Bienal de Curitiba 17 - Catálogo I

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Ministério da Cultura apresenta:

Bienal de Curitiba ’17 China - país homenageado

中国



D I V E RSO E REVERSO

1ª edição Curitiba, Brasil, 2017 Volume I

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ISBN: 978 - 85 - 65001 - 04 - 5

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A Bienal de Curitiba presta uma justa homenagem à arte de um país cujas relações com o Brasil tendem a se tornar cada vez mais próximas no decorrer deste século. Trata-se hoje do maior parceiro comercial do Brasil. A China, componente dos Brics, tem uma produção artística excelente, que se pauta pela diversidade e pela qualidade, com base num profícuo embate entre tradição e inovação/experimentação. Como no Brasil, também na China as atividades culturais e criativas constituem um setor cada vez mais importante de representação simbólica da sociedade e de propulsão econômica, com alto impacto sobre a geração de renda, de emprego e de inclusão. Em suma, de desenvolvimento. O título Antípodas soa como uma genial provocação de como a aparente distinção cultural pode revelar pontos em comum e complementares. A escolha da fotografia como foco demonstra bem isso. A produção apresentada ao espectador um mundo novo de aproximações e de transversalidades que tendem a fazer da diversidade um encontro potente de diferenças e semelhanças. China e Brasil, antípodas geográficos e culturais, revelam-se próximos em suas mais diversas dimensões culturais. O olhar da fotografia expandida é, portanto, um olhar democrático, humanista, que aproxima pela arte países cada vez mais próximos em termos econômicos. A Bienal de Curitiba, ao trazer a arte contemporânea chinesa ao Brasil, dá aos brasileiros uma oportunidade única de transformar antipodia em convergência. O Ministério da Cultura sente-se honrado em contribuir para a viabilização de um evento cultural tão significativo. É assim que nossa missão se realiza. Parabéns aos organizadores pela excelência do projeto. Longa vida à Bienal de Curitiba! The Curitiba Biennial pays a fair tribute to the art of a country whose relations with Brazil tend to become ever closer during this century. Chinas is nowadays the biggest commercial partner of Brazil. China, part of the BRICS, has an excellent artistic production guided by diversity and quality, based on a profitable clash between tradition and innovation/experimentation. As it happens in Brazil, Chinese cultural and creative activities constitute a sector ever more important of economic propulsion and societal symbolic representation, with a high impact on income generation, employment and inclusion. In short: development. The title Antipodes sounds like a brilliant provocation on how the apparent cultural distinction may reveal common and complementary points. The choice of photography as a focus point reveals that well. The production presents to the spectator a new world of approximations and transversalities that tend to turn diversity into a potent encounter of differences and similarities. China and Brazil, geographical and cultural antipodes, reveal themselves close in their most diverse cultural dimensions. The gaze of expanded photography is, therefore, a democratic, humanist one, that brings together by art countries that are closer and closer in economic terms. By bringing Chinese contemporary art to Brazil, the Curitiba Biennial gives to Brazilians a unique opportunity to transform antipode in convergence. The Ministry of Culture is honored to contribute to the feasibility of such a significant cultural event. And it’s as such that our vision comes into fruition. Congratulations to the organizers for the excellence of the project. Long live the Curitiba Biennial!

Sérgio Sá Leitão Ministro da Cultura do Brasil Brazilian Ministry of Culture

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Em busca da luz e da fixação da vida As artes de reprodução de imagens em todo o mundo podem ser representadas pela fotografia, entre outras. Esta modalidade artística evolui, desde seus aspectos rudimentares, há vários séculos e como imagem inalterável a partir de 1826. Desde então, se transformou continuamente, para, com novas tecnologias, mudar em velocidade estonteante. Esta transmutação faz parte do DNA desta arte, sempre em busca da luz e da fixação da vida. A fotografia sempre me cativou. O fato de ela e suas diferentes formas de expressão serem o tema principal da Bienal de Curitiba 2017, com homenagem especial a China, com muita justiça, me causa grande satisfação e consolida-me a certeza de que priorizar a cultura, em suas diversas manifestações, foi uma decisão de total acerto de nosso governo. Desde que, em 2011, assumimos a administração estadual estimulamos projetos culturais, apoiando e incentivando não só autores, mas especialmente os receptores da produção paranaense, que é rica e conhecida não só no Brasil, mas em muitos países. Realizamos um trabalho constante para democratizar a cultura, em toda sua diversidade (e a fotografia entre seus formatos mais dinâmicos), e seu consumo, projeto guiado pela acessibilidade e a interiorização das ações em todas as regiões do Estado. Em uma sociedade cada vez mais imagética, a fotografia ganha um relevo significativo. Basta ver as redes sociais e as principais publicações espalhadas pelo mundo. Junto a este destaque, é preciso lembrar o aspecto documental desta arte que atravessa os séculos. O Museu da Imagem e do Som do Paraná, motivo de orgulho para todos nós, preserva e compartilha com seus visitantes um precioso acervo de fotos (além de áudios e vídeos), de fundamental importância para se conhecer e entender o jeito e os costumes da gente paranaense. Este modo de ser, nossa cultura antropológica, está fixado no papel como um tesouro para se entender o presente e se sonhar o futuro. Aliás, as peças que compõem o acervo, com fotos de Guilherme Glück, Dario Vellozo e Jesus Santoro, além de outros autores, com temas diversos, assim como coleções do Palácio Iguaçu e das lojas Hermes Macedo, e que hoje nos emocionam certamente emocionarão aos que as virem no futuro. E essa é uma das magias da arte. A Bienal Internacional de Curitiba 2017 tem o objetivo de levar não só a fotografia, mas todo o universo artístico, em constante ebulição e transformação, aos extratos sociais, de forma mais ampla possível, para centros culturais, museus, galerias de arte e espaços públicos não só da capital paranaense, mas também de outras cidades. Parabenizo os organizadores da Bienal Internacional de Curitiba Literatura – 2017, um evento que promove oportunidades públicas de conhecimento, difusão e debate, tão necessárias a um país de cultura tão rica quanto restrita.

In search of life’s light and fixation The art of reproducing images can be represented around the world by photography and others. This artistic modality has evolved from its rudimentary aspects over many centuries to an unchangeable image since 1826. Since then, photography has been continuously transformed, changing now at dizzying speed with new technologies. This transmutation is part of the DNA of this type of art, always in search of life’s light and fixation. Photography has always captivated me. The fact that photography and its different ways of expression will be the main theme of the Curitiba Biennial 2017, aligned with a special homage to China – with great justice –, makes me extremely pleased and it consolidates the certainty that prioritizing culture in its various manifestations was a totally successful decision of our government. Since we assumed the state administration in 2011, we’ve stimulated cultural projects and supported and encouraged not only authors, but especially those who receive Paraná’s production, which is rich and known not only in Brazil but in many countries. We are constantly working to the democratization of all sorts of culture (being photography one of its most dynamic formats), as well as its consumption, through a project guided by the accessibility and internalization of actions in all regions of the State. In an increasingly image driven society, photography is gaining significant importance. Just take a look at the social networks and the main publications spread around the world. Along with that, it’s also necessary to remember the documentary aspect of this art that crosses centuries. The Museum of Image and Sound of Paraná, which we’re all pride of, preserves and shares with its visitors a precious collection of photos (in addition to audios and videos) that are fundamentally important to know and understand the way of life and customs of the people from Paraná. This way of being, our anthropological culture, is fixed on paper as a treasure to understand the present and to dream about the future. In fact, the museum collection is composed of photos by Guilherme Glück, Dario Vellozo and Jesus Santoro, among other authors, with different themes, as well as collections from the Iguaçu Palace and Hermes Macedo stores. All of these collections stir emotions today and will certainly do the same on those who see them in the future. And this is one of the spells of art. The Curitiba Biennial 2017 aims to bring not only photography, but all the constantly boiling and transforming artistic universe to social layers, as broadly as possible, to cultural centers, museums, art galleries and public spaces, not only to the capital of Paraná, but also to other cities. I’d like to congratulate the organizers of the Curitiba Biennial 2017 – an event that promotes public opportunities of knowledge, diffusion and debate that are so necessary to a country as rich as restricted when it comes to culture.

Beto Richa Governador do Paraná Governor of Parana

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O Paraná tem a honra de receber mais uma edição da Bienal Internacional de Curitiba. Uma das mais importantes exposições mundiais de arte contemporânea, que esse ano traz à capital de todos os paranaenses a singular cultura chinesa. Serão mais de 100 espaços artístico-culturais da cidade ocupados durante cerca de cinco meses. Período em que será possível conhecer, apreciar e se envolver com obras de artistas de todos os continentes. Em 24 anos de Bienal, o Paraná se consolidou como uma vitrine cultural, de artistas locais e internacionais, de obras premiadas e de público exigente movido por olhares atentos e criteriosos. Gente que leva daqui o pó da nossa terra nas solas de sapato e a marca de um Estado rico em criações. A Bienal Internacional de Curitiba é um ambiente construído para expandir e compartilhar conhecimentos e ideias. Neste sentido, o Governo do Paraná atua, mais uma vez, como um incentivador da Mostra. Além de assegurar o acesso às politicas públicas e administrar cifras, cabe ao Estado a função de estimular os saberes da sua gente, chancelar suas origens e valorizar seu legado. Por isso, caro leitor, sugiro que saia pela cidade, caminhe entre as ruas e avenidas na nossa capital, aproveite cada espaço e viva plenamente as experiências proporcionadas pela Bienal. Neste roteiro, insira os espaços oferecidos pelo Governo do Estado: o Hall da Secretaria do Estado de Cultura, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, o Museu da Imagem e do Som do Paraná, o Museu Oscar Niemeyer, o Museu Alfredo Andersen, o Museu Paranaense e o Hall do Palácio Iguaçu. É tempo de apropriar-se desses ambientes e inspirar-se. The State of Paraná is honored to hold another edition of the Curitiba Biennial. One of the most important world exhibitions in contemporary art will be bringing the unique Chinese culture to the capital this year. There will be over 100 spaces at the city dedicate to exhibit art and culture for about five months, during which will be possible to experience, appreciate and get involved with works of artists from all the continents. Over the 24 years of the Biennial, Paraná has become a cultural showcase for national and international artists, for rewarded artworks and for a demanding audience impelled by an attentive and selective look. People who carry under their shoes the dust of our place and the marks of a state rich in creations. The Curitiba Biennial is a place built to expand and share knowledge and ideas. The Government of Paraná, therefore, is once again acting to encourage the exhibitions. In addition to guarantee access to public policies and to manage figures, the state has also the duty of stimulate the knowledge of its people, endorse their origins and value their legacy. That is why, dear reader, I suggest you explore the city, walk in the streets and avenues of our capital, enjoy every space and fully experience what the Biennial has to offer. Add to your itinerary the spaces offered by the State Government: the Hall of the State Secretariat of Culture, the Museum of Contemporary Art of Paraná, the Museum of Image and Sound of Paraná, the Oscar Niemeyer Museum, the Alfredo Andersen Museum, the Museum of Paraná and the Hall of the Iguaçu Palace. It’s time to make these places one’s own and get inspired.

Cida Borghetti Vice-governadora do Paraná Vice-governor of Parana

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A Cultura aproxima os povos A Bienal de Curitiba nos surpreende a cada edição, sempre trazendo uma proposta que nos provoca e estimula, que desperta a nossa curiosidade e a vontade de apreciar as atrações. Por isso a Secretaria de Estado da Cultura é parceira da Bienal, apoiamos porque acreditamos que eventos dessa grandeza incentivam novos artistas e promovem a valorização da arte e da produção cultural. Neste ano a Bienal atravessou os continentes e escolheu a China para homenagear, um país de cultura milenar, extremamente rica. Geograficamente, Brasil e China estão em pontos opostos no mapa, e como sempre digo que a cultura tem o poder de aproximar os povos, vem a Bienal e coloca a China ao lado de Curitiba. Como isso é possível? Na arte tudo é possível. Nas últimas décadas, a arte chinesa contemporânea se fortaleceu de forma global. Obras de artistas chineses estão presentes em diversos museus do mundo, e, certamente, este foi um dos motivos para esta homenagem. O início da arte contemporânea na China é recente. Na Bienal de Veneza, em 1993, 13 artistas chineses participaram, dando início à internacionalização do movimento contemporâneo chinês. Em 1999, também na Bienal de Veneza, que contou com a participação de diversos artistas chineses, o artista Cai Guo-Qiang é quem recebe o prêmio. Mas foi durante a Bienal de Xangai, em 2000, com a participação de curadores internacionais, que a China ganhou mais destaque na arte contemporânea. Falar da cultura chinesa é se surpreender com o novo, mas sem esquecer as tradições desta cultura tão emblemática e importante. A mitologia, a caligrafia, a arquitetura, a arte da pintura, o dragão – símbolo da cultura do país, representa grandiosidade, coragem, nobreza, boa sorte. Agora, temos a oportunidade de nos aproximar um pouco mais desta cultura, conhecer seus conceitos artísticos e influências e ainda apresentar o que de melhor produzimos nas artes. Mais uma vez nossos espaços farão parte deste evento grandioso. Receberão exposições o Hall da Secretaria de Estado da Cultura, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, o Museu da Imagem e do Som do Paraná, o Museu Oscar Niemeyer, o Museu Alfredo Andersen e o Museu Paranaense. Acredito muito no poder da cultura de aproximação, na troca de conhecimento, na evolução humana, no poder que ela tem sobre a diversidade e o respeito. A cultura tem o poder de congraçar e de unir os povos. Uma excelente Bienal a todos.

Culture brings people closer together Every edition of the Curitiba Biennial it’s surprising, bringing always a proposal that provokes and stimulates, that awakens our curiosity and desire of appreciating the attractions. That is why the State Secretariat of Culture is a partner of the Biennial. We support it because we believe that events of such magnitude encourage new artists and promote the appreciation of art and cultural production. This year the Biennial crossed continents and chose China to honor, a country of an extremely rich and ancient culture. Geographically, Brazil and China are at opposite points on the map. As I always say, culture has the power to bring people closer and, then, comes the Biennial and places China next to Curitiba. How is it possible? In art everything is possible. In the last decades, contemporary Chinese art has become globally stronger. Works by Chinese artists are present in several museums in the world, and that was certainly one of the reasons to this homage. The beginning of contemporary art in China is recent. Thirteen Chinese artists participated at the Venice Biennale in 1993, setting up the internationalization of the Chinese contemporary movement. In 1999, also at the Venice Biennale, in which several Chinese artists participated, Cai Guo-Qiang was the awarded artist. But it was during the Shanghai Biennale in 2000, with the participation of international curators, that China obtained more prominence in contemporary art. To talk about Chinese culture is to be amazed by the new, but without forgetting the traditions of such an emblematic and important culture. Mythology, calligraphy, architecture, the art of painting, the dragon – symbol of the country’s culture, representing grandeur, braveness, nobility, fortune. Now we have the opportunity to get a little closer to this culture, to get know their artistic concepts and influences and, also, to show the best of our art production. Once again, our spaces will be part of this great event. Exhibitions will be held at the Hall of the State Secretariat of Culture, the Museum of Contemporary Art of Paraná, the Museum of Image and Sound of Paraná, the Oscar Niemeyer Museum, the Alfredo Andersen Museum and the Museum of Paraná. I truly believe that culture has the power of bringing people closer together, as I believe in the exchange of knowledge, in the human evolution, in the power that it has over diversity and respect. Culture has the power of congregate and unite people. I wish you all an excellent Biennial.

João Luiz Fiani Secretário da Cultura do Paraná State Secretary for Culture of Parana

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A China abre os olhos para Curitiba. Curitiba, através do Olho do Museu Oscar Niemeyer, contempla o Colosso Asiático. Lá adiante do sol poente, onde estão algumas das cidades mais antigas do mundo, na dimensão dos antípodas. Construir uma cidade é como pintar uma aquarela em nanquim, sobre papel de arroz – exige sensibilidade e destreza. Afinal, cidades são obras de Arte, inquietas, em eterna construção. Os elementos urbanos se dispõem na linha do tempo e compõem a história das nossas vidas. Quando criei os Faróis do Saber, as bibliotecas de bairro e lan-houses públicas de Curitiba, no momento em que surgia a internet, no ano de 1993, quis levar a luz do conhecimento para espantar a escuridão das almas. Todo conhecimento que não é compartilhado, se perde. Fomos felizes. Hoje, em dias de informação em tempo real, nossas primeiras lan-houses públicas do Brasil tornaram-se coworkings e fablabs, onde os primeiros frequentadores agora levam seus filhos. O desafio continua – é preciso irmos além. Esta edição da Bienal Internacional de Curitiba abre grandes portas e acena para um novo horizonte. Ao ter a China como país homenageado, um novo caminho se abre para nossa cidade. O caminho do desenvolvimento econômico da grande potência asiática, uma espécie de Nova Rota da Seda, capaz de atravessar continentes e mares e nos unir – para além das muralhas - a Hangzhou, cidade irmã, Beijing, Nanquim e Xangai. Sob o título ‘Antípodas – Diverso e Reverso’, nesta Bienal o antigo encontra o novo em uma singular fusão de valores: o mistério e a revelação. O Divino e o mundano. O passado e o futuro. O ocidente e o oriente. A noite e o dia. A aurora e o poente. O termo Antípodas refere-se a pontos geográficos radicalmente distantes. Polos opostos. Nada mais oportuno. De um lado, a tradição e imponência da China e sua cultura ancestral. Do outro, nossa Curitiba, tão jovem, cidade da inovação, capaz de se erguer aos olhos do mundo. Em reverência ao país homenageado, criamos o Largo da China, no Centro Cívico de Curitiba, diante do painel do Rio Iguaçu – obra magistral de Rogério Dias e Lycio Esmanhoto. Na abertura na Bienal de Arte de 2017, marcando a primavera deste ano fecundo, ali pousa para sempre majestosa estátua em bronze de Confúcio, do escultor Wu Weishan, presente trazido do país dos antípodas, pelo Governo da República Popular da China. Confúcio, referência luminosa da Humanidade, imortal filósofo e pensador chinês, resgata ensinamentos basilares da ética, moralidade e sabedoria. A China abre seus olhos para Curitiba. Curitiba passa a recordá-la na memória imperecível de Confúcio. A Bienal de Arte de 2017 imortaliza em Curitiba a tradição e a cultura do povo chinês. E Confúcio nos faz recuperar valores antigos, nos dá coragem para ampliarmos nossas fronteiras nesta terra de todos os povos. Curitiba quer ouvir Kung Fu Tzé, com palavras de sabedoria que, há 2500 anos, reverberam nos ventos consoladores, soprando desde a Ásia sobre o vasto mundo: “Não te suponhas tão grande ao ponto de pensares ver os outros menores que ti.”

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China turns its eyes for Curitiba Curitiba, through the Eye at the Oscar Niemeyer museum, contemplates the Asian Colossus. Way over the setting sun, where some of the oldest cities in the world rest, at the antipode dimension. To build a city is like painting a watercolor in ink, on rice paper – it demands sensitivity and dexterity. Cities are, after all, works of art, restless, eternally developing. Urban elements are arranged over the timeline and compose the story of our lives. When I created the lighthouses of knowledge, the neighborhood libraries and Curitiba’s public lan-centers, at the moment the Internet appeared in 1993, I wanted to bring the light of knowledge to drive away the darkness of the souls. All knowledge that is not shared is lost. We succeeded. Today, in the days of real time information, our first Brazilian public lancenters became coworkings and fablabs, to which the first users now bring their children. The challenge goes on – we need to go further. This edition of the Curitiba International Biennial opens huge doors and waves at a new horizon. On having China as honored country, a new path opens to our city. The road of economic development of the great Asian power, something of a New Silk Road, capable of crossing continents and seas and uniting us – over the walls – to Hangzhou, sister city, Beijing, Nanking and Shanghai. Under the title “Antipodes – Diverse and Reverse”, in this Biennial old meets new in a singular fusion of values: mystery and revelation. Divine and mundane. Past and future. East and West. Night and day. Dawn and dusk. The term Antipodes refers to geographical points radically apart. Oposite poles. Nothing could be more fortunate. On the one hand, the tradition and magnificence of China and its ancient culture. On the other, our Curitiba, so young, city of innovation, capable of rising itself to the world’s eyes. In reverence toward the honored country, we created the Chinese Square at Curitiba’s civic center, before the Iguaçu River panel – masterful work of Rogério Dias and Lycio Esmanhoto. During the opening of the 2017 Art Biennial, highlighting the spring of this fruitful year, there rests the forever majestic bronze statue of Confucius, from sculptor Wu Weishan, a gift brought from the Antipode country, by the Government of the People’s Republic of China. Confucius, bright reference of Humanity, immortal Chinese philosopher and thinker, rescues fundamental principles of ethics, morality and wisdom. Chine opens its eyes for Curitiba. Curitiba therefore reminds itself of China through Confucius imperishable memory. The 2017 Art Biennial immortalizes in Curitiba the tradition and culture of the Chinese people. And Confucius helps us recovering ancient values, gives us courage to amplify our frontiers in this land of all peoples. Curitiba wants to listen to Kǒng Fūzǐ, with words of wisdom that, for 2500 years, reverberate in the comforting winds, blowing from Asia over the vast world: “Don’t think yourself so big that other people look small.”

Rafael Greca de Macedo Prefeito de Curitiba Mayor of Curitiba

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Curitiba, o abrigo de todas as gentes São poucas as capitais brasileiras onde é possível observar uma riqueza étnica e cultural tão diversificada quanto em Curitiba. A identidade do povo curitibano foi construída por anos sob forte influência de vários povos que, em busca de novas oportunidades, escolheram essa região para fixar suas raízes. É essa diversidade cultural e miscigenação de raças que torna Curitiba ainda mais especial e atrativa. A multiplicidade cultural hoje é percebida na diversidade arquitetônica da cidade, na culinária variada dos restaurantes, no vocabulário e, inclusive, na diversidade de cultos e religiões. A cultura trazida pelos imigrantes italianos, africanos, portugueses, japoneses, ucranianos, árabes e por povos de outras nacionalidades está marcada nas ruas, praças e parques de Curitiba. Registrado no cotidiano da cidade. Está na florada das cerejeiras da Praça do Japão, no belo portal em estilo germânico do Bosque Alemão, nas tradicionais festas italianas de Santa Felicidade, na exposição de ovos pintados à mão do Memorial Ucraniano ou, então, nos lindos vitrais típicos do Memorial da Imigração Árabe. É justamente para celebrar e reforçar nossas raízes que nossa gestão transformou no início ano o Memorial de Curitiba na sede do Pavilhão das Etnias. Agora, a diversidade étnica de Curitiba tem um local para manifestação cultural. Todos os domingos, o local conta com apresentações de música, dança, arte e comidas típicas dos povos que formam a história de Curitiba. Por essa característica da cidade, formada pela valorosa contribuição cultural de vários países, vejo com muito entusiasmo a decisão de homenagear a China na edição da Bienal de Curitiba 2017, um dos maiores eventos de arte contemporânea. Curitiba tem uma expressiva comunidade chinesa, formada por cerca de três mil pessoas e que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico e social da nossa cidade. Tenho certeza que a realização desse evento será uma excelente oportunidade para fortalecer o intercâmbio cultural e os vínculos artísticos e social da nossa cidade com a China, de riquíssima cultura milenar.

Curitiba, home for all people Only in a few Brazilian capitals it’s possible to observe an ethnic and cultural richness so diversified as in Curitiba. The identity of Curitiba’s citizens was built for years under a strong influence of several peoples, which have chosen this region to put down their roots in search of new opportunities. It’s this cultural diversity and miscegenation that makes Curitiba even more special and attractive. The cultural multiplicity can be seen today in the architectural diversity of the city, in the diverse cuisine of the restaurants, in the vocabulary and even in the diversity of cults and religions. The culture brought by Italian, African, Portuguese, Japanese, Ukrainian, Arab and other immigrants is imprinted on the streets, squares and parks of Curitiba. Engraved on the daily life of the city. It’s in the bloom of the cherry trees of Japan Square, in the beautiful German portal of the German Woods, in the traditional Italian festivals of Santa Felicidade, in the hand-painted egg display of the Ukrainian Memorial or in the beautiful stained-glass windows of the Arab Memorial. It’s precisely to celebrate and reinforce our roots that our management made the Memorial of Curitiba the host of the Ethnicities’ Pavilion. Now, the ethnic diversity of Curitiba has a place to cultural manifestation. Every Sunday, the venue features music, dance, art presentations and typical food of the people that are part of Curitiba’s history. Due to this feature of our city, formed by the valuable cultural contribution of many countries, I’m very enthusiastic about the decision to honor China at the Curitiba Biennial 2017, one of the largest contemporary art events of the world. Curitiba has an expressive Chinese community of about three thousand people that contributed a lot to the economic and social development of our city. I’m sure that this event will be an excellent opportunity to strengthen the cultural exchange and the artistic and social ties of our city with China, country of a rich ancient culture.

Eduardo Pimentel Vice-prefeito de Curitiba Vice-mayor of Parana

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Arte sem fronteiras O mundo da arte move-se livre, sem barreiras e fronteiras. Independentemente de língua, costumes e regimes governamentais, a arte acontece. A Bienal Internacional de Curitiba aposta neste conceito desde 1993, quando surgiu para colocar nossa cidade no mapa artístico mundial. Mais uma vez com o apoio da Prefeitura de Curitiba, por meio da Fundação Cultural, a Bienal 2017 mescla linguagens, imagens e formas e se posiciona em pontos extremos ao homenagear a China, através da sua cultura e o equilíbrio harmônico que ela traz. Obras de artistas chineses expostas em diversos espaços da cidade, como as Antípodas (em opostos), de 30 de setembro de 2017 a 25 de fevereiro de 2018. Além disso, a Bienal de Curitiba tem a participação de artistas dos cinco continentes, ocupando mais de cem espaços artístico-culturais da cidade, entre eles espaços da Prefeitura, como Memorial Árabe, Memorial de Curitiba, Museu da Fotografia, Museu da Gravura, Solar do Barão, Museu Municipal de Arte (MuMa), Portão Cultural e Praça da China. Numa cidade que nasceu, cresceu e se formou na diversidade, a Bienal Internacional de Curitiba criou raízes e se consolida na variedade de suas várias “tribos” numa profusão cultural entre o erudito e o popular, em todos os meios cinema, dança, fotografia, arte digital, pintura, grafitti, desenho, gravura, uma infinidade artística trazida de todos os cantos do mundo. A Fundação Cultural estimula essa diversidade, com apoio total à arte local e a eventos que permitam a troca de conhecimento, conceitos e visões artísticas, como mais uma edição da Bienal. Ao se tornar referência em arte contemporânea e reconhecida como um dos principais eventos da área no circuito mundial, a Bienal coloca nossa cidade e nossos artistas nesta vitrine, mostrando a todos uma percepção cosmopolita da arte e de seus efeitos. Este catálogo é um registro honesto e necessário desse movimento, que chegou em Curitiba há 24 anos e hoje não nos imaginamos sem ele.

Art without borders The world of art moves free, without barriers or borders. Art happens regardless of language, customs or governmental regimes. The Curitiba Biennial has been betting on this concept since 1993, when the event was launched and placed our city on the world artistic map. Once again, with the support of the Curitiba City Hall through the Cultural Foundation, the 2017 Biennial mixes languages, images and forms, positioning itself at extreme points to honor China for its culture and the harmonic balance it brings. Works by Chinese artists will be displayed in several spaces of the city, such as the Antipodes (in opposites), exhibition from September 30th, 2017 to February 25th, 2018. In addition, artists from five continents will participate in the Curitiba Biennial, exhibiting in more than one hundred artistic and cultural spaces of the city, including the City Hall ones, such as the Arab Memorial, the Curitiba Memorial, the Museum of Photography, Engraving Museum, Solar do Barão, Municipal Museum of Art (MuMa), Portão Cultural and China Square. It was in a city born, raised and formed in diversity that the Curitiba Biennial has put down roots and thrived in the variety of its several “tribes”; in a cultural profusion between the erudite and the popular of all art expressions: cinema, dance, photography, digital art, painting, graffiti, drawing, engraving; an artistic infinity brought from all corners of the world. The Cultural Foundation encourages this diversity by giving full support for local art and events that allow the exchange of knowledge, concepts and artistic visions, as we’re doing once again in this edition of the Biennial. By becoming a reference in contemporary art and being so recognized as one of the main events of the area in the world circuit, the Biennial places our city and our artists in this showcase, presenting to everyone a cosmopolitan perception of art and its effects. This catalog is an honest and necessary record of this movement, which arrived in Curitiba 24 years ago and that we can’t imagine ourselves without anymore.

Marcelo Cattani Presidente da Fundação Cultural de Curitiba President of the Curitiba Cultural Foundation

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中国

Mensagem do Ministro da Cultura da República Popular da China Em nome do Ministério da Cultura da China, gostaria de desejar grande sucesso à apresentação da China como país homenageado na proeminente Bienal Internacional de Curitiba 2017. Diálogos culturais aproximam corações, aumentam a compreensão mútua e fortalecem os laços de amizade entre nações. Desde o século XVI, quando a cultura chinesa encontrou a brasileira pela primeira vez, apesar dos vastos oceanos que as separam, ambos países conduziram interações culturais, especialmente nos últimos anos, conforme intercâmbio cultural e cooperação enriqueceramse e se aprimoraram para ajudar a promover uma sólida e abrangente parceria estratégica bilateral. Além disso, o sucesso em 2016 do Ano de Intercâmbio Cultural China-América Latina levou as relações culturais entre China e Brasil a um novo nível. China e Brasil são países orgulhosos de sua riqueza cultural. Durantes seus 5000 anos de história, a nação chinesa criou uma brilhante e profunda cultura tradicional que é aberta e inclusiva, abraçando nossas buscas intelectuais mais profundas. Isso garante a linhagem, desenvolvimento e crescimento da nação chinesa, e aumenta o esplendor da casa do tesouro das culturais mundiais. A cultura brasileira também possui uma natureza bastante diversa e assimiladora, o que lhe confere um charme único. Particularmente, desde o Modernismo nos anos 1920, o Brasil tem mostrado artistas magistrais de renome, incluindo Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, o “Picasso do concreto”, cujas as construções clássicas incorporam novidade, elegância e sabedoria em seus estilos diferenciados e arrebatadores que desafiam a realidade. As artes visuais estimulam a comunicação e interação entre arte e sociedade com imagens e experiencias visuais, e a presença das artes visuais é significativa para a herança e o intelecto da humanidade. A Bienal Internacional de Curitiba 2017 apresentará 238 obras, escolhidas pelo Ministério da Cultura da China como representantes da arte contemporânea chinesa, no Museu Oscar Niemeyer, um dos maiores da América Latina. Esta mostra será a primeira do tipo a ser exibida no continente, um marco para o intercâmbio cultural de artes visuais entre China e Brasil. A exposição oferecerá aos visitantes uma experiência refrescante da arte chinesa, inspirada por elementos tradicionais, porém reinventada com uma criatividade explosiva que acompanha as tendências internacionais da arte contemporânea, além de uma oportunidade de sentir o dinamismo chinês e de encontrar ressonância e empatia. Juntas, as obras celebram a imagem de uma China moderna, progressiva, criativa, amigável e voltada para o futuro, refletida por uma grande variedade de expressões, perspectivas e contextos. As relações culturais entre China e Brasil são promissoras, uma vez que ambos os países possuem culturas ricas, dinâmicas e florescentes. Estamos ansiosos em ver uma maior sinergia entre os dois países em nossos diálogos culturais e colaborações que são abertos, inclusivos, recíprocos e vantajosos, como o defendido pela iniciativa Cinturão e Estrada e o mecanismo de cooperação BRICS. O aumento de nossa compreensão mútua e da amizade entre nossos povos baseados em completo respeito à diversidade cultural, valores compartilhados e entendimento cultural forjará laços mais fortes entre China e Brasil como dois estados membros da comunidade BRICS com interesses e destinos comuns, e sustentarão as bases sociais e públicas para a cooperação ChinaAmérica Latina.

Message from the Minister of Culture of the People’s Republic of China On behalf of the Ministry of Culture of the People’s Republic of China, I would like to wish the presentation of China as the country of honor at the prominent Curitiba International Biennial 2017 in Brazil a grand success. Cultural dialogue pulls hearts closer, increases mutual knowledge and strengthens bonds of friendship between nations. Since the 16th century when China and Brazil first encounter each other’s culture despite vast oceans in between, the two countries have conducted cultural interactions, especially in recent years, as cultural exchange and cooperation have been increasingly enriched and upgraded to help foster a solid bilateral comprehensive strategic partnership. Moreover, the success of the Year of 2016 ChinaLatin America Cultural Exchange Year ushered in a new high for China-Brazil cultural relations. China and Brazil are both proud of our cultural wealth. During its 5,000-year history, the Chinese nation has created brilliant and profound traditional culture that is open and inclusive, embracing our deepest intellectual pursuits. It ensures the linage, development and growth of the Chinese nation, and adds to the splendor of the treasure house of world cultures. Brazilian culture also presents a very diverse and assimilating nature, which gives it a unique charm. Since the “modernismo” in the 1920s, in particular, Brazil has boasted renowned master artists including Lúcio Costa and Oscar Niemeyer, the “Picasso of Concrete”, whose classic constructions embodies novelty, elegance and wisdom in their distinctive, swooping, gravity-defying styles. Visual arts stimulate communication and interactions between arts and society with images and visual experiences, and the presence of visual arts is significant in the heritage and intellectuality of the humanity. This year’s Curitiba International Biennial 2017 will feature 238 pieces of artworks chosen by the Ministry of Culture of China as representatives of China’s contemporary arts at the Oscar Niemeyer Museum, one of the largest museums in Latin America. This display will be the first of its kind ever curated on this continent, a milestone of China-Brazil visual arts exchange. The exhibition will offer the Brazilian visitors a refreshing experience of Chinese art inspired by traditional cultural elements, but reinvented with bursting creativity that follows international fashions of contemporary arts, and an opportunity to feel the artistic dynamism of China and find resonance and empathy. Together, the

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artworks celebrate the image of a modern, progressing, creative, amicable and future-oriented China reflected in a wide range of expressions, perspectives and contexts. China-Brazil cultural relations show promising prospects, as both countries present rich, dynamic and flourishing cultures. We look forward to seeing more synergy between the two countries in our cultural dialogues and collaborations which are open, inclusive, reciprocal, and win-win, as advocated by the Belt and Road initiative and BRICS cooperation mechanism. The growth of our mutual knowledge and people-to-people friendship based on full respect to cultural diversity, shared values and cultural understanding will forge stronger bonds between China and Brazil as two member states of BRICS community of common interests and destiny, and underpin social and public foundation for China-Latin America cooperation.

