiridos pelo público-alvo deste projeto aleatoriamente. Não são concorrentes diretos, pois não se tratam de revistas voltadas para o publico infantil na pré-alfabetização, mas poderão ser compradas por eles, principalmente no caso das revistas para colorir, álbuns de figurinhas e gibis.

5.3.1.1

Revistas para colorir

Essas revistas para colorir foram encontradas em todas as bancas.


40 Todas elas possuem as mesmas características: 

Público-alvo: Crianças que ainda não lêem e que exercitam a pintura nessas revistas, com idade entre 3 a 5 anos.

Valor médio: R$ 0,90 a R$ 3,00.

Material: São feitas em papel reciclado.

Algumas dessas revistas vêm com lápis ou caneta junto para colorir.

Tamanhos: diferenciados de todos os formatos. 1. Capas: Possuem desenhos simples com poucas cores. Muito semelhante às cartilhas. Desenhos de bichos, bíblicos, bonecos ou de desenhos infantis como Pica-Pau, Bob Esponja entre outros personagens. 2. Miolo: Os desenhos possuem contorno preto sem cor para que as crianças possam pintá-los. Possuem pouco texto. Normalmente essas revistas são bem fininhas.

Foram encontrados muitos tipos dessas revistas para colorir. A mais conhecida e com maior quantidade nas bancas, foi a revista “Princesas” da editora Abril e Erê e Dandara, da editora Escala.

5.3.1.2

Álbum de figurinhas/livro ilustrado

Os álbuns de figurinhas, ou “livro ilustrado” como muitas vezes são encontrados, estão em grande quantidade nas bancas. Os mais encontrados foram: Princesas e Disney, da editora Abril e Backyardigans da editora Emporium das Idéias. Os livros ilustrados são álbuns de figurinhas para colecionar. As figurinhas são compradas separadamente dos álbuns. 

Público-alvo: todas as crianças que se interessam por álbum de figurinhas e pelo tema que elas trazem, entre 5 a 12 anos.

Tamanho: os mais encontrados possuem tamanho 20,2 x 26,6cm (tamanho das revistas)

Valor médio: R$ 5,00 a R$ 9,00.


41 

Material: A capa normalmente é encontrada em couchê. No miolo as folhas são mais finas de diferentes gramaturas. 1. Capas: Possui o desenho com o tema do álbum. Logotipo sempre muito bem posicionado (centralizado). A capa, devido o papel couchê brilhante, possui cores vibrantes e fortes. 2. Miolo: Com os desenhos do tema de fundo e pouco coloridos. As folhas possuem lugar com os números para colocar as figurinhas.

Normalmente esses álbuns vêm com algumas figurinhas junto para iniciar a coleção.

Foram observados diferentes tipos de álbuns de figurinhas, com temas sobre desenhos e personagens de histórias infantis, contos, programas de televisão, novelas infantojuvenil, personagens entre outros.

5.3.1.3

Gibis

São muitos os gibis encontrados nas bancas. A maioria, que ocupa a maior parte das prateleiras, são os gibis da Turma da Mônica, da editora Panini (Mônica, Magali, Cascão, Cebolinha, Tina), O Sítio do Pica-Pau Amarelo, editora Globo e gibis Disney, da editora Abril (Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Margarida, Tio Patinhas). 

Público-alvo: crianças entre 9 a 14 anos. Muitos adultos também lêem as histórias em quadrinhos.

Tamanho: 20,2 x 26,6cm

Valor médio dos gibis: R$ 2,00 a R$ 9,00.

Material: Capa com papel couchê e miolo com papel reciclado.

Os gibis são revistas para crianças alfabetizadas. São histórias em quadrinhos detalhadas, cheio de falas dos personagens dentro de balões. 1. Capa: As capas são coloridas e com ilustrações bem detalhadas. Os logotipos da Turma da Mônica possuem fontes sem serifa e com fácil leitura. Os gibis da Disney possuem logotipo com fontes serifadas.


42 2. Miolo: Os quadrinhos da Turma da Mônica possuem fontes serifadas, porém com um texto reduzido de falas. Os gibis da Disney possuem um texto maior nos quadrinhos, com fontes também serifadas. Em ambas as revistas existem propagandas entre uma história e outra. Foram encontrados outros tipos de historias em quadrinhos como os Mangás ou de Super-heróis, mas estes são voltados para um público maior.

5.3.1.4

Suplementos infantis

Alguns grandes jornais possuem aos domingos, os suplementos infantis. São pequenas matérias, em formato de jornal para o público infantil. Os suplementos mais encontrados foram: Globinho (O Globo), Diarinho (Diário do Grande ABC), Folhinha (Folha de São Paulo) e Estadinho (O Estado de São Paulo). 

Público-alvo: Em média, os suplementos são voltados para crianças de 7 a 12 anos.

Tamanho: 28 x 35cm (aproximadamente)

Valor médio do jornal com o suplemento infantil: R$ 2,70 a R$ 4,00.

Material: papel reciclado de jornal 1. Capa: vem com as chamadas das principais matérias em seu miolo. Possui imagens, ilustrações ou fotos coloridas. As fontes sem serifa aparecem normalmente coloridas. As informações e imagens são organizadas, e com fácil legibilidade. 2. Miolo: As páginas são coloridas e chamam a atenção para os tópicos e ilustrações. Existem os números de páginas, os tópicos das sessões estão localizados normalmente na parte superior da folha. As fontes sem serifa se apresentam coloridas. As ilustrações não são digitalizadas. São coloridas e parecem ser desenhadas nas folhas com giz, lápis, aquarela. Os textos são pequenos e fáceis para ler.


43 O conteúdo desses suplementos são parecidos. Possuem temas folclóricos, falam sobre novidades no teatro, cinema, escola, poesia, filmes, livros, eventos infantis, autores, música, dança e sobre os acontecimentos no mundo (descobertas, curiosidades, etc.). A maioria desses suplementos não possui propaganda sobre algum produto.

5.3.2 Concorrência direta

Foram selecionadas como concorrência direta, quatro revistas infantis e infantojuvenis. Essas revistas não possuem o público-alvo deste projeto, mas são procuradas por elas. No mercado não tem revistas com projeto gráfico voltado para crianças na pré-alfabetização. Dentre essas quatro revistas, três são da editora Abril (http://www.abril.com.br/): a revista Capricho, Witch e Recreio e da editora Alto Astral (http://www.altoastral.com.br/) a revista Gênios. A revista Capricho é voltada para meninas na pré-adolescência, mas professoras de primeira série relatam que suas alunas gostam de comprá-las. Segundo relato verbal da pedagoga Patrícia Rumi Esasika, da escola Pueri Domus, em São Paulo (2008):

Algumas alunas da minha turma de primeira série compram a revista Capricho. Alguns pais incentivam com a intenção de que a revista responda á dúvidas que eles não conseguem responder como namoro, sentimentos e até mesmo sexo. Nessa idade, em algumas meninas, o amadurecimento acontece antes. As perguntas surgem e assim os questionamentos e a curiosidade. Claro que isso não é generalizado. Dentro da minha turma, existem meninas que brincam de boneca e outras que já falam em namoro.

Assim, a revista Capricho não será uma forte concorrência, já que segundo Rumi, a revista é lida por uma minoria de meninas de sete anos.

Todas elas serão especificadas a seguir.


44 5.3.2.1

Revista Capricho

As informações a seguir foram retiradas do site da Editora Abril. A revista Capricho é voltada para o público pré-adolescente e adolescente. Traz ao leitor

matérias

sobre

comportamento,

intimidade

dos

famosos,

moda,

relacionamentos, programações de shows e eventos, guia de compras, filmes entre outros. 

Perfil do leitor: 57% têm entre 10 e 19 anos. 12% que compram são homens e 88% mulheres.

Classe social: 14% classe A, 38% classe B e 37% classe C.

Tiragem: 168.303 exemplares.

Valor da revista avulsa: R$ 4,99.

