Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica

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EIXO TEMÁTICO : CULTURA E POLÍTICA NA CONSTRUÇÃO DO ESTADO NACIONAL BRASILEIRO (1822-1930) Tema 1: Embates políticos e culturais no processo de construção e afirmação do Estado Nacional. Tópico 13: Resistências e conflitos na Primeira República Habilidade: Analisar os impactos da prática política e do liberalismo brasileiro da Primeira República sobre os segmentos menos favorecidos da população (trabalhadores urbanos, camponeses e setores médios). A proclamação da República foi feita para atender aos interesses da elite agroexportadora cafeeira do oeste paulista. Nessa região, a grande produção de café escoada através das ferrovias e a utilização do trabalho assalariado geravam um grande mercado consumidor. Sem o respaldo necessário para fazer valer seus interesses, essa elite retirou seu apoio ao Império e apoiou a republica. Para defender seus interesses, essa nova elite se empenhou pela continuidade da política liberal econômica e jamais pretendeu estender a liberdade social e política aos demais grupos sociais. Essas elites republicanas pretendiam continuar com a construção de uma nacionalidade sem cidadania – “pertencer sem exercer”, que desconsiderava a maioria da população enquanto sujeito apto a participar das decisões acerca dos destinos da nação. Nesse sentido, a República e o liberalismo não resultaram em democracia. Esse período, conhecido como República Velha (1889 – 1930) foi marcado por conflitos e resistências à exclusão social. A nova elite respaldava suas ações na liberal-democracia, de inspiração norte-americana, e no autoritarismo, de inspiração positivista* diante disso o governo tomou para si a “missão” de decidir o destino da população fundamentado na razão e na ciência positivista. Exemplo disso são as reformas urbanas promovidas no Rio de Janeiro, como a reforma Pereira Passos (1903) e a Revolta da Vacina. (1904).

*O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro.

Rio de Janeiro antes do higienismo.

Pereira Passos, o prefeito demolidor. A situação do RJ, no início do séc. XX, era precária, não existia um sistema eficiente de saneamento básico e isso provocava epidemias. A população pobre dos cortiços eram as principais vítimas. A cidade era chamada pelos jornalistas de pocilga e pútrida, por conta do crescimento desordenado da população, das constantes epidemias e a falta de higiene que cercava tanto os numerosos cortiços como as ruas centrais da cidade. Em 1903, o engenheiro Pereira Passos foi nomeado pelo Presidente Rodrigues Alves, como prefeito do RJ. A partir dai o governo deu inicio a melhoramentos no porto e a campanhas higienistas, além da reurbanização do centro do Rio. Para rasgar a Avenida Central e alargar outras vias, Pereira Passos ordenou a demolição, que, em nove meses, botou abaixo 614 prédios de cortiços habitados pelas camadas mais pobres, além da igreja de valor arquitetônico inestimável. (...) Apesar de muitas dessas medidas serem necessárias ao saneamento da cidade, o autoritarismo do prefeito provocou grande descontentamento popular. A Revolta da Vacina (1904) faz parte desse contexto, pois, ambos sintetizam as ações autoritárias do governo republicano para resolver os problemas de saúde pública e de consolidação do processo civilizatório. Rodrigues Alves, representante de elite cafeicultora, sabia da ameaça representada pela febre amarela aos emigrantes que trabalhavam na lavoura e das consequências negativas para as atividades econômicas, especialmente no setor agroexportador cafeeiro. Para erradicar as doenças infecciosas, ele tomou medidas autoritárias, como a vacinação obrigatória da população liderada pelo médico sanitarista, especialista em microbiologia pelo Instituto Pasteur, Osvaldo Cruz. O médico foi convidado por Rodrigues Alves para assumir o cargo de diretor de Saúde Pública e empreender o trabalho de erradicação de doenças infecciosas, como a febre amarela, peste bubônica e varíola. A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. A revolta foi impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade. As manifestações populares se espalham, destroem bondes, apedrejam prédios e espalham a desordem pela cidade. O presidente então revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia. Em poucos dias a cidade voltava à calma. A imprensa da época publicou muitas caricaturas que documentam as manifestações de resistência à vacinação obrigatória. O maior alvo era Osvaldo Cruz

O autoritarismo caracterizou as políticas de saúde pública na República Velha (1889 – 1939). Essas práticas se estenderam para solucionar problemas econômico-sociais, sobretudo referentes à população pobre, tanto no campo quanto nas cidades.

Atividades 1.O que foi o Higienismo ou sanitarismo? 2. O que é positivismo? 3. Qual foi o objetivo da proclamação da república? 5. Por que a elite cafeeira retirou seu apoio ao império? 5. O que significa a expressão: “pertencer sem exercer”? 6. O que motivou os conflitos na republica velha? 7. Por que o R.J era chamado, por jornalistas, de pocilga e pútrida?

8. Diante da situação do RJ, qual foi a ação do prefeito? 9. Por que a ação do prefeito, mesmo sendo necessária à modernização, provocou descontentamento? 10. Quais doenças eram epidemias nessa época? 11. Quem era o médico responsável pela vacinação? 12. Por que aconteceu a Revolta da vacina? 13. Por que as epidemias da época atrapalhavam os lucros da elite?


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