中华人民共和国文化部部长致辞 欣闻“2017巴西库里蒂巴双年展”中国主宾国活动在巴西 隆重举办,我谨代表中华人民共和国文化部预祝此次活动圆 满成功! 文化交流是心灵的对话、感情的沟通和友谊的纽带。中 国和巴西虽然远隔重洋,两国之间的文化交流却可上溯至16 世纪。近年来,中巴文化交 流与合作的层次和水平持续提升,为巩固双边全面战略伙伴关系发挥了积极作用。2016“中拉文化交流年”的成功举办将中巴文化交流推向新的高度。 中国和巴西文化各具特色,中国传统文化艺术以兼收并蓄、海纳百川的胸怀历经五千年发展而绵延不绝,积淀着中华民族最深层的精神追求,不仅为 中华民族生生不息提供了丰厚滋养,也为世界文明发展繁荣贡献了华彩篇章;巴西文化艺术具有多元和开放的特性。尤其是20世纪20年代拉美现代艺 术运动发端以来,涌现出卢西奥·科斯塔、“建筑界的毕加索”——奥斯卡·尼迈耶等一批享有国际声誉的艺术大师,创作出众多构思新巧、轻盈飘逸、寓 意深刻的传世作品,成为世界上最具特色的流派之一。 视觉艺术是社会对话的一种形象语言,对于人类历史文化的传承和精神生活有着深远的影响。此次中国文化部精选238件(套)具有代表性的当代 艺术作品集中呈现于拉美最大的博物馆之一——奥斯卡·尼迈耶博物馆,在南美大陆尚属首次,具有里程碑意义。观众将欣赏到中国艺术家们在秉承 中国传统文化的基础上实现创造性转化与创新性发展,探索运用国际性的当代艺术语言,通过不同语境、角度和呈现方式,展现象征进步、革新、共 享、面向未来的当代中国发展风貌。通过此展,巴西民众将真切感受到当代中国艺术的脉动,唤醒自身精神的共鸣。 中国文化历久弥新、巴西文化生机焕发,中巴文化合作前景广阔。希望两国携手,发扬开放、包容、平等、合作、共赢的“一带一路”精神和金砖 精神,在充分尊重文化多样性的基础上,推动中巴文明互学互鉴,民众相知相亲;不断寻求双方文化和价值共识,连接起更加紧密的金砖国家利益和 命运共同体,为中拉合作厚植更加坚实的人文根基。

Luo Shugang 雒树刚 Ministro da Cultura da República Popular da China Minister of Culture of the People’s Republic of China 中华人民共和国文化部部长

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O intercâmbio cultural sino-brasileiro num novo patamar A China foi escolhida, pela primeira vez, como País Homenageado para celebrar o 24º aniversário da Bienal Internacional de Curitiba. Trata-se de uma importante oportunidade para a China conhecer o melhor da arte latino-americana e do Brasil em particular, como também uma excelente plataforma para que os amigos brasileiros e de outras nacionalidades possam apreciar de perto a arte contemporânea chinesa. Mais de sessenta peças produzidas por artistas de toda a China foram meticulosamente escolhidas para esta exposição. Obras como essas apresentam expressões heterogêneas e ideias diversificadas, refletindo de forma plena a criatividade e a continuidade na arte contemporânea chinesa, sua tradição e modernidade, assim como seu caráter ao mesmo tempo étnico e cosmopolita. Além de vitrine da produção chinesa na seara artística, nossa mostra é também o microcosmo de uma China dinâmica e pujante. O fato de a China ser homenageada na Bienal de Curitiba também ilustra um intercâmbio cultural cada vez mais abrangente e profundo entre os dois países. Nos últimos anos, vejo crescer o interesse e o entusiasmo dos dois povos em se conhecerem e se entenderem. Atividades como o Mês Cultural, a Semana de Cinema, exposições de fotos, shows e mostras de belas artes, assim como os Jogos Olímpicos do Rio 2016 e outros eventos esportivos, contribuíram para a mútua compreensão e a aproximação. Com isso, fortalece-se a base para os intercâmbios culturais bilaterais, criando novos mecanismos e um horizonte mais extenso. Essa troca é fundamendada na diversificação, na tolerância e na harmonia. A distância geográfica e as diferenças nos campos político, econômico, social e cultural não só conferem um valor especial, como também oferecem uma base sólida para nossa aprendizagem recíproca. Um olhar mais aprofundado do espírito humanístico revela semelhanças entre os dois países. Ao longo de cinco milênios de história, formou-se na China um senso de humanidade centrado na fraternidade e na benevolência, uma ideologia de governança pautada pela ética e pelo equilíbrio, uma aspiração por paz e boa vizinhança, assim como um conceito que valoriza a harmonia das diferenças. Por sua vez, como um caldeirão de etnias, o Brasil abraça todas as culturas de forma eclética, aberta e inclusiva, respeitando a diversidade de bom grado e persistindo nos ideais de independência, igualdade e justiça. Segundo um ditado chinês, “montanhas e mares não são obstáculos para quem compartilha os mesmos ideais”. Os valores humanísticos comuns criam simpatia entre os dois povos e constituem o pano de fundo para nossos intercâmbios culturais. Essa troca é movida pela florescente cooperação bilateral. Na área econômica e comercial, o comércio movimentou mais de US$ 67 bilhões em 2016, enquanto a China mantém o posto de maior parceiro do Brasil, e este, por sua vez, continua sendo o maior parceiro do país asiático na América Latina. Cada vez mais robusto, o investimento chinês no Brasil já tem um volume acumulado da ordem de US$ 40 bilhões. As constantes movimentações fizeram crescer a demanda por melhorar o conhecimento mútuo e o intercâmbio cultural se presta justamente a esse fim. Um dos exemplos é a crescente procura por cursos de mandarim. Atualmente há 10 Institutos e 4 Salas de Aula Confúcio com mais de 20 mil alunos inscritos, fazendo do Brasil o país com o maior número dessas instituições em funcionamento na América Latina. Várias escolas de ensino fundamental começaram a incluir o idioma chinês no currículo formal. Já na China, mais de 30 universidades oferecem cursos de língua portuguesa, um dos mais procurados pelos jovens chineses. Tudo isso desempenha um papel insubstituível na promoção da amizade entre os dois povos e no impulso do relacionamento entre os dois países. Essa troca é respaldada pelo forte apoio e pela vigorosa promoção dos dois governos. A amizade entre países nasce na aproximação de seus povos e essa aproximação tem suas raízes nos laços sentimentais. Base para fomentar a harmonia das civilizações e a prosperidade compartilhada, o intercâmbio humano tem como foco a comunicação sentimental, mais duradouro que a concertação política e mais profundo que as trocas comerciais. Tanto o presidente Xi Jinping como o primeiro-ministro Li Keqiang consideram de extrema importância as atividades de intercâmbio cultural. Durante suas visitas à América Latina, anunciaram iniciativas como bolsas de estudos na China, o programa “Ponte para o Futuro” destinado à formação de mil jovens líderes da China e da América Latina e Caribe, assim como a criação de Centro de Imprensa China-América Latina para treinar profissionais de comunicação. Tudo isso oferece orientação e garantia para o fluxo e o aprendizado mútuo. Temos pela frente uma perspectiva ainda mais promissora. No futuro próximo, devemos ampliar e aprofundar esses intercâmbios em todos os níveis. No tocante aos governos, devemos aproveitar plenamente o papel da Subcomissão Cultural da COSBAN (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) para colocar em prática os consensos alcançados pelos líderes e levar adiante o plano de ação sobre o tema e a instalação de centros culturais. Em termos da sociedade civil, precisamos expandir os canais para promover as cooperações em cultura, educação, esportes e turismo, fortalecendo nossa amizade histórica. Vamos desenvolver projetos comerciais e sem fins lucrativos para fomentar a parceria entre indústrias culturais, educação de artes, shows, produção audio-visual, tradução literária e instituições como museus, bibliotecas e de patrimônio cultural. Já os artistas, são bem-vindos a eventos como Feira Internacional da Cultura e Arte da China, as Bienais de Beijing, Shanghai e Curitiba, para aprender com as realizações de destaque das duas culturas, dando novo vigor para sua inovação e progresso. Acredito que, com os esforços do governo, da sociedade civil e dos artistas, o intercâmbio cultural continuará cumprindo seu papel fundamental para orientar o entendimento e a amizade entre os dois povos através de plataformas como a Bienal de Curitiba. Com isso, será ainda mais consolidada a opinião pública em favor da cooperação bilateral e enriquecido o conteúdo da Parceria Estratégica Global entre as duas nações. 16 16


The Sino-Brazilian cultural exchange on a new level China was chosen, for the first time, as the Honored Country to celebrate the 24th edition of the Curitiba Biennial. This is an important opportunity to China to get know the best of Latin American art and, specially, Brazilian art; as well as an excellent platform for our friends of Brazil and other nationalities to closely enjoy Chinese contemporary art. More than sixty artworks produced by artists from all over China were meticulously selected for this exhibition. Such works present heterogeneous expressions and diverse ideas, fully reflecting the creativity and continuity of the contemporary Chinese art, as well as its tradition and modernity, and its ethnic and cosmopolitan character. Further to the Chinese production showcase in the artistic arena, our exhibition represents also a microcosm of a dynamic and thriving China. The homage to China at the Curitiba Biennial also illustrates a cultural exchange that’s growing larger and deeper between the two countries. In recent years, I’ve witnessed the increasing interest and enthusiasm of both cultures in knowing and understanding each other. Activities such as Cultural Month, Film Week, photo exhibitions, shows and fine art exhibitions, as well as the Rio 2016 Olympic Games and other sporting events, have contributed to mutual understanding and rapprochement. That’s how the foundations for bilateral cultural exchanges are strengthened, creating new mechanisms and a broader horizon. This exchange is based on diversification, tolerance and harmony. Geographical distance and differences at the political, economic, social and cultural fields not only grant a special value, but also provide a solid foundation for our mutual learning. A closer look at the humanistic spirit reveals similarities between the two countries. China has developed, over the course of a five millennia history, a sense of humanity centered on brotherhood and benevolence, on an ideology of governance guided by ethics and balance, on an aspiration for peace and good neighborliness, and on a concept that values harmony in differences. On the other hand, as a melting pot of ethnicities, Brazil embraces all cultures in an eclectic, open and inclusive way, respecting diversity and persisting in the ideals of independence, equality and justice. According to a Chinese saying: “mountains and seas are not obstacles for those who share the same ideals”. The common humanistic values create sympathy between the two peoples, composing the background for our cultural exchanges. This exchange is driven by a burgeoning bilateral cooperation. In the economic and commercial area, trade figures reached more than US$ 67 billion in 2016, while China maintains its position as Brazil’s largest partner, country that in turn remains as China’s largest partner in Latin America. The increasingly robust Chinese investment in Brazil has already accumulated a volume of US$ 40 billion. The constant trade has increased the demand to improve mutual knowledge, and cultural exchange serves precisely to that end. One of the examples is the increasing demand for Mandarin classes. Currently, there are 10 Institutes and 4 Confucius Classrooms with more than 20 thousand enrolled students, making Brazil the country with the largest number of these institutions operating in Latin America. Several elementary schools began to include Chinese to their formal curriculum. In China, more than 30 universities offer Portuguese language classes, one of the most sought after by young Chinese. These actions play an irreplaceable role on promoting friendship between the two peoples and on boosting the relationship between the two countries. This exchange is assisted by the strong support and vigorous promotion of both governments. The friendship between countries is born from a closer relation between their people and this relationship has its roots on sentimental ties. As a basis to foster the civilizations’ harmony and shared prosperity, human exchange focuses on sentimental communication, which lasts more than political consultation and is deeper than trade. Both President Xi Jinping and Prime Minister Li Keqiang consider cultural exchange activities to be of utmost importance. During their visits to Latin America, they’ve announced initiatives such as scholarships in China, the program “Bridge to the Future” destined to train a thousand of young leaders from China, Latin America and Caribbean, as well as the creation of a China-Latin America Press Center to train professionals of communication. These initiatives provide guidance and assurance to keep the flow and mutual learning. We have an even more promising prospect ahead. In the near future, we should broaden and deepen these exchanges at all levels. With regard to governments, we should take full advantage of the role of the COSBAN Cultural Subcommittee (Sino-Brazilian High Level Committee on Coordination and Cooperation) in order to put into practice the consensus reached by leaders and carry out the action plan on the installation of cultural centers and its themes. In terms of civil society, we need to expand channels to promote cooperation in culture, education, sports and tourism, strengthening our historic friendship. We’ll develop commercial and nonprofit projects to foster partnership among cultural industries, arts education, shows, audio-visual production, literary translation and institutions, such as museums, libraries and those of cultural heritage. As to the artists, they are welcome to attend events like the International Fair of Chinese Culture and Arts, and the Biennials of Beijing, Shanghai and Curitiba, in order to learn from the outstanding achievements of both cultures, giving new impetus to innovation and progress. I believe that, with the efforts of government, civil society and artists, the cultural exchange will continue to fulfill its fundamental role of guiding the comprehension and friendship between these peoples through platforms such as the Curitiba Biennial. These actions will further consolidate public opinion in favor of bilateral cooperation and enrich the content of the Global Strategic Partnership between the two nations.

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推动中巴人文交流更上层楼 在库里蒂巴双年展创始24周年之际,中国首次受邀作为主宾国参展。这既为中国全面领略和认知巴西和拉美艺术精品提供了一个重要契机,也给 巴西和各国朋友们近距离观察和感知中国现代艺术提供了良好平台。 中方高度重视此次展览,在全国范围内精心挑选了60多件艺术精品参展。作品表现形式各样,思想主题多元,充分体现了中国现代艺术创造性与 继承性、传统性和当代性、民族性与世界性的融会贯通,是中国现代艺术成就的一次集中展示,也是当代中国蓬勃发展的生动缩影。 中国成为库里蒂巴双年展的首任主宾国,也是中巴人文交流日益广泛、深入的体现。近年来,两国人民相互交往和了解的兴趣和热情日渐高涨, 通过举办文化月、电影周、图片展、文艺演出、美术展等各种活动以及参加里约奥运会等大型体育赛事,增进了相互了解,拉近了彼此距离。两国人 文交流的基础日益扎实,平台不断增多,前景更加广阔。 中巴人文交流的根基在于两国文化和而不同、包容和谐的特性。中巴相距遥远,在政治、经济、社会、文化等各方面存在差异,但这种多样性也 正是中巴交流互鉴的价值所在,两国灿烂多彩、丰富多元的文化资源为两国人文交流奠定了坚实基础。同时,中巴在更深的人文精神层面上具有诸多 共通之处。中国在五千年的历史长河中,形成了民胞物与、仁者爱人的人本精神,为政以德、执两用中的政治思想,兼爱非攻、亲仁善邻的和平志 向,以和为贵、和而不同的和谐理念。作为民族大熔炉,巴西在其发展过程中形成了兼收并蓄、开放包容的开阔胸怀,求同存异、崇尚仁爱的处世方 法,独立自主、平等正义的思想理念。“志合者,不以山海为远”。这些共同的精神财富使得两国人民“惺惺相惜”,相互欣赏,成为中巴人文交流的重要 思想和精神根基。 中巴人文交流的动力在于两国蓬勃发展、不断壮大的务实合作。近年来,中巴经贸合作成果丰硕。2016年双边贸易额670多亿美元。中国继续保 持巴西第一大贸易伙伴地位,巴西也是中国在拉美最大贸易伙伴。投资合作成为推动两国务实合作的新引擎,目前中国在巴投资存量已突破400亿美 元。日新月异的经贸合作催生了两国民众加强相互了解和理解的迫切需求,希望通过人文交流为中巴经贸合作提供“软助力”。巴西“汉语热”不断升温, 目前10所孔子学院和4个中小学孔子课堂的注册学员达2万人,是设立孔子学院和孔子课堂最多的拉美国家,很多中小学开始将汉语列入正式课程。中 国越来越多年轻人也开始学习葡萄牙语,已有近30个大学开设了葡萄牙语课程。这为增进中巴人民友谊、推动两国关系发展发挥了不可替代的重要作 用。 中巴人文交流的保障在于两国的高度重视和大力推动。“国之交在于民相亲,民相亲在于心相通。”人文交流是人类沟通情感和心灵的桥梁,比政 治交流更久远,比经贸交流更深刻,是推进文明和谐与共同繁荣的基础。中巴两国始终从“文运同国运相牵,文脉同国脉相连”的高度看到中巴人文交 流和人心相通的重要性。习近平主席、李克强总理均高度重视人文交流活动,先后访问拉美期间提出了赴华留学和培训奖学金计划、“未来之桥”中拉 青年领导人千人培训计划、中拉新闻交流中心倡议等一系列加强中拉人文交流的举措,为中巴文化交流、文明互鉴提供了引领和保障。 “相知无远近,万里尚为邻。”这是一个中巴人文交流大有可为的时代。下一步,中巴双方应从各个层面入手,多管齐下促进中巴开展全方位友好 交往和人文大交流。在政府层面,积极落实两国领导人达成的共识,充分发挥中巴高层协调与合作委员会文化分委会的作用,把两国文化合作执行计 划、互设文化中心倡议等落到实处。在社会层面,拓展中巴人文交流的渠道。积极推进中巴文化、教育、体育、旅游等领域的交流合作,深化传统友 谊。市场运作和公益性项目并举,在文化产业、艺术教育和演出、影视合作、博物馆、图书馆、文物以及译介合作等领域加强交流合作。在艺术家层 面,本着“各美其美、美美与共”的精神,积极参与中国国际文化艺术博览会、中国北京国际美术双年展、上海双年展、库里蒂巴双年展等,相互借鉴 两国文化优秀成果,为两国文化的创新发展注入新活力,为两国人文交流作出新贡献。 “关乎天文以查实变,关乎人文以化成天下。”相信在两国政府、社会和艺术家们的共同努力下,中巴人文交流将继续发挥基础性、先导性作用,通 过库里蒂巴双年展等平台增进两国人民的相互了解和友谊,进一步巩固双边合作民意基础,充实中巴全面战略伙伴关系的内涵。

Li Jinzhang Embaixador da China no Brasil Ambassador of China to Brazil 李大使为库里蒂巴双年展作品集作序

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O Museu Oscar Niemeyer fortalece sua parceria com a Bienal de Curitiba ao ser um dos principais espaços expositivos do evento desde 2011. Este ano a China será homenageada, com a presença de artistas dos cinco continentes. Com 15 anos de atividades, completados em 2017, o MON – maior museu de arte da América Latina – se consolida como um dos mais importantes museus do Brasil e do mundo. Realizou, neste período, mais de 300 exposições e a cada ano se supera em programação, mostras e conteúdo. Ao longo destes anos obteve reconhecimento nacional e internacional, além de ter ganhado prêmios relativos às mostras e aos projetos desenvolvidos para o público. Com um acervo com mais de quatro mil obras, o MON é um espaço onde o pensamento, a experiência e o senso crítico são aprimorados para trazer ao visitante o que existe de melhor na esfera das artes visuais, arquitetura, urbanismo e design. O trabalho resulta não somente em grandes mostras, muitas inéditas e premiadas, mas no desenvolvimento de conteúdos para que o visitante possa aprofundar-se no que está sendo apresentado. O edifício projetado por Oscar Niemeyer em 1978, e posteriormente transformado em museu em 2002, com seu anexo “Olho”, mudou a paisagem da cidade, o entorno e o dia a dia das pessoas que moram em Curitiba e também das que vêm apenas visitar, tornando-se um ícone que transpassou a arquitetura e consagrou-se como uma das maiores instituições de arte no país. A Bienal de Curitiba, referência no calendário das artes visuais há 24 anos, realiza mais uma edição junto ao Museu Oscar Niemeyer confirmando a seriedade e a excelência do trabalho feito em parceria com os produtores, artistas e instituições, e, acima de tudo, com os incentivadores da arte no país. The Oscar Niemeyer Museum (MON) strengthens its partnership with the Curitiba Biennial by being one of the main exhibition spaces of the event since 2011. This year China will be honored with the presence of artists from five continents. Opened for 15 years now in 2017, the MON – largest art museum in Latin America – has become one of the most important museums in Brazil and in the world. It has held more than 300 exhibitions over these years, going beyond on its programming, exhibitions and content year after year. Throughout these years it has obtained national and international recognition, in addition to having won prizes related to exhibitions and projects developed for the public. With more than four thousand artworks in its collection, the MON is a space where thinking, experience and critical sense are improved to bring to the visitor the best in the field of visual arts, architecture, urbanism and design. The work results not only in large exhibitions, many of them never seen before and awarded, but also in development of content, so that the visitor can delve into what is being presented. The building designed by Oscar Niemeyer in 1978, and later turned into a museum in 2002, has changed, with its annex “Eye”, the landscape of the city, the surroundings and the day-to-day life of the people who live in Curitiba and, also, of those who come only to visit, becoming an icon that went beyond architecture and established the institution as one of the major in the art field of the country. The Biennial of Curitiba, a reference in our visual arts calendar for 24 years, is holding another edition alongside the Oscar Niemeyer Museum, confirming the seriousness and excellence of the work done in partnership with producers, artists and institutions, and, above all, art promoters in the country..

Juliana Wosnika Diretora-Presidente do Museu Oscar Niemeyer Chief Executive Officer of Oscar Niemeyer Museum

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É com grande alegria que celebramos os 24 anos da Bienal Internacional de Curitiba com a realização da edição de 2017 sob o título: “Antípodas – Diverso e Reverso”, concebido pelo curador Tício Escobar. Muitas pessoas trabalharam para que esta Bienal se realizasse. Aproveito este momento para agradecer a todas. Em 2017, a República Popular da China é o país homenageado, iniciativa da Bienal que contribui com a cooperação cultural entre o Brasil e a China. Agradeço o valioso apoio da Embaixada da China, do Ministério da Cultura da China e da CAEG (China Arts and Entertainment Group), os quais tornaram possível a participação de artistas chineses nesta edição. Agradeço aos artistas do Brasil e dos países oriundos dos cinco continentes que participam da Bienal, cujas obras estão expostas em mais de cem espaços da cidade. Agradeço aos curadores convidados, aos contemplados com o Prêmio Jovens Curadores, como também aos educadores do Projeto Educativo da Bienal de Curitiba 2017, os quais são parceiros no desafio de ampliar o potencial pedagógico da exposição, coordenando iniciativas para o desenvolvimento humano e cultural de alunos, professores e visitantes. Um agradecimento especial a todos os parceiros e patrocinadores, às instituições públicas e privadas do Brasil e do exterior, em particular à equipe da Bienal Internacional de Curitiba, os diretores e os conselheiros, sem os quais a concretização do evento não seria possível. Meu agradecimento aos gestores e colaboradores dos espaços expositivos, componentes fundamentais na realização da Bienal. Agradeço o Prefeito Municipal Rafael Greca e aos vereadores da capital pela justa homenagem à China com a criação do “Largo da China”, localizado no Centro Cívico, em Curitiba. Agradeço também o Presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcelo Cattani, e o Secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani. Destaco a parceria estratégica do Ministério da Cultura por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Agradeço também à Universidade Estatal de Montana (USA) pelo apoio à Bienal de Curitiba. Agradeço também ao público que aqui está para o resultado final, os quais vêm em busca da compreensão e do vislumbre daquilo que está além. Por fim, pela fundamental contribuição da imprensa, não só pelo registro, mas pela ampla divulgação das atividades da Bienal. Desejo que seja uma mostra repleta de encantamento, de questionamento e, sobretudo, de aprendizado, colaborando com uma nova visão dos espaços e da realidade que já conhecemos tão bem. Que seja uma experiência para a vida, em um despertar instigante e inspirador. Bem-vindos à Bienal de Curitiba 2017. It is with great joy that we celebrate the 24th anniversary of the Curitiba Biennial in the 2017 edition under the title “Antipodes – Diverse and Reverse”, conceived by the curator Tício Escobar. Many people worked for this Biennial to happen. I take this moment to thank everyone involved. I thank the artists from Brazil and countries from five continents that participate in the Biennial with artworks in more than one hundred spaces in the city of Curitiba. I thank the invited curators in addition to those awarded with the Young Curators Award. Educators and partners of the educational project engaged in the challenge of expanding the educational potential of the Biennial, coordinating initiatives for the human and cultural development of students, teachers and visitors. I give special thanks to all the partners and sponsors, public and private institutions in Brazil and abroad, and especially the team of the Curitiba Biennial, without which the Biennial would not be possible. My thanks to the managers and collaborators of the exhibition spaces, fundamental components in the realization of the Biennial. In 2017 the People’s Republic of China is honored, an initiative of the Biennial that contributes to cultural cooperation between Brazil and China. I am grateful for the valuable support of the Chinese Embassy, the Chinese Ministry of Culture and the China Arts and Entertainment Group (CAEG), which made possible the participation of Chinese artists in this edition. I thank the Municipal Mayor of Curitiba Rafael Greca and the councilmen of Curitiba for the legitimate homage to China with the creation of the “China Square”, located in the Civic Center in Curitiba. I emphasize the strategic partnership of the Ministry of Culture through the Federal Law of Incentive to Culture. I also thank the State University of Montana (USA) for the support to the Curitiba Biennial. Finally, I thank the Biennial audience, who is here for the final result, seeking to understand, looking for something that is beyond. And the fundamental contribution of the press, not only for the registration, but for the wide dissemination of the activities of the Biennial. I wish it to be an experience of enchantment, examination and, above all, learning. May the Biennial bring a new vision of spaces and reality that we already know so well. May it be an experience for life. Make it be thought-provoking and inspiring. Welcome to the Biennial of Curitiba 2017.

Luiz Ernesto Meyer Pereira Diretor-geral da Bienal de Curitiba Curitiba Biennial General director

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Vocação para o saneamento O saneamento é uma arte. Para desenvolvê-lo, é preciso dedicação e aprimoramento contínuo. É nisso que acreditamos nós, as mais de sete mil pessoas responsáveis pela Sanepar ser uma das maiores e melhores companhias de saneamento do País. Por meio de uma extensa rede, com aproximadamente 85 mil quilômetros, levamos qualidade de vida a 345 cidades do Paraná e a um município de Santa Catarina, Porto União. Por onde passa, a Sanepar universaliza o abastecimento urbano com água e é a única empresa de saneamento do Brasil que trata 100% do esgoto que coleta. Mas, muito além de prestar serviços técnicos especializados, sabemos que a Sanepar é parte da sociedade. É por isso que estamos engajados no seu desenvolvimento. Tal convicção está expressa em nossas ações, desde o estímulo para o crescimento intelectual da equipe até o incentivo ao esporte, à educação e à cultura nas cidades em que atua. O aprimoramento profissional da equipe sanepariana é marca institucional. Na sede da empresa, em Curitiba, há uma biblioteca que reúne e compartilha 5 mil livros técnicos, 2,5 mil livros de literatura, além de 4 mil arquivos em PDF, disponíveis ao corpo de funcionários da Sanepar e a seus familiares. Como ponte entre o público interno e externo, a Companhia mantém o Coral Sanepar. O grupo se apresenta gratuitamente à comunidade em diversos eventos pelo Estado. Canções populares brasileiras, com destaque a músicas que valorizam a temática da água e do meio ambiente, compõem o repertório do grupo, formado por empregados e empregadas da Empresa. Um LP, dois CDs e um DVD gravam a memória do Coral Sanepar, em seus 34 anos de história. Por falar em história, em 2014 inauguramos o Museu do Saneamento. Com mais de 8 mil itens em seu acervo, ele abrange o período de 1875 até os dias atuais, valorizando o patrimônio histórico, tecnológico e cultural do saneamento no Paraná. A Sanepar também é uma das grandes incentivadoras da arte e da cultura no Paraná. Só em 2016, foram mais de R$ 3 milhões investidos em projetos culturais e artísticos no Estado, via renúncia fiscal. Aos 54 anos, a Empresa mostra-se cada vez mais engajada no aprimoramento cultural, intelectual, ambiental e social do Paraná. E faz isso sem perder do horizonte o comprometimento com a evolução de seus serviços. Porque somos, afinal, uma empresa com vocação para o saneamento.

Vocation for sanitation Sanitation is an art. To develop it, dedication and continuous improvement are necessary. That is what we – more than 7,000 people responsible for Sanepar being one of the largest and best sanitation companies in the country – believe. Through an extensive network – approximately 85,000 kilometers – we bring quality of life to 345 cities of Paraná and one of Santa Catarina, Porto União. Wherever it goes, Sanepar universalizes urban water supply and, moreover, it’s the only sanitation company in Brazil that treats 100% of the collected sewage. But, apart from providing specialized technical services, we know that Sanepar is part of society. That’s why we are engaged in its development. Such conviction is conveyed in our actions, from stimulating the intellectual growth of our team to encouraging sports, education and culture in the cities we operate. The professional development of Sanepar’s team is a corporate brand. The company’s headquarters in Curitiba holds a library that gathers and shares 5,000 technical books, 2,500 literature books, and 4,000 PDF files available to Sanepar’s staff and their families. As a bridge between the internal and external public, the company maintains the Sanepar Choir. The group perform presentations to the community for free in several events throughout the State. Presented by the company’s employees, the group’s repertoire is composed of popular Brazilian songs, especially the ones that value water and environment. An LP, two CDs and a DVD record the memory of Sanepar Choir in its 34-year history. Speaking of history, in 2014 we inaugurated the Sanitation Museum. Its collection, with more than 8 thousand items, covers the period from 1875 to the present day, valuing the historical, technological and cultural patrimony of sanitation in Paraná. Sanepar is also one of the great promoters of art and culture in Paraná. Only in 2016, more than R$ 3 million were invested in cultural and artistic projects in the state through tax benefits. The 54-year company is increasingly engaged in the cultural, intellectual, environmental and social improvement of Paraná. And we do it without losing commitment to the evolution of our services. Because we are, after all, a company with a vocation for sanitation.

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Mais uma vez a Fomento Paraná tem o prazer de patrocinar a realização de uma edição da Bienal Internacional de Curitiba, evento já consolidado do calendário cultural da cidade. Tanto quanto apoiar atividades e manifestações capazes de mexer com a percepção, as emoções, ideias e a consciência das pessoas, para a Fomento Paraná é importante contribuir com a realização de eventos que possam atrair pessoas à capital paranaense e movimentar segmentos econômicos importantes da cidade na área do entretenimento, como teatros, salas de cinema, bem como os bares, restaurantes, hotéis e todo o trade turístico local. Como patrocinadores estamos especialmente contentes com a programação de atividades da Bienal, que trará a Curitiba artistas de vários continentes. Da mesma forma nos alegra a programação educativa e a proposta de promover atividades itinerantes em outras cidades paranaenses, espraiando essa cultura pelo estado. Atores, atrizes, produtores, iluminadores, cenógrafos, figurinistas, músicos, arranjadores, roteiristas, cinegrafistas, editores e toda gama de profissionais de apoio necessários à realização de um filme ou espetáculo são, cada um deles, parte de uma grande engrenagem que move o mundo do cinema e da arte. E é também por ver nessas pessoas, cada uma delas um empreendedor em potencial, que a Fomento Paraná, como instituição financeira de desenvolvimento do Governo do Paraná, considera importante vincular sua marca e apoiar eventos como o Festival Internacional de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba. Nosso desejo é que esse apoio ajude a fortalecer essa atividade e a todos os profissionais envolvidos, como tantas outras atividades e empreendimentos que temos procurado apoiar e estimular em todo o Paraná ao longo dos últimos anos. Que venham outros festivais e bienais trazendo com elas trabalho e muita diversão. Nossos desejos de sucesso, Once again Fomento Paraná is pleased to sponsor an edition of the Curitiba Biennial, an event already well established in the city’s cultural calendar. Supporting activities and manifestations that are able to challenge perception, emotions, ideas and people’s conscious is so important to Fomento Paraná as contributing to events that can attract people to Paraná’s capital and boost the important economic segments of entertainment at the city, such as theaters, movie theaters, bars, restaurants, hotels and all the local tourist trade. As sponsors we’re especially pleased with the Biennial programming, which will bring artists to Curitiba from several countries. In the same way, we are pleased with the educational program and the proposal to promote itinerant activities in other cities of Paraná, spreading culture through the state. Actors, actresses, producers, lighting technicians, set designers, costume designers, musicians, arrangers, writers, cinematographers, editors and all the range of professionals needed to make a film or show are part, each one of them, of a great gear that moves the world of cinema and art. We see in each one of them a potential entrepreneur and that’s why Fomento Paraná, as the development financial institution of the Government of Paraná, believes it’s important to promote its brand and support events such as the International Film Festival of the Curitiba Biennial. We hope that our support helps to strengthen this activity and all the professionals involved, like so many other activities and business that we’ve sought to support and stimulate throughout Paraná over the last few years. Let other festivals and biennials come and with them work and lots of fun. Our best wishes of success,

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Itaipu Binacional: líder mundial na produção de energia limpa e renovável A Itaipu Binacional é resultado da cooperação entre brasileiros e paraguaios que, juntos, venceram o desafio de converter em energia elétrica as águas do Paraná, um dos mais caudalosos rios do mundo. Com 14 mil Megawatts de potência instalada, a usina detém o recorde mundial de produção de energia anual, com 103.098.366 Megawatts/ hora (103,1 milhões de MWh) gerados em 2016. Sua segunda melhor marca foi registrada em 2013, com 98,6 milhões de MWh. Itaipu é também a hidrelétrica que mais gerou energia na história, com mais de 2,4 bilhões de MWh produzidos desde 1984. A usina é atualmente responsável por cerca de 17% do abastecimento de eletricidade do Brasil e por 76% do fornecimento ao Paraguai. Hoje, porém, o alcance da usina se estende para muito além da produção energética de qualidade. Itaipu se converteu em uma das principais molas propulsoras do desenvolvimento econômico e social da região de fronteira entre esses dois países. Desde o início de sua operação, a Itaipu Binacional já pagou em royalties mais de US$ 10 bilhões para o Brasil e o Paraguai (metade para cada país). O valor é calculado de acordo com a energia gerada ao longo de cada ano. A partir de 2003, a missão da empresa passou a incorporar a responsabilidade social e ambiental, o que se traduz em inúmeros programas voltados ao meio ambiente e às comunidades localizadas no entorno da usina. A Itaipu também é signatária de diversos compromissos nacionais e internacionais, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), Carta da Terra e Princípios do Empoderamento das Mulheres, entre outros. Esses compromissos são expressos em ações que fazem da hidrelétrica (vencedora do prêmio Water for Life, da ONU Água em 2015) um modelo para novos projetos do setor elétrico e que comprovam que a hidroeletricidade pode caminhar no mesmo passo da inclusão social e da preservação da natureza.

Itaipu Binacional: world leader in clean and renewable energy Itaipu Binacional is the result of a partnership between Brazilians and Paraguayans, who together have overcome the challenge of converting the waters of Paraná River, one of the mightiest rivers in the world, into electricity. With installed capacity of 14,000 megawatts, the plant achieved the world record in energy generation with an output of 103,098,366 MWh (103.1 million MWh) in 2016. Its previous record was reached in 2013, with 98,6 MWh. Itaipu is also the hydroelectric power station that generated the most energy in history, having produced more than 2.4 billion MWh since it started operating in 1984. The plant accounts for approximately 17% of the electricity supply in Brazil and for 76% of supply to Paraguay. Today, however, the scope of the plant extends far beyond quality energy production. Itaipu has become one of the main drivers of economic and social development of the border region between the two countries. Since the beginning of its operation, Itaipu Binacional has paid over $ 10 billion to Brazil and Paraguay (half for each country) in royalties. The value is calculated according to the energy generated throughout each year. Since 2003, the company’s mission has incorporated social and environmental responsibility, which is reflected in numerous programs dedicated to the environment and to the communities located near the plant. Itaipu is also a signatory to various national and international commitments, such as the Sustainable Development Goal (SDGs), the Earth Charter, the Women’s Empowerment Principles, among others. These commitments are translated into actions that make Itaipu (winner of the 2015 UN Water for Life Award) a model for new projects in the electricity industry, proving that hydroelectricity can walk at the same pace of social inclusion and the nature’s preservation.

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FURNAS, uma das maiores empresas de geração e transmissão de energia elétrica do Brasil, tem orgulho em patrocinar a Bienal de Curitiba, evento que há 24 anos oferece um valioso panorama da arte visual brasileira e internacional. A proposta da Bienal de valorizar a diversidade, levar performances a espaços públicos, propiciar a formação de jovens curadores e aguçar o interesse dos estudantes pela arte dialoga com os princípios que FURNAS adota em suas ações de patrocínio. Para a empresa, o acesso à cultura é um direito de todos. Ao apoiar projetos artísticos e culturais, por meio da Lei Rouanet, FURNAS cumpre a missão de contribuir para a afirmação de identidades, o resgate das histórias e saberes populares, a democratização dos bens culturais e, sobretudo, a promoção da cidadania. Nos últimos anos, estas diretrizes resultaram em diversos patrocínios, promovendo iniciativas que conjugam arte, desenvolvimento comunitário e inclusão social. A Política de Responsabilidade Sociocultural de FURNAS está alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que visa, entre outras medidas, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover a valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável. FURNAS produz, há 60 anos, a energia que move o Brasil e valoriza o que há de mais importante neste imenso país: sua gente. FURNAS, one of the most important companies of electrical energy generation and transmission in Brazil, is proud to endorse the Curitiba Biennial, an event that for 24 years has been offering a valuable panorama of Brazilian and International visual arts. The Biennial’s proposition of valuing diversity, bringing performances to public spaces, fostering the development of young curators and increasing students’ interest in arts matches the principles FURNAS adopts in its sponsorship actions. To the company, access to culture is a global right. On supporting artistic and cultural projects by means of the Rouanet Law, FURNAS accomplishes the mission of contributing to the affirmation of identities, redeeming of stories and popular knowledge, democratization of cultural wealth and, more than anything, promotion of social responsibility. In the last few years, these directives resulted in many sponsorships, promoting initiatives that combine art, community development and social inclusion. The Sociocultural Responsibility Policy of FURNAS is aligned to the Sustainable Development Goals (SDGs), established by the United Nations Development Programme (UNDP), which endeavors, between other measures, to assure that every student may acquire knowledge and necessary skills to promote the cultural diversity and the cultural contributions for a sustainable development. FURNAS has been producing, for 60 years, the energy that moves Brazil forward and values what’s the most important in this formidable Nation: its people.

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Horizons Telecom: a Bienal de Curitiba ’17 conectada com o mundo A partir de 30 de setembro Curitiba se tornará uma das vitrines da arte contemporânea, com a abertura oficial da Bienal de 2017, que irá homenagear a China. Diferentes manifestações e linguagens de artistas dos cinco continentes serão expostas em mais de 100 espaços da cidade. Será um espetáculo cultural, de ideias e formas que trará à Curitiba visibilidade e fomento econômico. Assim como a Bienal, a Horizons Telecom, empresa de tecnologia, internet e telefonia, também é 100% curitibana. Daqui, da capital paranaense, surgimos e, aos poucos, abrimos outras unidades em cidades do estado de São Paulo. Conhecemos a nossa terra, a nossa gente e valorizamos a nossa arte. Portanto, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, patrocinamos esse evento, que há 24 anos engradece a cultural local e mundial, com o estímulo a diversidade, ao conteúdo e ao conhecimento. Tanto quanto a arte contemporânea, que é dinâmica e interativa, a Horizons Telecom aposta na tecnologia ao serviço das organizações e das pessoas. Com redes de fibra óptica de alta confiabilidade e disponibilidade, a Horizons disponibiliza links dedicados de 5 Mbps até 1 Gpbs, proporcionando comunicação rápida e segura. Esses e outros serviços da Horizons contam com o suporte técnico especializado 24 horas por dia, sete dias por semana. A arte é feita por pessoas e, nelas, a Horizons acredita. Nossos clientes não são números, são indivíduos que merecem o nosso respeito e atenção. O mesmo cuidado que o artista tem ao criar a sua arte, a Horizons tem ao atender o cliente, de forma personalizada e exclusiva. Conheça a nossa história e os nossos serviços www.horizontelecom.com.

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Incentivar a arte faz parte da nossa responsabilidade Desenvolver o Paraná e sua gente é um preceito fundamental para a Copel. Por isso, a Companhia tem imenso orgulho em patrocinar a Bienal Internacional de Curitiba 2017, um evento que celebra a arte em suas múltiplas dimensões. Para a Copel não basta gerar, transmitir e distribuir energia, e ser a responsável por tornar o Paraná o único Estado 100% digital do País com sua rede de fibras ópticas. A Companhia faz questão de valorizar todo tipo de manifestação artístico-cultural que promova a reflexão e o pensamento crítico. Eleita pelos clientes a melhor distribuidora de energia do Brasil em 2017 – a sexta vez em sete anos –, a Companhia é fruto do trabalho dos paranaenses. Nesta edição, a Bienal Internacional de Curitiba homenageia a China e traz diversos trabalhos de artistas do lado de lá do mundo à capital paranaense. Por isso, nada mais apropriado do que dar ao evento o título de “Antípodas”: pontos muito distantes um do outro que, neste caso, estão unidos pela arte. E união e diversidade também não poderiam deixar der ser parte da missão da maior empresa do Paraná. Além de valorizar o trabalho artístico, como patrocinadora da Bienal, a Copel contribui ao compartilhar com o povo paranaense e seus convidados obras de artistas de todos os cantos do mundo, em mais de 100 espaços em Curitiba. É um convite a cada paranaense a viajar em meio a culturas e histórias diversas, aprendendo um pouco da arte que pauta a expressividade de cada povo. É por isso que a Copel patrocina a Bienal de Curitiba 2017 através da Lei de Incentivo à Cultura e acredita que o projeto engrandece o Paraná e o Brasil. Afinal, para nós, incentivar a arte é iluminar a vida!