Periodicidade: quinzenal

Número de páginas: 94

Formato de 20,2 x 26,6 cm com papel tipo Couchê 130g para a capa e Lwc 57g para o miolo.

Circulação nacional.

Projeto gráfico da revista:


45 

Capa:

Figura 3 – Capa da revista Capricho Fonte: arquivo pessoal, 31 de agosto de 2008

1. Fotos e imagens: as fotos são coloridas com ídolos de bandas, filmes, modelos, atrizes ou atores de novelas, enfim, pessoas conhecidas pelos adolescentes. 2. Fonte: a fonte “Capricho” é alongada com uma letra encostando-se à outra. Muda de cor de acordo com a proposta da capa. As principais matérias contidas na revista aparecem com fontes sem serifa e coloridas. Texto, imagem e logotipo são legíveis e organizados. 3. Cores: a cada matéria a cor varia conforme o tema. Normalmente são cores femininas como vermelho, rosa, lilás e amarelo.

Miolo:


46

Figura 4 – Miolo da revista Capricho Fonte: arquivo pessoal, 31 de agosto de 2008

Figura 5 – Sumário da revista Capricho Fonte: arquivo pessoal, 31 de agosto de 2008


47

Figura 6 – Ilustração da revista Capricho Fonte: arquivo pessoal, 31 de agosto de 2008

Figura 7 – Ilustração em tecido da revista Capricho Fonte: arquivo pessoal, 31 de agosto de 2008

1. Fontes: As fontes dos títulos e subtítulos se apresentam com pouca serifa, sempre muito coloridas e “carimbadas” por toda a revista. Os textos são serifados. Existe um sumário com as fotos e números de páginas, logo na abertura da capa. 2. Imagens e ilustrações: A revista possui ilustrações enriquecidas e coloridas, como se fossem desenhos, picotes, recortes de papel, tecidos montados, entre outros. 3. Diagramação interna: o número das páginas vem apenas no rodapé da página esquerda inclinado. Os créditos da revista (editora chefe, endereço, etc.) vêm na segunda página da revista, na lateral esquerda. O projeto


48 gráfico da é enriquecido com muitas informações (texto, imagens e cores), mas possui uma boa organização e legibilidade em seus elementos visuais. A revista possui propagandas de produtos entre as matérias. Essas propagandas têm a ver com o público. São imagens coloridas e ilustradas. 4. Cores: variam conforme a matéria e o tema. Normalmente o miolo é muito colorido junto com as ilustrações. Segundo Nunes (2008), diretor de arte da revista Capricho, houveram muitas mudanças no projeto gráfico da revista Capricho ao longo dos anos. Em 2007, resolveram que o projeto gráfico deverá ser reformulado a cada ano devido às novas tendências. Ano passado, foi o tema das “costuras” onde as ilustrações, imagens e desenhos feitos à mão fizeram parte de todo o projeto gráfico. Este ano, 2008, o projeto editorial tem como tema os “carimbos” por toda a revista.

5.3.2.2

Revista Witch

As informações a seguir foram retiradas do site da Editora Abril. 

A revista Witch tem como público alvo, meninas na pré-adolescência. Seu conteúdo editorial traz matérias sobre saúde, moda, comportamento, cultura, música, testes, ecoturismo, horóscopo e histórias em quadrinhos.

Perfil do leitor: meninas entre 10 e 14 anos

Classe social: AB e sexo feminino

Tiragem: 59.509 exemplares

Valor da revista avulsa: R$ 5,95

Periodicidade: mensal

Número de páginas: 50

Formato: Americano 16 x 25,9 cm. Papel: LWC

Circulação nacional

Projeto Gráfico: 

Capa:


49

Figura 8 – Capa da revista Witch Fonte: arquivo pessoal, setembro de 2008

1. Fotos e imagens: as imagens ilustrações digitalizadas dos personagens da revista. Esses personagens são muito parecidos com os mangás, típicos personagens de histórias em quadrinhos japoneses. 2. Fonte: a fonte da Witch (que significa bruxas em inglês) é serifada e enrolada, muda de cor conforme o tema do mês. Abaixo do logotipo, vêm os nomes dos principais personagens da revista. 3. Cores: O fundo se apresenta em tons claros num degradê. Os principais temas das matérias vêm na capa, com fontes não serifadas e coloridas, com uma pequena sombra por trás. 

Miolo:


50

Figura 9 – Miolo da revista Witch Fonte: arquivo pessoal, setembro de 2008


51

Figura 10 – Sumário da revista Witch Fonte: arquivo pessoal, setembro de 2008

Figura 11 – Ilustração da revista Witch Fonte: arquivo pessoal, setembro de 2008

1. Ilustrações e fotos: As ilustrações da revista são os próprios personagens digitalizados Witch. São personagens de mangás, personagens de histórias em quadrinhos japoneses.


52 2. Fontes: As fontes dos títulos e subtítulos são serifadas e coloridas. O corpo de texto é serifado.O fundo das matérias se apresenta com desenhos em tons claros. O sumário é simples e fica logo após a capa junto com as imagens reduzidas das matérias. 3. Diagramação: O número das páginas vem dentro de pequenos balões e estão no rodapé esquerdo e direito das folhas. Os créditos da revista estão na última folha. A revista possui poucas propagandas de produtos. 4. Cores: em todas as matérias, o fundo se apresenta com muitos elementos em transparência ou coloridos. Muitas vezes, observa-se a dificuldade para a leitura. As cores usadas normalmente são o marrom, o vermelho escuro, laranja, roxo e lilás.

5.3.2.3

Revista Recreio

As informações a seguir foram retiradas do site da Editora Abril. 

A revista Recreio traz matérias sobre bichos, passatempos, notícias da televisão, cinema, curiosidades, testes e histórias em quadrinhos.

Perfil do leitor: Entre 06 e 11 anos

Classe social: AB. 49% meninos, 51% meninas

Total de Leitores: 787.000

Tiragem: 166.299 exemplares

Valor da revista avulsa: R$ 9,95

Periodicidade: semanal

Número de páginas: 42

Formato: 20,2 x 26,6cm com papel tipo Couchê 130g para a capa e Lwc 57g para o miolo.

Circulação nacional

Normalmente junto com a revista vem com um brinde como figurinhas, brinquedos em miniatura entre outros.


53 Projeto Gráfico: 

Capa:

Figura 12 – Capa da revista Recreio Fonte: Arquivo pessoal, 24 de abril de 2008

1. Imagens e fotos: As fotos são de personagens de filmes ou de desenhos animados. Normalmente, vem uma imagem em destaque de um personagem e outros menores espalhadas pela capa, misturando muitas imagens. 2. Fonte: a fonte “Recreio” não se modifica, possui uma fonte alongada e esticada nas cores amarelo com um leve sombreado em preto. Na letra “i” tem uma bolinha vermelha. Ao fundo, dois formatos ovalados nas cores azul e verde. As matérias principais da revista aparecem na capa coloridas e sem serifa. Na parte superior aparecem os conteúdo da revista como: curiosidades, passatempos, piadas e quadrinhos. Na lateral direita superior, normalmente encontra-se um balão onde ficam as informações do produto promocional quando este vem junto com a revista. Muitas vezes as matérias vêm dentro de boxes, caixas de textos que contrastam com o


54 fundo. Em geral, a capa é muito carregada de informações, textos e ilustrações. 3. Cores: O fundo normalmente é contrastante com efeitos como fumaça, raios e desenhos. A capa sempre é muito colorida, como vermelho, amarelo, verde, azul. Cores bem fortes misturadas. Muitas vezes ficam mais escuras do que os textos, dificultando a leitura. 

Miolo

Figura 13 – Miolo da revista Recreio Fonte: Arquivo pessoal, 24 de abril de 2008


55

Figura 14 – Sumário da revista Recreio Fonte: Arquivo pessoal, 24 de abril de 2008

Figura 15– Ilustração da revista Recreio Fonte: Arquivo pessoal, 24 de abril de 2008

Ilustração e fotos: As ilustrações em toda a revista são digitalizadas. Muitas são referências de filmes ou personagens de vídeo game.

