CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ
Sesc da Lagoa
ANTÔNIO CLÁUDIO FÉLIX Orientadora: Andréa Dall'Olio Junho - 2019
ANTÔNIO CLÁUDIO FÉLIX DE AZEVEDO FILHO
SESC DA LAGOA PROPOSTA ARQUITETÔNICA PARA NOVA UNIDADE SESC MESSEJANAFORTALEZA|CE.
Trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Estácio do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Profª Andréa Dall’Olio Hiluy, Esp.
FORTALEZA 2019
SESC DA LAGOA PROPOSTA ARQUITETÔNICA PARA NOVA UNIDADE SESC MESSEJANAFORTALEZA|CE.
Trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Estácio do Ceará como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Profª Andréa Dall’Olio Hiluy, Esp.
Aprovado em: ______ / ______ / ______
________________________________________________________________________ Profª. Andréa Dall’Olio Hiluy, Esp.(Orientadora) Centro Universitário Estácio do Ceará
________________________________________________________________________ Nome do professor, Título. Centro Universitário Estácio do Ceará
________________________________________________________________________ Nome do professor, Título. Centro Universitário Estácio do Ceará
Dedico esse trabalho aos meus pais, Socorro e Cláudio por toda educação e suporte ao longo da minha existência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao universo por ter me colocado ao lado de pessoas e em situações que foram fundamentais para a construção da pessoa que me tornei hoje.
Agradeço a meus pais pelo apoio emocional e financeiro desde quando me conheço como cidadão, investindo muitas vezes em experiências e viagens que, com sacrifícios, foram feitas e de absoluta importância para meu entendimento de escala.
Agradeço a todos meus professores que me auxiliaram e me apresentaram o longo e difuso caminho da arquitetura.
Aos meus chefes dos escritórios que passei e que estou atualmente, pela compreensão e ensinamento de um jovem aspirante a Arquiteto.
Agradeço aos poucos amigos que entediam quando eu não podia sair do eixo x e y para me divertir com eles, pois nesses momentos possivelmente estava em função da Arquitetura.
Agradeço ao meu companheiro por me abastecer de conforto nos momentos mais delicados e difíceis que passei na academia.
E finalmente, agradeço a qualquer um que se propor a ler esse trabalho.
“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito. ”
Lina Bo Bardi
“Monumental para mim, não significa nada. Tem a ver simplesmente com algo ao qual não podemos acrescentar nem retirar nada. Isso é o verdadeiramente monumental. ”
Louis Kahn
RESUMO O trabalho final de graduação a ser apresentado consiste na elaboração de um projeto arquitetônico de uma unidade Sesc localizada em Messejana, Fortaleza/CE, com a premissa de integrá-lo na paisagem e tecido urbano. O local a ser realizado a intervenção projetual consiste em uma área de intensa atividade popular em alguns horários e dias, por isso buscou-se através de determinantes projetuais, urbanísticos, paisagísticos e tecnológicos, a penetrabilidade e uso diversificado no centro do bairro, possibilitando mais vitalidade e fusão cultural, além de oferecer serviços de saúde, esporte e lazer a todos. Através de pesquisa de campo, análise de outras unidades em diferentes contextos e adaptabilidade para a cultura local, o produto final é uma edificação que proporciona uma série de serviços de qualidade a região na forma de um edifício orgânico com o entorno imediato.
Palavras-chave: Sesc, vitalidade, urbanidade, espaço público.
ABSTRACT The final graduation work to be presented is the elaboration of an architectural project of a Sesc unit located in Messejana, Fortaleza / CE, with the premise of integrating it into the landscape and urban fabric. The site to be carried out the intervention project consists of an area of intense popular activity at some times and days, so it was sought through the design, urban, landscape and technological determinants, the penetrability and diversified use in the center of the neighborhood, enabling more vitality and cultural fusion, as well as offering health, sports and leisure services to all. Through field research, analysis of other units in different contexts and adaptability to local culture, the final product is a building that provides a number of quality services to the region in the form of an organic building with immediate surroundings.
Key words: Sesc, vitality, urbanity, public space.
LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Bairros adjacentes a Messejana. ...................................................... 16 Mapa 2 – Localização do Sesc e suas funções em Fortaleza/CE. ................... 18 Mapa 3 – Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção. ....... 19 Mapa 4 – Complexo cultural na Grande Messejana. ........................................ 23 Mapa 5 – Abrangência Sesc no Ceará. ............................................................ 24 Mapa 6 – Localização Ceará/Fortaleza/Messejana.......................................... 34 Mapa 7 – Barreiras urbano-naturais para o bairro de Messejana. ................... 35 Mapa 8 – Mobilidade pública no entorno imediato da área de intervenção. ..... 36 Mapa 9 – Classificação viária do entorno imediato da área de intervenção. .... 37 Mapa 10 – Uso e ocupação do solo em Messejana. ........................................ 38 Mapa 11 – Principais lagoas de Fortaleza. ...................................................... 39 Mapa 12 - Segundo pavimento do Kunsthal. ................................................... 54
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição da população por regionais. ........................................ 15
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Quantidade da população dos bairros adjacentes a Messejana. .... 17 Tabela 2 – Informações técnicas sobre o Kunsthal. ......................................... 50 Tabela 3 – Informações técnicas do Sesc 24 de Maio. .................................... 55 Tabela 4 – Informações técnicas da Estação das docas. ................................ 62 Tabela 5 – Índices urbanísticos do terreno. ..................................................... 68 Tabela 6 – Legislação Urbana 01..................................................................... 68 Tabela 7 – Legislação Urbana 02..................................................................... 69 Tabela 8 – Normas, Manuais e Portarias 01. ................................................... 70 Tabela 9 - Normas, Manuais e Portarias 02. .................................................... 71 Tabela 10 - Normas, Manuais e Portarias 03. .................................................. 72 Tabela 11 - Normas, Manuais e Portarias 04. .................................................. 72 Tabela 12 - Normas, Manuais e Portarias 05. .................................................. 73 Tabela 13 - Normas, Manuais e Portarias 06. .................................................. 73 Tabela 14 - Setor técnico / Acesso................................................................... 75 Tabela 15 - Setor técnico / Administração. ....................................................... 75 Tabela 16 - Setor técnico / Apoio. .................................................................... 76 Tabela 17 - Setor técnico / Instalações. ........................................................... 76 Tabela 18 - Setor Restaurante. ........................................................................ 77 Tabela 19 - Setor cultura / Artes Cênicas. ........................................................ 78 Tabela 20 - Setor cultura / Artes Visuais. ......................................................... 79 Tabela 21 - Setor cultura / Cinema................................................................... 79 Tabela 22 - Setor lazer / Centro aquático. ........................................................ 80 Tabela 23 - Setor lazer / Conjunto esportivo. ................................................... 81 Tabela 24 - Setor saúde/ Odontologia. ............................................................. 82 Tabela 25 - Áreas Comuns............................................................................... 82
LISTA DE IMAGENS Imagem 1 – Ícone B do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção)................................................................................................. 20 Imagem 2 - Ícone C do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção)................................................................................................. 20 Imagem 3 - Ícone D do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção)................................................................................................. 21 Imagem 4 - Ícone E do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção)................................................................................................. 21 Imagem 5 – Logotipo Sesc de 1946. ................................................................ 29 Imagem 6 – Fachada Sesc Engenho de Dentro/RJ. ........................................ 30 Imagem 7 - Logotipo Sesc década de 1950. .................................................... 31 Imagem 8 - Logotipo Sesc década de 1960. .................................................... 32 Imagem 9 - Logotipo Sesc anos 2000. ............................................................. 33 Imagem 10 - Ícone B (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização). ............................................ 40 Imagem 11 - Ícone C (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização). ............................................ 41 Imagem 12 - Ícone D (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização). ............................................ 41 Imagem 13 - Ícone E (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização). ............................................ 42 Imagem 14 – Versatilidade do Centro Cultural Kunsthal. ................................. 51 Imagem 15 - Inclinação forro do restaurante. ................................................... 52 Imagem 16 - Inclinação auditório ..................................................................... 53 Imagem 17 – Implantação Sesc 24 de Maio. ................................................... 55 Imagem 18 – Setorização do Sesc 24 de Maio. ............................................... 56 Imagem 19 – Relação interior e exterior do Sesc 24 de Maio. ......................... 57 Imagem 20 – Pavimento odontológico do Sesc 24 de Maio. ............................ 58 Imagem 21 – Pavimento café e solário do Sesc 24 de Maio. ........................... 58 Imagem 22 – Pavimento piscina do Sesc 24 de Maio. ..................................... 59 Imagem 23 – Corte circulação vertical do Sesc 24 de Maio. ............................ 59 Imagem 24 – Comunicação visual do Sesc 24 de Maio. .................................. 60 Imagem 25 – Mobiliário exclusivo do Sesc 24 de Maio. ................................... 61 Imagem 26 – Fachada do edifício. ................................................................... 62 Imagem 27 – Formato e janelas. ...................................................................... 63 Imagem 28 – Elementos de proteção móvel .................................................... 64 Imagem 29 - Interior do edifício e sua relação com a fachada. ........................ 64 Imagem 30 - Planta baixa térreo. ..................................................................... 65 Imagem 31 - Corte. .......................................................................................... 66 Imagem 32 - Diagrama completo. .................................................................... 86 Imagem 33 - Planta de Implantação. ................................................................ 89
Imagem 34 - Planta Baixa Subsolo 2. .............................................................. 90 Imagem 35 - Planta Baixa Subsolo 1. .............................................................. 91 Imagem 36 - Planta Baixa Térreo..................................................................... 92 Imagem 37 - Planta Baixa 1º Pavimento. ......................................................... 93 Imagem 38 - Planta Baixa 2º Pavimento. ......................................................... 94 Imagem 39 - Planta Baixa 3º Pavimento. ......................................................... 95 Imagem 40 - Planta de Cobertura. ................................................................... 96 Imagem 41 - Corte A. ....................................................................................... 97 Imagem 42 - Corte B. ....................................................................................... 97 Imagem 43 - Corte C. ....................................................................................... 98 Imagem 44 - Corte D. ....................................................................................... 98 Imagem 45 - Fachada voltada para a Rua Joaquim Felício. ............................ 99 Imagem 46 - Fachada voltada para a Rua Coronel Francisco Pereira. ............ 99 Imagem 47 - Fachada voltada para a Rua Padre Carlos de Alencar. .............. 99 Imagem 48 - Fachada voltada para a Rua Padre Pedro de Alencar. ............. 100 Imagem 49 - Fachada voltada para a Rua Joaquim Felício. .......................... 100 Imagem 50 - Relação com a Rua Padre Pedro de Alencar. ........................... 101 Imagem 51 - Paisagismo. ............................................................................... 101 Imagem 52 - Fachada voltada para a Rua Padre Pedro de Alencar. ............. 102 Imagem 53 - Vista Embarque e Desembarque e Setor técnico...................... 102 Imagem 54 - Coberta Acesso Subsolo veículos. ............................................ 103 Imagem 55 - Área de jogos e estacionamento descoberto. ........................... 103 Imagem 56 - Fachada voltada para a Rua Coronel Francisco Pereira. .......... 104 Imagem 57 - Área de Lazer externa. .............................................................. 104 Imagem 58 - Relação Térreo com o exterior A............................................... 105 Imagem 59 - Relação Térreo com o exterior B............................................... 105 Imagem 60 - Térreo (Praça interna). .............................................................. 106 Imagem 61 - Térreo (Acesso 1º PVT. e Recepção). ..................................... 106 Imagem 62 - 1º Pavimento (Acesso rampa). .................................................. 107 Imagem 63 - 1º Pavimento (Restaurante). ..................................................... 107 Imagem 64 - 2º Pavimento (Acesso ao Centro Esportivo). ............................ 108 Imagem 65 - 2º Pavimento (Interior da quadra com a piscina de vidro). ........ 108 Imagem 66 - 3º Pavimento (Acesso ao Centro Aquático). ............................. 109 Imagem 67 - 3º Pavimento (Relação entre as piscinas). ................................ 109 Imagem 68 - Relação casca com os pavimentos. .......................................... 110 Imagem 69 - Vista Aérea Sesc da Lagoa. ...................................................... 110
SUMÁRIO 1. 1.1 1.2 1.2.1 1.3
INTRODUÇÃO ................................................................................. 13 JUSTIFICATIVA ............................................................................... 14 OBJETIVO GERAL .......................................................................... 25 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................ 25 METODOLOGIA .............................................................................. 26
2.
CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................... 28
3.
ÁREA DE INTERVENÇÃO .............................................................. 34
4. 4.1 4.2 4.3
REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 43 ESPAÇOS HÍBRIDOS ..................................................................... 43 ESPAÇOS DE PESSOAS PARA PESSOAS ................................... 45 A IMPORTÂNCIA DO EDIFÍCIO PARA IDENTIDADE DO LUGAR . 47
5. 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.2 5.3
REFERENCIAL PROJETUAL ......................................................... 50 PROJETOS DE REFERÊNCIA ........................................................ 50 KUNSTHAL ...................................................................................... 50 SESC 24 DE MAIO .......................................................................... 55 KUGGEN ......................................................................................... 62 LEGISLAÇÃO URBANA .................................................................. 66 NORMAS, MANUAIS E PORTARIAS .............................................. 70
6. 6.1 6.1.1 6.1.2 6.1.3 6.1.4 6.1.5 6.1.6 6.2 6.3 6.4 6.5
PROJETO ........................................................................................ 74 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................. 74 TÉCNICO ......................................................................................... 74 RESTAURANTE .............................................................................. 77 CULTURA ........................................................................................ 77 LAZER ............................................................................................. 80 SAÚDE............................................................................................. 81 ÁREAS COMUNS ............................................................................ 82 PARTIDO ARQUITETÔNICO .......................................................... 83 PRIMEIROS ESTUDOS................................................................... 86 SISTEMA ESTRUTURAL..................................................................87 ANTEPROJETO................................................................................88
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 112
13
1. INTRODUÇÃO
“ O povo virá aqui e terá que se sentir bem com certos dados básicos, que são a solidariedade e a poesia. Não precisava sofisticação. Pretendemos criar uma atmosfera humana, de simpatia. ” BARDI (2013, p.31).
A arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi discorre sobre seus desejos a cerca de uma das unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) inaugurada em 1986 na cidade de São Paulo. Inicia-se o texto com esta frase da criadora para exemplificar que desde o início houve intenção em modificar a atmosfera do local. Assim, Pompéia, como é chamado este Sesc, nunca mais foi a mesma.
A presente pesquisa serviu de base para o desenvolvimento de um anteprojeto para o bairro de Messejana em Fortaleza/CE, o Sesc da Lagoa, um edifício identificado como um complexo sociocultural que visa uma intervenção a níveis arquitetônicos, de maneira a possibilitar ao usuário e transeunte um local que atraia e seja social.
O Serviço Social do Comércio (Sesc), é uma entidade privada, ou seja, mantida pelos empresários do comércio, neste caso, de bens, turismo e serviços. Seu foco é oferecer suporte aos trabalhadores e suas famílias, conferindo-lhes acesso a tudo que teoricamente é para ser ofertado por entidades públicas, e inclusive é, mas em pouca e, na maioria das vezes, em má qualidade, sobretudo em áreas afastadas do centro de interesse da cidade. A disponibilidade de tais equipamentos e assistências é dado por meio de um pagamento de uma taxa relativamente baixa para a qualidade do que é oferecido, muitas vezes a gratuidade se faz presente.
Os cinco pilares norteadores da entidade que são: cultura, educação, saúde, lazer e assistência, se comportam de extrema importância para inclusão do ser humano à cidadania. No entanto o Sesc da Lagoa, por motivos de índices
14 urbanísticos, abriga três desses pilares: cultura, saúde e lazer, em um edifício penetrável e agregador para o atual contexto do bairro de Messejana.
O projeto contempla atividades de lazer, como inúmeros esportes, além de oferecer à comunidade espaços para que elas apreciem e interajam com artes das formas mais variadas possíveis, e por fim, mas não menos importante a oferta de serviços de saúde, contribuindo para aumentar e reforçar tais serviços em toda regional.
1.1JUSTIFICATIVA
Fortaleza teve no final do século XX uma modificação em sua organização territorial, em que saiu da divisão de distrital para de regionais, possuindo suas sedes próximo ao centro dos antigos distritos, pois os mesmos possuem importância histórica para a forma que a cidade possui hoje. Dentre esses distritos, Messejana foi sempre referência, pela localização e pela quantidade de pessoas que por lá se estabeleceram ao longo dos anos.
As Secretarias Executivas Regionais (SERs) foram distribuídas em 7, seis macrorregiões e o Centro. Com isso é possível ter análises mais enfáticas de determinadas regiões, pois as mesmas podem possuir problemáticas e dados distintos.
Dos 29 bairros que compõem a Regional VI, Messejana é o que possui um maior 1
fluxo de transações entre os quase 550 mil habitantes da regional, ou seja, 5 ou 22% da população da capital cearense, de acordo com o Censo (IBGE, 2010), como pode-se observar no gráfico 01.
15
Gráfico 1 - Distribuição da população por regionais.
Fonte: IPECE (Modificado pelo autor).
É
esperado
que
toda
essa
massa
populacional
passe
diariamente,
semanalmente ou pelo menos uma vez ao mês pelo bairro, haja vista a oferta de serviços públicos ainda ser maior e mais variada por lá. Além do mais está entre os 20 bairros mais populosos da capital cearense com 41.689 habitantes de acordo com o Censo (IBGE, 2010).
Tendo em consciência a importância geográfica desta região para a porção sudeste da capital, em que possui 11 bairros adjacentes como ilustrado em mapa 1 e um raio de influência que ultrapassa os mesmos.
16 Mapa 1 - Bairros adjacentes a Messejana.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
É esperado que muitos serviços sejam ofertados, para tamanha concentração, já que pelo menos cerca de 200 mil pessoas estão no perímetro do bairro, ver tabela 1. Contudo, não é este o cenário atual, e o contexto é bem mais antigo que se possa imaginar.
17 Tabela 1 - Quantidade da população dos bairros adjacentes a Messejana. BAIRRO ADJACENTES 1-CAMBEBA 2-JOSÉ DE ALENCAR 3-CURIÓ 4-GUAJERÚ 5-COAÇU 6-PAUPINA
NÚMERO DE HABITANTES 7.625 16.003 7.636 6.668 7.188 14.665
20.070 7-ANCURI 50.479 8-JANGURUSSU 29.847 9-BARROSO 14.478 10-CAJAZEIRAS 8.409 11-PARQUE IRACEMA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do Censo (IBGE,2010).
O caso social do bairro de Messejana, é tipicamente comum na maioria das metrópoles brasileiras, ou seja, características como afastamento geográfico do centro de interesse político, ausência de inúmeros serviços ou em baixa quantidade e até qualidade e ainda locais com alto índice populacional. Todos esses índices refletem também no Índice de desenvolvimento humano, (IDH) que no caso de Messejana, quanto bairro é considerado muito baixo, relacionado com o restante da cidade, o equivalente a 0,38 (Anuário do Ceará 2018-2019).
De todos esses fatores, o Sesc surge em Fortaleza e se propaga nas regiões onde há o maior interesse político, felizmente pois ainda assim atinge parcelas significativas da sociedade, mas necessita-se de políticas públicas e privadas que impulsionem essas instituições a se distribuírem mais pela capital cearense. A seguir mapa 2 referente aos locais e seus respectivos serviços do Sesc em Fortaleza.
18 Mapa 2 – Localização do Sesc e suas funções em Fortaleza/CE.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
A criação do Sesc da Lagoa se torna um catalisador de serviços e polo atrativo para a população vir a intervir no próprio contexto urbano do bairro. A proposta era modificar o entorno imediato, onde a dinâmica não é a mais favorável para todos os horários. Com potencial ambiental (lagoa) para atrair inúmeros serviços e diversas pessoas com objetivos variados, a beira-mar da lagoa se mostra contrária ao urbanismo contemporâneo.
Esta área é extremamente comercial durante o horário de trabalho padrão, porém nos demais momentos do dia, bem como em horários que as pessoas estão nos seus postos de trabalho, a vida das calçadas é no mínimo insatisfatória. A presença de percursos que interliguem um lugar ao outro é praticamente inexistente, o que se conforma por lá são predominantemente calçadas impróprias e fachadas cegas, além de prédios com serviços unilaterais
19 ou não ‘mistos’. Um exemplo comum que se pode comprovar é na dinâmica que ocorre entre as regiões da praça do mercado e da feira com a área da lagoa, haja visto que nesse meio termo se encontram apenas zonas de estacionamento e de uma ligação sem atração para vários tipos de objetivos. Além da via que, devido ao intenso fluxo, aumenta uma barreira invisível entre essas regiões. Vale lembrar que esta situação se apresenta no centro geográfico do bairro, e no seu entorno encontra-se praticamente um bairro dentro do outro. E basicamente acontece o que Jacobs (2011, pg.158), exemplifica:
(...), a falta de comodidade e a falta de vida na rua são apenas dois dos subprodutos da monotonia residencial desse lugar. O perigo é outro – o medo das ruas depois do anoitecer. (...). Além do mais, faltam ao lugar opções de comércio e também atrativos culturais. É fácil perceber que a monotonia do lugar é fatal.
Analisando esta citação é possível observar no mapa 3 e nas imagens que o segue, locais em potencial que exemplificam o que já foi dito até então sobre a falta de vitalidade urbana nas proximidades da área de intervenção.
Mapa 3 – Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
20 Imagem 1 – Ícone B do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção)
Fonte: acervo pessoal do autor.
Imagem 2 - Ícone C do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção).
Fonte: acervo pessoal do autor.
21 Imagem 3 - Ícone D do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção).
Fonte: acervo pessoal do autor.
Imagem 4 - Ícone E do mapa 3 (Ausência de vitalidade urbana próximo a área de intervenção).
Fonte: acervo pessoal do autor.
22 E é com esse envolvimento, o de tornar a região mais atrativa no sentido geral da palavra, que o Sesc da Lagoa se baseou. É importante ressaltar que o edifício não nasce com a promessa de ser a causa de uma possível (re)vitalização 1da área, mas a consequência de uma política de inclusão às camadas, sobretudo, menos favorecidas e as mais favorecidas também, no intuito de diversificar usos de classes como citado, mas também de faixa etária e interesses diferentes.
O porquê da implantação de uma edificação nesse setor que é o Sesc, se justifica pelo fato de unir três elementos norteadores do projeto: O primeiro é da necessidade de unir Messejana, pois foi analisado, através de diagnóstico elaborado pelo autor, assim como vivência no local que a lagoa e pontos da região do centro comercial do bairro, encontravam-se em desuso em horários não laborais, fins de semana e noturno. O segundo fator é a busca por possuir serviços que hoje encontram-se carentes na comunidade e a preços acessíveis, bem como de qualidade; e finalmente a junção desses fatores em um edifício único, haja vista o local de implantação ser bastante adensado, inviabilizando o surgimento de vários prédios com vários serviços, logo buscou-se um empreendimento que possuísse várias funções em um único bloco, com preços acessíveis e de qualidade, além de que por si só já atrai inúmeras pessoas a desfrutar de seus benefícios.
Por questões de amostra, a região da Messejana e bairros adjacentes recebeu recentemente o primeiro polo cultural com atividades e cursos gratuitos, o CUCA, Centro Urbano de Cultura, localizado no bairro Jangurussu, ver mapa 4, logo percebe-se que especificamente neste setor a grande Messejana precisa de mais suporte, pois apresenta um equipamento pontual, num espaço territorial mito maior.
1
(RE)vitalização: A revitalização propriamente dita já ocorreu, no entanto não houve manutenção e nem adaptação as necessidades dos anos vindouros, logo o que se pretende com esse termo é sobrepor uma nova revitalização, de maneira mais abrangente e diluída no entorno.
23 Mapa 4 – Complexo cultural na Grande Messejana.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Infere-se nessa atmosfera do CUCA, por possuir uma influência muito grande para o restante da cidade, com programação amplamente divulgada pela cidade e ter acesso pelo modal ônibus bastante diversificado. O que não acontece com os demais setores, que não possuem significância para influenciar até mesmo os bairros adjacentes, por exemplo.
Outro denominador importante é a abrangência da entidade, atualmente a rede Sesc conta com 18 locais, entre administração regional, unidades operacional, Escola Educar, restaurantes, hotel ecológico e Sesc ler, espalhadas por 11 cidades no Estado do Ceará, como mostra mapa 5.
24 Mapa 5 – Abrangência Sesc no Ceará.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Por mais que haja sete unidades somente em fortaleza, ou seja, cerca de 40%, a maioria se encontra no eixo leste-centro-oeste da cidade, polarizando de uma certa forma e por isso com a implantação do Sesc da Lagoa a polaridade sai das regiões mais centrais da cidade e se expande, sendo possível a inclusão de mais pessoas para além das que residem em Messejana.
25 1.2 OBJETIVO GERAL
Desenvolver um projeto no âmbito da arquitetura, com o intuito de oferecer serviços de qualidade e estimular diferentes usos na região central do bairro de Messejana, através de uma edificação multifuncional.
1.2.1 Objetivos específicos
Projetar um edifício (complexo) em total harmonia de materiais de acabamento, conectividade e interação com o entorno de usos e serviços do bairro.
Tomar como base a escala humana para tornar o complexo diluído no contexto do bairro, através de vazios na edificação, aptos para a ocupação humana.
Possibilitar conforto térmico, visual e acústico aos usuários e aos transeuntes, através de uma arquitetura com formas puras e materiais de fácil manutenção.
Oferecer serviços no que tange ao lazer, saúde e cultura em um edifício que através de seu fluxo permita essas inúmeras funções coexistirem.
26 1.3 METODOLOGIA
O caminho pelo qual o trabalho se comportou foi de uma pesquisa descritiva e explicativa, em um processo estruturado em coleta e levantamento de dados de forma a descrever o que será aplicado e compreender causas e efeitos, aliado a análise crítica da causa e propostas por intervenções para chegar aos objetivos já estabelecidos.
Toda a pesquisa foi fundamentada em quatro etapas, em que a primeira fora reconhecer qual intervenção mais necessitava o bairro, assim como compreender de forma crítica o mesmo, através do diagnóstico elaborado por meio de pesquisas em órgãos responsáveis por capturar e gerenciar tais informações.
O próximo estágio esteve baseado em referenciais projetuais fundamentados em referenciais teóricos, para que isso acontecesse ocorreu visitas e entrevistas aos Sesc’s da capital cearense para análise do modelo Sesc empregado no Ceará, assim como conhecer o perfil do usuário e o impacto em nossa cidade, para a compreensão sócio espacial desta entidade em Fortaleza. Todo esse escopo mediado por estudos já feitos sobre a história da própria instituição a nível nacional e municipal, conferidos através de bibliografia disponível no acervo do Sesc e pesquisa online.
Ainda nesta fase e mais especificamente no próprio referencial projetual, houve um estudo de caso aos Sesc’s que se localizam na cidade de São Paulo, sendo eles: Sesc Pompeia, Sesc 24 de maio, Sesc Avenida Paulista e Sesc Pinheiros. Onde foi feito uma imersão nestes equipamentos com a utilização das áreas, sobretudo a participação em alguma atividade aleatória, com o objetivo de sentir a relação do edifício com as atividades. Outro ponto importante foi a captação dos elementos construtivos bem como de fachada para uma possível adaptação no sítio do Sesc da Lagoa, respeitando dimensões, clima, cultura e implantação.