Encouraging art is part of our responsibility The development of the state of Paraná and their people is a fundamental precept for Copel. That’s why our company is very proud to sponsor the Curitiba Biennial 2017, an event that celebrates art in its multiple dimensions. For Copel is not enough to generate, transmit and distribute energy, and also be responsible for making Paraná the only 100% digital state of the country with its fiber optic network. Our company insists on valuing all sorts of artistic and cultural manifestations that can promote reflection and critical thought. Chosen by the clients as the best energy provider of Brazil in 2017 – the sixth time in seven years –, our company is a result of the work of Paraná’s citizens. In this edition, the Curitiba Biennial is honoring China and bringing several works of artists from the opposite side of the globe to the capital of Paraná. The event title, therefore, couldn’t be more appropriate: “Antipodes”, points really far from each other that, in this case, are united by art. And union and diversity couldn’t be left aside in the mission of Paraná’s biggest company. In addition to valuing artistic work as a sponsor of the Biennial, Copel shares with Paraná’s citizens and guests works by artists from all corners of the world in more than 100 spaces in Curitiba. This is an invitation to every citizen of Paraná to travel through diverse cultures and stories, while learning a little of the art behind the expressiveness of each people. That’s the reason why Copel sponsors the Curitiba Biennial 2017 through the Culture Incentive Law. We believe that this project exalts Paraná and Brazil. After all, for us, encouraging art is illuminating life!

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No Brasil, Pelo Brasil Sabemos que a beleza pode ser vista de diversos jeitos mas, na sua opinião, o que torna a vida bela? Todos os dias podemos presenciar momentos especiais, conhecer pessoas e diferentes culturas, que nos provam que a beleza da vida está em todo o lugar, esperando para que possamos descobri-la, basta aquele momento de coragem. Para nós, a beleza da tecnologia não é diferente: é o resultado de avanços científicos resultantes de oportunidades de exploração com tempo e foco definidos. Beleza é descoberta. Na Bienal de Curitiba, a beleza da descoberta é trazida para a apreciação dos brasileiros, conectando tecnologia, culturas diferentes e novos momentos para você se surpreender. China e Brasil são nações com fortes laços de negócios, política e economia, e a Bienal veio para fortalecer os laços culturais. Fundada em 1987 em Shenzhen, China, a Huawei foi pioneira dentre as empresas chinesas no processo de expansão de suas operações para o exterior, contribuindo para a sociedade mundial em uma escala global, sendo o Brasil um dos primeiros países onde a Huawei estabeleceu um escritório fora da China, em 1999. Agora, com a Bienal de Curitiba, está sendo pioneira e tomando liderança ao compartilhar o talento dos artistas chineses e a beleza de suas artes com os brasileiros, um bem global trazido pela Huawei e pela Bienal. Com cinco escritórios e cerca de 1500 colaboradores no Brasil, a Huawei se tornou uma líder local em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) por meio de parcerias com todas as maiores operadoras e clientes empresariais. Juntamente com o ecossistema local de TIC, a Huawei cria novas tecnologias que enriquecem a vida das pessoas: computação em nuvem, Internet das Coisas, Cidades Inteligentes, Realidade Virtual e 5G. Temos muito orgulho de patrocinar a Bienal de Curitiba e apoiamos com igual orgulho uma nação melhor conectada, na qual todos podem compartilhar as suas descobertas. Huawei está no Brasil, para o Brasil.

In Brazil, for Brazil We all know that beauty can be seen in many ways, but in your opinion, what makes life beautiful? Every day we get in touch with special moments, people and cultures that proves that the beauty of life is all around us, waiting to be discovered, in a moment of courage. For us, the beauty of technology is no different – they are the result of scientific breakthroughs resulting from exploring opportunities with time and focus. Beauty is discovery. At the Curitiba Biennial, the beauty of discovery is brought for Brazilians to appreciate, connecting technology, different cultures and brand new moments for you to be amazed. China and Brazil are nations with close ties in business, politics and economy, and the Biennial is making the Cultural ties closer. Founded in 1987 in Shenzhen, China, Huawei was a pioneer among the Chinese companies to expand operations overseas and contribute on a global scale to world´s society, being Brazil one of the first countries where Huawei established an office outside China, in 1999. Now Curitiba Biennial is taking the leadership in sharing the talent of Chinese artists to the Brazilians and the beauty of their art, a global asset brought by Huawei and Curitiba Biennial. With 5 offices and some 1,500 employees in Brazil, Huawei has grown into a local information and communication technology (ICT) leader by partnerships with all major carriers and several enterprise customers. Together with the local ICT ecosystem, Huawei is creating new technologies that enrich people’s lives: cloud computing, Internet of things, Smart Cities, Virtual Reality and 5G. Huawei is a proud sponsor of Curitiba Biennial as well as a proud supporter for a better connected nation, where we can all share our discoveries. Huawei is in Brazil for Brazil.

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ÍNDICE INDEX VOLUME I

30

32

MAPAS MAPS

32

Curitiba

34

Itinerância

35

Bienal na América Latina

36

MOSTRA EXHIBITION

38

Antípodas: Diverso e reverso / TÍCIO ESCOBAR

46

Museu Oscar Niemeyer Oscar Niemeyer Museum

48

Vibrations / FAN DI’AN, FANG ZHENNING & LIU CHUNFENG 中国

144

Além da Fotografia / TÍCIO ESCOBAR

182

Antítese Imagens Síntese / MASSIMO SCARINGELLA

196

Visão expandida / MASSIMO SCARINGELLA

213

Song for my hands / MARTA MESTRE

236

Não está claro até que a noite caia / AGNALDO FARIAS

240

Tiluk e a obra de Guadalupe Miles / TULIO DE SAGASTIZABAL

244

Dualidades Humanas / BRUGNERA

262

Opera Hominum / LEONOR AMARANTE

266

Excuse door / FERNANDO RIBEIRO

268

Stockage / TEREZA DE ARRUDA

270

Bienal de Shanghai 中国

274

Bienal CAFAM 中国

278

Largo da China China Square

280

Sentindo o pulsar da cultura chinesa no Largo da China / EMBAIXADOR LI JINZHANG 中国

286

Museu Municipal de Arte Municipal Museum of Art

289

Palavras da curadoria / ZHANG ZIKANG 中国

316

Performances

318

FERNANDO RIBEIRO

332

Prêmio Jovens Curadores Young Curators Award

334

“O museu é feminista” e outras esperanças sobre o futuro / CAROLINA LOCH

340

GABRIELA RAMOS DÁVALOS


VOLUME II 354

CIRCUITOS CIRCUITS

356

Circuito de Museus Museums Circuit

492

Ybakatu

494

Zilda Fraletti

496

Zuleika Bisacchi

498

Airez Galeria

358

Museu da Fotografia

500

Estúdio e Galeria Teix

359

Além da Fotografia / TÍCIO ESCOBAR

502

Das Nuvens

362

Memorial de Curitiba

504

Soma Galeria

363

Hangzhou, o paraíso na Terra 中国

506

Ponto de Fuga

366

Antítese Imagens Síntese / MASSIMO SCARINGELLA

373

Porque o mundo nunca deve perder seu calor /

508

Circuito Alternativo Alternative Circuit

ROYCE SMITH & DANNYS MONTES DE OCA

400

Museu Paranaense

510

Bar do Alemão

401

Porque o mundo nunca deve perder seu calor /

512

Botanique

ROYCE SMITH & DANNYS MONTES DE OCA

514

Café Bathé

412

IZK / LUIZ GUSTAVO VARDÂNEGA VIDAL PINTO

516

Dizzy Café Concerto

414

Museu Alfredo Andersen

518

Marbô Gastronomia

415

Arte e Vida / BRUGNERA

520

Novo James Bar

423

Oceanos entre Terras / ELENA BARCELLÓS & ÓSCAR DOMÍNGUEZ

522

Ornitorrinco

426

Museu de Arte Indígena

427

ANA ITÁLIA PARANÁ MARIANO & ANA SILVIA PARANÁ

542

Circuito Universitário University Circuit

MARIANO KERIN

434

Museu Municipal de Arte

EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do Paraná

435

Imagem em Profusão / CLUBE DE COLAGEM DE CURITIBA

DeArtes - Departamento de Artes da UFPR

450

Circuito Integrado Integrated Circuit

452

Hall de Secretaria de Estado da Cultura

452

O fluxo de Tao / BRUGNERA

456

SESC Paço da Liberdade

456

Um passeio pelas histórias de prédios marcantes da cidade.

458

Biblioteca Pública do Paraná

458

ROYCE SMITH & DANNYS MONTES DE OCA

460

MUSA - Museu de Arte da UFPR Museu Metropolitano de Arte - Sala de Arte Digital Museu da Gravura de Curitiba 536

Circuito Infantil Kids Circuit

540

Bienal em Florianópolis Biennial in Florianopolis

ADRIANA CECCATTO BARBOSA

542

Museu Escola de Santa Catarina

462

Galeria InterARTividade

558

Fundação BADESC

462

A cidade redesenhada / TOM LISBOA

467

Galeria da APAP/PR

584

467

ROYCE SMITH & DANNYS MONTES DE OCA

Bienal na América do Sul Biennial in South America

468

Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/PR

468

Movimento / MÁRCIA ARACHESKI

586

Museo de Arte Contemporaneo de Buenos Aires - MAR

472

Palacete dos Leões - BRDE

588

Museo de Arte Contemporaneo MAC - Salta

472

Tempo Matéria / EDER CHIODETTO

590

BienalSul - Embaixada do Brasil em Buenos Aires

474

Solar do Barão

592

Museo del Barro (Assunção - PY)

474

Pendências / NICOLE LIMA

476

Parque São Lourenço

594

ARQUITETURA ARCHITECTURE

476

ROYCE SMITH & DANNYS MONTES DE OCA

Circuito de Galerias Galleries Circuit

596

Palácio Iguaçu

478

598

Skyline 中国

480

ARQ/ART Galeria

482

Boiler Galeria

646

MUSEOGRAFIA MUSEOGRAPHY

484

Riviso Galeria

486

Sim Galeria

650

EDUCATIVO EDUCATIONAL

488

Simões de Assis

490

Solar do Rosário

654

ÍNDICE ALFABÉTICO ALPHABETICAL INDEX 31


CURITIBA

ESPAÇOS DA BIENAL BIENNIAL VENUES

Circuito Alternativo Alternative Circuit

MOSTRA EXHIBITION 1 2 3 4

Museu Oscar Niemeyer 中国 Museu Metropolitano de Arte 中国 Largo da China 中国 Memorial de Curitiba

CIRCUITOS CIRCUITS Circuito de Museus Museums Circuit 5 6 7 8 9 10

Museu da Fotografia Memorial de Curitiba 中国 Museu Paranaense Museu Alfredo Andersen Museu de Arte Indígena Museu Municipal de Arte

35 36 37 38 39 40 41

Hall de Secretaria de Estado da Cultura SESC Paço da Liberdade Biblioteca Pública do Paraná Galeria InterARTividade Galeria da Associação de Artistas Plásticos do Paraná

42 43 44 45 46

32

52 53 54 55

ARQ/ART Galeria

Sim Galeria Simões de Assis Solar do Rosário

Zuleika Bisacchi Airez Galeria Estúdio e Galeria Teix Das Nuvens Galeria e Atelier Soma Ponto de Fuga

Bar do Alemão Ornitorrinco

Casa da Leitura Miguel de Cervantes Bistrozinho Villa Mariantonio Centro Juvenil de Artes Plásticas Escola Anjo da Guarda

EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do Paraná DeArtes - Departamento de Artes da UFPR MUSA - Museu de Arte da UFPR Museu Metropolitano de Arte - Sala de Arte Digital Museu da Gravura de Curitiba

Espaço Itaú de Cinema Cine Guarani Cinemateca de Curitiba SESC Paço da Liberdade

56 57 -98

Biblioteca Pública do Paraná

99 100

Palácio Iguaçu 中国

Ybakatu Zilda Fraletti

Novo James Bar

Curitiba Literária Literary Curitiba

Boiler Galeria Riviso Galeria

Dizzy Café Concerto

Festival de Cinema da Bienal de Curitiba Film Festival of the Curitiba Biennial

Solar do Barão

Circuito de Galerias Galleries Circuit 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34

47 48 49 50 51

Palacete dos Leões - BRDE

Parque São Lourenço

Café Bathé

Circuito Universitário University Circuit

Ordem dos Advogados do Brasil - Paraná

Espaço Thá

Marbô Gastronomia

Circuito Infantil Kids Circuit

Circuito Integrado Integrated Circuit 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Botanique

Faróis do Saber

ARQUITETURA ARCHITECTURE

Palácio das Araucárias


18

83

94

1 58

3

4

19

30 10 45 40 44 20 8 7 39

57

9

35

15

25

13

5

32 14

37

33

36

42

31

17

6

41 38 23

21

22

24 25 34

43

42

29 39

16

28 27

97

99

94

96

11

58

2

12

60

82

33


ITINERÂNCIA ITINERANCY CIDADES CITIES

1

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

34

Fortaleza - CE Brasília - DF Joinville - SC

7

Porto Alegre - RS Foz do Iguaçu - PR Cascavel - PR Guaíra - PR

6

11 10

3

Araucária - PR Paranaguá - PR São Mateus do Sul - PR Palmeira - PR

8

5

4

9


BIENAL NA AMÉRICA DO SUL BIENNIAL IN SOUTH AMERICA CIDADES E ESPAÇOS CITIES AND VENUES

1

2

3

1 2 3

Assunção - PY Buenos Aires - AR Mar del Plata - AR

35


MOSTRA EXHIBITION

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Antípodas Diverso e reverso DIVERSIDADE: OS EXTREMOS APROXIMADOS A diversidade é uma das grandes características distintivas da arte contemporânea (como da cultura em geral). Considerado não como um tema, mas como uma abordagem, o diverso permite assumir tanto a multiplicidade de modelos e agentes artísticoculturais, como também a pluralidade de territórios, temporalidade e meios de expressão que hoje tornam o campo da arte complexo e promovem a expansão de seus meios. Tendo sido refutada a moderna autonomia da arte, a sensibilidade e o pensamento contemporâneos promovem a consideração de estéticas alternativas ao modelo hegemônico da arte ocidental: a erupção de formas provenientes da cultura indígena e popular, assim como a importância concedida à arte em regiões com tradições próprias, alheias à história europeia e norte-americana da arte. A ruptura da temporalidade moderna fomenta a presença destes regimes diferentes de arte que não se alinham com a figura evolutiva do progresso ocidental e geram anacronismos, retrocessos e cortes nas diferentes histórias que impulsionam tais regimes. Por outro lado, a refutação da ordem moderna permite que a própria arte seja considerada também por outras expressões que ultrapassam o terreno das artes plásticas. Assim, os limites entre os meios audiovisuais e literários ficam borrados e são promovidas experiências espaciais plurais. A erupção das tecnologias digitais e a hegemonia da cultura globalizada atuam como forças transversais que agitam ainda mais os domínios da arte outrora organizados. Essas questões surgem hoje em um panorama inundado por imagens; uma cena regida pela lógica instrumental do mercado: a publicidade, o espetáculo, a comunicação e o entretenimento. A profusão de imagens leva a duas questões que cruzam esta bienal de maneira entrelaçada. A primeira tem a ver com as possibilidades de se produzir imagens poeticamente densas e providas de um fio crítico e conceitual, na contramão da estetização banal que inunda o campo da visão. A segunda, consequência da questão anterior, assume o fato de que a produção da imagem digital é hoje superior à capacidade de sua recepção e emprego. A visão enfrenta um aumento desmensurado de informação visual que excede sua possibilidade de assimilação. Esse excesso, que requer o contrapeso reflexivo e crítico recém-mencionado, exige o isolamento da imagem do turbilhão de imagens flácidas e transparentes, incapazes de redefinir o sentido. A arte contemporânea assume essa situação através de diferentes estratégias, que ultrapassam o âmbito do fotográfico convencional e exigem soluções que vão além da fotografia – o que poderia ser qualificado como “fotografia expandida”, cruzada por técnicas diferentes e baseada em reforços conceituais variados. DE LADO A LADO COM O MUNDO A diversidade, como expressão das múltiplas diferenças que enriquecem o horizonte sociocultural contemporâneo, ocupa seu lugar central na agenda das políticas públicas; não só das que se referem ao espaço do cultural, mas também, e especialmente, do meio ambiente, economia, e desenvolvimento social. No âmbito estrito da arte, ainda que a diversidade seja reconhecida como uma força indispensável, não tem sido suficientemente desenvolvida na temática das bienais e continua disponível para mobilizar obras com respeito a seu fecundo conceito. A Bienal de Curitiba 2017 adota o tema da diversidade como um ponto de referência para ativar questões e imagens sem restringir os conceitos ou procedimentos empregados pelos artistas. Assim, o título não fixa um tema ou motivo: ele aponta uma abordagem característica da atualidade que busca gerar sinergia entre obras profundamente díspares e divergentes em suas propostas. O tema da bienal remete a diferentes ideias de diversidade, confronto, antinomia e coincidência em um mapa-múndi continuamente polarizado e simultaneamente forçado à homogeneização globalizante. As exposições trabalham a diferença geográfica e cultural entre o leste asiático da China e seu antípoda, o Cone Sul da América Latina, pontos extremos do planeta. Mas como qualquer figura levantada no âmbito artístico, a das antípodas convertem-se em metáfora de inúmeras conexões entre vários outros países do mundo que sempre têm seus próprios antípodas; isto é, ocupam um lugar extremo em relação a outro. A metáfora, sempre escorregadia, também pretende opor posições no plano da técnica e dos conteúdos diversos, enfrentados ou aliados entre si. A bienal permite a possibilidade de traçar diferentes constelações entre estes mundos que se distanciam e se aproximam, que se cruzam e se ajustam em diferentes ocasiões e lugares. O roteiro curatorial da bienal articula diferentes propostas expositivas. Por um lado, tem como eixo as distantes posições da arte da China e do Cone Sul latino-americano, confrontando duas mostras localizadas no Museu Oscar Niemeyer (MON): Vibrações, que sob a curadoria de Fang Zhenning e Liu Chunfeng exibe arte contemporânea chinesa, e Além da Fotografia, curada por Ticio Escobar, que reúne um conjunto de artistas do Cone Sul latino-americano, trazendo a questão da fotografia expandida. Por outro lado, o roteiro desenvolve diferentes exposições que, ao redor deste eixo, mobilizam propostas curatoriais particulares. Finalmente, a figura da diversidade permite à bienal acolher a pluralidade de expressões culturais (teoria, arquitetura, culinária, desenho, cinema, literatura, etc.), bem como a riqueza da expressão cidadã e a posta em cena da própria cidade de Curitiba. A diversidade contemporânea atravessa diagonalmente estes campos e disciplinas cujas as articulações mobilizam os processos de significação social em ritmos diferentes. Assim, a bienal integra um amplo âmbito de atividades que, estando a cargo de diversos atores e instituições, ocorrem entre o poético, o estético, o acadêmico, o urbano, o cívico e o ambiental.

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A natureza flexível desta bienal permite a coexistência de mostras organizadas pelo curador-geral junto de outros artistas convidados diretamente pela organização da bienal ou exposições correspondentes a iniciativas de cidadania. As exposições incluem programas de intercâmbio cultural e incentivo geracional. Neste sentido, serão apresentadas duas mostras com curadoria de Gabriela Ramos e Carolina Loch, ambas premiadas como Jovens Curadoras da Bienal de Curitiba 2017. A primeira mostra ocorrerá no Centro de Artes Visuais / Museu do Barro do Paraguai, e a segunda, no Museu da Fotografia de Curitiba. Esta bienal também integra programas de extensão cultural através de vínculos com três bienais internacionais: BienalSur, Bienal de Xangai e Bienal do Cafam. Este texto faz referência somente às ações e mostras de artes visuais correspondentes aos convites realizados pelo curador-geral ou pela organização da bienal. Esta restrição responde a critérios editoriais e não tem a intenção de desmerecer outras manifestações, que serão apresentadas em outras seções do catálogo geral. CARTOGRAFIA E DIFERENÇA Vibrações é o título da mostra de arte contemporânea da China, país homenageando nesta bienal. Essa exposição confronta-se com Além da fotografia, mostra integrada por artistas do Cone Sul latino-americano; desta maneira, a curadoria reforça a posição de pontos geográficos extremos, diametralmente opostos. Esta alteridade radical é tratada através de uma abordagem voltada à diversidade. A arte tem a possibilidade de criar vínculos e traçar diagramas entre as culturas e os lugares mais distantes: a imagem é, por antonomásia, um dispositivo capaz de unir pontos diferentes, distantes, para traçar com eles diferentes constelações de sentido. O diverso contemporâneo se reforça com a vinculação de zonas, mundos simbólicos e situações opostas que coincidem sem pôr em risco suas identidades. Assumir a diversidade permite, assim, retomar a ideia de universalidade que, em contraposição à tendência homogeneizante da globalização, nutre-se das diferenças particulares ao redor de eixos de confronto, cruzamento e coincidência. A exposição de arte chinesa trata o diverso contemporâneo não só a partir de posições cartográficas contrapostas, mas também a partir da pluralidade de sensibilidades e subculturas geracionais: a mostra apresenta obras de artistas jovens que se posicionam diante do universal contemporâneo em tensão com diversas tradições e experiências locais. A EXPANSÃO DA IMAGEM Se a exposição Vibrações trata a diversidade desde seu sentido de diferença cultural, a mostra Além da fotografia parte do diverso dos meios de produção e obra, especificamente a fotografia, que adquiriu uma presença privilegiada no panorama da arte contemporânea. Esta mostra toma como ponto de partida a fotografia, analisando seu potencial conceitual, expressivo, crítico e poético, especialmente quando cruzada com outros meios. Mas também pode partir diretamente de outras expressões que tendam a se cruzar com a fotografia e desafiar seu encapsulamento. Assim sendo, a curadoria desta mostra parte da figura da fotografia expandida, ideia que refuta a autonomia formalista que faz do meio técnico um fetiche. A crítica desta autonomia é uma das características mais notáveis da arte contemporânea, que é enriquecida com cruzamentos e montagens de tempos diferentes e impulsionada por movimentos de expansão e contaminação. Os artistas que participam da exposição Além da fotografia transcendem o procedimento fotográfico considerado em sua pura especificidade técnica e o abrem à convivência com outros meios estéticos e expressivos. Deixam de lado toda a consideração fetichista da técnica para usar a imagem de maneiras complexas que privilegiam proposta acima dos meios. A DIVERSIDADE DO OLHAR Sob a curadoria de Marta Mestre (MON), a exposição Song for my hands (Canção para minhas mãos) explora a diversidade de percepções condicionadas pela nacionalidade, sensibilidade e conceitos dos artistas, bem como pelos procedimentos utilizados em suas obras. A oposição entre pares: arte/técnica, por um lado, e pensamento abstrato/trabalho manual, por outro, permite que a curadora trabalhe a materialidade da obra em processos que oscilam entre o artesanal e o industrial, o reflexivo e o sensorial. O curador Massimo Scaringella apresenta a mostra Antítese Imagens Síntese (MON/Memorial de Curitiba). A exposição usa como referência a dialética hegeliana para trabalhar a pluralidade de posições de artistas contemporâneos que mobilizam ações e pensamentos a partir de energias criadoras e memórias diferentes. Tanto o componente conceitual como o poético atravessam as propostas de grandes questões contemporâneas, como a percepção estética, a memória, o conflito realidade vs. ficção e o papel da técnica no cotidiano e na produção da obra. A exposição Dualidades humanas (MON), Arte e Vida (MAA) e O Fluxo do Tao (SEEC), curadas por Brugnera, radicalizam o momento da antítese, a partir do qual traz várias dicotomias, tais como dentro/fora, guerra/paz, Terra/Marte, vida/morte, aparecimento/ desaparecimento, humano/animal, aproximação/distanciamento, preto/branco, ser/estar, passado/presente, dúvida/verdade e oriental/ocidental. Esses antagonismos suscitam uma atmosfera de inquietação e se referem a vários modos de conciliação que nunca poderão ser totalmente resolvidos, mas que, em sua tentativa de síntese, mobilizam um problema amplo que inclui questões de territórios e fronteiras, da memória e da percepção do corpo. Tais dicotomias são inerentes aos seres humanos, que só têm a percepção de determinado sentimento ou experiência a partir da ausência de seu extremo.

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Justamente ao lançar um segundo olhar é possível compreender a indivisibilidade das antíteses, de forma que contraditoriamente desiguais, são complementares uma a existência da outra, o que as torna inexplicavelmente perfeitas. As exposições serão bastante envolventes, pois o apreciador de alguma forma projetará suas próprias experiências no momento da observação, de modo que haverá um mistifório entre vida e arte – resumindo a antítese: realidade e fantasia. O curador do MON, Agnaldo Farías, apresenta a exposição Não está claro até que a noite caia, que reflete sobre uma questão-chave da arte contemporânea: a relação entre imagem e texto. A artista Juliana Stein problematiza essa relação apoiando-se na noção de traço compartilhada pela fotografia e pela escrita. Mas a impossibilidade de que uma e outra se unam gera um excedente e uma falta. O traço pode registrar até certo ponto, a partir do qual começa uma pura ausência; gera-se, então, um curto-circuito na significação, um breve espaço em branco onde palavras e imagens perdidas são vislumbradas. Sob a curadoria de Tulio de Sagastizábal, é exposto o longo trabalho de pesquisa fotográfica de Guadalupe Miles (MON) sobre vários momentos da comunidade Wichi, localizada em Santa Victoria Este, no Chaco de Salta. O trabalho parte do vínculo da artista com Tiluk, que foi xamã e líder da comunidade. Além de trazer a presença indígena, componente indispensável da diversidade na América, a mostra levanta as diferentes tensões enfrentadas pela fotografia documental e proposta de obra, estética e documento, aura e digital, etnografia e arte. Curada por Ticio Escobar, a exposição de Rodrigo Petrella (Solar do Barão) reúne fotografias tiradas em diversas aldeias indígenas da região amazônica. Estas obras vão além da fotografia por três motivos. Em primeiro lugar, porque mobilizam formas estéticas que em si configuram o que nós chamamos de “arte” (penachos, pinturas corporais, rituais, música, literatura oral, coreografia, representação teatral). Em segundo, porque essas fotografias, que oscilam entre o documental o propriamente expressivo, acabam não sendo tão importantes como testemunhos de uma realidade objetiva, mas sim como geradoras de imagens que sugerem mundos esquivos, potentes, impossíveis de serem registrados pelo aparelho. Por último, por transcenderem a ordem do registro e a expressão estética, as obras de Petrella atuam como um apelo político em prol dos direitos da diversidade. Visualizar os agentes omitidos na cena social é, segundo Rancière, o gesto político por excelência. Este movimento gera desacordo no plano da representação: um desajuste que se torna fonte de toda demanda emancipatória. Porque o mundo nunca deve perder seus afetos (Memorial de Curitiba e Museu Paranaense) é o título da mostra curada por Dannys Montes de Oca e Royce Smith. Segundo eles, esta frase se refere ao fato de que os processos de significação social não se baseiam em consensos harmônicos, mas em tensões turbulentas que continuam provocando disparidades, intolerâncias e assimetrias. Em vez de aliviar esses conflitos, o excesso tecnológico os exacerba, uma vez que não se enquadra em políticas públicas propícias a tratar da diversidade. Mas, através das obras expostas, a curadoria busca tratar de nossas antípodas (razão/emoção, local/global, etc.), procurando entre seus interstícios o advento de “tempos interessantes”, capazes de manter as melhores reservas da condição humana. A exposição de arte chinesa curada por Zhang Zikang (MuMa) exibe obras de uma nova geração de artistas do país pertencentes a uma sociedade cada vez mais aberta à globalização e, simultaneamente, ainda vinculada de muitos modos a sua forte tradição cultural, de forte peso histórico. Os jovens artistas exploram com audácia diversas reinterpretações do complexo presente apresentado pelo novo cenário mundial para que eles possam “sentir o pulsar dos tempos e a ressonância do espírito”, como define poeticamente o curador. Fernando Ribeiro trabalha em uma curadoria de obras performáticas que partem de uma fotografia do assassinato do embaixador russo na Turquia em 2016. A curadoria segue o rastro da divulgação desta fotografia nas redes sociais e envolve discussões sobre seu potencial artístico. A questão é tratada através de performance art: a imagem vai além da fotografia, desembocando em uma arte viva que, vinculada a práticas cotidianas, perturba as cronologias temporais e renova as significações do fato ocorrido com foco nas perspectivas sociais e políticas. Fang Zhenning apresenta uma exposição de arquitetura contemporânea chinesa (Palácio Iguaçu) com a intenção de confrontar o produzido nas antípodas e de construir pontes de comunicação entre os hemisférios oriental e ocidental. Além disso, a mostra busca promover o intercâmbio cultural e difundir a vasta experiência chinesa no plano da arquitetura contemporânea vinculada, ainda, com projetos diversos que incluem a urbanização. A exposição das obras de José Rufino, intitulada Opera hominum (MON), recebe a curadoria de Leonor Amarante. A mostra é integrada por 21 painéis que exibem monotipias das mãos de trabalhadores de uma usina impressas sobre recibos de pagamento coletivo. Essas manchas escuras são um testemunho arqueológico de uma usina de cana de açúcar hoje em ruínas, mas vitalmente carregada pela memória dos trabalhadores. Este tratamento permite documentar, enquanto obra de arte, uma experiência particular de forte conteúdo social e político. Encara, assim, um dos desafios mais complexos da arte contemporânea: compatibilizar o nível estético com narrativas e conceitos potentes que ocorrem além do círculo da forma pura.

Tício Escobar Curador

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ANTIPODES Diverse and Reverse DIVERSITY: BOUNDARIES CLOSE TOGETHER Diversity is one of the most important distinctive characteristics of contemporary arts (as well as culture in general). Considered not as a theme, but as an approach, that which is diverse allows the undertaking of both the multiplicity of models and artistic-cultural agents and the plurality of territories, temporalities and means of expression that today make the artistic field complex and promote the expansion of its means. Having rebutted the modern autonomy of art, contemporary thinking and sensibility promote the consideration of alternative aesthetics to the hegemonic western art model: the eruption of forms derived from indigenous and popular culture, as well as the significance conceded to art coming from regions with their own traditions, unrelated to European and North-American conceptions of art. The rupture of temporality in modern days fosters the presence of such different art regimes, not aligned to the evolutionary picture of western progress, generating anachronisms, setbacks and cuts in the different histories that propel said regimes. On the other hand, rebuttal of modern order allows that art itself may be also considered in other expressions that overtake the visual arts field. As such, boundaries between audiovisual and literary get blurred, and plural spatial experiences are promoted. The outbreak of digital technology and globalizes cultural hegemony act as transversal forces agitating even more the previously orderly realms of art. Such questions arise today in a panorama flooded by images; a scene ruled by instrumental market logic: advertising, spectacle, communication and entertainment. The profusion of images leads us to two intertwined questions that cross this biennial. The first one has to do with the possibilities of producing poetically dense images that also possess a critical and conceptual thread, going against the banal aestheticization that flood the field of view. The second, and a consequence of the previous question, takes on the fact that production of digital image is today superior to its capacity of reception and usage. Vision faces an unmeasured rise in visual information that exceeds the means in which it can be assimilated. Such excess, requiring aforementioned reflective and critical counterweights, demands the isolation of image from the stream of flaccid and transparent imagery, incapable of redefining meaning itself. Contemporary art takes on this situation by using several different strategies that surpass the scope of conventional photography and demand solutions going besides photography – what may be qualified as “expanded photography”, crossed by different techniques and based of varied conceptual reinforcements. SIDE BY SIDE WITH THE WORLD Diversity, as an expression of multiple differences that enrich the contemporary sociocultural horizon, occupies its central spot in public policies’ agenda; not only the ones that refer to the cultural space, but also – and most importantly – the environment, economics and social development. Strictly speaking of art, even though diversity may be recognized as an essential power, it has not been developed enough at biennial’s themes and is still available to mobilize works having to do with its fruitful concept. The 2017 Curitiba Biennial adopts diversity as a theme as well as a reference point to activate questions and images without restricting the concepts or procedures employed by the artists. As such, the title doesn’t fixate a theme of motif: it points to a characteristic approach of present times seeking to generate synergy between works that are profoundly different, divergent in their very propositions. The theme of this Biennial refers to different ideas on diversity, confrontation, antinomy and coincidence in a world map continuously polarized and simultaneously forced into globalized homogenization. The exhibits deal with the geographical and cultural difference between the Chinese Asian East and its antipode, Latin America’s Southern Cone, opposing sides of the planet. However, as any picture in the field of arts, antipodes become into a metaphor for uncountable connections between a number of countries, each with their own antipodes; ones that occupy an extreme position in relation to another. Metaphor, always slippery, also intends to oppose positions in the field of technique and diverse content, opposed or aligned between each other. The Biennial allows for the possibility of plotting different constellations between these worlds apart, distancing and approximating themselves, crossing and adjusting in different occasions and places. The curatorial script of this Biennial articulates diverging expositive proposals. On the one hand, it has as an axis the different positions of Chinese and the Southern Latin-American Cone art, facing two exhibits at the Oscar Niemeyer Museum: Vibrations, that under the curatorship of Fang Zhenning and Liu Chunfeng displays Chinese contemporary art, and Beyond Photography, curated by Ticio Escobar, that gathers a set of Latin-American Southern Cone artists and bring the question of expanded photography. On the other hand, the script develops different exhibits that, around such axis, mobilize particular curatorial proposals. Finally, the idea of diversity allows the Biennial to welcome the plurality of cultural expressions (theory, architecture, culinary, drawing, cinema, literature etc.), as well as the richness of citizen expression and the turning of the spotlight on the city of Curitiba itself. Contemporary diversity diagonally crosses these fields and disciplines, which articulations mobilize, in different rhythms, social signification processes. As such, the Biennial integrates a vast field of activities that, being under the responsibility of numerous actors and institutions, happen between poetic, aesthetic, academic, urban, civic and environmental.

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The flexible nature of this Biennial allows for the coexistence of exhibits organized by the Curator-General along with other artists directly invited by the Biennial’s organization or exhibits related to citizenship initiatives. The exhibits include cultural exchange programmes and generational incentives. In this regard, two exhibits under the curatorship of Gabriela Ramos and Carolina Loch will be held, both awarded as 2017 Curitiba Biennial Young Curators. The first will be held at the Visual Arts Centre / Clay Museum of Paraguay, and the second at the Curitiba Museum of Photography. This Biennial also takes part in extension programmes through links with three International Biennials: BienalSur, Shanghai Biennial and Cafam Biennial. This text references only actions and exhibits of visual arts correspondent to the invitations made by the Curator-General or the Biennial’s organization. Such restriction answers to the editorial criteria and does not have the intention to undermine other manifestations, to be presented in other sections of the general catalogue. CARTOGRAPHY AND DIVERGENCE Vibrations is the title of the contemporary art exhibit of China, this Biennial’s honored country. Such exhibit confronts Beyond photography¸ integrated by Latin-America’s Southern Cone artists; as such, the curatorship reinforces the position of extreme geographical points, diametrically opposed. This radical alterity is treated through a diversity-driven approach. Art has the capacity of creating bonds and plotting diagrams between the furthest cultures and places: image is quintessentially a device capable of uniting differing points, distant from each other, and then tracing with them different constellations of meaning. Contemporary diversity reinforces itself through the binding of zones, symbolic worlds and opposing situations that coincide without putting in risk their identities. Taking on diversity thus allows for resuming the idea of universality that, in contrast with globalization’s homogenizing tendency, feeds from the particular differences around confrontation axles, crossing and coincidence. The Chinese art exhibit treats contemporary diversity not only through opposed cartographic positions, but also from a plurality of sensibilities and generational subcultures: the exhibit displays works of young artists that position themselves before the contemporary universal in tension with many local traditions and experiences. THE EXPANSION OF IMAGE If the exhibit Vibrations treats diversity from its meaning of cultural difference, Beyond photography comes from diversity rising from means of production and works, especially photography, that acquired a privileged presence in contemporary art’s panorama. This exhibit has photography as a starting point, analyzing its conceptual, expressive, critical and poetical potentials, and even more so when crossed with other means. It may also come directly from other expressions that tend to cross photography and challenge its encapsulation. As such, curatorship of this exhibit comes from the expanded image of photography, an idea that rebuts formalist autonomy fetishizing the technical mean. Criticism of such autonomy is one of the most notable characteristics of contemporary art, which is enriched with intersections and montages coming from different times and is propelled by contamination and expansionist movements. Artists taking part in Beyond photography transcend photographic procedure considered in its pure technical specificity and open other aesthetical and expressive means to interaction. They leave behind every fetishizing technical consideration in order to use image in complex ways, favoring proposition over means. DIVERSITY OF GAZE Under the curatorship of Marta Mestre (MON), the exhibit Song for my hands explores diversity in perceptions conditioned by nationality, sensibility and artists’ concepts, as well as the procedures utilizes in their works. The opposition between pairs: art/ technique on one side, and abstract thought/manual labor on the other, allows for the Curator to work the materiality of the work in processes oscillating between artisanal and industrial, reflexive and sensorial. Curator Massimo Scaringella presents the exhibit Antithesis Images Synthesis (MON/Curitiba Memorial). It uses Hegelian dialectics as a reference point in order to develop the plurality in positions of contemporary artists that mobilize actions and thoughts through creating energies and diverging memories. Both conceptual and poetical components cross the proposals of great contemporary questions, such as aesthetic perception, memory, the reality versus fiction conflict and the role of technique in daily life and the work’s production. The exhibit Human dualities (MON), Art and Life (MAA) and Tao’s Flux (SEEC), curated by Brugnera, radicalize the antithesis movement, by which arise many dichotomies, such as inside/outside, war/peace, Earth/Mars, life/death, appearing/disappearing, black/white, to be/to be at, past/present, doubt/truth and eastern/western. Such antagonisms elicit an atmosphere of restlessness and refer to many means of conciliation that will never be completely resolved but, in their attempt for synthesis, mobilize a vast problem including matters of territories and frontiers, memory and body perception. Such dichotomies are inherent to human beings, which only possess the perception of a particular feeling or experience by means of the absence of its extreme. And it is precisely on gazing a second time that it’s possible to comprehend the indivisibility of antitheses, for since they are contradictorily unequal they are complementary in the existence of each other, making them inexplicably perfect. The exhibits will be quite engaging, since the visitor by some mean will project their own experiences in the moment of observation, creating mishmash between life and art – encapsulating antithesis: reality and fantasy.