Fontes: Os subtítulos e corpo de texto são serifados. As fontes dos títulos possuem a mesma fonte do logotipo da revista e também são coloridos. Os subtítulos e corpo de texto são serifados.

Diagramação: Os títulos das matérias vêm dentro de caixas de textos muito semelhantes às formas ovaladas que ficam atrás do logo da revista. Essas


56 caixas de texto mudam de cor conforme o layout da matéria. A revista possui sumário colorido e cheio de informações ao fundo como imagens, personagens de filmes e textos. O número das páginas se apresenta no rodapé nas laterais esquerda e direita, dentro de um círculo colorido. Os créditos da revista são posicionados na penúltima página. A revista possui poucas propagandas de produtos voltados para as crianças. O projeto gráfico da revista em geral é carregado de informações e elementos visuais. As cores das fontes, das ilustrações, o fundo, as imagens e os textos, são elementos onde a criança precisa de um tempo para encontrálas, com difícil legibilidade. 

Cores: a parte interna é bem colorida. Essas cores são fortes e escuras como azul, vermelho, amarelo, e verde. São usadas juntas, numa mesma matéria.

5.3.2.4

Revista Gênios

As informações a seguir foram retiradas do site da Editora Alto Astral. 

A revista Gênios tem um pequeno diferencial em seus assuntos. Além de matérias sobre cinema, curiosidades, games, filmes, desenhos animados, testes e diversos passatempos.

Perfil do leitor: 06 a 11 anos. 22% leitores entre 5 a 7 anos e 41% leitores entre 8 a 11 anos.

Classe social: AB. 20% classe A, 45% classe B.

Tiragem: 53.230 exemplares

Valor da revista avulsa: R$ 7,99

Periodicidade: semanal

Número de páginas: 45

Formato: 20,2 x 26,6cm

Circulação nacional


57 

Em todas as publicações, a revista traz um brinquedo educativo ou gibis com brincadeiras como brinde.

Projeto gráfico: 

Capa:

Figura 16– Capa da revista Gênios Fonte: Arquivo pessoal, 11 de setembro de 2008

Ilustração e fotos: É muito semelhante a revista Recreio. Possui imagens de desenhos infantis, filmes ou vídeo game. Uma imagem principal fica no centro, enquanto outras menores, de outros temas se espalham pela capa.

Fonte: possui uma fonte alongada com pouca serifa. Possui letras coloridas (amarelo, azul, verde) com uma sombra de fundo em preto. Atrás do logotipo, um formato ovalado na cor vermelha. As principais matérias são espalhadas em chamadas na capa com diferentes cores e tamanhos, em fontes não serifadas. A capa é repleta de informações e com pouca legibilidade.


58 

Cores: na capa, as cores são diversas como vermelho, azul, amarelo, e as cores das imagens que são muitas! A legibilidade muitas vezes fica prejudicada devido a essa mistura de cores.

Miolo:

Figura 17– Miolo da revista Gênios Fonte: Arquivo pessoal, 11 de setembro de 2008


59

Figura 18– Sumário da revista Gênios Fonte: Arquivo pessoal, 11 de setembro de 2008

Figura 19– Ilustração da revista Gênios Fonte: Arquivo pessoal, 11 de setembro de 2008

1. Ilustrações e fotos: as ilustrações da revista são mescladas: digitalizadas e ilustradas manualmente. São muito coloridas e com fundos rebuscados. 2. Fonte: na parte interna, os títulos das matérias e os textos possuem fontes sem serifa e com fácil legibilidade. Os títulos possuem um sombreado em branco para se destacar do fundo das matérias.


60 3. Diagramação: a revista possui um sumário logo na primeira folha. O sumário vem com muitos desenhos das matérias, cores vibrantes, fontes coloridas e um fundo sempre com texturas e cores. Os números das paginas, vem dentro de formas ovaladas, com o nome da revista embaixo. Situam-se no rodapé nas laterais esquerda e direita. Os créditos da revista estão na ultima página, dentro de um box, de uma caixa colorida. A revista não possui propagandas de produtos infantis. 4. Cores: O fundo das páginas possui cores fortes como vermelho, amarelo, azul, verde e tons em degradê. As ilustrações e iamgens coloridas contrastam com esses fundos coloridos muitas vezes perdendo a legibilidade para o texto. Em geral o projeto gráfico da revista Gênios é muito semelhante da revista Recreio, com muitos elementos gráficos prejudicando legibilidade.

5.4

DIFERENCIAL SEMÂNTICO – ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA

Com as análises apresentadas anteriormente das revistas concorrentes, observouse uma diferença e semelhança, itens positivos e negativos entre esses produtos existentes no mercado. Uma breve análise da problemática com pontos negativos/desvantagens e os pontos positivos/vantagens referente ao mercado de revistas infantis será apresentado no quadro a seguir com as considerações feitas anteriormente. Essa análise dividida em ítens servirá como referência para a revista desse projeto. Foram selecionados alguns itens principais como legibilidade (organização das informações visuais), fontes usadas em geral (letras) e imagens ilustrativas de cada revista. A valorização se dá em relação a perfis com valores: à esquerda: ítem ótimo (3), ítem muito bom (2) e ítem bom (1). À direita: ítem péssimo (3), ítem ruim (2) e ítem negativo(1). Esses itens serão levados em consideração à revista desse projeto, tanto os aspectos negativos (o que não fazer) como os positivos.


61 Análise de diferencial entre as revistas:

Tabela 1 - Análise da Concorrência

5.5

CONCEITUAÇÃO FINAL

O que pode ser observado nas pesquisas e estudos, é que a revista que mais se aproxima de “ideal”, a que tem mais vantagens em relação à parte de projeto gráfico, é a revista Capricho. Essa revista, como já foi dito anteriormente, não é apropriada para crianças de 5 a 7 anos. Porém, existem meninas de 7 anos que a compram. As revistas Recreio, Gênios e Witch, em relação a projeto gráfico não serão usados como referência para este projeto devido às dificuldades encontradas. A revista Capricho nesse caso será usada como referência em relação ao projeto gráfico como, por exemplo, a organização das informações dentro de boxes (caixas de texto) separando texto e fundo, as das ilustrações enriquecidas e diferenciadas (recortes, colagem, costura, desenhadas, etc.), a legibilidade quando se separa texto, ilustrações e fundo de forma harmoniosa e organizada. O número da página fica em evidência facilitando a busca do leitor.


62 Os títulos e subtítulos são visíveis, coloridos e separados do texto. As páginas, quando não são sangradas, possuem espaços em branco nas laterais, proporcionando um “respiro” para as páginas. Esses itens serão levados em consideração para este projeto da revista infantil. A revista Witch, Gênios e Recreio são muito semelhantes em relação ao projeto gráfico. São muitas as informações e elementos visuais gráficos na capa e no miolo. Não existe separação de textos, imagens e fundo. As ilustrações são digitalizadas, faltando mais criatividade em outros materiais visuais como recortes, dobraduras, etc. As cores são muito fortes como azul escuro, amarelo, laranja e vermelho. Essas cores são usadas juntamente com sombreados, degrades e transparências, deixando o projeto gráfico carregado nas cores e muito escuro. Por esses itens observados, essas três revistas não serão usadas como referência gráfica para esse projeto. A proposta principal é criar uma revista-livro. Criar uma diagramação organizada tendo como referência a revista Capricho e ao mesmo tempo dar a semelhança de um livro infantil, através das ilustrações e cores. A associação que a criança tem de um livro infantil será acrescentada a uma nova experiência de leitura, agora, em formato de revista.