27 Com os dados das duas últimas etapas, houve uma junção dos mesmos para efeito de análise, assim como confecção de mapas e diagramas que possibilitem ilustrar o panorama atual para facilitar e contribuir para decisão do programa de necessidades, pois já será de entendimento os serviços que o Sesc oferece no Ceará, dos modelos ao longo do país e da sua relação com a cidade, e também o que a comunidade da Messejana e adjacência precisa e necessita em relação ao que a entidade tem a oferecer. Assim foi firmado dimensões para os primeiros ensaios de forma arquitetônicas.
Por fim, ao colher todas as informações e com o partido arquitetônico decidido, chega-se ao produto final do projeto arquitetônico.
28 2. CONTEXTUALIZAÇÃO
A instituição privada do Sesc atua em todo território nacional, com princípios sociais e humanísticos. Segundo o site da instituição, são aproximadamente 19 mil funcionários e possui uma abrangência em todo país, mais especificamente em 2,2 mil municípios. Chegar em alguns lugares Brasil a dentro nem sempre possui fácil acesso, por isso o Sesc se reinventa em unidades fixas e móveis, e é onde se encontra uma de suas maiores marcas: a busca por acolher a todos.
No Brasil, a instituição é bastante conhecida pela população e é sinônimo de inclusão e qualidade, além é claro de acessibilidade, no que tange ao financeiro e as atividades que por lá são desenvolvidas.
Algumas de suas unidades possuem enorme repercussão, tanto pela localização, quanto pela arquitetura, este último tem sido bastante evocada nas unidades mais recentes. Importantes escritórios de arquitetura vêm fazendo parte do cenário do Sesc, desde Lina Bo Bardi, outros grandes nomes vieram trilhando o caminho da entidade com fluxos, materiais e design muito autênticos, levando o Sesc a ocupar posições de edifícios premiados.
Para comprovar o tamanho da importância que o Sesc dá para a arquitetura de suas unidades, no ano de 2017 foi inaugurado uma unidade no centro da cidade de São Paulo, o Sesc 24 de maio que estava em reforma há muito tempo. O arquiteto e escritório responsável é um dos maiores nomes da arquitetura brasileira vivo, Paulo Mendes da Rocha, um dos vencedores do Prêmio Pritzker2, prêmio este que apenas ele e Oscar Niemeyer já trouxeram para o Brasil.
Logo, surgiram inúmeros concursos para unidades novas, possibilitando antigos e novos arquitetos a pensarem em edifícios extremamente complexos como o
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Prêmio Pritzker: O maior prêmio que um profissional de arquitetura possa receber. Desde 1979 há anualmente a premiação para o/a arquiteto/arquiteta que coloque em prática no seu trabalho os princípios vitruvianos, de que seus edifícios devem possuir solidez, funcionalidade e beleza, além de possuírem enorme relevância para a cidade.
29 Sesc, aliado a uma arquitetura popular e com materiais, técnicas e manutenção pensados da forma mais simples possível.
O cenário que o Sesc surge no Brasil é o de desenvolvimento da indústria e urbanização. Getúlio Vargas assume o poder nos anos 1940 e uma nova era começa, sobretudo para os trabalhistas, e é justamente devido a isso que os empresários se movem a contribuir para o então avanço da nação. E em 13 de setembro de 1946, o então presidente da República Eurico Gaspar Dutra cria o Sesc e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com um logotipo como mostra a imagem 5.
Imagem 5 – Logotipo Sesc de 1946.
Fonte: disponível em <http://www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/nossa_historia/>. Acessado em 06 de setembro de 2018.
Com inauguração primária no estado do Rio de Janeiro, surgiu o primeiro edifício no bairro Engenho de Dentro, ver imagem 6.
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Imagem 6 – Fachada Sesc Engenho de Dentro/RJ.
Fonte: disponível em <http://www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/nossa_historia/>. Acessado em 06 de setembro de 2018.
Com o intuito de oferecer atendimento para diminuir os índices de mortalidade na cidade, as principais áreas que a entidade abrangeu foram assistência à mortalidade, infância e combate à tuberculose, ou seja, seu início se deu na esfera da saúde. Ainda na década de 1940, o Sesc se expande para outros estados, entre eles o Ceará, e também nesse período foram inauguradas as primeiras colônias de férias em São Paulo e no Nordeste.
No início da década de 1950 o Sesc expande sua atuação para o social, junto ao cenário de modernização que o país vinha vivendo com a mudança da capital para Brasília e assim tem início as primeiras atividades culturais, nesse momento o Sesc recomenda que a educação e a recreação fossem atividades prioritárias para os anos vindouros e baseado na infraestrutura educacional, cultural, recreativa e no âmbito da saúde, e passa por processo de mudança de leiaute conforme imagem 7.
31 Imagem 7 - Logotipo Sesc década de 1950.
Fonte: disponível em <http://www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/nossa_historia/>. Acessado em 06 de setembro de 2018.
Em meados desta mesma década, há a criação dos restaurantes, assim como das bibliotecas tanto fixa quanto móveis.
Um dos serviços mais nobres que o Sesc possa oferecer surgiu nos anos de 1960, mais especificamente em São Paulo, onde houve pela primeira vez um trabalho social com os idosos. O resgate pela importância do idoso na sociedade é o princípio norteador da ação. Hoje, segundo o site da instituição cerca de 60 mil idosos são atendidos por ano. A complexidade e a importância deste trabalho fizeram com que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecesse tal feito.
No ano de 1966, logo após o país entrar em período militar, foi criada a Unimos, Unidades Móveis de Orientação Social, em que locais que não haviam Sesc ou que não tinham a possibilidade de ter serviços por ele oferecido, poderiam ser contempladas, na mesma década a logotipo da entidade passa a ter caráter mais familiar, com uma imagem do que significava família para a época, conforme imagem 8.
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Imagem 8 - Logotipo Sesc década de 1960.
Fonte: disponível em <http://www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/nossa_historia/>. Acessado em 06 de setembro de 2018.
Em resposta aos interesses que pelo Sesc foram sendo mudados de acordo com o período que o Brasil passava, mostra-se que no início fora a tuberculose o problema que o Sesc mais queria contribuir para erradicar, mas já na década de 1970, eles apostavam em atividades ligadas ao combate da desnutrição infantil, assim como a importância da odontologia. A entidade também percebeu que a família precisava de lazer e que possibilitar isso seria de extrema importância, e foi assim que o Turismo Social se firma como uma das características do Sesc.
Logo após o momento da ditadura, o Sesc volta a investir na cultura, incentivando projetos de cunho artísticos. Em 1983, por exemplo, surge o Arte Sesc, Brincando nas Férias e o Sesc Ciência. Um dos momentos importantes para as unidades da instituição foi que em 1998 é criado o Sesc Pantanal, sendo conhecido como a maior reserva particular do Patrimônio Natural do País.
Outra base bastante conhecida é o OdontoSesc, inaugurado pela primeira vez na Paraíba, esta atitude do Sesc fez com que inúmeras pessoas que nunca tiverem acesso ao dentista pudessem ter.
33 No ano de 2000 o Sesc muda de marca, ver imagem 9, e se consolida como está atualmente. E com essas mudanças, chega uma ação de combate à fome com o Mesa Brasil Sesc. Ação esta que faz com que alimentos que iriam ser desperdiçados possam alimentar centenas de pessoas a preços populares.
Imagem 9 - Logotipo Sesc anos 2000.
Fonte: disponível em <http://www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/nossa_historia/>. Acessado em 06 de setembro de 2018.
Em 2008, surge a primeira Escola Sesc de Ensino Médio, e a instituição abraça mais ainda causas imprescindíveis para a criação de um cidadão. De acordo com o site (SESC, 2018).
34 3. ÁREA DE INTERVENÇÃO
O bairro da Messejana se encontra na porção leste-sul da cidade de Fortaleza, está inserido na regional VI que se aproxima do limite da capital, vizinho a municípios como Eusébio e Aquiraz, já na Região Metropolitana de Fortaleza, ver mapa 6.
Mapa 6 – Localização Ceará/Fortaleza/Messejana.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Sua dimensão, formato, acessos e peculiaridades fazem com que o local seja logo perceptível quando alguém ultrapassa seus limites, exaltando ainda mais seu potencial de um importante bairro. No que se refere ao significado do bairro quanto localização, Lynch (2011, pg.74) defende que:
“Os bairros são áreas relativamente grandes da cidade, nas quais o observador pode penetrar mentalmente e que possuem algumas características em comum. Podem ser reconhecidos internamente, ás vezes usados como referências externas – como, por exemplo, quando uma pessoa passa por eles ou os atravessa. ”
O complexo de dunas da Sabiaguaba, o Parque do Cocó, rodovias como Washington Soares e Rodovia Santos Dumont, assim como o Aeroporto
35 Internacional Pinto Martins, formam um cinturão natural e urbano no entorno da regional, observar mapa 7 para compreender espacialmente o acontecido.
Mapa 7 – Barreiras urbano-naturais para o bairro de Messejana.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
E este é um dos motivos pelo qual a grande Messejana (Messejana e seu raio de influência) fora e ainda possui a sensação de estar fora de Fortaleza, devido seu isolamento natural e humano. Isto faz com que o local se torne autossuficiente, contudo não é este o cenário que se apresenta da realidade, E esta situação faz parte do contexto histórico da localidade.
Messejana surgiu muito antes de ser conhecida como bairro de Fortaleza, seu início data de 1760 e era, assim como a Parangaba, um local de refúgio para muitas pessoas que vinham do interior do Estado para a capital em busca de melhores condições de vida e lá não encontravam. A disputa territorial fez com
36 que a região, que ainda não era bairro, fosse inúmeras vezes anexada e tirada dos trâmites políticos da capital na época, firmando-se bairro apenas em 1921, mas pela distância e barreiras viárias e naturais a situação que se causa por conta dessas condições altera a realidade do local em diversos sentidos.
Dentre eles a mobilidade urbana, apesar de possuir um dos sete terminais da cidade, os usuários de transportes público só possuem esta modalidade e também as dos transportes alternativos para frequentar outras áreas de Fortaleza, além de uma única estação de integração de bicicleta, próximo ao terminal de Messejana, ver mapa 8.
Mapa 8 – Mobilidade pública no entorno imediato da área de intervenção.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Junto a isso possui importantes, mas poucas vias de acesso, ver mapa 9, para as demais áreas da capital, o que gera engarrafamento de veículos durante horários de pico, haja visto além da quantidade de vias como foi mencionado, não possuir alternativas viárias para todos os modais funcionando ao mesmo
37 tempo. Outro ponto a ressaltar são as conexões que não são claras nem diretas para principais vias da capital como a Rodovia Santos Dumont.
Mapa 9 – Classificação viária do entorno imediato da área de intervenção.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
O bairro é conhecido como residencial e comercial, aquele se apresenta de forma bem espraiada, ou seja, por toda extensão do bairro, ora aglomerado, ora pontual; e este representa uma certa polarização que abrange o centro geográfico, a região próxima à avenida Frei Cirilo e próxima a avenida Washington Soares. Os serviços assim como a pouca indústria que há, estão localizadas mais na porção oeste, ou voltadas para a Rodovia Santos Dumont (BR-116). Nota-se eu Messejana é uma localidade sem definições claras de setores, ou até sem uma organização espacial de serviços, como mostra o mapa 10.
38 Mapa 10 – Uso e ocupação do solo em Messejana.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Nesta perspectiva encontra-se na Messejana um recurso hídrico de enormes proporções e de importância para identidade, história e ambiental para todos. Localizada no centro geográfico da comunidade, a lagoa participa deste cenário propício a não diversidade urbana e se comporta, assim como as vias e o comércio como divisor da população, ver mapa 11 dos mais importantes corpos hídricos da cidade de Fortaleza:
39 Mapa 11 – Principais lagoas de Fortaleza.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Desta forma o terreno escolhido para implantação do Sesc da Lagoa se localiza entre as vias: Rua Padre Pedro de Alencar, Rua Padre Carlos de Alencar, Rua Coronel Francisco Pereira e Rua Joaquim Felício. E por mais que haja acesso em todas vias, ou seja, em todos os lados da quadra, o lote não se expande por toda a área, deixando residências, Banco e comércio na Rua Joaquim Felício, que já se encontram consolidados. E nas demais fachadas, residências e comércios ociosos, assim como estacionamento será retirado para que se possa erguer o edifício.
Este que será objeto de estudos arquitetônicos, possui um terreno de 8.831,14 mil m² que está situado vizinho a orla e muito próximo à praça que recebe a feira livre aos domingos, o mercado público, assim como serviços de bancos e correios, ou seja, uma região de enorme fluxo de pessoas.
40 Seguem mapa 12 e imagens respectivas do estado precedente da área de intervenção do projeto urbano arquitetônico Sesc da Lagoa.
Mapa 12 – Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do software Google Earth.
Imagem 10 - Ícone B (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização).
Fonte: acervo pessoal do autor.
41 Imagem 11 - Ícone C (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização).
Fonte: acervo pessoal do autor.
Imagem 12 - Ícone D (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização).
Fonte: acervo pessoal do autor.
42 Imagem 13 - Ícone E (área de intervenção) do mapa 13 (Levantamento de imagens da área de intervenção e revitalização).
Fonte: acervo pessoal do autor.
43 4. REFERENCIAL TEÓRICO
Vitalidade e urbanidade no contexto bairrista de quase trezentos anos de história, causa ou consequência de um simbolismo edificado inexistente? Inquietação precedente das razões pelo qual foram escolhidos teóricos a serem analisados e relacionados com o projeto em questão.