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Curator Agnaldo Farías presents the exhibit Release (MON), which reflect on a key question of contemporary art: the relation between image and text. Artist Juliana Stain problematizes this relation relying on the idea of trace shared by photography and writing. The impossibility that one and other unite, though, creates a surplus and a shortage. Trace may register until a certain point, from which pure absence starts; a short-circuit is then generated in signification, a brief white space where lost words and images are glanced. Under the curatorship of Tulio de Sagastizábal the vast photographic research of Guadalupe Miles (MON) is displayed, showing many moments of the Wixhi community of Santa Victoria Este, in Salta. The work comes from the bonds of the artists with Tiluk, who was a Shaman and community leader. Besides bringing the indigenous presence, indispensible component of American diversity, the exhibit brings different tensions faces by documental photography and work proposition, aesthetic and document, aura and digital, ethnography and art. Curated by Ticio Escobar, Rodrigo Petrella’s exhibit (Solar do Barão) gathers photos taken in many native Amazonian villages. These works reach beyond photography for three reasons. In the first place because they mobilize aesthetic forms that by themselves shape up what we call “art” (plumes, body paintings, rituals, music, oral literature, choreography, theatrical representation). Furthermore, because the photographs, oscillating between documental and proper expression, end up not being as important as the testimonials of an objective reality, but as creators of images that suggest fleeting worlds, potent, impossible to register by a machine. Finally, since they transcend the order of registry and aesthetic expression, Petrella’s works act as a political appeal for diversity rights. Visualizing agents omitted from the social scene is, according to Rancière, the quintessential political gesture. This movement generates conflict in the plane of representation: an imbalance that becomes the source of all emancipatory demand. Because the World must never lose its affections (Curitiba Memorial and Paranaense Museum) is the title of the exhibit curated by Dannys Montes de Oca and Royce Smith. According to them, this sentence refers to the fact that the processes of social signification are not based on harmonic agreements, but in turbulent tensions that keep causing disparities, intolerances and discrepancies. Instead of relieving such conflicts, technological excess exacerbates them, since it doesn’t belong in public policies conductive to dealing with diversity. However, through displayed works, the curatorship means to treat our antipodes (reason/emotion, local/global etc.), looking in their interstices the advent of “interesting times”, capable of maintaining the best reserves of human condition. The Chinese arts exhibit curated by Zhang Zikand (MuMa) displays works from a new generation of artists from the country, belonging to a society more and more open to globalization and, simultaneously, still linked in many ways to their strong cultural tradition, heavy in history. The young artists audaciously explore many reinterpretations of the complex present given to them by the new world scenario, so that they may “feel the pulse of times and the resonance of the spirit”, as the curator poetically defines. Fernando Ribeiro works in a curatorship of performance works that start from a photograph of the 2016’s murder of the Russian ambassador’s in Turkey. The curatorship follows the path of said photograph’s promotion in social media and deals with discussions about its artistic potential. The question is treated as performance art: image goes beyond photography, resulting in live art that, liked to daily practices, disturbs temporal chronologies and renews significations of the fact with a new focus on social and political perspectives. Fanz Zhenning presents an exhibit of Chinese contemporary architecture (Palácio Iguaçu) with the intention of confronting what is produces in the Antipodes and building communication bridges between the eastern and western hemispheres. Besides, the exhibit means to promote cultural exchange and disseminate the vast Chinese experience in the field of contemporary architecture linked, still, to many projects that include urban development. Opera hominum, works of José Rufino, is curated by Leonor Amarante (MON). The exhibit is made of 21 panels in which monotypes of factory workers’ hands are printed over collective pay slips. These dark stains constitute the archaeological testimony of a now ruined sugarcane factory, still full of life through the memories of its workers. This approach documents as art a particular experience of strong social and political content. As such, it faces one of the most complex challenges in contemporary art: bringing together aesthetics, narratives and strong concepts that occur farther from the range of pure form.

Tício Escobar Curator

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Antípodas Diálogo crescente Pela primeira vez a China é homenageada em uma Bienal na América Latina. A Bienal Internacional de Curitiba abre este precedente em seus 24 anos de existência através da introdução paulatina de artistas chineses em suas edições anteriores: Liu Ding, Ma Jiawei, Sun Bo, Miao Xiaochun, Wang Qingsong, Lin Yilin, Zhou Tao, Zhang Enli, Map Office (Guitierrez + Portefaix), Ai Weiwei, Xiong Yu e Wang Cheng Yun. Tidos como grandes propulsores do grupo BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), Brasil e China se destacam não somente pelo potencial econômico, mas também por cediarem grande eventos internacionais como os Jogos Olímpicos, os quais ocorreram 2006 em Pequim e dez anos depois no Rio de Janeiro. O mundo atenta para estas novas potências a demarcarem incessantemente o território. Suas culturas e neste caso as artes plásticas são grandes multiplicadores do contexto local, além de aproximarem culturas e pensamentos distintos. A presença marcante da arte e cultura chinesa na Bienal Internacional de Curitiba em 2017 é um passo a mais para o diálogo entre Brasil e China unindo pontos geográficos distintos exaltados em ANTÍPODAS – tema desta Bienal. Este não é um fato único, porém resultado de um processo em evolução considerando que a arte contemporânea chinesa tem presença contínua no cenário brasileiro a exemplo de sua participação na Bienal de São Paulo a partir da década de 90 e também na Bienal Internacional de Curitiba e do Mercosul, além de diversas mostras temáticas em São Paulo e no Rio de Janeiro1. Eis um passo a mais no longo percurso para o entendimento e diálogo intercultural!

Antipodes Ongoing dialogue For the first time China is honoured in a Latin American Biennial. The Curitiba International Biennial creates such precedent through its 24 years of existence by means of a gradual introduction of Chinese artists on its previous editions: Liu Ding, Ma Jiawei, Sun Bo, Miao Xiaochun, Wang Qingsong, Lin Yilin, Zhou Tao, Zhang Enli, Map Office (Guitierrez + Portefaix), Ai Weiwei, Xiong Yu and Wang Cheng Yun. Viewed as great propellants of the BRICS (Brazil, Russia, India, China and South Africa), Brazil and China stand out not only for their economic potential, but also for hosting grandiose international events such as the Olympic Games, the first of which during 2006 in Beijing and another one ten years later in Rio de Janeiro. The world pays attention to the new powers unrelentingly marking their territories. Their cultures and in this case the visual arts are great local context multipliers, also bringing together cultures and different ways of thinking. The striking presence of Chinese arts and culture at the Curitiba International Biennial in 2017 is another step forward for the dialogue between Brazil and China, binding distinct geographical points emphasized in ANTIPODES – theme of this Biennial. This is not a unique fact but the result of an evolving process considering that contemporary Chinese art has continuous presence on the Brazilian scene starting from the São Paulo Biennial in the 90’s and also at the Curitiba and Mercosul’s, in addition to many other thematic exhibits in São Paulo and Rio de Janeiro1. Behold another step on the long road to understanding and cultural dialogue!

Tereza de Arruda

1 A citar: China: A Arte Imperial, A Arte do Cotidiano, A Arte Contemporânea” na FAAP-Fundação Armando Álvares Penteado em São Paulo em 2002; “China Hoje. Coleção Uli Sigg”, CCBB Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro em 2007, China: Construção/Desconstrução”e “Yang Shaobin”, ambas realizadas no MASP Museu de Arte de São Paulo sob minha curadoria respectivamente em 2008 e 2009; “Arte Contemporânea Chinesa” no MAC Museu de Arte Contemporânea de São Paulo em 2011, “Cai Guo Qiang no circuito CCBB Centro Cultural Banco do Brasil em 2013 e „China Arte Brasil“ também de minha curadoria realizada na OCA em São Paulo em 2014.h”China 1 E.g. “China: A arte Imperial, A Arte do Cotidiano, A Arte Contemporânea” at FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, 2002; “China Hoje. Coleção Uli Sigg”, CCBB Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2007; “China: Construção/Desconstrução” and “Yang Shaobin”, both held at MASP Museu de Arte de São Paulo under my curatorship respectively in 2008 and 2009; “Arte Contemporânea Chinesa” at the MAC Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, 2011; “Cai Quo Qiang at the Art Circuits CCBB in 2013 and “China Arte Brasil”, also under my curatorship held at the OCA, São Paulo, 2014.

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MUSEU OSCAR NIEMEYER OSCAR NIEMEYER MUSEUM

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中国 MUSEU OSCAR NIEMEYER

Fang Zhenning Curador Curator 策展人

Vibrations O tema “Antípodas” da Bienal Internacional de Curitiba 2017 refere-se a posições diametralmente opostas. A China no Leste Asiático e o Brasil na América do Sul são dois pontos geográficos opostos. O espaço físico é conectado através da arte, e a arte é universal. A diferença e distância geográficas geram a diversidade cultural que reflete a interatividade da criação e expressão artística, como áudio, filme, vídeo, fotografia, arte digital, ready-made e instalação, assim como os meios estéticos tradicionais, incluindo pintura, escultura, desenho e assim por diante. Após anos de pesquisa em arte contemporânea chinesa, enfatizamos a diversidade de sua cultura e meios técnicos. O avanço da tecnologia marca o desenvolvimento da civilização, enquanto a combinação da cultura e tecnologia facilita o surgimento de novas formas de arte. A nova forma da arte contemporânea não é o fim da história da arte, e sim o começo de uma nova, constantemente ultrapassando os limites e apresentando novos gestos através de modos de percepção. O subtítulo “Profusão de Imagem” refere-se ao fenômeno contemporâneo da pós-fotografia, ou seja, as obras de arte são influenciadas pela fotografia consciente ou inconscientemente. A fotografia já não é um gênero de arte novo, no entanto, não foi há muito que ganhou reconhecimento como forma de arte. A invenção da fotografia veio da necessidade de satisfazer a curiosidade humana e seu espírito aventureiro. No início, a função da fotografia era restrita apenas a mera documentação de cenas, sendo espalhadas através de impressões em papel fotográfico. A fotografia surgiu enquanto os pintores estavam “adormecidos”. Somente os artistas perceptivos aplicavam a tecnologia fotográfica à pintura, como o pintor norueguês expressionista Edvard Munch (1863-1944). Após um longo período, a fotografia tornou-se expressiva e passou a competir com a alta arte – pintura. O conceito de fotografia expandida levantado nesta edição da Bienal de Curitiba aponta, assim, para novas formas de arte que se originam da interação da alta arte e tecnologia fotográfica, constituindo várias formas artísticas dinâmicas e contextos. A fotografia desafia o confinamento da pintura. A ascensão da fotografia significa a produção de imagens fortes, o que acaba sendo tão bom quanto a pintura do ponto de vista atual. Hoje, nosso foco em “fotografia expandida” é um desafio ao confinamento da fotografia em si. Não é uma negação da fotografia, e sim seu estabelecimento como ponto de partida para a busca de possibilidades conceituais, críticas, míticas e poéticas. A globalização desafia os artistas chineses a criar uma nova cultura e arte, enquanto mantêm a cultura tradicional: é necessário haver uma conexão clara com a forma tradicional de arte? Ou traduzir as expressões artísticas tradicionais? Ou escolher um ponto de partida completamente novo? Para artistas de diferentes tempos, a resposta varia na atitude e metodologia artísticas, as quais constroem a base da diversidade. A palavra “expandida” faz com que ponderemos imediatamente onde é o fim. Se considerarmos a palavra com base na noção de que tempo, espaço e movimento formam um circuito, o fim de “expandida”, então, é o início de tudo. Neste sentido, a verdadeira antípoda não existe. Vibrações é a mostra principal da China como país homenageado na Sala Olho do Museu Oscar Niemeyer (MON). Quando soubemos disso, todos – os artistas participantes e eu – ficamos entusiasmados, pois Oscar Niemeyer é dos maiores arquitetos do mundo e o MON é sua obra representativa. Na primeira vez que visitei Curitiba, soube que foi nesse local que a arquitetura moderna brasileira teve início. É uma honra para nós fazer uma exposição em um legado de Oscar Niemeyer. Selecionamos 102 peças (séries) entre obras de 38 artistas contemporâneos chineses representativos, nascidos entre os anos 1940 e 1990, desde pintura, escultura, desenho, instalação até fotografia, vídeo e impressão 3D. Incluímos, ainda, pinturas de dois garotos – que terão suas obras apresentadas pela primeira vez em uma mostra de arte contemporânea chinesa – em resposta aos cuidados e atenção levantados pelo Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Além disso, um quarto dos artistas selecionados são mulheres, ajudando a refletir melhor a arte chinesa contemporânea. Apresentarei, aqui, alguns dos artistas mais representativos, explicando seu trabalho e concepções, a partir do mais experiente. Artista veterano estimado na China, Liang Shaoji iniciou sua carreira artística em meados da década de 1980, tendo suas obras de arte e personalidade amplamente aclamadas no mundo da arte até os dias de hoje. Liang iniciou sua carreira na Academia de Belas Artes de Zhejiang e foi estudante de Maryn Varbanov, artista búlgara que trabalha com fibras e tapeçaria. Ainda hoje, ele usa elementos naturais como a seda, um tipo de “fibra” orgânica, como material para suas criações. Desde o início dos anos 1990, ele tem trabalhado com criações em “elementos naturais”, usando a vida como tema e a seda como material. Suas criações têm foco no toque dos materiais e na experiência de vida. Suas obras mais representativas são objetos envolvidos por fios produzidos por bichos-da-seda. Este trabalho aparentemente simples demonstra o processo de meditação do artista, suas conotações filosóficas e filosofia Zen. O processo de produção toma bastante tempo, uma vez que um clico de vida inteiro do bicho-da-seda é levado para

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obter objetos envoltos em seda; um processo de criação criativo e genuíno, o qual demonstra também que sua obra de arte não se relaciona apenas à vida, mas também à arte do tempo. Liu Jianhua formou-se pelo Departamento de Escultura do Instituto de Cerâmica de Belas Artes de Jingde, local conhecido pela produção de cerâmica no país e no exterior. A maioria dos seus trabalhos é feito em cerâmica, apresentando características contemporâneas e misturando a dureza e a suavidade da cerâmica. Sua contribuição reside na transformação do artesanato em cerâmica, arte tradicional honrada, em obras de arte modernas com uma forte sugestão de características contemporâneas. Embora apresente técnica e estética tradicionais, ao contrário dos artesanatos tradicionais, seus trabalhos distraem o público do pensamento convencional que os considera simplesmente como cerâmica, levando o observador a refletir sobre sua filosofia subjacente com o fim de alcançar a sublimação espiritual. A ideia preliminar por trás de sua obra, Fim de 2012, origina-se dos padrões de gelo rachado em janelas de jardim tradicionais, um elemento típico do paisagismo chinês. Ao extrair esse elemento, Liu expande sua produção para que o público possa se afastar das antigas restrições de padrões de pensamento, a fim de alcançar a liberdade em certo espaço. Com uma formação sólida em educação artística, Chen Wenji foi professor na Academia Central de Belas Artes, uma das melhores da China. No entanto, seu estilo difere drasticamente do estilo de arte acadêmico tradicional, influenciando muitos de seus estudantes. As obras de Chen Wenji apresentam as características de um belo trabalho minimalista, mas são difíceis de serem classificados em uma determinada categoria. Elementos como o dualismo, a oposição, o deslocamento, a complementaridade do Yin-Yang, a transição e a gradação, baseiam-se principalmente na forma de pensar chinesa e na influência de sua cultura tradicional. Embora a maioria de suas obras seja bidimensional, seu formato se relaciona com o 3D. Assim como as relíquias culturais chinesas que se apresentam como objetos independentes, cada peça de seu trabalho é conhecida por representar a relação do eco entre o pequeno e grande universo. Portanto, esses detalhes omitidos são dados como certos e uma espécie de herança cultural é mostrada em suas obras de arte. Meng Luding é o único inventor do desenho automático na China. Rabiscando ao redor do centro do círculo, sua experiente mãocaneta consegue desenhar um círculo variável. Do ponto de vista do artista, o significado de usar máquinas reside em eliminar dos sentimentos das pessoas o controle da forma e da cor, bem como as limitações das ferramentas de pintura tradicionais. Com a ajuda de uma máquina de rotação alta, as gotículas de cor tomam uma forma natural e criam uma espécie de nova linguagem visual, tornando possível que as obras de arte se tornem arte pura por conta própria. O padrão circular é um estilo bastante chinês. Símbolos quadrados e redondos são usados pelos chineses para expressar suas opiniões sobre o mundo e o espaço. A cosmologia do “céu redondo e terra quadrada” vem desde a antiguidade. O pensamento e atitudes do povo chinês sempre foram orientados pela ideia de espalhar o cuidado do centro para todas as direções e de buscar equilíbrio e harmonia. O círculo representa uma imagem bidimensional do movimento de todas as coisas, que é ao mesmo tempo natural e conceitual. Representa não apenas a trajetória do movimento, mas também o pensamento lógico. Portanto, o círculo é moldado pela sobreposição da imagem da natureza e da visão de mundo com o espaço mental do povo chinês Vindo da minoria manchu, na Mongólia, Cang Xin começou sua criação artística no início da década de 1990. Conhecido por sua arte de performance, realizou uma exposição retrospectiva de suas performances na China durante os últimos 20 anos no Museu de Arte Histórica de Zaragoza, Espanha, um grande reconhecimento de suas realizações como artista. Em 1995, juntamente com os artistas do East Village, Cang Xin criou a obra chamada Adicionando um metro à montanha desconhecida em uma montanha no subúrbio de Pequim, um trabalho clássico na história da arte contemporânea chinesa, e um importante feito para qualificálo como membro dos artistas contemporâneos chineses. Vinte anos depois, ele tem se dedicado à busca da arte xamânica. Nos últimos anos, o contexto artístico de Cang Xin tem se relacionado com a vida humana e até mesmo com a origem do universo. Através de um novo meio, suas obras tentam retratar uma civilização antiga misteriosa e fascinante com base em mitos antigos de previsão do futuro. Chen Wenling é um artista muito ativo no campo da escultura chinesa. Por um lado, seus trabalhos demonstram sua criatividade; por outro, suas obras estão imbuídas de imaginação e romance. Sua abordagem exagerada, raramente vista no mundo da escultura, é em grande parte atribuída ao seu talento em desenho de quadrinhos. Chen recebeu uma educação artística ortodoxa, mas suas obras estão cheias de humor popular, algo fora do alcance para os artistas acadêmicos comuns. Nesse sentido, suas obras são de escola não acadêmica. Também vemos que algumas de suas enormes esculturas estão cheias de um afiado sarcasmo em relação à sociedade, trazendo diversidade e histórias para suas obras. Isso provavelmente conte como um benefício para o público além da esfera artística. O Cenário Flutuante adaptado para o Museu Niemeyer mudará juntamente com clima durante a exposição, atraindo um certo público. Sem dúvida, obras dinâmicas e construções estáticas formarão uma paisagem surpreendentemente atraente de forma natural. Embora a pintura com nanquim desempenhe um papel importante na arte da pintura chinesa, devido ao impacto da pintura tradicional, selecionamos apenas os trabalhos em nanquim de Zhang Zhaohui. Aqueles familiarizados com a pintura em nanquim chinesa, perceberão que nenhuma de suas experiências ou conhecimentos prévios em arte com nanquim poderão ser aplicados para apreciar as obras do artista. Sua composição e aplicação do nanquim diferem muito da pintura tradicional chinesa. O trabalho

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de Zhang despertou grande atenção no mundo da arte, pois ainda que use ferramentas de pintura tradicionais, ele não se limita às regras e procedimentos antigos de pintura com nanquim. Mais que isso, ele procura expressar a sensação do artista sobre a luz comunicando-se com a arquitetura moderna, o ambiente e os espaços urbanos. Zhang poderia ser um artista do tipo acadêmico, devido à sua experiência de trabalho em museus de arte como curador e crítico. Ele sempre analisou o status da arte contemporânea a partir de um ponto de vista objetivo. Além disso, por ter começado a pintar depois de seu retorno à China, Zhang não se prende a rituais tradicionais da pintura chinesa nem se detém em qualquer preconceito, ele se atreve a se posicionar contra vários mestres da pintura com nanquim. A arte de Wu Jian’an toca um campo espinhoso da arte contemporânea, isto é, as formas ou meios que podem ser usados para dar vida a certos trabalhos artesanais da arte popular chinesa que estão à beira da extinção e que podem trazer de volta memórias de mitos e história antigas. A controvérsia que muitas vezes gira em torno dessas obras é sobre sua condição de ser apenas uma continuidade da arte popular ou parte da arte moderna por si só. Wu Jian’an ocupa os altíssimos níveis da cultura de uma maneira radical ao usar a criação de imagens para conectar pessoas com identidades, deformações, significados e imaginação diferentes. Em contraste com muitas formas modernas de expressão artística, ele insiste em usar o tradicional método do jogo de sombras criado através de paper cutting como metáforas escondidas sobre o espírito e o corpo. Estou certo de que ele acredita em superpoderes e possui uma visão especial da história antiga e moderna para ser capaz de navegar livremente por espaço e tempo multidimensionais. Seu trabalho nos permite ver o contínuo processo evolutivo do estilo pessoal de um artista. Em suma, ele representa uma curva fora do ponto na arte chinesa contemporânea. Han Yajuan é se enquadra na geração pós década de 1980 na China. Em comparação com os grandes do mundo da arte chinesa, suas pinturas e instalações apresentam um estilo jovial. O estilo e o tema de suas obras provêm de detalhes inadvertidos do cotidiano das pessoas. A felicidade nessas cenas surge da época de sua vida. Seu uso de linguagem e composição de pintura é preenchido por emoções; essa sensibilidade representa um desafio para a escola de pensamento e autoridade estabelecidas. Antes começar a ensinar no Departamento de Cinema e Animação para Televisão da Academia de Belas Artes da China, ela se formou em pintura a óleo. É provavelmente por isso que ela começou a experimentar novas formas de expressão. Seu dispositivo de imagens é um uso inteligente da linguagem da imagem para documentar o lento processo de criação que está além da pura imagem, de modo a formar um status incerto e o paradoxo do ciclo. Alëna Olasyuk, nascida na Rússia e criada na Ucrânia, considera a China como sua segunda cidade natal agora. Ela estudou mídia da moda em Pequim e tornou-se artista oito anos depois. Sua herança na tradição da arte ucraniana faz com que suas obras nasçam naturalmente com um temperamento refinado. Embora pareçam planos, sem altos e baixos dramáticos, seus trabalhos passaram por experimentos repetidos e duradouros, a fim de alcançar o equilíbrio. Seu fascínio pelo nanquim e o uso do preto na arte chinesa são refletidos nos traços de tinta monocromática de Alëna, mostrando seu grande interesse pela conotação subjacente da cultura chinesa. Na arte chinesa, o preto e o branco são ao mesmo tempo opostos e complementares, resultado de inúmeras experiências durante anos e representação da relação entre objetos e estética definidos pelo tempo. Eles são os principais elementos da metafísica na ciência das cores. Como o yoga, o processo de pintura de Alëna exige a unificação do corpo, alma e mente. Assim como a prática do budismo, preferimos considerá-la mais como uma prática artística que uma forma de pintura. Esta é a primeira mostra de arte contemporânea chinesa de grande escala no Brasil, possivelmente a primeira na América do Sul. O status quo da arte chinesa acompanha o ritmo do país, simbolizando avanço, inovação, compartilhamento e visão do futuro. Esta exposição é um canal para o público experimentar suas vibrações – o movimento contínuo da arte contemporânea chinesa.

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Vibrations The theme of Curitiba International Bienal 2017 “Antipodes” is a geographical terminology referring to the positions diametrically opposite to each other. China in the East Asia and Brazil in the South America are two opposite geographical points. We link physical space through art, and art is universal. The geographical difference and distance generate the diversity of culture, which reflects the interactivity of artistic creation and expression, such as audio, movie, video, photography, digital art, ready-made and installation, as well as the traditional aesthetic means including painting, sculpture, sketch and so on. After years of research on Chinese contemporary art, we emphasize on the diversity of culture and technical means. The advance of technology marks the development of civilization, while the combination of culture and technology facilitates the emergence of new art forms. Contemporary new art form is not the end of art history but the beginning of a new one, constantly breaking the boundaries and presenting new gestures through perceptive ways. The subtitle “Profusion of image” refers to the contemporary phenomenon of post-photography, that is, the artworks are influenced by photography, consciously or unconsciously. The Photography is no longer a new art genre, however, it has not been long since photography gained its recognition as an art form. The invention of photography came from the need to satisfy human curiosity and spirit of adventure. In the beginning, the function of photography was confined to mere documentation of scenes, and was spread through prints on photographic paper. Photography came into being while the painters were still “asleep”, only the perceptive artists applied photographic technology to painting. Norwegian expressionist painter Edvard Munch (1863-1944) is one of them. After a long period of time, photography became expressive and began to compete with the high art – painting. The concept of expanded photography raised in this edition of Curitiba Biennial, therefore, points to the new art forms that originate from the interaction of high art and photographic technology, constituting various dynamic artistic forms and contexts. Photography challenges the confinement of painting. The rise of photography signifies the production of strong image, which is as good as painting from today’s viewpoint. Today, our focus on the “expanded photography” is a challenge to the confinement of photography itself. It is not denial of photography, but setting photography as a starting point to pursue conceptual, expressive, critical, mythic and poetic possibilities. Globalization challenges Chinese artists to create new culture and art while sustaining traditional culture: is it necessary to have a clear link to the traditional art form? Or to translate the traditional artistic expressions? Or to choose a whole new starting point? For artists at different times, the answer varies in the artistic attitude and methodology, which build the foundation of diversity. The word “expanded” would immediately remind us to ponder where the end is. If we perceive the world based on the notion that time, space and movement form a circular track, then the end of the “expanded” is the beginning of all; in this sense, the real antipodes are nonexistent. “Vibrations” is the main exhibition of China as the country of honor in the Eye Room of Oscar Niemeyer Museum (MON). When we knew about it, everyone - the participating artists and I - were thrilled. Because Oscar Niemeyer is one of the most important architects in the world, and MON is his representative work. I learnt for the first time when I visited Curitiba that this is where Brazilian modern architecture originated. It is our honor to hold exhibition in the legacy of Oscar Niemeyer. We have selected 102 pieces (sets) of artworks from 38 representative Chinese contemporary artists, with the works ranging from painting, sculpture, drawing, installation to photography, video and 3D printing and the artists born in the 40s to the 90s. We also include paintings from two autistic boys in response to the care and attention raised by the World Autism Awareness Day, which is the first time to present their works in a Chinese contemporary art exhibition. Moreover, female artists constituting a quarter helps better reflect contemporary Chinese art. I would introduce some of the most representative artists by explicating their works and conception, starting from the most senior artist Liang Shaoji. Starting his art career in the mid-1980s, Liang Shaoji is an esteemed veteran artist in China, whose artworks and personality have been widely acclaimed in the art world even until today. At the beginning of his career, Liang studied in Zhejiang Academy of Fine Arts and was a student of Maryn Varbanov, fiber art and tapestry artist from Bulgaria. Until today, he still uses natural elements like silk, a kind of organic “fiber”, as material for his creation. Since the early 1990s, he has always been working on “natural elements” creation featuring life as the theme and silk as the material. His creations focus on the touch of materials and the experience of life. His most representative works are objects wrapped with silk threads produced by silkworms. This seemingly simple behavior demonstrates the artist’s mediation process, philosophical connotations and Zen philosophy. The production process takes quite long because it takes the entire life span of a silkworm to have the objects wrapped in silk, a creative and genuine creation process, which also demonstrates that his artwork is not only related to life but also the art of time. Liu Jianhua graduated from Department of Sculpture in Ceramic Institute of Fine Arts of Jingde Town, the place known for ceramics production both at home and abroad. The majority of his works is made of ceramics, featuring contemporary characteristics and blending the hardness and softness of ceramic. His contribution lies in the transformation of ceramic craftsmanship, a time-honored traditional art, into modern artwork with a strong hint of contemporary characteristics. Though featuring traditional craftsmanship

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and aesthetics, unlike traditional crafts, his works distract the audience away from the conventional thinking to regard it simply as a ceramic, but to reflect on its underlying philosophy to achieve spiritual sublimation. The preliminary idea behind his work, “End of 2012”, originates from the ice cracking patterns on traditional garden windows, a typical element of landscape design in China. By extracting this element, Liu scales up its production so that the audience can break away from the old thinking pattern constraints to achieve freedom in certain space. With solid background in art education, Chen Wenji has taught at the Central Academy of Fine Arts, one of the best art academies in China. Yet, his style drastically differs from the traditional academic art style, hence the influence on many students. Chen Wenji’s works feature the characteristics of a fine minimalist work, but they are hard to be classified into a certain category. Elements like dualism, opposition, displacement, Yin-Yang complementarity, transition and gradation, are mostly based on Chinese way of thinking and the influence of traditional Chinese culture. Though most of his works are two-dimensional, their format relates to 3D. Just as Chinese cultural relics displaying as independent objects, each piece of his work is known to be representing the echoing relationship between small and big universe. Therefore, those omitted details are taken for granted and a kind of cultural inherence is shown in his artworks. Meng Luding is the only inventor of automatic drawing in China. Scribbling around the heart of the circle, his practiced pen-hand can draw a variable circle. From the viewpoint of an artist, the meaning of using machines lies in getting rid of the control of shape and color on people’s feelings as well as the limitations of traditional painting tools. With the help of high-speed spinning machine, color droplets take a natural form and create a kind of new visual language, rendering it possible for artworks to become pure art on its own. The circular pattern is very Chinese-style. Square and round symbols are used by Chinese people to express their views on the world and space. Since ancient times, there has been the cosmology of “round sky and square earth”. And Chinese people’s thinking and action have always been guided by the idea to spread care from the center to all directions and seeking balance and harmony. Circle represents a two-dimensional imagery for the movement of all things, which is both natural and conceptual. It represents not only the trajectory of movement but also one’s logical thinking. Therefore, circle is shaped by overlapping the image of nature and the world view and mental space of the Chinese people. Born a Manchu minority in Inner Mongolia, Cang Xin began his life of art creation in the early 1990s. Known for his performance art, he held a retrospective art exhibition of his performance art works in China during the past 20 years at the Museum of Historical Art in Zaragoza, Spain, a firm acknowledgement to his achievements as an artist. In 1995, together with the “East Village” artists, he created an artwork named “Adding One Meter for the Unknown Mountain” on a mountain in the suburb of Beijing, a classic work in the history of contemporary Chinese art as well as an important track record to qualify him as a member of Chinese contemporary artists. Twenty years later, he has been dedicated to the pursuit of Shaman Art. In recent years, Cang Xin’s artistic context relates to human life, even to the origin of the universe. By way of new medium, these works attempt to depict a mysterious and fascinating ancient civilization based on ancient myths so as to foresee the future. Chen Wenling is a very active artist in the realm of Chinese sculpture. On the one hand, his works demonstrate his creativity; on the other hand, his works are imbued with imagination and romance. An exaggerated approach rarely seen in the sculpture world is largely attributed to his gift in comic drawing. Chen has received an orthodox art education, but his works are full of folk humor, which is unattainable for the ordinary academic artists. In this sense, his works are non-academic school. We also found that some of his large sculptures were full of sharp sarcasm to society, bringing diversity and stories to his works. This is probably a benefit to the general audience beyond the art sphere. The “Floating Scenery” tailored for the Niemeyer Museum will change along with weather changes during the exhibition, drawing certain audience. Of course, dynamic works and static buildings will naturally form a surprisingly attractive landscape. Although ink painting plays a heavy role in Chinese painting art due to the impact of traditional painting, we only selected Zhang Zhaohui’s ink works. For those familiar with Chinese ink painting, you will find that none of your previous experience or knowledge about ink art can be applied to appreciate his works. This is because his composition and application of ink differs greatly from that of traditional Chinese ink painting. Zhang’s work has aroused wide attention in the art world, because when using the traditional painting tools, he is not constrained by the old ink painting rules and procedures but rather seeks to express an artist’s feels about light by communicating with modern architecture, environment and city space. Zhang might be a scholar-style artist due to his work experience in art museum, as a curator and critique. He has always looked at the status of contemporary art from an objective point of view. Moreover, because he started painting after returning to China, he is not bound by traditional Chinese painting rituals nor holds any prejudice, and dares to position himself against numerous masters of ink painting. Wu Jian’an’s art touches on a thorny field of contemporary art, that is, what forms or means can be used to give life to some Chinese folk art craftsmanship on the brink of extinction and bring back memories of ancient myths and history. The controversy that often centered around these works lies in whether it is about continuation of folk art or it is part of modern art by itself? Wu Jian’an uses a radical way to occupy the commanding heights of culture by using image creation to connect people with different identities, deformed bodies, meanings and imaginations. Contrast to many modern forms of art expression, he insists

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on using traditional shadow play, paper cutting hollowing method as hidden metaphors about spirit and body. I am certain that he believes in certain superpower and holds a special outlook on ancient and modern history so as to navigate freely in multidimensional space and time. His work allows us to see the ever-evolving process of an artist’s personal style. In short, he is a deviation in contemporary Chinese art. Han Yajuan is known as the post 1980s generation in China. Compared with the bigwigs in Chinese art world, her paintings and installation works feature a youth style. The style and theme of these works come from inadvertent details of people’s daily life. The happiness in these scenes arises from the era of her life. Her use of painting language and composition is filled with emotions; this sensibility poses a challenge to the established school of thought and authority. She got a degree in oil painting before teaching in Film and Television Animation Department of China Academy of Fine Arts. It’s likely because of this that she begins to experiment with new ways of expression. Her imagery device is a clever use of the image language to document the slow creation process beyond purely imagery in order to form an uncertain status and the paradox of cycle. Alëna Olasyuk, who was born in Russia and grew up in Ukraine, regards China as her second hometown now. She studied fashion media in Beijing and became an artist eight years later. Her inheritance of Ukrainian art tradition tenders her artworks to be naturally born with refined temperament. Though her works look flat with no sensational ups and downs, they have gone through repeated experiments and lasting endurance to achieve the balance. Fascinated by Chinese ink and Chinese black, Alena’s use of monochrome ink strokes reflects her great interest in the underlying connotation of Chinese culture. In Chinese art, black and white are both opposing and complementary, a result of countless years’ experience and a representation of the relationship between objects and aesthetics defined by time. They are the ultimate elements of metaphysics in colorology. Like yoga, Alena’s painting process requires the unification of body, heart and mind. Just as the practice of Buddhism, we would rather regard it as a practice of art than a form of painting. It is the first Chinese contemporary art exhibition of such large scale on show in Brazil, possibly the first time in South America. The status quo of Chinese art keeps pace with the country, symbolizing advancement, innovation, sharing and forward-looking. This exhibition is a channel for audience to experience the vibrations - the continuous movement of Chinese contemporary art.