63 6

6.1

CONCEITUAÇÃO/DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO PROJETO

PAINEL SEMÂNTICO (CONCEPT BOARD PARA CRIAÇÃO GRÁFICA)

6.1.1.1

Imagens de referência (painel imagens)

Figura 20–Ilustração Elisabeth Teixeira Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008


64

Figura 21–Ilustração Mariana Massarani Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008

Figura 22–Ilustração Marta Martins da Silva Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008


65

Figura 23–Ilustração Octavia Monaco Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008

Figura 24–Ilustração Mariana Massarani Fonte: http://marianamassarani.blogspot.com, 15 de outubro de 2008


66 Ao observar as revistas no mercado, observou-se que a maioria, possui ilustrações digitalizadas, ou seja, feitas com vetores (linhas) pelo computador. As imagens normalmente ficam mais “carregadas” e “endurecidas” devido o efeito dado pelo computador. As imagens escolhidas acima para o painel semântico de imagens serão semelhantes às imagens para o projeto. Essa parte da revista é que a caracterizará como um projeto muito próximo aos livros infantis. As ilustrações são feitas em aquarela, lápis de cor, Nanquim, Ecoline (tipo de aquarela), entre outros materiais. Esse tipo de ilustração enriquece o projeto por serem feitas a mão. As cores são usadas em diferentes tonalidades, os desenhos mais limpos e coloridos. As imagens são mais “calorosas” e significativas, como nos livros infantis.

6.1.1.2

Tipografia

Figura 25–Painel de fontes Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008


67

O painel semântico de tipografia mostra fontes mais limpas e levemente desenhadas. Essas fontes poderão surgir coloridas para que se tornem mais descontraídas e “divertidas”. Todas elas estão em caixa-alta para facilitar a leitura. No ítem “fontes”, logo mais a frente, todas as fontes escolhidas para o projeto serão mostradas, explicadas e detalhadas.

6.1.1.3

Diagramação

Figura 26–Texto, imagem e fundo. Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008


68

Figura 27–Diagramações de miolo Fonte: Arquivo pessoal, 15 de outubro de 2008

No painel semântico sobre diagramação, os textos, imagens e fundo se tornam organizados devido à escolha de cores mais chapadas ou claras. Os boxes (caixas para textos) são usados muitas vezes para separar o texto do fundo. O título e subtítulo ficam em evidência devido às cores usadas e com o uso do fundo em tons neutros. Existe na maioria das diagramações escolhidas para o painel, um espaçamento ao redor da folha, os chamados “espaços em branco ou respiro” que deixam a matéria mais harmoniosa, organizada e não sufocada. Todos esses itens serão especificados ao longo do projeto.

6.2

NOME DO PRODUTO

A escolha do nome é uma das questões de maior importância na criação de uma publicação. Esse nome tem que ter a ver com o público e com o conteúdo. Precisa ser um nome forte o suficiente para ser lembrado, fácil de ser lido, principalmente quando se trata de


69 crianças. As cores e a escolha da tipografia são partes fundamentais para completar o nome do produto. É importante que esse nome também seja comercial.

6.2.1.1

Pesquisa do nome da revista

Vários nomes foram pesquisados. Os ítens levados em conta foram: 

A facilidade na leitura, na pronúncia e memorização.

O nome associado a uma brincadeira, um brinquedo ou algum objeto educativo para as crianças, já que o conteúdo da revista propõe essa questão.

Um nome que poderá ser comercializado.

Foram feitas duas pesquisas para a tentativa do nome. A primeira pesquisa foi feita com crianças da primeira série da escola Pueri Domus em São Paulo. A pesquisa foi aplicada pela pedagoga Patrícia Rumi Esasika. As crianças tem 6 anos. A classe tem no total 16 crianças, sendo que 9 são meninas e 7 meninos. Cada um escreveu num papel uma palavra que, para eles, seria um sinônimo de “muito legal, eu sei, aprendi”. Cada criança escreveu e depois foram escolhidos 2 nomes que eram mais próximos da proposta. Os nomes que restaram foram: “Mó barato e Eureca”, este segundo foi um estudo recente que tinham feito em sala sobre Arquimedes. As crianças deveriam votar num desses dois. A “Eureca” ganhou de 13 a 3. As crianças relataram que eureca era uma palavra engraçada e que até usavam-na quando descobriam algo. Ela significa: Eu sei, aprendi! O nome está dentro das propostas descritas anteriormente como facilidade na pronúncia, leitura e memorização. Também é um nome comercial. Mas a pesquisa feita no INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2008), já havia um registro com o nome eureca numa das seções da revista Galileu da editora Globo. Não poderá ser usada caso a revista venha mais tarde, a ser colocada em projeto real. A segunda pesquisa foi na mesma turma da pesquisa anterior e aplicada pela pedagoga Patrícia Rumi Esasika.


70 Foram sugeridos 4 nomes e as crianças deveriam fazer uma votação (oral) com os seguintes ítens: 

O nome mais fácil para pronunciar, escrever e ler.

Esse nome deveria ter um significado para a criança.

Os nomes foram: Catatau, Luneta, Jujuba e Pipoca. Esses 4 nomes não tinham sido registrados no INPI– Instituto Nacional da Propriedade Industrial, por isso poderiam ser usados. O nome Luneta ganhou com unanimidade na sala. As crianças relataram, segundo a pedagoga Rumi, que os nomes Pipoca, Jujuba e Catatau são nomes muito infantilizados e que Luneta era um instrumento ainda usado hoje em dia para estudar o céu. Alguns tinham em casa uma luneta de brinquedo que conseguiam ver longe. As crianças, segundo o relato verbal de Rumi, disseram que a palavra luneta é tão gostosa de pronunciar quanto eureca. A palavra luneta entra na proposta da revista. É um instrumento para observar objetos, pessoas e até mesmo o céu. Com a luneta, observa-se de longe. No dicionário Aurélio, Luneta significa: utensílio composto de uma ou duas lentes para auxiliar a vista; óculo. É um nome com fácil pronúncia, memorização e principalmente leitura. É também associado ao estudo, a pesquisa e observação. Também é um nome comercial para uma revista infantil.

6.3

LOGOTIPO

Ao analisar os logos de revistas existentes no mercado, observou-se que os logos são bem simples, com poucas diferenças entre eles. Normalmente se apresentam coloridos (em cores mais chapadas) e fontes mais arredondadas. Não possuem elementos como símbolos, pictogramas, sombreados e degrades. São simples e com fácil leitura. Segundo White (2006, p.187):

O logo é o símbolo, o design único cuja imagem vem a mente quando o nome é mencionado. Não é apenas o nome colocado em tipologia, deve ser personalizado. É também o primeiro de uma série de sinais que precisam ter um aspecto visual consistente para que a publicação fique amarrada, não só no que se refere a títulos de seções, mas também a títulos em geral.


71 O logo escolhido para a revista desse projeto, possui fontes arredondadas, coloridas (chapadas), grandes e sem serifa, devido a facilidade de leitura. Com uma linguagem única promove rapidez e compreensão no nome da revista. O logo ficará localizado no centro da página na capa. Não possui cores sombreadas, escuras, com efeitos, símbolos e nem pictogramas. Quanto menos elementos, mais fácil o logo será memorizado e lido pelas crianças. Abaixo do nome da revista existem 3 ítens para identificar um pouco o conteúdo geral da revista: cultura, contos e brincadeiras. São palavras também sem serifa para facilitar a leitura. Os valores que devem ser transmitidos com o logo: crianças, brincadeira e diversão. É importante esclarecer que a idéia principal não é deixar o logo carregado de pictogramas e símbolos. Nem distorcer ou girar as fontes. Poderá, por alguma ocasião especial, apresentar algum símbolo junto. O conceito principal é deixar o logo livre de elementos visuais. Quando este estiver junto com outros elementos como texto e imagens, deverá continuar sendo legível. Segundo Collaro (2002, p.98):

O logo, o nome da revista, é um aspecto importante para a elaboração de uma boa capa. Os fatores que mais pesam no projeto de um logo é a tipologia e a legibilidade. Sua produção deve estar ligada a uma situação permanente, pois depois de projetado e veiculado, não se permitirá alterações profundas. O leitor já estará adaptado a leituras.