4.1 ESPAÇOS HÍBRIDOS
A história pessoal e palpável que Jacobs (2011) ilustra em seu livro, de conhecimento internacional, Morte e Vida de Grandes Cidades, é o referencial teórico básico para a concepção do conjunto arquitetônico do Sesc da Lagoa.
A calçada é um dos locais mais intrigantes de uma cidade, tanto no sentido morfológico, quanto cultural. Aquele, segundo uma pesquisa de 2012 realizada por uma equipe do portal “Mobilize Brasil”, em parceria com o IBGE e seu Censo de 2010, elucida uma mostra que no seu contexto geral diz que a maiorias das calçadas brasileiras estão em condições de descaso. Fatores como irregularidade no piso até sinalização para pedestres, foram amplamente avaliados. E quanto ao contexto cultural, a calçada é um palco de encontros, trocas de ideias e contatos com desconhecidos e conhecidos.
E é basicamente nisso, mas sem tirar mérito da morfologia, e nem pode tirar, Jacobs (2011, P.29) afirma que: Quando as pessoas dizem que uma cidade, ou parte dela, é perigosa ou selvagem, o que querem dizer basicamente é que não se sentem seguras nas calçadas.
O Sesc da Lagoa como um complexo sociocultural, busca agregar valores que mimetizem sua casca, quanto arquitetura com a rua no viés de infraestrutura como social. Segundo Jacobs (2011): Deve também possibilitar que a rua possua olhos, ou seja, edifícios voltados para ela e por fim, mas não menos importante estimular uma rua com fluxos variados, pois recebem públicos diversos para destinos mais diversos ainda, pode-se até arriscar chamar de uma
44 rua cosmopolita, no contexto urbano, mais especificamente, caso de nossa área de intervenção. Todo esse envolvimento justificado por que todas as pessoas precisam usar as ruas, de acordo com suas necessidades.
Outro fator importante são as áreas verdes que possuem relevância significativa para a saúde de uma cidade, contudo é perigoso e até desastroso pensar que tais áreas sozinhas por si só sejam capazes de trazer tais benefícios.
A primeira precondição para compreender como as cidades e seus parques influenciam-se mutuamente é acabar com a confusão entre os usos reais e os fantasiosos-por exemplo, a baboseira de ficção científica de que os parques são “os pulmões da cidade”. São necessários cerca de doze mil metros quadrados de árvores para absorver a quantidade de dióxido de carbono que quatro pessoas geram ao respirar, cozinhar e aquecer a casa. São as correntes de ar que circulam à nossa volta, e não os parques, que evitam que as cidades sufoquem. (JACOBS, 2011, P.99)
Logo, de acordo com Jacobs (2011), deve-se pensar em parques urbanos não só como uma massa verde, mas uma porção do território extremamente permeável, com usos, topografias, morfologias e acessos diferentes e diferenciados.
Um dos assuntos mais complexos e de abrangência maior em seu livro, é sobre as condições para a diversidade urbana. Jacobs (2011) afirma que um local para possuir tal feito necessita de pelo menos quatro condições que segundo ela são indispensáveis e dessa forma obrigatória para uma diversidade exuberante. São eles: a multiplicidade de funções em um determinado lugar para que haja pessoas em busca de serviços em horários diferentes e estejam pelas ruas por motivos dos mais variados possíveis. As quadras devem favorecer ao pedestre para que ele não as tenha como algo demorado e sem apresentar opções de cruzamentos e diminuição de tempo para se chegar a diversas partes. O respeito a história do lugar, o cuidado, zelo e preservação de edifícios antigos em combinação com novos prédios. E por último a densidade da região deve ser alta, evitando assim um espraiamento.
45 Seguindo conclusões de Jacobs (2011), acerca do primeiro item, o de variados usos, que é um tanto intrigante é que, se em uma rua nem tudo agrada uma pessoa só, isso é de um poder extremamente positivo, pois é sinal que ela oferece serviços para outros grupos de pessoas e assim tem enorme poder de atração multiplicado.
A necessidade de encurtamento e até de oferecer mais de uma possibilidade para o usuário acessar seu destino, passa a fazer parte não só das quadras, mas também dos edifícios, que por vezes permitem que seu térreo seja entregue a cidade, sobretudo como forma de promover tal situação.
4.2 ESPAÇOS DE PESSOAS PARA PESSOAS
A relação entre o ser humano e a cidade é algo latente, corriqueiro e intrínseco da qualidade humana. Ter contato com edificações e se envolver com espaços de cheios e vazios é vivido por todos em qualquer região, e essa ação é dinâmica, ou seja, é mutável com o tempo, o que por vezes pode ser que a arquitetura não acompanhe com a mesma frequência, o que gera espaços de confronto com a qualidade do viver das pessoas, e é essa relação entre o corpo da cidade e as transformações histórico – culturais das pessoas que Holanda (2013) discorre em seu livro e que terá, alguns pontos, ressaltados a seguir.
Dentre os quais um dos mais tocados por Holanda (2013) são as dicotomias, como por exemplo, a dos cheios e vazios, importantíssima na esfera tanto do edifício como da cidade.
(...) se os espaços são fortemente integrados num todo, favorecem o convívio e a visibilidade mútua no âmbito das edificações ou da cidade; se se multiplicam barreiras físicas, diminuindo a acessibilidade interpartes, dificulta-se a sociabilidade rotineira e transmite-se a sensação de labirinto e consequente desorientação. (HOLANDA, 2013, p.50).
A busca por edificações que permitam as pessoas a terem opções variadas de acessos e que façam parte da referência de todos, é no mínimo fundamental.
46 Ainda sobre as causas, apontadas pelo autor, é interessante ressaltar a significância do não lugar3 como sendo algo a ser evitado e que será falado a seguir na próxima referência, importante salientar que é justamente o contrário que buscou-se para o Sesc da Lagoa, ou seja, conferir identidade é um dos altos dos objetivos. E não somente oferecer espaços aleatórios, mas espaços para pessoas.
(...) como a arquitetura pode melhorar as condições já favoráveis, apaziguar as desfavoráveis, ou, ao contrário, agravá-las. A arquitetura é um modificador climático: nos prédios, o envoltório filtra as condições para o interior; na cidade, a massa edificada tem efeitos na ventilação e na insolação dos lugares. (HOLANDA, 2013, p.77)
Outro aspecto de enorme relevância e que inclusive se apresenta como palavra chave para a utilização deste livro são os conceitos de urbanidade e formalidade, haja visto a importância desses conceitos para a promoção de espaços mais democráticos, e dessa forma contemplar o edifício do Sesc que já tem essa democratização como premissa.
São conceitos socioespaciais, dizem respeito à arquitetura e à sociedade, concomitantemente. Formalidade implica grandes espaços, especialização de lugares para determinados fins, parco uso dos espaços públicos na vida cotidiana, apartação de sujeitos distintos. Urbanidade é seu oposto: lugares configurados para interações na vida cotidiana entre categorias diversas de pessoas, nos espaços públicos dos assentamentos ou nos espaços internos das edificações, relações sociais menos hierárquicas. (HOLANDA, 2013, p.135)
Holanda (2013, p.154) diz que, “Um lugar é tão mais valorizado por seus habitantes quanto mais intensamente ele incorpora-se à vida cotidiana ou aos eventos excepcionais da cidade. ” E é isso que deverá ser procurado por esse projeto arquitetônico.
Este trabalho teve como embasamento fontes como Holanda (2013), na busca no seu ímpeto o pertencimento das pessoas a um determinado local, a uma
3
Não lugar, dito oficialmente pela primeira vez pelo etnólogo e antropólogo francês, Marc Augé, onde ele se refere a locais sem identidade sobretudo influenciados pelo capitalismo globalizado, por exemplo é possível você estar dentro de um aeroporto e não saber onde ele está inserido, pois o mesmo edifício se repete por culturas ocidentais, orientais, e etc.
47 determinada região. Isto é dado por vários aspectos, inclusive mencionados em Jacobs (2011), e em breve Ferreira (2018), assim como em referências projetais de
inúmeros
escritórios
e/ou
arquitetos
que
estão
inseridos
na
contemporaneidade, ou pelo menos seguem esta ideologia. Assim Holanda (2013, p.199) conclui que;
Aos atributos relativos à apreensão pela mente, somam-se os responsáveis pela apropriação pelo corpo. Vou aos lugares, passo por eles, ou moro neles porque sou movido a tanto, prática ou expressivamente, segundo os oito aspectos de desempenho. Praticamente, porque opto usá-los para minhas atividades (aspectos funcionais), porque me sinto confortável (bioclimáticos), porque posso arcar com os custos (econômicos), porque me motivam os contatos interpessoais correlatos (sociológicos); expressivamente, porque me oriento bem e o lugar me é memorável (topoceptivos), porque me transmite bons estados d’alma (afetivos), porque me remete a algo externo (simbólicos), porque é belo (estéticos). As pessoas procuram satisfazer suas expectativas em relação à arquitetura dos lugares na medida de suas possibilidades.
4.3 A IMPORTÂNCIA DO EDIFÍCIO PARA IDENTIDADE DO LUGAR
De acordo com Ferreira (2018), mas interpretado para a cidade de Fortaleza, é possível ser analisado prédios com carga simbólica que datam de séculos passados, como o Theatro José de Alencar, apesar de estar começando a surgir edifícios com tal apelo, como o Museu da fotografia, de Marcus Novais Arquitetura. Respondendo ao estilo do teatro mais importante de Fortaleza e ao fato de que só na segunda década do século XXI a capital passa a produzir arquiteturas contemporâneas, Ferreira (2018, p.73) explana as barreiras enfrentadas, até mesmo pela arquitetura neocolonial;
(...), embora seja significativa a produção de monumentos arquitetônicos no período imperial, no qual consolidou-se a produção acadêmica neoclássica, a ruptura com o padrão formal monarquista ensejou o prelúdio à trajetória de construção da imagem nacional moderna, plasmada na arquitetura de caráter monumental. Essa arquitetura, que além do modelo eclético compreende os subsequentes neocolonial e protomoderno, corresponde a uma expressão artística de patriotismo conservador cujo caráter elitista excluía de sua linguagem estética quaisquer formas de expressão das classes subalternas.
48 Alguns conceitos que este trabalho julga que é imprescindível para compreensão do que se vai produzir, conceitos estes citados por FERREIRA (2018, p.13);
“Um conceito-chave para a compreensão de como a arquitetura funciona como mensagem simbólica da nação é o de monumento. Este termo é aqui considerado em sua acepção substantiva original, ou seja, significando algo materialmente construído, resultante da ação de aedificare4 com a finalidade de fazer lembrar alguma coisa: monumentum. ”
Assim como Ferreira (2018, p. 17) afirma sobre nação;
“O termo tem como raízes etimológicas as palavras latinas natio e natione. Ao longo do tempo, o termo passou a significar também a consequência concreta da ação, conotando ninhada, grupo de indivíduos que de nascituros eclodiram conjuntamente para o mundo. Já o termo natione mantém a conotação do anterior, definindo uma coletividade nascida a um só tempo e lugar. Portanto, no sentido arcaico, nação remete a um grupo social composto por pessoas nascidas em um lugar que lhes é comum. ”
Esse sentimento nacionalista surge na Europa com uma enorme força no fim do século XVIII e início do século XIX, com as revoluções acontecendo e o cenário de guerra, fez com que novas formas de expressão surgissem e com uma corrente internacional, muito se falava em socializar e ao mesmo tempo universalizar objetos e até mesmo arquitetura, todos em qualquer lugar do mundo deveriam usufruir da mesma forma de um mesmo estilo. Pensamento revolucionário, mas enfadonho quando se olha de uma ótica contemporânea.
No entanto, essa corrente veio para os países até então chamados de terceiro mundo como fundamental para o avanço e crescimento tecnológico e intelectual, e claro que a política vindoura iria acatar para ter visibilidade internacional. Provedor de mudanças, Getúlio Vargas, presidente do Brasil nos anos de 1930 estimulou tal feito, citado por Ferreira (2018, p.58) que explana sobre o panorama da nação naquela época;
4
Aedificare, tem raiz etimológica do latim e significa dentre outras coisas, construir algo, edificar.
49
“No caso brasileiro, o quadro descrito corresponde às mudanças encetadas pela Revolução de 1930. A crescente industrialização resultou na inserção da arte popular nas preocupações da política cultural do Estado e na afirmação de uma arquitetura com características específicas de afirmação do que seria considerado nacional. (...). É nesse ambiente de disputa que se desenhará o perfil conceitual norteador da forma arquitetônica do modernismo no Brasil, conforme a síntese empreendida por Lúcio Costa, e a compreensão de quais seriam os monumentos nacionais. Compreensão que deve ao arquiteto a contribuição decisiva. ”
Logo percebe-se a agitação que viria a seguir pela busca de uma “cara” para o Brasil. Profissionais de diversas áreas promoveram manifestações, eventos e afins no intuito da busca por tal modelo.
Vale ressaltar que o monumentalismo representando um lugar e servindo como símbolo para tal, sempre existiu, mas com uma arquitetura que em hipótese alguma era reconhecida como brasileira.
Como a história registra, a onda neocolonial no campo da produção arquitetônica brasileira não ultrapassou os limites da Velha República. A Revolução de 1930 foi o marco de superação desse movimento. Os arquitetos alinhados com a produção neocolonial, em sua maioria, continuaram avessos ao nacionalismo arquitetônico e retrocederam às cópias estilísticas europeias anteriores à arquitetura moderna. Sobretudo ao padrão francês art-decó, que vai se configurar como modelo de monumentalidade estatal, e não nacional, dando continuidade à manifestação de uma arquitetura simbolicamente referenciada no patriotismo de Estado alheio às expressões de identificação nativista popular. (FERREIRA, 2018, p.79)
Por isso pretende-se com a edificação do Complexo arquitetônico, Sesc da Lagoa, torna-lo uma referência, ou seja, conferir a ele identidade em seu partido, possibilitando materiais e formas que venham a agregar no contexto urbano e cultural do bairro e por assim ser, da cidade de Fortaleza.
