Tópico 2 Circuitos do tráfico de escravos (Novo Mundo, África e Europa)
Texto 1“Antes deste nosso descobrimento da Índia, recebiam os mouros de Meca muito grande proveito com o trato da especiaria. E assim, o grão soldão [sic], por amor dos grandes direitos que lhe pagavam. E assim ganhava muito a senhoria de Veneza com o mesmo trato, que mandava comprar a especiaria de Alexandria, e depois a mandava vender em toda a Europa” CASTANHEDA, Fernão Lopes. História do descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses, livro II, cap. 75, apud SÉRGIO, Antônio. Breve interpretação da história de Portugal, 4 ed. Lisboa; Sá da sta,1975.
. Texto 2“A Europa Ocidental da Idade Média foi uma civilização carnívora. Grandes quantidades de gado eram abatidas no início do verão, quando as forragens acabavam no campo. A carne era armazenada e precariamente conservada pelo sal, pela defumação ou simplesmente pelo sol. Esses processos, usados também para conservar o peixe, deixavam os alimentos intragáveis, e a pimenta servia para disfarçar o que tinham de desagradáveis. Os condimentos representavam também um gosto alimentar da época, como o café, que bem mais tarde passou a ser consumido em grande escala em todo o mundo.”FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2004, p. 27-28. Texto 1 --O Mercantilismo se caracterizava por uma série de práticas econômicas cujo objetivo era o enriquecimento e o fortalecimento. As diretrizes básicas eram:I – o acúmulo de metais preciosos II – balança comercial favorável III – exploração colonialIV – intervenção do Estado na economia Texto 2--“Ouro e especiarias foram (...) bens sempre muito procurados nos séculos XV e XVI, mas havia outros, assim como peixe, a madeira, os corantes, as drogas medicinais e, pouco a pouco, um instrumento dotado de voz – os escravos africanos." FAUSTO, Boris. História do Brasil. SP: Edusp, 2004, p. 28. Texto 3-- Carta de Pero Vaz de Caminha, 1500. “[...] E hoje que é Sexta-feira, primeiro dia de maio, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar rio acima [...]. Até agora não podemos saber se há ouro nem prata nela, ou outra coisa de metal [...] Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados [...] Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem!In História 1, Col. Compacta. RICARDO/ ADHEMAR/ FLÁVIO (orgs.). BH: Ed. Lê, 1998, p. 62“A colonização [...] organiza-se no sentido de promover a primitiva acumulação capitalista nos quadros da economia européia, ou noutros termos, estimular o progresso burguês nos quadros da sociedade ocidental. É esse sentido profundo que articula todas as peças do sistema: assim, em primeiro lugar, o regime do comércio se desenvolve nos quadros do exclusivo metropolitano; daí, a produção colonial orientar-se para aqueles produtos indispensáveis ou complementares às economias centrais; enfim, a produção se organiza de molde a permitir o funcionamento global do sistema. Em outras palavras: não bastava produzir os produtos com procura crescente nos mercados europeus, era indispensável produzi-los de modo a que a sua comercialização promovesse estímulos à acumulação burguesa nas economias européias. Não se tratava apenas de produzir para o comércio, mas para uma forma especial de comércio – o comércio colonial; é, mais uma vez, o sentido último (aceleração da acumulação primitiva de capital), que comanda todo o processo da colonização. Ora, isto obrigava as economias coloniais a se organizarem de molde a permitir o funcionamento do sistema de exploração colonial, o que impunha a adoção de formas de trabalho compulsório ou na sua forma limite, o escravismo.[...] Assim, enquanto na Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII transitava-se da servidão feudal para o trabalho assalariado, que passou a dominar as relações de produção a partir da revolução industrial, no Ultramar, isto é, no cenário da europeização do mundo, o monstro da escravidão mais crua reaparecia com uma intensidade e desenvolvimento inéditos.[...]. Bem é verdade [...] que Marx dizia que as colônias acabam por revelar o segredo da sociedade capitalista...”(Novais, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). 2ª. ed. São Paulo: Hucitec, 1981, pp. 97-98)