Segue abaixo as versões do logo com fundo branco, colorido e em preto. Normalmente, o fundo deverá ser em branco ou numa cor mais clara, (tons pastel), para não dificultar a leitura. As fontes usadas foram Cookies para Luneta e Gosmick Sans Bold as palavras abaixo. Essas fontes serão mais bem detalhadas no ítem “fontes” mais a frente.


72

Figura 28–Usos do logotipo com fundo Fonte: 15 de outubro de 2008

6.4

JUSTIFICATIVA GRÁFICA

6.4.1.1

Seqüência lógica de leitura

Antes de qualquer justificativa sobre elementos de diagramação é importante entender a seqüência lógica de leitura de um livro ou uma revista. Segundo White (2006, p.11):


73 A primeira parte vista pelo leitor é a imagem. Em segundo, o título que realça a imagem. Em terceiro busca no texto os detalhes. E por último o canto inferior direito onde normalmente se situam o site, um endereço de contato. O observador começa uma página individual no canto superior esquerdo e varre-a com o olhar na diagonal descendente, a não ser que algo distraia sua atenção.

Essa seqüência de leitura é uma das partes mais importantes para se fazer um projeto gráfico de uma revista. Partindo desses estudos é que o texto, as imagens, e toda a diagramação serão organizados.

6.4.1.2

Dimensões da revista, colunas/grades, margens e espaços

Dimensionamento da revista

A revista possui um tamanho padrão das revistas existentes no mercado como a Recreio, Gênios e Capricho. Esse tamanho é o mais usado porque é mais econômico. Reduz o desperdício de papel, segundo relato verbal de José Cipriano (2008), representante da COAN em Florianópolis. A revista aberta tem 40,4 x 26,6cm e fechada 20,2 x 26,6cm. 

Colunas e grades

Figura 29–Colunas Fonte: 15 de outubro de 2008


74 A revista Luneta possui duas colunas em cada página. Essas colunas possuem 75,5mm de largura e 226mm de altura. Essa estrutura é padronizada, mas quando necessário, poderá ser modificada, estimulando o leitor a sair da mesmice. Segundo Collaro (2002, p.101):

O estilo criado e a colunagem das páginas ficam a critério de quem projeta, levando sempre em conta, as viabilidade técnicas ligadas a periodicidade do veículo e a legibilidade. A sugestão de variar a largura das colunas evita o bitolamento das formas e proporcionar dinâmica a leitura é um fato, logicamente utilizando um bom senso para não cometer excessos e cansar o leitor.

Segundo White (2006, p. 48):

Dividir o espaço em colunas de largura igual é a solução costumeira, e, como todo mundo usa e recurso, é o mínimo denominador comum. Isso produz um aspecto padronizado porque a própria simplicidade estimula um pensamento padronizado. Mas não há razão pelas quais as larguras de coluna não possam mudar quando necessário.

Em algumas situações poderá haver a sangra de imagens e fundos coloridos na área de mancha na página. Os textos poderão estar dentro das colunas de duas formas: com o fundo da página colorido ou dentro de boxes coloridos (como no exemplo abaixo). As imagens (ilustrações ou fotos) poderão também estar localizadas dentro dessas colunas. Em outras situações, o bloco de texto poderá se tornar único, em apenas uma coluna, porém respeitando os limites das duas colunas. Segundo Hendel (2003, p.35):

A sabedoria convencional diz que, em impressos gráficos com textos de leitura contínua, as páginas espelhadas devem ser posicionadas uma em relação a outra de forma que o leitor pense nelas como uma unidade.


75

Figura 30–Colunas, grades e boxes Fonte: 15 de outubro de 2008

Os espaços em branco proporcionam o “respiro” de toda a diagramação da página. 

Margens e espaços

Figura 31–Margens e espaços Fonte: 15 de outubro de 2008


76 As margens são padronizadas, mas poderão também ser alteradas por imagens com sangras (ou vazadas) para que as páginas não se tornem iguais e cansativas. A margem superior (cabeça) e inferior (pé) possuem a altura de 20mm. As margens laterais externas possuem 18mm de largura. A canaleta entre as colunas possui 8mm de largura. Segundo White (2006, p. 56):

As margens externas criam um padrão de moldura esperado conforme as páginas são folheadas e varridas pelo olhar. Sua regularidade controlada, consistente define-as como parte do pacote editorial maior. Isso contrasta com os anúncios e imagens, cujos perímetros costumam ser mais irregulares.

Os espaços em branco nas margens proporcionam um “respiro” dentro das páginas, buscando ressaltar os elementos dentro da página. No projeto da revista esses espaços em branco foram pensados. Ao observar a imagem abaixo, observa-se que esses espaços são o fundo da ilustração, com uma cor muito suave. Esse espaço faz com que a página e toda a diagramação se torne harmoniosa e leve. Segundo Collaro (2002, p.101):

Devemos sempre nos lembrar que o branco faz parte da página e que deve ser utilizado como recurso estético. É uma obrigação para quem se propõe a realizar o texto.


77

Figura 32–Espaços Fonte: 15 de outubro de 2008

A margem interna de 7mm faz com que ilustrações, imagens e textos não se escondam no momento em que a revista for encadernada. Segundo White (2006, p. 57):

A largura das margens internas é afetada pelo modo de encadernação. Facilite as coisas para o leitor: evite que a tipologia se esconda nas dobras em publicações mais volumosas deixando a margem interna (dobra) mais larga que o normal.


78

Figura 33–Margem interna de segurança Fonte: 17 de outubro de 2008

6.4.1.3

Blocos de texto

Os textos da revista Luneta possuem pouco volume de informação devido a dificuldade de crianças entre 5 e 7 anos para ler textos longos. Os textos normalmente dividem-se em 2 colunas para não tornar a leitura monótona e cansativa. No caso de apenas 1 coluna, a impressão é de um texto longo e cansativo e mais de 2 colunas, a sensação é de muita informação na página, muitas vezes causando a desmotivação na criança que está lendo. Por isso a escolha da colunagem dupla. Existem dois tipos de linha de composição dos textos. Eles se diferenciam dependendo das seções. São os textos alinhados a esquerda (arranjos assimétricos, ou seja, alinhado à esquerda e irregular à direita), ou centralizados, quando o número de informações é menor. Essa variação é importante para que os blocos de texto não se tornem repetitivos e cansativos. Esses blocos também poderão vir em boxes coloridos com o texto inserido dentro.


79 Segundo White (2006, p. 91):

As palavras (tipos) não são massa informes alinhados simetricamente como tijolos. Elas são símbolos fluidos que os olhos seguem através da página, da esquerda para a direita. Arranjos simétricos de tipos empilham palavras sem observar a frase ou seu sentido e as forçam a uma forma arbitrária. Já o arranjo assimétrico permite quebrar as linhas no final da frase, espelhando a maneira como falamos normalmente. Isso não só ajuda a achar o início da linha seguinte como incentiva um ritmo de leitura fluente, e, mantém o leitor lendo confortavelmente.

Figura 34–Bloco de texto assimétrico Fonte: 17 de outubro de 2008

6.4.1.4

Fontes

As fontes usadas nesse projeto foram cuidadosamente pesquisadas, pois se trata de fontes usadas para crianças que estão iniciando a alfabetização. Relatos verbais de professoras e pedagogas das salas de alfabetização da escola Educati em São Paulo, afirmam que as fontes em caixa alta e sem serifa são as mais recomendadas para crianças que iniciam a alfabetização. Relatam que depois que as crianças


80 começam a ler, essas “letras” poderão ser substituídas aos poucos por outros tipos de fontes mais rebuscados. Caso contrário as crianças se desestimularão muito antes de aprender. Poucas fundamentações teóricas foram encontradas nessa área sobre fontes específicas para crianças que estão iniciando a alfabetização. Segundo Collaro (2002, p.111):

Não existe uma norma específica sobre fontes e quais os tamanhos e tipos exatos para se usar como padrão. Cada caso é um caso. Mas podemos seguir a seguinte orientação: para menores de 7 anos, fontes com corpo entre 12 a 24.