50 5. REFERENCIAL PROJETUAL
Acredita-se para a construção do ideal arquitetônico para este projeto, o Sesc da Lagoa, inúmeros conceitos que já foram colocados em prática em alguns locais do mundo e do Brasil, possam contribuir para a implantação e ocupação espacial do bairro de Messejana.
Logo, serão expostos alguns dos referenciais julgados importantes para a urbanidade e que promovam certa vitalidade, assim como através de sua geometria e de suas formas e possibilidades geram um sentimento nacionalista, por sua monumentalidade, demonstrando total mimetismo com a região já enraizada no bairro.
5.1 PROJETOS DE REFERÊNCIA
Alinha-se ao espectro do Sesc da Lagoa, e com toda sua carga de referências, três projetos de escalas diferentes e usos que por mais que alguns sejam semelhantes, no geral são dos mais variados possíveis. Foi buscado no âmbito internacional e paulista, referências que juntas possam contribuir de forma satisfatória para o complexo sociocultural e arquitetônico do Sesc da Lagoa.
5.1.1 Kunsthal
Tabela 2 – Informações técnicas sobre o Kunsthal. NOME
ARQUITETOS
OFFICE FOR METROPOLITAN KUNSHTAL ARCHITECTURE, OMA
LOCALIZAÇÃO
ÁREA
ANO DO PROJETO
ROTTERDAM PAÍSES BAIXOS
3.300,00 m²
1992
Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do site Archdaily (2018).
51 O projeto de um centro cultural do Office for Metropolitan Architecture, OMA, encabeçado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, é um dos referenciais de significado internacional.
O kunsthal, finalizado e inaugurado em 1992, é um exemplo de arquitetura versátil, ver imagem 14, ou seja, embora ela tenha apelo ativo em sua monumentalidade moderna e com visualizações em todas as direções, além de localização privilegiada, o centro se permite ser adentrado por todos, de uma forma que há recortes no próprio centro do edifício possibilitando o ir e vir dos transeuntes, de certa forma uma generosidade que possibilita a urbanidade naquela região.
Imagem 14 – Versatilidade do Centro Cultural Kunsthal.
Fonte: acervo pessoal do autor.
52 Tal feito faz com que o elemento edificado sirva como portão de entrada, em uma das faces do parque que abriga outros museus. Outro ponto relevante para sua apreciação é o fato de que sua arquitetura desconstruída possui um porquê, um forro inclinado do restaurante, ver imagem 15, não é apenas um forro inclinado e nem tão pouco nivelado, faz-se questão de mostrar o desnível e apropriar-se dele, desnível esse causado pelo auditório, ver imagem 16, no pavimento superior, e toda essa plástica é colocada na fachada do prédio, confirmando seu programa de necessidades para todos.
Imagem 15 - Inclinação forro do restaurante.
Fonte: acervo pessoal do autor.
53 Imagem 16 - Inclinação auditório
Fonte: acervo pessoal do autor.
Prova de seu engenhoso fluxograma, o núcleo do edifício é sua rampa central que ao passo que acontece o caminhar do transeunte, o mesmo consegue ver o que acontece em algumas partes do centro cultural, devido suas paredes de vidro. Outra rampa surge acomodando o auditório e seguindo assim sua inclinação. E no instante que as rampas se cruzam mesmo que não diretamente, acontece a entrada principal, de acordo com o site do escritório (OMA, 2018).
E mostrado no mapa 12, como pode-se observar o desnível é essencial para a organização espacial, vê-se também a rua interna cruzando os inúmeros espaços.
54 Mapa 12 - Segundo pavimento do Kunsthal.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor a partir do site Archdaily.
Apreende-se desta edificação tais premissas, sobretudo a de possibilitar ruas internas a edificação e acesso visual a determinadas instalações com o intuito de atrair e conferir sensações como vigilância espontânea e ponto de encontro. Além do que a plástica da edificação que mostra em sua superfície elementos e soluções construtivas.
55 5.1.2 Sesc 24 de Maio
Tabela 3 – Informações técnicas do Sesc 24 de Maio. NOME
ARQUITETOS LOCALIZAÇÃO
ÁREA
ANO DO PROJETO
PAULO SÃO PAULO, 27.865,00 MENDES 2017 BRASIL m² DA ROCHA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do site Archdaily (2018). SESC 24 DE MAIO
Penetrar em um local tão adensado quanto o centro da cidade de São Paulo, não é tarefa fácil. No entanto o Sesc na busca por um local e por um arquiteto escolheu o centro e Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker em 2006, para um projeto emblemático, que junto ao escritório MMBB embarcaram numa proposta de participar da renovação do centro, inclusive possibilitando usos após o horário comercial.
Fazia tempo que a entidade não tinha um equipamento tão importante em um cenário da arquitetura e urbanismo, desde o Sesc Pompéia de Lina Bo Bardi, inaugurado em 1982, porém a implantação é completamente diferente, ver imagem 17.
Imagem 17 – Implantação Sesc 24 de Maio.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulomendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
56 Enquanto o Pompéia foi locado em uma antiga fábrica, o 24 de maio, nasceu dentro de um prédio que abrigava uma loja chamada Mesbla. Adaptar-se em um espaço tão pequeno para as necessidades de um Sesc, foi uma tarefa delicada de setorização, ver imagem 18, de uma forma que todos os ambientes não apresentassem barreiras por conta de tal setor, mas que houvesse uma integração entre quem estava dentro e entre o exterior e interior, já que se observava que o que estava acontecendo era exatamente isso com os demais prédios, ver imagem 19.
Imagem 18 – Setorização do Sesc 24 de Maio.
Fonte:
disponível
em
<
https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
57 Imagem 19 – Relação interior e exterior do Sesc 24 de Maio.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-mendesda-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
Prática já salientada neste documento, através da referência teórica de Jacobs (2011), o prédio do Sesc promove a vitalidade urbana, o contato entre o fora e o dentro, claro que de uma forma adaptada para o Brasil e para os índices urbanísticos da cidade de São Paulo, mas desde sua inauguração até os dias de hoje, ele vem atraindo as pessoas a viverem mais o centro.
A estrutura do pequeno edifício que ali antes existia teve que crescer e receber o programa do Sesc, que para aquela região espera receber cerca de 5 mil pessoas. Paulo Mendes utilizou de todas as áreas de forma precisa e inteligente, ‘afundando’ o teatro no subsolo, elevando a piscina para a cobertura e deixando a circulação vertical, através de rampas, em contato direto com a rua, separados apenas pela fachada envidraçada, o que faz com que os prédios do entorno entrem, visualmente, para o edifício. Segue abaixo algumas plantas de diferentes andares com usos variados, assim como um corte representado a circulação vertical, (imagens 20 a 23):
58
Imagem 20 – Pavimento odontológico do Sesc 24 de Maio.
Fonte:
disponível
em
<
https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
Imagem 21 – Pavimento café e solário do Sesc 24 de Maio.
Fonte:
disponível
em
<
https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
59 Imagem 22 – Pavimento piscina do Sesc 24 de Maio.
Fonte:
disponível
em
<
https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
Imagem 23 – Corte circulação vertical do Sesc 24 de Maio.
Fonte:
disponível
em
<
https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos >. Acessado em 06 de outubro de 2018.
60 Caminhar por dentro do Sesc 24 de maio, é como caminhar por São Paulo, assim como Paulo Mendes da Rocha disse em entrevista para um site de arquitetura: Galeria de arquitetura (FARIAS, 2018): “ Descer da piscina até o térreo é como descer a rua Augusta. ”
Ainda para conferir ao local mais identidade e expressividade, o prédio conta com uma comunicação visual que se repete por todo complexo, ver imagem 24, característica e moderna, além de um mobiliário autoral, ver imagem 25, do arquiteto a convite do Sesc, compondo perfeitamente os ambientes do Sesc 24 de maio.
Imagem 24 – Comunicação visual do Sesc 24 de Maio.
Fonte: acervo pessoal do autor.
61 Imagem 25 – Mobiliário exclusivo do Sesc 24 de Maio.
Fonte: acervo pessoal do autor.
Esta referência serviu como ponto de partida para a principal arquitetura do Sesc da Lagoa, em que vários fluxos se cruzam a todo instante, e talvez seja isso que por si só já traga uma enorme vitalidade para o interior da edificação, e quando, como feito no de Paulo Mendes da Rocha, esse cruzamento é aberto para o público
passante,
aumenta
em muito a
urbanidade
daquela
região,
transformando o local como polo de atração.
E é o que de fato é buscado para aquela região da Messejana, principalmente para o miolo geográfico do bairro, local da intervenção.
62 5.1.3 Kuggen
Tabela 4 – Informações técnicas da Estação das docas. NOME
KUGGEN
ARQUITETOS
LOCALIZAÇÃO
ÁREA
ANO DO PROJETO
WINGÅRDH GOTEMBURGO, 5.350,00 m² ARKITEKTKONTOR SUÉCIA
2011
Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do site Archdaily (2018).
A última referência projetual que encerra essa fundamentação se localiza no exterior, mais precisamente no norte da Europa. A Suécia é um país que aposta em tecnologia e mira em um futuro mais sustentável, assim sendo, sua arquitetura reflete a causa. Na cidade Gotemburgo, fora erguido um edifício que desafia os estilos das construções ao redor, mas que tem um olhar no passado e soluções para um futuro. Ver imagem 26, de uma das “fachadas”.
Imagem 26 – Fachada do edifício.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
63 O Kuggen, que é um edifício misto, torna a região mais contemporânea e atrativa, pela sua modulação intrigante e políticas de uso sustentável como o uso de energia renovável em sua cobertura e da justificativa de sua arquitetura, para o conforto térmico, que se relacionam de forma direta, como mostra a imagem 27, em que é possível ver a sombra projetada pela sutil sacada dos pavimentos superiores e da angulação das aberturas.
Imagem 27 – Formato e janelas.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
A solução adotada para a boa qualidade interna dos ambientes, foi excepcional e bastante direta, sobretudo na sua fachada. De fato, como já conferido nos objetivos da construção do edifício Sesc da Lagoa, o formato circular, será vinculado a fachadas completamente auto protegidas, de acordo com as imagens 28 e 29, haja vista a maior exposição ao sol, já que dificilmente haverá quinas para sombrear. Logo o distanciamento da laje para a casca e esquadrias adaptadas, serão importantes para o prédio, além de um interior que contribua no layout com o conforto de um edifício ativo, no âmbito térmico, sobretudo. Ver imagens 34 e 35.
64 Imagem 28 – Elementos de proteção móvel
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
Imagem 29 - Interior do edifício e sua relação com a fachada.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
65 O formato circular será de suma importância para, assim como o Kuggen, exaltar o Renascimento italiano, em que as praças circulares serviam para atração das pessoas, para discutirem assuntos diversos. E como já mencionado, espera-se que o térreo dessa edificação assim como o lote em geral seja de uso comum, e esta forma colabora para um traçado mais orgânico. Ver imagens 30 e 31, planta e
corte,
respectivamente
da
edificação
sueca,
para
compreender
a
engenhosidade de se ter plantas cilíndricas. Imagem 30 - Planta baixa térreo.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
66 Imagem 31 - Corte.
Fonte: disponível em < https://www.archdaily.com/289856/kuggen-wingardh-arkitektkontor >. Acessado em 29 de janeiro de 2019.
Analisado essas situações até agora apresentadas, infere-se que a coleta de referências foi de fundamental importância para a obtenção de um desenho arquitetônico do Sesc da Lagoa.
5.2 LEGISLAÇÃO URBANA
Ter conhecimento da legislação é de enorme importância ao cidadão, pois de fato é ela que confere e assegura o mesmo em relação aos direitos e deveres. No que tange ao presente documento será de extrema importância o reconhecimento de leis no âmbito da cidade, pois de fato é ela o norteador da configuração espacial da urbe.
Uma das principais leis é a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de Fortaleza, Lei nº 7987 de 23 de dezembro de 1996 –consolidada – 2006. A lei
67 surge com enfoque no sistema viário com suas diretrizes e normas, no entanto faz relação deste com o solo urbano, com sinais de parcelamento.
A área de intervenção se encontra dentro da Zona Especial de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS) e suas atribuições na LUOS justificam a implantação e significado do Sesc que ali se edificará:
‘São porções do território destinadas à implantação e/ou intensificação de atividades sociais e econômicas, com respeito à diversidade local, e visando ao atendimento do princípio da sustentabilidade. ’
Ainda segunda a LUOS e contribuindo para a permeabilidade do Sesc a lei ressalta:
‘Art. 92. Admitem-se recuos com dimensões variadas, devendo respeitar as seguintes normas: I – Nas Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS) a edificação avance em área equivalente a até 20% da área delimitada pelo recuo decorrente da verticalização e sua divisa do lote correspondente. ’
Logo, é percebido que há ferramentas na lei para que haja edifícios que propiciem os fundamentos da entidade Sesc, envolvidos na cultura e formatação histórico-social do bairro.
Um dos determinantes mais significativos é o do terreno, no que tange a sua adequação dos usos, principalmente para se ter conhecimento de quais funções e dimensões poderá possuir o Sesc da Lagoa. Como análise inicial segue tabela 5 referente as áreas que serão respeitadas, e em seguida o complemento da Luos de 2006, através da Lei nº 236 de 11 de agosto de 2017, tabela 6, assim como o Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza, tabela 7; principais leis norteadoras para o assunto.
68
Tabela 5 – Índices urbanísticos do terreno.