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脉动 本次巴西库里蒂巴双年展的主题是“对跖(antipodes)—纷繁视象”是地理学上的术语,比喻地理上相距遥远的两点。我们在寻找对跖点之后发 现,位于东亚的中国和位于南美的巴西,在地理上是两个相对的端点。我们通过艺术来链接物理上的空间,而艺术在这两者之间不带其他色彩,正是 由于这种地理上的差异和距离,形成了“文化的多样性”,这种“多样性”的内含是在表达和创造手段上的交互性,例如视听、电影、摄影、互联网艺术、 物体和装置,以及审美生产的传统手段,例如绘画、雕刻、素描等等。 我们在多年考察中国当代艺术之后,可以把它浓缩为两点:一是文化的多样性,二是表现手法的多样性。当技术的进步成为文明发展的刻度,技 术和文化的结合产生了艺术的新形式,这种形式不是断绝历史的文脉,而是创造新的历史。新艺术常常让我们看到新的天空,那是因为它会不断拓展 艺术的空间和边界,通过感性的方式呈现新的姿态。 而副标题的“纷繁视象”,意在说明后摄影时代的当代现象,也就是这些作品,无论是有意识还是无意识,都会受到摄影的影响。摄影已经不是一 个年轻的艺术门类,但是,摄影获得前所未有的特权的时间并不长。摄影术的诞生,和人类的好奇心和探索精神有关。在摄影诞生的最初年代,它只 是记录人们所看到的景象,并把它转印在媒介物上传播。摄影是在画家们长久以来沉睡在梦床上时来到这个世界的,当他们醒来时发现有摄影术出现 时,敏感的画家会利用摄影的技术来为绘画服务,挪威表象主义画家爱德华·蒙克就是一个例子。摄影经过漫长的时间,慢慢开始和高贵的绘画分庭抗 礼,那是摄影成长为表现性摄影之后。这次双年展的策展主题为“延伸的摄影”的概念,应该是视觉艺术结合了摄影的技术,发展出新的表现形式,从 而丰富了艺术的语汇和内涵。 当年摄影对绘画的挑战,正是瞄准了绘画的封闭性,而摄影的崛起体现为制造强大的图像,在今天我们看到它一点也不输给绘画。而今天,我们 强调“延伸的摄影”,则是对摄影自身的封闭性进行挑战。这种挑战不是从摄影的对立面出发,而是把摄影作为一个出发点,提炼出观念的、表现的、 批判的、神话的、诗 意的可能。 当世界位于全球化的时代,对中国艺术家来说,他们所面临的最大挑战,就是怎样在保持传统文化的基础上,创造新的文化和艺术。关于是否需 要在艺术形式上和传统艺术保持明显关系?或者转译传统的语汇?或者是全新的出发?对于不同世代的艺术家和不同的艺术家来说,他们的态度和方 式都有着极大差别,这种差别恰恰是构成多样性的基础。 然而当我们听到“延伸”这个概念时,马上会想到它的终点在哪里?基于我们认识世界的基础,时间、空间和运动的关系可以演绎成一个圆形的轨 迹,那么“延伸”的终点其实也就是“延伸”的起点,在这个意义上,真正对跖的端点是不存在的。“脉动”展作为中国主宾国活动主展览,场地位于奥斯卡· 尼迈耶博物馆“眼睛”主展厅。当我得知是在这个地方展出时,不只是我,之后包括所有参展的艺术家都为之兴奋不已。因为奥斯卡·尼迈耶是世界建筑 界都熟知的建筑巨匠,而奥斯卡·尼迈耶博物馆的建筑本身就是尼迈耶的代表作品。当我来到库里蒂巴这座城市来考察展览场地时,才知道库里蒂巴其 实是巴西现代建筑的发源地。“脉动”展能够在尼迈耶的建筑遗作里展出,是我们的荣幸。 我们挑选了38位当今中国有代表性的艺术家的102幅(组)作品,作品种类有摄影、影像、综合材料装置、架上绘画、雕塑、3D打印和素描等, 年龄层跨越40、50、60、70、80、90等六个世代,这次还特别挑选了两位自闭症者的绘画,以响应世界自闭症者日对弱势群体的关爱。自闭症者的 绘画参加当代艺术展在中国也是首次,且女艺术家占四分之一,从而比较全面地反映中国艺术的当代性。 我在此向大家简要介绍一下有代表性的艺术家的作品和他们的理念,那就从最资深的艺术家梁绍基开始。 梁绍基在中国艺术界可以说是德高望重的老艺术家,他从八十年代中期开始从事艺术至今,无论作品还是为人都被艺术界广泛称道。早年梁绍基 是在当时杭州的浙江美术学院师从保加利亚壁挂艺术家万曼研究纤维艺术作品,直到今天,梁绍基使用自然界生物学的元素,如蚕丝来创作,可以看 做是一种有机的“纤维”。梁绍基从1990年代初开始以“自然系列”为主题的创作:一是以生命作为主题,二是以蚕作为材料,作品的观念是强调材料与 生命的体验。但最有代表性的作品就是用蚕吐丝包裹各种物体,这些看似简单的行为,却有充满冥想、哲思和禅意在其中。由于是靠蚕的吐丝来完成 作品,创造了以蚕的生命历程为媒介的独创性作品。所以制作周期很长,这也说明他的艺术不只是和生命相连,同时也是时间的艺术。 刘建华从不只闻名中国而且享誉世界的陶瓷产地江西景德镇陶瓷学院美术系雕塑专业毕业,他的主要作品大都以陶瓷作为媒介,并在陶瓷的坚硬 与脆弱并存的特性中,创造具有当代性的作品。他的贡献在于,把一种具有悠久历史的陶瓷工艺,转换成有着强烈时代特征的现代艺术作品,作品中 有传统的技术和美学,而与传统工艺品所不同的是,他把人们从观赏一件陶瓷的惯性思维引开,去思考作品的观念,让精神得以升华。《2012年末》 这件作品的最初想法,来自中国园林窗格的冰裂纹造型,这是中国园林和景观设计的典型元素,而刘建华把这一元素抽出来,扩大化和规模化,从而 让观众打破原有的思维、束缚,重新寻找到一种在特定空间中获得自由的联想。 陈文骥受过良好的艺术教育,他曾在中国艺术界的高等学府中央美术学院任教,而他的作品风格是非常的异例,显然不是学院派的艺术风格,正 是由于这一点,他的作品影响了许多学生。陈文骥的作品显示出一种精致的极少主义作品的特征,但是你无法对这些作品进行归类。陈文骥的作品中 对偶、相反相成、位移、阴阳互补、过度和渐变等各种元素,大都是基于中国式的思考和传统文化的影响。他的许多作品虽然是二维的,但是作品的 形态和三维有关,每件作品像中国文物所呈现出的独立物体一样,被誉为小宇宙和大宇宙的呼应关系,所以那些被省略的细部就是一个理所当然的过 程,我们在这些作品中可以看到一种文化基因在延续。 孟禄丁是中国唯一一位自动绘画的发明家,这种围着圆心运动的甩画,经过他有经验的控制,而形成多变的圆。使用机器的意义,在艺术家看来 是意在排除形色受人感觉的控制和传统绘画工具的限制,用机器高速旋转的力量,使色滴偶发地形成自然状态,建构一种新的视觉语言,使艺术依据 自身成为纯粹的艺术变得可能。圆形图式很中国,方和圆是中国人关于世界和空间的表达符号,自古就有天圆地方的宇宙观。从中心关照四方,求得 平衡与和谐,是中国人的思维和行为轨迹。圆形是万物运动的二维图像,它既是自然的,又是理念的,它是运动的轨迹,又是思维的逻辑。在这个意 义上,圆是自然模式和中国人的世界观和心理空间的重叠图像。 苍鑫生于内蒙古,满族,他是从九十年代初开始艺术创作的人生。他是以行为艺术而知名,最近在西班牙萨拉戈萨历史美术馆举办了他在中国20 年所从事的行为艺术的回顾展,是对他艺术人生的肯定和评价。1995年他和“东村”的艺术家们,在北京郊区的一座山上创作了《为无名山增高一米》 ,这件作品成为中国当代艺术史上的经典,也是他作为艺术家在那个时代参与到中国当代艺术潮流的重要履历。20多年后,他一直执着追求他所认准的

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艺术的萨满。最近几年来,苍鑫的艺术语境涉及到人类生命乃至宇宙的本源,这些作品试图用新媒介的方式描绘一个源于古老传说和神话的、神秘且 富有想象力的、借远古文明来预示未来的世界。 陈文令是当今中国雕塑界非常活跃的艺术家,他的作品一方面反映出他的创作能量,另一方面充满着想像力和烂漫情怀。在雕塑上少见的夸张手 法和他拥有的漫画才能有关。陈文令受过正统的艺术教育,可是他的作品中又充满着民间幽默,这是一般的学院派艺术家所达不到的境界,从这个意 义上看他的作品是非学院派体系。我们还发现他的一些大型雕塑对社会充满着犀利的讽刺,所以,其作品的多元性和寓言色彩,可以说是造福于艺术 界以外的受众群体。这次为尼迈耶博物馆量身定制的《游动的风景》,在展示过程中会随气候不同的变化,对观众产生某种诱惑。当然,动态的作品 与静态的建筑会形成意外的景观。 尽管水墨绘画在中国绘画艺术中占有很大比例,这主要是受传统绘画的影响,但是我们这次展览中只选了张朝晖的水墨作品。如果有熟悉中国水 墨画的观众面对这些作品,就会发现在欣赏他的作品时,以往的经验和知识都不起作用。那是因为呈现在你面前的这些作品,在画面的构成和水墨的 应用方面,都和中国传统水墨画相距甚远。张朝晖的作品之所以会引起艺术界的广泛注目,就是他在用水墨这种传统绘画工具时,没有去背诵和默写 那些水墨画的程式和章法,而是以与现代建筑、环境和城市的空间发生对话关系的构成,来表现艺术家对光的感受。可以说张朝晖是学者型艺术家, 他曾在美术馆工作,也有过策展和评论的经历。他一直从客观的角度来审视当代艺术的现状,而他绘画是在回到中国之后。正是由于在他的视觉经验 中,没有传统中国绘画的程式或成见,他才敢在高手如林的水墨画界把自己置身于对立面。 邬建安的艺术涉猎到一个当代艺术很棘手的领域,那就是用什么样的形式和手段,才可以激活某些濒临绝迹的中国民间艺术技艺,唤醒那些在人 们记忆中几乎已经忘却的远古神话与历史。而这些作品常常成为争议的焦点,它是民间艺术在这个时期的延续,还是它原本就是现代艺术的一个侧 面?邬建安使用一种激进的方式占领文化的制高点,用图像生成的方式串联众多身份各异的人物、畸形的身体、寓意和想象。和许多现代艺术表达的 方式截然不同,他坚持使用非常传统的皮影、剪纸的镂空造型方法,来表达某种精神和身体间的隐喻。我确信,他一定是信仰某种超人的力量,和对 古今中外的历史有着某种特别的审视,方能游离在多维度的空间和时间中。他的作品让我们看到艺术家个人风格不断演变的过程,总之,他是中国当 代艺术中的异端儿。 韩娅娟在中国被称为80后,和那些在中国艺术界的名将相比, 她的绘画和装置作品,都有一种青春风格。这些作品的风貌和主题来自日常生活的 种种让人不经意的细节,这些充满快乐的景象,是她生活的时代带来的愉悦。而她使用的绘画语言和构图都充满感性,这种感性对那些既定思维和权 威边界构成挑战。她开始是在油画专业上取得学位,随后在中国美术学院的影视动画学院任教。也许是因为这个原因,她开始实验新的表现方式。我 们看到她的影像装置,就是巧妙利用影像的语言,寻找超越影像的现象中所发生的缓慢过程,创造出一种不确定的状态和循环往复的悖论。 出生于俄罗斯在乌克兰长大的阿莲娜·奥拉绣克(Alëna Olasyuk),现在以中国为她的第二个故乡。她在北京学习服装时尚媒体专业,而在八年 之后,她已经成长为一名艺术家。或许是由于乌克兰艺术的血统,她的作品天生带有洗练和精致的气质。阿莲娜的作品看上去平坦,没有煽情的起伏, 但这是通过无数次反复和持久的耐力达到的平衡。阿莲娜迷恋中国墨和中国黑,她的单色墨笔画系列反映了画家对中国文化深层内涵的兴趣。在中国 艺术中,黑与白是经过无数岁月之后,由时间来确定的事物和美学的关系,它们是对立的两级,又是运动中的互补,它是色彩学中形而上的终极元素。 阿莲娜绘画的过程,就象东方的瑜伽,它需要身、心和意念的一致,如同佛教中的修行,所以,我们与其把它看作是绘画,还不如说是一种艺术的修 炼。 中国当代艺术像这次一样大规模在巴西集中呈现应该是首次,对南美大陆来说也是首次。中国当代艺术的状态和中国整个国家的状态是一致的, 那就是象征进步、革新、共享、面向未来。这个展览可以让参观者们感受到当代中国艺术的脉动,它是一种持续不断的运动。

Fang Zhenning Curador Curator 策展人

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David Liu

SHENYANG, CHINA, 1970.


“Nothingness of the universe-3”, 2016. Acrílico cortado a laser. 200x280x5cm.

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“Yellow”, 2017. Nanquim, caneta tinteiro, guache sobre papel. 100x66cm.

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Alëna Olasyuk

CHINA.


“Violet�, 2017. Nanquim, caneta tinteiro, guache sobre papel. 100x66cm.

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“Linear Light”, 2014. Tinta sobre papel de arroz. 144x120cm.

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Zhang Zhaohui

PEQUIM, CHINA, 1965.


“Light Infinite”, 2016. Tinta sobre papel de arroz. 345x215cm

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Liu Jianhua

JI’AN, CHINA, 1985. VIVE E TRABALHA EM XANGAI, CHINA.


“The End of 2012”, 2011-2017. Porcelana. 350x960x5cm.

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Liu Jianhua


“The End of 2012”, 2011-2017. Porcelana. (detalhe).

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Li Di

CHINA, 1963. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Crisscross A29”, 2016. Acrilica sobre tela. 250x600cm.

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“The Moon Palace”, 2017. Aço inoxidável. 150x150x45 cm.

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Ding Hao

SHANDONG, CHINA, 1987. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Ultimate”, 2017. Bambu. 360X45X45cm.

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“Yuan Rate”, 2009. Acrílica sobre tela. 200x200cm.

“Yuan Rate A”, 2011. Acrílica sobre tela. 200x200cm.

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Meng Luding

BAODING, CHINA, 1962. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Yuan Rate”, 2009. Acrílica sobre tela. 200x200cm.

“Yuan Rate B”, 2011. Acrílica sobre tela. 200x200cm.

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Meng Luding


“Yuan Rate”, 2011. Acrílica sobre tela. 145X290 cm.

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“Weaving - 1”, 2014. Tricô a mão, fios de lã e armação de metal. 120x120cm.

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Tao Na

HUNAN, CHINA, 1980.


“Weaving - 2”, 2014. Tricô a mão, fios de lã e armação de metal. 120x100cm.

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“Window”, 2013-2015. Janela, Seda, Casulos. 117x98x3cm.

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Liang Shaoji

XANGAI, CHINA, 1945. VIVE E TRABALHA EM TIANTAI, CHINA.


“Planar Tunnel”, 2015. Seda. Ø145cm.

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Liang Shaoji


“Stele”, 2008-2014. Vídeo. 10’6’’.

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“North 1”, 2017. Acrílica sobre tela, colagem de tinta chinesa. 160x160cm.

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Li Xiangyang

PEQUIM, CHINA, 1957. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM.


“Desire 4”, 2016. Óleo e plastico sobre tela. 120x80cm.

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Li Lei

XANGAI, CHINA, 1965. VIVE E TRABALHA EM XANGAI.


Da série “No Words”, 2015. Acrílica sobre tela. 100x80cm.

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“Untitled 2”, 2013. Técnica mista. 150x150cm.

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Wang Xin

GUILIN, CHINA, 1985. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Destination”, 2013. Técnica mista. 150x150cm.

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Wu Didi

CHONGQING, CHINA, 1976. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“The truth is precise and concrete”, 2014. Óleo sobre tela. 120x240cm.

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Jin Jiangbo

YUHUAN, CHINA, 1972. VIVE E TRABALHA EM XANGAI, CHINA.


Da Série “China Market Prospect”, 2007. Fotografia. 75x300cm.

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Huang Wei

CHINA.


“Wu Mei”, 2016. Seda. 250x165cm.

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“The image of the imageless No.1”, 2015. Óleo sobre tela. 180x170cm.

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Huang Ying

CHINA.


“Opus One”, 2015. Impressão digital sobre tela. 180x132cm.

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“Galaxy K - 001”, 2013. Aço inoxidável banhado a ouro 24k. 163×156×140cm.

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Wang Kaifang

PEQUIM, CHINA, 1977.


“Galaxy K - 007”, 2013. Aço inoxidável banhado a ouro 24k. 45x45x35cm.

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“Wind”, 2009. Óleo sobre tela. 200x180cm.

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Yu Xingze

LIAONING, CHINA, 1976. VIVE E TRABALHA EM XANGAI, CHINA.


“Electricity”, 2009. Óleo sobre tela. 200x180cm.

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“Temple of Heaven”, 2010. 798 moldes de madeira velhos. 38x50x22cm.

“South Sea Shaking - Slider”, 2009. 798 moldes de madeira velhos. 60x68x24cm.

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Wang Mai

YICHUN, CHINA, 1972.


“Energy Star - Box”, 2010. 798 moldes de madeira velhos. 73x43x20cm.

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“Color Stick”, 2007. Acrílico. 190x25cm.

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Lin Mo

HARBIN, CHINA. VIVE E TRABALHA EM SONGZHUANG, CHINA.


“God is left handed”, 2017. Acrílica sobre tela. 40x30cm.

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Li Xueyan

CHINA.


“Melon”, 2017. Óleo sobre tela.154x210cm.

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Han Yajuan

QINGDAO, CHINA, 1980. VIVE E TRABALHA ENTRE PEQUIM E HONG KONG, CHINA.


“(X)~(X=X)”, 2015. Video (HD). 5’09’’.

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Han Yajuan


“The Evolution of Sensibility”, 2017. Óleo sobre tela. 95x149x5cm.

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Zhou Lan

CHINA.


Da série “The World is Extremely Small”, 2015. Digital Print. 40x60cm.

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“An inch gold”, 2017. Tinta sobre seda, acrílico. 100x100x9cm.

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Yang Kai

YANTAI, CHINA, 1987.


“Boyish”, 2009. Tinta sobre seda, acrílico. 100x100x9cm.

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“Page Black•Color”, 2016. Óleo sobre painel de alumínio. 90x175cm.

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Chen Wenji

XANGAI, CHINA, 1954. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Page Red•Color”, 2016. Óleo sobre painel de alumínio. 90x175cm.

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Li Tianyuan

CHINA.


“The Shadow”, 2013. Fotografia em papel. 130x166,7cm.

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Zhou Weiran

CHINA.


Sem tĂ­tulo, 2017. LĂĄpis sobre papel. 260x360cm.

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“Seven-Layered Shell — Six Fingers”, 2012. Couro tingido a mão, fio de bronze, seda. 400x300cm.

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Wu Jian’an

PEQUIM, CHINA, 1980. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM.


“Seven-Layered Shell — Six-Eared Macaque”, 2011. Couro tingido a mão, fio de bronze, seda. 400x300cm.

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Wu Jian’an


“Seven-Layered Shell”, 2011. Couro tingido a mão, fio de bronze, seda. (Detalhe).

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He Wenjue

CHINA.


“Chinese Zodiac”, 2006-2008. Ouro 24K e bronze sólido. 400x400 cm.

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Cang Xin

CHINA.


“Cang’s Shaman”, 2007. Video (3D). 8’51’’.

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Cang Xin


“Cang’s Shaman”, 2007. Video (3D). 8’51’’.

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Ma Yansong + Shen Wei

CHINA.


“Inner Space”, 2015. Vídeo. 6’49’’.

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Ma Yansong + Shen Wei


“Inner Space”, 2015. Vídeo. 6’49’’.

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Chen Wenling

QUANZHOU, CHINA, 1969. VIVE E TRABALHA EM PEQUIM, CHINA.


“Autumn Moon In The Sky”, 2017. Técnica mista. 260x170x80cm.

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Chen Wenling


“Floating Scenery”, 2017. Técnica mista (Aço inoxidável, bronze pintado). 80x165x165 cm.

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Liu Ruowang

JIAXIAN, CHINA, 1977.


“Original Sin”, 2011-2013. Resina. 290x260x140cm.

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Liu Shuang

HARBIN, CHINA, 1988.


“Light Cosmos”, 2016. Técnica mista. 330x200x200cm.

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Jin Lie

SHANXI, CHINA, 1969.


Sem título, 2017. Alumínio, Aço enferrujado, pintura de oxidação. 300x120x260cm.

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“Law”, 2017. Espelhos. 882x954cm.

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Fang Zhenning

CHINA.


“Law”, 2017. Espelhos. (detalhe).

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MUSEU OSCAR NIEMEYER

Além da fotografia Nas últimas décadas, a fotografia – principalmente a digital – encontra-se presente de maneira privilegiada no panorama da arte contemporânea. Esta proliferação deve eludir o risco da autoclausura dos meios técnicos; o fato de se assumir a particularidade técnica da fotografia pode ser fecundo enquanto não significar um retrocesso, isto é, sempre que não implique na reclusão do meio fotográfico em um círculo hermético, que não ocasione seu isolamento no confinamento moderno protegendo-se das impurezas da diferença. Eludir este risco é um dos principais desafios da imagem fotográfica contemporânea. Esta mostra encontra-se diante deste desafio discutindo a fixação dos limites da fotografia e promovendo seu encontro com outros meios, indo além do enclausuramento das práticas fotográficas tradicionais. Além da diversidade, as obras expostas compartilham um caráter heterogêneo e contingente, assim como despreocupação pela estetização da imagem, fetichismo do meio e pureza de formas, própria da assepsia moderna. Evitando, assim, esconder-se na particularidade de seus meros procedimentos, estas obras, como muitas outras contemporâneas, escapam do determinismo tecnológico e se abrem a múltiplos processos de combinação de meios distintos: expansões e transbordamentos, cruzamentos, transferências e montagens mais abertas à intervenção de conteúdos reflexivos e conceituais que preocupados pelo ideal tecno-formalista que impulsiona a autonomia medial. A relevância do conceito ajuda a assumir outro desafio da arte contemporânea: o de impugnar criticamente o esteticismo banal da imagem que, com caráter de publicidade, entretenimento, pura comunicação ou espetáculo, amortece o potencial crítico da imagem, diminui seu alcance social e desativa a política do olhar. Nesta mostra, um grupo de artistas rodeia a fotografia de maneira, irônica, analítica, sempre poética, a fim de revisar diferentes questões que preocupam a sensibilidade e o pensamento contemporâneo. Buscam, assim, não só transgredir os limites do dispositivo técnico, como também ampliar o âmbito técnico da visualização para rastrear as verdades contrárias à mecânica do “ver”, mas aliadas à obsessão do olhar. Ananké Asseff apela a esta “cumplicidade ética do olhar” discutindo o suposto destino indicativo da fotografia, sua capacidade de registrar fiel e exaustivamente a realidade através suas digitais. Nesta obra, as paisagens realistas aparecem encobertas em zonas que acabam sendo indispensáveis: a dissimulação torna essencial o invisível. A pulsão da imagem desperta capaz de rondar o objeto que falta e de fazer de seu vazio o princípio de significações novas, mas ainda ausentes. A obra de Juliana Stein também trabalha a tensão entre o visível e o não-visível, assim como o desejo do olhar, que converte esta tensão em litígio entre o visível e o visual. As fotografias de desenhos de calçadas públicas são transcritas em braile, tornando-se, assim, não só signos puramente táteis, mas também imagens parcialmente indicadas por sombras breves, definidas pelo branco puro do suporte: faltas na ordem da representação fotográfica. Estas fendas manifestam os espaços vazios deixados pela tradução de um sistema de signos para outro. Se a linguagem não é capaz de preenchê-las, o sentido deverá, então, ser rastreado no próprio fundo do indecifrável ou tateado na calada superfície do não-visível. Condicionada pela perspectiva dos drones, dos satélites e dos efeitos técnicos da indústria do entretenimento, a visão contemporânea é, em grande parte, vertical. Hugo Aveta questiona esta posição muito distante, perpendicular ao plano da Terra. Usando vídeo, o artista submerge o olhar na água procurando detectar a matéria em suas partículas, em seus movimentos ínfimos de composição e desagregação que reiteram a coreografia do cosmos. Partindo de fotografias, ele traça uma cartografia desenhada com cinzas de livros e materiais orgânicos, esboçando imagens que entram e saem da fotografia, novamente apresentando o paradoxo do meio técnico: a materialidade das imagens desaparece logo após de terem sido fotografadas. Mas desaparecem também a paisagem, o mapa, a coordenada exata. Permanece um puro plano efervescente de signos quase ilegíveis, sintomas de uma realidade subtraída que promete outros lugares e exige olhares intensos e horizontais. Com uma reflexão crítica sobre a institucionalidade da arte, a obra de Bernardo Krasniansky desorienta o caminho referencial e indicativo da fotografia. Isto é feito através de montagem, que permite fragmentar, montar e reajustar diferentes elementos segundo os diferentes requerimentos da obra. Montagem de diferentes procedimentos fotográficos diversos (fotocópias, Polaroid, fotos digitais) e desses com técnicas plásticas e gráficas (desenho, pintura, gravado). Montagem de instâncias sucessivas de representação: o artista não parte de objetos ou feitos “reais”, mas de imagens prévias que mobilizam significados através de anacronismos e cortes espaciais. Sua crítica do sistema da arte apela à própria beleza para recompor suas partes deslocadas em novas montagens, anúncio de outras histórias possíveis. Através de uma videoinstalação, Luis Camnitzer trabalha o paradoxo do tempo: seu caráter inalcançável e simultaneamente forçoso. Poderia a imagem fotográfica capturar pelo menos um instante? Poderiam fazê-lo os relógios em uma fração inexistente da duração ou os sinos mediante o ritmo de suas badaladas? O vídeo, a fotografia em movimento, persegue o tempo através dos sinais de uma natureza livre do peso pautado dos dias: segue-se o curso impossível da água, medida simultânea de trânsito e permanência, de casualidade e necessidade. Mas o badalar dos sinos se diluíram no rumor do riacho, assim como os relógios pararam ou voltaram: uns e outros marcam tempos paralelos. O vídeo só pode registrar o que registra o olho humano: um tempo deslocado. Mas ao rodear a poesia, poderia surgir uma abertura da temporalidade humana: o enigma do tempo que apressa e tarda a morte. Outra maneira de perseguir o registro do tempo por meio da imagem captada em vídeo é encarada por Alfredo Quiroz e Bernardo Puente. O período transcorrido entre a ascensão ao poder do ditador Stroessner e sua queda não pode ser medido por vivencias

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pessoais e experiências coletivas. O tempo do acontecimento traumático está quebrantado, enlouquecido; não cabe inteiro na superfície de um quadro: não pode ser completamente visualizado. Mal uma mão começa a escrever as datas de início e fim do infortúnio em um quadro, outra (a mesma?) as apaga, deixando uma mancha esbranquiçada que esconde os dados em seguida. Através das pulsações da imagem, a memória opera nesta brevíssima margem que intermedia o visível e a escuridão – ressoantes de tempos possíveis, talvez melhores. Nury González coloca frente a frente dois retratos grandes seus feitos a partir de fotografias digitais cujos pixels aparecem representados por quadrados tecidos com lã de ovelha fiada à mão e tingida em uma escala de cinza, branco e preto. Os retratos, tirados em formato 3x4, representam a artista alguns segundos antes de lhe concederem a cidadania espanhola e alguns segundos após isso. A obra ironiza os alcances da fotografia digital, que deve assumir uma condição artesanal para detectar a mudança imperceptível provocada pelo tempo, a repetição ou um ato jurídico-administrativo. A própria identidade não pode ser registrada através da escrita ou da fotografia: só pode ser construída trabalhosamente e brevemente, representada através do desdobramento ou cruzamento de olhares. A obra de Osvaldo Salerno possui duas partes: a exibição de um álbum de fotografias familiares e a projeção de um vídeo que registra o contínuo folhear de suas páginas. O artista o havia encontrado vazio, desprovido dos retratos que lhe eram destinados ou que os havia ocupado. Ele não o completa com novas imagens, mas sim reforça o vazio dos espaços colocando minunciosamente entre esses pedaços de tecido branco, pequenas lápides. É uma operação de contra-fotografia, de contra-memória. A imagem fotográfica retorna fantasmal, obsessiva, em forma de vídeo, mas os retratos não voltam; a memória familiar torna-se memória coletiva, construção política. No contexto da obra de Salerno, as fotografias ausentes vinculam-se à memória dos desaparecidos durante as ditaduras militares do Cone Sul, homens e mulheres cujas fotografias não foram registradas em álbuns, mas em fichas policiais. Graciela Sacco usa a fotografia para a levantar conceitos éticos e políticos vinculados ao desencontro do sujeito com seu próprio tempo. Shakespeare disse: “Time is out of joint”, mesmo o menor desajuste cronológico é motivo de aflição e risco de perda, porém todo o deslocamento de tempo abre também uma fresta para uma promessa. Os angustiantes deslocamentos do exílio, as corridas desesperadas provocadas por uma perseguição ou desbande, a pressa em alcançar a última chance ou a perda do local exato remetem ao diferimento continuo do tempo e espaço. Nada está em seu lugar, nada em seu momento. Por um lado, este desconcerto é ameaçante, por outro, proporciona uma chance de romper o puro presente da atualidade com a intrusão de outros momentos ansiados ou rememorados. Então, o transtorno da temporalidade humana poderia ser capaz de relançar, como queria Benjamin, o passado para um porvir mais claro. A consideração do “ato fotográfico” como indício direto das coisas ou dos fatos deu à fotografia a missão de testemunhar e a dotou de poderes documentativos e eficácia mágica. Bernardo Oyarzún se esquiva deste destino, ou pelo menos, o torna complexo. A obra exposta parte de um caso ocorrido na Nova Zelândia. Quando o artista trabalhou no país, soube de uma canoa maori que transportou um grupo de aves para substituir as que haviam sido exterminadas em certa ilha. A tentativa de repor o perdido foi inútil: não há meios de restaurar a ordem natural violada. A arte tem recursos não para consertar o estrago, mas para imaginar um ambiente intacto. Um outro espaço-tempo, como o sonhado, por exemplo, pelos maoris e tupis-guaranis, onde as aves se desprendem de suas próprias imagens, convertem-se nelas ou se tornam suas sombras para inventar fora do campo da representação. Um mundo onde o voo não possa ser registrado, nem as aves eliminadas.

Tício Escobar Curador Curator

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Beyond photography In the last few decades photography – particularly digital – has found itself present in a privileged spot on the contemporary art panorama. Such proliferation must elude the risk of self-enclosure of technical means; the action of undertaking the technical distinctiveness of photography may be fruitful while not representing a setback: that is, while not implying the confinement of the photographic environment inside an hermetic circle that does not imply its insulation on the modern enclosure protected from the impurity of differences. To elude such a risk is one of the most crucial challenges of contemporary photographic imagery. This exhibit finds itself before this challenge, discussing the definition of the limits of photography and promoting its meeting with other media, as well as the containment of traditional photography practices. Besides diversity, the exposed works share an heterogeneous and uncertain character, and a lack of care for the aesthetizacion through image, media fetishism and purity of forms, so typical from modern asepsis. Thus avoiding hiding itself in the particularity of its mere proceedings, these works as well as many other contemporary ones flee from technological determinism and open themselves to multiple processes of combining different media: expansions and overflows, intersections, transfers and installations more open to the intervention of reflexive and conceptual contents than worried about the technoformalist ideal that propels medial autonomy. The relevance of the concept helps accepting another challenge in contemporary art: critically contesting the banal aestheticism of image which, taking the shape of publicity, entertainment, mere communication or spectacle, dampens the critic potential of said image, shortens its social reach and deactivates the policies of view. In this exhibit, a group of artists surrounds photography in an ironic, analytic and at all times poetic manner, meaning to revise different matters that concerns sensibility and contemporary thought. As such, they mean not only to transgress the limits of the technical device, but also amplify the technical place of visualization in order to track the truths contrary to the mechanics of “viewing”, but allied to the obsession of gaze. Ananké Assefff appeals to such “aesthetic complicity in gaze” discussing the supposed indicative destiny of photography, its capacity in registering faithfully and in exhaustion the reality through her digitals. In this work, the realistic landscapes appear covered in zones that end up essential: the dissimulation turns the invisible into essential. The pulse of the awoken image capable of prowling the missing object and making its hollowness the principle of new significance, one albeit still absent. The works of Juliana Stein also have to do with the tension between visible and not visible, as well as with the desire of gaze, which converts the tension into a dispute between visible and visual. The photographs of public walk drawings are transcribed in braille, thus becoming not only purely tactile signs but images partially indicated by brief shadows, defined by the pure white of the structure: absences in the photographic representation order. Such cracks manifest the empty spaces left by the translation of a system of signs to another. If language is not capable of filling them, then sense must be tracked down in the very bottom of the undecipherable or touchable on the swift surface of what cannot be seen. Conditioned by the perspective of drones, satellites and entertainment industries’ technical effects, contemporary vision is, in a big way, vertical. Hugo Aveta questions this far away position, perpendicular to Earth’s surface. Utilizing video, the artist submerges his views in water looking to detect the matter in its particles, its minimal composition and disaggregation movements that reiterate the choreography of the cosmos. From a starting point of photographs, he delineates a cartography drawn with ashes from books and organic material, sketching pictures that go in and out photography, once again presenting the paradox of technical means: the materiality of images disappears soon after their capture. Landscapes, maps, exact coordinates also disappear. What stays is an effervescent pure plane of nearly unreadable signs, symptoms of a reality subtracted which promises different places and demands an intense and horizontal gaze. Holding a critical view on the institutionality of art, the work of Bernardo Krasniansky disorients the referential and indicative path of photography. That is done through montage, which allows for fragmentation, mounting and readjusting of different elements according to the many requirements of the work. Montages of various photographic procedures (photocopy, Polaroid, digital photography) and of these with visual and graphical techniques (illustration, painting, engraving). Montages of successive instances of representation: the artist does not stem from objects or “real” feats, but from previous imagery that mobilizes meanings through anachronisms and spatial cuts. His criticism of the art system appeals to beauty itself to recompose its displaces parts in new montages, announcements of other possible stories. By means of a videoinstallation, Luis Camnitzer works the paradox of time: its unreachable and simultaneously forceful nature. Could photographic image capture at least a moment? Or could clocks?, in an inexistent fraction of the duration, or bells through the rhythm of their tolls? Video, photography in movement, seeks after time through the signals from a nature free from the weight of the days: the following of the impossible course of the water, simultaneous means of transit and permanence, chance and need. But the toll of the bells is diluted in the stream’s whisper, and the clocks stopped or turned back: each and some mark parallel universes. The video can only register what the human eye registers: a dislocated time. But when surrounding poetry, there could appear an opening of human temporality: the enigma of time that hurries and delays death. Another way to pursue the record of time by means of the image captured by video is taken on by Alfredo Quiroz and Bernardo Puente. The time elapsed between the ascension of dictator Stroessner to power and his fall cannot be measured though personal or collective experiences. The time of the traumatic event is shattered, crazed; it can’t fit in its entirety on the surface of a painting, and can’t be completely visualized. One hand barely starts to write the start and end dates of the misfortune in a painting, and the

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other one (the same one?) erases them, leaving a whitened stain that hides the data ahead. Through pulsations of image, memory operates in this incredibly brief margin that intermediates visible and darkness – resonating from possible times, perhaps better ones. Nury González places face to face two of his huge paintings made from digital photographies of which the pixels appear represented by squares woven in sheep wool spun by hand and dyed in a scale of gray, white and black. The pictures, taken in a 3x4 format, represent the artist a few moments before being granted Spanish citizenship and a few moments after that. The work mocks the reach of digital photography, which must take an artisan-like condition in order to detect the non-perceptible changes caused by time, repetition or a juridical-administrative act. Identity itself can’t be registered through writing or photography: it can only be built laboriously and briefly, represented through the unfolding or exchanging of looks. The works of Osvaldo Salerno carry two different parts: the exhibition of a family photo album and the projection of a video registering the continuous skim of its pages. The artist had found the emptiness, devoid of the portraits destined to it or that it had occupied. He doesn’t fill it with new pictures, instead reinforcing the emptiness of the spaces thoroughly putting small tombstones between the white fabric squares. It is an operation of counterphotography, countermemory. The photographic image returns ghostly, obsessive, in the form of video, but that portraits don’t come back; the family memory becomes collective, political construction. In the context of Salerno’s works, the missing portraits bind themselves to the memory of the missing people during the military dictatorships of the South Cone, men and women whose photos weren’t registered in albums, but in police records. Graciela Sacco uses photography to bring up ethical and political concepts linked to the separation of the individual with its own time. In the words of Shakespeare, ‘Time is out of joint’, and even the slightest chronological imbalance is reason for distress and risk of loss, even if it also opens a narrow window for promise. The anguishing movements of exile, the desperate runs caused by pursues or disbands, the hurry to reach the last opportunity or the loss of an exact place take back to a continuous stretching of time and space. Nothing is in its place, nothing in its moment. On the one hand, such bewilderment is threatening; on the other, it gives a chance of severing reality’s pure present through the intrusion of moments desired or remembered. And this, the disturbance of human temporality might be capable of, as wanted Benjamin, reopening past for a clearer to-come. The consideration of the “photographic act” as direct indication of things or facts gave to photography the mission of testifying and gave it documentarian powers and magical effectiveness. Bernardo Oyarzún dodges such destiny, or at least gives it complexity. The presented work comes from an event in New Zealand. When the artist worked in the country, he heard about a Maori canoe that transported a group of birds to take the place of the ones extinguished on a certain island. The effort of replacing what was lost was useless: there are no means of restoring the violated natural order. The art has resources not to fix what is broken, but to imagine an untouched environment. Another space-time, such as the ones dreamt, for instance, by the Maori and Tupi-Guarani peoples, in which birds free themselves from their own images, convert themselves into them or become their shadows to invent outside of the field of representation. A world in which flight can’t be registered, nor birds eliminated.

Tício Escobar Curator

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“Asunción, 3 de febrero de 1989”, 2015. Duas lousas, 110x150cm cada. Video HD (loop) 5’04’’.

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Alfredo Quiroz + Bernardo Puente

ASSUNÇÃO, PARAGUAI, 1974. BUENOS AIRES, ARGENTINA, 1969. VIVEM E TRABALHAM EM ASSUNÇÃO.


“Asunción, 15 de agosto de 1954”, 2015. Duas lousas, 110x150cm cada. Video HD (loop) 5’04’’.

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Alfredo Quiroz + Bernardo Oliveira


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Graciela Sacco

ROSARIO, ARGENTINA, 1956. VIVE E TRABALHA EM ROSARIO.


“Fuerón al norte para Llegar al Sur”, 2014. Técnica mista. Instalação interativa. 250x600cm.

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“Fuerón al norte para Llegar al Sur”, 2014. Técnica mista. Instalação interativa. 250x600cm.

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Graciela Sacco

“Metro Cuadrado”, 2007. Fotografia digital em backlight. 6 unidades. 100x100x15 cm.


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Bernardo Krasniansky

ASSUNÇÃO, PARAGUAI, 1951. VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO, BRASIL.


Da série “MUSEU - Galeria Nacional de Washington”, 1999-2010. Impressão fine art. jato de tinta mineral sobre papel photo rag cotton 315gms. 100x40cm.

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“El álbum”, 1997. Instalação. Álbum fotográfico. 32x27x10 cm.

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Osvaldo Salerno

ASSUNÇÃO, PARAGUAI, 1952. VIVE E TRABALHA EM ASSUNÇÃO.


“El álbum”, 1997. Instalação. Vídeo. 09’02”.

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“Campos de la realidad (Parte I)”, 2014-2016. Fotografia. 150x150 cm. Pintura cinza neutra aplicada sobre vidro. Dimensões variáveis.

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Ananké Asseff

BUENOS AIRES, ARGENTINA, 1971. VIVE E TRABALHA EM BUENOS AIRES.


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AnankĂŠ Asseff


“Campos de la realidad (Parte I)”, 2014-2016. Fotografia. 150x150 cm. Pintura cinza neutra aplicada sobre vidro. Dimensões variáveis.

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Hugo Aveta

CÓRDOBA, ARGENTINA, 1965. VIVE E TRABALHA ENTRE CÓRDOBA E PARIS, FRANÇA.


Da série “Los Ojos sobre la tierra”, 2017. Impressão fotográfica. 125x149 cm.

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Hugo Aveta


Da série “Los ojos sobre la tierra”, 2017. 5 fotografias. 80x100 cm a 100x175 cm.

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Luis Camnitzer

LÃœBECK, ALEMANHA, 1973. VIVE E TRABALHA EM NOVA IORQUE, EUA.


“The time project”, 2017. Instalação. Mídias variáveis. Dimensões variáveis. Cortesia: Galeria Alexander Gray Associates.

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Luis Camnitzer


“The time project”, 2017. Instalação. Mídias variáveis. Dimensões variáveis. Cortesia: Galeria Alexander Gray Associates.

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Nury Gonzรกlez

SANTIAGO, CHILE, 1960. VIVE E TRABALHA EM SANTIAGO.


“Ficcion de un Origen”, 2006. Instalação. Autorretratos, lã de ovelha tingida, texto bordado em ponto cruz. Dimensões variáveis.