Segundo Ponte (2006, p. 31-32): A experimentação tipográfica de livros e revistas infantis é uma polêmica ainda maior do que no design gráfico para adultos. Alguns defendem que um livro ou revista devem favorecer a legibilidade e leiturabilidade. Outros consideram que a leiturabilidade complexa pode desafiar e contribuir para a motivação da leitura.

Foram observados diferentes pontos de vista das poucas referências bibliográficas que citavam a tipografia infantil. Por um lado, alguns autores defendendo as fontes serifadas, desafiando o pequeno leitor a aprender novas fontes. Por outro lado, o cuidado com a legibilidade dos textos, principalmente quando se trata de crianças que estão aprendendo a ler. Segundo Ponte (2006, p.36):

Tipografia é importante para a criança que está aprendendo a ler, que poderá ser ajudada ou atrapalhada por uma fonte tipográfica, corpo, espaçamento e layout do texto. Livros e revistas para crianças devem ser limpos e sem confusão. Apesar de alguns se beneficiarem de tipografias brincalhonas e livres, a maioria particularmente, aqueles desenhados para crianças que estão aprendendo a ler, é melhor servir por tipografia “fácil de seguir”. As considerações de ordem tipográfica podem evitar um “mau design” e garantir que o texto seja legível para uma criança que está aprendendo a ler.

Fontes utilizadas

As fontes tipográficas utilizadas na revista infantil foram estudadas de forma que não prejudicassem a legibilidade das crianças no momento de leitura. Assim, todas as fontes da revista não possuem serifa e se apresentam em caixa alta. Para o texto não ficar muito carregado devido a caixa alta, aumentou-se um pouco a largura das entrelinhas.


81 Segundo White (2006, p.96):

Escolha uma fonte e utilize-a do começo ao fim. Simplicidade dará a publicação personalidade e unidade. Escolha uma fonte com um forte contraste de cor, para que o bold se destaque em relação ao peso normal.

Foram escolhidas as fontes tipográficas para o projeto: 

Gosmick Sans: possui um formato mais alongado, estreito, harmonioso e levemente arredondado na linha de base. Possui boa legibilidade e leveza. É uma fonte mais “organizada” quanto aos espaçamentos entre uma letra e outra, usada na maior parte do projeto, principalmente para os textos corridos.

Cookies: é uma fonte arredondada e larga. Possui um espaço amplo entre as letras. Ao mesmo tempo em que parece ser desenhada, possui uma aparelhamento na linha base, deixando-a organizada e descontraída. No projeto foi usada para o logo da revista cada letra de uma cor.

Cheeseburger: possui um formato irregular. É uma fonte arredondada, com espaços diferentes entre as letras, como se fosse desenhada a mão. As pernas da fonte não atingem totalmente a base, também irregulares. Proporciona às páginas descontração e a sensação de brincadeira.

As fontes serão apresentadas abaixo, em tamanho real. Todas as fontes possuem a mesma cor de acordo com a página. Essa cor também está no sumário para que a criança consiga identificar as páginas com as cores das fontes.

6.4.1.4.1 Capa (logotipo):

A fonte Cookies regular foi usada em caixa alta, corpo 117.


82

6.4.1.4.2 Título das seções:

A fonte usada foi Cheeseburger regular, caixa alta, corpo 28.


83

6.4.1.4.3 TĂ­tulo:

A fonte Gosmick Sans bold foi usada em caixa alta e corpo 30.

6.4.1.4.4 SubtĂ­tulo:

A fonte Gosmick Sans regular foi usada em caixa alta com corpo 18.


84

6.4.1.4.5 Texto corrido:

Usou-se a fonte Gosmick Sans regular, caixa alta e corpo 11.

Segundo White (2006, p.97):

As fontes de texto geralmente têm tamanho entre 9 a 12 pontos, mas o tamanho efetivo depende de sua aparência, não do tamanho aritmético em “pontos”. Nunca confie em fórmulas convenientes que sustentam que “o corpo 10 é ideal para texto...” (sim, mas também não!). A altura do x faz com que pareça maior ou menor. Examine uma amostra grande, reproduzida para ficar o mais parecida possível com o produto final. Avalie-a visualmente e lembre-se que os mais jovens precisam – e os mais velhos merecem – tamanhos maiores.

6.4.1.4.6 Créditos (nome dos autores, ilustrações, fotos, etc.):

A fonte usada foi Gosmick Sans regular, caixa alta e corpo 8.


85 6.4.1.4.7 Entretítulos (títulos entre o corpo de texto, numa mesma matéria):

A fonte usada foi Gosmick Sans bold, caixa alta, corpo 24.

6.4.1.4.8 Paginação

A fonte usada nos números das páginas foi Gosmick Sans bold, caixa alta, corpo 18.

Para o nome da revista, logo abaixo dos números da páginas, também Gosmick Sans bold, caixa alta, corpo 9.

6.4.1.4.9 Splach Dica Luneta


86 Em algumas seções ao final da matéria, existe um splash com o nome de “Dica Luneta”. Este splach indica um site, cds, vídeo, enfim, alguma informação a mais para o leitor buscar além da matéria da revista. A fonte dentro desse splach é Cookies, em caixa alta e corpo 12.

6.4.1.5

Páginas

O número das páginas e o nome da revista situam-se nas laterais inferiores, no rodapé de cada página. Este local foi escolhido devido a facilidade de leitura e de busca quando apenas se folheia uma revista para encontrar a matéria desejada. Para facilitar a busca das matérias e distinguir as seções, usou-se um círculo ao redor da numeração das páginas com a cor da seção. A mesma cor que indica a matéria e a página no índice, está também nesse círculo indicando o local da matéria, facilitando a busca do leitor. Segundo White (2006, p. 200):

Coloque os números de página/nome da revista nos cantos inferiores, que é onde os leitores esperam encontra-los. Por que eles normalmente são colocados aí? Por hábito.

Abaixo uma imagem do número de página, sinalizando a cor da matéria, que estará igualmente no índice, facilitando a busca.


87

Figura 35–Número de página Fonte: 23 de outubro de 2008

6.4.1.6

Títulos, subtítulos e nome das seções

Os títulos possuem fontes maiores para criar o destaque principal da matéria, chamar a atenção do leitor. Apresenta-se alinhado pela lateral esquerda, facilitando a leitura e criando um espaço de “respiro” (espaço em branco) em sua lateral direita. As cores do título também variam de acordo com a seção. Segundo White (2006, pg.65):

Coloque os títulos alinhados à esquerda para criar um valioso espaço de área branca à direita. A negrura do corpo destaca-se melhor quando é contrastada com uma área maior de espaço branco “vazio”. Centralizar o título sobre as colunas divide esse valioso espaço branco em duas metades significantes.


88 O subtítulo segue com o mesmo padrão do título, porém em tamanho menor. Enquanto o título traz à matéria a chamada principal, que interessará o leitor, o subtítulo explicará de forma simples sobre o conteúdo da matéria. Por isso, vem em tamanho de fonte menor, abaixo do título e com um pouco mais de informação. Também segue o alinhamento à esquerda. O nome da seção se apresenta na lateral superior de cada página, dentro de um box colorido, facilitando a visualização e a busca. Possui o mesmo alinhamento do título, subtítulo e texto (lateral esquerda).

6.4.1.7

Créditos

Os créditos são os nomes dos autores, ilustradores, repórter e fotógrafos de cada matéria. Foram escolhidos os lugares de grande evidência, logo abaixo do subtítulo. Os créditos foram alinhados a esquerda, juntamente com o título, subtítulo e texto (lateral esquerda). As cores também variam de acordo com a cor da matéria. Segundo White (2006, p. 136):

Não cite o nome do fotógrafo colocando-o no final da legenda. Isso interrompe o fluxo de excitação. Coloque o crédito em corpo pequeno ao longo da foto ou em algum lugar padronizado da página. Coloque a legenda onde as pessoas vejam.