SESC DA LAGOA TAXA DE OCUPAÇÃO TAXA EQUIVALENTE 60% 5.298,68m² TAXA DE OCUPAÇÃO DO SUBSOLO TAXA EQUIVALENTE 8.831,14m² 60% 5.298,68m² Fonte: tabela desenvolvida pelo autor. ÁREA TOTAL
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO BÁSICO TAXA 1
EQUIVALENTE 8.831,14m² TAXA DE PERMEABILIDADE
TAXA 40%
EQUIVALENTE 3.532,45m²
Tabela 6 – Legislação Urbana 01. PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO. MUNICÍPIO DE FORTALEZA. Referência
Lei complementar n° 236 de 11 de agosto de 2017
O que significa
Esta lei existe para controlar a expansão urbana, setorizando a cidade para que com isso possa haver maior controle com mais especificidade, haja vista as minuciosidades de cada região, bem como população, presença de corpos hídricos, faixa de renda, acessibilidade, dentre outros fatores que são distintos de uma regional para outra, por exemplo. Pontos relevantes ao projeto
Das zonas especiais (seção iii)
Aqui se dita a zona cujo terreno que abrigará o edifício do Sesc se enquadra. Zonas especiais de dinamização urbanística e socioeconômica (zedus). Além da sustentabilidade essa área visa a intensificação de atividades relacionadas ao social e economia.
Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Município de Fortaleza.
69 Tabela 7 – Legislação Urbana 02.
Referência
O que significa
Fachadas (seção ii; artigo 62 e parágrafo único.) Ventilação indireta, por chaminé, especial ou zenital (seção iii; art 130 – art. 135. )
CÓDIGO DE OBRAS E POSTURAS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA. Lei n.º 5.530 de 17 de dezembro 1981 O código de postura se apresenta em formato de lei e se traduz na forma de um documento com diretriz para que se execute obras de crivo público e particular, com critérios a favor do bem-estar, higiene e conforto da população, por exemplo. Atualmente esta lei é um complemento da lei de uso e ocupação do solo. Pontos relevantes ao projeto O objetivo principal é o de promover fachadas bem trabalhadas ao longo de toda a edificação, para que haja unidade e coerência e não somente tratar algumas a mais em detrimento de outras. Devido apelo estético e da quantidade significativa de ambientes transitórios, faz-se uso deste item que possibilitará um edifício com recortes para apreço simbólico. No entanto não deverá comprometer a qualidade térmica e lumínica dos espaços para com a os usuários.
De modo a ter maior aproveitamento do espaço, favorecer um fluxo mais Piscinas e sistemático, além da busca por uma arquitetura de contemplação para caixas d’água com a lagoa, o edifício possuirá uma piscina suspensa que respeitará (seção v; art 172 índices desta seção como itens necessários que devem estar em seu – art. 180.) entorno, de vestiários até proteção em guarda-corpo. Elevadores de passageiros (seção iii);
Não há dúvidas quanto ao gabarito do edifício que passará da cota de 13m, suficiente para conter elevadores de passageiros, sem comprometer o acesso através de meios que não façam uso de energia elétrica.
Restaurantes Sendo de elevada significância, o restaurante do Sesc contará com um (seção i; art. 286 espaço relevante no edifício – art. 288.) O edifício possuirá equipamentos das mais diversas modalidades no Culturais (seção quesito cultural, como teatro, cinema, sala de exposição e etc. E devido iv * e subseções isso e a otimização do espaço haverá necessidade do uso intenso deste dos itens.) dispositivo, atentando para tanta especificidade e atribuindo valores simbólicos para o prédio. Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados do Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza.
70 5.3 NORMAS, MANUAIS E PORTARIAS
A importâncias destas que na verdade são condicionantes ao projeto e que dão suporte para uma boa exequibilidade, são ferramentas imprescindíveis a um projeto. Embora não sejam leis; as normas, os manuais e as portarias conseguem possibilitar uma zona de parâmetros que favoreça um entendimento universal, e cabe a cada edificação traduzir para sua localidade todas essas informações, tendo como base as leis e códigos de obras de seus respectivos municípios.
Tabela 8 – Normas, Manuais e Portarias 01. ACESSIBILIDADE A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS. Referência
Abnt nbr 9050:2015 Esta norma é imprescindível para a execução de um projeto de arquitetura e urbanismo, por isso ela será norteadora de inúmeros condicionantes projetuais. Fala-se em adaptação de um projeto O que significa que possibilite acessibilidade do maior número de pessoas possíveis, ou seja, inclusão, de forma autônoma com ou sem algum tipo de aparelho específico. Pontos relevantes ao projeto Esta parte é referenciada em medidas de uma Parâmetros diversidade significativa da população brasileira. Aqui será usado valores antropom. (4) que sejam confortáveis para o usuário se locomover, acessar determinados objetivos, campo de visão, dentre outros. Para o bom funcionamento de um edifício é necessário que os usuários circulem horizontal e verticalmente de forma Acessos e confortável e segura, sobretudo através de escadas e rampas que terão, circulação (6) ora funcionalidade extrema, ora em alguns casos serão aplicados o fator estético, no entanto deverá passar por todos os itens de segurança e ergonomia. Acredita-se, para fins deste trabalho, que o lugar deverá ser acessado por todos, sem distinção, e um dos pontos que Sanitários e deverão ter total acessibilidade e conforto, não importante que seja vestiários (7) explicitamente dedicado a portadores de necessidades especiais, por exemplo, possuirá dimensionamento favorável e unificado por todo empreendimento. Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da norma de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
71 Tabela 9 - Normas, Manuais e Portarias 02. SAÍDA DE EMERGÊNCIAS EM EDIFÍCIOS Referência
O que significa
Abnt nbr 9077:2001 Esta norma é de fundamental importância para a edificação, pois visa a segurança de seus usuários. Ou seja, faz com que eles possam sair dos prédios em total resguardo, através de dimensionamento para evitar superlotação, por exemplo. Pontos relevantes ao projeto
Aqui encontra-se cálculo e valores de referência para cada resultado obtido Cálculo da através dos cálculos, como por exemplo a largura mínima para saídas de população (4.3) emergência. Dutos de ventilação natural (4.7.13)
Sanitários e vestiários (7)
Construções subterrâneas e edificações sem janelas (5.2)
Para uma eficiência de entrada e saía de ar é preciso que haja projeto dos dutos para tal, e que tem possibilidade que os mesmos tornem-se elementos de fachada. Acredita-se, para fins deste trabalho, que o lugar deverá ser acessado por todos, sem distinção, e um dos pontos que deverão ter total acessibilidade e conforto, não importando que seja explicitamente dedicado a portadores de necessidades especiais, por exemplo, possuirá dimensionamento favorável e unificado por todo empreendimento. Haverá possibilidades que o edifício possua espaços enterrados no solo, para efeito de otimização do espaço e estética do elemento arquitetônico, logo esse espaço contará com algumas diretrizes para seu bom e seguro funcionamento.
Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da norma de saída de emergências em edifícios.
A seguir haverá outras normas, manuais e portarias mais específicas a alguns espaços em especial, haja vista a complexidade do edifício que abriga inúmeras funções. Até aqui todas as informações desse item de legislação urbana são inerentes ao complexo como um todo.
72 Tabela 10 - Normas, Manuais e Portarias 03. INSTALAÇÕES CENTRAIS DE AR-CONDICIONADO PARA CONFORTO - PARÂMETROS BÁSICOS DE PROJETO Referência
Abnt nbr 6401:1980
O que significa
Como já citado será necessário o uso de ventilação artificial, para todos os ambientes. Sabe-se que esses mesmos ambientes não necessariamente necessitam deste tipo de refrigeração, mas para efeitos da arquitetura do edifício, isto se fará necessário, logo esta norma guiará para um bom dimensionamento de ambientes que necessitem de tal. Pontos relevantes ao projeto
Completa
Nota-se que pela compactação da norma, será utilizado por completa, para efeito de análise técnica e crítica, assim como uma possível utilização de dutos visíveis, impactando na arquitetura de interiores.
Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da norma de instalações centrais de arcondicionado para conforto - parâmetros básicos de projeto.
Tabela 11 - Normas, Manuais e Portarias 04. NORMAS PARA PROJETOS FÍSICOS DE ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE Ministério da saúde. Secretaria de assistência à saúde. Coordenação-geral de normas O Sesc por abrigar em suas dependências consultórios de odontologia e ainda salas para oferecer assistência social, nas mais variadas áreas da saúde, seja ela física ou mental, deve dispor de espaços que ofereçam O que significa plenas condições de funcionamento, mesmo não possuindo internamento. Desta forma esta norma ampara o projeto no que diz respeito ao envoltório de todo esse serviço. Pontos relevantes ao projeto Aqui entende-se que esta norma servirá para aumentar a veracidade de Completa outras mais gerais, no entanto a mesma servirá apenas para tal, como suporte de um documento elaborado pela estritamente pela classe. Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da norma normas para projetos físicos de Referência
estabelecimentos assistenciais de saúde.
73
Tabela 12 - Normas, Manuais e Portarias 05. ARQUITETURA DE SALAS DE PROJEÇÃO CINEMATOGRÁFICA Referência O que significa
Associação brasileira de cinematografia, abc O foco é a reprodução de projeções com boa qualidade técnica e alto índice de conforto aos usuários, tudo isso com características arquitetônicas básicas, mas imprescindível.
Pontos relevantes ao projeto Dimensionamento de uma sala para tal finalidade requer além do conhecimento de ergonomia, outros saberes, como conhecimento da Completa acústica, dimensões da tela, entre outros abordados ao longo de toda recomendação. Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da Associação brasileira de cinematografia, abc.
Tabela 13 - Normas, Manuais e Portarias 06.
PROJETO DE PAISAGISMO
Referência
O que significa
Áreas de visibilidade desimpedida (avd) (5.2)
Secretaria dos transportes – departamento de estradas de rodagem – der – código: ip-de-s00/001 Esta instrução de projeto é específica para o estado de São Paulo, assim como para canteiros centrais e áreas de intersecções da engenharia rodoviária, no entanto, será usado o conceito e alguns dados que foi julgado pertinente ao complexo arquitetônico Sesc, sobretudo com intuito de fazê-lo diluir no entorno e ser atrativo. Pontos relevantes ao projeto Acredita-se que o paisagismo é de enorme importância para a concretização do projeto, e como o mesmo terá escala da cidade, terá como objetivo envolver o transeunte que está no veículo ao complexo, na tentativa de convite ou até mesmo apenas lúdico, com isso necessita-se de um estudo que intercale velocidade com distância.
Seleção e O tipo da vegetação influencia na sua permanência, ou seja, o tipo de localização das planta, a capacidade de sombra, altura e afins, contribui para a escolha espécies vegetais das espécies. (5.3) Fonte: tabela desenvolvida pelo autor com dados da Secretaria dos transportes – departamento de estradas de rodagem – der – código: ip-de-s00/001.
74 6. PROJETO
O complexo arquitetônico para a nova sede do Sesc Messejana, surge da junção de um urbanismo que integre áreas segregadas pelo medo e insegurança. Neste contexto o edifício proposto abriga serviços específicos da instituição Sesc, diluídos em um aproveitamento de terreno pensado para proporcionar experiências aos usuários e aos passantes.
6.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa que abrange uma entidade da dimensão de um Sesc é de proporções maximizadas. Inúmeros e diferentes fluxos perpassam diariamente por dentro do edifício e isso aumenta quando o mesmo se deixa invadir pela rua, o que é o caso proposto pelo projeto do Sesc da Lagoa.
Toda essa base fundamentada por normas já conhecidas e imprescindíveis na elaboração de espaços confortáveis e seguros para execução de um edifício feito para pessoas e assim permeável.
Para efeitos de sistematização buscou-se dividir o projeto em 06 macro setores, sobretudo, para fins didáticos no programa de necessidades, são eles: técnico, restaurante, cultura, lazer, saúde e áreas comuns, este último sendo dividido por pavimentos.
6.1.1 Técnico
Este macro setor possui 4 subsetores, são eles: acesso, administração, apoio e instalações que servirão ao edifício como um suporte necessário, nota-se que a maioria de suas instalações será, sobretudo, de acesso específico, com exceção do subsetor de acesso, que dará as boas-vindas aos usuários e funcionários, e também ao transeunte.
75 O subsetor de acesso é o local por onde necessariamente todos devem passar, inclusive curiosos ou apenas alguém para pegar uma sombra, logo acredita-se em um espaço democrático, em que espaços sejam generosos e que seja permeável, já que é o primeiro ponto em que todos se encontrarão.
Tabela 14 - Setor técnico / Acesso.
AMBIENTES QUANTIDADE
ÁREA
RECEPÇÃO PRAÇA INTERNA
1
44,9m²
1
1.009,6 m²
CAFETERIA
1
50,2 m²
LOJA WC. PNE
1 4 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
13,5 m² 12,4 m² 1.130,6 m²
O subsetor de administração é focado principalmente no acesso interno e na reunião dos profissionais que fazem a instituição, este setor também abriga atendimento ao público.
Tabela 15 - Setor técnico / Administração.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
RECEPÇÃO ESCRITÓRIO / SECRETARIA DIREÇÃO
1
15,3m²
1
31,3m²
1
13 m²
SALA DE REUNIÕES
1
14,5 m²
ARQUIVO
1
3,4 m²
COPA
1
6 m²
DEPÓSITO WC. PNE.
1 1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
2,9 m² 2,55 m² 88,75 m²
76 O subsetor de apoio é uma área reservada ao suporte do edifício, assim como enfermaria, para eventuais problemas que consigam se resolver com o que a mesma tem a oferecer.
Tabela 16 - Setor técnico / Apoio.