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Nury Gonzรกlez


“Ficcion de un Origen”, 2006. Instalação. Autorretratos, lã de ovelha tingida, texto bordado em ponto cruz. Dimensões variáveis.

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Bernardo Oyarzún

LOS MUERMOS, CHILE, 1963. VIVE E TRABALHA EM SANTIAGO, CHILE.


“Culto a las imágenes”, 2017. Instalação. Dimensões variáveis. (Simulação).

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Juliana Stein

BRASIL, 1970. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.


Série “Tudo o que é sólido permanece no ar”, 2017. 14 fotografias impressas em Lambda, 14 fotografias impressas em Braille 30x24cm cada.

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Juliana Stein


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MUSEU OSCAR NIEMEYER

Antítese Imagens Síntese Para Hegel, a realidade é racional porque é contraditória e a tarefa da razão é de superar tais contradições, resolvê-las através da síntese para um nível superior, que por sua vez será um ponto de partida para novas contradições, que deve ser superadas, e assim por diante ao infinito. O artista contemporâneo vai cada vez mais além da aparência, além do objeto de sua narrativa, criando um contraste entre as reflexões de quem concebeu e as emoções daqueles que estão assistindo. O que mudou em quem a pensou e o que vai mudar em quem vai observar, porque o espectador “além da visão” descobre uma ação constante na ação e no pensamento. Olha para além do objeto e da cor, em memória de seus pensamentos, que se suavizam do supérfluo em direção a uma realização. Isso corresponde à produção de linguagens artísticas novas e plurais, da fotografia à videoarte, da Land art a street art, da body art a performance, para enumerar as novas, mas sem esquecer da pintura, que continua a auto candidatar-se ao primado do fazer arte. Linguagens que, se por um lado impediram de circunscrever o significado da arte para uma experiência exclusiva, por outro lado, têm implantado inúmeras possibilidades antitéticas de interrogar o sentido profundo da realidade, sem nunca revelar seu enigma. Esta pluralidade, das possíveis e realizáveis formas de arte, torna necessária a busca de expressividade, não como um critério de interpretação unívoco, mas como confronto com a verdade na forma de um enigma. Por isso é significativo repensar a linguagem contemporânea em sua extensão sociológica, para ser compreendida nas soluções de uma nova comunicação. “Síntese, evidências imediatismo”: uma lógica da linguagem que distingue a arte na individualização do artista, da obra, do ambiente, onde fazer arte se torna poesia. Com essas novas linguagens do contemporâneo trabalham os seguintes artistas: Marco Bolognesi usa a fotografia e a realidade aumentada para um work in progress de ficção científica, em um universo pós-punk megacidades, onde qualquer coisa pode acontecer. Davide Boriani precursor da arte cinética com a representação simbólica do fluir do tempo no espaço. Na obra de Brugnera,uma junção entre a brutalidade da pedra e a suavidade da arte. Shay Frisch constrói, com a montagem de um objeto comum e a eletricidade, uma sensação de vibração e envolvimento, que se transforma em algo sacro. Angela Lima através da pintura mostra a representação da condição humana contemporânea, baseando-se na pesquisa da memória e da nostalgia. Hannu Palosuo utiliza diferentes formas de mídia para construir suas próprias obras, uma espécie de janela aberta para o mundo da metáfora e da memória. Juan Parada utiliza as instalações “site-specific” onde o entrelaçamento da natureza e do sábio uso da cerâmica, outro elemento primordial, reportado ao positivo recorrer da humanidade. As obras de Antonio Riello criam uma situação de inversão perceptual gerando uma interpretação que coloca em crise todo o mecanismo entre linguagem e realidade. Tuomo Rosenlund & Johanna Pohjanvirta usam a fotografia e o desenho criando imagens constituídas por elementos reais e imaginários. Taiji Terasaki faz uma investigação incansável, partindo de uma observação viva e cuidadosa da natureza. Jairo Valdati investiga o mundo com a chave da revisitação, onde a fronteira natural/artificial é obscura, mas capaz de liberar uma beleza rara beleza. Stevens Vaughn filtra a realidade através da percepção dos sentidos e dos elementos primários, assim como as cores que os representam e que propõem um lugar de encontro entre o homem e o cosmos, gerando a memória de origem. As obras selecionadas para esta experiência visual já delineiam um percurso cultural de aventura e surpreendente, onde a justaposição de pontos de vista às vezes radicalmente diferentes, incluindo técnicas e linguagens, por vezes semelhantes às vezes distante, consegue desvendar o enredo de uma narrativa em mais vozes, oferecendo uma leitura cruzada da realidade na qual estamos imersos. A arte é um milagre da vida que impõe ao artista um trabalho permanente. E estes artistas com suas obras, têm desempenhado uma parte da tarefa, a da busca constante do “se”.

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Antítese Imagens Síntese (Antithesis images synthesis) According to Hegel, reality is rational precisely because it is contradictory and the reason of the task is to overcome these contradictions, solving them through the synthesis at a higher level, that will be in turn the starting point for further contradictions that need to be overcome, and so on ad infinitum. The contemporary artist increasingly goes beyond the appearance, beyond the object of his story, creating a contraposition between the reflections of the one who has conceived it and the emotions of who is looking at it. What has changed in the one who has thought it and what will change in the one who will observe it, because those looking “over the vision” find out an ever- changing thought and action evolving. He looks beyond the object and the color, in the memory of his thoughts that relieve of the unneeded towards the awareness. This corresponds to the production of new and plural artistic languages, from photography to video art, from land art to street art, from body art to the performance, to list the new ones but painting should not be forgotten as it continues to put itself in the making art record. Languages that, although on the one hand prevented to circumscribe the meaning of the art within an exclusive experience, on the other hand revealed innumerable antithetical possibilities to deal with the deep sense of reality without ever revealing its enigma. This very plurality of possible and feasible art forms require the search of expressiveness, not as a univocal interpretation criterion but as a comparison with the truth in a form of enigma. That’s why it’s important to reconsider the contemporary creative language in its sociological extension, to be understood through the solutions of a new communication. “Synthesis, immediacy, evidence”: a logic of the language that distinguishes art identifying the artist, the work, the environment in which making art changes into poetry. These are the new contemporary languages which the artist work with: Marco Bolognesi uses photography and the augmented reality, a science fiction work in progress in the universe of a post-punk megalopolis where anything may occur. Davide Boriani pioneer of the kinetic art, by means of the symbolic representation of the flow of time into the space. In Brugnera’s work, a junction between the brutality of the stone and the suavity of art. Shay Frisch builds a sensation of vibration and envelopment that she transforms in something sacred assembling an object of common use and the electric energy that goes through it. By means of painting Angela Lima shows a representation of the contemporary human condition, engaging the research of the memory and nostalgia. Hannu Palosuo uses different medial surfaces to build his works, a kind of window open to the world of the metaphor and the memory. Juan Parada uses the “site specific” installations in which the interlacing of the nature and the skillful use of the ceramic, other basic element, take back to the positive occurrence of humanity. The works of Antonio Riello create a situation of perceptive overturning producing an interpretation that put the whole workings between language and reality in crisis. Tuomo Rosenlund & Johanna Pohjanvirta use photography and drawing creating images made by real and imaginary elements. Taiji Terasaki makes a tireless survey that starting from a lively and careful nature observation. Jairo Valdati investigates the world through a revision tone, in which the natural/artificial limit is confused but able to grant a rare beauty. Stevens Vaughn filters reality through the sense and the primary elements perception, like the colors that represent them and suggest a meeting place between the man and the universe, producing the memory of the origin. The works chosen for this visual experience already describe an adventurous and surprising cultural path, in which the juxtaposition of the points of view sometimes radically different, between techniques and languages similar at times, distant other times, can clear up the plot of a tale with many voices, giving us in part a wide reinterpretation of the reality which we are absorbed in. Art is a miracle of life that forces the artist to a permanent work. And with their works these artists have developed a part of the task, the constant research for “oneself”.

Massimo Scaringella Curador Curator

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Brugnera

ESPUMOSO, BRASIL, 1966. VIVE E TRABALHA EM CASCAVEL, BRASIL.


“ÍMÃCULTURAL”, 2017. Instalação (Pedras de imã) 5 x 16 x 10 cm. Foto: Claiton Biaggi.

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Davide Boriani

MILÃO, ITÁLIA, 1936. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.


“Superficie Magnetica”, 1961. Madeira, alumínio, vidro, pó de ferro, ímãs, espuma de poliuretano, 4 + 4 micromotores. 93 x 182 x 20 cm.

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“The anxiety of Shaula”, 2017. Body collage, Fine art print, 100x70 cm.

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Marco Bolognesi

BOLONHA, ITÁLIA, 1974. VIVE E TRABALHA ENTRE BOLONHA E LONDRES, REINO UNIDO.


“The inquietude of Alhena”, 2017. Body collage, Fine art print, 100x70 cm.

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Juan Parada

CURITIBA, BRASIL, 1979. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA.


“Linhas de Força III”, 2016. Cerâmica vitrificada sobre madeira. 160 x 180 x 3cm.

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“Campo 1364_B,”, 2017. Componentes elétricos. 179,5x184 cm.

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Shay Frisch

PETACH-TIKVA, ISRAEL, 1963. VIVE E TRABALHA EM ROMA, ITÁLIA.


“1880_N”, 2017. Componentes elétricos. 177x129 cm.

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“In the beginning, White 1”, 2017. Pergaminho, tinta e água. 250x130cm.

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Stevens Vaughn

MINNESOTA, EUA, 1958. VIVE E TRABALHA EM XIAMEN, CHINA.


“In the beginning, Black 1”, 2017. Pergaminho, tinta e água. 250x130cm.

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MUSEU OSCAR NIEMEYER

Visão expandida A pedra angular dos nossos tempos é a dimensão dinâmica do rápido intercâmbio entre arte e ciência que continuamente atualiza a produção do bem mais valioso da humanidade: a informação. A tendência visual do terceiro milênio é transmitida através de uma ação artística e estética que visa à atualização contínua, algo essencial para acompanhar o ritmo acelerado das mudanças formais contemporâneas. Neste sentido, o vídeo é certamente uma das mídias mais completas da linguagem artística atual. A arte do vídeo tornou-se uma das principais linguagens de expressão contemporânea, conforme foi crescendo uma urgência entre os artistas de “ir além do campo da pintura” sem deixar para trás as especificidades visuais. As possíveis articulações do novo meio são capazes de envolver a presença e continuidade da dimensão temporal e de transcender o mero espaço na análise da realidade. Isso pode ser feito ao se misturar pintura, fotografia e filme ao mesmo tempo. E, ultimamente, com a introdução da “realidade aumentada”, ou 3D, já é possível falar sobre uma “terceira dimensão” na videoarte, assim como na escultura. Esta exposição de vídeo oferece, assim, uma análise conceitual dessas visões expandidas presentes em nosso tempo, mostrando alguns aspectos linguísticos e técnicos do vídeo como um meio de arte atual.

Expanded view The cornerstone of our time is the dynamic dimension of the rapid exchange between art and science, continually updating the output in humanity’s most cherished asset: information. The visual trend in the third millennium is conveyed through an action in arts and aesthetics aimed at continued update, which becomes essential for following the rapid pace of contemporary formal changes. In this sense, Video is certainly one of the most thorough media in current art language. Video art has become one of the major languages in contemporary expression, as the urge has grown among artists to “go beyond the painting field” without giving up the visual specificities. The possible articulations of the new medium are capable of involving presence and continuity of the time dimension and of transcending mere space in the analysis of reality. It does so by mixing at the same time painting, photography and film. And, lately, with the introduction of “augmented reality” or 3D, we can already talk about the “third dimension” in video art, as in sculpture. This video exhibition offers, therefore, a conceptual analysis of these expanded views present in our time, showing some linguistic and technical aspects of video as an art medium today.

Massimo Scaringella Curador Curator

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“Adam’s Apple”, 2014. Video HD. 3’44’’.

PERMET, ALBÂNIA, 1983. VIVE E TRABALHA EM TIRANA, ALBÂNIA.

Alketa Ramaj

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“Amor”, 2003. Vídeo HD. 21’. Cortesia Anna Rosa e Giovanni Cotroneo.

“Revolução”, 2008. Vídeo HD. 14’. Cortesia Anna Rosa e Giovanni Cotroneo.

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Tracey Moffat

BRISBANE, AUSTRÁLIA, 1960. VIVE E TRABALHA EM SYDNEY, AUSTRÁLIA.


“The Lizard of Unmarriedness (It’s All About How You Tell It)”, 2015. Vídeo HD . 6’07’’.

NAIRÓBI, QUÊNIA, 1982. VIVE E TRABALHA EM LONDRES, REINO UNIDO.

Phoebe Boswell

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“Castaways project”, 2013. Vídeo HD 9’45’’.

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Virginia Ryan & Steven Feld

CAMBERRA, AUSTRÁLIA, 1956. VIVE E TRABALHA NA ITÁLIA E EM PAÍSES AFRICANOS. FILADÉLFIA, EUA, 1949. VIVE E TRABALHA NA FILADÉLFIA.


“No caminhoreto”, 2014. Vídeo HD. 1’47’’.

TREVIGLIO, ITÁLIA, 1977. VIVE E TRABALHA EM MILÃO, ITÁLIA.

Filippo Berta

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“Visões alterados”, 2012. Vídeo HD. 11’42’’.

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Francesco Candeloro & Arthur Duff

VENEZA, ITÁLIA, 1974. VIVE E TRABALHA EM VENEZA. WIESBADEN, ALEMANHA, 1973. VIVE E TRABALHA EM VICENZA, ITÁLIA.


“Matchbox”, 2006. Vídeo HD. Cortesia de Anna Rosa e Giovanni Cotroneo.

MOSCOU, RÚSSIA, 1983. VIVE E TRABALHA ENTRE MOSCOU E PARIS, FRANÇA.

Tim Parchikov

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“Exit”, 2011. Betacam SP. 4’30’’.

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Zaneta Vangeli

BITOLA, MACEDÔNIA, 1963. VIVE E TRABALHA EM SKOPJE, MACEDÔNIA.


“G8ogle”, 2014. Vídeo HD. 2’25’’.

PEQUIM, CHINA, 1990. VIVE E TRABALHA EM SOFIA, BULGÁRIA. ALCAMO, ITÁLIA, 1984. VIVE E TRABALHA EM GENOVA, ITÁLIA.

Zlatolin Donchev & Anto.Millotta

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“O jardim guilhoché”, 2016. Vídeo HD. 6’50’’.

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Fabrizio Passarella

BOLONHA, ITÁLIA, 1953. VIVE E TRABALHA EM BOLONHA.


“El Satario”, 2017. Video e animação digital. 5’.

BUENOS AIRES, ARGENTINA, 1977. VIVE E TRABALHA EM BUENOS AIRES.

Estanislao Florido

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“Where the sun goes down”, 2017. Vídeo HD. 18’44’’. Som masterizado por Daniel Hewson. Contesia da KaanZamaan Gallery.

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Hamish MacLean, Kelly Michael, Scott McFarlane, Jason Taylor

AUCKLAND, 1978. VIVE E TRABALHA EM OAMARU. AUCKLAND, 1967. VIVE E TRABALHA EM AUCKLAND. WELLINGTON, 1966. VIVE E TRABALHA EM NORTHLAND TEKUITI, 1981. VIVE E TRABALHA EM KERI KERI. NOVA ZELÂNDIA.


“Carta de aguà III”, 2016. Vídeo sincronizado. 10’.

SANTIAGO, CHILE, 1960. VIVE E TRABALHA EM SANTIAGO.

Patricia Claro

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“Time reflections”, 2010. Betacam SP. 2’00’’.

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Franziska Megert

TUNE, SUÍÇA, 1950. VIVE E TRABALHA EM BERNA, SUÍÇA.


“Mevlana”, 2011. Vídeo HD. Música e composição: Arash e Eliza Yari. Voz: Thoni Sorano. 5’34’’.

ISTAMBUL, TURQUIA, 1981. VIVE E TRABALHA ENTRE ISTAMBUL E TURIN, ITÁLIA.

Murat Cinar

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“Play without rules”, 2014. Vídeo digital. 5’45’’.

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Andriy Sydorenko

CARCÓVIA, UCRÂNIA, 1983. VIVE E TRABALHA EM KIEV, UCRÂNIA.


MUSEU OSCAR NIEMEYER

Song for my hands Em 1968 Richard Serra filmou uma série de pequenos filmes em super-8 entre os quais “Hands Catching Lead”. Num plano fixo, a mão de Serra abre e fecha quando tenta agarrar pedaços de chumbo e, quando a ação é bem sucedida, imediatamente os deixa cair, reproduzindo o avanço intermitente e sincopado do filme. Sob o pretexto de um experimento sobre mãos em ação, o filme de Serra é uma contundente reflexão sobre o trabalho escultórico em particular, e sobre a natureza do gesto artístico em geral. Distanciando-se da ideia de uma arte “retiniana”, na qual o olho controla a percepção da matéria, característica da história da arte até ao Modernismo, “Hands Catching Lead” evidencia a dimensão háptica da imagem, ao mesmo tempo que destitui o sentido da “finalidade” do gesto, e acentuando também a lógica da ação e da “consciência material”. “Song for my hands” reúne onze artistas de várias nacionalidades que exploram práticas artísticas distintas relacionadas com arte e técnica, em especial a relação entre pensamento abstrato e labor manual. São artistas instigados sobre os fluxos e as transformações dos materiais, o conhecimento adquirido através do “fazer”, e a performance política e ética do gesto. Do conjunto de trabalhos expostos sobressaem denominadores comuns que são elementos constitutivos da atividade poética dos artistas tais como o “pensamento manual” e a ideia de “processo”. E mais do que eleger ou protagonizar um material, expressa-se nesta curadoria um especial interesse dos artistas pelas “histórias dos materiais. Mantendo uma propositada diversidade de meios técnicos, a exposição tem, assim, uma dimensão “tátil” omnipresente. Esta assumese também como elemento crítico, especialmente quando vista à luz da arte brasileira, na medida em que procura contribuir para a reflexão e discussão sobre a percepção sensorial no âmbito artístico, e para a formulação do sujeito histórico dos sentidos. Mostrando simbioses entre o pensamento rigoroso e a imaginação indisciplinada, a exposição “Song for my hands” aprofunda ainda as noções de artesanato conceitual e de indústria intuitiva, entendidas aqui como contraponto à lógica da produção industrial e do consumo em massa. Uma inevitável aceleração do mundo que afeta as condições da nossa percepção.

Song for my hands In 1968 Richard Serra shot a number of short films on super 8 including “Hands Catching Lead.” In front of a stationary camera, Serra’s hand opens and closes as it tries to catch pieces of lead, and when it succeeds, immediately lets them go again, reproducing the intermittent and syncopated advance of the film. Under the pretext of an experiment on hands in action, Serra’s film is a resounding reflection on sculptural work in particular, and on the nature of artistic gesture in general. “Hands Catching Lead” distances itself from the idea of a “retinal” art, in which the eye controls the perception of matter – a characteristic of art history until the Modernism –, making clear the haptic dimension of image, at the same time as it removes meaning of the gesture’s “purpose”, and also accentuates the logic of action and “material consciousness.” “Song for my hands” brings together eleven artists from various nationalities who explore distinct artistic practices related to art and technique, especially the relationship between abstract thinking and manual work. These artists are impelled by the flows and transformations of materials, the knowledge acquired through “doing”, and the political and ethical performance of gesture. From the set of exhibited works, common denominators – that are constitutive elements of the poetic activity of the artists – stand out, such as “manual thinking” and the idea of “process”. And more than selecting or featuring a material, in this curatorship a special interest of the artists for the “ materials stories” is expressed. The exhibition maintains an intended diversity of technical practices, and thus it has an omnipresent “tactile” dimension. That’s also a critical element, especially in light of Brazilian art, as it seeks to contribute to reflection and discussion about sensorial perception in the artistic sphere, and to formulate the agent of history of senses. By showing symbioses between rigorous thinking and undisciplined imagination, the “Song for my hands” exhibition deepens further the notions of conceptual craftsmanship and intuitive industry, which are understood here as a counterpoint to the logic of industrial production and mass consumption. An inevitable acceleration of the world that affects the conditions of our perception.

Marta Mestre Curadora Curator

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Richard Serra

SÃO FRANCISCO, EUA, 1938. VIVE E TRABALHA ENTRE NOVA ESCÓCIA (CANADÁ) E NOVA IORQUE (EUA).


“Hand Catching Lead”, 1968. Filme 16mm em p&b transferido para DVD. 3’30’’.

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Flรกvia Vieira

BRAGA, PORTUGAL, 1983. VIVE E TRABALHA EM Sร O PAULO, BRASIL.


“Carmem”, 2016. Fotografia. 40x60cm. Cortesia da artista.

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Iván Argote

BOGOTÁ, COLÔMBIA, 1983. VIVE E TRABALHA ENTRE PARIS (FRANÇA) E NOVA IORQUE (EUA).


“C e rcl e”, 2017. Lata de spray e corrente. Dimensões variadas. Cortesia do artista e Perrotin Gallery. Foto: Guillaume Ziccarelli

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Tobias Putrih

KRAJ, ESLOVÊNIA, 1972. VIVE E TRABALHA ENTRE NOVA IORQUE (EUA) E LIUBLIANA (ESLOVÊNIA).


“Compressions”, 2016. Papelão, compensado, metal, clips de plástico e elástico. 107 x 99 x 8,5 cm. Cortesia do artista e da Galeria Luciana Brito.

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“El azul sube”, 2014. Gaze de algodão e tintura. 45 x 10 x 10 cm. Cortesia da artista.

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Sol Pipkin

LAGO PUELO, ARGENTINA, 1983. VIVE E TRABALHA ENTRE CÓRDOBA E BUENOS AIRES (ARGENTINA).


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Claire de Santa Coloma

BUENOS AIRES, ARGENTINA, 1983. VIVE E TRABALHA EM LISBOA, PORTUGAL.


“9 Cantos Rodados Tallados�, 2013-2017. Nogueira, pinho e linho. 34 x 220 x 160 cm. Cortesia da artista.

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Nicolรกs Robbio

MAR DEL PLATA, ARGENTINA, 1975. VIVE E TRABALHA ENTRE Sร O PAULO (BRASIL) E BUENOS AIRES (AR).


“Inverno Trotskista”, 2016. Tocos e galhos de árvore, marcador hidrográfico sobre papel, mesa de madeira. 64x 95 x 64 cm. Cortesia do artista e da Galeria Vermelho. Foto: Edouard Fraipont.

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Leonor Antunes

LISBOA, PORTUGAL, 1972. VIVE E TRABALHA ENTRE BERLIM (ALEMANHA) E LISBOA.


“A linha é tão fina que o olho, apesar de armado com uma lupa, imagina-a ao invés de vê-la”, 2013. Madeira mutene, fio de nylon. Dimensões variáveis. Cortesia do artista e Galeria Luisa Strina. Foto: Bruno Lopes.

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Brent Wadden

NOVA ESCÓCIA, CANADÁ, 1979; VIVE E TRABALHA EM BERLIM, ALEMANHA.


“To be titled”, 2017. Fibras, lã, algodão e acrílico sobre tela. 245 x 369 cm. Cortesia do artista e da galeria Peres Projects, Berlim. Foto: Matthias Kolb

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Frank Ammerlaan

SASSENHEIM, HOLANDA, 1979. VIVE E TRABALHA EM LONDRES, REINO UNIDO.


“Particles of Dust”, 2017. Poeira, partículas de meteorito, partículas e pó de ferro sobre tela, linho e juta. 170 x 275 cm. Foto: Gert Jan van Rooij. Cortesia do artista.

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Sem título, 2011. Óleo sobre tela. 250x200cm. Cortesia do artista. Foto: Estúdio Quatro a Zero.

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Paulo Whitaker

SÃO PAULO, BRASIL, 1958. VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO.


Sem título, 2011. Óleo sobre tela. 200x250cm. Cortesia do artista. Foto: Estúdio Quatro a Zero.

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Não está claro até que a noite caia Arrisco, com a escrita deste texto, traçar um desenho sobre a produção dos trabalhos desta mostra. Mais precisamente sobre o lugar de onde creio partir e me enredar ao que digo aqui. Começo apontando para a sensação de que falharei e de que, como me parece, este é o risco inerente à escrita e à leitura. Sujeito-me ao risco desta escrita-desenho sob a perspectiva de que, numa frase pronunciada ou escrita, alguma coisa se estatela. A fotografia tem este caráter de traço, de ter estado na frente do objeto e, apesar disto, de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta. A imagem fotográfica é o registro de algo, mas do quê? Tomando um lugar em relação a esta nebulosa verdade de que algo esteve ali da fotografia, recorro ao que ali está disposto como estatuto de letra, traço unário da escrita e que aparece como um saber que não se sabe. Mas que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas? Falar e querer dizer não são a mesma coisa. Nas minhas palavras há sempre mais do que quero dizer e sempre outra coisa. Acompanhar a noite das coisas, especialmente daquelas em que o sentido é um risco e não pode ser muito bem previsto pois está sempre mais além. Falamos para dizer a verdade, que não se diz toda porque as palavras faltam. Não está claro até que a noite caia é uma tentativa de articular espaços da fotografia em torno do sentido opaco das coisas que escapam e que nos inscrevem mais do que podemos escrever sobre elas. Temendo e desejando estar, eu mesma, numa posição não tão visível, ocupo-me aqui justamente destas coisas que só se entregam, só se esclarecem quando olhamos meio de lado.

Nothing’s clear until night falls I dare, on writing this essay, to plot a drawing about the production of the works in this exhibit. Precisely about the place of which I believe I came from, and to entangle myself on what I say here. I start by pointing at the sensation that I shall fail and that, as I see it, that is the inherent risk to writing and reading. I subject myself to the risk of the writing/drawing under the perspective that, during the said or written sentence, something falls down. Photography has the character of trace, of having been in front of the object and, in spite of that, of working inside a circuit while something`s amiss. The photographic image is the registry of something, but what Taking a stance in relation to such nebulous truth of something having been there in photo, I fall back to what is laid out as a statute of letter, unary trait of the writing that appears as an unbeknownst knowledge. What kind of similarity might there be between words and things? To speak and to mean are not the same thing. In my words there is always more than what I mean and always another thing. To follow the night of things, especially of those in which sense is a risk and can’t be predicted very well because it is always far away. We speak to tell the truth, never entirely told for words are lacking. Nothing’s clear until night falls is an attempt on articulating photographic spaces around the opaque sense of fleeting things which incorporate us more than what we can write about them. Fearing and wishing to be myself in a position not that visible, I here dedicate myself precisely of such things that only submit themselves, only show when we gaze at them with the corner of our eyes.

Texto por Juliana Stein Text by Juliana Stein Agnaldo Farias Curador do MON Curator

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o que eu não posso dizer dirá sobre mim Sem título, 2017. Acrílico e ferro. 154x120cm.

PASSO FUNDO, BRASIL, 1970. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.

Juliana Stein

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nada acontece de repente e de repente tudo acontece Sem título, 2017. Acrílico e ferro. 154x120cm. Ficha técnica da obra, créditos da foto.

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oops Sem título, 2017. Acrílico e ferro. 154x120cm.

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Tiluk e a obra de Guadalupe Miles Guadalupe Miles apresenta nesta edição da Bienal de Curitiba 2017 uma obra que resume mais de 20 anos de trabalho e experiências na comunidade de Santa Victoria Este, no Chaco de Salta, às margens do Rio Pilcomayo. O ponto central do já longo contato de Guadalupe Miles com comunidade Wichi foi construído em torno da amizade e afeto estabelecidos com aquele que foi, até muito pouco tempo atrás, xamã e líder desta comunidade: Tiluk. “Dedico minha mostra à Tiluk por me ensinar a ver. Meu olhar muda a partir de minha experiência com ele e com eles. Foi uma mudança de percepção e de consciência”. Tiluk tem muita presença nesta mostra, acompanhando-a através de imagens e palavras, pois ele, que possuía o poder da “visão” e o dom de curar, contava histórias dos princípios do mundo e de Tokjuaj, e encorajou Guadalupe a seguir a aventura de buscar um olhar diferente Já comentamos o quanto nos surpreendia como Guadalupe nos deixava ver sua empatia com um modo de estar em um mundo que nos é remoto e invejável através de suas imagens. E, também, que as imagens de Guadalupe parecessem estar a cada passo pronunciando o prazer de ser acolhida pela gigantesca hospitalidade oferecida. Nota: O som foi registrado por Duncan Whitley com a colaboração da família Mendoza durante um projeto colaborativo organizado pela The Appreciation Society.

Tiluk and the works of Guadalupe Miles Guadalupe Miles presents in this 2017 edition of the Curitiba International Biennial the works that sum up over 20 years of labor and experiences at the Santa Victoria Este community, in Chaco, Salta province, located at the margins of the Pilcomayo River. The focal point of the now prolonged contact of Guadalupe Miles with the Wichi community was built around the friendship and affect established with a man who was, until recently, shaman and leader of such people: Tiluk. “I dedicate my exhibit to Tiluk, for teaching me how to see. My views change based on my experience with him and with them. It was a change in perception and consciousness.” Tiluk has a broad presence in this exhibit, following it through images and words, for it was him, granted with the power of “vision” and the gift of healing, that told stories about the beginning of the world and about Tokjuaj, encouraging Guadalupe to follow the adventure of seeking different views. We already talked about how much it surprised us that Guadalupe let us see the empathy with a way of being in a world remote to us, and enviable throughout images. And also that Guadalupe’s images looked like they pronounced on every step the pleasure of being welcomed by the gigantic hospitality offered. Note: The sounds were registered by Duncan Whitley in collaboration with the Mendoza family during a collaborative project held by The Appreciation Society.

Tulio de Sagastizabal Curador

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Sem título, da série “Chaco”, 2001/2005. Fotografia colorida. diapositiva. 110x110cm.

ARGENTINA, 1971. VIVE E TRABALHA ENTRA SALTA E BUENOS AIRES, ARGENTINA.

Guadalupe Miles

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Sem título, da série “Chaco”, 2001/2005. Fotografia colorida. diapositiva. 110x110cm.

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Guadalupe Miles


Sem título, da série “Chaco”, 2001/2005. Fotografia colorida. diapositiva. 110x110cm.

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MUSEU OSCAR NIEMEYER

Dualidades humanas A Bienal de Curitiba traz à baila aquilo que inerente aos humanos e a tudo o que os toca... o universo das antíteses. É inegável a dualidade latente no conhecido e no desconhecido, desde o corpo e a alma, pares perfeitos fundidos na construção da vida, ainda na abrangência do cosmos entre luz e escuridão. Os artistas provocarão em suas performances justamente o equilíbrio dinâmico entre ideias e energias. Conforme o curador Brugnera “os representantes das dualidades pertinentes ao tema sugerido organizam os conceitos: dentro e fora, Terra e Marte, guerra e paz, vida e morte, humano e animal, aproximação e distanciamento, negro e blanco, aparecer e desaparecer... isso somado as manifestações dos que as realizam, nos trazem uma atmosfera de inquietude. A individualidade mistura-se ao coletivo e empresta sua questão particular com o propósito de construir uma coleção de opiniões que a nós é permitido divergir e criar sagas...” Em cada obra percebe-se a peculiaridade e unicidade de interpretações da temática proposta, essa singularidade é expressa nas palavras de cada artista: “Criamos cascas invisíveis que usamos como barreira limítrofe entre o nós e o outro. Reagimos com a transfiguração da imagem interna quando extrapola-se esses limites...” Katia e Jorge Kimieck

(Limítrofe). Sob o mesmo sentindo,

Franzoi (O que se faz presente), declara: “A performance lida com questões do comportamento, corpo, espaço, memória, as fronteiras e os limítrofes que se fundem na oposição entre a consciência visível e invisível, vida e morte, antagonismos, marcas desta poética que propõe novas possibilidades para o olhar e a percepção corporal. Máquina de gravação, usina de inquietações sobre a existência, o outro, a angústia de viver e quanto o corpo suporta dentro do espaço e tempo a que é submetido...”. A artista Silvana Camilotti (Suporte), ilustra a antítese na seguinte colocação:“O dentro e o fora,o conter e o estar contido, no corpo que suporta e é o suporte,que com a ação do tempo se desgasta,contamina,corrói, criando marcas e cicatrizes na pele e na memória...”. Ainda no Coletivo Duas Marias (Mulher de Marte) as artistas elucidam que: “Mulher de Marte é a personificação da Alma Mater - O Ser Feminino. Ela é a essência do poder criador desses dois mundos: Planeta Vermelho e Planeta Terra. Ela é o núcleo, o fogo, a terra vermelha, o sangue,a carne e o próprio pulsar; é o útero, luz que os nutre, os transforma e a qual os mantém vivos!”. Von Joseph (Fronteiras), comenta sobre sua obra: “ Na busca constante entre as nações quese configuram uma sobre outras mostrando sua superioridade de comando e poder; a arte observa e questiona estes opostos costurando e traçando seus próprios desafios,em uma constante guerra na busca da paz...”. Alfi Vivern (Cromossomos) diz... “Porque não nos aceitamos cromossomos?”. Walterio (Mandala), diz que: “Lo que quedó de los desaparecidos aquel día, fue una montaña de zapatos.” Rosângela de Andrade (Antípodas)traz no nome da obra essa relação entre pertencer e estar em locais contrários, conforme sua ideia: “China e Brasil,dois antípodas geográficos. O humano e o animal, o humano e a planta, também são polos opostos de um mundo em comum,são radicalmente distantes,mas de um mundo igual. No caminho para as antípodas há muitas fronteiras a superar: culturais, estéticas e psíquicas...” É preciso dizer que os artistas estão extremamente integrados à temática, cada obra representará as antíteses e as antípodas de uma maneira excepcional, que estimulará o olhar de cada observador. Texto por Cíntia Abreu

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Human dualities The Curitiba Biennial brings to the forefront what is inherent to humans and everything concerning them: the universe of antitheses. The latent duality is undeniable in what’s known and unknown, as in body and soul – perfect matches merged in the creation of life – as well as in the comprehensive cosmos between light and darkness. The artists’ performances will provoke precisely the dynamic balance between ideas and energies. According to curator Brugnera “the representatives of the dualities regarding the suggested theme organize the concepts of inside and outside, Earth and Mars, war and peace, life and death, human and animal, attachment and detachment, appear and disappear… All that, added to the performance of manifestations, make us feel a restlessness atmosphere. The individuality lends its particular feature to the collective in order to build a collection of opinions that allow us to diverge and create sagas...”. We can perceive in each work the peculiarity and uniqueness of the interpretations given to the proposed theme. This singularity is expressed on the words of each artist: “We create invisible shells that we use as a boundary barrier between us and the others. We react with the transfiguration of the internal image when these limits are extrapolated...”, Katia e Jorge Kimieck (Borderline). In the same sense, Franzoi (What makes itself present) states: “Performance deals with issues like behavior, body, space, memory, boundaries and limits that merge in the opposition between the visible and invisible consciousness, life and death, antagonisms, marks of this poetic that proposes new possibilities for the eye and corporal perception. Recording machine, plant of worries about existence, the other, the anguish of living and how much the body bears within the space and time it has to face ... “. The artist Silvana Camilotti (Support) illustrates antithesis as following: “The inside and the outside, holding and being held in the body that endures and at the same time is the support that, under the action of time, wears out, contaminates, corrodes, creating marks and scars on the skin and memory...” The artistis of Duas Marias Collective (Woman of Mars) elucidate that: “Woman of Mars is the personification of Alma Mater - The Feminine Being. She’s the essence of the creative power of these two worlds: Red Planet and Planet Earth. It is the core, the fire, the red earth, the blood, the flesh and the pulsar itself; It is the womb, the light that nourishes, transforms and keeps both alive!” Von Joseph (Frontiers) comments on his work: “In the constant search among the nations that are build up over each other showing their superiority of command and power, art observes and questions these opposites by sewing and drawing its own challenges, in a constant war in search for peace...”. Alfi Vivern (Chromosomes) says “Why can’t we accept our chromosomes?”. Walterio (Mandala) says: “A mountain of shoes is what was left of those who disappeared that day”. Rosângela de Andrade (Antipodes) shows in the title of her work the relation between belonging and being at opposite places. According to her idea: “China and Brazil: two geographic antipodes. Human and animal, human and plant are also polar opposites in a common world; they’re radically distant, but belong to an equal world. On the journey to the antipodes there’re many frontiers to overcome: cultural, aesthetic and psychic...”. It’s necessary to say that the artists are extremely integrated to the theme. Each artwork will represent antitheses and antipodes in an exceptional way, stimulating the glaze of each observer. Text by Cintia Abreu

Brugnera Curador Curator

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Coletivo Kimieck

CURITIBA, BRASIL.


“Limítrofe”, 2017. Instalação (fotografia em suporte digital com intervenções eletrônicas). 50x40cm.

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Alfi Vivern

BUENOS AIRES, ARGENTINA, 1948. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.


“Cromossomos”, 2017. Mármore bianco venato, mármore negro belga e folhas de ouro. 23x14cm (fechado), 30x14cm (aberto).

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Walterio

SAN SALVADOR, EL SALVADOR. 1968. VIVE E TRABALHA EM SAN SALVADOR.


“Mandala”, da série “Mis pies son mis alas”. 2007. Instalação de chão (70 sapatos usados). Aproximadamente Ø3m.

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Franzoi

TAIÓ, BRASIL, 1969. VIVE E TRABALHA EM JOINVILLE, BRASIL.


“O que se faz presente”, 2017. Performance/objeto (caixa de vidro transparente 50 x 55 x 180 cm, 200 kg de pó de talco industrial). Foto: Sérgio Adriano H.

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Von Joseph

LARANJEIRAS DO SUL, BRASIL, 1976. VIVE E TRABALHA EM CASCAVEL, BRASIL.


“Fronteira”, 1980/2010. Instalação (costura). 10m². Detalhe.

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Silvana Camilotti

CORONEL VIVIDA, BRASIL, 1965. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.


“Suporte”, 2017. Instalação (negativos fotográficos, imagens digitalizadas, cortinas de voal, projetores e áudio). 275 x 500 x 420 cm.

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Coletivo Duas Marias

CASCAVEL, BRASIL.


“Mulher de Marte”, 2016. Fotografias (3). 130 x 195 cm cada.

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Rosângela de Andrade

PARANÁ, BRASIL, 1966. VIVE E TRABALHA EM MÜNSTER, SUÍÇA.