6.4.1.8

Cores

Ao longo de toda a revista, diferentes cores foram usadas. Várias tonalidades foram escolhidas. Por se tratar de uma revista infantil, as cores, de forma organizada, foram bem exploradas. Muitas vezes usadas com contrastes outras com as mesmas tonalidades de cores.


89 O padrão usado para o fundo das matérias foram as cores mais claras, tons pastel como azul, verde e amarelo. O branco também foi usado. A única página que o fundo ficou totalmente na cor preta é a matéria “Alô mundo” com o texto sobre o planeta Terra.

Figura 36–Cor do fundo de matéria Fonte: 20 de outubro de 2008

Figura 37–Cores de fundo e dos boxes Fonte: 20 de outubro de 2008

As cores variam e se tornam mais fortes destacando títulos e subtítulos dos fundos. As cores mudam também nos boxes ou nas caixas de texto, facilitando e chamando a atenção para algum determinado assunto.


90 Segundo White (2006, p. 207):

Hierarquize a informação pelo impacto e quantidade de cor. Quanto mais importante, mais colorido. Faça as coisas importantes bem visíveis, usando cores fortes, saturadas dominantes, agressivas. Cores “quentes” parecem mais próximas e saltam aos olhos do observador. Minimize o destaque das coisas usando cores claras, tímidas e retraídas. As cores “frias” parecem se afastar do observador.

A mistura de diferentes cores pôde ser feita em algumas páginas onde o texto era menor, como mostra a imagem abaixo. As cores são fortes, mas tornaram a página mais expressiva.

Figura 38–Cores fortes Fonte: 20 de outubro de 2008


91

Figura 39–Identificação das cores Fonte: 20 de outubro de 2008

Essa grande variação de cores também determina as páginas e as seções. Cada matéria é destacada por duas cores. No exemplo acima, o azul determina a seção, o título da seção e segue igual ao número de página, no rodapé. Essa cor também será a mesma no índice, quando for indicado o título dessa seção. Dessa forma, através das cores, o leitor identificará mais rapidamente a seção que está procurando. Em toda a revista diversas cores foram usadas. Mas destacando que o padrão do fundo das páginas, normalmente em tons mais claros e o título e subtítulo em cores mais fortes para que se destacassem nas páginas. Abaixo alguns significados das principais cores usadas nos títulos, subtítulos, rodapés, boxes, etc. (tons mais fortes): 

Vermelho: quente, ativo, vigoroso. Cor que chama a atenção, que vibra.

Azul: Quando forte, cor barulhenta, dominante.

Verde: Repousante, natural, saudável.

Amarelo: Imaginativo, intelectual, estimulante.

Laranja: Criativo, informal, vivo.

Púrpura: Poderoso, real, luxuoso.


92 Alguns significados das principais cores usadas para o fundo da página (cores pastel): 

Amarelo-claro, azul-claro, rosa-claro: Suavidade, sentimento, macio e carinhosa.

Verde-claro (limão), amarelo e azul (quase roxo-claro): Cores frescas, limpas, lembram água fresca, frutas, aromas de limão.

A cor branca também usada para os fundos ou textos possui o significado: 

6.4.1.9

Fresco, puro, verdadeiro, inocente, limpo, simples.

Imagens

As imagens (fotos, ilustrações, desenhos, etc.) são partes fundamentais dentro de um impresso gráfico, principalmente em uma revista infantil. As imagens chamam a atenção para a leitura na matéria, são rápidas, emocionais, e despertam curiosidade. Elas se apresentam na revista Luneta em tamanhos grandes, muitas vezes vazadas (sangradas) na página, ou nas laterais esquerda e direita, devido a visibilidade. Em outros casos como na matéria “Planeta Terra”, a imagem atravessa a dobra, fazendo a página parecer imensa, como o universo. Em outros casos, a imagem surge em cima do texto, despertando curiosidade. Olham primeiro para a ilustração, depois buscam a explicação no texto. Segundo White (2006, p. 146):

Coloque as imagens na parte de fora das páginas para que se destaquem ao ser folheadas ou percorridas rapidamente pelo investidor ainda indeciso, que deve ser convencido por elas a virar um comprador... e depois disso ser transformado num leitor. Chame atenção com um forte sangramento. Ele destrói uma parte da moldura e assim elimina uma pequena parte do padrão que o observador esperava encontrar. O valor da imagem justifica prejudicar o padrão, Por isso evite mini-sangramentos insignificantes e sangre grande.

As imagens usadas na revista foram na maioria ilustrações e algumas fotos quando se tratava de imagem de pessoas ou cds. Pequenos desenhos de monstrinhos, bichos, comidas, instrumentos musicais, seres do espaço entre outros foram distribuídos ao longo das páginas para que criassem uma unidade e uma “brincadeira” nas páginas.


93 As ilustrações foram feitas com aquarela, tinta acrílica, desenho à mão, giz de cera, lápis de cor, Ecoline (muito semelhante a aquarela), entre outros. Algumas precisaram passar pelo processo de pintura pelo computador, mesmo assim, nao se tornaram imagens duras como as digitalizadas. Todas elas se apresentam coloridas, expressivas e dentro dos temas. As imagens são importantes porque ilustram. É a primeira impressão do texto antes de ser lido. Quanto mais expressivas, coloridas, mais chamam a atenção das crianças.

6.4.1.10

Splach Dica Luneta

Figura 40–Dica Luneta (splash) Fonte: 20 de outubro de 2008

O splach na revista, simboliza uma pesquisa dentro do conteúdo, que naquela matéria haverá uma dica sobre um site, livro ou revista para pesquisa, um cd, entre outros. O nome foi escolhido devido o nome da revista Luneta.


94 6.5

NAVEGAÇÃO INTERNA

As páginas internas seguem um fluxo e uma ordem. Primeiramente a capa e contracapa. O sumário na lateral direita. Logo em seguida as seções. Termina com a capa final. Seções:

Capa: Contém as principais matérias da revista.

Contracapa: Apresenta-se com trovas, poesia, parlendas e trava-língua.

Sumário: Indica o conteúdo da revista e número das páginas.

Hora do conto: São histórias maiores para serem lidas por um adulto (para a criança) ou por uma criança que já sabe ler.

O que acontece comigo: São textos pequenos sobre sentimentos que a criança costuma ter (medo, choro, alegria, tristeza, saudades...).

Você sabia? Fala sobre datas comemorativas do mês, assuntos culturais, historias música e arte.

Alô mundo! Cada mês fala sobre países, lugares, cidades. Nesta edição fala sobre o mundo e o universo.


95 Culinária: Apresentam receitas que poderão ser feitas por crianças.

Êba! Já sei ler! Se trata de uma história facilitada encorajar as crianças a lerem. Possui alguns desenhos que substituem as palavras.

Natureza Fala sobre temas da natureza como reciclagem, mar, meio ambiente, animais, plantas, preservação, entre outros.

Agenda do mês: São sugestões de atividades voltadas para crianças como cinema, música, teatro, oficinas entre outros.

História em quadrinhos: Pequenas histórias em quadrinhos.

Cartas do leitor: Cantinho para o leitor postar cartas, mensagens, emails e desenhos.

Fazendo arte: Atividades e sugestões para o leitor usar a criação. Idéias como uso de cola, montagem de fantoches, teatro, massinhas, pinturas, entre outros.

Créditos editoriais: Situa-se na última folha, na contracapa. Possui todas as informações sobre o editorial, nome da empresa, contato, nome do editor, revisor, datas, tiragem, números, patrocinadores, entre outros.


96 6.6

ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS

A revista não terá anúncios publicitários. O patrocínio será a través de empresas maiores que financiarão o projeto.

6.7

CAPA

6.7.1 Frente

6.7.1.1

Disposição das informações

A capa é também uma das partes mais importante do projeto. É através dela, que o leitor despertará o desejo de comprar a revista. O principal objetivo da capa é uma diagramação organizada, contendo os principais itens: caixas ou box com as principais matérias da revista, uma boa imagem centralizada e colorida ilustrando toda a capa, o logo e o box na lateral esquerda organizando todas as informações necessárias. Todas esses formatos deverão ser padronizados em outra edições.