AMBIENTES QUANTIDADE VESTIÁRIO FEMININO VESTIÁRIO MASCULINO
ÁREA
1
37,35 m²
1
45,92m²
COPA
1
15,15 m²
ENFERMARIA
2
21,76 m²
DEPÓSITO CARGA E DESCARGA
2
30,56 m² TÉRREO
TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
150,74 m²
O subsetor de instalações compreende de locais de visita periódica, de acesso altamente restrito e de localização afastada do ir e vir do público geral.
Tabela 17 - Setor técnico / Instalações.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
CASA DE GÁS
1
20,15 m²
SUBESTAÇÃO
1
38,0 m²
LIXEIRA
1
15,83 m²
2
58,6m²
1
*237,6m³
1
*158,4m³
1
107,54 m²
CASA DE MÁQUINAS ELEVADOR RESERVATÓRIO INFERIOR RESERVATÓRIO SUPERIOR SALA DE CONTROLE *
TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
VALORES M³ (VOLUME) 240,12 m²
77 6.1.2 Restaurante
Ponto forte da rede Sesc, o restaurante com preço acessível e qualidade incontestável é utilizado por uma quantidade significativa de pessoas, logo necessariamente precisa além de funcionar em horários estendidos, ter condições de abrigar um fluxo intenso, mais precisamente o equivalente a 124 pessoas em regime rotativo, sendo aberta aos funcionários, usuários e não usuários do sistema Sesc.
Tabela 18 - Setor Restaurante.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
SALÃO
1
247,58 m²
ÁREA DE SERVIR
1
39,4m²
PESAGEM
1
7,3m²
CAIXA
1
24,3 m²
COZINHA
1
36,3 m²
DESPENSA
1
1 m²
CÂMARA FRIA
1
4,6 m²
DEPÓSITO LIXEIRA
1 1
1,5 m² 2,6 m²
LAVAGEM
1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
7,1m² 371,68 m²
6.1.3 Cultura
A parte que corresponde a cultura, encontra-se um campo enorme de 3 subsetores, haja vista este ser um dos mais complexos e densos setores, pois sempre está com utilizações das mais variadas formas e com públicos diversos, são eles: artes cênicas, artes visuais e cinema.
78 O subsetor ligado às artes cênicas, ou seja, ao teatro, transparece o fato de o Sesc acreditar muito na transmissão do conteúdo através da arte, e as expressões artísticas cênicas com texto ou não, oralidade ou não, oferecendo possibilidades para tal objetivo, com um teatro de capacidade para 154 espectadores.
Tabela 19 - Setor cultura / Artes Cênicas.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
1
114,7 m²
1
9,0m²
1
9,1m²
1 1
58,4 m² 177,3 m²
SALA PROJEÇÃO
1
13,3 m²
SALA DE SOM
1
13,3 m²
CAMARIM / COCHIA
1
36,1 m²
WC. PNE.
1
2,55 m²
FOYER E BILHETERIA ACESSO 1 ACESSO 2 PNE. PALCO PLATÉIA
DEPÓSITO
1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
4,7 m² 438,45 m²
Em subsetor de artes visuais, o Sesc faz uso das artes plásticas com o intuito de aproximar o público do artista, ou o público do templo artístico e cultural. No caso do Sesc por mais que ele invista em manifestação fora das barreiras do edifício, fica válido as exposições em locais dentro da instituição, até mesmo para as que precisam de maior controle, cuidado e proteção.
79 Tabela 20 - Setor cultura / Artes Visuais.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
ÁREA DE EXPOSIÇÃO
1
71,46 m²
1 1
3,83 m² 3 m²
DEPÓSITO WC. PNE. ATELIÊ
1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
30,84m² 109,13 m²
Para o subsetor de cinema será proposto para ampliar o consumo de produções cinematográficas que não estão no circuito comercial e que se encontram em específicas regiões da cidade, como Benfica, Centro e Centro Cultural Dragão do Mar, além de promover debates acerca do tema e sua influência. O espaço contará com aproximadamente 77 lugares.
Tabela 21 - Setor cultura / Cinema.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
1
85,4 m²
1
5,9m²
1
7,7m²
1 1
17 m² 115,7 m²
SALA PROJEÇÃO
1
8,3 m²
SALA DE SOM
1
8,3 m²
FOYER / BILHETERIA ACESSO 1 ACESSO 2 PNE. PALCO PLATÉIA
DEPÓSITO
1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
14,4 m² 262,7 m²
80 6.1.4 Lazer
O Sesc possui um forte apelo para a parte do lazer, sobretudo por que suas áreas conseguem se dividir entre a disciplina das aulas e a eventualidade da diversão, tendo isso certo, é preciso estabelecer sistemas de controle eficientes, assim como uma arquitetura que permita essa separação sem barreiras físicas. O complexo em si funciona com dois subsetores: centro aquático e conjunto esportivo.
O subsetor de centro aquático é um dos ambientes mais desejados pelos arquitetos na conjuntura atual dos Sesc’s, a piscina é um elemento chave para a edificação, sobretudo se ele se localiza em um edifício sem muitos recuos e/ou faz parte do corpo da edificação, como será o caso do Sesc da Lagoa. Neste caso a ideia será o mote central da edificação
Tabela 22 - Setor lazer / Centro aquático.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
CONTROLE
1
10,5 m²
RECEPÇÃO
1
61,1m²
PISCINA SEMI OLÍMPICA
1
594 m²
PISCINA RECREATIVA
1
84 m²
PRAINHA
1
28,2 m²
CASA DE BOMBAS
1
12,4 m²
VESTIÁRIOS
2
84 m²
2
8,2m²
VESTIÁRIOS PNE. DEPÓSITO
1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
5,7 m² 888,1 m²
81 O subsetor de conjunto esportivo é composto de uma quadra significativa em suas dimensões e de um conjunto de salas, que abrigarão dentre outras atividades, academia, a parte relacionada aos esportes buscará uma iluminação advinda da piscina cujo fundo é de vidro.
Tabela 23 - Setor lazer / Conjunto esportivo.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
CONTROLE
1
11,6 m²
QUADRA ESPORTIVA
1
522 m²
ACADEMIA
1
78,5 m²
SALA DE GINÁSTICA
1
40,1 m²
SALA DE DANÇA
1
37,6 m²
VESTIÁRIO MASCULINO
1
20,4 m²
VESTIÁRIO FEMININO
1
24,4 m²
2
8,8 m²
1
10,8 m²
1
122,2 m²
WC. VESTIÁRIO PNE. DEPÓSITO ARQUIBANCADA
TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
876,4 m²
6.1.5 Saúde
Referência em saúde, a instituição ganha pontos de confiança com a população por sua conduta na parte da nutrição, sobretudo, devido a rede contar com profissionais que permitem refeições assistidas, nutricionalmente, pelo Sesc, e assim serem de altíssima qualidade, com preços razoáveis. Além do que eles buscam por uma promoção da saúde, com palestras e consultas a respeito do tema alimentação. Ainda fazendo parte desse nicho de altíssima produção, a entidade conta com profissionais da área da odontologia, oferecendo serviços importantes para a população, e contribuindo para uma saúde bucal mais eficiente.
82 No que confere em específico a odontologia, é uma área que virou uma marca Sesc, pois o serviço tem se mostrado de muita qualidade e de atuação eficiente a comunidade que a instituição está situada. Sobretudo nas áreas mais carentes, e elas existem em Messejana, a população, principalmente as crianças, possuem problemas devido ao não cuidado com a saúde bucal, e casos como cáries é muito comum. E esse é um dos focos deste setor, ampliar a rede de atendimento, com preços Sesc e qualidade elevada.
Tabela 24 - Setor saúde/ Odontologia.
AMBIENTES
QUANTIDADE
ÁREA
RECEPÇÃO CONSULTÓRIO CIRCULÇÃO SAÚDE SALA DE EXPURGO ESTERILIZAÇÃO LAVABO WC. PNE DEPÓSITO
1 8
17,4 m² 66,8m²
1
36,2m²
1
9,1m²
1 1 1 1 TOTAL ÁREA Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
6,1m² 1,8 m² 3 m² 3 m² 143,4 m²
6.1.6 Áreas Comuns
Acredita-se que o contato entre as pessoas é de enorme importância para a filosofia do Sesc, por isso dedica-se um item exclusivo às áreas comuns, que representam ambientes abstratos e de fácil apropriação.
Tabela 25 - Áreas Comuns.
PAVIMENTO SUBSOLO 2 SUBSOLO 1 TÉRREO 1º PVT. 2º PVT. 3º PVT. TOTAL Fonte: tabela desenvolvida pelo autor.
ÁREA 194,9 m² 655,96 m² 1.009,6m² 285,60 m² 365,41 m² 473,9 m² 2.985,37 m²
83 Outro fator importante de estimativa é a quantidade de pessoas que frequentarão as dependências do Sesc, sabe-se que esse valor pode ser mudado, dependendo do dia da semana, horário, bem como a presença de eventos pontuais. Mas, para não deixar o complexo ocioso, será proposto uma lista de programação para que haja ações nos mais variados horários, dias e momentos. Através de estudos de melhor aproveitamento do espaço e baseado na ergonomia básica de um ser humano padrão com possíveis mobilidade reduzida, chegou-se ao número de cerca de 1282 pessoas, dentre as quais, 122 serão os funcionários fixo, ou seja, empregados da rede Sesc e os demais, aproximadamente 1160 pessoas, serão as pessoas que passarão pelo interior e realizarão as atividades propostas. A quantidade de funcionários foi estabelecida, mediante layout dos ambientes e seguindo o esperado para cada função dos mesmos, e sobre os usuários, a estimativa foi de pessoas ativas nas atividades, sabe-se que a edificação consegue receber um número maior de pessoas nas suas dependências, sobretudo nas áreas comuns, que não foram computadas neste cálculo.
Em relação as vagas de estacionamento, foi observado as informações que competem ao terreno para suas possíveis atividades e assim estimulado um valor, que será de 90 vagas, sendo 80 no subsolo 2 e as demais 10 no nível da rua, dentro estas no nível da rua, 5 serão pertencentes exclusivamente a pessoas com mobilidade reduzida, e 4 no subsolo, respeitando as devidas dimensões, além da caracterização e localização e sinalização adequada.
6.2 PARTIDO ARQUITETÔNICO
O partido para que esse projeto seja de fato idealizado em formato de arquitetura nasce da junção de inúmeros determinantes, dentre os quais que já fora citado neste documento, têm-se a vitalidade, no sentido mais amplo da comunidade com a cidade, acrescenta-se a isso o conceito de urbanidade e nesse instante já se pode ter uma aproximação da escala ser humano-edifício e relaciona-se a isso o fato do simbolismo que é algo inerente ao projeto da nova unidade Sesc Messejana.
84 Com esses conceitos diluídos aproxima-se o momento de materializa-los. De início é pensado em um espaço, ou melhor em espaços de ligação, de conexão e que acima de tudo convidem o transeunte a caminhar, nem que seja só por passar e nem mesmo se utilizar dos serviços oferecidos pela instituição. Para que isso ocorra, ruas internas dentro dos edifícios ou mesmo edificações que não se fechem para a cidade são fundamentais nesse contexto, junto ao fluxo da instituição Sesc que segue uma ordem de utilidade, já que em um único corpo edificado tem-se várias funções, logo é preciso um estudo claro e definido para uma separação sem segregação5.
Em suma, foi tomado como partido um edifício que permita a fluidez da massa de ar, assim como do campo de visão das pessoas, além de organicamente insinuar o percorrer, o promenade architecturale6, tudo isso em contrapartida a quadra que possui eixos ortogonais que formam quinas e naturalmente rompem a visão do transeunte. Junto a isso pensou-se em um corpo circular com extensões cônicas que além de servirem como pórticos, se apresentarão, devido suas dimensões, como espaços para abrigar funções pré-determinadas. Outro ponto importante para a apropriação da forma do terreno foi a necessidade de se ter frente para todas as ruas da quadra.
Os recuos foram ampliados para disponibilizar mais área, ou seja, terá muito mais espaço para os pedestres caminharem e se manifestarem. Em resposta ao formato buscou-se um elemento que por ventura não se é muito traduzido em formato de prédios em nosso contexto, o círculo edificado será uma marca para o Sesc da Lagoa.
5
Segregação: Por vezes essa palavra pode ser confundida com separação, que fora citada anteriormente, mas aqui ela se faz no sentido mais próprio que é o de dissociação, que gera perda de contato visual, físico e social entre grupos e indivíduos, sobretudo por fatores biológicos e sociais. 6 Promenade architecturale: Também conhecido como passeio arquitetônico, esta denominação surgiu na época em que o estilo modernista estava sendo impregnado em todo mundo. Tem como princípio a valorização do percurso como uma estratégia de conceito que na íntegra permite ao transeunte “saborear” o caminhar e ter inúmeras sensações a medida que percorre o objeto.
85 No entanto, o círculo ou a ‘casca’ surge como proposta de identidade, mas também como autoproteção do interior, haja vista a busca por uma estrutura de fachada que conseguisse proteger a edificação de elementos naturais, sobretudo a insolação. Por isso recortes na face voltada para o oeste – norte foram propostas para possibilitar a diluição da incidência solar, assim como a rampa que surge logo em seguida da ‘casca’ tem função importante de aumentar a distância desta incidência para a área útil do Sesc, já que a rampa é um elemento de não permanência, ou simplesmente transitório.
Na fachada leste-sul que recebe o pano de vidro tem-se a presença de brises verticais, para travar a estrutura, dificultar a incidência solar e gerar ritmo na fachada, ocasionada pelo afastamento irregular e pelas cores em tons que variam.
E por fim, pensou-se em um edifício compacto em altura, respondendo ao partido do projeto, que em suma pretende estabelecer o maior contato entre as pessoas e uma maior fluidez. A altura em edifícios é de suma importância para a aproximação do interior com o exterior. No Sesc da Lagoa será possível a identificação, mesmo que visual de quem está no 3º pavimento até o térreo e vice e versa.