“Antípodas”. 2017. Instalação de parede (desenho com lápis de cor Caran d’Ache, nanquim e fotografia). 270x350 cm. (detalhe).

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Opera Hominum Opera Hominum não é um acelerador de emoções, mas o processo vivo de interação entre a história coletiva dos trabalhadores de uma usina de açúcar e álcool e a experiência pessoal do artista José Rufino. A instalação pode ser uma ode aos empregados que passaram parte de suas vidas como cortadores de cana, caminhoneiros, fundidores, todos empregados da Usina Santa Terezinha. Localizada em plena zona da mata pernambucana, no município de Água Preta, hoje desativada, mas transformada no centro cultural Usina de Arte, a partir da postura lúdica de seu ex- proprietário Ricardo Pessoa de Queiroz, ainda dono das terras onde ela está plantada. O empresário optou por ressignificar um espaço, agora ativo para jovens artistas. Erguidade forma imponente entre colinas de canaviais, a usina está impregnada de histórias. A área administrativa guarda alguns tesouros do trabalhismo brasileiro como as folhas de pagamento dos operários de várias épocas. De posse dessa documentação, Rufino convida alguns deles para integrarem sua Opera Hominum, deixando que suas mãos sejam “impressas”, em monotipia, sobre essas folhas amareladas pelo tempo. Rufino se apropria de objetos do obscuro universo burocrático para incorporá-los e transformá-los em corpo vivo. O mundo canavieiro é bem familiar para ele, que foi menino de engenho, bisneto e neto de coronéis paraibanos, poderosos senhores de terra, escravos e milícias. A subjetividade dessa obra se dá no campo de fronteira com a transposição artística de uma experiência social. Ao serem desprivatizados, esses documentos rompem os limites entre o público e o privado e aderem ao ocultamento linguístico dadaísta por meio de uma realidade histórica, não reduzida à mera crônica. A instalação composta por 21 painéis arqueológicos destaca as mãos de 20 operários e uma única mulher, funcionária da administração. Toda a produção de Rufino, que acaba de receber o prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte, A BCA, como o melhor artista contemporâneo de 2016, se inspira na articulação de objetos recolhidos de seu legado familiar, como móveis, cartas, documentos, fotografias, além de episódios da vida política de seus pais, históricos militantes de esquerda. Ao adotar o pseudônimo José Rufino, nome de seu avô paterno, protagoniza um passado oligárquico do Nordeste, que continuamente ele põe em xeque.

Opera Hominum Opera Hominum is not an emotional accelerator, but the live process of interaction between the collective history of the workers of a sugar and alcohol factories and artist José Rufino’s personal experience. The installation may be an ode to the employees who spent part of their lives as sugarcane workers, truck drivers and foundrymen employed at the Santa Terezinha Factory. Located in the Pernambuco State’s jungle region, in the town of Água Preta and today no longer in service, it became the Usina de Arte Cultural center thanks to Ricardo Pessoa de Queiroz – the factory’s previous owner and present landlord – playful attitude. The entrepreneur decided for resignifying the space, now available to new artists. Imponently built between sugarcane hills, the factory is full of stories. The administrative area holds a few treasures from Brazilian working history such as worker’s payslips throughout different times. Owner of said documentation, Rufino invites some of them to take part in his Opera Hominum, letting their hands printed in monotype over these time-stained pages. Rufino appropriates objects from the dark bureaucratic universe and incorporates them so that they become a live body. The sugarcane world is familiar to him, a factory boy, grandson and great-grandson of Paraiba’s Colonels powerful landlords, slaves and militia. The subjectivity of his work happens in the frontier field with the artistic transposition of a social experience. When deprivatised, the documents break the limits between public and private and adhere to the Dadaist linguistic concealment by means of a historical reality, not reduced to mere stories. The installation, composed by 21 archaeological panels, highlights the hands of 20 workers and a singular woman, who worked for the administration. All of Rufino’s production, who was recently awarded by the Brazilian Association of Art Critics (ABCA) as 2016’s best contemporary artist, is inspired by the connection of objects taken from their familiar legacy such as furniture, letters, documents and photographs, as well as episodes taken from the political life of his parents, historical left-wing activists. On adopting the pseudonym José Rufino, his grandfather’s name, takes the lead part on a Northeastern oligarchical past which he continuously calls into question.

Leonor Amarante Curadora Curator

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“Opera hominum”, 2015-2017. Monotipias (têmpera) sobre folhas de pagamento. 38,7 X 80cm (individual), 137 x 621 cm (políptico). JOÃO PESSOA, BRASIL, 1965. VIVE E TRABALHA EM JOÃO PESSOA.

José Rufino

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José Rufino


“Opera hominum”, 2015-2017. Monotipias (têmpera) sobre folhas de pagamento. 38,7 X 80cm (individual), 137 x 621 cm (políptico).

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Fernando Ribeiro Curador Curator

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Florence Jung

FRANÇA, 1988. VIVE E TRABALHA EM BIENNA, SUÍÇA.


Uma porta qualquer que dá acesso a uma exposição hipotética permanece fechada durante todo o período da Bienal, e nela está colado um aviso de papel. A cada semana, a razão pela qual a exposição hipotética está interditada muda de acordo com notícias locais e internacionais.Por exemplo, "Desculpe o transtorno, esta parte da exposição está interditada devido a onda de calor da Europa." A door that gives access to a hypothetical exhibition remains closed during the entire period of the Biennial, and a paper notice is attached to it. Each week, the reason the hypothetical exhibition being closed changes according to local and international news. For example, “Sorry for the inconvenience, this part of the exhibition is banned due to the heat wave of Europe.”

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MUSEU OSCAR NIEMEYER

Stockage A série “Stockage” de Luzia Simons é constituída de imagens de tulipas compostas em um rigoroso arranjo, montado meticulosamente com os dispositivos específicos por ela criados sobre um scanner. A tulipa proveniente das estepes do Cazaquistão, cultivada pelos turcos e persas e tão cobiçada, está enraizada em nosso imaginário ocidental como um produto genuinamente holandês. Justamente este percurso nômade e multicultural a exemplo da tulipa, é o foco de toda sua produção artística. Luzia Simons inicia a série Stockage em 1996, e desenvolve incansavelmente desde então novas modalidades pictóricas. Para criar suas composições, a artista faz uso de um scanner, técnica da qual é percursora, Scannogramm, posteriormente impressas em jato de luz e laser, tanto em formato pequeno como monumental. Essa tecnologia lhe permite reproduzir as flores de maneira ímpar à fotografia, capturando os detalhes, as formas e cores com perspectivas de extrema e estranha profundidade, trazendo ao espectador um mergulho meditativo nas minúcias dos detalhes, nascendo assim um novo olhar à peculiaridade da natureza através destas impressões. Nas imagens vê-se as tulipas no seu mais belo estado, assim como as suas imperfeições e decadência irreversível. Luzia Simons justapõe os diferentes estágios de existência destas flores, vistosas, fenecidas, frescas ou ainda em brotos rechonchudos, com cores vivas e repletos de pétalas onduladas acompanhadas inusitadamente de partículas de pó do pólen, expelidas no processo de manuseio para criação da imagem final. A transitoriedade de uma flor que acabará por definhar e morrer é visível, e em complemento a este desfecho são apresentadas outras imagens de tulipas opulentas que exalam sua suposta condição eterna: sedutoras e tentadoras. A obra “Stockage 128” foi concebida apra a mostra “Segmentos” realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2013. As obras desta mostra foram concebidas em diálogo com o Octógono, local do museu destinado a exposições temporárias e de caráter site specific.

Stockage Luzia Simons‘ “Stockage“ series constitutes of images of tulips composed in a rigorous bouquet, meticulously assembled with specific devices created by her over a scanner. The coveted tulip from the steppes of Kazakhstan, cultivated by the Turks and Persians, has its roots in our western imagery as a genuine Dutch product. And it is that nomadic and multicultural course, such as the tulip’s, the focus of the artist’s work. Luzia Simons begins the Stockage series in 1996, and tirelessly develops new pictorial modalities since then. To create her compositions, the artist makes use of a scanner – Scannogramm, a technique pioneered by her -, then jet-printed on a light and laser jet both in small and monumental sizes. Such technology allows her to reproduce flowers with an unmatching manner to photography, capturing the details, forms and colors with perspectives of extreme and strange depth, bringing the spectator a medidative dive through such impressions. In the images it’s possible to see tulips in their most beautiful state, as well as their imperfections and irreversible decadence. Luzia Simons justaposes these flowers‘ different stages of existence, eye-catching, decaying, fresh or still in pudgy buds of bright colors and full of wavy petals surprisingly followed by particles of polen dust ejected in the process of handling and creating the final image. The transience of a flower that will end up decaying and dying is visible, and complementing the outcome other images are presented, ones of opulent tulips exhaling their supposed eternal condition: tempting and seductive. The “Stockage 128” exhibit was conceived for the “Segmentos” showcase held in São Paulo’s Pinacoteca in 2013. The works of said showcase were conceived through a dialogue with the Octagon, an area of the museum dedicated to temporary and site specific exhibits.

Tereza de Arruda Curadora Curator

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“Stockage 128”, 2011. Scanograma, impressão sobre papel fotográfico, montagem em metacrilato ed PA 2. 500x350cm.

QUIXIDÁ, BRASIL, 1953. VIVE E TRABALHA EM BERLIM, ALEMANHA.

Luzia Simons

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中国

BIENAL DE SHANGHAI Em diálogo com a Bienal Internacional de Curitiba As Bienais de Curitiba e de Shanghai se reúnem pela primeira vez em 2017 em Curitiba a celebrar seu histórico e percurso. Fundadas respectivamente em 1993 e em 1994 sendo ambas testemunhas do processo de globalização e desprendimento da hegemonia eurocentrista e norte americana. O início de ambas Bienais foi demarcado por uma perspectiva geográfica local, a qual se expandiu rapidamente para o macrocosmo da arte contemporânea internacional. A Bienal de Shanghai introduz em seu programa artistas internacionais a partir de 2000 e a Bienal de Curitiba expande seu potencial a partir de 1997 com mostras itinerantes pelo Brasil e América Latina. A Bienal de Shanghai tem a cidade e suas especificidades como ponto de partida: um dos grandes centros industriais e portuário do País além de ser um polo artístico e cultural regado por um vasto legado intercultural. A Bienal é centralizada em um único espaço físico e desde 2012 sediada no Power Station of Art, primeiro museu estatal de arte contemporânea na China com 42.000 m2 localizado no prédio da Usina Elétrica Nanshi (1955-2007) reformado em 2010 para abrigar o Pavilhão do Futuro da Expo Mundia de Shanghai. Enquanto isto a Bienal Internacional de Curitiba tem como sede principal o Museu Oscar Niemeyer extendendo seus tentáculos em mais de cem espaços da cidade. Estas duas jovens bienais atingiram nos últimos anos além do reconhecimento internacional um papel marcante para a arte contemporânea de âmbito local e nacional.Este é o resultado do diálogo constante entre artistas, curadores e parceiros nacionais e internacionais com larga experiência profissional a agregar o melhor de seu potencial às bienais sem que estas mostras sejam vistas como eventos temporais isolados, mas que tenham um potencial de irradiação além do período e local de sua realização. Somente desta forma estas bienais puderam se estabelecer como referência artística e cultural em Curitiba e Shanghai desde seus primórdios.

In a conversation with the Curitiba International Biennial The Curitiba and Shanghai Biennials unite for the first time in 2017, Curitiba, to celebrate their histories and paths. Founded respectively in 1993 and 1994, both are witnesses to the globalization process and detachment from the European and NorthAmerican hegemonies. The beginning of both Biennials was marked by a local geographical perspective, which quickly expanded itself to the macrocosm of international contemporary art. The Shanghai Biennial introduces international artists to its program from 2000 onwards, and the Curitiba Biennial expands its potential since 1997 with traveling exhibits throughout Brazil and Latin America. The Shanghai Biennial has the city and its specificities as starting point: one of its Country’s biggest industrial centers and harbors, besides being an art and culture hub with a vast multicultural legacy. The Biennial is held at a single physical space since and happens since 2012 at the Power Station of Art, first state-owned museum for contemporary art in China, with its 42.000 square meters occupying the space where the Nanshi Power Plant used to be from 1955 to 2007, refurbished in 2010 to hold the Future Pavillion during the Shanghai World Expo. Meanwhile the Curitiba International Biennial has the Oscar Niemeyer Museum as its main stage, reaching its tentacles over more than a hundred locations through the city. These two Biennials reached, during the last few years, more than international recognition: they are now representatives of a remarkable role for contemporary art, both local and national. Such is the result of a constant dialogue between artists, curators and both national and international partners, with vast professional experience added to the best of their potentials at the biennials so that the exhibits are not seen as temporal events isolated in time, but with an irradiation potential that surpasses the place and time of their execution. Only by such means the Biennials were able to establish themselves as cultural and artistic references in Curitiba and Shanghai from their very beginnings.

Tereza de Arruda

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A trajetória da Bienal de Xangai A primeiro passo da Bienal de Xangai 1996 (que na versão chinesa possui dois caracteres “美术”, significando “Belas Artes”, entre aspas) foi iniciar um novo capítulo da arte chinesa como sua primeira bienal que, posteriormente, ajudou a dar forma à história e trajetória da arte chinesa contemporânea. Foram eliminadas as pesadas sombras do centrismo ocidental, fortaleceu-se a confiança cultural, e foi estabelecida uma perspectiva independente do olhar erotizante do mundo artístico europeu, partindo de dentro com uma visão global para o exterior, ao mesmo tempo em que se reexaminou a arte contemporânea chinesa independentemente. De acordo com Fang Zengxian, a meta era “estabelecer um modelo de mostra de arte nacional com protocolos padronizados, altos padrões acadêmicos e um ciclo contínuo de apresentação”. As aspas entre os caracteres “美术” do título davam a entender que essa era uma mostra contemporânea de “Belas Artes” e foram usadas, na verdade, como uma estratégia preventiva, sendo retiradas posteriormente. Além disso, o Museu de Artes de Xangai não sabia ao certo quantas edições como essa poderia realizar. Dali em diante houve pelo menos dois momentos decisivos para o evento: a III Bienal de Xangai e a IX Bienal de Xangai. O primeiro, em 2000, atingiu a meta de tornar a bienal em uma mostra internacional, a qual foi, ainda, oficialmente renomeada como Bienal de Xangai. A notícia da abertura da III Bienal de Xangai em 6 de novembro ficou entre as Top 10 Notícias de Arte da China, sendo considerada uma verdadeira bienal internacional no país. A China passou a ter um diálogo internacional em arte e uma abertura à divulgação desse diálogo no país. Como plataforma internacional para o diálogo sobre arte, a Bienal de Xangai formou um sistema de curadoria que inclui curadores chineses e internacionais. Vale mencionar que essa bienal chamou a atenção da UNESCO, que ofereceu o Prêmio para a Promoção das Artes a quatro artistas do evento. O segundo momento foi em 2012. Tendo sido dividido em dois, o Museu de Arte de Xangai foi transferido para o Pavilhão da China da Shanghai Expo 2010, em Pudong, como o novo Museu de Arte da China e para o Pavilhão do Futuro Urbano, em Puxi, como a Power Station of Art (Usina da Arte). Os dois locais ecoam entre si através do rio. Com o fim do museu, a Bienal de Xangai começou um novo capítulo de sua história na Usina da Arte. Quando estava escrevendo o relatório de viabilidade para a criação do museu de arte contemporânea estatal em 2011, me dei conta de uma característica fundamental sua e a escrevi no relatório: “a Usina da Arte é o primeiro museu de arte contemporânea financiado pelo governo na China Continental”. O novo local proporcionou uma oportunidade vital e uma plataforma para a Bienal. Enfatizou não só sua responsabilidade e oportunidade histórica, como também levou a Bienal uma posterior mudança estratégica. Internacional no direcionamento, ainda que atenta às condições próprias da China, a Bienal de Xangai tem trilhado seu próprio caminho no mundo das artes nos últimos 20 anos através dos sistemas de arte contemporânea chinesa, arte oficial e arte ocidental. A Bienal “usou Xangai como seu objeto de investigação para pesquisar uma série de questões durante o desenvolvimento de uma cidade oriental através de métodos interculturais e interdisciplinares”, segundo Xu Jiang. Cultivou público, colecionadores e patrocinadores que apreciam a arte contemporânea, além de envolver outros espaços artísticos e não artísticos em sua programação; construiu uma cena vibrante em Xangai, onde muitas galerias, museus privados e instituições de arte se estabeleceram, além de contribuir para estabelecer a posição de Xangai no mundo internacional da arte. A Bienal de Xangai se aventurou em lugares que instituições comerciais, museus privados e indivíduos não tiveram capacidade ou disposição de ir. Enquanto a sociedade se vê cada vez mais atraída por espetáculos e shoppings centers transformados em museus, a arte em si está tornando-se em entretenimento e produto comercial. A Bienal de Xangai está determinada a modificar este padrão na arte contemporânea através da sua persistência na realização de exposições e eventos de forma meticulosa, acadêmica e artística, buscando progredir na compreensão e conscientização da arte contemporânea chinesa e no avanço simultâneo com a arte ocidental. Por que não perguntar novamente? A Bienal de Xangai continua a questionar e refletir conforme avança.

Road of the Shanghai Biennale The first tentative step made with the “96 Shanghai Biennale” (in Chinese version, there are two Chinese characters “美术” meaning “Fine Arts” with brackets) was to open a new chapter in Chinese art as its first biennale, with the Biennale later advancing to help shape the history and trajectory of Chinese contemporary art: to cast off the heavy shadows of Western-centrism, strengthen cultural confidence, and establish an independent perspective to the eroticizing gaze of the European art world. It sets off from within, with a global view outwards, while reexamining Chinese contemporary art with independence. The goal was to “establish a national art exhibition model with standardized protocols, high academic standards, and a sustained cycle of presentation,” stated Fang Zengxian. The bracketing of the characters “美术” in the title hinted that this was a contemporary exhibition about the “Fine arts,” which was indeed a precautionary strategy and they were later removed. Also, Shanghai Art Museum was not sure how many editions like this they could hold. It experienced at least two turns afterwards: the 3rd Shanghai Biennale and the 9th Shanghai Biennale. The first turn was in 2000. One of the goals – to build the biennale into an international exhibition” was realized. Ant it was officially renamed as Shanghai Biennale. The news that “the 3rd Shanghai Biennale was opened in Shanghai on November 6” came out at the top among the Top 10 Art News in China. It was regarded as a real international biennale in China. It led China into international art dialogue and opened the publicity of this dialogue in China. As an international platform for art dialogue, the Shanghai Biennale has

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中国 formed a curator system which incorporates Chinese and international curators. It is worth mentioning that this biennale caught up the attention of UNESCO which presented “Art Promotion Award” to 4 artists from the biennale. The second turn was in 2012. As it was split into two, the Shanghai Art Museum was relocated to China Pavilion of 2010 Shanghai Expo in Pudong as the new China Art Museum and Urban Future Pavilion in Puxi as the Power Station of Art. The two sites echo each other across the river. As the museum came to an end, the Shanghai Biennale opened a new chapter in its history at the Power Station of Art. When I was writing the feasibility report about establishing the state run contemporary art museum in 2011, I realized a key characteristic it should have - and I also wrote it down – is that “the Power Station of Art is the first government-funded contemporary art museum in Mainland China”. The new establishment provided a vital opportunity and platform for the Biennale. It not only left the Biennale with more dwelling upon its responsibility and historic opportunity, but led to a strategic change that Biennale experienced afterwards. International in direction while remaining responsive to China’s own conditions, the Shanghai Biennale over the past twenty years has charted its own path in the art world through the systems of Chinese contemporary art, official art, and Western art. The Biennale “used Shanghai as its subject matter to investigate a series of issues during the development of an Oriental city by cross-cultural, crossdisciplinary methods” stated Xu Jiang. It cultivated audiences, collectors, and sponsors who appreciated contemporary art, as well as engaging other art spaces and non-art spaces in the programs; it built a vibrant scene in Shanghai where many galleries, private museums, and art institutions are based and was instrumental in establishing Shanghai’s position in the international art world. The Shanghai Biennale has ventured to places that commercial institutions, private museums, and individuals were not able to or not willing to go. While society becomes increasingly entranced by the spectacular and shopping malls morph into museums, art itself is becoming entertainment and a commercial product. The Shanghai Biennale is determined to affect this pattern for contemporary art through its persistence in making exhibitions and events in a scrupulous, academic, and artistic manner, and strives for progress in the understanding and awareness of Chinese contemporary art and simultaneous advancement with Western art. Why not ask again? The Shanghai Biennale continues to question and reflect as it moves forward.

上海双年展之路 “’96上海(美术)双年展”小心翼翼迈出的一步,开启了中国第一个双年展的篇章,它注定要改写中国当代艺术的历史和命运:摆脱西方中心论、 树立文化自信,摆脱欧美艺术界对于中国实验艺术猎奇的、异国情调的眼光,从内部出发、着眼全球,自主审视和梳理中国当代艺术,“创立一个具 有规范化制度,严肃的学术标准以及周期延续性的国家级美术展览模式”(方增先语)。括号中的“美术”二字“犹抱琵琶半遮面”地表示了这是关于“美之 术”的当代艺术展,是一种安全策略并埋好了日后去掉的伏笔。另外,其实当时的上海美术馆也没有持续举办上海双年展的把握。 在1996年这次重要的开端之后,上海双年展至少经历了两次重要转折:2000年第三届上海双年展和2012年第九届上海双年展。第一个转折点当 属2000年上海双年展,此时,上海双年展创建之初“争取在2000年办成国际大展”的目标顺利实现,同时去掉了“美术”二字正式命名为“上海双年展”。 在“2000年中国十大美术新闻”的评选结果中,“第三届上海艺术双年展于11月6日在上海开幕”被放在第一条,这届双年展也被认为“是中国第一个真正 国际化的双年展”。这届“上海双年展的开拓意义有两点至关重要:一是进入国际对话,二是这种国际对话在中国本土的公开化”。这届上海双年展真正 成为中国当代艺术的国际对话平台,形成了国内策展人和国际策展人结合的策展人机制。这届双年展还受到了联合国教科文组织的关注,他们派人向 4位参展艺术家颁发了“艺术推广奖”。 第二个转折点:2012 年,原上海美术馆一分为二,分别迁入浦东的世博会中国馆和浦西的城市未来馆,新建的中华艺术宫和上海当代艺术博物 馆隔江相望。这是双年展上海美术馆时期的结束,也是双年展当代馆时期的开端,标志着双年展从此揭开新的一页。在2011年撰写上海当代艺术博物 馆立项报告时,我意识到并写下了“上海当代艺术博物馆是中国大陆第一家公立的当代艺术博物馆”的重要特点,它的建设为双年展提供了全新展示平 台和重要发展机遇,也带来了双年展对自身责任的新思考和策略性变化。 20多年的风雨兼程,上海双年展在中国当代艺术生态、中国官方艺术体制和西方艺术系统之间走出了一条既国际化又符合中国国情的艺术道路,“ 以上海这座城市为母体,以跨文化、跨领域的方式来演练东方城市发展中的一系列命题”(许江语),培养了能欣赏当代艺术的公众、藏家和赞助商, 养成了其他的艺术空间和非艺术空间共襄双年展盛事的意识,成就了今日各大画廊、私人美术馆、艺术机构等扎堆上海的繁荣生态,奠定了上海在国 际当代艺术领域的地位。上海双年展做了商业机构、私人美术馆和个人所不能为和不愿为之事。社会景观化,商场美术馆化,而艺术却在商业化、娱 乐化,上海双年展以其严肃性、学术性和艺术性,坚持了通过展览和相关活动的举办改变和影响当代艺术格局的理想,努力通过自身的实践和理论探 索,完成中国当代艺术知识系统更新发展并与西方艺术并驾齐驱的追求。 何不再问?上海双年展在提问和思考中继续前行。

Xiang Liping Bienal de Shanghai Shanghai Biennale 上海双年展

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EdifĂ­cio sede da Bienal de Shanghai.

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BIENAL CAFAM Em diálogo com a Bienal Internacional de Curitiba As Bienais de Curitiba e CAFAM de Pequim se reúnem pela primeira vez em 2017 em Curitiba. A Bienal CAFAM foi fundada em 2011 e iniciada pelo CAFA Art Museum de Pequim, o qual é interligado à Academia Central de Artes, portanto a abreviatura CAFAM provém da Central Academy of Fine Arts Museum. Sua criação e existência é respaldada na área acadêmica criando diálogos tansregionais e trans-culturais através da atuação contínua de curadores nacionais e internacionais em uma plataforma de estrutura horizontal a unir diversas perspectivas em um mesmo nível. A Bienal CAFAM é uma das mais recentes no vasto panorama de bienais mundiais criada especificamente pelo grande potencial e respeito que Pequim adquiriu no contexto artístico não somente nacional como também internacional. Aqui se concentra o maior número de artistas, instituições e galerias atuantes sendo um grande centro também para a arte contemporânea produzida na China de forma geral. Em 2013 foi criada a Beijing Photo Biennial também sediada no CAFA Museum a celabrar a democratização da arte conquistada através da expansão da fotografia como meio artístico. Existe uma vasta cena artística na China a fazer uso da fotografia, assim como inúmeras instituições dedicadas a este meio. A Bienal Internacional de Curitiba apresenta e celebra em 2017 a existência e potencial da Fotografia. Seu subtítulo “Excesso de Imagem” refere-se ao fenômeno contemporâneo da pós-fotografia e o excesso de imagens produzidas, divulgadas e digeridas pelo público de forma geral – ou seja a massificação do meio há de ser revista nesta bienal. Outro ponto em comum entre as bienais é o fato de que a Bienal de Curitiba desenvolveu desde seus primórdios um laço estreito com a área acadêmica local através da parceira com a Universidade Federal de Curitiba com a qual desenvolveu O Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba – CUBIC a promover debates, reflexões e exposições com obras de artistas universitários. O MUSAMuseu de Arte da Universidade Federal do Paraná é parceiro atuante da Bienal Internacional de Curitiba seja como emprestador de obras e documentos de seu acervo, local expositivo e apoio com o serviço de arte-educação. Eis o valor da área Acadêmica na existência destas bienais!

An ongoing dialogue with the Curitiba International Biennial The Curitiba and Beijing CAFAM Biennials unite for the first time in 2017, in Curitiba. The CAFAM Biennial was founded in 2011 by the CAFA Art Museum of Beijing, which links itself to the Central Arts Academy, so the abbreviation CAFAM comes from Central Academy of Fine Arts Museum. Its creation and existence is supported by the Academy through the creation of transregional and transcultural dialogues by means of a continuous action of national and international curators on a horizontally structured platform that unites many perspectives on a same level. The CAFAM Biennial is one of the youngest on the vast biennial panorama, created specifically due to the great potential and respect earned by Beijing on the art scene, both national and international. The city holds a number of artists, institutions and acting galleries, many of which deal with Chinese contemporary art in general. In 2013 the Beijing Photo Biennial was created, also at the CAFA Museum, celebrating the democratization of art conquered by means of the expansion of photography in the art scene. There is a vast art community in China making use of photography, as well as countless institution dedicated to it. The Curitiba International Biennial presents and celebrates in 2017 the existence and the potential of photography. Its subtitle, “An Excess of Image”, refers to the contemporary phenomena of post-photography and the excess of produced, marketed and digested pictures by the public in general – that is, the massification of the media is to be revisited during this Biennial. Another common ground between the Biennials is the fact that the Curitiba Biennial developed since its early days a strict tie with the local Academy through a partnership with the Federal University of Paraná, with which it developed the Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba (Curitiba International Biennial University Circuit) – CUBIC, promoting discussions, reflections and exhibits with artists from the University. The MUSA – Paraná Federal University Arts Museum is an acting partner of the Curitiba International Biennial, whether as lender of works and documents from its collection, exhibit spaces or art education services support. This is the value of the Academy on the existence of these Biennials!

Tereza de Arruda

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Museu de Arte da CAFA Fundado no início dos anos 1950, o Museu de Arte da Academia Central Chinesa de Belas Artes (antiga Galeria CAFA) localizava-se na Travessa Xiaowei, distrito de Dongcheng, com um rico acervo de 15.000 obras abrangendo uma ampla variedade de gêneros e estilos do passado ao presente, da China a países ocidentais, em todos os campos artísticos, incluindo obras representativas de mestres, artistas contemporâneos e de nossos excelentes estudantes, desde a fundação da Academia. Em outubro de 2008, a Academia Central Chinesa de Belas Artes (CAFA, na sigla em inglês) promoveu a abertura do recém-construído museu, localizado no campus da CAFA, na Rua Sul Haujiadi, nº 8, distrito de Chaoyang, em Pequim. O novo museu foi projetado pelo arquiteto mundialmente conhecido Aratalsozaki. Foi construído com estruturas irregulares em arco e coberto por paredes de cortinas de pedra sedimentar, com materiais de pedra rígidos moldados em curvas flexíveis para simbolizar o estilo austero característico da Academia. Seguindo suas tradições acadêmicas abrangentes e mantendo-se atento ao passado e futuro, o Museu de Arte da CAFA pretende continuar relevante para os nossos tempos e oferecer uma atmosfera aberta, gratuita e acadêmica, dedicando-se a conectar artistas e público. Desde a sua conclusão, o novo museu de arte tem recebido e organizado inúmeras exposições e eventos acadêmicos para as pesquisas da própria Academia. Além das exposições acadêmicas, o museu também realiza eventos educacionais de arte públicos. Além de se concentrar em se tornar um espaço aberto a visitas e aprendizagem, o museu também se dedica a fornecer uma plataforma para o intercâmbio de ideias entre artistas nacionais e estrangeiros.

CAFA Art Museum Established in the early 1950s, the Art museum of China Central Academy of Fine Arts (formerly CAFA Gallery) was located at No.5, Xiaowei Lane, Dongcheng District, with a rich collection of some 15,000 works covering a wide variety of genres and styles from ancient to present, China to Western countries and all art fields, including representative works of maestros, contemporary artists, as well as our excellent students’, since the foundation of the Academy. In Oct 2008, China Central Academy of Fine Arts launched the opening of the newly-built museum, which is located on the CAFA campus at No. 8, Haujiadi South Street, Chaoyang District in Beijing. The new museum was designed by the world-famous architect Aratalsozaki. It was constructed with irregular arc structures and covered by sedimentary rock sheet curtain walls, with its rigid stone materials shaped into flexible curves to symbolize the austere and signature style of the Academy. Following its embracing academic traditions and keeping eyes on both past and future, CAFA Art Museum aims to stay relevant with our times and offeran open, free and academic atmosphere, and is devoted itself to connecting artists and the audience. Since its the completion of construction, the new art museum has been housing and organizing numerous exhibitions and academic events for the Academy’s own researches. In addition to academic exhibitions, the museum also hosts public art educational events. Besides focusing on making itself into an open space for visiting and learning, it is dedicated to providing a platform for exchanging ideas between domestic and foreign artists.

中央美术学院美术馆 中央美术学院美术馆(原中央美术学院陈列馆)建于 1953 年,地处东城区校尉胡同 5 号。馆内藏品1.5万余件 ,涉及古今,兼顾中 西,囊括各个美术领域,体现出不同艺术类别的风格样式。不仅有艺术大师、当代著名美术家的代表作,更有自建院以来历届学 生的优 秀作品。新美术馆于2008年3月建成,位于中央美院校园内,是中国最具现代化标准的美术展览馆之一。中央美术学院新美术馆由日本 建筑师矶崎新(ArataIsozaki)设计。美术馆建筑呈微微扭转的三维曲面体,天然岩板的幕墙,配以最具现代性的类雕塑建筑,展现中央美 术学院内敛低调的特质,同时也与校园内吴良镛先生设计的深灰色彩院落式布局的建筑物充分融合及协调。中央美术学院美术馆是一 所具有标志性、专业性、国际化的现代公共美术馆。它始终秉承“兼容并蓄”的学术传统,肩负“继古开今”的责任和义务。中央美术学 院美术馆与时代同行,努力塑造一个开放、自由、学术的空间氛围,竭诚与艺术家和观众进行良好互动。以学院的学术研究为基础,积 极策划国际、国内多视角、多领域的展览、论坛及公共教育活动,为美院 师生、中外艺术家以及社区公众提供了一个交流、学习、展 示的平台。

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CAFAM Biennial, Pequim, China.

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LARGO DA CHINA CHINA SQUARE

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中国 LARGO DA CHINA

Sentindo o pulsar da cultura chinesa no Largo da China Quando a China foi escolhida como País homenageado pela Bienal Internacional de Curitiba, a prefeitura decidiu construir o Largo da China, num gesto que reflete o carinho do povo brasileiro pela cultura chinesa e seu apoio entusiasta ao intercâmbio cultural entre os dois países, e que materializa o espírito de abertura e tolerância do Brasil. Quero valer-me desta oportunidade para expressar meu apreço e gratidão ao povo curitibano e ao prefeito, Sr. Rafael Greca! O artista convidado a produzir uma estátua de Confúcio que se tornasse símbolo e alma desse largo foi o renomado Wu Weishan. Como disse o grande mestre: “A virtude não é solitária, sempre há de ter vizinhos.” Vinte e cinco séculos atrás, Confúcio, um grande pensador e educador, compilou e organizou antigas tradições da sabedoria chinesa e elaborou uma doutrina filosófica que exerceu profundas influências na formação da identidade da Nação chinesa. Com seu desenho bem trabalhado e seus traços elaborados, a estátua que o Largo da China vai receber, transmite os valores confucianos essenciais de “benevolência, justiça, conduta, sabedoria e confiabilidade”, servindo como vitrine para o tradicional espírito humanista da China. São esses valores e outros pensamentos modernos que oferecem proveitosas inspirações para entender e transformar o mundo, para conduzir a governança e a administração de um Estado e para estabelecer os parâmetros morais: As ideias políticas de Confúcio concentram-se nos valores de “conduta” e “benevolência”, que resultam em estratégias de governança pautadas pela virtude e pelas boas maneiras. O mais alto ideal político de Confúcio é estabelecer uma sociedade de grande união governada por princípios universais, onde “os funcionários, escolhidos por seu talento e capacidade, honram suas palavras e cultivam a harmonia” e são asseguradas “provisões para os idosos até à sua morte, para os fortes terem empregos, para os menores crescerem e para os viúvos, órfãos, os sem filhos e aqueles desabilitados por doença ou deficiência serem devidamente sustentados. ” O conceito econômico baseia-se nas demandas do povo e na justiça social. Os ensinamentos confucianos colocam a “justiça” à frente das “vantagens econômicas” e pedem lembrar-se dos deveres antes dos benefícios, além de valorizar o enriquecimento do povo através da distribuição justa da riqueza. Para Confúcio, o senso de responsabilidade é primordial quando o mestre diz “o homem nobre só quer saber de seus deveres, enquanto o homem pequeno pensa em vantagens”. Afirma que, antes dos interesses materiais, deve-se considerar, em primeiro lugar, se atendem aos critérios da justiça e só usufruí-los quando julgar justos. Ao mesmo tempo, Confúcio lembra que “Um Estado não deve se angustiar com a escassez, mas com a desigualdade, não deve se angustiar com a pobreza, mas com a falta de segurança. Logo, igualdade sem pobreza, harmonia sem escassez, segurança sem instabilidade.” O Confucionismo acredita na harmonia entre o Homem e a Natureza. O homem precisa conhecer, respeitar e proteger a natureza, seguindo suas regras para alcançar uma convivência harmoniosa e a sinergia com o ambiente. São essas as orientações que o Confucionismo deu para o tratamento de relacionamento entre homem, sociedade e natureza. A China sempre busca dar nova vitalidade às tradições da Antiguidade, como ensinam os sábios “se consegue renovar-se um dia, faça-o todos os dias e terá uma renovação diária”, extraindo as essências de “harmonia”, “união e convivência pacífica”, “realizar-se e ajudar os outros a se realizar também” e “espontaneidade”. O líder chinês Xi Jinping apresentou seu conceito de desenvolvimento baseado em “inovação, coordenação, meio ambiente, abertura e compartilhamento”, defendeu na área de relações internacionais a formação da “comunidade de destino comum” e do princípio de “buscar justiça e benefícios, mas com prevalência da justiça”, já no quesito de proteção ambiental, argumentou que “águas cristalinas e montanhas verdes valem ouro e prata”. Ideias como essas ganharam amplos elogios e simpatia na comunidade internacional. “Quando dois lados se entendem, a distância deixa de ser um obstáculo”, um olhar mais aprofundado do espírito humano revela semelhanças entre os dois países. Acredito que o Largo da China acrescentará mais riqueza à colorida cultura curitibana e se tornará uma via de acesso à cultura chinesa. Espero que Curitiba, a capital brasileira do design, possa liderar esse intercâmbio cultural e humano entre a China e o Brasil, promovendo o entendimento e a amizade entre os dois povos através de canais como a Bienal e trazendo novas contribuições para as cooperações sino-brasileiras.