97 Conforme White (2006, p. 185):

A capa é um pôster em miniatura, como um cartaz emitindo sua mensagem enquanto você passa a cem por hora. Portanto, você deve pensar em escala grande: quanto mais simples, melhor. Ficar preocupado com nuances e detalhes refinados não funciona, porque todos os outros fazem isso.

6.7.1.2

Posicionamento do Logo

O logo está centralizado na capa, de forma que possa ler lido de longe. O fundo da página sempre vazado (sangrado) em branco ou tons pastel, que facilitará o destaque do logo. Conforme Collaro (2002, p. 99):

A importância das cores, aliada à influência da legibilidade dos caracteres, mais a diferença de porcentagens que provocam o contraste, por conseqüência, a valorização da tipologia das chamadas. Os fatores que mais pesam num projeto de um logo é a tipologia e a legibilidade.

6.7.1.3

Boxes

Existem 2 tipos de boxes na capa. 1. Box lateral esquerda: Ele possibilita a organização de todas as informações necessárias na revista como código de barras, número da edição, valor da revista, site da editora e faixa etária do público. Normalmente nas revistas, essas informações são espalhadas pela capa de forma aleatória, dificultando a busca quando necessário, do valor, por exemplo. 2. Box com as chamadas das matérias internas: Se apresentam com cores mais claras e dentro, a chamada, com cores mais fortes, destacando a chamada. Ficam espalhados pela capa de forma organizada e equilibrada. Nao possuem um lugar fixo, mudam conforme a matéria.


98 6.7.1.4

Imagem ou ilustração

A idéia principal da capa é padronizar com ilustrações com tinta, aquarela, guache, lápis de cor, entre outros. Imagens como fotografia já são muito usados em outras revistas. Essa proposta se torna um diferencial quando colocada junto com outras revistas na banca. E as ilustrações coloridas e significativas também chamam a atenção das crianças muitas vezes mais do que muitas imagens juntas. Segundo Ribeiro (2003, p. 442):

Entre as fotos tecnicamente perfeitas escolhe-se a mais eficiente e, com ela preparase a capa estudando-se um entrosamento harmônico da composição gráfica, das cores da foto e do fundo, o mesmo acontecendo com outros motivos escolhidos como o desenho, por exemplo.

6.7.2 Verso

Nessa parte, poderá ser mesclado brincadeiras, atividades de observação e até mesmo uma ilustração “fechando” a revista.

6.8

EXTRAS

A revista poderá vir com brindes em algumas edições especiais. Para esses brindes sugere-se brinquedos educativos como miniaturas para montar, pintar, recortar, etc.


99 6.9

MATÉRIA PRIMA

A escolha do papel é também uma das partes mais importantes do projeto para uma boa execução do trabalho. Essa escolha influenciará no custo, na qualidade do material impresso e valorização de todo o trabalho editorial. Para a capa, sugere-se o uso de papel Couché 250g/2 por ser mais resistente. No miolo, papel Couché 90g/m2, mais fino. A revista aberta tem 40,4 x 26,6cm e fechada 20,2 x 26,6cm. Impressão 4X4. A lombada será arredondada. As folhas deverão ser coladas com cola P.O.R., usada na Alemanha em navios, segundo relato verbal de José Cipriano, representante da COAN em Florianópolis (2008). Segundo ele, grampos e costuras hoje são pouco usadas para encadernação das revistas.


100 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande volume de livros, revistas e suplementos infantis vem crescendo a cada ano. Os projetos levados às escolas e comunidades pelos educadores e contadores de história também tem tido um retorno grande em relação às crianças e a leitura, seja em revista, livros ou materiais pedagógicos. Mesmo assim, ainda não existe no mercado, uma revista voltada para crianças que estão iniciando a alfabetização. Crianças hoje com cinco anos estão ingressando na sala de alfabetização, e com sete anos, na primeira série e alfabetizadas. Com cinco anos as crianças ainda estão divididas entre a escola e as brincadeiras. Necessitam de materiais voltados para suas necessidades. Lêem com muita dificuldade. Carecem de materiais lúdicos, coloridos, onde o projeto gráfico seja organizado, com um volume reduzido de texto, porém significativo para sua aprendizagem e ilustrações expressivas. As revistas infantis encontradas no mercado são para crianças alfabetizadas. Possuem texto longo, muitas informações visuais tanto na capa quanto no miolo, imagens misturadas e digitalizadas, enfim, são revistas voltadas para um público maior. As crianças hoje são mais participativas do mundo em que vivem, independente da idade. Nas escolas, as pesquisas em internet, jornais e revistas vêm aumentando. Elas possuem contato com livros de todos os tipos, sites infantis, informações pela televisão, entre outros. É importante ressaltar que impressos gráficos e internet nunca competirão uma com a outra, pelo contrário, um será acrescentado pelo outro. Os impressos gráficos como as revistas, livros e suplementos infantis, citam os sites para busca e vice-versa. Por isso, diante de tanta informação, as crianças que estão iniciando a leitura, necessitam também de projetos gráficos voltados para sua faixa etária, porém dentro de suas necessidades, informando-a sobre o mundo, de forma breve e descontraída. O desenvolvimento desse projeto permitiu que uma revista voltada para esse público fosse criada. Com todos os cuidados e estudos no volume de informação, família tipográfica apropriada, estudos de cores, diagramação, imagens, entre outros o projeto editorial pode ser concluído. Ao final do trabalho pode-se afirmar com segurança que os objetivos estabelecidos foram plenamente atingidos, cumprindo o papel do projeto gráfico editorial.


101 REFERÊNCIAS

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Disponível

em

PONTE, Marília Cauduro. Reflexões sobre Design Gráfico de livros para crianças em processo de alfabetização. Trabalho de Conclusão de Curso, Centro Universitário Senac. São Paulo: 2006. POWERS, Alan. Era uma vez uma capa. Tradução Otacílio Nunes. São Paulo: Editora Cosac & Naify, 2008. Projeto Nacional do Livro e Literatura (PNLL). Disponível em <http://www.pnll.gov.br> Acesso em: 16 de agosto de 2008. RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: Editora LGE, 2003. ROCHA, Ruth. Almanaque da Ruth Rocha. São Paulo: Editora Ática, 2005. RODRIGUES, Mônica. Disponível em <http://www.planeta.terra.com.br> Acesso em: 22 de julho de 2008. SAMARA, Timothy. Grid, Costrução e Desconstrução. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Cosac & Naify. SANTOS, Luiz Cezar S. dos A. A tevê como meio de comunicação de massa de modelar crianças. Belém: Movendo Idéias, 2000.


103 SILVA, Carolina Gall. Disponível em <http://impressoedigital.wordpress.com>Acesso em: 22 de julho de 2008. SOUSA, Maurício de. Turma da Mônica. Disponível em: <http://www.monica.com.br/> Acesso em: 25 de setembro de 2008. TOLEDO, Roberto Pompeu de. Editora Abril. Disponível em: <http://www.abril.com.br/> Acesso em: 12 de julho de 2008. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jeferson Luís Camargo. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1993. WHITE, Jan V. Edição e Design: para designers, diretores de arte e editores. Tradução Luis R. Gil. São Paulo: JSN Editora, 2006.


104 ANEXO A – Capa e contracapa


105 ANEXO B – Trovas e Sumário


106 ANEXO C – Hora do Conto


107 ANEXO D – O que acontece comigo?


108 ANEXO E – Você sabia?


109 ANEXO F – Alô mundo!


110 ANEXO G – Culinária


111 ANEXO H – Êba! Já sei ler!


112 ANEXO I – A Natureza


113 ANEXO J – Agenda do mês


114 ANEXO L – História em quadrinhos


115 ANEXO M – Cantinho do leitor


116 ANEXO N – Fazendo arte e créditos finais


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