Nota-se com isso que foi pensado para a edificação elementos na própria estrutura que servissem para auxiliar no seu conforto, mas que compartilhassem do partido arquitetônico proposto.
86 6.3 PRIMEIROS ESTUDOS
Faz-se necessário o uso de estudos volumétricos para um ensaio da forma em resposta do ser e estar do edifício quanto monólito no meio da urbe. Neste caso algumas premissas foram de suma importância para que o formato fosse concebido e assim servir de parâmetros para estudos preliminares. A seguir será mostrado o percurso do estudo para o produto final. Segue diagrama final com todas as imagens em sequência, ver imagem 32. Imagem 32 - Diagrama completo.
Fonte: diagrama desenvolvido pelo autor.
87 6.4 SISTEMA ESTRUTURAL
O material mais utilizado em toda a edificação é o concreto, devido suas propriedades básicas, assim como sua plasticidade e seu valor de mercado, tendo o aço utilizado em grandes dimensões apenas quando lhe for exigido prioritariamente, como é o caso dos pavimentos dos esportes.
A laje em toda edificação será nervurada, tipo caixão perdido e terá uma modulação que atenda a vãos de até 15 metros. A exceção dos pavimentos dos esportes que terá uma laje de chapa dobrada – concreto, suportando um vão de até 40 metros, haja vista a necessidade da ausência de pilar central por conta da quadra poliesportiva e da piscina semiolímpica.
A viga será em aço por apresentar menor altura em relação ao vão atendido, com exceção do pavimento já mencionado do lazer, que possuirá uma treliça plana.
Todos os pilares serão em concreto e possuirão diâmetro equivalente a 45 centímetros.
O mesmo conjunto de pilar e laje fará a composição da coberta das rampas de acesso ao subsolo 1, tendo a laje apenas para proteção das intempéries e possuindo uma forma orgânica e irregular.
Nos subsolos, os muros de arrimo serão em blocos de concreto com 40 centímetros de largura, assim como as paredes das rampas de pedestres e veículos dos subsolos.
Todos esses cálculos e decisões foram embasadas nos estudos de Yopanan C. P. Rebello, em seu livro A concepção estrutural e a arquitetura. Logo tem-se um estudo preliminar da estrutura do Sesc da Lagoa.
88 6.5 ANTEPROJETO
A seguir apresentam-se os desenhos técnicos referentes ao anteprojeto do complexo Sesc da Lagoa, com planta de implantação, plantas baixa, de cobertura, cortes e fachadas, os mesmos com legendas dos principais ambientes e decisões projetuais a ser entendido ao nível de anteprojeto.
Em sequência demonstra-se perspectivas do projeto, para análise de materiais e escalas, em setorização.
Como primeiro desenho a ser apresentado, temos a Implantação da edificação Sesc, ver imagem 33, optou-se por deixar a edificação no miolo do terreno, devido as dimensões da rampa de pedestre para acessar o subsolo 1. Assim como suas aberturas, ou acessos, ficarem voltadas para as áreas de lazer e de maior fluxo de pessoas no terreno em si.
Ambas rampas de pedestres estão voltadas para as ruas onde tem-se um maior fluxo de pessoas, devido transporte público, bem como paragem de carros para embarque e desembarque. Nesta porção ou nas ruas, Padre Pedro de Alencar e Coronel Francisco Pereira, houve uma proposta de intervenção na caixa carroçável, com a inclusão de uma passagem elevada, facilitando os acessos dos pedestres, do outro lado da via, onde se encontram paradas de ônibus em ambas ruas, por exemplo.
O acesso de veículos é dado pela Rua Padre Pedro de Alencar, com a entrada dos carros, e na Rua Padre Carlos de Alencar a saída, via com menor intensidade de veículos.
A edificação responsável pelo setor técnico, foi instalada próxima a área de carga e descarga, e afastado da área de lazer, estando junto aos acessos de veículos voltados para o oeste – norte.
89 Toda a área de lazer foi preferencialmente colocada na porção leste, onde o edifício projeto sua sombra durante a tarde, haja vista a ausência de coberta e anteparos sólidos nessa área, para evitar locais ociosos, principalmente durante a noite. Então tem-se esta área completamente aberta.
A paginação proposta foi a círculos que se propagam, onde foi possível intercalar piso permeável com grama. Imagem 33 - Planta de Implantação.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
No interior da edificação, inicia-se com o pavimento subsolo 2, ver imagem 34, em que há a presença do estacionamento coberto, assim como a plateia e o apoio referente a área cultural, cinema e teatro. Estes equipamentos estão no subsolo, pelo fato de poderem funcionar até depois do horário estendido do Sesc, facilitando que as dependências da edificação do térreo para cima, possam fechar, enquanto eles funcionam.
90 Por isso o acesso poder ser independente da edificação como um todo. Neste pavimento tem-se a facilidade do acesso dos usuários aos veículos no fim das apresentações e ou sessões, tendo em vista as saídas estarem voltadas para o subsolo 2, onde também se tem uma escada de emergência com acesso direto ao térreo. Nota-se a presença de fossos de ventilação advindos do térreo e também da circulação vertical feita por elevadores e escada enclausurada, estes dando acesso até o 2º pavimento.
Imagem 34 - Planta Baixa Subsolo 2.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Ainda no subsolo, mas no primeiro, é possível encontrar a maior parte do setor cultural do Sesc da Lagoa, com todo o acesso do cinema e teatro, sendo feito por rampas, elevadores e escadas.
91 Ainda possui uma enorme área comum, já pensando nos dois equipamentos lotados, e possui também todo o apoio/técnica da edificação, como enfermaria, copa e vestiários, bem como a sala de controle.
O subsolo 1 também tem autonomia de funcionar sem o restante do edifício, devido seus acessos independentes e todo apoio já mencionado, como banheiros, por exemplo, ver imagem 35. O suporte na iluminação é feito por dutos do térreo.
Imagem 35 - Planta Baixa Subsolo 1.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
O pavimento referente ao térreo, ver imagem 36, é o eixo de ligação de todo o complexo, pois por ele se tem acesso aos níveis superior e inferior e perpassam todas as pessoas, usuários e transeuntes.
92 Por isso fora deixado uma praça interna, ou seja, um grande espaço livre para a circulação de todas as pessoas. O térreo conta ainda com uma cafeteria, loja de produtos Sesc e a Recepção, bem como 4 banheiros acessíveis.
Outro ponto importante deste pavimento é o fato de que nele tem-se todos os tios de circulação vertical, são elas: a rampa circular, a escada enclausurada, os elevadores, a escada central e as escadas rolantes, estes últimos de acesso exclusivo ao pavimento 1. Imagem 36 - Planta Baixa Térreo.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Ao chegar no 1º pavimento, ver imagem 37, o usuário terá uma oferta variada de serviços, pois nesse andar será onde todos os serviços do Sesc da Lagoa coexistirão, exceto os de lazer.
93 Optou-se por separar o restaurante, que tem um fluxo intenso, em um lado oposto aos demais serviço, assim como procurar deixar a maioria dos acessos voltados para ele, já que quando chega o horário das refeições inúmeras filas serão esperadas. A parte de banheiros ficará bem evidenciada, como um grande círculo, sendo a única barreira visual entre restaurante e o restante do pavimento, pois as demais vedações serão em vidro fosco.
Na outra porção do círculo, ficará a parte da administração do Sesc, assim como a Odontologia e as Artes Visuais, deixando somente o ateliê separado por esquadrias, mas os painéis expositores logo na chegada da rampa.
Imagem 37 - Planta Baixa 1º Pavimento.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
94 Já no 2º pavimento, ver imagem 38, é preenchido sobretudo pelo setor de lazer, mais voltado para o esporte, onde encontra-se a quadra poliesportiva, a academia e as salas de ginástica e dança, bem como um depósito para guarda de volumes e uma arquibancada.
Há quatro vestiários, sendo dois para portadores de necessidades especiais. Nota-se a diminuição dos acessos verticais. É nesse andar que o número de elevadores diminui e que a escada enclausurada termina, ocasionando já aqui uma laje técnica para manutenção dos outros elevadores que não se encontram mais.
Imagem 38 - Planta Baixa 2º Pavimento.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
95 O último pavimento útil do Sesc, é o que traz um importante símbolo da edificação, a piscina transparente. O 3º pavimento, ver imagem 39, é estritamente dedicado ao setor de lazer, centro aquático, com a piscina de fundo em vidro possibilitando iluminação mesmo que difusa para o centro da quadra no pavimento inferior, haja vista que a iluminação natural não consegue adentrar até o miolo do edifício.
A justificativa para a piscina neste andar, é devido alguns fatores, dentre eles, o fato de dificultar o acesso de qualquer pessoa, haja vista as vestimentas dos usuários ao usar as piscinas serem mais íntimas, por isso a presença mínima de circulação vertical. Outro ponto já salientado, é a iluminação no pavimento inferior, fazendo com que houvesse alteração na estrutura da piscina. E a busca por um pavimento mais amplo de vista, sem muitas barreiras de circulação vertical para um possível pavimento superior, por isso ele ser o último.
Imagem 39 - Planta Baixa 3º Pavimento.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
96 Como fechamento do complexo, há a cobertura, ver imagem 40, onde é possível analisar a presença de cobertura em concreto e telhado jardim, o edifício Sesc em si, fez-se necessário possui essa extensa área de concreto, devido a presença da laje técnica dos equipamentos de ar-condicionado, pois todos os equipamentos terão seus sistemas neste pavimento, e a parte central em telhado verde, é para justificar a presença de domos de luz, partindo do mesmo princípio da piscina em vidro, pois o miolo inferior não recebe iluminação natural, devido a extensão.
A cobertura da rampa de pedestre tem um detalhe em vidro para efeito lúdico, assim como seu formato orgânico. A coberta do setor técnico tem a parte em concreto para o passeio de manutenção e a maior parte em telhado verde.
Imagem 40 - Planta de Cobertura.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
97 A seguir, imagens (41 a 44), referente aos cortes setorizados do complexo.
Imagem 41 - Corte A.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 42 - Corte B.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
98 Imagem 43 - Corte C.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 44 - Corte D.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Tendo analisado a setorização vertical, seguem imagens (45 a 48), referente às fachadas do edifício Sesc. O que se pode destacar das fachadas, são seus brises coloridos, na fachada que possui o pano de vidro, seu revestimento poligonal 3d, nas fachadas cegas, voltadas para o oeste-norte, e a coloração vermelha aplicada na coberta da rampa de acesso ao subsolo 1, exclusiva de pedestres.
99 Imagem 45 - Fachada voltada para a Rua Joaquim FelĂcio.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 46 - Fachada voltada para a Rua Coronel Francisco Pereira.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 47 - Fachada voltada para a Rua Padre Carlos de Alencar.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
100 Imagem 48 - Fachada voltada para a Rua Padre Pedro de Alencar.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
A partir da compreensão técnica dos estudos preliminar, apresenta-se perspectivas do complexo Sesc da Lagoa.
Imagem 49 - Fachada voltada para a Rua Joaquim Felício.
Fonte: imagem desenvolvido pelo autor.
101 Imagem 50 - Relação com a Rua Padre Pedro de Alencar.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 51 - Paisagismo.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
102 Imagem 52 - Fachada voltada para a Rua Padre Pedro de Alencar.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 53 - Vista Embarque e Desembarque e Setor tĂŠcnico.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
103
Imagem 54 - Coberta Acesso Subsolo veĂculos.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 55 - Ă rea de jogos e estacionamento descoberto.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
104 Imagem 56 - Fachada voltada para a Rua Coronel Francisco Pereira.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 57 - Ă rea de Lazer externa.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
105 Imagem 58 - Relação Térreo com o exterior A.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 59 - Relação Térreo com o exterior B.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
106 Imagem 60 - Térreo (Praça interna).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 61 - Térreo (Acesso 1º PVT. e Recepção).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
107 Imagem 62 - 1ยบ Pavimento (Acesso rampa).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 63 - 1ยบ Pavimento (Restaurante).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
108 Imagem 64 - 2ยบ Pavimento (Acesso ao Centro Esportivo).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 65 - 2ยบ Pavimento (Interior da quadra com a piscina de vidro).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
109 Imagem 66 - 3º Pavimento (Acesso ao Centro Aquático).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 67 - 3º Pavimento (Relação entre as piscinas).
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
110 Imagem 68 - Relação casca com os pavimentos.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
Imagem 69 - Vista Aérea Sesc da Lagoa.
Fonte: desenho desenvolvido pelo autor.
111 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os centros dos bairros são geralmente locais de intensa participação e fluxo popular, no entanto esses mesmos locais não possuem a mesma vitalidade durante a maioria do tempo, o que possibilita a evasão das pessoas para áreas periféricas, tornando o centro um lugar vazio, contraditório. Em Messejana o mesmo acontece e faz com que o centro se torne apenas um local transitório e nunca de permanência e de lazer.
A unidade Sesc proposta para esta localidade, consiste em oferecer diferentes usos, que não se encontram no raio dos bairros adjacentes, em diferentes horários, permitindo que haja pessoas na rua, usufruindo de uma região banhada por uma das mais importantes lagoas da capital cearense.
O traçado do edifício permite a valorização do pedestre, o apelo ao uso dos espaços públicos e a generosidade em permitir que o povo se apodere dos espaços, fazendo com que os mesmos tenham total integração em escala humana. Para isso a edificação se abre para todos os lados.
Com isso, é esperado que o Sesc da lagoa seja um catalisador para a centralidade do bairro, sendo lugar para proliferação de atividades culturais, de lazer e de suporte a nichos da saúde. Possibilitando uma contribuição significativa para a ocupação no centro de Messejana.
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Nossa