Feeling the pulse of Chinese culture at the China Square When China was chosen by the Curitiba International Biennial as honoured country, the City Hall decided to build the China Square, a gesture that reflects the Brazilian people’s affection for Chinese culture and its enthusiastic support to the cultural exchange between the two countries, materializing the open-minded and tolerant Brazilian spirit. I wish to use this opportunity to express my esteem and gratitude to the people from Curitiba and their mayor, Mr. Rafael Greca! The artist invited to produce a statue of Confucius, intended to be the landmark and soul of such plaza, was the renowned Wu Weishan. As told by the great master: “Virtue is not left to stand alone. He who practices it will have neighbors.” Twenty-five centuries back, Confucius, great thinker and educator, assembled and organized ancient Chinese wisdom traditions to elaborate a philosophical doctrine that profoundly influenced the Chinese nation’s identity process. With his detailed drawings and elaborated strokes, the statue to be displayed at the China Square conveys the essential Confucian values of “benevolence, justice, conduct, wisdom and piety”, serving as showcase to the traditional Chinese humanist spirit. These are the values, brought together by other modern

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principles, that offer fruitful inspirations to understand and transform the world, conduct a State’s governance and administration and to establish moral parameters. Confucius’ political ideas gravitate around the values of “conduct” and “benevolence”, resulting in governance strategies guided by virtue and good manners. The highest Confucian political ideal is to establish a society of great union, governed by universal principles, where “workers, chosen by their talent and capacity, honor their words and cultivate harmony” ensuring “provisions to the elderly until their deaths, work for the strong, means of growth for the young and due livelihood for the widowers, orphans, the ones with no children and the disabled by illness or handicap.” The economic concept is based on the demands of the people and on social justice. The Confucian teachings put “justice” before “economic advantages” and ask for remembrance of their duties before their benefit, as well as valuing the enrichment of the people through fair distribution of wealth. To Confucius, the sense of duty is vital when the master says “the noble man cares only about his duties, while the small man thinks of benefits”. He affirms that, before material concerns, one must first pay attention to the criteria of justice and only then enjoy them when considered fair. At the same time, Confucius reminds that “A State must not anguish on scarcity, but on inequality, not on poverty, but on lack of security. As such: equality, without poverty, harmony without scarcity, security without instability.” Confucianism believes in harmony between Man and Nature. Man must know, respect and protect Nature, following its rules to reach a harmonious coexistence and synergy with the environment. These are the guidelines that Confucianism gave for the relationship between Man, Society and Nature. China perpetually attempts to bring new vitality to Ancient traditions, as wise men tell: “if you are able to renew yourself once, do it every day and you’ll have daily renovation”, extracting the essence from “harmony”, “union” and “pacific coexistence”, “to fulfill oneself and to help others fulfill themselves also” and “spontaneity”. The Chinese leader Xi Jinping presented his concept of development based on “innovation, coordination, environment, openness and sharing”; on the International Relations field defended the formation of the “community of common destiny” and the principle of “seeking justice and benefits, making sure justice prevails”. On environmental matters, argued that “crystal-clear water and green mountains are worth gold and silver”. Ideas such as these won ample praise and sympathy from the international community. “When the two sides see eye to eye, distance is no obstacle anymore”, a deeper look at the human spirit reveals similarities between both countries. I believe that the China Square shall enrich the colorful culture from Curitiba, Brazilian design capital, promoting understanding and friendship between the two peoples through channels such as the Biennial and bringing fresh contributions to Chinese-Brazilian cooperation.

在“中国广场”感受中华文化的脉动 在中国受邀作为库里蒂巴双年展主宾国之际,库里蒂巴市设计建成了“中国广场”,体现了巴西人民对中国文化的热爱及对增进中巴人文交流的热 情,体现了巴西多元文化的开放与包容。我要向库里蒂巴市民和Rafael Greca市长致敬并感谢!中国著名雕塑家吴为山先生应邀为“中国广场”创作孔 子像,成为广场的标志和灵魂,是“德不孤,必有邻”的最好例证。孔子是2500多年前中国著名的大思想家、大教育家,创立了儒家学说,被认为是中 国传统文化的集大成者,对塑造中国的民族特性产生了深远影响。“中国广场”的孔子像构思精巧、精雕细琢,传达出孔子“仁、义、礼、智、信”的儒学 精髓,可以说是了解中国传统人文精神的一扇窗口。同时,包括儒家思想在内的中国优秀传统文化与现代思想精神为人们认识和改造世界提供有益启 迪,为治国理政提供有益启示,也为道德建设提供有益启发: ——“天下为公、大同世界”的政治理想。孔子政治思想的核心内容是“礼”与“仁”,在治国方略上体现为“德治”或“礼治”。孔子的最高政治理想是建 立天下为公的大同社会,实现“选贤与能,讲信修睦”、“老有所终,壮有所用,幼有所长,鳏寡孤独废疾者皆有所养”的天下大同。 ——“以民为本、以义为先”的经济理念。孔子思想中包括重义轻利、见利思义的义利观和博施众利的“富民”思想。在“义”、“利”的关系上,孔子 把“义”摆在首要地位,强调“君子喻于义,小人喻于利”,主张在物质利益面前首先应该考虑怎样符合“义”,做到“义然后取”。同时,孔子认为“不患寡而 患不均,不患贫而患不安”,治国贵在实现公平,以达到“均无贫,和无寡,安无倾”的境界。 ——“万物一体、天人合一”的自然思想。儒家思想认为人与人,人与自然应融合为一。人要认识自然,尊重自然,保护自然,顺应自然规律,达 到人与自然和谐共处、与周围环境协调同步。儒家学说为处理人、社会、自然三者关系提供了重要指引。 中国一贯注重古为今用,激发中华优秀传统文化的时代活力,汲取中国传统文化中“苟日新,日日新,又日新”、““礼之用,和为贵”、“协和万邦” 、“立己达人”、“道法自然”等思想精髓。中国领导人习近平在发展方面提出了“创新、协调、绿色、开放、共享”的五大理念,在国际关系方面形成了“ 人类命运共同体”和“义利相兼、以义为先的义利观”,在环保方面提出了“绿水青山就是金山银山”的指导思想等,在国际社会得到广泛赞誉与共鸣。 “相知无远近,万里尚为邻”。以孔子等为代表的中国传统文化思想与巴西的人文精神和文化理念有诸多相通之处。相信“中国广场”将成为多姿多彩 的库里蒂巴文化中的一道靓丽风景,成为巴西民众了解中国文化的精神丰碑。希望作为“巴西设计之都”的库里蒂巴继续勇立中巴人文交流的潮头,通 过双年展等渠道不断增进中巴民众的相互了解和友谊,为推进中巴合作作出新贡献。

Li Jinzhang Embaixador da China no Brasil Ambassador of China to Brazil 李大使为库里蒂巴双年展作品集作序

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“Confúcio”, 2014. Bronze fundido. 296x158x150cm.

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Wu Weishan

DONGTAI, CHINA, 1972. VIVE E TRABALHA EM NANJING, CHINA.


Simulação do Largo da China. Cortesia do IPPUC - Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba.

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Simulaçþes do Largo da China. Cortesia do IPPUC - Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba.

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Wu Weishan


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MUSEU MUNICIPAL DE ARTE MUNICIPAL MUSEUM OF ART

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中国

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MUSEU MUNICIPAL DE ARTE

Palavras da curadoria Com o crescimento da China e a crescente abertura de sua sociedade, os jovens artistas chineses – imersos em um contexto global e capacitados pela sua própria percepção dos tempos, conhecimento e liberação espiritual individual – estão libertando-se de certos tipos de gêneros ou escolas de arte e mostrando um tom mais pesado de experiência pessoal, criando, assim, seu próprio espaço semântico. Com seus olhos apurados, estão redescobrindo, recebendo e processando as várias mensagens da sociedade. Estes artistas estão capturando, com símbolos e visuais, uma interpretação completamente nova dos valores humanos referentes ao tempo, vida, regras e ambiente, juntamente com realidades sociais, expressando-se através de uma linguagem artística contemporânea e internacional baseada nos valores tradicionais e culturais chineses acoplados a diferentes contextos, perspectivas e modos de representação. A mostra exibe obras de uma nova geração de jovens artistas chineses que expressam sua visão sobre o homem e a natureza com a mais autentica lógica visual e inspiração artística. Diante do novo cenário histórico da Rota Marítima da Seda do século XXI, esperamos com esta mostra construir uma ponte de comunicação, estimular a compreensão e amizade mútua entre os novos artistas contemporâneos chineses e o mundo, inspirar o público através de diferentes formas de interações e vínculos e, assim, melhorar o nível de troca cultural entre os jovens para que possam sentir o pulsar dos tempos e a ressonância do espirito.

Curatorial statement With the rise of China and the increasing openness of its society, the young Chinese artists, immersed in a global context and enabled by their own sense of the times, knowledge and individual spiritual liberalization, are breaking out of a certain art genre or school and showing a heavier tone of personalized experience, thus creating their own semantic space. They have been rediscovering, receiving and processing the various messages of the society with their acute eyes. They are capturing, with symbols and visuals, a brand new interpretation of the human values concerning time, life, rules and environment along with social realities, expressing themselves with international, contemporary artistic language on the basis of traditional Chinese cultural values coupled with different contexts, perspectives and ways of representation. The exhibition features works of a new generation of young artists from China who express their view on the mankind and nature with the most authentic visual logic and artistic inspiration. Against the new historic background of the Maritime Silk Road of the 21st century, through this exhibition, we hope to build a bridge of communication, to boost mutual understanding and friendship between young artists of China and the world, to inspire the audience through varying forms of interactions and links, and therefore, to improve the level of cultural exchange between the young for them to feel the pulse of the times and resonance of the spirit.

青春叙事——中国当代青年艺术展 随着中国综合实力的不断提升,社会开放程度的不断扩大,身处全球化语境下的中国青年艺术家,他们的时代感悟、知识储备以及自我精神表 达,使他们的艺术创作难以再用某个具体艺术流派去概括,当下的青年艺术家更加注重对个体经验的表达,来营造出“自我”的话语空间。青年艺术家 敏锐地发现、接受和处理来自社会的各类信息,在继承和发扬中国传统文化价值取向之外,以国际性的当代艺术语言,从不同的语境、角度和呈现方 式上出发,以符号和图像在文化层面上展示出对时间、生命、规训、环境等人类精神价值体系和社会现实的全新思考。 本次展览所展现的新一代中国青年艺术家的优秀作品,用他们最熟悉的视觉逻辑和精湛的艺术创作去真实地对人、自然真性情的表达。在建设21 世纪海上丝绸之路新的历史背景下,通过本次展览的举办,架起沟通交流的桥梁,加强与不同地域的人文交流与文明互鉴,为增进中国与各国青年艺 术家之间的相互了解和友谊产生多种形式的互动和链接,迸发出思想的碰撞火花,使青年文化交流的内涵不断得到升华,共同来感受时代的脉动和精 神的共鸣。

Zhang Zikang Curador Curator 策展人

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“Burning Proof 3”, 2013. Resina colorida. 90x50x35cm.

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Hu Ke

HUNAN, CHINA, 1978.


“Nothingness 1”, 2012. Pele de gado, técnica mista. 110x60x80cm. HEILONGJIANG, CHINA, 1983.

Wang Liwei

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“Mutant Fellowship”, 2017. Tinta sobre papel. 53x76cm.

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Sun Ke

INNER MONGOLIA, CHINA, 1978.


“Seven Sages of the Bamboo Grove”, 2014. Aquarela sobre papel. 56x74cm.

INNER MONGOLIA, CHINA, 1981.

Ai Nisha

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“Carnival in Ruins”, 2016. Óleo sobre tela. 180x250cm.

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Shen Shubin

SHANXI, CHINA, 1978.


“Baptism”, 2015. Óleo sobre tela. 100x150cm.

SHANDONG , CHINA, 1983.

Li Xiaoqi

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“No.48”, 2007. Óleo sobre tela. 150x150cm.

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Zhang Cheng

HEILONGJIANG, CHINA, 1963.


“A Call at Stillness No.1”, 2014. Técnica mista. Madeira, prego, pano. 140x98cm.

HUNAN, CHINA, 1989.

Zhang Huiying

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“The Scheme of Grids 11”, 2015. Óleo sobre tela. 150x170cm.

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Ha Nisi

MONGÓLIA INTERIOR, CHINA, 1986.


“Poetry of Du Fu”, 2016. Pigmento sobre papel. 32x36cm.

LIAONING, CHINA, 1983.

Li Baoxun

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“2e Structure 2e”, 2014. Técnica mista sobre tela. 120x120cm.

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Tang Mingwei

SICHUAN, CHINA, 1985.


“Billions of Light years”, 2016. Óleo sobre tela. 160x130cm. HUNAN, CHINA, 1976.

Chen Zifeng

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“The Mammal”, 2015. Óleo sobre tela. 100x100cm.

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Li Longfei

GUANGXI, CHINA, 1988.


“Diary - Overlapped”, 2015. Papel, técnica mista. Dimensões variáveis.

ZHEJIANG, CHINA, 1980.

Qiu Tao

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“4.0.0 Sense”, 2016. Acrílica sobre tela. 120x150cm.

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Li Ming

HEIBEI, CHINA, 1987.


“2016.5.21”, 2016. Acrílica sobre tela. 100x160cm.

FUJIAN, CHINA, 1981.

Zhang Tingqun

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“《∞》”, 2014. Video HD (loop). 6’14’’.

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Yang Liqian

GUANGDONG, CHINA, 1987.


´”Goat”, da série “Handprint”, 2016. Madeira, papel caligráfico, LED, sensores, vidro orgânico. 50x50x10cm.

SHENYANG, CHINA, 1988.

Zhang Muchen

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“The Season of Butterfly”, 2013. Óleo sobre tela. 150x150cm.

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Li Zhi

GUIZHOU, CHINA, 1983.


“A Kiss of Spring Wind”, 2017. Óleo sobre tela. 60x60cm.

SHANDONG, CHINA, 1987.

Tian Fangfang

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“Graffiti No.31: Tetris”, 2016-2017. Gaze, óleo sobre linho. 95x200cm.

“Graffiti No.32: KaleidoEYE”, 2016-2017. Gaze, óleo sobre linho. 95x200cm.

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Fu Yu

SHANXI, CHINA, 1982.


Sem título, 2014. Acrílica sobre tela. 240x200cm.

SHANDONG, CHINA, 1984.

Wang Haiyang

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“Cars Outside Building No.18”, 2013. Óleo sobre tela. 200x200cm.

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Shi Pi

GUIZHOU, CHINA, 1973.


“Waiting”, 2016. Óleo sobre tela. 80x120cm.

SHANDONG, CHINA, 1977.

Zhang Qinghui

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“Four Generations Under the Same Roof”, 2009. Instalação. 93x62x100cm.

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Zhang Xiangxi

HUNAN, CHINA, 1980.


“Pinnacle”, 2017. Óleo sobre tela. 180x220cm.

SHENYANG, CHINA, 1984.

Su Zhe

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PERFORMANCES PERFORMANCE ART

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PERFORMANCES No dia 19 de dezembro de 2016, o embaixador russo na Turquia foi assassinado dentro de uma galeria de arte em Ancara. O fotógrafo turco Burhan Ozbilici cobria o evento e registrou o assassinato. Uma de suas fotografias se tornou icônica ao registrar o embaixador baleado caído ao chão e o assassino discursando raivosamente com o dedo em riste. Esta foi a primeira e principal imagem a acompanhar as notícias referente ao acontecimento. Nas redes sociais, logo após a sua divulgação e nos dias que seguiram, começou uma larga discussão sobre possíveis potenciais artísticos que a imagem poderia ter. Não pretendo desenvolver uma reflexão sobre essa questão específica, mas sim sobre a discussão que surgiu na relação da mesma imagem com a performance art. De um lado, uma das interpretações que surgiram era a de considerar aquela imagem como registro de uma performance. Digo o registro, pois a discussão era mais em relação a imagem fotográfica do que a ação em si. De outro lado — e com o qual me alinho — não, é um assassinato e não arte. Em resposta a primeira interpretação, surgiram comparações com trabalhos como Shoot do artista estadunidense Chris Burden, de 1971. Utilizando uma linguagem imagética própria das redes sociais, foram produzidas novas imagens compondo de um lado a imagem de Shoot e de outro do assassinato do embaixador. Uma com a legenda “isso é arte” e a outra “Isso não é arte”. Comparações equivalentes com outras obras e artistas também surgiram. Apesar de compreender o intuito na produção dessas imagens, considero que não era um bom argumento naquela discussão exatamente por se manter no campo da imagem fotográfica. E por mais que as histórias da performance art tenham sido, em sua maioria, escritas a partir de registros, não é possível reduzir uma performance a uma fotografia. Pois bem, o problema da interpretação de tal registro fotográfico como um registro de performance está exatamente na supressão do contexto em que ele ocorreu, ou seja, somente ignorando em que situação a imagem foi produzida tal interpretação faz sentido. Em outras palavras, é necessário ignorar que a imagem se tratava de um assassinato. Essa interpretação é somente mais um exemplo do problema de compreensão da performance como uma arte viva e que não se reduz aos seus registros. Mas ela também traz a luz outro problema: de compreender a performance como uma arte que “pode vir a ser”, que se instaura no tempo presente e possui o mundo como seu horizonte. A performance art não se retém a uma imagem, pois é de todo o imaginário presente na relação entre mundo e vida que ela se enriquece. Ou seja, a sua imagem não é estática ou em movimento, a sua imagem é viva e, portanto, indissociável do momento vivido e do contexto em que a obra se instaura. ... A presente reflexão é o pano de fundo da curadoria de performance desta bienal. O Excesso de Imagem — relacionado ao tema principal — é a não-imagem, a despreocupação com a imagem por meio da priorização do momento vivido. Os artistas Roberto de la Torre (México), Aidana Maria Rico Chávez (Venezuela/Argentina), Florence Jung (Suíça), Claudia Paim (Rio Grande do Sul/Brasil), Maurício Ianês (São Paulo/Brasil) e Luana Navarro (Curitiba/Brasil) possuem pesquisas relacionadas ao contexto, ao social, ao político, ao biográfico e, principalmente, ao cotidiano. Seus trabalhos exploram o limiar entre a arte e a vida e se mesclam as mais diversas ações e acontecimentos no mundo.

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On 19 December 2016, the Russian ambassador in Turkey was murdered inside and art gallery in Ankara. The Turkish photographer Burhan Ozbilici covered the event and registered the murder. One of his photographs became iconic for registering the shot ambassador on the ground and the murderer making a rabid speech, finger raised. That was the first and most important image illustrating the news on the event. In social media, soon after its release and in the following days, there was discussion over possible artistic potential held by the image. I don’t intend to develop a reflection on this specific matter, but on the discussion that ensued in relation to the same image and performance art. On the one hand, one of the interpretations was on considering that picture as the register of a performance. I say register because the discussion dealt more with the photographic image than with the action in itself. On the other hand – and I agree – no, it’s murder, not art. In response to the first interpretation comparisons rose with works such as 1971’s Shoot, from American artist Chris Burden. Making use of an imaginary language proper of social media, new images were produces composing side by side the image from Shoot and the ambassador’s murder. One with the subtitle “This is art”, and the other in which it read “This is not art”. Equivalent comparisons to other works and artist also ensued. In spite of understanding the intention in producing these images, I consider it not being a good argument in that discussions precisely because it kept itself at the photographic image field. And even though most performance art stories were written through registers, it is not possible to reduce a performance to photography. Very well, the issue with interpreting such photographic register as a performance register is precisely in suppressing the context in which it happened, that is, only by ignoring the situation in which the image was produces such interpretation makes sense. In other words, it is necessary to ignore that the picture was that of a murder. That interpretation is but another example of the problem in understanding performance as live art not reduced to its registers. It also brings, however, another issue: the one of comprehending performance as an art of “what there is to come”, installed in present times and having the world as its horizon. Performance art isn’t retained to an image, for it’s in the whole imagination present in the relation between world and the life that it enrichens itself. It’s image isn’t thus static or in movement, its image is alive and, for that reason, indissociable from the lived moment and the context in which the work situates itself. ... The present reflection is background to the curatorship of performance in this Biennial. The Image Surplus – related to the main theme – is the non-image, the unconcern with image by means of prioritizing the lived moment. The artists Roberto de la Torre (Mexico), Aidana Marica Rico Chávez (Venezuela/Argentina), Florence Jung (Swiss), Claudia Paim (Rio Grande do Sul/Brazil), Maurício Ianês (São Paulo/Brazil) and Luana Navarro (Curitiba/Brazil) hold researches related to the context, the social, the politics and the biography and, especially, the day-to-day. Their works explore the limits between art and life and merge the most diverse actions and events in the world.

Fernando Ribeiro Curador Curator

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Aidana Chรกvez

CARACAS, VENEZUELA, 1976. VIVE E TRABALHA EM BUENOS AIRES, ARGENTINA.


“Vida”, 2017. Argentina, evento C.R.I.S.I.S. Xll Proyecto Internacional SOStierra arte acción. Foto: Daniel Acosta.

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Claudia Paim

PORTO ALEGRE, BRASIL, 1961. VIVE E TRABALHA ENTRE PORTO ALEGRE E RIO GRANDE, BRASIL.


“Corpo Impossível”, 2017. SESC Santos-SP. Fotos: Rodrigo Munhoz.

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Florence Jung

FRANÇA, 1988. VIVE E TRABALHA EM BIENNA, SUÍÇA.


“Vivemos nos subúrbios, entre locadoras de vídeo, locais de comida para levar e radares de velocidade, e é melhor aproveitarmos isso ao máximo, já que não temos mais aonde ir.” (J. G. Ballard, A user guide to the millenium, 1996).

No sábado, 30 de janeiro, duas pessoas vindas da classe média e que moram em pontos opostos do globo – respectivamente Shangai, China e Curitiba, Brasil – viverão a mesma vida durante 24 horas. Esta obra chamase Jung54 e foi criada em 2017 por Florence Jung. Florence Jung cria situações que se infiltram na realidade, onde ninguém é capaz de distinguir o real da encenação. Ela diz que tudo é verdadeiro, mas nada prova isso: a artista apaga os próprios rastros, torna suas obras em boatos e boatos em suas obras. O que permanece é um estado de dúvida, uma persistente incerteza sobre os que nos rodeia. “We live in the suburbs, among the video-shops, take-aways and police speed-check cameras, and we might as well make the most of them, since there is nowhere else to go.” (J. G. Ballard, A user guide to the millenium, 1996). On Saturday, January 30th, two people coming from a middle-class social background and living at opposite ends of the world – respectively in Shanghai, China and Curitiba, Brazil – will live the same life during 24 hours. This piece is called Jung54 and was created in 2017 by Florence Jung. Florence Jung creates situations that infiltrate reality, where no one can distinguish the real from and its staging. She says everything is true, but nothing proves it: the artist wipes away her own tracks, turns her pieces into rumors and rumors into pieces. What remains is a state of doubt, a lingering uncertainty about what surrounds us.

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“Plácida II”, 2017. Curitiba, Paraná. Foto: Luana Navarro.

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Luana Navarro

MARINGÁ, BRASIL, 1985. VIVE E TRABALHA EM CURITIBA, BRASIL.


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“Fuego sagrado”, 2016. Oceant Currents, Gallery PARC, Osaka and Kyoto, Japan,

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Roberto de la Torre

CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO, 1967. VIVE E TRABALHA NA CIDADE DO MÉXICO.


“Fonema”, 2016. Museum Ex Teresa Arte Actual, Mexico City

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Maurício Ianês

SANTOS, BRASIL, 1973. VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO, BRASIL.


“O Vinculo”. Terra Comunal - Marina Abramovic e Marina Abramovic Institute - MAI”, SESC Pompéia, SP. Cortesia Flag e Marina Abramovic Institute, fotos Hick Duarte e Vítor Nomoto.

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PRÊMIO JOVENS CURADORES YOUNG CURATORS AWARD

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MUSEU DA FOTOGRAFIA

“O museu é feminista” e outras esperanças sobre o futuro. “Ninguém nasce mulher. Torna-se.” disse Simone de Beauvoir, que nos presenteou com teorias sobre o feminismo. A frase, em seu contexto, explica que a construção da sociedade é que faz com que seja exigido da fêmea humana um comportamento já estipulado, exigindo que tenhamos atitudes com o objetivo de atingir os requisitos para sermos consideradas mulheres. A falta de liberdade para sermos mulheres da forma como quisermos definir esse gênero e a diferença de poder que ganhamos por conta das convenções já estabelecidas é que fizeram essa curadoria necessária. Ao receber o prêmio Jovens Curadores, eu já sabia que essa seria a curadoria mais desafiadora que já realizei até agora. “O que eu quero que o mundo saiba que está por vir dentro dos museus?”, foi minha primeira pergunta. Antes de pensar em qualquer técnica ou movimento artístico, pensei em nós, mulheres. “O futuro é feminista”, já dizem os nossos manifestos atuais. E assim serão, ou deverão ser, nossos museus. A igualdade de gêneros é a maior luta do feminismo e, infelizmente, o maioria dos museus do mundo não respondem à essa causa, tendo em vista que artistas mulheres quase não estão presentes nos acervos e grandes exposições. Embora pareça que o feminismo está contribuindo para o empoderamento feminino no universo da arte, os resultados que estão sendo colhidos ainda fazem parte de uma porcentagem muito pequena. As Guerrilla Girls são artistas ativistas, anônimas, que usam máscaras de gorila para esconder seus rostos, evitando qualquer pré conceito e dando mais voz para aquilo que elas defendem: igualdade - seja no gênero, classe, etnia ou qualquer outra situação que alguém seja reprimido, ofendido, desvalorizado ou esteja desigual. Com humor e imagens escandalosas, elas trazem a tona os vícios étnicos, por meio de argumentos quantitativos e qualitativos. Por trabalharem com números, é possível analisar o quanto não estamos evoluindo nesse assunto. Em 1992, as artistas expuseram pela primeira vez no Brasil, por coincidência em Curitiba. Nesses 25 anos, os números que elas apresentaram em seus cartazes, indicando a presença das mulheres em museus e eventos de arte, praticamente não mudaram. Isso prova que estamos ainda só no começo da mudança. A exposição “O museu é feminista’ e outras esperanças sobre o futuro”, não tem o objetivo único de apresentar obras icônicas das Guerrilla Girls, mas também de usar essas obras como ponto de partida para o diálogo, debate e discussão sobre o que podemos fazer para contribuir por um futuro feminista. Por isso, além de oferecer cadeiras para o público sentar e conversar sobre igualdade de gêneros quando quiserem, o espaço também recebe encontros propositais mediados por mulheres que usam sua voz para movimentar essa causa. Dentro do conceito da Bienal de Curitiba 2017, “Antípodas”, os pontos que se ligam aqui, não são geográficos, são os extremos perante a igualdade de gêneros. A distância de poder que nós mulheres estamos em relação aos homens precisa ser aproximada cada vez mais até que nada nos separe. Ainda, a diversidade sendo o tema central desta Bienal, não só cultural, como de técnicas, onde se propõe enxergar além da fotografia, é indispensável propor o uso do museu como um espaço de diálogo em sua forma mais literal e não só de contemplação. Encaro o trabalho de Jovem Curadora como uma oportunidade de mostrar para o mundo, principalmente em uma bienal, o que as pessoas podem esperar dos museus daqui para frente. Começo minha jornada, propondo o primeiro passo: ouvir e falar sobre feminismo. A partir de agora, farei minha parte usando a arte como meio de lutar por um mundo sem desigualdade, por meio de curadorias conscientes e inclusivas até que as esperanças de hoje sobre o futuro tornem-se a realidade de uma época próxima.

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“The museum is feminist” and other hopes for the future. “One is not born a woman, but becomes one.”, said a Simone de Beauvoir who gave us feminist theories. The sentence, in its context, explains that the construction of society makes it so that a particular established way of acting is demanded from the human female, asking that we act with the goal of achieving the prerequisites for our recognition as women. The lack of freedom for us to be female in a way that we choose, to define the gender, and the difference in power earned on account of the established conditions are the reasons why this curatorship is necessary. On being awarded the Young Curators prize I already knew this would be the hardest curatorship for me until now. “What do I want the world to know that is about to come to museums?” was my first question. Before thinking about any technique or artistic movement, I thought of us, women. “The future is feminist”, say our manifestos. And so will be, or should be, our museums. Gender equality is feminism’s biggest fight, and unfortunately museums around the world aren’t part of this cause, seeing as female artists seldom appear in the collections and big exhibits. Even though it looks as if feminism contributes to female empowerment in the arts universe, the results being collected are still part of a very small percentage. The Guerrilla Girls are activist artists, anonymous, who wear Gorilla masks to hide their faces, thus avoiding any biases and giving more voice to what they defend: equality, be it in gender, class, ethnicity or any other situation in which there are oppressed, offended, undervalued or unequal people. By using humor and scandalous imagery, they bring ethnical vices to the surface, through quantitative of qualitative argumentation. Since they work with numbers, it is possible to evaluate how much we are stagnated in the subject. In 1992, the artists had their first Brazilian exhibit: curiously enough, in Curitiba. 25 years later, the numbers presented in their banners indicating the presence of women in museums and artistic events are practically unchanged. That proves there is still a lot to change. The exhibit “The museum is feminist’ and other hopes for the future” does not have the only objective of presenting Guerrilla Girls’ iconic works; but using said works as a starting point to contribute to a feminist future. As such, besides offering chairs on which the public may sit down and talk about gender equality whenever they want, the space also holds meetings mediated by women who use their voices to put the cause in movement. Taking in consideration the theme of the Curitiba Biennial 2017, “Antipodes”, the places connected here are not geographical – they are the ends in gender equality. The distance in power that us women have in comparison to men still needs to be approximated more and more until nothing separates us. And since diversity is the central theme in this Biennial, one that is not only cultural but technical as well, proposing to look beyond photography, it is mandatory that one proposes the usage of the museum as a space of dialogue in its most literal form, not only a contemplative one. I see the position of Young Curator as an opportunity to show to the world, especially during a Biennial, what people can expect of museums from now on. I begin my journey suggesting the first step: listening and talking about feminism. From now on, I’ll do my part using art as a means of fighting for a world with no inequality, through aware and inclusive curatorships until the hopes of today for the future turn into the reality of an age to come.

Carolina Loch Curadora Curator

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“The Advantages of Being a woman artist”, 1988. Cartaz. 142x186cm. Cortesia: guerrillagirls.com.

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Guerilla Girls

NOVA IORQUE, EUA.


“Do women have to be naked to get into the museum?�, 1989. Cartaz. 204x450cm. Cortesia: guerrillagirls.com.

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“Wealth & Power”, 2016. Cartaz. 345x450cm. Cortesia: guerrillagirls.com.

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Guerilla Girls


“Guerrilla Girls Guide to Behaving Badly”, 2016. Vídeo. 4’47’’. Cortesia: guerrillagirls.com.

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MUSEO DEL BARRO A curadoria desta mostra parte de duas intervenções realizadas no Centro de Artes Visuais/Museu do Barro pelo artista paraguaio Marcos Benítez. Por um lado, uma obra envolvendo som, por outro, objeto. A primeira obra, Prana, que reproduz o som de uma respiração, foi concebida pelo artista especificamente para o Museu do Barro: uma instalação que acompanha o público durante sua visita, que se infiltra nos interstícios da contemplação do objeto, possibilitando, assim, a participação de mais um sentido durante a experiência. A respiração é um processo que se realiza constantemente, em uma transformação de substâncias sem pausa, através do qual trocamos o que está em nosso interior pelo que esteve antes em contato com o exterior, deste modo abrigamos inclusive o interior de outros em nós mesmos. Acontece de uma maneira automática, no entanto, no momento em que pensamos sobre isso, tornase inevitavelmente um ato consciente. Por um lapso, o corpo deixa de ser o principal responsável de sua execução, já que passam a se envolver também a mente e intenção; são reveladas suas fases e também um ciclo em que somente podemos observar a repetição, da mesma forma que também se repete a criação de obras no tempo, a passagem de modos de fazer e suas diferentes adaptações através de gerações. Esses modos de fazer também são sugeridos pelo som da respiração do próprio artista, remetendo à vida do criador da peça, da pessoa por trás do objeto, e nos convida a imaginar os outros autores representados no acervo do museu, possibilitando integrar esse outro componente da elaboração do que se vê. Isso é especialmente pertinente no contexto do Museu do Barro por ser um centro em que se articulam diferentes instâncias de produção e se exerce a diversidade interessada na comunidade de produtores e criadores como um coletivo gerador de cultura. A segunda obra exibida também se conecta com essa filosofia do museu. Mutaciones 1 y 2/Proyecto Areguá é produto do trabalho de campo que Benítez realizou na cidade de Areguá, um dos principais centros de produção de cerâmica do Paraguai. Ali o estilo de cerâmica baseia-se na produção industrializada com características formais que se enquadram no kitsch. A obra consiste em diferentes grupos de peças feitas de barro que imitam a cabeça do próprio artista com intervenções posteriores por meio de acabamento: incisões que as transformam em cofrinhos, cores que se referem a personagens da cultura de massa, relevos adicionais ou detalhes que as transforam em candelabros e veleiros; acabamentos que seguem os procedimentos de elaboração utilizados pelos artesãos locais. Nesta ocasião, estão localizadas na sala de cerâmica popular do Museu do Barro, dentro das vitrines, onde aparecem de vez em quando entre as outras peças, criando assim um ritmo com acentos de cor. A presença das cabeças deixa ver uma particularidade característica da cerâmica da exposição permanente do museu: cada uma delas foi feita à mão, sem moldes, sem pretensão ou interesse de se adequar aos padrões de reprodução exata e serial, que muitas vezes esmaga as diferenças e restringe a resultados predeterminados Esta série surgiu das pesquisas do artista sobre conceitos como o híbrido, o popular e a produção em série, características verificáveis na produção artesanal de Areguá. Marcos Benítez explora estas noções e as transpõe para seu trabalho, usando mais uma vez seu corpo como ponto de partida e criação, evidenciando um tipo de extensão de seu próprio recipiente físico e, novamente, empregando a repetição como recurso estético, ao qual soma, além disso, a reflexão sobre a não individualidade do sujeito ao reproduzir numerosas vezes sua própria imagem ou, ainda, sobre suas múltiplas máscaras possíveis.

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The curatorship of this exhibit has its starting point at two interventions held at the Visual Arts Center/Clay Museum by the Paraguayan artist Marcos Benítez. On the one hand, a work dealing with sound; on the other, object. The first work, Prana, reproduces the sound of respiration and was conceived by the artist specifically for the Clay Museum: an installation that follows the public during its stay, that infiltrates amidst the contemplation interstices of the object, thus allowing the participation of more than one sense during the experience. Breathing is a constant process, an ever persisting transformation of substances, through which we exchange what’s inside for what was before in contact with the exterior, thus even harboring the interior of others inside ourselves. That happens in an automatic manner. As soon as we think about it, though, it inevitably turns into a conscious act. In a lapse, the body is not the mains responsible for its execution, since mind and intention get involved; its stages are revealed, and also a cycle in which it is possible to observe repetition, and in the same manner the creation of works in time repeats itself, the flow of ways of acting and their different adaptations through generations. Such ways of acting are also suggested by the sound of the artist’s own breathing, referring to the work’s creator life, the people behind the object, and invites us to imagine the other authors represented in the museum’s collection, allowing the integration between this new component in the construction of what is seen. That is especially pungent in the context of the Clay Museum for it is a center in which different instances of production are articulated, and for its exercise in diversity concerning a community of producers and creators as a culture-generating collective. The second work shown also connects to that museum philosophy. Mutations 1 and 2/Areguá Project is the result from the field work by Benítez in the city of Areguá, one of the most important pottery production centers in Paraguay. The style of pottery there is based on the industrialized production with formal characteristics that relate to the kitsch. The work consists in different groups of pieces made of clay imitating the author’s own head with subsequent finishing interventions: incisions that transform them into piggy banks, colors that refer to characters from popular culture, additional embossing or details that turn them into chandeliers and ships – finishings that follow the elaboration procedures used by local artisans. This series came from the artist’s research on concepts such as the hybrid, the popular and the mass production, verifiable characteristics in the handcrafted production of Areguá. Marcos Benítez explores these notions and transposes them to his own work, utilizing once again his body as a starting point and creation, evidencing a kind of extension of his own physical vessel and, once again, employing repetition as an aesthetic resource, to which he sums, besides that, the reflection on the non-individuality of the subject by reproducing numerous times its own image or, still, its multiple possible masks.

Gabriela Ramos Dávalos Curadora Curator

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“Proyecto Areguá/Mutaciones”, 2005. Cerâmica. 24x23x20 cm.

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Marcos Benitez

ASSUNÇÃO, PARAGUAI, 1973.


Ficha tĂŠcnica da obra, crĂŠditos da foto.

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“Proyecto Areguá/Mutaciones”, 2005. Cerâmica. 24x23x20 cm.

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Marcos Benitez


345


PATROCÍNIO

CO-PATROCÍNIO

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PAÍS HOMENAGEADO

Embaixada da

Consulado Geral da

Ministério da Cultura

República Popular

República Popular da

da República Popular

da China no Brasíl

China em São Paulo

中华人民共和国驻巴

中华人民共和国驻圣保罗

西联邦共和国大使馆

总领事馆

da China 中华人民共和国文化部

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marca GOVERNO/SEEC e MUSEU DE IMAGEM E DO SOM

arca do Governo do Paraná é o Brasão do Estado. taria de Estado da Cultura passa a ser a assinatura representada pela família tipográfica Myriad Pro. são do Estado deverá ser utilizado sempre à direita, antecedido por demais logomarcas. omarcas devem obedecer a seguinte norma de utilização: centralizadas pela altura do Brasão; não exceder a altura deste; largura menor ou igual a 11x.

Marca sobre fundo claro

PARCERIA CULTURAL

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de Curitiba

mantida a integridade dos elementos e a legibilidade da marca, manho mínimo de redução é de 30mm (largura).

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ra impressões em policromia utilizar a escala CMYK e em cores sólidas a escala PANTONE. CMYK

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PANTONE 485

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Museu da

Museu da

Gravura

Fotografia

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O layout com a aplicação das logomarcas deverá ser obrigatoriamente apresentado à SEEC para aprovação.

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Secretaria Municipal de Obras Públicas — SMOP

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APOIO INSTITUCIONAL

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Consulado Honorário do Chile em Curitiba

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Embaixada da Finlândia no Brasil

Consulado Geral do Paraguay em Curitiba

Ministério da Cultura e de Turismo do Governo da Província de Buenos Aires


juliana stein | museu oscar niemeyer | curitiba APOIO EXPOSIÇÃO SALA 3 MON curadoria agnaldo farias | abertura 30 setembro 2 Não está claro até que a noite caia

apoio:

incentivo:

parceria:

Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná

APOIO AfAnuncioNaoEstaClaro_21x27.5cm_Select_Marcas_saida.indd 2 Museu Nacional do Mar – SC

Fundação Cultural Ilha de São Francisco do Sul – SC

PARCERIA INTERNACIONAL

Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires - MAR

Museu de Arte Contemporânea de Salta - MACSA (AR)

Bienal de la Habana

1º BIENAL INTERNACIONAL DE ASUNCIÓN GRITO DE LIBERTAD - SASÕ SAPUKAI 1 AL 31 DE OCTUBRE DEL 2015 - PARAGUAY

APOIO EDUCACIONAL

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APOIO EDUCACIONAL ESPECIAL

PARCERIA TURISMO

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APOIO LOCAL

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350

APOIO ESPECIAL


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351


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